Efeito antinociceptivo da estimulação elétrica transcutânea (TENS)

Transcrição

Efeito antinociceptivo da estimulação elétrica transcutânea (TENS)
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO
FLÁVIA PARADA
Efeito antinociceptivo da estimulação elétrica transcutânea
(TENS) em pacientes com dor lombar crônica
RIBEIRÃO PRETO
2015
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FLÁVIA PARADA
Efeito antinociceptivo da estimulação elétrica transcutânea
(TENS) em pacientes com dor lombar crônica
Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde
Aplicadas ao Aparelho locomotor
Área de Concentração: Ciências da Saúde Aplicadas
ao Aparelho Locomotor.
Orientadora: Profa. Dra. Gabriela Rocha Lauretti.
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RIBEIRÃO!PRETO!
2015!
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Ficha Catalográfica
Parada, Flávia
Efeito antinociceptivo da estimulação elétrica transcutânea (TENS) em pacientes
com dor lombar crônica. Ribeirão Preto, 2015.
73p.; 30 cm
Tese de Mestrado, apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP,
Deparyamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho
Locomotor- Área de Concentração: Ciências da Saúde Aplicadas ao Aparelho
Locomotor
Orientador: Lauretti, Gabriela Rocha
1.TENS. 2.dor lombar. 3.dor neuropática. 4.dor nociceptiva.
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Nome: Flávia Parada
Título: Efeito antinociceptivo da estimulação elétrica transcutânea (TENS) em
pacientes com dor lombar crônica
Dissertação apresentada à Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de
Sâo Paulo para obtenção do título de Mestre
em Ciências da Saúde Aplicadas ao Aparelho
Locomotor
Aprovado em:
Banca Examinadora
Prof. Dr.___________________________________________________________
Instituição: ______________________________ Assinatura: ________________
Prof. Dr.___________________________________________________________
Instituição: ______________________________ Assinatura: ________________
Prof. Dr.___________________________________________________________
Instituição: ______________________________ Assinatura: ________________
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DEDICATÓRIA
Dedico todo o mérito gerado por este trabalho ao benefício de todos os seres.
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AGRADECIMENTOS
À minha família, que sempre me apoiou ao longo de minha vida.
À Dra. Gabriela, que me acolheu como uma mãe, me orientou, e me deu um
exemplo de caráter, determinação, paciência, foco, e acima de tudo, compaixão e
bondade com o próximo.
Aos pacientes que de forma voluntária participaram deste trabalho.
RESUMO
Parada, F. Efeito antinociceptivo da estimulação elétrica transcutânea (TENS)
em pacientes com dor lombar crônica. 2015. 73 f. Dissertação (Mestrado) –
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão
Preto, 2015.
A maioria dos estudos não diferencia tipos de dor no paciente em sofrimento. O
objetivo do estudo presente foi avaliar a eficácia da estimulação elétrica
transcutânea (TENS) em pacientes com dor lombar crônica (DLC) com dor
nociceptiva e neuropática associadas. O estudo foi prospectivo, randomizado e
duplamente-encoberto. Vinte e quatro pacientes adultos com DLC com componentes
somático e radicular associados foram entrevistados. Os pacientes foram atribuídos
de forma aleatória para usarem o TENS ativo na coluna lombar duas vezes ao dia,
por 14 dias: 1) pela manhã, durante 30 minutos, e 2) pela noite, durante 30 minutos,
após se deitarem, antes de dormir. A eficácia foi avaliada por: 1) pré-tratamento e
pós-tratamento pela pontuação da escala de dor EVA (Escala Visual Analógica), 2)
tipo de dor (nociceptiva ou neuropática), 3) capacidade de realização de rotina de
atividades físicas, 4) qualidade do sono, assim como o número de despertares
noturnos, e 5) consumo diário de medicação analgésica de resgate. Os resultados
demonstraram melhora da dor nociceptiva (p<0.05) enquanto que a dor neuropática
foi mantida (p>0.05). A TENS diminuiu a dor pela EVA no dia 5 (p<0.05), sendo
mantida até o dia 14 (p<0.02). Houve diminuição dos analgésicos de resgate
(p<0.05), e melhora da qualidade do sono (p<0.05). Previamente à TENS, os
pacientes referiram 2 (1-2) (média de 25%-75%) despertares noturnos comparado a
nenhum despertar no quinto dia (p<0.05). 17 pacientes classificaram como melhor
sua capacidade para realização de atividades rotineiras durante as primeiras 3 horas
do período da manhã (p<0.05). Não houve nenhum evento adverso. Em conclusão,
a aplicação de TENS não melhorou a dor radicular neuropática, entretanto melhorou
a dor nociceptiva somática, associado a diminuição do número de analgésicos de
resgate, melhora no padrão do sono a de funcionalidade física pela manhã.
Palavras-chave: TENS, dor lombar, dor neuropática, dor nociceptiva.
ABSTRACT
Parada, F. Antinociceptive effect of transcutaneous electrical neurostimulation
(TENS) in chronic low back pain. 2015. 73 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade
de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2015.
Most studies did not differentiate between the types of pain in a suffering patient. The
objective of this study was to evaluate the efficacy of transcutaneous electrical
neurostimulation (TENS) in patients with chronic low back pain (LBP) with both
nociceptive and neuropathic pain. This prospective, randomized, cross-over study.
Evaluated 24 consecutive adult patients with both somatic and radicular LBP were
interviewed. Patients were randomly assigned to receive active TENS at the lower
back twice daily, for 14 days: 1) in the morning, during 30-min, and 2) at night, for 30min just after going to bed. Efficacy was evaluated by: 1) pretreatment and post
treatment VAS (Scale Analogic Visual) pain scores, 2) type of pain (nociceptive or
neuropathic), 3) capacity of performing routine physical activities, 4) quality of sleep
also, as well as number of night arousals, and 5) daily analgesic rescue medication
consumption. The resuls demonstrated that improvement of nociceptive pain
(p<0.05) whilst neuropathic pain was maintained (p>0.05). TENS decreased pain
VAS by day-5th (p<0.05) maintained up to day-14th (p<0.02). Rescue analgesics
decreased (p<0.05) quality of sleep improved (p<0.05). Prior to TENS, patients
referred 2(1-2) (mean(25%-75%)) arousals during night compared to none on day-5th
forward (p<0.05). 17 patients classified as improved capacity of routine activities
during the first 3-hours in the morning (p<0.05). There were no adverse effects. In
conclusions, TENS application did not improve neuropathic radicular pain while
improved nociceptive pain, decreased the number of rescue analgesics, resulted in
better sleep pattern, and improved physical function in the morning.
Keywords: TENS, lumbar pain, neuropathic pain, nociceptive pain.
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LISTA DE FIGURAS
página
Figura 1-
Transmissão da dor periférica para a medula
21
espinal.
Figura 2Figura 3-
Teoria do Portão.
Escalas de mensuração da dor.
24
27
Figura 4-
Tanyx® aderido à pele do paciente na região
38
lombar.
Figura 5-
Avaliação da intensidade da dor (EVA 0-10 cm)
durante 14 dias de tratamento.
54
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TABELA
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Tabela 1- Análise demográfica
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LISTA DE SIGLAS
DL
Dor lombar
DLC
Dor lombar crônica
EVA
Escala Visual Analógica
TENS
Estimulação elétrica transcutânea
SUMÁRIO
página
1
INTRODUÇÃO
15
2
REVISÃO DA LITERATURA
17
2.1
Dor lombar
17
2.2
Epidemiologia
17
2.3
Etiologia
19
2.4
Fisiopatologia da dor
19
2.4.1 Definição
19
2.4.2 Dores fisiológica e patológica
20
2.4.3 A teoria do Portão
24
2.4.4 Mediadores químicos da dor
25
2.4.5 Percepção da dor
26
2.4.6 Avaliação e mensuração da dor
26
2.4.7 Aspectos psicológicos, cognitivo e comportamental
27
2.5
28
Tratamento
2.5.1 Tratamento medicamentoso
28
2.5.2 Tratamento não-medicamentoso
28
2.6
29
Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea
(TENS)
2.6.1 Introdução
29
2.6.2 Freqüências utilizadas
33
2.6.3 Mecanismos de ação periférico
34
2.6.4 Mecanismos de ação central
35
2.7.
TENS e tolerância
36
2.8.
O aparelho portátil de TENS Tanyx®
37
2.9. Fatores que afetam a eficácia do TENS
40
2.9.1 Dose e intensidade da estimulação
40
2.9.2 Frequência
41
2.9.3 Uso a longo prazo
42
2.9.4 Interações com agentes farmacológicos
42
2.9.5 População de pacientes
43
2.9.6 Tempo de medida dos resultados
43
2.9.7 Medida dos resultados
43
2.9.8 Fatores relacionados ao desenho do ensaio
44
2.9.9 TENS placebo
44
2.10 TENS e dor lombar
44
3
OBJETIVOS
46
4
MATERIAIS E MÉTODOS
47
4.1
Delineamento do estudo
47
4.2
Comentários gerais
47
4.3
Critérios de inclusão
48
4.4
Critérios de exclusão
48
4.5
Grupos de estudo
49
4.5.1 Seleção dos pacientes
49
4.5.2 Utilização do aparelho de TENS
49
4.6 Avaliação estatística
51
5
52
RESULTADOS
5.1
Pacientes avaliados
52
5.2
Avaliação demográfica
52
5.3
Avaliação do tipo de dor
54
5.4
Avaliação do consumo de analgésico de resgate
55
5.5
Avaliação da intensidade da dor e qualidade do
55
sono
5.6
Avaliação da capacidade de realização de
56
atividades rotineiras diárias
6
DISCUSSÃO
57
6.1 Introdução
57
6.2 Avaliação da dor e dos tipos de TENS
57
6.3 Avaliação da qualidade de sono
59
6.4 Avaliação das atividades rotineiras diárias
60
7
CONCLUSÕES
61
8
REFERÊNCIAS
62
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1!INTRODUÇÃO!
