Anais VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM
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Anais VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente ANAIS PROGRAMA RESUMOS TRABALHOS NA ÍTEGRA Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS - DEPCH/EERP-USP) VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Organizadoras: Sonia Maria Villela Bueno Sabrina Corral-Mulato Sarah Tarcísia R. F. de Carvalho Data: 17 E 18/09/2010 Local: EERP-USP/CAESOS Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS-DEPCH/EERP-USP) Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 1 VI CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: VALORIZANDO CORPO E MENTE COPYRIGHP Sonia Maria Villela Bueno; Sabrina Corral-Mulato; Sarah Tarcísia Rebelo Ferreira de Carvalho, 2010. Preparo de originais: Os próprios autores Capa: Rachel Herrmann Mokwa Revisão: Corpo editorial Impressão e acabamento: Sonia Maria Villela Bueno; Sabrina Corral-Mulato; Sarah Tarcísia Rebelo Ferreira de Carvalho. Ficha Catalográfica ___________________________________________________________________________ BUENO, Sonia Maria Villela; CORRAL-MULATO, Sabrina; CARVALHO, Sarah Tarcísia Rebelo Ferreira de. Anais do VII Congresso de Educação Preventiva em sexualidade, DST/Aids, drogas e violência: valorizando corpo e mente. FIERP, 2010 - 533p. Inclui bibliografia ISBN – 978-85-86862-49-6 1. Educação para a Saúde. 2. Enfermagem. 3. Prevenção. 4. Problematização. 5. Humanização. 6. Educação em Enfermagem. 7 Sexualidade. 8 Estresse. I. Título CDU– 616-083 ___________________________________________________________________________ Todos os direitos reservados no Brasil por Editora – FIERP/EERP -USP Av. Bandeirantes, 3900 – Campus – USP/ Ribeirão Preto/ SP – Brasil – CEP: 14040-902 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente CORPO DE EDITORAÇÃO Profª. Drª. Cristina Miotelo (Porto – Portugal) Prof. Dr. José Antonio Caride Gómez (Un. Santiago de Conpustela- Espanha) Profª.Fátima Aparecida Coelho Gonini (FFCE/Ituverava/SP) Profª. Drª. Fátima Neves do Amaral Costa. (UNESP/Araraquara/SP) Profª. Drª. Maria Inês Monteiro (UNICAMP/SP) Profª. Drª. Maria Helena Salgado Bagnato (UNICAMP/SP) Profª. Drª.. Maria Madalena Genario Leite (EEUSP/SP) Profª. Drª. Maria Dalva de Barros Carvalho (UEM/PR) Prof. Dr. Manoel Antonio dos Santos (FFCLRP/USP/SP) Profª. Drª. Regina Toshie Takahahshe (EE/USP/SP) Profª. Drª. Sandra Marisa Pelloso (UEM/PR) Prof. Dr. Sergio Kodato (FFCLRP/USP/SP) Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno (EERP-USP/SP) Profª. Ms. Valéria Marta Nonato Fernandes Mokwa (UNESP/Araraquara/SP) Ms Sabrina Corral-Mulato (EERP-USP/SP) Ms. Sarah Tarcísia Rebelo Ferreira de Carvalho (EERP-USP/SP) Profª. Ms. Janaina Luiza dos Santos(EERP-USP/SP) Profª. Ms. Larissa Angélica da Silva Philbert (EERP-USP/SP) * As informações contidas neste livro são de inteira responsabilidade dos autores. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 1 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente COMISSÃO ORGANIZADORA PRESIDENTA Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno COORDENAÇÃO GERAL Profª Drª. Sonia Maria Villela Bueno Secretª. Edilene Aparecida Foleto COMISSÃO ORGANIZADORA Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno Profª. Ms. Caroline Clapis Garla Ms. Gisele Coscrato Profª. Ms. Janaina Luiza dos Santos Assist. Social Joana Semprini Profª. Ms. Juliana Villela Bueno Drª. Julieta Seixas Moizés Profª. Ms. Larissa Angélica da Silva Philbert Prof. Ms. Pedro Pinheiro Paes Ms. Sabrina Corral Mulato Ms. Sarah Tarcisia R. F. de Carvalho Profª. Ms. Valéria Marta Nonato Fernandes Mokwa COMISSÃO CIENTÍFICA Profª. Drª Sonia Maria Villela Bueno Profª. Drª Camilla Soccio Martins Profª. Ms. Caroline Clapis Garla Profª Ms. Fátima A. Coelho Gonini Profª. Ms. Janaina Luiza dos Santos Profª. Ms. Juliana Villela Bueno Drª. Julieta Seixas Moizés Ms. Laís Mariana da Fonseca Profª. Ms. Larissa. Angélica da Silva Philbert Profª. Ms. Maria Elizabete Roza Pereira Prof. Dr. Manoel Antonio dos Santos Drª. Nathalie de Lourdes Souza Dewulf Prof. Ms. Pedro Pinheiro Paes Ms. Sabrina Corral Mulato Ms. Sarah Tarcisia R. F. de Carvalho Profª. Ms. Valéria Marta Nonato Fernandes Mokwa Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 2 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente COMISSÃO DE CULTURA E DIVULGAÇAO Prof. Ms. André Estevam Jaques Profª. Camila Ferreira Gomes Profª. Drª. Camilla Soccio Martins Profª. Ms. Caroline Clapis Garla Profª. Drª. Cássia N. T. Ebissui Profª. Ms. Cynthia D. F. Souza Profª. Elaine Mara da Silva Ms. Gisele Coscrato Assist. Social Joana Semprini Profª. Ms. Maria Luiza Costa Profª. Marília F. Marques Scorzoni Profª. Ms. Janaina Luiza dos Santos Profª. Ms. Larissa. Angélica da Silva Philbert Profª. Psic. Marli Nagy Teodoro Prof. Ms. Pedro Pinheiro Paes Ms. Sabrina Corral Mulato Ms. Sarah Tarcisia R. F. de Carvalho Profª. Drª. Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera Profª. Ms. Valéria Marta Nonato Fernandes Mokwa Profª. Ms. Vanessa Queiroz da Silva SECRETARIA Adriana B.B. Arantes Edilene A. Foleto Osmarina Thomaz MONITORES Adriele N. Toneti Aline A. de A. Silva Amanda C. A. Cruz Ana Carolina S. Teles Ana Eugênia Alves Bastos Ana Paula Rodrigues Vieira Carolina de C. Catriglini Cíntia M. Yagui Danila Perpétua Daniela P. Moreira Danielle G. M. de Oliveira Débora L. da Silva Dirce Marques de Moraes Fabiana C. Zuelli Fabiana Setti Fabiola M. Garcia Francine de A. Dias Gislaine A. Baltazar Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 3 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Henrique G. D. Viana Isabela Moreira de Freitas Izabel Alves das Chagas Joice Parma Lucio Josana Camilo José Renato Gatto Júnior Josilene Fioravanti dos Santos Juliana R. de C. Leite Karolinny Silva Larissa B. A. Ferreia Laura Tereciani Campoy Letícia B. Ferracini Mariana F. Daré Marina H. M. do Rosário Pamela Caroline Gil de Toledo Rafael Braga Esteves Regiane Marques Robélia V. Rossi Rogério Sicchieri Talita Ap. dos Santos Tatiana Mara da Silva Russo Thais Helena Devitto Meira Valéria D. Rezende Vanessa C. Leite Vanessa L. de Aragão Vivian L. de S. Silva Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 4 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente PROGAMAÇÃO VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando Corpo e Mente Data: 17/08/10 e 18/09/10 Local: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP INSCRIÇÃO CONTEMPLA: Conferências; Oficinas, Certificado, Coffee Break, Coquetel, Pasta e Crachá. Certificado será enviado por e-mail Painéis, Logotipo: Mokwa Studio:[email protected] REALIZAÇÃO: Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência. (CAESOS - EPCH/EERP-USP) [email protected] CAESOS é um grupo de estudo, ensino, pesquisa e extensão. Desenvolve pesquisas qualitativas mediatizadas pela metodologia da pesquisa-ação, fundamentadas em Thiollent, Freire e Minayo. Os trabalhos científicos aqui desenvolvidos têm provocado impacto social, bem como, produzindo material didático, com apoio do CNPq, FAPESP, Ministério da Saúde e da Educação e ONU. Integra pesquisadores, docentes, discentes (iniciação cientifica, mestrado, doutorado, etc.), além de profissionais da Educação e da Saúde, categorizado a multi, a trans e a interdisciplinaridade. Permeia eixos temáticos norteados pela Educação para a Saúde, como sexualidade, DST, Aids, violência, artes/lazer e saúde mental, bem como formação de Recursos Humanos em Saúde e em Educação. Tem parceria com Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 5 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente escolas de todos os níveis, atentando para o cotidiano escolar/acadêmico e demais segmentos sociais, como: cadeia e penitenciária, prostituição, militares, caminhoneiros, creches, etc. Essas experiências é que movimentam as nossas pesquisas e as nossas ações/intervenções culminando na (re) invenção/ (re) construção do saber/fazer e da pesquisa, na promoção de saúde física e mental, bem como da saúde sexual e reprodutiva do ser humano. Portanto, integram no nosso espaço social, aqueles que se interessam pelas causas da Saúde e Educação visando a atender as clientelas que se constituem em demandas neste processo. Sendo assim, o presente evento é uma iniciativa do CAESOS que, ao longo de seus 25 anos, vem consolidando cada vez mais o seu intento. É registrado no Diretório do CNPq. Então, nossos esforços alicerçam-se no investimento científico, no diálogo e na intervenção compartilhada visando à construção individual e coletiva, potencializando a troca de experiência em rede para a melhoria da qualidade de vida, bem como à construção de um mundo bem melhor, para o milênio que nos encontramos. PROGRAMAÇÃO 17/09/10 - Conferências (Sexta-feira) 19h - 21h – Auditório II 18h às 19h Recepção com Flauta: EMEF Nelson Machado Projeto Sopro da Vida Credenciamento/ Inscrição Coord.: Assist. Social Joana Semprini Profª. Elaine da Silva 19h – Abertura - Coral Unificação e Coral do Centro Médico e UNIMED Mestre de Cerimônia: Profª. Ms. Valéria M. N. F. Mokwa Conferência I – Pesquisa-ação na Saúde. Exp. Prof. Dr. Michel Jean Marie Thiollent (UFRJ) Coord.: Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno 19h30 – Conferência II – Na Educação para a Saúde a Aplicabilidade da Pesquisa-Ação em Sexualidade, DST/Aids, Drogas e Violência. Exp. Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno 20h30 – Sessão de Cinema: Preciosa Exp. Profª. Ms. Larissa A. S. Philbert Coord.: Profª. Drª. Vanessa D. A. Baldissera Ms. Gisele Coscrato Coquetel de Abertura Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 6 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Dia 18/09/10 Sessão de Pôsteres/Mostra de Cartilhas / Sessão de Autógrafos / Mostra de Serviços de Orientação do Município (Sábado 8h) - Corredor/CV Credenciamento/ Inscrição Coord.: Assist. Social Joana Semprini 8h - Sessão de Pôster Coord.: Profª. Drª. Ana Maria Pimenta Carvalho Prof. Ms. André E. Jaques Ms. Sarah Tarcisia R. F. de Carvalho Avaliadores: Profª. Drª. Ana Maria Pimenta Carvalho Prof. Ms. André E. Jaques Ms. Gisele Coscrato Ms; Caroline C. Garla Drª. Julieta S. Moizés Ms. Laís M. da Fonseca Ms. Sabrina Corral Mulato Ms. Sarah Tarcisia R. F. de Carvalho 8h – Mostra de Cartilhas Educativas Coord.: Profª. Ms. Juliana Villela Bueno Profª. Drª Camilla Soccio Martins 8h – Manhã de Autógrafo Coord.: Drª. Munira Penha Domingues Profª. Priscila Penha Domingues Ms. Caroline Clapis Garla Profª. Ms. Larissa A. S. Philbert Dia 18/09/10 Sessão de Painéis (Oral) (Sábado 9h30 – 12h– Auditório II) 8h – Abertura - Coral Barão de Mauá Mestre de Cerimônia: Profª. Ms. Valéria M. N. F. Mokwa 8h30 – 9h10 Painel I: Sexualidade e Gênero Exps. Profª Drª Luiza Hoga (EE/USP) Prof. Dr. Manoel Antonio dos Santos (FFCLRP/USP) Coord.: Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno 9h10 – 9h50 Painel II: Interação Corpo e Mente Exp. Dr. Julio César Fernandes Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 7 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente (Associação Brasileira de Terapia Morfoanalítica) Coord.: Profª. Drª. Sarah Tarcisia R. F. de Carvalho Profª. Psic. Marli Nagy Teodoro 9h50 – 10h – INTERVALO Dia 18/09/10 Sessão de Painéis (Oral) (Sábado 9h30 – 12h– Auditório II) 10h -10h50 Painel III – Violência(s) contra a Mulher Exp. Dr. Daniel Rondi (OAB) Coord.: Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno e Profª. Ms. Valéria M. N. F. Mokwa 10h50 -11h30 Painel IV – Violência Exp. Prof. Dr. Sérgio Kodato (FFCLRP/USP) Coord.: Profª. Drª. Maria Luiza Costa e Drª. Julieta S. Moizés 11h30 Curta metragem: Crianças Invisíveis. Exp. Profª. Ms. Larissa A. S. Philbert Coord.: Profª. Drª. Vanessa D. A. Baldissera e Ms. Gisele Coscrato 12h – ALMOÇO Dia 18/09/10 - Oficinas VAGAS LIMITADAS (Sábado 13h30 - 15h) Oficinas I (sala 4) – Sexualidade, Corpo e Mente Responsáveis: Profª. Ms. Valéria M. N. F. Mokwa (UNESP) Profª. Ms. Fátima Ap. C. Gonini (UNESP) Coord.: Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno Oficina II (sala 5) – Valorizando Corpo e Mente Responsável: Dr. Julio César Fernandes (ABTM) Coord.: Ms. Sarah Tarcisia R. F. de Carvalho Profª. Psic. Marli Nagy Teodoro Oficina III (sala 6) – Álcool e Drogas Responsável: Enf. Paulo Ferreira Coord.: Prof.ª Ms. Vanessa Q. da Silva Prof. Ms. André E. Jaques Oficina IV (sala 7) – Violência, Sexo e Drogas Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 8 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Responsável: Profª. Elaine da Silva Coord.: Ms. Sabrina Corral Mulato e Drª. Julieta Seixas Moizés Oficina V (sala 8) – O Lúdico e o Material Didático Responsáveis: Profª. Marília F. M. Scorzoni e Profª. Camila F. Gomes Coord.: Profª. Ms. Larissa A. S. Philbert 15h -15h15 – INTERVALO Dia 18/09/10 - Workshop (Sábado 15h15 – 16h30) Auditório II 15h15 - Vivenciando conflito e afetividade a partir da força interna na relação professor aluno Responsável: Profª. Drª. Maria de Fátima P. Fernandes (EEUSP/SP) Coord.: Profª. Ms. Valéria M. N. F. Mokwa INSCRIÇÃO A ficha de inscrição está disponível no site da EERP/USP e deverá ser preenchida indivualmente e enviada para [email protected] juntamente com os comprovantes digitalizados de depósito e dos documentos comprobatórios de alunos (graduação/pósgraduação). Haverá certificado de participação para os inscritos no evento. O uso do crachá é obrigatório durante todo o evento. NORMAS PARA SUBMISSÃO DE TRABALHOS RELACIONADOS AO CONGRESSO OU TEMA LIVRE ENVIAR ATÉ 13/09/10 Cada autor poderá inscrever até 03 resumos ou 03 trabalhos na íntegra, encaminhando-os para o e-mail: [email protected], juntamente com o comprovante da inscrição do evento (solicitado no ítem inscrição). Resumo Expandido: deverá conter o nome dos autores com identificação: formação, instituição de ensino e e-mail. 600 a 800 palavras, espaço simples, letra Times New Roman 12. Título (negrito em caixa alta); nome completo do(s) autor(es) abaixo do título a direita (em negrito e caixa baixa), seguidos da instituição, e-mail. Deve conter introdução, objetivo, metodologia, resultado e conclusão. Colocar até 3 referências e 3 palavras-chave. Esses serão submentidos a apreciação da comissão científica para análise e possível aceite. O resultado será divulgado no site da EERP/USP ou por e-mail: [email protected] OBS.: No mínimo 1 (um) dos autores de cada trabalho deverá estar inscrito no congresso. Enviar os trabalhos inscritos no congresso para o e-mail: [email protected] Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 9 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Trabalho na Íntegra: deverá conter o nome dos autores com identificação: formação, instituição de ensino e e-mail. Introdução, Objetivos, Metodologia, Referencial Teórico ou Revisão Bibliográfica, Resultados, Considerações ou Conclusões e Referências Bibliográficas (ABNT). Trabalho de 10 a 15 páginas. Título (negrito em caixa alta); nome completo do(s) autor(es) abaixo do título a direita (em negrito e caixa baixa), em horizontal; seguidos da instituição, e-mail. Letra Times New Roman 12. Espaçamento 1,5. No mínimo 1 (um) dos autores de cada trabalho deverá estar inscrito no congresso. Esses serão submentidos a apreciação da comissão científica para análise e possível aceite. O resultado será divulgado no site da EERP/USP ou por e-mail. Enviar uma cópia impressa por correio para Escola de Enfermagem Ribeirão Preto USP depto EPCH A/C: Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno. Avenida Bandeirantes 3900, CEP: 14040-902. Ribeirão Preto/SP e também por e-mail para: [email protected]. RESUMO EXPANDIDO E/OU TRABALHO NA ÍNTEGRA SERÃO SOMENTE APRESENTADOS NA MODALIDADE PÔSTER É obrigatória a presença de um dos autores do trabalho como apresentador no local, bem como, a inscrição do mesmo no evento e uso do crachá de identificação. Será emitido apenas um certificado para cada trabalho apresentado, porém, com o nome de todos os autores. O pôster terá medida de 90 cm por 1,0m. Modelo no site: http://www.eerp.usp.br/ Os resumos espandidos e trabalhos na íntegra aceitos serão publicados nos anais (com ISBN) do evento on-line. Disponível no site: http://www.eerp.usp.br/ VALORES DA INSCRIÇÃO E FORMA DE PAGAMENTO Data Até 03/9 04/9 a 16/9 Local Estud. grad. R$15,00 R$20,00 R$30,00 Estud. Pós R$30,00 R$40,00 R$50,00 Profissionais R$50,00 R$ 80,00 R$100,00 DEPÓSITO: NOSSA CAIXA / BANCO DO BRASIL AG: 6954-X e Conta Poupança: 10017848-0 Variação: 1 Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 10 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente APOIO E PATROCÍNIO: CÂMARA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE APOIO: Depto. de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas/EERP-USP Realização: GRUPOS CAESOS Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 11 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Conferências e Oficinas Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 12 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente OFICINA V: O LÚDICO E O MATERIAL DIDÁTICO Professores responsáveis: Profª. Esp. Marília Ferranti Marques Scorzoni Profª. Esp. Camila Ferreira Gomes Proposta da oficina: • • • • Promover situações de aprendizagem a partir de uma perspectiva lúdica cuja metodologia prima pela ação espontânea, criativa e autônoma dos sujeitos aprendizes. Oferecer o espaço lúdico e momentos de vivência para a importância no brincar e suas expressões; Valorizar as percepções do indivíduo, proporcionando situações em que o mesmo tenha a possibilidade de observação, exploração e indagação com as atividades apresentadas; Confeccionar material didático a partir de materiais diversos (sucatas, tintas, papéis, TNT, EVA) proporcionando aos participantes refletir, através da prática, sobre a importância do lúdico para o desenvolvimento humano e para a educação. Atividades: Para a atividade proposta será utilizado o livro: A vida se renova. Autor: Jótah Esse livro conta a história do nascimento de um pássaro, que certo dia, voando, encontra uma parceira, no mesmo momento que acontece um casamento. Os pássaros se apaixonam, e passam a testemunhar atos de comunhão, como: amor, o nascimento, a solidariedade e a compreensão. O texto sugere a idéia de continuidade da família e aborda aspectos como o amor, pelo ponto de vista da espiritualidade e da sexualidade. A história é contada sem texto, através de seqüências e movimentos que lembram as técnicas utilizadas na produção de desenhos. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 13 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Título: Menina Bonita do Laço de Fita Autora: Ana Maria Machado Esse livro aborda a história de um coelho que queria ser igualzinho à Menina bonita do laço de fita. Ele gostava da cor da menina e em todo o decorrer da história ele ficava fazendo de tudo para ser pretinho como ela. O texto sugere a ideia de questões sobre o preconceito de gênero/ sexismo, racial/ étnico, abordando as diferenças entre as pessoas, valorizando os sentimentos e as pequenas atitudes que cada um traz consigo. A partir da leitura dos livros pelo grupo, que criará sua própria história a partir das ilustrações, as professoras irão propor algumas reflexões: Como os papéis em nossa sociedade, são geralmente atribuídos aos homens e às mulheres. O que os alunos compreendem por direitos iguais. Desmistificar certos estereótipos com relação às brincadeiras, às roupas etc; mostrando que homens e mulheres podem ter gostos, preferências e sentimentos bem parecidos. Analisar com os alunos esses seres vivos, principalmente o ser humano. Nos dias atuais existe diálogo entre pais e filhos, o professor deverá fazer um paralelo com outras épocas, quando a situação era bem diversa e o assunto “sexo” era cercado de tabus. A disseminação entre os jovens de doenças sexualmente transmissíveis. Aumento da gravidez precoce. Discriminação. A importância do diálogo com a família. O papel da escola como espaço de diálogo e de interatividade, em parceria com a família e com outras instituições sociais. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 14 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Desenvolvimento: Os participantes serão divididos em dois grupos. O primeiro grupo ficará responsável por confeccionar uma casa ou uma boneca com sucatas ( caixas, botões, cola, etc) As professoras irão orientar a atividade. O segundo grupo ficará responsável por confeccionar os personagens da história que criaram. (homem, mulher, mãe, pai, filhos). Os dois grupos irão se juntar e montar o cenário da sua criação. Desse modo, esperamos atingir os objetivos e contribuir para a formação dos profissionais, ampliando assim as possibilidades cognitivas da criança e os eixos temáticos ligados à formação da cidadania. Duração: 1hora e 20 minutos. Encerramento: Auto-avaliação e participação contínua dos envolvidos. O processo de avaliação depende de como o professor, o aluno e os pais percebem o mundo e de como utilizam este ou aquele modelo didático. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 15 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 16 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Resumos Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 17 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente SUMÁRIO – Temáticas apresentadas no Congresso 1. VIOLÊNCIA NA ESCOLA: UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA Aline Nayara Aparecida Gonçalves; Maria Salete Zufelato Vencel 2. TRANSEXUALIDADE E CIRURGIA EXPLORANDO AS QUESTÕES DE SAÚDE Rafael Alves Galli; Manoel Antônio dos Santos DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL: 3. DESCONFORTOS FÍSICOS DECORRENTES DOS TRATAMENTOS PARA O CÂNCER DE MAMA: IMPACTO SOBRE A SEXUALIDADE Vanessa Monteiro Cesnik; Manoel Antônio dos Santos 4. QUAIS OS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A RETOMADA DA VIDA SEXUAL DA MULHER MASTECTOMIZADA? Vanessa Monteiro Cesnik; Manoel Antônio dos Santos 5. BULLYING E A INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM Elizângela Mara Sikóra; Dario Renan Pegoraro 6. REFLEXÕES SOBRE SEXUALIDADE INFANTIL: DO DESENVOLVIMENTO HUMANO À PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO SEXUAL Marília Ferranti Marques Scorzoni; Camila Ferreira Gomes; Sonia Maria Villela Bueno 7. RELAÇÃO ENTRE EXPERIÊNCIAS AFETIVO-SEXUAIS E TRANSTORNOS ALIMENTARES Carolina Leônidas; Ana Luisa Carvalho Guimarães; Manoel Antônio dos Santos 8. EDUCAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA: VARIÁVEIS NA INICIAÇÃO DA ATIVIDADE SEXUAL Camila Ferreira Gomes; Marília Ferranti Marques Scorzoni; Sonia Maria Villela Bueno 9. EDUCAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA: REVISÃO DA LITERATURA CIENTÍFICA Laiz Elena Ribeiro; Aline Fernandes da Costa; Juliana Cristina dos Santos Monteiro 10. A AVALIAÇÃO DE UM PROGRAMA DE INCLUSÃO SOCIAL DE ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE NUMA ESCOLA MUNICIPAL EM UBERLÂNDIA, MINAS GERAIS Flávia Carvalho Malta Mello 11. IDENTIFICAÇÃO DA REDE SOCIAL SIGNIFICATIVA DE MULHERES PORTADORAS DE HIV/AIDS Juliana Vieira von Zuben; Carla Guanaes Lorenzi; Maria Rosa Rodrigues Rissi 12. ASSÉDIO MORAL NA ENFERMAGEM: CONSEQUÊNCIAS PSÍQUICAS Sonia Maria Villela Bueno; Munira Penha Domingues; Priscila Penha Domingues Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 18 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 13. AMAMENTAÇÃO E SEXUALIDADE: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA Driéli Pacheco Rodrigues; Helena Sarno Soares Oliveira; Juliana Cristina dos Santos Monteiro 14. A VIOLÊNCIA EM FORMA DE BULLYING NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA Fernando Gomes Silva; Erika do Carmo Bertazone 15. EXPLORANDO ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO AFETIVO-SEXUAL EM TRÊS GERAÇÕES DA FAMÍLIA DE UMA JOVEM COM ANOREXIA NERVOSA Élide Dezoti Valdanha; Manoel Antônio dos Santos 16. A HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM FRENTE À SEXUALIDADE HUMANA Gisele Coscrato; Sonia Maria Villela Bueno 17. O CUIDADO ESPIRITUAL NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: RELAÇÃO POSSÍVEL NA HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE Gisele Coscrato; Sonia Maria Villela Bueno 18. IDENTIFICAÇÃO DE UNIVERSITÁRIOS COM RISCO PARA PROBLEMAS RELACIONADOS AO USO DE ÁLCOOL EM UMA UNIVERSIDADE DO INTERIOR DE MINAS GERAIS Sônia Maria Alves de Paiva; Keila Maria Araújo; André Luís Masieiro; Angélica Reis Miguel; Gabriel Bartolomeu; Thaís Dipe 19. POLÍTICAS PÚBLICAS E DIREITOS VOLTADOS PARA A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA Iara Falleiros Braga; Marta Angélica Iossi Silva; Ana Márcia Spanó Nakano 20. PERCEPÇÃO SOBRE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS POR MULHERES USUÁRIAS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS Letícia Vicentim Finencio; Natália Priolli Jora; Sandra Cristina Pillon 21. HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE AMBULATORIAL DE PORTADORES DE HIV/AIDS Aline Cristina de Faria; Sandra Aparecida Emidio Antonio; Cássia Tiemi Nagasawa Ebisui 22. OFICINA TERAPÊUTICA - UMA FORMA DE INTERVENÇÃO COM PACIENTES DEPENDENTES QUÍMICOS? Ariana Penha Meirelles 23. ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: EXPLORANDO A LITERATURA CIENTÍFICA Wilson Gomes de Ascenção; Adriana Tomaz de Aquino; Neuri Carlos Dornelas; Camilla Soccio Martins 24. A DINÂMICA DA VIOLÊNCIA ESCOLAR E BULLYING Karina Nery Tagliaferro; Camilla Soccio Martins Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 19 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 25. LITERATURA CIENTÍFICA ACERCA DO ABORTO PROVOCADO: NECESSIDADE, CULPA OU PECADO? Márcia Magri da Silva; Letícia Farias Capel; Tatiane de Souza Venturini; Camilla Soccio Martins 26. EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM DSTs E ORIENTAÇÃO SEXUAL Letícia Farias Capel; Márcia Magri da Silva; Tatiane de Souza Venturini; Camilla Soccio Martins 27. MAUS TRATOS NA TERCEIRA IDADE: ESTUDOS CIENTÍFICOS RECENTES Nayara Sibhorini Tanesi; Ana Cristina Rosa; Juliana Rodrigues Bruzo; Silbene Soares de Godoy; Polyana Gouveia R. T. Ramos; Camilla Soccio Martins 28. CARACTERIZAÇÃO DO USO DA MACONHA ENTRE ADOLESCENTES: PESQUISAS ATUAIS E DISCUSSÕES José Reinaldo Stuchi; Priscila Peppinelli Barreto; Camilla Soccio Martins 29. ADOLESCENTES GRÁVIDAS: REFLEXÕES E IMPACTO FAMILIAR Naiara Fabiana Vieira; Aline Formigoni; Vanessa de Souza Silva; Edna Malheiro Neves Monaro; Alessandro Lauschner; Camilla Soccio Martins 30. PRÁTICAS SEXUAIS, OPINIÕES E ATITUDES: TENDÊNCIAS DA LITERATURA CIENTÍFICA Fabíola Miranda; Isabela de Souza Morais; Mônica da Silva Oliveira; Natália Antuélica Valente Collar; Camilla Soccio Martins 31. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: CONTRIBUIÇÕES E LIMITAÇÕES DA LITERATURA CIENTÍFICA Anieli Guindani Sereni; Camila da Silva Neves; Camilla Soccio Martins 32. CONCEPÇÕES DE SEXUALIDADE FEMININA: PESQUISAS NO ÂMBITO NACIONAL Fabíola Miranda; Isabela de Souza Morais; Mônica da Silva Oliveira; Natália Antuélica Valente Collar; Camilla Soccio Martins 33. O PARADIGMA DA SEXUALIDADE NA PARAPLEGIA Marcelo Rodrigues de Souza; Noelly Ferreira Honostório; Camilla Soccio Martins 34. DEPENDÊNCIA QUÍMICA DO CRACK: REVISÃO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA NACIONAL Simone Camargo Tescari; Ellen Carla Boaventura; Suelen Cristina Tesoni; Camilla Soccio Martins 35. ABORTO E ADOLESCÊNCIA: A PROBLEMÁTICA SOB A ÓTICA DA LITERATURA CIENTÍFICA Verônica Machado Marques de Oliveira; Marli Santos Oliveira Ramires; Tatiane Cristina Almeida Santos; Viviane Guthierres Victorino; Camilla Soccio Martins Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 20 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 36. TRANSTORNO DO SONO E QUALIDADE DE VIDA: UMA REVISÃO Vanessa Aparecida Maziero Santana; Ludmila Rodrigues de Sá; Daniela Massuia; Loiane Viscardi de Matos; Camilla Soccio Martins 37. CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE NEGLIGÊNCIA E ABANDONO Neuri Carlos Dornelas; Adriana Tomas de Aquino; Wilson Gomes de Ascensão; Camilla Soccio Martins 38. PRODUÇÃO CIENTÍFICA ACERCA DOS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS NA ADOLESCÊNCIA: DESAFIOS PARA O PROFISSIONAL DE SAÚDE Cathia Moraes Vicentim; Patrícia Cerqueira Leite; Luciana Ribeiro Rodrigues; Luzia Bernadete Laurenti; Camilla Soccio Martins 39. EDUCAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA Enos de Cristo Alves Brito; Natália Rezende Domingos; Thaís Cristina A. Souza; Camilla Soccio Martins 40. ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE HEPATITE B: TENDÊNCIAS INVESTIGATIVAS Jéssica Tibaldi Busto; Lilian Naves Ferreira; Camilla Soccio Martins 41. PROSTITUIÇÃO INFANTIL E EXPLORAÇÃO SEXUAL: ANÁLISE CRÍTICA DA LITERATURA CIENTÍFICA Jéssica Tibaldi Busto; Larissa Inglids Montezino; Camilla Soccio Martins 42. PROPOSTA DE UM PROGRAMA PARA FAMILIAS DE ADOLESCENTES QUE FAZEM USO DE DROGAS Mayra Martins; Bruna Grigolli; Sandra Pillon; Sonia Maria Villela Bueno 43. GRUPOS DE ADESÃO COM PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS EM UM AMBULATÓRIO DE UM HOSPITAL-ESCOLA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Kátia Rodrigues Martins, Maria Rosa Rodrigues Rissi, Lícia Barcelos e Marco Antonio C. Figueredo 44. CONHECIMENTO PARA PREVENÇÃO: OFICINAS COM ADOLESCENTES SOBRE A TEMÁTICA DO USO DAS DROGAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS Rutinéia de Fátima Micheletto; Márcia Mendes Ruiz Cantano; Regina Célia Garcia de Andrade 45. FORMAÇÃO DE FARMACÊUTICOS PARA A PROMOÇÃO EM SAÚDE SOBRE SEXUALIDADE Rutinéia de Fátima Micheletto; Márcia Mendes Ruiz Cantano; Regina Célia Garcia de Andrade 46. A COMPREENSÃO DE ALUNOS E PROFESSORES DE ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE EDUCAÇÃO SEXUAL, SEXUALIDADE E SEXO NA ESCOLA Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 21 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Julieta Seixas Moizés; Sonia Maria Villela Bueno; Manoel dos Santos 47. PROMOÇÃO DE SAÚDE SEXUAL EM ADOLESCENTES: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DE INTERVENÇÃO EM UMA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL Fernanda de Sousa Vieira; Rosária Fernanda Magrin Saullo; Nadir Lara Jr 48. O TRABALHO COM AS PROFISSIONAIS DO SEXO: CONTRAPONDO TRADIÇÕES DE EXCLUSÃO E INCLUSÃO NO TRABALHO DO PSICÓLOGO Fernanda de Sousa Vieira; Lucas Fernandes; Ana Carolina de Oliveira Gonçalves; Luciano Henrique da Silva Ribeiro do Vale; Roberta Cury de Paula; Márcia Campos Zuardi; Dário Teófilo Schezzi; Ana Paula Leivar Brancaleoni 49. MENINA, TUDO MUDA QUANDO TE TORNAS MULHER: OS TRANSTORNOS ALIMENTARES E O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO Fernanda de Sousa Vieira; Fernanda Kimie Tavares Mishima; Maria Lucimar Fortes Paiva 50. O PORTADOR DO VIRUS HIV NO ATENDIMENTO PSICOLÓGICO: O SUTIL RECONSTRUIR DE SIGNIFICAÇÕES PARA TERAPEUTA E CLIENTE. Rosaria Fernanda Magrin Saullo; Manoel Antonio dos Santos 51. AGRESSIVIDADE E VIOLÊNCIA PARA O PRIMEIRO ANO DE VIDA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Rosaria F. M. Saullo; Kátia de Souza Amorim 52. TRATAMENTO DA AIDS: ORIENTAÇÕES E MEDIDAS SIMPLES PARA SEU SUCESSO Samira Costa de Faria; Roberta Seron Sanches; Mirela Barbalho Benedicto; Mayara Vianna Caetano; Carla Maria Seconi Momenti; Samantha Perissotto; Ana Paula Morais Fernandes 53. PERFIL DAS GESTANTES INFECTADAS PELO HIV-1 Camila de Almeida Agustoni; Samira Costa de Faria; Roberta Seron Sanches; Francielly Maiara da Penna Matos; Mirela Barbalho Benedicto; Carolina Meneguetti; Ana Paula Moraes Fernandes 54. SUPLEMENTAÇÃO DE MICRONUTRIENTES EM PACIENTES HIV EM USO DA TERAPIA ANTI – RETROVIRAL (TARV) Juliana Lopes Filomeno;Thais de Cassia Furquim Anhezini; Mariele Castilho Pansani; Anderson Rodrigues Freitas 55. PERFIL DE CRIANÇAS VERTICALMENTE INFECTADAS PELO HIV-1 Roberta Seron Sanches; Francielly Maiara da Penna Matos; Carolina Meneguetti; Camila de Almeida Agustoni; Samantha Perissotto; Amanda Silva e Sá; Ana Paula Morais Fernandes 56. MOBBING, ASSÉDIO MORAL: BIOPSICOSSOCIAL DO INDIVÍDUO Valéria Marta Nonato Fernandes Mokwa IMPLICAÇÕES NA SAÚDE 57. O IDOSO E A SEXUALIDADE NA CONTEMPORANEIDADE Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 22 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Cynthia Daniela Figueiredo de Souza; Sonia Maria Villela Bueno 58. O PAPEL DA FAMÍLIA NO CUIDADO DA PESSOA PORTADORA DE HIV/AIDS Bruna Fontanelli Grigolli Pérsico; Mayra Martins 59. REFLEXÕES SOBRE O PERFIL DO IDOSO PORTADOR DE HIV/AIDS Bruna Fontanelli Grigolli Pérsico; Mayra Martins 60. VINCULOS FAMILIARES FORTES COMO FATOR DE PROTEÇÃO PARA O USO DE DROGAS ENTRE OS ADOLESCENTES Mayra Martins; Sandra Pillon; Manoel Antonio dos Santos 61. O USO DE DROGAS ENTRE OS ADOLESCENTES INFRATORES Mayra Martins; Sandra Pillon; Manoel Antonio dos Santos 62. OS CONCEITOS TÉORICOS DA PEDAGOGIA PROBLEMATIZADORA DE PAULO FREIRE, DA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE E DA TEORIA DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL COMO BASES ESTRUTURANTES PARA O TRABALHO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE SEXUAL André Estevam Jaques; Sonia Maria Villela Bueno; Amanda Batista Santarosa 63. MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA: OS SIGNIFICADOS QUE ATRIBUEM AO SUPORTE E APOIO RECEBIDO NO SEU CONTEXTO SOCIAL E DE SAÚDE Ana Paula R. Vieira; Ana Márcia S. Nakano; Angelina Lettiere 64. QUALIDADE DE VIDA DE PESSOAS QUE VIVEM COM HIV/AIDS Wlaldemir Roberto dos Santos; Pedro Pinheiro Paes; Ana Paula Morais Fernandes; Anderson Marliere Navarro; André Pereira Dos Santos; Carla Maria Seconi Momenti; Dalmo Roberto Lopes Machado; Sonia Maria Villela Bueno 65. A FORMAÇÃO DOCENTE E A SEXUALIDADE INFANTIL Joice Daniela Jamaites Alves; Rita de Cássia Petrenas 66. A MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA NO CICLO GRAVÍDICOPUERPERAL: uma revisão de literatura Thais Helena Devitto Meira, Profª. Dra. Juliana Stefanello 67. O SIGNIFICADO DE SER HOMEM NA PERSPECTIVA DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA Vanessa Luzia Queiroz Silva; Sonia Maria Villela Bueno; Olívia Cristina Lopes 68. O OTIMISMO E O USO DE DROGAS NA FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO Marcos Hirata Soares; Margarita Antonia Villar Luís; Clarissa Mendonça Corradi-Webster; Júlia Trevisan Martins; Andréia Gonçalves Pestana Hirata Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 23 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 1. VIOLÊNCIA NA ESCOLA: UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA Aline Nayara Aparecida Gonçalves Pedagogia- ASSER- Porto Ferreira-SP E-mail: [email protected] Maria Salete Zufelato Vencel Pedagogia- ASSER- Porto Ferreira-SP E-mail: [email protected] Introdução: O ensino surgiu através da educação indígena, porém esta não era transmitida pela escola e sim de pessoa para pessoa. Com o passar do tempo, a educação sofreu profundas modificações até que, em 1931, surgiu o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova estabelecendo idéias de uma educação fundamentada no trabalho, efetivamente de dever do Estado, laica, gratuita, obrigatória, onde o professor deveria conhecer o educando, respeitando seu desenvolvimento. Porém, a igreja e a elite conseguiram interrompê-los, promovendo o direito à educação para todos. Assim, a educação deve caminhar para uma evolução contínua, através da cultura e da própria educação. No entanto, há uma discussão sobre o fato existente nas escolas de hoje, a violência escolar. A escola é a continuidade do processo de socialização iniciado pela família, mas seu papel está tomando proporções distorcidas, havendo confusão de objetivos, uma vez que, na atualidade, a família não cumpra o seu papel. A grande preocupação é como sanar o problema da violência. Afinal, o que leva uma criança a desenvolver comportamentos de violência? O que o educador e a escola podem fazer para minimizar esses acontecimentos? O comportamento violento se dá através da dificuldade de se relacionar com o próximo, respeitando suas opiniões e decisões, estabelecendo limites, pois às vezes estes limites não foram construídos pela família (TOMAZI, 1997). Além disso, existe o fato de que as crianças são influenciadas pela tecnologia e pelos meios de comunicação. É preciso que a família fique atenta ao tipo de educação que está sendo transmitida aos filhos, pois é através dessas normas e valores que se desenvolve a cultura e o comportamento da criança. A escola pode auxiliar na criação de projetos junto aos pais e à comunidade, transformando a cultura e o meio em que se inserem, proporcionando ao educando momentos de lazer, segurança e educação ao mesmo tempo. Objetivos: Este trabalho pretende diagnosticar qual é o papel da família na educação, além de observar a violência no contexto escolar. Metodologia: Através de análises bibliográficas e de observações do cotidiano escolar, serão verificados processos e técnicas utilizados diante de uma situação de violência entre alunos e entre alunos e funcionários da escola. Resultados: A educação escolar foi marcada, em grande parte, pelo autoritarismo, com a chegada da burguesia. A relação entre professor-aluno ocorria de forma violenta; os alunos pobres eram classificados como sujos e maltrapilhos; seus pais eram considerados analfabetos. Os alunos eram castigados fisicamente ou expostos ao ridículo. Assim, considera-se que a educação e a escola passaram por grandes transformações e mudanças até chegar ao que é hoje. Nota-se também que a violência existente na atualidade tem raízes na história. O controle da agressividade ocorre através da cultura e da vida social do ser humano; a sociedade é capaz de criar vínculos e conduzir o indivíduo a vários caminhos, levando-o à produções positivas como a arte e o esporte, ou quando as condições de vida são precárias, a roubar para comer ou a auto-destruição no uso de drogas e alcoolismo. Isso é observado diariamente nas escolas. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 24 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Considerações: Para a maioria das crianças, estudar é algo que se faz à força, contra a vontade. Atualmente, vivenciamos momentos onde é necessário que a escola defenda-se do pequeno estudante. É preciso resgatar na criança a emoção, a afetividade e o respeito, mostrando que nos pequenos atos é que nos tornamos cidadãos. Com isso, a família e a escola precisam construir um ambiente acolhedor e de confiança, preocupando-se não só com o aluno, mas com a pessoa que é o aluno. Atualmente, professores e alunos vivenciam várias formas de violência como o desrespeito, a agressividade e o “bullying”. Contudo, a escola passa a ser um ambiente de orientação e prevenção para o não exercício da violência (GONÇALVES et al., 2005). No entanto, mesmo sabendo que a escola precisa educar a criança como um todo, não é correto que ela ocupe o lugar da família em sua formação. As causas da violência são inúmeras e educar crianças é uma tarefa difícil que requer trabalho, mas o que vale é tentar, ter equilíbrio e consenso entre os pais para que na educação da criança não ocorra falha de dupla comunicação. Palavras-chave: escola; família; violência. Referências GONÇALVES, Maria Augusta Salin; PIOVESAN, Orene Maria; LINK, Andrisa; PRESTES, Lusiana F. e LISBOA, Joiciana G. Caderno de Pesquisa Fundação Carlos Chagas, vol. 35, nº 126, set/dez 2005, pág. 635-658. TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia da Educação. 1ª edição, São Paulo-SP. Editora Atual (Grupo Saraiva), 1997, pág. 32-108. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 25 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 2. TRANSEXUALIDADE E CIRURGIA DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL: EXPLORANDO AS QUESTÕES DE SAÚDE Rafael Alves Galli Faculdade de Filosofia,Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP-USP E-mail: [email protected] Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP-USP E-mail: [email protected] Introdução: O/A transexual é um indivíduo que, anatomicamente, pertence a um sexo, mas acredita pertencer ao sexo oposto (Alcântara, 2002). Algumas definições incluem ainda a questão da cirurgia de redesignação sexual como um desejo inerente a todos/as os/as transexuias (Benjamin, 1966). Do ponto de vista histórico, os precursores da cirurgia surgiram já na Roma antiga, durante a época dos grandes imperadores. Mas somente na primeira metade do século XX, em 1921, Feliz Abraham realizou a primeira cirurgia documentada (Arán, 2006). No Brasil, somente em 1997 o Conselho Federal de Medicina regulamentou a prática da cirurgia de redesignação, restringindo-a a hospitais universitários ou públicos adequados à pesquisa (Vieira, 2000). Em 2002, nova diretriz foi estabelecida por meio da Resolução 1652, que autoriza os médicos a realizarem o tratamento cirúrgico após um período de dois anos, período no qual o paciente conta com acompanhamento de equipe multidisciplinar (Assis, 2004). Em 2008, houve um avanço na questão legal da cirurgia com uma portaria do Ministério da Saúde (portaria nº 1707) e outra da Secretária de Atenção à Saúde (portaria nº 457), que instituem, respectivamente, o processo transexualizador no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e a regulamentação de tal processo (Brasil, 2008). Contudo, ainda é muito difícil para os transexuais conseguirem fazer valerem seus direitos. Um aspecto que dificulta o acesso pleno aos direitos de cidadania é a visão patologizante que a medicina – e até alguns setores da psicologia – ainda mantêm em relação à pessoa transexual. Para a comunidade LGBT e, em especial, para os/as transexuais, a busca do reconhecimento de seus direitos em geral é um percurso acidentado em uma estrada tortuosa e repleta de percalços. Contudo, elas e eles parecem estar cada vez mais dispostos a lutar por seus direitos e têm acumulado algumas vitórias, conseguindo aos poucos realizar diversas redesignações em suas vidas. Objetivo: O presente estudo propõe-se a refletir acerca dos sentidos produzidos por uma transexual feminina em relação à cirurgia, buscando destacar suas concepções acerca das mudanças que a redesignação acarreta na vida, assim como as dificuldades e dilemas enfrentados ao percorrer os meandros da saúde pública do Brasil. Metodologia: A pesquisa tem um enfoque metodológico qualitativo e a teoria queer como seu referencial teórico. Os dados foram colhidos mediante a aplicação individual de entrevista aberta na modalidade história de vida temática. A colaboradora foi uma transexual feminina de 54 anos. A entrevista foi realizada em situação face a face e audiogravada mediante consentimento da participante. Também foi utilizado diário de campo para anotações do pesquisador. A entrevista foi transcrita na íntegra e literalmente, constituindo o corpus de análise. O material transcrito foi submetido à análise de conteúdo temática. Resultado: Marcela é uma comerciante de 54 anos, separada, com ensino superior completo. Relata que decidiu por realizar a cirurgia na Tailândia pelo fato de lá a técnica cirúrgica ser mais avançada e os riscos, menores. Segundo a colaboradora, os profissionais de saúde do Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 26 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Brasil não buscam aprender as técnicas utilizadas no exterior (“lá fora”) para a realização deste procedimento. Além disso, ela argumenta que o profissional de saúde em geral não está preparado para assistir a pessoa transexual dentro de suas necessidades. Em contraponto, ela tece elogios aos profissionais que estiveram envolvidos na realização de sua cirurgia no país estrangeiro. Ela aponta que os custos para a realização do procedimento é vultoso, mas que os benefícios fazem com que valha a pena o alto investimento financeiro. O momento narrado por ela como o mais feliz de sua vida foi o pós-cirúrgico, no qual ela “pode se olhar como uma mulher por inteiro”. Por meio de sua narrativa, podemos notar que, durante a reconstrução de seu corpo, Marcela brinca com as normas de gênero, ora buscando reproduzilas com a absorção do feminino e ora desestabilizando-as, quando tem que assumir novamente o papel masculino por conta dos dois filhos que possui, frutos de um casamento com uma mulher, que durou 24 anos. Com isso, seu corpo acaba por se tornar um transcorpo, isto é, um corpo que se cria a partir de um ato performático e que ultrapassa as barreiras normativas e se transforma de uma maneira constante. O discurso médico-científico acaba por colocar esse transcorpo em uma posição estática, trazendo como barreira final para a sua realização a cirurgia de redesignação. Adicionado a isso prevalece uma visão de que a transexualidade é um distúrbio que teria como tratamento o processo transexualizador. Além disso, as políticas públicas de saúde voltadas aos transexuais são incipientes, em decorrência do fato de a transexualidade não ser assumida como pauta da agenda da saúde pública. Por meio do caso apresentado, podemos notar que os serviços de saúde têm de buscar uma melhor adequação para o atendimento das necessidades da população LGBT, em especial do segmento trans, tratando, primariamente, o ser humano ao invés de sua suposta doença ou diagnóstico. Considerações: Foi possível perceber que a cirurgia traz reais benefícios para quem a realiza, mas é um procedimento dispendioso e que impõe obstáculos que precisarão ser transpostos, como o elevado custo econômico, a falta de preparo dos profissionais e de serviços especializados. Uma barreira adicional é o estigma que paira sobre a pessoa transexual, que está amplamente difundido em nossa cultura e se dissemina pelos serviços de saúde. É essencial que busquemos paramentar a saúde pública com ferramentas para que os profissionais possam auxiliar os/as transexuais a alcançarem seu objetivo, dentro de suas próprias especificidades, para que a busca de recursos no exterior deixe de ser vista como mais vantajosa do que os serviços locais. Palavras-chave: Transexualidade, Redesignação Sexual, Saúde Pública Referências ARÁN, Marcia. A transexualidade e a gramática normativa do sistema sexo-gênero. Agora. Rio de Janeiro - RJ, v. 9, n. 1, pp. 49-63, 2006. BENJAMIN, Harry. The transexual phenomena. New York, NY: Julian Press, 1966. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.707, de 18 de Agosto de 2008. Institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), o Processo Transexualizador, a ser implantado nas unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão. 2008. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 27 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 3. DESCONFORTOS FÍSICOS DECORRENTES DOS TRATAMENTOS PARA O CÂNCER DE MAMA: IMPACTO SOBRE A SEXUALIDADE Vanessa Monteiro Cesnik Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP E-mail: [email protected] Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP E-mail: [email protected] Introdução: O câncer de mama é, provavelmente, o tipo de tumor que mais amedronta as mulheres, tanto por sua alta prevalência, como por seus efeitos psicológicos e físicos. O momento do diagnóstico é considerado o evento mais estressante de todos os vivenciados pelas mulheres acometidas e seu impacto está relacionado à insegurança e incerteza quanto ao tratamento e seus possíveis efeitos, bem como ao convívio com a falta da mama e as possíveis consequências da mutilação para o relacionamento conjugal. Além dos aspectos sociais, as dimensões físicas da doença também revelam um cenário devastador devido às mudanças físicas provocadas pelo câncer, perda da mama, fadiga, depressão, ressecamento vaginal, levando à dor e desconforto no intercurso sexual. Do ponto de vista psicológico, o câncer tem a conotação adicional de enfermidade suja, que produz secreções, necroses e exala odores desagradáveis. Essas associações favorecem a estigmatização e o afastamento do paciente oncológico do convívio social. A doença também produz alterações importantes na imagem corporal e na autoimagem da mulher, que podem afetar suas vivências da sexualidade e sua satisfação conjugal. As mudanças na prática sexual são experienciadas tanto em decorrência das alterações físicas como do enfrentamento social da doença. É uma doença mutiladora, que requer tratamentos invasivos e debilitantes, que induzem inúmeros efeitos colaterais. Objetivo: Com base nesses pressupostos, este estudo teve por objetivo investigar os desconfortos físicos referidos por mulheres submetidas à mastectomia e suas repercussões sobre sua sexualidade, a partir da análise da produção científica publicada no período de 2000 a 2009. Metodologia: O levantamento bibliográfico foi realizado nas bases de dados bibliográficos LILACS, MedLine e PsycINFO. Foram recuperados artigos indexados com as seguintes palavras-chave: “mastectomy”, "breast neoplasms", “amputation”, “sexuality”, “sexual behavior”, "marital relations“, "psychossexual development“. Constituíram o corpus do estudo 29 artigos, que preencheram os critérios de inclusão estabelecidos. Dentre os 29 artigos, nove abordaram as repercussões dos desconfortos físicos na sexualidade da mulher mastectomizada. Estas publicações constituíram a amostra final desta revisão integrativa. Resultado: Os achados evidenciaram que a mulher mastectomizada enfrenta uma série de desconfortos físicos em consequência do tratamento do câncer de mama. Os sintomas físicos foram uma preocupação crucial para a muitas das mulheres investigadas, com queixas específicas que incluíram dor nas articulações, dificuldade em dormir, ondas de calor e diminuição do desejo sexual [1]. Esses sintomas são sugestivos de fatores relacionados à menopausa, que pode ser induzida pelo tratamento. Outras complicações físicas, tais como fadiga generalizada e demora na cura da ferida operatória, foram alguns dos motivos apontados para que as mulheres resistissem à retomada das relações sexuais [2]. Problemas de lubrificação vaginal foram mais graves entre as mulheres que receberam quimioterapia do que Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 28 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente entre as que não se submeteram a esse tipo de tratamento [3]. O estresse físico foi o principal motivo para a diminuição da excitação sexual. Estudos mostram que, mesmo quando existe uma intensa e satisfatória vida sexual no período prévio à doença, fatores como estresse emocional, dor, fadiga, insulto à imagem corporal e baixa autoestima decorrentes do diagnóstico e do tratamento para o câncer de mama podem desorganizar o funcionamento sexual do casal. Considerações: A análise dos principais resultados reportados pelos estudos revisados indica que existe uma estreita relação entre desconfortos físicos e dificuldades de retomada das atividades sexuais após a cirurgia de retirada da mama. Os achados indicam que os profissionais de saúde devem incorporar aos cuidados estratégias de orientação e aconselhamento, que levem em consideração a dimensão da sexualidade da mulher mastectomizada e suas eventuais alterações em decorrência da doença e do tratamento. (FAPESP) Palavras-chave: Mastectomia; Neoplasias da Mama; Sexualidade. Referências [1] FATONE, A. M. et al. Urban voices: the quality-of-life experience among women of color with breast cancer. Palliative and Supportive Care, v.5, n.2, p.115-125, 2007. [2] TAKAHASHI, M.; KAI, I. Sexuality after breast cancer treatment: Changes and coping strategies among Japanese survivors. Social Science & Medicine, v.61, n.6, p.1278-1290, 2005. [3] GANZ, P. A. et al. Quality of life at the end of primary treatment of breast cancer: first results from the moving beyond cancer randomized trial. Journal of the National Cancer Institute, v.96, n.5, p.376-387, 2004. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 29 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 4. QUAIS OS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A RETOMADA DA VIDA SEXUAL DA MULHER MASTECTOMIZADA? Vanessa Monteiro Cesnik Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP E-mail: [email protected] Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP E-mail: [email protected] Introdução: O câncer de mama tem um impacto sistêmico sobre a família, cuja rotina é modificada desde a comunicação do diagnóstico. Por esta razão, a doença afeta não somente a mulher, mas também introduz modificações no funcionamento familiar e conjugal, devido às suas repercussões sobre os familiares, em particular o cônjuge. No período imediatamente após a realização da mastectomia, observa-se uma retomada progressiva das atividades que organizam o cotidiano, momentaneamente alterado pela dinâmica da doença e de seu tratamento. Entretanto, algumas mulheres mastectomizadas podem se sentir sexualmente repulsivas, a ponto de chegarem a evitar o contato sexual com seus parceiros. Das queixas mais frequentes observadas destacam-se: o medo de não ser mais atraente sexualmente e a sensação de diminuição da feminilidade. Estudos que focalizem os fatores que interferem tanto positivamente quanto negativamente na vida sexual da mulher após a mastectomia podem fornecer subsídios para o planejamento de intervenções do profissional de psicologia e demais integrantes da equipe multidisciplinar de saúde. Objetivo: Este estudo teve como objetivo investigar as barreiras e facilidades encontradas por mulheres mastectomizadas na retomada de sua vida sexual, a partir da análise da produção científica publicada no período de 2000 a 2009. Metodologia: Trata-se de um estudo de revisão sistemática da literatura. O levantamento bibliográfico foi realizado nas bases de dados LILACS, MedLine e PsycINFO. Foram recrutados artigos indexados com as seguintes palavras-chave: “mastectomy”, "breast neoplasms", “amputation”, “sexuality”, “sexual behavior”, "marital relations“, "psychossexual development“. Constituíram o corpus do estudo 29 artigos, que preencheram os critérios de inclusão estabelecidos e cujos achados foram agrupados e analisados por categorias temáticas. Dentre os artigos recuperados, apenas seis deles se propuseram investigar os fatores que auxiliaram na retomada da vida sexual da mulher mastectomizada e o ajustamento sexual do casal. Resultado: Os fatores que facilitam a retomada da vida sexual para a mulher mastectomizada evidenciam a centralidade assumida pela afetividade como eixo organizador da experiência de superação da mulher após a mastectomia. A dimensão afetiva da sexualidade foi considerada como ponto positivo de suas vivências sexuais, destacando-se as formas de sedução, troca de carícias, cumplicidade, toque, bem como manifestações de sentimentos de amor, apoio e preocupação, demonstrados de forma explícita pelos parceiros [1]. Quanto mais as mulheres perceberam seus parceiros como emocionalmente envolvidos na relação, melhor foi a avaliação da primeira experiência sexual pós-cirúrgica. Quanto mais elas perceberam seus parceiros tomarem a iniciativa das relações sexuais, mais satisfeitas estavam com o casamento [2]. A importância do relacionamento sexual para cada casal antes da cirurgia também foi um dos fatores que influenciaram quão logo o casal pôde retomar a atividade sexual após a cirurgia. Casais com um vínculo sexual considerado como muito importante em relação às Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 30 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente suas relações globais tiveram uma tendência para retomar a vida sexual logo após a cirurgia, enquanto que aqueles que não davam muita importância ao intercurso sexual não se apressaram a voltar a manter atividade sexual [3]. Considerações: Os estudos revisados apresentaram resultados convergentes, que apontam para a importância que o relacionamento afetivo-sexual assume para o processo de recuperação da mulher no período pós-mastectomia. Conforme indicam os dados levantados, há por parte das mulheres valorização dos aspectos afetivos que envolvem o relacionamento sexual e expectativa de que o parceiro tome iniciativa no intercurso sexual. (FAPESP) Palavras-chave: Mastectomia; Neoplasias da Mama; Sexualidade. Refêrencias [1] DUARTE, T. P.; ANDRADE, A. N. Enfrentando a mastectomia: Análise dos relatos de mulheres mastectomizadas sobre questões ligadas à sexualidade. Estudos de Psicologia, v.8, n.1, p.155-163, 2003. [2] WIMBERLY, S. R., et al. Perceived partner reactions to diagnosis and treatment of breast cancer: Impact on psychosocial and psychosexual adjustment. Journal of Consulting and Clinical Psychology, v.73, n.2, p.300-311, 2005. [3] TAKAHASHI, M., et al. Impact of breast cancer diagnosis and treatment on women's sexuality: A survey of Japanese patients. Psycho-Oncology, v.17, n.9, p.901-907, 2008. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 31 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 5. BULLYING E A INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM Elizângela Mara Sikóra Graduanda em Enfermagem UNIESP - TQ E-mail: [email protected] Dario Renan Pegoraro Bacharel em Sistemas de Informação UNIESP – TQ E-mail: [email protected] Introdução: O comportamento agressivo entre crianças e jovens, caracterzado por agressividade física e psicológica praticadas intencionalmente e sem motivos evidentes, deixou de ser visto como brincadeira de criança, passando a ser pesquisado como uma forma de violência desde a década de 1980. Atos de discriminação, exclusão, apelidos ou até mesmo chutes e empurrões, atualmente são denominados como bullying. Jovens e crianças acreditando sobressair-se dentro de um grupo, um ou mais indivíduos vtimizam aqueles que geralmente são mais vulneráveis e caracterizam-se por desfavorecimento físico, social-economico, orientação sexual ou etnia. Esse comportamento agressivo, muitas vezes é encarado como normal pela sociedade. Pois é muito comum encontrar autores e vitimas dessas agressões. O que não se leva em consideração é que esse fenômeno pode causar danos tanto ao desenvolvimento infantil como a saúde mental dos envolvdos, alguns dos transtornos mais comuns são: depressão, bulimia, anorexia, transtorno de ansiedade, fracasso escolar e até suicídio. Na atualidade o bullyng passa por um agravante que é o cyberbullying, o que facilita em grande proporção a propagação deste fenômeno devido à utilização dos espaços virtuais para a realização deste tipo de violência. Onde além da intimidação recebida, ainda acontece a exposição desenfreada. Segundo Aramis,única maneira de combater esse tipo de prática é a cooperação por parte de todos os envolvidos: professores, funcionários de escolas, alunos e pais: “Todos devem estar de acordo com o compromisso de que o bullying não será mais tolerado”. A violência é um importante problema de saúde pública que vem crescendo cada vez mais no mundo, acarretando em consequências individuais e sociais. A enfermagem atuando na promoção da saúde e prevenção de doenças, pode intervir, evitando agravos a saúde uma vez que tal fenômeno pode acarretar problemas com a auto estima e a saúde mental dos vitimizados, podendo levar a consequências trágicas. Objetivo: Levantar na literatura a temática: bullying e suas consequências e o papel do enfermeiro na prevenção e diagnóstico dos possíveis danos à saúde e ao desenvolvimento de crianças e adolescentes. Metodologia: Artigos indexados no Scielo (Scientific Eletronic Library Online) que estejam em português e usem as palavras chaves: bullying, violência, prevenção. Sendo uma pesquisa de natureza qualitativa. Resultado: Foram organizados tendo por base a revisão bibliográfica. Neste artigo, a percepção é entendida como sendo única para cada indivíduo e representa o que cada pessoa traz de si e elabora, conforme seu meio e sua realidade (KING 1981). Portanto, é necessário conhecer as percepções da criança e do adolescente, para que a prática de enfermagem possa contribuir, adequando as ações oferecidas para a realidade desses indivíduos, especialmente fazendo uso de uma visão holística. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 32 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Considerações: Crianças e adolescentes são capazes de barbáries quando se trata de poder, frente aos outros individuos de seus grupos. As consequências da prática do bullying são perversas podendo ir de graves a fatais. Conscientizar o público alvo de que esses atos são violência, através de estratégias de prevenção, ofertando informações a esse respeito, estimulando a empatia e dando espaço para debates sobre o assunto em ambientes tranquilo. Diminuindo assim o impacto deste fenômeno sobre a saúde pública. Palavras-chave: Bullying; Violência; Enfermagem. Referências NETO A. A, SAAVEDRA LH. Diga NÂO para o Bullying. Rio de Janeiro: ABRAPI; 2004. Links ] Rede Globo Comunicação e Participações. (2006, 30 jan.). Mais Você [Programa de televisão]. O bullying pode causar sérios traumas. Retirado em 31 jan. 2007, de http://maisvoce.globo.com/ [ Links ] CAVALCANTE, M. (2004, dez.). Como lidar com brincadeiras que machucam a alma. Revista Nova Escola, 178. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 33 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 6. REFLEXÕES SOBRE SEXUALIDADE INFANTIL: DO DESENVOLVIMENTO HUMANO À PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO SEXUAL Marília Ferranti Marques Scorzoni Educadora. Licenciada em Letras. Especialista em Gestão Educacional. Membro efetivo do CAESOS [email protected] Camila Ferreira Gomes Educadora. Licenciada em Letras. Especialista em Gestão Educacional. Membro efetivo do CAESOS E-mail: [email protected] Sonia MariaVillela Bueno Profª. Drª. Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Presidente do Grupo de Pesquisas CAESOS-EERP/USP E-mail: [email protected] Introdução: A sexualidade é uma essencial dimensão humana que, diferente da conceituação vulgar que lhe é dada, não se refere apenas a questões biológicas e anatômicas. É, porém, muito mais ampla. Manifesta-se em todas as fases da vida do ser humano e está diretamente relacionada com o desenvolvimento da personalidade. Suas primeiras manifestações ocorrem na infância e se desenvolvem de forma diferente em cada momento da vida através de experiências, sendo fundamental uma vivência saudável dessas experiências uma vez que a mesma contribuirá para o desenvolvimento global do individuo. Atualmente, percebe-se crescente reconhecimento da importância da sexualidade no desenvolvimento integral do individuo. Resgatando-se estudos de Freud (1856 – 1939) conclui-se que o inicio das Neuroses está na repressão sexual, sofrida na infância, período importante para a formação integral do individuo, onde ocorrem as construções sociais de gênero e o desenvolvimento da sexualidade. Isto posto, o papel do educador torna-se essencial frente às manifestações e descobertas na infância. Sabe-se que os pilares da educação infantil são a família e as instituições de ensino e que a educação sexual deve ocorrer primordialmente nestas esferas. Todavia, nota-se que, geralmente, a família transfere sua função em relação à orientação sobre a sexualidade para a escola, focando-se, principalmente, na figura do educador. Objetivo: Refletir sobre o desenvolvimento da sexualidade infantil a partir dos estudos de Freud (1856-1939) e analisar de forma crítica a postura do educador através de sua prática pedagógica frente ás manifestações da sexualidade infantil. Metodologia: Pesquisa qualitativa, de cunho humanista, estudo descritivo-exploratório de produções cientificas atuais. Considerações: Constatou-se que, embora, suas manifestações estejam cada vez mais presentes no contexto escolar, a educação sexual ainda é praticada em número restrito de escolas. Estas dificuldades são decorrentes de fatores como a falta de formação e preparo do educador e da resistência imposta por uma visão biologicista. Percebe-se, então, uma lacuna na função da educação sexual, resultando em uma formação fragmentada da sexualidade. Para compreender melhor a expressão da sexualidade infantil é importante considerar que a criança se encontra em uma fase de intensas descobertas, desvendando a si própria e ao Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 34 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente mundo, descobrindo-se como um sujeito e tentando compreender as diversas redes de relações com a realidade que a cerca. Tendo isso em mente, o educador poderá atuar de forma mais livre e ampla sobre seu papel como agente formativo da sexualidade de seu aluno. Concluísse, assim, que há uma eminente urgência de formar educadores capacitados para trabalharem pedagogicamente a sexualidade humana, de forma ética, crítica e reflexiva, conscientes de que educação sexual é formar a pessoa de forma integral para uma vivência saudável da sexualidade. Referências BUENO, S. M. V. Tratado de educação preventiva em sexualidade, DST, AIDS, DROGAS E VIOLENCIA nas escolas. Ribeirão Preto. SP: fierp/EERP. USP. 2009 D’ANDREA, Flávio Fortes, Desenvolvimento da personalidade, 16 ed. Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 2003 NUNES, César; SILVA, Edna. As manifestações da sexualidade da criança. Campinas: Século XXI, 1997 (Coleção Sexualidade e Educação). Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 35 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 7. RELAÇÃO ENTRE EXPERIÊNCIAS AFETIVO-SEXUAIS E TRANSTORNOS ALIMENTARES Carolina Leonidas Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP/USP Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares – GRATA/HC-FMRP-USP E-mail: [email protected] Ana Luisa Carvalho Guimarães Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP/USP Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares – GRATA/HC-FMRP-USP Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP/USP Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares – GRATA/HC-FMRP-USP Introdução: Os transtornos alimentares (TA) são quadros psicopatológicos caracterizados por graves perturbações no comportamento alimentar, e que podem resultar em prejuízos biológicos, psicológicos e sociais, que acarretam aumento da morbidade e mortalidade (BORGES; SICCHIERI; RIBEIRO; MARCHINI; SANTOS, 2006). A anorexia nervosa (AN) e a bulimia nervosa (BN) são os dois tipos mais prevalentes de TA, e que possuem os maiores índices de mortalidade (KAPLAN; SADOCK, 1998, citado por CABRERA, 2006). Levandose em conta que a arquitetura emocional das mulheres jovens e adultas com TA inclui retraimento social, condutas evitativas de contato interpessoal, impulsividade, inibição, entre outros, destaca-se como questão de pesquisa a suposição de que o quadro psicopatológico influencia o início e o desenrolar da vida afetivo-sexual das pacientes. Objetivos: Investigar de que forma se configuram as relações afetivo-sexuais que as mulheres com TA estabelecem ao longo de sua vida, e as possíveis repercussões que o quadro pode exercer sobre a qualidade desses relacionamentos. Metodologia: Empreendeu-se uma revisão integrativa da literatura científica nacional e internacional a respeito do tema proposto. Foram selecionados os seguintes descritores, de acordo com o DeCS – Descritores em Ciências da Saúde: transtornos da alimentação, eating disorders, sexualidade, sexuality, comportamento sexual e sexual behavior. Optou-se por incluir também os seguintes descritores não-controlados (palavras-chave): relações afetivas, emotional relationships, conjugalidade e marital relationships. As bases de dados consultadas foram: MedLine, SciELO e PsycINFO. Levando-se em conta que o propósito deste estudo era reunir artigos que apresentassem uma intersecção entre os temas propostos, as buscas foram realizadas com os unitermos de forma combinada, em duplas. Em relação ao período de publicação, circunscreveu-se um intervalo de 10 anos. Assim, foram selecionados artigos publicados entre os anos de 2000 e 2009. Em relação ao idioma, restringiu-se a busca aos trabalhos publicados nos idiomas português, espanhol e inglês. Os artigos repetidos, isto é, que apareceram mais de uma vez, em diferentes combinações de palavras-chave e descritores, foram computados uma única vez. Resultados: Considerando-se os critérios de inclusão e exclusão previamente determinados, foram encontrados 913 trabalhos na íntegra, dos quais 29 foram selecionados e 12 foram recuperados. Os artigos recuperados foram analisados de forma aprofundada e contituíram o corpus da pesquisa. No que diz respeito às fontes de publicação, observa-se um predomínio total de periódicos internacionais, especialmente da América do Norte (33,4%), mais Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 36 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente especificamente dos Estados Unidos, e na Europa (25%), sendo um artigo da Suíça, um da Inglaterra e um da Alemanha. Os outros cinco artigos encontrados estavam indexados em periódicos online (European Eating Disorders Review e International Journal of Eating Disoders). Não foram encontrados artigos publicados em revistas científicas nacionais. O maior número de trabalhos publicados no tema investigado no presente estudo concentrou-se nos anos 2004, 2005 e 2008, o que demonstra que o tema em questão vem adquirindo importância maior na atualidade. Os resultados dos estudos revisados indicaram, de modo geral, que as mulheres jovens e adultas com AN possuem desinteresse em relacionamentos afetivos, diminuição da libido, dificuldade de estabelecer relações íntimas, atitude negativa frente à sexualidade, menos interesse e menor número de experiências com namoro do que adolescentes com BN. As mulheres com BN apresentam menarca e experiências sexuais precoces e intensas, relacionadas ä impulsividade. Já as relações sexuais de mulheres com AN, quando existentes, são sempre insatisfatórias. Essas mulheres relatam insegurança para ter relações sexuais, medo, ansiedade, incômodo apenas pelo pensamento de contato físico (decorrente da insatisfação com a imagem corporal), despreparo para desenvolver relacionamentos afetivos. No entanto, essas mulheres também relatam o desejo de possuir um relacionamento íntimo; mulheres com TA vivenciam a menarca, as mudanças corporais decorrentes da puberdade e as primeiras atividades sexuais de forma muito negativa, mais do que as mulheres saudáveis. Ao considerar a complexidade que reveste o desenvolvimento sexual e afetivo das mulheres com TA, os estudos demonstram, de modo consistente, a necessidade de tratamento interdisciplinar. Considerações: Em função do baixo número de artigos encontrados, evidenciou-se que não existe uma literatura consolidada acerca da sexualidade e das questões de afetividade e conjugalidade dentre as pacientes com TA, principalmente no âmbito nacional. Esse dado sugere que pouca atenção tem sido prestada às questões emocionais envolvidas na dificuldade das mulheres com TA em estabelecer vínculos afetivos sólidos e na repercussão que essa dificuldade exerce tanto no quadro psicopatológico quanto na vida em geral dessas mulheres. Nesse panorama destacamos a necessidade de futuras investigações acerca da temática, com o objetivo de fornecer esclarecimentos mais pormenorizados a respeito das emoções relacionadas às experiências sexuais e afetivas no contexto dos TA e proporcionar maiores evidências para a prática clínica, levando a uma compreensão mais abrangente por parte dos profissionais envolvidos na assistência, sem esquecer da prevenção e promoção de saúde. Palavras-chave: sexualidade, relações afetivas, transtornos alimentares. Referências: BORGES, N. J. B. G.; SICCHIERI, J. M. F.; RIBEIRO, R. P. P.; MARCHINI, J. S.; SANTOS, J. E. Transtornos alimentares: Quadro clínico. Revista Medicina, Ribeirão Preto, v. 39, n. 3, pp. 375-380, 2006. CABRERA, C.C. Estratégias de intervenção interdisciplinar no cuidado com o paciente com transtorno alimentar: O tratamento farmacológico. . Revista Medicina, Ribeirão Preto, v. 39, n. 3, pp. 340-348, 2006. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 37 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 8. EDUCAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA: VARIÁVEIS NA INICIAÇÃO DA ATIVIDADE SEXUAL Camila Ferreira Gomes Educadora. Licenciada em Letras. Especialista em Gestão Educacional. Membro efetivo do CAESOS E-mail: [email protected] Marília Ferranti Marques Scorzoni Educadora. Licenciada em Letras. Especialista em Gestão Educacional. Membro efetivo do CAESOS [email protected] Sonia MariaVillela Bueno Profª. Drª. Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Presidente do Grupo de Pesquisas CAESOS-EERP/USP E-mail: [email protected] Introdução: Desde a era cristã, a sexualidade vem sendo vista como algo potencialmente perigoso, que por vez tem exigido controle e trazido castigos para quem infringisse suas regras. Isto tem contrastado e complementado com a ideia de descontrole ou rompimento de limites, principalmente relacionada à adolescência e à juventude, fazendo com que a prática do sexo em relação a eles pelos seja vista com receio (VILLELA e DORETO, 2006). Deveras, direitos sexuais e direitos reprodutivos se constituem de certos direitos humanos fundamentais, reconhecidos em leis nacionais e internacionais. E nascem a partir da definição de saúde reprodutiva, buscando interagir os direitos sociais, principalmente, o direito à saúde, à educação, à informação, com os direitos individuais de não haver interferência e discriminação (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a). A saúde sexual e a saúde reprodutiva de adolescentes têm sido foco de inúmeros e profundos debates, questionamentos e controvérsias. A garantia dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos dessa população é uma questão de direitos humanos e propicia o pleno exercício do direito fundamental à saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006 Objetivo: Compreender as necessidades reais do conceito de adolescência na literatura, sob uma grande diversidade e com múltiplos e variados enfoques, caracterizando-se como uma noção historicamente determinada. Proporcionando com isso a garantia dos direitos sexuais e direitos reprodutivos da população e seu pleno exercício do direito fundamental à saúde. Metodologia:Trabalho desenvolvido pela pesquisa qualitativa, bibliográfica e intervenção educativa sobre os estudos de artigos elaborados pelas pesquisadoras, na perspectiva de gênero de uma construção social e cultural nas relações de poder em cada tempo, espaço e grupo social. Considerações: Através do estudo, pode-se fazer uma caracterização das transformações, destacando que os adolescentes têm direito à educação sexual, ao sigilo sobre sua atividade sexual e ao acesso à orientação. A consciência desse direito implica reconhecer a individualidade e a autonomia do adolescente, estimulando-o a assumir a responsabilidade à sua própria saúde. A saúde é setor privilegiado para promoção e garantia dos direitos humanos dos adolescentes. A partir disso, nós profissionais atuantes podemos intervir de forma satisfatória na implementação de um elenco de direitos, aperfeiçoando as políticas de Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 38 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente atenção a população, por meio de ações e atividades articuladas. Palavras-chave: Adolescência, educação sexual. Referências ALMEIDA MCC, AQUINO EML, GAFFIKIN L, MAGNANI RJ. Uso de contracepção por adolescentes de escolas públicas na Bahia. Rev Saúde Pública 2003. BUENO, S. M. V.; OLIVEIRA, C. F. A. M. Comunicação educativa do enfermeiro na promoção da Saúde Sexual do escolar. Rev. Latino-Am. Enfermagem, 1997. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Marco teórico e referencial: saúde sexual e saúde reprodutiva de adolescentes e jovens. Brasília; DF; 2006a. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 39 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 9. EDUCAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA: REVISÃO DA LITERATURA CIENTÍFICA Laiz Elena Ribeiro Graduanda do 8º semestre do Curso de Enfermamgem da EERP/USP E-mail: [email protected] Aline Fernandes da Costa Graduanda do 8º semestre do Curso de Enfermamgem da EERP/USP E-mail: [email protected] Juliana Cristina dos Santos Monteiro Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP E-mail: [email protected] Introdução: A adolescência é um período de transição para a maturidade e, por assim dizer, o elo entre a infância e a idade adulta. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a adolescência é a idade correspondente dos 10 aos 19 anos, sendo a pré-adolescência dos 10 aos 14 anos e a adolescência, propriamente dita, dos 15 aos 19 anos. A adolescência é marcada por muitas transformações, descobertas e anseios do adolescente e nesse período acarreta diversos problemas biológicos e psicossociais, porém é um problema social que pode resultar em conseqüências médicas. As transformações relacionadas à sexualidade dos adolescentes são progressivas e, na atualidade, a iniciação sexual está cada vez mais precoce. Neste período em que os adolescentes estão descobrindo seu corpo e a sua sexualidade, a falta de orientações adequadas que permitam uma reflexão sobre sua vida sexual pode colocá-los em situação de risco e vulnerabilidade a diversos problemas, entre eles a gravidez indesejada e as doenças sexualmente transmissíveis. A sexualidade é um elemento significante na formação da identidade da adolescente, manifestada por múltiplas identificações, como da imagem corporal, da descoberta do outro como objeto de amor ou desejo e da descoberta de si e das relações com os outros. Em relação, aos métodos contraceptivos, os hormonais orais são os mais conhecidos, bem como os mais utilizados por adolescentes, apesar de não proporcionar proteção contra as DST, o que leva a ser recomendado o uso concomitante de preservativo até mesmo para aumentar a eficácia dos contraceptivos hormonais, em especial entre adolescentes. Quando questionado, 27% dos adolescentes disseram que "sempre" tentaram evitar a gravidez por métodos contraceptivos e 18,2% relataram fazer uso na "maior parte do tempo” destes. É muito importante que se conheça o que os adolescentes pensam, sua realidade, mitos e tabus com respeito a sua sexualidade para que se possa abordála de modo a contribuir para o seu crescimento e desenvolvimento sexual saudável, sendo essencial analisar o conhecimento dos adolescentes sobre sexualidade, métodos contraceptivos, gravidez e doenças sexualmente transmissíveis. Objetivo: Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de investigar, por meio da revisão integrativa da literatura, o conteúdo da produção científica nacional e internacional, relativo às orientações sobre sexualidade e gravidez oferecidas aos adolescentes. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa descritiva. Para a seleção dos artigos foram utilizados os descritores: “adolescentes”, “gravidez” e “educação sexual”. A busca dos artigos foi realizada nas bases de dados LILACS e MEDLINE, no período de 1999 a 2009. A amostra desta revisão constituiu-se de 08 artigos. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 40 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Resultado: Dentre as publicações analisadas, 07 artigos (87,5%) tinham como objetivo avaliar o conhecimento dos adolescentes em relação à sexualidade, DST, métodos contraceptivos e gravidez; estes identificaram que é baixo o nível de conhecimento dos adolescentes. Todos os artigos são originários da América latina, sendo o Brasil o maior responsável pelos estudos, 3(37,5%), seguido pelo Chile 2(25%). Dentre os artigos, 07(87,5%) foram estudos transversais, e apenas 1(12,5%) longitudinal. De acordo com os dados, verificamos que apenas dois estudos apresentaram intervenções: oficinas e programas que atingem diretamente os adolescentes. Os resultados apresentados apontam a importância de uma abordagem mais interativa junto aos adolescentes, de forma que trate as questões gravidez na adolescência e DSTs como assuntos complementares e relacionados. Considerações: Apesar de a adolescência e o conhecimento sobre gravidez serem assuntos comuns nos dias atuais, são poucos os estudos que trabalham esta questão e poucas as intervenções descritas. O conhecimento dos adolescentes ainda é precário em relação à sexualidade e gravidez, deixando como alerta aos profissionais de saúde a necessidade da realização de atividades educativas que considerem as reais necessidades dos adolescentes, bem como a divulgação de cartilhas disponibilizadas pelo Ministério da Saúde. Palavras-chave: adolescente, educação sexual, gravidez. Refêrencias BRASIL. Ministério da Saúde. Gravidez na adolescência: encare essa realidade. Disponível em: <http://dtr2001.saude. gov.br/bvs/dicas/46gravidez.htm >. Acesso em 12 jan. 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Marco teórico e referencial: saúde sexual e saúde reprodutiva de adolescentes e jovens. Brasília, 2006a. 56 p. JORGE, M.S.B.; FIÚZA, G.V.; QUEIROZ, M.V.O. Existential phenomenology as a possibility to understand pregnancyexperiences in teenagers. Revista Latino-americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v.14, n.6, p. 907-14, 2006. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 41 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 10. A AVALIAÇÃO DE UM PROGRAMA DE INCLUSÃO SOCIAL DE ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE NUMA ESCOLA MUNICIPAL EM UBERLÂNDIA, MINAS GERAIS Flávia Carvalho Malta Mello Bióloga, Mestre em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia. EERP/USP Ribeirão Preto E-mail: [email protected] Introdução: O Brasil é um país cheio de desigualdades, tornando-se importante desenvolver propostas que busquem o aumento da equidade. O projeto avaliado foi desenvolvido em uma escola pública municipal em Uberlândia/MG entre os anos de 2004 a 2007 e teve como objetivo a inclusão social pela educação de adolescentes de 6ª e 7ª séries, estimulando o senso de responsabilidade e a auto-estima dos estudantes. Foram inscritos no projeto 25 adolescentes vulneráveis ao risco de abandonar a escola. Todos os adolescentes foram indicados ao programa pelos próprios professores. Eram alunos que apresentavam um histórico de desempenho acadêmico insatisfatório, muitos deles com histórias de repetências durante a trajetória escolar. A maioria encontrava-se altamente desmotivada, com altos índices de absenteísmo. Além disso, alguns adolescentes estavam envolvidos com episódios de violência escolar, alguns na condição de vítimas outros na de agressores. A estratégia adotada pelo projeto visava acompanhar estes jovens e estimulando-os no exercício da monitoria de alunos mais novos (1ª à 4ª série do Ensino Fundamental), da mesma escola, apoiando os alunos monitorados nas tarefas escolares, sob a supervisão de professores da escola. Os monitores recebiam mensalmente, como reconhecimento aos seus esforços, uma ajuda de custo – não em dinheiro, mas em bônus que pudessem ser trocados em lojas e supermercados. Tal bônus era referente à freqüência dos monitores na escola e nas atividades do projeto. Eram programadas, pelo coordenador local do projeto, atividades no decorrer do ano letivo, como visitas à instituições de trabalho, indústrias, instituições de ensino profissionalizante e outros, visando despertar nesses jovens a possibilidade de um futuro mais promissor. Objetivo: Apresentar os resultados da avaliação do projeto de inclusão social pela educação de adolescente, desenvolvida por uma ONG apoiada pela iniciativa privada em uma escola pública municipal na periferia do município de Uberlândia, Minas Gerais. Metodologia: Trata-se de um estudo de caso e o atual trabalho descreve a metodologia qualitativa empregada na avaliação do projeto e apresenta os principais resultados. Foram realizadas entrevistas com os alunos, pais e professores, bem como, acompanhamento dos alunos pela pesquisadora, avaliando seu desempenho escolar, participação nas atividades escolares e nas atividades extracurriculares do projeto. As categorias analíticas propostas: percepção do aluno sobre o processo, percepção da importância da bolsa, relação entre o monitor e os alunos monitorados, relação entre monitores e professoras, avaliação dos pais, participação nos encontros extracurriculares. Resultados e Considerações: O programa, durante os anos em que foi implementado na escola municipal, foi bem avaliado por professores, pais e alunos. Cumprindo o papel de incentivar jovens desmotivados, excluídos do contexto da escola e, conseqüentemente, em condição de vulnerabilidade. Ressignificando, com isto, sua condição de aluno. O programa também colaborou no aprendizado do aluno, além de contribuir para o êxito da educação de seus colegas, fossem eles monitores ou monitorados. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 42 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Palavras-chave: Inclusão social, adolescentes, violência escolar. Referências MINAYO, M. C. S. et al. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 6. ed. São Paulo: Hucitec, pp. 269, 1999. AYRES, J. R. C. M. ET. alii. O Conceito de Vulnerabilidade e as Práticas de Saúde Novas perspectivas e desafios. In: CZERESNIA, D. (org.). Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro: Fiocruz, Capítulo 6, p. 117-140, 2003. MALTA, D. C.; SILVA, M. A. I.; MELLO, F. C. M.; MONTEIRO, R. A.; SILVA, C.; SARDINHA, L. M.; CRESPO, C.; CARVALHO, M. G.,O.; SILVA, M. M. A.; PORTO, D. L. Bullying nas escolas brasileiras: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, 2009. Artigo aprovado para publicação na Revista Ciência e Saúde Coletiva da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 2010. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 43 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 11. IDENTIFICAÇÃO DA REDE SOCIAL SIGNIFICATIVA DE MULHERES PORTADORAS DE HIV/AIDS Juliana Vieira von Zuben, graduanda em Psicologia Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP-USP E-mail: [email protected] Profª Dra. Carla Guanaes Lorenzi Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP-USP E-mail: [email protected] Maria Rosa Rodrigues Rissi, psicóloga Unidade Especial de Terapia de Doenças Infecciosas – HCFMRP – USP E-mail: [email protected] Introdução: Desde os primeiros casos relatados de HIV/aids, nos Estados Unidos, em 1981, o mundo se vê frente a uma epidemia que se tornou um marco na história da humanidade. Os discursos e o entendimento sobre o HIV/aids foram mudando ao longo do tempo, bem como sua configuração. Enquanto as ações iniciais de prevenção e controle da doença se faziam em torno do conceito de “risco”, aplicado a “grupos de risco” e “comportamentos de risco”, atualmente privilegia-se uma compreensão mais abrangente da disseminação da doença, a qual hoje também é comum entre jovens e mulheres heterossexuais, através da retomada do conceito de “vulnerabilidade”. Porém, o estigma atribuído aos primeiros portadores da doença, identificados como “grupos de risco”, acompanha até hoje as pessoas atingidas pelo HIV/aids, podendo levar à diminuição do convívio e das relações interpessoais. Objetivo: Partindo da concepção de que a rede social tem influência direta sobre a saúde/saúde mental de uma pessoa e que, do mesmo modo, o seu estado de saúde influencia a manutenção de sua rede, este estudo objetiva refletir sobre a rede social significativa de mulheres portadoras de HIV/aids, após o diagnóstico, identificando a dimensão estrutural, as funções e os vínculos existentes entre as pessoas que compõem essa rede. Metodologia: A rede social foi investigada considerando-se quatro dimensões: a família, o trabalho, as amizades e a comunidade na qual a pessoa está inserida. Participaram desse estudo mulheres em acompanhamento na Unidade Especial de Terapia de Doenças Infecciosas do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo. A pesquisa foi desenvolvida através de entrevistas semi-estruturadas, tendo como disparador a construção do “mapa da rede” das entrevistadas. A análise dos dados foi feita por procedimentos qualitativos, tendo por base a perspectiva construcionista social em Psicologia. Resultados: As características sócio-econômicas das mulheres foram ao encontro das descritas na literatura: baixa escolaridade e renda, desconhecimento de sua vulnerabilidade e de informações sobre a doença antes do diagnóstico. Observou-se, no discurso das mulheres, que o preconceito sentido pelas mesmas ao longo de sua relação com a doença foi sempre o mesmo, independente do tempo de diagnóstico; a percepção do apoio da família, ou da falta do mesmo foi sempre presente nas falas; e o cuidado e as informações obtidas através dos profissionais da saúde foram narrados como muito importantes para o enfrentamento da doença. Considerações: Dessa forma, o apoio afetivo, instrumental e de informações, advindos de pessoas significativas da rede social dessas mulheres são entendidos como fundamentais no Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 44 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente enfrentamento da doença, por parte das mesmas. Os processos de coleta e análise de dados ainda encontram-se em andamento. (FAPESP) Palavras-chaves: HIV/Aids; mulheres; rede social significativa. Referências AYRES, J. R.; FRANCA JUNIOR, I.; CALAZANS, G,; SALLETI FILHO, H. Vulnerabilidade e prevenção em tempos de aids. In: BARBOSA, R. M.; PARKER, R. (Orgs.). Sexualidades pelo avesso. Rio de Janeiro: IMS/UERJ, 1999. p. 49-71. SLUSKI, C. E. A rede social na prática sistêmica: alternativas terapêuticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997. 148p. SPINK, M. J. P.; MENEGON, V. A pesquisa como prática discursiva: superando os horrores metodológicos. In: SPINK, M. J. P. (Org). Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. São Paulo: Cortez, 1999. cap. 3, p. 63-92. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 45 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 12. ASSÉDIO MORAL NA ENFERMAGEM: CONSEQUÊNCIAS PSÍQUICAS Sonia Maria Villela Bueno Profª Drª Livre Docente do Depto. EPCH da EERP-USP E-mail: [email protected] Munira Penha Domingues Enfermeira e Dra em Enfermagem Psiquiátrica pelo Dpto. EPCH da EERP-USP E-mail: [email protected] Priscila Penha Domingues Advogada em Direito do Trabalho e pesquisadora do Grupo CAESOS – E-mail: E-mail: [email protected] Introdução: O assédio moral no trabalho (AMT) tem sido uma constante em serviços em geral e na saúde. A enfermagem já consta de alguns estudos retratando esta questão revelando necessidade de maior investimento, uma vez que leva a desestruturação da vida do trabalhador e comprometimento na qualidade do serviço. Objetivo: Buscar dados na literatura sobre o AMT. Metodologia: Pesquisa qualitativa através de estudo analítico-documental. Baseamos no LILACS e DEDALUS (déc 2000). Descritores: enfermagem, assédio moral e educação. Resultados: Encontramos 11 fontes (4 livros, 4 periódicos, 1 anais, 1 boletim jurídico e 1 dissertação). O AMT é entendido como conduta abusiva através de comportamentos com intencionalidade/repetitividade, colocando em risco sujeitos e instituições; aumento da produtividade estimula a exploração do profissional causando violência; assediados sentem baixa auto-estima e improdutivos levando-os a incapacidade, depressão, ansiedade e até a morte; assediado precisa de provas concretas para se defender; falta de conscientização do trabalhador em relação a danos a si próprio e pedidos de demissão e a formação do profissional não resgata a temática para o enfrentamento do AMT. Considerações: A temática revela importância para manutenção da saúde física/mental do trabalhador garantindo direitos para soluções. É importante o profissional de enfermagem ter em sua formação educação em enfermagem forense a fim de evitar conseqüências psíquicas e conflitos organizacionais Palavras-Chave: assédio moral/ enfermagem/ formação profissional Referências Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 46 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 13. AMAMENTAÇÃO E SEXUALIDADE: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA Driéli Pacheco Rodrigues Aluna do quinto ano do curso de Licenciatura em Enfermagem Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP E-mail: [email protected] Helena Sarno Soares Oliveira Aluna do quarto ano do curso de Bacharelado em Enfermagem Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP E-mail: [email protected] Profª. Drª. Juliana Cristina dos Santos Monteiro Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública - MISP Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP E-mail: [email protected] Introdução: O aleitamento materno oferece inúmeros benefícios, do ponto de vista biológico e social, se constituindo em uma prática vantajosa para a mulher e para a criança. Considerando todos os aspectos do aleitamento materno, após o nascimento do bebê espera-se que a mulher esteja decidida pela amamentação, porém muitas vezes esta não tem a chance de manifestar seus reais anseios e quais são suas condições físicas e emocionais para amamentar. O seio materno como zona erógena pode acrescentar alguns tabus à amamentação causando conflitos na percepção que a mulher tem acerca de sua sexualidade nesse período. Outro aspecto importante é que durante a amamentação os níveis de prolactina suprimem a produção de estrógenos, que por sua vez levam a uma lubrificação vaginal diminuída enquanto resposta à estimulação sexual. Dessa forma, a amamentação, como parte do ciclo reprodutivo da mulher, guarda estreita relação com a sexualidade feminina e a dupla função dos seios femininos - maternal e erótica, pode ser fator importante de alterações na sexualidade do casal e na decisão de amamentar após o retorno da atividade sexual. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi investigar, por meio da revisão integrativa da literatura, o conteúdo da produção científica nacional e internacional relativo à relação entre amamentação e sexualidade com a finalidade de fundamentar o cuidado de enfermagem às mulheres durante o período do aleitamento materno. Metodologia: Trata-se de um estudo com coleta de dados realizada a partir de fontes secundárias, por meio de levantamento bibliográfico e realização de uma revisão integrativa da literatura. Para a seleção dos artigos foi realizada uma busca nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde - LILACS e Literatura Internacional em Ciências da Saúde – MEDLINE. A consulta a estas bases de dados foi realizada de acordo com o objetivo do estudo utilizando-se a combinação dos descritores amamentação e sexualidade, no período de janeiro de 2000 a junho de 2010. A amostra desta revisão constituiu-se de 09 artigos, 03 da base de dados LILACS e 06 da base de dados MEDLINE. Resultado: A análise das referências selecionadas possibilitou tanto a caracterização geral como a análise temática dos conteúdos das mesmas. Entre os artigos, 05 (55,5%) são originais e 04 (44,4%) são de revisão ou de atualização. Quanto ao idioma de publicação 66,6% estavam publicados em inglês e 33,4% em português. A análise do conteúdo dos artigos possibilitou a identificação de quatro temáticas: constrangimento em relacionar amamentação Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 47 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente e sexualidade; influência de fatores sócio-culturais na percepção da sexualidade durante a amamentação; dicotomia entre o ser mãe e o ser mulher e o suporte do parceiro durante o período de amamentação. Considerações: A partir da análise realizada verifica-se que ainda há um grande tabu em discutir a questão da sexualidade em qualquer etapa da vida, principalmente em um período tão delicado como é o de amamentação. Além dos fatores fisiológicos que concernem o pósparto e influenciam a sexualidade feminina, há aspectos de ordem social e cultural que podem afetar positiva ou negativamente a vivência da sexualidade e da amamentação. É necessário que os profissionais da saúde, especialmente os da enfermagem, invistam no desenvolvimento de vínculo com as mulheres no período pueperal, de modo que estas se sintam mais seguras para discutir sobre suas dúvidas e questionamentos referentes à sua sexualidade. Palavras-chave: aleitamento materno; sexualidade; enfermagem. Refêrencias LOWDERMILK, L.D.; PERRY, E.S.; BOBAK, I.M. O Cuidado em Enfermagem Materna, 5º edição, Ed. Artmed, São Paulo, 2002. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Evidências científicas dos dez passos para o sucesso no aleitamento materno. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2001. PEREIRA, G.S. Amamentação e sexualidade. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 11, n. 2, Dez. 2003. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 48 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 14. A VIOLÊNCIA EM FORMA DE BULLYING NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA Fernando Gomes Silva Prof. Educação Física Esp. Fisiologia do Exercício (UFSCAR) e SáudePública com Ênfase em Saúde da Família - UNAERP E-mail: [email protected] Erika do Carmo Bertazone Profª. Drª. Adjunto da Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP E-mail: [email protected] Introdução: A violência escolar é um fenômeno antigo em todo o mundo, se constituindo num “grande problema social” (Abramovay e Rua, 2003). Pela grande freqüência de relatos, inclusive nas aulas de educação física, onde os estudantes, adolescentes apresentam maior contato uns com os outros levando a casos de agressões físicas, verbais. Segundo Oliveira e Votre (2006), esse tipo de violência é objeto de investigação e está sendo divulgado com freqüência pela mídia conhecendo-se mundialmente por “bullying”. Devido à adolescência ser um período que ocorre maiores transformações no aspecto psicológico, fisiológico e moral houve a importância desse estudo. De acordo com Fante (2005, p.9) essa violência faz com que aos poucos, o adolescente afetado venha a sofrer com relação ao seu psiquismo. Objetivo: Identificar as formas de violência escolar, oferencendo subsídios para identificar o “bullying”. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, de revisão sistemática da literatura sobre o bullying no ambiente escolar. A busca de artigos de revisão sobre o bullying entre os estudantes observou os parâmetros: adolescentes, estudantes e o período de publicação entre 2000 e 2010. Considerações: Os professores precisam estar mais atentos e buscar a discussão com os alunos baseando-se em questões sobre as diferenças com o intuito de conscientizá-los sobre a necessidade do respeito e da não violência durante as aulas. Palavras-chave: bullying, violência escolar, estudantes, adolescência, educação física escolar. Refêrencias ABRAMOVAY, M.; RUA, M.G. Violências nas escolas: Versão resumida. Brasília, DF: Unesco, 2003. FANTE, C. Fenômeno bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas, SP: Verus, 2. ed, 2005. OLIVEIRA, F., VOTRE, S. Bullying nas aulas de educação física. Movimento, Porto Alegre, v.12, n.02, p. 173-197, Mai/Ago. 2006. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 49 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 15. EXPLORANDO ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO AFETIVO-SEXUAL EM TRÊS GERAÇÕES DA FAMÍLIA DE UMA JOVEM COM ANOREXIA NERVOSA Élide Dezoti Valdanha Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto Email: [email protected] Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto Introdução : Os transtornos alimentares (TA) têm se tornado tema de destaque na literatura científica nacional e internacional. Configuram graves perturbações no comportamento alimentar. Dentre elas tem despertado o interesse da comunidade a anorexia nervosa (AN), caracterizada por uma recusa do indivíduo em manter o peso mínimo adequado para a saúde, temor intenso de ganhar peso e uma perturbação significativa na imagem corporal (AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION, 2002; CLAUDINO & BORGES, 2002). Estudos mostram que as relações familiares podem atuar como agentes mediadores no surgimento e manutenção do transtorno, especialmente o vínculo mãe-filha. Objetivo:Considerando-se que a configuração vincular é essencial para o desenvolvimento emocional e que a transmissão psíquica inter e transgeracional é um operador da dinâmica dos relacionamentos familiares, o presente estudo investigou a transmissão psíquica em três gerações de duas famílias (avó, mãe e a filha, acometida por AN), buscando identificar os conteúdos transmitidos transgeracionalmente, com foco no desenvolvimento afetivo-sexual das participantes. Metodologia: Foram entrevistadas três mulheres da família Monteiro: Caroline (jovem com AN), Maria (mãe) e Elizabeth (avó). Os dados foram coletados por meio de um roteiro de entrevista semiestruturada e analisados a partir do referencial teórico da psicanálise. Resultados e Consideração: Os resultados sugerem que herança psíquica transgeracional guarda relações com o desenvolvimento de padrões de vinculação familiar distorcidos, assim como de relacionamentos amorosos e afetivos. Foi possível identificar que conteúdos psíquicos de alta voltagem emocional não puderam ser elaborados e que, posteriormente, converteram-se em legados que foram transmitidos para as gerações seguintes. As relações amorosas são reeditadas e parecem se repetir nas gerações, porém a sexualidade de Caroline parece ter ficado bloqueada, presa em um corpo infantil, que não pôde se desenvolver e ganhar curvas femininas. Palavras-chave: Palavras-chave: anorexia nervosa, sexualidade, relação entre gerações Referências AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION. Diagnostic and statistical manual of mental disorders DSM-IV-TR. Washington (DC), 2002. CLAUDINO, A. M.; BORGES, M. B. F. Critérios diagnósticos para os transtornos alimentares: conceitos em evolução. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 24, n. 3, p. 07-12, 2002. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 50 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 16. A HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM FRENTE À SEXUALIDADE HUMANA Gisele Coscrato E-mail: [email protected] Profª. Dra. Sonia Maria Villela Bueno Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP/USP E-mail: [email protected] Introdução: A enfermagem, enquanto profissão do cuidado, desempenha papel educativo na área da saúde, mas também presta a assistência propriamente dita, de acordo com as competências legais. Essa profissão está inserida no contexto de mudanças, tanto no que diz respeito à atenção à saúde, quanto na área educativa. Na atenção à saúde, busca a superação do paradigma voltado para a doença, estabelecido pelo modelo de prática profissional denominado biologicista ou biomédico. Na área educativa, a enfermagem busca a superação do paradigma pautado na educação tradicional, que enfoca a transmissão de conhecimentos e saberes científicos, desconsidera o saber popular, a diversidade, as subjetividades e as necessidades dos sujeitos. A humanização em saúde representa um novo paradigma e um desafio nos modos de se fazer e exercer as práticas sem saúde, pois busca contemplar as necessidades dos usuários, de forma cidadã, solidária e digna. Nesse sentido, política de humanização vai de encontro ao cenário de mudanças pretendidas pela enfermagem, entre outras profissões da saúde. A sexualidade humana também está inserida nas subjetividades e na diversidade do indivíduo e comunidade. De acordo com Wanda Horta (1979), teorista da enfermagem, a sexualidade está enquadrada como uma necessidade psicobiológica e psicossocial, caracterizada pelos caracteres sexuais, pelos papéis sociais de gênero e afetivosocial e de identidade sexual. Portanto, a sexualidade humana constitui parte integrante dos cuidados prestados pelo profissional de enfermagem, bem como na pesquisa, ensino e extensão junto a indivíduos e grupos. Objetivo: Neste estudo, objetivamos realizar uma reflexão acerca da temática sexualidade humana na assistência de enfermagem e na Educação para a Saúde, buscando contextualizar esse cenário à humanização em saúde. Metodologia: Realizou-se uma reflexão analítica e crítica quanto à temática da sexualidade correlacionada à assistência de enfermagem, por meio de estudos atuais que discorrem sobre suas interfaces, procurando contextualizar a humanização. Resultados: A Educação para a Saúde e a humanização repercutem na integração entre o saber popular e o saber científico, em direção a melhoria da qualidade de vida. Nesse sentido, a humanização em saúde é tomada como uma estratégia de transformação de realidades e dos próprios sujeitos sociais, que mobilizados e engajados em práticas locais, acabam também por transformar-se a si próprios. Entendemos que a sexualidade, manifestada pelo corpo e pelas subjetividades, evoca o modo como o ser humano se apresenta e interage com o meio ambiente, em busca da satisfação das necessidades humanas básicas, promovendo saúde física e mental. A temática da sexualidade humana inserida na formação do enfermeiro, pode refletir ações educativas na assistência, corroborando uma proposta emancipatória, criativa e humanizada, correspondente à educação progressista, e rompe com a formação voltada para o modelo de assistência biomédico e autoritário para com a população e equipe. Entretanto, a atenção à sexualidade e saúde, inserida no modelo biologicista, apresenta lacunas e ancora-se Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 51 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente na função reprodutiva e nos problemas de ordem clínica e patológica. O que denota necessidade de discussão crítica e contextualizada às questões ligadas à esfera sócio-cultural do ser humano. Tudo isso demonstra que faz-se mister o repensar não somente da prática em si, mas da própria formação do enfermeiro sob uma perspectiva histórico-social e da humanização, pois que a sexualidade, mesmo sendo um tema transversal (na saúde e na educação), ainda é abordada sob a linha da medicina preventiva, de caráter higienista e epidemiológico, atribuindo à noção de comportamento sexual um caráter normativo e de controle, destituindo as questões culturais e sociais. Considerações: Na assistência de enfermagem, deve-se considerar o ser humano e o meio onde ele vive, na tentativa de humanizar a prática profissional. Uma das necessidades que precisa ser resgatada e respeitada enquanto subjetividade humana e parte integrante da assistência, é a sexualidade humana. Depreendemos que a temática da sexualidade humana demanda necessidade de aperfeiçoamento na assistência e mesmo na formação do enfermeiro, com vistas à promoção da saúde física e mental, da ética e da cidadania, nos âmbitos individual e coletivo. Palavras-chave: Sexualidade Humana; Enfermagem; Humanização em Saúde. Referências: ALTMANN, H. Orientação sexual nos parâmetros curriculares nacionais. Rev. Estd. Fem., Florianópolis, v. 9, n. 2, p. 575-585, 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização. HumanizaSus: Documento Base para Gestores e Trabalhadores do SUS. Ministério da Saúde, Brasília (MS); 2004. FREIRE, P. Educação e mudança. 24ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 52 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 17. O CUIDADO ESPIRITUAL NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: RELAÇÃO POSSÍVEL NA HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE Gisele Coscrato E-mail: [email protected] Profª. Dra. Sonia Maria Villela Bueno Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP/USP E-mail: [email protected] Introdução: A assistência de enfermagem passa por diversas mudanças no que diz respeito ao modelo de formação e ao modelo de atenção à saúde. Nesse sentido, cada vez mais tornase evidente a busca por um cuidado mais humanizado, em que o profissional de saúde esteja apto a ouvir as necessidades dos pacientes, de modo que seja realizada uma acolhida em que o usuário possa estar confortável com as decisões sobre sua saúde e seja respeitado nas suas crenças e valores. Quando o paciente se depara com o adoecimento ou até mesmo o risco de morte, há o aparecimento do sentimento de isolamento, de depressão, de inferioridade e de desesperança, o que pode levar ao risco de problemas de ordem mental e de sofrimento espiritual. A partir daí, os pacientes e famílias buscam um sentido aos últimos acontecimentos, levando-os a procurar pela compreensão de tais experiências profundas e graves, além de ter conviver com a sobrecarga de tarefas e necessidades. Nesse contexto, é pertinente que se vise ao cuidado espiritual, que deve ser oferecido ao paciente e família. O cuidado espiritual inserido na assistência de enfermagem tem sido levado em conta em vários estudos nos últimos anos, com vistas a aprimorar os conceitos teóricos e que se reconheça a importância dos contructos interligados à espiritualidade. Objetivo: A inclusão do cuidado espiritual na assistência de enfermagem será objeto deste estudo, onde iremos refletir criticamente acerca da interface desse assunto com a humanização. Metodologia: Realizou-se reflexão crítica acerca da temática, dispondo de alguns estudos atuais que discorrem sobre o cuidado espiritual na assistência de enfermagem, e também sobre humanização e espiritualidade. Em seguida, correlacionamos o cuidado espiritual como interface da humanização em saúde. Resultados: na prática clínica, o enfermeiro se depara com a espiritualidade prejudicada dos pacientes assistidos. Percebemos que torna-se evidente que esse profissional compreenda o significado da espiritualidade, para cada indivíduo, e como os eventos marcantes, como a doença, podem alterá-la, para que a avaliação e a intervenção direcionadas ao diálogo e as emoções, possam configurar o cuidado espiritual e humanizado É importante que se tenha em mente que os termos espiritualidade e religiosidade são diferentes, e que há diversas definições na literatura. Em enfermagem, busca-se diagnosticar o prejuízo espiritual em suas manifestações sofridas na dimensão espiritual humana, inclusive utilizar da avaliação diária, da difusão e prática do cuidado espiritual, da comunicação e na decisão de intervir – até mesmo, usar da oração no apoio espiritual ao paciente, fazendo com que o profissional reconheça a importância da espiritualidade e da fé, na assistência. A promoção de saúde é um ato de cidadania; o respeito pelas crenças, valores e necessidades, além de convergir para a humanização, incidem sobre o cuidado espiritual. O enfermeiro poderia assumir o papel de auxiliar o paciente e família a associar na vida, tudo o que pode oferecer estímulo para a manutenção da saúde e da vida. O cuidado espiritual desempenhado pelo enfermeiro ainda configura-se um desafio. A possibilidade de haver uma assistência de enfermagem Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 53 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente humanizada inclui o estar presente, o desenvolvimento das tecnologias leves – o ouvir, o relacionamento interpessoal (para com a equipe e usuários), o respeito pelas crenças, valores e necessidades de cada um. Considerações: Frente ao cenário de mudanças que a enfermagem vem passando, e diante do sistema de saúde brasileiro, que prega novos horizontes na prática profissional, o cuidado espiritual configura-se como um dos elementos de uma abordagem integral do ser humano, na assistência em saúde. Para isso, há que se repensar a formação do enfermeiro, de maneira que seja voltada à humanização da assistência, ao desenvolvimento de competências que façam emergir o relacionamento interpessoal e a escuta qualificada, ao autoconhecimento e à dimensão espiritual do ser humano, à inserção da afetividade no cuidado, entre outros aspectos. Palavras-chave: Assistência de Enfermagem; Espiritualidade; Humanização em Saúde. Referências: BALDACCHINO, D.R. Nursing competencies for spiritual care. J. Clin. Nurs.; v. 15, n. 7, p. 885-896, 2006. BOFF, L. Espiritualidade: um caminho de transformação. Rio de Janeiro: Sextante; 2001. CHAVES, E.C.L.; CARVALHO, E.C.; HASS, V.J. Validação do diagnóstico de enfermagem Angústia Espiritual; análise por especialistas. Acta paul. enferm.; v. 23, n. 2, p. 264-270, 2010. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 54 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 18. IDENTIFICAÇÃO DE UNIVERSITÁRIOS COM RISCO PARA PROBLEMAS RELACIONADOS AO USO DE ÁLCOOL EM UMA UNIVERSIDADE DO INTERIOR DE MINAS GERAIS Profª. Drª. Sônia Maria Alves de Paiva PUC Minas Campus Poços de Caldas E-mail: [email protected] Profª. Keila Maria Araujo PUC Minas Campus Poços de Caldas E-mail: [email protected] André Luís Masieiro PUC Minas Campus Poços de Caldas E-mail: [email protected] Angélica Reis Miguel PUC Minas Campus Poços de Caldas E-mail: [email protected] Gabriel Bartolomeu PUC Minas Campus Poços de Caldas E-mail: [email protected] Thaís Dipe PUC Minas Campus Poços de Caldas E-mail: [email protected] Introdução: O fenômeno das drogas destaca-se entre os problemas de saúde, com repercussões sociais, políticas, econômicas e culturais para a sociedade internacional (CHAGAS e VENTURA, 2010). No Brasil, o problema passou a ser objeto de preocupação por parte de familiares, profissionais da saúde, educação e governo, decorrente do aumento do consumo dos jovens. O Ministério da Saúde se esforça para elaborar estratégias de ação junto à sociedade, contando com setores e grupos preocupados com o aumento do problema do uso abusivo de álcool e outras drogas, assumindo de modo integral e articulado, o desafio de prevenir, tratar e reabilitar usuários dependentes, como um problema de saúde pública. Esta decisão atende propostas que foram recomendadas pela III Conferencia Nacional de Saúde Mental, em dezembro de 2001 (BRASIL, 2004). De acordo com as pesquisas, o ingresso na universidade, mesmo trazendo sentimentos positivos e alcance de uma meta programada por estudantes do ensino médio, pode tornar-se um período crítico, maior vulnerabilidade para o início e a manutenção do uso de álcool por um período da vida do indivíduo e outras drogas, trazendo prejuízos físicos, materiais e sociais (PEUKER; FOGAÇA; BIZARRO, 2006). Objetivos: conhecer o perfil biopsicossocial dos alunos de graduação em relação ao uso e abuso de álcool, avaliar o perfil socioeconômico e a semelhança deste com o uso de álcool; aplicar o teste AUDIT (Alcohol Use Disorder Identification Test) aos ingressos e formandos; traçar e implementar ações terapêuticas pautadas nas necessidades identificadas. Metodologia: trata-se de uma pesquisa descritiva de caráter quanti-qualitativa, que está sendo realizada com os estudantes ingressos e egressos de graduação da PUC Minas Campus Poços Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 55 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente de Caldas. Foi estabelecido como critério de inclusão alunos ingressos e formandos que aceitarem responder o questionário, assinarem o TCLE e forem maiores de 18 anos. Para a pesquisa está sendo utilizados dois instrumentos. O primeiro instrumento trata-se da identificação das condições socioeconômicas dos acadêmicos, e o segundo, o questionário AUDIT (Alcohol Use Disorder Identification Test). A pesquisa está sendo desenvolvida pelos acadêmicos do curso de enfermagem, curso de psicologia e teve início em agosto de 2010. A pesquisa é financiada pelo FIP (Fundo de Investimento e Pesquisa, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), em parceria com cursos de enfermagem e psicologia. Para análise dos dados será construído um banco de dados no Microsoft Excel 2003 for Windows, com dupla alimentação dos dados. Para análise dos dados qualitativos utilizar-se análise de conteúdo a partir do referencial teórico de Minayo (2004). Após os resultados obtidos, pretende-se continuidade com estudo, através de ações de intervenção para os acadêmicos classificados de risco. Dessa maneira, os acadêmicos de baixo risco e consumo nocivo serão atendidos pelos alunos de enfermagem e submetidos à consulta de enfermagem para identificar os diagnósticos de enfermagem e a partir desses dados, serão planejadas ações educativas e intervenções de enfermagem para serem implementados em atividades individuais e grupais através do grupo focal, sob supervisão de duas docentes de enfermagem e um docente do curso de psicologia. Os acadêmicos usuários de álcool classificados como dependência, e que aceitarem o atendimento proposto, serão encaminhados para serem atendidos pelos acadêmicos do serviço de psicologia. Considerações: Considera-se que essas informações são imprescindíveis como ações voltadas para o público universitário, através da identificação da situação dos graduandos da universidade, utilizando-se de recursos humanos da própria instituição, visando obter subsídios para elaborar ações preventivas e intervenção breve. Espera- se que essas ações possam propiciar aos acadêmicos usuários, crescimento e amadurecimento, por meio de reflexões que os levem a pensar criticamente sobre essas questões e as conseqüências na sua trajetória pessoal e profissional, ajudando-os a buscar atitudes mais positivas frente à vida. Palavras-chave: Alcoolismo, enfermagem, acadêmicos Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. SVS/CN-DST/AIDS. A Política do Ministério da Saúde para Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas/Ministério da Saúde. 2.ed. rev. ampl.– Brasília: Ministério da Saúde, 2004. CHAGAS, Fernanda Galvão Leite; VENTURA, Carla Aparecida Arena. Cooperação internacional em prevenção do uso abusivo de drogas no brasil. SMAD- Revista Eletrônica de Saúde Mental Álcool e Drogas. Ribeirão Preto, 2001, v.6, n.1, 2010. PEUKER, Ana Carolina; FOGAÇA, Janaina; BIZARRO, Liziane- Expectativas e beber problemático entre universitários. Psicologia: Teoria e Pesquisa 22(2): 193-200, 2006. