a precocidade da atividade física preserva a atividade
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a precocidade da atividade física preserva a atividade
DIONIZIA XAVIER SCOMPARIN A PRECOCIDADE DA ATIVIDADE FÍSICA PRESERVA A ATIVIDADE AUTONÔMICA E RESTABELECE A HOMEOSTASE GLICÊMICA EM CAMUNDONGOS OBESOS Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Área de concentração - Biologia Celular e Universidade Molecular) da Estadual de Maringá, para obtenção do grau de Doutor em Ciências Biológicas. Maringá Fevereiro – 2009 DIONIZIA XAVIER SCOMPARIN A PRECOCIDADE DA ATIVIDADE FÍSICA PRESERVA A ATIVIDADE AUTONÔMICA E RESTABELECE A HOMEOSTASE GLICÊMICA EM CAMUNDONGOS OBESOS Prof(a). Dr(a). Paulo Cezar de Freitas Mathias Orientador (a) Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) (Biblioteca Central - UEM, Maringá – PR., Brasil) Dionizia Xavier Scomparin D722a A precocidade da atividade física preserva a atividade autonômica e restabelece a homeostase glicemica em camundongos obesos/ Dionizia Xavier Scomparin. -Maringá : [s.n.], 2009. 74 f. : il. , figs., tabs., retrs. Orientador : Prof. Dr. Paulo Cezar de Freitas Mathias Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Maringá. Programa de Pósgraduação em Ciências Biológicas. Departamento de Biologia Celular e genética, 2009. 1. Obesidade. 2. Exercício físico. 3. Sistema nervoso autônomo. 4. Glicemia. 5.Perfil lipídico. I. Universidade Estadual de Maringá. Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas Cdd 21.ed. 571.32 BIOGRAFIA Dionizia Xavier Scomparin nasceu em Mandaguari/PR em 09/09/1978. Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Maringá (2004) e Mestrado Ciêcias Biológicas pela Universidade Estadual de Maring (2006). Atualmente é aluna de doutorado do programa de Ciências Biológicas (área de concentração Biologia Celular e Molecular) pela Universidade Estadual de Maringá. Tem experiência na área de Biologia Celular e Fisiologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Fisiologia endócrina, Exercício Físico e obesidade. AGRADECIMENTOS Aos amigos atuais e que já passaram pelo laboratório de Biologia Celular da Secreção pelo apoio, força e compreensão: Sabrina, Anderson, Fernanda Mecabô, Ana Eliza, Rodrigo, Diego, Marcelo, Fernando, Aniela, Fernanda Mesquita, Wilson, Adriana, Lívia, Riacardo, Mariana,Mel, Angélica,Julio, Rafael,Clarice e Felipe. Às funcionárias Maroly e Marli. Ao Professor Paulo. DEDICATÓRIAS Dedico, À Deus...pela oportunidade de encontrar pessoas tão especiais em minha vida, que me guiaram até aqui. Aos meus pais Atílio e Cleusa... que não mediram esforços para que eu pudesse alcançar meus objetivos. Aos meus irmãos, Eidi e Vanderlei... pelo apoio que me deram em qualquer decisão. Ào meu namorado Rodrigo... que de forma tão especial foi parte fundamental deste trabalho, meu total carinho e respeito. Às minhas queridas amigas, Débora (Maria), Denise e Lirizinha... pelo apoio, pela força e pelos ouvidos que me cederam nos momentos de tristeza, quero dizer que vocês fazem parte deste trabalho. À minha querida amiga Sabrina, pelas intermináveis horas de conversas. Aos companheiros de graduação, Denise Scoaris, Carol, Lu, Priscila, André, João e Josy... pelo apoio especial, amo vocês. Á professores e funcionários do departamento de Biologia Celular e Genética Aos professores da graduação que de forma tão especial contribuíram para que eu chegasse até aqui. Aos inesquecíveis animais, que na forma mais nobre, doando sua própria existência, foram os principais instrumentos desta etapa de minha vida, pois sem eles, nada disto seria possível. ...Com muito carinho APRESENTAÇÃO Esta tese é composta de três artigos científicos. Inicia avaliando o efeito do tratamento neonatal com glutamato monossódico no sistema nervoso autônomo de camundongos no artigo “A obesidade induzida pelo MSG causa alterações autonômicas”. Tem continuidade com o artigo “Autonomic activity is preserved by precocious and low intensity training exercises in MSG-mice” que descreve os efeitos benéficos do exercício físico regular iniciado logo após o desmame na atividade do sistema nervoso autônomo. Encerra com o artigo “Low intensity swimming training applied early is able to improve metabolism in mice MSG-programmed to become obese” que