Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na
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Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Charles Junio da Cruz – [email protected] Master em Arquitetura - MABEH002 Instituto de Pós-Graduação e Graduação – IPOG Belo Horizonte, MG, dezoito de março de dois mil e treze. RESUMO Este artigo resulta da preocupação com a qualidade de vida das pessoas devido ao incompatível dimensionamento dos espaços edificados na capital mineira em épocas passadas e a demanda por soluções para otimização destes espaços, tendo em vista a realidade de seus ocupantes atuais. Como isso interfere na funcionalidade e na relação entre o usuário e o ambiente? Há a hipótese de que os espaços construídos cada vez menores e padronizados, dificultam a personalização do ambiente por parte do usuário. Sendo assim, objetiva-se analisar o dimensionamento dos espaços, o uso de materiais, mobiliário, cores, texturas como soluções projetuais para alcançar o bem-estar do indivíduo. Para isso, foram feitas pesquisas bibliográficas sobre o tema, nas obras de Clarisse Mancuso, Gleice Azambuja Elali, Julius Panero e do professor Luiz Mauro do Carmo Passos, dentre outros, que trouxeram embasamento teórico para compreensão do assunto abordado, além do estudo de caso exemplificado através do projeto de um apartamento da época de 1960/70 de aproximadamente 100m² no bairro Nova Suíça que foi adequado por um profissional da área de Desing de Interiores para atender às necessidades de seus moradores atuais. Os resultados demonstram que os ambientes devidamente planejados e adaptados aos hábitos, costumes e rotinas dos moradores, oferecem maior conforto e contribuem significativamente no bem-estar dos mesmos. Conclui-se que é indispensável um profundo estudo com vistas à projetação do melhor leiaute possível e escolha dos objetos e materiais para esses espaços, a fim de proporcionar uma melhor relação entre o individuo e sua moradia, seu lar. Palavras chave: contemporâneas. arquitetura de interiores. otimização. intervenção. moradias 1. Introdução/justificativa Este artigo foi elaborado tendo em vista a constatação de que apartamentos construídos em Belo Horizonte nas décadas de 1960/70 não atendem às demandas de seus atuais usuários, principalmente porque as exigências de moradias para a classe média daquela época não são, em razão de transformações sociais, culturais, técnicas e econômicas, as mesmas da nossa sociedade atual contemporânea, das décadas de 2000/2010. A questão a ser investigada é a viabilidade de adequação de espaços residenciais cujos ambientes pequenos e separados, como cozinhas, salas de estar e salas de jantar, agora se transformam, se integram, como fator de agregação social e familiar. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 O problema é identificar como isso interfere na funcionalidade e na relação entre o usuário e o ambiente construído, atentando para a hipótese de que espaços cada vez menores e padronizados dificultam a personalização do ambiente por parte de seu usuário. Com base em pesquisas de Clarisse Mancuso, Gleice Azambuja Elali, Julius Panero, do professor Luiz Mauro do Carmo Passos, dentre outros, busca-se idenficar as novas funções de cada ambiente dentro de casa e a relação desses ambientes com o comportamento humano. Em análise específica, será apresentado um apartamento no bairro Nova Suíça, em Belo Horizonte. Esse imóvel caracteriza-se daquela forma, ou seja, foi edificado visando ao atendimento das necessidades de dimensionamento dos ambientes que faziam jus à realidade da época (década de 1960/1970), evidenciando, em razão da quantidade de pequenos cômodos, a falta de preocupação das construtoras em apresentar soluções voltadas ao bem estar dos ocupantes. Tal situação já era vislumbrada há tempos por Oscar Niemeyer quando dizia: O que nós queremos na Arquitetura com a mudança na sociedade não é nada especial: as casas de luxo vão ser menores. Os grandes empreendimentos urbanos... vão ser maiores ainda porque todos deles vão participar. (NIEMEYER, 2007) Em entrevista ao Jornal da Globo em 2007. http://g1.globo.com/poparte/noticia/2012/12/veja-frases-marcantes-de-oscar-niemeyer.html Na tentativa de solucionar essa situação, que incomodava os atuais moradores do apartamento, foram aplicadas técnicas da Arquitetura e de Design de Interiores, as quais, veremos, apresentar-se-ão como fator preponderante para integração a esse novo contexto. 