O PAPEL DO GESTOR NA ESCOLA PÚBLICA Lwdyvilla Bezerra

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O PAPEL DO GESTOR NA ESCOLA PÚBLICA Lwdyvilla Bezerra
O PAPEL DO GESTOR NA ESCOLA PÚBLICA
Lwdyvilla Bezerra Farias*
Resumo
Este artigo científico tem como objetivo analisar as ações desenvolvidas pelos gestores
de duas escolas públicas estaduais, considerando suas atitudes nas relações
interpessoais vivenciadas no cotidiano escolar. Assim, busca-se relatar como este
possui um papel determinante no sucesso ou insucesso do processo de ensinoaprendizagem, levando em consideração sua liderança e apoio à comunidade escolar.
Logo, esse trabalho inicia-se com a abordagem do papel do gestor desde o Brasil
Colônia até meados dos anos 90 e analisa-se o fato de como, mesmo em diferentes
décadas, a questão econômica tem influenciado diretamente no processo educativo.
Destaca-se, também, o início do processo de democratização das escolas públicas,
analisando os principais problemas encontrados para que a participação dos
segmentos se torne efetiva. Analisa-se ainda, a importância de cada integrante da
comunidade escolar: pais, alunos, professores, funcionários, Núcleo Gestor e
comunidade local, destacando suas principais funções e as estratégias oferecidas pelo
gestor para que cada membro se sinta participante da vida de sua escola. È sabido que
as relações interpessoais nem sempre se dão de forma cordial, pois alguns indivíduos
algumas vezes não conseguem aceitar novas formas de pensar e agir. Assim, durante a
pesquisa de campo, foram relatadas as principais dificuldades encontradas no convívio
diário de uma instituição pública. Seja pela apatia ou empatia dos indivíduos de cada
segmento, até as diversas formas de relacionamentos que encontramos no ambiente
escolar. Logo, o presente estudo aprofunda-se, essencialmente, no trabalho do gestor,
no modo como ele cria ações que possibilitem a participação, o questionamento, a
iniciativa, o reconhecimento dos profissionais de sua escola, além de questionar a sua
presença profissional e pessoal para gerir a instituição de forma equilibrada e
consciente.
* Especialista em Gestão Escolar e Ensino da Língua Portuguesa. Coordenadora Escolar
da rede estadual, lotada na E.E.F.M. Estado de Alagoas
Palavras Chaves
Gestor, Educação, Democracia, Pesquisa, Funções.
1.
Introdução
O gestor é sempre visto como a liderança máxima na escola. Cabe a ele,
juntamente com o corpo técnico-administrativo, coordenar e buscar soluções conjuntas,
envolvendo todos os outros segmentos da unidade escolar. Com isso, seu papel é de
fundamental importância dentro do processo de ensino – aprendizagem. Seu poder de
compartilhar decisões poderá determinar o sucesso ou insucesso desse processo. Como
o aluno não aprende somente dentro da sala de aula, faz-se necessário que a escola
possua um espaço favorável à aprendizagem. Neste sentido, procurei neste trabalho
expor as inúmeras funções que o gestor escolar precisa exercer, destacando
principalmente suas atitudes dentro das relações interpessoais.
A partir de um convívio diário, pude observar as diversas atribuições impostas
ao gestor de forma aleatória e centralizadora. Logo veio a necessidade de questioná-las.
Analisar se o mesmo estaria preparado para o trabalho e se teria condições e apoio
necessários para conseguir o êxito almejado. A escolha do tema deu-se exatamente por
tais questionamentos, juntamente com a inquietação particular de me aprofundar no
assunto, já que pretendo assumir futuramente a direção de uma escola.
Durante o desenrolar deste artigo científico, deparei-me com várias dúvidas e
questionamentos no que diz respeito ao trabalho diário de um gestor escolar. Quais
seriam as decisões mais acertadas, como o mesmo poderia trabalhar de forma igualitária
e participativa, como gerir uma escola de forma consciente, organizada e democrática.
Perguntei-me sobre quais seriam as ações mais eficazes do diretor para não se deixar
desmotivar frente a problemas burocráticos e financeiros e como o mesmo conseguiria
estimular um trabalho mais produtivo de professores e funcionários. E, sobretudo, quais
seriam as atitudes necessárias para incentivar a participação de toda a comunidade
escolar.
O presente trabalho está dividido em dois momentos, o primeiro resultou de um
estudo bibliográfico, onde me aprofundei sobre o tema proposto. Já o segundo momento
foi executado durante as visitas às Escolas Bem Viver e Santa Fé, na qual fiz um relato
sistemático de suas estruturas físicas e de funcionamento, além de aplicar questionários
e entrevistas com alguns membros do Núcleo Gestor, professores e funcionários destas
unidades escolares, caracterizando-se, assim, como estudo de caso.
O estudo de caso foi escolhido pela sua flexibilidade, visto que, o papel do
gestor escolar é um tema muito complexo e variável, de acordo com a realidade de cada
escola pública. A partir do estudo específico feito nas escolas Bem Viver e Santa Fé
(nomes fictícios), busca-se um aprofundamento das atividades executadas pelo Núcleo
Gestor, professores e funcionários, além de relacioná-las às desenvolvidas pelos alunos.
Em suma, o artigo está dividido em três partes tituladas: 1ª - A Escola Pública
No Contexto Social, 2ª - A Democratização da Escola Pública e 3ª - A Pesquisa.
No primeiro momento, encontra-se um resumo dos principais acontecimentos
relacionados ao âmbito sócio-econômico, ocorridos no Brasil desde, a sua colonização
até os dias atuais. Destaca-se a influência da economia frente à educação, a
predominância constante da classe dominante, marginalizando os que não dispunham de
condições para financiar um estudo de qualidade.
Apresentam-se, também, algumas ações relevantes no que concerne às melhorias
do processo educativo. Dentre algumas, podemos destacar a Constituição de 1824, a
Reforma Francisco Campos a implementação da Lei de Diretrizes e Bases, entre outras
ocorridas durante a história.
Já o segundo momento, traz alguns conceitos de democracia, além de relacionála ao trabalho desenvolvido nas escolas pesquisadas. Também destaca as principais
atitudes que visam a um processo educativo mais democrático e participativo
No terceiro momento, o estudo do caso é desenvolvido através da pesquisa de
campo. Há aqui, uma caracterização das escolas Bem Viver e Santa Fé. Busca-se relatar
as relações interpessoais, as normas de funcionamento, as estruturas físicas de cada
instituição, além das condições de trabalho existentes. Cada relação pessoal é destacada
e analisada, sobressaindo aquelas que poderão ser positivas ou negativas para o
ambiente escolar.
Dessa maneira, nesse momento há um resumo geral das atividades
desenvolvidas dentro das escolas visitadas, as formas de relacionamento, convivência e
metodologias de trabalho. Analisam-se também, as dificuldades encontradas pelo
diretor na execução de suas funções.
Por fim, questiona-se a formação profissional de cada gestor e as ações
semelhantes ou distintas que são executadas dentro de cada uma das escolas
pesquisadas. Questionam-se as estratégicas usadas para que se favoreça a democracia e
a cidadania.
2.
Desenvolvimento
2.1 A Escola Pública no Contexto Social
Para definir as funções pertinentes à escola pública, é necessário associá-la ao
contexto social em que a mesma se insere. É de grande importância analisar os
inúmeros papéis por ela exercidos ao longo do tempo, pois sua função social está
diretamente relacionada ao aprendiz, logo, apresenta diferentes focos centrais de acordo
com os tipos de sociedade, gerações e costumes.
Para cumprir seu papel de garantir a educação do aluno, é necessário que a
escola esteja ligada à forma de vida e ao tipo de condição dos membros que fazem parte
dela. Não deixar de acolher todos que procuram e ser um dos principais pontos de
orientação para os mesmos.
As ações efetivas no setor educacional estiveram intrinsecamente relacionadas
às condições financeiras do nosso país.
Os Jesuítas tinham a função de gerenciar o processo educativo. Assim,
fundaram, na cidade de Salvador, a primeira escola elementar, e trouxeram consigo os
moldes europeus vigentes na época.
Nessa concepção, o branco deveria distinguir-se da população nativa, negra e
mestiça. Somente os que detinham o poder político-econômico deveriam ser educados e
poderiam conhecer a cultura e a literatura européia, trazida pelos Jesuítas. Vejamos o
que afirma ROMANELLI, 1991, P.33, vejamos:
A primeira condição consistia na predominância de uma minoria de donos
de terra e senhores de engenho, sobre uma massa de agregados e escravos.
