«Continuar a crescer em Portugal, mas com os olhos
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«Continuar a crescer em Portugal, mas com os olhos
› EMPRESARIADO Rui Pedro Almeida, CEO do Grupo Moneris «Continuar a crescer em Portugal, mas com os olhos postos no Mercado Externo» Criada em 2007, a Moneris tem tido em Portugal um crescimento sustentável e a tendência é de franco crescimento. O grupo está presente com mais de 20 Unidades de Negócio, em onze distritos de norte a sul do país, sendo que os seus cerca de 4.000 clientes faturam, de uma forma agregada, mais de 1.000 milhões de euros por ano. Este indicador revela bem a dimensão a que a Moneris chegou, no contexto da economia real. Em entrevista que concedeu à PAÍS €CONÓMICO, Rui Pedro Almeida, CEO do Grupo Moneris, fala-nos do percurso ascendente da empresa que lidera e sublinha que, embora queira continuar a crescer em Portugal, o mercado externo é agora também uma das prioridades. «Estamos em Moçambique desde 2013 a apoiar as empresas no seu desenvolvimento naquele mercado e, mais recentemente, atuamos igualmente na Argélia, onde pretendemos ter uma presença física até Junho de 2015. Temos igualmente os olhos postos em mercados como Angola, Brasil, Cabo Verde e Espanha. Tudo com o objetivo de nos tornarmos cada vez mais fortes e acompanharmos os desafios de S internacionalização das empresas portuguesas», revelou Rui Pedro Almeida. TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS egundo nos revelou Rui Pedro Almeida, CEO do Grupo Moneris, «procedemos à aquisição de mais de 20 empresas nas áreas da Contabilidade e Consultoria, isto porque à data do início do nosso projeto empresarial, em 2007, interpretámos que existia uma lacuna na prestação de serviços de qualidade diferenciada às PME’s, empresas que mais do que um contabilista precisavam de um consultor financeiro e um assessor à gestão do negócio», lembra, para recordar que em Portugal, neste sector, existem excelentes profissionais, mas não existem ainda suficientes empresas de prestação de serviços com a necessária escala. «E não existe massa crítica porque tipicamente uma empresa de Contabilidade e Consultoria tem uma dimensão entre 30 › PAÍS €CONÓMICO | Janeiro 2015 os meio milhão de euros ou mesmo um milhão de euros de faturação, e isso não permite que tenha músculo e escala suficiente para investir em Tecnologias de Informação, Formação e no desenvolvimento do negócio com serviços e soluções que acompanhem os desafios de desenvolvimento e de gestão das empresas», salienta Rui Pedro Almeida, para prosseguir. «A Moneris pretendeu desde o seu início ser uma empresa bem suportada financeiramente. Na verdade, somos um grupo muito sólido no ponto de vista da sua estrutura acionista. Temos como acionistas a Mirol, SGPS, do Engº. Carlos de Oliveira, um empresário de sucesso e provas dadas nas áreas do ITPO e BPO, que detém 37% do capital social da Moneris; a Inter-Risco, que é um operador de referência no mer- cado de Private Equity em Portugal e que através do Fundo Caravela detém também 37% do capital social da Moneris; e a Portugal Ventures e PME Investimentos, operadores de capitais de risco públicos e que detêm 22% do capital social da Moneris. Temos um capital social de cerca de 10 milhões de euros, o que é absolutamente único no panorama da Consultoria e da Contabilidade em Portugal. Na verdade não existem em Portugal muitas empresas com este arcaboiço financeiro e isso possibilitou-nos desenvolver um projeto de crescimento, não apenas orgânico, mas também através da via aquisitiva, chamou a atenção o CEO do Grupo Moneris. Mesmo assim, Rui Pedro Almeida reconhece que o facto de a Moneris ter arrancado em 2007 não deixou de certo modo Janeiro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 31 › EMPRESARIADO de ser um desafio acrescido, já que no ano seguinte o país deparou-se com uma crise que se prolongou por alguns anos e de que ainda hoje há reflexos. «Essa crise foi para nós um desafio, porque nos possibilitou pôr à prova conceitos que nós defendíamos sob o ponto de vista empresarial e que nos permitiu com resiliência que hoje estivéssemos melhor preparados para as oportunidades que o mercado proporciona». Hoje em dia a Moneris assenta num vasto quadro de competências que vão desde a Contabilidade à Consultoria de Gestão e o seu grau de especialização é bem notório em áreas como a Contabilidade e Reporting, Assessoria Fiscal, Recursos Humanos, Corporate Finance, Gestão de Seguros e Formação. Possuem dos melhores recursos humanos em cada destas áreas? Rui Pedro Almeida não se esquivou à pergunta. «Sinceramente considero que sim. Mas também reconheço que não foi fácil reunir todos estes profissionais, até porque o processo aquisitivo que norteou o Grupo Moneris foi um processo muito agressivo. Em cerca de cinco anos adquirimos cerca de 26 empresas, o que dá uma média de uma empresa em cada três meses. Foi na verdade um processo bastante árduo, mas que marcou com sucesso um projeto de verdadeiro build up em Portugal nas áreas de serviços profissionais». Presente em 11 distritos em Portugal Através do seu processo aquisitivo a Moneris desde sempre manifestou o desejo em estar presente nos principais distritos do país. «Estamos hoje em onze distritos: Lisboa, Porto, Faro, Aveiro, Braga, Bragança, Leiria, Santarém, Setúbal, Vila Real e Viseu o que nos permite