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 56 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 19. POLÍTICAS PÚBLICAS E DIREITOS VOLTADOS PARA A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA Iara Falleiros Braga Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo [email protected] Marta Angélica Iossi Silva Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo [email protected] Ana Márcia Spanó Nakano Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo [email protected] Introdução: Do ponto de vista da Saúde Pública, têm chamado atenção as estatísticas que revelam, a cada ano, o número de adolescentes grávidas no Brasil. Dados do Ministério da Saúde do Brasil revelam que 27.239 adolescentes (10-14 anos) e 645.806 adolescentes (15-19 anos) engravidaram em 2003 (BRASIL, 2006). Diante do panorama da gravidez na adolescência, torna-se necessário a compreensão e análise sob a ótica da proteção integral e do adolescente enquanto sujeito de direitos, buscando conhecer as políticas públicas voltadas para a construção de uma rede social a esta faixa etária. A garantia dos direitos na adolescência, enquanto um direito à cidadania, tem tido um enfoque mais amplo e tem destaque na agenda nacional de atenção à saúde do adolescente, no sentido de direcionar a discussão e implantação de ações voltadas à promoção, prevenção e assistência à saúde sexual e saúde reprodutiva. Objetivo: Este trabalho visa conhecer as políticas públicas, legislações e os marcos ético-legais nacionais, na efetivação dos direitos do adolescente, especificamente as políticas voltadas para a gravidez na adolescência. Metodologia: Revisão bibliográfica utilizando as palavras-chaves, em diferentes combinações: adolescência, gravidez e políticas públicas na base de dado Lilacs (Literatura Latino–Americana e do Caribe em ciências da Saúde) e na biblioteca eletrônica Scielo (Scientific Eletronic Library online–Brasil), de 1990 até 2010, no qual foram encontrados quatro artigos e um capítulo de livro, além de três documentos oficias publicados pelo Ministério da Saúde e Ministério da Educação. Resultado: Alguns marcos ético-legais nacionais foram extremamente importantes para a implementação de políticas para a efetivação dos direitos dos adolescentes. Cabe ressaltar que anteriormente ao período estabelecido para este estudo a Constituição Federal Brasileira de 1988 representou o marco jurídico da transição democrática e da institucionalização dos direitos humanos no País, e os anos 90, o reordenamento jurídico e institucional aos novos parâmetros democráticos constitucionais. Com a redemocratização do país, destacam-se as aprovações de algumas leis, que possibilitaram a ampliação da discussão e execução de políticas públicas pautadas nos direitos dos cidadãos, evidenciando-se as voltadas para o campo da adolescência. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) passou a exigir a formulação de política de proteção integral a todas as crianças e adolescentes nas diversas condições sociais e individuais. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), regulamentou o direito à educação como direito público a todo cidadão. Dentro desta lei, a educação sexual é prevista como um dos temas transversais a ser incluído nos Parâmetros Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 57 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Curriculares Nacional, em diferentes áreas do conhecimento – do ensino fundamental ao ensino médio. Em 2003, foi estabelecido o Programa Saúde e Prevenção nas Escolas. Este Programa visa reduzir a vulnerabilidade dos adolescentes e jovens às doenças sexualmente transmissíveis e à gravidez não planejada, com ênfase na promoção da saúde, por meio de ações educativas de prevenção e ampliação dessa população ao preservativo masculino. Nesta perspectiva, destaca-se ainda o Programa Saúde na Escola (PSE), instituído em 2007, como proposição de uma política intersetorial entre os Ministérios da Saúde e da Educação na perspectiva da atenção integral à saúde de crianças, adolescentes e jovens do ensino básico público (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, Educação Profissional e Tecnológica e na Educação de Jovens e Adultos (EJA), no âmbito das escolas e/ou das unidades básicas de saúde, realizadas pelas Equipes de Saúde da Família (BRASIL, 2007). Contudo, os adolescentes de grupos populares, em sua maioria, continuam apresentando pouca acessibilidade às ações demandadas pelas políticas públicas, tornando-se visível sua contínua vulnerabilidade social. Tal situação revela as dificuldades cotidianas frente ao embate entre as políticas, que defendem a integralidade na atenção ao jovem, e a prática, permeada por conflitos para a efetivação das políticas públicas que considerem o adolescente como sujeito de direitos (HORTA, LAGE, SENA, 2009). Considerações: Apesar da evolução no escopo legal das políticas públicas voltadas para a adolescência, ainda verificamos uma falta de articulação destas, no sentido de contemplar a gravidez nesta faixa etária, efetivando políticas de caráter universal e equitativo, que atenda a diversidade cultural e a universalização dos direitos, compreendendo o adolescente como sujeito autônomo e com potencial de participação. Assim sendo, torna-se relevante, a discussão sobre adolescência e políticas públicas, em uma sociedade com grande desigualdade social, como a sociedade brasileira, cuja buscas por outros modos de vida extrapolam a dimensão econômica do problema, incluindo aspectos sócio-culturais, bem como aspectos da subjetividade, que precisam ser contemplados em proposições políticas para este grupo. Palavras-chave: adolescência, gravidez, políticas públicas. Referências BRASIL, Ministério da Saúde. Marco teórico e referencial da saúde sexual e reprodutiva de adolescentes e jovens. Brasília: MS, 2006. p. 56. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Área de Saúde do Adolescente e do Jovem. Marco legal: saúde, um direito de adolescentes/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Área de Saúde do Adolescente e do Jovem. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007. p.60 HORTA, N.C, LAGE, A.M.D, SENA, R.R. Produção científica sobre políticas públicas direcionadas para jovens. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, v. 17, n.4, p. 538-43, out/dez. 2009. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 58 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 20. PERCEPÇÃO SOBRE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS POR MULHERES USUÁRIAS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS Letícia Vicentim Finencio Bolsista PIBIC/CNPq, aluna do Curso de Enfermagem Bacharelado Escola de Enfermagem - EERP / USP Natália Priolli Jora Enfermeira Doutoranda pelo Departamento de Psiquiatria e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo E-mail: [email protected] Sandra Cristina Pillon Professora Doutora da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo E-mail: [email protected] Introdução: Um número significativo de pessoas que usa substâncias psicoativas se engaja em comportamentos sexuais de risco ou por ter múltiplos parceiros ou parceiros casuais, e mesmo pela falta de preservativos. Fatos que podem por em risco de contaminação de diversas doenças sexualmente transmissíveis, incluindo o HIV. Objetivo: O presente estudo foi identificar as percepções de mulheres usuárias de substâncias psicoativas sobre o comportamento de risco para doenças sexualmente transmissíveis. Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo descritivo baseado em dados secundários. A amostra foi composta por 349 prontuários de mulheres usuárias do serviço. Para a coleta de dados elaborou-se um questionário com base na ficha de triagem contendo informações sociodemográficas, tipos de drogas usadas e as percepções sobre comportamentos de risco. Resultados: As mulheres eram predominantemente adultas, solteiras, com baixo nível de escolaridade, e não possuíam vínculos formais de trabalho. Quanto ao uso de substâncias psicoativas a maioria fez uso de álcool, maconha e cocaína/crack. A respeito do uso de drogas injetáveis, 3,8% usaram na vida, enquanto 1,3% usaram no último mês. Em relação aos comportamentos de risco para doenças sexualmente transmissíveis e uso de álcool e drogas, 72,1% responderam que seus parceiros sexuais não usavam drogas injetáveis, 34,6% nunca fizeram uso de preservativo nas relações sexuais dos últimos 12 meses, 83,8% acreditavam que não possuam chance de estar com o vírus HIV. Considerações: Pode-se concluir esse grupo de mulheres carecem um trabalho pontual sobre uso de substâncias e os riscos das DST’s. Palavras-chave: Mulheres; substâncias psicoativas; doenças sexualmente transmitidas. Referências MELLO, C. Álcool dificulta a prevenção da Aids: bebida aumenta risco de contágio devido ao baixo uso da camisinha. Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, jul. 2010. Disponível em: <http://www.cisa.org.br/novo_home.php>. Acesso em: 23 julho 2010. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 59 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente SILVEIRA, M.F.; BÉRIA, J.U.; HORTA, B.L.; TOMASI, E. Autopercepção de vulnerabilidade às doenças sexualmente transmissíveis e Aids em mulheres. Rev. Saúde Pública, vol. 36, n. 6, p.670-677, 2002. STONER, S.; GEORDE, W.H.; PETER, L.M.; NORRIS, J. Liquid courage: alcohol fosters risk sexual decision: making in individuals with sexual fears. Aids Behav, v.11, p. 227-237, 2007 Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 60 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 21. HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE AMBULATORIAL DE PORTADORES DE HIV/AIDS Aline Cristina de Faria- graduanda do curso de Enfermagem do Centro Universitário de Araraquara- UNIARA- [email protected] Sandra Aparecida Emidio Antonio- graduanda do curso de Enfermagem do Centro Universitário de Araraquara- UNIARA- [email protected] Cássia Tiemi Nagasawa Ebisui- Profa. Dra. do curso de Enfermagem do Centro Universitário de Araraquara- UNIARA- [email protected] Introdução: Em um país como o Brasil, muitos são os problemas e desafios que implicam no processo de produção da saúde. Dentre eles destacam-se desigualdade sócio-econômica, desvalorização dos trabalhadores, precarização das relações de trabalho, baixo investimento de educação permanente em saúde desses trabalhadores, frágil vínculo com usuários, presença de modelos de gestão centralizados e verticais. Essas práticas evidenciaram a necessidade de mudanças no modelo de gestão. Criou-se uma Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão no Sistema Único de Saúde- HumanizaSus. Na saúde, a humanização abrange aspectos éticos, estéticos e políticos. Èticos implicando as atitudes de usuários, gestores e trabalhadores. Estéticos porque abrange um processo criativo e sensível de produção da saúde. Políticos por se referir à organização social e institucional das práticas de atenção e gestão na rede do Sistema Único de Saúde. Esses aspectos se fundamentam nos valores de autonomia, co-responsabilidade entre os sujeitos e solidariedade dos vínculos concretizados (BRASIL, 2008). A humanização na assistência de enfermagem é percebida como promoção de cuidado integral, sobretudo valorizando a empatia, compaixão e altruísmo pelo ser humano. Beck et al. (2009) ressalta que fatores como a falta de tempo, ambiente físico inadequado e carência de recursos humanos são condições que podem dificultar uma assistência humanizada. Nesse contexto, Alves e Ramos (2002) reforçam que para a garantia de melhor acesso e atendimento ao paciente portador de HIV⁄AIDS é necessário que o relacionamento profissional-paciente seja humanizado baseado na sinceridade e confiança, favorecendo o tratamento e melhorando a qualidade de vida. Objetivo:desse trabalho consiste em descrever a assistência de Enfermagem humanizada em uma unidade ambulatorial de pacientes portadores de HIV/AIDS de um município do interior do estado de São Paulo. Metodologia – Trata – se de um estudo exploratório descritivo com enfoque qualitativo, de observação dos portadores de HIV/AIDS e da equipe de enfermagem realizado durante o ensino clínico da disciplina Saúde Coletiva no mês de Agosto de 2010 em um serviço especial de saúde em uma cidade no interior do Estado de São Paulo. Resultados: Durante a realização do ensino clínico, observamos a vivência da assistência ao paciente portador de HIV/AIDS e verificamos um ambiente acolhedor e humanizado. Foram evidenciadas características como sigilo, orientações sobre a doença e tratamento ao indivíduo, uma perspectiva física, social, psicológica e espiritual. Observamos também que o contexto em que o usuário está inserido e suas necessidades faz com que o paciente se sinta seguro para relatar suas dificuldades, criando vínculo e uma relação de respeito entre profissional-paciente. Essas práticas contribuem para a adesão ao tratamento e prevenção da doença destacando a produção de saúde embasada na integralidade da assistência implicando diretamente na resolutividade, qualidade e humanização dos serviços de saúde. Considerações finais: Depreendemos que uma assistência de enfermagem humanizada pode colaborar para a melhoria da qualidade de vida das pessoas portadoras de HIV/AIDS, e concretizar os objetivos do Humaniza-Sus. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 61 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Palavras-chave: humanização, HIV⁄AIDS, assistência de enfermagem Referências ALVES, E.G.R.; RAMOS, D.L.P. Profissionais de saúde: vivendo com HIV⁄⁄AIDS. São Paulo: Ed. Santos; 2002. BECK, C.L.C.; LISBOA, R.L.; TAVARES, J.P.; SILVA, R.M.; PRESTES, F.C. Humanização da assistência de enfermagem: percepção de enfermeiros nos serviços de saúde de um município. Rev Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, 2009 março; 30: 54-61. BRASIL. Humaniza SUS: Documento base para gestores e trabalhadores do SUS. 4 edição, Brasília. Ed. Ministério da Saúde, 2008. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 62 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 22. OFICINA TERAPÊUTICA - UMA FORMA DE INTERVENÇÃO COM PACIENTES DEPENDENTES QUÍMICOS? Ariana Penha Meirelles Terapeuta Ocupacional da Comunidade Terapêutica SARA – Cravinhos-SP E-mail: [email protected] Resumo: Apesar de o uso de drogas ser uma prática presente desde os primórdios da humanidade, nas últimas décadas indicadores sugerem que o abuso dessas substâncias vem tomando dimensões preocupantes, por vezes trazendo sérios prejuízos à população, principalmente junto a adolescentes, jovens e adultos. O abuso de drogas continua sendo um dos maiores problemas de saúde pública do mundo, tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento, devido à complexidade que envolve seu consumo e venda na atualidade. A partir de 2003, o Ministério da Saúde propôs a “Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas”, na qual a Redução de Danos passa a ser a política pública adotada. A partir de então, a postura preconizada é a de colocarse na condição de acolhedor tendo como objetivo a desinstitucionalização e inclusão, integrando as pessoas nos diferentes espaços da sociedade, visto que cada indivíduo traz consigo além de todo contexto de história de vida e também a expressão de sua individualidade. As experiências proposta das oficinas terapêuticas asseguram a adesão dos pacientes ao tratamento, por ser valorizadas pela sua capacidade de reproduzir ambientes sociais, familiares e de trabalho, possibilitando o treinamento de papéis sociais e o desenvolvimento de habilidades profissionais que visam ampliar possibilidades de relação, criação e produção, sendo por isso um instrumento terapêutico eficiente. O terapeuta ocupacional é o profissional da saúde voltado à promoção e/ou reabilitação das habilidades físicas, cognitivas e sociais e através da utilização de técnicas e recursos terapêuticos com a finalidade e propósito específicos - atividades na qual permitem a expressão de sentimentos, emoções e vivências, promove dentro das oficinas terapêuticas a valorização do potencial criativo, expressivo e imaginativo do paciente; o fortalecimento da auto-estima, da autoconfiança e autonomia e a reinserção social e familiar dos usuários. Objetivo: Descrever a experiência da Oficina Terapêutica realizada em uma Comunidade Terapêutica que atende adolescente, jovens e adultos usuários de álcool e outras drogas, na perspectiva e vivencia da Terapeuta Ocupacional e segundo relatos dos usuários. Métodos: Estudo descritivo, de natureza qualitativa, do tipo estudo de caso, realizado em uma Oficina Terapêutica na Comunidade Terapêutica SARA, localizada no Município de Cravinhos. As oficinas aconteciam semanalmente no período de abril a agosto de 2010, totalizando 20 encontros. O numero de participantes variava, de acordo com a alta licença, as tarefas a serem cumpridas e desligamento da Comunidade. No decorrer do período totalizaram 24 participantes. Resultados: Analisando o percurso do grupo, pode-se observar que as atividades propostas e as intervenções da terapeuta ocupacional contribuíram para uma mudança na capacidade dos usuários de se expressarem verbalmente e através da atividade de forma mais criativa. Além disso, possibilitou o compartilhar de suas experiências, contar suas histórias de vida e relatar e retomar atividades do seu passado ocupacional, viabilizando assim um maior conhecimento de cada indivíduo, uma revelação de habilidades e um incremento da criatividade e do entrosamento. A aderência pôde ser avaliada através da freqüência dos usuários, que iam ao encontro da terapeuta solicitando a oficina e esclarecendo quando estava nas atividades da Comunidade e não poderiam participar, assim como quando estavam de alta licença, sendo avisada antecipadamente. Vale ressaltar que as atividades eram realizadas na Comunidade Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 63 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente onde os usuários residiam, o que facilitava o acesso ao local. O local onde ocorriam as oficinas era aberto, estando sujeito a interferência de sons da cozinha e eventual circulação de funcionários e usuários que não participavam, sendo um grande estimulador para estes verem o resultado e solicitarem a adesão na Oficina. Conclusão: Diante dos resultados obtidos e da adesão de novos usuários, a realização de uma Oficina pode representar uma possibilidade de intervenção frente a alguns problemas sociais, habilidades profissionais e auto-estima. Problemas estes que interferem diretamente na saúde e na qualidade de vida dos usuários. Cabe também destacar que a estrutura e a dinâmica das atividades proporcionaram ao grupo possibilidades de expressão, de um maior conhecimento do próprio corpo e de suas capacidades, assim como o estabelecimento de novas relações pessoais e com o ambiente. As oficinas, o trabalho e a arte podem funcionar como catalisadores da construção de territórios existenciais; inserir ou reinserir socialmente os usuários, tornando-os cidadãos; ou de meios nos quais os usuários possam reconquistar ou conquistar seu cotidiano. Assim, pensando nos desafios atuais das Comunidades Terapêuticas, as oficinas podem se tornar um recurso economicamente viável e uma forma relevante de intervenção junto à população usuária de álcool e drogas. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 64 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 23. ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: EXPLORANDO A LITERATURA CIENTÍFICA Wilson Gomes de Ascenção Adriana Tomaz de Aquino Neuri Carlos Dornelas Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: A violência contra crianças e adolescentes é um importante problema de saúde pública e requer a mobilização de vários seguimentos da sociedade. Dentre os tipos de violência doméstica a violência sexual é um fenômeno que preocupa a sociedade há muito tempo e ainda causa muita discussão no meio acadêmico. Várias consequências físicas desse tipo de violência são descritas pela literatura nacional, entre elas estão as doenças adquiridas em decorrência do abuso sexual. Quanto aos aspectos sociais, custos diretos incluem gastos com sistema de investigação, judicial, cumprimento de penas e com o sistema de saúde. Custos indiretos incluem atividades criminais, tráfico de entorpecentes, homicídios, doenças mentais, abuso de substâncias químicas, serviços de educação especial, desemprego e aumento na frequência de utilização do sistema de saúde. A influência de fatores como a idade da vítima, duração do abuso, tipo de abuso, gravidade do ato, tipo de consequências para as vítimas, frequência desses abusos, conhecimento sobre aspectos legais como a obrigatoriedade da notificação pelos profissionais caracteriza o impacto da violência na sociedade. OBJETIVO: Analisar e caracterizar os artigos científicos acerca do abuso sexual de crianças e adolescentes. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento eletrônico de artigos na íntegra, nacionais e indexados nas bases de dados Scielo. Utilizamos na busca a intersecção dos seguintes descritores: abuso x sexual x infância e foram encontrados 13 artigos, destes foram selecionados 8 artigos por serem artigos na íntegra e na língua portuguesa. Os artigos selecionados foram analisados a partir do seu conteúdo e discutidos com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os artigos afirmam que crianças submetidas à violência doméstica sexual, quando comparadas às que não sofreram violência, são mais agressivas, têm baixa autoestima, baixo rendimento escolar, déficit de atenção, hiperatividade, dificuldade de relacionamento interpessoal, desenvolvimento da sexualidade precocemente, delinquência, gravidez indesejada, uso de drogas, capacidade cognitiva prejudicada e de desenvolvimento da linguagem atrasada. As pesquisas também salientam a necessidade de capacitação dos profissionais de saúde para atuarem na identificação de casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes e seu devido encaminhamento e prevenção. CONCLUSÕES: Consideramos que as dificuldades apontadas para o enfrentamento da violência doméstica contra crianças e adolescentes inserem-se num contexto mais amplo, no qual se entrelaçam a complexidade da temática, as características sociais e históricas da violência e visão acerca da violência de um modo geral. A literatura é concisa no que se refere às formas de se promover uma intervenção eficaz contra casos de violência doméstica. Nesse sentido, é preciso promover o desenvolvimento de ações conjuntas com outros setores na criação de políticas públicas para o enfrentamento da problemática. Palavras-chave: abuso sexual, crianças e adolescentes. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 65 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente REFERÊNCIAS: MARTINS, C. S.; FERRIANI, M. G. C. Caracterização dos agressores e vítimas de violência sexual intrafamiliar: um estudo de caso. Rev. Bras. Sexualidade Humana, v. 14, n. 1, p. 129139, 2003. MARTINS, C. S. A compreensão de família sob a ótica de pais e filhos envolvidos na violência doméstica contra crianças e adolescentes. 2005. 136f. Dissertação (Mestrado) – Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2005. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 66 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 24. A DINÂMICA DA VIOLÊNCIA ESCOLAR E BULLYING Karina Nery Tagliaferro Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email:[email protected] INTRODUÇÃO: A violência escolar nas últimas décadas adquiriu grande importância por parte dos pesquisadores. Refletir sobre as questões que envolvem o ambiente escolar, crianças e adolescentes, pais e filhos, educadores e educandos, bem como as relações que se dão entre eles, a escola e a sociedade é fundamental para que possa traçar intervenções no sentido de prevenir a violência nesse contexto. OBJETIVO: Descrever, a partir do levantamento bibliográfico, a violência escolar presente na literatura científica. METODOLOGIA: Pesquisa bibliográfica realizada através de uma revisão em artigos publicados on-line pelo SCIELO. Selecionamos, na busca dos artigos, as seguintes palavras-chaves: “violência X escolar”. Utilizamos, como critério de inclusão dos artigos, artigos na íntegra, escritos na língua portuguesa e publicados nos anos de 2009 e 2010. Desta forma, selecionamos 15 artigos. A partir dos artigos selecionados analisamos e discutimos as pesquisas com base na literatura sobre o tema. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Encontramos, na literatura, algumas peculiaridades da violência escolar citada pelas pesquisas a respeito da caracterização desse fenômeno, entre elas que os meninos se envolvem mais em situações de violência, o comportamento agressivo é associado ao ciclo etário, ou seja, meninos mais velhos agridem mais e há exclusão de minorias étnicas por parte de colegas e professores. De acordo com o nosso levantamento, a formação continuada dos educadores é um tema que precisa ser discutido e viabilizado, uma vez que educadores despreparados podem gerar conflitos ou mesmo alimentá-los por falta desse despreparo, contribuindo para que o ciclo da violência se perpetue nesse ambiente. Outro agravante nesse cenário é a ignorância quanto aos problemas dos alunos, o tratamento pejorativo, incluindo as agressões verbais e a exposição do aluno ao ridículo, no caso de incompreensão a algum conteúdo de ensino. Os pontos mais discutidos nas pesquisas se dizem respeito a promover estratégias conjuntas com outras áreas como da saúde, psicologia, educação física, nutrição, pedagogia, no intuito de conferir à formação desses jovens a integralidade de ações. Salientamos que grande parte das pesquisas também discute as consequências a curto, médio e longo prazo desse tipo de violência destacando o fracasso escolar. CONCLUSÕES: Observamos, a partir dos artigos, que além da necessidade e ampliação das pesquisas científicas na área está a ampliação do impacto das políticas públicas de promoção à saúde dos escolares e contribuições dos setores da saúde a esse agravo, devendo ser tratada por profissionais capacitados para tal, acreditando em uma prática em que a competência na detecção e enfrentamento da violência possa ser ingredientes fundamentais e transformadores. Palavras-chave: violência; crianças e adolescentes; escola. REFERÊNCIAS: GRAVILLE-GARCIA, A. F.; Conhecimentos e Percepção de Professores Sobre MausTratos em crianças e Adolescentes. Saúde Soc. São Paulo, v.18, n.1, pág. 131-140, 2009. YAMASAKI A. A.; Violências no Contexto Escolar Um Olhar Freiriano. Universidade de São Paulo, Faculdade de Educação, São Paulo, pág. 1-213, 2007. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 67 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 25. LITERATURA CIENTÍFICA ACERCA DO ABORTO PROVOCADO: NECESSIDADE, CULPA OU PECADO? Márcia Magri da Silva Letícia Farias Capel Tatiane de Souza Venturini Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: Os principais estudos sobre a magnitude do aborto no Brasil deixam clara a necessidade de investimento em políticas públicas nesta área. A relação direta entre o aborto inseguro e a morte materna é uma grande preocupação e motivo de luta para a sua legalização. No Brasil, persiste uma importante subnotificação das mortes por aborto, já que muitos óbitos devido à septicemia e hemorragia decorrentes de complicações de abortamentos não são devidamente notificados. Desta forma, estudos que caracterizam esse fenômeno são fundamentais para intervir e prevenir a problemática. OBJETIVO: Identificar, na literatura, pesquisas acerca do aborto e suas consequências. METODOLOGIA: Foi realizada uma busca eletrônica de artigos na integra, nacionais indexados na base de dados do SCIELO. Utilizamos na busca a intersecção das seguintes palavras: aborto x adolescência. Desta forma foram selecionados 7 artigos. Os artigos foram analisados de acordo com seus conteúdos. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Observamos, nos artigos, que as pesquisas relatam que o aborto é mais frequente entre mulheres de escolaridade muito baixa e é tipicamente feito nas idades do período reprodutivo feminino, isto é, entre 18 e 29 anos. Alguns estudos destacam que o método mais utilizado para praticar o aborto é por meio de medicamentos para induzilo. Vale salientar que os fatores de risco estão associados às precárias condições socioeconômicas e afetivas, drogas, prostituição, falta de apoio social e familiar e violência. Nos fatores protetores observa-se presença de condições sócio-econômicas favoráveis à criação dos filhos, apoio familiar (especialmente do companheiro) e social; profissão e trabalho. CONCLUSÕES: Há uma produção relativamente extensa sobre o tema do aborto no Brasil embora os estudos de âmbito nacionais sejam escassos. Um fenômeno tão comum e com consequências de saúde tão importantes coloca o aborto em posição de prioridade na agenda de saúde pública nacional. Palavras-chave: aborto; saúde; adolescente. REFERÊNCIAS: CECATTI, J. G.; GUERRA, G. V. Q. L.; SOUSA, M. H.; MENEZES, G. M. S. Aborto no Brasil: um enfoque demográfico. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. [online]. 2010, vol.32, n.3, pp. 105-111. DINIZ, D.; MEDEIROS, M. Aborto no Brasil: uma pesquisa domiciliar com técnica de urna. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2010, vol.15, suppl.1, pp. 959-966. MARIUTTI, M. G.; FUREGATO, A. R. F. Fatores protetores e de risco para depresão da mulher após o aborto. Rev. bras. enferm. [online]. 2010, vol.63, n.2, pp. 183-189. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 68 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 26. EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM DSTs E ORIENTAÇÃO SEXUAL Letícia Farias Capel Márcia Magri da Silva Tatiane de Souza Venturini Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: As doenças sexualmente transmissíveis estão entre os problemas de saúde públicas mais comuns em todo o mundo, as maiores incidência é diagnosticada na adolescência. Os dados disponíveis em âmbito mundial revelam que mais de 30% das adolescentes sexualmente ativas têm teste positivo para infecção por clamídia, e que aproximadamente 40% foram infectadas pelo papilomavírus humano. Na saúde reprodutiva das adolescentes, as DST representam um sério impacto, porque podem causar esterilidade, doença inflamatória pélvica, câncer de colo uterino, gravidez ectópica, infecções puerperais e recém-nascidos com baixo peso, além de interferir negativamente sobre a autoestima. OBJETIVO: Este estudo tem como objetivo realizar levantamento bibliográfico de artigos que tratam do tema. METODOLOGIA: Foi realizada uma busca eletrônica de artigos na integra, nacionais indexados na base de dados do scielo. Utilizamos na busca a intersecção das seguintes palavras: Orientação sexual x adolescentes, doenças sexualmente transmissíveis. Foram selecionados 7 artigos dos quais foram analisados de acordo com seus conteúdos. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os artigos discutem que os adolescentes estão se deparando cada vez mais cedo com novos valores comportamentais, relacionados com a afetividade e a vida sexual, pois experimentam rápidas mudanças em seus corpos, sentimentos e relações com a sociedade, passando a se tornar responsáveis por sua saúde e bem-estar. Buscam constantemente uma identidade, tendo como influência os meios de comunicação, a insegurança e as fantasias que se deparam no início da prática sexual, juntamente com a pouca percepção de risco e a informação limitada sobre sexualidade e doenças sexualmente transmissíveis (DST), condição que os coloca como presa fácil de situações de risco, como gravidez precoce e indesejada, uso de drogas, evasão escolar, violência, DST/AIDS, dentre outras. Por meio de investigações epidemiológicas, observa-se que no Brasil a faixa etária de treze a dezenove anos também está se contaminando por DST, sendo o sexo feminino o mais prevalecente, pois estes são imaturos e desejando aventura, ignoram a possibilidade de se contaminarem com alguma DST, acreditando realizar o ato sexual com pessoas seguras e isentas destas, enquanto na verdade todos estão suscetíveis à contaminação. Nesse contexto, a sexualidade vem a ser elemento significante para a formação da identidade dos adolescentes, sendo manifestada por identificações como a descoberta do outro como objeto de amor ou desejo, a imagem corporal e a descoberta de si e das relações com seu cotidiano. CONCLUSÕES: Observamos que diante dessa realidade, a sexualidade deve ser um tema de discussão e debate entre pais, educadores e profissionais de saúde, tendo como objetivo encontrar maneiras de informar e orientar os jovens para que tenha responsabilidade, autoestima e pratiquem sexo com segurança. Palavras chave: adolescente; DSTs; prevenção. REFERÊNCIAS: Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 69 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente BUENO, S.M.V. Marco conceitual e referencial teórico da educação para saúde: orientação à prevenção de DST-AIDS e drogas no Brasil, para criança, adolescente e adulto jovem. Ministério da Saúde/CNDST-AIDS. Brasília (DF) 1997-8 Documento. BUENO, S.M.V. Educação preventiva em sexualidade, DST-AIDS e drogas nas escolas [tese de Livre docência]. Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo; 2001. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 70 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 27. MAUS TRATOS NA TERCEIRA IDADE: ESTUDOS CIENTÍFICOS RECENTES Nayara Sibhorini Tanesi Ana Cristina Rosa Juliana Rodrigues Bruzo Silbene Soares de Godoy Polyana Gouveia R. T. Ramos Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: De acordo com a saúde global, as várias formas de violência contra o idoso comprometem sua qualidade de vida, ocorrendo o aparecimento de sintomas, transtornos psiquiátricos e morte prematura. E acabam gerando gastos aos setores de saúde, pelo aumento do número de atendimentos ambulatoriais ou internações hospitalares. A estimativa da violência contra o idoso representa um grande desafio para o planejamento de estratégias, tentando assim enfrentar o problema (ESPÍNDOLA e BLAY, 2007). Atos violentos de negligência e maus-tratos contra idosos é um fenômeno que começou a despertar o interesse da comunidade científica somente nas duas últimas décadas, desta forma, a violência doméstica e os maus-tratos tornou-se uma questão de saúde pública (PAIXÃO JR., et. al, 2007). OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi realizar uma busca por meio de levantamento bibliográfico, para identificar as situações de maus-tratos na terceira idade, ressaltando o que há de mais recente em estudos científicos. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento eletrônico de artigos na íntegra, nacionais e indexados nas bases de dados Scielo. Utilizamos na busca a intersecção dos seguintes descritores: violência x doméstica x idoso. Foram encontrados 17 artigos. Os critérios adotados para a exclusão dos artigos foram: artigos em inglês e artigos não publicados entre os anos de 2005 a 2010, desta forma, foram selecionados 15 artigos. Os artigos selecionados foram analisados a partir do seu conteúdo e discutidos com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Estudos apontam que os principais fatores para os idosos serem violentados são as dificuldades que os idosos apresentam com a capacidade física e cognitiva o que causa maior dependência do cuidador ou da família. Grande parte dos artigos descrevem as características dos maus-tratos contra o idoso, sendo, portanto, praticados por parentes próximos, contra idosos mais velhos e o tipo de maus-tratos que mais aparece nas pesquisas é o abandono seguido de negligência, agressão verbal e por último agressão física. Outras características de violência contra os idosos foram apontadas por estudos, ou seja, foi destacado que os idosos que sofrem algum tipo de violência estavam na sexta e sétima década de vida, grande parte eram mulheres e recebiam até 2 salários mínimos, a maioria tinham suas casas próprias com precário saneamento e baixo grau de escolaridade. CONCLUSÕES: Com base nos estudos podemos concluir a evidente necessidade de formação e capacitação de profissionais de saúde para atuar com medidas de prevenção e intervenção junto a esses idosos e seus familiares, a fim de promover a saúde e garantir os direitos fundamentais contidos na Lei. Desta forma, torna-se então importante identificar os idosos de risco, para que se possa intervir, acompanhar e/ou encaminhar da melhor forma os casos de violência na terceira idade. Palavras-chave: idosos, violência, doméstica. REFERÊNCIAS: Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 71 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente ESPÍNDOLA, C. R.; BLAY, S. L. Prevalência de maus-tratos na terceira idade: revisão sistemática. Rev. Saúde Pública v. 41, n. 22, p. 301-306, 2007. PAIXÃO JR., C. M.; REICHENHEIM, M. E.; MORAES, C. L.; COUTINHO, E. S. F.; VERAS, R. P. Adaptação transcultural para o Brasil do instrumento Caregiver Abuse Screen (CASE) para detecção de violência de cuidadores contra idosos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 9, p. 2013-2022, set. 2007. SANCHES, A. P. R. A.; LEBRÃO, M. L.; DUARTE, Y. A. O. Violência contra idosos: uma questão nova? Saúde Soc. São Paulo, v. 17, n. 3, p. 90-100, 2008. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 72 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 28. CARACTERIZAÇÃO DO USO DA MACONHA ENTRE ADOLESCENTES: PESQUISAS ATUAIS E DISCUSSÕES José Reinaldo Stuchi Priscila Peppinelli Barreto Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: Atualmente dados de consumo de drogas ilícitas têm trazido muitas preocupações à comunidade científica, pelos prejuízos que esse comportamento poderá trazer à vida desses jovens. Entre as drogas ilícitas, estudos sobre a maconha sugerem que seus efeitos nocivos não são tão óbvios como o de outras drogas. No entanto, nos últimos anos, começou-se a investir em pesquisas buscando avaliar a amplitude dos efeitos do uso desta droga. Sabemos que o uso crônico da maconha pode provocar déficits de aprendizagem e memória, além de diminuição progressiva da motivação. O uso contínuo dessas substâncias causam alterações da memória e da atenção, bem como a diminuição da capacidade visual e da coordenação motora, a depressão e a ansiedade, entre outros problemas decorrentes do uso crônico da maconha. No caso de adolescentes, o déficit cognitivo está relacionado a dificuldades na aprendizagem e repetência escolar. Este tema é particularmente importante para profissionais de saúde, pois os maiores prejuízos relacionados ao uso da maconha está no reconhecimento dos comprometimentos familiares, sociais e biológicos resultantes do uso contínuo. OBJETIVO: O objetivo da pesquisa é realizar um levantamento de artigos científicos acerca do uso da maconha entre adolescentes. METODOLOGIA: A coleta de dados foi baseada no levantamento bibliográfico online indexado na Biblioteca Virtual em Saúde, no banco de dados Scielo por meio do cruzamento das palavras-chave: maconha x saúde; maconha x adolescência; maconha x população, foram encontrados o total de 32 artigos, sendo excluídos 14 artigos por serem repetidos, sendo selecionados, então, 18. Os artigos selecionados foram analisados frente aos seus conteúdos e discutidos com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: As pesquisas realizadas salientam que as atitudes frente ao uso de álcool predizem as atitudes frente ao uso de maconha e drogas, independente do sexo e da idade. Destacamos também, dentre as pesquisas, alguns fatores citados como predisponentes sociais para o uso da maconha, sendo eles: desajuste familiar e falta de religiosidade, além de afirmarem que o uso de maconha por parte de adolescentes está estreitamente ligado a transtornos psicológicos e a dificuldades de interação sociais e socioeconômicas. Vale salientar que alguns estudos expõem diferentes estratégias que têm se mostrado promissoras na investigação de eventuais prejuízos no funcionamento cerebral decorrentes do uso regular dessas substâncias, destacando-se as técnicas de neuroimagem funcional e estrutural e a avaliação neuropsicológica. Os artigos também são enfáticos ao descreverem que o papel da família na prevenção ao uso de drogas esta associado à promoção da autonomia e garantia de uma identidade baseada na promoção da saúde. CONCLUSÕES: Acreditamos que intervenções que busquem promover a competência pessoal e social dos adolescentes possuem um papel fundamental na promoção da saúde e na prevenção do uso indevido da maconha. Concluímos que há necessidade de novas pesquisas envolvendo esse tema. Palavras-chave: maconha, adolescente, drogas. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 73 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente REFERÊNCIAS: HALL, W.; SOLOWIJ N. Adverse effects of cannabis. Lancet. 1998;352(9140):1611-6. LEMOS, T.; ZALESKI, M. (2004). As principias drogas: Como elas agem e quais os seus efeitos. Em I. Pinsky & M. Bessa. Adolescência e Drogas (pp. 16-29). São Paulo: Contexto. Laranjeira, R., Jungerman, F. S. & Dunn, J. (1998). Drogas: maconha, cocaína e crack. São Paulo: Contexto. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 74 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 29. ADOLESCENTES GRÁVIDAS: REFLEXÕES E IMPACTO FAMILIAR Naiara Fabiana Vieira Aline Formigoni Vanessa de Souza Silva Edna Malheiro Neves Monaro Alessandro Lauschner Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: A gravidez na adolescência vem ocupando lugar de significativa relevância no contexto da saúde pública, despertando interesses de acadêmicos, profissionais e gestores de saúde no que refere a saúde sexual e reprodutiva, bem como questões relacionadas à violência. Além disso, a gravidez na adolescência se toma um problema em função de consequências a ela atribuídas, principalmente o abandono a escolas e a estigmatização. OBJETIVO: O objetivo da pesquisa é caracterizar a produção científica acerca da gravidez na adolescência. METODOLOGIA: A coleta de dados foi baseada no levantamento bibliográfico online indexado na Biblioteca Virtual em Saúde, no banco de dados Scielo por meio do cruzamento das palavras-chave: gravidez x adolescência, foram encontrados o total de 26 artigos. Selecionamos 23 artigos na íntegra, na língua portuguesa e publicada nos anos de 2009 e 2010. Os artigos selecionados foram analisados de acordo com seus conteúdos e com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os artigos abordam a caracterização da adolescente grávida, ou seja, relatam que a maioria das adolescentes tem o segundo filho antes do 5º ano da primeira gestação; e que os fatores de risco para essa alta porcentagem de reincidência são: a baixa escolaridade, a mudança de parceiros e uniões não estáveis. Diante destes índices constatou-se, nos artigos, que a idade na primeira relação foi significativamente mais baixa entre as adolescentes, que tiveram menor frequência de consultas ginecológicas, pouco conhecimento dos métodos hormonais e acesso restrito a métodos anticoncepcionais. Entende-se, portanto que os principais fatores associados à gravidez na adolescência observados nas pesquisas foram: baixa escolaridade da adolescente, história materna de gestação na adolescência, ausência de consultas ginecológicas prévias e falta de acesso aos métodos anticoncepcionais. CONCLUSÕES: De acordo com os artigos selecionados concluímos que a insuficiência de adesão aos métodos contraceptivos contribui para a elevação da incidência da gestação não planejada neste contingente populacional nacional. Desta forma, há grande necessidade de incentivo de novas pesquisas, a médio e longo prazo, sobre sexualidade e contracepção na adolescência. Palavras-chave: adolescência; gravidez; saúde. REFERÊNCIAS: MONTEIRO, C. F. S. et al. A violência intra-familiar contra adolescentes grávidas. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 60, n. 4, ago. 2007 . SILVA, L.; TONETE, V. L. P. A gravidez na adolescência sob a perspectiva dos familiares: compartilhando projetos de vida e cuidado. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 14, n. 2, abr. 2006. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 75 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 30. PRÁTICAS SEXUAIS, OPINIÕES E ATITUDES: TENDÊNCIAS DA LITERATURA CIENTÍFICA Fabíola Miranda Isabela de Souza Morais Mônica da Silva Oliveira Natália Antuélica Valente Collar Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: A sexualidade é um fenômeno complexo, único para cada indivíduo e envolve aspectos individuais, sociais, psíquicos e culturais que carregam historicidade, práticas, atitudes e simbolizações (RESSEL; GUALDA, 2003). A precocidade da iniciação sexual propiciada pela propagação cada vez mais constante na mídia do sexo e erotismo, banaliza a prática e aumenta a vulnerabilidade de jovens. O contexto desse fenômeno exige uma abordagem sobre mais efetiva, multiprofissional, criando barreiras para diminuir a vulnerabilidade existente. Para isso, é necessário falar adequadamente sobre temas como sexualidade e sexo para a população, tendo-se em vista a necessidade da promoção da saúde sexual (BUENO, 2001). OBJETIVO: Este trabalho tem por objetivo analisar e caracterizar a produção científica acerca da sexualidade. METODOLOGIA: A coleta de dados foi baseada no levantamento de artigos nacionais onde utilizamos o banco de dados indexados Scielo. Utilizamos o cruzamento das seguintes palavras-chave: sexualidade X saúde. Foram encontrados 26 artigos, onde utilizamos 22, sendo excluídos os artigos em inglês. Os artigos selecionados foram analisados a partir de seu conteúdo. RESULTADOS E DISCUSSÕES: A partir dos artigos analisados, observamos que grande maioria desses artigos descrevem pesquisas realizadas com enfoque na homossexualidade. Desta forma, embora nosso objetivo foi analisar e descrever artigos acerca somente da sexualidade, a maioria dessas pesquisas eram sobre o fenômeno do homossexualismo. Dentre essas pesquisas, foi destacada a vulnerabilidade das práticas homossexuais levando à contaminação por DST/AIDS e alguns fatores como a alta de informações, o preconceito e a cultura dessas práticas foram salientadas como conduta de risco. Vale salientar que grande parte dessas pesquisas deixa claro a dificuldade de acesso aos serviços de saúde e situações envolvendo discriminação dessa população, ou seja, dos homossexuais e bissexuais levando a uma maior vulnerabilidade de infecção por DST/AIDS. Embora, atualmente, o termo “grupo de risco” está gradativamente sendo substituído por “comportamento de risco” as pesquisas divergem ao afirmar que ainda existe maior vulnerabilidade em grupos de homossexuais. CONCLUSÕES: É imperativo que os órgãos governamentais responsáveis pelas políticas de saúde levem em consideração as mudanças ocorridas ao longo dos anos no comportamento sexual da sociedade e desenvolvam um processo de educação continuada com os profissionais para acolher adequadamente essa demanda. Enfatizamos também a importância da conceptualização de ações e pesquisas acerca do homossexualismo para que se possa ter mais sucesso nas abordagens de educação em saúde por uma sociedade mais justa e equitativa. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 76 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente REFERÊNCIAS: RESSEL, L.B., GUALDA, D.M. R. A sexualidade como uma construção cultural: reflexões sobre preconceitos e mitos inerentes a um grupo de mulheres rurais. Rev Esc Enferm. 2003;37(1):82-72. BUENO, S.M.V. Educação preventiva em sexualidade, DST, Aids e drogas nas escolas [tese livre-docência]. Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo; 2001. 3. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 77 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 31. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: CONTRIBUIÇÕES E LIMITAÇÕES DA LITERATURA CIENTÍFICA Anieli Guindani Sereni Camila da Silva Neves Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: A naturalização da violência contra a mulher pode ser encontrada em pesquisas realizadas em países emergentes, mostrando que as mulheres, em sua maioria, compactuam com a ideia da disciplina exercida pelo homem, concordando, inclusive, com o uso da força física caso seja necessário aplicá-la. Isto se traduz na obediência e submissão da mulher e na legitimação do direito do homem sobre esta (MATTAR, 2007). As implicações da violência conjugal na saúde da mulher ganham magnitude à medida que, através de pesquisas, os atos de agressão começam a sair da invisibilidade. A dificuldade de visualização dos agravos à saúde da mulher passa por fatores como o fato da violência acontecer em âmbito privado e por constituir-se em medo e vergonha, o que impede a mulher de torná-la pública (MONTEIRO, 2007). OBJETIVO: Realizar um levantamento bibliográfico acerca da violência doméstica contra a mulher. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento eletrônico de artigos na íntegra, nacionais e indexados nas bases de dados Scielo. Utilizamos na busca a intersecção dos seguintes descritores: violência x mulher e foram encontrados 63 artigos, destes foram selecionados 24 artigos por serem artigos na íntegra, na língua portuguesa e publicados no ano de 2009 e 2010. Os artigos selecionados foram analisados a partir do seu conteúdo e discutidos com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os artigos pesquisados têm como principal campo as delegacias de defesa da mulher ou o campo jurídico e como foco a violência cometida por parceiros ou ex-parceiro e os motivos mais apontados para as agressões foram o ciúme, o homem ser contrariado, a ingestão de álcool e a suspeita de traição. A maioria dos estudos estabeleceu uma associação consistente ao uso de álcool ou dependência alcoólica e violência por parceiro. Apesar da forte evidência científica de que o consumo de álcool está relacionado ao maior risco de violência, não foi encontrado nenhum estudo populacional de âmbito nacional, no Brasil, que tenha investigado, até o presente, essa associação. Entre os poucos estudos de violência publicados, a maioria é baseada em violência contra mulheres como, por exemplo, relatórios de violência por parceiro dos dados de emergência de hospitais locais e atos de violência cometidos pelo parceiro durante gravidez. Outro fator merecedor de destaque diz respeito aos profissionais de saúde, em especial aqueles diretamente ligados à área de atenção à saúde da mulher, onde nem os serviços, nem os profissionais encontram-se preparados para diagnosticar, tratar e contribuir para a prevenção da violência. CONCLUSÕES: Em geral a atitude dos profissionais limita-se, geralmente, à formulação de conselhos práticos ou fórmulas genéricas, que não são capazes de sustentar mudanças de comportamento. Assim, diante da complexidade do fenômeno, o papel dos serviços de saúde diante da violência contra a mulher inclui um conceito ampliado de saúde, que incorpora a compreensão e a mudança de atitudes, crenças, práticas e sua ação ultrapassa o diagnóstico e o cuidado das lesões físicas e emocionais. Palavras-chave: violência; mulher; saúde. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 78 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente REFERÊNCIAS: MONTEIRO, C. F. S.; SOUZA, I. E. O. Vivência da violência conjugal: Fatos do cotidiano. Rev. Enfermagem., Florianópolis v.16, n.1, mar. 2007. MATTAR, R. et al. Assistência multiprofissional à vítima de violência sexual: a experiência da Universidade Federal de São Paulo. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.2, fev. 2007. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 79 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 32. CONCEPÇÕES DE SEXUALIDADE FEMININA: PESQUISAS NO ÂMBITO NACIONAL Fabíola Miranda Isabela de Souza Morais Mônica da Silva Oliveira Natália Antuélica Valente Collar Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: O tema sexualidade faz parte de uma das prioridades das políticas públicas de atendimento à mulher. No entanto, a abordagem limita-se a tratar de aspectos que não contemplam a complexidade do fenômeno. A mulher, pela sua condição desigual em relação ao homem, por muitos anos viveu sob a sua tutela, em primeira instância do pai e em seguida do marido, com sua sexualidade normatizada pelos padrões cristãos, legitimada pela instituição do casamento e pelo cumprimento da função reprodutora (TRINDADE, FERREIRA, 2008). Desta forma, a área da saúde sofre forte influência do modelo biomédico, sustentado no discurso cartesiano da separabilidade e redução da complexidade dos problemas de saúde relacionados à sexualidade. A visão médica de caracterização de doenças para uma adequada intervenção ainda permanece forte e majoritária na atenção a essas questões. Assim, a sexualidade como forma de expressão natural do homem ainda é pouco valorizada na prática da assistência à saúde. OBJETIVO: Este trabalho tem por objetivo analisar e caracterizar a produção científica acerca da sexualidade feminina. METODOLOGIA: A coleta de dados foi baseada no levantamento de artigos nacionais onde utilizamos o banco de dados indexados Scielo. Utilizamos o cruzamento das seguintes palavras-chave: sexualidade x feminina x saúde. Foram encontrados 27 artigos, onde utilizamos 26, sendo excluído um artigo em inglês. Os artigos selecionados foram analisados a partir de seu conteúdo com embasamento da literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os artigos analisados abordam diversos assuntos acerca da sexualidade feminina apontando diferentes questões, problemas e formas de sexualidade, destacando a vulnerabilidade das mulheres, adolescentes e adultas, em relações às diferenças sócioculturais, onde as práticas de violência sexual, início da atividade sexual precoce, prática sexual sem proteção e DST/AIDS concentram-se em mulheres de baixa renda e pouca escolaridade. Algumas pesquisas salienta que as mulheres homossexuais tem maior dificuldade de acesso aos serviços de saúde por situações envolvendo discriminação, porém, isso não foi considerado como impedimento para a busca do cuidado. As pesquisas ressaltam ainda mulheres que optam pela esterilização em decorrência da falta de orientação recebida nos serviços de saúde acerca dos métodos contraceptivos, por dificuldade no uso desses métodos relacionados às questões culturais e experiências anteriores de baixa eficácia. Por fim, em relação às mulheres idosas, os estudos revelam a importância de vivenciarem sua sexualidade, pois apesar dos mitos, a mulher climatérica continua a sentir prazer. CONCLUSÕES: É imprescindível a realização de mais estudos na área com o objetivo de incentivar e implementar serviços de informação e acesso à saúde abordando a sexualidade. Deste modo, é necessário reduzir a incidência da violência contra a mulher e a contaminação por DST/AIDS, estimulando a formação de equipes especializadas, interdisciplinares que possam servir como referência no atendimento à essas mulheres. REFERÊNCIAS: TRINDADE, W. R.; FERREIRA, M. A. Sexualidade feminina: questões do cotidiano das mulheres. Texto contexto – enferm., set 2008, v.17, n.3, p.417-426. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 80 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 33. O PARADIGMA DA SEXUALIDADE NA PARAPLEGIA Marcelo Rodrigues de Souza Noelly Ferreira Honostório Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email:[email protected] INTRODUÇÃO: A sexualidade dos portadores de deficiência física, especificamente no portador de paraplegia, é um desafio para os pesquisadores, sendo a problemática de ordem social e se inserem na área da assistência em saúde. Como sequelas da lesão medular tendem a ocorrer perdas relacionadas à autonomia nas excreções, nas funções sexuais (compreendidas como os aspectos biofisiológicos da sexualidade, tais como ereções, ejaculações e fertilidade) e nos movimentos abaixo do local da lesão, presentes na maioria dos paraplégicos nos primeiros anos após o acidente. O corpo dos paraplégicos, na região abaixo da lesão, é insensível à estimulação táctil, o que coloca algumas questões complexas diante do desejo sexual que persiste apesar das sequelas. Desta forma, é fundamental compreender as limitações e possibilidades do desenvolvimento da sexualidade do portador de paraplegia. OBJETIVO: Analisar e caracterizar os artigos científicos acerca da sexualidade na paraplegia METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento eletrônico de artigos na íntegra, nacionais e indexados nas bases de dados Scielo. Utilizamos na busca a intersecção dos seguintes descritores: sexualidade x paraplégico e foram encontrados 02 artigos. Os artigos selecionados foram analisados a partir do seu conteúdo e discutidos com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os artigos revelam a crença, dos portadores de paraplegia, na incapacidade de despertar interesse sexual e os fatores que interferem na sexualidade são de ordem social, ideológica, econômica, política e religiosa. Além de que as próprias características da personalidade influenciam a vivência da sexualidade. Os fatores sociais e ideológicos servem para negar o corpo sexuado das pessoas portadoras de deficiência dado que cristalizam a ótica que essas pessoas são assexuadas e incapazes de sentir prazer. Os estudos salientam, também, que a maioria dos indivíduos portadores de paraplegia sente dificuldade em compreender e falar sobre o próprio corpo. Eles vivenciam um processo de negativação da autoimagem e do autoconceito que institui a crença de serem pessoas sexualmente indesejáveis. CONCLUSÕES: Percebemos que o número de publicações enfocando a sexualidade do portador de paraplegia são quase inexistentes. Entretanto, os estudos chamam a atenção dos profissionais da saúde para a necessidade de desenvolver educação no contexto da sexualidade sustentada pela atuação interdisciplinar e levando em conta o modo como vivenciam o próprio corpo na intenção de desmistificarem mitos e tabus relacionados à sexualidade da pessoa portadora de paraplegia e melhorar a qualidade de vida desses indivíduos. Palavras-chave: sexualidade; paraplegia; saúde. REFERÊNCIAS: SILVA, L. C. A.; ALBERTINI, C. A reinvenção da sexualidade masculina na paraplegia adquirida. Rev. Dep. Psicol.,UFF [online]. 2007, vol.19, n.1, pp. 37-48. FRANCA, I. S. X.; CHAVES, A. F. Sexualidade e paraplegia: o dito, o explícito e o oculto. Acta paul. enferm. [online]. 2005, vol.18, n.3, pp. 253-259. 34. DEPENDÊNCIA QUÍMICA DO CRACK: REVISÃO DA PRODUÇÃO Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 81 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente CIENTÍFICA NACIONAL Simone Camargo Tescari Ellen Carla Boaventura Suelen Cristina Tesoni Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: A dependência química se tornou um importante problema de saúde pública e tem desafiado os profissionais da saúde a compreenderem o perfil do usuário de substâncias psicoativas, em vista das dificuldades de manejo e abordagem do problema. Em especial, a prevalência do consumo do crack, no momento atual, é uma das questões centrais discutidas no país em relação às drogas. Observa-se que os usuários de crack estão expostos a diversas situações de risco e vulnerabilidade sociais, o que indica grave problema de saúde pública e contribui para o aumento das violências. No entanto, o que mais preocupa na expansão do uso de crack é a velocidade do deteriorização da vida mental, orgânica e social do indivíduo. O crack é uma droga de difícil tratamento - particularmente se levarmos em consideração os modelos atualmente propostos para atendimento de drogas no Brasil. A maioria dos autores afirma que a abordagem deve ser multidisciplinar e dividida em diversas etapas por meio de um modelo complexo de característica biopsicossocial, enfocando especialmente as estratégias de prevenção de recaída. OBJETIVO: Descrever e refletir, por meio de artigos científicos, pesquisas sobre o fenômeno do consumo de crack no Brasil. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento eletrônico de artigos na íntegra, nacionais e indexados nas bases de dados Scielo. Utilizamos na busca a intersecção dos seguintes descritores: crack x saúde. Foram encontrados 29 artigos, destes foram selecionados 10 artigos por serem artigos na íntegra, na língua portuguesa e publicados nos anos de 2009 e 2010. Os artigos selecionados foram analisados a partir do seu conteúdo e discutidos com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os resultados obtidos nas pesquisas dos artigos selecionados mostraram o perfil do usuário de crack: prevalente no sexo masculino, jovem, solteiro, de baixa classe socioeconômica, baixo nível de escolaridade e sem vínculos empregatícios formais. Os estudos ainda salientam que os usuários de crack apresentam uso compulsivo e variado de outras drogas, desenvolvimento de atividades ilícitas em troca de crack, apresentando envolvimento com a violência e a criminalidade, além de apresentarem históricos de reclusão. Não podemos deixar de salientar que os resultados dos artigos apontaram que o acesso ao crack é simples e facilitado por estratégias de mercado como a entrega em domicilio, a transformação das pedras em farelo para reduzir o custo e a substituição do cachimbo artesanal para a combinação do crack junto ao tabaco ou a maconha. Destacamos, também, pesquisas que afirmam a existência de um ou mais transtornos mentais em usuários de crack, sendo depressão e ansiedade os mais prevalentes. CONCLUSÕES: Concluímos a necessidade de se investir em estudos de seguimento que acompanhem os usuários das unidades de desintoxicação, a fim de ampliar, avaliar e qualificar as ações prestadas pelos serviços públicos de saúde em seus diferentes níveis de atenção, bem como estudos que explorem de forma mais detalhada a associação com a criminalidade nessa população, destacando o papel do profissional de saúde neste contexto. Palavras-chave: Crack; saúde; drogas. REFERÊNCIAS: Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 82 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente GUIMARAES, C. F.; SANTOS, D. V. V.; FREITAS, R. C.; ARAUJO, R. B. Perfil do usuário de crack e fatores relacionados à criminalidade em unidade de internação para desintoxicação no Hospital Psiquiátrico São Pedro de Porto Alegre (RS). Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul [online]. 2008, vol.30, n.2, pp. 101-108. KESSLER, F.; PECHANSKY, F. Uma visão psiquiátrica sobre o fenômeno do crack na atualidade. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul [online]. 2008, vol.30, n.2, pp. 96-98. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 83 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 35. ABORTO E ADOLESCÊNCIA: A PROBLEMÁTICA SOB A ÓTICA DA LITERATURA CIENTÍFICA Verônica Machado Marques de Oliveira Marli Santos Oliveira Ramires Tatiane Cristina Almeida Santos Viviane Guthierres Victorino Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: O aborto é uma importante causa de mortalidade materna, principalmente nos países onde não é legalizado. No Brasil, onde as indicações de aborto legal são restritas, tem sido muito difícil estimar a mortalidade materna por esta causa. Os dados sobre aborto obtidos no Brasil são baseados fundamentalmente em número de registros de internações por suas complicações e em dados de declarações de óbito (SOUZA; et al 2001). De acordo com a pesquisa de Arcanjo, Oliveira , Bezerra (2007), o tema no Brasil tem despertado interesse de pesquisadores e profissionais de saúde, sendo que este problema tem acontecido em adolescentes pobres e de baixa escolaridade,e esse índice tem aumentado em meninas de 10 a 14 anos. OBJETIVO: Este trabalho buscou conhecer e analisar os artigos científicos acerca do aborto entre os adolescentes. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica. Para a coleta de dados foi utilizado levantamento eletrônico de artigos nacionais indexados na base de dados SCIELO. Utilizamos na busca a intersecção dos seguintes descritores: aborto x adolescência. Foram selecionados 19 artigos. Para análise utilizamos algumas variáveis como: ano de publicação, profissão dos autores, local das pesquisas e conteúdo dos artigos. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Constamos que dos 19 artigos selecionados a maior parte deles foram publicados por: Enfermeiros, Médicos, Psicólogos. As publicações se concentraram no ano de 1990 à 2010, tendo com maior número em 2010. Cabe ressaltar que a maioria das pesquisas ocorreu em algumas cidades do estado do: Rio de Janeiro e os estados do Acre, Pernambuco, Minas Gerais, Bahia, Fortaleza, Porto Alegre e São Paulo tiveram destaque neste estudo. Considerando, portanto, o conteúdo dos artigos analisados, muitos autores destacam que o aborto vem aumentando cada vez mais entre os adolescentes de classe social baixa, e de nível escolar baixo, sendo realizado também nas outras classes sociais, e muitos afirmam que não estavam preparados para este compromisso e relatam ter medo da punição da sociedade e dos pais. Sendo visto também a baixa adesão de métodos contraceptivos entre os adolescentes pesquisados. CONCLUSÕES: Compreendemos que a falta de investigações sobre o aborto e a falta de políticas públicas de saúde para estes adolescentes aumentam o índice de mortalidade e complicações decorrentes desse fenômeno. Palavras-chave: aborto; adolescência; saúde. REFERÊNCIAS: SOUZA, V. L. C. et al . O aborto entre adolescentes. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 9, n. 2, abr. 2001. ARCANJO, C. M.; OLIVEIRA, M. I. V.; BEZERRA, M. G. A. Gravidez em adolescentes de uma unidade municipal de saúde em Fortaleza - Ceará. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, set. 2007 . Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 84 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 36. TRANSTORNO DO SONO E QUALIDADE DE VIDA: UMA REVISÃO Vanessa Aparecida Maziero Santana Ludmila Rodrigues de Sá Daniela Massuia Loiane Viscardi de Matos Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email:[email protected] INTRODUÇÃO: A privação do sono, atualmente, tem sido alvo de pesquisadores em todo o mundo. Estudos afirmam que esta privação pode causar diversas alterações: endócrinas, metabólicas, físicas, cognitivas, neurais e modificações na arquitetura do sono, que em conjunto comprometem a saúde e a qualidade de vida do sujeito nestas condições. Os transtornos psiquiátricos como depressão e ansiedade, são causa mais comum da insônia crônica. Níveis elevados de estresse também podem contribuir para os transtornos do sono. A privação crônica de sono pode causar ou contribuir para acidentes, desavenças sociais e conjugais e distúrbios psiquiátricos. Ela é também um fator de risco independente para transtornos cardiovasculares e gastrointestinais. OBJETIVO: Analisar e caracterizar a literatura cientifica a cerca dos portadores de transtorno do sono. METODOLOGIA: Tratase de uma pesquisa de revisão bibliográfica. Para a coleta de dados foi utilizado levantamento eletrônico de artigos nacionais indexados na base de dados SCIELO. Utilizamos na busca a intersecção dos seguintes descritores: doença x sono. Foram selecionados 09 artigos. Os artigos selecionados foram analisados em seus conteúdos e discutidos com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: A maioria das pesquisas nos artigos relatam as consequências da privação do sono como: problemas gástricos, hipertensão, depressão, problemas renais, problemas cardíacos e outros. Alguns estudos afirmam que os fatores que afetam a qualidade e a quantidade do sono incluem a idade do paciente, seu estilo de vida, ambiente de sono e uso de medicação. Foi relatado também que as pessoas que trabalhavam no período noturno tinham uma maior incidência em ter outros tipos de patologias associadas às noites mal dormidas. Pesquisadores diversos têm ressaltado a estreita associação entre transtornos do sono, como insônia, sonolência excessiva e pesadelos, com a depressão. Desta forma, vale ressaltar que os estudos do sono desempenham um importante papel na investigação da depressão, contribuindo para o diagnóstico desse transtorno e para a elaboração de estratégias de tratamento e a identificação de indivíduos vulneráveis a esses transtornos. CONCLUSÕES: A partir dos artigos analisados podemos concluir que é urgente a necessidade de incentivo de estudos nacionais que caracterizam melhor o transtorno do sono e que sejam capazes de traçar estratégias de reabilitação, tratamento e prevenção deste fenômeno. Palavras-chave: transtorno do sono, saúde, repouso. REFERÊNCIAS: , CHELLAPPA, S. L., ARAUJO, J. F. O sono e os transtornos do sono na depressão. Rev. psiquiatr. clín. [online]. 2007, vol.34, n.6, pp. 285-289. CHELLAPPA, S. L.; ARAUJO, J. F. Transtornos do sono em pacientes ambulatoriais com depressão. Rev. psiquiatr. clín. [online]. 2006, vol.33, n.5, pp. 233-238. ANTUNES, H. K. M.; ANDERSEN, M. L.; TUFIK, S.; DE MELLO, M. T. Privação de sono e exercício físico. Rev Bras Med Esporte [online]. 2008, vol.14, n.1, pp. 51-56. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 85 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 37. CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE NEGLIGÊNCIA E ABANDONO Neuri Carlos Dornelas Adriana Tomas de Aquino Wilson Gomes de Ascensão Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: A violência que ocorre dentro da família, em diferentes partes do mundo, revela números assustadores nas estatísticas de morbimortalidade de mulheres, crianças e adolescentes. De acordo com Frassão (2000), o abandono de crianças caracteriza-se como um sintoma social, geralmente observado em famílias monoparentais, nas quais a pobreza se apresenta como um dos determinantes da entrega de crianças para os cuidados institucionais. Não é difícil imaginar as graves consequências em médio prazo na formação dessas crianças e adolescentes, desta forma, o profissional da saúde deve ter conhecimento acerca do tema oferecendo subsídios importantes para o planejamento, execução nas estratégias de enfrentamento voltadas a esse segmento. OBJETIVO: Analisar e caracterizar os estudos científicos acerca da negligência e abandono de crianças e adolescentes. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento eletrônico de artigos na integra, nacionais e indexados nas bases de dados SCIELO. Utilizamos na busca a intersecção das seguintes descritos: negligência x crianças. Foram encontrados um total de 13 artigos. Os critérios adotados para a exclusão dos artigos foram textos em inglês, desta forma, foram selecionados 8 artigos. Os artigos selecionados foram analisados e discutidos com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Observamos, nos artigos selecionados, poucos estudos que abordavam pesquisas a respeito da negligência, sendo a maioria acerca da violência física. Os artigos que enfocavam a negligência salienta que a criança vítima de negligência, geralmente, é do sexo masculino, apresenta alguma deficiência e condições socioeconômicas desfavoráveis. Os estudos que trazem o tema a partir da compreensão da violência por enfoque de profissionais da área da saúde deixam claro a necessidade desses profissionais de estarem preparados para identificar e atuar adequadamente sobre casos onde há suspeita de violência contra crianças e adolescentes. Além disso, um dos fatores que contribui efetivamente para a redução do fenômeno são a identificação, notificação e encaminhamento dos casos. CONCLUSÕES: Concluímos a necessidade de mais pesquisas acerca do fenômeno com o objetivo de incentivar a criação de políticas públicas capazes de interromper a cadeia da violência doméstica. Entretanto, para que isso seja uma realidade, estes profissionais necessitam de conhecimentos básicos para reconhecer sinais e sintomas físicos, comportamentais e sociais que indicam a perpetuação da violência. Palavras-chave: negligência; crianças; adolescentes. REFERÊNCIAS: FRASSÃO, M.C.G.O. (2000). Devolução de crianças colocadas em famílias substitutas: uma compreensão dos aspectos psicológicos através dos procedimentos legais. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 86 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 38. PRODUÇÃO CIENTÍFICA ACERCA DOS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS NA ADOLESCÊNCIA: DESAFIOS PARA O PROFISSIONAL DE SAÚDE Cathia Moraes Vicentim Patrícia Cerqueira Leite Luciana Ribeiro Rodrigues Luzia Bernadete Laurenti Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: A adolescência é vista pela literatura como um período caracterizado por intensa necessidade de explorar e experimentar o contexto em que se vive e tal necessidade torna o adolescente mais vulnerável ao engajamento em comportamentos que envolvem riscos pessoais. É dentro deste contexto de risco que o comportamento sexual do adolescente vem sendo pensando e entendido. É complexa a percepção e a vivencia da sexualidade dos jovens, relacionadas que estão a valores, crenças e atitudes que determinam o comportamento social do individuo. Nessa perspectiva, o uso de métodos contraceptivos na adolescência tem sido alvo de inúmeros estudos e reflexões por ameaçar o bem-estar e futuro dos adolescentes devido aos riscos físicos, emocionais e sociais que acarreta o não uso destes (BELO et al, 2004). OBJETIVO: O objetivo deste estudo é analisar pesquisas a partir de artigos científicos referentes à contracepção na adolescência. METODOLOGIA: Foi realizada uma busca eletrônica de artigos na integra, nacionais indexados na base de dados do SCIELO. Utilizamos na busca a intersecção das seguintes palavras: contraceptivos x adolescência. Foram encontrados 24 artigos e foram excluídos textos em inglês, destes foram selecionados 20 artigos. Os artigos foram analisados de acordo com seus conteúdos. RESULTADOS E DISCUSSÕES: De acordo com os artigos pesquisados um dos fatores associados ao não uso de anticoncepcionais na adolescência é a falta de conhecimento do adolescente acerca de questões sexuais. Os artigos mais recentes indicam que este grupo continua mal informado, apresentando falta de compreensão de assuntos como o ciclo menstrual, o tempo de fertilidade e o processo de concepção. Os artigos ainda abordam que educadores, profissionais de saúde e pais, participantes ativos da formação dos adolescentes, com frequência, não têm consciência ou sensibilidade quanto ao problema desse grupo populacional: devido à falta de informação ou, simplesmente, ao constrangimento em discutir temas ligados à sexualidade, poupando o adolescente de usufruir o direito de escolha, com base em informações contextualizadas, de acordo com suas características de vida. Os adolescentes tendem, também, a apresentar atitudes negativas sobre o uso de anticoncepcionais que é visto como um fator de interferência no prazer sexual e possuem crenças errôneas de que a maioria dos métodos anticoncepcionais é incompatível com a baixa frequência e naturalidade de suas relações sexuais, bem como ideias de que o uso de anticoncepcionais é de responsabilidade de seu parceiro. CONCLUSÕES: a análise do conhecimento sobre métodos anticoncepcionais, na maioria dos estudos disponíveis, é feita de maneira muito subjetiva, não incluindo o modo de usar, os efeitos colaterais, as indicações e contraindicações dos mesmos. Isso pode produzir uma interpretação não verdadeira do grau de conhecimento sobre prevenção de gravidez que os adolescentes possuem e assim, enviesar a avaliação da influencia do conhecimento sobre o uso de métodos anticoncepcionais. Palavras-chave: contracepção; adolescência; vulnerabilidade. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 87 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente REFERÊNCIAS: BELO, M. A. V.; SILVA, J. L. P. S. Conhecimento, atitude e prática sobre métodos anticoncepcionais entre adolescentes gestantes. Departamento de Tocoginecologia. Faculdade de Ciências Medicas. Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP, Brasil; Rev Saúde Publica, 2004. SOUSA, M. C. R.; GOMES, K. R. O. Conhecimento objetivo e percebido sobre contraceptivos hormonais orais entre adolescentes com antecedentes gestacionais. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 3, Mar. 2009. SILVA, N. C. B. et al. Proposta de instrumento para avaliar conhecimento de jovens sobre métodos contraceptivos. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto, v. 17, n. 38, Dec. 2007. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 88 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 39. EDUCAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA Enos de Cristo Alves Brito Natália Rezende Domingos Thaís Cristina A. Souza Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: Desde o século XIX, a adolescência já era reconhecida como período crítico da existência humana. Porém, esta fase da vida apresenta-se, frequentemente, vinculada à vulnerabilidade e ao risco, inerentes às mudanças e transformações que a permeiam, o que torna fundamental o enfoque de prevenção. Sendo assim, ao adolescer, devem ser considerados, entre outros, os riscos vinculados ao exercício imprudente ou impensado da sexualidade, cujas consequências desastrosas como a gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis e o aborto são consequências que podem levar à interrupção de um projeto e/ou da qualidade de vida e até mesmo da própria vida (SAITO ET AL 2007). OBJETIVO: Identificar, na literatura, pesquisas acerca da educação sexual para adolescentes. METODOLOGIA: Foi realizada uma busca eletrônica de artigos na integra, nacionais indexados na base de dados do SCIELO. Utilizamos na busca a intersecção das seguintes palavras: educação x sexualidade x adolescência. Foram encontrados 34 artigos relacionados. Foram excluídos os artigos em línguas estrangeiras e selecionados os artigos publicados entre os anos de 2007 a 2010. Os artigos foram analisados de acordo com seus conteúdos. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os estudos revelaram que há um alto índice de vulnerabilidade à gestação precoce entre as adolescentes dos 12 aos 19 anos, de níveis socioeconômicos mais baixos em comparação com outras classes sociais. Estudos baseados em questionários com adolescentes sobre conhecimento de aspectos da sexualidade confirmam o desconhecimento de algumas doenças de cunho sexual, e mostraram-se confusos acerca desses assuntos constatando que as representações dos adolescentes sobre o tema está limitada quase sempre à relação sexual entre duas pessoas do sexo oposto, bem como, associado ao risco de gravidez e de DSTs. Destacou-se ainda a preocupação dos adolescentes com a prática sexual segura por meio do uso de preservativos, no entanto, houve relato de maus tratos por parte dos pais ao flagrarem o porte da camisinha. Os artigos relatam, também, a origem das informações sexuais entre os adolescentes, comprovando que na maioria dos casos elas são dadas pelos amigos e não pelos pais, que deveriam assumir esse papel integralmente, o que não ocorre por despreparo desses pais em abordar a sexualidade com seus filhos. CONCLUSÕES: Fica evidente a necessidade de se investir em pesquisas em temas de saúde sexual, capacitar professores quanto à temática da sexualidade humana sob a ótica da prevenção com intuito de diminuir a vulnerabilidade dos adolescentes cabendo também aos profissionais de saúde estar inseridos em programas de Educação Sexual nas escolas promovendo ações e programas voltados para a saúde do adolescente. Palavras-chave: educação sexual, saúde, adolescente. REFERÊNCIAS: SAITO, M. I.; LEAL, M. M. Adolescência e contracepção de emergência: Fórum 2005. Rev. paul. pediatr. [online]. 2007, vol.25, n.2, pp. 180-186. ALTMANN, H. Educação sexual e primeira relação sexual: entre expectativas e prescrições. Rev. Estud. Fem. [online]. 2007, vol.15, n.2, pp. 333-356. TONATTO, S.; SAPIRO, C. M. Os novos parâmetros curriculares das escolas brasileiras e educação sexual: uma proposta de intervenção em ciências. Psicol. Soc. [online]. 2002, vol.14, n.2, pp. 163-175. ISSN 0102-7182. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 89 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 40. ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE HEPATITE B: TENDÊNCIAS INVESTIGATIVAS Jéssica Tibaldi Busto Lilian Naves Ferreira Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: A infecção pelo vírus da hepatite B é considerada um importante problema de saúde pública. Estima-se que cerca de 2,2% da população mundial, o equivalente a 130 milhões de pessoas, estejam infectados por esse vírus (ALTER, 2007). A hepatite B aguda geralmente se apresenta de forma assintomática. No entanto, a maioria dos casos evolui para cronicidade, podendo levar ao desenvolvimento de cirrose hepática e carcinoma hepatocelular, conferindo a essa virose importante causa de morbimortalidade. OBJETIVO: Realizar levantamento bibliográfico acerca da hepatite B. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento eletrônico de artigos na integra, nacionais e indexados nas bases de dados SCIELO. Utilizamos na busca a intersecção das seguintes descritos: Hepatite B X Enfermagem. Foram encontrados um total de 10 artigos. Os critérios adotados para a exclusão dos artigos foram textos em inglês, desta forma, foram selecionados 8 artigos. Os artigos selecionados foram analisados e discutidos. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Algumas pesquisas apontam que as ocorrências de contaminação da hepatite são significativas no ambiente hospitalar, salientando que os profissionais da saúde estão mais expostos a infecção pelo vírus, devido ao maior contato com o paciente e manipulação com fluídos corporais e reencape de agulhas, facilitando a transmissão ocupacional. Alguns fatores de risco descritos nos artigos mostraram que o tempo de profissão, relatos de exposição ocupacional e o não uso de equipamentos de proteção estiveram associados a soropositividade do vírus VHB. As pesquisas detectaram, ainda, que a maior parte dos profissionais de enfermagem desconhecia as formas de transmissão do vírus, não havia recebido treinamento do que fazer caso ocorresse acidente com perfuro cortante. CONCLUSÕES: Acreditamos que é imprescindível a implantação de programas sistematizados para se discutir sobre biossegurança em todos os setores de atuação da área de saúde, os quais deverão incluir estratégias efetivas de prevenção de acidentes e de minimização dos riscos ocupacionais, principalmente no caso das exposições a material biológico. Palavras-chave: hepatite B; enfermagem; vulnerabilidade REFERÊNCIAS: ALTER, M. J. Epidemiology of viral hepatitis C infection. World J Gastroenterol. 2007;13(17):2436-41. PINHEIRO, J.; ZEITOUNE, R. C. G. Hepatite B: conhecimento e medidas de biossegurança e a saúde do trabalhador de enfermagem. Esc. Anna Nery [online]. 2008, vol.12, n.2, pp. 258264. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Hepatites Virais: O Brasil está atento; 3ª edição; BRASÍLIA / DF 2008. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 90 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 41. PROSTITUIÇÃO INFANTIL E EXPLORAÇÃO SEXUAL: ANÁLISE CRÍTICA DA LITERATURA CIENTÍFICA Jéssica Tibaldi Busto Larissa Inglids Montezino Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email:[email protected] INTRODUÇÃO: A violência que permeia a prostituição infantil feminina por si só já constitui uma questão de saúde coletiva. Assim, observando a produção que circula nos meios de comunicação, o contexto das políticas sociais e a própria literatura especializada na área da infância e da juventude, é possível constatar que o fenômeno da prostituição infantojuvenil adquiriu uma notória evidência social, sendo motivo de intenso e mobilização dos diversos setores da sociedade. Tais práticas, incluídas no rol das políticas de proteção social da criança e do adolescente no Brasil, implicam contextos particulares e decorrentes de construções históricas, sociais, culturais e econômicas próprias, articuladas às demais questões sociais. OBJETIVO: Identificar e analisar a produção científica acerca da prostituição infantil e exploração sexual. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento eletrônico de artigos na integra, nacionais e indexados nas bases de dados SCIELO. Utilizamos na busca a intersecção das seguintes descritos: prostituição X infantil; prostituição x jovens; prostituição x adolescentes. Foram encontrados um total de 22 artigos. Os critérios adotados para a exclusão dos artigos foram: textos em inglês, textos repetidos na busca, desta forma, foram selecionados 17 artigos. Os artigos selecionados foram analisados a partir de seu conteúdo e discutidos a partir da literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: A grande maioria dos artigos, a partir de entrevistas, destacam os fatores que levaram essas adolescentes à rua: violência doméstica; baixo nível socioeconômico familiar e abuso de múltiplas drogas. Os autores abordam o tema como um meio de sobrevivência, decorrente de uma sociedade desigual, adultocêntrica e machista. Vale lembrar que as pesquisas destacam a violência doméstica como fator propulsor para a prostituição infantil, desta forma, observamos que a prostituição infantil é mais frequente nas famílias das crianças que sofre: negligência, violência física, violência sexual e também psicológica. Os artigos deixam claro que na avaliação do atendimento a crianças vitima da prostituição, baseada em indicadores, ainda é pouco realizada no Brasil e falta muito para combatê-la. Desta forma, os artigos ainda destacam que para se enfrentar o problema, é necessário situá-lo dentro do contexto familiar e articulá-lo em questões macros sociais. CONCLUSÕES: Observamos que pesquisas sobre a prostituição infanto-juvenil não são alvos de produções científicas consistentes e pouco se tem produzido, ainda que seja intensa a mobilização social em torno do tema. Portanto, para se abordar o assunto, tem-se que recorrer às referenciais dos estudos sobre a prostituição em geral. Palavras-chave: prostituição; infantil; saúde. REFERÊNCIAS: NUNES, E. L. G. e ANDRADE, A. G. Adolescentes em situação de rua: prostituição, drogas e HIV/AIDS em Santo André, Brasil. Psicol. Soc. [online]. 2009, vol.21, n.1, pp. 45-54. BERNSTEIN, E. O significado da compra: desejo, demanda e o comércio do sexo. Cad. Pagu [online]. 2008, n.31, pp. 315-362. SOUZA, R. A. e SOUZA, L. Os dilemas da nomeação: prostituição infanto-juvenil e conceitos relacionados. Estud. psicol. (Campinas) [online]. 2009, vol.26, n.2, pp. 247-256. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 91 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 42. PROPOSTA DE UM PROGRAMA PARA FAMILIAS DE ADOLESCENTES QUE FAZEM USO DE DROGAS Mayra Martins Doutoranda da Pós Graduação EERP/USP E-mail: [email protected] Bruna Grigolli Doutoranda da Pós Graduação da FFCLRP/USP Email [email protected] Prof. Dra. Sandra Pillon EERP/USP Email [email protected] Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno EERP/USP E-mail: [email protected] Introdução O uso de drogas entre os adolescentes tem aumentado muito nos últimos anos, atualmente é um problema saúde pública; que vem recebendo uma atenção especial por parte dos profissionais que atuam nesta área e dos órgãos públicos para um melhor entendimento dessa realidade e uma ação efetiva em relação às possibilidades de programas de prevenção, avaliação, orientação e intervenção auxiliando tanto as famílias quanto as instituições públicas e privadas que desenvolvem trabalhos sócio-educativos direcionados ao adolescente em situação de risco e vulnerabilidade como por exemplo; uso de drogas. A partir de observações realizadas no período entre 2008 e 2009 nos grupos socioeducativos com adolescentes e famílias pertencentes aos Programas do Governo Federal Pro Jovem Adolescente e PAIF (Programa de Atenção Integral as Famílias) que são coordenados pela Secretaria da Assistência Social de Ribeirão Preto-SP, foi identificado que muitos destes adolescentes estavam envolvidos em situações de risco como, por exemplo, o uso de drogas e estava levando as famílias a se desestruturarem emocionalmente, além de deixarem os familiares impotentes com relação à tomar uma atitude adequada que pudessem solucionar este problema ou quem sabe lidar com a situação de uma maneira positiva até que conseguissem buscar uma solução para este problema que estava trazendo aos familiares e até ao próprio adolescente preocupação e sofrimento.Contribuindo com estes fatos pesquisas demonstram que o monitoramento, supervisão e vínculos afetivos fortes entre pais e filhos são um fatores importantes para a prevenção do uso de drogas. Objetivo: Este estudo tem como objetivo apresentar um relato de experiência e propor um programa intervenção que forneça informação e orientação aos pais e adolescentes reforçando a importância dos laços afetivos fortes, monitoramento e supervisão adequada como fator de prevenção e proteção ao uso de drogas e outros comportamentos de risco visando amenizar esta problemática.Proposta de Trabalho: Implementação de um trabalho de intervenção semanal baseando-se na nos princípios da abordagem cognitiva-comportamental com o objetivo de amenizar esta problemática. Estimular a mudança de comportamento dos familiares e adolescentes através do pensar, sentir, abordando as funções e as conseqüências do uso de drogas, a importância do fortalecimento dos vínculos afetivos, monitoramento, supervisão adequada como fator de proteção para o uso de drogas. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 92 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Intervenção nas habilidades de comunicação, o controle da raiva e o gerenciamento do stress, que favorece o aprendizado voltado à solução dos problemas. Além dos recursos individuais como a auto-observação e o controle do comportamento. Existe um número considerável de adolescentes com esses problemas e poucos são os recursos disponíveis na rede social ou de saúde. A escolha dessa abordagem na proposta de intervenção foi utilizada por ser mais eficaz e de baixo custo. Palavras chaves: Programas de orientação e prevenção ao uso de drogas, familias e adolescentes. REFÊRENCIAS DEMUTH, S., BROWN, S., Family structure, family processes, and adolescent delinquency: The significance of parental absence versus parental gender. Journal of Research in Crime and Delinquency, v.4, n.1, p. 58-81, 2004. MARTINS, M., PILLON, S.C.. A relação entre a iniciação do uso de drogas e o primeiro ato infracional entre os adolescentes em conflito com a lei. Cad. Saúde Pública, 2008; 24(5):1112-1120. MEYER, M. Guia prático para programas de prevenção de drogas. São Paulo : Sociedade Beneficente Israelita , 2003. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 93 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 43. GRUPOS DE ADESÃO COM PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS EM UM AMBULATÓRIO DE UM HOSPITAL-ESCOLA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Kátia Rodrigues Martins Psic. Dra Maria Rosa Rodrigues Rissi Psic. Dra Lícia Barcelos Profo Dro Marco Antonio C. Figueredo Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP / USP E-mail: [email protected] Introdução: Na literatura científica há diversas visões referentes ao conceito de adesão, que vão desde a idéia de “obediência” ao tratamento médico prescrito até a de uma atitude complexa atravessada principalmente pela decisão autônoma do paciente. Atualmente, tem-se pensado a adesão ao Tratamento Antiretroviral (TARV) como algo muito além do que a simples ingestão de medicamentos e sim como um processo dinâmico e multifatorial que inclui aspectos psicológicos, sociais, culturais, físicos e comportamentais, que requer decisões compartilhadas e co-responsabilizadas entre a pessoa que vive com HIV, a sua rede social e a equipe. Sobre esta última, sabe-se que o papel dos serviços de saúde é extremamente importante na adesão, nos quais a disponibilidade de diálogo, a comunicação e a busca pela negociação possibilitam uma relação mais aberta e horizontal. Para o tratamento da aids, enquanto doença crônica, é fundamental haver uma interação entre o paciente e a equipe multiprofissional, de forma a favorecer que a complexidade que envolve a continuidade do tratamento possa ser devidamente compartilhada. Diante disso, algumas estratégias para melhorar a aderência ao tratamento em doenças crônicas e AIDS vêm sendo construídas baseadas no tripé: paciente, profissionais e serviços de saúde _ uma delas são os chamados Grupos de Adesão. Neste trabalho relata-se brevemente a experiência do Grupo de Adesão realizado no Ambulatório da Unidade Especial de Tratamento de Doenças Infecciosas (UETDI) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP). Objetivo: A experiência de grupo pode possibilitar aos pacientes o acesso a conhecimentos e vivências que não estão disponíveis nos atendimentos individuais e ainda fortalecer o vínculo paciente/cuidador/equipe. Metodologia: Os pacientes e acompanhantes presentes na sala de espera do Ambulatório da UETDI são convidados a participar voluntariamente de uma roda de conversa com um mote previamente definido que envolve a temática HIV/AIDS. A atividade também é divulgada na Unidade por meio de cartazes afixados previamente. Nos grupos de Adesão, um profissional da equipe ou um convidado inicia o grupo fazendo uma breve apresentação sobre o tema do dia e depois a palavra é aberta para todos. Os grupos acontecem uma vez por mês, com duração de uma hora e são encerrados com um coffee-break se caracterizando enquanto um momento de confraternização entre os participantes. Resultado: Em 2010, foram realizados quatro Grupos com os seguintes temas: Medicamentos e Vacinas; Alimentação; Tuberculose e Direitos e Benefícios Trabalhistas. Em média, participaram vinte usuários do serviço, incluindo pacientes e cuidadores. Nos Grupos de Adesão, foi possível oferecer informações e apoio que instrumentalizassem os pacientes e seus cuidadores no seguimento de sua terapêutica e cuidado à sua saúde. Trataram-se de momentos de troca de experiências com os demais pacientes e acompanhantes, enquanto o profissional servia de facilitador nas discussões que se seguiam, além de esclarecer dúvidas. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 94 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Considerações finais: Pôde-se notar que as intervenções em grupo é o compartilhamento e troca de experiência entre pessoas com vivências comuns, que podem propiciar a vinculação e o fortalecimento do apoio social entre pares e com o serviço de saúde. Contudo, deve-se evitar que os grupos sejam meramente informativos e que as atividades se assemelhem a aulas ou palestras, o que acaba inibindo a participação efetiva dos presentes durante sua realização. É importante dizer que os profissionais envolvidos na condução dos grupos devem estar preparados para acolher e abordar assuntos polêmicos e até íntimos, de maneira que considere os objetivos e o formato da atividade sem que exponha indevidamente os participantes, além de utilizarem uma linguagem acessível ao público. Por fim, a participação de diferentes profissionais num mesmo grupo pode favorecer um maior dinamismo e interdisciplinaridade aos grupos. Palavras-chave: adesão; grupo; AIDS. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e AIDS. Manual de adesão ao tratamento para pessoas vivendo com HIV e AIDS. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 133 p. COLOMBRINI, M. R. C.; LOPES, M. H. B. M.; FIGUEIREDO, R. M. Adesão à terapia antiretroviral para HIV/AIDS. São Paulo, v. 40, n. 4, p. 576-581, Rev. Esc. Enfermagem USP, 2006. GUARAGNA, B.F.P. et al. Implantação do Programa de Adesão ao Tratamento de HIV/AIDS: Relato de experiência. Porto Alegre, v. 27, n. 2, p. 35-38, Rev. HCPA, 2007. NARCISO, A. M. S.; PAULILO, M. A. S. Adesão e AIDS: Alguns fatores intervenientes. Londrina, v. 4, n. 1, p. 27-43, Rev. Serv. Soc., 2001. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 95 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 44. CONHECIMENTO PARA PREVENÇÃO: OFICINAS COM ADOLESCENTES SOBRE A TEMÁTICA DO USO DAS DROGAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS Rutinéia de Fátima Micheletto* Márcia Mendes Ruiz Cantano** Profª. Drª. Regina Célia Garcia de Andrade** Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP)* Faculdade de Ciências Farmacêutica de Ribeirão Preto (FCFRP-USP)** E-mail: [email protected] Introdução: O uso de drogas, inclusive álcool e tabaco, tem relação direta e indireta com uma série de agravos à saúde dos adolescentes e jovens, entre os quais destacam-se acidentes de trânsito, agressões, depressões clínicas e distúrbios de conduta, ao lado de comportamento de risco no âmbito sexual e transmissão do HIV pelo uso de drogas injetáveis e de outros problemas de saúde decorrentes dos componentes da substância ingerida, e das vias de administração. Educar a população é fundamental, pois promove a redução dos obstáculos relativos ao tratamento e à atenção integral voltada para os consumidores de álcool, aumentando a consciência coletiva sobre a freqüência dos transtornos decorrentes do uso indevido de álcool e drogas (BRASIL, 2004). O Programa Assistencialista Sócio-Cultural dos Estudantes de Farmácia (PASCEF) foi criado em 2004 pelos alunos do curso de graduação em Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto/USP. O Programa tem por objetivo primordial compartilhar saberes científicos, tecnológicos e artísticos, tornando-os acessíveis à população. Devido à necessidade de repassar para a sociedade os conhecimentos sobre saúde, adquiridos na universidade, permitindo a formação de cidadãos-profissionais mais conscientes e informados, procura-se contribuir para a saúde pública na prevenção de enfermidades e na melhoria da qualidade de vida da comunidade. O PASCEF faz parte do Projeto Aprender com Cultura e Extensão, da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP. Objetivos: Levar conhecimentos científicos adquiridos no curso de graduação em FarmáciaBioquímica a adolescentes da comunidade, por meio de atividades sistematizadas e diferenciadas, envolvendo e aproximando a Universidade e a Comunidade; e contribuir com a formação do farmacêutico. Metodologia: As atividades foram planejadas e executadas pelos alunos da FCFRP/USP que participam como voluntários do PASCEF, sob a responsabilidade de uma docente, sob orientação da pedagoga e uma farmacêutica. As atividades foram divididas em quatro subtemas (tabagismo; formas de contatos; efeitos e conseqüências; e tipos e efeitos) sob o tema central de Drogas. Em todas as oficinas foram desenvolvidas de maneira dinâmica e interativa com os adolescentes de onze a quinze anos, com duração de aproximadamente uma hora e meia. Resultado: Na primeira oficina foi abordado o Tabagismo. Para obter informações de quais drogas e a visão sobre esse assunto pelos adolescentes, para esse tema foi solicitando que eles fizessem desenhos sobre o assunto. A finalização desta oficina foi com a paródia da música de Martinho da Vila – “Devagarinho”, esta parodia aborda sobre o tabagismo (uso, efeito e o incentivo a parar de fumar). A musicalização promoveu um ambiente mais descontraído, animado e cultural para os adolescentes, instigando a conhecer mais sobre o assunto. Tipos de drogas: Para apresentar os vários tipos de drogas foi realizado um teatro, no qual o ator principal era um adolescente que tinha contato com as drogas no ambiente familiar, em casa e na escola. Conseqüências do uso de drogas: Nesta oficina foi dada Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 96 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente continuação ao teatro, porém nesta oficina foi importante o enfoque que a droga não proporciona momentos bons na vida. Trouxe várias conseqüências possíveis de acontecer para as pessoas que fazem uso de drogas, tanto das legalizadas (álcool e cigarro), quanto de uso incorreto de medicamentos e drogas ilícitas texto, após houve discussão sobre o assunto apresentado na dramatização. Drogas tipos e efeitos: para enfatizar e abordar os efeitos das drogas que foram apresentadas nas oficinas anteriores e também abordar outras e seus respectivos efeitos, foi realizado um jogo (dominó), no local numérico, foram adicionados de um lado um tipo de droga e no outro o efeito. Este jogo consistia que os adolescentes identificassem qual era o efeito da droga da peça anterior, o jogo partia da “carinha feliz” e terminava na “carinha triste”, a fim de representar se a pessoa utiliza drogas fará a pessoa triste. Terminada essa atividade, foi realizado um cartaz, porque não uso droga, os adolescentes escreveram os motivos pelo qual não se devem usar drogas e os cartazes ficaram expostos na sala de atividade do Núcleo. Considerações finais: A participação dos adolescentes foram bem destacadas pela experiência e conhecimento de algumas drogas de abuso, foi importante realçar as consequências causadas pelo uso de drogas para a conscientização. Palavras-chave: Adolescentes, Drogas, Prevenção. Refêrencias BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. A Política do Ministério da Saúde para Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas. 2ª ed. Brasília; 2004. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pns_alcool_drogas.pdf>. Acesso em: 25.ago.2010. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 97 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 45. FORMAÇÃO DE FARMACÊUTICOS PARA A PROMOÇÃO EM SAÚDE SOBRE SEXUALIDADE Rutinéia de Fátima Micheletto* Márcia Mendes Ruiz Cantano** Profª. Drª. Regina Célia Garcia de Andrade** Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP)* Faculdade de Ciências Farmacêutica de Ribeirão Preto (FCFRP-USP)** E-mail: [email protected] Introdução: A adolescência é o período em que ocorre o amadurecimento sexual, com o desenvolvimento das características sexuais primárias e secundárias. A sexualidade representa uma característica humana, sendo complexa e diversa das diferentes formas de manifestação individual e social (MOREIRA et al., 2008). O adolescente, durante esta etapa de transformações, muitas vezes sofre fortes pressões do grupo em que está inserido para uma iniciação sexual cada vez mais cedo, são os mais vulneráveis aos riscos de contraírem doenças sexualmente transmissíveis por práticas sexuais desprotegidas, bem como uma gravidez precoce ou indesejada (BRASIL, 2006). O Programa Assistencialista Sócio-Cultural dos Estudantes de Farmácia (PASCEF), criado em 2004 pelos graduandos do curso de FarmáciaBioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto/USP, tem despertado nos estudantes a dimensão social da educação, por meio da aplicação do aprendizado em uma necessidade real e permite a este compreender a função do farmacêutico como agente de promoção da saúde na comunidade. O PASCEF faz parte do Projeto, Aprender com Cultura e Extensão, da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP. Objetivos: Levar conhecimentos científicos adquiridos no curso de graduação em FarmáciaBioquímica a adolescentes, da comunidade e contribuir com a formação do farmacêutico, proporcionando ao estudante a oportunidade de ensinar aprendendo partindo de demandas reais da sociedade. Metodologia: As atividades foram planejadas e executadas pelos alunos da FCFRP/USP que participam como voluntários do PASCEF, sob a responsabilidade de uma docente e sob orientação da pedagoga e uma farmacêutica. O tema principal foi Sexualidade que foi subdivido em quatro subtemas: Conhecimento do corpo, DST/AIDS, Preservativos e Métodos contraceptivos e Gravidez. Todas as oficinas foram desenvolvidas de maneira dinâmica e interativa com os adolescentes de onze a quinze anos, com duração de aproximadamente uma hora e meia. Resultado: Conhecimento do corpo - Foi realizado um recorte em EVA (material emborrachado) do corpo humano, tendo como modelo o adolescente. Foram confeccionados pelos alunos todos os órgãos em EVA e na oficina foram entregues para os adolescentes, a fim de identificar e anexar no corpo humano. A maioria dos órgãos foi identificada, dentre os de maior dificuldade estava o coração em relação ao pulmão no esboço de EVA, porém tinham noção da localização no próprio corpo. Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) / Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) - Para melhor visualização das DST foi elaborada uma apresentação com as mais incidentes, os sintomas e a prevenção. Esta dinâmica foi separada em grupo de meninas e meninos para evitar constrangimento e focar em questões específicas em relação ao sexo feminino e masculino. Após apresentação das DST foi realizada uma síntese para focar a importância do uso da camisinha e a higienização do corpo. Foram distribuídos cartões para cada adolescente e aluno, sendo que um era vermelho representando uma pessoa com DST, o verde uma pessoa usando camisinha e Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 98 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente demais sem proteção. Cada participante tinha que coletar o máximo de autógrafos dos outros participantes em seu cartão. Essa dinâmica demonstra que não tem como saber se a pessoa tem a doença e que facilmente pode ser contaminado se não usar preservativo. Preservativos/Métodos - foram adquiridos métodos contraceptivos e preservativos e apresentados para os adolescentes que estavam divididos em grupos. Cada grupo tinha que escrever no papel nome, função e modo de usar. Os métodos menos conhecido foi o diafragma e o dispositivo intra-uterino. Outros apresentados foram: contraceptivos orais / Pílula do dia seguinte e tabelinha - Ciclo menstrual - Devido à complexidade do assunto foi apresentado um filme. Após o vídeo foi realizado um acróstico com a palavra menstruação. Gravidez - A última oficina foi realizada com jogo da verdade. Foram apresentadas frases sobre os assuntos relacionados a medicamentos e contracepção e os adolescentes tinham que identificar como falso ou verdadeiro. Foi realizada uma dinâmica sobre métodos contraceptivos, que consistiu jogar um balão e quem pegasse tinha que dizer um método. Considerações finais: A preparação das oficinas e o contato com a realidade social proporcionou aos alunos da graduação aprendizagem, principalmente com adequação da linguagem e estratégias eficientes para trabalhar o tema sexualidade. Os adolescentes tiveram muitos tabus desmistificados e demonstraram aceitação do tema exposto em oficinas interativas. Para a formação de profissionais da área de saúde é necessário motivá-los a participar de atividades de promoção em saúde. Palavras-chave: adolescentes; sexualidade; DST/AIDS. Refêrencias BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Saúde e prevenção nas escolas: guia para a formação de profissionais de saúde e de educação. Brasília: Ministério da Saúde, 2006b. 160p. MOREIRA, T. M. M.; VIANA, D. S.; QUEIROZ, M. V. O.; JORGE, M. S. B. Conflitos vivenciados pelas adolescentes com a descoberta da gravidez. Revista Escola de Enfermagem USP. v. 42, n. 2, p. 312-320, 2008. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 99 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 46. A COMPREENSÃO DE ALUNOS E PROFESSORES DE ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE EDUCAÇÃO SEXUAL, SEXUALIDADE E SEXO NA ESCOLA *Drª. Julieta Seixas Moizés E-mail: [email protected] **Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP. E-mail: [email protected] ***Prof. Dr. Manoel dos Santos Faculdade de Filosofia e Letras de Ribeirão Preto- FFCLRP-USP RESUMO Introdução: Este estudo é uma investigação qualitativa que resgata a visão dos alunos e professores do Ensino Fundamental sobre temáticas que envolvem a educação sexual, e sexualidade na escola. Não obstante, os professores precisam acolher e auxiliar os alunos a refletir e tomar decisões em questões sérias que dizem respeito à sexualidade e ao corpo, em relação a si mesmo e ao outro. Então, não há como pensar em educação sem pensar nas marcas neles impressas pelo espaço cultural e sem incluir, nos projetos e práticas pedagógicas, as temáticas do corpo e da sexualidade humana. Objetivo: Levantar dados na escola, procurando identificar como os alunos e professores lidam com o tema sexualidade, corpo e educação sexual no contexto escolar, contribuir para debates sobre formação de educadores que lidam com estes temas em seu cotidiano de trabalho, repensando o ver, o sentir e o agir no que se refere ao corpo e à sexualidade e educação sexual, enquanto dimensões fundamentais da integridade humana. Metodologia: Na coleta de dados foram usadas a observação participante e entrevista, juntamente com um questionário com questões norteadoras, para facilitar a compreensão e a interpretação das falas. A analise foi realizada por categorização e a interpretação dos dados, fundamentando-se nos referências teóricos propostos por Paulo Freire - a análise dos temas gerados. A amostra foi constituída por 6 professores (de português, ciências e educação física, por permitirem maior interações e proximidades com os educandos), do ensino fundamental, 44 alunos de ensino fundamental de 7ª. e 8ª. séries de uma Escola Estadual, localizada na cidade de Ribeirão Preto no Brasil atendendo preceitos éticos na realização de Pesquisa com Seres Humanos. Os alunos relatam que existem situações. Resultado: Os professores dão importância à Educação/Orientação Sexual, sendo importante como forma dos alunos obterem informação, orientação e esclarecimento de dúvidas. A maioria ressalta a importância dos temas transversais na escola, como sendo fundamental na conscientização e reflexão dos alunos. A adolescência, encontramos em síntese que trata-se de um período de transição, marcado pela modificação física, mental e emocional. Fase essa, que ocorre mudanças na vida psíquica e em relação com o próprio corpo e com o semelhante. Mas, evidenciam que a transversalidade não está funcionando, pois, alguns dos professores responsabilizam somente os professores de ciências para lidar com a educação sexual, não havendo a preocupação de trabalharem transversalmente esses temas. Portanto, a partir dos resultados deste estudo, preconiza-se que o enfrentamento do problema se dê dentro de uma visão coletiva e multidisciplinar e que as práticas de educação na enfermagem em interface com a psicologia prescinde de instrumentalização desse enfrentamento devendo buscar a construção de um processo alicerçado nas significações do grupo de adolescentes, buscando reduzir as distâncias entre Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 100 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente práticas, representações e o conhecimento científico disponível. Conclusão: A escola exerce papel fundamental em relação ao tema sexualidade, pois é do interesse do aluno, principalmente na puberdade. Porém, apesar do assunto fazer parte dos Temas Transversais, incluídos nos Parâmetros Curriculares Nacionais, observa-se por meio deste e de outros estudos que os assuntos referentes à sexualidade não estão sendo trabalhados de forma adequada, pois, observa-se uma maior ênfase em assuntos relacionados à Aids e ao uso de preservativos. Contudo, a educação/orientação sexual deve englobar outros temas de interesse dos jovens, oportunizando aos mesmos, a compreensão do seu próprio corpo. Palavras- chaves: sexualidade, educação sexual; ensino fundamental Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 101 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 47. PROMOÇÃO DE SAÚDE SEXUAL EM ADOLESCENTES: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DE INTERVENÇÃO EM UMA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL Fernanda de Sousa Vieira¹ Rosária Fernanda Magrin Saullo¹ Dr. Nadir Lara Jr² E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO: Se de um lado, o aumento do número de adolescentes grávidas e a precoce entrada na vida sexual ativa aumentam a preocupação de pais e professores; de outro, a maior exposição do tema na mídia, bem como as necessidades próprias dessa fase da vida aumentam a curiosidade dos adolescentes. Dúvidas teóricas e práticas aparecem. Por serem ainda temas “tabus”, a sexualidade e a afetividade encontram obstáculos como a linguagem e as visões de mundo entre as gerações, as dificuldades de perceber-se e refletir sobre as próprias experiências e valores de cada um. A confusão entre exigências do meio social e as próprias vontades também dificultam a reflexão desses assuntos. Quando se fala de saúde sexual e reprodutiva, é comum restringir-se á oferta de serviços de planejamento familiar, de DST/AIDS ou de pré-natal. Muito dificilmente encontra-se no serviço público de saúde espaço para que as questões sexuais possam ser acolhidas, tais como dúvidas de práticas sexuais, queixas de disfunções ou mesmo simples curiosidades. Mesmo o conceito de atividade sexual pode ter vários significados e implicar situações diferentes para cada adolescente. Entende-se hoje a saúde como estados vivenciados em processos sociais diretamente relacionados ás possibilidades que as pessoas – principalmente os jovens – têm de: ter objetivos, aspirações com vista na percepção realista do mundo; manter o equilíbrio emocional; conseguir ter e manter ajustes com competências sociais e, ao mesmo tempo, autonomia; desenvolver a auto-aceitação; desenvolver e manter vínculos afetivos; sentir-se produtivos. OBJETIVOS: Esse trabalho tem o objetivo de relatar a experiencia com adolescentes de uma escola de ensino fundamental e médio a partir de grupos feitos com a temática da sexualidade a pedido da escola, que encontrava-se, na época sem recursos para atender às demandas dos alunos. Esse trabalho foi realizado como atividade extra-curricular sob supervisão do Psicólogo Nadir Lara Jr, teve duração de 4 semanas, com cerca de 80 alunos de 12 a 14 anos. REFERENCIAL TEÓRICO: O referencial teórico utilizado foi o da Psicologia Social Comunitária e da Psicologia Social Crítica das metodologias participativas (SILVA; 2002 e SIMON; 2004) sob o prisma da perspectiva da identidade como processo identificatório de Ciampa (1990) que é visto como como uma relação dialética entre a identificação atribuída a nós pelos outros e a autoidentificação, dessa maneira, a identidade é transforma-se na confluência entre indivíduo e sociedade. Esse processo depende do conhecimento socialmente difundido em um todo dotado de sentido, em que um “outro” indivíduo é mediador e parte integrante. Entende-se, portanto, que “a identidade se concretiza na atividade social” (CIAMPA, 1990). METODOLOGIA: Neste projeto de intervenção pretendemos atingir com nosso trabalho cerca de 80 adolescentes de 7ª e 8ª séries (entre 12 e 14 anos). Para isso, foram utilizadas metodologias participativas para trabalhos grupais e dinâmicas que facilitassem a interação no processo. RESULTADO: Foram realizados 3 encontros (1 vez semanal, de 3 horas cada) com as seguintes temáticas diretrizes: construção conjunta de alternativas e possibilidades de transformação social; espaço de compartilhamento do conhecimento do profissional e dos adolescentes; identificação Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 102 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente e enfrentamento das expectativas; flexibilidade para lidar com imprevistos; reflexão contínua sobre o trabalho; avaliação contínua do processo. Especificamente, foram trabalhados os seguintes temas: o aprendizado das principais informações relacionadas à sexualidade e o compartilhamento de experiências, dúvidas, curiosidades; levando informações que possibilitassem a prevenção de DST; levantar questionamentos sobre a sexualidade e aspectos da adolescência; informar sobre as principais questões levantadas; possibilitar um espaço de reflexão aspectos afetivos, dentro do espaço escolar. Para o bom andamento das atividades destacamos que o papel do coordenador de grupos foi o de facilitador de reflexão e a discussão dos assuntos: por não estar imerso na situação vivida, conseguindo ter uma visão de distância que lhe permite captar aspectos mais amplos e profundos. Sua ação vem da leitura crítica da realidade, denunciando contradições, problematizando, a fim de ajudar o grupo a pensar e encontrar respostas e construir o próprio crescimento. Os coordenadores tiveram a função de promover nos grupos a discussão sobre saúde com jovens, de clarificar valores; ou seja, uma ação consciente e sistemática do coordenador, tendo por objetivo estimular o processo de avaliação entre o público jovem com a finalidade de que eles dêem-se conta de quais são realmente seus valores e, possam, assim, sentir-se responsáveis e comprometidos com eles. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Percebeu-se que grande parte dos participantes tinha conhecimentos básicos sobre a sexualidade, mas não conseguiam fazer a conjunção entre esses saberes e os afetos. Muitos questionavam o por que da atividade e outros puderam usufruir desse espaço para integrar mais suas vivências particulares. O fato de os coordenadores não serem os professores da escola facilitou a identificação e desenvolvimento dos temas. Observou-se que, ainda que se saiba muito sobre a prevenção, a sexualidade é uma temática que vai além da prática sexual e do conhecimento sobre o próprio corpo. REFÊRENCIAS CIAMPA, AC. A estória do Severino e a história da Severina: um ensaio da psicologia social. São Paulo: Brasiliense; 1987 ___________. Identidade. In: Psicologia Social. O homem em movimento. São Paulo: Brasiliense; 1990. SILVA, R. Metodologias Participativas para Trabalhos de Promoção de Saúde e Cidadania. São Paulo: Vetor, 2002. SIMON, C.P. “Promoção de Saúde na Comunidade: análise de relatos de Experiências na Literatura sob a Perspectiva da Psicologia Crítica”. Tese (Doutorado). 