Anais VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM

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Anais VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO
PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA:
Valorizando corpo e mente
ANAIS
PROGRAMA
RESUMOS
TRABALHOS NA ÍTEGRA
Centro Avançado de Educação para a Saúde e
Orientação Sexual: Sexualidade, DST, AIDS,
Drogas e Violência
(CAESOS - DEPCH/EERP-USP)
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO
PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA:
Valorizando corpo e mente
Organizadoras:
Sonia Maria Villela Bueno
Sabrina Corral-Mulato
Sarah Tarcísia R. F. de Carvalho
Data: 17 E 18/09/2010
Local: EERP-USP/CAESOS
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual:
Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS-DEPCH/EERP-USP)
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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VI CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS,
DROGAS E VIOLÊNCIA: VALORIZANDO CORPO E MENTE
COPYRIGHP Sonia Maria Villela Bueno; Sabrina Corral-Mulato; Sarah Tarcísia Rebelo
Ferreira de Carvalho, 2010.
Preparo de originais: Os próprios autores
Capa: Rachel Herrmann Mokwa
Revisão: Corpo editorial
Impressão e acabamento: Sonia Maria Villela Bueno; Sabrina Corral-Mulato; Sarah Tarcísia
Rebelo Ferreira de Carvalho.
Ficha Catalográfica
___________________________________________________________________________
BUENO, Sonia Maria Villela; CORRAL-MULATO, Sabrina; CARVALHO, Sarah Tarcísia
Rebelo Ferreira de.
Anais do VII Congresso de Educação Preventiva em sexualidade, DST/Aids, drogas e
violência: valorizando corpo e mente.
FIERP, 2010 - 533p.
Inclui bibliografia
ISBN – 978-85-86862-49-6
1. Educação para a Saúde. 2. Enfermagem. 3. Prevenção. 4. Problematização.
5. Humanização. 6. Educação em Enfermagem. 7 Sexualidade. 8 Estresse.
I. Título
CDU– 616-083
___________________________________________________________________________
Todos os direitos reservados no Brasil por Editora – FIERP/EERP -USP
Av. Bandeirantes, 3900 – Campus – USP/ Ribeirão Preto/ SP – Brasil – CEP: 14040-902
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
CORPO DE EDITORAÇÃO
Profª. Drª. Cristina Miotelo (Porto – Portugal)
Prof. Dr. José Antonio Caride Gómez (Un. Santiago de Conpustela- Espanha)
Profª.Fátima Aparecida Coelho Gonini (FFCE/Ituverava/SP)
Profª. Drª. Fátima Neves do Amaral Costa. (UNESP/Araraquara/SP)
Profª. Drª. Maria Inês Monteiro (UNICAMP/SP)
Profª. Drª. Maria Helena Salgado Bagnato (UNICAMP/SP)
Profª. Drª.. Maria Madalena Genario Leite (EEUSP/SP)
Profª. Drª. Maria Dalva de Barros Carvalho (UEM/PR)
Prof. Dr. Manoel Antonio dos Santos (FFCLRP/USP/SP)
Profª. Drª. Regina Toshie Takahahshe (EE/USP/SP)
Profª. Drª. Sandra Marisa Pelloso (UEM/PR)
Prof. Dr. Sergio Kodato (FFCLRP/USP/SP)
Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno (EERP-USP/SP)
Profª. Ms. Valéria Marta Nonato Fernandes Mokwa (UNESP/Araraquara/SP)
Ms Sabrina Corral-Mulato (EERP-USP/SP)
Ms. Sarah Tarcísia Rebelo Ferreira de Carvalho (EERP-USP/SP)
Profª. Ms. Janaina Luiza dos Santos(EERP-USP/SP)
Profª. Ms. Larissa Angélica da Silva Philbert (EERP-USP/SP)
*
As informações contidas neste livro são de inteira responsabilidade dos autores.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
COMISSÃO ORGANIZADORA
PRESIDENTA
Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno
COORDENAÇÃO GERAL
Profª Drª. Sonia Maria Villela Bueno
Secretª. Edilene Aparecida Foleto
COMISSÃO ORGANIZADORA
Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno
Profª. Ms. Caroline Clapis Garla
Ms. Gisele Coscrato
Profª. Ms. Janaina Luiza dos Santos
Assist. Social Joana Semprini
Profª. Ms. Juliana Villela Bueno
Drª. Julieta Seixas Moizés
Profª. Ms. Larissa Angélica da Silva Philbert
Prof. Ms. Pedro Pinheiro Paes
Ms. Sabrina Corral Mulato
Ms. Sarah Tarcisia R. F. de Carvalho
Profª. Ms. Valéria Marta Nonato Fernandes Mokwa
COMISSÃO CIENTÍFICA
Profª. Drª Sonia Maria Villela Bueno
Profª. Drª Camilla Soccio Martins
Profª. Ms. Caroline Clapis Garla
Profª Ms. Fátima A. Coelho Gonini
Profª. Ms. Janaina Luiza dos Santos
Profª. Ms. Juliana Villela Bueno
Drª. Julieta Seixas Moizés
Ms. Laís Mariana da Fonseca
Profª. Ms. Larissa. Angélica da Silva Philbert
Profª. Ms. Maria Elizabete Roza Pereira
Prof. Dr. Manoel Antonio dos Santos
Drª. Nathalie de Lourdes Souza Dewulf
Prof. Ms. Pedro Pinheiro Paes
Ms. Sabrina Corral Mulato
Ms. Sarah Tarcisia R. F. de Carvalho
Profª. Ms. Valéria Marta Nonato Fernandes Mokwa
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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COMISSÃO DE CULTURA E DIVULGAÇAO
Prof. Ms. André Estevam Jaques
Profª. Camila Ferreira Gomes
Profª. Drª. Camilla Soccio Martins
Profª. Ms. Caroline Clapis Garla
Profª. Drª. Cássia N. T. Ebissui
Profª. Ms. Cynthia D. F. Souza
Profª. Elaine Mara da Silva
Ms. Gisele Coscrato
Assist. Social Joana Semprini
Profª. Ms. Maria Luiza Costa
Profª. Marília F. Marques Scorzoni
Profª. Ms. Janaina Luiza dos Santos
Profª. Ms. Larissa. Angélica da Silva Philbert
Profª. Psic. Marli Nagy Teodoro
Prof. Ms. Pedro Pinheiro Paes
Ms. Sabrina Corral Mulato
Ms. Sarah Tarcisia R. F. de Carvalho
Profª. Drª. Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera
Profª. Ms. Valéria Marta Nonato Fernandes Mokwa
Profª. Ms. Vanessa Queiroz da Silva
SECRETARIA
Adriana B.B. Arantes
Edilene A. Foleto
Osmarina Thomaz
MONITORES
Adriele N. Toneti
Aline A. de A. Silva
Amanda C. A. Cruz
Ana Carolina S. Teles
Ana Eugênia Alves Bastos
Ana Paula Rodrigues Vieira
Carolina de C. Catriglini
Cíntia M. Yagui
Danila Perpétua
Daniela P. Moreira
Danielle G. M. de Oliveira
Débora L. da Silva
Dirce Marques de Moraes
Fabiana C. Zuelli
Fabiana Setti
Fabiola M. Garcia
Francine de A. Dias
Gislaine A. Baltazar
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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Henrique G. D. Viana
Isabela Moreira de Freitas
Izabel Alves das Chagas
Joice Parma Lucio
Josana Camilo
José Renato Gatto Júnior
Josilene Fioravanti dos Santos
Juliana R. de C. Leite
Karolinny Silva
Larissa B. A. Ferreia
Laura Tereciani Campoy
Letícia B. Ferracini
Mariana F. Daré
Marina H. M. do Rosário
Pamela Caroline Gil de Toledo
Rafael Braga Esteves
Regiane Marques
Robélia V. Rossi
Rogério Sicchieri
Talita Ap. dos Santos
Tatiana Mara da Silva Russo
Thais Helena Devitto Meira
Valéria D. Rezende
Vanessa C. Leite
Vanessa L. de Aragão
Vivian L. de S. Silva
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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PROGAMAÇÃO
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando Corpo e Mente
Data: 17/08/10 e 18/09/10
Local: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
INSCRIÇÃO CONTEMPLA: Conferências; Oficinas,
Certificado, Coffee Break, Coquetel, Pasta e Crachá.
Certificado será enviado por e-mail
Painéis,
Logotipo: Mokwa Studio:[email protected]
REALIZAÇÃO:
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação
Sexual: Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência.
(CAESOS - EPCH/EERP-USP)
[email protected]
CAESOS é um grupo de estudo, ensino, pesquisa e extensão. Desenvolve pesquisas
qualitativas mediatizadas pela metodologia da pesquisa-ação, fundamentadas em
Thiollent, Freire e Minayo. Os trabalhos científicos aqui desenvolvidos têm provocado
impacto social, bem como, produzindo material didático, com apoio do CNPq,
FAPESP, Ministério da Saúde e da Educação e ONU. Integra pesquisadores,
docentes, discentes (iniciação cientifica, mestrado, doutorado, etc.), além de
profissionais da Educação e da Saúde, categorizado a multi, a trans e a
interdisciplinaridade. Permeia eixos temáticos norteados pela Educação para a
Saúde, como sexualidade, DST, Aids, violência, artes/lazer e saúde mental, bem
como formação de Recursos Humanos em Saúde e em Educação. Tem parceria com
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
escolas de todos os níveis, atentando para o cotidiano escolar/acadêmico e demais
segmentos sociais, como: cadeia e penitenciária, prostituição, militares,
caminhoneiros, creches, etc. Essas experiências é que movimentam as nossas
pesquisas e as nossas ações/intervenções culminando na (re) invenção/ (re)
construção do saber/fazer e da pesquisa, na promoção de saúde física e mental, bem
como da saúde sexual e reprodutiva do ser humano. Portanto, integram no nosso
espaço social, aqueles que se interessam pelas causas da Saúde e Educação visando
a atender as clientelas que se constituem em demandas neste processo. Sendo
assim, o presente evento é uma iniciativa do CAESOS que, ao longo de seus 25 anos,
vem consolidando cada vez mais o seu intento. É registrado no Diretório do CNPq.
Então, nossos esforços alicerçam-se no investimento científico, no diálogo e na
intervenção compartilhada visando à construção individual e coletiva, potencializando
a troca de experiência em rede para a melhoria da qualidade de vida, bem como à
construção de um mundo bem melhor, para o milênio que nos encontramos.
PROGRAMAÇÃO
17/09/10 - Conferências
(Sexta-feira) 19h - 21h – Auditório II
18h às 19h
Recepção com Flauta: EMEF Nelson Machado Projeto Sopro da Vida
Credenciamento/ Inscrição
Coord.: Assist. Social Joana Semprini
Profª. Elaine da Silva
19h – Abertura - Coral Unificação e Coral do Centro Médico e UNIMED
Mestre de Cerimônia: Profª. Ms. Valéria M. N. F. Mokwa
Conferência I – Pesquisa-ação na Saúde.
Exp. Prof. Dr. Michel Jean Marie Thiollent (UFRJ)
Coord.: Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno
19h30 – Conferência II – Na Educação para a Saúde
a Aplicabilidade da Pesquisa-Ação em Sexualidade,
DST/Aids, Drogas e Violência.
Exp. Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno
20h30 – Sessão de Cinema: Preciosa
Exp. Profª. Ms. Larissa A. S. Philbert
Coord.: Profª. Drª. Vanessa D. A. Baldissera
Ms. Gisele Coscrato
Coquetel de Abertura
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Dia 18/09/10
Sessão de Pôsteres/Mostra de Cartilhas / Sessão de Autógrafos / Mostra de Serviços de
Orientação do Município
(Sábado 8h) - Corredor/CV
Credenciamento/ Inscrição
Coord.: Assist. Social Joana Semprini
8h - Sessão de Pôster
Coord.: Profª. Drª. Ana Maria Pimenta Carvalho
Prof. Ms. André E. Jaques
Ms. Sarah Tarcisia R. F. de Carvalho
Avaliadores: Profª. Drª. Ana Maria Pimenta Carvalho
Prof. Ms. André E. Jaques
Ms. Gisele Coscrato
Ms; Caroline C. Garla
Drª. Julieta S. Moizés
Ms. Laís M. da Fonseca
Ms. Sabrina Corral Mulato
Ms. Sarah Tarcisia R. F. de Carvalho
8h – Mostra de Cartilhas Educativas
Coord.: Profª. Ms. Juliana Villela Bueno
Profª. Drª Camilla Soccio Martins
8h – Manhã de Autógrafo Coord.:
Drª. Munira Penha Domingues
Profª. Priscila Penha Domingues
Ms. Caroline Clapis Garla
Profª. Ms. Larissa A. S. Philbert
Dia 18/09/10 Sessão de Painéis (Oral)
(Sábado 9h30 – 12h– Auditório II)
8h – Abertura - Coral Barão de Mauá
Mestre de Cerimônia: Profª. Ms. Valéria M. N. F. Mokwa
8h30 – 9h10
Painel I: Sexualidade e Gênero
Exps. Profª Drª Luiza Hoga (EE/USP)
Prof. Dr. Manoel Antonio dos Santos (FFCLRP/USP)
Coord.: Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno
9h10 – 9h50
Painel II: Interação Corpo e Mente
Exp. Dr. Julio César Fernandes
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(Associação Brasileira de Terapia Morfoanalítica)
Coord.: Profª. Drª. Sarah Tarcisia R. F. de Carvalho
Profª. Psic. Marli Nagy Teodoro
9h50 – 10h – INTERVALO
Dia 18/09/10 Sessão de Painéis (Oral)
(Sábado 9h30 – 12h– Auditório II)
10h -10h50
Painel III – Violência(s) contra a Mulher
Exp. Dr. Daniel Rondi (OAB)
Coord.: Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno e
Profª. Ms. Valéria M. N. F. Mokwa
10h50 -11h30
Painel IV – Violência
Exp. Prof. Dr. Sérgio Kodato (FFCLRP/USP)
Coord.: Profª. Drª. Maria Luiza Costa e
Drª. Julieta S. Moizés
11h30
Curta metragem: Crianças Invisíveis.
Exp. Profª. Ms. Larissa A. S. Philbert
Coord.: Profª. Drª. Vanessa D. A. Baldissera e
Ms. Gisele Coscrato
12h – ALMOÇO
Dia 18/09/10 - Oficinas VAGAS LIMITADAS
(Sábado 13h30 - 15h)
Oficinas I (sala 4) – Sexualidade, Corpo e Mente
Responsáveis: Profª. Ms. Valéria M. N. F. Mokwa (UNESP)
Profª. Ms. Fátima Ap. C. Gonini (UNESP)
Coord.: Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno
Oficina II (sala 5) – Valorizando Corpo e Mente
Responsável: Dr. Julio César Fernandes (ABTM)
Coord.: Ms. Sarah Tarcisia R. F. de Carvalho
Profª. Psic. Marli Nagy Teodoro
Oficina III (sala 6) – Álcool e Drogas
Responsável: Enf. Paulo Ferreira
Coord.: Prof.ª Ms. Vanessa Q. da Silva
Prof. Ms. André E. Jaques
Oficina IV (sala 7) – Violência, Sexo e Drogas
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Responsável: Profª. Elaine da Silva
Coord.: Ms. Sabrina Corral Mulato e
Drª. Julieta Seixas Moizés
Oficina V (sala 8) – O Lúdico e o Material Didático
Responsáveis: Profª. Marília F. M. Scorzoni e
Profª. Camila F. Gomes
Coord.: Profª. Ms. Larissa A. S. Philbert
15h -15h15 – INTERVALO
Dia 18/09/10 - Workshop
(Sábado 15h15 – 16h30) Auditório II
15h15 - Vivenciando conflito e afetividade a partir da força interna na relação professor
aluno
Responsável: Profª. Drª. Maria de Fátima P. Fernandes (EEUSP/SP)
Coord.: Profª. Ms. Valéria M. N. F. Mokwa
INSCRIÇÃO
A ficha de inscrição está disponível no site da EERP/USP e deverá ser preenchida
indivualmente e enviada para [email protected] juntamente com os comprovantes
digitalizados de depósito e dos documentos comprobatórios de alunos (graduação/pósgraduação). Haverá certificado de participação para os inscritos no evento.
O uso do crachá é obrigatório durante todo o evento.
NORMAS PARA SUBMISSÃO DE TRABALHOS RELACIONADOS AO
CONGRESSO OU TEMA LIVRE
ENVIAR ATÉ 13/09/10
Cada autor poderá inscrever até 03 resumos ou 03 trabalhos na íntegra, encaminhando-os para
o e-mail: [email protected], juntamente com o comprovante da inscrição do evento
(solicitado no ítem inscrição).
Resumo Expandido: deverá conter o nome dos autores com identificação: formação,
instituição de ensino e e-mail. 600 a 800 palavras, espaço simples, letra Times New Roman
12. Título (negrito em caixa alta); nome completo do(s) autor(es) abaixo do título a direita
(em negrito e caixa baixa), seguidos da instituição, e-mail. Deve conter introdução, objetivo,
metodologia, resultado e conclusão. Colocar até 3 referências e 3 palavras-chave. Esses serão
submentidos a apreciação da comissão científica para análise e possível aceite. O resultado
será divulgado no site da EERP/USP ou por e-mail: [email protected]
OBS.: No mínimo 1 (um) dos autores de cada trabalho deverá estar inscrito no congresso.
Enviar os trabalhos inscritos no congresso para o e-mail: [email protected]
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Trabalho na Íntegra: deverá conter o nome dos autores com identificação: formação,
instituição de ensino e e-mail. Introdução, Objetivos, Metodologia, Referencial Teórico ou
Revisão Bibliográfica, Resultados, Considerações ou Conclusões e Referências Bibliográficas
(ABNT). Trabalho de 10 a 15 páginas. Título (negrito em caixa alta); nome completo do(s)
autor(es) abaixo do título a direita (em negrito e caixa baixa), em horizontal; seguidos da
instituição, e-mail. Letra Times New Roman 12. Espaçamento 1,5. No mínimo 1 (um) dos
autores de cada trabalho deverá estar inscrito no congresso. Esses serão submentidos a
apreciação da comissão científica para análise e possível aceite. O resultado será divulgado no
site da EERP/USP ou por e-mail. Enviar uma cópia impressa por correio para Escola de
Enfermagem Ribeirão Preto USP depto EPCH A/C: Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno.
Avenida Bandeirantes 3900, CEP: 14040-902. Ribeirão Preto/SP e também por e-mail para:
[email protected].
RESUMO EXPANDIDO E/OU TRABALHO NA
ÍNTEGRA SERÃO SOMENTE APRESENTADOS NA MODALIDADE PÔSTER
É obrigatória a presença de um dos autores do trabalho como apresentador no local, bem
como, a inscrição do mesmo no evento e uso do crachá de identificação.
Será emitido apenas um certificado para cada trabalho apresentado, porém, com o nome de
todos os autores.
O pôster terá medida de 90 cm por 1,0m. Modelo no site: http://www.eerp.usp.br/
Os resumos espandidos e trabalhos na íntegra aceitos serão publicados nos anais (com
ISBN) do evento on-line. Disponível no site: http://www.eerp.usp.br/
VALORES DA INSCRIÇÃO E FORMA DE PAGAMENTO
Data
Até 03/9
04/9 a 16/9
Local
Estud. grad.
R$15,00
R$20,00
R$30,00
Estud. Pós
R$30,00
R$40,00
R$50,00
Profissionais
R$50,00
R$ 80,00
R$100,00
DEPÓSITO: NOSSA CAIXA / BANCO DO BRASIL
AG: 6954-X e Conta Poupança: 10017848-0 Variação: 1
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APOIO E PATROCÍNIO:
CÂMARA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO
SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE
APOIO: Depto. de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas/EERP-USP
Realização: GRUPOS CAESOS
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Conferências e
Oficinas
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OFICINA V: O LÚDICO E O MATERIAL DIDÁTICO
Professores responsáveis: Profª. Esp. Marília Ferranti Marques Scorzoni
Profª. Esp. Camila Ferreira Gomes
Proposta da oficina:
•
•
•
•
Promover situações de aprendizagem a partir de uma perspectiva lúdica cuja
metodologia prima pela ação espontânea, criativa e autônoma dos sujeitos aprendizes.
Oferecer o espaço lúdico e momentos de vivência para a importância no brincar e suas
expressões;
Valorizar as percepções do indivíduo, proporcionando situações em que o mesmo
tenha a possibilidade de observação, exploração e indagação com as atividades
apresentadas;
Confeccionar material didático a partir de materiais diversos (sucatas, tintas, papéis,
TNT, EVA) proporcionando aos participantes refletir, através da prática, sobre a
importância do lúdico para o desenvolvimento humano e para a educação.
Atividades:
Para a atividade proposta será utilizado o livro: A vida se renova. Autor: Jótah
Esse livro conta a história do nascimento de um pássaro, que certo dia, voando, encontra
uma parceira, no mesmo momento que acontece um casamento. Os pássaros se apaixonam, e
passam a testemunhar atos de comunhão, como: amor, o nascimento, a solidariedade e a
compreensão. O texto sugere a idéia de continuidade da família e aborda aspectos como o amor,
pelo ponto de vista da espiritualidade e da sexualidade. A história é contada sem texto, através de
seqüências e movimentos que lembram as técnicas utilizadas na produção de desenhos.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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Título: Menina Bonita do Laço de Fita Autora: Ana Maria Machado
Esse livro aborda a história de um coelho que queria ser igualzinho à Menina bonita do laço
de fita. Ele gostava da cor da menina e em todo o decorrer da história ele ficava fazendo de
tudo para ser pretinho como ela. O texto sugere a ideia de questões sobre o preconceito de
gênero/ sexismo, racial/ étnico, abordando as diferenças entre as pessoas, valorizando os
sentimentos e as pequenas atitudes que cada um traz consigo.
A partir da leitura dos livros pelo grupo, que criará sua própria história a partir das
ilustrações, as professoras irão propor algumas reflexões:
Como os papéis em nossa sociedade, são geralmente atribuídos aos homens e às
mulheres.
O que os alunos compreendem por direitos iguais.
Desmistificar certos estereótipos com relação às brincadeiras, às roupas etc;
mostrando que homens e mulheres podem ter gostos, preferências e sentimentos bem
parecidos.
Analisar com os alunos esses seres vivos, principalmente o ser humano. Nos dias
atuais existe diálogo entre pais e filhos, o professor deverá fazer um paralelo com
outras épocas, quando a situação era bem diversa e o assunto “sexo” era cercado de
tabus.
A disseminação entre os jovens de doenças sexualmente transmissíveis.
Aumento da gravidez precoce.
Discriminação.
A importância do diálogo com a família.
O papel da escola como espaço de diálogo e de interatividade, em parceria com a
família e com outras instituições sociais.
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Desenvolvimento:
Os participantes serão divididos em dois grupos. O primeiro grupo ficará responsável por
confeccionar uma casa ou uma boneca com sucatas ( caixas, botões, cola, etc) As professoras
irão orientar a atividade.
O segundo grupo ficará responsável por confeccionar os personagens da história que criaram.
(homem, mulher, mãe, pai, filhos). Os dois grupos irão se juntar e montar o cenário da sua
criação.
Desse modo, esperamos atingir os objetivos e contribuir para a formação dos profissionais,
ampliando assim as possibilidades cognitivas da criança e os eixos temáticos ligados à
formação da cidadania.
Duração: 1hora e 20 minutos.
Encerramento: Auto-avaliação e participação contínua dos envolvidos.
O processo de avaliação depende de como o professor, o aluno e os pais percebem o mundo e
de como utilizam este ou aquele modelo didático.
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Resumos
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
SUMÁRIO – Temáticas apresentadas no Congresso
1. VIOLÊNCIA NA ESCOLA: UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA
Aline Nayara Aparecida Gonçalves; Maria Salete Zufelato Vencel
2. TRANSEXUALIDADE E CIRURGIA
EXPLORANDO AS QUESTÕES DE SAÚDE
Rafael Alves Galli; Manoel Antônio dos Santos
DE
REDESIGNAÇÃO
SEXUAL:
3. DESCONFORTOS FÍSICOS DECORRENTES DOS TRATAMENTOS PARA O
CÂNCER DE MAMA: IMPACTO SOBRE A SEXUALIDADE
Vanessa Monteiro Cesnik; Manoel Antônio dos Santos
4. QUAIS OS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A RETOMADA DA VIDA
SEXUAL DA MULHER MASTECTOMIZADA?
Vanessa Monteiro Cesnik; Manoel Antônio dos Santos
5. BULLYING E A INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM
Elizângela Mara Sikóra; Dario Renan Pegoraro
6. REFLEXÕES SOBRE SEXUALIDADE INFANTIL: DO DESENVOLVIMENTO
HUMANO À PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO SEXUAL
Marília Ferranti Marques Scorzoni; Camila Ferreira Gomes; Sonia Maria Villela Bueno
7. RELAÇÃO ENTRE EXPERIÊNCIAS AFETIVO-SEXUAIS E TRANSTORNOS
ALIMENTARES
Carolina Leônidas; Ana Luisa Carvalho Guimarães; Manoel Antônio dos Santos
8. EDUCAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA: VARIÁVEIS NA INICIAÇÃO DA
ATIVIDADE SEXUAL
Camila Ferreira Gomes; Marília Ferranti Marques Scorzoni; Sonia Maria Villela Bueno
9. EDUCAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA: REVISÃO DA LITERATURA
CIENTÍFICA
Laiz Elena Ribeiro; Aline Fernandes da Costa; Juliana Cristina dos Santos Monteiro
10. A AVALIAÇÃO DE UM PROGRAMA DE INCLUSÃO SOCIAL DE
ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE NUMA ESCOLA
MUNICIPAL EM UBERLÂNDIA, MINAS GERAIS
Flávia Carvalho Malta Mello
11. IDENTIFICAÇÃO DA REDE SOCIAL SIGNIFICATIVA DE MULHERES
PORTADORAS DE HIV/AIDS
Juliana Vieira von Zuben; Carla Guanaes Lorenzi; Maria Rosa Rodrigues Rissi
12. ASSÉDIO MORAL NA ENFERMAGEM: CONSEQUÊNCIAS PSÍQUICAS
Sonia Maria Villela Bueno; Munira Penha Domingues; Priscila Penha Domingues
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
18
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
13. AMAMENTAÇÃO E SEXUALIDADE: REVISÃO INTEGRATIVA DA
LITERATURA
Driéli Pacheco Rodrigues; Helena Sarno Soares Oliveira; Juliana Cristina dos Santos
Monteiro
14. A VIOLÊNCIA EM FORMA DE BULLYING NAS AULAS DE EDUCAÇÃO
FÍSICA
Fernando Gomes Silva; Erika do Carmo Bertazone
15. EXPLORANDO ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO AFETIVO-SEXUAL EM
TRÊS GERAÇÕES DA FAMÍLIA DE UMA JOVEM COM ANOREXIA NERVOSA
Élide Dezoti Valdanha; Manoel Antônio dos Santos
16. A HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM FRENTE À
SEXUALIDADE HUMANA
Gisele Coscrato; Sonia Maria Villela Bueno
17. O CUIDADO ESPIRITUAL NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: RELAÇÃO
POSSÍVEL NA HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE
Gisele Coscrato; Sonia Maria Villela Bueno
18. IDENTIFICAÇÃO DE UNIVERSITÁRIOS COM RISCO PARA PROBLEMAS
RELACIONADOS AO USO DE ÁLCOOL EM UMA UNIVERSIDADE DO
INTERIOR DE MINAS GERAIS
Sônia Maria Alves de Paiva; Keila Maria Araújo; André Luís Masieiro; Angélica Reis
Miguel; Gabriel Bartolomeu; Thaís Dipe
19. POLÍTICAS PÚBLICAS E DIREITOS VOLTADOS PARA A GRAVIDEZ NA
ADOLESCÊNCIA
Iara Falleiros Braga; Marta Angélica Iossi Silva; Ana Márcia Spanó Nakano
20. PERCEPÇÃO SOBRE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS POR
MULHERES USUÁRIAS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
Letícia Vicentim Finencio; Natália Priolli Jora; Sandra Cristina Pillon
21. HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE
AMBULATORIAL DE PORTADORES DE HIV/AIDS
Aline Cristina de Faria; Sandra Aparecida Emidio Antonio; Cássia Tiemi Nagasawa Ebisui
22. OFICINA TERAPÊUTICA - UMA FORMA DE INTERVENÇÃO COM
PACIENTES DEPENDENTES QUÍMICOS?
Ariana Penha Meirelles
23. ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: EXPLORANDO A
LITERATURA CIENTÍFICA
Wilson Gomes de Ascenção; Adriana Tomaz de Aquino; Neuri Carlos Dornelas; Camilla
Soccio Martins
24. A DINÂMICA DA VIOLÊNCIA ESCOLAR E BULLYING
Karina Nery Tagliaferro; Camilla Soccio Martins
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
19
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
25. LITERATURA CIENTÍFICA ACERCA DO ABORTO PROVOCADO:
NECESSIDADE, CULPA OU PECADO?
Márcia Magri da Silva; Letícia Farias Capel; Tatiane de Souza Venturini; Camilla Soccio
Martins
26. EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM DSTs E ORIENTAÇÃO SEXUAL
Letícia Farias Capel; Márcia Magri da Silva; Tatiane de Souza Venturini; Camilla Soccio
Martins
27. MAUS TRATOS NA TERCEIRA IDADE: ESTUDOS CIENTÍFICOS RECENTES
Nayara Sibhorini Tanesi; Ana Cristina Rosa; Juliana Rodrigues Bruzo; Silbene Soares de
Godoy; Polyana Gouveia R. T. Ramos; Camilla Soccio Martins
28. CARACTERIZAÇÃO DO USO DA MACONHA ENTRE ADOLESCENTES:
PESQUISAS ATUAIS E DISCUSSÕES
José Reinaldo Stuchi; Priscila Peppinelli Barreto; Camilla Soccio Martins
29. ADOLESCENTES GRÁVIDAS: REFLEXÕES E IMPACTO FAMILIAR
Naiara Fabiana Vieira; Aline Formigoni; Vanessa de Souza Silva; Edna Malheiro Neves
Monaro; Alessandro Lauschner; Camilla Soccio Martins
30. PRÁTICAS SEXUAIS, OPINIÕES E ATITUDES: TENDÊNCIAS DA
LITERATURA CIENTÍFICA
Fabíola Miranda; Isabela de Souza Morais; Mônica da Silva Oliveira; Natália Antuélica
Valente Collar; Camilla Soccio Martins
31. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: CONTRIBUIÇÕES E LIMITAÇÕES DA
LITERATURA CIENTÍFICA
Anieli Guindani Sereni; Camila da Silva Neves; Camilla Soccio Martins
32. CONCEPÇÕES DE SEXUALIDADE FEMININA: PESQUISAS NO ÂMBITO
NACIONAL
Fabíola Miranda; Isabela de Souza Morais; Mônica da Silva Oliveira; Natália Antuélica
Valente Collar; Camilla Soccio Martins
33. O PARADIGMA DA SEXUALIDADE NA PARAPLEGIA
Marcelo Rodrigues de Souza; Noelly Ferreira Honostório; Camilla Soccio Martins
34. DEPENDÊNCIA QUÍMICA DO CRACK: REVISÃO DA PRODUÇÃO
CIENTÍFICA NACIONAL
Simone Camargo Tescari; Ellen Carla Boaventura; Suelen Cristina Tesoni; Camilla Soccio
Martins
35. ABORTO E ADOLESCÊNCIA: A PROBLEMÁTICA SOB A ÓTICA DA
LITERATURA CIENTÍFICA
Verônica Machado Marques de Oliveira; Marli Santos Oliveira Ramires; Tatiane Cristina
Almeida Santos; Viviane Guthierres Victorino; Camilla Soccio Martins
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
20
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
36. TRANSTORNO DO SONO E QUALIDADE DE VIDA: UMA REVISÃO
Vanessa Aparecida Maziero Santana; Ludmila Rodrigues de Sá; Daniela Massuia; Loiane
Viscardi de Matos; Camilla Soccio Martins
37. CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE NEGLIGÊNCIA E
ABANDONO
Neuri Carlos Dornelas; Adriana Tomas de Aquino; Wilson Gomes de Ascensão; Camilla
Soccio Martins
38. PRODUÇÃO CIENTÍFICA ACERCA DOS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS NA
ADOLESCÊNCIA: DESAFIOS PARA O PROFISSIONAL DE SAÚDE
Cathia Moraes Vicentim; Patrícia Cerqueira Leite; Luciana Ribeiro Rodrigues; Luzia
Bernadete Laurenti; Camilla Soccio Martins
39. EDUCAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA
Enos de Cristo Alves Brito; Natália Rezende Domingos; Thaís Cristina A. Souza; Camilla
Soccio Martins
40. ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE HEPATITE B: TENDÊNCIAS
INVESTIGATIVAS
Jéssica Tibaldi Busto; Lilian Naves Ferreira; Camilla Soccio Martins
41. PROSTITUIÇÃO INFANTIL E EXPLORAÇÃO SEXUAL: ANÁLISE CRÍTICA
DA LITERATURA CIENTÍFICA
Jéssica Tibaldi Busto; Larissa Inglids Montezino; Camilla Soccio Martins
42. PROPOSTA DE UM PROGRAMA PARA FAMILIAS DE ADOLESCENTES QUE
FAZEM USO DE DROGAS
Mayra Martins; Bruna Grigolli; Sandra Pillon; Sonia Maria Villela Bueno
43. GRUPOS DE ADESÃO COM PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS EM UM
AMBULATÓRIO DE UM HOSPITAL-ESCOLA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Kátia Rodrigues Martins, Maria Rosa Rodrigues Rissi, Lícia Barcelos e Marco Antonio C.
Figueredo
44. CONHECIMENTO PARA PREVENÇÃO: OFICINAS COM ADOLESCENTES
SOBRE A TEMÁTICA DO USO DAS DROGAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS
Rutinéia de Fátima Micheletto; Márcia Mendes Ruiz Cantano; Regina Célia Garcia de
Andrade
45. FORMAÇÃO DE FARMACÊUTICOS PARA A PROMOÇÃO EM SAÚDE SOBRE
SEXUALIDADE
Rutinéia de Fátima Micheletto; Márcia Mendes Ruiz Cantano; Regina Célia Garcia de
Andrade
46. A COMPREENSÃO DE ALUNOS E PROFESSORES DE ENSINO
FUNDAMENTAL SOBRE EDUCAÇÃO SEXUAL, SEXUALIDADE E SEXO NA
ESCOLA
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
21
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Julieta Seixas Moizés; Sonia Maria Villela Bueno; Manoel dos Santos
47. PROMOÇÃO DE SAÚDE SEXUAL EM ADOLESCENTES: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA DE INTERVENÇÃO EM UMA ESCOLA DE ENSINO
FUNDAMENTAL
Fernanda de Sousa Vieira; Rosária Fernanda Magrin Saullo; Nadir Lara Jr
48. O TRABALHO COM AS PROFISSIONAIS DO SEXO: CONTRAPONDO
TRADIÇÕES DE EXCLUSÃO E INCLUSÃO NO TRABALHO DO PSICÓLOGO
Fernanda de Sousa Vieira; Lucas Fernandes; Ana Carolina de Oliveira Gonçalves; Luciano
Henrique da Silva Ribeiro do Vale; Roberta Cury de Paula; Márcia Campos Zuardi; Dário
Teófilo Schezzi; Ana Paula Leivar Brancaleoni
49. MENINA, TUDO MUDA QUANDO TE TORNAS MULHER: OS TRANSTORNOS
ALIMENTARES E O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO
Fernanda de Sousa Vieira; Fernanda Kimie Tavares Mishima; Maria Lucimar Fortes Paiva
50. O PORTADOR DO VIRUS HIV NO ATENDIMENTO PSICOLÓGICO: O SUTIL
RECONSTRUIR DE SIGNIFICAÇÕES PARA TERAPEUTA E CLIENTE.
Rosaria Fernanda Magrin Saullo; Manoel Antonio dos Santos
51. AGRESSIVIDADE E VIOLÊNCIA PARA O PRIMEIRO ANO DE VIDA: UMA
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Rosaria F. M. Saullo; Kátia de Souza Amorim
52. TRATAMENTO DA AIDS: ORIENTAÇÕES E MEDIDAS SIMPLES PARA SEU
SUCESSO
Samira Costa de Faria; Roberta Seron Sanches; Mirela Barbalho Benedicto; Mayara Vianna
Caetano; Carla Maria Seconi Momenti; Samantha Perissotto; Ana Paula Morais Fernandes
53. PERFIL DAS GESTANTES INFECTADAS PELO HIV-1
Camila de Almeida Agustoni; Samira Costa de Faria; Roberta Seron Sanches; Francielly
Maiara da Penna Matos; Mirela Barbalho Benedicto; Carolina Meneguetti; Ana Paula Moraes
Fernandes
54. SUPLEMENTAÇÃO DE MICRONUTRIENTES EM PACIENTES HIV EM USO
DA TERAPIA ANTI – RETROVIRAL (TARV)
Juliana Lopes Filomeno;Thais de Cassia Furquim Anhezini; Mariele Castilho Pansani;
Anderson Rodrigues Freitas
55. PERFIL DE CRIANÇAS VERTICALMENTE INFECTADAS PELO HIV-1
Roberta Seron Sanches; Francielly Maiara da Penna Matos; Carolina Meneguetti; Camila de
Almeida Agustoni; Samantha Perissotto; Amanda Silva e Sá; Ana Paula Morais Fernandes
56.
MOBBING,
ASSÉDIO
MORAL:
BIOPSICOSSOCIAL DO INDIVÍDUO
Valéria Marta Nonato Fernandes Mokwa
IMPLICAÇÕES
NA
SAÚDE
57. O IDOSO E A SEXUALIDADE NA CONTEMPORANEIDADE
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
22
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Cynthia Daniela Figueiredo de Souza; Sonia Maria Villela Bueno
58. O PAPEL DA FAMÍLIA NO CUIDADO DA PESSOA PORTADORA DE
HIV/AIDS
Bruna Fontanelli Grigolli Pérsico; Mayra Martins
59. REFLEXÕES SOBRE O PERFIL DO IDOSO PORTADOR DE HIV/AIDS
Bruna Fontanelli Grigolli Pérsico; Mayra Martins
60. VINCULOS FAMILIARES FORTES COMO FATOR DE PROTEÇÃO PARA O
USO DE DROGAS ENTRE OS ADOLESCENTES
Mayra Martins; Sandra Pillon; Manoel Antonio dos Santos
61. O USO DE DROGAS ENTRE OS ADOLESCENTES INFRATORES
Mayra Martins; Sandra Pillon; Manoel Antonio dos Santos
62. OS CONCEITOS TÉORICOS DA PEDAGOGIA PROBLEMATIZADORA DE
PAULO FREIRE, DA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE E DA TEORIA DA
REPRESENTAÇÃO SOCIAL COMO BASES ESTRUTURANTES PARA O
TRABALHO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE SEXUAL
André Estevam Jaques; Sonia Maria Villela Bueno; Amanda Batista Santarosa
63. MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA: OS SIGNIFICADOS QUE
ATRIBUEM AO SUPORTE E APOIO RECEBIDO NO SEU CONTEXTO SOCIAL E
DE SAÚDE
Ana Paula R. Vieira; Ana Márcia S. Nakano; Angelina Lettiere
64. QUALIDADE DE VIDA DE PESSOAS QUE VIVEM COM HIV/AIDS
Wlaldemir Roberto dos Santos; Pedro Pinheiro Paes; Ana Paula Morais Fernandes; Anderson
Marliere Navarro; André Pereira Dos Santos; Carla Maria Seconi Momenti; Dalmo Roberto
Lopes Machado; Sonia Maria Villela Bueno
65. A FORMAÇÃO DOCENTE E A SEXUALIDADE INFANTIL
Joice Daniela Jamaites Alves; Rita de Cássia Petrenas
66. A MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA NO CICLO GRAVÍDICOPUERPERAL: uma revisão de literatura
Thais Helena Devitto Meira, Profª. Dra. Juliana Stefanello
67. O SIGNIFICADO DE SER HOMEM NA PERSPECTIVA DA EQUIPE DE SAÚDE
DA FAMÍLIA
Vanessa Luzia Queiroz Silva; Sonia Maria Villela Bueno; Olívia Cristina Lopes
68. O OTIMISMO E O USO DE DROGAS NA FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO
Marcos Hirata Soares; Margarita Antonia Villar Luís; Clarissa Mendonça Corradi-Webster;
Júlia Trevisan Martins; Andréia Gonçalves Pestana Hirata
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
23
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
1. VIOLÊNCIA NA ESCOLA: UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA
Aline Nayara Aparecida Gonçalves
Pedagogia- ASSER- Porto Ferreira-SP
E-mail: [email protected]
Maria Salete Zufelato Vencel
Pedagogia- ASSER- Porto Ferreira-SP
E-mail: [email protected]
Introdução: O ensino surgiu através da educação indígena, porém esta não era transmitida
pela escola e sim de pessoa para pessoa. Com o passar do tempo, a educação sofreu profundas
modificações até que, em 1931, surgiu o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova
estabelecendo idéias de uma educação fundamentada no trabalho, efetivamente de dever do
Estado, laica, gratuita, obrigatória, onde o professor deveria conhecer o educando, respeitando
seu desenvolvimento. Porém, a igreja e a elite conseguiram interrompê-los, promovendo o
direito à educação para todos. Assim, a educação deve caminhar para uma evolução contínua,
através da cultura e da própria educação. No entanto, há uma discussão sobre o fato existente
nas escolas de hoje, a violência escolar. A escola é a continuidade do processo de socialização
iniciado pela família, mas seu papel está tomando proporções distorcidas, havendo confusão
de objetivos, uma vez que, na atualidade, a família não cumpra o seu papel. A grande
preocupação é como sanar o problema da violência. Afinal, o que leva uma criança a
desenvolver comportamentos de violência? O que o educador e a escola podem fazer para
minimizar esses acontecimentos? O comportamento violento se dá através da dificuldade de
se relacionar com o próximo, respeitando suas opiniões e decisões, estabelecendo limites, pois
às vezes estes limites não foram construídos pela família (TOMAZI, 1997). Além disso,
existe o fato de que as crianças são influenciadas pela tecnologia e pelos meios de
comunicação. É preciso que a família fique atenta ao tipo de educação que está sendo
transmitida aos filhos, pois é através dessas normas e valores que se desenvolve a cultura e o
comportamento da criança. A escola pode auxiliar na criação de projetos junto aos pais e à
comunidade, transformando a cultura e o meio em que se inserem, proporcionando ao
educando momentos de lazer, segurança e educação ao mesmo tempo.
Objetivos: Este trabalho pretende diagnosticar qual é o papel da família na educação, além de
observar a violência no contexto escolar.
Metodologia: Através de análises bibliográficas e de observações do cotidiano escolar, serão
verificados processos e técnicas utilizados diante de uma situação de violência entre alunos e
entre alunos e funcionários da escola.
Resultados: A educação escolar foi marcada, em grande parte, pelo autoritarismo, com a
chegada da burguesia. A relação entre professor-aluno ocorria de forma violenta; os alunos
pobres eram classificados como sujos e maltrapilhos; seus pais eram considerados
analfabetos. Os alunos eram castigados fisicamente ou expostos ao ridículo. Assim,
considera-se que a educação e a escola passaram por grandes transformações e mudanças até
chegar ao que é hoje. Nota-se também que a violência existente na atualidade tem raízes na
história. O controle da agressividade ocorre através da cultura e da vida social do ser humano;
a sociedade é capaz de criar vínculos e conduzir o indivíduo a vários caminhos, levando-o à
produções positivas como a arte e o esporte, ou quando as condições de vida são precárias, a
roubar para comer ou a auto-destruição no uso de drogas e alcoolismo. Isso é observado
diariamente nas escolas.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
24
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Considerações: Para a maioria das crianças, estudar é algo que se faz à força, contra a
vontade. Atualmente, vivenciamos momentos onde é necessário que a escola defenda-se do
pequeno estudante. É preciso resgatar na criança a emoção, a afetividade e o respeito,
mostrando que nos pequenos atos é que nos tornamos cidadãos. Com isso, a família e a escola
precisam construir um ambiente acolhedor e de confiança, preocupando-se não só com o
aluno, mas com a pessoa que é o aluno. Atualmente, professores e alunos vivenciam várias
formas de violência como o desrespeito, a agressividade e o “bullying”. Contudo, a escola
passa a ser um ambiente de orientação e prevenção para o não exercício da violência
(GONÇALVES et al., 2005). No entanto, mesmo sabendo que a escola precisa educar a
criança como um todo, não é correto que ela ocupe o lugar da família em sua formação. As
causas da violência são inúmeras e educar crianças é uma tarefa difícil que requer trabalho,
mas o que vale é tentar, ter equilíbrio e consenso entre os pais para que na educação da
criança não ocorra falha de dupla comunicação.
Palavras-chave: escola; família; violência.
Referências
GONÇALVES, Maria Augusta Salin; PIOVESAN, Orene Maria; LINK, Andrisa; PRESTES,
Lusiana F. e LISBOA, Joiciana G. Caderno de Pesquisa Fundação Carlos Chagas, vol. 35,
nº 126, set/dez 2005, pág. 635-658.
TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia da Educação. 1ª edição, São Paulo-SP. Editora Atual
(Grupo Saraiva), 1997, pág. 32-108.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
25
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
2.
TRANSEXUALIDADE
E
CIRURGIA
DE
REDESIGNAÇÃO
SEXUAL:
EXPLORANDO AS QUESTÕES DE SAÚDE
Rafael Alves Galli
Faculdade de Filosofia,Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP-USP
E-mail: [email protected]
Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP-USP
E-mail: [email protected]
Introdução: O/A transexual é um indivíduo que, anatomicamente, pertence a um sexo, mas
acredita pertencer ao sexo oposto (Alcântara, 2002). Algumas definições incluem ainda a
questão da cirurgia de redesignação sexual como um desejo inerente a todos/as os/as
transexuias (Benjamin, 1966). Do ponto de vista histórico, os precursores da cirurgia surgiram
já na Roma antiga, durante a época dos grandes imperadores. Mas somente na primeira
metade do século XX, em 1921, Feliz Abraham realizou a primeira cirurgia documentada
(Arán, 2006). No Brasil, somente em 1997 o Conselho Federal de Medicina regulamentou a
prática da cirurgia de redesignação, restringindo-a a hospitais universitários ou públicos
adequados à pesquisa (Vieira, 2000). Em 2002, nova diretriz foi estabelecida por meio da
Resolução 1652, que autoriza os médicos a realizarem o tratamento cirúrgico após um período
de dois anos, período no qual o paciente conta com acompanhamento de equipe
multidisciplinar (Assis, 2004). Em 2008, houve um avanço na questão legal da cirurgia com
uma portaria do Ministério da Saúde (portaria nº 1707) e outra da Secretária de Atenção à
Saúde (portaria nº 457), que instituem, respectivamente, o processo transexualizador no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e a regulamentação de tal processo (Brasil, 2008).
Contudo, ainda é muito difícil para os transexuais conseguirem fazer valerem seus direitos.
Um aspecto que dificulta o acesso pleno aos direitos de cidadania é a visão patologizante que
a medicina – e até alguns setores da psicologia – ainda mantêm em relação à pessoa
transexual. Para a comunidade LGBT e, em especial, para os/as transexuais, a busca do
reconhecimento de seus direitos em geral é um percurso acidentado em uma estrada tortuosa e
repleta de percalços. Contudo, elas e eles parecem estar cada vez mais dispostos a lutar por
seus direitos e têm acumulado algumas vitórias, conseguindo aos poucos realizar diversas
redesignações em suas vidas.
Objetivo: O presente estudo propõe-se a refletir acerca dos sentidos produzidos por uma
transexual feminina em relação à cirurgia, buscando destacar suas concepções acerca das
mudanças que a redesignação acarreta na vida, assim como as dificuldades e dilemas
enfrentados ao percorrer os meandros da saúde pública do Brasil.
Metodologia: A pesquisa tem um enfoque metodológico qualitativo e a teoria queer como
seu referencial teórico. Os dados foram colhidos mediante a aplicação individual de entrevista
aberta na modalidade história de vida temática. A colaboradora foi uma transexual feminina
de 54 anos. A entrevista foi realizada em situação face a face e audiogravada mediante
consentimento da participante. Também foi utilizado diário de campo para anotações do
pesquisador. A entrevista foi transcrita na íntegra e literalmente, constituindo o corpus de
análise. O material transcrito foi submetido à análise de conteúdo temática.
Resultado: Marcela é uma comerciante de 54 anos, separada, com ensino superior completo.
Relata que decidiu por realizar a cirurgia na Tailândia pelo fato de lá a técnica cirúrgica ser
mais avançada e os riscos, menores. Segundo a colaboradora, os profissionais de saúde do
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
26
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Brasil não buscam aprender as técnicas utilizadas no exterior (“lá fora”) para a realização
deste procedimento. Além disso, ela argumenta que o profissional de saúde em geral não está
preparado para assistir a pessoa transexual dentro de suas necessidades. Em contraponto, ela
tece elogios aos profissionais que estiveram envolvidos na realização de sua cirurgia no país
estrangeiro. Ela aponta que os custos para a realização do procedimento é vultoso, mas que os
benefícios fazem com que valha a pena o alto investimento financeiro. O momento narrado
por ela como o mais feliz de sua vida foi o pós-cirúrgico, no qual ela “pode se olhar como
uma mulher por inteiro”. Por meio de sua narrativa, podemos notar que, durante a
reconstrução de seu corpo, Marcela brinca com as normas de gênero, ora buscando reproduzilas com a absorção do feminino e ora desestabilizando-as, quando tem que assumir
novamente o papel masculino por conta dos dois filhos que possui, frutos de um casamento
com uma mulher, que durou 24 anos. Com isso, seu corpo acaba por se tornar um transcorpo,
isto é, um corpo que se cria a partir de um ato performático e que ultrapassa as barreiras
normativas e se transforma de uma maneira constante. O discurso médico-científico acaba por
colocar esse transcorpo em uma posição estática, trazendo como barreira final para a sua
realização a cirurgia de redesignação. Adicionado a isso prevalece uma visão de que a
transexualidade é um distúrbio que teria como tratamento o processo transexualizador. Além
disso, as políticas públicas de saúde voltadas aos transexuais são incipientes, em decorrência
do fato de a transexualidade não ser assumida como pauta da agenda da saúde pública.
Por meio do caso apresentado, podemos notar que os serviços de saúde têm de buscar uma
melhor adequação para o atendimento das necessidades da população LGBT, em especial do
segmento trans, tratando, primariamente, o ser humano ao invés de sua suposta doença ou
diagnóstico.
Considerações: Foi possível perceber que a cirurgia traz reais benefícios para quem a realiza,
mas é um procedimento dispendioso e que impõe obstáculos que precisarão ser transpostos,
como o elevado custo econômico, a falta de preparo dos profissionais e de serviços
especializados. Uma barreira adicional é o estigma que paira sobre a pessoa transexual, que
está amplamente difundido em nossa cultura e se dissemina pelos serviços de saúde. É
essencial que busquemos paramentar a saúde pública com ferramentas para que os
profissionais possam auxiliar os/as transexuais a alcançarem seu objetivo, dentro de suas
próprias especificidades, para que a busca de recursos no exterior deixe de ser vista como
mais vantajosa do que os serviços locais.
Palavras-chave: Transexualidade, Redesignação Sexual, Saúde Pública
Referências
ARÁN, Marcia. A transexualidade e a gramática normativa do sistema sexo-gênero. Agora.
Rio de Janeiro - RJ, v. 9, n. 1, pp. 49-63, 2006.
BENJAMIN, Harry. The transexual phenomena. New York, NY: Julian Press, 1966.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.707, de 18 de Agosto de 2008. Institui, no âmbito
do Sistema Único de Saúde (SUS), o Processo Transexualizador, a ser implantado nas
unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão. 2008.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
3.
DESCONFORTOS FÍSICOS DECORRENTES DOS TRATAMENTOS PARA O
CÂNCER DE MAMA: IMPACTO SOBRE A SEXUALIDADE
Vanessa Monteiro Cesnik
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP
E-mail: [email protected]
Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: O câncer de mama é, provavelmente, o tipo de tumor que mais amedronta as
mulheres, tanto por sua alta prevalência, como por seus efeitos psicológicos e físicos. O
momento do diagnóstico é considerado o evento mais estressante de todos os vivenciados
pelas mulheres acometidas e seu impacto está relacionado à insegurança e incerteza quanto ao
tratamento e seus possíveis efeitos, bem como ao convívio com a falta da mama e as possíveis
consequências da mutilação para o relacionamento conjugal. Além dos aspectos sociais, as
dimensões físicas da doença também revelam um cenário devastador devido às mudanças
físicas provocadas pelo câncer, perda da mama, fadiga, depressão, ressecamento vaginal,
levando à dor e desconforto no intercurso sexual. Do ponto de vista psicológico, o câncer tem
a conotação adicional de enfermidade suja, que produz secreções, necroses e exala odores
desagradáveis. Essas associações favorecem a estigmatização e o afastamento do paciente
oncológico do convívio social. A doença também produz alterações importantes na imagem
corporal e na autoimagem da mulher, que podem afetar suas vivências da sexualidade e sua
satisfação conjugal. As mudanças na prática sexual são experienciadas tanto em decorrência
das alterações físicas como do enfrentamento social da doença. É uma doença mutiladora, que
requer tratamentos invasivos e debilitantes, que induzem inúmeros efeitos colaterais.
Objetivo: Com base nesses pressupostos, este estudo teve por objetivo investigar os
desconfortos físicos referidos por mulheres submetidas à mastectomia e suas repercussões
sobre sua sexualidade, a partir da análise da produção científica publicada no período de 2000
a 2009.
Metodologia: O levantamento bibliográfico foi realizado nas bases de dados bibliográficos
LILACS, MedLine e PsycINFO. Foram recuperados artigos indexados com as seguintes
palavras-chave: “mastectomy”, "breast neoplasms", “amputation”, “sexuality”, “sexual
behavior”, "marital relations“, "psychossexual development“. Constituíram o corpus do
estudo 29 artigos, que preencheram os critérios de inclusão estabelecidos. Dentre os 29
artigos, nove abordaram as repercussões dos desconfortos físicos na sexualidade da mulher
mastectomizada. Estas publicações constituíram a amostra final desta revisão integrativa.
Resultado: Os achados evidenciaram que a mulher mastectomizada enfrenta uma série de
desconfortos físicos em consequência do tratamento do câncer de mama. Os sintomas físicos
foram uma preocupação crucial para a muitas das mulheres investigadas, com queixas
específicas que incluíram dor nas articulações, dificuldade em dormir, ondas de calor e
diminuição do desejo sexual [1]. Esses sintomas são sugestivos de fatores relacionados à
menopausa, que pode ser induzida pelo tratamento. Outras complicações físicas, tais como
fadiga generalizada e demora na cura da ferida operatória, foram alguns dos motivos
apontados para que as mulheres resistissem à retomada das relações sexuais [2]. Problemas de
lubrificação vaginal foram mais graves entre as mulheres que receberam quimioterapia do que
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
entre as que não se submeteram a esse tipo de tratamento [3]. O estresse físico foi o principal
motivo para a diminuição da excitação sexual. Estudos mostram que, mesmo quando existe
uma intensa e satisfatória vida sexual no período prévio à doença, fatores como estresse
emocional, dor, fadiga, insulto à imagem corporal e baixa autoestima decorrentes do
diagnóstico e do tratamento para o câncer de mama podem desorganizar o funcionamento
sexual do casal.
Considerações: A análise dos principais resultados reportados pelos estudos revisados indica
que existe uma estreita relação entre desconfortos físicos e dificuldades de retomada das
atividades sexuais após a cirurgia de retirada da mama. Os achados indicam que os
profissionais de saúde devem incorporar aos cuidados estratégias de orientação e
aconselhamento, que levem em consideração a dimensão da sexualidade da mulher
mastectomizada e suas eventuais alterações em decorrência da doença e do tratamento.
(FAPESP)
Palavras-chave: Mastectomia; Neoplasias da Mama; Sexualidade.
Referências
[1] FATONE, A. M. et al. Urban voices: the quality-of-life experience among women of
color with breast cancer. Palliative and Supportive Care, v.5, n.2, p.115-125, 2007.
[2] TAKAHASHI, M.; KAI, I. Sexuality after breast cancer treatment: Changes and coping
strategies among Japanese survivors. Social Science & Medicine, v.61, n.6, p.1278-1290,
2005.
[3] GANZ, P. A. et al. Quality of life at the end of primary treatment of breast cancer: first
results from the moving beyond cancer randomized trial. Journal of the National Cancer
Institute, v.96, n.5, p.376-387, 2004.
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4. QUAIS OS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A RETOMADA DA VIDA
SEXUAL DA MULHER MASTECTOMIZADA?
Vanessa Monteiro Cesnik
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP
E-mail: [email protected]
Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: O câncer de mama tem um impacto sistêmico sobre a família, cuja rotina é
modificada desde a comunicação do diagnóstico. Por esta razão, a doença afeta não somente a
mulher, mas também introduz modificações no funcionamento familiar e conjugal, devido às
suas repercussões sobre os familiares, em particular o cônjuge. No período imediatamente
após a realização da mastectomia, observa-se uma retomada progressiva das atividades que
organizam o cotidiano, momentaneamente alterado pela dinâmica da doença e de seu
tratamento. Entretanto, algumas mulheres mastectomizadas podem se sentir sexualmente
repulsivas, a ponto de chegarem a evitar o contato sexual com seus parceiros. Das queixas
mais frequentes observadas destacam-se: o medo de não ser mais atraente sexualmente e a
sensação de diminuição da feminilidade. Estudos que focalizem os fatores que interferem
tanto positivamente quanto negativamente na vida sexual da mulher após a mastectomia
podem fornecer subsídios para o planejamento de intervenções do profissional de psicologia e
demais integrantes da equipe multidisciplinar de saúde.
Objetivo: Este estudo teve como objetivo investigar as barreiras e facilidades encontradas por
mulheres mastectomizadas na retomada de sua vida sexual, a partir da análise da produção
científica publicada no período de 2000 a 2009.
Metodologia: Trata-se de um estudo de revisão sistemática da literatura. O levantamento
bibliográfico foi realizado nas bases de dados LILACS, MedLine e PsycINFO. Foram
recrutados artigos indexados com as seguintes palavras-chave: “mastectomy”, "breast
neoplasms", “amputation”, “sexuality”, “sexual behavior”, "marital relations“,
"psychossexual development“. Constituíram o corpus do estudo 29 artigos, que preencheram
os critérios de inclusão estabelecidos e cujos achados foram agrupados e analisados por
categorias temáticas. Dentre os artigos recuperados, apenas seis deles se propuseram
investigar os fatores que auxiliaram na retomada da vida sexual da mulher mastectomizada e
o ajustamento sexual do casal.
Resultado: Os fatores que facilitam a retomada da vida sexual para a mulher mastectomizada
evidenciam a centralidade assumida pela afetividade como eixo organizador da experiência de
superação da mulher após a mastectomia. A dimensão afetiva da sexualidade foi considerada
como ponto positivo de suas vivências sexuais, destacando-se as formas de sedução, troca de
carícias, cumplicidade, toque, bem como manifestações de sentimentos de amor, apoio e
preocupação, demonstrados de forma explícita pelos parceiros [1]. Quanto mais as mulheres
perceberam seus parceiros como emocionalmente envolvidos na relação, melhor foi a
avaliação da primeira experiência sexual pós-cirúrgica. Quanto mais elas perceberam seus
parceiros tomarem a iniciativa das relações sexuais, mais satisfeitas estavam com o casamento
[2]. A importância do relacionamento sexual para cada casal antes da cirurgia também foi um
dos fatores que influenciaram quão logo o casal pôde retomar a atividade sexual após a
cirurgia. Casais com um vínculo sexual considerado como muito importante em relação às
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suas relações globais tiveram uma tendência para retomar a vida sexual logo após a cirurgia,
enquanto que aqueles que não davam muita importância ao intercurso sexual não se
apressaram a voltar a manter atividade sexual [3].
Considerações: Os estudos revisados apresentaram resultados convergentes, que apontam
para a importância que o relacionamento afetivo-sexual assume para o processo de
recuperação da mulher no período pós-mastectomia. Conforme indicam os dados levantados,
há por parte das mulheres valorização dos aspectos afetivos que envolvem o relacionamento
sexual e expectativa de que o parceiro tome iniciativa no intercurso sexual. (FAPESP)
Palavras-chave: Mastectomia; Neoplasias da Mama; Sexualidade.
Refêrencias
[1] DUARTE, T. P.; ANDRADE, A. N. Enfrentando a mastectomia: Análise dos relatos de
mulheres mastectomizadas sobre questões ligadas à sexualidade. Estudos de Psicologia, v.8,
n.1, p.155-163, 2003.
[2] WIMBERLY, S. R., et al. Perceived partner reactions to diagnosis and treatment of breast
cancer: Impact on psychosocial and psychosexual adjustment. Journal of Consulting and
Clinical Psychology, v.73, n.2, p.300-311, 2005.
[3] TAKAHASHI, M., et al. Impact of breast cancer diagnosis and treatment on women's
sexuality: A survey of Japanese patients. Psycho-Oncology, v.17, n.9, p.901-907, 2008.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
5. BULLYING E A INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM
Elizângela Mara Sikóra
Graduanda em Enfermagem
UNIESP - TQ
E-mail: [email protected]
Dario Renan Pegoraro
Bacharel em Sistemas de Informação
UNIESP – TQ
E-mail: [email protected]
Introdução: O comportamento agressivo entre crianças e jovens, caracterzado por
agressividade física e psicológica praticadas intencionalmente e sem motivos evidentes,
deixou de ser visto como brincadeira de criança, passando a ser pesquisado como uma forma
de violência desde a década de 1980. Atos de discriminação, exclusão, apelidos ou até mesmo
chutes e empurrões, atualmente são denominados como bullying.
Jovens e crianças acreditando sobressair-se dentro de um grupo, um ou mais indivíduos
vtimizam aqueles que geralmente são mais vulneráveis e caracterizam-se por
desfavorecimento físico, social-economico, orientação sexual ou etnia. Esse comportamento
agressivo, muitas vezes é encarado como normal pela sociedade. Pois é muito comum
encontrar autores e vitimas dessas agressões. O que não se leva em consideração é que esse
fenômeno pode causar danos tanto ao desenvolvimento infantil como a saúde mental dos
envolvdos, alguns dos transtornos mais comuns são: depressão, bulimia, anorexia, transtorno
de ansiedade, fracasso escolar e até suicídio. Na atualidade o bullyng passa por um agravante
que é o cyberbullying, o que facilita em grande proporção a propagação deste fenômeno
devido à utilização dos espaços virtuais para a realização deste tipo de violência. Onde além
da intimidação recebida, ainda acontece a exposição desenfreada. Segundo Aramis,única
maneira de combater esse tipo de prática é a cooperação por parte de todos os envolvidos:
professores, funcionários de escolas, alunos e pais: “Todos devem estar de acordo com o
compromisso de que o bullying não será mais tolerado”. A violência é um importante
problema de saúde pública que vem crescendo cada vez mais no mundo, acarretando em
consequências individuais e sociais. A enfermagem atuando na promoção da saúde e
prevenção de doenças, pode intervir, evitando agravos a saúde uma vez que tal fenômeno
pode acarretar problemas com a auto estima e a saúde mental dos vitimizados, podendo levar
a consequências trágicas.
Objetivo: Levantar na literatura a temática: bullying e suas consequências e o papel do
enfermeiro na prevenção e diagnóstico dos possíveis danos à saúde e ao desenvolvimento de
crianças e adolescentes.
Metodologia: Artigos indexados no Scielo (Scientific Eletronic Library Online) que estejam
em português e usem as palavras chaves: bullying, violência, prevenção. Sendo uma pesquisa
de natureza qualitativa.
Resultado: Foram organizados tendo por base a revisão bibliográfica. Neste artigo, a
percepção é entendida como sendo única para cada indivíduo e representa o que cada pessoa
traz de si e elabora, conforme seu meio e sua realidade (KING 1981). Portanto, é necessário
conhecer as percepções da criança e do adolescente, para que a prática de enfermagem possa
contribuir, adequando as ações oferecidas para a realidade desses indivíduos, especialmente
fazendo uso de uma visão holística.
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Considerações: Crianças e adolescentes são capazes de barbáries quando se trata de poder,
frente aos outros individuos de seus grupos. As consequências da prática do bullying são
perversas podendo ir de graves a fatais. Conscientizar o público alvo de que esses atos são
violência, através de estratégias de prevenção, ofertando informações a esse respeito,
estimulando a empatia e dando espaço para debates sobre o assunto em ambientes tranquilo.
Diminuindo assim o impacto deste fenômeno sobre a saúde pública.
Palavras-chave: Bullying; Violência; Enfermagem.
Referências
NETO A. A, SAAVEDRA LH. Diga NÂO para o Bullying. Rio de Janeiro: ABRAPI; 2004.
Links ]
Rede Globo Comunicação e Participações. (2006, 30 jan.). Mais Você [Programa de
televisão]. O bullying pode causar sérios traumas. Retirado em 31 jan. 2007, de
http://maisvoce.globo.com/
[ Links ]
CAVALCANTE, M. (2004, dez.). Como lidar com brincadeiras que machucam a alma.
Revista Nova Escola, 178.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
6. REFLEXÕES SOBRE SEXUALIDADE INFANTIL: DO DESENVOLVIMENTO
HUMANO À PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO SEXUAL
Marília Ferranti Marques Scorzoni
Educadora. Licenciada em Letras. Especialista em Gestão Educacional.
Membro efetivo do CAESOS
[email protected]
Camila Ferreira Gomes
Educadora. Licenciada em Letras. Especialista em Gestão Educacional.
Membro efetivo do CAESOS
E-mail: [email protected]
Sonia MariaVillela Bueno
Profª. Drª. Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Presidente do Grupo de
Pesquisas CAESOS-EERP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: A sexualidade é uma essencial dimensão humana que, diferente da conceituação
vulgar que lhe é dada, não se refere apenas a questões biológicas e anatômicas. É, porém,
muito mais ampla. Manifesta-se em todas as fases da vida do ser humano e está diretamente
relacionada com o desenvolvimento da personalidade. Suas primeiras manifestações ocorrem
na infância e se desenvolvem de forma diferente em cada momento da vida através de
experiências, sendo fundamental uma vivência saudável dessas experiências uma vez que a
mesma contribuirá para o desenvolvimento global do individuo. Atualmente, percebe-se
crescente reconhecimento da importância da sexualidade no desenvolvimento integral do
individuo. Resgatando-se estudos de Freud (1856 – 1939) conclui-se que o inicio das
Neuroses está na repressão sexual, sofrida na infância, período importante para a formação
integral do individuo, onde ocorrem as construções sociais de gênero e o desenvolvimento da
sexualidade. Isto posto, o papel do educador torna-se essencial frente às manifestações e
descobertas na infância. Sabe-se que os pilares da educação infantil são a família e as
instituições de ensino e que a educação sexual deve ocorrer primordialmente nestas esferas.
Todavia, nota-se que, geralmente, a família transfere sua função em relação à orientação sobre
a sexualidade para a escola, focando-se, principalmente, na figura do educador.
Objetivo: Refletir sobre o desenvolvimento da sexualidade infantil a partir dos estudos de
Freud (1856-1939) e analisar de forma crítica a postura do educador através de sua prática
pedagógica frente ás manifestações da sexualidade infantil.
Metodologia: Pesquisa qualitativa, de cunho humanista, estudo descritivo-exploratório de
produções cientificas atuais.
Considerações: Constatou-se que, embora, suas manifestações estejam cada vez mais
presentes no contexto escolar, a educação sexual ainda é praticada em número restrito de
escolas. Estas dificuldades são decorrentes de fatores como a falta de formação e preparo do
educador e da resistência imposta por uma visão biologicista. Percebe-se, então, uma lacuna
na função da educação sexual, resultando em uma formação fragmentada da sexualidade.
Para compreender melhor a expressão da sexualidade infantil é importante considerar que a
criança se encontra em uma fase de intensas descobertas, desvendando a si própria e ao
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
mundo, descobrindo-se como um sujeito e tentando compreender as diversas redes de
relações com a realidade que a cerca. Tendo isso em mente, o educador poderá atuar de forma
mais livre e ampla sobre seu papel como agente formativo da sexualidade de seu aluno.
Concluísse, assim, que há uma eminente urgência de formar educadores capacitados para
trabalharem pedagogicamente a sexualidade humana, de forma ética, crítica e reflexiva,
conscientes de que educação sexual é formar a pessoa de forma integral para uma vivência
saudável da sexualidade.
Referências
BUENO, S. M. V. Tratado de educação preventiva em sexualidade, DST, AIDS, DROGAS E VIOLENCIA nas escolas.
Ribeirão Preto. SP: fierp/EERP. USP. 2009
D’ANDREA, Flávio Fortes, Desenvolvimento da personalidade, 16 ed. Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 2003
NUNES, César; SILVA, Edna. As manifestações da sexualidade da criança. Campinas:
Século XXI, 1997 (Coleção Sexualidade e Educação).
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7. RELAÇÃO ENTRE EXPERIÊNCIAS AFETIVO-SEXUAIS E TRANSTORNOS
ALIMENTARES
Carolina Leonidas
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP/USP
Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares – GRATA/HC-FMRP-USP
E-mail: [email protected]
Ana Luisa Carvalho Guimarães
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP/USP
Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares – GRATA/HC-FMRP-USP
Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP/USP
Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares – GRATA/HC-FMRP-USP
Introdução: Os transtornos alimentares (TA) são quadros psicopatológicos caracterizados
por graves perturbações no comportamento alimentar, e que podem resultar em prejuízos
biológicos, psicológicos e sociais, que acarretam aumento da morbidade e mortalidade
(BORGES; SICCHIERI; RIBEIRO; MARCHINI; SANTOS, 2006). A anorexia nervosa (AN)
e a bulimia nervosa (BN) são os dois tipos mais prevalentes de TA, e que possuem os maiores
índices de mortalidade (KAPLAN; SADOCK, 1998, citado por CABRERA, 2006). Levandose em conta que a arquitetura emocional das mulheres jovens e adultas com TA inclui
retraimento social, condutas evitativas de contato interpessoal, impulsividade, inibição, entre
outros, destaca-se como questão de pesquisa a suposição de que o quadro psicopatológico
influencia o início e o desenrolar da vida afetivo-sexual das pacientes.
Objetivos: Investigar de que forma se configuram as relações afetivo-sexuais que as mulheres
com TA estabelecem ao longo de sua vida, e as possíveis repercussões que o quadro pode
exercer sobre a qualidade desses relacionamentos.
Metodologia: Empreendeu-se uma revisão integrativa da literatura científica nacional e
internacional a respeito do tema proposto. Foram selecionados os seguintes descritores, de
acordo com o DeCS – Descritores em Ciências da Saúde: transtornos da alimentação, eating
disorders, sexualidade, sexuality, comportamento sexual e sexual behavior. Optou-se por
incluir também os seguintes descritores não-controlados (palavras-chave): relações afetivas,
emotional relationships, conjugalidade e marital relationships. As bases de dados consultadas
foram: MedLine, SciELO e PsycINFO. Levando-se em conta que o propósito deste estudo era
reunir artigos que apresentassem uma intersecção entre os temas propostos, as buscas foram
realizadas com os unitermos de forma combinada, em duplas. Em relação ao período de
publicação, circunscreveu-se um intervalo de 10 anos. Assim, foram selecionados artigos
publicados entre os anos de 2000 e 2009. Em relação ao idioma, restringiu-se a busca aos
trabalhos publicados nos idiomas português, espanhol e inglês. Os artigos repetidos, isto é,
que apareceram mais de uma vez, em diferentes combinações de palavras-chave e descritores,
foram computados uma única vez.
Resultados: Considerando-se os critérios de inclusão e exclusão previamente determinados,
foram encontrados 913 trabalhos na íntegra, dos quais 29 foram selecionados e 12 foram
recuperados. Os artigos recuperados foram analisados de forma aprofundada e contituíram o
corpus da pesquisa. No que diz respeito às fontes de publicação, observa-se um predomínio
total de periódicos internacionais, especialmente da América do Norte (33,4%), mais
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especificamente dos Estados Unidos, e na Europa (25%), sendo um artigo da Suíça, um da
Inglaterra e um da Alemanha. Os outros cinco artigos encontrados estavam indexados em
periódicos online (European Eating Disorders Review e International Journal of Eating
Disoders). Não foram encontrados artigos publicados em revistas científicas nacionais. O
maior número de trabalhos publicados no tema investigado no presente estudo concentrou-se
nos anos 2004, 2005 e 2008, o que demonstra que o tema em questão vem adquirindo
importância maior na atualidade. Os resultados dos estudos revisados indicaram, de modo
geral, que as mulheres jovens e adultas com AN possuem desinteresse em relacionamentos
afetivos, diminuição da libido, dificuldade de estabelecer relações íntimas, atitude negativa
frente à sexualidade, menos interesse e menor número de experiências com namoro do que
adolescentes com BN. As mulheres com BN apresentam menarca e experiências sexuais
precoces e intensas, relacionadas ä impulsividade. Já as relações sexuais de mulheres com
AN, quando existentes, são sempre insatisfatórias. Essas mulheres relatam insegurança para
ter relações sexuais, medo, ansiedade, incômodo apenas pelo pensamento de contato físico
(decorrente da insatisfação com a imagem corporal), despreparo para desenvolver
relacionamentos afetivos. No entanto, essas mulheres também relatam o desejo de possuir um
relacionamento íntimo; mulheres com TA vivenciam a menarca, as mudanças corporais
decorrentes da puberdade e as primeiras atividades sexuais de forma muito negativa, mais do
que as mulheres saudáveis. Ao considerar a complexidade que reveste o desenvolvimento
sexual e afetivo das mulheres com TA, os estudos demonstram, de modo consistente, a
necessidade de tratamento interdisciplinar.
Considerações: Em função do baixo número de artigos encontrados, evidenciou-se que não
existe uma literatura consolidada acerca da sexualidade e das questões de afetividade e
conjugalidade dentre as pacientes com TA, principalmente no âmbito nacional. Esse dado
sugere que pouca atenção tem sido prestada às questões emocionais envolvidas na dificuldade
das mulheres com TA em estabelecer vínculos afetivos sólidos e na repercussão que essa
dificuldade exerce tanto no quadro psicopatológico quanto na vida em geral dessas mulheres.
Nesse panorama destacamos a necessidade de futuras investigações acerca da temática, com o
objetivo de fornecer esclarecimentos mais pormenorizados a respeito das emoções
relacionadas às experiências sexuais e afetivas no contexto dos TA e proporcionar maiores
evidências para a prática clínica, levando a uma compreensão mais abrangente por parte dos
profissionais envolvidos na assistência, sem esquecer da prevenção e promoção de saúde.
Palavras-chave: sexualidade, relações afetivas, transtornos alimentares.
Referências:
BORGES, N. J. B. G.; SICCHIERI, J. M. F.; RIBEIRO, R. P. P.; MARCHINI, J. S.;
SANTOS, J. E. Transtornos alimentares: Quadro clínico. Revista Medicina, Ribeirão Preto,
v. 39, n. 3, pp. 375-380, 2006.
CABRERA, C.C. Estratégias de intervenção interdisciplinar no cuidado com o paciente com
transtorno alimentar: O tratamento farmacológico. . Revista Medicina, Ribeirão Preto, v. 39,
n. 3, pp. 340-348, 2006.
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8. EDUCAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA: VARIÁVEIS NA INICIAÇÃO DA
ATIVIDADE SEXUAL
Camila Ferreira Gomes
Educadora. Licenciada em Letras. Especialista em Gestão Educacional.
Membro efetivo do CAESOS
E-mail: [email protected]
Marília Ferranti Marques Scorzoni
Educadora. Licenciada em Letras. Especialista em Gestão Educacional.
Membro efetivo do CAESOS
[email protected]
Sonia MariaVillela Bueno
Profª. Drª. Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Presidente do Grupo de
Pesquisas CAESOS-EERP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: Desde a era cristã, a sexualidade vem sendo vista como algo potencialmente
perigoso, que por vez tem exigido controle e trazido castigos para quem infringisse suas
regras. Isto tem contrastado e complementado com a ideia de descontrole ou rompimento de
limites, principalmente relacionada à adolescência e à juventude, fazendo com que a prática
do sexo em relação a eles pelos seja vista com receio (VILLELA e DORETO, 2006). Deveras,
direitos sexuais e direitos reprodutivos se constituem de certos direitos humanos fundamentais,
reconhecidos em leis nacionais e internacionais. E nascem a partir da definição de saúde
reprodutiva, buscando interagir os direitos sociais, principalmente, o direito à saúde, à
educação, à informação, com os direitos individuais de não haver interferência e
discriminação (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a). A saúde sexual e a saúde reprodutiva de
adolescentes têm sido foco de inúmeros e profundos debates, questionamentos e
controvérsias. A garantia dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos dessa população é
uma questão de direitos humanos e propicia o pleno exercício do direito fundamental à saúde
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006
Objetivo: Compreender as necessidades reais do conceito de adolescência na literatura, sob
uma grande diversidade e com múltiplos e variados enfoques, caracterizando-se como uma
noção historicamente determinada. Proporcionando com isso a garantia dos direitos sexuais e
direitos reprodutivos da população e seu pleno exercício do direito fundamental à saúde.
Metodologia:Trabalho desenvolvido pela pesquisa qualitativa, bibliográfica e intervenção
educativa sobre os estudos de artigos elaborados pelas pesquisadoras, na perspectiva de
gênero de uma construção social e cultural nas relações de poder em cada tempo, espaço e
grupo social.
Considerações: Através do estudo, pode-se fazer uma caracterização das transformações,
destacando que os adolescentes têm direito à educação sexual, ao sigilo sobre sua atividade
sexual e ao acesso à orientação. A consciência desse direito implica reconhecer a
individualidade e a autonomia do adolescente, estimulando-o a assumir a responsabilidade à
sua própria saúde. A saúde é setor privilegiado para promoção e garantia dos direitos
humanos dos adolescentes. A partir disso, nós profissionais atuantes podemos intervir de
forma satisfatória na implementação de um elenco de direitos, aperfeiçoando as políticas de
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atenção a população, por meio de ações e atividades articuladas.
Palavras-chave: Adolescência, educação sexual.
Referências
ALMEIDA MCC, AQUINO EML, GAFFIKIN L, MAGNANI RJ. Uso de contracepção por
adolescentes de escolas públicas na Bahia. Rev Saúde Pública 2003.
BUENO, S. M. V.; OLIVEIRA, C. F. A. M. Comunicação educativa do enfermeiro na
promoção da Saúde Sexual do escolar. Rev. Latino-Am. Enfermagem, 1997.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. Marco teórico e referencial: saúde sexual e saúde reprodutiva de
adolescentes e jovens. Brasília; DF; 2006a.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
9. EDUCAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA: REVISÃO DA LITERATURA
CIENTÍFICA
Laiz Elena Ribeiro
Graduanda do 8º semestre do Curso de Enfermamgem da EERP/USP
E-mail: [email protected]
Aline Fernandes da Costa
Graduanda do 8º semestre do Curso de Enfermamgem da EERP/USP
E-mail: [email protected]
Juliana Cristina dos Santos Monteiro
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: A adolescência é um período de transição para a maturidade e, por assim dizer, o
elo entre a infância e a idade adulta. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a
adolescência é a idade correspondente dos 10 aos 19 anos, sendo a pré-adolescência dos 10
aos 14 anos e a adolescência, propriamente dita, dos 15 aos 19 anos. A adolescência é
marcada por muitas transformações, descobertas e anseios do adolescente e nesse período
acarreta diversos problemas biológicos e psicossociais, porém é um problema social que pode
resultar em conseqüências médicas. As transformações relacionadas à sexualidade dos
adolescentes são progressivas e, na atualidade, a iniciação sexual está cada vez mais precoce.
Neste período em que os adolescentes estão descobrindo seu corpo e a sua sexualidade, a falta
de orientações adequadas que permitam uma reflexão sobre sua vida sexual pode colocá-los
em situação de risco e vulnerabilidade a diversos problemas, entre eles a gravidez indesejada
e as doenças sexualmente transmissíveis. A sexualidade é um elemento significante na
formação da identidade da adolescente, manifestada por múltiplas identificações, como da
imagem corporal, da descoberta do outro como objeto de amor ou desejo e da descoberta de si
e das relações com os outros. Em relação, aos métodos contraceptivos, os hormonais orais são
os mais conhecidos, bem como os mais utilizados por adolescentes, apesar de não
proporcionar proteção contra as DST, o que leva a ser recomendado o uso concomitante de
preservativo até mesmo para aumentar a eficácia dos contraceptivos hormonais, em especial
entre adolescentes. Quando questionado, 27% dos adolescentes disseram que "sempre"
tentaram evitar a gravidez por métodos contraceptivos e 18,2% relataram fazer uso na
"maior parte do tempo” destes. É muito importante que se conheça o que os adolescentes
pensam, sua realidade, mitos e tabus com respeito a sua sexualidade para que se possa abordála de modo a contribuir para o seu crescimento e desenvolvimento sexual saudável, sendo
essencial analisar
o conhecimento dos adolescentes sobre sexualidade, métodos
contraceptivos, gravidez e doenças sexualmente transmissíveis.
Objetivo: Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de investigar, por meio da revisão
integrativa da literatura, o conteúdo da produção científica nacional e internacional, relativo
às orientações sobre sexualidade e gravidez oferecidas aos adolescentes.
Metodologia: Trata-se de uma pesquisa descritiva. Para a seleção dos artigos foram utilizados
os descritores: “adolescentes”, “gravidez” e “educação sexual”. A busca dos artigos foi
realizada nas bases de dados LILACS e MEDLINE, no período de 1999 a 2009. A amostra
desta revisão constituiu-se de 08 artigos.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Resultado: Dentre as publicações analisadas, 07 artigos (87,5%) tinham como objetivo
avaliar o conhecimento dos adolescentes em relação à sexualidade, DST, métodos
contraceptivos e gravidez; estes identificaram que é baixo o nível de conhecimento dos
adolescentes. Todos os artigos são originários da América latina, sendo o Brasil o maior
responsável pelos estudos, 3(37,5%), seguido pelo Chile 2(25%). Dentre os artigos,
07(87,5%) foram estudos transversais, e apenas 1(12,5%) longitudinal. De acordo com os
dados, verificamos que apenas dois estudos apresentaram intervenções: oficinas e programas
que atingem diretamente os adolescentes. Os resultados apresentados apontam a importância
de uma abordagem mais interativa junto aos adolescentes, de forma que trate as questões
gravidez na adolescência e DSTs como assuntos complementares e relacionados.
Considerações: Apesar de a adolescência e o conhecimento sobre gravidez serem assuntos
comuns nos dias atuais, são poucos os estudos que trabalham esta questão e poucas as
intervenções descritas. O conhecimento dos adolescentes ainda é precário em relação à
sexualidade e gravidez, deixando como alerta aos profissionais de saúde a necessidade da
realização de atividades educativas que considerem as reais necessidades dos adolescentes,
bem como a divulgação de cartilhas disponibilizadas pelo Ministério da Saúde.
Palavras-chave: adolescente, educação sexual, gravidez.
Refêrencias
BRASIL. Ministério da Saúde. Gravidez na adolescência: encare essa realidade. Disponível
em: <http://dtr2001.saude. gov.br/bvs/dicas/46gravidez.htm >. Acesso em 12 jan. 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Marco teórico e referencial: saúde sexual e saúde
reprodutiva de adolescentes e jovens. Brasília, 2006a. 56 p.
JORGE, M.S.B.; FIÚZA, G.V.; QUEIROZ, M.V.O. Existential phenomenology as a
possibility to understand pregnancyexperiences in teenagers. Revista Latino-americana de
Enfermagem, Ribeirão Preto, v.14, n.6, p. 907-14, 2006.
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10. A AVALIAÇÃO DE UM PROGRAMA DE INCLUSÃO SOCIAL DE
ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE NUMA ESCOLA
MUNICIPAL EM UBERLÂNDIA, MINAS GERAIS
Flávia Carvalho Malta Mello
Bióloga, Mestre em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia.
EERP/USP Ribeirão Preto
E-mail: [email protected]
Introdução: O Brasil é um país cheio de desigualdades, tornando-se importante desenvolver
propostas que busquem o aumento da equidade. O projeto avaliado foi desenvolvido em uma
escola pública municipal em Uberlândia/MG entre os anos de 2004 a 2007 e teve como
objetivo a inclusão social pela educação de adolescentes de 6ª e 7ª séries, estimulando o senso
de responsabilidade e a auto-estima dos estudantes. Foram inscritos no projeto 25
adolescentes vulneráveis ao risco de abandonar a escola. Todos os adolescentes foram
indicados ao programa pelos próprios professores. Eram alunos que apresentavam um
histórico de desempenho acadêmico insatisfatório, muitos deles com histórias de repetências
durante a trajetória escolar. A maioria encontrava-se altamente desmotivada, com altos
índices de absenteísmo. Além disso, alguns adolescentes estavam envolvidos com episódios
de violência escolar, alguns na condição de vítimas outros na de agressores. A estratégia
adotada pelo projeto visava acompanhar estes jovens e estimulando-os no exercício da
monitoria de alunos mais novos (1ª à 4ª série do Ensino Fundamental), da mesma escola,
apoiando os alunos monitorados nas tarefas escolares, sob a supervisão de professores da
escola. Os monitores recebiam mensalmente, como reconhecimento aos seus esforços, uma
ajuda de custo – não em dinheiro, mas em bônus que pudessem ser trocados em lojas e
supermercados. Tal bônus era referente à freqüência dos monitores na escola e nas atividades
do projeto. Eram programadas, pelo coordenador local do projeto, atividades no decorrer do
ano letivo, como visitas à instituições de trabalho, indústrias, instituições de ensino
profissionalizante e outros, visando despertar nesses jovens a possibilidade de um futuro mais
promissor.
Objetivo: Apresentar os resultados da avaliação do projeto de inclusão social pela educação
de adolescente, desenvolvida por uma ONG apoiada pela iniciativa privada em uma escola
pública municipal na periferia do município de Uberlândia, Minas Gerais.
Metodologia: Trata-se de um estudo de caso e o atual trabalho descreve a metodologia
qualitativa empregada na avaliação do projeto e apresenta os principais resultados. Foram
realizadas entrevistas com os alunos, pais e professores, bem como, acompanhamento dos
alunos pela pesquisadora, avaliando seu desempenho escolar, participação nas atividades
escolares e nas atividades extracurriculares do projeto. As categorias analíticas propostas:
percepção do aluno sobre o processo, percepção da importância da bolsa, relação entre o
monitor e os alunos monitorados, relação entre monitores e professoras, avaliação dos pais,
participação nos encontros extracurriculares.
Resultados e Considerações: O programa, durante os anos em que foi implementado na
escola municipal, foi bem avaliado por professores, pais e alunos. Cumprindo o papel de
incentivar jovens desmotivados, excluídos do contexto da escola e, conseqüentemente, em
condição de vulnerabilidade. Ressignificando, com isto, sua condição de aluno. O programa
também colaborou no aprendizado do aluno, além de contribuir para o êxito da educação de
seus colegas, fossem eles monitores ou monitorados.
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Palavras-chave: Inclusão social, adolescentes, violência escolar.
Referências
MINAYO, M. C. S. et al. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 6. ed.
São Paulo: Hucitec, pp. 269, 1999.
AYRES, J. R. C. M. ET. alii. O Conceito de Vulnerabilidade e as Práticas de Saúde Novas
perspectivas e desafios. In: CZERESNIA, D. (org.). Promoção da saúde: conceitos, reflexões,
tendências. Rio de Janeiro: Fiocruz, Capítulo 6, p. 117-140, 2003.
MALTA, D. C.; SILVA, M. A. I.; MELLO, F. C. M.; MONTEIRO, R. A.; SILVA, C.;
SARDINHA, L. M.; CRESPO, C.; CARVALHO, M. G.,O.; SILVA, M. M. A.;
PORTO, D. L. Bullying nas escolas brasileiras: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde
do Escolar, 2009. Artigo aprovado para publicação na Revista Ciência e Saúde Coletiva da
Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 2010.
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11. IDENTIFICAÇÃO DA REDE SOCIAL SIGNIFICATIVA DE MULHERES
PORTADORAS DE HIV/AIDS
Juliana Vieira von Zuben, graduanda em Psicologia
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP-USP
E-mail: [email protected]
Profª Dra. Carla Guanaes Lorenzi
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP-USP
E-mail: [email protected]
Maria Rosa Rodrigues Rissi, psicóloga
Unidade Especial de Terapia de Doenças Infecciosas – HCFMRP – USP
E-mail: [email protected]
Introdução: Desde os primeiros casos relatados de HIV/aids, nos Estados Unidos, em 1981,
o mundo se vê frente a uma epidemia que se tornou um marco na história da humanidade. Os
discursos e o entendimento sobre o HIV/aids foram mudando ao longo do tempo, bem como
sua configuração. Enquanto as ações iniciais de prevenção e controle da doença se faziam em
torno do conceito de “risco”, aplicado a “grupos de risco” e “comportamentos de risco”,
atualmente privilegia-se uma compreensão mais abrangente da disseminação da doença, a
qual hoje também é comum entre jovens e mulheres heterossexuais, através da retomada do
conceito de “vulnerabilidade”. Porém, o estigma atribuído aos primeiros portadores da
doença, identificados como “grupos de risco”, acompanha até hoje as pessoas atingidas pelo
HIV/aids, podendo levar à diminuição do convívio e das relações interpessoais.
Objetivo: Partindo da concepção de que a rede social tem influência direta sobre a
saúde/saúde mental de uma pessoa e que, do mesmo modo, o seu estado de saúde influencia a
manutenção de sua rede, este estudo objetiva refletir sobre a rede social significativa de
mulheres portadoras de HIV/aids, após o diagnóstico, identificando a dimensão estrutural, as
funções e os vínculos existentes entre as pessoas que compõem essa rede.
Metodologia: A rede social foi investigada considerando-se quatro dimensões: a família, o
trabalho, as amizades e a comunidade na qual a pessoa está inserida. Participaram desse
estudo mulheres em acompanhamento na Unidade Especial de Terapia de Doenças
Infecciosas do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo. A
pesquisa foi desenvolvida através de entrevistas semi-estruturadas, tendo como disparador a
construção do “mapa da rede” das entrevistadas. A análise dos dados foi feita por
procedimentos qualitativos, tendo por base a perspectiva construcionista social em Psicologia.
Resultados: As características sócio-econômicas das mulheres foram ao encontro das
descritas na literatura: baixa escolaridade e renda, desconhecimento de sua vulnerabilidade e
de informações sobre a doença antes do diagnóstico. Observou-se, no discurso das mulheres,
que o preconceito sentido pelas mesmas ao longo de sua relação com a doença foi sempre o
mesmo, independente do tempo de diagnóstico; a percepção do apoio da família, ou da falta
do mesmo foi sempre presente nas falas; e o cuidado e as informações obtidas através dos
profissionais da saúde foram narrados como muito importantes para o enfrentamento da
doença.
Considerações: Dessa forma, o apoio afetivo, instrumental e de informações, advindos de
pessoas significativas da rede social dessas mulheres são entendidos como fundamentais no
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enfrentamento da doença, por parte das mesmas. Os processos de coleta e análise de dados
ainda encontram-se em andamento. (FAPESP)
Palavras-chaves: HIV/Aids; mulheres; rede social significativa.
Referências
AYRES, J. R.; FRANCA JUNIOR, I.; CALAZANS, G,; SALLETI FILHO, H.
Vulnerabilidade e prevenção em tempos de aids. In: BARBOSA, R. M.; PARKER, R.
(Orgs.). Sexualidades pelo avesso. Rio de Janeiro: IMS/UERJ, 1999. p. 49-71.
SLUSKI, C. E. A rede social na prática sistêmica: alternativas terapêuticas. São Paulo: Casa
do Psicólogo, 1997. 148p.
SPINK, M. J. P.; MENEGON, V. A pesquisa como prática discursiva: superando os horrores
metodológicos. In: SPINK, M. J. P. (Org). Práticas discursivas e produção de sentidos no
cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. São Paulo: Cortez, 1999. cap. 3, p. 63-92.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
12. ASSÉDIO MORAL NA ENFERMAGEM: CONSEQUÊNCIAS PSÍQUICAS
Sonia Maria Villela Bueno
Profª Drª Livre Docente do Depto. EPCH da EERP-USP
E-mail: [email protected]
Munira Penha Domingues
Enfermeira e Dra em Enfermagem Psiquiátrica pelo Dpto. EPCH da EERP-USP E-mail: [email protected]
Priscila Penha Domingues
Advogada em Direito do Trabalho e pesquisadora do Grupo CAESOS – E-mail:
E-mail: [email protected]
Introdução: O assédio moral no trabalho (AMT) tem sido uma constante em serviços em
geral e na saúde. A enfermagem já consta de alguns estudos retratando esta questão revelando
necessidade de maior investimento, uma vez que leva a desestruturação da vida do
trabalhador e comprometimento na qualidade do serviço.
Objetivo: Buscar dados na literatura sobre o AMT.
Metodologia: Pesquisa qualitativa através de estudo analítico-documental. Baseamos no
LILACS e DEDALUS (déc 2000). Descritores: enfermagem, assédio moral e educação.
Resultados: Encontramos 11 fontes (4 livros, 4 periódicos, 1 anais, 1 boletim jurídico e 1
dissertação). O AMT é entendido como conduta abusiva através de comportamentos com
intencionalidade/repetitividade, colocando em risco sujeitos e instituições; aumento da
produtividade estimula a exploração do profissional causando violência; assediados sentem
baixa auto-estima e improdutivos levando-os a incapacidade, depressão, ansiedade e até a
morte; assediado precisa de provas concretas para se defender; falta de conscientização do
trabalhador em relação a danos a si próprio e pedidos de demissão e a formação do
profissional não resgata a temática para o enfrentamento do AMT.
Considerações: A temática revela importância para manutenção da saúde física/mental do
trabalhador garantindo direitos para soluções. É importante o profissional de enfermagem ter
em sua formação educação em enfermagem forense a fim de evitar conseqüências psíquicas e
conflitos organizacionais
Palavras-Chave: assédio moral/ enfermagem/ formação profissional
Referências
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13.
AMAMENTAÇÃO
E
SEXUALIDADE:
REVISÃO
INTEGRATIVA
DA
LITERATURA
Driéli Pacheco Rodrigues
Aluna do quinto ano do curso de Licenciatura em Enfermagem
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
E-mail: [email protected]
Helena Sarno Soares Oliveira
Aluna do quarto ano do curso de Bacharelado em Enfermagem
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
E-mail: [email protected]
Profª. Drª. Juliana Cristina dos Santos Monteiro
Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública - MISP
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: O aleitamento materno oferece inúmeros benefícios, do ponto de vista biológico
e social, se constituindo em uma prática vantajosa para a mulher e para a criança.
Considerando todos os aspectos do aleitamento materno, após o nascimento do bebê espera-se
que a mulher esteja decidida pela amamentação, porém muitas vezes esta não tem a chance de
manifestar seus reais anseios e quais são suas condições físicas e emocionais para amamentar.
O seio materno como zona erógena pode acrescentar alguns tabus à amamentação causando
conflitos na percepção que a mulher tem acerca de sua sexualidade nesse período. Outro
aspecto importante é que durante a amamentação os níveis de prolactina suprimem a produção
de estrógenos, que por sua vez levam a uma lubrificação vaginal diminuída enquanto resposta
à estimulação sexual. Dessa forma, a amamentação, como parte do ciclo reprodutivo da
mulher, guarda estreita relação com a sexualidade feminina e a dupla função dos seios
femininos - maternal e erótica, pode ser fator importante de alterações na sexualidade do casal
e na decisão de amamentar após o retorno da atividade sexual.
Objetivo: O objetivo deste trabalho foi investigar, por meio da revisão integrativa da
literatura, o conteúdo da produção científica nacional e internacional relativo à relação entre
amamentação e sexualidade com a finalidade de fundamentar o cuidado de enfermagem às
mulheres durante o período do aleitamento materno.
Metodologia: Trata-se de um estudo com coleta de dados realizada a partir de fontes
secundárias, por meio de levantamento bibliográfico e realização de uma revisão integrativa
da literatura. Para a seleção dos artigos foi realizada uma busca nas bases de dados Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde - LILACS e Literatura Internacional em
Ciências da Saúde – MEDLINE. A consulta a estas bases de dados foi realizada de acordo
com o objetivo do estudo utilizando-se a combinação dos descritores amamentação e
sexualidade, no período de janeiro de 2000 a junho de 2010. A amostra desta revisão
constituiu-se de 09 artigos, 03 da base de dados LILACS e 06 da base de dados MEDLINE.
Resultado: A análise das referências selecionadas possibilitou tanto a caracterização geral
como a análise temática dos conteúdos das mesmas. Entre os artigos, 05 (55,5%) são originais
e 04 (44,4%) são de revisão ou de atualização. Quanto ao idioma de publicação 66,6%
estavam publicados em inglês e 33,4% em português. A análise do conteúdo dos artigos
possibilitou a identificação de quatro temáticas: constrangimento em relacionar amamentação
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e sexualidade; influência de fatores sócio-culturais na percepção da sexualidade durante a
amamentação; dicotomia entre o ser mãe e o ser mulher e o suporte do parceiro durante o
período de amamentação.
Considerações: A partir da análise realizada verifica-se que ainda há um grande tabu em
discutir a questão da sexualidade em qualquer etapa da vida, principalmente em um período
tão delicado como é o de amamentação. Além dos fatores fisiológicos que concernem o pósparto e influenciam a sexualidade feminina, há aspectos de ordem social e cultural que podem
afetar positiva ou negativamente a vivência da sexualidade e da amamentação. É necessário
que os profissionais da saúde, especialmente os da enfermagem, invistam no desenvolvimento
de vínculo com as mulheres no período pueperal, de modo que estas se sintam mais seguras
para discutir sobre suas dúvidas e questionamentos referentes à sua sexualidade.
Palavras-chave: aleitamento materno; sexualidade; enfermagem.
Refêrencias
LOWDERMILK, L.D.; PERRY, E.S.; BOBAK, I.M. O Cuidado em Enfermagem
Materna, 5º edição, Ed. Artmed, São Paulo, 2002.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Evidências científicas dos dez passos para o
sucesso no aleitamento materno. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2001.
PEREIRA, G.S. Amamentação e sexualidade. Revista Estudos Feministas, Florianópolis,
v. 11, n. 2, Dez. 2003.
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14. A VIOLÊNCIA EM FORMA DE BULLYING NAS AULAS DE EDUCAÇÃO
FÍSICA
Fernando Gomes Silva
Prof. Educação Física Esp. Fisiologia do Exercício (UFSCAR) e
SáudePública com Ênfase em Saúde da Família - UNAERP
E-mail: [email protected]
Erika do Carmo Bertazone
Profª. Drª. Adjunto da Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP
E-mail: [email protected]
Introdução: A violência escolar é um fenômeno antigo em todo o mundo, se constituindo
num “grande problema social” (Abramovay e Rua, 2003). Pela grande freqüência de relatos,
inclusive nas aulas de educação física, onde os estudantes, adolescentes apresentam maior
contato uns com os outros levando a casos de agressões físicas, verbais. Segundo Oliveira e
Votre (2006), esse tipo de violência é objeto de investigação e está sendo divulgado com
freqüência pela mídia conhecendo-se mundialmente por “bullying”. Devido à adolescência
ser um período que ocorre maiores transformações no aspecto psicológico, fisiológico e moral
houve a importância desse estudo. De acordo com Fante (2005, p.9) essa violência faz com
que aos poucos, o adolescente afetado venha a sofrer com relação ao seu psiquismo.
Objetivo: Identificar as formas de violência escolar, oferencendo subsídios para identificar o
“bullying”.
Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, de revisão sistemática da
literatura sobre o bullying no ambiente escolar. A busca de artigos de revisão sobre o bullying
entre os estudantes observou os parâmetros: adolescentes, estudantes e o período de
publicação entre 2000 e 2010.
Considerações: Os professores precisam estar mais atentos e buscar a discussão com os
alunos baseando-se em questões sobre as diferenças com o intuito de conscientizá-los sobre a
necessidade do respeito e da não violência durante as aulas.
Palavras-chave: bullying, violência escolar, estudantes, adolescência, educação física
escolar.
Refêrencias
ABRAMOVAY, M.; RUA, M.G. Violências nas escolas: Versão resumida. Brasília, DF:
Unesco, 2003.
FANTE, C. Fenômeno bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a
paz. Campinas, SP: Verus, 2. ed, 2005.
OLIVEIRA, F., VOTRE, S. Bullying nas aulas de educação física. Movimento, Porto Alegre,
v.12, n.02, p. 173-197, Mai/Ago. 2006.
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15. EXPLORANDO ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO AFETIVO-SEXUAL EM
TRÊS GERAÇÕES DA FAMÍLIA DE UMA JOVEM COM ANOREXIA NERVOSA
Élide Dezoti Valdanha
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
Email: [email protected]
Manoel Antônio dos Santos
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
Introdução : Os transtornos alimentares (TA) têm se tornado tema de destaque na literatura
científica nacional e internacional. Configuram graves perturbações no comportamento
alimentar. Dentre elas tem despertado o interesse da comunidade a anorexia nervosa (AN),
caracterizada por uma recusa do indivíduo em manter o peso mínimo adequado para a saúde,
temor intenso de ganhar peso e uma perturbação significativa na imagem corporal
(AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION, 2002; CLAUDINO & BORGES, 2002).
Estudos mostram que as relações familiares podem atuar como agentes mediadores no
surgimento e manutenção do transtorno, especialmente o vínculo mãe-filha.
Objetivo:Considerando-se que a configuração vincular é essencial para o desenvolvimento
emocional e que a transmissão psíquica inter e transgeracional é um operador da dinâmica dos
relacionamentos familiares, o presente estudo investigou a transmissão psíquica em três
gerações de duas famílias (avó, mãe e a filha, acometida por AN), buscando identificar os
conteúdos transmitidos transgeracionalmente, com foco no desenvolvimento afetivo-sexual
das participantes.
Metodologia: Foram entrevistadas três mulheres da família Monteiro: Caroline (jovem com
AN), Maria (mãe) e Elizabeth (avó). Os dados foram coletados por meio de um roteiro de
entrevista semiestruturada e analisados a partir do referencial teórico da psicanálise.
Resultados e Consideração: Os resultados sugerem que herança psíquica transgeracional
guarda relações com o desenvolvimento de padrões de vinculação familiar distorcidos, assim
como de relacionamentos amorosos e afetivos. Foi possível identificar que conteúdos
psíquicos de alta voltagem emocional não puderam ser elaborados e que, posteriormente,
converteram-se em legados que foram transmitidos para as gerações seguintes. As relações
amorosas são reeditadas e parecem se repetir nas gerações, porém a sexualidade de Caroline
parece ter ficado bloqueada, presa em um corpo infantil, que não pôde se desenvolver e
ganhar curvas femininas.
Palavras-chave: Palavras-chave: anorexia nervosa, sexualidade, relação entre gerações
Referências
AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION. Diagnostic and statistical manual of mental
disorders DSM-IV-TR. Washington (DC), 2002.
CLAUDINO, A. M.; BORGES, M. B. F. Critérios diagnósticos para os transtornos alimentares:
conceitos em evolução. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 24, n. 3, p. 07-12, 2002.
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16. A HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM FRENTE À
SEXUALIDADE HUMANA
Gisele Coscrato
E-mail: [email protected]
Profª. Dra. Sonia Maria Villela Bueno
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: A enfermagem, enquanto profissão do cuidado, desempenha papel educativo na
área da saúde, mas também presta a assistência propriamente dita, de acordo com as
competências legais. Essa profissão está inserida no contexto de mudanças, tanto no que diz
respeito à atenção à saúde, quanto na área educativa. Na atenção à saúde, busca a superação
do paradigma voltado para a doença, estabelecido pelo modelo de prática profissional
denominado biologicista ou biomédico. Na área educativa, a enfermagem busca a superação
do paradigma pautado na educação tradicional, que enfoca a transmissão de conhecimentos e
saberes científicos, desconsidera o saber popular, a diversidade, as subjetividades e as
necessidades dos sujeitos. A humanização em saúde representa um novo paradigma e um
desafio nos modos de se fazer e exercer as práticas sem saúde, pois busca contemplar as
necessidades dos usuários, de forma cidadã, solidária e digna. Nesse sentido, política de
humanização vai de encontro ao cenário de mudanças pretendidas pela enfermagem, entre
outras profissões da saúde. A sexualidade humana também está inserida nas subjetividades e
na diversidade do indivíduo e comunidade. De acordo com Wanda Horta (1979), teorista da
enfermagem, a sexualidade está enquadrada como uma necessidade psicobiológica e
psicossocial, caracterizada pelos caracteres sexuais, pelos papéis sociais de gênero e afetivosocial e de identidade sexual. Portanto, a sexualidade humana constitui parte integrante dos
cuidados prestados pelo profissional de enfermagem, bem como na pesquisa, ensino e
extensão junto a indivíduos e grupos.
Objetivo: Neste estudo, objetivamos realizar uma reflexão acerca da temática sexualidade
humana na assistência de enfermagem e na Educação para a Saúde, buscando contextualizar
esse cenário à humanização em saúde.
Metodologia: Realizou-se uma reflexão analítica e crítica quanto à temática da sexualidade
correlacionada à assistência de enfermagem, por meio de estudos atuais que discorrem sobre
suas interfaces, procurando contextualizar a humanização.
Resultados: A Educação para a Saúde e a humanização repercutem na integração entre o
saber popular e o saber científico, em direção a melhoria da qualidade de vida. Nesse sentido,
a humanização em saúde é tomada como uma estratégia de transformação de realidades e dos
próprios sujeitos sociais, que mobilizados e engajados em práticas locais, acabam também por
transformar-se a si próprios. Entendemos que a sexualidade, manifestada pelo corpo e pelas
subjetividades, evoca o modo como o ser humano se apresenta e interage com o meio
ambiente, em busca da satisfação das necessidades humanas básicas, promovendo saúde física
e mental. A temática da sexualidade humana inserida na formação do enfermeiro, pode refletir
ações educativas na assistência, corroborando uma proposta emancipatória, criativa e
humanizada, correspondente à educação progressista, e rompe com a formação voltada para o
modelo de assistência biomédico e autoritário para com a população e equipe. Entretanto, a
atenção à sexualidade e saúde, inserida no modelo biologicista, apresenta lacunas e ancora-se
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na função reprodutiva e nos problemas de ordem clínica e patológica. O que denota
necessidade de discussão crítica e contextualizada às questões ligadas à esfera sócio-cultural
do ser humano. Tudo isso demonstra que faz-se mister o repensar não somente da prática em
si, mas da própria formação do enfermeiro sob uma perspectiva histórico-social e da
humanização, pois que a sexualidade, mesmo sendo um tema transversal (na saúde e na
educação), ainda é abordada sob a linha da medicina preventiva, de caráter higienista e
epidemiológico, atribuindo à noção de comportamento sexual um caráter normativo e de
controle, destituindo as questões culturais e sociais.
Considerações: Na assistência de enfermagem, deve-se considerar o ser humano e o meio
onde ele vive, na tentativa de humanizar a prática profissional. Uma das necessidades que
precisa ser resgatada e respeitada enquanto subjetividade humana e parte integrante da
assistência, é a sexualidade humana. Depreendemos que a temática da sexualidade humana
demanda necessidade de aperfeiçoamento na assistência e mesmo na formação do enfermeiro,
com vistas à promoção da saúde física e mental, da ética e da cidadania, nos âmbitos
individual e coletivo.
Palavras-chave: Sexualidade Humana; Enfermagem; Humanização em Saúde.
Referências:
ALTMANN, H. Orientação sexual nos parâmetros curriculares nacionais. Rev. Estd. Fem., Florianópolis, v. 9,
n. 2, p. 575-585, 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização. HumanizaSus: Documento Base para
Gestores e Trabalhadores do SUS. Ministério da Saúde, Brasília (MS); 2004.
FREIRE, P. Educação e mudança. 24ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
17. O CUIDADO ESPIRITUAL NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: RELAÇÃO
POSSÍVEL NA HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE
Gisele Coscrato
E-mail: [email protected]
Profª. Dra. Sonia Maria Villela Bueno
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: A assistência de enfermagem passa por diversas mudanças no que diz respeito
ao modelo de formação e ao modelo de atenção à saúde. Nesse sentido, cada vez mais tornase evidente a busca por um cuidado mais humanizado, em que o profissional de saúde esteja
apto a ouvir as necessidades dos pacientes, de modo que seja realizada uma acolhida em que o
usuário possa estar confortável com as decisões sobre sua saúde e seja respeitado nas suas
crenças e valores. Quando o paciente se depara com o adoecimento ou até mesmo o risco de
morte, há o aparecimento do sentimento de isolamento, de depressão, de inferioridade e de
desesperança, o que pode levar ao risco de problemas de ordem mental e de sofrimento
espiritual. A partir daí, os pacientes e famílias buscam um sentido aos últimos
acontecimentos, levando-os a procurar pela compreensão de tais experiências profundas e
graves, além de ter conviver com a sobrecarga de tarefas e necessidades. Nesse contexto, é
pertinente que se vise ao cuidado espiritual, que deve ser oferecido ao paciente e família. O
cuidado espiritual inserido na assistência de enfermagem tem sido levado em conta em vários
estudos nos últimos anos, com vistas a aprimorar os conceitos teóricos e que se reconheça a
importância dos contructos interligados à espiritualidade.
Objetivo: A inclusão do cuidado espiritual na assistência de enfermagem será objeto deste
estudo, onde iremos refletir criticamente acerca da interface desse assunto com a
humanização.
Metodologia: Realizou-se reflexão crítica acerca da temática, dispondo de alguns estudos
atuais que discorrem sobre o cuidado espiritual na assistência de enfermagem, e também
sobre humanização e espiritualidade. Em seguida, correlacionamos o cuidado espiritual como
interface da humanização em saúde.
Resultados: na prática clínica, o enfermeiro se depara com a espiritualidade prejudicada dos
pacientes assistidos. Percebemos que torna-se evidente que esse profissional compreenda o
significado da espiritualidade, para cada indivíduo, e como os eventos marcantes, como a
doença, podem alterá-la, para que a avaliação e a intervenção direcionadas ao diálogo e as
emoções, possam configurar o cuidado espiritual e humanizado É importante que se tenha em
mente que os termos espiritualidade e religiosidade são diferentes, e que há diversas
definições na literatura. Em enfermagem, busca-se diagnosticar o prejuízo espiritual em suas
manifestações sofridas na dimensão espiritual humana, inclusive utilizar da avaliação diária,
da difusão e prática do cuidado espiritual, da comunicação e na decisão de intervir – até
mesmo, usar da oração no apoio espiritual ao paciente, fazendo com que o profissional
reconheça a importância da espiritualidade e da fé, na assistência. A promoção de saúde é um
ato de cidadania; o respeito pelas crenças, valores e necessidades, além de convergir para a
humanização, incidem sobre o cuidado espiritual. O enfermeiro poderia assumir o papel de
auxiliar o paciente e família a associar na vida, tudo o que pode oferecer estímulo para a
manutenção da saúde e da vida. O cuidado espiritual desempenhado pelo enfermeiro ainda
configura-se um desafio. A possibilidade de haver uma assistência de enfermagem
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
humanizada inclui o estar presente, o desenvolvimento das tecnologias leves – o ouvir, o
relacionamento interpessoal (para com a equipe e usuários), o respeito pelas crenças, valores e
necessidades de cada um.
Considerações: Frente ao cenário de mudanças que a enfermagem vem passando, e diante do
sistema de saúde brasileiro, que prega novos horizontes na prática profissional, o cuidado
espiritual configura-se como um dos elementos de uma abordagem integral do ser humano, na
assistência em saúde. Para isso, há que se repensar a formação do enfermeiro, de maneira que
seja voltada à humanização da assistência, ao desenvolvimento de competências que façam
emergir o relacionamento interpessoal e a escuta qualificada, ao autoconhecimento e à
dimensão espiritual do ser humano, à inserção da afetividade no cuidado, entre outros
aspectos.
Palavras-chave: Assistência de Enfermagem; Espiritualidade; Humanização em Saúde.
Referências:
BALDACCHINO, D.R. Nursing competencies for spiritual care. J. Clin. Nurs.; v. 15, n. 7, p. 885-896, 2006.
BOFF, L. Espiritualidade: um caminho de transformação. Rio de Janeiro: Sextante; 2001.
CHAVES, E.C.L.; CARVALHO, E.C.; HASS, V.J. Validação do diagnóstico de enfermagem Angústia
Espiritual; análise por especialistas. Acta paul. enferm.; v. 23, n. 2, p. 264-270, 2010.