ter uma perceção e uma leitura muito atenta das necessidades do mercado. Não é uma visão apenas urbana, uma visão de Lisboa ou do Porto, mas uma visão de proximidade» destacou Rui Pedro Almeida que entende que há hoje da parte dos empresários portugueses uma necessidade em se modernizarem, terem as suas empresas mais prepa- 32 › PAÍS €CONÓMICO | Janeiro 2015 radas e mais competitivas. «Aliás, quando iniciámos este projeto, percepcionámos que a área da Contabilidade era muito vista como uma área de conformidade fiscal. Hoje verificamos que as empresas olham para a Contabilidade como uma ferramenta de Gestão que as ajuda a definir planos de negócios, interpretar o seu desempenho e actividade empresarial e a sua rentabilidade, e a definir os projetos de expansão», justificou. A Moneris conta com cerca de 4000 clientes, desde multinacionais, grandes, médias, pequenas e micro empresas. Este facto enche de orgulho o CEO do Grupo Moneris, que observa. «Os clientes da Moneris faturam, de uma forma agregada, mais de 1.000 milhões de euros. Este indicador permite ter uma perspetiva da dimensão e contexto da economia real que o grupo Moneris acompanha, na sua prestação e serviços de contabilidade e consultoria de gestão. Esta constatação, para nós, representa uma grande responsabilidade e um enorme desafio e daí que todo este projeto empresarial seja muito alicerçado num investimento muito forte e sustentado, por exemplo nas tecnologias de informação. Mas na formação a nossa aposta também é muito significativa. Aliás, temos a Moneris Academy, que está certificada pela DGERT e pela OTOC – Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas – e que faz formação nas áreas da Gestão, Contabilidade, Fiscalidade, Marketing, Marketing Digital e IT, destinada a empresas, algumas delas de grande dimensão, das mais diferentes áreas de atividade. Este é um projeto que tem também um vetor importante de capacitação e formação dos nossos recursos», sublinhou Rui Pedro Almeida. Aspirações da Moneris no mercado externo Como qualquer empresa com aspirações, a Moneris tem os olhos postos da internacionalização. Está em Moçambique desde 2013, em Junho de 2015 entrará (fisicamente) no mercado da Argélia e, a seu tempo, estudará a possibilidade de entrar em mercados como Angola, Cabo Verde, Brasil e Espanha, embora já realize com todos eles algumas operações comerciais. No entender de Rui Pedro Almeida, quando se pensa na internacionalização é importante estar presente localmente e ir muito bem acompanhado. «É verdade que as empresas têm de correr riscos, mas riscos que sejam controlados. E é essencial – nestes casos – ter-se uma retaguarda forte em todas as vertentes da conceção e planeamento do negócio. Por isso, para as empresas que pensam no processo de internacionalização o conselho que damos é que, antes de mais, devem estudar bem o mercado, devem sentir esse mercado e, sendo determinante saber interpretá-lo, é igualmente importante conhecer as pessoas que são relevantes e decisores locais que relevam no setor de negócio que se está a tentar implementar. Depois há que pensar no investimento a médio ou a longo prazo. Não vale a pena pensar que se chega a um país e que, ao fim de um ano, se está a retirar dividendos. Deve falar-se e perspetivar-se, outrossim, em dois, três ou até mesmo cinco anos (dependendo do negócio) para atingir o ponto crítico das vendas e o equilíbrio operacional, desde que o risco seja todo ele controlado. Acho que ninguém deve ir para a internacionalização num estado de asfixia financeira, de agonia ou de desespero», aconselhou o CEO do Grupo Moneris. A Moneris está, desde 2013, em Moçambique com um escritório que é servido por duas dezenas de profissionais especializados em áreas como a Contabilidade, Consultoria e Seguros, e que conta hoje com cerca de uma centena de clientes, alguns de grande referência. «No mercado moçambicano temos apoiado, entre outros, muitos projetos e empresas portuguesas e, volvido este primeiro ano de presença naquele mercado do Índico, congratulamo-nos com o facto de a Moneris já se posicionar como um parceiro no acompanhamento financeiro e de gestão dos seus clientes, assegurando um reporting financeiro completo que proporciona segurança ao investidor», disse Rui Pedro Almeida que espera poder atingir em 2015 neste mercado externo uma faturação da ordem dos 400 mil dólares. Em 2014 a Moneris vai ter um crescimento de 2,5% e conta, em 2015, atingir um crescimento entre 4% e 5%. «Em termos de faturação o mercado externo ainda não tem grande expressão, repre- sentando cerca de 4% da nossa faturação que ronda os 10 milhões de euros. E o objetivo a curto prazo para Moçambique e outros mercados será de crescer cerca de 50% face à faturação atual. E temos a intenção de crescer também no mercado nacional, embora 2015 se adivinhe um ano de continuidade pressão e dificuldade para as empresas. A Reforma Fiscal do IRC que foi encontrada no final do ano passado é positiva e traz competitividade às empresas, e por outro lado temos o QCA que agora se inicia – o Portugal 2020 – que também vai trazer um novo fôlego à capacidade das empresas para investirem e inovarem», enfatizou Rui Pedro Almeida, CEO do Grupo Moneris, que nos seus quadros conta com 300 profissionais, 110 dos quais TOC’s (Técnicos Oficiais de Contas). ‹ Janeiro 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 33