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A dor lombar (DL) é considerada hoje a causa mais comum de incapacidade
à longo prazo em muitos países (NAZAL et al., 2013), sendo que queixas de DL com
ou sem irradiação para os membros inferiores é a segunda maior razão com que os
trabalhadores procuram profissionais da saúde (FACCI et al., 2011; HIYAMA et al.,
2014), incluindo consultórios médicos e departamentos de emergência (THIESE et
al., 2013).
Por definição, a DL é considerada crônica quando persiste por mais de 12
semanas, sendo que também pode apresentar incapacidades físicas e estresse
psicológico (FACCI et al., 2011; NAZAL et al., 2013).
É estimado que 49% a 90% das pessoas nos países desenvolvidos irão
experienciar pelo menos um episódio de DL durante suas vidas, sendo que na sua
maioria, a dor irá desaparecer em até 2 semanas. Todavia, entre 20% a 44% das
pessoas, principalmente aqueles com história prévia de DL, irão experienciar outros
episódios em até 1 ano, e mais que ¾ irão experienciar uma recorrência em algum
momento de suas vidas. A dor crônica irá se desenvolver na minoria dessas
pessoas, sendo entre 2% a 7% (SCOTT; MOGA; HARSTALL, 2010).
A dor lombar crônica (DLC) afeta a qualidade de vida de pessoas em idade
produtiva (HIYAMA et al., 2014) e está associada a uma comorbidade significativa e
custos diretos nos cuidados com a saúde, devido ao aumento da utilização dos
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serviços de saúde (THIESE et al., 2013), além de ser a razão principal de
aposentadorias precoces e pensões por invalidez (HIYAMA et al., 2014).
Apesar de tudo, a DLC continua uma condição difícil de se tratar (THIESE et
al., 2013), havendo de 10% a 50% dos pacientes que procuram a fisioterapia num
primeiro momento (SCOTT; MOGA; HARSTALL, 2010).
O seu tratamento deve ser multidisciplinar, e identificar a eficácia de terapias
não invasivas e não farmacológicas, que poderia render ganhos significativos e
resultar em melhora na morbidade da população e nos custos associados ao
tratamento da DL. É necessário haver essas alternativas que sejam relativamente
baratas, não invasivas e não farmacológicas (THIESE et al., 2013).
A TENS é um recurso terapêutico não invasivo, de fácil manejo, e não
apresenta eventos adversos ou qualquer interação adversa com medicamentos. É
utilizada para uso exclusivo de analgesia da dor pela estimulação de nervos
periféricos, utilizando-se eletrodos de carbono sobre a pele da região desejada
(GHONAME et al., 1999; KANE; TAUB, 1975; NORRBRINK, 2009; VONHOGEN et
al., 2011; WANG et al., 1997).
Se a dor limita a capacidade física e impede os indivíduos de se exercitarem,
então, controlando-se a dor, eles estarão mais capacitados a realizar outros
programas de atividades (FACCI et al., 2011). A maioria das intervenções
geralmente utilizadas têm pouca ou nenhuma evidência de eficácia, sendo que a
TENS é altamente prescrita devido ao seu baixo custo e poucos eventos adversos
(THIESE et al., 2013).
Os dados na literatura sobre a utilização da TENS na DLC são conflitantes
(DUBINSKY; MIYASAKI, 2010; KHADILKAR et al., 2008). A maioria dos estudos não
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diferencia entre os tipos de dor no paciente portador de DLC. Tanto a dor facetária
articular (dor articular/somática) ou ciática (dor neuropática) podem contribuir para a
DLC (BUCHMULLER et al., 2012; HICKS; MORONE, WEINER, 2009), além de ser
comum os pacientes relatarem os dois tipos de dor associados (BUCHMULLER et
al., 2012).
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Dor lombar
A DL é um dos principais motivos de visitas em consultórios médicos e
departamentos de emergência, sendo a maior causa de falta no trabalho e visita a
profissionais de saúde (DEVERAUX, 2004; THIESE et al., 2013). A DLC tem um
impacto significativo no estado funcional, restringindo atividades ocupacionais, além
de estar associada a uma comorbidade significativa e custos diretos nos cuidados
com a saúde, devido ao aumento da utilização dos serviços de saúde, o que gera
marcantes repercussões sócio-econômicas (BECKER et al., 2011; THIESE et al.,
2013).
2.2 Epidemiologia
De acordo com Hiyama et al. (2014), a estimativa da incidência de DL
durante a vida na Europa e países da América varia de 40% a 70%, sendo que a
estimativa da prevalência em países do leste pode variar entre 12% e 30%.
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A DL é uma das condições mais frequentes e incapacitantes que afeta
trabalhadores nos seus anos produtivos. A recorrência é frequente, afetando a
qualidade de vida, a seleção de trabalho, e é a razão principal por aposentadoria
precoce e pensões por invalidez (GARG et al., 2013).
Aproximadamente 60-90% da população adulta tem risco de desenvolver DL
em algum momento de suas vidas. É estimado que 10-20% dos adultos afetados
desenvolvam sintomas de DLC, definida como uma dor persistente presente na
maioria dos dias e mantida por mais de 3 meses consecutivos (HILDEBRANDT et
al., 2004; MAHER, 2004). Uma revisão sistemática recente estimou a prevalência de
DL em 12%, com um mês de prevalência em torno de 23% (HOY et al., 2012).
Historicamente, a epidemiologia da DL costuma ser estudada em adultos,
com predominância na idade produtiva (DUNN; HESTBAEK; CASSIDY, 2013). Uma
recente metanálise também estimou a prevalência de DL entre crianças e
adolescentes em 12% (CALVO-MUNOZ; GOMEZ-CONESA; SANCHEZ-MECA,
2013).
Entre os idosos (>60 anos), a dor lombar parece ter uma prevalência similar
com as pessoas na meia-idade (FEJER; LEBOEUF-YDE, 2012), embora exista uma
evidência de que formas severas de dor lombar podem aumentar com o decorrer da
idade (DIONNE; DUNN; CROFT, 2006), além de que a redução nas atividades
devido a dor nas costas parece aumentar com o passar dos anos (LEBOEUF-YDE
et al., 2011).
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2.3 Etiologia
Muitos estudos têm relatado uma alta incidência e maior gravidade na DL
em trabalhadores com atividades físicas pesadas em comparação com aqueles que
exercem trabalhos menos vigorosos. Entretanto, outros estudos têm identificado
uma variação na exposição de trabalhos físicos individuais (por exemplo, flexão de
tronco, torções, trabalho com objetos pesados, etc) como fator de risco, outros
estudos acreditam que é a combinação de variações na exposição do trabalho físico
que submete o trabalhador a altos níveis de estresse biomecânico, psicológico e
psicofísico (GARG et al., 2013).
Na idade produtiva, fatores relacionados ao ambiente de trabalho tem sido
estudados com maior intensidade, e associações com fatores como baixa satisfação
com o trabalho e com a carga de trabalho podem ser observados (ANDERSEN;
HAAHR; FROST, 2007; OLESKE et al., 2000).
2.4 Fisiopatologia da dor
2.4.1 Definição
A dor foi conceituada pela primeira vez em 1986, pela Associação
Internacional para o Estudo da Dor, como “uma experiência sensorial e emocional
desagradável que está associada a lesões reais ou potenciais”. Dor é um sintoma
comum a diversos quadros clínicos, além de provavelmente ser a razão mais
frequente de auxílio médico. Estima-se que 30% da população adulta apresente dor
crônica. Transpondo esses dados para o Brasil, teríamos aproximadamente 50
milhões de pessoas com dores crônicas, o que seguramente é uma queixa que
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reflete uma das maiores prevalências de doença em nosso país. As dores crônicas
por si só, perdem a finalidade biológica de alarme da dor, sendo assim consideradas
como uma doença, e não somente um sintoma (ATTAL, 2012; KYRANOU;
PUNTILLO, 2012).
2.4.2 Dores fisiológica e patológica
A exposição da pele ou qualquer outro órgão a estímulos potencialmente
nocivos induz a uma sensação desagradável, a qual informa o indivíduo sobre o
perigo real ou potencial para sua integridade física. Portanto, a informação
processada pode ser diferenciada como dor fisiológica ou dor patológica.
A dor fisiológica é aquela que induz respostas protetoras, como o reflexo de
retirada (ou reação de fuga), com intuito de interromper a exposição ao estímulo
nocivo. Este sinal é típico da dor aguda produzida por estímulos intensos na
superfície da pele. Estados dolorosos prolongados estimulam persistentemente os
aferentes nociceptivos, induzindo alterações que aumentam os efeitos deletérios da
dor crônica, que introduzem então o conceito de dor patológica (NIJS et al., 2014;
RUSSEL et al., 2013).
A dor persistente pode ser subdividida segundo sua origem em nociceptiva,
neuropática, autonômica ou psicogênica. Em geral, a dor crônica é de origem mista.
