Leia - Associação Brasileira de Angus
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Impresso Março / Abril de 2010 Especial 2219/03 – DR/RS Associação Brasileira de Angus 1 CORREIOS MARÇO / ABRIL DE 2010 - ANO 11 - Nº 46 INFORMATIVO OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS 2 Março / Abril de 2010 Associação Brasileira de Angus Coordenação Juliana Brunelli de Moraes [email protected] Jornalistas Responsáveis Eduardo Fehn Teixeira - MTb/RS 4655 e Horst Knak - MTB/RS 4834 Colaboradores: jorn. Alexandre Gruszynski e jorn. Luciana Radicione Apoio: Assessoria de Imprensa da ABA - jorn. Luciana Bueno Diagramação: Jorge Macedo Departamento Comercial: Gianna Corrêa Soccol 51 3231.6210 // 51 8116.9784 Edição, Diagramação, Arte e Finalização Agência Ciranda - Fone 51 3231.6210 Av. Getúlio Vargas, 908 - conj. 502 CEP 90.150-002 - Porto Alegre - RS www.agenciaciranda.com.br [email protected] Associação Brasileira de Angus Av. Carlos Gomes, 141 / conj. 501 CEP 90.480-003 - Porto Alegre - RS www.angus.org.br [email protected] Fone: 51 3328.9122 * Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. EDITORIAL Um ano promissor Prezados amigos da raça Aberdeen Angus, sócios e parceiros. Começamos o ano com a retomada do calendário de exposições da raça Aberdeen Angus, no país, de forma exemplar. Vimos, na 45ª Exposição Municipal Agropecuária de Avaré (Emapa), no interior de São Paulo, a participação de 21 expositores com 145 animais. Além do excelente número, expressivo para as pistas da raça, no Brasil, chamou atenção a excelência do criador e expositor ao apresentar animais extremamente qualificados. O resultado mostra o comprometimento que deveremos ter com as próximas edições de exposições, que ocorrerão na sequência, como Londrina (PR), em abril, e, sinaliza para o sucesso do ano Angus que está por vir. O ano, por sua vez, mostra-se promissor. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) divulgou o desempenho das exportações, em fevereiro, confirmando a retomada do comércio mundial de carne bovina. Segundo a Abiec, houve um crescimento tanto do volume embarcado quanto do preço médio, no segundo mês do ano, em relação ao mesmo período de 2009. O destaque do mês foi o aumento de 18% no preço HUMOR Diretoria Biênio 2009/2010 Diretoria Executiva Diretor Presidente Joaquim Francisco B. de Assumpção Mello Diretor 1º Vice-Presidente Fábio Luiz Gomes Diretor vice-presidente Mariana Franco Tellechea Diretor vice-presidente José Roberto Pires Weber Diretor vice-presidente Paulo de Castro Marques Diretor Financeiro Marco Antônio Gomes da Costa Diretor de Marketing João Francisco Bade Wolf Diretor de Núcleos Ignacio Silva Tellechea Diretor sem Designação Específica Ronaldo Zechlinski de Oliveira Coordenador de Exposições Luiz Walter Leal Ribeiro Conselho de Administração Membros Eleitos Afonso Motta Antônio dos Santos Maciel Neto Cristopher Filippon Renato Zancanaro Washington Humberto Cinel Membros Natos – (Ex-Presidentes da ABA) Angelo Bastos Tellechea Antonio Martins Bastos Filho Fernando Bonotto Hermes Pinto João Vieira de Macedo Neto José Roberto Pires Weber José Paulo Dornelles Cairoli Reynaldo Titoff Salvador Conselho Fiscal Membros Efetivos Eduardo Macedo Linhares Roberto Soares Beck Ruy Alves Filho Membros Suplentes Elizabeth Linhares Torelly Carla Sandra Staiger Schneider Roberta Riemke Leon Conselho Técnico Susana Macedo Salvador – Presidente [email protected] Antônio Martins Bastos Filho [email protected] Luis Felipe Ferreira da Costa [email protected] Luiz Alberto Muller [email protected] Sérgio Tellechea [email protected] Ulisses Amaral [email protected] Amilton Cardoso Elias - Representante ANC [email protected] médio da carne embarcada, que atingiu cotação de US$ 3,53 mil/tonelada. A expectativa, conforme a Abiec, é de um crescimento de 10% em volume e de 15% na receita obtida com as exportações de carne bovina para 2010. Essa reação também deve ser observada na temporada de feiras de terneiros que ocorrem entre abril e maio, principalmente no Rio Grande do Sul. Existe uma forte demanda por gado de reposição no outono e, seguindo essa direção, entra em ação um dos nossos programas, na Associação Brasileira de Angus, o Terneiro Angus Certificado. A comercialização do gado Angus e do terneiro Angus certificado, na temporada de feiras, em 2009, demonstrou grande liquidez e valores, em média, superiores aos praticados na compra por terneiros em geral. Outro assunto que exige a atenção de todos é a liderança da raça, entre as europeias (taurinas), no país, e o seu crescimento, em uma escalada fenomenal, conforme aponta o relatório da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) de 2009, divulgado em março. A venda de doses de sêmen Angus cresceu 38,68% no Brasil, período em que o mercado nacional de corte obteve incremento de 18,35%. A Angus comercializou 1,452 milhão de doses de sêmen e teve incremento de 405 mil doses comercializadas em 2009 em relação ao período anterior. Somente no Rio Grande do Sul, foram 190,72 mil doses de sêmen Angus co- mercializadas, o que representa 46% do mercado gaúcho, conforme divulga o relatório Asbia. No Brasil Central, especialmente nas regiões Centro-Oeste, Norte e em estados como São Paulo, a grande utilização do Angus, no gado zebuíno, é verificada ao se observar o expressivo número de 1,261 milhão doses de sêmen que foram adquiridas, no período. Isso comprova o alto uso da raça e, sua eficiência no cruzamento industrial, em grande parte do território nacional. Em outra análise, a raça responde por 27,87% do mercado de comercialização de sêmen de corte, no país, e por mais de 80% do mercado de sêmen entre as raças taurinas de corte, entre outras 24 raças europeias avaliadas, no relatório. Esses números demonstram, antes de tudo, a qualidade da raça que a torna preferência nacional quando o assunto é gado de corte europeu e, sobretudo, no cruzamento industrial. Paralelo a isso, destacamos o trabalho desempenhado pela Associação Brasileira de Angus através do Corpo Técnico, Conselho Técnicos e demais setores que atuam na divulgação dos benefícios da raça quando o assunto é genética e carne de qualidade. Finalizando, desejamos aos amigos um ótima leitura e, bons negócios! Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello Presidente da Associação Brasileira de Angus NOTÍCIAS DA ABA Débora é a nova Assistente Técnica A Associação Brasileira de Angus (ABA) acaba de agregar uma nova colaboradora em sua equipe. Trata-se da médica veterinária Débora Brochmann Chait, que passa a ser a nova Assistente Técnica da ABA, atuando em turno integral na sede da entidade, em Porto Alegre, RS. Formada em pela Ulbra no ano de 2006, Débora deverá atuar também como suporte, prestando atendimento ao Conselho Técnico da entidade e desenvolvendo atendimento aos novos sócios e aos associados de modo geral. VOCÊ SABIA? O potencial do Angus na Rússia Assim como, em 1870, os criadores pioneiros apostaram na raça Angus nos Estados Unidos, tornando-a numa verdadeira potência da pecuária de corte, o criador Russo Sergey Goncharov começa a trilhar os primeiros passos. O criador e proprietário da Sputnik Angus Farm, a noroeste da Rússia, próxima da histórica cidade de São Petersburgo, está implantando a raça numa área dominada por gado leiteiro e granjas de ovos, aproveitando o enorme potencial das pastagens da região. EXPOSIÇÕES Março / Abril de 2010 3 Expolondrina – palco para a raça no Paraná Fotos: Divulgação/ABA Uma intensa programação está agendada para a 50ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina (ou simplesmente Expolondrina 2010), que se realiza de 1º a 11 de Abril, no Parque de Exposições Ney Braga, em Londrina, PR. A participação da raça Angus inicia somente no dia 6 de abril, já que a mostra é realizada em dois turnos. O julgamento de admissão está marcado para o dia 7. No dia 9, na pista central, a partir das 10 horas, o jurado Renato Pinto Paiva (técnico da Associação Brasileira de Angus), inicia o julgamento dos machos de argola, devendo concluir os trabalhos à tarde. As fêmeas irão a julgamento no dia 10, sábado. Outro momento de frisson da mostra será o 3º Leilão Conexão Angus, chancelado pela ABA, marcado para o dia 8 de abril, quinta-feira, a partir das 19 horas, no Recinto Abdelkarin Janene. No dia seguinte, 9 de abril, é dia do Leilão Seleção GB, que reúne GB Agropecuária – Porecatu, PR, Reconquista Agropecuária, Alegrete, RS e Cabanha da Corticeira, São Borja, RS. Na área técnica, a raça Angus dará muito para falar, especialmente no que se refere ao Programa Carne Angus Certificada. No dia 8 de abril, quinta-feira, a partir das 13h, no Recinto Horácio Sabino Coimbra, realiza-se o 8º Seminário de Pecuária de Corte, promoção conjunta da Associação Brasileira de Angus, Coopcarnes e Emater. Na abertura, o médico veterinário Dr. Fábio Schuler Medeiros, da Associação Brasileira de Angus, realiza palestra sobre “Alternativas de cruzamentos para produção de carne de qualidade”. Em seguida, a zootecnista Ms. Ana Lúcia Garcia Spironelli Quitiliano falará sobre o “Manejo de animais pré-abate visando à carne de qualidade”. Concluindo este verdadeiro ciclo de palestras, Fábio Medeiros volta ao microfone para apresentar “Alternativas de comercialização e perspectivas de mercado para a carne de qualidade”. Expo Outono de Uruguaiana Programada para a primeira quinzena de maio, a Expo Outono de Uruguaiana promete boas disputas em pistas e uma amostra comercial, integrando animais rústicos e de argola, e formatando a primeira ranqueada Angus da temporada 2010 no RS. rganizada pelo Núcleo Angus Três Fronteiras, a Exposição realiza-se de 10 a 16 de maio, no Parque de Exposições da Associação Rural. Uruguaiana é hoje integrante do Grupo das cinco mais importantes exposições da raça no País, formando o ranking nacional de criadores e O expositores. O objetivo dos organizadores é superar o número de animais inscritos em 2009, ou seja, cerca de 200 animais. O Núcleo Três Fronteiras está trabalhando forte para contar com a presença de criadores uruguaios e argentinos, dando um caráter internacional à mostra. Entretanto, explica o presidente do núcleo, Sérgio Tellechea, “a participação de estrangeiros está condicionada à parte sanitária, já que o Ministério da Agricultura precisará liberar a entrada de animais à exposição”. Os nomes indicados para jurado da exposição já estão sendo votados pelos expositores. O ingresso dos animais está previsto para os dias 10 e 11, sendo que a admissão dos animais de argola acontece no dia 12. O primeiro evento classificatório é o julgamento de rústicos, realizado dia 13 de maio, a partir das 14 horas. O julgamento das fêmeas de argola está programado para o dia 14, a partir das 9 horas. No mesmo dia, a partir das 20 horas, realiza-se no Remate de Elite Angus, no recinto de leilões do parque. O julgamento dos machos de argola está programado para a manhã do dia 15, sábado. Ao meio-dia, almoço de confraternização e entrega de prêmios. Exposições do Ranking Angus 2010 EXPOSIÇÃO DATA LOCAL 6º Outono Angus Show 27 a 30 maio Esteio/RS 45º Emapa - Avaré 08 a 14 março Avaré / SP 41º Expoagro - Itapetininga 16 a 25 abril Itapetininga / SP 16ª Feicorte 15 a 18 junho São Paulo 51º Expoagro - Araçatuba 8 a 18 e julho Araçatuba / SP 49ª Expo Rio Preto outubro S. J. Rio Preto Expointer 28 agosto a 05 setembro Esteio/RS Expoguá - Guarapuava Agosto Guarapuava / PR Expovel - Cascavel Novembro Cascavel / PR 50ª Exposição Londrina 06 a 11 abril Londrina/PR Exposição de Maringá 05 a 11 maio Maringá/PR 60ª Feapec 01 a 10 outubro Cachoeira do Sul/RS Expofeira Livramento 18 a 24 outubro Livramento/RS 84ª Expofeira de Pelotas 06 e 07 de outubro Pelotas/RS 79ª Expofeira de Sta. Vitória 02 a 12 novembro Sta. Vitória do Palmar 36ª Expofeira de Rio Grande 09 a 16 novembro Rio Grande 8ª Expo Outono Uruguaiana 11 a 16 maio Uruguaiana/RS 74ª Expofeira de Primavera 05 a 10 outubro Uruguaiana/RS 68ª Exposição Alegrete 11 a 17 outubro Alegrete/RS 44ª Exposição São Francisco de Assis 21 a 25 de outubro São Francisco de Assis/RS Expofeira de Dom Pedrito 27 outubro Dom Pedrito/RS Sérgio Tellechea e Joaquim Mello EVENTOS CHANCELADOS 2010 08 abril – 19h – 3º Leilão Conexão Angus – Produtores e Cruzamentos Recinto Abdelkarim Janene – durante a Expolondrina 2010 Londrina, PR 16 abril – 14h – 30º Remate de Elite Cabanha Santa Clara Parque de Exposições Sindicato Rural de São Borja, RS Transmissão Canal Rural 21 abril – 14h – Leilão Virtual Angus Produção Fêmeas Transmissão Canal Rural 22 maio – 13h30min – Vendas Diretas Cabanha Umbu Cabanha Umbu – Uruguaiana, RS 28 maio – 21h – III Catanduva Red Concert Centro de Eventos do Sport Club Internacional – Porto Alegre – transmissão Canal Rural 29 maio – 17h – Leilão Outono Angus Show Pista J - Parque de Exposições Assis Brasil – Esteio, RS 08 junho – 18h – 6º Remate de Ventres & Cruzas Angus Parque de Exposições Sindicato Rural de São Borja, RS 16 junho – 20h – Leilão Prime Angus Tattersal 1 - Durante a 16º FEICORTE – São Paulo, SP 31 julho – 14h – 10º Leilão VPJ Angus Red Eventos – Jaguariúna, SP Transmissão Canal Rural 30 agosto – à noite – 3º Remate Rincón Del Sarandy Esteio, RS 07 outubro – 21h – 2º Leilão Virtual VPJ Angus Tropical Transmissão Canal Terra Viva OUTROS EVENTOS 09 de abril – Leilão Seleção GB Corticeira e Reconquista – Durante a Expolondrina 2010 13 de maio – Leilão Genética Reconquista – Leilão Virtual Transmissão Canal Rural 09 a 19 de setembro – Expo Prado 2010 08 de outubro – 7º Leilão Selo Racial Quaraí, RS 4 CARNE Março / Abril de 2010 Foto: Horst Knak / Agência Ciranda Boas práticas de manejo geram carne de qualidade Por Ana Doralina A. Menezes M uito se comenta sobre as perdas decorrentes do manejo inadequado dos animais, pois como se sabe o uso de golpes, choques e cães, a falta de qualidade dos insumos como as vacinas e medicamentos, além de outras práticas em nível de propriedade (como instalações inadequadas) podem gerar grandes perdas econômicas, que geralmente são avaliadas e quantificadas durante o abate, através da eliminação das áreas lesionadas da carcaça. Por outro lado, também devem ser levadas em consideração as perdas posteriores ao abate, observadas durante a desossa, com a identificação das lesões aparentemente menores, porém muitas vezes mais profundas e que não são tão comentadas, mas que ocorrem com freqüência, gerando prejuízos à indústria e aos consumidores. Isto ocorre já que as carcaças com lesões, hematomas e reações significam perdas econômicas, pois nem todos os cortes podem ser utilizados para o consumo, não sendo aceitos pelo consumidor e também são inadequados para uso na preparação de cortes processados. Além disso, o sangue apresenta nutrientes essenciais ao crescimento bacteriano, servindo como meio de cultura para bactérias patogênicas, reduzindo a segurança dos cortes oriundos dessas carcaças e, como conseqüência, diminuindo também a sua vida útil. Como já foi visto, o transporte de animais da propriedade até o estabelecimento de abate caracteriza-se como a primeira etapa do abate humanitário, com reflexos significativos na qualidade da carne. Em condições desfavoráveis, esses danos podem causar a morte do animal, ou ser responsáveis pelas principais contusões verificadas na inspeção durante o abate, ou ainda gerar cortes que por não cumprirem com requisitos exigidos, não serão destinados aos mercados mais exigentes, prejudicando a comercialização. O manejo antes, durante e após o transporte está diretamente relacionado com o estresse dos animais e, conseqüentemente, com a queda do pH pós abate. Durante o transporte, o estresse é originado principalmente pelas privações de alimento e água, distância percorrida, alta umidade, temperatura, velocidade do ar e densidade de animais na carga, que produzem respostas fisiológicas na forma de hipertemia, aumento da freqüência respiratória e cardíaca. A utilização ou gasto do glicogênio muscular por atividade física ou estresse é a maior influência do transporte na qualidade da carne, devido a não ocorrência de queda satisfatória do pH pós abate e a pequena quantidade de ácido lático produzida, propiciam a ocorrência de carnes DFD (dark, firm, dry), onde se observa o aparecimento de cor escura, aumento da capacidade de retenção de água da carne e pH alto. No sistema muscular as funções A produção de carne de qualidade envolve todos os elos da cadeia produtiva da carne bovina, já que cada processo tem grande importância na qualidade do produto final, desde a propriedade rural até o consumidor. Sendo assim, as perdas ocorridas ao longo deste processo devem ser avaliadas e mensuradas, com o objetivo de minimizar seu impacto econômico, já que os resultados são compartilhados pelos produtores, indústria e consumidores vitais não cessam imediatamente após a morte do animal, ocorrendo uma série de modificações bioquímicas e estruturais, após o sacrifício, o que se denomina “conversão do músculo em carne”. Neste sentido, são utilizadas como formas de avaliação da qualidade do transporte: a extensão das contusões nas carcaças, e o controle de pH 24 horas após o abate, realizado no músculo L. Dorsi. De acordo com as normas da União Européia para importação de carne bovina, é proibida a