FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA – FGF

Transcrição

FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA – FGF
FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA – FGF
NUCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTANCIA - NEAD
Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes na área de Licenciatura
em Biologia
ANÁLISE COMPARATIVA DO CONTEÚDO IMPACTO AMBIENTAL CAUSADO
PELO HOMEM EM LIVROS DIDÁTICOS
DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA DE URANDI, BA.
DAIANE CAIRES MARTINS DE SOUZA
URANDI – BAHIA
2013
DAIANE CAIRES MARTINS DE SOUZA
ANÁLISE COMPARATIVA DO CONTEÚDO IMPACTO AMBIENTAL CAUSADO
PELO HOMEM EM LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA DE
URANDI, BA.
Monografia apresentada como requisito parcial
para obtenção do título de Licenciado em Biologia
no Programa Especial de Formações de Docentes
da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza-FGF,
sob a orientação do Profº. Dr. Rickardo Léo
Ramos Gomes.
Urandi – Bahia
2013
Monografia submetida ao Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes
em Biologia, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Licenciado
em Biologia, outorgado pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza-FGF.
Monografia aprovada em: _____ / ____ / ____
Nota obtida: ______
______________________________________________
Daiane Caires Martins de Souza
___________________________________________
Profº. Dr. Rickardo Léo Ramos Gomes.
DEDICATÓRIA
É com imensa satisfação que dedico este trabalho à meus pais, razão do meu viver,
pela força que têm me dado em todas as etapas da minha vida que conquistei. Não
posso deixar de mencionar as minhas queridas manas únicas e essenciais.
Dedico de coração ao meu esposo, amor de minha vida, Washington, complicado às
vezes, mas capaz de me fazer feliz.
AMO TODOS VOCÊS!
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi realizar uma análise comparativa entre dois livros didáticos
de Biologia utilizados no Ensino Médio, da rede estadual de ensino do município
Urandi, BA. Após o levantamento e escolha, os materiais didáticos foram submetidos a
uma análise geral em relação à capa, encadernação, espaçamento entre linhas,
tamanho da letra, ilustrações, e, também, a uma análise específica do conteúdo
impacto ambiental causado pelo homem, considerando-se conceitos e atualização do
conteúdo. Verificou-se que os materiais didáticos analisados não apresentam falhas
com relação a estrutura textual porém apresentam falhas com relação ao conteúdo, na
medida em que aborda de maneira sucinta ou deixa de abordar um assunto de grande
relevância na sociedade atual e a escola através do ensino-aprendizagem tem um
papel muito importante na formação de alunos conscientes da realidade
socioambiental.
Palavras- chave: livro didático, impacto ambiental, educação ambiental
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
07
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
10
3 METODOLOGIA
26
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
27
5 CONCLUSÃO DA ANÁLISE
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
34
REFERÊNCIAS
36
7
1 INTRODUÇÃO
A Lei de Diretrizes e Bases de 1996, ao considerar o Ensino Médio como
última e complementar etapa da Educação Básica, e a Resolução Conselho Nacional
de Educação de 1998, ao instituir as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio, que organizam as áreas de conhecimento e orientam a educação à promoção
de valores como a sensibilidade e a solidariedade, atributos da cidadania, apontam de
que forma o aprendizado de ciências, já iniciado no Ensino Fundamental, deve
encontrar complementação e aprofundamento no Ensino Médio (BRASIL,2002 ).
Para os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) do Ensino Médio
(1999), a decisão sobre o quê e como ensinar em Biologia, no Ensino Médio, não se
deve estabelecer como uma lista de tópicos em detrimento de outra, por manutenção
tradicional, ou por inovação arbitrária, mas sim de forma a promover, no que compete à
Biologia, os objetivos educacionais, estabelecidos pela Conselho Nacional de Educação
de 1998 para a área de Ciências da Natureza.
Dentre esses objetivos, o ensino da Biologia tem a ver com a construção
de uma visão de mundo; os conteúdos devem ser apresentados como problemas a
serem resolvidos com os alunos, como, por exemplo, aqueles envolvendo interações
entre seres vivos, incluindo o ser humano, e demais elementos do ambiente. Eles
devem conter aspectos práticos e instrumentais para a ação e, ainda, permitir a
formação de conceitos, a avaliação, a tomada de posição cidadã.