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18. IDENTIFICAÇÃO DE UNIVERSITÁRIOS COM RISCO PARA PROBLEMAS
RELACIONADOS AO USO DE ÁLCOOL EM UMA UNIVERSIDADE DO
INTERIOR DE MINAS GERAIS
Profª. Drª. Sônia Maria Alves de Paiva
PUC Minas Campus Poços de Caldas
E-mail: [email protected]
Profª. Keila Maria Araujo
PUC Minas Campus Poços de Caldas
E-mail: [email protected]
André Luís Masieiro
PUC Minas Campus Poços de Caldas
E-mail: [email protected]
Angélica Reis Miguel
PUC Minas Campus Poços de Caldas
E-mail: [email protected]
Gabriel Bartolomeu
PUC Minas Campus Poços de Caldas
E-mail: [email protected]
Thaís Dipe
PUC Minas Campus Poços de Caldas
E-mail: [email protected]
Introdução: O fenômeno das drogas destaca-se entre os problemas de saúde, com
repercussões sociais, políticas, econômicas e culturais para a sociedade internacional
(CHAGAS e VENTURA, 2010). No Brasil, o problema passou a ser objeto de preocupação
por parte de familiares, profissionais da saúde, educação e governo, decorrente do aumento do
consumo dos jovens. O Ministério da Saúde se esforça para elaborar estratégias de ação junto
à sociedade, contando com setores e grupos preocupados com o aumento do problema do uso
abusivo de álcool e outras drogas, assumindo de modo integral e articulado, o desafio de
prevenir, tratar e reabilitar usuários dependentes, como um problema de saúde pública. Esta
decisão atende propostas que foram recomendadas pela III Conferencia Nacional de Saúde
Mental, em dezembro de 2001 (BRASIL, 2004). De acordo com as pesquisas, o ingresso na
universidade, mesmo trazendo sentimentos positivos e alcance de uma meta programada por
estudantes do ensino médio, pode tornar-se um período crítico, maior vulnerabilidade para o
início e a manutenção do uso de álcool por um período da vida do indivíduo e outras drogas,
trazendo prejuízos físicos, materiais e sociais (PEUKER; FOGAÇA; BIZARRO, 2006).
Objetivos: conhecer o perfil biopsicossocial dos alunos de graduação em relação ao uso e
abuso de álcool, avaliar o perfil socioeconômico e a semelhança deste com o uso de álcool;
aplicar o teste AUDIT (Alcohol Use Disorder Identification Test) aos ingressos e formandos;
traçar e implementar ações terapêuticas pautadas nas necessidades identificadas.
Metodologia: trata-se de uma pesquisa descritiva de caráter quanti-qualitativa, que está sendo
realizada com os estudantes ingressos e egressos de graduação da PUC Minas Campus Poços
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
de Caldas. Foi estabelecido como critério de inclusão alunos ingressos e formandos que
aceitarem responder o questionário, assinarem o TCLE e forem maiores de 18 anos. Para a
pesquisa está sendo utilizados dois instrumentos. O primeiro instrumento trata-se da
identificação das condições socioeconômicas dos acadêmicos, e o segundo, o questionário
AUDIT (Alcohol Use Disorder Identification Test). A pesquisa está sendo desenvolvida pelos
acadêmicos do curso de enfermagem, curso de psicologia e teve início em agosto de 2010. A
pesquisa é financiada pelo FIP (Fundo de Investimento e Pesquisa, da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais), em parceria com cursos de enfermagem e psicologia. Para análise
dos dados será construído um banco de dados no Microsoft Excel 2003 for Windows, com
dupla alimentação dos dados. Para análise dos dados qualitativos utilizar-se análise de
conteúdo a partir do referencial teórico de Minayo (2004). Após os resultados obtidos,
pretende-se continuidade com estudo, através de ações de intervenção para os acadêmicos
classificados de risco. Dessa maneira, os acadêmicos de baixo risco e consumo nocivo serão
atendidos pelos alunos de enfermagem e submetidos à consulta de enfermagem para
identificar os diagnósticos de enfermagem e a partir desses dados, serão planejadas ações
educativas e intervenções de enfermagem para serem implementados em atividades
individuais e grupais através do grupo focal, sob supervisão de duas docentes de enfermagem
e um docente do curso de psicologia. Os acadêmicos usuários de álcool classificados como
dependência, e que aceitarem o atendimento proposto, serão encaminhados para serem
atendidos pelos acadêmicos do serviço de psicologia.
Considerações: Considera-se que essas informações são imprescindíveis como ações
voltadas para o público universitário, através da identificação da situação dos graduandos da
universidade, utilizando-se de recursos humanos da própria instituição, visando obter
subsídios para elaborar ações preventivas e intervenção breve. Espera- se que essas ações
possam propiciar aos acadêmicos usuários, crescimento e amadurecimento, por meio de
reflexões que os levem a pensar criticamente sobre essas questões e as conseqüências na sua
trajetória pessoal e profissional, ajudando-os a buscar atitudes mais positivas frente à vida.
Palavras-chave: Alcoolismo, enfermagem, acadêmicos
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. SVS/CN-DST/AIDS. A
Política do Ministério da Saúde para Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras
Drogas/Ministério da Saúde. 2.ed. rev. ampl.– Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
CHAGAS, Fernanda Galvão Leite; VENTURA, Carla Aparecida Arena. Cooperação
internacional em prevenção do uso abusivo de drogas no brasil. SMAD- Revista
Eletrônica de Saúde Mental Álcool e Drogas. Ribeirão Preto, 2001, v.6, n.1, 2010.
PEUKER, Ana Carolina; FOGAÇA, Janaina; BIZARRO, Liziane- Expectativas e beber
problemático entre universitários. Psicologia: Teoria e Pesquisa 22(2): 193-200, 2006.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
19. POLÍTICAS PÚBLICAS E DIREITOS VOLTADOS PARA A GRAVIDEZ NA
ADOLESCÊNCIA
Iara Falleiros Braga
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
[email protected]
Marta Angélica Iossi Silva
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
[email protected]
Ana Márcia Spanó Nakano
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
[email protected]
Introdução: Do ponto de vista da Saúde Pública, têm chamado atenção as estatísticas que
revelam, a cada ano, o número de adolescentes grávidas no Brasil. Dados do Ministério da
Saúde do Brasil revelam que 27.239 adolescentes (10-14 anos) e 645.806 adolescentes (15-19
anos) engravidaram em 2003 (BRASIL, 2006). Diante do panorama da gravidez na
adolescência, torna-se necessário a compreensão e análise sob a ótica da proteção integral e
do adolescente enquanto sujeito de direitos, buscando conhecer as políticas públicas voltadas
para a construção de uma rede social a esta faixa etária. A garantia dos direitos na
adolescência, enquanto um direito à cidadania, tem tido um enfoque mais amplo e tem
destaque na agenda nacional de atenção à saúde do adolescente, no sentido de direcionar a
discussão e implantação de ações voltadas à promoção, prevenção e assistência à saúde sexual
e saúde reprodutiva.
Objetivo: Este trabalho visa conhecer as políticas públicas, legislações e os marcos ético-legais
nacionais, na efetivação dos direitos do adolescente, especificamente as políticas voltadas para a
gravidez na adolescência.
Metodologia: Revisão bibliográfica utilizando as palavras-chaves, em diferentes
combinações: adolescência, gravidez e políticas públicas na base de dado Lilacs (Literatura
Latino–Americana e do Caribe em ciências da Saúde) e na biblioteca eletrônica Scielo
(Scientific Eletronic Library online–Brasil), de 1990 até 2010, no qual foram encontrados
quatro artigos e um capítulo de livro, além de três documentos oficias publicados pelo
Ministério da Saúde e Ministério da Educação.
Resultado: Alguns marcos ético-legais nacionais foram extremamente importantes para a
implementação de políticas para a efetivação dos direitos dos adolescentes. Cabe ressaltar que
anteriormente ao período estabelecido para este estudo a Constituição Federal Brasileira de
1988 representou o marco jurídico da transição democrática e da institucionalização dos
direitos humanos no País, e os anos 90, o reordenamento jurídico e institucional aos novos
parâmetros democráticos constitucionais. Com a redemocratização do país, destacam-se as
aprovações de algumas leis, que possibilitaram a ampliação da discussão e execução de
políticas públicas pautadas nos direitos dos cidadãos, evidenciando-se as voltadas para o
campo da adolescência. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) passou a exigir a
formulação de política de proteção integral a todas as crianças e adolescentes nas diversas
condições sociais e individuais. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB),
regulamentou o direito à educação como direito público a todo cidadão. Dentro desta lei, a
educação sexual é prevista como um dos temas transversais a ser incluído nos Parâmetros
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Curriculares Nacional, em diferentes áreas do conhecimento – do ensino fundamental ao
ensino médio. Em 2003, foi estabelecido o Programa Saúde e Prevenção nas Escolas. Este
Programa visa reduzir a vulnerabilidade dos adolescentes e jovens às doenças sexualmente
transmissíveis e à gravidez não planejada, com ênfase na promoção da saúde, por meio de
ações educativas de prevenção e ampliação dessa população ao preservativo masculino. Nesta
perspectiva, destaca-se ainda o Programa Saúde na Escola (PSE), instituído em 2007, como
proposição de uma política intersetorial entre os Ministérios da Saúde e da Educação na
perspectiva da atenção integral à saúde de crianças, adolescentes e jovens do ensino básico
público (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, Educação Profissional e
Tecnológica e na Educação de Jovens e Adultos (EJA), no âmbito das escolas e/ou das
unidades básicas de saúde, realizadas pelas Equipes de Saúde da Família (BRASIL, 2007).
Contudo, os adolescentes de grupos populares, em sua maioria, continuam apresentando
pouca acessibilidade às ações demandadas pelas políticas públicas, tornando-se visível sua
contínua vulnerabilidade social. Tal situação revela as dificuldades cotidianas frente ao
embate entre as políticas, que defendem a integralidade na atenção ao jovem, e a prática,
permeada por conflitos para a efetivação das políticas públicas que considerem o adolescente
como sujeito de direitos (HORTA, LAGE, SENA, 2009).
Considerações: Apesar da evolução no escopo legal das políticas públicas voltadas para a
adolescência, ainda verificamos uma falta de articulação destas, no sentido de contemplar a
gravidez nesta faixa etária, efetivando políticas de caráter universal e equitativo, que atenda a
diversidade cultural e a universalização dos direitos, compreendendo o adolescente como
sujeito autônomo e com potencial de participação. Assim sendo, torna-se relevante, a
discussão sobre adolescência e políticas públicas, em uma sociedade com grande
desigualdade social, como a sociedade brasileira, cuja buscas por outros modos de vida
extrapolam a dimensão econômica do problema, incluindo aspectos sócio-culturais, bem
como aspectos da subjetividade, que precisam ser contemplados em proposições políticas para
este grupo.
Palavras-chave: adolescência, gravidez, políticas públicas.
Referências
BRASIL, Ministério da Saúde. Marco teórico e referencial da saúde sexual e reprodutiva de
adolescentes e jovens. Brasília: MS, 2006. p. 56.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Área de Saúde do Adolescente e do
Jovem. Marco legal: saúde, um direito de adolescentes/ Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção à Saúde, Área de Saúde do Adolescente e do Jovem. – Brasília: Editora do Ministério da
Saúde, 2007. p.60
HORTA, N.C, LAGE, A.M.D, SENA, R.R. Produção científica sobre políticas públicas
direcionadas para jovens. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, v. 17, n.4, p. 538-43, out/dez.
2009.
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20. PERCEPÇÃO SOBRE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS POR
MULHERES USUÁRIAS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
Letícia Vicentim Finencio
Bolsista PIBIC/CNPq, aluna do Curso de Enfermagem Bacharelado Escola de
Enfermagem - EERP / USP
Natália Priolli Jora
Enfermeira Doutoranda pelo Departamento de Psiquiatria e Ciências Humanas da
Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
E-mail: [email protected]
Sandra Cristina Pillon
Professora Doutora da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
E-mail: [email protected]
Introdução: Um número significativo de pessoas que usa substâncias psicoativas se engaja
em comportamentos sexuais de risco ou por ter múltiplos parceiros ou parceiros casuais, e
mesmo pela falta de preservativos. Fatos que podem por em risco de contaminação de
diversas doenças sexualmente transmissíveis, incluindo o HIV.
Objetivo: O presente estudo foi identificar as percepções de mulheres usuárias de substâncias
psicoativas sobre o comportamento de risco para doenças sexualmente transmissíveis.
Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo descritivo baseado em dados secundários. A
amostra foi composta por 349 prontuários de mulheres usuárias do serviço. Para a coleta de
dados elaborou-se um questionário com base na ficha de triagem contendo informações
sociodemográficas, tipos de drogas usadas e as percepções sobre comportamentos de risco.
Resultados: As mulheres eram predominantemente adultas, solteiras, com baixo nível de
escolaridade, e não possuíam vínculos formais de trabalho. Quanto ao uso de substâncias
psicoativas a maioria fez uso de álcool, maconha e cocaína/crack. A respeito do uso de drogas
injetáveis, 3,8% usaram na vida, enquanto 1,3% usaram no último mês. Em relação aos
comportamentos de risco para doenças sexualmente transmissíveis e uso de álcool e drogas,
72,1% responderam que seus parceiros sexuais não usavam drogas injetáveis, 34,6% nunca
fizeram uso de preservativo nas relações sexuais dos últimos 12 meses, 83,8% acreditavam
que não possuam chance de estar com o vírus HIV.
Considerações: Pode-se concluir esse grupo de mulheres carecem um trabalho pontual sobre
uso de substâncias e os riscos das DST’s.
Palavras-chave: Mulheres; substâncias psicoativas; doenças sexualmente transmitidas.
Referências
MELLO, C. Álcool dificulta a prevenção da Aids: bebida aumenta risco de contágio devido
ao baixo uso da camisinha. Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, jul. 2010.
Disponível em: <http://www.cisa.org.br/novo_home.php>. Acesso em: 23 julho 2010.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
SILVEIRA, M.F.; BÉRIA, J.U.; HORTA, B.L.; TOMASI, E. Autopercepção de
vulnerabilidade às doenças sexualmente transmissíveis e Aids em mulheres. Rev. Saúde
Pública, vol. 36, n. 6, p.670-677, 2002.
STONER, S.; GEORDE, W.H.; PETER, L.M.; NORRIS, J. Liquid courage: alcohol fosters
risk sexual decision: making in individuals with sexual fears. Aids Behav, v.11, p. 227-237,
2007
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21. HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE
AMBULATORIAL DE PORTADORES DE HIV/AIDS
Aline Cristina de Faria- graduanda do curso de Enfermagem do Centro Universitário de
Araraquara- UNIARA- [email protected]
Sandra Aparecida Emidio Antonio- graduanda do curso de Enfermagem do Centro
Universitário de Araraquara- UNIARA- [email protected]
Cássia Tiemi Nagasawa Ebisui- Profa. Dra. do curso de Enfermagem do Centro
Universitário de Araraquara- UNIARA- [email protected]
Introdução: Em um país como o Brasil, muitos são os problemas e desafios que implicam no
processo de produção da saúde. Dentre eles destacam-se desigualdade sócio-econômica,
desvalorização dos trabalhadores, precarização das relações de trabalho, baixo investimento
de educação permanente em saúde desses trabalhadores, frágil vínculo com usuários, presença
de modelos de gestão centralizados e verticais. Essas práticas evidenciaram a necessidade de
mudanças no modelo de gestão. Criou-se uma Política Nacional de Humanização da Atenção
e Gestão no Sistema Único de Saúde- HumanizaSus. Na saúde, a humanização abrange
aspectos éticos, estéticos e políticos. Èticos implicando as atitudes de usuários, gestores e
trabalhadores. Estéticos porque abrange um processo criativo e sensível de produção da
saúde. Políticos por se referir à organização social e institucional das práticas de atenção e
gestão na rede do Sistema Único de Saúde. Esses aspectos se fundamentam nos valores de
autonomia, co-responsabilidade entre os sujeitos e solidariedade dos vínculos concretizados
(BRASIL, 2008). A humanização na assistência de enfermagem é percebida como promoção
de cuidado integral, sobretudo valorizando a empatia, compaixão e altruísmo pelo ser
humano. Beck et al. (2009) ressalta que fatores como a falta de tempo, ambiente físico
inadequado e carência de recursos humanos são condições que podem dificultar uma
assistência humanizada. Nesse contexto, Alves e Ramos (2002) reforçam que para a garantia
de melhor acesso e atendimento ao paciente portador de HIV⁄AIDS é necessário que o
relacionamento profissional-paciente seja humanizado baseado na sinceridade e confiança,
favorecendo o tratamento e melhorando a qualidade de vida. Objetivo:desse trabalho consiste
em descrever a assistência de Enfermagem humanizada em uma unidade ambulatorial de
pacientes portadores de HIV/AIDS de um município do interior do estado de São Paulo.
Metodologia – Trata – se de um estudo exploratório descritivo com enfoque qualitativo, de
observação dos portadores de HIV/AIDS e da equipe de enfermagem realizado durante o
ensino clínico da disciplina Saúde Coletiva no mês de Agosto de 2010 em um serviço especial
de saúde em uma cidade no interior do Estado de São Paulo. Resultados: Durante a realização
do ensino clínico, observamos a vivência da assistência ao paciente portador de HIV/AIDS e
verificamos um ambiente acolhedor e humanizado. Foram evidenciadas características como
sigilo, orientações sobre a doença e tratamento ao indivíduo, uma perspectiva física, social,
psicológica e espiritual. Observamos também que o contexto em que o usuário está inserido e
suas necessidades faz com que o paciente se sinta seguro para relatar suas dificuldades,
criando vínculo e uma relação de respeito entre profissional-paciente. Essas práticas
contribuem para a adesão ao tratamento e prevenção da doença destacando a produção de
saúde embasada na integralidade da assistência implicando diretamente na resolutividade,
qualidade e humanização dos serviços de saúde. Considerações finais: Depreendemos que
uma assistência de enfermagem humanizada pode colaborar para a melhoria da qualidade de
vida das pessoas portadoras de HIV/AIDS, e concretizar os objetivos do Humaniza-Sus.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Palavras-chave: humanização, HIV⁄AIDS, assistência de enfermagem
Referências
ALVES, E.G.R.; RAMOS, D.L.P. Profissionais de saúde: vivendo com HIV⁄⁄AIDS. São
Paulo: Ed. Santos; 2002.
BECK, C.L.C.; LISBOA, R.L.; TAVARES, J.P.; SILVA, R.M.; PRESTES, F.C.
Humanização da assistência de enfermagem: percepção de enfermeiros nos serviços de
saúde de um município. Rev Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, 2009 março; 30: 54-61.
BRASIL. Humaniza SUS: Documento base para gestores e trabalhadores do SUS. 4 edição,
Brasília. Ed. Ministério da Saúde, 2008.
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22. OFICINA TERAPÊUTICA - UMA FORMA DE INTERVENÇÃO COM
PACIENTES DEPENDENTES QUÍMICOS?
Ariana Penha Meirelles
Terapeuta Ocupacional da Comunidade Terapêutica SARA – Cravinhos-SP
E-mail: [email protected]
Resumo: Apesar de o uso de drogas ser uma prática presente desde os primórdios da
humanidade, nas últimas décadas indicadores sugerem que o abuso dessas substâncias vem
tomando dimensões preocupantes, por vezes trazendo sérios prejuízos à população,
principalmente junto a adolescentes, jovens e adultos. O abuso de drogas continua sendo um
dos maiores problemas de saúde pública do mundo, tanto nos países desenvolvidos quanto
nos países em desenvolvimento, devido à complexidade que envolve seu consumo e venda na
atualidade. A partir de 2003, o Ministério da Saúde propôs a “Política do Ministério da Saúde
para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas”, na qual a Redução de Danos
passa a ser a política pública adotada. A partir de então, a postura preconizada é a de colocarse na condição de acolhedor tendo como objetivo a desinstitucionalização e inclusão,
integrando as pessoas nos diferentes espaços da sociedade, visto que cada indivíduo traz
consigo além de todo contexto de história de vida e também a expressão de sua
individualidade. As experiências proposta das oficinas terapêuticas asseguram a adesão dos
pacientes ao tratamento, por ser valorizadas pela sua capacidade de reproduzir ambientes
sociais, familiares e de trabalho, possibilitando o treinamento de papéis sociais e o
desenvolvimento de habilidades profissionais que visam ampliar possibilidades de relação,
criação e produção, sendo por isso um instrumento terapêutico eficiente. O terapeuta
ocupacional é o profissional da saúde voltado à promoção e/ou reabilitação das habilidades
físicas, cognitivas e sociais e através da utilização de técnicas e recursos terapêuticos com a
finalidade e propósito específicos - atividades na qual permitem a expressão de sentimentos,
emoções e vivências, promove dentro das oficinas terapêuticas a valorização do potencial
criativo, expressivo e imaginativo do paciente; o fortalecimento da auto-estima, da
autoconfiança e autonomia e a reinserção social e familiar dos usuários. Objetivo: Descrever a
experiência da Oficina Terapêutica realizada em uma Comunidade Terapêutica que atende
adolescente, jovens e adultos usuários de álcool e outras drogas, na perspectiva e vivencia da
Terapeuta Ocupacional e segundo relatos dos usuários. Métodos: Estudo descritivo, de
natureza qualitativa, do tipo estudo de caso, realizado em uma Oficina Terapêutica na
Comunidade Terapêutica SARA, localizada no Município de Cravinhos. As oficinas
aconteciam semanalmente no período de abril a agosto de 2010, totalizando 20 encontros. O
numero de participantes variava, de acordo com a alta licença, as tarefas a serem cumpridas e
desligamento da Comunidade. No decorrer do período totalizaram 24 participantes.
Resultados: Analisando o percurso do grupo, pode-se observar que as atividades propostas e
as intervenções da terapeuta ocupacional contribuíram para uma mudança na capacidade dos
usuários de se expressarem verbalmente e através da atividade de forma mais criativa. Além
disso, possibilitou o compartilhar de suas experiências, contar suas histórias de vida e relatar e
retomar atividades do seu passado ocupacional, viabilizando assim um maior conhecimento
de cada indivíduo, uma revelação de habilidades e um incremento da criatividade e do
entrosamento. A aderência pôde ser avaliada através da freqüência dos usuários, que iam ao
encontro da terapeuta solicitando a oficina e esclarecendo quando estava nas atividades da
Comunidade e não poderiam participar, assim como quando estavam de alta licença, sendo
avisada antecipadamente. Vale ressaltar que as atividades eram realizadas na Comunidade
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onde os usuários residiam, o que facilitava o acesso ao local. O local onde ocorriam as
oficinas era aberto, estando sujeito a interferência de sons da cozinha e eventual circulação de
funcionários e usuários que não participavam, sendo um grande estimulador para estes verem
o resultado e solicitarem a adesão na Oficina. Conclusão: Diante dos resultados obtidos e da
adesão de novos usuários, a realização de uma Oficina pode representar uma possibilidade de
intervenção frente a alguns problemas sociais, habilidades profissionais e auto-estima.
Problemas estes que interferem diretamente na saúde e na qualidade de vida dos usuários.
Cabe também destacar que a estrutura e a dinâmica das atividades proporcionaram ao grupo
possibilidades de expressão, de um maior conhecimento do próprio corpo e de suas
capacidades, assim como o estabelecimento de novas relações pessoais e com o ambiente. As
oficinas, o trabalho e a arte podem funcionar como catalisadores da construção de territórios
existenciais; inserir ou reinserir socialmente os usuários, tornando-os cidadãos; ou de meios
nos quais os usuários possam reconquistar ou conquistar seu cotidiano. Assim, pensando nos
desafios atuais das Comunidades Terapêuticas, as oficinas podem se tornar um recurso
economicamente viável e uma forma relevante de intervenção junto à população usuária de
álcool e drogas.
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23. ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: EXPLORANDO A
LITERATURA CIENTÍFICA
Wilson Gomes de Ascenção
Adriana Tomaz de Aquino
Neuri Carlos Dornelas
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email: [email protected]
INTRODUÇÃO: A violência contra crianças e adolescentes é um importante problema de
saúde pública e requer a mobilização de vários seguimentos da sociedade. Dentre os tipos de
violência doméstica a violência sexual é um fenômeno que preocupa a sociedade há muito
tempo e ainda causa muita discussão no meio acadêmico. Várias consequências físicas desse
tipo de violência são descritas pela literatura nacional, entre elas estão as doenças adquiridas
em decorrência do abuso sexual. Quanto aos aspectos sociais, custos diretos incluem gastos
com sistema de investigação, judicial, cumprimento de penas e com o sistema de saúde.
Custos indiretos incluem atividades criminais, tráfico de entorpecentes, homicídios, doenças
mentais, abuso de substâncias químicas, serviços de educação especial, desemprego e
aumento na frequência de utilização do sistema de saúde. A influência de fatores como a
idade da vítima, duração do abuso, tipo de abuso, gravidade do ato, tipo de consequências
para as vítimas, frequência desses abusos, conhecimento sobre aspectos legais como a
obrigatoriedade da notificação pelos profissionais caracteriza o impacto da violência na
sociedade. OBJETIVO: Analisar e caracterizar os artigos científicos acerca do abuso sexual
de crianças e adolescentes. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento eletrônico de
artigos na íntegra, nacionais e indexados nas bases de dados Scielo. Utilizamos na busca a
intersecção dos seguintes descritores: abuso x sexual x infância e foram encontrados 13
artigos, destes foram selecionados 8 artigos por serem artigos na íntegra e na língua
portuguesa. Os artigos selecionados foram analisados a partir do seu conteúdo e discutidos
com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os artigos afirmam que
crianças submetidas à violência doméstica sexual, quando comparadas às que não sofreram
violência, são mais agressivas, têm baixa autoestima, baixo rendimento escolar, déficit de
atenção, hiperatividade, dificuldade de relacionamento interpessoal, desenvolvimento da
sexualidade precocemente, delinquência, gravidez indesejada, uso de drogas, capacidade
cognitiva prejudicada e de desenvolvimento da linguagem atrasada. As pesquisas também
salientam a necessidade de capacitação dos profissionais de saúde para atuarem na
identificação de casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes e seu devido
encaminhamento e prevenção.
CONCLUSÕES: Consideramos que as dificuldades
apontadas para o enfrentamento da violência doméstica contra crianças e adolescentes
inserem-se num contexto mais amplo, no qual se entrelaçam a complexidade da temática, as
características sociais e históricas da violência e visão acerca da violência de um modo geral.
A literatura é concisa no que se refere às formas de se promover uma intervenção eficaz
contra casos de violência doméstica. Nesse sentido, é preciso promover o desenvolvimento de
ações conjuntas com outros setores na criação de políticas públicas para o enfrentamento da
problemática.
Palavras-chave: abuso sexual, crianças e adolescentes.
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REFERÊNCIAS:
MARTINS, C. S.; FERRIANI, M. G. C. Caracterização dos agressores e vítimas de violência
sexual intrafamiliar: um estudo de caso. Rev. Bras. Sexualidade Humana, v. 14, n. 1, p. 129139, 2003.
MARTINS, C. S. A compreensão de família sob a ótica de pais e filhos envolvidos na
violência doméstica contra crianças e adolescentes. 2005. 136f. Dissertação (Mestrado) –
Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2005.
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24. A DINÂMICA DA VIOLÊNCIA ESCOLAR E BULLYING
Karina Nery Tagliaferro
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email:[email protected]
INTRODUÇÃO: A violência escolar nas últimas décadas adquiriu grande importância por
parte dos pesquisadores. Refletir sobre as questões que envolvem o ambiente escolar, crianças
e adolescentes, pais e filhos, educadores e educandos, bem como as relações que se dão entre
eles, a escola e a sociedade é fundamental para que possa traçar intervenções no sentido de
prevenir a violência nesse contexto. OBJETIVO: Descrever, a partir do levantamento
bibliográfico, a violência escolar presente na literatura científica. METODOLOGIA:
Pesquisa bibliográfica realizada através de uma revisão em artigos publicados on-line pelo
SCIELO. Selecionamos, na busca dos artigos, as seguintes palavras-chaves: “violência X
escolar”. Utilizamos, como critério de inclusão dos artigos, artigos na íntegra, escritos na
língua portuguesa e publicados nos anos de 2009 e 2010. Desta forma, selecionamos 15
artigos. A partir dos artigos selecionados analisamos e discutimos as pesquisas com base na
literatura sobre o tema. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Encontramos, na literatura,
algumas peculiaridades da violência escolar citada pelas pesquisas a respeito da
caracterização desse fenômeno, entre elas que os meninos se envolvem mais em situações de
violência, o comportamento agressivo é associado ao ciclo etário, ou seja, meninos mais
velhos agridem mais e há exclusão de minorias étnicas por parte de colegas e professores. De
acordo com o nosso levantamento, a formação continuada dos educadores é um tema que
precisa ser discutido e viabilizado, uma vez que educadores despreparados podem gerar
conflitos ou mesmo alimentá-los por falta desse despreparo, contribuindo para que o ciclo da
violência se perpetue nesse ambiente. Outro agravante nesse cenário é a ignorância quanto aos
problemas dos alunos, o tratamento pejorativo, incluindo as agressões verbais e a exposição
do aluno ao ridículo, no caso de incompreensão a algum conteúdo de ensino. Os pontos mais
discutidos nas pesquisas se dizem respeito a promover estratégias conjuntas com outras áreas
como da saúde, psicologia, educação física, nutrição, pedagogia, no intuito de conferir à
formação desses jovens a integralidade de ações. Salientamos que grande parte das pesquisas
também discute as consequências a curto, médio e longo prazo desse tipo de violência
destacando o fracasso escolar. CONCLUSÕES: Observamos, a partir dos artigos, que além
da necessidade e ampliação das pesquisas científicas na área está a ampliação do impacto das
políticas públicas de promoção à saúde dos escolares e contribuições dos setores da saúde a
esse agravo, devendo ser tratada por profissionais capacitados para tal, acreditando em uma
prática em que a competência na detecção e enfrentamento da violência possa ser ingredientes
fundamentais e transformadores.
Palavras-chave: violência; crianças e adolescentes; escola.
REFERÊNCIAS:
GRAVILLE-GARCIA, A. F.; Conhecimentos e Percepção de Professores Sobre MausTratos em crianças e Adolescentes. Saúde Soc. São Paulo, v.18, n.1, pág. 131-140, 2009.
YAMASAKI A. A.; Violências no Contexto Escolar Um Olhar Freiriano. Universidade de
São Paulo, Faculdade de Educação, São Paulo, pág. 1-213, 2007.
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25.
LITERATURA
CIENTÍFICA
ACERCA
DO
ABORTO
PROVOCADO:
NECESSIDADE, CULPA OU PECADO?
Márcia Magri da Silva
Letícia Farias Capel
Tatiane de Souza Venturini
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email: [email protected]
INTRODUÇÃO: Os principais estudos sobre a magnitude do aborto no Brasil deixam clara a
necessidade de investimento em políticas públicas nesta área. A relação direta entre o aborto
inseguro e a morte materna é uma grande preocupação e motivo de luta para a sua legalização.
No Brasil, persiste uma importante subnotificação das mortes por aborto, já que muitos óbitos
devido à septicemia e hemorragia decorrentes de complicações de abortamentos não são
devidamente notificados. Desta forma, estudos que caracterizam esse fenômeno são
fundamentais para intervir e prevenir a problemática. OBJETIVO: Identificar, na literatura,
pesquisas acerca do aborto e suas consequências. METODOLOGIA: Foi realizada uma
busca eletrônica de artigos na integra, nacionais indexados na base de dados do SCIELO.
Utilizamos na busca a intersecção das seguintes palavras: aborto x adolescência. Desta forma
foram selecionados 7 artigos. Os artigos foram analisados de acordo com seus conteúdos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: Observamos, nos artigos, que as pesquisas relatam que o
aborto é mais frequente entre mulheres de escolaridade muito baixa e é tipicamente feito nas
idades do período reprodutivo feminino, isto é, entre 18 e 29 anos. Alguns estudos destacam
que o método mais utilizado para praticar o aborto é por meio de medicamentos para induzilo. Vale salientar que os fatores de risco estão associados às precárias condições
socioeconômicas e afetivas, drogas, prostituição, falta de apoio social e familiar e violência.
Nos fatores protetores observa-se presença de condições sócio-econômicas favoráveis à
criação dos filhos, apoio familiar (especialmente do companheiro) e social; profissão e
trabalho. CONCLUSÕES: Há uma produção relativamente extensa sobre o tema do aborto
no Brasil embora os estudos de âmbito nacionais sejam escassos. Um fenômeno tão comum e
com consequências de saúde tão importantes coloca o aborto em posição de prioridade na
agenda de saúde pública nacional.
Palavras-chave: aborto; saúde; adolescente.
REFERÊNCIAS:
CECATTI, J. G.; GUERRA, G. V. Q. L.; SOUSA, M. H.; MENEZES, G. M. S. Aborto no
Brasil: um enfoque demográfico. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. [online]. 2010, vol.32, n.3, pp.
105-111.
DINIZ, D.; MEDEIROS, M. Aborto no Brasil: uma pesquisa domiciliar com técnica de urna.
Ciênc. saúde coletiva [online]. 2010, vol.15, suppl.1, pp. 959-966. MARIUTTI, M. G.;
FUREGATO, A. R. F. Fatores protetores e de risco para depresão da mulher após o aborto.
Rev. bras. enferm. [online]. 2010, vol.63, n.2, pp. 183-189.
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26. EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM DSTs E ORIENTAÇÃO SEXUAL
Letícia Farias Capel
Márcia Magri da Silva
Tatiane de Souza Venturini
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email: [email protected]
INTRODUÇÃO: As doenças sexualmente transmissíveis estão entre os problemas de saúde
públicas mais comuns em todo o mundo, as maiores incidência é diagnosticada na
adolescência. Os dados disponíveis em âmbito mundial revelam que mais de 30% das
adolescentes sexualmente ativas têm teste positivo para infecção por clamídia, e que
aproximadamente 40% foram infectadas pelo papilomavírus humano. Na saúde reprodutiva
das adolescentes, as DST representam um sério impacto, porque podem causar esterilidade,
doença inflamatória pélvica, câncer de colo uterino, gravidez ectópica, infecções puerperais e
recém-nascidos com baixo peso, além de interferir negativamente sobre a autoestima.
OBJETIVO: Este estudo tem como objetivo realizar levantamento bibliográfico de artigos
que tratam do tema. METODOLOGIA: Foi realizada uma busca eletrônica de artigos na
integra, nacionais indexados na base de dados do scielo. Utilizamos na busca a intersecção
das seguintes palavras: Orientação sexual x adolescentes, doenças sexualmente
transmissíveis. Foram selecionados 7 artigos dos quais foram analisados de acordo com seus
conteúdos. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os artigos discutem que os adolescentes estão
se deparando cada vez mais cedo com novos valores comportamentais, relacionados com a
afetividade e a vida sexual, pois experimentam rápidas mudanças em seus corpos, sentimentos
e relações com a sociedade, passando a se tornar responsáveis por sua saúde e bem-estar.
Buscam constantemente uma identidade, tendo como influência os meios de comunicação, a
insegurança e as fantasias que se deparam no início da prática sexual, juntamente com a pouca
percepção de risco e a informação limitada sobre sexualidade e doenças sexualmente
transmissíveis (DST), condição que os coloca como presa fácil de situações de risco, como
gravidez precoce e indesejada, uso de drogas, evasão escolar, violência, DST/AIDS, dentre
outras. Por meio de investigações epidemiológicas, observa-se que no Brasil a faixa etária de
treze a dezenove anos também está se contaminando por DST, sendo o sexo feminino o mais
prevalecente, pois estes são imaturos e desejando aventura, ignoram a possibilidade de se
contaminarem com alguma DST, acreditando realizar o ato sexual com pessoas seguras e
isentas destas, enquanto na verdade todos estão suscetíveis à contaminação. Nesse contexto, a
sexualidade vem a ser elemento significante para a formação da identidade dos adolescentes,
sendo manifestada por identificações como a descoberta do outro como objeto de amor ou
desejo, a imagem corporal e a descoberta de si e das relações com seu cotidiano.
CONCLUSÕES: Observamos que diante dessa realidade, a sexualidade deve ser um tema de
discussão e debate entre pais, educadores e profissionais de saúde, tendo como objetivo
encontrar maneiras de informar e orientar os jovens para que tenha responsabilidade,
autoestima e pratiquem sexo com segurança.
Palavras chave: adolescente; DSTs; prevenção.
REFERÊNCIAS:
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
BUENO, S.M.V. Marco conceitual e referencial teórico da educação para saúde:
orientação à prevenção de DST-AIDS e drogas no Brasil, para criança, adolescente e adulto
jovem. Ministério da Saúde/CNDST-AIDS. Brasília (DF) 1997-8 Documento.
BUENO, S.M.V. Educação preventiva em sexualidade, DST-AIDS e drogas nas escolas
[tese de Livre docência]. Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo; 2001.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
27. MAUS TRATOS NA TERCEIRA IDADE: ESTUDOS CIENTÍFICOS RECENTES
Nayara Sibhorini Tanesi
Ana Cristina Rosa
Juliana Rodrigues Bruzo
Silbene Soares de Godoy
Polyana Gouveia R. T. Ramos
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email: [email protected]
INTRODUÇÃO: De acordo com a saúde global, as várias formas de violência contra o idoso
comprometem sua qualidade de vida, ocorrendo o aparecimento de sintomas, transtornos
psiquiátricos e morte prematura. E acabam gerando gastos aos setores de saúde, pelo aumento
do número de atendimentos ambulatoriais ou internações hospitalares. A estimativa da
violência contra o idoso representa um grande desafio para o planejamento de estratégias,
tentando assim enfrentar o problema (ESPÍNDOLA e BLAY, 2007). Atos violentos de
negligência e maus-tratos contra idosos é um fenômeno que começou a despertar o interesse
da comunidade científica somente nas duas últimas décadas, desta forma, a violência
doméstica e os maus-tratos tornou-se uma questão de saúde pública (PAIXÃO JR., et. al,
2007). OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi realizar uma busca por meio de levantamento
bibliográfico, para identificar as situações de maus-tratos na terceira idade, ressaltando o que
há de mais recente em estudos científicos. METODOLOGIA: Foi realizado um
levantamento eletrônico de artigos na íntegra, nacionais e indexados nas bases de dados
Scielo. Utilizamos na busca a intersecção dos seguintes descritores: violência x doméstica x
idoso. Foram encontrados 17 artigos. Os critérios adotados para a exclusão dos artigos foram:
artigos em inglês e artigos não publicados entre os anos de 2005 a 2010, desta forma, foram
selecionados 15 artigos. Os artigos selecionados foram analisados a partir do seu conteúdo e
discutidos com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Estudos
apontam que os principais fatores para os idosos serem violentados são as dificuldades que os
idosos apresentam com a capacidade física e cognitiva o que causa maior dependência do
cuidador ou da família. Grande parte dos artigos descrevem as características dos maus-tratos
contra o idoso, sendo, portanto, praticados por parentes próximos, contra idosos mais velhos e
o tipo de maus-tratos que mais aparece nas pesquisas é o abandono seguido de negligência,
agressão verbal e por último agressão física. Outras características de violência contra os
idosos foram apontadas por estudos, ou seja, foi destacado que os idosos que sofrem algum
tipo de violência estavam na sexta e sétima década de vida, grande parte eram mulheres e
recebiam até 2 salários mínimos, a maioria tinham suas casas próprias com precário
saneamento e baixo grau de escolaridade. CONCLUSÕES: Com base nos estudos podemos
concluir a evidente necessidade de formação e capacitação de profissionais de saúde para
atuar com medidas de prevenção e intervenção junto a esses idosos e seus familiares, a fim de
promover a saúde e garantir os direitos fundamentais contidos na Lei. Desta forma, torna-se
então importante identificar os idosos de risco, para que se possa intervir, acompanhar e/ou
encaminhar da melhor forma os casos de violência na terceira idade.
Palavras-chave: idosos, violência, doméstica.
REFERÊNCIAS:
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
ESPÍNDOLA, C. R.; BLAY, S. L. Prevalência de maus-tratos na terceira idade: revisão
sistemática. Rev. Saúde Pública v. 41, n. 22, p. 301-306, 2007.
PAIXÃO JR., C. M.; REICHENHEIM, M. E.; MORAES, C. L.; COUTINHO, E. S. F.;
VERAS, R. P. Adaptação transcultural para o Brasil do instrumento Caregiver Abuse Screen
(CASE) para detecção de violência de cuidadores contra idosos. Cad. Saúde Pública, Rio de
Janeiro, v. 23, n. 9, p. 2013-2022, set. 2007.
SANCHES, A. P. R. A.; LEBRÃO, M. L.; DUARTE, Y. A. O. Violência contra idosos: uma
questão nova? Saúde Soc. São Paulo, v. 17, n. 3, p. 90-100, 2008.
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28. CARACTERIZAÇÃO DO USO DA MACONHA ENTRE ADOLESCENTES:
PESQUISAS ATUAIS E DISCUSSÕES
José Reinaldo Stuchi
Priscila Peppinelli Barreto
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email: [email protected]
INTRODUÇÃO: Atualmente dados de consumo de drogas ilícitas têm trazido muitas
preocupações à comunidade científica, pelos prejuízos que esse comportamento poderá trazer
à vida desses jovens. Entre as drogas ilícitas, estudos sobre a maconha sugerem que seus
efeitos nocivos não são tão óbvios como o de outras drogas. No entanto, nos últimos anos,
começou-se a investir em pesquisas buscando avaliar a amplitude dos efeitos do uso desta
droga. Sabemos que o uso crônico da maconha pode provocar déficits de aprendizagem e
memória, além de diminuição progressiva da motivação. O uso contínuo dessas substâncias
causam alterações da memória e da atenção, bem como a diminuição da capacidade visual e
da coordenação motora, a depressão e a ansiedade, entre outros problemas decorrentes do uso
crônico da maconha. No caso de adolescentes, o déficit cognitivo está relacionado a
dificuldades na aprendizagem e repetência escolar. Este tema é particularmente importante
para profissionais de saúde, pois os maiores prejuízos relacionados ao uso da maconha está no
reconhecimento dos comprometimentos familiares, sociais e biológicos resultantes do uso
contínuo. OBJETIVO: O objetivo da pesquisa é realizar um levantamento de artigos
científicos acerca do uso da maconha entre adolescentes. METODOLOGIA: A coleta de
dados foi baseada no levantamento bibliográfico online indexado na Biblioteca Virtual em
Saúde, no banco de dados Scielo por meio do cruzamento das palavras-chave: maconha x
saúde; maconha x adolescência; maconha x população, foram encontrados o total de 32
artigos, sendo excluídos 14 artigos por serem repetidos, sendo selecionados, então, 18. Os
artigos selecionados foram analisados frente aos seus conteúdos e discutidos com base na
literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: As pesquisas realizadas salientam
que as atitudes frente ao uso de álcool predizem as atitudes frente ao uso de maconha e
drogas, independente do sexo e da idade. Destacamos também, dentre as pesquisas, alguns
fatores citados como predisponentes sociais para o uso da maconha, sendo eles: desajuste
familiar e falta de religiosidade, além de afirmarem que o uso de maconha por parte de
adolescentes está estreitamente ligado a transtornos psicológicos e a dificuldades de interação
sociais e socioeconômicas. Vale salientar que alguns estudos expõem diferentes estratégias
que têm se mostrado promissoras na investigação de eventuais prejuízos no funcionamento
cerebral decorrentes do uso regular dessas substâncias, destacando-se as técnicas de
neuroimagem funcional e estrutural e a avaliação neuropsicológica. Os artigos também são
enfáticos ao descreverem que o papel da família na prevenção ao uso de drogas esta associado
à promoção da autonomia e garantia de uma identidade baseada na promoção da saúde.
CONCLUSÕES: Acreditamos que intervenções que busquem promover a competência
pessoal e social dos adolescentes possuem um papel fundamental na promoção da saúde e na
prevenção do uso indevido da maconha. Concluímos que há necessidade de novas pesquisas
envolvendo esse tema.
Palavras-chave: maconha, adolescente, drogas.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
REFERÊNCIAS:
HALL, W.; SOLOWIJ N. Adverse effects of cannabis. Lancet. 1998;352(9140):1611-6.
LEMOS, T.; ZALESKI, M. (2004). As principias drogas: Como elas agem e quais os seus
efeitos. Em I. Pinsky & M. Bessa. Adolescência e Drogas (pp. 16-29). São Paulo: Contexto.
Laranjeira, R., Jungerman, F. S. & Dunn, J. (1998). Drogas: maconha, cocaína e crack. São
Paulo: Contexto.
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29. ADOLESCENTES GRÁVIDAS: REFLEXÕES E IMPACTO FAMILIAR
Naiara Fabiana Vieira
Aline Formigoni
Vanessa de Souza Silva
Edna Malheiro Neves Monaro
Alessandro Lauschner
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email: [email protected]
INTRODUÇÃO: A gravidez na adolescência vem ocupando lugar de significativa relevância
no contexto da saúde pública, despertando interesses de acadêmicos, profissionais e gestores
de saúde no que refere a saúde sexual e reprodutiva, bem como questões relacionadas à
violência. Além disso, a gravidez na adolescência se toma um problema em função de
consequências a ela atribuídas, principalmente o abandono a escolas e a estigmatização.
OBJETIVO: O objetivo da pesquisa é caracterizar a produção científica acerca da gravidez
na adolescência. METODOLOGIA: A coleta de dados foi baseada no levantamento
bibliográfico online indexado na Biblioteca Virtual em Saúde, no banco de dados Scielo por
meio do cruzamento das palavras-chave: gravidez x adolescência, foram encontrados o total
de 26 artigos. Selecionamos 23 artigos na íntegra, na língua portuguesa e publicada nos anos
de 2009 e 2010. Os artigos selecionados foram analisados de acordo com seus conteúdos e
com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os artigos abordam a
caracterização da adolescente grávida, ou seja, relatam que a maioria das adolescentes tem o
segundo filho antes do 5º ano da primeira gestação; e que os fatores de risco para essa alta
porcentagem de reincidência são: a baixa escolaridade, a mudança de parceiros e uniões não
estáveis. Diante destes índices constatou-se, nos artigos, que a idade na primeira relação foi
significativamente mais baixa entre as adolescentes, que tiveram menor frequência de
consultas ginecológicas, pouco conhecimento dos métodos hormonais e acesso restrito a
métodos anticoncepcionais. Entende-se, portanto que os principais fatores associados à
gravidez na adolescência observados nas pesquisas foram: baixa escolaridade da adolescente,
história materna de gestação na adolescência, ausência de consultas ginecológicas prévias e
falta de acesso aos métodos anticoncepcionais. CONCLUSÕES: De acordo com os artigos
selecionados concluímos que a insuficiência de adesão aos métodos contraceptivos contribui
para a elevação da incidência da gestação não planejada neste contingente populacional
nacional. Desta forma, há grande necessidade de incentivo de novas pesquisas, a médio e
longo prazo, sobre sexualidade e contracepção na adolescência.
Palavras-chave: adolescência; gravidez; saúde.
REFERÊNCIAS:
MONTEIRO, C. F. S. et al. A violência intra-familiar contra adolescentes grávidas. Rev. bras.
enferm., Brasília, v. 60, n. 4, ago. 2007 .
SILVA, L.; TONETE, V. L. P. A gravidez na adolescência sob a perspectiva dos familiares:
compartilhando projetos de vida e cuidado. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto,
v. 14, n. 2, abr. 2006.
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30.
PRÁTICAS
SEXUAIS,
OPINIÕES
E
ATITUDES:
TENDÊNCIAS
DA
LITERATURA CIENTÍFICA
Fabíola Miranda
Isabela de Souza Morais
Mônica da Silva Oliveira
Natália Antuélica Valente Collar
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email: [email protected]
INTRODUÇÃO: A sexualidade é um fenômeno complexo, único para cada indivíduo e
envolve aspectos individuais, sociais, psíquicos e culturais que carregam historicidade,
práticas, atitudes e simbolizações (RESSEL; GUALDA, 2003). A precocidade da iniciação
sexual propiciada pela propagação cada vez mais constante na mídia do sexo e erotismo,
banaliza a prática e aumenta a vulnerabilidade de jovens. O contexto desse fenômeno exige
uma abordagem sobre mais efetiva, multiprofissional, criando barreiras para diminuir a
vulnerabilidade existente. Para isso, é necessário falar adequadamente sobre temas como
sexualidade e sexo para a população, tendo-se em vista a necessidade da promoção da saúde
sexual (BUENO, 2001). OBJETIVO: Este trabalho tem por objetivo analisar e caracterizar a
produção científica acerca da sexualidade. METODOLOGIA: A coleta de dados foi baseada
no levantamento de artigos nacionais onde utilizamos o banco de dados indexados Scielo.
Utilizamos o cruzamento das seguintes palavras-chave: sexualidade X saúde. Foram
encontrados 26 artigos, onde utilizamos 22, sendo excluídos os artigos em inglês. Os artigos
selecionados foram analisados a partir de seu conteúdo. RESULTADOS E DISCUSSÕES:
A partir dos artigos analisados, observamos que grande maioria desses artigos descrevem
pesquisas realizadas com enfoque na homossexualidade. Desta forma, embora nosso objetivo
foi analisar e descrever artigos acerca somente da sexualidade, a maioria dessas pesquisas
eram sobre o fenômeno do homossexualismo. Dentre essas pesquisas, foi destacada a
vulnerabilidade das práticas homossexuais levando à contaminação por DST/AIDS e alguns
fatores como a alta de informações, o preconceito e a cultura dessas práticas foram salientadas
como conduta de risco. Vale salientar que grande parte dessas pesquisas deixa claro a
dificuldade de acesso aos serviços de saúde e situações envolvendo discriminação dessa
população, ou seja, dos homossexuais e bissexuais levando a uma maior vulnerabilidade de
infecção por DST/AIDS. Embora, atualmente, o termo “grupo de risco” está gradativamente
sendo substituído por “comportamento de risco” as pesquisas divergem ao afirmar que ainda
existe maior vulnerabilidade em grupos de homossexuais. CONCLUSÕES: É imperativo que
os órgãos governamentais responsáveis pelas políticas de saúde levem em consideração as
mudanças ocorridas ao longo dos anos no comportamento sexual da sociedade e desenvolvam
um processo de educação continuada com os profissionais para acolher adequadamente essa
demanda. Enfatizamos também a importância da conceptualização de ações e pesquisas
acerca do homossexualismo para que se possa ter mais sucesso nas abordagens de educação
em saúde por uma sociedade mais justa e equitativa.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
REFERÊNCIAS:
RESSEL, L.B., GUALDA, D.M. R. A sexualidade como uma construção cultural: reflexões
sobre preconceitos e mitos inerentes a um grupo de mulheres rurais. Rev Esc Enferm.
2003;37(1):82-72.
BUENO, S.M.V. Educação preventiva em sexualidade, DST, Aids e drogas nas escolas
[tese livre-docência]. Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade
de São Paulo; 2001. 3.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
77
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
31. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: CONTRIBUIÇÕES E LIMITAÇÕES DA
LITERATURA CIENTÍFICA
Anieli Guindani Sereni
Camila da Silva Neves
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email: [email protected]
INTRODUÇÃO: A naturalização da violência contra a mulher pode ser encontrada em
pesquisas realizadas em países emergentes, mostrando que as mulheres, em sua maioria,
compactuam com a ideia da disciplina exercida pelo homem, concordando, inclusive, com o
uso da força física caso seja necessário aplicá-la. Isto se traduz na obediência e submissão da
mulher e na legitimação do direito do homem sobre esta (MATTAR, 2007). As implicações
da violência conjugal na saúde da mulher ganham magnitude à medida que, através de
pesquisas, os atos de agressão começam a sair da invisibilidade. A dificuldade de visualização
dos agravos à saúde da mulher passa por fatores como o fato da violência acontecer em
âmbito privado e por constituir-se em medo e vergonha, o que impede a mulher de torná-la
pública (MONTEIRO, 2007). OBJETIVO: Realizar um levantamento bibliográfico acerca
da violência doméstica contra a mulher. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento
eletrônico de artigos na íntegra, nacionais e indexados nas bases de dados Scielo. Utilizamos
na busca a intersecção dos seguintes descritores: violência x mulher e foram encontrados 63
artigos, destes foram selecionados 24 artigos por serem artigos na íntegra, na língua
portuguesa e publicados no ano de 2009 e 2010. Os artigos selecionados foram analisados a
partir do seu conteúdo e discutidos com base na literatura científica. RESULTADOS E
DISCUSSÕES: Os artigos pesquisados têm como principal campo as delegacias de defesa da
mulher ou o campo jurídico e como foco a violência cometida por parceiros ou ex-parceiro e
os motivos mais apontados para as agressões foram o ciúme, o homem ser contrariado, a
ingestão de álcool e a suspeita de traição. A maioria dos estudos estabeleceu uma associação
consistente ao uso de álcool ou dependência alcoólica e violência por parceiro. Apesar da
forte evidência científica de que o consumo de álcool está relacionado ao maior risco de
violência, não foi encontrado nenhum estudo populacional de âmbito nacional, no Brasil, que
tenha investigado, até o presente, essa associação. Entre os poucos estudos de violência
publicados, a maioria é baseada em violência contra mulheres como, por exemplo, relatórios
de violência por parceiro dos dados de emergência de hospitais locais e atos de violência
cometidos pelo parceiro durante gravidez. Outro fator merecedor de destaque diz respeito aos
profissionais de saúde, em especial aqueles diretamente ligados à área de atenção à saúde da
mulher, onde nem os serviços, nem os profissionais encontram-se preparados para
diagnosticar, tratar e contribuir para a prevenção da violência. CONCLUSÕES: Em geral a
atitude dos profissionais limita-se, geralmente, à formulação de conselhos práticos ou
fórmulas genéricas, que não são capazes de sustentar mudanças de comportamento. Assim,
diante da complexidade do fenômeno, o papel dos serviços de saúde diante da violência
contra a mulher inclui um conceito ampliado de saúde, que incorpora a compreensão e a
mudança de atitudes, crenças, práticas e sua ação ultrapassa o diagnóstico e o cuidado das
lesões físicas e emocionais.
Palavras-chave: violência; mulher; saúde.
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78
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
REFERÊNCIAS:
MONTEIRO, C. F. S.; SOUZA, I. E. O. Vivência da violência conjugal: Fatos do cotidiano.
Rev. Enfermagem., Florianópolis v.16, n.1, mar. 2007. MATTAR, R. et al. Assistência
multiprofissional à vítima de violência sexual: a experiência da Universidade Federal de São
Paulo. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.2, fev. 2007.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
32. CONCEPÇÕES DE SEXUALIDADE FEMININA: PESQUISAS NO ÂMBITO
NACIONAL
Fabíola Miranda
Isabela de Souza Morais
Mônica da Silva Oliveira
Natália Antuélica Valente Collar
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email: [email protected]
INTRODUÇÃO: O tema sexualidade faz parte de uma das prioridades das políticas públicas
de atendimento à mulher. No entanto, a abordagem limita-se a tratar de aspectos que não
contemplam a complexidade do fenômeno. A mulher, pela sua condição desigual em relação
ao homem, por muitos anos viveu sob a sua tutela, em primeira instância do pai e em seguida
do marido, com sua sexualidade normatizada pelos padrões cristãos, legitimada pela
instituição do casamento e pelo cumprimento da função reprodutora (TRINDADE,
FERREIRA, 2008). Desta forma, a área da saúde sofre forte influência do modelo biomédico,
sustentado no discurso cartesiano da separabilidade e redução da complexidade dos
problemas de saúde relacionados à sexualidade. A visão médica de caracterização de doenças
para uma adequada intervenção ainda permanece forte e majoritária na atenção a essas
questões. Assim, a sexualidade como forma de expressão natural do homem ainda é pouco
valorizada na prática da assistência à saúde. OBJETIVO: Este trabalho tem por objetivo
analisar e caracterizar a produção científica acerca da sexualidade feminina.
METODOLOGIA: A coleta de dados foi baseada no levantamento de artigos nacionais onde
utilizamos o banco de dados indexados Scielo. Utilizamos o cruzamento das seguintes
palavras-chave: sexualidade x feminina x saúde. Foram encontrados 27 artigos, onde
utilizamos 26, sendo excluído um artigo em inglês. Os artigos selecionados foram analisados
a partir de seu conteúdo com embasamento da literatura científica. RESULTADOS E
DISCUSSÕES: Os artigos analisados abordam diversos assuntos acerca da sexualidade
feminina apontando diferentes questões, problemas e formas de sexualidade, destacando a
vulnerabilidade das mulheres, adolescentes e adultas, em relações às diferenças sócioculturais, onde as práticas de violência sexual, início da atividade sexual precoce, prática
sexual sem proteção e DST/AIDS concentram-se em mulheres de baixa renda e pouca
escolaridade. Algumas pesquisas salienta que as mulheres homossexuais tem maior
dificuldade de acesso aos serviços de saúde por situações envolvendo discriminação, porém,
isso não foi considerado como impedimento para a busca do cuidado. As pesquisas ressaltam
ainda mulheres que optam pela esterilização em decorrência da falta de orientação recebida
nos serviços de saúde acerca dos métodos contraceptivos, por dificuldade no uso desses
métodos relacionados às questões culturais e experiências anteriores de baixa eficácia. Por
fim, em relação às mulheres idosas, os estudos revelam a importância de vivenciarem sua
sexualidade, pois apesar dos mitos, a mulher climatérica continua a sentir prazer.
CONCLUSÕES: É imprescindível a realização de mais estudos na área com o objetivo de
incentivar e implementar serviços de informação e acesso à saúde abordando a sexualidade.
Deste modo, é necessário reduzir a incidência da violência contra a mulher e a contaminação
por DST/AIDS, estimulando a formação de equipes especializadas, interdisciplinares que
possam servir como referência no atendimento à essas mulheres. REFERÊNCIAS:
TRINDADE, W. R.; FERREIRA, M. A. Sexualidade feminina: questões do cotidiano das mulheres.
Texto contexto – enferm., set 2008, v.17, n.3, p.417-426.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
33. O PARADIGMA DA SEXUALIDADE NA PARAPLEGIA
Marcelo Rodrigues de Souza
Noelly Ferreira Honostório
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email:[email protected]
INTRODUÇÃO: A sexualidade dos portadores de deficiência física, especificamente no
portador de paraplegia, é um desafio para os pesquisadores, sendo a problemática de ordem
social e se inserem na área da assistência em saúde. Como sequelas da lesão medular tendem
a ocorrer perdas relacionadas à autonomia nas excreções, nas funções sexuais (compreendidas
como os aspectos biofisiológicos da sexualidade, tais como ereções, ejaculações e fertilidade)
e nos movimentos abaixo do local da lesão, presentes na maioria dos paraplégicos nos
primeiros anos após o acidente. O corpo dos paraplégicos, na região abaixo da lesão, é
insensível à estimulação táctil, o que coloca algumas questões complexas diante do desejo
sexual que persiste apesar das sequelas. Desta forma, é fundamental compreender as
limitações e possibilidades do desenvolvimento da sexualidade do portador de paraplegia.
OBJETIVO: Analisar e caracterizar os artigos científicos acerca da sexualidade na
paraplegia METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento eletrônico de artigos na
íntegra, nacionais e indexados nas bases de dados Scielo. Utilizamos na busca a intersecção
dos seguintes descritores: sexualidade x paraplégico e foram encontrados 02 artigos. Os
artigos selecionados foram analisados a partir do seu conteúdo e discutidos com base na
literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os artigos revelam a crença, dos
portadores de paraplegia, na incapacidade de despertar interesse sexual e os fatores que
interferem na sexualidade são de ordem social, ideológica, econômica, política e religiosa.
Além de que as próprias características da personalidade influenciam a vivência da
sexualidade. Os fatores sociais e ideológicos servem para negar o corpo sexuado das pessoas
portadoras de deficiência dado que cristalizam a ótica que essas pessoas são assexuadas e
incapazes de sentir prazer. Os estudos salientam, também, que a maioria dos indivíduos
portadores de paraplegia sente dificuldade em compreender e falar sobre o próprio corpo. Eles
vivenciam um processo de negativação da autoimagem e do autoconceito que institui a crença
de serem pessoas sexualmente indesejáveis. CONCLUSÕES: Percebemos que o número de
publicações enfocando a sexualidade do portador de paraplegia são quase inexistentes.
Entretanto, os estudos chamam a atenção dos profissionais da saúde para a necessidade de
desenvolver educação no contexto da sexualidade sustentada pela atuação interdisciplinar e
levando em conta o modo como vivenciam o próprio corpo na intenção de desmistificarem
mitos e tabus relacionados à sexualidade da pessoa portadora de paraplegia e melhorar a
qualidade de vida desses indivíduos.
Palavras-chave: sexualidade; paraplegia; saúde.
REFERÊNCIAS:
SILVA, L. C. A.; ALBERTINI, C. A reinvenção da sexualidade masculina na paraplegia
adquirida. Rev. Dep. Psicol.,UFF [online]. 2007, vol.19, n.1, pp. 37-48.
FRANCA, I. S. X.; CHAVES, A. F. Sexualidade e paraplegia: o dito, o explícito e o oculto.
Acta paul. enferm. [online]. 2005, vol.18, n.3, pp. 253-259.
34.
DEPENDÊNCIA
QUÍMICA
DO
CRACK:
REVISÃO
DA
PRODUÇÃO
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CIENTÍFICA NACIONAL
Simone Camargo Tescari
Ellen Carla Boaventura
Suelen Cristina Tesoni
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email: [email protected]
INTRODUÇÃO: A dependência química se tornou um importante problema de saúde
pública e tem desafiado os profissionais da saúde a compreenderem o perfil do usuário de
substâncias psicoativas, em vista das dificuldades de manejo e abordagem do problema. Em
especial, a prevalência do consumo do crack, no momento atual, é uma das questões centrais
discutidas no país em relação às drogas. Observa-se que os usuários de crack estão expostos a
diversas situações de risco e vulnerabilidade sociais, o que indica grave problema de saúde
pública e contribui para o aumento das violências. No entanto, o que mais preocupa na
expansão do uso de crack é a velocidade do deteriorização da vida mental, orgânica e social
do indivíduo. O crack é uma droga de difícil tratamento - particularmente se levarmos em
consideração os modelos atualmente propostos para atendimento de drogas no Brasil. A
maioria dos autores afirma que a abordagem deve ser multidisciplinar e dividida em diversas
etapas por meio de um modelo complexo de característica biopsicossocial, enfocando
especialmente as estratégias de prevenção de recaída. OBJETIVO: Descrever e refletir, por
meio de artigos científicos, pesquisas sobre o fenômeno do consumo de crack no Brasil.
METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento eletrônico de artigos na íntegra,
nacionais e indexados nas bases de dados Scielo. Utilizamos na busca a intersecção dos
seguintes descritores: crack x saúde. Foram encontrados 29 artigos, destes foram selecionados
10 artigos por serem artigos na íntegra, na língua portuguesa e publicados nos anos de 2009 e
2010. Os artigos selecionados foram analisados a partir do seu conteúdo e discutidos com
base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os resultados obtidos nas
pesquisas dos artigos selecionados mostraram o perfil do usuário de crack: prevalente no sexo
masculino, jovem, solteiro, de baixa classe socioeconômica, baixo nível de escolaridade e sem
vínculos empregatícios formais. Os estudos ainda salientam que os usuários de crack
apresentam uso compulsivo e variado de outras drogas, desenvolvimento de atividades ilícitas
em troca de crack, apresentando envolvimento com a violência e a criminalidade, além de
apresentarem históricos de reclusão. Não podemos deixar de salientar que os resultados dos
artigos apontaram que o acesso ao crack é simples e facilitado por estratégias de mercado
como a entrega em domicilio, a transformação das pedras em farelo para reduzir o custo e a
substituição do cachimbo artesanal para a combinação do crack junto ao tabaco ou a maconha.
Destacamos, também, pesquisas que afirmam a existência de um ou mais transtornos mentais
em usuários de crack, sendo depressão e ansiedade os mais prevalentes. CONCLUSÕES:
Concluímos a necessidade de se investir em estudos de seguimento que acompanhem os
usuários das unidades de desintoxicação, a fim de ampliar, avaliar e qualificar as ações
prestadas pelos serviços públicos de saúde em seus diferentes níveis de atenção, bem como
estudos que explorem de forma mais detalhada a associação com a criminalidade nessa
população, destacando o papel do profissional de saúde neste contexto.
Palavras-chave: Crack; saúde; drogas.
REFERÊNCIAS:
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
GUIMARAES, C. F.; SANTOS, D. V. V.; FREITAS, R. C.; ARAUJO, R. B. Perfil do
usuário de crack e fatores relacionados à criminalidade em unidade de internação para
desintoxicação no Hospital Psiquiátrico São Pedro de Porto Alegre (RS). Rev. psiquiatr.
Rio Gd. Sul [online]. 2008, vol.30, n.2, pp. 101-108. KESSLER, F.; PECHANSKY, F. Uma
visão psiquiátrica sobre o fenômeno do crack na atualidade. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul
[online]. 2008, vol.30, n.2, pp. 96-98.
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83
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
35. ABORTO E ADOLESCÊNCIA: A PROBLEMÁTICA SOB A ÓTICA DA
LITERATURA CIENTÍFICA
Verônica Machado Marques de Oliveira
Marli Santos Oliveira Ramires
Tatiane Cristina Almeida Santos
Viviane Guthierres Victorino
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email: [email protected]
INTRODUÇÃO: O aborto é uma importante causa de mortalidade materna, principalmente
nos países onde não é legalizado. No Brasil, onde as indicações de aborto legal são restritas,
tem sido muito difícil estimar a mortalidade materna por esta causa. Os dados sobre aborto
obtidos no Brasil são baseados fundamentalmente em número de registros de internações por
suas complicações e em dados de declarações de óbito (SOUZA; et al 2001). De acordo com
a pesquisa de Arcanjo, Oliveira , Bezerra (2007), o tema no Brasil tem despertado interesse de
pesquisadores e profissionais de saúde, sendo que este problema tem acontecido em
adolescentes pobres e de baixa escolaridade,e esse índice tem aumentado em meninas de 10 a
14 anos. OBJETIVO: Este trabalho buscou conhecer e analisar os artigos científicos acerca
do aborto entre os adolescentes. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa de revisão
bibliográfica. Para a coleta de dados foi utilizado levantamento eletrônico de artigos nacionais
indexados na base de dados SCIELO. Utilizamos na busca a intersecção dos seguintes
descritores: aborto x adolescência. Foram selecionados 19 artigos. Para análise utilizamos
algumas variáveis como: ano de publicação, profissão dos autores, local das pesquisas e
conteúdo dos artigos. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Constamos que dos 19 artigos
selecionados a maior parte deles foram publicados por: Enfermeiros, Médicos, Psicólogos. As
publicações se concentraram no ano de 1990 à 2010, tendo com maior número em 2010. Cabe
ressaltar que a maioria das pesquisas ocorreu em algumas cidades do estado do: Rio de
Janeiro e os estados do Acre, Pernambuco, Minas Gerais, Bahia, Fortaleza, Porto Alegre e
São Paulo tiveram destaque neste estudo. Considerando, portanto, o conteúdo dos artigos
analisados, muitos autores destacam que o aborto vem aumentando cada vez mais entre os
adolescentes de classe social baixa, e de nível escolar baixo, sendo realizado também nas
outras classes sociais, e muitos afirmam que não estavam preparados para este compromisso e
relatam ter medo da punição da sociedade e dos pais. Sendo visto também a baixa adesão de
métodos contraceptivos entre os adolescentes pesquisados. CONCLUSÕES:
Compreendemos que a falta de investigações sobre o aborto e a falta de políticas públicas de
saúde para estes adolescentes aumentam o índice de mortalidade e complicações decorrentes
desse fenômeno.
Palavras-chave: aborto; adolescência; saúde.
REFERÊNCIAS:
SOUZA, V. L. C. et al . O aborto entre adolescentes. Rev. Latino-Am. Enfermagem,
Ribeirão Preto, v. 9, n. 2, abr. 2001.
ARCANJO, C. M.; OLIVEIRA, M. I. V.; BEZERRA, M. G. A. Gravidez em adolescentes de
uma unidade municipal de saúde em Fortaleza - Ceará. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v.
11, n. 3, set. 2007 .
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
36. TRANSTORNO DO SONO E QUALIDADE DE VIDA: UMA REVISÃO
Vanessa Aparecida Maziero Santana
Ludmila Rodrigues de Sá
Daniela Massuia
Loiane Viscardi de Matos
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
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INTRODUÇÃO: A privação do sono, atualmente, tem sido alvo de pesquisadores em todo o
mundo. Estudos afirmam que esta privação pode causar diversas alterações: endócrinas,
metabólicas, físicas, cognitivas, neurais e modificações na arquitetura do sono, que em
conjunto comprometem a saúde e a qualidade de vida do sujeito nestas condições. Os
transtornos psiquiátricos como depressão e ansiedade, são causa mais comum da insônia
crônica. Níveis elevados de estresse também podem contribuir para os transtornos do sono. A
privação crônica de sono pode causar ou contribuir para acidentes, desavenças sociais e
conjugais e distúrbios psiquiátricos. Ela é também um fator de risco independente para
transtornos cardiovasculares e gastrointestinais. OBJETIVO: Analisar e caracterizar a
literatura cientifica a cerca dos portadores de transtorno do sono. METODOLOGIA: Tratase de uma pesquisa de revisão bibliográfica. Para a coleta de dados foi utilizado levantamento
eletrônico de artigos nacionais indexados na base de dados SCIELO. Utilizamos na busca a
intersecção dos seguintes descritores: doença x sono. Foram selecionados 09 artigos. Os
artigos selecionados foram analisados em seus conteúdos e discutidos com base na literatura
científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: A maioria das pesquisas nos artigos relatam as
consequências da privação do sono como: problemas gástricos, hipertensão, depressão,
problemas renais, problemas cardíacos e outros. Alguns estudos afirmam que os fatores que
afetam a qualidade e a quantidade do sono incluem a idade do paciente, seu estilo de vida,
ambiente de sono e uso de medicação. Foi relatado também que as pessoas que trabalhavam
no período noturno tinham uma maior incidência em ter outros tipos de patologias associadas
às noites mal dormidas. Pesquisadores diversos têm ressaltado a estreita associação entre
transtornos do sono, como insônia, sonolência excessiva e pesadelos, com a depressão. Desta
forma, vale ressaltar que os estudos do sono desempenham um importante papel na
investigação da depressão, contribuindo para o diagnóstico desse transtorno e para a
elaboração de estratégias de tratamento e a identificação de indivíduos vulneráveis a esses
transtornos. CONCLUSÕES: A partir dos artigos analisados podemos concluir que é urgente
a necessidade de incentivo de estudos nacionais que caracterizam melhor o transtorno do sono
e que sejam capazes de traçar estratégias de reabilitação, tratamento e prevenção deste
fenômeno.
Palavras-chave: transtorno do sono, saúde, repouso.
REFERÊNCIAS: ,
CHELLAPPA, S. L., ARAUJO, J. F. O sono e os transtornos do sono na depressão. Rev.
psiquiatr. clín. [online]. 2007, vol.34, n.6, pp. 285-289. CHELLAPPA, S. L.; ARAUJO, J. F.
Transtornos do sono em pacientes ambulatoriais com depressão. Rev. psiquiatr. clín. [online].
2006, vol.33, n.5, pp. 233-238.
ANTUNES, H. K. M.; ANDERSEN, M. L.; TUFIK, S.; DE MELLO, M. T. Privação de sono
e exercício físico. Rev Bras Med Esporte [online]. 2008, vol.14, n.1, pp. 51-56.
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37. CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE NEGLIGÊNCIA E
ABANDONO
Neuri Carlos Dornelas
Adriana Tomas de Aquino
Wilson Gomes de Ascensão
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email: [email protected]
INTRODUÇÃO: A violência que ocorre dentro da família, em diferentes partes do mundo,
revela números assustadores nas estatísticas de morbimortalidade de mulheres, crianças e
adolescentes. De acordo com Frassão (2000), o abandono de crianças caracteriza-se como um
sintoma social, geralmente observado em famílias monoparentais, nas quais a pobreza se
apresenta como um dos determinantes da entrega de crianças para os cuidados institucionais.
Não é difícil imaginar as graves consequências em médio prazo na formação dessas crianças e
adolescentes, desta forma, o profissional da saúde deve ter conhecimento acerca do tema
oferecendo subsídios importantes para o planejamento, execução nas estratégias de
enfrentamento voltadas a esse segmento. OBJETIVO: Analisar e caracterizar os estudos
científicos acerca da negligência e abandono de crianças e adolescentes. METODOLOGIA:
Foi realizado um levantamento eletrônico de artigos na integra, nacionais e indexados nas
bases de dados SCIELO. Utilizamos na busca a intersecção das seguintes descritos:
negligência x crianças. Foram encontrados um total de 13 artigos. Os critérios adotados para
a exclusão dos artigos foram textos em inglês, desta forma, foram selecionados 8 artigos. Os
artigos selecionados foram analisados e discutidos com base na literatura científica.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: Observamos, nos artigos selecionados, poucos estudos
que abordavam pesquisas a respeito da negligência, sendo a maioria acerca da violência física.
Os artigos que enfocavam a negligência salienta que a criança vítima de negligência,
geralmente, é do sexo masculino, apresenta alguma deficiência e condições socioeconômicas
desfavoráveis. Os estudos que trazem o tema a partir da compreensão da violência por
enfoque de profissionais da área da saúde deixam claro a necessidade desses profissionais de
estarem preparados para identificar e atuar adequadamente sobre casos onde há suspeita de
violência contra crianças e adolescentes. Além disso, um dos fatores que contribui
efetivamente para a redução do fenômeno são a identificação, notificação e encaminhamento
dos casos. CONCLUSÕES: Concluímos a necessidade de mais pesquisas acerca do
fenômeno com o objetivo de incentivar a criação de políticas públicas capazes de interromper
a cadeia da violência doméstica. Entretanto, para que isso seja uma realidade, estes
profissionais necessitam de conhecimentos básicos para reconhecer sinais e sintomas físicos,
comportamentais e sociais que indicam a perpetuação da violência.
Palavras-chave: negligência; crianças; adolescentes.
REFERÊNCIAS:
FRASSÃO, M.C.G.O. (2000). Devolução de crianças colocadas em famílias substitutas:
uma compreensão dos aspectos psicológicos através dos procedimentos legais.
Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
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38. PRODUÇÃO CIENTÍFICA ACERCA DOS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS NA
ADOLESCÊNCIA: DESAFIOS PARA O PROFISSIONAL DE SAÚDE
Cathia Moraes Vicentim
Patrícia Cerqueira Leite
Luciana Ribeiro Rodrigues
Luzia Bernadete Laurenti
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email: [email protected]
INTRODUÇÃO: A adolescência é vista pela literatura como um período caracterizado por
intensa necessidade de explorar e experimentar o contexto em que se vive e tal necessidade
torna o adolescente mais vulnerável ao engajamento em comportamentos que envolvem riscos
pessoais. É dentro deste contexto de risco que o comportamento sexual do adolescente vem
sendo pensando e entendido. É complexa a percepção e a vivencia da sexualidade dos jovens,
relacionadas que estão a valores, crenças e atitudes que determinam o comportamento social
do individuo. Nessa perspectiva, o uso de métodos contraceptivos na adolescência tem sido
alvo de inúmeros estudos e reflexões por ameaçar o bem-estar e futuro dos adolescentes
devido aos riscos físicos, emocionais e sociais que acarreta o não uso destes (BELO et al,
2004). OBJETIVO: O objetivo deste estudo é analisar pesquisas a partir de artigos
científicos referentes à contracepção na adolescência. METODOLOGIA: Foi realizada uma
busca eletrônica de artigos na integra, nacionais indexados na base de dados do SCIELO.
Utilizamos na busca a intersecção das seguintes palavras: contraceptivos x adolescência.
Foram encontrados 24 artigos e foram excluídos textos em inglês, destes foram selecionados
20 artigos. Os artigos foram analisados de acordo com seus conteúdos. RESULTADOS E
DISCUSSÕES: De acordo com os artigos pesquisados um dos fatores associados ao não uso
de anticoncepcionais na adolescência é a falta de conhecimento do adolescente acerca de
questões sexuais. Os artigos mais recentes indicam que este grupo continua mal informado,
apresentando falta de compreensão de assuntos como o ciclo menstrual, o tempo de fertilidade
e o processo de concepção. Os artigos ainda abordam que educadores, profissionais de saúde
e pais, participantes ativos da formação dos adolescentes, com frequência, não têm
consciência ou sensibilidade quanto ao problema desse grupo populacional: devido à falta de
informação ou, simplesmente, ao constrangimento em discutir temas ligados à sexualidade,
poupando o adolescente de usufruir o direito de escolha, com base em informações
contextualizadas, de acordo com suas características de vida. Os adolescentes tendem,
também, a apresentar atitudes negativas sobre o uso de anticoncepcionais que é visto como
um fator de interferência no prazer sexual e possuem crenças errôneas de que a maioria dos
métodos anticoncepcionais é incompatível com a baixa frequência e naturalidade de suas
relações sexuais, bem como ideias de que o uso de anticoncepcionais é de responsabilidade de
seu parceiro. CONCLUSÕES: a análise do conhecimento sobre métodos anticoncepcionais,
na maioria dos estudos disponíveis, é feita de maneira muito subjetiva, não incluindo o modo
de usar, os efeitos colaterais, as indicações e contraindicações dos mesmos. Isso pode
produzir uma interpretação não verdadeira do grau de conhecimento sobre prevenção de
gravidez que os adolescentes possuem e assim, enviesar a avaliação da influencia do
conhecimento sobre o uso de métodos anticoncepcionais.
Palavras-chave: contracepção; adolescência; vulnerabilidade.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
REFERÊNCIAS:
BELO, M. A. V.; SILVA, J. L. P. S. Conhecimento, atitude e prática sobre métodos
anticoncepcionais entre adolescentes gestantes. Departamento de Tocoginecologia. Faculdade
de Ciências Medicas. Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP, Brasil; Rev Saúde
Publica, 2004.
SOUSA, M. C. R.; GOMES, K. R. O. Conhecimento objetivo e percebido sobre
contraceptivos hormonais orais entre adolescentes com antecedentes gestacionais. Cad. Saúde
Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 3, Mar. 2009.
SILVA, N. C. B. et al. Proposta de instrumento para avaliar conhecimento de jovens sobre
métodos contraceptivos. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto, v. 17, n. 38, Dec. 2007.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
39. EDUCAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA
Enos de Cristo Alves Brito
Natália Rezende Domingos
Thaís Cristina A. Souza
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email: [email protected]
INTRODUÇÃO: Desde o século XIX, a adolescência já era reconhecida como período
crítico da existência humana. Porém, esta fase da vida apresenta-se, frequentemente, vinculada à vulnerabilidade e ao risco, inerentes às mudanças e transformações que a permeiam,
o que torna fundamental o enfoque de prevenção. Sendo assim, ao adolescer, devem ser
considerados, entre outros, os riscos vinculados ao exercício imprudente ou impensado da
sexualidade, cujas consequências desastrosas como a gravidez precoce, doenças sexualmente
transmissíveis e o aborto são consequências que podem levar à interrupção de um projeto e/ou
da qualidade de vida e até mesmo da própria vida (SAITO ET AL 2007). OBJETIVO:
Identificar, na literatura, pesquisas acerca da educação sexual para adolescentes.
METODOLOGIA: Foi realizada uma busca eletrônica de artigos na integra, nacionais
indexados na base de dados do SCIELO. Utilizamos na busca a intersecção das seguintes
palavras: educação x sexualidade x adolescência. Foram encontrados 34 artigos relacionados.
Foram excluídos os artigos em línguas estrangeiras e selecionados os artigos publicados entre
os anos de 2007 a 2010. Os artigos foram analisados de acordo com seus conteúdos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os estudos revelaram que há um alto índice de
vulnerabilidade à gestação precoce entre as adolescentes dos 12 aos 19 anos, de níveis
socioeconômicos mais baixos em comparação com outras classes sociais. Estudos baseados
em questionários com adolescentes sobre conhecimento de aspectos da sexualidade
confirmam o desconhecimento de algumas doenças de cunho sexual, e mostraram-se confusos
acerca desses assuntos constatando que as representações dos adolescentes sobre o tema está
limitada quase sempre à relação sexual entre duas pessoas do sexo oposto, bem como,
associado ao risco de gravidez e de DSTs. Destacou-se ainda a preocupação dos adolescentes
com a prática sexual segura por meio do uso de preservativos, no entanto, houve relato de
maus tratos por parte dos pais ao flagrarem o porte da camisinha. Os artigos relatam,
também, a origem das informações sexuais entre os adolescentes, comprovando que na
maioria dos casos elas são dadas pelos amigos e não pelos pais, que deveriam assumir esse
papel integralmente, o que não ocorre por despreparo desses pais em abordar a sexualidade
com seus filhos. CONCLUSÕES: Fica evidente a necessidade de se investir em pesquisas em
temas de saúde sexual, capacitar professores quanto à temática da sexualidade humana sob a
ótica da prevenção com intuito de diminuir a vulnerabilidade dos adolescentes cabendo
também aos profissionais de saúde estar inseridos em programas de Educação Sexual nas
escolas promovendo ações e programas voltados para a saúde do adolescente.
Palavras-chave: educação sexual, saúde, adolescente.
REFERÊNCIAS: SAITO, M. I.; LEAL, M. M. Adolescência e contracepção de emergência: Fórum
2005. Rev. paul. pediatr. [online]. 2007, vol.25, n.2, pp. 180-186. ALTMANN, H. Educação sexual e
primeira relação sexual: entre expectativas e prescrições. Rev. Estud. Fem. [online]. 2007, vol.15, n.2,
pp. 333-356.
TONATTO, S.; SAPIRO, C. M. Os novos parâmetros curriculares das escolas brasileiras e educação
sexual: uma proposta de intervenção em ciências. Psicol. Soc. [online]. 2002, vol.14, n.2, pp. 163-175.
ISSN 0102-7182.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
40. ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE HEPATITE B: TENDÊNCIAS
INVESTIGATIVAS
Jéssica Tibaldi Busto
Lilian Naves Ferreira
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email: [email protected]
INTRODUÇÃO: A infecção pelo vírus da hepatite B é considerada um importante problema
de saúde pública. Estima-se que cerca de 2,2% da população mundial, o equivalente a 130
milhões de pessoas, estejam infectados por esse vírus (ALTER, 2007). A hepatite B aguda
geralmente se apresenta de forma assintomática. No entanto, a maioria dos casos evolui para
cronicidade, podendo levar ao desenvolvimento de cirrose hepática e carcinoma
hepatocelular, conferindo a essa virose importante causa de morbimortalidade. OBJETIVO:
Realizar levantamento bibliográfico acerca da hepatite B. METODOLOGIA: Foi realizado
um levantamento eletrônico de artigos na integra, nacionais e indexados nas bases de dados
SCIELO. Utilizamos na busca a intersecção das seguintes descritos: Hepatite B X
Enfermagem. Foram encontrados um total de 10 artigos. Os critérios adotados para a
exclusão dos artigos foram textos em inglês, desta forma, foram selecionados 8 artigos. Os
artigos selecionados foram analisados e discutidos. RESULTADOS E DISCUSSÕES:
Algumas pesquisas apontam que as ocorrências de contaminação da hepatite são
significativas no ambiente hospitalar, salientando que os profissionais da saúde estão mais
expostos a infecção pelo vírus, devido ao maior contato com o paciente e manipulação com
fluídos corporais e reencape de agulhas, facilitando a transmissão ocupacional. Alguns fatores
de risco descritos nos artigos mostraram que o tempo de profissão, relatos de exposição
ocupacional e o não uso de equipamentos de proteção estiveram associados a soropositividade
do vírus VHB. As pesquisas detectaram, ainda, que a maior parte dos profissionais de
enfermagem desconhecia as formas de transmissão do vírus, não havia recebido treinamento
do que fazer caso ocorresse acidente com perfuro cortante. CONCLUSÕES: Acreditamos
que é imprescindível a implantação de programas sistematizados para se discutir sobre
biossegurança em todos os setores de atuação da área de saúde, os quais deverão incluir
estratégias efetivas de prevenção de acidentes e de minimização dos riscos ocupacionais,
principalmente no caso das exposições a material biológico.
Palavras-chave: hepatite B; enfermagem; vulnerabilidade
REFERÊNCIAS:
ALTER, M. J. Epidemiology of viral hepatitis C infection. World J Gastroenterol.
2007;13(17):2436-41.
PINHEIRO, J.; ZEITOUNE, R. C. G. Hepatite B: conhecimento e medidas de biossegurança
e a saúde do trabalhador de enfermagem. Esc. Anna Nery [online]. 2008, vol.12, n.2, pp. 258264.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de
Vigilância Epidemiológica. Hepatites Virais: O Brasil está atento; 3ª edição; BRASÍLIA /
DF 2008.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
41. PROSTITUIÇÃO INFANTIL E EXPLORAÇÃO SEXUAL: ANÁLISE CRÍTICA
DA LITERATURA CIENTÍFICA
Jéssica Tibaldi Busto
Larissa Inglids Montezino
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email:[email protected]
INTRODUÇÃO: A violência que permeia a prostituição infantil feminina por si só já
constitui uma questão de saúde coletiva. Assim, observando a produção que circula nos
meios de comunicação, o contexto das políticas sociais e a própria literatura especializada na
área da infância e da juventude, é possível constatar que o fenômeno da prostituição infantojuvenil adquiriu uma notória evidência social, sendo motivo de intenso e mobilização dos
diversos setores da sociedade. Tais práticas, incluídas no rol das políticas de proteção social
da criança e do adolescente no Brasil, implicam contextos particulares e decorrentes de
construções históricas, sociais, culturais e econômicas próprias, articuladas às demais
questões sociais. OBJETIVO: Identificar e analisar a produção científica acerca da
prostituição infantil e exploração sexual. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento
eletrônico de artigos na integra, nacionais e indexados nas bases de dados SCIELO.
Utilizamos na busca a intersecção das seguintes descritos: prostituição X infantil; prostituição
x jovens; prostituição x adolescentes. Foram encontrados um total de 22 artigos. Os critérios
adotados para a exclusão dos artigos foram: textos em inglês, textos repetidos na busca, desta
forma, foram selecionados 17 artigos. Os artigos selecionados foram analisados a partir de seu
conteúdo e discutidos a partir da literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: A
grande maioria dos artigos, a partir de entrevistas, destacam os fatores que levaram essas
adolescentes à rua: violência doméstica; baixo nível socioeconômico familiar e abuso de
múltiplas drogas. Os autores abordam o tema como um meio de sobrevivência, decorrente de
uma sociedade desigual, adultocêntrica e machista. Vale lembrar que as pesquisas destacam a
violência doméstica como fator propulsor para a prostituição infantil, desta forma,
observamos que a prostituição infantil é mais frequente nas famílias das crianças que sofre:
negligência, violência física, violência sexual e também psicológica. Os artigos deixam claro
que na avaliação do atendimento a crianças vitima da prostituição, baseada em indicadores,
ainda é pouco realizada no Brasil e falta muito para combatê-la. Desta forma, os artigos ainda
destacam que para se enfrentar o problema, é necessário situá-lo dentro do contexto familiar e
articulá-lo em questões macros sociais. CONCLUSÕES: Observamos que pesquisas sobre a
prostituição infanto-juvenil não são alvos de produções científicas consistentes e pouco se tem
produzido, ainda que seja intensa a mobilização social em torno do tema. Portanto, para se
abordar o assunto, tem-se que recorrer às referenciais dos estudos sobre a prostituição em
geral.
Palavras-chave: prostituição; infantil; saúde.
REFERÊNCIAS: NUNES, E. L. G. e ANDRADE, A. G. Adolescentes em situação de
rua: prostituição, drogas e HIV/AIDS em Santo André, Brasil. Psicol. Soc. [online]. 2009,
vol.21, n.1, pp. 45-54.
BERNSTEIN, E. O significado da compra: desejo, demanda e o comércio do sexo. Cad.
Pagu [online]. 2008, n.31, pp. 315-362.
SOUZA, R. A. e SOUZA, L. Os dilemas da nomeação: prostituição infanto-juvenil e
conceitos relacionados. Estud. psicol. (Campinas) [online]. 2009, vol.26, n.2, pp. 247-256.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
42. PROPOSTA DE UM PROGRAMA PARA FAMILIAS DE ADOLESCENTES QUE
FAZEM USO DE DROGAS
Mayra Martins
Doutoranda da Pós Graduação EERP/USP
E-mail: [email protected]
Bruna Grigolli
Doutoranda da Pós Graduação da FFCLRP/USP
Email [email protected]
Prof. Dra. Sandra Pillon EERP/USP
Email [email protected]
Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno EERP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução
O uso de drogas entre os adolescentes tem aumentado muito nos últimos anos, atualmente é
um problema saúde pública; que vem recebendo uma atenção especial por parte dos
profissionais que atuam nesta área e dos órgãos públicos para um melhor entendimento dessa
realidade e uma ação efetiva em relação às possibilidades de programas de prevenção,
avaliação, orientação e intervenção auxiliando tanto as famílias quanto as instituições públicas
e privadas que desenvolvem trabalhos sócio-educativos direcionados ao adolescente em
situação de risco e vulnerabilidade como por exemplo; uso de drogas.
A partir de observações realizadas no período entre 2008 e 2009 nos grupos socioeducativos
com adolescentes e famílias pertencentes aos Programas do Governo Federal Pro Jovem
Adolescente e PAIF (Programa de Atenção Integral as Famílias) que são coordenados pela
Secretaria da Assistência Social de Ribeirão Preto-SP, foi identificado que muitos destes
adolescentes estavam envolvidos em situações de risco como, por exemplo, o uso de drogas e
estava levando as famílias a se desestruturarem emocionalmente, além de deixarem os
familiares impotentes com relação à tomar uma atitude adequada que pudessem solucionar
este problema ou quem sabe lidar com a situação de uma maneira positiva até que
conseguissem buscar uma solução para este problema que estava trazendo aos familiares e até
ao próprio adolescente preocupação e sofrimento.Contribuindo com estes fatos pesquisas
demonstram que o monitoramento, supervisão e vínculos afetivos fortes entre pais e filhos são
um fatores importantes para a prevenção do uso de drogas. Objetivo: Este estudo tem como
objetivo apresentar um relato de experiência e propor um programa intervenção que forneça
informação e orientação aos pais e adolescentes reforçando a importância dos laços afetivos
fortes, monitoramento e supervisão adequada como fator de prevenção e proteção ao uso de
drogas e outros comportamentos de risco visando amenizar esta problemática.Proposta de
Trabalho: Implementação de um trabalho de intervenção semanal baseando-se na nos
princípios da abordagem cognitiva-comportamental com o objetivo de amenizar esta
problemática.
Estimular a mudança de comportamento dos familiares e adolescentes através do pensar,
sentir, abordando as funções e as conseqüências do uso de drogas, a importância do
fortalecimento dos vínculos afetivos, monitoramento, supervisão adequada como fator de
proteção para o uso de drogas.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Intervenção nas habilidades de comunicação, o controle da raiva e o gerenciamento do stress,
que favorece o aprendizado voltado à solução dos problemas. Além dos recursos individuais
como a auto-observação e o controle do comportamento.
Existe um número considerável de adolescentes com esses problemas e poucos são os
recursos disponíveis na rede social ou de saúde. A escolha dessa abordagem na proposta de
intervenção foi utilizada por ser mais eficaz e de baixo custo.
Palavras chaves: Programas de orientação e prevenção ao uso de drogas, familias e
adolescentes.
REFÊRENCIAS
DEMUTH, S., BROWN, S., Family structure, family processes, and adolescent delinquency:
The significance of parental absence versus parental gender. Journal of Research in Crime
and Delinquency, v.4, n.1, p. 58-81, 2004.
MARTINS, M., PILLON, S.C.. A relação entre a iniciação do uso de drogas e o primeiro ato
infracional entre os adolescentes em conflito com a lei. Cad. Saúde Pública, 2008;
24(5):1112-1120.
MEYER, M. Guia prático para programas de prevenção de drogas. São Paulo : Sociedade
Beneficente Israelita , 2003.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
43. GRUPOS DE ADESÃO COM PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS EM UM
AMBULATÓRIO DE UM HOSPITAL-ESCOLA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Kátia Rodrigues Martins
Psic. Dra Maria Rosa Rodrigues Rissi
Psic. Dra Lícia Barcelos
Profo Dro Marco Antonio C. Figueredo
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP / USP
E-mail: [email protected]
Introdução: Na literatura científica há diversas visões referentes ao conceito de adesão, que
vão desde a idéia de “obediência” ao tratamento médico prescrito até a de uma atitude
complexa atravessada principalmente pela decisão autônoma do paciente. Atualmente, tem-se
pensado a adesão ao Tratamento Antiretroviral (TARV) como algo muito além do que a
simples ingestão de medicamentos e sim como um processo dinâmico e multifatorial que
inclui aspectos psicológicos, sociais, culturais, físicos e comportamentais, que requer decisões
compartilhadas e co-responsabilizadas entre a pessoa que vive com HIV, a sua rede social e a
equipe. Sobre esta última, sabe-se que o papel dos serviços de saúde é extremamente
importante na adesão, nos quais a disponibilidade de diálogo, a comunicação e a busca pela
negociação possibilitam uma relação mais aberta e horizontal. Para o tratamento da aids,
enquanto doença crônica, é fundamental haver uma interação entre o paciente e a equipe
multiprofissional, de forma a favorecer que a complexidade que envolve a continuidade do
tratamento possa ser devidamente compartilhada. Diante disso, algumas estratégias para
melhorar a aderência ao tratamento em doenças crônicas e AIDS vêm sendo construídas
baseadas no tripé: paciente, profissionais e serviços de saúde _ uma delas são os chamados
Grupos de Adesão. Neste trabalho relata-se brevemente a experiência do Grupo de Adesão
realizado no Ambulatório da Unidade Especial de Tratamento de Doenças Infecciosas
(UETDI) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto (HCFMRP).
Objetivo: A experiência de grupo pode possibilitar aos pacientes o acesso a conhecimentos e
vivências que não estão disponíveis nos atendimentos individuais e ainda fortalecer o vínculo
paciente/cuidador/equipe.
Metodologia: Os pacientes e acompanhantes presentes na sala de espera do Ambulatório
da UETDI são convidados a participar voluntariamente de uma roda de conversa com um
mote previamente definido que envolve a temática HIV/AIDS. A atividade também é
divulgada na Unidade por meio de cartazes afixados previamente. Nos grupos de Adesão, um
profissional da equipe ou um convidado inicia o grupo fazendo uma breve apresentação sobre
o tema do dia e depois a palavra é aberta para todos. Os grupos acontecem uma vez por mês,
com duração de uma hora e são encerrados com um coffee-break se caracterizando enquanto
um momento de confraternização entre os participantes.
Resultado: Em 2010, foram realizados quatro Grupos com os seguintes temas: Medicamentos
e Vacinas; Alimentação; Tuberculose e Direitos e Benefícios Trabalhistas. Em média,
participaram vinte usuários do serviço, incluindo pacientes e cuidadores. Nos Grupos de
Adesão, foi possível oferecer informações e apoio que instrumentalizassem os pacientes e
seus cuidadores no seguimento de sua terapêutica e cuidado à sua saúde. Trataram-se de
momentos de troca de experiências com os demais pacientes e acompanhantes, enquanto o
profissional servia de facilitador nas discussões que se seguiam, além de esclarecer dúvidas.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Considerações finais: Pôde-se notar que as intervenções em grupo é o compartilhamento
e troca de experiência entre pessoas com vivências comuns, que podem propiciar a vinculação
e o fortalecimento do apoio social entre pares e com o serviço de saúde. Contudo, deve-se
evitar que os grupos sejam meramente informativos e que as atividades se assemelhem a aulas
ou palestras, o que acaba inibindo a participação efetiva dos presentes durante sua realização.
É importante dizer que os profissionais envolvidos na condução dos grupos devem estar
preparados para acolher e abordar assuntos polêmicos e até íntimos, de maneira que considere
os objetivos e o formato da atividade sem que exponha indevidamente os participantes, além
de utilizarem uma linguagem acessível ao público. Por fim, a participação de diferentes
profissionais num mesmo grupo pode favorecer um maior dinamismo e interdisciplinaridade
aos grupos.
Palavras-chave: adesão; grupo; AIDS.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de
DST e AIDS. Manual de adesão ao tratamento para pessoas vivendo com HIV e AIDS.
Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 133 p.
COLOMBRINI, M. R. C.; LOPES, M. H. B. M.; FIGUEIREDO, R. M. Adesão à terapia
antiretroviral para HIV/AIDS. São Paulo, v. 40, n. 4, p. 576-581, Rev. Esc. Enfermagem
USP, 2006.
GUARAGNA, B.F.P. et al. Implantação do Programa de Adesão ao Tratamento de
HIV/AIDS: Relato de experiência. Porto Alegre, v. 27, n. 2, p. 35-38, Rev. HCPA, 2007.
NARCISO, A. M. S.; PAULILO, M. A. S. Adesão e AIDS: Alguns fatores intervenientes.
Londrina, v. 4, n. 1, p. 27-43, Rev. Serv. Soc., 2001.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
44. CONHECIMENTO PARA PREVENÇÃO: OFICINAS COM ADOLESCENTES
SOBRE A TEMÁTICA DO USO DAS DROGAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS
Rutinéia de Fátima Micheletto*
Márcia Mendes Ruiz Cantano**
Profª. Drª. Regina Célia Garcia de Andrade**
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP)*
Faculdade de Ciências Farmacêutica de Ribeirão Preto (FCFRP-USP)**
E-mail: [email protected]
Introdução: O uso de drogas, inclusive álcool e tabaco, tem relação direta e indireta com uma
série de agravos à saúde dos adolescentes e jovens, entre os quais destacam-se acidentes de
trânsito, agressões, depressões clínicas e distúrbios de conduta, ao lado de comportamento de
risco no âmbito sexual e transmissão do HIV pelo uso de drogas injetáveis e de outros
problemas de saúde decorrentes dos componentes da substância ingerida, e das vias de
administração. Educar a população é fundamental, pois promove a redução dos obstáculos
relativos ao tratamento e à atenção integral voltada para os consumidores de álcool,
aumentando a consciência coletiva sobre a freqüência dos transtornos decorrentes do uso
indevido de álcool e drogas (BRASIL, 2004). O Programa Assistencialista Sócio-Cultural dos
Estudantes de Farmácia (PASCEF) foi criado em 2004 pelos alunos do curso de graduação
em Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto/USP. O
Programa tem por objetivo primordial compartilhar saberes científicos, tecnológicos e
artísticos, tornando-os acessíveis à população. Devido à necessidade de repassar para a
sociedade os conhecimentos sobre saúde, adquiridos na universidade, permitindo a formação
de cidadãos-profissionais mais conscientes e informados, procura-se contribuir para a saúde
pública na prevenção de enfermidades e na melhoria da qualidade de vida da comunidade. O
PASCEF faz parte do Projeto Aprender com Cultura e Extensão, da Pró-Reitoria de Cultura e
Extensão Universitária da USP.
Objetivos: Levar conhecimentos científicos adquiridos no curso de graduação em FarmáciaBioquímica a adolescentes da comunidade, por meio de atividades sistematizadas e
diferenciadas, envolvendo e aproximando a Universidade e a Comunidade; e contribuir com a
formação do farmacêutico.
Metodologia: As atividades foram planejadas e executadas pelos alunos da FCFRP/USP que
participam como voluntários do PASCEF, sob a responsabilidade de uma docente, sob
orientação da pedagoga e uma farmacêutica. As atividades foram divididas em quatro
subtemas (tabagismo; formas de contatos; efeitos e conseqüências; e tipos e efeitos) sob o
tema central de Drogas. Em todas as oficinas foram desenvolvidas de maneira dinâmica e
interativa com os adolescentes de onze a quinze anos, com duração de aproximadamente uma
hora e meia.
Resultado: Na primeira oficina foi abordado o Tabagismo. Para obter informações de
quais drogas e a visão sobre esse assunto pelos adolescentes, para esse tema foi solicitando
que eles fizessem desenhos sobre o assunto. A finalização desta oficina foi com a paródia da
música de Martinho da Vila – “Devagarinho”, esta parodia aborda sobre o tabagismo (uso,
efeito e o incentivo a parar de fumar). A musicalização promoveu um ambiente mais
descontraído, animado e cultural para os adolescentes, instigando a conhecer mais sobre o
assunto. Tipos de drogas: Para apresentar os vários tipos de drogas foi realizado um teatro, no
qual o ator principal era um adolescente que tinha contato com as drogas no ambiente
familiar, em casa e na escola. Conseqüências do uso de drogas: Nesta oficina foi dada
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
continuação ao teatro, porém nesta oficina foi importante o enfoque que a droga não
proporciona momentos bons na vida. Trouxe várias conseqüências possíveis de acontecer para
as pessoas que fazem uso de drogas, tanto das legalizadas (álcool e cigarro), quanto de uso
incorreto de medicamentos e drogas ilícitas texto, após houve discussão sobre o assunto
apresentado na dramatização. Drogas tipos e efeitos: para enfatizar e abordar os efeitos das
drogas que foram apresentadas nas oficinas anteriores e também abordar outras e seus
respectivos efeitos, foi realizado um jogo (dominó), no local numérico, foram adicionados de
um lado um tipo de droga e no outro o efeito. Este jogo consistia que os adolescentes
identificassem qual era o efeito da droga da peça anterior, o jogo partia da “carinha feliz” e
terminava na “carinha triste”, a fim de representar se a pessoa utiliza drogas fará a pessoa
triste. Terminada essa atividade, foi realizado um cartaz, porque não uso droga, os
adolescentes escreveram os motivos pelo qual não se devem usar drogas e os cartazes ficaram
expostos na sala de atividade do Núcleo.
Considerações finais: A participação dos adolescentes foram bem destacadas pela experiência
e conhecimento de algumas drogas de abuso, foi importante realçar as consequências
causadas pelo uso de drogas para a conscientização.
Palavras-chave: Adolescentes, Drogas, Prevenção.
Refêrencias
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. A Política do Ministério da
Saúde para Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas. 2ª ed. Brasília; 2004.
Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pns_alcool_drogas.pdf>. Acesso
em: 25.ago.2010.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
45. FORMAÇÃO DE FARMACÊUTICOS PARA A PROMOÇÃO EM SAÚDE SOBRE
SEXUALIDADE
Rutinéia de Fátima Micheletto*
Márcia Mendes Ruiz Cantano**
Profª. Drª. Regina Célia Garcia de Andrade**
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP)*
Faculdade de Ciências Farmacêutica de Ribeirão Preto (FCFRP-USP)**
E-mail: [email protected]
Introdução: A adolescência é o período em que ocorre o amadurecimento sexual, com o
desenvolvimento das características sexuais primárias e secundárias. A sexualidade representa
uma característica humana, sendo complexa e diversa das diferentes formas de manifestação
individual e social (MOREIRA et al., 2008). O adolescente, durante esta etapa de
transformações, muitas vezes sofre fortes pressões do grupo em que está inserido para uma
iniciação sexual cada vez mais cedo, são os mais vulneráveis aos riscos de contraírem doenças
sexualmente transmissíveis por práticas sexuais desprotegidas, bem como uma gravidez
precoce ou indesejada (BRASIL, 2006). O Programa Assistencialista Sócio-Cultural dos
Estudantes de Farmácia (PASCEF), criado em 2004 pelos graduandos do curso de FarmáciaBioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto/USP, tem despertado
nos estudantes a dimensão social da educação, por meio da aplicação do aprendizado em uma
necessidade real e permite a este compreender a função do farmacêutico como agente de
promoção da saúde na comunidade. O PASCEF faz parte do Projeto, Aprender com Cultura e
Extensão, da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP.
Objetivos: Levar conhecimentos científicos adquiridos no curso de graduação em FarmáciaBioquímica a adolescentes, da comunidade e contribuir com a formação do farmacêutico,
proporcionando ao estudante a oportunidade de ensinar aprendendo partindo de demandas
reais da sociedade.
Metodologia: As atividades foram planejadas e executadas pelos alunos da FCFRP/USP que
participam como voluntários do PASCEF, sob a responsabilidade de uma docente e sob
orientação da pedagoga e uma farmacêutica. O tema principal foi Sexualidade que foi
subdivido em quatro subtemas: Conhecimento do corpo, DST/AIDS, Preservativos e Métodos
contraceptivos e Gravidez. Todas as oficinas foram desenvolvidas de maneira dinâmica e
interativa com os adolescentes de onze a quinze anos, com duração de aproximadamente uma
hora e meia.
Resultado: Conhecimento do corpo - Foi realizado um recorte em EVA (material
emborrachado) do corpo humano, tendo como modelo o adolescente. Foram confeccionados
pelos alunos todos os órgãos em EVA e na oficina foram entregues para os adolescentes, a
fim de identificar e anexar no corpo humano. A maioria dos órgãos foi identificada, dentre os
de maior dificuldade estava o coração em relação ao pulmão no esboço de EVA, porém
tinham noção da localização no próprio corpo. Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) /
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) - Para melhor visualização das DST foi
elaborada uma apresentação com as mais incidentes, os sintomas e a prevenção. Esta
dinâmica foi separada em grupo de meninas e meninos para evitar constrangimento e focar
em questões específicas em relação ao sexo feminino e masculino. Após apresentação das
DST foi realizada uma síntese para focar a importância do uso da camisinha e a higienização
do corpo. Foram distribuídos cartões para cada adolescente e aluno, sendo que um era
vermelho representando uma pessoa com DST, o verde uma pessoa usando camisinha e
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
demais sem proteção. Cada participante tinha que coletar o máximo de autógrafos dos outros
participantes em seu cartão. Essa dinâmica demonstra que não tem como saber se a pessoa
tem a doença e que facilmente pode ser contaminado se não usar preservativo.
Preservativos/Métodos - foram adquiridos métodos contraceptivos e preservativos e
apresentados para os adolescentes que estavam divididos em grupos. Cada grupo tinha que
escrever no papel nome, função e modo de usar. Os métodos menos conhecido foi o
diafragma e o dispositivo intra-uterino. Outros apresentados foram: contraceptivos orais /
Pílula do dia seguinte e tabelinha - Ciclo menstrual - Devido à complexidade do assunto foi
apresentado um filme. Após o vídeo foi realizado um acróstico com a palavra menstruação.
Gravidez - A última oficina foi realizada com jogo da verdade. Foram apresentadas frases
sobre os assuntos relacionados a medicamentos e contracepção e os adolescentes tinham que
identificar como falso ou verdadeiro. Foi realizada uma dinâmica sobre métodos
contraceptivos, que consistiu jogar um balão e quem pegasse tinha que dizer um método.
Considerações finais: A preparação das oficinas e o contato com a realidade social
proporcionou aos alunos da graduação aprendizagem, principalmente com adequação da
linguagem e estratégias eficientes para trabalhar o tema sexualidade. Os adolescentes tiveram
muitos tabus desmistificados e demonstraram aceitação do tema exposto em oficinas
interativas. Para a formação de profissionais da área de saúde é necessário motivá-los a
participar de atividades de promoção em saúde.
Palavras-chave: adolescentes; sexualidade; DST/AIDS.
Refêrencias
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Saúde e prevenção nas
escolas: guia para a formação de profissionais de saúde e de educação. Brasília:
Ministério da Saúde, 2006b. 160p.
MOREIRA, T. M. M.; VIANA, D. S.; QUEIROZ, M. V. O.; JORGE, M. S. B. Conflitos
vivenciados pelas adolescentes com a descoberta da gravidez. Revista Escola de
Enfermagem USP. v. 42, n. 2, p. 312-320, 2008.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
46.
A
COMPREENSÃO
DE
ALUNOS
E
PROFESSORES
DE
ENSINO
FUNDAMENTAL SOBRE EDUCAÇÃO SEXUAL, SEXUALIDADE E SEXO NA
ESCOLA
*Drª. Julieta Seixas Moizés
E-mail: [email protected]
**Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP. E-mail: [email protected]
***Prof. Dr. Manoel dos Santos
Faculdade de Filosofia e Letras de Ribeirão Preto- FFCLRP-USP
RESUMO
Introdução: Este estudo é uma investigação qualitativa que resgata a visão dos alunos e
professores do Ensino Fundamental sobre temáticas que envolvem a educação sexual, e
sexualidade na escola. Não obstante, os professores precisam acolher e auxiliar os alunos a
refletir e tomar decisões em questões sérias que dizem respeito à sexualidade e ao corpo, em
relação a si mesmo e ao outro. Então, não há como pensar em educação sem pensar nas
marcas neles impressas pelo espaço cultural e sem incluir, nos projetos e práticas
pedagógicas, as temáticas do corpo e da sexualidade humana. Objetivo: Levantar dados na
escola, procurando identificar como os alunos e professores lidam com o tema sexualidade,
corpo e educação sexual no contexto escolar, contribuir para debates sobre formação de
educadores que lidam com estes temas em seu cotidiano de trabalho, repensando o ver, o
sentir e o agir no que se refere ao corpo e à sexualidade e educação sexual, enquanto
dimensões fundamentais da integridade humana. Metodologia: Na coleta de dados foram
usadas a observação participante e entrevista, juntamente com um questionário com questões
norteadoras, para facilitar a compreensão e a interpretação das falas. A analise foi realizada
por categorização e a interpretação dos dados, fundamentando-se nos referências teóricos
propostos por Paulo Freire - a análise dos temas gerados. A amostra foi constituída por 6
professores (de português, ciências e educação física, por permitirem maior interações e
proximidades com os educandos), do ensino fundamental, 44 alunos de ensino fundamental
de 7ª. e 8ª. séries de uma Escola Estadual, localizada na cidade de Ribeirão Preto no Brasil
atendendo preceitos éticos na realização de Pesquisa com Seres Humanos. Os alunos relatam
que existem situações. Resultado: Os professores dão importância à Educação/Orientação
Sexual, sendo importante como forma dos alunos obterem informação, orientação e
esclarecimento de dúvidas. A maioria ressalta a importância dos temas transversais na escola,
como sendo fundamental na conscientização e reflexão dos alunos. A adolescência,
encontramos em síntese que trata-se de um período de transição, marcado pela modificação
física, mental e emocional. Fase essa, que ocorre mudanças na vida psíquica e em relação com
o próprio corpo e com o semelhante. Mas, evidenciam que a transversalidade não está
funcionando, pois, alguns dos professores responsabilizam somente os professores de ciências
para lidar com a educação sexual, não havendo a preocupação de trabalharem
transversalmente esses temas. Portanto, a partir dos resultados deste estudo, preconiza-se que
o enfrentamento do problema se dê dentro de uma visão coletiva e multidisciplinar e que as
práticas de educação na enfermagem em interface com a psicologia prescinde de
instrumentalização desse enfrentamento devendo buscar a construção de um processo
alicerçado nas significações do grupo de adolescentes, buscando reduzir as distâncias entre
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
práticas, representações e o conhecimento científico disponível. Conclusão: A escola exerce
papel fundamental em relação ao tema sexualidade, pois é do interesse do aluno,
principalmente na puberdade. Porém, apesar do assunto fazer parte dos Temas Transversais,
incluídos nos Parâmetros Curriculares Nacionais, observa-se por meio deste e de outros
estudos que os assuntos referentes à sexualidade não estão sendo trabalhados de forma
adequada, pois, observa-se uma maior ênfase em assuntos relacionados à Aids e ao uso de
preservativos. Contudo, a educação/orientação sexual deve englobar outros temas de interesse
dos jovens, oportunizando aos mesmos, a compreensão do seu próprio corpo.
Palavras- chaves: sexualidade, educação sexual; ensino fundamental
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
47. PROMOÇÃO DE SAÚDE SEXUAL EM ADOLESCENTES: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA
DE
INTERVENÇÃO
EM
UMA
ESCOLA
DE
ENSINO
FUNDAMENTAL
Fernanda de Sousa Vieira¹
Rosária Fernanda Magrin Saullo¹
Dr. Nadir Lara Jr²
E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO: Se de um lado, o aumento do número de adolescentes grávidas e a precoce
entrada na vida sexual ativa aumentam a preocupação de pais e professores; de outro, a maior
exposição do tema na mídia, bem como as necessidades próprias dessa fase da vida aumentam
a curiosidade dos adolescentes. Dúvidas teóricas e práticas aparecem. Por serem ainda temas
“tabus”, a sexualidade e a afetividade encontram obstáculos como a linguagem e as visões de
mundo entre as gerações, as dificuldades de perceber-se e refletir sobre as próprias
experiências e valores de cada um. A confusão entre exigências do meio social e as próprias
vontades também dificultam a reflexão desses assuntos. Quando se fala de saúde sexual e
reprodutiva, é comum restringir-se á oferta de serviços de planejamento familiar, de
DST/AIDS ou de pré-natal. Muito dificilmente encontra-se no serviço público de saúde
espaço para que as questões sexuais possam ser acolhidas, tais como dúvidas de práticas
sexuais, queixas de disfunções ou mesmo simples curiosidades. Mesmo o conceito de
atividade sexual pode ter vários significados e implicar situações diferentes para cada
adolescente. Entende-se hoje a saúde como estados vivenciados em processos sociais
diretamente relacionados ás possibilidades que as pessoas – principalmente os jovens – têm
de: ter objetivos, aspirações com vista na percepção realista do mundo; manter o equilíbrio
emocional; conseguir ter e manter ajustes com competências sociais e, ao mesmo tempo,
autonomia; desenvolver a auto-aceitação; desenvolver e manter vínculos afetivos; sentir-se
produtivos.
OBJETIVOS: Esse trabalho tem o objetivo de relatar a experiencia com adolescentes de uma
escola de ensino fundamental e médio a partir de grupos feitos com a temática da sexualidade
a pedido da escola, que encontrava-se, na época sem recursos para atender às demandas dos
alunos. Esse trabalho foi realizado como atividade extra-curricular sob supervisão do
Psicólogo Nadir Lara Jr, teve duração de 4 semanas, com cerca de 80 alunos de 12 a 14 anos.