2004. FFCLRP-USP ¹: Psicólogas formadas no curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto ² Psicólogo e Doutor em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 103 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 48. O TRABALHO COM AS PROFISSIONAIS DO SEXO: CONTRAPONDO TRADIÇÕES DE EXCLUSÃO E INCLUSÃO NO TRABALHO DO PSICÓLOGO Fernanda de Sousa Vieira¹, Lucas Fernandes¹, Ana Carolina de Oliveira Gonçalves¹, Luciano Henrique da Silva Ribeiro do Vale¹, Roberta Cury de Paula¹, Márcia Campos Zuardi², Dário Teófilo Schezzi¹, Ana Paula Leivar Brancaleoni³ Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO: A educação não-formal é de extrema importância na promoção de saúde e empoderamento dos grupos, no que se refere a ações de auto-cuidado e prevenção. A prostituição é uma prática negligenciada pela academia e pelas políticas públicas. A partir da criação dos programas de DST/AIDS houve uma tentativa de abordar a prostituição a partir da perspectiva da promoção de saúde e não mais de uma abordagem criminalista. Nessa perspectiva, se faz necessário integrar o aprendizado do psicólogo á formação de novos meios de promoção de saúde. OBJETIVOS: Este trabalho tem por objetivo relatar o processo de construção de uma intervenção psicossocial junto a uma ONG de profissionais do sexo no município de Ribeirão Preto. REFERENCIAL TEÓRICO: Tem-se como referencial teórico a Psicologia Social Comunitária em consonância com a Abordagem Centrada na Pessoa. METODOLOGIA: A pesquisa-ação foi o modelo metodológico adotado, sendo o instrumento de coleta de dados a observação participante – visitas à própria organização e “visitas a campo” (chácaras, bares e pontos de prostituição). Esta intervenção acopnteceu num estágio profissionalizante oferecido a alunos de Psicologia da FFCLRP-USP, durante o ano de 2008. RESULTADO: Objetivava-se implantar junto a uma ONG de profissionais do sexo, um serviço de atendimento psicológico do tipo plantão e construir levantamentos psicossociais necessários à criação de programas de atenção à saúde, dentro da perspectiva da Psicologia Social Comunitária e da Abordagem Centrada na Pessoa, dentro do espaço físico da ONG. Contudo, a centralização dos processos de gestão na ONG resultou num distanciamento da categoria e, na época, ainda que as lideranças desejassem outras atuações, restringiam-se à distribuição de preservativos. Este mesmo afastamento expressou-se na não procura do plantão psicológico. No contato com a população, durante o trabalho de campo, percebeu-se a existência de demanda por atendimento psicológico, mas dificuldades para o acesso ao mesmo. Assim, o trabalho foi realizado a partir de um mapeamento da prostituição no município utilizando-se um questionário estruturado; posteriormente definiu-se dois locais para uma intervenção pautada em referencias da Psicologia Social-Comunitária. Realizou-se alguns encontros com profissionais do sexo: um grupo de mulheres e outro com travestis; os relatos foram transcritos e categorizados; o grupo das travestis propôs a criação de uma cartilha para divulgação das dificuldades e vivências, com finalidade de orientar políticas de Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 104 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente saúde para diminuição do estigma e maior aceitação junto a esta população. Foi percebido a importancia da prática do psicólogo junto a estas populações por haver/apesar de haver muitas dificuldades para estabelecer um contato inicial, tendo-se que trabalhar o tempo todo com frustrações próprias do processo de abertura a um novo campo de atenção. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A prática com as profissionais do sexo ensinou que ainda há muito o que ser feito para aproximar suas necessidades do que é oferecido pelo Estado; relatos de estigmatização quando se procura um serviço de saúde ainda são comuns entre as profissionais do sexo, principalmente entre as travestis. Sob esse aspecto é necessário integrar esta demanda às políticas de atenção básica tanto do SUS como outras instituições de de saúde. Assim, a atuação dos estagiários junto à ONG pode constituir-se um meio para a reflexão acerca de ações e da efetividade delas para a promoção de saúde e conquista de direitos. Pode-se dizer, também, que o resgate histórico aponta para o caráter educativo da participação nos movimentos de organização destas profissionais, fortalecendo o grupo e possibilitando a configuração de uma rede de apoio e atenção à saúde em seu sentido amplo. Indica-se, por fim, que os trabalhos de promoção de saúde e cidadania, para serem efetivos, devem ter o grupo como ponto de partida da intervenção, sujeitos ativos em sua construção. Palavras-Chave: Psicologia Social Comunitária, Promoção de Saúde, Profissionais do sexo ¹: Psicólogos formados no curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto ²: Psicóloga contratada da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP ³: Professora da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal - UNESP. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 105 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 49. MENINA, TUDO MUDA QUANDO TE TORNAS MULHER: OS TRANSTORNOS ALIMENTARES E O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO Fernanda de Sousa Vieira Fernanda Kimie Tavares Mishima Profª. Drª. Maria Lucimar Fortes Paiva Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras – FFCLRP/USP E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO: A Anorexia Nervosa, é caracterizada por limitações dietéticas autoimpostas, padrões bizarros de alimentação e perda de peso, com intenso medo de engordar (BUSSE; SILVA, 2004). Na relação anoréxico com a mãe, o vínculo é patológico, pois a figura materna não percebe as necessidades do paciente e nem sua autonomia. Essa problemática surge com intensidade na adolescência. Nesse período, há imensas mudanças no corpo do adolescente, que passa a assemelhar-se aos pais. O corpo torna-se inaceitável, o que o leva a pensar numa reativação do desejo de indiferenciação impossível da figura materna.E a organização edipiana não pode acontecer, pois, o pai tende a não ser mais do que um duplo da mãe. Noutro nível, a perda do objeto equivale à perda de si mesmo, pois não existe a elaboração do luto do objeto. Unir-se à mãe significa proteger-se do abandono, de uma situação de desamparo, um ideal de completude, mas também a perda dos limites individuais, constituindo um esquema de amor/ódio por esse objeto. OBJETIVOS: Este trabalho tem por objetivo ilustrar a vivência de uma menina de 09 anos, Maria Vitória, atendida no CPPA da FFCLRP-USP, no estágio de Ludoterapia de Orientação Psicanalítica, para refletir acerca da relação entre o processo de individuação e os trantornos alimentares. REFERENCIAL TEÓRICO: Considera-se de natureza descritiva, desenvolvido na perspectiva clínica de investigação, no contexto das abordagens qualitativas. METODOLOGIA: Nesse contexto, as contribuições advindas do presente trabalho dizem respeito ao uso da estratégia metodológica do estudo de caso na investigação qualitativa, dentro da perspectiva clínica de abordagem psicanalítica. Para tanto, há o relato do atendimento de uma menina, de 09 anos de idade, em processo terapêutico, na frequência de 3 vezes semanais, durante o período de 3 meses. A menina foi atendida na clínica-escola de Psicologia da Universidade de São Paulo, campus Ribeirão Preto. RESULTADO: O motivo da procura para atendimento de Maria Vitória foi por ocasião do processo de separação dos pais. Pode-se observar no contato com Maria Vitória que, desde o início do tratamento, mostrava-se rígida quanto à maneira de brincar mantendo as mesmas brincadeiras, na mesma sequência, continuando os jogos de onde havia parado na sessão anterior. Havia dificuldades da criança em perceber o que era ser homem e mulher. Em todo o tempo em que brincava, é como se terapeuta e paciente fossem uma só pessoa na sala de terapia. O sentimento de Maria Vitória era de simbiose e, dessa maneira, havia intensa idealização do vínculo terapêutico, mas também certa persecutoriedade. Com o curso dos atendimentos e o aprofundamento do vínculo, a criança passou a tornar as sessões menos estruturadas e a usar materiais também menos estruturados, como a tinta, iniciando um processo regressivo. Esse movimento iniciou-se quando, decidida a parar o atendimento, a criança pediu à mãe para avisar a terapeuta de que não iria mais. Depois, terapeuta e paciente conversam sobre o que isso significava e é deixado clara a necessidade que ela tinha de ter um espaço como aquele para si. O asseguramento de que a terapeuta não a deixaria sozinha Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 106 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente naquele momento, gerou uma aliança e, de maneira muito sofrida, dizendo que concordava com a terapeuta, chorando, dizendo que precisava daquele espaço para si. Isso pode ser visto como teste para a terapeuta sobre até onde poderia ir com ela, quanto ao acolhimento dos seus sentimentos que ela não se sentia confortável e confiante em dividir com os pais, em especial, com a figura materna. Conversar com os pais foi uma importante oportunidade para ressegurar o contrato de trabalho, a importância do tratamento e perceber dados concretos relativos à dinâmica familiar. A mãe se mostrou como a mãe das brincadeiras, hostilizada e rivalizada pela menina; o pai, ambivalente, ora um duplo da mãe, ora figura de apaixonamento da filha, que se infantilizava em sua presença, como forma de sedução do pai. A mãe pouco interferia nessa situação, sentindo-se menosprezada e usando a terapeuta como escudo contra os ataques da filha. E o pai ausente e permissivo em suas opiniões. Ambos deixando a menina decidir sozinha o curso de seu tratamento. Maria Vitória não apresenta sintomas anoréxicos, mas é possível perceber certos comportamentos que demonstram um funcionamento típico dessa patologia. Com relação à imagem corporal, ela nega de maneira intensa a percepção de mudança do seu corpo, mas ao mesmo tempo fica atenta ao uso de maquiagem e brincos usados pela terapeuta. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Pode-se observar melhora em seu estado quanto à maneira como age com a família, questionando-a e tornando-se um pouco mais flexível consigo mesma. Apesar disso, enfrenta um momento de profundas modificações e apresenta um aparelho psíquico frágil para enfrentá-las, necessitando de acompanhamento psicoterapêutico por mais um longo período. Scazufca (1998) defende que distúrbios alimentares seriam originários de uma falha nas primeiras experiências de bebês, comprometendo a habilidade em identificar a fome e comprometendo o reconhecimento de suas sensações internas. Assim, essa dificuldade de diferenciação, em uma menina que chega à adolescência e precisa enfrentar uma segunda individuação, é intolerável. A angústia é intensa e a criança pode fazer uso da anorexia como mecanismo de defesa. REFERÊNCIAS: BUSSE, S. R.; SILVA, B. L. Transtornos alimentares. In: BUSSE, S. R. (Org.). Anorexia, bulimia e obesidade. São Paulo: Manole, 2004. p. 30-110. SCAZUFCA, A. C. M. Abordagem psicanalítica da anorexia e da bulimia como distúrbios da oralidade. Dissertação de Mestrado apresentada à PUC-SP. São Paulo, 1998. Palavras-Chave: Pesquisa Clínica, Psicanálise, Transtornos Alimentares ¹Psicóloga formada pela FFCLRP-USP ²Psicóloga contratada do Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRP-USP ³Profª. Drª do Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRP-USP Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 107 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 50. O PORTADOR DO VIRUS HIV NO ATENDIMENTO PSICOLÓGICO: O SUTIL RECONSTRUIR DE SIGNIFICAÇÕES PARA TERAPEUTA E CLIENTE Rosaria Fernanda Magrin Saullo Prof. Dr. Manoel Antonio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP E-mail: [email protected] Introdução: A visão da atualidade sobre a problemática do HIV é de conhecimento público. No entanto, quando se pensa na inserção destes pacientes em atendimentos psicoterápicos, pode-se correr o risco de paciente e terapeuta perderem o foco do humano, para se preocupar com a doença por si. Contextualizados em uma sociedade onde responsabilidade e amadurecimento se tornam processos mais lentos e difíceis, e adolescência é entendida como um estilo de vida, o espaço da psicoterapia pode ser o ambiente seguro para proporcionar um resignificar destas experiências que exigem uma maturidade imediata na imposição de rotina de remédios, médicos e cuidados. Objetivo: Este relato visa exemplificar uma transformação possível na postura de um usuário de um ambulatório regional de saúde mental e sua terapeuta na visão de uma doença crônica grave, que acaba por proporcionar um crescimento para ambos. Metodologia: Relato de experiência. Foram realizadas sessões de abordagem psicanalítica, duas vezes por semana durante um ano. Stephan (nome fictício atribuido ao paciente) é um homem com aproximadamente 40 anos, HIV positivo, que trabalha em negócio próprio. Foi encaminhado ao Ambulatório de Saúde Mental por sua infectologista, e lá recebeu diagnósticos múltiplos, entre eles F41.2 - ‘transtorno misto de ansiedade e depressão’, F07‘transtorno de personalidade e de comportamento decorrente de doença’ e uma indicação para investigação de um possível transtorno bipolar. Após cada sessão, a estagiária da psicologia realizava uma transcrição do ocorrido e semanalmente as sessões eram levadas à supervisão com uma psicanalista. Resultado: A AIDS traz em sua história um trajeto de lutas constantes, principalmente contra o preconceito. Mais do que um problema social, este pode ser entendido como uma problemática que se amplia para o âmbito do auto-conceito, e pode dificultar o processo de aceitação da doença e as possibilidades de tratamento. Stephan inicia a psicoterapia demonstrando sempre grande ansiedade. A culpa, alternada com relatos de “não merecimento da doença”, se mostrava de diversas formas, seja na busca tardia por uma religião de regras rígidas (que inclusive não aceitava sua homossexualidade), seja na decisão por nunca mais fazer sexo (decisão tomada no dia que recebeu o diagnóstico de HIV positivo). O percurso da terapia foi tortuoso, regado por exigências de respostas rápidas, que refletiam o medo e a angústia de Stephan. A relação terapêutica foi ao longo do ano se construindo como um vinculo ao mesmo tempo essencial e ameaçador para Stephan, que chegava a explicitar sua vontade de prolongar as sessões, seja em tempo seja em frequencia, pedido que apareceu em quase todas as sessões durante os 3 primeiros meses do segundo semestre de atendimento. Existia uma grande necessidade de se sentir especial para a terapeuta, o que tornava difícil trazer experiências mais dolorosas e complicadas para a sessão. Quando ocorria dele chorar, cobria o rosto com as mãos e se fechava, mudando rapidamente de assunto logo depois ou parecendo sem graça. Quanto mais se sentia vinculado à terapeuta, mais se mostrava persecutório e frágil, se sentindo “nas mãos” do outro. Através de imagens, essa fragilidade foi podendo aparecer, e com ela a noção de amadurecimento. Para Stephan, o HIV foi sendo entendido como um “filho”, que o fez repensar suas prioridades e o obrigou a se reorganizar e Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 108 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente amadurecer. Chega a se comparar a uma mãe solteira que estaria procurando nos médicos, um pai que ajude nos constantes cuidados que são necessários. Considerações finais: Quando olhamos através do prisma de uma sociedade preconceituosa e individualista, torna-se difícil captar o sofrimento vivenciado pelo outro que procura ajuda. Um sofrimento que clama por acalento, mas grita desde o primeiro encontro “Se afaste”. Muito mais do que as falas, aqui o contato foi potencializador da emersão de todos esses afetos. Poder sobreviver à proximidade, à intimidade, e ainda estar ali, acaba sendo para Stephan uma possibilidade de reelaboração de experiências bastante sofridas. No dia da sessão final, Stephan conta que sua mãe e irmã também resolveram buscar ajuda. Conforme Stephan foi podendo se entender enquanto existindo antes da doença, através de uma recuperação de sua história que aos poucos foi surgindo nos atendimentos, o processo conjunto à essa individuação foi o de devolver aos outros o que não era seu. Sem que isso fosse dito explicitamente, ele foi se percebendo como portador também de todos os problemas da casa, de todas as doenças da família, e se fortalecendo, pode proporcionar um cuidado ajudando o outro a se cuidar, ou seja, trazendo mãe e irmã para atendimento. Com o lento amadurecimento presenciado, foi possível um processo de individuação que mudou o olhar sobe a doença, sobre si mesmo e sobre os familiares do paciente portados do HIV. Mais do que isso, modificou também a terapeuta, que hoje oferece um outro olhar, plausível e aberto às mais diferentes e singulares significações. Palavras-chave: HIV; Psicoterapia; Significações. Refêrencias ZIMERMAN, D. E. Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica – uma abordagem didática. Porto Alegre: Artmed. (1999) Site do Ministério da saúde, acessado http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMIS232EC481PTBRIE.htm em 10/12/2008: Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 109 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 51. AGRESSIVIDADE E VIOLÊNCIA PARA O PRIMEIRO ANO DE VIDA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Rosaria F. M. Saullo; Profª. Drª. Kátia de Souza Amorim Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP E-mail: [email protected] Introdução: As concepções acerca do bebê, no primeiro ano de vida, vêm mudando muito. As transformações sócio-históricas trouxeram não apenas um olhar diferente à infância, como também às relações das crianças e ao papel das educadoras em instituições de educação coletiva infantil (como as creches). No entanto, muito pouco tem sido estudado acerca das particularidades dessa criança no primeiro ano de vida e suas formas de comunicação (que apesar de não se linguagem verbal, é perpassada por ela). Dentro disso, aqueles comportamentos que parecem fugir das expectativas que se tem frente ao bebê, principalmente os que são entendidos como comportamentos agressivos (tais como o morder), permanecem ainda não estudados, apesar de se tratarem de problemáticas frequentes nas creches. Partindo disso, estruturou-se um projeto de Iniciação Científica que buscava investigar os processos de mediação e constituição do sujeito, no primeiro ano de vida, através de um estudo de caso sobre um bebê mordedor em creche. Para isto, realizou-se revisão bibliográfica em base de dados nacional e internacional, buscando concepções sobre agressividade e violência na primeira infância. Objetivo: Através dos dados obtidos numa revisão bibliográfica de base nacional e internacional, este trabalho visa apresentar e discutir as concepções encontradas na literatura sobre agressividade e violência no primeiro ano de vida, de modo a (re)pensar crenças e posturas adotadas por pais e educadores, em creche. Metodologia: Para a condução da revisão, inicialmente, foi realizada uma busca em uma base de dados nacional (Scielo) e, posteriormente, numa base de dados internacional (Medline). Através de sucessivos cruzamentos entre palavras, delimitou-se um total de 667 artigos do Scielo (dos quais apenas 10 foram considerados como pertinentes ao tema), e 25.127 artigos do Medline (com as mesmas palavras-chave), que foram recruzados e dos quais foram selecionados 13 artigos. Destes, 1 não pode ser recuperado, 1 se repetiu em cruzamentos diferentes de palavras-chave e outros 2 foram encontrados em ambas as bases, resultando num total de 19 artigos. Estes foram lidos e analisados sob a perspectiva teórico-metodológica da Rede de Significações, que rege o estudo maior. Resultado: Observa-se um aumento nas publicações, sendo que os artigos mais antigos se encontram na base de dados internacional (2 artigos encontrados no Medline datam de 1998), sendo seguido com 2 anos de diferença por um artigo da base de dados nacional que data de 2000; Dentre os artigos encontrados na base de dados nacional (Scielo), uma grande diversidade de abordagens pode ser encontrada (Psicanálise, Ciências Cognitivas, Sóciocultural, Psicopatológica, Psiquiátrica, Construcionismo Social), assim como uma heterogeneidade de formatos – estudos teóricos, relatos de experiência e revisões teóricoconceituais. Ainda, a grande maioria dos artigos está focada nos adultos, nem sempre deixando explícito, no entanto, que este é foco do estudo (como por exemplo os estudos de revisão, e os teórico-conceituais, que se propõem a discutir de forma ampla temas como ‘agressividade’, mas no entanto não ponderam questões da infância). Os estudos, por vezes, explicitam como conceitualizam os termos usados dentro de cada uma das abordagens. Em alguns casos, no entanto, deixam isso implícito no decorrer no texto sem que o leitor tenha Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 110 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente clareza de seus pressupostos e de suas implicações. Nos artigos internacionais, os estudos apresentam, em sua maioria, uma perspectiva bastante determinista e causal do comportamento agressivo, com freqüência se referindo à agressividade como ‘disfunção’, apontando tratamentos para a criança considerada agressiva, procurando causas diretas (principalmente a postura dos pais) e conseqüências certas (drogadição e delinqüência juvenil). Considerações finais: Conforme os artigos foram sendo perpassados, foi-se tornando evidente o quanto esta é uma discussão recente. Apesar de ser freqüente a definição dos termos agressividade e violência através da característica da intencionalidade, estes termos, que são entendidos de formas bem divergentes, são tratados sem uma referência concreta e consensual do que os diferencia. Variações tais como ‘comportamento agressivo’ ou ‘comportamento positivo ou negativo’ aparecem nos textos conforme perspectiva do autor e, muitas vezes, deixam subentendido ao leitor à que se referem, dificultando um diálogo mais claro com os diferentes dizeres da literatura. Freqüente, contudo, é o foco nas características inatas individuais, sejam estas por aspectos genéticos, de estrutura de personalidade ou na própria concepção de intenção e perversidade. A escassez de trabalhos com bebês evidencia uma dificuldade de concebê-los como portadores desta agressividade, que em alguns estudos, no entanto, é concebida como humana. Transparece também a dificuldade em conceber a criança como ativa e participante de seu próprio desenvolvimento e do desenvolvimento de outras crianças. Acreditamos na necessidade de novos olhares, que possibilitem um entendimento diferenciado dos processos desenvolvimentais que acontecem não apenas no primeiro ano de vida, mas em todo seu percurso. No entanto, com a revisão bibliográfica, nos deparamos com uma série de artigos que extraíam a criança da situação; e, o potencial da mesma para ressignificar experiências de forma individual e coletiva, na relação com o outro, não foi explorado. Palavras-chave: Revisão; Agressividade; Bebês. Refêrencias ROSSETTI-FERREIRA, M. C.; AMORIM, K. S.; SILVA, A. P. S. Rede de significações: alguns conceitos básicos. Em: M. C. Rossetti-Ferreira, K. S. Amorim, A. P. S. Silva, & A. M. A. Carvalho (Orgs.), Rede de significações e o estudo do desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed. 2004. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 111 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 52. TRATAMENTO DA AIDS: ORIENTAÇÕES E MEDIDAS SIMPLES PARA SEU SUCESSO Samira Costa de Faria; Roberta Seron Sanches; Mirela Barbalho Benedicto; Mayara Vianna Caetano; Carla Maria Seconi Momenti; Samantha Perissotto; Profª. Drª. Ana Paula Morais Fernandes Introdução A introdução da terapia antirretroviral conseguiu modificar a infecção pelo HIV de uma doença fatal para uma doença crônica, aumentando a sobrevida, a melhoria da qualidade de vida, redução dos episódios mórbidos e transmissão pelo HIV1. Em contrapartida, são vários os efeitos colaterais constantemente descritos que infelizmente surgem após início do tratamento levando à má adesão e contribuindo para os insucessos terapêuticos2. Objetivo: Promover a orientação e educação em saúde para pessoas vivendo com HIV/Aids através de grupos de discussão sobre a importância da adesão ao tratamento e fornecer dicas sobre os cuidados que devem ter frente a ocorrência dos principais efeitos colaterais. Metodologia: Em parceria com o grupo PET/EERP, foram realizadas visitas semanais aos moradores da Casa Lauro, uma instituição filiada a ONG Corassol que abriga adultos portadores de HIV, sendo a população alvo os moradores, os cuidadores e os familiares. Dentre as atividades, foram realizadas oficinas e dinâmica em grupo, rodas de conversa, discussão dos problemas vivenciados, dramatização, música, artesanato, cartilhas, filmes e outras atividades. Resultado: Através do vínculo estabelecido foi possível proporcionar maior interação do grupo, melhorando a dinâmica entre os moradores, promover o dialogo, atuar na promoção de saúde e prevenção de doenças através da orientação e educação em saúde assim como suprir necessidades básicas observadas e/ou verbalizadas pelos moradores. Além disso, a experiência de extensão possibilitou uma conexão entre a universidade e as demandas sociais reais, onde assumimos o compromisso de cidadãos e também de multiplicadores de conhecimento. Considerações finais: Este trabalho possibilitou uma ampliação dos conhecimentos teóricos a respeito desta temática assim como vivência pessoal e enriquecimento da prática assistencial e o reconhecimento do individuo de maneira integral, enfatizando aspectos biológicos, culturais e psicossociais do mesmo dentre suas limitações no processo saúde e doença. Palavras-chave: Aids, tratamento, orientação. Refêrencias Louie JK, Hsu LC, Osmond DH, et al. Trends in causes of death among persons with acquired immunodeficiency syndrome in the era of highly active antiretroviral therapy, San Francisco, 1994 - 1998. Journal of Infectious Diseases, 186: 1023-1027, 2002. Viraben R, Aquilina C. Indinavir-associated lipodystrophy. AIDS, 16: 37-39, 1998. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 112 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 53. PERFIL DAS GESTANTES INFECTADAS PELO HIV-1 Camila de Almeida Agustoni Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP E-mail: [email protected] Samira Costa de Faria Roberta Seron Sanches Francielly Maiara da Penna Matos Mirela Barbalho Benedicto Carolina Meneguetti Ana Paula Moraes Fernandes Introdução A aids é uma doença causada por um retrovírus, o HIV-1, o qual provoca importantes modificações no sistema imunológico dos indivíduos por ele infectados, levando à deficiência da imunidade celular e conseqüente suscetibilidade a várias infecções oportunistas. De marcadamente regionalizada e restrita a determinados segmentos populacionais, a epidemia do HIV-1 passou a se expandir por todo território nacional nos anos 90 ,destacandose crescimento acelerado entre mulheres, jovens e pobres, além da expansão da epidemia entre indivíduos com parceria sexual estável (BRASIL, 1998). A heterossexualização é uma das características mais marcantes da epidemia do HIV-1 e o número de mulheres infectadas continua a crescer principalmente entre aquelas com relação afetiva estável (BASTOS; SZWARCWALD, 2000). Objetivo Avaliar o perfil das gestantes infectadas pelo HIV-1. Metodologia Estudo transversal descritivo realizado com gestantes atendidas no HCFMRPUSP. Foram coletados dados sóciodemográficos e obstétricos relativos à transmissão do HIV-1. Resultados O grupo foi composto por 50 mulheres portadoras de HIV-1, sendo 46/50 (92%) gestantes e 4/50 (8%) mulheres que já possuem filhos, com idades variando entre 18 e 39 anos (= 26,28±5,70 anos). Em relação a cor da pele, 38/50 (76%) consideravam-se brancas, 6/50 (12%) mulatas e 6/50 (12%) negras. No que se refere ao grau de escolaridade, 8/50 (16%) não concluíram o ensino fundamental, 6/50 (12%) possuem ensino fundamental completo, 18/50 (36%) possuem ensino médio incompleto, 18/50 (36%) concluíram o ensino médio e nenhuma possui ensino superior. Em relação a ocupação 40/50 (80%) não trabalham. Considerando as relações afetivo-sexuais, houve predomínio de mulheres amasiadas, totalizando 20/50 (40%) das pacientes, seguidas por 18/50 (36%) solteiras, 10/50 (20%) Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 113 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente casadas e 2/50 (4%) viúvas; 32/50 (64%) possuem um relacionamento estável (há mais de 5 anos) e residem com marido e filhos. Relativo à descoberta da infecção pelo HIV-1, 28/50 (56%) das pacientes relatou que ocorreu no momento do exame pré-natal, 10/50 (20%) descobriram após adoecimento por infecção oportunista, 8/50 (16%) realização de exames de rotina 2/50 (4%) na infância (TMI) e 2/50 (4%) pela confirmação de soro positividade do conjugue. Quanto ao parceiro, 12/24 (24%) relataram que seu parceiro também é portador do HIV-1, 18/50 (36%) relataram não saber e 20/50 (40%) relataram que seu parceiro não possui a infecção pelo HIV-1. O tempo de diagnóstico de soro positividade variou entre 1 mês e 17 anos ( x = 4,85±4,48 anos), sendo que 20/50 (40%) das pacientes convivem com a doença há menos de 5 anos e 10/50 (20%) há menos de 1 ano. Em relação ao tratamento medicamentoso todas as 50 participantes (100%), referem adesão ao tratamento com antirretrovirais durante o pré-natal. O número de células CD4 variou entre 73 e 929 ( x = 452,86±191,92 células/mm3) e a carga viral variou entre indetectável e 13171 cópias/mm3 ( x = 1173,55±3016,47 cópias/mm3). Quando investigamos sobre a gravidez, 16/50 (32%) pacientes disseram que a gravidez foi programada e 34/50 (68%) mulheres não pretendiam ter filhos. Como método contraceptivo 20/50 (40%) mulheres relatam uso do preservativo masculino, 2/50 (4%) utilizavam o anticoncepcional hormonal oral e 28/50 (56%) não faziam uso de nenhum método contraceptivo. No que diz respeito a paridade após o diagnóstico de portadoras da infecção pelo HIV1, 26/50 (52%) pacientes são primigestas, 22/50 (44%) tiveram filhos que não foram contaminados verticalmente pelo HIV-1 e 2/50 (4%) mulheres tiveram um filho contaminado verticalmente pelo HIV-1. Todas as mulheres que tiveram filho após seu diagnóstico de portadoras do HIV-1 relataram não ter amamentado seus filhos. Em relação a idade gestacional, na gravidez atual, 06/46 (13,04%) encontram-se no primeiro trimestre de gestação, 14/46 ( 30,4%) no segundo trimestre e 26/46 (56,5%) no terceiro trimestre. Conclusões Os dados permitem observar que, a maioria das mulheres que participaram do estudo possuíam relacionamento afetivo estável, o que corrobora a tendência de crescimento da epidemia entre mulheres, principalmente as com parceira sexual fixa. O fato de a maioria das mulheres possuírem baixo nível de instrução e não trabalharem corroboram o exposto por Herrera e Campera (2002), como fatores que contribuem para a vulnerabilidade feminina para a AIDS. No que diz respeito à descoberta da infecção pelo HIV, 56% das mulheres relataram a descoberta no pré-natal, destacando-o como importante estratégia para prevenção da TMI. O fato de apenas 40% das participantes do estudo utilizarem preservativo como método contraceptivo, demonstra que, apesar da intensa divulgação, orientação e distribuição do método, este ainda é pouco utilizado entre casais com relacionamento estável, mesmo sendo o parceiro soropositivo para o HIV-1, destacando a necessidade de adotar estratégias que permeiem a cultura da população, visando barrar a evolução da infecção pelo HIV-1. Referências: Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 114 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente BASTOS; F.I.; SZWARCWALD, C.L. AIDS e pauperização: principais conceitos e evidências empíricas. Cad Saúde Pública. V. 16, p. 65-76, 2000. BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Prevenção às doenças sexualmente transmissíveis e Aids dirigida à população em situação de pobreza. Brasília, 1998 a. HERRERA, C.; CAMPERA, L. La vulnerabilidad e invisibilidad de las mujeres ante el VIH/SIDA: constantes y câmbios em el tema. Salud Pub Mex, v.44, p. 555-64, 2002. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 115 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 54. SUPLEMENTAÇÃO DE MICRONUTRIENTES EM PACIENTES HIV EM USO DA TERAPIA ANTI – RETROVIRAL (TARV) Juliana Lopes Filomeno Discente do curso de Nutrição – UNIRP – São José do Rio Preto, SP Email: juliananutriçã[email protected] Thais de Cassia Furquim Anhezini Discente do curso de Nutrição – UNIRP – São José do Rio Preto, SP Email: [email protected] Mariele Castilho Pansani Docente do curso de Nutrição - UNIRP – São José do Rio Preto, SP Email: [email protected] Anderson Rodrigues Freitas Hospital de Câncer de Barretos – Barretos, SP Email: [email protected] Introdução: Alguns micronutrientes desempenham um papel importante para a manutenção da função imunológica, portanto, a sua deficiência compromete a imunidade do hospedeiro para o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), o que leva à progressão da doença para a fase Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Além disso, previne a transmissão vertical do vírus, melhora a tolerância ao tratamento anti-retroviral e, em consequência, melhora a qualidade de vida (TORO, 2007). De acordo com Fenton e Silverman (2005), o paciente sintomático apresenta uma variedade de manifestações clínicas podendo acarretar em um declínio no estado de nutrientes ou alterações na composição corporal. A deficiência dos micronutrientes afeta várias funções do sistema imunológico, enfatizando a imunodeficiência, podendo variar muito, de acordo com a pessoa e o estágio da doença. Os problemas imunológicos e as infecções relacionadas ao HIV podem resultar em deficiências de micronutrientes por diversos mecanismos, no entanto, segundo Filteau (2006) pode ser difícil determinar a sua gravidade, por outro lado, o nível de micronutrientes em pessoas acometidas pelo HIV costuma ser inadequado, piorando o estado de saúde. Assim, o profissional de nutrição deve se familiarizar com a doença, suas aplicações e tratamento, avanço na fisiopatologia da doença, medicações e interações entre outras questões relacionadas, no sentido de compreender a patogenia da doença, combater o vírus e possíveis infecções (FENTON; SILVERMAN, 2005). Apesar de todos os avanços científicos o número de hospedeiros cresce rapidamente, sendo motivo de grande preocupação para os agentes da saúde e da população consciente. Objetivo: Revisar a literatura na busca de evidências sobre os benefícios da suplementação de micronutrientes em portadores HIV/AIDS, enfocando o papel dos micronutrientes para a manutenção da função imunológica bem como a sua deficiência em indivíduos portadores do HIV que fazem uso da Terapia Anti-Retroviral (TARV); Observar os possíveis benefícios que a sua suplementação poderá acarretar a esses pacientes quanto à redução dos efeitos colaterais provocados pela terapêutica no intuito de efetivar a adesão aos medicamentos, melhora significativa dos sintomas e da qualidade de vida. Metodologia: Realizou-se levantamento bibliográfico de produções científicas indexadas as bases de dados MEDLINE, do LILACS, do SCIELO, do PUBMED, no período Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 116 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente compreendido de janeiro de 2000 a agosto de 2010. Também foram utilizados livros com a temática que abordam a terapêutica para indivíduos acometidos por HIV/AIDS. Foram utilizadas as seguintes palavras palavras-chave HIV/AIDS. Micronutriente, Terapia AntiRetroviral e Nutrição. Os artigos foram pré-selecionados a partir da leitura dos resumos disponíveis e, foram incluídas publicações em português, inglês e espanhol. Desta forma, o presente estudo enfatiza e utiliza dados da epidemia do HIV como às necessidades e carências nutricionais para esta população, terapia com anti-retroviral bem como seus efeitos colaterais para a abordagem do tema proposto. Resultados: O levantamento realizado sugere atenção especial quanto aos efeitos colaterais causados pelo uso de antiretrovirais, particularmente os inibidores de protease, que são os maiores precursores de queixas quanto aos sintomas relacionados ao trato gastrointestinal (náuseas, diarréia, vômitos), causando aversão aos medicamentos e levando à uma queda significativa na adesão. Os estudos direcionados a suplementação de micronutrientes, em especial zinco, selênio e vitamina A, sugerem que seria essencial a introdução de alimentos ricos nesses elementos como auxílio na terapêutica e redução desses sintomas. Embora sejam raros os casos em que os micronutrientes presentes nos alimentos possam causar toxicidade, há evidências de que o selênio contribua para o aumento da carga viral. Assim, a suplementação deve ser vista com cautela. No entanto, deve-se considerar que a ingestão e absorção desses nutrientes pode estar prejudicada, já que são proporcionais a ingestão energética.Além disso, esses pacientes apresentam necissidade nutricionais aumentadas em 10% a 20% dependendo da estabilidade da doença, portanto, se torna difícil atingir os níveis recomendados somente com a alimentação. Considerações: Os medicamentos destinados ao tratamento de indivíduos portadores do HIV são, em sua maioria, responsáveis por efeitos colaterais que levam à falhas na terapia podendo ocasionar, entre outros prejuízos, a desnutrição, uma vez que essa população tem suas necessidades nutricionais aumentadas e, além dos medicamentos, por questões psicológicas, sociais e financeiras que envolvem a terapeutica não conseguem atingir a ingestão adequada de todos os nutrientes o que contribui para agravar o quadro. De acordo com as pesquisas realizadas, o consumo adequado de micronutrientes é importante coadjuvante no tratamento de portadores HIV para a redução dos sintomas, efetivando a adesão e melhora na qualidade de vida. Palavras-chave: HIV/AIDS, Terapia anti-retroviral, Micronutrientes. Referência FENTON, M.; SILVERMAN, E. Terapia Nutricional para doença do vírus da imunodeficiência humana. In: MANAH, K.; SCOTT-STUMP, S. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 10. ed. São Paulo: Rocca, 2005. n.41, p. 980-1010. FILTEAU, S. Considerações nutricionais para indivíduos infectados com HIV/AIDS. Rev. Nutrição em Pauta, v.15, n.83, p. 4-8, 2006. JANEWAY JR, C. A.; TRAVERS, P. Falhas dos mecanismos de defesa do hospedeiro. In: JANEWAY JR, C. A.; TRAVERS, P. Imunobiologia: o sistema imunológico na saúde e na doença. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. n. 10. p. 1-33. TORO, E. R. Impacto de la deficiência de micronutrientes em pacientes com VIH/sida. Rev. Infect., v.11, n. 2, p.78-86, 2007. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 117 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 55. PERFIL DE CRIANÇAS VERTICALMENTE INFECTADAS PELO HIV-1 Roberta Seron Sanches Francielly Maiara da Penna Matos Carolina Meneguetti Camila de Almeida Agustoni Samantha Perissotto Amanda Silva e Sá Ana Paula Morais Fernandes Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP E-mail: [email protected] Introdução: A principal via de infecção pelo HIV-1 em crianças é a transmissão vertical. Estimativas do número de gestantes infectadas pelo HIV-1 para o Brasil apontam, atualmente, para cerca de 13 mil, considerando-se as idades entre 15 a 49 anos. (BRASIL, 2008). A feminização da epidemia do HIV/AIDS está relacionada á vulnerabilidade da mulher, pelas suas características biológicas, sociais e culturais favoráveis para sua contaminação. Considerando o aumento crescente de HIV/AIDS entre mulheres, e que a faixa etária que concentra os maiores percentuais de casos de AIDS em mulheres é a de 25 a 34 anos, ou seja, em plena idade reprodutiva, aumenta também a preocupação com a transmissão vertical. Assim, estimativas para taxas de transmissão vertical do HIV-1 são de 3% entre gestantes sob terapia anti-retroviral, e 25 a 30 % para as não tratadas (The International Perinatal HIV-1 Group, 1999). A transmissão vertical do HIV-1 pode acontecer de três formas: 1) por disseminação transplacentária, que pode ocorrer durante a gestação ou trabalho de parto; 2) através da exposição do feto ao sangue ou secreções da mãe durante a passagem pelo canal de parto; e 3) através do leite materno. Destaca-se que a transmissão vertical do HIV-1 pode provocar danos vultosos para o bebê por ocorrer num momento de maturação do sistema imunológico. Contudo, a transmissão vertical do HIV-1 tornou-se passível de prevenção desde 1994, quando observou-se que mulheres que receberam tratamento durante a gestação, obtiveram taxas reduzidas de transmissão vertical. Com base nessas evidências, no mesmo ano, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) publicou a recomendação para o uso de AZT pelas mulheres vivendo com HIV durante o segundo e o terceiro trimestre de gestação e durante o parto, e pelas crianças durante as primeiras seis semanas de vida (Centers for Disease Control and Prevention, 1994). Destaca-se ainda, a contra-indicação do aleitamento materno. Objetivo: Avaliar o perfil de crianças verticalmente infectadas pelo HIV-1. Metodologia: Estudo transversal descritivo realizado com crianças atendidas no HCFMRPUSP. Foram realizadas entrevistas norteadas por questionário estruturado às mães e coletados dados sócio-demográficos e obstétricos do prontuário médico das crianças. Resultado: Foram avaliadas 18 crianças, com idades entre 1 e 17 anos ( x =10,00±4,37 anos), sendo 9/18 (50%) nascidas e parto normal e 9/18 (50%) nascidas através de cesariana. No que diz respeito à cor da pele, 11/18 (61,11%) eram brancas, 5/18 (27,77%) eram mulatas e 2/18 (11,11% eram negras). Relativo às mães, 16/18 (88,88%) não sabiam de sua condição de saúde ao engravidar, apesar de 17/18 (94,44%) relatarem ter realizado o pré-natal na gestação. Das 16 mães que não sabiam da sua condição de portadoras do HIV-1 ao engravidar, 14/16 (87,50%) mães tiveram o diagnóstico da infecção pelo HIV-1 após o nascimento da criança, por adoecimento da mesma e o restante, 2/16 (12,50%), por seu adoecimento, ou adoecimento do parceiro. Somente 2/18 (11,11%) mães realizaram o tratamento anti-retroviral durante a gestação e parto. No momento da entrevista, o tratamento anti-retroviral estava sendo Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 118 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente utilizado por 18/18 (100%) crianças, contudo, somente 2/18 (11,11%) haviam iniciado logo após o nascimento e utilizado durante as seis primeiras semanas de vida, conforme recomendação do Centers fos Disease Control and Prevention. As outras crianças iniciaram o tratamento após seu adoecimento ou adoecimento dos pais, quando ocorreu a descoberta da transmissão vertical do HIV-1. Ademais, 15/18 (83,33%) crianças receberam leite materno. Todas as crianças (18/18) foram verticalmente infectadas pelo HIV-1. Considerações finais: Várias são as estratégias de prevenção da transmissão vertical do HIV, entretanto, crianças ainda são infectadas.O presente estudo permite observar que fatores como a ausência de tratamento medicamentoso com anti-retrovirais durante a gestação e parto e aleitamento materno permeiam o contexto da transmissão vertical do HIV-1. Destaca-se que, apesar de 94,44% das mães terem realizado o pré-natal, nenhuma teve o diagnóstico da infecção pelo HIV neste momento, o que reflete a importância da realização do teste anti-HIV no pré-natal. Ademais, este estudo permitiu conhecer os fatores comportamentais envolvidos no contexto da transmissão vertical do HIV-1, podendo contribuir para que haja melhoria das estratégias para sua prevenção. Palavras-chave: HIV, transmissão vertical. Refêrencias BRASIL. Coordenação Nacional de DST/AIDS (CN-DST/AIDS). Gestante HIV+ e crianças expostas. Disponível em: http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMISC830994DPTBRIE.htm. Acesso em: 13 de setembro de 2008. Centers for Diseases Control and Prevention - CDC. Recommendantions of the U.S. public health service task force on the use of zidovudine to reduce perinatal transmission of human immunodeficiency virus. MMWR, 1994. The International Perinatal HIV-1 Group, The mode of delivery and the risk of vertical transmission of human immunodeficiency virus type 1 – a meta-analysis of 15 prospective cohort studies. New Engl J Med, v.340, p.977-87, 1999. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 119 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 56. MOBBING, ASSÉDIO MORAL: IMPLICAÇÕES NA SAÚDE BIOPSICOSSOCIAL DO INDIVÍDUO Profª. Ms. Valéria Marta Nonato Fernandes Mokwa Universidade Paulista Julio de Mesquita (UNESP/Araraquara) E-mail: [email protected] Na contemporaneidade observa-se um enfrentamento abusivo em relação ao jogo de poder desencadeados e visualizados devido a diferentes fatores e em diversas classes sociais, não importando o gênero, crença, idade ou cultura do indivíduo culminando com o crescimento de atos violentos. Dentre estes atos, há um necessário ser discutido devido a suas implicações na saúde biopsicossocial do indivíduo que é o mobbing ou assédio moral no trabalho que é um fenomeno praticado por uma ou mais pessoas contra um outro indivíduo. Esse fenômeno não é novo e se caracteriza como sendo uma conduta abusiva no local de trabalho por gestos, palavras, comportamentos, atitudes, ou escritos que atentam por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade psíquica ou física do trabalhador, pondo em perigo sua posição funcional, desarmonia no ambiente de trabalho, bem como, prejuízos a saúde biopsicosocial. O termo mobbing é proveniente do verbo inglês to mob, que significa maltratar, atacar, perseguir, tumultuar, importunar, assediar (TROMBETTA, 2005). Esse tipo de assédio agride diretamente a dignidade do trabalhador e os direitos da personalidade. A tensão gerada pelas atitudes violentas do agressor aliada ao fato de que pode ocasionar o desemprego, resulta em prejuízos emocionais e físicos de toda a ordem, pois o trabalhador passa a somatizar seus medos e angustias, gerando distúrbios físicos e mentais, produtos desses comportamentos somatizados e reprimidos pelas vítimas em virtude da agressão sofrida. Essa humilhação repetitiva com a pessoa que sofre a violência provoca a estigmatização e o isolamento do grupo, o que leva o enfraquecimento e a desestabilização, podendo ocasionar o adoecimento físico e psíquico, comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde,com risco de causar sua morte (FREITAS, 2007). Lembra, Foucault (1987) que a subjugação do indivíduo revela o corpo como objeto e alvo do poder, o corpo que se manipula, se modela, se treina, que obedece, responde, se torna hábil ou cujas forças se multiplicam. As doenças de adaptação são conseqüências de excesso, de hostilidade ou excesso de submissão, influenciando as emoções e/ou fenômenos que ocorrem simultaneamente ao nível do corpo e ao nível dos processos mentais. Na medicina psicossomática o conceito de doença psicossomática evoluiu para o estudo da pessoa como ser histórico e social, ou seja, o que o individuo é hoje e apenas o resultado da sua interação com o mundo e de todas as suas experiências do passado e expectativas sobre o futuro. Este estudo objetiva discutir o fenômeno do mobbing na relação de trabalho, bem como, os prejuízos que essa atitude violenta pode ocasionar na saúde biopsicossocial do indivíduo. Para realização deste trablho utilizou-se a pesquisa bibliográfica de autores como Freitas (2007), Trombetta (2005), entre outros, que discutem a temática para compreender o mobbing e suas influências na saúde física, mental e social do indivíduo. O indivíduo vítima do mobbing vive em frequente tensão e situação de medo, a angústia, ansiedade, mal-estar e muitos outras situações capazes de enfraquecê-lo e causas prejuizos para a saúde biopsicossocial, ocasionaado sintomas psicossomáticos. Destarte, o resultado dessa estudo revela uma necessida de trabalhos que visem uma Educação para a Saúde emergencial no intuito de sensibilizar empregados e empregadores a respeito dos prejuizos Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 120 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente tanto materiais quanto pessoais gerados por esse tipo de comportamento, propiciando assim, uma mudança na cultura das organizações conscientizando-so dos prejuizos que a violencia pode produzir. Palavras-chave: mobbing; violência; saude biopssicosocial. Refêrencias TROMBETTA, T. Caracteristicas do assédio moral a alunos-trabalhadores nos seus locais de trabalho. Florianópoli, 2005, 22 f. Tese de Dissertaçãoem Mestrado em Psicologia. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Filosofia e Ciências Humanas. FREITAS, M. E. (2007). Quem paga a conta do assédio moral no trabalho? RAE-eletrônica. São Paulo, v.6, n.1. Recuperado em: 05 de abril, 2008 de http://www.rae.com.br/eletronica/index.cfm?FuseAction=Artigo&ID=4544&Secao=PENSAT A&Volume=6&Numero=1&Ano=2007 . FOCAULT, M. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987. 288p. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 121 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 57. O IDOSO E A SEXUALIDADE NA CONTEMPORANEIDADE Ms. Cynthia Daniela Figueiredo de Souza Graduanda em Enfermagem pela Universidade Paulista-UNIP E-mail: [email protected] Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP E-mail: [email protected] Introdução: Atualmente existe o aumento considerável do número de idosos entre a população mundial. É possivel envelhecer e continuar a ter uma vida distante dos paradigmas que estão impostos a velhice. Sendo assim, pode-se envelhecer com bom humor, com saúde, versatilidade e audácia. Além disso, o idoso pode e deve exercer a sua sexualidade, ou seja, expressar seus sentimentos, agir como homem ou como mulher, ainda pode sentir o sexo em sua plenitude. A sexualidade está presente na vida do ser humano em todas as fases, portanto não desaparece na velhice. Objetivo: Levantar as concepções a cerca da sexualidade na terceira idade em tempos contemporâneos. Metodologia: Foi realizada uma revisão bibliográfica introdutória, em artigos científicos dos últimos 10 (dez) anos, a respeito da temática abordada. Resultados: A sexualidade na terceira idade vem ganhando espaço entre as pesquisas científicas, em virtude do aumento da expectativa de vida da população mundial em geral, além de que ao exercer a sexualidade, em sua vertente do ato sexual propriamente dito, o idoso está mais vulnerável as doenças sexualmente transmíssiveis, inclusive a Aids, que vem crescendo consideravelmente entre os idosos. As pesquisas ainda demonstram que, por vezes, os idosos são considerados assexuados, e que o desejo sexual desaparece nessa fase da vida, o que não é verdade, ele pode ser alterado em razão de fatores fisiológicos ou em consequência de alguma doença degenerativa, mas não que ele desapareça. Alguns idosos reprimem sua sexualidade em virtude de convenções socias, sentem medo de serem ridicularizados perante os demais, os filhos também por vezes, interferem na sexualidade dos pais idosos, ao controlarem suas atitudes e ao lhes impor determinadas rotinas. Considerações finais: Com o aumento do número de idosos na população em geral, o tema da sexualidade na terceira idade vem ganhando espaço, muito há o que se explorar e discutir, fatores como o paradigma do idoso assexuado e a vulnerabilidade sexual do idoso, são preocupantes, visto que por vezes, encontramos os idosos desassistidos, em virtude da falta de elucidação a respeito do comportamento do idoso em relação ao exercício de sua sexualidade. É necessário a formulação e a implantação de Políticas Públicas de Saúde, para atender as necessidades do idoso de uma maneira integral, que inclua a questão da sexualidade, que trabalhe a Educação em saúde, para conscientizar o idoso, bem como, a população em geral sobre a importância, benefícios e os perigos do exercício da sexualidade em tempos contemporâneos. Lembrando que essas Políticas, devem nortear os profissionais da saúde para melhor acolhimento e prestação de serviços e cuidados aos idosos em geral. Palavras-chave: Idoso; sexualidade; contemporaneidade. Refêrencias ALMEIDA, T.; LOURENÇO, M.L.. Envelhecimento, amor e sexualidade: utopia ou realidade? Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. Rio de Janeiro, v. 10, n 1, 2007. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 122 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente SOUZA, C. D. F. Lazer e turismo na interface da saúde e da Educação como meio de promoção de saúde mental do idoso. (Dissertação de Mestrado) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, USP, Ribeirão Preto, 2007. VERAS, R. Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas, desafios e inovações. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 43, n. 3, jun. 2009. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 123 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 58. O PAPEL DA FAMÍLIA NO CUIDADO DA PESSOA PORTADORA DE HIV/AIDS Bruna Fontanelli Grigolli Pérsico Doutoranda pela FFCLRP – USP Email: [email protected]; Mayra Martins Doutoranda da Pós Graduação da EERP/USP E-mail: [email protected] Introdução: A Aids provocou profundas mudanças na área da saúde ao relacionar a doença com comportamentos individuais e, desde o início, a epidemia tem apresentado diversos desafios à sociedade, mobilizando diferentes segmentos sociais, e determinando maior visibilidade sobre questões como sexualidade, marginalização e preconceito, reforçando abordagens psicossociais que ultrapassem os limites clínicos tradicionais. A família e a pessoa que vive com HIV/aids apresentam reações em relação a percepção da doença por meio de influências construídas socialmente, e que muitas vezes, são estigmatizantes e podem interferir de maneira direta nas relações familiares. Acredita-se que a família pode apresentar um papel importante na criação de carências emocionais e sociais e que podem interferir de maneira direta no cuidado e tratamento da pessoa soropositiva. A complexidade do contexto familiar associado a sua importância para o enfrentamento do convívio com a pessoa com HIV/aids faz com que a família possa se tornar um espaço gerador de conflitos decorrentes do convívio com a pessoa portadora de HIV/aids, e que podem culminar em desestruturação e isolamento social da pessoa com HIV, sendo, muitas vezes, potencializados por dificuldades financeiras e falta de informações para a manutenção deste cuidado. Objetivo: A pesquisa tem como objetivo geral identificar, no contexto familiar, o confronto com as condições do convívio, para o cuidado doméstico à pessoa com HIV/aids. Metodologia: A pesquisa será desenvolvida com base na metodologia qualitativa, onde deverão ser entrevistadas 10 pessoas que vivem com HIV/aids. As entrevistas serão semi estruturadas com base no procedimento proposto por Figueiredo et al (2007) auxiliarão na compreensão do papel da família no cuidado da pessoa portadora de HIV. Em seguida serão realizadas 10 sessões de grupos com as famílias das pessoas que foram entrevistadas. O projeto propõe que cada sujeito entrevistado pertença a uma constituição familiar diferente, e caso seja necessário serão realizados atendimentos individuais para posteriores encaminhamentos necessários quando verificados pelo pesquisador. Os pacientes convidados para a pesquisa deverão ser usuários dos serviços prestados pela Unidade Especial de Tratamento a Doenças Infectocontagiosas (UETDI) ou Unidades Especiais dos Ambulatórios de DST/aids da Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto. As entrevistas serão realizadas nas residências, resguardando as condições de sigilo, conforme termo de consentimento informado. Os grupos, por questões de privacidade deverão ser realizados em salas especialmente preparadas dentro de serviços de atendimento a usuários junto à comunidade, ou na própria residência dos indivíduos em ambientes previamente preparados. Resultado: O presente trabalho compreende algumas reflexões sobre o cuidado doméstico, suscitadas por trabalhos anteriores, visando buscar novas alternativas de prevenção e promoção de saúde para pessoas que vivem com HIV/aids e seus familiares. A compreensão das condições de convívio das pessoas com HIV/aids e seus familiares torna-se fundamental para a identificação de propostas concretas de ações eficazes que minimizem as dificuldades inerentes à situação do adoecer junto à família. Além da Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 124 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente pesquisa, em si, e os seus produtos direcionados ao avanço da pesquisa junto à comunidade, o caráter estendido da nossa proposta deve ser visualizado também como um esforço para manutenção de uma extensão universitária que possibilite, ainda, via participação ativa na coletividade, formar subsídios para o ensino em graduação. Assim, seria recuperar, no universo da pesquisa, a sua conjugação com outros motivos da universidade abrangendo a formação profissional e a interação com a comunidade. Palavras chave: Família, HIV/aids, convívio domestico. Referências: BASTOS, F. I.; SWARCWALD, C. L. Aids e pauperização: principais conceitos e evidências empíricas. Cadernos de Saúde Pública. V 16, n 1, p 65-76. Rio de Janeiro, 2000. GRIGOLLI, B. F. Pessoas que vivem com HIV/aids: perspectivas de participantes em Grupos de Adesão. Ribeirão Preto, 2006, 111p. Dissertação (Mestrado) Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. MINUCHIN, S.; FISHMAN, H. C. Técnicas de Terapia Familiar. Porto Alegre, Artmed, 2003. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 125 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 59. REFLEXÕES SOBRE O PERFIL DO IDOSO PORTADOR DE HIV/AIDS Bruna Fontanelli Grigolli Pérsico Doutoranda pela FFCLRP – USP Email: [email protected]; Mayra Martins Doutoranda da Pós Graduação da EERP/USP E-mail: [email protected] Introdução: O envelhecimento populacional no Brasil tem introduzindo um novo desafio, que é enfrentar essa nova realidade com soluções criativas e viáveis para a saúde. Neste contexto, a faixa etária de 60 anos ou mais é a que mais cresce, enfatizando as projeções estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS) que evidenciam que o número de idosos no Brasil, no período de 1950 a 2025 deverá ter aumentado em 15 vezes, enquanto o restante da população em cinco. O envelhecimento não é uma enfermidade, mas nesta fase da vida ocorrem mudanças de estruturas e funções corporais, principalmente nos sistemas músculoesquelético, ósseo e nervoso, que provocam a diminuição da capacidade funcional do indivíduo, dificultando a realização de suas atividades de vida diária. Dessa forma, no período de envelhecimento há necessidade de manutenção da capacidade funcional para não depender de outrem. A epidemia de HIV representa um fenômeno global, dinâmico e instável, cuja forma de ocorrência nas diferentes regiões do mundo depende, entre outros determinantes, do comportamento humano individual e coletivo. Nos anos de 1996 a 2006, houve um aumento da taxa de incidência entre indivíduos com mais de 60 anos de idade. A escassez de campanhas dirigidas aos idosos para a prevenção de doenças sexualmente transmitidas (DSTs), aliada ao preconceito em relação ao uso de preservativos nessa população e a sua maior atividade sexual, expõe um segmento importante da população ao risco de contrair infecção pelo HIV. Além disso, os profissionais da saúde não estão adequadamente treinados para o pronto diagnóstico de DSTs nessa faixa etária, em que, em geral, as enfermidades crônico-degenerativas têm um papel predominante. A epidemia HIV/AIDS em pessoas idosas no Brasil tem emergido como um problema de saúde pública nos últimos anos. Deve-se a dois aspectos emergentes: o incremento da notificação de transmissão do HIV após os 60 anos de idade e o envelhecimento de pessoas infectadas pelo HIV. Objetivo: Este estudo tem como objetivo traçar um perfil dos idosos contaminados pelo HIV bem como o impacto da sua contaminação no convívio com os familiares. Metodologia: O presente estudo trata-se de uma pesquisa descritiva e exploratória através de uma revisão da literatura. Resultado: Os idosos infectados pelo HIV ou mesmo com AIDS são geralmente isolados e ignorados. Apesar dos estereótipos, muitos idosos são sexualmente ativos, e alguns são usuários de drogas, e conseqüentemente seus comportamentos podem pô-los em risco para infecção de HIV. A AIDS nesse grupo etário traz à tona certos hábitos até então não revelados, como a sexualidade, escondida na pele enrugada e nos cabelos brancos, onde a libido é traduzida pelo preconceito. Pesquisas na área médica atribuíram o aumento da incidência de HIV/AIDS entre os idosos aos tratamentos hormonais, às próteses e aos avanços da indústria farmacêutica, que estão ampliando a vida sexual da população idosa. Aliado a isso, a população idosa carece de informações sobre a doença, tem preconceito contra o uso de preservativos, e faltam ações preventivas voltadas para esse grupo. Ressaltam-se algumas questões culturais que ainda permanecem como a aceitação social da infidelidade e da multiplicidade de parceiras, na trajetória da vida dos homens que hoje têm mais de 60 anos e que não praticam sexo seguro Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 126 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente porque isso nunca fez parte da vida deles, resultantes da construção social e gênero. Encarar a sexualidade idosa como saudável e natural está longe de ser compreendido e aceito pela sociedade. O preconceito e a falta de informação reforçam o estereótipo da velhice assexuada, acarretando atitudes e comportamentos que podem elevar a vulnerabilidade do idoso frente às questões como a AIDS. Palavras chave: HIV/aids, idoso, família. Referências: BRASILEIRO, M.; FREITAS, M.I.F. Representações sociais sobre AIDS de pessoas acima de 50 anos de idade, infectadas pelo HIV. Revista Latino-Americana de Enfermagem. 14 (5), set.-out. 2006. GRIGOLLI, B. F. Pessoas que vivem com HIV/aids: perspectivas de participantes em Grupos de Adesão. Ribeirão Preto, 2006, 111p. Dissertação (Mestrado) Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. FIGUEIREDO, M.A.C.; PROVINCIALI, R.M. HIV/AIDS em pessoas idosas. Vulnerabilidade, convívio e enfrentamento. 7° Congresso Virtual HIV/AIDS – Comunicação –Tema: Ciência Social e Comportamental – 10/10/2006. Disponível em: http//www.aidscongress.net. Acesso em 5 dez. 2007. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 127 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 60. VINCULOS FAMILIARES FORTES COMO FATOR DE PROTEÇÃO PARA O USO DE DROGAS ENTRE OS ADOLESCENTES Mayra Martins Doutoranda da Pós Graduação da EERP/USP E-mail: [email protected] Profa. Dra. Sandra Pillon EERP/USP Email [email protected] Prof. Dr. Manoel Antonio dos Santos FFCLRP/USP E-mail: [email protected] Resumo: Estudos evidenciam que vínculos afetivos fortes entre pais e filhos são fatores protetores para o uso de drogas. Objetivo: Este estudo tem como objetivo, analisar a relação familiar como um fator de proteção para o envolvimento do adolescente com uso de drogas. Metodologia: Este é um estudo do tipo transversal. A amostra foi composta por 150 adolescentes do sexo masculino que estavam cumprindo medida socioeducativa de internação na Fundação Casa de Ribeirão Preto, com idade entre 12 a 21 anos. Este é um estudo do tipo transversal. A amostra foi composta por 150 adolescentes do sexo masculino que estavam cumprindo medida socioeducativa de internação na Fundação Casa de Ribeirão Preto, com idade entre 12 a 21 anos. Resultados: A maioria dos adolescentes tinha idade de 16 anos, cor pardo ou negro e nível baixo de escolaridade 99(66%) e somente 40(26,7%) viviam com os pais, sendo que a maioria pertenciam à família monoparental e 86(57,3%) tinham contato com o pai. Com relação a afetividade 145 (96,7%) responderam que tanto o adolescente é importante para sua família, quanto a família é importante para o adolescente (149, 99,3%). 103 (68,7%) obedeciam aos pais 101 (67,3%). Os índices do uso de maconha 119(82%), do álcool 107(73,3%) e do cigarro são elevados. Conclusão: Os resultados deste estudo reforçam a importância dos laços afetivos entre pais e filhos e nos leva a concluir que o estilo de criação tais como: envolvimento diário, apoio, comunicação, monitoramento, limites e regras podem contribuir para um envolvimento menor do adolescente com o uso de drogas. Palavras chaves: Adolescentes, uso de drogas, família, fator de proteção. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 128 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 61. O USO DE DROGAS ENTRE OS ADOLESCENTES INFRATORES Mayra Martins Doutoranda da Pós Graduação da EERP/USP E-mail: [email protected] Profa. Dra. Sandra Pillon EERP/USP Email [email protected] Prof. Dr. Manoel Antonio dos Santos FFCLRP/USP E-mail: [email protected] Resumo: É bastante expressivo o numero de adolescentes infratores que fazem uso de drogas, este problema tem preocupado pesquisadores e cientistas sociais na compreensão desse contexto e favorece a busca de possíveis mudanças para essa realidade. Objetivo: Este estudo tem como objetivo, identificar o uso de drogas entre os adolescentes infratores. Metodologia: Este é um estudo do tipo transversal. A amostra foi composta por 150 adolescentes do sexo masculino que estavam cumprindo medida socioeducativa de internação na Fundação Casa de Ribeirão Preto, com idade entre 12 a 21 anos. Resultados: Dos 150 entrevistados, a maioria 91 (60,7%) era pardo ou negro, a maioria 103 (68,7%) possuía o ensino fundamental incompleto. Com relação ao uso de drogas os dados revelam que a maioria desses adolescentes fazia uso de álcool 146 (97,3%); maconha 145 (96,7%) e cigarro 135 (90%). No que se refere ao ato infracional, os dados apontaram que os delitos mais praticados foram o roubo 123 (82%), tráfico 111 (74%), furto 89 (59,3%). Conclusão: É expressivo o numero de adolescente que se envolve com o uso de drogas principalmente os adolescentes autores de atos infracionais, o que nos leva à necessidade de se desenvolver programas e projetos de atenção psicossocial voltados à prevenção do uso de drogas entre os adolescentes Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 129 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 62. OS CONCEITOS TÉORICOS DA PEDAGOGIA PROBLEMATIZADORA DE PAULO FREIRE, DA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE E DA TEORIA DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL COMO BASES ESTRUTURANTES PARA O TRABALHO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE SEXUAL André Estevam Jaques Enfermeiro, Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Paranaense UNIPAR, Doutorando em Ciências - EERP/USP. Orientador do PIC/UNIPAR 2010. Projeto financiado pela UNIPAR E-mail: [email protected] Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno Pedagoga, Docente da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP E-mail: [email protected] Amanda Batista Santarosa Graduanda em Enfermagem pela Universidade Paranaense – UNIPAR. Orientanda PIC/UNIPAR 2010 E-mail: [email protected] Introdução: Observa-se atualmente, que mesmo com a pós-modernidade e com os avanços científicos consolidados, os serviços de saúde ainda interpretam a sexualidade de forma preconceituosa, cravada de mitos, crendices populares e tabus, com isso interferindo no processo de promoção da saúde sexual, deixando as populações vulneráveis aos riscos decorrentes desse problema, dificultando assim, a relação da sexualidade com o bem estar e a qualidade de vida sexual e reprodutiva. Objetivo: Estabelecer a relação entre a promoção de saúde sexual com a pedagogia problematizadora de Paulo Freire, a educação para a saúde e a teoria da representação social, considerando-as como possibilidades teóricas estruturantes para o trabalho em promoção de saúde sexual. Metodologia: Tratou-se de estudo de revisão de literatura a partir do levantamento de referencial teórico através de livros, periódicos e artigos científicos. Revisão Bibliográfica: Na pedagogia problematizadora de Paulo Freire, é necessário que o homem possua ação, reflexão, teoria e prática para assim conhecer o mundo e modificá-lo. Sendo assim, é possível que ao conhecer o mundo, o homem passa a transformá-lo e sentir os efeitos da mudança (SIQUEIRA JUNIOR; BUENO, 2006). Neste sentido a educação progressista, é considerada uma excelente metodologia de ensino para ser utilizada como base teórica na educação para a saúde, pois o indivíduo que conhece sua própria realidade promove a reflexão, o pensamento crítico e desenvolve sua autonomia, favorecendo as ações de educação para a sua saúde. A educação para a saúde é uma atividade planejada que objetiva criar condições para produzir as mudanças de comportamento desejadas em relação à saúde, é o conhecimento que devemos adquirir para produzir melhoria nas condições de vida, ou seja, é um processo que gera a promoção da saúde (FIGUEIREDO, 2006; BUENO, 2010). A representação social é um modo de pensamento sempre ligado à ação, a conduta individual e coletiva (ARRUDA, 2008) deve o profissional de saúde se apropriar destas ações para desenvolver estratégias que melhorem as condições de saúde de determinado grupo, sabendo Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 130 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente que estes grupos podem identificar-se, perceber-se, aliar-se ou rejeitar-se através de suas representações, podendo utilizar do conhecimento existente para revertê-lo em conhecimento novo, mudando o curso dos agravos à saúde, ocorrendo a partir disso a necessidade da utilização desse conceito pra a promoção da saúde sexual. Considerações finais: Conclui-se que, na maioria das vezes, as práticas relacionadas a saúde sexual não são pensadas e para pensá-las são necessárias estruturações conceituais como a pedagogia problematizadora de Paulo Freire, a Educação para a Saúde e a Teoria da Representação Social que proporcionam, de modo geral, visões de como se formam, se reproduzem e se estabilizam pensamentos e comportamentos relacionados à sexualidade e como é possível atuar sobre eles de forma eficiente, respeitando a autonomia de cada sujeito na promoção de seu bem estar, dessa forma reduzindo os riscos relacionados a saúde sexual/reprodutiva e garantindo melhora na qualidade de vida da população. Palavras-chave: Saúde Sexual; Educação para a Saúde; Educação Problematizadora; Representações Sociais. Refêrencias ARRUDA, A. Teoria das Representações sociais e teorias de gênero. Cadernos de Pesquisa, n. 117, p 127–147, novembro/2002. BUENO, S.M.V. Tratado de Educação Preventiva em Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência. Ribeirão Preto: FIERP. 2010, 200 p. FIGUEIREDO, J.S. Desafios e perspectivas em atividades educativas de promoção da saúde de um grupo de portadores de hipertensão arterial, sob o paradigma da interdisciplinaridade. 2006. 352 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública). Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2006. SIQUEIRA JUNIOR, A.C.; BUENO, S.M.V. Utilização da pedagogia problematizadora na graduação de enfermagem para o atendimento do paciente agressivo. Rev. Gaúcha de Enferm. Porto Alegre (RS), jun; 27 (2): 291-300. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 131 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 63. MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA: OS SIGNIFICADOS QUE ATRIBUEM AO SUPORTE E APOIO RECEBIDO NO SEU CONTEXTO SOCIAL E DE SAÚDE Ana Paula R. Vieira1 Ana Márcia S. Nakano2 Angelina Lettiere3 1 Aluna do 6° semestre de graduação em EERP-USP [email protected]. ²Professora Titular junto ao Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública da EERP-USP 3 Pós-graduanda do Programa de Enfermagem em Saúde Pública da EERP-USP [email protected] Introdução Os recursos de suporte social que dispõem as mulheres em situação de violência, no seu contexto de vida, constitui-se o nosso objeto de estudo. Objetivos Compreender as ações de mulheres frente à violência perpetrada por seu parceiro íntimo e a busca por ajuda nos equipamentos sociais (serviços de saúde, suporte jurídico e espiritual) disponíveis na sua comunidade. Material e métodos Pesquisa do tipo exploratória, com abordagem qualitativa, realizada no município de Ribeirão Preto – SP, no Instituto Médico Legal e Instituto de Criminalística. O recorte empírico foram as mulheres maiores de 18 anos que sofreram violência do parceiro íntimo e que aceitem participar da pesquisa. O tamanho foi definido por saturação. Através de uma entrevista semiestruturada e gravadas. A análise dos dados foi realizada com base na técnica de análise de conteúdo-modalidade temática (Bardin, 1977). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da EERP-USP Resultados Participaram do estudo 12 vítimas. A maioria delas tinha idade entre 19-30 anos, procedência de outros municípios do estado de São Paulo. O percentual predominante das mulheres (83,34%) reside em Ribeirão Preto. 66,66% das entrevistadas são chefes de família e 41,66% pertencem a Classe C (classificação de acordo com a ABEP/ 2008). Todas entrevistadas freqüentaram a escola, sendo que 33,33% apresentavam o ensino fundamental completo. 33,33% são trabalhadoras de empresa e 70% são solteiras. 50% do total têm companheiro. 50% se auto-definem de cor/etnia parda e 41,44% religião evangélica. Sobre o enfrentamento da violência, pudemos identificar que a procura por ajuda tem sentidos variados: evitar a reincidência e maior gravidade da violência, não aceitação de viver em situação de violência, conseqüências para o parceiro/agressor e busca por direitos sociais. A análise dos resultados deste estudo nos coloca frente a uma realidade de desarticulação e de inoperância das instituições sociais de suporte a mulheres vítimas de violência. Considerações Finais Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 132 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Entender a realidade das mulheres em situação de violência permite o estabelecimento de intervenções eficazes e principalmente, traz subsídios às políticas de ação no enfrentamento e prevenção à violência contra a mulher. No atendimento às mulheres vítimas de violência, as ações devem ir além da oferta de condutas e procedimentos, pois implica a cumplicidade do profissional, e no seu empenho pessoal e ideológico com o rompimento da condição de pressão sobre a mulher (Melo, 2007). Palavras-chave: Violência doméstica; apoio social; suporte social Referências 1. Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP). Critério de Classificação Econômica Brasil, 2007. Disponível em: http://www.slideshare.net/rypax/novos-criterios2008-classificao-scioeconomica. 2. Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70;1977. 3. MELO, Elza Machado de et al. A violência rompendo interações: as interações superando a violência. Rev. Bras. Saude Mater. Infant. 2007, vol.7, n.1, pp. 89-98. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 133 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 64. QUALIDADE DE VIDA DE PESSOAS QUE VIVEM COM HIV/AIDS Wlaldemir Roberto dos Santos Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP/USP E-mail: [email protected] Prof. Ms. Pedro Pinheiro Paes Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP/USP E-mail: [email protected] Profª. Drª. Ana Paula Morais Fernandes Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP Prof. Dr. Anderson Marliere Navarro Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – FMRP/USP André Pereira Dos Santos Centro Universitário Claretiano de Batatais-SP Carla Carla Maria Seconi Momenti Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP Prof. Dr. Dalmo Roberto Lopes Machado Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto - EEFERP/USP Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP Introdução: A introdução da Terapia Antirretroviral conseguiu modificar a infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) de uma doença fatal para uma doença crônica, com o aumento da longevidade. Mas além de sofrer todas as manifestações de origem biológica, os indivíduos que vivem com HIV/aids enfrentam uma série de outros problemas, entre os quais, as manifestações de origem psicológica: depressão, ansiedade, insônia e síndrome do pânico. Porém, o que mais chama a atenção são as manifestações sociais conseqüentes da doença, pois a aids é uma doença social e como tal deve ser combatida, principalmente as manifestações de rejeição, isolamento, segregação e preconceito impostas pela sociedade. Assim agravando ainda mais a saúde psicológica dos pacientes, diminuindo a qualidade de vida dessas pessoas e contribuindo para a diminuição da adesão ao tratamento. Dessa forma, analisar a qualidade de vida pode indicar formas para melhorar a relação dos profissionais de uma equipe multidisciplinar com um paciente HIV positivo, iniciando a partir de uma compreensão mais ampla das necessidades e responsabilidades entre equipe e paciente. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo analisar a qualidade de vida de pessoas que vivem com HIV/aids. Metodologia: Participaram desta análise oito sujeitos com média de idade de 46,5 anos (±6,46) de ambos os gêneros (seis masculino e dois feminino). O instrumento de pesquisa utilizado para quantificar a qualidade de vida foi o QUESTIONÁRIO SF-36 proposto por CICONELLI et al. (1999) que vem sendo utilizado há algum tempo no Brasil por agentes de saúde, no qual é formado por 36 itens, que tangem 8 escalas ou componentes: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental. Apresenta uma pontuação/escore final de 0 a 100, no qual zero corresponde ao pior estado geral de saúde e 100 ao melhor estado de saúde. Para esta pesquisa a segunda questão do SF-36 foi adaptada, com o intuito de verificar a saúde dos indivíduos com HIV/aids no depois que tiveram o conhecimento de sua infecção. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 134 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Resultado: Os resultados mostraram que todos os itens do questionário, obtiveram médias acima de 50 pontos, caracterizando classificação de “boa qualidade de vida”. Os domínios “dor” e “limites por aspectos físicos” apresentaram os menores valores positivos (71,6) e (71,9) respectivamente, possivelmente em virtude de um sujeito da amostra conviver com uma hemiplegia derivada de um Acidente Vascular Encefálico (AVE) e outro sujeito ter apresentado toxoplasmose. Nos dois casos, decorrentes do deficitário sistema imunológico e/ou efeitos adversos da terapia antirretroviral. Além do mais um terceiro sujeito convive com gota reumatóide. Contudo, percebe-se ao analisar a média de maior domínio a “capacidade funcional” (86,4), a despeito das queixas de dores, apresentaram pouca dificuldade de execução em atividades cotidianas, mesmo em atividades que exigiam maior esforço, como correr e levantar objetos pesados. As médias dos domínios “vitalidade” (77,5), “aspectos sociais” (79,7), “limitantes por aspectos emocionais” (75,0) e “saúde mental” (80,0) nas quatro semanas que antecederam a aplicação do questionário, sugerem predominância de disposição, vontade, força, energia, serenidade e felicidade, na maior parte do período recordado. As médias dos quatro domínios anteriores concordam com o elevado escore do “estado geral de saúde” (82,5).Um ponto interessante observado nas respostas da segunda questão (adaptada) que indaga a respeito do estado de saúde atual, comparado com antes do conhecimento do vírus, a maioria dos sujeitos responderam que hoje sua saúde está muito melhor. Considerações finais: Os resultados indicam que depois que os sujeitos tomam ciência da convivência viral, procuram levar uma qualidade de vida mais positiva. Essa informação pode nortear os profissionais da saúde na busca de terapias mais eficazes, considerando a maior sensibilidade e predisposição dos pacientes em submeter-se aos tratamentos indicados. Palavras-chave: HIV/aids, longevidade, Qualidade de vida Refêrencias CANINI, SRMS; REIS, RB; PEREIRA, LA; et al. Qualidade de vida de indivíduos com HIV/aids: revisão da literatura. Revista Latino-americana de Enfermagem, Ribeirão PretoSP, v.12 n.6 p.940-945 (2004). CICONELLI, RM; FERRAZ, MB; SANTOS, W; et al., Tradução para a língua portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF36):. Rev Bras Reumatol, São Paulo-SP v.39 n.3 p.86-90 (1999). FIGUEIREDO, MAC. Avaliação de um programa de orientação e suporte psicossocial ao cuida domestico de pessoas que vivem com HIV/AIDS: Um estudo com base na tríade paciente/profissional/familiar. Projeto de pesquisa aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico. São Paulo-SP (2007). Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 135 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 65. A FORMAÇÃO DOCENTE E A SEXUALIDADE INFANTIL Joice Daniela Jamaites Alves /UNICEP/ASSER [email protected] Profª Ms Rita de Cássia Petrenas UNESP – Araraquara /UNICEP- ASSER [email protected] Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2001) indicam que alguns fatores como o índice de gravidez indesejada na adolescência, abuso sexual, prostituição infantil, o crescimento da AIDS, a discriminação salarial das mulheres no mercado de trabalho são alguns exemplos que contribuem na qualidade de vida prevista pela Constituição Brasileira. Esses são alguns fatores que nos ajudam a entender que a sexualidade não se restringe somente ao âmbito individual, mas é necessário compreender os comportamentos e valores pessoais de cada um, para atuar de forma não discriminatória e consciente na sociedade. Não é possível deixar a sexualidade do lado de fora da escola, ainda que quiséssemos não seria possível, porque desde bebês sentimos prazer em tocar o próprio corpo e descobrir as diferentes sensações que ele nos proporciona, fingir que as crianças não passam por esse processo é negar a realidade, pois a sexualidade faz parte da vida de todas as pessoas, e é por essa razão que a escola e a família devem ajudar as crianças a não sentirem preconceitos do que elas estão sentindo e vivendo. A proposta de orientação sexual de acordo com o PCN é trabalhar as emoções, valores e informações, pois na falta desse tipo de informação pode prejudicar o desenvolvimento de suas potencialidades. É muito importante que a criança e o adolescente aprendam mais sobre os aspectos sociais, culturais, políticos, econômicos e psíquicos de sua sexualidade. Nesta proposta de orientação sexual é preciso que o educador fique atento a alguns assuntos tratados, como o preconceito, tabus, crenças ou tipos de valores propostos pela sociedade, é por isso a importância de estar integrando a orientação sexual nos Parâmetros Curriculares Nacionais por meio da transversalidade, pois seu estudo e discussão perpassarão todas as disciplinas do currículo. Desse modo, os objetivos desse trabalho estão articulados e podem assim serem descritos: realizar uma pesquisa de cunho bibliográfico referente à questão da sexualidade no tocante a formação docente; pesquisar e analisar dados importantes sobre como a sexualidade na infância vem sendo abordada nas escolas. Este trabalho investigará cinco escolas municipais, de 1ºano ao 5º ano, a respeito de como os professores tratam sobre as questões da sexualidade com seus alunos, quais as opiniões dos professores e qual seria a postura dos mesmos diante de situações que envolvem a temática no cotidiano escolar. Foram entregues questionários com perguntas fechadas aos docentes, que para devolução deveriam estar em um envelope lacrado, garantido o sigilo e não identificação dos participantes. Para a analise dos dados foi utilizada o referencial teórico da área, bem como a Analise de Conteúdo, modalidade temática, resultando na construção de gráficos. Trata-se de uma pesquisa em andamento, pois nem todos os dados foram analisados, mas algumas considerações já são possíveis perceber através da verificação de parte dos questionários, dentre eles que os docentes não se encontram preparados para trabalharem a temática sexualidade e sentem a necessidade de cursos e capacitações sobre o tema. Ficou claro que a maioria dos professores só tem acesso a materiais de capacitação por conta própria através de leituras sobre a sexualidade e não através de palestras ou de orientações específicas de profissionais qualificados no assunto, além de poucos tiveram aulas durante a graduação sobre a temática deixando lacunas no momento de abordar o assunto na sala de aula. Diante Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 136 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente dessas breves considerações que já foram possíveis perceber, é pertinente destacar que os cursos de formação docente deveriam propor condições que a temática da sexualidade seja estudada e analisada de forma consciente, crítica e emancipatória , sempre tendo como base a formação do sujeito participativo e conhecedor de seu direitos e deveres, apresentando como princípio uma sociedade justa e democrática, livre de preconceitos. Palavras- Chave- Sexualidade; Formação docente; Parâmetros Curriculares Referências BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (1ª a 4ª série): apresentação dos temas transversais: ética. Brasília : A Secretaria,2001. NUNES, C. e SILVA, E. A Educação sexual da Criança: subsídios teóricos e propostas práticas para uma abordagem da sexualidade para além da transversalidade. Campinas: Autores Associados, 2000. (Coleção polêmicas do nosso tempo). PRIORE, M. História da Criança no Brasil. Campinas: Contexto. 1992. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 137 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 66. A MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA NO CICLO GRAVÍDICO- PUERPERAL: uma revisão de literatura Thais Helena Devitto Meira, Profª. Dra. Juliana Stefanello Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e-mail: [email protected]; [email protected] INTRODUÇÂO: O termo violência vem sendo amplamente discutido nos diferentes âmbitos da esfera social e apresenta-se como um importante problema de saúde pública, por seu impacto e alta prevalência. Segundo o Ministério da Saúde, a violência caracteriza-se por ações realizadas por indivíduos, grupos ou nações, que podem resultar não só em danos físicos, mas também em danos emocionais e espirituais (BRASIL, 2001). No Brasil , os números aproximam-se de quase 120 mil óbitos por ano, ocupando o segundo lugar entre os grupos de causas de mortes. Entre as principais vítimas da violência estão as crianças, idosos, adolescentes, deficientes físicos e em especial, as mulheres (BRASIL, 2002). A violência por parceiro íntimo é reconhecida mundialmente como problema de saúde pública, pois tem influência direta na saúde da mulher . Além das diferentes formas de violência e seus significativos prejuízos acarretados, é importante destacar a violência quando esta ocorre durante o ciclo gravídico- puerperal. É importante salientar que este é o momento onde ocorrem inúmeras transformações e adaptações em relação não só aos aspectos fisiológicos da mulher, mas também em relação aos psicossociais e culturais, e que numa situação de violência, as dificuldades que normalmente estão presentes podem apresentar-se mais exacerbadas, com repercussões não apenas na saúde materna, mas também na infantil. OBJETIVO: Assim, tomamos como objetivo identificar, através de uma revisão de literatura, como ocorre a violência no ciclo gravídico puerperal. METODOLOGIA: O presente estudo teve como abordagem metodológica a revisão de literatura. Foram realizadas buscas por artigos científicos indexados na base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Adotaram-se como critérios de inclusão artigos publicados nos últimos cinco anos (2005 a 2010), publicados na íntegra, em língua portuguesa. Os termos utilizados como palavras-chave foram buscados nos Descritores de Ciências da Saúde (DeCS), através do site da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Foram utilizados os descritores: violência, violência doméstica, gravidez, pós-parto e puerpério. RESULTADOS: Foram selecionados 9 artigos que se adequaram aos critérios de inclusão e abordavam a temática da violência no ciclo-gravídico puerperal. Deste total, 7 estudos discorriam acerca da violência perpretada com mulheres no período gestacional e 2 direcionavam-se mais para a fase pós-parto. Percebemos que referências mais atualizadas acerca desta temática no ciclo gravídico-puerperal são escassas ou mais voltadas para o período gestacional. São poucos os estudos que abordam a violência na fase pós-parto. Porém, a atuação do profissional de saúde é uma temática que merece destaque, pois foi citada em todos os artigos encontrados. Tal fato nos leva a pensar em como tem se dado a atuação dos profissionais envolvidos com a área da saúde, no que diz respeito à sua atuação na identificação, intervenção e prevenção da violência. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Acreditamos ser de grande importância o desenvolvimento de um olhar para os profissionais que atuam nos diferentes serviços de saúde, pois os mesmos Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 138 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente são o principal elo entre o atendimento e acompanhamento das mulheres em situação de violência. Sabe-se que no campo prático existem muitas dificuldades relacionadas à formação e abordagem por parte dos mesmos para lidar com as diferentes situações que possam se apresentar como fator de risco para a violência. Assim, destacamos a necessidade de se incorporar a temática nos currículos dos cursos profissionalizantes e nos serviços de saúde, a fim de que sejam realizadas discussões entre as diferentes categorias profissionais e chamamos a atenção para a necessidade de desenvolvimento de pesquisas acerca desta temática a fim de nos fornecer subsídios para programar e implementar práticas de assistência que tragam avanços nesta área. Palavras- chave: violência doméstica, gravidez e pós-parto Referências Bibliográficas: BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS/GM. nº 737 de 16 de maio de 2001. Política Nacional de Redução de Morbimortalidade por Acidentes e Violência. Diário oficial da união. Brasília, 18 de maio de 2001. Seção 1E. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Violência Intra-familiar: orientações para a prática em serviço. Brasília: Ministério da Saúde, 2002 (Caderno de Atenção Básica n.8). Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 139 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 67. O SIGNIFICADO DE SER HOMEM NA PERSPECTIVA DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA Vanessa Luzia Queiroz Silva Prefeitura Municipal de Passos [email protected] Sônia Maria Villela Bueno Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto [email protected] Olívia Cristina Lopes Prefeitura Municipal de Passos [email protected] RESUMO Vários estudos comparativos entre homens e mulheres têm comprovado o fato de que os homens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo às enfermidades graves e crônicas, e que morrem mais precocemente que as mulheres 1. A despeito da maior vulnerabilidade e das altas taxas de morbimortalidade, os homens não buscam, como o fazem as mulheres, os serviços de Atenção Primária à Saúde (APS), adentrando o sistema de saúde pela atenção ambulatorial e hospitalar pelos níveis de secundário e terciário, o que tem como conseqüência agravo da morbidade pelo retardamento na atenção e maior custo para o sistema de saúde 2. A resistência masculina à APS aumenta não somente a sobrecarga financeira da sociedade, mas também, e, sobretudo, o sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família, na luta pela conservação da saúde e da qualidade de vida 1. Assim sendo, trazemos a temática homem e saúde para a pauta de atenção, no contexto de consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) de acordo com a Política Nacional de APS, objetivando uma discussão quanto às transformações que vêm ocorrendo nas políticas de saúde do Brasil que têm proporcionado mudanças na maneira de se pensar em saúde, propondo um novo olhar quanto as prioridades de atenção, bem como para o foco da atenção3. A partir dessas considerações, o presente estudo se propõe a compreender o significado do ser homem para os trabalhadores que atuam na Estratégia de Saúde da Família, buscando entender as relações existentes entre o ser homem e os cuidados com a saúde a partir da percepção desses trabalhadores. Isto posto, a motivação para o estudo, centra-se especialmente, na intenção de trazer subsídios para a promoção da saúde e da sexualidade masculina na APS, de forma a contribuir nas discussões e propostas para a efetivação da Política de Atenção Integral à saúde do homem, sobre os efeitos dos processos relacionados ao gênero, por ser esta uma temática já recorrente na literatura e que merece cuidado e atenção especiais. Nosso estudo é parte de uma investigação que procurou compreender o sentido atribuído à sexualidade masculina e aos cuidados com a saúde do homem por trabalhadores que atuam na Estratégia de Saúde da Família, realizado na cidade de Passos, no estado de Minas Gerais, em 2009. Essa investigação pautou-se numa abordagem de pesquisa qualitativa, aqui entendida como um conjunto de práticas interpretativas que busca investigar os sentidos que os sujeitos atribuem aos fenômenos e ao conjunto de relações em que eles se inserem 4-5. Nessa abordagem, baseados em princípios da pesquisa-ação 6, com referencial teórico-metodológico de Paulo Freire 7, procuramos compreender e contextualizar os sentidos subjacentes às falas dos sujeitos investigados. Antes de iniciarmos a discussão dos significados do ser homem para os trabalhadores da Estratégia de Saúde da Família, é necessário apontarmos aspectos relacionados ao contexto Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 140 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente em que tal discussão se insere. Nessa direção situamos nossa interpretação a partir do reconhecimento de aspectos simbólicos, socioculturais e históricos que tangenciam a formação do significado do ser homem para os sujeitos, para que assim possamos entender sua relação com os cuidados com a saúde e sexualidade masculina. Desta forma, de acordo com os achados evidenciados a partir das falas dos sujeitos, depreendemos sobre 7 categorias analíticas relacionadas à: 1) ideal masculino de sucesso, poder, força, virilidade e invulnerabilidade, 2 ) ideal de homem provedor, 3) déficits de cuidados, 4) prescrição social, 5) figura paterna, 6) heterogeneidade das possibilidades de ser homem, 7) masculinidade hegemônica. Fica explicito através das expressões dos sujeitos significações compatíveis com o ideário masculino investido de machismo, autoritarismo, poder, sucesso, fortaleza e comando. Entretanto, entendemos que quando os homens tentam seguir esse modelo masculino, acabam se comportando de maneira inexpressiva e competitiva, o que compromete suas necessidades biopsíquicas básicas. Com frequência isto resulta em condutas compensadoras, disfuncionais, agressivas e de risco, que predispõem os homens a doenças, lesões e morte 8. Com relação a estas significações, e a partir de novas propostas que visam incluir o homem enquanto prioridade para atenção à saúde, especialmente através da Atenção Primária (AP), verificamos através da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem1 a valorização deste entendimento, a partir do reconhecimento da necessidade de se considerar que as masculinidades são construídas historicamente e sócio-culturalmente, sendo a significação da masculinidade um processo em permanente construção e transformação. A partir dessa perspectiva, concluímos que a compreensão e problematização da significação do ser homem são fundamentais para a compreensão das questões relacionadas ao cuidar de si masculino, e que em geral, se faz necessário levar em consideração os aspectos sócio-culturais e simbólicos que perpassam tais questões. Referências Bibliográficas 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 2. FIGUEIREDO, W. Assistência à saúde dos homens: um desafio para os serviços de atenção primária. Ciência & Saúde Coletiva, 10 (1), 2005. 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Básica. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 4. MINAYO, M.C. O Desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em Saúde. 3. Ed. São Paulo/Rio de Janeiro: HUNITEC/ABRASCO, 2006. 5. MAYAN, M. Uma introducción a los métoos cualitativos. Modulo de entrenamento para estudiantes y professionales, international Institute for Qualitative Methodology. Disponível em: <http://www.ualberta.ca/_iiqm//pdfs/introduction.pdf>. 2001. 6. THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa ação. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2005. VÍCTORA, C. G.; KNAUTH, D. R.; HASSEN, M. N. A pesquisa em saúde: uma introdução ao tema. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2000. 81p. 7. FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 21. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. 8. KORIN, D. Nuevas perspectivas de gênero em salud. Adolescência Latinoamericana. In: GOMES, R. Sexualidade Masculina, Gênero e Saúde. Rio de Janeiro, v. 1, 2001. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 141 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 68. O OTIMISMO E O USO DE DROGAS NA FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO Marcos Hirata Soares1 Margarita Antonia Villar Luís2 Clarissa Mendonça Corradi-Webster3 Júlia Trevisan Martins4 Andréia Gonçalves Pestana Hirata5 RESUMO: Trata-se de uma pesquisa quantitativa descritiva e correlacional que conheceu a relação entre otimismo e consumo de drogas em alunos de graduação e pós-graduação modalidade residência em Enfermagem. Os sujeitos foram 229, entre alunos de graduação e pós-graduação modalidade residência em Enfermagem de uma universidade pública do Paraná, no ano de 2010. Foi aplicado o Teste de Orientação de Vida (TOV-R) e o questionário ASSIST. Foi utilizada a análise estatística descritiva, assim como teste de correlação de Spearman e o teste Kruskal Wallis. O uso de sedativos correlacionou-se negativamente com o otimismo. Novos estudos devem ser realizados para se compreender os motivos do aumento gradativo do uso de tabaco nas séries, a queda drástica do uso de tabaco e sedativos no curso de residência em Enfermagem e a correlação entre uso de sedativos e o otimismo, como forma de se prevenir agravos e promover saúde mental nos estudantes. Descritores: Estudantes de enfermagem, Internato não-médico, Instituições de ensino superior, Tabagismo. 1 Enfermeiro. Professor Assistente de Enfermagem Psiquiátrica e Saúde Mental. Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected]. 2 Enfermeira. Professor Titular da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP-USP). Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. E-mail: [email protected] 3 Psicóloga. Pesquisadora. Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas-EERP/USP. E-mail: [email protected]. 4 Enfermeira. Professor Adjunto de Fundamentos de Enfermagem. Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina. Email: [email protected]. 5 Enfermeira. Professor Colaborador do Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected]. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 142 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 69. CENTRO AVANÇADO DE EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE E ORIENTAÇÃO SEXUAL: FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS E AVANÇO NO CONHECIMENTO CIENTÍFICO Sabrina Corral-Mulato1 Larissa Angélica da Silva Philbert1 Sarah Tarcísia R. F. de Cravalho1 Janaina Luiza dos Santos1 Sonia Maria Villela Bueno2 1 Alunas de Pós-graduação do DEPCH/ EERP-USP, membros do CAESOS 2 Profa. Dra. Livre Docente do DEPCH, presidenta do CAESOS [email protected] O CAESOS é um grupo de estudos que faz parte do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, reconhecido pelo diretório do CNPQ, fundado no ano de 1985 pela professora Sonia Bueno. Tem como proposta realizar encontros entre estudantes (graduação e pós-graduação), profissionais e interessados nos temas de Educação Preventiva. Dentre as linhas de pesquisa abrangidas pelo CAESOS estão a educação em saúde, a formação de recursos humanos e a promoção de saúde mental. Proporciona aos seus participantes a oportunidade de conhecer várias pesquisas ligadas a temática principal, de participar de eventos na área e de atuar na organização de congressos, encontros, fóruns de discussão, dentre outros, objetivando o avanço do conhecimento dos participantes, tanto científicos, como na pratica da organização. Nos últimos dois anos, foram promovidos 4 eventos de médio porte pelo grupo, sendo 2 congressos, 1 jornada e 1 fórum de discussão, abordando dentro da temática Educação para a Saúde, os assuntos: Formação docente em enfermagem, sexualidade, DST, Aids, Drogas, Violência e o uso da metodologia da Pesquisa-Ação na promoção de saúde. Desses eventos, participaram mais de 600 congressistas e 100 organizadores. E ainda mais de 300 trabalhos aprsentados em pôster e 100 trabalhos na íntegra publicados em anais. Fazem parte do grupo14 estudantes, 28 pesquisadores e 1 coordenador. São realizadas reuniões quinzenais para discussão de textos, apresentação de projetos, divulgação de eventos nacionais e internacionais na área e organização dos mesmos. Neste mesmo período foram publicados 17 livros, anais de 4 eventos e inúmeros artigos em revistas científicas e de circulação. Concluímos pela grande importância desse grupo, que contribui sibstancialmente para a formação de Recursos Humanos na área de Educação para a Saúde e para a construção do conhecimento científico na área e na comunidade acadêmica. Palavras-chave: Educação em saúde; Formação de recursos humanos; Promoção de saúde Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 143 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente SUMÁRIO – Temas Livres 1. A OBESIDADE INFANTIL PODE SER TRABALHADA NA ESCOLA Lea Shirlaine da Silva Domingues; Maria Salete Zufelato Vencel 2. IMPACTO DO DIAGNÓSTICO DE ANOREXIA NERVOSA AO LONGO DA VIDA: RELATO DE CASO DE UMA MULHER COM 23 ANOS DE TRATAMENTO Ana Luisa Carvalho Guimarães; Manoel Antônio dos Santos 3. O LÚDICO E O MATERIAL DIDÁTICO: IMPLICAÇÕES E REFLEXÕES Marília Ferranti Marques Scorzoni; Camila Ferreira Gomes; Sonia Maria Villela Bueno 4. UNIVERSALIDADE E INSTILAÇÃO DE ESPERANÇA COMO FATORES TERAPÊUTICOS EM UM GRUPO DE APOIO A PACIENTES COM TRANSTORNOS ALIMENTARES Elaine Cristina da Silva Gazignato; Fabio Scorsolini-Comin; Manoel Antônio dos Santos 5. A AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO JUNTO ADOLESCENTES EM UMA PERSPECTIVA INTERNACIONAL Fabio Scorsolini-Comin; Alana Batistuta Manzi de Oliveira; Karin Aparecida Casarini; Roberta Cury de Paula A 6. FLUIR E RENDER: DOS PERCALÇOS DA ESCRITA À ESCRITA DOS PERCALÇOS NO FAZER DO PESQUISADOR Fabio Scorsolini-Comin; Laura Vilela e Souza; Manoel Antônio dos Santos 7. QUAL O IMPACTO DO TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA NA QUALIDADE DE VIDA DE ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1? Andressa Carolina de Souza; Érika Arantes de Oliveira-Cardoso;Manoel Antônio dos Santos 8. HIGIENISMO: REFLEXOS DE UM PROJETO POLÍTICO NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE DA ESCOLA REPUBLICANA Aparecida de Fátima Soane Lomônaco; Rosa Maria de Sousa Martins 9. INCIDÊNCIA DE FATORES TERAPÊUTICOS EM UM GRUPO DE EDUCAÇÃO EM DIABETES MELLITUS Manoel Antônio dos Santos; Naiara Sato Botter; Marília Belfiore Palácio; Camila Rezende Pimentel Ribas; Nunila Ferreira de Oliveira; Marta Maria Coelho Damasceno; Carla Regina de Souza Teixeira; Maria Lúcia Zanetti 10. PROGRAMA DE REEDUCAÇÃO ALIMENTAR: UMA ESTRATÉGIA PARA PREVENIR E TRATAR A OBESIDADE Laiz Elena Ribeiro; Rosane Pilot Pessa Ribeiro 11. SIGNIFICADOS DO TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOÉTICAS PARA PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1 Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 144 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Letícia Aparecida da Silva Marques; Érika Arantes Oliveira-Cardoso; Júlio Cesar Voltarelli; Manoel Antônio dos Santos 12. VOLTANDO A VIVER EM COMUNIDADE: A INCLUSÃO SOCIAL A PARTIR DAS RESIDÊNCIAS TERAPÊUTICAS Juliana Silva Herdy Vieira 13. O PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO AUXILIANDO NA INTEGRAÇÃO DAS VIVÊNCIAS EMOCIONAIS E CORPORAIS DE UMA PACIENTE OBESA Daniele Pena da Silva; Érika Arantes de Oliveira-Cardoso; Manoel Antônio dos Santos 14. O ENFERMEIRO DIANTE DO DIREITO DO PACIENTE À MORTE DIGNA Priscila Penha Domingues; Munira Penha Domingues; Sônia Maria Villela Bueno 15. A CITOLOGIA ONCÓTICA NA PREVENÇÃO DO CÂNCER CÉRVICO UTERINO NA REGIONAL DE SAÚDE DE FRANCA/SP Maurícia Brochado Oliveira Soares; Sueli Riul da Silva 16. RESULTADOS DE CITOLOGIA ONCÓTICA EM UMA REGIONAL DE SAÚDE Maurícia Brochado Oliveira Soares; Sueli Riul da Silva 17. PERFIL DE ADOLESCENTES E JOVENS ESTUDANTES NA TRÍPLICE FRONTEIRA: BRASIL – PARAGUAI - ARGENTINA Elis Palma Priotto; Oscar Kenji Nihei; Marta Angélica Iossi da Silva 18. CUIDADO DE ENFERMAGEM À FAMÍLIA DO PACIENTE GRAVE: COMPREENDER PARA TRANSFORMAR Aline Landim Ramos; Nathália Fernanda Brochetto; Janaina Mery Ribeiro; Cássia Tiêmi Nagasawa Ebisui 19. CARACTERIZAÇÃO DE UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA Ana Eugênia Alves Bastos; Débora Luiza da Silva; Karolinny Santos Silva; Regiane Marques; Sarah Tarcisia R.F de Carvalho; Sonia Maria Villela Bueno 20. CUIDANDO DE QUEM CUIDA: A VALORIZAÇÃO DA SAÚDE DE ESTUDANTES TRABALHADORES Thais Helena Devitto Meira, Juliane de Almeida Crispim, Sabrina Corral-Mulato 21. COMPREENDENDO A VIVÊNCIA COM A DOENÇA CRÔNICA: UMA ANÁLISE NA PERSPECTIVA DO PORTADOR Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera; Franciele dos Santos Cortês; André Estevam Jaques 22. SATISFAÇÃO E INSATISFAÇÃO DO DOCENTE DE ENFERMAGEM: ELEMENTOS INFLUENCIADORES NA QUALIDADE DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL PARA O ENSINO NA EDUCAÇÃO José Geraldo Neves Filho; Sonia Maria Villela Bueno 23. INTERVENÇÃO TERAPÊUTICO OCUPACIONAL DURANTE INTERNAÇÃO DE UMA ADOLESCENTE COM HIV Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 145 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Ariana Penha Meirelles; Silvia F. Biasson de M. Negrini; Maria Célia Cervi 24. PESQUISAS CIENTÍFICAS NACIONAIS ACERCA DO SUICÍDIO ENTRE ADOLESCENTES Josiane Bertoni de Souza; Naiara Nardelli de Souza; Roberta Dinardi; Marcio José Dias; Marcelo F. C. Marques; Camilla Soccio Martins 25. TRABALHO INFANTIL: A NECESSIDADE DA PRODUÇÃO DE NOVOS CONHECIMENTOS Kátia G. Amorim Silva; Gustavo de Souza Alves; Camilla Soccio Martins 26. ENVELHECIMENTO ATIVO E POLÍTICA NACIONAL DA SAÚDE DO IDOSO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS Aline Formigoni; Naiara Fabiana Vieira; Vanessa de Souza Silva; Edna Malheiro Neves Monaro; Camilla Soccio Martins 27. EDUCAÇÃO PREVENTIVA PARA O CÂNCER CÉRVICO-UTERINO Tatiane Cristina Almeida Santos Viviane Guthierres Victorino; Marli Santos Oliveira Ramires; Verônica Machado Marques de Oliveira; Camilla Soccio Martins 28. RESILIÊNCIA E SAÚDE: A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMETO CIENTÍFICO NA ÁREA Izabel Maria de Assunção e Brito Cordasso; Sarah Regina Bossolo; Camilla Soccio Martins 29. DOENÇAS DO TRABALHO E QUALIDADE DE VIDA: LER E DORT NA VISÃO DA LITERATURA CIENTÍFICA Cintia Zordan Gualdo; Amalha Vileide do Nascimento; Gislaine C. Silvestre Ramos; Camilla Soccio Martins 30. CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ACERCA DE TRANSTORNO ALIMENTAR E ANOREXIA Edimilson Lucio de Camargo; Felipe Lambert; Everton Rodrigues de Souza; Camilla Soccio Martins 31. A PESQUISA-AÇÃO: ESTADO DA ARTE VEICULADA PELA SCIELO Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera; Mariana Paula de Souza 32. A VIVÊNCIA DA MATERNIDADE ADOTIVA Daniel Nogueira Meirelles de Souza; Fernanda Kimie Tavares Mishima; Manoel Antônio dos Santos 33. “ELE SÓ SABE COMER!”: A PERCEPÇÃO DE MÃES DE CRIANÇAS COM OBESIDADE Daniel Nogueira Meirelles de Souza; Fernanda Kimie Tavares Mishima; Manoel Antônio dos Santos 34. AÇÕES EDUCATIVAS JUNTO A PORTADORES DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: UMA DISCUSSÃO À LUZ DA DIALOGICIDADE Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera; Mariana Paula de Souza Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 146 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 35. A EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE NO CURSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL: UMA DISCUSSÃO NECESSÁRIA Valéria Marta Nonato Fernandes Mokwa; Sonia Maria Villela Bueno 36. A ALFABETIZAÇÃO DOS TRABALHADORES RURAIS PELO MÉTODO PAULO FREIRE Maria Luiza Costa; Vânia Claudia Spoti Caran 37. QUALIDADE DE VIDA E DESENVOLVIMENTO HUMANO UMA VIVENCIA JUNTO AOS ADOLESCENTES Maria Luiza Costa; Vânia Claudia Spoti Caran 38. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA SOBRE EDUCAÇÃO E PEDAGOGIA SOCIAL José Geraldo Neves Filho; Márcia Regina Garbuglio Neves; Sonia Maria Villela Bueno 39. DISLIPIDEMIA ASSOCIADA À TERAPIA ANTIRRETROVIRAL: AVALIAÇÃO DE FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR Ana Paula Morais Fernades; Francielly Maira da Penna Matos; Amanda Silva e Sá; Camila Agustoni; Carla Maria Seconi Momenti; Samira Costa de Faria; Wlaldemir Roberto dos Santos 40. “ONDE ACABO, ONDE VOCÊ COMEÇA?”: A VIVÊNCIA IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA NO CONTATO COM O PACIENTE PSICOTERAPIA Camilla Monti Oliveira; Érika Arantes de Oliveira; Manoel Antônio dos Santos DA EM 41. A “SALA PRECISA”: CONSTRUINDO O ESPAÇO TERAPÊUTICO Camilla Monti Oliveira; Érika Arantes de Oliveira; Manoel Antônio dos Santos 42. PROGRAMA DE INOVAÇÃO DE ESTRATÉGIAS EDUCATIVAS NA CONDUÇÃO DE OFICINAS JUNTO A GESTANTES E PUÉRPERAS NA MATER Marina Dal Ponte; Ana Márcia Spanó Nakano; Flávia Azevedo Gomes 43. CONHECENDO O CONTEXTO ESCOLAR Fernanda Cantão; Vanessa Claudino Leite; Barbra Casarin; Sonia Maria Villela Bueno 44. COMO CATEGORIZAR UMA ESCOLA: TAREFA DA LICENCIATURA Josilene Fioravanti dos Santos; Pâmela Caroline Gil de Toledo; Vanessa Lopes de Aragão; Sonia Maria de Villela Bueno 45. SAÚDE E ESCOLA: AÇÕES INTERSETORIAIS Andressa Mercedes Araújo; Sonia Maria de Villela Bueno 46. COMER OU ROUBAR? O DESAMPARO VIVENCIADO POR UMA CRIANÇA OBESA Carolina Mendes Cruz Ferreira; Fernanda Kimie Tavares Mishima; Manoel Antônio dos Santos Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 147 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 47. EDUCAÇÃO E FRACASSO ESCOLAR: DESENVOLVIMENTO DE UMA PESQUISA-AÇÃO BASEADA EM FREIRE E THIOLLENT Luciano Gonçalves Teodoro; Sonia Maria Villela Bueno 48. ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE EM ESCOLARES Danila Perpétua Moreira, Gislaine Andresa Baltazar, Vivian Libório de Sousa Silva, Sonia Maria Villela Bueno Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 148 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 1. A OBESIDADE INFANTIL PODE SER TRABALHADA NA ESCOLA Lea Shirlaine da Silva Domingues Pedagogia- ASSER- Porto Ferreira, e-mail: [email protected] Maria Salete Zufelato Vencel Pedagogia- ASSER- Porto Ferreira, e-mail: [email protected] Introdução: A incidência da obesidade infantil vem aumentando de forma significativa nos últimos anos, determinando várias complicações na saúde da criança e do adulto. As altas taxas de obesidade na infância vêm preocupando diversos profissionais da área da saúde, pois esta não é sinônimo de saúde, ao contrário, pode ser a responsável por muitos males que atingem a população, como doenças do coração, diabetes e outros. Apesar da influência genética no ganho de peso corporal influenciar muitas pessoas, para muitos autores, os fatores ambientais, como estilo de vida sedentário e hábitos alimentares inadequados são determinantes neste processo (Mello et al., 2004; Tomkins, 2006 ). Tais ações habituais estão diretamente relacionadas com a saúde e com a qualidade de vida dos indivíduos. Para um estilo de vida saudável é importante a redução de hábitos que afetam a saúde. A alimentação infantil deve ser uma das prioridades no lar, no sentido de se evitar o sobrepeso; as crianças necessitam de uma nutrição adequada e quantidades certas de calorias. Infelizmente, o valor nutritivo dos alimentos, muitas vezes, é ditado pelo orçamento familiar e, na maioria dos casos, não é direcionado para a alimentação infantil. A desnutrição continua existindo como um problema de saúde pública no Brasil, principalmente nas regiões menos desenvolvidas social e economicamente. Mas, além da desnutrição, hoje o excesso de peso, quando chega a caracterizar obesidade, deve ser entendido como uma doença que precisa de tratamento. A pevenção continua sendo o melhor caminho. Algumas iniciativas realizadas antes da idade escolar e mantidas durante a infância e a adolecência podem garantir um adulto com uma melhor qualidade de vida. Objetivos: Este trabalho tem como objetivo geral, conscientizar as pessoas para a aquisição de hábitos alimentares saudáveis. Como objetivos específicos, destacam: incentivar as crianças em idade escolar a alimentar-se de forma adequada; estimular no aluno a prática de atividades físicas; ensinar o aluno a preparar e a ingerir alimentos nutritivos à saúde. Metodologia: O trabalho foi realizado em uma escola de ensino infantil da cidade de Porto Ferreira-SP com a participação de cinquenta crianças. Inicialmente, foram apresentadas a elas algumas frutas da época para a análise do gosto; em seguida, foram preparados sucos com tais frutas na presença das crianças e servido a elas. Também foram realizadas aulas de culinária, com o preparo de pratos utilizando-se ingredientes naturais e reaproveitando talos e folhas de verduras e legumes que, normalmente, são descartados. Resultados: As crianças participaram ativamente de todas as atividades. Auxiliaram no preparo dos sucos e durante a degustação, percebeu-se que 100% dos participantes saborearam os pratos apresentados. Os alunos foram investigados sobre o consumo de frutas e verduras em suas casas; muitos nunca tinham ouvido falar ou visto muitas delas e, após o consumo, passaram a gostar de coisas que até então não gostavam. Considerações: Através dessa pesquisa, percebe-se que é muito importante a incorporação no currículo informal das escolas, em diferentes séries, do estudo de nutrição e hábitos de vida saudáveis, prevenindo a obesidade infantil, evitando-se, assim, diferentes doenças causadas por uma alimentação não adequada. As crianças fazem pelo menos uma de suas refeições nas escolas e a merenda escolar deve atender às suas necessidades nutricionais em quantidade e qualidade, sendo um agente formador de hábitos saudáveis. O estímulo à prática de atividade física também deve ser trabalhado no âmbito escolar. Todas as crianças devem estar Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 149 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente envolvidas e não apenas aquelas que apresentam sobepeso ou obesas. Em idade escolar, as crianças aceitam facilmente preparações alimentares novas, apresentam grande interesse pelo alimento e seu preparo, e é nesta fase que o professor deve estimular e orientar para um hábito alimentar asudável, optando por alimentos naturais, ao invés de guloseimas e refrigerantes. Tudo o que comemos tem relação direta com a nossa saúde. Portanto, a melhor arma para combater a obesidade infantil é a prevenção, por meio da educação nutricional, das refeições em horários regulares, à base de frutas, verduras, cereais e carnes magras, água no lugar de refrigerantes e atividade física regular. Faz-se necessário uma maior divulgação sobre a obesidade infantil, seja através dos meios de comunicação ou de campanhas ou mesmo dentro da unidade escolar, de modo que as pessoas tomem consciência das causas, das prevenções e tratamento dessa enfermidade. Palavras-chave: obesidade, nutrição, hábitos saudáveis. Referências: MELLO, Elza D. de; LUFT, Vivian C.; MEYER, Flavia. Obesidade infantil: como podemos ser eficazes? Childhood obesity- Towards effectiveness. Jornal de Pediatria, Volume 80, n° 3, 2004, pág.173-182; TOMKINS, Andrew. Measuring obesity in children: what standards to use? Que padrões usar para medir obesidade em crianças? Jornal de Pediatria, Volume 82, nº 4, 2006, pág. 246-248. