O PAPEL DO GESTOR NA ESCOLA PÚBLICA Lwdyvilla Bezerra
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O PAPEL DO GESTOR NA ESCOLA PÚBLICA Lwdyvilla Bezerra
O PAPEL DO GESTOR NA ESCOLA PÚBLICA Lwdyvilla Bezerra Farias* Resumo Este artigo científico tem como objetivo analisar as ações desenvolvidas pelos gestores de duas escolas públicas estaduais, considerando suas atitudes nas relações interpessoais vivenciadas no cotidiano escolar. Assim, busca-se relatar como este possui um papel determinante no sucesso ou insucesso do processo de ensinoaprendizagem, levando em consideração sua liderança e apoio à comunidade escolar. Logo, esse trabalho inicia-se com a abordagem do papel do gestor desde o Brasil Colônia até meados dos anos 90 e analisa-se o fato de como, mesmo em diferentes décadas, a questão econômica tem influenciado diretamente no processo educativo. Destaca-se, também, o início do processo de democratização das escolas públicas, analisando os principais problemas encontrados para que a participação dos segmentos se torne efetiva. Analisa-se ainda, a importância de cada integrante da comunidade escolar: pais, alunos, professores, funcionários, Núcleo Gestor e comunidade local, destacando suas principais funções e as estratégias oferecidas pelo gestor para que cada membro se sinta participante da vida de sua escola. È sabido que as relações interpessoais nem sempre se dão de forma cordial, pois alguns indivíduos algumas vezes não conseguem aceitar novas formas de pensar e agir. Assim, durante a pesquisa de campo, foram relatadas as principais dificuldades encontradas no convívio diário de uma instituição pública. Seja pela apatia ou empatia dos indivíduos de cada segmento, até as diversas formas de relacionamentos que encontramos no ambiente escolar. Logo, o presente estudo aprofunda-se, essencialmente, no trabalho do gestor, no modo como ele cria ações que possibilitem a participação, o questionamento, a iniciativa, o reconhecimento dos profissionais de sua escola, além de questionar a sua presença profissional e pessoal para gerir a instituição de forma equilibrada e consciente. * Especialista em Gestão Escolar e Ensino da Língua Portuguesa. Coordenadora Escolar da rede estadual, lotada na E.E.F.M. Estado de Alagoas Palavras Chaves Gestor, Educação, Democracia, Pesquisa, Funções. 1. Introdução O gestor é sempre visto como a liderança máxima na escola. Cabe a ele, juntamente com o corpo técnico-administrativo, coordenar e buscar soluções conjuntas, envolvendo todos os outros segmentos da unidade escolar. Com isso, seu papel é de fundamental importância dentro do processo de ensino – aprendizagem. Seu poder de compartilhar decisões poderá determinar o sucesso ou insucesso desse processo. Como o aluno não aprende somente dentro da sala de aula, faz-se necessário que a escola possua um espaço favorável à aprendizagem. Neste sentido, procurei neste trabalho expor as inúmeras funções que o gestor escolar precisa exercer, destacando principalmente suas atitudes dentro das relações interpessoais. A partir de um convívio diário, pude observar as diversas atribuições impostas ao gestor de forma aleatória e centralizadora. Logo veio a necessidade de questioná-las. Analisar se o mesmo estaria preparado para o trabalho e se teria condições e apoio necessários para conseguir o êxito almejado. A escolha do tema deu-se exatamente por tais questionamentos, juntamente com a inquietação particular de me aprofundar no assunto, já que pretendo assumir futuramente a direção de uma escola. Durante o desenrolar deste artigo científico, deparei-me com várias dúvidas e questionamentos no que diz respeito ao trabalho diário de um gestor escolar. Quais seriam as decisões mais acertadas, como o mesmo poderia trabalhar de forma igualitária e participativa, como gerir uma escola de forma consciente, organizada e democrática. Perguntei-me sobre quais seriam as ações mais eficazes do diretor para não se deixar desmotivar frente a problemas burocráticos e financeiros e como o mesmo conseguiria estimular um trabalho mais produtivo de professores e funcionários. E, sobretudo, quais seriam as atitudes necessárias para incentivar a participação de toda a comunidade escolar. O presente trabalho está dividido em dois momentos, o primeiro resultou de um estudo bibliográfico, onde me aprofundei sobre o tema proposto. Já o segundo momento foi executado durante as visitas às Escolas Bem Viver e Santa Fé, na qual fiz um relato sistemático de suas estruturas físicas e de funcionamento, além de aplicar questionários e entrevistas com alguns membros do Núcleo Gestor, professores e funcionários destas unidades escolares, caracterizando-se, assim, como estudo de caso. O estudo de caso foi escolhido pela sua flexibilidade, visto que, o papel do gestor escolar é um tema muito complexo e variável, de acordo com a realidade de cada escola pública. A partir do estudo específico feito nas escolas Bem Viver e Santa Fé (nomes fictícios), busca-se um aprofundamento das atividades executadas pelo Núcleo Gestor, professores e funcionários, além de relacioná-las às desenvolvidas pelos alunos. Em suma, o artigo está dividido em três partes tituladas: 1ª - A Escola Pública No Contexto Social, 2ª - A Democratização da Escola Pública e 3ª - A Pesquisa. No primeiro momento, encontra-se um resumo dos principais acontecimentos relacionados ao âmbito sócio-econômico, ocorridos no Brasil desde, a sua colonização até os dias atuais. Destaca-se a influência da economia frente à educação, a predominância constante da classe dominante, marginalizando os que não dispunham de condições para financiar um estudo de qualidade. Apresentam-se, também, algumas ações relevantes no que concerne às melhorias do processo educativo. Dentre algumas, podemos destacar a Constituição de 1824, a Reforma Francisco Campos a implementação da Lei de Diretrizes e Bases, entre outras ocorridas durante a história. Já o segundo momento, traz alguns conceitos de democracia, além de relacionála ao trabalho desenvolvido nas escolas pesquisadas. Também destaca as principais atitudes que visam a um processo educativo mais democrático e participativo No terceiro momento, o estudo do caso é desenvolvido através da pesquisa de campo. Há aqui, uma caracterização das escolas Bem Viver e Santa Fé. Busca-se relatar as relações interpessoais, as normas de funcionamento, as estruturas físicas de cada instituição, além das condições de trabalho existentes. Cada relação pessoal é destacada e analisada, sobressaindo aquelas que poderão ser positivas ou negativas para o ambiente escolar. Dessa maneira, nesse momento há um resumo geral das atividades desenvolvidas dentro das escolas visitadas, as formas de relacionamento, convivência e metodologias de trabalho. Analisam-se também, as dificuldades encontradas pelo diretor na execução de suas funções. Por fim, questiona-se a formação profissional de cada gestor e as ações semelhantes ou distintas que são executadas dentro de cada uma das escolas pesquisadas. Questionam-se as estratégicas usadas para que se favoreça a democracia e a cidadania. 2. Desenvolvimento 2.1 A Escola Pública no Contexto Social Para definir as funções pertinentes à escola pública, é necessário associá-la ao contexto social em que a mesma se insere. É de grande importância analisar os inúmeros papéis por ela exercidos ao longo do tempo, pois sua função social está diretamente relacionada ao aprendiz, logo, apresenta diferentes focos centrais de acordo com os tipos de sociedade, gerações e costumes. Para cumprir seu papel de garantir a educação do aluno, é necessário que a escola esteja ligada à forma de vida e ao tipo de condição dos membros que fazem parte dela. Não deixar de acolher todos que procuram e ser um dos principais pontos de orientação para os mesmos. As ações efetivas no setor educacional estiveram intrinsecamente relacionadas às condições financeiras do nosso país. Os Jesuítas tinham a função de gerenciar o processo educativo. Assim, fundaram, na cidade de Salvador, a primeira escola elementar, e trouxeram consigo os moldes europeus vigentes na época. Nessa concepção, o branco deveria distinguir-se da população nativa, negra e mestiça. Somente os que detinham o poder político-econômico deveriam ser educados e poderiam conhecer a cultura e a literatura européia, trazida pelos Jesuítas. Vejamos o que afirma ROMANELLI, 1991, P.33, vejamos: A primeira condição consistia na predominância de uma minoria de donos de terra e senhores de engenho, sobre uma massa de agregados e escravos. Apenas àqueles cabia o direito à educação e, mesmo assim, em número restrito, porquanto deveriam estar excluídos dessa minoria as mulheres e os filhos primogênitos, aos quais se reservava a direção futura dos negócios paternos. Assim, era limitado o direito à educação, não somente para as camadas mais pobres, negras e mestiças, mas também excluía alguns membros da classe dominante. Isto porque, o filho primogênito tinha a obrigação de administrar futuramente as atividades do pai, não tendo o direito de estudar assuntos que não se relacionassem ao trabalho rural, e as mulheres e crianças que não eram considerados elementos ativos da população. O ensino ministrado pelos Jesuítas era totalmente distante da realidade dos alunos da colônia. Seus gestores não tinham a intenção de instruir para buscar a melhoria sócio-econômica do Brasil, e sim de cultivar a cultura básica européia, sem associá-la aos costumes brasileiros da época. Logo, a Educação Elementar era ministrada para a população de índio e brancos (salvo as mulheres); a Educação Média para os homens da classe dominante e a Educação Superior religiosa somente para esta última que seguia a carreira eclesiástica ou completava seus estudos na Europa, para voltar como letrado. Somente após 210 anos como “mentores” da educação no Brasil, em 1759, os jesuítas foram expulsos pelo Marquês de Pombal, ministro de D. José I, paralisando 17 colégios, 36 missões, seminários menores e escolas elementares. No entanto, mesmo não tendo mais os Jesuítas como gestores, os objetivos e métodos pedagógicos não mudaram. Com isso, o Brasil passou por um processo muito difícil em termos educacionais, somente com a notícia da vinda da família real, foi possível uma ruptura no caos. D. João VI trouxe algumas mudanças no quadro das entidades educacionais. Dentre elas, a criação dos primeiros cursos superiores, das academias militares, escolas de direito e medicina, o Jardim Botânico, a Biblioteca Real, a Imprensa Régia, a Real Academia de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura Civil. Iniciava-se o primeiro contato da elite com os hábitos e pensamentos que vigoravam na Europa do século XIX. Segundo LIMA, 1969, p.103, a vinda da família real teve importância primordial para o Brasil. Vejamos: a vinda da família real representou a verdadeira descoberta do Brasil a ‘abertura dos portos’, além do significado comercial da expressão, significou a permissão dada aos ‘brasileiros’(madereiros de pau-brasil) de tomar conhecimento de que existia, no mundo, um fenômeno chamado civilização e cultura. Após a Proclamação da República em 1822, foi elaborada em 1824, a primeira constituição brasileira, a educação destinada às massas foi garantida através do Art. 179 desta Lei Magna. Vejamos: instrução primária e gratuita para todos os cidadãos. Logo, o processo educativo passou a ser coordenado pela Coroa, sendo transferidos após quatro anos para as Câmaras Municipais. Estas foram responsáveis pela inspeção e organização das escolas primárias. Portanto, o início da valorização da escola, deu-se pela necessidade de qualificação da força de trabalho, pois a população mais pobre precisava ser treinada e instruída para servir de base ao novo modelo econômico. Os gestores que administravam o processo educativo, titulados na época de inspetores educacionais, eram bastante centralizadores e rígidos. Assim, um determinado aluno era treinado e ensinava a um grupo de dez alunos sob uma acirrada vigilância do gestor escolar. Apesar de muito se afeiçoar pela tarefa educativa, D. Pedro II nada fez de concreto pela educação brasileira. Com o fim do Império e a proclamação da República, em 1890, a educação veio à tona como um problema nacional, onde os índices de analfabetismo no país eram superiores a 67%. Esse fato ocorreu pela pouca motivação que a escola oferecia ao trabalhador da zona rural, maioria nesse período. Com a Constituição de 1891, a distância entre a educação da classe dominante e a do povo ficou ainda maior. Enquanto a União foi encarregada da Instrução Superior e do Ensino Secundário, aos estados cabia administrar o Ensino Primário e o Ensino Profissional que, na época, eram voltados, principalmente, para a população de baixa renda. Isso reflete a disparidade social brasileira. A camada pobre era preparada para executar o trabalho braçal e a camada rica se dedicava ao conhecimento das letras, da medicina e da advocacia. Andando em paralelo com as mudanças políticas no Brasil, o início da década de 20 trouxe consigo várias reformas que fizeram com que a educação recebesse uma atenção especial. Dentre tais movimentos, podemos destacar: Movimento dos 18 do Forte (1922), Semana de Arte Moderna (1922), a fundação do Partido Comunista (1922), a Revolta Tenentista (1924) e a Coluna Prestes (1924-1927). Além das reformas nacionais, ocorreram também movimentos estaduais que se referem à educação, como as reformas abaixo: - Ceará, reforma de Lourenço Filho, em 1923; Bahia, reforma de Anísio Teixeira, em 1925; Minas Gerais, reforma de Francisco Campos e Mario Casassanta, em 1927; Distrito Federal (atual Rio de Janeiro), reforma de Fernando de Azevedo, em 1928; Pernambuco, reforma de Carneiro Leão, em 1928. Em 1924, um grupo de educadores brasileiros unia-se para criar a Associação Brasileira de Educação. Tinham como objetivo expor novas idéias, no sentido de desenvolver a educação no Brasil. Almejavam solucionar os problemas no sistema educativo, através de reformas nacionais. Sabe-se que esse grupo de educadores defendia uma ideologia voltada para a igualdade social. O ponto culminante de suas atividades foi à publicação do “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nacional”, em 1932. O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova defendia a idéia de uma educação gratuita, pública e laica a todos os brasileiros. Rompendo com o que acontecia até então, uma escola para poucos. Observamos que na primeira metade do século XX, já havia estudiosos que percebiam como a vida escolar estava diretamente relacionada à vida social. Que o aprendizado do aluno não dependia somente da escola, mas de todo um contexto em que o mesmo estivesse inserido, pois ela seria uma das instituições responsáveis pela formação do cidadão, devendo respeitá-lo como indivíduo pertencente a uma determinada cultura. Com a Constituição de 1934, os estados brasileiros e o Distrito Federal, passaram a ter autonomia na organização de seu modelo educacional. Coube à União elaborar o Plano Nacional de Educação, organizado de acordo com os níveis e áreas a serem estudadas. Pode-se destacar, ainda, com essa Constituição, a gratuidade do ensino primário, inclusive para adultos, a manutenção e desenvolvimento do ensino através da participação da educação na renda resultante dos impostos e, por fim, a obrigatoriedade de auxiliar alunos carentes, pela distribuição de bolsas de estudo. Após as reformas de 1942, iniciada pelo então Ministro da Educação Gustavo Capanema, o Brasil adentra no período que foi considerado por muitos historiadores e educadores, como sendo uma das épocas mais férteis da educação, grande educadores marcaram esse processo, contribuindo para uma nova visão sobre a educação, dos quais podemos citar: Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Paulo Freire, dentre outros. O fim do Estado Novo trouxe consigo uma nova Constituição, de cunho mais liberal e democrático, na área de Educação determinava a obrigatoriedade do cumprimento do ensino primário e ainda dá competência à União de legislar sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. O início da década de 60 é marcado por avanços substanciais na área da educação brasileira, dentre eles podemos citar, em 1962, a criação do Conselho Nacional de Educação e dos Conselhos Estaduais de Educação. Com o golpe militar de 1964, o Brasil sofre mudanças catastróficas, o regime militar trouxe consigo o caráter anti-democrático para a educação, forçando a prática de uma proposta ideológica do próprio governo. Depois de 21 anos no poder, a Ditadura Militar deixa de herança para o povo brasileiro, 17 Atos Institucionais, 130 Atos Complementares, 11 Decretos Secretos e 2260 Decretos-Leis. O novo governo não propiciou uma discussão democrática