personalidade - Combat Sport

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personalidade - Combat Sport
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Foto: Ariel Wollinger
A Demolição Pode Continuar!
O gongo do "Demolition Fight" pode voltar a bater em 2012. Após 5 anos longe do
universo das competições, o empresário Maurício Netto, 32 anos, pensa em retomar um dos eventos pioneiros de luta em pé no Brasil.
por Carolina Ferreira
Fotos: divulgação
O
rganizador de cinco das seis edições
(a primeira ficou por conta da
“Combat Sport” em 2004) e duas
versões miniatura do evento (Demolition
Fight Festival), Mautício Neto conta que está
aberto a negociações para reativar o evento
ou até mesmo atuar como consultor de interessados no mercado da luta. “A Kobushi
continua aberta, e a marca Demolition Fight
registrada. Posso tanto realizar eventos para
terceiros, quanto voltar a comandar outra
edição do Demolition. Nunca recusaria uma
boa proposta. Estou disponível para conversar com pessoas interessadas e sérias porque acho que é o momento propício. Só se
fala em luta e o mercado enxerga esse nicho com outro enfoque”, afirma.
Maurício revela que foi obrigado a fazer uma
pausa por causa da inviabilidade financeira
para realizar o evento, numa época em que
as competições, hoje em evidência com o
MMA, penavam para conseguir patrocinadores. “Respirava luta o tempo todo. Adorava o
que eu fazia. Vivia disso, mas fui forçado a
parar porque a parte financeira não era viável. Investi do meu bolso, mas não tive retorno. A conta não fechava e o mercado ainda
não tinha maturidade para comportar um
evento como o Demolition”, diz.
O empresário defende que não seria possível sustentar o nível de qualidade elevado em
todos aspectos ( produção, atletas nacionais
e internacionais renomados, conforto ao público , filmagem com padrão de televisão,
Característica do Demolition Fight, além dos grandes combates alto padrão na produção e casa cheia, a prova de que a
luta em pé está em grande alta!
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entre outros) porque isso exigia um investimento
muito alto. “Mesmo com o evento lotado e a bilheteria esgotada, seria necessário complementar o investimento com patrocínios. Mas os responsáveis
por grandes empresas não tinham simpatia pelo
universo da luta. Mal conheciam os eventos. Isso
fez com que o Demolition fosse paralisado por tempo indeterminado, ele nunca acabou formalmente”,
lamenta-se.
DETERMINAÇÃO DE SAMURAI
Por paixão, Maurício ingressou no IVC ( International
Vale Tudo Championship, que ajudou a revelar atletas como Wanderlei Silva) fazendo um pouco de
tudo em troca do aprendizado. Além de apoio a organização, foi intérprete, motorista e fotógrafo. Depois se tornou uma espécie de caça-talentos e começou a gerenciar a carreira de atletas. “Os eventos não contavam com a estrutura de hoje e muito
do trabalho era feito por fãs e voluntarios – era muito divertido , uma época inesquecível”, relembra o
empresário, que treinou Muay Thai e Submission
Wrestling na infância, mas por não ter o perfil de
competidor optou pela carreira de empresário.
De lá, Maurício trouxe idéias, sonhos colocados em
prática e as técnicas que iria incorporar no
Demolition. “Por causa da minha atuação no IVC e
como empresário de atletas, tive acesso aos bastidores do evento atuando no córner de diversos lutadores. Pude observar também a organização do
torneio em detalhes, como a logística, a produção,
a forma como o vestiário era preparado e como as
coletivas de imprensa eram feitas, como era o
marketing do evento”, conta.
Ao retornar ao Brasil, abriu a empresa Kobushi
Entertainment (punho em japonês) e assumiu o
Demolition Fight, com os conhecimentos adquiridos
mundo a fora. Com oito categorias de peso , o evento
inicialmente pretendia ser nas regras de Muay Thai.
Ao longo das edições, foram incorporadas modificações e passou para a denominação “luta em pé".
“Nosso objetivo era apresentar disputas com a maior
emoção e o maior apelo comercial possível para o
público leigo ,e abranger atletas de várias modalidades como Kung Fu, Boxe, Kickboxing , Karatê e
até MMA”, explica.
Fotos: arquivo pessoal
Não demorou muito para deslanchar. Aos 21, promoveu seu primeiro evento, uma edição do IVC em
Caracas, na Venezuela. No entanto, foi no Japão que
se especializou ainda mais em eventos de luta ao
acompanhar pesoalmente o trabalho desenvolvido
pelo K-1 em 2003 e 2004. “Achei mais interessante
do que o MMA porque as lutas eram totalmente em
pé , só troca de golpes , mais dinâmicas. Não tinha
chão. Outra diferença para o MMA é que há menos
sangue porque os atletas usam luvas de boxe”, diz.
Alguns momentos de Maurício Netto no Japão ao lado de personalidades da luta em pé, na primeira foto ao lado do sul-africano
Mike Bernardo, uma das lendas do K-1 Grand Prix, falecido em fevereiro de 2012; depois com o carismático australiano Sam
Greco, ex lutador de Karate e também do K-1; e com o extrovertido gigante Bob Sapp.