avalia os efeitos da atividade física regular no perfil lipídico de camundongos tratados neonatalmente com glutamato monossódico (MSG). Em consonância com as regras do Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas, os artigos foram redigidos de acordo com as revistas Endocrinologia & Diabetes Clinica e Experimental; Neuroendocrinology e Hormone and Metabolism Research. RESUMO GERAL INTRODUÇÃO – A obesidade tornou-se nos últimos anos um problema de saúde pública mundial, cujo grau de incidência tem atingindo proporções alarmantes, inclusive no Brasil. O avanço da obesidade é um fenômeno mundial afetando todos os indivíduos, independente de gênero, raça, idade e classe social. A obesidade é um estado patologico preocupante, principalmente por sua íntima relação com o desenvolvimento de numerosas doenças, dentre as quais destacam-se doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e dislipidemias. O sistema nervoso central (SNC) é o responsável pelo controle da homeostase energética sendo capaz de promover ajustes na ingestão alimentar e gasto energético que determinam a estabilidade do peso corporal. Entre as diversas regiões cerebrais envolvidas no controle do peso corporal se destacam áreas hipotalâmicas. As ações efetoras hipotalâmicas responsáveis pelo controle da homeostase energética ocorrem via sistema nervoso autônomo (SNA) composto pelo sistema nervoso parassimpático (SNP) e sistema nervoso simpático (SNS). Frequentemente a ativação do SNP é responsável por eventos anabólicos enquanto o SNS antagonicamente desencadeia ações catabólicas, o que mostra a importância dos ramos autonômicos para o equilíbrio energético. Dados da literatura indicam que independente da origem da obesidade a subdivisão parassimpática se encontra em alta atividade enquanto o SNS se encontra em baixa atividade. O desajuste autonômico favorece o armazenamento e sinergicamente diminui o gasto energético, tornando-se um forte determinante na instalação e/ou desenvolvimento da obesidade. O exercício físico é conhecido como um potente atenuador do desenvolvimento e instalação da obesidade, primariamente por elevar o gasto energético e promover lipólise no tecido adiposo, induzindo a redução dos depósitos de gordura corporal. A mobilização dos substratos energéticos depende de ações diretas do SNS sobre os adipócitos, bem como da ativação do sistema simpatoadrenal via secreção das catecolaminas. Finalmente a atividade física exerce marcantes efeitos no controle glicêmico, uma resposta dependente do aumento da sensibilidade periférica a insulina e também da captação muscular de glicose independente das ações da insulina. OBJETIVO: Avaliar a efetividade do treinamento físico de baixa intensidade iniciado precocemente como mecanismo protetor capaz de atenuar os transtornos metabólicos e autonômicos de camundongos programados para se tornarem obesos pelo tratamento neonatal com L-glutamato monossódico (MSG). MÉTODOS –Camundongos machos receberam durante os 5 primeiros dias de vida injeções subcutâneas de MSG (4mg/g de peso corporal). Controles (CON) receberam salina equimolar. Aos 21 dias os animais foram separados das mães e divididos em quatro grupos: animais controles-sedentário (CON-SED); animais obesos-sedentários (MSG-SED); animais controles-exercietados (CON-EXE) e animais MSG-exercitados (MSG-EXE). O exercício físico realizado foi a natação livre 3 dias por semana durante 15 minutos. Uma carga correspondente a 2,5% do peso corporal foi presa a cauda para garantir a realização da atividade física. A natação foi realizada sempre no mesmo horário, em um aquário de vidro com água a temperatura constante (32±2ºC). Aos 90 dias animais de todos os grupos experimentais foram submetidos aos seguintes protocolos: Registro eletrofisiológico da atividade do nervo vago e do ramo simpático que inerva o tecido adiposo retroperitonial, ao teste de tolerância a glicose e a insulina. Neste período os animais foram sacrificados, pesados e tomados o comprimento nasoanal para posterior cálculo do índice de Lee. As gorduras periepididimal e retroperitonial foram pesadas para se estimar a obesidade. O sangue total foi coletado para posterior análise de glicemia plasmática pelo método da glicose oxidase e da insulinemia basal pelo