Fé declarada

Transcrição

Fé declarada
EDIÇÃO 09 { dezembro 2013 } www.psicobela.com.br
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FéO dM eEcL ElG Â N C I A
C
7 REFLEXÕES
SOBRE
VIVER COM FÉ
1}
na poltrona
ROBERTO VASCON
UM SONHO EM DEUS
2}
transanet.com.br
EDIÇÃO 09 { dezembro 2013 } www.psicobela.com.br
editorial
No decorrer desse ano, fomos testemunhas de
uma movimentação social intensa envolvendo fé
e religião.
Foi pastor propondo votação no Congresso
para liberação do tratamento para a
homossexualidade, evangélico julgando,
boicotando cantora nas redes sociais por ter
declarado sua fé.
Foi a renúncia de um papa, e eleição de um novo
líder da Igreja Católica, que com sua presença
gentil causou comoção na Jornada Mundial da
Juventude no Rio de Janeiro.
Isso para citar alguns dos eventos mais
marcantes. Mas todo dia, a cada dia a fé
permeia a vida de muitas pessoas. Positiva ou
negativamente, com sabedoria ou sob as garras
dos dogmas.
Não estamos aqui por certo levantando
bandeiras, incitando polêmica, tecendo críticas,
enaltecendo religião X ou depreciando religião
Y. Não buscamos provar nada, estamos como em
todas as nossas edições trazendo temas da vida
real e pessoas reais falando de seus temas.
Pessoas que encontram na fé uma força que não
se explica e possibilidades que não se imagina.
Nesse clima a poltrona dessa edição traz uma
história emocionante de fé, talento e muito
trabalho com Roberto Vascon. Reunimos
também textos sublimes de nossos colaboradores
sobre esse assunto tão vital e desafiador para
cada uma das importantes áreas de nossa vida.
Somos livres e temos o direito de anunciar
no que cremos, mas isso não dispensa que o
façamos com respeito e elegância.
E pra concluir que tal cantar em uníssono com
Gilberto Gil e Gonzaguinha: “Andá com fé eu
vou, que a fé não costuma faiá. Fé na vida, fé no
homem, fé no que virá, vamos lá fazer o que será”.
Desejamos a você leitor paz, saúde, sabedoria
e fé nos dias festivos e em todos os outros de
2014. Obrigada por sua companhia nas edições
desse ano e já te deixamos o convite: volte para a
próxima edição.
Um beijo e que Deus os abençoe!
Um beijo,
Maria Marta
CRP 08/07401
3}
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7
áreas
relacionamento
profissional
espiritual
emocional
4}
física
Fé
financeiro
pessoas de
[nossa homenagem]
Homens e mulheres, ícones de Fé que nos inspiram.
social
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20
13
nesta
edição mbro
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c
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d
FéO M E L E G Â N C I A
e
nº 09 { dez
C
Maria Marta 7
A Fé e o Medo
Luciana Chemim 11 O que me move
Roberto 15
Vascon
Na Poltrona
Mirian
Montanari 20 Fervorosos X Sepulcros Caiados
Grüdtner
Joice Goveia 23 A direção da Fé
Gisel y do Valle 26 Enfermidade com Espiritualidade,
melhores resultados?
5}
Roberte
Fé sem sabedoria é tão eficiente como
31 pássaro de uma asa só.
Metring
Márcio
A Fé que remove montanhas
Barros 35
[expediente]
Direcão geral: Psicóloga Maria Marta Ferreira
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A Fé e o Medo
A fé remonta as nossas
memórias mais antigas. Dos
primórdios até hoje em dia esse
assunto não caiu em desuso.
Mas, com tantas possibilidades
tecnológicas e avanço da ciência
faz sentido acreditar? Ainda
precisamos de fé?
RELACIONAMENTO
Maria Marta
7}
Há quem torça o nariz para “crente” em alguma
religião, filosofia ou coisas assim. Ser ateu se não
torna alguém mais chique por certo dá pinta de
inteligência.
Há os que dizem que fé é para bitolados, fracos,
ignorantes, que precisam acreditar que há potência
apenas externamente. Miseráveis que precisam de
um “deus” qualquer para lhes saciar a fraqueza.
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Muitas pessoas quando pensam em “fé” imaginam
seres defensores da moral e dos bons costumes,
guerreando ou martelando na cabeça das outras
pessoas que elas estão erradas. E suas vidas? Nada
mais são do que “faça o que eu digo, mas não faça o
que faço”. Essa hipocrisia promove muito descrédito
numa postura genuína de fé.
É fato que muita guerra já foi travada em “nome de
Deus” e atrocidades executadas também em Seu
nome. Há vidas engessadas e alegrias tolhidas por
pessoas que pensam que somente os perfeitos são
dignos da aceitação divina.
Gosto de pensar em fé a partir do texto Bíblico
“Amar a Deus de todo o teu coração, e de toda a
tua alma, e de todo o teu entendimento e de toda
as tuas forças e ao teu próximo como a ti mesmo
(Marcos 12).
Esse texto me reporta a Fé e a Autoestima. O amor
próprio, esse exercício de tornar-se o melhor amigo
8}
Fé
de si mesmo é uma tarefa complexa. Exige uma
dose adequada de egoísmo, mas não pode exceder.
Pois como o sal que tempera, se usado de menos ou
demais, compromete o sabor e a saúde.
Há pessoas que responsabilizam a Deus por tudo.
Deus não quis que assim fosse, Deus quis que fosse
assim. Por certo o Criador, aprecia nossos feitos e
nos auxilia como todo bom pai, mas ouso pensar
que ele se felicita com filhos independentes, autônomos, que compartilha suas conquistas, que
agradece a ajuda, mas que reconhece sua própria
parte na empreitada.
