Entrevista Promoção Exportações Mercados
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Entrevista Promoção Exportações Mercados
Jornal da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes e Artigos de Pele e Seus Sucedâneos 2 Notícias 185 fevereiro 2012 Entrevista Ministro Paulo Portas em discurso directo 5 Promoção Calçado português nas «bocas do mundo» 6 Exportações Calçado termina 2011 em grande 12 Mercados Moda portuguesa com os olhos na China frederico martins fevereiro 2012 2 “Só há um caminho: aumentar as exportações e diminuir as importações” 3 entrevista Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas Defendeu recentemente que “não há tempo a perder” e “a diplomacia económica é uma prioridade política”. Que grandes mudanças serão levadas a cabo ao nível da política externa portuguesa? Queremos facilitar e promover a aproximação entre empresários, consolidar um enquadramento jurídico propício aos investimentos e melhorar o conhecimento mútuo dos mercados. Estes são objectivos cada vez mais presentes e importantes na atividade diplomática portuguesa. É com estes objectivos que o Ministério dos Negócios Estrangeiros faz atuar a diplomacia económica: com força e eficiência: Força conjugada, articulada e coordenada de todas estas fontes de ação económica externa. E eficiência porque queremos obter mais e melhores resultados e, tendo em conta a difícil situação financeira em que o país se encontra, ser também capaz de evitar a redundância de despesas e gastos desnecessários. De que forma deverão interagir as Embaixadas e as Delegações da AICEP na promoção de Portugal e dos produtos portugueses? As embaixadas e a AICEP estão inteiramente disponíveis para as empresas portuguesas que queiram realizar eventos económicos de promoção de Portugal, das nossas marcas, dos nossos produtos, das nossas empresas. Não deve haver nenhum problema no relacionamento entre o plano de trabalho das embaixadas e o interesse das empresas em contar com o seu apoio. Isto também implica que as empresas portuguesas se passem a interessar mais por fazerem promoção externa, com o apoio e a colaboração das missões diplomáticas. Na sua opinião, que imagem se tem de Portugal no mundo? A imagem de um país antigo, com orgulho na sua história, no papel de descobrir e construir pontes e relações com países e povos em todo o mundo. A imagem é, também, de um país que está a passar dificuldades mas que, todos nós, os portugueses estamos a fazer os sacrifícios necessários para voltar a crescer. Considerando que o espaço europeu está relativamente «saturado» e dever crescer relativamente pouco nos dois próximos anos, que novos mercados deverão, na óptica do Ministro dos Negócios Estrageiros, ser prioritários na internacionalização da economia portuguesa? De facto, a maior parte das nossas exportações ainda vai para os mercados tradicionais (Europa, EUA, alguns dos nossos parceiros tradicionais). E, como diz, parte destes mercados está também em crise – apesar de ter um crescimento, felizmente, superior ao que se previa. No entanto, aos poucos, começam a sur- gir outros mercados nos nossos horizontes. Países e regiões que há poucos anos eram considerados menos desenvolvidos, apresentam agora índices de crescimento económico claramente superiores ao dos “países desenvolvidos”, cujas economias estão mais directamente afectadas pela actual crise. E as nossas empresas não só o perceberam como imediatamente corresponderam: ao contrário do que previam os cenários mais pessimistas – e de acordo com os dados referentes ao intervalo entre Novembro de 2010 e Novembro de 2011 – as exportações portuguesas cresceram globalmente 15,5% e, nos mercados que refiro (fora da União Europeia a 27) cresceram 37%! Um dos maiores constrangimentos da economia portuguesa reside no défice recorrente da balança comercial. De que modo pensar ser possível atenuar este problema estrutural? Essa é uma questão essencial da nossa vida económica. Trata-se efectivamente, e como refere, de um problema estrutural. A sua resolução constitui o objectivo final de todas as estratégias económicas, sociais, empresariais e políticas, em interacção. E só há um caminho: aumentar as exportações e diminuir as importações. Trata-se de um binómio exigente e muito difícil de conjugar. Passa pelo Governo, pelas instituições, pelas empresas e pelos cidadãos. Como se altera esse cenário? A chave é o desenvolvimento económico, que requer gestão, empreendedorismo, produtividade, inovação e competitividade empresarial que garantam mais e melhores exportações para mais mercados e, simultaneamente, enfrentem competitivamente no mercado interno os produtos importados. Do ponto de vista público é necessário desenvolver políticas e serviços que potenciem a iniciativa privada, designadamente através da redução dos custos de contexto à actividade económica e da disponibilização de instrumentos de apoio à exportação e à internacionalização. Estes instrumentos poderão ter uma componente financeira, designadamente através do QREN e das linhas e seguros de crédito. Mas para além destes mecanismos – e talvez não menos importante – o Estado deve também colocar à disposição das empresas portuguesas uma rede de diplomacia económica alicerçada nas Representações Diplomáticas de Portugal no estrangeiro e na Rede da AICEP, que poderá disponibilizar informação sobre os mercados externos e facilitar o desenvolvimento das oportunidades desses mesmos mercados. É um desafio para todos, que reclama empenhamento, consciência e cidadania. Que opinião tem sobre a indústria portuguesa de calçado? É um sector exemplar. A forma como evoluiu e se reposicionou nos mercados é um caso incontornável de sucesso. Soube e conseguiu usar a estratégia correcta para enfrentar os grandes desafios da globalização e reagir às novas condições dos mercados invadidos por novos produtores de preços baixos e imbatíveis. Combateu, no momento certo, com as armas da qualidade, da inovação, do design e da gestão e alcançou prestígio internacional em mercados exigentes, ocupando um lugar de destaque entre o sector exportador nacional. O calçado português é hoje uma grande referência internacional pelos melhores motivos. Que papel está reservado aos sectores ditos tradicionais como o calçado na internacionalização da economia portuguesa? Estes sectores genericamente estão a cumprir um papel fundamental na dinâmica de internacionalização da nossa economia. Souberam inovar para competir e são reconhecidos pela sua qualidade e pelo seu prestígio nos mercados internacionais. Tratando-se de sectores que, sendo tradicionais por existirem há muito tempo e fazerem parte da história económica de Portugal, são, de pleno direito, vanguardistas, pois souberam evoluir inovando em todos os campos para responder convenientemente às novas exigências dos mercados internacionais. www.spedycargo.pt SOLUTIONS THAT WORK. A SPEDYCARGO foi criada em Janeiro de 2004 combinando a experiência e profissionalismo da sua equipa e a confiança dos seus parceiros no exterior com o conhecimento das exigências dos mercados nacional e internacional. A SPEDYCARGO empenha-se em encontrar as soluções mais adequadas e melhor desenhadas para os desafios da industria no presente e no futuro. A SPEDYCARGO representa em Portugal o HTFN Global Logistics Partner. O HTFN é uma associação de empresas transitárias privadas com representação mundial que permite uma cobertura global através de parcerias com empresas congéneres de elevada reputação em cada mercado.Como membro a SPEDYCARGO beneficia de parcerias com mais de 60 agentes em cerca de 50 países servindo mais de 250 portos e aeroportos. Aéreo Marítimo Rodoviário A Spedycargo oferece uma diversificada gama de opções no transporte de carga aérea. Garantimos uma operação bem estruturada resultante da criatividade e experiência da nossa equipa. A Spedycargo assegura coordenação total da operação de transporte seleccionando a opção que melhor responda às exigências de cada embarque ao custo mais competitivo. Em parceria com os seus agentes na Europa, a Spedycargo oferece serviço regular de transporte em Camião de e para várias origens e destinos. Aduaneiro A Spedycargo dedica especial atenção a este segmento para o qual criou o seu próprio departamento aduaneiro no que conta com pessoal especializado e licenciado. Transportes Especiais A Spedycargo tem uma vasta experiência no segmento de: · Feiras e Exposições · Transportes Especiais · Armazenagem e Distribuição SPEDYCARGO, TRANSITÁRIOS, LDA. Head Office Travessa da Telheira, nº. 305 · 1º Andar · Sala 9 · 4455-563 Perafita · Portugal Telf. +351 229 993 650 · Fax. +351 229 964 962 Lisbon Office Edifício 124 · Piso 1 Gabinete 18 · 1700-008 Aeroporto de Lisboa · Portugal Tel. +351 218 480 369 / +351 218 487 683 · Fax. +351 218 480 370 TRANSITÁRIO ESPECIALIZADO EM FEIRAS INTERNACIONAIS 5 promoção Campanha “Portuguese Shoes” elogiada internacionalmente O calçado português anda, literalmente, nas «bocas do mundo». Nos últimos meses, a campanha de promoção do calçado português tem sido uma presença regular na imprensa internacional. Uma das particularidades prende-se com o amplo destaque da campanha nas redes sociais, onde é mesmo referida como uma das mais bem conseguidas campanhas da actualidade, ao nível de grandes marcas de prestígio internacional como Armani, Burberry, Dior, Dolce & Gabbana, Louis Vuitton, Prada, Valentino ou Versace. Tendo como grande objectivo reposicionar a oferta portuguesa na cena competitiva internacional e colocar o calçado português na agenda mediática, a campanha “A indústria mais sexy da Europa” é uma iniciativa da APICCAPS e conta com o apoio do Programa Compete. No essencial, trata-se de uma campanha verdadeiramente integrada que procura potenciar o extenso plano de promoção externa do sector em curso, com várias acções cirúrgicas directamente vocacionadas, quer para o retalho europeu de moda, quer para a imprensa internacional da especialidade. Em complemento, são desenvolvidas várias iniciativas que tendem a chegar ao consumidor final, em particular a grande aposta na produção e publicação de editoriais de moda em revistas de grande prestígio, nomeadamente no