De modo a facilitar o ensino-aprendizagem da Biologia assim como de
outras disciplinas surgiram-se os livros didáticos, instrumentos pedagógicos que
possibilitam o processo de intelectualização e contribui para a formação social e política
do indivíduo.
Embora não seja o único instrumento de informação dentro da sala de
aula, para alcançar seus objetivos o material didático deve apresentar-se com uma boa
estrutura textual, didática e com boa qualidade nas informações.
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Em um mundo globalizado, cuja realidade econômico-tecnológica imprime
profundas transformações em um ritmo surpreendentemente acelerado, a escola tem
papel fundamental no processo de integração do aluno à sociedade.
Dessa maneira, cabe aos educadores, em sintonia com toda comunidade
escolar, viabilizar mecanismos para operacionalização de um conjunto de atividades
contextualizadas e transdisciplinares que atenda a essas novas perspectivas.
O clamor social por um ensino de qualidade tem-se generalizado e a
sociedade aspira por ver seus jovens aptos a enfrentar os desafios do novo milênio e
da globalização.
Almeja-se que a escola torne o aluno capaz de analisar problemas
diversos, solucionando-os; busca-se o desenvolvimento do espírito crítico e o domínio
de habilidades e competências diversas pelo aluno.
Nesse contexto, o ensino de Biologia, através do livro didático, deve
promover a discussão de experiências cotidianas. Espera-se que o aluno, enquanto
aprende conteúdos específicos, desenvolva uma visão mais crítica de sua sociedade,
preparando-o, dessa forma, para o exercício consciente da cidadania, educação
ambiental, por meio do conhecimento de conceitos básicos e das implicações sociais
da Biologia.
Pretendeu-se estudar o livro didático por ser, na escola onde lecionei por
algum tempo, o principal recurso didático utilizado pela maioria dos professores. O
objetivo deste trabalho foi realizar uma análise geral qualitativa do aspecto
metodológico e estrutural do material didático, e específica - do conteúdo impacto das
intervenções do homem no meio ambiente- com base na adequação e atualização de
conceitos nos livros didáticos utilizados por professores e alunos do Ensino Médio de
uma escola pública do município de Urandi-Bahia.
Para a fundamentação teórica desse trabalho foi feito uma pesquisa em
publicações que abordavam o tema. Elas foram analisadas de acordo com o título e
resumo, posteriormente, foram selecionadas as de maior interesse e relevância.
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Para dar andamento ao objetivo desse estudo realizou-se visitas à uma
escola pública onde foi realizada a análise de dois livros adotados no projeto político
pedagógico para o ensino médio.
Para alcance dos resultados foi descrito a analise geral e do conteúdo dos
livros observando aspectos considerados importantes para um padrão de qualidade
para livros didáticos.
Na
conclusão,
observou-se
que
os
livros
didáticos
estudados
apresentavam deficiências na abordagem do tema– educação ambiental requerendo
assim, do professor a adoção de outras estratégias para o desenvolvimento dessa
temática.
10
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As inexoráveis mudanças nos campos científico, social e econômico,
creditam à educação papel relevante, na condição de portadora de uma nova
concepção de ensino que dê conta das atuais circunstâncias em que o mundo vive. O
trabalho escolar relevante considera sua função na aprendizagem dos alunos e nas
mudanças que se fazem necessárias para atingir uma educação de qualidade.
Os saberes, os valores, as atitudes e as habilidades construídos ao longo
da atividade pedagógica são referenciais importantes para conhecer as condições de
ensino, a formação do professor e o conhecimento acadêmico veiculado em sala de
aula (FONSECA, 2007).
Atualmente, o ensino da Biologia apresenta um papel relevante, pois além
de estar inserida no cotidiano, as descobertas científicas e os avanços tecnológicos
estão presentes nos diversos meios de comunicação.
Assim, seu estudo deve proporcionar, aos alunos, o desenvolvimento do
caráter investigativo de atividades científicas e, também, tornar o indivíduo mais crítico,
capaz de interpretar e tomar decisões (SANTOS et al, 2007), ou seja, a educação em
biologia deve proporcionar aos estudantes a oportunidade de desenvolver capacidades
que despertem sua inquietação diante do desconhecido, buscando explicações lógicas
e razoáveis, levando-os a desenvolver posturas críticas, realizar julgamentos e tomar
decisões fundamentadas em critérios objetivos, baseados em conhecimentos
compartilhados por uma comunidade escolarizada (BIZZO, 2000).