Apenas àqueles cabia o direito à educação e, mesmo assim, em número
restrito, porquanto deveriam estar excluídos dessa minoria as mulheres e os
filhos primogênitos, aos quais se reservava a direção futura dos negócios
paternos.
Assim, era limitado o direito à educação, não somente para as camadas mais
pobres, negras e mestiças, mas também excluía alguns membros da classe dominante.
Isto porque, o filho primogênito tinha a obrigação de administrar futuramente as
atividades do pai, não tendo o direito de estudar assuntos que não se relacionassem ao
trabalho rural, e as mulheres e crianças que não eram considerados elementos ativos da
população.
O ensino ministrado pelos Jesuítas era totalmente distante da realidade dos
alunos da colônia. Seus gestores não tinham a intenção de instruir para buscar a
melhoria sócio-econômica do Brasil, e sim de cultivar a cultura básica européia, sem
associá-la aos costumes brasileiros da época.
Logo, a Educação Elementar era ministrada para a população de índio e brancos
(salvo as mulheres); a Educação Média para os homens da classe dominante e a
Educação Superior religiosa somente para esta última que seguia a carreira eclesiástica
ou completava seus estudos na Europa, para voltar como letrado.
Somente após 210 anos como “mentores” da educação no Brasil, em 1759, os
jesuítas foram expulsos pelo Marquês de Pombal, ministro de D. José I, paralisando 17
colégios, 36 missões, seminários menores e escolas elementares.
No entanto, mesmo não tendo mais os Jesuítas como gestores, os objetivos e
métodos pedagógicos não mudaram.
Com isso, o Brasil passou por um processo muito difícil em termos
educacionais, somente com a notícia da vinda da família real, foi possível uma ruptura
no caos.
D. João VI trouxe algumas mudanças no quadro das entidades educacionais.
Dentre elas, a criação dos primeiros cursos superiores, das academias militares, escolas
de direito e medicina, o Jardim Botânico, a Biblioteca Real, a Imprensa Régia, a Real
Academia de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura Civil. Iniciava-se o primeiro
contato da elite com os hábitos e pensamentos que vigoravam na Europa do século XIX.
Segundo LIMA, 1969, p.103, a vinda da família real teve importância primordial
para o Brasil. Vejamos:
a vinda da família real representou a verdadeira descoberta do
Brasil a ‘abertura dos portos’, além do significado comercial da
expressão,
significou
a
permissão
dada
aos
‘brasileiros’(madereiros de pau-brasil) de tomar conhecimento
de que existia, no mundo, um fenômeno chamado civilização e
cultura.
Após a Proclamação da República em 1822, foi elaborada em 1824, a primeira
constituição brasileira, a educação destinada às massas foi garantida através do Art. 179
desta Lei Magna. Vejamos: instrução primária e gratuita para todos os cidadãos.
Logo, o processo educativo passou a ser coordenado pela Coroa, sendo
transferidos após quatro anos para as Câmaras Municipais. Estas foram responsáveis
pela inspeção e organização das escolas primárias. Portanto, o início da valorização da
escola, deu-se pela necessidade de qualificação da força de trabalho, pois a população
mais pobre precisava ser treinada e instruída para servir de base ao novo modelo
econômico.
Os gestores que administravam o processo educativo, titulados na época de
inspetores educacionais, eram bastante centralizadores e rígidos. Assim, um
determinado aluno era treinado e ensinava a um grupo de dez alunos sob uma acirrada
vigilância do gestor escolar.
Apesar de muito se afeiçoar pela tarefa educativa, D. Pedro II nada fez de
concreto pela educação brasileira.
Com o fim do Império e a proclamação da República, em 1890, a educação veio
à tona como um problema nacional, onde os índices de analfabetismo no país eram
superiores a 67%. Esse fato ocorreu pela pouca motivação que a escola oferecia ao
trabalhador da zona rural, maioria nesse período.
Com a Constituição de 1891, a distância entre a educação da classe dominante e
a do povo ficou ainda maior. Enquanto a União foi encarregada da Instrução Superior e
do Ensino Secundário, aos estados cabia administrar o Ensino Primário e o Ensino
Profissional que, na época, eram voltados, principalmente, para a população de baixa
renda. Isso reflete a disparidade social brasileira. A camada pobre era preparada para
executar o trabalho braçal e a camada rica se dedicava ao conhecimento das letras, da
medicina e da advocacia.
Andando em paralelo com as mudanças políticas no Brasil, o início da década de
20 trouxe consigo várias reformas que fizeram com que a educação recebesse uma
atenção especial. Dentre tais movimentos, podemos destacar: Movimento dos 18 do
Forte (1922), Semana de Arte Moderna (1922), a fundação do Partido Comunista
(1922), a Revolta Tenentista (1924) e a Coluna Prestes (1924-1927). Além das
reformas nacionais, ocorreram também movimentos estaduais que se referem à
educação, como as reformas abaixo:
-
Ceará, reforma de Lourenço Filho, em 1923; Bahia, reforma de Anísio
Teixeira, em 1925; Minas Gerais, reforma de Francisco Campos e Mario
Casassanta, em 1927; Distrito Federal (atual Rio de Janeiro), reforma de
Fernando de Azevedo, em 1928; Pernambuco, reforma de Carneiro Leão, em
1928.
Em 1924, um grupo de educadores brasileiros unia-se para criar a Associação
Brasileira de Educação. Tinham como objetivo expor novas idéias, no sentido de
desenvolver a educação no Brasil.
Almejavam solucionar os problemas no sistema educativo, através de reformas
nacionais. Sabe-se que esse grupo de educadores defendia uma ideologia voltada para a
igualdade social. O ponto culminante de suas atividades foi à publicação do “Manifesto
dos Pioneiros da Educação Nacional”, em 1932.
O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova defendia a idéia de uma educação
gratuita, pública e laica a todos os brasileiros. Rompendo com o que acontecia até então,
uma escola para poucos.
Observamos que na primeira metade do século XX, já havia estudiosos que
percebiam como a vida escolar estava diretamente relacionada à vida social. Que o
aprendizado do aluno não dependia somente da escola, mas de todo um contexto em que
o mesmo estivesse inserido, pois ela seria uma das instituições responsáveis pela
formação do cidadão, devendo respeitá-lo como indivíduo pertencente a uma
determinada cultura.
Com a Constituição de 1934, os estados brasileiros e o Distrito Federal,
passaram a ter autonomia na organização de seu modelo educacional. Coube à União
elaborar o Plano Nacional de Educação, organizado de acordo com os níveis e áreas a
serem estudadas.
Pode-se destacar, ainda, com essa Constituição, a gratuidade do ensino primário,
inclusive para adultos, a manutenção e desenvolvimento do ensino através da
participação da educação na renda resultante dos impostos e, por fim, a obrigatoriedade
de auxiliar alunos carentes, pela distribuição de bolsas de estudo.
Após as reformas de 1942, iniciada pelo então Ministro da Educação Gustavo
Capanema, o Brasil adentra no período que foi considerado por muitos historiadores e
educadores, como sendo uma das épocas mais férteis da educação, grande educadores
marcaram esse processo, contribuindo para uma nova visão sobre a educação, dos quais
podemos citar: Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Paulo Freire, dentre outros.
O fim do Estado Novo trouxe consigo uma nova Constituição, de cunho mais
liberal e democrático, na área de Educação determinava a obrigatoriedade do
cumprimento do ensino primário e ainda dá competência à União de legislar sobre a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação.
O início da década de 60 é marcado por avanços substanciais na área da
educação brasileira, dentre eles podemos citar, em 1962, a criação do Conselho
Nacional de Educação e dos Conselhos Estaduais de Educação.
Com o golpe militar de 1964, o Brasil sofre mudanças catastróficas, o regime
militar trouxe consigo o caráter anti-democrático para a educação, forçando a prática de
uma proposta ideológica do próprio governo.
Depois de 21 anos no poder, a Ditadura Militar deixa de herança para o povo
brasileiro, 17 Atos Institucionais, 130 Atos Complementares, 11 Decretos Secretos e
2260 Decretos-Leis. O novo governo não propiciou uma discussão democrática em
relação à educação, frustrando vários educadores que tinham enorme anseio para que a
ditadura militar acabasse.