universo Vogue. Portugal na rota dos grandes investimentos? Primeiro foram algumas marcas de prestígio internacional a optarem por Portugal para o desenvolvimento de calçado de excelência. Agora, é chegada a vez de empresas de referência voltarem a produzir em Portugal. Depois da Louis Vuitton, é chegada a vez da Ecco. A multinacional dinamarquesa Ecco, que chegou a ser a maior produtora de calçado em Portugal, está a contratar, de novo, trabalhadores “em grande escala”. A empresa, que optou em 2009 por concentrar na Ásia a sua produção, manteve sempre em Santa Maria da Feira o centro de investigação e desenvolvimento. Agora, está de novo a produzir calçado em Portugal. O objec- tivo é chegar, rapidamente, aos 450 funcionários. Nas últimas semanas terá admitido cerca de 150 novos colaboradores, mas nas próximas semanas poderão ser contratadas mais algumas dezenas. A contratação de novos colabores será sempre uma boa notícia, numa altura em que a taxa de desemprego em Por- tugal atingiu valores máximos históricos. Segundo Fernanda Moreira, do Sindicato de Trabalhadores de Calçado de S. João da Madeira é uma excelente notícia “que numa conjuntura de aumento generalizado do desemprego, uma empresa recrute em grande escala”. “O que mais esperamos é que a decisão seja manter aqui a produção”, sublinhou. fevereiro 2012 6 comé “O calçado português chegou a 132 países nos 5 continentes” Frederico Martins 7 mércio externo Calçado português com um dos melhores registos de sempre As exportações da indústria portuguesa de calçado cresceram, em 2011, 16% para 1.555 milhões de euros. Trata-se de um dos melhores desempenhos de sempre do sector. De Janeiro a Dezembro, o sector colocou mais de 75 milhões de pares de calçado e chegou mesmo a mais de 130 países nos 5 continentes. As exportações portuguesas de calçado estão a crescer em praticamente todos os mercados, em especial da União Europeia como Alemanha (mais 21% para 280 milhões de euros), França (mais 7% para 397 milhões de euros), Holanda (mais 17% para 212 milhões de euros) e Espanha (mais 34% 168 milhões de euros). Pelo seu simbolismo, destaque ainda para o bom desempenho em Itália. Em 2011, Portugal exportou para Itália 2,8 milhões de pares (mais 11%) no valor de 48 milhões de euros (mais 45%). Pela negativa, e não obstante os bons resultados no início do ano, ficou o mercado britânico, com quebras de 14% em quantidade (para 5,43 milhões de pares), no valor de 120 milhões de euros (recuo de 7,6%). O calçado português está a crescer de forma sólida fora do espaço europeu (mais 31%). Destaque para os bons desempenhos na Rússia (mais 49% para 16 milhões de euros), EUA (mais 16% para 14 milhões de euros), Canadá (mais 49% para 12 milhões de euros) e Japão (mais 29% para 9,8 milhões de euros). O preço médio do calçado português exportado au- Seguros de créditos O seguro de crédito é uma importante ferramenta de gestão para as empresas exportadoras, permitindo transferir para uma seguradora o risco da falta de cobrança das vendas efectuadas a crédito. Na conjuntura actual, os seguros de crédito ganham uma importância acrescida. Com efeito, uma das consequências da crise mentou 4,4 para 19,72€. O calçado português reforçou, ainda em 2011, o estatuto de produto que mais positivamente contribui para a balança comercial portuguesa, com um saldo positivo superior a mil milhões de euros no final do ano. Com efeito, em 2011, as exportações cresceram o triplo das importações (mais 5,7% para 541 milhões de euros). Componentes resistem Quem não terá conseguido potenciar na plenitude os bons resultados da indústria europeia de calçado em 2011 foi o sector de componentes. Há a assinalar um decréscimo das vendas no exterior de 3% para 44 milhões de euros. Esse desempenho fica a dever-se, em grande medida, aos insuficientes desempenhos na Alemanha (quebra de 1,3% para 14 milhões de euros) e, fundamentalmente, em Espanha (perda de 9% para 7,5 milhões de euros). Importa registar, porém, que essa quebra está estatisticamente relacionada com a quebra das exportações de gáspeas (menos 9,6% para 7,7 milhões de euros), já que as exportações de solas e saltos registaram um recuo de apenas 2,5% para 25 milhões de euros. Artigos de pele disparam Já o sector de artigos de pele teve, em 2011, um dos melhores resulta- dos nos últimos anos. As vendas no exterior aumentaram 40% para 58 milhões de euros. Em termos absolutos, o sector de artigos de pele colocou no exterior mais 18 milhões de euros do que no ano anterior. Os segmentos “Outros artigos de pele” (mais 102% para 22 milhões de euros) e “malas e bolsas” (mais 20% para 28 milhões de euros) foram os grandes impulsionadores deste excelente desempenho. Por mercados, importa realçar o bom registo em Espanha (mais 29% para 12 milhões de euros), França (mais 30% para 6 milhões de euros) e Suíça (mais 35% para 3 milhões de euros) e o recuo em Angola (menos 8% para 5 milhões de euros) e Tunísia (menos 0,7% para 3 milhões de euros). Cesce lança serviço inovador financeira iniciada em 2008 foi o aumento do risco decorrente das vendas a crédito. O seguro