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 150 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 2. IMPACTO DO DIAGNÓSTICO DE ANOREXIA NERVOSA AO LONGO DA VIDA: RELATO DE CASO DE UMA MULHER COM 23 ANOS DE TRATAMENTO Ana Luisa Carvalho Guimarães E-mail: [email protected] Manoel Antônio dos Santos E-mail: [email protected] Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo - USP Introdução: Os transtornos alimentares (TA) podem ser definidos como quadros psiquiátricos caracterizados por perturbações no comportamento alimentar. A anorexia nervosa (AN) é um transtorno caracterizado pela recusa sistemática à ingestão de alimentos, medo intenso de ganhar peso e grave distorção da imagem corporal. (Oliveira & Santos, 2006). A abordagem psicodinâmica no tratamento dos TA tem sido considerada como uma estratégia complementar ao plano terapêutico, que inclui reabilitação clínica e nutricional, além de apoio e/ou terapia familiar. (American Psychiatric Association, 2009). A psicoterapia procura trazer à consciência afetos, e fortalecer a auto-estima, facilitando a tradução de sentimentos e emoções. Desse modo, o trabalho é orientado em direção à obtenção do insight, utilizando-se de fundamentos próprios da teoria psicanalítica. Nesse modelo valoriza-se tanto a melhora dos sintomas, quanto a recuperação do peso ponderal e a compreensão de aspectos psicológicos do paciente, partindo do pressuposto da integralidade do sujeito. (Gorgati, Holcberg, & Oliveira, 2002). Objetivo: O presente estudo teve como objetivo identificar os significados que uma paciente em tratamento há 23 anos atribui ao diagnóstico de AN. Metodologia: Selecionou-se como caso a ser investigado a condição apresentada por Cristina, paciente com diagnóstico de AN que se encontrava em acompanhamento em psicoterapia individual, como parte do plano terapêutico estabelecido pela equipe de um serviço de atendimento multidisciplinar (Grupo de Assistência em Transtornos Mentais – GRATA - HCFMRP-USP). Para alcançar o objetivo proposto, foram utilizadas as transcrições das sessões de psicoterapia individual de Cristina, complementada pela análise dos relatos da paciente produzidos durante o grupo terapêutico. Foram selecionadas as falas que evidenciavam a perspectiva que a paciente tinha acerca de seu diagnóstico e dos significados e implicações do mesmo em seu viver diário. Também foi dada ênfase aos relatos que, na perspectiva dos psicoterapeutas da abordagem individual e grupal, mostravam mudanças na dinâmica psíquica e progressos alcançados ao longo do processo psicoterápico. Os critérios diagnósticos apresentados no DSM-IV-TR foram utilizados como suporte para pontuar as reflexões elaboradas acerca do percurso descrito pela paciente no intervalo de seis meses de acompanhamento. Esse tipo de recorte do material clínico implica analisar o processo terapêutico como um fenômeno dinâmico, que evolui em uma linha que pode ter tanto movimentos de continuidade, como de descontinuidade, na qual a paciente evolui. Implica também em valorizar a sua própria perspectiva desse processo. Resultado: A análise do material clínico foi pautada nos critérios diagnósticos para a AN propostos pelo DSM-IV-TR. Em relação ao primeiro critério (A), referente à recusa a manter o peso corporal normal ou acima do normal: durante anos Cristina preencheu esse critério. Quando relatava aspectos de sua vida na época da internação, descrevia-se como muito magra e debilitada, a ponto de não conseguir sequer andar. Atualmente, apesar de Cristina ainda mostrar-se insatisfeita com seu corpo, dizia que, ao se olhar no espelho, conseguia não se enxergar como gorda. Todavia, continuava sentindo mal-estar ao comer e tinha dificuldades Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 151 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente em relação a aceitar sentimento de satisfação após a refeição. Entretanto, tomou consciência de que esse mal-estar que sentia ao comer podia ser contraposto com alguns ganhos que adviam da melhora na alimentação: mais energia, maior capacidade produtiva, não se sentir tão cansada ou desanimada durante o dia. Enfim, Cristina pôde perceber que alimentar-se é algo que possibilita seu fortalecimento em direção à concretização de seus planos e sonhos. Em relação ao segundo critério diagnóstico (B), que diz respeito ao medo de ganhar peso ou de se tornar gordo: Cristina preenchera completamente esse critério durante um longo período de sua vida, contudo, atualmente, não se pode afirmar que tenha intenso medo de engordar ou tornar-se gorda, a despeito de persistir o desejo manifesto de emagrecer. No que concerne ao terceiro critério diagnóstico (C), sobre perturbações no modo de vivenciar o peso ou a forma do corpo, Cristina conta que, no período de sua internação, estava excessivamente magra, porém achava que algumas “partes” de seu corpo eram gordas. Atualmente, a paciente não se achava gorda, apesar de não estar plenamente satisfeita com seu corpo. Essa insatisfação, de fato, refletia-se fortemente em sua auto-estima, porém esse momento deve ser diferenciado do anterior não apenas pela dimensão que essa perturbação assumia em sua vida, mas também pela postura que a paciente adquiriu frente a essa questão fundamental em seu viver: emagrecer não era mais uma meta na vida de Cristina, e muito menos a única meta, ou a meta das metas. Considerações: Percebe-se que a paciente ainda carrega as marcas subliminares do diagnóstico de AN, o que se evidencia quando ela discorre sobre seus medos, inseguranças e obstáculos. As situações vividas no cotidiano colocavam-na de frente às suas dificuldades e, nesses momentos de maior estresse e exigência ambiental, percebia-se a perspectiva que ela tinha acerca de sua própria condição: lidar com um diagnóstico de TA desde a juventude é uma questão que freqüentemente retorna, sobretudo quando Cristina questionava se conseguiria adaptar-se a uma nova situação. Portanto, o significado de ser uma pessoa com “anorexia” estava diretamente relacionado ao seu senso de auto-eficácia, que é parte constitutiva da auto-estima. O mais importante é que, no momento atual, Cristina já se mostrava capaz de perceber diferenças e nuanças em alguns aspectos que configuram sua auto-imagem, quando confrontada com a imagem que sustentava no passado. Entretanto, a sintomatologia que acompanha a AN já fora um grilhão que um dia a limitara imensamente e, por conseguinte, deixou fortes marcas existenciais na paciente. Com base nessas considerações, conclui-se que o diagnóstico de AN, além de ser um conjunto de sintomas atribuídos por um profissional de saúde a um indivíduo que enfrenta sérias dificuldades de ajustamento, assume significados bem distintos ao ser subjetivado pelo paciente. Na perspectiva de Cristina, representou uma experiência decisiva em sua trajetória de vida, que felizmente pôde ser transformada ao longo do tratamento. De qualquer modo, esse diagnóstico, com suas reverberações estigmatizantes, continua colado à personalidade da paciente, apesar de ela estar vivenciando um estágio de vida bem diferente daquela época, quando o TA foi detectado. Palavras-chave: transtornos da alimentação; psicoterapia; estudos de casos. Referências: American Psychiatric Association (2009). Practice guidelines for the treatment of patients with eating disorders. 3th ed. Washington, DC: Autor. Disponível em: http://www.psychiatryonline.com/pracGuide/pracGuideChapToc_12.aspx Gorgati, S. B., Holcberg, A. S., & Oliveira, M. D. (2002). Abordagem psicodinâmica no tratamento dos transtornos alimentares. Revista Brasileira de Psiquiatria, 24(3), 44-48. Oliveira, E. A., & Santos, M. A. (2006). Perfil psicológico de pacientes com anorexia e bulimia nervosas: A ótica do psicodiagnóstico. Medicina Ribeirão Preto, 39(3), 353-360. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 152 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 3. O LÚDICO E O MATERIAL DIDÁTICO: IMPLICAÇÕES E REFLEXÕES Camila Ferreira Gomes Educadora. Licenciada em Letras. Especialista em Gestão Educacional. Membro efetivo do CAESOS Marília Ferranti Marques Scorzoni Educadora. Licenciada em Letras. Especialista em Gestão Educacional. Membro efetivo do CAESOS E-mail: [email protected] Sonia MariaVillela Bueno Profª. Drª. Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Presidente do Grupo de Pesquisas CAESOS-EERP/USP E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO: A atividade lúdica pode ser definida como todo e qualquer movimento que tem como objetivo a realização de uma tarefa de forma prazerosa , ou seja, divertir o praticante através de atividades que oferecem exercícios físicos feitos alegremente. Estes propiciam desafogo de dificuldades emocionais e sentimentos confusos de conflitos e de agressividade, fortalecendo entre outras coisas a auto-estima e a segurança, o que importa não é apenas o produto da atividade, o que dela resulta, mas a própria ação, o momento vivido. A ludicidade é muito importante para a saúde mental do ser humano, pois possibilita a quem a vivencia, momentos de encontro consigo e com o outro,proporcionando maior sensibilização para as questões dos processos afetivos e cognitivos, como a sexualidade, cuidado e prevenção,e a imaginação através de momentos de fantasia e de realidade, lúdico torna-se, então, uma importante ferramenta de ensino. OBJETIVO: Levantar a aplicabilidade dos projetos lúdicos, desenvolvidos e inseridos na área da Educação para a Saúde, e sua contribuição qualitativa para a formação de recursos e materiais didáticos. METODOLOGIA: Pesquisa qualitativa, de cunho humanista, estudo descritivo-exploratório de produções cientificas atuais. CONSIDERAÇÕES: A prática pedagógica através do lúdico e suas contribuições no processo educativo, proporciona um aprendizado de forma alegre e dinâmica. As atividades lúdicas estão envolvidas em diversos fatores que permitem aos educadores aplicabilidades diversas através de: jogos, brincadeiras, histórias, cantigas de rodas, teatro, fantoche, atividades plásticas, entre outras. A escola tradicional, centrada na transmissão de conteúdos, não comporta um modelo lúdico. O lúdico tem sido um desafio para muitos educadores, é visível a preocupação em relação à importância do desenvolvimento humano, pois as instituições escolares centraram-se apenas nas habilidades cognitivas e deixaram de lado, quase que completamente, a arte, o prazer e o encantamento do lúdico. Portanto, os educadores e as instituições precisam se atentar para a educação e o desenvolvimento das crianças, buscando certamente um novo olhar. A intervenção do educador deve ocorrer no momento certo, estimulando-os para a reflexão. Assim o educador poderá descobrir e modificar o que foi trabalhado. No cotidiano de sala de aula o brincar pode ser encarado como algo sério e de cunho pedagógico, proporcionando maior sensibilização para as questões dos processos cognitivos, afetivos e motores. Pensar em Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 153 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente novas formas de auxiliar esse aprendizado precisa ser tarefa constante no trabalho de educadores realmente comprometidos com a qualidade do ensino. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARCE, Alessandra. O jogo e o desenvolvimento infantil na teoria da atividade e no pensamento educacional de Friedrich Froebel. Cad. CEDES, Campinas, v. 24, n. 62, Apr. 2004 . Available from<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010132622004000100002&ln g=en&nrm=iso> access on 07 July 2010. KISHIMOTO, T. M. (2002). O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira, 1988 LEONTIEV, A. N. Os princípios psicológicos da brincadeira pré-escolar. In VIGOTSKII, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 9 ed. São Paulo: Ícone, 2005. PIAGET, J.; INHELDER, B. A psicologia da criança. 17 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 154 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 4. UNIVERSALIDADE E INSTILAÇÃO DE ESPERANÇA COMO FATORES TERAPÊUTICOS EM UM GRUPO DE APOIO A PACIENTES COM TRANSTORNOS ALIMENTARES Esp. Elaine Cristina da Silva Gazignato Prefeitura Municipal do Guarujá, SP E-mail: [email protected] Prof. Me. Fabio Scorsolini-Comin Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM E-mail: [email protected] Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos Universidade de São Paulo – FFCLRP/USP E-mail: [email protected] RESUMO Introdução: Os transtornos alimentares (TA), que incluem a anorexia nervosa (AN) e a bulimia nervosa (BN), são temas muito discutidos e pesquisados atualmente, principalmente pelo crescente número de adolescentes e jovens adultos que buscam atendimento em clínicas e serviços de saúde e pela importância dada pela mídia e pela cultura ocidental ao culto do corpo esbelto e magro, investido como padrão de beleza. A conceituação da anorexia e da bulimia como psicopatologias reproduz as ideias sociais dominantes encontradas no discurso científico e reguladas por meio da linguagem. Os discursos presentes sobre a AN e a BN posicionam as pessoas diagnosticadas com essa doença de maneiras particulares e acabam sendo legitimados. Referencial Teórico: A psicoterapia de grupo oferece um contexto de apoio centrado nas questões que os TA deflagram, como as dúvidas e resistências em relação ao tratamento (psicoterapia, tratamento medicamentoso, rotina de consultas, exames e procedimentos, exposição à tecnologia médica e psicossocial), alterações no cotidiano, repercussões na vida familiar e no ambiente social, que despertam vivências de angústia. Dentre as abordagens teóricas utilizadas para se compreender os grupos, notadamente os de apoio psicológico, destaca-se o enfoque dos fatores terapêuticos. Os fatores terapêuticos seriam mediadores de mudança, de transformação psíquica, sendo esses elementos comuns a toda terapia de grupo. Objetivo: A partir do exposto, o objetivo deste estudo é analisar os fatores terapêuticos de apoio (notadamente a universalidade e a instilação de esperança) presentes em sessões de psicoterapia de grupo com pacientes que apresentam este tipo de transtorno, buscando-se compreender como tais fatores auxiliam no desenvolvimento dessas pessoas no contexto do espaço grupal. Método: O grupo de apoio às pessoas com transtornos alimentares (GRATA-HC-FMRPUSP) acontece uma vez por semana, tem uma hora e trinta minutos de duração e é coordenado por dois psicólogos em esquema de cocoordenação. É um grupo aberto e todos os pacientes do serviço são convidados a participar. Configura-se como um grupo aberto aos pacientes de ambos os sexos. Traremos aqui alguns recortes das sessões de grupo com esses pacientes, a fim de que possamos pensar na multiplicidade de discursos produzidos sobre os TA e de que modo os fatores terapêuticos não apenas estão presentificados no espaço grupal, como contribuem para o desenvolvimento e o tratamento dos pacientes. Para a análise, utilizaremos Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 155 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente duas sessões selecionadas randomicamente desse grupo de apoio, que foram audiogravadas e transcritas na íntegra, entre os anos de 2004 e 2005. Resultados e Discussão: O primeiro fator terapêutico de destaque é a universalidade. Ela pode ser caracterizada como a tomada de consciência, pelo paciente, de que há outros que vivem situação semelhante a que ele está vivendo, problemas e conflitos análogos aos seus. Essa descoberta provoca sensação de alívio, melhora da autoestima e redução de estigma social. O paciente rompe com o seu aparente isolamento, havendo a possibilidade de intercâmbio social franco e honesto. O senso de universalidade é a consequência do processo de comparação social que ocorre naturalmente em grupos. Nas duas sessões analisadas podemos destacar e comentar algumas sequências interacionais em que este fator surge. Podemos notar uma sensação de alívio da paciente por descobrir que existem outras pessoas vivendo a semelhante ou mais difícil. Assim, ao reconhecer outras pessoas que sofrem pela mesma doença, as pacientes podem, no grupo de apoio, experimentar a possibilidade de se verem como “normais”, como se fosse natural adoecer e enfrentar determinados desafios, como se sentir diferente da maioria das pessoas. O grupo, elegendo a doença como unificadora das experiências individuais dessas participantes, acaba universalizando-a e elegendo-a como algo natural, ou então que não desperte a estranheza, nem mesmo quando e pensa nos profissionais que ali estão e que não estão doentes. Considerações: Podemos perceber que o grupo surge como um espaço privilegiado no sentido de oferecer suporte emocional, informativo e de convivência para as pessoas que sofrem de um transtorno alimentar, onde os pacientes podem se reconhecer na experiência do outro e fazer um exercício de construção da própria identidade e da função que o sintoma assume em suas vidas. Na situação grupal, há uma produção coletiva de significados, que podem ser explorados e canalizados na busca de soluções para os problemas comuns que afetam o cotidiano de todos. Com essas diretrizes em mente, o coordenador do grupo busca estimular a recuperação física e emocional do paciente, conduzindo-o ao contato com um outro que também o constitui. Desse modo, os fatores de universalidade e de instilação de esperança almejam reforçar sua autoestima, atenuando o impacto de uma autoimagem normalmente comprometida na presença da enfermidade. Os fatores terapêuticos são, então, estes mecanismos eliciadores de mudança que surgem a partir da necessidade do desenvolvimento de recursos para lidar com as situações geradas em contextos grupais. Palavras-chave: Anorexia Nervosa; Transtornos Alimentares; Grupo. Referências BLOCH, S. Therapeutic factors in group psychotherapy. In: FRANCES, A. J.; HALES, R. E. (Eds.). Psychiatric Update Annual Review: v. 5. Washington, DC: American Psychiatric Press, 1986, p. 678-98.2. SOUZA, L. V.; SANTOS, M. A. Anorexia e bulimia: conversando com as famílias. São Paulo: Vetor, 2007. WEINBERG, C.; CORDÁS, T. A. Do altar às passarelas: da anorexia santa à anorexia nervosa. São Paulo: Annablume, 2006. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 156 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 5. A AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO JUNTO A ADOLESCENTES EM UMA PERSPECTIVA INTERNACIONAL Fabio Scorsolini-Comin Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM E-mail: [email protected] Alana Batistuta Manzi de Oliveira Universidade de São Paulo – USP E-mail: [email protected] Karin Aparecida Casarini Universidade de São Paulo – USP E-mail: [email protected] Roberta Cury de Paula Universidade de São Paulo – USP E-mail: [email protected] RESUMO Introdução: A inserção dos psicólogos na área da saúde pública obrigou alguns profissionais a reverem a elaboração de práticas e propostas de intervenção psicológica, sendo este movimento a consequência de uma ampla reflexão teórica, que culminou com a proposta de intervenção preventiva, a qual busca superar o modelo biomédico, individualista e de cisão entre mente, corpo e ambiente. Neste novo modelo, a desigualdade social adquiriria um espaço privilegiado nas análises e nas intervenções psicológicas. Na contemporaneidade, diversos programas voltados à promoção da saúde, do bem-estar e da educação dos adolescentes foram sendo constituídos como forma não apenas de atender a uma parcela significativa da população, mas também possibilitar a assunção de práticas adaptativas e salutares em indivíduos que se encontram na transição para a fase adulta, principalmente aqueles submetidos a situações de risco e de maus-tratos. Objetivo: Buscando avaliar esses programas, o objetivo deste estudo é apresentar uma revisão integrativa sobre a produção científica ligada à avaliação de programas de intervenção junto a adolescentes em um periódico internacional da área de avaliação, buscando delinear os principais enfoques e tendências dessas publicações. Método: Procedeu-se uma busca nas bases de dados nacionais e latino-americanas como o SciELO, o LILACS, o PePSIC e o BVS-Psi. Todas elas têm em comum o fato de serem dirigidas por instituições reconhecidamente comprometidas com o avanço e a difusão do conhecimento nos contextos brasileiro e latino-americano. A fim de cotejar a produção internacional, foi selecionado um periódico de destaque na área de avaliação como forma de se ter acesso a publicações recentes e relacionadas à temática investigada. O periódico selecionado foi o American Journal of Evaluation – AJE. O levantamento compreendeu o período de janeiro de 2008 a dezembro de 2009. Tal abrangência objetivou traçar um perfil apenas de publicações recentes na área. Resultados e Discussão: Deste modo, foram selecionados sete artigos para posterior leitura e análise na íntegra (N=7). Estes foram recuperados, analisados em profundidade e categorizados a partir de grandes eixos de análise. Dos sete artigos recuperados, quatro são de caráter empírico, um teórico, uma resenha e uma revisão da literatura. A maioria das Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 157 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente publicações é norte-americana, sendo quatro dos Estados Unidos e uma do Canadá. Uma publicação é de Israel. A resenha também é dos Estados Unidos, país no qual o periódico é publicado. No que se refere ao ano, três estudos foram publicados em 2008 e quatro em 2009. Acerca dos objetivos desses estudos, dois deles buscaram avaliar instrumentos e métodos utilizados na avaliação de programas. Ambos estão relacionados à avaliação de programas, sendo que um busca verificar empiricamente a qualidade psicométrica de instrumentos utilizados na avaliação e o outro visa à identificação de pontos fortes e fracos de métodos relacionados à teoria da avaliação e suas práticas. Quanto à abordagem, predominam pesquisas qualitativas (três), que utilizam em suas metodologias os estudos de caso, com entrevistas (face a face ou via telefone) e análises documentais como instrumentos de coleta de dados. Uma pesquisa utiliza a abordagem quantitativa, com metodologia de validação por juízes e análises estatísticas não paramétricas. Considerações: Observa-se que os artigos identificados nesta revisão voltam-se principalmente para a análise de fatores que possam influenciar na acurácia dos achados de uma avaliação de programa de intervenção. Os artigos aqui analisados dirigem-se para a busca do refinamento das estratégias de avaliação, afirmando a necessidade da análise científica rigorosa e amplificada, estabelecendo relações entre diversos aspectos da sociedade, da realidade dos usuários e do universo acadêmico. Ao final deste percurso, um dos pontos que devem ser destacados se refere ao papel do avaliador de sua importância não apenas como diagnosticador de uma realidade e um planejador de uma intervenção, mas como um profissional capaz de estabelecer um diálogo entre os saberes teóricos e os práticos. Pelos trabalhos resgatados no corpus deste presente estudo, esta capacidade é vista como uma necessidade e também uma tendência para a evolução da área. Deste modo, a avaliação cumpriria o seu papel na compreensão de uma dada realidade e seria também um balizador de práticas e de formas de se intervir em diversos contextos sociais, notadamente com adolescentes, como no recorte deste estudo. Palavras-chave: Avaliação; Adolescência; Intervenção. Referências BLEDSOE, K. L.; GRAHAM, A. The use of multiple evaluation approaches in program evaluation. American Journal of Evaluation, v. 26, p. 302-319, 2005. BRANDON, P. R.; SINGH, J. M. The strength of the methodological warrants for the findings of research on program evaluation use. American Journal of Evaluation, v. 30, n. 2, p. 123-157, 2009. FAW, L.; HOGUE, A. Multidimensional implementation evaluation of a residential treatment program for adolescent substance abuse. American Journal of Evaluation, v. 26, p. 77- 94, 2005. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 158 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 6. FLUIR E RENDER: DOS PERCALÇOS DA ESCRITA À ESCRITA DOS PERCALÇOS NO FAZER DO PESQUISADOR Prof. Me. Fabio Scorsolini-Comin Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM E-mail: [email protected] Profa. Me. Laura Vilela e Souza Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM E-mail: [email protected] Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos Universidade de São Paulo – USP E-mail: [email protected] RESUMO Introdução: O que move um pesquisador é a sua curiosidade e o prazer pela descoberta. O que nos instiga como pesquisadores é, portanto, o percalço constituinte da ciência – buscamos investigar um problema, as suas dificuldades, a fim de que possamos apontar para caminhos possíveis. Sendo assim, neste estudo compreendemos o problema de pesquisa, a pergunta ou mesmos os seus objetivos como o percalço que nos impulsiona a pesquisar e à consequente (ou provável) redescoberta de algo, de uma solução, de uma resposta ou de um atenuador de nossa inquietação. De modo similar, o trabalho científico constitui, por si só, um percalço na vida do pesquisador. Isso não quer dizer que um percalço seja algo negativo ou depreciativo, mas sim um desafio a ser superado. Uma dúvida crucial ou uma curiosidade não satisfeita já coloca o pesquisador diante de seu trabalho de pesquisar, ou seja, o coloca diante de seu percalço. Objetivo: Este estudo de caráter teórico tem por objetivo refletir acerca da escrita científica como um campo semântico constituído pelo percalço em dupla-via: a da dificuldade de acessar o objeto e de começar a concretizá-lo por meio do texto e também a de potencialidade de construção de um saber crítico e promotor do desenvolvimento de um fazer do pesquisador. Referencial teórico: A partir de uma visão construcionista social, o ato de escrever é convidar os leitores a um tipo de relacionamento, é posicionar escritor e leitor. A partir de diferentes tipos de escrita, diferentes convites são enviados e, por conseguinte, cada forma de escrever pode valorizar formas específicas de práticas sociais. É possível identificar em relatos científicos construções como “observou-se”, “foi encontrado”, que indicariam que os resultados científicos são capturados por um olho onisciente, um ponto de vista transcendental, para além do olhar ou experiência do pesquisador. Nessa tradição em pesquisa, as lentes através das quais o mundo é observado – o sistema sensorial humano deveriam ser apuradas, evitando a sua contaminação por qualquer afetividade que possa distorcer uma pura visão das coisas. O embate travado com o texto no início e ao longo de toda a escrita revela uma tensão entre diversos fatores: o rigor acadêmico, a necessidade de que aquele conhecimento seja validado pela comunidade científica, a atenção aos prazos de produção, as benesses advindas da pesquisa (financiamentos, expectativas da instituição da qual se faz parte), entre outros. Cada um desses fatores circunscreve a atividade criativa do pesquisador durante a sua escrita. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 159 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Resultados e Discussão: Uma pesquisa não comunicada não atinge os públicos a que se destina e não pode, de fato, contribuir para a divulgação de um saber científico. Assim, pesquisa-se para o conhecimento daquilo que ainda não se conhece e para a comunicação da descoberta. A produtividade em pesquisa é valorizada na academia, nas rodas de professores e também por agências de fomento que laureiam os pesquisadores mais produtivos com bolsas, financiamentos, viagens e outros benefícios. Embora esse movimento de incentivo à pesquisa deva ser recebido como um avanço e como uma possibilidade de conferir mais status ao pesquisador em nosso país, vem deflagrando a angústia de profissionais que não se encontram no mesmo patamar. Falamos, assim, de uma angústia por produzir (render sempre mais), o que vem gerando o sentimento de nulidade e de bloqueio diante da necessidade de escrever e de comunicar o que se faz, a todo o tempo (não abrindo espaço para que o texto flua, desenvolva-se, constitua-se). Escrever é, antes disso, uma atividade criativa e deve ser levada a cabo com responsabilidade e dentro de um contrato ético, em que os dados são provenientes de um participante da pesquisa e que são significados pelo olhar do pesquisador. Para a perspectiva construcionista social, a descoberta científica seria um produto da racionalidade de uma comunidade científica específica e a justificativa para a produção científica é culturalmente e historicamente construída. Portanto, a pesquisa vai sendo construída ao longo de todo o processo, sendo que as decisões iniciais do pesquisador são suplementadas pelos participantes da pesquisa, modificando-as. Considerações: Se queremos descobrir, contribuir com a ciência e também sermos lembrados pelas nossas descobertas (ou redescobertas), devemos necessariamente buscar objetos que proporcionem grandes mudanças ou grandes avanços na ciência. Sendo assim, faz-se a metáfora com o fato de procurarmos furacões, ao mesmo tempo em que acabamos por negligenciar os pequenos movimentos igualmente constitutivos e que podem contribuir com um saber que se pretende científico. A arte da escrita – e também da publicação – devem envolver não apenas a comunicação e a disseminação dos resultados da pesquisa, mas também, intrinsecamente, deve se remeter à reflexão de que não há pesquisa sem ensino e não há ensino sem pesquisa. Palavras-chave: Escrita; Ciência; Linguagem; Construcionismo Social. Referências BAKHTIN, M. (Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem. 9ª ed. Trad. Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec; 1999. GERGEN, K. J. Realities and relationships: soundings in social construction. 2nd ed. Cambridge: Harvard University Press, 1997. 356 p. SCORSOLINI-COMIN, F. Pesquisar, escrever e publicar: para que serve uma pesquisa científica? In: ____. (Org.). Metodologia de pesquisa: uma abordagem científica e aplicada. 1ª ed. Ribeirão Preto: Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração, 2010, v. 1, p. 8-27. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 160 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 7. QUAL O IMPACTO DO TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA NA QUALIDADE DE VIDA DE ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1? Andressa Carolina de Souza Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP E-mail: [email protected] Érika Arantes de Oliveira-Cardoso Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP E-mail: [email protected] Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP E-mail: [email protected] Apoio: PIBIC-CNPq/USP Introdução O diabetes mellitus (DM) é uma síndrome de etiologia múltipla decorrente da falta de insulina e/ou incapacidade da insulina exercer adequadamente seus efeitos. As consequências do DM, a longo prazo, incluem disfunção e falência de vários órgãos, especialmente rins, olhos, nervos, coração e vasos sanguíneos. O presente estudo focaliza o DM1, doença crônica e autoimune em que as células-beta pancreáticas são destruídas por linfócitos T, causando deficiência na produção de insulina. De início abrupto, a doença se manifesta, predominantemente, entre crianças e adultos jovens e é causa de grande morbimortalidade (Voltarelli, 2004). Ao considerar o panorama de tratamentos disponíveis para o DM1, nos últimos anos, o Transplante de Células Tronco Hematopoéticas (TCTH) despontou como uma das possibilidades mais recentes e promissoras, testado como uma alternativa experimental à terapêutica convencional. O estudo, inédito em escala mundial, iniciou-se em 2003 na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, e tem trazido bons resultados para os pacientes com DM1 (Voltarelli et al., 2009). Quanto ao tratamento convencional, ele retarda, mas não evita as complicações crônicas da doença. O controle rigoroso e repetido da glicemia ao longo do dia, além de difícil de ser realizado, associa-se a episódios frequentes de hipoglicemia. As diversas restrições impostas no cotidiano dificultam a adesão ao tratamento, pioram o controle glicêmico e, por conseguinte, aumentam o número de complicações decorrentes da doença. Esses fatores são responsáveis por um comprometimento significativo da qualidade de vida (QV) dos pacientes (Couri & Voltarelli, 2008). Nesse sentido, a avaliação da QV permite conhecer melhor o impacto da doença, tendo em vista a reestruturação do estilo de vida e o controle sobre os hábitos de vida diários que a doença impõe. Essa avaliação torna-se essencial neste momento em que o TCTH autólogo surge como uma terapêutica nova, que pode representar esperança de cura para muitos pacientes, apesar do forte impacto desencadeado pelo procedimento altamente invasivo. Objetivo Este estudo teve por objetivo avaliar a QVRS de pacientes com DM1 submetidos ao TCTH dois anos (pós-TCTH2) após a realização do procedimento. Método Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 161 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente A amostra foi composta por 12 pacientes, oito homens e quatro mulheres, com idades entre 15 e 26 anos, solteiros, sendo que destes, 10 eram estudantes, um atuava profissionalmente como biólogo, e um havia concluído o Ensino Médio e não estava exercendo atividades educacionais e/ou profissionais no momento da pesquisa. A coleta de dados ocorreu nos retornos ambulatoriais agendados pela equipe de saúde para monitoramento da condição clínica dos pacientes em seguimento regular. O instrumento utilizado foi o Questionário Genérico de Qualidade de Vida relacionada à Saúde – MOS SF-36, aplicado e analisado de acordo com as recomendações específicas da literatura. Resultados Os resultados indicam que o Componente mais preservado da QVRS dos participantes foi o Físico (86,7±11,83), apesar de o Componente Mental também se mostrar preservado (76,7±5,40). O aspecto menos favorecido, considerando as médias obtidas, foi Saúde Mental, seguido por Estado Geral de Saúde, e os mais preservados foram: Capacidade Funcional, Aspectos Físicos e Aspectos Sociais. A maior amplitude de variação dos resultados obtidos para o Componente Físico sugere que as diferenças individuais são mais acentuadas nos domínios da QVRS relacionadas às condições físicas. De um modo geral, pode-se afirmar que a QVRS dos pacientes submetidos ao TCTH apresentou-se preservada dois anos após a realização do procedimento. Considerações finais A partir desta investigação, é possível concluir que, apesar de ser uma terapêutica altamente invasiva, aplicada em pacientes que vivenciam uma fase peculiar do seu desenvolvimento no momento do estudo e que estavam enfrentando o impacto do recente diagnóstico do DM1, os participantes em geral apresentaram resultados satisfatórios. Conclui-se que a QVRS dos pacientes submetidos ao TCTH apresenta-se preservada dois anos após a realização do procedimento. Apesar disso, alguns resultados precisam receber especial atenção, como explicitado anteriormente, de modo a subsidiar o planejamento de ações preventivas em relação a possíveis problemas de ajustamento psicossocial. Palavras-chave: diabetes tipo 1, qualidade de vida, transplante de células-tronco hematopoéticas. Referências Couri, C. E. B., & Voltarelli, J. C. (2008). Potential role of stem cell therapy in type 1 diabetes mellitus. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, 52(2), 407-415. Voltarelli, J. C. (2004). Transplante de células-tronco hematopoéticas no diabetes mellitus do tipo I. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, 26(1), 43-45. Voltarelli, J. C., Couri, C. E. B., Rodrigues, M. C., Moraes, D. A., Stracieri, A. B. P. L., Pieroni, F., Navarro, G., Madeira, M. I. A. & Simões, B. P. (2009). Terapia celular no diabetes mellitus [revisão]. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, 31(1), 149156. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 162 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 8. HIGIENISMO: REFLEXOS DE UM PROJETO POLÍTICO NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE DA ESCOLA REPUBLICANA Aparecida de Fátima Soane Lomônaco 6; Rosa Maria de Sousa Martins7 Universidade Federal de Uberlândia/ ESTES [email protected] Resumo O presente trabalho trata-se de um artigo sobre a educação em saúde na escola durante a fase higienista, movimento ocorrido na medicina que privilegiava a higiene como o mais belo florão da medicina, capaz de promover o bem estar físico e moral e a evolução somática e intelectual da humanidade. Tem como objetivo discorrer sobre as influências do higienismo na Educação em Saúde na escola enquanto projeto educativo amplo, em nome da ciência e em prol da constituição de um homem formado sob os rígidos princípios da moral e da higiene e promover reflexões sobre as origens da Educação em Saúde na escola. A política higienista foi amplamente difundida na sociedade dentro de um projeto de urbanização das cidades e de modernização do país nos moldes europeus. A escola se tornou lócus privilegiado não só pela formação de meninos e meninas como também pela possibilidade de se trabalhar as questões de civilidade. A higiene impõe-se como uma condição indispensável para o progresso da nação neste período porque os que a praticavam demonstravam com isso possuir certo grau de educação. Durante o período republicano, o projeto higienista foi implantado nas escolas, onde contou com a participação de profissionais de saúde, professores e alunos na formação de pelotões de saúde que realizavam ações de saúde na escola relacionadas à higiene tais como adequações arquitetônicas das escolas, verificação das condições de higiene pessoal dos alunos, alimentação. Para que o projeto fosse viabilizado nas escolas, os professores recebiam formação específica nos curso de habilitação para o magistério. No campo de formação de professores, a principal influência foi a inserção e a valorização das ciências consideradas basilares para uma nova compreensão acerca da função social da escola e do papel assumido pela criança no contexto social mais amplo. Dentre essas ciências, destacamos a biologia, a psicologia e a sociologia, que foram incorporadas aos currículos dos cursos de formação e auxiliaram na produção de novas concepções sobre o campo educacional. Nessa perspectiva, a escola da república deveria civilizar, moralizar e higienizar as crianças, para incutir-lhes o amor à pátria e ao trabalho, a submissão às leis, o respeito à livre imprensa, à propriedade privada e à liberdade, incutindo também os valores éticos e estéticos da racionalidade capitalista. Verifica-se que as concepções higienistas, baseadas em princípios científicos e biologicistas ainda parecem influenciar as ações de educação em saúde na escola atualmente embora educar para saúde nos moldes das concepções do processo saúde/doença/cuidado atualmente pressupõe a reestruturação dos hábitos, a busca do potencial máximo de saúde dos indivíduos de uma coletividade e, principalmente, a possibilidade do auto cuidado por meio de um processo educacional global que desenvolva nas pessoas o senso de responsabilidade pela sua própria saúde e pela saúde da comunidade a qual pertençam. 6 7 Professora, Mestre em Educação da ESTES/UFU Assistente Social, Mestre em Educação da ESTES/UFU Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 163 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Palavras chave: Higienismo- Educação- Saúde Referências: GONDRA, JOSÉ G. Medicina, Higiene e Educação Escolar (Orgs.) LOPES, E. M. T; FARIA FILHO, L. M.; VEIGA, C. G. 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2000. p. 519 -550. LOURENÇO FILHO, M. B. Introdução ao Estudo da Escola Nova, 7ª Ed, São Paulo: Melhoramentos, 1962. MARTINS, R.M.S. Ser professora na república: modos de pensar, sentir e agir (1930 – 1950) Dissertação (mestrado). UFU. Uberlândia, 2009. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 164 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 9. INCIDÊNCIA DE FATORES TERAPÊUTICOS EM UM GRUPO DE EDUCAÇÃO EM DIABETES MELLITUS Manoel Antônio dos Santos1 Naiara Sato Botter 2 Marília Belfiore Palácio3 Camila Rezende Pimentel Ribas4 Nunila Ferreira de Oliveira4 Marta Maria Coelho Damasceno5 Carla Regina de Souza Teixeira5 Maria Lúcia Zanetti6 INTRODUÇÃO O diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica que exige ajustamentos na dinâmica e organização psíquica do paciente, pois impõe cuidados permanentes e contínuos (1). Passado o impacto inicial da confirmação do diagnóstico, os pacientes se mobilizam no sentido de buscar modos de enfrentamento que propiciem o ajustamento psicossocial frente às demandas do tratamento. A busca de apoio social é um dos modos de lidar com os fatores adversos acarretados pela complexidade do tratamento (3). Inclui, entre outros aspectos, a procura de recursos profissionais para o tratamento, dentre os quais se destaca o grupo de educação em diabetes. Tendo em vista que a participação em grupo educativo pode influenciar fortemente o comportamento de saúde de seus membros e que o estado de saúde de cada indivíduo, por sua vez, também influencia o funcionamento do grupo, os estudos mostram que a estratégia grupal pode ajudar a pessoa com DM a manejar corretamente a complexidade da doença e alcançar as metas do tratamento. Na presente investigação focalizamos o apoio social percebido pela pessoa com DM tipo 2 (DM2) a partir de suas verbalizações durante as atividades de grupo. Desse modo, este estudo teve como objetivo identificar os fatores terapêuticos presentes em um grupo de educação para pessoas com DM2. MÉTODO 1 Professor Doutor do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP-USP. E-mail: [email protected] 2 Aluna do Curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo do Campus de Ribeirão Preto. E-mail: [email protected] 3 Aluna do Curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo do Campus de Ribeirão Preto. E-mail: [email protected] 4 Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem Fundamental do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - EERP-USP. E-mail: [email protected] / [email protected] 5 Professor Doutor do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. E-mail: [email protected] 6 Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - EERP-USP. E-mail: [email protected] 7 Professor Associado do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - EERP-USP. Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. E-mail: [email protected] Endereço para correspondência: FFCLRP-USP, Av. Bandeirantes, 3900, Monte Alegre, 14040-901, Ribeirão Preto-SP, fone 16 3602 3645. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 165 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Como marco teórico-metodológico utilizou-se o referencial dos fatores terapêuticos (FT) (3). Este referencial foi privilegiado por viabilizar maior compreensão dos aspectos psicossociais envolvidos no cuidado da pessoa com DM2. Acredita-se que o marco referencial adotado possibilita desvendar como as pessoas que participam de um grupo educativo desenvolvem seus recursos de enfrentamento, considerando crenças e valores socialmente construídos no contexto onde as pessoas vivem. A identificação dos FT constituem uma das formas de se avaliar a efetividade de intervenções grupais, ao se observar o movimento grupal e a comunicação expressa pelos participantes. O estudo foi realizado em um Centro de Pesquisa e Extensão Universitária de uma cidade do interior paulista, de março a junho de 2010. Esse Centro foi eleito como local de estudo porque ali as pessoas com DM são atendidas por uma equipe multiprofissional constituída por enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e alunos de graduação em Enfermagem e Psicologia. Nesse Centro é oferecido um Programa de Educação em Diabetes. No presente estudo foram incluídas pessoas com DM tipo 2, adultos, cadastrados no Programa de Educação em Diabetes e que aceitaram participar da investigação. Participaram 21 pessoas com DM2 recrutadas no referido Centro, sendo 13 mulheres e 8 homens, com idade entre 42 e 76 anos, com escolaridade predominante equivalente ao Ensino Fundamental incompleto. A maioria dos participantes era casada e se declarou católica. Essa casuística representa a população cadastrada no período do estudo no Grupo de Educação em Diabetes. Os pacientes foram subdivididos em dois grupos fechados, com uma média de 10 participantes por grupo. Os dados foram coletados em encontros de aproximadamente 90 minutos, realizados às terças-feiras, das 14h00 às 15h30, totalizando quatro encontros. Os participantes foram informados acerca dos objetivos e natureza do estudo. Foi assegurada a liberdade de decisão de participar do estudo, sendo esclarecido que a recusa não implicaria em prejuízos ao atendimento. Uma vez obtida concordância para a realização da investigação, foi realizada leitura coletiva do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As verbalizações foram registradas por observadores treinados, mediante anuência prévia dos participantes. Os registros dos encontros foram posteriormente revisados e organizados, constituindo o corpus de análise. Posteriormente, empreendeu-se a análise temática, identificando-se os núcleos de sentido contidos nas falas dos participantes. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram identificadas as seguintes categorias de fatores terapêuticos: 1. Instilação de esperança Nessa categoria estão contempladas as falas indicativas da presença do FT que sinaliza instilação de esperança. Antes não aceitava nada, nem a diabetes, depois percebi que não adianta. Aqui vi que dá pra melhorar. Aí procurei melhorar e melhorei muito, mas vou ter que melhorar ainda mais. (Maria) 2. Universalidade Remete ao fato de se perceber que outros indivíduos vivenciam a mesma condição de saúde de pessoa com DM: Quando eu ia no médico, ele falava que eu tinha que me cuidar, aí eu mudava de médico. Depois de estar aqui, junto com meus colegas, eu me vi... porque estamos juntos, né. (Jorge) Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 166 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 3. Aprendizado interpessoal Refere-se à aprendizagem que se dá por meio do intercâmbio de experiências é um importante FT. O que faz o barco andar é a força de vontade, a consciência, o respeito e a liberdade... O grupo ensina muito. Grupo é... é verdade. (Pedro) REFERÊNCIAS 1. Santos ECB, Zanetti ML, Otero LM, Santos MA. Os cuidados sob a ótica do paciente diabético e de seu principal cuidador. Rev Lat Am Enferm. 2005; 13(3):397-406. 2. Gallant MP. The influence of social support on chronic illness self-management: a review and directions for research. Health Educ Behav. 2003;30(2):170-95. 3. Yalom ID, Leszcz M. Psicoterapia de grupo: teoria e prática. 5 ed. Porto Alegre: Artes Médicas; 2006. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 167 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 10. PROGRAMA DE REEDUCAÇÃO ALIMENTAR: UMA ESTRATÉGIA PARA PREVENIR E TRATAR A OBESIDADE Laiz Elena Ribeiro Graduanda do 8º semestre do Curso de Enfermamgem da EERP/USP E-mail: [email protected] Profª. Drª. Rosane Pilot Pessa Ribeiro Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP E-mail:[email protected] Introdução: A obesidade é considerada uma doença crônica epidêmica, caracterizada pelo excesso de tecido adiposo no organismo, resultado de um complexo intercâmbio entre fatores genéticos, culturais, psicológicos e de doenças orgânicas (OMS, 2004). Sendo assim, o tratamento deve envolver um conjunto de ações em relação a uma dieta hipocalórica, prática de exercício físico e apoio emocional. No entanto, essas abordagens nem sempre são consideradas e realizadas adequadamente, visto que a expectativa dos indivíduos obesos por resultados imediatos é alta, o que não garante a manutenção da perda de peso a médio e longo prazo. Desta forma, o indivíduo readquire seu peso corporal em até cinco anos após o tratamento (Dâmaso, 2003). A reeducação alimentar é fundamental no tratamento da obesidade e em relação ao processo de transformação, recuperação e promoção de hábitos alimentares saudáveis, pois pode proporcionar conhecimentos necessários à auto tomada de decisão, formando atitudes, hábitos e práticas alimentares sadias e variadas. Como proposta dietética, a reeducação alimentar defende que é possível emagrecer e manter o peso comendo de diversos alimentos já que nada deve ser proibido, desde que respeitadas as quantidades estabelecidas previamente. Além de ser um método saudável, sensato e seguro, é voltada para a formação de valores, para o prazer, a responsabilidade, a atitude crítica, assim como para o lúdico e a liberdade. É um programa que deve ser seguido para sempre já que prevê a aquisição e incorporação de novos hábitos e comportamentos frente à alimentação. Devido a isso, o emagrecimento é mais lento quando comparado a outras dietas altamente restritivas, porém, o resultado é mais duradouro (Sturmer, 2001). Nesse contexto, o Programa de Reeducação Alimentar (PRAUSP), criado em 1998 pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP, tem por objetivo oferecer orientação alimentar, apoio psicológico e estímulo à prática de exercícios físicos para grupos de pessoas com excesso de peso, visando mudanças comportamentais que levam ao emagrecimento adequado e sadio. É desenvolvido em 12 encontros semanais por uma equipe multidisciplinar composta por nutricionista, psicóloga, educador físico e uma aluna do curso de graduação em enfermagem. Inicialmente, essa estratégia de intervenção foi desenvolvida na Casa de Saúde da Vila Tecnológica; em seguida, foi implantada em alguns Núcleos de Saúde da Família e a partir de 2005, passou a fazer parte de um dos projetos assistenciais desenvolvidos no Centro Multidisciplinar de Promoção à Saúde e Prevenção de Doenças, organizado pela Coordenadoria do Campus de Ribeirão Preto – USP (CCRP-USP). Objetivo: Avaliar os indicadores antropométricos e clínicos de indivíduos com excesso de peso que participaram do PRAUSP, no sentido de compreender o impacto desse programa no tratamento da obesidade e buscar estratégias de aprimoramento dessa abordagem. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 168 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Metodologia: O estudo, com desenho retrospectivo, longitudinal, descritivo e quantitativo foi realizado com 199 indivíduos com excesso de peso, de ambos os sexos, que participaram do PRAUSP no período de 2005 a 2010. Os dados foram obtidos por meio do banco de dados do programa e analisados de forma descritiva. As medidas antropométricas (peso e altura para cálculo do Índice de Massa Corporal-IMC; circunferência da cintura-CC; circunferência do quadril-CQ) e clínicas (pressão arterial), foram coletadas no início e final do programa. Resultados: Dos 199 sujeitos, 159 (79,8%) eram do sexo feminino e 40 (20,2%) do sexo masculino, cuja média de idade foi de 41,3 anos, variando de 19 a 62 anos. Pode-se observar que houve perda de peso demonstrada pela queda do IMC (inicial: 32,0Kg/m2; final: 31,3 Kg/m2), diminuição das medidas que avaliam o risco de doenças associadas à obesidade (CC inicial: 102,9cm; final: 98,4cm e CQ inicial: 115,7cm; final: 111,9cm), além de redução da pressão arterial sistêmica, principalmente a sistólica (inicial: 125,9x70,5mmHg; final: 118,1x76,4mmHg). Conclusões: A melhora dos indicadores avaliados nesse estudo demonstra que o PRAUSP se mostrou uma estratégia terapêutica eficaz no combate à obesidade. Ainda, favoreceu, ao longo desses anos, um grande contingente de pessoas da comunidade uspiana, principalmente mulheres, buscando atender suas necessidades de saúde. Neste sentido, vem se reestruturando constantemente para aumentar a oferta de vagas e aprimorar suas abordagens. Palavras-chave: obesidade, tratamento, reeducação alimentar. Refêrencias Dâmaso, A. Obesidade. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2003, 589. Organização Mundial da Saúde. Obesidade: Prevenindo e Controlando a Epidemia Global. 1ª Edição. São Paulo: Editora Roca, 2004. Sturmer, JS. Reeducação alimentar: qualidade de vida, emagrecimento e manutenção da saúde. Petrópilos: Editora Vozes, 2001. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 169 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 11. SIGNIFICADOS DO TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOÉTICAS PARA PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1 Letícia Aparecida da Silva Marques Érika Arantes Oliveira-Cardoso Júlio Cesar Voltarelli Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, FFCLRP-USP E-mail: letí[email protected] Agência de fomento: FAPESP Introdução A prevalência de indivíduos com diabetes melitus (DM) vem aumentando nas últimas décadas. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, em 2025 haverá 300 milhões de pessoas acometidas, o que indica que o DM constitui um problema de saúde pública de alto impacto social. Esse desafio torna-se mais preocupante quando se consideram as complicações que podem advir da doença, que acarretam altas taxas de mortalidade e elevado custo financeiro despendido com o tratamento pelo sistema de saúde (SBD, 2007). O DM pode ser classificado em dois tipos: o diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e o diabetes mellitus tipo 2 (DM2). De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (2007), o DM1 é uma síndrome auto-imune de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade da insulina de exercer adequadamente seus efeitos, caracterizando-se por hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas. O tratamento preconizado para o DM1 não traz a cura, mas propicia o controle da doença a partir do autocuidado. O plano terapêutico implica em mudança de hábitos de vida, o que abrange manter uma alimentação controlada, realizar exercícios físicos e seguir o tratamento medicamentoso. Recentemente, uma nova perspectiva tem sido aberta com o Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas (TCTH), na modalidade autólogo, como alternativo para o tratamento de DM1, pois há evidências de que é capaz de impedir a destruição completa das células pancreáticas produtoras de insulina e de induzir respostas clínicas significativas (Voltarelli e cols., 2004). Após a descoberta do diagnóstico, os momentos que precedem à decisão da realização do TCTH também são carregados de conflitos psicológicos, já que essa terapêutica tanto pode ser vista como um tratamento-salvador como, ao mesmo tempo, um tratamento-ameaçador, por comportar sérios riscos pessoais para o paciente, tais como da perda da integridade física e, acima de tudo, da própria vida (Cardoso-Oliveira e cols., 2009). Frente a isso, torna-se imperioso conhecer os significados atribuídos ao procedimento pelos próprios pacientes. Objetivo Analisar os significados do TCTH para pacientes com DM1 que decidiram submeterse ao procedimento. Metodologia Participaram 12 pacientes com DM1, com idades entre 14 e 24 anos (média = 17, DP = 3,25), estudantes (10/12), solteiros (12/12), que haviam se submetido ao TCTH na Unidade de TCTH do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRPUSP). Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 170 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Os participantes responderam a um roteiro de entrevista semi-estruturada, aplicada individualmente, na enfermaria do serviço. A entrevista foi audiogravada mediante anuência dos participantes. O registro das gravações foi transcrito na íntegra e submetido à análise de conteúdo temática. Resultados e Discussão A partir da análise temática três categorias se destacaram: quem participou da tomada de decisão em relação à realização do TCTH, o que motivou essa decisão e as maiores dificuldades encontradas no período de internação. Na maioria dos participantes (11/12) a decisão pelo procedimento ficou sob responsabilidade do próprio paciente. Segundo os participantes, a família delegou integralmente a eles a decisão, o que foi recebido com naturalidade por todos. Em relação aos motivos que os impeliram a aceitar o transplante, quatro participantes afirmaram que a possibilidade de deixarem de ser insulinodependentes foi o fator que mais os motivou em direção ao TCTH, seguido pelo desejo de ter uma vida normal e viver com mais liberdade. A tomada de decisão não foi um processo fácil, segundo a maioria (11/12), devido ao pouco tempo de diagnóstico da DM1 (até seis semanas, critério de indicação do transplante). Para quatro participantes, a parte mais difícil do procedimento foi a implantação do cateter, enquanto outros quatro afirmaram que a quimioterapia foi a experiência mais desafiadora. Considerações finais Optar pela realização do TCTH não foi uma decisão simples, uma vez que os pacientes vivenciavam um momento crucial de suas vidas, por terem recém-descoberto que tinham uma doença incurável e de curso crônico-degenerativo. Desse modo, devido à precocidade do diagnóstico, esses jovens pacientes não estavam expostos ainda às dificuldades inerentes ao conviver com o DM1, nem às complicações que a evolução da doença acarreta. Por outro lado, os participantes estavam emocionalmente frágeis, devido ao choque provocado pela notícia e já se viram pressionados a decidirem por um procedimento delicado e de alto risco. Partindo dos achados obtidos, podemos perceber que, a despeito de todas as dificuldades as quais esses pacientes foram expostos em um período tão curto, a perspectiva vislumbrada de poderem viver sem a sombra ameaçadora da doença é o que os precipitou a se submeterem a um protocolo de tratamento que ainda em experimentação. A ausência de resultados conclusivos não foi levada em consideração e sequer foi mencionada como um fator que possa ter dificultado a decisão pelo transplante. O fato de terem a oportunidade de se submeterem a um procedimento experimental foi significado como possibilidade de vida, despertando esperança nos benefícios que poderiam auferir e que compensariam os eventuais riscos a que se submeteram. Palavras-chave: diabetes mellitus tipo 1, transplante de células-tronco hematopoéticas, tomada de decisão. Referências OLIVEIRA-CARDOSO, E. A; SANTOS, M. A; MASTROPIETRO, A. P; SPONHOLZ J, A.; VOLTARELLI, J. C. Intervenções da Psicologia, Psiquiatria e Terapia Ocupacional no Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas. In: Volltarelli, J. C; Pasquini, R.; Ortega, E. T. T (Orgs.). Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas. São Paulo: Atheneu, p.10991118, 2009. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 171 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente VOLTARELLI, J. C. Transplante de células-tronco hematopoéticas no diabete melito do tipo I. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v.26, n.1, p.43-45, 2004. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (SBD) Tratamento e acompanhamento do diabetes mellitus: diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2007. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 172 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 12. VOLTANDO A VIVER EM COMUNIDADE: A INCLUSÃO SOCIAL A PARTIR DAS RESIDÊNCIAS TERAPÊUTICAS Juliana Silva Herdy Vieira Graduanda 4º ano - Bacharelado Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP E-mail: [email protected] Introdução: Entendida como um conjunto de transformações de práticas, saberes, valores culturais e sociais (BRASIL, 2005), a Reforma Psiquiátrica no Brasil, que teve início no final da década de 70, surgiu em favor da mudança nos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde mental, visando a possibilidade de construção de uma rede de cuidados substitutiva ao hospital psiquiátrico. Começou-se, então, a pensar no campo da saúde mental e da atenção psicossocial não como um sistema fechado, mas como um processo onde se prima o sujeito e não a doença. Neste sentido, para que a atenção ocorresse em locais que funcionassem como dispositivos estratégicos e que promovessem a saúde mental e a reinserção social dos usuários, entram em vigor, na década de 90, as primeiras normas federais implantando os serviços de base comunitária: CAPS, NAPS e Hospitais-dia, assim como as primeiras normas para fiscalização e classificação dos hospitais psiquiátricos (BRASIL, 2005). Outra preocupação foi com a parcela de moradores dos hospitais psiquiátricos internados por um longo período de tempo. A necessidade de ressocializar / reintegrar essas pessoas na comunidade foi implementada, como uma das modalidades assistenciais do SUS, através da Portaria 106/2000 do Ministério da Saúde, com os Serviços Residências Terapêuticos em Saúde Mental. Tais Serviços, também conhecidos por residências terapêuticas ou simplesmente moradias, são destinados às pessoas com algum tipo de transtorno mental e que estiveram internadas por longo período em hospitais psiquiátricos não possuindo laços sociais e vínculos familiares. As casas são inseridas, preferencialmente, no espaço urbano da cidade, destinadas a resgatar a autonomia e história familiar, promover a cidadania e possibilitar a reabilitação e reintegração social dos moradores (CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL, 2002), sendo, a estes, assegurado o tratamento pela rede de assistência à saúde mental do município. Embora os moradores dos Serviços Residenciais Terapêuticos residam em um espaço de casa com toda sua estrutura, segundo SARACENO (1999) “os manicômios e sua lógica não estão na arquitetura dos espaços, nos lugares abertos ou fechados, mas nas cabeças dos sujeitos envolvidos, tanto usuários como profissionais”. Para isso, no âmbito da inserção social do portador de transtorno mental, se faz necessário o fim do estigma de que este é sinônimo de periculosidade, de irracionalidade, de incapacidade civil e de exercício de cidadania, tanto pela maioria da população, como também por muitos profissionais e estudantes da área da saúde. A reabilitação psicossocial é um processo, que facilita ao usuário com limitações, a sua melhor reestruturação de autonomia de suas funções na comunidade (PITTA; 1996). O fato de habitar na residência terapêutica e ter neste local a condição de lar possibilita ao indivíduo o estabelecimento de laços, tanto materiais quanto afetivos, a obtenção de uma autonomia possível, a reintegração na comunidade, a reconquista da cidadania e a reconstrução de sua identidade, tanto no âmbito pessoal quanto no campo social. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 173 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Desta forma, tanto a equipe quanto os moradores devem estabelecer uma “rede de relações entre sujeitos que escutam e cuidam com sujeitos que vivenciam as problemáticas” (AMARANTE, 2007), levando-se em conta a subjetividade e singularidade de cada indivíduo. Objetivos: Atuar na melhoria da qualidade de vida dos moradores das residências terapêuticas; estimular o desenvolvimento da autonomia e reinserção social dos moradores; promover mudança do olhar dos estudantes e da sociedade em relação aos portadores de transtornos mentais. Metodologia: Trata-se de um projeto de extesão, onde se trabalhou com dez moradores de duas residências terapêuticas do município de Ribeirão Preto, primeiramente no estabelecimento do vínculo e da confiança a fim de obter campo para realização das demais atividades. Resultado: Foram realizadas atividades que estimularam a criatividade, o espírito crítico e o desenvolvimento de tarefas cotidianas simples perdidas devido a longos períodos de hospitalização. Os resultados alcançados foram verificados através da verbalização dos participantes e do desenvolvimento de atividades de forma efetiva. Considerações: Esse projeto possibilitou o envolvimento dos estudantes em um trabalho social importante, que busca a conquista da dignidade dos portadores de transtornos mentais e a inserção destes na sociedade. Ao longo dos meses do desenvolvimento das atividades os estudantes puderam refletir sobre os desafios e os avanços da atual Política Nacional de Saúde Mental, sobre o relacionamento entre os próprios moradores, deles com os cuidadores, com os vizinhos e com a comunidade em geral. Trata-se de uma atividade que demanda tempo e envolvimento dos diversos atores envolvidos, porém é esperado, com essa atividade de extensão, estimular o desenvolvimento da autonomia e inserção social dos moradores e a mudança de paradigma dos estudantes e da sociedade sobre os tratamentos e cuidados aos portadores de transtornos mentais. Palavras-chave: Serviços Residenciais Terapêuticos, Desinstitucionalização; Assistência em Saúde Mental Refêrencias AMARANTE, P. Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Rio de Janeiro: ENSP/Editora Fiocruz, 2007. BRASIL, MINISTÈRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde, DAPE, Reforma Psiquiátrica e política de saúde mental. Brasília, 2005 CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL, 3., BRASÍLIA, 2002. Caderno de textos da III Conferência Nacional de Saúde Mental: cuidar sim, excluir não. Brasília, Conselho Nacional de Saúde, Ministério da Saúde, 2002. PITTA, A.M.F (Org). Reabilitação psicossocial no Brasil. São Paulo: Hucitec, 1996. SARACENO; B. Libertando identidades: da reabilitação psicossocial à cidadania possível. Rio de Janeiro: Te Cora/ Instituto Franco Basaglia, 1999. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 174 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 13. O PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO AUXILIANDO NA INTEGRAÇÃO DAS VIVÊNCIAS EMOCIONAIS E CORPORAIS DE UMA PACIENTE OBESA Graduanda Daniele Pena da Silva Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto FFCLRP/USP Email: [email protected] Psicóloga Érika Arantes de Oliveira-Cardoso Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto FFCLRP/USP Email: [email protected] Profº Drº. Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto FFCLRP/USP Email: [email protected] Introdução: A obesidade atualmente pode considerada uma síndrome multifatorial, na qual pesam fatores como genética, metabolismo, ambiente e psiquismo. Dentre os fatores emocionais característicos de indivíduos com obesidade, destacam-se: passividade e submissão, preocupação excessiva com comida, dependência, infantilização, primitivismo, não aceitação do esquema corporal, dentre outros. Identifica-se, também, que o paciente obeso apresenta aspectos emocionais e psicológicos que funcionam como causadores, conseqüências ou ainda retroalimentadores de sua condição de obeso. Quanto à imagem corporal - definida como a experiência psicológica do individuo quanto à aparência e funcionamento de seu corpo - afirma-se que esta pode ser influenciada negativamente por uma situação de descontentamento relacionada ao peso, e também por uma ênfase cultural na magreza e o estigma social da obesidade. Objetivo: O objetivo do presente trabalho é refletir sobre a evolução de um atendimento de uma paciente com obesidade mórbida, acompanhada em um serviço de psicologia ambulatorial. Metodologia: Os dados a serem analisados no presente trabalho consistem em material clínico, obtidos por meio de sessões de psicoterapia da referida paciente, em um referencial psicodinâmico. As sessões são semanais, com duração de 50 minutos, até o presente momento foram realizados 22 encontros. A paciente tem 35 anos, aposentada por questões de saúde, tem duas filhas e é separada. Tem diagnóstico de doença hematológica crônica há 12 anos, e apresenta uma situação de sobrepeso desde a adolescência, que se intensificou nos últimos anos. Em função disto, faz acompanhamento com nutricionista há 11 anos, sendo que neste período já fez tratamento de natureza medicamentosa e tentou diversas vezes aderir a diferentes dietas, não conseguindo, entretanto, perder peso. Este quadro de obesidade mórbida se constitui em agravante de sua doença crônica, além das complicações decorrentes da própria obesidade. O acompanhamento psicológico de freqüência semanal realizado desde o início do ano foi iniciado por recomendação do nutricionista. Resultados: No início do trabalho, a paciente encarava a obesidade como sendo uma situação absolutamente normal, apesar dos riscos e complicações decorrentes deste quadro. Apresentava uma dissociação de sua auto-imagem corporal, pois não reconhecia como sendo do seu próprio corpo a imagem que via no espelho. Em função disto, não identificava em si mesma a necessidade de perder peso, atribuindo esta percepção ás pessoas em seu entorno (nutricionista, médico, amigos, até mesmo psicólogo). Essa dissociação dificultava a adesão da paciente às dietas recomendadas, já que por não se apropriar de sua condição física, enquanto representação mental, ela não encontrava em si mesma motivação para empreender todos os esforços necessários para aderir à dieta. Além disso, o sobrepeso foi usado, muitas Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 175 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente vezes, como uma justificativa para os diversos problemas emocionais que a paciente apresenta, evitando assim, que ela entrasse em contato com as reais causas de seus conflitos emocionais. Ao longo do processo terapêutico buscou-se auxiliar a paciente a empreender um esforço de integração de suas experiências emocionais com o reconhecimento de sua realidade corporal, de forma que ela passasse a identificar sua existência, tanto física quanto emocional, em seu próprio corpo. Nota-se que a paciente, em torno da décima sessão, começou a apresentar sinais de incômodo com o sobrepeso, demonstrando início de um processo de identificação do próprio corpo, de reconhecimento de uma realidade corporal que possui características negativas. Dessa forma, ela passou a vivenciar emoções intensas relacionadas às experiências de desagrado com o próprio corpo, à necessidade de se enquadrar em um novo esquema alimentar, que passou a exigir o empreendimento de um grande esforço por controlar os próprios impulsos e desejos, que até então se caracterizavam como uma necessidade de comer demasiadamente. Considerações: Diante disso, nota-se que o processo terapêutico auxiliou a paciente tanto no processo de alteração da percepção de sua autoimagem corporal quanto na integração de suas vivências emocionais e corporais, de forma que elas passaram a ser entendidas como estando associadas em uma mesma existência complexa e integrada. Palavras-chave: obesidade, imagem corporal, psicoterapia. Referências DOBROW, I. J.; KAMENETZ, C. & DEVLIN, M. J. Aspectos psiquiátricos da obesidade. Revista Brasileira de Psiquiatria, vol.24, supl.3, p.63-67, Dezembro 2002. VASQUES, F.; MARTINS, F.C.; DE AZEVEDO, A.P. Aspectos psiquiátricos do tratamento da obesidade. Revista de Psiquiatria Clínica, vol. 31, fasc. 4, p. 195-198, 2004. ALMEIDA, G. A. N.; LOUREIRO, S. R.; SANTOS, J. E. A Imagem Corporal de mulheres morbidamente obesas avaliada através do Desenho da Figura Humana. Psicologia: Reflexão e Crítica, vol. 15, fasc. 2, p. 283-29, 2002. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 176 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 14. O ENFERMEIRO DIANTE DO DIREITO DO PACIENTE À MORTE DIGNA Priscila Penha Domingues8 Munira Penha Domingues9 Sônia Maria Vilela Bueno10 [email protected] RESUMO Introdução: Antigamente a morte humana era vista com mais naturalidade, sendo encarada como final do ciclo vital. Contudo, com os avanços científicos, ela passou a ser vista como uma etapa de difícil adaptação, principalmente, ao sentimento de perda/impotência dos familiares, a tomar decisões relativas a prolongar ou interromper a vida. Destaca-se a Constituição Federal (1988) que todos têm direito à vida e dela ninguém pode dispor. Os familiares, na ânsia pela cura dos entes queridos, depositam no enfermeiro a esperança de vida. Cabe então ao enfermeiro prestar assistência ao paciente, na busca pela aceitação da morte, sem interferência do homem através de influências terapêuticas no encerramento do ciclo vital. Objetivo: Buscar na literatura dados sobre a postura do enfermeiro diante do direito do paciente à morte digna. Metodologia: Pesquisa qualitativa em estudo analíticodocumental utilizando LILACS e DEDALUS. Resultados: Estudos mostram postura dos enfermeiros diante de paciente terminal. Revelam que devem superar o “tabu” morte, ter sensibilidade para interpretação dos sentimentos dos pacientes, dando-lhes apoio necessário nessa fase e transmitir segurança aos familiares. Destacam que muitos enfermeiros manifestam dificuldades em lidar com a morte. Portanto, podem ser superadas com apoio emocional e espiritual. Conclusão: A temática é importante para a prática profissional do enfermeiro. Todavia, o mesmo precisa ser preparado adequadamente na graduação para lidar com a morte, destacando que é ele quem fica mais tempo em contato com o paciente, devendo prestar cuidado humanizado para que esse encerre seu ciclo de vida com dignidade, o que lhe é de direito. Palavra-chave: enfermagem/ morte / humanização/ direito 8 Advogada em Direito do Trabalho; Membro do CAESOS da EERP-USP; [email protected] Doutora em Enfermagem Psiquiátrica; Enfermeira do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Campus (HCFMRP); Membro do CAESOS da EERP-USP, [email protected] 10 Professora Associada do DEPCH da EERP-USP; [email protected] 9 Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 177 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 15. A CITOLOGIA ONCÓTICA NA PREVENÇÃO DO CÂNCER CÉRVICO UTERINO NA REGIONAL DE SAÚDE DE FRANCA/SP Enf. Obst. Mestre Maurícia Brochado Oliveira Soares Secretaria Municipal de Saúde de Igarapava/SP E-mail: [email protected] Profª. Drª. Sueli Riul da Silva Curso de Graduação em Enfermagem/UFTM E-mail: [email protected] Introdução: O câncer cérvico-uterino é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e está diretamente vinculado ao grau de desenvolvimento do país. (BRASIL, 2007). Na Regional de Saúde de Franca, em 2007, ocorreram 612 óbitos por neoplasias (capítulo II do Código Internacional de Doenças – CID - 10). Destas, nove (1,74%) eram neoplasias de colo uterino, sendo um óbito na faixa etária de 20 a 29 anos, três de 50 a 59 anos, três de 60 a 69 anos e dois de 70 a 79 anos. Em 2008, ocorreram 674 óbitos por neoplasias (capítulo II do CID - 10). Destas, sete (1,03%) eram neoplasias de colo uterino, sendo um na faixa etária de 40 a 49 anos, dois de 50 a 59 anos, dois de 60 a 69 anos, um de 70 a 79 anos e um de 80 anos e mais (BRASIL, 2008a). A citologia oncótica é um exame de baixo custo, eficaz e seguro, capaz de detectar lesões pré-neoplasicas, tornando o câncer cérvico uterino curável (BRASIL, 2008b). Objetivo: Calcular a razão regional de realização do exame de citologia oncótica entre mulheres de 25 a 59 anos, identificar as faixas etárias e a escolaridade das mulheres, a freqüência de alterações detectadas e a porcentagem de amostras insatisfatórias e satisfatórias nos anos de 2007 e 2008 nos municípios do Departamento Regional de Saúde VIII Franca/SP. Metodologia: Estudo epidemiológico, descritivo, transversal e retrospectivo, de abordagem quantitativa. O material de estudo foi constituído dos dados em formato eletrônico, referentes aos exames coletados na rede pública municipal dos municípios do DRS VIII, nos anos de 2007 e 2008 e analisados no Laboratório Municipal de Citologia de Franca/SP. Obtivemos um total de 28.066 e 27.044 exames em 2007 e 2008 respectivamente. Fizeram parte do estudo 16 municípios que atenderam os critérios de inclusão: fazer parte do DRS VIII, utilizar o banco de dados do Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero (SISCOLO) desta regional e autorizar a realização da pesquisa. Foi construída uma planilha eletrônica no programa Excel® e os dados transportados para o SPSS versão 17.0. Foram analisadas as variáveis: faixa etária, escolaridade, resultados dos exames e qualidade das coletas, de modo descritivo, a partir de distribuição de freqüências absolutas e relativas. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), sob protocolo número 1358/2009. Resultado: Referente ao ano de 2007 observamos que a razão regional variou de 0,08 a 0,37, sendo a média 0,16 exame/mulher/ano. A faixa etária de 25├│59 anos, considerada prioritária para prevenção do câncer cérvico-uterino, foi responsável por 70,9% das coletas de citologia oncótica. Em relação a escolaridade 98,6% das coletas estavam como branco/ignorado. Referente aos resultados da citologia, 62,26% estava dentro do limite de normalidade e 36,75% com inflamação. Na análise microbiológica predomina a categoria “outros” com 51,62%, Lactobacilos 30%, Candida albicans 5,13%, Cocos 3,58%, Trichomonas vaginalis 0,62%, Actinomyces 0,17% e Gardnerella vaginalis 0,09%. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 178 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Observou-se 0,024% de ASCUS/ASGUS 0,024%, 0,07% com lesão intra-epitelial de baixo grau de malignidade e 0,04% com lesão intra-epitelial de alto grau. Concernente à qualidade das amostras verificou-se 0,57% insatisfatórias e 99,43% satisfatórias. Em 2008, a razão variou de 0,01 a 0,38, sendo a média regional de 0,15 exame/mulher/ano. A faixa etária de 25├│59 anos, foi responsável por 70,8% das coletas de citologia oncótica. Os dados referentes à escolaridade das mulheres novamente não puderam ser analisados, pois esta informação não estava registrada em 99,8% dos exames. A maioria dos resultados estava dentro dos limites da normalidade (59,5%). Quanto à microbiologia, detectou-se maior porcentagem em categoria inespecífica, definida como “outros” (54,0%). As alterações em células epiteliais escamosas representaram 0,4% dos resultados e, as alterações em células epiteliais glandulares, 0,2%. Concernente à adequabilidade das amostras de citologia oncótica 1,4% foram consideradas insatisfatórias. Considerações: Tendo em vista que a razão regional de realização de citologia oncótica está aquém do preconizado pelo Ministério da Saúde e que a citologia oncótica detecta precocemente o câncer cérvico-uterino, salientamos a necessidade do DRS VIII implementar suas medidas de educação em saúde à população feminina para que se possa aumentar a razão de realização da citologia oncótica. Palavras-chave: Esfregaço Vaginal; Saúde da Mulher; Enfermagem. Referências BRASIL Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS- DATASUS.Sistema de Informação sobre mortalidade – SIM. 2008a. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br >. Acesso em: 15 jan. 2010. BRASIL.Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Ações de enfermagem para o controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 3ed. Rio de Janeiro: INCA; 2008b. BRASIL.Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância de Câncer. Estimativa 2008: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2007. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 179 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 16. RESULTADOS DE CITOLOGIA ONCÓTICA EM UMA REGIONAL DE SAÚDE Enf. Obst. Mestre Maurícia Brochado Oliveira Soares Secretaria Municipal de Saúde de Igarapava/SP E-mail: [email protected] Profª. Drª. Sueli Riul da Silva Curso de Graduação em Enfermagem/UFTM E-mail: [email protected] Introdução: O câncer cérvico-uterino é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e está diretamente vinculado ao grau de desenvolvimento do país. Sua incidência é aproximadamente duas vezes maior em países menos desenvolvidos, se comparada à dos mais desenvolvidos. Quase 80% dos casos novos ocorrem em países em desenvolvimento (BRASIL, 2007). O número de casos novos de câncer cérvico-uterino esperado para o Brasil no ano de 2010 será de 18.430, com um risco estimado de 18 casos a cada 100 mil mulheres. Quando não se considera os tumores de pele não melanoma, este tipo de câncer é o mais incidente na região Norte, ocupa a segunda posição nas regiões CentroOeste e Nordeste, e a terceira posição nas regiões Sul e Sudeste (BRASIL, 2009). Para o Estado de São Paulo estima-se uma taxa de 16,22 casos para cada 100.000 mulheres (BRASIL, 2007). Comparado a outras neoplasias, o câncer cérvico-uterino é altamente prevenível e apresenta duas características importantes, tem evolução lenta, uma célula normal leva em média 10 anos para atingir o estágio de câncer invasivo, e, dispõe de exame de rastreamento tecnicamente simples e eficaz na sua detecção. A citologia oncótica é capaz de detectar o câncer cérvico-uterino na fase inicial, tornando-o curável com medidas relativamente simples. É considerado um exame de baixo custo e seguro (BRASIL, 2008). Objetivo: Descrever a frequência dos resultados dos exames de citologia oncótica coletados em 2007 e 2008 nos municípios do Departamento Regional de Saúde (DRS) VIII de Franca/SP. Metodologia: Estudo epidemiológico, descritivo, transversal e retrospectivo, de abordagem quantitativa. O material de estudo foi constituído dos dados em formato eletrônico, referentes aos exames coletados na rede pública municipal dos municípios do DRS VIII, nos anos de 2007 e 2008 e analisados no Laboratório Municipal de Citologia de Franca/SP. Obtivemos um total de 28.066 e 27.044 exames em 2007 e 2008 respectivamente. Fizeram parte do estudo 16 municípios que atenderam os critérios de inclusão: fazer parte do DRS VIII, utilizar o banco de dados do Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero (SISCOLO) desta regional e autorizar a realização da pesquisa. Consideramos a variável resultado dos exames de citologia oncótica que foram categorizados de acordo com a classificação do SISCOLO em normal, alterações celulares benignas, análise microbiológica, atipias de células epiteliais escamosas, glandulares e de origem indefinida. Os dados foram analisados de modo descritivo, a partir de distribuição de freqüências absolutas e relativas. Acrescenta-se que os valores percentuais apresentados a seguir foram aproximados para um decimal. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), sob protocolo número 1358/2009. Resultado: Em 2007, verificamos 62,3% de resultados considerados dentro do limite de normalidade e 36,7% resultados com laudo de inflamação. Em 2008, ocorreu diminuição da porcentagem dos resultados considerados dentro do limite da normalidade (59,5%) e, aumento nos resultados de inflamação (38,8%). Os resultados de inflamação, metaplasia, atrofia e reparação que representaram 39,5% em 2007 e 41,4% em 2008, podem ser Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 180 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente associados à possível sintomatologia referida pelas mulheres que devem ser medicadas. Quanto à análise de microbiologia, constatamos que a categoria “outros” foi predominante nos anos de 2007 (51,6%) e 2008 (54,0%), seguida por Lactobacilos (30,0%), Cândida albicans (5,1%) e Cocos (3,6%), Trichomonas vaginalis (0,6%), Actinomyces (0,2%) e Gardnerella vaginalis (0,1%) em 2007. Em 2008, seguida por Lactobacilos (29,2%), Cocos (3,9%) e Candida albicans (3,5%), Trichomonas vaginalis (0,7%) e Actinomyces (0,2%), Gardnerella vaginalis não estava presente em nenhum resultado.As alterações em células epiteliais escamosas representaram 0,2% (n0 63) e, 0,4% (n0 103) dos resultados em 2007 e 2008, e as alterações em células epiteliais glandulares 0,2% em 2007 (n0 43) e 2008 (n0 61). A alteração em células epiteliais mais frequente foi ASCUS “possivelmente não neoplásico” representando 0,1% (n0 22) em 2007 e 0,2% (n0 49) em 2008. Atipias de origem indefinida representaram em 2007 0,0% (n0=11) e em 2008, 0,1% (n0=23). Considerações: Houve diminuição de 3,65% no número de exames de citologia oncótica realizadas em 2008 comparado com 2007. Salientamos que a citologia oncótica tem por finalidade a detecção precoce do câncer cérvico-uterino, mas devido ao seu resultado conter análise microbiológica permite também o diagnóstico de doenças sexualmente transmissíveis contribuindo no seu tratamento, acompanhamento e orientações sexuais preventivos. Palavras-chave: Esfregaço Vaginal; Saúde da Mulher; Enfermagem. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2010: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2009. BRASIL.Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Ações de enfermagem para o controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 3ed. Rio de Janeiro: INCA; 2008. BRASIL.Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância de Câncer. Estimativa 2008: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2007. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 181 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 17. PERFIL DE ADOLESCENTES E JOVENS ESTUDANTES NA TRÍPLICE FRONTEIRA: BRASIL – PARAGUAI - ARGENTINA* Elis Palma Priotto** Doutoranda Programa Enfermagem em Saúde Pública - EERP/USP E-mail: [email protected] Oscar Kenji Nihei Professor Doutor UNIOESTE - Enfermagem/CEL – Campus: Foz do Iguaçu-PR E-mail: [email protected] Marta Angélica Iossi da Silva Professora Doutora Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública – EERP/USP E-mail: [email protected] Introdução: A adolescência é uma etapa peculiar do crescimento e desenvolvimento humano, é nessa fase que o processo de maturação biopsicossocial do indivíduo ocorre de forma acentuada, tornando-o vulnerável principalmente à violência. A juventude é uma categoria fundamentalmente sociológica e se refere ao processo de preparação para que os indivíduos possam assumir o papel social do adulto, com plenos direitos e responsabilidades. Destacamos a vulnerabilidade positiva, pela qual adolescentes e jovens podem ser potencializados, com possíveis mudanças civilizatórias e de engajamento positivo. Quando é orientado para exercer a cidadania, é respeitado, é sujeito de direitos, educação, esporte, lazer, formação cultural, com direito sexuais e reprodutivos assistidos e de qualidade, isso faz a diferença (ABRAMOVAY, 2003, 2002 e CASTRO et al, 2001). Assim, conhecer o perfil de adolescentes e jovens é relevante por indicar a necessidade de políticas públicas neste contexto. Objetivo: Descrever o perfil sócio-demográfico e econômico da população adolescente e jovem da tríplice fronteira: Foz do Iguaçu - Brasil, Ciudad del Este - Paraguai e Puerto Iguazú – Argentina e sua opinião sobre trabalho, escola, adolescência/juventude e família. Metodologia: Apresenta-se dados de um estudo piloto, decorrentes de uma investigação de natureza quantitativa, tendo como sujeitos adolescentes e jovens de 12 a 24 anos, alunos de escolas públicas dos três municípios da tríplice fronteira: Foz do Iguaçu (Brasil) alunos do Ensino Fundamental (6ª ao 8ª ano) e Médio (1º ao 3º ano); Puerto Iguazú (Argentina), alunos da Educação Primária do 7º grau (12 a 13 anos) e da Educação Secundária (13 a 18 anos); Ciudad Del Este (Paraguai) alunos da Educação Escolar Básica do 3º ciclo (12 a 14 anos) e da Educação Escolar Média (15 a 17 anos). Na coleta dos dados utilizou-se um questionário em português e em espanhol com 40 perguntas (2 abertas e 38 fechadas). A primeira versão do questionário foi submetida à avaliação de profissionais da saúde e da educação, objetivando uma análise teórica e de conteúdo, a identificação, discussão e dificuldades de compreensão e a necessidade de inclusão ou supressão de perguntas. O estudo piloto, aqui apresentado foi conduzido junto a um grupo de 485 estudantes, do Ensino Fundamental e Ensino Médio, do Colégio Estadual “Ipê Roxo” em Foz do Iguaçu, os quais não serão incluídos no estudo definitivo, objetivando avaliar sua reprodutibilidade, confiabilidade, linguagem, dificuldades no preenchimento e a correção de possíveis erros na sua elaboração. Nos três países foi Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 182 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente realizado um teste e reteste para avaliação da reprodutibilidade e consistência interna do instrumento proposto. A análise estatística constituiu-se basicamente da categorização de variáveis e obtenção das listagens de freqüências, realizadas através do Programa Epi Info 3.3.2 (Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, Estados Unidos). O projeto está aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UNIOESTE. Resultados: Dados preliminares apontam que o instrumento apresentou aceitável reprodutibilidade e consistência interna. Os dados apontam que 9% de adolescentes com 1215 anos, 8% com 16-19 anos e com 9% os jovens de 20 a 24 anos. Trabalho com 16 a 24 anos, 24% trabalhando; sendo 21% sem carteira assinada. Escolaridade 20% no Ensino Fundamental; 17% no Ensino Médio; 3% no Ensino Superior. Perguntado o que precisa para trabalhar: com 17% estudo e educacão; com 10% oportunidade/mercado de trabalho. Perguntado qual a origem/nacionalidade: 71,5% Brasil; 2,1% Paraguai;0,2% Argentina; 17,2% outros. Perguntado qual a cor (pele): 55,6% parda; 32,4 branca e 6,7% negra. Situacão financeira familiar: 41,0% menor que 1 salário; 34,9% com 1 a 3 salários; e apenas 2,1% maior que 5 salários. Religião: 41,2% católica; 26,2% evangélica. Perguntado qual a importância da escola para voce?: 79% um futuro profissional e 15% adquirir conhecimento. Se já fez curso profissionalizante: 65% respondeu que não e 33% que sim. Perguntado com quem você costuma conversar sobre as características peculiares da adolescência/juventude: 46,9% com amigos/colegas e 33,1% com os pais. Perguntado qual a melhor coisa em ser adolescente: 33,3% estudar/adquirir conhecimento e com 18,4% lutar por objetivos. A pior coisa em ser adolescente/jovem: 35,1% violência e 32,6% drogas. O que espera dos seus pais/familiares: 57,5% apoio. Quanto a convivência familiar/normas disciplinares: 39,7% diálogo e entendimento mútuo para 32,4% proibir algo que gosto. Considerações: O apontado pelos entrevistados revela que os adolescentes e jovens em maioria tem como renda mensal, valores menores que um salário mínimo, no entanto, centram-se em querer trabalhar mesmo sem carteira assinada e destacam a importância da escola, do estudo e de fazer cursos profissionalizantes para adquirir conhecimento e obter um futuro profissional. Citam que na fase da adolescência/jovem o pior problema é evitar a violência e as drogas. No relacionamento familiar esperam apoio e compreensão dos pais. Desvendam ainda os anseios quanto as necessidades de indicacões de possíveis iniciativas direcionadas aos diferentes problemas sociais. Instigando-nos a valorizar e estimular a participacão dessa populacão como empreendedores. Palavras-chave: adolescência, juventude, perfil sócio-demográfico. Refêrencias ABRAMOVAY, M.; CASTRO, M. G.; PINHEIRO, L. C,; LIMA, F.S. e MARTINELLI, C. C. Juventude, Violência e Vulnerabilidade Social na América Latina: Desafios para Políticas Públicas. Brasília, UNESCO, 2002. 180p ABRAMOVAY, M. e CASTRO, M. G. (coord.) Ensino Médio: Múltiplas. Vozes. Brasília, UNESCO,2003.450p CASTRO, M. G.; ABRAMOVAY, M.; RUA, M. G.; ANDRADE, E. R.. Cultivando vida, desarmando violências: experiências em educação, cultura, lazer, esporte e cidadania com jovens em situação de pobreza. Brasília: UNESCO, Brasil Telecom, Fundação Kellogg, Banco Interamericano de Desenvolvimento, 2001.540p Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 183 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 18. CUIDADO DE ENFERMAGEM À FAMÍLIA DO PACIENTE GRAVE: COMPREENDER PARA TRANSFORMAR Aline Landim Ramos; Nathália Fernanda Brochetto; Janaina Mery Ribeiro; Cássia Tiêmi Nagasawa Ebisui Resumo: Uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), requer instrumentos especiais e profissionais qualificados para o cuidado do paciente. Neste local há uma interação do paciente grave, equipe de saúde/enfermagem e o núcleo familiar durante o período de visitas. O paciente faz parte de uma família, e por isso alguns cuidados devem ser direcionados a esta, fazendo com que a família seja acolhida e mantenha-se próxima do seu familiar. O núcleo familiar mostra-se como fonte de apoio e estímulo ao paciente que vivencia o período de internação em UTI, sendo dever dos profissionais acolhê-la de forma humanizada, ajudando-a a enfrentar os sofrimentos vivenciados, incentivando-a, encorajando-a e dando força para que junto ao paciente lutem pela vida e não percam a esperança. Assim, o núcleo familiar torna-se essencial para o cuidado e recuperação do paciente, mas é preciso que ela seja acolhida, tratada e cuidada de forma humanizada. Por isso sua presença é importante e deve-se garantir a colaboração da equipe de enfermagem no intuito de enfrentamento da situação e oferecer à família e paciente uma relação de respeito e atenção, além dos cuidados específicos em cada situação singular. A dicotomia existente entre a proposta de cuidado humanizado e a realidade rotinizada do atendimento no ambiente de UTI nos motivou a desenvolver a presente pesquisa a fim de compreender o acolhimento prestado às famílias pela equipe de enfermagem, sob a ótica de um membro do núcleo familiar.Trata-se de uma pesquisa qualitativa com abordagem descritiva, levando em consideração a essência do ser humano. Foi realizada em um Hospital no interior do Estado de São Paulo. Para coleta de dados foi utilizada entrevista aberta, através de formulário com recurso de áudio, garantindo a fidedignidade dos relatos. Os dados foram ordenados, classificados e analisados. Os resultados obtidos demonstraram a ausência ou poucas informações e orientações que deveriam ser prestadas à família do paciente grave, internado em UTI, enfatizando o pouco tempo que a família pode se dedicar a este paciente. Relatam, ainda, que gostariam de uma maior aproximação do Enfermeiro durante as visitas à UTI. Depreende-se a importância no acolhimento prestado ao núcleo familiar pela equipe de enfermagem, sob a ótica de integrante dessa família, denotando a elaboração de uma proposta de educação em saúde em benefício ao paciente e seus familiares, assim como, uma maior reflexão da equipe de enfermagem na melhoria e busca constante de excelência no atendimento prestado à sociedade. Palavras chave: cuidado, família, paciente grave. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 184 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 19. CARACTERIZAÇÃO DE UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA Ana Eugênia Alves Bastos Débora Luiza da Silva Karolinny Santos Silva Regiane Marques Sarah Tarcisia R.F de Carvalho Sonia Maria Villela Bueno [email protected] A escola encontra-se em uma região de classe média. Conta atualmente com 591 alunos, e aproximadamente 50 funcionarios. De acordo com a coordenação e diretoria da escola, não existe problemas com questões como álcool e drogas e gravidez na adolescência por exemplo. A principal necessidade levantada é a questão de higiene corporal, pois alguns alunos permanecem sozinhos em casa, assim ficam sem supervisão dos pais ou responsáveis então vão para a escola sem a higiene adequada, ficando susceptíveis a doenças devido a falta de auto-cuidado, bem como sendo alvo de comentários por parte dos colegas. Como não houve maiores necessidades por parte dos coordenadores pedimos para os alunos para que nos trouxesse temas de interesse dos mesmos para discutirmos durante as atividades a serem desenvolvidas na escola. Sendo assim trabalharemos os temas: Higiene Pessoal, Sexualidade, Acuidade Visual. Um aspecto importante da instituição e a participação ativa de todos os agentes. Foi possível identificar que coordenadores, direção e professores estão realmente envolvidos no processo de ensino aprendizagem. A escola conta com: Prédio escolar próprio, funcional e bem localizado; Salas de aulas – 46m², são 14 salas, bem arejadas e iluminadas; Pátio – coberto, com muito espaço físico e aconchegante. Banheiros: com piso, azulejo, com quantidades adequadas para atendimento da demanda, apenas não possuímos banheiros adaptados para portadores de necessidades especiais; Quadras: uma coberta, com piso danificado, necessitando de reforma urgente, e outra descoberta, com piso danificado, necessitando de reforma urgente;Sala de professores: com bom espaço e localização; Sala para trabalho coletivo dos professores: inexistente, usamos sala de aula; Sala para Professor Coordenador: adaptada; Sala para o Grêmio Estudantil equipada com mobiliário; Outros espaços como: cozinha, depósitos, secretaria, arquivo morto, sanitários para funcionários e outros; Sala de informática com 15 equipamento em funcionamento; Biblioteca: sala adaptada, com um bom acervo de livro que são usados pelos alunos e professores; Auditório: inexistente; Sala de vídeo: adaptada com uma TV e um Vídeo K7; RECURSOS MATERIAIS: nenhuma prática pedagógica se constrói no vazio, no espontaneismo, no acaso, na sorte, no improviso. Necessita do conhecimento teórico e descobertas compartilhadas e refletidas coletivamente, impulsionam e desencadeiam novos saberes. Para concretizar seu sucesso necessita do espaço físico e dos recursos materiais disponíveis na Unidade Escolar. Para tanto, a escola conta com: Ambiente pedagógico com 15 microcomputadores; Sistema de conexão via Internet; Sala com TV, vídeo e DVD; Uma TV, vídeo e DVD móvel; aparelho de som; Sistema de rádio escolar; Fitas de vídeo e DVDs; Uma biblioteca com um bom acervo de livros para pesquisa e leitura; Materiais pedagógicos; refeitório e cozinha equipados com utensílios e mesas; Quadra para prática de esporte e lazer; Etc. Na região da escola existe: O espaço Universitário e a parceria com USP; A comunidade católica da Paróquia Santa Luzia; Um amplo comércio local; Um bolsão de produção de Legumes e verduras formados por um conjunto de hortas. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 185 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Considerações Finais: A escola apresenta boa estrutura física e bom relacionamento entre alunos e funcionários. Mostrou-se disposta a receber nossas atividades de promoção a saúde, fornecendo o espaço necessário para a execução das mesmas. Até o presente momento as atividades desenvolvidas estão sendo efetivas para o crescimento e desenvolvimento dos alunos, assim como tem favorecido nosso processo de ensino-aprendizagem. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 186 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 20. CUIDANDO DE QUEM CUIDA: A VALORIZAÇÃO DA SAÚDE DE ESTUDANTES TRABALHADORES Thais Helena Devitto Meira Juliane de Almeida Crispim Sabrina Corral-Mulato Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected] INTRODUÇÃO: A Saúde Ocupacional tem como finalidade incentivar e manter o mais elevado nível de bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as profissões prevenindo assim os prejuízos causados à saúde destes pelas condições de seu trabalho. Percebe-se uma significativa mudança no estilo de vida dos trabalhadores desde a era agrícola até a industrial, na qual passou-se de uma vida fisicamente ativa para uma predominantemente sedentária (MILITÃO, 2001). A automação e a tecnologia dos computadores tem dispensado muitas vezes, as tarefas físicas mais intensas. A atividade física através do lazer é uma maneira que o homem moderno tem de compensar as horas de inatividade física no trabalho e vencer o desafio de tirar proveito dos avanços tecnológicos sem prejudicar a saúde. O desenvolvimento de atividades de relaxamento e lazer é uma proposta que vem sendo discutida no meio educacional, já que a rotina de estudantes trabalhadores tem proporcionado uma condição de vida estressante e influenciado o estado de saúde dos mesmos. OBJETIVO: O presente trabalho tem por objetivo apresentar um relato de experiência de intervenção em saúde ocupacional com estudantes trabalhadores do curso TeCsaúde, em uma escola particular no município de Ribeirão Preto/SP. METODOLOGIA: A atividade educativa em saúde foi realizada com 35 estudantes do referido curso, na faixa etária entre 24 a 40 anos, em uma escola particular do município de Ribeirão Preto. Buscou-se trabalhar com os estudantes a temática da humanização associada à valorização da saúde dos profissionais de enfermagem, como forma de despertar o olhar dos estudantes trabalhadores para suas praticas diárias. A atividade proposta ocorreu em dois momentos, sendo o primeiro uma discussão sobre a Política Nacional de Humanização e posterior a este, o desenvolvimento de exercícios de relaxamento realizados em um ambiente fora da sala de aula. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O envolvimento e a participação dos estudantes trabalhadores na atividade foi muito positivo, e contribuiu tanto no sentido de aprofundar seus conhecimentos acerca da referida temática quanto em relação à nossa formação como futuras educadoras da área da saúde. Todos avaliaram a atividade como satisfatória e ressaltaram a necessidade de valorização da sua saúde como prioridade na vida. Podemos perceber a dificuldade de desenvolver este tema nas escolas, já que o mesmo exige o preparo de profissionais e o envolvimento do coletivo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A conclusão deste trabalho permitiu identificar a necessidade de inovação na área do ensino e da educação dos estudantes trabalhadores em prol da promoção de saúde. A escola é um ambiente que permite trabalhar condições que são prioridades na vida do ser humano como, por exemplo, a valorização da sua saúde. Palavras- chave: educação, educação em saúde, saúde ocupacional. Referências Bibliográficas Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 187 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente MILITÃO. A. G. A Influência da Ginástica Laboral para a Saúde dos Trabalhadores sua relação com os Profissionais que a Orientam. 2001. 73f. Dissertação (Mestrado)Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 188 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 21. COMPREENDENDO A VIVÊNCIA COM A DOENÇA CRÔNICA: UMA ANÁLISE NA PERSPECTIVA DO PORTADOR Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera Doutora em Ciências, Docente do Departamento de Enfermagem – UEM e do CESUMAR; co-orientadora do PEBIC Fundação Araucária 2009/2010, email: [email protected] Franciele dos Santos Cortês Discente do Curso de Enfermagem da Universidade Paranaense- UNIPAR de Umuarama; Orientanda do PEBIC Fundação Araucária 2009/2010, email: [email protected] André Estevam Jaques Doutorando no Programa de Enfermagem Psiquiátrica da EERP-USP; Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Paranaense- UNIPAR de Umuarama; Orientador do PEBIC Fundação Araucária 2009/2010, email [email protected] Introdução: As doenças crônicas são assim denominadas por apresentarem evolução lenta, de longa duração e normalmente recorrente. São doenças em ascensão epidemiológica, das quais se destacam a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e Diabetes mellitus (DM) que impactam na vida de seus portadores, na maioria das vezes negativamente (TOSCANO, 2004), pois as mudanças que deverão ser incluídas para seu controle ocasionam dificuldades de adaptação. Nesse sentido, faz-se relevante a investigação da vivência com essas doenças pelas pessoas acometidas, permitindo um olhar mais abrangente para os profissionais de saúde que prestam assistência a essa clientela. Objetivo: Caracterizar as percepções dos portadores de HAS e/ou DM de uma unidade de saúde sobre o convívio com a doença. Metodologia: Tratou-se de resultados parciais obtidos na fase investigativa da pesquisa-ação. Foi realizada em um centro de saúde do Noroeste do Estado do Paraná-Brasil, destinada a população-alvo de hipertensos e/ou diabéticos que participavam do grupo de encontros. Foram investigados 07 sujeitos através de visitas domiciliares durante os meses de setembro a dezembro de 2009. Esta investigação centrou-se no questionamento: Como é ser portador de doença crônica? Os achados foram analisados pela técnica de conteúdo de Bardin, do tipo temática. Os dados foram coletados após a apreciação do CEPEH da UNIPAR, sob número 18076/2009, e mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, respeitando os preceitos éticos da experimentação humana. Resultados: Os sujeitos são do sexo feminino, com idade entre 62 e 73. Identificamos 4 categorias relativas às percepções dos portadores quanto ao convívio com a doença, que foram: 1) A doença não impacta negativamente nas atividades diárias; 2) Há percepção de dificuldade para o controle da PA pela assintomatologia da HAS e pela complexidade do tratamento; 3) Uso contínuo de medicamentos impacta na rotina da vida; 4) O controle na alimentação é uma condição que impacta na rotina da vida. Afirma-se que apesar de alguns indivíduos conseguirem viver bem com a doença crônica, algumas mudanças no estilo de vida são necessárias para alcançar seu controle, constituindo-se em fatores importantes para a prevenção de complicações provocadas pelo curso de tais enfermidades (TOSCANO, 2004). Tais mudanças, entretanto, requerem enfrentamento positivo possibilitando a adaptação, pois se destaca que as próprias restrições impostas pelo tratamento podem desencadear percepções desagradáveis (BONOMO et al., 2003). Entretanto, até alcançar a adaptação podem-se evidenciar formas distintas de enfrentamento. A resiliência, estudada na psicologia, busca Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 189 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente explicar como as pessoas organizam sua vida, apesar de situações adversas. Nessa vertente, o tema central deste enfrentamento é o coping. Segundo Moraes e Peniche (2003), o coping foi definido como estratégias desenvolvidas para enfrentar as situações; um esforço cognitivo e comportamental, realizado para dominar, tolerar ou reduzir as demandas externas e internas e o conflito entre elas. Afirmam os autores que possui duas funções: modificar e relacionar a pessoa e o ambiente, controlando ou alterando o problema causador, denominando-o coping centrado no problema; ou adequar a resposta emocional ao problema, denominando-o coping centrado na emoção. Ambos tipos de coping geram conflitos emocionais e, portanto, estresse emocional, considerando-os danosos aos portadores de doenças crônicas, necessitando atenção dos profissionais quanto a sua existência e implicações. Nesse sentido, conhecer a vivência da doença na perspectiva de seus portadores pode colaborar com a definição de estratégias que os conduzam a adaptação e conseqüente qualidade de vida. Conclusão: Concluímos que a doença crônica provocou mudanças na vida dos participantes desta pesquisa no que se refere aos hábitos alimentares, inclusão do tratamento farmacológico e controle da doença. No entanto, pelo enfrentamento positivo da doença os profissionais de saúde podem colaborar com a qualidade na vida diária, impedindo que os impactos negativos se sobressaiam. Palavras- chaves: Hipertensão Arterial, Diabetes Mellitus, Acontecimentos que modificam a vida. Referências BONOMO, E. et al.. Consumo alimentar da população adulta segundo perfil sócio-econômico e demográfico: Projeto Bambuí. Cad. Saúde Pública, v.19 n.5, set/out, 2003. MORAES, LO; PENICHE, A de CG. Ansiedade e mecanismos de coping utilizados por pacientes cirúrgicos ambulatoriais. Rev. Esc. Enf. USP, v.37, n.3, p. 54-62, São Paulo, 2003. TOSCANO, C. M. As campanhas nacionais para detecção das doenças crônicas nãotransmissíveis: diabetes e hipertensão arterial. Ciênc. saúde coletiva , v.9, n.4, Rio de Janeiro, oct./dec, 2004. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 190 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 22. SATISFAÇÃO E INSATISFAÇÃO DO DOCENTE DE ENFERMAGEM – ELEMENTOS INFLUENCIADORES NA QUALIDADE DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL PARA O ENSINO NA EDUCAÇÃO Prof. José Geraldo Neves Filho Instituto Educacional de Severínia – IES / SP E-MAIL: [email protected] Profª. Drª. Sônia Maria Villela Bueno Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO: Falar da insatisfação do professor nunca foi tarefa das mais simples, tamanha a abrangência do trabalho docente, sobre maneira ao considerar o conjunto de atividades a serem desempenhadas, tanto no ensino, na pesquisa e extensão, além daquelas relacionadas à gestão. Este fato motiva diversos autores a refletirem e analisarem sobre o assunto, educadores a travarem questionamentos debatendo em diferentes seminários, congressos e similares e mesmo assim, o assunto não se esgota. Devido à complexidade do tema, se faz necessário rever o assunto e investigar o ponto de vista mais emergente, neste sentido. A proposta deste estudo é refletir sobre o papel do professor relacionando-o as atividades de seu tempo, com todas as variáveis que são comuns ao seu cotidiano. Sabe-se que até pouco tempo, os professores estavam numa situação bastante confortável, no desempenho de papéis como detentores do saber, na transmissão de conhecimentos. Dentro das mesmas salas de aula, o professor passou muito tempo alheio aos fatos que aconteciam fora dela. Numa espécie de alienação docente, os anos passaram e os alunos também. E neste ponto começam as inquietações. Atendendo ao chamado da natureza, o homem evoluiu como espécie e biologicamente seu organismo progrediu adequando-se às necessidades do seu meio. Portanto, o confronto começa e a escola percebe claramente que perde terreno e tenta dialogar, mas esbarra num poderoso obstáculo: o professor, que torna-se obrigado a arcar com toda responsabilidade da educação e não está estruturalmente, capacitado para isso. Estas transformações não só apareceram, como explodiram nas escolas, causando verdadeiros transtornos nas relações humanas que ali se desenvolvem. Problemas de ensino e aprendizagem, talvez, nunca foram tão discutidos. Profissionais até pouco tempo praticamente, ignorados pelas escolas, são chamados a participar das discussões e novos profissionais se juntam a este grupo, como os psicopedagogos, por exemplo, na busca de uma solução conjunta que possa atender não só a grande quantidade de problemas, mas principalmente, a um mundo de diversidade de casos. O que se pretende neste trabalho é discutir questões relacionadas com toda esta mudança, ocorrida no seio da família pós-moderna e no papel do professor, possuidor de uma carga pesada de responsabilidade na educação dos universitários, recebendo por isso uma remuneração não compatível com sua sobrecarga de trabalho. OBJETIVO: Levantar problemas relacionados à satisfação e insatisfação do docente enfermeiro da educação profissional, tendo em vista a valorização da qualidade de vida pessoal e profissional, desenvolvendo conjuntamente ações/intervenções educativas para lidar com as questões problematizadoras em relação ao cotidiano pessoal e profissional do docente enfermeiro. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 191 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, humanista, mediatizada pela metodologia da pesquisa-ação, que permite levantar problemas sobre o assunto em foco, após desenvolver ação/intervenção educativa para resolução dos problemas. RESULTADO: Ao se admitir que a dinâmica da sociedade implica em transformações culturais, sociais, econômicas e políticas, o professor, na condição de intérprete privilegiado (de certo modo), difusor e produtor do conhecimento e chamado a tomar posição diante dos fatos. Por isso mesmo, seu trabalho deve ter clareza quanto ao tipo de sociedade que ajuda a construir, ao conjunto de valores que aspira. Além do aspecto político do trabalho docente ser levado a sério, é preciso que ele esteja comprometido com a docência e com a beleza, isto é, com a ética e com a estética. Como pode o educador assumir um papel dirigente na sociedade se na sua formação o todo social resume-se a uns poucos conhecimentos de métodos e técnicas pedagógicas ou a uma história da educação que se perdeu no passado e nunca chega aos nossos dias? Como pode uma nação esperar que as novas gerações sejam educadas para o progresso, o desenvolvimento econômico e social, para a construção do bem-estar para todos, sem uma sólida formação política? Embora o sucesso da educação dependa do perfil do professor, a administração escolar não fornece os meios pedagógicos necessários à realização das tarefas, cada vez mais complexas. Os professores são compelidos a buscar, então, por seus próprios meios, formas de requalificação que se traduzem em aumento não reconhecido e não remunerado de trabalho. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Todavia os problemas apontados interfiram de fato na qualidade da educação pública ou privada, parece não haver sinais de mudança para saná-los, seja por parte de profissionais do ensino e do poder público ou da sociedade em geral. E necessário, portanto, que estudos desta natureza sejam realizados para a realidade brasileira e seus resultados utilizados, por exemplo, para adequar os cursos de formação inicial e continuada as necessidades do ensino. PALAVRAS CHAVES: Professor; Satisfação/Insatisfação; Sobrecarga de trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ANDRADE, A. DE. Educação para um mundo melhor: firmeza com coração. Disponível em: http://www.editora-opcao.com.br/ada57.htm. Acesso em: 01 de abril de 2006. CONTRERAS, J. A autonomia de professores. São Paulo: Cortez, 2002. DOWBOR, L. Tecnologias do conhecimento: os desafios da educação. Petrópolis, Vozes, 2001. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 192 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 23. INTERVENÇÃO TERAPÊUTICO OCUPACIONAL DURANTE INTERNAÇÃO DE UMA ADOLESCENTE COM HIV Ariana Penha Meirelles Aperfeiçoanda Profissional na área de Terapia Ocupacional Infantil do Instituto de Reabilitação Lucy Montoro HC-FMRP Silvia F. Biasson de M. Negrini Terapeuta Ocupacional da Unidade Especial de Tratamento de Doenças Infecto-Contagiosas do HC-FMRP E-mail: [email protected] Dra. Maria Célia Cervi Introdução: A maioria das crianças infectadas com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) adquire-no de suas mães por transmissão vertical em três fases diferentes: gravidez, parto ou puerpério. Por tratar-se de uma doença crônica e as manifestações clínicas aparecerem precocemente, as crianças/adolescentes são expostas a uma vivência hospitalar bastante intensa desde muito cedo. Considera-se que o número de crianças em idade escolar e adolescentes vivendo com HIV/Aids nos serviços seja crescente, decorrente ao aumento do tempo de sobrevida, em função da evolução e acesso ao tratamento. Em meio aos problemas frequentemente encontrados entre os adolescentes que vivem com HIV/Aids está a baixa adesão aos antiretrovirais, o que consequentemente imporá maiores perdas aos mesmos, já que na maioria dos casos, serão surpreendidos por doenças oportunísticas e, passarão por longos períodos de internação, ficando privados do seu cotidiano e de suas relações sociais. Nestes casos, a assistência do terapeuta ocupacional será importante, pois através da relação terapêutica e realização de atividades salutares, os adolescentes poderão enfrentar a internação e o tratamento de forma mais ativa e reflexiva. Objetivo: Este trabalho tem como objetivo apresentar o processo de intervenção terapêutica ocupacional, dentro de uma equipe multidisciplinar, junto a uma adolescente portadora do HIV/Aids durante o processo de internação. Métodos: Estudo de caso de uma adolescente de 14 anos, realizado durante a internação na enfermaria da Unidade Especial de Tratamento de Doenças Infecciosas (UETDI) do HCFMRP-USP. Os atendimentos ocorreram no período de fevereiro a maio de 2010, sendo 2 encontros semanais, totalizando 26 atendimentos. Resultados: Através de uma atividade artesanal (confecção de flores de viés), pôde ser trabalhado: Atividades de Trabalho e Produtivas (AVPs), incluindo fazer compras, controle financeiro e procedimentos de segurança; Atividades Educacionais, memória, sequenciamento, aprendizado, término de atividade e resolução de problemas; Atividade Vocacional, interesses, desempenho da função e conduta social. A paciente na maioria dos atendimentos mostrava-se disposta a realizar a atividade desejada, estando sempre à espera da terapeuta assumindo uma postura ativa e independente. Os atendimentos ocorriam em seu leito, na brinquedoteca e no espaço da UETDI, onde ela confeccionava e vendia seus produtos. Nos últimos atendimentos a paciente solicitou o aprendizado de novas técnicas e momentos de descontração através de atividades lúdicas. A adolescente teve alta do serviço, sendo encaminhada para acompanhamento terapêutico ocupacional em sua cidade de origem. Conclusão: Acredita-se que os atendimentos de terapia ocupacional auxiliaram a adolescente a envolver-se de forma mais funcional não apenas com seu tratamento, mas também com sua própria vida, enfatizando que não se tratou de um trabalho isolado, mas sim de todo um esforço em conjunto da equipe multidisciplinar. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 193 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 24. PESQUISAS CIENTÍFICAS NACIONAIS ACERCA DO SUICÍDIO ENTRE ADOLESCENTES Josiane Bertoni de Souza Naiara Nardelli de Souza Roberta Dinardi Marcio José Dias Marcelo F. C. Marques Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email:[email protected] INTRODUÇÃO: A Organização Mundial da Saúde confirma o suicídio como um problema de saúde pública e estima que, para cada caso, existem pelo menos dez tentativas que exigem atenção dos profissionais. Para cada tentativa de suicídio registrada, existem quatro não conhecidas. É um fenômeno multideterminado e não pode ficar restrito ao conceito médico e, tampouco, jurídico. Existem implicações sociais importantes, aspectos éticos, culturais, psicológicos, antropológicos e filosóficos, que balizam esse evento. OBJETIVO: O artigo busca analisar e identificar, na literatura científica, artigos acerca do suicídio entre adolescentes. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento eletrônico de artigos na íntegra, nacionais e indexados nas bases de dados Scielo. Utilizamos na busca a intersecção dos seguintes descritores: suicídio x adolescentes. Encontramos 22 artigos dos quais selecionamos 10 por estarem de acordo com nossos critérios de inclusão. Os artigos selecionados foram analisados a partir do seu conteúdo e discutidos com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: As pesquisas destacam as características do adolescente que pratica o suicídio: a maioria dos casos pertence ao sexo feminino, predominância da faixa etária entre 15 e 19 anos, estado civil solteiro, cor branca, estudantes, com residência em bairros de baixo poder aquisitivo. Observamos também que dos adolescentes que tentaram suicídio alguns acabam se suicidando dentro de 10 anos após a primeira tentativa e que poucos dos que tentaram procuraram consulta médica, pois acreditam que podem resolver seus problemas sem ajuda. Além disto, a existência de um clima de tensão, hostilidade ou violência familiar são consideradas fatores de risco para suicídio. Vale destacar algumas características como: maior uso de bebidas alcoólicas e tentativas de suicídios anteriores. Características psiquiátricas são identificadas nos estudos, como, por exemplo, no sexo feminino predominaram os transtornos neuróticos, suicídios e lesões autoinfligidas e psicoses esquizofrênicas, no sexo masculino, predominaram quadros relacionados a álcool e drogas, psicoses esquizofrênicas e transtornos neuróticos, respectivamente. Quanto às características do suicídio, ele geralmente acontece nos ambientes familiares, habitualmente o próprio domicílio, de preferência entre o fim da tarde e a noite, que deve ser de modo mais impulsivo do que planejado, em decorrência de estados emocionais imediatos a situações de perdas ou transtornos nas relações sócio-familiares. Os estudos atuais apontou que as ingestões de medicamentos são meios predominantes, seguidos de venenos, meios violentos e líquidos corrosivos. Além do mais o amor não correspondido como o principal fator desencadeador das tentativas suicidas em adolescentes. CONCLUSÕES: Concluímos, dessa forma, que o suicídio está presente na adolescência e suscita um redirecionamento das práticas de saúde considerando a inserção da família nesse atendimento. Palavras-chave: suicídio; adolescentes; saúde. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 194 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente REFERÊNCIAS: MARCONDES F. Tentativas de Suicidio por substâncias químicas na adolescência e juventude. Rev Adolesc Lat-am 2002 nov; 3(2). AVANCI, R. C.; PEDRAO, L. J.; COSTA JUNIOR, M. L. Perfil do adolescente que tenta suicídio em uma unidade de emergência. Rev. bras. enferm. [online]. 