REFERENCIAL TEÓRICO: O referencial teórico utilizado foi o da Psicologia Social
Comunitária e da Psicologia Social Crítica das metodologias participativas (SILVA; 2002 e
SIMON; 2004) sob o prisma da perspectiva da identidade como processo identificatório de
Ciampa (1990) que é visto como como uma relação dialética entre a identificação atribuída a
nós pelos outros e a autoidentificação, dessa maneira, a identidade é transforma-se na
confluência entre indivíduo e sociedade. Esse processo depende do conhecimento socialmente
difundido em um todo dotado de sentido, em que um “outro” indivíduo é mediador e parte
integrante. Entende-se, portanto, que “a identidade se concretiza na atividade social”
(CIAMPA, 1990).
METODOLOGIA: Neste projeto de intervenção pretendemos atingir com nosso trabalho cerca de 80
adolescentes de 7ª e 8ª séries (entre 12 e 14 anos). Para isso, foram utilizadas metodologias
participativas para trabalhos grupais e dinâmicas que facilitassem a interação no processo.
RESULTADO: Foram realizados 3 encontros (1 vez semanal, de 3 horas cada) com as
seguintes temáticas diretrizes: construção conjunta de alternativas e possibilidades de transformação
social; espaço de compartilhamento do conhecimento do profissional e dos adolescentes; identificação
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
e enfrentamento das expectativas; flexibilidade para lidar com imprevistos; reflexão contínua sobre o
trabalho; avaliação contínua do processo. Especificamente, foram trabalhados os seguintes temas: o
aprendizado das principais informações relacionadas à sexualidade e o compartilhamento de
experiências, dúvidas, curiosidades; levando informações que possibilitassem a prevenção de DST;
levantar questionamentos sobre a sexualidade e aspectos da adolescência; informar sobre as principais
questões levantadas; possibilitar um espaço de reflexão aspectos afetivos, dentro do espaço escolar.
Para o bom andamento das atividades destacamos que o papel do coordenador de grupos foi o de
facilitador de reflexão e a discussão dos assuntos: por não estar imerso na situação vivida,
conseguindo ter uma visão de distância que lhe permite captar aspectos mais amplos e profundos. Sua
ação vem da leitura crítica da realidade, denunciando contradições, problematizando, a fim de ajudar o
grupo a pensar e encontrar respostas e construir o próprio crescimento. Os coordenadores tiveram a
função de promover nos grupos a discussão sobre saúde com jovens, de clarificar valores; ou seja, uma
ação consciente e sistemática do coordenador, tendo por objetivo estimular o processo de avaliação
entre o público jovem com a finalidade de que eles dêem-se conta de quais são realmente seus valores
e, possam, assim, sentir-se responsáveis e comprometidos com eles.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Percebeu-se que grande parte dos participantes tinha conhecimentos
básicos sobre a sexualidade, mas não conseguiam fazer a conjunção entre esses saberes e os afetos.
Muitos questionavam o por que da atividade e outros puderam usufruir desse espaço para integrar
mais suas vivências particulares. O fato de os coordenadores não serem os professores da escola
facilitou a identificação e desenvolvimento dos temas. Observou-se que, ainda que se saiba muito
sobre a prevenção, a sexualidade é uma temática que vai além da prática sexual e do conhecimento
sobre o próprio corpo.
REFÊRENCIAS
CIAMPA, AC. A estória do Severino e a história da Severina: um ensaio da psicologia
social. São Paulo: Brasiliense; 1987
___________. Identidade. In: Psicologia Social. O homem em movimento. São Paulo: Brasiliense;
1990.
SILVA, R. Metodologias Participativas para Trabalhos de Promoção de Saúde e
Cidadania. São Paulo: Vetor, 2002.
SIMON, C.P. “Promoção de Saúde na Comunidade: análise de relatos de Experiências na
Literatura sob a Perspectiva da Psicologia Crítica”. Tese (Doutorado). 2004. FFCLRP-USP
¹: Psicólogas formadas no curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Ribeirão Preto
² Psicólogo e Doutor em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
48. O TRABALHO COM AS PROFISSIONAIS DO SEXO: CONTRAPONDO
TRADIÇÕES DE EXCLUSÃO E INCLUSÃO NO TRABALHO DO PSICÓLOGO
Fernanda de Sousa Vieira¹,
Lucas Fernandes¹,
Ana Carolina de Oliveira Gonçalves¹,
Luciano Henrique da Silva Ribeiro do Vale¹,
Roberta Cury de Paula¹,
Márcia Campos Zuardi²,
Dário Teófilo Schezzi¹,
Ana Paula Leivar Brancaleoni³
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP
E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO: A educação não-formal é de extrema importância na promoção de saúde e
empoderamento dos grupos, no que se refere a ações de auto-cuidado e prevenção. A
prostituição é uma prática negligenciada pela academia e pelas políticas públicas. A partir da
criação dos programas de DST/AIDS houve uma tentativa de abordar a prostituição a partir da
perspectiva da promoção de saúde e não mais de uma abordagem criminalista. Nessa
perspectiva, se faz necessário integrar o aprendizado do psicólogo á formação de novos meios
de promoção de saúde.
OBJETIVOS: Este trabalho tem por objetivo relatar o processo de construção de uma
intervenção psicossocial junto a uma ONG de profissionais do sexo no município de Ribeirão
Preto.
REFERENCIAL TEÓRICO: Tem-se como referencial teórico a Psicologia Social
Comunitária em consonância com a Abordagem Centrada na Pessoa.
METODOLOGIA: A pesquisa-ação foi o modelo metodológico adotado, sendo o
instrumento de coleta de dados a observação participante – visitas à própria organização e
“visitas a campo” (chácaras, bares e pontos de prostituição). Esta intervenção acopnteceu num
estágio profissionalizante oferecido a alunos de Psicologia da FFCLRP-USP, durante o ano de
2008.
RESULTADO: Objetivava-se implantar junto a uma ONG de profissionais do sexo, um
serviço de atendimento psicológico do tipo plantão e construir levantamentos psicossociais
necessários à criação de programas de atenção à saúde, dentro da perspectiva da Psicologia
Social Comunitária e da Abordagem Centrada na Pessoa, dentro do espaço físico da ONG.
Contudo, a centralização dos processos de gestão na ONG resultou num distanciamento da
categoria e, na época, ainda que as lideranças desejassem outras atuações, restringiam-se à
distribuição de preservativos. Este mesmo afastamento expressou-se na não procura do
plantão psicológico. No contato com a população, durante o trabalho de campo, percebeu-se a
existência de demanda por atendimento psicológico, mas dificuldades para o acesso ao
mesmo. Assim, o trabalho foi realizado a partir de um mapeamento da prostituição no
município utilizando-se um questionário estruturado; posteriormente definiu-se dois locais
para uma intervenção pautada em referencias da Psicologia Social-Comunitária. Realizou-se
alguns encontros com profissionais do sexo: um grupo de mulheres e outro com travestis; os
relatos foram transcritos e categorizados; o grupo das travestis propôs a criação de uma
cartilha para divulgação das dificuldades e vivências, com finalidade de orientar políticas de
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
saúde para diminuição do estigma e maior aceitação junto a esta população. Foi percebido a
importancia da prática do psicólogo junto a estas populações por haver/apesar de haver muitas
dificuldades para estabelecer um contato inicial, tendo-se que trabalhar o tempo todo com
frustrações próprias do processo de abertura a um novo campo de atenção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: A prática com as profissionais do sexo ensinou que ainda há
muito o que ser feito para aproximar suas necessidades do que é oferecido pelo Estado;
relatos de estigmatização quando se procura um serviço de saúde ainda são comuns entre as
profissionais do sexo, principalmente entre as travestis. Sob esse aspecto é necessário integrar
esta demanda às políticas de atenção básica tanto do SUS como outras instituições de de
saúde. Assim, a atuação dos estagiários junto à ONG pode constituir-se um meio para a
reflexão acerca de ações e da efetividade delas para a promoção de saúde e conquista de
direitos. Pode-se dizer, também, que o resgate histórico aponta para o caráter educativo da
participação nos movimentos de organização destas profissionais, fortalecendo o grupo e
possibilitando a configuração de uma rede de apoio e atenção à saúde em seu sentido amplo.
Indica-se, por fim, que os trabalhos de promoção de saúde e cidadania, para serem efetivos,
devem ter o grupo como ponto de partida da intervenção, sujeitos ativos em sua construção.
Palavras-Chave: Psicologia Social Comunitária, Promoção de Saúde, Profissionais do sexo
¹: Psicólogos formados no curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Ribeirão Preto
²: Psicóloga contratada da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP
³: Professora da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal - UNESP.
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49. MENINA, TUDO MUDA QUANDO TE TORNAS MULHER: OS TRANSTORNOS
ALIMENTARES E O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO
Fernanda de Sousa Vieira
Fernanda Kimie Tavares Mishima
Profª. Drª. Maria Lucimar Fortes Paiva
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras – FFCLRP/USP
E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO: A Anorexia Nervosa, é caracterizada por limitações dietéticas autoimpostas,
padrões bizarros de alimentação e perda de peso, com intenso medo de engordar (BUSSE;
SILVA, 2004). Na relação anoréxico com a mãe, o vínculo é patológico, pois a figura materna
não percebe as necessidades do paciente e nem sua autonomia. Essa problemática surge com
intensidade na adolescência. Nesse período, há imensas mudanças no corpo do adolescente,
que passa a assemelhar-se aos pais. O corpo torna-se inaceitável, o que o leva a pensar numa
reativação do desejo de indiferenciação impossível da figura materna.E a organização
edipiana não pode acontecer, pois, o pai tende a não ser mais do que um duplo da mãe.
Noutro nível, a perda do objeto equivale à perda de si mesmo, pois não existe a elaboração do
luto do objeto. Unir-se à mãe significa proteger-se do abandono, de uma situação de
desamparo, um ideal de completude, mas também a perda dos limites individuais,
constituindo um esquema de amor/ódio por esse objeto.
OBJETIVOS: Este trabalho tem por objetivo ilustrar a vivência de uma menina de 09 anos,
Maria Vitória, atendida no CPPA da FFCLRP-USP, no estágio de Ludoterapia de Orientação
Psicanalítica, para refletir acerca da relação entre o processo de individuação e os trantornos
alimentares.
REFERENCIAL TEÓRICO: Considera-se de natureza descritiva, desenvolvido na
perspectiva clínica de investigação, no contexto das abordagens qualitativas.
METODOLOGIA: Nesse contexto, as contribuições advindas do presente trabalho dizem
respeito ao uso da estratégia metodológica do estudo de caso na investigação qualitativa,
dentro da perspectiva clínica de abordagem psicanalítica. Para tanto, há o relato do
atendimento de uma menina, de 09 anos de idade, em processo terapêutico, na frequência de 3
vezes semanais, durante o período de 3 meses. A menina foi atendida na clínica-escola de
Psicologia da Universidade de São Paulo, campus Ribeirão Preto.
RESULTADO: O motivo da procura para atendimento de Maria Vitória foi por ocasião do
processo de separação dos pais. Pode-se observar no contato com Maria Vitória que, desde o
início do tratamento, mostrava-se rígida quanto à maneira de brincar mantendo as mesmas
brincadeiras, na mesma sequência, continuando os jogos de onde havia parado na sessão
anterior. Havia dificuldades da criança em perceber o que era ser homem e mulher. Em todo o
tempo em que brincava, é como se terapeuta e paciente fossem uma só pessoa na sala de
terapia. O sentimento de Maria Vitória era de simbiose e, dessa maneira, havia intensa
idealização do vínculo terapêutico, mas também certa persecutoriedade. Com o curso dos
atendimentos e o aprofundamento do vínculo, a criança passou a tornar as sessões menos
estruturadas e a usar materiais também menos estruturados, como a tinta, iniciando um
processo regressivo. Esse movimento iniciou-se quando, decidida a parar o atendimento, a
criança pediu à mãe para avisar a terapeuta de que não iria mais. Depois, terapeuta e paciente
conversam sobre o que isso significava e é deixado clara a necessidade que ela tinha de ter um
espaço como aquele para si. O asseguramento de que a terapeuta não a deixaria sozinha
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
naquele momento, gerou uma aliança e, de maneira muito sofrida, dizendo que concordava
com a terapeuta, chorando, dizendo que precisava daquele espaço para si. Isso pode ser visto
como teste para a terapeuta sobre até onde poderia ir com ela, quanto ao acolhimento dos seus
sentimentos que ela não se sentia confortável e confiante em dividir com os pais, em especial,
com a figura materna. Conversar com os pais foi uma importante oportunidade para
ressegurar o contrato de trabalho, a importância do tratamento e perceber dados concretos
relativos à dinâmica familiar. A mãe se mostrou como a mãe das brincadeiras, hostilizada e
rivalizada pela menina; o pai, ambivalente, ora um duplo da mãe, ora figura de
apaixonamento da filha, que se infantilizava em sua presença, como forma de sedução do pai.
A mãe pouco interferia nessa situação, sentindo-se menosprezada e usando a terapeuta como
escudo contra os ataques da filha. E o pai ausente e permissivo em suas opiniões. Ambos
deixando a menina decidir sozinha o curso de seu tratamento. Maria Vitória não apresenta
sintomas anoréxicos, mas é possível perceber certos comportamentos que demonstram um
funcionamento típico dessa patologia. Com relação à imagem corporal, ela nega de maneira
intensa a percepção de mudança do seu corpo, mas ao mesmo tempo fica atenta ao uso de
maquiagem e brincos usados pela terapeuta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Pode-se observar melhora em seu estado quanto à maneira
como age com a família, questionando-a e tornando-se um pouco mais flexível consigo
mesma. Apesar disso, enfrenta um momento de profundas modificações e apresenta um
aparelho psíquico frágil para enfrentá-las, necessitando de acompanhamento psicoterapêutico
por mais um longo período. Scazufca (1998) defende que distúrbios alimentares seriam
originários de uma falha nas primeiras experiências de bebês, comprometendo a habilidade
em identificar a fome e comprometendo o reconhecimento de suas sensações internas. Assim,
essa dificuldade de diferenciação, em uma menina que chega à adolescência e precisa
enfrentar uma segunda individuação, é intolerável. A angústia é intensa e a criança pode fazer
uso da anorexia como mecanismo de defesa.
REFERÊNCIAS:
BUSSE, S. R.; SILVA, B. L. Transtornos alimentares. In: BUSSE, S. R. (Org.). Anorexia,
bulimia e obesidade. São Paulo: Manole, 2004. p. 30-110.
SCAZUFCA, A. C. M. Abordagem psicanalítica da anorexia e da bulimia como
distúrbios da oralidade. Dissertação de Mestrado apresentada à PUC-SP. São Paulo, 1998.
Palavras-Chave: Pesquisa Clínica, Psicanálise, Transtornos Alimentares
¹Psicóloga formada pela FFCLRP-USP
²Psicóloga contratada do Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRP-USP
³Profª. Drª do Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRP-USP
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50. O PORTADOR DO VIRUS HIV NO ATENDIMENTO PSICOLÓGICO: O SUTIL
RECONSTRUIR DE SIGNIFICAÇÕES PARA TERAPEUTA E CLIENTE
Rosaria Fernanda Magrin Saullo
Prof. Dr. Manoel Antonio dos Santos
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: A visão da atualidade sobre a problemática do HIV é de conhecimento público.
No entanto, quando se pensa na inserção destes pacientes em atendimentos psicoterápicos,
pode-se correr o risco de paciente e terapeuta perderem o foco do humano, para se preocupar
com a doença por si. Contextualizados em uma sociedade onde responsabilidade e
amadurecimento se tornam processos mais lentos e difíceis, e adolescência é entendida como
um estilo de vida, o espaço da psicoterapia pode ser o ambiente seguro para proporcionar um
resignificar destas experiências que exigem uma maturidade imediata na imposição de rotina
de remédios, médicos e cuidados.
Objetivo: Este relato visa exemplificar uma transformação possível na postura de um usuário
de um ambulatório regional de saúde mental e sua terapeuta na visão de uma doença crônica
grave, que acaba por proporcionar um crescimento para ambos.
Metodologia: Relato de experiência. Foram realizadas sessões de abordagem psicanalítica,
duas vezes por semana durante um ano. Stephan (nome fictício atribuido ao paciente) é um
homem com aproximadamente 40 anos, HIV positivo, que trabalha em negócio próprio. Foi
encaminhado ao Ambulatório de Saúde Mental por sua infectologista, e lá recebeu
diagnósticos múltiplos, entre eles F41.2 - ‘transtorno misto de ansiedade e depressão’, F07‘transtorno de personalidade e de comportamento decorrente de doença’ e uma indicação para
investigação de um possível transtorno bipolar. Após cada sessão, a estagiária da psicologia
realizava uma transcrição do ocorrido e semanalmente as sessões eram levadas à supervisão
com uma psicanalista.
Resultado: A AIDS traz em sua história um trajeto de lutas constantes, principalmente contra
o preconceito. Mais do que um problema social, este pode ser entendido como uma
problemática que se amplia para o âmbito do auto-conceito, e pode dificultar o processo de
aceitação da doença e as possibilidades de tratamento. Stephan inicia a psicoterapia
demonstrando sempre grande ansiedade. A culpa, alternada com relatos de “não merecimento
da doença”, se mostrava de diversas formas, seja na busca tardia por uma religião de regras
rígidas (que inclusive não aceitava sua homossexualidade), seja na decisão por nunca mais
fazer sexo (decisão tomada no dia que recebeu o diagnóstico de HIV positivo). O percurso da
terapia foi tortuoso, regado por exigências de respostas rápidas, que refletiam o medo e a
angústia de Stephan. A relação terapêutica foi ao longo do ano se construindo como um
vinculo ao mesmo tempo essencial e ameaçador para Stephan, que chegava a explicitar sua
vontade de prolongar as sessões, seja em tempo seja em frequencia, pedido que apareceu em
quase todas as sessões durante os 3 primeiros meses do segundo semestre de atendimento.
Existia uma grande necessidade de se sentir especial para a terapeuta, o que tornava difícil
trazer experiências mais dolorosas e complicadas para a sessão. Quando ocorria dele chorar,
cobria o rosto com as mãos e se fechava, mudando rapidamente de assunto logo depois ou
parecendo sem graça. Quanto mais se sentia vinculado à terapeuta, mais se mostrava
persecutório e frágil, se sentindo “nas mãos” do outro. Através de imagens, essa fragilidade
foi podendo aparecer, e com ela a noção de amadurecimento. Para Stephan, o HIV foi sendo
entendido como um “filho”, que o fez repensar suas prioridades e o obrigou a se reorganizar e
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
amadurecer. Chega a se comparar a uma mãe solteira que estaria procurando nos médicos, um
pai que ajude nos constantes cuidados que são necessários.
Considerações finais: Quando olhamos através do prisma de uma sociedade preconceituosa e
individualista, torna-se difícil captar o sofrimento vivenciado pelo outro que procura ajuda.
Um sofrimento que clama por acalento, mas grita desde o primeiro encontro “Se afaste”.
Muito mais do que as falas, aqui o contato foi potencializador da emersão de todos esses
afetos. Poder sobreviver à proximidade, à intimidade, e ainda estar ali, acaba sendo para
Stephan uma possibilidade de reelaboração de experiências bastante sofridas. No dia da
sessão final, Stephan conta que sua mãe e irmã também resolveram buscar ajuda. Conforme
Stephan foi podendo se entender enquanto existindo antes da doença, através de uma
recuperação de sua história que aos poucos foi surgindo nos atendimentos, o processo
conjunto à essa individuação foi o de devolver aos outros o que não era seu. Sem que isso
fosse dito explicitamente, ele foi se percebendo como portador também de todos os problemas
da casa, de todas as doenças da família, e se fortalecendo, pode proporcionar um cuidado
ajudando o outro a se cuidar, ou seja, trazendo mãe e irmã para atendimento. Com o lento
amadurecimento presenciado, foi possível um processo de individuação que mudou o olhar
sobe a doença, sobre si mesmo e sobre os familiares do paciente portados do HIV. Mais do
que isso, modificou também a terapeuta, que hoje oferece um outro olhar, plausível e aberto
às mais diferentes e singulares significações.
Palavras-chave: HIV; Psicoterapia; Significações.
Refêrencias
ZIMERMAN, D. E. Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica – uma
abordagem didática. Porto Alegre: Artmed. (1999)
Site
do
Ministério
da
saúde,
acessado
http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMIS232EC481PTBRIE.htm
em
10/12/2008:
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
109
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
51. AGRESSIVIDADE E VIOLÊNCIA PARA O PRIMEIRO ANO DE VIDA: UMA
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Rosaria F. M. Saullo;
Profª. Drª. Kátia de Souza Amorim
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: As concepções acerca do bebê, no primeiro ano de vida, vêm mudando muito. As
transformações sócio-históricas trouxeram não apenas um olhar diferente à infância, como
também às relações das crianças e ao papel das educadoras em instituições de educação
coletiva infantil (como as creches). No entanto, muito pouco tem sido estudado acerca das
particularidades dessa criança no primeiro ano de vida e suas formas de comunicação (que
apesar de não se linguagem verbal, é perpassada por ela). Dentro disso, aqueles
comportamentos que parecem fugir das expectativas que se tem frente ao bebê,
principalmente os que são entendidos como comportamentos agressivos (tais como o morder),
permanecem ainda não estudados, apesar de se tratarem de problemáticas frequentes nas
creches. Partindo disso, estruturou-se um projeto de Iniciação Científica que buscava
investigar os processos de mediação e constituição do sujeito, no primeiro ano de vida,
através de um estudo de caso sobre um bebê mordedor em creche. Para isto, realizou-se
revisão bibliográfica em base de dados nacional e internacional, buscando concepções sobre
agressividade e violência na primeira infância.
Objetivo: Através dos dados obtidos numa revisão bibliográfica de base nacional e
internacional, este trabalho visa apresentar e discutir as concepções encontradas na literatura
sobre agressividade e violência no primeiro ano de vida, de modo a (re)pensar crenças e
posturas adotadas por pais e educadores, em creche.
Metodologia: Para a condução da revisão, inicialmente, foi realizada uma busca em uma base
de dados nacional (Scielo) e, posteriormente, numa base de dados internacional (Medline).
Através de sucessivos cruzamentos entre palavras, delimitou-se um total de 667 artigos do
Scielo (dos quais apenas 10 foram considerados como pertinentes ao tema), e 25.127 artigos
do Medline (com as mesmas palavras-chave), que foram recruzados e dos quais foram
selecionados 13 artigos. Destes, 1 não pode ser recuperado, 1 se repetiu em cruzamentos
diferentes de palavras-chave e outros 2 foram encontrados em ambas as bases, resultando num
total de 19 artigos. Estes foram lidos e analisados sob a perspectiva teórico-metodológica da
Rede de Significações, que rege o estudo maior.
Resultado: Observa-se um aumento nas publicações, sendo que os artigos mais antigos se
encontram na base de dados internacional (2 artigos encontrados no Medline datam de 1998),
sendo seguido com 2 anos de diferença por um artigo da base de dados nacional que data de
2000; Dentre os artigos encontrados na base de dados nacional (Scielo), uma grande
diversidade de abordagens pode ser encontrada (Psicanálise, Ciências Cognitivas, Sóciocultural, Psicopatológica, Psiquiátrica, Construcionismo Social), assim como uma
heterogeneidade de formatos – estudos teóricos, relatos de experiência e revisões teóricoconceituais. Ainda, a grande maioria dos artigos está focada nos adultos, nem sempre
deixando explícito, no entanto, que este é foco do estudo (como por exemplo os estudos de
revisão, e os teórico-conceituais, que se propõem a discutir de forma ampla temas como
‘agressividade’, mas no entanto não ponderam questões da infância). Os estudos, por vezes,
explicitam como conceitualizam os termos usados dentro de cada uma das abordagens. Em
alguns casos, no entanto, deixam isso implícito no decorrer no texto sem que o leitor tenha
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clareza de seus pressupostos e de suas implicações. Nos artigos internacionais, os estudos
apresentam, em sua maioria, uma perspectiva bastante determinista e causal do
comportamento agressivo, com freqüência se referindo à agressividade como ‘disfunção’,
apontando tratamentos para a criança considerada agressiva, procurando causas diretas
(principalmente a postura dos pais) e conseqüências certas (drogadição e delinqüência
juvenil).
Considerações finais: Conforme os artigos foram sendo perpassados, foi-se tornando evidente
o quanto esta é uma discussão recente. Apesar de ser freqüente a definição dos termos
agressividade e violência através da característica da intencionalidade, estes termos, que são
entendidos de formas bem divergentes, são tratados sem uma referência concreta e consensual
do que os diferencia. Variações tais como ‘comportamento agressivo’ ou ‘comportamento
positivo ou negativo’ aparecem nos textos conforme perspectiva do autor e, muitas vezes,
deixam subentendido ao leitor à que se referem, dificultando um diálogo mais claro com os
diferentes dizeres da literatura. Freqüente, contudo, é o foco nas características inatas
individuais, sejam estas por aspectos genéticos, de estrutura de personalidade ou na própria
concepção de intenção e perversidade. A escassez de trabalhos com bebês evidencia uma
dificuldade de concebê-los como portadores desta agressividade, que em alguns estudos, no
entanto, é concebida como humana. Transparece também a dificuldade em conceber a criança
como ativa e participante de seu próprio desenvolvimento e do desenvolvimento de outras
crianças. Acreditamos na necessidade de novos olhares, que possibilitem um entendimento
diferenciado dos processos desenvolvimentais que acontecem não apenas no primeiro ano de
vida, mas em todo seu percurso. No entanto, com a revisão bibliográfica, nos deparamos com
uma série de artigos que extraíam a criança da situação; e, o potencial da mesma para
ressignificar experiências de forma individual e coletiva, na relação com o outro, não foi
explorado.
Palavras-chave: Revisão; Agressividade; Bebês.
Refêrencias
ROSSETTI-FERREIRA, M. C.; AMORIM, K. S.; SILVA, A. P. S. Rede de significações:
alguns conceitos básicos. Em: M. C. Rossetti-Ferreira, K. S. Amorim, A. P. S. Silva, & A. M.
A. Carvalho (Orgs.), Rede de significações e o estudo do desenvolvimento humano. Porto
Alegre: Artmed. 2004.
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52. TRATAMENTO DA AIDS: ORIENTAÇÕES E MEDIDAS SIMPLES PARA SEU
SUCESSO
Samira Costa de Faria; Roberta Seron Sanches; Mirela Barbalho Benedicto;
Mayara Vianna Caetano; Carla Maria Seconi Momenti;
Samantha Perissotto; Profª. Drª. Ana Paula Morais Fernandes
Introdução
A introdução da terapia antirretroviral conseguiu modificar a infecção pelo HIV de uma
doença fatal para uma doença crônica, aumentando a sobrevida, a melhoria da qualidade de
vida, redução dos episódios mórbidos e transmissão pelo HIV1. Em contrapartida, são vários
os efeitos colaterais constantemente descritos que infelizmente surgem após início do
tratamento levando à má adesão e contribuindo para os insucessos terapêuticos2.
Objetivo:
Promover a orientação e educação em saúde para pessoas vivendo com HIV/Aids através de
grupos de discussão sobre a importância da adesão ao tratamento e fornecer dicas sobre os
cuidados que devem ter frente a ocorrência dos principais efeitos colaterais.
Metodologia:
Em parceria com o grupo PET/EERP, foram realizadas visitas semanais aos moradores da
Casa Lauro, uma instituição filiada a ONG Corassol que abriga adultos portadores de HIV,
sendo a população alvo os moradores, os cuidadores e os familiares. Dentre as atividades,
foram realizadas oficinas e dinâmica em grupo, rodas de conversa, discussão dos problemas
vivenciados, dramatização, música, artesanato, cartilhas, filmes e outras atividades.
Resultado:
Através do vínculo estabelecido foi possível proporcionar maior interação do grupo,
melhorando a dinâmica entre os moradores, promover o dialogo, atuar na promoção de saúde
e prevenção de doenças através da orientação e educação em saúde assim como suprir
necessidades básicas observadas e/ou verbalizadas pelos moradores. Além disso, a
experiência de extensão possibilitou uma conexão entre a universidade e as demandas sociais
reais, onde assumimos o compromisso de cidadãos e também de multiplicadores de
conhecimento.
Considerações finais:
Este trabalho possibilitou uma ampliação dos conhecimentos teóricos a respeito desta
temática assim como vivência pessoal e enriquecimento da prática assistencial e o
reconhecimento do individuo de maneira integral, enfatizando aspectos biológicos, culturais e
psicossociais do mesmo dentre suas limitações no processo saúde e doença.
Palavras-chave: Aids, tratamento, orientação.
Refêrencias
Louie JK, Hsu LC, Osmond DH, et al. Trends in causes of death among persons with acquired
immunodeficiency syndrome in the era of highly active antiretroviral therapy, San Francisco,
1994 - 1998. Journal of Infectious Diseases, 186: 1023-1027, 2002.
Viraben R, Aquilina C. Indinavir-associated lipodystrophy. AIDS, 16: 37-39, 1998.
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53. PERFIL DAS GESTANTES INFECTADAS PELO HIV-1
Camila de Almeida Agustoni
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
E-mail: [email protected]
Samira Costa de Faria
Roberta Seron Sanches
Francielly Maiara da Penna Matos
Mirela Barbalho Benedicto
Carolina Meneguetti
Ana Paula Moraes Fernandes
Introdução
A aids é uma doença causada por um retrovírus, o HIV-1, o qual provoca importantes
modificações no sistema imunológico dos indivíduos por ele infectados, levando à deficiência
da imunidade celular e conseqüente suscetibilidade a várias infecções oportunistas.
De marcadamente regionalizada e restrita a determinados segmentos populacionais, a
epidemia do HIV-1 passou a se expandir por todo território nacional nos anos 90 ,destacandose crescimento acelerado entre mulheres, jovens e pobres, além da expansão da epidemia
entre indivíduos com parceria sexual estável (BRASIL, 1998). A heterossexualização é uma
das características mais marcantes da epidemia do HIV-1 e o número de mulheres infectadas
continua a crescer principalmente entre aquelas com relação afetiva estável (BASTOS;
SZWARCWALD, 2000).
Objetivo
Avaliar o perfil das gestantes infectadas pelo HIV-1.
Metodologia
Estudo transversal descritivo realizado com gestantes atendidas no HCFMRPUSP.
Foram coletados dados sóciodemográficos e obstétricos relativos à transmissão do
HIV-1.
Resultados
O grupo foi composto por 50 mulheres portadoras de HIV-1, sendo 46/50 (92%)
gestantes e 4/50 (8%) mulheres que já possuem filhos, com idades variando entre 18 e 39
anos (= 26,28±5,70 anos).
Em relação a cor da pele, 38/50 (76%) consideravam-se brancas, 6/50 (12%) mulatas e
6/50 (12%) negras. No que se refere ao grau de escolaridade, 8/50 (16%) não concluíram o
ensino fundamental, 6/50 (12%) possuem ensino fundamental completo, 18/50 (36%)
possuem ensino médio incompleto, 18/50 (36%) concluíram o ensino médio e nenhuma
possui ensino superior. Em relação a ocupação 40/50 (80%) não trabalham.
Considerando as relações afetivo-sexuais, houve predomínio de mulheres amasiadas,
totalizando 20/50 (40%) das pacientes, seguidas por 18/50 (36%) solteiras, 10/50 (20%)
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casadas e 2/50 (4%) viúvas; 32/50 (64%) possuem um relacionamento estável (há mais de 5
anos) e residem com marido e filhos.
Relativo à descoberta da infecção pelo HIV-1, 28/50 (56%) das pacientes relatou que
ocorreu no momento do exame pré-natal, 10/50 (20%) descobriram após adoecimento por
infecção oportunista, 8/50 (16%) realização de exames de rotina 2/50 (4%) na infância (TMI)
e 2/50 (4%) pela confirmação de soro positividade do conjugue.
Quanto ao parceiro, 12/24 (24%) relataram que seu parceiro também é portador do
HIV-1, 18/50 (36%) relataram não saber e 20/50 (40%) relataram que seu parceiro não possui
a infecção pelo HIV-1.
O tempo de diagnóstico de soro positividade variou entre 1 mês e 17 anos ( x =
4,85±4,48 anos), sendo que 20/50 (40%) das pacientes convivem com a doença há menos de 5
anos e 10/50 (20%) há menos de 1 ano. Em relação ao tratamento medicamentoso todas as 50
participantes (100%), referem adesão ao tratamento com antirretrovirais durante o pré-natal.
O número de células CD4 variou entre 73 e 929 ( x = 452,86±191,92 células/mm3) e a
carga viral variou entre indetectável e 13171 cópias/mm3 ( x = 1173,55±3016,47
cópias/mm3).
Quando investigamos sobre a gravidez, 16/50 (32%) pacientes disseram que a
gravidez foi programada e 34/50 (68%) mulheres não pretendiam ter filhos. Como método
contraceptivo 20/50 (40%) mulheres relatam uso do preservativo masculino, 2/50 (4%)
utilizavam o anticoncepcional hormonal oral e 28/50 (56%) não faziam uso de nenhum
método contraceptivo.
No que diz respeito a paridade após o diagnóstico de portadoras da infecção pelo HIV1, 26/50 (52%) pacientes são primigestas, 22/50 (44%) tiveram filhos que não foram
contaminados verticalmente pelo HIV-1 e 2/50 (4%) mulheres tiveram um filho contaminado
verticalmente pelo HIV-1. Todas as mulheres que tiveram filho após seu diagnóstico de
portadoras do HIV-1 relataram não ter amamentado seus filhos. Em relação a idade
gestacional, na gravidez atual, 06/46 (13,04%) encontram-se no primeiro trimestre de
gestação, 14/46 ( 30,4%) no segundo trimestre e 26/46 (56,5%) no terceiro trimestre.
Conclusões
Os dados permitem observar que, a maioria das mulheres que participaram do estudo
possuíam relacionamento afetivo estável, o que corrobora a tendência de crescimento da
epidemia entre mulheres, principalmente as com parceira sexual fixa.
O fato de a maioria das mulheres possuírem baixo nível de instrução e não trabalharem
corroboram o exposto por Herrera e Campera (2002), como fatores que contribuem para a
vulnerabilidade feminina para a AIDS.
No que diz respeito à descoberta da infecção pelo HIV, 56% das mulheres relataram a
descoberta no pré-natal, destacando-o como importante estratégia para prevenção da TMI.
O fato de apenas 40% das participantes do estudo utilizarem preservativo como
método contraceptivo, demonstra que, apesar da intensa divulgação, orientação e distribuição
do método, este ainda é pouco utilizado entre casais com relacionamento estável, mesmo
sendo o parceiro soropositivo para o HIV-1, destacando a necessidade de adotar estratégias
que permeiem a cultura da população, visando barrar a evolução da infecção pelo HIV-1.
Referências:
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
BASTOS; F.I.; SZWARCWALD, C.L. AIDS e pauperização: principais conceitos e
evidências empíricas. Cad Saúde Pública. V. 16, p. 65-76, 2000.
BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Prevenção às doenças
sexualmente transmissíveis e Aids dirigida à população em situação de pobreza. Brasília,
1998 a.
HERRERA, C.; CAMPERA, L. La vulnerabilidad e invisibilidad de las mujeres ante el
VIH/SIDA: constantes y câmbios em el tema. Salud Pub Mex, v.44, p. 555-64, 2002.
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54. SUPLEMENTAÇÃO DE MICRONUTRIENTES EM PACIENTES HIV EM USO
DA TERAPIA ANTI – RETROVIRAL (TARV)
Juliana Lopes Filomeno
Discente do curso de Nutrição – UNIRP – São José do Rio Preto, SP
Email: juliananutriçã[email protected]
Thais de Cassia Furquim Anhezini
Discente do curso de Nutrição – UNIRP – São José do Rio Preto, SP
Email: [email protected]
Mariele Castilho Pansani
Docente do curso de Nutrição - UNIRP – São José do Rio Preto, SP
Email: [email protected]
Anderson Rodrigues Freitas
Hospital de Câncer de Barretos – Barretos, SP
Email: [email protected]
Introdução: Alguns micronutrientes desempenham um papel importante para a manutenção da
função imunológica, portanto, a sua deficiência compromete a imunidade do hospedeiro para
o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), o que leva à progressão da doença para a fase
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Além disso, previne a transmissão vertical
do vírus, melhora a tolerância ao tratamento anti-retroviral e, em consequência, melhora a
qualidade de vida (TORO, 2007). De acordo com Fenton e Silverman (2005), o paciente
sintomático apresenta uma variedade de manifestações clínicas podendo acarretar em um
declínio no estado de nutrientes ou alterações na composição corporal. A deficiência dos
micronutrientes afeta várias funções do sistema imunológico, enfatizando a imunodeficiência,
podendo variar muito, de acordo com a pessoa e o estágio da doença. Os problemas
imunológicos e as infecções relacionadas ao HIV podem resultar em deficiências de
micronutrientes por diversos mecanismos, no entanto, segundo Filteau (2006) pode ser difícil
determinar a sua gravidade, por outro lado, o nível de micronutrientes em pessoas acometidas
pelo HIV costuma ser inadequado, piorando o estado de saúde. Assim, o profissional de
nutrição deve se familiarizar com a doença, suas aplicações e tratamento, avanço na
fisiopatologia da doença, medicações e interações entre outras questões relacionadas, no
sentido de compreender a patogenia da doença, combater o vírus e possíveis infecções
(FENTON; SILVERMAN, 2005). Apesar de todos os avanços científicos o número de
hospedeiros cresce rapidamente, sendo motivo de grande preocupação para os agentes da
saúde e da população consciente.
Objetivo: Revisar a literatura na busca de evidências sobre os benefícios da suplementação de
micronutrientes em portadores HIV/AIDS, enfocando o papel dos micronutrientes para a
manutenção da função imunológica bem como a sua deficiência em indivíduos portadores do
HIV que fazem uso da Terapia Anti-Retroviral (TARV); Observar os possíveis benefícios que
a sua suplementação poderá acarretar a esses pacientes quanto à redução dos efeitos colaterais
provocados pela terapêutica no intuito de efetivar a adesão aos medicamentos, melhora
significativa dos sintomas e da qualidade de vida.
Metodologia: Realizou-se levantamento bibliográfico de produções científicas indexadas as
bases de dados MEDLINE, do LILACS, do SCIELO, do PUBMED, no período
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compreendido de janeiro de 2000 a agosto de 2010. Também foram utilizados livros com a
temática que abordam a terapêutica para indivíduos acometidos por HIV/AIDS. Foram
utilizadas as seguintes palavras palavras-chave HIV/AIDS. Micronutriente, Terapia AntiRetroviral e Nutrição. Os artigos foram pré-selecionados a partir da leitura dos resumos
disponíveis e, foram incluídas publicações em português, inglês e espanhol. Desta forma, o
presente estudo enfatiza e utiliza dados da epidemia do HIV como às necessidades e carências
nutricionais para esta população, terapia com anti-retroviral bem como seus efeitos colaterais
para a abordagem do tema proposto.
Resultados: O levantamento realizado sugere atenção especial quanto aos efeitos colaterais
causados pelo uso de antiretrovirais, particularmente os inibidores de protease, que são os
maiores precursores de queixas quanto aos sintomas relacionados ao trato gastrointestinal
(náuseas, diarréia, vômitos), causando aversão aos medicamentos e levando à uma queda
significativa na adesão. Os estudos direcionados a suplementação de micronutrientes, em
especial zinco, selênio e vitamina A, sugerem que seria essencial a introdução de alimentos
ricos nesses elementos como auxílio na terapêutica e redução desses sintomas. Embora sejam
raros os casos em que os micronutrientes presentes nos alimentos possam causar toxicidade,
há evidências de que o selênio contribua para o aumento da carga viral. Assim, a
suplementação deve ser vista com cautela. No entanto, deve-se considerar que a ingestão e
absorção desses nutrientes pode estar prejudicada, já que são proporcionais a ingestão
energética.Além disso, esses pacientes apresentam necissidade nutricionais aumentadas em
10% a 20% dependendo da estabilidade da doença, portanto, se torna difícil atingir os níveis
recomendados somente com a alimentação.
Considerações: Os medicamentos destinados ao tratamento de indivíduos portadores do HIV
são, em sua maioria, responsáveis por efeitos colaterais que levam à falhas na terapia podendo
ocasionar, entre outros prejuízos, a desnutrição, uma vez que essa população tem suas
necessidades nutricionais aumentadas e, além dos medicamentos, por questões psicológicas,
sociais e financeiras que envolvem a terapeutica não conseguem atingir a ingestão adequada
de todos os nutrientes o que contribui para agravar o quadro. De acordo com as pesquisas
realizadas, o consumo adequado de micronutrientes é importante coadjuvante no tratamento
de portadores HIV para a redução dos sintomas, efetivando a adesão e melhora na qualidade
de vida.
Palavras-chave: HIV/AIDS, Terapia anti-retroviral, Micronutrientes.
Referência
FENTON, M.; SILVERMAN, E. Terapia Nutricional para doença do vírus da
imunodeficiência humana. In: MANAH, K.; SCOTT-STUMP, S. Krause: alimentos, nutrição
e dietoterapia. 10. ed. São Paulo: Rocca, 2005. n.41, p. 980-1010.
FILTEAU, S. Considerações nutricionais para indivíduos infectados com HIV/AIDS. Rev.
Nutrição em Pauta, v.15, n.83, p. 4-8, 2006.
JANEWAY JR, C. A.; TRAVERS, P. Falhas dos mecanismos de defesa do hospedeiro. In:
JANEWAY JR, C. A.; TRAVERS, P. Imunobiologia: o sistema imunológico na saúde e na
doença. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. n. 10. p. 1-33.
TORO, E. R. Impacto de la deficiência de micronutrientes em pacientes com VIH/sida. Rev.
Infect., v.11, n. 2, p.78-86, 2007.
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55. PERFIL DE CRIANÇAS VERTICALMENTE INFECTADAS PELO HIV-1
Roberta Seron Sanches
Francielly Maiara da Penna Matos
Carolina Meneguetti
Camila de Almeida Agustoni
Samantha Perissotto
Amanda Silva e Sá
Ana Paula Morais Fernandes
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: A principal via de infecção pelo HIV-1 em crianças é a transmissão vertical.
Estimativas do número de gestantes infectadas pelo HIV-1 para o Brasil apontam, atualmente,
para cerca de 13 mil, considerando-se as idades entre 15 a 49 anos. (BRASIL, 2008). A
feminização da epidemia do HIV/AIDS está relacionada á vulnerabilidade da mulher, pelas
suas características biológicas, sociais e culturais favoráveis para sua contaminação.
Considerando o aumento crescente de HIV/AIDS entre mulheres, e que a faixa etária que
concentra os maiores percentuais de casos de AIDS em mulheres é a de 25 a 34 anos, ou seja,
em plena idade reprodutiva, aumenta também a preocupação com a transmissão vertical.
Assim, estimativas para taxas de transmissão vertical do HIV-1 são de 3% entre gestantes sob
terapia anti-retroviral, e 25 a 30 % para as não tratadas (The International Perinatal HIV-1
Group, 1999). A transmissão vertical do HIV-1 pode acontecer de três formas: 1) por
disseminação transplacentária, que pode ocorrer durante a gestação ou trabalho de parto; 2)
através da exposição do feto ao sangue ou secreções da mãe durante a passagem pelo canal de
parto; e 3) através do leite materno. Destaca-se que a transmissão vertical do HIV-1 pode
provocar danos vultosos para o bebê por ocorrer num momento de maturação do sistema
imunológico. Contudo, a transmissão vertical do HIV-1 tornou-se passível de prevenção desde
1994, quando observou-se que mulheres que receberam tratamento durante a gestação,
obtiveram taxas reduzidas de transmissão vertical. Com base nessas evidências, no mesmo
ano, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) publicou a recomendação para o
uso de AZT pelas mulheres vivendo com HIV durante o segundo e o terceiro trimestre de
gestação e durante o parto, e pelas crianças durante as primeiras seis semanas de vida (Centers
for Disease Control and Prevention, 1994). Destaca-se ainda, a contra-indicação do
aleitamento materno.
Objetivo: Avaliar o perfil de crianças verticalmente infectadas pelo HIV-1.
Metodologia: Estudo transversal descritivo realizado com crianças atendidas no
HCFMRPUSP. Foram realizadas entrevistas norteadas por questionário estruturado às mães e
coletados dados sócio-demográficos e obstétricos do prontuário médico das crianças.
Resultado: Foram avaliadas 18 crianças, com idades entre 1 e 17 anos ( x =10,00±4,37 anos),
sendo 9/18 (50%) nascidas e parto normal e 9/18 (50%) nascidas através de cesariana. No que
diz respeito à cor da pele, 11/18 (61,11%) eram brancas, 5/18 (27,77%) eram mulatas e 2/18
(11,11% eram negras). Relativo às mães, 16/18 (88,88%) não sabiam de sua condição de
saúde ao engravidar, apesar de 17/18 (94,44%) relatarem ter realizado o pré-natal na gestação.
Das 16 mães que não sabiam da sua condição de portadoras do HIV-1 ao engravidar, 14/16
(87,50%) mães tiveram o diagnóstico da infecção pelo HIV-1 após o nascimento da criança,
por adoecimento da mesma e o restante, 2/16 (12,50%), por seu adoecimento, ou adoecimento
do parceiro. Somente 2/18 (11,11%) mães realizaram o tratamento anti-retroviral durante a
gestação e parto. No momento da entrevista, o tratamento anti-retroviral estava sendo
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
118
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
utilizado por 18/18 (100%) crianças, contudo, somente 2/18 (11,11%) haviam iniciado logo
após o nascimento e utilizado durante as seis primeiras semanas de vida, conforme
recomendação do Centers fos Disease Control and Prevention. As outras crianças iniciaram o
tratamento após seu adoecimento ou adoecimento dos pais, quando ocorreu a descoberta da
transmissão vertical do HIV-1. Ademais, 15/18 (83,33%) crianças receberam leite materno.
Todas as crianças (18/18) foram verticalmente infectadas pelo HIV-1.
Considerações finais: Várias são as estratégias de prevenção da transmissão vertical do HIV,
entretanto, crianças ainda são infectadas.O presente estudo permite observar que fatores como
a ausência de tratamento medicamentoso com anti-retrovirais durante a gestação e parto e
aleitamento materno permeiam o contexto da transmissão vertical do HIV-1. Destaca-se que,
apesar de 94,44% das mães terem realizado o pré-natal, nenhuma teve o diagnóstico da
infecção pelo HIV neste momento, o que reflete a importância da realização do teste anti-HIV
no pré-natal. Ademais, este estudo permitiu conhecer os fatores comportamentais envolvidos
no contexto da transmissão vertical do HIV-1, podendo contribuir para que haja melhoria das
estratégias para sua prevenção.
Palavras-chave: HIV, transmissão vertical.
Refêrencias
BRASIL. Coordenação Nacional de DST/AIDS (CN-DST/AIDS). Gestante HIV+ e crianças
expostas. Disponível em: http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMISC830994DPTBRIE.htm.
Acesso em: 13 de setembro de 2008.
Centers for Diseases Control and Prevention - CDC. Recommendantions of the U.S. public
health service task force on the use of zidovudine to reduce perinatal transmission of human
immunodeficiency virus. MMWR, 1994.
The International Perinatal HIV-1 Group, The mode of delivery and the risk of vertical
transmission of human immunodeficiency virus type 1 – a meta-analysis of 15 prospective
cohort studies. New Engl J Med, v.340, p.977-87, 1999.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
119
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
56.
MOBBING,
ASSÉDIO
MORAL:
IMPLICAÇÕES
NA
SAÚDE
BIOPSICOSSOCIAL DO INDIVÍDUO
Profª. Ms. Valéria Marta Nonato Fernandes Mokwa
Universidade Paulista Julio de Mesquita (UNESP/Araraquara)
E-mail: [email protected]
Na contemporaneidade observa-se um enfrentamento abusivo em relação ao jogo de poder
desencadeados e visualizados devido a diferentes fatores e em diversas classes sociais, não
importando o gênero, crença, idade ou cultura do indivíduo culminando com o crescimento
de atos violentos. Dentre estes atos, há um necessário ser discutido devido a suas implicações
na saúde biopsicossocial do indivíduo que é o mobbing ou assédio moral no trabalho que é
um fenomeno praticado por uma ou mais pessoas contra um outro indivíduo. Esse fenômeno
não é novo e se caracteriza como sendo uma conduta abusiva no local de trabalho por gestos,
palavras, comportamentos, atitudes, ou escritos que atentam por sua repetição ou
sistematização, contra a dignidade ou integridade psíquica ou física do trabalhador, pondo em
perigo sua posição funcional, desarmonia no ambiente de trabalho, bem como, prejuízos a
saúde biopsicosocial. O termo mobbing é proveniente do verbo inglês to mob, que significa
maltratar, atacar, perseguir, tumultuar, importunar, assediar (TROMBETTA, 2005). Esse tipo
de assédio agride diretamente a dignidade do trabalhador e os direitos da personalidade. A
tensão gerada pelas atitudes violentas do agressor aliada ao fato de que pode ocasionar o
desemprego, resulta em prejuízos emocionais e físicos de toda a ordem, pois o trabalhador
passa a somatizar seus medos e angustias, gerando distúrbios físicos e mentais, produtos
desses comportamentos somatizados e reprimidos pelas vítimas em virtude da agressão
sofrida. Essa humilhação repetitiva com a pessoa que sofre a violência provoca a
estigmatização e o isolamento do grupo, o que leva o enfraquecimento e a desestabilização,
podendo ocasionar o adoecimento físico e psíquico, comprometendo sua identidade,
dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde,com risco de causar
sua morte (FREITAS, 2007). Lembra, Foucault (1987) que a subjugação do indivíduo revela
o corpo como objeto e alvo do poder, o corpo que se manipula, se modela, se treina, que
obedece, responde, se torna hábil ou cujas forças se multiplicam. As doenças de adaptação são
conseqüências de excesso, de hostilidade ou excesso de submissão, influenciando as emoções
e/ou fenômenos que ocorrem simultaneamente ao nível do corpo e ao nível dos processos
mentais. Na medicina psicossomática o conceito de doença psicossomática evoluiu para o
estudo da pessoa como ser histórico e social, ou seja, o que o individuo é hoje e apenas o
resultado da sua interação com o mundo e de todas as suas experiências do passado e
expectativas sobre o futuro. Este estudo objetiva discutir o fenômeno do mobbing na relação
de trabalho, bem como, os prejuízos que essa atitude violenta pode ocasionar na saúde
biopsicossocial do indivíduo. Para realização deste trablho utilizou-se a pesquisa bibliográfica
de autores como Freitas (2007), Trombetta (2005), entre outros, que discutem a temática para
compreender o mobbing e suas influências na saúde física, mental e social do indivíduo. O
indivíduo vítima do mobbing vive em frequente tensão e situação de medo, a angústia,
ansiedade, mal-estar e muitos outras situações capazes de enfraquecê-lo e causas prejuizos
para a saúde biopsicossocial, ocasionaado sintomas psicossomáticos. Destarte, o resultado
dessa estudo revela uma necessida de trabalhos que visem uma Educação para a Saúde
emergencial no intuito de sensibilizar empregados e empregadores a respeito dos prejuizos
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
120
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
tanto materiais quanto pessoais gerados por esse tipo de comportamento, propiciando assim,
uma mudança na cultura das organizações conscientizando-so dos prejuizos que a violencia
pode produzir.
Palavras-chave: mobbing; violência; saude biopssicosocial.
Refêrencias
TROMBETTA, T. Caracteristicas do assédio moral a alunos-trabalhadores nos seus locais
de trabalho. Florianópoli, 2005, 22 f. Tese de Dissertaçãoem Mestrado em Psicologia.
Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Filosofia e Ciências Humanas.
FREITAS, M. E. (2007). Quem paga a conta do assédio moral no trabalho? RAE-eletrônica.
São
Paulo,
v.6,
n.1.
Recuperado
em:
05
de
abril,
2008
de
http://www.rae.com.br/eletronica/index.cfm?FuseAction=Artigo&ID=4544&Secao=PENSAT
A&Volume=6&Numero=1&Ano=2007 .
FOCAULT, M. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel ramalhete.
Petrópolis, Vozes, 1987. 288p.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
121
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
57. O IDOSO E A SEXUALIDADE NA CONTEMPORANEIDADE
Ms. Cynthia Daniela Figueiredo de Souza
Graduanda em Enfermagem pela
Universidade Paulista-UNIP
E-mail: [email protected]
Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: Atualmente existe o aumento considerável do número de idosos entre a
população mundial. É possivel envelhecer e continuar a ter uma vida distante dos paradigmas
que estão impostos a velhice. Sendo assim, pode-se envelhecer com bom humor, com saúde,
versatilidade e audácia. Além disso, o idoso pode e deve exercer a sua sexualidade, ou seja,
expressar seus sentimentos, agir como homem ou como mulher, ainda pode sentir o sexo em
sua plenitude. A sexualidade está presente na vida do ser humano em todas as fases, portanto
não desaparece na velhice. Objetivo: Levantar as concepções a cerca da sexualidade na
terceira idade em tempos contemporâneos. Metodologia: Foi realizada uma revisão
bibliográfica introdutória, em artigos científicos dos últimos 10 (dez) anos, a respeito da
temática abordada. Resultados: A sexualidade na terceira idade vem ganhando espaço entre
as pesquisas científicas, em virtude do aumento da expectativa de vida da população mundial
em geral, além de que ao exercer a sexualidade, em sua vertente do ato sexual propriamente
dito, o idoso está mais vulnerável as doenças sexualmente transmíssiveis, inclusive a Aids,
que vem crescendo consideravelmente entre os idosos. As pesquisas ainda demonstram que,
por vezes, os idosos são considerados assexuados, e que o desejo sexual desaparece nessa fase
da vida, o que não é verdade, ele pode ser alterado em razão de fatores fisiológicos ou em
consequência de alguma doença degenerativa, mas não que ele desapareça. Alguns idosos
reprimem sua sexualidade em virtude de convenções socias, sentem medo de serem
ridicularizados perante os demais, os filhos também por vezes, interferem na sexualidade dos
pais idosos, ao controlarem suas atitudes e ao lhes impor determinadas rotinas.
Considerações finais: Com o aumento do número de idosos na população em geral, o tema
da sexualidade na terceira idade vem ganhando espaço, muito há o que se explorar e discutir,
fatores como o paradigma do idoso assexuado e a vulnerabilidade sexual do idoso, são
preocupantes, visto que por vezes, encontramos os idosos desassistidos, em virtude da falta de
elucidação a respeito do comportamento do idoso em relação ao exercício de sua sexualidade.
É necessário a formulação e a implantação de Políticas Públicas de Saúde, para atender as
necessidades do idoso de uma maneira integral, que inclua a questão da sexualidade, que
trabalhe a Educação em saúde, para conscientizar o idoso, bem como, a população em geral
sobre a importância, benefícios e os perigos do exercício da sexualidade em tempos
contemporâneos. Lembrando que essas Políticas, devem nortear os profissionais da saúde
para melhor acolhimento e prestação de serviços e cuidados aos idosos em geral.
Palavras-chave: Idoso; sexualidade; contemporaneidade.
Refêrencias
ALMEIDA, T.; LOURENÇO, M.L.. Envelhecimento, amor e sexualidade: utopia ou
realidade? Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. Rio de Janeiro, v. 10, n 1, 2007.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
SOUZA, C. D. F. Lazer e turismo na interface da saúde e da Educação como meio de
promoção de saúde mental do idoso. (Dissertação de Mestrado) Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto, USP, Ribeirão Preto, 2007.
VERAS, R. Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas, desafios e inovações.
Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 43, n. 3, jun. 2009.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
58. O PAPEL DA FAMÍLIA NO CUIDADO DA PESSOA PORTADORA DE
HIV/AIDS
Bruna Fontanelli Grigolli Pérsico
Doutoranda pela FFCLRP – USP
Email: [email protected];
Mayra Martins
Doutoranda da Pós Graduação da EERP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: A Aids provocou profundas mudanças na área da saúde ao relacionar a doença
com comportamentos individuais e, desde o início, a epidemia tem apresentado diversos
desafios à sociedade, mobilizando diferentes segmentos sociais, e determinando maior
visibilidade sobre questões como sexualidade, marginalização e preconceito, reforçando
abordagens psicossociais que ultrapassem os limites clínicos tradicionais. A família e a pessoa
que vive com HIV/aids apresentam reações em relação a percepção da doença por meio de
influências construídas socialmente, e que muitas vezes, são estigmatizantes e podem
interferir de maneira direta nas relações familiares. Acredita-se que a família pode apresentar
um papel importante na criação de carências emocionais e sociais e que podem interferir de
maneira direta no cuidado e tratamento da pessoa soropositiva. A complexidade do contexto
familiar associado a sua importância para o enfrentamento do convívio com a pessoa com
HIV/aids faz com que a família possa se tornar um espaço gerador de conflitos decorrentes do
convívio com a pessoa portadora de HIV/aids, e que podem culminar em desestruturação e
isolamento social da pessoa com HIV, sendo, muitas vezes, potencializados por dificuldades
financeiras e falta de informações para a manutenção deste cuidado. Objetivo: A pesquisa
tem como objetivo geral identificar, no contexto familiar, o confronto com as condições do
convívio, para o cuidado doméstico à pessoa com HIV/aids. Metodologia: A pesquisa será
desenvolvida com base na metodologia qualitativa, onde deverão ser entrevistadas 10 pessoas
que vivem com HIV/aids. As entrevistas serão semi estruturadas com base no procedimento
proposto por Figueiredo et al (2007) auxiliarão na compreensão do papel da família no
cuidado da pessoa portadora de HIV. Em seguida serão realizadas 10 sessões de grupos com
as famílias das pessoas que foram entrevistadas. O projeto propõe que cada sujeito
entrevistado pertença a uma constituição familiar diferente, e caso seja necessário serão
realizados atendimentos individuais para posteriores encaminhamentos necessários quando
verificados pelo pesquisador. Os pacientes convidados para a pesquisa deverão ser usuários
dos serviços prestados pela Unidade Especial de Tratamento a Doenças Infectocontagiosas
(UETDI) ou Unidades Especiais dos Ambulatórios de DST/aids da Secretaria Municipal de
Saúde de Ribeirão Preto. As entrevistas serão realizadas nas residências, resguardando as
condições de sigilo, conforme termo de consentimento informado. Os grupos, por questões de
privacidade deverão ser realizados em salas especialmente preparadas dentro de serviços de
atendimento a usuários junto à comunidade, ou na própria residência dos indivíduos em
ambientes previamente preparados. Resultado: O presente trabalho compreende algumas
reflexões sobre o cuidado doméstico, suscitadas por trabalhos anteriores, visando buscar
novas alternativas de prevenção e promoção de saúde para pessoas que vivem com HIV/aids e
seus familiares. A compreensão das condições de convívio das pessoas com HIV/aids e seus
familiares torna-se fundamental para a identificação de propostas concretas de ações eficazes
que minimizem as dificuldades inerentes à situação do adoecer junto à família. Além da
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
pesquisa, em si, e os seus produtos direcionados ao avanço da pesquisa junto à comunidade, o
caráter estendido da nossa proposta deve ser visualizado também como um esforço para
manutenção de uma extensão universitária que possibilite, ainda, via participação ativa na
coletividade, formar subsídios para o ensino em graduação. Assim, seria recuperar, no
universo da pesquisa, a sua conjugação com outros motivos da universidade abrangendo a
formação profissional e a interação com a comunidade. Palavras chave: Família, HIV/aids,
convívio domestico.
Referências:
BASTOS, F. I.; SWARCWALD, C. L. Aids e pauperização: principais conceitos e
evidências empíricas. Cadernos de Saúde Pública. V 16, n 1, p 65-76. Rio de Janeiro, 2000.
GRIGOLLI, B. F. Pessoas que vivem com HIV/aids: perspectivas de participantes em Grupos
de Adesão. Ribeirão Preto, 2006, 111p. Dissertação (Mestrado) Faculdade de Filosofia
Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
MINUCHIN, S.; FISHMAN, H. C. Técnicas de Terapia Familiar. Porto Alegre, Artmed,
2003.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
59. REFLEXÕES SOBRE O PERFIL DO IDOSO PORTADOR DE HIV/AIDS
Bruna Fontanelli Grigolli Pérsico
Doutoranda pela FFCLRP – USP
Email: [email protected];
Mayra Martins
Doutoranda da Pós Graduação da EERP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: O envelhecimento populacional no Brasil tem introduzindo um novo desafio,
que é enfrentar essa nova realidade com soluções criativas e viáveis para a saúde. Neste
contexto, a faixa etária de 60 anos ou mais é a que mais cresce, enfatizando as projeções
estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS) que evidenciam que o número de idosos
no Brasil, no período de 1950 a 2025 deverá ter aumentado em 15 vezes, enquanto o restante
da população em cinco. O envelhecimento não é uma enfermidade, mas nesta fase da vida
ocorrem mudanças de estruturas e funções corporais, principalmente nos sistemas músculoesquelético, ósseo e nervoso, que provocam a diminuição da capacidade funcional do
indivíduo, dificultando a realização de suas atividades de vida diária. Dessa forma, no período
de envelhecimento há necessidade de manutenção da capacidade funcional para não depender
de outrem. A epidemia de HIV representa um fenômeno global, dinâmico e instável, cuja
forma de ocorrência nas diferentes regiões do mundo depende, entre outros determinantes, do
comportamento humano individual e coletivo. Nos anos de 1996 a 2006, houve um aumento
da taxa de incidência entre indivíduos com mais de 60 anos de idade. A escassez de
campanhas dirigidas aos idosos para a prevenção de doenças sexualmente transmitidas
(DSTs), aliada ao preconceito em relação ao uso de preservativos nessa população e a sua
maior atividade sexual, expõe um segmento importante da população ao risco de contrair
infecção pelo HIV. Além disso, os profissionais da saúde não estão adequadamente treinados
para o pronto diagnóstico de DSTs nessa faixa etária, em que, em geral, as enfermidades
crônico-degenerativas têm um papel predominante. A epidemia HIV/AIDS em pessoas idosas
no Brasil tem emergido como um problema de saúde pública nos últimos anos. Deve-se a dois
aspectos emergentes: o incremento da notificação de transmissão do HIV após os 60 anos de
idade e o envelhecimento de pessoas infectadas pelo HIV. Objetivo: Este estudo tem como
objetivo traçar um perfil dos idosos contaminados pelo HIV bem como o impacto da sua
contaminação no convívio com os familiares. Metodologia: O presente estudo trata-se de
uma pesquisa descritiva e exploratória através de uma revisão da literatura. Resultado: Os
idosos infectados pelo HIV ou mesmo com AIDS são geralmente isolados e ignorados.
Apesar dos estereótipos, muitos idosos são sexualmente ativos, e alguns são usuários de
drogas, e conseqüentemente seus comportamentos podem pô-los em risco para infecção de
HIV. A AIDS nesse grupo etário traz à tona certos hábitos até então não revelados, como a
sexualidade, escondida na pele enrugada e nos cabelos brancos, onde a libido é traduzida pelo
preconceito. Pesquisas na área médica atribuíram o aumento da incidência de HIV/AIDS entre
os idosos aos tratamentos hormonais, às próteses e aos avanços da indústria farmacêutica, que
estão ampliando a vida sexual da população idosa. Aliado a isso, a população idosa carece de
informações sobre a doença, tem preconceito contra o uso de preservativos, e faltam ações
preventivas voltadas para esse grupo. Ressaltam-se algumas questões culturais que ainda
permanecem como a aceitação social da infidelidade e da multiplicidade de parceiras, na
trajetória da vida dos homens que hoje têm mais de 60 anos e que não praticam sexo seguro
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
porque isso nunca fez parte da vida deles, resultantes da construção social e gênero. Encarar a
sexualidade idosa como saudável e natural está longe de ser compreendido e aceito pela
sociedade. O preconceito e a falta de informação reforçam o estereótipo da velhice assexuada,
acarretando atitudes e comportamentos que podem elevar a vulnerabilidade do idoso frente às
questões como a AIDS. Palavras chave: HIV/aids, idoso, família.
Referências:
BRASILEIRO, M.; FREITAS, M.I.F. Representações sociais sobre AIDS de pessoas acima
de 50 anos de idade, infectadas pelo HIV. Revista Latino-Americana de Enfermagem. 14 (5),
set.-out. 2006.
GRIGOLLI, B. F. Pessoas que vivem com HIV/aids: perspectivas de participantes em Grupos
de Adesão. Ribeirão Preto, 2006, 111p. Dissertação (Mestrado) Faculdade de Filosofia
Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
FIGUEIREDO, M.A.C.; PROVINCIALI, R.M. HIV/AIDS em pessoas idosas.
Vulnerabilidade, convívio e enfrentamento. 7° Congresso Virtual HIV/AIDS – Comunicação
–Tema: Ciência Social e Comportamental – 10/10/2006. Disponível em:
http//www.aidscongress.net. Acesso em 5 dez. 2007.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
127
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
60. VINCULOS FAMILIARES FORTES COMO FATOR DE PROTEÇÃO PARA O
USO DE DROGAS ENTRE OS ADOLESCENTES
Mayra Martins
Doutoranda da Pós Graduação da EERP/USP
E-mail: [email protected]
Profa. Dra. Sandra Pillon
EERP/USP
Email [email protected]
Prof. Dr. Manoel Antonio dos Santos
FFCLRP/USP
E-mail: [email protected]
Resumo: Estudos evidenciam que vínculos afetivos fortes entre pais e filhos são fatores
protetores para o uso de drogas. Objetivo: Este estudo tem como objetivo, analisar a
relação familiar como um fator de proteção para o envolvimento do adolescente com uso
de drogas. Metodologia: Este é um estudo do tipo transversal. A amostra foi composta por
150 adolescentes do sexo masculino que estavam cumprindo medida socioeducativa de
internação na Fundação Casa de Ribeirão Preto, com idade entre 12 a 21 anos. Este é um
estudo do tipo transversal. A amostra foi composta por 150 adolescentes do sexo
masculino que estavam cumprindo medida socioeducativa de internação na Fundação Casa
de Ribeirão Preto, com idade entre 12 a 21 anos. Resultados: A maioria dos adolescentes
tinha idade de 16 anos, cor pardo ou negro e nível baixo de escolaridade 99(66%) e
somente 40(26,7%) viviam com os pais, sendo que a maioria pertenciam à família
monoparental e 86(57,3%) tinham contato com o pai. Com relação a afetividade 145
(96,7%) responderam que tanto o adolescente é importante para sua família, quanto a
família é importante para o adolescente (149, 99,3%).
103 (68,7%) obedeciam aos pais 101 (67,3%). Os índices do uso de maconha 119(82%),
do álcool 107(73,3%) e do cigarro são elevados. Conclusão: Os resultados deste estudo
reforçam a importância dos laços afetivos entre pais e filhos e nos leva a concluir que o
estilo de criação tais como: envolvimento diário, apoio, comunicação, monitoramento,
limites e regras podem contribuir para um envolvimento menor do adolescente com o uso
de drogas.
Palavras chaves: Adolescentes, uso de drogas, família, fator de proteção.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
61. O USO DE DROGAS ENTRE OS ADOLESCENTES INFRATORES
Mayra Martins
Doutoranda da Pós Graduação da EERP/USP
E-mail: [email protected]
Profa. Dra. Sandra Pillon
EERP/USP
Email [email protected]
Prof. Dr. Manoel Antonio dos Santos
FFCLRP/USP
E-mail: [email protected]
Resumo: É bastante expressivo o numero de adolescentes infratores que fazem uso de drogas,
este problema tem preocupado pesquisadores e cientistas sociais na compreensão desse
contexto e favorece a busca de possíveis mudanças para essa realidade. Objetivo: Este estudo
tem como objetivo, identificar o uso de drogas entre os adolescentes infratores. Metodologia:
Este é um estudo do tipo transversal. A amostra foi composta por 150 adolescentes do sexo
masculino que estavam cumprindo medida socioeducativa de internação na Fundação Casa de
Ribeirão Preto, com idade entre 12 a 21 anos. Resultados: Dos 150 entrevistados, a maioria
91 (60,7%) era pardo ou negro, a maioria 103 (68,7%) possuía o ensino fundamental
incompleto. Com relação ao uso de drogas os dados revelam que a maioria desses
adolescentes fazia uso de álcool 146 (97,3%); maconha 145 (96,7%) e cigarro 135 (90%). No
que se refere ao ato infracional, os dados apontaram que os delitos mais praticados foram o
roubo 123 (82%), tráfico 111 (74%), furto 89 (59,3%). Conclusão: É expressivo o numero de
adolescente que se envolve com o uso de drogas principalmente os adolescentes autores de
atos infracionais, o que nos leva à necessidade de se desenvolver programas e projetos de
atenção psicossocial voltados à prevenção do uso de drogas entre os adolescentes
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
62. OS CONCEITOS TÉORICOS DA PEDAGOGIA PROBLEMATIZADORA DE
PAULO FREIRE, DA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE E DA TEORIA DA
REPRESENTAÇÃO
SOCIAL
COMO
BASES
ESTRUTURANTES
PARA
O
TRABALHO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE SEXUAL
André Estevam Jaques
Enfermeiro, Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Paranaense UNIPAR, Doutorando em Ciências - EERP/USP. Orientador do PIC/UNIPAR 2010.
Projeto financiado pela UNIPAR
E-mail: [email protected]
Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno
Pedagoga, Docente da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
E-mail: [email protected]
Amanda Batista Santarosa
Graduanda em Enfermagem pela Universidade Paranaense – UNIPAR. Orientanda
PIC/UNIPAR 2010
E-mail: [email protected]
Introdução: Observa-se atualmente, que mesmo com a pós-modernidade e com os avanços
científicos consolidados, os serviços de saúde ainda interpretam a sexualidade de forma
preconceituosa, cravada de mitos, crendices populares e tabus, com isso interferindo no
processo de promoção da saúde sexual, deixando as populações vulneráveis aos riscos
decorrentes desse problema, dificultando assim, a relação da sexualidade com o bem estar e a
qualidade de vida sexual e reprodutiva.
Objetivo: Estabelecer a relação entre a promoção de saúde sexual com a pedagogia
problematizadora de Paulo Freire, a educação para a saúde e a teoria da representação social,
considerando-as como possibilidades teóricas estruturantes para o trabalho em promoção de
saúde sexual.
Metodologia: Tratou-se de estudo de revisão de literatura a partir do levantamento de
referencial teórico através de livros, periódicos e artigos científicos.
Revisão Bibliográfica: Na pedagogia problematizadora de Paulo Freire, é necessário que o
homem possua ação, reflexão, teoria e prática para assim conhecer o mundo e modificá-lo.
Sendo assim, é possível que ao conhecer o mundo, o homem passa a transformá-lo e sentir os
efeitos da mudança (SIQUEIRA JUNIOR; BUENO, 2006). Neste sentido a educação
progressista, é considerada uma excelente metodologia de ensino para ser utilizada como base
teórica na educação para a saúde, pois o indivíduo que conhece sua própria realidade promove
a reflexão, o pensamento crítico e desenvolve sua autonomia, favorecendo as ações de
educação para a sua saúde. A educação para a saúde é uma atividade planejada que objetiva
criar condições para produzir as mudanças de comportamento desejadas em relação à saúde, é
o conhecimento que devemos adquirir para produzir melhoria nas condições de vida, ou seja,
é um processo que gera a promoção da saúde (FIGUEIREDO, 2006; BUENO, 2010). A
representação social é um modo de pensamento sempre ligado à ação, a conduta individual e
coletiva (ARRUDA, 2008) deve o profissional de saúde se apropriar destas ações para
desenvolver estratégias que melhorem as condições de saúde de determinado grupo, sabendo
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
que estes grupos podem identificar-se, perceber-se, aliar-se ou rejeitar-se através de suas
representações, podendo utilizar do conhecimento existente para revertê-lo em conhecimento
novo, mudando o curso dos agravos à saúde, ocorrendo a partir disso a necessidade da
utilização desse conceito pra a promoção da saúde sexual.
Considerações finais: Conclui-se que, na maioria das vezes, as práticas relacionadas a saúde
sexual não são pensadas e para pensá-las são necessárias estruturações conceituais como a
pedagogia problematizadora de Paulo Freire, a Educação para a Saúde e a Teoria da
Representação Social que proporcionam, de modo geral, visões de como se formam, se
reproduzem e se estabilizam pensamentos e comportamentos relacionados à sexualidade e
como é possível atuar sobre eles de forma eficiente, respeitando a autonomia de cada sujeito
na promoção de seu bem estar, dessa forma reduzindo os riscos relacionados a saúde
sexual/reprodutiva e garantindo melhora na qualidade de vida da população.
Palavras-chave: Saúde Sexual; Educação para a Saúde; Educação Problematizadora;
Representações Sociais.
Refêrencias
ARRUDA, A. Teoria das Representações sociais e teorias de gênero. Cadernos de Pesquisa,
n. 117, p 127–147, novembro/2002.
BUENO, S.M.V. Tratado de Educação Preventiva em Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e
Violência. Ribeirão Preto: FIERP. 2010, 200 p.
FIGUEIREDO, J.S. Desafios e perspectivas em atividades educativas de promoção da
saúde de um grupo de portadores de hipertensão arterial, sob o paradigma da
interdisciplinaridade. 2006. 352 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública). Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2006.
SIQUEIRA JUNIOR, A.C.; BUENO, S.M.V. Utilização da pedagogia problematizadora na
graduação de enfermagem para o atendimento do paciente agressivo. Rev. Gaúcha de
Enferm. Porto Alegre (RS), jun; 27 (2): 291-300.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
63. MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA: OS SIGNIFICADOS QUE
ATRIBUEM AO SUPORTE E APOIO RECEBIDO NO SEU CONTEXTO
SOCIAL E DE SAÚDE
Ana Paula R. Vieira1
Ana Márcia S. Nakano2
Angelina Lettiere3
1
Aluna do 6° semestre de graduação em EERP-USP
[email protected].
²Professora Titular junto ao Departamento de Enfermagem
Materno-Infantil e Saúde Pública da EERP-USP
3
Pós-graduanda do Programa de Enfermagem em Saúde
Pública da EERP-USP
[email protected]
Introdução
Os recursos de suporte social que dispõem as mulheres em situação de violência, no seu
contexto de vida, constitui-se o nosso objeto de estudo.
Objetivos
Compreender as ações de mulheres frente à violência perpetrada por seu parceiro íntimo e a
busca por ajuda nos equipamentos sociais (serviços de saúde, suporte jurídico e espiritual)
disponíveis na sua comunidade.
Material e métodos
Pesquisa do tipo exploratória, com abordagem qualitativa, realizada no município de Ribeirão
Preto – SP, no Instituto Médico Legal e Instituto de Criminalística. O recorte empírico foram
as mulheres maiores de 18 anos que sofreram violência do parceiro íntimo e que aceitem
participar da pesquisa. O tamanho foi definido por saturação. Através de uma entrevista semiestruturada e gravadas. A análise dos dados foi realizada com base na técnica de análise de
conteúdo-modalidade temática (Bardin, 1977). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da EERP-USP
Resultados
Participaram do estudo 12 vítimas. A maioria delas tinha idade entre 19-30 anos, procedência
de outros municípios do estado de São Paulo. O percentual predominante das mulheres
(83,34%) reside em Ribeirão Preto. 66,66% das entrevistadas são chefes de família e 41,66%
pertencem a Classe C (classificação de acordo com a ABEP/ 2008). Todas entrevistadas
freqüentaram a escola, sendo que 33,33% apresentavam o ensino fundamental completo.
33,33% são trabalhadoras de empresa e 70% são solteiras. 50% do total têm companheiro.
50% se auto-definem de cor/etnia parda e 41,44% religião evangélica.
Sobre o enfrentamento da violência, pudemos identificar que a procura por ajuda tem sentidos
variados: evitar a reincidência e maior gravidade da violência, não aceitação de viver em
situação de violência, conseqüências para o parceiro/agressor e busca por direitos
sociais. A análise dos resultados deste estudo nos coloca frente a uma realidade de
desarticulação e de inoperância das instituições sociais de suporte a mulheres vítimas de
violência.
Considerações Finais
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Entender a realidade das mulheres em situação de violência permite o estabelecimento de
intervenções eficazes e principalmente, traz subsídios às políticas de ação no enfrentamento e
prevenção à violência contra a mulher. No atendimento às mulheres vítimas de violência, as
ações devem ir além da oferta de condutas e procedimentos, pois implica a cumplicidade do
profissional, e no seu empenho pessoal e ideológico com o rompimento da condição de
pressão sobre a mulher (Melo, 2007).
Palavras-chave: Violência doméstica; apoio social; suporte social
Referências
1. Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP). Critério de Classificação
Econômica Brasil, 2007. Disponível em: http://www.slideshare.net/rypax/novos-criterios2008-classificao-scioeconomica.
2. Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70;1977.
3. MELO, Elza Machado de et al. A violência rompendo interações: as interações superando a
violência. Rev. Bras. Saude Mater. Infant. 2007, vol.7, n.1, pp. 89-98.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
64. QUALIDADE DE VIDA DE PESSOAS QUE VIVEM COM HIV/AIDS
Wlaldemir Roberto dos Santos
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP/USP
E-mail: [email protected]
Prof. Ms. Pedro Pinheiro Paes
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP/USP
E-mail: [email protected]
Profª. Drª. Ana Paula Morais Fernandes
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
Prof. Dr. Anderson Marliere Navarro
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – FMRP/USP
André Pereira Dos Santos
Centro Universitário Claretiano de Batatais-SP
Carla Carla Maria Seconi Momenti
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
Prof. Dr. Dalmo Roberto Lopes Machado
Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto - EEFERP/USP
Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
Introdução: A introdução da Terapia Antirretroviral conseguiu modificar a infecção do Vírus
da Imunodeficiência Humana (HIV) de uma doença fatal para uma doença crônica, com o
aumento da longevidade. Mas além de sofrer todas as manifestações de origem biológica, os
indivíduos que vivem com HIV/aids enfrentam uma série de outros problemas, entre os quais,
as manifestações de origem psicológica: depressão, ansiedade, insônia e síndrome do pânico.
Porém, o que mais chama a atenção são as manifestações sociais conseqüentes da doença,
pois a aids é uma doença social e como tal deve ser combatida, principalmente as
manifestações de rejeição, isolamento, segregação e preconceito impostas pela sociedade.
Assim agravando ainda mais a saúde psicológica dos pacientes, diminuindo a qualidade de
vida dessas pessoas e contribuindo para a diminuição da adesão ao tratamento. Dessa forma,
analisar a qualidade de vida pode indicar formas para melhorar a relação dos profissionais de
uma equipe multidisciplinar com um paciente HIV positivo, iniciando a partir de uma
compreensão mais ampla das necessidades e responsabilidades entre equipe e paciente.
Objetivo: O presente estudo teve como objetivo analisar a qualidade de vida de pessoas que
vivem com HIV/aids.
Metodologia: Participaram desta análise oito sujeitos com média de idade de 46,5 anos
(±6,46) de ambos os gêneros (seis masculino e dois feminino). O instrumento de pesquisa
utilizado para quantificar a qualidade de vida foi o QUESTIONÁRIO SF-36 proposto por
CICONELLI et al. (1999) que vem sendo utilizado há algum tempo no Brasil por agentes de
saúde, no qual é formado por 36 itens, que tangem 8 escalas ou componentes: capacidade
funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos
emocionais e saúde mental. Apresenta uma pontuação/escore final de 0 a 100, no qual zero
corresponde ao pior estado geral de saúde e 100 ao melhor estado de saúde. Para esta pesquisa
a segunda questão do SF-36 foi adaptada, com o intuito de verificar a saúde dos indivíduos
com HIV/aids no depois que tiveram o conhecimento de sua infecção.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Resultado: Os resultados mostraram que todos os itens do questionário, obtiveram médias
acima de 50 pontos, caracterizando classificação de “boa qualidade de vida”. Os domínios
“dor” e “limites por aspectos físicos” apresentaram os menores valores positivos (71,6) e
(71,9) respectivamente, possivelmente em virtude de um sujeito da amostra conviver com
uma hemiplegia derivada de um Acidente Vascular Encefálico (AVE) e outro sujeito ter
apresentado toxoplasmose. Nos dois casos, decorrentes do deficitário sistema imunológico
e/ou efeitos adversos da terapia antirretroviral. Além do mais um terceiro sujeito convive com
gota reumatóide. Contudo, percebe-se ao analisar a média de maior domínio a “capacidade
funcional” (86,4), a despeito das queixas de dores, apresentaram pouca dificuldade de
execução em atividades cotidianas, mesmo em atividades que exigiam maior esforço, como
correr e levantar objetos pesados. As médias dos domínios “vitalidade” (77,5), “aspectos
sociais” (79,7), “limitantes por aspectos emocionais” (75,0) e “saúde mental” (80,0) nas
quatro semanas que antecederam a aplicação do questionário, sugerem predominância de
disposição, vontade, força, energia, serenidade e felicidade, na maior parte do período
recordado. As médias dos quatro domínios anteriores concordam com o elevado escore do
“estado geral de saúde” (82,5).Um ponto interessante observado nas respostas da segunda
questão (adaptada) que indaga a respeito do estado de saúde atual, comparado com antes do
conhecimento do vírus, a maioria dos sujeitos responderam que hoje sua saúde está muito
melhor.
Considerações finais: Os resultados indicam que depois que os sujeitos tomam ciência da
convivência viral, procuram levar uma qualidade de vida mais positiva. Essa informação pode
nortear os profissionais da saúde na busca de terapias mais eficazes, considerando a maior
sensibilidade e predisposição dos pacientes em submeter-se aos tratamentos indicados.
Palavras-chave: HIV/aids, longevidade, Qualidade de vida
Refêrencias
CANINI, SRMS; REIS, RB; PEREIRA, LA; et al. Qualidade de vida de indivíduos com
HIV/aids: revisão da literatura. Revista Latino-americana de Enfermagem, Ribeirão PretoSP, v.12 n.6 p.940-945 (2004).
CICONELLI, RM; FERRAZ, MB; SANTOS, W; et al., Tradução para a língua portuguesa
e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF36):. Rev Bras Reumatol, São Paulo-SP v.39 n.3 p.86-90 (1999).
FIGUEIREDO, MAC. Avaliação de um programa de orientação e suporte psicossocial ao
cuida domestico de pessoas que vivem com HIV/AIDS: Um estudo com base na tríade
paciente/profissional/familiar. Projeto de pesquisa aprovado pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico. São Paulo-SP (2007).
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
65. A FORMAÇÃO DOCENTE E A SEXUALIDADE INFANTIL
Joice Daniela Jamaites Alves /UNICEP/ASSER
[email protected]
Profª Ms Rita de Cássia Petrenas
UNESP – Araraquara /UNICEP- ASSER
[email protected]
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2001) indicam que alguns fatores como o
índice de gravidez indesejada na adolescência, abuso sexual, prostituição infantil, o
crescimento da AIDS, a discriminação salarial das mulheres no mercado de trabalho são
alguns exemplos que contribuem na qualidade de vida prevista pela Constituição Brasileira.
Esses são alguns fatores que nos ajudam a entender que a sexualidade não se restringe
somente ao âmbito individual, mas é necessário compreender os comportamentos e valores
pessoais de cada um, para atuar de forma não discriminatória e consciente na sociedade. Não
é possível deixar a sexualidade do lado de fora da escola, ainda que quiséssemos não seria
possível, porque desde bebês sentimos prazer em tocar o próprio corpo e descobrir as
diferentes sensações que ele nos proporciona, fingir que as crianças não passam por esse
processo é negar a realidade, pois a sexualidade faz parte da vida de todas as pessoas, e é por
essa razão que a escola e a família devem ajudar as crianças a não sentirem preconceitos do
que elas estão sentindo e vivendo. A proposta de orientação sexual de acordo com o PCN é
trabalhar as emoções, valores e informações, pois na falta desse tipo de informação pode
prejudicar o desenvolvimento de suas potencialidades. É muito importante que a criança e o
adolescente aprendam mais sobre os aspectos sociais, culturais, políticos, econômicos e
psíquicos de sua sexualidade. Nesta proposta de orientação sexual é preciso que o educador
fique atento a alguns assuntos tratados, como o preconceito, tabus, crenças ou tipos de valores
propostos pela sociedade, é por isso a importância de estar integrando a orientação sexual nos
Parâmetros Curriculares Nacionais por meio da transversalidade, pois seu estudo e discussão
perpassarão todas as disciplinas do currículo. Desse modo, os objetivos desse trabalho estão
articulados e podem assim serem descritos: realizar uma pesquisa de cunho bibliográfico
referente à questão da sexualidade no tocante a formação docente; pesquisar e analisar dados
importantes sobre como a sexualidade na infância vem sendo abordada nas escolas. Este
trabalho investigará cinco escolas municipais, de 1ºano ao 5º ano, a respeito de como os
professores tratam sobre as questões da sexualidade com seus alunos, quais as opiniões dos
professores e qual seria a postura dos mesmos diante de situações que envolvem a temática no
cotidiano escolar. Foram entregues questionários com perguntas fechadas aos docentes, que
para devolução deveriam estar em um envelope lacrado, garantido o sigilo e não identificação
dos participantes. Para a analise dos dados foi utilizada o referencial teórico da área, bem
como a Analise de Conteúdo, modalidade temática, resultando na construção de gráficos.
Trata-se de uma pesquisa em andamento, pois nem todos os dados foram analisados, mas
algumas considerações já são possíveis perceber através da verificação de parte dos
questionários, dentre eles que os docentes não se encontram preparados para trabalharem a
temática sexualidade e sentem a necessidade de cursos e capacitações sobre o tema. Ficou
claro que a maioria dos professores só tem acesso a materiais de capacitação por conta própria
através de leituras sobre a sexualidade e não através de palestras ou de orientações específicas
de profissionais qualificados no assunto, além de poucos tiveram aulas durante a graduação
sobre a temática deixando lacunas no momento de abordar o assunto na sala de aula. Diante
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
dessas breves considerações que já foram possíveis perceber, é pertinente destacar que os
cursos de formação docente deveriam propor condições que a temática da sexualidade seja
estudada e analisada de forma consciente, crítica e emancipatória , sempre tendo como base a
formação do sujeito participativo e conhecedor de seu direitos e deveres, apresentando como
princípio uma sociedade justa e democrática, livre de preconceitos.
Palavras- Chave- Sexualidade; Formação docente; Parâmetros Curriculares
Referências
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (1ª a 4ª série): apresentação dos temas
transversais: ética. Brasília : A Secretaria,2001.
NUNES, C. e SILVA, E. A Educação sexual da Criança: subsídios teóricos e propostas
práticas para uma abordagem da sexualidade para além da transversalidade. Campinas: Autores
Associados, 2000. (Coleção polêmicas do nosso tempo).
PRIORE, M. História da Criança no Brasil. Campinas: Contexto. 1992.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
66. A MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA NO CICLO GRAVÍDICO-
PUERPERAL: uma revisão de literatura
Thais Helena Devitto Meira, Profª. Dra. Juliana Stefanello
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
e-mail: [email protected]; [email protected]
INTRODUÇÂO: O termo violência vem sendo amplamente discutido nos diferentes âmbitos
da esfera social e apresenta-se como um importante problema de saúde pública, por seu
impacto e alta prevalência. Segundo o Ministério da Saúde, a violência caracteriza-se por
ações realizadas por indivíduos, grupos ou nações, que podem resultar não só em danos
físicos, mas também em danos emocionais e espirituais (BRASIL, 2001).
No Brasil , os números aproximam-se de quase 120 mil óbitos por ano, ocupando o segundo
lugar entre os grupos de causas de mortes. Entre as principais vítimas da violência estão as
crianças, idosos, adolescentes, deficientes físicos e em especial, as mulheres (BRASIL, 2002).
A violência por parceiro íntimo é reconhecida mundialmente como problema de saúde
pública, pois tem influência direta na saúde da mulher . Além das diferentes formas de
violência e seus significativos prejuízos acarretados, é importante destacar a violência quando
esta ocorre durante o ciclo gravídico- puerperal. É importante salientar que este é o momento
onde ocorrem inúmeras transformações e adaptações em relação não só aos aspectos
fisiológicos da mulher, mas também em relação aos psicossociais e culturais, e que numa
situação de violência, as dificuldades que normalmente estão presentes podem apresentar-se
mais exacerbadas, com repercussões não apenas na saúde materna, mas também na infantil.
OBJETIVO: Assim, tomamos como objetivo identificar, através de uma revisão de literatura,
como ocorre a violência no ciclo gravídico puerperal.
METODOLOGIA: O presente estudo teve como abordagem metodológica a revisão de
literatura. Foram realizadas buscas por artigos científicos indexados na base de dados
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Adotaram-se
como critérios de inclusão artigos publicados nos últimos cinco anos (2005 a 2010),
publicados na íntegra, em língua portuguesa. Os termos utilizados como palavras-chave foram
buscados nos Descritores de Ciências da Saúde (DeCS), através do site da Biblioteca Virtual
em Saúde (BVS). Foram utilizados os descritores: violência, violência doméstica, gravidez,
pós-parto e puerpério.
RESULTADOS: Foram selecionados 9 artigos que se adequaram aos critérios de inclusão e
abordavam a temática da violência no ciclo-gravídico puerperal. Deste total, 7 estudos
discorriam acerca da violência perpretada com mulheres no período gestacional e 2
direcionavam-se mais para a fase pós-parto. Percebemos que referências mais atualizadas
acerca desta temática no ciclo gravídico-puerperal são escassas ou mais voltadas para o
período gestacional. São poucos os estudos que abordam a violência na fase pós-parto. Porém,
a atuação do profissional de saúde é uma temática que merece destaque, pois foi citada em
todos os artigos encontrados. Tal fato nos leva a pensar em como tem se dado a atuação dos
profissionais envolvidos com a área da saúde, no que diz respeito à sua atuação na
identificação, intervenção e prevenção da violência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Acreditamos ser de grande importância o desenvolvimento de
um olhar para os profissionais que atuam nos diferentes serviços de saúde, pois os mesmos
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
são o principal elo entre o atendimento e acompanhamento das mulheres em situação de
violência. Sabe-se que no campo prático existem muitas dificuldades relacionadas à formação
e abordagem por parte dos mesmos para lidar com as diferentes situações que possam se
apresentar como fator de risco para a violência. Assim, destacamos a necessidade de se
incorporar a temática nos currículos dos cursos profissionalizantes e nos serviços de saúde, a
fim de que sejam realizadas discussões entre as diferentes categorias profissionais e
chamamos a atenção para a necessidade de desenvolvimento de pesquisas acerca desta
temática a fim de nos fornecer subsídios para programar e implementar práticas de assistência
que tragam avanços nesta área.
Palavras- chave: violência doméstica, gravidez e pós-parto
Referências Bibliográficas:
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS/GM. nº 737 de 16 de maio de 2001. Política
Nacional de Redução de Morbimortalidade por Acidentes e Violência. Diário oficial da
união. Brasília, 18 de maio de 2001. Seção 1E.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Violência Intra-familiar:
orientações para a prática em serviço. Brasília: Ministério da Saúde, 2002 (Caderno de
Atenção Básica n.8).
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
67. O SIGNIFICADO DE SER HOMEM NA PERSPECTIVA DA EQUIPE DE SAÚDE
DA FAMÍLIA
Vanessa Luzia Queiroz Silva
Prefeitura Municipal de Passos
[email protected]
Sônia Maria Villela Bueno
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto
[email protected]
Olívia Cristina Lopes
Prefeitura Municipal de Passos
[email protected]
RESUMO
Vários estudos comparativos entre homens e mulheres têm comprovado o fato de que os
homens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo às enfermidades graves e crônicas, e que
morrem mais precocemente que as mulheres 1. A despeito da maior vulnerabilidade e das
altas taxas de morbimortalidade, os homens não buscam, como o fazem as mulheres, os
serviços de Atenção Primária à Saúde (APS), adentrando o sistema de saúde pela atenção
ambulatorial e hospitalar pelos níveis de secundário e terciário, o que tem como conseqüência
agravo da morbidade pelo retardamento na atenção e maior custo para o sistema de saúde 2. A
resistência masculina à APS aumenta não somente a sobrecarga financeira da sociedade, mas
também, e, sobretudo, o sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família, na luta
pela conservação da saúde e da qualidade de vida 1. Assim sendo, trazemos a temática homem
e saúde para a pauta de atenção, no contexto de consolidação do Sistema Único de Saúde
(SUS) de acordo com a Política Nacional de APS, objetivando uma discussão quanto às
transformações que vêm ocorrendo nas políticas de saúde do Brasil que têm proporcionado
mudanças na maneira de se pensar em saúde, propondo um novo olhar quanto as prioridades
de atenção, bem como para o foco da atenção3. A partir dessas considerações, o presente
estudo se propõe a compreender o significado do ser homem para os trabalhadores que atuam
na Estratégia de Saúde da Família, buscando entender as relações existentes entre o ser
homem e os cuidados com a saúde a partir da percepção desses trabalhadores. Isto posto, a
motivação para o estudo, centra-se especialmente, na intenção de trazer subsídios para a
promoção da saúde e da sexualidade masculina na APS, de forma a contribuir nas discussões
e propostas para a efetivação da Política de Atenção Integral à saúde do homem, sobre os
efeitos dos processos relacionados ao gênero, por ser esta uma temática já recorrente na
literatura e que merece cuidado e atenção especiais. Nosso estudo é parte de uma investigação
que procurou compreender o sentido atribuído à sexualidade masculina e aos cuidados com a
saúde do homem por trabalhadores que atuam na Estratégia de Saúde da Família, realizado na
cidade de Passos, no estado de Minas Gerais, em 2009. Essa investigação pautou-se numa
abordagem de pesquisa qualitativa, aqui entendida como um conjunto de práticas
interpretativas que busca investigar os sentidos que os sujeitos atribuem aos fenômenos e ao
conjunto de relações em que eles se inserem 4-5. Nessa abordagem, baseados em princípios da
pesquisa-ação 6, com referencial teórico-metodológico de Paulo Freire 7, procuramos
compreender e contextualizar os sentidos subjacentes às falas dos sujeitos investigados.
Antes de iniciarmos a discussão dos significados do ser homem para os trabalhadores da
Estratégia de Saúde da Família, é necessário apontarmos aspectos relacionados ao contexto
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
140
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
em que tal discussão se insere. Nessa direção situamos nossa interpretação a partir do
reconhecimento de aspectos simbólicos, socioculturais e históricos que tangenciam a
formação do significado do ser homem para os sujeitos, para que assim possamos entender
sua relação com os cuidados com a saúde e sexualidade masculina. Desta forma, de acordo
com os achados evidenciados a partir das falas dos sujeitos, depreendemos sobre 7 categorias
analíticas relacionadas à: 1) ideal masculino de sucesso, poder, força, virilidade e
invulnerabilidade, 2 ) ideal de homem provedor, 3) déficits de cuidados, 4) prescrição social,
5) figura paterna, 6) heterogeneidade das possibilidades de ser homem, 7) masculinidade
hegemônica. Fica explicito através das expressões dos sujeitos significações compatíveis com
o ideário masculino investido de machismo, autoritarismo, poder, sucesso, fortaleza e
comando. Entretanto, entendemos que quando os homens tentam seguir esse modelo
masculino, acabam se comportando de maneira inexpressiva e competitiva, o que
compromete suas necessidades biopsíquicas básicas. Com frequência isto resulta em condutas
compensadoras, disfuncionais, agressivas e de risco, que predispõem os homens a doenças,
lesões e morte 8. Com relação a estas significações, e a partir de novas propostas que visam
incluir o homem enquanto prioridade para atenção à saúde, especialmente através da Atenção
Primária (AP), verificamos através da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Homem1 a valorização deste entendimento, a partir do reconhecimento da necessidade de se
considerar que as masculinidades são construídas historicamente e sócio-culturalmente, sendo
a significação da masculinidade um processo em permanente construção e transformação.
A partir dessa perspectiva, concluímos que a compreensão e problematização da significação
do ser homem são fundamentais para a compreensão das questões relacionadas ao cuidar de si
masculino, e que em geral, se faz necessário levar em consideração os aspectos sócio-culturais
e simbólicos que perpassam tais questões.
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Programáticas e Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem.
Brasília: Ministério da Saúde, 2008.
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atenção primária. Ciência & Saúde Coletiva, 10 (1), 2005.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Básica. Departamento de Atenção
Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.
4. MINAYO, M.C. O Desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em Saúde. 3. Ed. São
Paulo/Rio de Janeiro: HUNITEC/ABRASCO, 2006.
5. MAYAN, M. Uma introducción a los métoos cualitativos. Modulo de entrenamento para
estudiantes y professionales, international Institute for Qualitative Methodology. Disponível
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VÍCTORA, C. G.; KNAUTH, D. R.; HASSEN, M. N. A pesquisa em saúde: uma introdução
ao tema. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2000. 81p.
7. FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 21. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1992.
8. KORIN, D. Nuevas perspectivas de gênero em salud. Adolescência Latinoamericana. In:
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Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
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68. O OTIMISMO E O USO DE DROGAS NA FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO
Marcos Hirata Soares1
Margarita Antonia Villar Luís2
Clarissa Mendonça Corradi-Webster3
Júlia Trevisan Martins4
Andréia Gonçalves Pestana Hirata5
RESUMO: Trata-se de uma pesquisa quantitativa descritiva e correlacional que conheceu a
relação entre otimismo e consumo de drogas em alunos de graduação e pós-graduação
modalidade residência em Enfermagem. Os sujeitos foram 229, entre alunos de graduação e
pós-graduação modalidade residência em Enfermagem de uma universidade pública do
Paraná, no ano de 2010. Foi aplicado o Teste de Orientação de Vida (TOV-R) e o
questionário ASSIST. Foi utilizada a análise estatística descritiva, assim como teste de
correlação de Spearman e o teste Kruskal Wallis. O uso de sedativos correlacionou-se
negativamente com o otimismo. Novos estudos devem ser realizados para se compreender os
motivos do aumento gradativo do uso de tabaco nas séries, a queda drástica do uso de tabaco
e sedativos no curso de residência em Enfermagem e a correlação entre uso de sedativos e o
otimismo, como forma de se prevenir agravos e promover saúde mental nos estudantes.
Descritores: Estudantes de enfermagem, Internato não-médico, Instituições de ensino
superior, Tabagismo.
1
Enfermeiro. Professor Assistente de Enfermagem Psiquiátrica e Saúde Mental. Departamento de Enfermagem,
Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected].
2
Enfermeira. Professor Titular da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP-USP). Centro Colaborador
da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. E-mail: [email protected]
3
Psicóloga. Pesquisadora. Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas-EERP/USP. E-mail:
[email protected].
4
Enfermeira. Professor Adjunto de Fundamentos de Enfermagem. Departamento de Enfermagem, Centro de
Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina. Email: [email protected].
5
Enfermeira. Professor Colaborador do Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde,
Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected].
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
142
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
69. CENTRO AVANÇADO DE EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE E ORIENTAÇÃO
SEXUAL:
FORMAÇÃO
DE
RECURSOS
HUMANOS
E
AVANÇO
NO
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Sabrina Corral-Mulato1
Larissa Angélica da Silva Philbert1
Sarah Tarcísia R. F. de Cravalho1
Janaina Luiza dos Santos1
Sonia Maria Villela Bueno2
1
Alunas de Pós-graduação do DEPCH/ EERP-USP, membros do CAESOS
2
Profa. Dra. Livre Docente do DEPCH, presidenta do CAESOS
[email protected]
O CAESOS é um grupo de estudos que faz parte do Departamento de Enfermagem
Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, reconhecido
pelo diretório do CNPQ, fundado no ano de 1985 pela professora Sonia Bueno. Tem como
proposta realizar encontros entre estudantes (graduação e pós-graduação), profissionais e
interessados nos temas de Educação Preventiva. Dentre as linhas de pesquisa abrangidas pelo
CAESOS estão a educação em saúde, a formação de recursos humanos e a promoção de saúde
mental. Proporciona aos seus participantes a oportunidade de conhecer várias pesquisas
ligadas a temática principal, de participar de eventos na área e de atuar na organização de
congressos, encontros, fóruns de discussão, dentre outros, objetivando o avanço do
conhecimento dos participantes, tanto científicos, como na pratica da organização. Nos
últimos dois anos, foram promovidos 4 eventos de médio porte pelo grupo, sendo 2
congressos, 1 jornada e 1 fórum de discussão, abordando dentro da temática Educação para a
Saúde, os assuntos: Formação docente em enfermagem, sexualidade, DST, Aids, Drogas,
Violência e o uso da metodologia da Pesquisa-Ação na promoção de saúde. Desses eventos,
participaram mais de 600 congressistas e 100 organizadores. E ainda mais de 300 trabalhos
aprsentados em pôster e 100 trabalhos na íntegra publicados em anais. Fazem parte do
grupo14 estudantes, 28 pesquisadores e 1 coordenador. São realizadas reuniões quinzenais
para discussão de textos, apresentação de projetos, divulgação de eventos nacionais e
internacionais na área e organização dos mesmos. Neste mesmo período foram publicados 17
livros, anais de 4 eventos e inúmeros artigos em revistas científicas e de circulação.
Concluímos pela grande importância desse grupo, que contribui sibstancialmente para a
formação de Recursos Humanos na área de Educação para a Saúde e para a construção do
conhecimento científico na área e na comunidade acadêmica.
Palavras-chave: Educação em saúde; Formação de recursos humanos; Promoção de saúde
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
143
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
SUMÁRIO – Temas Livres
1. A OBESIDADE INFANTIL PODE SER TRABALHADA NA ESCOLA
Lea Shirlaine da Silva Domingues; Maria Salete Zufelato Vencel
2. IMPACTO DO DIAGNÓSTICO DE ANOREXIA NERVOSA AO LONGO DA
VIDA: RELATO DE CASO DE UMA MULHER COM 23 ANOS DE TRATAMENTO
Ana Luisa Carvalho Guimarães; Manoel Antônio dos Santos
3. O LÚDICO E O MATERIAL DIDÁTICO: IMPLICAÇÕES E REFLEXÕES
Marília Ferranti Marques Scorzoni; Camila Ferreira Gomes; Sonia Maria Villela Bueno
4. UNIVERSALIDADE E INSTILAÇÃO DE ESPERANÇA COMO FATORES
TERAPÊUTICOS EM UM GRUPO DE APOIO A PACIENTES COM
TRANSTORNOS ALIMENTARES
Elaine Cristina da Silva Gazignato; Fabio Scorsolini-Comin; Manoel Antônio dos Santos
5. A AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO JUNTO
ADOLESCENTES EM UMA PERSPECTIVA INTERNACIONAL
Fabio Scorsolini-Comin; Alana Batistuta Manzi de Oliveira; Karin Aparecida Casarini;
Roberta Cury de Paula
A
6. FLUIR E RENDER: DOS PERCALÇOS DA ESCRITA À ESCRITA DOS
PERCALÇOS NO FAZER DO PESQUISADOR
Fabio Scorsolini-Comin; Laura Vilela e Souza; Manoel Antônio dos Santos
7. QUAL O IMPACTO DO TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA NA QUALIDADE
DE VIDA DE ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1?
Andressa Carolina de Souza; Érika Arantes de Oliveira-Cardoso;Manoel Antônio dos Santos
8. HIGIENISMO: REFLEXOS DE UM PROJETO POLÍTICO NA EDUCAÇÃO EM
SAÚDE DA ESCOLA REPUBLICANA
Aparecida de Fátima Soane Lomônaco; Rosa Maria de Sousa Martins
9. INCIDÊNCIA DE FATORES TERAPÊUTICOS EM UM GRUPO DE EDUCAÇÃO
EM DIABETES MELLITUS
Manoel Antônio dos Santos; Naiara Sato Botter; Marília Belfiore Palácio; Camila Rezende
Pimentel Ribas; Nunila Ferreira de Oliveira; Marta Maria Coelho Damasceno; Carla Regina
de Souza Teixeira; Maria Lúcia Zanetti
10. PROGRAMA DE REEDUCAÇÃO ALIMENTAR: UMA ESTRATÉGIA PARA
PREVENIR E TRATAR A OBESIDADE
Laiz Elena Ribeiro; Rosane Pilot Pessa Ribeiro
11.
SIGNIFICADOS
DO
TRANSPLANTE
DE
CÉLULAS-TRONCO
HEMATOPOÉTICAS PARA PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
144
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Letícia Aparecida da Silva Marques; Érika Arantes Oliveira-Cardoso; Júlio Cesar Voltarelli;
Manoel Antônio dos Santos
12. VOLTANDO A VIVER EM COMUNIDADE: A INCLUSÃO SOCIAL A PARTIR
DAS RESIDÊNCIAS TERAPÊUTICAS
Juliana Silva Herdy Vieira
13. O PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO AUXILIANDO NA INTEGRAÇÃO DAS
VIVÊNCIAS EMOCIONAIS E CORPORAIS DE UMA PACIENTE OBESA
Daniele Pena da Silva; Érika Arantes de Oliveira-Cardoso; Manoel Antônio dos Santos
14. O ENFERMEIRO DIANTE DO DIREITO DO PACIENTE À MORTE DIGNA
Priscila Penha Domingues; Munira Penha Domingues; Sônia Maria Villela Bueno
15. A CITOLOGIA ONCÓTICA NA PREVENÇÃO DO CÂNCER CÉRVICO
UTERINO NA REGIONAL DE SAÚDE DE FRANCA/SP
Maurícia Brochado Oliveira Soares; Sueli Riul da Silva
16. RESULTADOS DE CITOLOGIA ONCÓTICA EM UMA REGIONAL DE SAÚDE
Maurícia Brochado Oliveira Soares; Sueli Riul da Silva
17. PERFIL DE ADOLESCENTES E JOVENS ESTUDANTES NA TRÍPLICE
FRONTEIRA: BRASIL – PARAGUAI - ARGENTINA
Elis Palma Priotto; Oscar Kenji Nihei; Marta Angélica Iossi da Silva
18. CUIDADO DE ENFERMAGEM À FAMÍLIA DO PACIENTE GRAVE:
COMPREENDER PARA TRANSFORMAR
Aline Landim Ramos; Nathália Fernanda Brochetto; Janaina Mery Ribeiro; Cássia Tiêmi
Nagasawa Ebisui
19. CARACTERIZAÇÃO DE UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA
Ana Eugênia Alves Bastos; Débora Luiza da Silva; Karolinny Santos Silva; Regiane
Marques; Sarah Tarcisia R.F de Carvalho; Sonia Maria Villela Bueno
20. CUIDANDO DE QUEM CUIDA: A VALORIZAÇÃO DA SAÚDE DE
ESTUDANTES TRABALHADORES
Thais Helena Devitto Meira, Juliane de Almeida Crispim, Sabrina Corral-Mulato
21. COMPREENDENDO A VIVÊNCIA COM A DOENÇA CRÔNICA: UMA
ANÁLISE NA PERSPECTIVA DO PORTADOR
Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera; Franciele dos Santos Cortês; André Estevam Jaques
22. SATISFAÇÃO E INSATISFAÇÃO DO DOCENTE DE ENFERMAGEM:
ELEMENTOS INFLUENCIADORES NA QUALIDADE DA FORMAÇÃO
PROFISSIONAL PARA O ENSINO NA EDUCAÇÃO
José Geraldo Neves Filho; Sonia Maria Villela Bueno
23. INTERVENÇÃO TERAPÊUTICO OCUPACIONAL DURANTE INTERNAÇÃO
DE UMA ADOLESCENTE COM HIV
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
145
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Ariana Penha Meirelles; Silvia F. Biasson de M. Negrini; Maria Célia Cervi
24. PESQUISAS CIENTÍFICAS NACIONAIS ACERCA DO SUICÍDIO ENTRE
ADOLESCENTES
Josiane Bertoni de Souza; Naiara Nardelli de Souza; Roberta Dinardi; Marcio José Dias;
Marcelo F. C. Marques; Camilla Soccio Martins
25. TRABALHO INFANTIL: A NECESSIDADE DA PRODUÇÃO DE NOVOS
CONHECIMENTOS
Kátia G. Amorim Silva; Gustavo de Souza Alves; Camilla Soccio Martins
26. ENVELHECIMENTO ATIVO E POLÍTICA NACIONAL DA SAÚDE DO IDOSO:
DESAFIOS E PERSPECTIVAS
Aline Formigoni; Naiara Fabiana Vieira; Vanessa de Souza Silva; Edna Malheiro Neves
Monaro; Camilla Soccio Martins
27. EDUCAÇÃO PREVENTIVA PARA O CÂNCER CÉRVICO-UTERINO
Tatiane Cristina Almeida Santos Viviane Guthierres Victorino; Marli Santos Oliveira
Ramires; Verônica Machado Marques de Oliveira; Camilla Soccio Martins
28. RESILIÊNCIA E SAÚDE: A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMETO CIENTÍFICO
NA ÁREA
Izabel Maria de Assunção e Brito Cordasso; Sarah Regina Bossolo; Camilla Soccio Martins
29. DOENÇAS DO TRABALHO E QUALIDADE DE VIDA: LER E DORT NA VISÃO
DA LITERATURA CIENTÍFICA
Cintia Zordan Gualdo; Amalha Vileide do Nascimento; Gislaine C. Silvestre Ramos; Camilla
Soccio Martins
30. CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ACERCA DE TRANSTORNO
ALIMENTAR E ANOREXIA
Edimilson Lucio de Camargo; Felipe Lambert; Everton Rodrigues de Souza; Camilla Soccio
Martins
31. A PESQUISA-AÇÃO: ESTADO DA ARTE VEICULADA PELA SCIELO
Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera; Mariana Paula de Souza
32. A VIVÊNCIA DA MATERNIDADE ADOTIVA
Daniel Nogueira Meirelles de Souza; Fernanda Kimie Tavares Mishima; Manoel Antônio dos
Santos
33. “ELE SÓ SABE COMER!”: A PERCEPÇÃO DE MÃES DE CRIANÇAS COM
OBESIDADE
Daniel Nogueira Meirelles de Souza; Fernanda Kimie Tavares Mishima; Manoel Antônio dos
Santos
34. AÇÕES EDUCATIVAS JUNTO A PORTADORES DE HIPERTENSÃO
ARTERIAL SISTÊMICA: UMA DISCUSSÃO À LUZ DA DIALOGICIDADE
Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera; Mariana Paula de Souza
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
146
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
35. A EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE NO CURSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL:
UMA DISCUSSÃO NECESSÁRIA
Valéria Marta Nonato Fernandes Mokwa; Sonia Maria Villela Bueno
36. A ALFABETIZAÇÃO DOS TRABALHADORES RURAIS PELO MÉTODO
PAULO FREIRE
Maria Luiza Costa; Vânia Claudia Spoti Caran
37. QUALIDADE DE VIDA E DESENVOLVIMENTO HUMANO UMA VIVENCIA
JUNTO AOS ADOLESCENTES
Maria Luiza Costa; Vânia Claudia Spoti Caran
38. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA SOBRE EDUCAÇÃO E PEDAGOGIA SOCIAL
José Geraldo Neves Filho; Márcia Regina Garbuglio Neves; Sonia Maria Villela Bueno
39. DISLIPIDEMIA ASSOCIADA À TERAPIA ANTIRRETROVIRAL: AVALIAÇÃO
DE FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR
Ana Paula Morais Fernades; Francielly Maira da Penna Matos; Amanda Silva e Sá; Camila
Agustoni; Carla Maria Seconi Momenti; Samira Costa de Faria; Wlaldemir Roberto dos
Santos
40. “ONDE ACABO, ONDE VOCÊ COMEÇA?”: A VIVÊNCIA
IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA NO CONTATO COM O PACIENTE
PSICOTERAPIA
Camilla Monti Oliveira; Érika Arantes de Oliveira; Manoel Antônio dos Santos
DA
EM
41. A “SALA PRECISA”: CONSTRUINDO O ESPAÇO TERAPÊUTICO
Camilla Monti Oliveira; Érika Arantes de Oliveira; Manoel Antônio dos Santos
42. PROGRAMA DE INOVAÇÃO DE ESTRATÉGIAS EDUCATIVAS NA
CONDUÇÃO DE OFICINAS JUNTO A GESTANTES E PUÉRPERAS NA MATER
Marina Dal Ponte; Ana Márcia Spanó Nakano; Flávia Azevedo Gomes
43. CONHECENDO O CONTEXTO ESCOLAR
Fernanda Cantão; Vanessa Claudino Leite; Barbra Casarin; Sonia Maria Villela Bueno
44. COMO CATEGORIZAR UMA ESCOLA: TAREFA DA LICENCIATURA
Josilene Fioravanti dos Santos; Pâmela Caroline Gil de Toledo; Vanessa Lopes de Aragão;
Sonia Maria de Villela Bueno
45. SAÚDE E ESCOLA: AÇÕES INTERSETORIAIS
Andressa Mercedes Araújo; Sonia Maria de Villela Bueno
46. COMER OU ROUBAR? O DESAMPARO VIVENCIADO POR UMA CRIANÇA
OBESA
Carolina Mendes Cruz Ferreira; Fernanda Kimie Tavares Mishima; Manoel Antônio dos
Santos
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
147
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
47. EDUCAÇÃO E FRACASSO ESCOLAR: DESENVOLVIMENTO DE UMA
PESQUISA-AÇÃO BASEADA EM FREIRE E THIOLLENT
Luciano Gonçalves Teodoro; Sonia Maria Villela Bueno
48. ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE EM
ESCOLARES
Danila Perpétua Moreira, Gislaine Andresa Baltazar, Vivian Libório de Sousa Silva, Sonia
Maria Villela Bueno
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
148
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
1. A OBESIDADE INFANTIL PODE SER TRABALHADA NA ESCOLA
Lea Shirlaine da Silva Domingues
Pedagogia- ASSER- Porto Ferreira, e-mail: [email protected]
Maria Salete Zufelato Vencel
Pedagogia- ASSER- Porto Ferreira, e-mail: [email protected]
Introdução: A incidência da obesidade infantil vem aumentando de forma significativa nos
últimos anos, determinando várias complicações na saúde da criança e do adulto. As altas
taxas de obesidade na infância vêm preocupando diversos profissionais da área da saúde, pois
esta não é sinônimo de saúde, ao contrário, pode ser a responsável por muitos males que
atingem a população, como doenças do coração, diabetes e outros. Apesar da influência
genética no ganho de peso corporal influenciar muitas pessoas, para muitos autores, os fatores
ambientais, como estilo de vida sedentário e hábitos alimentares inadequados são
determinantes neste processo (Mello et al., 2004; Tomkins, 2006 ). Tais ações habituais estão
diretamente relacionadas com a saúde e com a qualidade de vida dos indivíduos. Para um
estilo de vida saudável é importante a redução de hábitos que afetam a saúde. A alimentação
infantil deve ser uma das prioridades no lar, no sentido de se evitar o sobrepeso; as crianças
necessitam de uma nutrição adequada e quantidades certas de calorias. Infelizmente, o valor
nutritivo dos alimentos, muitas vezes, é ditado pelo orçamento familiar e, na maioria dos
casos, não é direcionado para a alimentação infantil. A desnutrição continua existindo como
um problema de saúde pública no Brasil, principalmente nas regiões menos desenvolvidas
social e economicamente. Mas, além da desnutrição, hoje o excesso de peso, quando chega a
caracterizar obesidade, deve ser entendido como uma doença que precisa de tratamento. A
pevenção continua sendo o melhor caminho. Algumas iniciativas realizadas antes da idade
escolar e mantidas durante a infância e a adolecência podem garantir um adulto com uma
melhor qualidade de vida.