Em 1988 o novo projeto da LDB fruto de discussão e participação ampla da
sociedade, foi encaminhado à Câmara Federal pelo Deputado Octávio Elisio. Em 1992,
um novo projeto é elaborado pelo Senador Darcy Ribeiro e somente em 1996 após oito
anos do projeto inicial a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação é aprovada.
Neste mesmo período vários programas foram desenvolvidos, dentre eles
podemos destacar: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental;
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica-SAEB, Exame Nacional do Ensino
Médio-ENEM; entre outros.
Democratização da Escola Pública
A sociedade atual está inserida em um contexto social, onde a luta por um
espaço impõe um novo tipo de pensamento. O indivíduo assume cada dia mais seu
papel de cidadão, e não se conforma com as decisões tomadas “de cima pra baixo”.
Com isso, a sociedade começa a buscar informações sobre democracia, em como
esse novo processo de transformação poderá ser benéfico em todos os meios sociais. A
participação popular impõe um novo sentido no conceito de gestão.
Apesar de estar inserida na Constituição da República Brasileira, em seu artigo
206, a gestão democrática nas escolas só começou a ser divulgada e trabalhada com
maior eficácia a partir da promulgação da Lei de diretrizes e Bases da Educação
Nacional (Lei no. 9.394, de 20/12/1996) que expõe o assunto nos seus artigos:
“Art.14”. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do
ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os
seguintes princípios:
I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico da escola;
II- participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou
equivalentes.
“Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de
educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e
administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro
público”.
São inúmeras as vantagens de uma gestão democrática, dentre muitas pode-se
destacar : valorização e responsabilidade dos segmentos com as ações executadas na
escola; eliminação de qualquer forma de manipulação política ; criação de um ambiente
favorável às atividades e à aprendizagem; diminuição da centralização do poder , etc.
Neste sentido, o conceito de gestão é percebido como a organização dos esforços
individuais e coletivos com um intuito comum, objetivados por uma política de ação e
respeito.
Um primeiro passo para a democratização da escola pública no Estado do Ceará,
foi o processo de seleção de seus gestores, que teve início em 1995, fundamentado na
Lei no. 12.442, de 08/05/95. Em 1998, com a Lei no. 12.861 de 18/11/98, os demais
membros do Núcleo Gestor também passaram pelas provas técnicas e de títulos, e o
candidato que aspirava ao cargo na direção, além de passar por tais provas, novamente
foi escolhido pelo voto direto. A única diferença entre o processo seletivo de 1998 e
2001 foi à utilização das urnas eletrônicas no dia da votação. O processo de seleção do
Núcleo Gestor de 2004, além de cumprir com toda as normas estabelecidas em 1998, foi
marcado por mudanças respaldadas pela Lei no. 13.513, de 19/07/04, como o aumento
no tempo de gestão do diretor, que passou de três para quatro anos, além de
regulamentar a seleção específica de coordenadores e de secretários escolar, e, por fim,
a implementação do sistema anual de avaliação do Núcleo Gestor.
A escola precisa instituir um espaço de convivência democrática, neutralizando
preconceitos, discriminações e marginalização. Agir de modo que valorize cada
membro que integra a comunidade escolar, o auxiliando em sua formação como cidadão
pensante e consciente de sua realidade, segundo SILVA, 2002, p.78: “a escola tem
como tarefa sociopolítica auxiliar os indivíduos na formação e construção da
consciência em relação ao lugar que possam ter no processo de fortalecimento da
democracia e da humanização da sociedade”.
Assim, caberá ao diretor gerir de forma com que os estudantes se sintam livres
para exercer seu papel como cidadão. Levando-se em conta que, a partir do convívio na
escola, o aluno aprenderá a viver em grupo, deverá respeitar as idéias diferentes das
suas, ouvir o que o outro tem a dizer, sem fazer intervenções pessoais, buscar integrar
tais idéias às suas. Enfim, o trabalho que se iniciará dentro da sala de aula, o fará
perceber a importância de cada segmento social, indiferente de raça, cor, religião ou
nível econômico. Mas, para isso, o ambiente escolar deverá passar ao estudante normas
de convivência que defendam a idéia de igualdade e respeito ao próximo.
Para que uma gestão se torne democrática, o primeiro passo é dar ao gestor
autonomia para administrar os poucos recursos que vêm do Estado. Não se poderá
estipular valores e produtos obrigatórios; o diretor juntamente com a comunidade
escolar, deveria eleger pontos de maior necessidade dentro do básico funcionamento da
escola, tendo com fiscalizadores seus próprios usuários, se reduzirá a distância entre os
dois pólos, gestores e alunos.
A Pesquisa
CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA BEM VIVER
* Características Gerais
A E.E.F.M. Bem Viver está localiza na Avenida Presidente Castelo Branco,
5244 no Bairro da Barra do Ceará.
Em 1964, aconteceu uma reunião com os moradores do bairro, juntamente com a
diretoria da Associação dos Moradores do Bairro Jardim Petrópolis, tinham como
objetivo discutir sobre a elaboração de um projeto para a construção de um Grupo
Escolar no bairro, tendo em vista a carência de escolas que atendessem o alunado na
referida região.
Fazia parte da direção: Sr. Cândido Bartolomeu Amorim, Francisco das Chagas
Pereira e Raimundo Gomes de Lima, que tomaram a decisão de formar uma comissão
para conseguir o terreno com o então Prefeito Coronel Murilo Borges.
Após conseguirem a doação do espaço, dirigiram-se ao Secretário de Educação
do Ceará na época, Dr. Jader de Figueiredo Correia, o qual os atendeu com grande
entusiasmo e logo atendeu o pedido da comissão.
A obra, uma realização conjunta dos Governos do Brasil e Estados Unidos,
através do convênio intitulado MEC-USAID, foi construída pela SEDUC fazendo parte
do PLAMEG – Plano de Metas Governamentais, e foram gastos Cr$ 42.000,00 (
quarenta e dois milhões de cruzeiros).
A finalização da obra de construção da escola deu-se no governo do Coronel
Virgílio Távora e foi entregue à Secretaria de Educação do Ceará para que
providenciasse a instalação e posterior inauguração da unidade escolar.
A solenidade de inauguração, ao som da Banda da Polícia Militar, aconteceu no
dia 09 de agosto de 1966, às 10 horas, com a presença do Ilm.° Sr. Governador do
Estado do Ceará, Dr. Jader Figueiredo Correia e representantes das Secretarias de
Educação do Estado de Alagoas e do Maranhão e da USAID.
A convite do governador, a professora Maria Franca Bernardo foi designada para
ocupar o cargo de Diretora, função que exerceu até o ano de 1995.
EVOLUÇÃO
No início, sua estrutura física se resumia em apenas seis salas de aula. Uma sala
para diretoria, uma para secretaria, a cozinha e dois banheiros.
Na primeira administração de D. Maria Franca, foram realizados os seguintes
melhoramentos: a escola passou a ter 12 salas de aula; uma sala especializada para préescolar; instalação de um gabinete dentário com unidade de aplicação de flúor e
escovódromo; implantação de atendimento médico pelo Dr. Luis Moura; construção de
uma sala de leitura, parque infantil com seis brinquedos; além da viabilização dos
serviços de assistência social, supervisão e orientação educacional.
Entretanto, excluindo os melhoramentos da parte física, os demais serviços
foram desativados a partir do primeiro governo de do Sr. Tasso Jereissati.
Ao longo de sua história, a Escola Bem Viver, ampliou muito sua estrutura física
e conta hoje com vinte salas de aula, um laboratório de informática (desativado), um
laboratório de ciências, uma biblioteca/centro de multimeios, uma quadra poliesportiva,
uma sala para o banco de livros, uma sala para professores, uma secretaria, um depósito
destinado à merenda escolar, dois depósitos para armazenar o material pedagógico e
permanente, uma saleta para o jornal “Olho Público”, uma sala para o Grêmio
Estudantil chamado Força Jovem, uma sala para oficina de teclados, uma cantina, uma
cozinha, dois banheiros masculinos e dois femininos, quatro banheiros para professores
e funcionários.
Todas essas modificações físicas decorreram da necessidade de atender aos
anseios educacionais da população local, que ao longo destes trinta e nove anos, tem
acompanhado a evolução da oferta de cursos, iniciando com a educação pré-escolar e as
séries iniciais, passando pelo Tele-ensino até chegar ao Ensino Médio.
Cumpre destacar, que durante a vida escolar, o funcionamento foi ininterrupto.