importação de carnes com pH ≥ 6,0, e cortes que apresentem lesões. No Brasil, somente são destinadas à exportação, carnes com pH ≤ 5,9, avaliado diretamente na carcaça após 24 horas pós abate. Na prática, as peças habilitadas à exportação e que por apresentarem lesões ou alteração de pH não são exportáveis, geram perdas econô- micas significativas à industria, pois na maioria das vezes estas carcaças recebem alguma bonificação ou diferencial de preço pela habilitação à União Européia, porém não irão atingir os valores de comercialização deste tão importante mercado. Outro mercado que também apresenta restrição a peças com lesões e pH alto é o Chile, um grande importador da carne bovina brasileira. Estas peças que não são destinadas para exportação, na maioria das vezes serão utilizadas para o mercado interno, sendo necessária a retirada da área lesionada, e muitas vezes os cortes necessitam ser porcionados e comercializados com um valor muito abaixo do que poderiam atingir no mercado externo, e até mesmo no mercado interno. Como exemplo de cortes podemos citar o contrafilé, entrecot, filé, Médica Veterinária – Supervisora Programa Carne Angus Certificada As lesões nos cortes geram prejuízos e impedem a exportação Fotos: Divulgação alcatra, patinho, picanha, maminha, coxão de dentro, coxão de fora, e alguns cortes do dianteiro como pescoço, peito, acém, paleta. No que diz respeito aos abcessos, reações por vacinas ou medicamentos, estas também são observadas com bastante freqüência, e provocam o descarte total do corte ou de mais cortes, ou ainda a utilização parcial dos cortes dependendo da extensão da lesão. Também são comercializados com valores abaixo do que poderiam obter. Estas lesões são mais observadas em cortes como picanha, maminha, coxão de fora, e cortes do dianteiro como pescoço, paleta, acém. Dessa forma, para obtermos um produto de qualidade, em condições para a exportação, que vão ter o reconhecimento do consumidor e uma remuneração à altura, é necessário, além de investimentos em genética e alimentação, garantir também melhorias no bem estar animal, juntamente com treinamento da mão-de-obra, boas práticas de manejo, melhorias nas instalações, equipamentos, utilização de produtos de qualidade, entre outros, que estão diretamente ligados à qualidade final do produto. Somente assim poderemos diminuir as perdas que, como vimos, não são apenas dos produtores, mas da indústria que como conseqüência não atinge a remuneração esperada e o retorno do investimento realizado, por não conseguir aproveitar todos os cortes como deveria e atingir os mercados que valorizam este produto. Da mesma forma também o consumidor final é atingido negativamente, pois como sabemos estas práticas tem reflexos diretos na qualidade do produto, como apresentação, maciez, suculência e durabilidade. CARNE Março / Abril de 2010 5 6 Março / Abril de 2010 CARNE Padronização e acabamento, Fotos: Divulgação requisitos para quem busca mercado grande procura por animais com sangue Angus no Brasil”, avalia. Agregar um número maior de pecuaristas para produzir dentro dos padrões técnicos é, na opinião do especialista, um dos grandes desafios da pecuária brasileira. Ações neste sentido já foram deflagradas, a exemplo do Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus (ABA), que estabelece padrões para a produção de animais e de avaliação de carcaças bovinas sangue Angus para entrega aos frigoríficos parceiros. O sistema, na opinião da zootecnista Angélica Pereira, do Departamento de Nutrição Animal da USP, é ímpar no Brasil, pois considera características de suma importância que resultam em produtos altamente diferenciados no mercado brasileiro de carnes. Programa Carne Angus é exemplo a ser seguido no País quando o assunto é elevar a qualidade da carne ofertada Genética, nutrição, sanidade e manejo são palavraschave na pecuária moderna. Quem faz uso desse conjunto de tecnologia no campo pode-se dizer que está indo ao encontro do que o mercado quer: todos esses quesitos são fundamentais para o pecuarista que visa comercializar animais em conformidade com o que a indústria e o consumidor exigem. Produzir dentro de critérios técnicos e mercadológicos deixou de ser uma opção e passou a ser uma obrigação para quem busca espaço para o seu produto e rentabilidade na atividade pecuária. Por Luciana Radicione I nvestir a ponto de obter na etapa final da pecuária animais jovens, com padrão racial Angus, peso adequado para abate, bom acabamento de carcaça (gordura superficial que deve estar entre 3mm e 6mm) e conformação, é certeza de uma remuneração diferenciada. “Quando se faz padronização se buscam vantagens para toda a cadeia bovina. Todos saem ganhando, especialmente o consumidor. Mas antes dessa etapa é preciso conhecer quais as ferramentas que atendem aos padrões de qualidade”, afirma o professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Harold Ospina Patino. Segundo ele, falar em padronização de carcaça é falar diretamente sobre a porção comestível da carne, sua maciez e seu sabor. O processo que se inicia no campo, segundo ele, tem peso dife- renciado (e maior) para as etapas de genética e de nutrição. “Elas estão estreitamente ligadas e formam uma dupla básica e essencial para quem quer produzir carcaça de qualidade", diz. E, garante, as raças britânicas como a Angus são altamente recomendadas para uso de quem quer se sobressair na atividade. “Elas se diferenciam pela precocidade sexual e rapidez de terminação, garantindo um giro mais rápido dependendo das condições de pastejo. Isso explica a Segundo ela, o Brasil ainda está longe de pensar em produção de carcaças na sua totalidade com acabamento adequado, mas são fundamentais iniciativas que unem produtores, associações e indústrias em torno de um mesmo objetivo. “Não custa pouco produzir carcaças com acabamento adequado, por isso o programa da Angus se destaca ao promover parcerias e incentivar financeiramente quem trabalha dentro dos padrões”, afirma ela. O fato de a qualidade ser remunerada apenas na ponta, segundo Harold Ospina, não deve ser um limitante para o engajamento de produtores. “Quem entra deve saber que será bonificado no final do processo”, lembra. Segundo ele, por se tratar de uma aliança mercadológica que remunera pelo que se produz, o programa Carne Angus Certificada é um excelente aliado e um ótimo exemplo a ser seguido no País quando o assunto é elevar a qualidade da carne ofertada. “A palavra de ordem hoje em dia é padronização, qualidade e oferta ao consumidor. E há ferramentas disponíveis para isso”, reitera. Apostar em projetos inovadores como o proposto pela Angus é, na opinião dos especialistas, o caminho para garantir na ponta da cadeia produtos de alto valor agregado. “Muito embora ainda seja difícil realizar pesquisas no Brasil, com o investimento de poucas empresas, melhorias na qualidade da carne certamente aumentarão a nossa competitividade com outros mercados, beneficiando todos os segmentos da cadeia da carne bovina, especialmente o consumidor final”, afirma Angélica. O gargalo ainda é a baixa oferta de qualidade Praticamente estreando como parceiro do Programa Carne Angus – o projeto está no seu quinto mês de abate - o Frigorífico Silva, de Santa Maria/RS, vem trabalhando para aumentar o número de fornecedores de matéria-prima, especialmente de gado Angus dentro dos padrões exigidos pelo programa. Mas, de acordo com o representante do frigorífico, Ricardo Vaz, ainda são frequentes as desclassificações de animais por não alcançarem as características mínimas exigidas pelo programa. “Um fator de extrema importância e a causa do maior número de desclassificações na planta do Silva é o acabamento das carcaças. Embora os animais possuam as demais características exigidas, como peso, idade e conformação, muitos ainda pecam pelo acabamento”, relata Vaz. Como o mercado tem sede de qualidade e devido à crescente demanda pela carne Angus, a expectativa do frigorífico Silva é ampliar o aumento do número de animais abatidos. Para tanto, em parceria com a ABA está promovendo uma maior divulgação dos benefícios do programa junto aos seus produtores rurais para o aumento na oferta de animais. O trabalho está sendo realizado através de reuniões e palestras, bem como de visitas às propriedades dos produtores que já são fornecedores e aos prováveis fornecedores de animais a serem selecionados para o programa. Vaz ressalta que a parceria no programa de qualidade é uma alternativa que possibilita ao produtor rural vender seus produtos por um melhor preço. “Além de ter preço melhor no lote, ainda recebe um bônus nos animais classificados no Carne Angus, o que gera na cadeia um aumento de receita e movimenta desde a compra de insumos até o investimento em genética”, considera. A estimativa de que menos de 10% da demanda por carne de qualidade é atendida no Brasil é um dos grandes chamarizes para quem quer começar a investir em rebanhos com maior potencial de mercado, na opinião de Antônio Augusto Miranda, responsável pela comercialização da carne VPJ Beef. “Falta conhecimento por parte do produtor sobre a importância de se investir em padronização e começar a vender produto com valor agregado. É preciso entender que animal sem acabamento não tem valor para nada”, enfatiza. Ele lembra que um grande espaço mercadológico está se abrindo no Brasil, e cita a crise político-econômica da Argentina que pode comprometer em parte o abastecimento interno por aqui, como exemplo da necessidade de se aumentar a oferta no mercado interno de carne superior. “O produ- tor tem que estar atento ao que está acontecendo e buscar programas que garantam ferramentas e remuneração para isso”, afirma Miranda. A VPJ Beef participa do Carne Angus Certificada desde 2007 e mantém o rigor na seleção do que vai para o gancho: os animais são abatidos com até dois dentes e carcaça com média superior a 4 mm de gordura. “A comprovação da qualidade começa na avaliação do curral. Só compramos animais confinados e que recebem a certificação”, afirma. Atualmente são abatidos na linha do VPJ de 600 a 800 animais por mês, mas a capacidade e a demanda do mercado por carne de qualidade permitiria, tranquilamente, que mais de 2 mil animais fossem abatidos na planta do VPJ. Março / Abril de 2010 7 8 CARNE Março / Abril de 2010 Cruzados e confinados: certeza de rentabilidade Fotos: Divulgação A grande procura por animais de boa qualidade para a reposição de rebanhos no Brasil Central é fato nesta época do ano O mercado firme para o boi gordo e pastos em boas condições vêm estimulando essa recomposição e, mais uma vez, os produtos com sangue Angus estão tomando a dianteira na preferência dos pecuaristas da região que trabalham com confinamento. A expectativa para este ano é de um melhor equilíbrio na margem, fato que não ocorreu durante todo o ano passado devido à crise que elevou custos e reduziu o lucro do produtor. “Tivemos um recuo médio de 20% no número de cabeças confinadas por conta daquele cenário, onde muitos tiveram prejuízos e alguns poucos fecharam empatados”, afirma o diretor-executivo da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), Juan Lebron. E ntre a grande variedade de raças para o cruzamento industrial disponíveis hoje no Brasil Central, o Angus é o mais cobiçado, muito embora a comercialização esbarre na falta de produtos disponíveis. “Animais com sangue Angus é preferência absoluta, mas o que limita a oferta é a disponibilidade”, reforça o dirigente. Segundo ele, produtos oriundos de cruzamento com Angus apresentam todas as características que o mercado (indústria e consumidor) exigem, mas ainda representam apenas 8% do número de cabeças confinadas atualmente no Brasil. Para mudar esse cenário, Lebrón vê como alternativa um maior investimento dos pecuaristas em genética e outras ferramentas que possam aumentar a produtividade e, consequentemente, regular a oferta inclusive nas épocas de escassez. Se toda a raça apresenta benefícios produtivos no cruzamento em função da heterose, no caso do Angus ela é a única que possui um programa de remuneração por meio do programa de carne que leva vantagens a toda à cadeia produtiva. “Com o Angus há uma associação imediata da raça com a produção de carne de qualidade. E o que vemos hoje é uma forte demanda por produtos certificados”, destaca Roberto Barcellos, da Beef & Veal Consultoria, empresa que atua no ramo de confinamentos. No início de março, durante o 5º Encontro do Confinamento realizado em Jaboticabal/SP, Barcellos ministrou palestra sobre os benefícios de bovinos cruzados em confinamentos, ocasião em que ressaltou que o Angus, por si só, alia dois ganhos para quem opta pela raça: “ele ganha pelo uso da própria raça nesse sistema, que traz benefícios já largamente conhecidos, e junto garante preço ao produtor”. A tendência, segundo ele, é de expansão de programas que remunerem pela qualidade, mas antes é primordial que se façam investimentos para que todos possam se beneficiar do potencial produtivo da raça. E lembra que mais de 50% dos animais abatidos são desclassificados no pós-abate. “Para a indústria, o resultado de um cruzamento é uma commodity, e não podemos depender do mercado externo para termos oferta permanente de carne superior. Na maioria das vezes o produto que vem de fora peca pela qualidade e pela sazonalidade”, destaca Barcellos. De acordo com ele, projetos em pecuária hoje têm como meta o aumento da produtividade e da qualidade por meio da precocidade, ampliação da lotação e diminuição do ciclo produtivo. “Dessa forma é possível agregar valor ao produto final”, afirma ele, lembrando ainda a necessidade de se fazer uso de ferramentas como tecnologia (genética, nutrição e manejo), programas de qualidade, padronização e marketing. A exploração do Angus tem crescido de forma significativa nos últimos anos, e no Brasil Central, seu uso se alastra através do cruzamento industrial. De acordo com Barcellos, o relatório de comercialização de sêmen do ano passado da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA), comprova essa tendência: foram vendidas (somando sêmen nacional e importado) 1.452.813 doses de sêmen Angus em 2009, contra 1.047.080 em 2008 e 868.184 em 2007. Para o professor titular do Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal da Unesp Botucatu, Antônio Carlos Silveira, a heterose oriunda do cruzamento Nelore X Angus, um dos mais utilizados - por meio da qual os filhos têm características superiores à média dos pais - resulta em produtos com características diferenciadas que em condições de confinamento garantem um giro financeiro muito mais veloz. “A complementariedade genética imprime mais fertilidade às fêmeas e precocidade de acabamento. Ou seja, os animais vão para o gancho mais cedo.” Segundo ele, novilhos têm condições de serem terminados ao redor de 15 meses. Animais sangue Angus, em condições favoráveis, podem ter o mesmo destino aos 13 meses em confinamento. “Isso é puro ganho econômico para o produtor, garantindo, por baixo, uma rentabilidade de 4%”, afirma Silveira. Juan Lebron, presidente da Assocon Confinamento: mercado esquenta em 2010 O Programa Carne Angus Certificada foi um dos temas centrais do 5º Encontro Confinamento: Gestão Técnica e Econômica realizado de 10 a 12 de março na Universidade Estadual Paulista (Unesp/FCAV), Jaboticabal , SP. O tema central do evento, promovido pela Coan Consultoria e Scot Consultoria, foi o aquecimento do mercado de animais confinados para o ano de 2010. O palestrante Roberto Barcellos, responsável por alguns importantes confinamentos, no país, que se dedicam à terminação de animais cruza Angus, falou sobre o Desempenho de animais cruzados em confinamento, destacando-se a genética Angus. Pela Associação Brasileira de Angus, em estande próprio, o técnico do Programa Carne Angus Certificada Fábio Medeiros esteve presente ao evento, esclarecendo dúvidas e interagindo com os participantes. Entre os temas que envolveram a nata dos profissionais da pecuária de corte no País, destaque ainda para as palestras sobre as expectativas para o confinamento e o mercado do boi gordo em 2010, a influência dos níveis de concentrado na dieta sobre os custos e resultados do confinamento, a pressão ambiental x rastreabilidade x certificação ABRAS – qual a posição dos frigoríficos. Segundo Rogério Coan, um dos palestrantes, “em um ano que já se inicia com menores preços de grãos e insumos para o confinamento, é preciso confiança dos criadores para obter resultados bastante satisfatórios”, destaca. Março / Abril de 2010 9 10 CARNE Março / Abril de 2010 Técnicos do Programa Carne Angus Certificada no RS realizam reciclagem anual Fotos: Divulgação ABA Práticas a campo foram o diferencial do evento, que também contou com uma parte teórica O s técnicos do Programa Carne Angus Certificada, no Rio Grande do Sul, participaram de reunião anual realizada na sede da Embrapa Pecuária Sul, em Bagé (RS), neste mês. Este ano, além do ineditismo do encontro ocorrer na sede da unidade, também houve práticas a campo. Essa atividade foi desempenhada pelo técnico da Associação Brasileira de Angus (ABA), Luiz Walter Leal Ribeiro, que palestrou sobre padrão animal dos animais cruza Angus, e pelo pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Joal