Objetivos: Este trabalho tem como objetivo geral, conscientizar as pessoas para a aquisição de
hábitos alimentares saudáveis. Como objetivos específicos, destacam: incentivar as crianças
em idade escolar a alimentar-se de forma adequada; estimular no aluno a prática de atividades
físicas; ensinar o aluno a preparar e a ingerir alimentos nutritivos à saúde.
Metodologia: O trabalho foi realizado em uma escola de ensino infantil da cidade de Porto
Ferreira-SP com a participação de cinquenta crianças. Inicialmente, foram apresentadas a elas
algumas frutas da época para a análise do gosto; em seguida, foram preparados sucos com tais
frutas na presença das crianças e servido a elas. Também foram realizadas aulas de culinária,
com o preparo de pratos utilizando-se ingredientes naturais e reaproveitando talos e folhas de
verduras e legumes que, normalmente, são descartados.
Resultados: As crianças participaram ativamente de todas as atividades. Auxiliaram no
preparo dos sucos e durante a degustação, percebeu-se que 100% dos participantes
saborearam os pratos apresentados. Os alunos foram investigados sobre o consumo de frutas e
verduras em suas casas; muitos nunca tinham ouvido falar ou visto muitas delas e, após o
consumo, passaram a gostar de coisas que até então não gostavam.
Considerações: Através dessa pesquisa, percebe-se que é muito importante a incorporação no
currículo informal das escolas, em diferentes séries, do estudo de nutrição e hábitos de vida
saudáveis, prevenindo a obesidade infantil, evitando-se, assim, diferentes doenças causadas
por uma alimentação não adequada. As crianças fazem pelo menos uma de suas refeições nas
escolas e a merenda escolar deve atender às suas necessidades nutricionais em quantidade e
qualidade, sendo um agente formador de hábitos saudáveis. O estímulo à prática de atividade
física também deve ser trabalhado no âmbito escolar. Todas as crianças devem estar
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
149
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
envolvidas e não apenas aquelas que apresentam sobepeso ou obesas. Em idade escolar, as
crianças aceitam facilmente preparações alimentares novas, apresentam grande interesse pelo
alimento e seu preparo, e é nesta fase que o professor deve estimular e orientar para um hábito
alimentar asudável, optando por alimentos naturais, ao invés de guloseimas e refrigerantes.
Tudo o que comemos tem relação direta com a nossa saúde. Portanto, a melhor arma para
combater a obesidade infantil é a prevenção, por meio da educação nutricional, das refeições
em horários regulares, à base de frutas, verduras, cereais e carnes magras, água no lugar de
refrigerantes e atividade física regular. Faz-se necessário uma maior divulgação sobre a
obesidade infantil, seja através dos meios de comunicação ou de campanhas ou mesmo dentro
da unidade escolar, de modo que as pessoas tomem consciência das causas, das prevenções e
tratamento dessa enfermidade.
Palavras-chave: obesidade, nutrição, hábitos saudáveis.
Referências:
MELLO, Elza D. de; LUFT, Vivian C.; MEYER, Flavia. Obesidade infantil: como podemos
ser eficazes? Childhood obesity- Towards effectiveness. Jornal de Pediatria, Volume 80, n° 3,
2004, pág.173-182;
TOMKINS, Andrew. Measuring obesity in children: what standards to use? Que padrões usar
para medir obesidade em crianças? Jornal de Pediatria, Volume 82, nº 4, 2006, pág. 246-248.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
150
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
2. IMPACTO DO DIAGNÓSTICO DE ANOREXIA NERVOSA AO LONGO DA
VIDA: RELATO DE CASO DE UMA MULHER COM 23 ANOS DE TRATAMENTO
Ana Luisa Carvalho Guimarães
E-mail: [email protected]
Manoel Antônio dos Santos
E-mail: [email protected]
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
Universidade de São Paulo - USP
Introdução: Os transtornos alimentares (TA) podem ser definidos como quadros
psiquiátricos caracterizados por perturbações no comportamento alimentar. A anorexia
nervosa (AN) é um transtorno caracterizado pela recusa sistemática à ingestão de alimentos,
medo intenso de ganhar peso e grave distorção da imagem corporal. (Oliveira & Santos,
2006). A abordagem psicodinâmica no tratamento dos TA tem sido considerada como uma
estratégia complementar ao plano terapêutico, que inclui reabilitação clínica e nutricional,
além de apoio e/ou terapia familiar. (American Psychiatric Association, 2009). A psicoterapia
procura trazer à consciência afetos, e fortalecer a auto-estima, facilitando a tradução de
sentimentos e emoções. Desse modo, o trabalho é orientado em direção à obtenção do insight,
utilizando-se de fundamentos próprios da teoria psicanalítica. Nesse modelo valoriza-se tanto
a melhora dos sintomas, quanto a recuperação do peso ponderal e a compreensão de aspectos
psicológicos do paciente, partindo do pressuposto da integralidade do sujeito. (Gorgati,
Holcberg, & Oliveira, 2002).
Objetivo: O presente estudo teve como objetivo identificar os significados que uma paciente
em tratamento há 23 anos atribui ao diagnóstico de AN.
Metodologia: Selecionou-se como caso a ser investigado a condição apresentada por
Cristina, paciente com diagnóstico de AN que se encontrava em acompanhamento em
psicoterapia individual, como parte do plano terapêutico estabelecido pela equipe de um
serviço de atendimento multidisciplinar (Grupo de Assistência em Transtornos Mentais –
GRATA - HCFMRP-USP). Para alcançar o objetivo proposto, foram utilizadas as
transcrições das sessões de psicoterapia individual de Cristina, complementada pela análise
dos relatos da paciente produzidos durante o grupo terapêutico. Foram selecionadas as falas
que evidenciavam a perspectiva que a paciente tinha acerca de seu diagnóstico e dos
significados e implicações do mesmo em seu viver diário. Também foi dada ênfase aos relatos
que, na perspectiva dos psicoterapeutas da abordagem individual e grupal, mostravam
mudanças na dinâmica psíquica e progressos alcançados ao longo do processo psicoterápico.
Os critérios diagnósticos apresentados no DSM-IV-TR foram utilizados como suporte para
pontuar as reflexões elaboradas acerca do percurso descrito pela paciente no intervalo de seis
meses de acompanhamento. Esse tipo de recorte do material clínico implica analisar o
processo terapêutico como um fenômeno dinâmico, que evolui em uma linha que pode ter
tanto movimentos de continuidade, como de descontinuidade, na qual a paciente evolui.
Implica também em valorizar a sua própria perspectiva desse processo.
Resultado: A análise do material clínico foi pautada nos critérios diagnósticos para a AN
propostos pelo DSM-IV-TR. Em relação ao primeiro critério (A), referente à recusa a manter
o peso corporal normal ou acima do normal: durante anos Cristina preencheu esse critério.
Quando relatava aspectos de sua vida na época da internação, descrevia-se como muito magra
e debilitada, a ponto de não conseguir sequer andar. Atualmente, apesar de Cristina ainda
mostrar-se insatisfeita com seu corpo, dizia que, ao se olhar no espelho, conseguia não se
enxergar como gorda. Todavia, continuava sentindo mal-estar ao comer e tinha dificuldades
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
151
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
em relação a aceitar sentimento de satisfação após a refeição. Entretanto, tomou consciência
de que esse mal-estar que sentia ao comer podia ser contraposto com alguns ganhos que
adviam da melhora na alimentação: mais energia, maior capacidade produtiva, não se sentir
tão cansada ou desanimada durante o dia. Enfim, Cristina pôde perceber que alimentar-se é
algo que possibilita seu fortalecimento em direção à concretização de seus planos e sonhos.
Em relação ao segundo critério diagnóstico (B), que diz respeito ao medo de ganhar peso ou
de se tornar gordo: Cristina preenchera completamente esse critério durante um longo período
de sua vida, contudo, atualmente, não se pode afirmar que tenha intenso medo de engordar ou
tornar-se gorda, a despeito de persistir o desejo manifesto de emagrecer. No que concerne ao
terceiro critério diagnóstico (C), sobre perturbações no modo de vivenciar o peso ou a forma
do corpo, Cristina conta que, no período de sua internação, estava excessivamente magra,
porém achava que algumas “partes” de seu corpo eram gordas. Atualmente, a paciente não se
achava gorda, apesar de não estar plenamente satisfeita com seu corpo. Essa insatisfação, de
fato, refletia-se fortemente em sua auto-estima, porém esse momento deve ser diferenciado do
anterior não apenas pela dimensão que essa perturbação assumia em sua vida, mas também
pela postura que a paciente adquiriu frente a essa questão fundamental em seu viver:
emagrecer não era mais uma meta na vida de Cristina, e muito menos a única meta, ou a meta
das metas.
Considerações: Percebe-se que a paciente ainda carrega as marcas subliminares do
diagnóstico de AN, o que se evidencia quando ela discorre sobre seus medos, inseguranças e
obstáculos. As situações vividas no cotidiano colocavam-na de frente às suas dificuldades e,
nesses momentos de maior estresse e exigência ambiental, percebia-se a perspectiva que ela
tinha acerca de sua própria condição: lidar com um diagnóstico de TA desde a juventude é
uma questão que freqüentemente retorna, sobretudo quando Cristina questionava se
conseguiria adaptar-se a uma nova situação. Portanto, o significado de ser uma pessoa com
“anorexia” estava diretamente relacionado ao seu senso de auto-eficácia, que é parte
constitutiva da auto-estima. O mais importante é que, no momento atual, Cristina já se
mostrava capaz de perceber diferenças e nuanças em alguns aspectos que configuram sua
auto-imagem, quando confrontada com a imagem que sustentava no passado. Entretanto, a
sintomatologia que acompanha a AN já fora um grilhão que um dia a limitara imensamente e,
por conseguinte, deixou fortes marcas existenciais na paciente. Com base nessas
considerações, conclui-se que o diagnóstico de AN, além de ser um conjunto de sintomas
atribuídos por um profissional de saúde a um indivíduo que enfrenta sérias dificuldades de
ajustamento, assume significados bem distintos ao ser subjetivado pelo paciente. Na
perspectiva de Cristina, representou uma experiência decisiva em sua trajetória de vida, que
felizmente pôde ser transformada ao longo do tratamento. De qualquer modo, esse
diagnóstico, com suas reverberações estigmatizantes, continua colado à personalidade da
paciente, apesar de ela estar vivenciando um estágio de vida bem diferente daquela época,
quando o TA foi detectado.
Palavras-chave: transtornos da alimentação; psicoterapia; estudos de casos.
Referências:
American Psychiatric Association (2009). Practice guidelines for the treatment of patients with eating
disorders.
3th
ed.
Washington,
DC:
Autor.
Disponível
em:
http://www.psychiatryonline.com/pracGuide/pracGuideChapToc_12.aspx
Gorgati, S. B., Holcberg, A. S., & Oliveira, M. D. (2002). Abordagem psicodinâmica no tratamento
dos transtornos alimentares. Revista Brasileira de Psiquiatria, 24(3), 44-48.
Oliveira, E. A., & Santos, M. A. (2006). Perfil psicológico de pacientes com anorexia e
bulimia nervosas: A ótica do psicodiagnóstico. Medicina Ribeirão Preto, 39(3), 353-360.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
3. O LÚDICO E O MATERIAL DIDÁTICO: IMPLICAÇÕES E REFLEXÕES
Camila Ferreira Gomes
Educadora. Licenciada em Letras. Especialista em Gestão Educacional.
Membro efetivo do CAESOS
Marília Ferranti Marques Scorzoni
Educadora. Licenciada em Letras. Especialista em Gestão Educacional.
Membro efetivo do CAESOS
E-mail: [email protected]
Sonia MariaVillela Bueno
Profª. Drª. Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Presidente do Grupo de
Pesquisas CAESOS-EERP/USP
E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO: A atividade lúdica pode ser definida como todo e qualquer movimento que
tem como objetivo a realização de uma tarefa de forma prazerosa , ou seja, divertir o
praticante através de atividades que oferecem exercícios físicos feitos alegremente. Estes
propiciam desafogo de dificuldades emocionais e sentimentos confusos de conflitos e de
agressividade, fortalecendo entre outras coisas a auto-estima e a segurança, o que importa não
é apenas o produto da atividade, o que dela resulta, mas a própria ação, o momento vivido. A
ludicidade é muito importante para a saúde mental do ser humano, pois possibilita a quem a
vivencia, momentos de encontro consigo e com o outro,proporcionando maior sensibilização
para as questões dos processos afetivos e cognitivos, como a sexualidade, cuidado e
prevenção,e a imaginação através de momentos de fantasia e de realidade, lúdico torna-se,
então, uma importante ferramenta de ensino.
OBJETIVO: Levantar a aplicabilidade dos projetos lúdicos, desenvolvidos e inseridos na
área da Educação para a Saúde, e sua contribuição qualitativa para a formação de recursos e
materiais didáticos.
METODOLOGIA: Pesquisa qualitativa, de cunho humanista, estudo descritivo-exploratório
de produções cientificas atuais.
CONSIDERAÇÕES: A prática pedagógica através do lúdico e suas contribuições no
processo educativo, proporciona um aprendizado de forma alegre e dinâmica. As atividades
lúdicas estão envolvidas em diversos fatores que permitem aos educadores aplicabilidades
diversas através de: jogos, brincadeiras, histórias, cantigas de rodas, teatro, fantoche,
atividades plásticas, entre outras.
A escola tradicional, centrada na transmissão de conteúdos, não comporta um modelo lúdico.
O lúdico tem sido um desafio para muitos educadores, é visível a preocupação em relação à
importância do desenvolvimento humano, pois as instituições escolares centraram-se apenas
nas habilidades cognitivas e deixaram de lado, quase que completamente, a arte, o prazer e o
encantamento do lúdico. Portanto, os educadores e as instituições precisam se atentar para a
educação e o desenvolvimento das crianças, buscando certamente um novo olhar.
A intervenção do educador deve ocorrer no momento certo, estimulando-os para a reflexão.
Assim o educador poderá descobrir e modificar o que foi trabalhado. No cotidiano de sala de
aula o brincar pode ser encarado como algo sério e de cunho pedagógico, proporcionando
maior sensibilização para as questões dos processos cognitivos, afetivos e motores. Pensar em
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
novas formas de auxiliar esse aprendizado precisa ser tarefa constante no trabalho de
educadores realmente comprometidos com a qualidade do ensino.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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pensamento educacional de Friedrich Froebel. Cad. CEDES, Campinas, v. 24, n. 62, Apr.
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Available
from<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010132622004000100002&ln
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KISHIMOTO, T. M. (2002). O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira, 1988
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PIAGET, J.; INHELDER, B. A psicologia da criança. 17 ed. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2001.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
4. UNIVERSALIDADE E INSTILAÇÃO DE ESPERANÇA COMO FATORES
TERAPÊUTICOS
EM
UM
GRUPO
DE
APOIO
A
PACIENTES
COM
TRANSTORNOS ALIMENTARES
Esp. Elaine Cristina da Silva Gazignato
Prefeitura Municipal do Guarujá, SP
E-mail: [email protected]
Prof. Me. Fabio Scorsolini-Comin
Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM
E-mail: [email protected]
Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos
Universidade de São Paulo – FFCLRP/USP
E-mail: [email protected]
RESUMO
Introdução: Os transtornos alimentares (TA), que incluem a anorexia nervosa (AN) e a
bulimia nervosa (BN), são temas muito discutidos e pesquisados atualmente, principalmente
pelo crescente número de adolescentes e jovens adultos que buscam atendimento em clínicas
e serviços de saúde e pela importância dada pela mídia e pela cultura ocidental ao culto do
corpo esbelto e magro, investido como padrão de beleza. A conceituação da anorexia e da
bulimia como psicopatologias reproduz as ideias sociais dominantes encontradas no discurso
científico e reguladas por meio da linguagem. Os discursos presentes sobre a AN e a BN
posicionam as pessoas diagnosticadas com essa doença de maneiras particulares e acabam
sendo legitimados.
Referencial Teórico: A psicoterapia de grupo oferece um contexto de apoio centrado nas
questões que os TA deflagram, como as dúvidas e resistências em relação ao tratamento
(psicoterapia, tratamento medicamentoso, rotina de consultas, exames e procedimentos,
exposição à tecnologia médica e psicossocial), alterações no cotidiano, repercussões na vida
familiar e no ambiente social, que despertam vivências de angústia. Dentre as abordagens
teóricas utilizadas para se compreender os grupos, notadamente os de apoio psicológico,
destaca-se o enfoque dos fatores terapêuticos. Os fatores terapêuticos seriam mediadores de
mudança, de transformação psíquica, sendo esses elementos comuns a toda terapia de grupo.
Objetivo: A partir do exposto, o objetivo deste estudo é analisar os fatores terapêuticos de
apoio (notadamente a universalidade e a instilação de esperança) presentes em sessões de
psicoterapia de grupo com pacientes que apresentam este tipo de transtorno, buscando-se
compreender como tais fatores auxiliam no desenvolvimento dessas pessoas no contexto do
espaço grupal.
Método: O grupo de apoio às pessoas com transtornos alimentares (GRATA-HC-FMRPUSP) acontece uma vez por semana, tem uma hora e trinta minutos de duração e é coordenado
por dois psicólogos em esquema de cocoordenação. É um grupo aberto e todos os pacientes
do serviço são convidados a participar. Configura-se como um grupo aberto aos pacientes de
ambos os sexos. Traremos aqui alguns recortes das sessões de grupo com esses pacientes, a
fim de que possamos pensar na multiplicidade de discursos produzidos sobre os TA e de que
modo os fatores terapêuticos não apenas estão presentificados no espaço grupal, como
contribuem para o desenvolvimento e o tratamento dos pacientes. Para a análise, utilizaremos
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duas sessões selecionadas randomicamente desse grupo de apoio, que foram audiogravadas e
transcritas na íntegra, entre os anos de 2004 e 2005.
Resultados e Discussão: O primeiro fator terapêutico de destaque é a universalidade. Ela
pode ser caracterizada como a tomada de consciência, pelo paciente, de que há outros que
vivem situação semelhante a que ele está vivendo, problemas e conflitos análogos aos seus.
Essa descoberta provoca sensação de alívio, melhora da autoestima e redução de estigma
social. O paciente rompe com o seu aparente isolamento, havendo a possibilidade de
intercâmbio social franco e honesto. O senso de universalidade é a consequência do processo
de comparação social que ocorre naturalmente em grupos. Nas duas sessões analisadas
podemos destacar e comentar algumas sequências interacionais em que este fator surge.
Podemos notar uma sensação de alívio da paciente por descobrir que existem outras pessoas
vivendo a semelhante ou mais difícil. Assim, ao reconhecer outras pessoas que sofrem pela
mesma doença, as pacientes podem, no grupo de apoio, experimentar a possibilidade de se
verem como “normais”, como se fosse natural adoecer e enfrentar determinados desafios,
como se sentir diferente da maioria das pessoas. O grupo, elegendo a doença como
unificadora das experiências individuais dessas participantes, acaba universalizando-a e
elegendo-a como algo natural, ou então que não desperte a estranheza, nem mesmo quando e
pensa nos profissionais que ali estão e que não estão doentes.
Considerações: Podemos perceber que o grupo surge como um espaço privilegiado no
sentido de oferecer suporte emocional, informativo e de convivência para as pessoas que
sofrem de um transtorno alimentar, onde os pacientes podem se reconhecer na experiência do
outro e fazer um exercício de construção da própria identidade e da função que o sintoma
assume em suas vidas. Na situação grupal, há uma produção coletiva de significados, que
podem ser explorados e canalizados na busca de soluções para os problemas comuns que
afetam o cotidiano de todos. Com essas diretrizes em mente, o coordenador do grupo busca
estimular a recuperação física e emocional do paciente, conduzindo-o ao contato com um
outro que também o constitui. Desse modo, os fatores de universalidade e de instilação de
esperança almejam reforçar sua autoestima, atenuando o impacto de uma autoimagem
normalmente comprometida na presença da enfermidade. Os fatores terapêuticos são, então,
estes mecanismos eliciadores de mudança que surgem a partir da necessidade do
desenvolvimento de recursos para lidar com as situações geradas em contextos grupais.
Palavras-chave: Anorexia Nervosa; Transtornos Alimentares; Grupo.
Referências
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(Eds.). Psychiatric Update Annual Review: v. 5. Washington, DC: American Psychiatric
Press, 1986, p. 678-98.2.
SOUZA, L. V.; SANTOS, M. A. Anorexia e bulimia: conversando com as famílias. São
Paulo: Vetor, 2007.
WEINBERG, C.; CORDÁS, T. A. Do altar às passarelas: da anorexia santa à anorexia
nervosa. São Paulo: Annablume, 2006.
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5.
A
AVALIAÇÃO
DE
PROGRAMAS
DE
INTERVENÇÃO
JUNTO
A
ADOLESCENTES EM UMA PERSPECTIVA INTERNACIONAL
Fabio Scorsolini-Comin
Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM
E-mail: [email protected]
Alana Batistuta Manzi de Oliveira
Universidade de São Paulo – USP
E-mail: [email protected]
Karin Aparecida Casarini
Universidade de São Paulo – USP
E-mail: [email protected]
Roberta Cury de Paula
Universidade de São Paulo – USP
E-mail: [email protected]
RESUMO
Introdução: A inserção dos psicólogos na área da saúde pública obrigou alguns profissionais
a reverem a elaboração de práticas e propostas de intervenção psicológica, sendo este
movimento a consequência de uma ampla reflexão teórica, que culminou com a proposta de
intervenção preventiva, a qual busca superar o modelo biomédico, individualista e de cisão
entre mente, corpo e ambiente. Neste novo modelo, a desigualdade social adquiriria um
espaço privilegiado nas análises e nas intervenções psicológicas. Na contemporaneidade,
diversos programas voltados à promoção da saúde, do bem-estar e da educação dos
adolescentes foram sendo constituídos como forma não apenas de atender a uma parcela
significativa da população, mas também possibilitar a assunção de práticas adaptativas e
salutares em indivíduos que se encontram na transição para a fase adulta, principalmente
aqueles submetidos a situações de risco e de maus-tratos.
Objetivo: Buscando avaliar esses programas, o objetivo deste estudo é apresentar uma
revisão integrativa sobre a produção científica ligada à avaliação de programas de intervenção
junto a adolescentes em um periódico internacional da área de avaliação, buscando delinear os
principais enfoques e tendências dessas publicações.
Método: Procedeu-se uma busca nas bases de dados nacionais e latino-americanas como o
SciELO, o LILACS, o PePSIC e o BVS-Psi. Todas elas têm em comum o fato de serem
dirigidas por instituições reconhecidamente comprometidas com o avanço e a difusão do
conhecimento nos contextos brasileiro e latino-americano. A fim de cotejar a produção
internacional, foi selecionado um periódico de destaque na área de avaliação como forma de
se ter acesso a publicações recentes e relacionadas à temática investigada. O periódico
selecionado foi o American Journal of Evaluation – AJE. O levantamento compreendeu o
período de janeiro de 2008 a dezembro de 2009. Tal abrangência objetivou traçar um perfil
apenas de publicações recentes na área.
Resultados e Discussão: Deste modo, foram selecionados sete artigos para posterior leitura e
análise na íntegra (N=7). Estes foram recuperados, analisados em profundidade e
categorizados a partir de grandes eixos de análise. Dos sete artigos recuperados, quatro são de
caráter empírico, um teórico, uma resenha e uma revisão da literatura. A maioria das
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publicações é norte-americana, sendo quatro dos Estados Unidos e uma do Canadá. Uma
publicação é de Israel. A resenha também é dos Estados Unidos, país no qual o periódico é
publicado. No que se refere ao ano, três estudos foram publicados em 2008 e quatro em 2009.
Acerca dos objetivos desses estudos, dois deles buscaram avaliar instrumentos e métodos
utilizados na avaliação de programas. Ambos estão relacionados à avaliação de programas,
sendo que um busca verificar empiricamente a qualidade psicométrica de instrumentos
utilizados na avaliação e o outro visa à identificação de pontos fortes e fracos de métodos
relacionados à teoria da avaliação e suas práticas. Quanto à abordagem, predominam
pesquisas qualitativas (três), que utilizam em suas metodologias os estudos de caso, com
entrevistas (face a face ou via telefone) e análises documentais como instrumentos de coleta
de dados. Uma pesquisa utiliza a abordagem quantitativa, com metodologia de validação por
juízes e análises estatísticas não paramétricas.
Considerações: Observa-se que os artigos identificados nesta revisão voltam-se
principalmente para a análise de fatores que possam influenciar na acurácia dos achados de
uma avaliação de programa de intervenção. Os artigos aqui analisados dirigem-se para a
busca do refinamento das estratégias de avaliação, afirmando a necessidade da análise
científica rigorosa e amplificada, estabelecendo relações entre diversos aspectos da sociedade,
da realidade dos usuários e do universo acadêmico. Ao final deste percurso, um dos pontos
que devem ser destacados se refere ao papel do avaliador de sua importância não apenas como
diagnosticador de uma realidade e um planejador de uma intervenção, mas como um
profissional capaz de estabelecer um diálogo entre os saberes teóricos e os práticos. Pelos
trabalhos resgatados no corpus deste presente estudo, esta capacidade é vista como uma
necessidade e também uma tendência para a evolução da área. Deste modo, a avaliação
cumpriria o seu papel na compreensão de uma dada realidade e seria também um balizador de
práticas e de formas de se intervir em diversos contextos sociais, notadamente com
adolescentes, como no recorte deste estudo.
Palavras-chave: Avaliação; Adolescência; Intervenção.
Referências
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evaluation. American Journal of Evaluation, v. 26, p. 302-319, 2005.
BRANDON, P. R.; SINGH, J. M. The strength of the methodological warrants for the
findings of research on program evaluation use. American Journal of Evaluation, v. 30, n.
2, p. 123-157, 2009.
FAW, L.; HOGUE, A. Multidimensional implementation evaluation of a residential treatment
program for adolescent substance abuse. American Journal of Evaluation, v. 26, p. 77- 94,
2005.
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6. FLUIR E RENDER: DOS PERCALÇOS DA ESCRITA À ESCRITA DOS
PERCALÇOS NO FAZER DO PESQUISADOR
Prof. Me. Fabio Scorsolini-Comin
Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM
E-mail: [email protected]
Profa. Me. Laura Vilela e Souza
Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM
E-mail: [email protected]
Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos
Universidade de São Paulo – USP
E-mail: [email protected]
RESUMO
Introdução: O que move um pesquisador é a sua curiosidade e o prazer pela descoberta. O
que nos instiga como pesquisadores é, portanto, o percalço constituinte da ciência – buscamos
investigar um problema, as suas dificuldades, a fim de que possamos apontar para caminhos
possíveis. Sendo assim, neste estudo compreendemos o problema de pesquisa, a pergunta ou
mesmos os seus objetivos como o percalço que nos impulsiona a pesquisar e à consequente
(ou provável) redescoberta de algo, de uma solução, de uma resposta ou de um atenuador de
nossa inquietação. De modo similar, o trabalho científico constitui, por si só, um percalço na
vida do pesquisador. Isso não quer dizer que um percalço seja algo negativo ou depreciativo,
mas sim um desafio a ser superado. Uma dúvida crucial ou uma curiosidade não satisfeita já
coloca o pesquisador diante de seu trabalho de pesquisar, ou seja, o coloca diante de seu
percalço.
Objetivo: Este estudo de caráter teórico tem por objetivo refletir acerca da escrita científica
como um campo semântico constituído pelo percalço em dupla-via: a da dificuldade de
acessar o objeto e de começar a concretizá-lo por meio do texto e também a de potencialidade
de construção de um saber crítico e promotor do desenvolvimento de um fazer do
pesquisador.
Referencial teórico: A partir de uma visão construcionista social, o ato de escrever é
convidar os leitores a um tipo de relacionamento, é posicionar escritor e leitor. A partir de
diferentes tipos de escrita, diferentes convites são enviados e, por conseguinte, cada forma de
escrever pode valorizar formas específicas de práticas sociais. É possível identificar em
relatos científicos construções como “observou-se”, “foi encontrado”, que indicariam que os
resultados científicos são capturados por um olho onisciente, um ponto de vista
transcendental, para além do olhar ou experiência do pesquisador. Nessa tradição em
pesquisa, as lentes através das quais o mundo é observado – o sistema sensorial humano deveriam ser apuradas, evitando a sua contaminação por qualquer afetividade que possa
distorcer uma pura visão das coisas. O embate travado com o texto no início e ao longo de
toda a escrita revela uma tensão entre diversos fatores: o rigor acadêmico, a necessidade de
que aquele conhecimento seja validado pela comunidade científica, a atenção aos prazos de
produção, as benesses advindas da pesquisa (financiamentos, expectativas da instituição da
qual se faz parte), entre outros. Cada um desses fatores circunscreve a atividade criativa do
pesquisador durante a sua escrita.
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Resultados e Discussão: Uma pesquisa não comunicada não atinge os públicos a que se
destina e não pode, de fato, contribuir para a divulgação de um saber científico. Assim,
pesquisa-se para o conhecimento daquilo que ainda não se conhece e para a comunicação da
descoberta. A produtividade em pesquisa é valorizada na academia, nas rodas de professores e
também por agências de fomento que laureiam os pesquisadores mais produtivos com bolsas,
financiamentos, viagens e outros benefícios. Embora esse movimento de incentivo à pesquisa
deva ser recebido como um avanço e como uma possibilidade de conferir mais status ao
pesquisador em nosso país, vem deflagrando a angústia de profissionais que não se encontram
no mesmo patamar. Falamos, assim, de uma angústia por produzir (render sempre mais), o
que vem gerando o sentimento de nulidade e de bloqueio diante da necessidade de escrever e
de comunicar o que se faz, a todo o tempo (não abrindo espaço para que o texto flua,
desenvolva-se, constitua-se). Escrever é, antes disso, uma atividade criativa e deve ser levada
a cabo com responsabilidade e dentro de um contrato ético, em que os dados são provenientes
de um participante da pesquisa e que são significados pelo olhar do pesquisador. Para a
perspectiva construcionista social, a descoberta científica seria um produto da racionalidade
de uma comunidade científica específica e a justificativa para a produção científica é
culturalmente e historicamente construída. Portanto, a pesquisa vai sendo construída ao longo
de todo o processo, sendo que as decisões iniciais do pesquisador são suplementadas pelos
participantes da pesquisa, modificando-as.
Considerações: Se queremos descobrir, contribuir com a ciência e também sermos lembrados
pelas nossas descobertas (ou redescobertas), devemos necessariamente buscar objetos que
proporcionem grandes mudanças ou grandes avanços na ciência. Sendo assim, faz-se a
metáfora com o fato de procurarmos furacões, ao mesmo tempo em que acabamos por
negligenciar os pequenos movimentos igualmente constitutivos e que podem contribuir com
um saber que se pretende científico. A arte da escrita – e também da publicação – devem
envolver não apenas a comunicação e a disseminação dos resultados da pesquisa, mas
também, intrinsecamente, deve se remeter à reflexão de que não há pesquisa sem ensino e não
há ensino sem pesquisa.
Palavras-chave: Escrita; Ciência; Linguagem; Construcionismo Social.
Referências
BAKHTIN, M. (Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem. 9ª ed. Trad. Michel
Lahud e Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec; 1999.
GERGEN, K. J. Realities and relationships: soundings in social construction. 2nd ed.
Cambridge: Harvard University Press, 1997. 356 p.
SCORSOLINI-COMIN, F. Pesquisar, escrever e publicar: para que serve uma pesquisa
científica? In: ____. (Org.). Metodologia de pesquisa: uma abordagem científica e aplicada.
1ª ed. Ribeirão Preto: Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração, 2010, v. 1, p. 8-27.
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
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7. QUAL O IMPACTO DO TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA NA QUALIDADE
DE VIDA DE ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1?
Andressa Carolina de Souza
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP
E-mail: [email protected]
Érika Arantes de Oliveira-Cardoso
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP
E-mail: [email protected]
Manoel Antônio dos Santos
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP
E-mail: [email protected]
Apoio: PIBIC-CNPq/USP
Introdução
O diabetes mellitus (DM) é uma síndrome de etiologia múltipla decorrente da falta de
insulina e/ou incapacidade da insulina exercer adequadamente seus efeitos. As consequências
do DM, a longo prazo, incluem disfunção e falência de vários órgãos, especialmente rins,
olhos, nervos, coração e vasos sanguíneos.
O presente estudo focaliza o DM1, doença crônica e autoimune em que as células-beta
pancreáticas são destruídas por linfócitos T, causando deficiência na produção de insulina. De
início abrupto, a doença se manifesta, predominantemente, entre crianças e adultos jovens e é
causa de grande morbimortalidade (Voltarelli, 2004).
Ao considerar o panorama de tratamentos disponíveis para o DM1, nos últimos anos, o
Transplante de Células Tronco Hematopoéticas (TCTH) despontou como uma das
possibilidades mais recentes e promissoras, testado como uma alternativa experimental à
terapêutica convencional. O estudo, inédito em escala mundial, iniciou-se em 2003 na
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, e tem trazido bons
resultados para os pacientes com DM1 (Voltarelli et al., 2009).
Quanto ao tratamento convencional, ele retarda, mas não evita as complicações crônicas
da doença. O controle rigoroso e repetido da glicemia ao longo do dia, além de difícil de ser
realizado, associa-se a episódios frequentes de hipoglicemia. As diversas restrições impostas
no cotidiano dificultam a adesão ao tratamento, pioram o controle glicêmico e, por
conseguinte, aumentam o número de complicações decorrentes da doença. Esses fatores são
responsáveis por um comprometimento significativo da qualidade de vida (QV) dos pacientes
(Couri & Voltarelli, 2008). Nesse sentido, a avaliação da QV permite conhecer melhor o
impacto da doença, tendo em vista a reestruturação do estilo de vida e o controle sobre os
hábitos de vida diários que a doença impõe. Essa avaliação torna-se essencial neste momento
em que o TCTH autólogo surge como uma terapêutica nova, que pode representar esperança
de cura para muitos pacientes, apesar do forte impacto desencadeado pelo procedimento
altamente invasivo.
Objetivo
Este estudo teve por objetivo avaliar a QVRS de pacientes com DM1 submetidos ao
TCTH dois anos (pós-TCTH2) após a realização do procedimento.
Método
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A amostra foi composta por 12 pacientes, oito homens e quatro mulheres, com idades
entre 15 e 26 anos, solteiros, sendo que destes, 10 eram estudantes, um atuava
profissionalmente como biólogo, e um havia concluído o Ensino Médio e não estava
exercendo atividades educacionais e/ou profissionais no momento da pesquisa.
A coleta de dados ocorreu nos retornos ambulatoriais agendados pela equipe de saúde
para monitoramento da condição clínica dos pacientes em seguimento regular.
O instrumento utilizado foi o Questionário Genérico de Qualidade de Vida relacionada à
Saúde – MOS SF-36, aplicado e analisado de acordo com as recomendações específicas da
literatura.
Resultados
Os resultados indicam que o Componente mais preservado da QVRS dos participantes
foi o Físico (86,7±11,83), apesar de o Componente Mental também se mostrar preservado
(76,7±5,40). O aspecto menos favorecido, considerando as médias obtidas, foi Saúde Mental,
seguido por Estado Geral de Saúde, e os mais preservados foram: Capacidade Funcional,
Aspectos Físicos e Aspectos Sociais. A maior amplitude de variação dos resultados obtidos
para o Componente Físico sugere que as diferenças individuais são mais acentuadas nos
domínios da QVRS relacionadas às condições físicas. De um modo geral, pode-se afirmar
que a QVRS dos pacientes submetidos ao TCTH apresentou-se preservada dois anos após a
realização do procedimento.
Considerações finais
A partir desta investigação, é possível concluir que, apesar de ser uma terapêutica
altamente invasiva, aplicada em pacientes que vivenciam uma fase peculiar do seu
desenvolvimento no momento do estudo e que estavam enfrentando o impacto do recente
diagnóstico do DM1, os participantes em geral apresentaram resultados satisfatórios.
Conclui-se que a QVRS dos pacientes submetidos ao TCTH apresenta-se preservada
dois anos após a realização do procedimento. Apesar disso, alguns resultados precisam
receber especial atenção, como explicitado anteriormente, de modo a subsidiar o
planejamento de ações preventivas em relação a possíveis problemas de ajustamento
psicossocial.
Palavras-chave: diabetes tipo 1, qualidade de vida, transplante de células-tronco
hematopoéticas.
Referências
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8. HIGIENISMO: REFLEXOS DE UM PROJETO POLÍTICO NA EDUCAÇÃO EM
SAÚDE DA ESCOLA REPUBLICANA
Aparecida de Fátima Soane Lomônaco 6; Rosa Maria de Sousa Martins7
Universidade Federal de Uberlândia/ ESTES
[email protected]
Resumo
O presente trabalho trata-se de um artigo sobre a educação em saúde na escola durante
a fase higienista, movimento ocorrido na medicina que privilegiava a higiene como o mais
belo florão da medicina, capaz de promover o bem estar físico e moral e a evolução somática
e intelectual da humanidade. Tem como objetivo discorrer sobre as influências do higienismo
na Educação em Saúde na escola enquanto projeto educativo amplo, em nome da ciência e em
prol da constituição de um homem formado sob os rígidos princípios da moral e da higiene e
promover reflexões sobre as origens da Educação em Saúde na escola. A política higienista
foi amplamente difundida na sociedade dentro de um projeto de urbanização das cidades e de
modernização do país nos moldes europeus. A escola se tornou lócus privilegiado não só pela
formação de meninos e meninas como também pela possibilidade de se trabalhar as questões
de civilidade. A higiene impõe-se como uma condição indispensável para o progresso da
nação neste período porque os que a praticavam demonstravam com isso possuir certo grau de
educação. Durante o período republicano, o projeto higienista foi implantado nas escolas,
onde contou com a participação de profissionais de saúde, professores e alunos na formação
de pelotões de saúde que realizavam ações de saúde na escola relacionadas à higiene tais
como adequações arquitetônicas das escolas, verificação das condições de higiene pessoal dos
alunos, alimentação. Para que o projeto fosse viabilizado nas escolas, os professores recebiam
formação específica nos curso de habilitação para o magistério. No campo de formação de
professores, a principal influência foi a inserção e a valorização das ciências consideradas
basilares para uma nova compreensão acerca da função social da escola e do papel assumido
pela criança no contexto social mais amplo. Dentre essas ciências, destacamos a biologia, a
psicologia e a sociologia, que foram incorporadas aos currículos dos cursos de formação e
auxiliaram na produção de novas concepções sobre o campo educacional. Nessa perspectiva,
a escola da república deveria civilizar, moralizar e higienizar as crianças, para incutir-lhes o
amor à pátria e ao trabalho, a submissão às leis, o respeito à livre imprensa, à propriedade
privada e à liberdade, incutindo também os valores éticos e estéticos da racionalidade
capitalista. Verifica-se que as concepções higienistas, baseadas em princípios científicos e
biologicistas ainda parecem influenciar as ações de educação em saúde na escola atualmente
embora educar para saúde nos moldes das concepções do processo saúde/doença/cuidado
atualmente pressupõe a reestruturação dos hábitos, a busca do potencial máximo de saúde dos
indivíduos de uma coletividade e, principalmente, a possibilidade do auto cuidado por meio
de um processo educacional global que desenvolva nas pessoas o senso de responsabilidade
pela sua própria saúde e pela saúde da comunidade a qual pertençam.
6
7
Professora, Mestre em Educação da ESTES/UFU
Assistente Social, Mestre em Educação da ESTES/UFU
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
163
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Palavras chave: Higienismo- Educação- Saúde
Referências:
GONDRA, JOSÉ G. Medicina, Higiene e Educação Escolar (Orgs.) LOPES, E. M. T; FARIA
FILHO, L. M.; VEIGA, C. G. 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica
Editora, 2000. p. 519 -550.
LOURENÇO FILHO, M. B. Introdução ao Estudo da Escola Nova, 7ª Ed, São Paulo:
Melhoramentos, 1962.
MARTINS, R.M.S. Ser professora na república: modos de pensar, sentir e agir (1930 – 1950)
Dissertação (mestrado). UFU. Uberlândia, 2009.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
9. INCIDÊNCIA DE FATORES TERAPÊUTICOS EM UM GRUPO DE EDUCAÇÃO
EM DIABETES MELLITUS
Manoel Antônio dos Santos1
Naiara Sato Botter 2
Marília Belfiore Palácio3
Camila Rezende Pimentel Ribas4
Nunila Ferreira de Oliveira4
Marta Maria Coelho Damasceno5
Carla Regina de Souza Teixeira5
Maria Lúcia Zanetti6
INTRODUÇÃO
O diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica que exige ajustamentos na dinâmica e
organização psíquica do paciente, pois impõe cuidados permanentes e contínuos (1). Passado o
impacto inicial da confirmação do diagnóstico, os pacientes se mobilizam no sentido de
buscar modos de enfrentamento que propiciem o ajustamento psicossocial frente às demandas
do tratamento.
A busca de apoio social é um dos modos de lidar com os fatores adversos acarretados
pela complexidade do tratamento (3). Inclui, entre outros aspectos, a procura de recursos
profissionais para o tratamento, dentre os quais se destaca o grupo de educação em diabetes.
Tendo em vista que a participação em grupo educativo pode influenciar fortemente o
comportamento de saúde de seus membros e que o estado de saúde de cada indivíduo, por sua
vez, também influencia o funcionamento do grupo, os estudos mostram que a estratégia
grupal pode ajudar a pessoa com DM a manejar corretamente a complexidade da doença e
alcançar as metas do tratamento.
Na presente investigação focalizamos o apoio social percebido pela pessoa com DM
tipo 2 (DM2) a partir de suas verbalizações durante as atividades de grupo. Desse modo, este
estudo teve como objetivo identificar os fatores terapêuticos presentes em um grupo de
educação para pessoas com DM2.
MÉTODO
1
Professor Doutor do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Ribeirão Preto - FFCLRP-USP. E-mail: [email protected]
2
Aluna do Curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo do Campus de Ribeirão Preto. E-mail: [email protected]
3
Aluna do Curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo do Campus de Ribeirão Preto. E-mail: [email protected]
4
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem Fundamental do Departamento de Enfermagem
Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - EERP-USP.
E-mail: [email protected] / [email protected]
5
Professor Doutor do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. E-mail:
[email protected]
6
Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - EERP-USP. E-mail: [email protected]
7
Professor Associado do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - EERP-USP. Centro Colaborador da OMS para o
Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. E-mail: [email protected]
Endereço para correspondência: FFCLRP-USP, Av. Bandeirantes, 3900, Monte Alegre, 14040-901, Ribeirão
Preto-SP, fone 16 3602 3645.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
165
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Como marco teórico-metodológico utilizou-se o referencial dos fatores terapêuticos
(FT) (3). Este referencial foi privilegiado por viabilizar maior compreensão dos aspectos
psicossociais envolvidos no cuidado da pessoa com DM2. Acredita-se que o marco
referencial adotado possibilita desvendar como as pessoas que participam de um grupo
educativo desenvolvem seus recursos de enfrentamento, considerando crenças e valores
socialmente construídos no contexto onde as pessoas vivem. A identificação dos FT
constituem uma das formas de se avaliar a efetividade de intervenções grupais, ao se observar
o movimento grupal e a comunicação expressa pelos participantes.
O estudo foi realizado em um Centro de Pesquisa e Extensão Universitária de uma
cidade do interior paulista, de março a junho de 2010. Esse Centro foi eleito como local de
estudo porque ali as pessoas com DM são atendidas por uma equipe multiprofissional
constituída por enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e alunos de
graduação em Enfermagem e Psicologia. Nesse Centro é oferecido um Programa de Educação
em Diabetes. No presente estudo foram incluídas pessoas com DM tipo 2, adultos,
cadastrados no Programa de Educação em Diabetes e que aceitaram participar da
investigação.
Participaram 21 pessoas com DM2 recrutadas no referido Centro, sendo 13 mulheres e 8
homens, com idade entre 42 e 76 anos, com escolaridade predominante equivalente ao Ensino
Fundamental incompleto. A maioria dos participantes era casada e se declarou católica. Essa
casuística representa a população cadastrada no período do estudo no Grupo de Educação em
Diabetes.
Os pacientes foram subdivididos em dois grupos fechados, com uma média de 10
participantes por grupo. Os dados foram coletados em encontros de aproximadamente 90
minutos, realizados às terças-feiras, das 14h00 às 15h30, totalizando quatro encontros. Os
participantes foram informados acerca dos objetivos e natureza do estudo. Foi assegurada a
liberdade de decisão de participar do estudo, sendo esclarecido que a recusa não implicaria em
prejuízos ao atendimento. Uma vez obtida concordância para a realização da investigação, foi
realizada leitura coletiva do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
As verbalizações foram registradas por observadores treinados, mediante anuência
prévia dos participantes. Os registros dos encontros foram posteriormente revisados e
organizados, constituindo o corpus de análise. Posteriormente, empreendeu-se a análise
temática, identificando-se os núcleos de sentido contidos nas falas dos participantes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram identificadas as seguintes categorias de fatores terapêuticos:
1. Instilação de esperança
Nessa categoria estão contempladas as falas indicativas da presença do FT que sinaliza
instilação de esperança.
Antes não aceitava nada, nem a diabetes, depois percebi que não adianta. Aqui vi que
dá pra melhorar. Aí procurei melhorar e melhorei muito, mas vou ter que melhorar
ainda mais. (Maria)
2. Universalidade
Remete ao fato de se perceber que outros indivíduos vivenciam a mesma condição de
saúde de pessoa com DM:
Quando eu ia no médico, ele falava que eu tinha que me cuidar, aí eu mudava de
médico. Depois de estar aqui, junto com meus colegas, eu me vi... porque estamos
juntos, né. (Jorge)
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3. Aprendizado interpessoal
Refere-se à aprendizagem que se dá por meio do intercâmbio de experiências é um
importante FT.
O que faz o barco andar é a força de vontade, a consciência, o respeito e a
liberdade... O grupo ensina muito. Grupo é... é verdade. (Pedro)
REFERÊNCIAS
1. Santos ECB, Zanetti ML, Otero LM, Santos MA. Os cuidados sob a ótica do paciente
diabético e de seu principal cuidador. Rev Lat Am Enferm. 2005; 13(3):397-406.
2. Gallant MP. The influence of social support on chronic illness self-management: a review
and directions for research. Health Educ Behav. 2003;30(2):170-95.
3. Yalom ID, Leszcz M. Psicoterapia de grupo: teoria e prática. 5 ed. Porto Alegre: Artes
Médicas; 2006.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
10.
PROGRAMA DE REEDUCAÇÃO ALIMENTAR: UMA ESTRATÉGIA PARA
PREVENIR E TRATAR A OBESIDADE
Laiz Elena Ribeiro
Graduanda do 8º semestre do Curso de Enfermamgem da EERP/USP
E-mail: [email protected]
Profª. Drª. Rosane Pilot Pessa Ribeiro
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
E-mail:[email protected]
Introdução: A obesidade é considerada uma doença crônica epidêmica, caracterizada pelo
excesso de tecido adiposo no organismo, resultado de um complexo intercâmbio entre fatores
genéticos, culturais, psicológicos e de doenças orgânicas (OMS, 2004). Sendo assim, o
tratamento deve envolver um conjunto de ações em relação a uma dieta hipocalórica, prática
de exercício físico e apoio emocional. No entanto, essas abordagens nem sempre são
consideradas e realizadas adequadamente, visto que a expectativa dos indivíduos obesos por
resultados imediatos é alta, o que não garante a manutenção da perda de peso a médio e longo
prazo. Desta forma, o indivíduo readquire seu peso corporal em até cinco anos após o
tratamento (Dâmaso, 2003). A reeducação alimentar é fundamental no tratamento da
obesidade e em relação ao processo de transformação, recuperação e promoção de hábitos
alimentares saudáveis, pois pode proporcionar conhecimentos necessários à auto tomada de
decisão, formando atitudes, hábitos e práticas alimentares sadias e variadas. Como proposta
dietética, a reeducação alimentar defende que é possível emagrecer e manter o peso comendo
de diversos alimentos já que nada deve ser proibido, desde que respeitadas as quantidades
estabelecidas previamente. Além de ser um método saudável, sensato e seguro, é voltada para
a formação de valores, para o prazer, a responsabilidade, a atitude crítica, assim como para o
lúdico e a liberdade. É um programa que deve ser seguido para sempre já que prevê a
aquisição e incorporação de novos hábitos e comportamentos frente à alimentação. Devido a
isso, o emagrecimento é mais lento quando comparado a outras dietas altamente restritivas,
porém, o resultado é mais duradouro (Sturmer, 2001). Nesse contexto, o Programa de
Reeducação Alimentar (PRAUSP), criado em 1998 pela Escola de Enfermagem de Ribeirão
Preto-USP, tem por objetivo oferecer orientação alimentar, apoio psicológico e estímulo à
prática de exercícios físicos para grupos de pessoas com excesso de peso, visando mudanças
comportamentais que levam ao emagrecimento adequado e sadio. É desenvolvido em 12
encontros semanais por uma equipe multidisciplinar composta por nutricionista, psicóloga,
educador físico e uma aluna do curso de graduação em enfermagem. Inicialmente, essa
estratégia de intervenção foi desenvolvida na Casa de Saúde da Vila Tecnológica; em seguida,
foi implantada em alguns Núcleos de Saúde da Família e a partir de 2005, passou a fazer parte
de um dos projetos assistenciais desenvolvidos no Centro Multidisciplinar de Promoção à
Saúde e Prevenção de Doenças, organizado pela Coordenadoria do Campus de Ribeirão Preto
– USP (CCRP-USP).
Objetivo: Avaliar os indicadores antropométricos e clínicos de indivíduos com excesso de
peso que participaram do PRAUSP, no sentido de compreender o impacto desse programa no
tratamento da obesidade e buscar estratégias de aprimoramento dessa abordagem.
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Metodologia: O estudo, com desenho retrospectivo, longitudinal, descritivo e quantitativo foi
realizado com 199 indivíduos com excesso de peso, de ambos os sexos, que participaram do
PRAUSP no período de 2005 a 2010. Os dados foram obtidos por meio do banco de dados do
programa e analisados de forma descritiva. As medidas antropométricas (peso e altura para
cálculo do Índice de Massa Corporal-IMC; circunferência da cintura-CC; circunferência do
quadril-CQ) e clínicas (pressão arterial), foram coletadas no início e final do programa.
Resultados: Dos 199 sujeitos, 159 (79,8%) eram do sexo feminino e 40 (20,2%) do sexo
masculino, cuja média de idade foi de 41,3 anos, variando de 19 a 62 anos. Pode-se observar
que houve perda de peso demonstrada pela queda do IMC (inicial: 32,0Kg/m2; final: 31,3
Kg/m2), diminuição das medidas que avaliam o risco de doenças associadas à obesidade (CC
inicial: 102,9cm; final: 98,4cm e CQ inicial: 115,7cm; final: 111,9cm), além de redução da
pressão arterial sistêmica, principalmente a sistólica (inicial: 125,9x70,5mmHg; final:
118,1x76,4mmHg).
Conclusões: A melhora dos indicadores avaliados nesse estudo demonstra que o PRAUSP se
mostrou uma estratégia terapêutica eficaz no combate à obesidade. Ainda, favoreceu, ao longo
desses anos, um grande contingente de pessoas da comunidade uspiana, principalmente
mulheres, buscando atender suas necessidades de saúde. Neste sentido, vem se reestruturando
constantemente para aumentar a oferta de vagas e aprimorar suas abordagens.
Palavras-chave: obesidade, tratamento, reeducação alimentar.
Refêrencias
Dâmaso, A. Obesidade. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2003, 589.
Organização Mundial da Saúde. Obesidade: Prevenindo e Controlando a Epidemia Global. 1ª
Edição. São Paulo: Editora Roca, 2004.
Sturmer, JS. Reeducação alimentar: qualidade de vida, emagrecimento e manutenção da
saúde. Petrópilos: Editora Vozes, 2001.
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11.
SIGNIFICADOS
DO
TRANSPLANTE
DE
CÉLULAS-TRONCO
HEMATOPOÉTICAS PARA PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1
Letícia Aparecida da Silva Marques
Érika Arantes Oliveira-Cardoso
Júlio Cesar Voltarelli
Manoel Antônio dos Santos
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, FFCLRP-USP
E-mail: letí[email protected]
Agência de fomento: FAPESP
Introdução
A prevalência de indivíduos com diabetes melitus (DM) vem aumentando nas últimas
décadas. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, em 2025 haverá 300
milhões de pessoas acometidas, o que indica que o DM constitui um problema de saúde
pública de alto impacto social. Esse desafio torna-se mais preocupante quando se consideram
as complicações que podem advir da doença, que acarretam altas taxas de mortalidade e
elevado custo financeiro despendido com o tratamento pelo sistema de saúde (SBD, 2007).
O DM pode ser classificado em dois tipos: o diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e o
diabetes mellitus tipo 2 (DM2). De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (2007), o
DM1 é uma síndrome auto-imune de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou
da incapacidade da insulina de exercer adequadamente seus efeitos, caracterizando-se por
hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas. O
tratamento preconizado para o DM1 não traz a cura, mas propicia o controle da doença a
partir do autocuidado.
O plano terapêutico implica em mudança de hábitos de vida, o que abrange manter
uma alimentação controlada, realizar exercícios físicos e seguir o tratamento medicamentoso.
Recentemente, uma nova perspectiva tem sido aberta com o Transplante de Células-Tronco
Hematopoéticas (TCTH), na modalidade autólogo, como alternativo para o tratamento de
DM1, pois há evidências de que é capaz de impedir a destruição completa das células
pancreáticas produtoras de insulina e de induzir respostas clínicas significativas (Voltarelli e
cols., 2004).
Após a descoberta do diagnóstico, os momentos que precedem à decisão da realização
do TCTH também são carregados de conflitos psicológicos, já que essa terapêutica tanto pode
ser vista como um tratamento-salvador como, ao mesmo tempo, um tratamento-ameaçador,
por comportar sérios riscos pessoais para o paciente, tais como da perda da integridade física
e, acima de tudo, da própria vida (Cardoso-Oliveira e cols., 2009). Frente a isso, torna-se
imperioso conhecer os significados atribuídos ao procedimento pelos próprios pacientes.
Objetivo
Analisar os significados do TCTH para pacientes com DM1 que decidiram submeterse ao procedimento.
Metodologia
Participaram 12 pacientes com DM1, com idades entre 14 e 24 anos (média = 17, DP
= 3,25), estudantes (10/12), solteiros (12/12), que haviam se submetido ao TCTH na Unidade
de TCTH do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRPUSP).
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Os participantes responderam a um roteiro de entrevista semi-estruturada, aplicada
individualmente, na enfermaria do serviço.
A entrevista foi audiogravada mediante anuência dos participantes. O registro das
gravações foi transcrito na íntegra e submetido à análise de conteúdo temática.
Resultados e Discussão
A partir da análise temática três categorias se destacaram: quem participou da tomada
de decisão em relação à realização do TCTH, o que motivou essa decisão e as maiores
dificuldades encontradas no período de internação.
Na maioria dos participantes (11/12) a decisão pelo procedimento ficou sob
responsabilidade do próprio paciente. Segundo os participantes, a família delegou
integralmente a eles a decisão, o que foi recebido com naturalidade por todos.
Em relação aos motivos que os impeliram a aceitar o transplante, quatro participantes
afirmaram que a possibilidade de deixarem de ser insulinodependentes foi o fator que mais os
motivou em direção ao TCTH, seguido pelo desejo de ter uma vida normal e viver com mais
liberdade.
A tomada de decisão não foi um processo fácil, segundo a maioria (11/12), devido ao
pouco tempo de diagnóstico da DM1 (até seis semanas, critério de indicação do transplante).
Para quatro participantes, a parte mais difícil do procedimento foi a implantação do cateter,
enquanto outros quatro afirmaram que a quimioterapia foi a experiência mais desafiadora.
Considerações finais
Optar pela realização do TCTH não foi uma decisão simples, uma vez que os
pacientes vivenciavam um momento crucial de suas vidas, por terem recém-descoberto que
tinham uma doença incurável e de curso crônico-degenerativo. Desse modo, devido à
precocidade do diagnóstico, esses jovens pacientes não estavam expostos ainda às
dificuldades inerentes ao conviver com o DM1, nem às complicações que a evolução da
doença acarreta. Por outro lado, os participantes estavam emocionalmente frágeis, devido ao
choque provocado pela notícia e já se viram pressionados a decidirem por um procedimento
delicado e de alto risco.
Partindo dos achados obtidos, podemos perceber que, a despeito de todas as
dificuldades as quais esses pacientes foram expostos em um período tão curto, a perspectiva
vislumbrada de poderem viver sem a sombra ameaçadora da doença é o que os precipitou a se
submeterem a um protocolo de tratamento que ainda em experimentação.
A ausência de resultados conclusivos não foi levada em consideração e sequer foi
mencionada como um fator que possa ter dificultado a decisão pelo transplante. O fato de
terem a oportunidade de se submeterem a um procedimento experimental foi significado
como possibilidade de vida, despertando esperança nos benefícios que poderiam auferir e que
compensariam os eventuais riscos a que se submeteram.
Palavras-chave: diabetes mellitus tipo 1, transplante de células-tronco hematopoéticas,
tomada de decisão.
Referências
OLIVEIRA-CARDOSO, E. A; SANTOS, M. A; MASTROPIETRO, A. P; SPONHOLZ J,
A.; VOLTARELLI, J. C. Intervenções da Psicologia, Psiquiatria e Terapia Ocupacional no
Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas. In: Volltarelli, J. C; Pasquini, R.; Ortega, E.
T. T (Orgs.). Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas. São Paulo: Atheneu, p.10991118, 2009.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
VOLTARELLI, J. C. Transplante de células-tronco hematopoéticas no diabete melito do tipo
I. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v.26, n.1, p.43-45, 2004.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (SBD) Tratamento e acompanhamento do
diabetes mellitus: diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. Rio de Janeiro:
Diagraphic, 2007.
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12. VOLTANDO A VIVER EM COMUNIDADE: A INCLUSÃO SOCIAL A PARTIR
DAS RESIDÊNCIAS TERAPÊUTICAS
Juliana Silva Herdy Vieira
Graduanda 4º ano - Bacharelado
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: Entendida como um conjunto de transformações de práticas, saberes, valores
culturais e sociais (BRASIL, 2005), a Reforma Psiquiátrica no Brasil, que teve início no final
da década de 70, surgiu em favor da mudança nos modelos de atenção e gestão nas práticas de
saúde mental, visando a possibilidade de construção de uma rede de cuidados substitutiva ao
hospital psiquiátrico.
Começou-se, então, a pensar no campo da saúde mental e da atenção psicossocial não como
um sistema fechado, mas como um processo onde se prima o sujeito e não a doença. Neste
sentido, para que a atenção ocorresse em locais que funcionassem como dispositivos
estratégicos e que promovessem a saúde mental e a reinserção social dos usuários, entram em
vigor, na década de 90, as primeiras normas federais implantando os serviços de base
comunitária: CAPS, NAPS e Hospitais-dia, assim como as primeiras normas para fiscalização
e classificação dos hospitais psiquiátricos (BRASIL, 2005).
Outra preocupação foi com a parcela de moradores dos hospitais psiquiátricos internados por
um longo período de tempo. A necessidade de ressocializar / reintegrar essas pessoas na
comunidade foi implementada, como uma das modalidades assistenciais do SUS, através da
Portaria 106/2000 do Ministério da Saúde, com os Serviços Residências Terapêuticos em
Saúde Mental.
Tais Serviços, também conhecidos por residências terapêuticas ou simplesmente moradias,
são destinados às pessoas com algum tipo de transtorno mental e que estiveram internadas por
longo período em hospitais psiquiátricos não possuindo laços sociais e vínculos familiares. As
casas são inseridas, preferencialmente, no espaço urbano da cidade, destinadas a resgatar a
autonomia e história familiar, promover a cidadania e possibilitar a reabilitação e reintegração
social dos moradores (CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL, 2002), sendo, a
estes, assegurado o tratamento pela rede de assistência à saúde mental do município.
Embora os moradores dos Serviços Residenciais Terapêuticos residam em um espaço de casa
com toda sua estrutura, segundo SARACENO (1999) “os manicômios e sua lógica não estão
na arquitetura dos espaços, nos lugares abertos ou fechados, mas nas cabeças dos sujeitos
envolvidos, tanto usuários como profissionais”. Para isso, no âmbito da inserção social do
portador de transtorno mental, se faz necessário o fim do estigma de que este é sinônimo de
periculosidade, de irracionalidade, de incapacidade civil e de exercício de cidadania, tanto
pela maioria da população, como também por muitos profissionais e estudantes da área da
saúde.
A reabilitação psicossocial é um processo, que facilita ao usuário com limitações, a sua
melhor reestruturação de autonomia de suas funções na comunidade (PITTA; 1996). O fato de
habitar na residência terapêutica e ter neste local a condição de lar possibilita ao indivíduo o
estabelecimento de laços, tanto materiais quanto afetivos, a obtenção de uma autonomia
possível, a reintegração na comunidade, a reconquista da cidadania e a reconstrução de sua
identidade, tanto no âmbito pessoal quanto no campo social.
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Desta forma, tanto a equipe quanto os moradores devem estabelecer uma “rede de relações
entre sujeitos que escutam e cuidam com sujeitos que vivenciam as problemáticas”
(AMARANTE, 2007), levando-se em conta a subjetividade e singularidade de cada indivíduo.
Objetivos: Atuar na melhoria da qualidade de vida dos moradores das residências
terapêuticas; estimular o desenvolvimento da autonomia e reinserção social dos moradores;
promover mudança do olhar dos estudantes e da sociedade em relação aos portadores de
transtornos mentais.
Metodologia: Trata-se de um projeto de extesão, onde se trabalhou com dez moradores de
duas residências terapêuticas do município de Ribeirão Preto, primeiramente no
estabelecimento do vínculo e da confiança a fim de obter campo para realização das demais
atividades.
Resultado: Foram realizadas atividades que estimularam a criatividade, o espírito crítico e o
desenvolvimento de tarefas cotidianas simples perdidas devido a longos períodos de
hospitalização. Os resultados alcançados foram verificados através da verbalização dos
participantes e do desenvolvimento de atividades de forma efetiva.
Considerações: Esse projeto possibilitou o envolvimento dos estudantes em um trabalho
social importante, que busca a conquista da dignidade dos portadores de transtornos mentais e
a inserção destes na sociedade. Ao longo dos meses do desenvolvimento das atividades os
estudantes puderam refletir sobre os desafios e os avanços da atual Política Nacional de Saúde
Mental, sobre o relacionamento entre os próprios moradores, deles com os cuidadores, com os
vizinhos e com a comunidade em geral.
Trata-se de uma atividade que demanda tempo e envolvimento dos diversos atores
envolvidos, porém é esperado, com essa atividade de extensão, estimular o desenvolvimento
da autonomia e inserção social dos moradores e a mudança de paradigma dos estudantes e da
sociedade sobre os tratamentos e cuidados aos portadores de transtornos mentais.
Palavras-chave: Serviços Residenciais Terapêuticos, Desinstitucionalização; Assistência em
Saúde Mental
Refêrencias
AMARANTE, P. Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Rio de Janeiro: ENSP/Editora
Fiocruz, 2007.
BRASIL, MINISTÈRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde, DAPE, Reforma
Psiquiátrica e política de saúde mental. Brasília, 2005
CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL, 3., BRASÍLIA, 2002. Caderno de
textos da III Conferência Nacional de Saúde Mental: cuidar sim, excluir não. Brasília,
Conselho Nacional de Saúde, Ministério da Saúde, 2002.
PITTA, A.M.F (Org). Reabilitação psicossocial no Brasil. São Paulo: Hucitec, 1996.
SARACENO; B. Libertando identidades: da reabilitação psicossocial à cidadania
possível. Rio de Janeiro: Te Cora/ Instituto Franco Basaglia, 1999.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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13. O PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO AUXILIANDO NA INTEGRAÇÃO DAS
VIVÊNCIAS EMOCIONAIS E CORPORAIS DE UMA PACIENTE OBESA
Graduanda Daniele Pena da Silva
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto FFCLRP/USP
Email: [email protected]
Psicóloga Érika Arantes de Oliveira-Cardoso
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto FFCLRP/USP
Email: [email protected]
Profº Drº. Manoel Antônio dos Santos
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto FFCLRP/USP
Email: [email protected]
Introdução: A obesidade atualmente pode considerada uma síndrome multifatorial, na qual
pesam fatores como genética, metabolismo, ambiente e psiquismo. Dentre os fatores
emocionais característicos de indivíduos com obesidade, destacam-se: passividade e
submissão, preocupação excessiva com comida, dependência, infantilização, primitivismo,
não aceitação do esquema corporal, dentre outros. Identifica-se, também, que o paciente
obeso apresenta aspectos emocionais e psicológicos que funcionam como causadores,
conseqüências ou ainda retroalimentadores de sua condição de obeso. Quanto à imagem
corporal - definida como a experiência psicológica do individuo quanto à aparência e
funcionamento de seu corpo - afirma-se que esta pode ser influenciada negativamente por
uma situação de descontentamento relacionada ao peso, e também por uma ênfase cultural na
magreza e o estigma social da obesidade.
Objetivo: O objetivo do presente trabalho é refletir sobre a evolução de um atendimento de
uma paciente com obesidade mórbida, acompanhada em um serviço de psicologia
ambulatorial.
Metodologia: Os dados a serem analisados no presente trabalho consistem em material
clínico, obtidos por meio de sessões de psicoterapia da referida paciente, em um referencial
psicodinâmico. As sessões são semanais, com duração de 50 minutos, até o presente momento
foram realizados 22 encontros. A paciente tem 35 anos, aposentada por questões de saúde,
tem duas filhas e é separada. Tem diagnóstico de doença hematológica crônica há 12 anos, e
apresenta uma situação de sobrepeso desde a adolescência, que se intensificou nos últimos
anos. Em função disto, faz acompanhamento com nutricionista há 11 anos, sendo que neste
período já fez tratamento de natureza medicamentosa e tentou diversas vezes aderir a
diferentes dietas, não conseguindo, entretanto, perder peso. Este quadro de obesidade mórbida
se constitui em agravante de sua doença crônica, além das complicações decorrentes da
própria obesidade. O acompanhamento psicológico de freqüência semanal realizado desde o
início do ano foi iniciado por recomendação do nutricionista.
Resultados: No início do trabalho, a paciente encarava a obesidade como sendo uma situação
absolutamente normal, apesar dos riscos e complicações decorrentes deste quadro.
Apresentava uma dissociação de sua auto-imagem corporal, pois não reconhecia como sendo
do seu próprio corpo a imagem que via no espelho. Em função disto, não identificava em si
mesma a necessidade de perder peso, atribuindo esta percepção ás pessoas em seu entorno
(nutricionista, médico, amigos, até mesmo psicólogo). Essa dissociação dificultava a adesão
da paciente às dietas recomendadas, já que por não se apropriar de sua condição física,
enquanto representação mental, ela não encontrava em si mesma motivação para empreender
todos os esforços necessários para aderir à dieta. Além disso, o sobrepeso foi usado, muitas
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vezes, como uma justificativa para os diversos problemas emocionais que a paciente
apresenta, evitando assim, que ela entrasse em contato com as reais causas de seus conflitos
emocionais. Ao longo do processo terapêutico buscou-se auxiliar a paciente a empreender um
esforço de integração de suas experiências emocionais com o reconhecimento de sua
realidade corporal, de forma que ela passasse a identificar sua existência, tanto física quanto
emocional, em seu próprio corpo. Nota-se que a paciente, em torno da décima sessão,
começou a apresentar sinais de incômodo com o sobrepeso, demonstrando início de um
processo de identificação do próprio corpo, de reconhecimento de uma realidade corporal que
possui características negativas. Dessa forma, ela passou a vivenciar emoções intensas
relacionadas às experiências de desagrado com o próprio corpo, à necessidade de se enquadrar
em um novo esquema alimentar, que passou a exigir o empreendimento de um grande esforço
por controlar os próprios impulsos e desejos, que até então se caracterizavam como uma
necessidade de comer demasiadamente. Considerações: Diante disso, nota-se que o processo
terapêutico auxiliou a paciente tanto no processo de alteração da percepção de sua autoimagem corporal quanto na integração de suas vivências emocionais e corporais, de forma
que elas passaram a ser entendidas como estando associadas em uma mesma existência
complexa e integrada.
Palavras-chave: obesidade, imagem corporal, psicoterapia.
Referências
DOBROW, I. J.; KAMENETZ, C. & DEVLIN, M. J. Aspectos psiquiátricos da obesidade.
Revista Brasileira de Psiquiatria, vol.24, supl.3, p.63-67, Dezembro 2002.
VASQUES, F.; MARTINS, F.C.; DE AZEVEDO, A.P. Aspectos psiquiátricos do tratamento
da obesidade. Revista de Psiquiatria Clínica, vol. 31, fasc. 4, p. 195-198, 2004.
ALMEIDA, G. A. N.; LOUREIRO, S. R.; SANTOS, J. E. A Imagem Corporal de mulheres
morbidamente obesas avaliada através do Desenho da Figura Humana. Psicologia: Reflexão
e Crítica, vol. 15, fasc. 2, p. 283-29, 2002.
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14. O ENFERMEIRO DIANTE DO DIREITO DO PACIENTE À MORTE DIGNA
Priscila Penha Domingues8
Munira Penha Domingues9
Sônia Maria Vilela Bueno10
[email protected]
RESUMO
Introdução: Antigamente a morte humana era vista com mais naturalidade, sendo encarada
como final do ciclo vital. Contudo, com os avanços científicos, ela passou a ser vista como
uma etapa de difícil adaptação, principalmente, ao sentimento de perda/impotência dos
familiares, a tomar decisões relativas a prolongar ou interromper a vida. Destaca-se a
Constituição Federal (1988) que todos têm direito à vida e dela ninguém pode dispor. Os
familiares, na ânsia pela cura dos entes queridos, depositam no enfermeiro a esperança de
vida. Cabe então ao enfermeiro prestar assistência ao paciente, na busca pela aceitação da
morte, sem interferência do homem através de influências terapêuticas no encerramento do
ciclo vital. Objetivo: Buscar na literatura dados sobre a postura do enfermeiro diante do
direito do paciente à morte digna. Metodologia: Pesquisa qualitativa em estudo analíticodocumental utilizando LILACS e DEDALUS. Resultados: Estudos mostram postura dos
enfermeiros diante de paciente terminal. Revelam que devem superar o “tabu” morte, ter
sensibilidade para interpretação dos sentimentos dos pacientes, dando-lhes apoio necessário
nessa fase e transmitir segurança aos familiares. Destacam que muitos enfermeiros
manifestam dificuldades em lidar com a morte. Portanto, podem ser superadas com apoio
emocional e espiritual. Conclusão: A temática é importante para a prática profissional do
enfermeiro. Todavia, o mesmo precisa ser preparado adequadamente na graduação para lidar
com a morte, destacando que é ele quem fica mais tempo em contato com o paciente, devendo
prestar cuidado humanizado para que esse encerre seu ciclo de vida com dignidade, o que lhe
é de direito.
Palavra-chave: enfermagem/ morte / humanização/ direito
8
Advogada em Direito do Trabalho; Membro do CAESOS da EERP-USP; [email protected]
Doutora em Enfermagem Psiquiátrica; Enfermeira do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto – Campus (HCFMRP); Membro do CAESOS da EERP-USP, [email protected]
10
Professora Associada do DEPCH da EERP-USP; [email protected]
9
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15. A CITOLOGIA ONCÓTICA NA PREVENÇÃO DO CÂNCER CÉRVICO
UTERINO NA REGIONAL DE SAÚDE DE FRANCA/SP
Enf. Obst. Mestre Maurícia Brochado Oliveira Soares
Secretaria Municipal de Saúde de Igarapava/SP
E-mail: [email protected]
Profª. Drª. Sueli Riul da Silva
Curso de Graduação em Enfermagem/UFTM
E-mail: [email protected]
Introdução: O câncer cérvico-uterino é o segundo tipo de câncer mais comum entre as
mulheres no mundo e está diretamente vinculado ao grau de desenvolvimento do país.
(BRASIL, 2007). Na Regional de Saúde de Franca, em 2007, ocorreram 612 óbitos por
neoplasias (capítulo II do Código Internacional de Doenças – CID - 10). Destas, nove (1,74%)
eram neoplasias de colo uterino, sendo um óbito na faixa etária de 20 a 29 anos, três de 50 a
59 anos, três de 60 a 69 anos e dois de 70 a 79 anos. Em 2008, ocorreram 674 óbitos por
neoplasias (capítulo II do CID - 10). Destas, sete (1,03%) eram neoplasias de colo uterino,
sendo um na faixa etária de 40 a 49 anos, dois de 50 a 59 anos, dois de 60 a 69 anos, um de 70
a 79 anos e um de 80 anos e mais (BRASIL, 2008a). A citologia oncótica é um exame de
baixo custo, eficaz e seguro, capaz de detectar lesões pré-neoplasicas, tornando o câncer
cérvico uterino curável (BRASIL, 2008b).
Objetivo: Calcular a razão regional de realização do exame de citologia oncótica entre
mulheres de 25 a 59 anos, identificar as faixas etárias e a escolaridade das mulheres, a
freqüência de alterações detectadas e a porcentagem de amostras insatisfatórias e satisfatórias
nos anos de 2007 e 2008 nos municípios do Departamento Regional de Saúde VIII Franca/SP.
Metodologia: Estudo epidemiológico, descritivo, transversal e retrospectivo, de abordagem
quantitativa. O material de estudo foi constituído dos dados em formato eletrônico, referentes
aos exames coletados na rede pública municipal dos municípios do DRS VIII, nos anos de
2007 e 2008 e analisados no Laboratório Municipal de Citologia de Franca/SP. Obtivemos um
total de 28.066 e 27.044 exames em 2007 e 2008 respectivamente. Fizeram parte do estudo 16
municípios que atenderam os critérios de inclusão: fazer parte do DRS VIII, utilizar o banco
de dados do Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero (SISCOLO) desta regional e
autorizar a realização da pesquisa. Foi construída uma planilha eletrônica no programa
Excel® e os dados transportados para o SPSS versão 17.0. Foram analisadas as variáveis:
faixa etária, escolaridade, resultados dos exames e qualidade das coletas, de modo descritivo,
a partir de distribuição de freqüências absolutas e relativas. O projeto foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da Universidade Federal do Triângulo
Mineiro (UFTM), sob protocolo número 1358/2009.
Resultado: Referente ao ano de 2007 observamos que a razão regional variou de 0,08 a 0,37,
sendo a média 0,16 exame/mulher/ano. A faixa etária de 25├│59 anos, considerada
prioritária para prevenção do câncer cérvico-uterino, foi responsável por 70,9% das coletas de
citologia oncótica. Em relação a escolaridade 98,6% das coletas estavam como
branco/ignorado. Referente aos resultados da citologia, 62,26% estava dentro do limite de
normalidade e 36,75% com inflamação. Na análise microbiológica predomina a categoria
“outros” com 51,62%, Lactobacilos 30%, Candida albicans 5,13%, Cocos 3,58%,
Trichomonas vaginalis 0,62%, Actinomyces 0,17% e Gardnerella vaginalis 0,09%.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Observou-se 0,024% de ASCUS/ASGUS 0,024%, 0,07% com lesão intra-epitelial de baixo
grau de malignidade e 0,04% com lesão intra-epitelial de alto grau. Concernente à qualidade
das amostras verificou-se 0,57% insatisfatórias e 99,43% satisfatórias.
Em 2008, a razão variou de 0,01 a 0,38, sendo a média regional de 0,15 exame/mulher/ano. A
faixa etária de 25├│59 anos, foi responsável por 70,8% das coletas de citologia oncótica. Os
dados referentes à escolaridade das mulheres novamente não puderam ser analisados, pois
esta informação não estava registrada em 99,8% dos exames. A maioria dos resultados estava
dentro dos limites da normalidade (59,5%). Quanto à microbiologia, detectou-se maior
porcentagem em categoria inespecífica, definida como “outros” (54,0%). As alterações em
células epiteliais escamosas representaram 0,4% dos resultados e, as alterações em células
epiteliais glandulares, 0,2%. Concernente à adequabilidade das amostras de citologia oncótica
1,4% foram consideradas insatisfatórias.
Considerações: Tendo em vista que a razão regional de realização de citologia oncótica está
aquém do preconizado pelo Ministério da Saúde e que a citologia oncótica detecta
precocemente o câncer cérvico-uterino, salientamos a necessidade do DRS VIII implementar
suas medidas de educação em saúde à população feminina para que se possa aumentar a razão
de realização da citologia oncótica.
Palavras-chave: Esfregaço Vaginal; Saúde da Mulher; Enfermagem.
Referências
BRASIL Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS- DATASUS.Sistema de
Informação sobre mortalidade – SIM. 2008a. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br
>. Acesso em: 15 jan. 2010.
BRASIL.Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Ações de enfermagem para o
controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 3ed. Rio de Janeiro: INCA;
2008b.
BRASIL.Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de Câncer.
Coordenação de Prevenção e Vigilância de Câncer. Estimativa 2008: incidência de câncer no
Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2007.
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16. RESULTADOS DE CITOLOGIA ONCÓTICA EM UMA REGIONAL DE SAÚDE
Enf. Obst. Mestre Maurícia Brochado Oliveira Soares
Secretaria Municipal de Saúde de Igarapava/SP
E-mail: [email protected]
Profª. Drª. Sueli Riul da Silva
Curso de Graduação em Enfermagem/UFTM
E-mail: [email protected]
Introdução: O câncer cérvico-uterino é o segundo tipo de câncer mais comum entre as
mulheres no mundo e está diretamente vinculado ao grau de desenvolvimento do país. Sua
incidência é aproximadamente duas vezes maior em países menos desenvolvidos, se
comparada à dos mais desenvolvidos. Quase 80% dos casos novos ocorrem em países em
desenvolvimento (BRASIL, 2007). O número de casos novos de câncer cérvico-uterino
esperado para o Brasil no ano de 2010 será de 18.430, com um risco estimado de 18 casos a
cada 100 mil mulheres. Quando não se considera os tumores de pele não melanoma, este tipo
de câncer é o mais incidente na região Norte, ocupa a segunda posição nas regiões CentroOeste e Nordeste, e a terceira posição nas regiões Sul e Sudeste (BRASIL, 2009). Para o
Estado de São Paulo estima-se uma taxa de 16,22 casos para cada 100.000 mulheres
(BRASIL, 2007). Comparado a outras neoplasias, o câncer cérvico-uterino é altamente
prevenível e apresenta duas características importantes, tem evolução lenta, uma célula
normal leva em média 10 anos para atingir o estágio de câncer invasivo, e, dispõe de exame
de rastreamento tecnicamente simples e eficaz na sua detecção. A citologia oncótica é capaz
de detectar o câncer cérvico-uterino na fase inicial, tornando-o curável com medidas
relativamente simples. É considerado um exame de baixo custo e seguro (BRASIL, 2008).
Objetivo: Descrever a frequência dos resultados dos exames de citologia oncótica coletados
em 2007 e 2008 nos municípios do Departamento Regional de Saúde (DRS) VIII de
Franca/SP.
Metodologia: Estudo epidemiológico, descritivo, transversal e retrospectivo, de abordagem
quantitativa. O material de estudo foi constituído dos dados em formato eletrônico, referentes
aos exames coletados na rede pública municipal dos municípios do DRS VIII, nos anos de
2007 e 2008 e analisados no Laboratório Municipal de Citologia de Franca/SP. Obtivemos um
total de 28.066 e 27.044 exames em 2007 e 2008 respectivamente. Fizeram parte do estudo 16
municípios que atenderam os critérios de inclusão: fazer parte do DRS VIII, utilizar o banco
de dados do Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero (SISCOLO) desta regional e
autorizar a realização da pesquisa. Consideramos a variável resultado dos exames de citologia
oncótica que foram categorizados de acordo com a classificação do SISCOLO em normal,
alterações celulares benignas, análise microbiológica, atipias de células epiteliais escamosas,
glandulares e de origem indefinida. Os dados foram analisados de modo descritivo, a partir de
distribuição de freqüências absolutas e relativas. Acrescenta-se que os valores percentuais
apresentados a seguir foram aproximados para um decimal. O projeto de pesquisa foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do
Triângulo Mineiro (UFTM), sob protocolo número 1358/2009.
Resultado: Em 2007, verificamos 62,3% de resultados considerados dentro do limite de
normalidade e 36,7% resultados com laudo de inflamação. Em 2008, ocorreu diminuição da
porcentagem dos resultados considerados dentro do limite da normalidade (59,5%) e,
aumento nos resultados de inflamação (38,8%). Os resultados de inflamação, metaplasia,
atrofia e reparação que representaram 39,5% em 2007 e 41,4% em 2008, podem ser
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associados à possível sintomatologia referida pelas mulheres que devem ser medicadas.
Quanto à análise de microbiologia, constatamos que a categoria “outros” foi predominante
nos anos de 2007 (51,6%) e 2008 (54,0%), seguida por Lactobacilos (30,0%), Cândida
albicans (5,1%) e Cocos (3,6%), Trichomonas vaginalis (0,6%), Actinomyces (0,2%) e
Gardnerella vaginalis (0,1%) em 2007. Em 2008, seguida por Lactobacilos (29,2%), Cocos
(3,9%) e Candida albicans (3,5%), Trichomonas vaginalis (0,7%) e Actinomyces (0,2%),
Gardnerella vaginalis não estava presente em nenhum resultado.As alterações em células
epiteliais escamosas representaram 0,2% (n0 63) e, 0,4% (n0 103) dos resultados em 2007 e
2008, e as alterações em células epiteliais glandulares 0,2% em 2007 (n0 43) e 2008 (n0 61). A
alteração em células epiteliais mais frequente foi ASCUS “possivelmente não neoplásico”
representando 0,1% (n0 22) em 2007 e 0,2% (n0 49) em 2008. Atipias de origem indefinida
representaram em 2007 0,0% (n0=11) e em 2008, 0,1% (n0=23).
Considerações: Houve diminuição de 3,65% no número de exames de citologia oncótica
realizadas em 2008 comparado com 2007. Salientamos que a citologia oncótica tem por
finalidade a detecção precoce do câncer cérvico-uterino, mas devido ao seu resultado conter
análise microbiológica permite também o diagnóstico de doenças sexualmente transmissíveis
contribuindo no seu tratamento, acompanhamento e orientações sexuais preventivos.
Palavras-chave: Esfregaço Vaginal; Saúde da Mulher; Enfermagem.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2010: incidência de
câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2009.
BRASIL.Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Ações de enfermagem para o
controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 3ed. Rio de Janeiro: INCA;
2008.
BRASIL.Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de Câncer.
Coordenação de Prevenção e Vigilância de Câncer. Estimativa 2008: incidência de câncer no
Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2007.
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17. PERFIL DE ADOLESCENTES E JOVENS ESTUDANTES NA TRÍPLICE
FRONTEIRA: BRASIL – PARAGUAI - ARGENTINA*
Elis Palma Priotto**
Doutoranda
Programa Enfermagem em Saúde Pública - EERP/USP
E-mail: [email protected]
Oscar Kenji Nihei
Professor Doutor
UNIOESTE - Enfermagem/CEL – Campus: Foz do Iguaçu-PR
E-mail: [email protected]
Marta Angélica Iossi da Silva
Professora Doutora
Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública – EERP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: A adolescência é uma etapa peculiar do crescimento e desenvolvimento humano,
é nessa fase que o processo de maturação biopsicossocial do indivíduo ocorre de forma
acentuada, tornando-o vulnerável principalmente à violência. A juventude é uma categoria
fundamentalmente sociológica e se refere ao processo de preparação para que os indivíduos
possam assumir o papel social do adulto, com plenos direitos e responsabilidades.
Destacamos a vulnerabilidade positiva, pela qual adolescentes e jovens podem ser
potencializados, com possíveis mudanças civilizatórias e de engajamento positivo. Quando é
orientado para exercer a cidadania, é respeitado, é sujeito de direitos, educação, esporte, lazer,
formação cultural, com direito sexuais e reprodutivos assistidos e de qualidade, isso faz a
diferença (ABRAMOVAY, 2003, 2002 e CASTRO et al, 2001). Assim, conhecer o perfil de
adolescentes e jovens é relevante por indicar a necessidade de políticas públicas neste
contexto.
Objetivo: Descrever o perfil sócio-demográfico e econômico da população adolescente e
jovem da tríplice fronteira: Foz do Iguaçu - Brasil, Ciudad del Este - Paraguai e Puerto Iguazú
– Argentina e sua opinião sobre trabalho, escola, adolescência/juventude e família.
Metodologia: Apresenta-se dados de um estudo piloto, decorrentes de uma investigação de
natureza quantitativa, tendo como sujeitos adolescentes e jovens de 12 a 24 anos, alunos de
escolas públicas dos três municípios da tríplice fronteira: Foz do Iguaçu (Brasil) alunos do
Ensino Fundamental (6ª ao 8ª ano) e Médio (1º ao 3º ano); Puerto Iguazú (Argentina), alunos
da Educação Primária do 7º grau (12 a 13 anos) e da Educação Secundária (13 a 18 anos);
Ciudad Del Este (Paraguai) alunos da Educação Escolar Básica do 3º ciclo (12 a 14 anos) e da
Educação Escolar Média (15 a 17 anos). Na coleta dos dados utilizou-se um questionário em
português e em espanhol com 40 perguntas (2 abertas e 38 fechadas). A primeira versão do
questionário foi submetida à avaliação de profissionais da saúde e da educação, objetivando
uma análise teórica e de conteúdo, a identificação, discussão e dificuldades de compreensão e
a necessidade de inclusão ou supressão de perguntas. O estudo piloto, aqui apresentado foi
conduzido junto a um grupo de 485 estudantes, do Ensino Fundamental e Ensino Médio, do
Colégio Estadual “Ipê Roxo” em Foz do Iguaçu, os quais não serão incluídos no estudo
definitivo, objetivando avaliar sua reprodutibilidade, confiabilidade, linguagem, dificuldades
no preenchimento e a correção de possíveis erros na sua elaboração. Nos três países foi
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
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realizado um teste e reteste para avaliação da reprodutibilidade e consistência interna do
instrumento proposto. A análise estatística constituiu-se basicamente da categorização de
variáveis e obtenção das listagens de freqüências, realizadas através do Programa Epi Info
3.3.2 (Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, Estados Unidos). O projeto está
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UNIOESTE.
Resultados: Dados preliminares apontam que o instrumento apresentou aceitável
reprodutibilidade e consistência interna. Os dados apontam que 9% de adolescentes com 1215 anos, 8% com 16-19 anos e com 9% os jovens de 20 a 24 anos. Trabalho com 16 a 24
anos, 24% trabalhando; sendo 21% sem carteira assinada. Escolaridade 20% no Ensino
Fundamental; 17% no Ensino Médio; 3% no Ensino Superior. Perguntado o que precisa para
trabalhar: com 17% estudo e educacão; com 10% oportunidade/mercado de trabalho.
Perguntado qual a origem/nacionalidade: 71,5% Brasil; 2,1% Paraguai;0,2% Argentina;
17,2% outros. Perguntado qual a cor (pele): 55,6% parda; 32,4 branca e 6,7% negra. Situacão
financeira familiar: 41,0% menor que 1 salário; 34,9% com 1 a 3 salários; e apenas 2,1%
maior que 5 salários. Religião: 41,2% católica; 26,2% evangélica. Perguntado qual a
importância da escola para voce?: 79% um futuro profissional e 15% adquirir conhecimento.
Se já fez curso profissionalizante: 65% respondeu que não e 33% que sim. Perguntado com
quem você costuma conversar sobre as características peculiares da adolescência/juventude:
46,9% com amigos/colegas e 33,1% com os pais. Perguntado qual a melhor coisa em ser
adolescente: 33,3% estudar/adquirir conhecimento e com 18,4% lutar por objetivos. A pior
coisa em ser adolescente/jovem: 35,1% violência e 32,6% drogas. O que espera dos seus
pais/familiares: 57,5% apoio. Quanto a convivência familiar/normas disciplinares: 39,7%
diálogo e entendimento mútuo para 32,4% proibir algo que gosto.
Considerações: O apontado pelos entrevistados revela que os adolescentes e jovens em
maioria tem como renda mensal, valores menores que um salário mínimo, no entanto,
centram-se em querer trabalhar mesmo sem carteira assinada e destacam a importância da
escola, do estudo e de fazer cursos profissionalizantes para adquirir conhecimento e obter um
futuro profissional. Citam que na fase da adolescência/jovem o pior problema é evitar a
violência e as drogas. No relacionamento familiar esperam apoio e compreensão dos pais.
Desvendam ainda os anseios quanto as necessidades de indicacões de possíveis iniciativas
direcionadas aos diferentes problemas sociais. Instigando-nos a valorizar e estimular a
participacão dessa populacão como empreendedores.
Palavras-chave: adolescência, juventude, perfil sócio-demográfico.
Refêrencias
ABRAMOVAY, M.; CASTRO, M. G.; PINHEIRO, L. C,; LIMA, F.S. e MARTINELLI, C.
C. Juventude, Violência e Vulnerabilidade Social na América Latina: Desafios para
Políticas Públicas. Brasília, UNESCO, 2002. 180p
ABRAMOVAY, M. e CASTRO, M. G. (coord.) Ensino Médio: Múltiplas. Vozes.
Brasília, UNESCO,2003.450p
CASTRO, M. G.; ABRAMOVAY, M.; RUA, M. G.; ANDRADE, E. R.. Cultivando vida,
desarmando violências: experiências em educação, cultura, lazer, esporte e cidadania
com jovens em situação de pobreza. Brasília: UNESCO, Brasil Telecom, Fundação
Kellogg, Banco Interamericano de Desenvolvimento, 2001.540p
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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18. CUIDADO DE ENFERMAGEM À FAMÍLIA DO PACIENTE GRAVE:
COMPREENDER PARA TRANSFORMAR
Aline Landim Ramos; Nathália Fernanda Brochetto; Janaina Mery Ribeiro; Cássia Tiêmi
Nagasawa Ebisui
Resumo: Uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), requer instrumentos especiais
e profissionais qualificados para o cuidado do paciente. Neste local há uma interação do
paciente grave, equipe de saúde/enfermagem e o núcleo familiar durante o período de visitas.
O paciente faz parte de uma família, e por isso alguns cuidados devem ser direcionados a esta,
fazendo com que a família seja acolhida e mantenha-se próxima do seu familiar. O núcleo
familiar mostra-se como fonte de apoio e estímulo ao paciente que vivencia o período de
internação em UTI, sendo dever dos profissionais acolhê-la de forma humanizada, ajudando-a
a enfrentar os sofrimentos vivenciados, incentivando-a, encorajando-a e dando força para que
junto ao paciente lutem pela vida e não percam a esperança. Assim, o núcleo familiar torna-se
essencial para o cuidado e recuperação do paciente, mas é preciso que ela seja acolhida,
tratada e cuidada de forma humanizada. Por isso sua presença é importante e deve-se garantir
a colaboração da equipe de enfermagem no intuito de enfrentamento da situação e oferecer à
família e paciente uma relação de respeito e atenção, além dos cuidados específicos em cada
situação singular. A dicotomia existente entre a proposta de cuidado humanizado e a realidade
rotinizada do atendimento no ambiente de UTI nos motivou a desenvolver a presente pesquisa
a fim de compreender o acolhimento prestado às famílias pela equipe de enfermagem, sob a
ótica de um membro do núcleo familiar.Trata-se de uma pesquisa qualitativa com abordagem
descritiva, levando em consideração a essência do ser humano. Foi realizada em um Hospital
no interior do Estado de São Paulo. Para coleta de dados foi utilizada entrevista aberta, através
de formulário com recurso de áudio, garantindo a fidedignidade dos relatos. Os dados foram
ordenados, classificados e analisados. Os resultados obtidos demonstraram a ausência ou
poucas informações e orientações que deveriam ser prestadas à família do paciente grave,
internado em UTI, enfatizando o pouco tempo que a família pode se dedicar a este paciente.
Relatam, ainda, que gostariam de uma maior aproximação do Enfermeiro durante as visitas à
UTI. Depreende-se a importância no acolhimento prestado ao núcleo familiar pela equipe de
enfermagem, sob a ótica de integrante dessa família, denotando a elaboração de uma proposta
de educação em saúde em benefício ao paciente e seus familiares, assim como, uma maior
reflexão da equipe de enfermagem na melhoria e busca constante de excelência no
atendimento prestado à sociedade.
Palavras chave: cuidado, família, paciente grave.
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19. CARACTERIZAÇÃO DE UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA
Ana Eugênia Alves Bastos
Débora Luiza da Silva
Karolinny Santos Silva
Regiane Marques
Sarah Tarcisia R.F de Carvalho
Sonia Maria Villela Bueno
[email protected]
A escola encontra-se em uma região de classe média. Conta atualmente com 591 alunos, e
aproximadamente 50 funcionarios. De acordo com a coordenação e diretoria da escola, não
existe problemas com questões como álcool e drogas e gravidez na adolescência por exemplo.
A principal necessidade levantada é a questão de higiene corporal, pois alguns alunos
permanecem sozinhos em casa, assim ficam sem supervisão dos pais ou responsáveis então
vão para a escola sem a higiene adequada, ficando susceptíveis a doenças devido a falta de
auto-cuidado, bem como sendo alvo de comentários por parte dos colegas.
Como não houve maiores necessidades por parte dos coordenadores pedimos para os alunos
para que nos trouxesse temas de interesse dos mesmos para discutirmos durante as atividades
a serem desenvolvidas na escola. Sendo assim trabalharemos os temas: Higiene Pessoal,
Sexualidade, Acuidade Visual.
Um aspecto importante da instituição e a participação ativa de todos os agentes. Foi possível
identificar que coordenadores, direção e professores estão realmente envolvidos no processo
de ensino aprendizagem. A escola conta com: Prédio escolar próprio, funcional e bem
localizado; Salas de aulas – 46m², são 14 salas, bem arejadas e iluminadas; Pátio – coberto,
com muito espaço físico e aconchegante. Banheiros: com piso, azulejo, com quantidades
adequadas para atendimento da demanda, apenas não possuímos banheiros adaptados para
portadores de necessidades especiais; Quadras: uma coberta, com piso danificado,
necessitando de reforma urgente, e outra descoberta, com piso danificado, necessitando de
reforma urgente;Sala de professores: com bom espaço e localização; Sala para trabalho
coletivo dos professores: inexistente, usamos sala de aula; Sala para Professor Coordenador:
adaptada; Sala para o Grêmio Estudantil equipada com mobiliário; Outros espaços como:
cozinha, depósitos, secretaria, arquivo morto, sanitários para funcionários e outros; Sala de
informática com 15 equipamento em funcionamento; Biblioteca: sala adaptada, com um bom
acervo de livro que são usados pelos alunos e professores; Auditório: inexistente; Sala de
vídeo: adaptada com uma TV e um Vídeo K7; RECURSOS MATERIAIS: nenhuma prática
pedagógica se constrói no vazio, no espontaneismo, no acaso, na sorte, no improviso.
Necessita do conhecimento teórico e descobertas compartilhadas e refletidas coletivamente,
impulsionam e desencadeiam novos saberes. Para concretizar seu sucesso necessita do espaço
físico e dos recursos materiais disponíveis na Unidade Escolar. Para tanto, a escola conta
com: Ambiente pedagógico com 15 microcomputadores; Sistema de conexão via Internet;
Sala com TV, vídeo e DVD; Uma TV, vídeo e DVD móvel; aparelho de som; Sistema de
rádio escolar; Fitas de vídeo e DVDs; Uma biblioteca com um bom acervo de livros para
pesquisa e leitura; Materiais pedagógicos; refeitório e cozinha equipados com utensílios e
mesas; Quadra para prática de esporte e lazer; Etc. Na região da escola existe: O espaço
Universitário e a parceria com USP; A comunidade católica da Paróquia Santa Luzia; Um
amplo comércio local; Um bolsão de produção de Legumes e verduras formados por um
conjunto de hortas.
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Considerações Finais:
A escola apresenta boa estrutura física e bom relacionamento entre alunos e funcionários.
Mostrou-se disposta a receber nossas atividades de promoção a saúde, fornecendo o espaço
necessário para a execução das mesmas. Até o presente momento as atividades desenvolvidas
estão sendo efetivas para o crescimento e desenvolvimento dos alunos, assim como tem
favorecido nosso processo de ensino-aprendizagem.
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20. CUIDANDO DE QUEM CUIDA: A VALORIZAÇÃO DA SAÚDE DE
ESTUDANTES TRABALHADORES
Thais Helena Devitto Meira
Juliane de Almeida Crispim
Sabrina Corral-Mulato
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
e-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]
INTRODUÇÃO: A Saúde Ocupacional tem como finalidade incentivar e manter o mais
elevado nível de bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as profissões
prevenindo assim os prejuízos causados à saúde destes pelas condições de seu trabalho.
Percebe-se uma significativa mudança no estilo de vida dos trabalhadores desde a era agrícola
até a industrial, na qual passou-se de uma vida fisicamente ativa para uma predominantemente
sedentária (MILITÃO, 2001). A automação e a tecnologia dos computadores tem dispensado
muitas vezes, as tarefas físicas mais intensas. A atividade física através do lazer é uma
maneira que o homem moderno tem de compensar as horas de inatividade física no trabalho e
vencer o desafio de tirar proveito dos avanços tecnológicos sem prejudicar a saúde. O
desenvolvimento de atividades de relaxamento e lazer é uma proposta que vem sendo
discutida no meio educacional, já que a rotina de estudantes trabalhadores tem proporcionado
uma condição de vida estressante e influenciado o estado de saúde dos mesmos. OBJETIVO:
O presente trabalho tem por objetivo apresentar um relato de experiência de intervenção em
saúde ocupacional com estudantes trabalhadores do curso TeCsaúde, em uma escola
particular no município de Ribeirão Preto/SP. METODOLOGIA: A atividade educativa em
saúde foi realizada com 35 estudantes do referido curso, na faixa etária entre 24 a 40 anos, em
uma escola particular do município de Ribeirão Preto. Buscou-se trabalhar com os estudantes
a temática da humanização associada à valorização da saúde dos profissionais de
enfermagem, como forma de despertar o olhar dos estudantes trabalhadores para suas praticas
diárias. A atividade proposta ocorreu em dois momentos, sendo o primeiro uma discussão
sobre a Política Nacional de Humanização e posterior a este, o desenvolvimento de exercícios
de relaxamento realizados em um ambiente fora da sala de aula. RESULTADOS E
DISCUSSÃO: O envolvimento e a participação dos estudantes trabalhadores na atividade foi
muito positivo, e contribuiu tanto no sentido de aprofundar seus conhecimentos acerca da
referida temática quanto em relação à nossa formação como futuras educadoras da área da
saúde. Todos avaliaram a atividade como satisfatória e ressaltaram a necessidade de
valorização da sua saúde como prioridade na vida. Podemos perceber a dificuldade de
desenvolver este tema nas escolas, já que o mesmo exige o preparo de profissionais e o
envolvimento do coletivo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A conclusão deste trabalho
permitiu identificar a necessidade de inovação na área do ensino e da educação dos estudantes
trabalhadores em prol da promoção de saúde. A escola é um ambiente que permite trabalhar
condições que são prioridades na vida do ser humano como, por exemplo, a valorização da
sua saúde.
Palavras- chave: educação, educação em saúde, saúde ocupacional.
Referências Bibliográficas
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MILITÃO. A. G. A Influência da Ginástica Laboral para a Saúde dos Trabalhadores
sua relação com os Profissionais que a Orientam. 2001. 73f. Dissertação (Mestrado)Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.
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21. COMPREENDENDO A VIVÊNCIA COM A DOENÇA CRÔNICA: UMA
ANÁLISE NA PERSPECTIVA DO PORTADOR
Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera
Doutora em Ciências, Docente do Departamento de Enfermagem – UEM e do CESUMAR;
co-orientadora do PEBIC Fundação Araucária 2009/2010, email:
[email protected]
Franciele dos Santos Cortês
Discente do Curso de Enfermagem da Universidade Paranaense- UNIPAR de Umuarama;
Orientanda do PEBIC Fundação Araucária 2009/2010, email: [email protected]
André Estevam Jaques
Doutorando no Programa de Enfermagem Psiquiátrica da EERP-USP; Docente do Curso de
Enfermagem da Universidade Paranaense- UNIPAR de Umuarama; Orientador do PEBIC
Fundação Araucária 2009/2010, email
[email protected]
Introdução: As doenças crônicas são assim denominadas por apresentarem evolução lenta,
de longa duração e normalmente recorrente. São doenças em ascensão epidemiológica, das
quais se destacam a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e Diabetes mellitus (DM) que
impactam na vida de seus portadores, na maioria das vezes negativamente (TOSCANO,
2004), pois as mudanças que deverão ser incluídas para seu controle ocasionam dificuldades
de adaptação. Nesse sentido, faz-se relevante a investigação da vivência com essas doenças
pelas pessoas acometidas, permitindo um olhar mais abrangente para os profissionais de
saúde que prestam assistência a essa clientela.
Objetivo: Caracterizar as percepções dos portadores de HAS e/ou DM de uma unidade de
saúde sobre o convívio com a doença.
Metodologia: Tratou-se de resultados parciais obtidos na fase investigativa da pesquisa-ação.
Foi realizada em um centro de saúde do Noroeste do Estado do Paraná-Brasil, destinada a
população-alvo de hipertensos e/ou diabéticos que participavam do grupo de encontros.
Foram investigados 07 sujeitos através de visitas domiciliares durante os meses de setembro a
dezembro de 2009. Esta investigação centrou-se no questionamento: Como é ser portador de
doença crônica? Os achados foram analisados pela técnica de conteúdo de Bardin, do tipo
temática. Os dados foram coletados após a apreciação do CEPEH da UNIPAR, sob número
18076/2009, e mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
respeitando os preceitos éticos da experimentação humana.
Resultados: Os sujeitos são do sexo feminino, com idade entre 62 e 73. Identificamos 4
categorias relativas às percepções dos portadores quanto ao convívio com a doença, que
foram: 1) A doença não impacta negativamente nas atividades diárias; 2) Há percepção de
dificuldade para o controle da PA pela assintomatologia da HAS e pela complexidade do
tratamento; 3) Uso contínuo de medicamentos impacta na rotina da vida; 4) O controle na
alimentação é uma condição que impacta na rotina da vida. Afirma-se que apesar de alguns
indivíduos conseguirem viver bem com a doença crônica, algumas mudanças no estilo de vida
são necessárias para alcançar seu controle, constituindo-se em fatores importantes para a
prevenção de complicações provocadas pelo curso de tais enfermidades (TOSCANO, 2004).
Tais mudanças, entretanto, requerem enfrentamento positivo possibilitando a adaptação, pois
se destaca que as próprias restrições impostas pelo tratamento podem desencadear percepções
desagradáveis (BONOMO et al., 2003). Entretanto, até alcançar a adaptação podem-se
evidenciar formas distintas de enfrentamento. A resiliência, estudada na psicologia, busca
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explicar como as pessoas organizam sua vida, apesar de situações adversas. Nessa vertente, o
tema central deste enfrentamento é o coping. Segundo Moraes e Peniche (2003), o coping foi
definido como estratégias desenvolvidas para enfrentar as situações; um esforço cognitivo e
comportamental, realizado para dominar, tolerar ou reduzir as demandas externas e internas e
o conflito entre elas. Afirmam os autores que possui duas funções: modificar e relacionar a
pessoa e o ambiente, controlando ou alterando o problema causador, denominando-o coping
centrado no problema; ou adequar a resposta emocional ao problema, denominando-o coping
centrado na emoção. Ambos tipos de coping geram conflitos emocionais e, portanto, estresse
emocional, considerando-os danosos aos portadores de doenças crônicas, necessitando
atenção dos profissionais quanto a sua existência e implicações. Nesse sentido, conhecer a
vivência da doença na perspectiva de seus portadores pode colaborar com a definição de
estratégias que os conduzam a adaptação e conseqüente qualidade de vida.
Conclusão: Concluímos que a doença crônica provocou mudanças na vida dos participantes
desta pesquisa no que se refere aos hábitos alimentares, inclusão do tratamento farmacológico
e controle da doença. No entanto, pelo enfrentamento positivo da doença os profissionais de
saúde podem colaborar com a qualidade na vida diária, impedindo que os impactos negativos
se sobressaiam.
Palavras- chaves: Hipertensão Arterial, Diabetes Mellitus, Acontecimentos que modificam a
vida.
Referências
BONOMO, E. et al.. Consumo alimentar da população adulta segundo perfil sócio-econômico
e demográfico: Projeto Bambuí. Cad. Saúde Pública, v.19 n.5, set/out, 2003.
MORAES, LO; PENICHE, A de CG. Ansiedade e mecanismos de coping utilizados por
pacientes cirúrgicos ambulatoriais. Rev. Esc. Enf. USP, v.37, n.3, p. 54-62, São Paulo, 2003.
TOSCANO, C. M. As campanhas nacionais para detecção das doenças crônicas nãotransmissíveis: diabetes e hipertensão arterial. Ciênc. saúde coletiva , v.9, n.4, Rio de
Janeiro, oct./dec, 2004.
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22. SATISFAÇÃO E INSATISFAÇÃO DO DOCENTE DE ENFERMAGEM –
ELEMENTOS
INFLUENCIADORES
NA
QUALIDADE
DA
FORMAÇÃO
PROFISSIONAL PARA O ENSINO NA EDUCAÇÃO
Prof. José Geraldo Neves Filho
Instituto Educacional de Severínia – IES / SP
E-MAIL: [email protected]
Profª. Drª. Sônia Maria Villela Bueno
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO: Falar da insatisfação do professor nunca foi tarefa das mais simples,
tamanha a abrangência do trabalho docente, sobre maneira ao considerar o conjunto de
atividades a serem desempenhadas, tanto no ensino, na pesquisa e extensão, além daquelas
relacionadas à gestão. Este fato motiva diversos autores a refletirem e analisarem sobre o
assunto, educadores a travarem questionamentos debatendo em diferentes seminários,
congressos e similares e mesmo assim, o assunto não se esgota. Devido à complexidade do
tema, se faz necessário rever o assunto e investigar o ponto de vista mais emergente, neste
sentido.
A proposta deste estudo é refletir sobre o papel do professor relacionando-o as
atividades de seu tempo, com todas as variáveis que são comuns ao seu cotidiano. Sabe-se
que até pouco tempo, os professores estavam numa situação bastante confortável, no
desempenho de papéis como detentores do saber, na transmissão de conhecimentos. Dentro
das mesmas salas de aula, o professor passou muito tempo alheio aos fatos que aconteciam
fora dela. Numa espécie de alienação docente, os anos passaram e os alunos também. E neste
ponto começam as inquietações. Atendendo ao chamado da natureza, o homem evoluiu como
espécie e biologicamente seu organismo progrediu adequando-se às necessidades do seu
meio.
Portanto, o confronto começa e a escola percebe claramente que perde terreno e tenta
dialogar, mas esbarra num poderoso obstáculo: o professor, que torna-se obrigado a arcar com
toda responsabilidade da educação e não está estruturalmente, capacitado para isso.
Estas transformações não só apareceram, como explodiram nas escolas, causando
verdadeiros transtornos nas relações humanas que ali se desenvolvem. Problemas de ensino e
aprendizagem, talvez, nunca foram tão discutidos. Profissionais até pouco tempo
praticamente, ignorados pelas escolas, são chamados a participar das discussões e novos
profissionais se juntam a este grupo, como os psicopedagogos, por exemplo, na busca de uma
solução conjunta que possa atender não só a grande quantidade de problemas, mas
principalmente, a um mundo de diversidade de casos.
O que se pretende neste trabalho é discutir questões relacionadas com toda esta
mudança, ocorrida no seio da família pós-moderna e no papel do professor, possuidor de uma
carga pesada de responsabilidade na educação dos universitários, recebendo por isso uma
remuneração não compatível com sua sobrecarga de trabalho.
OBJETIVO: Levantar problemas relacionados à satisfação e insatisfação do docente
enfermeiro da educação profissional, tendo em vista a valorização da qualidade de vida
pessoal e profissional, desenvolvendo conjuntamente ações/intervenções educativas para lidar
com as questões problematizadoras em relação ao cotidiano pessoal e profissional do docente
enfermeiro.
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METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, humanista, mediatizada pela
metodologia da pesquisa-ação, que permite levantar problemas sobre o assunto em foco, após
desenvolver ação/intervenção educativa para resolução dos problemas.
RESULTADO: Ao se admitir que a dinâmica da sociedade implica em transformações
culturais, sociais, econômicas e políticas, o professor, na condição de intérprete privilegiado
(de certo modo), difusor e produtor do conhecimento e chamado a tomar posição diante dos
fatos. Por isso mesmo, seu trabalho deve ter clareza quanto ao tipo de sociedade que ajuda a
construir, ao conjunto de valores que aspira. Além do aspecto político do trabalho docente ser
levado a sério, é preciso que ele esteja comprometido com a docência e com a beleza, isto é,
com a ética e com a estética.
Como pode o educador assumir um papel dirigente na sociedade se na sua formação o todo
social resume-se a uns poucos conhecimentos de métodos e técnicas pedagógicas ou a uma
história da educação que se perdeu no passado e nunca chega aos nossos dias? Como pode
uma nação esperar que as novas gerações sejam educadas para o progresso, o
desenvolvimento econômico e social, para a construção do bem-estar para todos, sem uma
sólida formação política?
Embora o sucesso da educação dependa do perfil do professor, a administração escolar não
fornece os meios pedagógicos necessários à realização das tarefas, cada vez mais complexas.
Os professores são compelidos a buscar, então, por seus próprios meios, formas de
requalificação que se traduzem em aumento não reconhecido e não remunerado de trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Todavia os problemas apontados interfiram de fato na
qualidade da educação pública ou privada, parece não haver sinais de mudança para saná-los,
seja por parte de profissionais do ensino e do poder público ou da sociedade em geral. E
necessário, portanto, que estudos desta natureza sejam realizados para a realidade brasileira e
seus resultados utilizados, por exemplo, para adequar os cursos de formação inicial e
continuada as necessidades do ensino.
PALAVRAS CHAVES: Professor; Satisfação/Insatisfação; Sobrecarga de trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ANDRADE, A. DE. Educação para um mundo melhor: firmeza com coração. Disponível
em: http://www.editora-opcao.com.br/ada57.htm. Acesso em: 01 de abril de 2006.
CONTRERAS, J. A autonomia de professores. São Paulo: Cortez, 2002.
DOWBOR, L. Tecnologias do conhecimento: os desafios da educação. Petrópolis, Vozes, 2001.
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23. INTERVENÇÃO TERAPÊUTICO OCUPACIONAL DURANTE INTERNAÇÃO
DE UMA ADOLESCENTE COM HIV
Ariana Penha Meirelles
Aperfeiçoanda Profissional na área de Terapia Ocupacional Infantil
do Instituto de Reabilitação Lucy Montoro HC-FMRP
Silvia F. Biasson de M. Negrini
Terapeuta Ocupacional da Unidade Especial de Tratamento de
Doenças Infecto-Contagiosas do HC-FMRP
E-mail: [email protected]
Dra. Maria Célia Cervi
Introdução: A maioria das crianças infectadas com o vírus da imunodeficiência humana (HIV)
adquire-no de suas mães por transmissão vertical em três fases diferentes: gravidez, parto ou
puerpério. Por tratar-se de uma doença crônica e as manifestações clínicas aparecerem
precocemente, as crianças/adolescentes são expostas a uma vivência hospitalar bastante
intensa desde muito cedo. Considera-se que o número de crianças em idade escolar e
adolescentes vivendo com HIV/Aids nos serviços seja crescente, decorrente ao aumento do
tempo de sobrevida, em função da evolução e acesso ao tratamento. Em meio aos problemas
frequentemente encontrados entre os adolescentes que vivem com HIV/Aids está a baixa
adesão aos antiretrovirais, o que consequentemente imporá maiores perdas aos mesmos, já
que na maioria dos casos, serão surpreendidos por doenças oportunísticas e, passarão por
longos períodos de internação, ficando privados do seu cotidiano e de suas relações sociais.
