SUCOS E REFRIGERANTES

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SUCOS E REFRIGERANTES
CAP
A
CAPA
SUCOS E REFRIGERANTES
Um mercado em ebulição
Lilian Araujo
P
ara atender às modificações do hábitos alimentares, a indústria brasileira
de bebidas está alterando as formas de atuação no mercado e seguindo uma tendência mundial: a de produtos mais saudáveis,
saborosos e que ainda possam proporcionar benefícios à saúde. Com esta visão,
surgem a cada momento novas empresas
ou outras já tradicionais, que estão ingressando no mercado de bebidas prontas para
beber, nas quais se incluem sucos de frutas, refrescos, chás, água mineral e água
de coco. Na via contrária, ao mesmo tempo em que as opções de bebidas se proliferam, estão os “vovôs” refrigerantes, cuja
indústria é dona da maior parcela do segmento e que ainda está despreocupada com
18
o crescimento de participação das outras
parcelas do mercado de bebidas nãoalcóolicas. O mercado de bebidas, no Brasil, movimenta 14 bilhões de litros ao ano,
com crescimento médio de 15%. Deste total, 3 bilhões são de sucos.
A pouca apreensão da indústria de refrigerantes é justificada pelo volume produtivo desta linha, o qual está muito distante de outros setores. No ano passado, a
indústria de refrigerantes brasileira produziu 11,97 bilhões de litros da bebida, o
que significou um aumento de 3,3% em
relação a 2001. Um ligeiro aumento se
comparado ao do mercado de sucos prontos para beber, que deve registrar crescimento médio de 50% em 2002, segundo
dados prévios das indústrias do setor. Mas
o rival da indústria de refrigerantes não é
a de sucos prontos, que está bem longe de
chegar aos patamares em volume das fábricas de bebidas gaseificadas. Anualmente, as empresas de sucos prontos movimentam cerca de 165 milhões de litros no País,
o que representa R$ 450 milhões. O valor
está bem abaixo dos mais de R$ 15 bilhões movimentados pela indústria de refrigerantes. Para 2003, a expectativa é de
que o setor de sucos prontos atinja a casa
dos 200 milhões de litros.
Por enquanto, a única disputa acirrada no setor de refrigerantes está entre
as marcas regionais, que têm diferenças
éticas na forma de trabalharem. De acor-
BRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003
do com a Associação Brasileira da
Indústria de Refrigerantes (Abir),
após a entrada da garrafa PET de
dois litros, no início da década de
noventa, muitas marcas regionais de
refrigerantes passaram a ter outra
imagem nas gôndolas dos supermercados, saindo de 8% de participação do segmento para 16%. Com o
crescimento do segmento, o número de marcas regionais aumentou e
muitas passaram a ser vendidas a
preços excessivamente baixos. Isto
levou a ABIR a organizar estudos
que provassem má conduta de determinadas empresas. A pesquisa
identificou que muitas destas companhias ignoravam a carga tributária, que chega a 40% do valor final
do refrigerante. Os documentos foram encaminhados às Secretarias da
Fazenda estaduais e à Receita Federal. “Isto era uma competição antiética, que prejudicava as outras empresas regionais. Com os estudos, os
órgãos responsáveis fizeram uma fis- Fanta Morango: último lançamento da Coca-Cola
calização bastante eficiente e hoje
os refrigerantes regionais têm 33% do do 17% a participação da Ambev. A
mercado”, conta Carlos Cabral de Menezes, Coca-Cola obteve crescimento de 2,6%
diretor executivo da ABIR.
nas vendas em 2002, com destaque para
Atualmente são mais de 700 marcas a marca Fanta, com aumento de 14% no
de refrigerantes regionais no Brasil, que ano passado. Depois de lançar os sabocompetem com as grandes Coca-Cola e res Citrus e Maçã, a Coca-Cola inicia o
Ambev, detentora das marcas Guaraná ano com mais um item para a marca
Antarctica, Brahma e Pepsi. Líder de Fanta: o sabor Morango. De acordo com
mercado, a Coca-Cola é dona de 50% das a empresa, o Brasil já é o maior mercavendas nacionais de refrigerantes, sen- do de Fanta no mundo. Por sua vez, a
BRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003
marca Coca-Cola cresceu 3,2% no
período e se mantém líder no segmento, com uma participação de
32,2%. Segundo o diretor da ABIR,
o Brasil é o terceiro maior consumidor mundial de refrigerantes, ficando atrás somente dos Estados
Unidos e México.
