Processo Saúde-Doença

Transcrição

Processo Saúde-Doença
Universidade de Cuiabá - Disciplina: Homeopatia
Prof. Ivana Maria Póvoa Violante
SAÚDE/DOENÇA
CONCEITOS:
Organismo: Qualquer ser, sistema ou estrutura organizada.
Indivíduo: A pessoa humana, considerada em suas características particulares.
Indivíduo São: Em estado de higidez ou saúde.
∗ SAÚDE:
Eizayaga assim coloca:
“É um estado de harmonia da mente e de equilíbrio fisiológico dos órgãos, no qual
o espírito pode servir-se livremente do corpo para os elevados fins da existência”.
(Tratado de Medicina Homeopática)
Maffei afirma o seguinte:
“Saúde ou estado hígido ( do grego higicia) e doença ou estado mórbido (do latim
morbus = doença).
São dois conceitos abstratos que se opõe e não podem ser expressos em uma
simples definição. Podemos dizer que a saúde consiste na harmonia do indivíduo consigo
mesmo e com o ambiente, que se traduz pelo bom aspecto não só morfológico, como
também de suas manifestações sociais.
Saúde é um estado subjetivo que só o próprio indivíduo a pode exprimir,
manifestada pelo apetite, isto é, prazer em comer, disposição ao trabalho físico e
intelectual, às diversões, enfim, às relações humanas”.
(Os fundamentos da Medicina)
Hahnemann - § 9 do Organon:
“No estado de saúde, a força vital imaterial (autocrática), que dinamicamente anima
o corpo material (organismo), reina com poder ilimitado e mantém todas as suas partes
em admirável atividade harmônica, nas suas sensações e funções, de maneira que o
espírito dotado de razão que reside em nós pode livremente dispor desse instrumento
vivo e são para atender aos mais altos fins de nossa existência”.
Saúde é a harmonia do homem com a natureza, o equilíbrio entre os diversos
componentes do organismo entre si e este com o meio ambiente.
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∗ DOENÇA:
Para a homeopatia, é toda e qualquer alteração da energia vital que leva o
organismo a um desequilíbrio. Na busca de novo estado de equilíbrio, surge um novo
estar, o qual se traduz pela moléstia.
§ 11: “Quando o homem adoece, essa força vital imaterial de atividade própria,
presente em toda parte no seu organismo (princípio vital), é a única, que inicialmente
sofre a influência dinâmica hostil à vida, de um agente morbígeno, é somente o princípio
vital, perturbado por uma tal anormalidade, que pode fornecer ao organismo as
sensações desagradáveis e impedi-lo, dessarte, à atividades irregulares a que chamamos
doença; pois essa força invisível por si mesma e apenas pela manifestação de doença
nas sensações e funções ( as partes do organismo acessíveis aos sentidos do observador
médico), isto é, por sintomas mórbidos, e não pode torna-lo conhecido de outra maneira”.
§ 12: “É somente a força vital morbidamente afetada que produz moléstias, de
modo que os fenômenos mórbidos que são perceptíveis aos nossos sentidos expressam,
ao mesmo tempo, toda a mudança interna, isto é, toda a perturbação mórbida do
dinamismo interno ....”.
Doença é a alteração do equilíbrio vital, que se manifesta primariamente no
princípio vital de forma dinâmica. Quando esses princípio vital encontra-se
desequilibrado, este fornece ao organismo as sensações desagradáveis e
atividades irregulares.
Sabemos então, que essa harmonia vital controla todas as funções do indivíduo.
Quando há uma desarmonia desse controle (alteração da energia vital), ocorre a doença.
Quando ocorre a manifestação desse desequilíbrio no corpo e/ou mente, é a moléstia.
∗ MOLÉSTIA:
Ë uma nova condição de relação que o organismo encontra e a qual é levado pela
alteração do equilíbrio vital, ou seja, pela doença. Portanto é uma alteração orgânica e
funcional, caracterizado anatomopatologicamente.