Nestes casos, a assistência do terapeuta ocupacional será importante, pois através da relação
terapêutica e realização de atividades salutares, os adolescentes poderão enfrentar a internação
e o tratamento de forma mais ativa e reflexiva. Objetivo: Este trabalho tem como objetivo
apresentar o processo de intervenção terapêutica ocupacional, dentro de uma equipe
multidisciplinar, junto a uma adolescente portadora do HIV/Aids durante o processo de
internação. Métodos: Estudo de caso de uma adolescente de 14 anos, realizado durante a
internação na enfermaria da Unidade Especial de Tratamento de Doenças Infecciosas
(UETDI) do HCFMRP-USP. Os atendimentos ocorreram no período de fevereiro a maio de
2010, sendo 2 encontros semanais, totalizando 26 atendimentos. Resultados: Através de uma
atividade artesanal (confecção de flores de viés), pôde ser trabalhado: Atividades de Trabalho
e Produtivas (AVPs), incluindo fazer compras, controle financeiro e procedimentos de
segurança; Atividades Educacionais, memória, sequenciamento, aprendizado, término de
atividade e resolução de problemas; Atividade Vocacional, interesses, desempenho da função
e conduta social. A paciente na maioria dos atendimentos mostrava-se disposta a realizar a
atividade desejada, estando sempre à espera da terapeuta assumindo uma postura ativa e
independente. Os atendimentos ocorriam em seu leito, na brinquedoteca e no espaço da
UETDI, onde ela confeccionava e vendia seus produtos. Nos últimos atendimentos a paciente
solicitou o aprendizado de novas técnicas e momentos de descontração através de atividades
lúdicas. A adolescente teve alta do serviço, sendo encaminhada para acompanhamento
terapêutico ocupacional em sua cidade de origem. Conclusão: Acredita-se que os
atendimentos de terapia ocupacional auxiliaram a adolescente a envolver-se de forma mais
funcional não apenas com seu tratamento, mas também com sua própria vida, enfatizando que
não se tratou de um trabalho isolado, mas sim de todo um esforço em conjunto da equipe
multidisciplinar.
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24. PESQUISAS CIENTÍFICAS NACIONAIS ACERCA DO SUICÍDIO ENTRE
ADOLESCENTES
Josiane Bertoni de Souza
Naiara Nardelli de Souza
Roberta Dinardi
Marcio José Dias
Marcelo F. C. Marques
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email:[email protected]
INTRODUÇÃO: A Organização Mundial da Saúde confirma o suicídio como um problema
de saúde pública e estima que, para cada caso, existem pelo menos dez tentativas que exigem
atenção dos profissionais. Para cada tentativa de suicídio registrada, existem quatro não
conhecidas. É um fenômeno multideterminado e não pode ficar restrito ao conceito médico e,
tampouco, jurídico. Existem implicações sociais importantes, aspectos éticos, culturais,
psicológicos, antropológicos e filosóficos, que balizam esse evento. OBJETIVO: O artigo
busca analisar e identificar, na literatura científica, artigos acerca do suicídio entre
adolescentes. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento eletrônico de artigos na
íntegra, nacionais e indexados nas bases de dados Scielo. Utilizamos na busca a intersecção
dos seguintes descritores: suicídio x adolescentes. Encontramos 22 artigos dos quais
selecionamos 10 por estarem de acordo com nossos critérios de inclusão. Os artigos
selecionados foram analisados a partir do seu conteúdo e discutidos com base na literatura
científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: As pesquisas destacam as características do
adolescente que pratica o suicídio: a maioria dos casos pertence ao sexo feminino,
predominância da faixa etária entre 15 e 19 anos, estado civil solteiro, cor branca, estudantes,
com residência em bairros de baixo poder aquisitivo. Observamos também que dos
adolescentes que tentaram suicídio alguns acabam se suicidando dentro de 10 anos após a
primeira tentativa e que poucos dos que tentaram procuraram consulta médica, pois acreditam
que podem resolver seus problemas sem ajuda. Além disto, a existência de um clima de
tensão, hostilidade ou violência familiar são consideradas fatores de risco para suicídio. Vale
destacar algumas características como: maior uso de bebidas alcoólicas e tentativas de
suicídios anteriores. Características psiquiátricas são identificadas nos estudos, como, por
exemplo, no sexo feminino predominaram os transtornos neuróticos, suicídios e lesões autoinfligidas e psicoses esquizofrênicas, no sexo masculino, predominaram quadros relacionados
a álcool e drogas, psicoses esquizofrênicas e transtornos neuróticos, respectivamente. Quanto
às características do suicídio, ele geralmente acontece nos ambientes familiares,
habitualmente o próprio domicílio, de preferência entre o fim da tarde e a noite, que deve ser
de modo mais impulsivo do que planejado, em decorrência de estados emocionais imediatos a
situações de perdas ou transtornos nas relações sócio-familiares. Os estudos atuais apontou
que as ingestões de medicamentos são meios predominantes, seguidos de venenos, meios
violentos e líquidos corrosivos. Além do mais o amor não correspondido como o principal
fator desencadeador das tentativas suicidas em adolescentes. CONCLUSÕES: Concluímos,
dessa forma, que o suicídio está presente na adolescência e suscita um redirecionamento das
práticas de saúde considerando a inserção da família nesse atendimento.
Palavras-chave: suicídio; adolescentes; saúde.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
REFERÊNCIAS:
MARCONDES F. Tentativas de Suicidio por substâncias químicas na adolescência e
juventude. Rev Adolesc Lat-am 2002 nov; 3(2).
AVANCI, R. C.; PEDRAO, L. J.; COSTA JUNIOR, M. L. Perfil do adolescente que tenta
suicídio em uma unidade de emergência. Rev. bras. enferm. [online]. 2005, vol.58, n.5, pp.
535-539.
VIEIRA, L. et al. "Amor não correspondido": discursos de adolescentes que tentaram
suicídio. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2009, vol.14, n.5, pp. 1825-1834.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
25. TRABALHO INFANTIL: A NECESSIDADE DA PRODUÇÃO DE NOVOS
CONHECIMENTOS
Kátia G. Amorim Silva
Gustavo de Souza Alves
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email:[email protected]
INTRODUÇÃO: O trabalho infantil de “caráter exploratório” se transformou em uma
preocupação de âmbito mundial, particularmente no que se refere aos países
subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Atualmente, a criança começa a trabalhar cada vez
mais cedo (entre cinco e seis anos) e esse trabalho se estabelece como uma necessidade
permanente da criança, o que afeta substancialmente seus estudos, ao contrário dos países
desenvolvidos nos quais a criança trabalha em épocas específicas do ano. Pesquisadores,
profissionais, instituições e entidades que trabalham com essa questão no Brasil são
praticamente unânimes em apontar como principais causas da existência do trabalho infantil
aquelas de ordem estrutural como a concentração de renda, a precarização das relações de
trabalho, os altos níveis de desemprego, a falta de uma política educacional integral.
OBJETIVO: O artigo busca analisar e identificar, na literatura científica, artigos acerca do
trabalho infantil. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento eletrônico de artigos na
íntegra, nacionais e indexados nas bases de dados Scielo. Utilizamos na busca a intersecção
dos seguintes descritores: erradicação x trabalho x infantil. Encontramos 6 artigos. Os artigos
selecionados foram analisados a partir do seu conteúdo e discutidos com base na literatura
científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os artigos são enfáticos ao afirmar as
consequências para a criança e adolescente do trabalho infantil, sendo elas: fadiga e falta de
disposição (e tempo) para engajamento em outras atividades, déficit de atenção e de
concentração e restrições das possibilidades de relações sociais, além de déficits cognitivos.
Observamos, também, nos artigos selecionados, que as pesquisas salientam a necessidade de
profissionalização dos jovens e adultos que integram a família da criança. Além disso,
enfocam também as redes institucionais de apoio a grupos sociais, articulando ações
conjuntas com empresas privadas, instituições estatais, organizações não-governamentais,
associações comunitárias, culturais e religiosas. CONCLUSÕES: Concluímos que ainda são
escassos os estudos científicos que contabilizam essa realidade e são imensos os desafios da
prática de intersetorialidade na prevenção e erradicação do trabalho de crianças e
adolescentes.
Palavras-chave: trabalho infantil; erradicação; saúde.
REFERÊNCIAS:
CAMPOS, H. R.; FRANCISCHINI, R. Trabalho infantil produtivo e desenvolvimento
humano. Psicol. estud. [online]. 2003, vol.8, n.1, pp. 119-129. FERREIRA, M. A. F. Trabalho
infantil e produção acadêmica nos anos 90: tópicos para reflexão. Estud. psicol. (Natal)
[online]. 2001, vol.6, n.2, pp. 213-225.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
26. ENVELHECIMENTO ATIVO E POLÍTICA NACIONAL DA SAÚDE DO IDOSO:
DESAFIOS E PERSPECTIVAS
Aline Formigoni
Naiara Fabiana Vieira
Vanessa de Souza Silva
Edna Malheiro Neves Monaro
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email: [email protected]
INTRODUÇÃO: As estatísticas mostram que no futuro próximo – 2020, o Brasil será o
sexto país em população de idosos, aproximadamente 32 milhões deles. Essa mudança traz a
tona uma preocupação para as instituições, as quais mantêm sistemas de gerenciamento de
saúde. (SILVESTRE; NETO, 2003). As políticas de saúde referente ao envelhecimento
populacional no Brasil foram reconhecidas pela lei 8.842/1994, que coloca em vigor a política
nacional do idoso, a qual assegura os direitos sociais, econômicos, comportamentais, pessoais,
culturais, ambiente físico e acesso a serviços (RODRIGUES et al, 2007). Desta forma,
OBJETIVO: O objetivo da pesquisa é caracterizar a produção científica no período de 2003
a 2010 acerca do envelhecimento ativo e políticas nacionais da saúde do idoso.
METODOLOGIA: A coleta de dados foi baseada no levantamento bibliográfico online
indexado na Biblioteca Virtual em Saúde, no banco de dados Scielo por meio do cruzamento
das palavras-chave: política nacional do idoso, foram encontrados o total de 9 artigos. Para
análise deste estudo utilizamos algumas variáveis como: ano da publicação, local das
pesquisas e conteúdo das mesmas. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Com relação ao ano
de publicação, percebe-se que há maior concentração das publicações no ano de 2008. Quanto
ao local do desenvolvimento das pesquisas, a maioria ocorreu no Estado de São Paulo,
embora a questão da política nacional do idoso expande-se progressivamente por todo o
Brasil. No conteúdo dos artigos, podemos perceber uma relevância preocupação no
envelhecimento do idoso para promover uma vida saudável, a prevenção das doenças crônicas
e na recuperação da saúde para que os idosos possam desenvolver suas atividades físicas.
CONCLUSÕES: De acordo com os artigos pesquisados, observamos que a política nacional
do idoso trouxe avanços consideráveis principalmente na prevenção de doenças, recuperação
da saúde, reabilitação e capacitação do idoso para seus próprios cuidados. Concluímos, desta
forma, que as políticas de Saúde do Idoso vêm se expandindo e essas mudanças apresentam
uma preocupação no sistema de gerenciamento de saúde, devido à necessidade de capacitação
dos serviços de saúde.
REFERÊNCIAS:
RODRIGUES, R. A. P.; et al. Política nacional de atenção ao idoso e a contribuição da
enfermagem. Texto e contexto- enferm. Florianópolis. vol.16, n.3, 2007. SILVESTRE, J. A.;
NETO, M. M. C. Abordagem do idoso em programas de saúde da família. Rev. Saúde
Publica. Rio de Janeiro. Vol.19, n.3, 2003.
27. EDUCAÇÃO PREVENTIVA PARA O CÂNCER CÉRVICO-UTERINO
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Tatiane Cristina Almeida Santos
Viviane Guthierres Victorino
Marli Santos Oliveira Ramires
Verônica Machado Marques de Oliveira
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
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INTRODUÇÃO: O câncer do colo uterino, ainda é um grande problema para saúde pública,
sendo que, 78% dos casos ainda ocorrem em países desenvolvidos e 371.200 novos casos são
registrados a cada ano em todo o mundo, sendo a terceira mais comum entre mulheres
(RAMA et al 2008). Devido a este alto índice de câncer de colo uterino o Ministério da
Saúde preconiza a prevenção primária do câncer de colo de útero, destacando o uso de
preservativos para não haver contaminação pelo HPV e a diminuição da exposição do tabaco.
Já a prevenção secundária seria a realização do exame preventivo e o tratamento das lesões
causadas pelo câncer (BRASIL, 2008). Desta forma, o profissional de saúde possui papel
fundamental nas estratégias de saúde com este enfoque. OBJETIVO: Identificar, na
literatura, pesquisas acerca do câncer cérvico-uterino. METODOLOGIA: O estudo constituise em um levantamento bibliográfico de artigos nacionais no banco de dados Scielo onde
utilizamos o cruzamento com seguintes palavras-chave: câncer x colo-uterino. Sendo
selecionados 19 artigos. Nossos critérios de inclusão foram artigos na íntegra , nacionais e
publicados no ano 2009 e 2010, Os artigos selecionados foram analisados a partir de seu
conteúdo. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os artigos destacam a baixa adesão das
mulheres na realização do exame cito patológico (Papanicolau) sendo que a maioria dos
estudos possui um achado em comum: mulheres que mais poderiam se beneficiar do teste de
Papanicolau são as que menos o realizam; o que pode, em parte, explicar o diagnóstico tardio
e a manutenção das taxas de mortalidade. Vale destacar que o baixo poder aquisitivo das
mulheres contribuem para a não realização do exame preventivo o que nos faz refletir acerca
das estratégias educacionais e de informação voltadas para essa população. De acordo com as
pesquisas, a maioria das mulheres relatam que os motivos pela não realização do exame de
Papanicolau foi o desconhecimento do câncer, da técnica e da importância do preventivo, o
medo na realização e resultado do exame, a vergonha e o constrangimento expressados por
elas pela exposição da intimidade a que se submetem e por ter valores culturais dificultando
mudanças de atitude. CONCLUSÕES: São necessários estudos que investiguem de forma
mais precisa e que possam oferecer ferramentas essenciais para a gestão da atenção em
câncer, com a garantia de uma cobertura e qualidade das informações, em como praticar o
sexo de forma segura sendo assim, por meio de estímulo ao uso de preservativos com acesso
aos serviços de saúde, adotando abordagem voltada para o desenvolvimento de intervenções
mais eficazes de uma assistência com pauta ao conceito integralidade. É importante examinar
a qualidade dos dados disponíveis e traçar estratégias para melhorar a sua qualidade, com
ampliação e divulgação dos programas de prevenção sobre essa neoplasia.
Palavras-chave: câncer; colo uterino; mulher.
REFERÊNCIAS:
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.Departamento de Ações
Programáticas
Estratégicas.
Manual
de
atenção
á
mulher
no
climatério/menopausa.Brasília:Ministério da Saúde, 2008. 198p.(Série: Direitos sexuais e
direitos reprodutivos, caderno n.9) (Série A. Normas de Manuais Técnicos).
RAMA, C et al . Rastreamento anterior para câncer de colo uterino em mulheres com
alterações citológicas ou histológicas. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 42, n. 3, jun. 2008.
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28. RESILIÊNCIA E SAÚDE: A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMETO CIENTÍFICO
NA ÁREA
Izabel Maria de Assunção e Brito Cordasso
Sarah Regina Bossolo
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email:[email protected]
INTRODUÇÃO: O termo resiliência, atualmente, tem se destacado como conceito operativo
no campo da Saúde, especialmente entre a criança e o adolescente. Várias publicações e
congressos nacionais e internacionais têm abordado esse fenômeno e há uma expectativa em
torno das possíveis ações e intervenções orientadas sob essa perspectiva (ESTEFENON,
SOUZA, 2001). A resiliência pode ser vista como o resultado da interação entre aspectos
individuais, contexto social, quantidade e qualidade dos acontecimentos no decorrer da vida e
os chamados fatores de proteção encontrados na família e no meio social (LINDSTRÖM,
2001). Kotliarenco et al. (1997) sintetizam a resiliência como a interação entre atributos
pessoais, os apoios do sistema familiar e aqueles provenientes da comunidade. Desta forma,
reflexões e estratégias de ações baseadas na resiliência de crianças e adolescentes devem ser
consideradas no planejamento das intervenções na área da saúde. OBJETIVO: Realizar um
levantamento bibliográfico acerca da resiliência analisando a contribuição dessa literatura na
especificidade da adolescência. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento
eletrônico de artigos na íntegra, nacionais e indexados nas bases de dados Scielo. Utilizamos
na busca a intersecção dos seguintes descritores: resiliência x adolescente. Foram
encontrados 10 artigos, destes foram selecionados 09 artigos por serem artigos na íntegra e na
língua portuguesa. Os artigos selecionados foram analisados a partir do seu conteúdo e
discutidos com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Um número
significativo das pesquisas examina a resiliência dando ênfase aos processos que entram em
jogo para proteger as pessoas, evitando ou atenuando os efeitos negativos dos riscos e criando
as condições para que elas respondam de forma efetiva às demandas da vida quotidiana,
apesar das adversidades que as cercam. Observamos que as pesquisas enfatizam o papel dos
adultos, como fator de proteção, nos macro e micro ambientes, especialmente o papel dos
familiares, profissionais da saúde, educação, serviço social e saúde mental, ressaltando assim
o importante papel das Redes Sociais. Os estudos reforçam com sucesso os resultados
positivos das redes sociais de apoio, com relação ao índice de resiliência. Desta forma, as
redes sociais são de importância fundamental na promoção da resiliência traduzindo uma
dimensão de positividade das reações dos seres humanos frente aos desafios que enfrentam
em seu quotidiano. CONCLUSÕES: A análise da literatura permitiu constatar um
incremento nas publicações nos últimos anos, sendo ainda notória a falta de estudos que
enfocam a capacitação profissional no sentido de transformar e adequar as práticas
profissionais no contexto da vulnerabilidade de indivíduos.
Palavras-chave: resiliência; vulnerabilidade; adolescente.
REFERÊNCIAS:
ESTEFENON, S. B., SOUZA, R. P. Editorial. Adolescência Latino-Americana, 2:124. 2001.
LINDSTRÖM, B. O significado de resiliência. Adolescência Latino-Americana, 2:133-137. 2001.
KOTLIARENCO, M. A.; CACERES, I. & FONTECILLA, M. Estado de Arte en Resiliencia. Washington, DC:
Organización Panamericana de la Salud. 1997. TROMBETA, L. H. A. P., GUZZO, R. S. Enfrentando o
cotidiano adverso: Estudo sobre resiliência em adolescentes. Campinas, SP: Alínea. 2002.
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29. DOENÇAS DO TRABALHO E QUALIDADE DE VIDA: LER E DORT NA VISÃO
DA LITERATURA CIENTÍFICA
Cintia Zordan Gualdo
Amalha Vileide do Nascimento
Gislaine C. Silvestre Ramos
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
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INTRODUÇÃO: As doenças relacionadas ao trabalho e suas consequências tem produzido
desafios para a área da saúde. Dentre eles, encontram-se as Lesões por Esforços Repetitivos
(LER), recentemente denominadas Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho
(DORT), cuja determinação é fundamentalmente relacionada com as mudanças em curso na
organização do trabalho e, secundariamente, com as inovações tecnológicas resultantes da
reestruturação produtiva (SALIM, 2003). OBJETIVO: Identificar, na literatura, pesquisas
acerca do LER e DORT na literatura. METODOLOGIA: O estudo constitui-se em um
levantamento bibliográfico de artigos nacionais no banco de dados Scielo onde utilizamos o
cruzamento com seguintes palavras-chave: LER x DORT x doenças profissionais. Foram
encontrados 26 artigos e destes utilizamos 20. Nossos critérios de inclusão foram artigos na
íntegra e nacionais Os artigos selecionados foram analisados a partir de seu conteúdo e
discutidos com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os estudos
mostram que a LER/DORT tem representado grande parte do conjunto dos adoecimentos
relacionados com o trabalhador. Desta forma, os estudos destacam que esse agravo acomete
homens e mulheres, inclusive adolescentes, em plena fase produtiva da vida. Diante de toda a
literatura consultada, entendemos que são várias as causas e fatores que interferem no
aparecimento das lesões por esforços repetitivos como: manuseio de carga, repetitividade,
demandas psicossociais, insatisfação no trabalho, ser do sexo feminino e condicionamento
físico precário. Portanto, medidas como reduzir as demandas físicas do trabalho e promover a
organização deste reduz a prevalência deste distúrbio. Os artigos salientam que maior atenção
deve ser direcionada às posturas adotadas pelos trabalhadores na execução das atividades
laborais e nas condições dos mobiliários, bem como se faz necessário disponibilizar
instrumentos e equipamentos ergonomicamente planejados, visando-se à redução da
incidência dos problemas osteomusculares. CONCLUSÕES: Os estudos envolvendo os
problemas de saúde dos trabalhadores têm crescido ao longo do tempo, incluindo as
investigações envolvendo os trabalhadores da enfermagem, o que tem ajudado a dar
visibilidade aos acidentes e doenças do trabalho dos quais eles são vítimas. Desta forma
conclui-se que é necessário um trabalho com vários profissionais envolvidos no atendimento
dessas síndromes bem como fornecer melhor suporte na capacitação desses profissionais para
maior clareza e formação de diagnósticos.
Palavras-chave: LER, DORT, trabalhador.
REFERÊNCIAS: SALIM, C. A. Doenças do trabalho: exclusão, segregação e relações de
gênero. Rev São Paulo Perspectiva 2003, 17(1):11-24.
BARBOSA, M. S. A.; SANTOS, R. M.; TREZZA, M. C. S. F. A vida do trabalhador antes e
após a Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e Doença Osteomuscular Relacionada ao
Trabalho (DORT). Rev. bras. enferm. [online]. 2007, vol.60, n.5, pp. 491-496.
MERLO, Á. R. C. et al. O trabalho entre prazer, sofrimento e adoecimento: a realidade dos
portadores de lesões por esforços repetitivos. Psicol. Soc. [online]. 2003, vol.15, n.1, pp. 117136.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
30.
CONSTRUÇÃO
DO
CONHECIMENTO
ACERCA
DE
TRANSTORNO
ALIMENTAR E ANOREXIA
Edimilson Lucio de Camargo
Felipe Lambert
Everton Rodrigues de Souza
Camilla Soccio Martins
Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP
Email: [email protected]
INTRODUÇÃO: O número de estudos sobre transtornos alimentares e anorexia na infância e
adolescência vem crescendo expressivamente e tornaram-se um problema de saúde pública
que requer atenção por parte dos profissionais da saúde e toda equipe multiprofissional
envolvida no assunto. É evidente que os transtornos alimentares constituem patologias graves,
complexas e com alto grau de morbidade, sobretudo na adolescência, quando frequentemente
iniciam e afetam ampla e severamente o desenvolvimento do indivíduo. Pacientes com esses
transtornos possuem inadequações profundas no consumo, padrão e comportamento
alimentar, além de diversas crenças equivocadas sobre alimentação, o que geralmente acarreta
piora do estado nutricional. De acordo com Whitney et al (2005), o não-reconhecimento da
doença pode retardar o início do tratamento, contribuindo para o agravamento do quadro, por
possibilitar maior cronicidade ou por aumentar o risco de morte em casos graves.
OBJETIVO: Levantar, na literatura científica, características de pesquisas publicadas na
área. METODOLOGIA: Foi realizado um levantamento eletrônico de artigos na íntegra,
nacionais e indexados nas bases de dados Scielo. Utilizamos na busca a intersecção dos
seguintes descritores: anorexia x adolescente. Foram encontrados 10 artigos, destes foram
selecionados 09 artigos por serem artigos na língua portuguesa. Os artigos selecionados foram
analisados a partir do seu conteúdo e discutidos com base na literatura científica.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: Constatamos que dos 09 artigos selecionados para o
nosso estudo a maior parte deles caracterizam o perfil dos portadores que desenvolvem esses
distúrbios são, a maioria, do sexo feminino, raça branca e alto nível socioeconômico, porém
se tem observado que esse grupo é cada vez mais heterogêneo, tendo se realizado diagnósticos
em pré-adolescentes e em pacientes de níveis econômicos mais baixos. Vale lembrar que
alguns estudos investigam a relação entre insatisfação com a imagem corporal e sintomas de
distúrbios alimentares em adolescentes e salientam as implicações da doença no aspecto
familiar, social, na escolaridade e na sexualidade. Considerando o conteúdo, em geral, dos
artigos analisados, muitas propostas dos autores estudados destacam a necessidade de se
adotar um trabalho multiprofissional e a capacitação dos profissionais para lidarem com o
fenômeno. CONCLUSÕES: O número elevado de estudos que identificaram jovens com
sintomas de anorexia nervosa e o aumento da prevalência de adolescentes com transtornos
alimentares, segundo dados da literatura, são fatores importantes para justificar a
implementação de programas de intervenção nutricional. Compreendemos, no entanto, que o
trabalho nesta área requer uma participação mais efetiva dos profissionais de saúde no sentido
de prevenir agravos resultantes dos transtornos alimentares além de incentivo para futuros
estudos acerca do tema.
Palavras-chave: anorexia, adolescentes, nutrição.
REFERÊNCIAS:
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
DUNKER, K. L. L.; PHILIPPI, S. T. Hábitos e comportamentos alimentares de adolescentes
com sintomas de anorexia nervosa. Rev Nutr. 2003;16:51-60.
OLIVEIRA, M. D. O impasse narcísico na bulimia nervosa. Mudanças Psicoter Estud
Psicossociais 2001;9(15):13-26. 35.
WHITNEY, J., MURRAY, J., GAVAN, K., TODD, G., WHITAKER, W., TREASURE, J.
Experience of caring for someone with anorexia nervosa: qualitative study. Br J Psychiatry.
2005;187:444-9.
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31. A PESQUISA-AÇÃO: ESTADO DA ARTE VEICULADA PELA SCIELO
Profª. Drª. Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera
Departamento de Enfermagem – DEN/UEM
Curso de Graduação em Enfermagem - CESUMAR
E-mail: [email protected]
Mariana Paula de Souza
Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem - CESUMAR
E-mail: [email protected]
Introdução: A pesquisa-ação é compreendida como uma metodologia que integra a
investigação e a ação, de forma indissociável. Considerada pertencente ao grupo da pesquisa
qualitativa vem ganhando espaço e agregando novos pesquisadores, desde seu surgimento. A
este respeito afirma-se que foi na educação formal ou na prática educativa para a saúde que a
pesquisa-ação foi impulsionada por Paulo Freire (GAJARDO, 1985); foi ele quem buscou
investigar a realidade concreta, diante de problemas da prática educativa. Assim, propôs este
método que alia pesquisa e ação, permitindo que o pesquisador eduque ao mesmo tempo em
que está educando, num movimento continuo pesquisa-ensino, que torna a educação
compartilhada, responsável e problematizadora (FREIRE, 1996). Uma das críticas mais
deflagradas nas pesquisas contemporâneas tem sido a condição de especulação dos fatos
sociais sem qualquer pretensão imediata de resolução de problemas, colocando o pesquisador
como mero contemplador. A pesquisa-ação, portanto, parece preencher esta lacuna,
permitindo o levantamento de dados e a intervenção participativa dos envolvidos. Urge,
portanto, a necessidade de se conhecer as áreas em que esta modalidade de pesquisa vem
ocorrendo.
Objetivo: Descrever as publicações que envolvem a pesquisa-ação veiculadas na biblioteca
eletrônica Scientific Eletronic Library online – Scielo, independente do ano de publicação.
Metodologia: Tratou-se de um estudo documental e descritivo. Foram feitas buscas na Scielo
com a palavra pesquisa-ação. Os artigos encontrados foram classificados quanto à área de
conhecimento e tipo de abordagem.
Resultados: Foram encontradas 14 publicações envolvendo essa temática, publicadas no
período de 2004 a 2009. Destes, 06 artigos foram de revisão bibliográfica e 08 artigos
originais. Quanto às áreas de conhecimento, 12 foram na área de educação; apenas 01 na área
da saúde; 01 na área de administração. No tocante à abordagem, 02 artigos se propuseram a
discutir conceito da pesquisa-ação; 03 discutem a relevância da pesquisa-ação integrada à
formação permanente; 09 relataram as experiências da utilização da pesquisa-ação, sendo que
apenas 01 era relativa à área de educação para a saúde. A realidade encontrada nos faz refletir
sobre a carência de publicações que utilizam a pesquisa-ação como método de pesquisa.
Ainda, consideramos que essas publicações são relativamente recentes, o que faz supor a
inovação da aplicabilidade desse método, bem como seu reconhecimento pela ciência.
Argumenta-se que persiste a defesa das correntes positivistas, definindo como autêntico
apenas dois conhecimentos: os científicos, apoiados pelo empirismo e o lógico, pela lógica e
matemática (TRIVIÑOS, 1990). Defendemos, entretanto, que embora com trajetória histórica
de menos tempo, a pesquisa-ação não se opõe ou nega outras formas de percurso para se
chegar à verdade; simplesmente é um dos caminhos para se chegar até ela.
Considerações finais: Este trabalho colocou em evidência a necessidade da disseminação de
conhecimentos na pesquisa-ação. Também aponta para a relevância da educação permanente
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
dos profissionais de saúde na temática pesquisa objetivando muni-los de competência para a
aplicação da pesquisa-ação na sua prática diária, enriquecendo as publicações na temática.
Palavras-chave: pesquisa-ação; educação; saúde.
Refêrencias
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. 8ª. ed.
São Paulo: Paz e Terra, 1996, 148p.
GAJARDO, M. Pesquisa participante: propostas e projetos. In: BRANDÃO, Carlos
Rodrigues (Org.). Repensando a pesquisa participante. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 1550.
TRIVINOS, A.N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1990
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32. A VIVÊNCIA DA MATERNIDADE ADOTIVA
Daniel Nogueira Meirelles de Souza11
Fernanda Kimie Tavares Mishima12
Manoel Antônio dos Santos13
Introdução: Os motivos que podem levar um casal ou um indivíduo a adotar uma criança são
diversos. É importante que os futuros pais adotivos saibam discriminar claramente suas
motivações para adotar uma criança, de modo a estarem psicologicamente preparados para a
adoção, evitando assim potenciais entraves no relacionamento futuro com a criança. O
desenvolvimento emocional é uma tendência inata do indivíduo humano. Porém, essa
tendência natural não se realiza na ausência de condições suficientemente boas. Assim, no
início é necessário que exista um ambiente acolhedor das necessidades físicas e afetivas da
criança, e que posteriormente apresente graduais falhas que conduzam à autonomia e
independência. No início da vida, a provisão de um ambiente suficientemente bom para a
maturação emocional é representada pela figura materna, que pode ser a mãe biológica da
criança ou qualquer outra pessoa emocionalmente disponível para acolher as necessidades
desta. O cuidado materno suficientemente bom conduz à maturação emocional, na medida em
que no início haja uma adaptação quase perfeita da mãe às necessidades da criança, e que,
posteriormente, hajam graduais “falhas” nessa adaptação que conduzam a criança à
independência e autonomia (processo de ilusão/desilusão). Se a qualidade do ambiente é
determinante desde os estágios iniciais do desenvolvimento, a questão da adoção se apresenta
como um problema a ser investigado. A natureza do vínculo estabelecido entre pais e filhos
adotivos está sob influência da dinâmica psíquica dos pais adotantes. Partindo dessa premissa,
propomos que a investigação dessa dinâmica psíquica nos auxilia na compreensão dos
vínculos estabelecidos entre pais e filhos, e de suas repercussões no desenvolvimento da vida
familiar.
Objetivos: Em vista das considerações acima desenvolvidas, este trabalho tem como objetivo
explorar aspectos psicológicos de mães adotivas, a partir da experiência terapêutica do caso
de uma mãe atendida em psicoterapia individual de orientação psicanalítica.
Metodologia: Para alcançar o objetivo proposto apresentaremos o caso clínico oriundo de
atendimento realizado com a mãe de duas crianças adotivas, atendida na clínica-escola da
Universidade de São Paulo, campus Ribeirão Preto. O material coletado foi analisado a partir
do referencial psicanalítico de inspiração winnicottiana. Na apresentação e análise dos
aspectos selecionados, foram estruturadas narrativas clínicas nas quais se buscou privilegiar
os excertos de falas e experiências que colocassem em relevo os fenômenos psíquicos
emergentes na relação terapêutica, na perspectiva do psicoterapeuta.
Resultados: Constatou-se que a mãe em tela demonstra dificuldade em atender às
necessidades emocionais dos filhos, não as diferenciando de suas próprias. A relação com os
11
Aluno do curso de graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Estagiário do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde
da FFCLRP-USP (CNPq) no estágio “Suporte Psicológico a Pais e Filhos Adotivos: Abordagem Winnicottiana”.
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Doutoranda em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de
São Paulo (USP). Psicóloga Técnica da FFCLRP-USP, responsável pelo Serviço de Triagem e Atendimento
Infantil e Familiar da Clínica de Psicologia. E-mail: [email protected]
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Docente do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão
Preto - Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). E-mail: [email protected]
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
filhos é, predominantemente, baseada em exigências das instâncias ideais, sobrando pouco
espaço para o reconhecimento e acolhimento das emoções reais. Observou-se que essa
dificuldade se relaciona em parte a uma carência interna no lidar com sua própria realidade
psíquica, o que pode ser trabalhado na psicoterapia. Além disso, a paciente parece ter vivido
experiências que não foram suficientemente boas, no sentido de permitirem a vivência da
transicionalidade, a discriminação de seu mundo interno e externo e o conhecimento de suas
próprias necessidades como distintas das dos outros.
Considerações Finais: Constatou-se que a mãe apresenta dificuldade no exercício da
maternagem, em decorrência de dificuldades na percepção das necessidades afetivas das
crianças. Conclui-se que as dificuldades da mãe são anteriores à adoção e remontam ao seu
próprio processo de desenvolvimento emocional, acarretando perturbações na continência
psíquica das necessidades dos filhos adotivos.Tais aspectos corroboram as idéias de Winnicott
(1990, 1993, 1997) sobre o desenvolvimento emocional, com destaque para o fato de que a
mãe consegue perceber as necessidades dos filhos e se doar afetivamente a eles quando
vivenciou, ela própria, a experiência de provisão ambiental suficientemente boa, sentindo-se
capaz e segura para agir com espontaneidade, buscar a satisfação de suas reais necessidades e
prover afeto aos filhos.
Palavras-chave: adoção, família adotiva, maternagem.
Referências:
LEVINZON, G. K. A adoção na clínica psicanalítica: O trabalho com os pais adotivos.
Mudanças – Psicologia da Saúde, v.14, n.1, p. 24-31, 2006.
LISONDO, A. B. D. Travessia da adoção: A ferida na alma do bebê. Revista Brasileira de
Psicanálise, v. 33, n. 3, p. 495-514, 1999.
PERES, R. S.; SANTOS, M. A. Considerações gerais e orientações práticas acerca do
emprego de estudos de caso na pesquisa científica em Psicologia. Interações, v. 10, n. 20, p.
109-126, 2005.
WINNICOTT, D. W. O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artes Médicas,
1990.
________. Textos selecionados: Da pediatria à psicanálise. Tradução de Jane Russo. Rio de
Janeiro: Francisco Alves, 1993.
________. A família e o desenvolvimento individual. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. São
Paulo: Martins Fontes, 1997.
________. Pensando sobre crianças. Tradução Maria Adriano Veríssimo Veronese. Porto
Alegre: Artes Médicas, 2005.
________. The Child, the Family, and the Outside World. Harmondsworth: Pelican, 1964.
YIN, R. K. Estudo de caso: Planejamento e método. Tradução D. Grassi. Porto Alegre:
Artmed/Bookman, 2005.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
33. “ELE SÓ SABE COMER!”: A PERCEPÇÃO DE MÃES DE CRIANÇAS COM
OBESIDADE
Daniel Nogueira Meirelles de Souza14
Fernanda Kimie Tavares Mishima15
Manoel Antônio dos Santos16
Introdução: A obesidade desponta como um dos maiores problemas de saúde pública do
mundo, tanto em países desenvolvidos quanto naqueles em franco desenvolvimento. Suas
conseqüências físicas e psíquicas são alarmantes e hoje é considerada segunda causa de morte
nos Estados Unidos. Apesar da importância do aspecto emocional envolvido nessa doença, os
estudos se referem, em sua grande maioria, aos aspectos biológicos e genéticos. Juntamente
com tais fatores, torna-se imprescindível considerar o ambiente em que o indivíduo vive,
especialmente o grupo familiar, por meio dos hábitos alimentares e também do
funcionamento psicodinâmico. Como parte importante da obesidade infantil, os pais relatam a
dificuldade em auxiliar os filhos no tratamento, com falta de esperança em relação ao sucesso
e receio de que os filhos sofram preconceito.
Objetivos: Este trabalho traz a experiência de um grupo com mães de crianças obesas, sendo
três delas meninos e três meninas, de idades entre 8 e 12 anos, realizado com diferentes
profissionais (psicólogo, fisioterapeuta e nutricionista).
Metodologia: Houve doze encontros, quatro deles com psicólogo, cujo trabalho será descrito
aqui. Os temas abordados foram: percepção do filho, ideia do tratamento, possibilidades de
auxílio e confiança em si e na criança.
Resultados: Inicialmente as mães se mostraram muito resistentes ao tratamento com os
filhos, alegando que não aguentavam mais o excesso de comida e não sabiam como agir com
eles. Notou-se dificuldade em ver o filho como ele realmente era, caracterizando-o de maneira
preconceituosa, com características como preguiçoso, emburrado, sonolento, nervoso e feio.
Uma das mães disse não conseguir mais olhar para a filha, pois via que ela estava ficando
cada vez mais sem forma. No decorrer do trabalho, as mães foram se sentindo mais capazes
de oferecer ajuda para a criança, vendo-se como de fundamental importância para a
autoimagem dos filhos, transmitindo confiança e esperança. Ao final, perceberam o quanto
cobravam das crianças autonomia e depositavam nelas os fracassos em perder peso. A
percepção dos filhos passou a ser mais real, além disso, entraram em contato com as próprias
cobranças e com o preconceito em torno da doença. Concomitante ao trabalho com a
psicóloga, a fisioterapeuta ofereceu importantes contribuições para auxiliar na realização de
exercícios físicos com as crianças e a nutricionista contribuiu com informações da dieta,
mudando o cardápio de toda a família.
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Aluno do curso de graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Estagiário do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde
da FFCLRP-USP (CNPq) no estágio “Suporte Psicológico a Pais e Filhos Adotivos: Abordagem Winnicottiana”.
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Doutoranda em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de
São Paulo (USP). Psicóloga Técnica da FFCLRP-USP, responsável pelo Serviço de Triagem e Atendimento
Infantil e Familiar da Clínica de Psicologia. E-mail: [email protected]
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Docente do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão
Preto - Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). E-mail: [email protected]
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Considerações Finais: Ao final, o trabalho interdisciplinar com as mães contribui para
oferecer maior confiança e assegurar a importância da participação da família no tratamento
da obesidade infantil.
Palavras-chave: obesidade, criança, mães, tratamento.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
34. AÇÕES EDUCATIVAS JUNTO A PORTADORES DE HIPERTENSÃO
ARTERIAL SISTÊMICA: UMA DISCUSSÃO À LUZ DA DIALOGICIDADE
Mariana Paula de Souza
Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem –
CESUMAR. E-mail: [email protected]
Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera
Enfermeira, Doutora em Ciências, Docente do Departamento de Enfermagem –
DEN/UEM e do Curso de Graduação em Enfermagem – CESUMAR. E-mail:
[email protected]
RESUMO
Afirma-se que é oportuna a abordagem dos profissionais de saúde norteada pelos princípios
da integralidade, com olhar diferenciado visando não apenas a doença, mas principalmente o
indivíduo em sua totalidade. Este olhar requer sensibilidade para perceber a pessoa como
sujeito histórico, social e político, dentro de seu contexto. Neste sentido, o presente trabalho
procurou apresentar o contexto da vivência com a Hipertensão Arterial sistêmica apontando
sua relação com a dialogicidade nas ações educativas. Tratou-se de um estudo de revisão
integrativa que buscou contextualizar a vivência com a HAS e sua relação com a
dialogicidade nas ações educativas. Dessa forma, utilizamos a busca de artigos e livros,
independente do ano de publicação, que pudessem responder à questão do estudo. Fizemos
busca na biblioteca virtual Scielo. Embasamos a relação da HAS com as ações educativas por
meio do referencial educativo de Freire, afirmando que educar para a saúde torna-se uma
prática libertadora que reconstrói a realidade vivida e a torna questionável a tal ponto que a
busca pelo conhecimento se torna parte inerente da sua capacidade criadora. Assim, ao cuidar
de pessoas portadoras de doença crônica - como é a hipertensão arterial – emerge a reflexão
da forma de assistí-las; as atitudes, sentimentos e emoções da pessoa acometida por
hipertensão arterial precisam ser valorizados, conhecidos e apoiados, numa visão que
ultrapassa sua condição biológica e se consolida na valoração da vida. Para atender ao
objetivo proposto, optamos por dividir a reflexão em dois eixos: 1) A Hipertensão Arterial
Sistêmica: contexto e vivências; 2) As ações educativas: reflexões sobre a dialogicidade.
Consideramos, pois, que para haver mudanças na vida de um indivíduo, não basta apenas
alertarmos para os perigos das possíveis complicações que a hipertensão pode causar. Educar
para a saúde vai muito além de informar para a saúde, mas de transformar saberes existente. É
através do dialogo que as transformações ocorrem e não por persuasão ou imposições por
parte dos profissionais, mas pela construção da autonomia e responsabilidade dos indivíduos
no cuidado com a saúde, permitindo que eles decidam qual a melhor forma para cuidar da
saúde.
Palavras-chave: educação; saúde; hipertensão
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35. A EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE NO CURSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL:
UMA DISCUSSÃO NECESSÁRIA
Profª. Ms. Doutoranda Valéria Marta Nonato Fernandes Mokwa
Universidade Paulista Julio de Mesquita (UNESP/Araraquara)
E-mail: [email protected]
Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
E-mail: [email protected]
Este estudo buscou refletir a respeito da Eucação para a Saúde e a importância da abordagem
dessa temática nos cursos de formaçaõ profissional, fundamentando-se em teóricos como
Freire, (1998), Bueno (2001), L'abbate (1999), entre outros que trazema a tona a discussão e
a importância da abordagem teórico-metodológicas adequadas para se estudar esse tema. A
saúde e educação são campos abrangentes, interdisciplinares e de difícil discussão, são temas
que envolvem a política da sociedade. Penetra num cenário de várias expressões e
representações, instigando estudos e investigações por diversas áreas. O binômio
saúde/educação possui qualidades típicas e apresentam compatibilidades na formação e
constituição do ser humano atravessando as práticas educativas em diversos espaços e
cenários. Paulo Freire (1998) verifica em seus estudos que não se trata de reconhecer apenas
as ações e propostas desenvolvidas no interior das instituições escolares, ou nas instituições
de saúde, mas de considerar o processo educacional e o processo de promoção de saúde, como
construção social presente nos diferentes momentos do desenvolvimento humano e que
devem se unir, somar forças para o melhor bem estar biopsicossocial do indivíduo. As
práticas educativas devem envolver a promoção da saúde para prevenção, através de equipe
multidisciplinar no interior da escola, trabalhando em conjunto e com o mesmo objetivo.
Educação para saúde é uma definição mais ampla de um processo que abrange a participação
de várias áreas evidenciando não apenas o risco de adoecer, mas o ser saúdavel na sua
plenitude. Essa noção está baseada em um conceito de saúde ampliado, considerado como um
estado positivo e dinâmico de busca de bem-estar, que integra os aspectos: físico e mental , ou
seja, ausência de doença; ambiental; pessoal/emocional, auto realização pessoal e afetiva e
sócio ecológico, comprometimento com a igualdade social e com a preservação da natureza.
Para tanto, o educador precisa de argumentos epistemológicos que sustentem a sua práxis,
evitando a repetição mecânica e descontextualizada da prática educativa; Há urgente
necessidade de desvelar suas ações possíveis com a convicção de que somente pela prática
repensada será construída esta nova perspectiva educacional que é inacabada e em constante
elaboração, e de fato tão necessária nos tempos modernos pela incoerência dos modelos
tradicionais. Educar para a saúde é uma atividade interdisciplinar que traz grandes benefícios
para a comunidade; modela o pensamento e a capacidade de ação individual e coletiva, por
meio da comunicação e da experiência. Quando educamos, agimos intencionalmente no
indivíduo, preparando-o para pensar e para agir, de forma que ele disponha de um repertório
de representações e de habilidades individuais que o capacitem a se tornar um cidadão
competente da sociedade em que esta inserido (BUENO, 2001). Numa abordagem mais
progressista, educar para a saúde requer, primeiramente, que: se compreenda seu caráter
emancipatório, pois é uma atividade de livre escolha; frequentemente, pode favorecer a saúde
do educando pela sua busca incansável pela qualidade de vida e torna-se, assim, uma prática
libertadora que reconstrói a realidade vivida e a torna questionável a tal ponto que a busca
pelo conhecimento se torna parte inerente da sua capacidade criadora. (FREIRE, 1998).
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Destarte, é importante que os cursos de formação docente disponibilize um espaço para que
os alunos e os docentes reflitam, dialoguem e esclareçam suas dúvidas, a respeito do que seja
Educação para a Saúde, dentro de um contexto amplo, buscando focar o desenvolvimento
humano pleno, contemplando a saúde mental, biológica, emocional e social do indivíduo
(L'ABBATE et al., 1992). É de grande valia, incitar novas pesquisas em relação a temática,
para que possa propiciar debates que contribua com possíveis caminhos para reorientar rumo
à construção de um profissional mais humanizado e centrado na capacidade de multiplicador
nas questões da Educação para Saúde. Na contemporaneidade, visualiza-se urgencia de se
discutir essa temática na sociedade, entre profissionais da educação e da saúde, bem como,
com os educandos. A prática humanizadora profissional no seu processo de formação traz,
aos envolvidos, como conseqüência, um sentido de responsabilidade sobre o corpo, além de
uma melhor contextualização em relação a Educação para Saúde. Sucintamente, a temática
deve estar inserida não somente na formação do profissional e do educador universitário, mas,
numa discussão que vislumbre um ser humano biopsicosocial saudável e feliz, e para tanto, as
universidades devem disponibilizar profissionais capacitados nessa temática, para repensar
juntos aos docentes/discentes a abordagem emancipatória da Educação para a Saúde nos
cursos de formação profissional.
Palavras-chave: Educação para a Saúde; Pedagogia; Formação Docente
Refêrencias
BUENO, S. M. V. Educação preventiva em sexualidade, DST-AIDS e drogas nas escolas
[tese de Livre docência]. Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo; 2001.
FREIRE, P. Educação e mudança. 22ª ed. Rio de Janeiro (RJ): Paz e Terra, 1998.
L'ABBATE, S., 1990. O Direito à Saúde: da Reivindicação à Realização. Projetos de Política
de Saúde em Campinas. Tese de Doutorado, São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.
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36. A ALFABETIZAÇÃO DOS TRABALHADORES RURAIS PELO MÉTODO
PAULO FREIRE
Profª. Maria Luiza Costa - Psicóloga Organizacional-Unifran
E-mail: [email protected]
Doutoranda Vânia Claudia Spoti Caran-Assistente social
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: No contexto histórico e sócio-econômico que estamos vivendo e o perfil do
trabalhador frente às bases tecnológicas do mundo globalizado, a exigência da formação de
um homem autônomo e reflexivo é constante, porém o que encontramos apesar da imposição
do sistema atual ao trabalhador são homens desprovidos de recursos em suas regiões de
origem, onde não são inseridos em nenhum programa que possibilitem a mudança desta
realidade.
Estes homens jovens ou de meia idade chegam ao estado de São Paulo em busca desta
mudança, e acabam formando um exército de mão de obra sem escolaridade absorvidos pelas
usinas de açúcar e álcool da região que ainda não estão totalmente mecanizadas.
Mas com todo contexto social e tecnológico em questão como poderíamos contribuir para
mudança desta realidade?
Em resposta a essa complexa questão o SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e
FAESP (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo) desenvolvem ações de formação
profissional e atividades de Promoção Social voltadas para o homem rural.
Porém para o cumprimento destes objetivos na formação profissional deste trabalhador o
requisito de alfabetização é elementar.
Com o propósito de não deixar de lado essa realidade o SENAR/FAESP lançou o programa
de alfabetização ao homem rural e com a proposta metodológica centrada nos princípios
políticos pedagógicos de Paulo Freire lança um programa em parceria com os Sindicatos
Rurais e Instituições do qual esta ação integrada visam à construção deste homem através da
releitura do mundo do trabalho.
Objetivo: Este artigo visa divulgar um programa de alfabetização destinado aos trabalhadores
rurais, além de nos fazer refletir sobre o contexto sócio-cultural destes homens que no caso
específico do estudo são migrantes do nordeste do país que trabalham na lavoura da cana nas
usinas da região de Ribeirão Preto.
Metodologia: Para este trabalho utilizamos o estudo de caso como recurso para avaliar como
o programa de alfabetização baseado em Paulo Freire pode mudar o contexto sócio-cultural
do homem trabalhador rural , para Gil (1995) o estudo de caso é profundo e exaustivo e tende
a permitir detalhado conhecimento para poucos objetos.Os dados foram colhidos no local de
trabalho do sujeito do estudo realizado em 2009, após o mesmo ter participado do programa
de alfabetização durante um período de 8 meses .
Resultado: O trabalhador S.S, masculino, 24 anos, amaziado, após um período de 8 meses em
sala de aula, nos referiu que seu contexto de vida mudou após seu processo de alfabetização,
escreveu pela primeira vez a primeira carta para sua que residia no Ceará deu notícias,
recebeu, pois lá ainda existem regiões que não tem antenas de celular.
Após conseguir a leitura como relata tirou carta de motorista e passa por processo de mudança
de trabalho pois deixará o corte da cana para ser tratorista , esperava uma mudança de vida
após aprender a leitura mais não achava que seria tão rápida, deposita o mérito ao projeto de
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
alfabetização do qual fez parte e espera que da sala com 17 colegas todos tenham a mesma
oportunidade.
Considerações finais: Segundo Gentili (2004), assistimos hoje, a uma velocidade
historicamente incomum, à profundas mudanças na economia e na sociedade, nos mais
diversos níveis. Tais mudanças, pelas suas características, implicam em alterações
significativas nos sistemas de ensino de todos os países. Exige-se desses sistemas, para que
possa ocorrer uma resposta adequada a essa dinâmica em curso, uma forte capacidade de
adaptação aos aspectos que configuram o essencial da mudança.
Antunes (2006) afirma que a Globalização não é um processo novo. O que vem sendo
amplamente criticado, no sentido de sua superação, é o caráter de exclusão desse tipo de
globalização.
Este contexto nos levou a idealizar o referido estudo com a proposta de demonstrar
que a academia pode alterar uma realidade de vida desde que esteja embasada em uma
proposta pedagógica que vá de encontro a esta realidade
Palavras-chave: trabalhador rural , Paulo Freire , alfabetização.
Refêrencias
ANTUNES, Ricardo.Os Sentidos do Trabalho.São Paulo,5ª.ed.Boitempo,2006.
GENTILI , Pablo. A Cidadania Negada. São Paulo , 3a. ed.
Edit .Cortez , 2004.
GIL, A.C. Métodos e Técnicas de pesquisa Social.São Paulo,4ª.ed.São Paulo:Atlas,1995.
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37. QUALIDADE DE VIDA E DESENVOLVIMENTO HUMANO UMA VIVENCIA
JUNTO AOS ADOLESCENTES
Profª. Maria Luiza Costa - Psicóloga Organizacional-Unifran
E-mail: [email protected]
Doutoranda Vânia Claudia Spoti Caran-Assistente social
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: Este estudo apresenta o relato da experiência de uma equipe multidisciplinar na
área da saúde, sendo dois psicólogos e uma assistente social, em relação ao desenvolvimento
de um projeto voltado para 25 adolescentes com o objetivo da melhoria da qualidade de vida
desta população, através do preparo destes jovens para o mercado de trabalho e
relacionamento humano, cujo instrumento didático é o desenvolvimento de oficinas e
palestras, englobando: motivação, promoção à saúde, qualidade de vida, sexualidade e DST,
artes plásticas, empreendedorismo, informática, marketing pessoal, preservação do meio
ambiente, prevenção ao uso de drogas, cidadania, perfil do profissional atual, relacionamento
interpessoal e auto estima.
Objetivo: Este trabalho tem o propósito de evidenciar uma proposta pedagógica direcionada a
adolescentes que almejam entrar para o contexto do trabalho através de uma formação focada
na construção de sua cidadania.
Metodologia: Este trabalho foi desenvolvido com a proposta pedagógica da dialética onde a
equipe muldicisplinar e os adolescentes constroem uma interação voltada as atividades
educacionais através da dinâmica de grupo, de propostas interativas e não bancarias também
baseadas na teoria metológica de Paulo Freire.
Considerações finais: A adolescência é um período de crise e considerada um processo de
desprendimento/desenvolvimento-que teve seu início com o nascimento, para tornar-se adulto
o adolescente precisa desprender-se de seu mundo infantil, caracterizado por uma relação de
dependência e papéis previamente definidos (Brasil, 1995).
Esse período é de extrema instabilidade, produto da própria situação evolutiva e da interação
do individuo com o meio. A tarefa principal do adolescente é construir um sentido do EU
(identidade) encaminhando-se para a resolução de seu papel sexual e ocupacional (Erikson,
1976).
O contexto no qual a experiência se dá é um projeto formatado em resposta a um pedido
efetuado pelo Conselho da Criança e Adolescente do município de Luiz Antonio, SP no qual
foi identificada uma carência em relação a formação destes jovens, que estando na escola
recebendo sua formação acadêmica, evidenciaram –se diante de pesquisa nas empresas locais,
o despreparo no momento de submeterem-se a entrevistas ou o tempo limitado de
permanência destes no ambiente de trabalho quando contratados.
Diante do exposto, nossa equipe multidisciplinar composta por uma assistente social e dois
psicólogos sendo um deste especializado na área motivacional e outro no trabalho com
adolescentes, criou um projeto voltado a este público, antes já selecionado pelo município,
tendo como critério a realidade socioeconômica, sendo todos oriundos de família de baixa
renda.
Palavras-chave: adolescentes, educação,saúde.
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Refêrencias
Brasil.Estatuto da Criança e do adolescente. Organização, notas remissivas e índices. São
Paulo ,Saraiva, 1995.
Erikson, EH. Identidade, Juventude e crise. 2.Ed.Rio de Janeiro, ZAHAR, 1976.
Gil, A.C. Métodos e Técnicas de pesquisa social, 4 ed.Sao Paulo.atlas,1995.
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38. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA SOBRE EDUCAÇÃO E PEDAGOGIA SOCIAL
Prof. José Geraldo Neves Filho
E-MAIL: [email protected]
Prof. Márcia Regina Garbuglio Neves
E-Mail: [email protected]
Instituto Educacional de Severínia – IES /SP
Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
E-mail: [email protected]
INTRODUCAO: A Pedagogia Social é algo recente e traz grandes contribuições para a
Educação Internacional e particular para a Educação Nacional. Dentro deste aspecto há que se
ressaltar a relevância de Paulo Freire, entre outros, quando se valoriza a democratização, o
processo de humanização, a dialogicidade, a horizontalidade das relações interpessoais, bem
como, o levantamento de problemas no cenário, buscando a solução às dificuldades
encontradas na realidade social, levando-se em consideração a mudança e transformação,
assim como também, a formação de agente social de forma crítica e reflexiva.
OBJETIVO: Sensibilizados e mobilizados com estas questões, temos como objetivo levantar
dados da literatura científica sobre estas questões.
METODOLOGIA: Utilizamos para isto, a pesquisa qualitativa, através de um estudo
descritivo analítico-documental, as bases de dados: LILACS e BIREME, no período de 2000
a 2010, usando como palavras-chave, os termos Pedagogia Social, Educação e Professor. Os
dados foram analisados por categorização e compilados em tabelas.
RESULTADO: Neste estudo, foram consultados livros, teses (Mestrado, Doutorado) e
periódicos/revistas, encontramos 53 publicações, sendo 07 livros; 16 periódicos/revistas; 12
dissertações de mestrados e 18 de Doutorado. Sobre Pedagogia Social teve 15; educação 38;
28 referem Paulo Freire neste sentido. A grande maioria dessas fontes retrata: uma pedagogia
libertadora e problematizadora, sendo essa filosofia uma importante contribuição para que a
educação seja entendida como ação política e potencialmente transformadora da realidade
social. A educação acontece a todo o tempo na relação dos sujeitos uns com os outros, com o
mundo e consigo mesmo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Depreendemos que se trata de uma pedagogia que destaca a
importância do seu valor, histórico, político e sócio-cultural, ressaltando a importância de
transformação, do sentido ético e do aspecto de cidadania solidária, respeitando o direito do
ser humano no processo educativo e humanizado, no sentido de ser mais digno, mais pleno e
mais feliz, com liberdade e autonomia. Essa reflexão não se encerra aqui, é apenas o começo
do caminho que é essencial percorrer na busca por ser mais, portanto, se faz necessário que
estudos dessa natureza sejam realizados, e seus resultados utilizados.
PALAVRAS CHAVES: Pedagogia Social; Educação; Professor.
.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIAS SOBRINHO, José. Avaliação: políticas educacionais e reformas da educação
superior. São Paulo: Cortez, 2003.
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a pratica educativa.
São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
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39. DISLIPIDEMIA ASSOCIADA À TERAPIA ANTIRRETROVIRAL: AVALIAÇÃO
DE FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR
Profª. Drª. Ana Paula Morais Fernades
Docente da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
E-mail: [email protected]
Francielly Maira da Penna Matos
Aluna de Graduação da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP/USP
E-mail: [email protected]
Amanda Silva e Sá
Aluna de Graduação da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP/USP
[email protected]
Camila Agustoni
Aluna de Mestrado da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP/USP
[email protected]
Carla Maria Seconi Momenti
Nutrcionista
[email protected]
Samira Costa de Faria
Aluna de Graduação da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP/USP
[email protected]
Wlaldemir Roberto dos Santos
Educador Físico
[email protected]
Introdução: Uma das iniciativas do Ministério da Saúde desde 1996, para a assistência aos
indivíduos infectados pelo HIV, é o programa de acesso universal aos medicamentos antiretrovirais (ARVs) que, atualmente, beneficia milhares de pacientes, o que vem resultando em
um aumento da sobrevida e uma melhora na qualidade de vida dos pacientes, com diminuição
da ocorrência de infecções oportunistas e das internações hospitalares.
A introdução a terapia antirretroviral altamente ativa (Highly Active Antiretroviral Therapy HAART), causou um enorme impacto positivo na história da infecção pelo HIV e prognóstico
dos seus portadores. Porém, o uso prolongado de ARV, está relacionado a alguns efeitos
colaterais, entre estes, a síndrome da lipodistrofia, que engloba varias alterações anatômicas e
metabólicas. Dentre as alterações metabólicas encontram-se as dislipidemias que são
fortemente associadas ao risco elevado para o surgimento de doenças coronarianas e estão
relacionadas a muitos diagnósticos de hipertensão arterial, aterosclerose e aumento na
incidência de infarto do miocárdio entre pacientes positivos para a infecção pelo HIV,
tratados com a terapia ARV. Além disso, também contribuem para o desenvolvimento de tais
patologias os fatores clássicos de risco cardiovascular como idade, gênero masculino,
tabagismo, hipertensão arterial e diabetes (DUCOBU & PAYEN, 2000; HADIGAN et al,
2001; MANUTHU et al, 2008).
Objetivos: Detectar a presença da dislipidemia, através da identificação de alterações nos
níveis séricos de colesterol e de triglicérides em pacientes portadores da infecção pelo HIV
que estejam recebendo a terapia ARV; associar os ARVs com o desenvolvimento da
dislipidemia e com o tempo de uso para a sua ocorrência; determinar os fatores adicionais de
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
219
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
risco cardiovascular entre portadores do HIV em tratamento antirrretroviral prolongado;
identificar aspectos psicossociais.
Metodologia: Foi realizado um estudo transversal, descritivo na Unidade Especial de Terapia
de Doenças Infecto-contagiosas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Os pacientes foram selecionados segundo
critérios de inclusão: sorologia anti-HIV positiva; de ambos os sexos, adultos, com idade
entre 18 – 65 anos; que estejam recebendo terapia antirretroviral; que apresentem
dislipidemia; e que concordarem em participar do estudo. Foi assinado o termo de
consentimento livre e esclarecido, aplicado um questionário semi-estruturado e realizado
consulta ao prontuário.
Resultados: A coleta de daodos foi realizada com 80 pacientes identificados no serviço que
atendiam à todos os critérios de inclusão. Destes, 76,25% são do sexo masculino, a faixa
etária predominante é de 45 a 50 anos (31,25%); a média do tempo do diagnóstico para
infecção pelo HIV foi de 9, 29 anos e a media de tempo decorrido após início de terapêutica
foi de 9,37 anos; 63,75% das pessoas já trocaram a terapêutica; 62,5% apresentaram níveis
séricos elevados de colesterol, 86,25% de triglicerídeos e 28,75% glicemia elevada. Referente
à dislipidemia, 80% dos pacientes referiram saber alguma maneira de auto cuidado, 40%
relataram associação entre mudanças nos hábitos alimentarem e prática de atividades como
uma medida de auto cuidado. Quanto a outros fatores de rico cardiovasculares, 38,75%
referiram nunca terem fumado, 11,25% desenvolveram diabetes após inicio do uso da terapia
antirretroviral, e 25% hipertensão arterial sistêmica; 50% apresentaram IMC acima do
recomendado; 52,5% afirmaram existir casos de hipertensão na família e 42,5% casos de
diabetes. Quanto aos aspectos psicossociais 50% dos pacientes não desenvolvem algum tipo
de atividade de lazer. Referente a classe de antirretroviral em uso, 49/80 (61,25%) pacientes
estavam recebendo inibidores de protease viral (IP), 77/80 (96,25%) pacientes inibidores da
transcriptase reversa análogo de nucleosídios (ITR-AN), 29/80 (36,25%) pacientes inibidores
da transcriptase reversa não análogos de nucleosídios (ITR-NAN) e 2/80 (2,5%) pacientes
inibidores da integrase (II).
Considerações finais: Os resultados obtidos, podem ser utilizados como diretrizes para a
elaboração de estratégias de assistência de enfermagem, especializada para o cuidado aos
pacientes portadores do HIV-1 sob terapia antirretroviral, para a prevenção do surgimento de
doenças cardiovasculares, uma vez que apontam vários fatores que se interrelacionam para o
desenvolvimento da dislipidemia e potencializam o risco de doenças cardiovasculares. Sendo
assim, o estudo mostra que para um atendimento efetivo destes pacientes é necessário uma
consideração do indivíduo como um todo e uma prestação de assistência integral ao individuo
e no ambiente em que vive.
Palavras-chave: antirretrovirais; dislipidemia; HIV.
Refêrencias
DUCOBU J, PAYEN MC. Lipids and AIDS. Rev Med Brux, 21: 11-17, 2000.
HADIGAN C, MEIGS JB, CORCORAN C, et al. Metabolic abnormalities and
cardiovascular disease risk factors in adults with human immunodeficiency virus
infection and lipodystrophy. Clin Infect Dis, 32: 130-139, 2001.
MANUTHU EM, JOSHI MD, LULE GN, KARARI E. Prevalence of dyslipidemia and
dysglycaemia in HIV infected patients. East Afr Med J, 85(1):10-7, 2008.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
220
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
40.
“ONDE
ACABO,
IDENTIFICAÇÃO
ONDE
PROJETIVA
VOCÊ
NO
COMEÇA?”:
CONTATO
COM
A
VIVÊNCIA
DA
O
PACIENTE
EM
PSICOTERAPIA
Camilla Monti Oliveira17
Érika Arantes de Oliveira18
Manoel Antônio dos Santos19
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP
E-mail: [email protected]
Introdução
A identificação projetiva, termo cunhado pela psicanalista Melanie Klein (SEGAL,
1975), pode ser entendida como uma ferramenta importante na compreensão do
funcionamento psíquico do sujeito na relação com os objetos com os quais ele se relaciona.
Tal conceito pressupõe uma cisão, operada pelo sujeito, entre seus objetos, percebendo-os
como bons ou maus, mas nunca bons e maus.
Na relação terapêutica, este pode ser um instrumento utilizado pelo paciente para
tentar se comunicar com o terapeuta de uma maneira inconsciente (MIJOLLA, 2005). Se bem
assimilado e utilizado pelo terapeuta, pode contribuir para uma melhor compreensão no
processo de contratransferência e, como proposto por Ogden (1992), envolve pensamentos,
emoções e sentimentos, de ambas as partes.
Objetivo
No presente trabalho apresentamos algumas reflexões acerca do uso intenso do recurso
da identificação projetiva por uma paciente atendida em psicoterapia.
Método
Trata-se de um estudo de caso, no qual o caso foi selecionado pelo seu potencial
explanatório do conceito teórico abordado neste estudo: o mecanismo de identificação
projetiva. Escolheu-se uma paciente que recebeu atendimento psicoterápico pelo período de
um ano, ao longo do qual este construto se mostrou um componente relevante no
estabelecimento da relação terapêutica.
17
Psicóloga pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
(FFCLRP-USP). Aprimoranda em Neuropsicologia no Contexto Hospitalar do Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq- HCFMUSP). Membro do
Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde - NEPPS (FFCLRP/CNPq). Av. Bandeirantes, 3900,
Monte Alegre, Ribeirão Preto-SP. E-mail: [email protected]
18
Psicóloga, mestre e doutora em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Psicóloga do Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRPUSP. Membro do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde – NEPPS (FFCLRP/CNPq). E-mail:
[email protected]
19
Professor Doutor do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Líder do Núcleo de Ensino e Pesquisa em
Psicologia da Saúde (FFCLRP/CNPq). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Av. Bandeirantes,
3900, Monte Alegre, Ribeirão Preto-SP. E-mail: [email protected]
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
221
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Levando em consideração que a identificação projetiva pode funcionar como uma
comunicação, dirigida à terapeuta, de partes inconscientes da mente da paciente, observamos
que tais manifestações ocorreram durante diversas sessões de atendimento clinico, quando a
paciente relatava sobre o tempo ou os acontecimentos e a terapeuta experienciava, após a
sessão, sensações físicas de frio, ou então durante o atendimento, sentia-se perdida e distante
da paciente.
Por meio dessas percepções e das interpretações oferecidas à paciente, foi possível à
terapeuta compreender o que a paciente vivenciava e esta pode se sentir acolhida e pode,
então, entrar em contato com seus próprios sentimentos e vivências.
Resultados
A paciente, a quem chamarei de Cecília20, tem 53 anos e, a partir do que se pôde
apreender de sua história, atualmente mora na casa que era de seu pai, já falecido, e divide-a
com o ex-marido, com quem mantém uma relação ambígua, pois convivem “como amigos”,
sem manter relações conjugais.
Cecília tem dois filhos, ambos casados, e com um filho cada. O mais novo deles mora
na casa ao lado da residência da paciente e o filho mais velho mora no mesmo bairro, porém
um pouco mais distante da casa dos pais. Sua família de origem é composta por cinco irmãs,
incluindo Cecília, e um irmão. Seus pais são falecidos. A paciente relata ter um bom convívio
com suas irmãs, que moram próximas a ela.
Cecília procurou o atendimento devido a constantes brigas que havia tendo com o
marido. Relatou, em seu processo de triagem, estar vivenciando o período mais difícil dessa
situação. Referiu situações nas quais houve agressão física da parte dela e agressões verbais
constantes de ambos. Sua preocupação maior, também relatada nessa entrevista, em meio a
fortes sentimentos de ódio, foi a de persistir nas ameaças que vinha fazendo à vida do marido
e, conseqüentemente, colocá-las em prática.
Para ilustrar o processo terapêutico, foram escolhidas duas sessões na qual a terapeuta
pôde experienciar sentimentos e até mesmo sensações físicas, logo após o término do
atendimento. Essas manifestações estão relacionadas ao conceito de identificação projetiva.
Ao se refletir sobre o processo terapêutico da paciente, pôde-se perceber que o uso que
ela fazia da identificação projetiva era marcado e intenso. Assim, no início desse processo, foi
difícil para a própria terapeuta diferenciar-se, muitas vezes, do que era trazido por ela.
Mediante o trabalho de auto-análise, fortalecido pelas supervisões, foi possível à terapeuta
perceber a ação dos mecanismos defensivos e, a partir de então, se perceber como aceitando
partes expulsas da mente da paciente.
Nesse sentido, é importante destacar a importância do processo de supervisão e do
olhar diferenciado do supervisor, não só no sentido deste poder oferecer um outro olhar sobre
o que ocorreu durante as sessões, mas também deste possuir experiência, conhecimento e
formação teórico-prática. Essa possibilidade contribui de modo significativo para que um
outro olhar possa identificar aspectos e situações que a terapeuta iniciante por si só, algumas
vezes não é capaz de perceber, e que, nesse caso, foram experienciados como se fossem
sentimentos e sensações da própria terapeuta.
Considerações finais
Cabe destacar no caso clínico investigado a importância da identificação projetiva
como um mecanismo que influenciou, em muitos momentos, a construção e o
estabelecimento da relação terapêutica. Apesar de constituir um mecanismo mais primitivo, se
20
Para preservar a identidade da paciente no decorrer deste trabalho serão utilizados nomes fictícios.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
222
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
houver um manejo adequado da situação, pode se tornar um instrumento para a comunicação
na relação terapêutica. Ao final do processo, a paciente foi capaz de utilizar-se de outras
defesas para se comunicar com a terapeuta, visto que a aliança entre elas havia sido bem
estabelecida e foi capaz de se colocar diretamente na relação.
Palavras-chave: identificação projetiva, relação terapêutica, psicanálise
Referências
MIJOLLA, A. Dicionário internacional da Psicanálise. Rio de Janeiro: Imago, 2005.
OGDEN, T. H. Projective identification and psychotherapeutic technique. London:
Karnac, 1992.
SEGAL, H. Introdução à obra de Melanie Klein. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
223
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
41. A “SALA PRECISA”: CONSTRUINDO O ESPAÇO TERAPÊUTICO
Camilla Monti Oliveira21
Érika Arantes de Oliveira22
Manoel Antônio dos Santos23
Faculdade de Filosofia,Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP
E-mail: [email protected]
Introdução
No presente trabalho são apresentadas algumas reflexões acerca da construção do
espaço psicoterapêutico, a partir do reconhecimento das necessidades subjetivas de quem
busca ajuda profissional para lidar com seus problemas emocionais.
Para empreender essa reflexão teórica, parte-se de uma metáfora extraída de uma obra
de ficção (as aventuras do aprendiz de bruxo Harry Potter). Trata-se da sala precisa, um
vestíbulo presente no universo ficcional criado nos livros de Rowling (2001). Nesse contexto,
é uma sala que aparece para quem está necessitando de encontrar um lugar especial. Neste
estudo, propõe-se compreender o enquadre psicoterapêutico como um lugar especial, que é
construído pela dupla paciente-terapeuta no decorrer do processo de busca do
autoconhecimento.
Ao buscar a psicoterapia, a pessoa (cliente) apresenta algum tipo de sofrimento
psíquico. Para acolher a necessidade dessa pessoa, será necessário que o psicoterapeuta se
proponha a construir junto com ela o espaço terapêutico. O pressuposto que sustentamos neste
trabalho é o de que a construção do enquadre (ou setting) terapêutico deve se dar como uma
“sala precisa”. Ou seja, como um espaço que é constituído na relação da dupla, porém só
aparece e se configura a partir das necessidades de quem o procura e consegue encontrá-lo.
Pastori (2003) aponta que, em um primeiro momento, ao chegar na psicoterapia, o
paciente pode se sentir desconfiado frente à nova situação e à pessoa que o acolhe: o
psicoterapeuta. Nesse momento inaugural, a sensibilidade do psicoterapeuta para detectar as
necessidades do cliente é decisiva para que as ansiedades persecutórias possam ser acolhidas e
mitigadas, possibilitando que o vínculo terapêutico seja instalado. Nesse sentido, durantes as
primeiras sessões, a capacidade do terapeuta mostrar-se presente e disponível para o contato é
um requisito imprescindível para o estalecimento e manutenção do setting, na medida em que
fornece ao cliente a confiança e acolhimento necessários para que ele se sinta ajudado
(SOUZA, TEIXEIRA, 2004).
Objetivo
21
Psicóloga pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
(FFCLRP-USP). Aprimoranda em Neuropsicologia no Contexto Hospitalar do Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq- HCFMUSP). Membro do
Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde - NEPPS (FFCLRP/CNPq). Av. Bandeirantes, 3900,
Monte Alegre, Ribeirão Preto-SP. E-mail: [email protected]
22
Psicóloga, mestre e doutora em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Psicóloga do Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRPUSP. Membro do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde – NEPPS (FFCLRP/CNPq). E-mail:
[email protected]
23
Professor Doutor do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Líder do Núcleo de Ensino e Pesquisa em
Psicologia da Saúde (FFCLRP/CNPq). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Av. Bandeirantes,
3900, Monte Alegre, Ribeirão Preto-SP. E-mail: [email protected]
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
224
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Apresentar reflexões acerca da construção do espaço psicoterapêutico, a partir das
necessidades identificadas pela terapeuta em um cliente que busca ajuda profissional para
lidar com seus problemas emocionais. Busca-se entender a construção do espaço terapêutico
como uma sala precisa, na qual tal espaço é construído, e aparece e se configura a partir das
necessidades de quem o procura.
Método
Trata-se de um estudo de caso. Relata-se o trabalho terapêutico desenvolvido com
Jonas, 29 anos, durante um ano, com duas sessões semanais, supervisionadas por profissionais
da área, seguindo-se uma orientação psicanalítica.
Resultados e Discussão
O atendimento relatado neste trabalho ocorreu no período de março a dezembro de
2009, no contexto de uma clínica-escola de Psicologia de uma cidade do interior paulista. O
atendimento estava inserido na disciplina-estágio Psicoterapia de Orientação Psicanalítica e
consistia em duas sessões semanais de 50 minutos, totalizando 47 sessões. Foram utilizadas as
notas do diário de campo da terapeuta, no qual eram registrados excertos de sessões, assim
como as impressões e sentimentos mobilizados.
Nas primeiras sessões de terapia Jonas se questionava e também interpelava a
terapeuta sobre o trabalho ali realizado. O que era fortemente notado pela terapeuta era a
preocupação de Jonas em ser aceito, bem como sua busca por adequar-se a algum padrão.
Com o decorrer dos atendimentos, ele foi capaz de perceber que não havia um manual, nem
um modo correto de se estar junto na sessão de psicoterapia.
Durante a construção da sala precisa, foi possível a Jonas questionar a terapeuta não
somente sobre o modo como esta “deveria ser”, mas também uma busca por quem ela deveria
ser naquele contexto novo para ele.
Jonas intitulava as sessões de atendimento de “consultas” e esperava uma atitude mais
ativa por parte da terapeuta, questionando-a sobre orientações específicas. Em um primeiro
momento, poderíamos pensar que o paciente encontrou a sala, seu local terapêutico, porém,
não sabia exatamente como havia chegado ali.
Com o decorrer dos atendimentos, foi capaz de se perceber na relação terapêutica,
assim como descobrir que aquele espaço existia a partir do momento em que ele e sua
terapeuta se encontravam e se mostravam dispostos a tal. Devido a questões profissionais,
Jonas precisava mudar seus horários constantemente, o que exigiu flexibilidade por parte de
sua terapeuta. Esse aspecto se mostrou como facilitador da possibilidade do encontro da sala
precisa por Jonas quando lhe era necessário.
Considerações Finais
Por apreciar literatura, Jonas trouxe para a terapia o paralelo entre ter sessões e a Sala
Precisa, sinalizando que o espaço terapêutico e o estabelecimento do setting podem ocorrer de
diversas maneiras, mas que, para que aconteça, é necessário ter um terapeuta disposto e que
seja capaz de aparecer de acordo com as necessidades do paciente, assim como é necessário
que esse esteja disposto a buscar este lugar de encontro consigo mesmo.
Palavras-chave: setting, espaço terapêutico, psicanálise
Referências
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
225
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
PASTORI, S. S. O lugar do analista. Pulsional: Revista de Psicanálise, São Paulo, v. 16, n.
168, 2003, p. 82-87.
ROWLING, J. K.. Harry Potter e o cálice de fogo. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.
SOUZA, M. M., TEIXEIRA, R. P. O que é ser um “bom” psicoterapeuta? Aletheia, v. 20, p.
45-54, 2004.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
226
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
42.
PROGRAMA
DE
INOVAÇÃO
DE
ESTRATÉGIAS
EDUCATIVAS
NA
CONDUÇÃO DE OFICINAS JUNTO A GESTANTES E PUÉRPERAS NA MATER
Marina Dal Ponte
Profª. Drª. Ana Márcia Spanó Nakano
Profª. Drª. Flávia Azevedo Gomes
Introdução: Promoção de saúde é definida, pela carta de Ottawa, como “o processo de
oferecer à população a capacidade de incrementar o controle sobre sua saúde e de melhorála”. Frederico afirma que promoção de saúde é o processo no qual viabiliza a população
avaliar a qualidade de vida que está disponível a ela e agir para conseguir buscar cada vez
mais saúde. Podemos dizer que a prática da educação em saúde consiste em uma importante
maneira de proporcionar ao indivíduo o conhecimento e a autonomia necessários para a
obtenção da saúde e a busca pelo bem-estar. Como bolsista do Programa Aprender com
Cultura e Extensão, inserida no projeto “Programa de inovação de estratégias educativas na
condução de oficinas junto a gestantes e puérperas na MATER” realizamos a elaboração deste
material didático com o intuito de utilizar de dinâmicas mais producentes em termos de
transmitir informações que façam sentido para as mulheres em suas vivências no ciclo
gravídico-puerperal e particularmente na amamentação, foco de nossa proposta de estudo, é
de extrema relevância para o contexto dos cursos realizados no Centro de Referência de
Saúde da Mulher, como estratégia que facilite a atuação do profissional de saúde como
educador e mobilize um maior interesse das mulheres em participar dos encontros
Objetivo: Desenvolver um recurso didático dentro dos preceitos da educação participativa
sobre o tema amamentação.
Metodologia: Tendo por fundamento teórico a educação participativa, foi desenvolvido um
jogo educativo que contemple conteúdos sobre o aleitamento materno, os quais foram
alicerçados na revisão da literatura científica sobre o assunto, nas recomendações dos manuais
do Ministério da Saúde bem como, nas necessidades apresentadas pelas mulheres frente a
amamentação no cotidiano da assistência.
Resultado: Para elaboração do referido jogo foi construído um conjunto de questões e suas
respectivas respostas sobre o tema amamentação, levando-se em consideração o uso de termos
de fácil compreensão pela clientela alvo e ao mesmo tempo, com conteúdos embasados em
evidências científicas. Partindo de alguns modelos de jogos sorte, memória entre outros
convencionais, é que foram construídas as regras para o jogo que possibilite uma dinâmica em
que os jogadores são estimulados a participarem compartilhando com o grupo suas opiniões,
experiências e conhecimento sobre o tema de uma forma dialogada com os participantes do
jogo e com o profissional de saúde coordenador do grupo.
Considerações finais: O desenvolvimento do material didático teve não só importância para os
profissionais que realizam os cursos mas também, para os usuários do serviço.Vale ressaltar a
relevância para a bolsista que o elaborou, pois proporcionou oportunidade de busca e reflexão
sobre materiais educativos e de metodologias participativas que podem ser aplicadas no
cotidiano de assistência à saúde.
Palavras-chave: educação; saúde; aleitamento materno.
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227
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Referências
FREDERICO, P.; FONSECA, L.M.M.; NICODEMO, A.M.C. Atividade educativa no
alojamento conjunto: relato de experiência. Rev.latino am.enfermagem, Ribeirão Preto,
v.8, n.4. 2000.
STEFANELLO, J.; NAKANO, A. M. S. ; GOMES, F. A. Crenças e tabus relacionados ao
cuidado no pós-parto: o significado para um grupo de mulheres. Acta paul. enferm. 2008,
vol.2
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
228
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
43. CONHECENDO O CONTEXTO ESCOLAR
Fernanda Cantão, email: [email protected] 1
Vanessa Claudino Leite, email: [email protected]
Barbra Casarin, email:[email protected]
Profª. Drª. Sonia Maria Villela Bueno, email: [email protected]
1
Graduandos do Curso de Licenciatura em Enfermagem da Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto- EERP/USP;
2
Professora Doutora da EERP-USP
Introdução: Conhecer o contexto escolar ao qual realizaremos estágio Supervisionado em
Educação Basica permite uma formação mais sólida, baseada na realidade vivenciada.
Objetivo: Identificar os temas a serem abordados ao decorrer do estágio e conhecer a escola
para assim realizar a educação em saúde. Metodologia: Identificação dos temas através de
conversas com os professores e através das dúvidas dos alunos coletadas através de uma
“caixa de dúvidas”. Resultado: A Escola Estadual esta localizado na Vila Albertina, possui
544 alunos matriculados. Fisicamente é dividida em três blocos: no primeiro e segundo blocos
estão 12 salas de aula, no terceiro bloco esta localizado a administração Os temas
problematizados a serem abordados são: Sexualidade, DST e AIDS, Drogas, Nutrição,
Importância da atividade física e meio ambiente. Considerações finais: Identificar os temas e
conhecer a escola permitirá promover estações e oficinas para os alunos da educação básica
com objetivo de alcançar a promoção e proteção da saúde.
Palavras-chave: educação basica.
Referênicas:
Bordenave, JD e PEREIRA, AM. Estratégias de ensino-aprendizagem. Rio de Janeiro:
Petrópolis; 1933
Brasil. Ministério da Saúde. Política nacional de promoção à saúde. Brasília: Ministério da
Saúde, 2006. (Série B. Textos Básicos de Saúde).
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e
quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC, 1998.
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44. COMO CATEGORIZAR UMA ESCOLA: TAREFA DA LICENCIATURA
Josilene Fioravanti dos Santos1
[email protected]
Pâmela Caroline Gil de Toledo1
[email protected]
Vanessa Lopes de Aragão1
[email protected]
Sônia Maria de Vilela Bueno2
[email protected]
1
Licenciandas em Enfermagem - EERP/USP; 2Profª Drª do DEPCH- EERP/USP
Caracterização da escola: A Escola Estadual analisada oferece o Ensino Fundamental Ciclo
I, sendo que no período da manhã estão disponíveis sete classes, três da 3ª. série e quatro da
4ª. série. No período da tarde estão disponíveis seis classes, duas do 1° ano, duas do 2° ano e
duas do 3° ano. O número total de alunos na escola é de 311.
Caracterização da comunidade: O bairro na qual a escola está inserida distancia-se cerca de
4 Km do centro da cidade, possui água encanada, ruas asfaltadas, energia elétrica e
saneamento básico. As casas são da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano –
CDHU, sendo que no mesmo bairro encontram-se diferentes níveis de moradias.
Identificação da população: Uma grande parte dos alunos é composta por crianças carentes,
que passam um período na escola e outro em casa, na maioria das vezes sozinhas, pois os seus
pais trabalham fora o dia todo. A família dos alunos é composta por trabalhadores de baixa
renda, alguns alunos não convivem com os pais e muitos não possuem apoio familiar. É
notado pouco interesse por parte dos responsáveis em acompanhar a vida escolar do aluno.
Estrutura física: Uma secretaria, uma sala para diretoria, uma sala de professor, uma sala
para o professor coordenador, uma sala de informática, um sanitário feminino e um masculino
para os funcionários, uma cozinha, uma dispensa, um refeitório, um pátio coberto, uma
quadra de esportes coberta, uma área livre gramada, jardim, área de estacionamento, uma
biblioteca e sete salas de aula.
Recursos Materiais: A escola possui uma televisão 29’, uma televisão 20’, um DVD, um
microsystem, uma caixa amplificada, treze computadores, acervo de biblioteca e mapas, duas
linhas telefônicas, uma máquina fotográfica digital, uma máquina de escrever e dois
retroprojetores.
Recursos Humanos: São funcionários da escola: diretora, vice-diretor, coordenadora, três
assistentes administrativos, quinze professores, três professores de educação física, dois
professores de artes, uma merendeira, um auxiliar de cozinha e duas higienizadoras.
Projeto Político Pedagógico: O Plano de Gestão da escola foi aprovado em dezembro de
2007 com validade de quatro anos. A Proposta Pedagógica da escola é a valorização e o
respeito a cada um, buscando alternativas para proporcionar o desenvolvimento cognitivo e
comportamental dos alunos segundo seu próprio ritmo, garantindo-lhes a formação básica
indispensável para o prosseguimento de estudos, bem como para o exercício da cidadania. A
escola tem como objetivo formar o ser humano consciente, integrado, criticamente à
sociedade em que vive. Muitos dos projetos contidos no PPP estão voltados para alunos do
Ciclo II do Ensino Fundamental, logo não estão sendo aplicados e os poucos projetos voltados
para alunos do Ciclo I não são abordados efetivamente, apenas o Projeto Merenda Escolar que
visa conscientizar os alunos sobre a importância dos alimentos.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
230
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Recursos disponíveis da comunidade: Na comunidade, a Estratégia Saúde da Família está
em ação desde novembro de 2007 e um ano mais tarde, em dezembro de 2008, se transformou
em uma Unidade Básica de Saúde devido ao crescimento rápido da população, atendendo
cerca de 10.000 habitantes dos bairros Jardim Paiva I, Jardim Paiva II e Dr. Paulo Gomes
Romeo. Embora a ESF esteja bem estruturada, não é suficiente para atender toda a população
que ela abrange por isso algumas famílias ainda não recebem visitas dos agentes
comunitários. Além disso, a estrutura da UBS não comporta toda a população, gerando
demora no agendamento de consultas. A UBS não desenvolve nenhuma atividade em
conjunto com a escola, mas desenvolve ações de Educação em Saúde, Escovação Assistida,
Grupo de Artesanato, Terapia Comunitária, Grupo de Gestante e Planejamento Familiar em
parceria com o grupo PET Saúde da Universidade de São Paulo. A comunidade conta ainda
com a E.E. Jardim Paiva II inaugurada em janeiro de 2010, que oferece o Ciclo II do Ensino
Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos. Possui uma EMEI que oferece
creche e Ciclo I do Ensino Fundamental, um Centro Social e Igrejas. Há fácil acesso de linha
de ônibus no bairro para o centro da cidade.
Considerações finais: A caracterização da escola nos permite conhecer o espaço em que ela
está inserida, o perfil populacional, a contribuição social para a comunidade e a interação com
a Unidade Básica de Saúde, fatores imprescindíveis para a identificação das necessidades da
população de forma a subsidiar o planejamento e execução de atividades educativas na escola.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
231
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
45. SAÚDE E ESCOLA: AÇÕES INTERSETORIAIS
ARAÚJO, A. M. BUENO, S. M. V.
A implementação de políticas de promoção e prevenção à saúde do adolescente necessita
articulação e apoio mútuo de diferentes setores e instâncias da sociedade. Partindo dessa
premissa a presente pesquisa tem como foco principal a acolhimento ao adolescente, através
do estudo da sexualidade e temas relacionados a ela, envolvendo o jovem escolar do ensino
fundamental. Sabemos que a adolescência é uma faixa etária de grande vulnerabilidade pelas
características próprias da idade; pela inexperiência que os jovens adolescentes têm de lidar
com seus próprios sentimentos e com o sentimento do parceiro; por, nem sempre, possuírem
as habilidades necessárias para a tomada de decisões. Através da parceria da escola com o
setor saúde nossa finalidade foi promover e fortalecer a participação ativa entre professores,
profissionais da saúde e comunidade em busca de uma melhor qualidade de vida, para que o
município não invista mais em doenças. Neste estudo optamos por uma pesquisa qualitativa,
mediatizada pela Pesquisa-Ação, tendo como objetivo principal descrever o processo de
intervenção do profissional de saúde pública em uma escola municipal de Jaboticabal,
seguindo com, planejar uma ação local integrada entre saúde e educação e utilizar o espaço
escolar para a articulação das políticas voltadas para adolescentes e jovens, mediante a
participação dos sujeitos desse processo: estudantes, famílias, educadores e profissionais da
saúde. A sexualidade é um assunto que envolve não só os profissionais de saúde, mas todos os
setores da sociedade, por ter a influência diretamente nos indivíduos, desde ao nascer até o
envelhecer. Desta forma, através da intersetorialidade possibilitou o profissional da saúde
entrar em contato com um novo ambiente e com profissionais de outras áreas, permitindo uma
visão mais ampla e mais atual da saúde.
Palavras-Chaves: sexualidade, adolescência, educação em saúde
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
46. COMER OU ROUBAR? O DESAMPARO VIVENCIADO POR UMA CRIANÇA
OBESA
Carolina Mendes Cruz Ferreira
Fernanda Kimie Tavares Mishima
Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras – FFCLRP/USP
E-mail: [email protected]; [email protected]
Introdução: Uma das patologias mais graves atualmente é a obesidade infantil, que tem
atingido índices alarmantes, acarretando sérios problemas de saúde pública. Esta doença é
considerada multifatorial, contudo, seus aspectos fisiológicos são abordados com maior
frequência, em detrimento dos psicológicos, que são marcadamente reconhecidos nas
consequências psíquicas geradas pela patologia. Winnicott (2000) enfatiza que o apetite está
ligado à defesa contra a ansiedade e a depressão. Nesse sentido, o vínculo mãe (ambiente) e
filho é considerado um dos principais aspectos emocionais causadores da alta ingestão
alimentar, já que é a figura materna a primeira fonte de alimentação da criança.
Objetivo: De posse de tais considerações acerca dos problemas de alimentação da criança,
este trabalho tem como objetivo apresentar um caso clínico de uma criança de 3 anos e 7
meses de idade, com obesidade infantil e comportamentos antissociais. Assim, buscar-se-á
compreender se essas são condutas manifestas representativas de formas diferentes da mesma
dificuldade.
Metodologia: Para alcançar o objetivo proposto, adotou-se uma abordagem qualitativa de
pesquisa, a partir do referencial metodológico de estudo de caso. Segundo Yin (2005) o
estudo de caso é uma estratégia de pesquisa que permite investigar eventos a partir de
intervenções no contexto de vida real em que os fatos acontecem. Os dados coletados foram
sistematizados e analisados a partir do princípio da livre inspeção (Trinca, 1984), segundo
referencial psicanalítico winnicottiano.
Resultado: No contato inicial com os pais da criança, sua mãe relatou que a gravidez foi
desejada. Porém, na sequência, ela afirmou que, após o nascimento do filho, houve um
distanciamento afetivo do casal parental. Tal aspecto foi elucidado, sobretudo, diante da
dificuldade de diálogo entre o casal, que, com isso, acabou usando a criança como
intermediador das conversas. Esse papel imposto à criança, acaba por suscitar grande
demanda de energia, concomitante a uma preocupação excessiva da criança e
responsabilização por manter a união familiar. É possível pensar em falhas na vivência do
processo de desilusão, o que impediu que a criança entrasse em contato com seus limites e
com o mundo compartilhado. A falta de conhecimento do mundo intrapsíquico gera
dificuldades da criança em reconhecer suas necessidades reais, uma vez que elas acabam por
se confundir com as necessidades da família. Tal experiência faz com que a criança sinta
intensa angústia e desamparo no contato interpessoal. Na tentativa de amenizar tais
sentimentos, ela recorre a dois tipos de mecanismos de defesa: a busca por algo concreto do
mundo externo (o alimento) ou ainda a agressividade em relação a tudo que vem do outro
(comportamento na escola, birra, socos). Tais mecanismos acontecem no intuito de suprir o
vazio afetivo, decorrente da falta de holding proporcionado por um ambiente suficientemente
bom. Ao recorrer a tais comportamentos, a criança tem como única maneira de se relacionar
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233
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com o mundo externo e social, a concretude, tanto pela ingestão alimentar, como pela
destrutividade dirigida ao outro.
Considerações finais: No caso clínico apresentado foi possível perceber falhas intensas no
fornecimento de holding, em decorrência da vivência de um ambiente familiar
insuficientemente bom. Como o ambiente familiar não foi capaz de suprir as necessidades da
criança, há dificuldades em atingir a posição depressiva ou estado de preocupação (concern),
além de comprometer o desenvolvimento de um sentimento de culpa pessoal. A criança é
capaz de expressar essa falta de diferentes maneiras, sendo a sofreguidão, o comer
compulsivo, uma delas. A pouca elaboração da fantasia e falta de diferenciação entre mundo
interno e externo pode levar a um prejuízo do pensamento, acarretando dificuldade de
aprendizagem, que pode estar relacionada a uma conduta antissocial. De maneira geral, é
possível pensar que a dinâmica da compulsão alimentar é semelhante ao comportamento de
uma criança que apresenta tendência antissocial, sobretudo pela busca de limites, de apoio e
segurança do meio externo, no intuito de conter a ausência afetiva interna e recuperar o que
lhe foi retirado de maneira brusca.
Palavras-chave: Obesidade infantil, alimento, tendência antissocial.
Refêrencias
TRINCA, W. Diagnóstico psicológico: a prática clínica. São Paulo: EPU, 1984. 124p.
WINNICOTT, D. W. Da pediatria à psicanálise. Tradução Davy Bogolometz. Rio de
Janeiro: Imago, 2000. 455p.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e método. Tradução Daniel Grassi. Porto Alegre:
Bookman, 2005. 207p.
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47. EDUCAÇÃO E FRACASSO ESCOLAR: DESENVOLVIMENTO DE UMA
PESQUISA-AÇÃO BASEADA EM FREIRE E THIOLLENT
LUCIANO GONÇALVES TEODORO
Professor da rede Municipal de Ensino de Pontal
e-mail: [email protected]
PROFª. DRª. SONIA MARIA VILLELA BUENO
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
E-mail: [email protected]
Introdução: O desafio posto à educação brasileira é a de problematizar, interpretar e
buscar saídas às dificuldades de aprendizagem dos alunos tendo em vista a reflexão que
precisa ser feita sobre práticas e metodologias adotadas no ambiente escolar. Uma questão a
ser considerada é que a escola passou por uma transformação gritante na sua função social e
hoje está sem identidade. Se antes era o único local de acesso ao conhecimento produzido
historicamente pela humanidade, e o professor o único responsável por essa transmissão,
atualmente o conhecimento encontra-se facilmente na internet. Antigamente, o acesso ao
conhecimento estava restrito ao horário escolar; hoje, a televisão e a internet nos
bombardeiam 24 horas por dia sobre o que acontece pelo mundo, sem contar nos avanços nas
diversas áreas do conhecimento.
As dificuldades de aprendizagem são uma constante em alguns ambientes escolares,
as dificuldades apresentadas pelos alunos em classe refletem dificuldades do ambiente escolar
pois, em situações fora desse ambiente, as crianças quando motivadas conseguem ter uma
aprendizagem significativa. Queixas comumente relatadas pelos professores exigem o
encaminhamento do aluno para especialistas. Agindo assim, acreditamos que nossos
professores abrem mão da especificidade docente – do domínio de um corpo de saberes
próprios para o exercício da profissão – e se desresponsabilizam pelo processo ensinoaprendizagem, que é algo da prática docente e papel social da instituição denominada escola.
Ao incorporar o discurso extra-escola os profissionais da educação aceitam a hegemonia das
diversas áreas do conhecimento sobre sua prática, isto é, acreditamos que o professor tenha
sua teoria sobre o ensino e isso interage no modo como ele realiza sua prática pedagógica,
processo que começa na formação e continua em sua trajetória profissional.
Objetivo: Identificar com os professores o significado que eles atribuem para o
fracasso escolar, buscando as concepções pedagógicas e as metodologias de ensino
comumente utilizadas em sala de aula.
Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo, de natureza exploratória,
uma vez que pretendemos conhecer a dimensão do problema, resgatando o pensamento do
professor nesse sentido, procurando problematizar e desenvolver ações que orientem a prática
docente em sala de aula.
Resultado: A universalização do ensino regular para os alunos em idade escolar já
está garantida. A literatura aponta que a democratização do acesso a educação passa pela
qualidade do ensino que é ofertado aos nossos alunos; assim como pela garantia de condições
de entrada e permanência, para que nossas crianças não tenham desempenho e trajetória
escolar insatisfatórios.
Alguns estudos apontam três categorias, dentre outras, para justificar o fracasso
escolar: a) estrutura organizacional, b) planejamento pedagógico e c) disciplina escolar. Os
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três pontos acima apontam o aluno e sua família como responsáveis pelo fracasso de nossas
crianças, e isso desresponsabiliza a escola do seu papel de instruí-lo ao mesmo tempo que não
compreende o fracasso escolar como sendo multicausal e complexo.
A literatura aponta, também, outros aspectos que viraram clichê na boca de nossos
professores: o aluno chega à escola com alguma deficiência e sendo portador de baixo capital
cultural. Assim sendo, mais do que dar voz aos nossos docentes para que a partir de suas
vivências e experiências possamos compreender o fenômeno do fracasso escolar faz-se
necessário entender o fracasso como tendo ritmo e momento diverso dos demais alunos que
estão no ambiente escolar.
Considerações finais: Faz-se necessário discutir a formação do professor para lidar
com o fracasso escolar do aluno, pois o fracasso funciona como segregador do aluno frente ao
seu grupo de amigos. Pensando nisso, precisamos olhar nosso aluno de maneira holística e
não fragmentada, isto é, sair do que falta – que caracteriza a não aprendizagem – para
atuarmos no que facilita a aprendizagem desse aluno. A questão posta é que cada aluno
aprende a seu tempo e sua maneira, o que requer do professor tempo e preparo para o
desenvolvimento de atividades para que o aluno descubra e trabalhe suas potencialidades de
forma mais digna, cidadã, solidária e ética.
Palavras-chave: fracasso escolar; professor; aluno.
Refêrencias:
BUENO, S. M. V. Educação Preventiva em sexualidade, DST-AIDS e drogas nas escolas.
Ribeirão Preto; 2001. Tese (Livre-docência) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2001.
PATTO, M. H. S. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. São
Paulo: T. A. Queiroz, 1993.
THIOLLENT, R. P. Metodologia da pesquisa-ação. 3ª ed. São Paulo: Cortez/Autores
Associados, 1986.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
48. ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE EM
ESCOLARES
Danila Perpétua Moreira, Gislaine Andresa Baltazar, Vivian Libório de Sousa Silva¹,
Sonia Maria Villela Bueno²
¹ alunas do 4º ano do Curso de Licenciatura em Enfermagem da Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto - EERP/USP, Professora Doutora do curso.
E-mail: [email protected]
Resumo
Em “Estágio Supervisionado em Promoção da Saúde em Educação Básica” juntamente com a
disciplina “Didática III”, nós alunas de graduação do 4º ano de Licenciatura em Enfermagem
estamos desenvolvendo um projeto, que visa a promoção de saúde em escolares, de uma
escola da rede pública no município de Ribeirão Preto. O primeiro contato com a escola
serviu para o reconhecimento do território em que a escola está inserida, identificação dos
sujeitos envolvidos com esta e para desenvolvimento de diagnósticos da atual condição dos
alunos frente a sua saúde. Os diagnósticos foram levantados através de conversa com a
diretora, coordenadora, educadores e inspetores de alunos; observação das aulas e lazer dos
alunos durante os intervalos; e leitura do Projeto Político Pedagógico (PPP). Contudo, os
alunos apresentam carência em vários aspectos, pois muitos não possuem família estruturada;
apresentam baixa renda familiar; fazem uso abusivo de drogas, ou seus familiares; residem
em bairros com altos índices de violência, entre outros. Frente ao nosso levantamento
fizemos uma proposta de plano para o seguimento do estágio, com objetivos específicos e
temáticas a serem abordadas. A direção avaliou a proposta e demonstrou satisfação. Pudemos
perceber o quão era necessário uma intervenção naquele ambiente escolar visto os intensos
desvios comportamentais, indisciplina, desrespeito, manifestações de violência verbal e física.
Aspectos estes que não propiciam um ambiente favorável a promoção da saúde. Atualmente,
fazemos oficinas que abordam as principais temáticas, nas quais, permeiam o cotidiano de um
adolescente. Esperamos que ao término seja possível observar o comprometimento social dos
alunos através de comportamentos favoráveis ao convívio social e também através de relatos
frente às mudanças.
Introdução: O período da adolescência compreende várias mudanças, que caracterizam a
transição entre a infância e a idade adulta. Ocorrem mudanças hormonais, crescimento físico,
competência cognitiva e social, autonomia e auto-estima. Juntamente, surgem as dificuldades.
É comum nessa fase as meninas sofrerem distúrbios de imagem devido as mudanças físicas
que ocorrem no corpo como o aumento de peso e deposição de gordura no quadril, algumas
envergonham-se com o aumento dos seios; já os meninos são magros e muitas vezes
desengonçados pelo aumento acelerado dos membros superiores e inferiores em relação ao
tronco, sofrem diferenciação de voz. O aumento da produção das glândulas sudoríparas
favorecem o surgimento da acne. Há também uma maior probabilidade para o uso de lentes de
correção ocular, pelo aumento na freqüência de miopia. Lidar com a explosão hormonal e
com a liberdade que antes não tinham faz com que o jovem tende a tomar atitudes imaturas,
como indecisão (dado as diferentes escolhas que a vida oferece e ele já é capaz de
reconhecer); tendência a discutir ( por querer testar as suas descobertas); sentimento de
invulnerabilidade, que o faz acreditar que nada pode acontecer consigo e que os demais não
entendem o momento pelo qual está passando. Assim surgem os riscos como a agressividade,
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intolerância, bulling, isolamento social, bulimia e anorexia nervosa, gravidez precoce, uso de
álcool e drogas, acidentes, e afins.
Trabalhar temáticas através de oficinas, ao invés de aulas fará com que o adolescente tenha
participação ativa. Sua contribuição ajudará na construção de conhecimentos que favorecerá a
si e seus colegas ( COLE, 2004).
Objetivo: No geral pretendemos trabalhar a promoção da saúde no contexto da educação
básica. A fim de melhorar a qualidade de vida dos alunos partindo da prevenção.
Especificamente pretendemos levantar temáticas aos adolescentes sobre as principais
mudanças e situações que vivenciam, como: maturidade, sexualidade, violência e uso abusivo
de drogas; Trabalhar atividades para que os alunos façam as melhores escolhas para a
promoção da saúde; Motivar os professores através da utilização de métodos ativos para que
dêem continuidade ao trabalho; Realizar teste de Snellen (acuidade visual), identificar e
encaminhar ao serviço de saúde alunos com dificuldades visuais; Verificar as cadernetas de
vacinação.
Metodologia:
Local: Em uma escola de educação básica da rede pública situada no município de Ribeirão
Preto.
População e amostra: alunos dos 5º,6º, 7º, e 8º anos do ensino fundamental.
Estratégias de ensino: através de oficinas, debates, filmes, jogos e dinâmicas adequadas para
cada faixa etária abordaremos as temáticas: drogas psicotrópicas; Sexualidade
(desenvolvimento sexual, reprodução, diversidade sexual, métodos contraceptivos, DST’s e
mitos; Violência doméstica, sexual e verbal; Relacionamento interpessoal e cidadania.
Num período de 180 horas divididos em três vezes na semana (quartas, quintas e sextasfeiras), em horário vespertino, no período de agosto a dezembro.
Considerações finais: Temos consciência de que não é possível transformá- los em cidadãos
modelos, em vista do pouco tempo que trabalharemos com eles. Porém temos como meta que
eles criem uma consciência crítica sobre si mesmos e possam futuramente melhorar a
realidade em que estão inseridos. Estamos plantando sementes e estas devem ser regadas por
todos os que fazem parte do convívio destes jovens, como a família, escola, mídia, igreja, em
geral, a sociedade.
Palavras-chave: enfermagem; educação básica; saúde.
Refêrencias
COLE, M. COLE, S.R. O desenvolvimento da criança e do adolescente. 4ª edição. Porto
Alegre: Artmed, 2004.
COSTA, R. P. Os onze sexos: as múltipas faces da sexualidade humana. São Paulo: Kondo,
2005.
PAPALIA,D.E.; OLDS, S.W.; FELDMAN, R.D. Desenvolvimento humano. 8ª edição. Porto
Alegre: Artmed, 2006.
WEREBE, M. J. G. Sexualidade, Política e educação. Campinas: Autores as
sociados, 1998.
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Trabalhos na
Íntegra
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SUMÁRIO - TRABALHOS NA ÍNTEGRA
1. DESCONFORTOS FÍSICOS DECORRENTES DOS TRATAMENTOS PARA O
CÂNCER DE MAMA: IMPACTO SOBRE A SEXUALIDADE
Vanessa Monteiro Cesnik; Manoel Antônio dos Santos
2. QUAIS OS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A RETOMADA DA VIDA
SEXUAL DA MULHER MASTECTOMIZADA?
Vanessa Monteiro Cesnik; Manoel Antônio dos Santos
3. TRANSEXUALIDADE E CIRURGIA
EXPLORANDO AS QUESTÕES DE SAÚDE
Rafael Alves Galli; Manoel Antônio dos Santos
DE
REDESIGNAÇÃO
SEXUAL:
4. IMPACTO DO DIAGNÓSTICO DE ANOREXIA NERVOSA AO LONGO DA
VIDA: RELATO DE CASO DE UMA MULHER COM 23 ANOS DE TRATAMENTO
Ana Luisa Carvalho Guimarães; Manoel Antônio dos Santos
5. UNIVERSALIDADE E INSTILAÇÃO DE ESPERANÇA COMO FATORES
TERAPÊUTICOS EM UM GRUPO DE APOIO A PACIENTES COM
TRANSTORNOS ALIMENTARES
Elaine Cristina da Silva Gazignato; Fabio Scorsolini-Comin; Manoel Antônio dos Santos
6. A AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO JUNTO
ADOLESCENTES EM UMA PERSPECTIVA INTERNACIONAL
Fabio Scorsolini-Comin; Alana Batistuta Manzi de Oliveira; Karin Aparecida Casarini;
Roberta Cury de Paula
A
7. FLUIR E RENDER: DOS PERCALÇOS DA ESCRITA À ESCRITA DOS
PERCALÇOS NO FAZER DO PESQUISADOR
Fabio Scorsolini-Comin; Laura Vilela e Souza; Manoel Antônio dos Santos
8. RELAÇÃO ENTRE EXPERIÊNCIAS AFETIVO-SEXUAIS E TRANSTORNOS
ALIMENTARES
Carolina Leonidas; Ana Luisa Carvalho Guimarães; Manoel Antônio dos Santos
9. HIGIENISMO: REFLEXOS DE UM PROJETO POLÍTICO NA EDUCAÇÃO EM
SAÚDE DA ESCOLA REPUBLICANA
Aparecida de Fátima Soane Lomônaco; Rosa Maria de Sousa Martins
10. INCIDÊNCIA DE FATORES TERAPÊUTICOS EM UM GRUPO DE EDUCAÇÃO
EM DIABETES MELLITUS
Manoel Antônio dos Santos; Naiara Sato Botter; Marília Belfiore Palácio; Camila Rezende
Pimentel Ribas; Nunila Ferreira de Oliveira; Marta Maria Coelho Damasceno; Carla Regina
de Souza Teixeira; Maria Lúcia Zanetti
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11.
SIGNIFICADOS
DO
TRANSPLANTE
DE
CÉLULAS-TRONCO
HEMATOPOÉTICAS PARA PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1
Letícia Aparecida da Silva Marques; Érika Arantes Oliveira-Cardoso; Júlio Cesar Voltarelli;
Manoel Antônio dos Santos
12. ASSÉDIO MORAL NA ENFERMAGEM: CONSEQUÊNCIAS PSÍQUICAS
Sonia Maria Villela Bueno; Munira Penha Domingues; Priscila Penha Domingues
13. A VIOLÊNCIA EM FORMA DE BULLYING NAS AULAS DE EDUCAÇÃO
FÍSICA
Fernando Gomes Silva; Erika do Carmo Bertazone
14. EXPLORANDO ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO AFETIVO-SEXUAL EM
TRÊS GERAÇÕES DA FAMÍLIA DE UMA JOVEM COM ANOREXIA NERVOSA
Élide Dezoti Valdanha; Manoel Antônio dos Santos
15. A HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM FRENTE À
SEXUALIDADE HUMANA
Gisele Coscrato; Sonia Maria Villela Bueno
16. O CUIDADO ESPIRITUAL NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: RELAÇÃO
POSSÍVEL NA HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE
Gisele Coscrato; Sonia Maria Villela Bueno
17. O TEATRO NA FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO
Andresa Mercedes Araújo; Sonia Maria Villela Bueno
18. CUIDADO DE ENFERMAGEM À FAMÍLIA DO PACIENTE GRAVE:
COMPREENDER PARA TRANSFORMAR
Aline Landim Ramos; Nathália Fernanda Brochetto; Janaina Mery Ribeiro; Cássia Tiêmi
Nagasawa Ebisui
19. A FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE E DA EDUCAÇÃO
PARA AS QUESTÕES DA VIOLÊNCIA SEXUAL E SEUS ASPECTOS LEGAIS
Larissa Angélica da Silva Philbert; Sonia Maria Villela Bueno
20. RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE POSSIBILIDADES
EDUCATIVAS FRENTE À VIOLÊNCIA ESCOLAR
Larissa Angélica da Silva Philbert; Sonia Maria Villela Bueno
DE
AÇÕES
21. INVESTIGAÇÃO DA FORMAÇÃO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE
LICENCIATURA EM ENFERMAGEM PARA TEMÁTICA SEXUALIDADE
HUMANA
Larissa Angélica da Silva Philbert; Sonia Maria Villela Bueno
22. A EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE ATRAVÉS DE UMA FORMAÇÃO ÉTICA E
CIDADÃ
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Larissa Angélica da Silva Philbert; Sabrina Corral-Mulato; Sarah Tarcisia R. F. de Carvalho;
Janaina Luiza dos Santos; Sonia Maria Villela Bueno
23. AÇÕES EDUCATIVAS JUNTO A PORTADORES DE HIPERTENSÃO
ARTERIAL SISTÊMICA: UMA DISCUSSÃO À LUZ DA DIALOGICIDADE Vanessa
Denardi Antoniassi Baldissera; Mariana Paula de Souza
24. VINCULOS FAMILIARES FORTES COMO FATOR DE PROTEÇÃO PARA O
USO DE DROGAS ENTRE OS ADOLESCENTES
Mayra Martins; Sandra Pillon; Manoel Antonio dos Santos
25. O USO DE DROGAS ENTRE OS ADOLESCENTES INFRATORES
Mayra Martins; Sandra Pillon; Manoel Antonio dos Santos
26. A COMPREENSÃO DE ALUNOS E PROFESSORES DE ENSINO
FUNDAMENTAL SOBRE EDUCAÇÃO SEXUAL, SEXUALIDADE E SEXO NA
ESCOLA
Julieta Seixas Moizés; Sonia Maria Villela Bueno; Manoel dos Santos
27. MENINA, TUDO MUDA QUANDO TE TORNAS MULHER: OS TRANSTORNOS
ALIMENTARES E O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO
Fernanda de Sousa Vieira; Fernanda Kimie Tavares Mishima; Maria Lucimar Fortes Paiva
28. O PORTADOR DO VIRUS HIV NO ATENDIMENTO PSICOLÓGICO: O SUTIL
RECONSTRUIR DE SIGNIFICAÇÕES PARA TERAPEUTA E CLIENTE.
Rosaria Fernanda Magrin Saullo; Manoel Antonio dos Santos
29. AGRESSIVIDADE E VIOLÊNCIA PARA O PRIMEIRO ANO DE VIDA: UMA
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Rosaria F. M. Saullo; Kátia de Souza Amorim
30. A VIVÊNCIA DA MATERNIDADE ADOTIVA
Daniel Nogueira Meirelles de Souza; Fernanda Kimie Tavares Mishima; Manoel Antônio dos
Santos
31. COMER OU ROUBAR? O DESAMPARO VIVENCIADO POR UMA CRIANÇA
OBESA
Carolina Mendes Cruz Ferreira; Fernanda Kimie Tavares Mishima; Prof. Dr. Manoel
Antônio dos Santos
32. “ONDE ACABO, ONDE VOCÊ COMEÇA?”: A VIVÊNCIA
IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA NO CONTATO COM O PACIENTE
PSICOTERAPIA
Camilla Monti Oliveira; Érika Arantes de Oliveira; Manoel Antônio dos Santos
DA
EM
33. A “SALA PRECISA”: CONSTRUINDO O ESPAÇO TERAPÊUTICO
Camilla Monti Oliveira; Érika Arantes de Oliveira; Manoel Antônio dos Santos
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34. OS CONCEITOS TÉORICOS DA PEDAGOGIA PROBLEMATIZADORA DE
PAULO FREIRE, DA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE E DA TEORIA DA
REPRESENTAÇÃO SOCIAL COMO BASES ESTRUTURANTES PARA O
TRABALHO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE SEXUAL
André Estevam Jaques; Sonia Maria Villela Bueno; Amanda Batista Santarosa
35. O SIGNIFICADO DE SER HOMEM NA PERSPECTIVA DA EQUIPE DE SAÚDE
DA FAMÍLIA
Vanessa Luzia Queiroz Silva; Sonia Maria Villela Bueno; Olívia Cristina Lopes
36. PESQUISA-AÇÃO SOBRE SEXUALIDADE COM ALUNOS DO ENSINO
FUNDAMENTAL.