A ABIR está ampliando sua atuação no segmento de bebidas e
mudando a denominação para Associação Brasileira da Indústria de
R e f r ig e ra nt e s e B e b i da s N ã o alcóolicas, sob a mesma sigla. Bom
para o setor de sucos prontos, que
até então não dispunha de algum
órgão que o representasse. “Além
deste grupo de produtores não ter
uma associação que os representasse, a maioria dos nossos associados já estavam ingressando no
mercado de sucos, energéticos e
água mineral”, justifica Menezes.
Potencial dos Sucos
Assim como a indústria de refrigerantes tem outras questões a se preocupar
e não aquelas relacionadas com as de sucos prontos, a indústria de sucos também
tem outras metas a seguir. Com o expressivo crescimento, o potencial do segmento de sucos de frutas está sendo acompanhado nos últimos anos, instigando diversas empresas a entrar no segmento. Ideal
para o consumidor, que tem mais opções
de escolha e maior concorrência para as
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tradicionais no ramo.
São novas empresas que
decidiram investir no
segmento, outras que
querem ampliar a participação no mercado e
algumas já tradicionais
do setor de bebidas que
estão apostando na linha de sucos prontos
para beber.
Mercado para todas
é o que não falta. Apesar do considerável aumento na produção,
este setor da indústria
alimentícia ainda tem
muito a explorar. Segundo pesquisas, o Vitor Purri, superintendente da Sucos Mais
consumo per capita de
sucos prontos, no Brasil, varia entre 0,6 lhões. Instalada numa área de 75 mil m²,
ml e 0,8 ml, o que é muito baixo com- sendo 12 mil m² de área construída, a fáparado a outros países. Na Alemanha, o brica conta com capacidade para procesconsumo per capita chega a 30 litros, sar 6 milhões de l/mês e quatro linhas de
nos Estado Unidos a 37 l, no Canadá a embalagem. Na unidade são processados
30 l, na Argentina a 10 l e no Chile a 4 os sabores manga, manga light, pêssego,
pêssego light, goiaba, goiaba light, uva,
l por habitante.
Um dos casos mais recentes de empre- uva light e ainda maracujá, caju, laranja e
sa que ingressou no segmento de sucos maçã, os quais são embalados em frascos
prontos para beber é o da Cocamar Coo- de vidro de 250 ml, lata de 335 ml e em
perativa Agroindustrial, do Paraná. A co- cartonadas de 200 ml e 1 litro.
A unidade foi projetada para processar
operativa acaba de lançar a marca de suco
24
milhões de litros de sucos e chegar a
Purity, com seis sabores convencionais de
um
faturamento de R$ 52 milhões no prinéctares de frutas (pêssego, manga, lameiro
ano de atuação. “Nós queremos esranja, goiaba, morango e uva) e quatro
tar,
em
três anos, entre as três ou quatro
versões light do produto (morango, manprincipais
marcas do Brasil”, acredita Vitor
ga, goiaba e pêssego).
Purri,
superintendente
da Sucos Mais.
Para isso, a Cocamar investiu R$ 9 miPara
isso,
a
empresa
quer se destacar
lhões na fábrica de sucos. A unidade de
pela
diferenciação
das
categorias
de bebiMaringá entrou em operação em janeiro,
com capacidade para
produzir 40 milhões de
litros. A meta da empresa é alcançar 4% de participação de mercado em
2003, 9% no próximo
ano e 15% em 2005.
Outra empresa a se
lançar no mercado de sucos prontos é a Mais Indústria de Alimentos, de
Linhares (ES). Formada
pelos grupos WRV e
MonteSanto Tavares, a
indústria entrou em operação em agosto passado, após receber investimento de R$ 28 mi- Sucos Mais quer faturar R$ 52 milhões com mix de sucos naturais
20
das, nas quais estão os
sucos naturais sem
conservantes e os refrescos prontos. “É importante que as marcas
trabalhem no sentido
de criar sua própria categoria e se diferenciar com produtos de
qualidade”, destaca
Purri, ao ressaltar que
o objetivo da nova empresa é tornar o consumidor fiel à fruta,
com “produtos saudáveis e de qualidade”,
complementa.
A principal estratégia da Sucos Mais
para tornar o público
fiel à marca é uma campanha de degustação por etapas. A primeira delas, promovida no último semestre de 2002,
aconteceu no Espírito Santo e Minas
Gerais, estados de atuação dos controladores da empresa, que são de origem supermercadista e da indústria do
café. “A meta é nos tornarmos líderes
nesses dois estados”, diz o superintendente da empresa. A segunda campanha entrou em ação no primeiro trimestre de 2003, nos Estados de São Paulo e
Rio de Janeiro, devendo ser expandida
para os outros Estados ao longo do ano.