A dor nociceptiva resulta da ativação direta de nociceptores da pele e outros tecidos
em resposta a uma lesão tecidual, acompanhada de inflamação. A dor neuropática
ou neurogênica origina-se devido a lesões de nervos periféricos ou do sistema
nervoso central. A dor autonômica é resultado do desiquilíbrio do sistema
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autonômico, e em geral com predomínio do sistema simpático (FURQUIM et al.,
2015; WATANABE, 2014).
O componente fisiológico da dor é chamado nocicepção, o qual consiste nos
processos de transdução, transmissão e modulação de sinais neurais gerados em
resposta a um estímulo nocivo externo. De forma simplificada, pode ser considerado
como uma cadeia de três neurônios, com o neurônio de primeira ordem originado na
periferia e projetando-se para a medula espinal, o neurônio de segunda ordem
ascende pela medula espinal, e o neurônio de terceira ordem projetando-se para o
córtex cerebral (Figura 1). (MENDELL, 2014; WATANABE, 2014; ZEILHOFER et al.,
2015).
Figura 1. Transmissão da dor periférica para a medula espinal.
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O primeiro processo da nocicepção é a decodificação de sensações
mecânica, térmica e química em impulsos elétricos por terminais nervosos
especializados denominados nociceptores. Os nociceptores são terminações
nervosas livres dos neurônios de primeira ordem, cuja função é preservar a
homeostasia tecidual, assinalando uma injúria potencial ou real. Os neurônios de
primeira ordem são classificados em três grandes grupos, segundo seu diâmetro,
seu grau de mielinização e sua velocidade de condução (HENDERSON, 2008):
1. Fibras Aβ: são fibras de diâmetro grande (maior que 10 µm), mielinizadas e
de condução rápida, responsáveis por sensações inócuas.
2. Fibras Aδ: são de diâmetro intermediário (2 a 6 µm), mielinizadas, e sua
velocidade de condução é intermediária, modulando a primeira fase da dor:
mais aguda e semelhante à pontada.
3. Fibras C: são fibras de diâmetro pequeno (0,4 a 1,2 µm), não mielinizadas e
de velocidade de condução lenta, responsáveis pela segunda dor ou dor
difusa, de queimação e persistente.
Na ausência de dano tecidual ou nervoso, as fibras Aβ transmitem somente
informações referentes a estímulos inócuos, como tato, vibração e pressão.
Normalmente, a informação nociceptiva é transmitida por fibras do tipo C e Aδ,
localizadas na pele, vísceras, vasos sanguíneos, peritôneo, pleura, periósteo,
tendão, fáscia, cápsula articular e fibras do músculo esquelético; sua distribuição
depende da espécie e localização anatômica, que pode aparecer a cada 2 a 10 mm.
As fibras Aδ são responsáveis pela primeira fase da dor, rápida e forte, do tipo
picada
ou
ferroada,
e
são
sensíveis
a
estímulos
mecânicos
intensos
(mecanorreceptores de alto limiar). As fibras C produzem uma segunda fase, com
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dor mais difusa e persistente, e formam na periferia receptores de alto limiar para
estímulos térmicos e/ou mecânicos. Existem também fibras do tipo C polimodais que
respondem a estímulos mecânicos, térmicos e químicos. Os campos receptivos
destes neurônios oscilam entre 2 e 10 mm (HENDERSON, 2008).
As fibras aferentes nociceptivas terminam no corno dorsal da medula. A
maioria desses neurônios recebem conexões diretas de fibras Aδ e C. Muitos dos
neurônios da lâmina I de Rexed respondem exclusivamente a estímulos nociceptivos
e projetam-se para centros superiores (DEVIGILI et al., 2008).
Sob circunstâncias fisiológicas normais, estímulos mecânicos, térmicos e
químicos ativam nociceptores associados com fibras Aδ e C para avisar sobre um
estímulo nocivo. Cada estímulo está associado com certo grau de inflamação que
inicia uma cascata de sensibilização periférica com eventos celulares e subcelulares.
Células lesadas e fibras aferentes primárias liberam uma série de mediadores
químicos, incluindo a substância P, neurocinina A e peptídeo relacionado com o
gene da calcitonina, que têm efeitos diretos sobre a excitabilidade de fibras
sensoriais, fibras simpáticas e células da glia (TRANG et al., 2011).
Estes mediadores também promovem vasodilatação com extravasamento de
proteínas plasmáticas e o recrutamento de células inflamatórias, mastócitos,
macrófagos, linfócitos e plaquetas que contribuem para a formação de um ambiente
complexo, composto por mediadores inflamatórios, como íons hidrogênio,
norepinefrina, bradicinina, histamina, íons potássio, citocinas, serotonina, fator de
crescimento neural, óxido nítrico e produtos das vias da ciclooxigenase e lipooxigenase do metabolismo do ácido araquidônico. Parece que estas moléculas
agem melhor em sinergia do que isoladas, gerando o que se chama de “sopa
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sensibilizadora”, que desencadeia com eficácia a resposta para ativação das fibras
Aδ e C (NARITA et al., 2012; STEMKOWSKI; SMITH, 2012).
2.4.3 A teoria do Portão
A teoria do portão foi elaborada, em 1965, por Melzack e Wall, para explicar
a influência da estimulação cutânea tátil no alívio da dor. A teoria admite,
essencialmente, que existe nos cornos posteriores medulares um mecanismo neural
que se comporta como portão, que pode controlar a passagem dos impulsos
nervosos transmitidos desde as fibras periféricas até sistema nervoso central,
através da medula.
Figura 2.
Teoria do Portão.
Periphery-periferia; Spinal cord- medula espinal; Rubbing- esfregar suavemente; Tissue damagelesão tecidual; Pain gate closed- portão da dor fechado; Spinal interneurons- interneurônios
espinaisDescending pain inhibitory pathways- vias descendentes inibitórias da dor. Fibres- fibras.
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Após estímulo tátil suave, as fibras proprioceptivas Aβ conduzem impulsos
que são percebidos, mas não traduzem uma sensação desagradável, pois a “porta”
conserva-se fechada. Se a pele continuar a ser arranhada e cada vez com maior
intensidade, mais receptores são estimulados e as fibras grossas sobrecarregadas
fazendo com que a “porta” se abra e as fibras finas transmitam impulsos dolorosos
aos centros nervosos superiores (MELZAK; WALL, 1965).
2.4.4 Mediadores químicos da dor
A transmissão e modulação nociceptiva ocorre através da liberação de
substâncias químicas. Os neurotransmissores ligam-se a receptores específicos,
que produzem diferenças de potencial e determinam o nível de atividade do
neurônio e
sua capacidade de transmitir informação a outros neurônios. A
complexidade e o número de neurotransmissores envolvidos num determinado tipo
de dor ainda não são conhecidos na sua maioria (FISHMAN; BALLANTYNE;
RATHMELL, 2010).
Existem os neurotransmissores inibitórios, que podem ser de natureza
peptídica, como as encefalinas, endorfinas, aminas (como a serotonina e a
noradrenalina), ou outros como o ácido gama-aminobutírico (GABA) e a glicina; e os
principais neurotransmissores excitatórios, que são os aminoácidos como o
glutamato e o aspartato, e os peptídeos como a substancia P (FISHMAN;
BALLANTYNE; RATHMELL, 2010).
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2.4.5 Percepção da dor
Os impulsos gerados na pele pela ativação dos nociceptores são
transportados pelas fibras Aδ e C até o corno dorsal da medula espinal. No corno
dorsal, os nociceptores formam sinapses com interneurônios e neurônios de
segunda ordem. Os neurônios de segunda ordem seguem o seu trajeto nas áreas
laterais da medula espinhal e projetam-se principalmente para o tálamo, uma
estrutura de substância cinzenta logo acima do tronco encefálico. O tálamo possui
células que se projetam para o córtex somatossensorial do lobo parietal e para
outras áreas do córtex. A percepção da dor é um processo complexo, que
normalmente resulta da ativação de aferentes não-nociceptivos, como os
proprioceptores, e que pode ser alterada, dependendo da situação, do estado
mental da pessoa e de outros fatores. O SNC utiliza projeções eferentes no cérebro
e na medula espinal para modular os sinais nociceptivos de entrada e modificar,
assim, a percepção da dor (LAPIROT et al., 2011).
2.4.6 Avaliação e Mensuração da dor pela Escala Visual Analógica
(EVA)
A escala visual analógica (EVA) consiste em uma linha, geralmente com 10
cm, na qual suas extremidades são classificadas como os extremos da dor (da
ausência de dor até a dor insuportável). A EVA também pode apresentar pontos
específicos ao longo da linha que são classificados com números ou adjetivos de
intensidade. Algumas escalas são chamadas de escalas de classificação gráfica. É
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!
solicitado aos pacientes que indiquem qual ponto ao longo da linha representa sua
intensidade de dor. A distância do ponto de ausência de dor até a marca feita pelo
paciente é a pontuação da intensidade de dor do paciente (ONG; SEYMOUR, 2004)
(Figura 3).
Uma linha plana na EVA (linha absoluta e sem marcas) correndo da
esquerda para a direita é a escala mais imparcial e é a mais recomendada
(CARLSSON, 1983; SCOTT; HUSKISSON, 1976).
Figura 3. Escalas de mensuração da dor.