em relação à educação, frustrando vários educadores que tinham enorme anseio para que a ditadura militar acabasse. Em 1988 o novo projeto da LDB fruto de discussão e participação ampla da sociedade, foi encaminhado à Câmara Federal pelo Deputado Octávio Elisio. Em 1992, um novo projeto é elaborado pelo Senador Darcy Ribeiro e somente em 1996 após oito anos do projeto inicial a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação é aprovada. Neste mesmo período vários programas foram desenvolvidos, dentre eles podemos destacar: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental; Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica-SAEB, Exame Nacional do Ensino Médio-ENEM; entre outros. Democratização da Escola Pública A sociedade atual está inserida em um contexto social, onde a luta por um espaço impõe um novo tipo de pensamento. O indivíduo assume cada dia mais seu papel de cidadão, e não se conforma com as decisões tomadas “de cima pra baixo”. Com isso, a sociedade começa a buscar informações sobre democracia, em como esse novo processo de transformação poderá ser benéfico em todos os meios sociais. A participação popular impõe um novo sentido no conceito de gestão. Apesar de estar inserida na Constituição da República Brasileira, em seu artigo 206, a gestão democrática nas escolas só começou a ser divulgada e trabalhada com maior eficácia a partir da promulgação da Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei no. 9.394, de 20/12/1996) que expõe o assunto nos seus artigos: “Art.14”. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II- participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. “Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público”. São inúmeras as vantagens de uma gestão democrática, dentre muitas pode-se destacar : valorização e responsabilidade dos segmentos com as ações executadas na escola; eliminação de qualquer forma de manipulação política ; criação de um ambiente favorável às atividades e à aprendizagem; diminuição da centralização do poder , etc. Neste sentido, o conceito de gestão é percebido como a organização dos esforços individuais e coletivos com um intuito comum, objetivados por uma política de ação e respeito. Um primeiro passo para a democratização da escola pública no Estado do Ceará, foi o processo de seleção de seus gestores, que teve início em 1995, fundamentado na Lei no. 12.442, de 08/05/95. Em 1998, com a Lei no. 12.861 de 18/11/98, os demais membros do Núcleo Gestor também passaram pelas provas técnicas e de títulos, e o candidato que aspirava ao cargo na direção, além de passar por tais provas, novamente foi escolhido pelo voto direto. A única diferença entre o processo seletivo de 1998 e 2001 foi à utilização das urnas eletrônicas no dia da votação. O processo de seleção do Núcleo Gestor de 2004, além de cumprir com toda as normas estabelecidas em 1998, foi marcado por mudanças respaldadas pela Lei no. 13.513, de 19/07/04, como o aumento no tempo de gestão do diretor, que passou de três para quatro anos, além de regulamentar a seleção específica de coordenadores e de secretários escolar, e, por fim, a implementação do sistema anual de avaliação do Núcleo Gestor. A escola precisa instituir um espaço de convivência democrática, neutralizando preconceitos, discriminações e marginalização. Agir de modo que valorize cada membro que integra a comunidade escolar, o auxiliando em sua formação como cidadão pensante e consciente de sua realidade, segundo SILVA, 2002, p.78: “a escola tem como tarefa sociopolítica auxiliar os indivíduos na formação e construção da consciência em relação ao lugar que possam ter no processo de fortalecimento da democracia e da humanização da sociedade”. Assim, caberá ao diretor gerir de forma com que os estudantes se sintam livres para exercer seu papel como cidadão. Levando-se em conta que, a partir do convívio na escola, o aluno aprenderá a viver em grupo, deverá respeitar as idéias diferentes das suas, ouvir o que o outro tem a dizer, sem fazer intervenções pessoais, buscar integrar tais idéias às suas. Enfim, o trabalho que se iniciará dentro da sala de aula, o fará perceber a importância de cada segmento social, indiferente de raça, cor, religião ou nível econômico. Mas, para isso, o ambiente escolar deverá passar ao estudante normas de convivência que defendam a idéia de igualdade e respeito ao próximo. Para que uma gestão se torne democrática, o primeiro passo é dar ao gestor autonomia para administrar os poucos recursos que vêm do Estado. Não se poderá estipular valores e produtos obrigatórios; o diretor juntamente com a comunidade escolar, deveria eleger pontos de maior necessidade dentro do básico funcionamento da escola, tendo com fiscalizadores seus próprios usuários, se reduzirá a distância entre os dois pólos, gestores e alunos. A Pesquisa CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA BEM VIVER * Características Gerais A E.E.F.M. Bem Viver está localiza na Avenida Presidente Castelo Branco, 5244 no Bairro da Barra do Ceará. Em 1964, aconteceu uma reunião com os moradores do bairro, juntamente com a diretoria da Associação dos Moradores do Bairro Jardim Petrópolis, tinham como objetivo discutir sobre a elaboração de um projeto para a construção de um Grupo Escolar no bairro, tendo em vista a carência de escolas que atendessem o alunado na referida região. Fazia parte da direção: Sr. Cândido Bartolomeu Amorim, Francisco das Chagas Pereira e Raimundo Gomes de Lima, que tomaram a decisão de formar uma comissão para conseguir o terreno com o então Prefeito Coronel Murilo Borges. Após conseguirem a doação do espaço, dirigiram-se ao Secretário de Educação do Ceará na época, Dr. Jader de Figueiredo Correia, o qual os atendeu com grande entusiasmo e logo atendeu o pedido da comissão. A obra, uma realização conjunta dos Governos do Brasil e Estados Unidos, através do convênio intitulado MEC-USAID, foi construída pela SEDUC fazendo parte do PLAMEG – Plano de Metas Governamentais, e foram gastos Cr$ 42.000,00 ( quarenta e dois milhões de cruzeiros). A finalização da obra de construção da escola deu-se no governo do Coronel Virgílio Távora e foi entregue à Secretaria de Educação do Ceará para que providenciasse a instalação e posterior inauguração da unidade escolar. A solenidade de inauguração, ao som da Banda da Polícia Militar, aconteceu no dia 09 de agosto de 1966, às 10 horas, com a presença do Ilm.° Sr. Governador do Estado do Ceará, Dr. Jader Figueiredo Correia e representantes das Secretarias de Educação do Estado de Alagoas e do Maranhão e da USAID. A convite do governador, a professora Maria Franca Bernardo foi designada para ocupar o cargo de Diretora, função que exerceu até o ano de 1995. EVOLUÇÃO No início, sua estrutura física se resumia em apenas seis salas de aula. Uma sala para diretoria, uma para secretaria, a cozinha e dois banheiros. Na primeira administração de D. Maria Franca, foram realizados os seguintes melhoramentos: a escola passou a ter 12 salas de aula; uma sala especializada para préescolar; instalação de um gabinete dentário com unidade de aplicação de flúor e escovódromo; implantação de atendimento médico pelo Dr. Luis Moura; construção de uma sala de leitura, parque infantil com seis brinquedos; além da viabilização dos serviços de assistência social, supervisão e orientação educacional. Entretanto, excluindo os melhoramentos da parte física, os demais serviços foram desativados a partir do primeiro governo de do Sr. Tasso Jereissati. Ao longo de sua história, a Escola Bem Viver, ampliou muito sua estrutura física e conta hoje com vinte salas de aula, um laboratório de informática (desativado), um laboratório de ciências, uma biblioteca/centro de multimeios, uma quadra poliesportiva, uma sala para o banco de livros, uma sala para professores, uma secretaria, um depósito destinado à merenda escolar, dois depósitos para armazenar o material pedagógico e permanente, uma saleta para o jornal “Olho Público”, uma sala para o Grêmio Estudantil chamado Força Jovem, uma sala para oficina de teclados, uma cantina, uma cozinha, dois banheiros masculinos e dois femininos, quatro banheiros para professores e funcionários. Todas essas modificações físicas decorreram da necessidade de atender aos anseios educacionais da população local, que ao longo destes trinta e nove anos, tem acompanhado a evolução da oferta de