No período de 1966 a 1995, a professora Maria Franca esteve como diretora da
escola, dedicando vinte e nove anos de sua vida como educadora ao crescimento moral
e intelectual dos estudante que fizeram parte desta unidade de ensino.
A história da educação no Ceará começa uma nova fase com a implantação da
Gestão Democrática. Após um processo direto de eleição, a professora Anita Bezerra
Silva assume o cargo de diretora, permanecendo de janeiro de 1996 até janeiro de 1998.
Neste período, foram implantados o Jornal Escolar “A CONQUISTA”, o Projeto Escola
Viva, além de ter reconhecido o Ensino Fundamental. Já de fevereiro de 1998 a
dezembro do mesmo ano, a Secretaria de Educação envia uma interventora para assumir
o cargo de direção, Sr. Maria de Lourdes Marques de Melo.
Um novo processo eleitoral conduz à direção a professora Maria Adelaide
Menezes de , desta vez trazendo consigo um Núcleo Gestor. A partir desta gestão
algumas decisões no sentido de incentivar a formação de um Grêmio Estudantil e um
Conselho Escolar são tomadas, como a construção do PPP ( Projeto Político
Pedagógico) e o Regimento da Escola, desta vez com a participação do colegiado.
Também neste período é implantado o Ensino Médio.
Reeleita pela comunidade escolar, Maria Adelaide Menezes consegue a
construção da quadra poliesportiva, do laboratório de ciências. Além de melhorar o
espaço físico da escola.
Em 13 de dezembro de 2004, Ana Lúcia Borges, candidata única, é eleita com
97,07% (1.024 votos de um total de 1333 votos) e assume um mês depois (13 de janeiro
de 2005) a diretoria da escola Bem Viver.
Os alunos da escola estudada vêem além dos arredores da mesma, de alguns
bairros vizinhos, como Planalto das Goiabeiras, Monte Castelo, Pirambu, entre outros.
Sendo inseridos em meio a favelas, vilas, terrenos invadidos. Percebi que a clientela
apesar de morar em uma área de risco, não apresentou durante o tempo de observação
do presente trabalho, nenhum incidente relacionado á violência, consumo de drogas ou
alcoolismo. Os mesmos se mostraram educados, passivos, obedientes com professores,
coordenadores e com a gestora.
A unidade escolar funciona durante os três turnos, iniciando pela manhã às 7 h/
tarde 13 h/ noite 18:60, e encerrando respectivamente às 11h/17 h Ensino Fundamental,
11:30/17:30 Ensino Médio e no período noturno todos às 22:00. Também possui
atividades aos sábados, oferecendo oficinas, curso de dança, de inglês, aula de capoeira,
entre outras atividades. Além de socializar aos domingos, algumas salas para os
encontros do Grupo do Alcoólicos Anônimos (AA) e sua quadra poliesportiva para a
comunidade local.
A unidade escolar em questão atende um total de 2040 alunos, sendo distribuídos
da seguinte forma: 666 (seiscentos e sessenta e seis) alunos no Ensino Fundamental,
1.510 (mil quinhentos e dez) no Ensino Médio e 62 no EJA (Educação de Jovens e
Adultos).
O seu quadro de pessoal é bastante extenso, 58 professores em sala de aula, 26
funcionários e um Núcleo Gestor com: Diretora Ana Lúcia Borges , Coordenadora
Pedagógica Fátima Chaves, Coordenadora de Gestão Flávia Andrade, Coordenadora
Administrativo-financeira Antônia Gomes e a Secretária Virgínia Lima.
Oferece para sua clientela o Ensino Fundamental de 6a, sete a e (EJA) Educação
de Jovens e Adultos no turno da manhã, 8a. Séries e Ensino Médio no turno da tarde, e
no turno da noite Ensino Médio e (EJA) Educação de Jovens e Adultos.
A escola funciona de forma sistemática como um todo, não apresenta problemas
de cunho extraordinário como violência, uso de drogas e álcool, vandalismo, entre
outros que nos deparamos em algumas outras unidades de ensino.
No entanto, é óbvio que alguns problemas foram detectados, tais como
indisciplina em sala de aula, desrespeito a alguns professores, acesso à cantina no
horário de aula, uso inadequado dos banheiros e bebedouros, além do problema de
pichações nos banheiros masculinos.
Quantos aos resultados obtidos pela escola no período diurno durante os último
três anos, vale ressaltar o aumento significativo nos índices de aprovação, como
observa-se no quadro abaixo:
Aprovação
Reprovação
Abandono
ABS
%
ABS
%
ABS %
2010
729
55.5%
182
13.9%
403
30.7%
2011
797
53.1%
227
15.1%
477
31.8%
2012
909
70.4%
159
12.3%
224
17.3%
Ensino
Médio
Diurno
Outro ponto que merece destaque, é a diminuição do número de alunos que
abandonam a escola Bem Viver. Enquanto em 2010, o percentual era de 30.7%, no ano
de 2012 essa porcentagem baixou em 17.3%, indo contra a idéia de que os estudantes
estão deixando de estudar a cada ano que passa.
Aprovação
Reprovação
Abandono
ABS
%
ABS
%
ABS %
2010
391
51.7%% 85%
11.2%
280
37.0%
2011
401
48.5%
84%
10.2%
342
41.4%
2012
442
69.2%
7%
1.1%
153
23.9%
Ensino
Médio
Noturno
Já nos resultados do Ensino Médio Noturno, percebe-se também que a escola
Bem Viver conseguiu diminuir o índice de abandono de forma considerável. Sabe-se
que esse no período noturno, os problemas com relação as faltas e evasão são bem
maiores. No entanto, comparando o ano de 2011, com o de 2012, constata-se que houve
um trabalho voltado para que o aluno chamado trabalhador, não abandonasse a escola.
Aprovação
Ensino
Reprovação
Abandono
ABS
%
ABS
%
ABS
%
2010
666
76.1%
121
13.8%
88
10.1%
2011
485
65.6%
154
20.8%
100
13.5%
2012
437
69.7%
98
15.6%
92
14.7%
Fundamental
DIURNO
Aprovação
Reprovação
Abandono
ABS
%
ABS
%
ABS %
2010
-
-
-
-
-
-
2011
25
32.5%
10
13.0%
42
54.5%
Ensino
Fundamental
NOTURNO
2012
37
38.5%
7
7.3%
52
54.9%
Observando o quadro dos resultados do Ensino Fundamental diurno e noturno na
Escola Bem Viver, indaga-se quanto aos número obtidos. Enquanto no Ensino Médio
em geral, o índice de abandono cai a cada ano, no Ensino Fundamental ocorre o inverso.
De 2010 a 2012, o percentual de alunos que abandonaram a escola subiu, o que
demonstra uma contradição no trabalho executado entre os dois níveis de ensino.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA SANTA FÉ
* Características Gerais

Surgimento – Como surgiu a escola
Surgiu da necessidade que as pessoas desta comunidade sentiam em melhorar de
vida, dar uma educação para seus filhos, de ter onde deixá-los durante o dia para
poderem trabalhar. Uma necessidade sócio-econômica particular a esta comunidade.
Autorizada pelo Parecer 17546/85 e credenciada pelo parecer Nº 814/2005 do
Conselho de Educação do Ceará (CEC) , funcionando em prédio próprio, situado à rua
10, s/n, Conjunto João Paulo II, na cidade de Fortaleza, Ceará.

Evolução – Como era e como está atualmente a Escola.
No seu primeiro ano de funcionamento (1986) contava com 4 (quatro) salas de
aula e 481 (quatrocentos e oitenta e um) alunos. Tendo como sua primeira diretora a
Profª Maria da Conceição Sampaio de Oliveira e vice-diretora, a Profª Ana Valcíria
Bezerra Cavalcante Uchoa.
Em 1990 assumiu a direção da escola, a jovem Profª Maria das Graças dos
Santos, nomeada pelo então Gov. Tasso Jereissati, contando coma parceria da Profª
Maria Margarida de Morais como vice-diretora e Susana de Paula Dantas como
secretária; esta, no exercício desde o início de funcionamento da escola.
Em 1996, com o processo de democratização da gestão na escola pública, a
Profª Maria das Graças dos Santos, foi escolhida por toda a comunidade escolar, eleita
por votação direta e unânime, onde passou a dirigir a referida escola, assessorada pelas
adjuntas: Maria Zuleica Brasil Silva e Rose Mary Xavier Moreira e a secretária Maria
Marlene dos Santos Muniz que juntas iniciaram uma árdua batalha.
A escola crescia gradativamente em número de matrículas, na qualidade de
ensino e conseqüentemente na diminuição da evasão.
