A estrutura temporal do swing - Federação Portuguesa de Golfe

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A estrutura temporal do swing - Federação Portuguesa de Golfe
1
Índice Geral
CAPÍTULO 1
Apresentação do Problema .................................................................................. 09
1.1
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 09
1.2
DEFINIÇÃO DO PROBLEMA E OBJECTIVOS DO ESTUDO .......... 11
CAPÍTULO 2
Fundamentação Teórica ...................................................................................... 13
2.1
NOÇÃO DE ESQUEMA MOTOR ......................................................... 13
2.2
CONCEITO DE PROGRAMA MOTOR ................................................ 15
2.3
CONCEITO DE PROGRAMA MOTOR GENÉRICO NA
PROPOSTA DE SCHMIDT .................................................................... 17
2.3.1
Modificabilidade do Programa Motor ..................................................... 19
2.4
CONCEITO DE INVARIANTE ............................................................. 22
2.4.1
Tempo Relativo ........................................................................................ 24
2.5
GOLFE ..................................................................................................... 29
2.5.1
Descrição do Swing ................................................................................. 29
2.5.2
Jogador Experiente vs. Inexperiente ........................................................ 35
2.5.3
Estudo da Invariante Tempo Relativo no Swing ..................................... 37
CAPÍTULO 3
Metodologia ........................................................................................................... 41
3.1
DESENHO DO ESTUDO ....................................................................... 41
3.2
SELECÇÃO DA AMOSTRA.................................................................. 41
3.3
TAREFA .................................................................................................. 42
3.4
VARIÁVEIS ANALISADAS ................................................................. 42
3.5
PROCEDIMENTOS ................................................................................ 43
3.5.1
Informações Individuais........................................................................... 43
3.5.2
Recolha de Dados .................................................................................... 43
3.5.3
Análise de Dados ..................................................................................... 44
3.6
TRATAMENTO DE DADOS ................................................................. 45
CAPÍTULO 4
Análise Estatística ................................................................................................ 47
4.1
CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA .................................................. 47
4.2
APRESENTAÇÃO DOS DADOS .......................................................... 48
4.3
ANÁLISE DOS DADOS ......................................................................... 48
4.3.1
Análise Descritiva .................................................................................... 50
4.3.1.1 Análise dos Coeficientes de Variação das Durações Relativas para
cada Sujeito .............................................................................................. 50
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2
4.3.1.2 Análise Descritiva das Fases de Execução do Swing (com
maior/menor Variação de Duração Relativa), tendo em conta as
Diferentes Condições do Movimento, dentro de cada Grupo.................. 55
4.3.2
Inferência Estatística ................................................................................ 56
4.3.2.1 Comparação dos Dados entre os Sujeitos .............................................. 56
4.3.2.2 Comparação dos Dados entre os Grupos ............................................... 63
CAPÍTULO 5
Discussão dos Resultados ..................................................................................... 67
5.1
CONCLUSÕES ....................................................................................... 68
5.1.1
Limitações do Estudo e Sugestões para Futuras Investigações ............... 70
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 71
ANEXOS
A.1
Ensaios mais Representativos do Sujeito 1
A.2
Ensaios mais Representativos do Sujeito 2
A.3
Ensaios mais Representativos do Sujeito 3
A.4
Ensaios mais Representativos do Sujeito 4
A.5
Ensaios mais Representativos do Sujeito 5
A.6
Ensaios mais Representativos do Sujeito 6
A.7
Ensaios mais Representativos do Sujeito 7
A.8
Ensaios mais Representativos do Sujeito 8
A.9
Ensaios mais Representativos do Sujeito 9
B.1
Comparação dos Coeficientes de Variação dos Sujeitos, em Cada
uma das Fases do Swing
B.2
Comparação dos Coeficientes de Variação das Durações Relativas
dos Sujeitos, em cada uma das Fases do Swing
B.3
Comparações Múltiplas a posteriori entre os Coeficientes de
Variação das Durações Relativas de cada Fase do Swing
B.4
Comparação das Durações Absolutas das Fases nas Diferentes
Condições de Velocidade
B.5
Comparação das Durações Relativas das Fases nas Diferentes
Condições de Velocidade
B.6
Comparações Múltiplas a posteriori entre as Durações Relativas nas
Diferentes Condições de Velocidade, para a Fase VI
B.7
Comparação das Durações Absolutas das 7 Fases nas Diferentes
Condições de Velocidade
B.8
Comparações Múltiplas a posteriori entre as Durações Absolutas
das 7 Fases nas Diferentes Condições de Velocidade
B.9
Comparação das Durações Relativas das 7 Fases nas Diferentes
Condições de Velocidade
B.10
Comparações Múltiplas a posteriori entre as Durações Relativas das
7 Fases nas Diferentes Condições de Velocidade
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3
B.11
B.12
B.13
B.14
B.15
B.16
B.17
B.18
Comparação dos Coeficientes de Variação entre os Grupos
‘handicap baixo’ e ‘handicap alto’, em cada uma das Fases do
Swing
Comparação dos Coeficientes de Variação das Durações Relativas
entre os Grupos ‘handicap baixo’ e ‘handicap alto’, em cada uma
das Fases do Swing
Comparação das Durações Absolutas das 7 Fases nos Grupos
‘handicap baixo’ e ‘handicap alto’, na Condição de Movimento
‘lento’
Comparação das Durações Absolutas das 7 Fases nos Grupos
‘handicap baixo’ e ‘handicap alto’, na Condição de Movimento
‘normal’
Comparação das Durações Absolutas das 7 Fases nos Grupos
‘handicap baixo’ e ‘handicap alto’, na Condição de Movimento
‘rápido’
Comparação das Durações Relativas das 7 Fases nos Grupos
‘handicap baixo’ e ‘handicap alto’, na Condição de Movimento
‘lento’
Comparação das Durações Relativas das 7 Fases nos Grupos
‘handicap baixo’ e ‘handicap alto’, na Condição de Movimento
‘normal’
Comparação das Durações Relativas das 7 Fases nos Grupos
‘handicap baixo’ e ‘handicap alto’, na Condição de Movimento
‘rápido’
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4
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5
Índice de Gráficos
Gráfico 3.1 Dados relativos à aceleração captada na realização de um
swing, sendo posteriormente dividido em 7 fases .......................... 45
Gráfico 4.1 Análise dos coeficientes de variação das durações relativas no
sujeito 1 ............................................................................................. 50
Gráfico 4.2 Análise dos coeficientes de variação das durações relativas no
sujeito 2 ............................................................................................. 51
Gráfico 4.3 Análise dos coeficientes de variação das durações relativas no
sujeito 3 ............................................................................................. 51
Gráfico 4.4 Análise dos coeficientes de variação das durações relativas no
sujeito 4 ............................................................................................. 52
Gráfico 4.5 Análise dos coeficientes de variação das durações relativas no
sujeito 5 ............................................................................................. 52
Gráfico 4.6 Análise dos coeficientes de variação das durações relativas no
sujeito 6 ............................................................................................. 53
Gráfico 4.7 Análise dos coeficientes de variação das durações relativas no
sujeito 7 ............................................................................................. 53
Gráfico 4.8 Análise dos coeficientes de variação das durações relativas no
sujeito 8 ............................................................................................. 54
Gráfico 4.9 Análise dos coeficientes de variação das durações relativas no
sujeito 9 ............................................................................................. 54
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6
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7
Índice de Tabelas
Tabela 2.1
Tabela 3.1
Tabela 4.1
Tabela 4.2
Tabela 4.3
Tabela 4.4
Tabela 4.5
Tabela 4.6
Tabela 4.7
Tabela 4.8
Tabela 4.9
Tabela 4.10
Tabela 4.11
Tabela 4.12
Tabela 4.13
Tabela 4.14
Tabela 4.15
Tabela 4.16
Tabela 4.17
Tabela 4.18
Dados revelados pela revista Golf Digest, quanto a velocidade e
distâncias executadas por alguns jogadores profissionais ................ 34
Modelo representativo da análise descritiva dos dados relativos
ao sujeito 1 ........................................................................................ 46
Handicaps dos sujeitos ...................................................................... 47
Durações absolutas e relativas de cada fase do swing ...................... 49
Fases de execução do swing (com maior/menor variação), tendo em
conta as diferentes condições de velocidade..................................... 55
Resultados para cada grupo .............................................................. 56
Comparações múltiplas entre os coeficientes de variação das
durações relativas de cada fase do swing.......................................... 58
Comparações múltiplas entre as durações relativas nas
diferentes condições de velocidade, para a fase VI .......................... 59
Comparações múltiplas entre as durações absolutas das 7 fases,
na condição de movimento ‘lento’.................................................... 60
Comparações múltiplas entre as durações absolutas das 7 fases,
na condição de movimento ‘normal’ ................................................ 60
Comparações múltiplas entre as durações absolutas das 7 fases,
na condição de movimento ‘rápido’ ................................................. 61
Comparações múltiplas entre as durações relativas das 7 fases,
na condição de movimento ‘lento’.................................................... 62
Comparações múltiplas entre as durações relativas das 7 fases,
na condição de movimento ‘normal’ ................................................ 62
Comparações múltiplas entre as durações relativas das 7 fases,
na condição de movimento 'rápido’ .................................................. 62
Comparação entre as durações absolutas de cada fase entre os
dois grupos, na condição de movimento ‘lento’ ............................... 64
Comparação entre as durações absolutas de cada fase entre os
dois grupos, na condição de movimento ‘normal’ ............................ 64
Comparação entre as durações absolutas de cada fase entre os
dois grupos, na condição de movimento ‘rápido’ ............................. 65
Comparação entre as durações relativas de cada fase entre os
dois grupos, na condição de movimento ‘lento’ ............................... 65
Comparação entre as durações relativas de cada fase entre os
dois grupos, na condição de movimento ‘normal’ ............................ 65
Comparação entre as durações relativas de cada fase entre os
dois grupos, na condição de movimento ‘rápido’ ............................. 66
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CAPÍTULO 1
Apresentação do Problema
1.1 INTRODUÇÃO
Os padrões modernos da actividade humana apresentam inúmeras características
diferenciadas. Uma dessas características diz respeito ao aumento do tempo
dedicado a práticas lúdicas e desportivas, naquilo que hoje identificamos como um
padrão de vida activo. O desporto moderno, proliferado em inúmeras variações,
passou a ocupar um lugar que nunca dantes tinha sido ocupado no conjunto das
actividades humanas.
A escolha de actividades físicas parece prosseguir caminhos específicos
em cada população. A escolha, o crescimento ou a redução de praticantes em cada
actividade, parece seguir rumos difíceis de conhecer. Uma das actividades que
regista não só um elevadíssimo número de praticantes, como um crescimento
sustentado, é o golfe. Segundo dados referidos por Grinell,1 entre 1970-1995 o
número de jogadores de golfe duplicou em todo o mundo. Actualmente, início do
Século XXI, registam-se 30.000 campos de golfe e 55 milhões de pessoas que
praticam golfe em todo o mundo.2 Para além disto, a grande variedade de estudos e
pesquisas científicas que acompanham o desenvolvimento do jogo.
O interesse crescente nesta prática desportiva e o seu desenvolvimento é
acompanhado por uma grande variedade de estudos e pesquisas científicas.
Hoje, a actividade é praticada por todos os escalões etários, em todos os
regimes de participação e de intensidade. É uma modalidade quase universal,
acessível a todos, independentemente das suas limitações morfo-funcionais, do seu
grau de destreza e capacidade física.
Sendo uma actividade composta por um número reduzido de técnicas, é
também claro que o tratamento desportivo das mesmas tem sido focado do ponto
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de vista da referenciação, num “padrão ideal” de execução, perante o qual os
desvios de execução são corrigidos. É reduzida a incidência de estudos sobre a
variação técnica em golfe, bem como sobre a dinâmica de aprendizagem dessas
técnicas. O swing, como movimento fundamental do jogo, é abordado mais numa
óptica prescritiva, marcada por soluções e exercícios correctivos, mais ou menos
experimentados ou credenciados por antigos praticantes de topo.
A investigação sobre o swing tem beneficiado aspectos operacionais
como a orientação para a redução de lesões, a optimização de características
individuais ou do equipamento. Pouco se conhece sobre a capacidade adaptativa
que o swing requer, ora porque muda o instrumento com que se atinge a bola, ora
porque mudam características próprias do terreno de jogo.
A análise do movimento em golfe é feita essencialmente sob um prisma
biomecânico, como forma de permitir aplicações tecnológicas ao design de
equipamentos e criar sistemas de correcção de movimento para aumentar a
performance ou reduzir a incidência de lesões.
De entre os aspectos críticos desta técnica, o ‘ritmo’ do movimento é
frequentemente referido na literatura metodológica de golfe, e considerado um
elemento essencial para o sucesso do swing. Um dos elementos interessantes no
‘ritmo’ do swing, é a estabilidade da duração relativa das diferentes fases do
movimento perante a variação de condições externas. Uma das possíveis condições
externas com efeitos na estabilidade dessas fases relativas é a duração total do
movimento.
Este estudo visa esclarecer o modo como as diferentes fases do swing se
alteram perante a variação experimental da duração total do movimento. É
suposição principal deste trabalho que a estrutura temporal do swing, quando
sujeita a um aumento ou a uma redução da duração total do movimento, registará
uma distorção proporcional das diferentes fases que podem ser identificadas no
movimento. Como segunda conjectura, foi admitido que esta distorção não é
idêntica em praticantes com níveis diferenciados de habilidade e experiência.
A matriz teórica que adoptaremos provém da Teoria de Esquema,
apresentada por Schmidt,3 que admite a existência de invariantes em movimentos
estabilizados. A teoria prevê precisamente que essas invariantes como a Relative
Force (força relativa) ou o Relative Timing (tempo relativo) representam soluções
de parametrização dos movimentos eficientes e económicos. Neste sentido,
procedeu-se a uma variação intencional da duração total do movimento, sob
instrução, e analisámos as variações na duração das fases que é possível identificar
num swing, segundo o modelo de decomposição do swing proposto por Jagacinski
et al.4
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11
A decomposição temporal do swing foi operacionalizada pela utilização
de um acelerómetro colocado na parte posterior da cabeça do taco. O perfil de
aceleração foi subdividido em 7 fases.4 A análise estatística inclui, para além das
condições de execução ‘lento’, ‘normal’ e ‘rápido’, a variável ‘handicap’ de cada
participante, considerada adequada para retratar níveis diferenciados de
experiência e estabilidade. Para o efeito foram criados 2 grupos: ‘handicap baixo’ e
‘handicap alto’.
1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA E OBJECTIVOS DO ESTUDO
Schmidt5 defende a existência de parâmetros invariantes para a realização das
tarefas motoras, sendo um deles a estrutura temporal das contracções – phasing.
Esta é normalmente avaliada através do tempo relativo, ou seja, da relação entre as
diversas solicitações musculares do movimento. Se dois movimentos têm
estruturas temporais diferentes, a proporção entre o tempo de activação/contracção
muscular vai variar, sendo, por isso, controladas por programas motores diferentes.
Surge, assim, a curiosidade de perceber se na realização do swing de golfe
o tempo relativo de execução do movimento se mantém constante, demonstrando a
existência de Programas Motores Generalizados. Desta forma fizemos variar o
parâmetro velocidade do movimento, medindo-o em diferentes sujeitos com
diferentes handicaps de jogo.
No estudo de Jagacinski et al.,4 foram analisadas as variações temporais
de cada fase de execução do swing de golfe, tendo em conta as características
hierárquicas e de proporcionalidade da estrutura temporal do movimento. Colocouse um acelerómetro na cabeça de um taco de golfe, de forma a medir a força
aplicada em cada momento da realização do movimento.