cursos, iniciando com a educação pré-escolar e as séries iniciais, passando pelo Tele-ensino até chegar ao Ensino Médio. Cumpre destacar, que durante a vida escolar, o funcionamento foi ininterrupto. No período de 1966 a 1995, a professora Maria Franca esteve como diretora da escola, dedicando vinte e nove anos de sua vida como educadora ao crescimento moral e intelectual dos estudante que fizeram parte desta unidade de ensino. A história da educação no Ceará começa uma nova fase com a implantação da Gestão Democrática. Após um processo direto de eleição, a professora Anita Bezerra Silva assume o cargo de diretora, permanecendo de janeiro de 1996 até janeiro de 1998. Neste período, foram implantados o Jornal Escolar “A CONQUISTA”, o Projeto Escola Viva, além de ter reconhecido o Ensino Fundamental. Já de fevereiro de 1998 a dezembro do mesmo ano, a Secretaria de Educação envia uma interventora para assumir o cargo de direção, Sr. Maria de Lourdes Marques de Melo. Um novo processo eleitoral conduz à direção a professora Maria Adelaide Menezes de , desta vez trazendo consigo um Núcleo Gestor. A partir desta gestão algumas decisões no sentido de incentivar a formação de um Grêmio Estudantil e um Conselho Escolar são tomadas, como a construção do PPP ( Projeto Político Pedagógico) e o Regimento da Escola, desta vez com a participação do colegiado. Também neste período é implantado o Ensino Médio. Reeleita pela comunidade escolar, Maria Adelaide Menezes consegue a construção da quadra poliesportiva, do laboratório de ciências. Além de melhorar o espaço físico da escola. Em 13 de dezembro de 2004, Ana Lúcia Borges, candidata única, é eleita com 97,07% (1.024 votos de um total de 1333 votos) e assume um mês depois (13 de janeiro de 2005) a diretoria da escola Bem Viver. Os alunos da escola estudada vêem além dos arredores da mesma, de alguns bairros vizinhos, como Planalto das Goiabeiras, Monte Castelo, Pirambu, entre outros. Sendo inseridos em meio a favelas, vilas, terrenos invadidos. Percebi que a clientela apesar de morar em uma área de risco, não apresentou durante o tempo de observação do presente trabalho, nenhum incidente relacionado á violência, consumo de drogas ou alcoolismo. Os mesmos se mostraram educados, passivos, obedientes com professores, coordenadores e com a gestora. A unidade escolar funciona durante os três turnos, iniciando pela manhã às 7 h/ tarde 13 h/ noite 18:60, e encerrando respectivamente às 11h/17 h Ensino Fundamental, 11:30/17:30 Ensino Médio e no período noturno todos às 22:00. Também possui atividades aos sábados, oferecendo oficinas, curso de dança, de inglês, aula de capoeira, entre outras atividades. Além de socializar aos domingos, algumas salas para os encontros do Grupo do Alcoólicos Anônimos (AA) e sua quadra poliesportiva para a comunidade local. A unidade escolar em questão atende um total de 2040 alunos, sendo distribuídos da seguinte forma: 666 (seiscentos e sessenta e seis) alunos no Ensino Fundamental, 1.510 (mil quinhentos e dez) no Ensino Médio e 62 no EJA (Educação de Jovens e Adultos). O seu quadro de pessoal é bastante extenso, 58 professores em sala de aula, 26 funcionários e um Núcleo Gestor com: Diretora Ana Lúcia Borges , Coordenadora Pedagógica Fátima Chaves, Coordenadora de Gestão Flávia Andrade, Coordenadora Administrativo-financeira Antônia Gomes e a Secretária Virgínia Lima. Oferece para sua clientela o Ensino Fundamental de 6a, sete a e (EJA) Educação de Jovens e Adultos no turno da manhã, 8a. Séries e Ensino Médio no turno da tarde, e no turno da noite Ensino Médio e (EJA) Educação de Jovens e Adultos. A escola funciona de forma sistemática como um todo, não apresenta problemas de cunho extraordinário como violência, uso de drogas e álcool, vandalismo, entre outros que nos deparamos em algumas outras unidades de ensino. No entanto, é óbvio que alguns problemas foram detectados, tais como indisciplina em sala de aula, desrespeito a alguns professores, acesso à cantina no horário de aula, uso inadequado dos banheiros e bebedouros, além do problema de pichações nos banheiros masculinos. Quantos aos resultados obtidos pela escola no período diurno durante os último três anos, vale ressaltar o aumento significativo nos índices de aprovação, como observa-se no quadro abaixo: Aprovação Reprovação Abandono ABS % ABS % ABS % 2010 729 55.5% 182 13.9% 403 30.7% 2011 797 53.1% 227 15.1% 477 31.8% 2012 909 70.4% 159 12.3% 224 17.3% Ensino Médio Diurno Outro ponto que merece destaque, é a diminuição do número de alunos que abandonam a escola Bem Viver. Enquanto em 2010, o percentual era de 30.7%, no ano de 2012 essa porcentagem baixou em 17.3%, indo contra a idéia de que os estudantes estão deixando de estudar a cada ano que passa. Aprovação Reprovação Abandono ABS % ABS % ABS % 2010 391 51.7%% 85% 11.2% 280 37.0% 2011 401 48.5% 84% 10.2% 342 41.4% 2012 442 69.2% 7% 1.1% 153 23.9% Ensino Médio Noturno Já nos resultados do Ensino Médio Noturno, percebe-se também que a escola Bem Viver conseguiu diminuir o índice de abandono de forma considerável. Sabe-se que esse no período noturno, os problemas com relação as faltas e evasão são bem maiores. No entanto, comparando o ano de 2011, com o de 2012, constata-se que houve um trabalho voltado para que o aluno chamado trabalhador, não abandonasse a escola. Aprovação Ensino Reprovação Abandono ABS % ABS % ABS % 2010 666 76.1% 121 13.8% 88 10.1% 2011 485 65.6% 154 20.8% 100 13.5% 2012 437 69.7% 98 15.6% 92 14.7% Fundamental DIURNO Aprovação Reprovação Abandono ABS % ABS % ABS % 2010 - - - - - - 2011 25 32.5% 10 13.0% 42 54.5% Ensino Fundamental NOTURNO 2012 37 38.5% 7 7.3% 52 54.9% Observando o quadro dos resultados do Ensino Fundamental diurno e noturno na Escola Bem Viver, indaga-se quanto aos número obtidos. Enquanto no Ensino Médio em geral, o índice de abandono cai a cada ano, no Ensino Fundamental ocorre o inverso. De 2010 a 2012, o percentual de alunos que abandonaram a escola subiu, o que demonstra uma contradição no trabalho executado entre os dois níveis de ensino. 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA SANTA FÉ * Características Gerais Surgimento – Como surgiu a escola Surgiu da necessidade que as pessoas desta comunidade sentiam em melhorar de vida, dar uma educação para seus filhos, de ter onde deixá-los durante o dia para poderem trabalhar. Uma necessidade sócio-econômica particular a esta comunidade. Autorizada pelo Parecer 17546/85 e credenciada pelo parecer Nº 814/2005 do Conselho de Educação do Ceará (CEC) , funcionando em prédio próprio, situado à rua 10, s/n, Conjunto João Paulo II, na cidade de Fortaleza, Ceará. Evolução – Como era e como está atualmente a Escola. No seu primeiro ano de funcionamento (1986) contava com 4 (quatro) salas de aula e 481 (quatrocentos e oitenta e um) alunos. Tendo como sua primeira diretora a Profª Maria da Conceição Sampaio de Oliveira e vice-diretora, a Profª Ana Valcíria Bezerra Cavalcante Uchoa. Em 1990 assumiu a direção da escola, a jovem Profª Maria das Graças dos Santos, nomeada pelo então Gov. Tasso Jereissati, contando coma parceria da Profª Maria Margarida de Morais como vice-diretora e Susana de Paula Dantas como secretária; esta, no exercício desde o início de funcionamento da escola. Em 1996, com o processo de democratização da gestão na escola pública, a Profª Maria das Graças dos Santos, foi escolhida por toda a comunidade escolar, eleita por votação direta e unânime, onde passou a dirigir a referida escola, assessorada pelas adjuntas: Maria Zuleica Brasil Silva e Rose Mary Xavier Moreira e a secretária Maria Marlene dos Santos Muniz que juntas iniciaram uma árdua batalha. A escola crescia gradativamente em número de matrículas, na qualidade de ensino e conseqüentemente na diminuição da evasão. Foram muitos os pontos positivos na evolução do crescimento da escola. A relação aberta entre a comunidade e a escola, demonstrava a preocupação em trazer a família para dentro da escola, proporcionando um relacionamento muito próximo com a participação dos pais. Visando maior integração das comunidades internas e externas da escola, foi criado um conselho escolar, que vem apoiando a gestão democrática na realização de seu projeto político-pedagógico. Atuando com a presidente Maria Luciene Barbosa Lelis. Em 1998, reeleita pela comunidade escolar, continuou a frente da direção, a competente e respeitável Profª Maria