Apesar do potencial interno do mercado de sucos, a Sucos Mais quer ir muito além. A empresa já conquistou o exterior com seus produtos, devendo ter
10% do seu faturamento representado
pelas vendas internacionais. “Já estamos embarcando para
China e Portugal”, diz
o superintendente da
empresa. Com isso,
as metas de crescimento para 2003 estão sendo revistas,
pois, pelo andar da
carruagem, serão superadas antes mesmo
de completar 12 meses de atuação. “Originalmente, as atividades de exportação
não estavam previstas para o primeiro
a no de operação”,
acrescenta Purri.
BRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003
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Assim que a expectativa for confirmada, a Mais
Indústria de Alimentos dará início
à segunda fase do
projeto da fábrica,
a qual foi projetada para atender
rapidamente expansões. “Na segunda fase a unidade praticamente
dobra de capaci- Kraft entra na dispura do mercado de sucos prontos com marca tradicional
dade”, detalha
Vitor Purri. Para fortalecer sua participa- prontos para beber. A companhia, instação neste mercado, a Mais Indústria de Ali- lada em Caçapava, interior de São Paulo,
mentos estará, durante o ano de 2003, par- está investindo, no primeiro trimestre do
ticipando de feiras no exterior em parceria ano, R$ 750 mil em marketing. A meta da
com a Associação das Indústrias Proces- empresa é expandir em 40% suas vendas
da linha de sucos naturais Sufresh, que é
sadoras de Frutos Tropicais (ASTN).
Além disso, Purri explica que o pro- composta pelos sabores goiaba, uva, manjeto da fábrica foi desenhado para aten- ga, pêssego, maracujá, laranja, maçã, lader a todas as legislações ambientais ranja com acerola e caju.
O investimento inclui campanhas puvigentes, incluindo as futuras ampliações. O projeto inclui uma central de blicitárias no litoral de São Paulo e capireciclagem e uma estação de tratamen- tal, Campinas e São José dos Campos, no
to de efluente. A estação está apta para interior de São Paulo, Cabo Frio (RJ),
realizar o tratamento aeróbico, com ca- Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS), onde
pacidade para tratar até 500 mil litros estarão expostas mídias externas, inde efluentes. “O sistema é totalmente fláveis, painéis front light e busdoors. A
aprovado pela secretaria de meio ambi- campanha inclui, ainda, veiculação na TV,
ente e demais órgãos ambientais”, afir- com comercial de 30 segundos, desenvolma o superintendente da Sucos Mais, ao vido pela DMA Mídia e Produção. A divuldeclarar que o próximo passo da empre- gação do produto inclui também degussa com relação ao meio ambiente é bus- tação em supermercados.
O número de empresas a ingressar
car a certificação ISO 14000. “O projeno
ramo de sucos prontos não deve
to já está todo rastreado e controlado
parar
tão cedo. Em outubro próximo
para isso”, finaliza.
está
prevista
a inauguração de mais
De olho no desempenho do mercado
uma
unidade
no
País para a fabricação
de sucos prontos, a baiana Doce Mel, trade
sucos
prontos
para beber, no munidicional empresa do ramo de polpas de
cípio
de
Campos
(RJ).
Trata-se da fáfrutas, resolveu ingressar no ramo e inaubrica
da
Bela
Joana,
empresa
criada
gurou, no final de 2001, uma linha de
numa
associação
entre
o
grupo
MPE,
sucos dentro da sua unidade de polpas.
do
Rio
de
Janeiro,
e
a
portuguesa
Hoje, a empresa conta com duas máquinas para sucos prontos, com capacidade Refrigor. As sócias lançaram, em fevede 8 mil l/h cada uma. Instalada em Ipiaú, reiro, a pedra fundamental da nova fáa Doce Mel está utilizando 30% da capa- brica, que receberá investimento de R$
cidade da fábrica para processamento de 35 milhões, dos quais 25% do Banco
sucos prontos, nos sabores abacaxi, man- Nacional de Desenvolvimento Econômiga, caju, laranja, maracujá, morango, uva co e Social (BNDES). A unidade terá cae pêssego. Para produção de polpas, a pacidade para processar 30 milhões de
companhia dispõe de dez máquinas com l/ano de sucos, nos sabores manga, macapacidade para 1.500 polpas de 100g por racujá, goiaba e abacaxi. A meta é de
produzir, inicialmente, 15 milhões de
hora cada equipamento.
A WOW! Indústria e Comércio é outra a litros e faturar R$ 30 milhões nos priempresa a investir no segmento de sucos meiros doze meses de operação.
BRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003
As grandes
na disputa
pelo mercado
Enquanto novas
empresas investem
para disputar o
crescente mercado
de sucos de frutas
naturais e prontos
para beber, Del
Valle, Parmalat e
Kraft Foods criam
estratégias para se
destacar frente às
novas marcas do setor neste ano. A mais
nova entre elas no segmento, a Kraft
Foods, conta com uma marca de peso, a
do tradicional suco concentrado Maguary.
Por outro lado, a Del Valle foi a primeira
a acreditar no segmento no Brasil, é líder
de mercado e aposta na fidelização dos
consumidores. E ainda a Parmalat, que
também disputa o mercado de concentrados e quer ganhar mercado em 2003 com
a linha Santàl de sucos prontos.
Dona de 43% do segmento de concentrados com a marca Maguary, a Kraft
Foods Brasil aproveitou-se do peso da
marca no País e lançou, no início de
2003, o suco pronto para beber, sob a
mesma marca. Com isso, a companhia
ingressa numa nova categoria com públicos distintos, mas com uma marca de
50 nos de tradição na linha de concentrados, setor este que movimenta 630
milhões de litros anuais e fatura R$ 300
milhões, segundo dados ACNielsen 2002.
“Tanto os consumidores de um quanto
os do outro buscam produtos à base de
fruta natural. Só que o consumidor do
pronto para beber valoriza mais o aspecto da praticidade e conveniência e o
concentrado prefere ele próprio preparar o suco em sua casa, seguindo a sua
receita, mais forte ou mais fraco, com
pouco ou muito açúcar, enfim, ele segue um ritual próprio de preparação”,
detalha o gerente geral da categoria
bebidas da Kraft, André Vercelli.
A nova linha Maguary chega, inicialmente, à região Sudeste nos sabores maracujá, manga, pêssego, uva e laranja.
De acordo com Vercelli, São Paulo, Rio
de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo representam 70% do mercado nacional de bebidas prontas para beber, o que
não significa que as outras regiões dei21
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estrutura de vendas e
xarão de conhecer o
distribuição e consunovo produto. “Vamos
midor final.
ampliar a oferta do
Ao t o do , fora m
produto gradualmente
quatro
meses investiao longo do ano”, afirdos
em
pesquisas com
ma o gerente de bebiconsumidores,
que tidas. O novo Maguary
nham
como
meta
vepronto para beber porificar
as
principais
de ser encontrado em
características deseduas versões de embajadas nas linhas de
lagens cartonadas: de
sucos prontos, conum litro, com tampa
centrados e chás. O
abre e fecha, e 200 ml,
passo seguinte foi a
com canudo.
incorporação dos reA Kraft entra na dissultados aos produputa do setor de prontos. Entre eles está o
tos para beber para conlançamento do sabor
solidar sua liderança no
morango, que segunmercado de bebidas à Lançada em setembro, linha Mix da Del Valle já representa 6% do faturamento
do a empresa vai de
base de frutas. Além das
duas versões da marca Maguary, a empre- suco passa a contar com uma solução encontro aos desejos dos consumidores.
sa é dona das principais marcas de refres- gráfica, que explora todas as sensações O novo sabor se soma à linha de outros
da fruta. “Mesclamos o visual das fru- onze sabores de sucos e néctares, que
cos em pó no Brasil.
O lançamento do Maguary pronto para tas com o próprio líquido em movimen- inclui laranja (normal e light), uva, ababeber acontece, segundo a companhia, to, que transmitem leveza, sabor e caxi, maçã, maracujá, pêssego (normal
num momento estratégico: após a conso- refrescância. As frutas complementam es- e light), caju e manga. “A Parmalat aprilidação das marcas de sucos concentra- tes valores, como se recém-saídas da na- morou a linha Santàl com controle de
dos e refrescos em pó. “Nos últimos anos, tureza, passando a idéia de uma marca matéria-prima, melhoria do processo
a Kraft manteve seu foco no crescimento que se preocupa em manter os valores produtivo e uma embalagem revoluciodestas marcas, mas acompanhou atenta- naturais de seus ingredientes”, explica nária. Estamos inaugurando um novo
patamar de qualidade no segmento de
mente o forte crescimento da categoria Renata Melman, diretora da agência.
A
campanha
da
Parmalat
vai
além
da
sucos e chás”, comemora Andrea Martini,
de sucos prontos”, revela Vercelli. Dois
publicidade.
A
companhia
trabalhou
em
diretor executivo da unidade de negóanos depois de iniciar o projeto para a
todo
processo,
que
envolveu
pesquisa
e
cio mercearia da Parmalat.
linha de sucos prontos, a companhia endesenvolvimento,
fornecedores,
equipaOutra preocupação da Parmalat no protra no segmento para tornar-se um immentos,
novas
embalagens,
melhora
na
cesso
do lançamento da segunda geração
portante player em pouco tempo. Sem rede
Santàl
foi com relação à matéria-privelar qual a porcentagem de mercado que
ma.