2. O habitat humano Desde os primórdios da civilização o homem sempre procurou abrigar-se em um habitat em busca de maior conforto. Na evolução da moradia, o homem veio aprimorando cada dia mais em estratégias que poderiam lhe proporcionar melhor qualidade de vida. Dessa época distante até os dias de hoje o homem evoluiu e assim a necessidade que seu habitat acompanhasse tal evolução. A forma de morar está diretamente ligada ao local onde esse habitat está inserido, ao clima, à cultura da região e, especificamente ao morador em questão. Antigamente os espaços eram concebidos de forma geral, feito para atender certa categoria. O fator pessoal não pesava nas escolhas e definições dos espaços. A realidade atual é diferente: o centro das atenções é a pessoa, o ocupante do local que habita. Segundo Clarisse Mancuso (1998:19); “Hoje, a especificação dos espaços está muito pessoal, o homem está qualificado nesse processo e o valor dado a ele e ao seu “bem-estar” é impar. A arquitetura de interiores, assim como a decoração, traça uma trajetória em que a relação pessoa/espaço é intima e pessoal”. Tratando do estudo da relação pessoa-ambiente, Gleice Azambuja Elali (1997) afirma: Em Arquitetura, por sua vez, aos poucos observa-se o deslocamento da ênfase na análise de aspectos estéticos/construtivos/funcionais do edifício para a preocupação com a percepção/satisfação dos usuários e com as implicações das intervenções em termos de paisagem, propiciando a elaboração de propostas mais centradas no indivíduo e/ou no social e nas implicações ecológicas das interferências realizadas. (ELALI, 1997:349-362). ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 Para se chegar nesse contexto, muito tempo se passou, com estudo e trabalho árduo para quebra de antigos paradigmas, conceitos e pré-conceitos. Ainda de acordo com o ensinamento de Mancuso: ...a arte de decorar não nasceu com o homem. O pensamento da estética associada ao conforto surgiu bem posterior. Antigamente as casas eram somente “mobiliadas”, a sala de visita era somente usada em dias de festa, os quartos tinham a única função de “dormir”, e a cozinha funcionava de modo muito diferente aos dias de hoje. (MANCUSO, 1998:19). Com o processo evolutivo do homem, a agitação da vida moderna o leva a procurar em sua morada um lugar de repouso e lazer onde possa se refugiar dos problemas do dia a dia. Um lugar que possua atributos estéticos ligados á funcionalidade, capaz de trazer bem estar e tranquilidade. Mas como o homem comum pode conseguir tudo isso apenas com o feeling ou experiência própria, sem conhecimentos técnicos aprofundados? E como ultrapassar as dificuldades impostas por crises econômicas, mercadológicas e, por outro lado, até mesmo, o enfrentamento ao chamado capitalismo selvagem, que impôs e ainda impõe, ao brasileiro em geral grandes limitações quando se trata de moradia, e mais, moradia com qualidade? A resposta, mesmo que um pouco breve, está na constatação de que devido à crescente acessibilidade à arquitetura de interiores, um maior número de pessoas pode usufruir desse bem estar. No entender de Mancuso: As concepções de planta baixa evoluem com as necessidades do homem e do mercado, elas têm características regionais e, em geral, recebem acabamentos neutros, onde a criatividade pode transgredir posteriormente. Grande crítica pode ser feita ao processo construtivo atual, em que o lucro é o ponto básico. Inúmeras são as situações em que a intervenção posterior se faz necessária em detalhes que poderiam ter sido executados anteriormente e não o foram por pura economia. Isso acarreta um gasto maior para aquele que, inconformado, opta pela resolução do problema. As residências uni familiares podem ser projetadas em função da família que, efetivamente, vai ocupar o espaço. Já os apartamentos possuem uma linha de projeto mais genérica que, posteriormente, recebe a adaptação do ocupante por intermédio do arquiteto de interiores ou decorador. MANCUSO (1998:19). É importante perceber que o habitat humano residencial, com todas as funções de seus espaços, que foram sofrendo alterações, evoluções e talvez até involuções, na verdade, está cada vez mais valorizado como local onde o homem deve usufruir com qualidade. É nesse ambiente que desenvolve um significativo número de suas atividades habituais as quais, por outro lado, servem como fator de base, até mesmo, para o exercício de suas atividades extra moradia. 3. Analogia entre as funções ambientes em épocas passadas e nos dias atuais O modo de vida do século passado era bastante diferente do nosso mundo atual. Fácil de compreender se lembramos da função da mulher na sociedade. A estrutura do início do século XX reservava grandes áreas às cozinhas, local onde a mulher ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 permanecia por muito tempo e também era o local de encontro da família, fosse para as refeições ou fosse para horários diversos. Os banheiros eram em números reduzidos, isso quando faziam parte do corpo da casa e as salas só eram usadas em dias especiais. Conforme demonstra Mancuso: Os centros das casas, na Idade Média, era uma sala para todos os fins, onde era realizada a maior parte da vida familiar e, inclusive da vida profissional. Em outras épocas, a sala de estar se tornou um salão e depois subdividiu-se os ambientes em: sala de jantar, sala de almoço, escritório, sala de música, biblioteca e assim por diante. Hoje em dia, essa separação sofreu uma alteração, a sala voltou a ter múltiplas funções. Rasgar os espaços se tornou uma tônica.” (MANCUSO, 1998:27). O mundo moderno fez com que as necessidades mudassem e, hoje, vemos áreas diminutas, pois devido a grande demanda de mão de obra especializada e a grande valorização dos terrenos o custo da construção elevou-se