Apesar de direcionar o ensino das ciências biológicas, os Parâmetros
Curriculares Nacionais não são regras impostas para dizer o que os professores devem
ou não fazer.
Muito menos podem ser chamados de proposta curricular ou programa
curricular. São isto sim, parâmetros que podem proporcionar subsídios para melhorar a
educação, apontando e sugerindo possibilidades de trabalho, levando os profissionais
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da educação, professores e comunidade escolar a refletir sobre o porquê e para que
ensinar, ou seja, são tópicos relacionados para direcionar, ampliar e aprofundar os
debates que devem ocorrer em sala de aula, de acordo com o desenvolvimento natural
de cada série (SOUZA, 2007).
2.1 O Programa Nacional do Livro Didático – Breve história (MEC, 2005).
Desde 1929, quando o Governo brasileiro criou um órgão específico para
legislar sobre a política do livro didático, o Instituto Nacional do Livro (INL), a ação
federal nessa área vem se aperfeiçoando, com a finalidade de prover as escolas das
redes federal, estaduais, municipais e do Distrito Federal com obras didáticas,
paradidáticas e dicionários de qualidade.
Atualmente, essa política está consubstanciada no Programa Nacional do
Livro Didático (PNLD) e no Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio
(PNLEM).
O formato atual do PNLD é resultado de um longo processo de
transformação e aperfeiçoamento da política pública em relação ao livro didático e da
institucionalidade de sua implementação.
Este processo teve início em 1929, quando foi criado o Instituto Nacional
do Livro (INL), com a função de legislar sobre políticas do livro didático, contribuindo
para dar maior legitimação ao livro didático nacional e, consequentemente, auxiliando
no aumento de sua produção.
Em 1938, a instituição da Comissão Nacional do Livro Didático (CNLD)
permitiu estabelecer a primeira política de legislação e controle de produção e
circulação do livro didático no país.
12
A legislação sobre as condições de produção, importação e utilização do
livro didático foi consolidada em 1945, restringindo ao professor a escolha do livro a ser
utilizado pelos alunos.
Uma nova fase iniciou-se em 1966, quando um acordo entre o Ministério
da Educação (MEC) e a Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento
Internacional (USAID) permitiu a criação da Comissão do Livro Técnico e Livro Didático
(COLTED), com o objetivo de coordenar as ações referentes à produção, edição e
distribuição do livro didático.
O acordo assegurou ao MEC recursos suficientes para a distribuição
gratuita de 51 milhões de livros no período de três anos. Ao garantir o financiamento do
governo a partir de verbas públicas, o programa revestiu-se do caráter de continuidade.
Em 1970, foi iniciada a implementação do sistema de co-edição de livros
com as editoras nacionais, com recursos do Instituto Nacional do Livro (INL). Novas
mudanças ocorreriam em 1976, quando o Governo assumiu a compra de boa parcela
dos livros para distribuí-los a parte das escolas e das unidades federadas.
Com a extinção do Instituto Nacional do Livro, a Fundação Nacional do
Material Escolar (FENAME) tornou-se responsável pela execução do programa do livro
didático, com recursos provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) e das contribuições das contrapartidas mínimas estabelecidas para
participação das Unidades da Federação.
Devido à insuficiência de recursos para atender todos os alunos do ensino
fundamental da rede pública, a grande maioria das escolas municipais foi excluída do
programa.
A Fundação de Assistência ao Estudante (FAE) foi criada em 1983, em
substituição à Fundação Nacional do Material Escolar, e assumiu a responsabilidade
pela implementação do Programa do Livro Didático para o Ensino Fundamental
(PLIDEF).
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Na ocasião, o grupo de trabalho encarregado do exame dos problemas
relativos aos livros didáticos propôs a participação dos professores na escolha dos
livros e a ampliação do programa, com a inclusão das demais séries do ensino
fundamental.
