EMPRESAS FAMILIARES
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EMPRESAS FAMILIARES
Gestão Estratégica e Aprendizagem Organizacional em Empresa Familiar AUTORES: MARILUCE PAES DE SOUZA RODRIGO MIGUEL TRENTIN JANA SOUZA DOS SANTOS NARA ELIANA MILLER SERRA 1. Introdução Países emergentes, guerras, blocos econômicos, barreiras tarifárias, subsídios governamentais, previdência social, eleições, tem sido o contexto em que o Brasil vive e que atinge também os demais países do mundo, mas independente de serem brasileiras ou mundiais, as mudanças têm ocorrido cada vez mais rápidas. A convivência com a incerteza passa a ser uma constante no dia-a-dia. O sucesso de um negócio está baseado na criação de valor e de riqueza para as pessoas. Isto significa assumir riscos, abandonar hábitos que não dão resultados e inovar sempre. Estas decisões são as verdadeiras tarefas dos administradores que estejam a frente de qualquer empresa. Em mercados globalizados e competitivos como os atuais, qualquer ação administrativa tem que ser conduzida de forma profissional e eficaz. O domínio de informações e o conhecimento técnico sobre as ações que se pretende estabelecer são condições essenciais para o sucesso de qualquer atividade. Ter uma gestão estratégica vai permitir que as empresas atuem não apenas dentro das fronteiras dos setores existentes, mas também para criar a estrutura dos setores futuros, adaptando-se aos benefícios que os clientes irão exigir e às novas competências que as organizações empresariais precisarão desenvolver ou adquirir. O presente artigo apresenta a gestão estratégica no contexto da empresa familiar, pois em diversos setores esta ocupa um espaço importante em economias industrializadas e emergentes. Gersick et.al.(1997) constataram que 80% de todas as empresas no mundo são familiares. Utilizou-se o método de abordagem com pesquisa qualitativa, procedendo-se entrevistas direta com roteiro estruturado em empresas de diferentes setores e com diferentes níveis de administração na cidade de Porto Velho, Rondônia, Amazônia Ocidental, Brasil. Com essa pesquisa, pode-se verificar que a gestão estratégica no contexto da empresa familiar é tida como ponto importante para se conseguir um diferencial, porém quando se verifica na prática, a realidade é outra. Mesmo com isso, as empresas conseguem crescer e sobreviver, porém, a aplicação da Gestão estratégica poderá leva-las a ter um futuro muito mais próspero e longevo. 2. Dimensões Contextuais das Organizações Empresariais As organizações afetam as pessoas todos os dias, são tão comuns que estas já as têm como certas, desde o nascimento passando pelo crescimento educacional e profissional até o falecimento, sempre interagindo com uma organização. Segundo Daft (1997), o principal elemento de uma organização não é um edifício ou um conjunto de políticas e procedimentos, as organizações são compostas por pessoas e seus inter-relacionamentos, uma organização existe quando as pessoas interagem entre si para realizar funções essenciais que auxiliem a alcançar metas. Inter-relacionamento este que, 2 seja através de departamentos ou em conjuntos de atividades, está cada vez mais flexível e difuso à medida que as empresas enfrentam a necessidade de responder às mudanças do ambiente externo com mais tempestividade. Por tratar-se de um sistema aberto, as organizações empresariais se adaptam continuamente com o desafio de controlar e coordenar as atividades internas em face das perturbações ambientais e das incertezas. Os administradores desempenham, nesse sentido, seu papel de estruturar e coordenar os recursos organizacionais para alcançar o propósito da organização. Quanto as dimensões organizacionais que irão descrever peculiaridades específicas das empresas, Daft (1997) identificou dois tipos: estruturais e contextuais. As estruturais descrevem as características internas de uma organização, é a formalização, a especialização, a padronização, a hierarquia, a complexidade, a centralização e o profissionalismo. As dimensões contextuais tratam do ajuste organizacional que influencia e molda as dimensões estruturais, são subjacentes à estrutura e aos processos de trabalho, inclui-se aí a dimensão ou o porte, a tecnologia organizacional, o ambiente, as metas e estratégia, e a cultura organizacional. Essas dimensões são interdependentes e fornecem uma base para medição e análise das características de uma empresa, revelando informações significativas a partir de observações tanto de suas próprias características como de seu relacionamento com outras organizações. Ao analisar o ambiente externo, verificam-se desafios produzidos por questões como concorrência, diversidade, ética, progressos tecnológicos e ascensão profissional que exigem das organizações capacidade de adaptação. Uma gestão estratégica eficaz deve tentar mensurar ou prever as decisões a serem tomadas frente às transformações. Ainda Daft (1997), enfoca três perspectivas da teoria das organizações, sendo: a perspectiva de contingência racional, onde os administradores buscam métodos a serem testados para gerenciar e controlar a organização rumo a maior eficiência e melhor desempenho, metas são selecionadas, critérios de eficácia são estabelecidos e estratégias são adotadas para conseguir os resultados previstos; a perspectiva do marxismo radical, onde os gerentes tomam decisões para conservar e melhorar suas posições, restando aos demais trabalhadores pequenos cargos com intuito de reduzir sua capacitação, cujo objetivo é de libertar os empregados da organização da alienação, exploração e repressão; e a perspectiva da economia de custos e transações, que foi