de crédito deixou de dar resposta à generalidade das empresas, primeiro pelo aumento dos prémios cobrados e, fundamentalmente, pela redução generalizada dos limites de crédito atribuídos a cada devedor. A Cesce, que oferece os seus serviços desde 2003, acaba de apresentar um serviço inovador. No essencial, deixa de existir um prémio provisório calculado pela aplicação de uma taxa única no volume previsto de vendas. É apresentado um prémio estimado, de acordo com as previsões de vendas por cliente. Os clientes são classificados por grupos de risco, permitindo ao segurado potenciar as vendas aos clientes de menor risco, minimizando assim o custo final da apólice; Complementarmente, está previsto para o segundo semestre de 2012 um acesso privilegiado ao financiamento bancário de curto prazo nas melhores condições do mercado. O segurado pode beneficiar de coberturas até 90%. As vendas para os clientes de menor risco são tarifadas a uma taxa substancialmente mais baixa que nas restantes Seguradoras, onde se aplica uma taxa única para todos os clientes, independentemente do seu risco; Os seguros de crédito passaram a ser mais transparentes e, mais importante, mais eficazes, configurando hoje uma ferramenta importante na gestão das empresas e na criação de valor. 9 mercados Calçado reforça presença em feiras internacionais Düsseldorf, Moscovo, Milão. Paris. Xangai. Em Março, o calçado português vai dar meia volta ao mundo. No total, mais de 100 empresas vão participar em nove eventos distintos no exterior. À procura de conquistar mercados e potenciar novas oportunidades. Numa altura em que se antevê um abrandamento generalizado dos negócios, a indústria portuguesa de calçado está a reforçar a presença em certames profissionais. Na MICAM, o certame profissional de excelência à escala mundial, marcarão presença 78 empresas. Mas o grande destaque recairá na GDS, com a participação de 76 empresas. Relativamente ao ano anterior, a presença na feira de Düsseldorf aumenta 17%. No essencial, são quatro os grandes objectivos da realização desta ofensiva promocional: consolidar a posição relativa do calçado português nos mercados externos, diversificar o destino das exportações, abordar novos mercados e possibilitar que novas empresas iniciem o processo de internacionalização. Várias estreias Nota de grande destaque para a estreia de várias novas marcas de calçado em certames profissionais no decorrer de Março. É o caso da Ramalhoni, uma marca de sapatos de luxo, com sede no Porto e que nasceu pela mão de Miguel Ramalhão. Os sapatos clássicos começaram por ser vendidos online, mas estream-se agora nos grandes palcos internacionais . Em Milão, apresentará a colecção de Inverno 2013, produzida em S. João da Madeira. O jovem designer quer distinguir-se pela qualidade das suas criações e os novos modelos estão a ser feitos com peles de curtimenta vegetal. Também a SoulFul e a 3Topnotch têm estreia marcada para Milão. Em estreia nos grandes palcos internacionais estará, igualmente, a Shoes Closet, uma marca criada há pouco mais de um ano e que apostou fundamentalmente no mercado nacional. “O nosso propósito passou por criar uma marca alternativa, 100% portuguesa, focalizada na qualidade, no design e na proximidade com o consumidor”, defendeu Miguel Marques. Em traços genéricos, a marca define-se “como um laboratório de experiência, onde o closet se transforma em zona de conforto e experimentação, apelando à celebração artística, cultural e individual”, revelou o responsável da empresa. O ADN da marca assenta em cinco aspectos chave: proximidade, tendências, versatilidade, conhecimento e inspiração. miguel vieira fly london silvia rebatto luis onofre vudu shoes nc coxx borba felmini patico Quality Impact, Lda | arquitectura e soluções de espaços Rua do Cruzeiro, 170 R/C | 4620-404 Nespereira - Lousada T. 255 815 384/385 | F. 255 815 386 | E. [email protected] 11 roteiro Presidente da República visita calçado no roteiro da Juventude Luís Onofre e Miguel Vieira. Os dois criadores portugueses de calçado receberam a visita do Presidente da República no âmbito da iniciativa “Os Jovens nas Indústrias Criativas: inovar para crescer”. No total, Cavaco Silva visitou onze empresas, todas a Norte (Oliveira de Azeméis S. João da Madeira e Porto), onze projectos “empreendedores de excelência”. O objectivo da iniciativa passou por dar a conhecer exemplos de sucesso de jovens empresários portugueses que têm contribuído para o crescimento económico do país. Confessando-se “um pouco surpreen- dido com o nível de 14 por cento de desemprego e de 35 por cento nos jovens”, Cavaco Silva alertou para a necessidade urgente de “mobilizar todas as nossas forças, em todos os setores, para tentar promover a recuperação económica que só pode ser realizada pelos empresários, porque são esses que exportam e inovam”. O Presidente da República enalteceu o papel das indústrias criativas que “podem ser a alavanca da economia e equilibrar a balança comercial do País”, sendo um sector que “repousa sobre os ombros dos jovens empresários”, podendo dar emprego qualificado