2.4.7 Aspectos psicológicos, cognitivo e comportamental
Foi
observado
em
um
estudo
britânico
problemas
de
conduta
comportamental e altos níveis de hiperatividade como preditores significativos de
futura dor nas costas (JONES et al., 2003), e a angústia psicológica foi um fator de
risco encontrado numa amostra de um estudo canadense (MUSTARD et al., 2005).
Outros fatores psicológicos como a depressão (KOROVESIS; REPANTIS;
BAIKOUSIS, 2010) também tem sido associados com dor nas costas em estudos de
corte transversal em adolescentes. Entre os adultos, fatores como estresse,
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!
ansiedade e depressão são frequentemente relatados como fatores de risco para o
desenvolvimento de dor nas costas (HOY et al., 2010).
2.5 Tratamento
2.5.1 Tratamento medicamentoso
Geralmente, fármacos antiinflamatórias não-esteroidais e acetaminofeno são
prescritos apropriadamente por médicos para DL aguda, e as recomendações de um
protocolo contra o uso de antidepressivos são seguidas se necessário, com a
cronificação da dor. Todavia, uma minoria significativa (4% a 45%) dos médicos não
segue esse protocolo e prescreve fármacos esteroidais orais para a DL (SCOTT;
MOGA; HARSTALL, 2010).
2.5.2 Tratamento não-medicamentoso
Recomendações conflitantes sobre a efetividade de várias intervenções
diminuíram consideravelmente nos últimos anos e todos os protocolos têm se
alinhado em relação a isso. Além disso, os mesmos agora fornecem recomendações
terapêuticas para dor crônica de alta qualidade, e são claramente diferenciados dos
formulados para dor aguda (CHOU et al., 2007).
Considerando as extensas intervenções terapêuticas não farmacológicas
conservativas praticadas por fisioterapeutas, algumas são consistentes e altamente
recomendadas de acordo com vários protocolos (PILLASTRINI et al., 2012).
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Uma revisão sistemática realizada por van Middelkoop et al. (2011) chegou a
mesma conclusão que o estudo de Pillastrini et al. (2012), que apontaram o
tratamento multidisciplinar, o tratamento comportamental e a terapia de exercícios
como as intervenções mais promissoras a serem fornecidas como tratamentos
conservadores no manejo diário da DLC.
Entre 10% a 50% dos pacientes procuram a fisioterapia num primeiro
momento com queixas de DL (SCOTT; MOGA; HARSTALL, 2010). O uso de
múltiplos tratamentos complementares é frequente, sendo defendida a ideia de
terapias ativas para encorajar os indivíduos a participarem do seu processo de
tratamento (DOGAN et al., 2008).
A maioria dos profissionais recomendam corretamente o uso de calor ou frio,
e desencorajam o repouso prolongado para pacientes com DL aguda (SCOTT;
MOGA; HARSTALL, 2010). Entretanto, até o presente momento, as evidências que
suportam agentes físicos e outras modalidades (tens, biofeedback, suportes
lombares, ultra-som, laser e eletroterapia) são inconclusivas devido ao baixo número
de
trabalhos
científicos
duplamente
encoberto,
prospectivos
e
aleatórios
(PILLASTRINI et al., 2012).
2.6 Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS)
2.6.1 Introdução
A TENS é um procedimento eletroterapêutico utilizado para o controle da
dor que tem sido examinado pela literatura médica desde sua introdução por Wall
and Sweet em 1967.
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A TENS é definida como uma modalidade terapêutica não-invasiva
constituída da aplicação de estímulos elétricos sobre a pele. É incluída como
coadjuvante de primeira-linha no tratamento de pacientes sofredores de dor
neuropática periférica, quando há uma área de dor limitada e um déficit sensorial
moderado (DUBINSKY; MIYASAKI, 2010). Na metanálise de Johnson e Martinson
(2007) foi relatado que em várias condições como artrite reumatóide, lombalgia,
osteoartrite, espondilite anquilosante, e dor miofascial, há uma diminuição
significativa da dor com a TENS em comparação com o placebo. As indicações
atuais para o uso da estimulação incluem 1) radiculopatias crônicas, 2)
mononeuropatias e 3) neuropatia pós-herpética. Nestes casos, 3 a 4 sessões diárias
de 30 a 60 min foram recomendadas (NIZARD et al., 2012).
As vantagens da TENS incluem seu fácil manejo, o fato de ser não invasivo,
não farmacológico, podendo ser operado pelo próprio paciente. As publicações com
estudos controlados e duplamente-encobertos propiciam um nível de evidência para
recomendação da técnica em dor neuropática crônica e para a fibromialgia (NIZARD
et al., 2012). Outras indicações incluem dor aguda pós-operatória e outros tipos de
dor crônica.
É essencial que a região seja condutiva ao posicionamento dos eletrodos,
devendo ser evitadas a maior parte das proeminências ósseas e áreas
primariamente cobertas por pêlos. As contra indicações da TENS são poucas como,
por exemplo: pacientes que apresentam arritmia cardíaca (REZENBRINK;
IJZERMAN, 2004), implante de marcapasso cardíaco (BLOODWORTH et al., 2004;
RAKEL; FRANTZ, 2003), estado de obesidade leve, moderada ou mórbida (RAKEL;
FRANTZ, 2003), já que o tecido adiposo atenua a passagem de corrente elétrica
através dos tecidos, não utilizar nos três primeiros meses de gestação, nem em
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peles anestesiadas. Os parâmetros de estimulação da corrente elétrica (freqüência,
amplitude de pulso e duração de pulso) podem ser manipulados a fim de obter o
efeito terapêutico desejado (MORAN et al., 2011). Existem vários modos de
estimulação da TENS para serem utilizados:
1- Convencional (alta freqüência): Utiliza-se uma freqüência que varia de 70 a
120 Hz. Este modo de estimulação recruta as fibras aferentes do tipo Aβ (que
são fibras nervosas cutâneas superficiais). O tempo de terapia para este
modo consiste em 30 a 60 minutos, podendo ser aplicado várias vezes ao dia,
com intervalos de meia hora entre as aplicações, para reduzir a possibilidade
de irritação na pele. Os eletrodos são colocados ao redor ou sobre o local da
dor (CLAYDON et al., 2011).
2- Acupuntura (baixa freqüência): Utiliza-se uma freqüência de 1 a 4 Hz. Este
modo estimula as fibras aferentes nociceptivas do tipo Aα e C, e também as
fibras eferentes motoras. A sensação promovida por este modo é de
parestesia, promovendo um tempo de analgesia com estimulação a baixa
freqüência e alta intensidade. Este tipo de estimulação pode ser aplicado nos
pontos motores dos músculos uma vez por dia durante 20 a 30 minutos
(FISHMAN; BALLANTYNE; RATHMELL, 2010).
3- Burst ou “Trem” de pulsos: Este modo é uma alta freqüência de pulsos
individuais (40 a 150 Hz), distribuídos em “trens” de baixa freqüência,
repetidos de 1 a 5 vezes por segundo, sendo mais comum em 2 vezes. Este
modo é utilizado para controle da dor crônica, sendo que o alivio da dor,
tende a ocorrer com significativa latência, mas depois que isto ocorre, este
alivio tende a persistir por longos períodos devido a liberação de opióides
!
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endógenos. Os eletrodos podem ser aplicados nos pontos motores durante
30 a 45 minutos confortavelmente (FISHMAN; BALLANTYNE; RATHMELL,
2010).
4- Breve/Intenso: Este modo é muito similar ao convencional. Utilizam-se
freqüências altas (100 Hz), os eletrodos são colocados do mesmo modo que
na estimulação convencional durante 15 minutos, sendo que a duração do
alivio
da
dor
é
curta,
apenas
durante
a
estimulação
(FISHMAN;
BALLANTYNE; RATHMELL, 2010).
5- Modulado: Este modo utiliza a freqüência de 50 a 100 Hz e a intensidade
varia de acordo com a forma de modulação. A modulação produz uma
sensação de massagem e o posicionamento dos eletrodos é similar ao modo
convencional (FISHMAN; BALLANTYNE; RATHMELL, 2010).
Em alguns pacientes, a dor limita a capacidade física e os impede de se
exercitar. Se a dor está sob controle, os pacientes estarão mais capacitados de
realizar outros programas de atividades. Isso promove uma justificativa para utilizar
a eletroterapia (FACCI et al., 2011). A maioria das intervenções geralmente usadas
têm pouca ou nenhuma evidência de eficácia, sendo que a TENS é altamente
prescrito devido ao seu baixo custo e poucos eventos adversos (CAREY et al., 2009;
THIESE et al., 2013).
A eletroterapia, por ser um método não invasivo e não farmacológico, e
quando envolve uma estimulação elétrica transcutânea, é uma alternativa adicional
para o manejo da DL, sendo a TENS um dos métodos mais utilizados (CAREY et al.,
2009; FACCI et al., 2011). A TENS emite uma corrente elétrica através de eletrodos
superficiais acoplados na pele ao redor da área afetada pela dor, causando uma
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sensação de formigamento e interrompendo o sinal doloroso nos nervos da região.
Os aparelhos podem ser uma unidade grande para clínica ou portátil com bateria
(POITRASS; BROSSEAU, 2007).
2.6.2 Freqüências utilizadas
TENS consiste em uma técnica de estimulação elétrica historicamente
administrada com frequências altas para o alívio da dor, porém atualmente
frequências baixas também são utilizadas (2 a 10 Hz). A frequência refere aos
pulsos produzidos por segundos durante a estimulação e é descrito como Hertz (HZpulsos por segundo). As frequências utilizadas na TENS variam de 20 a 120 Hz.