desenvolvida a partir da área econômica e tem recebido atenção de alguns teóricos e sociólogos organizacionais; o foco dessa perspectiva está no intercâmbio de bens e serviços, e não na produção, que traduz uma visão econômica um tanto estreita dos eventos da organização, pressupõem que os indivíduos agem em seu próprio interesse e que a troca de bens e serviços poderia teoricamente ocorrer no mercado livre. Verifica-se dessa forma que a perspectiva de contingência racional é que está mais relacionada e apropriada à adoção de uma gestão estratégica. Contingência significa que uma coisa dependa da outra e para que uma organização seja eficaz é preciso haver um perfeito ajuste entre sua estrutura e as condições do ambiente externo. Tal definição ajuda a reforçar a afirmação anterior. Desta forma, pode-se dizer que uma organização estratégica é onde há otimização da alocação de recursos da empresa, para interagir ativamente com as realidades e cenários ambientais (OLIVEIRA, 1995). Oliveira (1995), cita alguns fatores que condicionam o estabelecimento de uma organização estratégica como, por exemplo, o fator humano, o fator ambiente empresarial, o fator sistema de objetivos, estratégias e políticas e o fator tecnologia. 3 3. Estratégia Empresarial O termo estratégia é usado muitas vezes sem as necessárias definições não existindo um conceito universalmente aceito do que seja estratégia, boa parte da literatura sobre administração estratégica se caracteriza pela busca de taxonomias de estratégias genéricas (HATTEN e SCHENDEL, 1997; MENDEL e DESS, 1993 Apud GIMENEZ. et.al.,1997). Surgida, inicialmente, nos combates, nas guerras e nas batalhas, a estratégia tem sido utilizada no meio empresarial e na administração das organizações como uma forma de preparação para a ação. Seu conceito está geralmente relacionado à ligação da empresa ao seu ambiente, ou seja, é o ajustamento da empresa ao seu ambiente. Como o ambiente está em permanente mutação, oferecendo oportunidades e ameaças, a estratégia é algo extremamente dinâmico, constituindo em um processo de constantes mudanças e adaptações e reformulações, tendo sempre o propósito de levar a organização em frente e na melhor situação possível. Muito do que tem sido escrito sobre estratégia pressupõe sua conceituação como conjunto de diretrizes conscientemente deliberadas que orientam as decisões organizacionais. Este conceito de estratégia é representativo das escolas prescritivas de pensamento estratégico de Mintzberg (1978) o qual identificou dez escolas de pensamento no campo da administração estratégica. Três escolas de natureza prescritiva têm tratado a estratégia como tentativas conscientemente deliberadas de alinhar a organização com seu ambiente, e vêem a formulação de estratégia como processo que envolve o desenho conceitual (escola de design), o planejamento formal (escola do planejamento) e o posicionamento competitivo (escola do posicionamento). Outro grupo de seis escolas é apresentado por Mintzberg como descritivo: (1) a escola empreendedora, que trata a formação de estratégia como processo visionário; (2) a escola cognitiva, que apresenta estratégia como processo mental; (3) a escola de aprendizagem, que considera a estratégia como resultado de processo emergente; (4) a escola política, que enxerga a estratégia surgindo do processo de conflito e disputa por poder; (5) a escola cultural, que vê a estratégia como processo ideológico; e (6) a escola ambiental, que trata a formação de estratégia como processo passivo. Finalmente, a escola de configuração procura delinear os estágios e seqüências do processo de formação de estratégia como um todo integrado. Fahey e Randall (1999) esclarecem que estratégia é sinônimo de escolhas, a soma das escolhas determina se a empresa tem chance de vencer no mercado, se é capaz de conquistar e preservar clientes e superar o desempenho dos concorrentes. Para Daft (1997), estratégia é um plano para interagir com o ambiente competitivo e alcançar os objetivos organizacionais, as estratégias podem definir qualquer número de técnicas para atingir o objetivo. Na consideração de Sette (1998) estratégia da empresa é o ajustamento da empresa ao seu ambiente, pois considera que este último encontra-se em permanente mutação, promovendo oportunidades e ameaças, e assim, a estratégia torna-se algo dinâmico e adaptativo com o propósito de levar a organização em frente e na melhor situação possível. Percebe-se, desta forma, que a estratégia estabelece um balizamento nos rumos da empresa, fazendo com que todas as decisões tomadas pelos dirigentes estejam direcionadas para o mesmo propósito, somando forças para a consecução dos objetivos da empresa (OLIVEIRA, 1995; SETTE (1998). 4 Todas as considerações apresentadas conduzem a outro conceito oportuno, e que será apresentado na seqüência, é o de administração estratégica que trata da forma como a empresa deverá ser conduzida, ou gerenciada. Para que possa ser implantada a estratégia empresarial, que por ser dinâmica, exigirá uma administração ágil e atenta às mudanças ambientais. A administração estratégica procura dar este dinamismo à gerencia das organizações empresariais. 