Moléstia é o complexo de alterações psíquicas, mentais funcionais e
morfológicas, de caráter evolutivo, que se manifesta em um organismo submetido a
fatores (noxas) frente aos quais ele reage.
Pode-se concluir que a moléstia não representa em si um mal e sim, uma tentativa
de localização pelo organismo de sua alteração vital, numa busca de um estado de
equilíbrio, de uma nova condição de vida, mesmo que mais instável ou menos desejável,
mas a única possível naquele momento.
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Enfermidade: É a alteração de uma função, como a visão por exemplo.
Afecção: É a alteração de um órgão
Lesão: É a alteração estrutural de uma célula ou tecido.
Noxa: vem do latim noxa, e significa dano.
Para a homeopatia, noxa significa causa ou etiologia, ou seja, o termo visa
designar um estímulo, um desencadeante.
A s noxas podem ser classificadas de acordo com:
4 Natureza
44 Naturais: frio, calor, umidade, etc.
44Artificiais: queimaduras, eletricidade, medicamentos, etc.
4 Reação
44Específicas: microbianas, viróticas, parasitárias.
44Inespecíficas: meteorológicas, alimentícias, psíquicas, etc.
4 Imunidade
44Imunizantes: sarampo, coqueluche, rubéola, etc.
44Não imunizantes: diversas outras, inclusive microbianas.
4 Duração:
44Ação aguda: pouco tempo – microbianas agudas.
44Ação crônica: longo tempo – sífilis, Chagas, poeira, etc.
4 Terreno
44Todas as pessoas: traumas, tóxicas, medicamentosa.
44Só os susceptíveis: microbianas, viróticas, psíquicas.
O indivíduo uma vez atingido pelo Noxa, reage de acordo com sua natureza e
susceptibilidade. Observa-se que em pacientes que tiveram estímulos noxais, após
períodos de reatividade próprios à circunstâncias, superam o evento, sem que o noxa
determine qualquer sintomatologia. Em outro, pode-se observar, que uma possibilidade
de noxa, determina toda uma sintomatologia ou dinâmica aparente.
Susceptibilidade:
É a tendência para sentir as influências ou contrair enfermidades, é o passível de
receber impressões, modificações ou qualidade. “É o modo de estar”.
Predisposição:
É a vulnerabilidade do organismo em adquirir moléstias. É a tendência a estar
disposto com antecedência. É a tendência para o indivíduo ter uma determina da doença..
“É o modo de ser”.
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A predisposição então é um estado hereditário, fazendo parte do genótipo, incluso
na constituição do indivíduo. Todos tem seu ponto vulnerável, sua predisposição.
Idiossincrasia:
É uma dinâmica própria do indivíduo, quando a predisposição mórbida é exagerada
recebe o nome de idiossincrasia. É a particular sensibilidade do organismo em face a
determinadas substâncias, em geral inócuas, ou até úteis, como alimentos,
medicamentos, ou fatores externos.
O fenômeno da idiossincrasia é o que participa da Patogenesia. Se o indivíduo for
idiossincrásico faz patogenesia.
Sensibilidade: Grau de manifestação de um indivíduo, apresentado em um quadro
sintomatológico específico para cada situação adversa ou para cada agente químico ou
físico.
Refratariedade ou Imunidade Natural:
É a insensibilidade do organismo de não responder à ação dos agentes patógenos.
Imunidade:
Adquire a capacidade de não ficar doente.
Resumindo:
Predisposição
Refratariedade
Susceptibilidade
Imunidade
Capacidade natural de ficar doente
Capacidade natural de não ficar doente
Adquire a capacidade de ficar doente
Adquire a capacidade de não ficar doente
Terreno:
A moléstias só se instalam em terrenos propícios, o que se denomina
predisposição, só se instalam quando o terreno predisposto perde sua condição anterior
de equilíbrio, de harmonização vital, que o impedia de contrair as moléstias às quais seria
potencialmente predisposto desde sua formação embriológica, ou ainda quando foi
determinado seu padrão hereditário. Essa alteração vital de desequilíbrio que quebra a
condição de resistência do organismo é que o torna sensível às moléstias às quais já era
potencialmente predisposto.