Para evitar a fadiga ou desconforto muscular, frequências constantes e baixas são
utilizadas para produzir contrações musculares suaves. Um estudo relacionou
frequências entre 10 e 30 Hz com fadiga duradoura de pelo menos 24 horas
(EDWARDS et al., 1977), entretanto, outro estudo observou um alívio significativo da
dor tanto com alta quanto com a baixa frequência (GHONAME et al., 1999;
HANSSON; EKBLOM, 1983).
Frequências altas são descritas por serem mais confortáveis para o
paciente, porque a força da resposta é amenizada, resultando em sensações de
pequenos e discretos choques, ao passo que com baixas frequências pode-se
perceber cada contração relacionada ao pulso (SLUKA; WALSH, 2003). O modelo
alternante entre baixa e alta frequência de estimulação seria outra alternativa.
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2.6.3 Mecanismos de ação periférico
A base teórica da TENS para controle da dor foi desenvolvida por Melzak &
Wall, gerando a Teoria do Portão (Gate control theory), a qual sugere que a
estimulação de fibras aferentes grossas de baixo limiar (fibras β) pode inibir a
transmissão dos neurônios do corno dorsal da medula espinal (MELZAK; WALL,
1965). Em outras palavras, o estímulo nociceptivo carreado pelas fibras aferentes C
e Aδ (fibras finas de alto limiar para o estímulo doloroso) estaria “mascarado” ou
“encoberto” pelos sinais constantes das fibras proprioceptivas β, as quais seriam
recrutadas pela TENS. Desta forma, o estimulo nociceptivo não seria traduzido no
corno dorsal da medula espinal e não ativaria as vias ascendentes estimulatórias da
dor. O estímulo doloroso seria bloqueado em nível espinal. (MELZAK; WALL, 1965).
A TENS se propaga pelas fibras aferentes sensoriais e proprioceptivas
encobrindo o estímulo nociceptivo. Quando baixas frequências são utilizadas, as
fibras motoras não são afetadas, resultando em não visualização de contração
muscular na área estimulada. A TENS inibiu a hiperalgesia primária associada com
a inflamação em modelo experimental na dor aguda e crônica, dependente do tempo
de lesão (VANC et al., 2007). De fato, a TENS parece causar analgesia através da
ativação de fibras proprioceptivas β, primárias de tecidos somáticos profundos, como
músculo, tendões, ossos e articulações, e não de aferentes cutâneos. Para que as
fibras aferentes C e Aδ cutâneas sejam ativadas, é necessário que a intensidade do
estímulo seja pelo menos duas vezes a necessária para recrutar fibras motoras
!
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! 34!
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(RADHAKRISHNAN; SLUKA, 2005), e isto não está indicado na utilização da TENS,
uma vez que isto resultaria em fadiga muscular e dor secundária à fadiga.
2.6.4 Mecanismos de ação central
Freqüências diferentes podem ativar mecanismos centrais para produzir
analgesia. A TENS de baixa frequência ativaria receptores µ-opióides da medula
espinal e do tronco cerebral, ao passo que a TENS em alta freqüência ativaria
receptores δ-opióide na medula espinal e do tronco cerebral (DE SANTANA et al.,
2009).
O efeito da possível desensibilização central após o uso da TENS foi
sugerido: a aplicação da TENS no membro contralateral reduziu a hiperalgesia do
membro inflamado (AINSWORTH et al., 2006; SABINO et al., 2008). Corroborando,
Mang et al. (2010) demonstraram que a estimulação periférica com altas frequências
pode
resultar
em
contribuição
central
para
o
mecanismo
de
analgesia,
provavelmente atuando no estado de sensibilização central (NIJS et al., 2011),
concomitante com estimulação das vias descendentes inibitórias noradrenérgicas e
serotonérgicas da dor (DE SANTANA et al., 2008). Estudos atuais indicam que a
ativação da medula espinal resultaria em inibição indireta da produção de substância
P, liberaria serotonina, noradrenalina e GABA nos neurônios do corno dorsal da
medula. A ativação de receptores GABA-B poderia estar relacionada com a
diminuição da produção de glutamato e outros aminoácidos excitatórios, resultando
em diminuição da dor (FUKAZAWA; HOSOKAWA, 2009; WITTE, 2011).
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Recentemente foi demonstrado que a aplicação isolada de TENS de baixa
frequência induziu analgesia em pacientes com dor no ombro através da modulação
de aspectos discriminativos, afetivos e motores da dor, observados na ressonância
magnética funcional do cérebro, com ativação do córtex sensorial primário
contralateral, córtex cingulato caudal anterior bilateral e estimulação no córtex motor
ipsilateral (KOCYIGIT et al., 2012), demonstrando que a aplicação de TENS na pele
do paciente resulta não somente em ação local, medular, mas também supraespinal.
2.7 TENS e tolerância
A TENS diminui tanto a hiperalgesia quanto a dor. Aparelhos diversos foram
comercializados com características diferentes, porém diferenças nas características
da forma de onda não alteram a analgesia produzida. A hiperalgesia é igualmente
reduzida quando utilizada na forma de onda assimétrica ou simétrica (AINSWORTH
et al., 2006).
Porém a administração repetida e diária poderá resultar em efeito de
tolerância. Uma alternativa seria a modulação da TENS entre baixa e alta
frequência, o que poderia desenvolver a tolerância de maneira mais lenta
(DESANTANA et al., 2008). Outra alternativa eficaz seria o aumento da intensidade
do estímulo, possível com o aparelho Tanyx®. Ambas frequências (alta e baixa)
transmitidas na mesma intensidade diariamente (90% do limiar das fibras motoras)
resultou em tolerância no quinto dia consecutivo de tratamento em ratos. Entretanto,
quando a intensidade do estímulo foi aumentada no quarto dia de uso, a tolerância
!
!
! 36!
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foi evitada, sugerindo que o aumento da intensidade pode ser um meio clínico de
evitar tolerância, independente da frequência utilizada (SATO et al., 2012).
2.8
O aparelho portátil de TENS Tanyx®
O aparelho Tanyx® é descartável, portátil, possui espessura fina, com 15 cm
por 5 cm de tamanho e baixo custo quando comparado aos outros aparelhos
disponíveis no mercado. Apresenta 4 botões, sendo o acima de ligar e desligar pela
simples pressão mantida por 3 segundos (Figura 4). O pulso é fixado em 85 Hz com
uma largura de pulso em nível baixo (75µs) e intensidades ajustáveis de 0-30mA
através da pressão manual nos botões “L” (10 mA), “M” (20 mA) e “H” (30 mA), com
a possibilidade de escolha entre os modos convencional e pulso intermitente,
alternados pela pressão simples constante de 3 segundos no botão ligar e desligar
(SATO et al., 2012).
O Tanyx® possui bateria suficiente para até 6 horas de uso, sendo
posteriormente descartado. O mesmo aparelho pode ser utilizado por até 6 horas, as
quais podem ser distribuídas no tempo, pois o aparelho pode ser desligado após
cada uso de por exemplo 20-30 minutos e guardado para ser reutilizado
posteriormente, até que o total de 6 horas de bateria seja utilizado (Bula internet
Tanyx tens technology). Como o Tanyx apresenta três intensidades (10, 20 e 30
mA), o paciente possui liberdade para a utilização do mesmo inicialmente com a
intensidade “L” correspondente a 10 mA. Conforme achar m=necessário, o próprio
paciente poderá em um mesmo tratamento, por exemplo, a partir do quarto dia de
utilização aumentar a intensidade de uso para “M”, ou seja, 20 mA, e assim
sucessivamente a cada 4 a 5 dias para a próxima intensidade de 30 ma “H”. Desta
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forma, cada adesivo de Tanyx® promove o tempo suficiente para resultar em
analgesia e diminuição da hiperalgesia sem que apareça clinicamente a tolerância e
simultaneamnete permita o controle adequado da dor (SATO et al., 2012).
Figura 4. Tanyx® aderido à pele do paciente na região lombar.
O adesivo deve ser idealmente colocado de forma perpendicular à linha da
coluna espinal, entre as vértebras lombares L4 e L5. Após ligar o aparelho pela
simples pressão do botão localizado acima, apertar a intensidade desejada,
iniciando pela “L”, ou seja, 10 mA. A intensidade poderá ser aumentada, porém, se
durante a seleção da intensidade houver contratura muscular localizada, a
intensidade deverá ser abaixada, para que o limiar fique idealmente abaixo do limiar
de contração muscular, a fim de evitar fadiga muscular e dores secundárias à
mesma. Caso a intensidade selecionada já seja a mínima, ou seja, 10 mA “L”, o
adesivo deverá ser manipulado ligeiramente na pele para mudança de posição
!
!
! 38!
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discreta apenas com o intuito do desaparecimento da sensação e visualização das
contrações musculares.
As contra-indicações do uso da TENS são: sobre a região cervical anterior,
seios da carótida, coração, área torácica, pele insensível, abdôme de mulheres
grávidas, pessoas com marcapasso cardíaco, implantes de defibriladores, ou
qualquer outro dispositivo elétrico implantado, durante teste de eletrocardiograma ou
enquanto operando dispositivos de diatermia, e para pacientes com trombose
venosa ou arterial, e tromboflebite (ALLEN, 2006).