Como resposta às recomendações deste grupo, o Programa do Livro
Didático para o Ensino Fundamental deu lugar, em 1985, ao Programa Nacional do
Livro Didático (PNLD). O novo programa expressava diversas mudanças na política,
como a indicação do livro didático pelos professores; a reutilização do livro, implicando
a abolição do livro descartável e o aperfeiçoamento das especificações técnicas para
sua produção, visando maior durabilidade e possibilitando a implantação de bancos de
livros didáticos; a extensão da oferta aos alunos de 1ª e 2ª séries das escolas públicas
e comunitárias; o fim da participação financeira dos Estados, passando o controle do
processo decisório para a Fundação de Assistência ao Estudante e garantindo o critério
de escolha do livro pelos professores.
Novas mudanças na política de livro didático iriam ocorrer na década de
90. Devido a limitações orçamentárias, a distribuição dos livros foi sensivelmente
comprometida em 1992, com consequente recuo na abrangência da distribuição,
restringindo-se o atendimento até a 4ª série do ensino fundamental.
Esta situação seria revertida a partir do ano seguinte, quando a
constituição do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação – FNDE garantiu
recursos para a aquisição dos livros didáticos destinados aos alunos das redes públicas
de ensino, estabelecendo-se, assim, um fluxo regular de verbas para a aquisição e
distribuição do livro didático.
A partir de 1995, de forma gradativa, foi retomada a universalização da
distribuição do livro didático no ensino fundamental. Naquele ano, este processo
contemplou as disciplinas de matemática e língua portuguesa; em 1996, a de ciências;
e, em 1997, as de geografia e história.
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No ano seguinte, em sequência à retomada da universalização da política,
foi iniciado o processo de avaliação pedagógica dos livros inscritos para o Programa
Nacional do Livro Didático em 1997.
Esse procedimento foi aperfeiçoado, sendo aplicado até hoje. Os livros
que apresentam erros conceituais, indução a erros, desatualização, preconceito ou
discriminação de qualquer tipo são excluídos do Guia do Livro Didático.
A extinção, em 1997, da Fundação de Assistência ao Estudante (FAE)
resultou na transferência integral da responsabilidade pela política de execução do
Programa Nacional do Livro Didático para o Fundo Nacional para o Desenvolvimento da
Educação.
O programa foi ampliado e o Ministério da Educação passou a adquirir, de
forma continuada, livros didáticos de alfabetização, língua portuguesa, matemática,
ciências, estudos sociais, história e geografia para todos os alunos de 1ª a 8ª série do
ensino fundamental público.
Em seu formato atual, o Programa Nacional do Livro Didático remete a
responsabilidade pela definição do quantitativo de exemplares a ser adquirido às
escolas, em parceria com as secretarias estaduais e municipais de Educação.
Os dados disponibilizados pelo censo escolar feito pelo Instituto Nacional
de Estudos e pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP/MEC) servem de
parâmetro para todas as ações do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da
Educação, inclusive para o volume de livros didáticos a serem disponibilizados.
Os resultados do processo de escolha são publicados no Diário Oficial da
União, para conhecimento dos estados e municípios. Em caso de desconformidade, os
estados e municípios podem solicitar alterações, desde que devidamente comprovada a
ocorrência de erro.
O Programa Nacional do Livro Didático é mantido pelo Fundo Nacional
para o Desenvolvimento da Educação com recursos financeiros do Orçamento Geral da
União e da arrecadação do salário-educação.
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Os livros didáticos do ensino médio foram instituídos pelo Programa
Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLDEM), ou seja, a produção e a
circulação assim como a instituição desse programa para o ensino médio podem ser
entendidas como outro momento de difusão e de regulação da reforma curricular (DIAS;
ABREU, 2006).
Implantado em 2004, o Programa Nacional do Livro Didático para o
Ensino Médio – PNLEM - prevê a distribuição de livros didáticos para os alunos do
ensino médio público de todo o País.
Eles são distribuídos gratuitamente para os alunos de todas as séries da
educação básica da rede pública e para os matriculados em classes do programa Brasil
Alfabetizado.
Também são beneficiados, por meio do programa do livro didático em
Braille, os estudantes cegos ou com deficiência visual, os alunos das escolas de
educação especial públicas e das instituições privadas definidas pelo censo escolar
como comunitárias e filantrópicas (FNDE, 2008).
O que significou este programa? Em muitas escolas da rede pública
estadual e municipal foi a oportunidade dos alunos fazerem uso, pela primeira vez,
desse recurso. Diante das imensas diferenças socioeconômicas que assolam o Brasil,
tal programa oportunizou aos alunos carentes da rede pública a convivência com o
livro.