Há quem tema uma autoestima saudável, por medo
de parecer soberbo, ou independente em demasia. Não deveríamos temer isso, pois pessoas com
autoestima realmente saudável e não pseudo-autoestima, são generosas e cooperativas, reconhecem
seu valor, mas não precisam diminuir o outro para
ocupar seu espaço.
pessoas de
[Madre Teresa de Calcutá] (1910-1997)
Conhecida como “a santa dos pobres mais pobres”, Inês Gonxha Bojaxhiu nasceu em Skopja, capital da atual república da Macedônia. Aos 21 anos, mudando seu nome para Teresa, ingressou
em um Convento de Calcutá. Onze anos mais tarde deixaria
o mesmo e começaria a trabalhar nos bairros mais pobres da
cidade, vindo a fundar em 1946, a Congregação das Missionárias
da Caridade. Seu papel em favor dos mais necessitados rendeu
a Madre Tereza o Prêmio Nobel da Paz e o reconhecimento de
seu trabalho no mundo. Recebeu o Nobel da Paz em 1979, e foi
beatificada em 2003 por João Paulo II.
Ter fé na gente, não minimiza ter fé em Deus, ter fé
no outro, ter fé na vida, afinal muito da nossa sorte
depende dos nossos esforços e competências, mas
um bocado de benção não faz mal a ninguém.
Precisamos ainda de fé? Talvez ajude em relação ao
medo que tem assolado nossa sociedade. A ansiedade é palavra corrente na boca de muitos e seus
transtornos, diagnósticos de muitas dezenas. A síndrome do pânico é um exemplo, uma realidade na
vida de muitos. E ansiedade, despindo a camada de
terminologias científicas e termos técnicos contidos
nos manuais de transtorno de comportamento, é
um sinônimo de medo: imaginário ou real.
O nosso primitivo medo, emoção de proteção, mas
que em demasia, age como doença autoimune,
em que o sistema de defesa, imunológico, ataca e
destrói tecidos saudáveis. Protege tanto que “mata”.
Os sonhos, os projetos, a criatividade, a iniciativa, a
vontade, a alegria.
Há tratamento, e a psicologia e psiquiatria pode fazer isso. Mas um tanto de fé, ajuda ambas. Provavelmente nos render a algo maior que nossa própria
mente também pode ser de alguma ajuda, se não
a viver uma experiência gratificante, pelo menos
pode dar uma força a humildade.
Um texto da Bíblia encerra grande sabedoria,
trata-se de Mateus 6. Belo texto, se puder leia-o.
Ter fé na gente, não
minimiza ter fé em Deus, ter fé no
outro, ter fé na vida, afinal muito
da nossa sorte depende dos nossos
esforços e competências, mas um
bocado de benção não faz mal a
ninguém.
Pode agir como um antídoto potente e suave no
combate ao medo. “Não vos inquieteis pois pelo dia
de amanhã que cuidará de si mesmo, basta a cada
dia seu próprio mal”, faz parte do texto em questão,
e dá uma direção de como a fé pode nos ajudar a
minimizar nossos medos, especialmente daqueles
que vivem tentando antecipar o futuro para garantir a segurança.
A confiança em si mesmo, que se traduz numa
autoestima de qualidade nos abastece do poder
necessário para combater nossos próprios medos,
acessar nossa fonte de coragem e avançar até onde
nossos limites permitirem. E a confiança em Deus,
a fé no alto, pode nos surpreender nos fazendo
ascender além das próprias fronteiras.
Enfim, duas coisas podem nos salvar todos os dias:
a autoestima (a força dentro de nós) e a fé (a força
acima de nós).
{MARIA MARTA
}
Psicóloga [CRP 08/07401]
[email protected]
9}
Comer e aprender
na casa do Chef
la.m.cucina
O que me move
PROFISSIONAL
Luciana Chemim
Nunca procurei
responder se é a fé que
impulsiona minha vida
ou se é a própria vida
que me instiga a ter fé.
Apenas reconheço-a, diminuta, frágil, por vezes
afônica diante das tentativas de me mostrar o que
um dia me soou impossível. Percebo em mim sua
existência tímida, mas sempre inquieta, especialmente nos momentos em que sou forçada a encarar
o espelho de minha alma e me deparo com minhas
fraquezas, minhas limitações, inseguranças, medos e
angústias.
É ela, a minúscula fé que habita em mim que me faz
persistir, mesmo que tenha que recomeçar do zero.
É ela, a mola que me arremessa pra cima quando
encontro o fundo do poço. É ela que me dá conforto quando o desespero da dúvida ameaça minhas
convicções, meus princípios, meus valores.
11}
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Não sei o que é uma vida
sem fé, mas suponho que seja
desgraçadamente triste existir
sem ter um porquê, fazer escolhas
baseadas no vazio que representa
nosso eu solitário, preso num corpo
desfragmentado da certeza de que
há uma eternidade a nossa espera.
É essa fé que me angustia de êxtase e medo. Que
me provoca, que me tira do comodismo, que me
impele a olhar para o Alto e acreditar que para todo
erro existe perdão, existe recomeço, existe uma
página em branco para ser reeditada.
É essa fé que aparece quando me deparo com a
brevidade da vida, com o inevitável, o intangível, o
sopro que faz viver e que em segundos faz morrer
para esse plano.
Imagino que seja assim pra toda pessoa que questione sua própria existência, pelo menos as que
acreditam, ainda que minimamente, que isso aqui
seja uma passagem para algo infinitamente melhor
e indubitavelmente indescritível.
A fé naquilo que não vemos, mas que sabemos, pelo
simples fato de estarmos vivos. A fé que alimenta
diariamente nossa esperança de que nenhuma
luta é vã, de que nenhum sofrimento é por acaso,
de que, parafraseando o profeta, “tudo é possível
àquele que crê”.
