Leia - Associação Brasileira de Angus

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Leia - Associação Brasileira de Angus
Impresso
Março / Abril de 2010
Especial
2219/03 – DR/RS
Associação
Brasileira de Angus
1
CORREIOS
MARÇO / ABRIL DE 2010 - ANO 11 - Nº 46
INFORMATIVO OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS
2
Março / Abril de 2010
Associação Brasileira de Angus
Coordenação
Juliana Brunelli de Moraes
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Jornalistas Responsáveis
Eduardo Fehn Teixeira - MTb/RS 4655
e Horst Knak - MTB/RS 4834
Colaboradores: jorn. Alexandre Gruszynski e
jorn. Luciana Radicione
Apoio: Assessoria de Imprensa da ABA - jorn.
Luciana Bueno
Diagramação: Jorge Macedo
Departamento Comercial: Gianna Corrêa Soccol
51 3231.6210 // 51 8116.9784
Edição, Diagramação, Arte e Finalização
Agência Ciranda - Fone 51 3231.6210
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Associação Brasileira de Angus
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* Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.
EDITORIAL
Um ano promissor
Prezados amigos da raça Aberdeen
Angus, sócios e parceiros.
Começamos o ano com a retomada
do calendário de exposições da raça
Aberdeen Angus, no país, de forma
exemplar. Vimos, na 45ª Exposição
Municipal Agropecuária de Avaré
(Emapa), no interior de São Paulo, a
participação de 21 expositores com 145
animais. Além do excelente número,
expressivo para as pistas da raça, no
Brasil, chamou atenção a excelência
do criador e expositor ao apresentar
animais extremamente qualificados. O
resultado mostra o comprometimento
que deveremos ter com as próximas
edições de exposições, que ocorrerão
na sequência, como Londrina (PR),
em abril, e, sinaliza para o sucesso do
ano Angus que está por vir.
O ano, por sua vez, mostra-se
promissor. A Associação Brasileira
das Indústrias Exportadoras de Carne
(Abiec) divulgou o desempenho das
exportações, em fevereiro, confirmando a retomada do comércio mundial
de carne bovina. Segundo a Abiec,
houve um crescimento tanto do volume
embarcado quanto do preço médio,
no segundo mês do ano, em relação ao
mesmo período de 2009. O destaque
do mês foi o aumento de 18% no preço
HUMOR
Diretoria Biênio 2009/2010
Diretoria Executiva
Diretor Presidente
Joaquim Francisco B. de Assumpção Mello
Diretor 1º Vice-Presidente
Fábio Luiz Gomes
Diretor vice-presidente
Mariana Franco Tellechea
Diretor vice-presidente
José Roberto Pires Weber
Diretor vice-presidente
Paulo de Castro Marques
Diretor Financeiro
Marco Antônio Gomes da Costa
Diretor de Marketing
João Francisco Bade Wolf
Diretor de Núcleos
Ignacio Silva Tellechea
Diretor sem Designação Específica
Ronaldo Zechlinski de Oliveira
Coordenador de Exposições
Luiz Walter Leal Ribeiro
Conselho de Administração
Membros Eleitos
Afonso Motta
Antônio dos Santos Maciel Neto
Cristopher Filippon
Renato Zancanaro
Washington Humberto Cinel
Membros Natos – (Ex-Presidentes da ABA)
Angelo Bastos Tellechea
Antonio Martins Bastos Filho
Fernando Bonotto
Hermes Pinto
João Vieira de Macedo Neto
José Roberto Pires Weber
José Paulo Dornelles Cairoli
Reynaldo Titoff Salvador
Conselho Fiscal
Membros Efetivos
Eduardo Macedo Linhares
Roberto Soares Beck
Ruy Alves Filho
Membros Suplentes
Elizabeth Linhares Torelly
Carla Sandra Staiger Schneider
Roberta Riemke Leon
Conselho Técnico
Susana Macedo Salvador – Presidente
[email protected]
Antônio Martins Bastos Filho
[email protected]
Luis Felipe Ferreira da Costa
[email protected]
Luiz Alberto Muller
[email protected]
Sérgio Tellechea
[email protected]
Ulisses Amaral
[email protected]
Amilton Cardoso Elias - Representante ANC
[email protected]
médio da carne embarcada, que atingiu
cotação de US$ 3,53 mil/tonelada. A
expectativa, conforme a Abiec, é de um
crescimento de 10% em volume e de
15% na receita obtida com as exportações de carne bovina para 2010. Essa
reação também deve ser observada na
temporada de feiras de terneiros que
ocorrem entre abril e maio, principalmente no Rio Grande do Sul.
Existe uma forte demanda por gado
de reposição no outono e, seguindo essa
direção, entra em ação um dos nossos
programas, na Associação Brasileira de
Angus, o Terneiro Angus Certificado.
A comercialização do gado Angus e do
terneiro Angus certificado, na temporada de feiras, em 2009, demonstrou
grande liquidez e valores, em média,
superiores aos praticados na compra por
terneiros em geral.
Outro assunto que exige a atenção
de todos é a liderança da raça, entre as
europeias (taurinas), no país, e o seu
crescimento, em uma escalada fenomenal, conforme aponta o relatório da
Associação Brasileira de Inseminação
Artificial (Asbia) de 2009, divulgado
em março. A venda de doses de sêmen
Angus cresceu 38,68% no Brasil, período em que o mercado nacional de
corte obteve incremento de 18,35%.
A Angus comercializou 1,452 milhão
de doses de sêmen e teve incremento
de 405 mil doses comercializadas em
2009 em relação ao período anterior.
Somente no Rio Grande do Sul, foram
190,72 mil doses de sêmen Angus co-
mercializadas, o que representa 46%
do mercado gaúcho, conforme divulga
o relatório Asbia. No Brasil Central,
especialmente nas regiões Centro-Oeste,
Norte e em estados como São Paulo, a
grande utilização do Angus, no gado
zebuíno, é verificada ao se observar o
expressivo número de 1,261 milhão
doses de sêmen que foram adquiridas,
no período. Isso comprova o alto uso da
raça e, sua eficiência no cruzamento
industrial, em grande parte do território nacional.
Em outra análise, a raça responde
por 27,87% do mercado de comercialização de sêmen de corte, no país, e
por mais de 80% do mercado de sêmen
entre as raças taurinas de corte, entre
outras 24 raças europeias avaliadas, no
relatório. Esses números demonstram,
antes de tudo, a qualidade da raça que
a torna preferência nacional quando
o assunto é gado de corte europeu e,
sobretudo, no cruzamento industrial.
Paralelo a isso, destacamos o trabalho
desempenhado pela Associação Brasileira de Angus através do Corpo Técnico,
Conselho Técnicos e demais setores que
atuam na divulgação dos benefícios da
raça quando o assunto é genética e carne
de qualidade.
Finalizando, desejamos aos amigos
um ótima leitura e, bons negócios!
Joaquim Francisco Bordagorry de
Assumpção Mello
Presidente da Associação Brasileira
de Angus
NOTÍCIAS DA ABA
Débora é a nova
Assistente Técnica
A Associação Brasileira de Angus
(ABA) acaba
de agregar
uma nova
colaboradora
em sua equipe. Trata-se da médica veterinária Débora Brochmann Chait, que passa a
ser a nova Assistente Técnica da ABA,
atuando em turno integral na sede da
entidade, em Porto Alegre, RS.
Formada em pela Ulbra no ano de
2006, Débora deverá atuar também
como suporte, prestando atendimento ao Conselho Técnico da entidade
e desenvolvendo atendimento aos
novos sócios e aos associados de
modo geral.
VOCÊ SABIA?
O potencial do
Angus na Rússia
Assim como, em 1870, os criadores pioneiros apostaram na raça Angus
nos Estados Unidos, tornando-a
numa verdadeira potência da pecuária
de corte, o criador Russo Sergey Goncharov começa a trilhar os primeiros
passos. O criador e proprietário da
Sputnik Angus Farm, a noroeste da
Rússia, próxima da histórica cidade
de São Petersburgo, está implantando
a raça numa área dominada por gado
leiteiro e granjas de ovos, aproveitando o enorme potencial das pastagens
da região.
EXPOSIÇÕES
Março / Abril de 2010
3
Expolondrina – palco para a raça no Paraná
Fotos: Divulgação/ABA
Uma intensa programação
está agendada para a 50ª Exposição Agropecuária e Industrial
de Londrina (ou simplesmente
Expolondrina 2010), que se realiza
de 1º a 11 de Abril, no Parque de
Exposições Ney Braga, em Londrina, PR. A participação da raça
Angus inicia somente no dia 6 de
abril, já que a mostra é realizada
em dois turnos.
O
julgamento de admissão está
marcado para o dia 7. No dia
9, na pista central, a partir
das 10 horas, o jurado Renato Pinto
Paiva (técnico da Associação Brasileira
de Angus), inicia o julgamento dos
machos de argola, devendo concluir
os trabalhos à tarde. As fêmeas irão a
julgamento no dia 10, sábado.
Outro momento de frisson da
mostra será o 3º Leilão Conexão Angus, chancelado pela ABA, marcado
para o dia 8 de abril, quinta-feira, a
partir das 19 horas, no Recinto Abdelkarin Janene. No dia seguinte, 9
de abril, é dia do Leilão Seleção GB,
que reúne GB Agropecuária – Porecatu, PR, Reconquista Agropecuária,
Alegrete, RS e Cabanha da Corticeira,
São Borja, RS.
Na área técnica, a raça Angus
dará muito para falar, especialmente
no que se refere ao Programa Carne
Angus Certificada. No dia 8 de abril,
quinta-feira, a partir das 13h, no
Recinto Horácio Sabino Coimbra,
realiza-se o 8º Seminário de Pecuária de Corte, promoção conjunta
da Associação Brasileira de Angus,
Coopcarnes e Emater. Na abertura, o
médico veterinário Dr. Fábio Schuler
Medeiros, da Associação Brasileira
de Angus, realiza palestra sobre
“Alternativas de cruzamentos para
produção de carne de qualidade”.
Em seguida, a zootecnista Ms. Ana
Lúcia Garcia Spironelli Quitiliano
falará sobre o “Manejo de animais
pré-abate visando à carne de qualidade”. Concluindo este verdadeiro
ciclo de palestras, Fábio Medeiros
volta ao microfone para apresentar
“Alternativas de comercialização e
perspectivas de mercado para a carne
de qualidade”.
Expo Outono de Uruguaiana
Programada para a primeira
quinzena de maio, a Expo Outono de
Uruguaiana promete boas disputas
em pistas e uma amostra comercial,
integrando animais rústicos e de
argola, e formatando a primeira
ranqueada Angus da temporada
2010 no RS.
rganizada pelo Núcleo Angus
Três Fronteiras, a Exposição
realiza-se de 10 a 16 de maio,
no Parque de Exposições da Associação
Rural. Uruguaiana é hoje integrante
do Grupo das cinco mais importantes
exposições da raça no País, formando
o ranking nacional de criadores e
O
expositores. O objetivo dos organizadores é superar o número de animais
inscritos em 2009, ou seja, cerca de
200 animais.
O Núcleo Três Fronteiras está
trabalhando forte para contar com a
presença de criadores uruguaios e argentinos, dando um caráter internacional à
mostra. Entretanto, explica o presidente
do núcleo, Sérgio Tellechea, “a participação de estrangeiros está condicionada
à parte sanitária, já que o Ministério da
Agricultura precisará liberar a entrada
de animais à exposição”. Os nomes indicados para jurado da exposição já estão
sendo votados pelos expositores.
O ingresso dos animais está previsto para os dias 10 e 11, sendo que
a admissão dos animais de argola
acontece no dia 12. O primeiro evento
classificatório é o julgamento de rústicos, realizado dia 13 de maio, a partir
das 14 horas. O julgamento das fêmeas
de argola está programado para o dia
14, a partir das 9 horas. No mesmo
dia, a partir das 20 horas, realiza-se no
Remate de Elite Angus, no recinto de
leilões do parque. O julgamento dos
machos de argola está programado
para a manhã do dia 15, sábado. Ao
meio-dia, almoço de confraternização
e entrega de prêmios.
Exposições do Ranking Angus 2010
EXPOSIÇÃO
DATA
LOCAL
6º Outono Angus Show
27 a 30 maio
Esteio/RS
45º Emapa - Avaré
08 a 14 março
Avaré / SP
41º Expoagro - Itapetininga
16 a 25 abril
Itapetininga / SP
16ª Feicorte
15 a 18 junho
São Paulo
51º Expoagro - Araçatuba
8 a 18 e julho
Araçatuba / SP
49ª Expo Rio Preto
outubro
S. J. Rio Preto
Expointer
28 agosto a 05 setembro
Esteio/RS
Expoguá - Guarapuava
Agosto
Guarapuava / PR
Expovel - Cascavel
Novembro
Cascavel / PR
50ª Exposição Londrina
06 a 11 abril
Londrina/PR
Exposição de Maringá
05 a 11 maio
Maringá/PR
60ª Feapec
01 a 10 outubro
Cachoeira do Sul/RS
Expofeira Livramento
18 a 24 outubro
Livramento/RS
84ª Expofeira de Pelotas
06 e 07 de outubro
Pelotas/RS
79ª Expofeira de Sta. Vitória
02 a 12 novembro
Sta. Vitória do Palmar
36ª Expofeira de Rio Grande
09 a 16 novembro
Rio Grande
8ª Expo Outono Uruguaiana
11 a 16 maio
Uruguaiana/RS
74ª Expofeira de Primavera
05 a 10 outubro
Uruguaiana/RS
68ª Exposição Alegrete
11 a 17 outubro
Alegrete/RS
44ª Exposição São Francisco de Assis
21 a 25 de outubro
São Francisco de Assis/RS
Expofeira de Dom Pedrito
27 outubro
Dom Pedrito/RS
Sérgio Tellechea e Joaquim Mello
EVENTOS CHANCELADOS 2010
08 abril – 19h – 3º Leilão Conexão Angus –
Produtores e Cruzamentos
Recinto Abdelkarim Janene – durante a
Expolondrina 2010
Londrina, PR
16 abril – 14h – 30º Remate de Elite
Cabanha Santa Clara
Parque de Exposições Sindicato Rural de São
Borja, RS
Transmissão Canal Rural
21 abril – 14h – Leilão Virtual Angus
Produção Fêmeas
Transmissão Canal Rural
22 maio – 13h30min – Vendas Diretas
Cabanha Umbu
Cabanha Umbu – Uruguaiana, RS
28 maio – 21h – III Catanduva Red Concert
Centro de Eventos do Sport Club Internacional
– Porto Alegre – transmissão Canal Rural
29 maio – 17h – Leilão Outono Angus Show
Pista J - Parque de Exposições Assis Brasil –
Esteio, RS
08 junho – 18h – 6º Remate de Ventres &
Cruzas Angus
Parque de Exposições Sindicato Rural de São
Borja, RS
16 junho – 20h – Leilão Prime Angus
Tattersal 1 - Durante a 16º FEICORTE – São
Paulo, SP
31 julho – 14h – 10º Leilão VPJ Angus
Red Eventos – Jaguariúna, SP
Transmissão Canal Rural
30 agosto – à noite – 3º Remate Rincón
Del Sarandy
Esteio, RS
07 outubro – 21h – 2º Leilão Virtual VPJ
Angus Tropical
Transmissão Canal Terra Viva
OUTROS EVENTOS
09 de abril – Leilão Seleção GB Corticeira e
Reconquista – Durante a Expolondrina 2010
13 de maio – Leilão Genética Reconquista –
Leilão Virtual
Transmissão Canal Rural
09 a 19 de setembro – Expo Prado 2010
08 de outubro – 7º Leilão Selo Racial
Quaraí, RS
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CARNE
Março / Abril de 2010
Foto: Horst Knak / Agência Ciranda
Boas práticas de manejo geram carne de qualidade
Por Ana Doralina A. Menezes
M
uito se comenta sobre
as perdas decorrentes do
manejo inadequado dos
animais, pois como se sabe o uso de
golpes, choques e cães, a falta de qualidade dos insumos como as vacinas
e medicamentos, além de outras práticas em nível de propriedade (como
instalações inadequadas) podem gerar
grandes perdas econômicas, que geralmente são avaliadas e quantificadas
durante o abate, através da eliminação
das áreas lesionadas da carcaça.
Por outro lado, também devem
ser levadas em consideração as perdas posteriores ao abate, observadas
durante a desossa, com a identificação
das lesões aparentemente menores,
porém muitas vezes mais profundas e que não são tão comentadas,
mas que ocorrem com freqüência,
gerando prejuízos à indústria e aos
consumidores.
Isto ocorre já que as carcaças com
lesões, hematomas e reações significam perdas econômicas, pois nem
todos os cortes podem ser utilizados
para o consumo, não sendo aceitos
pelo consumidor e também são
inadequados para uso na preparação
de cortes processados. Além disso, o
sangue apresenta nutrientes essenciais
ao crescimento bacteriano, servindo
como meio de cultura para bactérias
patogênicas, reduzindo a segurança
dos cortes oriundos dessas carcaças
e, como conseqüência, diminuindo
também a sua vida útil.
Como já foi visto, o transporte de
animais da propriedade até o estabelecimento de abate caracteriza-se como
a primeira etapa do abate humanitário, com reflexos significativos na qualidade da carne. Em condições desfavoráveis, esses danos podem causar a
morte do animal, ou ser responsáveis
pelas principais contusões verificadas
na inspeção durante o abate, ou ainda
gerar cortes que por não cumprirem
com requisitos exigidos, não serão
destinados aos mercados mais exigentes, prejudicando a comercialização.
O manejo antes, durante e após o
transporte está diretamente relacionado com o estresse dos animais e,
conseqüentemente, com a queda do
pH pós abate. Durante o transporte,
o estresse é originado principalmente
pelas privações de alimento e água,
distância percorrida, alta umidade,
temperatura, velocidade do ar e densidade de animais na carga, que produzem respostas fisiológicas na forma
de hipertemia, aumento da freqüência
respiratória e cardíaca.
A utilização ou gasto do glicogênio muscular por atividade física
ou estresse é a maior influência do
transporte na qualidade da carne,
devido a não ocorrência de queda
satisfatória do pH pós abate e a
pequena quantidade de ácido lático
produzida, propiciam a ocorrência de
carnes DFD (dark, firm, dry), onde se
observa o aparecimento de cor escura,
aumento da capacidade de retenção de
água da carne e pH alto.