Juliana Cristina de Andrade; Fátima Ap. Coelho Gonini
37. A MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA NO CICLO GRAVÍDICOPUERPERAL: uma revisão de literatura
Thais Helena Devitto Meira, Profª. Dra. Juliana Stefanello
38. O OTIMISMO E O USO DE DROGAS NA FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO
Marcos Hirata Soares; Margarita Antonia Villar Luís; Clarissa Mendonça Corradi-Webster;
Júlia Trevisan Martins; Andréia Gonçalves Pestana Hirata
39. A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO COMO INSTRUMENTO NA PROMOÇÃO DA
SAÚDE
Camila Ferreira Gomes; Marília Ferranti Marques Scorzoni; Sonia Maria Villela Bueno
40. O ABANDONO ESCOLAR DOS ADOLESCENTES PERTENCENTES ÀS
FAMÍLIAS INCLUÍDAS NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: UMA QUESTÃO DE
EDUCAÇÃO E DE SAÚDE
Joana Dalva Sabino Vieira Semprini; Sonia Maria Villela Bueno
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
243
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
1. DESCONFORTOS FÍSICOS DECORRENTES DOS TRATAMENTOS PARA O
CÂNCER DE MAMA: IMPACTO SOBRE A SEXUALIDADE
Vanessa Monteiro Cesnik;
Manoel Antônio dos Santos
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP
E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO
O câncer de mama é, provavelmente, o tipo de tumor que mais amedronta as mulheres,
tanto por sua alta prevalência, como por seus efeitos psicológicos e físicos (BRASIL, 2009).
O momento do diagnóstico é considerado o evento mais estressante de todos os vivenciados
pelas mulheres acometidas e seu impacto está relacionado à insegurança e incerteza quanto ao
tratamento e seus possíveis efeitos, bem como ao convívio com a falta da mama e as possíveis
consequências da mutilação para o relacionamento conjugal (BERTERO; WILMOTH, 2007).
Esse impacto está relacionado ainda à insegurança e incerteza quanto ao tratamento e
seus possíveis efeitos, bem como ao convívio com a falta da mama e as conseqüências da
mutilação para seu relacionamento conjugal (ROSSI; SANTOS, 2003). Sem contar que a
confirmação do diagnóstico atualiza, no âmbito do particular, a evolução histórica e social do
câncer, lembrando que receber esse diagnóstico até bem pouco tempo atrás equivalia a ser
reconhecido publicamente como uma pessoa impura (FERREIRA; ALMEIDA; RASERA,
2008).
De acordo com Duarte e Andrade (2003), é na retomada dos relacionamentos sociais,
das atividades de lazer, do trabalho e da vida familiar que emergem as preocupações dessas
mulheres em relação ao próprio corpo. Nesse momento, sentem-se satisfeitas com o término
do tratamento, mas se encontram mental e fisicamente esgotadas pela exposição prolongada
aos procedimentos invasivos e dolorosos, e porque percebem que não foi nada fácil lutar pela
própria sobrevivência. Freqüentemente, essas mulheres encontram-se fragilizadas e relatam
que necessitam agregar um esforço extra para voltarem a funcionar normalmente
(SAEGROV; HALDING, 2004).
Além dos aspectos sociais, as dimensões físicas da doença também revelam um
cenário devastador de uma doença mutiladora, com a conotação adicional de enfermidade
suja, que produz secreções, necroses e exala odores desagradáveis. Essas associações
favorecem a estigmatização e o afastamento do paciente oncológico do convívio social
(RASIA, 2002).
A doença também produz alterações importantes na imagem corporal e na
autoimagem da mulher, que podem afetar suas vivências da sexualidade e sua satisfação
conjugal. Tais mudanças na prática sexual são experienciadas tanto a partir das mudanças
físicas provocadas pelo câncer, perda da mama, fadiga, depressão, ressecamento vaginal,
levando à dor e desconforto no intercurso sexual quanto em decorrência das alterações físicas
como do enfrentamento social da doença (TALHAFERRO; LEMOS; OLIVEIRA, 2007). Até
mesmo quando existia uma vida sexual satisfatória na etapa anterior à doença, como notam
Talhaferro, Lemos e Oliveira (2007), o estresse emocional, a dor, a fadiga, as grandes
mudanças na imagem corporal e a baixa autoestima podem desorganizar o funcionamento
sexual do casal.
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
244
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Corner (1997) destaca a importância da cultura do câncer construída pelos
profissionais de saúde formados de acordo com o modelo biomédico. Normalmente, nota-se
uma preocupação maior com as questões subcelulares do câncer do que com as questões
gerais (o corpo) da pessoa que vivencia essa enfermidade. Segundo o referido autor, o corpo é
imensamente complexo e suas funções vão muito além do biológico. Por essa razão, as ações
em saúde seriam mais eficazes se assistissem o ser humano em sua integridade (MUNIZ,
2008).
De acordo com o estudo de revisão de Barton-Burke e Gustason (2007), sabe-se
empiricamente que existem barreiras para as intervenções que abordem a sexualidade de
mulheres com câncer. Essas barreiras decorrem dos pressupostos implícitos sobre
sexualidade, tanto por parte do paciente quanto do próprio cuidador. O que ocorre na prática é
que o tema da sexualidade acaba sendo marginalizado na assistência e não pode ser discutido
com o paciente pelo cuidador, o que sinaliza ao paciente que ele também não pode levantar o
tema em questão. As autoras dizem ainda que os pacientes relatam desejo de poder discutir
questões sobre sexualidade com o profissional, mas se sentem relutantes em fazê-lo.
Conforme propõem Vitiello e Conceição (1993), é dever de todos os profissionais que,
de alguma maneira, trabalham a sexualidade e suas disfunções, mostrar a necessidade de que
se desenvolva uma visão mais adequada do tema e, principalmente, buscar implantação de
uma educação sexual coerente, a fim de que as próximas gerações não padeçam das mesmas
frustrações e problemas que as atuais enfrentam.
Esses dados evidenciam que a sexualidade e a vida conjugal são dimensões ainda
negligenciadas nos cuidados em saúde. Desse modo, justifica-se a proposta do presente
estudo, que focaliza o impacto do câncer de mama e do tratamento na retomada da vida social
da mulher imediatamente após a mastectomia. O conhecimento gerado pelo exame do
impacto físico e emocional desencadeado na mulher afetada pelo câncer de mama pode
contribuir com uma melhor formação, sensibilização e instrumentalização dos profissionais
da área de saúde em relação ao tema e, assim, promover uma assistência mais qualificada a
essas mulheres.
OBJETIVO
Com base nesses pressupostos, este estudo teve como objetivo investigar os
desconfortos físicos relatados por mulheres submetidas à mastectomia e suas repercussões
sobre sua sexualidade, a partir da análise da produção científica publicada no período de 2000
a 2009.
REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
A revisão integrativa foi escolhida como recurso metodológico porque permite
sumarizar estudos realizados anteriormente quanto à temática selecionada, conservando-se os
padrões de clareza, rigor e replicação dos estudos primários (GANONG, 1987). A revisão
integrativa propõe a discussão dos métodos, fontes, objetivos e resultados, permitindo
estabelecer conclusões em relação ao campo de conhecimento demarcado (BROOME, 1993).
O processo de elaboração da revisão integrativa pressupõe algumas etapas: seleção de
hipóteses ou questões para a revisão; delimitação da questão norteadora; estabelecimento de
critérios de inclusão e exclusão de documentos que constituirão o corpus da pesquisa;
delimitação das palavras-chaves; seleção das publicações que irão compor a amostra da
revisão; definição das características das pesquisas primárias; análise dos dados; interpretação
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245
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
dos resultados e relato da revisão, proporcionando um exame crítico dos achados (GANONG,
1987).
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa retrospectiva, descritiva e documental, que se utilizou de
uma revisão integram da literatura. Este estudo teve como recorte temporal o período entre
2000 e 2009. A questão norteadora foi: De que modo os desconfortos físicos decorrentes do
câncer de mama têm interferência na sexualidade da mulher mastectomizada?
Visando assegurar uma abrangência desta revisão, foram consultadas as seguintes
bases de dados: MedLine, LILACS e PsycINFO.
O MedLine é uma base de dados internacional da área médica e biomédica, produzida
pela NLM (National Library of Medicine) e que contém referências bibliográficas e resumos
de mais de 5.000 títulos de revistas publicadas nos Estados Unidos e em outros 70 países.
Contém referências de artigos publicados desde 1966 até o momento, que cobrem as áreas de:
medicina, biomedicina, enfermagem, odontologia, veterinária e ciências afins.
O LILACS é uma base de dados cooperativa da Rede BVS, que compreende a
literatura relativa às ciências da saúde, publicada nos países da América Latina e Caribe, a
partir de 1982. Atinge mais de 400.000 mil registros e contém artigos de cerca de 1.300
revistas conceituadas da área da saúde, das quais aproximadamente 730 continuam sendo
atualmente indexadas; também abarca outros documentos, tais como: teses, capítulos de teses,
livros, capítulos de livros, anais de congressos ou conferências, relatórios técnico-científicos e
publicações governamentais.
Por fim, o PsycINFO é uma base de dados que abrange artigos com temas
relacionados à psicologia, educação, psiquiatria e ciências sociais. Dispõe de publicações
veiculadas em periódicos internacionais e contêm aproximadamente 1.500.000 registros.
Desse modo, selecionou-se para o presente estudo uma base de dados internacional,
que é considerado referência na literatura em saúde (MedLine), uma base que inclui os
trabalhos publicados na América Latina e do Caribe (LILACS) e uma base, também
internacional, que engloba trabalhos específicos da área da Psicologia (PsycINFO).
Para alcançar o objetivo proposto, foram seguidos os seguintes passos metodológicos
para empreender a revisão da literatura: a) realização de um levantamento sistematizado das
publicações nacionais e internacionais sobre sexualidade e mastectomia; b) definições das
variáveis a serem investigadas: identificação dos autores, tipo de pesquisas, ano de
publicação, periódicos nos quais foram veiculados os estudos, origem dos artigos, idioma em
que foram redigidos, objetivos e resultados obtidos; c) análise descritiva dos resultados dos
estudos e avaliação crítica das contribuições oferecidas para a produção de conhecimento
sobre a temática.
A coleta de dados foi realizada no período de abril a maio de 2010. Foram extraídos
dos periódicos selecionados 29 artigos sobre a temática, os quais configuraram a amostra
deste estudo. Foram pesquisados os artigos indexados com as seguintes palavras-chave:
“mastectomy”, "breast neoplasms", “sexuality”, “sexual behavior”, “amputation”,
"psychossexual development", "marital relations". Estes descritores foram escolhidos de
acordo com o DECS - Descritores em Ciências da Saúde (as quatro primeiras palavraschave) e Terminologia Psi (as três últimas mencionadas).
Nesta pesquisa bibliográfica foram considerados como critérios de inclusão para busca
dos artigos os seguintes parâmetros: 1) artigos sobre câncer de mama feminino; 2) artigos
escritos na língua inglesa, portuguesa ou espanhola; 3) publicados entre 2000 e 2009; 4) que
apresentam resultados empíricos; 5) que disponibilizam o resumo nas bases de dados; 6)
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
publicados em periódicos disponibilizados na íntegra por meio do sistema SIBI da
Universidade de São Paulo, uma rede de serviços que inclui um catálogo on line que
franqueia o acesso às bases de dados e conteúdos dos periódicos indexados; 7) publicações
que abordavam a mastectomia como tratamento para o câncer de mama e suas repercussões
sobre a sexualidade das mulheres acometidas; e 8) que abordavam esses assuntos sob a
perspectiva da mulher mastectomizada e não segundo a percepção de outras pessoas em
relação a elas.
Como critério de exclusão, estabeleceram-se os seguintes limites: 1) apresentação sob
formato de dissertação, tese, capítulo de livro, livro, editorial, resenha, comentário ou crítica;
2) artigos sobre mastectomia profilática; 3) artigos oriundos de estudos de revisão da
literatura; 4) relatos de pesquisa com mulheres que tiveram recorrência do câncer de mama ou
metástase; 5) estudos realizados somente com mulheres que fizeram cirurgia de reconstrução
da mama.
Após a leitura dos resumos, empreendeu-se a recuperação dos artigos selecionados, de
acordo com os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Esses artigos na íntegra
compuseram o corpus da pesquisa. Após a leitura dos artigos procedeu-se à extração dos
dados de interesse para a revisão. As informações foram registradas em um formulário de
identificação, preparado previamente e preenchido para cada artigo da amostra, o que
permitiu a sistematização dos dados. Estes foram, posteriormente, organizados em uma pasta
e catalogados em ordem numérica crescente por ano de publicação. Após leituras exaustivas,
os achados das publicações foram submetidos à análise de conteúdo temática. Os dados foram
organizados segundo os conteúdos que emergiram no corpus investigado e analisados por
meio de estatística descritiva (freqüências absolutas e porcentagens).
RESULTADOS
A amostra final foi composta por artigos indexados nas três bases de dados
selecionadas e que preencheram os critérios de inclusão utilizados para a busca bibliográfica.
Dos 224 estudos listados, 43 satisfizeram esses critérios. Descartando-se os artigos repetidos
em mais de uma base indexadora, 29 artigos foram selecionados conforme os critérios
preestabelecidos e, assim, constituíram o corpus deste estudo.
Perfazendo 31% dos estudos, aparecem os temas relacionados aos desconfortos físicos
(falta de lubrificação vaginal, dor, fadiga, ondas de calor) decorrentes do tratamento para o
câncer de mama e da menopausa precoce induzida pelo tratamento. Os desconfortos físicos
foram, geralmente, mencionados como justificativas para diminuição do desejo e da
frequência das relações sexuais (FATONE et al., 2007, GANZ et al., 2004, MING, 2002,
SPEER et al., 2005, TAKAHASHI; KAI, 2005, TALHAFERRO et al., 2007).
Em estudo realizado por Ganz et al. (2004) com 558 mulheres entrevistadas, 23,4%
referiram moderada a grave falta de interesse sexual, com maior freqüência entre as mulheres
nos dois grupos de quimioterapia (mastectomia e lumpectomia). Problemas de lubrificação
vaginal foram mais graves entre as mulheres que receberam quimioterapia do que entre
aquelas que não fizeram tal tratamento. Aproximadamente 50% das mulheres que receberam
quimioterapia relataram que o câncer de mama teve um efeito negativo sobre sua vida sexual,
diferença estatisticamente significativa em relação aos 18-25% das mulheres que não
receberam quimioterapia.
Os sintomas físicos foram uma preocupação crucial das mulheres investigadas no
estudo de Fatone et al. (2007), com queixas específicas que incluíram dor nas articulações,
dificuldade em dormir, ondas de calor e diminuição do desejo sexual, sintomas sugestivos de
fatores relacionados à menopausa. Diminuição do desejo sexual foi notada por 50% das
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247
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
entrevistadas. Um declínio da atividade sexual era freqüentemente mencionado, mas não foi
considerado como particularmente problemático.
Muitas mulheres relataram falta de interesse sexual devido ao impacto psicológico de
se descobrirem com câncer. Complicações físicas, tais como fadiga geral e demora na cura da
ferida operatória, foram outros motivos apontados para que as mulheres resistissem à
retomada das relações sexuais. O estresse físico foi o principal motivo para a diminuição da
excitação sexual (TAKAHASHI; KAI, 2005).
No estudo realizado por Gorisek, Krajnc, e Krajnc (2009), as mulheres submetidas à
mastectomia relataram maiores escores de dificuldade com lubrificação vaginal do que as
mulheres submetidas à cirurgia conservadora. Alicikus et al. (2009) observaram que,
considerando os diversos tratamentos para câncer de mama, 24% das mulheres entrevistadas
relataram que sentiam dor durante as relações sexuais, apesar de um percentual maior (37%)
experenciarem secura vaginal.
No estudo de Speer et al. (2005), no qual foram comparadas mulheres com câncer de
mama, mulheres com disfunção sexual e mulheres “normais”, as com câncer de mama
apresentaram escores significativamente piores em todas as áreas do funcionamento sexual
(desejo, excitação, lubrificação, orgasmo, satisfação e dor) em comparação com o grupo
controle normal, mas melhor funcionamento do que o apresentado pelas mulheres com
disfunção sexual em todas as áreas, exceto desejo sexual e dor. Depressão e reverência a
regras tradicionais foram os mais importantes determinantes do menor desejo sexual. As
mulheres mais velhas foram significativamente mais afetadas em relação à lubrificação
vaginal e dor.
Mesmo quando existe uma intensa e satisfatória vida sexual antes da doença, a
combinação de estresse emocional, dor, fadiga, insulto à imagem corporal e baixa autoestima,
decorrentes do diagnóstico e do tratamento para o câncer de mama, podem desorganizar o
funcionamento sexual do casal. Alguns relatos mostram claramente essa mudança, enquanto
outros evidenciam que a mastectomia não provocou alteração na vida sexual das mulheres
(TALHAFERRO et al., 2007).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A interferência da mastectomia sobre a sexualidade feminina ficou evidenciada pela
estreita relação entre desconfortos físicos e dificuldades de retomada das atividades sexuais
após a cirurgia de retirada da mama. Estas considerações mostram a importância de que, em
estudos futuros, seja levada em consideração as vivências da sexualidade ao se analisar a
adaptação e ajustamento psicossocial das mulheres. Também são necessários estudos de
cunho qualitativo, de forma a buscar individualizar as experiências das mulheres, de modo a
oferecer contribuições para que o cuidado possa ser integral.
Como o foco da preocupação deste estudo recai na melhora do cuidado às mulheres
acometidas pelo câncer de mama, especialmente na área da sexualidade, é muito importante
que novas investigações sejam realizadas para que a maior abrangência dos achados produza
uma melhor integração das ações de cuidado. Além disso, vale ressaltar que, segundo Avis et
al. (2004), quanto maior o tempo de cirurgia, menos problemas com interesse sexual são
encontrados, o que revela a necessidade de estudos que investiguem mulheres com pouco
tempo de diagnóstico e/ou cirurgia até o final do tratamento primário do câncer de mama. Os
achados indicam a necessidade de incorporar aos cuidados estratégias de orientação e
aconselhamento que levem em consideração a dimensão da sexualidade da mulher
mastectomizada.
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248
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Os objetivos propostos pelo presente estudo foi, de um modo geral, alcançado, e os
resultados destacados contribuíram para apontar limitações e implicações para a prática do
cuidado.
Estudos de revisão sistemática da literatura são relevantes para respaldar práticas e ações de
saúde baseadas em evidências científicas. Atualmente, a assistência oncológica é
fundamentada nos princípios da multidisciplinaridade e vem incorporando outros
profissionais de saúde, como psicólogo, enfermeiro, assistente social, fisioterapeuta e
terapeuta ocupacional. Aprender a trabalhar em equipe adquire uma importância crescente na
área da saúde, aumentando a predisposição para investir no aperfeiçoamento de estratégias de
cuidado em saúde que incluam o acolhimento de aspectos que transcendem as dimensões
estritamente técnicas. Um outro passo fundamental é incorporar nas ações de saúde o
conhecimento produzido pelos estudos recentes em políticas públicas de saúde. Este talvez
seja o maior desafio na atualidade.
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250
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2. QUAIS OS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A RETOMADA DA VIDA
SEXUAL DA MULHER MASTECTOMIZADA?
Vanessa Monteiro Cesnik
Manoel Antônio dos Santos
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP
E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO
O câncer de mama tem um impacto sistêmico sobre a família, cuja rotina é modificada
desde a comunicação do diagnóstico. Por esta razão, a doença afeta não somente a mulher,
mas também introduz modificações no funcionamento familiar e conjugal, devido às suas
repercussões sobre os familiares, em particular o cônjuge (BERVIANE; GIRARDONPERLINI, 2006).
Apesar de a sobrevivência ser a meta principal do tratamento, não se pode desviar o olhar dos
aspectos subjetivos e relacionais, que são profundamente associados ao estado de bem-estar
físico, psíquico, social, existencial e espiritual que compõe a qualidade de vida total da
paciente (AMBRÓSIO; SANTOS, 2007). A sobrevivência é constituída de diferentes fases,
cada uma delas com suas demandas específicas, que afetam a adaptação psicossocial de
maneira diferente. Entretanto, a maioria dos estudos disponíveis na área da psico-oncologia se
refere às fases do diagnóstico e do tratamento, com poucos estudos destinados a investigar a
situação psicossocial das pacientes no período pós-tratamento (SILVA; SANTOS, 2008).
Questões como o impacto sobre a auto-estima da mulher, o relacionamento conjugal e a
retomada da vida sexual configuram temas de pesquisa que solicitam maior atenção.
No período imediatamente após a realização da mastectomia, observa-se uma
retomada progressiva das atividades que organizam o cotidiano, momentaneamente alterado
pela doença e seu tratamento, mas é no momento pós-tratamento que aparecem as
repercussões no plano afetivo-sexual, bem como as dificuldades de adaptação à nova situação
de vida, com enfrentamento das limitações físicas e restrições sociais (ROSSI; SANTOS,
2003).
Em decorrência dessas contingências, algumas mulheres mastectomizadas podem se
sentir sexualmente repulsivas, a ponto de chegarem a evitar o contato sexual com seus
parceiros (ARÁN et al., 1994). Das queixas mais frequentes observadas destacam-se: o medo
de não ser mais atraente sexualmente e a sensação de diminuição da feminilidade. Estudos
que focalizem os fatores que interferem tanto positivaquanto negativamente na vida sexual da
mulher após a mastectomia podem fornecer subsídios para o planejamento de intervenções do
profissional de psicologia e demais profissionais de saúde.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a atividade sexual de boa qualidade
ou felicidade sexual é condição básica na promoção da saúde humana. A ausência do prazer
sexual pode desencadear problemas como depressão, alteração de humor, insônia, entre outros
sintomas indicativos de sofrimento psicológico (WHO, 1986). Cabe aos profissionais de
saúde tentar clarificar as questões que as mulheres têm nos mais variados atendimentos, já
que as dificuldades em viver a sexualidade são mais comuns do que se pode imaginar.
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251
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Entretanto, a falta de abertura na asistencia, impossibilita que se forme um vínculo entre
cliente e profissional, o que torna difícil a verbalização do problema (GOZZO et al., 2000).
Conforme propõem Vitiello e Conceição (1993), é dever de todos os profissionais, que
de alguma maneira trabalham a sexualidade e seus distúrbios, mostrar a necessidade de que se
desenvolva uma visão mais adequada do tema e, principalmente, buscar uma implantação de
uma educação sexual coerente, a fim de que as próximas gerações não padeçam das mesmas
frustrações e dos problemas que atualmente enfrentamos.
O profissional de saúde comumente encontra barreiras e dificuldades para
implementar ações educativas em sexualidade. A literatura aponta lacunas na formação
profissional como um dos determinantes dessa dificuldade. Há uma invisibilidade da
sexualidade no currículo acadêmico. Sabe-se que o aluno de graduação em Enfermagem tem
noções incorretas sobre sexualidade (GIR; NOGUEIRA; PELÁ, 2000). A obtenção de
conhecimentos sobre essa temática contribui para a minimização de posturas indevidas e
inadequadas quando se depara com tal assunto, quer na educação sexual, quer na detecção de
alterações ou na prevenção de problemas. Para isso, as instituições formadoras precisam
comprometer-se a capacitar o aluno nesta temática. Isto é válido não só para os alunos de
Enfermagem, como também os alunos de Psicologia, Medicina, Fisioterapia e outros cursos
da área da saúde.
Esses dados evidenciam que a sexualidade e a vida conjugal são dimensões ainda
negligenciadas nos cuidados em saúde. Desse modo, justifica-se a proposta do presente
estudo, que focaliza o impacto do câncer de mama e do tratamento na retomada da vida social
da mulher imediatamente após a mastectomia. O conhecimento gerado pelo exame do
impacto físico e emocional desencadeado na mulher afetada pelo câncer de mama pode
contribuir com uma melhor formação, sensibilização e instrumentalização dos profissionais
da área de saúde em relação ao tema e, assim, promover uma assistência mais qualificada a
essas mulheres.
OBJETIVOS
Este estudo teve como objetivo investigar os fatores que ajudam a mulher
mastectomizada na retomada da sua vida sexual, a partir da análise da produção científica
publicada no período de 2000 a 2009.
REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
A revisão integrativa foi escolhida como recurso metodológico porque permite
sumarizar estudos realizados anteriormente quanto à temática selecionada, conservando-se os
padrões de clareza, rigor e replicação dos estudos primários (GANONG, 1987). A revisão
integrativa propõe a discussão dos métodos, fontes, objetivos e resultados, permitindo
estabelecer conclusões em relação ao campo de conhecimento demarcado (BROOME, 1993).
O processo de elaboração da revisão integrativa pressupõe algumas etapas: seleção de
hipóteses ou questões para a revisão; delimitação da questão norteadora; estabelecimento de
critérios de inclusão e exclusão de documentos que constituirão o corpus da pesquisa;
delimitação das palavras-chaves; seleção das publicações que irão compor a amostra da
revisão; definição das características das pesquisas primárias; análise dos dados; interpretação
dos resultados e relato da revisão, proporcionando um exame crítico dos achados (GANONG,
1987).
METODOLOGIA
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Trata-se de uma pesquisa retrospectiva, descritiva e documental, que se utilizou de
uma revisão integrativa da literatura. Este estudo teve como recorte temporal o período entre
2000 e 2009. A questão norteadora foi: Que fatores são relatados pelas mulheres com câncer
de mama como aqueles que auxiliaram na retomada da vida sexual após a mastectomia?
Visando assegurar uma abrangência desta revisão, foram consultadas as seguintes
bases de dados: MedLine, LILACS e PsycINFO.
O MedLine é uma base de dados internacional da área médica e biomédica, produzida
pela NLM (National Library of Medicine) e que contém referências bibliográficas e resumos
de mais de 5.000 títulos de revistas publicadas nos Estados Unidos e em outros 70 países.
Contém referências de artigos publicados desde 1966 até o momento, que cobrem as áreas de:
medicina, biomedicina, enfermagem, odontologia, veterinária e ciências afins.
O LILACS é uma base de dados cooperativa da Rede BVS, que compreende a
literatura relativa às ciências da saúde, publicada nos países da América Latina e Caribe, a
partir de 1982. Atinge mais de 400.000 mil registros e contém artigos de cerca de 1.300
revistas conceituadas da área da saúde, das quais aproximadamente 730 continuam sendo
atualmente indexadas; também abarca outros documentos, tais como: teses, capítulos de teses,
livros, capítulos de livros, anais de congressos ou conferências, relatórios técnico-científicos e
publicações governamentais.
Por fim, o PsycINFO é uma base de dados que abrange artigos com temas
relacionados à psicologia, educação, psiquiatria e ciências sociais. Dispõe de publicações
veiculadas em periódicos internacionais e contêm aproximadamente 1.500.000 registros.
Desse modo, selecionou-se para o presente estudo uma base de dados internacional,
que é considerado referência na literatura em saúde (MedLine), uma base que inclui os
trabalhos publicados na América Latina e do Caribe (LILACS) e uma base, também
internacional, que engloba trabalhos específicos da área da Psicologia (PsycINFO).
Para alcançar o objetivo proposto, foram seguidos os seguintes passos metodológicos
para empreender a revisão da literatura: a) realização de um levantamento sistematizado das
publicações nacionais e internacionais sobre sexualidade e mastectomia; b) definições das
variáveis a serem investigadas: identificação dos autores, tipo de pesquisas, ano de
publicação, periódicos nos quais foram veiculados os estudos, origem dos artigos, idioma em
que foram redigidos, objetivos e resultados obtidos; c) análise descritiva dos resultados dos
estudos e avaliação crítica das contribuições oferecidas para a produção de conhecimento
sobre a temática.
A revisão integrativa foi escolhida como recurso metodológico porque permite
sumarizar estudos realizados anteriormente quanto à temática selecionada, conservando-se os
padrões de clareza, rigor e replicação dos estudos primários (GANONG, 1987). A revisão
integrativa propõe a discussão dos métodos, fontes, objetivos e resultados, permitindo
estabelecer conclusões em relação ao campo de conhecimento demarcado (BROOME, 1993).
A coleta de dados foi realizada no período de abril a maio de 2010. Foram extraídos
dos periódicos selecionados 29 artigos sobre a temática, os quais configuraram a amostra
deste estudo. Foram pesquisados os artigos indexados com as seguintes palavras-chave:
“mastectomy”, "breast neoplasms", “sexuality”, “sexual behavior”, “amputation”,
"psychossexual development", "marital relations". Estes descritores foram escolhidos de
acordo com o DECS - Descritores em Ciências da Saúde (as quatro primeiras palavraschave) e Terminologia Psi (as três últimas mencionadas).
Nesta pesquisa bibliográfica foram considerados como critérios de inclusão para busca
dos artigos os seguintes parâmetros: 1) artigos sobre câncer de mama feminino; 2) artigos
escritos na língua inglesa, portuguesa ou espanhola; 3) publicados entre 2000 e 2009; 4) que
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apresentam resultados empíricos; 5) que disponibilizam o resumo nas bases de dados; 6)
publicados em periódicos disponibilizados na íntegra por meio do sistema SIBI da
Universidade de São Paulo, uma rede de serviços que inclui um catálogo on line que
franqueia o acesso às bases de dados e conteúdos dos periódicos indexados; 7) publicações
que abordavam a mastectomia como tratamento para o câncer de mama e suas repercussões
sobre a sexualidade das mulheres acometidas; e 8) que abordavam esses assuntos sob a
perspectiva da mulher mastectomizada e não segundo a percepção de outras pessoas em
relação a elas.
Como critério de exclusão, estabeleceram-se os seguintes limites: 1) apresentação sob
formato de dissertação, tese, capítulo de livro, livro, editorial, resenha, comentário ou crítica;
2) artigos sobre mastectomia profilática; 3) artigos oriundos de estudos de revisão da
literatura; 4) relatos de pesquisa com mulheres que tiveram recorrência do câncer de mama ou
metástase; 5) estudos realizados somente com mulheres que fizeram cirurgia de reconstrução
da mama.
Após a leitura dos resumos, empreendeu-se a recuperação dos artigos selecionados, de
acordo com os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Esses artigos na íntegra
compuseram o corpus da pesquisa. Após a leitura dos artigos procedeu-se à extração dos
dados de interesse para a revisão. As informações foram registradas em um formulário de
identificação, preparado previamente e preenchido para cada artigo da amostra, o que
permitiu a sistematização dos dados. Estes foram, posteriormente, organizados em uma pasta
e catalogados em ordem numérica crescente por ano de publicação. Após leituras exaustivas,
os achados das publicações foram submetidos à análise de conteúdo temática. Os dados foram
organizados segundo os conteúdos que emergiram no corpus investigado e analisados por
meio de estatística descritiva (freqüências absolutas e porcentagens).
RESULTADOS
Apenas cinco artigos (17%) focalizaram as dimensões afetivas da sexualidade,
consideradas, na maioria das vezes, como recursos que ajudam no ajustamento após o câncer
de mama. Fatone et al. (2007) sustentam que o afeto e a intimidade são dimensões que sofrem
alterações após a cirurgia, porém Duarte e Andrade (2003), Huguet et al. (2009), Souto e
Souza (2004) e Wimberly et al. (2005) observaram que a vivência das dimensões afetivas da
sexualidade (formas de sedução, troca de carícias, cumplicidade, toque e outras) auxiliam na
experiência da sexualidade após a cirurgia.
Explorar o significado da vida sexual para a mulher (e para seu parceiro) antes da
cirurgia foi considerado como fator relevante para a investigação da vivência da sexualidade
após a cirurgia por cinco artigos (17%). Na investigação de Kagawa-Singer e Wellisch (2003)
foi considerada uma limitação do estudo o fato de não ter sido investigada a história sexual
antes do diagnóstico de câncer de mama ou cirurgia, já que está demonstrado que o
funcionamento sexual pobre anterior à doença pode ser agravado ainda mais pela cirurgia de
câncer de mama. Em concordância com esteachado, Alicikus et al. (2009) observaram em seu
estudo que 44% das pacientes com problemas na vida sexual já os manifestavam antes da
cirurgia.
A melhora da vida sexual e da percepção dessa dimensão da vida com um campo fértil
de novas possibilidades apareceram em apenas dois (7%) dos artigos selecionados. Duarte e
Andrade (2003) observaram que, para algumas entrevistadas, as mudanças provocadas pela
doença foram positivas, pois fizeram com que valorizassem ainda mais suas vidas e
potencializassem novos modos de expressar a própria sexualidade. Em concordância com esse
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achado, apesar dos problemas vivenciados com a retirada da mama, algumas mulheres
relataram que sua vida sexual havia melhorado (AVIS; CRAWFORD; MANUEL, 2004).
Para finalizar, este estudo de revisão localizou apenas um artigo (3% da amostra) que
considerou a qualidade da primeira experiência sexual após a cirurgia como importante
dimensão na vivência da sexualidade da mulher mastectomizada. Considerando que o tempo
todo há ressignificação do papel da sexualidade na vida das pessoas, e que isso ocorre em
maior escala diante dos grandes acontecimentos da vida, tal como o diagnóstico de câncer de
mama, a qualidade da primeira experiência sexual estaria possivelmente relacionada com a
forma como a sexualidade é ressignificada na vida da mulher. Dessa maneira, a investigação
dessa dimensão poderia trazer informações valiosas para a compreensão do processo de
ajustamento do casal e da vivência da sexualidade após o tratamento para o câncer de mama.
A maioria dos artigos selecionados reportou as dificuldades das mulheres na vivência
da sexualidade após a cirurgia de câncer de mama. Todavia, alguns estudos também
aportaram informação de fatores que ajudaram a mulher a enfrentar os desafios inerentes a
esse período. Tanto no estudo realizado por Duarte e Andrade (2003), quanto na investigação
de Souto e Souza (2004), a dimensão afetiva da sexualidade, tal como formas de sedução,
troca de carícias, cumplicidade, toque, sentimentos amorosos, apoio e preocupação
demonstrados pelos parceiros, foi considerada como ponto positivo de suas vivências da
sexualidade.
De acordo com Wimberly et al. (2005), quanto mais as mulheres perceberam seus
parceiros emocionalmente envolvidos na relação, melhor foi a primeira a experiência sexual
pós-cirurgia. Quanto mais elas perceberam seus parceiros tomarem a iniciativa das relações
sexuais, mais satisfeitas estavam com o casamento.
Como foi observado por Huguet et al. (2009), o apoio dos companheiros parece ter um
peso importante na sexualidade da mulher. Especificamente em relação à sexualidade, exercêla de forma plena e sentir-se atraente parece ser mais importante do que o desejo sexual do
parceiro e mesmo do que a sua própria aparência física. Para a grande maioria das pacientes, o
desejo de alcançar a intimidade é a força motriz do ciclo de resposta sexual da mulher, que
começa na necessidade básica de intimidade e inclui mutualismo, respeito e comunicação. Se
há envolvimento emocional positivo e interação física, a intimidade é alcançada e o ciclo se
fortalece.
A importância com que se reveste o relacionamento sexual para cada casal antes da
cirurgia também foi um dos fatores que influenciaram quão logo o par conjugal retomou a
atividade sexual após a cirurgia. Casais que consideravam o vínculo sexual como muito
importante em relação às suas relações globais tiveram uma tendência para retomar a vida
sexual logo após a cirurgia, enquanto que aqueles que não davam muita importância à
atividade sexual não se apressaram para retomar as relações (TAKAHASHI; KAI, 2005,
TAKAHASHI et al., 2008).
Complementando os fatores que auxiliaram na vivência da vida sexual após o
tratamento de câncer de mama, Takahashi et al. (2008) indicam, em seu estudo, que a boa
comunicação entre o casal é de crucial importância para a satisfação na vida sexual como um
todo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dentre os fatores que facilitaram a retomada da vida sexual pós-mastectomia
destacaram-se a postura compreensiva e acolhedora do companheiro e sua manifestação de
interesse e iniciativa no envolvimento sexual. A dimensão afetiva da vida sexual foi valorada
positivamente pelas mulheres, o que denota a importância atribuída à troca de carícias e ao
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clima de cumplicidade afetiva, que vai além da expressão genital da resposta sexual.
Depreende-se desses achados a importância da inclusão do parceiro sexual no processo de
reabilitação da mulher mastectomizada, com orientações e aconselhamentos tanto para ele
como para a mulher mastectomizada.
O objetivo proposto pelo presente estudo foi alcançado e os resultados destacados
contribuíram para lançar um olhar crítico e reflexivo sobre o acervo de conhecimentos
produzidos recentemente, bem como para apontar limitações e potencialidades que têm
implicações para a prática do cuidado na área oncológica.
Estudos de revisão sistemática da literatura são relevantes para respaldar práticas e
ações de saúde baseadas em evidências científicas. Atualmente, a assistência oncológica é
fundamentada nos princípios da multidisciplinaridade e vem incorporando várias categorias
de profissionais de saúde, como psicólogo, enfermeiro, assistente social, fisioterapeuta e
terapeuta ocupacional. Aprender a trabalhar em equipe adquire uma importância crescente na
área da saúde, o que aumenta a predisposição para investir no aperfeiçoamento de estratégias
de cuidado em saúde que incluam o acolhimento de aspectos que transcendem as dimensões
estritamente físicas. Oferecer escuta às dimensões subjetivas, tais como a vivência da
sexualidade após a mastectomia e a qualidade do relacionamento afetivo-sexual da mulher
durante e após o tratamento para o câncer de mama, são demandas urgentes para que se possa
obter uma otimização dos recursos empregados no processo de reabilitação psicossocial.
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3. TRANSEXUALIDADE E CIRURGIA DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL:
EXPLORANDO AS QUESTÕES DE SAÚDE
Rafael Alves Galli
Faculdade de Filosofia,Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP-USP
E-mail: [email protected]
Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP-USP
E-mail: [email protected]
Introdução
Uma das questões mais antigas da Humanidade e objeto de inúmeras pesquisas é a
sexualidade humana. Dentre seus inúmeros componentes, a transexualidade o aquele que é
tido como uma de suas facetas mais complexas e menos compreendidas24. O/A transexual é
um indivíduo que, anatomicamente, pertence a um sexo, mas acredita pertencer ao sexo
oposto, sem que isso seja encarado como um “desejo”, mas como uma evidência: a pessoa é
do sexo oposto (Alcântara, 2002; Ceccarelli, 2003). Algumas definições acerca do que é o/a
transexual incluem, ainda, a questão da cirurgia de redesignação sexual, mais popularmente
conhecida como cirurgia de “mudança de sexo”, como um desejo inerente a todos/as os/as
transexuias (Benjamin, 1966).
Do ponto de vista histórico, os precursores da cirurgia surgiram já na Roma antiga,
durante a época dos grandes imperadores. Nero, após matar sua esposa, foi tomado de
remorso e procurou por alguém semelhante. Encontrou essa semelhança em um escravo, o
qual foi transformado em mulher pelos cirurgiões do imperador, para que eles se casassem.
Heliogábalo, por sua vez, casou-se com um escravo e oferecia metade do seu reino para o
médico que lhe desse uma genitália feminina (Saadeh, 2004). Contudo, nessa época, a
cirurgia consistia apenas na retirada dos genitais masculinos. A construção de uma genitália
feminina, conhecida nesses casos como neovagina, só ocorreu na década 1920. Em 1921,
Feliz Abraham realizou a primeira cirurgia documentada em Rudolf e, alguns anos depois, em
Einar Wegener. Robert Cowuell, aviador da Segunda Guerra Mundial, tornou-se Roberta
Cowuell, em mais uma cirurgia bem-sucedida (Arán, 2006).
Essas primeiras cirurgias, no entanto, tinham como técnica a retirada da genitália
masculina e, em um momento posterior, a construção da genitália feminina por meio de
enxertos retirados das coxas ou nádegas, o que acabava por comprometer a sensibilidade da
nova genitália (Hage, Karim e Laub, 2007). Além disso, tais procedimentos nunca foram
amplamente divulgados. Isso só aconteceu em 1952, com o caso de George Jorgensen, que
após ser operado – retirada do pênis, mas sem construção da vagina – pelo Dr. Christian
Hamburger tornou-se Christine Jorgensen e veio a público com sua história (Saadeh, 2004).
Foi somente em 1956 que o então ginecologista Dr. Georges Burou desenvolveu a
técnica utilizada como base até os dias de hoje para a realização dessa cirurgia. A técnica
criada por Burou foi nomeada de “inversão peniana” e consistia na utilização do material
retirado do pênis para a construção da neovagina, conseguindo-se, assim, uma maior
preservação da sensibilidade da nova genitália (Hage, Karim e Laub, 2007). No Brasil, a
primeira cirurgia foi realizada no ano de 1971 pelo cirurgião plástico Dr. Roberto Farina.
Apesar da cirurgia ter sido um sucesso, ela rendeu ao médico dois processos, sendo um no
24
Será empregado o termo transexualidade ao invés de transexualismo, posto que uns dos objetivos deste
trabalho é desconstruir a idéia de que os transexuais são doentes, noção que permanece com a terminação
“ismo”, que remete à idéia de patologia ou perversão sexual (Bento, 2006)
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Conselho Federal de Medicina e o outro criminal, pois a cirurgia foi considerada como
mutilação, o que infringe o Código Penal e o Código de Ética Médico. Farina foi condenado
nos dois casos, mas após um tempo conseguiu retornar às suas atividades profissionais
(Saadeh, 2004).
Após esse incidente, alguns hospitais no Brasil começaram a realizar a cirurgia de
redesignação sexual, mas não antes de haver uma mudança na legislação médica. Em 1997, o
Conselho Federal de Medicina regulamentou, por intermédio de uma Resolução, a prática da
cirurgia de redesignação, restringindo-a a hospitais universitários ou públicos adequados à
pesquisa (Vieira, 2000). Essa resolução definia que a cirurgia de redesignação tem uma
“intenção de beneficência” como motivo essencial, baseando-se em dois princípios: o
primeiro, terapêutico, buscava a integração corpo e mente; já o segundo referia-se ao princípio
de autonomia e justiça (Arán, Murta e Lionço, 2009).
Em 2002, nova diretriz foi estabelecida por meio da Resolução 1652, que revogou a
Resolução anterior, e que autoriza os médicos a realizarem o tratamento cirúrgico após um
período de dois anos, no qual o paciente conta com acompanhamento de médico psiquiatra,
cirurgião, psicólogo, endocrinologista e assistente social (Assis, 2004). Nessa nova Resolução
também fica resolvido que as cirurgias em transexuais femininas25 podem ser realizadas fora
do âmbito de pesquisa e em qualquer hospital, seja ele público ou privado. Entretanto, no caso
de transexuais masculinos (female to male), a cirurgia ainda é restrita a hospitais-escola e ao
caráter estrito de pesquisa (Arán et al., 2009).
Mais recentemente, em 2008, houve um avanço na questão legal da cirurgia com uma
portaria do Ministério da Saúde (portaria nº 1707) e outra, da Secretária de Atenção à Saúde
(portaria nº 457), que instituem, respectivamente, o processo transexualizador no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS) e os regulamentos de tal processo (Brasil, 2008). Tais
regulamentos incluem acesso universal ao tratamento livre de discriminação, atenção de
equipe multidisciplinar e tratamento hormonal e cirúrgico. Todavia, essas iniciativas foram
frustradas, em decorrência de pressões de setores conservadores da sociedade.
Por outro lado, uma conquista do campo da saúde ocorreu no 4 de março de 2008, data
em que foi divulgado pelo Ministério da Saúde que os/as travestis e transexuais têm o direito
de usar seus nomes sociais nos prontuários de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Tal direito é garantido pela Carta dos Usuários da Saúde do SUS (O diário online, 2008).
Contudo, a batalha por direitos elementares como esse, de ser reconhecido legitimamente pelo
nome, é travada diariamente pelos transexuais. Carlos (2007) assevera que tal dificuldade está
relacionada ao papel que o Direito possui em nossa sociedade. Para esta autora o Direito nada
mais é do que um instrumento da ideologia vigente e que trabalha juntamente com a
heteronorma para mantê-la em uso. Exatamente por essa razão é que os direitos acabam
abrangendo apenas os sujeitos gendrados, ou seja, é preciso ser homem ou mulher para se ter
direitos reconhecidos, deixando de lado o ser humano.
Outro aspecto que dificulta o alcance das pessoas transexuais aos seus direitos é a
visão patologizante que a medicina, e até alguns setores da psicologia, ainda mantêm em
relação à pessoa transexual. Tal visão por parte da saúde não permite que transexuais tenham
uma voz ativa nos discursos de poder, além de serem vistos apenas no aspecto biológico,
esquecendo que antes de tudo a transexualidade é um trânsito de categorias sociais (Igualdade
Racial, 2007). Arán (2006) afirma que somente se sairmos dessa visão patologizante e de
diagnóstico é que teremos real oportunidade de olharmos e compreendermos as diversas
formas de identificação.
Defendendo o direito a saúde, não só de transexuais como de toda a comunidade
25
Transexuais femininas são as pessoas nascidas biologicamente homens, mas que se sentem mulheres;
enquanto transexuais masculinos são pessoas nascidas biologicamente mulheres, mas que se sentem homem.
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LGBT, Lionço (2008, p.18) vai dizer que
“Fundamental ao avanço da consolidação do direito à saúde integral para GLBT é o
enfrentamento das condições em que seus direitos humanos são violados ou
negligenciados. O direito à saúde integral para essa população requer o
redimensionamento dos direitos sexuais e reprodutivos, demandando a
desnaturalização da sexualidade e de suas formas de manifestação, bem como a recusa
à medicalização da sexualidade, que tende a normatizar as expressões da sexualidade
humana segundo a lógica heteronormativa e da linearidade na determinação do sexo
sobre o gênero. Isso implica considerar outros discursos sobre a sexualidade humana
como legítimos, inclusive como ferramenta crítica ao saber/poder médico que tende a
patologizar e medicalizar as diferenças que denunciam a não naturalidade, no humano,
dos processos constitutivos e das práticas sociais e relacionais vinculadas à
sexualidade”.
Para a comunidade LGBT e, em especial, para os/as transexuais, a busca do
reconhecimento de seus direitos em geral é um percurso acidentado em uma estrada tortuosa e
repleta de percalços. Contudo, elas e eles parecem estar cada vez mais dispostos a lutar por
seus direitos e têm acumulado algumas vitórias, conseguindo aos poucos realizar diversas
redesignações em suas vidas. Algumas são singelas, ao passo que outras são mais complexas,
mas sempre buscando abrir os olhos da sociedade para a necessidade de ressignificar valores e
crenças, mostrando uma mescla de certezas e incertezas, novidades e rotinas, certos e errados,
já que cada um não nasce com uma essência, mas se constitui como humano ao longo da vida.
Objetivo
O presente estudo propõe-se a refletir acerca dos sentidos produzidos por uma
transexual feminina em relação à cirurgia, buscando destacar suas concepções acerca das
mudanças que a redesignação acarreta na vida de uma pessoa transexual, assim como as
dificuldades e dilemas enfrentados ao percorrer os meandros da saúde pública do Brasil.
Metodologia
A colaboradora do presente estudo é uma transexual feminina, que se apresenta
perante a sociedade como transexual e assim o é reconhecida. Essa colaboradora foi escolhida
por ter vínculo com o grupo VIDEVERSO – Grupo de Ação e Pesquisa em Diversidade
Sexual da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto (FFCLRP-USP).
A pesquisa teve um enfoque metodológico qualitativo e a teoria queer como seu
referencial teórico. Os dados foram colhidos mediante aplicação individual de entrevista
aberta na modalidade história de vida temática, realizada em um ambiente com condições
apropriadas de privacidade e conforto. A colaboradora foi uma transexual feminina de 54
anos. A entrevista foi realizada em situação face a face e audiogravada mediante
consentimento da participante. Também foi utilizado diário de campo para anotações do
pesquisador.
A entrevista de história de vida temática permite a investigação de aspectos relevantes
para compreendermos de maneira aprofundada a formação psicológica, emocional e social do
indivíduo. Segundo Meihy (1994), a história de vida temática vincula-se a um assunto
específico, comprometendo-se com o esclarecimento e com a opinião do entrevistado sobre
esse assunto. Como forma de iniciar a conversa foi utilizada, como questão disparadora, a
seguinte frase: “Eu gostaria que você me falasse sobre sua história de vida”.
A entrevista teve duração de 2h55 e foi transcrita na íntegra e literalmente. O corpus
da pesquisa foi constituído pela transcrição da entrevista e pelo diário de campo (registro de
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eventos relevantes ocorridos e observados durante todo o período de coleta de dados) do
pesquisador. O material transcrito foi submetido à análise de conteúdo temática.
Marco teórico
A teoria Queer surgiu nos Estados Unidos, na década de 1990, como uma teoria mais
aberta às expressões da diversidade, tendo por principal objeto de análise a dinâmica do
desejo e da sexualidade na organização das relações sociais (Miskolci, 2009). Propõe-se a
“romper espaços fixos e finitos da identidade, partindo do princípio de que a sexualidade não
possui significados a priori, mas significados relacionais que se constroem, se imitam e são
imitados” (Talburt, 2005, p.32) e a “minar, de dentro, um pensamento que encerra o outro em
uma etiqueta, pretendendo-se a si mesmo invisível” (Alcoba, 2005, p.8). Considera-se que “a
afirmação da identidade implica sempre a demarcação e a negação do seu oposto, que é
constituído como sua diferença. Esse ´outro´ permanece, contudo, indispensável. A identidade
negada é constituída do sujeito, fornece-lhe o limite e a coerência e, ao mesmo tempo,
assombra-o com a instabilidade” (Louro, 2001, p. 549).
Os teóricos Queer focam na análise dos discursos produtores de saberes sexuais
pautados em um método desconstrutivista. As investigações Queer partem da desconfiança
em relação à estabilidade dos sujeitos sexuais, fixando o foco de sua análise nas estratégias
normativas da sociedade, ao invés de priorizar a construção social de identidades e estudos
sobre comportamentos sexuais, que levem à classificação ou compreensão dos mesmos. Ao
realizar tal modificação no foco, os estudos Queer conseguem apontar como os processos
normalizadores da sociedade geram a ilusão de sujeitos estáveis, identidades sociais e
comportamentos coerentes e regulares (Miskolci, 2009).
O nome Queer, um xingamento que no idioma inglês denota desvio, perversão,
anormalidade, é escolhido propositalmente para enfatizar o compromisso com o
desenvolvimento de uma analítica da normalização (Miskolci, 2009). Louro (2004, p. 7)
define Queer como o que
é estranho, raro, esquisito. Queer é, também, o sujeito da sexualidade desviante –
homossexuais, bissexuais, transexuais, travestis, drags. É o excêntrico que não deseja
ser “integrado” e muito menos “tolerado”. Queer é um jeito de pensar e de ser que não
aspira o centro nem o quer como referência: um jeito de pensar e de ser que desafia as
normas regulatórias da sociedade, que assume o desconforto da ambigüidade, do
‘entre lugares’, do indecidível. Queer é um corpo estranho que incomoda, perturba,
provoca e fascina.
O termo Queer, atualmente, engloba grande número de pensadores e pesquisadores,
que têm em comum a idéia de que a sociedade é heteronormativa e que devemos nos colocar
contra qualquer normatização, venha ela por meio da imposição dos valores heterossexuais ou
da construção de uma identidade homossexual – que no pensamento Queer não existe
(Moscheta, 2004). A ótica desconstrutiva da Teoria Queer vem demonstrar a impossibilidade
de uma sexualidade “natural” e questionar os processos pelos quais a heterossexualidade
passou a ser concebida como “natural” (Louro, 2001). Além disso, vem também questionar a
validade de termos como homem e mulher. Para os teóricos Queer, esse e outros binômios
são “artifícios criados para organizar o conhecimento, categorias que determinam corpos,
desejos e atos, e produzem a ilusão de um sujeito coerente e estável, passível de definição”
(Moscheta, 2004, p. 49).
Resultados e Discussão
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Marcela (nome fictício), 54 anos, separada, é comerciante, com ensino superior
completo. Durante 24 anos de sua vida foi casada com uma mulher. Dessa relação
heterossexual ela teve dois filhos. Marcela, apesar de dizer que sempre se viu diferente e que
sempre se sentiu mulher, só assumiu sua condição transexual aos 50 anos de idade.
Com essa decisão de se assumir, Marcela buscou o acompanhamento de uma equipe
multidisciplinar em um hospital no Brasil. Todavia, pouco tempo depois ela se decidiu por
realizar a cirurgia em outro país (Tailândia), pelo fato de lá a técnica cirúrgica ser mais
avançada e os riscos, menores. .
Eu li muito. [...] Tive contato com várias [transexuais], inclusive, preferivelmente, que
já tinham feito a cirurgia. No Brasil! Eu comecei a por na balança. [...] Aí debrucei
na Internet e comecei a pesquisar fora do Brasil. E dentro do Brasil também. Dentro
do Brasil descobri que era tudo igual, mudava-se pouca coisa. [...] Pesquisei Canadá,
EUA, Alemanha, Inglaterra, Espanha, tudo que você podia... Onde existia eu fui
entrar no site, eu fui pesquisar, eu fui informar, eu fui perguntar, eu fui telefonar...
Quem já fez, quem não fez, como é que foi, como é que não foi... Aí eu cheguei na
Ásia, né, que é onde fica a Tailândia, que hoje é a capital [da cirurgia de
transgenitalização]. (Marcela)
Segundo a colaboradora, os profissionais de saúde do Brasil não buscam aprender as
técnicas utilizadas no exterior (“lá fora”) para a realização deste procedimento. Além disso,
ela argumenta que o profissional de saúde em geral não está preparado para assistir a pessoa
transexual dentro de suas necessidades. Em contraponto, ela tece elogios aos profissionais que
estiveram envolvidos na realização de sua cirurgia no país estrangeiro.
Chokrungvaranont e Tiewtranon (2004) afirmam que a primeira cirurgia realizada na
Tailândia aconteceu no ano de 1975. Menos de 10 anos depois, esse tipo de cirurgia já era
ensinado aos estudantes do Chulalongkorn University Hospital. De acordo com os autores, a
técnica utilizada na Tailândia consiste na inversão peniana para a construção do canal da
neovagina e na utilização de um pedaço da glande peniana para a construção de um clitóris, o
que traz para a transexual não só a aparência de uma genitália genuína, mas, principalmente, a
funcionalidade e a possibilidade de obtenção de prazer. Entretanto, também é apontado pelos
autores que alguns problemas “minoritários”, como rupturas nos grandes lábios ou pequenas
necroses do tecido peniano, podem acontecer.
Marcela desconfiava da efetividade dos resultados da cirurgia realizada no contexto
brasileiro. Movida pela promessa de riscos minimizados, que envolvem a redesignação na
Tailândia, ela decidiu-se por realizar esse procedimento fora do Brasil.
Lá fora você tem uma estética, você tem uma funcionabilidade ou funcionalidade e
você tem uma anatomia, tudo perfeito. Aqui no Brasil você não tem nenhuma das três
coisas perfeitas. [...] Aqui no Brasil não se faz o clitóris. [...] O cirurgião lá, ele é um
neurocirurgião também, ele tem o acompanhamento de um neurocirurgião para
manter toda a parte das enervações... (Marcela)
Segundo a colaboradora, os profissionais de saúde do país não buscam aprender as
técnicas utilizadas em outros países para a realização de um procedimento tão delicado quanto
irreversível. Ela traz em seu discurso situações adversas ocorridas com outras transexuais que
realizaram a cirurgia no Brasil e que vão desde incontinência urinária até a perda total da
sensibilidade na região genital. Além disso, argumenta coloca que o profissional de saúde, em
geral, não está preparado para assistir o transexual dentro de suas necessidades. Em
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contraponto, tece copiosos elogios aos profissionais que estiveram envolvidos na realização
de sua cirurgia, chegando a colocar o cirurgião no papel de um “obstetra” que lhe deu uma
nova vida.
Marcela aponta que os custos para a realização do procedimento é vultoso, mas que os
benefícios fazem com que valha a pena o alto investimento financeiro. O momento narrado
por ela como o mais feliz de sua vida foi o pós-cirúrgico, no qual ela “pode se olhar como
uma mulher por inteiro”. Por meio de sua narrativa, podemos notar que, durante a
reconstrução de seu corpo, Marcela brinca com as normas de gênero, ora buscando reproduzilas com a absorção do feminino e ora desestabilizando-as, quando tem que assumir
novamente o papel masculino por conta dos dois filhos que possui, frutos de um casamento
com uma mulher, que durou 24 anos.
Embora a cirurgia lá fora guarde importantes diferenças com a realizada no Brasil, não
é qualquer pessoa que possui os meios necessários para fazer essa viagem – uma verdadeira
epopéia – para tornar real seu desejo. Apesar de o procedimento ser mais barato fora do país –
de acordo com Marcela, o custo da cirurgia é de seis mil dólares – os gastos adicionais com
viagem e estadia colocam as despesas nas alturas. Além disso, ainda existem as barreiras
cultural e linguística a serem ultrapassadas em uma jornada que envolve uma estadia em um
país estrangeiro, o que coloca não somente a necessidade de um nível socioeconômico alto,
como também a necessidade de um bom nível de aprendizagem e conhecimento.
A cirurgia, realizada havia dois anos, era tida por Marcela como o fator que trouxera
harmonia para sua vida. Foi graças a esse procedimento que ela pôde, finalmente, se ver como
um ser completo, que não teve apenas sua genitália modificada, mas sim todos os aspectos
da sua vida. O momento narrado por ela como o mais feliz de sua vida foi o reconhecimento
de seu novo corpo no pós-cirúrgico, quando ela pode se olhar como uma mulher por inteiro.
Como um novo nascimento, ela pode visualizar no concreto a pessoa que ela sempre fora,
porém, que não existia diante do espelho.
A cirurgia não é uma troca de genitália... Ela troca tudo. É o seu corpo que muda, é o
seu conceito que muda sobre você mesma, é a sua relação com você, a sua relação
com o mundo, a sua consciência sobre o seu novo ser. Não é uma troca de genitália.
Até então eu imaginava: "trocou lá", não! Hoje trocou daqui [cabeça] até o dedão do
pé. É outra pessoa. A minha relação com o mundo é outra. (Marcela)
Além da redesignação, Marcela também realizou outros procedimentos para se tornar
a mulher que é hoje, tais como cirurgias faciais e depilação a laser para eliminação da barba.
Tais mudanças são buscadas, pois é por meio do corpo que comportamentos e características
se tornam marcas culturais que distinguem os sujeitos e também constituem posições de poder
(Louro, 2004). Com isso, a sociedade estabelece a divisão masculino/feminino como algo
primordial, dando sustentação à idéia de que o gênero, de algum modo, é reflexo do sexo
estampado no corpo e que, a partir da materialidade sígnica deste, deduzimos identidades
sexuais e de gênero, além de ligarmos todas as outras esferas constitutivas do sujeito a tal
determinação (Bento, 2008; Louro, 2004).
Desse modo, o corpo se torna uma construção social, não no sentido de que sua
materialidade inexiste, mas no sentido de que são os processos discursivos vigentes na cultura
que transformam os aspectos corporais em definidores do gênero e, consequentemente, do
sujeito (Louro, 2004).
Na experiência transexual da colaboradora, a construção do corpo pode ser vista
operando como metáfora da construção da identidade (Bento 2006), haja vista que a criação
de um corpo feminino, englobando não só os aspectos físicos como também os aspectos
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comportamentais, auxilia na construção e posicionamento da identidade de gênero. Podemos
descrever claramente tal movimento quando Marcela se refere à transexualidade como uma
fase, um período de transição que é superado a partir do momento em que o corpo é adequado
ao gênero que está presente em sua mente. De acordo com ela, é somente quando se realiza a
cirurgia que a identidade de gênero se completa. Esses dados caminham na vertente de
estudos que comprovam que as transformações cirúrgicas, em especial a de redesignação,
trazem diversas consequências positivas para os/as transexuais (Michel, Ansseau, Legros,
Pitchot e Mormont, 2002).
A transexual existe enquanto da... Adequação. A partir daí você é mulher. [...] a
transexualidade é uma fase, é um período de transição.
A literatura mostra que os/as transexuais buscam a cirurgia e todo o tipo de
transformação corporal não somente para estabelecerem a unidade entre corpo/mente e entre
as suas identidades, mas antes disso, para alcançar o reconhecimento do seu pertencimento à
humanidade, o reconhecimento social de sua condição humana (Bento, 2006). Para construir
esses corpos e alcançar a condição de humanidade, elas se tornam negociantes com as normas
de gênero. Com isso, podem reproduzi-las ou desestabilizá-las (Bento, 2006).
No caso de Marcela, podemos notar que ela se encontra no meio desse caminho,
negociando a todo o momento. Com a cirurgia e os demais procedimentos realizados, além
das mudanças de comportamento, a colaboradora busca reproduzir as normas de gênero e se
adequar ao estereótipo cultural do feminino. Por outro lado, em sua narrativa ela relata que,
devido à sua função paterna e em consideração aos filhos, ela retorna ao papel masculino,
escondendo os seios com roupas largas e não utilizando a peruca que, no entanto, sempre está
com ela, ao alcance da mão. Nesse momento ela desestabiliza as normas por se tornar um
indivíduo ininteligível ao cruzar as fronteiras definidas pelo sistema de gênero. Afinal, quem
é ela(e)? Uma mulher em trajes masculinos? Um homem com genitália feminina? Alguém
que não se pode classificar segundo os esquemas e categorias tradicionais, uma vez que
rompe com o esperado e se afasta da binariedade heteronormativa (Butler, 2003).
As inúmeras intervenções, modificações e procedimentos aplicados fazem com que o
corpo se torne um projeto que é “montado” não somente por meio da visão interna e própria,
mas também através da visão do outro (Louro, 2003). Com isso, acaba por constituir o que
chamaremos aqui de transcorpo, isto é, um corpo que se cria a partir de um ato performático e
que ultrapassa as barreiras normativas e se transforma constantemente. Sem dúvida, um corpo
queer, no sentido de que “queer é um corpo estranho que incomoda, perturba, provoca e
fascina” (Louro, 2004, p. 7).
O discurso médico-científico acaba por colocar esse transcorpo em uma posição
estática, impondo, como barreira final para que ele se torne exeqüível, a cirurgia de
redesignação sexual. Adicionado a isso prevalece uma visão de que a transexualidade seria
um distúrbio que teria como tratamento o processo transexualizador.
Esse argumento acaba, por um lado, por garantir o acesso dos transexuais à rede pública de
saúde, que é importante para a atenção ao processo saúde-doença, assim como para a
construção de si na transexualidade. Por outro lado, essa mesma colocação fomenta a
manutenção de uma visão patologizante e estigmatizante do(a) transexual (Arán et al., 2009).
Além disso, as políticas públicas de saúde voltadas aos transexuais são incipientes, em
decorrência do fato de a transexualidade não ser assumida como pauta da agenda da saúde
pública.
Por meio do caso apresentado, podemos notar que os serviços de saúde têm de buscar
uma melhor adequação para o atendimento das necessidades da população LGBT, em especial
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do segmento trans, tratando, primariamente, o ser humano ao invés de sua suposta doença ou
diagnóstico.
Foi possível perceber que a cirurgia traz reais benefícios para quem a realiza, mas é
um procedimento dispendioso e que impõe obstáculos que precisarão ser transpostos, como o
elevado custo econômico, a falta de preparo dos profissionais e de serviços especializados.
Uma barreira adicional é o estigma que paira sobre a pessoa transexual, que está amplamente
difundido em nossa cultura e se dissemina pelos serviços de saúde. É essencial que
busquemos paramentar a saúde pública com ferramentas para que os profissionais possam
auxiliar os/as transexuais a alcançarem seu objetivo, dentro de suas próprias especificidades,
para que a busca de recursos no exterior deixe de ser vista como mais vantajosa do que os
serviços locais.
Também por meio da análise do caso apresentado podemos notar o quanto a cirurgia é
importante na vida da pessoa transexual, haja vista as diversas mudanças positivas que tal
procedimento acarreta. Todavia, a literatura nos mostra que não são todos/as os/as transexuais
que anseiam por realizar tal procedimento, o que nos indica a diversidade existente dentro
dessa faceta do universo diverso da sexualidade (Bento, 2006). É exatamente por essa
diversidade que os serviços de saúde tem de buscar uma melhor adequação para o
atendimento às necessidades dessa população, tratando, primariamente, do ser humano ao
invés do diagnóstico.
Considerações Finais
A transexualidade é um fenômeno humano que evidencia a condição complexa e
enigmática da sexualidade e que traz consigo inúmeros desafios, tanto para a pessoa
transexual, quanto para os que a rodeiam, em especial os profissionais de saúde. Os resultados
obtidos no estudo de caso permitiram compreender as barreiras e facilidades encontradas pela
pessoa transexual no percurso que descreve até sua realização.
Percebeu-se a centralidade que a cirurgia ocupa no processo transexualizador, que por
sua vez é parte fundamental do projeto de vida da pessoal transexual. Para quem a realiza e
dispõe de recursos para efetuar a escolha da equipe, instituição hospitalar e país, o
procedimento de redesignação representa um segundo nascimento. A experiência de se ver
pela primeira vez com o corpo “correto” é descrita por Marcela como a vivência mais
gratificante de sua vida. É um momento redentor, de encontro íntimo e profundo consigo
mesma.
Por outro lado, a realidade mostra que a cirurgia ainda é um procedimento
dispendioso, disponibilizado em poucos centros nacionais e que impõe inúmeros obstáculos a
serem transpostos até sua consecução. Um deles se refere ao custo da cirurgia, que não
permite que todos tenham acesso a ela; outro se refere aos profissionais de saúde, que não
recebem nenhum tipo de preparo, desde a graduação até a atuação profissional, para lidarem
com as necessidades específicas da população LGBT, em especial os/as transexuais. Uma
outra barreira que pode ainda ser destacada é o despreparo dos profissionais para realizar o
processo de redesignação sexual, o que acaba por tornar mais atrativos os centros
especializados de outros países, que oferecem condições mais apropriadas e técnica cirúrgica
mais desenvolvida.
Inserir a cirurgia de redesignação sexual como política pública é uma questão de
direitos humanos. O Estado brasileiro precisa compreender que não se trata de um
procedimento com finalidade estética, mas uma questão de dignidade da pessoa humana e de
justiça social. Portanto, é sim uma questão de saúde que deve ser enfrentada, para que se
assegurem os princípios doutrinários que sustentam o Sistema Único de Saúde:
universalidade, acessibilidade e eqüidade. É essencial que busquemos paramentar a saúde
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pública com ferramentas para que se possa auxiliar a população transexual a alcançar seu
objetivo, dentro de suas próprias especificidades, para que o dispendioso recurso de ida ao
exterior deixe de ser a opção mais vantajosa na busca por melhores resultados. Isso porque
apenas uma minoria absoluta da população dispõe de recursos para arcar com os custos
necessários.
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4. IMPACTO DO DIAGNÓSTICO DE ANOREXIA NERVOSA AO LONGO DA
VIDA: RELATO DE CASO DE UMA MULHER COM 23 ANOS DE TRATAMENTO
Ana Luisa Carvalho Guimarães
E-mail: [email protected]
Manoel Antônio dos Santos
E-mail: [email protected]
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
Universidade de São Paulo - USP
1. INTRODUÇÃO
1.1 Transtornos Alimentares: Anorexia Nervosa
Os transtornos alimentares (TA) podem ser definidos como quadros psiquiátricos
caracterizados por perturbações no comportamento alimentar. Anorexia nervosa (AN) e
bulimia nervosa (BN) são os dois tipos mais conhecidos, em razão de sua maior prevalência e
gravidade dos sintomas que acompanham esses quadros (Associação Americana de
Psiquiatria, 2002).
A AN é um transtorno caracterizado pela recusa sistemática à ingestão de alimentos,
medo intenso de ganhar peso e grave distorção da imagem corporal. Os TA, de um modo
geral, não têm uma causa exclusiva; pelo contrário, é consenso na literatura de que são
multifatoriais (American Psychiatric Association, 2009). Embora a etiologia não seja bem
conhecida, há hipóteses em relação a fatores que poderiam contribuir para o aparecimento dos
sintomas, como aspectos sócio-culturais – por exemplo, a valorização do ideal de corpo
esbelto, tido como o modelo do corpo perfeito, difundido de forma maciça na era
contemporânea e propagado pela mídia; questões relacionadas à dinâmica familiar, com
predomínio de padrões de relacionamentos disfuncionais, e fatores ligados ao funcionamento
e estrutura de personalidade da pessoa acometida (Oliveira & Santos, 2006).
Na AN os hábitos e comportamentos alimentares são distorcidos (Dunker & Philippi,
2003; Leonidas & Santos, 2010) e a pessoa acometida se lança a uma busca obstinada por
conseguir alcançar um padrão de beleza quase inatingível, às custas da mortificação do corpo
(Fraga & Santos, 2005).
É importante fazer uma ressalva em relação à questão da influência sócio-cultural na
expressão e apresentação do transtorno. Muitas vezes os TA são vistos como associados à
sociedade capitalista e à difusão, por meio de aparatos tecnológicos midiáticos, de padrões
estéticos inalcançáveis. Esses padrões, que equacionam corpo magro ao corpo belo,
relacionam-se, por sua vez, a diversos fatores: a beleza física é associada a ter sucesso na
vida, ter dinheiro, prestígio e êxito profissional, ser feliz e, até mesmo, ser amado e
valorizado. Portanto, a auto-estima estaria condicionada a essas crenças arraigadas na
contemporaneidade, que apontam para a produção de déficits na organização narcísica. O
mal-estar extremo, conseqüência da busca obsessiva por um padrão irreal e humanamente
inalcançável de realização pessoal, é muitas vezes percebido apenas como “um preço a se
pagar pelo corpo belo adquirido” (Rego, Severiano, & Telles, 2009, p. 5).
Entretanto, vale ressaltar que os relatos de comportamentos característicos dos TA não
se limitam à atualidade e os valores em voga. Um estudo realizado na Universidade Chinesa
de Hong Kong questiona a propagação da AN como um transtorno próprio da sociedade
ocidental e caracterizado fortemente pelo desejo de emagrecer ou medo de tornar-se gordo –
que corresponde ao Critério “B” do DSM-IV (Associação Americana de Psiquiatria, 2002). O
autor apresenta casos nos quais a AN em nada se relaciona ao desejo propriamente dito de
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emagrecer, mas decorre de outros fatores. Dessa maneira, a questão sócio-cultural, presente
principalmente na sociedade ocidental, deve ser vista como uma influência no surgimento dos
TA, e não como uma causa direta desses quadros (Lee, 1995).
Além disso, há possibilidade de influência também de eventos traumáticos, de difícil
elaboração psicológica e que podem dificultar o curso do desenvolvimento do indivíduo
(Andrade & Santos, 2009). Isso talvez explique porque não exista uma idade específica para o
desenvolvimento de um TA, embora na maioria dos casos se observe seu surgimento durante
os anos da adolescência, em razão de este período caracterizar uma fase de transição
psicossocial e de enfrentamento de questões cruciais relativas à aquisição do senso de
identidade e reorganização da sexualidade.
A abordagem psicodinâmica no tratamento dos TA tem sido considerada como uma
estratégia complementar ao plano terapêutico, que inclui reabilitação clínica e nutricional,
além de apoio e/ou terapia familiar (American Psychiatric Association, 2009). A psicoterapia
visa ”recuperar e fortalecer a auto-estima e auxiliar na tradução de sensações e afetos que
permanecem distantes da consciência” (Gorgati, Holcberg, & Oliveira, 2002, p. 47). Desse
modo, o trabalho é orientado em direção à obtenção do insight, utilizando-se de fundamentos
próprios da teoria psicanalítica. Nesse modelo valoriza-se tanto a melhora dos sintomas,
quanto a recuperação do peso ponderal e a compreensão de aspectos psicológicos do paciente,
partindo do pressuposto da integralidade do sujeito.
Pacientes com TA podem apresentar dificuldades em entrar em contato e tolerar
algumas emoções (Santos, 2006). A psicoterapia psicodinâmica procura oferecer um contexto
seguro no qual a pessoa possa compartilhar seu mundo interno e formular soluções
alternativas aos seus sintomas psíquicos, de maneira a encontrar outras formas de expressão
para seus conflitos. Desse modo, é natural que o terapeuta encontre no setting terapêutico um
paciente com um repertório escasso de experiências afetivas e facilmente suscetível a aceitar,
de forma subserviente, a posição e as interpretações oferecidas pelo profissional. É função do
terapeuta analisar os mecanismos de defesa utilizados pelos pacientes, assim como ser
continente, perceber e valorizar a contratransferência, e utilizá-la como ferramenta de trabalho
(Gorgati et al., 2002).
Formas definidas diretrizes muito precisas que devem ser seguidas ao longo do
tratamento (American Psychiatric Association, 2009). Estudos nacionais discutem o
tratamento dos TA, focalizando a abordagem grupal (Santos, 2006; Santos, Oliveira,
Moscheta, Ribeiro e Dos Santos, 2004). Gorgati et al. (2002) focaliza a abordagem
psicodinâmica e afirmam que a psicoterapia individual seria mais indicada para pacientes com
AN, em relação à prática grupal, que seria ineficiente na fase aguda do transtorno. Além
disso, ressaltam que a restituição nutricional é indispensável para a eficácia da psicoterapia,
embora a recuperação do peso ponderal em si não configure cura da anorexia.
A abordagem familiar mostrou resultados positivos em relação ao quadro
sintomatológico e às condições psicológicas dos pacientes e de seus familiares (American
Psychiatric Association, 2009). Estudos com pacientes adultos, que compararam duas formas
de tratamento psicodinâmico (psicoterapia psicodinâmica focal e terapia cognitivo-analítica),
com terapia familiar, e grupo controle, não apresentaram resultados estatisticamente
significantes entre as essas modalidades de tratamento e abordagens. Entretanto, há indícios
de que a psicoterapia focal e a terapia familiar são estratégias mais efetivas quanto ao ganho
de peso do paciente em relação ao tratamento controle (Gorgati et al., 2002).
Trabalhos recentes têm explorado novas abordagens na intervenção familiar, como a
perspectiva do socioconstrucionismo (Souza & Santos, 2006, 2007, 2009a, 2009b, 2010).
1.2 Critérios diagnósticos: Anorexia Nervosa (DSM-IV-TR)
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De acordo com o DSM-IV-TR (Associação Americana de Psiquiatria, 2002), são
considerados critérios diagnósticos da AN:
A. Recusa a manter o peso corporal em um nível igual ou acima do mínimo normal
adequado à idade e à altura (por exemplo, perda de peso que leve à manutenção do peso
corporal abaixo de 85% do esperado; ou fracasso em ter o ganho de peso esperado durante o
período de crescimento, levando a um peso corporal 85% menor do que o esperado); B. Medo
intenso de ganhar peso ou de se tornar gordo, mesmo estando com peso abaixo do normal; C.
Perturbação no modo de vivenciar o peso ou a forma do corpo, influência indevida do peso ou
da forma do corpo sobre a auto-avaliação, ou negação do baixo peso corporal atual; D. Nas
mulheres pós-menarca: amenorréia, isto é, ausência de pelo menos três ciclos menstruais
consecutivos. Considera-se que uma mulher tem amenorréia se seus períodos menstruais
ocorrem apenas após a administração de hormônio, como estrógeno.
Também é necessário especificar o tipo de transtorno: AN do Tipo Restritivo: durante
o episódio atual de AN, o indivíduo não se envolveu regularmente em um comportamento de
comer compulsivamente ou de purgação – isto é, auto-indução de vômito ou uso indevido de
laxantes, diuréticos, anorexígenos ou enemas; AN do Tipo Compulsão Periódica/Purgativo:
durante o episódio atual de AN, o indivíduo envolveu-se regularmente em um comportamento
de comer compulsivamente ou de purgação – isto é, auto-indução de vômito ou uso indevido
de laxantes, diuréticos, anorexígenos ou enemas.
1.3 O impacto do diagnóstico e suas ressonâncias subjetivas
O diagnóstico de uma condição crônica e potencialmente incapacitante, como os TA, é
deflagrador de angústia e incertezas. Por se tratar de um diagnóstico psiquiátrico – e, portanto,
sujeito a estigmatizações e incompreensões por parte da maioria das pessoas leigas e até
mesmo entre profissionais de saúde – percebe-se que os pacientes demonstram grande
relutância em aceitá-lo. Muitas vezes, o aceitam de maneira superficial, não tendo
compreensão completa do significado que ele assume em suas vidas. Por isso é preciso
auxiliar os pacientes a desenvolverem uma visão crítica sobre os efeitos do diagnóstico.
Longe de ser algo pontual, receber um diagnóstico afeta diversos aspectos da vida de uma
pessoa, de acordo com a visão que esta tem acerca do que se lhe sucede.
De acordo com Tierney (2008), os pacientes são encaminhados ao tratamento,
geralmente, quando os sintomas já estão estabelecidos e, muitas vezes, o quadro clínico
apresentado é grave. Os pacientes relutam em aceitar tanto o tratamento, quanto o diagnóstico
de TA, já que se sentem empoderados pela capacidade que desenvolvem de restrição de sua
alimentação. Apesar disso, em momentos mais integrados e reflexivos, é comum
reconhecerem a intervenção externa como algo necessário.
Estudo realizado com doentes crônicos mostra os sentidos presentes nos discursos dos
pacientes acerca de seus diagnósticos. De acordo com a percepção dos participantes, as
principais causas de suas doenças são relacionadas ao estilo de vida estabelecido ou à genética
familiar. Desse modo, percebem a construção dos sentidos de doença como culpa ou como
decorrência de um destino inexorável (Junges & Bagatini, 2010).
Da mesma forma que o diagnóstico impacta o paciente de determinada maneira, a
família também passa pelo processo de adaptação e ajustamento progressivo a essa nova
conjuntura. Estudos com familiares de portadores de TA mostram o impacto exercido na
dinâmica familiar. Há uma sobrecarga física, econômica e emocional. Além dessa sobrecarga
de cuidados, ocorre um deslocamento nas expectativas e nas relações afetivas. O fato de ter
que se esforçar para compreender o que significa ter uma filha com TA mobiliza angústias
intensas. O primeiro impacto, e talvez o mais forte, é vivenciado por ocasião da confirmação
diagnóstica, que deflagra nos familiares – e no próprio paciente – sentimentos de sofrimento,
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insegurança, medo, tristeza e vergonha. Esses registros emocionais vão perpassar as demais
etapas do tratamento. A família, extremamente fragilizada, fica com suas relações
comprometidas, tanto no plano intrafamiliar, como extrafamiliar. Ainda assim, entre
sentimentos ambíguos e frustrações, a família pode se revelar um lugar de continência, afeto e
cuidado, essencial para a melhora do paciente (Navarini & Hirdes, 2008).
Os familiares são cercados por mitos e concepções errôneas do que consiste um TA e
de como é organizado o tratamento. Percebe-se uma supervalorização da recuperação do peso
e restabelecimento de um padrão alimentar saudável, em detrimento do tratamento de
questões referentes à esfera psicológica. O TA é tido pelos familiares como algo próprio de
uma fase do ciclo vital, “coisa de adolescente” ou, então, como um distúrbio incurável. No
geral, fica clara a necessidade de uma intervenção voltada aos familiares no sentido de
empoderá-los, orientando-os e reafirmando sua capacidade de cuidadores aptos a apoiar o
paciente no processo de enfrentamento (Natenshon, 2001).
2. OBJETIVO
O presente estudo teve como objetivo identificar os significados que uma paciente em
tratamento há 23 anos atribui ao diagnóstico de AN.
3. MÉTODO
O princípio metodológico que fundamentou a elaboração deste trabalho foi o estudo de
caso (Peres & Santos, 2006). De acordo com Yin (2005), o estudo de caso pode ser utilizado
para descrever uma intervenção e o contexto da vida real em que os fatos ocorrem. Dessa
maneira, enquanto estratégia de pesquisa, possibilita contribuir com o conhecimento de
fenômenos individuais, organizacionais, políticos e de grupos, agregando um aporte de saber
produzido em condições naturalísticas. Esse enfoque metodológico tem sido utilizado em
investigações na área da psicoterapia dos TA (Andrade & Santos, 2009; Fraga & Santos,
2005; Kreling & Santos, 2005).
Para alcançar o objetivo proposto no presente estudo, selecionou-se como caso a ser
investigado a condição apresentada por Cristina, paciente com diagnóstico de AN que se
encontrava em acompanhamento em psicoterapia individual, como parte do plano terapêutico
estabelecido pela equipe de um serviço de atendimento multidisciplinar (Grupo de Assistência
em Transtornos Mentais - GRATA, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto - HCFMRP-USP). Constituído por equipe multidisciplinar, composta por
médicos nutrólogos, nutricionistas, psiquiatras e psicólogos, este serviço especializado no
tratamento de TA disponibiliza diferentes modalidades de atendimento, que incluem:
reeducação nutricional (individual e em grupo), psicoterapia (individual e em grupo),
acompanhamento psiquiátrico (individual e em grupo), apoio psicológico individual e grupo
de orientação de pais e de outros cuidadores.
Os critérios de seleção do caso foram: (1) ter uma longa trajetória de acompanhamento
por um mesmo serviço especializado, de modo a tornar viável o acesso a possíveis mudanças
ocorridas nos significados atribuídos ao diagnóstico pelo paciente ao longo do processo de
tratamento; (2) concordar em participar do estudo.
Para alcançar o objetivo proposto, foram utilizadas as transcrições das sessões de
psicoterapia individual de Cristina, complementada pela análise dos relatos da paciente
produzidos durante o grupo terapêutico. Foram selecionadas as falas que evidenciavam a
perspectiva que a paciente tinha acerca de seu diagnóstico e dos significados e implicações do
mesmo em seu viver diário. Também foi dada ênfase aos relatos que, na perspectiva dos
psicoterapeutas da abordagem individual e grupal, mostravam mudanças na dinâmica psíquica
e progressos alcançados ao longo do processo psicoterápico.
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Os critérios diagnósticos apresentados no DSM-IV-TR foram utilizados como suporte
para pontuar as reflexões elaboradas acerca do percurso descrito pela paciente no intervalo de
seis meses de acompanhamento. Esse tipo de recorte do material clínico implica analisar o
processo terapêutico como um fenômeno dinâmico, que evolui em uma linha que pode ter
tanto movimentos de continuidade, como de descontinuidade, na qual a paciente evolui.
Implica também em valorizar a sua própria perspectiva desse processo.
4. RESULTADOS
4.1 Contextualização
Cristina (nome fictício) tinha 43 anos, era uma mulher negra, com 73,6 kg e 1,80 m
(IMC = 23,51 kg/m2, considerado eutrófico). Completou o ensino médio e o magistério.
Atuava como educadora em uma escola. Solteira, morava com a mãe e uma irmã.
Estava em seguimento no GRATA havia 23 anos, com uma interrupção de dois anos.
Nesse longo itinerário terapêutico, encontrava-se em atendimento psicoterápico individual
havia nove anos, sendo este o primeiro ano com a atual terapeuta. O atendimento é norteado
por uma abordagem psicodinâmica. A psicoterapeuta da abordagem individual era uma alunaestagiária do curso de Psicologia, que atuava sob supervisão de uma psicóloga do serviço. As
sessões tinham freqüência semanal e eram realizadas em situação face a face. Cristina
também recebia psicoterapia de grupo havia nove anos, com sessões semanais, às quais
comparecia com pouca assiduidade, ao contrário da psicoterapia individual, a qual aderiu
satisfatoriamente.
4.2 O percurso da paciente
A fase inicial da psicoterapia de orientação psicanalítica consiste no estabelecimento
da aliança terapêutica (Peres, 2009).
Nos primeiros contatos com a psicoterapeuta atual, Cristina contou sobre sua rotina e
organização familiar. Relatou alguns sentimentos recorrentes no convívio diário. A paciente
mora com sua mãe em um conjunto habitacional situado na periferia da cidade. É oriunda de
uma família modesta. Descreveu-se como muito dependente da mãe, inclusive no plano
financeiro. A mãe vivia com a pensão deixada pelo pai falecido. Seus irmãos também
moravam com ela e a mãe, mas saíram de casa ao se casarem, restando apenas uma irmã mais
nova, também solteira. Quando do início da psicoterapia, Cristina trabalhava dois dias da
semana em uma casa de família, como diarista. Esse trabalho era foco de queixas,
reclamações e críticas por parte da paciente, que se sentia desmotivada, cansada e insatisfeita
com o emprego, seu desempenho nas atividades diárias e a remuneração que recebia.
Cansaço. Essa era uma queixa freqüente que a paciente trazia nas sessões.
Considerava sua exaustão como uma característica própria de sua pessoa, que entendia ser
inata. De forma recorrente nas sessões dizia “estar cansada”. Essa fadiga crônica, por várias
vezes também referida como “desânimo”, estendia-se para além dos afazeres do trabalho,
invadindo sua vida cotidiana em diversos momentos. Por exemplo, Cristina contava que se
sentia cansada ao acordar, que não tinha vontade alguma de fazer as tarefas de casa, ou outra
atividade qualquer. Para complementar o orçamento, a paciente também fazia trufas, que
vendia em vários locais. Essa era uma tarefa que a paciente dizia que lhe agradava em alguns
momentos, pois gostava de cozinhar e de fazer doces. Era reconhecida em seu meio social por
seus feitos culinários, sendo constantemente convidada a fazer bolos para eventos festivos.
Porém, Cristina relatava sentir-se cansada e sem ânimo também para cozinhar e, por esse
motivo, passou a fazer doces com menor freqüência.
A paciente expressava nas sessões seu descontentamento com a vida. Quando
questionada sobre a possibilidade de acontecerem mudanças, tanto mobilizadas por ela quanto
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induzidas por um evento externo, demonstrava não ter esperança de que grandes alterações
poderiam ocorrer em sua vida. Não acreditava que um emprego poderia ser algo prazeroso, ou
que poderia conquistar maior independência em relação à sua mãe.
Quando Cristina recebeu a comunicação de que havia sido aprovada em um concurso
da prefeitura municipal, ficou bastante inquieta. Esse evento teve um impacto semelhante a
um efeito dominó, na medida em que afetou os mais variados setores de sua vida. A paciente
havia prestado esse concurso havia quatro anos e sequer recordava-se dele quando recebeu a
notícia de que havia passado e seria chamada para assumir um posto de trabalho. Mesmo
relutante, Cristina assumiu o cargo e passou a trabalhar com uma atividade – educadora
infantil – que lhe agradava. Contou que se sentia bem ao trabalhar e deixou de queixar-se de
cansaço com a freqüência anterior. Conseqüentemente, conseguiu perceber que o cansaço que
atribuía a si própria como uma característica atávica, inata, na verdade era decorrente de sua
insatisfação no trabalho.
A remuneração que a paciente passou a receber possibilitou-lhe abrir mão da ajuda
financeira que a mãe lhe oferecia até então. Além disso, a paciente passou a fazer planos para
o futuro: Cristina falou sobre seu sonho de formar-se em um curso superior, pois agora
acreditava ser possível, de fato, a realização desse sonho. Cristina passou a falar sobre o
futuro de maneira positiva e logo alocou o cansaço, o desânimo e a desesperança no passado:
“antes, era muito difícil para mim”.
Em relação à sua vida afetiva, Cristina relatou um relacionamento amoroso que teve
quando ainda era jovem e que marcou sua vida. Esse relacionamento, com um rapaz solteiro e
de sua idade, que estudava com ela, foi permeado por desilusões e sofrimento. Cristina contou
que fora traída por ele e por uma amiga sua, e que passou mais de 20 anos presa à imagem
que criou desse homem e de seu relacionamento com ele. Na psicoterapia, Cristina referiu-se
a esse enamoramento como uma experiência ilusória de sua parte, como se não houvesse
acontecido nada de fato. Evidenciou-se, assim, a ativação de mecanismos de anulação e
esvaziamento do sentido emocional da experiência amorosa frustrada. Por outro lado,
percebe-se o quanto que essa vivência traumática influenciou o desenvolvimento de sua vida
afetiva posterior, permeada por sentimentos de insegurança e por momentos que alternam
grande exposição com excessiva cautela e autoproteção. Essa dinâmica oscilante também se
revelou na relação terapêutica: houve sessões em que Cristina se mostrou mais permeável à
aproximação da terapeuta, enquanto que, em outros momentos, mantinha um contato
superficial e se apresentava fechada, encastelada em sua muralha defensiva.
Durante o processo terapêutico, Cristina relatou a experiência que estava tendo de se
apaixonar novamente, decorridos cerca de 20 anos daquela paixão malograda da juventude. O
objeto de seu encantamento amoroso era Renato, um homem casado e que não retribuía suas
manifestações de afeto. Foi um momento particularmente doloroso para ela, recém-saída de
seu completo fechamento, avessa a relacionamentos afetivos. A paciente se comportou de
maneira oposta ao ocorrido em seu primeiro relacionamento: se antes se protegeu demais,
agora se expunha de maneira a tornar-se extremamente vulnerável e suscetível a abalar-se
pelo desinteresse expressado por Renato.
No decorrer do tratamento, Cristina trouxe, de forma reiterada, a questão da
dificuldade que sentia por desejar alguém e não encontrar reciprocidade alguma no seu
desejo. O relacionamento que se desenhava em sua mente não tinha correspondência na
realidade. Cristina ligava para Renato, insistia em encontrar-se com ele e questionava-se em
todo momento o que poderia fazer para mudar a situação de esquiva da parte dele. Na
psicoterapia procurou-se trabalhar quais eram as conseqüências dessas ações, como Cristina
se sentia na posição que ocupava nesse “relacionamento”, e ressaltar o fato de que ela era
autora de suas escolhas, ou seja, responsável pelos caminhos e decisões que tomava em sua
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vida. Procurou-se favorecer a conscientização de que o mal-estar e o desconforto que a
paciente sentia eram conseqüências de suas próprias escolhas e do modo como lidava com as
frustrações afetivas.
Durante meses, Cristina continuou a se queixar desse relacionamento. Em determinada
sessão, a paciente relatou ainda sentir vontade de procurar Renato, de ligar para ele e tentar
agendar um encontro. Foi apontada, para a paciente, a mudança que ocorrera: anteriormente,
ao sentir o impulso de procurar Renato, Cristina ligava para ele; atualmente, apesar de ainda
sentir essa vontade, não o fazia. Nesse momento, Cristina disse que o que havia mudado é que
ela passou a ter amor-próprio.
Com a aprovação inusitada no concurso e a série de mudanças que passou a vivenciar
concomitantemente, Cristina começou a aceitar a possibilidade de que mudanças estavam
ocorrendo também em outros aspectos de sua vida. A esperança, que fora restaurada com a
melhoria no âmbito laboral, finalmente alcançou sua vida afetiva.
Cristina percebeu que, se lhe foi possível operar uma transformação de tamanha
dimensão em um aspecto de sua vida, que até então estava estagnado, era possível ocorrerem
também outras mudanças. A paciente, pela primeira vez, começou a aceitar a possibilidade de
relacionar-se com alguém de maneira diferente do padrão de seus relacionamentos anteriores.
Ainda sentia-se muito insegura e vulnerável, mas conseguia pensar que poderia vir a conhecer
alguém, com quem pudesse construir uma vida em comum. Anteriormente, Cristina dizia ter o
“dedo ruim”, referindo-se às escolhas que fazia, e boicotava oportunidades, colocando por
terra todos os “futuros possíveis”. Agora, a idéia de um relacionamento positivo não era mais
rechaçada.
Cristina relatou, em algumas sessões, sentir-se insatisfeita com seu corpo, e recordou
do momento em que fora internada, 23 anos atrás. Percebia uma diferença marcante em
relação ao passado, quando havia ficado esquálida e, no entanto, tinha a convicção de que
estava gorda. Agora, não só as pessoas diziam que ela estava magra, mas ela própria também
o admitia. Sentia-se gorda em “algumas partes”. Percebe-se, assim, que existia uma diferença
substancial entre a insatisfação que ela sente atualmente e o sentimento de outrora. Cristina
apontou que, quando foi internada pela primeira vez, sua única meta de vida era perder peso;
não conseguia desempenhar atividade alguma, ou sequer pensar em um futuro para si. Todas
as energias psíquicas estavam voltadas unicamente para a consecução desse objetivo, a que
ela se dedicava com ardente obstinação. Nessa época tinha cerca de 20 anos de idade e chegou
a ter um IMC de 12,7 kg/m2. Corria risco iminente de morte, o que deflagrou a necessidade de
internação imediata.
No percurso terapêutico recente, a paciente referiu-se pouco ao TA em si. Essa é uma
questão que permeava suas falas e que apareceu explicitamente apenas em situações muito
específicas. Entretanto, isto não implica que esse tema não esteja presente, no mínimo como
pano de fundo, da psicoterapia. Atualmente, a insatisfação com o corpo, que ela refere ainda
sentir, é vista pela própria paciente a partir de uma perspectiva diferente. Quando considera
diminuir a alimentação (por exemplo, “pular” uma refeição, deixar de almoçar), Cristina logo
associa a perda de peso que teria com dificuldades imediatas no seu emprego, em forma de
fraqueza e tontura sentidas no decorrer do dia, e a longo prazo na impossibilidade de realizar
seus planos para o futuro, como fazer um curso superior e conquistar independência
financeira de sua família.
Vale ressaltar que, apesar da insatisfação corporal, Cristina relatou que já conseguia
olhar-se no espelho e não se ver “gorda”, o que sugere uma melhoria significativa em sua
auto-imagem corporal.
5. DISCUSSÃO
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A discussão do material clínico foi pautada nos critérios diagnósticos para a AN
propostos pelo DSM-IV-TR. Em relação ao primeiro critério: A. Recusa a manter o peso
corporal em um nível igual ou acima do mínimo normal adequado à idade e à altura (por
exemplo, perda de peso que leve à manutenção do peso corporal abaixo de 85% do esperado;
ou fracasso em ter o ganho de peso esperado durante o período de crescimento, levando a um
peso corporal 85% menor do que o esperado). Durante anos Cristina preencheu esse critério.
Quando relatava aspectos de sua vida na época da internação, descrevia-se como muito magra
e debilitada, a ponto de não conseguir sequer andar. De tão enfraquecida, para tomar banho
precisava sentar-se em uma cadeira. Ainda assim considerava-se “gorda”.
Apesar de Cristina ainda mostrar-se insatisfeita com seu corpo atual, dizia que, ao se
olhar no espelho, conseguia não se enxergar como gorda. Todavia, continuava sentindo malestar ao comer e tinha dificuldades em relação a aceitar sentimento de satisfação após a
refeição. Entretanto, tomou consciência de que esse mal-estar que sentia ao comer podia ser
contraposto com alguns ganhos que adviam da melhora na alimentação: mais energia, maior
capacidade produtiva, não se sentir tão cansada ou desanimada durante o dia. Enfim, Cristina
pôde perceber que alimentar-se é algo que possibilita seu fortalecimento em direção à
concretização de seus planos e sonhos.
Vale ressaltar que, quando Cristina falava sobre a insatisfação com seu corpo e o
desejo persistente de emagrecer, percebe-se que, mesmo se perdesse peso de fato, não estaria
plenamente feliz com seu corpo. Ela associou essa percepção a como se sentia quando esteve
internada: sua única meta na vida era emagrecer e, no entanto, por mais magra que estivesse,
nunca se sentia satisfeita com seu peso.
Em relação ao segundo critério diagnóstico do DSM-IV: B. Medo intenso de ganhar
peso ou de se tornar gordo, mesmo estando com peso abaixo do normal. Cristina preenchera
completamente esse critério durante um longo período de sua vida, contudo, atualmente, não
se pode afirmar que tenha intenso medo de engordar ou tornar-se gorda, a despeito de persistir
o desejo manifesto de emagrecer.
No que concerne ao terceiro critério diagnóstico – C. Perturbação no modo de
vivenciar o peso ou a forma do corpo, influência indevida do peso ou da forma do corpo sobre
a auto-avaliação, ou negação do baixo peso corporal atual – Cristina conta que, no período de
sua internação, estava excessivamente magra, porém achava que algumas “partes” de seu
corpo eram gordas. Atualmente, a paciente não se achava gorda, apesar de não estar
plenamente satisfeita com seu corpo. Essa insatisfação, de fato, refletia-se fortemente em sua
auto-estima, porém esse momento deve ser diferenciado do anterior não apenas pela dimensão
que essa perturbação assumia em sua vida, mas também pela postura que a paciente adquiriu
frente a essa questão fundamental em seu viver: emagrecer não era mais uma meta na vida de
Cristina, e muito menos a única meta, ou a meta das metas. A paciente já conseguia olhar para
si própria de maneira mais crítica e reconhecer tanto suas “falhas” como aceitar suas
potencialidades. A percepção de suas eventuais imperfeições não era mais excessivamente
calcada na dimensão sensorial ou corporal. E, acima de tudo, a percepção de seus potenciais –
esta talvez se constituiu na novidade mais auspiciosa que emergiu durante o processo
psicoterapêutico – foi um passo crucial para que ela passasse a traçar estratégias que lhe
permitiriam retomar o processo de desenvolvimento que estava estagnado havia mais de duas
décadas.
No que se refere ao quarto critério diagnóstico preconizado – D. Nas mulheres pósmenarca: amenorréia, isto é, ausência de pelo menos três ciclos menstruais consecutivos, o
ciclo menstrual da paciente estava regularizado. Esses dados indicam que o quadro clínico
estava estável.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O acompanhamento sistemático da paciente por um período de nove anos permitiu
constatar que Cristina passou por um processo de transformação gradual ao longo de sua
trajetória de atendimento. Ao narrar sua internação, no início do tratamento, Cristina parecia
referir-se a um acontecimento biográfico já distante de suas preocupações atuais, uma
experiência tumultuada, porém já bem diferente do que vivia no momento atual. Muitas
vezes, ao pensar em suas dificuldades atuais, Cristina fazia um paralelo entre estas e o que
vivera anteriormente. Já se colocando em uma posição diferente, referia-se ao passado como
algo que fora superado. Nesse contexto, o trabalho terapêutico focou-se na conscientização da
paciente de que suas escolhas foram a alavanca que lhe proporcionou esses ganhos e
benefícios terapêuticos.
Em relação ao diagnóstico de AN, percebeu-se que a paciente já preenchera os
critérios em determinados momentos de sua vida, mas que, provavelmente, na atualidade, não
mais receberia tal diagnóstico. Entretanto, a paciente ainda carrega as marcas subliminares
desse diagnóstico psiquiátrico, o que se evidencia quando ela discorre sobre seus medos,
inseguranças e obstáculos. As situações vividas no cotidiano colocavam-na de frente às suas
dificuldades e, nesses momentos de maior estresse e exigência ambiental, percebia-se a
perspectiva que ela tinha acerca de sua própria condição: lidar com um diagnóstico de TA
desde a juventude é uma questão que freqüentemente retorna, sobretudo quando Cristina
questionava se conseguiria adaptar-se a uma nova situação – o novo emprego, se conseguiria
sustentar um relacionamento afetivo construtivo, se seria capaz de manter uma alimentação
saudável, que lhe permitisse suprir as energias necessárias para o trabalho e viver bem.
Questionamentos sobre o diagnóstico, portanto, ressurgiam em momentos de
acentuação das dúvidas e incertezas em relação à própria competência pessoal. Portanto, o
significado de ser uma pessoa com “anorexia” estava diretamente relacionado ao seu senso de
auto-eficácia, que é parte constitutiva da auto-estima. O mais importante é que, no momento
atual, Cristina já se mostrava capaz de perceber diferenças e nuanças em alguns aspectos que
configuram sua auto-imagem, quando confrontada com a imagem que sustentava no passado.
É claro que a sintomatologia que acompanha a AN já fora um grilhão que um dia a limitara
imensamente e, por conseguinte, deixou fortes marcas existenciais na paciente. Tanto é assim
que foi perceptível o quanto Cristina ainda sentia dificuldades em perceber seus avanços
como evidências de superação de uma condição anterior, como se as limitações já superadas
permanecessem como um resquício de um passado que não fora totalmente elaborado e dado
por findo.
No processo terapêutico, Cristina conseguiu conscientizar-se das diferenças entre o
que vivia na atualidade e os acontecimentos passados, apropriando-se de seu papel como
agente de tais mudanças, autora de sua própria história, bem como de suas dificuldades e
potencialidades. Os medos e obstáculos que a paciente encontrava ou introduzia em seu
percurso refletem um momento anterior em sua vida, de intensa luta contra tendências
autodestrutivas que se apoderavam do ego. Contudo, durante o processo terapêutico foi
possível perceber que, apesar de suas inseguranças serem aparentemente as mesmas do
passado, sua postura de enfrentamento frente às situações desafiadoras do presente era bem
diferente. Interpretações discriminadoras desse tipo invariavelmente eram bem recebidas pela
paciente, que se sentia encorajada a persistir em seu processo evolutivo.
Com base nessas considerações, conclui-se que o diagnóstico de AN, para além de ser
um conjunto de sintomas atribuídos por uma profissional de saúde a um indivíduo que
enfrenta sérias dificuldades de ajustamento, assume significados bem distintos ao ser
subjetivado pelo paciente. Na perspectiva de Cristina, representou uma experiência decisiva
em sua trajetória de vida, que felizmente pôde ser transformada ao longo do tratamento. De
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qualquer modo, esse diagnóstico, com suas reverberações estigmatizantes, continua colado à
personalidade da paciente, apesar de ela estar vivenciando um estágio de vida bem diferente
daquela época, quando o TA foi detectado.
Em outras palavras, a AN, que um dia designou uma experiência limítrofe e limitante
no viver da paciente, uma configuração psicopatológica de difícil superação, continua
associada a dificuldades e receios no presente, apesar de a paciente, a rigor, não mais
preencher os critérios diagnósticos para o quadro clínico. Apesar disso, ela continua a se
identificar com o lugar de indivíduo frágil e dependente que esse diagnóstico desenha para
ela. Por essa razão, a superação agora deve ser realizada no mundo interno da paciente, ou
seja, no plano de suas representações de si e do mundo. Acreditar que todas as dificuldades
que enfrenta no processo de viver a vida seriam decorrentes da “doença” é um modo que
Cristina encontrou de ficar aprisionada a seus temores de suportar a vida, o que deve se
constituir no foco a ser elaborado na psicoterapia. Do contrário, ela poderá fazer desse modo
de se defender dos seus conflitos uma condição realmente incapacitante.
Ver-se nesse lugar, de alguém que se mostra incapaz de construir os meios necessários
para sustentar a busca de realização de seu projeto de vida, é uma das maneiras possíveis de
manter-se “anoréxica” pela vida afora, mesmo quando se está claramente “saindo” dos
contornos da anorexia – isto é, quando não se exibe mais a constelação de sintomas típicos
que configuram essa classificação diagnóstica. Desse modo, a “anorexia” permanece não
como um transtorno diagnosticado, mas um questionamento da paciente acerca de sua própria
capacidade de ser, de ir mais além da identidade que a enfermidade fornece: “será que eu
realmente superei?”.
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5. UNIVERSALIDADE E INSTILAÇÃO DE ESPERANÇA COMO FATORES
TERAPÊUTICOS
EM
UM
GRUPO
DE
APOIO
A
PACIENTES
COM
TRANSTORNOS ALIMENTARES
Elaine Cristina da Silva Gazignato
Prefeitura Municipal do Guarujá, SP
E-mail: [email protected]
Fabio Scorsolini-Comin
Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM
E-mail: [email protected]
Manoel Antônio dos Santos
Universidade de São Paulo – FFCLRP/USP
E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO
Os transtornos alimentares (TA), que incluem a anorexia nervosa (AN) e a bulimia
nervosa (BN), são temas muito discutidos e pesquisados atualmente, principalmente pelo
crescente número de adolescentes e jovens adultos que buscam atendimento em clínicas e
serviços de saúde e pela importância dada pela mídia e pela cultura ocidental ao culto do
corpo esbelto e magro, investido como padrão de beleza. A descoberta médica da anorexia e
da bulimia aconteceu em 1691 (WEINBERG; CORDÁS, 2006). Do histórico desses
transtornos, apreendemos que sua incidência aumentou muito nos últimos 50 anos, em parte
devido aos estudos dedicados aos mesmos, que vêm possibilitando um maior reconhecimento
na população. Muitos estudos buscaram delinear a etiologia da anorexia e da bulimia,
procurando identificar fatores de risco para o seu aparecimento. A pressão sociocultural para
ser magro é referida por vários autores como fator de risco para a predição da doença
(POLIVY; HERMAN, 2002; STICE, 1999). Incluem-se nesse cenário principalmente as
pressões exercidas pela família, dos grupos de pares e da mídia (SOUZA; SANTOS, 2007).
Segundo Le Grange (1999), a conceituação da anorexia e da bulimia como
psicopatologias reproduz as ideias sociais dominantes encontradas no discurso científico e
reguladas por meio da linguagem. Os discursos presentes sobre a AN e a BN posicionam as
pessoas diagnosticadas com essa doença de maneiras particulares e acabam sendo
legitimados.
Os Transtornos Alimentares (TA)
Os principais tipos de TA são a AN e a BN. Na perspectiva do discurso médico, são
considerados quadros psicopatológicos e não apenas exagero de valores sociais dominantes,
que permeiam as ações e adições contemporâneas. Correspondem a perturbações graves e
persistentes da conduta alimentar, cuja prevalência tem crescido nas últimas décadas,
atingindo, principalmente, adolescentes e jovens mulheres. Nos últimos anos, tem-se
observado o aumento do número de homens acometidos (ANDRADE; SANTOS, 2009).
A concepção psicológica dos TA é foco de interesse das pesquisas que buscam
compreender a dinâmica de personalidade específica dos pacientes que desenvolvem tais
psicopatologias (SOUZA; SANTOS, 2007). A valorização extrema do ideal de magreza pode
favorecer sentimentos de depressão, raiva, culpa, estresse e insegurança nas pessoas mais
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suscetíveis e inseguras (STICE, 1999). Algumas características apontadas como próprias dos
TA são: disfunção da percepção corporal, preocupação excessiva com a aprovação social,
tentativa de corresponder com as expectativas dos pais, sentimento de vazio e sintomas
depressivos (REGO, 2004).
De acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders-IV Revised,
datado de 2006, os critérios diagnósticos para a AN são: recusa na manutenção do peso
corporal saudável; medo intenso do ganho de peso ou de se tornar obeso, ainda que esteja
abaixo do peso; distúrbio na maneira de perceber a forma física e peso (distorção da imagem
corporal) ou negação da seriedade da atual perda de peso; em mulheres considera-se a
presença de amenorreia (ausência de menstruação) como um dos critérios diagnósticos
limitações dietéticas autoimpostas, com um padrão alimentar bizarro e acentuada perda de
peso induzida e mantida pelo paciente, associada a um temor intenso de engordar. Enquanto
que os critérios diagnósticos da BN são: preocupação excessiva com relação ao controle do
peso corporal conduzindo a uma alternância de hiperfagia e vômitos ou uso de purgativos.
REFERENCIAL TEÓRICO
Potencialidades do grupo como dispositivos de tratamento dos TA
A literatura considera que o tratamento mais eficiente para os TA inclui psicoterapia
associada à farmacoterapia. Os estudos têm mostrado que a psicoterapia ajuda a minimizar o
sofrimento psicológico e a melhorar a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares
(STICE, 1999; REGO, 2004; SANTOS, 2006).
A psicoterapia de grupo oferece um contexto de apoio centrado nas questões que os
TA deflagram, como as dúvidas e resistências em relação ao tratamento (psicoterapia,
tratamento medicamentoso, rotina de consultas, exames e procedimentos, exposição à
tecnologia médica e psicossocial), alterações no cotidiano, repercussões na vida familiar e no
ambiente social, que despertam vivências de angústia. Nesse sentido, o enquadre grupal
fornece um espaço seguro para a expressão emocional e trocas de experiências, uma vez que
favorece a produção coletiva de significados, que podem ser explorados e canalizados na
busca de soluções para os problemas comuns que afetam o cotidiano de todos (SANTOS,
2006; SOUZA; SANTOS, 2009; YALOM, 1970).
O grupo proporciona o confronto de diferentes percepções e pontos de vista sobre um
determinado tema (SANTOS, 2006), o que pode gerar reflexões múltiplas e, muitas vezes,
divergentes, que, se forem acolhidas e elaboradas, promovem o desenvolvimento de recursos,
por parte dos participantes, para lidarem com as diferenças, de modo a desfrutarem de seu
potencial transformador.
Os objetivos da intervenção em grupo, no cenário dos TA, são: promover melhor
qualidade de vida, proporcionar a expressão de sentimentos relacionados ao transtorno e seu
tratamento, reforçar a autoestima e uma autoimagem positiva, fortalecer a vinculação ao
tratamento, estimular a recuperação física e emocional, incentivar a comunicação com a
equipe de saúde. Além disso, outros objetivos visados são: adquirir novas habilidades de
enfrentamento (manejo de ansiedades, formas de resolução de conflitos) que se refletem em
situações cotidianas; incentivar a ajuda mútua por meio da partilha de problemas semelhantes,
dentro do contexto grupal; auxiliar a pessoa acometida a lidar com o temor da dependência –
a perda de autonomia e o medo do futuro (movimentos que vão no sentido do crescimento);
buscar desfechos mais satisfatórios para suas histórias de dor e sofrimento.
Os fatores terapêuticos
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Dentre as abordagens teóricas utilizadas para se compreender os grupos, nootadamente
os de apoio psicológico, destaca-se o enfoque dos fatores terapêuticos. Segundo Bloch et al.
(1979), fatores terapêuticos são “elementos da terapia de grupo que contribuem para melhorar
a condição de um paciente e que podem ser decorrentes das ações do terapeuta do grupo, dos
outros membros do grupo e do próprio paciente” (p. 227). Os fatores terapêuticos seriam
mediadores de mudança, de transformação psíquica, sendo esses elementos comuns a toda
terapia de grupo (SOUZA; SANTOS; SCORSOLINI-COMIN, 2009).
Yalom (1970) elenca 11 tipos de fatores terapêuticos: instilação de esperança;
universalidade; oferecimento de informações; altruísmo; desenvolvimento de técnicas de
socialização; comportamento imitativo; catarse; reedição corretiva do grupo familiar primário;
fatores existenciais; coesão do grupo; e aprendizagem interpessoal. Já para Bloch et al. (1979)
e Mackenzie (1997) existem dez tipos de fatores terapêuticos: universalidade; instilação de
esperança; altruísmo; aceitação (coesão); autorrevelação; catarse; aconselhamento;
aprendizado por intermédio do outro; aprendizado interpessoal; autocompreensão (insight).
Estes fatores exercem impacto nos participantes e contribuem para sua melhora, ou seja,
promovem a redução de sintomas e mudanças em certos padrões de comportamento que
obstruem o processo de crescimento pessoal.
Os fatores terapêuticos podem ser agrupados em quatro grandes grupos, a saber: (a)
Fatores de apoio (universalidade, instilação de esperança, aceitação, altruísmo); (b) Fatores de
autorrevelação (autorrevelação e catarse); (c) Fatores de trabalho psicológico: aprendizado
interpessoal e insight; (d) Fatores de aprendizado: aconselhamento e aprendizado por
intermédio do outro (MACKENZIE, 1997).
Compreender os fatores terapêuticos mobilizados no grupo é uma ferramenta que pode
contribuir para ampliar as possibilidades de intervenção com pacientes com TA (BLOCH,
1986). Obviamente, esses fatores não devem ser entendidos como instâncias teóricas de
análise ou categorias, mas como importantes pilares para compreender a estruturação e
funcionamento do grupo, a construção das condições que favorecem a mudança e a
manutenção e desenvolvimento do grupo ao longo do tempo.
OBJETIVO
A partir do exposto, o objetivo deste estudo é analisar os fatores terapêuticos de apoio
(notadamente a universalidade e a instilação de esperança) presentes em sessões de
psicoterapia de grupo com pacientes que apresentam este tipo de transtorno, buscando-se
compreender como tais fatores auxiliam no desenvolvimento dessas pessoas no contexto do
espaço grupal.
METODOLOGIA
O atendimento de pacientes com diagnóstico de anorexia e bulimia nervosas,
encaminhados pelos diversos serviços públicos de saúde do município de Ribeirão Preto e de
outras cidades da região, é conduzido pelo Ambulatório de Transtornos da Conduta Alimentar
e do Peso do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo.
Nesse ambulatório foi criado o Grupo de Assistência aos Transtornos Alimentares
(GRATA), um serviço no qual são oferecidos aos pacientes com AN e BN: atendimentos
individuais por médicos nutrólogos (residentes e adidos ao serviço), nutricionistas
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(voluntárias), grupos de apoio a portadores e familiares, coordenado por psicólogos
(voluntários), além de avaliação psicológica, psicoterapia individual e encaminhamento
psiquiátrico. À época da coleta dos dados, encontravam-se em tratamento 42 pacientes, em
sua maioria mulheres, com idades entre 15 e 25 anos. A maior parte desses pacientes estava,
portanto, na fase da adolescência, requerendo obrigatoriamente o acompanhamento de seus
pais ou responsáveis legais durante os atendimentos. O tempo de doença e a gravidade do
quadro clínico sintomatológico variavam muito entre os pacientes.