Não sei o que é uma vida sem fé, mas suponho
12} que seja desgraçadamente triste existir sem ter
um porquê, fazer escolhas baseadas no vazio que
representa nosso eu solitário, preso num corpo desfragmentado da certeza de que há uma eternidade
a nossa espera.
E é essa fé no eterno, aprendida, sentida, exercitada
e, muitas vezes, questionada, o que dá sentido aos
meus dias, o que me move, mesmo que na contramão da maioria, mesmo contrariando as convenções
sociais e políticas, mesmo negando meus próprios
desejos.
É essa fé que interfere em meu livre arbítrio, em
meu ir e vir, em meu ser, em meu estar, em meu
permanecer.
É essa fé que me faz correr atrás dos meus sonhos,
que me faz otimista, idealista,
A fé que não me faz perfeita, mas que me desafia,
diuturnamente, a minimizar minhas contradições,
meus nãos, minha vulnerabilidade diante daquilo
que é, mesmo que eu não veja.
A fé que me cutuca e me incomoda, balança minhas
indecisões e, por vezes, me tira o sono, porque ainda não se fez madura, perene e serena, mas, ainda
assim, não desistiu de pulsar.
Continuo sem saber se a fé preexiste no ser humano que habita em mim ou se a vida a provocou. Mas
não tenho dúvida de que andam juntas, lado a lado,
de mãos dadas.
A fé que, mesmo miúda e encabulada, bombardeia
de vida minhas decisões e a vida que, em seus altos
e baixos, me infla de fé a cada recomeço.
{LUCIANA CHEMIM
Advogada e Professora
[email protected]
}
13}
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Roberto
Vascon
14}
O dia era quinta, cedinho
eu já estava no estúdio da
Transamérica Light 95,1 FM
para a costumeira participação
como comentarista de
relacionamentos no programa
Light News, sob o comando de
Maria Rafart.
O entrevistado da segunda
hora do programa, o renomado
designer de bolsas Roberto
Vascon. Ele também chegou cedo,
carregando alegria, simpatia e
disposição para compartilhar sua
inspiradora história mais uma vez
no programa. Roberto estava em
Curitiba para o lançamento do seu
livro “Nas Asas de um Sonho”.
NA POLTRONA
POR
}
{CLECYO DE SOUSA
Impossível não se render a uma
história tão fascinante. Tantos
assuntos poderiam ser tema dessa
entrevista: estilo, tendências, o
glamour das belas de Nova York...
Mas quando liguei o rádio do
carro para acompanhar atenta a
entrevista, já nas primeiras falas
de Roberto o intento ficou claro.
Esse homem de origem simples e
rico talento é um Homem de Fé.
E sobre fé conversaremos com
Vascon. A fé que o conduziu ao
seu destino, os cuidados que ele
recebeu na jornada, as ideias que
foram a ele sussurradas, os sonhos
que se tornaram realidade. A
realidade que por vezes desfez os
sonhos.
15}
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Psicobela Digital – Como ser grande em atitude,
vitorioso nos sonhos, feliz com quem se diz em
companhia da Fé. Pode nos contar, Vascon?
Roberto Vascon – Fé, vontade, talento.
PD – Dizem que a fé nasce na dificuldade, na
necessidade. Você tem uma origem humilde. Seria
esse o berço da sua fé, ou você a descobriu ou a
reconheceu mais tarde?
RV – Desde os cinco anos, pedi a Deus que me
desse a mão, e andasse comigo, quando vi que
tinha dado certo o convite, pedi que então morasse
comigo, e virasse meu melhor amigo.
PD – Não é incomum pessoas agirem com fé nas
dificuldades e ao atingirem o sucesso, deixarem a fé
de lado. Você teve a experiência de ao fazer sucesso
desconectar-se da sua fé?
RV – Jamais, toda vez que fechava um novo contrato, eu falava com Ele, cara Você é demais, vamos
ajudar alguém que precise, e sempre fiz isso.
PD – Há pessoas que nos inspiram a ter fé. Você
teve alguém que foi um referencial para você?
16}
RV– Não, livre e espontânea vontade.
PD – Há pessoas que “torcem o nariz” para pessoas
religiosas ou espiritualizadas. Consideram ignorância ou fraqueza. Você já negou sua fé diante de
alguém influente para impressioná-lo (a)?
RV – Imagina chegar com seu melhor amigo em
uma festa ou reunião, e ter de esconde-lo?? Jamais
ou ele tá comigo em tudo, ou eu estou fora.
PD – Há pessoas que se tornam “chatas” porque
falam excessivamente de fé e tentam convencer os
outros sobre isso. Qual é sua posição nesse sentido?
RV –Com a minha Fé não quero arrebanhar ninguém, só falo dela porque minha Fé é o que me
proporcionou meu sucesso e fama.
PD – Você tem uma religião específica. Você a
pratica?
RV – Não, vou em todas, e acho que todas tem o
mesmo fim honrar a Deus.
PD – Qual seu estado civil, e os planos quanto à
vida amorosa?
RV – Quero muito conhecer alguém, mas na minha
situação é meio difícil, já levei bordoadas mil, e
nunca sei se estão comigo, por amor, por dinheiro
ou pelo meu sucesso.
PD – Além dos cuidados com a carreira, o que
gosta de fazer, o que te faz bem? Está satisfeito em
RV – Animais me fazem bem, não tem cobrança, só
doação de amor. Minha rotina e sempre abalada
por acontecimentos, sempre uma matéria bacana,
ou alguma cliente que conheço e me torno amigo,
tem sempre algo novo no ar.
PD – E sobre o seu livro? Conte-nos sobre seu
processo de inspiração, a escolha do título e o que
pretende transmitir com ele.