No sistema muscular as funções
A produção de carne de qualidade envolve todos os
elos da cadeia produtiva da carne bovina, já que cada
processo tem grande importância na qualidade do
produto final, desde a propriedade rural até o consumidor.
Sendo assim, as perdas ocorridas ao longo deste processo
devem ser avaliadas e mensuradas, com o objetivo de
minimizar seu impacto econômico, já que os resultados são
compartilhados pelos produtores, indústria e consumidores
vitais não cessam imediatamente após
a morte do animal, ocorrendo uma
série de modificações bioquímicas e
estruturais, após o sacrifício, o que se
denomina “conversão do músculo em
carne”. Neste sentido, são utilizadas
como formas de avaliação da qualidade do transporte: a extensão das
contusões nas carcaças, e o controle de
pH 24 horas após o abate, realizado
no músculo L. Dorsi.
De acordo com as normas da
União Européia para importação de
carne bovina, é proibida a importação
de carnes com pH ≥ 6,0, e cortes que
apresentem lesões. No Brasil, somente
são destinadas à exportação, carnes
com pH ≤ 5,9, avaliado diretamente
na carcaça após 24 horas pós abate.
Na prática, as peças habilitadas à
exportação e que por apresentarem
lesões ou alteração de pH não são
exportáveis, geram perdas econô-
micas significativas à industria, pois
na maioria das vezes estas carcaças
recebem alguma bonificação ou
diferencial de preço pela habilitação
à União Européia, porém não irão
atingir os valores de comercialização
deste tão importante mercado.
Outro mercado que também
apresenta restrição a peças com lesões
e pH alto é o Chile, um grande importador da carne bovina brasileira.
Estas peças que não são destinadas
para exportação, na maioria das vezes serão utilizadas para o mercado
interno, sendo necessária a retirada
da área lesionada, e muitas vezes os
cortes necessitam ser porcionados e
comercializados com um valor muito
abaixo do que poderiam atingir no
mercado externo, e até mesmo no
mercado interno.
Como exemplo de cortes podemos citar o contrafilé, entrecot, filé,
Médica Veterinária – Supervisora
Programa Carne Angus Certificada
As lesões nos cortes geram prejuízos e impedem a exportação
Fotos: Divulgação
alcatra, patinho, picanha, maminha,
coxão de dentro, coxão de fora, e
alguns cortes do dianteiro como pescoço, peito, acém, paleta.
No que diz respeito aos abcessos,
reações por vacinas ou medicamentos,
estas também são observadas com
bastante freqüência, e provocam o
descarte total do corte ou de mais
cortes, ou ainda a utilização parcial
dos cortes dependendo da extensão da
lesão. Também são comercializados
com valores abaixo do que poderiam
obter. Estas lesões são mais observadas
em cortes como picanha, maminha,
coxão de fora, e cortes do dianteiro
como pescoço, paleta, acém.
Dessa forma, para obtermos um
produto de qualidade, em condições
para a exportação, que vão ter o reconhecimento do consumidor e uma
remuneração à altura, é necessário,
além de investimentos em genética e
alimentação, garantir também melhorias no bem estar animal, juntamente
com treinamento da mão-de-obra,
boas práticas de manejo, melhorias
nas instalações, equipamentos, utilização de produtos de qualidade, entre
outros, que estão diretamente ligados
à qualidade final do produto.
Somente assim poderemos diminuir as perdas que, como vimos,
não são apenas dos produtores, mas
da indústria que como conseqüência
não atinge a remuneração esperada e
o retorno do investimento realizado,
por não conseguir aproveitar todos
os cortes como deveria e atingir
os mercados que valorizam este
produto. Da mesma forma também o consumidor final é atingido
negativamente, pois como sabemos
estas práticas tem reflexos diretos
na qualidade do produto, como
apresentação, maciez, suculência e
durabilidade.
CARNE
Março / Abril de 2010
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Março / Abril de 2010
CARNE
Padronização e acabamento,
Fotos: Divulgação
requisitos para quem busca mercado
grande procura por animais com
sangue Angus no Brasil”, avalia.
Agregar um número maior de
pecuaristas para produzir dentro
dos padrões técnicos é, na opinião
do especialista, um dos grandes desafios da pecuária brasileira. Ações
neste sentido já foram deflagradas,
a exemplo do Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de
Angus (ABA), que estabelece padrões
para a produção de animais e de
avaliação de carcaças bovinas sangue
Angus para entrega aos frigoríficos
parceiros. O sistema, na opinião
da zootecnista Angélica Pereira, do
Departamento de Nutrição Animal
da USP, é ímpar no Brasil, pois
considera características de suma importância que resultam em produtos
altamente diferenciados no mercado
brasileiro de carnes.
Programa Carne Angus é exemplo a ser
seguido no País quando o assunto é elevar
a qualidade da carne ofertada
Genética, nutrição, sanidade e manejo são palavraschave na pecuária moderna. Quem faz uso desse conjunto
de tecnologia no campo pode-se dizer que está indo ao encontro do que o mercado quer: todos esses
quesitos são fundamentais para o pecuarista que visa comercializar animais em conformidade com
o que a indústria e o consumidor exigem. Produzir dentro de critérios técnicos e mercadológicos
deixou de ser uma opção e passou a ser uma obrigação para quem busca espaço para o seu produto
e rentabilidade na atividade pecuária.
Por Luciana Radicione
I
nvestir a ponto de obter na etapa
final da pecuária animais jovens,
com padrão racial Angus, peso
adequado para abate, bom acabamento de carcaça (gordura superficial
que deve estar entre 3mm e 6mm) e
conformação, é certeza de uma remuneração diferenciada. “Quando se faz
padronização se buscam vantagens
para toda a cadeia bovina. Todos saem
ganhando, especialmente o consumidor. Mas antes dessa etapa é preciso
conhecer quais as ferramentas que
atendem aos padrões de qualidade”,
afirma o professor do Departamento
de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
Harold Ospina Patino. Segundo ele,
falar em padronização de carcaça é falar
diretamente sobre a porção comestível
da carne, sua maciez e seu sabor.
O processo que se inicia no
campo, segundo ele, tem peso dife-
renciado (e maior) para as etapas de
genética e de nutrição. “Elas estão
estreitamente ligadas e formam uma
dupla básica e essencial para quem
quer produzir carcaça de qualidade",
diz. E, garante, as raças britânicas
como a Angus são altamente recomendadas para uso de quem quer
se sobressair na atividade. “Elas se
diferenciam pela precocidade sexual
e rapidez de terminação, garantindo
um giro mais rápido dependendo das
condições de pastejo. Isso explica a
Segundo ela, o Brasil ainda está longe de pensar em produção de
carcaças na sua totalidade com acabamento adequado, mas são fundamentais iniciativas que unem produtores, associações e indústrias em
torno de um mesmo objetivo. “Não custa pouco produzir carcaças com
acabamento adequado, por isso o programa da Angus se destaca ao
promover parcerias e incentivar financeiramente quem trabalha dentro
dos padrões”, afirma ela. O fato de a qualidade ser remunerada apenas
na ponta, segundo Harold Ospina, não deve ser um limitante para o
engajamento de produtores. “Quem entra deve saber que será bonificado
no final do processo”, lembra. Segundo ele, por se tratar de uma aliança
mercadológica que remunera pelo que se produz, o programa Carne
Angus Certificada é um excelente aliado e um ótimo exemplo a ser seguido no País quando o assunto é elevar a qualidade da carne ofertada.
“A palavra de ordem hoje em dia é padronização, qualidade e oferta ao
consumidor. E há ferramentas disponíveis para isso”, reitera.
Apostar em projetos inovadores como o proposto pela Angus é, na
opinião dos especialistas, o caminho para garantir na ponta da cadeia
produtos de alto valor agregado. “Muito embora ainda seja difícil realizar
pesquisas no Brasil, com o investimento de poucas empresas, melhorias
na qualidade da carne certamente aumentarão a nossa competitividade
com outros mercados, beneficiando todos os segmentos da cadeia da
carne bovina, especialmente o consumidor final”, afirma Angélica.
O gargalo ainda é a baixa oferta de qualidade
Praticamente estreando como
parceiro do Programa Carne Angus
– o projeto está no seu quinto mês de
abate - o Frigorífico Silva, de Santa
Maria/RS, vem trabalhando para aumentar o número de fornecedores de
matéria-prima, especialmente de gado
Angus dentro dos padrões exigidos
pelo programa. Mas, de acordo com
o representante do frigorífico, Ricardo
Vaz, ainda são frequentes as desclassificações de animais por não alcançarem
as características mínimas exigidas pelo
programa. “Um fator de extrema importância e a causa do maior número
de desclassificações na planta do Silva
é o acabamento das carcaças. Embora
os animais possuam as demais características exigidas, como peso, idade
e conformação, muitos ainda pecam
pelo acabamento”, relata Vaz.
Como o mercado tem sede de qualidade e devido à crescente demanda
pela carne Angus, a expectativa do
frigorífico Silva é ampliar o aumento
do número de animais abatidos. Para
tanto, em parceria com a ABA está
promovendo uma maior divulgação
dos benefícios do programa junto aos
seus produtores rurais para o aumento
na oferta de animais. O trabalho está
sendo realizado através de reuniões
e palestras, bem como de visitas às
propriedades dos produtores que já são
fornecedores e aos prováveis fornecedores de animais a serem selecionados
para o programa. Vaz ressalta que a
parceria no programa de qualidade
é uma alternativa que possibilita ao
produtor rural vender seus produtos
por um melhor preço. “Além de ter
preço melhor no lote, ainda recebe
um bônus nos animais classificados no
Carne Angus, o que gera na cadeia um
aumento de receita e movimenta desde
a compra de insumos até o investimento em genética”, considera.
A estimativa de que menos de
10% da demanda por carne de qualidade é atendida no Brasil é um dos
grandes chamarizes para quem quer
começar a investir em rebanhos com
maior potencial de mercado, na opinião de Antônio Augusto Miranda,
responsável pela comercialização da
carne VPJ Beef. “Falta conhecimento
por parte do produtor sobre a importância de se investir em padronização
e começar a vender produto com
valor agregado. É preciso entender
que animal sem acabamento não
tem valor para nada”, enfatiza. Ele
lembra que um grande espaço mercadológico está se abrindo no Brasil,
e cita a crise político-econômica da
Argentina que pode comprometer
em parte o abastecimento interno por
aqui, como exemplo da necessidade
de se aumentar a oferta no mercado
interno de carne superior. “O produ-
tor tem que estar atento ao que está
acontecendo e buscar programas que
garantam ferramentas e remuneração
para isso”, afirma Miranda.
A VPJ Beef participa do Carne
Angus Certificada desde 2007 e
mantém o rigor na seleção do que vai
para o gancho: os animais são abatidos
com até dois dentes e carcaça com
média superior a 4 mm de gordura.
“A comprovação da qualidade começa
na avaliação do curral. Só compramos
animais confinados e que recebem a
certificação”, afirma. Atualmente são
abatidos na linha do VPJ de 600 a 800
animais por mês, mas a capacidade e
a demanda do mercado por carne de
qualidade permitiria, tranquilamente,
que mais de 2 mil animais fossem
abatidos na planta do VPJ.
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Cruzados e confinados: certeza de rentabilidade
Fotos: Divulgação
A grande procura por animais de boa qualidade para a
reposição de rebanhos no Brasil Central é fato nesta época do ano
O mercado firme para o boi gordo e pastos em boas condições
vêm estimulando essa recomposição e, mais uma vez, os produtos
com sangue Angus estão tomando a dianteira na preferência
dos pecuaristas da região que trabalham com confinamento. A
expectativa para este ano é de um melhor equilíbrio na margem,
fato que não ocorreu durante todo o ano passado devido à crise
que elevou custos e reduziu o lucro do produtor. “Tivemos um
recuo médio de 20% no número de cabeças confinadas por conta
daquele cenário, onde muitos tiveram prejuízos e alguns poucos
fecharam empatados”, afirma o diretor-executivo da Associação
Nacional dos Confinadores (Assocon), Juan Lebron.
E
ntre a grande variedade de raças para o cruzamento industrial disponíveis hoje no Brasil
Central, o Angus é o mais cobiçado,
muito embora a comercialização
esbarre na falta de produtos disponíveis. “Animais com sangue Angus é
preferência absoluta, mas o que limita
a oferta é a disponibilidade”, reforça
o dirigente. Segundo ele, produtos
oriundos de cruzamento com Angus
apresentam todas as características
que o mercado (indústria e consumidor) exigem, mas ainda representam
apenas 8% do número de cabeças
confinadas atualmente no Brasil. Para
mudar esse cenário, Lebrón vê como
alternativa um maior investimento
dos pecuaristas em genética e outras
ferramentas que possam aumentar a
produtividade e, consequentemente,
regular a oferta inclusive nas épocas
de escassez.
Se toda a raça apresenta benefícios
produtivos no cruzamento em função
da heterose, no caso do Angus ela é
a única que possui um programa de
remuneração por meio do programa
de carne que leva vantagens a toda à
cadeia produtiva. “Com o Angus há
uma associação imediata da raça com
a produção de carne de qualidade. E o
que vemos hoje é uma forte demanda
por produtos certificados”, destaca
Roberto Barcellos, da Beef & Veal
Consultoria, empresa que atua no
ramo de confinamentos. No início
de março, durante o 5º Encontro
do Confinamento realizado em
Jaboticabal/SP, Barcellos ministrou
palestra sobre os benefícios de bovinos cruzados em confinamentos,
ocasião em que ressaltou que o Angus, por si só, alia dois ganhos para
quem opta pela raça: “ele ganha pelo
uso da própria raça nesse sistema,
que traz benefícios já largamente
conhecidos, e junto garante preço
ao produtor”. A tendência, segundo
ele, é de expansão de programas que
remunerem pela qualidade, mas antes
é primordial que se façam investimentos para que todos possam se
beneficiar do potencial produtivo da
raça. E lembra que mais de 50% dos
animais abatidos são desclassificados
no pós-abate. “Para a indústria, o
resultado de um cruzamento é uma
commodity, e não podemos depender do mercado externo para termos
oferta permanente de carne superior.
Na maioria das vezes o produto que
vem de fora peca pela qualidade e pela
sazonalidade”, destaca Barcellos. De
acordo com ele, projetos em pecuária
hoje têm como meta o aumento da
produtividade e da qualidade por
meio da precocidade, ampliação da
lotação e diminuição do ciclo produtivo. “Dessa forma é possível agregar
valor ao produto final”, afirma ele,
lembrando ainda a necessidade de
se fazer uso de ferramentas como
tecnologia (genética, nutrição e
manejo), programas de qualidade,
padronização e marketing.
A exploração do Angus tem
crescido de forma significativa nos
últimos anos, e no Brasil Central, seu
uso se alastra através do cruzamento
industrial. De acordo com Barcellos,
o relatório de comercialização de
sêmen do ano passado da Associação
Brasileira de Inseminação Artificial
(ASBIA), comprova essa tendência:
foram vendidas (somando sêmen
nacional e importado) 1.452.813
doses de sêmen Angus em 2009,
contra 1.047.080 em 2008 e 868.184
em 2007.
Para o professor titular do Departamento de Melhoramento e
Nutrição Animal da Unesp Botucatu,
Antônio Carlos Silveira, a heterose
oriunda do cruzamento Nelore
X Angus, um dos mais utilizados
- por meio da qual os filhos têm
características superiores à média
dos pais - resulta em produtos com
características diferenciadas que em
condições de confinamento garantem
um giro financeiro muito mais veloz.
“A complementariedade genética
imprime mais fertilidade às fêmeas
e precocidade de acabamento. Ou
seja, os animais vão para o gancho
mais cedo.” Segundo ele, novilhos
têm condições de serem terminados
ao redor de 15 meses. Animais sangue Angus, em condições favoráveis,
podem ter o mesmo destino aos 13
meses em confinamento. “Isso é puro
ganho econômico para o produtor,
garantindo, por baixo, uma rentabilidade de 4%”, afirma Silveira.
Juan Lebron, presidente da Assocon
Confinamento: mercado esquenta em 2010
O Programa Carne Angus Certificada foi um dos temas centrais do 5º Encontro Confinamento: Gestão
Técnica e Econômica realizado de 10 a 12 de março na Universidade Estadual Paulista (Unesp/FCAV),
Jaboticabal , SP. O tema central do evento, promovido pela Coan Consultoria e Scot Consultoria, foi o
aquecimento do mercado de animais confinados para o ano de 2010.
O palestrante Roberto Barcellos, responsável por alguns importantes confinamentos, no país, que
se dedicam à terminação de animais cruza Angus, falou sobre o Desempenho de animais cruzados em
confinamento, destacando-se a genética Angus. Pela Associação Brasileira de
Angus, em estande próprio, o técnico do Programa Carne Angus Certificada
Fábio Medeiros esteve presente ao evento, esclarecendo dúvidas e interagindo
com os participantes. Entre os temas que envolveram a nata dos profissionais da pecuária de corte
no País, destaque ainda para as palestras sobre as expectativas para o confinamento e o mercado do boi gordo em 2010, a influência dos níveis de concentrado
na dieta sobre os custos e resultados do confinamento, a pressão ambiental x
rastreabilidade x certificação ABRAS – qual a posição dos frigoríficos. Segundo
Rogério Coan, um dos palestrantes, “em um ano que já se inicia com menores
preços de grãos e insumos para o confinamento, é preciso confiança dos criadores
para obter resultados bastante satisfatórios”, destaca.
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Técnicos do Programa Carne Angus
Certificada no RS realizam reciclagem anual
Fotos: Divulgação ABA
Práticas a campo foram
o diferencial do evento,
que também contou com
uma parte teórica
O
s técnicos do Programa
Carne Angus Certificada,
no Rio Grande do Sul, participaram de reunião anual realizada
na sede da Embrapa Pecuária Sul, em
Bagé (RS), neste mês. Este ano, além
do ineditismo do encontro ocorrer na
sede da unidade, também houve práticas a campo. Essa atividade foi desempenhada pelo técnico da Associação
Brasileira de Angus (ABA),
Luiz Walter Leal Ribeiro,
que palestrou sobre padrão
animal dos animais cruza
Angus, e pelo pesquisador da
Embrapa Pecuária Sul, Joal
Brazzale Leal. Ambos apresentaram noções teóricas e
atividades práticas. Conforme Luiz Walter Leal Ribeiro,
os técnicos do programa de
carnes da ABA tiveram con-
Frigorífico Silva anuncia Campeonato
Anual de Carcaças Angus
A Associação Brasileira de Angus
(ABA) e o Frigorífico Silva, parceiro
da entidade no Programa Carne
Angus Certificada, lançam neste
mês mais uma novidade. Buscando
premiar produtores de excelência de
animais Angus aptos ao abate no pro-
grama, será realizado um Campeonato
Anual de Carcaças Angus.