É por isso que se diz que quem faz a moléstia é o indivíduo e só a faz, “quem pode
e quem precisa”. Pode, porque seu terreno predisposto está agora sensível, e precisa,
porque lhe é impossível perdurar em desequilíbrio vital, necessita de uma nova condição
mental que lhe dê um novo estado de equilíbrio, que se não ideal, estável como a sua
condição anterior, ao menos o possível nessa fase da sua vida; daí dizes-se que a
condição de moléstias é um estado de equilíbrio possível ou a moléstia é a condição
possível encontrada pelo organismo doente para sobreviver.
Origem das doenças:
¬ Congênitas
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¬ Adquiridas
¬ Hereditárias
Extensão das doenças:
¬ Locais
¬ Gerais
Classificação das Doenças:
¬ Doenças Agudas
¬ Doenças Crônicas
DOENÇAS AGUDAS
Conceito: § 72 e 73 do Organon:
Doenças agudas são processos de perturbação da força vital que determinam
moléstias que completam sua evolução pela cura ou pela morte num intervalo de
tempo determinado e rápido.
Em resumo pode-se dizer que doenças agudas são manifestações súbitas do
desequilíbrio da força vital, com causa definida, evolução característica, com fim definido,
em geral de curta duração, podendo ter uma tendência espontânea para cura total, a
menos que, por sua gravidade, provoque a morte do paciente.
O caso agudo é sem dúvida dentro da Medicina, aquele que mais traz ansiedades,
tanto ao paciente e seus parentes ou responsáveis, quanto ao médico. Na Homeopatia
isso é ainda mais acentuado, gerando tensões até mesmo insuportáveis, pois sempre se
coloca a dúvida sobre a eficácia do tratamento homeopático instituído. E se restam
seqüelas, ou se o caso é de resolução mais demorada ou mesmo se o paciente morre, aí
então a reação é emocionalmente explosiva. Daí a necessidade do médico homeopata
estar devidamente preparado não só tecnicamente mas também filosoficamente, para
entender a Medicina toda e em especial o caso agudo, e assim ter a serenidade
necessária ao entendimento da sua difícil missão.
Hahnemann nos parágrafos 72 e 73 do Organon, sistematiza a doença aguda e
classifica-a conforme o quadro abaixo:
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CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS AGUDAS
∗ Doenças agudas propriamente ditas
∗ Casos agudos
1. Doenças agudas propriamente ditas
1.1.Individuais: São produzidas por causas nocivas. A causa excitante é física ou mental.
São explosões passageiras da Psora latente. São as intercorrências citadas por
Hahnemann nas “Doenças Crônicas”.
1.1.1.Traumáticas: Ocorrem por traumatismos, ferimentos, contusões, luxações,
fraturas. Transtornos produzidos por ação mecânica.
1.1.2. Indisposições: São distúrbios fisiopatológicos devidos à causas ocasionais
como resfriamentos ou aquecimentos exagerados; excessos de bebida ou comida,
carências ou intoxicações alimentícias; cansaço excessivo; repressão de desejos;
emoções, preocupações e impulsos fortes.
1.1.2.Exacerbações das doenças crônicas: São na maioria
recrudescimento passageiro de uma psora latente que recai, volta
crepuscular, quando a fase aguda não foi muito violenta e
rapidamente curada. São casos como asma, angina, catarros
erupções da pele
das vezes, o
ao seu estado
após ter sido
periódicos ou
1.2.Coletivas: Acometem vários indivíduos ao mesmo tempo, e podem ocorrer:
1.2.1.Esporadicamente: Por influências meteorológicas, climáticas, nocivas às
quais, em um determinado momento, somente um pequeno grupo de indivíduos
está preparado. São exemplos destas doenças: pneumonias, hemorragias,
acidentes vasculares cerebrais, gastroenterocolites agudas. Atingem sempre
indivíduos predispostos.
