O impacto do touro no rebanho de cria

Transcrição

O impacto do touro no rebanho de cria
Algumas contas simples
podem constatar que o
touro de cria é um fator
de produção de extrema
relevância
A realidade de mercado atual
exige do pecuarista competência
para se manter no negócio, e visão
estratégica para se perpetuar e
crescer. Neste cenário existem
muitas culturas, muitas condições
edafoclimáticas (clima e solo) que
fazem com que nas diferentes
realidades de cada sistema de
produção pecuária inviabilize um
único modelo de produção ou
sistema de produção que seja
responsável pela permanência e
crescimento no negócio. Mas
números todo mundo conhece,
independente da realidade e do
sistema de produção empregado.
Baseado nesta máxima avaliamos
o impacto do touro no rebanho de
cria brasileiro.
A realidade do negócio
pecuário de cria brasileiro e a
importância do Touro
Basta se fazer algumas
contas simples para se constatar
que o touro no sistema pecuário
O impacto do touro no
rebanho de cria
de cria é um fator de produção de extrema
relevância e muito barato pela relatividade de
eficiência produtiva que trás ao rebanho.
Sabe-se que mais de 90% dos bezerros
nascidos no Brasil são oriundos de
acasalamentos ocorridos em sistema
de monta natural. Considerando-se
que o rebanho nacional conta
com aproximadamente 72
milhões de fêmeas com
idade mínima de 24
meses, portanto em
idade reprodutiva, e
supondo taxa de
natalidade de 75%, temse que aproximadamente 49 milhões
de crias são oriundas
de monta natural. Há
de se considerar os
ganhos da heterose
obtidos com o cruzamento industrial, em que se
utilizam bos taurus de origem
européia em cima da vacada zebuína,
pergunta-se como fazer isto em uma
condição climática predominantemente
quente no Brasil, já que os bos taurus de
origem européia tem dificuldades de
adaptação e resistência nas condições de
campo brasileiras?
Analisando ainda a importância que os
touros exercem na produção de bezerros,
Touro Senepol
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O impacto do touro no
rebanho de cria
conclui-se facilmente que embora
os touros representem de 3 a 5 %
do número total de animais em
uma propriedade de cria, estes (os
touros) são responsáveis pela
metade do potencial genético do
rebanho. A vaca responde por
outra metade do potencial
genético dos bezerros produzidos
ao ano. Enquanto uma vaca
produz um bezerro ao ano, um
touro produz de 50 a 60 bezerros
pelo menos em um ano, se
considerarmos taxa de natalidade
de 80% e relação touro:vaca de
1:50 a 1:60 respectivamente.
O pecuarista precisa se
despertar para este impacto, em
se considerando também que este
touro permanecerá no plantel por
10 a 12 anos em fase produtiva,
desde que não se deixe que cruze
com as próprias filhas e netas, a
sua escolha no momento da
compra deve ser criteriosa, e
entendida como investimento e
não custo. Investimento este que
permite ao pecuarista evoluir
geneticamente seu plantel de
forma relativamente barata e de
rápida eficiência.
Senepol
acompanha a
vacada zebuína
a campo
Touro reprodutor Senepol
A relação Touro por vaca
Tradicionalmente a recomendação técnica é que seja
utilizado 1 touro para 25 a no
máximo 30 vacas, normalmente
esta proporção é adequada,
porém muitos estudos mostram
que touros 100% bos taurus
adaptados aos climas quentes
como no do Brasil, a exemplo do
Senepol, possuem alta libido e
rusticidade suficiente para
acompanhar a vacada zebuína a
campo. Os primeiros exemplares
da raça chegaram ao Brasil nos
idos dos anos 2.000, ao longo dos
anos, muitas mudanças
ocorreram na base genética hoje
disponível ao pecuarista de cria
para que utilize esta dinâmica da
necessidade de modernidade
demandada pelo mercado
pecuário para a adoção do
cruzamento industrial.
A relação touro:vaca de 1:25
ou 30 estabelecida de forma
aleatória, e provavelmente
determinada em função do
material genético e do manejo
nutricional praticados no passado,
continua enraizada na cultura de
grande parte dos pecuaristas,
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O impacto do touro no
rebanho de cria
fazendo com que o elevado
número de touros seja utilizado
nos rebanhos, e o que é pior,
muitos deles utilizados sem
critério de seleção genética, como
boi de “ponta de boiada” e sem
registro das associações que
representam as raças, ou seja, sem
nenhuma garantia do grau
sanguíneo, escolhidos somente
pela aparência física visual
(fenótipo).
Este fato além de aumentar o
custo de produção do bezerro,
prejudica a evolução genética do
rebanho e do resultado da
bovinocultura nacional, uma vez
que é utilizado grande número de
touros sem nenhum critério de
seleção e com baixa relação
touro:vaca, comprometendo a
eficiência da monta natural.