radioimuniensaio (RIA). O sangue também foi utilizado para a dosagem de colesterol total, triglicérides e colesterol HDL através de método enzimático usando kit comercial. RESULTADOS E DISCUSSÃO – Administração neonatal de MSG foi eficiente em promover o desenvolvimento de obesidade, conforme demonstrado pelo maior IL 15,7% e conteúdo de gordura 2 vezes maior. A natação foi efetiva em promover redução do conteúdo de gordura coporal em ambos os grupos, todavia a magnitude do efeito foi maior em obesos. Nossos dados confirmam pela primeira vez o desequilíbrio autonômico em camundongos MSG-obesos. O registro neural demonstrou maior atividade parassimpática 78,0% e paralela redução da atividade simpática 60,0%. O treinamento físico inciado precocemente corrigiu a atividade dos dois ramos autonômicos, um elemento que pode ter sido decisivo para a o restabelecimento da homeostase glicêmica nos animais MSG-obesos submetidos a natação. Visto que a atividade parassimpática é fundamental para o controle secretor da liberação de insulina pelo pâncreas endócrino o restabelecimento do equilíbrio autonômico pode também ter sido fundamental para a correção da responsividade a insulina promovida pelo exercício físico. Camundongos MSG-obesos desenvolvem anormalidades no perfil lipídico, similar aquelas frequentemente encontradas em indivíduos com síndrome metabólica, elevados níveis de triglicérides 2 vezes maior e colesterol total 67%. Novamente o treinamento físico inciado logo após o desmame foi decisivo em preservar o metabolismo lipídico em animais obesos. A normalização da ação da insulina - o principal hormônio lipogênico – pode ter contribuído para este efeito. O controle do metabolismo glicêmico e lipídico durante a atividade física é dependente da ativação do eixo-simpatoadrenal. Nossos dados demonstraram claramente aumento da atividade do eixo simpatoadrenal pelo treinamento físico em ambos os grupos, todavia a magnitude deste efeito foi maior em camundongos MSG. As ações hepáticas e lipolíticas das catecolaminas circulantes podem também ter contribuído para as adaptações metabólicas ao treinamento físico em animais MSG CONCLUSÕES – A manutenção do balanço autonômico efetivada pelo treinamento físico precoce de baixa intensidade deve ser fundamental para evitar as injúrias metabólicas induzidas pelo tratamento com MSG de camundongos. GENERAL ABSTRACT INTRODUCTION – Obesity has become in recent years a worldwide public health problem, whose degree of incidence has been reaching alarming proportions, including in Brazil. The progress of obesity is a worldwide phenomenon affecting all individuals, regardless of gender, race, age and social class. Obesity is a serious pathological condition, mainly due to its close relationship with the development of numerous diseases, such as cardiovascular disease, type 2 diabetes and dyslipidemia to name a few. The central nervous system (CNS) is responsible for the control of energy homeostasis and is capable of promoting adjustments in food intake and energy expenditure which determine the stability of body weight. Among the various brain regions involved in controlling the body weight, the hypothalamic areas stand out. The hypothalamic effector actions, responsible for the control of energy homeostasis, occur via the autonomic nervous system (ANS) which is formed by the parasympathetic nervous system (PNS) and the sympathetic nervous system (SNS). The activation of the PNS is often responsible for anabolic events whereas the SNS triggers catabolic actions, showing, this way, the importance of the autonomic branches for the energy balance. Data coming from literature indicates that regardless of origin of obesity, the parasympathetic subdivision is in high activity whereas the SNS is in low activity. The autonomic disorder facilitates the storage and synergistically decreases the energy expenditure, becoming a strong determinant in the installation and/or development of obesity. Physical exercises are known as potent attenuators of development and installation of obesity, primarily for increasing the energy expenditure and promoting adipose tissue lipolysis, inducing the reduction of body fat deposits. The mobilization of energy substrates depends on direct actions of SNS on the