das Graças dos Santos, desta vez com um novo grupo gestor selecionado por critérios estabelecidos pela SEDUC, como : prova de títulos,prova escrita e entrevista. Fazendo parte do núcleo gestor como Coordenadora Pedagógica Maria Josecira Peixoto Uchoa , como Coord. Financeira Lúcia de Fátima Camboim Mendes e como secretária Maria de Fátima Bezerra Farias. Todas comprometidas com uma educação de qualidade. O estabelecimento de ensino, já pode se prevalecer de um quadro demonstrativo e progressivo de 13 (treze) salas de aula, 1.430 alunos, matriculados no ensino fundamental de 5ª a 8ª séries, III e IV ciclos e 1ª, 2ª e 3ª do ensino médio, Educação de Jovens e Adultos – EJA – 1º e 2º Segmentos e também TAM (Tempo de Avançar Médio) Os professores estão organizados por estas modalidades de ensino como também coletivamente por projetos juntos com os alunos, pais e direção no sentido de melhorar o processo ensino-aprendizagem. No que se refere ao relacionamento, pode-se dizer que a escola procura promover um trabalho diversificado e condizente com o contexto em que a mesma se insere. Ficando então, a relação professor x aluno x direção de forma respeitosa e amigável buscando sempre educar para a cidadania. Registramos avanços bastantes significativos no início do ano 2000 como a Criação do Centro de Multimeios, onde funciona,sala de vídeo, sala de leitura e biblioteca. Em 2004, ocorreu nova seleção para o grupo gestor, onde a professora Maria Paula Lisboa foi aprovada e eleita pela comunidade para assumir a direção da escola. Em janeiro de 2005 assumiu juntamente coma Secretária Amélia Freitas do Carmo e o Coordenador pedagógico Manuel Nóbrega Pereira, estando a escola ainda com a Coordenadora Financeira Expedita Batista Santos. No início da nova gestão, a escola foi contemplada com uma reforma geral, o que tomar seu espaço mais atrativo e confortável para todos que fazem a Escola Santa Fé. Segundo Expedita Santos, atualmente a escola apresenta uma equipe de 54 funcionários conscientes dos seus direitos e deveres e o senso ético profissional, dentre eles, professores graduados, especialistas, treinados e comprometidos coma educação. De acordo com o Regimento Interno da escola, a principal meta trabalhada nesta gestão tem sido no sentido de resgatar um ensino público de boa qualidade para todos, formando cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres, mas principalmente no sentido de resgatar a sensibilidade ao dever cívico e moral com a nação, contribuindo para uma sociedade brasileira digna e respeitada. A escola Santa Fé, funciona de forma bastante tranqüila e organizada. Se ambiente interno está sempre limpo e muito bem cuidado. Claro que, a reforma em 2005, contribuiu para que sua estrutura física ficasse impecável. No entanto, há um trabalho constante para a manutenção do patrimônio escolar. Segundo a auxiliar de serviço Maria das Graças Ribeiro, o Núcleo Gestor promove atividades que valorizam a limpeza, como a Gincana 5S. A mesma afirma que : “nosso trabalho é facilitado por conta do controle que há na limpeza geral da escola, além de ter aqui, uma administração voltada para o bem estar de todos ” Durante o período de observação, nenhum incidente grave ocorreu na instituição de ensino. Somente eventos normais em qualquer escolar, como atrasos de alunos, discussões entre os mesmos, etc. Percebe-se que a disciplina é um ponto forte da escola, visto que os componentes do Núcleo Gestor, estão sempre transitando entre as salas de aula. Analisando os resultados disponibilizados pelo Coordenador Pedagógico Manuel Nóbrega Pereira, nos quadros abaixo : Aprovação Reprovação Abandono ABS % ABS % ABS % 2010 770 69% 215 19% 132 12% 2011 725 70% 143 14% 172 16% 2012 556 78% 124 18% 26 4% Ensino Fundamental Aprovação Reprovação Abandono ABS % ABS % ABS % 2010 77 54%% 4 3 61 43% 2011 127 82% 10 7 17 11% 2012 153 83.6% 3 1.63 27 14.75% Ensino Médio Constata-se que no Ensino Fundamental o índice reprovação aumentou de 14% em 2010, para 18% em 2011, o que reflete de maneira negativa no trabalho realizado pela escola. Já os índices de abandono diminuíram consideravelmente, demonstrando assim o aumento do número de alunos que iniciaram e concluíam o ano letivo. Já no Ensino Médio, houve um aumento considerável no percentual de abandono, de 2011 para 2012. O que demonstra uma disparidade de resultados frente aos dois níveis, dentro da mesma instituição. 3.2 AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS DA ESCOLA “BEM VIVER’’ É de grande importância para a escola que todos os segmentos consigam se relacionar de forma amigável e tranqüila. O sucesso de qualquer trabalho realizado depende do modo como as pessoas que o fazem se relacionam, pois dentro de qualquer ambiente percebem-se as diferenças de opinião, atitude e interesse. É possível observar que a questão do poder pode afetar diretamente as relações entre os membros que compõem a escola, visto que a figura do gestor está relacionada à obediência, ao autoritarismo e à fiscalização, o que, muitas vezes, pode interferir na aproximação do mesmo com os demais participantes da comunidade escolar. Sabe-se que a sociedade está moldada pela hierarquia, seja na família com a figura do pai, ou no meio profissional com o chefe que comanda e dá as ordens e até mesmo no grupo de amigos que tende a ter uma pessoa que coordene as atividades que serão realizadas. Como afirma REZENDE,1995,p.37: “Ter poder e submeter-se a ele cobrem as preocupações e obsessões dos seres do nascimento à morte, pois todo grupo social pode ser considerado como um feixe de relações de poder” Logo, a submissão ocorre em diferentes meios e os indivíduos estão acostumados a aceitar uma centralização do poder na mão de uma só pessoa, que toma as decisões e define o rumo de todos os envolvidos. Dentro da maioria das escolas, o gestor ainda é a figura que detêm o poder, cabe a ele determinar qual será o caminho a ser traçado e quais estratégias serão viabilizadas. A participação de professores, alunos, funcionários, pais e comunidade é restrita e conduzida de acordo com a necessidade imposta pela direção. Entretanto, percebe-se que algumas entidades escolares começam a sentir a necessidade da participação mais ativa dos demais segmentos. Aos poucos a direção inicia o processo de envolvimentos de alunos, pais e professores na tomada de decisão, visto que os problemas detectados dentro da escola estão relacionados diretamente ao convívio em sociedade. É fundamental se pensar no bem-estar dos alunos, não se deve organizar o processo de ensino-aprendizagem visando apenas o que for conveniente para a direção. As normas estabelecidas devem ser traçadas no coletivo, buscando envolver todos os que fazem a educação dentro da escola. Desta forma, as regras não serão impostas e sim discutidas, analisadas e votadas. Apresenta-se a seguir o resultado das visitas feitas nas escolas Bem Viver e Santa Fé. Expõem-se as considerações feitas após entrevista com alunos, pais, funcionários, professores, Núcleo Gestor e comunidade local. Além de expor às respostas das gestoras frente a uma série de perguntas aplicadas através de um questionário (em anexo) . Assim, as observações foram divididas de acordo com as relações interpessoais existentes nas escolas. Diretora e Funcionários A relação entre a gestora e os funcionários da escola, parece dar-se de forma muito harmoniosa. Nota-se uma cumplicidade e uma amizade bastante profunda. Há um grande respeito pela pessoa da diretora na escola Bem Viver. Entretanto, a mesma considera que alguns funcionários fazem “corpo mole”, mas segundo ela isso se dá por conta da quantidade de serviço a ser executado e a carência de pessoal para fazê-lo. Durante o período de observação, foi constatada algumas vezes a insatisfação da diretora quanto à limpeza da escola. Segundo ela, alguns funcionários sabem que precisam fazer algo, mas esperam que ela ou a coordenadora financeira dê a ordem, o que a deixa muito triste, já que não quer ser vista como autoritária. A funcionária Consuelo declara que : “a diretora é muito boa, entende a gente, trata todo mundo com muito carinho”. Já o funcionário Luiz Felipe afirma que “apesar de às vezes ela ser meio ansiosa, nunca maltratou ninguém, é como se fosse de uma mãe de família, de uma dona de casa”. Segundo a funcionária Mara “os funcionários dispõem de materiais adequados que permitem realizar suas