Com início previsto para o mês
de abril, todos os lotes abatidos pelo
produtor durante o período do campeonato - que terá no mínimo seis meses de duração - serão avaliados pelos
técnicos da ABA e do Frigorífico.
Segundo o subgerente do programa Carne Angus Certificada, veterinário Fábio Medeiros, o objetivo da
competição é premiar a constância
e a padronização de qualidade nos
lotes entregues ao frigorífico. “Os
melhores produtores serão aqueles
que entregarem animais de qualidade durante todo o campeonato”,
diz o técnico.
Ao final da nova competição,
haverá também um Concurso de
Carcaças, quando cada produtor
poderá enviar um lote de excelência
de sua produção, o qual também
será contabilizado no concurso.
Técnica do Programa participa de reunião de agentes de compra
A Médica Veterinária Gabriela
Ribeiro Ferrão da Silva, supervisora
do Programa Carne Angus Certificada
junto ao Frigorífico Silva, participou
em 19 de março do encontro dos
agentes de compra de gado daquele
frigorífico, em Santa Maria, RS.
Além de apresentar palestra sobre
os critérios de classificação de animais
exigidos para o Programa Carne
Angus Certificada, Gabriela da Silva
interagiu com os compradores, escla-
recendo dúvidas sobre padrão racial,
acabamento e o processo de certificação da carne Angus pela Associação
Brasileira de Angus (ABA), que é
reconhecido internacionalmente pela
Ausmeat.
dições de acompanhar, tanto na teoria
quanto na prática, o que se busca nos
animais cruza Angus.
O técnico e integrante da Coordenação do Programa Carne Angus
Certificada, Fábio Medeiros, observou que as práticas a campo foram o
diferencial dessa Reunião Anual dos
Técnicos do Programa Carne Angus
Certificada/RS. “Pela primeira vez
os técnicos do programa de carnes
tiveram contato com todos os cruzamentos disponíveis na Embrapa, além
de práticas a campo”, sentenciou. A
temática “Pesquisas de Cruzamentos” foi detalhada pelo pesquisador
da Embrapa Pecuária Sul, Fernando
Cardoso, que apresentou projeto de
melhoramento genético em cruzamentos, no Estado. Nas atividades
teóricas, os técnicos ainda acompanharam a revisão dos resultados do
Programa Carne Angus Certificada,
em 2009; reciclagem e atualização
sobre temas como qualidade de carne,
gestão pela qualidade e certificação
Aus-Meat. O presidente do Núcleo
Regional de Criadores de Aberdeen
Angus de Bagé, Alfredo Pinheiro,
acompanhou as palestras, durante a
parte teórica.
Participaram os certificadores do
Programa Carne Angus Certificada/
RS, João Hermes Souza, Márcia
Garcia Gomes, Maria da Graça
Jacinto, Silvia Andrade da Silva,
Suelen Jardim Rodrigues, Thiovanne Moraes, Felipe Perotti, Luis Fernando Stefene e Rafael Brasil, além
das supervisoras Gabriela Ribeiro da
Silva e Ana Doralina Menezes e os
coordenadores e gerência da ABA,
respectivamente, Fábio Medeiros e
Juliana Brunelli.
Silva lança programa de fidelização
Buscando uma maior constância de fornecimento de animais Angus de
alta qualidade e a formação de parcerias permanentes com produtores / fornecedores do Programa Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de
Angus (ABA), o Frigorífico Silva lançou no mês de março, o Programa Agenda
Angus Frigorífico Silva.
Através deste programa, produtores que realizarem suas previsões antecipadas e escalonamento de abates terão, além da garantia de entrada dos animais,
bonificações adicionais pelo cumprimento das previsões. Desta forma, com
maior integração e contato com seus fornecedores, a cadeia de comercialização Angus – Frigorífico Silva será fortalecida e ampliada, permitindo, no
médio prazo, uma valorização ainda maior no frigorífico destes animais de
comprovada qualidade.
Atualmente, os animais Angus recebem preços superiores no Frigorífico
Silva, além de contarem com prioridade nas escalas de abate da indústria, que
trabalha no sentido de ampliar o seu quadro de fornecedores para o Programa
Carne Angus Certificada.
Marfrig São Gabriel inicia certificação
Desde o início de fevereiro de 2010, a unidade
do Marfrig de São Gabriel, RS, realiza abates e está
apta a certificar animais Angus. Nesta moderna planta
frigorífica, serão produzidos cortes de carne Angus
para exportação e para o mercado interno. Os novos
técnicos da ABA, Felipe Vargas e Suelen Rodrigues são
os responsáveis pelo processo de certificação.
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MELHORAMENTO GENÉTICO
Os benefícios do
melhoramento genético
Foto: Divulgação/ABA
Para que uma raça alcance o ápice de seu potencial em desempenho, todo
criador precisa investir em melhoramento genético permanente. E saindo da
era do achômetro, ingressando na mais pura tecnologia, ao fazer melhoramento
genético, o produtor precisa levar em conta os dados de avaliação genética,
obtidos a partir de programas de controle de rebanho reconhecidos. E, em
lugar de utilizar os dados de performance apenas como lance de marketing
para comercializar animais em remate, o criador deve aproveitar os dados
para incrementar os resultados de seu estabelecimento, de forma a extrair
benefícios econômicos expressivos. Para construir uma verdadeira dimensão
da importância do melhoramento genético, a reportagem do Angus@newS foi
ouvir técnicos e criadores de reconhecida competência no assunto.
Por Eduardo Fehn Teixeira
“Que a raça Aberdeen Angus é
mesmo completa, disso não temos
nenhuma dúvida. Porém para que ela
alcance o ápice de sua potencialidade
em desempenho, precisamos investir
de forma permanente em melhoramento genético. Só assim vamos ter a
certeza de estarmos trabalhando com
os animais certos, a partir da seleção
dos melhores exemplares da raça. E só
assim vamos poder afirmar que efetivamente estamos obtendo progresso
genético”, avalia a atual presidente
do Conselho Técnico da Associação
Brasileira de Angus (ABA), Susana
Macedo Salvador.
Médica veterinária por formação
e experimentada criadora por opção e
vocação, Susana Salvador observa que,
como em todos os segmentos, também
na pecuária e na raça Aberdeen Angus
existe uma grande diversidade de criadores, que também trabalham com
objetivos diferenciados.
Segundo ela, são três as categorias
principais: os Expositores, que são
aqueles que escolhem seus animais de
olho nas pistas de julgamentos, com
base no biotipo, no fenótipo e na
genealogia. É um trabalho focado no
animal como indivíduo.
Pode-se chamar de Multiplicadores
aqueles que não tem seus objetivos ou
metodologias de seleção muito claros.
Estes, ou por desconhecimento ou
porque efetivamente não acreditam em
programas de seleção, não conseguem
quantificar e visualizar os ganhos que
seus rebanhos estão alcançando.
E a outra categoria é definida por
Susana Salvador como os Selecionadores, que são produtores mais focados
na área de produção, são usuários
convictos dos programas de avaliação
genética e que, em função desta postu-
ra, tem todas as condições de controles
e avaliações capazes de lhes informar,
cientificamente, sobre os efetivos ganhos genéticos de seus rebanhos.
pecuária como um todo”, promove
Joaquim Mello, um dos pioneiros,
através de sua Cabanha Santa Eulália,
a avaliar animais através da participação no Promebo.
Quem trabalha com pecuária
e quer ter bons resultados,
precisa fazer melhoramento
genético
“Quem produz em pecuária e não
faz melhoramento genético, está em
vôo cego e realmente não sabe o que
está perdendo”, afirma o veterinário
Luis Alberto Müller, membro do
Conselho Técnico da ABA. E ele
chama a atenção para um fato surdo,
que se traduz numa negativa distorção
do que seja melhoramento genético e
de seus reais benefícios aos criadores
e à raça como um todo.
Mas para a dirigente do Conselho
Técnico da ABA, via de regra, quem
trabalha com pecuária e quer ter bons
resultados, precisa fazer melhoramento genético. “Para que não espalhem
sua genética negativa, os animais
inferiores tem que ser constantemente
eliminados do rebanho de produção.
Mas para que o criador tenha condições de saber quais são esses animais
e também quais são os seus melhores
exemplares, precisa ter os dados das
avaliações genéticas. Do contrário, é
romantismo, puro achômetro, não é
profissional”, define.
“O melhoramento genético é
uma ferramenta de trabalho importantíssima à disposição do pecuarista,
porque nos revela, cientificamente, a
performance que estamos obtendo de
nossos animais”, sintetiza o selecionador e atual presidente da Associação
Brasileira de Angus (ABA), Joaquim
Francisco Bordagorry de Assumpção
Mello.
Quanto mais produtiva e
eficiente for a máquina de
fazer carne – o boi – melhor
será o retorno econômico da
pecuária
Segundo ele, cada vez mais temos
que usar em nossas propriedades
animais capazes de expressar e de
repassar as características desejáveis
à produção, tanto de reprodutores
como e especialmente de carne de
qualidade. “Os custos cada vez ficam
mais elevados e quando mais produtiva e eficiente for a máquina de fazer
carne – que é o boi – melhor será o
retorno econômico do pecuarista e da
Tem gente que só usa os
dados de avaliação como
marketing para a venda de
reprodutores e não para a
seleção do rebanho
“Pela falta do entendimento
da profundidade representada pelo
melhoramento genético e de seus benefícios à produção, muitos criadores
que avaliam e fazem a seleção em seus
rebanhos somente apresentam os dados dessas avaliações como forte argumento de venda de seus reprodutores.
Usam os dados só como marketing e
não como seleção de seus rebanhos”,
aponta o técnico.
Para o criador Antonino Souza
Dorneles, todo o pecuarista deveria
se preocupar com o melhoramento
genético de seu gado. “A repercussão
se dá diretamente no bolso”, sintetiza
o médico e selecionador de Angus,
titular da Estância Olhos D´Água,
em Alegrete, RS.
A repercussão do melhoramento genético se dá direta
mente no bolso
Segundo ele, com o trabalho
continuado de melhoramento genético, em pouco tempo o gado ganha
cada vez mais qualidade, valorizando
muito mais na hora do abate, por
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exemplo, ou da venda de reprodutores
ao mercado, e o custo de produção
é o mesmo. “E para quem comercializa reprodutores, então, investir
permanentemente em melhoramento
genético é fundamental”, diz ele.
Dorneles se precupa com esta
atividade do melhoramento genético
em seu plantel e rebanho há mais de
15 anos. “Há 12 anos ingressamos
no Promebo e há 30 anos utilizamos
inseminação artificial”, informa.
“O Brasil é o maior exportador
de carne do mundo, mas tem uma
carência grande na área da qualidade”,
lembra o criador, técnico e jurado
internacional de Angus, Antonio
Martins Bastos Filho – o Antoninho
Bastos, proprietário da Cabanha São
Bibiano, em Uruguaiana, RS.
Só teremos bom preço pela
enorme quantidade de carne
que produzimos quando,
através do melhoramento
genético, conseguirmos produzir toda esta carne, com
real qualidade
“Temos muita quantidade de
carne, mas pouco preço, porque falta
maior qualidade, e esta qualificação
das carcaças que produzimos somente
virá com um competente e continuado trabalho de seleção genética dos
rebanhos”, sintetiza o selecionador.
MELHORAMENTO GENÉTICO
“E é óbvio que a pressão seletiva
precisa ser exercida tanto pelo produtor de gado comercial, para abate,
quanto pelo cabanheiro, que vai
fornecer ao mercado os reprodutores
- touros e fêmeas multiplicadores de
genética”, diz.
Eduardo Macedo Linhares, à frente da GAP Genética, de Uruguaiana,
RS, é um dos pioneiros na arte do
melhoramento genético no Brasil.
Há cerca de 30 anos, percebendo os
ganhos que teria e a competência e o
grau de inovação representado pelo
trabalho do saudoso pesquisador
e geneticista gaúcho Luiz Alberto
Fries, Linhares criou o Programa
Natura – um dos primeiros programas de seleção genética do País, que
tinha como base a metodologia dos
modelos mistos, criada por Fries, e
que também serviu como cerne do
competente Promebo.
Com o Programa Natura,
Eduardo Linhares foi um
dos pioneiros a apostar no
melhoramento Genético
“Fazer melhoramento genético
é um comparativo entre os indivíduos: o pai é bom quando seus
filhos são bons. E a mãe é boa
quando produz com eficiência”,
sintetiza o experiente pecuarista e
selecionador gaúcho, um dos maiores (senão o maior) fornecedores de
animais ao Programa Carne Angus
Certificada, da Associação Brasileira de Angus (ABA).
E para ele, o correto é que o
produtor tenha condições de ser
o mais rigoroso possível, de modo
que quando um animal não cumpre
sua função, o ideal é que seja su-
mariamente eliminado do rebanho.
“Deve parar no gancho do frigorífico, para não gerar descendentes
que só vão dar prejuízos e manchar
a imagem de uma raça tão eficiente
quanto a Angus”, sentencia.
E como selecionador, ele também observa que há diferenças entre o melhoramento genético feito
em rebanhos de produção e para os
exemplares de pista. “Para o show,
existem algumas fórmulas e mesmo
segredos que estão mais vinculados
à imagem visual do animal. À sua
apresentação em pista para avaliação dos jurados”, explica.
Para Eduardo Linhares, o ambiente onde estão os animais também é fundamental. “Para expressar
toda a sua capacidade genética, o
animal tem que estar perfeitamente
adaptado ao meio onde é criado.
E isto precisa ser observado pelo
criador para que a seleção genética
seja a mais eficiente possível”,
ensina ele.
Além do Natura, a GAP Genética também participa do Promebo.
Eduardo Linhares observa que muitos de seus clientes, compradores
de reprodutores da GAP, também
orientam seu trabalho de seleção
pelos dados reprodutivos gerados
pela GAP, em busca de performances superiores em seus rebanhos.
“O mais importante é conseguir
a padronização do gado e isso resulta da aplicação de um trabalho
permanente e bem orientado de
melhoramento genético”, alerta a
selecionadora Cláudia Silva, à frente da Cabanha Rincon del Sarandy,
de Uruguaiana, RS. Segundo ela,
especialmente na cabanha, trabalhar sobre um gado padronizado
e controlado, não só facilita como
também otimiza a obtenção de
resultados cada vez melhores.
O mais importante é conseguir a padronização do
gado
“Mas o primeiro passo é a conscientização do criador sobre a necessidade e os ganhos que ele vai auferir
fazendo a seleção e o melhoramento
genético de seu gado. Feito isso, é
procurar um técnico credenciado pela
raça que ele cria (ou à genética que ele
escolheu para produzir, no caso de
gado geral - de produção), e seguir a
sua orientação”, ensina Cláudia.
E ela garante que, agindo dessa
forma, logo esse criador não só vai ver
com seus próprios olhos os resultados,
com a elevação do padrão de seus
animais, como também vai sentir no
bolso, a partir da maior valorização
de seus bovinos.
“Melhoramento Genético é uma
importante ferramenta para a consolidação de uma raça, num processo evolutivo permanente, sempre em busca
da manutenção e do aperfeiçoamento
das principais características dessa
raça”, começa dizendo o tradicional
selecionador de Angus Angelo Bastos
Tellechea, titular da Estância Umbu,
de Uruguaiana, RS.
A raça Angus é repleta de
características altamente
positivas e o grande destaque
é a carne que ela é capaz de
produzir
E para ele, a raça Angus é repleta
de características altamente positivas,
onde o grande destaque é a carne que
Entenda os números da tabela
A tendência genética anual para índice desmama é 0,34 unidades padronizadas por ano, e para índice final é de 0,31 unidades por ano.
Este resultado indica um progresso genético próximo a um terço (1/3)
de unidades de índices por ano. Ou seja, a cada três anos temos um ganho
de uma unidade no índice padronizado. Este índices de seleção à desmama
e final são os principais critérios seletivos utilizados na raça Angus, combinando ganho de peso, conformação, precocidade e musculatura, além de
perímetro escrotal na fase final da avaliação.
O que se busca na raça com este índice é obter um animal equilibrado,
adaptado e adequado ao nosso sistema de produção pastoril. Assim, nossa
meta é nos aproximarmos cada vez mais de uma fêmea de tamanho moderado, com fertilidade, característica maternal, apresentando facilidade de
parto e precocidade sexual. Já o biotipo do touro Angus deve apresentar
equilíbrio entre a precocidade de crescimento - com bom ganho de peso
e musculosidade - e precocidade de terminação, destacando adequado
acabamento da carcaça, seja na raça pura ou em sistemas de cruzamento,
em especial com genótipos zebuínos.
ela é capaz de produzir. “O mundo
inteiro já comprovou a qualidade
e a superioridade da carne Angus”,
reafirma ele.
Por isso mesmo, Angelo Tellechea adverte que a evolução de
uma raça como a Angus, através da
prática do melhoramento genético
não pode seguir na contramão das
características mais expressivas da
raça, que é justamente a qualidade
de sua carne, que tem aparência,
textura, marmoreio e maciez, além
de um sabor inigualável. Para
ele, o melhoramento genético é
fundamental, tanto para o selecionador quando para o reprodutor
comercial.
“O primeiro estará acompanhando as tendências da raça e terá
a oportunidade de tentar produzir
um verdadeiro campeão de pista. E
o segundo terá demanda dos frigoríficos por seu gado, que renderá
remuneração diferenciada, como é
o caso daqueles produtores que participam do Programa Carne Angus
Certificada”, esmiuça o experiente
criador de Angus.
O melhoramento genético
deve ser a alma do trabalho
de todo o empresário de
pecuária
Usuário de genética Angus para
utilização em cruzamentos industriais,
o pecuarista e criador de Nelore José
Antonio Fontes (leia-se Fazenda São
Manoel do Triunfo, em Londrina,
PR, diz que o melhoramento genético
deve ser a alma do trabalho de todo
o empresário de pecuária. “Com o
contínuo melhoramento, o gado ganha qualidade e padronização, além
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MELHORAMENTO GENÉTICO
criação e como consequência, maior
retorno ao criador.
O melhoramento genético
resulta em atualização perante o mercado, gerando
sucesso da criação e, como
conseqüência, maior retorno
ao criador
de gerar uma carcaça correta e com
carne superior, bem mais valorizada”,
define.