Foram muitos os pontos positivos na evolução do crescimento da escola. A
relação aberta entre a comunidade e a escola, demonstrava a preocupação em trazer a
família para dentro da escola, proporcionando um relacionamento muito próximo com a
participação dos pais.
Visando maior integração das comunidades internas e externas da escola, foi
criado um conselho escolar, que vem apoiando a gestão democrática na realização de
seu projeto político-pedagógico. Atuando com a presidente Maria Luciene Barbosa
Lelis.
Em 1998, reeleita pela comunidade escolar, continuou a frente da direção, a
competente e respeitável Profª Maria das Graças dos Santos, desta vez com um novo
grupo gestor selecionado por critérios estabelecidos pela SEDUC, como : prova de
títulos,prova escrita e entrevista.
Fazendo parte do núcleo gestor como Coordenadora Pedagógica Maria Josecira
Peixoto Uchoa , como Coord. Financeira Lúcia de Fátima Camboim Mendes e como
secretária Maria de Fátima Bezerra Farias. Todas comprometidas com uma educação de
qualidade.
O estabelecimento de ensino, já pode se prevalecer de um quadro demonstrativo
e progressivo de 13 (treze) salas de aula, 1.430 alunos, matriculados no ensino
fundamental de 5ª a 8ª séries, III e IV ciclos e 1ª, 2ª e 3ª do ensino médio, Educação de
Jovens e Adultos – EJA – 1º e 2º Segmentos e também TAM (Tempo de Avançar
Médio)
Os professores estão organizados por estas modalidades de ensino como
também coletivamente por projetos juntos com os alunos, pais e direção no sentido de
melhorar o processo ensino-aprendizagem.
No que se refere ao relacionamento, pode-se dizer que a escola procura
promover um trabalho diversificado e condizente com o contexto em que a mesma se
insere. Ficando então, a relação professor x aluno x direção de forma respeitosa e
amigável buscando sempre educar para a cidadania.
Registramos avanços bastantes significativos no início do ano 2000 como a
Criação do Centro de Multimeios, onde funciona,sala de vídeo, sala de leitura e
biblioteca.
Em 2004, ocorreu nova seleção para o grupo gestor, onde a professora Maria
Paula Lisboa foi aprovada e eleita pela comunidade para assumir a direção da escola.
Em janeiro de 2005 assumiu juntamente coma Secretária Amélia Freitas do
Carmo e o Coordenador pedagógico Manuel Nóbrega Pereira, estando a escola ainda
com a Coordenadora Financeira Expedita Batista Santos.
No início da nova gestão, a escola foi contemplada com uma reforma geral, o
que tomar seu espaço mais atrativo e confortável para todos que fazem a Escola Santa
Fé.
Segundo Expedita Santos, atualmente a escola apresenta uma equipe de 54
funcionários conscientes dos seus direitos e deveres e o senso ético profissional, dentre
eles, professores graduados, especialistas, treinados e comprometidos coma educação.
De acordo com o Regimento Interno da escola, a principal meta trabalhada nesta
gestão tem sido no sentido de resgatar um ensino público de boa qualidade para todos,
formando cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres, mas principalmente no
sentido de resgatar a sensibilidade ao dever cívico e moral com a nação, contribuindo
para uma sociedade brasileira digna e respeitada.
A escola Santa Fé, funciona de forma bastante tranqüila e organizada. Se
ambiente interno está sempre limpo e muito bem cuidado. Claro que, a reforma em
2005, contribuiu para que sua estrutura física ficasse impecável. No entanto, há um
trabalho constante para a manutenção do patrimônio escolar. Segundo a auxiliar de
serviço Maria das Graças Ribeiro, o Núcleo Gestor promove atividades que valorizam a
limpeza, como a Gincana 5S. A mesma afirma que : “nosso trabalho é facilitado por
conta do controle que há na limpeza geral da escola, além de ter aqui, uma
administração voltada para o bem estar de todos ”
Durante o período de observação, nenhum incidente grave ocorreu na instituição
de ensino. Somente eventos normais em qualquer escolar, como atrasos de alunos,
discussões entre os mesmos, etc.
Percebe-se que a disciplina é um ponto forte da escola, visto que os
componentes do Núcleo Gestor, estão sempre transitando entre as salas de aula.
Analisando os resultados disponibilizados pelo Coordenador Pedagógico
Manuel Nóbrega Pereira, nos quadros abaixo :
Aprovação
Reprovação
Abandono
ABS
%
ABS
%
ABS %
2010
770
69%
215
19%
132
12%
2011
725
70%
143
14%
172
16%
2012
556
78%
124
18%
26
4%
Ensino
Fundamental
Aprovação
Reprovação
Abandono
ABS
%
ABS
%
ABS %
2010
77
54%%
4
3
61
43%
2011
127
82%
10
7
17
11%
2012
153
83.6%
3
1.63
27
14.75%
Ensino
Médio
Constata-se que no Ensino Fundamental o índice reprovação aumentou de 14%
em 2010, para 18% em 2011, o que reflete de maneira negativa no trabalho realizado
pela escola. Já os índices de abandono diminuíram consideravelmente, demonstrando
assim o aumento do número de alunos que iniciaram e concluíam o ano letivo.
Já no Ensino Médio, houve um aumento considerável no percentual de
abandono, de 2011 para 2012. O que demonstra uma disparidade de resultados frente
aos dois níveis, dentro da mesma instituição.
3.2 AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS DA ESCOLA “BEM VIVER’’
É de grande importância para a escola que todos os segmentos consigam se
relacionar de forma amigável e tranqüila. O sucesso de qualquer trabalho realizado
depende do modo como as pessoas que o fazem se relacionam, pois dentro de qualquer
ambiente percebem-se as diferenças de opinião, atitude e interesse.
É possível observar que a questão do poder pode afetar diretamente as relações
entre os membros que compõem a escola, visto que a figura do gestor está relacionada à
obediência, ao autoritarismo e à fiscalização, o que, muitas vezes, pode interferir na
aproximação do mesmo com os demais participantes da comunidade escolar.
Sabe-se que a sociedade está moldada pela hierarquia, seja na família com a
figura do pai, ou no meio profissional com o chefe que comanda e dá as ordens e até
mesmo no grupo de amigos que tende a ter uma pessoa que coordene as atividades que
serão realizadas. Como afirma REZENDE,1995,p.37: “Ter poder e submeter-se a ele
cobrem as preocupações e obsessões dos seres do nascimento à morte, pois todo grupo
social pode ser considerado como um feixe de relações de poder”
Logo, a submissão ocorre em diferentes meios e os indivíduos estão
acostumados a aceitar uma centralização do poder na mão de uma só pessoa, que toma
as decisões e define o rumo de todos os envolvidos.
Dentro da maioria das escolas, o gestor ainda é a figura que detêm o poder, cabe
a ele determinar qual será o caminho a ser traçado e quais estratégias serão viabilizadas.
A participação de professores, alunos, funcionários, pais e comunidade é restrita e
conduzida de acordo com a necessidade imposta pela direção.
Entretanto, percebe-se que algumas entidades escolares começam a sentir a
necessidade da participação mais ativa dos demais segmentos. Aos poucos a direção
inicia o processo de envolvimentos de alunos, pais e professores na tomada de decisão,
visto que os problemas detectados dentro da escola estão relacionados diretamente ao
convívio em sociedade.
É fundamental se pensar no bem-estar dos alunos, não se deve organizar o
processo de ensino-aprendizagem visando apenas o que for conveniente para a direção.
As normas estabelecidas devem ser traçadas no coletivo, buscando envolver todos os
que fazem a educação dentro da escola. Desta forma, as regras não serão impostas e sim
discutidas, analisadas e votadas.
Apresenta-se a seguir o resultado das visitas feitas nas escolas Bem Viver e
Santa Fé. Expõem-se as considerações feitas após entrevista com alunos, pais,
funcionários, professores, Núcleo Gestor e comunidade local. Além de expor às
respostas das gestoras frente a uma série de perguntas aplicadas através de um
questionário (em anexo) .
Assim, as observações foram divididas de acordo com as relações interpessoais
existentes nas escolas.

Diretora e Funcionários
A relação entre a gestora e os funcionários da escola, parece dar-se de forma
muito harmoniosa. Nota-se uma cumplicidade e uma amizade bastante profunda. Há um
grande respeito pela pessoa da diretora na escola Bem Viver. Entretanto, a mesma
considera que alguns funcionários fazem “corpo mole”, mas segundo ela isso se dá por
conta da quantidade de serviço a ser executado e a carência de pessoal para fazê-lo.