Em 2005, foram distribuídos livros de matemática e português para
alunos da 1ª série do ensino médio das regiões norte e nordeste. Em 2006, O programa
universalizou a distribuição de livros didáticos de português e matemática para as três
séries do ensino médio para todo o Brasil, com exceção das escolas e dos alunos dos
estados de Minas Gerais e do Paraná que desenvolvem programas próprios; os livros
de Biologia foram distribuídos em 2007, pela 1ª vez, a todos os alunos e professores
do Ensino Médio das escolas públicas de todo o Brasil, exceto as escolas estaduais de
Minas Gerais (MEC, 2008).
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A obra didática, objeto do Programa Nacional do Livro Didático para o
Ensino Médio, deve contribuir para o atendimento de seus objetivos gerais,
estabelecidos pelo Artigo 35 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB/96), nos seguintes termos (BRASIL, 1996):
O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos,
terá como finalidades:
I. a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino
fundamental, possibilitando o prosseguimento dos estudos;
II. a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar
aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições
de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
III. o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e
o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
IV. a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos,
relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.
Dessa forma, as obras didáticas não podem, seja sob a forma de texto ou
ilustração: veicular preconceitos de qualquer espécie, ignorar as discussões atuais das
teorias e práticas pedagógicas, repetir estereótipos, conter informações e conceitos
errados ou análises equivocadas, ou ainda, contrariar a legislação vigente.
Do mesmo modo, não podem ser concebidas como apostilas, com
informações, regras e recomendações que visem apenas à preparação do aluno para
um exercício profissional específico ou para o ingresso no ensino superior.
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Devem, ao contrário, favorecer o diálogo, o respeito e a convivência,
possibilitando a alunos e professores o acesso a conhecimentos adequados e
relevantes para o crescimento pessoal, intelectual e social dos atores envolvidos no
processo educativo (BRASIL, 2005).
Quanto à estrutura editorial e aos aspectos gráfico-editoriais espera-se
que o texto principal esteja impresso em preto e que títulos e subtítulos apresentem-se
numa estrutura hierarquizada, evidenciada por recursos gráficos; o desenho e tamanho
da letra, bem como o espaço entre letras, palavras e linhas, atendam a critérios de
legibilidade; a impressão não prejudique a legibilidade no verso da página; o texto e as
ilustrações estejam dispostos de forma organizada, dentro de uma unidade visual; que
o projeto gráfico esteja integrado ao conteúdo e não seja meramente ilustrativo; as
ilustrações auxiliem na compreensão e enriqueçam a leitura do texto, devendo
reproduzir adequadamente a diversidade étnica da população brasileira, não
expressando, induzindo ou reforçando preconceitos e estereótipos (BRASIL, 2005).
Alguns autores como Romanatto (2004, p. 46) desconsideram o livro
didático quando afirmam que:
Eles surpreendem pela monotonia e repetitividade de exercícios que conduzem
os alunos às atividades de reprodução dos pensamentos elaborados por outros,
em vez de se ocuparem no processo de construção do seu próprio
conhecimento.
Todavia, esses materiais pedagógicos se constituem praticamente no
único material impresso de que muitos alunos brasileiros dispõem, e o próprio Estado
tem, nas últimas décadas, comprado e distribuído em massa esses livros, reforçando
ainda mais a prática de centrar o cotidiano de ensino nesse matéria (CARLINI-COTRIM;
ROSEMBERG, 1991).
Para Bittenrcout (2007), livro didático é um objeto cultural contraditório que
gera intensas polêmicas e críticas de muitos setores, mas tem sido sempre considerado
como um instrumento fundamental no processo de escolarização.
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Ele provoca debates no interior da escola, entre educadores, alunos e
suas famílias, assim como em encontros acadêmicos, em artigos de jornais,
envolvendo
autores,
editores,
autoridades
políticas,
intelectuais
de
diversas
procedências.
Essas relações contraditórias estabelecidas entre livro didático e a
sociedade têm instigado investigações variadas, por meio das quais é possível
identificar a importância desse instrumento de comunicação, de produção e
transmissão de conhecimento, integrante da “tradição escolar” há, pelo menos, dois
séculos.