Fontes sincroniza o cio de suas
vacadas Nelore através de IATF e
as insemina com Angus, fazendo o
repasse também com touros Angus.
“Tanto o sêmen quanto os touros
são adquiridos das melhores criações
gaúchas de Angus”, informa.
“Seja qual for o objetivo do pecuarista – produzir novilhos para abate ou
exemplares para a pista – a meta maior
é sempre fazer o melhor possível, no
menor tempo e com um resultado
vantajoso em termos de receita. E
para isso, o melhoramento genético é
fundamental”, resume o selecionador
Fábio Gomes, proprietário da Cabanha Catanduva, em Cachoeira do Sul,
RS. Para Fábio Gomes, a permanente
preocuçação com o melhoramento
genétido resulta em atualização perante o mercado, gerando o sucesso da
Conforme ele, os novilhos devem
ser pesados e se aprontar rapidamente,
as fêmeas precisam ser precoces reprodutivamente e os touros devem repassar
sua correta genética e ser funcionais,
com libido expressiva. “Em países de
pecuária evoluída, a fêmea Angus é inseminada aos 14/15 meses e aos 24 meses
de idade já está com um produto ao
pé, que vai cuidar muito bem, porque
ser uma boa mãe também é uma das
características da genética Angus, que
precisa ser selecionada”, afirma.
O coordenador técnico do Promebo, Leonardo Talavera Campos, não
entende como um pecuarista pode
produzir sem ter total controle de seu
rebanho, sem saber se está avançando
em produtividade, sem saber se está
efetivamente conquistando os tão
almejados ganhos genéticos. “Temos
que parar de vez com a zootecnia
romântica e partir para a zootecnia
científica, que se baseia no ganho
genético ou na resposta à seleção”,
fuzila o especialista da Associação
Nacional de Criadores (ANC) Herd
Book Collares, acostumado a visualizar o progresso genético de propriedades sérias, que tocam o trabalho de
aperfeiçoamento do rebanho a partir
de metodologias comprovas, como o
Promebo, por exemplo.
Temos que parar de vez
com a zootecnia romântica
e partir para a zootecnia
científica
Para Leonardo Campos, de forma
objetiva o melhoramento genético é
feito a partir de dois fatores: a pressão
ou intensidade do trabalho de seleção
e a exatidão dessa seleção, ou seja, a
qualidade dos dados coletados do rebanho. Na pressão de seleção – alerta
o técnico – o criador precisa distinguir
com clareza as figuras do selecionador
e do colecionador. “O selecionador
participa de um programa sério de
avaliação, observa os dados resultantes
e efetivamente elimina de seu rebanho
os animais inferiores no critério de
seleção. Já para o colecionador, tudo
o que nasce é touro”, polemiza.
Conforme Campos, a zootecnia
romântica se baseia quase tão somente
no pedigree do animal, na sua ascendência, sendo uma sistemática totalmente incompatível com a produção
econômica. “A genética é importante,
mas é preciso trabalhar cientificamente favorecendo esta genética, e não
contra ela”, adverte.
No Promebo – lembra o técnico
– a grande base de dados provém
de um processo de seleção massal,
com os animais criados em condição
de campo nativo ou em pastagens
melhoradas. “Daí a credibilidade das
avaliações, uma vez que o programa é
compatível com a realidade do sistema de produção pecuária”, arremata
Leonardo Campos.
Cada vez mais, o mundo
vai consumir carne bovina.
E para o Brasil manter e
ampliar suas posições, o
melhoramento genético e
as relações saudáveis com o
meio ambiente são obrigatórias aos criadores
“A demanda por proteínas está
passando das 210 milhões de to-
neladas em 2005 para 450 milhões
de toneladas em 2050. E para que
a Angus, uma raça universal, tenha
condições de participar de forma
marcante no atendimento desta
demanda, os produtores precisam
atentar sériamente para o melhoramento genético de seus rebanhos”,
adverte o experimentado técnico,
professor e pesquisador da UFRGS,
José Fernando Piva Lobato.
Para efetivamente poder contribuir
com o atendimento desta demanda por
carne, a Angus terá que gerar proteína
saudável, especialmente produzida a
pasto, com redução de custo de produção, maior produtividade e redução
de resíduos químicos na carne.
Lobato lembra que o Brasil tem
cerca de 30% do mercado internacional da carne. E para não só manter,
mas também ampliar esta participação, produzindo uma carne saudável e
de qualidade, livre de resíduos tóxicos,
os produtores terão necessariamente
que investir no melhoramento genético. “Só assim terão condições de
gerar uma carne saudável, com ganhos
genéticos palpáveis, numa relação
equilibrada com o meio ambiente”,
diz. Segundo ele, o Promebo está à
disposição dos criadores para a seleção
de animais em relação ao seu meio
concreto de produção.
Paralelo entre Zootecnias:
Algumas Diferenças entre a Zootecnia Científica e a Zootecnia Romântica:
ZOOTECNIA CIENTÍFICA
Leonardo T. Campos - [email protected]
Coordenador Técnico do PROMEBO® - Superintendente do SRG da ANC
ZOOTECNIA ROMÂNTICA
Seleção baseada predominantemente em características objetivas.
Seleção embasada predominantemente em características subjetivas.
Ênfase na performance própria do animal e/ou de sua progênie.
Ênfase exagerada no “pedigree” do animal, muitas vezes em função de apenas um de seus ascendentes.
Criador é selecionador: exerce pressão de seleção – somente animais superiores quanto aos critérios de
seleção pré-estabelecidos vão para a reprodução.
Criador é colecionador: quase todos os animais nascidos são reprodutores – “tudo que nasce é touro”,
não exercendo pressão de seleção no rebanho.
Padronização da produção com definição de estações reprodutivas e de nascimentos curta, de 90 a 100
dias no máximo.
Produção sem padronização – estações de reprodução e de produção indefinidas, com nascimentos
dispersos praticamente durante todo o ano.
Sem pré-seleção dos animais sob avaliação seletiva, pelo menos até o final da fase de desmama.
Pré-seleção dos animais candidatos a reprodutores ou que terão seus dados coletados e avaliados, muitas
vezes logo ao nascer ou em idades muito precoces, antes ainda da desmama.
Seleção por habilidade maternal da mãe.
Uso desnecessário de amas de leite e de suplementos alimentares em excesso (“creep-feeding”), prejudicando ou impedindo a seleção por habilidade materna das mães.
Animais criados de forma econômica, em condições compatíveis com os sistemas de produção em que
serão utilizados como reprodutores.
Animais criados em condições de alimentação ou nutricionais exageradas e totalmente artificiais –
regime de cabanha.
Comparações de desempenho entre animais contemporâneos que receberam efetivamente oportunidades
iguais para produzir.
Desconsideração do conceito de grupos uniformes de manejo dos animais contemporâneos, sem respeitar
a exigência de oportunidades iguais.
Agrupamento de animais contemporâneos do maior tamanho possível.
Pulverização na formação dos grupos de manejo dos animais contemporâneos.
Ênfase no “ranking” de animais – em função de relatórios de avaliação genética e sumários de reprodutores.
Ênfase no “ranking” de pessoas: cabanheiros e expositores.
Bois e carreta na seqüência correta, ou seja, bois na frente da carreta.
Colocação da “carreta na frente dos bois”.
MELHORAMENTO GENÉTICO
Março / Abril de 2010
17
Seleção no ambiente de produção
Foto: Horst Knak/Agência Ciranda
Prof. José Fernando Piva Lobato, Ph.D.
É notória a procura de solos cultiváveis em países como o Brasil e
Argentina para a produção de soja,
milho, trigo e girassol. Ou seja, a
pecuária de corte, com sua menor
renda por hectare, está cedendo
estas áreas para a produção de
grãos. Estimativas existem de que a
população mundial de 6,7 bilhões
em 2010 será em 2050 de 9 bilhões.
Também enfatizam que a demanda
global por proteínas passará de 210
para 450 milhões de toneladas.
efletindo sobre este contexto,
sobre a contribuição da Angus na produção de carne de
qualidade e preenchendo este espaço
de opinião sobre melhoramento genético animal para os próximos anos,
em piores ambientes de produção,
antecipo uma conclusão: inscreva-se
no Promebo, selecione seus animais,
aprove-os ou descarte-os, machos e
novilhas, no seu meio de produção.
Ou seja, em pastagens naturais e naturais melhoradas, ante as temperaturas,
umidade, luminosidade e restritores
como carrapato e verminose.
R
José Fernando Lobato com o presidente da ABA, Joaquim Mello
Reduza por seleção genética a
infestação de carrapato e verminose
em seu rebanho. Barreiras ditas
comerciais, ou mesmo a saúde do
povo brasileiro, serão fundamentadas
em análises de resíduos nas carnes
que nos orgulhamos de produzir
ou levamos ao abate. Selecione para
área pélvica, peso ao nascer, peso ao
desmame, peso ao sobreano, idade ou
peso à puberdade/primeiro serviço,
perímetro escrotal, área de olho de
lombo e adequada espessura de gordura subcutânea. Em breve, temo, a
indústria pagará por rendimento de
cortes cárneos. Já é o que está sendo
vendido, olhe os supermercados! E a
variação existente entre as proporções
de músculo e gordura é grande e tem
controle genético.
Portanto, selecione para rendimento de cortes cárneos, área de olho
de lombo. Selecione animais de pêlo curto e liso
e só compre animais ou
sêmen de fato comprovados para esta fundamental
característica de adaptação
aos trópicos e subtrópicos
brasileiros. Portanto, de
adaptação no Rio Grande
do Sul e algumas regiões
deste Brasil pecuário.
Animais de pêlo curto
e liso terão maior resistência ao calor, a ectoparasitas
e maior produtividade.
Pêlo longo ou lanoso aumenta a temperatura corporal e afeta a produção
devido ao maior fluxo de
sangue periférico, menor fluxo sanguíneo nos órgãos internos, menor
quantidade de nutrientes ao útero,
menor desenvolvimento fetal, placentário e úbere, menor produção de
leite. Diminui a duração de estros, de
progesterona, o crescimento muscular
e a taxa de prenhez, pois aumenta a
mortalidade embrionária. Pêlo longo
retarda a idade de abate e reduz a
maciez da carne.
Use touros com DEPs originados
de sistemas a pasto. Os outros você
pode e até deve experimentar. Entretanto, antes de usá-los massivamente,
experimente e observe o desempenho
em sua fazenda, no seu ambiente de
produção. No Congresso Mundial
do Brangus em 2007, no Uruguai,
duas autoridades mundiais, Drs.
Ferrel e Jenkins, do reconhecido e
fundamental Clay Center, afirmaram:
“definir o mérito genético animal sem
considerar o ambiente pode resultar
em uma desconexão entre o potencial
genético para produção e a capacidade
do ambiente”.
Assim sendo, com base na ciência
animal à disposição de todos, a qual
embasa minhas breves conclusões,
associada à minha constante vivência
nos ambientes de produção a pasto,
eis o meu norte em melhoramento e
produção de bovinos de corte para
ambientes que tendem a ser ainda
piores. Identifique, selecione, e passe
a gostar dos animais que mais produzem em seu ambiente de produção.
Dep. de Zootecnia/UFRGS,
Produtor - [email protected]
18
ARTIGO
Março / Abril de 2010
Nada de novo debaixo do sol
O Brasil apresenta uma série de vantagens competitivas que,
se exploradas adequada e eficientemente, podem transformar o País
no maior estoque mundial de carne bovina de qualidade
Por Leonardo Talavera Campos
Lembrei do livro da Bíblia - o Eclesiates – ao
me deparar com este pré-projeto, elaborado para
ser encaminhando a uma instituição financeira
nos idos de 1995. Visava angariar recursos
para aprimorar e difundir o trabalho da ANC.
Reproduzo-o aqui para evidenciar, em retrospectiva, quantos acertos continha e quantas de
suas demandas ainda são necessárias e atuais.
“O Brasil apresenta uma série de vantagens
competitivas que, se exploradas adequada e
eficientemente, podem transformar o país no
maior estoque mundial de carne bovina de
qualidade. Em 1994, o tamanho da população bovina nacional girava em torno de 160
milhões de cabeças, de acordo com estatísticas
do Conselho Nacional de Pecuária de Corte”
(chegamos a 200,3 milhões em 2005, de acordo
com a mesma entidade e suas projeções indicam
193,1 milhões para 2009).
“A taxa de crescimento desta população, de
2,3% ao ano, deve, segundo algumas projeções,
se manter neste nível. Já nas primeiras décadas
do século vindouro, o país terá condições de produzir 1/3 da produção mundial de carne bovina,
sendo, por larga margem, o maior exportador
desta commodity (FRIES, 1985).”
“Algumas destas vantagens competitivas
são:
- condições climáticas favoráveis;
- interação positiva entre clima, solo e genótipos vegetais e animais importados;
- área de pastagens com capacidade de suporte para 400 milhões de bovinos;
- custo de produção de carne bovina a
50% dos da Austrália, 33% dos EUA e 20%
da CEE.”
“A ANC Herd-Book Collares, entidade
desde 1906 ligada a seleção genética de repro-
Médias de algumas características fenotípicas
ajustadas avaliadas pelo Promebo na raça
Angus por ano de produção
ANO
-----
1974
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
N
---
15
9
10
16
16
44
106
210
290
236
554
692
739
901
1411
1782
2555
3079
3528
4359
5442
5171
5041
5510
6610
7021
8628
11505
11004
10952
9562
9537
8759
10013
7200
GND
-----
98.0
135.8
124.6
125.2
141.3
145.2
127.4
124.5
131.4
136.0
122.9
135.2
148.1
145.7
122.4
147.8
142.3
146.1
139.6
134.9
150.0
147.9
145.3
148.6
151.1
162.4
155.3
150.4
146.2
138.5
148.0
162.8
170.4
167.2
171.4
N
---
13
4
8
11
10
37
44
64
143
118
279
552
483
722
919
1158
1600
1975
2338
3085
3334
3056
2986
3630
4351
4914
6270
7800
7301
6756
6017
6398
6040
6858
395
GDS
-----
80.4
69.6
56.7
44.5
65.5
62.8
74.2
63.2
53.9
68.3
74.2
74.1
68.5
89.0
85.9
72.2
72.9
65.3
68.0
85.0
90.1
91.4
92.8
91.7
109.1
104.8
93.2
89.7
85.4
88.6
94.2
96.0
101.7
105.4
92.6
N
---
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
22
129
579
631
373
388
394
254
307
461
1178
1770
1136
1465
1530
1959
140
PEi
N
----
---
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
31.5
32.0
32.2
31.3
31.5
30.9
32.0
31.4
31.8
32.3
32.2
31.7
32.4
33.4
34.4
34.0
32.4
Legenda:
N = Número de Observações
GND = Ganho de Peso do Nascimento à Desmama Ajustado (em kg)
GDS = Ganho de Peso Pós-Desmama Ajustado - da Desmama ao Sobreano (em kg)
PEi = Perímetro Escrotal Ajustado para Idade e Peso (em cm)
PN = Peso ao Nascer (em kg)
Observação: resultados apresentados de 2008 são dados parciais
P
--
15
9
8
14
16
10
8
29
12
35
21
31
55
52
57
158
518
459
917
1349
1947
2073
2240
1994
2876
3088
2961
4150
4228
4747
4097
3859
4153
5015
4332
N
--25.7
24.7
25.1
26.4
25.0
32.7
35.1
32.5
35.9
31.4
30.4
30.3
33.7
33.4
29.4
29.7
31.9
33.4
32.7
32.6
33.2
33.6
32.8
33.7
32.8
33.2
33.6
33.1
33.6
33.1
33.7
34.1
34.9
35.6
34.1
dutores bovinos, estando ciente do papel que
deverá exercer no novo cenário de produção
de carne bovina no Brasil do século XXI, vem
através deste Projeto propor um convenio de
integração com esta instituição renomada.”
Objetivos do Projeto:
“A ANC visa à obtenção de recursos para
efetuar uma re-estruturação de suas atividades
de registro genealógico e avaliação genética,
modernizando-se para enfrentar os desafios da
pecuária do terceiro milênio. Esta reestruturação
envolve duas áreas de atuação: informatização
e marketing.
(1) – informatização: este ponto envolve
tópicos como:
- desenvolvimento de métodos estatísticos
mais eficientes para avaliação genética dos
reprodutores (através da assessoria da empresa
GenSys Consultores Associados),
- produção e distribuição de programas para
controle de produção de gado de corte em nível
de fazenda,
- integração das atividades de registro genealógico e avaliação genética colocando a disposição dos criadores o chamado performance
pedigree, e
- implantação de uma rede informatizada
ligando o banco de dados da ANC com estações
remotas localizadas nas suas entidades filiadas e
demais usuários ou criadores.
(2) – Marketing: este tema consiste basicamente numa maior divulgação do trabalho da
ANC, com os objetivos de:
- aumentar a abrangência dos programas
de controle de produção e avaliação genética
conduzidos pela ANC,
- fomentar a criação de animais das raças
registradas nas zonas com potencialidade de
adaptação climática, e
- maior utilização da heterose e da complementaridade na produção comercial através do
cruzamento de genótipos zebuínos adaptados ao
trópico com os recursos genéticos que as nossas
raças européias apresentam.
Superintendentes da ANC
Coordenador Técnico do Promebo®
e-mail: [email protected]
Ranking de Touros Angus dos EUA
Anualmente, a American Angus Association (AAA), a Associação Americana de
Angus, e a Red Angus Association of America
(RAAA), a Associação de Red Angus dos
Estados Unidos, publicam o Ranking dos
Posição
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
Posição:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
10 touros que mais foram utilizados e mais
filhos PO (Puros de Origem) registraram
no seu país durante o Ano Fiscal. Portanto,
conheça as genéticas americanas mais procuradas em 2009:
Nome do Touro Aberdeen Angus
(pelagem preta)
MYTTY IN FOCUS
GAR PREDESTINED
SS OBJECTIVE T510 0T26
SAV 8180 TRAVELER 004
TC TOTAL 410
GAR RETAIL PRODUCT
SAV NET WORTH 4200
HSAF BANDON 1961
SAV FINAL ANSWER 0035
WOODHILL FORESIGHT
Número de Filhos
Registrados na AAA
9.118
8.295
6.922
3.957
3.735
3.426
3.237
2.450
2.269
2.233
Nome do Touro Red Angus
(pelagem vermelha):
LCC MAJOR LEAGUE A502M
5L NORSEMAN KING 229
5L SIGNATURE 5615
FEDDES BIG SKY R9
BIEBER MAKE MIMI 7249
LCC CHEYENNE B221L
LJC JAVELIN M08
BFCK CHEROKEE CNYN 4912
BASIN TREND SETTER 6074
LJC MISSION STATEMENT P27
Número de Filhos
Registrados na RAAA:
523
465
415
384
379
335
327
299
296
292
O Ano Fiscal 2009 iniciou em 1º de Outubro de 2008 e terminou em 30 de Setembro de 2009.