RV – Me inspirei unicamente na minha vida, nas
minhas experiências, nos meus fracassos e no
meu sucesso. Entrei vestido durante a captação da
história, junto com meu biógrafo, Elias Awad e sai
nú.Quanto ao título “ NAS ASAS DE UM SONHO”,
vivo voando nele no meu sonho que tive no Central
Park, em Nova York. E o que quero transmitir, é que
tudo tem jeito na vida, é só querer, e acreditar em
você mesmo, e eu acredito em mim.
PD – Que diferença fez ou faz a Fé em sua vida?
Seria o mesmo, teria a mesma história se não tivesse Fé?
RV – Claro que não teria, sem Deus sou um órfão.
Saiba mais sobre Roberto Vascon em seu site:
http://www.robertovascon.com.br/vascon.php
Livro relata trajetória
de fé de Roberto Vascon
Depois de uma temporada dormindo no Central Park
e juntando latinhas para se sustentar, Roberto Vascon
teve um sonho que mudaria a sua vida: ele sonhou
com bolsas voando como pássaros sobre o parque.
No dia seguinte comprou couro, linha e agulha e seu
incomparável talento fez o resto. Assim nasciam as
Perfect Bags, como são chamadas suas bolsas impecáveis.
Esta e outras histórias são relatadas em seu livro
Nas Asas de um Sonho [Ed. Novo Século] e à venda
diretamente em
www. http://www.biografiarobertovascon.com.br/.
FOTOS: Página de Roberto Vascon [Facebook]
relação à conciliação da sua rotina profissional com
a vida pessoal?
Aceite a vida como um convite que
você recebeu de Deus. Eu passei
barras violentas. Às vezes eu olhava
e avaliava a situação em que eu me
encontrava. Era como se minha vida
fosse um quadro branco; era como se
minha vida fosse um quadro negro.
Mas isso nunca trouxe medo ou
insegurança. Eu tinha certeza de que
seria capaz de mudar e de colorir o
meu destino.
17}
18}
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essencial
PRA VOCÊ
Esporte: só futebol.
Uma pessoa: Hoje é segredo de Estado ( hehehehhe).
Música: Nina Simone ( A’int got no/I got life).
Um Filme: A Vida é Bela.
Uma flor: Orquídea.
Estação do Ano: Todas.
Prato preferido: Frango com quiabo (de vez em quando um caviar).
Um lugar perfeito: Se eu estiver bem comigo, qualquer lugar é bárbaro.
Pior pesadelo: Perder meu melhor amigo (DEUS).
Lazer: Bater papo.
Um sonho: Ter uma escola profissionalizante pra crianças carentes.
19}
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Fervorosos X
Sepulcros Caiados
ESPIRITUAL
Mirian
Montanari
Grüdtner
A História Cristã foi manchada com vários exemplos
20} tristes nos quais os ensinamentos divinos sofreram
distorções que direta ou indiretamente atacavam
caráter de seu Autor, Deus.
Na época do ministério de Jesus, escribas e fariseus
eram os detentores do conhecimento das coisas de
Deus. Os escribas eram a minoria alfabetizada; os
mestres especialistas em teologia e em questões
legais. Estes ensinavam a Torá nas sinagogas e
formavam discípulos. Os fariseus eram um partido
político e religioso do qual faziam parte sacerdotes
e levitas – os líderes da nação judaica.
No contexto religioso, fé é a virtude
dos que aceitam como verdade
absoluta os princípios de sua
religião. A fé cristã implica crer na
existência e onisciência de Deus,
bem como na Bíblia Sagrada, como
a Sua Palavra e segui-la. Essa fé
envolve razão, consciência, vontade
e ação.
Destituídos do espírito de amor, a base do Reino de
Deus, esses líderes fizeram acréscimos às leis de
Moisés e as interpretavam conforme suas intenções
egoístas, tornando-as um fardo pesado àqueles a
quem deveriam ensinar, conduzir e amar.
Jesus vinha denunciando os falsos ensinamentos
havia algum tempo, e poucos dias antes de Sua
crucifixão, confrontou-os mais diretamente. Suas
palavras precisas eram setas inflamadas que
atingiam o âmago das intenções desses homens:
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Sois
semelhantes aos sepulcros caiados, por fora
realmente formosos, mas interiormente cheios
outra coisa a não ser a morte de seu acusador.
Você já parou para pensar no profundo
sentido das palavras “amar” e “servir”?
Os animais amam e servem de forma
impressionante!
de ossos de mortos e de toda a imundícia. Assim
vós exteriormente pareceis justos aos homens,
mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de
iniquidade.” Mat. 23: 27-29.
Esses homens tomavam sempre o lugar de honra
nos banquetes, vestiam roupas ostensivas e
encorajavam o povo a chamá-los de rabi. Eles
ensinavam sobre Deus, mas tinham religião morta,
pois suas ações não condiziam com ela. Eles não
praticavam aquilo que exigiam do povo - justiça,
misericórdia, fé em Deus. Mostravam-se como puros
e justos por serem escrupulosos seguidores da Lei,
mas escondiam um mundo secreto de pensamentos
e atos indignos.
A repreensão de Jesus ecoa pelos séculos e nos
alcança hoje. Muitos que se levantam em nome da
fé não passam de sepulcros caiados e enfeitados,
no entanto, cheios de ossos de mortos. A fé apenas
é viva quando as ações a anunciam. Sejam líderes
ou leigos, qualquer um que professe ter fé deve
manter atitudes coerentes com essa fé.
“Ninguém que busque parecer o que não é,
ou cujas palavras não exprimam o real sentimento
do coração, pode ser chamado verdadeiro.”
Apenas possui essa fé aquele cuja vida é dirigida
por Deus. Não é carregar o nome Dele ou de uma
religião que nos torna pessoas cristãs e fervorosas,
mas é uma vivência diária e real com Ele, que gere
transformação nos pensamentos, sentimentos e nas
ações.