a muitos portugueses. Ficha Técnica Propriedade APICCAPS - Associação dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos Rua Alves Redol, 372 - Apt 4643 - 4011-001 Porto Tel: 225 074 150 | Fax: 225 074 179 [email protected] | www.apiccaps.pt Director Fortunato Frederico - Presidente da APICCAPS Edição Gabinete de Imprensa da APICCAPS [email protected] Execução e Grafismo Participação Especial Distribuição Tiragem salto alto e laborpress Frederico Martins (fotografia capa) Gratuita aos Associados 2 000 exemplares fevereiro 2012 12 Moda portuguesa com os olhos postos na China A vez da China. As empresas portuguesas de calçado já vislumbram a China no horizonte. Trata-se mesmo de um mercado estratégico e que poderá ser visto como uma prioridade na próxima década. De 7 a 9 de Março, oito empresas portuguesas (Beppi, Dom Coletto, Felmini, Fly London, Nobrand, Sophia Kah, Tattuaggi e Tiffosi) participam na Novomania, um certame que nasceu em 2010 e que contará com a presença de 130 marcas de prestígio, de 20 países distintos. A Novomania realiza-se Xangai, o epicentro do mundo dos negócios da China. Para as empresas portuguesas trata-se de um mercado em franca expansão, que apresenta um potencial de crescimento ímpar a nível mundial (crescimento médio anual na próxima década de 9,4%) e que começa a despertar uma importância crescente para a generalidade dos agentes económicos. Segundo Luís Onofre “trata-se destinada ao segmento médio-alto de mercado. Na edição de Março de 2012 marcarão presença marcas como Calvin Klein, Crocs, Gás, Mango ou Vans, e cerca de 12.000 visitantes profissionais e 300 jornalistas das mais importantes publicações asiáticas. O mercado chinês de um mercado com um potencial extraordinário. Já é chinês o meu segundo maior cliente”, sublinhou. Já Fortunato Frederico admite que “a Fly London começa finalmente a ver resultados comerciais na China”. Para Joaquim Moreira, da Felmini, “considera que será um mercado estratégico para o futuro”. Sérgio Cunha, da Nobrand, acredita que “o mercado chinês começa já a ser muito interessante para as empresas portuguesas”. Novomania A Novomania é a plataforma de negócios mais exclusiva na fileira da moda na China, e permite “uma apresentação em alto estilo na economia do mundo que mais cresce”, sustenta a organização. A Novomania é uma feira de moda jovem, A China deverá destronar, em 2012, o Japão como maior mercado de produtos de luxo. Segundo a Academia Chinesa de Ciências Sociais, já no próximo ano, a China responderá por uma fatia de 27% de todos os produtos de luxo comercializado à escala global, o equivalente a 15 mil milhões de dólares. A China tem hoje sensivelmente 200 bilionários e pouco menos de um milhão de milionários, que investem abundantemente em artigos de luxo. Sahoco volta-se para a América do Sul Nasceu em 1999 e especializou-se na distribuição de marcas internacionais numa lógica de crescimento sustentado. Em 2010, após uma análise ao mercado, a Século XXI Lda criou a marca Sahoco. “Sentimos a necessidade de criar uma marca própria focada numa mulher moderna, sofisticada, exigente e informada de moda, que procura originalidade e diferenciação”, revelou Gabriel Marques. Ao longo de pouco mais de um ano de existência, a Sahoco consolidou a presença no mercado doméstico português . “Já come- çamos a aposta em novos mercados”, sublinhou o responsável da empresa. Actualmente, a Sahoco está presente em alguns mercados considerados nevrálgicos como Angola, Espanha, Estados Unidos ou Moçambique: o próximo desafio passa por alargar a base exportadora. “Estamos a analisar possíveis parcerias com países da América do Sul, como o Brasil, o Chile, a Colômbia ou o México. Em simultâneo, a Século XXI equaciona investir no sector do retalho, com a abertura de lojas monomarca. Passo a passo. Caminhando. Um passo de cada vez. Cindicalfe reforça capacidade produtiva A Cindicalfe, empresa criada em 1997 e altamente especializada na produção de calçado de conforto, está a reforçar a sua capacidade produtiva. Em 2011, investiu no reforço das infra-estruturas, nomeadamente no alargamento para o dobro da unidade fabril e armazém, e contratou 30 novos profissionais. “Acreditamos que os clientes procuram empresas mais do que as marcas ou produtos”, realçou André Oliveira, responsável da empresa. Por esse motivo, “a Cindicalfe decidiu fazer este melhoramento”. Em simultâneo, a empresa com sede em Pedorido adquiriu novos equipamentos produtivos ( uma 2.ª linha de montagem; e o alargamento dos equipamentos de corte e costura), renovou o software de gestão e apostou num novo show-room. O objectivo da empresa que detém a marca Flex & Go passa por “combinar a tecnologia com a tradição, criando assim sapatos que se movem numa perfeita harmonia de conforto e design”. 