Informações: American Angus Association e Red Angus Association of America
Tradução: Stefan Staiger Schneider
Março / Abril de 2010
19
22
Março / Abril de 2010
NÚCLEOS
23
Melhoramento genético atrai criadores paulistas
CONSELHO TÉCNICO
Leonardo Campos apresentou vantagens do Promebo
Neste outono de 2010, criadores filiados ao Núcleo de Criadores
de Angus de São Paulo tomarão
contato direto, incluindo práticas,
com o Programa de Melhoramento
Genético de Bovinos de Corte (Promebo), visando ao melhoramento
dos plantéis paulistas. Esta foi a principal decisão tomada pelo presidente
do Núcleo, Renato Ramires Júnior,
durante encontro técnico realizado
durante a 45ª Exposição Municipal
Agropecuária de Avaré (Emapa), em
Avaré (SP). No evento, realizado dia
13 de março, o coordenador técnico
do Programa de Melhoramento de
Bovinos de Carne (Promebo), Leonardo Talavera Campos, detalhou
algumas das ferramentas de seleção
do Promebo, de embasamento científico, como decisivas para a obtenção
Técnico do Melhoramento Genético
Angus (MGA).
Medeiros, que é Médico Veterinário e Doutor em Produção Animal
pela Ufrgs, tem nesta nova frente de
trabalho dentro da ABA, a missão
de desenvolver ainda mais o MGA,
ampliando as atividades do Conselho
Técnico através de ações de fomento
ao Promebo, palestras e dias de
campo, testes de performance, de
progênie, avaliação de carcaças,
resistência a ectoparasitas e fomento
à pesquisa, entre outras atividades,
além de buscar a valorização cada
vez maior dos animais selecionados
pelo programa de Melhoramento
Genético da ABA.
ABA, AAA e INTA assinam convênio
O convênio entre a Associação
Brasileira de Angus (ABA), a Associação Argentina de Angus (AAA) e
o Instituto Nacional de Tecnologia
Agropecuária (INTA), para a realização da avaliação de carcaças por
ultrassonografia, será assinado em
ato oficial no dia 15 de abril, em
Porto Alegre.
Com esta parceria, a ABA utilizará da experiência adquirida pela
coirmã AAA, que vem desenvolvendo consistente trabalho de avaliação
de carcaças por ultrassonografia na
Argentina. O convênio tem como
objetivos a promoção e crescimento
ABA apoia teste de
Performance em
Confinamento CRV-Lagoa
A Associação Brasileira de Angus (ABA), juntamente com o Núcleo de
Criadores de Angus de São Paulo (Angus São Paulo), vão participar do Teste
de Performance CRV-Lagoa 2010. O teste de desempenho em confinamento é
aberto a todos os criadores de Angus do Brasil e visa selecionar animais por características de performance, dados de carcaça, avaliados por ultrassonografia,
adaptação ao calor e escores visuais avaliados pela metodologia do CPMT.
de reprodutores melhoradores. O
técnico da ABA, Fábio Medeiros,
também participou dos debates.
Leonardo Campos, que atua
no Promebo desde 1982, destacou
a necessidade de o criador visar
aos ganhos genéticos na seleção,
produzindo e multiplicando animais melhoradores no seu rebanho.
“Através de uma seleção aditiva o
produtor poderá introduzir filhos de
produtos avaliados no seu rebanho e
comercializar animais avaliados que
vão transferir uma genética superior
a outros rebanhos, disseminando
qualidade a todo rebanho Angus”,
afirmou. Durante a palestra, Campos mostrou como utilizar os dados
integrantes do Sumário Angus,
inclusive a interpretação das tabelas.
“Precisamos sair da zootecnia romântica e ingressar na fase científica,
permitindo que o criador seja um
verdadeiro selecionador de animais e
não mais um colecionador de animais
bonitos”, resume.
Campos percebeu também que os
criadores do sudeste brasileiro estão
particularmente interessados na obtenção de um biotipo adequado para
a região, sendo portanto necessária
a seleção por adaptação, resistência
ao carrapato e por pelame, além de
outros quesitos. Campos destacou,
porém, que os bons resultados e a
qualidade da seleção são obtidos
somente com a exatidão na coleta de
dados, uma forte pressão de seleção
e a correta interpretação de todos os
dados coletados durante a vida do
reprodutor.
Para o presidente do Núcleo Angus
São Paulo, Renato Ramires Júnior, o
nível da palestra “foi excelente, extremamente esclarecedora para criadores
e técnicos filiados ao núcleo”. Segundo
ele, o novo momento é a realização de
dias de campo de demonstração e treinamento, que envolvam os cabanheiros
paulistas e, em especial, a equipe de
cada estabelecimento, como gerentes,
capatazes e peões.
Angus estréia em teste de
performance na Embrapa
Melhoramento Genético
Angus ganha reforço
A partir de 2010, o Conselho
Técnico da Associação Brasileira
de Angus (ABA) passa a contar
com reforço extra no Programa de
Melhoramento Genético Angus.
O Subgerente do Programa Carne
Angus – Fábio Medeiros, passa a
ter suas atividades ampliadas junto
à ABA, atuando também como
Março / Abril de 2010
da ultrassonografia de carcaças no
Brasil, a formação de mão-de-obra
técnica e a padronização do procedimento de coleta e avaliação de
imagens de acordo com os critérios
mundiais utilizados por criadores
de Angus dos EUA, Austrália e
Argentina.
Isto mesmo. A raça agora será
alvo de avaliação pela Embrapa, no
Sul do Brasil. As tratativas para a
participação da raça Angus no Teste
de Performance para Touros organizado pela Embrapa Pecuária Sul, em
Bagé, RS, segundo informa o atual
presidente do Núcleo de Criadores de
Angus de Bagé, criador, veterinário e
ex-pesquisador da Embrapa Dr. Alfredo Pinheiro, foram iniciadas ainda
na gestão do criador José Teixeira à
frente do núcleo. “Será mais uma
forma de mostrar a boa performance
da Angus”, avalia Pinheiro.
Segundo o dirigente, cerca de 30
terneiros (tourinhos) Angus vão integrar o teste. Os animais entram em
avaliação no final de maio/início de
junho e permanecem até setembro de
2011, quando retornam a seus proprietários ou serão comercializados
em leilão a ser programado. Poderão
participar machos tatuados CA ou
PO, nascidos na primavera de 2009
e as inscrições serão abertas proximamente pela Associação Brasileira de
Angus (ABA).
No teste, que já é realizado há
cerca de cinco anos com outras raças
pela Embrapa, serão avaliados aspectos como o ganho de peso médio
diário, a conformação, rusticidade e
a medida da área de olho de lombo,
entre outros quesitos. O trabalho será
realizado pelos técnicos da Embrapa
(destaque ao pesquisador Joal Brazzale Leal), com o acompanhamento
do Núcleo de Criadores de Angus de
Bagé e da ABA.
Reunião Anual do
Corpo Técnico da ABA
Nos dias 26 e 27 de Abril, realizase na Embrapa Pecuária Sul/Bagé-RS
a Reunião Anual do Corpo Técnico
da ABA. Uma das palestras será sobre
Controle do Carrapato e Tristeza Parasitária Bovina, com a pesquisadora
Cláudia Cristina Gulias Gomes, da
Embrapa. Também será abordado por
outro palestrante a Avaliação Estrutural
Linear, incluindo prática da mesma.
No dia 28 de abril será realizado
no mesmo local o encontro para
Reciclagem e Recredenciamento dos
Avaliadores do Promebo/Angus. Es-
tarão presentes Mário Luiz Piccoli
(do grupo GenSys), Leonardo Talavera Campos (do Promebo), entre
outros. Um dos temas das palestras
agendadas é a Ultrassonografia. Em
ambos os eventos haverá parte teórica
e prática.
24
Em Avaré, abertura da temporada Angus 2010
EXPOSIÇÕES
Março / Abril de 2010
Sob a atenta análise do jurado
Cristopher Filippon, criador de
Angus e presidente do Núcleo de
Criadores de Angus do Oeste do
Paraná, foi aberta a temporada Angus
2010, com a 45ª Exposição Municipal
Agropecuária de Avaré (Emapa), em
meados de março, em Avaré, SP. Cristopher Filippon escolheu os animais
vencedores entre os 145 produtos
apresentados por 21 expositores de
vários estados brasileiros.
A Reconquista Agropecuária (Ale-
grete, RS), de José Paulo
Dornelles Cairoli, faturou
os grandes campeonatos
da raça Aberdeen Angus,
além do título de reservado
grande campeão. A roseta
de grande campeão da raça
ficou com o touro sênior
Reconquista Naco, de pelagem vermelha. A grande
campeã foi Reconquista
Naja, uma vaca adulta também de
pelagem vermelha, exemplar apresen-
tado por Cairoli em parceria com a
Red Black, de Fábio Gomes e Marco
Antonio Gomes Costa. O
Reservado Grande Campeão
também é da criação da Reconquista Agropecuária.
A Fazenda MC, de Eloy
Tuf fi, em Espírito Santo do
Pinhal, SP, obteve os títulos
de reservada grande campeã
e os dois terceiros lugares
(macho e fêmea). A propriedade paulista apresentou a
fêmea Rincon Embusteira 1270 del
Sarandy, uma vaca jovem (pelagem
preta), que abocanhou o título de
reservada grande campeã da raça.
Conforme o diretor de Núcleos
da Associação Brasileira de Angus
(ABA), Ignacio Tellechea, “o nível
da mostra foi excelente, com animais muito qualificados”. O evento
também mostrou que é crescente o
interesse dos criadores paulistas por
animais de origem Angus, especialmente devido aos bons resultados dos
confinamentos realizados no Sudeste
e Centro-Oeste.
Fotos: LAP Amaral/Divulgação Angus
Grande Campeão
Reservado de Grande Campeão
Terceiro Melhor Macho
Grande Campeã
Reservada de Grande Campeã
Terceira Melhor Fêmea
DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES
GRANDE CAMPEÃ
RECONQUISTA 1338 NAJA NOSTRADAMUS G HBB: 121378 Pel: V
Tatuagem: TE1338 Nascimento: 22/07/2007 Idade:963d
Pai: CATANDUVA TE213 NOSTRADAMUS K. ROBTE12 HBB: 99045
Mae: RECONQUISTA 592 GLEBA CANYON BARTOLOME HBB: 93050
Peso: 715
Expositor.: PARC. JOSÉ PAULO CAIROLI E RED BLACK, RECONQUISTA
AGROPECUÁRIA, ALEGRETE/RS
Criador: JOSE PAULO DORNELLES CAIROLI
RESERVADA DE GRANDE CAMPEÃ
RINCON EMBUSTEIRA 1270 DEL SARANDY HBB: 121578 Pel: P
Tatuagem: 1270 Nascimento: 01/10/2007 Idade:892d
Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE HBB: IA796
Mae: RINCON BALONE HBB: 110102
Peso: 764
Expositor: ELOY TUFFI, FAZENDA MC, ESPÍRITO SANTO DO PINHAL,SP
Criador: CABANHA RINCON DEL SARANDY
3ª MELHOR FÊMEA
AZUL TE 7775 FREEDOM REAL HBB: 127681 Pel: P
Tatuagem: 7775 Nascimento: 28/07/2008 Idade:591d
Pai: TC FREEDOM 104 HBB: IA857
Mae: AZUL 6173 REAL WHISKY HBB: 082373
Peso: 616 AOL: 88.20 EGS: 14.50 P8: 29.20
Expositor: ELOY TUFFI, FAZENDA MC, ESPÍRITO SANTO DO PINHAL,SP
Criador: JOÃO VIEIRA DE MACEDO NETO
GRANDE CAMPEÃO
RECONQUISTA 1301 NACO CACHAFAZ FONO HBB: 122718 Pel: V
Tatuagem: TE1301 Nascimento: 24/06/2007 Idade: 991d
Pai: TRES MARIAS 7031 CACHAFAZ 6556 TE HBB: 745150
Mae: TRES MARIAS 6972 FENOMENA 5494 TE HBB: 741868
Peso: 1024 C.E.:45.00
Expositor: JOSÉ PAULO D. CAIROLI, RECONQUISTA AGROPECUÁRIA LTDA,
ALEGRETE/RS
Criador: JOSÉ PAULO DORNELLES CAIROLI
RESERVADO DE GRANDE CAMPEÃO
RECONQUISTA 1292 ZORZAL G. CANYON HBB: 121376 Pel: P
Tatuagem: TE1292 Nascimento: 11/03/2007 Idade:1096d
Pai: TRES MARIAS ZORZAL TE HBB: IA850
Mae: RECONQUISTA 592 GLEBA CANYON BARTOLOME HBB: 93050
Peso: 1035 C.E.:45.00
Expositor: JOSÉ PAULO D. CAIROLI, RECONQUISTA AGROPECUÁRIA LTDA,
ALEGRETE/RS
Criador: JOSÉ PAULO DORNELLES CAIROLI
3º MELHOR MACHO
MC HARLEY DESTINADA NICHOLS TE850 HBB: 128196 Pel: P
Tatuagem: TE850 Nascimento: 24/06/2008 Idade:625d
Pai: NICHOLS PERFORMA 0162 HBB: IA845
Mae: PAINEIRAS GRAN CANYON DESTINADA 998 TE HBB: 89929
Peso: 752 C.E.: 39.00 AOL: 93.00 EGS: 7.10 P8: 19.50
Expositor.: ELOY TUFFI, FAZENDA MC, ESPÍRITO SANTO DO PINHAL
Criador: ELOY TUFFI
EXPOSIÇÕES
Março / Abril de 2010
25
Fotos: LAP Amaral/Divulgação Angus
Leilão Circuito Eco Angus e Convidados
Renato Ramires e José Paulo Cairoli
Renato Ramires e Alejandro Brocatto
O I Leilão Circuito Eco Angus
e Convidados, chancelado pela
Associação Brasileira de Angus,
comercializou R$ 252 mil com a
venda de 24 lotes (20 fêmeas jovens
e 04 prenhezes) de elite da raça
Aberdeen Angus, em Avaré (SP).
A média dos lotes atingiu a cotação
de R$ 10,5 mil e foram vendidos
animais que obtiveram premiações
no julgamento da raça na 45ª Exposição Municipal Agropecuária de
Avaré (Emapa). Como exemplo, o
proprietário da Cabanha Eco Angus,
Vicente Júlio Costa, destaca a comercialização da campeã terneira maior e
a terceira melhor terneira da mostra.
Novos investidores também fizeram
compras e apostas na raça. Erick
Evandro Donatto, do interior de SP,
adquiriu quatro animais; Eduardo
Atihe, de São Paulo (SP), adquiriu
um animal; e José Vicente Costa,
de Cerqueira César (SP), adquiriu
50% de uma fêmea de Leonardo
Achille Costa.
Conforme Vicente Júlio Costa,
o I Leilão Circuito Eco Angus e
Convidados confirmou-se como
o primeiro de uma série que será
realizado pela cabanha: “Criamos
um momento comercial novo para
a raça, em Avaré, aliando a uma
exposição de grande importância
como a Emapa, para a raça Aberdeen Angus.” O criador também
comentou sobre a participação de
produtores e novos investidores,
que confirmam a liquidez da raça,
no estado paulista, e as suas condições de desenvolvimento na região.
Os trabalhos do leilão, que teve
transmissão ao vivo pela internet,
em 12 de março, foram realizados
pelo leiloeiro Guilherme Minssen, Premier Leilões e Assessoria
FFVelloso & Dimas Rocha.
26
NÚCLEOS
Março / Abril de 2010
Rankings Regionais, uma nova motivação
Aperfeiçoamento do ranking Angus, a criação destes rankings vai alavancar
os Núcleos de Criadores e estimular a realização das exposições regionais
O Ranking Angus foi alvo de mais um aperfeiçoamento, com a criação dos Rankings Regionais.
Segundo o atual diretor de Núcleos da Associação Brasileira de Angus (ABA), Ignácio Tellechea,
responsável pelas novidades na competição, os Rankings Regionais surgiram da antiga idéia de
fortalecer as exposições regionais, normalmente organizadas pelos Núcleos de Criadores de Angus.
E ele faz questão de ligar este trabalho de reformulação do Ranking Angus com a sua missão de
diretor de Núcleos da ABA.
“F
ortalecendo os núcleos
estaremos alavancando o
crescimento e o aperfeiçoamento da raça, e regionalizando
mais o Ranking da raça, esperamos dar
vida nova às disputas nas exposições,
tornando-as mais atrativas aos criadores, que assim terão bons motivos
para participar mais e apresentar seus
animais aos olhos dos jurados”, justifica o dirigente.
Foram extintas as categorias de
exposições “A” e “B” e em lugar disso
entra em vigor uma nova tabela, onde
existem multiplicadores que vão determinar as faixas de pontuação de caca
exposição, explica Ignácio.
Segundo ele, com esses aperfeiçoamentos, o Ranking Angus retoma o
número mínimo de 25 animais para
que as exposições de argola sejam
ranqueadas. “Esperamos ressuscitar
algumas mostras que se enfraqueceram
e que agora tem condições de voltar e
de fazer brilhar ainda mais o circuito
da raça”, diz o dirigente. A idéia que
norteou as novidades do Ranking
Angus foi a de fortalecer as exposições
regionais, facilitando o trabalho realizado pela ABA de fomento da raça.
Sinteticamente, o Brasil foi dividido em sete regiões e cada uma delas terá
vencedores nas categorias de criador e
expositor na área da argola e somente
expositor nos animais rústicos. “Em
cada região serão três vencedores e no
País serão premiados 21 vencedores do
ranking, que receberão seus prêmios
durante a confraternização de final
de ano da ABA, quando da realização
do Leilão Nova Era”, avalia Ignacio
Tellechea.
Em São Paulo,
Angus virou febre
É o que garante o presidente do
Núcleo de Criadores de Angus de São
Paulo (o Angus São Paulo), selecionador Renato Ramires Junior (leia-se
3E Agropecuária, em Catanduva, SP).