Brazzale Leal. Ambos apresentaram noções teóricas e atividades práticas. Conforme Luiz Walter Leal Ribeiro, os técnicos do programa de carnes da ABA tiveram con- Frigorífico Silva anuncia Campeonato Anual de Carcaças Angus A Associação Brasileira de Angus (ABA) e o Frigorífico Silva, parceiro da entidade no Programa Carne Angus Certificada, lançam neste mês mais uma novidade. Buscando premiar produtores de excelência de animais Angus aptos ao abate no pro- grama, será realizado um Campeonato Anual de Carcaças Angus. Com início previsto para o mês de abril, todos os lotes abatidos pelo produtor durante o período do campeonato - que terá no mínimo seis meses de duração - serão avaliados pelos técnicos da ABA e do Frigorífico. Segundo o subgerente do programa Carne Angus Certificada, veterinário Fábio Medeiros, o objetivo da competição é premiar a constância e a padronização de qualidade nos lotes entregues ao frigorífico. “Os melhores produtores serão aqueles que entregarem animais de qualidade durante todo o campeonato”, diz o técnico. Ao final da nova competição, haverá também um Concurso de Carcaças, quando cada produtor poderá enviar um lote de excelência de sua produção, o qual também será contabilizado no concurso. Técnica do Programa participa de reunião de agentes de compra A Médica Veterinária Gabriela Ribeiro Ferrão da Silva, supervisora do Programa Carne Angus Certificada junto ao Frigorífico Silva, participou em 19 de março do encontro dos agentes de compra de gado daquele frigorífico, em Santa Maria, RS. Além de apresentar palestra sobre os critérios de classificação de animais exigidos para o Programa Carne Angus Certificada, Gabriela da Silva interagiu com os compradores, escla- recendo dúvidas sobre padrão racial, acabamento e o processo de certificação da carne Angus pela Associação Brasileira de Angus (ABA), que é reconhecido internacionalmente pela Ausmeat. dições de acompanhar, tanto na teoria quanto na prática, o que se busca nos animais cruza Angus. O técnico e integrante da Coordenação do Programa Carne Angus Certificada, Fábio Medeiros, observou que as práticas a campo foram o diferencial dessa Reunião Anual dos Técnicos do Programa Carne Angus Certificada/RS. “Pela primeira vez os técnicos do programa de carnes tiveram contato com todos os cruzamentos disponíveis na Embrapa, além de práticas a campo”, sentenciou. A temática “Pesquisas de Cruzamentos” foi detalhada pelo pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Fernando Cardoso, que apresentou projeto de melhoramento genético em cruzamentos, no Estado. Nas atividades teóricas, os técnicos ainda acompanharam a revisão dos resultados do Programa Carne Angus Certificada, em 2009; reciclagem e atualização sobre temas como qualidade de carne, gestão pela qualidade e certificação Aus-Meat. O presidente do Núcleo Regional de Criadores de Aberdeen Angus de Bagé, Alfredo Pinheiro, acompanhou as palestras, durante a parte teórica. Participaram os certificadores do Programa Carne Angus Certificada/ RS, João Hermes Souza, Márcia Garcia Gomes, Maria da Graça Jacinto, Silvia Andrade da Silva, Suelen Jardim Rodrigues, Thiovanne Moraes, Felipe Perotti, Luis Fernando Stefene e Rafael Brasil, além das supervisoras Gabriela Ribeiro da Silva e Ana Doralina Menezes e os coordenadores e gerência da ABA, respectivamente, Fábio Medeiros e Juliana Brunelli. Silva lança programa de fidelização Buscando uma maior constância de fornecimento de animais Angus de alta qualidade e a formação de parcerias permanentes com produtores / fornecedores do Programa Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus (ABA), o Frigorífico Silva lançou no mês de março, o Programa Agenda Angus Frigorífico Silva. Através deste programa, produtores que realizarem suas previsões antecipadas e escalonamento de abates terão, além da garantia de entrada dos animais, bonificações adicionais pelo cumprimento das previsões. Desta forma, com maior integração e contato com seus fornecedores, a cadeia de comercialização Angus – Frigorífico Silva será fortalecida e ampliada, permitindo, no médio prazo, uma valorização ainda maior no frigorífico destes animais de comprovada qualidade. Atualmente, os animais Angus recebem preços superiores no Frigorífico Silva, além de contarem com prioridade nas escalas de abate da indústria, que trabalha no sentido de ampliar o seu quadro de fornecedores para o Programa Carne Angus Certificada. Marfrig São Gabriel inicia certificação Desde o início de fevereiro de 2010, a unidade do Marfrig de São Gabriel, RS, realiza abates e está apta a certificar animais Angus. Nesta moderna planta frigorífica, serão produzidos cortes de carne Angus para exportação e para o mercado interno. Os novos técnicos da ABA, Felipe Vargas e Suelen Rodrigues são os responsáveis pelo processo de certificação. Março / Abril de 2010 11 12 Março / Abril de 2010 MELHORAMENTO GENÉTICO Os benefícios do melhoramento genético Foto: Divulgação/ABA Para que uma raça alcance o ápice de seu potencial em desempenho, todo criador precisa investir em melhoramento genético permanente. E saindo da era do achômetro, ingressando na mais pura tecnologia, ao fazer melhoramento genético, o produtor precisa levar em conta os dados de avaliação genética, obtidos a partir de programas de controle de rebanho reconhecidos. E, em lugar de utilizar os dados de performance apenas como lance de marketing para comercializar animais em remate, o criador deve aproveitar os dados para incrementar os resultados de seu estabelecimento, de forma a extrair benefícios econômicos expressivos. Para construir uma verdadeira dimensão da importância do melhoramento genético, a reportagem do Angus@newS foi ouvir técnicos e criadores de reconhecida competência no assunto. Por Eduardo Fehn Teixeira “Que a raça Aberdeen Angus é mesmo completa, disso não temos nenhuma dúvida. Porém para que ela alcance o ápice de sua potencialidade em desempenho, precisamos investir de forma permanente em melhoramento genético. Só assim vamos ter a certeza de estarmos trabalhando com os animais certos, a partir da seleção dos melhores exemplares da raça. E só assim vamos poder afirmar que efetivamente estamos obtendo progresso genético”, avalia a atual presidente do Conselho Técnico da Associação Brasileira de Angus (ABA), Susana Macedo Salvador. Médica veterinária por formação e experimentada criadora por opção e vocação, Susana Salvador observa que, como em todos os segmentos, também na pecuária e na raça Aberdeen Angus existe uma grande diversidade de criadores, que também trabalham com objetivos diferenciados. Segundo ela, são três as categorias principais: os Expositores, que são aqueles que escolhem seus animais de olho nas pistas de julgamentos, com base no biotipo, no fenótipo e na genealogia. É um trabalho focado no animal como indivíduo. Pode-se chamar de Multiplicadores aqueles que não tem seus objetivos ou metodologias de seleção muito claros. Estes, ou por desconhecimento ou porque efetivamente não acreditam em programas de seleção, não conseguem quantificar e visualizar os ganhos que seus rebanhos estão alcançando. E a outra categoria é definida por Susana Salvador como os Selecionadores, que são produtores mais focados na área de produção, são usuários convictos dos programas de avaliação genética e que, em função desta postu- ra, tem todas as condições de controles e avaliações capazes de lhes informar, cientificamente, sobre os efetivos ganhos genéticos de seus rebanhos. pecuária como um todo”, promove Joaquim Mello, um dos pioneiros, através de sua Cabanha Santa Eulália, a avaliar animais através da participação no Promebo. Quem trabalha com pecuária e quer ter bons resultados, precisa fazer melhoramento genético “Quem produz em pecuária e não faz melhoramento genético, está em vôo cego e realmente não sabe o que está perdendo”, afirma o veterinário Luis Alberto Müller, membro do Conselho Técnico da ABA. E ele chama a atenção para um fato surdo, que se traduz numa negativa distorção do que seja melhoramento genético e de seus reais benefícios aos criadores e à raça como um todo. Mas para a dirigente do Conselho Técnico da ABA, via de regra, quem trabalha com pecuária e quer ter bons resultados, precisa fazer melhoramento genético. “Para que não espalhem sua genética negativa, os animais inferiores tem que ser constantemente eliminados do rebanho de produção. Mas para que o criador tenha condições de saber quais são esses animais e também quais são os seus melhores exemplares, precisa ter os dados das avaliações genéticas. Do contrário, é romantismo, puro achômetro, não é profissional”, define. “O melhoramento genético é uma ferramenta de trabalho importantíssima à disposição do pecuarista, porque nos revela, cientificamente, a performance que estamos obtendo de nossos animais”, sintetiza o selecionador e atual presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello. Quanto mais produtiva e eficiente for a máquina de fazer carne – o boi – melhor será o retorno econômico da pecuária Segundo ele, cada vez mais temos que usar em nossas propriedades animais capazes de expressar e de repassar as características desejáveis à produção, tanto de reprodutores como e especialmente de carne de qualidade. “Os custos cada vez ficam mais elevados e quando mais produtiva e eficiente for a máquina de fazer carne – que é o boi – melhor será o retorno econômico do pecuarista e da Tem gente que só usa os dados de avaliação como marketing para a venda de reprodutores e não para a seleção do rebanho “Pela falta do entendimento da profundidade representada pelo melhoramento genético e de seus benefícios à produção, muitos criadores que avaliam e fazem a seleção em seus rebanhos somente apresentam os dados dessas avaliações como forte argumento de venda de seus reprodutores. Usam os dados só como marketing e não como seleção de seus rebanhos”, aponta o técnico. Para o criador Antonino Souza Dorneles, todo o pecuarista deveria se preocupar com o melhoramento genético de seu gado. “A repercussão se dá diretamente no bolso”, sintetiza o médico e selecionador de Angus, titular da Estância Olhos D´Água, em Alegrete, RS. A repercussão do melhoramento genético se dá direta mente no bolso Segundo ele, com o trabalho continuado de melhoramento genético, em pouco tempo o gado ganha cada vez mais qualidade, valorizando muito mais na hora do abate, por Março / Abril de 2010 13 14 Março / Abril de 2010 exemplo, ou da venda de reprodutores ao mercado, e o custo de produção é o mesmo. “E para quem comercializa reprodutores, então, investir permanentemente em melhoramento genético é fundamental”, diz ele. Dorneles se precupa com esta atividade do melhoramento genético em seu plantel e rebanho há mais de 15 anos. “Há 12 anos ingressamos no Promebo e há 30 anos utilizamos inseminação artificial”, informa. “O Brasil é o maior exportador de carne do mundo, mas tem uma carência grande na área da qualidade”, lembra o criador, técnico e jurado internacional de Angus, Antonio Martins Bastos Filho – o Antoninho Bastos, proprietário da Cabanha São Bibiano, em Uruguaiana, RS. Só teremos bom preço pela enorme quantidade de carne que produzimos quando, através do melhoramento genético, conseguirmos produzir toda esta carne, com real qualidade “Temos muita quantidade de carne, mas pouco preço, porque falta maior qualidade, e esta qualificação das carcaças que produzimos somente virá com um competente e continuado trabalho de seleção genética dos rebanhos”, sintetiza o selecionador. MELHORAMENTO GENÉTICO “E é óbvio que a pressão seletiva precisa ser exercida tanto pelo produtor de gado comercial, para abate, quanto pelo cabanheiro, que vai fornecer ao mercado os reprodutores - touros e fêmeas multiplicadores de genética”, diz. Eduardo Macedo Linhares, à frente da GAP Genética, de Uruguaiana, RS, é um dos pioneiros na arte do melhoramento genético no Brasil. Há cerca de 30 anos, percebendo os ganhos que teria e a competência e o grau de inovação representado pelo trabalho do saudoso pesquisador e geneticista gaúcho Luiz Alberto Fries, Linhares criou o Programa Natura – um dos primeiros programas de seleção genética do País, que tinha como base a metodologia dos modelos mistos, criada por Fries, e que também serviu como cerne do competente Promebo. Com o Programa Natura, Eduardo Linhares foi um dos pioneiros a apostar no melhoramento Genético “Fazer melhoramento genético é um comparativo entre os indivíduos: o pai é bom quando seus filhos são bons. E a mãe é boa quando produz com eficiência”, sintetiza o experiente pecuarista e selecionador gaúcho, um dos maiores (senão o maior) fornecedores de animais ao Programa Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus (ABA). E para ele, o correto é que o produtor tenha condições de ser o mais rigoroso possível, de modo que quando um animal não cumpre sua função, o ideal é que seja su- mariamente eliminado do rebanho. “Deve parar no gancho do frigorífico, para não gerar descendentes que só vão dar prejuízos e manchar a imagem de uma raça tão eficiente quanto a Angus”, sentencia. E como selecionador, ele também observa que há diferenças entre o melhoramento genético feito em rebanhos de produção e para os exemplares de pista. “Para o show, existem algumas fórmulas e mesmo segredos que estão mais vinculados à imagem visual do animal. À sua apresentação em pista para avaliação dos jurados”, explica. Para Eduardo Linhares, o ambiente onde estão os animais também é fundamental. “Para expressar toda a sua capacidade genética, o animal tem que estar perfeitamente adaptado ao meio onde é criado. E isto precisa ser observado pelo criador para que a seleção genética seja a mais eficiente possível”, ensina ele. Além do Natura, a GAP Genética também participa do Promebo. Eduardo Linhares observa que muitos de seus clientes, compradores de reprodutores da GAP, também orientam seu trabalho de seleção pelos dados reprodutivos gerados pela GAP, em busca de performances superiores em seus rebanhos. “O mais importante é conseguir a padronização do gado e isso resulta da aplicação de um trabalho permanente e bem orientado de melhoramento genético”, alerta a selecionadora Cláudia Silva, à frente da Cabanha Rincon del Sarandy, de Uruguaiana, RS. Segundo ela, especialmente na cabanha, trabalhar sobre um gado padronizado e controlado, não só facilita como também otimiza a obtenção de resultados cada vez melhores. O mais importante é conseguir a padronização do gado “Mas o primeiro passo é a conscientização do criador sobre a necessidade e os ganhos que ele vai auferir fazendo a seleção e o melhoramento genético de seu gado. Feito isso, é procurar um técnico credenciado pela raça que ele cria (ou à genética que ele escolheu para produzir, no caso de gado geral - de produção), e seguir a sua orientação”, ensina Cláudia. E ela garante que, agindo dessa forma, logo esse criador não só vai ver com seus próprios olhos os resultados, com a elevação do padrão de seus animais, como também vai sentir no bolso, a partir da maior valorização de seus bovinos. “Melhoramento Genético é uma importante ferramenta para a consolidação de uma raça, num processo evolutivo permanente, sempre em busca da manutenção e do aperfeiçoamento das principais características dessa raça”, começa dizendo o tradicional selecionador de Angus Angelo Bastos Tellechea, titular da Estância Umbu, de Uruguaiana, RS. A raça Angus é repleta de características altamente positivas e o grande destaque é a carne que ela é capaz de produzir E para ele, a raça Angus é repleta de características altamente positivas, onde o grande destaque é a carne que Entenda os números da tabela A tendência genética anual para índice desmama é 0,34 unidades padronizadas por ano, e para índice final é de 0,31 unidades por ano. Este resultado indica um progresso genético próximo a um terço (1/3) de unidades de índices por ano. Ou seja, a cada três anos temos um ganho de uma unidade no índice padronizado. Este índices de seleção à desmama e final são os principais critérios seletivos utilizados na raça Angus, combinando ganho de peso, conformação, precocidade e musculatura, além de perímetro escrotal na fase final da avaliação. O que se busca na raça com este índice é obter um animal equilibrado, adaptado e adequado ao nosso sistema de produção pastoril. Assim, nossa meta é nos aproximarmos cada vez mais de uma fêmea de tamanho moderado, com fertilidade, característica maternal, apresentando facilidade de parto e precocidade sexual. Já o biotipo do touro Angus deve apresentar equilíbrio entre a precocidade de crescimento - com bom ganho de peso e musculosidade - e precocidade de terminação, destacando adequado acabamento da carcaça, seja na raça pura ou em sistemas de cruzamento, em especial com genótipos zebuínos. ela é capaz de produzir. “O mundo inteiro já comprovou a qualidade e a superioridade da carne Angus”, reafirma ele. Por isso mesmo, Angelo Tellechea adverte que a evolução de uma raça como a Angus, através da prática do melhoramento genético não pode seguir na contramão das características mais expressivas da raça, que é justamente a qualidade de sua carne, que tem aparência, textura, marmoreio e maciez, além de um sabor