Foram definidas seis fases de decomposição do movimento através de um
programa de computador que ajudou na determinação de pontos máximos e pontos
mínimos de força aplicada no backswing, downswing e follow-through.4 Para além
destas, considerámos ainda a fase VII, a que corresponde a ‘finalização’ do
movimento – desde o momento de força máxima aplicada no follow-through, até à
paragem do taco.
O objectivo principal deste estudo foi o de analisar se as durações
relativas de cada uma das fases de execução do swing de golfe se mantêm
constantes, quando é dada a instrução para alterar a velocidade do movimento. A
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12
alteração é feita para dois pólos opostos: o aumento da duração do swing e a
redução da sua duração.
A operacionalização da medida foi feita por adopção de um modelo de
sete fases, e centrada nas durações absolutas (em milissegundos) e nas durações
relativas (percentuais da duração total) das fases do swing. Foram experimentadas
outras medidas derivadas destas, no sentido de melhor retratar os efeitos da
variação intencional da duração total do swing.
Como segundo objectivo quisemos verificar as diferenças existentes entre
os grupos ‘handicap baixo’ e ‘handicap alto’, no que diz respeito às adaptações
feitas na estrutura temporal do swing quando se verifica a alteração da condição de
execução.
Com este segundo objectivo, pretendemos analisar o grau de estabilidade
das diferentes fases, perante a variação da duração total do movimento, e
questionar eventuais diferenças em praticantes com diferentes graus de estabilidade
deste automatismo. A um baixo ou muito baixo handicap corresponde um tempo
total de prática normalmente muito superior ao que encontramos em praticantes
com handicap elevado. Como consequência, baixos handicaps correspondem
também a movimentos que apresentam pouca variação entre execuções.
Para a análise estatística, elaboramos algumas questões, sendo os
objectivos anteriores operacionalizados do seguinte modo:
1. As durações absolutas e durações relativas de cada fase de execução do swing
são semelhantes para cada um dos sujeitos.
2. As fases de execução do swing com maior e menor variação de duração são as
mesmas em todos os sujeitos.
3. Entre os sujeitos, os coeficientes de variação das durações absolutas e os
coeficientes de variação das durações relativas são semelhantes para os sujeitos em
cada fase de execução do movimento.
4. As diferentes fases apresentam a mesma duração relativa nas condições ‘lento’,
‘normal’ e ‘rápido’.
5. Tanto para os sujeitos, como entre os dois grupos, podem identificar-se as fases
em que os valores de duração absoluta e de duração relativa são distintos quando
muda a condição ‘lento’, ‘normal’ ou ‘rápido’.
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CAPÍTULO 2
Fundamentação Teórica
2.1 NOÇÃO DE ESQUEMA MOTOR
O esquema motor é a representação mental do movimento que está presente no
indivíduo e lhe permite realizar qualquer tipo de actividade motora. Previamente à
realização de uma tarefa o esquema motor é seleccionado e accionado de forma a
atingir o objectivo pretendido.
Genericamente, a origem do conceito de esquema pode ser atribuída a
Kant6 que ao reflectir sobre a relação entre a percepção e o conhecimento,
considerou o esquema como um fruto da ‘imaginação’ que representa uma regra,
segundo a qual se podem identificar inúmeras imagens semelhantes (por exemplo:
triângulos, cores, etc.). O esquema permite classificar numa determinada categoria
todas as variações do mesmo objecto ou fenómeno.
Desta forma, no conceito de esquema de acção pressupõe-se que uma
mesma estrutura cognitiva possa estar na base de respostas similares. No decurso
das repetições do movimento e experiência adquirida pelo indivíduo há uma
consolidação do esquema, de forma a posteriormente ser aplicado a situações
variáveis decorrentes das modificações do meio.
Admite-se que cada resposta é possível porque está relacionada com
outras respostas anteriores. Nesta concepção, a memória não deve ser equacionada
como um fenómeno simplesmente replicativo ou reprodutivo, mas como de
natureza construtiva, capaz de produzir sínteses de eventos e não apenas de os
guardar isoladamente.7
Os esquemas são representações globais da resposta motora, actualizados
por efeito da prática, que possibilitam ajustamentos da resposta a variações das
condições ambientais.
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14
É esta adaptabilidade de resposta e necessidade de encontrar uma solução
teórica, que está na base da proposta de Schmidt,3 que vai precisamente adoptar o
conceito de esquema para apresentar a primeira grande teoria sobre o processo de
regulação e aprendizagem de movimentos.
Bartlett8 considerou que o esquema como uma organização activa das
experiências passadas, através do qual as novas experiências são interpretadas. É
admitido que a resposta motora não corresponda à reprodução integral das acções
anteriores, mas resulte da nova e permanente construção do esquema que, por sua
vez, é capaz de gerar novas respostas. Descrevendo-o como uma representação
(mnésica) genérica de eventos ou acções, Bartlett8 argumenta que o esquema
permite a um sujeito responder da mesma forma geral a estímulos semelhantes,
mas com diferenças de pormenor.
«How I make the (tennis) stroke depends upon the relating of certain new
experiences, most of them visual, to other immediately preceding experiences
and to my posture (…) at the moment. (…) when I make the stroke I do not, as
a matter of fact, produce something absolutely new, and I never merely repeat
something old» (Bartlett, 1932, p. 201-202).8
Nesta teoria há lugar para dois tipos de esquema: o ‘esquema de
recordação’ e o ‘esquema de reconhecimento’.
O esquema de recordação (também chamado esquema de evocação –
recall schema) está envolvido na produção da resposta, ou seja, na escolha do
programa motor generalizado adequado da memória e na selecção dos parâmetros
requeridos para o executar apropriadamente, de forma a alcançar o resultado
desejado. O aumento da quantidade e da variabilidade das experiências, irá levar ao
desenvolvimento de um esquema cada vez mais forte, de maneira que, quando o
sujeito é transferido para uma situação nova, ele seja capaz de determinar mais
efectivamente as especificações apropriadas.
O esquema de reconhecimento (ou de avaliação – recognition schema) é
um estado independente de memória, responsável pela avaliação da resposta.
Os dois esquemas têm em comum duas fontes de informação (as
condições inicias e o resultado da acção) e diferem porque um (recall schema) as
relaciona com os parâmetros necessários para activar o programa motor genérico e
o outro (recognition schema) as relaciona com as consequências sensoriais da
acção.
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15
2.2 CONCEITO DE PROGRAMA MOTOR
O conceito de programa motor surge associado a uma perspectiva representacional,
segundo a qual existe uma sequência de movimentos armazenados no sistema de
memória, que permite ao sujeito o desempenho de habilidades motoras adequadas.
O programa motor poderia posteriormente ser executado mesmo sem correcção
constante.9
Esta estrutura de memória, chamada de programa motor por Keele,10 foi
definida como uma série de comandos musculares que são estruturados antes de
uma sequência de movimentos ser iniciada e faz com que a sequência inteira possa
ser executada sem interferência do feedback periférico.
Este conceito torna-se importante, uma vez que se percebeu que o
processamento de feedback é lento demais para actuar em sequências muito rápidas
de movimento.9 Muitas acções envolvem movimentos sucessivos de intervalos
inferiores a 100 milissegundos (tempo considerado necessário para reacção à
informação cinestésica), como por exemplo, os movimentos dos dedos ao tocar
piano. Tal tipo de habilidade pode ser explicada melhor se utilizarmos o conceito
de programa motor. Nesta visão, a sequência total de uma habilidade está
representada centralmente, e não requer obrigatoriamente feedback periférico dos
movimentos iniciais para que ocorram os movimentos subsequentes.
Assim, quanto menor o nível de atenção e de precisão requeridos pela
tarefa, mais a habilidade poderá ser controlada por programas motores, com menor
auxílio de feedback periférico. O mesmo parece acontecer em movimentos muito
automatizados.
O feedback é comparado com uma referência interna e qualquer erro
resultante dessa comparação leva a uma correcção do programa motor. Com o
tempo, o programa emitirá séries apropriadas de comandos motores que vão
alcançar a estabilidade através da prática. Quando isto acontecer, e o ambiente no
qual a habilidade será executada for estável ou previsível, o circuito de feedback
poderá ser cortado e a habilidade poderá ser mantida pelo programa motor.
Entretanto, para a maioria das habilidades humanas, o feedback deverá persistir
indefinidamente para ajustar o programa continuamente às situações que mudam.
O ponto fundamental é que o feedback não é usado para dirigir o padrão motor,
mas para corrigi-lo quando leva ao erro.11
Adams12 refere a noção de programa motor como uma sequência
individualizada de instruções destinada a ordenar ao sistema motor a sequência de
movimentos a efectuar. O modelo de Adams12 apresenta dois elementos-chave: o
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16
traço de memória (memory trace) e o traço preceptivo (percentual trace)
comparáveis aos conceitos de evocação e reconhecimento utilizados pelos
paradigmas de estudo das aprendizagens noutros domínios.
Em relação ao modelo de Keele,10 Adams12 propõe o traço de memória
cuja função principal é, de facto, desencadear o início do movimento e não o
controlo total da sua execução. Esse controlo é garantido sobretudo pela acção do
traço preceptivo mediante a informação sistemática de feedbacks, nomeadamente
com origem proprioceptiva.
Na teoria de Adams,12 o aprendiz tem como objectivo conseguir produzir
um ‘movimento correcto’. Seguindo esta teoria, Sherwood13 refere que cada
movimento resulta num traço preceptivo na memória que é acumulado com a
prática. O feedback aumentado foi visto como um método pelo qual o aprendiz
procura um ‘movimento correcto’, acumulando um maior número de traços
preceptivos correctos do que incorrectos. A ‘força’ do traço preceptivo está, por
isso, relacionado com a prática.
A teoria de Adams tem como falha o facto de não poder explicar os
eventos que aconteciam nas tarefas rápidas, uma vez que o circuito da informação
sensorial (feedback periférico) é muito lento para ser responsável por estas acções.
Tal como já foi referido, as acções rápidas têm que ser de algum modo organizadas
anteriormente e representadas na memória.
Tendo como base a fundamentação de Adams,12 Rosenbaum14 refere que
todos os movimentos são processados em duas fases: uma primeira fase balística em que os movimentos balísticos uma vez iniciados já não podem ser alterados -,
seguida de uma fase correctiva – que vai corrigir discrepâncias, através do
processo de feedback, se o objectivo da tarefa não for atingido e se o tempo do
movimento o permitir.
Schmidt3 considerou que o conceito de programa motor tinha de ser
reformulado. O autor baseou-se em dois argumentos principais: a existência de
uma semelhança estrutural de acções com a mesma finalidade quando algumas
características do envolvimento ou mesmo a sua estabilidade se alteram; e o
problema lógico do armazenamento de uma quantidade enorme de programas se a
relação ‘um programa – uma resposta’ fosse possível. Trabalhos realizados3
mostram que nunca existem execuções absolutamente idênticas do mesmo gesto,
retomando as concepções de ‘variabilidade de execução’ de Bartlett8 e de
‘repetição sem repetição’ de Bernstein.15 Se, por um lado, a forma geral (pattern)
parece estável, uma análise mais precisa faz salientar inúmeras pequenas variações.
São consideradas pelo menos três ordens de factores capazes de produzir esta
variação:16 a tonicidade muscular, a resistência encontrada pelo sistema muscular e
as diferentes posições iniciais do movimento.
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17
Dados estes argumentos, surge a designação de Programas Motores
Genéricos (Generalized Motor Programs) para uma classe de movimentos
aparentados ou similares.
2.3 CONCEITO DE PROGRAMA MOTOR GENÉRICO NA PROPOSTA
DE SCHMIDT
A teoria de esquema de Schmidt3 pressupõe a existência de programas motores
genéricos e estruturas de memória com características essenciais para uma classe
de movimentos, tais como: a sequência, o tempo relativo e a força relativa. Esta é,
segundo Bootsma,17 uma das mais influentes e paradigmáticas teorias de
aprendizagem e controlo motor. A teoria pressupõe que qualquer movimento com
o mesmo faseamento (phasing, relação temporal dos acontecimentos do
movimento) ou forças relativas (relação entre a magnitude das forças do
movimento) é produzido pelo mesmo programa motor. Estas características foram
vistas como elementos fixos ou invariantes, representados centralmente. O
indivíduo selecciona o Programa Motor Genérico (PMG) adequado e especifica os
parâmetros (força, tempo e músculos a contrair) de forma a concretizar o objectivo.
A hipótese do PMG considera que os programas podem ser executados
com diferentes especificações da resposta, permitindo uma certa variabilidade
dentro de uma determinada classe de movimentos.18
Roth18 defende que a preparação do PMG mais adequado para a
realização de determinada tarefa precede a especificação ou o processamento dos
parâmetros necessários à execução da resposta. Embora este autor tenha referido
que a teoria do PMG não contém qualquer elemento relativo à organização
temporal da programação dos movimentos voluntários, ele assume que os
componentes invariantes (como o tempo relativo e a força relativa) têm que ser
seleccionados antes da selecção do próprio movimento. Ou seja, o autor considera
os parâmetros invariantes essenciais para a execução mais adequada da tarefa
motora.
A noção de PMG, baseado na analogia com o computador, defende o
armazenamento central de apenas algumas características do movimento, as quais
se mantêm invariantes para diferentes condições da tarefa.
O conceito de esquema em Schmidt3 implica a relação de quatro fontes de
informação:
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18
1. Condições iniciais – informações sobre o estado do organismo antes do início da
acção, proveniente dos receptores proprioceptivos e exteroceptivos que fornecem
ao sujeito referências relativas ao seu corpo e ao envolvimento;
2. Especificação da resposta – informação referente à especificação dos parâmetros
seleccionados para o PMG, o que acontece antes da realização da resposta motora;
3. Consequências sensoriais da resposta – informações provenientes das aferências
sensoriais (feedbacks) relativas ao movimento efectuado;
4. Valor efectivo da resposta – informação sobre o sucesso da resposta, ou seja, o
resultado da comparação entre o objectivo pretendido e a resposta efectivamente
produzida. Segundo o autor, esta informação provém essencialmente dos
resultados ou informação de retorno sobre o resultado.
Segundo Schmidt5 o conceito de PMG pode ser representado por um disco
(analogia do gira-discos). Segundo a teoria do esquema, o indivíduo recorre a um
programa que contém a informação genérica relativa ao tempo e força e, de acordo
com as condições iniciais e objectivo, activa o programa com um impulso (uma
força e um tempo determinados). Assim o disco poderia tocar com velocidades e
intensidades diferentes, mas não passaria de um mesmo disco tocado de formas
diferentes.
A contrapor esta ideia, Wulf19 sugere que a prática leva à representação
não dos parâmetros de tempo e força previstos na teoria de esquema de Schmidt,3
mas dos pontos de equilíbrio entre forças agonistas e antagonistas em relação com
o resultado do movimento.
No entanto, muitas são as teorias que seguem o referido por Schmidt.3
Della-Grasta20 defende que o controle do movimento (produção e execução) é um
processo misto central e periférico, de que fazem parte três fases distintas: 1) a
selecção de um PMG; 2) a definição dos parâmetros desse programa motor, tendo
em conta a especificidade da tarefa a desempenhar; e 3) a correcção dos erros
durante a execução da tarefa, tendo em conta os sinais de feedback. A
aprendizagem consiste na optimização dos processos de tratamento da informação
que suporta e melhora o controle do movimento.