O estudo de Facci et al. (2011) sugere que a eletroterapia poderia ser
utilizada somente num período inicial do tratamento, assim outros recursos poderiam
ser aplicados mais tarde. Eles encontraram efeitos significativos em relação a
redução da intensidade da dor, melhora na incapacidade e redução no consumo de
medicação, imediatamente após cada sessão de eletroterapia e após 10 sessões,
em comparação ao grupo controle. No entanto, incertezas quanto aos fatores
causais da DL podem significar que as análises nos resultados presentes não são
aplicáveis em todos os pacientes na prática clínica. Além disso, não houve diferença
significativa entre os recursos (TENS e corrente interferencial) em relação ao
tratamento de pacientes com DLC não específica.
De acordo com Sluka et al. (2013), existem vários fatores que podem
contribuir para a confusão na literatura sobre a efetividade da TENS:
1-
dose (intensidade), interações negativas com o uso a longo prazo de
opióides, e a avaliação da população.
!
!
! 39!
!
2-
Medidas apropriadas para avaliação dos resultados – tempo de avaliação e
tipo de resultado.
3-
Comparação apropriada entre os grupos (fatores relacionados ao desenho
do estudo e TENS placebo)
2.9. Fatores que afetam a eficácia do TENS
2.9.1 Dose e intensidade da estimulação
Tem sido extremamente claro na última década que a intensidade da TENS
é muito importante para se obter um efeito positivo. Estudos concluíram que a TENS
recebida numa intensidade forte porém confortável gera um efeito analgésico
significante, enquanto a TENS recebida no limiar sensitivo ou abaixo dele foi ineficaz
(AARSKOG et al., 2007; MORAN et al., 2011; RAKEL et al., 2010). Portanto, devese aumentar a amplitude até um nível adequado para produzir analgesia. O estudo
de Sluka et al. (2013) sugere que todos os pacientes devem ser encorajados a
aumentar a intensidade para um nível forte mas confortável, apenas abaixo do limiar
doloroso, e continue aumentando a intensidade até o tolerável. Todavia, a TENS não
é sempre tolerado em intensidades altas por todos os pacientes, assim, sua
amplitude e seu uso devem ser monitorados cuidadosamente.
Sobre o uso repetitivo, muitos estudos mostram um efeito acumulativo da
TENS em diversas condições dolorosas. Por exemplo, no estudo de Marchand et al.
(1993) houve uma redução acumulativa da dor com aplicações repetitivas de TENS
(2x/semana) em pessoas com dor lombar crônica. A literatura não mostra respostas
sobre o porquê deste efeito acumulativo duradouro ocorrer. Uma possibilidade é de
que a TENS reduz a sensibilização que normalmente ocorre no sistema nervoso
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! 40!
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periférico ou central e está associado ao aumento de excitabilidade dos neurônios
ao longo das vias, além de haver evidências experimentais de que a TENS reduz
esta excitabilidade central e restaura a inibição com o uso repetitivo (SLUKA et al.,
2013).
A aplicação repetitiva da TENS com a mesma frequência, intensidade e
duração diariamente por mais de 1 semana pode resultar em tolerância analgésica
em animais com inflamação e em indivíduos saudáveis (CHANDRAN; SLUKA, 2003;
LIEBANO et al., 2011).
Os pacientes costumam se tornar mais confortáveis com a TENS com o
tempo, e assim, capazes de tolerar altas intensidades. Os efeitos da estimulação
repetitiva da TENS na mesma dosagem em pessoas com dor crônica são
desconhecidos, e esta é uma lacuna na literatura que precisa de uma avaliação mais
aprofundada (SLUKA et al., 2013).
2.9.2 Frequência
Diferentes
frequências
de
estimulação
ativam
diferentes
tipos
de
mecanismos. Além disso, pacientes costumam achar frequências mais altas mais
confortáveis, e portanto altas frequência costumam ser testadas antes das mais
baixas. Todavia, pelo uso da TENS repetitiva poder produzir tolerância analgésica,
frequências misturadas podem ser uma boa escolha. Por outro lado, se os pacientes
tomarem analgésicos opióides, a TENS com alta frequência provavelmente poderá
ser mais eficaz do que a de baixa frequência, e deverá ser realizado sozinho
(SLUKA et al., 2013).
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2.9.3 Uso a longo prazo
Sozinho, a TENS não é considerado curativa, e assim, não se deve esperar
seus efeitos por semanas, meses ou anos após o fim das estimulações. Contudo,
seu uso prolongado por meses ou anos é comum em condições de dor crônica
(SLUKA et al., 2013).
Chabal et al.(1998) e Fishbain et al. (1996) examinaram em seus estudos o
uso prolongado da TENS em pacientes com dor crônica através de uma entrevista
retrospectiva. Foi observado que aqueles que usaram a TENS prolongada por 6
meses ou mais tiveram uma queda significativa na dor durantes as atividades,
aumentaram o nível de atividades, e diminuíram o uso de medicações para dor e de
serviços de saúde. Não se deve confundir o efeito da TENS por uso prolongado com
o efeito da estimulação após o seu término, quando os pacientes não utilizam a
TENS por meses antes da avaliação.
2.9.4 Interações com agentes farmacológicos
A TENS realiza seus efeitos por ativação de receptores de opióides no
sistema nervoso central, sendo que a TENS de baixa frequência (1 a 10 HZ) ativa
os receptores mu-opióides, e a TENS de alta frequência (50 a 100HZ) ativa os
receptores delta-opióides (KALRA; URBAN; SLUKA, 2001).
!
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!
2.9.5 População de pacientes
A TENS pode não ser efetiva para todas as condições dolorosas, pois seu
efeito é por aumentar a inibição endógena e diminuir a excitabilidade central
(SLUKA; VANCE; LISI, 2005; SLUKA; LISI; WESTLUND, 2006), sendo que ambos
são componentes na maioria das condições de dor crônica (CLAUW, 2009; CLAUW;
WITTER, 2009; DeSANTANA; SLUKA, 2008).
2.9.6 Tempo de medida dos resultados
Como qualquer intervenção, a medida dos resultados deve ocorrer durante o
pico do efeito. Vários estudos em pessoas com dor crônica mostraram o pico do
efeito da TENS durante a estimulação
ou imediatamente após o seu término
(LEONARD, GOFFAUX; MARCHAND, 2010; VANCE et al., 2012).
2.9.7 Medida dos resultados
A redução da dor pode não ser observada em todos os tratamentos,
portanto, medidas adicionais, como efeitos da medicação em uso, utilização de
serviços de saúde, funcionalidade e qualidade de vida pode ser úteis. Além disso, a
TENS pode não ter um impacto na incapacidade ou funcionalidade, já que ela não é
uma intervenção para melhora funcional (SLUKA et al., 2013).
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2.9.8 Fatores relacionados ao desenho do ensaio
Clinicamente, a TENS costuma ser dada aos pacientes como um tratamento
adjunto para reduzir a dor, e não como um tratamento isolado. Geralmente, o
paciente é instruído a levar o aparelho para casa e autorizado a utilizá-lo o quanto
necessário para alívio da dor, podendo ser utilizado diariamente por longos
períodos. É sugerido que o paciente a utilize quando estiver fisicamente ativo, desse
modo, a TENS irá ocasionar uma medida de aderência no uso, monitorado
eletronicamente de modo correto (SLUKA et al., 2013).
2.9.9 TENS placebo
Nos ensaios clínicos com TENS, deve ser utilizado um grupo de pacientes
com o aparelho de TENS placebo. Um novo aparelho de TENS placebo,
denominado “TENS placebo transitório”, tem sido desenvolvido recentemente, o qual
liga por um curto período (menor que 1 minuto). Este aparelho resulta em cegar
completamente tanto o investigador quanto o paciente na aplicação da estimulação,
e é muito melhor do que o placebo tradicional aplicado nos ensaios clínicos, o qual é
um aparelho que foi modificado para não produzir corrente (AARSKOG et al., 2007;
RAKEL et al., 2010).
2.10 TENS e dor lombar
A dor lombar baixa constitui uma das causas mais frequentes de dor crônica.
A avaliação de pacientes portadores de dor lombar crônica, submetidos a 10
!
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sessões de TENS revelou melhora da flexão da coluna lombar, melhora da atividade
sexual e do estado de apreensão (ZANIEWSKA et al., 2012).
A avaliação prospectiva de 236 pacientes adultos com dor lombar
neuropática ou localizada demonstrou apenas diminuição da intensidade da dor
após a aplicação de 4 sessões diárias por 3 meses consecutivos, porém sem
melhora do estado funcional (BUCHMULLER et al., 2012). A dor lombar
(RATAJEZAC et al., 2011) ou lombo-sacra discogênica (POP et al., 2011) foram
igualmente minimizadas com a utilização de TENS. Os pacientes utilizaram TENS 3
vezes ao dia, por 20 min, frequência 35 Hz, duração de impulso 150 µseg,
apresentaram analgesia e melhora da mobilidade e função da coluna lombo-sacra
(POP et al., 2011).
Outro estudo envolvendo 150 pacientes demonstrou redução da intensidade
da dor lombar e da ingestão de analgésicos de resgate após aplicação diária por 30
min de TENS (FACCI et al., 2011). A TENS foi igualmente eficaz como coadjuvante
da analgesia em pacientes portadores de síndrome pós-laminectomia com
estimulador espinal implantado (HAMM-FABER et al., 2012). Outro estudo
prospectivo e duplamente-encoberto que avaliou o Tanyx®, demonstrou que a
aplicação diária do adesivo pela manhã não melhorou a dor de origem neuropática e
não alterou o consumo de analgésicos de resgate. Entretanto, sua aplicação
diminuiu a intensidade da dor facetária lombar (exemplo de dor somática), e
melhorou a qualidade do sono e o bem-estar ao acordar (LAURETTI et al., 2010a).