A
empresa,
preocupada em garantir a
a empresa pretende conquistar e em quanexcelência
na
qualidade
da matéria-prito tempo, o gerente de bebidas declara
ma,
criou
um
Programa
de Qualidade
que a meta é “atingir diferentes categoMonitorado.
A
função
do
programa é
rias, com a garantia de qualidade e sabor
acompanhar
todo
o
processo
envolvendo
das bebidas da Kraft Foods”.
fornecedores,
o
que
significa
análises
desA entrada da Kraft Foods no segmento
de
a
colheita
até
a
chegada
à
fábrica.
de sucos prontos já era prevista pela
O foco inicial do lançamento da liParmalat. A empresa, que remodelou a
nha
foi São Paulo e Rio de Janeiro. No
marca de sucos e concentrados Santàl no
início
do verão, a companhia fechou
início do verão, considerava como provácontratos
exclusivos com quiosques dos
vel a entrada da marca Maguary no seglitorais
destes
dois estados. No entanmento, considerado pela companhia um dos
to,
a
meta
da
Parmalat
é atingir todo o
mais atrativos dentro do setor de alimenterritório
nacional
com
a campanha
tos. Para a Parmalat, a entrada da Kraft na
Santàl.
As
ações
de
marketing,
iniciadisputa não atrasa em nada os planos da
das
no
primeiro
semestre
de
2003,
enempresa para a marca Santàl.
volvem
suporte
de
materiais
promoVisando renovar a marca Santàl, a
cionais, veiculação em TV, rádio, mídia
Parmalat lançou em dezembro a campaimpressa, outdoor e busdoor.
nha da segunda geração de sucos Santàl.
Com as ações voltadas para o segmenCom novo visual na embalagem, o qual
to
de bebidas, que envolve sucos pronfoi desenvolvido pela 100% Design, o Suco enriquecido com vitaminas da Gerber
22
BRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003
CAP
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tos, concentrados e chás, a
Parmalat pretende não só ampliar sua participação de mercado,
que está em torno de 7%, como
da c a t e go r ia
dentro da empresa. Com atividades voltadas
para a industrialização e comercialização de
lácteos, sucos e
Parmalat quer 7% do mercado de sucos prontos com a marca Santàl
chás, refrigerados, vegetais e
conservas e biscoitos, a Parmalat pre- cado, com 33%, a Del Valle até há pouco
tende que a linha de sucos ganhe maior tempo tinha como concorrentes poucas
destaque no faturamento da empresa em marcas, entre elas até mesmo a Coca-Cola.
2003. Somente em 2002, a categoria No entanto, o mercado tem se tornado
cresceu cerca de 25% no faturamento mais atrativo a cada dia, principalmente
da companhia em comparação ao ano com um crescimento médio de 40% ao
anterior. A mesma porcentagem foi regis- ano. Agora, a subsidiária da mexicana
trada no faturamento total da companhia Jugos Del Valle terá pela frente uma disem 2002 em relação a 2001, ano em que puta muito mais intensa com as diversas
a empresa faturou R$ 1,4 bilhão. Segun- concorrentes que estão surgindo.
do a empresa, a expectativa para 2003 é
Para garantir sua liderança nas vendas
de que haja um crescimento pelo menos de sucos de frutas prontos para beber, a
duas vezes superior.
Del Valle, assim como a Parmalat, acredita
Atualmente, o market share total da que uma das ferramentas estratégicas nesta
Parmalat no mercado de sucos gira em tor- disputa será a realização de ações em
no de 5,9%, de acordo com a última lei- marketing permanentes e consistentes. “O
tura Nielsen de outubro/novembro de marketing sem dúvida nenhuma será uma
2002. Apesar disso, a participação de das ferramentas para a manutenção de
mercado da companhia no último ano mó- nossa participação, posto que a marca é
vel sofreu uma queda de 0,6% com rela- de qualidade e os produtos são de proceção ao ano móvel anterior, ficando com dência”, garante Marcelo Passafaro, gerente
7%. A Parmalat associa o resultado ao de marketing da Sucos Del Valle. Entre as
crescimento do segmento num ritmo mai- últimas ações da companhia nesta área está
or que o da empresa. Sem revelar qual a a realização de investimentos em toda a
porcentagem de mercado que pretende região litorânea do País. Estiveram envolatingir, a meta da companhia é reverter vidos principalmente a região Nordeste e
os resultados ainda em 2003.
os Estados do Espírito Santo, Rio de JaNo segmento de sucos concentrados, a neiro, São Paulo, Santa Catarina e Paraná.