A significância da Teoria de Esquema3 acomoda dois grandes desafios
para a aprendizagem motora. O primeiro foi o novelty problem de aprendizagem,
ou seja, como o indivíduo aprende a tarefa motora não a tendo feito previamente. O
segundo é o storage problem para a memória de movimentos numa acção, sendo
que a capacidade de memória do sistema nervoso central humano é insuficiente
para captar um grande número de detalhes de representação de movimentos,
necessário para abranger as actividades em que um indivíduo participa ao longo da
vida. Aprender, na teoria de esquema, depende do desenvolvimento de ‘mais e
melhores’ programas motores, a partir dos quais a aprendizagem de um indivíduo
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
19
consegue desenvolver repertórios mais largos de tarefas relevantes para que as
habilidades motoras possam lidar com as exigências das actividades do dia-a-dia.
Novelty e storage continuam a ser o problema central para as teorias da
aprendizagem e controlo motor, apesar da teoria de esquema não parecer nem
essencial nem suficiente para lidar com os assuntos necessários. Primeiro, o
esquema não acomoda a novelty de novas classes de acção (modos de
coordenação), o que limita por definição a novelty a algumas classes de acção.
Segundo, os limites de armazenamento (storage) do sistema raramente são vistos
como importantes em relatos actuais de cognição e acção, talvez porque a
necessidade de representações pode ser gerada através de dinâmicas ou outras
orientações teóricas.
Com o conceito de PMG, foram feitos avanços nas teorias precedentes,
nomeadamente:
1. Os movimentos rápidos e lentos podem ser explicados pela teoria, já que esta
concebe a possibilidade da existência de circuitos abertos e/ou fechados de
controlo (com e sem influência do feedback periférico);
2. A questão do armazenamento de programas (storage problem) foi ultrapassada;
3. Fica explicado como é possível realizar movimentos novos com um nível de
destreza elevado (novelty problem) – ao armazenar um conjunto de regras
(esquema) o indivíduo consegue extrapolá-las para movimentos nunca antes
realizados;
4. Foi revalorizado o papel do erro e da experiência na aprendizagem. Para
Schmidt,3 o erro não tem um efeito negativo à partida, porque o mecanismo de
detecção do erro pode contribuir para a construção de regras armazenadas no
esquema da resposta.
2.3.1 Modificabilidade do Programa Motor
Segundo Wright et al.,21 a modificabilidade do PMG existe enquanto este está a ser
construído e as suas partes ainda podem ser separadas. Por outro lado, assim que o
PMG está concluído, o planeamento motor está apto a ser executado de certa
forma, tendo tradução directa para os centros neuromotores – sendo mais difícil a
sua alteração.
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
20
Pode então dizer-se que a diminuição da variabilidade na reprodução de
padrões motores é uma consequência da especialização em determinada tarefa
motora.22
Uma ideia fundamental da teoria de esquema é que a variabilidade do
treino dentro de determinada classe de movimentos aumenta a habilidade do
iniciante em se adaptar na parametrização de situações futuras.23 Comparado com
um treino constante, pode verificar-se como a variabilidade facilita o
desenvolvimento de uma regra de esquema – relação entre o objectivo do
movimento, a parametrização e as condições iniciais do movimento.
Uma curiosidade colocada por Rand et al.,24 foi o facto da organização
duma sequência motora aprendida, após algum tempo de prática, se tornar numa
sequência de informação específica do membro superior utilizado para essa
determinada tarefa. Contudo, mantém-se a dúvida se essa característica está
presente no início da aprendizagem.
Os autores examinaram a performance de 4 macacos numa mesma tarefa
motora, num estado inicial da aprendizagem.24 A tarefa consistia em pressionar
cinco pares consecutivos de botões iluminados, numa determinada ordem, que eles
tinham que adivinhar por ‘tentativa-erro’. Os resultados sugerem que a estrutura da
memória para a realização correcta da tarefa varia entre os macacos, enquanto que
a memória para a execução rápida da sequência está relacionada com a ordem
utilizada na aprendizagem. Quando os macacos, usando a mesma mão, realizam a
mesma sequência pela segunda vez, a performance melhora consideravelmente na
selecção e velocidade da tarefa. Os resultados confirmam que a aprendizagem deve
ser feita precocemente.
Rand et al.24 sugerem que existem dois tipos de memória relacionada com
a aprendizagem de sequências motoras. A primeira é a memória da ‘selecção
correcta’ (quantidade de erros), enquanto que a segunda é a memória da
‘velocidade de acção’ (tempo). A memória da ‘selecção correcta’ não é
necessariamente específica da mão que executa o movimento nem da ordem de
execução, enquanto que a memória da ‘velocidade de acção’ está relacionada com
esses dois factores. Estes dois mecanismos de memória trabalham em concorrência
um com o outro nos estágios iniciais de aprendizagem mas, com a prática, a
memória da ‘velocidade de acção’ torna-se dominante para a realização da tarefa.
Falando ainda de uma tarefa motora, sabemos que ao modificar os valores
dos parâmetros, podem acontecer alterações na duração total do movimento,
alterações na força ou distância, sem alterar o tempo relativo, a produção de força
relativa ou as características espaciais de vários componentes do movimento.
Roth18 realizou um estudo com o objectivo de testar os pressupostos na
teoria do PMG. Pediu aos sujeitos para realizarem uma determinada tarefa motora
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
21
(lançar) em velocidade normal, aumentar e depois diminuir a velocidade de
execução do movimento – modificação do parâmetro duração total do movimento.
O gesto motor foi subdividido em cinco segmentos/fases. Perante as três condições
pedidas, em que foi intencionalmente alterada a velocidade de execução do
movimento, mediram-se as durações totais do movimento e durações relativas de
cada uma das fases. As investigações revelaram que: o tempo relativo mantém-se
constante; existe uma hierarquia na estrutura temporal do PMG e no processo de
reprogramação, entre os componentes invariantes e os parâmetros motores; existe
correlação entre a especificação dos parâmetros dos PMG com estruturas similares.
Os resultados vão de encontro às teorias do PMG, embora existam alguns valores
desviantes.
Seguindo o mesmo objectivo, Maraj et al.22 avaliaram uma actividade
desportiva propícia para o estudo das invariantes na teoria dos Programas Motores
Genéricos: o triplo-salto, um movimento de três fases com diferentes graus de
liberdade. A teoria do PMG, defende que a duração de cada componente vai
manter-se invariante, independentemente das alterações na velocidade horizontal.
Como objectivos específicos, os autores propuseram-se avaliar o tempo
relativo, distância relativa e as características efectoras independentes em cada uma
das fases do triplo-salto. Avaliando os atletas iniciantes e os mais experientes, os
autores quiseram perceber como se alteram essas características consoante os
níveis de experiência. O estudo mostra que a experiência parece ter influência na
performance e resultados da tarefa motora. Na realização do triplo-salto, o atleta
pode variar alguns factores de execução, tais como a habilidade de iniciar o
movimento com qualquer um dos membros inferiores (independência dos
efectores), ou a velocidade de execução do movimento. Ao variar intencionalmente
a velocidade horizontal do movimento, vai alterar a duração da preparação para o
movimento e a duração do tempo de ‘voo’. O importante será perceber se essas
alterações serão proporcionais a uma condição ‘normal’ de execução.
Estes autores22 defendem que as modificações do tempo relativo estão
relacionadas com habilidades periféricas dos efectores e não com padrões motores
centrais. Tanto para os atletas experientes como para os iniciados, as durações
relativas variam consoante o tipo de ‘arranque’ da tarefa (qual o membro inferior? /
que velocidade?). Para ambos os casos, o tempo relativo e a distância relativa das
componentes do salto, são independentes do membro inferior ‘de partida’.
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
22
2.4 CONCEITO DE INVARIANTE
Aqui Schmidt5 define que o PMG contém informações genéricas sobre o
movimento que definem um conjunto de movimentos similares, sendo esse PMG
responsável pela produção de movimentos da mesma categoria ou classe.
Estas informações genéricas sobre o movimento são designadas por
parâmetros invariantes do PMG, podendo assumir pelo menos três dimensões:
1. Ordem dos elementos – responsável pela sequência de acções, que pode ser
executada por diferentes grupos musculares;
2. Estrutura temporal das contracções (phasing) – que estabelece a estrutura
temporal das contracções musculares e assegura a manutenção da
proporcionalidade de tempo relativo entre as diferentes partes ou componentes do
movimento;
3. Força relativa – que assegura a proporção constante entre as intensidades das
contracções dos diferentes grupos musculares presentes na acção,
independentemente do tempo de movimento ou da sua amplitude.
A variabilidade das respostas produzidas resulta da aplicação de um
conjunto de parâmetros de especificação à estrutura invariante do PMG, que o
sujeito aplica para realizar o movimento. Estes parâmetros conferem
individualidade a cada execução: a duração total, a força total e a selecção de
articulações e músculos a mobilizar para a acção. Deste modo podem ser
produzidas infinitas variações da mesma acção. Os movimentos específicos são
produzidos através do escalonamento destes parâmetros variantes através do
esquema de evocação (recall schema). Por exemplo, quando o parâmetro tempo
varia, os aspectos invariantes do PMG específico actuam de forma a manter a sua
integridade, para que movimentos mais lentos sejam encarados como strerched-out
(em tempo) cópias dos movimentos rápidos. Assim, os movimentos podem variar
em termos temporais, espaciais, ou dimensões de força, mantendo-se a estrutura do
movimento invariante.19,25
De acordo com esta teoria, para além dos parâmetros variantes já
mencionados, Melo e Laurent26 referem ainda: a amplitude de movimento, a
velocidade e a aceleração.
As actividades motoras com parâmetros invariantes idênticos pertencem
ao mesmo PMG. Wright et al.21 referem que os parâmetros do movimento (por
exemplo: duração total) podem ser alterados/adaptados ao objectivo pretendido
sem, no entanto, modificar as características invariantes do PMG. Isto porque os
únicos parâmetros dependentes do PMG são os invariantes. Mas, se for dada a
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
23
indicação dos tempos relativos do movimento pedido, os indivíduos ‘apagam’
todas as informações anteriores e reestruturam o movimento – alterando o PMG.
Na produção de uma resposta, o sujeito começa por equacionar duas
informações: o objectivo pretendido e as condições iniciais. Com estes dados, e
recorrendo às relações de especificação de respostas e de resultados passados, o
indivíduo decide e extrai as regras capazes de activar o PMG com os parâmetros
adequados à resposta pretendida.
Tendo em conta os parâmetros invariantes do PMG, o controle do tempo
relativo tem de ser diferente do controle da força relativa porque, por exemplo, um
pianista pode tocar a mesma peça de música a qualquer volume pretendido. Por
outro lado, a acentuação, ou seja o controle do impacto de força, é uma faceta de
como o pianista pode exprimir a sua expressão artística – tendo assim relação com
o PMG da actividade motora realizada. A questão colocada por Sternad et al.,27 é
se o impacto de força é independente das variações temporais, ou se há uma
interdependência entre a produção de força e a estrutura temporal da sequência de
movimento. A dúvida entre a interdependência destes dois parâmetros invariantes
do conceito de PMG persiste, uma vez que na grande maioria dos estudos
relacionados com tapping, só os intervalos temporais entre os contactos têm algum
interesse como resultado. As forças de contacto que são produzidas nas teclas têm
sido ignoradas.
É de salientar que a noção de tempo relativo parece ser um elemento
crucial para a produção de acções motoras, isto é, para coordenar e controlar
correctamente o movimento de forma a cumprir o objectivo da tarefa, existindo
evidencia considerável de que melhora com o nível de desenvolvimento.28
Estudos feitos por Shapiro29 reforçam a existência de um phasing ao
verificar que o parâmetro duração/velocidade do movimento pode ser alterado,
porque a sequência de movimento é retida como uma unidade, mantendo
constantes as proporções do movimento.
Esta ideia de que o ritmo/proporção/phasing é aprendido, foi explorado
pelo estudo pioneiro de Summers.30 No seu estudo, Summers treinou indivíduos de
forma a pressionarem 9 teclas, seguindo uma ordem específica e uma altura
precisa, determinada pelo acender de uma luz. A duração da luz acesa indicava a
duração com que a tarefa teria que ser produzida. Formaram-se dois grupos, sendo
que a principal diferença estava relacionada com o ritmo em que os estímulos de
luz eram produzidos.
Depois de uma série de treinos, foi pedido aos indivíduos que
executassem a sequência da mesma tarefa, mas o mais rápido possível, sem terem
em conta o ritmo pedido inicialmente. Eles conseguiram acelerar a sua execução,
no entanto não conseguiram fugir ao ritmo original. Isto sugere que o ritmo faz
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
24
parte da sequência do movimento na memória. Com a continuidade do treino, ao
alterar novamente o ritmo, a sequência original da tarefa começa a desaparecer,14 o
que refere que é possível proceder à reestruturação da estrutura temporal do
movimento.
A visão de que os sistemas têm um carácter dinâmico, é apresentada por
Araújo31 ao referir ser importante ter em atenção que a reorganização e as fases de
transição variam, directamente, como consequência da condução do sistema
através de um parâmetro de controlo (por exemplo: velocidade), não assentando
em prescrição ou computação. A aprendizagem de skills (habilidades), do ponto de
vista da abordagem dos sistemas dinâmicos, tem a sua base nas estruturas
coordenativas que são vistas como “cooperativas funcionais” em relação à tarefa.32
Além disso, como as estruturas coordenativas são tipificadas pela apresentação de
invariantes entre grupos de músculos ligados funcionalmente, um importante foco
de abordagem dinâmica tem sido a procura da invariância preceptiva e motora. A
referida invariância é estabilizada ao longo do tempo, e o seu caminho forma a
base dinâmica, essencial para o controlo e aprendizagem do movimento. Essas
invariantes têm que ser estáveis, padrões auto-organizados, que irão reduzir ou
talvez remover a carga cognitiva tanto da percepção como da acção. Neste sentido,
o executante expert reduz o número de graus de liberdade que precisam ser
constrangidos e controlados.
2.4.1 Tempo Relativo
A forma como o tempo relativo e o absoluto são controlados numa sequência de
movimentos é considerado importante no estudo da natureza dos programas
motores. A possibilidade de alterar a duração total da sequência motora, enquanto é
preservada a proporção entre as durações dos outros componentes, é muitas vezes
citada como evidência a favor da programação dos parâmetros.5 De acordo com
Summers,30 o tempo relativo é uma parte integrante do programa motor e não pode
existir independentemente da sequência.
A invariância do tempo relativo pode ser um indicador da estabilidade do
padrão de coordenação envolvido na acção, quer seja ou não especificado por um
programa central.
Existem determinadas tarefas motoras, nomeadamente gestos técnicos
desportivos, que podemos subdividir num determinado número de fases de
execução. Tal como já foi referido no exemplo do triplo-salto, essas fases no seu
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
25
conjunto fazem parte de um mesmo gesto, mas podem ser analisadas
separadamente. Podem mesmo corresponder a PMG diferentes e ter tempos
relativos diferentes.
Assim, padrões de movimento que contêm ‘distintos segmentos’ para a
modificação da duração total, não demonstram tempo relativo invariante como um
todo. Contudo, não existe nenhuma razão objectiva para dizer que o tempo relativo
deve ser invariante em todos os segmentos da tarefa. A teoria dos programas
motores não é específica quanto à duração do programa. De acordo com alguns
resultados, o programa controla o padrão de movimento por alguns segundos,33
mas o seu domínio temporal pode ser mais curto - embora possa ser assumido que
alguns padrões de movimento são controlados por dois ou mais programas
consecutivos. Segundo Heuer,34 o tempo relativo deve ser invariante apenas dentro
do domínio de cada programa motor individualmente, e o tempo da transição entre
programas mantém-se de alguma forma. De facto, a invariância do tempo relativo
pode ser usada para identificar limites entre segmentos controlados por diferentes
programas motores.
