A NOVA TAREFA DO GESTOR

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A NOVA TAREFA DO GESTOR
29/03/2011 – Nº 189 – Ano 05
66 3423-2121 – [email protected]
A NOVA TAREFA DO GESTOR
Já vai longe o tempo em que as tarefas do capacidade que cada um possui na sua função.
gestor se limitavam ao trivial e acadêmico Uma delas está em liderar para que os conflitos
planejar, organizar, controlar, coordenar e possam ser resolvidos pelos próprios envolvidos,
comandar, definidas pelo turco Jules Henri sem uma decisão unilateral do gestor. E mais, a
Fayol. Com o refinamento das suas funções nas discussão não deve ser sobre quem tem razão,
empresas os gestores também foram impelidos à mas sim sobre como o problema será resolvido.
expectativas mais complexas em torno do que
Essa prática apenas colabora para o conceito
cada um tem como compromisso.
de líder que o gestor deve cultivar. Um líder
Por isso e motivado pela produtividade democrático, mas ciente dos impactos da sua
empresarial conexo à figura do gestor liderança nos resultados da empresa. Ao contrário
contemporâneo, muito se tem discutido sobre do líder paternalista que assume para si os
suas funções e seus resultados, tanto no campo problemas, ao invés de conduzir para soluções
do gerenciamento em si como no papel que que sejam executadas pelos envolvidos, tornandoexerce subliminarmente, por
os mais compromissados e
Além
de
inibir
e
coibir,
exemplo, através da liderança de
responsáveis.
uma das práticas que tem
um sistema complexo (e às
Reduzir conflitos não é um
dado resultados
vezes complicado) que são as
papel simples, mesmo para
extraordinários na
empresas.
gestores experimentados. Uma
redução de conflitos é o
Dentre
as
diversas
prática bastante útil, devendo ser
estimulo à camaradagem
atribuições que ficam a cargo
uma das primeiras, parece ser o
entre
colegas.
dos gestores modernos, reduzir
de identificar os colaboradores
os conflitos me parece uma das tarefas que minimizam os conflitos, relevam problemas e
principais, mas tem ficado relegado ao segundo opções pessoais, focando na produtividade e na
plano, inserido no aspecto da liderança, um tema integração da equipe, justamente para poder
amplo e badalado, que tem servido de guarda- apoiá-los e cooptar o seu interesse em participar
chuva para várias outras definições.
ativamente na gestão.
Nesse papel de amenizar e mitigar os
De outro modo também é necessário distinguir
conflitos existentes nas empresas, nelas ou em aqueles que, ao contrário dos anteriores,
função delas, o profissional deve antes de tudo maximizam qualquer atrito e ‘colocam mais lenha
desenvolver a capacidade de percepção do na fogueira’, tentando neutralizá-los, seja através
ambiente, tornando a sensibilidade a sua arma do maior desenvolvimento de suas habilidades
mais importante.
interpessoais ou da sua efetiva exclusão da
O fato é relevante dado que os conflitos que equipe. Mas urge uma ação sobre estes, dado
se deflagram nas empresas muitas vezes que possuem influência perniciosa contundente
começam fora dela ou mesmo através de sobre a equipe.
pequenos atritos não resolvidos no momento
Além de inibir e coibir, uma das práticas que
adequado no ambiente de trabalho. Muitas vezes tem dado resultados extraordinários na redução
são emitidas apenas mensagens subliminares de conflitos é o estimulo à camaradagem entre
pelos envolvidos e se o gestor não perceber, colegas. Bem como melhorar o clima, aliviando a
mais tarde poderá ter um grande problema para tensão, a camaradagem explícita torna a
resolver.
cumplicidade uma rotina, uma vez que envolve
Assim, outro aspecto relevante na função de mais que aspectos empresariais, passando para o
reduzir os conflitos nas organizações parece ser lado compassivo, desejável como nunca na
exatamente o de não deixar o problema crescer. formação de equipes.
Fazer o que precisa ser feito, mesmo que isso
Por fim, o gestor precisa ter claro que conflitos
possa parecer impopular momentaneamente, são a base da inovação e das mudanças nas
mas ciente de que no médio e longo prazo traga empresas e que na essência são o principal
mais tranqüilidade e estabilidade para o clima da diferencial competitivo. Sem elas não há evolução
empresa. Deve ser a prática de qualquer bom corporativa, por isso não há razão para eliminá-los
gestor.
das organizações, apenas mantê-los sob controle,
Adjacente à busca das soluções imediatas o algo que já é difícil o suficiente, até porque
modo como os conflitos são resolvidos pelos conflitos são inerentes às empresas.
gestores também dá um direcionamento para a
Boa semana de Gestão & Negócios.
Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É Diretor de Relações com o Mercado do IBG, professor e palestrante – 66 3423-2121 – [email protected]