Parmalat é dona de 7,2% de market share. Para 2003, Passafaro informa que as ações
O resultado representa um ganho de cerca ainda estão sendo definidas.
de 3 pontos percentuais nos dois últimos
O forte crescimento do mercado de suanos móveis da empresa. Para este ano, a cos prontos fez com a Del Valle perdesse
Parmalat espera que a categoria se benefi- 1% de participação no segmento em 2002.
cie com os investimentos na linha de su- Apesar disso, o resultado está sendo concos prontos, que adota a mesma marca.
siderado natural pela companhia. “AcrediEnquanto Parmalat e Kraft Foods in- tamos que, com o crescimento muito rápivestem para ganhar mercado, a Sucos Del do da companhia, a tendência é que se
Valle trabalha para manter o que já con- comece a crescer menos ou dentro dos vaquistou desde que se instalou no País, há lores do mercado”, explica Passafaro.
seis anos. Dona da maior parcela de merApesar desta pequena redução de parBRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003
ticipação de mercado, em 2002 a
Del Valle atingiu
todas as suas expectativas, com
c rescime nto de
50%. Com isso, o
fatura me nto da
companhia ficou
na casa dos R$ 153
milhões, com produção de 80 milhões de litros de
sucos de frutas.
“Atingimos nossas
metas mesmo com
todas as intempéries do mercado,
mesmo com as oscilações do câmbio e
mesmo com as dúvidas eleitorais e econômicas”, complementa o gerente de
marketing. Para atender a esse crescimento a Del Valle precisou investir, no
final do primeiro semestre de 2002, R$ 4
milhões em equipamentos para a linha
de envase de embalagem cartonada.
Os resultados da Del Valle em 2002
incluem o lançamento da linha Mix,
ocorrido em setembro. A nova linha, em
embalagens de um litro e de 335 ml,
inclui os sabores mamão com laranja e
laranja, cenoura e acerola, que chegaram a representar 6% do faturamento
da companhia em apenas quatros meses de atuação no mercado. De acordo
com o gerente de marketing da Del Valle,
a versão Mix de sucos deve ganhar novos sabores, mas o prazo para que isso
ocorra não foi revelado.
A participação de produtos da Del Valle
diferentes da linha clássica, que conta com
os sabores pêssego, uva, manga, morango, maçã, goiaba, laranja e maracujá, já
representa 26% da produção da companhia.
Além dos 6% da linha Mix, estão nesta lista 23% da linha light, que cresceu 3% no
último ano. Nesta linha estão os sabores
pêssego, uva, manga, maçã, goiaba e maracujá, os únicos exportados pela companhia. Segundo Passafaro, as exportações
representam 5% da produção da Del Valle.
Presente em mais de 35 países e com
54 anos de tradição, a controladora da
Del Valle, a Jugos Del Valle México, tem
na filial brasileira a fábrica de maior tecnologia do grupo. Instalada em Americana (SP), a unidade tem capacidade para
produzir até 10 milhões de litros por mês.
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Maurício Campos, fundador da mineira Agrofruit
Agrofruit aposta no natural
Se de um lado a baiana produtora de
polpas de frutas Doce Mel investe para
entrar no segmento de sucos prontos
para o consumo, do outro a mineira Tropical Indústria de Alimentos, dona da
marca de sucos de frutas Tial, deixa de
contar com um de seus acionistas, que
resolveu investir no segmento de polpas
de frutas. Apesar do significativo crescimento no consumo de sucos prontos, o
empresário e fundador da Tropical Alimentos, Maurício Campos, segue na via
contrária da empresa baiana por acreditar em algo ainda maior, tanto pelo lado
econômico quanto pelo social.
Pelo lado de negócios, o empresário
pleiteia o mercado de food service internacional, o qual, segundo ele, deverá render US$ 3 milhões, ainda este ano, à sua
nova empresa processadora de polpas de
frutas. Denominada Agrofruit, a empresa
está instalada estrategicamente em Visconde do Rio Branco (MG), a 130 quilômetros de Juiz de Fora, que inclui a região fruticultora do Vale do Xopotó, na
Zona da Mata Mineira.