atividades e a gestora orienta e presta assistência quando necessário.” Porém, a mesma reclama da falta de cursos de capacitação, mas deixa evidente que não depende da direção e sim da Secretaria de Educação. De acordo com o relato de alguns funcionários, a participação nas ações se dá de forma regular, pois na tomada de decisões administrativas e pedagógicas eles nem sempre são consultados. O que se constata na afirmação da merendeira Irene “ sinto falta de reuniões periódicas, de consultas antes de executarem algumas ações, as “coisas” já chegam pra gente resolvidas, sem pedir nossa opinião” Diretora e Alunos A relação entre a diretora e os alunos não se dá de forma muito tranqüila, há uma certa distância entre os mesmos. Segundo a gestora, isso acontece porque é ela que pune os que não seguem as regras da escola, seja aplicando expulsões, solicitando a presença dos pais, ou até mesmo assinando a transferência do aluno. Segundo alguns discentes, a direção não procura abrir um diálogo para discutir sobre os problemas da escola. Simplesmente impõe regras e pune quem não as cumpre. O aluno Pedro Antônio pensa que o relacionamento da diretora com os alunos deveria ser mais cordial: Acho que a Ana Lúcia devia falar mais com a gente, ela também deveria procurar mais gente, muitos colegas meus acham que ela grita demais com eles, pior do que as próprias mães. Mas também há alunos, como Paula, que defendem a postura da gestora : Creio que ela só reclama daquilo que está errado, briga com aqueles que querem bagunçar na sala ou quebrar alguma coisa na escola. De acordo com a posição de alguns professores, a diretora muitas vezes perde a paciência com os estudantes indisciplinados, usa a transferência como forma de ameaça e punição. Entretanto, outros professores acreditam que os próprios docentes usam a imagem da direção para ameaçar os alunos e os fazerem se comportar na aula. De forma geral, percebe-se que os alunos ainda não estão satisfeitos com sua participação na tomada de decisão da escola, pois, segundo os mesmos, a direção não os consulta para executar nenhuma atividade. A gestora se defende afirmando que no Conselho Escolar o aluno tem sua representação e, através desta, vota e participa ativamente das decisões tomadas. No entanto, segundo a aluna Aline Silva: Faltam atividades que aproximem os alunos do Núcleo Gestor, só temos contato com alguém de lá quando fazemos algo errado ou quando precisamos ir pra casa mais cedo. Diretora e Pais/Comunidade A convivência da diretora e os pais de aluno é bastante cordial, porém, há pouco contato entre eles. Há somente uma reunião bimestral e esta serve basicamente para a entrega de notas. No entanto, a gestora se mostra sempre disponível para recebê-los em qualquer situação pertinente. Quando o aluno é indisciplinado na sala de aula, o pai ou mãe é chamado para se inteirar do acontecido e ser avisado da possibilidade de transferência caso o problema se repita. Todavia, durante a conversa com alguns pais, ficou claro que os mesmos concordam com a forma disciplinar que a direção trabalha, apóiam a gestora no controle da ordem e da disciplina. De acordo com a mãe Lucinda Paiva: “o ponto forte da escola é a disciplina, pois o estudante deve ter responsabilidades e cumprir regras desde cedo”. Já o pai Manoel Alves acredita que, “ somente com uma postura firme, a diretora conseguirá manter o controle sobre os alunos” Em relação à comunidade do bairro, Ana Lúcia está sempre disponível em ceder a escola para qualquer tipo de evento: com atividades esportivas, festas, velórios, casamentos, a única exigência feita por ela é que seja tudo organizado com antecedência para que possa se inteirar de toda a programação e do público que irá visitar a escola, já que a mesma responde pela estrutura física e organização da instituição. Há também encontros da comunidade com integrantes do AA (Alcoólicos Anônimos), que se reúnem uma vez por semana e utilizam algumas salas ou o pátio central. Outra forma de contato com a comunidade local e com os pais, é através de algumas festas temáticas, como São João, Pais, Mães, Natal, pois, a escola convida todos a participarem de atividades voltadas para estimular um contato mais direto e tranqüilo entre ambos. Diretora e Professores A diretora Ana Lúcia afirma que não há conflitos entre ela e os professores. As decisões são tomadas em grupo, a opinião dos mesmos é considerada fundamental para o gestor, que afirma não conduzir a escola de maneira arbitrária ou individualista. Nota-se, entretanto, que embora a relação com a maioria dos professores seja ótima, alguns consideram que a direção se preocupa em atender primeiro às exigências da Secretaria de Educação, deixando em segundo plano a preferência dos demais segmentos. A partir de depoimentos de alguns docentes, percebe-se que a atual gestão se baseia muito no trabalho da gestão anterior, tida como muito eficiente no que se refere à disciplina e ao controle tanto dos alunos quanto dos professores. A professora Maria Luzia afirma: a diretora trata a todos com muito respeito e atenção, está sempre disposta a ajudar, preocupa-se com o bem-estar dos professores e se mostra aberta ao diálogo. Já o professor Lúcio Mauro declara que, muitas vezes, se sente inferior aos demais, pois não cumpre de forma rigorosa o horário e, algumas vezes, tem necessidade de faltar às aulas. Segundo ele, o gestor “bajula” e é mais disponível para aqueles que não faltam e não chegam atrasados. A diretora revela-se uma pessoa cumpridora dos deveres e, algumas vezes, rigorosa para que os outros também os cumpram. No seu discurso, afirma que é muito pontual nas prestações de contas e não deixa de entregar nenhum relatório em dia. Até mesmo quando tem reuniões ou precisa se ausentar da escola para trabalhar em outro setor do Estado, se sente na obrigação de informar aos professores e funcionários o motivo de sua ausência. O que para muitos é totalmente dispensável, já que todos sabem que o trabalho do gestor não é exclusivamente dentro da escola. A professora Maria Luzia, refere-se ao rigor da diretora como um aspecto positivo: A disciplina de Ana Lúcia reflete de forma positiva nos demais segmentos, pois pra mim um lugar organizado trabalha de forma mais eficiente e correta. Foi constatado que o ponto de maior destaque da gestora foi no que se refere ao acompanhamento da disciplina dentro da sala de aula, pois, todos os professores se sentem apoiados na execução da ordem e da organização em classe. Visto que a direção não admite desrespeito aos professores e pune severamente os alunos que não seguem às normas da escola. Além da conversa com alguns professores, foi aplicado um questionário para analisar o contato deles com a direção. Na maioria das respostas, ficou claro que o trabalho da gestora é tido como apoiador e organizador. Que a mesma promove atividades em equipes e auxilia o processo pedagógico sempre que é requisitada. No que concerne ao relacionamento da diretora com os professores, percebeu-se que alguns não se sentem à vontade para se aproximar da mesma: mesmo esta se mostrando aberta ao diálogo, para eles há uma barreira entre os mesmos. Já alguns professores, acreditam que a direção deveria promover atividades que integrassem os pais à vida escolar dos filhos, pois apenas uma reunião para entregar notas não estimula a participação dos mesmos. Como relata o professor Carlos Alberto, " as normas impostas pela SEDUC são cumpridas com muito rigor e orientação, no entanto, percebemos a necessidade de incrementar no nosso dia-a-dia momentos de discussão e debates entre todos os segmentos, principalmente, trazendo os pais mais para dentro da escola"(Ver questionários em anexo). Em muitas escolas, há uma divisão entre os que são a favor da direção e os que são contra, porém, na escola Bem Viver não se constata tal problema, lógico que alguns professores não estão totalmente de acordo com algumas decisões tomadas, mas procuram através de discussões com o Núcleo Gestor chegar a um consenso. Na opinião do Núcleo Gestor, os professores têm domínio do conteúdo que lecionam, possuem uma boa metodologia de ensino e são considerados muito competentes.Com isso, observa-se que, em geral, o gestor consegue se relacionar de forma amigável e tranqüila com quase todos os docentes da escola, procurando trabalhar de forma democrática e integrada. Diretora e Demais membros do Núcleo