inigualável. Para ele, o melhoramento genético é fundamental, tanto para o selecionador quando para o reprodutor comercial. “O primeiro estará acompanhando as tendências da raça e terá a oportunidade de tentar produzir um verdadeiro campeão de pista. E o segundo terá demanda dos frigoríficos por seu gado, que renderá remuneração diferenciada, como é o caso daqueles produtores que participam do Programa Carne Angus Certificada”, esmiuça o experiente criador de Angus. O melhoramento genético deve ser a alma do trabalho de todo o empresário de pecuária Usuário de genética Angus para utilização em cruzamentos industriais, o pecuarista e criador de Nelore José Antonio Fontes (leia-se Fazenda São Manoel do Triunfo, em Londrina, PR, diz que o melhoramento genético deve ser a alma do trabalho de todo o empresário de pecuária. “Com o contínuo melhoramento, o gado ganha qualidade e padronização, além Março / Abril de 2010 15 16 Março / Abril de 2010 MELHORAMENTO GENÉTICO criação e como consequência, maior retorno ao criador. O melhoramento genético resulta em atualização perante o mercado, gerando sucesso da criação e, como conseqüência, maior retorno ao criador de gerar uma carcaça correta e com carne superior, bem mais valorizada”, define. Fontes sincroniza o cio de suas vacadas Nelore através de IATF e as insemina com Angus, fazendo o repasse também com touros Angus. “Tanto o sêmen quanto os touros são adquiridos das melhores criações gaúchas de Angus”, informa. “Seja qual for o objetivo do pecuarista – produzir novilhos para abate ou exemplares para a pista – a meta maior é sempre fazer o melhor possível, no menor tempo e com um resultado vantajoso em termos de receita. E para isso, o melhoramento genético é fundamental”, resume o selecionador Fábio Gomes, proprietário da Cabanha Catanduva, em Cachoeira do Sul, RS. Para Fábio Gomes, a permanente preocuçação com o melhoramento genétido resulta em atualização perante o mercado, gerando o sucesso da Conforme ele, os novilhos devem ser pesados e se aprontar rapidamente, as fêmeas precisam ser precoces reprodutivamente e os touros devem repassar sua correta genética e ser funcionais, com libido expressiva. “Em países de pecuária evoluída, a fêmea Angus é inseminada aos 14/15 meses e aos 24 meses de idade já está com um produto ao pé, que vai cuidar muito bem, porque ser uma boa mãe também é uma das características da genética Angus, que precisa ser selecionada”, afirma. O coordenador técnico do Promebo, Leonardo Talavera Campos, não entende como um pecuarista pode produzir sem ter total controle de seu rebanho, sem saber se está avançando em produtividade, sem saber se está efetivamente conquistando os tão almejados ganhos genéticos. “Temos que parar de vez com a zootecnia romântica e partir para a zootecnia científica, que se baseia no ganho genético ou na resposta à seleção”, fuzila o especialista da Associação Nacional de Criadores (ANC) Herd Book Collares, acostumado a visualizar o progresso genético de propriedades sérias, que tocam o trabalho de aperfeiçoamento do rebanho a partir de metodologias comprovas, como o Promebo, por exemplo. Temos que parar de vez com a zootecnia romântica e partir para a zootecnia científica Para Leonardo Campos, de forma objetiva o melhoramento genético é feito a partir de dois fatores: a pressão ou intensidade do trabalho de seleção e a exatidão dessa seleção, ou seja, a qualidade dos dados coletados do rebanho. Na pressão de seleção – alerta o técnico – o criador precisa distinguir com clareza as figuras do selecionador e do colecionador. “O selecionador participa de um programa sério de avaliação, observa os dados resultantes e efetivamente elimina de seu rebanho os animais inferiores no critério de seleção. Já para o colecionador, tudo o que nasce é touro”, polemiza. Conforme Campos, a zootecnia romântica se baseia quase tão somente no pedigree do animal, na sua ascendência, sendo uma sistemática totalmente incompatível com a produção econômica. “A genética é importante, mas é preciso trabalhar cientificamente favorecendo esta genética, e não contra ela”, adverte. No Promebo – lembra o técnico – a grande base de dados provém de um processo de seleção massal, com os animais criados em condição de campo nativo ou em pastagens melhoradas. “Daí a credibilidade das avaliações, uma vez que o programa é compatível com a realidade do sistema de produção pecuária”, arremata Leonardo Campos. Cada vez mais, o mundo vai consumir carne bovina. E para o Brasil manter e ampliar suas posições, o melhoramento genético e as relações saudáveis com o meio ambiente são obrigatórias aos criadores “A demanda por proteínas está passando das 210 milhões de to- neladas em 2005 para 450 milhões de toneladas em 2050. E para que a Angus, uma raça universal, tenha condições de participar de forma marcante no atendimento desta demanda, os produtores precisam atentar sériamente para o melhoramento genético de seus rebanhos”, adverte o experimentado técnico, professor e pesquisador da UFRGS, José Fernando Piva Lobato. Para efetivamente poder contribuir com o atendimento desta demanda por carne, a Angus terá que gerar proteína saudável, especialmente produzida a pasto, com redução de custo de produção, maior produtividade e redução de resíduos químicos na carne. Lobato lembra que o Brasil tem cerca de 30% do mercado internacional da carne. E para não só manter, mas também ampliar esta participação, produzindo uma carne saudável e de qualidade, livre de resíduos tóxicos, os produtores terão necessariamente que investir no melhoramento genético. “Só assim terão condições de gerar uma carne saudável, com ganhos genéticos palpáveis, numa relação equilibrada com o meio ambiente”, diz. Segundo ele, o Promebo está à disposição dos criadores para a seleção de animais em relação ao seu meio concreto de produção. Paralelo entre Zootecnias: Algumas Diferenças entre a Zootecnia Científica e a Zootecnia Romântica: ZOOTECNIA CIENTÍFICA Leonardo T. Campos - [email protected] Coordenador Técnico do PROMEBO® - Superintendente do SRG da ANC ZOOTECNIA ROMÂNTICA Seleção baseada predominantemente em características objetivas. Seleção embasada predominantemente em características subjetivas. Ênfase na performance própria do animal e/ou de sua progênie. Ênfase exagerada no “pedigree” do animal, muitas vezes em função de apenas um de seus ascendentes. Criador é selecionador: exerce pressão de seleção – somente animais superiores quanto aos critérios de seleção pré-estabelecidos vão para a reprodução. Criador é colecionador: quase todos os animais nascidos são reprodutores – “tudo que nasce é touro”, não exercendo pressão de seleção no rebanho. Padronização da produção com definição de estações reprodutivas e de nascimentos curta, de 90 a 100 dias no máximo. Produção sem padronização – estações de reprodução e de produção indefinidas, com nascimentos dispersos praticamente durante todo o ano. Sem pré-seleção dos animais sob avaliação seletiva, pelo menos até o final da fase de desmama. Pré-seleção dos animais candidatos a reprodutores ou que terão seus dados coletados e avaliados, muitas vezes logo ao nascer ou em idades muito precoces, antes ainda da desmama. Seleção por habilidade maternal da mãe. Uso desnecessário de amas de leite e de suplementos alimentares em excesso (“creep-feeding”), prejudicando ou impedindo a seleção por habilidade materna das mães. Animais criados de forma econômica, em condições compatíveis com os sistemas de produção em que serão utilizados como reprodutores. Animais criados em condições de alimentação ou nutricionais exageradas e totalmente artificiais – regime de cabanha. Comparações de desempenho entre animais contemporâneos que receberam efetivamente oportunidades iguais para produzir. Desconsideração do conceito de grupos uniformes de manejo dos animais contemporâneos, sem respeitar a exigência de oportunidades iguais. Agrupamento de animais contemporâneos do maior tamanho possível. Pulverização na formação dos grupos de manejo dos animais contemporâneos. Ênfase no “ranking” de animais – em função de relatórios de avaliação genética e sumários de reprodutores. Ênfase no “ranking” de pessoas: cabanheiros e expositores. Bois e carreta na seqüência correta, ou seja, bois na frente da carreta. Colocação da “carreta na frente dos bois”. MELHORAMENTO GENÉTICO Março / Abril de 2010 17 Seleção no ambiente de produção Foto: Horst Knak/Agência Ciranda Prof. José Fernando Piva Lobato, Ph.D. É notória a procura de solos cultiváveis em países como o Brasil e Argentina para a produção de soja, milho, trigo e girassol. Ou seja, a pecuária de corte, com sua menor renda por hectare, está cedendo estas áreas para a produção de grãos. Estimativas existem de que a população mundial de 6,7 bilhões em 2010 será em 2050 de 9 bilhões. Também enfatizam que a demanda global por proteínas passará de 210 para 450 milhões de toneladas. efletindo sobre este contexto, sobre a contribuição da Angus na produção de carne de qualidade e preenchendo este espaço de opinião sobre melhoramento genético animal para os próximos anos, em piores ambientes de produção, antecipo uma conclusão: inscreva-se no Promebo, selecione seus animais, aprove-os ou descarte-os, machos e novilhas, no seu meio de produção. Ou seja, em pastagens naturais e naturais melhoradas, ante as temperaturas, umidade, luminosidade e restritores como carrapato e verminose. R José Fernando Lobato com o presidente da ABA, Joaquim Mello Reduza por seleção genética a infestação de carrapato e verminose em seu rebanho. Barreiras ditas comerciais, ou mesmo a saúde do povo brasileiro, serão fundamentadas em análises de resíduos nas carnes que nos orgulhamos de produzir ou levamos ao abate. Selecione para área pélvica, peso ao nascer, peso ao desmame, peso ao sobreano, idade ou peso à puberdade/primeiro serviço, perímetro escrotal, área de olho de lombo e adequada espessura de gordura subcutânea. Em breve, temo, a indústria pagará por rendimento de cortes cárneos. Já é o que está sendo vendido, olhe os supermercados! E a variação existente entre as proporções de músculo e gordura é grande e tem controle genético. Portanto, selecione para rendimento de cortes cárneos, área de olho de lombo. Selecione animais de pêlo curto e liso e só compre animais ou sêmen de fato comprovados para esta fundamental característica de adaptação aos trópicos e subtrópicos brasileiros. Portanto, de adaptação no Rio Grande do Sul e algumas regiões deste Brasil pecuário. Animais de pêlo curto e liso terão maior resistência ao calor, a ectoparasitas e maior produtividade. Pêlo longo ou lanoso aumenta a temperatura corporal e afeta a produção devido ao maior fluxo de sangue periférico, menor fluxo sanguíneo nos órgãos internos, menor quantidade de nutrientes ao útero, menor desenvolvimento fetal, placentário e úbere, menor produção de leite. Diminui a duração de estros, de progesterona, o crescimento muscular e a taxa de prenhez, pois aumenta a mortalidade embrionária. Pêlo longo retarda a idade de abate e reduz a maciez da carne. Use touros com DEPs originados de sistemas a pasto. Os outros você pode e até deve experimentar. Entretanto, antes de usá-los massivamente, experimente e observe o desempenho em sua fazenda, no seu ambiente de produção. No Congresso Mundial do Brangus em 2007, no Uruguai, duas autoridades mundiais, Drs. Ferrel e Jenkins, do reconhecido e fundamental Clay Center, afirmaram: “definir o mérito genético animal sem considerar o ambiente pode resultar em uma desconexão entre o potencial genético para produção e a capacidade do ambiente”. Assim sendo, com base na ciência animal à disposição de todos, a qual embasa minhas breves conclusões, associada à minha constante vivência nos ambientes de produção a pasto, eis o meu norte em melhoramento e produção de bovinos de corte para ambientes que tendem a ser ainda piores. Identifique, selecione, e passe a gostar dos animais que mais produzem em seu ambiente de produção. Dep. de Zootecnia/UFRGS, Produtor - [email protected] 18 ARTIGO Março / Abril de 2010 Nada de novo debaixo do sol O Brasil apresenta uma série de vantagens competitivas que, se exploradas adequada e eficientemente, podem transformar o País no maior estoque mundial de carne bovina de qualidade Por Leonardo Talavera Campos Lembrei do livro da Bíblia - o Eclesiates – ao me deparar com este pré-projeto, elaborado para ser encaminhando a uma instituição financeira nos idos de 1995. Visava angariar recursos para aprimorar e difundir o trabalho da ANC. Reproduzo-o aqui para evidenciar, em retrospectiva, quantos acertos continha e quantas de suas demandas ainda são necessárias e atuais. “O Brasil apresenta uma série de vantagens competitivas que, se exploradas adequada e eficientemente, podem transformar o país no maior estoque mundial de carne bovina de qualidade. Em 1994, o tamanho da população bovina nacional girava em torno de 160 milhões de cabeças, de acordo com estatísticas do Conselho Nacional de Pecuária de Corte” (chegamos a 200,3 milhões em 2005, de acordo com a mesma entidade e suas projeções indicam 193,1 milhões para 2009). “A taxa de crescimento desta população, de 2,3% ao ano, deve, segundo algumas projeções, se manter neste nível. Já nas primeiras décadas do século vindouro, o país terá condições de produzir 1/3 da produção mundial de carne bovina, sendo, por larga margem, o maior exportador desta commodity (FRIES, 1985).” “Algumas destas vantagens competitivas são: - condições climáticas favoráveis; - interação positiva entre clima, solo e genótipos vegetais e animais importados; - área de pastagens com capacidade de suporte para 400 milhões de bovinos; - custo de produção de carne bovina a 50% dos da Austrália, 33% dos EUA e 20% da CEE.” “A ANC Herd-Book Collares, entidade desde 1906 ligada a seleção genética de repro- Médias de algumas características fenotípicas ajustadas avaliadas pelo Promebo na raça Angus por ano de produção ANO ----- 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 N --- 15 9 10 16 16 44 106 210 290 236 554 692 739 901 1411 1782 2555 3079 3528 4359 5442 5171 5041 5510 6610 7021 8628 11505 11004 10952 9562 9537 8759 10013 7200 GND ----- 98.0 135.8 124.6 125.2 141.3 145.2 127.4 124.5 131.4 136.0 122.9 135.2 148.1 145.7 122.4 147.8 142.3 146.1 139.6 134.9 150.0 147.9 145.3 148.6 151.1 162.4 155.3 150.4 146.2 138.5 148.0 162.8 170.4 167.2 171.4 N --- 13 4 8 11 10 37 44 64 143 118 279 552 483 722 919 1158 1600 1975 2338 3085 3334 3056 2986 3630 4351 4914 6270 7800 7301 6756 6017 6398 6040 6858 395 GDS ----- 80.4 69.6 56.7 44.5 65.5 62.8 74.2 63.2 53.9 68.3 74.2 74.1 68.5 89.0 85.9 72.2 72.9 65.3 68.0 85.0 90.1 91.4 92.8 91.7 109.1 104.8 93.2 89.7 85.4 88.6 94.2 96.0 101.7 105.4 92.6 N --- - - - - - - - - - - - - - - - - - - 22 129 579 631 373 388 394 254 307 461 1178 1770 1136 1465 1530 1959 140 PEi N ---- --- - - - - - - - - - - - - - - - - - - 31.5 32.0 32.2 31.3 31.5 30.9 32.0 31.4 31.8 32.3 32.2 31.7 32.4 33.4 34.4 34.0 32.4 Legenda: N = Número de Observações GND = Ganho de Peso do Nascimento à Desmama Ajustado (em kg) GDS = Ganho de Peso Pós-Desmama Ajustado - da Desmama ao Sobreano (em kg) PEi = Perímetro Escrotal Ajustado para Idade e Peso (em cm) PN = Peso ao Nascer (em kg) Observação: resultados apresentados de 2008 são dados parciais P -- 15 9 8 14 16 10 8 29 12 35 21 31 55 52 57 158 518 459 917 1349 1947 2073 2240 1994 2876 3088 2961 4150 4228 4747 4097 3859 4153 5015 4332 N --25.7 24.7 25.1 26.4 25.0 32.7 35.1 32.5 35.9 31.4 30.4 30.3 33.7 33.4 29.4 29.7 31.9 33.4 32.7 32.6 33.2 33.6 32.8 33.7 32.8 33.2 33.6 33.1 33.6 33.1 33.7 34.1 34.9 35.6 34.1 dutores bovinos, estando ciente do papel que deverá exercer no novo cenário de produção de carne bovina no Brasil do século XXI, vem através deste Projeto propor um convenio de integração com esta instituição renomada.” Objetivos do Projeto: “A ANC visa à obtenção de recursos para efetuar uma re-estruturação de suas atividades de registro genealógico e avaliação genética, modernizando-se para enfrentar os desafios da pecuária do terceiro milênio. Esta reestruturação envolve duas áreas de atuação: informatização e marketing. (1) – informatização: este ponto envolve tópicos como: - desenvolvimento de métodos estatísticos mais eficientes para avaliação genética dos reprodutores (através da assessoria da empresa GenSys Consultores Associados), - produção e distribuição de programas para controle de produção de gado de corte em nível de fazenda, - integração das atividades de registro genealógico e avaliação genética colocando a disposição dos criadores o chamado performance pedigree, e - implantação de uma rede informatizada ligando o banco de dados da ANC com estações remotas localizadas nas suas entidades filiadas e demais usuários ou criadores. (2) – Marketing: este tema consiste basicamente numa maior divulgação do trabalho da ANC, com os objetivos de: - aumentar a abrangência dos programas de controle de produção e avaliação genética conduzidos pela ANC, - fomentar a criação de animais das raças registradas nas zonas com potencialidade de adaptação climática, e - maior utilização da heterose e da complementaridade na produção comercial através do cruzamento de genótipos zebuínos adaptados ao trópico