Você deseja desenvolver essa fé? Relacione-se a
cada dia com Deus, então, como um perfume suave,
suas ações denunciarão aos outros que você anda
com Ele.
Ouvir duras acusações e ver suas máscaras caindo
deixou-os tão enfurecidos que eles não desejavam
{MIRIAM MONTANARI
1. WHITE, Ellen. O Maior Discurso de Cristo, 68. CPB. Tatuí, SP.
}
Escritora
www.mirianmontanari.blogspot.com
21}
A direção da Fé
EMOCIONAL
Joice Goveia
E aquilo que chamamos de sagrado, seja o que
for, se faz tão íntimo que carregamos como
verdade, parte de nossa identidade pessoal e de
grupo social. Assim, há muitos séculos as “fés” de
diferentes grupos se conflitam.
Aqui proponho uma reflexão sobre nossa relação
com a fé, sem considerar aspectos religiosos e
culturais evitando assim julgar entre “certos” e
“errados”, “bem” ou “mal”, mas olhar para este
assunto como uma propensão natural – e universal
– do ser humano em atribuir expectativas e
esperança a algo além de si mesmo e ao futuro.
Uma palavra tão curtinha que
significa tanto: fé. Pela afinidade
com a religião, se mistura em
significados culturais dos mais
diversos. Há muito tempo,
teólogos, filósofos, psicólogos,
antropólogos, entre outros, buscam
explicar racionalmente nossa
relação com o que chamamos de fé
e de sagrado.
Todos nós dirigimos nossa fé a algo, seja religioso,
filosófico, científico, ou mesmo, na negação dela.
É um meio que nos projeta ao futuro, baseado em
nossas crenças e mitos, predizendo que teremos um
futuro e em quais circunstancias ele seria ideal, ou
melhor.
Quando estamos numa situação em que a solução
não está aparente, podemos invocar nossa fé
em encontrá-la para mantermos a esperança e
perseverar.
No artigo “Faith: What is it and who has it” (Fé:
o que é e quem a tem, em tradução livre) para o
23}
EDIÇÃO 09 { dezembro 2013 } www.psicobela.com.br
Quando estamos numa situação em que
a solução não está aparente, podemos
invocar nossa fé em encontrá-la para
mantermos a esperança e perseverar.
portal Psychology Today, o doutor em epistemologia
Jeremy Sherman afirma que sem a fé “...estamos
sem foco, não somos confiáveis, nosso esforço se
torna demasiado difuso para produzir algo de valor
duradouro. Sem a fé, gastamos nossa energia em
todas as direções e nunca fazemos algo”. O autor
24} sugere a fé como forma de canalizar a direção para
onde colocamos nossa energia, como parte do
processo do obtermos algo e não um fim em si.
Assim, se trata de uma convicção não quantificável,
ou seja, não podemos medir com quanta fé
carregamos, ou mesmo se uma pessoa tem mais
“habilidade de fé” que outra. É uma competência, ou
dinâmica interna, que nos envolve sistemicamente
em sentimentos, pensamentos e nossa tendência a
agir – ou esperar.
Exercitar a fé faz bem. Nos permite ao mesmo
tempo reconhecer nossas fragilidades e olhar
além de nossas limitações, inter-relaciona-se com
o exercício de nossa autoconfiança e compaixão.
Como meio para a realização, a fé pode gerar a
força necessária para vencer obstáculos, cuidar de
nós mesmos, de nossa comunidade e do planeta.
A “saúde da fé” está na direção em que a aspiramos.
Se a comprometemos com algo maior que nós
mesmos, com as infinitas possibilidades da vida,
as interconexões entre ações e consequências,
baseados em ética e respeito aos direitos humanos
e, bem, assim já estou entrando em minhas próprias
crenças. Isso que me faz pensar em fechar esta
reflexão sem conclusão alguma, mas deixando
estas ideias para você encontrar em seus caminhos
próprios e à sua maneira para onde a sua fé está te
levando...
Um abraço!
Referência: SHERMAN, Jeremy. “Faith: What is it and who has
it”. Psychology Today. http://www.psychologytoday.com/blog/
ambigamy/201309/faith-what-is-it-and-who-has-it. acessado em 23 de
outubro de 2013.
{JOICE GOVEIA
}
Psicóloga [CRP 08/1141]
[email protected]
ais,
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c
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p
s
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fés
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a
Gastronomi contemporâne
oces e tortas.
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lanc
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tru
25}
XV de Novembro, 2716
Alto da XV - Curitiba - PR
41 3362-7540
EDIÇÃO 09 { dezembro 2013 } www.psicobela.com.br
Enfermidade com
Espiritualidade,
melhores resultados?
FÍSICA
Gisel y Valle
26}
A doença é a perda da integridade
da saúde. O objetivo da Medicina
é buscar a recuperação plena do
bem estar biológico, psicossocial e
até espiritual. Para isso utiliza um
arsenal de recursos propedêuticos,
diagnósticos e medicamentosos
baseados em estudos e pesquisas.
Mas e o lado emocional do
paciente? Suas crenças, fé, visão de
mundo... também fazem parte do
tratamento?
Cientistas céticos (muitos ateus) afirmam que não
há como a religiosidade influenciar na evolução do
doente, por ser algo transcedental, não comprovado.
A partir daí inicia-se a eterna discussão entre
Ciência e Religião. A Ciência estuda o real, o
comprovado, o que é reproduzível. A Religião com objetivos de “dar sentido à vida” e explicar
a origem do universo e do homem - relaciona a
humanidade com a espiritualidade através de um
conjunto de crenças. Portanto a Religião jamais
fará parte do cânone da Ciência e existem questões
que a Ciência não tem como e nem deveria tentar
explicar, como por exemplo a Fé.
