04/2016: Nota sobre a 37ª edição do Congresso Brasileiro de

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04/2016: Nota sobre a 37ª edição do Congresso Brasileiro de
moeda forte
Por Carlos Sambrana
Com hugo cilo e luís artur nogueira
“Se ficar parado,
a crise pega”
A empresária Chieko Aoki,
fundadora e presidente da
rede hoteleira Blue Tree, tem
colocado em prática uma cartilha, digamos, incomum em
tempos de crise. Ao perceber
que a taxa de ocupação de
seus hotéis recuou três pontos percentuais, no ano passado, para a média de 60%, decidiu partir para o ataque, em
vez de esperar a tempestade
política e econômica passar.
Na semana passada, Chieko
anunciou parceria com a
incorporadora capixaba
Incortel e com a rede ameri-
cana Best Western – a sexta
maior rede hoteleira do
mundo, com mais de 4,2 mil
hotéis em 100 países. O acordo resultará no lançamento
de 15 novos hotéis até 2020.
Orçado em R$ 1 bilhão, o
plano prevê a contratação de
700 funcionários e a oferta de
2 mil quartos no eixo Rio-São
Paulo. E a recessão? “A crise
só afeta uma empresa quando
deixamos de tomar decisões”,
disse a empresária à coluna.
“Não podemos ficar parados
esperando para ver o que vai
acontecer.”
Em tempos de crise, as empresas
reduzem seus preços para não perderem clientes. A Blue Tree, no entanto, não baixou as tarifas. Por quê?
Baixar preços e cortar custos são as coisas mais fáceis de fazer quando há
momentos complicados. Essa é a pior
postura que uma empresa pode adotar.
Nossa diária média, inclusive, subiu de
R$ 275, no ano passado, para R$ 282
neste ano. É preciso coragem para fazer
isso, mas não é possível manter a qualidade dos serviços, a estrutura e os investimentos baixando preços. Além disso,
quando eu reduzo minha tarifa, meu
concorrente reduz também. Daí a gente
entra numa guerra de preços que prejudica a todos.
Como, então, manter saudáveis as
finanças diante de uma queda
generalizada na demanda?
Existem outros caminhos. No nosso
caso, conseguimos aumentar a carteira
de clientes em meio à crise.
De que forma?
Intensificamos as negociações com
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grandes empresas para
que seus eventos fossem realizados dentro
de uma unidade Blue Tree. Soube de
empresas que reduziram em 50% suas
verbas para eventos. Mas fizemos algumas negociações específicas para manter o cliente e saímos em busca de novos.
Muitas companhias nos procuraram
para fazer novos acordos e contratos.
Entendemos que, quando o mercado está
ruim, está ruim para todos. Então cedemos algumas coisas para ganhar outras.
Com isso, estamos conseguindo manter
nosso faturamento de R$ 356 milhões.
exigente com o desempenho de cada unidade, de cada fornecedor.
Todas essas estratégias serão suficientes para garantir a saúde financeira da empresa até a crise passar?
O maior problema da crise não é a crise
em si, mas a falta de iniciativa quando é
preciso agir. Indecisão resulta em estagnação. Estou colocando todas essas
medidas em prática porque não tenho
dúvida, não estou indecisa. Em tempos
de crise, a gente perde muito tempo discutindo. A gente discute demais, e não
Não houve demissões?
Não. Contratamos. Com a inauguração age. Aí tudo para. A crise só afeta uma
empresa quando deixamos de tomar
de nossos hotéis no Rio de Janeiro,
decisões. É claro que os desafios fazem
Guarujá, Valinhos e Ribeirão Preto,
aumentamos nosso quadro de funcioná- a gente dormir menos e se preocupar. Eu
já ganhei algumas rugas novas nessa
rios. Para equilibrar as contas, em vez
de demitir, aumentamos a produtivida- crise. Mas temos de nos mexer. Nesta
noite, acordei às 4 da madrugada e fui
de e a performance da gestão. Quando
tudo vai bem, a gente deixa passar algu- fazer exercícios. Depois vim trabalhar.