com os recursos genéticos que as nossas raças européias apresentam. Superintendentes da ANC Coordenador Técnico do Promebo® e-mail: [email protected] Ranking de Touros Angus dos EUA Anualmente, a American Angus Association (AAA), a Associação Americana de Angus, e a Red Angus Association of America (RAAA), a Associação de Red Angus dos Estados Unidos, publicam o Ranking dos Posição 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. Posição: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 10 touros que mais foram utilizados e mais filhos PO (Puros de Origem) registraram no seu país durante o Ano Fiscal. Portanto, conheça as genéticas americanas mais procuradas em 2009: Nome do Touro Aberdeen Angus (pelagem preta) MYTTY IN FOCUS GAR PREDESTINED SS OBJECTIVE T510 0T26 SAV 8180 TRAVELER 004 TC TOTAL 410 GAR RETAIL PRODUCT SAV NET WORTH 4200 HSAF BANDON 1961 SAV FINAL ANSWER 0035 WOODHILL FORESIGHT Número de Filhos Registrados na AAA 9.118 8.295 6.922 3.957 3.735 3.426 3.237 2.450 2.269 2.233 Nome do Touro Red Angus (pelagem vermelha): LCC MAJOR LEAGUE A502M 5L NORSEMAN KING 229 5L SIGNATURE 5615 FEDDES BIG SKY R9 BIEBER MAKE MIMI 7249 LCC CHEYENNE B221L LJC JAVELIN M08 BFCK CHEROKEE CNYN 4912 BASIN TREND SETTER 6074 LJC MISSION STATEMENT P27 Número de Filhos Registrados na RAAA: 523 465 415 384 379 335 327 299 296 292 O Ano Fiscal 2009 iniciou em 1º de Outubro de 2008 e terminou em 30 de Setembro de 2009. Informações: American Angus Association e Red Angus Association of America Tradução: Stefan Staiger Schneider Março / Abril de 2010 19 22 Março / Abril de 2010 NÚCLEOS 23 Melhoramento genético atrai criadores paulistas CONSELHO TÉCNICO Leonardo Campos apresentou vantagens do Promebo Neste outono de 2010, criadores filiados ao Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo tomarão contato direto, incluindo práticas, com o Programa de Melhoramento Genético de Bovinos de Corte (Promebo), visando ao melhoramento dos plantéis paulistas. Esta foi a principal decisão tomada pelo presidente do Núcleo, Renato Ramires Júnior, durante encontro técnico realizado durante a 45ª Exposição Municipal Agropecuária de Avaré (Emapa), em Avaré (SP). No evento, realizado dia 13 de março, o coordenador técnico do Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne (Promebo), Leonardo Talavera Campos, detalhou algumas das ferramentas de seleção do Promebo, de embasamento científico, como decisivas para a obtenção Técnico do Melhoramento Genético Angus (MGA). Medeiros, que é Médico Veterinário e Doutor em Produção Animal pela Ufrgs, tem nesta nova frente de trabalho dentro da ABA, a missão de desenvolver ainda mais o MGA, ampliando as atividades do Conselho Técnico através de ações de fomento ao Promebo, palestras e dias de campo, testes de performance, de progênie, avaliação de carcaças, resistência a ectoparasitas e fomento à pesquisa, entre outras atividades, além de buscar a valorização cada vez maior dos animais selecionados pelo programa de Melhoramento Genético da ABA. ABA, AAA e INTA assinam convênio O convênio entre a Associação Brasileira de Angus (ABA), a Associação Argentina de Angus (AAA) e o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA), para a realização da avaliação de carcaças por ultrassonografia, será assinado em ato oficial no dia 15 de abril, em Porto Alegre. Com esta parceria, a ABA utilizará da experiência adquirida pela coirmã AAA, que vem desenvolvendo consistente trabalho de avaliação de carcaças por ultrassonografia na Argentina. O convênio tem como objetivos a promoção e crescimento ABA apoia teste de Performance em Confinamento CRV-Lagoa A Associação Brasileira de Angus (ABA), juntamente com o Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo (Angus São Paulo), vão participar do Teste de Performance CRV-Lagoa 2010. O teste de desempenho em confinamento é aberto a todos os criadores de Angus do Brasil e visa selecionar animais por características de performance, dados de carcaça, avaliados por ultrassonografia, adaptação ao calor e escores visuais avaliados pela metodologia do CPMT. de reprodutores melhoradores. O técnico da ABA, Fábio Medeiros, também participou dos debates. Leonardo Campos, que atua no Promebo desde 1982, destacou a necessidade de o criador visar aos ganhos genéticos na seleção, produzindo e multiplicando animais melhoradores no seu rebanho. “Através de uma seleção aditiva o produtor poderá introduzir filhos de produtos avaliados no seu rebanho e comercializar animais avaliados que vão transferir uma genética superior a outros rebanhos, disseminando qualidade a todo rebanho Angus”, afirmou. Durante a palestra, Campos mostrou como utilizar os dados integrantes do Sumário Angus, inclusive a interpretação das tabelas. “Precisamos sair da zootecnia romântica e ingressar na fase científica, permitindo que o criador seja um verdadeiro selecionador de animais e não mais um colecionador de animais bonitos”, resume. Campos percebeu também que os criadores do sudeste brasileiro estão particularmente interessados na obtenção de um biotipo adequado para a região, sendo portanto necessária a seleção por adaptação, resistência ao carrapato e por pelame, além de outros quesitos. Campos destacou, porém, que os bons resultados e a qualidade da seleção são obtidos somente com a exatidão na coleta de dados, uma forte pressão de seleção e a correta interpretação de todos os dados coletados durante a vida do reprodutor. Para o presidente do Núcleo Angus São Paulo, Renato Ramires Júnior, o nível da palestra “foi excelente, extremamente esclarecedora para criadores e técnicos filiados ao núcleo”. Segundo ele, o novo momento é a realização de dias de campo de demonstração e treinamento, que envolvam os cabanheiros paulistas e, em especial, a equipe de cada estabelecimento, como gerentes, capatazes e peões. Angus estréia em teste de performance na Embrapa Melhoramento Genético Angus ganha reforço A partir de 2010, o Conselho Técnico da Associação Brasileira de Angus (ABA) passa a contar com reforço extra no Programa de Melhoramento Genético Angus. O Subgerente do Programa Carne Angus – Fábio Medeiros, passa a ter suas atividades ampliadas junto à ABA, atuando também como Março / Abril de 2010 da ultrassonografia de carcaças no Brasil, a formação de mão-de-obra técnica e a padronização do procedimento de coleta e avaliação de imagens de acordo com os critérios mundiais utilizados por criadores de Angus dos EUA, Austrália e Argentina. Isto mesmo. A raça agora será alvo de avaliação pela Embrapa, no Sul do Brasil. As tratativas para a participação da raça Angus no Teste de Performance para Touros organizado pela Embrapa Pecuária Sul, em Bagé, RS, segundo informa o atual presidente do Núcleo de Criadores de Angus de Bagé, criador, veterinário e ex-pesquisador da Embrapa Dr. Alfredo Pinheiro, foram iniciadas ainda na gestão do criador José Teixeira à frente do núcleo. “Será mais uma forma de mostrar a boa performance da Angus”, avalia Pinheiro. Segundo o dirigente, cerca de 30 terneiros (tourinhos) Angus vão integrar o teste. Os animais entram em avaliação no final de maio/início de junho e permanecem até setembro de 2011, quando retornam a seus proprietários ou serão comercializados em leilão a ser programado. Poderão participar machos tatuados CA ou PO, nascidos na primavera de 2009 e as inscrições serão abertas proximamente pela Associação Brasileira de Angus (ABA). No teste, que já é realizado há cerca de cinco anos com outras raças pela Embrapa, serão avaliados aspectos como o ganho de peso médio diário, a conformação, rusticidade e a medida da área de olho de lombo, entre outros quesitos. O trabalho será realizado pelos técnicos da Embrapa (destaque ao pesquisador Joal Brazzale Leal), com o acompanhamento do Núcleo de Criadores de Angus de Bagé e da ABA. Reunião Anual do Corpo Técnico da ABA Nos dias 26 e 27 de Abril, realizase na Embrapa Pecuária Sul/Bagé-RS a Reunião Anual do Corpo Técnico da ABA. Uma das palestras será sobre Controle do Carrapato e Tristeza Parasitária Bovina, com a pesquisadora Cláudia Cristina Gulias Gomes, da Embrapa. Também será abordado por outro palestrante a Avaliação Estrutural Linear, incluindo prática da mesma. No dia 28 de abril será realizado no mesmo local o encontro para Reciclagem e Recredenciamento dos Avaliadores do Promebo/Angus. Es- tarão presentes Mário Luiz Piccoli (do grupo GenSys), Leonardo Talavera Campos (do Promebo), entre outros. Um dos temas das palestras agendadas é a Ultrassonografia. Em ambos os eventos haverá parte teórica e prática. 24 Em Avaré, abertura da temporada Angus 2010 EXPOSIÇÕES Março / Abril de 2010 Sob a atenta análise do jurado Cristopher Filippon, criador de Angus e presidente do Núcleo de Criadores de Angus do Oeste do Paraná, foi aberta a temporada Angus 2010, com a 45ª Exposição Municipal Agropecuária de Avaré (Emapa), em meados de março, em Avaré, SP. Cristopher Filippon escolheu os animais vencedores entre os 145 produtos apresentados por 21 expositores de vários estados brasileiros. A Reconquista Agropecuária (Ale- grete, RS), de José Paulo Dornelles Cairoli, faturou os grandes campeonatos da raça Aberdeen Angus, além do título de reservado grande campeão. A roseta de grande campeão da raça ficou com o touro sênior Reconquista Naco, de pelagem vermelha. A grande campeã foi Reconquista Naja, uma vaca adulta também de pelagem vermelha, exemplar apresen- tado por Cairoli em parceria com a Red Black, de Fábio Gomes e Marco Antonio Gomes Costa. O Reservado Grande Campeão também é da criação da Reconquista Agropecuária. A Fazenda MC, de Eloy Tuf fi, em Espírito Santo do Pinhal, SP, obteve os títulos de reservada grande campeã e os dois terceiros lugares (macho e fêmea). A propriedade paulista apresentou a fêmea Rincon Embusteira 1270 del Sarandy, uma vaca jovem (pelagem preta), que abocanhou o título de reservada grande campeã da raça. Conforme o diretor de Núcleos da Associação Brasileira de Angus (ABA), Ignacio Tellechea, “o nível da mostra foi excelente, com animais muito qualificados”. O evento também mostrou que é crescente o interesse dos criadores paulistas por animais de origem Angus, especialmente devido aos bons resultados dos confinamentos realizados no Sudeste e Centro-Oeste. Fotos: LAP Amaral/Divulgação Angus Grande Campeão Reservado de Grande Campeão Terceiro Melhor Macho Grande Campeã Reservada de Grande Campeã Terceira Melhor Fêmea DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES GRANDE CAMPEÃ RECONQUISTA 1338 NAJA NOSTRADAMUS G HBB: 121378 Pel: V Tatuagem: TE1338 Nascimento: 22/07/2007 Idade:963d Pai: CATANDUVA TE213 NOSTRADAMUS K. ROBTE12 HBB: 99045 Mae: RECONQUISTA 592 GLEBA CANYON BARTOLOME HBB: 93050 Peso: 715 Expositor.: PARC. JOSÉ PAULO CAIROLI E RED BLACK, RECONQUISTA AGROPECUÁRIA, ALEGRETE/RS Criador: JOSE PAULO DORNELLES CAIROLI RESERVADA DE GRANDE CAMPEÃ RINCON EMBUSTEIRA 1270 DEL SARANDY HBB: 121578 Pel: P Tatuagem: 1270 Nascimento: 01/10/2007 Idade:892d Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE HBB: IA796 Mae: RINCON BALONE HBB: 110102 Peso: 764 Expositor: ELOY TUFFI, FAZENDA MC, ESPÍRITO SANTO DO PINHAL,SP Criador: CABANHA RINCON DEL SARANDY 3ª MELHOR FÊMEA AZUL TE 7775 FREEDOM REAL HBB: 127681 Pel: P Tatuagem: 7775 Nascimento: 28/07/2008 Idade:591d Pai: TC FREEDOM 104 HBB: IA857 Mae: AZUL 6173 REAL WHISKY HBB: 082373 Peso: 616 AOL: 88.20 EGS: 14.50 P8: 29.20 Expositor: ELOY TUFFI, FAZENDA MC, ESPÍRITO SANTO DO PINHAL,SP Criador: JOÃO VIEIRA DE MACEDO NETO GRANDE CAMPEÃO RECONQUISTA 1301 NACO CACHAFAZ FONO HBB: 122718 Pel: V Tatuagem: TE1301 Nascimento: 24/06/2007 Idade: 991d Pai: TRES MARIAS 7031 CACHAFAZ 6556 TE HBB: 745150 Mae: TRES MARIAS 6972 FENOMENA 5494 TE HBB: 741868 Peso: 1024 C.E.:45.00 Expositor: JOSÉ PAULO D. CAIROLI, RECONQUISTA AGROPECUÁRIA LTDA, ALEGRETE/RS Criador: JOSÉ PAULO DORNELLES CAIROLI RESERVADO DE GRANDE CAMPEÃO RECONQUISTA 1292 ZORZAL G. CANYON HBB: 121376 Pel: P Tatuagem: TE1292 Nascimento: 11/03/2007 Idade:1096d Pai: TRES MARIAS ZORZAL TE HBB: IA850 Mae: RECONQUISTA 592 GLEBA CANYON BARTOLOME HBB: 93050 Peso: 1035 C.E.:45.00 Expositor: JOSÉ PAULO D. CAIROLI, RECONQUISTA AGROPECUÁRIA LTDA, ALEGRETE/RS Criador: JOSÉ PAULO DORNELLES CAIROLI 3º MELHOR MACHO MC HARLEY DESTINADA NICHOLS TE850 HBB: 128196 Pel: P Tatuagem: TE850 Nascimento: 24/06/2008 Idade:625d Pai: NICHOLS PERFORMA 0162 HBB: IA845 Mae: PAINEIRAS GRAN CANYON DESTINADA 998 TE HBB: 89929 Peso: 752 C.E.: 39.00 AOL: 93.00 EGS: 7.10 P8: 19.50 Expositor.: ELOY TUFFI, FAZENDA MC, ESPÍRITO SANTO DO PINHAL Criador: ELOY TUFFI EXPOSIÇÕES Março / Abril de 2010 25 Fotos: LAP Amaral/Divulgação Angus Leilão Circuito Eco Angus e Convidados Renato Ramires e José Paulo Cairoli Renato Ramires e Alejandro Brocatto O I Leilão Circuito Eco Angus e Convidados, chancelado pela Associação Brasileira de Angus, comercializou R$ 252 mil com a venda de 24 lotes (20 fêmeas jovens e 04 prenhezes) de elite da raça Aberdeen Angus, em Avaré (SP). A média dos lotes atingiu a cotação de R$ 10,5 mil e foram vendidos animais que obtiveram premiações no julgamento da raça na 45ª Exposição Municipal Agropecuária de Avaré (Emapa). Como exemplo, o proprietário da Cabanha Eco Angus, Vicente Júlio Costa, destaca a comercialização da campeã terneira maior e a terceira melhor terneira da mostra. Novos investidores também fizeram compras e apostas na raça. Erick Evandro Donatto, do interior de SP, adquiriu quatro animais; Eduardo Atihe, de São Paulo (SP), adquiriu um animal; e José Vicente Costa, de Cerqueira César (SP), adquiriu 50% de uma fêmea de Leonardo Achille Costa. Conforme Vicente Júlio Costa, o I Leilão Circuito Eco Angus e Convidados confirmou-se como o primeiro de uma série que será realizado pela cabanha: “Criamos um momento comercial novo para a raça, em Avaré, aliando a uma exposição de grande importância como a Emapa, para a raça Aberdeen Angus.” O criador também comentou sobre a participação de produtores e novos investidores, que confirmam a liquidez da raça, no estado paulista, e as suas condições de desenvolvimento na região. Os trabalhos do leilão, que teve transmissão ao vivo pela internet, em 12 de março, foram realizados pelo leiloeiro Guilherme Minssen, Premier Leilões e Assessoria FFVelloso & Dimas Rocha. 26 NÚCLEOS Março / Abril de 2010 Rankings Regionais, uma nova motivação Aperfeiçoamento do ranking Angus, a criação destes rankings vai alavancar os Núcleos de Criadores e estimular a realização das exposições regionais O Ranking Angus foi alvo de mais um aperfeiçoamento, com a criação dos Rankings Regionais. Segundo o atual diretor de Núcleos da Associação Brasileira de Angus (ABA), Ignácio Tellechea, responsável pelas novidades na competição, os Rankings Regionais surgiram da antiga idéia de fortalecer as exposições regionais, normalmente organizadas pelos Núcleos de Criadores de Angus. E ele faz questão de ligar este trabalho de reformulação do Ranking Angus com a sua missão de diretor de Núcleos da ABA. “F ortalecendo os núcleos estaremos alavancando o crescimento e o aperfeiçoamento da raça, e regionalizando mais o Ranking da raça, esperamos dar vida nova às disputas nas exposições, tornando-as mais atrativas aos criadores, que assim terão bons motivos para participar mais e apresentar seus animais aos olhos dos jurados”, justifica o dirigente. Foram extintas as categorias de exposições “A” e “B” e em lugar disso entra em vigor uma nova tabela, onde existem multiplicadores que vão determinar as faixas de pontuação de caca exposição, explica Ignácio. Segundo ele, com esses aperfeiçoamentos, o Ranking Angus retoma o número mínimo de 25 animais para que as exposições de argola sejam ranqueadas. “Esperamos ressuscitar algumas mostras que se enfraqueceram e que agora tem condições de voltar e de fazer brilhar ainda mais o circuito da raça”, diz o dirigente. A idéia que norteou as novidades do Ranking Angus foi a de fortalecer as exposições regionais, facilitando o trabalho realizado pela ABA de fomento da raça. Sinteticamente, o Brasil foi dividido em sete regiões e cada uma delas terá vencedores nas categorias de criador e expositor na área da argola e somente expositor nos animais rústicos. “Em cada região serão três vencedores e no País serão premiados 21 vencedores do ranking, que receberão seus prêmios durante a confraternização de final de ano da ABA, quando da realização do Leilão Nova Era”, avalia Ignacio Tellechea. Em São Paulo, Angus virou febre É o que garante o presidente do Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo (o Angus São Paulo), selecionador Renato Ramires Junior (leia-se 3E Agropecuária, em Catanduva, SP). “Abrimos o calendário de exposições de Angus no Brasil com a bem sucedida mostra de Avaré e, na sequência, faremos a exposição de Itapetininga, na segunda quinzena de abril”, propagandeia o dirigente. Fotos: Divulgação/ABA João Francisco Bade Wolf Ramires Junior relata que “Angus virou febre em São Paulo”. Ele conta que os criadores estão animados com o desenvolvimento da raça e o núcleo, que já conta com cerca de 22 associados, a cada momento examina consultas de novos criadores querendo participar e formar plantel. “Os criadores também estão vendo com positividade as recentes mudanças no Ranking Angus, que com a