“Abrimos o calendário de exposições
de Angus no Brasil com a bem sucedida mostra de Avaré e, na sequência,
faremos a exposição de Itapetininga, na
segunda quinzena de abril”, propagandeia o dirigente.
Fotos: Divulgação/ABA
João Francisco Bade Wolf
Ramires Junior relata que “Angus
virou febre em São Paulo”. Ele conta
que os criadores estão animados com
o desenvolvimento da raça e o núcleo,
que já conta com cerca de 22 associados, a cada momento examina consultas de novos criadores querendo participar e formar plantel. “Os criadores
também estão vendo com positividade
as recentes mudanças no Ranking Angus, que com a criação dos Rankings
Regionais, abre a possibilidade de
uma maior participação, inclusive de
pequenos criadores”, diz o presidente
do Núcleo Angus São Paulo.
Mercosul estará na
mostra de Uruguaiana
Somente questões de ordem sanitária (a cargo do Ministério da Agricultura) poderão impedir a presença
de animais de criações da Argentina
e do Uruguai na mostra de Angus
de Outono de Uruguaiana, RS. A
exposição, que tem tudo para ser internacional e que vem sendo avaliada
como uma prévia para a Expointer,
será realizada este ano no período de
10 a 16 de maio.
“Estamos trabalhando firme na
preparação da cada vez mais importante exposição de Angus do outono
aqui da Fronteira gaúcha, o berço da
raça no Brasil e onde estão as principais
cabanhas selecionadoras de Angus do
País”, garante o presidente do Núcleo
Angus Três Fronteiras, criador Sérgio
Tellechea, titular da Cabanha do Posto, em Uruguaiana.
Segundo ele, só mesmo questões de
ordem sanitária poderão afastar das pistas de Uruguaiana reprodutores Angus
de importantes criações do Uruguai e
da Argentina. “Estamos acreditando
que teremos este ano uma mostra internacional de Angus”, anuncia Sérgio,
informando que o Núcleo Angus Três
Fronteiras conta atualmente com 22
criadores associados, todos atuantes.
Em 2009, a mostra de outono
de Uruguaiana colocou em pista 186
animais. E para este ano, a meta é de
superar os 200 exemplares Angus na
exposição.
Agregar e criar parcerias
com toda a cadeia da carne
“Desde que assumimos, recentemente, o comando do núcleo, temos
circulado bastante e conversado com as
pessoas, porque nossa proposta principal é de agregar, de criar parcerias duradouras com todos os produtores que
participam da importante e crescente
cadeia da carne Angus”, sai dizendo o
atual presidente do Núcleo CentroLitorâneo de Criadores de Aberdeen
Angus – que também é diretor de
Marketing da Associação Brasileira de
Angus (ABA), criador João Francisco
Bade Wolf (leia-se Cabanha dos Tapes,
em Tapes, RS).
Segundo ele, o núcleo já trabalha na
organização da sexta edição do já consagrado evento Outono Angus Show, que
se realiza paralelamente à Fenasul, de 27
a 30 de maio, no parque de exposições
Assis Brasil, em Esteio, RS.
“Dias 28 e 29 teremos os julgamentos de argola, mas dia 27 acontece
o leilão conjunto com a Farsul de
terneiros, terneiras e vaquilhonas (onde
haverá oferta de produtos certificados
Angus), e para o dia 29 está programado o leilão do núcleo, que contará
com ofertas de importantes cabanhas
de Angus”, resume João Wolf. Ele já
avisa que pretende colocar na pista de
julgamento, neste ano, mais de uma
centena de animais.
Wolf também anuncia que neste
Cristopher Filippon
ano o núcleo deverá organizar algumas
feiras de terneiros certificados Angus,
além de feiras de rústicos e também de
animais de argola. “Crie, cruze e multiplique com Angus, a raça completa”,
propagandeia João Wolf.
No Oeste Paranaense,
criadores estão motivados
Com mais de 30 associados, entre
criadores e produtores usuários de genética Angus, o Núcleo de Criadores
de Angus do Oeste do Paraná, com
sede em Cascavel, PR, deverá organizar
este ano duas importantes mostras da
raça: a de Guarapuava, em agosto e a
de Cascavel, em novembro.
“Já estamos conversando com
os criadores para superar, tanto nas
pistas de julgamentos, quando nas
ofertas dos leilões, os números de
animais das últimas edições dessas
mostras”, informa o presidente do
Núcleo, criador Cristopher Filippon,
titular da Estância Ponche Verde, em
Guaraniaçu, PR.
Segundo ele, os criadores estão
bastante animados com as novidades
que foram criadas para os Rankings
Regionais Angus. “A idéia de regionalizar o Ranking é altamente positiva.
Vai alavancar e muitas mostras da
raça pelo interior do País, motivando a
participação inclusive de pequenos e de
criadores que estão iniciando a criação
de Angus”, avalia Filippon.
Núcleos de Criadores de Angus filiados à
Associação Brasileira de Angus (ABA)
Núcleo Regional de Criadores de
Aberdeen Angus de Bagé/RS
Presidente: Alfredo Pinheiro
Núcleo Serrano de Criadores de
Angus em Vacaria
Presidente: Alaor Martins Duarte
Núcleo de Criadores de Angus do
Planalto Médio do RS
Presidente: Pedro Luiz Herter
Núcleo Centro Oeste de Criadores de
Angus do RS
Presidente: Fernando Gonçalves
Núcleo de Criadores de Angus de
Quaraí
Presidente: Henrique Pinto Lamego
Núcleo Centro Angus
Presidente: Luis Henrique Castagnino
Sesti
Núcleo de Criadores de Aberdeen
Angus de São Borja/RS
Presidente: Miguel Lopes de Almeida
Núcleo de Criadores de Angus de São
Paulo/SP
Presidente: Renato Ramires Junior
Núcleo de Criadores de Aberdeen
Angus de Alegrete/RS
Presidente: Quirino de Araújo Carvalho
Neto
Núcleo Paranaense de Criadores de
Aberdeen Angus – Londrina/PR
Presidente: Carlos Eduardo dos Santos
Galvão Bueno
Núcleo Sudeste de Criadores de
Angus, Pelotas/RS
Presidente: Ana Carolina Issler Ferreira
Kessler
Núcleo Central de Angus – Santa
Maria
Presidente: Claudia de Scalzilli e Souza
Núcleo de Criadores de Aberdeen
Angus de Dom Pedrito/RS
Presidente: José Roberto Pires Weber
Núcleo de Criadores de Angus do
Oeste do Paraná – Cascavel/PR
Presidente: Cristopher Filippon
Núcleo Catarinense de Criadores de
Angus
Presidente: Nelson Antônio Serpa
Núcleo de Criadores de Angus de
Santana do Livramento/RS
Presidente: Fernando Osório
Núcleo de Criadores de Angus dos
Campos Gerais
Presidente: Rafael Jusuts Buhrer
Núcleo Itaquiense de Criadores de
Angus – Itaqui/RS
Presidente: Ruy Alves Filho
Núcleo Centro-Litorâneo dos
Criadores de Aberdeen Angus
Presidente: João Francisco Bade Wolf
Núcleo Angus Três Fronteiras
Presidente: Sérgio Tellechea
Para fazer contato com os núcleos,
consulte a Associação Brasileira de
Angus (ABA), pelo fone: 51.3328.9122
ou e-mail [email protected]
MOVIMENTO
Março / Abril de 2010
27
Catanduva Impala = Impala da Maya
Nasce o primeiro clone Angus
Fotos: Divulgação
A
raça Angus já tem seu primeiro clone nascido no Brasil.
É uma bezerra, ainda sem
nome, cópia idêntica da fêmea Catanduva Impala, que completou dois
meses de idade no início de março.
A bezerra foi batizada de Impala da
Maya. O mérito é da selecionadora e
criadora de Angus Zuleika Torrealba,
proprietária da Cabanha da Maya,
localizada em Bagé, RS. O trabalho
para a produção do primeiro clone
Angus foi iniciado há cerca de um
ano e meio, na In Vitro Brasil, em
Mogi das Cruzes, SP, empresa especializada na área que foi contratada
por Torrealba para a missão.
Aos 78 anos de idade, a pecuarista
e empresária Zuleika Torrealba esbanja vitalidade e vontade de realizar.
Ela já havia sido vanguardista em
clonagem com a raça leiteira Jersey,
registrando os primeiros produtos
clonados no ano passado. “Praticamente toda a vida do Brasil é feita de
pecuária e de agricultura, mas infelizmente as cidades não conhecem esta
realidade, e por isto não valorizam o
trabalho do agribusiness”, critica ela,
afirmando que investir em práticas
e tecnologias que geram frutos e
dão mais velocidade aos resultados
é repartir com a sociedade, com
aqueles que não tem para realizar. “É
preciso aproveitar as experiências dos
antepassados e saudar as tradições,
mas sempre buscando investir nas
inovações capazes de trazer novas
realidades”, define a criadora.
Para ela, a clonagem é o que há
de mais moderno em melhoramento
genético, e a fêmea Catanduva Impala foi selecionada para o processo
de clonagem por ser um animal de
excessão, com excelentes dados em
sua progênie. “Adquiri esta fêmea de
meu amigo Fábio Gomes, com quem
estou montando uma central de alta
genética”, anuncia Torrealba.
“Esta vaca, a Catanduva Impala, pertence a uma família que
tem história”, diz o criador gaúcho
Fábio Gomes, à frente da Cabanha
Catanduva, sediada em Cachoeira do
Sul, RS. Segundo ele, é das mais importantes fêmeas que a Catanduva já
produziu e é também prova de que a
cabanha realmente comercailiza seus
animais tops em genética. “Ela é irmã
inteira de Catanduva Gramático, pai
de vários campeões. E é irmã inteira
de Catanduva Gitana, mãe de Catanduva Nostradamus, que foi bi-grande
campeão da Expointer, entre outras
citações”, qualifica Gomes.
“Este clone será
um marco da evolução científica de um
mecanismo de preservação do que temos de
melhor em genética”,
sitetiza Fábio Gomes,
comentando que “resultou da iniciativa
de uma criadora que
investe seriamente e
de forma entusiasmada, que hoje tem um
plantel de primeiríssima linha”.
Gomes confirma as tratativas com
sua amiga Zuleika Torrealba para a
abertura, em breve, de uma central,
através da qual poderão disponibilizar
ao mercado o que há de melhor em
suas criações em qualificação genética. “Zuleika arrematou Catanduva
Impala em meu remate de produção,
em 2002, em Cachoeira do Sul, RS,
mostrando que sabe investir em qualidade e, com este clone, comprova
também que é empreendedora, com
uma vontade imensa de realizar e de
integrar a sociedade na área de resultados”, define Fábio Gomes.
28
Março / Abril de 2010
Gala Angus:
Requinte e qualidade no Uruguai
as, com destaque para a
presença do presidente
da Sociedade de Criadores de Aberdeen Angus
de Argentina, Sebastián
Rodríguez Larreta, e do
presidente da Associação Brasileira de Angus,
Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção
Joaquim Mello agradece aos dirigentes uruguaios
Mello.
Organizado pela SoA quinta edição do qualificado ciedade de Criadores de Angus do
Remate Gala Angus, realizado dia Uruguai e contando com apoios
14 de fevereiro, reuniu os principais importantes de empresas e veículos
criadores e dirigentes do Mercosul no de Comunicação daquele país, o
Salão Montecarlo do Hotel Conrad consagrado pregão, que este ano
Resort de Punta del Este, no Uruguai. inovou com a oferta de prenhezes,
O evento foi realizado pela Sociedade vai se transformando num verdadeiro
de Criadores de Angus do Uruguai, clássico da temporada de verão do
presidido por Gonzalo Valdés Reque- seletivo balneário de Punta del Este.
na, com faturamento de US$ 126 mil.
“Quem como eu acompanha
O melhor preço foi pago por 50% este remate desde a sua primeira
de uma vaca PO – US$ 21,6 mil. A edição, por certo percebeu a evolução
média geral para as 19 fêmeas foi de genética dos animais apresentados,
US$ 5.337, enquanto a média das 10 entre eles, destaques da competitiva
prenhezes atingiu US$ 2.520.
exposição do Prado”, descreve JoaNo pregão, as principais cabanhas quim Mello, acrescentando que “eles
uruguaias de Angus apresentaram as conseguiram colocar a raça Angus no
suas melhores fêmeas, que chamaram nível que ela merece – é a raça top no
a atenção de mais de 400 pesso- lugar top, o Conrad e em Punta”.
INTERNACIONAL
Tamanho das fêmeas e eficiência:
solucionando o quebra-cabeças
A relação do tamanho das fêmeas
com eficiência é um tema em debate
há muito tempo. Alguns pecuaristas
dizem que fêmeas menores são mais
eficientes. Outros rebatem dizendo
que vacas maiores produzem e desmamam terneiros também maiores,
o que é positivo para produtores de
gado comercial na medida em que
vendem animais mais pesados aos
frigoríficos, os quais naturalmente
pagam um preço final mais alto aos
produtores.
Esse tema foi abordado em 27 de
janeiro desse ano numa convenção
realizada pelo Texas A&M University
King Ranch Institute for Ranch Management (KRIRM) na cidade de San
Antonio (Texas, EUA). Um grupo
de três profissionais comandados por
Barry Dunn, Diretor do KRIRM, foi
responsável pela pesquisa e a obtenção
dos resultados. A conclusão é que
eficiência deve ser medida de acordo
com os objetivos que cada produtor
deseja alcançar. Trata-se de tomar
as decisões mais apropriadas para se
alcançar maior rentabilidade.
A pesquisadora Jennifer Johnson,
que integrou o grupo, explicou que
eficiência total em bovinos é o somatório de eficiência biológica (quantidade
de alimento consumido e peso produzido, tanto próprio quanto em progênie) e eficiência econômica (dinheiro
gasto e dinheiro gerado). Alcançar
essa eficiência total em fêmeas requer
compreender o potencial genético do
gado, o meio ambiente no qual este
está inserido e decidir que tipo de produto se quer produzir para o mercado
e com qual idade vender de modo a
gerar o maior lucro possível.
Para Johnson, é um engano associar baixo custo de manutenção à
eficiência, já que um não pressupõe
o outro. “Também está errado dizer
que matrizes com maior custo de
manutenção sejam ineficientes”, diz
ela, enfatizando que vários produtores
não sabem o que “eficiência” significa
exatamente. Johnson também pede
cautela quanto à regra de que uma
fêmea deva desmamar terneiros que
pesem 50% do seu próprio peso. Ela
explica: “Embora freqüentemente
utilizada, essa regra não é exata para se
aferir eficiência porque não considera
a idade da cria na desmama nem a
produção de leite da mãe em raças
bovinas de carne.”
O time de pesquisadores do
KRIRM defende que equiparar tamanho e produção de leite com recursos
alimentares disponíveis é fundamental
para se identificar e produzir fêmeas
eficientes. O tamanho das fêmeas
precisa ser ajustado ao meio-ambiente
e aos limites econômicos, devendo
estar apto a gerar terneiros com alta
aceitabilidade no mercado.
Barry Dunn concluiu dizendo: “A
matriz mais eficiente é aquela com o
mais alto potencial de produção de
leite e que repetitivamente produz
terneiros filhos de touros com características de crescimento e carcaça
que são valorizadas pelo mercado. É a
administração que torna produtivos os
meios. Nós não precisamos de fêmeas
pequenas. O que nós precisamos é
melhor administração dos tamanhos
que temos.” Mais informações no
site específico que a American Angus
Association desenvolveu e mantém:
www.beefcowef ficiency.com.
Fonte: Angus Journal, American Angus
Association
Tradução: Stefan Staiger Schneider,
Associação Brasileira de Angus
PARCEIROS
Março / Abril de 2010
29
Resistência aos carrapaticidas,
um fantasma recorrente
Octaviano Alves Pereira Neto
Resistência parasitária (RP) é uma preocupação crescente dos parasitologistas, profissionais
do meio rural e produtores, devido aos impactos
na produtividade do rebanho.
É um processo que surge da seleção de indivíduos dentro de uma população considerada
“normal”, os quais sobrevivem à ação dos parasiticidas e reproduzem, sendo seus descendentes
também resistentes. Com o passar do tempo esta
parcela de indivíduos aumenta em proporção,
evidenciando-se os efeitos da falta de eficácia
do produto.
A forma mais lógica (e eficaz) de retardar sua
ocorrência é através da informação e de medidas
preventivas, que, se adotadas de forma adequada, permitirão a sobrevivência dos produtos em
uso por mais alguns anos.
Assim, a RP é de caráter adquirido (selecionado), progressivo e permanente (hereditário).
A resistência é um processo irreversível, ou
seja, NUNCA MAIS volta à condição normal,
independente do períod de descanso. Perceba
a gravidade da situação já que novas moléculas
custam caro e levam tempo para serem desenvolvidas.
Mas afinal de contas, como surge a resistência aos carrapaticidas?
Esta pergunta é frequente e há vários
caminhos para compreendê-la. É importante
entender como os diferentes princípios ativos
agem, pois a partir do bloqueio desta ação é
que surgirão indivíduos resistentes, diferentes
do restante da população.
Origina-se fruto do uso intenso de um só princípio ativo
(PA), concentrações erradas, falhas na aplicação, formulações
caseiras, produtos sem controle
oficial, etc... ou seja, são resultado de um manejo mal feito,
em vários sentidos.
Os carrapaticidas são separados em grupos, com vários
integrantes em cada um deles.
O que caracteriza um grupo é
que todos membros têm um
mesmo mecanismo de ação, ou
seja, atuam no mesmo sítio de
ligação no parasito. O quadro 1
apresenta as principais moléculas carrapaticidas,
seu membros e o sítio de ligação/ mecanismo
de ação .
A maioria dos compostos agem no sistema
nervoso do parasito, portanto a resistência
ocorre quando o parasito altera o sítio de ligação
normal ou estes desaparecem, não permitindo
que a molécula se ligue ao receptor. Há também
formação de enzimas que destroem/ inativam
o PA ou consegue eliminar o PA antes de sua
ação.
Como agem no mesmo ponto, ao surgir
resistência a um composto, a mesma se estende
aos demais membros do grupo, ou seja, se surge
resistência para cipermetrina, igualmente haverão falhas na deltamtrina e assim por diante. Isso
chama-se resistência lateral.A resistência cruzada
ocorre quando a perda de sensibilidade à uma
molécula afeta outras grupos distintos, porém de
mecanismo de ação semelhante. Por exemplo,
a resistência à ivermectina irá afetar as demais
lactonas macrocíclicas (resistência lateral) e
ainda ao fipronil (resistência cruzada).