Na nova fábrica, que ocupa uma área
de 54 mil m², serão produzidas 20 t/h de
polpas de frutas naturais, sem
conservantes ou qualquer aditivo químico. “Isto é uma questão de filosofia: oferecer um produto 100% natural, que preserve as propriedades da fruta e com validade de doze a quatorze meses, sem necessidade de refrigeração”, detalha o pre24
sidente da Agrofruit. Isso é possível graças
à tecnologia de envase adotada pela empresa. Desenvolvido pela norte-americana Sholle,
o sistema de embalagem da Agrofruit oferece proteção química e microbiológica por
meio de bags assépticos, com capacidades
que variam de 3kg a 200 kg. As embalagens
são armazenadas em tambores quando transportadas, o que reduz, segundo Campos, em
50% o custo de transporte para exportação,
pois não exigem tanques refrigerados.
A construção da unidade mineira se iniciou em abril de 2002, sendo concluída em
novembro e inaugurada oficialmente no primeiro bimestre de 2003, com tecnologia importada da Itália e Estados Unidos. Já em
novembro, a empresa iniciou o processamento
de mangas, começando em 2003 o trabalho
com goiaba, banana e maracujá. A Agrofruit
está assinando contratos com países como os
Estados Unidos, Itália, França, Alemanha e
Espanha, os quais devem consumir cerca de
80% da produção da companhia brasileira.
Nestes países, as vendas da Agrofruit estão
voltadas para indústrias como a de sorvete,
gelatina e de purê infantil. “No Brasil, que
ficará com os 20% restantes da produção, as
vendas serão direcionadas para outros segmentos, entre os quais de purê infantil de
alta qualidade”, revela Maurício Campos.
A expectativa de sucesso é tanta que o
empresário já iniciou os planos de expansão da companhia. Ainda este ano deverá
entrar em operação uma outra linha de
processamento, também com capacidade
para 20 t/h. “Com a segunda linha, vamos processar dois tipos de frutas ao
mesmo tempo”, explica.
Apesar da antiga atuação no segmento de sucos prontos, desde 1986 - ano de
fundação da marca Tial -, Maurício Campos está realizando um projeto de quase
vinte anos trabalhando com um ideal: promover a fruticultura da região, “tentando resgatar o trabalho de pequenos e antigos proprietários de terras, que deixaram suas propriedades por falta de apoio
político e financeiro. O meu grande sonho é fazer com que esse povo volte com
seus filhos, volte às origens”, desabafa.
A Agrofruit é o resultado deste sonho.
A nova empresa está processando as safras dos produtores de 14 municípios, que
se uniram à Universidade de Viçosa e às
respectivas prefeituras para formar a Associação Intermunicipal de Fruticultores
(Assifrut). Somente os municípios de Visconde do Rio Branco tem cerca de 40 mil
habitantes, dos quais 800 famílias se uniram ao projeto. Fruticultores dos outros
municípios estão sendo catalogados.
O trabalho conjunto permitiu o aperfeiçoamento da agricultura local, que passou a oferecer frutas mais saudáveis e
com melhor qualidade. “Com essa filosofia, nós reduzimos em 40% o uso de
agrotóxicos, mudando o uso de adubo
químico para orgânico e para inseticidas
que não prejudicam a saúde”, conta o
presidente da Agrofruit, apostando que
este será mais um trunfo de negócios para
as vendas internacionais.
Atualmente, os associados da Assifrut
estão concluindo a construção de uma fábrica de mudas e sementes com tecnologia
avançada. A unidade foi financiada pelo
Ministério de Ciência e Tecnologia, por meio
da Financiadora de Estudos e Projetos
(FINEP), com o apoio do Sebrae . “Isto
está sendo possível graças ao intercâmbio
tecnológico feito entre o Brasil e outros
países, entre os quais Espanha e Estados
Unidos”, conta Campos.
Apesar do recente apoio do governo,
ocorrido no ano passado, o presidente da
Agrofruit ressalta que, em todos esses
anos de trabalho, a região nunca recebeu apoio político. “O Brasil ficou estagnado estes 8 anos. Precisamos voltar a
produzir, pois o Brasil precisa de alimentos, como o mundo inteiro”, ressalta Campos, ao lembrar que o apoio governamental ocorreu somente em 2002.
BRASIL ALIMENTOS - nº 18 - Janeiro/Fevereiro de 2003
CAP
A
CAPA
Público Infantil
tre eles o lançamento
de novos produtos e a
Ideais para acominauguração da nova
p a n h a r re f e i ç õ e s,
unidade. A aposta da
lanches escolares, na
companhia se segue ao
hora de praticar eslongo de 2003. Já em japortes ou passear, a
neiro a General Brands
i ndústria de sucos
lançou mais duas vernão pode deixar de
sões do refresco Camp:
lado uma parcela tão
os sabores Manga e Mosignificativa de conrango. Com os novos sasumidores: a do púbores, a linha passa a
blico infantil. Penter dez versões: laransando nos pequenos,
ja, maracujá, abacaxi,
as empresa oferecem
tangerina, salada de
embalagens práticas
frutas, limão, uva e
e de pequeno voluguaraná, todos acrescime para atender às
dos de vitamina C.
crianças tanto no
O u t ra e m p re s a a
dia-a-dia como em
acreditar no segmento
ocasiões diversas. A
é a Genuína Lindoya.