Durante o período de observação, foi constatada algumas vezes a insatisfação da
diretora quanto à limpeza da escola. Segundo ela, alguns funcionários sabem que
precisam fazer algo, mas esperam que ela ou a coordenadora financeira dê a ordem, o
que a deixa muito triste, já que não quer ser vista como autoritária.
A funcionária Consuelo declara que : “a diretora é muito boa, entende a gente,
trata todo mundo com muito carinho”. Já o funcionário Luiz Felipe afirma que “apesar
de às vezes ela ser meio ansiosa, nunca maltratou ninguém, é como se fosse de uma
mãe de família, de uma dona de casa”.
Segundo a funcionária Mara “os funcionários dispõem de materiais adequados
que permitem realizar suas atividades e a gestora orienta e presta assistência quando
necessário.” Porém, a mesma reclama da falta de cursos de capacitação, mas deixa
evidente que não depende da direção e sim da Secretaria de Educação.
De acordo com o relato de alguns funcionários, a participação nas ações se dá de
forma regular, pois na tomada de decisões administrativas e pedagógicas eles nem
sempre são consultados. O que se constata na afirmação da merendeira Irene “ sinto
falta de reuniões periódicas, de consultas antes de executarem algumas ações, as
“coisas” já chegam pra gente resolvidas, sem pedir nossa opinião”

Diretora e Alunos
A relação entre a diretora e os alunos não se dá de forma muito tranqüila, há uma
certa distância entre os mesmos. Segundo a gestora, isso acontece porque é ela que pune
os que não seguem as regras da escola, seja aplicando expulsões, solicitando a presença
dos pais, ou até mesmo assinando a transferência do aluno.
Segundo alguns discentes, a direção não procura abrir um diálogo para discutir
sobre os problemas da escola. Simplesmente impõe regras e pune quem não as cumpre.
O aluno Pedro Antônio pensa que o relacionamento da diretora com os alunos deveria
ser mais cordial:
Acho que a Ana Lúcia devia falar mais com a gente, ela
também deveria procurar mais gente, muitos colegas meus
acham que ela grita demais com eles, pior do que as próprias
mães.
Mas também há alunos, como Paula, que defendem a postura da gestora :
Creio que ela só reclama daquilo que está errado, briga com
aqueles que querem bagunçar na sala ou quebrar alguma coisa
na escola.
De acordo com a posição de alguns professores, a diretora muitas vezes perde a
paciência com os estudantes indisciplinados, usa a transferência como forma de ameaça
e punição. Entretanto, outros professores acreditam que os próprios docentes usam a
imagem da direção para ameaçar os alunos e os fazerem se comportar na aula.
De forma geral, percebe-se que os alunos ainda não estão satisfeitos com sua
participação na tomada de decisão da escola, pois, segundo os mesmos, a direção não os
consulta para executar nenhuma atividade.
A gestora se defende afirmando que no Conselho Escolar o aluno tem sua
representação e, através desta, vota e participa ativamente das decisões tomadas. No
entanto, segundo a aluna Aline Silva:
Faltam atividades que aproximem os alunos do Núcleo Gestor,
só temos contato com alguém de lá quando fazemos algo
errado ou quando precisamos ir pra casa mais cedo.

Diretora e Pais/Comunidade
A convivência da diretora e os pais de aluno é bastante cordial, porém, há pouco
contato entre eles. Há somente uma reunião bimestral e esta serve basicamente para a
entrega de notas. No entanto, a gestora se mostra sempre disponível para recebê-los em
qualquer situação pertinente.
Quando o aluno é indisciplinado na sala de aula, o pai ou mãe é chamado para se
inteirar do acontecido e ser avisado da possibilidade de transferência caso o problema se
repita. Todavia, durante a conversa com alguns pais, ficou claro que os mesmos
concordam com a forma disciplinar que a direção trabalha, apóiam a gestora no controle
da ordem e da disciplina.
De acordo com a mãe Lucinda Paiva: “o ponto forte da escola é a disciplina,
pois o estudante deve ter responsabilidades e cumprir regras desde cedo”. Já o pai
Manoel Alves acredita que, “ somente com uma postura firme, a diretora conseguirá
manter o controle sobre os alunos”
Em relação à comunidade do bairro, Ana Lúcia está sempre disponível em ceder
a escola para qualquer tipo de evento: com atividades esportivas, festas, velórios,
casamentos, a única exigência feita por ela é que seja tudo organizado com antecedência
para que possa se inteirar de toda a programação e do público que irá visitar a escola, já
que a mesma responde pela estrutura física e organização da instituição.
Há também encontros da comunidade com integrantes do AA (Alcoólicos
Anônimos), que se reúnem uma vez por semana e utilizam algumas salas ou o pátio
central.
Outra forma de contato com a comunidade local e com os pais, é através de
algumas festas temáticas, como São João, Pais, Mães, Natal, pois, a escola convida
todos a participarem de atividades voltadas para estimular um contato mais direto e
tranqüilo entre ambos.

Diretora e Professores
A diretora Ana Lúcia afirma que não há conflitos entre ela e os professores. As
decisões são tomadas em grupo, a opinião dos mesmos é considerada fundamental para
o gestor, que afirma não conduzir a escola de maneira arbitrária ou individualista.
Nota-se, entretanto, que embora a relação com a maioria dos professores seja
ótima, alguns consideram que a direção se preocupa em atender primeiro às exigências
da Secretaria de Educação, deixando em segundo plano a preferência dos demais
segmentos.
A partir de depoimentos de alguns docentes, percebe-se que a atual gestão se
baseia muito no trabalho da gestão anterior, tida como muito eficiente no que se refere à
disciplina e ao controle tanto dos alunos quanto dos professores.
A professora Maria Luzia afirma:
a diretora trata a todos com muito respeito e atenção, está
sempre disposta a ajudar, preocupa-se com o bem-estar dos
professores e se mostra aberta ao diálogo.
Já o professor Lúcio Mauro declara que, muitas vezes, se sente inferior aos
demais, pois não cumpre de forma rigorosa o horário e, algumas vezes, tem necessidade
de faltar às aulas. Segundo ele, o gestor “bajula” e é mais disponível para aqueles que
não faltam e não chegam atrasados.
A diretora revela-se uma pessoa cumpridora dos deveres e, algumas vezes,
rigorosa para que os outros também os cumpram. No seu discurso, afirma que é muito
pontual nas prestações de contas e não deixa de entregar nenhum relatório em dia. Até
mesmo quando tem reuniões ou precisa se ausentar da escola para trabalhar em outro
setor do Estado, se sente na obrigação de informar aos professores e funcionários o
motivo de sua ausência. O que para muitos é totalmente dispensável, já que todos sabem
que o trabalho do gestor não é exclusivamente dentro da escola.
A professora Maria Luzia, refere-se ao rigor da diretora como um aspecto
positivo:
A disciplina de Ana Lúcia reflete de forma positiva nos demais
segmentos, pois pra mim um lugar organizado trabalha de
forma mais eficiente e correta.
Foi constatado que o ponto de maior destaque da gestora foi no que se refere ao
acompanhamento da disciplina dentro da sala de aula, pois, todos os professores se
sentem apoiados na execução da ordem e da organização em classe. Visto que a direção
não admite desrespeito aos professores e pune severamente os alunos que não seguem
às normas da escola.
Além da conversa com alguns professores, foi aplicado um questionário para
analisar o contato deles com a direção. Na maioria das respostas, ficou claro que o
trabalho da gestora é tido como apoiador e organizador. Que a mesma promove
atividades em equipes e auxilia o processo pedagógico sempre que é requisitada.
No que concerne ao relacionamento da diretora com os professores, percebeu-se
que alguns não se sentem à vontade para se aproximar da mesma: mesmo esta se
mostrando aberta ao diálogo, para eles há uma barreira entre os mesmos.
Já alguns professores, acreditam que a direção deveria promover atividades que
integrassem os pais à vida escolar dos filhos, pois apenas uma reunião para entregar
notas não estimula a participação dos mesmos. Como relata o professor Carlos Alberto,
" as normas impostas pela SEDUC são cumpridas com muito rigor e orientação, no
entanto, percebemos a necessidade de incrementar no nosso dia-a-dia momentos de
discussão e debates entre todos os segmentos, principalmente, trazendo os pais mais
para dentro da escola"(Ver questionários em anexo).