A utilização de maior número
de vacas por touro permite
selecionar reprodutores com alta
eficiência reprodutiva, prática
necessária para elevar as taxas de
natalidade e de desmama do
rebanho, possibilitando a
obtenção de produtos
melhorados e o menor custo do
bezerro desmamado.
Reprodutor Senepol
Alguns trabalhos de pesquisa
demonstraram que alterar a
proporção touro:vaca interfere
diretamente sobre a eficiência
econômica da atividade de cria,
sendo possível obter redução no
mínimo em torno de 25% do custo
de produção do bezerro.
Se o pecuarista considerar o
período de estação de monta
variando de 30 a 90 dias, é possível
elevar a proporção touro:vaca
ainda mais, sem se afetar os
índices de gestação das vacas.
Apesar da heterogeneidade
nas taxas de gestação, a qual pode
ser atribuída a diversos fatores,
como diferenças na fertilidade de
solo, na qualidade das pastagens,
na idade e condição corporal das
matrizes e tamanho dos lotes, a
análise dos resultados quando se
faz as contas permite concluir que
o aumento da proporção
touro:vaca é vantajosa e deve ser
adotada como medida para
aproveitar a capacidade
reprodutiva dos touros
registrados, puros de origem de
preferência e de qualidade
genética destacada, melhorar
características produtivas,
aumentar a produção de bezerros e,
consequentemente, a
eficiência reprodutiva
dos rebanhos.
A idade do touro
também interfere na proporção
de vacas por reprodutor, sendo
que touros jovens (idade menor
de 24 meses) devem ser utilizados
com menor número de fêmeas em
relação aos touros mais velhos do
rebanho.
Também deve ser observado
as dimensões das pastagens,
relevo e formato dos pastos,
qualidade dos pastos e da água e
condição corporal das fêmeas.
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O impacto do touro no
rebanho de cria
Av a l i a ç ã o d o a p a r e l h o
reprodutor do Touro
E m
rebanhos bem
manejados, mais
de 70% dos cios
deverão ocorrer no
primeiro mês da
estação de monta,
sendo que esse maior
número de acasalamentos faz com que os
reprodutores percam peso
corporal. À medida que a estação
de monta atinge a metade para o
final, os cios vão diminuindo, a
ociosidade dos touros aumenta e
eles tendem a recuperar o peso
perdido.
Neste cenário de
competitividade o
pecuarista não
pode esperar muito tempo após
colocar os touros nas vacas, em
especial se utilizar estação de
monta, para descobrir que o touro
apresenta problemas em cobrir e
emprenhar as vacas. Um touro
que não desempenha de forma
adequada resultará em perdas
econômicas significativas, além de
prolongar a estação de monta,
comprometer a uniformidade do
lote de bezerros e induzir o
descarte por aumentar o número
de vacas vazias ao final da estação
de monta.
Desta forma é extremamente necessário que os touros
sejam avaliados visualmente o
aparelho reprodutor, a condição
corporal física, aprumos e fazer o
exame andrológico, através do
uso de profissionais habilitados
para se realizar o exame clínico
nos touros. O exame andrológico
permite avaliar a qualidade do
sêmem, os quais não são
identificados a olho nu e são
responsáveis pela presença de
touros inférteis ou sub-férteis nos
rebanhos. Avalia-se volume de
sêmem, concentração, coloração,
motilidade, vigor e presença de
espermatozóides anormais.
Os touros também devem
apresentar perfeita condição de
sanidade, uma vez que são
propagadores de doenças
venéreas que afetam a saúde e a
eficiência reprodutiva das vacas,
como vibriose, tricomonose e
leptospirose, tuberculose e
brucelose, não devendo
permanecer no rebanho quando
apresentar qualquer uma das
enfermidades citadas acima.
Trabalho realizado por
Menegassi (2011) mostrou que
com a realização do exame
andrológico se elevou em até 31% a
produção de bezerros em relação
às propriedades com rebanhos
criados em mesmas condições,
mas que não utilizavam o exame
andrológico e avaliação dos
touros antes da estação
reprodutiva.
70% dos cios
deverão ocorrer no
primeiro mês da
estação de monta.
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O impacto do touro no
rebanho de cria
Benefício econômico do uso
de Touros Senepol com monta
natural em vacada Zebuína
O uso do Senepol em vacada
zebuína permite o melhoramento
animal num índice que contempla
todas as características de
interesse econômico, já que altera
a curva de crescimento da sua
progênie, ao explorar as
diferenças genéticas aditivas
entre as raças, pelos benefícios da
heterose, ao otimizar a
exploração das diferenças raciais
via complementariedade. Com o
efeito heterose o uso do touro
Senepol na vacada zebuína
permitirá que a bezerrada tenha
peso à desmama elevado em pelo
menos 25 a 30% quando
comparado à progênie de sangue
100% zebuína. Este fator de maior
peso somado à característica de
padronização de cor, mocha em
pelo menos 95% dos nascidos,
eleva a procura por bezerros deste
cruzamento no mercado gerando
uma valorização comercial de 20 a
30% em relação à bezerrada pura
zebu com a mesma idade de
comercialização.