criação dos Rankings Regionais, abre a possibilidade de uma maior participação, inclusive de pequenos criadores”, diz o presidente do Núcleo Angus São Paulo. Mercosul estará na mostra de Uruguaiana Somente questões de ordem sanitária (a cargo do Ministério da Agricultura) poderão impedir a presença de animais de criações da Argentina e do Uruguai na mostra de Angus de Outono de Uruguaiana, RS. A exposição, que tem tudo para ser internacional e que vem sendo avaliada como uma prévia para a Expointer, será realizada este ano no período de 10 a 16 de maio. “Estamos trabalhando firme na preparação da cada vez mais importante exposição de Angus do outono aqui da Fronteira gaúcha, o berço da raça no Brasil e onde estão as principais cabanhas selecionadoras de Angus do País”, garante o presidente do Núcleo Angus Três Fronteiras, criador Sérgio Tellechea, titular da Cabanha do Posto, em Uruguaiana. Segundo ele, só mesmo questões de ordem sanitária poderão afastar das pistas de Uruguaiana reprodutores Angus de importantes criações do Uruguai e da Argentina. “Estamos acreditando que teremos este ano uma mostra internacional de Angus”, anuncia Sérgio, informando que o Núcleo Angus Três Fronteiras conta atualmente com 22 criadores associados, todos atuantes. Em 2009, a mostra de outono de Uruguaiana colocou em pista 186 animais. E para este ano, a meta é de superar os 200 exemplares Angus na exposição. Agregar e criar parcerias com toda a cadeia da carne “Desde que assumimos, recentemente, o comando do núcleo, temos circulado bastante e conversado com as pessoas, porque nossa proposta principal é de agregar, de criar parcerias duradouras com todos os produtores que participam da importante e crescente cadeia da carne Angus”, sai dizendo o atual presidente do Núcleo CentroLitorâneo de Criadores de Aberdeen Angus – que também é diretor de Marketing da Associação Brasileira de Angus (ABA), criador João Francisco Bade Wolf (leia-se Cabanha dos Tapes, em Tapes, RS). Segundo ele, o núcleo já trabalha na organização da sexta edição do já consagrado evento Outono Angus Show, que se realiza paralelamente à Fenasul, de 27 a 30 de maio, no parque de exposições Assis Brasil, em Esteio, RS. “Dias 28 e 29 teremos os julgamentos de argola, mas dia 27 acontece o leilão conjunto com a Farsul de terneiros, terneiras e vaquilhonas (onde haverá oferta de produtos certificados Angus), e para o dia 29 está programado o leilão do núcleo, que contará com ofertas de importantes cabanhas de Angus”, resume João Wolf. Ele já avisa que pretende colocar na pista de julgamento, neste ano, mais de uma centena de animais. Wolf também anuncia que neste Cristopher Filippon ano o núcleo deverá organizar algumas feiras de terneiros certificados Angus, além de feiras de rústicos e também de animais de argola. “Crie, cruze e multiplique com Angus, a raça completa”, propagandeia João Wolf. No Oeste Paranaense, criadores estão motivados Com mais de 30 associados, entre criadores e produtores usuários de genética Angus, o Núcleo de Criadores de Angus do Oeste do Paraná, com sede em Cascavel, PR, deverá organizar este ano duas importantes mostras da raça: a de Guarapuava, em agosto e a de Cascavel, em novembro. “Já estamos conversando com os criadores para superar, tanto nas pistas de julgamentos, quando nas ofertas dos leilões, os números de animais das últimas edições dessas mostras”, informa o presidente do Núcleo, criador Cristopher Filippon, titular da Estância Ponche Verde, em Guaraniaçu, PR. Segundo ele, os criadores estão bastante animados com as novidades que foram criadas para os Rankings Regionais Angus. “A idéia de regionalizar o Ranking é altamente positiva. Vai alavancar e muitas mostras da raça pelo interior do País, motivando a participação inclusive de pequenos e de criadores que estão iniciando a criação de Angus”, avalia Filippon. Núcleos de Criadores de Angus filiados à Associação Brasileira de Angus (ABA) Núcleo Regional de Criadores de Aberdeen Angus de Bagé/RS Presidente: Alfredo Pinheiro Núcleo Serrano de Criadores de Angus em Vacaria Presidente: Alaor Martins Duarte Núcleo de Criadores de Angus do Planalto Médio do RS Presidente: Pedro Luiz Herter Núcleo Centro Oeste de Criadores de Angus do RS Presidente: Fernando Gonçalves Núcleo de Criadores de Angus de Quaraí Presidente: Henrique Pinto Lamego Núcleo Centro Angus Presidente: Luis Henrique Castagnino Sesti Núcleo de Criadores de Aberdeen Angus de São Borja/RS Presidente: Miguel Lopes de Almeida Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo/SP Presidente: Renato Ramires Junior Núcleo de Criadores de Aberdeen Angus de Alegrete/RS Presidente: Quirino de Araújo Carvalho Neto Núcleo Paranaense de Criadores de Aberdeen Angus – Londrina/PR Presidente: Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno Núcleo Sudeste de Criadores de Angus, Pelotas/RS Presidente: Ana Carolina Issler Ferreira Kessler Núcleo Central de Angus – Santa Maria Presidente: Claudia de Scalzilli e Souza Núcleo de Criadores de Aberdeen Angus de Dom Pedrito/RS Presidente: José Roberto Pires Weber Núcleo de Criadores de Angus do Oeste do Paraná – Cascavel/PR Presidente: Cristopher Filippon Núcleo Catarinense de Criadores de Angus Presidente: Nelson Antônio Serpa Núcleo de Criadores de Angus de Santana do Livramento/RS Presidente: Fernando Osório Núcleo de Criadores de Angus dos Campos Gerais Presidente: Rafael Jusuts Buhrer Núcleo Itaquiense de Criadores de Angus – Itaqui/RS Presidente: Ruy Alves Filho Núcleo Centro-Litorâneo dos Criadores de Aberdeen Angus Presidente: João Francisco Bade Wolf Núcleo Angus Três Fronteiras Presidente: Sérgio Tellechea Para fazer contato com os núcleos, consulte a Associação Brasileira de Angus (ABA), pelo fone: 51.3328.9122 ou e-mail [email protected] MOVIMENTO Março / Abril de 2010 27 Catanduva Impala = Impala da Maya Nasce o primeiro clone Angus Fotos: Divulgação A raça Angus já tem seu primeiro clone nascido no Brasil. É uma bezerra, ainda sem nome, cópia idêntica da fêmea Catanduva Impala, que completou dois meses de idade no início de março. A bezerra foi batizada de Impala da Maya. O mérito é da selecionadora e criadora de Angus Zuleika Torrealba, proprietária da Cabanha da Maya, localizada em Bagé, RS. O trabalho para a produção do primeiro clone Angus foi iniciado há cerca de um ano e meio, na In Vitro Brasil, em Mogi das Cruzes, SP, empresa especializada na área que foi contratada por Torrealba para a missão. Aos 78 anos de idade, a pecuarista e empresária Zuleika Torrealba esbanja vitalidade e vontade de realizar. Ela já havia sido vanguardista em clonagem com a raça leiteira Jersey, registrando os primeiros produtos clonados no ano passado. “Praticamente toda a vida do Brasil é feita de pecuária e de agricultura, mas infelizmente as cidades não conhecem esta realidade, e por isto não valorizam o trabalho do agribusiness”, critica ela, afirmando que investir em práticas e tecnologias que geram frutos e dão mais velocidade aos resultados é repartir com a sociedade, com aqueles que não tem para realizar. “É preciso aproveitar as experiências dos antepassados e saudar as tradições, mas sempre buscando investir nas inovações capazes de trazer novas realidades”, define a criadora. Para ela, a clonagem é o que há de mais moderno em melhoramento genético, e a fêmea Catanduva Impala foi selecionada para o processo de clonagem por ser um animal de excessão, com excelentes dados em sua progênie. “Adquiri esta fêmea de meu amigo Fábio Gomes, com quem estou montando uma central de alta genética”, anuncia Torrealba. “Esta vaca, a Catanduva Impala, pertence a uma família que tem história”, diz o criador gaúcho Fábio Gomes, à frente da Cabanha Catanduva, sediada em Cachoeira do Sul, RS. Segundo ele, é das mais importantes fêmeas que a Catanduva já produziu e é também prova de que a cabanha realmente comercailiza seus animais tops em genética. “Ela é irmã inteira de Catanduva Gramático, pai de vários campeões. E é irmã inteira de Catanduva Gitana, mãe de Catanduva Nostradamus, que foi bi-grande campeão da Expointer, entre outras citações”, qualifica Gomes. “Este clone será um marco da evolução científica de um mecanismo de preservação do que temos de melhor em genética”, sitetiza Fábio Gomes, comentando que “resultou da iniciativa de uma criadora que investe seriamente e de forma entusiasmada, que hoje tem um plantel de primeiríssima linha”. Gomes confirma as tratativas com sua amiga Zuleika Torrealba para a abertura, em breve, de uma central, através da qual poderão disponibilizar ao mercado o que há de melhor em suas criações em qualificação genética. “Zuleika arrematou Catanduva Impala em meu remate de produção, em 2002, em Cachoeira do Sul, RS, mostrando que sabe investir em qualidade e, com este clone, comprova também que é empreendedora, com uma vontade imensa de realizar e de integrar a sociedade na área de resultados”, define Fábio Gomes. 28 Março / Abril de 2010 Gala Angus: Requinte e qualidade no Uruguai as, com destaque para a presença do presidente da Sociedade de Criadores de Aberdeen Angus de Argentina, Sebastián Rodríguez Larreta, e do presidente da Associação Brasileira de Angus, Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Joaquim Mello agradece aos dirigentes uruguaios Mello. Organizado pela SoA quinta edição do qualificado ciedade de Criadores de Angus do Remate Gala Angus, realizado dia Uruguai e contando com apoios 14 de fevereiro, reuniu os principais importantes de empresas e veículos criadores e dirigentes do Mercosul no de Comunicação daquele país, o Salão Montecarlo do Hotel Conrad consagrado pregão, que este ano Resort de Punta del Este, no Uruguai. inovou com a oferta de prenhezes, O evento foi realizado pela Sociedade vai se transformando num verdadeiro de Criadores de Angus do Uruguai, clássico da temporada de verão do presidido por Gonzalo Valdés Reque- seletivo balneário de Punta del Este. na, com faturamento de US$ 126 mil. “Quem como eu acompanha O melhor preço foi pago por 50% este remate desde a sua primeira de uma vaca PO – US$ 21,6 mil. A edição, por certo percebeu a evolução média geral para as 19 fêmeas foi de genética dos animais apresentados, US$ 5.337, enquanto a média das 10 entre eles, destaques da competitiva prenhezes atingiu US$ 2.520. exposição do Prado”, descreve JoaNo pregão, as principais cabanhas quim Mello, acrescentando que “eles uruguaias de Angus apresentaram as conseguiram colocar a raça Angus no suas melhores fêmeas, que chamaram nível que ela merece – é a raça top no a atenção de mais de 400 pesso- lugar top, o Conrad e em Punta”. INTERNACIONAL Tamanho das fêmeas e eficiência: solucionando o quebra-cabeças A relação do tamanho das fêmeas com eficiência é um tema em debate há muito tempo. Alguns pecuaristas dizem que fêmeas menores são mais eficientes. Outros rebatem dizendo que vacas maiores produzem e desmamam terneiros também maiores, o que é positivo para produtores de gado comercial na medida em que vendem animais mais pesados aos frigoríficos, os quais naturalmente pagam um preço final mais alto aos produtores. Esse tema foi abordado em 27 de janeiro desse ano numa convenção realizada pelo Texas A&M University King Ranch Institute for Ranch Management (KRIRM) na cidade de San Antonio (Texas, EUA). Um grupo de três profissionais comandados por Barry Dunn, Diretor do KRIRM, foi responsável pela pesquisa e a obtenção dos resultados. A conclusão é que eficiência deve ser medida de acordo com os objetivos que cada produtor deseja alcançar. Trata-se de tomar as decisões mais apropriadas para se alcançar maior rentabilidade. A pesquisadora Jennifer Johnson, que integrou o grupo, explicou que eficiência total em bovinos é o somatório de eficiência biológica (quantidade de alimento consumido e peso produzido, tanto próprio quanto em progênie) e eficiência econômica (dinheiro gasto e dinheiro gerado). Alcançar essa eficiência total em fêmeas requer compreender o potencial genético do gado, o meio ambiente no qual este está inserido e decidir que tipo de produto se quer produzir para o mercado e com qual idade vender de modo a gerar o maior lucro possível. Para Johnson, é um engano associar baixo custo de manutenção à eficiência, já que um não pressupõe o outro. “Também está errado dizer que matrizes com maior custo de manutenção sejam ineficientes”, diz ela, enfatizando que vários produtores não sabem o que “eficiência” significa exatamente. Johnson também pede cautela quanto à regra de que uma fêmea deva desmamar terneiros que pesem 50% do seu próprio peso. Ela explica: “Embora freqüentemente utilizada, essa regra não é exata para se aferir eficiência porque não considera a idade da cria na desmama nem a produção de leite da mãe em raças bovinas de carne.” O time de pesquisadores do KRIRM defende que equiparar tamanho e produção de leite com recursos alimentares disponíveis é fundamental para se identificar e produzir fêmeas eficientes. O tamanho das fêmeas precisa ser ajustado ao meio-ambiente e aos limites econômicos, devendo estar apto a gerar terneiros com alta aceitabilidade no mercado. Barry Dunn concluiu dizendo: “A matriz mais eficiente é aquela com o mais alto potencial de produção de leite e que repetitivamente produz terneiros filhos de touros com características de crescimento e carcaça que são valorizadas pelo mercado. É a administração que torna produtivos os meios. Nós não precisamos de fêmeas pequenas. O que nós precisamos é melhor administração dos tamanhos que temos.” Mais informações no site específico que a American Angus Association desenvolveu e mantém: www.beefcowef ficiency.com. Fonte: Angus Journal, American Angus Association Tradução: Stefan Staiger Schneider, Associação Brasileira de Angus PARCEIROS Março / Abril de 2010 29 Resistência aos carrapaticidas, um fantasma recorrente Octaviano Alves Pereira Neto Resistência parasitária (RP) é uma preocupação crescente dos parasitologistas, profissionais do meio rural e produtores, devido aos impactos na produtividade do rebanho. É um processo que surge da seleção de indivíduos dentro de uma população considerada “normal”, os quais sobrevivem à ação dos parasiticidas e reproduzem, sendo seus descendentes também resistentes. Com o passar do tempo esta parcela de indivíduos aumenta em proporção, evidenciando-se os efeitos da falta de eficácia do produto. A forma mais lógica (e eficaz) de retardar sua ocorrência é através da informação e de medidas preventivas, que, se adotadas de forma adequada, permitirão a sobrevivência dos produtos em uso por mais alguns anos. Assim, a RP é de caráter adquirido (selecionado), progressivo e permanente (hereditário). A resistência é um processo irreversível, ou seja, NUNCA MAIS volta à condição normal, independente do períod de descanso. Perceba a gravidade da situação já que novas moléculas custam caro e levam tempo para serem desenvolvidas. Mas afinal de contas, como surge a resistência aos carrapaticidas? Esta pergunta é frequente e há vários caminhos para compreendê-la. É importante entender como os diferentes princípios ativos agem, pois a partir do bloqueio desta ação é que surgirão indivíduos resistentes, diferentes do restante da população. Origina-se fruto do uso intenso de um só princípio ativo (PA), concentrações erradas, falhas na aplicação, formulações caseiras, produtos sem controle oficial, etc... ou seja, são resultado de um manejo mal feito, em vários sentidos. Os carrapaticidas são separados em grupos, com vários integrantes em cada um deles. O que caracteriza um grupo é que todos membros têm um mesmo mecanismo de ação, ou seja, atuam no mesmo sítio de ligação no parasito. O quadro 1 apresenta as principais moléculas carrapaticidas, seu membros e o sítio de ligação/ mecanismo de ação . A maioria dos compostos agem no sistema nervoso do parasito, portanto a resistência ocorre quando o parasito altera o sítio de ligação normal ou estes desaparecem, não permitindo que a molécula se ligue ao receptor. Há também formação de enzimas que destroem/ inativam o PA ou consegue eliminar o PA antes de sua ação. Como agem no mesmo ponto, ao surgir resistência a um composto, a mesma se estende aos demais membros do grupo, ou seja, se surge resistência para cipermetrina, igualmente haverão falhas na deltamtrina e assim por diante. Isso chama-se resistência lateral.A resistência cruzada ocorre quando a perda de sensibilidade à uma molécula afeta outras grupos distintos, porém de mecanismo de ação semelhante. Por exemplo, a resistência à ivermectina irá afetar as demais lactonas macrocíclicas (resistência lateral) e ainda ao fipronil (resistência cruzada). Hoje, com exceção ao fluazuron, todos os princípios ativos já apresentam algum nível confirmado de resistência parasitária, ou seja, têm seu uso futuro comprometido. Como retardar o avanço da resistência parasitária? Principais grupos químicos adotados no controle de carrapatos dos bovinos Grupo Ativo Mecanismos de ação Organofosoforados Clorpirifós, diazinon, DDVP Bloqueio da acetilcolinesterase Amidinas Amitraz, cimiazol, etc... Inibição da enzima monoaminooxidase, causando excitação nervosa do parasito Piretróides sintéticos Cipermetrina, flumetrina, deltametrina, alfametrina,etc... Abertura dos canais de Na e K, com paralisia