Em muitas escolas, há uma divisão entre os que são a favor da direção e os que
são contra, porém, na escola Bem Viver não se constata tal problema, lógico que alguns
professores não estão totalmente de acordo com algumas decisões tomadas, mas
procuram através de discussões com o Núcleo Gestor chegar a um consenso.
Na opinião do Núcleo Gestor, os professores têm domínio do conteúdo que
lecionam, possuem uma boa metodologia de ensino e são considerados muito
competentes.Com isso, observa-se que, em geral, o gestor consegue se relacionar de
forma amigável e tranqüila com quase todos os docentes da escola, procurando trabalhar
de forma democrática e integrada.

Diretora e Demais membros do Núcleo Gestor
O relacionamento entre todo o Núcleo Gestor é harmônico e integrado. O
trabalho desenvolvido por Ana Lúcia é amplamente apoiado pelas demais
coordenadoras Flávia Andrade, Antônia Gomes e pela secretária Virgínia Lima .
Segunda a diretora, cada membro do grupo tem autonomia para desempenhar
sua função, não necessitando envolvê-la diretamente em qualquer decisão que julgar
tomar. As pessoas que a auxiliam no comando da escola são altamente responsáveis e
comprometidas com o sucesso do trabalho escolar.
De acordo com a Coordenadora de Gestão Flávia, as decisões tomadas nunca
partem somente da gestora, mas é acompanhada por todas as integrantes do grupo
gestor, e posteriormente, á comunidade escolar. Ratificando o que disse Flávia, a
Coordenadora Financeira declara que :
Ana Lúcia não centraliza o poder em sua mãos, se reúne
sistematicamente com outros segmentos para chegar a uma
solução coerente.
Já a Coordenadora Pedagógica comenta que:
No início do meu convívio com Ana Lúcia tivemos alguns
pontos divergentes, agora no entanto, sentamos e discutimos a
melhor forma de se solucionar determinados problemas, apesar
de nem sempre termos a mesma visão do assunto.
O que fica nítido no relacionamento do Núcleo Gestor, é a preocupação de
executar as incumbências que lhes são dadas. Cada integrante conhece seu trabalho e
procura exercê-lo da forma mais competente e correta. Fica evidente, porém, a questão
da hierarquia, pois todas sentem a necessidade do aval da gestora na finalização suas
atividades.
AS RELAÇOES INTERPESSOAIS DA ESCOLA “SANTA FÉ”

Diretora e Funcionários
O relacionamento entre a direção e os funcionários da escola Santa Fé se dá sem
atritos ou problemas. Segundo a diretora Maria Paula, normalmente, o trabalho deles é
executado de forma adequada, muito raramente ela precisa intervir. Somente quando
sente que alguns se “escoram” em outros é que intervém para não gerar conflitos entre
eles.
Como os funcionários pertencem a uma prestadora de serviços, a diretora deixa
clara a necessidade de um bom desempenho por parte deles, já que são avaliados de
acordo com a execução de seu trabalho. No entanto, Maria Paula afirma que, em
nenhum momento, os ameaça usando esse argumento, apenas ressalta a importância do
reconhecimento deles por parte dos usuários da escola.
A funcionária Joelma Sales relata que:
A gestão atual melhorou as condições de trabalho, nunca tinha
visto tantos benefícios, desde que cheguei aqui, a gestão
passada deixava muito a desejar
Já o zelador Luis Eduardo diz que Maria Paula os trata com grande respeito e
atenção, valorizando cada dia mais o esforço de todos os funcionários na execução de
suas tarefas.

Diretora e Alunos
É muito tranqüila a relação entre a diretora e os alunos da escola Santa Fé.
Observa-se uma facilidade de diálogo e um espaço adequado para atendê-los quando
necessário.
Maria Paula mostra-se disponível para receber os estudantes em sua sala, seja
para ouvir reclamações, atender a pedidos ou até mesmo para ouvi-los simplesmente.
Claro que em certas ocasiões, a gestora precisa impor sua autoridade, como em casos de
desrespeito a professores ou degradação do ambiente escolar. Todos os problemas de
disciplina dentro da escola são informados não só à direção, mas também aos membros
do Núcleo Gestor, pois segundo a diretora :“os demais membros do Núcleo Gestor têm
autonomia para repelir qualquer tipo de atividade que esteja fora do padrão da
escola”. No entanto, somente ela tem o poder de transferir um estudante caso o mesmo
seja reincidente em algum desvio de conduta.
Segundo a secretária, a escola em geral somente tem problemas com aqueles que
não respeitam professores ou fogem dos padrões necessários para uma boa convivência.
No mais, a diretora consegue lidar sem discussões ou atritos com os alunos.
De acordo com o relato da aluna Cássia Tavares :
Maria Paula transformou a escola Santa Fé, tanto na estrutura
física quanto na disciplina, hoje me sinto muito bem quando
entro
aqui,
diferente
de
antes
que
era
tudo
muito
desorganizado e nunca a gente se encontrava com a diretora.
Já o aluno Carlos André declara:
Sempre que sinto vontade vou lá na sala dela e falo o que está
me incomodando, não tenho mais aquela visão de que a
diretora é um bicho papão.
Na opinião do estudante Bruno Silva:
A merenda nunca foi tão boa, agora temos uma comida de boa
qualidade e muito variada, além de ser tudo muito limpo e
organizado.
Maria Paula enfatiza que o trabalho dos professores ajuda muito no convívio
geral da escola, pois a disciplina que é trabalhada em sala de aula reflete diretamente no
relacionamento deles com o Núcleo Gestor e com os próprios colegas.

Diretora e Professores
O convívio diário de Maria Paula com a congregação de professores é bastante
tranqüilo, nota-se a preocupação da mesma com o bem-estar de seus subordinados.
Ficou evidente o esforço da gestora em atender a todas as solicitações que lhe foram
passadas, além de uma constante participação dos profissionais na preparação das
atividades escolares.
Após uma conversa com um determinado grupo de discentes, compreende-se que
a interação com o Núcleo Gestor se faz desde a elaboração de um documento como o
Projeto Político Pedagógico até no que concerne a compra de material de expediente.
De acordo com Maria Paula :
Os professores, cada um em sua área, são possuidores de
conhecimentos
específicos,
diferentes especialidades
o
trabalho
na escola,
coletivo
dessas
é que provocará
mudanças.
Após uma análise do questionário aplicado a alguns professores, ficou constatado
que o processo de tomada de decisões é feito com o envolvimento de todos os
segmentos da escola Santa Fé. Não só através do Conselho Escolar, mas também com
reuniões periódicas para saber a opinião dos demais integrantes da unidade escolar.
Outro ponto positivo identificado, foi o acompanhamento feito pela gestora nos
resultados obtidos pelos docentes em sala de aula, não como fiscalizadora mas como
apoiadora de trabalho.
A professora Cândida Passos fala :
Nunca trabalhei em uma escola onde houvesse uma
preocupação com o desenvolvimento da atividades em sala,
acho que o apoio dado pela gestão atual, nos estimula e nos dá
mais força para conseguir vencer as dificuldades da profissão.
Não foi constatada nenhuma divisão de opiniões sobre Maria Paula, todos os
entrevistados foram unânimes em relatar o bom trabalho desenvolvido por ela, não só
na parte física da escola, mas no relacionamento entres os diversos participantes do
processo de ensino.
Um dos professores relata que:
Acho que Santa Fé só tem essa boa estrutura graça ao enforco
permanente de Maria Paula, pois ela passa dias atrás de
melhoria para nossa escola. Claro que não está totalmente
perfeito, pois a disponibilidade de recursos não está nas mãos
da gestão e sim da SEDUC, que muitas vezes deixa as
entidades sofrerem um verdadeiro caos.
Já a secretária, afirma que:
Hoje não falta material necessário para se trabalhar aqui, os
recursos estão sendo bem administrados, não passamos mais
pelo sufoco de antes, quando não tínhamos nem papel para
expedir algum documento. Agora os gastos são feitos de acordo
com a necessidade real da escola.
A gestora acredita que o bom relacionamento com os professores se dá pelo fato
de ter sido a Coordenadora Pedagógica na gestão passada.
Acho que pude ter um contato direto com a maioria deles, desta
forma conheço suas maiores dificuldades e tento ajuda-los da
maneira mais direta possível. Estando como gestora dou o
espaço necessário para que os docentes cheguem até mim e
possam discutir uma melhor solução para os problemas
encontrados na sala de aula.