Heuer34 refere ainda que o tempo relativo é aproximadamente invariante
nos movimentos rápidos quando a duração ou a amplitude é variada, mas não
quando há variação na acuidade do movimento. Os resultados apresentados pelo
autor indicam que movimentos com diferentes graus de acuidade são controlados
por diferentes PMG.
O estudo apresentado por Monsell,33 teve como objectivo perceber até
quantas palavras seguidas é que os sujeitos tinham capacidade de memorizar e
reproduzir. Chegou à conclusão que o tamanho da palavra estava directamente
relacionado com a capacidade de memória. Ou seja, ao apresentar palavras
trissilábicas os sujeitos conseguiam memorizar cerca de 5 seguidas; enquanto que
com palavras monossilábicas, já conseguiam memorizar cerca de 10.
Tendo em conta o nível de prática do indivíduo para a realização de
determinada actividade, podemos referir que níveis de prática elevados levam a
uma maior distinção e elaboração das representações mentais, do que baixos níveis
de prática, porque os sujeitos utilizam múltiplas e variadas estratégias de
processamento da informação. Tendo em conta que diferentes tarefas a ser
adquiridas estão armazenadas em conjunto, elas podem ser comparadas durante a
prática, aumentando o nível de distinção.
Em situações que requerem a aprendizagem de movimentos com o mesmo
tempo relativo (PMG), mas que requerem diferentes tempo total de duração
(parâmetros), o nível de prática (experientes vs. inexperientes) tem um efeito na
aprendizagem dos parâmetros do movimento ou do PMG, ou em ambos.
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
26
O principal objectivo de um estudo realizado por Wulf e Lee19 foi o de
observar se para a realização de movimentos com o mesmo tempo relativo mas
diferente tempo de duração total, o tipo de treino teria um efeito diferencial na
aprendizagem dos parâmetros do movimento, no PMG ou em ambos. Os sujeitos
foram divididos em grupos: uns realizaram ensaios aleatórios, outros ensaios numa
determinada sequência fixa. A tarefa motora consistia em três movimentos
específicos. Chegaram à conclusão que o treino com ensaios aleatórios seria mais
efectivo na produção de movimentos estruturados (dado pelas proporções de
tempo), enquanto que o treino com ensaios de sequência fixa seria mais efectivo na
re-parametrização dos movimentos (dado pelos tempos absolutos).
Experiências realizadas por Shea et al.,25 revelam que a realização de uma
actividade de uma forma constante, limitada, em série e aleatória, resulta na
realização da tarefa em tempo relativo constante; criando a variabilidade através da
manipulação do tempo absoluto. Isto sugere que a manipulação do tempo absoluto,
que leva o indivíduo a ‘diminuir’ ou ‘aumentar’ o tempo de duração do
movimento, modifica a dimensão dos parâmetros sem alterar as características
relativas do movimento, nomeadamente o tempo relativo do PMG. No entanto,
parece que os processos de tempo relativo e absoluto são orientados por factores de
memória independentes, mas podem inter-relacionar-se em determinados pontos
do desenvolvimento dos estados de memória.
Um estudo realizado por Giuffrida et al.,35 teve como objectivo investigar
os efeitos da prática na performance do PMG e estimar a parametrização numa
tarefa multisegmentada. Os autores verificaram que o treino aleatório, limitado e
variado, é importante na aprendizagem de factores invariantes do programa motor.
O treino constante aumenta a performance de realização do programa motor
quando é pedida a reprodução exacta do movimento e os parâmetros são
especificados, ou então quando é necessária uma tarefa específica do movimento.
A variedade, quer em treinos constantes, quer aleatórios, aumenta a aprendizagem
daquele e de diferentes programas motores. A aprendizagem da estrutura invariante
do tempo relativo é mais afectada pelas condições de prática – nomeadamente os
factores que afectam a estabilidade e variabilidade da resposta. Estas condições
incluem alterações nos parâmetros e variações do tipo de feedback dado aos
participantes.
Avaliando tudo o que foi referido sobre modificabilidade do PMG,
Heuer34 considera que o tempo relativo deixa de ser uma variável categórica com
alguns valores discretos patentes em diferentes programas, passando a uma
variável contínua que pode ser ajustada pelos parâmetros. Quanto à sua
continuidade, o tempo relativo é constrangido de variadas maneiras, de forma a que
padrões temporais sejam preferidos perante outros. Estas duas premissas – a
variação contínua e a existência de padrões naturais multidimensionais – fazem a
‘hipótese da continuidade do tempo relativo’36 que contrasta com a hipótese
categórica implicada na noção de PMG com tempo relativo invariante.
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
27
Dentro da modificada perspectiva do PMG, tempo relativo será
aproximadamente invariante quando são satisfeitas duas condições. Primeiro, o
tempo relativo do padrão motor deve ser natural (ou aproximado). Segundo, o
tempo relativo natural deve manter-se invariante quando a duração total ou
algumas características do padrão motor são alteradas.
Há algumas evidências que suportam a ideia que a invariância do tempo
relativo é limitado a padrões motores com estrutura temporal intrínseca ao
indivíduo.34 Primeiro, foi descoberto que o padrão temporal foi escolhido pelo
próprio indivíduo; segundo, quando o tempo relativo foi experimentalmente
imposto, pode ter sido natural ou então o sujeito já o tinha experimentado
anteriormente. Noutros casos, os sujeitos não realizaram o tempo relativo indicado,
mas sofreram um desvio que provavelmente está relacionado com um padrão
motor natural. Finalmente, em algumas experiências, foi descoberto que certos
padrões temporais são mantidos quando a velocidade global de movimento varia e
não são dadas quaisquer indicações quanto aos efeitos do tempo relativo, enquanto
que outros padrões temporais se alteram.30
Heuer34 resume, ao referir que a invariância aproximada do tempo relativo
pode ser observada quando este é confortável, mantendo-se assim enquanto outras
características do movimento variam. A invariância do tempo relativo é um
fenómeno que reflecte as nossas (não necessariamente consciente) preferências,
mas não as nossas habilidades ou defeitos.
No controlo de movimentos balísticos existe a necessidade da organização
prévia da totalidade ou, pelo menos, da parte principal do movimento, responsável
primeiro pela qualidade da execução. Um dos componentes fundamentais dessa
pré-programação central é a forma como estão organizadas as activações dos
músculos directamente envolvidos no movimento articular em causa.
Um estudo realizado por Correia37 teve como objectivo investigar os
mecanismos neuromusculares responsáveis pela regulação da velocidade de
movimentos de características balísticas, nomeadamente o lançamento de uma seta
para um alvo. Concluiu que o processo de coordenação neuromuscular realizado a
diferentes velocidades assume um carácter individual, que é função da estratégia
definida perante os objectivos momentâneos da experiência motora anterior e das
características individuais do sistema motor. A heterogeneidade de comportamento
verificada exige que se olhe para o problema da coordenação neuromuscular como
um problema em que é possível equacionar os mecanismos de regulação
disponíveis pelo sistema de controlo, mas em que é necessário atender à
especificidade própria de cada indivíduo para encontrar estratégias intrínsecas de
realização motora. O autor sugere ainda, neste trabalho, que se investiguem os
efeitos do estiramento prévio do músculo agonista no padrão de activação, dado
que esse alongamento está normalmente presente na fase preparatória que antecede
a fase principal, de características balísticas, nas acções de lançamento.
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
28
Ainda no estudo de Correia,37 ele verificou que a amplitude total do
movimento do antebraço e a amplitude e duração da fase de aceleração eram
superiores no grupo dos indivíduos não-treinados e é possível identificar que os
indivíduos deste grupo prolongaram bastante a fase de aceleração depois de
largarem a seta, ao contrário dos indivíduos treinados, onde o final dessa fase
aconteceu próximo do momento em que a seta foi largada. Alguns indivíduos nãotreinados, quando tinham que aumentar a velocidade do lançamento, produziam
impulsos EMG aceleradores de tal forma longos, que se prolongavam para além da
fase de aceleração, não sendo portanto utilizados no lançamento propriamente dito.
Os indivíduos do grupo treinados apresentavam maior estabilidade na estrutura
temporal do padrão EMG agonista e antagonista entre as diferentes condições, com
pouco recurso ao prolongamento da activação agonista inicial.
Quanto às teorias de controlo motor e aprendizagem, Shea e Wulf,23
defendem a ideia de que estas devem ser reformuladas, porque (a) o conceito de
PMG não está associado à noção de programa motor, mas sim à tendência das
respostas em manterem as suas características relativas; (b) a estruturação de
movimentos abstractos relaciona-se com o princípio das proporções (isto é, tempo
relativo, força relativa) desenvolvido pela prática do movimento; e (c) a
aprendizagem dos parâmetros conta com os benefícios da variabilidade de
parametrização mas também considera a forma como é escalonada essa
variabilidade.
Por estas razões, os autores23 preferem o termo Scalable Response
Structure (estrutura de escalonamento de resposta) em vez do termo Programa
Motor Generalizado. Este termo não só ajuda a fugir às controvérsias quanto ao
programa motor, mas também traduz a importância das descobertas sobre os
movimentos com durações curtas e longas que mostram sequências relativas de
resposta estáveis, que parecem ser representadas de uma forma abstracta. Os
autores pensam que as descobertas mais recentes devem ser tidas em conta, de
forma a reformular as teorias pré-existentes e promover mais estudos relacionados
com a aprendizagem motora.
Uma ideia fundamental da teoria de esquema é que a variabilidade do
treino dentro de determinada classe de movimentos aumenta a habilidade do
iniciante em se adaptar na parametrização de situações futuras.23 Comparado com
um treino constante, podemos verificar como a variabilidade facilita o
desenvolvimento de uma regra de esquema – relação entre o objectivo do
movimento, a parametrização e as condições iniciais do movimento.
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
29
2.5 GOLFE
A biomecânica do golfe aplica-se aos princípios, estrutura mecânica e função do
golfista, com o objectivo de melhorar a técnica e a performance.
A condição física adequada auxilia no correcto recrutamento muscular
necessário para a boa execução do movimento.40
A estabilidade é um dos princípios básicos para entender a biomecânica
do swing. A biomecânica tem um papel importante na maximização da distância e
eficácia da tacada, promovendo uma melhor qualidade de movimento, uma maior
força e uma maior actividade muscular.38
Norman39 defende que devem haver programas específicos de treino para
jogadores de golfe, que tenham em conta os seguintes objectivos: aumentar a
flexibilidade articular; aumentar a força muscular; treinar a postura, o equilíbrio
dinâmico e a coordenação dos segmentos do corpo.
Quanto à flexibilidade articular, nos últimos anos foram desenvolvidos
equipamentos adequados de alongamento muscular. Num estudo referido por
Norman,39 com uma amostra de 40 golfistas, foram comparadas as alterações
provocadas ao nível da flexibilidade articular e da velocidade da tacada, após
utilização de um destes equipamentos de alongamento muscular e após um treino
de flexibilidade ‘normal’. Aqueles que fizeram treino de flexibilidade ‘normal’
aumentaram relativamente a sua flexibilidade articular, sendo que a velocidade da
tacada aumentou em 120%. O grupo que utilizou o equipamento adequado de
alongamento, não aumentou a flexibilidade articular, mas aumentou a velocidade
da tacada em 170%. Neste estudo concluíram que a estabilização da região das
ancas, promovida pelo equipamento especializado, pode não melhorar o
alongamento muscular mas melhora a flexibilidade relativa.
2.5.1 Descrição do Swing
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30
No Golfe o gesto desportivo base é o batimento de impulsão lateral – “tacada”.
Este movimento é executado através do swing do tronco.
Na realização do swing a potência e a distância são atingidas com o
correcto movimento do corpo e não apenas com a força absoluta aplicada.
Segundo Leadbetter,40 existem três factores essenciais a considerar na
realização do swing:
1. Efeito de enrolar e alongar o tronco em torção;
2. Transferência do peso do corpo de um lado para o outro;
3. Duração e velocidade precisas.
No centro do swing é gerada uma força centrífuga, que é transmitida pelo
corpo através dos membros superiores, criando uma força de alavanca. Isto
provoca determinada velocidade e estabilização da tacada, dentro deste arco de
movimento. Uma recomendação comum para a correcção técnica é a de manter um
único centro fixo para efectuar a rotação.38
Milhares de profissionais já disseram a milhões de praticantes de golfe
para ‘manter os olhos na bola’ ou ‘manter a cabeça no centro’. A verdade é que
não é a cabeça que necessita estar mantida no centro, mas o centro de massa do
jogador – que fica mais ou menos na zona do meio do peito. De facto, os melhores
jogadores não mantêm a cabeça ao centro, mas movimentam-na de forma a manter
o centro de massa ao centro e o swing coordenado.
Na realização correcta do swing é produzida nos membros superiores a
seguinte sequência:39
1. O gerar de energia utilizando os maiores músculos do tronco inferior;
2. Eficiente transferência de energia dos membros inferiores para o tronco superior
e ombros;
3. Aceleração dos membros superiores com aumento máximo de energia para a
máxima produção de força.
Se o movimento do corpo não for executado correctamente, a tacada não
terá o arco de movimento desejado, perdendo velocidade – o que origina tacadas de
curta distância e direcção incorrecta.
O swing começa na posição inicial estática, em que o jogador está de
frente para a bola. Na altura em que há mudança na direcção da tacada, quando se
altera a direcção da torção do tronco, é gerada a velocidade/potência da tacada – é
neste momento que a força centrífuga é maximizada. Para aproveitar ao máximo a
força centrífuga gerada, são necessárias determinadas aptidões físicas do jogador.
Uma diminuição da mobilidade e/ou flexibilidade da coluna lombar reduz a
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
31
capacidade de rotação do tronco, provocando sobrecarga ao nível dos membros
superiores.
O swing do golfista é executado através da transferência do peso do corpo
à volta de dois eixos do movimento:40 primeiro da posição inicial para o lado
direito, seguidamente do lado direito para o lado esquerdo. Os dois eixos, um
direito e um esquerdo, consistem numa linha imaginária que atravessa o ombro,
passa pela articulação coxo-femural, até ao chão.
O rodar do tronco à volta do eixo direito de movimento, depois à volta do
esquerdo, leva a uma transferência do peso do corpo nas duas direcções. Desde a
posição inicial, o peso do corpo começa por ser transferido para a anca direita na
fase de backswing, passando depois para a anca esquerda no downswing. É normal
que a cabeça, especialmente na fase de backswing, se mova ligeiramente na altura
do movimento de torção.40
A energia criada nos músculos na preparação do movimento, vai
promover a aceleração dos ombros durante o swing. É importante a interacção
dinâmica entre as ancas e os ombros durante a sequência do movimento, de forma
a criar uma força máxima.39
Para a realização do swing perfeito, é necessária uma correcta interacção
entre a rotação das ancas e do tronco. A coordenação adequada depende da força e
flexibilidade do tronco, principalmente nos músculos que efectuam a sua
estabilização e o movimento rotacional.39
O que se chama release do taco de golfe durante a realização do swing, é
o angulo entre a inclinação do taco e o plano dos membros superiores enquanto
estes sofrem um movimento de rotação à volta do tronco.39 Quando os membros
superiores aceleram, o angulo entre eles e a inclinação do taco mantém-se
constante; mas, quando os membros superiores começam a desacelerar, a energia
passa para o taco, provocando um aumento da sua velocidade rotacional.