adipocytes, as well as it depends on the activation of the sympathoadrenal system via secretion of catecholamines. Finally, the physical activity exerts significant effects on the glycemic control, a response which is dependent upon the increase of the peripheral sensitivity to insulin and also dependent upon the muscle uptake of glucose regardless of insulin actions. AIMS – To evaluate the effectiveness of low-intensity physical training started early as a protective mechanism capable of mitigating the metabolic and autonomic disorders in rats programmed to become obese by neonatal treatment with monosodium-L-glutamate (MSG). METHODS – Male Wistar rats received subcutaneous injections of MSG (4mg/g body weight) during the first 5 days after birth. Control rats (CON) received equimolar saline. At 21 days the animals were separated from their mothers and divided into four groups: control-sedentary animals (CON-SED), obese-sedentary animals (SED-MSG); control exercise animals (CON-EXE) and MSG exercise trained rats (MSG-EXE). The physical exercise was free swimming: 3 days a week for 15 minutes. A load corresponding to 2.5% of body weight was attached to the tail to ensure the execution of the physical activity. The swimming was always performed at the same time, in a glass aquarium with water at constant temperature (32 ± 2 º C). At 90 days the animals in all experimental groups underwent the following protocols: Electrophysiological registration of vagus nerve and sympathetic activity that innervates the retroperitoneal adipose tissue, to glucose and insulin tolerance test. In this period, the animals were sacrificed, weighed and naso-anal length measured for further calculation of Lee index. The periepididimal and retroperitoneal fat were weighed to estimate the obesity. The total blood was collected for later analysis of plasma glucose by the glucose oxidase method and basal insulinemia by radio-imuno-assay (RIA). The blood was also used for the estimation of total cholesterol, triglycerides and high-density lipoprotein (HDL) cholesterol by standard enzymatic method using commercial kits. RESULTS AND DISCUSSION – The neonatal administration of MSG was efficient in promoting the development of obesity, as demonstrated by the major IL 15.7% and fat content two times higher. The swimming was effective to decrease the body fat content in both groups, nevertheless the magnitude of the effect was greater in obese rats. For the first time our data confirms the autonomic disorder in MSG-obese rats. The neural record showed a higher parasympathetic activity 78.0% and a parallel decrease of sympathetic activity 60.0%. The early start physical training corrected the activity of the two autonomic branches, a factor which may have been decisive in the restoration of glucose homeostasis in MSG-obese animals submitted to swimming. Since the parasympathetic activity is essential for the secretory control of the insulin release by the endocrine pancreas, the restoration of the autonomic balance may also have been important to the correction of insulin responsiveness promoted by the practice of physical exercises. MSG-obese rats develop abnormalities in the lipid profile, similar to those frequently found in individuals with metabolic syndrome, high triglyceride levels two times higher and total cholesterol 67%. Once more, the physical training initiated soon after weaning was decisive in maintaining the lipid metabolism in obese animals. The normalization of the acting insulin - the principal lipogenic hormone - may have contributed to this effect. The control of glucose and lipid metabolism during the physical activity is dependent upon the activation of the sympathoadrenal axis. Our data clearly demonstrated an increase of the sympathoadrenal axis activity due to the physical training in both groups, nonetheless the magnitude of this effect was greater in MSG rats. The hepatic and lypolitic actions of the circulating catecholamines may also have contributed to metabolic adaptations to physical training in MSG animals. CONCLUSIONS – The maintenance of the autonomic balance brought into effect by early low-intensity physical training should be essential to avoid the metabolic injury induced by the treatment with MSG rat.