4. Administração Estratégica O estudo da administração estratégica teve sua forma definida pela primeira vez após a Fundação Ford e a Carnegie Corporation patrocinarem, nos anos 50, a pesquisa no currículo das escolas de negócios. Basicamente, a pesquisa recomendava que o ensino de negócios tivesse uma natureza mais ampla e incluísse um curso de capacitação em uma área chamada de política de negócios, em que se enfatizaria o desenvolvimento de conhecimentos na identificação, análise e solução de problemas do mundo real em amplas e importantes áreas negociais, além de promover o desenvolvimento de habilidades a partir de conhecimentos já adquiridos (GORDON e HOWELL, 1959 apud CERTO e PETER, 1993). Certo e Peter (1993) definem a administração estratégica como um processo contínuo e iterativo que visa manter uma organização como um conjunto apropriadamente integrado a seu ambiente. Esses autores propõem a definição de cinco etapas para o processo da administração estratégica, que são: a) realização de uma análise do ambiente, onde há a identificação dos riscos e das oportunidades presentes e futuras, além da identificação dos pontos fortes e fracos, estabelecimento da diretriz organizacional, onde se faz necessário a definição da missão e dos objetivos, que é facilitada após a análise interna e externa; b) formulação da estratégia, nesta etapa a empresa deve ser capaz de traçar cursos de ação para assegurar o sucesso da informação, é onde ela vai projetar e selecionar estratégias que levem à realização dos objetivos organizacionais; c) implementação da estratégia, nesta etapa as ações estratégicas são colocadas em prática, a partir de então pode-se obter os benefícios pretendidos com a realização da análise ambiental; d) o estabelecimento de diretrizes e da formulação da estratégia, é, principalmente, nessa fase que a flexibilidade e a capacidade de adaptação devem ser utilizadas uma vez que mudanças acontecerão com impacto na cultura organizacional, e; e) o controle estratégico, que consiste na monitoração e avaliação do processo de administração visando assegurar o funcionamento das ações, nesta etapa os sistemas de informações desempenham um importante papel. Porter (1986) fornece uma estrutura para a ação competitiva, que descreve três estratégias onde os administradores devem desenvolver estratégias que sejam coerentes com o ambiente externo. São elas: liderança de baixo custo, a empresa tenta aumentar a participação no mercado pela ênfase no baixo custo em comparação com os concorrentes, procurando agressivamente instalações eficientes, persegue reduções de custos e utiliza fortes controles para fabricar produtos com mais eficiência, não se preocupa com a inovação ou o crescimento, mas sim com a estabilidade. A empresa pode trabalhar com preços inferiores e continuar oferecendo qualidade comparável e obter um lucro razoável; diferenciação, onde as organizações procuram usar alguma coisa que distinga seus produtos ou serviços dos outros do mesmo setor, pode ser através da propaganda, características especiais de um produto, serviços excepcionais ou uma nova tecnologia, geralmente visando a clientes que não estejam preocupados com preço e, por conta disso, pode ser bastante lucrativa; por outro lado, pode revelar-se também bastante dispendiosa, uma vez que exigirá pesquisa, projeto de produtos e publicidade, além de grande 5 capacidade de empregados criativos para buscar inovações; e, por fim, o foco, através do qual a empresa concentra-se num mercado regional específico ou num grupo de compradores, a vantagem, seja ela de baixo custo ou diferenciação, dá-se dentro de um mercado estritamente definido. Ao se examinar as considerações desses vários autores, pode-se dizer que a análise dos ambientes interno e externo e o conflito entre as demandas do presente e as exigências do futuro se situam no cerne da administração estratégica que pode ser traduzida num desafio chamado, por sua vez, de gestão estratégica. Sendo tarefa do administrador construir pontes entre as mudanças no ambiente externo e interno, pois as oportunidades irrompem das mudanças ambientais. A alavancagem a configuração da mudança é um aspecto fundamental para a elaboração e execução da estratégia. A gestão estratégica permite aos administradores conduzir a empresa de forma eficaz, com condições de reconfigurar as organizações empresariais, como pode-se observar nas abordagens seguintes. 5. Gestão Estratégica A gestão estratégica se constitui na composição de um acervo de conhecimentos e métodos inteligentes que se ampliam rapidamente e são utilizados para a tomada de decisão das empresas. Revela-se, como um desafio importante e abrangente que atinge qualquer organização, consistindo na base do diferencial competitivo; no atendimento das demandas dos stakeholders e enfrentar às tensões permanentes entre os diferentes grupos e níveis da empresa. Para criar estratégias capazes de pôr a empresa em condições competitivas, é preciso agir para atrair e reter os clientes mais valiosos e buscar a vitória hoje sem deixar de lado a visão no longo prazo. Daft (1997), diz que o projeto da organização se realiza através da administração e execução do plano estratégico, residindo aí o papel da teoria das organizações, pois o projeto da organização reflete o modo como as metas serão executadas e as estratégias implementadas, ou seja, a estrutura da organização deve ser conseqüência dos seus objetivos. Diante disso, Fahey e Randall (1999), propõem um modelo integrado de gestão estratégica com a finalidade de preparar a organização diante das mudanças, abrangendo tarefas interligadas, as quais são: gestão da estratégia de mercado, gestão da empresa e o exercício da gestão estratégica. Para esses autores, a gestão da estratégia de mercado vai projetar, executar e aperfeiçoar estratégias em mutação. A estratégia será o meio pelo qual a empresa cria e alavanca a mudança em torno do mercado. Apresentam três fatores para a compreensão desse tipo de gestão: o escopo, a postura e as metas. O escopo envolve escolhas que determinarão questões como: produtos que a empresa pode oferecer; clientes e suas necessidades e, ainda, que recursos, competências e tecnologia a empresa possui ou é capaz de desenvolver para atender aos seus clientes. A postura diz respeito a como a empresa se diferencia dos concorrentes segundo a percepção e compreensão dos clientes, trata-se basicamente da diferenciação como fonte de valor obtido pelos clientes ao adquirirem os produtos ou as soluções de uma empresa. Esclarece-se que a postura define os termos da rivalidade no mercado, cada vez mais deve se adaptar a exigência individual do cliente, um fenômeno que ficou conhecido como personalização em massa. As metas direcionam as opções em termos de escopo e postura competitiva, conduzem a questões como o que a empresa pretende conseguir no mercado, que retorno a empresa pretende proporcionar aos seus acionistas, fornecedores e clientes. 