Os dados científicos disponíveis
são poucos, visto a dificuldade de
comprovação, principalmente de efeitos
milagrosos. Entretanto, pesquisas
existentes demonstram que pacientes
com fé reagem melhor em muitos
tratamentos.
Então a Fé, pode ajudar a curar doenças?
Os dados científicos disponíveis são poucos, visto
a dificuldade de comprovação, principalmente de
efeitos milagrosos. Entretanto, pesquisas existentes
demonstram que pacientes com fé reagem melhor
em muitos tratamentos. Um trabalho do Instituto
Dante Pazzanese, com quase 250 artigos de
todo o mundo, concluiu que a prática regular de
atividades religiosas - sejam elas quais forem pode reduzir o risco de morte em 30%! Ressaltam
que a fé é tão importante para a cura quanto seguir
os tratamentos. As poucas pesquisas realizadas
nessa área indicam que o doente que reza é capaz
de reduzir seus níveis de estresse, ansiedade e
depressão.
Existem algumas hipóteses que justificariam essa
influência da fé religiosa sobre a saúde. Uma delas
é o contexto social que o indivíduo que pratica a
religião é inserido. O convívio com orientadores
espirituais e amigos que se importam com sua
situação de saúde e podem ajudá-lo a se cuidar.
Sabe-se que quem é solitário corre mais risco de
morrer. Além disso, muitas religiões condenam o
uso de álcool e o fumo, o que resulta em hábitos
mais saudáveis.
Outro fator seria o efeito placebo, acreditar na
eficácia de um medicamento faz com que, muitas
vezes, tenha efeito. Assim a simples fé no poder
benéfico da religião é capaz de trazer à tona
as defesas do organismo, diminuir o estresse e
fazer com que, otimista, a pessoa siga à risca o
tratamento convencional, conseguindo se curar.
E as orações de terceiros, ajudam o paciente? O
maior estudo feito a esse respeito até hoje teve
um resultado controverso. Em 2006, equipe da
Universidade Harvard acompanhou mais de 1.800
pessoas que passaram por cirurgias. Três grupos
foram analisados: 1- os que rezavam, 2- os que
recebiam orações sem saber, 3- os que rezavam e
sabiam que recebiam orações. Os resultados foram
conflitantes ao esperado pelos religiosos: maior
mortalidade no grupo que rezou e que sabia que
recebia orações.
Em pesquisa feita pela Universidade de São Paulo
(USP), a qual também demonstrou que pacientes
que têm fé respondem melhor ao tratamento de
doenças, a terapeuta do Hospital das Clínicas,
Katya Stübing, relata que o estudo incitou uma
revisão muito grande do que é fé, do que é
espiritualidade e do que é religiosidade.
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EDIÇÃO 09 { dezembro 2013 } www.psicobela.com.br
Talvez aí entre o determinante para os
resultados mais favoráveis. A Fé não precisa ser
necessariamente a um ser Divino, o qual escolherá
seu destino. A Fé pode ser fé na vida, crença de que
tudo dará certo, positividade, motivação, otimismo.
Portanto, o que beneficiaria o paciente seria a sua
espiritualidade e não a religião.
A espiritualidade responde algumas perguntas: de
onde viemos, para onde vamos, qual significado do
sofrimento, o que é felicidade. É ela que (mesmo
junto à religião) está associada com melhor
qualidade de vida, menos depressão e estresse,
melhor funcionamento do sistema imunológico,
maior adesão ao tratamento, mais determinação
para enfrentar os obstáculos.
Como citado anteriormente, a doença fragiliza,
faz com que se perceba quão é finita e limitada a
existência. A forma de lidar com a enfermidade é
28}
Fé
pessoas de
o que provavelmente influencia na sua evolução.
Cabe ao Médico respeitar seus pacientes em sua
maneira de gerir a situação, tanto os religiosos
quanto os ateus e os que se encontram no meio
desse espectro. Porém deve também sempre
estimulá-los a confiar, a ter Fé na vida e no que ela
pode nos trazer, nos despertar e nos engrandecer.
A oração é a água da vida; anima a existência e
traz a alma boas novas e jhúbilo.”
Abdu’l Bahá
{GISELY DO VALLE
}
Médica Intensivista;
[email protected]
[Nelson Mandela] (1918-2013)
Nelson Rolihlahla Mandela nasceu no clã Madiba em Mvezo, na
África do Sul, e na infância tornou-se no primeiro membro de
sua família a frequentar a escola. Aos 19 anos, mudou-se para
Fort Beaufort para estudar e praticar esportes como boxe
e corridas, tinha o objetivo de se tornar bacharel em direito.
Tornou-se o líder do movimento contra o Apartheid, unindo-se
ao Congresso Nacional Africano (CNA) em 1942, lançou a Liga
Jovem do CNA em prol dos direitos aos negros. Foi preso em
1962, ao participar de lutas armadas e em 1964, foi condenado
a prisão perpétua, ficando preso durante 27 anos. Em 1985, não
aceitou a liberdade em troca de renunciar a luta anti-apartheid.
Alcançou a liberdade em 11 de fevereiro de 1990, depois de
forte pressão internacional e campanha do CNA, aos 72 anos.
Recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1993, junto com o então
presidente sul-africano Frederik de Klerke.Foi eleito como o
primeiro presidente negro do país, em 1994, presidindo a África
do Sul até 1999. Depois da presidência continuou no trabalho
em defesa aos direitos humanos.
SOCIAL
Roberte
Metring
Vamos iniciar nossa conversa
de uma maneira muito simples,
perguntando: o que é fé?