significativamente. Logo, ambientes que eram pequenos e separados como cozinha, sala de estar e sala de jantar, agora se integram. O número de eletrodomésticos aumentou, agora, associam estética á funcionalidade, fazendo com o que o próprio aparelho se torne uma peça decorativa de destaque. A adequação dos mesmos às cozinhas compactas atuais presentes nas moradias dos séculos XX e XXI trazem soluções bastante criativas. Á área intima ficou muito reduzida, os dormitórios agora viraram suítes e servem basicamente para dormir, estudar, ler. As famílias se viram na necessidade de desfazer-se de móveis grandalhões, passando a lançar mão de peças multiuso, tais como pufs que funcionam como mesinhas ou banquinhos.A expansão da área social vem com o papel de resgatar momentos de união dos moradores que ali habitam um novo espaço onde tudo acontece desta forma a privacidade poderá ser encontrada nos dormitórios e banheiros. O complicador é que para se adequarem a essa nova realidade, tiveram que abandonar seus gostos e experiencias vividas, uma vez que não possuíam conhecimento técnico, nem mesmo acesso a profissional da área da Arquitetura e de Design de Interiores, profissões pouco difundidas em décadas passadas. Constatava-se a falta de personalidade aos ambientes e elementos mais aconchegantes que provocassem a interação da família, bem como amigos e visitantes. Sentindo-se desconfortáveis, moradores com necessidades próprias do terceiro milênio, já com a possibilidade de contar com a ajuda de profissionais especialistas, solicitam intervenções no sentido de que os ambientes sejam adaptados aos hábitos, costumes e rotinas, oferecendo maior conforto e contribuindo na melhoria de seu bem estar. Mas essa é a realidade atual, em outros tempos, como visto, era muito diferente. Como o objetivo deste artigo é a demonstração da necessidade de adequação dos ambientes residenciais às novas funções constatadas, será apresentado no capítulo 6, um apartamento da época de 1960/70 (já pequeno para a sua época), edificado no bairro Nova Suíça, em Belo Horizonte. Esse imóvel possuía muitos, mas pequenos cômodos, evidenciando a falta de preocupação das construtoras em apresentar soluções voltadas ao bem estar dos ocupantes. Na tentativa de solucionar essa situação, que incomodava os atuais moradores do apartamento, foram aplicadas técnicas da Arquitetura e de Design de Interiores, as quais, veremos, apresentar-se-ão como fator preponderante para integração a esse novo contexto. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 4. O ato de projetar considerando a relação ambiente construído X comportamento humano Segundo Francis D.K. e Corky Binggeli: Arquitetura de interiores e o planejamento, o leioute e o projeto de espaços internos as edificações. Esses ambientes fisicos satisfazem nossa necessidade básica de abrigo e proteção; eles estabalecem o palco para a maior parte de nossas atividades e influenciam suas formas; nutrem nossas aspirações e exprimem as ideias que acompanham nossas ações; afetam nossas vistas, humores e personalidades. O objetivo da arquitetura de interiores é, portanto, a melhoria funcional, o aprimoramento estético e a melhoria psicológica dos espaços internos. (CHINGBINGGELI, 2006:44). A relação ambiente construído e comportamento humando está ligada às estruturas sociais, culturais e tecnológicas de uma época, as quais geram modificações no modo de vida do usuário. A constatação desta interrelação é de suma importância, especialmente nos momentos de se projetar ambientes, em que o profissional da arquitetura de interiores deve considerar, além dessas estrutura, outros apectos, para alcançar o tão desejado bem estar na utilização do espaço construído. Nesse sentido, Francis D.K. e Corky Binggeli (2006:06). também esclarecem que; “Os projetistas de interiores profisssionais aprimoram a função e a qualidade dos espaços internos, buscando proteger a saúde, a segurança e o bem-estar do público, aumentar a produtividade e melhorar a qualidade de vida”. Um projeto arquitetônico deve contribuir influenciando a percepção e congnição dos espaços, sem, entretanto, modificar o comportamento do homem de maneira a alterar-lhe a personalidade. No caso da moradia, objeto de estudo do presente artigo, a funcionalidade, os aspectos térmicos, acústicos, visuais, dentre outros, devem ser minuciosamente planejados e adequadamente interpretados, sob pena de desvio do objetivo principal. Buscando a criação de espaços otimizados funcionais e confortáveis, inclusive estéticamente, o ato de projetar demandará a utilização de conhecimentos técnicos, cientificos e artisticos específicos sem se afastar da compreensão de que o usuário interrelaciona-se a todo instante com seu ambiente. O arquiteto, arquiteto de interiores e/ou designer de ambientes, não pode correr o risco de desenvolver seus projetos a partir de um ideal próprio, implicando sua atitude muitas vezes em uma espera autoritária e/ou ingênua de que a sua ordem espacial se torne a ordem de toda uma sociedade, esquecendo-se do vínculo entre arquitetura e o homem. Mas isso pode e de fato até acontece com bastante