6 No que concerne as metas, estas se apresentam em quatro níveis: (1) intenção estratégica ou visão de mercado, (2) impulsos estratégicos ou programas de investimento, (3) objetivos e (4) metas operacionais. As intenções estratégicas se referem ao conceito de longo prazo, é de escopo mais amplo e de perspectiva temporal mais distante, referem-se àquilo que a empresa pretende conseguir no mercado em termos de produtos, clientes e tecnologia.Os impulsos estratégicos referem-se aos compromissos significativos em produtos e outros investimentos que a empresa está assumindo para realizar a sua intenção, podem ser investimentos em alianças, pesquisa e desenvolvimento, expansão de linhas de produtos. Os objetivos referem-se às metas que transformam os impulsos estratégicos em programas de ação, tendem a especificar resultados que abrangem um horizonte de tempo e representam os grandes alvos ou marcos que a empresa se propõe atingir. As metas operacionais são alvos de curto prazo, mensuráveis, específicos, focalizam a atenção da empresa e facilitam a coordenação do que do contrário seriam atividades discrepantes e conflitantes. No modelo de gestão, Fahey e Randall enfocam o que ocorre dentro da empresa e que faz a diferença para que uma organização se adapte com êxito a um ambiente e em novos empreendimentos. Sua vitória é fortemente influenciada pela eficiência da empresa no exercício e na execução das suas escolhas sobre onde e como competir. Envolve questões sobre o referencial analítico, atitudes mentais, processos operacionais, infra-estrutura e liderança. O referencial analítico se refere a todas as análises efetuadas pela empresa na elaboração e execução da estratégia, compreende a análise da situação presente do setor e do macroambiente, a identificação dos prováveis futuros alternativos, ou seja, as situações futuras potenciais e a avaliação dessas implicações para a estratégia vigente da empresa. Não menos importante é a análise da própria empresa, o referencial analítico precisa concentrar-se numa tarefa complexa e criativa, deve transformar o conhecimento e o aprendizado resultantes em partes do processo contínuo da análise ambiental e organizacional e na especificação de oportunidades e ameaças. A atitude mental é o conjunto de visões (o que os gerentes vêem como propósito dos esforços da empresa), dos valores (o que consideram importante), das crenças (o que julgam ser as relações de causa e efeito), e os pressupostos (o interpretam como verdadeiro e básico). A visão vai proporcionar aos stakeholders a percepção do futuro a ser atingido, transmite as metas estratégicas abrangentes da empresa aos seus membros, enquanto os valores conectam a visão ao processo decisório e que os membros consideram importante, eles efetivamente se transformam em componente essencial da atitude mental quando são internalizados. As crenças são a compreensão da empresa sobre as relações de causa e efeito, podem se tratar de questões internas e externas e exercem forte influência sobre os comportamentos. Os pressupostos são dados que se referem a fatores internos ou externos, como clientes, concorrentes, evolução setorial, regulamentação, fluxos de caixa, tecnologia e outros. Para Fahey e Randall (1999), a atitude mental é capaz de sustentar ou inibir a estratégia. O desafio consiste no reconhecimento da mudança ambiental de modo que possibilite o desenvolvimento e a execução de estratégias. Os processos operacionais são a maneira como o trabalho é executado na organização, o desenvolvimento e implementação da estratégia estão ligados à execução das tarefas, sua reformulação ou aprimoramento pode induzir ganhos significativos na qualidade, velocidade e sensibilidade da empresa, uma vez que deve ser gerenciado no nível sistêmico. A infra-estrutura se refere à maneira como a empresa é organizada internamente e também aos seus relacionamentos as entidades externas, revelando-se aí, os sistemas, como 7 imprescindíveis para movimentar as informações através da estrutura, sejam eles de informação, controle ou remuneração. Surgem aqui, ainda, os processos decisórios que são os procedimentos e rotinas organizacionais que reúnem os membros na tomada de decisões. Por fim, tratam a liderança como indispensável para o direcionamento do referencial analítico, para a modificação da atitude mental, para a orientação e integração dos processos operacionais e para o ajustamento da infra-estrutura, os líderes devem se dedicar a constante adaptação da estratégia, seu propósito é fazer a diferença mediante o aumento das chances de vencer no mercado e da construção e sustentação de uma organização que execute a estratégia de mercado. Na figura 1 abaixo, representa-se o modelo integrado de gestão aqui discorrido. Integração Gestão da Empresa Gestão da Estratégia de