O ESTADO ISLÂMICO DO IRAQUE E DO LEVANTE Prof. Aline Gomes
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ROTEIRO DE AULA OS CALIFADOS: O ESTADO ISLÂMICO DO IRAQUE E DO LEVANTE IRAQUE Em 2003 os EUA invadiram o Iraque em uma “guerra preventiva”. O contexto maior eram os atentados as Torres Gêmeas e ao Pentágono. O ataques noticiados ao vivo no mundo todo geraram na sequência uma “guerra ao terror” que incluía nos alvos os muçulmanos. A justificativa para invasão no Iraque foram as suspeitas de que o país árabe estava produzindo armas de destruição em massa. Entretanto o mundo todo já sabia que na verdade o EUA estavam interessados no petróleo da região, como aponta o Jornal Mundo de março/2003: “Os novos cruzados de Bush, na estrada que conduz a Bagdá, desfraldam a bandeira da “guerra contra o terror” e do combate aos arsenais de destruição em massa. Mas não acreditam em nada disso. A “nova Jerusalém” da administração americana são os campos e as reservas de petróleo do Golfo Pérsico.” 12 anos depois o que vemos é que não existia um plano efetivo para o pós-guerra. Antes da guerra o Iraque não era o último paraíso perdido, vivia sob o comando de Saddam Hussein, mas o que vemos hoje é uma situação ainda mais crítica. Não podemos esquecer também as torturas cometidas por soldados americanos na prisão de Abu Ghraib durante a guerra. As forças estadunidenses saíram oficialmente em 2011, mas os EUA não tinham um plano sólido para a sucessão do poder. O que aconteceu a partir daí foi uma instabilidade política cada vez maior, abrindo espaço para grupo radicais, entre eles, mais recentemente, o ISIS. SÍRIA Em 1971, Hafez al-Assad implantou uma ditadura militar sangrenta. Com sua morte em 2000, seu filho Bashar al-Assad assume o poder (através de um golpe, pois a Constituição previa que a idade mínima era de 40 anos e na época Assad tinha 34, o que foi alterado nesse momento de transição). A Primavera Árabe (série de manifestações iniciadas no final de 2010 na Tunísia) levou a população da Síria as ruas. A posição do governo foi “morde-assopra”, ou seja, repressão violenta aos protestos ao mesmo tempo em que dava mais liberdades em forma de leis. Para compreendermos melhor o que se segue, cabe aqui uma pausa para olharmos o quadro étnico-religioso sírio: Religiões: alauitas (12%, vertente xiita/parte do governo); islamismo sunita (75%), druzos (8%, vertente xiita) e cristãos (5%) Etnias: árabes (90%) e curdos (10% na Síria e também presentes na Turquia e no Iraque). Agora passamos ao início da guerra. As manifestações sendo fortemente reprimidas e em julho de 2011 foi formado o Exército Livre da Síria, majoritariamente de desertores do governo. O Exército Livre da Síria é uma força secular contrária ao governo de Bashar al-Assad e também contra grupos rebeldes islâmicos. Apoio externo: A favor do regime sírio: Rússia, Guarda Revolucionaria Iraniana, membros do Hezbollah. Rebeldes: Brigada Al-Nusra. E Turquia, Arábia Saudita, Catar (armas leves). E também: Reino Unido, EUA e França (apoio não-letal). Além desses grupos, o ‘vazio de poder’ e a instabilidade na Prof. Aline Gomes região favoreceram a ação do grupo islâmico ISIS na parte norte. ESTADO ISLÂMICO Segundo o Jornal Mundo, o ISIS (Estado Islâmico do Iraque e da Síria ou ISIL, Estado Islâmico do Iraque e do Levante e de orientação sunita) é o fruto da evolução da organização terrorista Tanzim Al-Qaeda wal Jihad fi Balad al-Rafidain (Organização da Al-Qaeda e Guerra Santa na Mesopotâmia), fundada pelo líder da Al-Qaeda no Iraque Abu Musab alZarqawi, uma espécie de “emir” de Osama Bin Laden no país, morto em 2006 pelas tropas americanas. Naquele mesmo ano, o grupo adotou seu nome atual. A partir de 2010, a organização passou a ser liderada por Abu Bakr al-Baghdadi, também conhecido como Abu Dua, um ativista islâmico com enorme experiência no jihadismo. Em 2013, depois de várias conquistas na Síria, Abu Bakr alBaghdadi exigiu o comando da Al-Nusra (ligada a Al-Qaeda), mas Zawahiri insistiu que ele deveria se concentrar no Iraque. Com mais força e poder do que a Al-Qaeda, a criatura se rebelou contra o criador, e Baghdadi desafiou abertamente a orientação do sucessor de Bin Laden. A conquista do norte do Iraque e da Síria foi importante para que o grupo se financiasse, atualmente cobram impostos, vendem petróleo ilegalmente e tem assistência social. Não podemos negar que alguns muçulmanos que fazem parte do Estado Islâmico são também vítimas da ideologia extremista. O califado é muito organizado, tem uma rede midiática que faz os famosos vídeos e também uma revista (pelo menos em três línguas: inglês, francês e alemão). A seguir um trecho: “A destruição dos ídolos é uma prática dos Profetas (sobre eles a paz) e seus partidários. Alá disse, a respeito de Ibraim (sobre ele a paz): {Por Deus que tenho um plano para os vossos ídolos, logo que tiverdes partido... E os reduziu a fragmentos, menos o maior deles, para que, quando voltassem, se recordassem dele.} S. 21. v. 57—58 ATIVIDADE (UERJ, 2015) O Estado Islâmico criado em regiões do Oriente Médio alterou as relações entre os governos locais e muitas nações ocidentais, gerando novas ameaças e conflitos, como se observa por meio do mapa e da reportagem. Identifique uma característica da ação política do grupo que criou o Estado Islâmico. Em seguida, aponte um motivo para a oposição norte-americana à sua existência.
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