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3. OBJETIVOS
Comparar a eficácia da TENS de alta frequência (TANYX®) para o manejo da DLC
em pacientes com componentes articular (somático) e neuropático associados em
relação à:
a) Tipos e intensidade de dor
b) qualidade de sono
c) qualidade de realização de atividades diárais
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4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Delineamento do estudo
O estudo foi prospectivo, aleatório, realizado como um ensaio clínico
controlado, duplamente encoberto, no Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
4.2 Comentários gerais
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
(HC-FMRP-USP).
Após esclarecimento sobre o estudo e consentimento por escrito, foram
selecionados 24 pacientes com DLC com componentes articular e neuropático
associados. O Comitê de Ética local aprovou o estudo, e informou que o seu
consentimento foi obtido. Esse estudo prospectivo avaliou a utilidade clínica de um
novo, muito pequeno e leve aparelho de TENS de alta frequência em 24 pacientes
sofrendo de DLC com componente neuropático e nociceptivo associados.
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4.3 Critérios de inclusão
Os pacientes inclusos apresentaram apenas dor do tipo nociceptica e
radicular, e não apresentaram nenhuma radiculopatia, a qual por definição é
acompanhada por perda sensorial ou motora. Todos os pacientes graduaram a dor
com média ≥ 4 cm pela Escala Visual Analógica (EVA), e não estavam tomando
nenhuma outra droga além de analgésicos como metamizol ou paracetamol, obtidos
no Centro de Tratamento da Dor – Hospital Escola. Diagnóstico de ambas as dores
neuropática articular e somática nociceptive foram confirmadas baseadas na história
clínica e exames combinados com ressonância magnética lombar, para excluir
qualquer outra patologia.
4.4 Critérios de exclusão
Os critérios de exclusão foram: pacientes submetidos a cirurgia para
radiculopatia há menos de 3 meses; utilização de drogas antiinflamatórias nãoesteroidais nos últimos 14 dias prévios à iniciação do protocolo do estudo;
experiência de DL há menos de 3 meses; se a DL for associada à radiculopatia
bilateral; presença de síndrome radicular aguda ou não estabilizada (ciatalgia ou
cruralgia); planejamento de qualquer tipo de cirurgia para os próximos 6 meses;
presença de marcapasso; sem tratamentos prévios não-farmacológicos incluindo
fisioterapia, acupuntura, mesoterapia, manipulações, utilização de cinta para
estabilização da coluna lombar, ou suporte psicológico; se a DL for sintomática por
outra condição (exemplo: fraturas compressivas ou condições inflamatórias
progressivas, neoplásicas ou infecciosas); caso o médico tenha estimado uma
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expectativa de vida menor que 3 meses; se bloqueios articulares, de ramos
medianos, epidurais ou foraminais foram planejados durante o período do estudo.
4.5 Grupos de estudo
4.5.1 Seleção dos pacientes
Foram incluídos no estudo pacientes com idade entre 20 e 45 anos de idade,
sem qualquer outra patologia além da DLC há mais de três meses, com
características de dor facetária articular somática nociceptiva e dor radicular
neuropática associadas. Para chegar no valor final de 24 pacientes, formam
entrevistados um total de 31 pacientes consecutivos, sempre pelo mesmo autor,
para esclarecer quando eles poderiam diferenciar claramente entre sua dor
nociceptiva e neuropática.
4.5.2 Utilização do aparelho de TENS
Durante a entrevista, foi demonstrado ao paciente como utilizar o aparelho
de TENS. A capacidade de reconhecer ambos os tipos de dor e de auto-administrar
o TENS foram checados duplamente por um segundo autor, o qual não estava
presente durante a primeira entrevista.
O aparelho de TENS foi aplicado pelo paciente na coluna lombar
(perpendicular ao canal vertebral, no nível da 5th vértebra lombar). Em cada
paciente, foi aplicado duas vezes ao dia, durante 14 dias: 1) pela manhã, por 30
minutos antes de se levantar da cama, e 2) pela noite, por 30 minutos, logo após se
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deitar na cama. O aparelho de TENS (Tanyx®) produz uma corrente convencional
de TENS, caracterizada por estimulação continua com alta frequência (85 Hz), com
duração da onde de 75 µs e intensidade de até 30 mA, com potencial de atingir uma
parestesia indolor na região lombar ou uma sensação de formigamento. Metamizol
oral (500 mg) até três vezes ao dia, com intervalo mínimo de 6 horas, mas com o
ultimo uso não maior que 6 horas foi utilizado como analgésico de resgate caso
necessário para controle da dor, para manter a dor pela EVA menor que 4 cm. A
eficácia foi avaliada por:
1) pontuação da dor pela EVA pré tratamento e pós tratamento,
2) tipo de dor (nociceptive ou neuropática) que mudava sua característica
para melhor, mantida ou pior,
3) qualidade do sono também definida como mantida, melhor ou pior, assim
como o número de despertares noturnos, e
5) consume diário de medicação analgésica de resgate.
Para cada paciente, foi dado um diário pessoal contendo instruções
detalhadas para auto-administração do tratamento com TENS duas vezes ao dia,
incluindo uma figura demonstrando o lugar correto de aplicação dos eletrodos, assim
como o espaço para fazer anotações sobre o uso diário de metamizol, avaliações
diárias da lombar pela EVA antes e após a aplicação do TENS, opinião relacionada
a rotina de atividade física e qualidade do sono, e qualquer evento adverso
experienciado durante o período do estudo. Todos os pacientes tinham claro o
conceito sobre os dois tipos de dor que deveria ser avaliado. A dor articular somática
foi definida como localizada na coluna lombar, com ausência de irradiação para os
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membros inferiors, a qual ocorre principalmente após o repouso como, por exemplo,
quando se levanta após um tempo estando sentado, e no despertar pela manhã. O
tipo de dor radicular neuropática foi definida como uma dor irradiada para os
membros inferiores, a qual melhora com o repouso mas aumenta sua intensidade
com o tempo, sendo pior no final do dia. As visitas na Clínica da Dor para
seguimento do estudo foram programadas para o dia 7 e 14 após o início do
tratamento.
4.6 Avaliação estatística
Cada paciente agiram como próprio controle relacionado aos tipos de dor.
Nós acreditamos que 100% dos pacientes recebendo o dispositivo de TENS duas
vezes ao dia irão alcançar uma diminuição de pelo menos 50% da dor pela EVA em
2 semanas, comparado com o nível basal para ambos os tipos de dor. Com esta
base, com um alfa de 5%, foi calculado que pelo menos 18 pacientes avaliados
seriam necessários para alcançar um poder de 80% para detectar algum efeito do
TENS em cada tipo de dor (nociceptiva ou neuropática). O s dados foram
comparados entre o mesmo grupo pelo teste de Wilcoxon ou teste de Friedman
quando avaliado mais que um dado, e o teste Chi-Square ou o teste exato de Fisher
para variáveis qualitativas. Foi considerado significativo o P<0.05.
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5.RESULTADOS
5.1 Pacientes avaliados
Vinte de um pacientes com DL com componentes de dor radicular
neuropática e dor somática nociceptiva associados completaram o estudo e
puderam diferenciar claramente sua dor nociceptiva e neuropática. Exclusões (2
pacientes) foram devido a dados incompletos de um paciente, enquanto o outro
pegou no sono enquanto utilizava o TENS na hora de dormir, e não tinha ideia de
quanto tempo o aparelho ficou ligado; mesmo assim, não houve nenhuma queixa
relacionada a eventos adversos.
5.2 Avaliação demográfica
A avaliação demográfica dos pacientes está representada na Tabela 1.
Todos os pacientes foram semelhantes em relação á faixa etária, peso, sexo, peso
corporal e estatura.
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Tabela 1. Análise demográfica
Idade (anos)
32±8
Gênero (Masculino/Feminino)
15/6
Peso corporal (kg)
81±14
Altura (cm)
170±8
Estado físico ASA (I/II)
17- ASA I
4- ASA II (alergia à pólem e poeira)
No. de pacientes ingerindo diariamente
dipirona para o controle da dor antes do
17 pacientes- 1000 mg
4 pacientes- 1500 mg
tratamento com TENS
No. de pacientes que acordavam pelo
21
menos uma vez durante noite de sono
devido dor (antes do tratamento com
TENS)
No de pacientes ingerindo diariamente 500
4
mg de dipirona antes do tratamento com
TENS
No. de pacientes ingerindo diariamente
dipirona durante o tratamento com TENS
No de pacientes ingerindo diariamente 500
16 pacientes- 500 mg
5 pacientes- 1000 mg
0
mg de paracetamol durante o tratamento
com TENS
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ASA- American society of Anesthesiology
5.3 Avaliação do tipo de dor
Os 21 pacientes classificaram a dor nociceptiva como ”melhor”, quando
comparado ao dia 1 e ao dia 14 (p<0.05), enquanto 19 pacientes classificaram a dor
neuropática como “mantida”e 2 pacientes classificaram como “pior”(p>0/05). A dor
radicular neuropática não melhorou após o uso do TENS, já que a pontuação de dor
pré- e pós-tratamento foi similar em todos os dias do estudo comparado aos valores
da pontuação de dor prévia antes do tratamento (p>0.05) (Fig. 5).