Caso o pecuarista resolva
não comercializar sua bezerrada
meio sangue Senepol com Zebu ao
recriá-la e engordá-la conseguirá
ter animais terminados prontos
para o abate com menos de 22
meses de idade, somente a pasto,
ou seja, consegue obter 18 arrobas
de peso vivo até 12 meses antes
que cruzamentos tradicionais,
elevando o giro da propriedade
significativamente, melhorando a
taxa de desfrute, que se traduz em
entrada de capital na fazenda mais
rapidamente e com margem
positiva, preservando e elevando
assim a rentabilidade do seu
negócio. No caso das fêmeas temse o aproveitamento das fêmeas
F1 tornando-as aptas como
receptoras, como engorda para
transformação direta em carne e
como reprodutoras que
Reprodutor Senepol com vacada Zebuína
05
O impacto do touro no
rebanho de cria
continuam na evolução do plantel, reduzindo a idade de aparição do primeiro cio e consequentemente
produzindo bezerros mais rapidamente e reduzindo o intervalo entre partos a partir da segunda cria em diante.
Como números todo mundo entende, tentamos demonstrar através de cálculos o potencial de ganho
econômico obtido com a substituição de touros convencionais, por touros da raça Senepol, beneficiando-se
assim o pecuarista criador de bezerros de todo o efeito da heterose do Senepol com vacada zebuína, de médio
grau de tecnologia:
1) Nível de Tecnificação do Sistema de Cria
2) Proporção Macho: Fêmea - Média Nacional
3) Proporção Macho : Fêmea - Touro Senepol POI
4) % Taxa de Desmama - Média Nacional
5) % Taxa de Desmama - Touro Senepol POI
6) Peso Desmama com 8 meses - Média Nacional - Kg PV
7) Peso Desmama com 8 meses - Touro Senepol POI - Kg PV
Média
1:30
1:40
69%
80%
170
230
Sistema Média Tecnificação - Cria Sistema com Uso de Touro Convencional
Resultado do lote de 1000 Vacas ou 1200 Uas:
Receita
Custo
Margem Bruta
% Markup
Por Bezerro
597,14
580,05
17,10
2,95
Lote 1.000 Vacas
597.142,00
580.045,64
17.096,36
2,95
(retorno do capital investido)
Sistema Média Tecnificação - Cria Sistema com Uso de Touro Senepol
Resultado do lote de 1000 Vacas ou 1200 Uas:
Receita
Custo
Margem Bruta
% Markup
Por Bezerro
807,90
453,02
354,87
78,33
Lote 1.000 Vacas
807.898,00
453.024,25
354.873,75
78,33
(retorno do capital investido)
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O impacto do touro no
rebanho de cria
Análise dentro do Sistema de Cria com Média Tecnificação
Tipo de Genética Utilizada:
Receita
Custo
Margem Bruta
% Markup
Convencional
597.142,00
580.045,64
17.096,36
2,95
Senepol
807.898,00
453.024,25
354.873,75
78,33
Ganho Genética Senepol
210.756,00
172.021,39
337.777,39
75,39
(retorno do capital investido)
Aumenta Receita em 35,29%
Diminui Custo Produção em 21,90%
Aumenta Rentabilidade em 75,39%
Pedro Crosara Gustin
Médico Veterinário, especializado em
produção animal, finanças empresariais e
MBA em MKT
Senepol Santa Luzia
[email protected]
(34) 9995-1135
design
Conclui-se que em sistemas de média tecnificação o emprego de
touros da raça Senepol podem elevar a receita com a venda de bezerros
desmamados em 35%, ao mesmo tempo em que reduzem o custo de
produção em 22% ao permitirem maior proporção de touros por vaca, em
função de seu libido elevado, e da elevada eficiência reprodutiva,
acompanhando a vacada zebuína a campo sob temperaturas muito
elevadas inclusive. Estes fatores quando potencializados permitem
aumentar a rentabilidade em até 75%.
Além da elevação dos índices reprodutivos, que expressam
economicamente nos sistemas de cria, a adoção de exames clínicos dos
touros é ferramenta essencial para se saber a condição do indivíduo
reprodutor ao mesmo tempo em que o investimento em touros
melhoradores e registrados dão a garantia e a velocidade necessárias
para que a atividade de cria se torna mais eficiente.
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