Gestor O relacionamento entre todo o Núcleo Gestor é harmônico e integrado. O trabalho desenvolvido por Ana Lúcia é amplamente apoiado pelas demais coordenadoras Flávia Andrade, Antônia Gomes e pela secretária Virgínia Lima . Segunda a diretora, cada membro do grupo tem autonomia para desempenhar sua função, não necessitando envolvê-la diretamente em qualquer decisão que julgar tomar. As pessoas que a auxiliam no comando da escola são altamente responsáveis e comprometidas com o sucesso do trabalho escolar. De acordo com a Coordenadora de Gestão Flávia, as decisões tomadas nunca partem somente da gestora, mas é acompanhada por todas as integrantes do grupo gestor, e posteriormente, á comunidade escolar. Ratificando o que disse Flávia, a Coordenadora Financeira declara que : Ana Lúcia não centraliza o poder em sua mãos, se reúne sistematicamente com outros segmentos para chegar a uma solução coerente. Já a Coordenadora Pedagógica comenta que: No início do meu convívio com Ana Lúcia tivemos alguns pontos divergentes, agora no entanto, sentamos e discutimos a melhor forma de se solucionar determinados problemas, apesar de nem sempre termos a mesma visão do assunto. O que fica nítido no relacionamento do Núcleo Gestor, é a preocupação de executar as incumbências que lhes são dadas. Cada integrante conhece seu trabalho e procura exercê-lo da forma mais competente e correta. Fica evidente, porém, a questão da hierarquia, pois todas sentem a necessidade do aval da gestora na finalização suas atividades. AS RELAÇOES INTERPESSOAIS DA ESCOLA “SANTA FÉ” Diretora e Funcionários O relacionamento entre a direção e os funcionários da escola Santa Fé se dá sem atritos ou problemas. Segundo a diretora Maria Paula, normalmente, o trabalho deles é executado de forma adequada, muito raramente ela precisa intervir. Somente quando sente que alguns se “escoram” em outros é que intervém para não gerar conflitos entre eles. Como os funcionários pertencem a uma prestadora de serviços, a diretora deixa clara a necessidade de um bom desempenho por parte deles, já que são avaliados de acordo com a execução de seu trabalho. No entanto, Maria Paula afirma que, em nenhum momento, os ameaça usando esse argumento, apenas ressalta a importância do reconhecimento deles por parte dos usuários da escola. A funcionária Joelma Sales relata que: A gestão atual melhorou as condições de trabalho, nunca tinha visto tantos benefícios, desde que cheguei aqui, a gestão passada deixava muito a desejar Já o zelador Luis Eduardo diz que Maria Paula os trata com grande respeito e atenção, valorizando cada dia mais o esforço de todos os funcionários na execução de suas tarefas. Diretora e Alunos É muito tranqüila a relação entre a diretora e os alunos da escola Santa Fé. Observa-se uma facilidade de diálogo e um espaço adequado para atendê-los quando necessário. Maria Paula mostra-se disponível para receber os estudantes em sua sala, seja para ouvir reclamações, atender a pedidos ou até mesmo para ouvi-los simplesmente. Claro que em certas ocasiões, a gestora precisa impor sua autoridade, como em casos de desrespeito a professores ou degradação do ambiente escolar. Todos os problemas de disciplina dentro da escola são informados não só à direção, mas também aos membros do Núcleo Gestor, pois segundo a diretora :“os demais membros do Núcleo Gestor têm autonomia para repelir qualquer tipo de atividade que esteja fora do padrão da escola”. No entanto, somente ela tem o poder de transferir um estudante caso o mesmo seja reincidente em algum desvio de conduta. Segundo a secretária, a escola em geral somente tem problemas com aqueles que não respeitam professores ou fogem dos padrões necessários para uma boa convivência. No mais, a diretora consegue lidar sem discussões ou atritos com os alunos. De acordo com o relato da aluna Cássia Tavares : Maria Paula transformou a escola Santa Fé, tanto na estrutura física quanto na disciplina, hoje me sinto muito bem quando entro aqui, diferente de antes que era tudo muito desorganizado e nunca a gente se encontrava com a diretora. Já o aluno Carlos André declara: Sempre que sinto vontade vou lá na sala dela e falo o que está me incomodando, não tenho mais aquela visão de que a diretora é um bicho papão. Na opinião do estudante Bruno Silva: A merenda nunca foi tão boa, agora temos uma comida de boa qualidade e muito variada, além de ser tudo muito limpo e organizado. Maria Paula enfatiza que o trabalho dos professores ajuda muito no convívio geral da escola, pois a disciplina que é trabalhada em sala de aula reflete diretamente no relacionamento deles com o Núcleo Gestor e com os próprios colegas. Diretora e Professores O convívio diário de Maria Paula com a congregação de professores é bastante tranqüilo, nota-se a preocupação da mesma com o bem-estar de seus subordinados. Ficou evidente o esforço da gestora em atender a todas as solicitações que lhe foram passadas, além de uma constante participação dos profissionais na preparação das atividades escolares. Após uma conversa com um determinado grupo de discentes, compreende-se que a interação com o Núcleo Gestor se faz desde a elaboração de um documento como o Projeto Político Pedagógico até no que concerne a compra de material de expediente. De acordo com Maria Paula : Os professores, cada um em sua área, são possuidores de conhecimentos específicos, diferentes especialidades o trabalho na escola, coletivo dessas é que provocará mudanças. Após uma análise do questionário aplicado a alguns professores, ficou constatado que o processo de tomada de decisões é feito com o envolvimento de todos os segmentos da escola Santa Fé. Não só através do Conselho Escolar, mas também com reuniões periódicas para saber a opinião dos demais integrantes da unidade escolar. Outro ponto positivo identificado, foi o acompanhamento feito pela gestora nos resultados obtidos pelos docentes em sala de aula, não como fiscalizadora mas como apoiadora de trabalho. A professora Cândida Passos fala : Nunca trabalhei em uma escola onde houvesse uma preocupação com o desenvolvimento da atividades em sala, acho que o apoio dado pela gestão atual, nos estimula e nos dá mais força para conseguir vencer as dificuldades da profissão. Não foi constatada nenhuma divisão de opiniões sobre Maria Paula, todos os entrevistados foram unânimes em relatar o bom trabalho desenvolvido por ela, não só na parte física da escola, mas no relacionamento entres os diversos participantes do processo de ensino. Um dos professores relata que: Acho que Santa Fé só tem essa boa estrutura graça ao enforco permanente de Maria Paula, pois ela passa dias atrás de melhoria para nossa escola. Claro que não está totalmente perfeito, pois a disponibilidade de recursos não está nas mãos da gestão e sim da SEDUC, que muitas vezes deixa as entidades sofrerem um verdadeiro caos. Já a secretária, afirma que: Hoje não falta material necessário para se trabalhar aqui, os recursos estão sendo bem administrados, não passamos mais pelo sufoco de antes, quando não tínhamos nem papel para expedir algum documento. Agora os gastos são feitos de acordo com a necessidade real da escola. A gestora acredita que o bom relacionamento com os professores se dá pelo fato de ter sido a Coordenadora Pedagógica na gestão passada. Acho que pude ter um contato direto com a maioria deles, desta forma conheço suas maiores dificuldades e tento ajuda-los da maneira mais direta possível. Estando como gestora dou o espaço necessário para que os docentes cheguem até mim e possam discutir uma melhor solução para os problemas encontrados na sala de aula. Diretora e Pais/Comunidade O relacionamento entre a gestora e os pais da Escola Santa Fé é bastante sereno, sobretudo nas reuniões para entrega de notas e nas visitas durante o período letivo. Para manter a disciplina e o controle, a diretora convoca os pais do aluno, quando detecta algum problema de indisciplina ou degradação do ambiente físico. Ela costuma dizer que somente com ajuda da família poderá abrir um canal de diálogo e compreensão. A Sra. Maria Socorro, mãe de aluno, parabeniza o trabalho de Maria Paula, dizendo: Todas as vezes que meu filho chega cedo em casa, procuro a escola para saber o motivo e sou muito bem recebida por ela, que me explica o que aconteceu com muita paciência e calma. O Sr. Marcos Paulo, pai de aluno, aponta a melhoria da estrutura física da