13 empresas Olhamar mais jovem do que nunca aos 40 Vai já na terceira geração e acaba de celebrar 40 anos. A Olhamar está, no entanto, mais jovem do que nunca. Especializou-se na produção de cintos e outros acessórios de moda de excelência, nomeadamente para grandes marcas internacionais, e apresta-se agora encarar novos desafios. Com confiança. “Desde cedo apostámos na produção de cintos de alto valor acrescentado”, revelou Manuel Ramalho, em especial para o mercado domésti- co português. Actualmente, a empresa produz por ano mais de dois mil cintos — em stock existem mais de cinco mil modelos diferentes — e está presente em mais de dez mercados distintos. “Começámos a exportar nos anos oitenta”, sublinhou. As exportações aumentaram mesmo 36% em 2011. Números ainda assim insuficientes. A prioridade passa, agora, por alargar a base exportadora e conquistar novos mercados. Para que isso aconteça, a Olhamar tem argumentos de peso. “Somos flexíveis, apostamos muito forte no desenvolvimento e temos um serviço irrepreensível”. Por esse motivo, é chegada igualmente a hora de investir em outros segmentos de mercado. “Estamos a aproveitar as competências internas para desenvolver e produzir outros acessórios de moda, como bolas e malas”, revelou o responsável da empresa. A primeira reacção foi “excelente, até porque temos competências internas para fabricar rapidamente pequenas encomendas”. Anandkrish (fotolia.com) Dark Collection renova-se para conquistar novos clientes bo-bell® lança calçado impermeável A Bo-bell, que participa pela primeira vez em Março na MICAM, vai lançar uma linha de calçado impermeável para criança. “Esta linha tem pele de alta qualidade à prova de água, membrana interna à prova de água e respirável, forro em pêlo natural para manter os pés quentes e palmilha removível para melhor conforto”, revelou Fernando Lima. Segundo o responsável da empresa, “a ideia é garantir a dinâmica, a irreverência das crianças ao ar livre, mesmo nos dias de chuva ou quem sabe de neve”. A bo-bell® assume-se como “uma marca de calçado de criança alegre, colorida, urbana, com estilo, original, dinâmica, irreverente, leve, flexível, extrovertida e divertida”. Criada em 2008, a Dark Collection é a grande aposta da Mazoni para surpreender os mercados internacionais. Segundo Pedro Sampaio, responsável da empresa, “é uma marca com imagem jovem e vanguardista que aposta na qualidade dos seus produtos e das suas colecções como grande mais-valia para conquistar novos mercados e clientes”. O próximo desafio passa por conquistar novos mercados. Em 2012, a imagem da Dark Colection está a ser reformulada. “Após alguns anos de maturação, verificámos que a imagem não reflectia o dinamismo e a irreverência das colecções apresentadas e decidimos refrescá-la, para que haja mais identificação do produto à marca”. Assim, e apesar de estar já em alguns países europeus, “o objectivo da marca passa por reforçar a presença em mercados ditos tradicionais como Alemanha, Dinamarca, Espanha, França e Itália e penetrar em novos mercados com enorme potencial, nomeadamente na Europa de Leste e Ásia”. Ainda este ano, a Mazoni planeia também investir no mercado nacional. “Apesar das dificuldades económicas que se sentem em Portugal e um pouco por toda a Europa, decidimos que deveríamos apostar também em Portugal”, sublinhou Pedro Sampaio. 15 blogosfera José Cabral, Alfaiate Lisboeta Natural. Divertido. Despretensioso. Alfaiate Lisboeta é um dos principais blogues portugueses de moda. Tem milhares de seguidores e, no final de 2011, venceu mesmo o “galardão” dos Fashion Awards, na categoria de melhor comunicação digital. O Jornal da APICCAPS conversou com o seu mentor, José Cabral. -Como nasceu o Alfaiate Lisboeta? O Alfaiate Lisboeta nasceu, essencialmente, porque não me sentia realizado profissionalmente e porque, de alguma forma, tinha vontade de iniciar um projecto pessoal. -O que torna o seu blogue especial? Acho que, de forma geral, todos gostamos de pensar que aquilo que fazemos é especial ou tem algo de singular. Posto isso, acho que não sou a pessoa mais indicada para responder a essa pergunta (risos). -Que significado teve para si o facto de ter vencido, no final do ano passado, o prémio Fashion Awards na categoria “Comunicação Digital”? Foi um momento especial. No sentido de ter tido, de uma forma muito concreta, a percepção de que o meu trabalho merece a simpatia e o respeito do sector. -Que opinião tem sobre o sector do calçado em Portugal? Muito boa. Altos padrões de qualidade e marcas cada vez mais interessantes. -No essencial, acha que o calçado português tem uma boa imagem? Os produtos, para o bem ou para o mal, não valem apenas por si mesmo. O seu maior ou menor sucesso depende não só da qualidade, mas também da forma como processos paralelos como a comunicação e o marketing são trabalhados. Portugal, como qualquer outro país, é uma marca também. E as marcas trans- portam-nos para imaginários. Falar em sapatos italianos, perfumes franceses ou em carros alemães tem uma correspondência muito definida num imaginário colectivo sobre o que representam estes países e o que por lá se faz. Aquilo que sinto é que o calçado português é cada vez mais valorizado e referenciado não só no nosso país como no estrangeiro. As boas marcas constroem-se com o tempo. De forma sustentada. Gosto de pensar que é precisamente isso que tem vindo a acontecer com o nosso calçado. -Quais são as suas marcas de calçado preferidas? A Carlos Santos tem modelos impressionantes. A Nobrand e a Cohibas são marcas muito interessantes também. 