Hoje, com exceção ao fluazuron, todos os
princípios ativos já apresentam algum nível
confirmado de resistência parasitária, ou seja,
têm seu uso futuro comprometido.
Como retardar o avanço da resistência
parasitária?
Principais grupos químicos adotados no controle de carrapatos dos bovinos
Grupo
Ativo
Mecanismos de ação
Organofosoforados
Clorpirifós, diazinon, DDVP
Bloqueio da acetilcolinesterase
Amidinas
Amitraz, cimiazol, etc...
Inibição da enzima monoaminooxidase, causando
excitação nervosa do parasito
Piretróides sintéticos
Cipermetrina, flumetrina, deltametrina,
alfametrina,etc...
Abertura dos canais de Na e K,
com paralisia flácida
Lactonas macrocíclicas
Ivermectina, abamectina,
doramectina, moxidectina, etc...
São auxiliares no tratamento. Ligam-se aos receptores
do glutamato mnos canais de Cl, despolarizando a
célula nervosa
Fenilpirazol
Fipronil
Liga-se aos receptores GABA e aos
de glutamato nos canais de Cl
Benzil fenil uréia
Fluazuron
Bloqueio da síntese de quitina, que forma a cutícula
de revestimento do carrapato
Retardar é a palavra correta, pois é muito
difícil impedir que a resistência surja, uma vez
que trata-se de um processo quase “natural” em
busca pela sobrevivência da espécie. No início, a
RP avança lentamente, devido a baixa frequência de parasitos resistentes existentes, mas com
o tempo sua proporção aumenta e com ela os
prejuízos à produção.
Um programa integrado de controle se
baseia na correta seleção e
aplicação dos produtos, visando reduzir a infestação
no ambiente, considerando
a epidemiologia do parasito
e o manejo ambiental. A
rotação de PA ainda eficazes
é fundamental, a partir do
correto assessoramento técnico especializado.
Por fim é importante
ressaltar que o surgimento de
populações resistentes a um
determinado PA é um problema., não só para o produtor,
mas para todos os demais,
já que podem comprar animais portadores
de parasitos resistentes e igualmente permitir
a infiltração destes em suas fazendas. Assim o
trabalho deve ser conjunto e assumido com
muito critério e conhecimento técnico.
Méd. Vet., Mestre em Zootecnia
Gerente Técnico – Bovinos
Novartis Saúde Animal Ltda.
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MOVIMENTO
Março / Abril de 2010
Angus amplia a liderança no mercado de sêmen
VOLUMES NEGOCIADOS
Angus
1.452.813
Simental
101.956
Hereford
117.715
Limousin
31.389
Charoles
57.073
Outras
32.748
Mercado Taurinas
1.793.694
Mercado Total
5.213.030
Brasil”, observa.
Asbia vê retorno do
cruzamento industrial
A comercialização de sêmen corte no ano passado confirma a crescente tendência da preferência
pela genética Angus no Brasil. Segundo mostra o relatório da Associação Brasileira de Inseminação
Artificial (Asbia), a venda de doses de sêmen Angus cresceu em 2009 nada menos de 38,68% no
País, o que se traduz na liderança isolada da Angus entre as raças europeias (taurinas). No mesmo
período, o mercado nacional de corte obteve incremento de 18,35%.
Por Eduardo Fehn Teixeira
A
Angus comercializou 1,452
milhão de doses de sêmen
em 2009, num acréscimo
de 405 mil doses sobre a comercialização de 2008. O desempenho e
predomínio da raça pode ser verificado, ainda, ao se observar que ela
detém mais de 80% do mercado de
sêmen das raças taurinas de corte,
no somatório de outras 24 raças
europeias analisadas no relatório
da Asbia.
ABA comemora
“Ano a ano o resto do Brasil
– o Brasil anelorado - vem reconhecendo, através das vendas de
sêmen, o que o Rio Grande do Sul
e o mundo inteiro já sabiam: que
Angus é sinônimo da melhor carne
da terra”, comemora o presidente
da Associação Brasileira de Angus
(ABA), Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello.
Para o dirigente, a liderança
da Angus na comercialização
de sêmen não admira, porque o
crescimento da participação da
raça no mercado nacional vem se
repetindo ano a ano, nos últimos
períodos. E para ele, a tendência é
dessa liderança crescer ainda mais
nos próximos anos.
“A explicação é relativamente
simples”, aponta Joaquim Mello:
“O foco é a exportação de carne. O
Brasil tem volume, mas com a falta
de qualidade, fica também sem o
preço, a remuneração que a pecuária brasileira quer e precisa ter
por sua carne. Pois bem. Já sabem
que a genética
Angus muda
radicalmente
para melhor
as carcaças
abatidas, a
carne produzida. E, sendo assim, não
será nenhuma surpresa,
no futuro
imediato, o
crescimento
ainda maior do comércio de sêmen
Angus no mercado doméstico”,
raciocina Joaquim Mello.
O mercado do sêmen
No cômputo geral do mercado, em 2009 a venda de sêmen
de corte, a raça Aberdeen Angus
alcançou a marca de 27,9% de
participação no mercado, representando 81% do volume total
comercializado entre as raças
Para o presidente da Asbia, Lino
Rodrigues Filho, o cruzamento industrial está de volta e com força. A
técnica cruza o gado zebuíno com
o europeu para obtenção, com a
heterose, de produtos que reúnem
as melhores características de cada
espécie, visando a produção de
animais para abate. “Os frigoríficos, que no passado condenaram
os cruzamentos, perceberam o erro
e hoje valorizam esses animais,
principalmente depois que os
grandes grupos foram para o mercado internacional”, argumenta o
dirigente da Asbia.
europeias. A venda de doses de
sêmen Angus cresceu 38,68% no
Brasil, em 2009, período em que o
mercado nacional de corte obteve
incremento de 18,35%. “Se no
Sêmen importado
geral, apesar da crise, em 2009 as
vendas cresceram 20%, fica claro
E sobre o crescimento do inque o Angus é a preferência entre gresso no País de sêmen importaas raças taurinas utilizadas no do, o presidente da ASBIA observa
que não foi apenas a mudança
nas características do mercado e a
baixa disponibilidade de animais
no Brasil que levaram a essa im-
portação tão volumosa. “A crise
internacional e a desvalorização do
Dólar frente ao Real foram outros
dois fatores que estimularam o
aumento das compras de outros
países”, avalia Lino Rodrigues
Filho. Para ele, a crise fez muitos
países exportadores reduzirem os
preços para desovar seus estoques.
E também os preços que caíram em
Dólar, ficaram ainda mais baixos
com a desvalorização da moeda
norte-americana.
Nosso sêmen lá fora
Entretanto, mesmo com a alta
do ingresso de sêmen importado
no mercado interno, o Brasil
quer, agora com maior intensidade
ainda, reforçar sua atuação no
mercado externo de sêmen. Nesta
direção, o presidente da ASBIA
informa que o Ministério da Agricultura já acertou detalhes de um
protocolo sanitário com a Índia,
que permitirá a venda e também
a compra de material genético
entre os dois países. “A Índia é um
mercado emergente, que consome
30 milhões de doses de sêmen por
ano e queremos participar dele”,
sentenciou Rodrigues Filho.
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PARCEIROS
Março / Abril de 2010
Qual tipo de vaca é mais eficiente?
Por Marcelo Maronna Dias
A eficiência reprodutiva está
intimamente ligada ao sucesso
da atividade em bovinos de
corte. Os fatores que afetam
a reprodução têm impacto
econômico significativo sobre
propriedades, cujas operações
dependem da produção de
terneiros saudáveis que, após
o desmame, sejam atrativos
ao mercado. Sabendo que,
no gado de cria, as taxas de
prenhez, natalidade e desmame
comandam os negócios, há uma
preocupação com a fertilidade
das fêmeas para obter-se o
máximo de novilhas e vacas
prenhas.
No entanto, além das questões
básicas de sanidade com um manejo
racional tem-se discutido o fator
genético, no que diz respeito ao tamanho das matrizes que selecionamos
e mantemos como mães em nossos
rebanhos de corte. De um lado, há
quem diga que as vacas pequenas
são mais eficientes por precisarem de
menos alimentação; e, de outro, quem
afirme que as vacas maiores produzem
terneiros mais pesados.
Ao avaliar se uma vaca de cria é eficiente, torna-se interessante
relacionar com o peso do terneiro ao desmame e comparar com
indivíduos de mesma idade criados em sistemas semelhantes
O Brasil está entre os principais
países exportadores de carne bovina,
mas para conquistar mercados mais
exigentes, precisamos traçar metas
que apontem na direção destes países
importadores, pois podem pagar melhor por nossa carne. Neste mercado,
a indústria aprecia qualidade e rendimento em carcaças mais pesadas.
Quanto ao tamanho ideal de
uma vaca de corte, pode-se dizer que
este tema é complexo e a resposta
não é fácil, pois não existe um único
caminho para afirmar que animais de
uma determinada estatura (frame) são
mais eficientes que outros na produção de carne. Existem variações entre
ambientes e sistemas de produção
ficando quase impossível dizer que um
único tipo de animal adapta-se a vários sistemas de produção e manejo.
Talvez, um caminho possa ser a
determinação de alguns critérios que
nos ajudem a tomar decisões corretas
para selecionar animais que sejam
mais eficientes em nossos campos.
No sul do Brasil, temos nossos rebanhos adaptados a manejo em campo
nativo onde a vaca pasta, emprenha
e desmama em um sistema de pastejo
sem suplementação. Cabe a nós saber
avaliar se os quilos de carne produzidos em campo nativo representam
uma maior eficiência econômica na
maioria dos sistemas.
Ao avaliar se uma vaca de cria
é eficiente, torna-se interessante relacionar com o peso do terneiro ao
desmame e comparar com indivíduos
de mesma idade criados em sistemas
semelhantes. É válido lembrar que
vacas criadas em melhores condições
terão mais leite e melhor escore corporal e isto deverá influenciar no peso
de desmame. Nesta avaliação deve-se
avaliar a eficiência da vaca e não da
comida.
Quando falamos de tamanho de
vacas, temos que estar atentos para
não cair no erro de achar que animais
pequenos com mantenças menores
são mais eficientes, pois temos que
saber medir esta eficiência. Uma vaca
pode ter uma mantença menor e não
ser eficiente na produção de carne.
Da mesma forma que pensar que
Convenção anual da CRI Genética foi um sucesso
A equipe CRI esteve reunida durante o mês de fevereiro, no Litoral
Paulista para sua convenção anual.
A CRI comemorou seu crescimento
em vendas e sua participação no
mercado. Estiveram presentes: dire-
tores norte-americanos, que elogiaram
o resultado da empresa no Brasil, além
da diretoria nacional, supervisores e
representantes de todo o país. No segmento do gado de corte, foram apresentados resultados de inseminações
e IATF em várias regiões brasileiras.
Nestes, vários touros Angus tiveram
ótimos desempenhos. Agradecemos
à confiança de nossos clientes e esperamos continuar como parceiros em
seus programas de seleção.
Curso para formação de inseminadores em bovinos
A CRI Genética oferece mensalmente, no Rio Grande do Sul,
cursos para formação de inseminadores na Central de Cursos no
município de Arroio dos Ratos.
Este curso, com tradição de mais
de uma década, tem a duração de
40 horas semanais (de segunda a
sexta-feira) com translado, alimentação, alojamento, aulas teóricas e
práticas sendo ministrados pelos
médicos veterinários Rafael Pieniz
Macagnan e Marcos Fernandes
da Silveira.
Maiores informações e inscrições podem ser obtidas pelos fones (51) 3219.1937 ou
3217.0951.
vacas grandes são ineficientes, pois
estas podem desmamar terneiros mais
pesados e estar prenhes.
Sob o ponto de vista genético,
especialmente para quem vende
touros, esta decisão passa por uma
análise criteriosa em função do
programa de seleção estabelecido no
rebanho. O Brasil é um país enorme
e cada região tem suas preferências.
Nos acasalamentos de gado zebuíno
com Angus, especialmente no Brasil
Central, nota-se que DEPs (Diferença
Esperada de Progênie) altas de peso
ao ano é o fator preponderante para
maioria dos criadores e o frame na
maioria das escolhas recai por animais
maiores. Estes produtores produzem
animais cruza Angus para abate visando exportação e fêmeas (F1) que,
em alguns casos, ficarão nos rebanhos
para reposição. Estes cruzamentos
industriais aparecem como um dos
grandes responsáveis pelo crescimento
de vendas de sêmen Angus importado
no Brasil. Nestes nos últimos cinco
anos, conforme relatório da ASBIA
(Associação Brasileira de Inseminação
Artificial), a raça mostra um crescimento em vendas de sêmen na ordem
de quase 400%.
Quem sabe, uma boa avaliação
poderia ser: relacionar o peso de
terneiros desmamados pelo número
total de vacas expostas a reprodução?
Ou, se compararmos vacas de bases
genéticas diferentes com tamanhos
variados em um mesmo ambiente e
constatando quem desmama terneiros
mais pesados e com melhor aceitação
e valorização pelo mercado, estaremos
no caminho certo para obter uma
resposta? Não sei, mas uma vaca
com bom potencial para produzir
leite, desmamar um terneiro pesado
e emprenhar novamente dentro da
temporada reprodutiva, não seria a
vaca ideal?
Quando atingirmos condições
sanitárias, nutricionais e de manejo
ideais, talvez possamos tentar determinar que tipo de vaca ou seu
tamanho (estatura) seja ideal, mas será
necessário gerenciar nossos sistemas
de produção para traçar objetivos
que visem à viabilidade e sustentabilidade para trabalhar com animais
que cumpram as metas estabelecidas e
sejam rentáveis na indústria da carne
a médio e longo prazo.
Supervisor Regional no RS da
CRI Genética Brasil
CRI Genética realiza em
junho seu Beef Tour 2010
Neste ano,
estaremos realizando a quinta
edição da viagem técnica da
CRI para técnicos e criadores
com interesse
em conhecer a
cadeia da carne
americana. Nesta viagem, com
duração de aproximadamente 10
dias, são visitadas importantes propriedades selecionadas pela equipe CRI onde
é possível ver touros e progênies que a empresa comercializa no Brasil, além
de confinamentos, locais de coleta e associações de raça. As vagas são limitadas e estamos à disposição para esclarecimentos pelos fones (51) 3219.1937
e 3217.0951.
Na foto, a equipe CRI, técnicos e criadores, no Beef Tour, em uma dos
mais importantes criatórios de Angus nos Estados Unidos - Schaff Angus
Valley - responsável pela seleção de touros como Traveler 004 e Final Answer
entre outros
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MOVIMENTO
Meio século ao cair do martelo
Fotos: Divulgação
Leilão comemorativo aos 50 anos, realizado no dia 26 de março em Pelotas, RS
Com mais de 1,2 mil leilões debaixo de seu martelo, Jarbas
Luff Knorr comemorou no dia 26 de março, com um leilão festivo
no parque da Rural de Pelotas, RS, os 50 anos de existência de sua
tradicional leiloeira, a Knorr Remates. E seu filho, Luis Eduardo
Knorr, também festejou os seus 25 anos como leiloeiro rural,
atuando na empresa.
“S
omos a firma mais antiga do País em leilões
de animais”, grifa, com
orgulho, Jarbas Knorr em seu site
www.knorr-remates.com.br. Segundo ele, tudo começou em 1960 na
localidade de Cerrito, no município
gaúcho de Jaguarão, fronteira com o
Uruguai. Três anos após participou
do 1º leilão de animais em exposições
oficiais, no antigo Parque do Menino
Deus, no bairro Menino Deus, em
Porto Alegre, RS, mostra que mais
tarde deu origem à hoje Expointer.
Em 1979 realizou o 1º leilão de reprodutores na exposição de Pelotas,
uma das mais antigas e importantes
do circuito de exposições-feiras de
animais do Sul do Brasil.
Nos anos 80 a Knorr Remates fez
o 1º remate de terneiros do Paraná,
no parque da cidade de Ponta Grossa, assim como o 1º remate de elite da
raça eqüina Crioula no Rio Grande
do Sul, à beira da piscina do Tourist
Parque Hotel, em Pelotas, RS, além
do 1º Remate de Ovinos das raças
de carne, importados de diversos
países; o 1º leilão de equinos num
teatro, o Teatro Avenida, Pelotas,
entre incontáveis outras atuações,
por todos os cantos do Estado e fora
dele. “Não temos somente tradição,
mas também pioneirismo”, diz Jarbas
Knorr.
Ao longo de sua carreira ele teria
batido mais de 70 mil marteladas,
comercializando lotes de dezenas
de bovinos, ovinos e equinos, sendo
muito provável que tenha vendido
até mais de 200 mil animais. Aos
78 anos de idade, Jarbas Knorr teve
cinco filhos, 13 netos e oito bisnetos.
Um dos filhos, Eduardo, 46 anos, já
comanda a empresa Knorr Remates,
sediada em Pelotas, RS, um dos
netos, Roberto, 20 anos, trabalha
como pisteiro, e Jarbas, como em
outras muitas vezes, novamente foi
eleito e dirige o Sindicato dos Leiloeiros Rurais do Rio Grande do Sul
(Sindiler).
Aliás existem no País apenas dois
sindicatos da categoria: um representa os profissionais nacionais e o ou-
tro é a entidade gaúcha,
por uma razão simples:
a tradição de leilões no
Rio Grande é muito mais
forte do que no restante
do Brasil, herança da proximidade com o Uruguai
e a Argentina, onde os remates tem
larga tradição e são responsáveis por
90% das vendas do gado.
Só o Rio Grande do Sul, pelas
contas de Jargas Knorr, tem cerca
de 200 locais conhecidos de remates, que estão localizados nos mais
distantes municípios e rincões, que
movimenta peões, pisteiros, pecuaristas e investidores vendedores
e compradores, gerando receitas a
postos de gasolina, caminhões boiadeiros de transporte, funcionários
diaristas e gente ligada a restaurantes
e lancherias, entre outros.
OS BOLETOS
No início dos anos 1960, preocupado com a falta de registro de
venda de animais, que eram feitas
sem nenhuma comprovação, valendo apenas a palavra do devedor ao
credor, Jarbas Knorr foi a Pelotas,
comprou um talão de promissórias e
instituiu o uso do boleto, com valor
do negócio e data de vencimento.
Perdeu um amigo por isso, que não
admitia que duvidassem de sua palavra. Mas deu início a uma nova era
nos leilões rurais.