2005, vol.58, n.5, pp. 535-539. VIEIRA, L. et al. "Amor não correspondido": discursos de adolescentes que tentaram suicídio. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2009, vol.14, n.5, pp. 1825-1834. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 195 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 25. TRABALHO INFANTIL: A NECESSIDADE DA PRODUÇÃO DE NOVOS CONHECIMENTOS Kátia G. Amorim Silva Gustavo de Souza Alves Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email:[email protected] INTRODUÇÃO: O trabalho infantil de “caráter exploratório” se transformou em uma preocupação de âmbito mundial, particularmente no que se refere aos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Atualmente, a criança começa a trabalhar cada vez mais cedo (entre cinco e seis anos) e esse trabalho se estabelece como uma necessidade permanente da criança, o que afeta substancialmente seus estudos, ao contrário dos países desenvolvidos nos quais a criança trabalha em épocas específicas do ano. Pesquisadores, profissionais, instituições e entidades que trabalham com essa questão no Brasil são praticamente unânimes em apontar como principais causas da existência do trabalho infantil aquelas de ordem estrutural como a concentração de renda, a precarização das relações de trabalho, os altos níveis de desemprego, a falta de uma política educacional integral. OBJETIVO: O artigo busca analisar e identificar, na literatura científica, artigos acerca do trabalho infantil. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento eletrônico de artigos na íntegra, nacionais e indexados nas bases de dados Scielo. Utilizamos na busca a intersecção dos seguintes descritores: erradicação x trabalho x infantil. Encontramos 6 artigos. Os artigos selecionados foram analisados a partir do seu conteúdo e discutidos com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os artigos são enfáticos ao afirmar as consequências para a criança e adolescente do trabalho infantil, sendo elas: fadiga e falta de disposição (e tempo) para engajamento em outras atividades, déficit de atenção e de concentração e restrições das possibilidades de relações sociais, além de déficits cognitivos. Observamos, também, nos artigos selecionados, que as pesquisas salientam a necessidade de profissionalização dos jovens e adultos que integram a família da criança. Além disso, enfocam também as redes institucionais de apoio a grupos sociais, articulando ações conjuntas com empresas privadas, instituições estatais, organizações não-governamentais, associações comunitárias, culturais e religiosas. CONCLUSÕES: Concluímos que ainda são escassos os estudos científicos que contabilizam essa realidade e são imensos os desafios da prática de intersetorialidade na prevenção e erradicação do trabalho de crianças e adolescentes. Palavras-chave: trabalho infantil; erradicação; saúde. REFERÊNCIAS: CAMPOS, H. R.; FRANCISCHINI, R. Trabalho infantil produtivo e desenvolvimento humano. Psicol. estud. [online]. 2003, vol.8, n.1, pp. 119-129. FERREIRA, M. A. F. Trabalho infantil e produção acadêmica nos anos 90: tópicos para reflexão. Estud. psicol. (Natal) [online]. 2001, vol.6, n.2, pp. 213-225. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 196 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 26. ENVELHECIMENTO ATIVO E POLÍTICA NACIONAL DA SAÚDE DO IDOSO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS Aline Formigoni Naiara Fabiana Vieira Vanessa de Souza Silva Edna Malheiro Neves Monaro Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: As estatísticas mostram que no futuro próximo – 2020, o Brasil será o sexto país em população de idosos, aproximadamente 32 milhões deles. Essa mudança traz a tona uma preocupação para as instituições, as quais mantêm sistemas de gerenciamento de saúde. (SILVESTRE; NETO, 2003). As políticas de saúde referente ao envelhecimento populacional no Brasil foram reconhecidas pela lei 8.842/1994, que coloca em vigor a política nacional do idoso, a qual assegura os direitos sociais, econômicos, comportamentais, pessoais, culturais, ambiente físico e acesso a serviços (RODRIGUES et al, 2007). Desta forma, OBJETIVO: O objetivo da pesquisa é caracterizar a produção científica no período de 2003 a 2010 acerca do envelhecimento ativo e políticas nacionais da saúde do idoso. METODOLOGIA: A coleta de dados foi baseada no levantamento bibliográfico online indexado na Biblioteca Virtual em Saúde, no banco de dados Scielo por meio do cruzamento das palavras-chave: política nacional do idoso, foram encontrados o total de 9 artigos. Para análise deste estudo utilizamos algumas variáveis como: ano da publicação, local das pesquisas e conteúdo das mesmas. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Com relação ao ano de publicação, percebe-se que há maior concentração das publicações no ano de 2008. Quanto ao local do desenvolvimento das pesquisas, a maioria ocorreu no Estado de São Paulo, embora a questão da política nacional do idoso expande-se progressivamente por todo o Brasil. No conteúdo dos artigos, podemos perceber uma relevância preocupação no envelhecimento do idoso para promover uma vida saudável, a prevenção das doenças crônicas e na recuperação da saúde para que os idosos possam desenvolver suas atividades físicas. CONCLUSÕES: De acordo com os artigos pesquisados, observamos que a política nacional do idoso trouxe avanços consideráveis principalmente na prevenção de doenças, recuperação da saúde, reabilitação e capacitação do idoso para seus próprios cuidados. Concluímos, desta forma, que as políticas de Saúde do Idoso vêm se expandindo e essas mudanças apresentam uma preocupação no sistema de gerenciamento de saúde, devido à necessidade de capacitação dos serviços de saúde. REFERÊNCIAS: RODRIGUES, R. A. P.; et al. Política nacional de atenção ao idoso e a contribuição da enfermagem. Texto e contexto- enferm. Florianópolis. vol.16, n.3, 2007. SILVESTRE, J. A.; NETO, M. M. C. Abordagem do idoso em programas de saúde da família. Rev. Saúde Publica. Rio de Janeiro. Vol.19, n.3, 2003. 27. EDUCAÇÃO PREVENTIVA PARA O CÂNCER CÉRVICO-UTERINO Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 197 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Tatiane Cristina Almeida Santos Viviane Guthierres Victorino Marli Santos Oliveira Ramires Verônica Machado Marques de Oliveira Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: O câncer do colo uterino, ainda é um grande problema para saúde pública, sendo que, 78% dos casos ainda ocorrem em países desenvolvidos e 371.200 novos casos são registrados a cada ano em todo o mundo, sendo a terceira mais comum entre mulheres (RAMA et al 2008). Devido a este alto índice de câncer de colo uterino o Ministério da Saúde preconiza a prevenção primária do câncer de colo de útero, destacando o uso de preservativos para não haver contaminação pelo HPV e a diminuição da exposição do tabaco. Já a prevenção secundária seria a realização do exame preventivo e o tratamento das lesões causadas pelo câncer (BRASIL, 2008). Desta forma, o profissional de saúde possui papel fundamental nas estratégias de saúde com este enfoque. OBJETIVO: Identificar, na literatura, pesquisas acerca do câncer cérvico-uterino. METODOLOGIA: O estudo constituise em um levantamento bibliográfico de artigos nacionais no banco de dados Scielo onde utilizamos o cruzamento com seguintes palavras-chave: câncer x colo-uterino. Sendo selecionados 19 artigos. Nossos critérios de inclusão foram artigos na íntegra , nacionais e publicados no ano 2009 e 2010, Os artigos selecionados foram analisados a partir de seu conteúdo. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os artigos destacam a baixa adesão das mulheres na realização do exame cito patológico (Papanicolau) sendo que a maioria dos estudos possui um achado em comum: mulheres que mais poderiam se beneficiar do teste de Papanicolau são as que menos o realizam; o que pode, em parte, explicar o diagnóstico tardio e a manutenção das taxas de mortalidade. Vale destacar que o baixo poder aquisitivo das mulheres contribuem para a não realização do exame preventivo o que nos faz refletir acerca das estratégias educacionais e de informação voltadas para essa população. De acordo com as pesquisas, a maioria das mulheres relatam que os motivos pela não realização do exame de Papanicolau foi o desconhecimento do câncer, da técnica e da importância do preventivo, o medo na realização e resultado do exame, a vergonha e o constrangimento expressados por elas pela exposição da intimidade a que se submetem e por ter valores culturais dificultando mudanças de atitude. CONCLUSÕES: São necessários estudos que investiguem de forma mais precisa e que possam oferecer ferramentas essenciais para a gestão da atenção em câncer, com a garantia de uma cobertura e qualidade das informações, em como praticar o sexo de forma segura sendo assim, por meio de estímulo ao uso de preservativos com acesso aos serviços de saúde, adotando abordagem voltada para o desenvolvimento de intervenções mais eficazes de uma assistência com pauta ao conceito integralidade. É importante examinar a qualidade dos dados disponíveis e traçar estratégias para melhorar a sua qualidade, com ampliação e divulgação dos programas de prevenção sobre essa neoplasia. Palavras-chave: câncer; colo uterino; mulher. REFERÊNCIAS: Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 198 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual de atenção á mulher no climatério/menopausa.Brasília:Ministério da Saúde, 2008. 198p.(Série: Direitos sexuais e direitos reprodutivos, caderno n.9) (Série A. Normas de Manuais Técnicos). RAMA, C et al . Rastreamento anterior para câncer de colo uterino em mulheres com alterações citológicas ou histológicas. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 42, n. 3, jun. 2008. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 199 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 28. RESILIÊNCIA E SAÚDE: A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMETO CIENTÍFICO NA ÁREA Izabel Maria de Assunção e Brito Cordasso Sarah Regina Bossolo Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email:[email protected] INTRODUÇÃO: O termo resiliência, atualmente, tem se destacado como conceito operativo no campo da Saúde, especialmente entre a criança e o adolescente. Várias publicações e congressos nacionais e internacionais têm abordado esse fenômeno e há uma expectativa em torno das possíveis ações e intervenções orientadas sob essa perspectiva (ESTEFENON, SOUZA, 2001). A resiliência pode ser vista como o resultado da interação entre aspectos individuais, contexto social, quantidade e qualidade dos acontecimentos no decorrer da vida e os chamados fatores de proteção encontrados na família e no meio social (LINDSTRÖM, 2001). Kotliarenco et al. (1997) sintetizam a resiliência como a interação entre atributos pessoais, os apoios do sistema familiar e aqueles provenientes da comunidade. Desta forma, reflexões e estratégias de ações baseadas na resiliência de crianças e adolescentes devem ser consideradas no planejamento das intervenções na área da saúde. OBJETIVO: Realizar um levantamento bibliográfico acerca da resiliência analisando a contribuição dessa literatura na especificidade da adolescência. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento eletrônico de artigos na íntegra, nacionais e indexados nas bases de dados Scielo. Utilizamos na busca a intersecção dos seguintes descritores: resiliência x adolescente. Foram encontrados 10 artigos, destes foram selecionados 09 artigos por serem artigos na íntegra e na língua portuguesa. Os artigos selecionados foram analisados a partir do seu conteúdo e discutidos com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Um número significativo das pesquisas examina a resiliência dando ênfase aos processos que entram em jogo para proteger as pessoas, evitando ou atenuando os efeitos negativos dos riscos e criando as condições para que elas respondam de forma efetiva às demandas da vida quotidiana, apesar das adversidades que as cercam. Observamos que as pesquisas enfatizam o papel dos adultos, como fator de proteção, nos macro e micro ambientes, especialmente o papel dos familiares, profissionais da saúde, educação, serviço social e saúde mental, ressaltando assim o importante papel das Redes Sociais. Os estudos reforçam com sucesso os resultados positivos das redes sociais de apoio, com relação ao índice de resiliência. Desta forma, as redes sociais são de importância fundamental na promoção da resiliência traduzindo uma dimensão de positividade das reações dos seres humanos frente aos desafios que enfrentam em seu quotidiano. CONCLUSÕES: A análise da literatura permitiu constatar um incremento nas publicações nos últimos anos, sendo ainda notória a falta de estudos que enfocam a capacitação profissional no sentido de transformar e adequar as práticas profissionais no contexto da vulnerabilidade de indivíduos. Palavras-chave: resiliência; vulnerabilidade; adolescente. REFERÊNCIAS: ESTEFENON, S. B., SOUZA, R. P. Editorial. Adolescência Latino-Americana, 2:124. 2001. LINDSTRÖM, B. O significado de resiliência. Adolescência Latino-Americana, 2:133-137. 2001. KOTLIARENCO, M. A.; CACERES, I. & FONTECILLA, M. Estado de Arte en Resiliencia. Washington, DC: Organización Panamericana de la Salud. 1997. TROMBETA, L. H. A. P., GUZZO, R. S. Enfrentando o cotidiano adverso: Estudo sobre resiliência em adolescentes. Campinas, SP: Alínea. 2002. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 200 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 29. DOENÇAS DO TRABALHO E QUALIDADE DE VIDA: LER E DORT NA VISÃO DA LITERATURA CIENTÍFICA Cintia Zordan Gualdo Amalha Vileide do Nascimento Gislaine C. Silvestre Ramos Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: As doenças relacionadas ao trabalho e suas consequências tem produzido desafios para a área da saúde. Dentre eles, encontram-se as Lesões por Esforços Repetitivos (LER), recentemente denominadas Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT), cuja determinação é fundamentalmente relacionada com as mudanças em curso na organização do trabalho e, secundariamente, com as inovações tecnológicas resultantes da reestruturação produtiva (SALIM, 2003). OBJETIVO: Identificar, na literatura, pesquisas acerca do LER e DORT na literatura. METODOLOGIA: O estudo constitui-se em um levantamento bibliográfico de artigos nacionais no banco de dados Scielo onde utilizamos o cruzamento com seguintes palavras-chave: LER x DORT x doenças profissionais. Foram encontrados 26 artigos e destes utilizamos 20. Nossos critérios de inclusão foram artigos na íntegra e nacionais Os artigos selecionados foram analisados a partir de seu conteúdo e discutidos com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os estudos mostram que a LER/DORT tem representado grande parte do conjunto dos adoecimentos relacionados com o trabalhador. Desta forma, os estudos destacam que esse agravo acomete homens e mulheres, inclusive adolescentes, em plena fase produtiva da vida. Diante de toda a literatura consultada, entendemos que são várias as causas e fatores que interferem no aparecimento das lesões por esforços repetitivos como: manuseio de carga, repetitividade, demandas psicossociais, insatisfação no trabalho, ser do sexo feminino e condicionamento físico precário. Portanto, medidas como reduzir as demandas físicas do trabalho e promover a organização deste reduz a prevalência deste distúrbio. Os artigos salientam que maior atenção deve ser direcionada às posturas adotadas pelos trabalhadores na execução das atividades laborais e nas condições dos mobiliários, bem como se faz necessário disponibilizar instrumentos e equipamentos ergonomicamente planejados, visando-se à redução da incidência dos problemas osteomusculares. CONCLUSÕES: Os estudos envolvendo os problemas de saúde dos trabalhadores têm crescido ao longo do tempo, incluindo as investigações envolvendo os trabalhadores da enfermagem, o que tem ajudado a dar visibilidade aos acidentes e doenças do trabalho dos quais eles são vítimas. Desta forma conclui-se que é necessário um trabalho com vários profissionais envolvidos no atendimento dessas síndromes bem como fornecer melhor suporte na capacitação desses profissionais para maior clareza e formação de diagnósticos. Palavras-chave: LER, DORT, trabalhador. REFERÊNCIAS: SALIM, C. A. Doenças do trabalho: exclusão, segregação e relações de gênero. Rev São Paulo Perspectiva 2003, 17(1):11-24. BARBOSA, M. S. A.; SANTOS, R. M.; TREZZA, M. C. S. F. A vida do trabalhador antes e após a Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e Doença Osteomuscular Relacionada ao Trabalho (DORT). Rev. bras. enferm. [online]. 2007, vol.60, n.5, pp. 491-496. MERLO, Á. R. C. et al. O trabalho entre prazer, sofrimento e adoecimento: a realidade dos portadores de lesões por esforços repetitivos. Psicol. Soc. [online]. 2003, vol.15, n.1, pp. 117136. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 201 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 30. CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ACERCA DE TRANSTORNO ALIMENTAR E ANOREXIA Edimilson Lucio de Camargo Felipe Lambert Everton Rodrigues de Souza Camilla Soccio Martins Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP Email: [email protected] INTRODUÇÃO: O número de estudos sobre transtornos alimentares e anorexia na infância e adolescência vem crescendo expressivamente e tornaram-se um problema de saúde pública que requer atenção por parte dos profissionais da saúde e toda equipe multiprofissional envolvida no assunto. É evidente que os transtornos alimentares constituem patologias graves, complexas e com alto grau de morbidade, sobretudo na adolescência, quando frequentemente iniciam e afetam ampla e severamente o desenvolvimento do indivíduo. Pacientes com esses transtornos possuem inadequações profundas no consumo, padrão e comportamento alimentar, além de diversas crenças equivocadas sobre alimentação, o que geralmente acarreta piora do estado nutricional. De acordo com Whitney et al (2005), o não-reconhecimento da doença pode retardar o início do tratamento, contribuindo para o agravamento do quadro, por possibilitar maior cronicidade ou por aumentar o risco de morte em casos graves. OBJETIVO: Levantar, na literatura científica, características de pesquisas publicadas na área. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento eletrônico de artigos na íntegra, nacionais e indexados nas bases de dados Scielo. Utilizamos na busca a intersecção dos seguintes descritores: anorexia x adolescente. Foram encontrados 10 artigos, destes foram selecionados 09 artigos por serem artigos na língua portuguesa. Os artigos selecionados foram analisados a partir do seu conteúdo e discutidos com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Constatamos que dos 09 artigos selecionados para o nosso estudo a maior parte deles caracterizam o perfil dos portadores que desenvolvem esses distúrbios são, a maioria, do sexo feminino, raça branca e alto nível socioeconômico, porém se tem observado que esse grupo é cada vez mais heterogêneo, tendo se realizado diagnósticos em pré-adolescentes e em pacientes de níveis econômicos mais baixos. Vale lembrar que alguns estudos investigam a relação entre insatisfação com a imagem corporal e sintomas de distúrbios alimentares em adolescentes e salientam as implicações da doença no aspecto familiar, social, na escolaridade e na sexualidade. Considerando o conteúdo, em geral, dos artigos analisados, muitas propostas dos autores estudados destacam a necessidade de se adotar um trabalho multiprofissional e a capacitação dos profissionais para lidarem com o fenômeno. CONCLUSÕES: O número elevado de estudos que identificaram jovens com sintomas de anorexia nervosa e o aumento da prevalência de adolescentes com transtornos alimentares, segundo dados da literatura, são fatores importantes para justificar a implementação de programas de intervenção nutricional. Compreendemos, no entanto, que o trabalho nesta área requer uma participação mais efetiva dos profissionais de saúde no sentido de prevenir agravos resultantes dos transtornos alimentares além de incentivo para futuros estudos acerca do tema. Palavras-chave: anorexia, adolescentes, nutrição. REFERÊNCIAS: Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 202 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente DUNKER, K. L. L.; PHILIPPI, S. T. Hábitos e comportamentos alimentares de adolescentes com sintomas de anorexia nervosa. Rev Nutr. 2003;16:51-60. OLIVEIRA, M. D. O impasse narcísico na bulimia nervosa. Mudanças Psicoter Estud Psicossociais 2001;9(15):13-26. 35. WHITNEY, J., MURRAY, J., GAVAN, K., TODD, G., WHITAKER, W., TREASURE, J. Experience of caring for someone with anorexia nervosa: qualitative study. Br J Psychiatry. 2005;187:444-9. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 203 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 31. A PESQUISA-AÇÃO: ESTADO DA ARTE VEICULADA PELA SCIELO Profª. Drª. Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera Departamento de Enfermagem – DEN/UEM Curso de Graduação em Enfermagem - CESUMAR E-mail: [email protected] Mariana Paula de Souza Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem - CESUMAR E-mail: [email protected] Introdução: A pesquisa-ação é compreendida como uma metodologia que integra a investigação e a ação, de forma indissociável. Considerada pertencente ao grupo da pesquisa qualitativa vem ganhando espaço e agregando novos pesquisadores, desde seu surgimento. A este respeito afirma-se que foi na educação formal ou na prática educativa para a saúde que a pesquisa-ação foi impulsionada por Paulo Freire (GAJARDO, 1985); foi ele quem buscou investigar a realidade concreta, diante de problemas da prática educativa. Assim, propôs este método que alia pesquisa e ação, permitindo que o pesquisador eduque ao mesmo tempo em que está educando, num movimento continuo pesquisa-ensino, que torna a educação compartilhada, responsável e problematizadora (FREIRE, 1996). Uma das críticas mais deflagradas nas pesquisas contemporâneas tem sido a condição de especulação dos fatos sociais sem qualquer pretensão imediata de resolução de problemas, colocando o pesquisador como mero contemplador. A pesquisa-ação, portanto, parece preencher esta lacuna, permitindo o levantamento de dados e a intervenção participativa dos envolvidos. Urge, portanto, a necessidade de se conhecer as áreas em que esta modalidade de pesquisa vem ocorrendo. Objetivo: Descrever as publicações que envolvem a pesquisa-ação veiculadas na biblioteca eletrônica Scientific Eletronic Library online – Scielo, independente do ano de publicação. Metodologia: Tratou-se de um estudo documental e descritivo. Foram feitas buscas na Scielo com a palavra pesquisa-ação. Os artigos encontrados foram classificados quanto à área de conhecimento e tipo de abordagem. Resultados: Foram encontradas 14 publicações envolvendo essa temática, publicadas no período de 2004 a 2009. Destes, 06 artigos foram de revisão bibliográfica e 08 artigos originais. Quanto às áreas de conhecimento, 12 foram na área de educação; apenas 01 na área da saúde; 01 na área de administração. No tocante à abordagem, 02 artigos se propuseram a discutir conceito da pesquisa-ação; 03 discutem a relevância da pesquisa-ação integrada à formação permanente; 09 relataram as experiências da utilização da pesquisa-ação, sendo que apenas 01 era relativa à área de educação para a saúde. A realidade encontrada nos faz refletir sobre a carência de publicações que utilizam a pesquisa-ação como método de pesquisa. Ainda, consideramos que essas publicações são relativamente recentes, o que faz supor a inovação da aplicabilidade desse método, bem como seu reconhecimento pela ciência. Argumenta-se que persiste a defesa das correntes positivistas, definindo como autêntico apenas dois conhecimentos: os científicos, apoiados pelo empirismo e o lógico, pela lógica e matemática (TRIVIÑOS, 1990). Defendemos, entretanto, que embora com trajetória histórica de menos tempo, a pesquisa-ação não se opõe ou nega outras formas de percurso para se chegar à verdade; simplesmente é um dos caminhos para se chegar até ela. Considerações finais: Este trabalho colocou em evidência a necessidade da disseminação de conhecimentos na pesquisa-ação. Também aponta para a relevância da educação permanente Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 204 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente dos profissionais de saúde na temática pesquisa objetivando muni-los de competência para a aplicação da pesquisa-ação na sua prática diária, enriquecendo as publicações na temática. Palavras-chave: pesquisa-ação; educação; saúde. Refêrencias FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. 8ª. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996, 148p. GAJARDO, M. Pesquisa participante: propostas e projetos. In: BRANDÃO, Carlos Rodrigues (Org.). Repensando a pesquisa participante. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 1550. TRIVINOS, A.N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1990 Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 205 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 32. A VIVÊNCIA DA MATERNIDADE ADOTIVA Daniel Nogueira Meirelles de Souza11 Fernanda Kimie Tavares Mishima12 Manoel Antônio dos Santos13 Introdução: Os motivos que podem levar um casal ou um indivíduo a adotar uma criança são diversos. É importante que os futuros pais adotivos saibam discriminar claramente suas motivações para adotar uma criança, de modo a estarem psicologicamente preparados para a adoção, evitando assim potenciais entraves no relacionamento futuro com a criança. O desenvolvimento emocional é uma tendência inata do indivíduo humano. Porém, essa tendência natural não se realiza na ausência de condições suficientemente boas. Assim, no início é necessário que exista um ambiente acolhedor das necessidades físicas e afetivas da criança, e que posteriormente apresente graduais falhas que conduzam à autonomia e independência. No início da vida, a provisão de um ambiente suficientemente bom para a maturação emocional é representada pela figura materna, que pode ser a mãe biológica da criança ou qualquer outra pessoa emocionalmente disponível para acolher as necessidades desta. O cuidado materno suficientemente bom conduz à maturação emocional, na medida em que no início haja uma adaptação quase perfeita da mãe às necessidades da criança, e que, posteriormente, hajam graduais “falhas” nessa adaptação que conduzam a criança à independência e autonomia (processo de ilusão/desilusão). Se a qualidade do ambiente é determinante desde os estágios iniciais do desenvolvimento, a questão da adoção se apresenta como um problema a ser investigado. A natureza do vínculo estabelecido entre pais e filhos adotivos está sob influência da dinâmica psíquica dos pais adotantes. Partindo dessa premissa, propomos que a investigação dessa dinâmica psíquica nos auxilia na compreensão dos vínculos estabelecidos entre pais e filhos, e de suas repercussões no desenvolvimento da vida familiar. Objetivos: Em vista das considerações acima desenvolvidas, este trabalho tem como objetivo explorar aspectos psicológicos de mães adotivas, a partir da experiência terapêutica do caso de uma mãe atendida em psicoterapia individual de orientação psicanalítica. Metodologia: Para alcançar o objetivo proposto apresentaremos o caso clínico oriundo de atendimento realizado com a mãe de duas crianças adotivas, atendida na clínica-escola da Universidade de São Paulo, campus Ribeirão Preto. O material coletado foi analisado a partir do referencial psicanalítico de inspiração winnicottiana. Na apresentação e análise dos aspectos selecionados, foram estruturadas narrativas clínicas nas quais se buscou privilegiar os excertos de falas e experiências que colocassem em relevo os fenômenos psíquicos emergentes na relação terapêutica, na perspectiva do psicoterapeuta. Resultados: Constatou-se que a mãe em tela demonstra dificuldade em atender às necessidades emocionais dos filhos, não as diferenciando de suas próprias. A relação com os 11 Aluno do curso de graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Estagiário do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde da FFCLRP-USP (CNPq) no estágio “Suporte Psicológico a Pais e Filhos Adotivos: Abordagem Winnicottiana”. 12 Doutoranda em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo (USP). Psicóloga Técnica da FFCLRP-USP, responsável pelo Serviço de Triagem e Atendimento Infantil e Familiar da Clínica de Psicologia. E-mail: [email protected] 13 Docente do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). E-mail: [email protected] Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 206 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente filhos é, predominantemente, baseada em exigências das instâncias ideais, sobrando pouco espaço para o reconhecimento e acolhimento das emoções reais. Observou-se que essa dificuldade se relaciona em parte a uma carência interna no lidar com sua própria realidade psíquica, o que pode ser trabalhado na psicoterapia. Além disso, a paciente parece ter vivido experiências que não foram suficientemente boas, no sentido de permitirem a vivência da transicionalidade, a discriminação de seu mundo interno e externo e o conhecimento de suas próprias necessidades como distintas das dos outros. Considerações Finais: Constatou-se que a mãe apresenta dificuldade no exercício da maternagem, em decorrência de dificuldades na percepção das necessidades afetivas das crianças. Conclui-se que as dificuldades da mãe são anteriores à adoção e remontam ao seu próprio processo de desenvolvimento emocional, acarretando perturbações na continência psíquica das necessidades dos filhos adotivos.Tais aspectos corroboram as idéias de Winnicott (1990, 1993, 1997) sobre o desenvolvimento emocional, com destaque para o fato de que a mãe consegue perceber as necessidades dos filhos e se doar afetivamente a eles quando vivenciou, ela própria, a experiência de provisão ambiental suficientemente boa, sentindo-se capaz e segura para agir com espontaneidade, buscar a satisfação de suas reais necessidades e prover afeto aos filhos. Palavras-chave: adoção, família adotiva, maternagem. Referências: LEVINZON, G. K. A adoção na clínica psicanalítica: O trabalho com os pais adotivos. Mudanças – Psicologia da Saúde, v.14, n.1, p. 24-31, 2006. LISONDO, A. B. D. Travessia da adoção: A ferida na alma do bebê. Revista Brasileira de Psicanálise, v. 33, n. 3, p. 495-514, 1999. PERES, R. S.; SANTOS, M. A. Considerações gerais e orientações práticas acerca do emprego de estudos de caso na pesquisa científica em Psicologia. Interações, v. 10, n. 20, p. 109-126, 2005. WINNICOTT, D. W. O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990. ________. Textos selecionados: Da pediatria à psicanálise. Tradução de Jane Russo. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1993. ________. A família e o desenvolvimento individual. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 1997. ________. Pensando sobre crianças. Tradução Maria Adriano Veríssimo Veronese. Porto Alegre: Artes Médicas, 2005. ________. The Child, the Family, and the Outside World. Harmondsworth: Pelican, 1964. YIN, R. K. Estudo de caso: Planejamento e método. Tradução D. Grassi. Porto Alegre: Artmed/Bookman, 2005. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 207 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 33. “ELE SÓ SABE COMER!”: A PERCEPÇÃO DE MÃES DE CRIANÇAS COM OBESIDADE Daniel Nogueira Meirelles de Souza14 Fernanda Kimie Tavares Mishima15 Manoel Antônio dos Santos16 Introdução: A obesidade desponta como um dos maiores problemas de saúde pública do mundo, tanto em países desenvolvidos quanto naqueles em franco desenvolvimento. Suas conseqüências físicas e psíquicas são alarmantes e hoje é considerada segunda causa de morte nos Estados Unidos. Apesar da importância do aspecto emocional envolvido nessa doença, os estudos se referem, em sua grande maioria, aos aspectos biológicos e genéticos. Juntamente com tais fatores, torna-se imprescindível considerar o ambiente em que o indivíduo vive, especialmente o grupo familiar, por meio dos hábitos alimentares e também do funcionamento psicodinâmico. Como parte importante da obesidade infantil, os pais relatam a dificuldade em auxiliar os filhos no tratamento, com falta de esperança em relação ao sucesso e receio de que os filhos sofram preconceito. Objetivos: Este trabalho traz a experiência de um grupo com mães de crianças obesas, sendo três delas meninos e três meninas, de idades entre 8 e 12 anos, realizado com diferentes profissionais (psicólogo, fisioterapeuta e nutricionista). Metodologia: Houve doze encontros, quatro deles com psicólogo, cujo trabalho será descrito aqui. Os temas abordados foram: percepção do filho, ideia do tratamento, possibilidades de auxílio e confiança em si e na criança. Resultados: Inicialmente as mães se mostraram muito resistentes ao tratamento com os filhos, alegando que não aguentavam mais o excesso de comida e não sabiam como agir com eles. Notou-se dificuldade em ver o filho como ele realmente era, caracterizando-o de maneira preconceituosa, com características como preguiçoso, emburrado, sonolento, nervoso e feio. Uma das mães disse não conseguir mais olhar para a filha, pois via que ela estava ficando cada vez mais sem forma. No decorrer do trabalho, as mães foram se sentindo mais capazes de oferecer ajuda para a criança, vendo-se como de fundamental importância para a autoimagem dos filhos, transmitindo confiança e esperança. Ao final, perceberam o quanto cobravam das crianças autonomia e depositavam nelas os fracassos em perder peso. A percepção dos filhos passou a ser mais real, além disso, entraram em contato com as próprias cobranças e com o preconceito em torno da doença. Concomitante ao trabalho com a psicóloga, a fisioterapeuta ofereceu importantes contribuições para auxiliar na realização de exercícios físicos com as crianças e a nutricionista contribuiu com informações da dieta, mudando o cardápio de toda a família. 14 Aluno do curso de graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Estagiário do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde da FFCLRP-USP (CNPq) no estágio “Suporte Psicológico a Pais e Filhos Adotivos: Abordagem Winnicottiana”. 15 Doutoranda em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo (USP). Psicóloga Técnica da FFCLRP-USP, responsável pelo Serviço de Triagem e Atendimento Infantil e Familiar da Clínica de Psicologia. E-mail: [email protected] 16 Docente do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). E-mail: [email protected] Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 208 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Considerações Finais: Ao final, o trabalho interdisciplinar com as mães contribui para oferecer maior confiança e assegurar a importância da participação da família no tratamento da obesidade infantil. Palavras-chave: obesidade, criança, mães, tratamento. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 209 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 34. AÇÕES EDUCATIVAS JUNTO A PORTADORES DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: UMA DISCUSSÃO À LUZ DA DIALOGICIDADE Mariana Paula de Souza Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem – CESUMAR. E-mail: [email protected] Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera Enfermeira, Doutora em Ciências, Docente do Departamento de Enfermagem – DEN/UEM e do Curso de Graduação em Enfermagem – CESUMAR. E-mail: [email protected] RESUMO Afirma-se que é oportuna a abordagem dos profissionais de saúde norteada pelos princípios da integralidade, com olhar diferenciado visando não apenas a doença, mas principalmente o indivíduo em sua totalidade. Este olhar requer sensibilidade para perceber a pessoa como sujeito histórico, social e político, dentro de seu contexto. Neste sentido, o presente trabalho procurou apresentar o contexto da vivência com a Hipertensão Arterial sistêmica apontando sua relação com a dialogicidade nas ações educativas. Tratou-se de um estudo de revisão integrativa que buscou contextualizar a vivência com a HAS e sua relação com a dialogicidade nas ações educativas. Dessa forma, utilizamos a busca de artigos e livros, independente do ano de publicação, que pudessem responder à questão do estudo. Fizemos busca na biblioteca virtual Scielo. Embasamos a relação da HAS com as ações educativas por meio do referencial educativo de Freire, afirmando que educar para a saúde torna-se uma prática libertadora que reconstrói a realidade vivida e a torna questionável a tal ponto que a busca pelo conhecimento se torna parte inerente da sua capacidade criadora. Assim, ao cuidar de pessoas portadoras de doença crônica - como é a hipertensão arterial – emerge a reflexão da forma de assistí-las; as atitudes, sentimentos e emoções da pessoa acometida por hipertensão arterial precisam ser valorizados, conhecidos e apoiados, numa visão que ultrapassa sua condição biológica e se consolida na valoração da vida. Para atender ao objetivo proposto, optamos por dividir a reflexão em dois eixos: 1) A Hipertensão Arterial Sistêmica: contexto e vivências; 2) As ações educativas: reflexões sobre a dialogicidade. Consideramos, pois, que para haver mudanças na vida de um indivíduo, não basta apenas alertarmos para os perigos das possíveis complicações que a hipertensão pode causar. Educar para a saúde vai muito além de informar para a saúde, mas de transformar saberes existente. É através do dialogo que as transformações ocorrem e não por persuasão ou imposições por parte dos profissionais, mas pela construção da autonomia e responsabilidade dos indivíduos no cuidado com a saúde, permitindo que eles decidam qual a melhor forma para cuidar da saúde. Palavras-chave: educação; saúde; hipertensão Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 210 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 35. A EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE NO CURSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL: UMA DISCUSSÃO NECESSÁRIA Profª. Ms. Doutoranda Valéria Marta Nonato Fernandes Mokwa Universidade Paulista Julio de Mesquita (UNESP/Araraquara) E-mail: [email protected] Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP E-mail: [email protected] Este estudo buscou refletir a respeito da Eucação para a Saúde e a importância da abordagem dessa temática nos cursos de formaçaõ profissional, fundamentando-se em teóricos como Freire, (1998), Bueno (2001), L'abbate (1999), entre outros que trazema a tona a discussão e a importância da abordagem teórico-metodológicas adequadas para se estudar esse tema. A saúde e educação são campos abrangentes, interdisciplinares e de difícil discussão, são temas que envolvem a política da sociedade. Penetra num cenário de várias expressões e representações, instigando estudos e investigações por diversas áreas. O binômio saúde/educação possui qualidades típicas e apresentam compatibilidades na formação e constituição do ser humano atravessando as práticas educativas em diversos espaços e cenários. Paulo Freire (1998) verifica em seus estudos que não se trata de reconhecer apenas as ações e propostas desenvolvidas no interior das instituições escolares, ou nas instituições de saúde, mas de considerar o processo educacional e o processo de promoção de saúde, como construção social presente nos diferentes momentos do desenvolvimento humano e que devem se unir, somar forças para o melhor bem estar biopsicossocial do indivíduo. As práticas educativas devem envolver a promoção da saúde para prevenção, através de equipe multidisciplinar no interior da escola, trabalhando em conjunto e com o mesmo objetivo. Educação para saúde é uma definição mais ampla de um processo que abrange a participação de várias áreas evidenciando não apenas o risco de adoecer, mas o ser saúdavel na sua plenitude. Essa noção está baseada em um conceito de saúde ampliado, considerado como um estado positivo e dinâmico de busca de bem-estar, que integra os aspectos: físico e mental , ou seja, ausência de doença; ambiental; pessoal/emocional, auto realização pessoal e afetiva e sócio ecológico, comprometimento com a igualdade social e com a preservação da natureza. Para tanto, o educador precisa de argumentos epistemológicos que sustentem a sua práxis, evitando a repetição mecânica e descontextualizada da prática educativa; Há urgente necessidade de desvelar suas ações possíveis com a convicção de que somente pela prática repensada será construída esta nova perspectiva educacional que é inacabada e em constante elaboração, e de fato tão necessária nos tempos modernos pela incoerência dos modelos tradicionais. Educar para a saúde é uma atividade interdisciplinar que traz grandes benefícios para a comunidade; modela o pensamento e a capacidade de ação individual e coletiva, por meio da comunicação e da experiência. Quando educamos, agimos intencionalmente no indivíduo, preparando-o para pensar e para agir, de forma que ele disponha de um repertório de representações e de habilidades individuais que o capacitem a se tornar um cidadão competente da sociedade em que esta inserido (BUENO, 2001). Numa abordagem mais progressista, educar para a saúde requer, primeiramente, que: se compreenda seu caráter emancipatório, pois é uma atividade de livre escolha; frequentemente, pode favorecer a saúde do educando pela sua busca incansável pela qualidade de vida e torna-se, assim, uma prática libertadora que reconstrói a realidade vivida e a torna questionável a tal ponto que a busca pelo conhecimento se torna parte inerente da sua capacidade criadora. (FREIRE, 1998). Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 211 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Destarte, é importante que os cursos de formação docente disponibilize um espaço para que os alunos e os docentes reflitam, dialoguem e esclareçam suas dúvidas, a respeito do que seja Educação para a Saúde, dentro de um contexto amplo, buscando focar o desenvolvimento humano pleno, contemplando a saúde mental, biológica, emocional e social do indivíduo (L'ABBATE et al., 1992). É de grande valia, incitar novas pesquisas em relação a temática, para que possa propiciar debates que contribua com possíveis caminhos para reorientar rumo à construção de um profissional mais humanizado e centrado na capacidade de multiplicador nas questões da Educação para Saúde. Na contemporaneidade, visualiza-se urgencia de se discutir essa temática na sociedade, entre profissionais da educação e da saúde, bem como, com os educandos. A prática humanizadora profissional no seu processo de formação traz, aos envolvidos, como conseqüência, um sentido de responsabilidade sobre o corpo, além de uma melhor contextualização em relação a Educação para Saúde. Sucintamente, a temática deve estar inserida não somente na formação do profissional e do educador universitário, mas, numa discussão que vislumbre um ser humano biopsicosocial saudável e feliz, e para tanto, as universidades devem disponibilizar profissionais capacitados nessa temática, para repensar juntos aos docentes/discentes a abordagem emancipatória da Educação para a Saúde nos cursos de formação profissional. Palavras-chave: Educação para a Saúde; Pedagogia; Formação Docente Refêrencias BUENO, S. M. V. Educação preventiva em sexualidade, DST-AIDS e drogas nas escolas [tese de Livre docência]. Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo; 2001. FREIRE, P. Educação e mudança. 22ª ed. Rio de Janeiro (RJ): Paz e Terra, 1998. L'ABBATE, S., 1990. O Direito à Saúde: da Reivindicação à Realização. Projetos de Política de Saúde em Campinas. Tese de Doutorado, São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 212 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 36. A ALFABETIZAÇÃO DOS TRABALHADORES RURAIS PELO MÉTODO PAULO FREIRE Profª. Maria Luiza Costa - Psicóloga Organizacional-Unifran E-mail: [email protected] Doutoranda Vânia Claudia Spoti Caran-Assistente social Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP E-mail: [email protected] Introdução: No contexto histórico e sócio-econômico que estamos vivendo e o perfil do trabalhador frente às bases tecnológicas do mundo globalizado, a exigência da formação de um homem autônomo e reflexivo é constante, porém o que encontramos apesar da imposição do sistema atual ao trabalhador são homens desprovidos de recursos em suas regiões de origem, onde não são inseridos em nenhum programa que possibilitem a mudança desta realidade. Estes homens jovens ou de meia idade chegam ao estado de São Paulo em busca desta mudança, e acabam formando um exército de mão de obra sem escolaridade absorvidos pelas usinas de açúcar e álcool da região que ainda não estão totalmente mecanizadas. Mas com todo contexto social e tecnológico em questão como poderíamos contribuir para mudança desta realidade? Em resposta a essa complexa questão o SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e FAESP (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo) desenvolvem ações de formação profissional e atividades de Promoção Social voltadas para o homem rural. Porém para o cumprimento destes objetivos na formação profissional deste trabalhador o requisito de alfabetização é elementar. Com o propósito de não deixar de lado essa realidade o SENAR/FAESP lançou o programa de alfabetização ao homem rural e com a proposta metodológica centrada nos princípios políticos pedagógicos de Paulo Freire lança um programa em parceria com os Sindicatos Rurais e Instituições do qual esta ação integrada visam à construção deste homem através da releitura do mundo do trabalho. Objetivo: Este artigo visa divulgar um programa de alfabetização destinado aos trabalhadores rurais, além de nos fazer refletir sobre o contexto sócio-cultural destes homens que no caso específico do estudo são migrantes do nordeste do país que trabalham na lavoura da cana nas usinas da região de Ribeirão Preto. Metodologia: Para este trabalho utilizamos o estudo de caso como recurso para avaliar como o programa de alfabetização baseado em Paulo Freire pode mudar o contexto sócio-cultural do homem trabalhador rural , para Gil (1995) o estudo de caso é profundo e exaustivo e tende a permitir detalhado conhecimento para poucos objetos.Os dados foram colhidos no local de trabalho do sujeito do estudo realizado em 2009, após o mesmo ter participado do programa de alfabetização durante um período de 8 meses . Resultado: O trabalhador S.S, masculino, 24 anos, amaziado, após um período de 8 meses em sala de aula, nos referiu que seu contexto de vida mudou após seu processo de alfabetização, escreveu pela primeira vez a primeira carta para sua que residia no Ceará deu notícias, recebeu, pois lá ainda existem regiões que não tem antenas de celular. Após conseguir a leitura como relata tirou carta de motorista e passa por processo de mudança de trabalho pois deixará o corte da cana para ser tratorista , esperava uma mudança de vida após aprender a leitura mais não achava que seria tão rápida, deposita o mérito ao projeto de Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 213 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente alfabetização do qual fez parte e espera que da sala com 17 colegas todos tenham a mesma oportunidade. Considerações finais: Segundo Gentili (2004), assistimos hoje, a uma velocidade historicamente incomum, à profundas mudanças na economia e na sociedade, nos mais diversos níveis. Tais mudanças, pelas suas características, implicam em alterações significativas nos sistemas de ensino de todos os países. Exige-se desses sistemas, para que possa ocorrer uma resposta adequada a essa dinâmica em curso, uma forte capacidade de adaptação aos aspectos que configuram o essencial da mudança. Antunes (2006) afirma que a Globalização não é um processo novo. O que vem sendo amplamente criticado, no sentido de sua superação, é o caráter de exclusão desse tipo de globalização. Este contexto nos levou a idealizar o referido estudo com a proposta de demonstrar que a academia pode alterar uma realidade de vida desde que esteja embasada em uma proposta pedagógica que vá de encontro a esta realidade Palavras-chave: trabalhador rural , Paulo Freire , alfabetização. Refêrencias ANTUNES, Ricardo.Os Sentidos do Trabalho.São Paulo,5ª.ed.Boitempo,2006. GENTILI , Pablo. A Cidadania Negada. São Paulo , 3a. ed. Edit .Cortez , 2004. GIL, A.C. Métodos e Técnicas de pesquisa Social.São Paulo,4ª.ed.São Paulo:Atlas,1995. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 214 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 37. QUALIDADE DE VIDA E DESENVOLVIMENTO HUMANO UMA VIVENCIA JUNTO AOS ADOLESCENTES Profª. Maria Luiza Costa - Psicóloga Organizacional-Unifran E-mail: [email protected] Doutoranda Vânia Claudia Spoti Caran-Assistente social Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP E-mail: [email protected] Introdução: Este estudo apresenta o relato da experiência de uma equipe multidisciplinar na área da saúde, sendo dois psicólogos e uma assistente social, em relação ao desenvolvimento de um projeto voltado para 25 adolescentes com o objetivo da melhoria da qualidade de vida desta população, através do preparo destes jovens para o mercado de trabalho e relacionamento humano, cujo instrumento didático é o desenvolvimento de oficinas e palestras, englobando: motivação, promoção à saúde, qualidade de vida, sexualidade e DST, artes plásticas, empreendedorismo, informática, marketing pessoal, preservação do meio ambiente, prevenção ao uso de drogas, cidadania, perfil do profissional atual, relacionamento interpessoal e auto estima. Objetivo: Este trabalho tem o propósito de evidenciar uma proposta pedagógica direcionada a adolescentes que almejam entrar para o contexto do trabalho através de uma formação focada na construção de sua cidadania. Metodologia: Este trabalho foi desenvolvido com a proposta pedagógica da dialética onde a equipe muldicisplinar e os adolescentes constroem uma interação voltada as atividades educacionais através da dinâmica de grupo, de propostas interativas e não bancarias também baseadas na teoria metológica de Paulo Freire. Considerações finais: A adolescência é um período de crise e considerada um processo de desprendimento/desenvolvimento-que teve seu início com o nascimento, para tornar-se adulto o adolescente precisa desprender-se de seu mundo infantil, caracterizado por uma relação de dependência e papéis previamente definidos (Brasil, 1995). Esse período é de extrema instabilidade, produto da própria situação evolutiva e da interação do individuo com o meio. A tarefa principal do adolescente é construir um sentido do EU (identidade) encaminhando-se para a resolução de seu papel sexual e ocupacional (Erikson, 1976). O contexto no qual a experiência se dá é um projeto formatado em resposta a um pedido efetuado pelo Conselho da Criança e Adolescente do município de Luiz Antonio, SP no qual foi identificada uma carência em relação a formação destes jovens, que estando na escola recebendo sua formação acadêmica, evidenciaram –se diante de pesquisa nas empresas locais, o despreparo no momento de submeterem-se a entrevistas ou o tempo limitado de permanência destes no ambiente de trabalho quando contratados. Diante do exposto, nossa equipe multidisciplinar composta por uma assistente social e dois psicólogos sendo um deste especializado na área motivacional e outro no trabalho com adolescentes, criou um projeto voltado a este público, antes já selecionado pelo município, tendo como critério a realidade socioeconômica, sendo todos oriundos de família de baixa renda. Palavras-chave: adolescentes, educação,saúde. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 215 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Refêrencias Brasil.Estatuto da Criança e do adolescente. Organização, notas remissivas e índices. São Paulo ,Saraiva, 1995. Erikson, EH. Identidade, Juventude e crise. 2.Ed.Rio de Janeiro, ZAHAR, 1976. Gil, A.C. Métodos e Técnicas de pesquisa social, 4 ed.Sao Paulo.atlas,1995. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 216 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 38. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA SOBRE EDUCAÇÃO E PEDAGOGIA SOCIAL Prof. José Geraldo Neves Filho E-MAIL: [email protected] Prof. Márcia Regina Garbuglio Neves E-Mail: [email protected] Instituto Educacional de Severínia – IES /SP Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP E-mail: [email protected] INTRODUCAO: A Pedagogia Social é algo recente e traz grandes contribuições para a Educação Internacional e particular para a Educação Nacional. Dentro deste aspecto há que se ressaltar a relevância de Paulo Freire, entre outros, quando se valoriza a democratização, o processo de humanização, a dialogicidade, a horizontalidade das relações interpessoais, bem como, o levantamento de problemas no cenário, buscando a solução às dificuldades encontradas na realidade social, levando-se em consideração a mudança e transformação, assim como também, a formação de agente social de forma crítica e reflexiva. OBJETIVO: Sensibilizados e mobilizados com estas questões, temos como objetivo levantar dados da literatura científica sobre estas questões. METODOLOGIA: Utilizamos para isto, a pesquisa qualitativa, através de um estudo descritivo analítico-documental, as bases de dados: LILACS e BIREME, no período de 2000 a 2010, usando como palavras-chave, os termos Pedagogia Social, Educação e Professor. Os dados foram analisados por categorização e compilados em tabelas. RESULTADO: Neste estudo, foram consultados livros, teses (Mestrado, Doutorado) e periódicos/revistas, encontramos 53 publicações, sendo 07 livros; 16 periódicos/revistas; 12 dissertações de mestrados e 18 de Doutorado. Sobre Pedagogia Social teve 15; educação 38; 28 referem Paulo Freire neste sentido. A grande maioria dessas fontes retrata: uma pedagogia libertadora e problematizadora, sendo essa filosofia uma importante contribuição para que a educação seja entendida como ação política e potencialmente transformadora da realidade social. A educação acontece a todo o tempo na relação dos sujeitos uns com os outros, com o mundo e consigo mesmo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Depreendemos que se trata de uma pedagogia que destaca a importância do seu valor, histórico, político e sócio-cultural, ressaltando a importância de transformação, do sentido ético e do aspecto de cidadania solidária, respeitando o direito do ser humano no processo educativo e humanizado, no sentido de ser mais digno, mais pleno e mais feliz, com liberdade e autonomia. Essa reflexão não se encerra aqui, é apenas o começo do caminho que é essencial percorrer na busca por ser mais, portanto, se faz necessário que estudos dessa natureza sejam realizados, e seus resultados utilizados. PALAVRAS CHAVES: Pedagogia Social; Educação; Professor. .REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DIAS SOBRINHO, José. Avaliação: políticas educacionais e reformas da educação superior. São Paulo: Cortez, 2003. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 217 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 218 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 39. DISLIPIDEMIA ASSOCIADA À TERAPIA ANTIRRETROVIRAL: AVALIAÇÃO DE FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR Profª. Drª. Ana Paula Morais Fernades Docente da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP E-mail: [email protected] Francielly Maira da Penna Matos Aluna de Graduação da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP/USP E-mail: [email protected] Amanda Silva e Sá Aluna de Graduação da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP/USP [email protected] Camila Agustoni Aluna de Mestrado da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP/USP [email protected] Carla Maria Seconi Momenti Nutrcionista [email protected] Samira Costa de Faria Aluna de Graduação da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP/USP [email protected] Wlaldemir Roberto dos Santos Educador Físico [email protected] Introdução: Uma das iniciativas do Ministério da Saúde desde 1996, para a assistência aos indivíduos infectados pelo HIV, é o programa de acesso universal aos medicamentos antiretrovirais (ARVs) que, atualmente, beneficia milhares de pacientes, o que vem resultando em um aumento da sobrevida e uma melhora na qualidade de vida dos pacientes, com diminuição da ocorrência de infecções oportunistas e das internações hospitalares. A introdução a terapia antirretroviral altamente ativa (Highly Active Antiretroviral Therapy HAART), causou um enorme impacto positivo na história da infecção pelo HIV e prognóstico dos seus portadores. Porém, o uso prolongado de ARV, está relacionado a alguns efeitos colaterais, entre estes, a síndrome da lipodistrofia, que engloba varias alterações anatômicas e metabólicas. Dentre as alterações metabólicas encontram-se as dislipidemias que são fortemente associadas ao risco elevado para o surgimento de doenças coronarianas e estão relacionadas a muitos diagnósticos de hipertensão arterial, aterosclerose e aumento na incidência de infarto do miocárdio entre pacientes positivos para a infecção pelo HIV, tratados com a terapia ARV. Além disso, também contribuem para o desenvolvimento de tais patologias os fatores clássicos de risco cardiovascular como idade, gênero masculino, tabagismo, hipertensão arterial e diabetes (DUCOBU & PAYEN, 2000; HADIGAN et al, 2001; MANUTHU et al, 2008). Objetivos: Detectar a presença da dislipidemia, através da identificação de alterações nos níveis séricos de colesterol e de triglicérides em pacientes portadores da infecção pelo HIV que estejam recebendo a terapia ARV; associar os ARVs com o desenvolvimento da dislipidemia e com o tempo de uso para a sua ocorrência; determinar os fatores adicionais de Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 219 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente risco cardiovascular entre portadores do HIV em tratamento antirrretroviral prolongado; identificar aspectos psicossociais. Metodologia: Foi realizado um estudo transversal, descritivo na Unidade Especial de Terapia de Doenças Infecto-contagiosas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Os pacientes foram selecionados segundo critérios de inclusão: sorologia anti-HIV positiva; de ambos os sexos, adultos, com idade entre 18 – 65 anos; que estejam recebendo terapia antirretroviral; que apresentem dislipidemia; e que concordarem em participar do estudo. Foi assinado o termo de consentimento livre e esclarecido, aplicado um questionário semi-estruturado e realizado consulta ao prontuário. Resultados: A coleta de daodos foi realizada com 80 pacientes identificados no serviço que atendiam à todos os critérios de inclusão. Destes, 76,25% são do sexo masculino, a faixa etária predominante é de 45 a 50 anos (31,25%); a média do tempo do diagnóstico para infecção pelo HIV foi de 9, 29 anos e a media de tempo decorrido após início de terapêutica foi de 9,37 anos; 63,75% das pessoas já trocaram a terapêutica; 62,5% apresentaram níveis séricos elevados de colesterol, 86,25% de triglicerídeos e 28,75% glicemia elevada. Referente à dislipidemia, 80% dos pacientes referiram saber alguma maneira de auto cuidado, 40% relataram associação entre mudanças nos hábitos alimentarem e prática de atividades como uma medida de auto cuidado. Quanto a outros fatores de rico cardiovasculares, 38,75% referiram nunca terem fumado, 11,25% desenvolveram diabetes após inicio do uso da terapia antirretroviral, e 25% hipertensão arterial sistêmica; 50% apresentaram IMC acima do recomendado; 52,5% afirmaram existir casos de hipertensão na família e 42,5% casos de diabetes. Quanto aos aspectos psicossociais 50% dos pacientes não desenvolvem algum tipo de atividade de lazer. Referente a classe de antirretroviral em uso, 49/80 (61,25%) pacientes estavam recebendo inibidores de protease viral (IP), 77/80 (96,25%) pacientes inibidores da transcriptase reversa análogo de nucleosídios (ITR-AN), 29/80 (36,25%) pacientes inibidores da transcriptase reversa não análogos de nucleosídios (ITR-NAN) e 2/80 (2,5%) pacientes inibidores da integrase (II). Considerações finais: Os resultados obtidos, podem ser utilizados como diretrizes para a elaboração de estratégias de assistência de enfermagem, especializada para o cuidado aos pacientes portadores do HIV-1 sob terapia antirretroviral, para a prevenção do surgimento de doenças cardiovasculares, uma vez que apontam vários fatores que se interrelacionam para o desenvolvimento da dislipidemia e potencializam o risco de doenças cardiovasculares. Sendo assim, o estudo mostra que para um atendimento efetivo destes pacientes é necessário uma consideração do indivíduo como um todo e uma prestação de assistência integral ao individuo e no ambiente em que vive. Palavras-chave: antirretrovirais; dislipidemia; HIV. Refêrencias DUCOBU J, PAYEN MC. Lipids and AIDS. Rev Med Brux, 21: 11-17, 2000. HADIGAN C, MEIGS JB, CORCORAN C, et al. Metabolic abnormalities and cardiovascular disease risk factors in adults with human immunodeficiency virus infection and lipodystrophy. Clin Infect Dis, 32: 130-139, 2001. MANUTHU EM, JOSHI MD, LULE GN, KARARI E. Prevalence of dyslipidemia and dysglycaemia in HIV infected patients. East Afr Med J, 85(1):10-7, 2008. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 220 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 40. “ONDE ACABO, IDENTIFICAÇÃO ONDE PROJETIVA VOCÊ NO COMEÇA?”: CONTATO COM A VIVÊNCIA DA O PACIENTE EM PSICOTERAPIA Camilla Monti Oliveira17 Érika Arantes de Oliveira18 Manoel Antônio dos Santos19 Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP E-mail: [email protected] Introdução A identificação projetiva, termo cunhado pela psicanalista Melanie Klein (SEGAL, 1975), pode ser entendida como uma ferramenta importante na compreensão do funcionamento psíquico do sujeito na relação com os objetos com os quais ele se relaciona. Tal conceito pressupõe uma cisão, operada pelo sujeito, entre seus objetos, percebendo-os como bons ou maus, mas nunca bons e maus. Na relação terapêutica, este pode ser um instrumento utilizado pelo paciente para tentar se comunicar com o terapeuta de uma maneira inconsciente (MIJOLLA, 2005). Se bem assimilado e utilizado pelo terapeuta, pode contribuir para uma melhor compreensão no processo de contratransferência e, como proposto por Ogden (1992), envolve pensamentos, emoções e sentimentos, de ambas as partes. Objetivo No presente trabalho apresentamos algumas reflexões acerca do uso intenso do recurso da identificação projetiva por uma paciente atendida em psicoterapia. Método Trata-se de um estudo de caso, no qual o caso foi selecionado pelo seu potencial explanatório do conceito teórico abordado neste estudo: o mecanismo de identificação projetiva. Escolheu-se uma paciente que recebeu atendimento psicoterápico pelo período de um ano, ao longo do qual este construto se mostrou um componente relevante no estabelecimento da relação terapêutica. 17 Psicóloga pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Aprimoranda em Neuropsicologia no Contexto Hospitalar do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq- HCFMUSP). Membro do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde - NEPPS (FFCLRP/CNPq). Av. Bandeirantes, 3900, Monte Alegre, Ribeirão Preto-SP. E-mail: [email protected] 18 Psicóloga, mestre e doutora em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Psicóloga do Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRPUSP. Membro do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde – NEPPS (FFCLRP/CNPq). E-mail: [email protected] 19 Professor Doutor do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Líder do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde (FFCLRP/CNPq). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Av. Bandeirantes, 3900, Monte Alegre, Ribeirão Preto-SP. E-mail: [email protected] Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 221 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Levando em consideração que a identificação projetiva pode funcionar como uma comunicação, dirigida à terapeuta, de partes inconscientes da mente da paciente, observamos que tais manifestações ocorreram durante diversas sessões de atendimento clinico, quando a paciente relatava sobre o tempo ou os acontecimentos e a terapeuta experienciava, após a sessão, sensações físicas de frio, ou então durante o atendimento, sentia-se perdida e distante da paciente. Por meio dessas percepções e das interpretações oferecidas à paciente, foi possível à terapeuta compreender o que a paciente vivenciava e esta pode se sentir acolhida e pode, então, entrar em contato com seus próprios sentimentos e vivências. Resultados A paciente, a quem chamarei de Cecília20, tem 53 anos e, a partir do que se pôde apreender de sua história, atualmente mora na casa que era de seu pai, já falecido, e divide-a com o ex-marido, com quem mantém uma relação ambígua, pois convivem “como amigos”, sem manter relações conjugais. Cecília tem dois filhos, ambos casados, e com um filho cada. O mais novo deles mora na casa ao lado da residência da paciente e o filho mais velho mora no mesmo bairro, porém um pouco mais distante da casa dos pais. Sua família de origem é composta por cinco irmãs, incluindo Cecília, e um irmão. Seus pais são falecidos. A paciente relata ter um bom convívio com suas irmãs, que moram próximas a ela. Cecília procurou o atendimento devido a constantes brigas que havia tendo com o marido. Relatou, em seu processo de triagem, estar vivenciando o período mais difícil dessa situação. Referiu situações nas quais houve agressão física da parte dela e agressões verbais constantes de ambos. Sua preocupação maior, também relatada nessa entrevista, em meio a fortes sentimentos de ódio, foi a de persistir nas ameaças que vinha fazendo à vida do marido e, conseqüentemente, colocá-las em prática. Para ilustrar o processo terapêutico, foram escolhidas duas sessões na qual a terapeuta pôde experienciar sentimentos e até mesmo sensações físicas, logo após o término do atendimento. Essas manifestações estão relacionadas ao conceito de identificação projetiva. Ao se refletir sobre o processo terapêutico da paciente, pôde-se perceber que o uso que ela fazia da identificação projetiva era marcado e intenso. Assim, no início desse processo, foi difícil para a própria terapeuta diferenciar-se, muitas vezes, do que era trazido por ela. Mediante o trabalho de auto-análise, fortalecido pelas supervisões, foi possível à terapeuta perceber a ação dos mecanismos defensivos e, a partir de então, se perceber como aceitando partes expulsas da mente da paciente. Nesse sentido, é importante destacar a importância do processo de supervisão e do olhar diferenciado do supervisor, não só no sentido deste poder oferecer um outro olhar sobre o que ocorreu durante as sessões, mas também deste possuir experiência, conhecimento e formação teórico-prática. Essa possibilidade contribui de modo significativo para que um outro olhar possa identificar aspectos e situações que a terapeuta iniciante por si só, algumas vezes não é capaz de perceber, e que, nesse caso, foram experienciados como se fossem sentimentos e sensações da própria terapeuta. Considerações finais Cabe destacar no caso clínico investigado a importância da identificação projetiva como um mecanismo que influenciou, em muitos momentos, a construção e o estabelecimento da relação terapêutica. Apesar de constituir um mecanismo mais primitivo, se 20 Para preservar a identidade da paciente no decorrer deste trabalho serão utilizados nomes fictícios. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 222 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente houver um manejo adequado da situação, pode se tornar um instrumento para a comunicação na relação terapêutica. Ao final do processo, a paciente foi capaz de utilizar-se de outras defesas para se comunicar com a terapeuta, visto que a aliança entre elas havia sido bem estabelecida e foi capaz de se colocar diretamente na relação. Palavras-chave: identificação projetiva, relação terapêutica, psicanálise Referências MIJOLLA, A. Dicionário internacional da Psicanálise. Rio de Janeiro: Imago, 2005. OGDEN, T. H. Projective identification and psychotherapeutic technique. London: Karnac, 1992. SEGAL, H. Introdução à obra de Melanie Klein. Rio de Janeiro: Imago, 1975. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 223 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 41. A “SALA PRECISA”: CONSTRUINDO O ESPAÇO TERAPÊUTICO Camilla Monti Oliveira21 Érika Arantes de Oliveira22 Manoel Antônio dos Santos23 Faculdade de Filosofia,Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP E-mail: [email protected] Introdução No presente trabalho são apresentadas algumas reflexões acerca da construção do espaço psicoterapêutico, a partir do reconhecimento das necessidades subjetivas de quem busca ajuda profissional para lidar com seus problemas emocionais. Para empreender essa reflexão teórica, parte-se de uma metáfora extraída de uma obra de ficção (as aventuras do aprendiz de bruxo Harry Potter). Trata-se da sala precisa, um vestíbulo presente no universo ficcional criado nos livros de Rowling (2001). Nesse contexto, é uma sala que aparece para quem está necessitando de encontrar um lugar especial. Neste estudo, propõe-se compreender o enquadre psicoterapêutico como um lugar especial, que é construído pela dupla paciente-terapeuta no decorrer do processo de busca do autoconhecimento. Ao buscar a psicoterapia, a pessoa (cliente) apresenta algum tipo de sofrimento psíquico. Para acolher a necessidade dessa pessoa, será necessário que o psicoterapeuta se proponha a construir junto com ela o espaço terapêutico. O pressuposto que sustentamos neste trabalho é o de que a construção do enquadre (ou setting) terapêutico deve se dar como uma “sala precisa”. Ou seja, como um espaço que é constituído na relação da dupla, porém só aparece e se configura a partir das necessidades de quem o procura e consegue encontrá-lo. Pastori (2003) aponta que, em um primeiro momento, ao chegar na psicoterapia, o paciente pode se sentir desconfiado frente à nova situação e à pessoa que o acolhe: o psicoterapeuta. Nesse momento inaugural, a sensibilidade do psicoterapeuta para detectar as necessidades do cliente é decisiva para que as ansiedades persecutórias possam ser acolhidas e mitigadas, possibilitando que o vínculo terapêutico seja instalado. Nesse sentido, durantes as primeiras sessões, a capacidade do terapeuta mostrar-se presente e disponível para o contato é um requisito imprescindível para o estalecimento e manutenção do setting, na medida em que fornece ao cliente a confiança e acolhimento necessários para que ele se sinta ajudado (SOUZA, TEIXEIRA, 2004). Objetivo 21 Psicóloga pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Aprimoranda em Neuropsicologia no Contexto Hospitalar do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq- HCFMUSP). Membro do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde - NEPPS (FFCLRP/CNPq). Av. Bandeirantes, 3900, Monte Alegre, Ribeirão Preto-SP. E-mail: [email protected] 22 Psicóloga, mestre e doutora em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Psicóloga do Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRPUSP. Membro do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde – NEPPS (FFCLRP/CNPq). E-mail: [email protected] 23 Professor Doutor do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Líder do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde (FFCLRP/CNPq). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Av. Bandeirantes, 3900, Monte Alegre, Ribeirão Preto-SP. E-mail: [email protected] Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 224 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Apresentar reflexões acerca da construção do espaço psicoterapêutico, a partir das necessidades identificadas pela terapeuta em um cliente que busca ajuda profissional para lidar com seus problemas emocionais. Busca-se entender a construção do espaço terapêutico como uma sala precisa, na qual tal espaço é construído, e aparece e se configura a partir das necessidades de quem o procura. Método Trata-se de um estudo de caso. Relata-se o trabalho terapêutico desenvolvido com Jonas, 29 anos, durante um ano, com duas sessões semanais, supervisionadas por profissionais da área, seguindo-se uma orientação psicanalítica. Resultados e Discussão O atendimento relatado neste trabalho ocorreu no período de março a dezembro de 2009, no contexto de uma clínica-escola de Psicologia de uma cidade do interior paulista. O atendimento estava inserido na disciplina-estágio Psicoterapia de Orientação Psicanalítica e consistia em duas sessões semanais de 50 minutos, totalizando 47 sessões. Foram utilizadas as notas do diário de campo da terapeuta, no qual eram registrados excertos de sessões, assim como as impressões e sentimentos mobilizados. Nas primeiras sessões de terapia Jonas se questionava e também interpelava a terapeuta sobre o trabalho ali realizado. O que era fortemente notado pela terapeuta era a preocupação de Jonas em ser aceito, bem como sua busca por adequar-se a algum padrão. Com o decorrer dos atendimentos, ele foi capaz de perceber que não havia um manual, nem um modo correto de se estar junto na sessão de psicoterapia. Durante a construção da sala precisa, foi possível a Jonas questionar a terapeuta não somente sobre o modo como esta “deveria ser”, mas também uma busca por quem ela deveria ser naquele contexto novo para ele. Jonas intitulava as sessões de atendimento de “consultas” e esperava uma atitude mais ativa por parte da terapeuta, questionando-a sobre orientações específicas. Em um primeiro momento, poderíamos pensar que o paciente encontrou a sala, seu local terapêutico, porém, não sabia exatamente como havia chegado ali. Com o decorrer dos atendimentos, foi capaz de se perceber na relação terapêutica, assim como descobrir que aquele espaço existia a partir do momento em que ele e sua terapeuta se encontravam e se mostravam dispostos a tal. Devido a questões profissionais, Jonas precisava mudar seus horários constantemente, o que exigiu flexibilidade por parte de sua terapeuta. Esse aspecto se mostrou como facilitador da possibilidade do encontro da sala precisa por Jonas quando lhe era necessário. Considerações Finais Por apreciar literatura, Jonas trouxe para a terapia o paralelo entre ter sessões e a Sala Precisa, sinalizando que o espaço terapêutico e o estabelecimento do setting podem ocorrer de diversas maneiras, mas que, para que aconteça, é necessário ter um terapeuta disposto e que seja capaz de aparecer de acordo com as necessidades do paciente, assim como é necessário que esse esteja disposto a buscar este lugar de encontro consigo mesmo. Palavras-chave: setting, espaço terapêutico, psicanálise Referências Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 225 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente PASTORI, S. S. O lugar do analista. Pulsional: Revista de Psicanálise, São Paulo, v. 16, n. 168, 2003, p. 82-87. ROWLING, J. K.. Harry Potter e o cálice de fogo. Rio de Janeiro: Rocco, 2001. SOUZA, M. M., TEIXEIRA, R. P. O que é ser um “bom” psicoterapeuta? Aletheia, v. 20, p. 45-54, 2004. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 226 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 42. PROGRAMA DE INOVAÇÃO DE ESTRATÉGIAS EDUCATIVAS NA CONDUÇÃO DE OFICINAS JUNTO A GESTANTES E PUÉRPERAS NA MATER Marina Dal Ponte Profª. Drª. Ana Márcia Spanó Nakano Profª. Drª. Flávia Azevedo Gomes Introdução: Promoção de saúde é definida, pela carta de Ottawa, como “o processo de oferecer à população a capacidade de incrementar o controle sobre sua saúde e de melhorála”. Frederico afirma que promoção de saúde é o processo no qual viabiliza a população avaliar a qualidade de vida que está disponível a ela e agir para conseguir buscar cada vez mais saúde. Podemos dizer que a prática da educação em saúde consiste em uma importante maneira de proporcionar ao indivíduo o conhecimento e a autonomia necessários para a obtenção da saúde e a busca pelo bem-estar. Como bolsista do Programa Aprender com Cultura e Extensão, inserida no projeto “Programa de inovação de estratégias educativas na condução de oficinas junto a gestantes e puérperas na MATER” realizamos a elaboração deste material didático com o intuito de utilizar de dinâmicas mais producentes em termos de transmitir informações que façam sentido para as mulheres em suas vivências no ciclo gravídico-puerperal e particularmente na amamentação, foco de nossa proposta de estudo, é de extrema relevância para o contexto dos cursos realizados no Centro de Referência de Saúde da Mulher, como estratégia que facilite a atuação do profissional de saúde como educador e mobilize um maior interesse das mulheres em participar dos encontros Objetivo: Desenvolver um recurso didático dentro dos preceitos da educação participativa sobre o tema amamentação. Metodologia: Tendo por fundamento teórico a educação participativa, foi desenvolvido um jogo educativo que contemple conteúdos sobre o aleitamento materno, os quais foram alicerçados na revisão da literatura científica sobre o assunto, nas recomendações dos manuais do Ministério da Saúde bem como, nas necessidades apresentadas pelas mulheres frente a amamentação no cotidiano da assistência. Resultado: Para elaboração do referido jogo foi construído um conjunto de questões e suas respectivas respostas sobre o tema amamentação, levando-se em consideração o uso de termos de fácil compreensão pela clientela alvo e ao mesmo tempo, com conteúdos embasados em evidências científicas. Partindo de alguns modelos de jogos sorte, memória entre outros convencionais, é que foram construídas as regras para o jogo que possibilite uma dinâmica em que os jogadores são estimulados a participarem compartilhando com o grupo suas opiniões, experiências e conhecimento sobre o tema de uma forma dialogada com os participantes do jogo e com o profissional de saúde coordenador do grupo. Considerações finais: O desenvolvimento do material didático teve não só importância para os profissionais que realizam os cursos mas também, para os usuários do serviço.Vale ressaltar a relevância para a bolsista que o elaborou, pois proporcionou oportunidade de busca e reflexão sobre materiais educativos e de metodologias participativas que podem ser aplicadas no cotidiano de assistência à saúde. Palavras-chave: educação; saúde; aleitamento materno. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 227 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Referências FREDERICO, P.; FONSECA, L.M.M.; NICODEMO, A.M.C. Atividade educativa no alojamento conjunto: relato de experiência. Rev.latino am.enfermagem, Ribeirão Preto, v.8, n.4. 2000. STEFANELLO, J.; NAKANO, A. M. S. ; GOMES, F. A. Crenças e tabus relacionados ao cuidado no pós-parto: o significado para um grupo de mulheres. Acta paul. enferm. 2008, vol.2 Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 228 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 43. CONHECENDO O CONTEXTO ESCOLAR Fernanda Cantão, email: [email protected] 1 Vanessa Claudino Leite, email: [email protected] Barbra Casarin, email:[email protected] Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno, email: [email protected] 1 Graduandos do Curso de Licenciatura em Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto- EERP/USP; 2 Professora Doutora da EERP-USP Introdução: Conhecer o contexto escolar ao qual realizaremos estágio Supervisionado em Educação Basica permite uma formação mais sólida, baseada na realidade vivenciada. Objetivo: Identificar os temas a serem abordados ao decorrer do estágio e conhecer a escola para assim realizar a educação em saúde. Metodologia: Identificação dos temas através de conversas com os professores e através das dúvidas dos alunos coletadas através de uma “caixa de dúvidas”. Resultado: A Escola Estadual esta localizado na Vila Albertina, possui 544 alunos matriculados. Fisicamente é dividida em três blocos: no primeiro e segundo blocos estão 12 salas de aula, no terceiro bloco esta localizado a administração Os temas problematizados a serem abordados são: Sexualidade, DST e AIDS, Drogas, Nutrição, Importância da atividade física e meio ambiente. Considerações finais: Identificar os temas e conhecer a escola permitirá promover estações e oficinas para os alunos da educação básica com objetivo de alcançar a promoção e proteção da saúde. Palavras-chave: educação basica. Referênicas: Bordenave, JD e PEREIRA, AM. Estratégias de ensino-aprendizagem. Rio de Janeiro: Petrópolis; 1933 Brasil. Ministério da Saúde. Política nacional de promoção à saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. (Série B. Textos Básicos de Saúde). Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC, 1998. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 229 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 44. COMO CATEGORIZAR UMA ESCOLA: TAREFA DA LICENCIATURA Josilene Fioravanti dos Santos1 [email protected] Pâmela Caroline Gil de Toledo1 [email protected] Vanessa Lopes de Aragão1 [email protected] Sônia Maria de Vilela Bueno2 [email protected] 1 Licenciandas em Enfermagem - EERP/USP; 2Profª Drª do DEPCH- EERP/USP Caracterização da escola: A Escola Estadual analisada oferece o Ensino Fundamental Ciclo I, sendo que no período da manhã estão disponíveis sete classes, três da 3ª. série e quatro da 4ª. série. No período da tarde estão disponíveis seis classes, duas do 1° ano, duas do 2° ano e duas do 3° ano. O número total de alunos na escola é de 311. Caracterização da comunidade: O bairro na qual a escola está inserida distancia-se cerca de 4 Km do centro da cidade, possui água encanada, ruas asfaltadas, energia elétrica e saneamento básico. As casas são da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano – CDHU, sendo que no mesmo bairro encontram-se diferentes níveis de moradias. Identificação da população: Uma grande parte dos alunos é composta por crianças carentes, que passam um período na escola e outro em casa, na maioria das vezes sozinhas, pois os seus pais trabalham fora o dia todo. A família dos alunos é composta por trabalhadores de baixa renda, alguns alunos não convivem com os pais e muitos não possuem apoio familiar. É notado pouco interesse por parte dos responsáveis em acompanhar a vida escolar do aluno. Estrutura física: Uma secretaria, uma sala para diretoria, uma sala de professor, uma sala para o professor coordenador, uma sala de informática, um sanitário feminino e um masculino para os funcionários, uma cozinha, uma dispensa, um refeitório, um pátio coberto, uma quadra de esportes coberta, uma área livre gramada, jardim, área de estacionamento, uma biblioteca e sete salas de aula. Recursos Materiais: A escola possui uma televisão 29’, uma televisão 20’, um DVD, um microsystem, uma caixa amplificada, treze computadores, acervo de biblioteca e mapas, duas linhas telefônicas, uma máquina fotográfica digital, uma máquina de escrever e dois retroprojetores. Recursos Humanos: São funcionários da escola: diretora, vice-diretor, coordenadora, três assistentes administrativos, quinze professores, três professores de educação física, dois professores de artes, uma merendeira, um auxiliar de cozinha e duas higienizadoras. Projeto Político Pedagógico: O Plano de Gestão da escola foi aprovado em dezembro de 2007 com validade de quatro anos. A Proposta Pedagógica da escola é a valorização e o respeito a cada um, buscando alternativas para proporcionar o desenvolvimento cognitivo e comportamental dos alunos segundo seu próprio ritmo, garantindo-lhes a formação básica indispensável para o prosseguimento de estudos, bem como para o exercício da cidadania. A escola tem como objetivo formar o ser humano consciente, integrado, criticamente à sociedade em que vive. Muitos dos projetos contidos no PPP estão voltados para alunos do Ciclo II do Ensino Fundamental, logo não estão sendo aplicados e os poucos projetos voltados para alunos do Ciclo I não são abordados efetivamente, apenas o Projeto Merenda Escolar que visa conscientizar os alunos sobre a importância dos alimentos. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 230 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Recursos disponíveis da comunidade: Na comunidade, a Estratégia Saúde da Família está em ação desde novembro de 2007 e um ano mais tarde, em dezembro de 2008, se transformou em uma Unidade Básica de Saúde devido ao crescimento rápido da população, atendendo cerca de 10.000 habitantes dos bairros Jardim Paiva I, Jardim Paiva II e Dr. Paulo Gomes Romeo. Embora a ESF esteja bem estruturada, não é suficiente para atender toda a população que ela abrange por isso algumas famílias ainda não recebem visitas dos agentes comunitários. Além disso, a estrutura da UBS não comporta toda a população, gerando demora no agendamento de consultas. A UBS não desenvolve nenhuma atividade em conjunto com a escola, mas desenvolve ações de Educação em Saúde, Escovação Assistida, Grupo de Artesanato, Terapia Comunitária, Grupo de Gestante e Planejamento Familiar em parceria com o grupo PET Saúde da Universidade de São Paulo. A comunidade conta ainda com a E.E. Jardim Paiva II inaugurada em janeiro de 2010, que oferece o Ciclo II do Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos. Possui uma EMEI que oferece creche e Ciclo I do Ensino Fundamental, um Centro Social e Igrejas. Há fácil acesso de linha de ônibus no bairro para o centro da cidade. Considerações finais: A caracterização da escola nos permite conhecer o espaço em que ela está inserida, o perfil populacional, a contribuição social para a comunidade e a interação com a Unidade Básica de Saúde, fatores imprescindíveis para a identificação das necessidades da população de forma a subsidiar o planejamento e execução de atividades educativas na escola. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 231 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 45. SAÚDE E ESCOLA: AÇÕES INTERSETORIAIS ARAÚJO, A. M. BUENO, S. M. V. A implementação de políticas de promoção e prevenção à saúde do adolescente necessita articulação e apoio mútuo de diferentes setores e instâncias da sociedade. Partindo dessa premissa a presente pesquisa tem como foco principal a acolhimento ao adolescente, através do estudo da sexualidade e temas relacionados a ela, envolvendo o jovem escolar do ensino fundamental. Sabemos que a adolescência é uma faixa etária de grande vulnerabilidade pelas características próprias da idade; pela inexperiência que os jovens adolescentes têm de lidar com seus próprios sentimentos e com o sentimento do parceiro; por, nem sempre, possuírem as habilidades necessárias para a tomada de decisões. Através da parceria da escola com o setor saúde nossa finalidade foi promover e fortalecer a participação ativa entre professores, profissionais da saúde e comunidade em busca de uma melhor qualidade de vida, para que o município não invista mais em doenças. Neste estudo optamos por uma pesquisa qualitativa, mediatizada pela Pesquisa-Ação, tendo como objetivo principal descrever o processo de intervenção do profissional de saúde pública em uma escola municipal de Jaboticabal, seguindo com, planejar uma ação local integrada entre saúde e educação e utilizar o espaço escolar para a articulação das políticas voltadas para adolescentes e jovens, mediante a participação dos sujeitos desse processo: estudantes, famílias, educadores e profissionais da saúde. A sexualidade é um assunto que envolve não só os profissionais de saúde, mas todos os setores da sociedade, por ter a influência diretamente nos indivíduos, desde ao nascer até o envelhecer. Desta forma, através da intersetorialidade possibilitou o profissional da saúde entrar em contato com um novo ambiente e com profissionais de outras áreas, permitindo uma visão mais ampla e mais atual da saúde. Palavras-Chaves: sexualidade, adolescência, educação em saúde Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 232 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 46. COMER OU ROUBAR? O DESAMPARO VIVENCIADO POR UMA CRIANÇA OBESA Carolina Mendes Cruz Ferreira Fernanda Kimie Tavares Mishima Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras – FFCLRP/USP E-mail: [email protected]; [email protected] Introdução: Uma das patologias mais graves atualmente é a obesidade infantil, que tem atingido índices alarmantes, acarretando sérios problemas de saúde pública. Esta doença é considerada multifatorial, contudo, seus aspectos fisiológicos são abordados com maior frequência, em detrimento dos psicológicos, que são marcadamente reconhecidos nas consequências psíquicas geradas pela patologia. Winnicott (2000) enfatiza que o apetite está ligado à defesa contra a ansiedade e a depressão. Nesse sentido, o vínculo mãe (ambiente) e filho é considerado um dos principais aspectos emocionais causadores da alta ingestão alimentar, já que é a figura materna a primeira fonte de alimentação da criança. Objetivo: De posse de tais considerações acerca dos problemas de alimentação da criança, este trabalho tem como objetivo apresentar um caso clínico de uma criança de 3 anos e 7 meses de idade, com obesidade infantil e comportamentos antissociais. Assim, buscar-se-á compreender se essas são condutas manifestas representativas de formas diferentes da mesma dificuldade. Metodologia: Para alcançar o objetivo proposto, adotou-se uma abordagem qualitativa de pesquisa, a partir do referencial metodológico de estudo de caso. Segundo Yin (2005) o estudo de caso é uma estratégia de pesquisa que permite investigar eventos a partir de intervenções no contexto de vida real em que os fatos acontecem. Os dados coletados foram sistematizados e analisados a partir do princípio da livre inspeção (Trinca, 1984), segundo referencial psicanalítico winnicottiano. Resultado: No contato inicial com os pais da criança, sua mãe relatou que a gravidez foi desejada. Porém, na sequência, ela afirmou que, após o nascimento do filho, houve um distanciamento afetivo do casal parental. Tal aspecto foi elucidado, sobretudo, diante da dificuldade de diálogo entre o casal, que, com isso, acabou usando a criança como intermediador das conversas. Esse papel imposto à criança, acaba por suscitar grande demanda de energia, concomitante a uma preocupação excessiva da criança e responsabilização por manter a união familiar. É possível pensar em falhas na vivência do processo de desilusão, o que impediu que a criança entrasse em contato com seus limites e com o mundo compartilhado. A falta de conhecimento do mundo intrapsíquico gera dificuldades da criança em reconhecer suas necessidades reais, uma vez que elas acabam por se confundir com as necessidades da família. Tal experiência faz com que a criança sinta intensa angústia e desamparo no contato interpessoal. Na tentativa de amenizar tais sentimentos, ela recorre a dois tipos de mecanismos de defesa: a busca por algo concreto do mundo externo (o alimento) ou ainda a agressividade em relação a tudo que vem do outro (comportamento na escola, birra, socos). Tais mecanismos acontecem no intuito de suprir o vazio afetivo, decorrente da falta de holding proporcionado por um ambiente suficientemente bom. Ao recorrer a tais comportamentos, a criança tem como única maneira de se relacionar Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 233 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente com o mundo externo e social, a concretude, tanto pela ingestão alimentar, como pela destrutividade dirigida ao outro. Considerações finais: No caso clínico apresentado foi possível perceber falhas intensas no fornecimento de holding, em decorrência da vivência de um ambiente familiar insuficientemente bom. Como o ambiente familiar não foi capaz de suprir as necessidades da criança, há dificuldades em atingir a posição depressiva ou estado de preocupação (concern), além de comprometer o desenvolvimento de um sentimento de culpa pessoal. A criança é capaz de expressar essa falta de diferentes maneiras, sendo a sofreguidão, o comer compulsivo, uma delas. A pouca elaboração da fantasia e falta de diferenciação entre mundo interno e externo pode levar a um prejuízo do pensamento, acarretando dificuldade de aprendizagem, que pode estar relacionada a uma conduta antissocial. De maneira geral, é possível pensar que a dinâmica da compulsão alimentar é semelhante ao comportamento de uma criança que apresenta tendência antissocial, sobretudo pela busca de limites, de apoio e segurança do meio externo, no intuito de conter a ausência afetiva interna e recuperar o que lhe foi retirado de maneira brusca. Palavras-chave: Obesidade infantil, alimento, tendência antissocial. Refêrencias TRINCA, W. Diagnóstico psicológico: a prática clínica. São Paulo: EPU, 1984. 124p. WINNICOTT, D. W. Da pediatria à psicanálise. Tradução Davy Bogolometz. Rio de Janeiro: Imago, 2000. 455p. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e método. Tradução Daniel Grassi. Porto Alegre: Bookman, 2005. 207p. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 234 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 47. EDUCAÇÃO E FRACASSO ESCOLAR: DESENVOLVIMENTO DE UMA PESQUISA-AÇÃO BASEADA EM FREIRE E THIOLLENT LUCIANO GONÇALVES TEODORO Professor da rede Municipal de Ensino de Pontal e-mail: [email protected] PROFª. DRª. SONIA MARIA VILLELA BUENO Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP E-mail: [email protected] Introdução: O desafio posto à educação brasileira é a de problematizar, interpretar e buscar saídas às dificuldades de aprendizagem dos alunos tendo em vista a reflexão que precisa ser feita sobre práticas e metodologias adotadas no ambiente escolar. Uma questão a ser considerada é que a escola passou por uma transformação gritante na sua função social e hoje está sem identidade. Se antes era o único local de acesso ao conhecimento produzido historicamente pela humanidade, e o professor o único responsável por essa transmissão, atualmente o conhecimento encontra-se facilmente na internet. Antigamente, o acesso ao conhecimento estava restrito ao horário escolar; hoje, a televisão e a internet nos bombardeiam 24 horas por dia sobre o que acontece pelo mundo, sem contar nos avanços nas diversas áreas do conhecimento. As dificuldades de aprendizagem são uma constante em alguns ambientes escolares, as dificuldades apresentadas pelos alunos em classe refletem dificuldades do ambiente escolar pois, em situações fora desse ambiente, as crianças quando motivadas conseguem ter uma aprendizagem significativa. Queixas comumente relatadas pelos professores exigem o encaminhamento do aluno para especialistas. Agindo assim, acreditamos que nossos professores abrem mão da especificidade docente – do domínio de um corpo de saberes próprios para o exercício da profissão – e se desresponsabilizam pelo processo ensinoaprendizagem, que é algo da prática docente e papel social da instituição denominada escola. Ao incorporar o discurso extra-escola os profissionais da educação aceitam a hegemonia das diversas áreas do conhecimento sobre sua prática, isto é, acreditamos que o professor tenha sua teoria sobre o ensino e isso interage no modo como ele realiza sua prática pedagógica, processo que começa na formação e continua em sua trajetória profissional. Objetivo: Identificar com os professores o significado que eles atribuem para o fracasso escolar, buscando as concepções pedagógicas e as metodologias de ensino comumente utilizadas em sala de aula. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo, de natureza exploratória, uma vez que pretendemos conhecer a dimensão do problema, resgatando o pensamento do professor nesse sentido, procurando problematizar e desenvolver ações que orientem a prática docente em sala de aula. Resultado: A universalização do ensino regular para os alunos em idade escolar já está garantida. A literatura aponta que a democratização do acesso a educação passa pela qualidade do ensino que é ofertado aos nossos alunos; assim como pela garantia de condições de entrada e permanência, para que nossas crianças não tenham desempenho e trajetória escolar insatisfatórios. Alguns estudos apontam três categorias, dentre outras, para justificar o fracasso escolar: a) estrutura organizacional, b) planejamento pedagógico e c) disciplina escolar. Os Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 235 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente três pontos acima apontam o aluno e sua família como responsáveis pelo fracasso de nossas crianças, e isso desresponsabiliza a escola do seu papel de instruí-lo ao mesmo tempo que não compreende o fracasso escolar como sendo multicausal e complexo. A literatura aponta, também, outros aspectos que viraram clichê na boca de nossos professores: o aluno chega à escola com alguma deficiência e sendo portador de baixo capital cultural. Assim sendo, mais do que dar voz aos nossos docentes para que a partir de suas vivências e experiências possamos compreender o fenômeno do fracasso escolar faz-se necessário entender o fracasso como tendo ritmo e momento diverso dos demais alunos que estão no ambiente escolar. Considerações finais: Faz-se necessário discutir a formação do professor para lidar com o fracasso escolar do aluno, pois o fracasso funciona como segregador do aluno frente ao seu grupo de amigos. Pensando nisso, precisamos olhar nosso aluno de maneira holística e não fragmentada, isto é, sair do que falta – que caracteriza a não aprendizagem – para atuarmos no que facilita a aprendizagem desse aluno. A questão posta é que cada aluno aprende a seu tempo e sua maneira, o que requer do professor tempo e preparo para o desenvolvimento de atividades para que o aluno descubra e trabalhe suas potencialidades de forma mais digna, cidadã, solidária e ética. Palavras-chave: fracasso escolar; professor; aluno. Refêrencias: BUENO, S. M. V. Educação Preventiva em sexualidade, DST-AIDS e drogas nas escolas. Ribeirão Preto; 2001. Tese (Livre-docência) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2001. PATTO, M. H. S. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo: T. A. Queiroz, 1993. THIOLLENT, R. P. Metodologia da pesquisa-ação. 3ª ed. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1986. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 236 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 48. ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE EM ESCOLARES Danila Perpétua Moreira, Gislaine Andresa Baltazar, Vivian Libório de Sousa Silva¹, Sonia Maria Villela Bueno² ¹ alunas do 4º ano do Curso de Licenciatura em Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP, Professora Doutora do curso. E-mail: [email protected] Resumo Em “Estágio Supervisionado em Promoção da Saúde em Educação Básica” juntamente com a disciplina “Didática III”, nós alunas de graduação do 4º ano de Licenciatura em Enfermagem estamos desenvolvendo um projeto, que visa a promoção de saúde em escolares, de uma escola da rede pública no município de Ribeirão Preto. O primeiro contato com a escola serviu para o reconhecimento do território em que a escola está inserida, identificação dos sujeitos envolvidos com esta e para desenvolvimento de diagnósticos da atual condição dos alunos frente a sua saúde. Os diagnósticos foram levantados através de conversa com a diretora, coordenadora, educadores e inspetores de alunos; observação das aulas e lazer dos alunos durante os intervalos; e leitura do Projeto Político Pedagógico (PPP). Contudo, os alunos apresentam carência em vários aspectos, pois muitos não possuem família estruturada; apresentam baixa renda familiar; fazem uso abusivo de drogas, ou seus familiares; residem em bairros com altos índices de violência, entre outros. Frente ao nosso levantamento fizemos uma proposta de plano para o seguimento do estágio, com objetivos específicos e temáticas a serem abordadas. A direção avaliou a proposta e demonstrou satisfação. Pudemos perceber o quão era necessário uma intervenção naquele ambiente escolar visto os intensos desvios comportamentais, indisciplina, desrespeito, manifestações de violência verbal e física. Aspectos estes que não propiciam um ambiente favorável a promoção da saúde. Atualmente, fazemos oficinas que abordam as principais temáticas, nas quais, permeiam o cotidiano de um adolescente. Esperamos que ao término seja possível observar o comprometimento social dos alunos através de comportamentos favoráveis ao convívio social e também através de relatos frente às mudanças. Introdução: O período da adolescência compreende várias mudanças, que caracterizam a transição entre a infância e a idade adulta. Ocorrem mudanças hormonais, crescimento físico, competência cognitiva e social, autonomia e auto-estima. Juntamente, surgem as dificuldades. É comum nessa fase as meninas sofrerem distúrbios de imagem devido as mudanças físicas que ocorrem no corpo como o aumento de peso e deposição de gordura no quadril, algumas envergonham-se com o aumento dos seios; já os meninos são magros e muitas vezes desengonçados pelo aumento acelerado dos membros superiores e inferiores em relação ao tronco, sofrem diferenciação de voz. O aumento da produção das glândulas sudoríparas favorecem o surgimento da acne. Há também uma maior probabilidade para o uso de lentes de correção ocular, pelo aumento na freqüência de miopia. Lidar com a explosão hormonal e com a liberdade que antes não tinham faz com que o jovem tende a tomar atitudes imaturas, como indecisão (dado as diferentes escolhas que a vida oferece e ele já é capaz de reconhecer); tendência a discutir ( por querer testar as suas descobertas); sentimento de invulnerabilidade, que o faz acreditar que nada pode acontecer consigo e que os demais não entendem o momento pelo qual está passando. Assim surgem os riscos como a agressividade, Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 237 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente intolerância, bulling, isolamento social, bulimia e anorexia nervosa, gravidez precoce, uso de álcool e drogas, acidentes, e afins. Trabalhar temáticas através de oficinas, ao invés de aulas fará com que o adolescente tenha participação ativa. Sua contribuição ajudará na construção de conhecimentos que favorecerá a si e seus colegas ( COLE, 2004). Objetivo: No geral pretendemos trabalhar a promoção da saúde no contexto da educação básica. A fim de melhorar a qualidade de vida dos alunos partindo da prevenção. Especificamente pretendemos levantar temáticas aos adolescentes sobre as principais mudanças e situações que vivenciam, como: maturidade, sexualidade, violência e uso abusivo de drogas; Trabalhar atividades para que os alunos façam as melhores escolhas para a promoção da saúde; Motivar os professores através da utilização de métodos ativos para que dêem continuidade ao trabalho; Realizar teste de Snellen (acuidade visual), identificar e encaminhar ao serviço de saúde alunos com dificuldades visuais; Verificar as cadernetas de vacinação. Metodologia: Local: Em uma escola de educação básica da rede pública situada no município de Ribeirão Preto. População e amostra: alunos dos 5º,6º, 7º, e 8º anos do ensino fundamental. Estratégias de ensino: através de oficinas, debates, filmes, jogos e dinâmicas adequadas para cada faixa etária abordaremos as temáticas: drogas psicotrópicas; Sexualidade (desenvolvimento sexual, reprodução, diversidade sexual, métodos contraceptivos, DST’s e mitos; Violência doméstica, sexual e verbal; Relacionamento interpessoal e cidadania. Num período de 180 horas divididos em três vezes na semana (quartas, quintas e sextasfeiras), em horário vespertino, no período de agosto a dezembro. Considerações finais: Temos consciência de que não é possível transformá- los em cidadãos modelos, em vista do pouco tempo que trabalharemos com eles. Porém temos como meta que eles criem uma consciência crítica sobre si mesmos e possam futuramente melhorar a realidade em que estão inseridos. Estamos plantando sementes e estas devem ser regadas por todos os que fazem parte do convívio destes jovens, como a família, escola, mídia, igreja, em geral, a sociedade. Palavras-chave: enfermagem; educação básica; saúde. Refêrencias COLE, M. COLE, S.R. O desenvolvimento da criança e do adolescente. 4ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2004. COSTA, R. P. Os onze sexos: as múltipas faces da sexualidade humana. São Paulo: Kondo, 2005. PAPALIA,D.E.; OLDS, S.W.; FELDMAN, R.D. Desenvolvimento humano. 8ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2006. WEREBE, M. J. G. Sexualidade, Política e educação. Campinas: Autores as sociados, 1998. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 238 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Trabalhos na Íntegra Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 239 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente SUMÁRIO - TRABALHOS NA ÍNTEGRA 1. DESCONFORTOS FÍSICOS DECORRENTES DOS TRATAMENTOS PARA O CÂNCER DE MAMA: IMPACTO SOBRE A SEXUALIDADE Vanessa Monteiro Cesnik; Manoel Antônio dos Santos 2. QUAIS OS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A RETOMADA DA VIDA SEXUAL DA MULHER MASTECTOMIZADA? Vanessa Monteiro Cesnik; Manoel Antônio dos Santos 3. TRANSEXUALIDADE E CIRURGIA EXPLORANDO AS QUESTÕES DE SAÚDE Rafael Alves Galli; Manoel Antônio dos Santos DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL: 4. IMPACTO DO DIAGNÓSTICO DE ANOREXIA NERVOSA AO LONGO DA VIDA: RELATO DE CASO DE UMA MULHER COM 23 ANOS DE TRATAMENTO Ana Luisa Carvalho Guimarães; Manoel Antônio dos Santos 5. UNIVERSALIDADE E INSTILAÇÃO DE ESPERANÇA COMO FATORES TERAPÊUTICOS EM UM GRUPO DE APOIO A PACIENTES COM TRANSTORNOS ALIMENTARES Elaine Cristina da Silva Gazignato; Fabio Scorsolini-Comin; Manoel Antônio dos Santos 6. A AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO JUNTO ADOLESCENTES EM UMA PERSPECTIVA INTERNACIONAL Fabio Scorsolini-Comin; Alana Batistuta Manzi de Oliveira; Karin Aparecida Casarini; Roberta Cury de Paula A 7. FLUIR E RENDER: DOS PERCALÇOS DA ESCRITA À ESCRITA DOS PERCALÇOS NO FAZER DO PESQUISADOR Fabio Scorsolini-Comin; Laura Vilela e Souza; Manoel Antônio dos Santos 8. RELAÇÃO ENTRE EXPERIÊNCIAS AFETIVO-SEXUAIS E TRANSTORNOS ALIMENTARES Carolina Leonidas; Ana Luisa Carvalho Guimarães; Manoel Antônio dos Santos 9. HIGIENISMO: REFLEXOS DE UM PROJETO POLÍTICO NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE DA ESCOLA REPUBLICANA Aparecida de Fátima Soane Lomônaco; Rosa Maria de Sousa Martins 10. INCIDÊNCIA DE FATORES TERAPÊUTICOS EM UM GRUPO DE EDUCAÇÃO EM DIABETES MELLITUS Manoel Antônio dos Santos; Naiara Sato Botter; Marília Belfiore Palácio; Camila Rezende Pimentel Ribas; Nunila Ferreira de Oliveira; Marta Maria Coelho Damasceno; Carla Regina de Souza Teixeira; Maria Lúcia Zanetti Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 240 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 11. SIGNIFICADOS DO TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOÉTICAS PARA PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1 Letícia Aparecida da Silva Marques; Érika Arantes Oliveira-Cardoso; Júlio Cesar Voltarelli; Manoel Antônio dos Santos 12. ASSÉDIO MORAL NA ENFERMAGEM: CONSEQUÊNCIAS PSÍQUICAS Sonia Maria Villela Bueno; Munira Penha Domingues; Priscila Penha Domingues 13. A VIOLÊNCIA EM FORMA DE BULLYING NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA Fernando Gomes Silva; Erika do Carmo Bertazone 14. EXPLORANDO ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO AFETIVO-SEXUAL EM TRÊS GERAÇÕES DA FAMÍLIA DE UMA JOVEM COM ANOREXIA NERVOSA Élide Dezoti Valdanha; Manoel Antônio dos Santos 15. A HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM FRENTE À SEXUALIDADE HUMANA Gisele Coscrato; Sonia Maria Villela Bueno 16. O CUIDADO ESPIRITUAL NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: RELAÇÃO POSSÍVEL NA HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE Gisele Coscrato; Sonia Maria Villela Bueno 17. O TEATRO NA FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO Andresa Mercedes Araújo; Sonia Maria Villela Bueno 18. CUIDADO DE ENFERMAGEM À FAMÍLIA DO PACIENTE GRAVE: COMPREENDER PARA TRANSFORMAR Aline Landim Ramos; Nathália Fernanda Brochetto; Janaina Mery Ribeiro; Cássia Tiêmi Nagasawa Ebisui 19. A FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE E DA EDUCAÇÃO PARA AS QUESTÕES DA VIOLÊNCIA SEXUAL E SEUS ASPECTOS LEGAIS Larissa Angélica da Silva Philbert; Sonia Maria Villela Bueno 20. RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE POSSIBILIDADES EDUCATIVAS FRENTE À VIOLÊNCIA ESCOLAR Larissa Angélica da Silva Philbert; Sonia Maria Villela Bueno DE AÇÕES 21. INVESTIGAÇÃO DA FORMAÇÃO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM PARA TEMÁTICA SEXUALIDADE HUMANA Larissa Angélica da Silva Philbert; Sonia Maria Villela Bueno 22. A EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE ATRAVÉS DE UMA FORMAÇÃO ÉTICA E CIDADÃ Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 241 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Larissa Angélica da Silva Philbert; Sabrina Corral-Mulato; Sarah Tarcisia R. F. de Carvalho; Janaina Luiza dos Santos; Sonia Maria Villela Bueno 23. AÇÕES EDUCATIVAS JUNTO A PORTADORES DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: UMA DISCUSSÃO À LUZ DA DIALOGICIDADE Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera; Mariana Paula de Souza 24. VINCULOS FAMILIARES FORTES COMO FATOR DE PROTEÇÃO PARA O USO DE DROGAS ENTRE OS ADOLESCENTES Mayra Martins; Sandra Pillon; Manoel Antonio dos Santos 25. O USO DE DROGAS ENTRE OS ADOLESCENTES INFRATORES Mayra Martins; Sandra Pillon; Manoel Antonio dos Santos 26. A COMPREENSÃO DE ALUNOS E PROFESSORES DE ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE EDUCAÇÃO SEXUAL, SEXUALIDADE E SEXO NA ESCOLA Julieta Seixas Moizés; Sonia Maria Villela Bueno; Manoel dos Santos 27. MENINA, TUDO MUDA QUANDO TE TORNAS MULHER: OS TRANSTORNOS ALIMENTARES E O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO Fernanda de Sousa Vieira; Fernanda Kimie Tavares Mishima; Maria Lucimar Fortes Paiva 28. O PORTADOR DO VIRUS HIV NO ATENDIMENTO PSICOLÓGICO: O SUTIL RECONSTRUIR DE SIGNIFICAÇÕES PARA TERAPEUTA E CLIENTE. Rosaria Fernanda Magrin Saullo; Manoel Antonio dos Santos 29. AGRESSIVIDADE E VIOLÊNCIA PARA O PRIMEIRO ANO DE VIDA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Rosaria F. M. Saullo; Kátia de Souza Amorim 30. A VIVÊNCIA DA MATERNIDADE ADOTIVA Daniel Nogueira Meirelles de Souza; Fernanda Kimie Tavares Mishima; Manoel Antônio dos Santos 31. COMER OU ROUBAR? O DESAMPARO VIVENCIADO POR UMA CRIANÇA OBESA Carolina Mendes Cruz Ferreira; Fernanda Kimie Tavares Mishima; Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos 32. “ONDE ACABO, ONDE VOCÊ COMEÇA?”: A VIVÊNCIA IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA NO CONTATO COM O PACIENTE PSICOTERAPIA Camilla Monti Oliveira; Érika Arantes de Oliveira; Manoel Antônio dos Santos DA EM 33. A “SALA PRECISA”: CONSTRUINDO O ESPAÇO TERAPÊUTICO Camilla Monti Oliveira; Érika Arantes de Oliveira; Manoel Antônio dos Santos Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 242 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 34. OS CONCEITOS TÉORICOS DA PEDAGOGIA PROBLEMATIZADORA DE PAULO FREIRE, DA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE E DA TEORIA DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL COMO BASES ESTRUTURANTES PARA O TRABALHO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE SEXUAL André Estevam Jaques; Sonia Maria Villela Bueno; Amanda Batista Santarosa 35. O SIGNIFICADO DE SER HOMEM NA PERSPECTIVA DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA Vanessa Luzia Queiroz Silva; Sonia Maria Villela Bueno; Olívia Cristina Lopes 36. PESQUISA-AÇÃO SOBRE SEXUALIDADE COM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL. Juliana Cristina de Andrade; Fátima Ap. Coelho Gonini 37. A MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA NO CICLO GRAVÍDICOPUERPERAL: uma revisão de literatura Thais Helena Devitto Meira, Profª. Dra. Juliana Stefanello 38. O OTIMISMO E O USO DE DROGAS NA FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO Marcos Hirata Soares; Margarita Antonia Villar Luís; Clarissa Mendonça Corradi-Webster; Júlia Trevisan Martins; Andréia Gonçalves Pestana Hirata 39. A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO COMO INSTRUMENTO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE Camila Ferreira Gomes; Marília Ferranti Marques Scorzoni; Sonia Maria Villela Bueno 40. O ABANDONO ESCOLAR DOS ADOLESCENTES PERTENCENTES ÀS FAMÍLIAS INCLUÍDAS NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: UMA QUESTÃO DE EDUCAÇÃO E DE SAÚDE Joana Dalva Sabino Vieira Semprini; Sonia Maria Villela Bueno Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 243 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 1. DESCONFORTOS FÍSICOS DECORRENTES DOS TRATAMENTOS PARA O CÂNCER DE MAMA: IMPACTO SOBRE A SEXUALIDADE Vanessa Monteiro Cesnik; Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO O câncer de mama é, provavelmente, o tipo de tumor que mais amedronta as mulheres, tanto por sua alta prevalência, como por seus efeitos psicológicos e físicos (BRASIL, 2009). O momento do diagnóstico é considerado o evento mais estressante de todos os vivenciados pelas mulheres acometidas e seu impacto está relacionado à insegurança e incerteza quanto ao tratamento e seus possíveis efeitos, bem como ao convívio com a falta da mama e as possíveis consequências da mutilação para o relacionamento conjugal (BERTERO; WILMOTH, 2007). Esse impacto está relacionado ainda à insegurança e incerteza quanto ao tratamento e seus possíveis efeitos, bem como ao convívio com a falta da mama e as conseqüências da mutilação para seu relacionamento conjugal (ROSSI; SANTOS, 2003). Sem contar que a confirmação do diagnóstico atualiza, no âmbito do particular, a evolução histórica e social do câncer, lembrando que receber esse diagnóstico até bem pouco tempo atrás equivalia a ser reconhecido publicamente como uma pessoa impura (FERREIRA; ALMEIDA; RASERA, 2008). De acordo com Duarte e Andrade (2003), é na retomada dos relacionamentos sociais, das atividades de lazer, do trabalho e da vida familiar que emergem as preocupações dessas mulheres em relação ao próprio corpo. Nesse momento, sentem-se satisfeitas com o término do tratamento, mas se encontram mental e fisicamente esgotadas pela exposição prolongada aos procedimentos invasivos e dolorosos, e porque percebem que não foi nada fácil lutar pela própria sobrevivência. Freqüentemente, essas mulheres encontram-se fragilizadas e relatam que necessitam agregar um esforço extra para voltarem a funcionar normalmente (SAEGROV; HALDING, 2004). Além dos aspectos sociais, as dimensões físicas da doença também revelam um cenário devastador de uma doença mutiladora, com a conotação adicional de enfermidade suja, que produz secreções, necroses e exala odores desagradáveis. Essas associações favorecem a estigmatização e o afastamento do paciente oncológico do convívio social (RASIA, 2002). A doença também produz alterações importantes na imagem corporal e na autoimagem da mulher, que podem afetar suas vivências da sexualidade e sua satisfação conjugal. Tais mudanças na prática sexual são experienciadas tanto a partir das mudanças físicas provocadas pelo câncer, perda da mama, fadiga, depressão, ressecamento vaginal, levando à dor e desconforto no intercurso sexual quanto em decorrência das alterações físicas como do enfrentamento social da doença (TALHAFERRO; LEMOS; OLIVEIRA, 2007). Até mesmo quando existia uma vida sexual satisfatória na etapa anterior à doença, como notam Talhaferro, Lemos e Oliveira (2007), o estresse emocional, a dor, a fadiga, as grandes mudanças na imagem corporal e a baixa autoestima podem desorganizar o funcionamento sexual do casal. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 244 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Corner (1997) destaca a importância da cultura do câncer construída pelos profissionais de saúde formados de acordo com o modelo biomédico. Normalmente, nota-se uma preocupação maior com as questões subcelulares do câncer do que com as questões gerais (o corpo) da pessoa que vivencia essa enfermidade. Segundo o referido autor, o corpo é imensamente complexo e suas funções vão muito além do biológico. Por essa razão, as ações em saúde seriam mais eficazes se assistissem o ser humano em sua integridade (MUNIZ, 2008). De acordo com o estudo de revisão de Barton-Burke e Gustason (2007), sabe-se empiricamente que existem barreiras para as intervenções que abordem a sexualidade de mulheres com câncer. Essas barreiras decorrem dos pressupostos implícitos sobre sexualidade, tanto por parte do paciente quanto do próprio cuidador. O que ocorre na prática é que o tema da sexualidade acaba sendo marginalizado na assistência e não pode ser discutido com o paciente pelo cuidador, o que sinaliza ao paciente que ele também não pode levantar o tema em questão. As autoras dizem ainda que os pacientes relatam desejo de poder discutir questões sobre sexualidade com o profissional, mas se sentem relutantes em fazê-lo. Conforme propõem Vitiello e Conceição (1993), é dever de todos os profissionais que, de alguma maneira, trabalham a sexualidade e suas disfunções, mostrar a necessidade de que se desenvolva uma visão mais adequada do tema e, principalmente, buscar implantação de uma educação sexual coerente, a fim de que as próximas gerações não padeçam das mesmas frustrações e problemas que as atuais enfrentam. Esses dados evidenciam que a sexualidade e a vida conjugal são dimensões ainda negligenciadas nos cuidados em saúde. Desse modo, justifica-se a proposta do presente estudo, que focaliza o impacto do câncer de mama e do tratamento na retomada da vida social da mulher imediatamente após a mastectomia. O conhecimento gerado pelo exame do impacto físico e emocional desencadeado na mulher afetada pelo câncer de mama pode contribuir com uma melhor formação, sensibilização e instrumentalização dos profissionais da área de saúde em relação ao tema e, assim, promover uma assistência mais qualificada a essas mulheres. OBJETIVO Com base nesses pressupostos, este estudo teve como objetivo investigar os desconfortos físicos relatados por mulheres submetidas à mastectomia e suas repercussões sobre sua sexualidade, a partir da análise da produção científica publicada no período de 2000 a 2009. REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO A revisão integrativa foi escolhida como recurso metodológico porque permite sumarizar estudos realizados anteriormente quanto à temática selecionada, conservando-se os padrões de clareza, rigor e replicação dos estudos primários (GANONG, 1987). A revisão integrativa propõe a discussão dos métodos, fontes, objetivos e resultados, permitindo estabelecer conclusões em relação ao campo de conhecimento demarcado (BROOME, 1993). O processo de elaboração da revisão integrativa pressupõe algumas etapas: seleção de hipóteses ou questões para a revisão; delimitação da questão norteadora; estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão de documentos que constituirão o corpus da pesquisa; delimitação das palavras-chaves; seleção das publicações que irão compor a amostra da revisão; definição das características das pesquisas primárias; análise dos dados; interpretação Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 245 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente dos resultados e relato da revisão, proporcionando um exame crítico dos achados (GANONG, 1987). METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa retrospectiva, descritiva e documental, que se utilizou de uma revisão integram da literatura. Este estudo teve como recorte temporal o período entre 2000 e 2009. A questão norteadora foi: De que modo os desconfortos físicos decorrentes do câncer de mama têm interferência na sexualidade da mulher mastectomizada? Visando assegurar uma abrangência desta revisão, foram consultadas as seguintes bases de dados: MedLine, LILACS e PsycINFO. O MedLine é uma base de dados internacional da área médica e biomédica, produzida pela NLM (National Library of Medicine) e que contém referências bibliográficas e resumos de mais de 5.000 títulos de revistas publicadas nos Estados Unidos e em outros 70 países. Contém referências de artigos publicados desde 1966 até o momento, que cobrem as áreas de: medicina, biomedicina, enfermagem, odontologia, veterinária e ciências afins. O LILACS é uma base de dados cooperativa da Rede BVS, que compreende a literatura relativa às ciências da saúde, publicada nos países da América Latina e Caribe, a partir de 1982. Atinge mais de 400.000 mil registros e contém artigos de cerca de 1.300 revistas conceituadas da área da saúde, das quais aproximadamente 730 continuam sendo atualmente indexadas; também abarca outros documentos, tais como: teses, capítulos de teses, livros, capítulos de livros, anais de congressos ou conferências, relatórios técnico-científicos e publicações governamentais. Por fim, o PsycINFO é uma base de dados que abrange artigos com temas relacionados à psicologia, educação, psiquiatria e ciências sociais. Dispõe de publicações veiculadas em periódicos internacionais e contêm aproximadamente 1.500.000 registros. Desse modo, selecionou-se para o presente estudo uma base de dados internacional, que é considerado referência na literatura em saúde (MedLine), uma base que inclui os trabalhos publicados na América Latina e do Caribe (LILACS) e uma base, também internacional, que engloba trabalhos específicos da área da Psicologia (PsycINFO). Para alcançar o objetivo proposto, foram seguidos os seguintes passos metodológicos para empreender a revisão da literatura: a) realização de um levantamento sistematizado das publicações nacionais e internacionais sobre sexualidade e mastectomia; b) definições das variáveis a serem investigadas: identificação dos autores, tipo de pesquisas, ano de publicação, periódicos nos quais foram veiculados os estudos, origem dos artigos, idioma em que foram redigidos, objetivos e resultados obtidos; c) análise descritiva dos resultados dos estudos e avaliação crítica das contribuições oferecidas para a produção de conhecimento sobre a temática. A coleta de dados foi realizada no período de abril a maio de 2010. Foram extraídos dos periódicos selecionados 29 artigos sobre a temática, os quais configuraram a amostra deste estudo. Foram pesquisados os artigos indexados com as seguintes palavras-chave: “mastectomy”, "breast neoplasms", “sexuality”, “sexual behavior”, “amputation”, "psychossexual development", "marital relations". Estes descritores foram escolhidos de acordo com o DECS - Descritores em Ciências da Saúde (as quatro primeiras palavraschave) e Terminologia Psi (as três últimas mencionadas). Nesta pesquisa bibliográfica foram considerados como critérios de inclusão para busca dos artigos os seguintes parâmetros: 1) artigos sobre câncer de mama feminino; 2) artigos escritos na língua inglesa, portuguesa ou espanhola; 3) publicados entre 2000 e 2009; 4) que apresentam resultados empíricos; 5) que disponibilizam o resumo nas bases de dados; 6) Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 246 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente publicados em periódicos disponibilizados na íntegra por meio do sistema SIBI da Universidade de São Paulo, uma rede de serviços que inclui um catálogo on line que franqueia o acesso às bases de dados e conteúdos dos periódicos indexados; 7) publicações que abordavam a mastectomia como tratamento para o câncer de mama e suas repercussões sobre a sexualidade das mulheres acometidas; e 8) que abordavam esses assuntos sob a perspectiva da mulher mastectomizada e não segundo a percepção de outras pessoas em relação a elas. Como critério de exclusão, estabeleceram-se os seguintes limites: 1) apresentação sob formato de dissertação, tese, capítulo de livro, livro, editorial, resenha, comentário ou crítica; 2) artigos sobre mastectomia profilática; 3) artigos oriundos de estudos de revisão da literatura; 4) relatos de pesquisa com mulheres que tiveram recorrência do câncer de mama ou metástase; 5) estudos realizados somente com mulheres que fizeram cirurgia de reconstrução da mama. Após a leitura dos resumos, empreendeu-se a recuperação dos artigos selecionados, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Esses artigos na íntegra compuseram o corpus da pesquisa. Após a leitura dos artigos procedeu-se à extração dos dados de interesse para a revisão. As informações foram registradas em um formulário de identificação, preparado previamente e preenchido para cada artigo da amostra, o que permitiu a sistematização dos dados. Estes foram, posteriormente, organizados em uma pasta e catalogados em ordem numérica crescente por ano de publicação. Após leituras exaustivas, os achados das publicações foram submetidos à análise de conteúdo temática. Os dados foram organizados segundo os conteúdos que emergiram no corpus investigado e analisados por meio de estatística descritiva (freqüências absolutas e porcentagens). RESULTADOS A amostra final foi composta por artigos indexados nas três bases de dados selecionadas e que preencheram os critérios de inclusão utilizados para a busca bibliográfica. Dos 224 estudos listados, 43 satisfizeram esses critérios. Descartando-se os artigos repetidos em mais de uma base indexadora, 29 artigos foram selecionados conforme os critérios preestabelecidos e, assim, constituíram o corpus deste estudo. Perfazendo 31% dos estudos, aparecem os temas relacionados aos desconfortos físicos (falta de lubrificação vaginal, dor, fadiga, ondas de calor) decorrentes do tratamento para o câncer de mama e da menopausa precoce induzida pelo tratamento. Os desconfortos físicos foram, geralmente, mencionados como justificativas para diminuição do desejo e da frequência das relações sexuais (FATONE et al., 2007, GANZ et al., 2004, MING, 2002, SPEER et al., 2005, TAKAHASHI; KAI, 2005, TALHAFERRO et al., 2007). Em estudo realizado por Ganz et al. (2004) com 558 mulheres entrevistadas, 23,4% referiram moderada a grave falta de interesse sexual, com maior freqüência entre as mulheres nos dois grupos de quimioterapia (mastectomia e lumpectomia). Problemas de lubrificação vaginal foram mais graves entre as mulheres que receberam quimioterapia do que entre aquelas que não fizeram tal tratamento. Aproximadamente 50% das mulheres que receberam quimioterapia relataram que o câncer de mama teve um efeito negativo sobre sua vida sexual, diferença estatisticamente significativa em relação aos 18-25% das mulheres que não receberam quimioterapia. Os sintomas físicos foram uma preocupação crucial das mulheres investigadas no estudo de Fatone et al. (2007), com queixas específicas que incluíram dor nas articulações, dificuldade em dormir, ondas de calor e diminuição do desejo sexual, sintomas sugestivos de fatores relacionados à menopausa. Diminuição do desejo sexual foi notada por 50% das Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 247 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente entrevistadas. Um declínio da atividade sexual era freqüentemente mencionado, mas não foi considerado como particularmente problemático. Muitas mulheres relataram falta de interesse sexual devido ao impacto psicológico de se descobrirem com câncer. Complicações físicas, tais como fadiga geral e demora na cura da ferida operatória, foram outros motivos apontados para que as mulheres resistissem à retomada das relações sexuais. O estresse físico foi o principal motivo para a diminuição da excitação sexual (TAKAHASHI; KAI, 2005). No estudo realizado por Gorisek, Krajnc, e Krajnc (2009), as mulheres submetidas à mastectomia relataram maiores escores de dificuldade com lubrificação vaginal do que as mulheres submetidas à cirurgia conservadora. Alicikus et al. (2009) observaram que, considerando os diversos tratamentos para câncer de mama, 24% das mulheres entrevistadas relataram que sentiam dor durante as relações sexuais, apesar de um percentual maior (37%) experenciarem secura vaginal. No estudo de Speer et al. (2005), no qual foram comparadas mulheres com câncer de mama, mulheres com disfunção sexual e mulheres “normais”, as com câncer de mama apresentaram escores significativamente piores em todas as áreas do funcionamento sexual (desejo, excitação, lubrificação, orgasmo, satisfação e dor) em comparação com o grupo controle normal, mas melhor funcionamento do que o apresentado pelas mulheres com disfunção sexual em todas as áreas, exceto desejo sexual e dor. Depressão e reverência a regras tradicionais foram os mais importantes determinantes do menor desejo sexual. As mulheres mais velhas foram significativamente mais afetadas em relação à lubrificação vaginal e dor. Mesmo quando existe uma intensa e satisfatória vida sexual antes da doença, a combinação de estresse emocional, dor, fadiga, insulto à imagem corporal e baixa autoestima, decorrentes do diagnóstico e do tratamento para o câncer de mama, podem desorganizar o funcionamento sexual do casal. Alguns relatos mostram claramente essa mudança, enquanto outros evidenciam que a mastectomia não provocou alteração na vida sexual das mulheres (TALHAFERRO et al., 2007). CONSIDERAÇÕES FINAIS A interferência da mastectomia sobre a sexualidade feminina ficou evidenciada pela estreita relação entre desconfortos físicos e dificuldades de retomada das atividades sexuais após a cirurgia de retirada da mama. Estas considerações mostram a importância de que, em estudos futuros, seja levada em consideração as vivências da sexualidade ao se analisar a adaptação e ajustamento psicossocial das mulheres. Também são necessários estudos de cunho qualitativo, de forma a buscar individualizar as experiências das mulheres, de modo a oferecer contribuições para que o cuidado possa ser integral. Como o foco da preocupação deste estudo recai na melhora do cuidado às mulheres acometidas pelo câncer de mama, especialmente na área da sexualidade, é muito importante que novas investigações sejam realizadas para que a maior abrangência dos achados produza uma melhor integração das ações de cuidado. Além disso, vale ressaltar que, segundo Avis et al. (2004), quanto maior o tempo de cirurgia, menos problemas com interesse sexual são encontrados, o que revela a necessidade de estudos que investiguem mulheres com pouco tempo de diagnóstico e/ou cirurgia até o final do tratamento primário do câncer de mama. Os achados indicam a necessidade de incorporar aos cuidados estratégias de orientação e aconselhamento que levem em consideração a dimensão da sexualidade da mulher mastectomizada. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 248 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Os objetivos propostos pelo presente estudo foi, de um modo geral, alcançado, e os resultados destacados contribuíram para apontar limitações e implicações para a prática do cuidado. Estudos de revisão sistemática da literatura são relevantes para respaldar práticas e ações de saúde baseadas em evidências científicas. Atualmente, a assistência oncológica é fundamentada nos princípios da multidisciplinaridade e vem incorporando outros profissionais de saúde, como psicólogo, enfermeiro, assistente social, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional. Aprender a trabalhar em equipe adquire uma importância crescente na área da saúde, aumentando a predisposição para investir no aperfeiçoamento de estratégias de cuidado em saúde que incluam o acolhimento de aspectos que transcendem as dimensões estritamente técnicas. Um outro passo fundamental é incorporar nas ações de saúde o conhecimento produzido pelos estudos recentes em políticas públicas de saúde. Este talvez seja o maior desafio na atualidade. REFÊRENCIAS ALICIKUS, Z. A. et al. Psychosexual and body image aspects of quality of life in turkish breast cancer patients: a comparison of breast conserving treatment and mastectomy. Tumori, v.95, n.2, p. 212-218, 2009. BARTON-BURKE, M., GUSTASON, C. J. Sexuality in women with cancer. Nursing Clinics of North America, v.42, n.4, p.531-554, 2007. BERTERÖ, C.; WILMOTH M. C. Breast cancer diagnosis and its treatment affecting the self: A meta-synthesis. Cancer Nursing, v.30, n.3, p.194-202, 2007. 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Por esta razão, a doença afeta não somente a mulher, mas também introduz modificações no funcionamento familiar e conjugal, devido às suas repercussões sobre os familiares, em particular o cônjuge (BERVIANE; GIRARDONPERLINI, 2006). Apesar de a sobrevivência ser a meta principal do tratamento, não se pode desviar o olhar dos aspectos subjetivos e relacionais, que são profundamente associados ao estado de bem-estar físico, psíquico, social, existencial e espiritual que compõe a qualidade de vida total da paciente (AMBRÓSIO; SANTOS, 2007). A sobrevivência é constituída de diferentes fases, cada uma delas com suas demandas específicas, que afetam a adaptação psicossocial de maneira diferente. Entretanto, a maioria dos estudos disponíveis na área da psico-oncologia se refere às fases do diagnóstico e do tratamento, com poucos estudos destinados a investigar a situação psicossocial das pacientes no período pós-tratamento (SILVA; SANTOS, 2008). Questões como o impacto sobre a auto-estima da mulher, o relacionamento conjugal e a retomada da vida sexual configuram temas de pesquisa que solicitam maior atenção. No período imediatamente após a realização da mastectomia, observa-se uma retomada progressiva das atividades que organizam o cotidiano, momentaneamente alterado pela doença e seu tratamento, mas é no momento pós-tratamento que aparecem as repercussões no plano afetivo-sexual, bem como as dificuldades de adaptação à nova situação de vida, com enfrentamento das limitações físicas e restrições sociais (ROSSI; SANTOS, 2003). Em decorrência dessas contingências, algumas mulheres mastectomizadas podem se sentir sexualmente repulsivas, a ponto de chegarem a evitar o contato sexual com seus parceiros (ARÁN et al., 1994). Das queixas mais frequentes observadas destacam-se: o medo de não ser mais atraente sexualmente e a sensação de diminuição da feminilidade. Estudos que focalizem os fatores que interferem tanto positivaquanto negativamente na vida sexual da mulher após a mastectomia podem fornecer subsídios para o planejamento de intervenções do profissional de psicologia e demais profissionais de saúde. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a atividade sexual de boa qualidade ou felicidade sexual é condição básica na promoção da saúde humana. A ausência do prazer sexual pode desencadear problemas como depressão, alteração de humor, insônia, entre outros sintomas indicativos de sofrimento psicológico (WHO, 1986). Cabe aos profissionais de saúde tentar clarificar as questões que as mulheres têm nos mais variados atendimentos, já que as dificuldades em viver a sexualidade são mais comuns do que se pode imaginar. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 251 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Entretanto, a falta de abertura na asistencia, impossibilita que se forme um vínculo entre cliente e profissional, o que torna difícil a verbalização do problema (GOZZO et al., 2000). Conforme propõem Vitiello e Conceição (1993), é dever de todos os profissionais, que de alguma maneira trabalham a sexualidade e seus distúrbios, mostrar a necessidade de que se desenvolva uma visão mais adequada do tema e, principalmente, buscar uma implantação de uma educação sexual coerente, a fim de que as próximas gerações não padeçam das mesmas frustrações e dos problemas que atualmente enfrentamos. O profissional de saúde comumente encontra barreiras e dificuldades para implementar ações educativas em sexualidade. A literatura aponta lacunas na formação profissional como um dos determinantes dessa dificuldade. Há uma invisibilidade da sexualidade no currículo acadêmico. Sabe-se que o aluno de graduação em Enfermagem tem noções incorretas sobre sexualidade (GIR; NOGUEIRA; PELÁ, 2000). A obtenção de conhecimentos sobre essa temática contribui para a minimização de posturas indevidas e inadequadas quando se depara com tal assunto, quer na educação sexual, quer na detecção de alterações ou na prevenção de problemas. Para isso, as instituições formadoras precisam comprometer-se a capacitar o aluno nesta temática. Isto é válido não só para os alunos de Enfermagem, como também os alunos de Psicologia, Medicina, Fisioterapia e outros cursos da área da saúde. Esses dados evidenciam que a sexualidade e a vida conjugal são dimensões ainda negligenciadas nos cuidados em saúde. Desse modo, justifica-se a proposta do presente estudo, que focaliza o impacto do câncer de mama e do tratamento na retomada da vida social da mulher imediatamente após a mastectomia. O conhecimento gerado pelo exame do impacto físico e emocional desencadeado na mulher afetada pelo câncer de mama pode contribuir com uma melhor formação, sensibilização e instrumentalização dos profissionais da área de saúde em relação ao tema e, assim, promover uma assistência mais qualificada a essas mulheres. OBJETIVOS Este estudo teve como objetivo investigar os fatores que ajudam a mulher mastectomizada na retomada da sua vida sexual, a partir da análise da produção científica publicada no período de 2000 a 2009. REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO A revisão integrativa foi escolhida como recurso metodológico porque permite sumarizar estudos realizados anteriormente quanto à temática selecionada, conservando-se os padrões de clareza, rigor e replicação dos estudos primários (GANONG, 1987). A revisão integrativa propõe a discussão dos métodos, fontes, objetivos e resultados, permitindo estabelecer conclusões em relação ao campo de conhecimento demarcado (BROOME, 1993). O processo de elaboração da revisão integrativa pressupõe algumas etapas: seleção de hipóteses ou questões para a revisão; delimitação da questão norteadora; estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão de documentos que constituirão o corpus da pesquisa; delimitação das palavras-chaves; seleção das publicações que irão compor a amostra da revisão; definição das características das pesquisas primárias; análise dos dados; interpretação dos resultados e relato da revisão, proporcionando um exame crítico dos achados (GANONG, 1987). METODOLOGIA Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 252 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Trata-se de uma pesquisa retrospectiva, descritiva e documental, que se utilizou de uma revisão integrativa da literatura. Este estudo teve como recorte temporal o período entre 2000 e 2009. A questão norteadora foi: Que fatores são relatados pelas mulheres com câncer de mama como aqueles que auxiliaram na retomada da vida sexual após a mastectomia? Visando assegurar uma abrangência desta revisão, foram consultadas as seguintes bases de dados: MedLine, LILACS e PsycINFO. O MedLine é uma base de dados internacional da área médica e biomédica, produzida pela NLM (National Library of Medicine) e que contém referências bibliográficas e resumos de mais de 5.000 títulos de revistas publicadas nos Estados Unidos e em outros 70 países. Contém referências de artigos publicados desde 1966 até o momento, que cobrem as áreas de: medicina, biomedicina, enfermagem, odontologia, veterinária e ciências afins. O LILACS é uma base de dados cooperativa da Rede BVS, que compreende a literatura relativa às ciências da saúde, publicada nos países da América Latina e Caribe, a partir de 1982. Atinge mais de 400.000 mil registros e contém artigos de cerca de 1.300 revistas conceituadas da área da saúde, das quais aproximadamente 730 continuam sendo atualmente indexadas; também abarca outros documentos, tais como: teses, capítulos de teses, livros, capítulos de livros, anais de congressos ou conferências, relatórios técnico-científicos e publicações governamentais. Por fim, o PsycINFO é uma base de dados que abrange artigos com temas relacionados à psicologia, educação, psiquiatria e ciências sociais. Dispõe de publicações veiculadas em periódicos internacionais e contêm aproximadamente 1.500.000 registros. Desse modo, selecionou-se para o presente estudo uma base de dados internacional, que é considerado referência na literatura em saúde (MedLine), uma base que inclui os trabalhos publicados na América Latina e do Caribe (LILACS) e uma base, também internacional, que engloba trabalhos específicos da área da Psicologia (PsycINFO). Para alcançar o objetivo proposto, foram seguidos os seguintes passos metodológicos para empreender a revisão da literatura: a) realização de um levantamento sistematizado das publicações nacionais e internacionais sobre sexualidade e mastectomia; b) definições das variáveis a serem investigadas: identificação dos autores, tipo de pesquisas, ano de publicação, periódicos nos quais foram veiculados os estudos, origem dos artigos, idioma em que foram redigidos, objetivos e resultados obtidos; c) análise descritiva dos resultados dos estudos e avaliação crítica das contribuições oferecidas para a produção de conhecimento sobre a temática. A revisão integrativa foi escolhida como recurso metodológico porque permite sumarizar estudos realizados anteriormente quanto à temática selecionada, conservando-se os padrões de clareza, rigor e replicação dos estudos primários (GANONG, 1987). A revisão integrativa propõe a discussão dos métodos, fontes, objetivos e resultados, permitindo estabelecer conclusões em relação ao campo de conhecimento demarcado (BROOME, 1993). A coleta de dados foi realizada no período de abril a maio de 2010. Foram extraídos dos periódicos selecionados 29 artigos sobre a temática, os quais configuraram a amostra deste estudo. Foram pesquisados os artigos indexados com as seguintes palavras-chave: “mastectomy”, "breast neoplasms", “sexuality”, “sexual behavior”, “amputation”, "psychossexual development", "marital relations". Estes descritores foram escolhidos de acordo com o DECS - Descritores em Ciências da Saúde (as quatro primeiras palavraschave) e Terminologia Psi (as três últimas mencionadas). Nesta pesquisa bibliográfica foram considerados como critérios de inclusão para busca dos artigos os seguintes parâmetros: 1) artigos sobre câncer de mama feminino; 2) artigos escritos na língua inglesa, portuguesa ou espanhola; 3) publicados entre 2000 e 2009; 4) que Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 253 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente apresentam resultados empíricos; 5) que disponibilizam o resumo nas bases de dados; 6) publicados em periódicos disponibilizados na íntegra por meio do sistema SIBI da Universidade de São Paulo, uma rede de serviços que inclui um catálogo on line que franqueia o acesso às bases de dados e conteúdos dos periódicos indexados; 7) publicações que abordavam a mastectomia como tratamento para o câncer de mama e suas repercussões sobre a sexualidade das mulheres acometidas; e 8) que abordavam esses assuntos sob a perspectiva da mulher mastectomizada e não segundo a percepção de outras pessoas em relação a elas. Como critério de exclusão, estabeleceram-se os seguintes limites: 1) apresentação sob formato de dissertação, tese, capítulo de livro, livro, editorial, resenha, comentário ou crítica; 2) artigos sobre mastectomia profilática; 3) artigos oriundos de estudos de revisão da literatura; 4) relatos de pesquisa com mulheres que tiveram recorrência do câncer de mama ou metástase; 5) estudos realizados somente com mulheres que fizeram cirurgia de reconstrução da mama. Após a leitura dos resumos, empreendeu-se a recuperação dos artigos selecionados, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Esses artigos na íntegra compuseram o corpus da pesquisa. Após a leitura dos artigos procedeu-se à extração dos dados de interesse para a revisão. As informações foram registradas em um formulário de identificação, preparado previamente e preenchido para cada artigo da amostra, o que permitiu a sistematização dos dados. Estes foram, posteriormente, organizados em uma pasta e catalogados em ordem numérica crescente por ano de publicação. Após leituras exaustivas, os achados das publicações foram submetidos à análise de conteúdo temática. Os dados foram organizados segundo os conteúdos que emergiram no corpus investigado e analisados por meio de estatística descritiva (freqüências absolutas e porcentagens). RESULTADOS Apenas cinco artigos (17%) focalizaram as dimensões afetivas da sexualidade, consideradas, na maioria das vezes, como recursos que ajudam no ajustamento após o câncer de mama. Fatone et al. (2007) sustentam que o afeto e a intimidade são dimensões que sofrem alterações após a cirurgia, porém Duarte e Andrade (2003), Huguet et al. (2009), Souto e Souza (2004) e Wimberly et al. (2005) observaram que a vivência das dimensões afetivas da sexualidade (formas de sedução, troca de carícias, cumplicidade, toque e outras) auxiliam na experiência da sexualidade após a cirurgia. Explorar o significado da vida sexual para a mulher (e para seu parceiro) antes da cirurgia foi considerado como fator relevante para a investigação da vivência da sexualidade após a cirurgia por cinco artigos (17%). Na investigação de Kagawa-Singer e Wellisch (2003) foi considerada uma limitação do estudo o fato de não ter sido investigada a história sexual antes do diagnóstico de câncer de mama ou cirurgia, já que está demonstrado que o funcionamento sexual pobre anterior à doença pode ser agravado ainda mais pela cirurgia de câncer de mama. Em concordância com esteachado, Alicikus et al. (2009) observaram em seu estudo que 44% das pacientes com problemas na vida sexual já os manifestavam antes da cirurgia. A melhora da vida sexual e da percepção dessa dimensão da vida com um campo fértil de novas possibilidades apareceram em apenas dois (7%) dos artigos selecionados. Duarte e Andrade (2003) observaram que, para algumas entrevistadas, as mudanças provocadas pela doença foram positivas, pois fizeram com que valorizassem ainda mais suas vidas e potencializassem novos modos de expressar a própria sexualidade. Em concordância com esse Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 254 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente achado, apesar dos problemas vivenciados com a retirada da mama, algumas mulheres relataram que sua vida sexual havia melhorado (AVIS; CRAWFORD; MANUEL, 2004). Para finalizar, este estudo de revisão localizou apenas um artigo (3% da amostra) que considerou a qualidade da primeira experiência sexual após a cirurgia como importante dimensão na vivência da sexualidade da mulher mastectomizada. Considerando que o tempo todo há ressignificação do papel da sexualidade na vida das pessoas, e que isso ocorre em maior escala diante dos grandes acontecimentos da vida, tal como o diagnóstico de câncer de mama, a qualidade da primeira experiência sexual estaria possivelmente relacionada com a forma como a sexualidade é ressignificada na vida da mulher. Dessa maneira, a investigação dessa dimensão poderia trazer informações valiosas para a compreensão do processo de ajustamento do casal e da vivência da sexualidade após o tratamento para o câncer de mama. A maioria dos artigos selecionados reportou as dificuldades das mulheres na vivência da sexualidade após a cirurgia de câncer de mama. Todavia, alguns estudos também aportaram informação de fatores que ajudaram a mulher a enfrentar os desafios inerentes a esse período. Tanto no estudo realizado por Duarte e Andrade (2003), quanto na investigação de Souto e Souza (2004), a dimensão afetiva da sexualidade, tal como formas de sedução, troca de carícias, cumplicidade, toque, sentimentos amorosos, apoio e preocupação demonstrados pelos parceiros, foi considerada como ponto positivo de suas vivências da sexualidade. De acordo com Wimberly et al. (2005), quanto mais as mulheres perceberam seus parceiros emocionalmente envolvidos na relação, melhor foi a primeira a experiência sexual pós-cirurgia. Quanto mais elas perceberam seus parceiros tomarem a iniciativa das relações sexuais, mais satisfeitas estavam com o casamento. Como foi observado por Huguet et al. (2009), o apoio dos companheiros parece ter um peso importante na sexualidade da mulher. Especificamente em relação à sexualidade, exercêla de forma plena e sentir-se atraente parece ser mais importante do que o desejo sexual do parceiro e mesmo do que a sua própria aparência física. Para a grande maioria das pacientes, o desejo de alcançar a intimidade é a força motriz do ciclo de resposta sexual da mulher, que começa na necessidade básica de intimidade e inclui mutualismo, respeito e comunicação. Se há envolvimento emocional positivo e interação física, a intimidade é alcançada e o ciclo se fortalece. A importância com que se reveste o relacionamento sexual para cada casal antes da cirurgia também foi um dos fatores que influenciaram quão logo o par conjugal retomou a atividade sexual após a cirurgia. Casais que consideravam o vínculo sexual como muito importante em relação às suas relações globais tiveram uma tendência para retomar a vida sexual logo após a cirurgia, enquanto que aqueles que não davam muita importância à atividade sexual não se apressaram para retomar as relações (TAKAHASHI; KAI, 2005, TAKAHASHI et al., 2008). Complementando os fatores que auxiliaram na vivência da vida sexual após o tratamento de câncer de mama, Takahashi et al. (2008) indicam, em seu estudo, que a boa comunicação entre o casal é de crucial importância para a satisfação na vida sexual como um todo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Dentre os fatores que facilitaram a retomada da vida sexual pós-mastectomia destacaram-se a postura compreensiva e acolhedora do companheiro e sua manifestação de interesse e iniciativa no envolvimento sexual. A dimensão afetiva da vida sexual foi valorada positivamente pelas mulheres, o que denota a importância atribuída à troca de carícias e ao Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 255 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente clima de cumplicidade afetiva, que vai além da expressão genital da resposta sexual. Depreende-se desses achados a importância da inclusão do parceiro sexual no processo de reabilitação da mulher mastectomizada, com orientações e aconselhamentos tanto para ele como para a mulher mastectomizada. O objetivo proposto pelo presente estudo foi alcançado e os resultados destacados contribuíram para lançar um olhar crítico e reflexivo sobre o acervo de conhecimentos produzidos recentemente, bem como para apontar limitações e potencialidades que têm implicações para a prática do cuidado na área oncológica. Estudos de revisão sistemática da literatura são relevantes para respaldar práticas e ações de saúde baseadas em evidências científicas. Atualmente, a assistência oncológica é fundamentada nos princípios da multidisciplinaridade e vem incorporando várias categorias de profissionais de saúde, como psicólogo, enfermeiro, assistente social, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional. Aprender a trabalhar em equipe adquire uma importância crescente na área da saúde, o que aumenta a predisposição para investir no aperfeiçoamento de estratégias de cuidado em saúde que incluam o acolhimento de aspectos que transcendem as dimensões estritamente físicas. Oferecer escuta às dimensões subjetivas, tais como a vivência da sexualidade após a mastectomia e a qualidade do relacionamento afetivo-sexual da mulher durante e após o tratamento para o câncer de mama, são demandas urgentes para que se possa obter uma otimização dos recursos empregados no processo de reabilitação psicossocial. REFÊRENCIAS ALICIKUS, Z. A. et al. Psychosexual and body image aspects of quality of life in turkish breast cancer patients: a comparison of breast conserving treatment and mastectomy. Tumori, v.95, n.2, p. 212-218, 2009. AMBRÓSIO, A. C. M.; SANTOS, M. A. Vivências de familiares de mulheres acometidas pelo câncer de mama: Uma compreensão fenomenológica. 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TRANSEXUALIDADE E CIRURGIA DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL: EXPLORANDO AS QUESTÕES DE SAÚDE Rafael Alves Galli Faculdade de Filosofia,Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP-USP E-mail: [email protected] Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP-USP E-mail: [email protected] Introdução Uma das questões mais antigas da Humanidade e objeto de inúmeras pesquisas é a sexualidade humana. Dentre seus inúmeros componentes, a transexualidade o aquele que é tido como uma de suas facetas mais complexas e menos compreendidas24. O/A transexual é um indivíduo que, anatomicamente, pertence a um sexo, mas acredita pertencer ao sexo oposto, sem que isso seja encarado como um “desejo”, mas como uma evidência: a pessoa é do sexo oposto (Alcântara, 2002; Ceccarelli, 2003). Algumas definições acerca do que é o/a transexual incluem, ainda, a questão da cirurgia de redesignação sexual, mais popularmente conhecida como cirurgia de “mudança de sexo”, como um desejo inerente a todos/as os/as transexuias (Benjamin, 1966). Do ponto de vista histórico, os precursores da cirurgia surgiram já na Roma antiga, durante a época dos grandes imperadores. Nero, após matar sua esposa, foi tomado de remorso e procurou por alguém semelhante. Encontrou essa semelhança em um escravo, o qual foi transformado em mulher pelos cirurgiões do imperador, para que eles se casassem. Heliogábalo, por sua vez, casou-se com um escravo e oferecia metade do seu reino para o médico que lhe desse uma genitália feminina (Saadeh, 2004). Contudo, nessa época, a cirurgia consistia apenas na retirada dos genitais masculinos. A construção de uma genitália feminina, conhecida nesses casos como neovagina, só ocorreu na década 1920. Em 1921, Feliz Abraham realizou a primeira cirurgia documentada em Rudolf e, alguns anos depois, em Einar Wegener. Robert Cowuell, aviador da Segunda Guerra Mundial, tornou-se Roberta Cowuell, em mais uma cirurgia bem-sucedida (Arán, 2006). Essas primeiras cirurgias, no entanto, tinham como técnica a retirada da genitália masculina e, em um momento posterior, a construção da genitália feminina por meio de enxertos retirados das coxas ou nádegas, o que acabava por comprometer a sensibilidade da nova genitália (Hage, Karim e Laub, 2007). Além disso, tais procedimentos nunca foram amplamente divulgados. Isso só aconteceu em 1952, com o caso de George Jorgensen, que após ser operado – retirada do pênis, mas sem construção da vagina – pelo Dr. Christian Hamburger tornou-se Christine Jorgensen e veio a público com sua história (Saadeh, 2004). Foi somente em 1956 que o então ginecologista Dr. Georges Burou desenvolveu a técnica utilizada como base até os dias de hoje para a realização dessa cirurgia. A técnica criada por Burou foi nomeada de “inversão peniana” e consistia na utilização do material retirado do pênis para a construção da neovagina, conseguindo-se, assim, uma maior preservação da sensibilidade da nova genitália (Hage, Karim e Laub, 2007). No Brasil, a primeira cirurgia foi realizada no ano de 1971 pelo cirurgião plástico Dr. Roberto Farina. Apesar da cirurgia ter sido um sucesso, ela rendeu ao médico dois processos, sendo um no 24 Será empregado o termo transexualidade ao invés de transexualismo, posto que uns dos objetivos deste trabalho é desconstruir a idéia de que os transexuais são doentes, noção que permanece com a terminação “ismo”, que remete à idéia de patologia ou perversão sexual (Bento, 2006) Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 258 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Conselho Federal de Medicina e o outro criminal, pois a cirurgia foi considerada como mutilação, o que infringe o Código Penal e o Código de Ética Médico. Farina foi condenado nos dois casos, mas após um tempo conseguiu retornar às suas atividades profissionais (Saadeh, 2004). Após esse incidente, alguns hospitais no Brasil começaram a realizar a cirurgia de redesignação sexual, mas não antes de haver uma mudança na legislação médica. Em 1997, o Conselho Federal de Medicina regulamentou, por intermédio de uma Resolução, a prática da cirurgia de redesignação, restringindo-a a hospitais universitários ou públicos adequados à pesquisa (Vieira, 2000). Essa resolução definia que a cirurgia de redesignação tem uma “intenção de beneficência” como motivo essencial, baseando-se em dois princípios: o primeiro, terapêutico, buscava a integração corpo e mente; já o segundo referia-se ao princípio de autonomia e justiça (Arán, Murta e Lionço, 2009). Em 2002, nova diretriz foi estabelecida por meio da Resolução 1652, que revogou a Resolução anterior, e que autoriza os médicos a realizarem o tratamento cirúrgico após um período de dois anos, no qual o paciente conta com acompanhamento de médico psiquiatra, cirurgião, psicólogo, endocrinologista e assistente social (Assis, 2004). Nessa nova Resolução também fica resolvido que as cirurgias em transexuais femininas25 podem ser realizadas fora do âmbito de pesquisa e em qualquer hospital, seja ele público ou privado. Entretanto, no caso de transexuais masculinos (female to male), a cirurgia ainda é restrita a hospitais-escola e ao caráter estrito de pesquisa (Arán et al., 2009). Mais recentemente, em 2008, houve um avanço na questão legal da cirurgia com uma portaria do Ministério da Saúde (portaria nº 1707) e outra, da Secretária de Atenção à Saúde (portaria nº 457), que instituem, respectivamente, o processo transexualizador no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e os regulamentos de tal processo (Brasil, 2008). Tais regulamentos incluem acesso universal ao tratamento livre de discriminação, atenção de equipe multidisciplinar e tratamento hormonal e cirúrgico. Todavia, essas iniciativas foram frustradas, em decorrência de pressões de setores conservadores da sociedade. Por outro lado, uma conquista do campo da saúde ocorreu no 4 de março de 2008, data em que foi divulgado pelo Ministério da Saúde que os/as travestis e transexuais têm o direito de usar seus nomes sociais nos prontuários de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Tal direito é garantido pela Carta dos Usuários da Saúde do SUS (O diário online, 2008). Contudo, a batalha por direitos elementares como esse, de ser reconhecido legitimamente pelo nome, é travada diariamente pelos transexuais. Carlos (2007) assevera que tal dificuldade está relacionada ao papel que o Direito possui em nossa sociedade. Para esta autora o Direito nada mais é do que um instrumento da ideologia vigente e que trabalha juntamente com a heteronorma para mantê-la em uso. Exatamente por essa razão é que os direitos acabam abrangendo apenas os sujeitos gendrados, ou seja, é preciso ser homem ou mulher para se ter direitos reconhecidos, deixando de lado o ser humano. Outro aspecto que dificulta o alcance das pessoas transexuais aos seus direitos é a visão patologizante que a medicina, e até alguns setores da psicologia, ainda mantêm em relação à pessoa transexual. Tal visão por parte da saúde não permite que transexuais tenham uma voz ativa nos discursos de poder, além de serem vistos apenas no aspecto biológico, esquecendo que antes de tudo a transexualidade é um trânsito de categorias sociais (Igualdade Racial, 2007). Arán (2006) afirma que somente se sairmos dessa visão patologizante e de diagnóstico é que teremos real oportunidade de olharmos e compreendermos as diversas formas de identificação. Defendendo o direito a saúde, não só de transexuais como de toda a comunidade 25 Transexuais femininas são as pessoas nascidas biologicamente homens, mas que se sentem mulheres; enquanto transexuais masculinos são pessoas nascidas biologicamente mulheres, mas que se sentem homem. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 259 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente LGBT, Lionço (2008, p.18) vai dizer que “Fundamental ao avanço da consolidação do direito à saúde integral para GLBT é o enfrentamento das condições em que seus direitos humanos são violados ou negligenciados. O direito à saúde integral para essa população requer o redimensionamento dos direitos sexuais e reprodutivos, demandando a desnaturalização da sexualidade e de suas formas de manifestação, bem como a recusa à medicalização da sexualidade, que tende a normatizar as expressões da sexualidade humana segundo a lógica heteronormativa e da linearidade na determinação do sexo sobre o gênero. Isso implica considerar outros discursos sobre a sexualidade humana como legítimos, inclusive como ferramenta crítica ao saber/poder médico que tende a patologizar e medicalizar as diferenças que denunciam a não naturalidade, no humano, dos processos constitutivos e das práticas sociais e relacionais vinculadas à sexualidade”. Para a comunidade LGBT e, em especial, para os/as transexuais, a busca do reconhecimento de seus direitos em geral é um percurso acidentado em uma estrada tortuosa e repleta de percalços. Contudo, elas e eles parecem estar cada vez mais dispostos a lutar por seus direitos e têm acumulado algumas vitórias, conseguindo aos poucos realizar diversas redesignações em suas vidas. Algumas são singelas, ao passo que outras são mais complexas, mas sempre buscando abrir os olhos da sociedade para a necessidade de ressignificar valores e crenças, mostrando uma mescla de certezas e incertezas, novidades e rotinas, certos e errados, já que cada um não nasce com uma essência, mas se constitui como humano ao longo da vida. Objetivo O presente estudo propõe-se a refletir acerca dos sentidos produzidos por uma transexual feminina em relação à cirurgia, buscando destacar suas concepções acerca das mudanças que a redesignação acarreta na vida de uma pessoa transexual, assim como as dificuldades e dilemas enfrentados ao percorrer os meandros da saúde pública do Brasil. Metodologia A colaboradora do presente estudo é uma transexual feminina, que se apresenta perante a sociedade como transexual e assim o é reconhecida. Essa colaboradora foi escolhida por ter vínculo com o grupo VIDEVERSO – Grupo de Ação e Pesquisa em Diversidade Sexual da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto (FFCLRP-USP). A pesquisa teve um enfoque metodológico qualitativo e a teoria queer como seu referencial teórico. Os dados foram colhidos mediante aplicação individual de entrevista aberta na modalidade história de vida temática, realizada em um ambiente com condições apropriadas de privacidade e conforto. A colaboradora foi uma transexual feminina de 54 anos. A entrevista foi realizada em situação face a face e audiogravada mediante consentimento da participante. Também foi utilizado diário de campo para anotações do pesquisador. A entrevista de história de vida temática permite a investigação de aspectos relevantes para compreendermos de maneira aprofundada a formação psicológica, emocional e social do indivíduo. Segundo Meihy (1994), a história de vida temática vincula-se a um assunto específico, comprometendo-se com o esclarecimento e com a opinião do entrevistado sobre esse assunto. Como forma de iniciar a conversa foi utilizada, como questão disparadora, a seguinte frase: “Eu gostaria que você me falasse sobre sua história de vida”. A entrevista teve duração de 2h55 e foi transcrita na íntegra e literalmente. O corpus da pesquisa foi constituído pela transcrição da entrevista e pelo diário de campo (registro de Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 260 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente eventos relevantes ocorridos e observados durante todo o período de coleta de dados) do pesquisador. O material transcrito foi submetido à análise de conteúdo temática. Marco teórico A teoria Queer surgiu nos Estados Unidos, na década de 1990, como uma teoria mais aberta às expressões da diversidade, tendo por principal objeto de análise a dinâmica do desejo e da sexualidade na organização das relações sociais (Miskolci, 2009). Propõe-se a “romper espaços fixos e finitos da identidade, partindo do princípio de que a sexualidade não possui significados a priori, mas significados relacionais que se constroem, se imitam e são imitados” (Talburt, 2005, p.32) e a “minar, de dentro, um pensamento que encerra o outro em uma etiqueta, pretendendo-se a si mesmo invisível” (Alcoba, 2005, p.8). Considera-se que “a afirmação da identidade implica sempre a demarcação e a negação do seu oposto, que é constituído como sua diferença. Esse ´outro´ permanece, contudo, indispensável. A identidade negada é constituída do sujeito, fornece-lhe o limite e a coerência e, ao mesmo tempo, assombra-o com a instabilidade” (Louro, 2001, p. 549). Os teóricos Queer focam na análise dos discursos produtores de saberes sexuais pautados em um método desconstrutivista. As investigações Queer partem da desconfiança em relação à estabilidade dos sujeitos sexuais, fixando o foco de sua análise nas estratégias normativas da sociedade, ao invés de priorizar a construção social de identidades e estudos sobre comportamentos sexuais, que levem à classificação ou compreensão dos mesmos. Ao realizar tal modificação no foco, os estudos Queer conseguem apontar como os processos normalizadores da sociedade geram a ilusão de sujeitos estáveis, identidades sociais e comportamentos coerentes e regulares (Miskolci, 2009). O nome Queer, um xingamento que no idioma inglês denota desvio, perversão, anormalidade, é escolhido propositalmente para enfatizar o compromisso com o desenvolvimento de uma analítica da normalização (Miskolci, 2009). Louro (2004, p. 7) define Queer como o que é estranho, raro, esquisito. Queer é, também, o sujeito da sexualidade desviante – homossexuais, bissexuais, transexuais, travestis, drags. É o excêntrico que não deseja ser “integrado” e muito menos “tolerado”. Queer é um jeito de pensar e de ser que não aspira o centro nem o quer como referência: um jeito de pensar e de ser que desafia as normas regulatórias da sociedade, que assume o desconforto da ambigüidade, do ‘entre lugares’, do indecidível. Queer é um corpo estranho que incomoda, perturba, provoca e fascina. O termo Queer, atualmente, engloba grande número de pensadores e pesquisadores, que têm em comum a idéia de que a sociedade é heteronormativa e que devemos nos colocar contra qualquer normatização, venha ela por meio da imposição dos valores heterossexuais ou da construção de uma identidade homossexual – que no pensamento Queer não existe (Moscheta, 2004). A ótica desconstrutiva da Teoria Queer vem demonstrar a impossibilidade de uma sexualidade “natural” e questionar os processos pelos quais a heterossexualidade passou a ser concebida como “natural” (Louro, 2001). Além disso, vem também questionar a validade de termos como homem e mulher. Para os teóricos Queer, esse e outros binômios são “artifícios criados para organizar o conhecimento, categorias que determinam corpos, desejos e atos, e produzem a ilusão de um sujeito coerente e estável, passível de definição” (Moscheta, 2004, p. 49). Resultados e Discussão Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 261 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Marcela (nome fictício), 54 anos, separada, é comerciante, com ensino superior completo. Durante 24 anos de sua vida foi casada com uma mulher. Dessa relação heterossexual ela teve dois filhos. Marcela, apesar de dizer que sempre se viu diferente e que sempre se sentiu mulher, só assumiu sua condição transexual aos 50 anos de idade. Com essa decisão de se assumir, Marcela buscou o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar em um hospital no Brasil. Todavia, pouco tempo depois ela se decidiu por realizar a cirurgia em outro país (Tailândia), pelo fato de lá a técnica cirúrgica ser mais avançada e os riscos, menores. . Eu li muito. [...] Tive contato com várias [transexuais], inclusive, preferivelmente, que já tinham feito a cirurgia. No Brasil! Eu comecei a por na balança. [...] Aí debrucei na Internet e comecei a pesquisar fora do Brasil. E dentro do Brasil também. Dentro do Brasil descobri que era tudo igual, mudava-se pouca coisa. [...] Pesquisei Canadá, EUA, Alemanha, Inglaterra, Espanha, tudo que você podia... Onde existia eu fui entrar no site, eu fui pesquisar, eu fui informar, eu fui perguntar, eu fui telefonar... Quem já fez, quem não fez, como é que foi, como é que não foi... Aí eu cheguei na Ásia, né, que é onde fica a Tailândia, que hoje é a capital [da cirurgia de transgenitalização]. (Marcela) Segundo a colaboradora, os profissionais de saúde do Brasil não buscam aprender as técnicas utilizadas no exterior (“lá fora”) para a realização deste procedimento. Além disso, ela argumenta que o profissional de saúde em geral não está preparado para assistir a pessoa transexual dentro de suas necessidades. Em contraponto, ela tece elogios aos profissionais que estiveram envolvidos na realização de sua cirurgia no país estrangeiro. Chokrungvaranont e Tiewtranon (2004) afirmam que a primeira cirurgia realizada na Tailândia aconteceu no ano de 1975. Menos de 10 anos depois, esse tipo de cirurgia já era ensinado aos estudantes do Chulalongkorn University Hospital. De acordo com os autores, a técnica utilizada na Tailândia consiste na inversão peniana para a construção do canal da neovagina e na utilização de um pedaço da glande peniana para a construção de um clitóris, o que traz para a transexual não só a aparência de uma genitália genuína, mas, principalmente, a funcionalidade e a possibilidade de obtenção de prazer. Entretanto, também é apontado pelos autores que alguns problemas “minoritários”, como rupturas nos grandes lábios ou pequenas necroses do tecido peniano, podem acontecer. Marcela desconfiava da efetividade dos resultados da cirurgia realizada no contexto brasileiro. Movida pela promessa de riscos minimizados, que envolvem a redesignação na Tailândia, ela decidiu-se por realizar esse procedimento fora do Brasil. Lá fora você tem uma estética, você tem uma funcionabilidade ou funcionalidade e você tem uma anatomia, tudo perfeito. Aqui no Brasil você não tem nenhuma das três coisas perfeitas. [...] Aqui no Brasil não se faz o clitóris. [...] O cirurgião lá, ele é um neurocirurgião também, ele tem o acompanhamento de um neurocirurgião para manter toda a parte das enervações... (Marcela) Segundo a colaboradora, os profissionais de saúde do país não buscam aprender as técnicas utilizadas em outros países para a realização de um procedimento tão delicado quanto irreversível. Ela traz em seu discurso situações adversas ocorridas com outras transexuais que realizaram a cirurgia no Brasil e que vão desde incontinência urinária até a perda total da sensibilidade na região genital. Além disso, argumenta coloca que o profissional de saúde, em geral, não está preparado para assistir o transexual dentro de suas necessidades. Em Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 262 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente contraponto, tece copiosos elogios aos profissionais que estiveram envolvidos na realização de sua cirurgia, chegando a colocar o cirurgião no papel de um “obstetra” que lhe deu uma nova vida. Marcela aponta que os custos para a realização do procedimento é vultoso, mas que os benefícios fazem com que valha a pena o alto investimento financeiro. O momento narrado por ela como o mais feliz de sua vida foi o pós-cirúrgico, no qual ela “pode se olhar como uma mulher por inteiro”. Por meio de sua narrativa, podemos notar que, durante a reconstrução de seu corpo, Marcela brinca com as normas de gênero, ora buscando reproduzilas com a absorção do feminino e ora desestabilizando-as, quando tem que assumir novamente o papel masculino por conta dos dois filhos que possui, frutos de um casamento com uma mulher, que durou 24 anos. Embora a cirurgia lá fora guarde importantes diferenças com a realizada no Brasil, não é qualquer pessoa que possui os meios necessários para fazer essa viagem – uma verdadeira epopéia – para tornar real seu desejo. Apesar de o procedimento ser mais barato fora do país – de acordo com Marcela, o custo da cirurgia é de seis mil dólares – os gastos adicionais com viagem e estadia colocam as despesas nas alturas. Além disso, ainda existem as barreiras cultural e linguística a serem ultrapassadas em uma jornada que envolve uma estadia em um país estrangeiro, o que coloca não somente a necessidade de um nível socioeconômico alto, como também a necessidade de um bom nível de aprendizagem e conhecimento. A cirurgia, realizada havia dois anos, era tida por Marcela como o fator que trouxera harmonia para sua vida. Foi graças a esse procedimento que ela pôde, finalmente, se ver como um ser completo, que não teve apenas sua genitália modificada, mas sim todos os aspectos da sua vida. O momento narrado por ela como o mais feliz de sua vida foi o reconhecimento de seu novo corpo no pós-cirúrgico, quando ela pode se olhar como uma mulher por inteiro. Como um novo nascimento, ela pode visualizar no concreto a pessoa que ela sempre fora, porém, que não existia diante do espelho. A cirurgia não é uma troca de genitália... Ela troca tudo. É o seu corpo que muda, é o seu conceito que muda sobre você mesma, é a sua relação com você, a sua relação com o mundo, a sua consciência sobre o seu novo ser. Não é uma troca de genitália. Até então eu imaginava: "trocou lá", não! Hoje trocou daqui [cabeça] até o dedão do pé. É outra pessoa. A minha relação com o mundo é outra. (Marcela) Além da redesignação, Marcela também realizou outros procedimentos para se tornar a mulher que é hoje, tais como cirurgias faciais e depilação a laser para eliminação da barba. Tais mudanças são buscadas, pois é por meio do corpo que comportamentos e características se tornam marcas culturais que distinguem os sujeitos e também constituem posições de poder (Louro, 2004). Com isso, a sociedade estabelece a divisão masculino/feminino como algo primordial, dando sustentação à idéia de que o gênero, de algum modo, é reflexo do sexo estampado no corpo e que, a partir da materialidade sígnica deste, deduzimos identidades sexuais e de gênero, além de ligarmos todas as outras esferas constitutivas do sujeito a tal determinação (Bento, 2008; Louro, 2004). Desse modo, o corpo se torna uma construção social, não no sentido de que sua materialidade inexiste, mas no sentido de que são os processos discursivos vigentes na cultura que transformam os aspectos corporais em definidores do gênero e, consequentemente, do sujeito (Louro, 2004). Na experiência transexual da colaboradora, a construção do corpo pode ser vista operando como metáfora da construção da identidade (Bento 2006), haja vista que a criação de um corpo feminino, englobando não só os aspectos físicos como também os aspectos Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 263 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente comportamentais, auxilia na construção e posicionamento da identidade de gênero. Podemos descrever claramente tal movimento quando Marcela se refere à transexualidade como uma fase, um período de transição que é superado a partir do momento em que o corpo é adequado ao gênero que está presente em sua mente. De acordo com ela, é somente quando se realiza a cirurgia que a identidade de gênero se completa. Esses dados caminham na vertente de estudos que comprovam que as transformações cirúrgicas, em especial a de redesignação, trazem diversas consequências positivas para os/as transexuais (Michel, Ansseau, Legros, Pitchot e Mormont, 2002). A transexual existe enquanto da... Adequação. A partir daí você é mulher. [...] a transexualidade é uma fase, é um período de transição. A literatura mostra que os/as transexuais buscam a cirurgia e todo o tipo de transformação corporal não somente para estabelecerem a unidade entre corpo/mente e entre as suas identidades, mas antes disso, para alcançar o reconhecimento do seu pertencimento à humanidade, o reconhecimento social de sua condição humana (Bento, 2006). Para construir esses corpos e alcançar a condição de humanidade, elas se tornam negociantes com as normas de gênero. Com isso, podem reproduzi-las ou desestabilizá-las (Bento, 2006). No caso de Marcela, podemos notar que ela se encontra no meio desse caminho, negociando a todo o momento. Com a cirurgia e os demais procedimentos realizados, além das mudanças de comportamento, a colaboradora busca reproduzir as normas de gênero e se adequar ao estereótipo cultural do feminino. Por outro lado, em sua narrativa ela relata que, devido à sua função paterna e em consideração aos filhos, ela retorna ao papel masculino, escondendo os seios com roupas largas e não utilizando a peruca que, no entanto, sempre está com ela, ao alcance da mão. Nesse momento ela desestabiliza as normas por se tornar um indivíduo ininteligível ao cruzar as fronteiras definidas pelo sistema de gênero. Afinal, quem é ela(e)? Uma mulher em trajes masculinos? Um homem com genitália feminina? Alguém que não se pode classificar segundo os esquemas e categorias tradicionais, uma vez que rompe com o esperado e se afasta da binariedade heteronormativa (Butler, 2003). As inúmeras intervenções, modificações e procedimentos aplicados fazem com que o corpo se torne um projeto que é “montado” não somente por meio da visão interna e própria, mas também através da visão do outro (Louro, 2003). Com isso, acaba por constituir o que chamaremos aqui de transcorpo, isto é, um corpo que se cria a partir de um ato performático e que ultrapassa as barreiras normativas e se transforma constantemente. Sem dúvida, um corpo queer, no sentido de que “queer é um corpo estranho que incomoda, perturba, provoca e fascina” (Louro, 2004, p. 7). O discurso médico-científico acaba por colocar esse transcorpo em uma posição estática, impondo, como barreira final para que ele se torne exeqüível, a cirurgia de redesignação sexual. Adicionado a isso prevalece uma visão de que a transexualidade seria um distúrbio que teria como tratamento o processo transexualizador. Esse argumento acaba, por um lado, por garantir o acesso dos transexuais à rede pública de saúde, que é importante para a atenção ao processo saúde-doença, assim como para a construção de si na transexualidade. Por outro lado, essa mesma colocação fomenta a manutenção de uma visão patologizante e estigmatizante do(a) transexual (Arán et al., 2009). Além disso, as políticas públicas de saúde voltadas aos transexuais são incipientes, em decorrência do fato de a transexualidade não ser assumida como pauta da agenda da saúde pública. Por meio do caso apresentado, podemos notar que os serviços de saúde têm de buscar uma melhor adequação para o atendimento das necessidades da população LGBT, em especial Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 264 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente do segmento trans, tratando, primariamente, o ser humano ao invés de sua suposta doença ou diagnóstico. Foi possível perceber que a cirurgia traz reais benefícios para quem a realiza, mas é um procedimento dispendioso e que impõe obstáculos que precisarão ser transpostos, como o elevado custo econômico, a falta de preparo dos profissionais e de serviços especializados. Uma barreira adicional é o estigma que paira sobre a pessoa transexual, que está amplamente difundido em nossa cultura e se dissemina pelos serviços de saúde. É essencial que busquemos paramentar a saúde pública com ferramentas para que os profissionais possam auxiliar os/as transexuais a alcançarem seu objetivo, dentro de suas próprias especificidades, para que a busca de recursos no exterior deixe de ser vista como mais vantajosa do que os serviços locais. Também por meio da análise do caso apresentado podemos notar o quanto a cirurgia é importante na vida da pessoa transexual, haja vista as diversas mudanças positivas que tal procedimento acarreta. Todavia, a literatura nos mostra que não são todos/as os/as transexuais que anseiam por realizar tal procedimento, o que nos indica a diversidade existente dentro dessa faceta do universo diverso da sexualidade (Bento, 2006). É exatamente por essa diversidade que os serviços de saúde tem de buscar uma melhor adequação para o atendimento às necessidades dessa população, tratando, primariamente, do ser humano ao invés do diagnóstico. Considerações Finais A transexualidade é um fenômeno humano que evidencia a condição complexa e enigmática da sexualidade e que traz consigo inúmeros desafios, tanto para a pessoa transexual, quanto para os que a rodeiam, em especial os profissionais de saúde. Os resultados obtidos no estudo de caso permitiram compreender as barreiras e facilidades encontradas pela pessoa transexual no percurso que descreve até sua realização. Percebeu-se a centralidade que a cirurgia ocupa no processo transexualizador, que por sua vez é parte fundamental do projeto de vida da pessoal transexual. Para quem a realiza e dispõe de recursos para efetuar a escolha da equipe, instituição hospitalar e país, o procedimento de redesignação representa um segundo nascimento. A experiência de se ver pela primeira vez com o corpo “correto” é descrita por Marcela como a vivência mais gratificante de sua vida. É um momento redentor, de encontro íntimo e profundo consigo mesma. Por outro lado, a realidade mostra que a cirurgia ainda é um procedimento dispendioso, disponibilizado em poucos centros nacionais e que impõe inúmeros obstáculos a serem transpostos até sua consecução. Um deles se refere ao custo da cirurgia, que não permite que todos tenham acesso a ela; outro se refere aos profissionais de saúde, que não recebem nenhum tipo de preparo, desde a graduação até a atuação profissional, para lidarem com as necessidades específicas da população LGBT, em especial os/as transexuais. Uma outra barreira que pode ainda ser destacada é o despreparo dos profissionais para realizar o processo de redesignação sexual, o que acaba por tornar mais atrativos os centros especializados de outros países, que oferecem condições mais apropriadas e técnica cirúrgica mais desenvolvida. Inserir a cirurgia de redesignação sexual como política pública é uma questão de direitos humanos. O Estado brasileiro precisa compreender que não se trata de um procedimento com finalidade estética, mas uma questão de dignidade da pessoa humana e de justiça social. Portanto, é sim uma questão de saúde que deve ser enfrentada, para que se assegurem os princípios doutrinários que sustentam o Sistema Único de Saúde: universalidade, acessibilidade e eqüidade. É essencial que busquemos paramentar a saúde Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 265 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente pública com ferramentas para que se possa auxiliar a população transexual a alcançar seu objetivo, dentro de suas próprias especificidades, para que o dispendioso recurso de ida ao exterior deixe de ser a opção mais vantajosa na busca por melhores resultados. Isso porque apenas uma minoria absoluta da população dispõe de recursos para arcar com os custos necessários. Referências Bibliográficas ALCÂNTARA, Vera Lucia Mosquera. Análise jurídica de uma decisão polêmica: Poderá o transexual retificar seu registro de nome e sexo? Projeto de pesquisa apresentado à professora Silvia Mota como exigência da disciplina Metodologia de Estudos Universitários, do Curso de Direito da UNESA. 2002. Diponível em:<http://www.portaldetonando.com.br/forumnovo/portal.php>. Acesso em: 03-04-2010. ALCOBA, Ernest. Prólogo a la edición española. In TALBURT, Susan y STEINBERG, Shirley R. (eds.) Pensando Queer: sexualidad, cultura y educación. Barcelona: Editorial Graó, 2005. ARÁN, Marcia. A transexualidade e a gramática normativa do sistema sexo-gênero. Agora. Rio de Janeiro - RJ, vol. 9(1), pp. 49-63, 2006. ARÁN, Marcia; MURTA, Daniela; LIONÇO, Tatiana. Transexualidade e saúde pública no Brasil. Ciência e Saúde Coletiva. 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INTRODUÇÃO 1.1 Transtornos Alimentares: Anorexia Nervosa Os transtornos alimentares (TA) podem ser definidos como quadros psiquiátricos caracterizados por perturbações no comportamento alimentar. Anorexia nervosa (AN) e bulimia nervosa (BN) são os dois tipos mais conhecidos, em razão de sua maior prevalência e gravidade dos sintomas que acompanham esses quadros (Associação Americana de Psiquiatria, 2002). A AN é um transtorno caracterizado pela recusa sistemática à ingestão de alimentos, medo intenso de ganhar peso e grave distorção da imagem corporal. Os TA, de um modo geral, não têm uma causa exclusiva; pelo contrário, é consenso na literatura de que são multifatoriais (American Psychiatric Association, 2009). Embora a etiologia não seja bem conhecida, há hipóteses em relação a fatores que poderiam contribuir para o aparecimento dos sintomas, como aspectos sócio-culturais – por exemplo, a valorização do ideal de corpo esbelto, tido como o modelo do corpo perfeito, difundido de forma maciça na era contemporânea e propagado pela mídia; questões relacionadas à dinâmica familiar, com predomínio de padrões de relacionamentos disfuncionais, e fatores ligados ao funcionamento e estrutura de personalidade da pessoa acometida (Oliveira & Santos, 2006). Na AN os hábitos e comportamentos alimentares são distorcidos (Dunker & Philippi, 2003; Leonidas & Santos, 2010) e a pessoa acometida se lança a uma busca obstinada por conseguir alcançar um padrão de beleza quase inatingível, às custas da mortificação do corpo (Fraga & Santos, 2005). É importante fazer uma ressalva em relação à questão da influência sócio-cultural na expressão e apresentação do transtorno. Muitas vezes os TA são vistos como associados à sociedade capitalista e à difusão, por meio de aparatos tecnológicos midiáticos, de padrões estéticos inalcançáveis. Esses padrões, que equacionam corpo magro ao corpo belo, relacionam-se, por sua vez, a diversos fatores: a beleza física é associada a ter sucesso na vida, ter dinheiro, prestígio e êxito profissional, ser feliz e, até mesmo, ser amado e valorizado. Portanto, a auto-estima estaria condicionada a essas crenças arraigadas na contemporaneidade, que apontam para a produção de déficits na organização narcísica. O mal-estar extremo, conseqüência da busca obsessiva por um padrão irreal e humanamente inalcançável de realização pessoal, é muitas vezes percebido apenas como “um preço a se pagar pelo corpo belo adquirido” (Rego, Severiano, & Telles, 2009, p. 5). Entretanto, vale ressaltar que os relatos de comportamentos característicos dos TA não se limitam à atualidade e os valores em voga. Um estudo realizado na Universidade Chinesa de Hong Kong questiona a propagação da AN como um transtorno próprio da sociedade ocidental e caracterizado fortemente pelo desejo de emagrecer ou medo de tornar-se gordo – que corresponde ao Critério “B” do DSM-IV (Associação Americana de Psiquiatria, 2002). O autor apresenta casos nos quais a AN em nada se relaciona ao desejo propriamente dito de Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 268 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente emagrecer, mas decorre de outros fatores. Dessa maneira, a questão sócio-cultural, presente principalmente na sociedade ocidental, deve ser vista como uma influência no surgimento dos TA, e não como uma causa direta desses quadros (Lee, 1995). Além disso, há possibilidade de influência também de eventos traumáticos, de difícil elaboração psicológica e que podem dificultar o curso do desenvolvimento do indivíduo (Andrade & Santos, 2009). Isso talvez explique porque não exista uma idade específica para o desenvolvimento de um TA, embora na maioria dos casos se observe seu surgimento durante os anos da adolescência, em razão de este período caracterizar uma fase de transição psicossocial e de enfrentamento de questões cruciais relativas à aquisição do senso de identidade e reorganização da sexualidade. A abordagem psicodinâmica no tratamento dos TA tem sido considerada como uma estratégia complementar ao plano terapêutico, que inclui reabilitação clínica e nutricional, além de apoio e/ou terapia familiar (American Psychiatric Association, 2009). A psicoterapia visa ”recuperar e fortalecer a auto-estima e auxiliar na tradução de sensações e afetos que permanecem distantes da consciência” (Gorgati, Holcberg, & Oliveira, 2002, p. 47). Desse modo, o trabalho é orientado em direção à obtenção do insight, utilizando-se de fundamentos próprios da teoria psicanalítica. Nesse modelo valoriza-se tanto a melhora dos sintomas, quanto a recuperação do peso ponderal e a compreensão de aspectos psicológicos do paciente, partindo do pressuposto da integralidade do sujeito. Pacientes com TA podem apresentar dificuldades em entrar em contato e tolerar algumas emoções (Santos, 2006). A psicoterapia psicodinâmica procura oferecer um contexto seguro no qual a pessoa possa compartilhar seu mundo interno e formular soluções alternativas aos seus sintomas psíquicos, de maneira a encontrar outras formas de expressão para seus conflitos. Desse modo, é natural que o terapeuta encontre no setting terapêutico um paciente com um repertório escasso de experiências afetivas e facilmente suscetível a aceitar, de forma subserviente, a posição e as interpretações oferecidas pelo profissional. É função do terapeuta analisar os mecanismos de defesa utilizados pelos pacientes, assim como ser continente, perceber e valorizar a contratransferência, e utilizá-la como ferramenta de trabalho (Gorgati et al., 2002). Formas definidas diretrizes muito precisas que devem ser seguidas ao longo do tratamento (American Psychiatric Association, 2009). Estudos nacionais discutem o tratamento dos TA, focalizando a abordagem grupal (Santos, 2006; Santos, Oliveira, Moscheta, Ribeiro e Dos Santos, 2004). Gorgati et al. (2002) focaliza a abordagem psicodinâmica e afirmam que a psicoterapia individual seria mais indicada para pacientes com AN, em relação à prática grupal, que seria ineficiente na fase aguda do transtorno. Além disso, ressaltam que a restituição nutricional é indispensável para a eficácia da psicoterapia, embora a recuperação do peso ponderal em si não configure cura da anorexia. A abordagem familiar mostrou resultados positivos em relação ao quadro sintomatológico e às condições psicológicas dos pacientes e de seus familiares (American Psychiatric Association, 2009). Estudos com pacientes adultos, que compararam duas formas de tratamento psicodinâmico (psicoterapia psicodinâmica focal e terapia cognitivo-analítica), com terapia familiar, e grupo controle, não apresentaram resultados estatisticamente significantes entre as essas modalidades de tratamento e abordagens. Entretanto, há indícios de que a psicoterapia focal e a terapia familiar são estratégias mais efetivas quanto ao ganho de peso do paciente em relação ao tratamento controle (Gorgati et al., 2002). Trabalhos recentes têm explorado novas abordagens na intervenção familiar, como a perspectiva do socioconstrucionismo (Souza & Santos, 2006, 2007, 2009a, 2009b, 2010). 1.2 Critérios diagnósticos: Anorexia Nervosa (DSM-IV-TR) Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 269 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente De acordo com o DSM-IV-TR (Associação Americana de Psiquiatria, 2002), são considerados critérios diagnósticos da AN: A. Recusa a manter o peso corporal em um nível igual ou acima do mínimo normal adequado à idade e à altura (por exemplo, perda de peso que leve à manutenção do peso corporal abaixo de 85% do esperado; ou fracasso em ter o ganho de peso esperado durante o período de crescimento, levando a um peso corporal 85% menor do que o esperado); B. Medo intenso de ganhar peso ou de se tornar gordo, mesmo estando com peso abaixo do normal; C. Perturbação no modo de vivenciar o peso ou a forma do corpo, influência indevida do peso ou da forma do corpo sobre a auto-avaliação, ou negação do baixo peso corporal atual; D. Nas mulheres pós-menarca: amenorréia, isto é, ausência de pelo menos três ciclos menstruais consecutivos. Considera-se que uma mulher tem amenorréia se seus períodos menstruais ocorrem apenas após a administração de hormônio, como estrógeno. Também é necessário especificar o tipo de transtorno: AN do Tipo Restritivo: durante o episódio atual de AN, o indivíduo não se envolveu regularmente em um comportamento de comer compulsivamente ou de purgação – isto é, auto-indução de vômito ou uso indevido de laxantes, diuréticos, anorexígenos ou enemas; AN do Tipo Compulsão Periódica/Purgativo: durante o episódio atual de AN, o indivíduo envolveu-se regularmente em um comportamento de comer compulsivamente ou de purgação – isto é, auto-indução de vômito ou uso indevido de laxantes, diuréticos, anorexígenos ou enemas. 1.3 O impacto do diagnóstico e suas ressonâncias subjetivas O diagnóstico de uma condição crônica e potencialmente incapacitante, como os TA, é deflagrador de angústia e incertezas. Por se tratar de um diagnóstico psiquiátrico – e, portanto, sujeito a estigmatizações e incompreensões por parte da maioria das pessoas leigas e até mesmo entre profissionais de saúde – percebe-se que os pacientes demonstram grande relutância em aceitá-lo. Muitas vezes, o aceitam de maneira superficial, não tendo compreensão completa do significado que ele assume em suas vidas. Por isso é preciso auxiliar os pacientes a desenvolverem uma visão crítica sobre os efeitos do diagnóstico. Longe de ser algo pontual, receber um diagnóstico afeta diversos aspectos da vida de uma pessoa, de acordo com a visão que esta tem acerca do que se lhe sucede. De acordo com Tierney (2008), os pacientes são encaminhados ao tratamento, geralmente, quando os sintomas já estão estabelecidos e, muitas vezes, o quadro clínico apresentado é grave. Os pacientes relutam em aceitar tanto o tratamento, quanto o diagnóstico de TA, já que se sentem empoderados pela capacidade que desenvolvem de restrição de sua alimentação. Apesar disso, em momentos mais integrados e reflexivos, é comum reconhecerem a intervenção externa como algo necessário. Estudo realizado com doentes crônicos mostra os sentidos presentes nos discursos dos pacientes acerca de seus diagnósticos. De acordo com a percepção dos participantes, as principais causas de suas doenças são relacionadas ao estilo de vida estabelecido ou à genética familiar. Desse modo, percebem a construção dos sentidos de doença como culpa ou como decorrência de um destino inexorável (Junges & Bagatini, 2010). Da mesma forma que o diagnóstico impacta o paciente de determinada maneira, a família também passa pelo processo de adaptação e ajustamento progressivo a essa nova conjuntura. Estudos com familiares de portadores de TA mostram o impacto exercido na dinâmica familiar. Há uma sobrecarga física, econômica e emocional. Além dessa sobrecarga de cuidados, ocorre um deslocamento nas expectativas e nas relações afetivas. O fato de ter que se esforçar para compreender o que significa ter uma filha com TA mobiliza angústias intensas. O primeiro impacto, e talvez o mais forte, é vivenciado por ocasião da confirmação diagnóstica, que deflagra nos familiares – e no próprio paciente – sentimentos de sofrimento, Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 270 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente insegurança, medo, tristeza e vergonha. Esses registros emocionais vão perpassar as demais etapas do tratamento. A família, extremamente fragilizada, fica com suas relações comprometidas, tanto no plano intrafamiliar, como extrafamiliar. Ainda assim, entre sentimentos ambíguos e frustrações, a família pode se revelar um lugar de continência, afeto e cuidado, essencial para a melhora do paciente (Navarini & Hirdes, 2008). Os familiares são cercados por mitos e concepções errôneas do que consiste um TA e de como é organizado o tratamento. Percebe-se uma supervalorização da recuperação do peso e restabelecimento de um padrão alimentar saudável, em detrimento do tratamento de questões referentes à esfera psicológica. O TA é tido pelos familiares como algo próprio de uma fase do ciclo vital, “coisa de adolescente” ou, então, como um distúrbio incurável. No geral, fica clara a necessidade de uma intervenção voltada aos familiares no sentido de empoderá-los, orientando-os e reafirmando sua capacidade de cuidadores aptos a apoiar o paciente no processo de enfrentamento (Natenshon, 2001). 2. OBJETIVO O presente estudo teve como objetivo identificar os significados que uma paciente em tratamento há 23 anos atribui ao diagnóstico de AN. 3. MÉTODO O princípio metodológico que fundamentou a elaboração deste trabalho foi o estudo de caso (Peres & Santos, 2006). De acordo com Yin (2005), o estudo de caso pode ser utilizado para descrever uma intervenção e o contexto da vida real em que os fatos ocorrem. Dessa maneira, enquanto estratégia de pesquisa, possibilita contribuir com o conhecimento de fenômenos individuais, organizacionais, políticos e de grupos, agregando um aporte de saber produzido em condições naturalísticas. Esse enfoque metodológico tem sido utilizado em investigações na área da psicoterapia dos TA (Andrade & Santos, 2009; Fraga & Santos, 2005; Kreling & Santos, 2005). Para alcançar o objetivo proposto no presente estudo, selecionou-se como caso a ser investigado a condição apresentada por Cristina, paciente com diagnóstico de AN que se encontrava em acompanhamento em psicoterapia individual, como parte do plano terapêutico estabelecido pela equipe de um serviço de atendimento multidisciplinar (Grupo de Assistência em Transtornos Mentais - GRATA, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - HCFMRP-USP). Constituído por equipe multidisciplinar, composta por médicos nutrólogos, nutricionistas, psiquiatras e psicólogos, este serviço especializado no tratamento de TA disponibiliza diferentes modalidades de atendimento, que incluem: reeducação nutricional (individual e em grupo), psicoterapia (individual e em grupo), acompanhamento psiquiátrico (individual e em grupo), apoio psicológico individual e grupo de orientação de pais e de outros cuidadores. Os critérios de seleção do caso foram: (1) ter uma longa trajetória de acompanhamento por um mesmo serviço especializado, de modo a tornar viável o acesso a possíveis mudanças ocorridas nos significados atribuídos ao diagnóstico pelo paciente ao longo do processo de tratamento; (2) concordar em participar do estudo. Para alcançar o objetivo proposto, foram utilizadas as transcrições das sessões de psicoterapia individual de Cristina, complementada pela análise dos relatos da paciente produzidos durante o grupo terapêutico. Foram selecionadas as falas que evidenciavam a perspectiva que a paciente tinha acerca de seu diagnóstico e dos significados e implicações do mesmo em seu viver diário. Também foi dada ênfase aos relatos que, na perspectiva dos psicoterapeutas da abordagem individual e grupal, mostravam mudanças na dinâmica psíquica e progressos alcançados ao longo do processo psicoterápico. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 271 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Os critérios diagnósticos apresentados no DSM-IV-TR foram utilizados como suporte para pontuar as reflexões elaboradas acerca do percurso descrito pela paciente no intervalo de seis meses de acompanhamento. Esse tipo de recorte do material clínico implica analisar o processo terapêutico como um fenômeno dinâmico, que evolui em uma linha que pode ter tanto movimentos de continuidade, como de descontinuidade, na qual a paciente evolui. Implica também em valorizar a sua própria perspectiva desse processo. 4. RESULTADOS 4.1 Contextualização Cristina (nome fictício) tinha 43 anos, era uma mulher negra, com 73,6 kg e 1,80 m (IMC = 23,51 kg/m2, considerado eutrófico). Completou o ensino médio e o magistério. Atuava como educadora em uma escola. Solteira, morava com a mãe e uma irmã. Estava em seguimento no GRATA havia 23 anos, com uma interrupção de dois anos. Nesse longo itinerário terapêutico, encontrava-se em atendimento psicoterápico individual havia nove anos, sendo este o primeiro ano com a atual terapeuta. O atendimento é norteado por uma abordagem psicodinâmica. A psicoterapeuta da abordagem individual era uma alunaestagiária do curso de Psicologia, que atuava sob supervisão de uma psicóloga do serviço. As sessões tinham freqüência semanal e eram realizadas em situação face a face. Cristina também recebia psicoterapia de grupo havia nove anos, com sessões semanais, às quais comparecia com pouca assiduidade, ao contrário da psicoterapia individual, a qual aderiu satisfatoriamente. 4.2 O percurso da paciente A fase inicial da psicoterapia de orientação psicanalítica consiste no estabelecimento da aliança terapêutica (Peres, 2009). Nos primeiros contatos com a psicoterapeuta atual, Cristina contou sobre sua rotina e organização familiar. Relatou alguns sentimentos recorrentes no convívio diário. A paciente mora com sua mãe em um conjunto habitacional situado na periferia da cidade. É oriunda de uma família modesta. Descreveu-se como muito dependente da mãe, inclusive no plano financeiro. A mãe vivia com a pensão deixada pelo pai falecido. Seus irmãos também moravam com ela e a mãe, mas saíram de casa ao se casarem, restando apenas uma irmã mais nova, também solteira. Quando do início da psicoterapia, Cristina trabalhava dois dias da semana em uma casa de família, como diarista. Esse trabalho era foco de queixas, reclamações e críticas por parte da paciente, que se sentia desmotivada, cansada e insatisfeita com o emprego, seu desempenho nas atividades diárias e a remuneração que recebia. Cansaço. Essa era uma queixa freqüente que a paciente trazia nas sessões. Considerava sua exaustão como uma característica própria de sua pessoa, que entendia ser inata. De forma recorrente nas sessões dizia “estar cansada”. Essa fadiga crônica, por várias vezes também referida como “desânimo”, estendia-se para além dos afazeres do trabalho, invadindo sua vida cotidiana em diversos momentos. Por exemplo, Cristina contava que se sentia cansada ao acordar, que não tinha vontade alguma de fazer as tarefas de casa, ou outra atividade qualquer. Para complementar o orçamento, a paciente também fazia trufas, que vendia em vários locais. Essa era uma tarefa que a paciente dizia que lhe agradava em alguns momentos, pois gostava de cozinhar e de fazer doces. Era reconhecida em seu meio social por seus feitos culinários, sendo constantemente convidada a fazer bolos para eventos festivos. Porém, Cristina relatava sentir-se cansada e sem ânimo também para cozinhar e, por esse motivo, passou a fazer doces com menor freqüência. A paciente expressava nas sessões seu descontentamento com a vida. Quando questionada sobre a possibilidade de acontecerem mudanças, tanto mobilizadas por ela quanto Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 272 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente induzidas por um evento externo, demonstrava não ter esperança de que grandes alterações poderiam ocorrer em sua vida. Não acreditava que um emprego poderia ser algo prazeroso, ou que poderia conquistar maior independência em relação à sua mãe. Quando Cristina recebeu a comunicação de que havia sido aprovada em um concurso da prefeitura municipal, ficou bastante inquieta. Esse evento teve um impacto semelhante a um efeito dominó, na medida em que afetou os mais variados setores de sua vida. A paciente havia prestado esse concurso havia quatro anos e sequer recordava-se dele quando recebeu a notícia de que havia passado e seria chamada para assumir um posto de trabalho. Mesmo relutante, Cristina assumiu o cargo e passou a trabalhar com uma atividade – educadora infantil – que lhe agradava. Contou que se sentia bem ao trabalhar e deixou de queixar-se de cansaço com a freqüência anterior. Conseqüentemente, conseguiu perceber que o cansaço que atribuía a si própria como uma característica atávica, inata, na verdade era decorrente de sua insatisfação no trabalho. A remuneração que a paciente passou a receber possibilitou-lhe abrir mão da ajuda financeira que a mãe lhe oferecia até então. Além disso, a paciente passou a fazer planos para o futuro: Cristina falou sobre seu sonho de formar-se em um curso superior, pois agora acreditava ser possível, de fato, a realização desse sonho. Cristina passou a falar sobre o futuro de maneira positiva e logo alocou o cansaço, o desânimo e a desesperança no passado: “antes, era muito difícil para mim”. Em relação à sua vida afetiva, Cristina relatou um relacionamento amoroso que teve quando ainda era jovem e que marcou sua vida. Esse relacionamento, com um rapaz solteiro e de sua idade, que estudava com ela, foi permeado por desilusões e sofrimento. Cristina contou que fora traída por ele e por uma amiga sua, e que passou mais de 20 anos presa à imagem que criou desse homem e de seu relacionamento com ele. Na psicoterapia, Cristina referiu-se a esse enamoramento como uma experiência ilusória de sua parte, como se não houvesse acontecido nada de fato. Evidenciou-se, assim, a ativação de mecanismos de anulação e esvaziamento do sentido emocional da experiência amorosa frustrada. Por outro lado, percebe-se o quanto que essa vivência traumática influenciou o desenvolvimento de sua vida afetiva posterior, permeada por sentimentos de insegurança e por momentos que alternam grande exposição com excessiva cautela e autoproteção. Essa dinâmica oscilante também se revelou na relação terapêutica: houve sessões em que Cristina se mostrou mais permeável à aproximação da terapeuta, enquanto que, em outros momentos, mantinha um contato superficial e se apresentava fechada, encastelada em sua muralha defensiva. Durante o processo terapêutico, Cristina relatou a experiência que estava tendo de se apaixonar novamente, decorridos cerca de 20 anos daquela paixão malograda da juventude. O objeto de seu encantamento amoroso era Renato, um homem casado e que não retribuía suas manifestações de afeto. Foi um momento particularmente doloroso para ela, recém-saída de seu completo fechamento, avessa a relacionamentos afetivos. A paciente se comportou de maneira oposta ao ocorrido em seu primeiro relacionamento: se antes se protegeu demais, agora se expunha de maneira a tornar-se extremamente vulnerável e suscetível a abalar-se pelo desinteresse expressado por Renato. No decorrer do tratamento, Cristina trouxe, de forma reiterada, a questão da dificuldade que sentia por desejar alguém e não encontrar reciprocidade alguma no seu desejo. O relacionamento que se desenhava em sua mente não tinha correspondência na realidade. Cristina ligava para Renato, insistia em encontrar-se com ele e questionava-se em todo momento o que poderia fazer para mudar a situação de esquiva da parte dele. Na psicoterapia procurou-se trabalhar quais eram as conseqüências dessas ações, como Cristina se sentia na posição que ocupava nesse “relacionamento”, e ressaltar o fato de que ela era autora de suas escolhas, ou seja, responsável pelos caminhos e decisões que tomava em sua Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 273 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente vida. Procurou-se favorecer a conscientização de que o mal-estar e o desconforto que a paciente sentia eram conseqüências de suas próprias escolhas e do modo como lidava com as frustrações afetivas. Durante meses, Cristina continuou a se queixar desse relacionamento. Em determinada sessão, a paciente relatou ainda sentir vontade de procurar Renato, de ligar para ele e tentar agendar um encontro. Foi apontada, para a paciente, a mudança que ocorrera: anteriormente, ao sentir o impulso de procurar Renato, Cristina ligava para ele; atualmente, apesar de ainda sentir essa vontade, não o fazia. Nesse momento, Cristina disse que o que havia mudado é que ela passou a ter amor-próprio. Com a aprovação inusitada no concurso e a série de mudanças que passou a vivenciar concomitantemente, Cristina começou a aceitar a possibilidade de que mudanças estavam ocorrendo também em outros aspectos de sua vida. A esperança, que fora restaurada com a melhoria no âmbito laboral, finalmente alcançou sua vida afetiva. Cristina percebeu que, se lhe foi possível operar uma transformação de tamanha dimensão em um aspecto de sua vida, que até então estava estagnado, era possível ocorrerem também outras mudanças. A paciente, pela primeira vez, começou a aceitar a possibilidade de relacionar-se com alguém de maneira diferente do padrão de seus relacionamentos anteriores. Ainda sentia-se muito insegura e vulnerável, mas conseguia pensar que poderia vir a conhecer alguém, com quem pudesse construir uma vida em comum. Anteriormente, Cristina dizia ter o “dedo ruim”, referindo-se às escolhas que fazia, e boicotava oportunidades, colocando por terra todos os “futuros possíveis”. Agora, a idéia de um relacionamento positivo não era mais rechaçada. Cristina relatou, em algumas sessões, sentir-se insatisfeita com seu corpo, e recordou do momento em que fora internada, 23 anos atrás. Percebia uma diferença marcante em relação ao passado, quando havia ficado esquálida e, no entanto, tinha a convicção de que estava gorda. Agora, não só as pessoas diziam que ela estava magra, mas ela própria também o admitia. Sentia-se gorda em “algumas partes”. Percebe-se, assim, que existia uma diferença substancial entre a insatisfação que ela sente atualmente e o sentimento de outrora. Cristina apontou que, quando foi internada pela primeira vez, sua única meta de vida era perder peso; não conseguia desempenhar atividade alguma, ou sequer pensar em um futuro para si. Todas as energias psíquicas estavam voltadas unicamente para a consecução desse objetivo, a que ela se dedicava com ardente obstinação. Nessa época tinha cerca de 20 anos de idade e chegou a ter um IMC de 12,7 kg/m2. Corria risco iminente de morte, o que deflagrou a necessidade de internação imediata. No percurso terapêutico recente, a paciente referiu-se pouco ao TA em si. Essa é uma questão que permeava suas falas e que apareceu explicitamente apenas em situações muito específicas. Entretanto, isto não implica que esse tema não esteja presente, no mínimo como pano de fundo, da psicoterapia. Atualmente, a insatisfação com o corpo, que ela refere ainda sentir, é vista pela própria paciente a partir de uma perspectiva diferente. Quando considera diminuir a alimentação (por exemplo, “pular” uma refeição, deixar de almoçar), Cristina logo associa a perda de peso que teria com dificuldades imediatas no seu emprego, em forma de fraqueza e tontura sentidas no decorrer do dia, e a longo prazo na impossibilidade de realizar seus planos para o futuro, como fazer um curso superior e conquistar independência financeira de sua família. Vale ressaltar que, apesar da insatisfação corporal, Cristina relatou que já conseguia olhar-se no espelho e não se ver “gorda”, o que sugere uma melhoria significativa em sua auto-imagem corporal. 5. DISCUSSÃO Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 274 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente A discussão do material clínico foi pautada nos critérios diagnósticos para a AN propostos pelo DSM-IV-TR. Em relação ao primeiro critério: A. Recusa a manter o peso corporal em um nível igual ou acima do mínimo normal adequado à idade e à altura (por exemplo, perda de peso que leve à manutenção do peso corporal abaixo de 85% do esperado; ou fracasso em ter o ganho de peso esperado durante o período de crescimento, levando a um peso corporal 85% menor do que o esperado). Durante anos Cristina preencheu esse critério. Quando relatava aspectos de sua vida na época da internação, descrevia-se como muito magra e debilitada, a ponto de não conseguir sequer andar. De tão enfraquecida, para tomar banho precisava sentar-se em uma cadeira. Ainda assim considerava-se “gorda”. Apesar de Cristina ainda mostrar-se insatisfeita com seu corpo atual, dizia que, ao se olhar no espelho, conseguia não se enxergar como gorda. Todavia, continuava sentindo malestar ao comer e tinha dificuldades em relação a aceitar sentimento de satisfação após a refeição. Entretanto, tomou consciência de que esse mal-estar que sentia ao comer podia ser contraposto com alguns ganhos que adviam da melhora na alimentação: mais energia, maior capacidade produtiva, não se sentir tão cansada ou desanimada durante o dia. Enfim, Cristina pôde perceber que alimentar-se é algo que possibilita seu fortalecimento em direção à concretização de seus planos e sonhos. Vale ressaltar que, quando Cristina falava sobre a insatisfação com seu corpo e o desejo persistente de emagrecer, percebe-se que, mesmo se perdesse peso de fato, não estaria plenamente feliz com seu corpo. Ela associou essa percepção a como se sentia quando esteve internada: sua única meta na vida era emagrecer e, no entanto, por mais magra que estivesse, nunca se sentia satisfeita com seu peso. Em relação ao segundo critério diagnóstico do DSM-IV: B. Medo intenso de ganhar peso ou de se tornar gordo, mesmo estando com peso abaixo do normal. Cristina preenchera completamente esse critério durante um longo período de sua vida, contudo, atualmente, não se pode afirmar que tenha intenso medo de engordar ou tornar-se gorda, a despeito de persistir o desejo manifesto de emagrecer. No que concerne ao terceiro critério diagnóstico – C. Perturbação no modo de vivenciar o peso ou a forma do corpo, influência indevida do peso ou da forma do corpo sobre a auto-avaliação, ou negação do baixo peso corporal atual – Cristina conta que, no período de sua internação, estava excessivamente magra, porém achava que algumas “partes” de seu corpo eram gordas. Atualmente, a paciente não se achava gorda, apesar de não estar plenamente satisfeita com seu corpo. Essa insatisfação, de fato, refletia-se fortemente em sua auto-estima, porém esse momento deve ser diferenciado do anterior não apenas pela dimensão que essa perturbação assumia em sua vida, mas também pela postura que a paciente adquiriu frente a essa questão fundamental em seu viver: emagrecer não era mais uma meta na vida de Cristina, e muito menos a única meta, ou a meta das metas. A paciente já conseguia olhar para si própria de maneira mais crítica e reconhecer tanto suas “falhas” como aceitar suas potencialidades. A percepção de suas eventuais imperfeições não era mais excessivamente calcada na dimensão sensorial ou corporal. E, acima de tudo, a percepção de seus potenciais – esta talvez se constituiu na novidade mais auspiciosa que emergiu durante o processo psicoterapêutico – foi um passo crucial para que ela passasse a traçar estratégias que lhe permitiriam retomar o processo de desenvolvimento que estava estagnado havia mais de duas décadas. No que se refere ao quarto critério diagnóstico preconizado – D. Nas mulheres pósmenarca: amenorréia, isto é, ausência de pelo menos três ciclos menstruais consecutivos, o ciclo menstrual da paciente estava regularizado. Esses dados indicam que o quadro clínico estava estável. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 275 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS O acompanhamento sistemático da paciente por um período de nove anos permitiu constatar que Cristina passou por um processo de transformação gradual ao longo de sua trajetória de atendimento. Ao narrar sua internação, no início do tratamento, Cristina parecia referir-se a um acontecimento biográfico já distante de suas preocupações atuais, uma experiência tumultuada, porém já bem diferente do que vivia no momento atual. Muitas vezes, ao pensar em suas dificuldades atuais, Cristina fazia um paralelo entre estas e o que vivera anteriormente. Já se colocando em uma posição diferente, referia-se ao passado como algo que fora superado. Nesse contexto, o trabalho terapêutico focou-se na conscientização da paciente de que suas escolhas foram a alavanca que lhe proporcionou esses ganhos e benefícios terapêuticos. Em relação ao diagnóstico de AN, percebeu-se que a paciente já preenchera os critérios em determinados momentos de sua vida, mas que, provavelmente, na atualidade, não mais receberia tal diagnóstico. Entretanto, a paciente ainda carrega as marcas subliminares desse diagnóstico psiquiátrico, o que se evidencia quando ela discorre sobre seus medos, inseguranças e obstáculos. As situações vividas no cotidiano colocavam-na de frente às suas dificuldades e, nesses momentos de maior estresse e exigência ambiental, percebia-se a perspectiva que ela tinha acerca de sua própria condição: lidar com um diagnóstico de TA desde a juventude é uma questão que freqüentemente retorna, sobretudo quando Cristina questionava se conseguiria adaptar-se a uma nova situação – o novo emprego, se conseguiria sustentar um relacionamento afetivo construtivo, se seria capaz de manter uma alimentação saudável, que lhe permitisse suprir as energias necessárias para o trabalho e viver bem. Questionamentos sobre o diagnóstico, portanto, ressurgiam em momentos de acentuação das dúvidas e incertezas em relação à própria competência pessoal. Portanto, o significado de ser uma pessoa com “anorexia” estava diretamente relacionado ao seu senso de auto-eficácia, que é parte constitutiva da auto-estima. O mais importante é que, no momento atual, Cristina já se mostrava capaz de perceber diferenças e nuanças em alguns aspectos que configuram sua auto-imagem, quando confrontada com a imagem que sustentava no passado. É claro que a sintomatologia que acompanha a AN já fora um grilhão que um dia a limitara imensamente e, por conseguinte, deixou fortes marcas existenciais na paciente. Tanto é assim que foi perceptível o quanto Cristina ainda sentia dificuldades em perceber seus avanços como evidências de superação de uma condição anterior, como se as limitações já superadas permanecessem como um resquício de um passado que não fora totalmente elaborado e dado por findo. No processo terapêutico, Cristina conseguiu conscientizar-se das diferenças entre o que vivia na atualidade e os acontecimentos passados, apropriando-se de seu papel como agente de tais mudanças, autora de sua própria história, bem como de suas dificuldades e potencialidades. Os medos e obstáculos que a paciente encontrava ou introduzia em seu percurso refletem um momento anterior em sua vida, de intensa luta contra tendências autodestrutivas que se apoderavam do ego. Contudo, durante o processo terapêutico foi possível perceber que, apesar de suas inseguranças serem aparentemente as mesmas do passado, sua postura de enfrentamento frente às situações desafiadoras do presente era bem diferente. Interpretações discriminadoras desse tipo invariavelmente eram bem recebidas pela paciente, que se sentia encorajada a persistir em seu processo evolutivo. Com base nessas considerações, conclui-se que o diagnóstico de AN, para além de ser um conjunto de sintomas atribuídos por uma profissional de saúde a um indivíduo que enfrenta sérias dificuldades de ajustamento, assume significados bem distintos ao ser subjetivado pelo paciente. Na perspectiva de Cristina, representou uma experiência decisiva em sua trajetória de vida, que felizmente pôde ser transformada ao longo do tratamento. De Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 276 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente qualquer modo, esse diagnóstico, com suas reverberações estigmatizantes, continua colado à personalidade da paciente, apesar de ela estar vivenciando um estágio de vida bem diferente daquela época, quando o TA foi detectado. Em outras palavras, a AN, que um dia designou uma experiência limítrofe e limitante no viver da paciente, uma configuração psicopatológica de difícil superação, continua associada a dificuldades e receios no presente, apesar de a paciente, a rigor, não mais preencher os critérios diagnósticos para o quadro clínico. Apesar disso, ela continua a se identificar com o lugar de indivíduo frágil e dependente que esse diagnóstico desenha para ela. Por essa razão, a superação agora deve ser realizada no mundo interno da paciente, ou seja, no plano de suas representações de si e do mundo. Acreditar que todas as dificuldades que enfrenta no processo de viver a vida seriam decorrentes da “doença” é um modo que Cristina encontrou de ficar aprisionada a seus temores de suportar a vida, o que deve se constituir no foco a ser elaborado na psicoterapia. Do contrário, ela poderá fazer desse modo de se defender dos seus conflitos uma condição realmente incapacitante. Ver-se nesse lugar, de alguém que se mostra incapaz de construir os meios necessários para sustentar a busca de realização de seu projeto de vida, é uma das maneiras possíveis de manter-se “anoréxica” pela vida afora, mesmo quando se está claramente “saindo” dos contornos da anorexia – isto é, quando não se exibe mais a constelação de sintomas típicos que configuram essa classificação diagnóstica. Desse modo, a “anorexia” permanece não como um transtorno diagnosticado, mas um questionamento da paciente acerca de sua própria capacidade de ser, de ir mais além da identidade que a enfermidade fornece: “será que eu realmente superei?”. REFERÊNCIAS Andrade, T. F., & Santos, M. A. (2009). A experiência corporal de um adolescente com transtorno alimentar. Revista Latino-Americana de Psicopatologia Fundamental, São Paulo, 12(3), 454-468. American Psychiatric Association (2009). Practice guidelines for the treatment of patients with eating disorders. 3th ed. Washington, DC: Autor. 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Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 277 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Navarini, V., & Hirdes, A. (2008). A família do portador de transtorno mental: Identificando recursos adaptativos. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, 17(4), 680-688. Oliveira, E. A., & Santos, M. A. (2006). Perfil psicológico de pacientes com anorexia e bulimia nervosas: A ótica do psicodiagnóstico. Medicina Ribeirão Preto, 39(3), 353-360. Peres, R. S. (2009). Aliança terapêutica em psicoterapia de orientação psicanalítica: Aspectos teóricos e manejo clínico. Estudos de Psicologia, Campinas, 26(3), 383-389. Peres, R. S., & Santos, M. A. (2005). Considerações gerais e orientações práticas acerca do emprego de estudos de caso na pesquisa científica em Psicologia. Interações, 10(20), 109-126. Rêgo, M. O., Severiano, M. F., & Telles, Y. X. 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UNIVERSALIDADE E INSTILAÇÃO DE ESPERANÇA COMO FATORES TERAPÊUTICOS EM UM GRUPO DE APOIO A PACIENTES COM TRANSTORNOS ALIMENTARES Elaine Cristina da Silva Gazignato Prefeitura Municipal do Guarujá, SP E-mail: [email protected] Fabio Scorsolini-Comin Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM E-mail: [email protected] Manoel Antônio dos Santos Universidade de São Paulo – FFCLRP/USP E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO Os transtornos alimentares (TA), que incluem a anorexia nervosa (AN) e a bulimia nervosa (BN), são temas muito discutidos e pesquisados atualmente, principalmente pelo crescente número de adolescentes e jovens adultos que buscam atendimento em clínicas e serviços de saúde e pela importância dada pela mídia e pela cultura ocidental ao culto do corpo esbelto e magro, investido como padrão de beleza. A descoberta médica da anorexia e da bulimia aconteceu em 1691 (WEINBERG; CORDÁS, 2006). Do histórico desses transtornos, apreendemos que sua incidência aumentou muito nos últimos 50 anos, em parte devido aos estudos dedicados aos mesmos, que vêm possibilitando um maior reconhecimento na população. Muitos estudos buscaram delinear a etiologia da anorexia e da bulimia, procurando identificar fatores de risco para o seu aparecimento. A pressão sociocultural para ser magro é referida por vários autores como fator de risco para a predição da doença (POLIVY; HERMAN, 2002; STICE, 1999). Incluem-se nesse cenário principalmente as pressões exercidas pela família, dos grupos de pares e da mídia (SOUZA; SANTOS, 2007). Segundo Le Grange (1999), a conceituação da anorexia e da bulimia como psicopatologias reproduz as ideias sociais dominantes encontradas no discurso científico e reguladas por meio da linguagem. Os discursos presentes sobre a AN e a BN posicionam as pessoas diagnosticadas com essa doença de maneiras particulares e acabam sendo legitimados. Os Transtornos Alimentares (TA) Os principais tipos de TA são a AN e a BN. Na perspectiva do discurso médico, são considerados quadros psicopatológicos e não apenas exagero de valores sociais dominantes, que permeiam as ações e adições contemporâneas. Correspondem a perturbações graves e persistentes da conduta alimentar, cuja prevalência tem crescido nas últimas décadas, atingindo, principalmente, adolescentes e jovens mulheres. Nos últimos anos, tem-se observado o aumento do número de homens acometidos (ANDRADE; SANTOS, 2009). A concepção psicológica dos TA é foco de interesse das pesquisas que buscam compreender a dinâmica de personalidade específica dos pacientes que desenvolvem tais psicopatologias (SOUZA; SANTOS, 2007). A valorização extrema do ideal de magreza pode favorecer sentimentos de depressão, raiva, culpa, estresse e insegurança nas pessoas mais Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 279 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente suscetíveis e inseguras (STICE, 1999). Algumas características apontadas como próprias dos TA são: disfunção da percepção corporal, preocupação excessiva com a aprovação social, tentativa de corresponder com as expectativas dos pais, sentimento de vazio e sintomas depressivos (REGO, 2004). De acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders-IV Revised, datado de 2006, os critérios diagnósticos para a AN são: recusa na manutenção do peso corporal saudável; medo intenso do ganho de peso ou de se tornar obeso, ainda que esteja abaixo do peso; distúrbio na maneira de perceber a forma física e peso (distorção da imagem corporal) ou negação da seriedade da atual perda de peso; em mulheres considera-se a presença de amenorreia (ausência de menstruação) como um dos critérios diagnósticos limitações dietéticas autoimpostas, com um padrão alimentar bizarro e acentuada perda de peso induzida e mantida pelo paciente, associada a um temor intenso de engordar. Enquanto que os critérios diagnósticos da BN são: preocupação excessiva com relação ao controle do peso corporal conduzindo a uma alternância de hiperfagia e vômitos ou uso de purgativos. REFERENCIAL TEÓRICO Potencialidades do grupo como dispositivos de tratamento dos TA A literatura considera que o tratamento mais eficiente para os TA inclui psicoterapia associada à farmacoterapia. Os estudos têm mostrado que a psicoterapia ajuda a minimizar o sofrimento psicológico e a melhorar a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares (STICE, 1999; REGO, 2004; SANTOS, 2006). A psicoterapia de grupo oferece um contexto de apoio centrado nas questões que os TA deflagram, como as dúvidas e resistências em relação ao tratamento (psicoterapia, tratamento medicamentoso, rotina de consultas, exames e procedimentos, exposição à tecnologia médica e psicossocial), alterações no cotidiano, repercussões na vida familiar e no ambiente social, que despertam vivências de angústia. Nesse sentido, o enquadre grupal fornece um espaço seguro para a expressão emocional e trocas de experiências, uma vez que favorece a produção coletiva de significados, que podem ser explorados e canalizados na busca de soluções para os problemas comuns que afetam o cotidiano de todos (SANTOS, 2006; SOUZA; SANTOS, 2009; YALOM, 1970). O grupo proporciona o confronto de diferentes percepções e pontos de vista sobre um determinado tema (SANTOS, 2006), o que pode gerar reflexões múltiplas e, muitas vezes, divergentes, que, se forem acolhidas e elaboradas, promovem o desenvolvimento de recursos, por parte dos participantes, para lidarem com as diferenças, de modo a desfrutarem de seu potencial transformador. Os objetivos da intervenção em grupo, no cenário dos TA, são: promover melhor qualidade de vida, proporcionar a expressão de sentimentos relacionados ao transtorno e seu tratamento, reforçar a autoestima e uma autoimagem positiva, fortalecer a vinculação ao tratamento, estimular a recuperação física e emocional, incentivar a comunicação com a equipe de saúde. Além disso, outros objetivos visados são: adquirir novas habilidades de enfrentamento (manejo de ansiedades, formas de resolução de conflitos) que se refletem em situações cotidianas; incentivar a ajuda mútua por meio da partilha de problemas semelhantes, dentro do contexto grupal; auxiliar a pessoa acometida a lidar com o temor da dependência – a perda de autonomia e o medo do futuro (movimentos que vão no sentido do crescimento); buscar desfechos mais satisfatórios para suas histórias de dor e sofrimento. Os fatores terapêuticos Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 280 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Dentre as abordagens teóricas utilizadas para se compreender os grupos, nootadamente os de apoio psicológico, destaca-se o enfoque dos fatores terapêuticos. Segundo Bloch et al. (1979), fatores terapêuticos são “elementos da terapia de grupo que contribuem para melhorar a condição de um paciente e que podem ser decorrentes das ações do terapeuta do grupo, dos outros membros do grupo e do próprio paciente” (p. 227). Os fatores terapêuticos seriam mediadores de mudança, de transformação psíquica, sendo esses elementos comuns a toda terapia de grupo (SOUZA; SANTOS; SCORSOLINI-COMIN, 2009). Yalom (1970) elenca 11 tipos de fatores terapêuticos: instilação de esperança; universalidade; oferecimento de informações; altruísmo; desenvolvimento de técnicas de socialização; comportamento imitativo; catarse; reedição corretiva do grupo familiar primário; fatores existenciais; coesão do grupo; e aprendizagem interpessoal. Já para Bloch et al. (1979) e Mackenzie (1997) existem dez tipos de fatores terapêuticos: universalidade; instilação de esperança; altruísmo; aceitação (coesão); autorrevelação; catarse; aconselhamento; aprendizado por intermédio do outro; aprendizado interpessoal; autocompreensão (insight). Estes fatores exercem impacto nos participantes e contribuem para sua melhora, ou seja, promovem a redução de sintomas e mudanças em certos padrões de comportamento que obstruem o processo de crescimento pessoal. Os fatores terapêuticos podem ser agrupados em quatro grandes grupos, a saber: (a) Fatores de apoio (universalidade, instilação de esperança, aceitação, altruísmo); (b) Fatores de autorrevelação (autorrevelação e catarse); (c) Fatores de trabalho psicológico: aprendizado interpessoal e insight; (d) Fatores de aprendizado: aconselhamento e aprendizado por intermédio do outro (MACKENZIE, 1997). Compreender os fatores terapêuticos mobilizados no grupo é uma ferramenta que pode contribuir para ampliar as possibilidades de intervenção com pacientes com TA (BLOCH, 1986). Obviamente, esses fatores não devem ser entendidos como instâncias teóricas de análise ou categorias, mas como importantes pilares para compreender a estruturação e funcionamento do grupo, a construção das condições que favorecem a mudança e a manutenção e desenvolvimento do grupo ao longo do tempo. OBJETIVO A partir do exposto, o objetivo deste estudo é analisar os fatores terapêuticos de apoio (notadamente a universalidade e a instilação de esperança) presentes em sessões de psicoterapia de grupo com pacientes que apresentam este tipo de transtorno, buscando-se compreender como tais fatores auxiliam no desenvolvimento dessas pessoas no contexto do espaço grupal. METODOLOGIA O atendimento de pacientes com diagnóstico de anorexia e bulimia nervosas, encaminhados pelos diversos serviços públicos de saúde do município de Ribeirão Preto e de outras cidades da região, é conduzido pelo Ambulatório de Transtornos da Conduta Alimentar e do Peso do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Nesse ambulatório foi criado o Grupo de Assistência aos Transtornos Alimentares (GRATA), um serviço no qual são oferecidos aos pacientes com AN e BN: atendimentos individuais por médicos nutrólogos (residentes e adidos ao serviço), nutricionistas Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 281 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente (voluntárias), grupos de apoio a portadores e familiares, coordenado por psicólogos (voluntários), além de avaliação psicológica, psicoterapia individual e encaminhamento psiquiátrico. À época da coleta dos dados, encontravam-se em tratamento 42 pacientes, em sua maioria mulheres, com idades entre 15 e 25 anos. A maior parte desses pacientes estava, portanto, na fase da adolescência, requerendo obrigatoriamente o acompanhamento de seus pais ou responsáveis legais durante os atendimentos. O tempo de doença e a gravidade do quadro clínico sintomatológico variavam muito entre os pacientes. O grupo de apoio às pessoas com transtornos alimentares acontece uma vez por semana, tem uma hora e trinta minutos de duração e é coordenado por dois psicólogos em esquema de cocoordenação. É um grupo aberto e todos os pacientes do serviço são convidados a participar. Configura-se como um grupo aberto aos pacientes de ambos os sexos. Traremos aqui alguns recortes das sessões de grupo com esses pacientes, a fim de que possamos pensar na multiplicidade de discursos produzidos sobre os TA e de que modo os fatores terapêuticos não apenas estão presentificados no espaço grupal, como contribuem para o desenvolvimento e o tratamento dos pacientes. Para a análise, utilizaremos duas sessões selecionadas randomicamente desse grupo de apoio, que foram audiogravadas e transcritas na íntegra, entre os anos de 2004 e 2005. À época, o grupo acontecia semanalmente, com duração de 90 minutos, coordenado por dois psicólogos e era aberto, ou seja, com número de participantes variável. Para preservar o anonimato dos participantes, os nomes dos mesmos serão omitidos. Em termos dos cuidados éticos, este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Protocolo 10823/2004). RESULTADOS E DISCUSSÃO O primeiro fator terapêutico de destaque é a universalidade. Ela pode ser caracterizada como a tomada de consciência, pelo paciente, de que há outros que vivem situação semelhante a que ele está vivendo, problemas e conflitos análogos aos seus. Essa descoberta provoca sensação de alívio, melhora da autoestima e redução de estigma social. O paciente rompe com o seu aparente isolamento, havendo a possibilidade de intercâmbio social franco e honesto. O senso de universalidade é a consequência do processo de comparação social que ocorre naturalmente em grupos (SANTOS, 2006). Nas sessões analisadas podemos destacar e comentar algumas sequências interacionais em que este fator surge, como o que segue, narrado na primeira sessão do grupo, em que a participante comenta: Mas aí eu vi que tem mais pessoas, né, que tem mais pessoas passando na mesma situação, e às vezes até numa situação mais difícil do que a minha. Podemos notar uma sensação de alívio da paciente por descobrir que existem outras pessoas vivendo a semelhante ou mais difícil. A fala de outra participante corrobora tal percepção: É, e também pra mim foi bom também saber que tantas pessoas que têm também e que não sou só eu. Porque eu me achava esquisita antes. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 282 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Assim, ao reconhecer outras pessoas que sofrem pela mesma doença, as pacientes podem, no grupo de apoio, experimentar a possibilidade de se verem como “normais”, como se fosse natural adoecer e enfrentar determinados desafios, como se sentir diferente da maioria das pessoas. O grupo, elegendo a doença como unificadora das experiências individuais dessas participantes, acaba universalizando-a e elegendo-a como algo natural, ou então que não desperte a estranheza, nem mesmo quando e pensa nos profissionais que ali estão e que não estão doentes. A possibilidade de saída do isolamento social a partir da identificação com outro participante pode ser notada na fala da participante: Eu tava me sentindo tão assim diferente das pessoas. Eu não conhecia ninguém que tinha e eu não conhecia aqui ainda. A partir desta tomada de consciência de que outros também passam por experiências semelhantes, surge não apenas a identificação entre as participantes, como visto a seguir, mas também a atribuição de um importante significado ao grupo, na medida em que ele pode aglutinar sob um mesmo espaço pessoas com vivências semelhantes. Sendo assim, as pacientes não apenas podem conhecer pessoas que passam pelo mesmo processo, mas podem usar o grupo como algo que as caracteriza e abre a possibilidade do encontro e também da construção coletiva de sentidos sobre o estar doente e sobre conhecer pessoas em situação comparável: Eu passei por uma fase assim [em comparação ao que outra participante havia dito], de eu começar a comer, eu já me sentia cheia. Não é, é porque é assim, eu entendo o que ela sente porque eu também sou assim. Eu falo assim: Eu não vou conseguir. Por esses trechos, podemos compreender que a universalidade enquanto fator terapêutico também possibilita a visão da diferença, na medida em que cada participante possui vivências particulares, ainda que sejam relacionadas à mesma doença, que é o elo entre elas. A empatia no grupo é observada na medida em que é permitido que elas se identifiquem e se coloquem na posição de ajudar as demais, a partir do compartilhamento de experiências. Assim, há assunção de posicionamentos que conferem ao grupo não um local onde todos concordam com todos, mas em que todos podem fazer um exercício de compreender o outro em suas nuanças e em suas vicissitudes (SOUZA; SANTOS, 2009; SCORSOLINI-COMIN; AMATO; SANTOS, 2006). Ao visitar este lugar ocupado por outrem, é possível que a paciente tome consciências de suas próprias limitações e recursos e passe a ressignificar sua própria experiência diante da doença, do tratamento e da vida em sociedade. Na segunda sessão analisada, surgiram também falas que demonstram a tomada de consciência entre as participantes de que outras pessoas vivem a mesma situação, o que pode proporcionar acolhimento e compreensão mútua. Na medida em que a universalização dessas experiências desperta a consciência de que essas mulheres possuem recursos para também ajudar outras pessoas que passam pela mesma situação, pondera-se que isso as leve à assunção de uma postura de potencialidade diante da doença, promovendo o desenvolvimento de recursos internos capazes de produzir efeitos satisfatórios ao longo do treinamento. Sendo assim, não se trata apenas de compartilhar histórias e experiências, mas de significá-las como importantes meios de desenvolvimento e de amadurecimento emocional. Tudo o que vocês passaram, eu também passei, de uma forma ou de outra. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 283 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente E entendo o que vocês estão dizendo porque eu já passei por tudo isso. Realmente, você tem razão, aconteceu isso comigo.... Outro fator terapêutico elencado neste estudo, a instilação de esperança, pode ser compreendido como o despertar do senso de otimismo e confiança quanto ao seu potencial e ao seu futuro. Ocorre quando o paciente tem a sensação de que existe alguma possibilidade de alívio e melhora para seus problemas. Isso reforça a participação na psicoterapia e reduz o risco de interrupção no tratamento, reduzindo a ansiedade e auxiliando-o a enfrentar suas dificuldades (BLOCH et al., 1979; MACKENZIE, 1997; SCORSOLINI-COMIN; AMATO; SANTOS, 2006). A sensação de que existe alguma possibilidade de alívio e melhora para o sofrimento decorrente das situações problemáticas enfrentadas no cotidiano, e que é possível atingir a meta que se deseja alcançar, desperta o otimismo e a confiança quanto ao seu potencial e ao seu futuro, predispondo o participante a um maior esforço em participar e trocar experiências com os demais. Na primeira sessão, podemos observar o desejo relatado por uma das pacientes de se cuidar mais, o que é de substancial importância no contexto de um TA: Acho que é um maior estímulo pra tá me cuidando, me aceitando, tentando ter mais saúde, mais cuidado. Outro movimento que surge é a possibilidade de ressignificar momentos cotidianos em vitórias e incentivos para a continuidade do tratamento, como podemos notar na fala a seguir: Essa semana eu consegui ir num rodízio de pizza. Quando uma paciente com AN se permite ir a um rodízio e se alimentar diante de outras pessoas, há que se destacar a superação de uma barreira, na medida em que as pessoas acometidas por tal transtorno tende a se isolar socialmente, uma vez que não mantêm os padrões alimentares compartilhados pela coletividade, além de se sentirem inadequadas pela visão distorcida de suas imagens corporais. Mais do que isso, no que concerne ao objetivo deste estudo, a paciente sente-se segura para, no grupo, revelar tal episódio, significado por ela e pelas demais como uma vitória, como uma conquista que deve servir como um exemplo às demais que vivem a mesma situação. Neste mesmo sentido, está presente nas falas também a confiança quanto ao seu potencial apesar das dificuldades, como podemos notar nas falas seguintes: Porque eu tenho certeza que eu vou ficar bem, mas eu não tô me sentindo bem assim! Porque assim, vendo assim as melhoras que eu tive, eu até admiro o que eu consegui aqui. Na segunda sessão, o senso de otimismo está presente na fala desta participante, que usa o espaço grupal para destacar a melhora de outra participante: E é muito bom vir aqui e encontrar, e ver que ela tá muito mais solta, muito mais aberta... Parabéns! Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 284 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Esta ponderação de que a participante estava melhor acaba não apenas servindo como um incentivo para que as demais melhorem, mas também pelo fato de que o grupo possibilitar a instilação de esperança, reconhecendo os êxitos de cada participante. Ao tornar pública tal conquista, a participante passa a universalizar os ganhos advindos também da participação neste grupo de apoio. Não podemos dizer se a melhora se deve ao grupo, mas pelas falas é possível perceber que o grupo é um mecanismo que acompanha as pacientes em momentos de crise e também de esperança, funcionando como espaço de desenvolvimento e de acolhimento dessas pessoas. Notar a melhora de uma participante pode auxiliar no enfrentamento das dificuldades para outras participantes, como podemos observar nas seguintes falas: Eu acho que é a força de vontade, vontade de querer melhora, pelo menos comigo... Esse grupo assim, é uma maneira da gente ajudar, e por isso que me ajuda a fazer o meu tratamento. Porquê, sabe, ali tinha alguém me incentivando, tinha alguém me dando força, dizendo assim: “Cê vai conseguir!”. E eu acreditava que você pensando assim, de uma forma mais positiva, tentando pensar de uma forma mais positiva. A instilação de esperança, deste modo, funcionou como um recurso de destaque no tratamento das pacientes justamente por possibilitar um sentido de continuidade (YALOM, 1970) do qual o grupo é depositário. Assim, o tratamento passa a ser compreendido como um processo que se desenvolve ao longo do tempo, assim como o grupo, que observa espectralmente o desenvolvimento e os enredos dessas pacientes, que compartilham estórias, posicionamentos, dramas e conquistas, quer se refiram à cura ou a ganhos cotidianos relacionados à doença. CONSIDERAÇÕES FINAIS Podemos perceber, em um primeiro momento, que o grupo surge como um espaço privilegiado no sentido de oferecer suporte emocional, informativo e de convivência para as pessoas que sofrem de um transtorno alimentar, onde os pacientes podem se reconhecer na experiência do outro e fazer um exercício de construção da própria identidade e da função que o sintoma assume em suas vidas (SOUZA; SANTOS, 2007; YALOM, 1970). Na situação grupal, há uma produção coletiva de significados, que podem ser explorados e canalizados na busca de soluções para os problemas comuns que afetam o cotidiano de todos (SANTOS, 2006). Com essas diretrizes em mente, o coordenador do grupo busca estimular a recuperação física e emocional do paciente, conduzindo-o ao contato com um outro que também o constitui. Desse modo, os fatores de universalidade e de instilação de esperança almejam reforçar sua autoestima, atenuando o impacto de uma autoimagem normalmente comprometida na presença da enfermidade. Os fatores terapêuticos são, então, estes mecanismos eliciadores de mudança que surgem a partir da necessidade do desenvolvimento de recursos para lidar com as situações geradas em contextos grupais (MACKENZIE, 1997; SCORSOLINI-COMIN; AMATO; SANTOS, 2006). Notadamente, os fatores de apoio acabam tendo uma repercussão maior quando se analisa uma psicoterapia grupal de apoio psicológico. A assunção da universalidade e da esperança não devem ser compreendidos como característicos desses grupos, como se definissem um perfil mínimo para um grupo de apoio. Na verdade, é o Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 285 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente manejo do grupo e o embasamento teórico e prático dos profissionais envolvidos nesse contexto que pode promover a assunção desses elementos em um contexto terapêutico de mudança e, mais do que isso, que eles possam ser evocados não apenas como fatores, mas como indicadores da qualidade como o grupo vem se desenvolvendo e contribuindo para o tratamento de seus participantes. Nas análises aqui empreendidas, pudemos constatar que estes fatores terapêuticos estão presentes em muitas falas, em diversos momentos, e ainda que não possamos afirmar a participação desses elementos na mudança de comportamentos, nota-se a reflexão suscitada a partir das discussões e um movimento em direção ao comportamento adaptativo e de superação do transtorno, o que é basal em qualquer intervenção psicológica, quer na saúde mental ou em outras áreas de atuação clínica. REFERÊNCIAS _____. A construção social de um grupo multifamiliar no tratamento dos transtornos alimentares. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 22, n. 3, p. 317-326, 2009. _____; SCORSOLINI-COMIN, F. Percepções da família sobre a anorexia e bulimia nervosa. Vínculo, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 1-9, 2009. ANDRADE, T. F.; SANTOS, M. A. A experiência corporal de um adolescente com transtorno alimentar. Revista Latino-Americana de Psicopatologia Fundamental, v. 12, n. 3, p. 454-468, 2009. BLOCH, S. 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Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 286 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 6. A AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO JUNTO A ADOLESCENTES EM UMA PERSPECTIVA INTERNACIONAL Fabio Scorsolini-Comin Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM E-mail: [email protected] Alana Batistuta Manzi de Oliveira Universidade de São Paulo – USP E-mail: [email protected] Karin Aparecida Casarini Universidade de São Paulo – USP E-mail: [email protected] Roberta Cury de Paula Universidade de São Paulo – USP E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO Historicamente, o surgimento da adolescência, para Ariès (1986), teria se dado a partir do nascimento do sentimento de infância em consonância com a ascensão da burguesia, bem como por um estabelecimento da “consciência de juventude” em exércitos e colégios burgueses. Nos estudos históricos deste autor, as referências ao que chamamos hoje de adolescência teriam sido construídas a partir do pertencimento a uma classe social (burguesia) e a um sexo (masculino), uma vez que os colégios se organizavam em torno da educação masculina (AGUIAR, 2007). A adolescência é uma fase do desenvolvimento popularmente caracterizada pelos extremos, pelos excessos e pela construção da personalidade adulta, em um período marcado por crises e transformações. A partir desta fase é que o indivíduo conseguirá descobrir o seu papel social, adquirindo subsídios como valores, atitudes, crenças, princípios e vontades que serão organizados e assumidos pelo adolescente, servindo de bases para a consolidação do seu processo natural de desenvolvimento psíquico (ABERASTURY; KNOBEL, 1981; BRÊTAS et al., 2008; ZAGURY, 1999). A adolescência tem despertado o interesse não apenas da mídia e dos meios de comunicação atuais como comunidades virtuais e sites de relacionamentos, como também das políticas públicas relacionadas à saúde e à educação. Deste modo, pode-se definir a adolescência como um período caracterizado por grandes transformações físicas, psicológicas e sociais (WHO, 1986) que ocorreria na faixa etária de 10 a 19 anos de idade. O critério etário na caracterização da adolescência também aparece em outros documentos oficiais como o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (1990), que delimita esta fase dos 12 aos 18 anos (BRASIL, 1990). No entanto, contemporaneamente, tem-se observado um alargamento etário da adolescência, podendo irromper os 24 anos de idade quando se considera a questão de dependência econômica e emocional em relação às famílias de origem (VENTURINI, 2009; ZAGURY, 1999). No Brasil, no ano de 2000, havia cerca de 35 milhões de pessoas na faixa etária dos 10 aos 19 anos (IBGE, 2000). REFERENCIAL TEÓRICO Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 287 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Conforme destacado por Aquino et al. (2003), o ano de 1985 (Ano Internacional da Juventude, segundo a Organização das Nações Unidas – ONU) foi fundante para a adoção de iniciativas em todo o mundo, visando ao levantamento das necessidades sociais dos jovens que viriam a constituir as futuras gerações de adultos. De acordo com Sabóia (1998), esse processo refletiu mudanças que vinham ocorrendo quanto às expectativas sociais diante dessa etapa da vida, no sentido de capacitar jovens para o ingresso no mercado de trabalho e, no âmbito da saúde, delimitar as necessidades típicas dessa fase do desenvolvimento. De acordo com Sapienza e Pedromônico (2005), retomado por Venturini (2009), a adolescência pode ser considerada um período no qual alguns indivíduos se tornam vulneráveis aos fatores de risco e estressores presentes em seu contexto, pois ele compreende mudanças físicas, psicológicas e sociais, uma maior aproximação do grupo de pares e a vivência de situações novas sem que saibam, a priori, lidar com essas situações. Mun, Windle e Schainker (2008) destacam que na adolescência também são comuns comportamentos de risco e de violação à lei, relacionados às tarefas desenvolvimentais de aumento da autonomia e da autorregulação. Assim, abre-se espaço para a intervenção de profissionais (dentre eles, o psicólogo) nesse contexto de desenvolvimento. Segundo Euzébios Filho e Guzzo (2006), a inserção dos psicólogos na área da saúde pública obrigou alguns profissionais a reverem a elaboração de práticas e propostas de intervenção psicológica, sendo este movimento a consequência de uma ampla reflexão teórica, que culminou com a proposta de intervenção preventiva, a qual busca superar o modelo biomédico, individualista e de cisão entre mente, corpo e ambiente. Neste novo modelo, a desigualdade social adquiriria um espaço privilegiado nas análises e nas intervenções psicológicas (HOOK, 2004), sendo que a análise dos fatores de proteção tornarse-ia uma prioridade, em detrimento do foco exclusivo na redução dos fatores de risco (LACERDA JR.; GUZZO, 2005). A partir desta concepção, diversos programas voltados à promoção da saúde, do bemestar e da educação dos adolescentes foram sendo constituídos como forma não apenas de atender a uma parcela significativa da população, mas também possibilitar a assunção de práticas adaptativas e salutares em indivíduos que se encontram na transição para a fase adulta, principalmente aqueles submetidos a situações de risco e de maus-tratos, no Brasil e também em outros países (BÉRGAMO, 2007; LACHARITÉ, 2009; MUZA; COSTA, 2002; SUÁREZ-OJEDA; SILBER; MUNIST, 1992; VENTURINI, 2009). Com a existência desses programas, faz-se necessário avaliá-los, a fim não apenas de verificar o atingimento de seus objetivos como também proporcionar uma visão global sobre o programa em diferentes fases de sua execução, buscando melhorá-lo em termos operacionais e em relação às práticas desenvolvidas/empregadas/negociadas para, pelos e entre os participantes e os profissionais envolvidos (BLEDSOE; GRAHAM, 2005; FAW; HOGUE, 2005). A avaliação de programas de intervenção junto a crianças e adolescentes é tratada por Lacharité (2009) a partir da perspectiva que compreende o processo avaliativo não como uma dimensão apenas de julgamento, mas também como balizadora de práticas e constitutiva das ações socioeducativas/psicoeducativas. Na perspectiva deste autor, a avaliação não é algo que se dá apenas a posteriori, mas está intimamente ligada a qualquer processo interventivo, em todas as suas fases. Para detectar o alcance de um desses programas de maneira segura, por exemplo, há a necessidade de um processo de avaliação contextualizado e delineado de forma clara, precisa e problematizadora da realidade analisada. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 288 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente OBJETIVO Apresentar uma revisão integrativa sobre a produção científica ligada à avaliação de programas de intervenção junto a adolescentes em um periódico internacional da área de avaliação, buscando delinear os principais enfoques e tendências dessas publicações. MÉTODO Tipo de estudo Trata-se de uma revisão integrativa de literatura. De acordo com Beyea e Nicoll (1998), uma revisão integrativa sumariza pesquisas passadas e tira conclusões globais de um corpo de literatura de um tópico em particular, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisa, assim como reflexões sobre a realização de futuras pesquisas. Escolha da base de dados Primeiramente, procedeu-se uma busca nas bases de dados nacionais e latinoamericanas como o SciELO, o LILACS, o PePSIC e o BVS-Psi. Essas bases têm como órgãos responsáveis, respectivamente, o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informações em Ciências da Saúde (BIREME), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), a Associação Brasileira de Editores Científicos de Psicologia (ABECiP), e a Rede Nacional de Bibliotecas da Área de Psicologia (ReBAP). Dentre as referidas bases de dados, a PePSIC é voltada exclusivamente à divulgação de pesquisas científicas em Psicologia, a LILACS é especializada em Ciências da Saúde e a SciELO, por sua vez, é multidisciplinar. Todas elas, contudo, têm em comum o fato de serem dirigidas por instituições reconhecidamente comprometidas com o avanço e a difusão do conhecimento nos contextos brasileiro e latino-americano (PERES; SANTOS, 2009; SCORSOLINI-COMIN; SANTOS, 2009). No entanto, tais bases não resgatam boa parte dos estudos internacionais, uma vez que, em levantamento prévio, encontramos poucos artigos, com o predomínio de trabalhos teóricos (muitos de revisão), sem o desenvolvimento de projetos empíricos. Como a meta do estudo foi trazer à baila não apenas estudos recentes, mas também aqueles com maior impacto na área de avaliação, optou-se por fazer um levantamento em uma na base de dados internacional. Para tanto, devido a um maior volume de publicações internacionais, foi selecionado um periódico internacional de destaque na área de avaliação como forma de se ter acesso a publicações recentes e relacionadas à temática investigada. O periódico selecionado foi o American Journal of Evaluation – AJE (<http://aje.sagepub.com>). Este periódico explora os complexos desafios da área de avaliação a partir de trabalhos específicos sobre métodos, teorias e práticas da avaliação. Critérios de inclusão/exclusão Nesta revisão foram excluídos artigos não-indexados, teses, dissertações, livros e capítulos de livros. A fim de restringir o levantamento apenas a trabalhos que passaram por um processo rigoroso de avaliação metodológica, selecionaram-se apenas artigos indexados. Este critério foi alcançado já na escolha da base, uma vez que se trata de um periódico internacional indexado e com seletiva política editorial. Foram excluídos trabalhos distantes do tema e não relacionados a intervenções com adolescentes. Em relação ao idioma de publicação, não houve restrição, embora o presente periódico resgate, predominantemente, artigos em inglês. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 289 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente O levantamento compreendeu o período de janeiro de 2008 a dezembro de 2009. Tal abrangência objetivou traçar um perfil apenas de publicações recentes na área. Os resumos condizentes com os critérios adotados foram selecionados e partiu-se desse levantamento preliminar para a recuperação dos trabalhos completos, como descrito a seguir. Procedimentos de busca Na página oficial da base selecionada – AJE, (<http://online.sagepub.com/cgi/search?src=selected&journal_set=spaje>), foi feita uma busca de artigos publicados no período de janeiro de 2008 a dezembro de 2009, como forma de se resgatar apenas artigos recentes para a revisão. O levantamento foi realizado em maio de 2010. As buscas eletrônicas foram feitas a partir da utilização dos descritores “avaliação” (evaluation), “programa” (program), “adolescentes” (adolescents) e do operador booleano “e” (and), no período de janeiro de 2008 a dezembro de 2009. Na busca pelos dois primeiros termos, encontramos 113 registros. Acrescentando terceiro termo (adolescents), encontramos 10 registros. Tal estratégia foi privilegiada, levando-se em consideração que a mesma viabiliza a localização de referências que apresentam os três descritores adotados. As bases de dados foram configuradas para localizar as referências que apresentavam os descritores entre as palavras-chave e/ou no resumo. Esse procedimento foi adotado para possibilitar a obtenção de um resultado mais preciso do que aquele que poderia ser atingido sem a especificação dos campos de busca, conforme procedimentos de Peres e Santos (2009). Análise dos dados Primeiramente, os resumos dos 10 artigos encontrados pelos descritores utilizados foram lidos e analisados em termos de sua aderência ao tema investigado. Tendo como norte os critérios de inclusão/exclusão, três desses artigos foram excluídos, uma vez que se distanciavam da temática (um artigo sobre competências culturais na avaliação no contexto de um programa de intervenção em HIV/AIDS; um sobre dilemas éticos na avaliação de indígenas; e, por fim, um relativo à construção de banco de dados sobre pessoas acometidas por traumas). Nenhum desses artigos se encaixava na temática da avaliação de programas de intervenção com adolescentes. Deste modo, foram selecionados sete artigos para posterior leitura e análise na íntegra (N=7). Esses sete trabalhos foram recuperados, analisados em profundidade e categorizados a partir de grandes eixos de análise: (a) caracterização dos estudos; (b) objetivos; (c) métodos empregados; (d) referenciais teóricos utilizados; (e) principais resultados encontrados; e (d) limites, tendências e avanços. Posteriormente, os artigos foram discutidos dentro de cada eixo, buscando os pontos de intersecção, as discordâncias e, principalmente, as contribuições de cada um para a produção de conhecimento na área. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 resume os artigos selecionados em termos de seus países de origem, data de publicação e identificação. Como podemos observar, dos sete artigos recuperados, quatro são de caráter empírico, um teórico, uma resenha e uma revisão da literatura. A maioria das publicações é norte-americana, sendo quatro dos Estados Unidos e uma do Canadá. Uma publicação é de Israel. A resenha também é dos Estados Unidos, país no qual o periódico é publicado. No que se refere ao ano, três estudos foram publicados em 2008 e quatro em 2009. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 290 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Nº do artigo Título Tipo do artigo Ano País de origem Book review: Running Guzmán, B. the obstacle course to sexual and reproductive health: lessons from Latin America, by Bonie Shepard. Westport, CT: Praeger, 2006 The fairy godmother Weiss, C. H., and her warts: making Murphythe dream of Graham, E., evidence-based Petrosino, A., policy & come true Gandhi, A. G. 2008 Estados Unidos Resenha 2008 Empírico 3 A reliability analysis of goal attainment scaling (GAS) weights 2009 4 The Strength of the Methodological Warrants for the Findings of Research on Program Evaluation Use Exploring the Intervention Context Interface: A Case From a School-Based Nutrition Intervention Sustainability of Social Programs: A comparative case study analysis Estados Unidos – Harvard Graduate Shool of Education, University of California Estados Unidos – University of North Carolina at Pembroke, The Ohio State University Center for Family Research Estados Unidos – University of Hawaii 1 2 5 6 7 The role of evaluation in research-pratice integration: working toward the Autores Marson, S. M., Wei, G., & Wasserman, D. Brandon P. R., 2009 & Singh, J. M. Empírico Revisão de literatura Bisset, S., Daniel, M., & Potvin, L. 2009 Canadá – Université de Montréal Empírico Savaya, R., Spiro, S., & Elran-Barak, R. 2008 Israel – Universidad de Telaviv Empírico Urban, J. B., & Trochim, W. 2009 Estados Unidos – Montdair State Teórico Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 291 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente “golden Spike” University; Cornell University Continuação da Tabela 1 Tabela 1. Identificação dos trabalhos recuperados Fonte: Elaborada pelos autores. Objetivos dos estudos Acerca dos objetivos desses estudos, os artigos 3 e 4 buscaram avaliar instrumentos e métodos utilizados na avaliação de programas. Ambos estão relacionados à avaliação de programas, sendo que um busca verificar empiricamente a qualidade psicométrica de instrumentos utilizados na avaliação (3) e o outro visa à identificação de pontos fortes e fracos de métodos relacionados à teoria da avaliação e suas práticas (4). Em ambos, destaca-se a necessidade de examinar os aspectos que fundamentam as bases metodológicas das teorias de avaliação e suas práticas. Aqui podemos observar uma tendência a compreender o processo de avaliação como algo que deve ser refletido com vistas não apenas a uma prática profissional do avaliador, mas também em termos da prática da própria avaliação enquanto recurso e instrumento para a compreensão e análise de uma dada realidade. Os artigos 2 e 7 se aproximam por buscarem uma articulação entre pesquisa e prática, seja apresentando modelos para a operacionalização desta integração (7), seja analisando a influência das pesquisas de avaliação na área em que o programa se insere, avaliando a intervenção na comunidade (2). Os artigos 5 e 6, por apresentarem objetivos de caráter empírico, buscam uma análise dos programas de intervenção por meio da comparação entre programas ou da análise dos microprocessos do programa de intervenção. Neste sentido, deve-se destacar o artigo 6, que busca compreender os fatores e processos que diferenciam programas que se sustentaram financeiramente dos que não se sustentaram, ou seja, que entraram em estado de falência. O delineamento dos objetivos neste trabalho se propõe não só à diferenciação entre os programas, mas também à contribuição para a área de avaliação, tendo em vista a importância da sustentabilidade financeira para a continuidade dos programas de intervenção na comunidade. Os autores ressaltam que fatores associados à sustentabilidade também devem ser considerados na avaliação, que tradicionalmente é focada somente na implementação, nos resultados e nos impactos sociais do programa (SAVAYA; SPIRO; ELRAN-BARAK, 2008). Abordagens e instrumentos Quanto à abordagem, predominam pesquisas qualitativas (três), que utilizam em suas metodologias os estudos de caso (2, 5 e 6), com entrevistas (face a face ou via telefone) e análises documentais como instrumentos de coleta de dados. Uma pesquisa utiliza a abordagem quantitativa, com metodologia de validação por juízes e análises estatísticas não paramétricas. As amostras variaram de acordo com os objetivos e as metodologias utilizadas: estudantes de Serviço Social (N=43), profissionais da nutrição (N=6), programas de intervenção social (N=6) e representantes do sistema escolar e responsáveis pela escolha de programas de intervenção em 16 distritos escolares. Dois artigos são relacionados a programas sociais e a profissionais da assistência social, um integra profissionais de saúde (nutricionistas) e o Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 292 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente contexto escolar e um outro está diretamente relacionado à área da educação. Brandon e Singh (2009) encontraram em sua revisão 52 artigos direcionados para as seguintes áreas: 36 para a educação, seis para saúde (incluindo avaliações de programas de saúde mental e os programas de saúde pública), cinco para o serviço social, dois para o trabalho, dois para os avaliadores e um para o desenvolvimento internacional. Os artigos teóricos e de revisão da literatura basearam-se em modelos e teorias relacionadas à avaliação de programas de intervenção e estudos empíricos da área. Entre eles estão as chamadas Theory-driven evaluation, a Evidence-Based Pratice e a Logic Models, modelos que buscam a integração entre pesquisa e prática e que concebem o avaliador como um possibilitador único (ou facilitador) desse processo de integração. Assim, podemos observar uma tendência a valorizar o avaliador como um profissional que não apenas diagnostica ou intervém em uma realidade, mas que pode e deve questioná-la para buscar um diálogo fortuito entre realidades e saberes. Os autores também destacam que a avaliação deve contribuir para o desenvolvimento de agendas de pesquisa, que irão derivar e responder às necessidades identificadas na prática. CONSIDERAÇÕES FINAIS A apreciação da produção científica relacionada à avaliação de programas de intervenção direcionados aos adolescentes, presente no AJE nos dois últimos anos, indica um interesse ligado ao desenvolvimento e aperfeiçoamento de intervenções junto à esta população e uma sofisticação da discussão crítica das pesquisas responsáveis pela descrição de indicadores de eficácia. Neste contexto, observa-se que os artigos identificados nesta revisão voltam-se principalmente para a análise de fatores que possam influenciar na acurácia dos achados de uma avaliação de programa de intervenção. Estes fatores incluem desde aspectos culturais e sociais mais amplos, que podem interferir na forma como os programas de intervenção atingem diferentes camadas populacionais, aspectos políticos e econômicos, que podem favorecer a adoção de determinadas recomendações dos programas de modo absolutamente desvinculado da realidade vivida pelos usuários (intervenção pela intervenção), até aspectos metodológicos das pesquisas de avaliação, relacionados à forma e aos critérios utilizados para a consideração da eficiência ou adequação dos resultados. Os artigos aqui analisados dirigem-se para a busca do refinamento das estratégias de avaliação, afirmando a necessidade da análise científica rigorosa e amplificada, estabelecendo relações entre diversos aspectos da sociedade, da realidade dos usuários e do universo acadêmico. Afirmam também a tendência das avaliações de programas de intervenção construírem-se a partir de uma interlocução entre usuários, profissionais implementadores e pesquisadores, de modo a favorecer a aproximação de um conhecimento das condições reais de execução dos programas de intervenção e necessidades dos usuários. Ao final deste percurso, um dos pontos que devem ser destacados se refere ao papel do avaliador de sua importância não apenas como diagnosticador de uma realidade e um planejador de uma intervenção, mas como um profissional capaz de estabelecer um diálogo entre os saberes teóricos e os práticos. Pelos trabalhos resgatados no corpus deste presente estudo, esta capacidade é vista como uma necessidade e também uma tendência para a evolução da área. Deste modo, a avaliação cumpriria o seu papel na compreensão de uma dada realidade e seria também um balizador de práticas e de formas de se intervir em diversos contextos sociais, notadamente com adolescentes, como no recorte deste estudo. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 293 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente A meta é que esta revisão possa contribuir para que os pesquisadores da área não apenas conheçam outros programas de intervenção, mas que também possam se posicionar diante da produção científica em apreço, além de problematizar e desenvolver formas mais eficazes de se utilizar a avaliação não apenas como um instrumento para a intervenção como também para a mudança da realidade das pessoas atendidas por programas sociais. REFERÊNCIAS ABERASTURY, A.; KNOBEL, M. Adolescência normal. 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O que move um pesquisador é a sua curiosidade e o prazer pela descoberta, ainda que atualmente se questione o que é uma descoberta – como nos conta Bakhtin (1999), o que podemos fazer são redescobertas de algo que já foi desvelado por outrem, em algum dado momento, e que apenas circula no espaço discursivo. Por essa vertente, este linguista apresenta a noção de dialogismo, que pode ser definido como o princípio constitutivo da linguagem, o que significa que toda linguagem, em qualquer campo, está impregnada por relações dialógicas. A concepção dialógica contém a ideia da relatividade da autoria individual e, por conseguinte, o destaque do caráter coletivo e social da produção de discursos – o que significa, neste estudo, que o pesquisador não está sozinho e absorto em suas teorias, mas em contato direto com os outros que o constituem. O que nos instiga como pesquisadores é, portanto, o percalço constituinte da ciência – buscamos investigar um problema, as suas dificuldades, a fim de que possamos apontar para caminhos possíveis. Sendo assim, neste estudo compreendemos o problema de pesquisa, a pergunta ou mesmos os seus objetivos como o percalço que nos impulsiona a pesquisar e à consequente (ou provável) redescoberta de algo, de uma solução, de uma resposta ou de um atenuador de nossa inquietação. De modo similar, o trabalho científico constitui, por si só, um percalço na vida do pesquisador. Isso não quer dizer que um percalço seja algo negativo ou depreciativo, mas sim um desafio a ser superado. Uma dúvida crucial ou uma curiosidade não satisfeita já coloca o pesquisador diante de seu trabalho de pesquisar, ou seja, o coloca diante de seu percalço. E aqui vamos pensar em um sentido positivo para o termo: os percalços nos apontam para limites e esses limites devem ser rompidos se quisermos avançar na produção de um saber científico. Se buscarmos os sentidos presentes no dicionário, o percalço pode significar: (a) vantagem, benefício que se obtém por meio de alguma atividade; ganho, lucro; (b) ganho, vantagem que se obtém de maneira fortuita; proveito; (c) dificuldade, obstáculo, transtorno que surge durante o processo de se fazer, pensar ou realizar algo; (d) transtorno, incômodo Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 296 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente inerente à profissão que se exerce, à atividade que se pratica. Vemos, portanto, que se trata de um termo aberto a diferentes interpretações e diferentes usos. Para além do próprio percalço que constitui a pesquisa, a escrita do trabalho não é isenta de percalços (bons e ruins). É ilusório acreditar que a escrita científica é métrica, reta e que, por controlar sentidos (nem tudo pode) (PÊCHEUX, 1969), é mais simples que a escrita de um romance ou de uma poesia, por exemplo. Muitas vezes, em nossos trabalhos e na escrita de artigos e resumos nos vemos diante de impasses com a nossa própria atividade de escrever: devo escrever com que tom, devo ser imparcial até que ponto, uso qual tempo verbal, falo em qual pessoa, posiciono-me de que jeito? Em muitas formas de se fazer pesquisa, tais questionamentos não são nem passíveis de serem lançados à discussão, uma vez que devem se controlados para que não possam fugir ao domínio do pesquisador, em sua fantasia de onipotência. É a partir dessas considerações que colocaremos, a seguir, o objetivo deste estudo. OBJETIVO Este estudo de caráter teórico tem por objetivo refletir acerca da escrita científica como um campo semântico constituído pelo percalço em dupla-via: a da dificuldade de acessar o objeto e de começar a concretizá-lo por meio do texto e também a de potencialidade de construção de um saber crítico e promotor do desenvolvimento de um fazer do pesquisador. REFERENCIAL TEÓRICO Escrever é convidar os leitores a um tipo de relacionamento, é posicionar escritor e leitor. A partir de diferentes tipos de escrita, diferentes convites são enviados (GERGEN; GERGEN, 2007) e, por conseguinte, cada forma de escrever pode valorizar formas específicas de práticas sociais. É possível identificar em relatos científicos construções como “observou-se”, “foi encontrado”, que indicariam que os resultados científicos são capturados por um olho onisciente, um ponto de vista transcendental, para além do olhar ou experiência do pesquisador. Nessa tradição em pesquisa, as lentes através das quais o mundo é observado – o sistema sensorial humano - deveriam ser apuradas, evitando a sua contaminação por qualquer afetividade que possa distorcer uma pura visão das coisas (GERGEN, 1997). O embate travado com o texto no início e ao longo de toda a escrita revela uma tensão entre diversos fatores: o rigor acadêmico, a necessidade de que aquele conhecimento seja validado pela comunidade científica, a atenção aos prazos de produção, as benesses advindas da pesquisa (financiamentos, expectativas da instituição da qual se faz parte), entre outros. Cada um desses fatores circunscreve a atividade criativa do pesquisador durante a sua escrita. O escrever sob um prazo determinado ou sob um determinado pretexto (concluir uma tese, participar de um congresso, solicitar financiamento de uma agência de financiamento) podem ser percalços que ajudam o pesquisador no sentido de se organizar e de buscar realizar o seu intento, no entanto, se esses circunscritores são vivenciados como controladores do trabalho acadêmico, acabam por inibir a atividade criativa, bloqueando a criação (ou recriação) daquele que escreve e o fazendo assumir uma posição de quem tem dificuldades com a escrita. Escrever ciência é uma atividade específica e que não pode ser comparada simplesmente a outras atividades de escrita e produção de textos. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 297 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Assim, apregoamos que não há necessidade de inspiração para escrever um texto científico, mas sim de liberdade para transitar em diferentes espaços discursivos, até se firmar em uma linha que faça sentido ao pesquisador. Quando a rigidez se torna o estímulo para a escrita, tendemos a bloquear aquilo que justamente nos leva para a ciência: o prazer e a curiosidade. Sendo assim, pressupomos que a escrita científica identificada como percalço deve ser desconstruída, à guisa da adoção de uma postura mais condizente com os ideais e as motivações do pesquisador. RESULTADOS E DISCUSSÃO Começando a escrever: o percalço do início ou o início do percalço? Você faz uma pesquisa e, naturalmente, quer contar o que descobriu, como alcançou seus resultados e o que estes acrescentam ao conhecimento já existente. Essa é a motivação principal dos cientistas – querer que seus achados sejam disseminados e querer ser reconhecido por isso – mas somente se pode receber reconhecimento por algo que se faca muito bem. A pesquisa apenas se completa quando seu resultado se torna disponível para a humanidade. (TRZESNIAK; KOLLER, 2009, p. 20). Hoje o trabalho está fluindo! Hoje o trabalho está rendendo! A permanência de expressões como essas no meio acadêmico, no momento da produção científica, nos dá pistas para uma interpretação acerca do modo como a ciência vem obrigando o pesquisador cada vez mais a produzir e a divulgar aquilo que produz. Uma pesquisa não comunicada não atinge os públicos a que se destina e não pode, de fato, contribuir para a divulgação de um saber científico (TRZESNIAK; KOLLER, 2009). Pesquisar e guardar seus resultados não é uma estratégia valorizada em nossa sociedade acadêmica – tanto pelo valor que isso agrega à academia quanto pelo retorno que as pesquisas devem dar para os participantes e para a sociedade em geral. Como salientado por Ribas, Zanetti e Caliri (2009), a comunicação científica interliga-se com a disseminação, a qual é interligada à pesquisa, que, por fim, interliga-se com o ensino (sustentando o tripé da Universidade). Assim, pesquisa-se para o conhecimento daquilo que ainda não se conhece e para a comunicação da descoberta. A produtividade em pesquisa (leia-se: publicar) é valorizada na academia, nas rodas de professores e também por agências de fomento que laureiam os pesquisadores mais produtivos com bolsas, financiamentos, viagens e outros benefícios. Embora esse movimento de incentivo à pesquisa deva ser recebido como um avanço e como uma possibilidade de conferir mais status ao pesquisador em nosso país, vem deflagrando a angústia de profissionais que não se encontram no mesmo patamar. Falamos, assim, de uma angústia por produzir (render sempre mais), o que vem gerando o sentimento de nulidade e de bloqueio diante da necessidade de escrever e de comunicar o que se faz, a todo o tempo (não abrindo espaço para que o texto flua, desenvolva-se, constitua-se). Como afirmado por Ribas, Zanetti e Caliri (2009), muitos pesquisadores enfrentam dificuldades à publicação de trabalhos em periódicos nacionais e internacionais (e isso pode ser estendido à escrita de trabalhos como teses, dissertações e monografias), e entre essas dificuldades destacam-se as pessoais e situacionais. As autoras elencam como dificuldades pessoais a necessidade de reestruturar ou administrar ideias e sentimentos que funcionam Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 298 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente como barreiras à redação dos trabalhos de pesquisa, como também salientado por Wills (2000). Entre as perspectivas pessoais e hábitos do trabalho científico estão a “necessidade em aumentar a autoconfiança, motivação e criatividade em relação à redação do manuscrito e à elaboração de diretrizes apropriadas para divulgação científica” (RIBAS; ZANETTI; CALIRI, 2009, p. 713). Em um paradigma que abre cada vez mais campo para pesquisa, esse movimento em torno da necessidade de produzir deve ser ressignificado como algo promotor de desenvolvimento e de conferir à pesquisa a sua importância (SCORSOLINI-COMIN, 2010), ao mesmo tempo que devemos compreender que o fazer do pesquisador requer tempo, amadurecimento e espaço para a reflexão, o que não nos autoriza a criar um discurso automático pela produtividade por si mesma, mas da escrita como fundante do processo de comunicação científica. É por uma compreensão desse aparente paradoxo que devemos relativizar a produção científica, na medida em que ela deve cumprir a sua função sem patologizar quem a produz – escrever não pode ser um percalço (no sentido negativo), mas uma possibilidade de releitura da realidade e de comunicação do pesquisador com a sua comunidade acerca de suas investigações, ou seja, do seu trabalho. As dúvidas que cerceiam o como escrever podem também bloquear a atividade criativa do pesquisador. Mas cabe criatividade na escrita científica? Para a maioria dos pesquisadores, não. Como afirmam Trzesniak e Koller (2009), “criatividade é uma condição esperada para que a ciência se renove! Mas ciência não é literatura poética, então aqui se fala em criatividade científica. Você não tem que fazer um texto esteticamente bonito, mas cientificamente correto” (p. 20). Embora não seja o nosso objetivo aqui discutir isso, como explicar a dificuldade em começar a escrever, mesmo quando já realizamos o estudo e tudo aquilo que precisamos fazer é organizar uma forma de comunicar isso ao nosso leitor? A dificuldade existe, em nossa análise, pela necessidade de ser compreendido pelo que se escreve e pela seriedade que permeia essa produção. Se não podemos escrever qualquer coisa e de qualquer jeito, é natural que estejamos preocupados e, consequentemente, que queiramos medir as palavras ou empregá-las de maneira mais contida e controladora – lembrando que se trata de um controle ilusório e forjado pela necessidade de isenção no meio científico. Se para começar a escrever é preciso organizar o texto previamente em sua mente, isso revela que a ciência deve se manter fiel a uma tradição que controla não apenas sentidos, mas uma forma de dizer. É preciso dizer de tal modo, empregando tal estratégia, tomando certos “cuidados”. Embora isso seja autêntico e, em certa medida, necessário para a construção de uma responsabilidade com o saber científico, não se trata de uma regra que não pode ser minimamente questionada e trazida à baila pelos próprios pesquisadores, como neste exercício que aqui apresentamos. Escrever é, antes disso, uma atividade criativa e deve ser levada a cabo com responsabilidade e dentro de um contrato ético, em que os dados são provenientes de um participante da pesquisa e que são significados pelo olhar do pesquisador. Um modelo-feito para ser desconstruído Necessárias para a transformação social são novas visões e vocabulários, novas visões de possibilidades, e práticas que em sua própria realização traçam rotas alternativas [...] a possibilidade da mudança social deriva-se de novas formas de inteligibilidade (GERGEN, 1997, p. 60). Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 299 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente O modelo cartesiano de ciência apregoa que a pesquisa deve ser não apenas planejada, mas também possuir um alinhamento teórico-metodológico estanque que delineie todos os passos do fazer do pesquisador, excluindo do trabalho qualquer viés de sua subjetividade ou buscando fechar ao máximo as brechas e aberturas que possam poluir o texto e o próprio dado. A máxima é a do controle, como se também houvesse um controle dos sentidos que circulam e que configuram o que pode ser chamado de acadêmico, de científico. Este modelo dita aquilo que é e aquilo que não é científico, aquilo que foi devidamente controlado e aquilo que não foi. Na falsa crença de que podemos controlar tudo, acabamos por criar um texto parcial e que não abre espaço sequer para as próprias reflexões dos autores – as mesmas que o levaram à escolha do tema investigado. Se é o desejo que nos leva a pesquisar, por que o mesmo não pode ser considerado posteriormente? Para a perspectiva construcionista social, a descoberta científica seria um produto da racionalidade de uma comunidade científica específica e a justificativa para a produção científica é culturalmente e historicamente construída. A escolha do tema e a construção do projeto de pesquisa não são frutos de atos individuais, mas ações conjuntas, que nascem dos diálogos do pesquisador com as comunidades relacionais das quais participa, que, por sua vez, dão significado para essas escolhas. Essas decisões podem levar em conta aspectos formais como, por exemplo, as demandas das agências financiadoras da pesquisa, os prazos para o cumprimento do projeto, os rumos da carreira profissional do pesquisador, entre outros. Portanto, a pesquisa vai sendo construída ao longo de todo o processo, sendo que as decisões iniciais do pesquisador são suplementadas pelos participantes da pesquisa, modificando-as (HOSKING; McNAMEE, trabalho não publicado). Nesta cisão em busca de um distanciamento entre pesquisador, pesquisa e pesquisado, opera-se um bloqueio em relação aos sentidos circulantes sobre o fazer do pesquisador. Voltando às proposições bakhtinianas, a alteridade marcaria o ser humano. Nessa vertente, o dialogismo seria o confronto das entoações e dos sistemas de valores, que possibilitam as mais variadas visões de mundo acerca de um tópico específico. O ser humano seria considerado um intertexto, na medida em que não existe isoladamente, já que a sua vida se tece, entrecruza-se e interpenetra-se com a experiência do outro. E é este outro que está imbricado no fazer do pesquisador. E o que constituiria este fazer? Obviamente, isso vai depender do olhar que lançamos para esta pergunta. Na perspectiva do Desenvolvimento Humano, o referencial teóricometodológico da Rede de Significações (ROSSETTI-FERREIRA et al., 2004; ROSSETTIFERREIRA et al., 2008) oferece-nos um primeiro olhar para a questão, justamente por considerar que o pesquisador e a sua subjetividade podem ser presentificados na escrita do trabalho científico, desde que respeitada a ética e o rigor na construção do texto. A descrição do eu-mecânico é sustentada pelas seguintes premissas do discurso positivista: a separação sujeito-objeto, a existência de um mundo objetivamente percebido, a possibilidade de uma experiência desse mundo e a da purificação das lentes individuais que analisam esse mundo. A linguagem objetiva seria uma linguagem da visão, e essa visão espelharia o mundo. Os detalhes do que os olhos do pesquisador alcançam são importantes para a retórica da verdade presente nos relatos considerados objetivos pela ciência tradicional empiricista. A separação entre sujeito e objeto e a relação mecanicista de causa e efeito entre os dois constrói um mundo externo que é ativo e se mostra ao pesquisador, o qual, por consequência, se figura como um pesquisador passivo, que recebe esses estímulos externos. Daí a justificativa para relatos científicos, tais como “os resultados foram obtidos”, que evitam construções do tipo “eu observei o resultado”, pois não mostraria a separação Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 300 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente “necessária” entre o pesquisador e o objeto estudado, a fim de obter a validade dos dados em apresentação. Ainda dentro dessa tradição científica, a validade preditiva de uma linguagem teórica corresponde a eventos do mundo externo. A observação proporcionaria a avaliação de tal correspondência e, portanto, o valor das teorias. A objetividade se torna, dentro desse paradigma, a base para a defesa da autoridade científica (GERGEN, 1997). O discurso pós-positivista amplia essa discussão ao levar em conta de que forma as observações da realidade feitas pelo pesquisador são influenciadas por suas teorias e expectativas, ou seja, passou-se a defender a ideia de que os cientistas constroem o conhecimento pela junção do que está “em sua mente” com “o mundo lá fora”. Esse novo discurso rompeu a oposição entre racionalismo e empiricismo. Todavia, o movimento póspositivista manteve alguns dos pressupostos positivistas, como o da existência de um mundo real capaz de prover conhecimentos que são universais e cumulativos. O pesquisador póspositivista procurou se distanciar de seu objeto de investigação, tentando uma maior neutralidade, ainda que a considere como nunca totalmente possível. Ademais, a linguagem continuou sendo considerada como representadora desse mundo lá fora. Assim, a escrita do trabalho científico nem sempre ocorre de maneira regrada, sequencial e coerente. Os inúmeros “vai-e-vem” da escrita e do processo de fazer pesquisa nos apontam para um lugar de pesquisador no qual não há uma norma ou um saber único. Desconstruindo a ilusão de um método único e de uma isenção plena, podemos dizer que a escrita científica pode ir-e-vir por diferentes espaços, pode alimentar-se em diferentes fontes e ser a consolidação de um percurso do pesquisador em torno de sua pergunta central. Isso não equivale a dizer que a pergunta é definida antes de se fazer a pesquisa, mas ela justamente pode ir se constituindo no fazer mesmo do trabalho, durante as leituras ou na coleta dos dados. A pergunta mesmo pode ser desfeita e reconstruída ao final do processo, uma vez que a ciência pós-moderna rejeita a ideia de sequência enquanto um aprisionamento metodológico, de passos que não conduzem a um produto final ou mesmo de uma rigidez no olhar do pesquisador. Isso vem sendo substituído, gradativamente, por uma flexibilidade no modo como se coteja o dado, o que nos faz retomar a perspectiva da Rede de Significações, pela qual um dado não é dado, mas construído – ao que acrescentamos, continuamente construído. Quando temos isso em mente, acabamos por criar naturalmente diálogos entre saberes e práticas, o que nos torna mais livres e mais flexíveis para absorver as mudanças propostas e as idiossincrasias que envolvem nossa atuação. Considerando, então, que as linguagens das ciências servem como dispositivos pragmáticos que favorecem determinadas práticas sociais em detrimento de outras, Gergen (1997) convida os pesquisadores a terem uma vida profissional expressiva, construindo um conhecimento que defenda sua visão do que é uma sociedade melhor. A crítica cultural presente nessa postura é a de assumir que todo conhecimento produzido sempre afetará a vida social. Além dessa crítica, o autor ressalta a importância da crítica interna, que é colocar em questão as construções do próprio pesquisador e suas implicações para a vida das pessoas. Uma terceira forma de avaliação da produção de conhecimento construcionista é a consideração de seu caráter contextual, mostrando os limites de sua produção. A essa última avaliação, somam-se os esforços dos analistas retóricos para mostrar o caráter construído dos discursos dominantes e dos analistas sociais para explorar os processos relacionais das verdades científicas, questionando sua generalização. Na busca por esse tipo de avaliação da produção científica, os conceitos de reflexividade e a multivocalidade aparecem como inovações metodológicas nas investigações Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 301 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente construcionistas (GERGEN; GERGEN, 2007). A reflexividade é a busca dos pesquisadores de: [...] demonstrar para suas audiências sua situacionalidade histórica e geográfica, seus investimentos pessoais na pesquisa, os vários vieses que eles trazem para o trabalho, suas surpresas e seus fracassos no processo do empreendimento de pesquisa (GERGEN; GERGEN, 2007, p. 579). Assim, este conceito materializa o questionamento de como incorporar as vozes do pesquisador à pesquisa, o que não deixa de ser, segundo os autores, uma forma de autoexposição. Porém, deve-se tomar o cuidado de não assumir a construção de que essa é “a verdade” sobre como a pesquisa foi feita, ou seja, deve-se considerar que as reflexões do pesquisador estarão sempre abertas a novas reflexões. Em suma, o conceito de reflexividade é oferecido como uma alternativa ao conceito de validade em ciência. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para ser fiel ao pensamento de nossos autores, é preciso, antes der mais nada, saber renunciar à previsibilidade, transitar sem medo no interior do movimento incessante das ideias, usufruir da plasticidade do pensamento e acreditar na permanente insuficiência do conhecimento. (SOUZA, 2005, p. 317). Retomando a epígrafe clariceana apresentada no início deste trabalho, ponderamos o desejo que move o pesquisador. Se queremos descobrir, contribuir com a ciência e também sermos lembrados pelas nossas descobertas (ou redescobertas), devemos necessariamente buscar objetos que proporcionem grandes mudanças ou grandes avanços na ciência. Sendo assim, faz-se a metáfora com o fato de procurarmos furacões, ao mesmo tempo em que acabamos por negligenciar os pequenos movimentos igualmente constitutivos e que podem contribuir com um saber que se pretende científico (BIASOLI-ALVES, 1998). Ao olharmos para os ventos (filhotes de furacões), podemos nos deparar com a possibilidade de apreender o pequeno, o breve, o simples, o efêmero, que contribuem para uma visão mais ampla acerca do fenômeno que pretendemos representar. A arte da escrita – e também da publicação, retomando as contribuições de Ribas, Zanetti e Caliri (2009) devem envolver não apenas a comunicação e a disseminação dos resultados da pesquisa, mas também, intrinsecamente, deve se remeter à reflexão de que não há pesquisa sem ensino e não há ensino sem pesquisa. De modo similar, podemos considerar que o fazer do pesquisador, neste sentido, não pode estar comprometido apenas com a apreensão ou com o controle (ilusório!) dos furacões que nos afetam, mas também com os movimentos sutis que fazem da nossa curiosidade um motor para o desenvolvimento da pesquisa, do pesquisado e do pesquisador que desejamos ser (e fazer). REFERÊNCIAS BAKHTIN, M. (Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem. 9ª ed. Trad. Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec; 1999. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 302 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente BIASOLI-ALVES, Z. M. M. A pesquisa psicológica: análise de métodos e estratégias na construção de um conhecimento que se pretende científico. In: ROMANELLI, G.; _____. (Orgs.). Diálogos metodológicos sobre prática de pesquisa. 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RELAÇÃO ENTRE EXPERIÊNCIAS AFETIVO-SEXUAIS E TRANSTORNOS ALIMENTARES Carolina Leonidas Ana Luisa Carvalho Guimarães Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP-USP Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares - GRATA/HC-FMRP-USP Email: [email protected] Introdução Os transtornos alimentares (TA) são quadros psicopatológicos caracterizados por graves perturbações no comportamento alimentar, que afetam, em sua maioria, adolescentes e jovens do sexo feminino (BORGES; SICCHIERI; RIBEIRO; MARCHINI; SANTOS, 2006; OLIVEIRA; SANTOS, 2006). Esses quadros podem resultar em prejuízos biológicos, psicológicos e sociais, que acarretam aumento da morbidade e mortalidade. A anorexia nervosa (AN) e a bulimia nervosa (BN) são os dois tipos mais prevalentes de TA e que apresentam os maiores índices de mortalidade (KAPLAN; SADOCK, 1998; CABRERA, 2006). O DSM-IV-TRTM - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4ª edição (ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA, 2002) caracteriza a AN como uma recusa do indivíduo a manter um peso corporal na faixa normal mínima de acordo com sua idade e altura. Envolve um temor intenso de ganhar peso e uma perturbação significativa na percepção da forma ou tamanho do corpo, o que resulta em caquexia, ou seja, fraqueza geral e má disposição corporal decorrente da desnutrição (CLAUDINO; BORGES, 2002). A AN pode ser dividida em dois subtipos: o restritivo, caracterizado pela perda substancial de peso em curto intervalo de tempo, devido a dietas, jejuns ou excesso de exercícios físicos, e o purgativo, no qual ocorre uma compulsão alimentar seguida de rituais compensatórios como vômitos auto-induzidos ou uso abusivo de laxantes, diuréticos ou drogas anorexígenas. Já a BN, segundo Paccola (2006), consiste em repetições de episódios de compulsão alimentar (binge eating), nos quais o indivíduo ingere grandes quantidades de alimento em curto período de tempo, vivenciando uma sensação de perda de controle. Além disso, o indivíduo pratica exercícios físicos excessivos, faz dietas rigorosas, provoca vômitos e faz uso abusivo de laxantes, diuréticos e anorexígenos, devido à preocupação excessiva com o peso e a forma do corpo. As manobras purgativas têm finalidade compensatória, pois visam à busca de alívio após a ingestão de quantidade excessiva de alimento. Esse transtorno está associado a comportamentos impulsivos e comorbidades psiquiátrica, tais como traços histriônicos e transtorno de personalidade do tipo borderline (PACCOLA, 2006; BORGES et al., 2006), e também a uma autoestima flutuante e a pensamentos e emoções desadaptativas, sendo comum encontrar indívíduos que apresentam atitudes caóticas, não somente no tocante aos hábitos alimentares, mas também em outros aspectos da vida, como os estudos, a vida profissional e as relações amorosas (OLIVEIRA; SANTOS, 2006). A personalidade das mulheres com AN é permeada por baixa autoestima, sentimentos de inferioridade e inadequação, insegurança, perfeccionismo e obsessividade, fatores que acarretam acentuada inibição e retraimento social (BORGES et al., 2006; CASSIN; VON RANSON, 2005; CASTRO-FORNIELES et al., 2007; NILSSON; SUNDBOOM; HÄGLÖFF, 2008; PERES; SANTOS, 2006; SHEA; PRITCHARD, 2007). O funcionamento Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 304 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente mental é marcado por compulsividade, emoções negativas, condutas evitativas e autopunição. Do ponto de vista do funcionamento psicológico, pacientes com AN se diferenciam de pacientes com BN no sentido de que as primeiras apresentam retraimento social, ausência de busca por sensações novas e evitação do contato interpessoal, ao passo que as segundas apresentam marcada impulsividade, busca exacerbada de estímulos e experiências novas, além de traços de personalidade borderline (CASSIN; VON RANSON, 2005). Levando-se em conta que a arquitetura emocional das mulheres jovens e adultas com TA, como já pontuado anteriormente, inclui retraimento social, condutas evitativas de contato interpessoal e inibição – no caso da AN, e impulsividade, compulsividade e traços de personalidade borderline, entre outras características, destaca-se como questão de pesquisa a suposição de que o quadro psicopatológico influencia o início e o desenrolar da vida afetivosexual das pacientes. Partindo do pressuposto de que a esfera afetivo-sexual é uma das dimensões mais relevantes do desenvolvimento humano, formula-se a seguinte pergunta: como se dá o desenvolvimento afetivo e sexual, em particular a organização das relações afetivas, na presença de um transtorno alimentar, que acarreta prejuízos marcantes no funcionamento emocional e social? Considerando os argumentos arrolados e a questão temática que move a pesquisa, o presente estudo teve como objetivo investigar de que modo se configuram as relações afetivosexuais que as mulheres com esses quadros psicopatológicos estabelecem ao longo de sua vida, e as possíveis repercussões que o TA pode exercer sobre a qualidade desses relacionamentos. Método Para alcançar o objetivo proposto empreendeu-se uma revisão integrativa da literatura científica nacional e internacional. Com essa estratégia metodológica buscou-se evidenciar o número de trabalhos publicados na área e o perfil dos estudos, de modo a identificar as tendências apontadas por essas publicações, o que possibilitará maior direcionamento das pesquisas sobre o tema. A revisão integrativa foi eleita como método de pesquisa porque permite sumarizar estudos já finalizados acerca da temática abordada. Além disso, esse tipo de revisão sistemática, quando elaborada de forma crítica, mantém os mesmos padrões de rigor, clareza e replicabilidade das pesquisas primárias (GANONG, 1987). Segundo Fernandes (2000), a revisão integrativa possibilita, ainda, a construção de uma análise criteriosa da literatura científica, contribuindo para ampliar discussões sobre métodos e resultados de pesquisa, assim como prover reflexões e apontamentos valiosos para a realização de futuras pesquisas. Procedimento Embora os métodos utilizados para a condução de revisões integrativas variem, é preciso atentar para certos padrões a serem seguidos. No presente estudo considerar-se-ão os procedimentos preconizados por Ganong (1987), como o estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão dos estudos publicados e análise crítica dos seus resultados. A partir dos procedimentos destacados por Scorsolini-Comin e Santos (2008), na realização da presente revisão foram cumpridas as seguintes etapas: seleção da questão temática, estabelecimento dos critérios para a extração da amostra, análise e interpretação dos resultados, e apresentação da revisão. Para a elaboração da revisão integrativa foram selecionados descritores, de acordo com o DeCS – Descritores em Ciências da Saúde, e seus equivalente na língua inglesa: transtornos da alimentação, eating disorders, sexualidade, sexuality, comportamento sexual e sexual behavior. Buscando abranger maior quantidade de publicações a respeito do tema em questão, optou-se por incluir também os seguintes descritores não-controlados (palavrasCentro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 305 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente chave): relações afetivas, emotional relationships, conjugalidade e marital relationships. Tendo em vista que o propósito deste estudo era reunir artigos que apresentassem uma intersecção entre os temas propostos, as buscas nas bases de dados foram realizadas com os unitermos de maneira combinada, em duplas. Após o levantamento das publicações, os resumos foram lidos e analisados segundo os critérios de inclusão/exclusão pré-estabelecidos, que serão descritos na sequência. Os trabalhos selecionados tiveram seus resumos relidos e analisados em profundidade. Em um segundo momento, os artigos na íntegra foram recuperados e analisados, constituindo o corpus de análise da revisão. Bases de dados consultadas Com vistas a assegurar maior abrangência e qualidade da revisão, foram consultadas as seguintes bases de dados: MedLine, SciELO e PsycINFO. MedLine é uma base de dados internacional da área médica e biomédica, produzida pela National Library of Medicine (NLM) e que contém referências bibliográficas e resumos de mais de 5.000 títulos de revistas científicas publicadas nos Estados Unidos e em outros 70 países. Contém referências de artigos publicados desde 1966 até o momento, que cobrem as áreas de: medicina, biomedicina, enfermagem, odontologia, veterinária e ciências afins. SciELO (Scientific Electronic Library Online) é uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros e que tem por objetivo a preparação, armazenamento, disseminação e avaliação da produção científica em formato eletrônico. Por fim, PsycINFO é uma base de dados da American Psychological Association (APA), que abrange artigos com temas relacionados à psicologia, educação, psiquiatria e ciências sociais. Disponibiliza publicações veiculadas em periódicos internacionais e contém aproximadamente 1.500.000 registros. Desse modo, ao considerar a especificidade do objeto de estudo, selecionou-se para o presente estudo uma base de dados internacional, que é considerada referência na literatura em saúde (MedLine), uma base de dados nacional prestigiada devido à seleção criteriosa de periódicos indexados (SciELO) e uma base, também de âmbito internacional, que engloba publicações específicas da Psicologia e áreas afins (PsycINFO). Critérios de inclusão e exclusão das publicações Em relação ao período de publicação, circunscreveu-se um intervalo de 10 anos. Assim, foram selecionados artigos publicados entre os anos de 2000 e 2009. Em relação ao idioma, restringiu-se a busca aos trabalhos publicados nos idiomas português, espanhol e inglês. Os artigos repetidos, isto é, que apareceram mais de uma vez, em diferentes combinações de palavras-chave e descritores, foram computados uma única vez. Nesta revisão foram excluídos trabalhos como teses, dissertações, livros, capítulos de livros, resenhas, críticas, comentários, editoriais, anais e relatórios científicos. Essa escolha se deve ao fato de que o registro de trabalhos desse tipo não passa por rigoroso processo de avaliação por pares, nos moldes do peer review, procedimento que garante a qualidade do artigo e de sua apreciação científica. A fim de realçar apenas os trabalhos submetidos a um processo rigoroso de avaliação, foram selecionados exclusivamente artigos científicos publicados em periódicos indexados nas bases bibliográficas selecionadas. Foram excluídos ainda: trabalhos com temáticas distantes da área da Psicologia, estudos a respeito de populações específicas (por exemplo, atletas, bodybuilders, bailarinas, entre outros), trabalhos que abordavam questões a respeito da sexualidade de mulheres obesas, trabalhos que incluíam discussões teóricas acerca de questões de gênero, trabalhos que relacionavam TA e abuso sexual na infância ou adolescência, estudos de casos, validação de testes e outros instrumentos padronizados e investigações a respeito dos efeitos de determinados medicamentos. Excluíram-se também estudos voltados exclusivamente às Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 306 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente questões biomédicas (neurobiologia dos TA, investigação genética, uso de medicações, por exemplo) e também investigações de outras áreas do saber, que não apresentavam relação direta com a Psicologia ou com o enfoque desta investigação. Resultados e Discussão A busca foi iniciada pela base de dados MedLine, na qual foi encontrado um total de 331 artigos a partir dos diferentes agrupamentos de descritores e palavras-chave, sendo que 16 foram selecionados pela pertinência aos critérios de inclusão e exclusão. Destes estudos seis foram recuperados na íntegra. A seguir foi realizada a busca na base de dados SciELO, na qual não foram encontrados artigos a partir dos diferentes agrupamentos dos unitermos utilizados na pesquisa. A base de dados consultada a seguir foi o PsycINFO, no qual foram encontrados 582 artigos, sendo que apenas 13 foram selecionados e seis recuperados, devido ao grande número de dissertações, capítulos de livros, relatos de palestras, entre outros, que apareceram na busca efetuada nessa base de dados, e que foram excluídos da seleção, seguindo os critérios de exclusão preestabelecidos. Assim, foram coligidos 12 trabalhos na íntegra, que constituíram o corpus de análise que dá suporte à presente revisão. Esses dados podem ser melhor visualizados na Tabela 1. Tabela 1 Distribuição dos artigos segundo as bases de dados bibliográficos selecionadas Base MedLine SciELO PsycINFO Total Total de artigos 331 % 36,2 Artigos selecionados 16 55,2 Artigos recuperados 6 % % 50 – – – – – – 582 913 63,8 100 13 29 44,8 100 6 12 50 100 Na Tabela 2 serão apresentados os resultados do número de trabalhos selecionados e recuperados em cada base de dados, a partir das diversas combinações de descritores e palavras-chave utilizadas. Tabela 2. Número de referências selecionadas e recuperadas nas bases indexadoras Descritores transtornos da alimentação and sexualidade transtornos da alimentação and comportamento sexual eating disorders and sexuality eating disorders and sexual behavior transtornos da alimentação and relações afetivas MedLine Seleciona- Recuperados dos 4 1 SciELO Seleciona- Recuperados dos – – PsycINFO SelecionaRecuperados dos – – 8 2 – – – – 1 – – – 5 2 1 1 – – 4 1 – – – – – – Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 307 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente transtornos da alimentação and conjugalidade eating disorders and emotional relationships eating disorders and marital relationships Total – – – – – – 2 2 – – 4 3 – – – – – – 16 6 13 6 – – No que diz respeito às fontes de publicação, foi localizado um artigo em cada um dos seguintes periódicos científicos: Women´s Mental Health, Psychoterapy and Psychosomatics, Journal of Adolescent Health, European Child & Adolescent Psychiatry, Psychosomatic Medicine, Journal of Clinical Psychology in Medical Settings e Journal of Health Psychology. Dois artigos foram encontrados no European Eating Disorders Review e três foram localizados no International Journal of Eating Disorders. Observa-se um predomínio absoluto de periódicos internacionais na amostra de artigos selecionados, especialmente da América do Norte (33,4%), mais especificamente dos Estados Unidos, e da Europa (25%), sendo um artigo da Suíça, um da Inglaterra e um da Alemanha. Os outros cinco artigos encontrados estavam indexados em periódicos online (European Eating Disorders Review e International Journal of Eating Disoders), que fazem parte da Wiley Online Library. Essa biblioteca online engloba a maior coleção multidisciplinar de fontes de pesquisa em diversas áreas, incluindo as ciências exatas, sociais, humanas e da saúde, integrando mais de quatro milhões de artigos provenientes de 1500 periódicos, 9000 livros e centenas de trabalhos, protocolos laboratoriais e bases de dados. Ou seja, como os periódicos são online e não impressos, não foi possível identificar o país de origem dos periódicos. Não foram encontrados artigos publicados em revistas científicas nacionais. De acordo com a Tabela 3, o maior número de trabalhos publicados no tema investigado no presente estudo concentrou-se nos anos 2004, 2005 e 2008, considerando-se os artigos selecionados, o que demonstra que o tema em questão vem adquirindo importância maior na atualidade. No entanto, o número de artigos que tratam do tema da sexualidade, afetividade e conjugalidade nos TA ainda é pequeno, indicando que novas investigações nesse campo do conhecimento ainda se fazem necessárias, especialmente no contexto nacional. Tabela 3. Distribuição dos artigos selecionados e recuperados segundo o ano de publicação Ano de publicação Artigos selecionados Artigos recuperados 2000 N 2 % 6,9 N 1 % 8,3 2001 2 6,9 1 8,3 2002 1 3,5 1 8,3 2003 2 6,9 1 8,3 2004 5 17,2 – – 2005 5 17,2 3 25,0 2006 4 13,8 2 16,7 2007 1 3,5 1 8,3 2008 5 17,2 1 8,3 Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 308 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 2009 Total 2 29 6,9 100 1 12 8,3 100 Circunscreveu-se o levantamento aos trabalhos recuperados no período de 2000 a 2009. Parte substancial dos 29 artigos selecionados fazia parte de periódicos de acesso controlado, ou seja, esses artigos não podiam ser acessados na íntegra nem mesmo por meio da Rede USP. Em virtude dessa dificuldade, optou-se por realizar a análise crítica apenas dos 12 artigos recuperados na íntegra, excluindo-se desse exame os resumos. Quanto aos tipos de estudos encontrados, sete se tratavam de estudos empíricos nãoexperimentais descritivos (KALTIALA-HEINO; RIMPELÄ; RISSANEN; RANTANEN, 2001; RUUSKA; KALTIALA-HEINO; KOIVISTO; RANTANEN, 2003; CULBERT; KLUMP, 2005; TROISI et al., 2006; NEWTON; BOBLIN; BROWN; CILISKA, 2006; JONES; EVANS; BAMFORD; FORD, 2008; KYRIACOU; EATER; TCHANTURIA, 2009), e quatro de estudos experimentais (OVERTON; SELWAY; STRONGMAN; HOUSTON, 2000; MANGWETH et al., 2005; WARD et al., 2005; MANGWETH-MATZEK et al., 2007). Apenas um dos estudos era de revisão assistemática da literatura (KAPLAN, 2002). De modo geral, as populações investigadas abrangeram mulheres jovens e adultas com AN e/ou BN. Dois estudos investigaram adolescentes sem diagnóstico de TA, mas que apresentaram comportamentos de risco para a ocorrência do quadro, a partir de resultados obtidos por meio da aplicação de questionários (KALTIALA-HEINO; RIMPELÄ; RISSANEN; RANTANEN, 2001; CULBERT; KLUMP, 2005). O estudo de revisão, dada sua natureza não empírica, não apresentou participantes, mas reportou alguns estudos de caso para ilustrar os temas discutidos. Nos estudos empíricos restantes, observou-se uma enorme amplitude de variação das amostras: desde 34 participantes (JONES; EVANS; BAMFORD; FORD, 2008) a 38517 (KALTIALA-HEINO; RIMPELÄ; RISSANEN; RANTANEN, 2001). Os estudos que incluíram grandes amostras investigaram a população normal, em geral adolescentes e estudantes universitários sem diagnóstico pré-definido de TA. No que diz respeito aos objetivos, os trabalhos recuperados procuraram, de forma geral: relacionar a menarca precoce, a puberdade e as atividades sexuais precoces com a BN, ou comparar esses marcos desenvolvimentais entre pacientes com TA, pacientes com outros transtornos psiquiátricos e a população saudável; explorar a qualidade de vida das pacientes após o tratamento, incluindo a questão das relações íntimas; investigar a impulsividade como fator que acentua a relação entre a alimentação disfuncional e o comportamento sexual. Os resultados dos estudos revisados indicaram, de modo geral, que as mulheres jovens e adultas com AN possuem desinteresse em relacionamentos afetivos, diminuição da libido (que é investida na alimentação e não nas atividades sexuais), dificuldade em estabelecer relações íntimas, atitude negativa frente à sexualidade, menos interesse e menor número de experiências com namoro do que adolescentes com BN (KAPLAN, 2002; RUUSKA; KALTIALA-HEINO; KOIVISTO; RANTANEN, 2003). As mulheres com BN apresentam menarca e experiências sexuais precoces e intensas (KALTIALA-HEINO; RIMPELÄ; RISSANEN; RANTANEN, 2001). Já as relações sexuais de mulheres com AN, quando existentes, são sempre insatisfatórias. Essas mulheres relatam insegurança para ter relações sexuais, medo, ansiedade, incômodo apenas pelo pensamento de contato físico (decorrente da insatisfação com a imagem corporal) e despreparo para desenvolver relacionamentos afetivos. No entanto, essas mulheres também relatam o desejo de possuir um relacionamento íntimo, pois acreditam que isso lhes proporcionaria mais segurança (JONES; EVANS; BAMFORD; FORD, 2008). Mulheres com TA vivenciam a menarca, as mudanças corporais decorrentes da puberdade e as primeiras atividades sexuais de forma muito negativa, mais do que as mulheres saudáveis (MANGWETH-MATZEK; RUPP; HAUSMANN; KEMLER; BIEBL, Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 309 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 2007). Os comportamentos compensatórios (típicos da BN) estão relacionados com intensa atividade sexual, relação esta que é acentuada pela impulsividade; mulheres com AN e BN possuem formas diferentes de enfrentar os desafios colocados pelo desenvolvimento da sexualidade na adolescência (RUUSKA; KALTIALA-HEINO; KOIVISTO; RANTANEN, 2003). Ao considerar a complexidade que reveste o desenvolvimento sexual e afetivo das mulheres com TA, os estudos demonstram, de modo consistente, a necessidade de tratamento interdisciplinar. Ao levar em conta a capacidade das mulheres de obterem prazer e de terem autonomia sexual, Kaplan (2002) esboça as fases normais do desenvolvimento sexual feminino e realça os problemas específicos que podem surgir durante cada uma dessas fases. Além disso, também são discutidos os problemas particulares de mulheres com histórico de trauma e transtornos psiquiátricos (entre eles: TA, depressão e problemas decorrentes de abuso sexual), assim como os efeitos de medicamentos psicotrópicos sobre o funcionamento sexual. Trata-se de uma revisão assistemática da literatura, ilustrada com estudos de caso. Um dos itens discutidos no referido artigo diz respeito à sexualidade nos TA. A autora propõe que mulheres com certos transtornos psiquiátricos geralmente vivenciam problemas no funcionamento sexual. Mulheres com AN, por exemplo, costumam apresentar amenorréia, são desinteressadas em relacionamentos afetivos e apresentam diminuição da libido, que é investida na alimentação e não na atividade sexual. Essas mulheres conseguem estabelecer uma relação íntima com um parceiro apenas após a recuperação do quadro psicopatológico. A autora também pontua que pacientes com AN que sofreram abuso sexual podem apresentar dificuldades emocionais mais sérias e devem ser encorajadas a buscar tratamento psiquiátrico. Mangweth et al. (2005) realizaram um estudo experimental a respeito dos fatores de risco para a ocorrência de TA. Os pesquisadores avaliaram uma série de comportamentos sociais e focados no corpo em mulheres com TA (n = 50), mulheres poliusuárias ou dependentes de múltiplas substâncias psicoativas (n = 50) e mulheres sem transtornos psiquiátricos, que constituíram o grupo controle (n = 50). As participantes com TA apresentaram problemas com a alimentação na infância, comportamento auto-agressivo, ausência de cuidados maternos e tabus familiares que diziam respeito à nudez e sexualidade. Esses problemas não foram apresentados pelas participantes do grupo controle, assim como outros comportamentos sociais, tais como: problemas de adaptação na escola e ausência de amigos próximos. No entanto, ambos os grupos de participantes com transtornos psiquiátricos apresentaram em comum: onicofagia (comportamento de roer as unhas), laços familiares instáveis e ocorrência de abuso físico e sexual. Os autores puderam concluir que as mulheres com TA apresentam padrões distintos de comportamentos sociais e focados no corpo, caracterizados por autoagressão, rigidez e “negação do corpo” nas relações familiares, e ausência de intimidade. Como desdobramento parte deste mesmo trabalho (Mangweth et al., 2005), alguns anos mais tarde, Mangweth-Matzek et al. (2007) publicaram um estudo experimental cujo objetivo consistia em examinar as experiências relacionadas à menarca, puberdade e primeiras atividades sexuais de pacientes com TA, comparando-as com grupos controles de pacientes psiquiátricos e não-psiquiátricos. Foram entrevistadas as mesmas 150 mulheres do estudo anterior. Os resultados demonstraram que as mulheres com TA e as saudáveis apresentavam similaridades no que concerne à época da menarca e do início das atividades sexuais. No entanto, as mulheres com TA vivenciaram a menarca, as mudanças corporais decorrentes da puberdade e as primeiras atividades sexuais de forma significativamente mais negativa dos que as participantes dos outros grupos. Os autores concluíram que a vivência da imagem corporal em pacientes com TA, assim como outros aspectos típicos da puberdade, é negativa desde a entrada na adolescência, que. Geralmente, precede o início do transtorno. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 310 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Um dos trabalhos encontrados nesta revisão teve como objetivo investigar o vínculo na relação mãe-filha em indivíduos com TA, partindo da hipótese de que esse vínculo é bastante frágil e pode se generalizar para as outras relações da paciente. Trata-se de um estudo experimental, realizado por Ward et al. (2000), com pacientes com TA de um serviço especializado e um grupo controle, com mulheres saudáveis. Os resultados demonstraram que os relacionamentos estabelecidos pelas participantes seguem um padrão ‘puxa-empurra’, ou seja, em um momento buscam a aproximação e, em outro, o distanciamento. Acredita-se que as inseguranças vivenciadas no período da infância influenciem a formação de vínculos posteriores, já que causam um sentimento de vulnerabilidade que acompanha as fases posteriores do desenvolvimento. Ainda em relação ao tema da fragilidade dos vínculos e buscando relacioná-la com a ansiedade de separação e a insatisfação corporal vivenciadas pelas mulheres com TA, Troisi et al. (2006) partiram da hipótese de que a formação de vínculos frágeis, a partir de uma maneira de relacionar-se baseada em inseguranças, pode ser um dos fatores causadores da insatisfação com o corpo, o que é um fator de risco para TA. Os resultados evidenciaram que a insegurança na formação de vínculos está significativamente relacionada com a percepção negativa da imagem corporal das mulheres com AN e BN. Um estudo mais aprofundado da relação entre essas variáveis pode possibilitar maior atenção na formação de vínculos nos relacionamentos sociais e afetivos e, com isso, aprimorar o tratamento dos TA. Outros sentimentos negativos vivenciados pelas mulheres com TA foram investigados por Overton, Selway, Strongman e Houston (2005). Em estudo experimental, esses autores buscaram estudar a freqüência de queixas de emoções negativas (principalmente ansiedade, raiva, vergonha, e culpa) em uma população de mulheres com TA que se encontravam em seguimento em serviço especializado, em comparação com as mulheres na população geral. Além disso, procurou-se também estudar a freqüência de emoções positivas, relacionando-as com os ganhos secundários ou fatores que reforçariam a manutenção do quadro. Os achados sugeriram que mulheres com TA utilizam seus comportamentos alimentares como maneira de manipular a experiência emocional negativa e positiva, sendo que esta dinâmica psíquica seria um importante fator de manutenção do quadro. Ainda em se tratando das emoções vivenciadas pelas pacientes com TA, Kyriacou, Easter e Tchanturia (2009) realizaram um estudo não-experimental descritivo que teve como objetivo explorar quais são as complicações emocionais e sociais associadas à AN, a partir da perspectiva dos pacientes, familiares e clínicos. A hipótese de que haveria certa dificuldade nos aspectos emocionais e pessoais das mulheres com quadro de TA surgiu a partir de dificuldades clínicas encontradas no tratamento do transtorno, mais especificamente nos grupos de apoio. Algumas questões foram identificadas em todos os grupos realizados: “conscientização emocional e compreensão”; “intolerância emocional”; “fuga emocional”; “expressão emocional e crenças negativas”; “respostas emocionais extremas”; e “falta de empatia”. A partir da detecção desses aspectos emocionais, pode-se pensar em aprimoramentos do tratamento dos TA, no sentido de buscar estratégias para lidar e trabalhar com essas emoções de modo que elas sejam elaboradas e, conseqüentemente, colaborem na recuperação do quadro psicopatológico. Um dos estudos encontrados na presente revisão comparou as experiências sexuais e afetivas de pacientes com AN e BN. Ruuska, Kaltiala-Heino, Koivisto e Rantanen (2003) realizaram um estudo que teve como objetivo investigar a puberdade e a condição psicossexual de uma amostra de adolescentes sob tratamento para TA. Foram investigadas 57 adolescentes do sexo feminino, com idades entre 14 e 21 anos, com diagnóstico de AN ou BN. Os resultados demonstraram que não houve diferença estatisticamente significativa em relação à época da ocorrência da menarca entre pacientes de AN e BN. As participantes com Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 311 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente BN apresentaram menarca mais precocemente do que a população saudável em geral. As atitudes frente à sexualidade eram mais negativas no grupo da AN do que no grupo da BN. As adolescentes com AN relataram menor interesse e menos experiências com namoro do que as adolescentes com BN. Esses resultados sugerem que as adolescentes com AN e BN possuem formas diferentes de enfrentar os desafios comuns ao desenvolvimento sexual na adolescência. Buscando verificar possíveis relações entre a puberdade e o desenvolvimento sexual precoce com patologias alimentares do tipo bulímico em adolescentes, Kaltiala-Heino, Rimpelä, Rissanen e Rantanen (2001) realizaram um estudo não-experimental e descritivo com 19321 meninos e 19961 meninas com idades entre 14 e 16 anos. Os resultados da pesquisa evidenciaram que as adolescentes que apresentavam comportamentos bulímicos haviam tido menarca e experiências sexuais precoces. Dentre os meninos, o início da ejaculação na época normal estava relacionado com ausência de comportamentos bulímicos, sendo que esses comportamentos eram comuns dentre meninos que amadureceram precocemente. Os autores concluíram que o início precoce das atividades sexuais estava relacionado com comportamentos bulímicos e que prestar atenção nos adolescentes que apresentam maturação precoce é uma forma válida de prevenir a ocorrência de BN. No que concerne especificamente à BN e aos componentes emocionais comuns a esse TA, e partindo de dados da literatura científica que sugerem relações entre BN, intensa atividade sexual e impulsividade, Culbert e Klump (2005) realizaram um estudo nãoexperimental e descritivo, que teve como objetivo examinar as relações entre alimentação disfuncional, comportamentos sexuais e impulsividade, assim como investigar a impulsividade como uma terceira variável nessas relações. Participaram do estudo 500 estudantes universitárias que completaram questionários de compulsão alimentar e uso de comportamentos compensatórios, impulsividade e comportamentos sexuais. Os resultados demonstraram que os comportamentos compensatórios (mas não os compulsivos) estavam significativamente correlacionados com comportamentos sexuais, e que essa relação acontece em função da impulsividade. O estudo corrobora a literatura no que concerne ao fato da impulsividade ser um importante correlativo entre BN e intensa atividade sexual, pois esse construto aparece como uma terceira variável que acentua a relação entre os comportamentos compensatórios e sexuais. Concluiu-se, assim, que os comportamentos compensatórios e a intensa atividade sexual podem representar comportamentos de risco que são influenciados pelos níveis de impulsividade. Apenas um dos artigos encontrados na presente revisão dizia respeito aos efeitos do tratamento dos TA de forma específica. Jones, Evans, Bamford e Ford (2008) realizaram um trabalho não-experimental, descritivo, baseado em um enfoque qualitativo de pesquisa, que teve como objetivo explorar se houve mudanças na perspectiva da qualidade de vida de pacientes com TA (n = 34) após o término de um programa de 12 semanas de terapia diária. Para isso foi utilizada uma entrevista semi-estruturada, analisada por meio de categorias temáticas. Uma dessas categorias abordava a questão das relações íntimas: apenas dois participantes possuíam parceiros antes do tratamento e eles relatavam que as relações sexuais eram bastante insatisfatórias, resumindo-se geralmente a apenas uma noite. Esses participantes relatavam que não se sentiam seguros para ter relações sexuais, sentiam medo, ansiedade e um incômodo de pensar em ter contato físico com alguém, achado que estava relacionado com a insatisfação com a imagem corporal. Além disso, esses participantes também sentiam que não estavam preparados para um relacionamento afetivo. No entanto, muitos desses participantes revelaram um desejo por manter relacionamentos íntimos e acreditavam que isso poderia lhes proporcionar maior segurança. No final do programa de tratamento, quatro participantes possuíam parceiros e a percepção a respeito dos Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 312 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente relacionamentos afetivo-sexuais havia sido modificada de forma positiva. Os comentários a respeito do medo e da ansiedade persistiam, porém, com menor intensidade do que antes do tratamento. Por fim, a dificuldade das mulheres com TA em estabelecerem vínculos e relações íntimas também foi estudada por Newton, Boblin, Brown e Ciliska (2006). Esses pesquisadores realizaram um trabalho a respeito da capacidade de pacientes com AN de estabelecerem relações íntimas, analisando as experiências subjetivas das participantes com esse tema. Percebeu-se que os significados atribuídos e as experiências das participantes com a questão da intimidade estavam de acordo com as concepções gerais de proximidade emocional e física, por exemplo, a necessidade de companheirismo na vida de casal com filhos. Ou seja, nesse estudo as mulheres com AN também demonstraram desejo de manterem relações íntimas, mas apresentavam intensas dificuldades em consumá-las. Esses achados oferecem subsídios para pesquisas futuras e podem colaborar no desenvolvimento de intervenções que busquem minimizar os impedimentos encontrados no plano das relações afetivas, fomentando a tolerância à partilha da intimidade. Considerações Finais Em função do número limitado de artigos encontrados na presente revisão, evidenciou-se que não existe uma literatura consolidada acerca da sexualidade e das questões de afetividade e das relações maritais em pacientes com TA, principalmente no âmbito nacional. Houve predomínio de trabalhos publicados em periódico internacionais, principalmente nos Estados Unidos e alguns países da Europa. Esses dados sugerem que pouca atenção tem sido devotada às questões emocionais envolvidas na dificuldade das mulheres com TA em estabelecerem vínculos afetivos estáveis e satisfatórios, e nas repercussões que esses prejuízos exercem tanto no quadro psicopatológico, quanto na qualidade de vida em geral dessas mulheres. Nesse panorama destacamos a necessidade de futuras investigações acerca da temática, com o objetivo de fornecer esclarecimentos mais pormenorizados a respeito das emoções relacionadas às experiências sexuais e afetivas no contexto dos TA, já que as evidências sugerem que muitas dessas emoções exercem influência ou são influenciadas pelo quadro. Acredita-se que a ampliação do número de publicações qualificadas nessa área poderá proporcionar maiores evidências para a prática clínica, levando a uma compreensão mais abrangente por parte dos profissionais envolvidos na assistência, sem esquecer da prevenção e promoção de saúde. Referências ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. DSM-IV-TRTM – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos alimentares: Texto revisado (C. Dornelles, Trad.) (4. ed. rev.). Porto Alegre: Artmed, 2002. BORGES, N. J. B. G.; SICCHIERI, J. M. F.; RIBEIRO, R. P. P.; MARCHINI, J. S.; SANTOS, J. E. Transtornos alimentares: Quadro clínico. Revista Medicina, Ribeirão Preto, v. 39, n. 3, pp. 375-380, 2006. CABRERA, C.C. Estratégias de intervenção interdisciplinar no cuidado com o paciente com transtorno alimentar: O tratamento farmacológico. . Revista Medicina, Ribeirão Preto, v. 39, n. 3, pp. 340-348, 2006. CASSIN, S. E.; VON RANSON, K. M. Personality and eating disorders: A decade in review. 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Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 314 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente SCORSOLINI-COMIN, F.; SANTOS, M.A. Felicidade e bem-estar subjetivo na literatura científica: Panorama histórico e perspectivas no período de 1970 a 2007. [CD ROM] In X Encontro de Pesquisadores em Saúde Mental da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2008. SHEA, M. E.; PRITCHARD, M. E. Is self-esteem the primary predictor of disordered eating? Personality and Individual Differences, v. 42, n. 8, pp. 1527-1537, 2007. TROISI, A.; DI LORENZO, G.; ALCINI, S.; NANNI, R. C.; DI PASQUALE, C.; SIRACUSANO, A. Body dissatisfaction in women with eating disorders: Relationship to early separation anxiety and insecure attachment. Psychosomatic Medicine, v. 68, n. 3, pp. 449-453, 2006. 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Entende-se a necessidade de discutir esse tema hoje pela grande repercussão das medidas sugeridas pelas autoridades de saúde diante das enfermidades emergentes e das novas epidemias que tem assolado o país no que diz respeito aos procedimentos de higiene e profilaxia, o que tem afetado diretamente a rotina dos indivíduos e da comunidade quando, por exemplo, impede o funcionamento de escolas, limita as atividades sociais e desperta para questionamentos sobre as questões básicas de higiene e as responsabilidades do poder público e dos cidadãos sobre as mesmas. O presente trabalho trata-se de um artigo sobre a educação em saúde na escola durante a fase higienista, movimento ocorrido na medicina que privilegiava a higiene como o mais belo florão da medicina, capaz de promover o bem estar físico e moral e a evolução somática e intelectual da humanidade e tem como objetivo discorrer sobre as influências do higienismo na Educação em Saúde na escola enquanto projeto educativo amplo, em nome da ciência e em prol da constituição de um homem formado sob os rígidos princípios da moral e da higiene. O higienismo pode ser entendido como um projeto político derivado de um ramo da medicina social denominado Higiene28, que procurava fundamentar todas as ações sociais em princípios científicos dos saberes formalmente instituídos. Para a educação escolar, a Higiene forneceu um modelo de organização escolar calcado na razão médica, retirando do espaço privado (familiar e religioso) o Monopólio da formação de meninos e meninas. Havia então uma preocupação tanto com as condições físicas da escola tais como condições topográficas, climáticas, sanitárias, de ventilação, de salubridade como com as questões morais, de pensamento e do corpo, de modo a produzir um colégio com alunos, alunas e professores higienizados (GONDRA, 2000). Neste texto, evidencia-se o projeto higienista na educação escolar ao longo do período republicano que, além de ter como objetivo a legitimação da medicina social, procurava impor os ideais de uma sociedade progressista, onde a higiene se impunha como condição indispensável. A política higienista foi amplamente difundida na sociedade dentro de um projeto de urbanização das cidades e de modernização do país nos moldes europeus. A escola se torna lócus privilegiado não só pela formação de meninos e meninas como também pela possibilidade de se trabalhar as questões de civilidade. A higiene impõe-se como uma condição indispensável para o progresso da nação porque os que a praticavam demonstravam com isso possuir certo grau de educação. Durante os congressos brasileiros de higiene, os sanitaristas elegeram as crianças como alvos da intervenção pedagógica objetivando hábitos e 26 Professora, Mestre em Educação da ESTES/UFU, aluna especial do Doutorado Assistente Social, Mestre em Educação da ESTES/UFU 28 Ramo da medicina que se ocupou da descrição e redescrição dos objetos sociais, em conformidade com os cânones dessa ciência, foram designados como Higiene. (GONDRA, 2000, p. 521). 27 Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 316 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente atitudes da população frente à doença. Com elas, atingiriam os padrões sanitários familiares, sendo isso realizado na escola e o principal agente da educação higiênica a professora com uma educação moralizadora e domesticadora (COSTA, 1985). Atualmente, educar para a saúde pressupõe certo grau de autonomia dos indivíduos ao desejar que se pratiquem as ações necessárias para a consecução de práticas saudáveis dentro de uma filosofia de autocuidado, de democratização do processo saúde/doença/cuidado e de reordenação das práticas sanitárias do Estado com vistas na promoção da saúde. No período republicano, porém o povo era considerado como vítima incapaz de iniciativas criativas, enquanto não melhorasse sua situação de saúde pela adoção das medidas proclamadas pelo projeto higienista (VASCONCELOS, 2001). Em 1926, a higiene foi imposta pela coerção tendo havido depois demonstração de interesse por parte dos indivíduos. Procurava-se ensinar e explicar às pessoas as vantagens das medidas exigidas, dizendo ser necessária uma educação para um comportamento higiênico com beneficio individual e coletivo com efeitos preventivos (COSTA, 1985). Para conceituar educação em saúde, é necessário pensar nos significados de saúde e doença que permeiam os meios científicos e sociais. Os modelos adotados até meados do século XX foram ancorados no modelo médico, biologicista que, centrado na doença, procurava trabalhar com preceitos de higiene e regras de conduta por meio de aconselhamentos. A saúde e a doença eram percebidas como fenômenos individuais, responsabilidades de cada pessoa, independentemente das condições sócio-econômicas ou do acesso à educação e à saúde. A educação em saúde no âmbito do sistema escolar surge no Brasil com a criação das escolas de primeiras letras (Lei de 15 de outubro de 1927). A partir de 1920, o discurso higienista torna-se mais técnico, priorizando métodos de educação em saúde, assistência médico-odontológica, nutrição, desnutrição, antropometria29. A inclusão das disciplinas de Higiene e Puericultura nos currículos das escolas normais, com a criação do professor de Higiene, foi uma proposta dos higienistas da época para a difusão das suas idéias. Em 1946, com a Lei orgânica do Ensino Primário, que fazia referências ao ensino da saúde e criava as disciplinas Ciências Naturais e Higiene para o curso primário complementar de um ano,30 foram desenvolvidass ações de cunho assistencialista, com pouca ênfase na parte educativa e ao ensino de saúde (BAGNATO, 1987). O enfoque deste trabalho na fase higienista da educação em saúde é uma forma de entender como foram pensadas as ações de saúde na escola e como ela ainda pode influenciar as concepções e ações ainda hoje. A República e sua concepção de homem e educação No final do século XIX, presenciamos a proclamação da República e o início de um período que teve como características, a valorização da vida urbana, o crescimento das cidades e o desenvolvimento do capitalismo. Aliado ao desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da indústria, o período republicano provocou transformações na vida política e social com mudanças econômicas que exigiram novas profissões. Surge então a necessidade de organizar o povo em torno de uma nova cultura e de novos costumes para o país se constituir como nação e ao mesmo tempo imprimir nessa nação uma direção única dentro do capital. 29 Realização de aferição de medidas como peso e altura para acompanhar o desenvolvimento físico do escolar Com a Lei Orgânica do Ensino Primário foi criado o ensino primário elementar, de 4 anos e o complementar de 1 ano (BAGNATO, 1987, p.10) 30 Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 317 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Em vários países, na Europa, em especial na França, nos Estados Unidos da América e também no Brasil, defendeu-se a idéia de reordenar a população, introduzir novos hábitos condizentes a uma sociedade civilizada e a necessidade de um reordenamento higiênico do espaço urbano e de suas edificações. Surgem então as reformas urbanas voltadas para o saneamento básico e para a regulamentação na utilização dos espaços públicos e dos estabelecimentos privados. Diante dessa nova realidade, a educação escolar, mediante uma mentalidade republicana, passou a constituir-se parte ativa na implantação de um programa de modernização nacional como parte de um projeto da República. Conectados a essas transformações, os renovadores da educação perceberam a necessidade da expansão dos sistemas escolares para a construção desse novo homem. A instrução e principalmente a formação de todos os cidadãos deveriam acontecer pela escola. “O ensino passa a ser visto como instrumento de construção política e social” (LOURENÇO FILHO, 1962, p.21). Com relação à proposta da formação de um novo homem, ou melhor, dizendo, de uma formação que preparasse esse homem para o trabalho, para as atividades práticas, para atender aos interesses da burguesia, ao desenvolvimento e ao progresso do capital, Borges afirma que foi uma proposta que teve como base: uma matriz teórica baseada na Psicologia, na Sociologia e na Biologia, de forma a convencer, cimentar os diferentes interesses de classe e estratos sociais em jogo. Os princípios liberais foram: a liberdade econômica, concorrência, igualdade jurídica, individualidade, direito de ter propriedade, fraternidade, diferenças de aptidões e capacidades, democracia, criação de um Estado Nacional (1993, p.22). A partir desses novos objetivos que deveriam ser realizados pela escola ampliou-se também a preocupação referente às questões ligadas a higiene “A higiene fornecerá um modelo de organização escolar calcado na razão médica” (GONDRA, 2000, p. 527). Justificava-se a partir de um modelo higiênico de escola e de elementos científicos, voltados para as edificações escolares apropriadas, o tempo escolar, os saberes escolares, a alimentação, o sono, o banho, as roupas, o recreio e a ginástica. No que se refere às edificações podemos observar bem no Decreto nº 7.970-A de 15 de outubro de 192731, quando trata da questão da Higiene Escolar, da Assistência Médica e Dentária no artigo 99: A inspecção medico-escolar tem por fim velar pela saúde dos alumnos das escolas publicas e verificar si os estabelecimentos de ensino satisfazem as condições de hygiene, do ponto de vista da localização, construcção, ventilação, illuminação, serviços sanitários, abastecimento d’ água e si o mobiliário e material escolar são adequados ao fim a que se destinam. (Art. 99, Decreto 7.970/1927, p.1172). Os princípios higienistas também relacionaram as condições higiênicas de vida, de moradia dos pobres à condição moral e à profilaxia das raças, em defesa do branqueamento da população (VEIGA, 2007, p.260). Esses princípios, com base em uma concepção moralista buscaram integrar os pobres aos valores burgueses. De acordo com Veiga (2007) constatou-se a criação da Sociedade Eugênica de São Paulo em 1918 e a realização do Primeiro Congresso Brasileiro de Higiene em 1923, no Rio 31 Decreto que aprovou o Regulamento do Ensino Primário e entrou em vigor em 1º de janeiro de 1928. Esse decreto foi assinado pelo Presidente do Estado de Minas Gerais: Antonio Carlos Ribeiro de Andrada e pelo Secretário de Estado do Interior: Francisco Luiz da Silva Campos. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 318 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente de Janeiro. Alguns higienistas defendiam a idéia de melhoramento das raças mediante políticas sanitárias e educativas. Nesse sentido, programaram práticas de intervenção médica nas escolas no início da república a partir da criação de fichas sanitárias escolares, as quais deveriam conter informações sobre o peso, a cor e cicatrizes da pele, hérnias e vícios de conformação, deformação do esqueleto, conformação do tórax, estado dos órgãos de fonação, de visão, de audição e abdominais e estado do aparelho digestivo, dados físicos e observações. Esses seriam os aspectos que revelariam o histórico sanitário do aluno.32 A escola e o projeto civilizatório A escola assumiu uma função diretiva no sentido de inculcar um novo comportamento e remodelar uma nova sociedade dentro de um processo, com vistas a erradicar a ignorância e produzir um país ordeiro, homogêneo e civilizado: A ignorância é, pois o argumento fabricado e mobilizado de modo a fornecer legitimidade para as intervenções na esfera educacional, realizadas em nome e em favor da ordem médica, que interferirá nas representações acerca da infância, da família, da casa, da escola e dos mestres (GONDRA, 2001, p. 526). A reorganização da instrução pública e as reformas escolares passaram a ser vistas a partir de princípios educacionais emanados por um ideário positivista de modificar a sociedade brasileira identificando a liberdade de ensino com a prosperidade da nação. À ciência médica foi atribuído um poder de criar um padrão civilizatório, a partir de um maior conhecimento do homem, das condições de seu crescimento, do seu desenvolvimento individual e de uma maior compreensão acerca das possibilidades de sua integração cultural. Segundo Santos (2008), foi diante desse contexto que se iniciou no Brasil a difusão dos ideais da Escola Nova, com uma mensagem de instrumentação institucional e de remodelação da ordem política, econômica, social e cultural. Os difusores da Escola Nova33 iniciaram um discurso, denunciando o atraso da escola pública em relação às novas exigências da vida social, com a intenção de provocar profundas mudanças e despertar a necessidade de “Uma nova escola para forjar um homem novo para uma nova cidade” (TEIVE, 2008, p.94). A reconstrução da cidade e do homem tornou-se parte fundamental de um processo que “constitui uma mudança na conduta e sentimentos humanos rumo a uma direção muito específica” (ELIAS, 1993, p. 193) a de transformar os indivíduos em força produtiva, de modo a garantir e ampliar o movimento produtivo do capital. Diante disso, o Estado necessitava de cidadãos que, além de saber ler, escrever e contar deveriam pensar, sentir e agir de uma nova forma, de modo a se comportarem como cidadãos patriotas e produtivos para o capitalismo. A escola passou a ser um instrumento de regeneração, de civilização, de moralização e de higienização, em especial dos pobres, para estabilizar e consolidar o regime: “Os professores deverão inculcar nos alumnos os hábitos sadios da hygiene individual formando neles uma consciência sanitária, é um serviço que irão prestar a sociedade brasileira dando novas energias, novas possibilidades, novas esperanças” (DECRETO Nº 8.094 de 22/12/1927, p.1709). Nos estudos de Cunha, a civilidade foi concebida como o: 32 Annães do VII Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia, reunido em Belo Horizonte de 21 a 27 de abril de 1912, organizados pelo Dr Hugo F. Werneck, II volume, I Seção Medicina em Geral. Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1912, p.315. 33 Os renovadores da educação. Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Fernando de Azevedo, entre outros. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 319 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente processo de construção de códigos de comportamento, normas de conduta, boas maneiras, educação pessoal que se concretiza por meio de um conjunto de regras a serem observadas com o intuito de portar-se com dignidade, cortesia e elegância” (2009, p. 236). Nessa perspectiva, a escola da república deveria civilizar, moralizar e higienizar as crianças, para incutir-lhes o amor à pátria e ao trabalho, a submissão às leis, o respeito à livre imprensa, à propriedade privada e à liberdade, incutindo também os valores éticos e estéticos da racionalidade capitalista. Para Souza: as escolas primárias desempenharam na vida urbana um importante papel social e cultural. [...] auxiliaram o serviço sanitário exigindo a vacinação [...] no combate das epidemias [...] exigindo o asseio e as normas de urbanidade e civilidade (1998, p.116). As reformas escolares se pautaram na formação integral do homem, passaram a ser vistas a partir de um maior conhecimento do homem, das condições de seu crescimento, do seu desenvolvimento individual e da consciência das possibilidades de sua integração cultural. Para esse fim, várias medidas foram tomadas, tais como a construção de grupos escolares, vistos como edificações escolares higiênicas; os novos métodos didáticos, voltados para a atividade dos alunos e a “introdução das disciplinas higiene, ginástica e educação física no currículo das escolas normais, primárias e secundárias” (VEIGA, 2007, p.260). O espaço escolar deveria ser remodelado de modo a dar visibilidade à modernidade republicana e adaptar-se à pedagogia moderna e ao higienismo. Surgem assim os grupos escolares como parte de um projeto civilizador que iria colaborar na reforma social e na difusão de educação popular. A construção de um prédio próprio para a escola significou a conquista de uma identidade que, “Em certo sentido, o grupo escolar pela sua arquitetura, sua organização e suas finalidades aliavam-se às grandes forças míticas que compunham o imaginário social naquele período, isto é, a crença no progresso, na ciência e na civilização” (SOUZA, 1998, p.91). Os grupos escolares se converteram em símbolo e funcionaram também como divulgadores de princípios higiênicos e eugênicos (MARTINS, 2009). O que pode ser observado também em algumas atas de reuniões do Grupo Escolar Júlio Bueno Brandão do município de Uberlândia/MG34: [a professora Técnica D. Dinorá Pinto Silva] propôs às professoras, a conselho do Dr. Pedroso, fazerem nos alunos a desinfecção das fossas nasais com acido lático, pois infelizmente há nos dois estabelecimentos de ensino (Bueno Brandão e Minas Gerais), crianças em cujas famílias há casos de morféia, tuberculose, câncer, etc., não havendo entre elas nenhuma separação nem higiene. (MARTINS, 2009, p.23). Nesse caso, o que se esperava da educação escolar pública e do professor primário além da formação moral, cívico-patriótica, como um dos fundamentos da construção da nacionalidade; também, uma formação científica para sair do atraso e caminhar para a civilidade, a ordem e o progresso. De acordo com Araújo, Aquino e Lima, (2008), a Escola Normal deveria habilitar o professor primário para poder desempenhar, com a máxima dedicação, vigor e profissionalismo, a missão de educar o povo para a vida em sociedade no contexto urbano e 34 Primeiro Grupo Escolar do município de Uberlândia-MG, criado a partir do Decreto 3200 em 20 de julho de 1911, conforme a lei 439, de 28 de setembro de 1906, sendo instalado em 1º de fevereiro de (CARVALHO, 2002, p.59). Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 320 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente rural. Deveria oferecer uma formação intelectual, moral e profissional, tornando-se um centro multiplicador de saberes teóricos, demonstrativos e práticos referente ao trabalho pedagógico da escola primária. Para isso, as Escolas Normais35 com duração de três anos em 1908 e quatro anos em 1910, começaram a ministrar disciplinas que apresentavam uma estrutura curricular de moldura enciclopédica dotada de dez matérias de cunho literário, de natureza científica e técnica e de fundamentos morais e pedagógicos36. Portanto, para modernizar intelectual e moralmente a sociedade, a professora deveria dominar os conhecimentos e possuir uma sólida formação moral e cívica, sendo capaz de formar o espírito da criança para cultivar os pensamentos e sentimentos republicanos. A tarefa da professora era instruir, no sentido de desenvolver e prover de conhecimentos a mente da criança e educar no sentido de desenvolver o caráter, a disciplina e as qualidades morais, além de dirigir os pensamentos, os sentimentos e a sua conduta37. A seleção e a organização do conhecimento escolar faziam parte de um processo social e estava relacionado a necessidades de legitimação, de controle e de propósitos de dominação (SILVA, 1995). Nessa mesma direção entre 1920 a 1930, ocorreu a implantação de diversas reformas educacionais em vários Estados do país, valorizando a escola como lugar central para a realização do ideal de progresso na nação. Nesta reorganização da instrução pública, surgiu uma nova concepção de infância e de escola primária e a nova pedagogia adquiriu uma dimensão metodológica. As suas apropriações se deram de maneira diferenciada, mais centrada nos métodos e nas técnicas, na chamada Escola Ativa; baseada em uma formação cívica e moral que deveria acontecer na escola, considerada a instituição central para civilizar e formar o novo homem, de acordo com as novas demandas do capital, que era a de “disciplinar e controlar o trabalhador para a fábrica e de formar a elite dirigente [...] Para a superação do atraso nacional e o ingresso na modernidade” (BORGES, 1993, p.35-36). No campo de formação de professores, a principal influência foi a inserção e a valorização das ciências consideradas basilares para uma nova compreensão acerca da função social da escola e do papel assumido pela criança no contexto social mais amplo. Dentre essas ciências, destacamos a biologia, a psicologia e a sociologia, que foram incorporadas aos currículos dos cursos de formação e auxiliaram na produção de novas concepções sobre o campo educacional. As disciplinas científicas no currículo de formação das professoras permitiriam a apropriação do conhecimento científico pelas professoras, com a intenção de consolidar uma maneira de pensar, sentir e agir. Temos como exemplo, a inclusão da disciplina higiene escolar, que influenciou na educação física e intelectual, estabeleceu princípios e procedimentos e guiou a moral e os bons costumes, no sentido de afastar as crianças dos perigos dos vícios, do álcool, do fumo e desenvolver o gosto pelo trabalho38. Introduziram 35 Escolas Normais de Minas Gerais (BORGES, 2005), de São Paulo (MONARCHA, 1999), São Carlos (NOSELLA, BUFFA, 2002), Paraiba (KULESKA, 1997), Goias (BRZEZINSKI, 1987), Ceará (OLINDA, 2003), Piaui (SOARES; FERRO, 2003), Natal (ARAUJO, AQUINO, LIMA, 2008). 36 As matérias de caráter literário eram Português e noções de Latim, Francês, Música. As de natureza científica e técnica compreendiam: Aritmética, Álgebra e Geometria, Noções de Física, Química, História Natural e Higiene, Desenho Natural, Caligrafia, Trabalhos Manuais e Exercícios Físicos. As matérias de Fundamentos Pedagógicos e Morais seriam Pedagogia, Instrução Moral e Cívica, Economia Doméstica, Legislação Escolar e Prática na Escola Modelo (ARAUJO, AQUINO E LIMA, 2008, p.197). 37 Conforme a concepção de Norbert Elias, “o processo civilizador constitui uma mudança na conduta e sentimentos humanos rumo a uma direção muito específica” (1993, p.193). 38 Tais aspectos estão presentes tanto no Decreto nº 8.225, de 11 de fevereiro 1928, que aprovou o programa de ensino Normal do Estado de Minas Gerais, quando trata da educação moral e cívica (p.252), como no Decreto 8.094/1927, que tratou do programa do Ensino Primário, nos deveres higiênicos dos alunos no item nº 10. “Não jogar, não fumar, não beber” (p. 1719-1720). Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 321 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente também, a forma correta de sentar, de escrever, alertou para o perigo da fadiga e apontaram para a necessidade de descanso, de recreios, de excursões, de exercícios físicos como elementos indispensáveis para a higiene do cérebro. Essas disciplinas trabalhavam na perspectiva de ensinar boas maneiras, princípios de socialização, despertar o amor pela Pátria e o orgulho de pertencer a ela, visando a formação do caráter (MARTINS, 2009). Foi o que observamos nas orientações que eram passadas a partir das atas de reuniões das professoras do Grupo Escolar Júlio Bueno Brandão: [A professora técnica, Maria Aparecida Lomônaco] continuou expondo que o assunto para a reunião de hoje era: Atividades extra-programa. Essas atividades são necessárias e trazem grande proveito para as crianças, compreendem auditórios, excursões, jornal escolar, museu, hora de história, etc. No decorrer dessas atividades, deverá haver a colaboração das crianças que apresentarão iniciativas espontâneas e a professora aproveitará a oportunidade para ensinar boas maneiras e princípios de socialização (Martins, 2009). Observando a realidade desse município no início do século XX, por volta de 1903, percebemos que, desde então, inúmeras medidas foram tomadas para desenvolver, organizar, civilizar e higienizar com vistas a cuidar da urbanização, da arquitetura, do comércio, da industrialização, da higiene pública, da cultura e do lazer, tudo isso para estar em sintonia com as grandes cidades. Tomamos como exemplo, uma das medidas tomadas nessa época que foi a publicação oficial do Código de Posturas. Para Rodrigues (1993), essas medidas foram um processo de disciplinarização e de ordenamento, montado com papéis sociais bem definidos e distribuídos; onde os políticos traçariam os projetos, a polícia garantiria o cumprimento desses projetos e à imprensa caberia o papel de difundir as ideias, de ordem, de civilidade, de modernidade e de trabalho. Tais ações revelaram uma concepção de progresso vinculada a atividades que iriam controlar os hábitos, os costumes, a moral, as práticas e os comportamentos, ou seja, o cotidiano dos sujeitos, pois a presença de mendigos, crianças vadias e animais circulando na cidade incomodavam. As imagens não combinavam com o caráter grandioso da cidade e nem com o modelo de cidade ideal a ser implantada. O cenário educacional nacional e regional incidia sobre o contexto local, em especial no período do Estado Novo, com as suas idéias de ordem, de progresso, de civismo, de moral de higiene e de disciplina.39 Entre 1937 a 1945 diante de um regime autoritário que se consolidava, a educação se transformou em um mecanismo de enquadramento, como um dispositivo para disciplinarizar os corpos. Foi um “Estado constituído sobre o fortalecimento da família; pela propriedade do lar salubre; pelo saneamento; pela educação higiênica, eugênica, intelectual e moral” (CARVALHO, 1986, p. 114). Essa é a visão de um Estado paternal, tutorial que tinha como meta disciplinar seus súditos a partir das professoras primárias. Contudo, o partir de 1940 o higienismo, começou a fazer parte das discussões referentes às condições de vida da população brasileira, de maneira mais abrangente, deixando de ser interpretada apenas sobre as condições físicas e morais das pessoas ou pela sua origem étnico-racial e como uma concepção moralista. De acordo com Veiga (2007) no programa do ensino primário de 1965 esse conteúdo estava vinculado às ciências naturais e educação para a saúde cujo objetivo seria prevenir maus hábitos e vícios. 