1.2.2. Epidêmicas: Acometem muitas pessoas ao mesmo tempo, dependem de
uma mesma causa e se manifestam por sintomas muito parecidos, chegando a ser
contagiosas quando atuam sobre uma concentração populacional. Geralmente são
enfermidades febris, de etiologia microbiana específica e definida, que, ficando sem
tratamento, conduz rapidamente para a morte ou cura. As guerras, as inundações
são freqüentemente a ocasião destas doenças. Ex: tifo, leptospirose, febre tifóide.
Há ainda, as doenças que Hahnemann chamava de miasmas agudos.
Estas aparecem sempre sob a mesma forma, causadas por agentes infecciosos
específicos, razão pela qual são conhecidas com um nome tradicional. Alguns
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destes agentes infectam o homem uma única vez na vida: varicela, sarampo,
escarlatina, pertussis, parotidite epidêmica. Outras podem acometer várias vezes
de modo similar: febre amarela, dengue, cólera asiática.
2. Casos agudos: Não são propriamente doenças agudas e sim fases de evolução ou
tratamento das doenças crônicas.
2.1. Agravações Homeopáticas – “Doenças Crônicas”:
2.1.1. Agravações propriamente dita
2.1.2. Retorno dos sintomas antigos
2.1.3. Patogenesias
2.1.4. Eliminações
2.2. Doenças Intermitentes: (Parágrafos 231 à 244 do Organon):
2.2.1. Alternantes: São muito numerosas e pertencem à classe das
doenças crônicas. Pode haver alternância de dois ou três estados patológicos mas,
em cada um, não há sinal do estado anterior ou, às vezes algum resquício
permanente quando ocorre o estágio seguinte. São manifestações da psora
desenvolvida. Ex: Dermatoses x asma brônquica; Doença reumática x alteração do
comportamento..
2.2.2. Intermitentes ou periódicas típicas:
Não febris: São aquelas em que um estado patológico, idêntico ao que se
verificou anteriormente, reaparece após intervalo regular de bem-estar e
desaparece após período determinado. São doenças crônicas psóricas ou mais de
um miasma. Ex: asma brônquica, epilepsia convulsiva.
Febris: Prevalecem esporádica ou epidemicamente, e cada paroxismo é
composto de dois ou três estágios diferentes entre si (frio-calor; calor-frio; ou friocalor-suor). Existem diferentes tipos de sintomas: diferentes tipos de cefaléia, mau
gosto na boca, náusea, vômitos, diarréia, excesso ou ausência de sede, delírios,
alterações do humor, etc.
2.2.3. Febre intermitentes endêmicas: Acometem em regiões palustres ou
expostas à freqüentes inundações. Não psóricas, mas podendo ser agravadas pela
presença de miasmas. Ex: malária.
BIBLIOGRAFIA
BRUNO, Corrado G.. Doenças Agudas. In: Compêndio de Homeopatia. V. I, Cap. 24, Associação Paulista de Homeopatia,
Piracicaba: 1997.
LINHARES, Waltencir. Agentes Nóxios ou Noxas. In: Compêndio de Homeopatia. V. I, Cap 5, Associação Paulista de
Homeopatia, Piracicaba: 1997.
MAFEI, W. Os Fundamentos da Medicina. V.I , Robe. São Paulo: 1997.
ROSENBAUM, Paulo. Susceptibilidade. In: Compêndio de Homeopatia. V. I, Cap 5, Associação Paulista de Homeopatia,
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Piracicaba: 1997.
SOARES, Izao Carneiro. Homeopatia: Fundamentos Básicos. Instituto Homeopático François Lamasson, Ribeirão Preto: [s.d.].
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