flácida Lactonas macrocíclicas Ivermectina, abamectina, doramectina, moxidectina, etc... São auxiliares no tratamento. Ligam-se aos receptores do glutamato mnos canais de Cl, despolarizando a célula nervosa Fenilpirazol Fipronil Liga-se aos receptores GABA e aos de glutamato nos canais de Cl Benzil fenil uréia Fluazuron Bloqueio da síntese de quitina, que forma a cutícula de revestimento do carrapato Retardar é a palavra correta, pois é muito difícil impedir que a resistência surja, uma vez que trata-se de um processo quase “natural” em busca pela sobrevivência da espécie. No início, a RP avança lentamente, devido a baixa frequência de parasitos resistentes existentes, mas com o tempo sua proporção aumenta e com ela os prejuízos à produção. Um programa integrado de controle se baseia na correta seleção e aplicação dos produtos, visando reduzir a infestação no ambiente, considerando a epidemiologia do parasito e o manejo ambiental. A rotação de PA ainda eficazes é fundamental, a partir do correto assessoramento técnico especializado. Por fim é importante ressaltar que o surgimento de populações resistentes a um determinado PA é um problema., não só para o produtor, mas para todos os demais, já que podem comprar animais portadores de parasitos resistentes e igualmente permitir a infiltração destes em suas fazendas. Assim o trabalho deve ser conjunto e assumido com muito critério e conhecimento técnico. Méd. Vet., Mestre em Zootecnia Gerente Técnico – Bovinos Novartis Saúde Animal Ltda. 30 MOVIMENTO Março / Abril de 2010 Angus amplia a liderança no mercado de sêmen VOLUMES NEGOCIADOS Angus 1.452.813 Simental 101.956 Hereford 117.715 Limousin 31.389 Charoles 57.073 Outras 32.748 Mercado Taurinas 1.793.694 Mercado Total 5.213.030 Brasil”, observa. Asbia vê retorno do cruzamento industrial A comercialização de sêmen corte no ano passado confirma a crescente tendência da preferência pela genética Angus no Brasil. Segundo mostra o relatório da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), a venda de doses de sêmen Angus cresceu em 2009 nada menos de 38,68% no País, o que se traduz na liderança isolada da Angus entre as raças europeias (taurinas). No mesmo período, o mercado nacional de corte obteve incremento de 18,35%. Por Eduardo Fehn Teixeira A Angus comercializou 1,452 milhão de doses de sêmen em 2009, num acréscimo de 405 mil doses sobre a comercialização de 2008. O desempenho e predomínio da raça pode ser verificado, ainda, ao se observar que ela detém mais de 80% do mercado de sêmen das raças taurinas de corte, no somatório de outras 24 raças europeias analisadas no relatório da Asbia. ABA comemora “Ano a ano o resto do Brasil – o Brasil anelorado - vem reconhecendo, através das vendas de sêmen, o que o Rio Grande do Sul e o mundo inteiro já sabiam: que Angus é sinônimo da melhor carne da terra”, comemora o presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello. Para o dirigente, a liderança da Angus na comercialização de sêmen não admira, porque o crescimento da participação da raça no mercado nacional vem se repetindo ano a ano, nos últimos períodos. E para ele, a tendência é dessa liderança crescer ainda mais nos próximos anos. “A explicação é relativamente simples”, aponta Joaquim Mello: “O foco é a exportação de carne. O Brasil tem volume, mas com a falta de qualidade, fica também sem o preço, a remuneração que a pecuária brasileira quer e precisa ter por sua carne. Pois bem. Já sabem que a genética Angus muda radicalmente para melhor as carcaças abatidas, a carne produzida. E, sendo assim, não será nenhuma surpresa, no futuro imediato, o crescimento ainda maior do comércio de sêmen Angus no mercado doméstico”, raciocina Joaquim Mello. O mercado do sêmen No cômputo geral do mercado, em 2009 a venda de sêmen de corte, a raça Aberdeen Angus alcançou a marca de 27,9% de participação no mercado, representando 81% do volume total comercializado entre as raças Para o presidente da Asbia, Lino Rodrigues Filho, o cruzamento industrial está de volta e com força. A técnica cruza o gado zebuíno com o europeu para obtenção, com a heterose, de produtos que reúnem as melhores características de cada espécie, visando a produção de animais para abate. “Os frigoríficos, que no passado condenaram os cruzamentos, perceberam o erro e hoje valorizam esses animais, principalmente depois que os grandes grupos foram para o mercado internacional”, argumenta o dirigente da Asbia. europeias. A venda de doses de sêmen Angus cresceu 38,68% no Brasil, em 2009, período em que o mercado nacional de corte obteve incremento de 18,35%. “Se no Sêmen importado geral, apesar da crise, em 2009 as vendas cresceram 20%, fica claro E sobre o crescimento do inque o Angus é a preferência entre gresso no País de sêmen importaas raças taurinas utilizadas no do, o presidente da ASBIA observa que não foi apenas a mudança nas características do mercado e a baixa disponibilidade de animais no Brasil que levaram a essa im- portação tão volumosa. “A crise internacional e a desvalorização do Dólar frente ao Real foram outros dois fatores que estimularam o aumento das compras de outros países”, avalia Lino Rodrigues Filho. Para ele, a crise fez muitos países exportadores reduzirem os preços para desovar seus estoques. E também os preços que caíram em Dólar, ficaram ainda mais baixos com a desvalorização da moeda norte-americana. Nosso sêmen lá fora Entretanto, mesmo com a alta do ingresso de sêmen importado no mercado interno, o Brasil quer, agora com maior intensidade ainda, reforçar sua atuação no mercado externo de sêmen. Nesta direção, o presidente da ASBIA informa que o Ministério da Agricultura já acertou detalhes de um protocolo sanitário com a Índia, que permitirá a venda e também a compra de material genético entre os dois países. “A Índia é um mercado emergente, que consome 30 milhões de doses de sêmen por ano e queremos participar dele”, sentenciou Rodrigues Filho. Março / Abril de 2010 31 32 PARCEIROS Março / Abril de 2010 Qual tipo de vaca é mais eficiente? Por Marcelo Maronna Dias A eficiência reprodutiva está intimamente ligada ao sucesso da atividade em bovinos de corte. Os fatores que afetam a reprodução têm impacto econômico significativo sobre propriedades, cujas operações dependem da produção de terneiros saudáveis que, após o desmame, sejam atrativos ao mercado. Sabendo que, no gado de cria, as taxas de prenhez, natalidade e desmame comandam os negócios, há uma preocupação com a fertilidade das fêmeas para obter-se o máximo de novilhas e vacas prenhas. No entanto, além das questões básicas de sanidade com um manejo racional tem-se discutido o fator genético, no que diz respeito ao tamanho das matrizes que selecionamos e mantemos como mães em nossos rebanhos de corte. De um lado, há quem diga que as vacas pequenas são mais eficientes por precisarem de menos alimentação; e, de outro, quem afirme que as vacas maiores produzem terneiros mais pesados. Ao avaliar se uma vaca de cria é eficiente, torna-se interessante relacionar com o peso do terneiro ao desmame e comparar com indivíduos de mesma idade criados em sistemas semelhantes O Brasil está entre os principais países exportadores de carne bovina, mas para conquistar mercados mais exigentes, precisamos traçar metas que apontem na direção destes países importadores, pois podem pagar melhor por nossa carne. Neste mercado, a indústria aprecia qualidade e rendimento em carcaças mais pesadas. Quanto ao tamanho ideal de uma vaca de corte, pode-se dizer que este tema é complexo e a resposta não é fácil, pois não existe um único caminho para afirmar que animais de uma determinada estatura (frame) são mais eficientes que outros na produção de carne. Existem variações entre ambientes e sistemas de produção ficando quase impossível dizer que um único tipo de animal adapta-se a vários sistemas de produção e manejo. Talvez, um caminho possa ser a determinação de alguns critérios que nos ajudem a tomar decisões corretas para selecionar animais que sejam mais eficientes em nossos campos. No sul do Brasil, temos nossos rebanhos adaptados a manejo em campo nativo onde a vaca pasta, emprenha e desmama em um sistema de pastejo sem suplementação. Cabe a nós saber avaliar se os quilos de carne produzidos em campo nativo representam uma maior eficiência econômica na maioria dos sistemas. Ao avaliar se uma vaca de cria é eficiente, torna-se interessante relacionar com o peso do terneiro ao desmame e comparar com indivíduos de mesma idade criados em sistemas semelhantes. É válido lembrar que vacas criadas em melhores condições terão mais leite e melhor escore corporal e isto deverá influenciar no peso de desmame. Nesta avaliação deve-se avaliar a eficiência da vaca e não da comida. Quando falamos de tamanho de vacas, temos que estar atentos para não cair no erro de achar que animais pequenos com mantenças menores são mais eficientes, pois temos que saber medir esta eficiência. Uma vaca pode ter uma mantença menor e não ser eficiente na produção de carne. Da mesma forma que pensar que Convenção anual da CRI Genética foi um sucesso A equipe CRI esteve reunida durante o mês de fevereiro, no Litoral Paulista para sua convenção anual. A CRI comemorou seu crescimento em vendas e sua participação no mercado. Estiveram presentes: dire- tores norte-americanos, que elogiaram o resultado da empresa no Brasil, além da diretoria nacional, supervisores e representantes de todo o país. No segmento do gado de corte, foram apresentados resultados de inseminações e IATF em várias regiões brasileiras. Nestes, vários touros Angus tiveram ótimos desempenhos. Agradecemos à confiança de nossos clientes e esperamos continuar como parceiros em seus programas de seleção. Curso para formação de inseminadores em bovinos A CRI Genética oferece mensalmente, no Rio Grande do Sul, cursos para formação de inseminadores na Central de Cursos no município de Arroio dos Ratos. Este curso, com tradição de mais de uma década, tem a duração de 40 horas semanais (de segunda a sexta-feira) com translado, alimentação, alojamento, aulas teóricas e práticas sendo ministrados pelos médicos veterinários Rafael Pieniz Macagnan e Marcos Fernandes da Silveira. Maiores informações e inscrições podem ser obtidas pelos fones (51) 3219.1937 ou 3217.0951. vacas grandes são ineficientes, pois estas podem desmamar terneiros mais pesados e estar prenhes. Sob o ponto de vista genético, especialmente para quem vende touros, esta decisão passa por uma análise criteriosa em função do programa de seleção estabelecido no rebanho. O Brasil é um país enorme e cada região tem suas preferências. Nos acasalamentos de gado zebuíno com Angus, especialmente no Brasil Central, nota-se que DEPs (Diferença Esperada de Progênie) altas de peso ao ano é o fator preponderante para maioria dos criadores e o frame na maioria das escolhas recai por animais maiores. Estes produtores produzem animais cruza Angus para abate visando exportação e fêmeas (F1) que, em alguns casos, ficarão nos rebanhos para reposição. Estes cruzamentos industriais aparecem como um dos grandes responsáveis pelo crescimento de vendas de sêmen Angus importado no Brasil. Nestes nos últimos cinco anos, conforme relatório da ASBIA (Associação Brasileira de Inseminação Artificial), a raça mostra um crescimento em vendas de sêmen na ordem de quase 400%. Quem sabe, uma boa avaliação poderia ser: relacionar o peso de terneiros desmamados pelo número total de vacas expostas a reprodução? Ou, se compararmos vacas de bases genéticas diferentes com tamanhos variados em um mesmo ambiente e constatando quem desmama terneiros mais pesados e com melhor aceitação e valorização pelo mercado, estaremos no caminho certo para obter uma resposta? Não sei, mas uma vaca com bom potencial para produzir leite, desmamar um terneiro pesado e emprenhar novamente dentro da temporada reprodutiva, não seria a vaca ideal? Quando atingirmos condições sanitárias, nutricionais e de manejo ideais, talvez possamos tentar determinar que tipo de vaca ou seu tamanho (estatura) seja ideal, mas será necessário gerenciar nossos sistemas de produção para traçar objetivos que visem à viabilidade e sustentabilidade para trabalhar com animais que cumpram as metas estabelecidas e sejam rentáveis na indústria da carne a médio e longo prazo. Supervisor Regional no RS da CRI Genética Brasil CRI Genética realiza em junho seu Beef Tour 2010 Neste ano, estaremos realizando a quinta edição da viagem técnica da CRI para técnicos e criadores com interesse em conhecer a cadeia da carne americana. Nesta viagem, com duração de aproximadamente 10 dias, são visitadas importantes propriedades selecionadas pela equipe CRI onde é possível ver touros e progênies que a empresa comercializa no Brasil, além de confinamentos, locais de coleta e associações de raça. As vagas são limitadas e estamos à disposição para esclarecimentos pelos fones (51) 3219.1937 e 3217.0951. Na foto, a equipe CRI, técnicos e criadores, no Beef Tour, em uma dos mais importantes criatórios de Angus nos Estados Unidos - Schaff Angus Valley - responsável pela seleção de touros como Traveler 004 e Final Answer entre outros Março / Abril de 2010 33 34 Março / Abril de 2010 MOVIMENTO Meio século ao cair do martelo Fotos: Divulgação Leilão comemorativo aos 50 anos, realizado no dia 26 de março em Pelotas, RS Com mais de 1,2 mil leilões debaixo de seu martelo, Jarbas Luff Knorr comemorou no dia 26 de março, com um leilão festivo no parque da Rural de Pelotas, RS, os 50 anos de existência de sua tradicional leiloeira, a Knorr Remates. E seu filho, Luis Eduardo Knorr, também festejou os seus 25 anos como leiloeiro rural, atuando na empresa. “S omos a firma mais antiga do País em leilões de animais”, grifa, com orgulho, Jarbas Knorr em seu site www.knorr-remates.com.br. Segundo ele, tudo começou em 1960 na localidade de Cerrito, no município gaúcho de Jaguarão, fronteira com o Uruguai. Três anos após participou do 1º leilão de animais em exposições oficiais, no antigo Parque do Menino Deus, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, RS, mostra que mais tarde deu origem à hoje Expointer. Em 1979 realizou o 1º leilão de reprodutores na exposição de Pelotas, uma das mais antigas e importantes do circuito de exposições-feiras de animais do Sul do Brasil. Nos anos 80 a Knorr Remates fez o 1º remate de terneiros do Paraná, no parque da cidade de Ponta Grossa, assim como o 1º remate de elite da raça eqüina Crioula no Rio Grande do Sul, à beira da piscina do Tourist Parque Hotel, em Pelotas, RS, além do 1º Remate de Ovinos das raças de carne, importados de diversos países; o 1º leilão de equinos num teatro, o Teatro Avenida, Pelotas, entre incontáveis outras atuações, por todos os cantos do Estado e fora dele. “Não temos somente tradição, mas também pioneirismo”, diz Jarbas Knorr. Ao longo de sua carreira ele teria batido mais de 70 mil marteladas, comercializando lotes de dezenas de bovinos, ovinos e equinos, sendo muito provável que tenha vendido até mais de 200 mil animais. Aos 78 anos de idade, Jarbas Knorr teve cinco filhos, 13 netos e oito bisnetos. Um dos filhos, Eduardo, 46 anos, já comanda a empresa Knorr Remates, sediada em Pelotas, RS, um dos netos, Roberto, 20 anos, trabalha como pisteiro, e Jarbas, como em outras muitas vezes, novamente foi eleito e dirige o Sindicato dos Leiloeiros Rurais do Rio Grande do Sul (Sindiler). Aliás existem no País apenas dois sindicatos da categoria: um representa os profissionais nacionais e o ou- tro é a entidade gaúcha, por uma razão simples: a tradição de leilões no Rio Grande é muito mais forte do que no restante do Brasil, herança da proximidade com o Uruguai e a Argentina, onde os remates tem larga tradição e são responsáveis por 90% das vendas do gado. Só o Rio Grande do Sul, pelas contas de Jargas Knorr, tem cerca de 200 locais conhecidos de remates, que estão localizados nos mais distantes municípios e rincões, que movimenta peões, pisteiros, pecuaristas e investidores vendedores e compradores, gerando receitas a postos de gasolina, caminhões boiadeiros de transporte, funcionários diaristas e gente ligada a restaurantes e lancherias, entre outros. OS BOLETOS No início dos anos 1960, preocupado com a falta de registro de venda de animais, que eram feitas sem nenhuma comprovação, valendo apenas a palavra do devedor ao credor, Jarbas Knorr foi a Pelotas, comprou um talão de promissórias e instituiu o uso do boleto, com valor do negócio e data de vencimento. Perdeu um amigo por isso, que não admitia que duvidassem de sua palavra. Mas deu início a uma nova era nos leilões rurais. Depois, em 1963, fundou a Associação Profissional dos Leiloeiros Públicos Rurais do Estado do Rio Grande do Sul - o embrião do atual sindicato, criado mais tarde abrigando outros grandes arrematadores como Pedro Paulo Gonçalves, Trajano Silva, Oly Ribeiro Corleta, Heitor Costa Duarte e Vidal Ferreira - os mais antigos gaúchos do martelo. A empresa leiloeira Knorr Remates começou com a necessidade da propriedade da família, a São Luís, de vender sua produção. Juntou-se a outros criatórios da localidade de Cerrito, e promoveram o primeiro leilão do lugar, em 1960. Foram mais de 2 mil ovinos e 700 bovinos gordos e de recria, e Jarbas