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entrevista )
COSTA LESTE - USA ||| 25 DE ABRIL A 1 DE MAIO ||| 2006
)
DR. ROBERT REY
DR. 90210
P
ouco depois das 7 da manhã, horário marcado para
a entrevista, recebemos a notícia que um veículo de
comunicação na Austrália tinha se antecipado. Depois
de alguns telefonemas e muitas horas, finalmente
nosso entrevistado encontrou tempo para atender “os amigos
do Brasil”, forma carinhosa que nos definiu
Robert Rey é um paulistano que ganhou um lugar ao sol
em Bevervelly Hills. Filho de mãe gaúcha e pai norte-americano,
ficou conhecido como o cirurgião plástico das celebridades
nos Estados Unidos.
Além da carreira de sucesso na medicina, Dr. Rey é
estrela de programas de TV como o “Dr. 90210”, do canal E!,
é repórter do “Insider” e “Entertaiment Tonight” ambos no canal
CBS. Em julho, estréia na rede Record do Brasil, em horário
nobre, um programa sobre cirurgia plástica - “Dr.
Glamour”.
Aos 44 anos, Roberto Rey é um homem simples que
fala sobre sua história de vida, os desafios da profissão,
sonhos e faz reflexões sobre a indústria da beleza.
VANESSA MAEL
NILZA BARROS
Da Redação
Extra- Como foi sua infância?
Dr. Rey – Nasci na cidade de São Paulo em 1961. Mas só vivi
no Brasil até meus 12 anos.
Meu pai era muito irresponsável, parou de trabalhar
quando tinha 50 anos, e mesmo quando tinha um bom
emprego, não levava dinheiro para casa. Não
estava envolvido com a família. Eu acredito que
tenha conversado com ele, no máximo,
umas cinco vezes em minha vida toda.
Minha família vivia na pobreza, eu
dormia em cima de uma mesa. Nós
morávamos na Lapa, no lado
industrial, ou seja, a parte mais
feia era onde ficava nossa casa.
Ela tinha as janelas quebradas.
Extra - Como aconteceu a mudança
para os Estados Unidos?
D r . R e y – Missionários cristãos foram
até minha casa no Brasil e fizeram uma
oferta à minha família: levar eu e meus
três irmãos para morar no EUA. E como
meu pai era norte-americano, ficou mais
fácil. Mudamos para Utah, onde fomos
educados por uma família cristã de classe
média. Foram eles quem me introduziram aos
livros e às artes.
Extra - Qual a relação que o senhor mantém com
o Brasil hoje?
D r . R e y – Eu tentei encontrar meus amigos, os
meninos que cresceram comigo... Mas descubri
que muitos morreram, envolveram-se na
criminalidade, com drogas...
Extra – O senhor desenvolve algum trabalho social no Brasil?
D r . R e y – Ano passado, fui passar uma temporada no México. Ajudei
crianças pobres que sofriam deformidades. Este ano eu vou ao Peru
desenvolver o mesmo tipo de trabalho. Eu acredito que não só o Brasil,
mas a América Latina inteira precise de ajuda. Eventualmente eu farei
trabalhos no Brasil, mas por lá, as pessoas têm mais recursos.
Extra - Onde o senhor estudou e como foi parar em Hollywood?
Dr. Rey - Eu me formei em medicina pela Harvard University. Contra a
recomendação dos meus professores, vim morar na Califórnia. Sempre
tive o sonho de viver em Hollywood. Mas eles sempre me diziam que
por aqui havia muita concorrência na área de cirurgia plástica. Eu não
me importei e segui meu sonho. Eu me lembro que tinha um Mustang
bem velho e todos os meus pertences cabiam no porta-malas daquele
carro. Foi tudo que eu trouxe para cá para começar minha carreira.
Extra - E como foi este início em Beverly Hills?
Dr. Rey - Eu não podia pagar aluguel de uma casa. Então
aluguei um consultório muito pequeno. De imediato eu
não consegui desenvolver relacionamentos com
clientes, já que os pacientes ricos podem ir a
cirurgiões renomados, com consultórios belíssimos.
Nos fins de semana eu viajava até Dos Palos, ao norte
da Califórnia. Esta é uma cidade de imigrantes, de
trabalhadores da lavoura. Lá eu trabalhava como
clínico geral, obstetra e pediatra.
Extra – Foi através dessa convivência que surgiu seu
interesse pela política?
Dr. Rey - Foi sim. Hoje eu trabalho com cirurgia plástica,
mas quero fazer parte do Congresso Americano. Existe
muita injustiça contra os latinos nesse país.
Extra - Quantos anos deve-se estudar para ser
cirurgião plástico nos Estados Unidos?
Dr. Rey - Aqui é bem diferente do Brasil. Eu
já conheci médicos brasileiros que aos
28 anos já estavam praticando
medicina. No EUA, no mínimo a
pessoa tem 36 anos. Durante quatro
anos eu estudei pré-medicina com
enfoque em química; quatro anos
de medicina; dois anos de
especialização; um ano de
residência no hospital; quatro
anos de cirurgia geral; dois
anos de cirurgia-plástica
geral; um ano de
especialização
em
estética e cirurigia nos
seios. No total, foram
18 anos de estudo em
minha vida para me
tornar
cirurgião
plástico.
Extra - O Dr. Mark L.
Jewell, presidente
da American Society
for Aesthetic Plastic
Surgery, aponta a
necessidade de um
certificado
em
cirurgia plástica.