Mercado Atual configuração da empresa Delineamento da Gestão Estratégica Atual Estratégia Liderança Liderança Estratégica Liderança no Mercado Criatividade Desenvolvimento de Oportunidades Identificação do mercado Avaliação Escolha de Oportunidades Avaliação do Mercado Alinhamento Execução da estratégia Coerência da estratégia Competência Superação do desempenho, concorrente e cliente Vantagem no mercado Fonte: composição dos autores. Figura 01 – modelo integrado de gestão estratégica. É importante ressaltar que mudanças gerenciais têm sido induzidas, basicamente, por duas tendências aceleradoras. A primeira é a crescente mudança trazida pela concorrência global e a segunda é a mudança fundamental das tecnologias organizacionais. As organizações tradicionais foram projetadas para gerenciar tecnologias baseadas em máquinas, com o uso estável e eficaz de bens físicos. 6. Aprendizagem Organizacional As novas organizações são baseadas no conhecimento, o que significa que estão projetadas para manipular idéias e informações. Em vez de empenhar eficiência, cada funcionário das empresas baseadas no conhecimento deve aprender continuamente e estar capacitado a identificar e solucionar problemas do seu domínio de atividades. Daft (1999) diz que a responsabilidade da gerência é criar a capacidade de aprendizado organizacional e de adaptar-se mais rapidamente às mudanças do que os concorrentes, podendo vir a ser a única vantagem competitiva sustentável. Por este motivo, muitas empresas estão se reprogramando no sentido de algo conhecido como uma organização que aprende, conceito introduzido pelo autor Peter Senge quando publicou em 1990 o livro A Quinta Disciplina. Senge (1990), diz que na organização que aprende todos estão engajados na identificação e na solução de problemas, capacitando a organização a experimentar, melhorar e aumentar sua capacidade. O valor essencial da 8 organização que aprende é a solução de problemas, ao contrário das organizações tradicionais, que são projetadas para a eficiência. Na organização que aprende, os funcionários se engajam na identificação de problemas, o que significa conhecer as necessidades dos clientes. Os funcionários também solucionam problemas, o que implica fazer ajustes de maneira a atender às necessidades dos clientes contribuindo, desse modo, para a orientação estratégica. A estratégia surge das atividades acumuladas pelas equipes que atendem os clientes. Senge (1990), esclarece que a estratégia surge dentro da visão geral do futuro da organização, e todos os funcionários compartilham dela, de maneira que as inovações e melhorias feitas pelas equipes se somam ao conjunto organizacional. A organização que aprende se assemelha a uma teia na qual as diferentes partes da organização se adaptam e se modificam independentemente, enquanto contribuem, ao mesmo tempo, para a missão da empresa. Além da maior responsabilidade dos funcionários em relação aos meios e fins organizacionais, a mudança para a filosofia da organização que aprende está associada à liderança atenta, a uma cultura forte, a um amplo compartilhamento de informações e a uma sistemática mudança nas estruturas formais e nos sistemas. Estas características são ilustradas na figura 2 abaixo. Informações Compartilhadas Liderança Criteriosa Estratégia Emergente Organização que aprende Empregados com autoridade Informações Compartilhadas Estrutura Horizontal Fonte: composição dos autores, 2004. Figura 02 – Características da Organização que Aprende Desta forma, a organização agrega valor pela definição de novas necessidades com idéias e informações do que com produtos físicos. Quando são produzidos itens físicos, idéias e informações ainda proporcionam vantagem competitiva porque os produtos estão sendo modificados para atender a novas e desafiantes necessidades do ambiente. 6. A Empresa Familiar Existem várias denominações e definições sobre o que é uma empresa familiar. Desde a década de 50, quando foi iniciado os estudo com Christensen (1953) até os dias atuais, porém, ainda não foi possível encontrar corpo teórico convergente, unificado e maduro. Em alguns estudos mais recentes realizados em 1996, foram encontradas mais de 30 definições diferentes para a empresa familiar. Donneley (1964) considera uma empresa familiar quando esta se constitui com uma família e quando essa ligação influencia a política da empresa no interesses e nos objetivos da família. Essas ligações são definidas por ser o relacionamento familiar um fator determinante para a sucessão, a participação de esposa e filhos no conselho de 9 administração e a identificação dos valores da empresa com os valores da família, dentre outros. Os historiadores de economia Douglas North e Robert Thomas atribuem à criação de um sistema definido de direitos de propriedade industrial o ponto de partida para a industrialização e o fortalecimento do capitalismo americano. Com base nesses preceitos pode-se observar duas indicações importantes: todo fundador não deixa para seus herdeiros apenas um conjunto patrimonial; Ele torna seus descendentes sócios independentes de sua escolha, e os transforma em membros de uma família empresária. E estes dois fatores tornam este processo muito complexo, mas a maioria dos herdeiros, bem como suas famílias, não estão preparados para este desafio. Muitos dos pontos na perpetuidade das empresas familiares decorrem da incapacidade dos seus fundadores e herdeiros de compreenderem estes pontos. Ou seja, vinculam a vida da família à empresa e o crescimento ou lucro dos negócios aos interesses e necessidades da família. Tornar uma família comum em uma família empresária é um grande desafio que vai além do que muitos fundadores conseguem compreender. 