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Fotos: divulgação
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Os atletas começaram a ser apresentados ao público antes do início das lutas, como já acontecia
nos eventos japoneses.
Outra novidade implementada pelo organizador foi
a introdução da punição aos atletas com cartão
amarelo e vermelho em caso de falta de
combatividade, além das previstas no regulamento. “Parti do pressuposto de que o público quer ver
lutas com trocas de golpes intensos o tempo todo e
não atletas hesitando ou se agarrando”, comenta.
No ano seguinte, o evento realizado no clube SírioLibanês cresceu e foi transmitido na televisão, no
canal Premiere Combate ( Atual Canal Combate ) .
Na quarta edição, Mauricio salienta que o Demolition
conseguiu alcançar o ponto de qualidade que esperava na produção e ainda trouxe o aclamado lutador
japonês Akeomi Nitta.”Foi um marco para o evento,
nunca ninguém havia trazido um lutador estrangeiro do nível dele. Lembro que a luta do Nitta com o
Marfio foi a mais técnica de todos os Demolitions”
Já na quinta edição houve um combate que o empresário considera inesquecível: China Sales contra Júlio Borges na disputa do cinturão até 67Kg.”Era
uma revanche muito aguardada , com dois atletas
no auge , e o que se viu foram 3 rounds de pura
ação e troca de golpes , quase nada de clinch , com
direito a knockdown e tudo mais”. O Demolition fechou 2007 com um torneio eliminatório entre os
melhores lutadores peso-médio do Brasil e consolidou Edson (Barboza) Jr. como campeão. “Se tivesse que escolher uma luta como a melhor de todas
do Demolition certamente seria a final do torneio.
Os dois atletas chegaram em condição de igualdade ,após duas vitórias rápidas nas fases anteriores,
e deram tudo de si , um verdadeiro show de raça.
Ninguém sabia quem ia vencer até o ultimo segundo.” Nesse ano, o evento teve transmissão pela
Band Sports com comentários de Maurício, e a produção foi ainda mais caprichada.
SUPORTE
Entre os investimentos na estrutura, Mauricio cita
os cuidados com os vestiários, munidos de gelo,
água, isotônico e frutas para os atletas. “Os lutadores recebiam todos materiais que precisavam para
se preparar: esparadrapo, gaze e vaselina. O chão
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Lutas que fizeram história no evento Demotilion Fight,
(1) Luta internacional entre Marfio Canoletti e Akeomi Nitta
na edição IV, um marco para o evento.
(2) Gilmar “China” e Julio borges protagonizaram um dos
melhores combates de todas as séries na edição V.
(3) A final do GP até 75kg entre Tadeu San Martino e Edson
Junior na edição VI, não deixou de ser também um dos
melhores combates de todas as séries.
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Outra preocupação era com o conforto e segurança da platéia de todas as idades: “O Demolition era
um lazer para toda a família. Não terminava após as
22h. Oferecíamos, ainda, transporte gratuito do
metrô mais próximo da localização do evento e crianças até 12 anos não pagavam entrada. Além disso, o torneio contava com monitores de cada academia que atuavam como voluntários, auxiliando no
evento e explicando regras ao público leigo.”
Com a pausa do" Demolition Fight", Maurício se entregou a outros desafios. Um deles foi levar atletas
como Montanha Silva, Amazon Blade e Danny Iguaz
para lutar no Japão. Lá recebeu e aceitou o inusitado convite de participar do IGF, evento de luta "ProWrestling" promovido por Antonio Inoki, em que incorporou o personagem malvado “Magnetto Man”.
Foto: arquivo pessoal
era forrado com EVA para que pudessem deitar e
aquecer descalços, e uma equipe de limpeza cuidava para que sempre estivesse limpo e seco. Pode
parecer básico , mas nessa época os vestiários dos
eventos nacionais não tinham nada disso”, diz.
No Japão, Mauricio Netto, caracterizado como Magnetto
Man, ao lado do ex-senador e promotor de eventos, Antonio
Inoki, grande ídolo das lutas de Pro-Wrestling.
Foto:www.porextenso.com.br
Durante um ano, foi também chefe de gabinete do
então deputado federal William Woo. Atualmente,
toma conta dos negócios da família, no ramo de
equipamentos médicos, e atua como DJ de música
eletrônica nas horas vagas . Para todos esses ramos, Maurício Netto levou sua experiência de
samurai. “A luta me trouxe uma enorme experiência
profissional e pessoal. Aprendi a lidar com situações
de pressão extrema”, avalia. “E hoje posso dizer que
vejo o Demolition e o mercado de luta como empresário e não mais como fã. Existem pouquíssimos
profissionais experientes e sérios disponíveis, e
muita gente interessada em investir no setor. Sinto
que este ano posso dar um desfecho para o
Demolition e minha história no ramo da luta. Ou retomo minhas atividades, ou encerro o evento oficialmente”.
Contato: [email protected]
celular: 9199-0960
Incorporando o personagem Magnetto Man no IGF, evento
de luta “Pro-Wrestling” promovido por Antonio Inoki.
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