Depois, em 1963,
fundou a Associação
Profissional dos Leiloeiros Públicos Rurais do Estado do Rio
Grande do Sul - o
embrião do atual sindicato, criado mais tarde abrigando
outros grandes arrematadores como
Pedro Paulo Gonçalves, Trajano
Silva, Oly Ribeiro Corleta, Heitor
Costa Duarte e Vidal Ferreira - os
mais antigos gaúchos do martelo.
A empresa leiloeira Knorr Remates começou com a necessidade da
propriedade da família, a São Luís,
de vender sua produção. Juntou-se
a outros criatórios da localidade de
Cerrito, e promoveram o primeiro
leilão do lugar, em 1960. Foram
mais de 2 mil ovinos e 700 bovinos
gordos e de recria, e Jarbas Knorr
foi o escolhido para bater o martelo.
Não havia microfone profissional
e Knorr acabou improvisando um
pequeno microfone à bateria, preso
à cintura. Andava pelos bretes dos
ovinos ajudado por um funcionário
da empresa e, assim, vendeu a maior
parte da oferta. Só no primeiro dia já
registrava a marca de quase 2,7 mil
exemplares vendidos. Assim, não
deve ser nenhuma surpresa o fato
de seu martelo ter batido mais de
70 mil vezes anunciando a venda,
em números redondos, de 200 mil
animais.
Jarbas Knorr ao martelo junto à piscina do Tourist Parque Hotel
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PERFIL
Março / Abril de 2010
A busca da excelência – marca de Mariana Tellechea
Fotos: Divulgação/ABA
José Paulo Cairoli, Dona Lila, Maria da Glória (Góia) e Mariana
Com uma experiência de mais de 20 anos como veterinária e
administradora de uma das mais conceituadas propriedades do
criatório Angus no País - a Cabanha Paineiras, de Uruguaiana, RS
- Mariana Franco Tellechea, personalidade escolhida para ilustrar
o Perfil desta edição, resume nas suas atitudes e posicionamentos
os traços fortes, o tradicionalismo e a constante busca pela
excelência e pelo aperfeiçoamento genético que tornaram o nome
Paineiras um marco da raça em todo o território nacional.
e ao trabalho irão perpetuar, através
dos seus descendentes, seu nome e sua
marca enquanto existirem criatórios
Superando perdas irreparáveis na Angus aqui e além-fronteiras.
família e tendo que assumir um posto
Cabanha Basca
de extrema responsabilidade após a
E continuando a tradição da famímorte do pai, o saudoso selecionador
Flávio Tellechea, Mariana soube dar lia, afeita ao trabalho e às lidas do camcontinuidade aos mesmos ideais que po, desenvolvendo genética de ponta e
nortearam o trabalho pioneiro inicia- animais de puro selo racial, Mariana
do pelo avô, João Francisco Tellechea, está iniciando seu próprio criatório.
quando em 1942 adquiriu a Cabanha Dentro de aproximadamente três mePaineiras e iniciou um dos primeiros ses estará inaugurando oficialmente
criatórios da raça Angus no Brasil. O mais uma cabanha Angus na região
gosto e a visão de João Francisco pelas de Uruguaiana. Trata-se da Cabanha
coisas do campo tiveram continuida- Basca, próxima a Estância do Sarandy.
de com o pai de Mariana, o sempre O nome é uma homenagem à família
lembrado e admirado Flávio Bastos Tellechea, que é de origem basca.
Tellechea. Veterinário e zootecnista, O novo empreendimento abrigará
além de grande administrador, Flávio inicialmente um plantel selecionado
granjeou reputação como jurado in- de 100 vacas PO e também animais a
ternacional e profundo conhecedor da campo e será um desmembramento da
raça e, com sua visão futurista sobre Paineiras. “Nós sempre trabalhamos
cruzamentos industriais e melhora- em condomínio, mas agora estamos
mento genético, abriu caminho para dividindo o patrimônio do pai”, conta
o desenvolvimento de um moderno e a médica veterinária, que inicialmente
eficiente criatório Angus no Estado. vai se dedicar ao atendimento das duas
Todas estas características de empre- propriedades mas ao longo do tempo
endedorismo e dedicação ao trabalho pretende cuidar exclusivamente da
buscando a excelência nos resultados - Basca. A Paineiras ficará totalmente
baluartes da família Tellechea -, foram a cargo da proprietária, Dona Lila,
herdadas por Mariana. Ela dá assim que atualmente a ajuda na adminiscontinuidade a uma saga de antepas- tração, juntamente com a filha de
sados composta por homens ilustres Mariana que será o braço direito na
e mulheres admiráveis, gente da fron- administração da Cabanha Basca. A
teira, que através do amor ao campo família de Mariana é composta pela
Por Alexandre Gruszynski
mãe Dona Lila e as irmãs Maria da
Glória e Maria Izabel, os filhos Lila
Tellechea Pinto, formada em Administração de Empresas e Nelson Pinto
Neto e pela cunhada, Cláudia Silva.
O filho, formando em Publicidade
e Propaganda, dará assessoramento
na parte publicitária dos empreendimentos. A irmã, Maria da Glória,
participa na elaboração dos eventos
da cabanha e Maria Izabel se dedica
a outras atividades e não se envolve
diretamente com a parte administrativa da propriedade.
Animais diferenciados
Do novo criatório, ainda em fase
inicial, já se podem esperar animais
participando em exposições este ano,
garante Mariana, inclusive na Expointer, embora sem grandes pretensões
de animais premiados, informa ela.
“As condições agora ainda não são
adequadas, mas estou com uma boa
produção de terneiros e vou apresentar
alguns em exposições este ano. Seguramente para o próximo ano terei um
plantel muito competitivo” garante.
A atividade pecuária à qual se dedica
sempre teve como objetivo produzir
animais melhoradores de genética.
Para isto ela se mantém atualizada
com o que de melhor existe no mundo
nesta área e aplica os conhecimentos
no criatório. “Sempre procuramos ter
animais diferenciados geneticamente
e as exposições servem para mostrar
o que estamos fazendo. É uma coisa
muito estimulante”, confessa Mariana.
Ela diz que através das exposições tem
uma resposta direta do público. “Eu
estou sempre aberta à crítica do público
e uso isto para medir o melhoramento
dos animais”, destaca. Atividade de
longo prazo - dois ou três anos para se
ter um retorno -, exige uma dedicação
constante e um comprometimento
sem limites para se chegar a resultados
adequados, conta ela. “Tudo isto
porem é plenamente recompensado
quando vemos nossos clientes satisfeitos e mesmo ganhando campeonatos
com nossos produtos”. Com um diaa-dia movimentado, dividindo-se entre
a parte burocrática do escritório e as
atividades de veterinária na cabanha,
as responsabilidades deixam pouco
tempo para a vida social e os amigos.
Assim as inúmeras exposições em que
participa durante o ano, servem para
o convívio social e encontro para rever
amigos e conhecidos. É a união do
trabalho com o lazer, uma coisa muito
gratificante, assegura Mariana.
vida profissional que pretendia já estava
definida, medicina veterinária. Mariana cursou a faculdade de Medicina
Veterinária na PUC de Uruguaiana
e formou-se em 1984. Casou-se, teve
dois filhos, ficando afastada das atividades de veterinária até 1988, quando
retomou os trabalhos. Entre 1988 e
1990 Mariana estava envolvida só com
a parte burocrática de atestados de
nascimento e vacinação dos animais,
eram o irmão Flávio Antônio Franco
Tellechea (Neco) e o pai que cuidavam
da administração. Após 1990 é que
precisou assumir, juntamente com a
mãe, a responsabilidade da tradicional marca Paineiras. “O desafio era
mais difícil porque a cabanha já tinha
um grande renome naquela época”,
lembra-se ela. Mas com esforço e dedicação, contando com a ajuda de amigos
leais, a tarefa foi exitosa. Dentre muitos
personagens que foram importantes na
sua trajetória, Mariana destaca particularmente o amigo Francisco Gutierrez,
proprietário da Cabanha Três Marias,
a mais premiada de Angus vermelho e
preto da Argentina. Os pais de Mariana
e de Francisco já eram amigos e formaram família na mesma época e os filhos
conviveram toda a infância juntos.
Após o falecimento de Flávio Tellechea, Francisco passou a dar assessoria
na parte genética da Paineiras.
Casa no Campo
Sobre sua vida e sua atividade,
Mariana é enfática “Eu gosto da vida
tranqüila do campo, da qualidade de
vida que o campo proporciona, da
atividade que exerço, do criatório,
tem que pensar, comprar, ver se dá
certo, se manter atualizada, das exposições que participo, dos amigos
maravilhosos que conheci ao longo
dos anos, de fazer novos amigos. A
atividade pecuária é um ramo que
tem muito a melhorar ainda e o Angus
tem um futuro maravilhoso. Estamos
muito aquém do que ainda podemos
conseguir mesmo sendo o nosso Estado o celeiro da genética Angus, com
as mais tradicionais e reconhecidas
cabanhas fornecendo para os outros
Estados brasileiros”, sentencia.
Paineiras Red Tamarik
A afeição pela vida do campo vem
desde pequena, criada na propriedade,
acostumada aos animais e as conversas
sobre o criatório que ouvia dos mais
velhos. Mas foi aos 12 anos que ela
deu o passo inicial para se tornar a
veterinária e a administradora que é
hoje. Naquela oportunidade, no dia
do seu aniversário, que coincidia com
o remate anual da Paineiras, Mariana
pediu de presente ao pai, Flávio, uma
vaca vermelha PO - era a Paineiras Red
Tamarik. Com a produção desta vaca,
da qual até hoje ela ainda tem descendentes, foi montando
um plantel. Os touros eram vendidos e
com o resultado eram
compradas outras vacas vermelhas, dando
continuidade e aumentando o rebanho.
Naquela época, o pai
cuidava dos animais
para ela, ensinava,
dava conselhos e ao
crescer a escolha da
Mariana e o jurado argentino Martin Lisazo
MOVIMENTO
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OPINIÃO
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Crescimento pós-desmame em bovinos
de corte – bases para a qualidade futura
A cada dia que passa o ganho de peso é proporcionalmente menor em
relação ao peso vivo. Assim, à medida que o animal vai crescendo em
direção à maturidade, a taxa de ganho relativo vai desacelerando
Por Júlio Barcellos
A pecuária brasileira vive uma nova
conjuntura no início desta década – de
um lado as pressões sociais, econômicas
e ambientais e de outro as variáveis
típicas de qualquer negócio. Custo,
produtividade e preço de venda são os
fatores determinantes do resultado efetivo
do negócio. Nesta equação, o custo de
oportunidade da terra tem sido um dos
fatores que mais tem influenciado o custo
de produção, pois novos negócios estão
surgindo rapidamente para esse fator de
produção e o tornando mais caro. Mas,
independente do custo da oportunidade
da terra, a produtividade do sistema,
representada pelo desempenho animal,
objeto deste texto, ainda é o direcionador
mais importante para a sua eficiência.
Uma das medidas de desempenho animal
mais utilizado em bovinos de corte é a taxa de
ganho de peso, ou seja, o ritmo de crescimento. O
crescimento inicia desde a fecundação até o parto
numa taxa progressiva, onde a cada dia o aumento
no peso é maior do que no dia anterior. Asseguram
esse crescimento o potencial genético do feto e o
aporte de nutrientes maternos. Após o nascimento,
o crescimento mantém-se num ritmo constante,
mas a cada dia que passa o ganho de peso é pro-
porcionalmente menor em relação ao peso vivo.
Assim, à medida que o animal vai crescendo em
direção à maturidade, a taxa de ganho relativo vai
desacelerando.
O crescimento do nascimento ao desmame é
prioritariamente atendido pelo leite materno e, de
modo geral, não há nessa fase grandes comprometimentos com o desenvolvimento do terneiro ao
ponto de comprometê-lo no desempenho futuro.
Vale ressaltar que o peso ao desmame apresenta
uma grande variação entre raças e entre biótipos
dentro de uma mesma raça. Em fim, de maneira
genérica é possível afirmar que até o desmame a
vaca cumpre bem o seu papel.
A partir do desmame inicia a fase mais importante para o processo produtivo do terneiro.
Por outro lado, é a etapa que muitos pecuaristas
acabam negligenciando e cujas conseqüências
podem comprometer a vida produtiva do animal.
Nessa fase são constituídas as principais estruturas
musculares, ósseas e dos órgãos internos, responsáveis pelo funcionamento e produção harmônica
do bovino.
Os ganhos de peso nesta fase determinarão o
tamanho adulto e o tempo em que os principais
eventos de produção como a idade de abate e o
primeiro acasalamento ocorrerão. Dessa forma,
são requeridos determinados ganhos para que o
animal alcance seus objetivos de forma bioeconomicamente eficaz. Portanto, existe um perfeito
acoplamento entre a idade e tamanho, porém,
quando o ganho de peso é zero, o animal aumenta
de idade, mas não cresce. Nesse caso a alimentação
está atendendo apenas as funções de manutenção.
Quando essa restrição é superior a 60 dias os prejuízos são irreversíveis para atingir alguns objetivos
de produção como é o caso do peso de abate e
da qualidade da carcaça. Os perfis musculares de
num novilho que não ganhou peso durante esse
período no pós-desmame jamais alcançarão o desenvolvimento e formas normais. Portanto, na fase
pós-desmame, é categórico afirmar que o bovino
tem que continuar ganhando peso.
A taxa de ganho de peso pós-desmama será
estabelecida em função dos objetivos do sistema,
porém, em terneiras, não deve ser inferior a 0,300
kg/dia, independente da idade de acasalamento.
Para os machos, os ganhos devem ser levemente
superiores, pois os objetivos são outros – alcançar
o peso de abate com uma composição corporal
– relação músculos-ossos – compatível com as
exigências do mercado. Esses são exemplos genéricos, pois a taxa de ganho de peso dependerá do
sistema de produção e os prejuízos de uma restrição
no ganho serão mais impactantes quanto mais intensivo for o sistema. Dessa forma, nesses sistemas
é inadmissível pensar em ganhos compensatórios.
Por outro lado, quando o sistema é extensivo, com
idade ao primeiro acasalamento aos 24 meses e
abate aos 36 é possível aproveitar o crescimento
compensatório, por razões econômicas, sem causar
prejuízos ao tamanho adulto do animal.
O crescimento compensatório só é valido
em animais que estão ganhando peso no pósdesmama, ainda que essas taxas sejam muito
baixas. Portanto, o crescimento compensatório
ocorrerá em qualquer animal que esteja crescendo abaixo do seu potencial genético. Mas, para
efeitos práticos de criação, é aceito que ganhos
entre 0,150 a 0,300 kg/dia são taxas mínimas de
crescimento que podem ser compensadas na fase
de melhoria alimentar. Portanto, usar a estratégia
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do ganho compensatório parte do pressuposto
que os animais estão com um crescimento mínimo de 0,150kg/dia. Além disso, a compensação
desse menor ganho dependerá da duração em que
ocorre a restrição. Quando é superior a 90 dias
a compensação será inferior a 100%, portanto,
haverá comprometimento na produtividade futura
do animal.
De forma conclusiva é fundamental que os
pecuaristas entendam que a fase mais importante
no crescimento de um bovino de corte é entre os
6 e 12 meses de idade e qualquer restrição nessa
fase poderá causar conseqüências graves para a
produção. Por outro lado, assegurar um nível
alimentar que produza ganho de peso positivo
nessa fase é eficiente, pois a taxa de transformação
do alimento em produto ainda é favorável. Para
isto estão disponíveis diversas tecnologias que
asseguram ganhos de peso. Destacam-se como
tecnologias para promover ganhos de peso o ajuste
de carga, suplementação com concentrados ou
misturas múltiplas, suplementação com fenos e
pastagens cultivadas. Portanto, a escolha do sistema
estará na dependência do custo e de sua viabilidade
operacional.
Para finalizar é possível afirmar que a fase pósdesmama é a única em que a curva de crescimento
do bovino não pode ser interrompida e aquela
de melhor resposta econômica frente aos investimentos em alimentação. Tudo isto se aplica aos
animais que fazem parte de programas de avaliação
genética. Estes devem estar sempre próximos dos
limites de ganho de peso que o potencial genético
permite. Portanto, num sistema de produção de
touros as exigências de ganho estão próximas de
1,00kg/dia. Somente assim será possível identificar
as diferenças genéticas e de adaptação ao meio para
os futuros reprodutores.
NESPRO-CEPAN/UFRGS
[email protected]
www.nespro.ufrgs.br
Exportação de boi vivo: uma nova opção de mercado
Por Maria Gabriela Tonini
A venda dos animais para exportação é uma
opção relativamente nova no mercado. Essa
alternativa está presente basicamente no Pará
e tem trazido benefícios visíveis aos pecuaristas
do estado.
Em 2009 o Brasil exportou 518,2 mil animais, registrando um crescimento médio anual
de 262% desde 2003. O Pará, em função da
boa disponibilidade de animais, portos com
condições adequadas à exportação de carga
viva e proximidade com o principal comprador
brasileiro (a Venezuela), é o grande exportador,
detendo 98% do mercado.
Os preços do boi gordo no Pará estão mais
firmes depois do crescimento desta modali-
dade de exportação. Mais
compradores no mercado
indicam maior concorrência, o que beneficia quem
vende a mercadoria, no
caso os pecuaristas. Além do
mais, em função dos altos
custos para manutenção do
navio atracado no porto, os
exportadores precisam ser
rápidos na compra e muitas
vezes pagam R$1,00/@ até
R$2,00/@ acima do valor
pago pela média dos frigoríficos do estado. Isso sem contar que os animais
são negociados pelo peso vivo no momento do
embarque, considerando rendimento de carcaça
maior de 50% na maioria das vezes para o cálculo da remuneração. Muitos produtores preferem
este tipo de negociação.
Desde 2007, os valores do boi gordo no Pará
têm estado mais firmes do que no restante no
País. Comparando a variação dos preços paraense com os de São Paulo (que é a praça balizadora
e referência do país), é possível observar que o
boi gordo no Pará tem variado acima dos valores
de São Paulo – veja na figura 1.
Estes ganhos com a melhoria da renda têm
sido convertidos em investimentos produtivos,
através do uso mais intensivo de insumos e da
adoção de estratégias de produção como, por
exemplo, o sistema de integração lavoura-pecuária, a terminação de animais em confinamento
e o pastejo rotacionado.
médica veterinária
Scot Consultoria
www.scotconsultoria.com.br
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Julho/Agosto de 2009
REPORTAGEM

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