constância. Entretanto, como lembra Robert Sommer, essa percepção passa pelo fato que: ...em sua prática, aprende a ver o edifício sem pessoas em seu interior. Fotografias muito coloridas em revistas brilhantes mostram salas e corredores vazios, mesas cheias de pratos, prataria e copos de vinho, um livro aberto no sofá, o fogo creptando na lareira, mas nenhum sinal de quem quer que seja em parte alguma. (SOMMER, 1973:3). A interrelação ambiente construído x comportamento humano, é tão eloquente e tão afetada ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 por todos aqueles fatores, que pode ser alterada com o passar de poucas décadas. A título de exemplo, pode-se citar a relação mantida pelos jovens de hoje em dia com os seus quartos/dormitórios, local onde permanecem um tempo muito maior que os jovens de décadas passadas permaneciam. Tendo em vista o excessivo número de horas em que passam “plugados” em seus computadores, nos dias atuais, há a necessidade de se projetar nos quartos mobiliário específico para receber tais equipamentos, com atenção especial para a ergonomia e conforto, sob pena de inviabilizar a função atual desse ambiente. Essa situação não se verificava anteriormente, pois os jovens de outras décadas usavam do quarto quase que unicamente para dormir. Isso demonstra como estruturas tecnológicas influenciam na mudança de comportamento das pessoas em relação ao ambiente utilizado. Dependendo das escolhas, ou propostas indicadas pelos profissionais da arquitetura de interiores, para um determinado ambiente, diferentes sensações podem causar no usuário do espaço. A escolha de cores por exemplo pode mudar os sentimentos e atitudes de forma a propiciar prazer ou incômodo. Marie Louise Lacy (2007:17), em sua obra “O Poder das Cores no Equilíbrio dos Ambientes” apresenta a seguinte experiência executada por um programa de televisão canadense sobre como as pessoas reagem às diferentes cores: os produtores pintaram ambientes de cores destintas e instalaram uma câmera em cada aposento para observar a reação das pessoas que participaram da experiência. Na sala vermelha as pessoas mal falavam e se movimentavam rapidamente como se estivesse com pressa. No aposento laranja, as pessoas ficaram muito animadas e expressivas, diziam que a cor as faziam sentir-se calorosas. No azul todos falaram baixo e movimentaram-se devagar. Alguns disseram que a cor lhes davam uma sensação de paz e tranquilidade. Ou seja, constatou-se que a reação de um indivíduo tem base também nas cores, daí poder-se também reconhecer a importância das mesmas na relação ambiente construído x comportamento humano. Em outras palavras, o principal objetivo da edificação deve ser garantir a qualidade de vida de seu usuário. Sob essa ótica, compreendendo-se os diversos e diversificados fatores dos ambientes construídos que influenciam no comportamento humando, é crucial que não mais seja encarado apenas a partir de suas característica físicas (construtivas), mas avaliado/discutido enquanto espaço “vivencial”. É como leciona Edward Hall (1966:166-167); “O homem e suas extensões constituem um sistema inter-relacionado. É um erro agir como se os homens fossem uma coisa e sua casa, suas cidades, sua tecnologia, ou sua lingua, fossem algo diferente.” 5. Recorte Brasil Décadas 60 e 70: a arquitetura de Belo Horizonte e suas influências Observar as características da arquitetura em Belo Horizonte é ver um retrato das transformações sociais, culturais, técnicas e econômicas da nossa sociedade. Além disso, é um resumo que reflete o que aconteceu no Brasil. Belo Horizonte, criada no final do século XIX, de início segue o modelo parisiense com seu Ecletismo e Art-Nouveau, com seus rebuscamentos e ostentações, mas muita arte e artesanato. A cidade cresce e no período pós-primeira guerra (1914-1918) novas tipologias surgem, frutos de transformações artísticas, técnicas e econômicas que caminham para a geometrização e simplificação. Entramos numa fase em que surgem ao mesmo tempo idéias cúbicas, ditas também futuristas (que serão depois chamadas de Art-Deco), ao lado de ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 influências trazidas pelo cinema, revistas, preferências individuais e manifestações nacionalistas, como o Neocolonial. Assim é comum um “Estilo Normando”, “Missões”, “Mourisco”, etc. A industria cresce, aumenta a população, novas classes surgem juntamente com um crescente empreendedorismo e Belo Horizonte na década de 30 inicia sua verticalização. Aos poucos as idéias modernas se impõem e o adorno é abandonado. A indústria da construção passa pra uma fase mais técnica e diversificada. A cidade continua sua caminhada e se torna um pólo de atração, exigindo cada vez mais habitações, serviços e infra-instrutura. Os planos desenvolvimentistas da “Era J.K.” proporcionaram novas visões construtivas, segundo os princípios do movimento moderno. Mas esta evolução, fica sujeita ás imposições da industria de massa e vai abandonando aos poucos os ideais sociais modernos com suas experiências formais e funcionais para se tornar produto técnico, atendendo à oferta, ao lucro e ocupação agressiva