O grupo de apoio às pessoas com transtornos alimentares acontece uma vez por
semana, tem uma hora e trinta minutos de duração e é coordenado por dois psicólogos em
esquema de cocoordenação. É um grupo aberto e todos os pacientes do serviço são
convidados a participar. Configura-se como um grupo aberto aos pacientes de ambos os
sexos.
Traremos aqui alguns recortes das sessões de grupo com esses pacientes, a fim de que
possamos pensar na multiplicidade de discursos produzidos sobre os TA e de que modo os
fatores terapêuticos não apenas estão presentificados no espaço grupal, como contribuem para
o desenvolvimento e o tratamento dos pacientes. Para a análise, utilizaremos duas sessões
selecionadas randomicamente desse grupo de apoio, que foram audiogravadas e transcritas na
íntegra, entre os anos de 2004 e 2005. À época, o grupo acontecia semanalmente, com
duração de 90 minutos, coordenado por dois psicólogos e era aberto, ou seja, com número de
participantes variável.
Para preservar o anonimato dos participantes, os nomes dos mesmos serão omitidos.
Em termos dos cuidados éticos, este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
(Protocolo 10823/2004).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O primeiro fator terapêutico de destaque é a universalidade. Ela pode ser caracterizada
como a tomada de consciência, pelo paciente, de que há outros que vivem situação
semelhante a que ele está vivendo, problemas e conflitos análogos aos seus. Essa descoberta
provoca sensação de alívio, melhora da autoestima e redução de estigma social. O paciente
rompe com o seu aparente isolamento, havendo a possibilidade de intercâmbio social franco e
honesto. O senso de universalidade é a consequência do processo de comparação social que
ocorre naturalmente em grupos (SANTOS, 2006).
Nas sessões analisadas podemos destacar e comentar algumas sequências interacionais
em que este fator surge, como o que segue, narrado na primeira sessão do grupo, em que a
participante comenta:
Mas aí eu vi que tem mais pessoas, né, que tem mais pessoas passando na mesma
situação, e às vezes até numa situação mais difícil do que a minha.
Podemos notar uma sensação de alívio da paciente por descobrir que existem outras
pessoas vivendo a semelhante ou mais difícil. A fala de outra participante corrobora tal
percepção:
É, e também pra mim foi bom também saber que tantas pessoas que têm também e que
não sou só eu. Porque eu me achava esquisita antes.
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Assim, ao reconhecer outras pessoas que sofrem pela mesma doença, as pacientes
podem, no grupo de apoio, experimentar a possibilidade de se verem como “normais”, como
se fosse natural adoecer e enfrentar determinados desafios, como se sentir diferente da
maioria das pessoas. O grupo, elegendo a doença como unificadora das experiências
individuais dessas participantes, acaba universalizando-a e elegendo-a como algo natural, ou
então que não desperte a estranheza, nem mesmo quando e pensa nos profissionais que ali
estão e que não estão doentes. A possibilidade de saída do isolamento social a partir da
identificação com outro participante pode ser notada na fala da participante:
Eu tava me sentindo tão assim diferente das pessoas. Eu não conhecia ninguém que
tinha e eu não conhecia aqui ainda.
A partir desta tomada de consciência de que outros também passam por experiências
semelhantes, surge não apenas a identificação entre as participantes, como visto a seguir, mas
também a atribuição de um importante significado ao grupo, na medida em que ele pode
aglutinar sob um mesmo espaço pessoas com vivências semelhantes. Sendo assim, as
pacientes não apenas podem conhecer pessoas que passam pelo mesmo processo, mas podem
usar o grupo como algo que as caracteriza e abre a possibilidade do encontro e também da
construção coletiva de sentidos sobre o estar doente e sobre conhecer pessoas em situação
comparável:
Eu passei por uma fase assim [em comparação ao que outra participante havia dito],
de eu começar a comer, eu já me sentia cheia.
Não é, é porque é assim, eu entendo o que ela sente porque eu também sou assim. Eu
falo assim: Eu não vou conseguir.
Por esses trechos, podemos compreender que a universalidade enquanto fator
terapêutico também possibilita a visão da diferença, na medida em que cada participante
possui vivências particulares, ainda que sejam relacionadas à mesma doença, que é o elo entre
elas. A empatia no grupo é observada na medida em que é permitido que elas se identifiquem
e se coloquem na posição de ajudar as demais, a partir do compartilhamento de experiências.
Assim, há assunção de posicionamentos que conferem ao grupo não um local onde todos
concordam com todos, mas em que todos podem fazer um exercício de compreender o outro
em suas nuanças e em suas vicissitudes (SOUZA; SANTOS, 2009; SCORSOLINI-COMIN;
AMATO; SANTOS, 2006). Ao visitar este lugar ocupado por outrem, é possível que a
paciente tome consciências de suas próprias limitações e recursos e passe a ressignificar sua
própria experiência diante da doença, do tratamento e da vida em sociedade.
Na segunda sessão analisada, surgiram também falas que demonstram a tomada de
consciência entre as participantes de que outras pessoas vivem a mesma situação, o que pode
proporcionar acolhimento e compreensão mútua. Na medida em que a universalização dessas
experiências desperta a consciência de que essas mulheres possuem recursos para também
ajudar outras pessoas que passam pela mesma situação, pondera-se que isso as leve à
assunção de uma postura de potencialidade diante da doença, promovendo o desenvolvimento
de recursos internos capazes de produzir efeitos satisfatórios ao longo do treinamento. Sendo
assim, não se trata apenas de compartilhar histórias e experiências, mas de significá-las como
importantes meios de desenvolvimento e de amadurecimento emocional.
Tudo o que vocês passaram, eu também passei, de uma forma ou de outra.
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E entendo o que vocês estão dizendo porque eu já passei por tudo isso.
Realmente, você tem razão, aconteceu isso comigo....
Outro fator terapêutico elencado neste estudo, a instilação de esperança, pode ser
compreendido como o despertar do senso de otimismo e confiança quanto ao seu potencial e
ao seu futuro. Ocorre quando o paciente tem a sensação de que existe alguma possibilidade de
alívio e melhora para seus problemas. Isso reforça a participação na psicoterapia e reduz o
risco de interrupção no tratamento, reduzindo a ansiedade e auxiliando-o a enfrentar suas
dificuldades (BLOCH et al., 1979; MACKENZIE, 1997; SCORSOLINI-COMIN; AMATO;
SANTOS, 2006). A sensação de que existe alguma possibilidade de alívio e melhora para o
sofrimento decorrente das situações problemáticas enfrentadas no cotidiano, e que é possível
atingir a meta que se deseja alcançar, desperta o otimismo e a confiança quanto ao seu
potencial e ao seu futuro, predispondo o participante a um maior esforço em participar e
trocar experiências com os demais.
Na primeira sessão, podemos observar o desejo relatado por uma das pacientes de se
cuidar mais, o que é de substancial importância no contexto de um TA:
Acho que é um maior estímulo pra tá me cuidando, me aceitando, tentando ter mais
saúde, mais cuidado.
Outro movimento que surge é a possibilidade de ressignificar momentos cotidianos em
vitórias e incentivos para a continuidade do tratamento, como podemos notar na fala a seguir:
Essa semana eu consegui ir num rodízio de pizza.
Quando uma paciente com AN se permite ir a um rodízio e se alimentar diante de
outras pessoas, há que se destacar a superação de uma barreira, na medida em que as pessoas
acometidas por tal transtorno tende a se isolar socialmente, uma vez que não mantêm os
padrões alimentares compartilhados pela coletividade, além de se sentirem inadequadas pela
visão distorcida de suas imagens corporais. Mais do que isso, no que concerne ao objetivo
deste estudo, a paciente sente-se segura para, no grupo, revelar tal episódio, significado por
ela e pelas demais como uma vitória, como uma conquista que deve servir como um exemplo
às demais que vivem a mesma situação. Neste mesmo sentido, está presente nas falas também
a confiança quanto ao seu potencial apesar das dificuldades, como podemos notar nas falas
seguintes:
Porque eu tenho certeza que eu vou ficar bem, mas eu não tô me sentindo bem assim!
Porque assim, vendo assim as melhoras que eu tive, eu até admiro o que eu consegui
aqui.
Na segunda sessão, o senso de otimismo está presente na fala desta participante, que
usa o espaço grupal para destacar a melhora de outra participante:
E é muito bom vir aqui e encontrar, e ver que ela tá muito mais solta, muito mais
aberta... Parabéns!
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284
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Esta ponderação de que a participante estava melhor acaba não apenas servindo como
um incentivo para que as demais melhorem, mas também pelo fato de que o grupo possibilitar
a instilação de esperança, reconhecendo os êxitos de cada participante. Ao tornar pública tal
conquista, a participante passa a universalizar os ganhos advindos também da participação
neste grupo de apoio. Não podemos dizer se a melhora se deve ao grupo, mas pelas falas é
possível perceber que o grupo é um mecanismo que acompanha as pacientes em momentos de
crise e também de esperança, funcionando como espaço de desenvolvimento e de acolhimento
dessas pessoas. Notar a melhora de uma participante pode auxiliar no enfrentamento das
dificuldades para outras participantes, como podemos observar nas seguintes falas:
Eu acho que é a força de vontade, vontade de querer melhora, pelo menos comigo...
Esse grupo assim, é uma maneira da gente ajudar, e por isso que me ajuda a fazer o
meu tratamento.
Porquê, sabe, ali tinha alguém me incentivando, tinha alguém me dando força,
dizendo assim: “Cê vai conseguir!”. E eu acreditava que você pensando assim, de
uma forma mais positiva, tentando pensar de uma forma mais positiva.
A instilação de esperança, deste modo, funcionou como um recurso de destaque no
tratamento das pacientes justamente por possibilitar um sentido de continuidade (YALOM,
1970) do qual o grupo é depositário. Assim, o tratamento passa a ser compreendido como um
processo que se desenvolve ao longo do tempo, assim como o grupo, que observa
espectralmente o desenvolvimento e os enredos dessas pacientes, que compartilham estórias,
posicionamentos, dramas e conquistas, quer se refiram à cura ou a ganhos cotidianos
relacionados à doença.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos perceber, em um primeiro momento, que o grupo surge como um espaço
privilegiado no sentido de oferecer suporte emocional, informativo e de convivência para as
pessoas que sofrem de um transtorno alimentar, onde os pacientes podem se reconhecer na
experiência do outro e fazer um exercício de construção da própria identidade e da função que
o sintoma assume em suas vidas (SOUZA; SANTOS, 2007; YALOM, 1970). Na situação
grupal, há uma produção coletiva de significados, que podem ser explorados e canalizados na
busca de soluções para os problemas comuns que afetam o cotidiano de todos (SANTOS,
2006). Com essas diretrizes em mente, o coordenador do grupo busca estimular a recuperação
física e emocional do paciente, conduzindo-o ao contato com um outro que também o
constitui. Desse modo, os fatores de universalidade e de instilação de esperança almejam
reforçar sua autoestima, atenuando o impacto de uma autoimagem normalmente
comprometida na presença da enfermidade.
Os fatores terapêuticos são, então, estes mecanismos eliciadores de mudança que
surgem a partir da necessidade do desenvolvimento de recursos para lidar com as situações
geradas em contextos grupais (MACKENZIE, 1997; SCORSOLINI-COMIN; AMATO;
SANTOS, 2006). Notadamente, os fatores de apoio acabam tendo uma repercussão maior
quando se analisa uma psicoterapia grupal de apoio psicológico. A assunção da
universalidade e da esperança não devem ser compreendidos como característicos desses
grupos, como se definissem um perfil mínimo para um grupo de apoio. Na verdade, é o
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285
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
manejo do grupo e o embasamento teórico e prático dos profissionais envolvidos nesse
contexto que pode promover a assunção desses elementos em um contexto terapêutico de
mudança e, mais do que isso, que eles possam ser evocados não apenas como fatores, mas
como indicadores da qualidade como o grupo vem se desenvolvendo e contribuindo para o
tratamento de seus participantes.
Nas análises aqui empreendidas, pudemos constatar que estes fatores terapêuticos
estão presentes em muitas falas, em diversos momentos, e ainda que não possamos afirmar a
participação desses elementos na mudança de comportamentos, nota-se a reflexão suscitada a
partir das discussões e um movimento em direção ao comportamento adaptativo e de
superação do transtorno, o que é basal em qualquer intervenção psicológica, quer na saúde
mental ou em outras áreas de atuação clínica.
REFERÊNCIAS
_____. A construção social de um grupo multifamiliar no tratamento dos transtornos
alimentares. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 22, n. 3, p. 317-326, 2009.
_____; SCORSOLINI-COMIN, F. Percepções da família sobre a anorexia e bulimia nervosa.
Vínculo, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 1-9, 2009.
ANDRADE, T. F.; SANTOS, M. A. A experiência corporal de um adolescente com
transtorno alimentar. Revista Latino-Americana de Psicopatologia Fundamental, v. 12, n.
3, p. 454-468, 2009.
BLOCH, S. Therapeutic factors in group psychotherapy. In: FRANCES, A. J.; HALES, R. E.
(Eds.). Psychiatric Update Annual Review: v. 5. Washington, DC: American Psychiatric
Press, 1986, p. 678-98.2.
BLOCH, S.; REIBSTEIN, J.; CROUCH, E.; HOLROYD, P.; THEMEN, J. A method for the
study of therapeutic factors in group psychotherapy. The British Journal of Psychiatric,
Londres, n. 134, p. 257-263, 1979.
LE GRANGE, D. Family therapy for adolescent anorexia nervosa. Journal of Clinical
Psychology, v. 55, n. 6, p. 727-739, 1999.
MACKENZIE, K. R. Time-managed group psychotherapy: effective clinical applications.
Washington, DC: American Psychiatric Press, 1997.
POLIVY, J.; HERMAN, C. P. Causes of eating disorders. Annual Review of Psychology, v.
53, n. 1, p. 187-213, 2002.
REGO, M. G. S. A psicodinâmica em anoréxicas gêmeas monozigóticas. In: BUSSE, S. R.
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pretendentes à adoção: a espera compartilhada do futuro. Revista da SPAGESP, Ribeirão
Preto, v. 7, n. 2, p. 40-50, 2006.
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WEINBERG, C.; CORDÁS, T. A. Do altar às passarelas: da anorexia santa à anorexia
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YALOM, I. The theory and practice of group psychotherapy. New York: Basic Books,
1970.
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286
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6.
A
AVALIAÇÃO
DE
PROGRAMAS
DE
INTERVENÇÃO
JUNTO
A
ADOLESCENTES EM UMA PERSPECTIVA INTERNACIONAL
Fabio Scorsolini-Comin
Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM
E-mail: [email protected]
Alana Batistuta Manzi de Oliveira
Universidade de São Paulo – USP
E-mail: [email protected]
Karin Aparecida Casarini
Universidade de São Paulo – USP
E-mail: [email protected]
Roberta Cury de Paula
Universidade de São Paulo – USP
E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO
Historicamente, o surgimento da adolescência, para Ariès (1986), teria se dado a partir
do nascimento do sentimento de infância em consonância com a ascensão da burguesia, bem
como por um estabelecimento da “consciência de juventude” em exércitos e colégios
burgueses. Nos estudos históricos deste autor, as referências ao que chamamos hoje de
adolescência teriam sido construídas a partir do pertencimento a uma classe social (burguesia)
e a um sexo (masculino), uma vez que os colégios se organizavam em torno da educação
masculina (AGUIAR, 2007).
A adolescência é uma fase do desenvolvimento popularmente caracterizada pelos
extremos, pelos excessos e pela construção da personalidade adulta, em um período marcado
por crises e transformações. A partir desta fase é que o indivíduo conseguirá descobrir o seu
papel social, adquirindo subsídios como valores, atitudes, crenças, princípios e vontades que
serão organizados e assumidos pelo adolescente, servindo de bases para a consolidação do seu
processo natural de desenvolvimento psíquico (ABERASTURY; KNOBEL, 1981; BRÊTAS
et al., 2008; ZAGURY, 1999).
A adolescência tem despertado o interesse não apenas da mídia e dos meios de
comunicação atuais como comunidades virtuais e sites de relacionamentos, como também das
políticas públicas relacionadas à saúde e à educação. Deste modo, pode-se definir a
adolescência como um período caracterizado por grandes transformações físicas, psicológicas
e sociais (WHO, 1986) que ocorreria na faixa etária de 10 a 19 anos de idade.
O critério etário na caracterização da adolescência também aparece em outros
documentos oficiais como o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (1990), que
delimita esta fase dos 12 aos 18 anos (BRASIL, 1990). No entanto, contemporaneamente,
tem-se observado um alargamento etário da adolescência, podendo irromper os 24 anos de
idade quando se considera a questão de dependência econômica e emocional em relação às
famílias de origem (VENTURINI, 2009; ZAGURY, 1999). No Brasil, no ano de 2000, havia
cerca de 35 milhões de pessoas na faixa etária dos 10 aos 19 anos (IBGE, 2000).
REFERENCIAL TEÓRICO
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Conforme destacado por Aquino et al. (2003), o ano de 1985 (Ano Internacional da
Juventude, segundo a Organização das Nações Unidas – ONU) foi fundante para a adoção de
iniciativas em todo o mundo, visando ao levantamento das necessidades sociais dos jovens
que viriam a constituir as futuras gerações de adultos. De acordo com Sabóia (1998), esse
processo refletiu mudanças que vinham ocorrendo quanto às expectativas sociais diante dessa
etapa da vida, no sentido de capacitar jovens para o ingresso no mercado de trabalho e, no
âmbito da saúde, delimitar as necessidades típicas dessa fase do desenvolvimento.
De acordo com Sapienza e Pedromônico (2005), retomado por Venturini (2009), a
adolescência pode ser considerada um período no qual alguns indivíduos se tornam
vulneráveis aos fatores de risco e estressores presentes em seu contexto, pois ele compreende
mudanças físicas, psicológicas e sociais, uma maior aproximação do grupo de pares e a
vivência de situações novas sem que saibam, a priori, lidar com essas situações. Mun, Windle
e Schainker (2008) destacam que na adolescência também são comuns comportamentos de
risco e de violação à lei, relacionados às tarefas desenvolvimentais de aumento da autonomia
e da autorregulação. Assim, abre-se espaço para a intervenção de profissionais (dentre eles, o
psicólogo) nesse contexto de desenvolvimento.
Segundo Euzébios Filho e Guzzo (2006), a inserção dos psicólogos na área da saúde
pública obrigou alguns profissionais a reverem a elaboração de práticas e propostas de
intervenção psicológica, sendo este movimento a consequência de uma ampla reflexão
teórica, que culminou com a proposta de intervenção preventiva, a qual busca superar o
modelo biomédico, individualista e de cisão entre mente, corpo e ambiente. Neste novo
modelo, a desigualdade social adquiriria um espaço privilegiado nas análises e nas
intervenções psicológicas (HOOK, 2004), sendo que a análise dos fatores de proteção tornarse-ia uma prioridade, em detrimento do foco exclusivo na redução dos fatores de risco
(LACERDA JR.; GUZZO, 2005).
A partir desta concepção, diversos programas voltados à promoção da saúde, do bemestar e da educação dos adolescentes foram sendo constituídos como forma não apenas de
atender a uma parcela significativa da população, mas também possibilitar a assunção de
práticas adaptativas e salutares em indivíduos que se encontram na transição para a fase
adulta, principalmente aqueles submetidos a situações de risco e de maus-tratos, no Brasil e
também em outros países (BÉRGAMO, 2007; LACHARITÉ, 2009; MUZA; COSTA, 2002;
SUÁREZ-OJEDA; SILBER; MUNIST, 1992; VENTURINI, 2009).
Com a existência desses programas, faz-se necessário avaliá-los, a fim não apenas de
verificar o atingimento de seus objetivos como também proporcionar uma visão global sobre
o programa em diferentes fases de sua execução, buscando melhorá-lo em termos
operacionais e em relação às práticas desenvolvidas/empregadas/negociadas para, pelos e
entre os participantes e os profissionais envolvidos (BLEDSOE; GRAHAM, 2005; FAW;
HOGUE, 2005).
A avaliação de programas de intervenção junto a crianças e adolescentes é tratada por
Lacharité (2009) a partir da perspectiva que compreende o processo avaliativo não como uma
dimensão apenas de julgamento, mas também como balizadora de práticas e constitutiva das
ações socioeducativas/psicoeducativas. Na perspectiva deste autor, a avaliação não é algo que
se dá apenas a posteriori, mas está intimamente ligada a qualquer processo interventivo, em
todas as suas fases. Para detectar o alcance de um desses programas de maneira segura, por
exemplo, há a necessidade de um processo de avaliação contextualizado e delineado de forma
clara, precisa e problematizadora da realidade analisada.
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OBJETIVO
Apresentar uma revisão integrativa sobre a produção científica ligada à avaliação de
programas de intervenção junto a adolescentes em um periódico internacional da área de
avaliação, buscando delinear os principais enfoques e tendências dessas publicações.
MÉTODO
Tipo de estudo
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura. De acordo com Beyea e Nicoll (1998),
uma revisão integrativa sumariza pesquisas passadas e tira conclusões globais de um corpo
de literatura de um tópico em particular, contribuindo para discussões sobre métodos e
resultados de pesquisa, assim como reflexões sobre a realização de futuras pesquisas.
Escolha da base de dados
Primeiramente, procedeu-se uma busca nas bases de dados nacionais e latinoamericanas como o SciELO, o LILACS, o PePSIC e o BVS-Psi. Essas bases têm como
órgãos responsáveis, respectivamente, o Centro Latino-Americano e do Caribe de
Informações em Ciências da Saúde (BIREME), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo (FAPESP), a Associação Brasileira de Editores Científicos de Psicologia
(ABECiP), e a Rede Nacional de Bibliotecas da Área de Psicologia (ReBAP).
Dentre as referidas bases de dados, a PePSIC é voltada exclusivamente à divulgação
de pesquisas científicas em Psicologia, a LILACS é especializada em Ciências da Saúde e a
SciELO, por sua vez, é multidisciplinar. Todas elas, contudo, têm em comum o fato de serem
dirigidas por instituições reconhecidamente comprometidas com o avanço e a difusão do
conhecimento nos contextos brasileiro e latino-americano (PERES; SANTOS, 2009;
SCORSOLINI-COMIN; SANTOS, 2009).
No entanto, tais bases não resgatam boa parte dos estudos internacionais, uma vez que,
em levantamento prévio, encontramos poucos artigos, com o predomínio de trabalhos teóricos
(muitos de revisão), sem o desenvolvimento de projetos empíricos. Como a meta do estudo
foi trazer à baila não apenas estudos recentes, mas também aqueles com maior impacto na
área de avaliação, optou-se por fazer um levantamento em uma na base de dados
internacional.
Para tanto, devido a um maior volume de publicações internacionais, foi selecionado
um periódico internacional de destaque na área de avaliação como forma de se ter acesso a
publicações recentes e relacionadas à temática investigada. O periódico selecionado foi o
American Journal of Evaluation – AJE (<http://aje.sagepub.com>). Este periódico explora os
complexos desafios da área de avaliação a partir de trabalhos específicos sobre métodos,
teorias e práticas da avaliação.
Critérios de inclusão/exclusão
Nesta revisão foram excluídos artigos não-indexados, teses, dissertações, livros e capítulos de
livros. A fim de restringir o levantamento apenas a trabalhos que passaram por um processo
rigoroso de avaliação metodológica, selecionaram-se apenas artigos indexados. Este critério
foi alcançado já na escolha da base, uma vez que se trata de um periódico internacional
indexado e com seletiva política editorial. Foram excluídos trabalhos distantes do tema e não
relacionados a intervenções com adolescentes. Em relação ao idioma de publicação, não
houve restrição, embora o presente periódico resgate, predominantemente, artigos em inglês.
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O levantamento compreendeu o período de janeiro de 2008 a dezembro de 2009. Tal
abrangência objetivou traçar um perfil apenas de publicações recentes na área. Os resumos
condizentes com os critérios adotados foram selecionados e partiu-se desse levantamento
preliminar para a recuperação dos trabalhos completos, como descrito a seguir.
Procedimentos de busca
Na
página
oficial
da
base
selecionada
–
AJE,
(<http://online.sagepub.com/cgi/search?src=selected&journal_set=spaje>), foi feita uma
busca de artigos publicados no período de janeiro de 2008 a dezembro de 2009, como forma
de se resgatar apenas artigos recentes para a revisão. O levantamento foi realizado em maio de
2010.
As buscas eletrônicas foram feitas a partir da utilização dos descritores “avaliação”
(evaluation), “programa” (program), “adolescentes” (adolescents) e do operador booleano “e”
(and), no período de janeiro de 2008 a dezembro de 2009. Na busca pelos dois primeiros
termos, encontramos 113 registros. Acrescentando terceiro termo (adolescents), encontramos
10 registros. Tal estratégia foi privilegiada, levando-se em consideração que a mesma
viabiliza a localização de referências que apresentam os três descritores adotados. As bases de
dados foram configuradas para localizar as referências que apresentavam os descritores entre
as palavras-chave e/ou no resumo. Esse procedimento foi adotado para possibilitar a obtenção
de um resultado mais preciso do que aquele que poderia ser atingido sem a especificação dos
campos de busca, conforme procedimentos de Peres e Santos (2009).
Análise dos dados
Primeiramente, os resumos dos 10 artigos encontrados pelos descritores utilizados
foram lidos e analisados em termos de sua aderência ao tema investigado. Tendo como norte
os critérios de inclusão/exclusão, três desses artigos foram excluídos, uma vez que se
distanciavam da temática (um artigo sobre competências culturais na avaliação no contexto de
um programa de intervenção em HIV/AIDS; um sobre dilemas éticos na avaliação de
indígenas; e, por fim, um relativo à construção de banco de dados sobre pessoas acometidas
por traumas). Nenhum desses artigos se encaixava na temática da avaliação de programas de
intervenção com adolescentes.
Deste modo, foram selecionados sete artigos para posterior leitura e análise na íntegra
(N=7). Esses sete trabalhos foram recuperados, analisados em profundidade e categorizados a
partir de grandes eixos de análise: (a) caracterização dos estudos; (b) objetivos; (c) métodos
empregados; (d) referenciais teóricos utilizados; (e) principais resultados encontrados; e (d)
limites, tendências e avanços. Posteriormente, os artigos foram discutidos dentro de cada eixo,
buscando os pontos de intersecção, as discordâncias e, principalmente, as contribuições de
cada um para a produção de conhecimento na área.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 resume os artigos selecionados em termos de seus países de origem, data de
publicação e identificação. Como podemos observar, dos sete artigos recuperados, quatro são
de caráter empírico, um teórico, uma resenha e uma revisão da literatura. A maioria das
publicações é norte-americana, sendo quatro dos Estados Unidos e uma do Canadá. Uma
publicação é de Israel. A resenha também é dos Estados Unidos, país no qual o periódico é
publicado. No que se refere ao ano, três estudos foram publicados em 2008 e quatro em 2009.
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Nº do
artigo Título
Tipo do
artigo
Ano
País de origem
Book review: Running
Guzmán, B.
the obstacle course to
sexual and reproductive
health: lessons from
Latin America,
by Bonie Shepard.
Westport, CT: Praeger, 2006
The fairy godmother
Weiss, C. H.,
and her warts: making
Murphythe dream of
Graham, E.,
evidence-based
Petrosino, A.,
policy
&
come true
Gandhi, A. G.
2008
Estados
Unidos
Resenha
2008
Empírico
3
A reliability analysis of goal
attainment scaling (GAS)
weights
2009
4
The Strength of the
Methodological
Warrants
for the Findings of
Research on Program
Evaluation Use
Exploring the
Intervention Context
Interface: A Case
From a School-Based
Nutrition Intervention
Sustainability of
Social Programs:
A comparative
case study analysis
Estados
Unidos –
Harvard
Graduate Shool
of Education,
University of
California
Estados
Unidos –
University of
North Carolina
at Pembroke,
The Ohio State
University
Center for
Family
Research
Estados
Unidos –
University
of Hawaii
1
2
5
6
7
The role of evaluation
in research-pratice
integration: working
toward the
Autores
Marson, S.
M., Wei, G.,
&
Wasserman,
D.
Brandon P. R., 2009
&
Singh, J. M.
Empírico
Revisão de
literatura
Bisset, S.,
Daniel, M.,
&
Potvin, L.
2009
Canadá –
Université de
Montréal
Empírico
Savaya, R.,
Spiro, S.,
&
Elran-Barak,
R.
2008
Israel –
Universidad
de Telaviv
Empírico
Urban, J. B.,
&
Trochim, W.
2009
Estados
Unidos –
Montdair
State
Teórico
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“golden Spike”
University;
Cornell
University
Continuação da Tabela 1
Tabela 1. Identificação dos trabalhos recuperados
Fonte: Elaborada pelos autores.
Objetivos dos estudos
Acerca dos objetivos desses estudos, os artigos 3 e 4 buscaram avaliar instrumentos e
métodos utilizados na avaliação de programas. Ambos estão relacionados à avaliação de
programas, sendo que um busca verificar empiricamente a qualidade psicométrica de
instrumentos utilizados na avaliação (3) e o outro visa à identificação de pontos fortes e fracos
de métodos relacionados à teoria da avaliação e suas práticas (4). Em ambos, destaca-se a
necessidade de examinar os aspectos que fundamentam as bases metodológicas das teorias de
avaliação e suas práticas. Aqui podemos observar uma tendência a compreender o processo de
avaliação como algo que deve ser refletido com vistas não apenas a uma prática profissional
do avaliador, mas também em termos da prática da própria avaliação enquanto recurso e
instrumento para a compreensão e análise de uma dada realidade.
Os artigos 2 e 7 se aproximam por buscarem uma articulação entre pesquisa e prática,
seja apresentando modelos para a operacionalização desta integração (7), seja analisando a
influência das pesquisas de avaliação na área em que o programa se insere, avaliando a
intervenção na comunidade (2). Os artigos 5 e 6, por apresentarem objetivos de caráter
empírico, buscam uma análise dos programas de intervenção por meio da comparação entre
programas ou da análise dos microprocessos do programa de intervenção. Neste sentido,
deve-se destacar o artigo 6, que busca compreender os fatores e processos que diferenciam
programas que se sustentaram financeiramente dos que não se sustentaram, ou seja, que
entraram em estado de falência. O delineamento dos objetivos neste trabalho se propõe não só
à diferenciação entre os programas, mas também à contribuição para a área de avaliação,
tendo em vista a importância da sustentabilidade financeira para a continuidade dos
programas de intervenção na comunidade. Os autores ressaltam que fatores associados à
sustentabilidade também devem ser considerados na avaliação, que tradicionalmente é focada
somente na implementação, nos resultados e nos impactos sociais do programa (SAVAYA;
SPIRO; ELRAN-BARAK, 2008).
Abordagens e instrumentos
Quanto à abordagem, predominam pesquisas qualitativas (três), que utilizam em suas
metodologias os estudos de caso (2, 5 e 6), com entrevistas (face a face ou via telefone) e
análises documentais como instrumentos de coleta de dados. Uma pesquisa utiliza a
abordagem quantitativa, com metodologia de validação por juízes e análises estatísticas não
paramétricas.
As amostras variaram de acordo com os objetivos e as metodologias utilizadas: estudantes de
Serviço Social (N=43), profissionais da nutrição (N=6), programas de intervenção social
(N=6) e representantes do sistema escolar e responsáveis pela escolha de programas de
intervenção em 16 distritos escolares. Dois artigos são relacionados a programas sociais e a
profissionais da assistência social, um integra profissionais de saúde (nutricionistas) e o
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contexto escolar e um outro está diretamente relacionado à área da educação. Brandon e Singh
(2009) encontraram em sua revisão 52 artigos direcionados para as seguintes áreas: 36 para a
educação, seis para saúde (incluindo avaliações de programas de saúde mental e os programas
de saúde pública), cinco para o serviço social, dois para o trabalho, dois para os avaliadores e
um para o desenvolvimento internacional.
Os artigos teóricos e de revisão da literatura basearam-se em modelos e teorias relacionadas à
avaliação de programas de intervenção e estudos empíricos da área. Entre eles estão as
chamadas Theory-driven evaluation, a Evidence-Based Pratice e a Logic Models, modelos
que buscam a integração entre pesquisa e prática e que concebem o avaliador como um
possibilitador único (ou facilitador) desse processo de integração. Assim, podemos observar
uma tendência a valorizar o avaliador como um profissional que não apenas diagnostica ou
intervém em uma realidade, mas que pode e deve questioná-la para buscar um diálogo fortuito
entre realidades e saberes. Os autores também destacam que a avaliação deve contribuir para
o desenvolvimento de agendas de pesquisa, que irão derivar e responder às necessidades
identificadas na prática.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A apreciação da produção científica relacionada à avaliação de programas de
intervenção direcionados aos adolescentes, presente no AJE nos dois últimos anos, indica um
interesse ligado ao desenvolvimento e aperfeiçoamento de intervenções junto à esta população
e uma sofisticação da discussão crítica das pesquisas responsáveis pela descrição de
indicadores de eficácia. Neste contexto, observa-se que os artigos identificados nesta revisão
voltam-se principalmente para a análise de fatores que possam influenciar na acurácia dos
achados de uma avaliação de programa de intervenção. Estes fatores incluem desde aspectos
culturais e sociais mais amplos, que podem interferir na forma como os programas de
intervenção atingem diferentes camadas populacionais, aspectos políticos e econômicos, que
podem favorecer a adoção de determinadas recomendações dos programas de modo
absolutamente desvinculado da realidade vivida pelos usuários (intervenção pela intervenção),
até aspectos metodológicos das pesquisas de avaliação, relacionados à forma e aos critérios
utilizados para a consideração da eficiência ou adequação dos resultados.
Os artigos aqui analisados dirigem-se para a busca do refinamento das estratégias de
avaliação, afirmando a necessidade da análise científica rigorosa e amplificada, estabelecendo
relações entre diversos aspectos da sociedade, da realidade dos usuários e do universo
acadêmico. Afirmam também a tendência das avaliações de programas de intervenção
construírem-se a partir de uma interlocução entre usuários, profissionais implementadores e
pesquisadores, de modo a favorecer a aproximação de um conhecimento das condições reais
de execução dos programas de intervenção e necessidades dos usuários.
Ao final deste percurso, um dos pontos que devem ser destacados se refere ao papel do
avaliador de sua importância não apenas como diagnosticador de uma realidade e um
planejador de uma intervenção, mas como um profissional capaz de estabelecer um diálogo
entre os saberes teóricos e os práticos. Pelos trabalhos resgatados no corpus deste presente
estudo, esta capacidade é vista como uma necessidade e também uma tendência para a
evolução da área. Deste modo, a avaliação cumpriria o seu papel na compreensão de uma
dada realidade e seria também um balizador de práticas e de formas de se intervir em diversos
contextos sociais, notadamente com adolescentes, como no recorte deste estudo.
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A meta é que esta revisão possa contribuir para que os pesquisadores da área não
apenas conheçam outros programas de intervenção, mas que também possam se posicionar
diante da produção científica em apreço, além de problematizar e desenvolver formas mais
eficazes de se utilizar a avaliação não apenas como um instrumento para a intervenção como
também para a mudança da realidade das pessoas atendidas por programas sociais.
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7. FLUIR E RENDER: DOS PERCALÇOS DA ESCRITA À ESCRITA DOS
PERCALÇOS NO FAZER DO PESQUISADOR
Prof. Me. Fabio Scorsolini-Comin
Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM
E-mail: [email protected]
Profa. Me. Laura Vilela e Souza
Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM
E-mail: [email protected]
Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos
Universidade de São Paulo – USP
E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO
Futuro de uma delicadeza.
“–Mamãe, vi um filhote de furacão, mas tão filhotinho ainda, tão
pequeno ainda, que só fazia era rodar bem de leve umas três folhinhas
na esquina...” (LISPECTOR, 1988).
O que move um pesquisador é a sua curiosidade e o prazer pela descoberta, ainda que
atualmente se questione o que é uma descoberta – como nos conta Bakhtin (1999), o que
podemos fazer são redescobertas de algo que já foi desvelado por outrem, em algum dado
momento, e que apenas circula no espaço discursivo. Por essa vertente, este linguista
apresenta a noção de dialogismo, que pode ser definido como o princípio constitutivo da
linguagem, o que significa que toda linguagem, em qualquer campo, está impregnada por
relações dialógicas. A concepção dialógica contém a ideia da relatividade da autoria
individual e, por conseguinte, o destaque do caráter coletivo e social da produção de discursos
– o que significa, neste estudo, que o pesquisador não está sozinho e absorto em suas teorias,
mas em contato direto com os outros que o constituem.
O que nos instiga como pesquisadores é, portanto, o percalço constituinte da ciência –
buscamos investigar um problema, as suas dificuldades, a fim de que possamos apontar para
caminhos possíveis. Sendo assim, neste estudo compreendemos o problema de pesquisa, a
pergunta ou mesmos os seus objetivos como o percalço que nos impulsiona a pesquisar e à
consequente (ou provável) redescoberta de algo, de uma solução, de uma resposta ou de um
atenuador de nossa inquietação.
De modo similar, o trabalho científico constitui, por si só, um percalço na vida do
pesquisador. Isso não quer dizer que um percalço seja algo negativo ou depreciativo, mas sim
um desafio a ser superado. Uma dúvida crucial ou uma curiosidade não satisfeita já coloca o
pesquisador diante de seu trabalho de pesquisar, ou seja, o coloca diante de seu percalço. E
aqui vamos pensar em um sentido positivo para o termo: os percalços nos apontam para
limites e esses limites devem ser rompidos se quisermos avançar na produção de um saber
científico.
Se buscarmos os sentidos presentes no dicionário, o percalço pode significar: (a)
vantagem, benefício que se obtém por meio de alguma atividade; ganho, lucro; (b) ganho,
vantagem que se obtém de maneira fortuita; proveito; (c) dificuldade, obstáculo, transtorno
que surge durante o processo de se fazer, pensar ou realizar algo; (d) transtorno, incômodo
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inerente à profissão que se exerce, à atividade que se pratica. Vemos, portanto, que se trata de
um termo aberto a diferentes interpretações e diferentes usos.
Para além do próprio percalço que constitui a pesquisa, a escrita do trabalho não é
isenta de percalços (bons e ruins). É ilusório acreditar que a escrita científica é métrica, reta e
que, por controlar sentidos (nem tudo pode) (PÊCHEUX, 1969), é mais simples que a escrita
de um romance ou de uma poesia, por exemplo. Muitas vezes, em nossos trabalhos e na
escrita de artigos e resumos nos vemos diante de impasses com a nossa própria atividade de
escrever: devo escrever com que tom, devo ser imparcial até que ponto, uso qual tempo
verbal, falo em qual pessoa, posiciono-me de que jeito? Em muitas formas de se fazer
pesquisa, tais questionamentos não são nem passíveis de serem lançados à discussão, uma vez
que devem se controlados para que não possam fugir ao domínio do pesquisador, em sua
fantasia de onipotência.
É a partir dessas considerações que colocaremos, a seguir, o objetivo deste estudo.
OBJETIVO
Este estudo de caráter teórico tem por objetivo refletir acerca da escrita científica
como um campo semântico constituído pelo percalço em dupla-via: a da dificuldade de
acessar o objeto e de começar a concretizá-lo por meio do texto e também a de potencialidade
de construção de um saber crítico e promotor do desenvolvimento de um fazer do
pesquisador.
REFERENCIAL TEÓRICO
Escrever é convidar os leitores a um tipo de relacionamento, é posicionar escritor e
leitor. A partir de diferentes tipos de escrita, diferentes convites são enviados (GERGEN;
GERGEN, 2007) e, por conseguinte, cada forma de escrever pode valorizar formas
específicas de práticas sociais. É possível identificar em relatos científicos construções como
“observou-se”, “foi encontrado”, que indicariam que os resultados científicos são capturados
por um olho onisciente, um ponto de vista transcendental, para além do olhar ou experiência
do pesquisador. Nessa tradição em pesquisa, as lentes através das quais o mundo é observado
– o sistema sensorial humano - deveriam ser apuradas, evitando a sua contaminação por
qualquer afetividade que possa distorcer uma pura visão das coisas (GERGEN, 1997).
O embate travado com o texto no início e ao longo de toda a escrita revela uma tensão
entre diversos fatores: o rigor acadêmico, a necessidade de que aquele conhecimento seja
validado pela comunidade científica, a atenção aos prazos de produção, as benesses advindas
da pesquisa (financiamentos, expectativas da instituição da qual se faz parte), entre outros.
Cada um desses fatores circunscreve a atividade criativa do pesquisador durante a sua escrita.
O escrever sob um prazo determinado ou sob um determinado pretexto (concluir uma
tese, participar de um congresso, solicitar financiamento de uma agência de financiamento)
podem ser percalços que ajudam o pesquisador no sentido de se organizar e de buscar realizar
o seu intento, no entanto, se esses circunscritores são vivenciados como controladores do
trabalho acadêmico, acabam por inibir a atividade criativa, bloqueando a criação (ou
recriação) daquele que escreve e o fazendo assumir uma posição de quem tem dificuldades
com a escrita. Escrever ciência é uma atividade específica e que não pode ser comparada
simplesmente a outras atividades de escrita e produção de textos.
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Assim, apregoamos que não há necessidade de inspiração para escrever um texto
científico, mas sim de liberdade para transitar em diferentes espaços discursivos, até se firmar
em uma linha que faça sentido ao pesquisador. Quando a rigidez se torna o estímulo para a
escrita, tendemos a bloquear aquilo que justamente nos leva para a ciência: o prazer e a
curiosidade. Sendo assim, pressupomos que a escrita científica identificada como percalço
deve ser desconstruída, à guisa da adoção de uma postura mais condizente com os ideais e as
motivações do pesquisador.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Começando a escrever: o percalço do início ou o início do percalço?
Você faz uma pesquisa e, naturalmente, quer contar o que descobriu,
como alcançou seus resultados e o que estes acrescentam ao
conhecimento já existente. Essa é a motivação principal dos cientistas
– querer que seus achados sejam disseminados e querer ser
reconhecido por isso – mas somente se pode receber reconhecimento
por algo que se faca muito bem. A pesquisa apenas se completa
quando seu resultado se torna disponível para a humanidade.
(TRZESNIAK; KOLLER, 2009, p. 20).
Hoje o trabalho está fluindo! Hoje o trabalho está rendendo! A permanência de
expressões como essas no meio acadêmico, no momento da produção científica, nos dá pistas
para uma interpretação acerca do modo como a ciência vem obrigando o pesquisador cada vez
mais a produzir e a divulgar aquilo que produz. Uma pesquisa não comunicada não atinge os
públicos a que se destina e não pode, de fato, contribuir para a divulgação de um saber
científico (TRZESNIAK; KOLLER, 2009). Pesquisar e guardar seus resultados não é uma
estratégia valorizada em nossa sociedade acadêmica – tanto pelo valor que isso agrega à
academia quanto pelo retorno que as pesquisas devem dar para os participantes e para a
sociedade em geral. Como salientado por Ribas, Zanetti e Caliri (2009), a comunicação
científica interliga-se com a disseminação, a qual é interligada à pesquisa, que, por fim,
interliga-se com o ensino (sustentando o tripé da Universidade). Assim, pesquisa-se para o
conhecimento daquilo que ainda não se conhece e para a comunicação da descoberta.
A produtividade em pesquisa (leia-se: publicar) é valorizada na academia, nas rodas de
professores e também por agências de fomento que laureiam os pesquisadores mais
produtivos com bolsas, financiamentos, viagens e outros benefícios. Embora esse movimento
de incentivo à pesquisa deva ser recebido como um avanço e como uma possibilidade de
conferir mais status ao pesquisador em nosso país, vem deflagrando a angústia de
profissionais que não se encontram no mesmo patamar. Falamos, assim, de uma angústia por
produzir (render sempre mais), o que vem gerando o sentimento de nulidade e de bloqueio
diante da necessidade de escrever e de comunicar o que se faz, a todo o tempo (não abrindo
espaço para que o texto flua, desenvolva-se, constitua-se).
Como afirmado por Ribas, Zanetti e Caliri (2009), muitos pesquisadores enfrentam
dificuldades à publicação de trabalhos em periódicos nacionais e internacionais (e isso pode
ser estendido à escrita de trabalhos como teses, dissertações e monografias), e entre essas
dificuldades destacam-se as pessoais e situacionais. As autoras elencam como dificuldades
pessoais a necessidade de reestruturar ou administrar ideias e sentimentos que funcionam
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como barreiras à redação dos trabalhos de pesquisa, como também salientado por Wills
(2000). Entre as perspectivas pessoais e hábitos do trabalho científico estão a “necessidade em
aumentar a autoconfiança, motivação e criatividade em relação à redação do manuscrito e à
elaboração de diretrizes apropriadas para divulgação científica” (RIBAS; ZANETTI;
CALIRI, 2009, p. 713).
Em um paradigma que abre cada vez mais campo para pesquisa, esse movimento em
torno da necessidade de produzir deve ser ressignificado como algo promotor de
desenvolvimento e de conferir à pesquisa a sua importância (SCORSOLINI-COMIN, 2010),
ao mesmo tempo que devemos compreender que o fazer do pesquisador requer tempo,
amadurecimento e espaço para a reflexão, o que não nos autoriza a criar um discurso
automático pela produtividade por si mesma, mas da escrita como fundante do processo de
comunicação científica. É por uma compreensão desse aparente paradoxo que devemos
relativizar a produção científica, na medida em que ela deve cumprir a sua função sem
patologizar quem a produz – escrever não pode ser um percalço (no sentido negativo), mas
uma possibilidade de releitura da realidade e de comunicação do pesquisador com a sua
comunidade acerca de suas investigações, ou seja, do seu trabalho.
As dúvidas que cerceiam o como escrever podem também bloquear a atividade
criativa do pesquisador. Mas cabe criatividade na escrita científica? Para a maioria dos
pesquisadores, não. Como afirmam Trzesniak e Koller (2009), “criatividade é uma condição
esperada para que a ciência se renove! Mas ciência não é literatura poética, então aqui se fala
em criatividade científica. Você não tem que fazer um texto esteticamente bonito, mas
cientificamente correto” (p. 20).
Embora não seja o nosso objetivo aqui discutir isso, como explicar a dificuldade em
começar a escrever, mesmo quando já realizamos o estudo e tudo aquilo que precisamos fazer
é organizar uma forma de comunicar isso ao nosso leitor? A dificuldade existe, em nossa
análise, pela necessidade de ser compreendido pelo que se escreve e pela seriedade que
permeia essa produção. Se não podemos escrever qualquer coisa e de qualquer jeito, é natural
que estejamos preocupados e, consequentemente, que queiramos medir as palavras ou
empregá-las de maneira mais contida e controladora – lembrando que se trata de um controle
ilusório e forjado pela necessidade de isenção no meio científico.
Se para começar a escrever é preciso organizar o texto previamente em sua mente, isso
revela que a ciência deve se manter fiel a uma tradição que controla não apenas sentidos, mas
uma forma de dizer. É preciso dizer de tal modo, empregando tal estratégia, tomando certos
“cuidados”. Embora isso seja autêntico e, em certa medida, necessário para a construção de
uma responsabilidade com o saber científico, não se trata de uma regra que não pode ser
minimamente questionada e trazida à baila pelos próprios pesquisadores, como neste
exercício que aqui apresentamos. Escrever é, antes disso, uma atividade criativa e deve ser
levada a cabo com responsabilidade e dentro de um contrato ético, em que os dados são
provenientes de um participante da pesquisa e que são significados pelo olhar do pesquisador.
Um modelo-feito para ser desconstruído
Necessárias para a transformação social são novas visões e
vocabulários, novas visões de possibilidades, e práticas que em sua
própria realização traçam rotas alternativas [...] a possibilidade da
mudança social deriva-se de novas formas de inteligibilidade
(GERGEN, 1997, p. 60).
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O modelo cartesiano de ciência apregoa que a pesquisa deve ser não apenas planejada,
mas também possuir um alinhamento teórico-metodológico estanque que delineie todos os
passos do fazer do pesquisador, excluindo do trabalho qualquer viés de sua subjetividade ou
buscando fechar ao máximo as brechas e aberturas que possam poluir o texto e o próprio
dado. A máxima é a do controle, como se também houvesse um controle dos sentidos que
circulam e que configuram o que pode ser chamado de acadêmico, de científico. Este modelo
dita aquilo que é e aquilo que não é científico, aquilo que foi devidamente controlado e aquilo
que não foi. Na falsa crença de que podemos controlar tudo, acabamos por criar um texto
parcial e que não abre espaço sequer para as próprias reflexões dos autores – as mesmas que o
levaram à escolha do tema investigado. Se é o desejo que nos leva a pesquisar, por que o
mesmo não pode ser considerado posteriormente?
Para a perspectiva construcionista social, a descoberta científica seria um produto da
racionalidade de uma comunidade científica específica e a justificativa para a produção
científica é culturalmente e historicamente construída. A escolha do tema e a construção do
projeto de pesquisa não são frutos de atos individuais, mas ações conjuntas, que nascem dos
diálogos do pesquisador com as comunidades relacionais das quais participa, que, por sua vez,
dão significado para essas escolhas. Essas decisões podem levar em conta aspectos formais
como, por exemplo, as demandas das agências financiadoras da pesquisa, os prazos para o
cumprimento do projeto, os rumos da carreira profissional do pesquisador, entre outros.
Portanto, a pesquisa vai sendo construída ao longo de todo o processo, sendo que as decisões
iniciais do pesquisador são suplementadas pelos participantes da pesquisa, modificando-as
(HOSKING; McNAMEE, trabalho não publicado).
Nesta cisão em busca de um distanciamento entre pesquisador, pesquisa e pesquisado,
opera-se um bloqueio em relação aos sentidos circulantes sobre o fazer do pesquisador.
Voltando às proposições bakhtinianas, a alteridade marcaria o ser humano. Nessa vertente, o
dialogismo seria o confronto das entoações e dos sistemas de valores, que possibilitam as
mais variadas visões de mundo acerca de um tópico específico. O ser humano seria
considerado um intertexto, na medida em que não existe isoladamente, já que a sua vida se
tece, entrecruza-se e interpenetra-se com a experiência do outro. E é este outro que está
imbricado no fazer do pesquisador.
E o que constituiria este fazer? Obviamente, isso vai depender do olhar que lançamos
para esta pergunta. Na perspectiva do Desenvolvimento Humano, o referencial teóricometodológico da Rede de Significações (ROSSETTI-FERREIRA et al., 2004; ROSSETTIFERREIRA et al., 2008) oferece-nos um primeiro olhar para a questão, justamente por
considerar que o pesquisador e a sua subjetividade podem ser presentificados na escrita do
trabalho científico, desde que respeitada a ética e o rigor na construção do texto.
A descrição do eu-mecânico é sustentada pelas seguintes premissas do discurso
positivista: a separação sujeito-objeto, a existência de um mundo objetivamente percebido, a
possibilidade de uma experiência desse mundo e a da purificação das lentes individuais que
analisam esse mundo. A linguagem objetiva seria uma linguagem da visão, e essa visão
espelharia o mundo. Os detalhes do que os olhos do pesquisador alcançam são importantes
para a retórica da verdade presente nos relatos considerados objetivos pela ciência tradicional
empiricista.
A separação entre sujeito e objeto e a relação mecanicista de causa e efeito entre os
dois constrói um mundo externo que é ativo e se mostra ao pesquisador, o qual, por
consequência, se figura como um pesquisador passivo, que recebe esses estímulos externos.
Daí a justificativa para relatos científicos, tais como “os resultados foram obtidos”, que
evitam construções do tipo “eu observei o resultado”, pois não mostraria a separação
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“necessária” entre o pesquisador e o objeto estudado, a fim de obter a validade dos dados em
apresentação.
Ainda dentro dessa tradição científica, a validade preditiva de uma linguagem teórica
corresponde a eventos do mundo externo. A observação proporcionaria a avaliação de tal
correspondência e, portanto, o valor das teorias. A objetividade se torna, dentro desse
paradigma, a base para a defesa da autoridade científica (GERGEN, 1997).
O discurso pós-positivista amplia essa discussão ao levar em conta de que forma as
observações da realidade feitas pelo pesquisador são influenciadas por suas teorias e
expectativas, ou seja, passou-se a defender a ideia de que os cientistas constroem o
conhecimento pela junção do que está “em sua mente” com “o mundo lá fora”. Esse novo
discurso rompeu a oposição entre racionalismo e empiricismo. Todavia, o movimento póspositivista manteve alguns dos pressupostos positivistas, como o da existência de um mundo
real capaz de prover conhecimentos que são universais e cumulativos. O pesquisador póspositivista procurou se distanciar de seu objeto de investigação, tentando uma maior
neutralidade, ainda que a considere como nunca totalmente possível. Ademais, a linguagem
continuou sendo considerada como representadora desse mundo lá fora.
Assim, a escrita do trabalho científico nem sempre ocorre de maneira regrada,
sequencial e coerente. Os inúmeros “vai-e-vem” da escrita e do processo de fazer pesquisa
nos apontam para um lugar de pesquisador no qual não há uma norma ou um saber único.
Desconstruindo a ilusão de um método único e de uma isenção plena, podemos dizer que a
escrita científica pode ir-e-vir por diferentes espaços, pode alimentar-se em diferentes fontes e
ser a consolidação de um percurso do pesquisador em torno de sua pergunta central. Isso não
equivale a dizer que a pergunta é definida antes de se fazer a pesquisa, mas ela justamente
pode ir se constituindo no fazer mesmo do trabalho, durante as leituras ou na coleta dos
dados.
A pergunta mesmo pode ser desfeita e reconstruída ao final do processo, uma vez que
a ciência pós-moderna rejeita a ideia de sequência enquanto um aprisionamento
metodológico, de passos que não conduzem a um produto final ou mesmo de uma rigidez no
olhar do pesquisador. Isso vem sendo substituído, gradativamente, por uma flexibilidade no
modo como se coteja o dado, o que nos faz retomar a perspectiva da Rede de Significações,
pela qual um dado não é dado, mas construído – ao que acrescentamos, continuamente
construído. Quando temos isso em mente, acabamos por criar naturalmente diálogos entre
saberes e práticas, o que nos torna mais livres e mais flexíveis para absorver as mudanças
propostas e as idiossincrasias que envolvem nossa atuação.
Considerando, então, que as linguagens das ciências servem como dispositivos
pragmáticos que favorecem determinadas práticas sociais em detrimento de outras, Gergen
(1997) convida os pesquisadores a terem uma vida profissional expressiva, construindo um
conhecimento que defenda sua visão do que é uma sociedade melhor. A crítica cultural
presente nessa postura é a de assumir que todo conhecimento produzido sempre afetará a vida
social. Além dessa crítica, o autor ressalta a importância da crítica interna, que é colocar em
questão as construções do próprio pesquisador e suas implicações para a vida das pessoas.
Uma terceira forma de avaliação da produção de conhecimento construcionista é a
consideração de seu caráter contextual, mostrando os limites de sua produção. A essa última
avaliação, somam-se os esforços dos analistas retóricos para mostrar o caráter construído dos
discursos dominantes e dos analistas sociais para explorar os processos relacionais das
verdades científicas, questionando sua generalização.
Na busca por esse tipo de avaliação da produção científica, os conceitos de
reflexividade e a multivocalidade aparecem como inovações metodológicas nas investigações
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
301
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
construcionistas (GERGEN; GERGEN, 2007). A reflexividade é a busca dos pesquisadores
de:
[...] demonstrar para suas audiências sua situacionalidade histórica e
geográfica, seus investimentos pessoais na pesquisa, os vários vieses
que eles trazem para o trabalho, suas surpresas e seus fracassos no
processo do empreendimento de pesquisa (GERGEN; GERGEN,
2007, p. 579).
Assim, este conceito materializa o questionamento de como incorporar as vozes do
pesquisador à pesquisa, o que não deixa de ser, segundo os autores, uma forma de
autoexposição. Porém, deve-se tomar o cuidado de não assumir a construção de que essa é “a
verdade” sobre como a pesquisa foi feita, ou seja, deve-se considerar que as reflexões do
pesquisador estarão sempre abertas a novas reflexões. Em suma, o conceito de reflexividade é
oferecido como uma alternativa ao conceito de validade em ciência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para ser fiel ao pensamento de nossos autores, é preciso, antes der
mais nada, saber renunciar à previsibilidade, transitar sem medo no
interior do movimento incessante das ideias, usufruir da plasticidade
do pensamento e acreditar na permanente insuficiência do
conhecimento. (SOUZA, 2005, p. 317).
Retomando a epígrafe clariceana apresentada no início deste trabalho, ponderamos o
desejo que move o pesquisador. Se queremos descobrir, contribuir com a ciência e também
sermos lembrados pelas nossas descobertas (ou redescobertas), devemos necessariamente
buscar objetos que proporcionem grandes mudanças ou grandes avanços na ciência. Sendo
assim, faz-se a metáfora com o fato de procurarmos furacões, ao mesmo tempo em que
acabamos por negligenciar os pequenos movimentos igualmente constitutivos e que podem
contribuir com um saber que se pretende científico (BIASOLI-ALVES, 1998). Ao olharmos
para os ventos (filhotes de furacões), podemos nos deparar com a possibilidade de apreender
o pequeno, o breve, o simples, o efêmero, que contribuem para uma visão mais ampla acerca
do fenômeno que pretendemos representar.
A arte da escrita – e também da publicação, retomando as contribuições de Ribas,
Zanetti e Caliri (2009) devem envolver não apenas a comunicação e a disseminação dos
resultados da pesquisa, mas também, intrinsecamente, deve se remeter à reflexão de que não
há pesquisa sem ensino e não há ensino sem pesquisa. De modo similar, podemos considerar
que o fazer do pesquisador, neste sentido, não pode estar comprometido apenas com a
apreensão ou com o controle (ilusório!) dos furacões que nos afetam, mas também com os
movimentos sutis que fazem da nossa curiosidade um motor para o desenvolvimento da
pesquisa, do pesquisado e do pesquisador que desejamos ser (e fazer).
REFERÊNCIAS
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Lahud e Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec; 1999.
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DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
302
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
BIASOLI-ALVES, Z. M. M. A pesquisa psicológica: análise de métodos e estratégias na
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Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
303
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
8. RELAÇÃO ENTRE EXPERIÊNCIAS AFETIVO-SEXUAIS E TRANSTORNOS
ALIMENTARES
Carolina Leonidas
Ana Luisa Carvalho Guimarães
Prof. Dr. Manoel Antônio dos Santos
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP-USP
Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares - GRATA/HC-FMRP-USP
Email: [email protected]
Introdução
Os transtornos alimentares (TA) são quadros psicopatológicos caracterizados por
graves perturbações no comportamento alimentar, que afetam, em sua maioria, adolescentes e
jovens do sexo feminino (BORGES; SICCHIERI; RIBEIRO; MARCHINI; SANTOS, 2006;
OLIVEIRA; SANTOS, 2006). Esses quadros podem resultar em prejuízos biológicos,
psicológicos e sociais, que acarretam aumento da morbidade e mortalidade. A anorexia
nervosa (AN) e a bulimia nervosa (BN) são os dois tipos mais prevalentes de TA e que
apresentam os maiores índices de mortalidade (KAPLAN; SADOCK, 1998; CABRERA,
2006).
O DSM-IV-TRTM - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4ª
edição (ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA, 2002) caracteriza a AN como
uma recusa do indivíduo a manter um peso corporal na faixa normal mínima de acordo com
sua idade e altura. Envolve um temor intenso de ganhar peso e uma perturbação significativa
na percepção da forma ou tamanho do corpo, o que resulta em caquexia, ou seja, fraqueza
geral e má disposição corporal decorrente da desnutrição (CLAUDINO; BORGES, 2002). A
AN pode ser dividida em dois subtipos: o restritivo, caracterizado pela perda substancial de
peso em curto intervalo de tempo, devido a dietas, jejuns ou excesso de exercícios físicos, e o
purgativo, no qual ocorre uma compulsão alimentar seguida de rituais compensatórios como
vômitos auto-induzidos ou uso abusivo de laxantes, diuréticos ou drogas anorexígenas.
Já a BN, segundo Paccola (2006), consiste em repetições de episódios de compulsão
alimentar (binge eating), nos quais o indivíduo ingere grandes quantidades de alimento em
curto período de tempo, vivenciando uma sensação de perda de controle. Além disso, o
indivíduo pratica exercícios físicos excessivos, faz dietas rigorosas, provoca vômitos e faz uso
abusivo de laxantes, diuréticos e anorexígenos, devido à preocupação excessiva com o peso e
a forma do corpo. As manobras purgativas têm finalidade compensatória, pois visam à busca
de alívio após a ingestão de quantidade excessiva de alimento. Esse transtorno está associado
a comportamentos impulsivos e comorbidades psiquiátrica, tais como traços histriônicos e
transtorno de personalidade do tipo borderline (PACCOLA, 2006; BORGES et al., 2006), e
também a uma autoestima flutuante e a pensamentos e emoções desadaptativas, sendo comum
encontrar indívíduos que apresentam atitudes caóticas, não somente no tocante aos hábitos
alimentares, mas também em outros aspectos da vida, como os estudos, a vida profissional e
as relações amorosas (OLIVEIRA; SANTOS, 2006).
A personalidade das mulheres com AN é permeada por baixa autoestima, sentimentos
de inferioridade e inadequação, insegurança, perfeccionismo e obsessividade, fatores que
acarretam acentuada inibição e retraimento social (BORGES et al., 2006; CASSIN; VON
RANSON, 2005; CASTRO-FORNIELES et al., 2007; NILSSON; SUNDBOOM;
HÄGLÖFF, 2008; PERES; SANTOS, 2006; SHEA; PRITCHARD, 2007). O funcionamento
Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS- EPCH/EERP-USP)
304
VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
mental é marcado por compulsividade, emoções negativas, condutas evitativas e autopunição.
Do ponto de vista do funcionamento psicológico, pacientes com AN se diferenciam de
pacientes com BN no sentido de que as primeiras apresentam retraimento social, ausência de
busca por sensações novas e evitação do contato interpessoal, ao passo que as segundas
apresentam marcada impulsividade, busca exacerbada de estímulos e experiências novas,
além de traços de personalidade borderline (CASSIN; VON RANSON, 2005).
Levando-se em conta que a arquitetura emocional das mulheres jovens e adultas com
TA, como já pontuado anteriormente, inclui retraimento social, condutas evitativas de contato
interpessoal e inibição – no caso da AN, e impulsividade, compulsividade e traços de
personalidade borderline, entre outras características, destaca-se como questão de pesquisa a
suposição de que o quadro psicopatológico influencia o início e o desenrolar da vida afetivosexual das pacientes. Partindo do pressuposto de que a esfera afetivo-sexual é uma das
dimensões mais relevantes do desenvolvimento humano, formula-se a seguinte pergunta:
como se dá o desenvolvimento afetivo e sexual, em particular a organização das relações
afetivas, na presença de um transtorno alimentar, que acarreta prejuízos marcantes no
funcionamento emocional e social?
Considerando os argumentos arrolados e a questão temática que move a pesquisa, o
presente estudo teve como objetivo investigar de que modo se configuram as relações afetivosexuais que as mulheres com esses quadros psicopatológicos estabelecem ao longo de sua
vida, e as possíveis repercussões que o TA pode exercer sobre a qualidade desses
relacionamentos.
Método
Para alcançar o objetivo proposto empreendeu-se uma revisão integrativa da literatura
científica nacional e internacional. Com essa estratégia metodológica buscou-se evidenciar o
número de trabalhos publicados na área e o perfil dos estudos, de modo a identificar as
tendências apontadas por essas publicações, o que possibilitará maior direcionamento das
pesquisas sobre o tema.
A revisão integrativa foi eleita como método de pesquisa porque permite sumarizar
estudos já finalizados acerca da temática abordada. Além disso, esse tipo de revisão
sistemática, quando elaborada de forma crítica, mantém os mesmos padrões de rigor, clareza e
replicabilidade das pesquisas primárias (GANONG, 1987). Segundo Fernandes (2000), a
revisão integrativa possibilita, ainda, a construção de uma análise criteriosa da literatura
científica, contribuindo para ampliar discussões sobre métodos e resultados de pesquisa,
assim como prover reflexões e apontamentos valiosos para a realização de futuras pesquisas.
Procedimento
Embora os métodos utilizados para a condução de revisões integrativas variem, é
preciso atentar para certos padrões a serem seguidos. No presente estudo considerar-se-ão os
procedimentos preconizados por Ganong (1987), como o estabelecimento de critérios para
inclusão e exclusão dos estudos publicados e análise crítica dos seus resultados. A partir dos
procedimentos destacados por Scorsolini-Comin e Santos (2008), na realização da presente
revisão foram cumpridas as seguintes etapas: seleção da questão temática, estabelecimento
dos critérios para a extração da amostra, análise e interpretação dos resultados, e apresentação
da revisão.
Para a elaboração da revisão integrativa foram selecionados descritores, de acordo
com o DeCS – Descritores em Ciências da Saúde, e seus equivalente na língua inglesa:
transtornos da alimentação, eating disorders, sexualidade, sexuality, comportamento sexual e
sexual behavior. Buscando abranger maior quantidade de publicações a respeito do tema em
questão, optou-se por incluir também os seguintes descritores não-controlados (palavrasCentro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual: Sexualidade,
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305
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chave): relações afetivas, emotional relationships, conjugalidade e marital relationships.
Tendo em vista que o propósito deste estudo era reunir artigos que apresentassem uma
intersecção entre os temas propostos, as buscas nas bases de dados foram realizadas com os
unitermos de maneira combinada, em duplas.
Após o levantamento das publicações, os resumos foram lidos e analisados segundo os
critérios de inclusão/exclusão pré-estabelecidos, que serão descritos na sequência. Os
trabalhos selecionados tiveram seus resumos relidos e analisados em profundidade. Em um
segundo momento, os artigos na íntegra foram recuperados e analisados, constituindo o
corpus de análise da revisão.
Bases de dados consultadas
Com vistas a assegurar maior abrangência e qualidade da revisão, foram consultadas
as seguintes bases de dados: MedLine, SciELO e PsycINFO. MedLine é uma base de dados
internacional da área médica e biomédica, produzida pela National Library of Medicine
(NLM) e que contém referências bibliográficas e resumos de mais de 5.000 títulos de revistas
científicas publicadas nos Estados Unidos e em outros 70 países. Contém referências de
artigos publicados desde 1966 até o momento, que cobrem as áreas de: medicina,
biomedicina, enfermagem, odontologia, veterinária e ciências afins. SciELO (Scientific
Electronic Library Online) é uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada
de periódicos científicos brasileiros e que tem por objetivo a preparação, armazenamento,
disseminação e avaliação da produção científica em formato eletrônico. Por fim, PsycINFO é
uma base de dados da American Psychological Association (APA), que abrange artigos com
temas relacionados à psicologia, educação, psiquiatria e ciências sociais. Disponibiliza
publicações veiculadas em periódicos internacionais e contém aproximadamente 1.500.000
registros.
Desse modo, ao considerar a especificidade do objeto de estudo, selecionou-se para o
presente estudo uma base de dados internacional, que é considerada referência na literatura
em saúde (MedLine), uma base de dados nacional prestigiada devido à seleção criteriosa de
periódicos indexados (SciELO) e uma base, também de âmbito internacional, que engloba
publicações específicas da Psicologia e áreas afins (PsycINFO).
Critérios de inclusão e exclusão das publicações
Em relação ao período de publicação, circunscreveu-se um intervalo de 10 anos.
Assim, foram selecionados artigos publicados entre os anos de 2000 e 2009. Em relação ao
idioma, restringiu-se a busca aos trabalhos publicados nos idiomas português, espanhol e
inglês. Os artigos repetidos, isto é, que apareceram mais de uma vez, em diferentes
combinações de palavras-chave e descritores, foram computados uma única vez.
Nesta revisão foram excluídos trabalhos como teses, dissertações, livros, capítulos de
livros, resenhas, críticas, comentários, editoriais, anais e relatórios científicos. Essa escolha se
deve ao fato de que o registro de trabalhos desse tipo não passa por rigoroso processo de
avaliação por pares, nos moldes do peer review, procedimento que garante a qualidade do
artigo e de sua apreciação científica. A fim de realçar apenas os trabalhos submetidos a um
processo rigoroso de avaliação, foram selecionados exclusivamente artigos científicos
publicados em periódicos indexados nas bases bibliográficas selecionadas.
Foram excluídos ainda: trabalhos com temáticas distantes da área da Psicologia,
estudos a respeito de populações específicas (por exemplo, atletas, bodybuilders, bailarinas,
entre outros), trabalhos que abordavam questões a respeito da sexualidade de mulheres
obesas, trabalhos que incluíam discussões teóricas acerca de questões de gênero, trabalhos
que relacionavam TA e abuso sexual na infância ou adolescência, estudos de casos, validação
de testes e outros instrumentos padronizados e investigações a respeito dos efeitos de
determinados medicamentos. Excluíram-se também estudos voltados exclusivamente às
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306
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questões biomédicas (neurobiologia dos TA, investigação genética, uso de medicações, por
exemplo) e também investigações de outras áreas do saber, que não apresentavam relação
direta com a Psicologia ou com o enfoque desta investigação.
Resultados e Discussão
A busca foi iniciada pela base de dados MedLine, na qual foi encontrado um total de
331 artigos a partir dos diferentes agrupamentos de descritores e palavras-chave, sendo que 16
foram selecionados pela pertinência aos critérios de inclusão e exclusão. Destes estudos seis
foram recuperados na íntegra. A seguir foi realizada a busca na base de dados SciELO, na
qual não foram encontrados artigos a partir dos diferentes agrupamentos dos unitermos
utilizados na pesquisa. A base de dados consultada a seguir foi o PsycINFO, no qual foram
encontrados 582 artigos, sendo que apenas 13 foram selecionados e seis recuperados, devido
ao grande número de dissertações, capítulos de livros, relatos de palestras, entre outros, que
apareceram na busca efetuada nessa base de dados, e que foram excluídos da seleção,
seguindo os critérios de exclusão preestabelecidos. Assim, foram coligidos 12 trabalhos na
íntegra, que constituíram o corpus de análise que dá suporte à presente revisão. Esses dados
podem ser melhor visualizados na Tabela 1.
Tabela 1
Distribuição dos artigos segundo as bases de dados bibliográficos selecionadas
Base
MedLine
SciELO
PsycINFO
Total
Total de artigos
331
%
36,2
Artigos
selecionados
16
55,2
Artigos
recuperados
6
%
%
50
–
–
–
–
–
–
582
913
63,8
100
13
29
44,8
100
6
12
50
100
Na Tabela 2 serão apresentados os resultados do número de trabalhos selecionados e
recuperados em cada base de dados, a partir das diversas combinações de descritores e
palavras-chave utilizadas.
Tabela 2.
Número de referências selecionadas e recuperadas nas bases indexadoras
Descritores
transtornos
da
alimentação and
sexualidade
transtornos
da
alimentação and
comportamento
sexual
eating disorders
and sexuality
eating disorders
and
sexual
behavior
transtornos
da
alimentação and
relações afetivas
MedLine
Seleciona- Recuperados
dos
4
1
SciELO
Seleciona- Recuperados
dos
–
–
PsycINFO
SelecionaRecuperados
dos
–
–
8
2
–
–
–
–
1
–
–
–
5
2
1
1
–
–
4
1
–
–
–
–
–
–
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transtornos
da
alimentação and
conjugalidade
eating disorders
and
emotional
relationships
eating disorders
and
marital
relationships
Total
–
–
–
–
–
–
2
2
–
–
4
3
–
–
–
–
–
–
16
6
13
6
–
–
No que diz respeito às fontes de publicação, foi localizado um artigo em cada um dos
seguintes periódicos científicos: Women´s Mental Health, Psychoterapy and Psychosomatics,
Journal of Adolescent Health, European Child & Adolescent Psychiatry, Psychosomatic
Medicine, Journal of Clinical Psychology in Medical Settings e Journal of Health Psychology.
Dois artigos foram encontrados no European Eating Disorders Review e três foram
localizados no International Journal of Eating Disorders. Observa-se um predomínio absoluto
de periódicos internacionais na amostra de artigos selecionados, especialmente da América do
Norte (33,4%), mais especificamente dos Estados Unidos, e da Europa (25%), sendo um
artigo da Suíça, um da Inglaterra e um da Alemanha. Os outros cinco artigos encontrados
estavam indexados em periódicos online (European Eating Disorders Review e International
Journal of Eating Disoders), que fazem parte da Wiley Online Library. Essa biblioteca online
engloba a maior coleção multidisciplinar de fontes de pesquisa em diversas áreas, incluindo as
ciências exatas, sociais, humanas e da saúde, integrando mais de quatro milhões de artigos
provenientes de 1500 periódicos, 9000 livros e centenas de trabalhos, protocolos laboratoriais
e bases de dados. Ou seja, como os periódicos são online e não impressos, não foi possível
identificar o país de origem dos periódicos. Não foram encontrados artigos publicados em
revistas científicas nacionais.
De acordo com a Tabela 3, o maior número de trabalhos publicados no tema
investigado no presente estudo concentrou-se nos anos 2004, 2005 e 2008, considerando-se os
artigos selecionados, o que demonstra que o tema em questão vem adquirindo importância
maior na atualidade. No entanto, o número de artigos que tratam do tema da sexualidade,
afetividade e conjugalidade nos TA ainda é pequeno, indicando que novas investigações nesse
campo do conhecimento ainda se fazem necessárias, especialmente no contexto nacional.
Tabela 3.
Distribuição dos artigos selecionados e recuperados segundo o ano de publicação
Ano de
publicação
Artigos selecionados
Artigos recuperados
2000
N
2
%
6,9
N
1
%
8,3
2001
2
6,9
1
8,3
2002
1
3,5
1
8,3
2003
2
6,9
1
8,3
2004
5
17,2
–
–
2005
5
17,2
3
25,0
2006
4
13,8
2
16,7
2007
1
3,5
1
8,3
2008
5
17,2
1
8,3
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2009
Total
2
29
6,9
100
1
12
8,3
100
Circunscreveu-se o levantamento aos trabalhos recuperados no período de 2000 a
2009. Parte substancial dos 29 artigos selecionados fazia parte de periódicos de acesso
controlado, ou seja, esses artigos não podiam ser acessados na íntegra nem mesmo por meio
da Rede USP. Em virtude dessa dificuldade, optou-se por realizar a análise crítica apenas dos
12 artigos recuperados na íntegra, excluindo-se desse exame os resumos.
Quanto aos tipos de estudos encontrados, sete se tratavam de estudos empíricos nãoexperimentais descritivos (KALTIALA-HEINO; RIMPELÄ; RISSANEN; RANTANEN,
2001; RUUSKA; KALTIALA-HEINO; KOIVISTO; RANTANEN, 2003; CULBERT;
KLUMP, 2005; TROISI et al., 2006; NEWTON; BOBLIN; BROWN; CILISKA, 2006;
JONES; EVANS; BAMFORD; FORD, 2008; KYRIACOU; EATER; TCHANTURIA, 2009),
e quatro de estudos experimentais (OVERTON; SELWAY; STRONGMAN; HOUSTON,
2000; MANGWETH et al., 2005; WARD et al., 2005; MANGWETH-MATZEK et al., 2007).
Apenas um dos estudos era de revisão assistemática da literatura (KAPLAN, 2002). De modo
geral, as populações investigadas abrangeram mulheres jovens e adultas com AN e/ou BN.
Dois estudos investigaram adolescentes sem diagnóstico de TA, mas que apresentaram
comportamentos de risco para a ocorrência do quadro, a partir de resultados obtidos por meio
da aplicação de questionários (KALTIALA-HEINO; RIMPELÄ; RISSANEN; RANTANEN,
2001; CULBERT; KLUMP, 2005). O estudo de revisão, dada sua natureza não empírica, não
apresentou participantes, mas reportou alguns estudos de caso para ilustrar os temas
discutidos. Nos estudos empíricos restantes, observou-se uma enorme amplitude de variação
das amostras: desde 34 participantes (JONES; EVANS; BAMFORD; FORD, 2008) a 38517
(KALTIALA-HEINO; RIMPELÄ; RISSANEN; RANTANEN, 2001). Os estudos que
incluíram grandes amostras investigaram a população normal, em geral adolescentes e
estudantes universitários sem diagnóstico pré-definido de TA.
No que diz respeito aos objetivos, os trabalhos recuperados procuraram, de forma
geral: relacionar a menarca precoce, a puberdade e as atividades sexuais precoces com a BN,
ou comparar esses marcos desenvolvimentais entre pacientes com TA, pacientes com outros
transtornos psiquiátricos e a população saudável; explorar a qualidade de vida das pacientes
após o tratamento, incluindo a questão das relações íntimas; investigar a impulsividade como
fator que acentua a relação entre a alimentação disfuncional e o comportamento sexual.
Os resultados dos estudos revisados indicaram, de modo geral, que as mulheres jovens
e adultas com AN possuem desinteresse em relacionamentos afetivos, diminuição da libido
(que é investida na alimentação e não nas atividades sexuais), dificuldade em estabelecer
relações íntimas, atitude negativa frente à sexualidade, menos interesse e menor número de
experiências com namoro do que adolescentes com BN (KAPLAN, 2002; RUUSKA;
KALTIALA-HEINO; KOIVISTO; RANTANEN, 2003). As mulheres com BN apresentam
menarca e experiências sexuais precoces e intensas (KALTIALA-HEINO; RIMPELÄ;
RISSANEN; RANTANEN, 2001). Já as relações sexuais de mulheres com AN, quando
existentes, são sempre insatisfatórias. Essas mulheres relatam insegurança para ter relações
sexuais, medo, ansiedade, incômodo apenas pelo pensamento de contato físico (decorrente da
insatisfação com a imagem corporal) e despreparo para desenvolver relacionamentos afetivos.
No entanto, essas mulheres também relatam o desejo de possuir um relacionamento íntimo,
pois acreditam que isso lhes proporcionaria mais segurança (JONES; EVANS; BAMFORD;
FORD, 2008). Mulheres com TA vivenciam a menarca, as mudanças corporais decorrentes da
puberdade e as primeiras atividades sexuais de forma muito negativa, mais do que as
mulheres saudáveis (MANGWETH-MATZEK; RUPP; HAUSMANN; KEMLER; BIEBL,
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2007). Os comportamentos compensatórios (típicos da BN) estão relacionados com intensa
atividade sexual, relação esta que é acentuada pela impulsividade; mulheres com AN e BN
possuem formas diferentes de enfrentar os desafios colocados pelo desenvolvimento da
sexualidade na adolescência (RUUSKA; KALTIALA-HEINO; KOIVISTO; RANTANEN,
2003). Ao considerar a complexidade que reveste o desenvolvimento sexual e afetivo das
mulheres com TA, os estudos demonstram, de modo consistente, a necessidade de tratamento
interdisciplinar.
Ao levar em conta a capacidade das mulheres de obterem prazer e de terem autonomia
sexual, Kaplan (2002) esboça as fases normais do desenvolvimento sexual feminino e realça
os problemas específicos que podem surgir durante cada uma dessas fases. Além disso,
também são discutidos os problemas particulares de mulheres com histórico de trauma e
transtornos psiquiátricos (entre eles: TA, depressão e problemas decorrentes de abuso sexual),
assim como os efeitos de medicamentos psicotrópicos sobre o funcionamento sexual. Trata-se
de uma revisão assistemática da literatura, ilustrada com estudos de caso. Um dos itens
discutidos no referido artigo diz respeito à sexualidade nos TA. A autora propõe que mulheres
com certos transtornos psiquiátricos geralmente vivenciam problemas no funcionamento
sexual. Mulheres com AN, por exemplo, costumam apresentar amenorréia, são
desinteressadas em relacionamentos afetivos e apresentam diminuição da libido, que é
investida na alimentação e não na atividade sexual. Essas mulheres conseguem estabelecer
uma relação íntima com um parceiro apenas após a recuperação do quadro psicopatológico. A
autora também pontua que pacientes com AN que sofreram abuso sexual podem apresentar
dificuldades emocionais mais sérias e devem ser encorajadas a buscar tratamento psiquiátrico.
Mangweth et al. (2005) realizaram um estudo experimental a respeito dos fatores de
risco para a ocorrência de TA. Os pesquisadores avaliaram uma série de comportamentos
sociais e focados no corpo em mulheres com TA (n = 50), mulheres poliusuárias ou
dependentes de múltiplas substâncias psicoativas (n = 50) e mulheres sem transtornos
psiquiátricos, que constituíram o grupo controle (n = 50). As participantes com TA
apresentaram problemas com a alimentação na infância, comportamento auto-agressivo,
ausência de cuidados maternos e tabus familiares que diziam respeito à nudez e sexualidade.
Esses problemas não foram apresentados pelas participantes do grupo controle, assim como
outros comportamentos sociais, tais como: problemas de adaptação na escola e ausência de
amigos próximos. No entanto, ambos os grupos de participantes com transtornos psiquiátricos
apresentaram em comum: onicofagia (comportamento de roer as unhas), laços familiares
instáveis e ocorrência de abuso físico e sexual. Os autores puderam concluir que as mulheres
com TA apresentam padrões distintos de comportamentos sociais e focados no corpo,
caracterizados por autoagressão, rigidez e “negação do corpo” nas relações familiares, e
ausência de intimidade.
Como desdobramento parte deste mesmo trabalho (Mangweth et al., 2005), alguns
anos mais tarde, Mangweth-Matzek et al. (2007) publicaram um estudo experimental cujo
objetivo consistia em examinar as experiências relacionadas à menarca, puberdade e primeiras
atividades sexuais de pacientes com TA, comparando-as com grupos controles de pacientes
psiquiátricos e não-psiquiátricos. Foram entrevistadas as mesmas 150 mulheres do estudo
anterior. Os resultados demonstraram que as mulheres com TA e as saudáveis apresentavam
similaridades no que concerne à época da menarca e do início das atividades sexuais. No
entanto, as mulheres com TA vivenciaram a menarca, as mudanças corporais decorrentes da
puberdade e as primeiras atividades sexuais de forma significativamente mais negativa dos
que as participantes dos outros grupos. Os autores concluíram que a vivência da imagem
corporal em pacientes com TA, assim como outros aspectos típicos da puberdade, é negativa
desde a entrada na adolescência, que. Geralmente, precede o início do transtorno.
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Um dos trabalhos encontrados nesta revisão teve como objetivo investigar o vínculo
na relação mãe-filha em indivíduos com TA, partindo da hipótese de que esse vínculo é
bastante frágil e pode se generalizar para as outras relações da paciente. Trata-se de um estudo
experimental, realizado por Ward et al. (2000), com pacientes com TA de um serviço
especializado e um grupo controle, com mulheres saudáveis. Os resultados demonstraram que
os relacionamentos estabelecidos pelas participantes seguem um padrão ‘puxa-empurra’, ou
seja, em um momento buscam a aproximação e, em outro, o distanciamento. Acredita-se que
as inseguranças vivenciadas no período da infância influenciem a formação de vínculos
posteriores, já que causam um sentimento de vulnerabilidade que acompanha as fases
posteriores do desenvolvimento.
Ainda em relação ao tema da fragilidade dos vínculos e buscando relacioná-la com a
ansiedade de separação e a insatisfação corporal vivenciadas pelas mulheres com TA, Troisi
et al. (2006) partiram da hipótese de que a formação de vínculos frágeis, a partir de uma
maneira de relacionar-se baseada em inseguranças, pode ser um dos fatores causadores da
insatisfação com o corpo, o que é um fator de risco para TA. Os resultados evidenciaram que
a insegurança na formação de vínculos está significativamente relacionada com a percepção
negativa da imagem corporal das mulheres com AN e BN. Um estudo mais aprofundado da
relação entre essas variáveis pode possibilitar maior atenção na formação de vínculos nos
relacionamentos sociais e afetivos e, com isso, aprimorar o tratamento dos TA.
Outros sentimentos negativos vivenciados pelas mulheres com TA foram investigados
por Overton, Selway, Strongman e Houston (2005). Em estudo experimental, esses autores
buscaram estudar a freqüência de queixas de emoções negativas (principalmente ansiedade,
raiva, vergonha, e culpa) em uma população de mulheres com TA que se encontravam em
seguimento em serviço especializado, em comparação com as mulheres na população geral.
Além disso, procurou-se também estudar a freqüência de emoções positivas, relacionando-as
com os ganhos secundários ou fatores que reforçariam a manutenção do quadro. Os achados
sugeriram que mulheres com TA utilizam seus comportamentos alimentares como maneira de
manipular a experiência emocional negativa e positiva, sendo que esta dinâmica psíquica seria
um importante fator de manutenção do quadro.
Ainda em se tratando das emoções vivenciadas pelas pacientes com TA, Kyriacou,
Easter e Tchanturia (2009) realizaram um estudo não-experimental descritivo que teve como
objetivo explorar quais são as complicações emocionais e sociais associadas à AN, a partir da
perspectiva dos pacientes, familiares e clínicos. A hipótese de que haveria certa dificuldade
nos aspectos emocionais e pessoais das mulheres com quadro de TA surgiu a partir de
dificuldades clínicas encontradas no tratamento do transtorno, mais especificamente nos
grupos de apoio. Algumas questões foram identificadas em todos os grupos realizados:
“conscientização emocional e compreensão”; “intolerância emocional”; “fuga emocional”;
“expressão emocional e crenças negativas”; “respostas emocionais extremas”; e “falta de
empatia”. A partir da detecção desses aspectos emocionais, pode-se pensar em
aprimoramentos do tratamento dos TA, no sentido de buscar estratégias para lidar e trabalhar
com essas emoções de modo que elas sejam elaboradas e, conseqüentemente, colaborem na
recuperação do quadro psicopatológico.
Um dos estudos encontrados na presente revisão comparou as experiências sexuais e
afetivas de pacientes com AN e BN. Ruuska, Kaltiala-Heino, Koivisto e Rantanen (2003)
realizaram um estudo que teve como objetivo investigar a puberdade e a condição
psicossexual de uma amostra de adolescentes sob tratamento para TA. Foram investigadas 57
adolescentes do sexo feminino, com idades entre 14 e 21 anos, com diagnóstico de AN ou
BN. Os resultados demonstraram que não houve diferença estatisticamente significativa em
relação à época da ocorrência da menarca entre pacientes de AN e BN. As participantes com
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BN apresentaram menarca mais precocemente do que a população saudável em geral. As
atitudes frente à sexualidade eram mais negativas no grupo da AN do que no grupo da BN. As
adolescentes com AN relataram menor interesse e menos experiências com namoro do que as
adolescentes com BN. Esses resultados sugerem que as adolescentes com AN e BN possuem
formas diferentes de enfrentar os desafios comuns ao desenvolvimento sexual na
adolescência.
Buscando verificar possíveis relações entre a puberdade e o desenvolvimento sexual
precoce com patologias alimentares do tipo bulímico em adolescentes, Kaltiala-Heino,
Rimpelä, Rissanen e Rantanen (2001) realizaram um estudo não-experimental e descritivo
com 19321 meninos e 19961 meninas com idades entre 14 e 16 anos. Os resultados da
pesquisa evidenciaram que as adolescentes que apresentavam comportamentos bulímicos
haviam tido menarca e experiências sexuais precoces. Dentre os meninos, o início da
ejaculação na época normal estava relacionado com ausência de comportamentos bulímicos,
sendo que esses comportamentos eram comuns dentre meninos que amadureceram
precocemente. Os autores concluíram que o início precoce das atividades sexuais estava
relacionado com comportamentos bulímicos e que prestar atenção nos adolescentes que
apresentam maturação precoce é uma forma válida de prevenir a ocorrência de BN.
No que concerne especificamente à BN e aos componentes emocionais comuns a esse
TA, e partindo de dados da literatura científica que sugerem relações entre BN, intensa
atividade sexual e impulsividade, Culbert e Klump (2005) realizaram um estudo nãoexperimental e descritivo, que teve como objetivo examinar as relações entre alimentação
disfuncional, comportamentos sexuais e impulsividade, assim como investigar a
impulsividade como uma terceira variável nessas relações. Participaram do estudo 500
estudantes universitárias que completaram questionários de compulsão alimentar e uso de
comportamentos compensatórios, impulsividade e comportamentos sexuais. Os resultados
demonstraram que os comportamentos compensatórios (mas não os compulsivos) estavam
significativamente correlacionados com comportamentos sexuais, e que essa relação acontece
em função da impulsividade. O estudo corrobora a literatura no que concerne ao fato da
impulsividade ser um importante correlativo entre BN e intensa atividade sexual, pois esse
construto aparece como uma terceira variável que acentua a relação entre os comportamentos
compensatórios e sexuais. Concluiu-se, assim, que os comportamentos compensatórios e a
intensa atividade sexual podem representar comportamentos de risco que são influenciados
pelos níveis de impulsividade.
Apenas um dos artigos encontrados na presente revisão dizia respeito aos efeitos do
tratamento dos TA de forma específica. Jones, Evans, Bamford e Ford (2008) realizaram um
trabalho não-experimental, descritivo, baseado em um enfoque qualitativo de pesquisa, que
teve como objetivo explorar se houve mudanças na perspectiva da qualidade de vida de
pacientes com TA (n = 34) após o término de um programa de 12 semanas de terapia diária.
Para isso foi utilizada uma entrevista semi-estruturada, analisada por meio de categorias
temáticas. Uma dessas categorias abordava a questão das relações íntimas: apenas dois
participantes possuíam parceiros antes do tratamento e eles relatavam que as relações sexuais
eram bastante insatisfatórias, resumindo-se geralmente a apenas uma noite. Esses
participantes relatavam que não se sentiam seguros para ter relações sexuais, sentiam medo,
ansiedade e um incômodo de pensar em ter contato físico com alguém, achado que estava
relacionado com a insatisfação com a imagem corporal. Além disso, esses participantes
também sentiam que não estavam preparados para um relacionamento afetivo. No entanto,
muitos desses participantes revelaram um desejo por manter relacionamentos íntimos e
acreditavam que isso poderia lhes proporcionar maior segurança. No final do programa de
tratamento, quatro participantes possuíam parceiros e a percepção a respeito dos
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relacionamentos afetivo-sexuais havia sido modificada de forma positiva. Os comentários a
respeito do medo e da ansiedade persistiam, porém, com menor intensidade do que antes do
tratamento.
Por fim, a dificuldade das mulheres com TA em estabelecerem vínculos e relações
íntimas também foi estudada por Newton, Boblin, Brown e Ciliska (2006). Esses
pesquisadores realizaram um trabalho a respeito da capacidade de pacientes com AN de
estabelecerem relações íntimas, analisando as experiências subjetivas das participantes com
esse tema. Percebeu-se que os significados atribuídos e as experiências das participantes com
a questão da intimidade estavam de acordo com as concepções gerais de proximidade
emocional e física, por exemplo, a necessidade de companheirismo na vida de casal com
filhos. Ou seja, nesse estudo as mulheres com AN também demonstraram desejo de manterem
relações íntimas, mas apresentavam intensas dificuldades em consumá-las. Esses achados
oferecem subsídios para pesquisas futuras e podem colaborar no desenvolvimento de
intervenções que busquem minimizar os impedimentos encontrados no plano das relações
afetivas, fomentando a tolerância à partilha da intimidade.
Considerações Finais
Em função do número limitado de artigos encontrados na presente revisão,
evidenciou-se que não existe uma literatura consolidada acerca da sexualidade e das questões
de afetividade e das relações maritais em pacientes com TA, principalmente no âmbito
nacional. Houve predomínio de trabalhos publicados em periódico internacionais,
principalmente nos Estados Unidos e alguns países da Europa. Esses dados sugerem que
pouca atenção tem sido devotada às questões emocionais envolvidas na dificuldade das
mulheres com TA em estabelecerem vínculos afetivos estáveis e satisfatórios, e nas
repercussões que esses prejuízos exercem tanto no quadro psicopatológico, quanto na
qualidade de vida em geral dessas mulheres.
Nesse panorama destacamos a necessidade de futuras investigações acerca da
temática, com o objetivo de fornecer esclarecimentos mais pormenorizados a respeito das
emoções relacionadas às experiências sexuais e afetivas no contexto dos TA, já que as
evidências sugerem que muitas dessas emoções exercem influência ou são influenciadas pelo
quadro. Acredita-se que a ampliação do número de publicações qualificadas nessa área poderá
proporcionar maiores evidências para a prática clínica, levando a uma compreensão mais
abrangente por parte dos profissionais envolvidos na assistência, sem esquecer da prevenção e
promoção de saúde.
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9. HIGIENISMO: REFLEXOS DE UM PROJETO POLÍTICO NA EDUCAÇÃO EM
SAÚDE DA ESCOLA REPUBLICANA
Aparecida de Fátima Soane Lomônaco26:
Rosa Maria de Sousa Martins27
Universidade Federal de Uberlândia/ ESTES; [email protected]
Este trabalho busca entender as bases da Educação em Saúde na Escola tomando como
referência o período republicano do Brasil e o reflexo que as políticas do período tiveram
sobre os conceitos de saúde, corpo, infância bem como a influência dessas tendências sobre o
trato com os referidos temas. Entende-se a necessidade de discutir esse tema hoje pela grande
repercussão das medidas sugeridas pelas autoridades de saúde diante das enfermidades
emergentes e das novas epidemias que tem assolado o país no que diz respeito aos
procedimentos de higiene e profilaxia, o que tem afetado diretamente a rotina dos indivíduos
e da comunidade quando, por exemplo, impede o funcionamento de escolas, limita as
atividades sociais e desperta para questionamentos sobre as questões básicas de higiene e as
responsabilidades do poder público e dos cidadãos sobre as mesmas.
O presente trabalho trata-se de um artigo sobre a educação em saúde na escola durante
a fase higienista, movimento ocorrido na medicina que privilegiava a higiene como o mais
belo florão da medicina, capaz de promover o bem estar físico e moral e a evolução somática
e intelectual da humanidade e tem como objetivo discorrer sobre as influências do higienismo
na Educação em Saúde na escola enquanto projeto educativo amplo, em nome da ciência e em
prol da constituição de um homem formado sob os rígidos princípios da moral e da higiene.
O higienismo pode ser entendido como um projeto político derivado de um ramo da
medicina social denominado Higiene28, que procurava fundamentar todas as ações sociais em
princípios científicos dos saberes formalmente instituídos. Para a educação escolar, a Higiene
forneceu um modelo de organização escolar calcado na razão médica, retirando do espaço
privado (familiar e religioso) o Monopólio da formação de meninos e meninas. Havia então
uma preocupação tanto com as condições físicas da escola tais como condições topográficas,
climáticas, sanitárias, de ventilação, de salubridade como com as questões morais, de
pensamento e do corpo, de modo a produzir um colégio com alunos, alunas e professores
higienizados (GONDRA, 2000).
Neste texto, evidencia-se o projeto higienista na educação escolar ao longo do período
republicano que, além de ter como objetivo a legitimação da medicina social, procurava impor
os ideais de uma sociedade progressista, onde a higiene se impunha como condição
indispensável.
A política higienista foi amplamente difundida na sociedade dentro de um projeto de
urbanização das cidades e de modernização do país nos moldes europeus. A escola se torna
lócus privilegiado não só pela formação de meninos e meninas como também pela
possibilidade de se trabalhar as questões de civilidade. A higiene impõe-se como uma
condição indispensável para o progresso da nação porque os que a praticavam demonstravam
com isso possuir certo grau de educação. Durante os congressos brasileiros de higiene, os
sanitaristas elegeram as crianças como alvos da intervenção pedagógica objetivando hábitos e
26
Professora, Mestre em Educação da ESTES/UFU, aluna especial do Doutorado
Assistente Social, Mestre em Educação da ESTES/UFU
28
Ramo da medicina que se ocupou da descrição e redescrição dos objetos sociais, em conformidade com os
cânones dessa ciência, foram designados como Higiene. (GONDRA, 2000, p. 521).
27
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atitudes da população frente à doença. Com elas, atingiriam os padrões sanitários familiares,
sendo isso realizado na escola e o principal agente da educação higiênica a professora com
uma educação moralizadora e domesticadora (COSTA, 1985).
Atualmente, educar para a saúde pressupõe certo grau de autonomia dos indivíduos ao
desejar que se pratiquem as ações necessárias para a consecução de práticas saudáveis dentro
de uma filosofia de autocuidado, de democratização do processo saúde/doença/cuidado e de
reordenação das práticas sanitárias do Estado com vistas na promoção da saúde. No período
republicano, porém o povo era considerado como vítima incapaz de iniciativas criativas,
enquanto não melhorasse sua situação de saúde pela adoção das medidas proclamadas pelo
projeto higienista (VASCONCELOS, 2001). Em 1926, a higiene foi imposta pela coerção
tendo havido depois demonstração de interesse por parte dos indivíduos. Procurava-se ensinar
e explicar às pessoas as vantagens das medidas exigidas, dizendo ser necessária uma educação
para um comportamento higiênico com beneficio individual e coletivo com efeitos
preventivos (COSTA, 1985).
Para conceituar educação em saúde, é necessário pensar nos significados de saúde e
doença que permeiam os meios científicos e sociais. Os modelos adotados até meados do
século XX foram ancorados no modelo médico, biologicista que, centrado na doença,
procurava trabalhar com preceitos de higiene e regras de conduta por meio de
aconselhamentos. A saúde e a doença eram percebidas como fenômenos individuais,
responsabilidades de cada pessoa, independentemente das condições sócio-econômicas ou do
acesso à educação e à saúde.
A educação em saúde no âmbito do sistema escolar surge no Brasil com a criação das
escolas de primeiras letras (Lei de 15 de outubro de 1927). A partir de 1920, o discurso
higienista torna-se mais técnico, priorizando métodos de educação em saúde, assistência
médico-odontológica, nutrição, desnutrição, antropometria29. A inclusão das disciplinas de
Higiene e Puericultura nos currículos das escolas normais, com a criação do professor de
Higiene, foi uma proposta dos higienistas da época para a difusão das suas idéias.
Em 1946, com a Lei orgânica do Ensino Primário, que fazia referências ao ensino da
saúde e criava as disciplinas Ciências Naturais e Higiene para o curso primário complementar
de um ano,30 foram desenvolvidass ações de cunho assistencialista, com pouca ênfase na parte
educativa e ao ensino de saúde (BAGNATO, 1987).
O enfoque deste trabalho na fase higienista da educação em saúde é uma forma de
entender como foram pensadas as ações de saúde na escola e como ela ainda pode influenciar
as concepções e ações ainda hoje.
A República e sua concepção de homem e educação
No final do século XIX, presenciamos a proclamação da República e o início de um
período que teve como características, a valorização da vida urbana, o crescimento das
cidades e o desenvolvimento do capitalismo. Aliado ao desenvolvimento da ciência, da
tecnologia e da indústria, o período republicano provocou transformações na vida política e
social com mudanças econômicas que exigiram novas profissões. Surge então a necessidade
de organizar o povo em torno de uma nova cultura e de novos costumes para o país se
constituir como nação e ao mesmo tempo imprimir nessa nação uma direção única dentro do
capital.
29
Realização de aferição de medidas como peso e altura para acompanhar o desenvolvimento físico do escolar
Com a Lei Orgânica do Ensino Primário foi criado o ensino primário elementar, de 4 anos e o complementar
de 1 ano (BAGNATO, 1987, p.10)
30
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Em vários países, na Europa, em especial na França, nos Estados Unidos da América e
também no Brasil, defendeu-se a idéia de reordenar a população, introduzir novos hábitos
condizentes a uma sociedade civilizada e a necessidade de um reordenamento higiênico do
espaço urbano e de suas edificações. Surgem então as reformas urbanas voltadas para o
saneamento básico e para a regulamentação na utilização dos espaços públicos e dos
estabelecimentos privados.
Diante dessa nova realidade, a educação escolar, mediante uma mentalidade
republicana, passou a constituir-se parte ativa na implantação de um programa de
modernização nacional como parte de um projeto da República. Conectados a essas
transformações, os renovadores da educação perceberam a necessidade da expansão dos
sistemas escolares para a construção desse novo homem. A instrução e principalmente a
formação de todos os cidadãos deveriam acontecer pela escola. “O ensino passa a ser visto
como instrumento de construção política e social” (LOURENÇO FILHO, 1962, p.21).
Com relação à proposta da formação de um novo homem, ou melhor, dizendo, de uma
formação que preparasse esse homem para o trabalho, para as atividades práticas, para atender
aos interesses da burguesia, ao desenvolvimento e ao progresso do capital, Borges afirma que
foi uma proposta que teve como base:
uma matriz teórica baseada na Psicologia, na Sociologia e na Biologia, de
forma a convencer, cimentar os diferentes interesses de classe e estratos
sociais em jogo. Os princípios liberais foram: a liberdade econômica,
concorrência, igualdade jurídica, individualidade, direito de ter propriedade,
fraternidade, diferenças de aptidões e capacidades, democracia, criação de
um Estado Nacional (1993, p.22).
A partir desses novos objetivos que deveriam ser realizados pela escola ampliou-se
também a preocupação referente às questões ligadas a higiene “A higiene fornecerá um
modelo de organização escolar calcado na razão médica” (GONDRA, 2000, p. 527).
Justificava-se a partir de um modelo higiênico de escola e de elementos científicos, voltados
para as edificações escolares apropriadas, o tempo escolar, os saberes escolares, a
alimentação, o sono, o banho, as roupas, o recreio e a ginástica. No que se refere às
edificações podemos observar bem no Decreto nº 7.970-A de 15 de outubro de 192731,
quando trata da questão da Higiene Escolar, da Assistência Médica e Dentária no artigo 99:
A inspecção medico-escolar tem por fim velar pela saúde dos alumnos das
escolas publicas e verificar si os estabelecimentos de ensino satisfazem as
condições de hygiene, do ponto de vista da localização, construcção,
ventilação, illuminação, serviços sanitários, abastecimento d’ água e si o
mobiliário e material escolar são adequados ao fim a que se destinam. (Art.
99, Decreto 7.970/1927, p.1172).
Os princípios higienistas também relacionaram as condições higiênicas de vida, de
moradia dos pobres à condição moral e à profilaxia das raças, em defesa do branqueamento da
população (VEIGA, 2007, p.260). Esses princípios, com base em uma concepção moralista
buscaram integrar os pobres aos valores burgueses.
De acordo com Veiga (2007) constatou-se a criação da Sociedade Eugênica de São
Paulo em 1918 e a realização do Primeiro Congresso Brasileiro de Higiene em 1923, no Rio
31
Decreto que aprovou o Regulamento do Ensino Primário e entrou em vigor em 1º de janeiro de 1928. Esse
decreto foi assinado pelo Presidente do Estado de Minas Gerais: Antonio Carlos Ribeiro de Andrada e pelo
Secretário de Estado do Interior: Francisco Luiz da Silva Campos.
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de Janeiro. Alguns higienistas defendiam a idéia de melhoramento das raças mediante
políticas sanitárias e educativas. Nesse sentido, programaram práticas de intervenção médica
nas escolas no início da república a partir da criação de fichas sanitárias escolares, as quais
deveriam conter informações sobre o peso, a cor e cicatrizes da pele, hérnias e vícios de
conformação, deformação do esqueleto, conformação do tórax, estado dos órgãos de fonação,
de visão, de audição e abdominais e estado do aparelho digestivo, dados físicos e
observações. Esses seriam os aspectos que revelariam o histórico sanitário do aluno.32
A escola e o projeto civilizatório
A escola assumiu uma função diretiva no sentido de inculcar um novo comportamento
e remodelar uma nova sociedade dentro de um processo, com vistas a erradicar a ignorância e
produzir um país ordeiro, homogêneo e civilizado:
A ignorância é, pois o argumento fabricado e mobilizado de modo a fornecer
legitimidade para as intervenções na esfera educacional, realizadas em nome
e em favor da ordem médica, que interferirá nas representações acerca da
infância, da família, da casa, da escola e dos mestres (GONDRA, 2001, p.
526).
A reorganização da instrução pública e as reformas escolares passaram a ser vistas a
partir de princípios educacionais emanados por um ideário positivista de modificar a
sociedade brasileira identificando a liberdade de ensino com a prosperidade da nação. À
ciência médica foi atribuído um poder de criar um padrão civilizatório, a partir de um maior
conhecimento do homem, das condições de seu crescimento, do seu desenvolvimento
individual e de uma maior compreensão acerca das possibilidades de sua integração cultural.
Segundo Santos (2008), foi diante desse contexto que se iniciou no Brasil a difusão
dos ideais da Escola Nova, com uma mensagem de instrumentação institucional e de
remodelação da ordem política, econômica, social e cultural. Os difusores da Escola Nova33
iniciaram um discurso, denunciando o atraso da escola pública em relação às novas exigências
da vida social, com a intenção de provocar profundas mudanças e despertar a necessidade de
“Uma nova escola para forjar um homem novo para uma nova cidade” (TEIVE, 2008, p.94).
A reconstrução da cidade e do homem tornou-se parte fundamental de um processo
que “constitui uma mudança na conduta e sentimentos humanos rumo a uma direção muito
específica” (ELIAS, 1993, p. 193) a de transformar os indivíduos em força produtiva, de
modo a garantir e ampliar o movimento produtivo do capital. Diante disso, o Estado
necessitava de cidadãos que, além de saber ler, escrever e contar deveriam pensar, sentir e
agir de uma nova forma, de modo a se comportarem como cidadãos patriotas e produtivos
para o capitalismo.
A escola passou a ser um instrumento de regeneração, de civilização, de moralização e
de higienização, em especial dos pobres, para estabilizar e consolidar o regime: “Os
professores deverão inculcar nos alumnos os hábitos sadios da hygiene individual formando
neles uma consciência sanitária, é um serviço que irão prestar a sociedade brasileira dando
novas energias, novas possibilidades, novas esperanças” (DECRETO Nº 8.094 de 22/12/1927,
p.1709). Nos estudos de Cunha, a civilidade foi concebida como o:
32
Annães do VII Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia, reunido em Belo Horizonte de 21 a 27 de abril de
1912, organizados pelo Dr Hugo F. Werneck, II volume, I Seção Medicina em Geral. Belo Horizonte: Imprensa
Oficial do Estado de Minas Gerais, 1912, p.315.
33
Os renovadores da educação. Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Fernando de Azevedo, entre outros.
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processo de construção de códigos de comportamento, normas de conduta,
boas maneiras, educação pessoal que se concretiza por meio de um conjunto
de regras a serem observadas com o intuito de portar-se com dignidade,
cortesia e elegância” (2009, p. 236).
Nessa perspectiva, a escola da república deveria civilizar, moralizar e higienizar as
crianças, para incutir-lhes o amor à pátria e ao trabalho, a submissão às leis, o respeito à livre
imprensa, à propriedade privada e à liberdade, incutindo também os valores éticos e estéticos
da racionalidade capitalista. Para Souza:
as escolas primárias desempenharam na vida urbana um importante papel
social e cultural. [...] auxiliaram o serviço sanitário exigindo a vacinação [...]
no combate das epidemias [...] exigindo o asseio e as normas de urbanidade
e civilidade (1998, p.116).
As reformas escolares se pautaram na formação integral do homem, passaram a ser
vistas a partir de um maior conhecimento do homem, das condições de seu crescimento, do
seu desenvolvimento individual e da consciência das possibilidades de sua integração cultural.
Para esse fim, várias medidas foram tomadas, tais como a construção de grupos escolares,
vistos como edificações escolares higiênicas; os novos métodos didáticos, voltados para a
atividade dos alunos e a “introdução das disciplinas higiene, ginástica e educação física no
currículo das escolas normais, primárias e secundárias” (VEIGA, 2007, p.260).
O espaço escolar deveria ser remodelado de modo a dar visibilidade à modernidade
republicana e adaptar-se à pedagogia moderna e ao higienismo. Surgem assim os grupos
escolares como parte de um projeto civilizador que iria colaborar na reforma social e na
difusão de educação popular. A construção de um prédio próprio para a escola significou a
conquista de uma identidade que, “Em certo sentido, o grupo escolar pela sua arquitetura, sua
organização e suas finalidades aliavam-se às grandes forças míticas que compunham o
imaginário social naquele período, isto é, a crença no progresso, na ciência e na civilização”
(SOUZA, 1998, p.91).
Os grupos escolares se converteram em símbolo e funcionaram também como
divulgadores de princípios higiênicos e eugênicos (MARTINS, 2009). O que pode ser
observado também em algumas atas de reuniões do Grupo Escolar Júlio Bueno Brandão do
município de Uberlândia/MG34:
[a professora Técnica D. Dinorá Pinto Silva] propôs às professoras, a
conselho do Dr. Pedroso, fazerem nos alunos a desinfecção das fossas nasais
com acido lático, pois infelizmente há nos dois estabelecimentos de ensino
(Bueno Brandão e Minas Gerais), crianças em cujas famílias há casos de
morféia, tuberculose, câncer, etc., não havendo entre elas nenhuma
separação nem higiene. (MARTINS, 2009, p.23).
Nesse caso, o que se esperava da educação escolar pública e do professor primário
além da formação moral, cívico-patriótica, como um dos fundamentos da construção da
nacionalidade; também, uma formação científica para sair do atraso e caminhar para a
civilidade, a ordem e o progresso.
De acordo com Araújo, Aquino e Lima, (2008), a Escola Normal deveria habilitar o
professor primário para poder desempenhar, com a máxima dedicação, vigor e
profissionalismo, a missão de educar o povo para a vida em sociedade no contexto urbano e
34
Primeiro Grupo Escolar do município de Uberlândia-MG, criado a partir do Decreto 3200 em 20 de julho de
1911, conforme a lei 439, de 28 de setembro de 1906, sendo instalado em 1º de fevereiro de (CARVALHO,
2002, p.59).
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rural. Deveria oferecer uma formação intelectual, moral e profissional, tornando-se um centro
multiplicador de saberes teóricos, demonstrativos e práticos referente ao trabalho pedagógico
da escola primária. Para isso, as Escolas Normais35 com duração de três anos em 1908 e
quatro anos em 1910, começaram a ministrar disciplinas que apresentavam uma estrutura
curricular de moldura enciclopédica dotada de dez matérias de cunho literário, de natureza
científica e técnica e de fundamentos morais e pedagógicos36.
Portanto, para modernizar intelectual e moralmente a sociedade, a professora deveria
dominar os conhecimentos e possuir uma sólida formação moral e cívica, sendo capaz de
formar o espírito da criança para cultivar os pensamentos e sentimentos republicanos. A
tarefa da professora era instruir, no sentido de desenvolver e prover de conhecimentos a mente
da criança e educar no sentido de desenvolver o caráter, a disciplina e as qualidades morais,
além de dirigir os pensamentos, os sentimentos e a sua conduta37. A seleção e a organização
do conhecimento escolar faziam parte de um processo social e estava relacionado a
necessidades de legitimação, de controle e de propósitos de dominação (SILVA, 1995).
Nessa mesma direção entre 1920 a 1930, ocorreu a implantação de diversas reformas
educacionais em vários Estados do país, valorizando a escola como lugar central para a
realização do ideal de progresso na nação. Nesta reorganização da instrução pública, surgiu
uma nova concepção de infância e de escola primária e a nova pedagogia adquiriu uma
dimensão metodológica. As suas apropriações se deram de maneira diferenciada, mais
centrada nos métodos e nas técnicas, na chamada Escola Ativa; baseada em uma formação
cívica e moral que deveria acontecer na escola, considerada a instituição central para civilizar
e formar o novo homem, de acordo com as novas demandas do capital, que era a de
“disciplinar e controlar o trabalhador para a fábrica e de formar a elite dirigente [...] Para a
superação do atraso nacional e o ingresso na modernidade” (BORGES, 1993, p.35-36).
No campo de formação de professores, a principal influência foi a inserção e a
valorização das ciências consideradas basilares para uma nova compreensão acerca da função
social da escola e do papel assumido pela criança no contexto social mais amplo. Dentre essas
ciências, destacamos a biologia, a psicologia e a sociologia, que foram incorporadas aos
currículos dos cursos de formação e auxiliaram na produção de novas concepções sobre o
campo educacional.
As disciplinas científicas no currículo de formação das professoras permitiriam a
apropriação do conhecimento científico pelas professoras, com a intenção de consolidar uma
maneira de pensar, sentir e agir. Temos como exemplo, a inclusão da disciplina higiene
escolar, que influenciou na educação física e intelectual, estabeleceu princípios e
procedimentos e guiou a moral e os bons costumes, no sentido de afastar as crianças dos
perigos dos vícios, do álcool, do fumo e desenvolver o gosto pelo trabalho38. Introduziram
35
Escolas Normais de Minas Gerais (BORGES, 2005), de São Paulo (MONARCHA, 1999), São Carlos
(NOSELLA, BUFFA, 2002), Paraiba (KULESKA, 1997), Goias (BRZEZINSKI, 1987), Ceará (OLINDA,
2003), Piaui (SOARES; FERRO, 2003), Natal (ARAUJO, AQUINO, LIMA, 2008).
36
As matérias de caráter literário eram Português e noções de Latim, Francês, Música. As de natureza científica
e técnica compreendiam: Aritmética, Álgebra e Geometria, Noções de Física, Química, História Natural e
Higiene, Desenho Natural, Caligrafia, Trabalhos Manuais e Exercícios Físicos. As matérias de Fundamentos
Pedagógicos e Morais seriam Pedagogia, Instrução Moral e Cívica, Economia Doméstica, Legislação Escolar e
Prática na Escola Modelo (ARAUJO, AQUINO E LIMA, 2008, p.197).
37
Conforme a concepção de Norbert Elias, “o processo civilizador constitui uma mudança na conduta e
sentimentos humanos rumo a uma direção muito específica” (1993, p.193).