Visualmente acontece uma alteração no angulo entre os membros
superiores e o taco. Se a coordenação for adequada, a aceleração máxima do taco
acontece no momento de impacto com a bola, resultando na produção máxima de
força.
O Instituto Americano de Medicina Desportiva (ASMI) em Birmingham,
subdivide o swing em 5 fases:39
Set-up:
Durante a preparação para o movimento, 50-60% do peso do jogador deverá estar
no pé direito (para jogadores que jogam à direita), o tronco faz flexão de
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
32
aproximadamente 45º, com uma ligeira inclinação lateral direita e rotação interna
do ombro direito, mão direita posicionada no taco logo abaixo da mão esquerda.38
Acredita-se que esta posição seja óptima para conseguir maior potência na tacada e
maior controlo do swing.
Backswing:
O objectivo desta fase é o posicionamento e alinhamento do golfista e do taco, para
que este possa executar um downswing perfeito e poderoso, fazendo um
alongamento muscular e das estruturas articulares responsáveis para gerar a força
na fase seguinte.40
O swing de cada jogador depende da sua posição inicial e do taco, que varia
conforme a postura do jogador e o peso do taco.
Existe alguma controvérsia quanto ao princípio da transferência de peso.38 A maior
parte dos jogadores realiza o movimento através da rotação do tronco e da cintura
pélvica à volta de um eixo inicial, ao invés da transferência lateral de peso – que se
pensa ser um dos contributos para a velocidade dada ao taco, através dos grandes
músculos dos membros inferiores. A transferência de peso exagerada pode mover o
jogador para fora do seu centro de gravidade, sendo mais difícil de controlar o
swing. As ancas e o tronco produzem aproximadamente 10% da velocidade linear
total do downswing nos jogadores experientes, enquanto que a transferência lateral
de peso não aumenta a velocidade do taco.
Esta fase começa na fase inicial do movimento, quando o corpo está estabilizado,
de frente para a bola.
Inicia-se uma torção gradual sobre o eixo de movimento à direita, havendo uma
transferência de peso para a direita. As cinturas escapular e pélvica iniciam a
torção, ficando o ombro esquerdo em direcção ao chão.
O joelho direito promove uma resistência ao movimento, que lhe vai dar alguma
estabilidade.
À medida que a torção em volta do eixo aumenta, aumentam também as forças de
torção e o alongamento dos músculos da parte superior do tronco.
A cabeça e o pescoço, embora se mantenha o olhar sobre a bola, também sofrem
uma ligeira torção à direita de forma a acompanhar a rotação do tronco.
Transição:
A mudança de direcção é possivelmente a fase mais importante do swing.
Considera-se que, numa fracção de tempo muito curta, o corpo estará a mover-se
em duas direcções distintas simultaneamente. Enquanto a parte superior do tronco
finaliza o backswing, a parte inferior já iniciou o downswing – este processo
depende grande parte do movimento dos membros inferiores. Os membros
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
33
inferiores são os estabilizadores do swing, promovendo harmonia e suporte ao
movimento do tronco.
Quando a parte superior do tronco termina o movimento de torção no backswing, o
joelho esquerdo dá o ‘comando’ para que seja iniciada a torção em sentido
contrário, no downswing. Nesta altura, o peso do corpo está sobre o lado direito.
Downswing:
O objectivo desta fase é a pancada na bola, no plano correcto de movimento e à
máxima velocidade.38 Durante o downswing, um bom jogador consegue executar
mais do que quatro vezes a força de um cavalo. Para isso são necessários uma série
de músculos que promovem o movimento, enquanto outros músculos o
estabilizam.41
Nesta fase, desenvolvem-se todas as forças de torção e toda a velocidade que foi
gerada com o backswing – toda a energia criada, traduz-se na velocidade da tacada.
O movimento inicia-se à volta do eixo esquerdo.
Enquanto o membro superior esquerdo direcciona o movimento, o direito promove
força lateral à tacada. Os membros inferiores servem de suporte e vão resistir ao
movimento, fazendo toda a estabilização do movimento até ao momento do
impacto na bola.
A torção da cintura escapular faz com que o ombro esquerdo se direccione para
cima. Este movimento continua, produzindo torção da cintura pélvica, até que o
peso corporal seja transferido para a esquerda.
Esta fase termina quando o taco entra em contacto com a bola – impacto. Durante
toda a tacada, o taco está em contacto com a bola apenas 0.5 milissegundos.41 Da
posição inicial até ao final do backswing, cerca de 160Km/h (quilómetros por hora)
na altura do impacto com a bola, tudo isto em apenas 0.2 segundos.
Follow-through:
O objectivo desta fase é a desaceleração do corpo e do taco, usando os músculos
em trabalho excêntrico.38 Quando as mãos atingem a altura dos ombros, os dois
cotovelos entram em flexão de forma a travar o movimento dos membros
superiores e do tronco, mantendo a estabilização de todo o corpo.
Após uma análise pormenorizada da função linear do swing, Farraly e
Cochran42 apontam como factores determinantes para melhorar os resultados da
tacada: maior velocidade do taco; maior ângulo com a bola, de forma a aumentar a
trajectória de voo; maior velocidade de rotação do tronco do jogador e; aceleração
máxima do movimento coincidente com o momento de impacto com a bola.
Segundo Leadbetter,43 para realizar uma boa tacada de golfe, o taco deve
acelerar durante todo o movimento de downswing e até ao impacto com a bola. A
maior velocidade atingida pelo taco, deve verificar-se na zona de aproximação à
bola, quando este desenha um arco, continuando esse arco após o impacto. É
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
34
importante manter o movimento de rotação do corpo até ao final do swing, de outra
forma o taco sofre uma desaceleração.
Tendo em conta este conceito, poderíamos prever que a velocidade
apresentada pelo taco seria um indicador da performance do golfista. Isso foi o que
concluíram Fradkin et al.,44 num estudo que teve como objectivos determinar a
relação entre a velocidade do taco e o handicap do jogador, assim como perceber
se a velocidade do taco no momento do impacto com a bola seria uma forma válida
de medir a performance do jogador. Podemos ainda acrescentar que nos últimos 25
anos, a velocidade do taco em jogadores de elite aumentou cerca de 8-10%, o que
se reflecte num aumento de 9-13.5m2; prevê-se que estes valores venham a
aumentar.
A força com que o taco bate na bola, é um factor determinante da
velocidade e distância atingidas por esta. A distância da trajectória da bola está
directamente relacionada com a força aplicada pela cabeça do taco, o ângulo de
inclinação aplicado, a força da gravidade e as condições atmosféricas.45
Após o impacto, a bola ‘em voo’ sofre influências da força da gravidade,
do seu próprio peso, assim como de factores aerodinâmicos. De forma a aumentar
a distância alcançada, a aceleração da bola será aumentada pelas forças geradas na
altura do impacto. A textura da bola (superfície perfurada) e a rotação ‘para trás’
(backspin) provocada pela tacada, facilita a deslocação e privilegia os factores
aerodinâmicos.45
Em dados revelados pela revista Golf Digest (tabela 2.1), Szurlej46 refere
velocidades e distâncias executadas por alguns jogadores profissionais:
Tabela 2.1 – Dados revelados pela revista Golf Digest, quanto a velocidades e distâncias executadas por
alguns jogadores profissionais.
Stuart
Appleby
Adam
Scott
Idade
Peso
95 Kg
Velocidade
taco
51,56 m/s
Velocidade
bola
77,33 m/s
33 anos
23 anos
85 Kg
53,78 m/s
75,56 m/s
Recorde de
distância
267,54 m
(ano 2004)
272,27 m
(ano 2003)
De acordo com o Livro Guinness World Records47 o actual recorde de
distância da tacada de golfe pertence a Jack Hamm em 1993, que atingiu os 418
metros.
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
35
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
36
2.5.2 Jogador Experiente vs. Inexperiente
Um aprendiz de golfe é muitas vezes instruído a seguir determinados parâmetros
invariantes de execução, de forma a manter uma performance consistente para
todas as tacadas. No entanto, tal como já anteriormente mencionado, Wright et al.21
defendem que é nessa altura, quando o PMG está a ser construído, que este pode
ser modificado. Baseado nos sistemas dinâmicos e nas perspectivas do esquema de
controlo motor,48 sabe-se que os golfistas realizam uma tacada mais
‘personalizada’ e adequada a si próprio, quando lhes é permitido explorar todos os
parâmetros do swing e focarem-se nos princípios de controlo motor, reduzindo um
grande número de graus de liberdade do movimento.
Quando é proposto analisar a realização do swing entre jogadores
experientes vs. inexperientes, verifica-se que existem diferenças significativas entre
eles.
A performance dos jogadores experientes é conseguida em muitos anos de
treino, sendo necessários mecanismos cognitivos específicos para controlar o
movimento e aperfeiçoar a técnica.2 Não se sabe se isso pode ser adquirido por
qualquer indivíduo, ou se existem constrangimentos motores que os deixam mais
ou menos propensos para esse tipo de aprendizagem.
Num estudo realizado por Paradisis e Rees,49 é postulada a hipótese de
que os jogadores experientes realizam tacadas mais eficazes que os jogadores
menos experientes. Os autores chegaram à conclusão que, dentro dos 26
parâmetros de realização do swing que mediram, 9 deles mostraram diferenças
entre os dois grupos de indivíduos, nomeadamente: posicionamento da cabeça do
taco entre as fases de início e final do backswing; alinhamento vertical da cabeça
do taco entre o backswing e o follow-through; tempo relativo de duração do followthrough.
Um outro estudo, realizado por Kawashima,50 teve como objectivo
determinar as diferenças na acuidade de execução de movimento do swing entre
bons e maus executantes. Analisaram-se as velocidades da cabeça do jogador, da
bacia e dos cotovelos e a velocidade do taco durante o movimento. O autor
concluiu que o mecanismo de realização do swing está relacionado com uma série
de parâmetros de controlo motor do corpo: a coordenação entre o tronco inferior e
o tronco superior, as transferências de peso, e a transformação mecânica de
energia.
Abernethy et al.51 compararam a actividade muscular do membro superior
em jogadores experientes e não-experientes, avaliando as suas tacadas com taco 9 e
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
37
taco 7, em buracos de 20m (metros), 40m e 60m. Provavelmente como
consequência da baixa variabilidade de actividade motora nos jogadores
experientes, estes tiveram um movimento mais estabilizado e preciso relativamente
ao ombro e mão, em comparação com os inexperientes.
Desta forma, e segundo teorias relacionadas com a aquisição e
automatização de habilidades motoras, Beilock et al.52 sugerem que a performance
dos inexperientes está relacionada com estruturas não integradas de controlo do
movimento, suportadas pela memória. A performance dos experientes ocorre
automaticamente, completamente controlada por processos autónomos de
execução. Estes autores realizaram dois estudos onde comparam grupos de
jogadores experientes e inexperientes: no primeiro seguiram estratégias de
manipulação da atenção; no segundo examinaram o impacto do constrangimento
‘tempo’ na performance da tacada.
Como conclusões do primeiro estudo, perceberam que a manipulação da
atenção tem efeitos contrários entre os dois grupos. Perceberam que a performance
nos jogadores inexperientes estaria relacionada com o conhecimento adquirido;
enquanto que nos jogadores experientes seria controlada por processos autónomos,
programados no tempo real de execução do movimento.
Do segundo estudo puderam concluir que a performance dos
inexperientes diminuía quando as instruções eram no sentido de realizar o
movimento o mais rápido possível; no caso dos experientes passou-se exactamente
o contrário. Podemos dizer que os inexperientes têm maior necessidade de tempo
para programar e controlar a actividade motora.
Grinell1 comparou a rotação das ancas e do tronco na realização do swing
de golfe, entre jogadores da Professional Golfers of America (PGA) tours e
amadores. A diferença entre a rotação da cintura escapular e cintura pélvica é um
dos factores considerados importantes na realização do swing. Neste estudo, a
autora verificou que a maior diferença entre os jogadores está na inclinação lateral
do tronco no momento de impacto do taco com a bola, e no final do backswing. No
backswing os amadores produzem uma maior inclinação lateral esquerda do tronco
e no downswing têm tendência a fazer menor inclinação lateral direita que os
jogadores da tour.
A autora1 verificou também que o grupo de jogadores amadores executou
uma rotação mais lenta que os jogadores da PGA tours, tanto no backswing como
no downswing, talvez devido à dificuldade de coordenação entre o tronco e o
movimento dos membros superiores. Concluiu ainda que, comparando com os
jogadores da tour, durante o backswing a maioria dos amadores executaram uma
rotação exagerada das ancas e no downswing necessitam de mais 31% do tempo
para realizar a rotação adequada.
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38
Num estudo de Fairweather,53 o autor defende que indicações verbais
simples durante o treino de golfe, poderão aumentar a aprendizagem da habilidade
em indivíduos inexperientes. Como exemplo, sugerem as indicações: ‘um’ no
instante em que o taco inicia o backswing; ‘dois’ no final do backswing e; ‘três’ no
momento de impacto com a bola. No entanto, outros estudos do mesmo autor
referem que nem sempre esta técnica será benéfica, uma vez que por vezes,
existem algumas dificuldades de interpretação verbal: alterações fonéticas ou de
pronunciação das palavras, assim como a compatibilidade entre a realização
motora e o tempo relativo de verbalização das palavras.
Neste estudo, o autor defende que utilizando este método de
aprendizagem em jogadores inexperientes, eles têm tendência a verbalizar para eles
próprios determinadas instruções durante a realização do swing. As instruções
verbais poderão ajudar também na organização e desenvolvimento de um ritmo
apropriado de realização do swing.
Para além da experiência do praticante de golfe, que pode ser definida em
número de anos ou frequência da prática, importa salientar que existe um sistema
utilizado a nível internacional para a categorização dos praticantes de golfe,
denominado de Sistema de Gestão de Handicaps. Segundo tabelas da Federação
Portuguesa de Golfe (2004-2007), o handicap máximo é de 28.0 para os homens e
36.0 para as senhoras. Um handicap de jogo é o número de pancadas (Handicap
Strokes) que um jogador recebe ao jogar de um conjunto específico de tees de
saída, no respectivo campo de jogo, para relacionar o seu potencial de jogo com o
nível de um jogador de handicap 0 (Scratch Golfer).
2.5.3 Estudo da Invariante Tempo Relativo no Swing
O ritmo e a duração são factores importantes na aprendizagem de tarefas motoras.
Estudos54 sugerem que o treino de tarefas dentro de determinado ritmo, é um factor
importante para o seu sucesso, uma vez que controlam e aumentam a sua
estabilidade.
Muito indicadores referem que pelo menos uma parte do swing no golfe é
caracterizada por movimentos instáveis. A tendência para os golfistas acelerarem o
swing, poderá ter a haver com factores como a ansiedade, a tensão, a motivação, ou
mesmo uma conjugação dos vários factores. Apesar destes factores provocarem a
sua influência, uma hipótese considerada é que a dinâmica do swing no golfe é
sempre instável em pelo menos em uma das fases do movimento.
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
39
Segundo Jagacinski et al.,4 nada leva a crer que as variáveis tempo e ritmo
são independentes. Então, se o tempo não é um parâmetro independente na
estrutura temporal do swing, para alterar a duração teremos que fazer reajustes nas
diferentes fases do swing, de forma a promover um movimento coordenado. Por
outras palavras, uma diferença na duração total do movimento requer uma série de
alterações que vão modificar o ritmo do jogador.