do solo. Esta situação espelha o período que vai dos anos 60 até meados de 70. Algumas características orientam a produção em massa, buscando padronizar não só espaços internos, mas também elementos na composição volumétrica que as vezes agradam, as vezes trazem monotonia mas “atendem” as necessidades da crescente população e lucros financeiros. É nesta fase que certos bairros mais antigos da zona sul e em outras regiões, recebem prédios de três, quatro até sete pavimentos, como é o caso do bairro Santo Agostinho, Barroca, Carlos Prates, Padre Eustáquio, Nova Suiça e outros. As tentativas de fazer algo bem “diferente” no período moderno cedem lugar á composições mais comportadas refletindo quase uma preocupação em série. A forma não é mais conseqüência da função em alguns casos, mas espelha uma maior preocupação com aproveitamento de espaços visando lucros, atendimento das leis da prefeitura, facilidades estruturais e acabamentos. O professor Luiz Mauro do Carmo Passos, em seu livro “Edifícios de Apartamentos – Belo Horizonte, 1939-1976” classifica 3 fases á partir dos anos 30 na construção de prédios residenciais: 1ª Fase Cubo-Futurista (1939-1952) 2ª Fase Racional-Plasticista (1953-1962) 3ª Fase Funcional-Tecnicista (1962-1976) A arquitetura do prédio onde foi estudado o apartamento modelo enquadra-se neste último período. Ele expressa características do final dos anos 60 e início de 70. De acordo ainda com o livro citado, o professor Luiz Mauro Passos comenta: “...o biocromatismo, composto em geral por panos brancos e por cores sóbrias, tornou-se uma configuração largamente utilizada ao acabamento dos edifícios da 3ª fase...” “...o arranjo dos planos das fachadas ensejou um biocromatismo onde a cor branca compareceu nos panos verticais, mais contínuos e fechados, enquanto uma cor mais escura (verde-castanho) foi utilizada para o revestimento das faixas de alvenaria entre as janelas. Com isso a predominância horizontal característica da 2ª fase foi substituída pela ênfase nas linhas verticais, o que acentuou a sensação de peso no edifício...”. (PASSOS, 1998:76). ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 As características do prédio onde situa o apartamento modelo analisado reflete o comentário acima. Figura 1 – Fachada lateral do prédio localizado no bairro Nova Suíça Fonte: Fotografia tirada pelo autor do presente artigo (Maio/2013) Localizado numa esquina sem afastamentos frontais, ele mostra como uma caixa ocupando todo o terreno. Nesta época as construções podiam ser feitas sem afastamento frontal (condição mudada pela nova lei de uso e ocupação do solo de 1976). A estática da caixa é dinamizada por faixas verticais possibilitada pelos balanços dos armários embutidos, formando volumes salientes, alongando a composição. Atualmente estão revestidos com cerâmica com desenho geométrico em tons bege e azul, em harmonia com a cor geral do prédio que segue outra tonalidade bege. Auxiliando o sentido vertical temos as faixas janela/peitoril alternando vidro e cerâmica. A sequência das janelas quadradas do banheiro também contribuem com uma modulação. Luz e sombra, devido ás saliências, conforme a hora ajudam a destacar elementos construtivos evitando que o peso visual e a monotonia prevaleçam. Todo o conjunto está assentado em pilotis, que formam a garagem, onde portões mal resolvidos prejudicam um pouco a estética, em uma das fachadas. Melhor pensado poderia funcionar como base, de onde os elementos verticalizados subiriam ate o topo, feito com platibanda, sem beiral saliente (ausência de beirais foi também uma característica do período). Na outra fachada a base é um pano de parede revestido em pedra mármore. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 Figura 2 – Fachada frontal/ lateral do prédio localizado no bairro Nova Suíça Fonte: Fotografia tirada pelo autor do presente artigo (Maio/2013) Este padrão foi largamente usado em BH, variações só nas cores e revestimentos. Foi uma das respostas ás exigências de moradias para a classe média da época, atendendo ao gosto comum, tentando ser “agradável plasticamente” e satisfazer o aspecto econômico para uns e lucrativo para outros. 6. O apartamento exemplo: o desafio de transformar muitos e pequenos ambientes em ambientes multifuncionais O edifício onde está o apartamento que hoje é residência de dois irmãos foi construído de acordo com as necessidades de uma residência plurifamiliar nos idos de 1960/70. Primeiramente, um briefing foi realizado, onde se buscou a colheita de informações relevantes para conhecimento do problema a ser enfrentado bem como a criação de um roteiro de ação para alcançar as soluções que os clientes procuravam, mapeando-se o problema e gerando soluções. Por meio desta peça de estudo, constatou-se que um dos irmãos tem 28 anos e é responsável pela parte administrativa de uma empresa que revende materiais bio-químicos e adora receber os amigos em recepções e jantares. Sua irmã, nutricionista, também não abre mão de comer bem e compartilhar momentos enquanto cozinha. Com esse perfil em mãos, sob a inspeção da arquiteta Tânia Eloísa, em fevereiro de 2012, foi desenvolvido pelo autor do presente artigo um projeto prático e contemporâneo no apartamento de aproximadamente 100m². Como dito anteriormente, na época em que foi edificado, devido às conjunturas econômicas, as edificações continham muitos, mas pequenos cômodos, o que nem sempre se configura uma solução adequada. Entretanto, é o que as cidades, que se agigantavam, permitiam em termos de construções. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 Se antes dessa época, viviam-se em casas de 180/220m², com um só banheiro que as vezes estavam voltados para a cozinha, mas atendiam as necessidades da época e que proporcionava conforto para famílias mais numerosas, nos idos de 1960/70 isso foi totalmente modificado. O apartamento em questão nunca tivera sido modificado estruturalmente e apesar de já bem danificados pela ação do tempo, ainda possuia todos os acabamentos e revestimentos da sua época. Como pode ser visto na planta em anexo (página 18), este, como dito, possuia vários mas pequenos comodos. A área da lavanderia era de 5m²; da despensa (antigo quarto de empregada) 3,5m²; da cozinha 4m²; do lavabo 1m² e da sala de estar 10m². Os quartos contavam com armários embutidos, o que de fato se torna uma boa solução na busca de espaço, mas não possuiam suítes pois essa não era a realidade da época. O quarto “1” tinha 10m² e o quarto “2” 7,5m² e ambos possuem janela com vista para a área externa. O único banheiro de 3,5m² era desprovido de boa circulação e ainda possuiam louças e metais daquele tempo. O box do banheiro era de plástico e já em péssimas condições de uso, sua área muito reduzida (75cm x 90cm). Na lateral esquerda do apartamento está o corredor que dá acesso a área externa descoberta de 35m² do apartamento. Caracterizado o imóvel, vem a demanda: os proprietários solicitaram uma reforma para que os ambientes se tornassem amplos e flexíveis. Foram necessários muitos estudos do espaço, pois a metragem reduzida se constituía num desafio. Dentre as diversas solicitações dos irmãos estava um espaço para que ambos pudessem cozinhar e ao mesmo tempo socializar um com ou outro quanto estivessem juntos em casa e com seus convidados, sem que perdessem a privacidade quando necessário. A alternativa foi derrubar paredes para que o ambiente (estar/jantar/cozinha) virasse um só e também desenvolver móveis flexíveis que pudessem ser bem aproveitados em diversas situações. Acompanhou toda a projetação as orientações de Francis D.K. e Corky Binggeli (2006:24), segundo o qual; “A cor, a textura e o padrão das superfícies de paredes, pisos e tetos afetam nossa percepção de suas posições relativas no espaço e nossa consciência das dimensões, escalas e proporções de um recinto.” Com esse objetivo, foram efetuadas as seguintes intervenções: a. Na área social e de serviço: cozinha, lavanderia, despensa, lavabo e sala de estar Removeu-se as paredes que separavam a cozinha da lavanderia; o lavabo e a despensa da área de estar, fazendo que tudo virasse um único ambiente, integrando cozinha, sala de jantar e estar. Com a integração dos ambientes tentou-se pensar numa forma estratégica de garantir mais ênfase a um ambiente que ao outro, caso fosse necessário. Exemplo disso seria a possibilidade de o usuário, caso quisesse, destacar mais a sala de estar do que a cozinha por exemplo. Pensando assim, diferentes tipos de iluminação foram aplicados ao projeto a fim de personalizar o ambiente, permitindo ao usuário escolher o tipo de iluminação de acordo com a necessidade da ocasião, gerando maior conforto visual. “A iluminação e os padrões de claro/escuro criados por ela podem direcionar nossa atenção a uma área de uma sala, tira a ênfase de outras áreas e, portanto, criar divisões espaciais.” CHING-BINGGELI (2006:25). Fazendo o papel de iluminação geral, grandes luminárias quadradas de acrílico branco (60x60 centímetros) com luz branca de temperatura de cor branca (5000 *kelvin) foram embutidas no forro de gesso enquanto o pendente da sala recebeu lampadas de cor neutra (4000k). No piso, ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 optou-se por porcelanato em tom escuro (preto) e com grandes dimensões (placas de 80x80 centímetros) a fim de enobrecer o ambiente. Rodapé branco, com 20 centímetros de altura completa a estrutura, alternativa para causar a sensação de amplitude. A bancada ilha em formato “U” faz papel fundamental de integração no ambiente que antes era dividido em pequenos cômodos. Nela foram destacadas duas áreas: uma seca para o preparo das refeições e outra para higienização. A bancada que acomoda o fogão foi estendida e se transformou no espaço para saborear as refeições rápidas. A mesma possui iluminação não aparente (foram usadas lampadas tubulares de LED, com alta eficiencia e baixo consumo energético), o que proporcionou uma iluminação de luz ambiente, sem gerar sombras, que é relaxante e minimiza o interesse nos objetos e nas pessoas. O tampo é de granito preto São Gabriel e os bancos nas cores preto e branco possuem altura compatível com a altura da bancada de refeições. Um vidro foi instalado entre a bancada e o nicho de gesso onde abriga o