Figura 5. Avaliação da intensidade da dor (EVA 0-10 cm) durante 14 dias de
tratamento.
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5.4 Avaliação do consumo de analgésico de resgate
O consumo de metamizol de resgate pré e pós-tratamento durante o dia
também foi similar durante os 14 dias de estudo, sendo a média de 2 a 3
comprimidos diários (Tabela 1; p>0.05). Antes do tratamento com a TENS, 17
pacientes estavam tomando 1000 mg de metamizol enquanto 4 dos pacientes
estavam tomando 1500 mg de metamizol plus oral e 500 mg de paracetamol
(500mg). Nenhum paciente tomou comprimidos na hora de dormir após o uso do
TENS, e tomou apenas o metamizol oral diário (p>0.05). Dezenove pacientes
tomaram 500 mg de metamizol oral na hora do almoço, enquanto 2 pacientes
tomaram 500 mg de metamizol na hora do almoço e 500 mg de metamizol às 6
horas da manhã (p<0.05). Nenhum evento adverso foi observado.
5.5 Avaliação da intensidade da dor e qualidade de sono
O dispositivo de TENS diminuiu a intensidade da DL na EVA para dor
nociceptiva e diminuiu de uma maneira estritamente segmentar para todos os 21
pacientes pelo dia 5 (p<0.05), melhorando ainda mais no dia 12 de avaliação e
mantendo até o dia 14 da avaliação (p<0.02) (Fig 1). Houve uma queda estatística
significativa na pontuação média de dor (EVA) no pré- e pós-tratamento para dor
articular facetaria nociceptiva (dia 1 comparado ao dia 14, p<0.05).
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Consequentemente, a qualidade do sono melhorou para todos os 21
pacientes, e o número de despertares pela dor secundário a mudança de posição na
cama também diminuiu do dia 1 ao dia 5, e manteve até o dia 14, quando
comparado a hora de dormir prévia a aplicação do TENS. Antes da aplicação do
TENS, todos os pacientes referiram 2 (1-2) (média 25%-75%) despertares durante a
noite comparado a nenhum despertar no dia 5 adiante (p<0.05).
5.6 Avaliação da capacidade de realização de atividades rotineiras
diárias
Relacionado a capacidade de realizar uma rotina de atividade física, foi
considerado uma melhora durante as primeiras 3 horas pela manhã, logo após o
despertar na cama por 17 dos 21 pacientes no dia 4, resultando em melhora na
facilidade de levantar-se da cama, e para a rotina de atividades (p<0.05), enquanto 3
pacientes definiram essa capacidade como mantida. Não houve nenhuma queixa de
eventos adversos.
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6.DISCUSSÃO
6.1 Introdução
O TENS surgiu há mais de 35 anos atrás como um adjunto farmacológico
para o manejo da DL. Contudo, apesar do uso muito difundido, a evidência para sua
eficácia como uma intervenção isolada no manejo da DLC é limitado e inconsistente
(KHADILKAR et al., 2005; VAN MIDDELKOOP et al., 2011).
6.2 Avaliação da dor e dos tipos de TENS
Os resultados do estudo presente demonstraram que os dois tipos de dor
podem ser claramente diferenciados por cada paciente, nomeado como dor
somática nociceptiva e dor radicular neuropática. Os resultados demonstraram que a
dor radicular neuropática não altera com o uso do TENS de alta frequência duas
vezes ao dia, de acordo com outros autores (BUCHMULLER et al., 2012;
KHADILKAR et al., 2008), e os pacientes mantiveram o mesmo uso de comprimidos
de metamizol, variando entre 1 a 2 comprimidos durante o dia. Entretanto, a dor
somática nociceptiva claramente melhorou com o uso do dispositivo de TENS duas
vezes ao dia, de acordo com outros autores (ITOK et al., 2009), que também
aplicaram o TENS por 30 minutos.
No estudo presente, foi utilizado o TENS de alta frequência. Costuma-se
acreditar que a analgesia pelo TENS de alta frequência é causada principalmente
por bloqueio da ativação de aferentes primários de grande diâmetro de tecidos
somáticos
profundos,
mas
não
por
aferentes
cutâneos
superficiais
(RADHAKRISHNAN; SLUKA, 2005), e também por analgesia mediada através do
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periaquedutal cinza, que envia projeções através da medula rostro ventralmedial
para o cordão espinhal para produzir uma analgesia mediada por opióide através de
δ-receptores (DESANTANA et al., 2009). Hiperalgesia através de sensibilização
central também demonstrou melhora em ratos, já que a aplicação o TENS de alta
frequência na pata contralateral reverteu a hiperalgesia da pata inflamada 10
(SABINO et al., 2008). O TENS de alta frequência também foi capaz de induzir
analgesia, parecido com a liberação de serotonina no soro, para além do bloqueio
de alterações cardiovascular e respiratória adversas induzidas pela dor (SANTUZZI
et al., 2013), que poderia justificar o efeito analgésico sobre a dor nociceptiva.
Todavia, a dor neuropática não foi afetada pelo TENS de alta frequência. De
acordo, o TENS demonstrou ser efetivo no modelo inflamatório, enquanto não
revelou efeitos analgésicos significantes na dor neuropática no modelo com
roedores (VERA-PORTOCARRERO et al., 2013). Estudos recentes indicam que
estimulação direta na medula espinhal libera substância P, serotonina, noradrenalina
e GABA nos cornos dorsais, e a ativação do receptor GABA-B pode estar
relacionado a diminuição na liberação de glutamato e outros aminoácidos
excitatórios, resultando numa diminuição da dor neuropática (FUKAZAWA;
HOSOKAWA, 2009). De fato, apenas a estimulação elétrica intracutânea (mas não
transcutânea) atenua o comportamento de ambas as dores neuropática e
inflamatória (VERA-PORTOCARRERO et al., 2013). Enquanto a estimulação de
eletroacupuntura demonstrou baixar efetivamente os fatores inflamatórios séricos IL1β e níveis de TNF-α, para regular fatores inflamatórios no nível IL-2 em ratos (LI
WX et al., 2012) e atenuar respostas inflamatórias sistêmicas através da ativação de
receptors muscarínicos no sistema nervosa central (SONG et al., 2012); o TENS de
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alta frequência não teve efeito na inflamação induzida por serotonina (SANTOS et
al., 2013).
Drogas anti-inflamatórias não foram inclusas como parte do protocol, já que
elas poderiam interferir com o curso da doença, e mascarando a sensação da dor, o
que poderia levar a uma má interpretação dos dados. Pelo TENS de alta frequência
ter sido descrito previamente por estar relacionado com o mecanismo de ação antiinflamatório (SABINO et al., 2008; VERA-PORTOCARRERO et al., 2013), foi
decidido utilizer o metamizol como analgesic de resgate, uma droga estabelecida
como analgesic central e periférico sem nenhuma ação anti-inflamatória clínica
(SERDIUK; GMIRO, 2012). Além disso, ela é gratuita para todos os pacientes, já
que é doada pelo governo para controle de dor, sob prescrição. De fato, a ação do
TENS na inflamação ainda precisa ser esclarecida.
6.3 Avaliação da qualidade de sono
Relacionado ao conforto do sono, todos os pacientes notaram melhora no
padrão do sono, diminuição nos despertares de noite alcançando uma noite
completa de sono no dia 5, e nenhum paciente tomou metamizol como analgesic de
resgate pela noite, comparando aos dados prévios antes de iniciar o protocol de
estudo, de acordo com nosso estudo prévio (LAURETTI; CHUBACI; MATTOS,
2013), apesar de ser numa população diferente.
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6.4 Avaliação das atividades rotinerias diárias
Além disso, 17 dos pacientes referiram melhora nas atividades físicas
matinais durante as primeiras 3 horas. Outro estudo demonstrou, do mesmo modo,
melhora em pacientes com fibromialgia após o uso do TENS de alta frequência, com
melhora relevante da dor, da performance no trabalho, da fadiga, rigidez, ansiedade
e depressão comparado com aqueles que não receberam o TENS (CARBONARIO
et al., 2013). A utilidade do TENS foi correspondentemente descrita em
trabalhadores com uso de computador. Além do alívio da dor, os pacientes também
relataram melhora nos relacionamentos sociais, suporte social, atividade sexual e
saúde mental. Após o tratamento, uma melhora significativa na flexão da coluna
lombar foi observada na maioria dos pacientes. Nenhuma correlação significante
entre a qualidade de vida, a intensidade da dor e a flexão da coluna lombar antes e
após o tratamento foi observada (ZANIEWSKA et al., 2012).
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7.CONCLUSÕES
Como conclusões, a aplicação do TENS duas vezes ao dia não melhorou a
dor radicular neuropática, e de acordo com outros autores (BUCHMULLER et al.,
2012; KHADILKAR et al., 2008), o TENS não foi considerado útil para a dor radicular
neuropática. Entretanto, a aplicação do TENS melhorou a dor do tipo somática
nociceptiva, diminuiu o número de despertares no sono causados pela dor,
resultando em melhora no padrão do sono e melhora na funcionalidade física pela
manhã, o que nos leva a sugerir a sua aplicabilidade para DL quando o componente
somático nociceptivo, como uma degeneração articular facetária, está presente.
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