17 news Brasil começa com «pé esquerdo» Como será o ano de 2012? A pergunta não é nova, mas as previsões continuam difíceis de quantificar. Chegam do Brasil os primeiros dados. E não são famosos. Aquele que é o 3.º maior produtor de calçado do mundo registou, no primeiro mês do ano, uma quebra das exportações de 8%. Em Janeiro, o Brasil exportou 11,2 milhões de pares, no valor de 99,8 milhões de dólares (quebra de 17,2%). O preço médio do calçado exportado também recuou 9,8% para 8,94 dólares o par. Em todo o ano 2011, o Brasil exportou 113 milhões de pares de calçado, no valor de 1 300 milhões de euros, registando quebras de 13% e 21%, respectivamente. Croácia a um passo da União Europeia Empresas chinesas deslocalizam… para o interior Várias empresas chinesas de calçado estão a deslocalizar as produções para o interior do país. O aumento dos custos laborais a isso obriga. Recentemente, a Exceed Ltd, uma das principais marcas desportivas da China, anunciou a aquisição de um terreno de 400.000 metros quadrados em Ruichang, província de Jiangxi, por um valor total de 31,5 milhões dólares, para construir uma nova unidade de produção. O objetivo é produzir por ano 30 milhões de pares de calçado. A Croácia está a um passo da União Europeia. Os croatas pronunciaram-se em Janeiro, em referendo, a favor da adesão à União Europeia (UE), com 66% a dizer “sim”, numa participação que contou com 47% dos 4,5 milhões de eleitores. Recorde-se que a Croácia assinou o Tratado de Adesão à União Europeia no dia 9 de dezembro, mas a entrada de facto só acontecerá em julho de 2013, depois de concluído o processo de ratificação interna. Ao nível do sector de calçado, a Croácia é um país sem qualquer tradição. Segundo o World Footwear Yearbook, produzem-se anualmente 10 milhões de pares de calçado, 82% dos quais em couro. Cerca de 50% da produção tem como destino os mercados internacionais. Alemanha, Áustria e Itália são os três parceiros comerciais por excelência. A Croácia importa anualmente 19 milhões de pares, tendo a China uma quota de mercado de 73%. Seguem-se Itália e Vietname, com uma fatia de 6% e 5%, respectivamente. O consumo anual de calçado ascende a 24 milhões de pares de calçado. Feitas as contas, o consumo per capita na Croácia é de 6 pares/ano, por pessoa. Radu Razvan (fotolia.com) FITA REFORÇO ORLAR (MISTA) 20º Aniversário www.slatel.com Rua da Madeira – Zona Ind.nº 1 | Apartado 158 | 3700-176 S. João da Madeira Tels. 256 822627 / 256 823042| Fax 256 827374 / Fax online 213 516768 E-mail: [email protected] / [email protected] 19 economia “Portugal está agora em condições muito melhores” O Ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, visitou, a convite da Câmara Municipal de S. João da Madeira duas empresas de calçado (Evereste e Helsar) no passado dia 28 de Fevereiro. Na circunstância, garantiu que Portugal está “em condições muito melhores do que quando o Governo tomou posse”, considerando que a “evolução da economia nacional vai depender” da evolução económica europeia. Álvaro Santos defendeu que a boa nota da troika e “os elogios que têm sido feitos ao Governo e ao povo português somente dão mais alento para continuar o caminho que está a ser feito”. “O que nós sabemos e isso tem sido dito não só pela troika, como pelos nossos parceiros europeus, é que, primeiro, nós Álvaro Santos Pereira defendeu ainda que, para 2013, “a evolução da economia nacional vai depender, primeiro, da remoção dos obstáculos ao crescimento económico” e “também a evolução da economia internacional, nomeadamente da economia europeia”. estamos em condições muito melhores do que estávamos quando tomámos posse porque estamos altamente e totalmente empenhados em conseguir uma consolidação orçamental e uma diminuição da trajetória da dívida”, garantiu, sublinhando ainda a convicção que o “programa de reformas estruturais é fundamental para alterar o estado de coisas atual”. Recordando que “a crise da economia nacional não é uma crise de dois, três anos” e que começou “no início desta década”, o Ministro da Economias e do Emprego afirmou que o que “a troika vem dizer é exatamente que gostam de ver o empenho que o Governo português tem demonstrado - não é só o Governo, este é um projeto nacional”, para sair da crise. Quanto ao flagelo do desemprego, o Ministro realçou que “a tendência tem vindo a ser de um aumento do desemprego, de uma forma crescente e por isso mesmo temos que, primeiro, eliminar os obstáculos que têm impedido a economia nacional de ter crescido nos últimos 10, 11 anos. E, segundo, temos que atenuar o crescimento do desemprego com muitas das medidas que estão consagradas no acordo de concertação social”. 