38
Tais aspectos estão presentes tanto no Decreto nº 8.225, de 11 de fevereiro 1928, que aprovou o programa de
ensino Normal do Estado de Minas Gerais, quando trata da educação moral e cívica (p.252), como no Decreto
8.094/1927, que tratou do programa do Ensino Primário, nos deveres higiênicos dos alunos no item nº 10. “Não
jogar, não fumar, não beber” (p. 1719-1720).
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também, a forma correta de sentar, de escrever, alertou para o perigo da fadiga e apontaram
para a necessidade de descanso, de recreios, de excursões, de exercícios físicos como
elementos indispensáveis para a higiene do cérebro.
Essas disciplinas trabalhavam na perspectiva de ensinar boas maneiras, princípios de
socialização, despertar o amor pela Pátria e o orgulho de pertencer a ela, visando a formação
do caráter (MARTINS, 2009). Foi o que observamos nas orientações que eram passadas a
partir das atas de reuniões das professoras do Grupo Escolar Júlio Bueno Brandão:
[A professora técnica, Maria Aparecida Lomônaco] continuou expondo que
o assunto para a reunião de hoje era: Atividades extra-programa. Essas
atividades são necessárias e trazem grande proveito para as crianças,
compreendem auditórios, excursões, jornal escolar, museu, hora de história,
etc. No decorrer dessas atividades, deverá haver a colaboração das crianças
que apresentarão iniciativas espontâneas e a professora aproveitará a
oportunidade para ensinar boas maneiras e princípios de socialização
(Martins, 2009).
Observando a realidade desse município no início do século XX, por volta de 1903,
percebemos que, desde então, inúmeras medidas foram tomadas para desenvolver, organizar,
civilizar e higienizar com vistas a cuidar da urbanização, da arquitetura, do comércio, da
industrialização, da higiene pública, da cultura e do lazer, tudo isso para estar em sintonia
com as grandes cidades. Tomamos como exemplo, uma das medidas tomadas nessa época
que foi a publicação oficial do Código de Posturas. Para Rodrigues (1993), essas medidas
foram um processo de disciplinarização e de ordenamento, montado com papéis sociais bem
definidos e distribuídos; onde os políticos traçariam os projetos, a polícia garantiria o
cumprimento desses projetos e à imprensa caberia o papel de difundir as ideias, de ordem, de
civilidade, de modernidade e de trabalho.
Tais ações revelaram uma concepção de progresso vinculada a atividades que iriam
controlar os hábitos, os costumes, a moral, as práticas e os comportamentos, ou seja, o
cotidiano dos sujeitos, pois a presença de mendigos, crianças vadias e animais circulando na
cidade incomodavam. As imagens não combinavam com o caráter grandioso da cidade e nem
com o modelo de cidade ideal a ser implantada.
O cenário educacional nacional e regional incidia sobre o contexto local, em especial
no período do Estado Novo, com as suas idéias de ordem, de progresso, de civismo, de moral
de higiene e de disciplina.39
Entre 1937 a 1945 diante de um regime autoritário que se consolidava, a educação se
transformou em um mecanismo de enquadramento, como um dispositivo para disciplinarizar
os corpos. Foi um “Estado constituído sobre o fortalecimento da família; pela propriedade do
lar salubre; pelo saneamento; pela educação higiênica, eugênica, intelectual e moral”
(CARVALHO, 1986, p. 114). Essa é a visão de um Estado paternal, tutorial que tinha como
meta disciplinar seus súditos a partir das professoras primárias.
Contudo, o partir de 1940 o higienismo, começou a fazer parte das discussões
referentes às condições de vida da população brasileira, de maneira mais abrangente,
deixando de ser interpretada apenas sobre as condições físicas e morais das pessoas ou pela
sua origem étnico-racial e como uma concepção moralista. De acordo com Veiga (2007) no
programa do ensino primário de 1965 esse conteúdo estava vinculado às ciências naturais e
educação para a saúde cujo objetivo seria prevenir maus hábitos e vícios.
39
“Ecos do ideário eugênico podem ser percebidos nas propostas de organização escolar e de currículo
estabelecidas por determinadas políticas públicas” (GUALTIERI, 2008, p.5).
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Pelotões de saúde: a Educação a serviço da Higiene
Para que os objetivos do projeto higienista fossem alcançados, foram necessários,
além da formação específica dos professores supra citada, a adoção de mecanismos que
tornassem possível a formação do cidadão dentro dos princípios da moralidade e civilidade.
Chaves, em pesquisa sobre o Distrito Federal, comenta que:
O Código do bom aluno, publicado no artigo Da campanha contra a
vadiação, na edição de set/out de 1932, explicita as atitudes indispensáveis
que esse aluno deve possuir: Ter boas maneiras (falar baixo, guardar silêncio
na fileira, caminhar corretamente); Interessar-se pelas lições; Interessar-se
pelas instituições escolares (Caixa Escolar, Círculo de Pais, a Revista
escolar, etc); Ter o maior cuidado com o vestuário; Ter o maior cuidado com
o asseio pessoal (rosto, mãos, cabelos, unhas e dentes); Zelar pelos objetos
do uso escolar; Zelar pela casa; Economizar o material; Ser assíduo (serão
justificadas somente duas faltas por quinzena para cada aluno); Ser franco e
verdadeiro (2010. p.3).
Neste sentido, foram criados os pelotões de saúde que podem ser citados como o
melhor exemplo de ação disciplinar do corpo. Sob a responsabilidade dos alunos, o pelotão de
saúde teria que, diariamente, inspecionar os demais alunos, tentando verificar a limpeza dos
dentes, das unhas, do corpo e do uniforme. E como a escola procurava enaltecer aqueles que
cumpriam essas recomendações, ser escolhido para participar dessa instituição era visto com
honra e distinção. Fazia com que os seus membros se sentissem os próprios porta-vozes das
lições que a escola desejava incutir.
Os escolhidos para o pelotão se reconheciam e eram reconhecidos como um grupo que
falava em nome da escola e que, por isso, deveriam ser respeitados. Chaves cita como
exemplar o discurso da aluna Maria Auxiliadora, durante a solenidade de passagem da
braçadeira do pelotão:
Nos preceitos da higiene repousam a saúde e o progresso. Como podemos
ser amigos do Brasil e do seu progresso, se não tivermos hábitos sãos, se
não tivermos saúde?Como defender o nome de nossa pátria querida se
formos fracos e débeis e não tivermos força bastante para repelir o agravo e
o ataque? Sejamos bons! E teremos feito muito pela grandeza do Brasil
amado! Mais uma vez, obrigada pela braçadeira que prometemos honrar
(2010, p. 5).
Em 1924, no estado do Rio de Janeiro, foram dados os primeiros passos rumo à
educação em saúde no Brasil, por meio da criação do primeiro pelotão de saúde, em uma
escola estadual do município de São Gonçalo, por Carlos Sá e César Leal Ferreira. No ano
seguinte foi adotado o mesmo modelo nas escolas primárias do antigo Distrito Federal, com o
propósito de divulgar noções de higiene (LEVY et al, 20º2). Segundo VEIGA (2007), a
formação nas escolas dos pelotões de saúde, inspirados nas corporações militares ocorre em
definitivamente em 1926. Esses seriam compostos por grupos de alunos que deveriam possuir
uma caderneta para anotar peso, altura, correção de defeitos, etc. Piedade Filho (2009) relata
em pesquisa sobre um pelotão de saúde a conformação desse modelo militar, que chama de
cruzada higienista, com a presença de monitores, da conselheira técnica que é uma professora,
o uso de distintivo, os cruzados de cada classe formando um sub-pelotão e o pelotão tendo um
regulamento e reunindo-se mensalmente.
Portanto, por estes discursos pode se ter a clareza de que saúde, higiene e boa
aparência ultrapassavam o âmbito da escola. Eram qualidades almejadas por um novo Brasil
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que desejava modernizar-se e alcançar um modelo de cidadão baseado nessas mesmas
qualidades.
Considerações Finais
A reorganização da instrução pública e as reformas escolares do período republicano
no Brasil foram realizadas a partir de princípios educacionais emanados por um ideário
positivista de modificar a sociedade brasileira identificando a liberdade de ensino com a
prosperidade da nação. À ciência médica foi atribuído um poder de criar um padrão
civilizatório, a partir de um maior conhecimento do homem, das condições de seu
crescimento, do seu desenvolvimento individual e de uma maior compreensão acerca das
possibilidades de sua integração cultural.
Entre 1937 a 1945, diante de um regime autoritário que se consolidava, a educação se
transformou em um mecanismo de enquadramento, como um dispositivo para disciplinarizar
os corpos.
Se observarmos as campanhas relacionadas às epidemias constantes de dengue no
Brasil, onde estados, municípios e federação dispendem volumosas quantias na contratação de
pessoal para realizar ações que seriam atribuições de cada indivíduo, fornecer equipamentos
de responsabilidade pessoal como tampa para caixa d’água, podemos perceber que os
objetivos de conscientização das responsabilidades pessoais e coletivas em relação à saúde de
cada indivíduo não foram conseguidos com as ações educativas desenvolvidas.
A concepção de homem e de saúde relacionada à educação, ao progresso, à formação
de cidadãos capazes de enaltecer o seu país, presentes na fase higienista da educação em
saúde nos levam a considerar que muitas atitudes ainda presentes no nosso meio com relação
às campanhas de saúde, ações assistencialistas ou impregnadas de conceitos biologicistas
podem ser influências das idéias e conceitos que foram amplamente divulgados como projeto
de Estado para a educação escolar.
No presente trabalho, observa-se que os envolvidos nas ações de saúde na educação
escolar durante o projeto higienista acreditavam nas premissas propostas por médicos
higienistas, que objetivavam a afirmação da medicina social, e adotadas por um governo que
via nessas ações meios de conseguir o progresso da nação. Os relatos de professores e
historiadores nos revelam que os envolvidos nas ações de saúde na escola se sentiam
valorizados por estarem participando do projeto.
Vale ressaltar que o comitê de educação em saúde da OMS afirma que a educação em
saúde deve ter o foco voltado para a população e para a ação, encorajando as pessoas a adotar
e manter padrões de vida sadios; usar de forma judiciosa e cuidadosa os serviços de saúde
colocados à sua disposição e tomar decisões, tanto individual como coletivamente com o
objetivo de melhorar suas condições de saúde e as condições do meio ambiente (LEVY et al,
2002).
Educar para saúde nos moldes das concepções do processo saúde/doença/cuidado
atualmente pressupõe a reestruturação dos hábitos, a busca do potencial máximo de saúde dos
indivíduos de uma coletividade e, principalmente, a possibilidade do auto cuidado por meio
de um processo educacional global que desenvolva nas pessoas o senso de responsabilidade
pela sua própria saúde e pela saúde da comunidade a qual pertençam (LEVY et al, 2002).
REFERÊNCIAS
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Brandão. Uberlândia/MG. (1932-1937), (1937-1944) e de (1944 - 1948).
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10. INCIDÊNCIA DE FATORES TERAPÊUTICOS EM UM GRUPO DE EDUCAÇÃO
EM DIABETES MELLITUS
Manoel Antônio dos Santos1
Naiara Sato Botter 2
Marília Belfiore Palácio3
Camila Rezende Pimentel Ribas4
Nunila Ferreira de Oliveira4
Marta Maria Coelho Damasceno5
Carla Regina de Souza Teixeira5
Maria Lúcia Zanetti6
INTRODUÇÃO
O diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica que exige ajustamentos na dinâmica e
organização psíquica do paciente, pois impõe cuidados permanentes e contínuos (1). Esse
processo de adaptação à nova condição inicia-se a partir do estabelecimento do diagnóstico e
pode desencadear sofrimento psicológico, expresso sob a forma de estresse, depressão e
ansiedade. Mas o acometimento também pode possibilitar uma oportunidade de aprendizagem
de convivência saudável com a condição crônica. Passado o impacto inicial da confirmação
do diagnóstico, os pacientes se mobilizam no sentido de buscar modos de enfrentamento que
propiciem o ajustamento psicossocial frente às demandas que a complexidade do tratamento
(
impõe 1-2).
A busca de apoio social é um dos modos de lidar com os fatores adversos acarretados
pela complexidade do tratamento (3). Inclui, entre outros aspectos, a procura de recursos
profissionais para o tratamento, dentre os quais se destaca o grupo de educação em diabetes.
Na perspectiva da integralidade em saúde, um grupo de educação precisa oferecer apoio nos
aspectos físicos, psicológicos, espirituais, entre outros, incluindo a família como unidade de
tratamento (4).
Tendo em vista que a participação em grupo educativo pode influenciar fortemente o
comportamento de saúde de seus membros e que o estado de saúde de cada indivíduo, por sua
1
Professor Doutor do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Ribeirão Preto - FFCLRP-USP. E-mail: [email protected]
2
Aluna do Curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo do Campus de Ribeirão Preto. E-mail: [email protected]
3
Aluna do Curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo do Campus de Ribeirão Preto. E-mail: [email protected]
4
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem Fundamental do Departamento de Enfermagem
Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - EERP-USP.
E-mail: [email protected] / [email protected]
5
Professor Doutor do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. E-mail:
[email protected]
6
Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - EERP-USP. E-mail: [email protected]
7
Professor Associado do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - EERP-USP. Centro Colaborador da OMS para o
Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. E-mail: [email protected]
Endereço para correspondência: FFCLRP-USP, Av. Bandeirantes, 3900, Monte Alegre, 14040-901, Ribeirão
Preto-SP, fone 16 3602 3645.
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327
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vez, também influencia o funcionamento do grupo, os estudos mostram que a estratégia
grupal pode ajudar a pessoa com DM a manejar corretamente a complexidade da doença e
alcançar as metas do tratamento (4).
A pessoa com DM, quando bem orientada, pode aderir às ações de cuidado no
cotidiano, tais como estímulo à realização de atividades físicas, motivação para seguimento
do plano alimentar, incentivo no ajuste da terapêutica medicamentosa quando da realização da
monitorização da glicemia capilar no domicílio, desenvolvimento de habilidades para o
manejo da insulina e cuidados com os pés, entre outras medidas.
Apoio social se refere às informações ou recursos materiais fornecidos por grupos
(família, amigos, profissionais de saúde, entre outros), que trazem benefícios emocionais ou
comportamentais para quem os recebe. É um processo recíproco e, portanto, proativo, no qual
as duas partes se beneficiam com efeitos positivos, fortalecendo o sentido de controle sobre a
própria vida tanto para quem oferece como para quem o recebe (5).
No presente estudo focalizamos o apoio social percebido pela pessoa com DM tipo 2
(DM2) a partir de suas verbalizações durante as atividades de grupo. Altos níveis de apoio
social percebido e auto-eficácia aumentada estão significantemente associados com níveis
mais elevados de comportamentos de autocuidado, como dieta e prática de exercício físico, o
que mostra a importância de incrementar este tipo de apoio.
A pessoa com DM2 necessita ainda de apoio familiar e de receber suporte psicológico
para se fortalecer emocionalmente, de modo a fazer frente às exigências terapêuticas de
autocuidado (6). Nessa vertente, reconhecendo a importância de prover um acompanhamento
psicológico às pessoas com DM2, foi implementado um grupo de apoio psicológico em um
centro universitário no interior paulista. A equipe multiprofissional que oferece esse
atendimento reconhece que, além dos cuidados especializados, a rede de apoio social colabora
para o enfrentamento das dificuldades encontradas em função das alterações necessárias no
cotidiano para o manejo da doença.
A experiência com pessoas que participam de grupos de educação em DM2 têm
evidenciado que o incremento de fatores mediadores de mudança – particularmente do estilo
de vida, podem facilitar a satisfação de suas necessidades de saúde (7). Por outro lado, a
literatura é escassa em relação a essa temática, sugerindo a necessidade de estudos que
busquem elucidar que fatores terapêuticos são mais facilitadores e propiciam maior adesão ao
tratamento instituído para o DM2.
Diante do exposto, este estudo teve como objetivo identificar os fatores terapêuticos
presentes em um grupo de educação para pessoas com DM2.
MÉTODO
Estudo descritivo, exploratório, com enfoque qualitativo.
Como marco teórico-metodológico utilizou-se o referencial dos fatores terapêuticos
(FT) (8). Este referencial foi privilegiado por viabilizar maior compreensão dos aspectos
psicossociais envolvidos no cuidado da pessoa com DM2. Acredita-se que o marco
referencial adotado possibilita desvendar como as pessoas que participam de um grupo
educativo desenvolvem seus recursos de enfrentamento, considerando crenças e valores
socialmente construídos no contexto onde as pessoas vivem.
Dentre as diversas vertentes de compreensão dos FT, o enfoque adotado compreende
esses fatores como catalisadores de mudança (8). Esse referencial teórico tem sido aplicado no
contexto da saúde, em particular em estudos com pessoas com condições crônicas, inclusive
DM (9).
A identificação dos FT constituem uma das formas de se avaliar a efetividade de
intervenções grupais, ao se observar o movimento grupal e a comunicação expressa pelos
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participantes (9). Os FT foram inicialmente descritos no contexto psicoterápico. Entretanto,
logo se percebeu que a maioria deles pode ser encontrada em grupos com outros tipos de
enquadre.
No presente estudo foram selecionados os seguintes FT (8): 1. Instilação de esperança:
os participantes relatam experiências de melhora a partir da expectativa criada pela observação
de que outros membros do grupo também melhoraram; 2. Universalidade: os participantes
percebem que suas experiências de sofrimento não são únicas e exclusivas, já que são vividas
também por outras pessoas, o que traz alento e uma sensação de alívio; 3. Aprendizado
interpessoal: a interação ocorre espontaneamente, sempre que um grupo se reúne, constituindo
um campo fértil para o aprendizado de habilidades que potencializam a mudança; 4. Catarse:
fenômeno relacionado à ventilação de emoções, com compartilhamento dos sentimentos e o
alívio proporcionado por sua aceitação pelos demais membros do grupo.
Parte-se da premissa de que conhecer os FT que são mobilizados nos grupos com
pessoas com DM pode contribuir para promover novos olhares e enfoques dos profissionais
em relação à intervenção educativa necessária para o manejo da doença, por meio de ações
mais humanizadas, eficazes e, portanto, mais próximas ao cotidiano dos indivíduos.
O estudo foi realizado em um Centro de Pesquisa e Extensão Universitária de uma
cidade do interior paulista, de março a junho de 2010. Esse Centro foi eleito como local de
estudo porque ali as pessoas com DM são atendidas por uma equipe multiprofissional
constituída por enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e alunos de
graduação em Enfermagem e Psicologia. Nesse Centro é oferecido um Programa de Educação
em Diabetes. O número de pessoas com DM cadastradas está condicionado ao espaço físico e
aos recursos humanos disponíveis.
Nesse Programa as pessoas são subdivididas em dois grupos: um grupo, constituído por
pessoas que já foram educadas anteriormente e que por isso têm retornos quinzenais, e outro,
constituído por pacientes novos, com retorno semanal. Esses grupos são constituídos,
respectivamente, por 17 e 12 participantes. Essa divisão em pequenos grupos visa facilitar
uma boa comunicação entre a pessoa com DM e a equipe de trabalho. Os grupos são
atendidos às terças-feiras, sendo que a cada 15 dias esse atendimento é feito simultaneamente.
A coordenação do trabalho é feita em esquema de rodízio pelas quatro especialidades:
Enfermagem, Nutrição, Psicologia e Educação Física.
No presente estudo foram incluídas pessoas com DM tipo 2, adultos, cadastrados no
Programa de Educação em Diabetes e que aceitaram participar da investigação.
Participaram 21 pessoas com DM2 recrutadas no referido Centro, sendo 13 mulheres e 8
homens, com idade entre 42 e 76 anos, com escolaridade predominante equivalente ao Ensino
Fundamental incompleto. A maioria dos participantes era casada e se declarou católica. Essa
casuística representa a população cadastrada no período do estudo no Grupo de Educação em
Diabetes.
Utilizou-se como estratégia de investigação para coleta de informações o grupo focal
(10)
, segundo a abordagem de grupos auto-referentes (11). Esse tipo de grupo focal é empregado
como fonte principal de coleta de dados em pesquisa qualitativa. Grupos focais autoreferentes têm como finalidade explorar novas áreas, ainda pouco conhecidas pelo
pesquisador, e investigar questões, opiniões, atitudes, experiências anteriores e perspectivas
futuras. Os grupos foram constituídos por participantes que tinham características em comum,
tais como a patologia, tempo de diagnóstico, atendimento pela rede pública de saúde e
inserção em grupo educativo. Por outro lado, foram heterogêneos quanto à idade e sexo. Os
grupos foram conduzidos por psicólogos que, no papel de moderadores, incentivavam os
participantes a conversarem entre si, valorizando a troca de experiências, idéias, sentimentos,
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valores, bem como a expressão de facilidades e dificuldades encontradas no contexto social e
familiar.
Os pacientes foram subdivididos em dois grupos fechados, com uma média de 10
participantes por grupo. Os dados foram coletados em encontros de aproximadamente 90
minutos, realizados às terças-feiras, das 14h00 às 15h30, totalizando quatro encontros.
Os participantes foram informados acerca dos objetivos e natureza do estudo. Foi
assegurada a liberdade de decisão de participar do estudo, sendo esclarecido que a recusa não
implicaria em prejuízos ao atendimento. Uma vez obtida concordância para a realização da
investigação, foi realizada leitura coletiva do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Em seguida, foram esclarecidas as dúvidas dos participantes, quando necessário, e garantido o
anonimato dos colaboradores, que neste estudo foram identificados por meio de nomes
fictícios.
Após aquecimento inicial, os participantes dos vários encontros grupais foram
convidados a refletirem sobre questões disparadoras: alimentação, descoberta do diagnóstico,
introdução da insulina e expectativas frente à doença.. Os coordenadores buscavam manter
um ambiente acolhedor e permissivo, encorajando a livre expressão de pensamentos e
sentimentos. As verbalizações foram registradas por observadores treinados, mediante
anuência prévia dos participantes. Os registros dos encontros foram posteriormente revisados
e organizados, constituindo o corpus de análise.
Posteriormente, empreendeu-se a análise temática, identificando-se os núcleos de
sentido contidos nas falas dos participantes (12). O método utilizado desdobra-se em três
etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e
interpretação. Na pré-análise foram realizadas leituras sucessivas do material coletado, que
permitiram estabelecer um contato exaustivo com os conteúdos evocados e identificar os
núcleos de sentido, palavras-chave ou frases que explicitavam idéias, pensamentos e
significados relevantes para a elucidação dos objetivos do estudo; em seguida, foram
recortados e agrupados os segmentos que continham idéias centrais em comum, que
constituíram os temas que delimitaram o contexto do estudo. Na segunda etapa, foram
analisados os recortes e estabelecidos os critérios para classificá-los. Na terceira fase da
análise os recortes extraídos na etapa anterior foram categorizados, o que permitiu definir as
representações sociais das pessoas com DM sobre o apoio familiar percebido.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem
de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (protocolo nº 0667/2006).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram identificadas as seguintes categorias de fatores terapêuticos:
2. Instilação de esperança
Nessa categoria estão contempladas as falas indicativas da presença do FT que sinaliza
instilação de esperança.
Antes não aceitava nada, nem a diabetes, depois percebi que não adianta. Aqui vi que
dá pra melhorar. Aí procurei melhorar e melhorei muito, mas vou ter que melhorar
ainda mais. (Maria)
Em qualquer processo de mudança, a manutenção da esperança é um fator essencial,
pois ela se faz terapêutica ao sustentar a motivação do paciente. Em especial nos processos
grupais, a observação do progresso terapêutico experimentado por outros membros do grupo
auxilia a disseminação do otimismo, já que possibilita a manutenção de esperança no próprio
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tratamento e fortalece o senso de auto-eficácia, isto é, o sentimento de ser competente para
vencer os desafios impostos para obtenção do controle glicêmico.
Na fala de Maria, podemos perceber que ela vislumbra a possibilidade de obter a
melhora a partir de suas vivências em grupo, que incrementam a sensação de que alguma
possibilidade existe. Isso desperta um senso de otimismo e confiança quanto ao seu próprio
potencial e uma perspectiva mais encorajadora quanto ao futuro. A paciente percebe que, se
os outros conseguem obter benefícios ao aderirem ao grupo educativo, ela também poderá
conseguir, o que contribui para a renovação de seu compromisso com a mudança.
2. Universalidade
Nessa categoria estão contempladas as falas indicativas da presença do FT conhecido
como universalidade. As falas remetem ao fato de se perceber que outros indivíduos
vivenciam a mesma condição de saúde de pessoa com DM:
É bom vir aqui, né, a gente se encontra, conversa, aprende, troca receitas diet, que
são importantes pra nós, que temos diabetes, né? (Joana)
Olha, eu não me conscientizei de primeira. Não consegui aceitar o adoçante. Cortei
algumas coisas... mas até hoje, pão, salgado, tô comendo... Acho que o melhor que é
colocado é algumas dificuldades... Quando eu ia no médico, ele falava que eu tinha
que me cuidar, aí eu mudava de médico. Depois de estar aqui, junto com meus
colegas, eu me vi... porque estamos juntos, né. (Jorge)
Essa proximidade com outras pessoas é sentida como um alento, um conforto que
ajuda a mitigar a aspereza do convívio com as limitações acarretadas pelo DM. Os
participantes sentem que esse convívio pode enriquecer seu círculo de apoio social, incluindo
crianças. Pessoas com DM podem compreender melhor as dificuldades de manejo da doença
e ter uma percepção aguçada das necessidades do doente.
Essa percepção de universalidade pode funcionar como fator de proteção nos
momentos de maior vulnerabilidade da pessoa com DM. Esses momentos se evidenciam nos
episódios de transgressão alimentar ou esquecimento em relação ao uso de medicamentos. O
exercício da tolerância no relacionamento cotidiano permite lidar de forma mais tranquila
com as limitações e perdas relacionadas à doença, como a diminuição da acuidade visual, o
comprometimento da sensibilidade dos membros inferiores, entre outras complicações do
DM.
Os participantes podem perceber o grupo como instância cuidadora, o que torna o
convívio com o tratamento menos penoso e facilita a incorporação dos cuidados no cotidiano
da pessoa com DM.
3. Aprendizado interpessoal
Aqui estão contempladas as falas que mostram a presença do fator conhecido como
aprendizado interpessoal. A aprendizagem que se dá por meio do intercâmbio de experiências
é um importante FT, pois está vinculada aos relacionamentos interpessoais, os quais
contribuem tanto para o desenvolvimento da personalidade como para a gênese de possíveis
dificuldades no processo de amadurecimento. Desse modo, a ativação desse fator auxilia tanto
na melhora das interações sociais, quanto no tratamento de eventuais perturbações
psicológicas.
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331
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O que faz o barco andar é a força de vontade, a consciência, o respeito e a
liberdade... O grupo ensina muito. Grupo é... é verdade. (Pedro)
Joaquim: Eu aprendi a ter consciência no dia a dia depois daqui.
Coordenador: Então foi um incentivo?
Joaquim: Acostumei, aprendi, antes eu não aceitava.
Nesse FT o mecanismo de identificação é o principal aspecto. O paciente aprende
sobre sua pessoa a partir da experiência compartilhada pelo outro, pois é mais fácil enxergar
nos outros aquilo que não se vê em si mesmo. Em ambos os excertos apresentados, os
pacientes relatam que a vivência grupal tem trazido resultados positivos. Para eles, estar
convivendo com outras pessoas com os mesmos problemas é um aprendizado, que torna mais
fácil a aceitação da doença e de suas implicações no viver diário.
4. Catarse
Nessa categoria estão contempladas as falas que ilustram o FT conhecido como
catarse. É também conhecida como ventilação das emoções e está intimamente associada a
outros processos, principalmente ao de universalidade e de coesão grupal. Esse FT diz
respeito a um compartilhar afetivo do mundo interno do paciente, com uma posterior
aceitação desse mundo interno pelos outros membros do grupo. Expressar emoções fortes e
profundas, e ainda assim ser aceito pelo grupo, levanta questionamentos sobre a crença que o
individuo tem de si próprio – por exemplo, de que é estranho, diferente ou mesmo repugnante
por pensar de tal maneira.
Depois do diagnóstico, ficamos igual a esta folha de papel, estraçalhados. Desde o
diagnóstico a vida é outra. Convivemos com “não”, “não” e “não”. Muita restrição.
A gente finge que tá tudo bem, principalmente para os familiares, mas me sinto no fio
da navalha: se respirar torto já cai. (Laura)
Para mim, também fiquei um papel amassado depois do diagnóstico. Há 10 anos
perdi a visão, fiquei três meses sem enxergar, há três anos perdi o funcionamento do
rim esquerdo, aí me senti no fundo do poço. As complicações não foram por falta de
cuidado. Tenho o apoio da família, mas tem dias que a gente não levanta bem... Mas
aí eu não faço igual ela [referindo-se à Laura], eu falo que não tô bem mesmo. (Sonia)
Eu fugi da insulina igual gato foge de cachorro, eu não queria de jeito nenhum, fui
adiando. Eu viajava, comia muita porcaria na estrada, não controlava só com o
remédio. Aí não teve jeito, comecei faz seis meses, não deu ainda para sentir direito a
mudança, mas já sinto melhora quando vou medir. Para aplicar foi sossegado, depois
que a Dra. Maria ensinou, mas não conseguia nem pensar em enfiar uma agulha em
mim, não sei se era por medo, eu não queria, não aceitava. A diabetes eu ainda não
aceito. Como se pode ter uma doença que não tem cura? (Bento)
Mas é difícil mesmo aceitar, porque nem parece que você tá doente, não tem sintoma.
(Paula)
Nos trechos apresentados, percebe-se que os pacientes se sentem à vontade para
compartilhar com o grupo sentimentos bastante pessoais, o que mostra que sentem que
podem ser aceitos mesmo depois de revelarem partes tão intimas de sua história. No primeiro
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trecho, Laura sente que pode revelar para o grupo o que habitualmente não revela para outras
pessoas, e ainda assim ser aceita, até mesmo por alguém que não compartilha da mesma
opinião. No segundo recorte, Bento conta que não se conforma com o fato de ter a doença,
não admite o DM, no que é acolhido por Paula, que revela que também sente dificuldades
para aceitar a doença. Paula expressa o que as pessoas com DM sentem: a estranheza frente a
uma doença “que nem parece uma doença”, já que permanece por muito tempo
assintomática.
Os relatos produzidos nos grupos mostram que o DM influencia as diversas
dimensões que constituem o cotidiano do indivíduo acometido, desde a sua rotina de vida até
o desejo de continuar a viver e manter sua qualidade de vida. A pessoa acometida convive
com embates cotidianos entre seus próprios impulsos básicos, por um lado, e a necessidade
imperiosa de ter controle sobre seus desejos, resultando em dificuldades de aceitar limites
(13)
. Por essa razão, o desejo de viver e o compromisso assumido em relação à própria vida
são elementos essenciais no tratamento das doenças crônicas (6).
Por ser uma condição para a qual não se tem cura e considerando a necessidade de
comprometimento com a terapêutica medicamentosa, plano alimentar e atividade física, o
DM requer da pessoa acometida uma renovada capacidade de enfrentamento durante toda a
vida (3). Conflitos entre seguir criteriosamente as prescrições e transgredi-las acompanham
todo o percurso do tratamento. Nesse contexto, o grupo educativo emerge como uma das
fontes de apoio mais importantes para a manutenção da atitude de perseverança necessária
para a adesão ao tratamento e a preservação do espírito de luta e a manutenção de
expectativa otimista em relação ao futuro (4).
Os achados do presente estudo são relevantes, pois demonstram que os FT
mobilizados no grupo podem ser mobilizadores da mudança que se deseja introduzir nos
hábitos de vida dos pacientes. Os profissionais de saúde precisam estar atentos para a
possibilidade de potencializar os FT, que nem sempre são facilmente percebidos e
instrumentalizados durante as intervenções educativas. Em grupos coesos e altamente
motivados, os FT podem constituir em um dos pilares que sustentam o cuidado em condições
crônicas de saúde. Para tanto, é preciso estar sensível aos significados simbólicos que os
pacientes elaboram nos grupos (14). Ao considerar que esse cuidado é permanente, oneroso e
que pode acarretar um desgaste emocional intenso, implicando em sobrecarga física e
emocional, a pessoa com DM nem sempre encontra oportunidades de ter suas necessidades
subjetivas de apoio social convenientemente atendidas, o que reforça a importância do grupo
educativo (1,3).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A transformação de hábitos é produzida a partir de uma deliberação de mudança
pessoal do participante, que repercute em seu contexto familiar e social. Muitas vezes a
pessoa com DM espera que os profissionais simplesmente provoquem a mudança, em vez de
partir de um movimento próprio e espontâneo, assumindo-se como agentes que estão
ativamente engajados no sentido de promover as transformações necessárias. Os FT podem
auxiliar a pessoa com DM a colocar suas necessidades de saúde em primeiro lugar, de modo a
se apropriar dos recursos necessários para o automanejo da doença. Quando algum
participante do grupo logra uma modificação relevante em seus hábitos de vida diário já
cristalizados, ele pode envolver e convidar os demais a mudar juntos. Dessa forma,
comportamentos relacionados ao autocuidado podem estar estimulados e reforçados pela
equipe multidisciplinar de saúde.
A equipe de saúde, ao aplicar os grupos de educação em DM, deve atentar para além
das necessidades de saúde dos pacientes, porque o que eles buscam também a formação de
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uma consciência autêntica acerca de suas próprias necessidades. É essa atitude que poderá
levar o paciente a abrandar sua resistência ao esquema terapêutico proposto. Conhecer de
forma mais aprofundada os mecanismos psicológicos que estão em jogo na aquisição e
manutenção de hábitos de vida saudáveis favorece a integralidade das ações de saúde, na
medida em que sensibiliza a equipe, levando-a a refletir sobre a dimensão sociocultural do
cuidado. Isso contribui para agregar qualidade à saúde, com menor estresse e desconforto para
todos.
Por outro lado, constituem-se limites do estudo contemplar apenas o ponto de vista das
pessoas com DM, não possibilitando comparações com a perspectiva dos profissionais que
coordenam o grupo em relação aos fatores que promovem a mudança. Também seria
importante conhecer as características das famílias desses pacientes, seus padrões de
funcionamento e suas demandas. Nessa vertente, recomendam-se outros estudos futuros que
possam explorar, de forma mais abrangente, a problemática investigada, na perspectiva da
díade paciente-profissional de saúde. Outro aspecto a ser salientado é que os resultados
apresentados refletem as características do grupo investigado e não podem ser generalizados
para outros contextos.
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11.
SIGNIFICADOS
DO
TRANSPLANTE
DE
CÉLULAS-TRONCO
HEMATOPOÉTICAS PARA PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1
Leticia Aparecida da Silva Marques
Érika Arantes Oliveira-Cardoso
Júlio Cesar Voltarelli
Manoel Antônio dos Santos
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, FFCLRP-USP
E-mail: letí[email protected]
Agência de fomento: FAPESP
INTRODUÇÃO
Os primeiros relatos sobre a ocorrência de DM datam da era egípcia, porém, somente
2000 mil anos depois, por volta de 70 d.C, o médico grego Areteu da Capadócia conseguiu
descrever a doença. A primeira evidência observada foi que o doente desenvolvia quatro
complicações: muita fome (polifagia), muita sede (polidipsia), muita urina (poliúria) e
fraqueza (poliastenia) e que, quase sempre, as pessoas com esses sintomas entravam em coma
antes da morte (SBD, 2007). O termo diabetes em grego significa sifão (tubo para aspirar a
água). Esse termo tem também o sentido de “passagem” e foi utilizado devido à apresentação
sintomatológica da doença, que provoca sede intensa e induz a produção de grande
quantidade de urina. O diabetes só adquiriu a terminologia mellitus no século I d.C., devido à
presença da urina doce. Mellitus, em latim, significa mel (Marcelino & Carvalho, 2005).
A prevalência de indivíduos com diabetes melitus (DM) vem aumentando nas últimas
décadas. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, em 2025 haverá 300
milhões de pessoas acometidas, o que indica que o DM constitui um problema de saúde
pública relevante e de alto impacto social. Esse desafio torna-se ainda mais preocupante
quando se consideram as complicações que podem advir da doença, que acarretam altas taxas
de mortalidade e elevado custo financeiro despendido com o tratamento pelo sistema de saúde
(SBD, 2007). O DM pode ser classificado em dois tipos: o diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e o
diabetes mellitus tipo 2 (DM2).
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD, 2007), o DM1 é uma
síndrome auto-imune de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da
incapacidade da insulina de exercer adequadamente seus efeitos, caracterizando-se por
hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas.
As complicações mais frequentemente associadas ao DM são: hipoglicemia, cetoacidose
diabética (aumento de gordura no sangue e o conseqüente mau funcionamento dos rins),
proteinúria, neuropatia periférica, retinopatia, nefropatia, ulcerações crônicas nos pés, doença
vascular aterosclerótica, cardiopatia isquêmica, impotência sexual, paralisia oculomotora,
infecções urinárias ou cutâneas de repetição, coma hiperosmolar, entre outras (Brasil, 2002).
Podem-se notar ainda distúrbios como: cefaléia, inquietude, irritabilidade, palidez, sudorese,
taquicardia, confusões mentais, desmaios, convulsões e até o coma.
Segundo Arnold (1995), o DM não afeta somente os aspectos físicos e biológicos dos
indivíduos, mas envolve também aspectos sociais, emocionais, espirituais e cognitivos, já que
eles têm que aprender a viver e conviver com as exigências da doença e os rigores do
tratamento, que acarreta algumas restrições nos hábitos e na vida cotidiana. Desse modo, é
preciso que sejam implementadas algumas adaptações e alterações na rotina de vida das
pessoas acometidas, o que, na maioria das vezes, pode constituir-se em uma tarefa
extremamente penosa (Péres, 2004).
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O tratamento preconizado para o DM1 não traz a cura, mas objetiva o propiciar o
controle da doença a partir do autocuidado e automonitoramento. O plano terapêutico implica,
basicamente, em mudança de hábitos e do estilo de vida, o que abrange manter uma
alimentação saudável, controlada e regrada, realizar exercícios físicos regulares e seguir o
tratamento medicamentoso.
Recentemente, uma nova perspectiva tem sido aberta com o Transplante de CélulasTronco Hematopoéticas (TCTH), na modalidade autólogo. O principal diferenciador entre os
tipos de TCTH existentes atualmente é a procedência da medula óssea. De acordo com
Machado (2009) o TCTH pode ser: Alogênico, quando o doador é geneticamente similar;
Singênico, quando a doação é efetuada por um irmão; Autólogo, quando o doador é o próprio
participante que tem sua medula retirada durante o processo de remissão da doença;
Xenogênico, quando o transplante é realizado entre animais de espécies diferentes; Cordão
Umbilical, cujo tecido rico em células-mãe capazes de regenerar a medula óssea.
Segundo Riul (1995), o TCTH pode ser dividido em cinco momentos distintos,
independentemente da procedência da medula: (1) Preparação pré-transplante: caracterizase pelo período pré-admissional, a avaliação médica e a admissão do participante em
isolamento protetor na enfermaria; (2) Regime de condicionamento: quando o participante
recebe a quimioterapia; (3) Aspiração, processamento e infusão de medula óssea: sendo
que a infusão é feita na própria Unidade; (4) Enxertamento da medula óssea: momento da
“pega” da medula e (5) Alta hospitalar e acompanhamento ambulatorial: que acontece no
momento em que o enxertamento é considerado seguramente bem-sucedido e não ocorrem
complicações decorrentes do transplante.
O TCTH tem como princípio a destruição completa da medula óssea, seguida por uma
transferência de células progenitoras normais. Essa transferência tem o intuito de reconstruir
todo o sistema hematopoético, de modo que o novo enxerto (a medula implantada) passa a
assumir a produção de células sangüíneas e a conseqüente destruição de possíveis
remanescentes de células do receptor (Molassiotis, 1996).
No caso do indivíduo com DM1, as células betas das ilhotas de Langerhans do pâncreas
são destruídas por linfócitos T, causando deficiência na produção de insulina. Esse processo
de autodestruição, segundo Voltarelli e cols. (2009), se inicia meses a anos antes do
diagnóstico da doença e dos primeiros sintomas de hiperglicemia. A insulina é o hormônio
responsável pela absorção de glicose pelas células. A deficiência de produção provoca
aumento do nível de glicose sangüínea. Enquanto o tratamento convencional com insulina
retarda, mas não evita as complicações crônicas da doença, esse procedimento tem sido
proposto como um recurso alternativo para o tratamento de DM1, pois há evidências de que é
capaz de impedir a destruição completa das células pancreáticas produtoras de insulina e de
induzir respostas clínicas significativas (Voltarelli e cols., 2004).
O protocolo de tratamento inclui pacientes com idade inferior a 35 anos e superior a 12
anos, que tenham sido diagnosticados com DM1 há menos de seis semanas ou que estejam na
fase assintomática da doença – a assim denominada fase de lua de mel. Os pacientes são
mobilizados com ciclofosfamida (2g/m2) e G-CSF (10ug/kg/d) e condicionados com
ciclofosfamida (200mg/kg) e ATG de coelho (4,5mg/kg) (Voltarelli e cols., 2004).
Após a descoberta do diagnóstico, os momentos que precedem à decisão da realização
do TCTH também são carregados de conflitos psicológicos, já que essa terapêutica tanto pode
ser vista como um tratamento-salvador como, ao mesmo tempo, um tratamento-ameaçador,
por comportar sérios riscos pessoais para o paciente, tais como da perda da integridade física
e, acima de tudo, da própria vida (Cardoso-Oliveira e cols., 2009). Frente a essas questões,
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torna-se imperioso conhecer os significados atribuídos ao procedimento pelos próprios
pacientes.
OBJETIVO
Analisar os significados atribuídos ao TCTH por pacientes com DM1 que decidiram
submeter-se ao procedimento.
METODOLOGIA
O projeto foi primeiramente encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP (protocolo HCRP
nº 1472/2009).
Alguns procedimentos foram adotados para a inclusão dos participantes nessa etapa do
estudo. Em primeiro lugar, tem-se como princípio básico o respeito aos voluntários e à
instituição, de acordo com as normas definidas pelo Conselho Nacional de Saúde, na
Resolução nº 196/96 sobre pesquisa envolvendo seres humanos (Brasil, Ministério da Saúde,
1996).
Tomou-se o cuidado de esclarecer antecipadamente os objetivos do trabalho e as
condições de sigilo profissional para cada participante, sendo que a pesquisa só tem sido
realizada com aqueles que concordaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido ou, no caso de menores de 18 anos, quando o acompanhante responsável
concordar e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Pais ou
Responsáveis. Também foi explicitado que eventual não aceitação ou interrupção da
participação no estudo não traria qualquer prejuízo ao atendimento institucional.
Desse modo, participaram do estudo 12 pacientes com DM1, sendo oito homens e
quatro mulheres, com idades entre 14 e 24 anos (média = 17, DP = 3,25), estudantes (10/12),
solteiros (12/12), que haviam se submetido ao TCTH na Unidade de TCTH do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP-USP). Os participantes
responderam a um roteiro de entrevista semi-estruturada. A entrevista foi aplicada
individualmente, em situação face a face, em sala reservada do serviço e audiogravada
mediante anuência dos participantes.
A escolha pela entrevista se deu por propiciar a coleta de informações relativas à vida
do participante, seu histórico familiar e seus projetos futuros. A entrevista semi-estruturada,
segundo Triviños (1992), é um dos principais meios de que dispõe o investigador para a
coleta de dados, uma vez que valoriza a presença consciente e atuante do pesquisador e
oferece ao entrevistado a possibilidade de alcançar maior liberdade e espontaneidade para
compartilhar aspectos de sua intimidade.
As entrevistas foram transcritas na íntegra e, em sua análise, foi utilizada uma
abordagem qualitativa, visando identificar as concepções, crenças, valores, motivações e
atitudes dos participantes, de acordo com o método de análise de conteúdo temática (Minayo,
1994; Triviños, 1992). Segundo Triviños (1992) são três as etapas do processo da análise de
conteúdo: pré-análise (organização do material e sistematização das idéias); descrição
analítica (categorização dos dados em unidades de registros) e interpretação referencial
(tratamento dos dados e interpretações).
O material das entrevistas foi organizado e sistematizado em categorias temáticas. As
categorias que emergiram dos relatos dos participantes foram: quem participou da tomada de
decisão pela realização do TCTH, o que motivou essa decisão e as maiores dificuldades
encontradas no período de internação.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da análise temática três categorias se destacaram: quem participou da tomada
de decisão em relação à realização do TCTH, o que motivou essa decisão e as maiores
dificuldades encontradas no período de internação.
Categoria 1: Quem participou da tomada de decisão em relação à realização do TCTH
Na maioria dos participantes (11/12) a decisão pela realização do tratamento ficou sob a
responsabilidade do próprio paciente, a despeito de sua imaturidade afetiva e cognitiva. Já três
participantes contaram que se depararam com alguém (familiar, vizinho, amigo, médico) que
se colocou contra o procedimento. Segundo os participantes, a família delegou integralmente
a eles a decisão, o que foi recebido com naturalidade por todos, já que relataram que
receberam total apoio da família independentemente de qual fosse sua decisão.
O relacionamento com os pais foi relatado como bom, tranqüilo, porém, no decorrer da
entrevista alguns sinais de desajustamento puderam ser percebidos, como o distanciamento
afetivo ou a dificuldade de relacionamento com um dos genitores.
Em relação aos irmãos, pouco foi falado, mas a maioria (10/12) caracterizou seus
relacionamentos como “normais”, ou seja, com afinidades e desentendimentos, exceto nos
casos em que os irmãos não moram junto com a família; nestes casos, o relacionamento
aparece como mais harmonioso.
Categoria 2: O que motivou a decisão pela realização do TCTH
Em relação aos motivos que os impeliram a optar por submeterem-se ao transplante,
quatro participantes afirmaram que a possibilidade de se livrar da necessidade de tomar
insulina diariamente foi o fator que mais os motivou em direção ao TCTH, seguido pelo
desejo de ter uma vida normal e viver com mais liberdade.
A tomada de decisão não foi um processo fácil, segundo a maioria (11/12), devido ao
pouco tempo de diagnóstico da DM1 (até seis semanas, critério de indicação do transplante
para esses casos), porém acreditavam que foram internados com todas as informações que
julgavam necessárias para enfrentar o TCTH.
Categoria 3: As maiores dificuldades encontradas no período de internação
Para quatro participantes, a parte mais difícil do procedimento foi a implantação do
cateter, enquanto que outros quatro afirmaram que a quimioterapia foi a experiência mais
desafiadora.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O diabetes tipo 1 é uma doença que atinge, em sua maioria, indivíduos com menos de
18 anos (Thompson &¨Gustafson, 1996), o que é corroborado pelo presente estudo, já que
oito dos 12 participantes entrevistados eram menores de 18 anos. Além disso, é o tipo mais
grave de diabetes, uma vez que se trata de uma síndrome auto-imune de etiologia múltipla,
decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade da mesma de produzir seus efeitos,
caracterizando-se por hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos,
lipídios e proteínas. (SBD, 2007).
Por se tratar de uma doença para a qual não se tem prevenção e que apresenta ainda um
período mais ou menos longo de “latência”, de pouca expressão clínica (Cesarini e cols.,
2003), receber o diagnóstico da doença causa grande impacto nesses pacientes. Esse aspecto
surpreendente do acometimento por uma doença grave, de curso crônico e degenerativo, gera
uma comoção inicial não só no próprio diabético, como em seu sistema familiar, exigindo um
reordenamento das relações e dos cuidados.
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Nos jovens pacientes recém-diagnosticados, no entanto, a percepção de possíveis
complicações ainda não está presente, possivelmente porque ainda se encontravam em uma
etapa de adaptação inicial à nova realidade instaurada pelo conhecimento do diagnóstico.
Assim, muitos ainda se encontravam em estado de choque emocional e tentavam metabolizar
o impacto do diagnóstico, reagindo com perplexidade, o que sugere a necessidade de maior
tempo e apoio psicossocial para assimilarem integralmente e de maneira mais completa todas
as implicações para o seu viver.
Optar pela realização do transplante não é uma decisão simples, uma vez que os
pacientes, naquele momento crucial de suas vidas, estavam a par do diagnóstico do diabetes
tipo 1 havia no máximo seis semanas (Voltarelli, 2004). Desse modo, esses jovens pacientes
não estavam expostos ainda às dificuldades inerentes ao conviver com o diabetes, nem às
complicações que a evolução da doença acarreta. Por outro lado, os participantes não se
encontravam ainda refeitos do choque provocado pela notícia do diagnóstico e já se viram
pressionados a decidirem por um procedimento tão delicado e de alto risco. Fica aqui a
questão de até que ponto esses jovens, expostos a tais infortúnios em época tão precoce de seu
desenvolvimento, têm reais condições de aferirem os riscos potenciais a que estão sujeitos ao
se submeterem a um tratamento experimental.
Um dos fatores que impulsionam a aceitação do transplante é conhecerem que o
tratamento convencional para o diabetes não traz a perspectiva da cura, mas sim a
possibilidade de controle da doença. Esse tratamento resume-se na mudança de hábitos e
estilo de vida, que envolve alimentação controlada e regrada em relação à combinação de
alimentos e horários, combinada com exercícios físicos regulares e o tratamento
medicamentoso com uso diário de insulina. Mesmo seguindo corretamente esse esquema
terapêutico, o paciente com diabetes não estará livre das complicações que podem cursar com
a doença – o que, para esses pacientes, fazem parte apenas de um campo teórico, ainda não
experimentado, de sua concepção da doença- e se mostra como o que os precipitou na
aventura de se submeterem a um protocolo de tratamento que ainda está em fase de testagem.
Esses fatores parecem exercer uma forte influência sobre a decisão do TCTH.
Ainda assim, considerando a atmosfera densamente emocional que circunda essa
opção, a decisão pelo tratamento foi tomada, na maioria dos casos, pelos próprios
participantes, que viram a não interferência dos pais nesse processo de decisão como forma de
apoio e confiança por parte dos pais.
A ausência de resultados conclusivos não foi levada em consideração e sequer foi
mencionada como um fator que possa ter dificultado a decisão pelo transplante. O fato de
terem a oportunidade de se submeterem a um procedimento experimental foi significado
como possibilidade de vida, despertando esperança e confiança nos benefícios que poderiam
auferir e que compensariam os eventuais riscos a que se submeteram.
Por outro lado, dado que o TMO consiste em um processo agressivo, segundo
Andrykowski (1994), o participante que se propõe a realizá-lo é submetido a estressores
físicos e psicológicos, como mudanças bruscas e rápidas em seu quadro de saúde, prolongada
hospitalização, eventos estressores – como quimioterapia, implantação do catéter, espera da
“pega” da medula e medo de contrair infecções decorrentes da imunossupressão, o que
contribui para comprometer sobremaneira a qualidade de vida da pessoa transplantada
(Mastropietro, 2003; Oliveira, 2004; Riul, 1995).
Por meio da análise das entrevistas ficou claro que se submeter ao transplante
representou uma fase espinhosa na vida de todos os participantes, como a implantação do
cateter que aparece no discurso de quatro participantes como a parte mais difícil do
procedimento, enquanto que outros quatro afirmaram que a quimioterapia foi a experiência
mais desafiadora Embora com menor freqüência, outras complicações também repercutiram
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intensamente e representaram abalo emocional importante, como a perda do cabelo (alopecia),
permanecer internado durante o procedimento, a debilidade física e infundir plaquetas.
A partir das entrevistas podemos ver que a questão do impacto emocional do
diagnóstico e do TCTH, realizado logo após a descoberta de enfermidade, é um fator que deve
exigir uma especial atenção de toda a equipe de saúde, para que predomine a empatia e a
sensibilidade em relação às necessidades do paciente e de seus familiares, auxiliando-os a
compreenderem e elaborarem os sentimentos perturbadores que a situação evoca.
Nesse sentido, o profissional psicólogo é uma peça fundamental na equipe
multidisciplinar para o acolhimento de pacientes com uma enfermidade que, por sua
complexidade, solicita intervenções de múltiplas naturezas, como é o caso do DM1.
Partindo dos dados apresentados, podemos perceber que, a despeito de todas as
dificuldades as quais esses pacientes foram expostos em um período tão condensado da vida,
a perspectiva vislumbrada de poderem viver sem a sombra ameaçadora do DM1 é o que
desperta a esperança e o desejo de enfrentar os enormes desafios que têm diante de si.
Guardados os limites inerentes à estratégia metodológica adotada, os achados do
presente estudo fornecem evidências empíricas para confirmar os bons resultados obtidos com
o TCTH aplicado experimentalmente em casos de jovens recém-diagnosticados com DM1. A
despeito de se constituir em um procedimento de alto risco, trouxe para os participantes uma
esperança de cura e possibilidade de retomar uma vida considerada pelos pacientes como
normal.
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12. ASSÉDIO MORAL NA ENFERMAGEM: CONSEQUÊNCIAS PSÍQUICAS
Sonia Maria Villela Bueno40
Munira Penha Domingues41
Priscila Penha Domingues42
Introdução
Hodiernamente tem se levantado como as causas das doenças profissionais as
situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongas no curso da jornada de
trabalho e no exercício das funções, as quais levam, a todos os funcionários, em especial o
enfermeiro ao estresse psicossocial e até mesmo à depressão grave, esse fenômeno denominase Assédio Moral.
Assédio Moral pode ser conceituado em atos capazes de desprezar, denegrir, violentar,
agredir, destruir a estrutura psíquica sem qualquer motivação e de forma repetida. As
conseqüências de tais atos podem levar a vítima assediada prejuízos psicossocial e biológico.
Por tratar-se de questão social atual no Brasil, a problemática já existe desde a época da
colonização, tendo como exemplo, a escravidão, como fator histórico fortemente marcante
(PEIXOTO; PEREIRA, 2005).
É importante salutar que não há no ordenamento jurídico brasileiro previsão legal
específica, contudo, tem sido objeto de estudo de doutrinadores jurídicos, magistrados e
profissionais da área da saúde, que se uniram multidisciplinarmente, a fim de analisar a
questão de forma a solucionar não só os litígios no âmbito trabalhista, mas também causas
preventivas do Assédio Moral no Trabalho (AMT) ( STADLER, 2008).
Na enfermagem o AMT é ainda pouco discutido, sendo imprescindível atualizar-se
sobre tal temática, já que o mesmo pode desestruturar a vida do trabalhador e comprometer a
qualidade do serviço prestado a cliente (OLINISKI; LACERDA, 2004)
Para tanto, é preciso resgatar a qualidade de vida no trabalho, buscar a humanização
nas relações interpessoais, melhorar as condições de trabalho propiciando não só ao
trabalhador como também os superiores hierárquicos um ambiente de trabalho mais saudável
(THOFEHRN et al., 2008).
Objetivo
A pesquisa tem por objetivo identificar as causas e as conseqüências psíquicas do
profissional da área da enfermagem.
Metodologia
40
Profª Dra./Livre Docente do Dpto. EPCH da EERP-USP – [email protected].
Enfermeira e Dra em Enfermagem Psiquiátrica pelo Dpto. EPCH da EERP-USP - [email protected]
42
Advogada em Direito do Trabalho e pesquisadora do Grupo CAESOS – [email protected]
Av. Bandeirantes, 3900 - Campus da USP – Ribeirão Preto.: 14040-902/ (16) 36023425 / (16)81555712/
81555713
41
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VII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE,
DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
Realizamos levantamento bibliográfico utilizando trabalhos recentes sobre o tema em
foco em livros e nas bases de dados Lilacs e Dedalus.
Referencial Teórico
O AMT conceitua-se por toda e qualquer conduta abusiva através de comportamentos,
palavras, gestos causadores de danos à personalidade, à integridade física e psíquica da
pessoa, colocando em perigo o emprego ou degradando o ambiente de trabalho. Ressalta-se
que a conduta do assediador se caracteriza pela intencionalidade e repetitividade de longa
duração, ou seja, praticada em doses homeopáticas de modo implícito ou invisível, porém de
modo concreto, haja vista que suas conseqüências são capazes de abalar progressivamente a
autoconfiança da vitima (HIRIGOYEN, 2002; PEREIRA, 2004). Cabe ressaltar que o assédio
moral no trabalho pode ser de três tipos: ascendente (quando uma pessoa de um nível
hierárquico é agredida por um ou vários subordinados); horizontal (quando um trabalhador é
assediado por um colega do mesmo nível hierárquico) e descendente (quando o superior
hierárquico assedia seu subordinado com acusações falsas e insultos atingindo a esfera
psicológica do trabalhador) (DIAS, 2002).
Com as mudanças ocorridas no setor econômico e político decorrente da globalização
tem-se influenciado as organizações de saúde a fim de aumentar a produtividade, explorando
cada vez mais os profissionais da saúde às situações desgastantes, contribuindo para o
sofrimento e a violência no trabalho (THOFEHRN et al., 2008).
Isto reflete na qualidade do trabalho da enfermagem, uma vez que os trabalhadores
assediados sentem-se fragilizados, insatisfeitos, com baixo-auto-estima, diminuição na
produtividade do trabalho, podendo levá-los desde a incapacidade permanente até a morte (
PEIXOTO; PEREIRA, 2005). Estudo referente às políticas de saúde mental com
trabalhadores da Alemanha, Reino Unido, Finlândia, Polônia demonstrou que ocorreu um
crescimento nos índices de ansiedade, depressão e o cansaço (SCAFONE; TEODÉSIO,
2004). Na França 69 % dos assediados apresentam estados de depressão grave (HIRIGOYEN,
2002). No Brasil encontramos outro resultado interessante sobre a saúde de 870 homens e
mulheres vítimas de opressão no trabalho, o qual revelou que estado depressivo acomete entre
60 a 70%, respectivamente, e que os homens tem 100% de idéias suicidas e as mulheres
16,2%.
Um dos fatores que contribuem para o AMT é o incentivo a competitividade
descontrolada entre os profissionais, advindas de superiores hierárquicos. Muitos
trabalhadores omitem o AMT devido ao medo de perder o emprego, acarretando prejuízos nas
funções psíquicas das pessoas envolvidas (AKI; AKI, 2007).
O AMT ainda é difícil de ser comprovado, uma vez que o trabalhador de enfermagem,
vítima de assédio, para se defender precisa apresentar provas contundentes, seja por escrito,
por testemunhas, entre outras em direito permitido.
As vítimas que sofrem assédio moral não têm consciência do dano a que estão sendo
acometidas, portanto, devem procurar ajuda de advogados especializados na área trabalhista,
das organizações e buscar apoio dos familiares e amigos, a fim de manter sua auto-estima e
identidade como trabalhador, jamais desistindo de seus empregos com pedidos de demissões
impensados (GUIMARÃES; RIMOLI, 2006).
De acordo com os referenciais teóricos levantados podemos perceber que a formação
do enfermeiro ainda se faz de modo tradicionalista (FREIRE, 2005), não se atentando para os
conceitos de AMT, sendo necessário refletir sobre o sofrimento no trabalho, agressões,
críticas indevidas, perseguições, não fechando os olhos para essa problemática e se auto-
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destruindo enquanto profissional e pessoa, justificando assim as nossas inquietações do
presente estudo.
Considerações Finais
O AMT é uma “uma doença organizacional que degrada as condições de trabalho, a
saúde mental dos indivíduos e as relações sociais no trabalho”, que tem uma amplitude
importante nas organizações contemporâneas”.
Como forma de prevenção do AMT, o ambiente laboral deveria proporcionar um
trabalho com baixo nível de stress e com autonomia, cabendo aos líderes desenvolverem
habilidades e técnicas para reconhecer conflitos e gerí-los adequadamente, no sentido de
identificar os sinais e sintomas do AMT, objetivando a solução dos conflitos pessoais do
trabalhador vitimizado garantindo-o o direito de queixa e ao anonimato, a fim de implantar
sistemas de mediação e ou arbitragem na solução, não só do conflito social do indivíduo
vítima de AMT, mas também de todo um setor de modo coletivo.
Acreditamos que além desses requisitos é importante que o profissional de
enfermagem tivessem em sua grade curricular disciplinas sobre Enfermagem de Segurança
Pública e Enfermagem Forense tanto na Graduação como na n Pós-Graduação (lato sensu e
strictu sensu) a fim de evitar consequências psíquicas, conflitos organizacionais e prejuízo a
assistência prestada ao paciente (FERNANDES, 2007).
REFERÊNCIA
AKI, R.; Aki, A. B. O assédio moral no ambiente de trabalho: conceito e características.
[online] 2007 [acesso em 2007 Mar 13]. Disponível: www. boletimjurídico. com.br.
DIAS, H. H. Z. R. O “des”cuidado em saúde: a violência visível e invisível no trabalho da
enfermagem [dissertação]. Florianópolis (SC): Universidade Federal de Santa Catarina;
2002.
FERNANDES, C. R. Violência Moral na Enfermagem, Goiânia, Editora AB, 2007.
Guimarães LAM, Rimoli AO. “Mobbing” (assédio psicológico) no trabalho: uma síndrome
psicossocial multidimensional. Psicologia: Teoria e Pesquisa. V.22, N.2, p.183-92, 2006.
HIRIGOYEN, M. F. Assédio moral: a violência perversa do cotidiano. 4 ed. Rio de
Janeiro:2002. Original: Le harcèlement moral. Tradução de Maria Helena Küler.
OLINISKI, S.; Lacerda, M. As diferentes faces do ambiente de trabalho em saúde. Cogitare
Enferm. 2004;9(2):43-5.
PEREIRA, J.R.A. ASSÉDIO MORAL: DANDO A VOLTA POR CIMA. 2 ed.
Iracemápolis, SP: Editora do Autor; 2004.
PEIXOTO, O. S.; PEREIRA, I. V. Assédio moral no trabalho: repercussões sobre a saúde do
trabalhador. Rev. Bras. Méd. Trab, V. 3, N. 2, p. 135-37, Ago/Dez, Belo Horizonte, 2005.
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DST/AIDS, DROGAS E VIOLÊNCIA: Valorizando corpo e mente
SCANFONE, L.; TEODÓSIO, A. S. S. Assédio moral nas organizações: a dinâmica do
abuso de poder. VII SEMEAD, Trabalho científico recursos humanos [online] 2004 [acesso
em 2007 Jan 02]. Disponível em www.ead.fea.usp.br.
STADLER, D. F. Assédio moral: uma análise da teoria do abuso de direito aplicada ao
poder do empregador, São Paulo: SP, Editora LTr, 2008, 119p.
THOFEHRN et al. Assédio moral no trabalho da enfermagem. Cogitare Enferm, V.13, N. 4,
p. 597-601, Out/Dez, 2008.
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13. A VIOLÊNCIA EM FORMA DE BULLYING NAS AULAS DE EDUCAÇÃO
FÍSICA
Prof. Esp. Fernando Gomes Silva (UNAERP)
E-mail:[email protected]
Profª. Drª. Erika do Carmo Bertazone (UNAERP)
E-mail:[email protected]
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, podemos acompanhar cada vez mais nos noticiários, o
envolvimento de adolescentes dentro das escolas cometendo algum ato de violência, seja em
relação aos professores ou com colegas. Essa é uma das realidades da educação brasileira,
onde a violência passou a ser questão de segurança e saúde a partir de 1980, embora o
compromisso com uma educação contra a violência seja muito recente no Brasil (SPOSITO,
2001).
A preocupação com esse fenômeno social faz com que professores, pais, famílias
e alunos fiquem alarmados e revejam os porquês de tanta violência, inclusive nas aulas de
educação física, onde é o momento em que o adolescente pode desempenhar suas habilidades
e estar em contato mais próximo com seus colegas.
Segundo Sposito (2001), para que possamos compreender a violência escolar,
temos que analisar também os casos de depredações e danos aos prédios escolares e chegando
ao final da década de 1990 e início dos anos 2000 observamos os estudos das relações
interpessoais agressivas, envolvendo alunos, agentes da comunidade escolar e também
professores.
Abramovay e Rua (2003) dizem que a violência escolar é um fenômeno antigo em
todo o mundo, se constituindo num “grande problema social”, podendo ocorrer através da
indisciplina, delinqüência, problemas de relação professor-aluno ou mesmo aluno-aluno. Esse
tipo de violência é objeto de investigação e está sendo divulgado com frequência pela mídia
conhecendo-se mundialmente por “bullying” (OLIVEIRA;VOTRE 2006).
De acordo com Martins (2005), a conduta anti-social, distúrbio de conduta e
“bullying” são alguns conceitos existentes que envolvem a violência na escola, tornando-se
uma grande preocupação das sociedades industrializadas.
O fenômeno “bullying” pode ser muito bem apresentado neste caso, sendo que não
são encontrados muitos estudos envolvendo o assunto, principalmente em se tratando de
ocorrências nas aulas de educação física e no ambiente escolar. Nas aulas de educação física,
até bem pouco tempo (e ainda hoje), a disciplina se espelhava num modelo em que o corpo, a
aptidão física e o desempenho eram os objetivos mais importantes, proporcionando
“vantagem” durante a prática esportiva aqueles alunos que apresentavam um bom
desempenho associado à velocidade, força, impacto e resistência e enquanto isso, outros são
discriminados, rejeitados e até agredidos na escola (OLIVEIRA; VOTRE, 2006).
Tais comportamentos ocorrem ocasionalmente com grupos que apresentam
características físicas, sócio-econômicas, de orientações sexuais, específicas dos quais
podemos citar como exemplos os alunos obesos, os de baixa estatura, os homossexuais e os
filhos de homossexuais, são os maiores alvos de seus colegas (SMITH, 2002).
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Os autores desses atos se sentem no direito de assim proceder porque se acham
detentores de maior poder no grupo, seja por serem mais fortes, mais espertos, mais influentes
ou mais ricos, e as vítimas acabam sendo afastadas do padrão de prestígio por apresentarem
traços menos favorecidos por serem mais feias ou mais pobres, por exemplo. No ambiente
escolar é onde o adolescente passa a maior parte de seu tempo à procura de um “grupo de
iguais” para se auto-afirmar tornando-se mais independente da família, um indivíduo, mesmo
que ainda precise muito dela. Devido a isso, há grande frustração quando é rejeitado por
grupos ou pessoas específicas (OLIVEIRA; ANTONIO, 2006).
De acordo com Fante (2005, p. 9), este fenômeno faz com que aos poucos, devido
ao medo e as incertezas diante do adolescente afetado, venha a ocasionar uma visão frustrante
em relação aos seus horizontes, traumatizando seu psiquismo, caracterizando uma nova
síndrome denominada Síndrome dos Maus-Tratos Repetitivos (SMAR).
O papel fundamental da educação no desenvolvimento das pessoas e das
sociedades indica aos professores que há a necessidade de se construir uma escola voltada
para a formação do cidadão. Sendo assim, não podemos esquecer da Saúde, presente como
um dos temas transversais, sendo esse tema um dos que oferece suporte e que se insere na
disciplina Educação Física.
Este estudo se justifica pela necessidade de conhecer as formas de violência
escolar e as razões que levam o adolescente a ter comportamentos agressivos no ambiente
escolar, promovendo subsídios ao trabalho do professor.
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Identificar as formas de violência escolar, oferecendo subsídios para identificar o
“bullying”.
2.2 Objetivo Específico
Reconhecer os casos de bullying no ambiente escolar e nas aulas de educação
física.
3. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, de revisão sistemática da literatura
sobre o bullying no ambiente escolar.
Podemos dizer que o estudo é descritivo porque as características, propriedades ou
relações existentes na comunidade, grupo ou realidade pesquisada estão sendo descritas. Na
pesquisa descritiva, identificam-se também as representações sociais, o perfil de indivíduos e
grupos, assim como as estruturas, formas, funções e conteúdos (CERVO; BERVIAN; SILVA,
2007).
Em relação à pesquisa exploratória, não necessita-se de elaboração de hipóteses
para serem aplicadas no trabalho, apenas há a importância de definição dos objetivos e a
busca pelas informações sobre o determinado assunto que será estudado. Marconi e Lakatos
(2002) lembram que o estudo exploratório-descritivo permitem ao pesquisador descrever
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completamente determinado fenômeno, podendo encontrar tanto descrições quantitativas e/ou
qualitativas.
Conforme Minayo, Deslandes e Gomes (2008), aplicamos o método do trabalho
utilizando-se das técnicas que se caracterizam pelos instrumentos de operacionalização do
conhecimento e pela experiência, capacidade pessoal, sensibilidade e criatividade do
pesquisador.
Para este estudo foi utilizada o apoio da pesquisa bibliográfica, que diz respeito ao
conjunto de conhecimentos encontrados em livros, revistas científicas, sites especializados em
artigos indexados nas bases de dados MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da
Saúde), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e SCIELO
(Scientific Eletronic Library Online). A busca de artigos de revisão sobre o bullying entre
estudantes observou os parâmetros: adolescentes, estudantes e o período de publicação entre
2000 e 2010. Justifica-se esse período pelo aumento excessivo do número de estudos
científicos que discutiram o fenômeno bullying entre estudantes e pelo surgimento dos
primeiros livros nacionais a partir do ano 2000 (BOTELHO; SOUZA, 2007).
Até 1996, haviam apenas nove artigos indexados na Medline sobre bullying entre
estudantes; porém, em março de 2010, estavam catalogados 278 artigos sobre este tema, a
partir das palavras-chave: bullying, violência escolar, estudantes, adolescência, educação
física escolar.
4. REVISÃO DE LITERATURA
4.1 Bullying
O termo BULLYING pode ser definido como todas as formas de atitudes
agressivas, intencionais e repetidas, que causam dor e angústia ocorridas dentro de uma
relação desigual de poder, que geralmente ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um
ou mais estudantes contra outro(s).
Atualmente o bullying é uma das maiores preocupações para pedagogos e
psicólogos tendo como significado, a discriminação dos indivíduos por membros de seu grupo
de convivência e podendo se manifestar em vários graus de intensidade podendo causar
exclusão dos mesmos (LOPES NETO; SAAVEDRA, 2003).
Conforme Fante (2005), esse fenômeno que apresenta a palavra oriunda do inglês
“bully” e que na língua portuguesa podemos entender por “valentão” ou “machão” e se
apresenta como um comportamento cruel, intrínseco nas relações interpessoais, em que os
mais fortes convertem os mais frágeis em objetos de diversão e prazer, através de brincadeiras
que disfarçam o propósito de maltratar e intimidar.
Segundo Neme et al. (2008), o bullying é uma palavra que foi adotada em muitos
países para definir o desejo deliberado e consciente de maltratar outra pessoa, designando
comportamentos agressivos e anti-sociais para colocar a mesma sob tensão.
Conforme os psicólogos sociais, estas agressões são comportamentos anti-sociais
e que na visão dos mesmos, tem a intenção de causar danos físicos ou psicológicos, em outro
organismo ou objeto (RODRIGUES, 2005). A caracterização desse quadro é apresentada
através de adolescentes excluídos e discriminados, agredidos e/ou machucados por outra(s)
pessoa(s).
Segundo Smith (2002) apud Antunes e Zuin (2008), esse fenômeno de
denominação inglesa surgiu na década de 1970 na Noruega sendo caracterizados por um
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conjunto de comportamentos agressivos, físicos ou psicológicos, como empurrar, chutar,
discriminar, apelidar, ou seja, atitudes de exclusão.
Na escola, é quase sempre imperceptível pelos educadores porque a violência
linguageira, as ameaças de moléstia física e as próprias ações violentas se dão longe de seus
olhos e ouvidos, ou seja, ocorrem em ambientes que a vítima não está junto das pessoas quem
poderiam defendê-la e se não bastasse isso, geralmente não deixam marcas no corpo das
pessoas “atormentadas”.
A escola, que é um agente socializador para o adolescente, pode vir a tornar-se um
“campo inimigo” e levá-lo a ser ridicularizado pelo grupo, tornando-o mais frágil. Podemos
observar esse comportamento sempre na interação de duas ou mais pessoas que compartilham
o espaço, que convivem de alguma forma juntas seja no trabalho, estudo, esporte, jogo, lazer
sendo praticado pelos mais fortes, mais velhos, ou seja, que de alguma forma têm mais poder
ou controle sobre os demais. Essa principal forma primária de violência, faz com que haja o
riso, a galhofa, a ironia, tendo como instrumento de tortura a brincadeira verbal, o apelido ou
a ação aparentemente inocente e sem malícia concretizada através de palavras, gestos e ações,
sendo na linguagem gestual e verbal sua forma mais comum decorrente de um traço físico, de
performance, ou psicológico fazendo com que haja alguma diferença dos demais.
(OLIVEIRA; VOTRE, 2006).
Constantini (2004, p.69), se refere ao Bullying como:
“as ações realizadas por intermédio do bullying são verdadeiros
atos de intimidação preconcebidos, ameaças, que, sistematicamente,
com violência física e psicológica, são repetidamente impostos a
indivíduos mais vulneráveis e incapazes de se defenderem, o que os
leva a uma condição de sujeição, sofrimento psicológico, isolamento
e marginalização”.
4.2 Adolescência
A adolescência é uma etapa muito importante em que ocorre o desenvolvimento
do homem conduzindo o adolescente à maturidade, mas para isso acontecer, este deverá
passar por mudanças as quais terão obstáculos que influenciarão na construção da auto-estima
e do fortalecimento de sua saúde mental para poder enfrentar os desafios da vida. A
convivência em grupos sociais e a necessidade do reconhecimento de seus valores fazem com
que nessa fase se situe, psicológica e culturalmente, entre a meninice e a vida adulta
ocorrendo transformações tanto físicas quanto psíquicas envolvendo o indivíduo como um
todo.
Da mesma forma, Martins (2005, p.129) diz que a adolescência é o período da
vida que situa entre a infância e a idade adulta iniciando-se por volta dos 12 anos e
terminando em torno dos 20 anos, com seu final não sendo claramente definido. As
transformações que ocorrem durante essa fase de transição, podem ser de caráter físico; social
(mudanças na relação com os pais, amigos, sexo oposto); e psíquico (mudanças ao nível
cognitivo e no modo de ver a si próprio). Durante esse período, o adolescente encontra-se
vulnerável tanto às mudanças de caráter positivo, quanto negativo, conforme o que absorver
do meio.
Segundo Osório (1992 apud Oliveira & Antonio, 2006, p. 32), a tarefa que o
adolescente tem é adquirir o sentimento de identidade pessoal, necessitando de constante
auto-afirmação e aceitação e em primeiro momento, tendo apoio da família e posteriormente
no grupo de amigos, os quais fortalecem seu autoconceito e formação de identidade, mas não
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há como negar que os danos desencadeados pelo bullying e direcionados aos adolescentes e
por isso, não podemos virar as costas a esse problema de ordem social.
4.3 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN`s)
A preocupação e a responsabilidade na construção da auto-estima e da identidade
pessoal com o intuito de cuidado do corpo, da nutrição e também de valorizar os vínculos
afetivos e a negociação de atitudes e todas as implicações relativas à saúde da coletividade,
constituem um campo de interação escolar. Essa informação tem se apresentado de forma
incapaz de alterarmos ou construirmos comportamentos que sejam favoráveis à proteção e à
promoção da saúde do educando (BRASIL, 1998, p. 36).
Não podemos deixar de tratar dos temas que estão inseridos no programa de
Educação Física, sendo estes problemas atuais de caráter sócio-políticos como: ecologia,
papéis sexuais, saúde pública, preconceitos sociais, raciais, da deficiência e outros. Nesse caso
cabe a escola, através de projetos políticos de mudanças sociais, fazer com que haja a
apreensão da prática social (SOARES, et. al., 1992).
Oliveira e Votre (2006, p. 177), quando se refere à situação atual da escola e a
relação com o ECA afirma que:
“atualmente a escola está um pouco menos atenta à questão da
punição e das sanções, pois o sistema educacional se tornou mais
sensível aos reclamos da cidadania dos alunos e passou a ser vigiado
pela consciência dos direitos, mais agudos na sociedade atual, como o
Estatuto da Criança e do Adolescente, onde se lê que: “Nenhuma
criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, sendo
punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos
seus direitos fundamentais”.
Conforme o ECA (1990), no seu art. 2 considera a criança, para os efeitos desta
Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito
anos de idade. Um outro aspecto que podemos citar é o que consta no art. 53: “A criança e o
adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo
para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: II - direito
de ser respeitado por seus educadores”. Mas será que essa criança ou esse jovem respeita da
mesma forma os educadores e demais colegas?
O lado controverso do estatuto concentra-se nas ações dos educadores ocorrendo
as principais barbaridades entre os próprios colegas. A escola que antes se caracterizava como
repressora comportamentalista e formadora, hoje, pode-se dizer que é apenas formadora. Será
que com a Educação Física Escolar não podemos conquistar algum resultado positivo?
4.4 Educação Física Escolar
Segundo Betti (1991), “a Educação Física é Educação” com o objetivo de
desenvolver o homem de maneira integral, porém o que podemos notar é que os professores
de 1º e 2º graus estão despreparados, desmotivados e os alunos abandonados nas quadras. Há
a necessidade de que seja vinculada a Educação Física no projeto educacional das escolas, que
ocorra um planejamento com objetivos claros. Tradicionalmente podemos associar a
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disciplina, obediência, uniforme, civismo e ordem unida ao valor educativo da Educação
Física, sendo vista e utilizada pela escola brasileira como meio de socialização e formação da
personalidade. Historicamente, as atividades físicas têm sido consideradas pelos pedagogos
como um excelente meio de educação do homem como meio informal, ou seja, a participação
voluntária da criança ou do jovem em jogos e demais atividades e educação formal aquela
realizada nas escolas baseando-se em atividades físicas como dança, ginástica, jogo e esporte.
De acordo com Soares et. al., (1992), para que possamos compreender melhor a
Educação Física, devemos saber que sua prática pedagógica surge das necessidades sociais
concretas surgindo no âmbito escolar com exercícios físicos na forma cultural de jogos,
ginástica, dança e equitação sendo estes decorrentes do século XVIII e início do século XIX
na Europa.
Através dos fundamentos da Educação Física escolar, os quais temos o enfoque da
Educação Física como sendo a educação por meio de atividades corporais, educação do
movimento e pelo movimento, o esporte de rendimento e a Educação Física também é
considerada a educação sobre o movimento sendo essa área do conhecimento chamada de
cultura corporal. A comunicação, a expressão dos sentimentos e da criatividade são feitos
através dos movimentos. E é por meio deles que o ser humano interage com o outro, aprende
sobre o que é capaz de fazer, quem ele é e o meio social em que vive.
Considerando assim, podemos dizer que os temas da cultura corporal expressam
um significado, um sentido onde dialeticamente se interpenetram a intencionalidade com
relação aos objetivos do homem e as intenções/objetivos da sociedade. Em todo processo
educacional é importante atender às necessidades biológicas, psicológicas, sociais e culturais
da população a que destinaremos a nossa atenção.
Segundo Tani et al. (1988), deve ser caracterizada a progressão normal em relação
ao crescimento físico, desenvolvimento motor, fisiológico,cognitivo e afetivo-social no que
aplica-se a aprendizagem motora, sendo função destas características, indicar aspectos ou
elementos relevantes para a estruturação da Educação Física Escolar. Caso não aconteça a
observação destas características, pode ser que ocorra uma queda de motivação e a perda do
interesse pela Educação Física.
4.5 O bullying no ambiente escolar
A violência no ambiente escolar vem alcançando proporções preocupantes, sendo
visto em toda e qualquer escola, independente da instituição ser pública ou privada. A escola
que admite não haver a ocorrência de bullying entre seus alunos significa que não querem
enfrentar o problema ou que na realidade o desconhecem (LOPES NETO; SAAVEDRA,
2003).
Conforme Abramovay (2005) a violência, que hoje em dia é um dos fatores que
mais pesam na qualidade do ensino, afeta de maneira significativa o ambiente escolar no
sentido que deteriora as relações, prejudicando a qualidade das aulas e os desempenho
acadêmico dos alunos.
Segundo Botelho e Souza (2007) em pesquisa realizada na Grã-Bretanha
(Inglaterra, País de Gales e Escócia) houve o registro que 37% dos alunos do ensino
fundamental e 10% do ensino médio admitiram ter sofrido bullying, sendo ao menos uma vez
na semana.
Outro estudo realizado pela ABRAPIA (Associação Brasileira Multiprofissional
de Proteção à Infância e à Adolescência), em 2002 que envolveu 5.482 estudantes de 6º ao 9º
ano, de 10 escolas do Município do Rio de Janeiro foram obtidos os seguintes dados: 16,9%
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dos alunos foram alvos de bullying; 10,9% foram alvos e, ao mesmo tempo, autores de
bullying; 12,7% caracterizaram-se como autores de bullying; e 57,5% foram citados como
testemunhas de bullying (LOPES NETO; SAAVEDRA, 2003).
Da mesma forma Trautmann (2008) cita um trabalho realizado em 2004 com uma
amostra de 113.200 estudantes de 25 países e pode ser observado que os 9% da Suécia até
54% dos estudantes da Lituânia já haviam participado de algum episódio de bullying. Como
vítimas o percentual varia de 5% na Suécia até 20% dos estudantes na Lituânia, com uma
média geral dos países de 11%. Como agressores, houve desde 3% na Suécia até 20% na
Dinamarca, sendo a média de 10%.
4.6 Os casos de bullying nas aulas de Educação Física
Para que possamos compreender os tipos de violência e discriminação que
ocorrem nas aulas mistas de educação física que envolve meninos e meninas, temos que
observar que a principal forma de agressão dos meninos são feitas através de palavras e atos,
apresentando além da agressividade, a competitividade enquanto as meninas têm uma
característica mais frágil. Durante as aulas de educação física num período entre 10 e 11 anos,
tanto os meninos quanto as meninas tendem a formar grupos com a necessidade de conhecer
as funções de cada sexo, desenvolvendo os comportamentos do bullying de maneira explícita,
ou podendo ainda, serem molestadas pelos agressores. Essa fidelidade ao grupo pode
prejudicar o desenvolvimento do indivíduo fazendo com que o mesmo não se dê conta do que
está ocorrendo, como por exemplo: a agressão que ocorre durante um jogo na escola que na
maioria dos casos se torna um fato normal, podendo de forma inesperada fazer com que haja a
escolha de uma vítima para deboches, ameaças e até mesmo agressão física (OLIVEIRA;
VOTRE, 2006).
Segundo Fante (2005) o fenômeno bullying pode encontrar casos em que há a
inclusão de professores que em certos momentos acabam por difamar alunos, desencadeando
através de colegas, múltiplos apelidos a esse aluno.
Oliveira e Votre (2006) afirmam que os casos ocorridos principalmente nas aulas
de educação física que (ainda hoje) ocorrem estão direcionados ao corpo, a aptidão física e ao
desempenho como objetivos mais importantes sendo que a prática esportiva privilegia aquelas
que tem um bom desempenho e que estão mais aptas a modalidades relacionadas à
velocidade, força, resistência e impacto.
Um caso que podemos citar foi o ocorrido com Carol em uma escola pública do
município do Rio de Janeiro onde a professora não se deu conta que a menina começou a
faltar às aulas, chegando a ficar semanas sem freqüentar a escola devido ao comportamento
com implicância por parte dos colegas que a tratavam com apelidos que a deixavam
envergonhada e pelo fato também de estar sendo extorquida e impedida de entrar na escola
sem repassar uma quantia aos colegas agressores, do contrário seria agredida.
Podemos expor um segundo caso ocorrido com Aline em uma turma de quarta
série do ensino fundamental de uma escola pública também situada no município do Rio de
Janeiro, sendo que a mesma apresenta uma ótima habilidade motora, se destacando em
relação às meninas e os meninos, porém a menina apareceu na escola com os cabelos cortados
semelhante ao corte masculino e com isso as meninas da turma começaram a chamá-la de
Maria João entre outros apelidos também por não ser vaidosa, sem utilizar acessórios
femininos (maquiagem, brincos, etc). Ela, desde então, começou a ir à escola e nas aulas de
educação física com uma toca na cabeça para evitar a aparência do seu cabelo. Após esse
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período, a menina se isolou e o professor percebeu que os meninos estavam debochando dela,
identificando assim o fenômeno bullying na turma.
Com relação ao terceiro caso temos Carlos, um aluno aplicado e que se destaca nas
tarefas em sala de aula, porém quando ocorria uma partida de futebol ele não gostava de
participar, causando assim desconfiança dos meninos em relação a sua opção sexual porque
enquanto estes jogavam futebol, ele ficava perto das meninas. O professor após perceber a
reação dos alunos, os quais caçoavam de Carlos, tomou a atitude de discutir e argumentar
com a turma sobre o fato ocorrido. Nesse caso, a discriminação que houve durante a prática
esportiva pode ser identificada com qualquer um, independente do sexo porque o que é
observado na situação do futebol é o desempenho satisfatório no jogo o qual espera-se pela
lógica dominante.
Outro exemplo a ser apresentado é o relacionado à inclusão de Marcos e Paulo que
são dois meninos portadores de deficiência mental que começaram a fazer aula normalmente.
Durante a aula de educação física Marcos não quis participar, porém Paulo se interessou pelo
jogo. Após certo tempo, os colegas do time que Paulo jogava observaram que ele era
diferente, que havia uma deficiência mental por não conseguir respeitar as regras. Os alunos
foram reclamar e questionar junto à professora sobre a presença desse aluno (OLIVEIRA;
VOTRE, 2006).
Segundo Fante (2005) num caso ocorrido com uma aluna do 7º ano (antiga 6ª
série), de 12 anos ela afirma que está sendo difamada e rejeitada devido a um trabalho escolar
e nas aulas de educação física algumas pessoas da turma a chateiam devido a sua estatura ser
inferior aos demais.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Devemos entender que todo processo educacional tem necessidade de atender de
forma adequada a população, a quem estaremos destinando nossa atenção e empenho no que
se refere às questões biológicas, psicológicas, sociais e culturais. Na questão do
constrangimento com relação à ocorrência do bullying entre estudantes, a qual presenciamos
diariamente nas escolas, em que os adolescentes, em forma de brincadeira gera um quadro de
discriminação, agressão e até mesmo exclusão de colegas. Isto acarretará prejuízo para a
formação na auto-estima de cada indivíduo envolvido, com relação ao senso de justiça e de
cidadania dos agressores.
Por outro lado, temos o comprometimento com uma sociedade mais justa, pois a
violência enfrentada pelos agredidos nas escolas pode conduzir a danos irreversíveis aos
futuros cidadãos. Sendo assim, os professores precisam estar mais atentos e buscar a
discussão com a turma baseando-se em questões sobre as diferenças no que se refere a: raça,
religião, classe socioeconômica, aspectos físicos, habilidade motora, entre outras com o
intuito de conscientizar os alunos participantes que direta ou indiretamente estão envolvidos
neste tipo de violência, sobre a necessidade do respeito e da não discriminação do colega
durante as aulas.
Todo esse empenho é necessário e como educadores não podemos perder a visão
global do ser humano em formação, no caso dos adolescentes. Com base nestes aspectos,
devemos manter diálogo constante com os alunos e procurar ouvi-los em suas dificuldades e
problemas sempre que possível para que situações de violência ou qualquer outra
manifestação de discriminação sejam evitadas nas aulas de educação física e qualquer espaço
dentro da escola, impedindo que o aluno, vítima desse ato, deixe de participar das aulas de
educação física e de freqüentar a escola.
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14. EXPLORANDO ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO AFETIVO-SEXUAL EM
TRÊS GERAÇÕES DA FAMÍLIA DE UMA JOVEM COM ANOREXIA NERVOSA
Élide Dezoti Valdanha
Manoel Antônio dos Santos
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão PretoUniversidade de São Paulo
E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO
De acordo com o DSM-IV-TR - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (American Psychiatry Association, 2002), a anorexia nervosa (AN) pode ser
caracterizada como uma recusa do indivíduo a manter o peso corporal na faixa normal
mínima de acordo com sua idade e altura, além de um temor intenso de ganhar peso e da
distorção da imagem corporal, o que acaba resultando em caquexia, ou seja, um estado de
fraqueza geral do corpo, debilidade e má disposição corporal decorrentes da grave
desnutrição (CLAUDINO; BORGES, 2002). O quadro clínico caracteriza-se por um
comportamento alimentar gravemente perturbado, tentativa de controle excessivo do peso
corporal e distorção da imagem corporal. A pessoa acometida vivencia um medo patológico
de engordar, embora, objetivamente, seu peso esteja abaixo do ideal.
Assim, existem, ainda segundo o DSM-IV, dois subtipos de AN: o restritivo, no qual
o paciente perde muito peso em um curto espaço de tempo, devido à restrição de grupos
alimentares, jejum, ou excesso de exercícios físicos, e o purgativo, caracterizado por
episódios de compulsão alimentar seguidos de rituais compensatórios como vômitos autoinduzidos ou uso abusivo de laxantes ou diuréticos.
A AN acomete, principalmente, mulheres. Sua prevalência varia em torno de 2% a 5%
em mulheres adolescentes e adultas, sendo que, entre 1955 e 1984, houve um aumento
constante de casos novos entre adolescentes de 10 a 19 anos (DUNKER; PHILLIPI, 2003).
De maneira geral, os pacientes relatam que o início dos sintomas aconteceu após
alguma exposição a fator estressante, como comentários sobre seu peso, término de
relacionamento amoroso ou perda de ente querido. Pessoas com AN passam a viver em
função do medo patológico de engordar e, concomitantemente, apresentam traços de
personalidade, tais como preocupação em excesso, receio de mudanças, hipersensibilidade e
perfeccionismo (BORGES et al, 2006).
Para Santos e Oliveira (2006), são considerados fatores desencadeadores e
mantenedores da AN: o meio sociocultural, a dinâmica familiar e aspectos da personalidade
do indivíduo, o que caracteriza a AN como um transtorno mental de etiopatogenia
multifatorial.
No mundo contemporâneo as imagens do corpo magro e esguio são vangloriadas e
largamente difundidas pelos meios de comunicação de massa. O corpo esbelto é associado à
obtenção de sucesso e prestígio pessoal, criando novas formas de vivenciar subjetivamente o
corpo. Segundo Novaes e Vilhena (2003), para sermos reconhecidos por um grupo social,
precisamos ter “o corpo da moda”. A gordura é tomada como um paradigma da feiúra e,
portanto, é altamente desvalorizada; a pessoa obesa é desqualificada e estigmatizada pelo
meio social. A imagem da mulher fica associada à beleza e juventude eterna e não são
toleradas diferenças em relação ao padrão estabelecido pelo meio sociocultural.
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De acordo com Miranda (2007), atualmente os indivíduos se apresentam ao outro a
partir do modo como lidam com seu próprio corpo, sendo o culto ao corpo magro e a
conservação da juventude expressões da obsessão da sociedade. O indivíduo aprende que
deve restringir sua dieta alimentar e abandonar o prazer proveniente de sua alimentação para
corresponder ao padrão valorizado de beleza. Para Fernandes (2003), podemos falar de uma
migração das problemáticas internas para o corpo, um sofrimento que encontra dificuldades
para se manifestar em termos psíquicos.
De acordo com Santos e Oliveira (2006), com relação à dinâmica familiar da pessoa
com AN, é constatado um padrão de ausência generalizada de limites nessas famílias, o que
leva à perda da identidade e individualidade dos membros, que freqüentemente apresentam
inadequações em seus relacionamentos interpessoais.
Uma terapeuta familiar dissidente do paradigma psicanalítico, Mara Selvini Palazzoli,
impressionou-se ao estudar famílias com portadores de transtornos alimentares, percebendo
muitas características semelhantes entre as alianças intergeracionais (SOUZA, 2006).
Para Palazzoli (1974), a AN seria uma resposta da filha aos conflitos existentes no
relacionamento conjugal dos pais. O sintoma seria uma resposta aos padrões disfuncionais de
interação dessas famílias. Tais famílias teriam dificuldades de dar suporte à criança em seu
processo de separação-individuação e de exploração do ambiente exterior. Os laços de
dependência afetiva existentes entre a mãe e a filha portadora de AN não encorajam as
tentativas necessárias de emancipação (LANE, 2002).
Os lares são considerados disfuncionais, com mães controladoras e pais ausentes, com
recorrentes casos de traumas envolvendo a família. Os sintomas da doença teriam a função
psíquica de manter imaturo o indivíduo portador, como uma criança pequena que rejeita os
marcos que delimitam o final da infância e a transição para a adolescência, como a
menstruação, que comprovariam o desenvolvimento e a maturidade sexual, assim como a
emergência da feminilidade e as inevitáveis mudanças do corpo (LANE, 2002).
Pacientes diagnosticadas com AN do subtipo purgativo tenderiam a ser mais
impulsivas do que aquelas diagnosticadas com o subtipo restritivo. As últimas tendem a ser
mais perfeccionistas e obsessivas. Outras características psicológicas salientes em pacientes
com AN são: baixa auto-estima, sentimento de desesperança, desenvolvimento insatisfatório
de identidade, busca por aprovação externa, hipersensibilidade à crítica e conflitos em
relação a sua autonomia (SANTOS; OLIVEIRA, 2006).
Segundo Leonidas (2008), portadoras de AN negam a gravidade de sua patologia, são
introvertidas, inseguras, têm dificuldades no estabelecimento de vínculos afetivos, além de
apresentar fragilidade e imaturidade egóica. Também são inseguras no contato com o mundo
externo, o que torna seu círculo social restrito.
Como as bases da personalidade se estruturam nos primeiros anos de vida, estudos
apontam que a origem da problemática remonta às etapas precoces do desenvolvimento
psicoafetivo (DE FELICE, 2006; MIRANDA 2007), o que direciona a atenção para a
constituição do vínculo materno.
Para Miranda (2007), teria havido um descompasso, um desvio na sintonia de
mensagens entre mãe e filha, conduzindo suas mentes a estabelecer um laço fusional. A mãe,
que passou por falhas na instalação edipiana, em que a figura masculina não desempenhou
papel marcante na sua vida mental, pode sentir seu bebê como um corpo estranho dentro dela
ou, contrariamente, pode não desejar a perda do laço fusional com o bebê. Desse modo, não
é possível para a criança desenvolver sua identidade separada do objeto materno.
Durante a infância essa relação fusional se mantém sem apresentar grandes conflitos,
como mostram as pesquisas que evidenciam que os pais não têm queixas ou insatisfações
importantes em relação a seus filhos no período infantil (CASTRO, 2000). Na adolescência,
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com a irrupção das transformações corporais que reconfiguram a sexualidade, ressurgem os
conflitos que colocam o indivíduo em contato direto com seus lutos primordiais, como a
perda do corpo infantil, assim como de seus pais da infância, que agora se tornam novos e
desconhecidos personagens (MIRANDA, 2007).
A fase da adolescência acarreta mudanças tanto no plano físico como psíquico,
envolvendo o adolescente em processos de conflito e elaboração de luto pela perda da
condição infantil. Nesse período, o corpo feminino ganha forma e curvas, dando sinais que
funcionam como marcadores externos da entrada da menina na vida adulta. A portadora de
AN apresenta dificuldade de enfrentar e incorporar positivamente essas mudanças corporais
e psicológicas. Na tentativa de deter o processo de crescimento e diferenciação em relação ao
corpo materno, busca um corpo esquálido, emagrecido, apresentando, desse modo, uma
impossibilidade de ingressar na fase adulta (GASPAR, 2005).
O vínculo mãe-criança se estrutura, em grande parte, em torno do comportamento
alimentar, ou seja, ancora-se nas experiências de satisfação e insatisfação das necessidades
corporais da criança. Por essa razão, problemas vivenciados nas etapas precoces do
desenvolvimento emocional podem desencadear perturbações na esfera oro-alimentar ou
mesmo constituir nas bases primitivas que, no futuro, favorecerão a emergência de
transtornos da alimentação.
Considerando-se que a configuração vincular é essencial para o desenvolvimento
emocional e que a transmissão psíquica inter e transgeracional é um operador da dinâmica
dos relacionamentos familiares, o presente estudo teve por objetivo investigar a transmissão
psíquica em três gerações de uma família (avó, mãe e a filha, acometida por anorexia
nervosa), buscando identificar os conteúdos transmitidos transgeracionalmente, focando o
desenvolvimento afetivo-sexual dessas mulheres.
REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico-conceitual que fundamenta o presente estudo é a psicanálise, mais
especificamente a teoria da transmissão psíquica transgeracional (EIGUER, 1998).
Eiguer (1985) apresenta uma nova idéia sobre o grupo familiar, em que os psiquismos
individuais juntos formam um coletivo: o organizador inconsciente da vida familiar. Deste
modo, pode-se dizer que o grupo familiar é composto por indivíduos que em grupo
apresentam um funcionamento psíquico inconsciente diferente de seu funcionamento
isolado.
Segundo o autor, o organizador em questão tem impacto direto na consolidação de
vínculos dentro do grupo familiar. Ele atua como um estilo de abordagem do grupo,
permitindo que a família volte-se para si mesma a partir do idêntico fantasiado em cada um
de seus membros (EIGUER, 1995).
De acordo com Correa (2000), é possível identificar no grupo a produção e circulação
de fantasias, que podem ser diversificadas ao longo dos processos de desenvolvimento do
grupo, e que consolidam a base para o agrupamento familiar. A autora utiliza para
exemplificar essa idéia a fantasia de fusão, que colabora no sentimento de pertença. Se a
fantasia acontece de forma defensiva em relação à diferenciação necessária dos membros e
seus papéis, originará perturbações intra e intersubjetivas.
De acordo com Käes (2001) o “transgeracional” é o que foi transmitido sem ser
devidamente simbolizado, o que impossibilita sua reelaboração posterior, tanto pela família,
como no plano individual.Tais representações transgeracionais pertencem ao universo de
objetos inconscientes, organizados a partir da escolha sexual, ou seja, do primeiro
organizador familiar, estando projetadas no contexto dos vínculos libidinais de objeto.
Assim, cada membro da família relaciona-se com o outro de acordo com o modelo objetal
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dessas representações. As mesmas têm papel estruturador na família, e no mesmo sentido
podem, em outros momentos, originar dificuldades (EIGUER, 1995).
METODOLOGIA
O princípio metodológico que fundamenta a elaboração deste trabalho foi o estudo de
caso. De acordo com Yin (2005), o estudo de caso pode ser utilizado para descrever uma
intervenção e o contexto da vida real em que os fatos ocorrem. Dessa maneira, enquanto
estratégia de pesquisa possibilita contribuir com o conhecimento de fenômenos individuais,
organizacionais, políticos e de grupos, agregando um aporte de saber produzido em condições
naturalísticas. No presente trabalho, selecionou-se como caso a ser investigado a linhagem
materna da família de uma paciente com TA.
Para coleta de dados foram utilizados: relato livre da história de vida e entrevista
semi-estruturada. Foram entrevistadas três mulheres da família Monteiro. A filha Caroline,
26 anos, tem diagnóstico de AN e transtorno de personalidade borderline; sua mãe, Maria,
46 anos, e sua avó materna, Elizabeth, 82 anos. Caroline era paciente em seguimento clínico
no Grupo de Assistência aos Transtornos Alimentares (GRATA) da Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto (FM-USP-RP).
As entrevistas individuais foram realizadas em sala reservada do serviço hospitalar,
no caso da paciente e de sua mãe. A avó foi entrevistada em sua residência. Os dados foram
analisados pelo método de análise de conteúdo temática, que revelou os principais núcleos
temáticos. Os dados foram também analisados segundo o referencial teórico da psicanálise,
em especial a teorização sobre a transmissão psíquica transgeracional.
RESULTADO
Dona Elizabeth tem 82 anos, é mãe de Maria (46 anos) e avó de Caroline (26 anos).
Sobre os horizontes da infância e adolescência, dona Elizabeth só parece guardar boas
lembranças, pois apenas relata vivências positivas. Conta que teve uma boa infância na roça,
ao lado de seus pais e nove irmãos.
Dona Elizabeth traz um relato comovente de sua infância e adolescência permeadas
por trabalho árduo e pesado, que unia crianças e adultos da família em torno de tarefas
estafantes. O envolvimento com essas tarefas, próprias do mundo adulto, tornavam crianças e
adultos muito próximos na convivência diária, ao compartilharem dessas funções, mas
também indistintos, como se não houvesse um lugar demarcado onde se pudesse “ser
criança”. Desse modo, os limites entre os universos infantil e adulto se borravam.
Nas narrativas da infância de Dona Elizabeth não aparecem brincadeiras, tempo ocioso
e escola. Os cuidados que os adultos dispensavam às crianças se reduziam à dimensão da
satisfação de necessidades físicas, concretas, em detrimento dos aspectos emocionais. Nesse
universo um tanto quanto tosco e concreto, a faina diária da família almeja tão somente
assegurar a sobrevivência de “muitas bocas” que precisavam ser alimentadas. Era uma época
difícil, salienta dona Elizabeth, e uma família de parcos recursos materiais, na qual havia
pouco espaço para a expansão da fantasia e da imaginação criativa.
Em relação ao desenvolvimento afetivo-sexual e relações amorosas, conta que
conheceu seu marido trabalhando na lavoura, namoraram cerca de um ano e depois se
casaram. Depois de dois ou três meses de namoro, ela soube que seu marido procurava e
“saía” com uma antiga namorada, enquanto dona Elizabeth ficava em casa. Quando o casal já
havia se casado e tinha tido os dois primeiros filhos, o marido saiu de casa e foi morar com
essa namorada, com quem teve uma filha. Após um tempo separados, tentou reatar com dona
Elizabeth, que o aceitou de volta. Ele, então, voltou para casa, segundo ela, depois de lhe
infligir muito sofrimento. O casal e os dois filhos mudaram-se para a cidade em que morava a
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mãe de dona Elizabeth, e depois tiveram mais duas filhas. Dona Elizabeth afirma que esta foi
a única crise enfrentada no casamento, mas que, quando tinham outras brigas, ela se calava e
chorava, muitas vezes às escondidas. No relacionamento conjugal não havia espaço para
conversas sobre conflitos e sentimentos.
Ela ficou grávida sete vezes, mas teve apenas quatro bebês. Os partos foram normais e
tranqüilos, mas cerca de 20 dias após o nascimento, dona Elizabeth tinha hemorragia e
precisava ir para o hospital. Ela amamentou todos os filhos, as duas meninas (incluindo
Maria), segundo ela, já estavam grandes quando parou de amamentá-las.
Maria, 46 anos, é a terceira filha de dona Elizabeth. É casada e tem três filhas, com
idades de 26 (Caroline), 23 e 18 anos. Sobre sua infância e adolescência, conta que foram
períodos de intenso sofrimento, já que seu pai era muito “mulherengo” e teve uma filha fora
do casamento. Ela ainda conta que seu pai bebia muito. Ela saía para comprar bebidas para
ele; sua mãe, enfurecida, quebrava as garrafas, depois Maria saía novamente, para adquirir
mais garrafas a pedido do pai. Surge na fala de Maria um conflito familiar, que não havia sido
mencionado por dona Elizabeth.
Os significados atribuídos por ela ao modo de ser do pai, seu funcionamento psíquico
instável e o provável alcoolismo, que eram causadores de desavenças na relação conjugal e
turbulência na vida familiar, constituem a tessitura de um não-dito familiar, evidenciando os
fantasmas individuais, a circulação de fantasias no grupo familiar, segundo Eiguer (1985).
Maria parece ter sido eleita como a filha a quem o pai incumbia de trazer para dentro do
lar aquilo (a bebida) que se configuraria como o pivô das brigas constantes entre pai e mãe. A
filha, extremamente imatura, era instrumentalizada pelo pai para lhe buscar a bebida no bar. A
situação triangular que se constitui tem um nítido colorido edípico, ao reforçar o vínculo
filha-pai marcado pela cumplicidade, que por sua vez suscitava a ira e o descontrole
emocional da mãe. Por outro lado, logo se dá a quebra do encantamento da relação idílica
entre a filha e o pai, quando esta descobre a traição conjugal que resulta em uma outra irmã,
filha bastarda, potencial rival de Maria junto à preferência da atenção do pai.
Maria conta que em sua juventude sofreu muito com o controle coercitivo de seu irmão,
que não a deixava sair para se divertir. Por isso se casou cedo. Em relação ao
desenvolvimento afetivo-sexual e relações amorosas, Maria conta que se casou aos 18 anos
e que não teve adolescência, pois casou na melhor fase. Quando conheceu seu marido, seus
familiares foram contra o relacionamento, pois o rapaz era negro. Em certa ocasião o irmão de
Maria encontrou-os juntos e tentou agredir a irmã, porém o namorado não permitiu. Os dois
fugiram juntos para outra cidade e ficaram por uma semana. Quando voltaram, foram morar
na casa dos pais do namorado de Maria. Depois de quatro meses os dois estavam casados,
pois o pai de Maria disse que, como haviam fugido juntos, deveriam se casar. Maria conta que
fugiu com o namorado, pois tinha medo de “ficar falada” na pequena cidade ou de “acontecer
alguma coisa”. Não fica claro, apesar de Maria dizer que se casou virgem, o que realmente
aconteceu.
Maria relata que o início de seu casamento não foi bom, pois sofria muito com o
ciúme doentio que sentia do marido. Há cerca de 10 anos, teve um diagnóstico de câncer no
rim. Foi hospitalizada, fez cirurgia e um longo tratamento. Precisou tirar um dos rins. Nessa
época tumultuada de sua vida, o marido foi embora de casa “com uma prostituta da idade da
Caroline”. Ele havia mantido um relacionamento extraconjugal por um tempo, depois saiu de
casa para morar com a amante.
Maria conta que, inicialmente, ela e as filhas não sabiam o exato motivo pelo qual o
marido estava saindo de casa. Acreditavam ser pelo aspecto financeiro da família, que estava
balançado. Depois contou que estava morando com outra mulher, o que fez Maria sofrer
muito. Diz que ele também sofreu muito, que ambos perderam 10 quilos em um mês, de tanto
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sofrimento, tantas lágrimas, e que as filhas ficaram muito decepcionadas com o pai,
especialmente Caroline que, segundo Maria, desde pequena sempre foi o troféu do pai.
Após certo período, o marido rompeu com a amante e voltou para a casa de sua mãe.
Posteriormente procurou Maria, dizendo estar arrependido e querer voltar para casa. Ela o
aceitou de volta, mas Caroline não. A filha decidiu morar na casa de parentes por um tempo,
pois não perdoava a traição do pai. Assim como Maria, durante a adolescência, não perdoara
o relacionamento extraconjugal de seu pai, Caroline também não se conformava com sua falta
de lealdade e se encheu de raiva do pai.
O casamento de dona Elizabeth era permeado por não-ditos, em que não se podia
conversar abertamente sobre os conflitos. A traição de seu marido parece não ter tido tempo e
espaço para ser conversada e elaborada pelos integrantes da família, tornando-se um conteúdo
transmitido para a outra geração, sem possibilidade de elaboração. Desse modo, seu poder
tóxico permanece intacto, não metabolizado pelo aparelho psíquico familiar. A família de
Maria repete o que aconteceu com seus pais. Os metabólitos psíquicos não podem ser
digeridos. A situação de infidelidade torna-se um fantasma, uma sombra que paira sobre o
espaço familiar e, incólume, atravessa gerações. Para Eiguer (1985), esse fantasma se
manifesta, inicialmente, na constituição do psiquismo, no momento da união e encontro do
casal, ligando as representações psíquicas que cada cônjuge traz de seu passado familiar e
apontando o conteúdo recalcado. O fantasma originário é responsável pela manutenção de um
determinado relacionamento disfuncional. Nesse caso, o padrão de relacionamento perturbado
está intimamente vinculado à vivência edípica não elaborada.
Dona Elizabeth, ao aceitar o esposo de volta em sua casa após descobrir o
relacionamento extra-conjugal, muda-se com ele e os filhos para outra cidade, na tentativa de
se afastar dos problemas e da possibilidade de reincidência. Maria repete essa situação frente
ao conflito, do qual busca evadir-se, ao “fugir” da cidade em que vivia por sentir-se
envergonhada em receber o marido novamente em sua casa.
A percepção de Maria sobre Caroline é de que ela é “uma menina que sempre foi triste
(...) sempre foi diferente, sempre”. Durante a infância mostrava-se como uma criança
perfeccionista e não teve adolescência, pois passou por muitos sofrimentos, que a fizeram
amadurecer logo. Maria conta que ela nunca teve namorado, apenas “aventuras” com rapazes
estrangeiros que visitavam o país, ou relacionamentos a distância por meio da Internet. A mãe
fala que a vida amorosa da filha é frustrante, relatando que Caroline declara que nunca se
casará. Ela justifica essa descrença no casamento dizendo que não aceitaria que um homem
lhe fizesse o que seu pai fez com sua mãe.
Caroline, 26 anos, é a filha mais velha de Maria. Atualmente trabalha como operadora
de telemarketing em uma empresa, mas está afastada em decorrência do quadro de TA, que
envolve ainda uma comorbidade psiquiátrica (transtorno de personalidade borderline),
considerada grave.
Sobre sua infância, ela conta que “não foi muito agradável”. Diz que seu pai era
alcoolista, o que lhe evoca lembranças tristes de quando ele chegava em casa alcoolizado e
sua mãe brigava com ele. Caroline conta que se lembra muito das cenas de brigas e das
agressões verbais entre seus pais.
Caroline conta que, praticamente, não se relacionava com os pais, que estavam mais
preocupados em cuidar de si próprios, enquanto ela e a irmã do meio se sentiam “deixadas de
lado”. Caroline e a irmã sentiam-se como pessoas não pertencentes ao grupo familiar
Portanto, suas fantasias em relação ao contexto familiar eram de exclusão, na medida em que
não se sentiam reconhecidas pelos demais membros e não tinham suas necessidades afetivas
legitimadas e confirmadas (LISBOA; FÉRES-CARNEIRO, 2005). Por outro lado, ela se
manteve claramente aliançada com uma das figuras parentais (a mãe), subvertendo a
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hierarquia do sistema filial e se posicionando ao lado da mãe, vista como fragilizada, contra a
figura paterna.
Ainda sobre os horizontes da infância, percebe-se, no discurso de Caroline, a diferença
de percepção que ela e a mãe tem das situações de agressão da segunda em relação à primeira.
Caroline conta que era espancada pela mãe, que descontava nela a raiva que sentia do marido.
Segundo Caroline, ela apanhava porque era a filha mais velha, já que a irmã pequena não
agüentaria “as fúrias da mãe”.
Caroline refere – assim como também emergiu no relato de sua mãe – que na infância
era o “xodó” de seu pai, e que continuou a desfrutar dessa posição privilegiada por seis anos,
até o nascimento de sua irmã do meio, quando então ela relata que passou a dividir os
cuidados dos pais com a irmã: “aí nem tudo mais podia, nem tudo mais tinha”.
Caroline vivenciou a expansão do núcleo familiar, com a chegada do segundo filho,
como usurpação de seu lugar de filha única. Mais do que isso, sentiu que esse foi o marco
divisor de águas em sua relação privilegiada com o pai, pois deixou de ter sua proteção e
companhia em passeios.
Caroline conta que seu avô materno foi morar com sua família, pois sofrera um derrame
cerebral e sua avó também estava enfrentando problemas de saúde, que a impossibilitavam de
ajudá-lo. Ela conta que seu avô não aceitava o casamento de seus pais, já que seu pai era
negro e a mãe, branca. Nesse sentido, o avô também não aceitava as netas, mostrando-se,
muitas vezes, indiferente a elas.
Maria passou a cuidar do pai, cuidado este nomeado por Caroline enquanto “meu vô
sugava muito a minha mãe”. Há um déficit de cuidados, que novamente é produzido pelo
ingresso de mais um membro familiar, que frustra as expectativas de exclusividade mantidas
por Caroline. Mais uma vez ela se sentiu desamparada, destituída de seu lugar de filha (“Eu
acabei ficando sem lugar”). Uma filha que necessitava intensamente de cuidados maternos.
Desse modo, perpetua-se uma espiral de frustrações.
Surgem nos seus relatos de Caroline fantasias e sentimentos recorrentes de estar
cuidando da mãe, em uma clara inversão dos papéis parentais e filiais, enquanto que, na
verdade, ela se ressente por não ter quem cuide de si. A filha se posiciona como a suposta
cuidadora da mãe, mas na realidade “perdeu” precocemente sua mãe-cuidadora quando esta
teve depressão após a morte do avô, ou ainda quando esta teve câncer, ou ainda quando foi
abandonada pelo marido. As reiteradas experiências de desligamento precoce do vínculo,
ainda que momentâneas, sem ter alcançado a dimensão de rompimentos, justifica a expressão
melancólica: “eu estou sempre perdendo a minha mãe”, proferida para conotar seu profundo
desalento.
Após alguns meses da cirurgia a qual Maria se submeteu como parte de seu tratamento
contra o câncer, seu marido sai de casa, sem que a família soubesse o exato motivo. Para
completar a situação dramática, na época a família passava por complicada situação
financeira. Caroline conta que a mãe, então, se desesperou, queimando as roupas do marido e
dizendo que também sairia de casa.
Tal situação difícil não foi relatada no discurso de Maria, que trouxe apenas o
sofrimento que sentiu com a saída do marido do lar. Caroline conta que seu pai foi morar com
“uma prostituta”, que na época tinha 18 anos, mesma idade que ela, o que foi uma decepção,
“a maior decepção da minha vida”.
Ao falar do pai, na situação em que ele saiu de casa, Caroline diz que ele, na verdade,
“matou a mãe” ao abandonar a família. Quando os pais reataram o relacionamento e o pai
voltou a viver na casa da família, Caroline diz que não suportou. Primeiramente, sugeriu que a
mãe escolhesse entre ela e o marido, depois optou por sair de casa e morar em outra cidade,
na casa de parentes. Pensando no conflito edípico, que parece permear intensamente as
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