Fé sem sabedoria é tão
eficiente como
pássaro de uma asa só
Para muito além dos princípios religiosos, que
é o ambiente onde mais se fala sobre (mesmo
quando não se pratica), fé é um termo que pode
representar desde um uma crença ou um conjunto
de dogmas e/ou doutrinas religiosas ou filosóficas,
até a asseveração de um fato, por um ato simples
praticado por um determinado funcionário público
autenticando a veracidade de um documento ou de
uma assinatura. Desta forma, penso que abri o texto
da melhor forma, ou seja, forma nenhuma.
Lembro bem da historinha contata sobre as pessoas
de uma cidade que eram contra a instalação de um
estabelecimento comercial naquele lugarejo: um
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EDIÇÃO 09 { dezembro 2013 } www.psicobela.com.br
Fé não pode ser um ato cego, seja
fé pessoal ou religiosa. Fé cega é
dogma, é fanatismo. E agora me
estendo ao plano social. Vemos
o quanto de manipulações são
realizadas em nome da fé (na
política, na religião, no capitalismo,
no socialismo e por aí vai).
bordel. Alegavam que o bordel traria má reputação
ao lugar, além do que, suas profissionais e seus
freqüentadores, certamente não seriam pessoas
que se dedicassem às práticas religiosas. Passaram
a reunir-se diariamente em oração pedindo a
Deus que encontrasse um jeito de dissolver
aquela obra. Passado algum tempo, um temporal
se armou, e dele surgiu um raio, que atingindo o
estabelecimento o queimou.
O proprietário do bordel entrou na justiça contra
32} Deus, pois alegava que o raio caíra por conta da
força das orações dos fervorosos religiosos do lugar.
Em contrapartida, os religiosos de plantão, aquelas
que tanto oraram, compareceram ao juiz alegando
que Deus não tinha nada a ver com aquilo.
Antes de iniciar o julgamento, o juiz, sabiamente,
diz: não sei no que vai dar esse julgamento, mas
quero deixar claro que acredito que o dono do
bordel e suas funcionários acreditam mais em Deus
do que os religiosos dessa cidade.
Bem, passado o “folclore da fé”, vou me posicionar.
Fé é um ato solitário fundamentado num conjunto
de informações que permitem a existência de
firmeza na execução de uma promessa ou de um
compromisso. Dessa forma, é mais que evidente
que a fé ajuda no desenvolvimento pessoal sim, e
sem fé, o ser humano não passa de um barquinho
à deriva cantando “deixa a vida me levar... vida
leva eu”. Não vejo a menor graça nisso, e acredito
que não há no mundo alguém que possa dizer
que conseguiu atingir seus planos de uma vida
confortável e abundante dessa forma, até porque,
quem não sabe o que quer, aceita qualquer coisa,
até uma porcaria qualquer (seja um objeto, uma
relação, um emprego, uma situação, etc... tanto faz).
Somente quem tem um foco ou objetivo, e muita fé,
certamente chegará onde pretende. E, faço questão
de reforçar, não estou falando aqui somente de uma
fé religiosa, mas “também” de uma fé religiosa, visto
que não adianta nada a fé religiosa sem uma fé
pessoal forte e bem fundamentada, uma fé que te
permita balançar ao sabor dos ventos da vida, mas
que não lhe tire as raízes do chão.
A fé não pode ser um ato cego, seja fé pessoal ou
religiosa. Fé cega é dogma, é fanatismo. E agora
me estendo ao plano social. Vemos o quanto de
manipulações são realizadas em nome da fé (na
política, na religião, no capitalismo, no socialismo
e por aí vai). Vemos como as pessoas são levadas
a crerem em pessoas, situações e coisas das mais
absurdas, algumas oferecendo milagres, outras
simplesmente oferecendo “espelhinhos brilhantes”,
que nada valem, mas que enganam muito bem.
Quando assim, então a fé gera sistemas que
beneficiam alguns em detrimento de outros.
Fé sem sabedoria é tão eficiente como pássaro
de uma asa só. Se pretendemos que a fé seja
utilizada em benefício do ser humano, seja lá em
que condição isso possa ocorrer, precisamos passar
primeiro pela educação deste ser, não em relação à
cultura, mas em relação à existência. É necessário
fazê-lo crer em si, crer na existência pessoal, na
capacidade de criar e adaptar, de manipular os
meios e instrumentos para atingir suas metas
com ética e honradez. Um ser capaz de prometer
para si mesmo que vai praticar os melhores atos
em beneficio pessoal e social, que vai ser melhor
a cada dia, que vai proceder às conquistas as
quais tem direito (como filho de Deus que é), que
usufruirá do planeta como usufrui de um belo clube
(eu acredito que Deus nos deu um belo clube de
campo e de praia, e nós além de não usufruirmos,
Fé
pessoas de
ainda dilapidamos). As mais importantes e as
mais sacrificantes promessas são as promessas
pessoais. As pessoas prometem a Deus, quebram
as promessas, vão pedir perdão, e voltam a fazer
tudo de novo. Mas quando prometem a si mesmos,
sem fé, e quebram suas promessas, não conseguem
nem se perdoar, passando a viver estados ansiosos,
depressivos, e tantos outros.
Uma pessoa realizada, com fé pessoal forte e bem
nutrida, não “precisa” acreditar em Deus e em
milagres. Tem Deus como companheiro por opção, e
realiza seus milagres por vocação.
{ROBERTE METRING
Psicólogo [CRP 08/8758]
blog.psicologoroberte.com.br.
}
[Zilda Arns] (1934-2010)
Médica especializada em pediatria, sanitarista e doutora. Zilda
Arns Neumann nasceu em 1934, na cidade de Forquilha, Santa
Catarina. Desde cedo sentia vocação para a ajudar as pessoas.
