SEGUNDO REINADO – GUERRA DO PARAGUAI O Paraguai

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SEGUNDO REINADO – GUERRA DO PARAGUAI O Paraguai
SEGUNDO REINADO – GUERRA DO PARAGUAI
O Paraguai tornou-se uma república independente em 1811, separando-se do Vice-Reino do Prata. Seu território não tem saída
para o mar. O isolamento do Paraguai fez com que seus governantes passassem a se preocupar com o desenvolvimento do país,
independente dos outros, conduzindo a economia para torná-lo cada vez mais autossuficiente. Assim, no governo de Francisco
Solano López, que teve início em 1862, o Paraguai dependia pouco de outros países para satisfazer suas necessidades básicas:
produzia quase todos os alimentos de que precisava; tinha em Assunção uma fábrica de armas e de pólvora; e muitos latifúndios
improdutivos tinham sido transformados em fazendas estatais, a fim de dar trabalho à população.
Por outro lado, o Paraguai não podia viver isolado, pois precisava vender seus produtos. Por isso, era importante que tivesse uma
saída para o mar. O caminho possível era passar pelos rios Paraguai, Paraná e da Prata, até chegar ao oceano Atlântico. Mas o
rio Paraná situa-se na fronteira com o Brasil e passa pelo território argentino, e o rio da Prata localiza-se entre a Argentina e o
Uruguai. Essa situação poderia trazer problemas para o Paraguai, caso a Argentina e o Brasil fechassem sua passagem para o
mar. Por isso, o Paraguai tinha interesse em aumentar seu território, para ter uma saída direta para o Atlântico ou ao menos controlar a navegação pelo rio Paraná.
O Brasil também tinha interesse em controlar a navegação pelo rio Paraná, pois era o caminho mais fácil para chegar com grandes cargas até o Mato Grosso (quase não havia estradas na época). A Argentina não aceitaria a expansão territorial do Paraguai.
A Inglaterra, que exercia grande influência sobre a economia do Brasil, da Argentina e do Uruguai, tinha, por sua vez, interesse
em abrir o mercado paraguaio aos seus produtos industrializados.
Grande tragédia
O estopim da guerra foi um episódio ocorrido em novembro de 1864. Forças paraguaias detiveram o navio brasileiro Marquês de
Olinda no rio Paraguai, perto de Assunção; em seguida, um destacamento militar paraguaio invadiu o Mato Grosso. O governo de
Solano López tomou essas medidas em represália à ocupação do Uruguai pelo Brasil, com o apoio da Argentina. O governo
uruguaio era aliado de Solano López. Para impedir a reação brasileira pelo sul, através do Rio Grande do Sul e do Uruguai, Solano López resolveu ocupar a região, atravessando o território argentino. O governo argentino, porém, negou-se a autorizar a passagem por seu território. O Paraguai atacou então a província argentina de Corrientes e chegou à fronteira do Rio Grande do Sul.
Brasil, Argentina e Uruguai uniram-se para lutar contra o Paraguai, estabelecendo a Tríplice Aliança, assinada em maio de 1865,
quando deram início à contraofensiva que os levaria à vitória cerca de cinco anos mais tarde.
Quando a guerra terminou, em 1870, os prejuízos dos países envolvidos eram muito maiores do que os benefícios. Só a Inglaterra
saiu ganhando, pois recebeu com juros o dinheiro que havia emprestado ao Brasil e à Argentina para financiar a guerra. Também
havia vendido armas e equipamentos. O Brasil e a Argentina conseguiram alguns milhares de quilômetros quadrados de terras
paraguaias, mas perderam milhares de homens e aumentaram sua dependência em relação à Inglaterra. Para o Brasil, foram
anos terríveis, em que todas as atenções estavam voltadas para a guerra e as famílias viviam preocupadas, pois seus homens
podiam morrer na frente de batalha.
Mas a tragédia maior aconteceu com o Paraguai. Ao final da guerra, dos seus 800 mil habitantes, restavam apenas 194 mil: três
em cada quatro paraguaios haviam morrido nos combates. Quase todos os homens morreram, mas também velhos, mulheres e
crianças.
Consequências da guerra
Paraguai: Cerca de 600 mil mortos; 140 mil quilômetros de terras perdidas; pagamento de grande indenização aos vencedores.
Brasil: 100 mil mortos; dívida de 45 milhões de libras em bancos ingleses; alta de preços pela maior necessidade de emitir moeda.
Argentina: 18 mil mortos; lucros de industriais e fazendeiros com a venda de armas e alimentos para o exército; anexação de
terras paraguaias.
Uruguai: 700 mortos.
Inglaterra e França: tiveram grandes lucros a primeira, com os juros sobre os grandes empréstimos; a segunda, com a venda de
armas.
Resultados do conflito para o Paraguai
Para o Paraguai, o conflito foi uma catástrofe. Antes da guerra, o país passava por um processo de modernização. Por iniciativa
do governo paraguaio, estradas de ferro e indústrias foram implantadas, uma marinha mercante começava a funcionar, transportando produtos paraguaios para o exterior.
Os estudiosos têm sido unânimes em reconhecer a miséria do Paraguai após a guerra. A jovem nação teve boa parte de suas
terras anexadas pelos vencedores, além de arcar com uma pesada dívida de guerra. Sua população foi reduzida a 1/5, a maioria
de mulheres, idosos, inválidos e crianças. O Paraguai tornou-se um dos países mais pobres da América Latina.
A situação do Brasil
O Brasil não obteve grandes vantagens. Cerca de 100 mil soldados morreram em combate, e as dívidas contraídas com a guerra
foram pesadas, o que gerou o aumento da inflação. Como o Brasil assumia a maior parte das despesas do bloco dos aliados, o
governo de D. Pedro II, em várias ocasiões, teve de recorrer a empréstimos externos para custear o conflito. Politicamente, o
exército se fortaleceu como corporação. Vitorioso no conflito, voltou para o Brasil disposto a assumir um papel de destaque na
vida política nacional. Quanto aos soldados, a maior parte era constituída de escravos. Ao retornarem para o Brasil, sua condição
de cativos foi mantida, o que provocou fortes descontentamentos entre eles, crentes de que obteriam a liberdade após o fim da
guerra. Mesmo assim, a escravidão não conseguiria se manter por muito tempo.