Animais de Experimentação
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Animais de Experimentação
Animais de Experimentação A pesquisa científica, tanto a básica como a aplicada, teve uma expansão explosiva nos últimos 100 anos. O desenvolvimento da pesquisa médica e da indústria farmacêutica acarreta uma crescente utilização de animais de experimentação. Na medicina babilônica encontram-se as primeiras notícias históricas da utilização de animais pelos médicos, ao praticarem a Aruspicina, que é a arte de fazer presságios(diagnósticos, prognósticos), com base na observação dos órgãos internos dos animais sacrificados especialmente com esta finalidade(Código de Hammurabi 2250 a. C.) Nos períodos romano e bizantino, com as sanções religiosas e legais, que impediam a utilização de cadáveres humanos, alguns estudiosos como Virgílio, Aristóteles, Hipócrates e seguidores, realizavam dissecções em animais. Galeno, tido como fundador da Medicina científica, estudou exaustivamente a anatomia e fisiologia de macacos, pela similaridade ao homem. O uso de animais no laboratório conduz a descobertas científicas que não são possíveis por outros meios. Entretanto, deve-se ter em conta que cada etapa da manipulação desses animais precisa ser conduzida sob rigorosos padrões éticos. Na utilização de animais, o pesquisador deve se certificar da possibilidade de um método alternativo que não use animais vivos, antes de definir sua escolha, que deverá levar em conta, os fatores : - espécie - idade e peso - qualidade(higidez e genética definidas) Em nosso meio o animal mais utilizado em cirurgia experimental é o cão.Em menor escala, rato, cobaia, coelho, camundongo, hamster e porco. 1- Cão: O cão doméstico(Canis familiares) é o provável descendente do lobo(Canis lupus) com evidente domesticação há pelo menos 12.000 anos.Hoje em dia a espécie está dividida em mais de 300 variedades que diferem em raça, tamanho, aparência e expectativa de vida. Embora raças como Beagle, Corgi, Boxer e Labrador sejam as mais utilizadas em estudos farmacológicos, toxicológicos, nutricionais e cirúrgicos, na Faculdade de Medicina da USP utilizamos cães de rua, sem raça definida, provenientes dos Centros de Controle de Zoonoses. Os cães de rua apresentam condições especiais que devem ser consideradas quando do planejamento de um modelo experimental. Freqüentemente nos deparamos com animais desnutridos, desidratados, com ecto e endoparasitoses, e alguns com sinais característicos de doenças infecto-contagiosas. Os cães geralmente são animais dóceis, e qualquer tendência agressiva freqüentemente está relacionada a condições estressantes. Esses animais normalmente não estão acostumados a se locomoverem com auxílio de correntes, portanto é necessário a utilização de carrinhos de transporte. Para aplicação de medicamentos injetáveis ou coleta de material para exames laboratoriais, o cão deve ser contido utilizando-se fita ou corda no focinho(mordaça), ou focinheira(especialmente nos animais de focinho curto), evitando que o animal morda por dor ou medo. - Principais Zoonoses: Raiva, Leptospirose, Salmonelose, Brucelose, Tuberculose, Leishmaniose, Dermatofitoses e Escabioses. 2- Cobaia: A Cavia porcellus é um roedor muito dócil. Estes animais são gregários, herbívoros e com hábitos crepusculares.A variedade mais freqüentemente utilizada como animal de laboratório é a inglesa com pêlos curtos. Outras variedades são a americana, abissínia com pêlos curtos arranjados em forma de rosetas pelo corpo e a peruana, com pêlos longos. A alimentação deve ser baseada em ração balanceada para cobaias e suplementação com ácido ascórbico. Os alimentos para coelhos possuem níveis excessivos de vitamina D. Estes animais necessitam constantemente de água que pode ser fornecida em vasilhas ou bebedouros automáticos. - Principais Zoonoses: Salmonelose, Pasteurelose, Listeriose, Pneumonia por Bordetella Bronchiseptica, Leptospirose e Dermatofitoses. 3- Coelho: O coelho doméstico, Oryctolagus cuniculus, é um lagomorfo da família leporidae. As variações de tamanho, forma e pelagem, derivadas de séculos de trabalhos de cruzamento e seleção, constituem as inúmeras raças reconhecidas pelas diversas associações de criadores. As raças mais utilizadas em laboratório são a N.Z.W. e Califórnia. Os lagomorfos possuem dois pares de dentes incisivos superiores, que os diferem dos roedores. Nos coelhos os dentes incisivos apresentam crescimento contínuo, entre 10 a 12 cm por ano. A alimentação deve ser baseada em ração específica para coelhos, de procedência conhecida, palatável, sem antibióticos e em quantidade adequada.