6. 1 As Empresas Familiares no Cenário Mundial É fato que as empresas familiares são a grande maioria em todo o mundo. A existência dessas empresas é tão expressiva que Gersik et al. (1997) constatou que 80% (oitenta por cento) de todas as empresa do mundo são familiares. Santos (1997) comenta que mais de 50% (cinqüenta por cento) do Produto Interno Bruto (PIB) americano é gerado por empresas familiares e que mais de um terço das quinhentas companhias mais bem sucedidas nos Estados Unidos é familiar (Revista FORTUNE, 1998). No Brasil a pesquisa e os estudos sobre empresa familiar são menores ainda do que no nível mundial. Sabe-se porém que a influência e a participação na geração de empregos e na participação do PIB é de suma importância para o desenvolvimento do País. Algumas pesquisas mostram que as empresas familiares geram cerca de 2 milhões de empregos, tem participação no PIB em cerca de 12% no agronegócios, 34% na indústria e 54% no ramos de serviço e dentre as sete e oito milhões de empresas que o Brasil possui, 90% são empresas familiares, principalmente as pequenas e médias empresas. Mas é claro que existem grandes empresas que obtiveram grande sucesso e hoje tem destaque no cenário nacional como o Grupo Votorantin da família Ermínio de Moras e o Grupo Pão de Açúcar pertencente a família Diniz. No conjunto mundial as empresas controladas e administradas por famílias são responsáveis por mais da metade dos empregos e dependendo do país geram de 50 a 75% do PIB (Wall Street Journal, maio 2000, p. 12) 6.2 A Gestão em Empresa Familiar A maioria das empresas familiares tem uma estrutura enxuta aonde a centralização do poder e das atividades mais importantes fica na mão do Gerente-Proprietário, a pessoa que exerce maior influência no planejamento, na tomada de decisões e na obediência as regras e normas que são traçadas para o alcance de seu objetivo. Segundo Weber (1992, p. 33), “poder significa toda a probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra resistência, seja qual for o fundamento dessa probabilidade”. A imposição da vontade para ser compreendida necessita de entendimento do conceito de denominação, entendido como “a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de determinado conteúdo”. Ocorre que as decisões que são tomadas pelo 10 Gerente-Proprietário, normalmente são baseadas no empirismo, sem profissionalização e por deter o poder, suas regras e ordens são seguidas independente da concordância com a mesma. Isso não significa que os caminhos ordenados pela gestão das empresas familiares estejam incorretos, mas a falta de profissionalização e do envolvimento da cultura familiar na cultura organizacional pode ser um ponto negativo quando trata-se de resultados a longo prazo. Por haver essa grande identificação com o fundador, as vezes a dificuldade entre o que é intuitivo ou emocional, prevalece ao racional fazendo com que as decisões nem sempre sejam certas. Apesar da diversidade que caracteriza as empresas controladas por famílias, nas primeiras etapas do ciclo de vida em quase todas é possível identificar alguns dilemas em comum, como: aceitar as mudanças ou manter-se fiel à estratégia definida pelo fundador; empregar os integrantes da família ou afastá-los da administração do negócio; expandir a empresa ou manter a estrutura original; profissionalizar a gestão ou, apostando no sucesso conquistado, manter a “administração intuitiva”; planejar a sucessão ou permitir que a geração seguinte assuma o comando naturalmente. Alguns desses dilemas foram respondidos em uma pesquisa realizada pela revista Family Business (apud HSM Management, 2003). Nessa pesquisa, podem-se identificar alguns traços comuns nas características das organizações mais longevas. Muitas se mantiveram realmente pequenas com o passar do tempo e mesmo depois do processo de sucessão, em geral não negociam suas ações em bolsa de valores, mantém o capital fechado e familiar para impulsionar o desenvolvimento, boa parte dessas empresas funciona fora das grandes cidades. Como alternativa para identificar as fontes dos conflitos interpessoais, para distinguir as prioridades e limitações da empresa e compreender o comportamento de seus integrantes, foi criado, na década de 70, pelo professor John Davis, um estudioso das empresas familiares no mundo, juntamente com Renato Tagiuri na Harvard University, o “Modelo dos Três Círculos” apresentado na figura 3. Esse modelo visa traçar um paralelo entre empresa, família e propriedade. Com a sobreposição desses três pontos principais, é possível apontar sete setores que enquadram qualquer pessoa que esteja envolvida na empresa. 2 - Propriedade 4 5 7 1 - Família 6 3 - Gestão Fonte: Revista HSM Management, n.º 41 p. 96 Figura 3 – Modelo dos Três Círculos Ao se analisar o modelo apresentado na figura 3, pode-se visualizar a empresa familiar, bem como verificar a complexidade na relação entre os subsistemas: 1 – Familiares sem participação nos outros sistemas – A grande maioria dos componentes da família, tanto descendentes quanto aqueles que incorporam à mesma, possuem algum 11 interesse com a vida e o futuro da empresa. A família deve ser preparada e sensibilizada, sem exceção, e em momento algum os profissionais devem desconsiderar este ponto. 2 – Sócios-proprietários, não gestores e não familiares – Pode haver na constituição da empresa ou no decorrer de sua gestão, a participação de uma pessoa que não faz parte da empresa como gestor e nem membro da família. A visão geral e o distanciamento do mesmo com a cultura familiar podem levá-lo a ter idéias que podem ajudar no desenvolvimento da empresa. 