Embora descobertas experimentais refiram que indivíduos mais velhos
tendem a ter velocidade de execução de movimentos mais lenta que os indivíduos
mais jovens, não foi isso que aconteceu num estudo de Salthouse55 onde foi pedida
a execução de uma tacada de golfe. Os jogadores mais jovens atingiram o seu
máximo de força no downswing no momento exacto antes do impacto com a bola;
indivíduos mais velhos, atingiram a sua máxima força um pouco antes. Verificouse ainda que a quantidade total de força é idêntica nos dois grupos.
Segundo Jagacinski et al.,4 existe uma estrutura de relação compensatória
entre o backswing e o downswing, nomeadamente quando o backswing é mais
rápido, o downswing é mais longo, e vice-versa. Por outro lado, a duração do
follow-through não tem correlação significativa com as variações do backswing ou
do downswing. Os autores consideram que o tempo relativo é importante na
execução do swing. Face a isto, pressupõem-se que um treino que tenha em conta
este parâmetro, possa aumentar a performance do jogador.
Outro indicador de que o treino de determinada actividade motora, tendo
em conta o tempo relativo, melhora a sua realização, foi os resultados de um estudo
realizado por Day.56 Os resultados indicam que a estimulação do córtex motor
poderia provocar um atraso na realização do acto motor, sem alterar a
intencionalidade de o realizar – inibição do córtex motor em iniciar o movimento.
Cochran e Stobbs57 descreveram o swing de golfe como um sistema
pendular duplo que roda à volta de um ponto fixo. Um sistema corresponde aos
membros superiores do indivíduo, o outro corresponde ao movimento do taco. Os
autores defendem que para além dos dois sistemas funcionarem em conjunto de
uma forma coordenada, terá que existir um tempo determinado de acção. Assim, na
aquisição desta habilidade motora, particularmente em níveis mais avançados de
prática, será necessária não só a aprendizagem da realização do swing, como da
forma de coordenação do movimento em determinado tempo relativo, de forma a
manter uma sequência de acções constante e melhorar a performance.
Por exemplo, jogadores menos experientes mostram muitas vezes
melhorias na sua performance após assistirem a um torneio de golfistas
profissionais.41 Não porque aprenderam a colocar melhor o taco, a manter o
equilíbrio ou a manter o alinhamento correcto do corpo, mas porque ficam com
uma imagem mental do tempo relativo/ritmo do swing perfeito.
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
40
No estudo de Libkuman et al.,58 utilizaram-se dois grupos: o grupo
experimental treinou durante 10 horas com um sistema especializado de feedback
auditivo (Metronome Interactive), e o grupo de controlo apenas teve acesso a
literatura com instruções relativamente ao jogo de golfe. O estudo teve a duração
de 5 semanas. Chegaram à conclusão que o treino controlando o parâmetro tempo
relativo, permite uma maior acuidade na execução do swing: o treino aumenta a
percepção do jogador sobre as características do tempo relativo; o treino promove
uma maior coordenação entre a intenção do jogador e a execução precisa do
movimento. Este estudo58 traz não só implicações para o treino de golfe, como para
todas as actividades desportivas que envolvem tarefas motoras mais complexas.
Podemos resumir que todos estes autores relacionam a importância do
tempo relativo na execução do swing ‘perfeito’. Se o treino tiver em conta esse
factor, poderemos conseguir melhores resultados em termos da performance dos
jogadores.
Sendo o swing de golfe um gesto motor complexo, poderá ser subdividido
em fases de forma a ser mais facilmente analisado. Tal como no estudo de Roth,18 a
variação voluntária da duração total do movimento poderá provocar variação no
tempo relativo das fases.
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41
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
42
CAPÍTULO 3
Metodologia
3.1 DESENHO DO ESTUDO
Este estudo é do tipo transversal, tendo sido utilizado o método quasi-experimental
comparativo.
O praticante de golfe, tal como o praticante de qualquer modalidade, tem
um ‘movimento correcto’ de execução da tarefa motora, com parâmetros motores
pré-definidos.
Como objectivo pretendeu-se comparar como os sujeitos adaptam a
realização do swing de golfe quando se pede a alteração da velocidade do
movimento, alterando dessa forma a sua duração total.
As recolhas de dados foram feitas em laboratório, na Faculdade de
Motricidade Humana.
3.2 SELECÇÃO DA AMOSTRA
A população em estudo é constituída por praticantes de golfe, do sexo masculino,
maiores de 18 anos, destros ou que jogam à direita.
A amostra foi escolhida de forma não aleatória de conveniência.
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43
O estudo integra dois grupos: um de ‘handicap alto’ (handicap ≥ 20) e
outro de ‘handicap baixo’ (handicap ≤ 12).
3.3 TAREFA
A tarefa adoptada é a realização do swing inicial de golfe.
A tarefa consistiu na realização do swing em diferentes condições de
velocidade. Para isso, e de forma aleatória, foi pedido aos sujeitos 5 swings em
velocidade normal, 5 swings em velocidade lenta e 5 swings em velocidade rápida.
Para todos os sujeitos, utilizou-se a seguinte sequência: normal; rápido;
normal; lento; rápido; normal; lento; rápido; lento; rápido; normal; rápido, lento;
normal; lento.
Todos os dados referentes a cada sujeito foram recolhidos numa mesma
sessão. Após cada tacada, foi feito um intervalo de tempo que correspondeu à
preparação do sujeito, preparação do material utilizado e preparação da nova
recolha.
Devido a erros de execução ou de recolha dos dados, alguns ensaios
tiveram que ser repetidos. Na velocidade pretendida, o(s) ensaio(s) a repetir
foi(foram) executado(s) no final da sequência referida.
3.4 VARIÁVEIS ANALISADAS
No estudo é considerada como variável dependente a duração total do swing posteriormente dividido em fases - e como variável independente o handicap do
sujeito.
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44
3.5 PROCEDIMENTOS
3.5.1 Informações Individuais
Antes de iniciar os ensaios, os sujeitos foram informados: sobre o número mínimo
de ensaios pedidos (15 swings); sempre que sentissem necessidade, o ensaio
registado poderia ser repetido (por exemplo: má execução); que terial de fazer
variar a velocidade da tacada, entre ‘normal’, ‘lento’ e ‘rápido’; cada ensaio seria
recolhido individualmente, fazendo-se uma pausa entre cada um deles; sobre a
possibilidade de executar qualquer tipo de ritual de jogo (comportamento rítmico)
antes da execução do swing.
A designação de ‘comportamento rítmico do golfista’ é feita num estudo
apresentado por Southard e Amos.59 Neste estudo, dos rituais apresentados pelos
golfistas antes da realização do swing, incluíram: (a) swing – executar pequenos
‘swings’, sem entrar em contacto com a bola; (b) pausa – não executar qualquer
tipo de movimento durante 1 segundo ou mais; (c) pés para cima e para baixo –
movimentar os dedos dos pés para cima e para baixo; (d) balanço – movimentar o
corpo para trás e para a frente, sem qualquer movimento do taco; (e) elevação –
elevar o taco verticalmente; (f) força – executar o swing para o contacto com a
bola.
Para a realização de cada uma das recolhas: foi perguntado se o indivíduo
estava confortável; dada a ordem da velocidade pretendida no ensaio seguinte; foi
dada a ordem ‘Quando quiser pode iniciar o movimento.’ – momento em que se
iniciava a recolha de dados.
3.5.2 Recolha de Dados
Os dados foram recolhidos através de um acelerómetro de 50 gigas com 3 eixos
ortogonais1, conectado ao programa de recolha de dados DasyLab 6.0, 1992-2001
1
Para registo foram tidos em conta apenas 2 eixos ortogonais (x e y), ignorando o eixo z, uma vez que
este não nos trazia qualquer informação adicional.
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
45
by National Instruments Services GmbH & Co. KG. Os dados foram
automaticamente gravados em formato Aschi – dados tabulados em text file.
Os dados foram recolhidos em laboratório, na Faculdade de Motricidade
Humana.
O acelerómetro foi fixo na parte posterior da cabeça de um taco 6.
Fixaram-se os cabos ao corpo do taco com fita-cola e ao tronco do sujeito
através de uma cinta na região do peito.
Para a realização da tarefa, utilizou-se um tapete de relva sintética, tee e
bolas de espuma densa.
3.5.3 Análise de Dados
Os dados recolhidos em formato Aschi, foram posteriormente modificados para
formato de texto e analisados no programa AcqKnowledge 3.7.0, Build: for
Microsoft Windows 98/NT/2000, Cpyright 1992-2001 Biopac Systems, Inc.
Os registos, tabelas e gráficos foram tratados em formato Excel.
Tendo em conta um estudo realizado por Jagacinski et al.4 que analisou o
swing através da sua divisão em fases, separamos o gesto motor em sete fases
(gráfico 3.1):
Backswing
Fase I: do início do backswing até ao seu pico de aceleração;
Fase II: do pico de aceleração até ao ponto onde a aceleração cruza 0 (zero);
Fase III: do ponto onde a aceleração cruza 0 até ao início do downswing;
Downswing
Fase IV: do início do downswing até ao seu pico de aceleração;
Fase V: do pico de aceleração até ao contacto do taco com a bola;
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46
Follow-through
Fase VI: do contacto com a bola até ao ponto de forte desaceleração;
Fase VII: do ponto de forte desaceleração até à desaceleração final.
Gráfico 3.1 – Dados relativos à aceleração captada na realização de um swing, sendo posteriormente
dividido em 7 fases (I a VII – fases do swing), segundo o modelo de Jagacinski et al.4
3.6 TRATAMENTO DE DADOS
Depois de obtidos todos os gráficos relativos a cada sujeito e a cada ensaio, foi
escolhido para cada sujeito e em cada velocidade o ensaio mais representativo
(anexos A.1 ao A.9).
Para essa selecção, foram tidos em conta os seguintes critérios: (1) 0
gráfico representa toda a curva; (2) consegue verificar-se o instante de contacto
com a bola; (3) no final do swing a curva volta a cruzar o ponto 0; (4) ausência de
cortes inexplicáveis; (5) aquele mais representativo da velocidade pedida.
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47
Do tratamento estatístico fazem parte a análise descritiva dos dados
(tabela 3.1) e a inferência estatística. Da primeira fazem parte cálculos de duração
absoluta (medida em milissegundos), duração relativa (medida em percentagem),
coeficientes de variação dos valores absolutos, coeficientes de variação das
durações relativas e os ranks2 dos coeficientes de variação das durações relativas; a
segunda foi executada a partir do software estatístico ‘Microsoft Excel’ e do ‘SPSS
12.0 for Windows’.
Tabela 3.1 – Modelo representativo da análise descritiva dos dados relativos ao sujeito 1.
fase I
fase II
fase III
fase IV
fase V
fase VI
fase VII
Durações absolutas (ms)
Durações relativas (%)
‘lento’ ‘normal’ ‘rápido’ CV ‘lento’ ‘normal’ ‘rápido’ CVd% rank CVd%
256
221
196 13,4 13,5
13,7
13,2
1,9
6
138
151
146 4,5 7,3
9,3
9,8
15,5
4
647
552
523 11,3 34,0
34,2
35,1
1,8
7
413
319
301 17,5 21,7
19,8
20,2
5,0
5
23
8
3
91,8 1,2
0,5
0,2
81,5
1
181
229
197 12,1 9,5
14,2
13,2
20,0
3
245
135
123 40,1 12,9
8,4
8,3
26,8
2
2
Através dos ranks fazemos a ordenação dos valores dos coeficientes de variação das durações
relativas apresentados em cada fase.
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
48
CAPÍTULO 4
Análise Estatística
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
Do estudo fazem parte 9 sujeitos praticantes de golfe (S), pertencendo 3 ao grupo
‘handicap baixo’ e 6 ao grupo ‘handicap alto’ (tabela 4.1).
Tabela 4.1 - Handicaps dos sujeitos (S - sujeitos)
Handicap
‘handicap baixo’
‘handicap alto’
S1
S2
S3
S4
S5
S6
S7
S8
S9
7
5,6
12
28
28
28
28
28
20
Os sujeitos são todos do sexo masculino, maiores de 18 anos e jogam à
direita.
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49
4.2 APRESENTAÇÃO DOS DADOS
Analisaram-se as três condições pedidas: velocidade ‘lenta’, ‘normal’ e ‘rápida’.
Foram calculadas para cada uma das fases do movimento as durações
absoluta e relativa, tal como podemos observar na tabela (tabela 4.2).
4.3 ANÁLISE DOS DADOS
A Estatística apresenta dois grandes ramos: a Estatística Descritiva e a Inferência
Estatística. A primeira ocupa-se da recolha, apresentação, análise e interpretação
de dados numéricos, através da criação de instrumentos adequados: quadros,
gráficos e indicadores numéricos. Complementarmente, a Inferência Estatística
permite retirar conclusões sobre um determinado grupo – população ou universo –
a partir da informação recolhida para uma amostra.
Para testar as hipóteses pretendidas, devido ao número reduzido de
elementos da amostra (inferior a 30), utilizamos testes não-paramétricos.
Utilizamos o teste de Kruskal-Wallis para comparações entre mais do que
duas variáveis (7 fases do swing, 9 sujeitos), e o teste de Mann-Whitney para
comparações entre duas variáveis (2 grupos – ‘handicap baixo’ e ‘ handicap alto’).
Quando os testes relativos a comparações entre mais do que duas
variáveis rejeitam a hipótese nula, utilizamos comparações múltiplas a posteriori.60
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
50
Tabela 4.2 – Durações absolutas e relativas de cada fase do swing (S - sujeito; l – ‘lento’; n – ‘normal’;
r – ‘rápido’; dabs – duração absoluta; d% - duração relativa; I a VII – fases do swing)
Fases
I
dabs d%
II
dabs d%
III
dabs d%
IV
dabs d%
V
VI
dabs d% dabs d%
VII
dabs d%
Tempo total
dabs d%
l 256 13,45 138 7,25 647 34,00 413 21,70
23 1,21 181 9,51 245 12,87 1903
100
n 221 13,68 151 9,35 552 34,18 319 19,75
8 0,50 229 14,18 135 8,36 1615
100
S1 r 196 13,16 146 9,81 523 35,12 301 20,21
3 0,20 197 13,23 123 8,26 1489
100
l 626 30,31 250 12,11 314 15,21 364 17,63
16 0,77 281 13,61 214 10,36 2065
100
n 171 9,79 433 24,79 414 23,70 311 17,80
11 0,63 299 17,12 108 6,18 1747
100
S2 r 226 13,85 268 16,42 407 24,94 294 18,01
1 0,06 238 14,58 198 12,13 1632
100
l 152 7,38 210 10,20 589 28,61 287 13,94
6 0,29
53 2,57 762 37,01 2059
100
n 243 12,76 113 5,93 522 27,40 297 15,59
1 0,05 239 12,55 490 25,72 1905
100
S3 r 153 9,14 131 7,83 525 31,36 205 12,25
1 0,06 253 15,11 406 24,25 1674
100
l 740 21,56 772 22,49 708 20,63 431 12,56
11 0,32 168 4,90 602 17,54 3432
100
n 628 22,83 424 15,41 635 23,08 423 15,38
16 0,58 152 5,53 473 17,19 2751
100
S4 r 197 9,34 259 12,28 554 26,27 256 12,14
11 0,52 171 8,11 661 31,34 2109
100
l 655 18,84 292 8,40 456 13,11 573 16,48
6 0,17 225 6,47 1270 36,53 3477
100
n 829 26,54 300 9,61
72 2,31 522 16,71
4 0,13 257 8,23 1139 36,47 3123
100
S5 r 204 7,91 404 15,67
83 3,22 472 18,31
3 0,12 256 9,93 1156 44,84 2478
100
l 787 28,80 390 14,27 526 19,25 241 8,82
34 1,24 191 6,99 564 20,64 2733
100
n 686 29,14 421 17,88 113 4,80 455 19,33
24 1,02 480 20,39 175 7,43 2354
100
19 0,86 484 21,93
88 3,99 2207
100
l 608 17,59 883 25,55 1032 29,86 540 15,63
71 2,05 103 2,98 219 6,34 3456
100
n 757 26,45 503 17,58 708 24,74 540 18,87
63 2,20
95 3,32 196 6,85 2862
100
S7 r 149 9,13 377 23,10 510 31,25 282 17,28
57 3,49 133 8,15 124 7,60 1632
100
l 189 8,92 499 23,56 592 27,95 235 11,10
1 0,05 176 8,31 426 20,11 2118
100
n 467 22,52 181 8,73 518 24,98 243 11,72
33 1,59 255 12,30 377 18,18 2074
100
S8 r 287 15,69 311 16,12 543 27,58 225 11,51
6 0,31 206 11,54 294 19,24 1872
100
l 266 11,45 156 6,71 384 16,52 334 14,37
2 0,09 232 9,98 950 40,88 2324
100
n 256 12,24 156 7,46 357 17,07 296 14,16
1 0,05 214 10,23 811 38,79 2091
100
S9 r 187 11,09 166 9,85 313 18,56 219 13,99
17 1,01 277 16,43 507 30,07 1686
100
S6 r 665 30,13 281 12,73
37 1,68 633 28,68
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
51
4.3.1 Análise Descritiva
4.3.1.1 Análise dos Coeficientes de variação das durações relativas para cada
Sujeito
Ao alterar a condição de execução do movimento, acontece uma adaptação na
duração relativa das fases face à modificação da duração total.