Em 1959, concluiu o curso de Medicina na Universidade Federal
do Paraná, em Curitiba. Se especializou em Educação Física e
Pediatria Social. Em seu trabalho, sempre aliou o conhecimento
científico ao conhecimento e à cultura popular; valorizou o
papel da mulher pobre na transformação social; mobilizou a
todos, pobres e ricos, analfabetos e doutores. Em 1983, fundou
e coordenou a Pastoral da Criança, órgão pertencente à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A Pastoral tem
a missão de trabalhar contra a mortalidade infantil, ideia surgida
entre uma conversa de James Grant, então diretor executivo
do Unicef com Dom Paulo Evaristo Arns, irmão de Zilda, e arcebispo emérito de São Paulo. Zilda Arns foi três vezes indicada
ao Prêmio Nobel da Paz pelo Brasil, seu trabalho inspirava mais
de 155 mil voluntários presentes em 32 mil comunidades em
mais de 3.500 cidades brasileiras. Zilda também era fundadora e
coordenadora da Pastoral da Pessoa Idosa, fundada em 2004.
33}
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34}
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A Fé que remove
montanhas
FINANCEIRO
Márcio
Barros
A fé que move montanhas está fora
de moda. O lance do momento é
ter, conquistar, e vencer. Ter o carro
do ano, conquistar coisas valiosas,
e vencer a pobreza. A teologia da
prosperidade arrebanha milhares
de fiéis e o resultado disso tudo, são
igrejas lotadas.
Esse assunto divide opiniões
e as críticas mais comuns, são
daqueles que enxergam nessa
classe de evangélicos um bando
de alienados, ignorantes, que
são manipulados pelos pastores.
O dízimo é o principal alvo das
críticas.
35}
Por outro lado, para entender o assunto é preciso
ter um olhar diferenciado em cada ponto destas
afirmações.
A teologia da prosperidade nada mais é do que
uma interpretação diferenciada dos textos bíblicos,
que leva em conta as promessas divinas. “Se
você é filho de Deus tem direito a uma herança e
precisa conquista-la através da fé”. O raciocínio não
está totalmente incorreto. O equívoco é afirmar
que, para conquistar mais, é preciso doar mais, e
principalmente que as bênçãos divinas se resumem
em bens materiais.
No livro de Hebreus a fé é explicada como sendo
a “certeza daquilo que esperamos e a prova das
coisas que não vemos”. Nessa incógnita, que se
torna um desafio diário para conseguir ter fé, ou
crer em alguma coisa, lobos em pele de cordeiro se
utilizam de “má fé” e exploram, principalmente as
pessoas menos esclarecidas.
O mercado da religião se tornou lucrativo, e a cada
dia novas igrejas, sem bases e nem fundamentos
são abertas mundo afora.
EDIÇÃO 09 { dezembro 2013 } www.psicobela.com.br
36}
No entanto, há outro ponto de vista, onde essa
mesma fé, que é explorada por líderes mal
intencionados, pode curar as pessoas, pois ela
age de dentro para fora e as transformações,
queiram os críticos ou não, acontecem. Seja na
cura de um doente ou na libertação financeira ou
emocional. Para alguns, a religião é um placebo,
para outros, um instrumento divino.
Convertido, o indivíduo muda, e baseado nessa
suposta transformação, seja ela do modo de
vida, ou comportamento em geral, criou-se um
mercado paralelo, que oferece música, cinema,
entretenimentos em geral, moda, turismo, e
tantos outros segmentos, que perceberam
no “jeito gospel de ser” um filão de mercado,
promissor e fundamentado. Para os céticos
apenas uma estratégia de artistas e empresários
espertinhos para ganhar dinheiro em um
mercado fértil.
Mas com toda essa falta de credibilidade, o
mais difícil é entender o que é certo ou errado.
Misturar a fé com negócios e influenciar o
povo a consumir uma indústria cultural e
comportamental específica pode parecer um
plano maquiavélico, mas por outro lado, essa
suposta alienação, pode, de certa forma, manter
os clientes livres dos “tchu tchu tchu tcha tcha
tcha”, das vulgaridades, da violência, das drogas,
do álcool, da prostituição e tudo mais que assola
a sociedade.
Durante muito tempo, criou-se a falsa ideia de
que sentado nos bancos dos templos estavam
apenas pessoas humildes, ignorantes e que na
maioria, tinham suas mentes manipuladas pelos
pastores, que as obrigavam a dar o dizimo e a
serem diferentes do resto da sociedade. Mas logo
esse pensamento caiu por terra, pois médicos,
advogados, empresários e principalmente artistas
Durante muito tempo, criou-se
a falsa ideia de que sentado nos
bancos dos templos estavam apenas
pessoas humildes, ignorantes e que
na maioria, tinham suas mentes
manipuladas pelos pastores, que as
obrigavam a dar o dizimo e a serem
diferentes do resto da sociedade.
de TV e jogadores de futebol, que tem suas vidas
expostas na mídia e nas redes sociais, decidiram
expor a sua opção religiosa e aos poucos foi se
transformando a visão preconceituosa que existia.
Contudo, ainda hoje o meio evangélico é tratado
com desdém, mas isso não é culpa do povo, e sim
de líderes, pastores que se tornaram políticos e
outros representantes que não observaram as
escrituras, e a todo custo, tentam tirar proveito da
fé. Para eles, que frequentemente são personagens
de escândalos, há um texto específico no livro de
Mateus. “Se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e
atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida
com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres
lançado no fogo do inferno”.
Enquanto isso não acontece, vamos fugindo dos
impostores e torcendo para que os fiéis consigam
discernir que o dinheiro é importante, mas paz,
amor, tranquilidade, sono, vontade de comer e
principalmente de viver, são essenciais para ser
feliz.
{MÁRCIO BARROS
}
Jornalista e repórter na Rede Massa
[email protected]
Em 2014, que você
se acostume com
o que te faz feliz.
38}
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