Knorr foi o escolhido para bater o martelo. Não havia microfone profissional e Knorr acabou improvisando um pequeno microfone à bateria, preso à cintura. Andava pelos bretes dos ovinos ajudado por um funcionário da empresa e, assim, vendeu a maior parte da oferta. Só no primeiro dia já registrava a marca de quase 2,7 mil exemplares vendidos. Assim, não deve ser nenhuma surpresa o fato de seu martelo ter batido mais de 70 mil vezes anunciando a venda, em números redondos, de 200 mil animais. Jarbas Knorr ao martelo junto à piscina do Tourist Parque Hotel Março / Abril de 2010 35 36 PERFIL Março / Abril de 2010 A busca da excelência – marca de Mariana Tellechea Fotos: Divulgação/ABA José Paulo Cairoli, Dona Lila, Maria da Glória (Góia) e Mariana Com uma experiência de mais de 20 anos como veterinária e administradora de uma das mais conceituadas propriedades do criatório Angus no País - a Cabanha Paineiras, de Uruguaiana, RS - Mariana Franco Tellechea, personalidade escolhida para ilustrar o Perfil desta edição, resume nas suas atitudes e posicionamentos os traços fortes, o tradicionalismo e a constante busca pela excelência e pelo aperfeiçoamento genético que tornaram o nome Paineiras um marco da raça em todo o território nacional. e ao trabalho irão perpetuar, através dos seus descendentes, seu nome e sua marca enquanto existirem criatórios Superando perdas irreparáveis na Angus aqui e além-fronteiras. família e tendo que assumir um posto Cabanha Basca de extrema responsabilidade após a E continuando a tradição da famímorte do pai, o saudoso selecionador Flávio Tellechea, Mariana soube dar lia, afeita ao trabalho e às lidas do camcontinuidade aos mesmos ideais que po, desenvolvendo genética de ponta e nortearam o trabalho pioneiro inicia- animais de puro selo racial, Mariana do pelo avô, João Francisco Tellechea, está iniciando seu próprio criatório. quando em 1942 adquiriu a Cabanha Dentro de aproximadamente três mePaineiras e iniciou um dos primeiros ses estará inaugurando oficialmente criatórios da raça Angus no Brasil. O mais uma cabanha Angus na região gosto e a visão de João Francisco pelas de Uruguaiana. Trata-se da Cabanha coisas do campo tiveram continuida- Basca, próxima a Estância do Sarandy. de com o pai de Mariana, o sempre O nome é uma homenagem à família lembrado e admirado Flávio Bastos Tellechea, que é de origem basca. Tellechea. Veterinário e zootecnista, O novo empreendimento abrigará além de grande administrador, Flávio inicialmente um plantel selecionado granjeou reputação como jurado in- de 100 vacas PO e também animais a ternacional e profundo conhecedor da campo e será um desmembramento da raça e, com sua visão futurista sobre Paineiras. “Nós sempre trabalhamos cruzamentos industriais e melhora- em condomínio, mas agora estamos mento genético, abriu caminho para dividindo o patrimônio do pai”, conta o desenvolvimento de um moderno e a médica veterinária, que inicialmente eficiente criatório Angus no Estado. vai se dedicar ao atendimento das duas Todas estas características de empre- propriedades mas ao longo do tempo endedorismo e dedicação ao trabalho pretende cuidar exclusivamente da buscando a excelência nos resultados - Basca. A Paineiras ficará totalmente baluartes da família Tellechea -, foram a cargo da proprietária, Dona Lila, herdadas por Mariana. Ela dá assim que atualmente a ajuda na adminiscontinuidade a uma saga de antepas- tração, juntamente com a filha de sados composta por homens ilustres Mariana que será o braço direito na e mulheres admiráveis, gente da fron- administração da Cabanha Basca. A teira, que através do amor ao campo família de Mariana é composta pela Por Alexandre Gruszynski mãe Dona Lila e as irmãs Maria da Glória e Maria Izabel, os filhos Lila Tellechea Pinto, formada em Administração de Empresas e Nelson Pinto Neto e pela cunhada, Cláudia Silva. O filho, formando em Publicidade e Propaganda, dará assessoramento na parte publicitária dos empreendimentos. A irmã, Maria da Glória, participa na elaboração dos eventos da cabanha e Maria Izabel se dedica a outras atividades e não se envolve diretamente com a parte administrativa da propriedade. Animais diferenciados Do novo criatório, ainda em fase inicial, já se podem esperar animais participando em exposições este ano, garante Mariana, inclusive na Expointer, embora sem grandes pretensões de animais premiados, informa ela. “As condições agora ainda não são adequadas, mas estou com uma boa produção de terneiros e vou apresentar alguns em exposições este ano. Seguramente para o próximo ano terei um plantel muito competitivo” garante. A atividade pecuária à qual se dedica sempre teve como objetivo produzir animais melhoradores de genética. Para isto ela se mantém atualizada com o que de melhor existe no mundo nesta área e aplica os conhecimentos no criatório. “Sempre procuramos ter animais diferenciados geneticamente e as exposições servem para mostrar o que estamos fazendo. É uma coisa muito estimulante”, confessa Mariana. Ela diz que através das exposições tem uma resposta direta do público. “Eu estou sempre aberta à crítica do público e uso isto para medir o melhoramento dos animais”, destaca. Atividade de longo prazo - dois ou três anos para se ter um retorno -, exige uma dedicação constante e um comprometimento sem limites para se chegar a resultados adequados, conta ela. “Tudo isto porem é plenamente recompensado quando vemos nossos clientes satisfeitos e mesmo ganhando campeonatos com nossos produtos”. Com um diaa-dia movimentado, dividindo-se entre a parte burocrática do escritório e as atividades de veterinária na cabanha, as responsabilidades deixam pouco tempo para a vida social e os amigos. Assim as inúmeras exposições em que participa durante o ano, servem para o convívio social e encontro para rever amigos e conhecidos. É a união do trabalho com o lazer, uma coisa muito gratificante, assegura Mariana. vida profissional que pretendia já estava definida, medicina veterinária. Mariana cursou a faculdade de Medicina Veterinária na PUC de Uruguaiana e formou-se em 1984. Casou-se, teve dois filhos, ficando afastada das atividades de veterinária até 1988, quando retomou os trabalhos. Entre 1988 e 1990 Mariana estava envolvida só com a parte burocrática de atestados de nascimento e vacinação dos animais, eram o irmão Flávio Antônio Franco Tellechea (Neco) e o pai que cuidavam da administração. Após 1990 é que precisou assumir, juntamente com a mãe, a responsabilidade da tradicional marca Paineiras. “O desafio era mais difícil porque a cabanha já tinha um grande renome naquela época”, lembra-se ela. Mas com esforço e dedicação, contando com a ajuda de amigos leais, a tarefa foi exitosa. Dentre muitos personagens que foram importantes na sua trajetória, Mariana destaca particularmente o amigo Francisco Gutierrez, proprietário da Cabanha Três Marias, a mais premiada de Angus vermelho e preto da Argentina. Os pais de Mariana e de Francisco já eram amigos e formaram família na mesma época e os filhos conviveram toda a infância juntos. Após o falecimento de Flávio Tellechea, Francisco passou a dar assessoria na parte genética da Paineiras. Casa no Campo Sobre sua vida e sua atividade, Mariana é enfática “Eu gosto da vida tranqüila do campo, da qualidade de vida que o campo proporciona, da atividade que exerço, do criatório, tem que pensar, comprar, ver se dá certo, se manter atualizada, das exposições que participo, dos amigos maravilhosos que conheci ao longo dos anos, de fazer novos amigos. A atividade pecuária é um ramo que tem muito a melhorar ainda e o Angus tem um futuro maravilhoso. Estamos muito aquém do que ainda podemos conseguir mesmo sendo o nosso Estado o celeiro da genética Angus, com as mais tradicionais e reconhecidas cabanhas fornecendo para os outros Estados brasileiros”, sentencia. Paineiras Red Tamarik A afeição pela vida do campo vem desde pequena, criada na propriedade, acostumada aos animais e as conversas sobre o criatório que ouvia dos mais velhos. Mas foi aos 12 anos que ela deu o passo inicial para se tornar a veterinária e a administradora que é hoje. Naquela oportunidade, no dia do seu aniversário, que coincidia com o remate anual da Paineiras, Mariana pediu de presente ao pai, Flávio, uma vaca vermelha PO - era a Paineiras Red Tamarik. Com a produção desta vaca, da qual até hoje ela ainda tem descendentes, foi montando um plantel. Os touros eram vendidos e com o resultado eram compradas outras vacas vermelhas, dando continuidade e aumentando o rebanho. Naquela época, o pai cuidava dos animais para ela, ensinava, dava conselhos e ao crescer a escolha da Mariana e o jurado argentino Martin Lisazo MOVIMENTO Março / Abril de 2010 37 38 Março / Abril de 2010 OPINIÃO Março / Abril de 2010 Crescimento pós-desmame em bovinos de corte – bases para a qualidade futura A cada dia que passa o ganho de peso é proporcionalmente menor em relação ao peso vivo. Assim, à medida que o animal vai crescendo em direção à maturidade, a taxa de ganho relativo vai desacelerando Por Júlio Barcellos A pecuária brasileira vive uma nova conjuntura no início desta década – de um lado as pressões sociais, econômicas e ambientais e de outro as variáveis típicas de qualquer negócio. Custo, produtividade e preço de venda são os fatores determinantes do resultado efetivo do negócio. Nesta equação, o custo de oportunidade da terra tem sido um dos fatores que mais tem influenciado o custo de produção, pois novos negócios estão surgindo rapidamente para esse fator de produção e o tornando mais caro. Mas, independente do custo da oportunidade da terra, a produtividade do sistema, representada pelo desempenho animal, objeto deste texto, ainda é o direcionador mais importante para a sua eficiência. Uma das medidas de desempenho animal mais utilizado em bovinos de corte é a taxa de ganho de peso, ou seja, o ritmo de crescimento. O crescimento inicia desde a fecundação até o parto numa taxa progressiva, onde a cada dia o aumento no peso é maior do que no dia anterior. Asseguram esse crescimento o potencial genético do feto e o aporte de nutrientes maternos. Após o nascimento, o crescimento mantém-se num ritmo constante, mas a cada dia que passa o ganho de peso é pro- porcionalmente menor em relação ao peso vivo. Assim, à medida que o animal vai crescendo em direção à maturidade, a taxa de ganho relativo vai desacelerando. O crescimento do nascimento ao desmame é prioritariamente atendido pelo leite materno e, de modo geral, não há nessa fase grandes comprometimentos com o desenvolvimento do terneiro ao ponto de comprometê-lo no desempenho futuro. Vale ressaltar que o peso ao desmame apresenta uma grande variação entre raças e entre biótipos dentro de uma mesma raça. Em fim, de maneira genérica é possível afirmar que até o desmame a vaca cumpre bem o seu papel. A partir do desmame inicia a fase mais importante para o processo produtivo do terneiro. Por outro lado, é a etapa que muitos pecuaristas acabam negligenciando e cujas conseqüências podem comprometer a vida produtiva do animal. Nessa fase são constituídas as principais estruturas musculares, ósseas e dos órgãos internos, responsáveis pelo funcionamento e produção harmônica do bovino. Os ganhos de peso nesta fase determinarão o tamanho adulto e o tempo em que os principais eventos de produção como a idade de abate e o primeiro acasalamento ocorrerão. Dessa forma, são requeridos determinados ganhos para que o animal alcance seus objetivos de forma bioeconomicamente eficaz. Portanto, existe um perfeito acoplamento entre a idade e tamanho, porém, quando o ganho de peso é zero, o animal aumenta de idade, mas não cresce. Nesse caso a alimentação está atendendo apenas as funções de manutenção. Quando essa restrição é superior a 60 dias os prejuízos são irreversíveis para atingir alguns objetivos de produção como é o caso do peso de abate e da qualidade da carcaça. Os perfis musculares de num novilho que não ganhou peso durante esse período no pós-desmame jamais alcançarão o desenvolvimento e formas normais. Portanto, na fase pós-desmame, é categórico afirmar que o bovino tem que continuar ganhando peso. A taxa de ganho de peso pós-desmama será estabelecida em função dos objetivos do sistema, porém, em terneiras, não deve ser inferior a 0,300 kg/dia, independente da idade de acasalamento. Para os machos, os ganhos devem ser levemente superiores, pois os objetivos são outros – alcançar o peso de abate com uma composição corporal – relação músculos-ossos – compatível com as exigências do mercado. Esses são exemplos genéricos, pois a taxa de ganho de peso dependerá do sistema de produção e os prejuízos de uma restrição no ganho serão mais impactantes quanto mais intensivo for o sistema. Dessa forma, nesses sistemas é inadmissível pensar em ganhos compensatórios. Por outro lado, quando o sistema é extensivo, com idade ao primeiro acasalamento aos 24 meses e abate aos 36 é possível aproveitar o crescimento compensatório, por razões econômicas, sem causar prejuízos ao tamanho adulto do animal. O crescimento compensatório só é valido em animais que estão ganhando peso no pósdesmama, ainda que essas taxas sejam muito baixas. Portanto, o crescimento compensatório ocorrerá em qualquer animal que esteja crescendo abaixo do seu potencial genético. Mas, para efeitos práticos de criação, é aceito que ganhos entre 0,150 a 0,300 kg/dia são taxas mínimas de crescimento que podem ser compensadas na fase de melhoria alimentar. Portanto, usar a estratégia 39 do ganho compensatório parte do pressuposto que os animais estão com um crescimento mínimo de 0,150kg/dia. Além disso, a compensação desse menor ganho dependerá da duração em que ocorre a restrição. Quando é superior a 90 dias a compensação será inferior a 100%, portanto, haverá comprometimento na produtividade futura do animal. De forma conclusiva é fundamental que os pecuaristas entendam que a fase mais importante no crescimento de um bovino de corte é entre os 6 e 12 meses de idade e qualquer restrição nessa fase poderá causar conseqüências graves para a produção. Por outro lado, assegurar um nível alimentar que produza ganho de peso positivo nessa fase é eficiente, pois a taxa de transformação do alimento em produto ainda é favorável. Para isto estão disponíveis diversas tecnologias que asseguram ganhos de peso. Destacam-se como tecnologias para promover ganhos de peso o ajuste de carga, suplementação com concentrados ou misturas múltiplas, suplementação com fenos e pastagens cultivadas. Portanto, a escolha do sistema estará na dependência do custo e de sua viabilidade operacional. Para finalizar é possível afirmar que a fase pósdesmama é a única em que a curva de crescimento do bovino não pode ser interrompida e aquela de melhor resposta econômica frente aos investimentos em alimentação. Tudo isto se aplica aos animais que fazem parte de programas de avaliação genética. Estes devem estar sempre próximos dos limites de ganho de peso que o potencial genético permite. Portanto, num sistema de produção de touros as exigências de ganho estão próximas de 1,00kg/dia. Somente assim será possível identificar as diferenças genéticas e de adaptação ao meio para os futuros reprodutores. NESPRO-CEPAN/UFRGS [email protected] www.nespro.ufrgs.br Exportação de boi vivo: uma nova opção de mercado Por Maria Gabriela Tonini A venda dos animais para exportação é uma opção relativamente nova no mercado. Essa alternativa está presente basicamente no Pará e tem trazido benefícios visíveis aos pecuaristas do estado. Em 2009 o Brasil exportou 518,2 mil animais, registrando um crescimento médio anual de 262% desde 2003. O Pará, em função da boa disponibilidade de animais, portos com condições adequadas à exportação de carga viva e proximidade com o principal comprador brasileiro (a Venezuela), é o grande exportador, detendo 98% do mercado. Os preços do boi gordo no Pará estão mais firmes depois do crescimento desta modali- dade de exportação. Mais compradores no mercado indicam maior concorrência, o que beneficia quem vende a mercadoria, no caso os pecuaristas. Além do mais, em função dos altos custos para manutenção do navio atracado no porto, os exportadores precisam ser rápidos na compra e muitas vezes pagam R$1,00/@ até R$2,00/@ acima do valor pago pela média dos frigoríficos do estado. Isso sem contar que os animais são negociados pelo peso vivo no momento do embarque, considerando rendimento de carcaça maior de 50% na maioria das vezes para o cálculo da remuneração. Muitos produtores preferem este tipo de negociação. Desde 2007, os valores do boi gordo no Pará têm estado mais firmes do que no restante no País. Comparando a variação dos preços paraense com os de São Paulo (que é a praça balizadora e referência do país), é possível observar que o boi gordo no Pará tem variado acima dos valores de São Paulo – veja na figura 1. Estes ganhos com a melhoria da renda têm sido convertidos em investimentos produtivos, através do uso mais intensivo de insumos e da adoção de estratégias de produção como, por exemplo, o sistema de integração lavoura-pecuária, a terminação de animais em confinamento e o pastejo rotacionado. médica veterinária Scot Consultoria www.scotconsultoria.com.br 40 Julho/Agosto de 2009 REPORTAGEM