39 “Ecos do ideário eugênico podem ser percebidos nas propostas de organização escolar e de currículo estabelecidas por determinadas políticas públicas” (GUALTIERI, 2008, p.5). Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 322 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Pelotões de saúde: a Educação a serviço da Higiene Para que os objetivos do projeto higienista fossem alcançados, foram necessários, além da formação específica dos professores supra citada, a adoção de mecanismos que tornassem possível a formação do cidadão dentro dos princípios da moralidade e civilidade. Chaves, em pesquisa sobre o Distrito Federal, comenta que: O Código do bom aluno, publicado no artigo Da campanha contra a vadiação, na edição de set/out de 1932, explicita as atitudes indispensáveis que esse aluno deve possuir: Ter boas maneiras (falar baixo, guardar silêncio na fileira, caminhar corretamente); Interessar-se pelas lições; Interessar-se pelas instituições escolares (Caixa Escolar, Círculo de Pais, a Revista escolar, etc); Ter o maior cuidado com o vestuário; Ter o maior cuidado com o asseio pessoal (rosto, mãos, cabelos, unhas e dentes); Zelar pelos objetos do uso escolar; Zelar pela casa; Economizar o material; Ser assíduo (serão justificadas somente duas faltas por quinzena para cada aluno); Ser franco e verdadeiro (2010. p.3). Neste sentido, foram criados os pelotões de saúde que podem ser citados como o melhor exemplo de ação disciplinar do corpo. Sob a responsabilidade dos alunos, o pelotão de saúde teria que, diariamente, inspecionar os demais alunos, tentando verificar a limpeza dos dentes, das unhas, do corpo e do uniforme. E como a escola procurava enaltecer aqueles que cumpriam essas recomendações, ser escolhido para participar dessa instituição era visto com honra e distinção. Fazia com que os seus membros se sentissem os próprios porta-vozes das lições que a escola desejava incutir. Os escolhidos para o pelotão se reconheciam e eram reconhecidos como um grupo que falava em nome da escola e que, por isso, deveriam ser respeitados. Chaves cita como exemplar o discurso da aluna Maria Auxiliadora, durante a solenidade de passagem da braçadeira do pelotão: Nos preceitos da higiene repousam a saúde e o progresso. Como podemos ser amigos do Brasil e do seu progresso, se não tivermos hábitos sãos, se não tivermos saúde?Como defender o nome de nossa pátria querida se formos fracos e débeis e não tivermos força bastante para repelir o agravo e o ataque? Sejamos bons! E teremos feito muito pela grandeza do Brasil amado! Mais uma vez, obrigada pela braçadeira que prometemos honrar (2010, p. 5). Em 1924, no estado do Rio de Janeiro, foram dados os primeiros passos rumo à educação em saúde no Brasil, por meio da criação do primeiro pelotão de saúde, em uma escola estadual do município de São Gonçalo, por Carlos Sá e César Leal Ferreira. No ano seguinte foi adotado o mesmo modelo nas escolas primárias do antigo Distrito Federal, com o propósito de divulgar noções de higiene (LEVY et al, 20º2). Segundo VEIGA (2007), a formação nas escolas dos pelotões de saúde, inspirados nas corporações militares ocorre em definitivamente em 1926. Esses seriam compostos por grupos de alunos que deveriam possuir uma caderneta para anotar peso, altura, correção de defeitos, etc. Piedade Filho (2009) relata em pesquisa sobre um pelotão de saúde a conformação desse modelo militar, que chama de cruzada higienista, com a presença de monitores, da conselheira técnica que é uma professora, o uso de distintivo, os cruzados de cada classe formando um sub-pelotão e o pelotão tendo um regulamento e reunindo-se mensalmente. Portanto, por estes discursos pode se ter a clareza de que saúde, higiene e boa aparência ultrapassavam o âmbito da escola. Eram qualidades almejadas por um novo Brasil Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 323 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente que desejava modernizar-se e alcançar um modelo de cidadão baseado nessas mesmas qualidades. Considerações Finais A reorganização da instrução pública e as reformas escolares do período republicano no Brasil foram realizadas a partir de princípios educacionais emanados por um ideário positivista de modificar a sociedade brasileira identificando a liberdade de ensino com a prosperidade da nação. À ciência médica foi atribuído um poder de criar um padrão civilizatório, a partir de um maior conhecimento do homem, das condições de seu crescimento, do seu desenvolvimento individual e de uma maior compreensão acerca das possibilidades de sua integração cultural. Entre 1937 a 1945, diante de um regime autoritário que se consolidava, a educação se transformou em um mecanismo de enquadramento, como um dispositivo para disciplinarizar os corpos. Se observarmos as campanhas relacionadas às epidemias constantes de dengue no Brasil, onde estados, municípios e federação dispendem volumosas quantias na contratação de pessoal para realizar ações que seriam atribuições de cada indivíduo, fornecer equipamentos de responsabilidade pessoal como tampa para caixa d’água, podemos perceber que os objetivos de conscientização das responsabilidades pessoais e coletivas em relação à saúde de cada indivíduo não foram conseguidos com as ações educativas desenvolvidas. A concepção de homem e de saúde relacionada à educação, ao progresso, à formação de cidadãos capazes de enaltecer o seu país, presentes na fase higienista da educação em saúde nos levam a considerar que muitas atitudes ainda presentes no nosso meio com relação às campanhas de saúde, ações assistencialistas ou impregnadas de conceitos biologicistas podem ser influências das idéias e conceitos que foram amplamente divulgados como projeto de Estado para a educação escolar. No presente trabalho, observa-se que os envolvidos nas ações de saúde na educação escolar durante o projeto higienista acreditavam nas premissas propostas por médicos higienistas, que objetivavam a afirmação da medicina social, e adotadas por um governo que via nessas ações meios de conseguir o progresso da nação. Os relatos de professores e historiadores nos revelam que os envolvidos nas ações de saúde na escola se sentiam valorizados por estarem participando do projeto. Vale ressaltar que o comitê de educação em saúde da OMS afirma que a educação em saúde deve ter o foco voltado para a população e para a ação, encorajando as pessoas a adotar e manter padrões de vida sadios; usar de forma judiciosa e cuidadosa os serviços de saúde colocados à sua disposição e tomar decisões, tanto individual como coletivamente com o objetivo de melhorar suas condições de saúde e as condições do meio ambiente (LEVY et al, 2002). Educar para saúde nos moldes das concepções do processo saúde/doença/cuidado atualmente pressupõe a reestruturação dos hábitos, a busca do potencial máximo de saúde dos indivíduos de uma coletividade e, principalmente, a possibilidade do auto cuidado por meio de um processo educacional global que desenvolva nas pessoas o senso de responsabilidade pela sua própria saúde e pela saúde da comunidade a qual pertençam (LEVY et al, 2002). REFERÊNCIAS Atas de reuniões das professoras. Documento da Secretaria do Grupo Escolar Júlio Bueno Brandão. Uberlândia/MG. (1932-1937), (1937-1944) e de (1944 - 1948). Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 324 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente ARAUJO, M. M.; AQUINO, L.C. de; LIMA, T.C.M.L. Considerações sobre a escola normal e a formação do professor primário no Rio Grande do Norte (1839-1938). 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Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 326 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 10. INCIDÊNCIA DE FATORES TERAPÊUTICOS EM UM GRUPO DE EDUCAÇÃO EM DIABETES MELLITUS Manoel Antônio dos Santos1 Naiara Sato Botter 2 Marília Belfiore Palácio3 Camila Rezende Pimentel Ribas4 Nunila Ferreira de Oliveira4 Marta Maria Coelho Damasceno5 Carla Regina de Souza Teixeira5 Maria Lúcia Zanetti6 INTRODUÇÃO O diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica que exige ajustamentos na dinâmica e organização psíquica do paciente, pois impõe cuidados permanentes e contínuos (1). Esse processo de adaptação à nova condição inicia-se a partir do estabelecimento do diagnóstico e pode desencadear sofrimento psicológico, expresso sob a forma de estresse, depressão e ansiedade. Mas o acometimento também pode possibilitar uma oportunidade de aprendizagem de convivência saudável com a condição crônica. Passado o impacto inicial da confirmação do diagnóstico, os pacientes se mobilizam no sentido de buscar modos de enfrentamento que propiciem o ajustamento psicossocial frente às demandas que a complexidade do tratamento ( impõe 1-2). A busca de apoio social é um dos modos de lidar com os fatores adversos acarretados pela complexidade do tratamento (3). Inclui, entre outros aspectos, a procura de recursos profissionais para o tratamento, dentre os quais se destaca o grupo de educação em diabetes. Na perspectiva da integralidade em saúde, um grupo de educação precisa oferecer apoio nos aspectos físicos, psicológicos, espirituais, entre outros, incluindo a família como unidade de tratamento (4). Tendo em vista que a participação em grupo educativo pode influenciar fortemente o comportamento de saúde de seus membros e que o estado de saúde de cada indivíduo, por sua 1 Professor Doutor do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP-USP. E-mail: [email protected] 2 Aluna do Curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo do Campus de Ribeirão Preto. E-mail: [email protected] 3 Aluna do Curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo do Campus de Ribeirão Preto. E-mail: [email protected] 4 Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem Fundamental do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - EERP-USP. E-mail: [email protected] / [email protected] 5 Professor Doutor do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. E-mail: [email protected] 6 Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - EERP-USP. E-mail: [email protected] 7 Professor Associado do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - EERP-USP. Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. E-mail: [email protected] Endereço para correspondência: FFCLRP-USP, Av. Bandeirantes, 3900, Monte Alegre, 14040-901, Ribeirão Preto-SP, fone 16 3602 3645. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 327 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente vez, também influencia o funcionamento do grupo, os estudos mostram que a estratégia grupal pode ajudar a pessoa com DM a manejar corretamente a complexidade da doença e alcançar as metas do tratamento (4). A pessoa com DM, quando bem orientada, pode aderir às ações de cuidado no cotidiano, tais como estímulo à realização de atividades físicas, motivação para seguimento do plano alimentar, incentivo no ajuste da terapêutica medicamentosa quando da realização da monitorização da glicemia capilar no domicílio, desenvolvimento de habilidades para o manejo da insulina e cuidados com os pés, entre outras medidas. Apoio social se refere às informações ou recursos materiais fornecidos por grupos (família, amigos, profissionais de saúde, entre outros), que trazem benefícios emocionais ou comportamentais para quem os recebe. É um processo recíproco e, portanto, proativo, no qual as duas partes se beneficiam com efeitos positivos, fortalecendo o sentido de controle sobre a própria vida tanto para quem oferece como para quem o recebe (5). No presente estudo focalizamos o apoio social percebido pela pessoa com DM tipo 2 (DM2) a partir de suas verbalizações durante as atividades de grupo. Altos níveis de apoio social percebido e auto-eficácia aumentada estão significantemente associados com níveis mais elevados de comportamentos de autocuidado, como dieta e prática de exercício físico, o que mostra a importância de incrementar este tipo de apoio. A pessoa com DM2 necessita ainda de apoio familiar e de receber suporte psicológico para se fortalecer emocionalmente, de modo a fazer frente às exigências terapêuticas de autocuidado (6). Nessa vertente, reconhecendo a importância de prover um acompanhamento psicológico às pessoas com DM2, foi implementado um grupo de apoio psicológico em um centro universitário no interior paulista. A equipe multiprofissional que oferece esse atendimento reconhece que, além dos cuidados especializados, a rede de apoio social colabora para o enfrentamento das dificuldades encontradas em função das alterações necessárias no cotidiano para o manejo da doença. A experiência com pessoas que participam de grupos de educação em DM2 têm evidenciado que o incremento de fatores mediadores de mudança – particularmente do estilo de vida, podem facilitar a satisfação de suas necessidades de saúde (7). Por outro lado, a literatura é escassa em relação a essa temática, sugerindo a necessidade de estudos que busquem elucidar que fatores terapêuticos são mais facilitadores e propiciam maior adesão ao tratamento instituído para o DM2. Diante do exposto, este estudo teve como objetivo identificar os fatores terapêuticos presentes em um grupo de educação para pessoas com DM2. MÉTODO Estudo descritivo, exploratório, com enfoque qualitativo. Como marco teórico-metodológico utilizou-se o referencial dos fatores terapêuticos (FT) (8). Este referencial foi privilegiado por viabilizar maior compreensão dos aspectos psicossociais envolvidos no cuidado da pessoa com DM2. Acredita-se que o marco referencial adotado possibilita desvendar como as pessoas que participam de um grupo educativo desenvolvem seus recursos de enfrentamento, considerando crenças e valores socialmente construídos no contexto onde as pessoas vivem. Dentre as diversas vertentes de compreensão dos FT, o enfoque adotado compreende esses fatores como catalisadores de mudança (8). Esse referencial teórico tem sido aplicado no contexto da saúde, em particular em estudos com pessoas com condições crônicas, inclusive DM (9). A identificação dos FT constituem uma das formas de se avaliar a efetividade de intervenções grupais, ao se observar o movimento grupal e a comunicação expressa pelos Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 328 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente participantes (9). Os FT foram inicialmente descritos no contexto psicoterápico. Entretanto, logo se percebeu que a maioria deles pode ser encontrada em grupos com outros tipos de enquadre. No presente estudo foram selecionados os seguintes FT (8): 1. Instilação de esperança: os participantes relatam experiências de melhora a partir da expectativa criada pela observação de que outros membros do grupo também melhoraram; 2. Universalidade: os participantes percebem que suas experiências de sofrimento não são únicas e exclusivas, já que são vividas também por outras pessoas, o que traz alento e uma sensação de alívio; 3. Aprendizado interpessoal: a interação ocorre espontaneamente, sempre que um grupo se reúne, constituindo um campo fértil para o aprendizado de habilidades que potencializam a mudança; 4. Catarse: fenômeno relacionado à ventilação de emoções, com compartilhamento dos sentimentos e o alívio proporcionado por sua aceitação pelos demais membros do grupo. Parte-se da premissa de que conhecer os FT que são mobilizados nos grupos com pessoas com DM pode contribuir para promover novos olhares e enfoques dos profissionais em relação à intervenção educativa necessária para o manejo da doença, por meio de ações mais humanizadas, eficazes e, portanto, mais próximas ao cotidiano dos indivíduos. O estudo foi realizado em um Centro de Pesquisa e Extensão Universitária de uma cidade do interior paulista, de março a junho de 2010. Esse Centro foi eleito como local de estudo porque ali as pessoas com DM são atendidas por uma equipe multiprofissional constituída por enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e alunos de graduação em Enfermagem e Psicologia. Nesse Centro é oferecido um Programa de Educação em Diabetes. O número de pessoas com DM cadastradas está condicionado ao espaço físico e aos recursos humanos disponíveis. Nesse Programa as pessoas são subdivididas em dois grupos: um grupo, constituído por pessoas que já foram educadas anteriormente e que por isso têm retornos quinzenais, e outro, constituído por pacientes novos, com retorno semanal. Esses grupos são constituídos, respectivamente, por 17 e 12 participantes. Essa divisão em pequenos grupos visa facilitar uma boa comunicação entre a pessoa com DM e a equipe de trabalho. Os grupos são atendidos às terças-feiras, sendo que a cada 15 dias esse atendimento é feito simultaneamente. A coordenação do trabalho é feita em esquema de rodízio pelas quatro especialidades: Enfermagem, Nutrição, Psicologia e Educação Física. No presente estudo foram incluídas pessoas com DM tipo 2, adultos, cadastrados no Programa de Educação em Diabetes e que aceitaram participar da investigação. Participaram 21 pessoas com DM2 recrutadas no referido Centro, sendo 13 mulheres e 8 homens, com idade entre 42 e 76 anos, com escolaridade predominante equivalente ao Ensino Fundamental incompleto. A maioria dos participantes era casada e se declarou católica. Essa casuística representa a população cadastrada no período do estudo no Grupo de Educação em Diabetes. Utilizou-se como estratégia de investigação para coleta de informações o grupo focal (10) , segundo a abordagem de grupos auto-referentes (11). Esse tipo de grupo focal é empregado como fonte principal de coleta de dados em pesquisa qualitativa. Grupos focais autoreferentes têm como finalidade explorar novas áreas, ainda pouco conhecidas pelo pesquisador, e investigar questões, opiniões, atitudes, experiências anteriores e perspectivas futuras. Os grupos foram constituídos por participantes que tinham características em comum, tais como a patologia, tempo de diagnóstico, atendimento pela rede pública de saúde e inserção em grupo educativo. Por outro lado, foram heterogêneos quanto à idade e sexo. Os grupos foram conduzidos por psicólogos que, no papel de moderadores, incentivavam os participantes a conversarem entre si, valorizando a troca de experiências, idéias, sentimentos, Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 329 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente valores, bem como a expressão de facilidades e dificuldades encontradas no contexto social e familiar. Os pacientes foram subdivididos em dois grupos fechados, com uma média de 10 participantes por grupo. Os dados foram coletados em encontros de aproximadamente 90 minutos, realizados às terças-feiras, das 14h00 às 15h30, totalizando quatro encontros. Os participantes foram informados acerca dos objetivos e natureza do estudo. Foi assegurada a liberdade de decisão de participar do estudo, sendo esclarecido que a recusa não implicaria em prejuízos ao atendimento. Uma vez obtida concordância para a realização da investigação, foi realizada leitura coletiva do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Em seguida, foram esclarecidas as dúvidas dos participantes, quando necessário, e garantido o anonimato dos colaboradores, que neste estudo foram identificados por meio de nomes fictícios. Após aquecimento inicial, os participantes dos vários encontros grupais foram convidados a refletirem sobre questões disparadoras: alimentação, descoberta do diagnóstico, introdução da insulina e expectativas frente à doença.. Os coordenadores buscavam manter um ambiente acolhedor e permissivo, encorajando a livre expressão de pensamentos e sentimentos. As verbalizações foram registradas por observadores treinados, mediante anuência prévia dos participantes. Os registros dos encontros foram posteriormente revisados e organizados, constituindo o corpus de análise. Posteriormente, empreendeu-se a análise temática, identificando-se os núcleos de sentido contidos nas falas dos participantes (12). O método utilizado desdobra-se em três etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e interpretação. Na pré-análise foram realizadas leituras sucessivas do material coletado, que permitiram estabelecer um contato exaustivo com os conteúdos evocados e identificar os núcleos de sentido, palavras-chave ou frases que explicitavam idéias, pensamentos e significados relevantes para a elucidação dos objetivos do estudo; em seguida, foram recortados e agrupados os segmentos que continham idéias centrais em comum, que constituíram os temas que delimitaram o contexto do estudo. Na segunda etapa, foram analisados os recortes e estabelecidos os critérios para classificá-los. Na terceira fase da análise os recortes extraídos na etapa anterior foram categorizados, o que permitiu definir as representações sociais das pessoas com DM sobre o apoio familiar percebido. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (protocolo nº 0667/2006). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram identificadas as seguintes categorias de fatores terapêuticos: 2. Instilação de esperança Nessa categoria estão contempladas as falas indicativas da presença do FT que sinaliza instilação de esperança. Antes não aceitava nada, nem a diabetes, depois percebi que não adianta. Aqui vi que dá pra melhorar. Aí procurei melhorar e melhorei muito, mas vou ter que melhorar ainda mais. (Maria) Em qualquer processo de mudança, a manutenção da esperança é um fator essencial, pois ela se faz terapêutica ao sustentar a motivação do paciente. Em especial nos processos grupais, a observação do progresso terapêutico experimentado por outros membros do grupo auxilia a disseminação do otimismo, já que possibilita a manutenção de esperança no próprio Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 330 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente tratamento e fortalece o senso de auto-eficácia, isto é, o sentimento de ser competente para vencer os desafios impostos para obtenção do controle glicêmico. Na fala de Maria, podemos perceber que ela vislumbra a possibilidade de obter a melhora a partir de suas vivências em grupo, que incrementam a sensação de que alguma possibilidade existe. Isso desperta um senso de otimismo e confiança quanto ao seu próprio potencial e uma perspectiva mais encorajadora quanto ao futuro. A paciente percebe que, se os outros conseguem obter benefícios ao aderirem ao grupo educativo, ela também poderá conseguir, o que contribui para a renovação de seu compromisso com a mudança. 2. Universalidade Nessa categoria estão contempladas as falas indicativas da presença do FT conhecido como universalidade. As falas remetem ao fato de se perceber que outros indivíduos vivenciam a mesma condição de saúde de pessoa com DM: É bom vir aqui, né, a gente se encontra, conversa, aprende, troca receitas diet, que são importantes pra nós, que temos diabetes, né? (Joana) Olha, eu não me conscientizei de primeira. Não consegui aceitar o adoçante. Cortei algumas coisas... mas até hoje, pão, salgado, tô comendo... Acho que o melhor que é colocado é algumas dificuldades... Quando eu ia no médico, ele falava que eu tinha que me cuidar, aí eu mudava de médico. Depois de estar aqui, junto com meus colegas, eu me vi... porque estamos juntos, né. (Jorge) Essa proximidade com outras pessoas é sentida como um alento, um conforto que ajuda a mitigar a aspereza do convívio com as limitações acarretadas pelo DM. Os participantes sentem que esse convívio pode enriquecer seu círculo de apoio social, incluindo crianças. Pessoas com DM podem compreender melhor as dificuldades de manejo da doença e ter uma percepção aguçada das necessidades do doente. Essa percepção de universalidade pode funcionar como fator de proteção nos momentos de maior vulnerabilidade da pessoa com DM. Esses momentos se evidenciam nos episódios de transgressão alimentar ou esquecimento em relação ao uso de medicamentos. O exercício da tolerância no relacionamento cotidiano permite lidar de forma mais tranquila com as limitações e perdas relacionadas à doença, como a diminuição da acuidade visual, o comprometimento da sensibilidade dos membros inferiores, entre outras complicações do DM. Os participantes podem perceber o grupo como instância cuidadora, o que torna o convívio com o tratamento menos penoso e facilita a incorporação dos cuidados no cotidiano da pessoa com DM. 3. Aprendizado interpessoal Aqui estão contempladas as falas que mostram a presença do fator conhecido como aprendizado interpessoal. A aprendizagem que se dá por meio do intercâmbio de experiências é um importante FT, pois está vinculada aos relacionamentos interpessoais, os quais contribuem tanto para o desenvolvimento da personalidade como para a gênese de possíveis dificuldades no processo de amadurecimento. Desse modo, a ativação desse fator auxilia tanto na melhora das interações sociais, quanto no tratamento de eventuais perturbações psicológicas. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 331 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente O que faz o barco andar é a força de vontade, a consciência, o respeito e a liberdade... O grupo ensina muito. Grupo é... é verdade. (Pedro) Joaquim: Eu aprendi a ter consciência no dia a dia depois daqui. Coordenador: Então foi um incentivo? Joaquim: Acostumei, aprendi, antes eu não aceitava. Nesse FT o mecanismo de identificação é o principal aspecto. O paciente aprende sobre sua pessoa a partir da experiência compartilhada pelo outro, pois é mais fácil enxergar nos outros aquilo que não se vê em si mesmo. Em ambos os excertos apresentados, os pacientes relatam que a vivência grupal tem trazido resultados positivos. Para eles, estar convivendo com outras pessoas com os mesmos problemas é um aprendizado, que torna mais fácil a aceitação da doença e de suas implicações no viver diário. 4. Catarse Nessa categoria estão contempladas as falas que ilustram o FT conhecido como catarse. É também conhecida como ventilação das emoções e está intimamente associada a outros processos, principalmente ao de universalidade e de coesão grupal. Esse FT diz respeito a um compartilhar afetivo do mundo interno do paciente, com uma posterior aceitação desse mundo interno pelos outros membros do grupo. Expressar emoções fortes e profundas, e ainda assim ser aceito pelo grupo, levanta questionamentos sobre a crença que o individuo tem de si próprio – por exemplo, de que é estranho, diferente ou mesmo repugnante por pensar de tal maneira. Depois do diagnóstico, ficamos igual a esta folha de papel, estraçalhados. Desde o diagnóstico a vida é outra. Convivemos com “não”, “não” e “não”. Muita restrição. A gente finge que tá tudo bem, principalmente para os familiares, mas me sinto no fio da navalha: se respirar torto já cai. (Laura) Para mim, também fiquei um papel amassado depois do diagnóstico. Há 10 anos perdi a visão, fiquei três meses sem enxergar, há três anos perdi o funcionamento do rim esquerdo, aí me senti no fundo do poço. As complicações não foram por falta de cuidado. Tenho o apoio da família, mas tem dias que a gente não levanta bem... Mas aí eu não faço igual ela [referindo-se à Laura], eu falo que não tô bem mesmo. (Sonia) Eu fugi da insulina igual gato foge de cachorro, eu não queria de jeito nenhum, fui adiando. Eu viajava, comia muita porcaria na estrada, não controlava só com o remédio. Aí não teve jeito, comecei faz seis meses, não deu ainda para sentir direito a mudança, mas já sinto melhora quando vou medir. Para aplicar foi sossegado, depois que a Dra. Maria ensinou, mas não conseguia nem pensar em enfiar uma agulha em mim, não sei se era por medo, eu não queria, não aceitava. A diabetes eu ainda não aceito. Como se pode ter uma doença que não tem cura? (Bento) Mas é difícil mesmo aceitar, porque nem parece que você tá doente, não tem sintoma. (Paula) Nos trechos apresentados, percebe-se que os pacientes se sentem à vontade para compartilhar com o grupo sentimentos bastante pessoais, o que mostra que sentem que podem ser aceitos mesmo depois de revelarem partes tão intimas de sua história. No primeiro Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 332 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente trecho, Laura sente que pode revelar para o grupo o que habitualmente não revela para outras pessoas, e ainda assim ser aceita, até mesmo por alguém que não compartilha da mesma opinião. No segundo recorte, Bento conta que não se conforma com o fato de ter a doença, não admite o DM, no que é acolhido por Paula, que revela que também sente dificuldades para aceitar a doença. Paula expressa o que as pessoas com DM sentem: a estranheza frente a uma doença “que nem parece uma doença”, já que permanece por muito tempo assintomática. Os relatos produzidos nos grupos mostram que o DM influencia as diversas dimensões que constituem o cotidiano do indivíduo acometido, desde a sua rotina de vida até o desejo de continuar a viver e manter sua qualidade de vida. A pessoa acometida convive com embates cotidianos entre seus próprios impulsos básicos, por um lado, e a necessidade imperiosa de ter controle sobre seus desejos, resultando em dificuldades de aceitar limites (13) . Por essa razão, o desejo de viver e o compromisso assumido em relação à própria vida são elementos essenciais no tratamento das doenças crônicas (6). Por ser uma condição para a qual não se tem cura e considerando a necessidade de comprometimento com a terapêutica medicamentosa, plano alimentar e atividade física, o DM requer da pessoa acometida uma renovada capacidade de enfrentamento durante toda a vida (3). Conflitos entre seguir criteriosamente as prescrições e transgredi-las acompanham todo o percurso do tratamento. Nesse contexto, o grupo educativo emerge como uma das fontes de apoio mais importantes para a manutenção da atitude de perseverança necessária para a adesão ao tratamento e a preservação do espírito de luta e a manutenção de expectativa otimista em relação ao futuro (4). Os achados do presente estudo são relevantes, pois demonstram que os FT mobilizados no grupo podem ser mobilizadores da mudança que se deseja introduzir nos hábitos de vida dos pacientes. Os profissionais de saúde precisam estar atentos para a possibilidade de potencializar os FT, que nem sempre são facilmente percebidos e instrumentalizados durante as intervenções educativas. Em grupos coesos e altamente motivados, os FT podem constituir em um dos pilares que sustentam o cuidado em condições crônicas de saúde. Para tanto, é preciso estar sensível aos significados simbólicos que os pacientes elaboram nos grupos (14). Ao considerar que esse cuidado é permanente, oneroso e que pode acarretar um desgaste emocional intenso, implicando em sobrecarga física e emocional, a pessoa com DM nem sempre encontra oportunidades de ter suas necessidades subjetivas de apoio social convenientemente atendidas, o que reforça a importância do grupo educativo (1,3). CONSIDERAÇÕES FINAIS A transformação de hábitos é produzida a partir de uma deliberação de mudança pessoal do participante, que repercute em seu contexto familiar e social. Muitas vezes a pessoa com DM espera que os profissionais simplesmente provoquem a mudança, em vez de partir de um movimento próprio e espontâneo, assumindo-se como agentes que estão ativamente engajados no sentido de promover as transformações necessárias. Os FT podem auxiliar a pessoa com DM a colocar suas necessidades de saúde em primeiro lugar, de modo a se apropriar dos recursos necessários para o automanejo da doença. Quando algum participante do grupo logra uma modificação relevante em seus hábitos de vida diário já cristalizados, ele pode envolver e convidar os demais a mudar juntos. Dessa forma, comportamentos relacionados ao autocuidado podem estar estimulados e reforçados pela equipe multidisciplinar de saúde. A equipe de saúde, ao aplicar os grupos de educação em DM, deve atentar para além das necessidades de saúde dos pacientes, porque o que eles buscam também a formação de Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 333 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente uma consciência autêntica acerca de suas próprias necessidades. É essa atitude que poderá levar o paciente a abrandar sua resistência ao esquema terapêutico proposto. Conhecer de forma mais aprofundada os mecanismos psicológicos que estão em jogo na aquisição e manutenção de hábitos de vida saudáveis favorece a integralidade das ações de saúde, na medida em que sensibiliza a equipe, levando-a a refletir sobre a dimensão sociocultural do cuidado. Isso contribui para agregar qualidade à saúde, com menor estresse e desconforto para todos. Por outro lado, constituem-se limites do estudo contemplar apenas o ponto de vista das pessoas com DM, não possibilitando comparações com a perspectiva dos profissionais que coordenam o grupo em relação aos fatores que promovem a mudança. Também seria importante conhecer as características das famílias desses pacientes, seus padrões de funcionamento e suas demandas. Nessa vertente, recomendam-se outros estudos futuros que possam explorar, de forma mais abrangente, a problemática investigada, na perspectiva da díade paciente-profissional de saúde. Outro aspecto a ser salientado é que os resultados apresentados refletem as características do grupo investigado e não podem ser generalizados para outros contextos. REFERÊNCIAS 1. Santos ECB, Zanetti ML, Otero LM, Santos MA. Os cuidados sob a ótica do paciente diabético e de seu principal cuidador. Rev Lat Am Enferm. 2005; 13(3):397-406. 2. Zanetti ML, Biaggi MVB, Santos MA, Péres DS, Teixeira CRS. 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Oliveira NF, Munari DB, Bachion MM, Santos WS, Santos QR. Fatores terapêuticos em grupo de diabéticos. Rev Esc Enferm USP. 2009;43(3):558-65. aúde. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ; 2003. p. 46-76. 10. Borges CD, Santos MA. Aplicação da técnica do grupo focal: fundamentos metodológicos, potencialidades e limites. Rev SPAGESP;6(1):74-80. 11. Morgan D. Focus group as qualitative research. Qualitative Research Methods Series. London: Sage Publications; 1997. 12. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 10ª ed. São Paulo: Hucitec; 2007. 13. Santana MG. O desejo, o controle, e o limite: possíveis enfrentamentos no quotidiano diabético. In: Santana MG, organizadora. Rede de saberes em diabetes e saúde: um exercício de interdisciplinaridade. Pelotas: Edição Independente; 2002. p. 53-72. 14. Muñoz LA, Price Y, Gambini L, Stefanelli MC. Significados simbólicos dos pacientes com doenças crônicas. Rev Esc Enferm USP. 2003;37(4):77-84. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 334 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 11. SIGNIFICADOS DO TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOÉTICAS PARA PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1 Leticia Aparecida da Silva Marques Érika Arantes Oliveira-Cardoso Júlio Cesar Voltarelli Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, FFCLRP-USP E-mail: letí[email protected] Agência de fomento: FAPESP INTRODUÇÃO Os primeiros relatos sobre a ocorrência de DM datam da era egípcia, porém, somente 2000 mil anos depois, por volta de 70 d.C, o médico grego Areteu da Capadócia conseguiu descrever a doença. A primeira evidência observada foi que o doente desenvolvia quatro complicações: muita fome (polifagia), muita sede (polidipsia), muita urina (poliúria) e fraqueza (poliastenia) e que, quase sempre, as pessoas com esses sintomas entravam em coma antes da morte (SBD, 2007). O termo diabetes em grego significa sifão (tubo para aspirar a água). Esse termo tem também o sentido de “passagem” e foi utilizado devido à apresentação sintomatológica da doença, que provoca sede intensa e induz a produção de grande quantidade de urina. O diabetes só adquiriu a terminologia mellitus no século I d.C., devido à presença da urina doce. Mellitus, em latim, significa mel (Marcelino & Carvalho, 2005). A prevalência de indivíduos com diabetes melitus (DM) vem aumentando nas últimas décadas. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, em 2025 haverá 300 milhões de pessoas acometidas, o que indica que o DM constitui um problema de saúde pública relevante e de alto impacto social. Esse desafio torna-se ainda mais preocupante quando se consideram as complicações que podem advir da doença, que acarretam altas taxas de mortalidade e elevado custo financeiro despendido com o tratamento pelo sistema de saúde (SBD, 2007). O DM pode ser classificado em dois tipos: o diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e o diabetes mellitus tipo 2 (DM2). De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD, 2007), o DM1 é uma síndrome auto-imune de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade da insulina de exercer adequadamente seus efeitos, caracterizando-se por hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas. As complicações mais frequentemente associadas ao DM são: hipoglicemia, cetoacidose diabética (aumento de gordura no sangue e o conseqüente mau funcionamento dos rins), proteinúria, neuropatia periférica, retinopatia, nefropatia, ulcerações crônicas nos pés, doença vascular aterosclerótica, cardiopatia isquêmica, impotência sexual, paralisia oculomotora, infecções urinárias ou cutâneas de repetição, coma hiperosmolar, entre outras (Brasil, 2002). Podem-se notar ainda distúrbios como: cefaléia, inquietude, irritabilidade, palidez, sudorese, taquicardia, confusões mentais, desmaios, convulsões e até o coma. Segundo Arnold (1995), o DM não afeta somente os aspectos físicos e biológicos dos indivíduos, mas envolve também aspectos sociais, emocionais, espirituais e cognitivos, já que eles têm que aprender a viver e conviver com as exigências da doença e os rigores do tratamento, que acarreta algumas restrições nos hábitos e na vida cotidiana. Desse modo, é preciso que sejam implementadas algumas adaptações e alterações na rotina de vida das pessoas acometidas, o que, na maioria das vezes, pode constituir-se em uma tarefa extremamente penosa (Péres, 2004). Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 335 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente O tratamento preconizado para o DM1 não traz a cura, mas objetiva o propiciar o controle da doença a partir do autocuidado e automonitoramento. O plano terapêutico implica, basicamente, em mudança de hábitos e do estilo de vida, o que abrange manter uma alimentação saudável, controlada e regrada, realizar exercícios físicos regulares e seguir o tratamento medicamentoso. Recentemente, uma nova perspectiva tem sido aberta com o Transplante de CélulasTronco Hematopoéticas (TCTH), na modalidade autólogo. O principal diferenciador entre os tipos de TCTH existentes atualmente é a procedência da medula óssea. De acordo com Machado (2009) o TCTH pode ser: Alogênico, quando o doador é geneticamente similar; Singênico, quando a doação é efetuada por um irmão; Autólogo, quando o doador é o próprio participante que tem sua medula retirada durante o processo de remissão da doença; Xenogênico, quando o transplante é realizado entre animais de espécies diferentes; Cordão Umbilical, cujo tecido rico em células-mãe capazes de regenerar a medula óssea. Segundo Riul (1995), o TCTH pode ser dividido em cinco momentos distintos, independentemente da procedência da medula: (1) Preparação pré-transplante: caracterizase pelo período pré-admissional, a avaliação médica e a admissão do participante em isolamento protetor na enfermaria; (2) Regime de condicionamento: quando o participante recebe a quimioterapia; (3) Aspiração, processamento e infusão de medula óssea: sendo que a infusão é feita na própria Unidade; (4) Enxertamento da medula óssea: momento da “pega” da medula e (5) Alta hospitalar e acompanhamento ambulatorial: que acontece no momento em que o enxertamento é considerado seguramente bem-sucedido e não ocorrem complicações decorrentes do transplante. O TCTH tem como princípio a destruição completa da medula óssea, seguida por uma transferência de células progenitoras normais. Essa transferência tem o intuito de reconstruir todo o sistema hematopoético, de modo que o novo enxerto (a medula implantada) passa a assumir a produção de células sangüíneas e a conseqüente destruição de possíveis remanescentes de células do receptor (Molassiotis, 1996). No caso do indivíduo com DM1, as células betas das ilhotas de Langerhans do pâncreas são destruídas por linfócitos T, causando deficiência na produção de insulina. Esse processo de autodestruição, segundo Voltarelli e cols. (2009), se inicia meses a anos antes do diagnóstico da doença e dos primeiros sintomas de hiperglicemia. A insulina é o hormônio responsável pela absorção de glicose pelas células. A deficiência de produção provoca aumento do nível de glicose sangüínea. Enquanto o tratamento convencional com insulina retarda, mas não evita as complicações crônicas da doença, esse procedimento tem sido proposto como um recurso alternativo para o tratamento de DM1, pois há evidências de que é capaz de impedir a destruição completa das células pancreáticas produtoras de insulina e de induzir respostas clínicas significativas (Voltarelli e cols., 2004). O protocolo de tratamento inclui pacientes com idade inferior a 35 anos e superior a 12 anos, que tenham sido diagnosticados com DM1 há menos de seis semanas ou que estejam na fase assintomática da doença – a assim denominada fase de lua de mel. Os pacientes são mobilizados com ciclofosfamida (2g/m2) e G-CSF (10ug/kg/d) e condicionados com ciclofosfamida (200mg/kg) e ATG de coelho (4,5mg/kg) (Voltarelli e cols., 2004). Após a descoberta do diagnóstico, os momentos que precedem à decisão da realização do TCTH também são carregados de conflitos psicológicos, já que essa terapêutica tanto pode ser vista como um tratamento-salvador como, ao mesmo tempo, um tratamento-ameaçador, por comportar sérios riscos pessoais para o paciente, tais como da perda da integridade física e, acima de tudo, da própria vida (Cardoso-Oliveira e cols., 2009). Frente a essas questões, Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 336 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente torna-se imperioso conhecer os significados atribuídos ao procedimento pelos próprios pacientes. OBJETIVO Analisar os significados atribuídos ao TCTH por pacientes com DM1 que decidiram submeter-se ao procedimento. METODOLOGIA O projeto foi primeiramente encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP (protocolo HCRP nº 1472/2009). Alguns procedimentos foram adotados para a inclusão dos participantes nessa etapa do estudo. Em primeiro lugar, tem-se como princípio básico o respeito aos voluntários e à instituição, de acordo com as normas definidas pelo Conselho Nacional de Saúde, na Resolução nº 196/96 sobre pesquisa envolvendo seres humanos (Brasil, Ministério da Saúde, 1996). Tomou-se o cuidado de esclarecer antecipadamente os objetivos do trabalho e as condições de sigilo profissional para cada participante, sendo que a pesquisa só tem sido realizada com aqueles que concordaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ou, no caso de menores de 18 anos, quando o acompanhante responsável concordar e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Pais ou Responsáveis. Também foi explicitado que eventual não aceitação ou interrupção da participação no estudo não traria qualquer prejuízo ao atendimento institucional. Desse modo, participaram do estudo 12 pacientes com DM1, sendo oito homens e quatro mulheres, com idades entre 14 e 24 anos (média = 17, DP = 3,25), estudantes (10/12), solteiros (12/12), que haviam se submetido ao TCTH na Unidade de TCTH do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP-USP). Os participantes responderam a um roteiro de entrevista semi-estruturada. A entrevista foi aplicada individualmente, em situação face a face, em sala reservada do serviço e audiogravada mediante anuência dos participantes. A escolha pela entrevista se deu por propiciar a coleta de informações relativas à vida do participante, seu histórico familiar e seus projetos futuros. A entrevista semi-estruturada, segundo Triviños (1992), é um dos principais meios de que dispõe o investigador para a coleta de dados, uma vez que valoriza a presença consciente e atuante do pesquisador e oferece ao entrevistado a possibilidade de alcançar maior liberdade e espontaneidade para compartilhar aspectos de sua intimidade. As entrevistas foram transcritas na íntegra e, em sua análise, foi utilizada uma abordagem qualitativa, visando identificar as concepções, crenças, valores, motivações e atitudes dos participantes, de acordo com o método de análise de conteúdo temática (Minayo, 1994; Triviños, 1992). Segundo Triviños (1992) são três as etapas do processo da análise de conteúdo: pré-análise (organização do material e sistematização das idéias); descrição analítica (categorização dos dados em unidades de registros) e interpretação referencial (tratamento dos dados e interpretações). O material das entrevistas foi organizado e sistematizado em categorias temáticas. As categorias que emergiram dos relatos dos participantes foram: quem participou da tomada de decisão pela realização do TCTH, o que motivou essa decisão e as maiores dificuldades encontradas no período de internação. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 337 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir da análise temática três categorias se destacaram: quem participou da tomada de decisão em relação à realização do TCTH, o que motivou essa decisão e as maiores dificuldades encontradas no período de internação. Categoria 1: Quem participou da tomada de decisão em relação à realização do TCTH Na maioria dos participantes (11/12) a decisão pela realização do tratamento ficou sob a responsabilidade do próprio paciente, a despeito de sua imaturidade afetiva e cognitiva. Já três participantes contaram que se depararam com alguém (familiar, vizinho, amigo, médico) que se colocou contra o procedimento. Segundo os participantes, a família delegou integralmente a eles a decisão, o que foi recebido com naturalidade por todos, já que relataram que receberam total apoio da família independentemente de qual fosse sua decisão. O relacionamento com os pais foi relatado como bom, tranqüilo, porém, no decorrer da entrevista alguns sinais de desajustamento puderam ser percebidos, como o distanciamento afetivo ou a dificuldade de relacionamento com um dos genitores. Em relação aos irmãos, pouco foi falado, mas a maioria (10/12) caracterizou seus relacionamentos como “normais”, ou seja, com afinidades e desentendimentos, exceto nos casos em que os irmãos não moram junto com a família; nestes casos, o relacionamento aparece como mais harmonioso. Categoria 2: O que motivou a decisão pela realização do TCTH Em relação aos motivos que os impeliram a optar por submeterem-se ao transplante, quatro participantes afirmaram que a possibilidade de se livrar da necessidade de tomar insulina diariamente foi o fator que mais os motivou em direção ao TCTH, seguido pelo desejo de ter uma vida normal e viver com mais liberdade. A tomada de decisão não foi um processo fácil, segundo a maioria (11/12), devido ao pouco tempo de diagnóstico da DM1 (até seis semanas, critério de indicação do transplante para esses casos), porém acreditavam que foram internados com todas as informações que julgavam necessárias para enfrentar o TCTH. Categoria 3: As maiores dificuldades encontradas no período de internação Para quatro participantes, a parte mais difícil do procedimento foi a implantação do cateter, enquanto que outros quatro afirmaram que a quimioterapia foi a experiência mais desafiadora. CONSIDERAÇÕES FINAIS O diabetes tipo 1 é uma doença que atinge, em sua maioria, indivíduos com menos de 18 anos (Thompson &¨Gustafson, 1996), o que é corroborado pelo presente estudo, já que oito dos 12 participantes entrevistados eram menores de 18 anos. Além disso, é o tipo mais grave de diabetes, uma vez que se trata de uma síndrome auto-imune de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade da mesma de produzir seus efeitos, caracterizando-se por hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas. (SBD, 2007). Por se tratar de uma doença para a qual não se tem prevenção e que apresenta ainda um período mais ou menos longo de “latência”, de pouca expressão clínica (Cesarini e cols., 2003), receber o diagnóstico da doença causa grande impacto nesses pacientes. Esse aspecto surpreendente do acometimento por uma doença grave, de curso crônico e degenerativo, gera uma comoção inicial não só no próprio diabético, como em seu sistema familiar, exigindo um reordenamento das relações e dos cuidados. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 338 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Nos jovens pacientes recém-diagnosticados, no entanto, a percepção de possíveis complicações ainda não está presente, possivelmente porque ainda se encontravam em uma etapa de adaptação inicial à nova realidade instaurada pelo conhecimento do diagnóstico. Assim, muitos ainda se encontravam em estado de choque emocional e tentavam metabolizar o impacto do diagnóstico, reagindo com perplexidade, o que sugere a necessidade de maior tempo e apoio psicossocial para assimilarem integralmente e de maneira mais completa todas as implicações para o seu viver. Optar pela realização do transplante não é uma decisão simples, uma vez que os pacientes, naquele momento crucial de suas vidas, estavam a par do diagnóstico do diabetes tipo 1 havia no máximo seis semanas (Voltarelli, 2004). Desse modo, esses jovens pacientes não estavam expostos ainda às dificuldades inerentes ao conviver com o diabetes, nem às complicações que a evolução da doença acarreta. Por outro lado, os participantes não se encontravam ainda refeitos do choque provocado pela notícia do diagnóstico e já se viram pressionados a decidirem por um procedimento tão delicado e de alto risco. Fica aqui a questão de até que ponto esses jovens, expostos a tais infortúnios em época tão precoce de seu desenvolvimento, têm reais condições de aferirem os riscos potenciais a que estão sujeitos ao se submeterem a um tratamento experimental. Um dos fatores que impulsionam a aceitação do transplante é conhecerem que o tratamento convencional para o diabetes não traz a perspectiva da cura, mas sim a possibilidade de controle da doença. Esse tratamento resume-se na mudança de hábitos e estilo de vida, que envolve alimentação controlada e regrada em relação à combinação de alimentos e horários, combinada com exercícios físicos regulares e o tratamento medicamentoso com uso diário de insulina. Mesmo seguindo corretamente esse esquema terapêutico, o paciente com diabetes não estará livre das complicações que podem cursar com a doença – o que, para esses pacientes, fazem parte apenas de um campo teórico, ainda não experimentado, de sua concepção da doença- e se mostra como o que os precipitou na aventura de se submeterem a um protocolo de tratamento que ainda está em fase de testagem. Esses fatores parecem exercer uma forte influência sobre a decisão do TCTH. Ainda assim, considerando a atmosfera densamente emocional que circunda essa opção, a decisão pelo tratamento foi tomada, na maioria dos casos, pelos próprios participantes, que viram a não interferência dos pais nesse processo de decisão como forma de apoio e confiança por parte dos pais. A ausência de resultados conclusivos não foi levada em consideração e sequer foi mencionada como um fator que possa ter dificultado a decisão pelo transplante. O fato de terem a oportunidade de se submeterem a um procedimento experimental foi significado como possibilidade de vida, despertando esperança e confiança nos benefícios que poderiam auferir e que compensariam os eventuais riscos a que se submeteram. Por outro lado, dado que o TMO consiste em um processo agressivo, segundo Andrykowski (1994), o participante que se propõe a realizá-lo é submetido a estressores físicos e psicológicos, como mudanças bruscas e rápidas em seu quadro de saúde, prolongada hospitalização, eventos estressores – como quimioterapia, implantação do catéter, espera da “pega” da medula e medo de contrair infecções decorrentes da imunossupressão, o que contribui para comprometer sobremaneira a qualidade de vida da pessoa transplantada (Mastropietro, 2003; Oliveira, 2004; Riul, 1995). Por meio da análise das entrevistas ficou claro que se submeter ao transplante representou uma fase espinhosa na vida de todos os participantes, como a implantação do cateter que aparece no discurso de quatro participantes como a parte mais difícil do procedimento, enquanto que outros quatro afirmaram que a quimioterapia foi a experiência mais desafiadora Embora com menor freqüência, outras complicações também repercutiram Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 339 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente intensamente e representaram abalo emocional importante, como a perda do cabelo (alopecia), permanecer internado durante o procedimento, a debilidade física e infundir plaquetas. A partir das entrevistas podemos ver que a questão do impacto emocional do diagnóstico e do TCTH, realizado logo após a descoberta de enfermidade, é um fator que deve exigir uma especial atenção de toda a equipe de saúde, para que predomine a empatia e a sensibilidade em relação às necessidades do paciente e de seus familiares, auxiliando-os a compreenderem e elaborarem os sentimentos perturbadores que a situação evoca. Nesse sentido, o profissional psicólogo é uma peça fundamental na equipe multidisciplinar para o acolhimento de pacientes com uma enfermidade que, por sua complexidade, solicita intervenções de múltiplas naturezas, como é o caso do DM1. Partindo dos dados apresentados, podemos perceber que, a despeito de todas as dificuldades as quais esses pacientes foram expostos em um período tão condensado da vida, a perspectiva vislumbrada de poderem viver sem a sombra ameaçadora do DM1 é o que desperta a esperança e o desejo de enfrentar os enormes desafios que têm diante de si. Guardados os limites inerentes à estratégia metodológica adotada, os achados do presente estudo fornecem evidências empíricas para confirmar os bons resultados obtidos com o TCTH aplicado experimentalmente em casos de jovens recém-diagnosticados com DM1. A despeito de se constituir em um procedimento de alto risco, trouxe para os participantes uma esperança de cura e possibilidade de retomar uma vida considerada pelos pacientes como normal. REFERÊNCIAS ANDRYKOWSKI, M. A. Psychosocial factors in bone marrow transplantation: a review and recommendations for research. Bone Marrow Transplantation, v.1, n.4, p.357-375, 1994. ARNOLD, M. S.; BUTLER P .M; ANDERSON R. M; FUNNELL M. M. Guidelines for facilitating a patient empowerment program. Diabetes Educator, v.21 n.4, p.308-312, 1995. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Plano de Reorganização de Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus: manual de hipertensão arterial e diabetes mellitus. 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ASSÉDIO MORAL NA ENFERMAGEM: CONSEQUÊNCIAS PSÍQUICAS Sonia Maria Villela Bueno40 Munira Penha Domingues41 Priscila Penha Domingues42 Introdução Hodiernamente tem se levantado como as causas das doenças profissionais as situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongas no curso da jornada de trabalho e no exercício das funções, as quais levam, a todos os funcionários, em especial o enfermeiro ao estresse psicossocial e até mesmo à depressão grave, esse fenômeno denominase Assédio Moral. Assédio Moral pode ser conceituado em atos capazes de desprezar, denegrir, violentar, agredir, destruir a estrutura psíquica sem qualquer motivação e de forma repetida. As conseqüências de tais atos podem levar a vítima assediada prejuízos psicossocial e biológico. Por tratar-se de questão social atual no Brasil, a problemática já existe desde a época da colonização, tendo como exemplo, a escravidão, como fator histórico fortemente marcante (PEIXOTO; PEREIRA, 2005). É importante salutar que não há no ordenamento jurídico brasileiro previsão legal específica, contudo, tem sido objeto de estudo de doutrinadores jurídicos, magistrados e profissionais da área da saúde, que se uniram multidisciplinarmente, a fim de analisar a questão de forma a solucionar não só os litígios no âmbito trabalhista, mas também causas preventivas do Assédio Moral no Trabalho (AMT) ( STADLER, 2008). Na enfermagem o AMT é ainda pouco discutido, sendo imprescindível atualizar-se sobre tal temática, já que o mesmo pode desestruturar a vida do trabalhador e comprometer a qualidade do serviço prestado a cliente (OLINISKI; LACERDA, 2004) Para tanto, é preciso resgatar a qualidade de vida no trabalho, buscar a humanização nas relações interpessoais, melhorar as condições de trabalho propiciando não só ao trabalhador como também os superiores hierárquicos um ambiente de trabalho mais saudável (THOFEHRN et al., 2008). Objetivo A pesquisa tem por objetivo identificar as causas e as conseqüências psíquicas do profissional da área da enfermagem. Metodologia 40 Profª Dra./Livre Docente do Dpto. EPCH da EERP-USP – [email protected]. Enfermeira e Dra em Enfermagem Psiquiátrica pelo Dpto. EPCH da EERP-USP - [email protected] 42 Advogada em Direito do Trabalho e pesquisadora do Grupo CAESOS – [email protected] Av. Bandeirantes, 3900 - Campus da USP – Ribeirão Preto.: 14040-902/ (16) 36023425 / (16)81555712/ 81555713 41 Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 342 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Realizamos levantamento bibliográfico utilizando trabalhos recentes sobre o tema em foco em livros e nas bases de dados Lilacs e Dedalus. Referencial Teórico O AMT conceitua-se por toda e qualquer conduta abusiva através de comportamentos, palavras, gestos causadores de danos à personalidade, à integridade física e psíquica da pessoa, colocando em perigo o emprego ou degradando o ambiente de trabalho. Ressalta-se que a conduta do assediador se caracteriza pela intencionalidade e repetitividade de longa duração, ou seja, praticada em doses homeopáticas de modo implícito ou invisível, porém de modo concreto, haja vista que suas conseqüências são capazes de abalar progressivamente a autoconfiança da vitima (HIRIGOYEN, 2002; PEREIRA, 2004). Cabe ressaltar que o assédio moral no trabalho pode ser de três tipos: ascendente (quando uma pessoa de um nível hierárquico é agredida por um ou vários subordinados); horizontal (quando um trabalhador é assediado por um colega do mesmo nível hierárquico) e descendente (quando o superior hierárquico assedia seu subordinado com acusações falsas e insultos atingindo a esfera psicológica do trabalhador) (DIAS, 2002). Com as mudanças ocorridas no setor econômico e político decorrente da globalização tem-se influenciado as organizações de saúde a fim de aumentar a produtividade, explorando cada vez mais os profissionais da saúde às situações desgastantes, contribuindo para o sofrimento e a violência no trabalho (THOFEHRN et al., 2008). Isto reflete na qualidade do trabalho da enfermagem, uma vez que os trabalhadores assediados sentem-se fragilizados, insatisfeitos, com baixo-auto-estima, diminuição na produtividade do trabalho, podendo levá-los desde a incapacidade permanente até a morte ( PEIXOTO; PEREIRA, 2005). Estudo referente às políticas de saúde mental com trabalhadores da Alemanha, Reino Unido, Finlândia, Polônia demonstrou que ocorreu um crescimento nos índices de ansiedade, depressão e o cansaço (SCAFONE; TEODÉSIO, 2004). Na França 69 % dos assediados apresentam estados de depressão grave (HIRIGOYEN, 2002). No Brasil encontramos outro resultado interessante sobre a saúde de 870 homens e mulheres vítimas de opressão no trabalho, o qual revelou que estado depressivo acomete entre 60 a 70%, respectivamente, e que os homens tem 100% de idéias suicidas e as mulheres 16,2%. Um dos fatores que contribuem para o AMT é o incentivo a competitividade descontrolada entre os profissionais, advindas de superiores hierárquicos. Muitos trabalhadores omitem o AMT devido ao medo de perder o emprego, acarretando prejuízos nas funções psíquicas das pessoas envolvidas (AKI; AKI, 2007). O AMT ainda é difícil de ser comprovado, uma vez que o trabalhador de enfermagem, vítima de assédio, para se defender precisa apresentar provas contundentes, seja por escrito, por testemunhas, entre outras em direito permitido. As vítimas que sofrem assédio moral não têm consciência do dano a que estão sendo acometidas, portanto, devem procurar ajuda de advogados especializados na área trabalhista, das organizações e buscar apoio dos familiares e amigos, a fim de manter sua auto-estima e identidade como trabalhador, jamais desistindo de seus empregos com pedidos de demissões impensados (GUIMARÃES; RIMOLI, 2006). De acordo com os referenciais teóricos levantados podemos perceber que a formação do enfermeiro ainda se faz de modo tradicionalista (FREIRE, 2005), não se atentando para os conceitos de AMT, sendo necessário refletir sobre o sofrimento no trabalho, agressões, críticas indevidas, perseguições, não fechando os olhos para essa problemática e se auto- Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 343 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente destruindo enquanto profissional e pessoa, justificando assim as nossas inquietações do presente estudo. Considerações Finais O AMT é uma “uma doença organizacional que degrada as condições de trabalho, a saúde mental dos indivíduos e as relações sociais no trabalho”, que tem uma amplitude importante nas organizações contemporâneas”. Como forma de prevenção do AMT, o ambiente laboral deveria proporcionar um trabalho com baixo nível de stress e com autonomia, cabendo aos líderes desenvolverem habilidades e técnicas para reconhecer conflitos e gerí-los adequadamente, no sentido de identificar os sinais e sintomas do AMT, objetivando a solução dos conflitos pessoais do trabalhador vitimizado garantindo-o o direito de queixa e ao anonimato, a fim de implantar sistemas de mediação e ou arbitragem na solução, não só do conflito social do indivíduo vítima de AMT, mas também de todo um setor de modo coletivo. Acreditamos que além desses requisitos é importante que o profissional de enfermagem tivessem em sua grade curricular disciplinas sobre Enfermagem de Segurança Pública e Enfermagem Forense tanto na Graduação como na n Pós-Graduação (lato sensu e strictu sensu) a fim de evitar consequências psíquicas, conflitos organizacionais e prejuízo a assistência prestada ao paciente (FERNANDES, 2007). REFERÊNCIA AKI, R.; Aki, A. 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Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 345 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente 13. A VIOLÊNCIA EM FORMA DE BULLYING NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA Prof. Esp. Fernando Gomes Silva (UNAERP) E-mail:[email protected] Profª. Drª. Erika do Carmo Bertazone (UNAERP) E-mail:[email protected] INTRODUÇÃO Nos últimos anos, podemos acompanhar cada vez mais nos noticiários, o envolvimento de adolescentes dentro das escolas cometendo algum ato de violência, seja em relação aos professores ou com colegas. Essa é uma das realidades da educação brasileira, onde a violência passou a ser questão de segurança e saúde a partir de 1980, embora o compromisso com uma educação contra a violência seja muito recente no Brasil (SPOSITO, 2001). A preocupação com esse fenômeno social faz com que professores, pais, famílias e alunos fiquem alarmados e revejam os porquês de tanta violência, inclusive nas aulas de educação física, onde é o momento em que o adolescente pode desempenhar suas habilidades e estar em contato mais próximo com seus colegas. Segundo Sposito (2001), para que possamos compreender a violência escolar, temos que analisar também os casos de depredações e danos aos prédios escolares e chegando ao final da década de 1990 e início dos anos 2000 observamos os estudos das relações interpessoais agressivas, envolvendo alunos, agentes da comunidade escolar e também professores. Abramovay e Rua (2003) dizem que a violência escolar é um fenômeno antigo em todo o mundo, se constituindo num “grande problema social”, podendo ocorrer através da indisciplina, delinqüência, problemas de relação professor-aluno ou mesmo aluno-aluno. Esse tipo de violência é objeto de investigação e está sendo divulgado com frequência pela mídia conhecendo-se mundialmente por “bullying” (OLIVEIRA;VOTRE 2006). De acordo com Martins (2005), a conduta anti-social, distúrbio de conduta e “bullying” são alguns conceitos existentes que envolvem a violência na escola, tornando-se uma grande preocupação das sociedades industrializadas. O fenômeno “bullying” pode ser muito bem apresentado neste caso, sendo que não são encontrados muitos estudos envolvendo o assunto, principalmente em se tratando de ocorrências nas aulas de educação física e no ambiente escolar. Nas aulas de educação física, até bem pouco tempo (e ainda hoje), a disciplina se espelhava num modelo em que o corpo, a aptidão física e o desempenho eram os objetivos mais importantes, proporcionando “vantagem” durante a prática esportiva aqueles alunos que apresentavam um bom desempenho associado à velocidade, força, impacto e resistência e enquanto isso, outros são discriminados, rejeitados e até agredidos na escola (OLIVEIRA; VOTRE, 2006). Tais comportamentos ocorrem ocasionalmente com grupos que apresentam características físicas, sócio-econômicas, de orientações sexuais, específicas dos quais podemos citar como exemplos os alunos obesos, os de baixa estatura, os homossexuais e os filhos de homossexuais, são os maiores alvos de seus colegas (SMITH, 2002). Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 346 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente Os autores desses atos se sentem no direito de assim proceder porque se acham detentores de maior poder no grupo, seja por serem mais fortes, mais espertos, mais influentes ou mais ricos, e as vítimas acabam sendo afastadas do padrão de prestígio por apresentarem traços menos favorecidos por serem mais feias ou mais pobres, por exemplo. No ambiente escolar é onde o adolescente passa a maior parte de seu tempo à procura de um “grupo de iguais” para se auto-afirmar tornando-se mais independente da família, um indivíduo, mesmo que ainda precise muito dela. Devido a isso, há grande frustração quando é rejeitado por grupos ou pessoas específicas (OLIVEIRA; ANTONIO, 2006). De acordo com Fante (2005, p. 9), este fenômeno faz com que aos poucos, devido ao medo e as incertezas diante do adolescente afetado, venha a ocasionar uma visão frustrante em relação aos seus horizontes, traumatizando seu psiquismo, caracterizando uma nova síndrome denominada Síndrome dos Maus-Tratos Repetitivos (SMAR). O papel fundamental da educação no desenvolvimento das pessoas e das sociedades indica aos professores que há a necessidade de se construir uma escola voltada para a formação do cidadão. Sendo assim, não podemos esquecer da Saúde, presente como um dos temas transversais, sendo esse tema um dos que oferece suporte e que se insere na disciplina Educação Física. Este estudo se justifica pela necessidade de conhecer as formas de violência escolar e as razões que levam o adolescente a ter comportamentos agressivos no ambiente escolar, promovendo subsídios ao trabalho do professor. 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Identificar as formas de violência escolar, oferecendo subsídios para identificar o “bullying”. 2.2 Objetivo Específico Reconhecer os casos de bullying no ambiente escolar e nas aulas de educação física. 3. METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, de revisão sistemática da literatura sobre o bullying no ambiente escolar. Podemos dizer que o estudo é descritivo porque as características, propriedades ou relações existentes na comunidade, grupo ou realidade pesquisada estão sendo descritas. Na pesquisa descritiva, identificam-se também as representações sociais, o perfil de indivíduos e grupos, assim como as estruturas, formas, funções e conteúdos (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). Em relação à pesquisa exploratória, não necessita-se de elaboração de hipóteses para serem aplicadas no trabalho, apenas há a importância de definição dos objetivos e a busca pelas informações sobre o determinado assunto que será estudado. Marconi e Lakatos (2002) lembram que o estudo exploratório-descritivo permitem ao pesquisador descrever Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 347 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente completamente determinado fenômeno, podendo encontrar tanto descrições quantitativas e/ou qualitativas. Conforme Minayo, Deslandes e Gomes (2008), aplicamos o método do trabalho utilizando-se das técnicas que se caracterizam pelos instrumentos de operacionalização do conhecimento e pela experiência, capacidade pessoal, sensibilidade e criatividade do pesquisador. Para este estudo foi utilizada o apoio da pesquisa bibliográfica, que diz respeito ao conjunto de conhecimentos encontrados em livros, revistas científicas, sites especializados em artigos indexados nas bases de dados MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e SCIELO (Scientific Eletronic Library Online). A busca de artigos de revisão sobre o bullying entre estudantes observou os parâmetros: adolescentes, estudantes e o período de publicação entre 2000 e 2010. Justifica-se esse período pelo aumento excessivo do número de estudos científicos que discutiram o fenômeno bullying entre estudantes e pelo surgimento dos primeiros livros nacionais a partir do ano 2000 (BOTELHO; SOUZA, 2007). Até 1996, haviam apenas nove artigos indexados na Medline sobre bullying entre estudantes; porém, em março de 2010, estavam catalogados 278 artigos sobre este tema, a partir das palavras-chave: bullying, violência escolar, estudantes, adolescência, educação física escolar. 4. REVISÃO DE LITERATURA 4.1 Bullying O termo BULLYING pode ser definido como todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que causam dor e angústia ocorridas dentro de uma relação desigual de poder, que geralmente ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s). Atualmente o bullying é uma das maiores preocupações para pedagogos e psicólogos tendo como significado, a discriminação dos indivíduos por membros de seu grupo de convivência e podendo se manifestar em vários graus de intensidade podendo causar exclusão dos mesmos (LOPES NETO; SAAVEDRA, 2003). Conforme Fante (2005), esse fenômeno que apresenta a palavra oriunda do inglês “bully” e que na língua portuguesa podemos entender por “valentão” ou “machão” e se apresenta como um comportamento cruel, intrínseco nas relações interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais frágeis em objetos de diversão e prazer, através de brincadeiras que disfarçam o propósito de maltratar e intimidar. Segundo Neme et al. (2008), o bullying é uma palavra que foi adotada em muitos países para definir o desejo deliberado e consciente de maltratar outra pessoa, designando comportamentos agressivos e anti-sociais para colocar a mesma sob tensão. Conforme os psicólogos sociais, estas agressões são comportamentos anti-sociais e que na visão dos mesmos, tem a intenção de causar danos físicos ou psicológicos, em outro organismo ou objeto (RODRIGUES, 2005). A caracterização desse quadro é apresentada através de adolescentes excluídos e discriminados, agredidos e/ou machucados por outra(s) pessoa(s). Segundo Smith (2002) apud Antunes e Zuin (2008), esse fenômeno de denominação inglesa surgiu na década de 1970 na Noruega sendo caracterizados por um Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 348 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente conjunto de comportamentos agressivos, físicos ou psicológicos, como empurrar, chutar, discriminar, apelidar, ou seja, atitudes de exclusão. Na escola, é quase sempre imperceptível pelos educadores porque a violência linguageira, as ameaças de moléstia física e as próprias ações violentas se dão longe de seus olhos e ouvidos, ou seja, ocorrem em ambientes que a vítima não está junto das pessoas quem poderiam defendê-la e se não bastasse isso, geralmente não deixam marcas no corpo das pessoas “atormentadas”. A escola, que é um agente socializador para o adolescente, pode vir a tornar-se um “campo inimigo” e levá-lo a ser ridicularizado pelo grupo, tornando-o mais frágil. Podemos observar esse comportamento sempre na interação de duas ou mais pessoas que compartilham o espaço, que convivem de alguma forma juntas seja no trabalho, estudo, esporte, jogo, lazer sendo praticado pelos mais fortes, mais velhos, ou seja, que de alguma forma têm mais poder ou controle sobre os demais. Essa principal forma primária de violência, faz com que haja o riso, a galhofa, a ironia, tendo como instrumento de tortura a brincadeira verbal, o apelido ou a ação aparentemente inocente e sem malícia concretizada através de palavras, gestos e ações, sendo na linguagem gestual e verbal sua forma mais comum decorrente de um traço físico, de performance, ou psicológico fazendo com que haja alguma diferença dos demais. (OLIVEIRA; VOTRE, 2006). Constantini (2004, p.69), se refere ao Bullying como: “as ações realizadas por intermédio do bullying são verdadeiros atos de intimidação preconcebidos, ameaças, que, sistematicamente, com violência física e psicológica, são repetidamente impostos a indivíduos mais vulneráveis e incapazes de se defenderem, o que os leva a uma condição de sujeição, sofrimento psicológico, isolamento e marginalização”. 4.2 Adolescência A adolescência é uma etapa muito importante em que ocorre o desenvolvimento do homem conduzindo o adolescente à maturidade, mas para isso acontecer, este deverá passar por mudanças as quais terão obstáculos que influenciarão na construção da auto-estima e do fortalecimento de sua saúde mental para poder enfrentar os desafios da vida. A convivência em grupos sociais e a necessidade do reconhecimento de seus valores fazem com que nessa fase se situe, psicológica e culturalmente, entre a meninice e a vida adulta ocorrendo transformações tanto físicas quanto psíquicas envolvendo o indivíduo como um todo. Da mesma forma, Martins (2005, p.129) diz que a adolescência é o período da vida que situa entre a infância e a idade adulta iniciando-se por volta dos 12 anos e terminando em torno dos 20 anos, com seu final não sendo claramente definido. As transformações que ocorrem durante essa fase de transição, podem ser de caráter físico; social (mudanças na relação com os pais, amigos, sexo oposto); e psíquico (mudanças ao nível cognitivo e no modo de ver a si próprio). Durante esse período, o adolescente encontra-se vulnerável tanto às mudanças de caráter positivo, quanto negativo, conforme o que absorver do meio. Segundo Osório (1992 apud Oliveira & Antonio, 2006, p. 32), a tarefa que o adolescente tem é adquirir o sentimento de identidade pessoal, necessitando de constante auto-afirmação e aceitação e em primeiro momento, tendo apoio da família e posteriormente no grupo de amigos, os quais fortalecem seu autoconceito e formação de identidade, mas não Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 349 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente há como negar que os danos desencadeados pelo bullying e direcionados aos adolescentes e por isso, não podemos virar as costas a esse problema de ordem social. 4.3 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN`s) A preocupação e a responsabilidade na construção da auto-estima e da identidade pessoal com o intuito de cuidado do corpo, da nutrição e também de valorizar os vínculos afetivos e a negociação de atitudes e todas as implicações relativas à saúde da coletividade, constituem um campo de interação escolar. Essa informação tem se apresentado de forma incapaz de alterarmos ou construirmos comportamentos que sejam favoráveis à proteção e à promoção da saúde do educando (BRASIL, 1998, p. 36). Não podemos deixar de tratar dos temas que estão inseridos no programa de Educação Física, sendo estes problemas atuais de caráter sócio-políticos como: ecologia, papéis sexuais, saúde pública, preconceitos sociais, raciais, da deficiência e outros. Nesse caso cabe a escola, através de projetos políticos de mudanças sociais, fazer com que haja a apreensão da prática social (SOARES, et. al., 1992). Oliveira e Votre (2006, p. 177), quando se refere à situação atual da escola e a relação com o ECA afirma que: “atualmente a escola está um pouco menos atenta à questão da punição e das sanções, pois o sistema educacional se tornou mais sensível aos reclamos da cidadania dos alunos e passou a ser vigiado pela consciência dos direitos, mais agudos na sociedade atual, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, onde se lê que: “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, sendo punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”. Conforme o ECA (1990), no seu art. 2 considera a criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Um outro aspecto que podemos citar é o que consta no art. 53: “A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: II - direito de ser respeitado por seus educadores”. Mas será que essa criança ou esse jovem respeita da mesma forma os educadores e demais colegas? O lado controverso do estatuto concentra-se nas ações dos educadores ocorrendo as principais barbaridades entre os próprios colegas. A escola que antes se caracterizava como repressora comportamentalista e formadora, hoje, pode-se dizer que é apenas formadora. Será que com a Educação Física Escolar não podemos conquistar algum resultado positivo? 4.4 Educação Física Escolar Segundo Betti (1991), “a Educação Física é Educação” com o objetivo de desenvolver o homem de maneira integral, porém o que podemos notar é que os professores de 1º e 2º graus estão despreparados, desmotivados e os alunos abandonados nas quadras. Há a necessidade de que seja vinculada a Educação Física no projeto educacional das escolas, que ocorra um planejamento com objetivos claros. Tradicionalmente podemos associar a Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 350 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente disciplina, obediência, uniforme, civismo e ordem unida ao valor educativo da Educação Física, sendo vista e utilizada pela escola brasileira como meio de socialização e formação da personalidade. Historicamente, as atividades físicas têm sido consideradas pelos pedagogos como um excelente meio de educação do homem como meio informal, ou seja, a participação voluntária da criança ou do jovem em jogos e demais atividades e educação formal aquela realizada nas escolas baseando-se em atividades físicas como dança, ginástica, jogo e esporte. De acordo com Soares et. al., (1992), para que possamos compreender melhor a Educação Física, devemos saber que sua prática pedagógica surge das necessidades sociais concretas surgindo no âmbito escolar com exercícios físicos na forma cultural de jogos, ginástica, dança e equitação sendo estes decorrentes do século XVIII e início do século XIX na Europa. Através dos fundamentos da Educação Física escolar, os quais temos o enfoque da Educação Física como sendo a educação por meio de atividades corporais, educação do movimento e pelo movimento, o esporte de rendimento e a Educação Física também é considerada a educação sobre o movimento sendo essa área do conhecimento chamada de cultura corporal. A comunicação, a expressão dos sentimentos e da criatividade são feitos através dos movimentos. E é por meio deles que o ser humano interage com o outro, aprende sobre o que é capaz de fazer, quem ele é e o meio social em que vive. Considerando assim, podemos dizer que os temas da cultura corporal expressam um significado, um sentido onde dialeticamente se interpenetram a intencionalidade com relação aos objetivos do homem e as intenções/objetivos da sociedade. Em todo processo educacional é importante atender às necessidades biológicas, psicológicas, sociais e culturais da população a que destinaremos a nossa atenção. Segundo Tani et al. (1988), deve ser caracterizada a progressão normal em relação ao crescimento físico, desenvolvimento motor, fisiológico,cognitivo e afetivo-social no que aplica-se a aprendizagem motora, sendo função destas características, indicar aspectos ou elementos relevantes para a estruturação da Educação Física Escolar. Caso não aconteça a observação destas características, pode ser que ocorra uma queda de motivação e a perda do interesse pela Educação Física. 4.5 O bullying no ambiente escolar A violência no ambiente escolar vem alcançando proporções preocupantes, sendo visto em toda e qualquer escola, independente da instituição ser pública ou privada. A escola que admite não haver a ocorrência de bullying entre seus alunos significa que não querem enfrentar o problema ou que na realidade o desconhecem (LOPES NETO; SAAVEDRA, 2003). Conforme Abramovay (2005) a violência, que hoje em dia é um dos fatores que mais pesam na qualidade do ensino, afeta de maneira significativa o ambiente escolar no sentido que deteriora as relações, prejudicando a qualidade das aulas e os desempenho acadêmico dos alunos. Segundo Botelho e Souza (2007) em pesquisa realizada na Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales e Escócia) houve o registro que 37% dos alunos do ensino fundamental e 10% do ensino médio admitiram ter sofrido bullying, sendo ao menos uma vez na semana. Outro estudo realizado pela ABRAPIA (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência), em 2002 que envolveu 5.482 estudantes de 6º ao 9º ano, de 10 escolas do Município do Rio de Janeiro foram obtidos os seguintes dados: 16,9% Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 351 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente dos alunos foram alvos de bullying; 10,9% foram alvos e, ao mesmo tempo, autores de bullying; 12,7% caracterizaram-se como autores de bullying; e 57,5% foram citados como testemunhas de bullying (LOPES NETO; SAAVEDRA, 2003). Da mesma forma Trautmann (2008) cita um trabalho realizado em 2004 com uma amostra de 113.200 estudantes de 25 países e pode ser observado que os 9% da Suécia até 54% dos estudantes da Lituânia já haviam participado de algum episódio de bullying. Como vítimas o percentual varia de 5% na Suécia até 20% dos estudantes na Lituânia, com uma média geral dos países de 11%. Como agressores, houve desde 3% na Suécia até 20% na Dinamarca, sendo a média de 10%. 4.6 Os casos de bullying nas aulas de Educação Física Para que possamos compreender os tipos de violência e discriminação que ocorrem nas aulas mistas de educação física que envolve meninos e meninas, temos que observar que a principal forma de agressão dos meninos são feitas através de palavras e atos, apresentando além da agressividade, a competitividade enquanto as meninas têm uma característica mais frágil. Durante as aulas de educação física num período entre 10 e 11 anos, tanto os meninos quanto as meninas tendem a formar grupos com a necessidade de conhecer as funções de cada sexo, desenvolvendo os comportamentos do bullying de maneira explícita, ou podendo ainda, serem molestadas pelos agressores. Essa fidelidade ao grupo pode prejudicar o desenvolvimento do indivíduo fazendo com que o mesmo não se dê conta do que está ocorrendo, como por exemplo: a agressão que ocorre durante um jogo na escola que na maioria dos casos se torna um fato normal, podendo de forma inesperada fazer com que haja a escolha de uma vítima para deboches, ameaças e até mesmo agressão física (OLIVEIRA; VOTRE, 2006). Segundo Fante (2005) o fenômeno bullying pode encontrar casos em que há a inclusão de professores que em certos momentos acabam por difamar alunos, desencadeando através de colegas, múltiplos apelidos a esse aluno. Oliveira e Votre (2006) afirmam que os casos ocorridos principalmente nas aulas de educação física que (ainda hoje) ocorrem estão direcionados ao corpo, a aptidão física e ao desempenho como objetivos mais importantes sendo que a prática esportiva privilegia aquelas que tem um bom desempenho e que estão mais aptas a modalidades relacionadas à velocidade, força, resistência e impacto. Um caso que podemos citar foi o ocorrido com Carol em uma escola pública do município do Rio de Janeiro onde a professora não se deu conta que a menina começou a faltar às aulas, chegando a ficar semanas sem freqüentar a escola devido ao comportamento com implicância por parte dos colegas que a tratavam com apelidos que a deixavam envergonhada e pelo fato também de estar sendo extorquida e impedida de entrar na escola sem repassar uma quantia aos colegas agressores, do contrário seria agredida. Podemos expor um segundo caso ocorrido com Aline em uma turma de quarta série do ensino fundamental de uma escola pública também situada no município do Rio de Janeiro, sendo que a mesma apresenta uma ótima habilidade motora, se destacando em relação às meninas e os meninos, porém a menina apareceu na escola com os cabelos cortados semelhante ao corte masculino e com isso as meninas da turma começaram a chamá-la de Maria João entre outros apelidos também por não ser vaidosa, sem utilizar acessórios femininos (maquiagem, brincos, etc). Ela, desde então, começou a ir à escola e nas aulas de educação física com uma toca na cabeça para evitar a aparência do seu cabelo. Após esse Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 352 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente período, a menina se isolou e o professor percebeu que os meninos estavam debochando dela, identificando assim o fenômeno bullying na turma. Com relação ao terceiro caso temos Carlos, um aluno aplicado e que se destaca nas tarefas em sala de aula, porém quando ocorria uma partida de futebol ele não gostava de participar, causando assim desconfiança dos meninos em relação a sua opção sexual porque enquanto estes jogavam futebol, ele ficava perto das meninas. O professor após perceber a reação dos alunos, os quais caçoavam de Carlos, tomou a atitude de discutir e argumentar com a turma sobre o fato ocorrido. Nesse caso, a discriminação que houve durante a prática esportiva pode ser identificada com qualquer um, independente do sexo porque o que é observado na situação do futebol é o desempenho satisfatório no jogo o qual espera-se pela lógica dominante. Outro exemplo a ser apresentado é o relacionado à inclusão de Marcos e Paulo que são dois meninos portadores de deficiência mental que começaram a fazer aula normalmente. Durante a aula de educação física Marcos não quis participar, porém Paulo se interessou pelo jogo. Após certo tempo, os colegas do time que Paulo jogava observaram que ele era diferente, que havia uma deficiência mental por não conseguir respeitar as regras. Os alunos foram reclamar e questionar junto à professora sobre a presença desse aluno (OLIVEIRA; VOTRE, 2006). Segundo Fante (2005) num caso ocorrido com uma aluna do 7º ano (antiga 6ª série), de 12 anos ela afirma que está sendo difamada e rejeitada devido a um trabalho escolar e nas aulas de educação física algumas pessoas da turma a chateiam devido a sua estatura ser inferior aos demais. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Devemos entender que todo processo educacional tem necessidade de atender de forma adequada a população, a quem estaremos destinando nossa atenção e empenho no que se refere às questões biológicas, psicológicas, sociais e culturais. Na questão do constrangimento com relação à ocorrência do bullying entre estudantes, a qual presenciamos diariamente nas escolas, em que os adolescentes, em forma de brincadeira gera um quadro de discriminação, agressão e até mesmo exclusão de colegas. Isto acarretará prejuízo para a formação na auto-estima de cada indivíduo envolvido, com relação ao senso de justiça e de cidadania dos agressores. Por outro lado, temos o comprometimento com uma sociedade mais justa, pois a violência enfrentada pelos agredidos nas escolas pode conduzir a danos irreversíveis aos futuros cidadãos. Sendo assim, os professores precisam estar mais atentos e buscar a discussão com a turma baseando-se em questões sobre as diferenças no que se refere a: raça, religião, classe socioeconômica, aspectos físicos, habilidade motora, entre outras com o intuito de conscientizar os alunos participantes que direta ou indiretamente estão envolvidos neste tipo de violência, sobre a necessidade do respeito e da não discriminação do colega durante as aulas. Todo esse empenho é necessário e como educadores não podemos perder a visão global do ser humano em formação, no caso dos adolescentes. Com base nestes aspectos, devemos manter diálogo constante com os alunos e procurar ouvi-los em suas dificuldades e problemas sempre que possível para que situações de violência ou qualquer outra manifestação de discriminação sejam evitadas nas aulas de educação física e qualquer espaço dentro da escola, impedindo que o aluno, vítima desse ato, deixe de participar das aulas de educação física e de freqüentar a escola. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 353 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMOVAY, M.; RUA, M.G. Violências nas escolas: Versão resumida. Brasília, DF: Unesco, 2003. ABRAMOVAY, M. Violencia en las escuelas: un gran desafio. Revista Iberoamericana de Educacion. n.38, p.53-66, 2005. 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EXPLORANDO ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO AFETIVO-SEXUAL EM TRÊS GERAÇÕES DA FAMÍLIA DE UMA JOVEM COM ANOREXIA NERVOSA Élide Dezoti Valdanha Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão PretoUniversidade de São Paulo E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO De acordo com o DSM-IV-TR - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (American Psychiatry Association, 2002), a anorexia nervosa (AN) pode ser caracterizada como uma recusa do indivíduo a manter o peso corporal na faixa normal mínima de acordo com sua idade e altura, além de um temor intenso de ganhar peso e da distorção da imagem corporal, o que acaba resultando em caquexia, ou seja, um estado de fraqueza geral do corpo, debilidade e má disposição corporal decorrentes da grave desnutrição (CLAUDINO; BORGES, 2002). O quadro clínico caracteriza-se por um comportamento alimentar gravemente perturbado, tentativa de controle excessivo do peso corporal e distorção da imagem corporal. A pessoa acometida vivencia um medo patológico de engordar, embora, objetivamente, seu peso esteja abaixo do ideal. Assim, existem, ainda segundo o DSM-IV, dois subtipos de AN: o restritivo, no qual o paciente perde muito peso em um curto espaço de tempo, devido à restrição de grupos alimentares, jejum, ou excesso de exercícios físicos, e o purgativo, caracterizado por episódios de compulsão alimentar seguidos de rituais compensatórios como vômitos autoinduzidos ou uso abusivo de laxantes ou diuréticos. A AN acomete, principalmente, mulheres. Sua prevalência varia em torno de 2% a 5% em mulheres adolescentes e adultas, sendo que, entre 1955 e 1984, houve um aumento constante de casos novos entre adolescentes de 10 a 19 anos (DUNKER; PHILLIPI, 2003). De maneira geral, os pacientes relatam que o início dos sintomas aconteceu após alguma exposição a fator estressante, como comentários sobre seu peso, término de relacionamento amoroso ou perda de ente querido. Pessoas com AN passam a viver em função do medo patológico de engordar e, concomitantemente, apresentam traços de personalidade, tais como preocupação em excesso, receio de mudanças, hipersensibilidade e perfeccionismo (BORGES et al, 2006). Para Santos e Oliveira (2006), são considerados fatores desencadeadores e mantenedores da AN: o meio sociocultural, a dinâmica familiar e aspectos da personalidade do indivíduo, o que caracteriza a AN como um transtorno mental de etiopatogenia multifatorial. No mundo contemporâneo as imagens do corpo magro e esguio são vangloriadas e largamente difundidas pelos meios de comunicação de massa. O corpo esbelto é associado à obtenção de sucesso e prestígio pessoal, criando novas formas de vivenciar subjetivamente o corpo. Segundo Novaes e Vilhena (2003), para sermos reconhecidos por um grupo social, precisamos ter “o corpo da moda”. A gordura é tomada como um paradigma da feiúra e, portanto, é altamente desvalorizada; a pessoa obesa é desqualificada e estigmatizada pelo meio social. A imagem da mulher fica associada à beleza e juventude eterna e não são toleradas diferenças em relação ao padrão estabelecido pelo meio sociocultural. Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 356 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente De acordo com Miranda (2007), atualmente os indivíduos se apresentam ao outro a partir do modo como lidam com seu próprio corpo, sendo o culto ao corpo magro e a conservação da juventude expressões da obsessão da sociedade. O indivíduo aprende que deve restringir sua dieta alimentar e abandonar o prazer proveniente de sua alimentação para corresponder ao padrão valorizado de beleza. Para Fernandes (2003), podemos falar de uma migração das problemáticas internas para o corpo, um sofrimento que encontra dificuldades para se manifestar em termos psíquicos. De acordo com Santos e Oliveira (2006), com relação à dinâmica familiar da pessoa com AN, é constatado um padrão de ausência generalizada de limites nessas famílias, o que leva à perda da identidade e individualidade dos membros, que freqüentemente apresentam inadequações em seus relacionamentos interpessoais. Uma terapeuta familiar dissidente do paradigma psicanalítico, Mara Selvini Palazzoli, impressionou-se ao estudar famílias com portadores de transtornos alimentares, percebendo muitas características semelhantes entre as alianças intergeracionais (SOUZA, 2006). Para Palazzoli (1974), a AN seria uma resposta da filha aos conflitos existentes no relacionamento conjugal dos pais. O sintoma seria uma resposta aos padrões disfuncionais de interação dessas famílias. Tais famílias teriam dificuldades de dar suporte à criança em seu processo de separação-individuação e de exploração do ambiente exterior. Os laços de dependência afetiva existentes entre a mãe e a filha portadora de AN não encorajam as tentativas necessárias de emancipação (LANE, 2002). Os lares são considerados disfuncionais, com mães controladoras e pais ausentes, com recorrentes casos de traumas envolvendo a família. Os sintomas da doença teriam a função psíquica de manter imaturo o indivíduo portador, como uma criança pequena que rejeita os marcos que delimitam o final da infância e a transição para a adolescência, como a menstruação, que comprovariam o desenvolvimento e a maturidade sexual, assim como a emergência da feminilidade e as inevitáveis mudanças do corpo (LANE, 2002). Pacientes diagnosticadas com AN do subtipo purgativo tenderiam a ser mais impulsivas do que aquelas diagnosticadas com o subtipo restritivo. As últimas tendem a ser mais perfeccionistas e obsessivas. Outras características psicológicas salientes em pacientes com AN são: baixa auto-estima, sentimento de desesperança, desenvolvimento insatisfatório de identidade, busca por aprovação externa, hipersensibilidade à crítica e conflitos em relação a sua autonomia (SANTOS; OLIVEIRA, 2006). Segundo Leonidas (2008), portadoras de AN negam a gravidade de sua patologia, são introvertidas, inseguras, têm dificuldades no estabelecimento de vínculos afetivos, além de apresentar fragilidade e imaturidade egóica. Também são inseguras no contato com o mundo externo, o que torna seu círculo social restrito. Como as bases da personalidade se estruturam nos primeiros anos de vida, estudos apontam que a origem da problemática remonta às etapas precoces do desenvolvimento psicoafetivo (DE FELICE, 2006; MIRANDA 2007), o que direciona a atenção para a constituição do vínculo materno. Para Miranda (2007), teria havido um descompasso, um desvio na sintonia de mensagens entre mãe e filha, conduzindo suas mentes a estabelecer um laço fusional. A mãe, que passou por falhas na instalação edipiana, em que a figura masculina não desempenhou papel marcante na sua vida mental, pode sentir seu bebê como um corpo estranho dentro dela ou, contrariamente, pode não desejar a perda do laço fusional com o bebê. Desse modo, não é possível para a criança desenvolver sua identidade separada do objeto materno. Durante a infância essa relação fusional se mantém sem apresentar grandes conflitos, como mostram as pesquisas que evidenciam que os pais não têm queixas ou insatisfações importantes em relação a seus filhos no período infantil (CASTRO, 2000). Na adolescência, Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 357 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente com a irrupção das transformações corporais que reconfiguram a sexualidade, ressurgem os conflitos que colocam o indivíduo em contato direto com seus lutos primordiais, como a perda do corpo infantil, assim como de seus pais da infância, que agora se tornam novos e desconhecidos personagens (MIRANDA, 2007). A fase da adolescência acarreta mudanças tanto no plano físico como psíquico, envolvendo o adolescente em processos de conflito e elaboração de luto pela perda da condição infantil. Nesse período, o corpo feminino ganha forma e curvas, dando sinais que funcionam como marcadores externos da entrada da menina na vida adulta. A portadora de AN apresenta dificuldade de enfrentar e incorporar positivamente essas mudanças corporais e psicológicas. Na tentativa de deter o processo de crescimento e diferenciação em relação ao corpo materno, busca um corpo esquálido, emagrecido, apresentando, desse modo, uma impossibilidade de ingressar na fase adulta (GASPAR, 2005). O vínculo mãe-criança se estrutura, em grande parte, em torno do comportamento alimentar, ou seja, ancora-se nas experiências de satisfação e insatisfação das necessidades corporais da criança. Por essa razão, problemas vivenciados nas etapas precoces do desenvolvimento emocional podem desencadear perturbações na esfera oro-alimentar ou mesmo constituir nas bases primitivas que, no futuro, favorecerão a emergência de transtornos da alimentação. Considerando-se que a configuração vincular é essencial para o desenvolvimento emocional e que a transmissão psíquica inter e transgeracional é um operador da dinâmica dos relacionamentos familiares, o presente estudo teve por objetivo investigar a transmissão psíquica em três gerações de uma família (avó, mãe e a filha, acometida por anorexia nervosa), buscando identificar os conteúdos transmitidos transgeracionalmente, focando o desenvolvimento afetivo-sexual dessas mulheres. REFERENCIAL TEÓRICO O referencial teórico-conceitual que fundamenta o presente estudo é a psicanálise, mais especificamente a teoria da transmissão psíquica transgeracional (EIGUER, 1998). Eiguer (1985) apresenta uma nova idéia sobre o grupo familiar, em que os psiquismos individuais juntos formam um coletivo: o organizador inconsciente da vida familiar. Deste modo, pode-se dizer que o grupo familiar é composto por indivíduos que em grupo apresentam um funcionamento psíquico inconsciente diferente de seu funcionamento isolado. Segundo o autor, o organizador em questão tem impacto direto na consolidação de vínculos dentro do grupo familiar. Ele atua como um estilo de abordagem do grupo, permitindo que a família volte-se para si mesma a partir do idêntico fantasiado em cada um de seus membros (EIGUER, 1995). De acordo com Correa (2000), é possível identificar no grupo a produção e circulação de fantasias, que podem ser diversificadas ao longo dos processos de desenvolvimento do grupo, e que consolidam a base para o agrupamento familiar. A autora utiliza para exemplificar essa idéia a fantasia de fusão, que colabora no sentimento de pertença. Se a fantasia acontece de forma defensiva em relação à diferenciação necessária dos membros e seus papéis, originará perturbações intra e intersubjetivas. De acordo com Käes (2001) o “transgeracional” é o que foi transmitido sem ser devidamente simbolizado, o que impossibilita sua reelaboração posterior, tanto pela família, como no plano individual.Tais representações transgeracionais pertencem ao universo de objetos inconscientes, organizados a partir da escolha sexual, ou seja, do primeiro organizador familiar, estando projetadas no contexto dos vínculos libidinais de objeto. Assim, cada membro da família relaciona-se com o outro de acordo com o modelo objetal Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 358 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente dessas representações. As mesmas têm papel estruturador na família, e no mesmo sentido podem, em outros momentos, originar dificuldades (EIGUER, 1995). METODOLOGIA O princípio metodológico que fundamenta a elaboração deste trabalho foi o estudo de caso. De acordo com Yin (2005), o estudo de caso pode ser utilizado para descrever uma intervenção e o contexto da vida real em que os fatos ocorrem. Dessa maneira, enquanto estratégia de pesquisa possibilita contribuir com o conhecimento de fenômenos individuais, organizacionais, políticos e de grupos, agregando um aporte de saber produzido em condições naturalísticas. No presente trabalho, selecionou-se como caso a ser investigado a linhagem materna da família de uma paciente com TA. Para coleta de dados foram utilizados: relato livre da história de vida e entrevista semi-estruturada. Foram entrevistadas três mulheres da família Monteiro. A filha Caroline, 26 anos, tem diagnóstico de AN e transtorno de personalidade borderline; sua mãe, Maria, 46 anos, e sua avó materna, Elizabeth, 82 anos. Caroline era paciente em seguimento clínico no Grupo de Assistência aos Transtornos Alimentares (GRATA) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FM-USP-RP). As entrevistas individuais foram realizadas em sala reservada do serviço hospitalar, no caso da paciente e de sua mãe. A avó foi entrevistada em sua residência. Os dados foram analisados pelo método de análise de conteúdo temática, que revelou os principais núcleos temáticos. Os dados foram também analisados segundo o referencial teórico da psicanálise, em especial a teorização sobre a transmissão psíquica transgeracional. RESULTADO Dona Elizabeth tem 82 anos, é mãe de Maria (46 anos) e avó de Caroline (26 anos). Sobre os horizontes da infância e adolescência, dona Elizabeth só parece guardar boas lembranças, pois apenas relata vivências positivas. Conta que teve uma boa infância na roça, ao lado de seus pais e nove irmãos. Dona Elizabeth traz um relato comovente de sua infância e adolescência permeadas por trabalho árduo e pesado, que unia crianças e adultos da família em torno de tarefas estafantes. O envolvimento com essas tarefas, próprias do mundo adulto, tornavam crianças e adultos muito próximos na convivência diária, ao compartilharem dessas funções, mas também indistintos, como se não houvesse um lugar demarcado onde se pudesse “ser criança”. Desse modo, os limites entre os universos infantil e adulto se borravam. Nas narrativas da infância de Dona Elizabeth não aparecem brincadeiras, tempo ocioso e escola. Os cuidados que os adultos dispensavam às crianças se reduziam à dimensão da satisfação de necessidades físicas, concretas, em detrimento dos aspectos emocionais. Nesse universo um tanto quanto tosco e concreto, a faina diária da família almeja tão somente assegurar a sobrevivência de “muitas bocas” que precisavam ser alimentadas. Era uma época difícil, salienta dona Elizabeth, e uma família de parcos recursos materiais, na qual havia pouco espaço para a expansão da fantasia e da imaginação criativa. Em relação ao desenvolvimento afetivo-sexual e relações amorosas, conta que conheceu seu marido trabalhando na lavoura, namoraram cerca de um ano e depois se casaram. Depois de dois ou três meses de namoro, ela soube que seu marido procurava e “saía” com uma antiga namorada, enquanto dona Elizabeth ficava em casa. Quando o casal já havia se casado e tinha tido os dois primeiros filhos, o marido saiu de casa e foi morar com essa namorada, com quem teve uma filha. Após um tempo separados, tentou reatar com dona Elizabeth, que o aceitou de volta. Ele, então, voltou para casa, segundo ela, depois de lhe infligir muito sofrimento. O casal e os dois filhos mudaram-se para a cidade em que morava a Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 359 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente mãe de dona Elizabeth, e depois tiveram mais duas filhas. Dona Elizabeth afirma que esta foi a única crise enfrentada no casamento, mas que, quando tinham outras brigas, ela se calava e chorava, muitas vezes às escondidas. No relacionamento conjugal não havia espaço para conversas sobre conflitos e sentimentos. Ela ficou grávida sete vezes, mas teve apenas quatro bebês. Os partos foram normais e tranqüilos, mas cerca de 20 dias após o nascimento, dona Elizabeth tinha hemorragia e precisava ir para o hospital. Ela amamentou todos os filhos, as duas meninas (incluindo Maria), segundo ela, já estavam grandes quando parou de amamentá-las. Maria, 46 anos, é a terceira filha de dona Elizabeth. É casada e tem três filhas, com idades de 26 (Caroline), 23 e 18 anos. Sobre sua infância e adolescência, conta que foram períodos de intenso sofrimento, já que seu pai era muito “mulherengo” e teve uma filha fora do casamento. Ela ainda conta que seu pai bebia muito. Ela saía para comprar bebidas para ele; sua mãe, enfurecida, quebrava as garrafas, depois Maria saía novamente, para adquirir mais garrafas a pedido do pai. Surge na fala de Maria um conflito familiar, que não havia sido mencionado por dona Elizabeth. Os significados atribuídos por ela ao modo de ser do pai, seu funcionamento psíquico instável e o provável alcoolismo, que eram causadores de desavenças na relação conjugal e turbulência na vida familiar, constituem a tessitura de um não-dito familiar, evidenciando os fantasmas individuais, a circulação de fantasias no grupo familiar, segundo Eiguer (1985). Maria parece ter sido eleita como a filha a quem o pai incumbia de trazer para dentro do lar aquilo (a bebida) que se configuraria como o pivô das brigas constantes entre pai e mãe. A filha, extremamente imatura, era instrumentalizada pelo pai para lhe buscar a bebida no bar. A situação triangular que se constitui tem um nítido colorido edípico, ao reforçar o vínculo filha-pai marcado pela cumplicidade, que por sua vez suscitava a ira e o descontrole emocional da mãe. Por outro lado, logo se dá a quebra do encantamento da relação idílica entre a filha e o pai, quando esta descobre a traição conjugal que resulta em uma outra irmã, filha bastarda, potencial rival de Maria junto à preferência da atenção do pai. Maria conta que em sua juventude sofreu muito com o controle coercitivo de seu irmão, que não a deixava sair para se divertir. Por isso se casou cedo. Em relação ao desenvolvimento afetivo-sexual e relações amorosas, Maria conta que se casou aos 18 anos e que não teve adolescência, pois casou na melhor fase. Quando conheceu seu marido, seus familiares foram contra o relacionamento, pois o rapaz era negro. Em certa ocasião o irmão de Maria encontrou-os juntos e tentou agredir a irmã, porém o namorado não permitiu. Os dois fugiram juntos para outra cidade e ficaram por uma semana. Quando voltaram, foram morar na casa dos pais do namorado de Maria. Depois de quatro meses os dois estavam casados, pois o pai de Maria disse que, como haviam fugido juntos, deveriam se casar. Maria conta que fugiu com o namorado, pois tinha medo de “ficar falada” na pequena cidade ou de “acontecer alguma coisa”. Não fica claro, apesar de Maria dizer que se casou virgem, o que realmente aconteceu. Maria relata que o início de seu casamento não foi bom, pois sofria muito com o ciúme doentio que sentia do marido. Há cerca de 10 anos, teve um diagnóstico de câncer no rim. Foi hospitalizada, fez cirurgia e um longo tratamento. Precisou tirar um dos rins. Nessa época tumultuada de sua vida, o marido foi embora de casa “com uma prostituta da idade da Caroline”. Ele havia mantido um relacionamento extraconjugal por um tempo, depois saiu de casa para morar com a amante. Maria conta que, inicialmente, ela e as filhas não sabiam o exato motivo pelo qual o marido estava saindo de casa. Acreditavam ser pelo aspecto financeiro da família, que estava balançado. Depois contou que estava morando com outra mulher, o que fez Maria sofrer muito. Diz que ele também sofreu muito, que ambos perderam 10 quilos em um mês, de tanto Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 360 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente sofrimento, tantas lágrimas, e que as filhas ficaram muito decepcionadas com o pai, especialmente Caroline que, segundo Maria, desde pequena sempre foi o troféu do pai. Após certo período, o marido rompeu com a amante e voltou para a casa de sua mãe. Posteriormente procurou Maria, dizendo estar arrependido e querer voltar para casa. Ela o aceitou de volta, mas Caroline não. A filha decidiu morar na casa de parentes por um tempo, pois não perdoava a traição do pai. Assim como Maria, durante a adolescência, não perdoara o relacionamento extraconjugal de seu pai, Caroline também não se conformava com sua falta de lealdade e se encheu de raiva do pai. O casamento de dona Elizabeth era permeado por não-ditos, em que não se podia conversar abertamente sobre os conflitos. A traição de seu marido parece não ter tido tempo e espaço para ser conversada e elaborada pelos integrantes da família, tornando-se um conteúdo transmitido para a outra geração, sem possibilidade de elaboração. Desse modo, seu poder tóxico permanece intacto, não metabolizado pelo aparelho psíquico familiar. A família de Maria repete o que aconteceu com seus pais. Os metabólitos psíquicos não podem ser digeridos. A situação de infidelidade torna-se um fantasma, uma sombra que paira sobre o espaço familiar e, incólume, atravessa gerações. Para Eiguer (1985), esse fantasma se manifesta, inicialmente, na constituição do psiquismo, no momento da união e encontro do casal, ligando as representações psíquicas que cada cônjuge traz de seu passado familiar e apontando o conteúdo recalcado. O fantasma originário é responsável pela manutenção de um determinado relacionamento disfuncional. Nesse caso, o padrão de relacionamento perturbado está intimamente vinculado à vivência edípica não elaborada. Dona Elizabeth, ao aceitar o esposo de volta em sua casa após descobrir o relacionamento extra-conjugal, muda-se com ele e os filhos para outra cidade, na tentativa de se afastar dos problemas e da possibilidade de reincidência. Maria repete essa situação frente ao conflito, do qual busca evadir-se, ao “fugir” da cidade em que vivia por sentir-se envergonhada em receber o marido novamente em sua casa. A percepção de Maria sobre Caroline é de que ela é “uma menina que sempre foi triste (...) sempre foi diferente, sempre”. Durante a infância mostrava-se como uma criança perfeccionista e não teve adolescência, pois passou por muitos sofrimentos, que a fizeram amadurecer logo. Maria conta que ela nunca teve namorado, apenas “aventuras” com rapazes estrangeiros que visitavam o país, ou relacionamentos a distância por meio da Internet. A mãe fala que a vida amorosa da filha é frustrante, relatando que Caroline declara que nunca se casará. Ela justifica essa descrença no casamento dizendo que não aceitaria que um homem lhe fizesse o que seu pai fez com sua mãe. Caroline, 26 anos, é a filha mais velha de Maria. Atualmente trabalha como operadora de telemarketing em uma empresa, mas está afastada em decorrência do quadro de TA, que envolve ainda uma comorbidade psiquiátrica (transtorno de personalidade borderline), considerada grave. Sobre sua infância, ela conta que “não foi muito agradável”. Diz que seu pai era alcoolista, o que lhe evoca lembranças tristes de quando ele chegava em casa alcoolizado e sua mãe brigava com ele. Caroline conta que se lembra muito das cenas de brigas e das agressões verbais entre seus pais. Caroline conta que, praticamente, não se relacionava com os pais, que estavam mais preocupados em cuidar de si próprios, enquanto ela e a irmã do meio se sentiam “deixadas de lado”. Caroline e a irmã sentiam-se como pessoas não pertencentes ao grupo familiar Portanto, suas fantasias em relação ao contexto familiar eram de exclusão, na medida em que não se sentiam reconhecidas pelos demais membros e não tinham suas necessidades afetivas legitimadas e confirmadas (LISBOA; FÉRES-CARNEIRO, 2005). Por outro lado, ela se manteve claramente aliançada com uma das figuras parentais (a mãe), subvertendo a Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 361 VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente hierarquia do sistema filial e se posicionando ao lado da mãe, vista como fragilizada, contra a figura paterna. Ainda sobre os horizontes da infância, percebe-se, no discurso de Caroline, a diferença de percepção que ela e a mãe tem das situações de agressão da segunda em relação à primeira. Caroline conta que era espancada pela mãe, que descontava nela a raiva que sentia do marido. Segundo Caroline, ela apanhava porque era a filha mais velha, já que a irmã pequena não agüentaria “as fúrias da mãe”. Caroline refere – assim como também emergiu no relato de sua mãe – que na infância era o “xodó” de seu pai, e que continuou a desfrutar dessa posição privilegiada por seis anos, até o nascimento de sua irmã do meio, quando então ela relata que passou a dividir os cuidados dos pais com a irmã: “aí nem tudo mais podia, nem tudo mais tinha”. Caroline vivenciou a expansão do núcleo familiar, com a chegada do segundo filho, como usurpação de seu lugar de filha única. Mais do que isso, sentiu que esse foi o marco divisor de águas em sua relação privilegiada com o pai, pois deixou de ter sua proteção e companhia em passeios. Caroline conta que seu avô materno foi morar com sua família, pois sofrera um derrame cerebral e sua avó também estava enfrentando problemas de saúde, que a impossibilitavam de ajudá-lo. Ela conta que seu avô não aceitava o casamento de seus pais, já que seu pai era negro e a mãe, branca. Nesse sentido, o avô também não aceitava as netas, mostrando-se, muitas vezes, indiferente a elas. Maria passou a cuidar do pai, cuidado este nomeado por Caroline enquanto “meu vô sugava muito a minha mãe”. Há um déficit de cuidados, que novamente é produzido pelo ingresso de mais um membro familiar, que frustra as expectativas de exclusividade mantidas por Caroline. Mais uma vez ela se sentiu desamparada, destituída de seu lugar de filha (“Eu acabei ficando sem lugar”). Uma filha que necessitava intensamente de cuidados maternos. Desse modo, perpetua-se uma espiral de frustrações. Surgem nos seus relatos de Caroline fantasias e sentimentos recorrentes de estar cuidando da mãe, em uma clara inversão dos papéis parentais e filiais, enquanto que, na verdade, ela se ressente por não ter quem cuide de si. A filha se posiciona como a suposta cuidadora da mãe, mas na realidade “perdeu” precocemente sua mãe-cuidadora quando esta teve depressão após a morte do avô, ou ainda quando esta teve câncer, ou ainda quando foi abandonada pelo marido. As reiteradas experiências de desligamento precoce do vínculo, ainda que momentâneas, sem ter alcançado a dimensão de rompimentos, justifica a expressão melancólica: “eu estou sempre perdendo a minha mãe”, proferida para conotar seu profundo desalento. Após alguns meses da cirurgia a qual Maria se submeteu como parte de seu tratamento contra o câncer, seu marido sai de casa, sem que a família soubesse o exato motivo. Para completar a situação dramática, na época a família passava por complicada situação financeira. Caroline conta que a mãe, então, se desesperou, queimando as roupas do marido e dizendo que também sairia de casa. Tal situação difícil não foi relatada no discurso de Maria, que trouxe apenas o sofrimento que sentiu com a saída do marido do lar. Caroline conta que seu pai foi morar com “uma prostituta”, que na época tinha 18 anos, mesma idade que ela, o que foi uma decepção, “a maior decepção da minha vida”. Ao falar do pai, na situação em que ele saiu de casa, Caroline diz que ele, na verdade, “matou a mãe” ao abandonar a família. Quando os pais reataram o relacionamento e o pai voltou a viver na casa da família, Caroline diz que não suportou. Primeiramente, sugeriu que a mãe escolhesse entre ela e o marido, depois optou por sair de casa e morar em outra cidade, na casa de parentes. Pensando no conflito edípico, que parece permear intensamente as Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP) 36