Nesta primeira fase da análise, tentou perceber-se o que acontece ao gesto
motor de cada um dos sujeitos quando se pede a alteração da velocidade de
execução do movimento.
De forma a ter percepção dos resultados dos sujeitos face às durações
totais do movimento, serão tidos em conta os coeficientes de variação das durações
relativas (CVd%).
Como se pode verificar nos gráficos que se seguem (gráfico 4.1 a 4.9),
existem determinadas fases em que o CVd%3 apresenta valores consideravelmente
mais baixos, e outras fases com valores consideravelmente mais altos.
CVd%
S1
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
I
II
III
IV
V
VI
VII
fases
Gráfico 4.1 - Análise dos CVd% no sujeito 1 (CVd% - coeficiente de variação das durações relativas; I
a VII – fases do swing)
3
Os valores de CVd% correspondem a pontos e não a valores contínuos. De forma a facilitar a sua
interpretação, nos gráficos 4.1 a 4.9 foram desenhadas linhas para unir esses pontos.
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
52
CVd%
S2
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
I
II
III
IV
V
VI
VII
fases
Gráfico 4.2 - Análise dos CVd% no sujeito 2 (CVd% - coeficiente de variação das durações relativas; I
a VII – fases do swing)
CVd%
S3
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
I
II
III
IV
V
VI
VII
fases
Gráfico 4.3 - Análise dos CVd% no sujeito 3 (CVd% - coeficiente de variação das durações relativas; I
a VII – fases do swing)
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
53
S4
50
CVd%
40
30
20
10
0
I
II
III
IV
V
VI
VII
fases
Gráfico 4.4 - Análise dos CVd% no sujeito 4 (CVd% - coeficiente de variação das durações relativas; I
a VII – fases do swing)
CVd%
S5
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
I
II
III
IV
V
VI
VII
fases
Gráfico 4.5 - Análise dos CVd% no sujeito 5 (CVd% - coeficiente de variação das durações relativas; I
a VII – fases do swing)
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
54
CVd%
S6
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
I
II
III
IV
V
VI
VII
fases
Gráfico 4.6 - Análise dos CVd% no sujeito 6 (CVd% - coeficiente de variação das durações relativas; I
a VII – fases do swing)
S7
CVd%
70
60
50
40
30
20
10
0
I
II
III
IV
V
VI
VII
fases
Gráfico 4.7 - Análise dos CVd% no sujeito 7 (CVd% - coeficiente de variação das durações relativas; I
a VII – fases do swing)
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
55
CVd%
S8
140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
I
II
III
IV
V
VI
VII
fases
Gráfico 4.8 - Análise dos CVd% no sujeito 8 (CVd% - coeficiente de variação das durações relativas; I
a VII – fases do swing)
CVd%
S9
150
140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
I
II
III
IV
V
VI
VII
fases
Gráfico 4.9 - Análise dos CVd% no sujeito 9 (CVd% - coeficiente de variação das durações relativas; I
a VII – fases do swing)
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
56
Foram definidos os ranks dos CVd% no sentido de atribuir uma ordem à
percentagem de variação de cada fase.
Para a análise dos resultados, construiu-se a tabela 4.3 de forma a
perceber as fases em que ocorreu menor variação nas durações relativas (rank = 7)
e aquelas em que ocorreu maior variação da duração relativa (rank = 1).
Quando comparadas as três velocidades de execução, verifica-se que as
fases III (do ponto onde a aceleração cruza 0 até ao início do downswing) e IV (do
início do downswing até ao seu pico de aceleração) são aquelas que apresentam
menor variação, enquanto que a fase V (entre o pico de aceleração do downswing e
o contacto com a bola) é a que apresenta maior variação.
Tabela 4.3 - Fases de execução do swing (com menor/maior variação), tendo em conta as diferentes
condições de velocidade
Fases swing
I
II
III
IV
V
VI
VII
S1
6
4
7
5
1
3
2
S2
2
3
5
7
1
6
4
S3
3
4
7
6
1
2
5
Sujeitos
S4 S5 S6
1
2
7
3
3
6
7
1
1
6
7
3
4
4
5
5
5
4
2
6
2
S7
1
4
5
6
3
2
7
S8
3
2
6
7
1
4
5
S9
7
3
5
6
1
2
4
Total
rank=7 rank=1
2
2
0
0
3
2
3
0
0
5
0
0
1
0
4.3.1.2 Análise Descritiva das Fases de Execução do Swing (com maior/menor
Variação de Duração Relativa), tendo em conta as Diferentes Condições do
Movimento, dentro de cada Grupo
Com base na análise anterior, podem tirar-se algumas conclusões para cada grupo
(tabela 4.4):
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
57
Tabela 4.4 - Resultados para cada grupo
Coeficiente de variação
da duração relativa ≤ 20
Menor variação
Maior variação
‘Handicap baixo’
Fases III, IV e VI
‘Handicap alto’
Fases III, IV e VII
Fase III
Fase V
Fases I e IV
Fases I, III e V
Nas fases de movimento III e IV, os dois grupos apresentam valores de
coeficiente de variação das durações relativas inferiores ou iguais a 20, para as
diferentes condições (‘lento’, ‘normal’ e ‘rápido’). Nessas fases, a variação da
duração relativa é menor.
Analisando as fases em que ocorreram as maiores e as menores variações,
quando se altera a condição de execução do movimento, verifica-se que: no grupo
de ‘handicap baixo’ as maiores variações ocorreram na fase V e as menores
variações nas fases III; no grupo de ‘handicap alto’ as maiores variações ocorreram
nas fases I, III e V, e as menores variações nas fases I e IV.
4.3.2 Inferência estatística
4.3.2.1 Comparação dos dados entre os sujeitos
De forma a comparar os coeficientes de variação entre os sujeitos, foram testadas
as seguintes hipóteses:
H0: os CV são idênticos nas 7 fases de execução do movimento.
H1: os CV não são idênticos nas 7 fases de execução do movimento.
H0: os CVd% são idênticos nas 7 fases de execução do movimento.
H1: os CVd% não são idênticos nas 7 fases de execução do movimento.
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
58
Neste caso, cada uma das fases é uma variável e pretende-se comparar os
coeficientes de variação entre as 7 fases, o que leva à utilização do teste de
Kruskal-Wallis. Este teste é utilizado quando se pretende comparar k variáveis
independentes – para mais pormenores, sugere-se a consulta de Siegel e Castellan
Jr.60 O software estatístico SPSS disponibiliza este teste.
Pode-se verificar (anexo B.1) que ao comparar os CV nas 7 fases, p-value
= 0,086. Deste modo não se rejeita H0, portanto os CV serão idênticos em todas as
fases.
Ao comparar os CVd% nas 7 fases (anexo B.2), p-value = 0,008. Neste
caso rejeita-se H0, portanto os CVd% não são idênticos em todas as fases. De
forma a perceber quais as fases que diferem, foram realizadas comparações
múltiplas a posteriori (anexo B.3). Segundo Siegel e Castellan Jr60 essas
comparações realizam-se utilizando a inequação (4.1):
Ru − Rv ≥ z ∝/ Κ (Κ −1)
N (N + 1) ⎛ 1 1 ⎞
⎜ + ⎟
12 ⎜⎝ nu nv ⎟⎠
(4.1)
em que:
K – número de grupos
n j – número de elementos no grupo j ( j = 1, 2, ..., K)
N – número total de elementos
R j – soma das ordens no grupo j
R j - média das ordens no grupo j
R=
N +1
- média total dos ranks
2
Perante os resultados obtidos, verifica-se que as fases distintas são a IV e
a V (tabela 4.5).
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
59
Tabela 4.5 - Comparações múltiplas entre os coeficientes de variação das durações relativas de cada
fase do swing (CVd% - coeficiente de variação das durações relativas; I a VII – fases do swing)
Fases (CVd%)
I
II
III
IV
V
VI
VII
I
II
=
III
=
=
IV
=
=
=
V
=
=
=
≠
VI
=
=
=
=
=
VII
=
=
=
=
=
=
De seguida, compararam-se as três condições de execução do movimento
solicitadas aos sujeitos (velocidade de execução’ lenta’, ‘normal’ e ‘rápida’).
Forma testadas as seguintes hipóteses:
H0: as durações absolutas são idênticas nas condições ‘lento’, ‘normal’ e ‘rápido’.
H1: as durações absolutas não são idênticas nas condições ‘lento’, ‘normal’ e
‘rápido’.
H0: as durações relativas são idênticas nas condições ‘lento’, ‘normal’ e ‘rápido’.
H1: as durações relativas não são idênticas nas condições ‘lento’, ‘normal’ e
‘rápido’.
Novamente com 3 variáveis, volta a ser utilizado o teste de KruskalWallis.
Ao comparar as durações absolutas nas três condições (anexo B.4),
verifica-se que p-value ≥ 0,05 para todas as fases. Deste modo não se rejeita H0,
portanto as durações absolutas serão idênticas nas três condições.
Ao comparar as durações relativas nas três condições (anexo B.5),
verifica-se que p-value ≥ 0,05 para todas as fases à excepção da fase VI em que pvalue = 0,034.
Assim, na fase VI as durações relativas não são idênticas. Neste caso
realizam-se comparações múltiplas a posteriori (anexo B.6), verificando que as
condições distintas são lento e rápido (tabela 4.6).
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
60
Tabela 4.6 - Comparações múltiplas entre as durações relativas nas diferentes condições de velocidade,
para a fase VI (d% - duração relativa; lento, normal, rápido – condição de execução do swing)
Condição (fase VI _ d%)
‘lento’
‘normal’
‘rápido’
‘lento’
‘normal’
=
‘rápido’
≠
=
Por último, foram comparadas as durações absolutas e comparadas as
durações relativas das 7 fases de execução do movimento em cada uma das
condições.
Foram testadas as seguintes hipóteses:
H0: as durações absolutas são idênticas nas 7 fases do movimento.
H1: as durações absolutas não são idênticas nas 7 fases do movimento.
H0: as durações relativas são idênticas nas 7 fases do movimento.
H1: as durações relativas não são idênticas nas 7 fases do movimento.
Leva, mais uma vez, à utilização do teste de Kruskal-Wallis.
No movimento ‘lento’, ao comparar as durações absolutas (anexo B.7)
verifica-se que p-value = 0,00. Deste modo rejeita-se H0, portanto as durações
absolutas não são idênticas para todos os sujeitos.
Fizeram-se comparações múltiplas a posteriori (anexo B.8), verificandose que as fases distintas são: faseI-faseV; faseII-faseV; faseIII-faseVI; faseVfaseVII (tabela 4.7).
No movimento ‘normal’, ao comparar as durações absolutas (anexo B.7)
verifica-se que p-value = 0,00. Deste modo rejeita-se H0, portanto as durações
absolutas não são idênticas para todos os sujeitos.
Fizeram-se comparações múltiplas a posteriori (anexo B.8), verificandose que as fases distintas são: faseI-faseV; faseII-faseV; faseIII-faseV; faseIVfaseV; faseV-faseVII (tabela 4.8).
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
61
No movimento ‘rápido’, ao comparar as durações absolutas (anexo B.7)
verifica-se que p-value = 0,00. Deste modo rejeita-se H0, portanto as durações
absolutas não são idênticas para todos os sujeitos.
Fizeram-se comparações múltiplas a posteriori (anexo B.8), verificandose que as fases distintas são: faseII-faseV; faseIII-faseV; faseIV-faseV; faseVfaseVI; faseV-faseVII (tabela 4.9).
Tabela 4.7 - Comparações múltiplas entre as durações absolutas das 7 fases, na condição de movimento
‘lento’ (dabs – duração absoluta; I a VII – fases do swing)
Fases (dabs)
I
II
III
IV
V
VI
VII
I
II
=
III
=
=
IV
=
=
=
V
≠
≠
=
=
VI
=
=
≠
=
=
VII
=
=
=
=
≠
=
Tabela 4.8 - Comparações múltiplas entre as durações absolutas das 7 fases, na condição de movimento
‘normal’ (dabs – duração absoluta; I a VII – fases do swing)
Fases (dabs)
I
II
III
IV
V
VI
VII
I
II
=
III
=
=
IV
=
=
=
V
≠
≠
≠
≠
VI
=
=
=
=
=
VII
=
=
=
=
≠
=
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
62
Tabela 4.9 - Comparações múltiplas entre as durações absolutas das 7 fases, na condição de movimento
‘rápido’ (dabs – duração absoluta; I a VII – fases do swing)
Fases (dabs)
I
II
III
IV
V
VI
VII
I
II
=
III
=
=
IV
=
=
=
V
=
≠
≠
≠
VI
=
=
=
=
≠
VII
=
=
=
=
≠
=
No movimento ‘lento’, ao comparar as durações relativas (anexo B.9)
verifica-se que p-value = 0,00. Deste modo rejeita-se H0, portanto as durações
relativas não são idênticas para todos os sujeitos.
Fizeram-se comparações múltiplas a posteriori (anexo B.10), verificandose que as fases distintas são: faseI-faseV; faseII-faseV; faseIII-faseV; faseIIIfaseVI; faseIV-faseV; faseV-faseVII (tabela 4.10).
No movimento ‘normal’, ao comparar as durações relativas (anexo B.9)
verifica-se que p-value = 0,00. Deste modo rejeita-se H0, portanto as durações
relativas não são idênticas para todos os sujeitos.
Fizeram-se comparações múltiplas a posteriori (anexo B.10), verificandose que as fases distintas são: faseI-faseV; faseIII-faseV; faseIV-faseV; faseVfaseVII (tabela 4.11).
No movimento ‘rápido’, ao comparar as durações relativas (anexo B.9)
verifica-se que p-value = 0,00. Deste modo rejeita-se H0, portanto as durações
relativas não são idênticas para todos os sujeitos.