Não podemos ficar parados esperando
ma coisa. Agora, estamos muito mais
focados na eficiência dos fornecedores e para ver o que vai acontecer. Se ficar
da própria operação. Estou muito mais parado, a crise pega.
fotos: Luís Simione e divulgação
4/14/16 10:34:11 PM
Frase da semana
Os auditores e
a Lava Jato
Empreendedor
da carne
Depois de se tornar sócio da BR Media Group, que comercializa espaço
publicitário nas mídias sociais de celebridades, um negócio que faturou R$ 12
milhões em 2015, o apresentador Otavio Mesquita acaba de entrar no setor de
carnes especiais. Ele comprou uma fatia de 10% do açougue butique Feed,
localizado no bairro paulistano do Itaim, fundado por Pedro Merola, uma das
referências no mundo da agropecuária. Nos próximos dois anos, a meta é abrir
mais três pontos de venda e também partir para franquias em outros estados. Na
próxima semana, contudo, o Feed lançará um aplicativo que permite ao cliente,
por enquanto só da cidade de São Paulo, pedir a carne pelo celular. A entrega é
feita no mesmo dia. “O potencial é enorme”, diz Mesquita.
Taco no Brasil
A rede de fast food americana Taco
Bell, uma das maiores dos Estados
Unidos com mais de 6,5 mil lojas e
pertencente ao grupo Yum! Brands,
mesmo dono das redes Pizza Hut e
KFC, se prepara para entrar no
mercado brasileiro. A ideia era chegar
em 2016, mas os planos foram
adiados para 2017. A Yum! Brands, por
meio de sua assessoria de imprensa,
nega. A conferir.
Em busca de inovação
Um dos maiores desafios para grandes empresas, que se movem com mais
letargia, é inovar com rapidez. Por isso, muitas delas costumam encurtar o
caminho se associando ou comprando uma startup. E, a julgar
pelos dados do Movimento 100 Open Startups, gigantes como
Natura, Suzano, Sanofi, entre outras associadas, estão de olho
nas pequenas. “Das 100 startups mais atraentes, 91 estão registrando algum tipo de negócio com as grandes empresas”, diz
Bruno Rondani, coordenador do Movimento 100 Open Startups.
Não há companhia de
grande porte no Brasil
que ainda não tenha
incorporado o tema
“combate a corrupção e fraudes” na lista
de suas prioridades.
Com a operação Lava
Jato a pleno vapor, os
departamentos de
compliance e as auditorias internas ganharam importância dentro das estruturas
corporativas, valorizando esses profissionais. “No Brasil,
80% dos auditores
internos veem suas
áreas como muito
promissoras”, diz
Andre Marini, presidente do Instituto
dos Auditores
Internos do Brasil
(IIA Brasil), que promoverá em setembro,
na cidade de São
Paulo, a 37a edição do
Conbrai, o maior
congresso do setor.
“SÓ falta eu ser canonizado pelo Papa”
Paulo Maluf
“Só falta eu
ser canonizado
pelo papa”
Paulo Maluf
É hora de comprar
Apesar de muitas empresas terem
freado os investimentos diante de
tantas incertezas, há quem enxergue
boas oportunidades no mercado. É o
caso da Kroton, maior companhia
privada de educação do País, com
faturamento de R$ 5,26 bilhões em
2015. Os executivos do grupo estão
analisando a compra de duas
universidades de pequeno e médioportes nas regiões Nordeste e
Centro-Oeste. Aliás, as negociações
estão tão avançadas que já estão em
processo de due diligence.
O negócio do
envelhecimento
Atualmente, 47 milhões de brasileiros têm
50 anos de idade ou mais e movimentam
R$ 1,58 trilhão por ano. Até 2045, os
representantes dessa faixa etária formarão um batalhão de 96 milhões de pessoas. É de olho nesse crescimento que a
seguradora Mongeral Aegon, dona de um
faturamento de R$ 1 bilhão, criou o
Instituto de Longevidade. “Investimos R$ 10 milhões para estudar o impacto social
e econômico do envelhecimento da população brasileira”, diz Nilton Molina, 80
anos, presidente da empresa e do instituto. Uma das primeiras iniciativas é a proposta de um projeto de lei para incluir aposentados com mais de 60 anos no mercado de trabalho. “Hoje as pessoas vivem até os 90 anos”, diz Molina. A ideia é
criar um regime especial em que as empresas não precisem pagar benefícios e
encargos trabalhistas como INSS e FGTS. Em contrapartida, os idosos trabalhariam, no máximo, 5 horas por dia. A proposta, criada em parceria com professores
da USP, ainda será levada a um senador que encampe a pauta. “Mas estamos
esperando o momento político acalmar”, diz Molina.
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