3 – Gestores, não proprietário e não familiar – Grupo importante para a administração da empresa se tratado de forma correta. O gestor tem um papel importante na aplicação de uma cultura diferenciada que pode evitar alguns conflitos. 4 – Familiares proprietários sem participação na gestão – Por se tratar de um membro da família, essa pessoa tem um interesse especial pela empresa, pois vislumbra que o sucesso dos negócios é a garantia de uma vida tranqüila para a família. 5 – Proprietário gestores não familiares – Sua influência é importante para o desenvolvimento da empresa. O envolvimento emocional com a família deve ser evitado para minimizar os conflitos. 6 – Gestores familiares e não proprietário – Importante por fazer parte da família e ter uma dedicação especial devido ao seu interesse de sucesso profissional. Porém não se pode confundir com um proprietário. 7 – Familiares, gestores e proprietários – Uma das pessoas que tem maior influência dentro da empresa, deve manter dentro da hierarquia, a disciplina, a política salarial e outros procedimentos da empresa para que não haja confusão nos papéis. Mais tarde, foi adicionada a esse modelo a variável “tempo”, que trouxe como resultado o “modelo de desenvolvimento”. O Modelo de Desenvolvimento é baseado na evolução do desenvolvimento da empresa, o desenvolvimento da propriedade e o desenvolvimento da família e é representado graficamente na figura 4: Desenvolvimento da Maturidade empresa Expansão Lançamento Família Fundadora Jovem Entrada dos descendente s na Trabalho conjunto Transferência de comando Proprietário Controlador Sociedade de Irmãos Desenvolvimento da família Consórcio de Primos Desenvolvimento da propriedade Fonte: Revista HSM Management, n.º 41 p. 108. Figura 4 – Modelo de Desenvolvimento Esse modelo apresenta seqüencialmente, as etapas que passa cada um dos três subsistemas ao longo de determinado tempo. O momento mais importantes no desenvolvimento das 12 empresas é o momento da transição, e é esse modelo que possibilita analisar as escolhas que modelarão o futuro das empresas familiares. Antigas ou de história recente, as empresas familiares também se destacam por uma peculiaridade como: as presenças constantes de conflitos e disputas, que obedecem a objetivos e prioridades diferentes dos que regem as relações estritamente familiares. Os estudos revelam que os problemas se intensificam a medida que as empresas “envelhecem” (GERSIK 2003). Os Três pontos que podem ajudar a manter a longevidade da empresa a medida que elas envelhecem é uma boa definição de missão, valores e ética. A missão ajuda a visualizar a razão de ser da empresa, deve representar a estrutura de pensamento e trabalho de todos os envolvidos na empresa, o valor que impulsiona em relação a si mesma e aquilo que poderá concretizar. Os valores são as convicções e os princípios morais que estão por de trás da cultura da empresa. Os valores dão significado às normas, decisões e padrões comportamentais dos sócios e executivos. Vale sempre lembrar que todos esses temas não são criados de um dia para outro dentro da empresa. Eles surgem com a cultura da empresa e devem ter uma prática e um exercício de educação permanente para que não se percam com o passar do tempo e com isso venham a ocasionar atritos para as próximas gerações (BERNHOEFT, 2003). As maiores fontes de atrito decorrente da sucessão são o dinheiro, a propriedade e o controle da empresa. Ainda que inevitáveis, essas dificuldades podem ser solucionadas por meio de um planejamento adequado capaz de levar em consideração os interesses da empresa e da família. Para o sucesso de qualquer empresa, a unidade é um dos pontos principais a serem levados em consideração. Na empresa familiar ele tem destaque especial. Se os membros fundadores conseguirem identificar e preparar os sucessores que manterão essa união e principalmente continuarão a agregar valor e fazer a empresa crescer. Dentro do contexto apresentado por estudos realizados a nível global, buscou-se observar a realidade de três empresas familiares da cidade de Porto Velho conforme a pesquisa comentada a seguir. 7. Gestão Estratégica e Aprendizagem Organizacional nas Empresas Familiares A pesquisa utilizada para verificar a contextualização da Gestão Estratégica nas empresas familiares de Porto Velho teve como instrumento um roteiro de entrevista estruturado a partir do embasamento teórico. Dentre as questões desenvolvidas, que demonstraram a realidade da administração na prática, buscou-se fazer um paralelo com o referencial teórico so80.prilão do contex.4(t)-1.33ex 13 A empresa “C” trabalha no ramo de venda de artigos de pesca e camping e possui 06 funcionários. Das empresas entrevistadas foi a que apresentou a menor estrutura e tem apenas 02 anos no mercado de Porto Velho. Os pontos chaves abordados nos questionários foram: a elaboração e difusão de missão, visão e objetivos, a identificação de pontos fortes e fracos e ameaças e oportunidades, a participação dos funcionários na gestão da empresa, a sucessão familiar e o conhecimento do mercado, dos clientes e concorrentes. Visão, missão e objetivo, aspectos importantes que não se pode dissociar da história ou crenças de seus fundadores já que as empresas são parte de uma sociedade e têm com ela um forte compromisso, e isso deve ser mantido para não somente dar importância ao lucro e o retorno de capital. Quanto aos registros desses direcionadores estratégicos, os entrevistados disseram que não existe nenhuma definição transcrita para que possa ser visualizado, porém os proprietários afirmam que nas reuniões realizadas com