escola como uma das conquistas da gestão : Acho que com uma escola mais bonita e organizada, os alunos estudam com mais vontade, a diretora soube mostrar que apesar de ser pública tem uma estrutura parecida com qualquer particular . Por ser a única do bairro, a escola Santa Fé é bastante requisitada pela comunidade, seja para torneios esportivos, festas ,feiras, casamentos ou até mesmo velórios. Segundo Maria Paula, todas as atividades podem ser realizadas caso haja uma programação antecipada e que uma pessoa adulta seja responsável pela segurança e limpeza da escola. Além dos eventos esporádicos, na entidade escolar funciona o atendimento do AA ( Alcoólicos Anônimos) para a comunidade local. As reuniões são realizadas uma vez por semana e utilizam as salas de aulas para executarem seus trabalhos. Outro forma de contato com a comunidade local e com os pais, é através de algumas festas temáticas, como São João, Pais, Mães, Natal. Pois a Escola Santa Fé, convida a todos a participarem de atividades voltadas para estimular um contato mais direto e tranqüilo entre ambos. Diretora e Demais membros do Núcleo Gestor A Escola Santa Fé, além de Maria Paula na direção, conta com Expedita Batista Coordenadora Financeira, Manuel Nóbrega Coordenador Pedagógico e Amélia Freitas como Secretária. A diretora afirma que seu grupo de trabalho é bastante unido e eficiente. Segundo ela, seu trabalho na direção não seria o mesmo se não tivesse o apoio dos colegas do Núcleo Gestor, “ consigo resolver todos os problemas administrativos fora da escola, sem me preocupar com o andamento das aulas, porque sei que conto com pessoas altamente profissionais e experientes no Grupo Gestor” Pelos depoimentos dos integrantes da escola, observa-se que há uma grande parceria entre a gestora e o Núcleo Gestor. Todas as decisões que precisam ser tomadas têm a participação do grupo. Através de reuniões semanais, os problemas da escola são discutidos e solucionados, com muito diálogo e união. O Coordenador Pedagógico aponta uma das principais qualidades de Maria Paula: Ela nos deixa trabalhar com autonomia, não nos sentimos sozinhos na tomada de decisões, entretanto, não há abuso de poder quando decidimos algo. Claro que temos um respeito por sua opinião, mas através de uma boa conversa sempre conseguimos chegar a um acordo em conjunto. Expedita Batista, Coordenadora Financeira expõe que todos os recursos que chegam a escola são declarados nas reuniões do Conselho Escolar e a partir do que ficar acertado, posteriormente será prestado contas. A mesma acrescenta que : Nossa prestação de contas é em dias, nunca atrasamos a entrega no CREDE, pois além de ser bloqueado nosso credor, corremos o risco de não receber mais verbas para a escola. Amélia Freitas diz que Maria Paula, sempre se trabalhou de forma correta como Coordenadora Pedagógica e foi através de seu trabalho na gestão que a motivou a apóiala durante o período de eleições para gestor. A mesma acrescenta que os problemas pontuais são levados aos membros do Núcleo Gestor, que se reúnem e tomam uma decisão em comum. Já os que podem ser mais bem analisados são levados às reuniões do Conselho Escolar, que na Escola Santa Fé, se mostra muito atuante. O que se percebe é um grande empenho de todos os integrantes do Núcleo Gestor na execução de suas atividades, além de demonstrarem um grande prazer de trabalhar na escola Santa Fé. Assim, ao analisar-se o convívio diário em cada instituição pesquisada, percebese que na escola Santa Fé o relacionamento entre a gestora e os demais segmentos é bastante passivo e positivo. E a participação se dá de forma mais visível e produtiva. Já na escola Bem Viver, as relações nem sempre se dão tranqüilamente, em alguns momentos há atritos e divergências. E a interação dos integrantes é ainda muito tímida, pois não há atividades que incentivem um contato mais direto entre os alunos e os demais membros da comunidade escolar. Diante disso, percebe-se que as formas de relacionamento em cada instituição estão relacionadas à execução das atividades. Na escola onde as relações se dão sem atritos os objetivos que são traçados são mais facilmente alcançados, visto que o grupo se sente mais próximo da gestora e consegue expor suas idéias e críticas abertamente. Ao contrário do que ocorre na escola onde as relações são mais difíceis, compreende-se que ao encontrar resistência, o aluno não se sente à vontade para participar das atividades escolares, sejam estas dentro ou fora da sala de aula e conseqüentemente não vê dentro da instituição o caminho para buscar seu desenvolvimento pessoal e profissional. ANÁLISE DOS RESULTADOS Após a pesquisa de campo realizada nas escolas Santa Fé e Bem Viver, fica evidente a importância do gestor na mediação das relações interpessoais da comunidade escolar. Suas ações são determinantes para o desenvolvimento do trabalho de cada membro da comunidade escolar. Percebe-se que na escola Santa Fé as relações se dão de forma mais harmônicas e serenas, o que favorece o trabalho do Núcleo Gestor. Visto que há um melhor envolvimento durante as tomadas de decisões, possibilitando uma identificação maior do grupo com as atividades desenvolvidas. Entretanto, na escola Bem Viver o cenário muda consideravelmente, pois como alguns membros não se sentem acolhidos pela direção, não facilitam seu trabalho no que tange a tomada de decisões. Neste sentido, é evidente que o gestor precisa criar meios de integração na comunidade escolar. Viabilizando espaços, atividades e debates em torno do trabalho em grupo, buscando aprimorar sua liderança através de atitudes democrática e coletivas. Assim, é notório que na escola Santa Fé, onde há autonomia, respeito e integração dos segmentos o processo de ensino-aprendizagem se dá com mais entusiasmo e motivação. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho analisou as relações interpessoais em duas escolas públicas estaduais, enfatizando o papel do gestor como mediador dos demais segmentos da comunidade escolar. Apresentou ainda um breve histórico do trabalho deste profissional, durante a história da educação no Brasil. Destacou-se ainda, algumas ações relacionadas ao avanço educacional: as reformas, as constituições que trouxeram mudanças positivas, os primeiros sinais de participação popular, como o Manifesto dos Pioneiros da Educação, além da promulgação da LDB – que enfatizou a importância dos professores dentro do contexto escolar. Logo, durante a pesquisa, constatou-se que os gestores encontram muitas dificuldades para exercerem suas funções, tais como: escassez de recursos financeiros, falta de pessoal qualificado, deficiência na estrutura física e material, falta de autonomia frente às normas impostas pelo Governo, além do excesso de trabalho burocrático que diminui o tempo para uma maior dedicação no processo pedagógico. No entanto, pode-se afirmar que mesmo com muitos empecilhos, os gestores que mantêm parcerias com os demais segmentos, conseguem administrar com mais eficiência e objetividade o processo de ensino-aprendizagem. É evidente que, não cabe somente ao gestor encontrar soluções que possibilitem o êxito do educando. A comunidade escolar deve fazer parte de todas as ações executadas na escola. Entretanto, é função do diretor criar meios para que os segmentos participem ativamente da vida escolar. Ele deverá aliar-se principalmente ao corpo docente para que os professores conscientizem os estudantes de seu papel do estudante no contexto escolar. Desta forma, a partir da interação entre alunos, pais, funcionários, professores, comunidade e Núcleo Gestor, a escola poderá iniciar o processo de democratização e conseguir ter autonomia e espaço na sociedade atual. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Rubem. Conversas sobre educação. São Paulo: Verus, 2003. FERNANDES, Maria Estela Araújo. O Educador Necessário na construção da Cidadania. Que Educador? In: Revista da AEC. No. 60, 1995. FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Gestão da Educação. São Paulo; Cortez, 1998. FERREIRA, Naura Syria Carapeto; AGUIAR, Márcia Ângela da S. Gestão da Educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo; Cortez, 2000. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1991. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo, ED. Cortez. São Paulo, 1990. LIMA, Lauro de Oliveira. 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