21 breves Breves Dr. Martens A prestigiada marca de calçado Dr. Martens poderá estar à venda. Os boatos são vários que, pela primeira vez, a R. Griggs Grupo pondera negociar os direitos da famosa marca inglesa. O negócio poderá fazer-se por uma verba a rondar os 145 milhões de euros. Bata Etiópia. Este é o novo alvo da Bata, uma das poucas marcas ao nível mundial com operações nos cinco continentes. A Bata comercializa um milhão de pares de sapatos por dia, emprega mais de 50.000 pessoas, detém sensivelmente 5.000 lojas em 70 países e possui 27 fábricas no mundo todo. Nigéria Pela Nigéria, o Governo acaba de lançar um programa para estimular as exportações de produtos não petrolíferos. A grande aposta recairá na indústria extractiva e de produção de matérias-primas de base. Todos os restantes sectores da economia ficam em risco. Teme-se a perda de um milhão de postos de trabalho e a Nigéria vê-se na contingência de ter de importar matérias-primas de primeira necessidade. Prevê-se mesmo que, por ano, a Nigéria venha a importar entre 80 a 120 milhões de pares de calçado. Daniel Bessa defende aposta em novos mercados James Thew (fotolia.com) A economia portuguesa terá um crescimento muito moderado na próxima década. A opinião é de Daniel Bessa, no decorrer da conferência “Gestão num cenário de mudança” uma iniciativa da Universidade do Minho. Para o antigo Ministro da Economia Portugal “não conhecerá crescimento” assinalável nos próximos dez anos, e terá de apostar em mercados fora da Europa se “quiser crescer”. O professor universitário assegura que “não adianta iludir” a situação de dificuldade que o país atravessa. “Há um preço a pagar por erros que se cometeram e também por alteração das circunstâncias superiores que vieram tornar tudo mais difícil”, sublinhou. Na óptica do economista, “a Europa crescerá muito pouco e se Portugal quiser crescer vai ter que se virar para outros destinos “. 23 homenagem Manuel Teixeira (Pilar) Está mais pobre a indústria portuguesa de calçado, em particular a de S. João da Madeira, com a partida de Manuel Joaquim da Silva Teixeira, que faleceu, com 74 anos, a 23 de Janeiro último. Manuel Teixeira sempre foi um empresário de excelência. Cedo assumiu o cargo de Administrador da firma Sociedade de Calçado Pilar, Lda, com sede em S. João da Madeira, quando a empresa enfrentava sérias dificuldades de afirmação. Conseguiu a recuperação da empresa, com a particularidade de ter feito da Pilar uma das primeiras empresas portuguesas a exportar, em especial para os exigentes mercados da União Europeia. Actualmente, os mercados externos absorvem a totalidade da produção da empresa. “Era uma pessoa de fino trato, que sempre teve uma grande pro- Opinião – Bagão Felix Mergulhados na crise que, aliás, se auto-abastece, relativizamos ou ignoramos as boas notícias da nossa depauperada economia. É o que acontece com os esperançosos dados sobre as exportações. Aqui destaco um significativo sector: o calçado. Em 2011, as exportações desta indústria aumentaram 16%, o que, no actual contexto, é notável e bem superior ao verificado em 2010 ximidade com todos os colabores da empresa, que sempre tiveram, por ele uma grande amizade, estima e consideração”, recordou o amigo e cunhado Domingos Neto, Presidente do Centro Tecnológico do Calçado de Portugal. Acresce que se distinguia “por uma enorme discrição e tratava dos negócios com uma grande correcção”. Para o Presidente da APICCAPS, Fortunato Frederico, Manuel Teixeira foi um pioneiro. “Vislumbrou na Europa um mercado de referência e teve a ousadia e coragem, de ir à procura de novos desafios”. “Foi um exemplo para o sector”, recordou. A Sociedade de Calçado Pilar, Lda emprega actualmente 50 colaboradores, subcontrata com regularidade várias empresas da região e é administrada pelo filho, Manuel Teixeira (conhecido por Mané Teixeira). O bom exemplo do calçado (5,2%). O crescimento verificou-se para todos os mercados, quer europeus, quer fora da UE. Enquanto a taxa nacional de cobertura das importações pelas exportações atingiu 73,53%, neste sector foi de 301%. O calçado português é o produto que mais contribui positivamente para a balança comercial (mais de mil milhões de euros). Portugal é o 11º exportador mundial com uma quota de 2%. Este é o resultado da capacidade de uma indústria que soube reverter as dificuldades de um ambiente concorrencial externo muito desigual e suportado por baixos custos laborais e menores exigências ambientais e sociais (a começar pelo gigante chinês…), bem como a deslocalização de unidades fabris estrangeiras, algumas de maior dimensão. Têm-no feito com inteligência e determinação. E por via dos factores dinâmicos e estruturais de competitividade. Com uma significativa requalificação laboral e renovação geracional, com maior inovação tecnológica e comercial, com uma estratégia ligada à moda, marcas, colecções e “design” próprios, com um pioneirismo em mercados específicos com exigências ligadas ao conforto, à saúde, aos idosos ou ao desporto. É um excelente exemplo de que a adversidade não conduz necessariamente ao imobilismo paralisante e à indigência empresarial. Ou à pedinchice perante o Estado. Antes pelo contrário, pode ser ultrapassada com sucesso. Não só para o sector, como para o País. Artigo publicado no Jornal de Negócios de 29 de Fevereiro de 2012