a presença dos funcionários as repassam e buscam promover o envolvimento e comprometimento, com o argumento de que o sucesso da empresa beneficiará a todos. No entanto, não têm nenhum plano ou programa que seja utilizado em prol de minimizar os seus pontos fracos, entretanto, conhecem um pouco mais seus pontos fortes e buscam trabalhar sempre em cima deles para atingir o sucesso. Segundo tais gestores, a participação dos funcionários na gestão da empresa restringe-se as reuniões realizadas periodicamente. Apenas na empresa “A”, onde a maioria dos funcionários pertence à família, é tratado do assunto fora do ambiente de trabalho. O envolvimento dos funcionários é sempre a iniciativa de um bom líder pois ele sabe que qualquer mudança ou evolução que deva acontecer na empresa, a resistência será minimizada pela participação de todos, além disso, discutir os caminhos a serem traçados, leva o foco sempre para o mesmo objetivo. A sucessão parece ser a responsável pelo índice de mortalidade da empresa familiar. A preparação da nova geração que vai assumir a gestão da empresa deve ser feita com muito cuidado e responsabilidade pelo atual gerente, que praticando uma gestão estratégica visando o retorno em longo prazo, passa para seu herdeiro um caminho já definido para o crescimento, cabe ao herdeiro enfrentar as novas realidades e ajustar a empresa em busca do foco traçado. Nas empresas questionadas pode-se identificar uma preocupação das empresas “A” e “B”, que apesar de não ter um programa ativo de sucessão, os proprietários mostraram-se preocupados em manter o nível da gestão e o crescimento da empresa, encorajando seus herdeiros na participação e criação de negócios. O foco no cliente é o alvo principal das três empresas. Todas elas se mostram preocupadas em saber o que realmente agrada seus clientes e tentam moldar seus produtos e preços para satisfazê-las. A empresa “C” declarou participar de uma cooperativa de pescadores como sócia e transformou seus associados em clientes. Já o foco no concorrente não é tão claro. Todos sabem quem são seus concorrentes, mas não possuem informações relevantes que possam lhe dar oportunidades de crescimento. As empresas “A” e “B”, parecem levar uma certa vantagem no seu desenvolvimento e forma de administração em relação à empresa “C”. Primeiramente pelo tempo de mercado que as duas têm, levando a um conhecimento maior da prática administrativa. Verifica-se também dentre as empresas “A” e “B”, uma vantagem da empresa “B”, que em sua forma de gestão apresenta um pequeno passo para a profissionalização de sua gestão tendo a participação de um consultor externo. 14 Essa comparação entre as empresas reforça a premissa de que por mais que as empresas familiares queiram manter sua gestão fechada entre os membros da família, a profissionalização, a criação de um conselho familiar que possa agregar o valor da visão de uma participação externa e o estudo do mercado, clientes e fornecedores, ainda são os pontos básicos para as empresas. Como visto anteriormente na pesquisa realizada pela revista Fortune, as empresas que mais tempo sobrevivem são as que permanecem com o capital fechado e o tamanho pequeno, porém, as empresas familiares de maior destaque nos negócios, sempre buscaram como base para seu desenvolvimento a gestão estratégica, buscando seu diferencial para o crescimento e mais recentemente privilegiado a aprendizagem organizacional. 8. Conclusão Apesar de se reconhecer a importância das ferramentas de gestão, principalmente a gestão estratégica, para o desenvolvimento das empresas sejam elas de qual tipo for, a realidade que está sendo constatada nas empresas soa diferente. Parece que poucas empresas reconhecem a importância da profissionalização, apesar de buscar o caminho do crescimento. O potencial existente nas empresas familiares é a grande dedicação e empenho de seus funcionários, que literalmente vivem para a empresa visando alcançar o sucesso. É nesse ponto que as políticas de gestão estratégica devem se basear para buscar transformar todo essa força em progresso e não deixar que interesses particulares interfiram na busca pelos objetivos, transformando-as em organizações que aprendem. A presença de membros da família com idéias ultrapassadas e somente baseadas no empirismo e no seu conhecimento pessoal acabam por minar qualquer tentativa de mudança pois a imagem do gerente-proprietário ainda é a grande base de sobrevivência da empresa, porém, ao transformar essa pessoa em um verdadeiro líder em busca de novos horizontes e com uma liderança construtiva o sucesso fica cada vez mais próximo. O estudo constatou que a realidade da empresa familiar demonstra que falta profissionalização na empresa e sua gestão está acanhada em relação aos princípios da gestão estratégia, tendo portanto elementos que instigam a se desenvolver outras pesquisas que possam aprofundar mais o entendimento sobre esse tipo de empresa, que como se viu, envolve as duas maiores formas de organização do mundo, família e empresa. Referências Bibliográficas BERNHOEFT, R; GALO, M. Governança na Empresa Familiar. Rio de Janeiro: Campus 2003. CERTO, S. C.; PETER, J. P. Administração Estratégica: Planejamento e Implantação da Estratégia. São Paulo: Makron Books/MacGraw Hill, 1993. CHRISTENSEN, C. R. Management Sucession insmall and frowin enterprises. Boston: Graduate School os Business Administration, Harvard University, 1953. DAFT, R. L. Teoria e Projetos das Organizações. Ed. LTC, RJ.1997. DONELLEY, R. G. The Familly Business. Harvard Business Review, Harvard, v. 42, n. 4, p. 94-105, jul./ago. 1964. 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