Del Valle, por exemDepois de entrar no
Genuína Lindoya investirá R$ 100 mil em marketing da nova linha de sucos em pó
plo, criou uma marmercado de sucos e reca só para o público infantil, o Del Valle vel participação do volume comer- frescos prontos para beber em 2002, a
Kids, que oferece o mesmo produto, mas cializado em 2002. Dos 14 bilhões de tradicional marca de água mineral Geem embalagem de 200 ml com perso- litros de bebidas movimentados no ano nuína Lindoya estréia no ramo de renagens de frutas.
passado, 2,1 bilhões de litros referem- frescos em pó. A empresa investiu R$
A Parmalat também desenvolveu uma se a refrescos em pó, o que representa 1 milhão nas áreas de desenvolvimenlinha específica para esse público. O suco R$ 650 milhões em faturamento. O re- to, equipamentos e infra-estrutura e
traz na embalagem brik de 200 ml os per- sultado significa um aumento de 14% pretende conquistar 2% do segmento
sonagens Thornberrys, do canal infantil no período, com previsão de crescer en- até o final de 2003. Para isso, a GenuNickelodeon. Além disso, as embalagens tre 12% e 15% em 2003, segundo a ína Lindoya investirá R$ 100 mil em
cartonadas têm ainda jogos e brincadei- Kraft Foods. Dona de 50% do mercado ações de marketing para divulgar os
ras, sempre associados ao desenho.
de refrescos em pó, a Kraft detém as prin- seis sabores do novo produto: laranja,
Outra empresa que oferece sucos exclu- cipais marcas do País, entre as quais tangerina, uva, maracujá, limão e abasivos para crianças é a Gerber, especialista Tang, Clight, Fresh, Ki-Suco e Q.Refresco. caxi, que contêm vitamina C e já vêm
em nutrição para bebês. Para garantir o cres- Além disso, a empresa inaugurou o ramo adoçados. A nova linha de produção
cimento saudável dos pequenos, a empresa de refrescos em pó light, com a marca tem capacidade para 450 toneladas por
desenvolveu uma linha que conta com do- Clight em 1996. De acordo com a empre- mês de refrescos em pó, devendo amses extras de ferro, zinco, cálcio, potássio e sa, hoje a linha é líder na categoria light, pliar a participação do segmento de
vitaminas C e E. Os sucos, encontrados nos com 70% do mercado.
sucos no faturamento de sucos, que
sabores frutas mistas, pêra, maçã e laranja
O mercado é promissor, como mos- deve ficar em 20% até o final do ano.
com cenoura e pêra, fazem parte da linha tram os resultados da General Brands em
Com o mercado promissor, ninguém
Gerber Colheita Especial. A linha é compos- 2002. Concorrente da Kraft no segmen- quer ficar de fora, nem mesmo a Unilever
ta por 32 itens, entre os quais sopinhas, to de refrescos em pó, a General Brands Bestfoods. A multinacional abriu mais
papinhas e suquinhos. Os produtos fazem tem motivos de sobra para comemorar uma exceção do seu projeto global de
parte de um rigoroso controle de qualidade o fechamento do período. Além de inau- extinguir grande parte das marcas loda empresa, entre eles um programa de re- gurar uma nova unidade fabril em 2002, cais, desta vez para a marca de refresdução de agrotóxicos.
que está instalada em Guarulhos (SP), cos Frisco. No ano passado, a Unilever
a empresa encerrou o ano com fatura- voltou a investir em marketing da marRefrescos em pó
mento de R$ 50 milhões, um aumento ca no ponto-de-venda, conseguindo aude 54% em relação a 2001. O valor re- mentar a participação do produto de
Um dos mais tradicionais produtos presenta um volume de 11 mil tonela- 9,5% para 11% em 2002, excluindo o
do segmento de bebidas continua com das de produtos, dos quais 8 mil tone- segmento de não adoçados, do qual a
expectativa de crescimento, apesar do ladas referem-se a refrescos em pó das empresa não participa. Para 2003, os
surgimento constante de novos produ- marcas Camp, Sukki, Camp Light, Camp planos de marketing da companhia intos e marcas no setor. O ramo de re- Institucional e Tanny. A companhia atri- cluem um aumento de 10% no investifrescos em pó mantém uma considerá- bui o crescimento a diversos fatores, en- mento para a linha sobre 2002.
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