Fizeram-se comparações múltiplas a posteriori (anexo B.10), verificandose que as fases distintas são: faseII-faseV; faseIII-faseV; faseIV-faseV; faseVfaseVI; faseV-faseVII (tabela 4.12).
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
63
Tabela 4.10 - Comparações múltiplas entre as durações relativas das 7 fases, na condição de
movimento ‘lento’ (d% - duração relativa; I a VII – fases do swing)
Fases (d%)
I
II
III
IV
V
VI
VII
I
II
=
III
=
=
IV
=
=
=
V
≠
≠
≠
≠
VI
=
=
≠
=
=
VII
=
=
=
=
≠
=
Tabela 4.11 - Comparações múltiplas entre as durações relativas das 7 fases, na condição de
movimento ‘normal’ (d% - duração relativa; I a VII – fases do swing)
Fases (d%)
I
II
III
IV
V
VI
VII
I
II
=
III
=
=
IV
=
=
=
V
≠
=
≠
≠
VI
=
=
=
=
=
VII
=
=
=
=
≠
=
Tabela 4.12 - Comparações múltiplas entre as durações relativas das 7 fases, na condição de
movimento ‘rápido’ (d% - duração relativa; I a VII – fases do swing)
Fases (d%)
I
II
III
IV
V
VI
VII
I
II
=
III
=
=
IV
=
=
=
V
=
≠
≠
≠
VI
=
=
=
=
≠
VII
=
=
=
=
≠
=
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
64
4.3.2.2 Comparação dos dados entre os grupos
De forma a comparar os coeficientes de variação para cada grupo, foram testadas
as seguintes hipóteses:
H0: os CV são idênticos nos grupos ‘handicap alto’ e ‘handicap baixo’.
H1: os CV não são idênticos nos grupos ‘handicap alto’ e ‘handicap baixo’.
H0: os CVd% são idênticos nos grupos ‘handicap alto’ e ‘handicap baixo’.
H1: os CVd% não são idênticos nos grupos ‘handicap alto’ e ‘handicap baixo’.
Neste caso realizaram-se testes, um para cada uma das fases de execução
do movimento. Para comparar os coeficientes de variação entre os 2 grupos de
indivíduos, utilizou-se o teste de Mann-Whitney. Este teste é utilizado quando
queremos comparar 2 variáveis independentes – para mais pormenores, sugere-se a
consulta de Siegel e Castellan Jr.60 O software estatístico SPSS disponibiliza este
teste.
Pode verificar-se (anexo B.11) que p-value = 1,00. Deste modo não se
rejeita H0, portanto os coeficientes de variação serão idênticos entre os dois grupos
e em cada uma das fases.
Depois foram comparados os coeficientes de variação das durações
relativas. Pode verificar-se (anexo B.12) que p-value = 0,905. Deste modo não se
rejeita H0, portanto os coeficientes de variação das durações relativas serão
idênticos entre os dois grupos e em cada uma das fases.
Por último, foram comparadas as durações absolutas e comparadas as
durações relativas nas diferentes condições de movimento.
Para cada uma das fases e em cada uma das condições de movimento,
foram testadas as hipóteses:
H0: as durações absolutas são idênticas para os 2 grupos.
H1: as durações absolutas não são idênticas para os 2 grupos.
H0: as durações relativas são idênticas para os 2 grupos.
H1: as durações relativas não são idênticas para os 2 grupos.
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
65
Estão presentes 2 variáveis, o que leva à utilização do teste de MannWhitney.
Ao comparar as durações absolutas, em cada uma das fases, no
movimento ‘lento’ (anexo B.13) verifica-se que p-value ≥ 0,05. Deste modo, e para
todas as fases, não se rejeita H0, portanto tanto as durações absolutas serão
idênticas entre os dois grupos (tabela 4.134).
Tabela 4.13 – Comparação entre as durações absolutas de cada fase entre os dois grupos, na condição
de movimento ‘lento’
‘handicap baixo’
Fase movimento
‘handicap alto’
0
I
0
0
II
0
0
III
0
0
IV
0
0
V
0
0
VI
0
0
VII
0
Ao comparar as durações absolutas, em cada uma das fases, no
movimento ‘normal’ verifica-se que p-value ≥ 0,05 à excepção da fase I em que pvalue = 0,024 (anexo B.14). Rejeita-se H0, portanto as durações absolutas não são
idênticas para os dois grupos, sendo que na fase I a duração absoluta é inferior no
grupo ‘handicap baixo’ e superior no grupo ‘handicap alto’ (tabela 4.14).
Tabela 4.14 - Comparação entre as durações absolutas de cada fase entre os dois grupos, na condição
de movimento ‘normal’
‘handicap baixo’
Fase movimento
‘handicap alto’
I
+
0
II
0
0
III
0
0
IV
0
0
V
0
0
VI
0
0
VII
0
Ao comparar as durações absolutas, em cada uma das fases, no
movimento ‘rápido’ verifica-se que p-value ≥ 0,05 à excepção da fase V em que pvalue = 0,024 (anexo B.15). Rejeita-se H0, portanto as durações absolutas não são
idênticas para os dois grupos, sendo que na fase V a duração absoluta é inferior no
grupo ‘handicap baixo’ e superior no grupo ‘handicap alto’ (tabela 4.15).
4
Nas tabelas que se seguem, o registo 0 corresponde a valores idênticos entre os dois grupos, sendo que
ao haver diferenças surgem os registos + (para valores superiores) e – para valores inferiores.
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
66
Tabela 4.15 - Comparação entre as durações absolutas de cada fase entre os dois grupos, na condição
de movimento ‘rápido’
‘handicap baixo’
Fase movimento
‘handicap alto’
0
I
0
0
II
0
0
III
0
0
IV
0
V
+
0
VI
0
0
VII
0
Ao comparar as durações relativas, em cada uma das fases, no movimento
‘lento’ (anexo B.16) verifica-se que p-value ≥ 0,05. Deste modo, e para todas as
fases, não se rejeita H0, portanto tanto as durações relativas serão idênticas entre os
dois grupos (tabela 4.16).
Tabela 4.16 - Comparação entre as durações relativas de cada fase entre os dois grupos, na condição de
movimento ‘lento’
‘handicap baixo’
Fase movimento
‘handicap alto’
0
I
0
0
II
0
0
III
0
0
IV
0
0
V
0
0
VI
0
0
VII
0
Ao comparar as durações relativas, em cada uma das fases, no movimento
‘normal’ (anexo B.17) verifica-se que p-value ≥ 0,05. Deste modo, e para todas as
fases, não se rejeita H0, portanto tanto as durações relativas serão idênticas entre os
dois grupos (tabela 4.17).
Tabela 4.17 - Comparação entre as durações relativas de cada fase entre os dois grupos, na condição de
movimento ‘normal’
‘handicap baixo’
Fase movimento
‘handicap alto’
0
I
0
0
II
0
0
III
0
0
IV
0
0
V
0
0
VI
0
0
VII
0
Ao comparar as durações relativas, em cada uma das fases, no movimento
‘rápido’ (anexo B.18) verifica-se que p-value ≥ 0,05. Deste modo, e para todas as
fases, não se rejeita H0, portanto tanto as durações relativas serão idênticas entre os
dois grupos (tabela 4.18).
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67
Tabela 4.18 - Comparação entre as durações relativas de cada fase entre os dois grupos, na condição de
movimento ‘rápido’
‘handicap baixo’
Fase movimento
‘handicap alto’
0
I
0
0
II
0
0
III
0
0
IV
0
0
V
0
0
VI
0
0
VII
0
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
68
CAPÍTULO 5
Discussão de Resultados
Procedeu-se à análise das durações de cada fase do swing, assim como às variações
ocorridas tendo em conta as três diferentes condições de velocidade pedidas
(‘lento’, ‘normal’ e ‘rápido’). A análise foi feita considerando os dois grupos
(‘handicap baixo’ – 3 sujeitos; e ‘handicap alto’ – 6 sujeitos), mas também para
cada um dos 9 sujeitos.
Tendo em conta as hipóteses formuladas e os resultados apresentados,
percebe-se que quando é alterado o tempo total de duração do movimento, vão
acontecer variações a nível das durações relativas de cada uma das fases.
Começou-se por analisar de forma descritiva os dados referentes a cada
um dos sujeitos, de forma a perceber as possíveis diferenças individuais de
estruturação da actividade motora quando é solicitada a alteração da velocidade de
execução do movimento.
Os dados revelam que as fases III e IV apresentam durações relativas
consideravelmente constantes para a maioria dos sujeitos. Tendo em conta o
período de movimento relativo a elas (que se inicia no ponto onde a aceleração do
backswing cruza 0 e termina no pico de aceleração do downswing), pode concluirse que, provavelmente, será o período que melhor caracteriza o comportamento
motor para a realização do swing de golfe admitindo que estes segmentos do
movimento poderão pertencem a PMG bem estruturados do movimento.
Ao olhar para os dados sugeridos pelos coeficientes de variação dos
valores de duração relativos, percebe-se que a fase V (desde o pico de aceleração
do downswing até ao contacto do taco com a bola) representa, na maioria dos
sujeitos, aquela que sofre maior variação no valor de duração relativa.
De seguida foi feita a análise comparativa dos dados, para se perceber se
dentro da amostra se verifica a estabilidade do tempo relativo das fases quando é
alterada a velocidade de execução do movimento.
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
69
Tal como verificamos na análise descritiva, existem fases do movimento
com tendência para manter a sua duração relativa quando é alterada a velocidade
de execução, outras com tendência para uma maior variação desse valor. Quanto
comparamos os coeficientes de variação das durações relativas das fases, existe
entre os sujeitos uma diferença significativa entre as fases IV e V.
Ao comparar os sujeitos da amostra verificamos que, à excepção da fase
VI em que a duração relativa da fase no movimento ‘lento’ é consideravelmente
diferente da mesma fase no movimento ‘rápido’, não existem diferenças
significativas entre as durações relativas das outras fases do movimento.
Da mesma forma, se compararmos para cada uma das condições do
movimento as durações relativas das fases, percebemos que existem algumas
diferenças significativas entre elas, nomeadamente:
•
Movimento ‘lento’ - entre faseI-faseV, faseII-faseV, faseIII-faseV,
faseIII-faseVI, faseIV-faseV e faseV-faseVII.
•
Movimento ‘normal’ - entre faseI-faseV, faseIII-faseV, faseIV-faseV e
faseV-faseVII.
•
Movimento ‘rápido’ - entre faseII-faseV, faseIII-faseV, faseIV-faseV,
faseV-faseVI e faseV-faseVII.
Quando comparamos os valores dos coeficientes de variação das durações
absolutas e os valores dos coeficientes de variação das durações relativas,
percebemos que não existem diferenças significativas entre os dois grupos.
No entanto, e apesar de entre os dois grupos as durações relativas serem
consideravelmente idênticas em todas as fases, em qualquer condição de
velocidade, se tivermos em consideração as durações absolutas, existem variações
nomeadamente: na fase I do movimento normal e na fase V do movimento rápido.
5.1 CONCLUSÕES
O swing é um movimento complexo. Dele fazem parte uma série de padrões
motores, coordenação e flexibilidade dos diferentes segmentos do organismo.
Existem determinados gestos técnicos desportivos com a possibilidade de
ser subdivididos em fases, de forma a ser analisadas separadamente, podendo
mesmo corresponder a PMG diferentes e ter tempos relativos diferentes.
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
70
Tal como no estudo de Roth18 relativamente à tarefa motora ‘lançar’,
pedimos aos sujeitos a realização do swing em velocidade normal, aumentar e
depois diminuir a velocidade do movimento. O gesto motor foi subdividido em
sete fases/segmentos. Mediram-se as durações totais do movimento e durações
relativas de cada uma das fases.
Pretendíamos perceber se quando o parâmetro tempo varia, os aspectos
invariantes do PMG específico actuam de forma a manter a sua integridade, para
que movimentos mais lentos sejam encarados como strerched-out (em tempo)
cópias dos movimentos rápidos.
Segundo Jagacinski et al.,4 sabemos que uma diferença na duração total
do movimento requer uma série de alterações que vão modificar o ritmo do
jogador. Os autores consideram o tempo relativo um parâmetro importante na
execução do swing, sugerindo que o treino tendo em conta este parâmetro pode
aumentar a performance do jogador.
Também o estudo de Libkuman et al.58 chega à conclusão que o treino do
movimento controlando o parâmetro tempo relativo, permite uma maior acuidade
na execução do swing.
Mesmo jogadores menos experientes mostram muitas vezes melhorias na
sua performance após assistirem a um torneio de golfistas profissionais,41 porque
ficam com uma imagem mental do tempo relativo/ritmo do swing perfeito.
Na amostra apresentada, tanto comparando os dois grupos como tendo em
conta cada um dos sujeitos, existem determinadas fases do swing que na maioria
dos casos parecem mostrar características invariantes. Podemos considerar que as
fases III e IV, alterando propositadamente a velocidade de execução do swing,
mostraram tendência a ter valores de duração relativa constante (com coeficiente
de variação igual ou inferior a 20).
Assim, na adaptação da estrutura temporal do swing, verificamos que
enquanto determinadas fases têm tendência a manter uma duração relativa
constante, outras sofrem maiores variações quando a duração total do movimento é
intencionalmente alterada. A fase V surge, nos dois grupos, como aquela que
apresenta maior variação de duração relativa.
Estas conclusões vão de encontro aos estudos referidos por Shapiro,29
Monsell e Heuer,34 que defendem que em movimentos com ‘distintos segmentos’
podem ser controlados por dois ou mais programas motores consecutivos. Assim, o
tempo relativo é invariante dentro de cada programa motor individualmente.
33
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
71
Devido ao número reduzido de elementos da amostra, não nos parece que
seja possível concluir quanto à significância dos resultados quando comparamos os
grupos ‘handicap baixo’ e ‘handicap alto’.
5.1.1 Limitações do Estudo e Sugestões para Futuras Investigações
Importa salientar que neste estudo encontramos algumas limitações que, de alguma
forma, poderão ter influenciado os resultados.
O número reduzido de sujeitos da amostra não nos permite tirar
conclusões quanto à coerência dos dados, uma vez que a comparação entre os
sujeitos não é representativa da população.
Também o facto de termos utilizado apenas a medida de handicap para a
classificação dos sujeitos, excluiu de certa forma os anos de experiência de cada
jogador, tal como o tempo de prática semanal ou a frequência dos treinos. Desta
forma juntámos, por exemplo, no grupo ‘handicap alto’ indivíduos com menos de 1
ano de prática com indivíduos com mais de 15 anos de prática.
Relativamente à questão dos dados serem recolhidos em laboratório,
sabemos que vai influenciar o tipo de execução dos praticantes. Para além do facto
do praticante saber que o seu gesto motor está a ser analisado, nenhum deles
alguma vez o executou neste tipo de ambiente.
Referida pelos próprios sujeitos, surge como limitação o facto de não
estarem providos do equipamento mais adequado para esta prática desportiva.
Apenas um dos sujeitos utilizou luva na mão esquerda para a execução do
movimento – utilizada para aumentar o atrito com o taco, permitindo uma tacada
mais ‘segura’. O taco e as bolas faziam parte do material fornecido pela própria
investigação, o calçado muitas vezes escorregava, o vestuário não permitia uma
torção de tronco mais adequada.
Em estudos futuros, para além do controle das limitações referidas,
sugerimos que possam ser controlados outros parâmetros invariantes do programa
motor, tais como a força relativa ou a ordem dos elementos/sequência motora.
Mestrado em Ciências da Fisioterapia
72
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