exaustor, garantindo maior assepsia. Na lateral, um nicho de gesso de efeito decorativo acomoda lampadas de LED (em formato PAR 20 e tubular) e na parte central teve um corte criando uma “caixa” (com iluminacao neutra 4000k pontual direta) onde abriga um objeto de destaque, criando um efeito charmoso ao ambiente (vide anexo 8). Vários fatores foram observados para garantir a ergonomia dos usuários, altura das bancadas da cozinha, espaços livres para circulação entre os armários, acesso aos balcões, visibilidade adequada, bem como as projeções dos eletrodomésticos, das portas dos armários e das gavetas foram cautelosamente calculados para atender ás dimensões humanas. Veja nas figuras abaixo, da obra de Julius Panero (2005), que serviram de base para a projetação. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 Figura 3 – Comparações entre alcances em armários/Bancadas apoiadas em armários/Espaços livres Fonte: PANERO, Julius / ZELNIK, Martin. (2005:158) Figura 4 – Centro de mistura e preparo/Bancada de trabalho Fonte: PANERO, Julius / ZELNIK, Martin. (2005:159) Figura 5 – Centro Área da pia Fonte: PANERO, Julius / ZELNIK, Martin. (2005:160) ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 4– Figura Centro de mistura e preparo/Bancada de trabalho Fonte: PANERO, Julius / ZELNIK, Martin. (2005:159) Figura 5 – Balcão para comer Fonte: PANERO, Julius / ZELNIK, Martin. (2005:220) ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 Figura 6 – Área de forno e fogão Fonte: PANERO, Julius / ZELNIK, Martin. (2005:162) Em relação às cores adotadas nos ambientes, tem-se o seguinte: cores escuras contrastando com cores de tons claros nas paredes e elementos de decoração de formas incomuns mas de cores vibrantes sao contrabalanceados com outros de menor forca que estao dispostos fora do centro da composição causando um equilíbrio ótico. O peso visual e a disponibilidade de cada um destes elementos distintos determina a composição assimétrica no espaço. Segundo Francis D.K. e Corky Binggeli: ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 O equilíbrio alcança a unidade através da disposição cuidadosa de elementos similares ou não. O equilíbrio assimétrico é mais ativo e dinâmico. É capaz de expressar movimento, mudanca e ate exuberancia. Pode ser mais flexível podendo-se adaptar mais facilmente as condições variáveis de função, espaço e circunstâncias. CHING-BINGGELI (2006:142). A escolha das cores teve papel importante na busca da conferir sensação de bem estar aos moradores. Para tanto, buscou-se amparo na obra de Israel Pedrosa, segundo a qual: “... Numa história de mais de 3 milhões de anos, desde as primeiras manifetações de atividade humana até bem próximo de nós, o homem descobriu e manipulou a cor e, em crescente sentido evolutivo, tornou-a o mais extraordinário meio de projeção de sentimentos, conhecimentos, magia e encontamento. Registro de sua evolução social, física e psíquica...” (PEDROSA, 2008:21). Assim, sabendo-se que influeciariam diretamente na qualidade de vida dos moradores, optouse por tons Neutros-Cinzentos, garantindo-se sobriedade, qualidade e quietude, além de ambientação classica, natural e atemporal. Nesse sentindo, rementendo à harmonia acromática no espaço, as paredes, em geral, foram pintadas em tom de cor “concreto” e na parede do fundo do ambiente integrado, usou-se tinta preta, para dar sensação de infinito, além de servir de mural para recados, pois a mesma aceita escrita de giz. Para o ambiente de estar que é destinado à TV e música, agora integrado à área gourmet foram escolhidos móveis superfuncionais e sob medida, conferindo conforto e assegurando boa circulação. Uma mesa retangular compõe o ambiente. A mesa possui cadeiras somente nas laterais, dessa forma, pode ser usada como aparador na lateral sob o nicho decorativo iluminado ou como mesa de jantar, trazendo flexibilidade e proporcionando espaço livre quando for necessário em festas e recepções. Para não pesar o ambiente, optou-se por móveis revestidos com cor de madeira natural fosca. Quanto ao sofá, foi revestido em tom de bege claro e como não havia espaço suficiente para um modelo com chaise, foi escolhido um modelo com assentos mais largos e retráteis. (vide anexo 12). A lavanderia ganhou mais espaço ao ser transferida para a área externa, integrada à grande varanda exterior, que por sua vez, agora devidamente iluminada (foram usadas lampadas tubulares de LED, com alta eficiência e baixo consumo energético), recebeu mesa com cadeiras e uma bancada com tampo de granito preto, destinada a ponto de apoio de drinks e refeições durante recepções e eventos. (vide anexo 17). b. Na área íntima: banho e dormitórios Uma porta elegante e imponente com frisos e puxador de leitura moderna em aço inox (igual a da porta de entrada) foi instalada no acesso ao hall para separar a área gourmet dos quartos, a fim de garantir privacidade durante uma eventual recepção e também harmonizar o espaço. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 No banho social, para melhorar a circulação, o bom aproveitamento do espaço e a ergonomia, um novo layout foi criado de acordo com as especificações de Julius Panero e Martin Zelnik(2005) para atender as necessidades dos usuarios em geral. Figura 7 – Balcão para comer Fonte: PANERO, Julius / ZELNIK, Martin. (2005:165) Figura 8 – Balcão para comer Fonte: PANERO, Julius / ZELNIK, Martin. (2005:167) A porta de entrada foi deslocada para o lado oposto e ampliada de 70 centimetros para 80 centimetros. Logo, o chuveiro foi realocado, assim como a bacia sanitária e a cuba retangular ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 de estilo moderno e atual. Para conferir a sensação de amplitude, optou-se por trocar todos os revestimentos. O revestimento antigo da parede foi substituído por cerâmica branca, louças na mesma cor e a bancada de granito preto São Gabriel se adequou à sofisticação do piso escuro. Esses acabamentos remetem à sensação de leveza e sobriedade. Nichos revestidos com espelhos garantem a amplitude no banheiro. (vide anexo 13). À primeira vista, ter espaço livre em um apartamento de 100 m² não seria grande problema, mas com dois moradores com funções totalmente independentes, sentiu-se a necessidade de criar outro banheiro para atender a demanda, principalmente no período que estivessem recebendo os amigos. Desta forma manteve-se um dos quartos do projeto original e transformou-se o outro em suíte com um pequeno banheiro onde a bancada fica aparente. Devido ao ganho de espaço antes pertencente à cozinha e ao lavabo, foi possível anexar um banheiro no quarto 1, sendo que a bancada foi posicionada na área interna do mesmo, mais uma vez integrando o espaço e transmitindo contemporaneidade ao ambiente. Optou-se também por acabamentos neutros nas paredes e no revestimento do armário da bancada para que o lavabo se compusesse ao quarto, já que não existiria porta ou parede separando-os. Piso de porcelanato preto na área molhada se encontra com o piso em MDF laminado em tom de madeira natural que reveste o restante do quarto. Parede com tijolos de vidro conferem leveza e ajudam na distruibuição de luz natural (vide anexo 14). Assim como em todos os espaços do apartamento, os layouts dos quartos foram cuidadosamente observados, novamente de acordo com as medidas e orientações de Julius Panero e Martin Zelnik(2005). Figura 9 – Cama de solteiro/ Dimensões e espaços livres Fonte: PANERO, Julius / ZELNIK, Martin. (2005:152) Estas, enfim, foram as intervenções propostas e efetivamente executadas, como se pode observar nas imangens constantes dos anexos 3 ao 17 (do “antes” e do “depois”), imagens essas que corroboram visualmente as descrições ora relatadas. 7. Conclusão ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 A relação ambiente construído e comportamento humano está ligada às estruturas sociais, culturais e tecnologicas de uma época, as quais geram modificações no modo de vida do usuário. Tais fatores influenciaram grandes alterações nesta relação no decorrer de poucas décadas. Ambientes foram redimensionados e tornaram-se multi-funcionais para atender às necessidades de uma nova era. Constatou-se que em razão da expansão econômica, tecnológica e social, imóveis edificados nas décadas de 60/70 em Belo Horizonte já não mais atendiam a necessidades dos moradores desse terceiro milênio. A busca pela adequação e, principalmente, pela melhoria da qualidade de vida dos moradores, tornou necessária a demanda por profissionais aptos a contribuir na otimização destes espaços aplicando conhecimentos técnicos, científicos e artísticos específicos. Partindo-se de um briefing em que se buscou criar um roteiro de ação para alcançar as soluções que os clientes procuravam, mapeando-se o problema e criando soluções, apresentou-se um apartamente edificado nas décadas de 60/70. Esse apartamento modelo, objeto de estudo do presente artigo, exemplifica a intervenção em um ambiente já construído e como a aplicabilidade, por profissionais da área de desing/arquitetura de interiores, de aspectos térmicos, acústicos, visuais, funcionais adaptados influenciaram positivamente nos hábitos, costumes e rotinas de seus moradores oferecendo maior conforto e contribuindo na melhoria de seu bem estar, para atender às necessidades de seus moradores atuais. Os resultados apresentaram ambientes devidamente planejados e o êxito na transformação de muitos e pequenos ambiente em ambientes multifuncionais. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014 Espaços residenciais em Belo Horizonte edificados na década de 1960/70: uma demanda por soluções adequadas às necessidades atuais Julho 2014 Refêrencias CHING, Francis D.K./ BINGGELI,Corky. Arquitetura de Interiores – Porto Alegre: Bookman, 2006 (2ª edição). DUARTE, Rovenir Bertola/GONCALVES, Aurora Aparecida Fernandes. Artigo científico: Psicologia e arquiterura: uma integração academica pela contrução perceptiva do ambiente – Londrina: 2005. Citação de Edward Hall (1966). Disponível em: http://geografiahumanista.files.wordpress.com/2009/11/rovernir.pdf GLEICE, Azambuja Elali. Estudos de Psicologia/ Psicologia e Arquitetura: em busca do locus interdisciplinar - Rio Grande do Norte:1997. 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