Diretora e Pais/Comunidade
O relacionamento entre a gestora e os pais da Escola Santa Fé é bastante sereno,
sobretudo nas reuniões para entrega de notas e nas visitas durante o período letivo.
Para manter a disciplina e o controle, a diretora convoca os pais do aluno, quando
detecta algum problema de indisciplina ou degradação do ambiente físico. Ela costuma
dizer que somente com ajuda da família poderá abrir um canal de diálogo e
compreensão.
A Sra. Maria Socorro, mãe de aluno, parabeniza o trabalho de Maria Paula,
dizendo:
Todas as vezes que meu filho chega cedo em casa, procuro a
escola para saber o motivo e sou muito bem recebida por ela,
que me explica o que aconteceu com muita paciência e calma.
O Sr. Marcos Paulo, pai de aluno, aponta a melhoria da estrutura física da escola
como uma das conquistas da gestão :
Acho que com uma escola mais bonita e organizada, os alunos
estudam com mais vontade, a diretora soube mostrar que
apesar de ser pública tem uma estrutura parecida com
qualquer particular .
Por ser a única do bairro, a escola Santa Fé é bastante requisitada pela
comunidade, seja para torneios esportivos, festas ,feiras, casamentos ou até mesmo
velórios. Segundo Maria Paula, todas as atividades podem ser realizadas caso haja uma
programação antecipada e que uma pessoa adulta seja responsável pela segurança e
limpeza da escola.
Além dos eventos esporádicos, na entidade escolar funciona o atendimento do
AA ( Alcoólicos Anônimos) para a comunidade local. As reuniões são realizadas uma
vez por semana e utilizam as salas de aulas para executarem seus trabalhos.
Outro forma de contato com a comunidade local e com os pais, é através de
algumas festas temáticas, como São João, Pais, Mães, Natal. Pois a Escola Santa Fé,
convida a todos a participarem de atividades voltadas para estimular um contato mais
direto e tranqüilo entre ambos.

Diretora e Demais membros do Núcleo Gestor
A Escola Santa Fé, além de Maria Paula na direção, conta com Expedita Batista
Coordenadora Financeira, Manuel Nóbrega Coordenador Pedagógico e Amélia Freitas
como Secretária.
A diretora afirma que seu grupo de trabalho é bastante unido e eficiente. Segundo
ela, seu trabalho na direção não seria o mesmo se não tivesse o apoio dos colegas do
Núcleo Gestor, “ consigo resolver todos os problemas administrativos fora da escola,
sem me preocupar com o andamento das aulas, porque sei que conto com pessoas
altamente profissionais e experientes no Grupo Gestor”
Pelos depoimentos dos integrantes da escola, observa-se que há uma grande
parceria entre a gestora e o Núcleo Gestor. Todas as decisões que precisam ser tomadas
têm a participação do grupo. Através de reuniões semanais, os problemas da escola são
discutidos e solucionados, com muito diálogo e união.
O Coordenador Pedagógico aponta uma das principais qualidades de Maria
Paula:
Ela nos deixa trabalhar com autonomia, não nos sentimos
sozinhos na tomada de decisões, entretanto, não há abuso de
poder quando decidimos algo. Claro que temos um respeito por
sua opinião, mas através de uma boa conversa sempre
conseguimos chegar a um acordo em conjunto.
Expedita Batista, Coordenadora Financeira expõe que todos os recursos que
chegam a escola são declarados nas reuniões do Conselho Escolar e a partir do que ficar
acertado, posteriormente será prestado contas. A mesma acrescenta que :
Nossa prestação de contas é em dias, nunca atrasamos a
entrega no CREDE, pois além de ser bloqueado nosso credor,
corremos o risco de não receber mais verbas para a escola.
Amélia Freitas diz que Maria Paula, sempre se trabalhou de forma correta como
Coordenadora Pedagógica e foi através de seu trabalho na gestão que a motivou a apóiala durante o período de eleições para gestor. A mesma acrescenta que os problemas
pontuais são levados aos membros do Núcleo Gestor, que se reúnem e tomam uma
decisão em comum. Já os que podem ser mais bem analisados são levados às reuniões
do Conselho Escolar, que na Escola Santa Fé, se mostra muito atuante.
O que se percebe é um grande empenho de todos os integrantes do Núcleo Gestor
na execução de suas atividades, além de demonstrarem um grande prazer de trabalhar na
escola Santa Fé.
Assim, ao analisar-se o convívio diário em cada instituição pesquisada, percebese que na escola Santa Fé o relacionamento entre a gestora e os demais segmentos é
bastante passivo e positivo. E a participação se dá de forma mais visível e produtiva.
Já na escola Bem Viver, as relações nem sempre se dão tranqüilamente, em
alguns momentos há atritos e divergências. E a interação dos integrantes é ainda muito
tímida, pois não há atividades que incentivem um contato mais direto entre os alunos e
os demais membros da comunidade escolar.
Diante disso, percebe-se que as formas de relacionamento em cada instituição
estão relacionadas à execução das atividades. Na escola onde as relações se dão sem
atritos os objetivos que são traçados são mais facilmente alcançados, visto que o grupo
se sente mais próximo da gestora e consegue expor suas idéias e críticas abertamente.
Ao contrário do que ocorre na escola onde as relações são mais difíceis, compreende-se
que ao encontrar resistência, o aluno não se sente à vontade para participar das
atividades escolares, sejam estas dentro ou fora da sala de aula e conseqüentemente não
vê dentro da instituição o caminho para buscar seu desenvolvimento pessoal e
profissional.
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Após a pesquisa de campo realizada nas escolas Santa Fé e Bem Viver, fica
evidente a importância do gestor na mediação das relações interpessoais da comunidade
escolar. Suas ações são determinantes para o desenvolvimento do trabalho de cada
membro da comunidade escolar.
Percebe-se que na escola Santa Fé as relações se dão de forma mais harmônicas
e serenas, o que favorece o trabalho do Núcleo Gestor. Visto que há um melhor
envolvimento durante as tomadas de decisões, possibilitando uma identificação maior
do grupo com as atividades desenvolvidas.
Entretanto, na escola Bem Viver o cenário muda consideravelmente, pois como
alguns membros não se sentem acolhidos pela direção, não facilitam seu trabalho no que
tange a tomada de decisões.
Neste sentido, é evidente que o gestor precisa criar meios de integração na
comunidade escolar. Viabilizando espaços, atividades e debates em torno do trabalho
em grupo, buscando aprimorar sua liderança através de atitudes democrática e coletivas.
Assim, é notório que na escola Santa Fé, onde há autonomia, respeito e
integração dos segmentos o processo de ensino-aprendizagem se dá com mais
entusiasmo e motivação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho analisou as relações interpessoais em duas escolas públicas
estaduais, enfatizando o papel do gestor como mediador dos demais segmentos da
comunidade escolar.
Apresentou ainda um breve histórico do trabalho deste profissional, durante a
história da educação no Brasil.
Destacou-se ainda, algumas ações relacionadas ao avanço educacional: as
reformas, as constituições que trouxeram mudanças positivas, os primeiros sinais de
participação popular, como o Manifesto dos Pioneiros da Educação, além da
promulgação da LDB – que enfatizou a importância dos professores dentro do contexto
escolar.
Logo, durante a pesquisa, constatou-se que os gestores encontram muitas
dificuldades para exercerem suas funções, tais como: escassez de recursos financeiros,
falta de pessoal qualificado, deficiência na estrutura física e material, falta de autonomia
frente às normas impostas pelo Governo, além do excesso de trabalho burocrático que
diminui o tempo para uma maior dedicação no processo pedagógico.
No entanto, pode-se afirmar que mesmo com muitos empecilhos, os gestores que
mantêm parcerias com os demais segmentos, conseguem administrar com mais
eficiência e objetividade o processo de ensino-aprendizagem.
É evidente que, não cabe somente ao gestor encontrar soluções que possibilitem
o êxito do educando. A comunidade escolar deve fazer parte de todas as ações
executadas na escola. Entretanto, é função do diretor criar meios para que os segmentos
participem ativamente da vida escolar. Ele deverá aliar-se principalmente ao corpo
docente para que os professores conscientizem os estudantes de seu papel do estudante
no contexto escolar.
Desta forma, a partir da interação entre alunos, pais, funcionários, professores,
comunidade e Núcleo Gestor, a escola poderá iniciar o processo de democratização e
conseguir ter autonomia e espaço na sociedade atual.
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