Água limpa e fresca deve ser fornecida à vontade, de preferência em bebedouros automáticos. O fornecimento de suplementação alimentar à base de fibras, grãos, sais minerais ou antibióticos deve ser feito desde que se tenha em mente sua real necessidade, possíveis benefícios e eventuais conseqüências adversas. As gaiolas fabricadas com arame galvanizado ou material plástico oferecem melhores resultados para manutenção de coelhos em biotério. - Principais Zoonoses: Pasteurelose, Salmonelose, Listeriose, Leptospirose, Pneumonia por Bordetella Bronchiseptica. 4- Camundongo: O camundongo de laboratório originou-se do camundongo selvagem(Mus musculus) que vivia nos campos e celeiros. A colaboração de geneticistas levaram ao desenvolvimento de linhagens isogênicas e heterogênicas disponíveis hoje em grande número. É importante estar ciente que seu pequeno tamanho os tornam extremamente susceptíveis às alterações das condições ambientais. O camundongo é um animal de laboratório muito popular por causa do seu tamanho relativamente pequeno, facilidade de manusear e baixo custo de manutenção, quando comparado aos animais maiores. A facilidade com que grande número de camundongos podem ser mantidos e o grande número de mutações diferentes que foram encontradas, tornam esse pequeno roedor um modelo favorito para os geneticistas. O tempo de vida relativamente curto quando comparado com coelhos, cães, gatos ou primatas não humanos, faz do camundongo um modelo útil para estudos relacionados com idade ou toxicologia crônica. Pode ser utilizado para estudar problemas relacionados com comportamento, microbiologia e teratologia, e na avaliação e eficácia dos produtos farmacêuticos. Exemplos de algumas linhagens: Balb/c, C57BL/6, DBA/2. - Principais Zoonoses: Coriomeningite linfocítica, Micoplasmose, Pateurelose, Raiva, Salmonelose. 5- Rato : Os ratos de laboratório são variedades domesticadas do rato Norway marrom, Rattus norvegicus. Essa espécie pertence à subfamília Murinae, família Muridae, ordem Rodentia. O R. norvegicus parece ter sido a primeira espécie de mamífero a ser usada sistematicamente para propósitos científicos. O trabalho reconhecido como sendo o primeiro a utilizar o rato para propósitos experimentais, foi um estudo do efeito da adrenalina em ratos albinos, publicado na frança, em 1856. Alterações comportamentais dependem muito do tamanho das caixas de estoque ou manutenção, e das condições ambientais. Os ratos são dóceis e se adaptam a novos ambientas e gostam de explorar qualquer novidade; eles correm, ficam em pé apoiados nas patas traseiras. Diferentes dos camundongos, os ratos brigam menos, podem ser mantidos em grupos do mesmo sexo. A grande adaptabilidade do rato o torna um modelo adequado para diferentes tipos de pesquisa em bioquímica, farmacologia, toxicologia, oncologia, imunologia, microcirurgia e transplantes. Exemplos de algumas linhagens: Wistar albino, Sprague-Dawley albino, SHR(Spontaneously Hipertensive Rat), Lewis albino e F344 albino. - Principais Zoonoses: Leptospirose, Micoplasmose, Raiva, Febre da mordida do rato, Pasteurelose. 6- Hamster : Os hamsters verdadeiros são classificados como uma das sete tribos da família Cricetidae. Há, no mínimo, 54 espécies, variedades ou subespécies diferentes. Podemos destacar as principais espécies de laboratório como o Sírio ou Dourado(Mesocricetus auratus), Chinês(Cricetulus griseus) e o hamster Europeu(Cricetus cricetus).O hamster Sírio é uma das espécies de animais de laboratório cuja introdução para pesquisa é bem conhecida.Toda população existente em laboratórios é descendente de uma ninhada capturada na Síria, em abril de 1930. Os animais dessa colônia foram distribuídos para vários laboratórios em diversas partes do mundo, onde a criação extensiva e a seleção deram origem a várias linhagens isogênicas e mutantes. Em 1971, o hamster já era o terceiro animal de laboratório mais utilizado nos E.U.A., excedido somente por camundongos e ratos. Os hamsters por suas características imunogenéticas podem ser utilizados para estudos com tumores, parasitas, vírusm, bactérias e em pesquisas em dentes, pois a forma e oclusão dos molares é semelhante ao humano e é possível induzir lesões sem fraturas. Os hamsters hibernam sob condições ambientais apropriadas permitindo conduzir estudos sobre fisiologia em baixas temperaturas ambientais. - Principais Zoonoses: Leptospirose, Salmonelose, Micoplasmose e Raiva
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