Para Cassiano (2004, p. 41), “o livro didático tem sua importância
ampliada em países como o Brasil, nos quais as condições precárias da educação
fazem com que ele acabe determinando conteúdos e decidindo estratégias de ensino”.
Diz ainda, este autor, que “o livro didático é instrumento importante de
ensino e aprendizagem formal que, apesar de não ser o único, pode ser decisivo para a
qualidade do aprendizado resultante das atividades escolares” (CASSIANO, 2004, p.
42).
Outro estudo feito por Fonseca (2007), sobre a biodiversidade e
desenvolvimento sustentável nas escolas do ensino médio de Belém, mostrou que os
resultados encontrados permitiram afirmar que o livro didático tem circulação cativa na
escola, participação concreta nas atividades didáticas dos docentes e similaridade na
estrutura organizacional e nos conteúdos que veiculam.
Desde a institucionalização do ensino, o livro didático centraliza toda
responsabilidade do ensino coletivo e institucionalizado. Embora contenha a maior
parte do currículo escolar, não se caracteriza apenas como transmissor de
conhecimento e valores.
Permite também o controle técnico de ensino, orientando a prática
pedagógica do professor, as estratégias a serem utilizadas e que por meio dele se
orientem todas as decisões em relação ao conteúdo. Associa uma função de regulação
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da prática pedagógica a uma função recontextualizadora, nomeadamente dos
programas disciplinares (SANTOS, 2001).
Logo, o material didático - em especial, o livro - é um dos principais
recursos utilizados, pelos professores, no seu trabalho diário de preparação de aulas; e,
para os alunos, é uma das únicas fontes de pesquisa e estudo.
Para o Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio, os
critérios divulgados pelo MEC (BRASIL, 2005c) para validação, eliminação e
classificação das obras foram organizados em critérios comuns e critérios específicos a
cada área.
Neste ponto é importante chamar atenção de que os critérios
denominados de comuns são classificados em duas naturezas: eliminatórios e de
qualificação. Tais critérios também servem de referência para seleção de material
didático.
2.2 Critérios eliminatórios (BRASIL, 2005c)
Os critérios eliminatórios são referentes aos preceitos legais e jurídicos,
sendo que serão sumariamente eliminadas se não observarem os seguintes critérios:
a) Correção e adequação conceituais e correção das informações básicas;
b) Coerência e pertinência metodológicas;
c) Preceitos éticos.
As obras que não atenderem a esses critérios serão excluídas do
Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio.
a) Correção e adequação conceituais e correção das informações básicas
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Respeitando as conquistas e o modo próprio de construção do
conhecimento de cada uma das Ciências de referência, assim como as demandas
próprias da escola, a obra didática deve mostrar-se atualizada em suas informações
básicas, respeitadas as condições da transposição didática, em conformidade
conceitual com essas mesmas Ciências.
Em decorrência, sob pena de descaracterizar o objeto de ensino
aprendizagem e, portanto, descumprir sua função didático-pedagógica, será excluída a
obra que:
•
Formular erroneamente os conceitos que veicule;
•
Fornecer informações básicas erradas e/ou desatualizadas;
•
Mobilizar de forma inadequada esses conceitos e informações, levando o aluno
a construir erroneamente conceitos e procedimentos.
b) Coerência e pertinência metodológicas (BRASIL, 2005c)
Na base de qualquer proposta científico-pedagógica está um conjunto de
escolhas teórico-metodológicas, responsável pela coerência interna da obra e por sua
posição relativa no confronto com outras propostas ou com outras possibilidades.
Nesse sentido, será excluída a obra que:
•
Não explicite suas escolhas teórico-metodológicas;
•
Caso recorra a diferentes opções metodológicas, apresente-as de forma
desarticulada, não evidenciando a compatibilidade entre elas;
•
Apresente incoerência entre as opções declaradas e a proposta efetivamente
formulada;
21
•
Não alerte sobre riscos na realização das atividades propostas e não recomende
claramente os cuidados para preveni-los;
•
Não contribua, por meio das opções efetuadas, para a consecução dos objetivos
da educação em geral, do Ensino Médio, da área de conhecimento e da
disciplina; o desenvolvimento de capacidades básicas do pensamento autônomo
e crítico (como a compreensão, a memorização, a análise, a síntese, a
formulação de hipóteses, o planejamento, a argumentação), adequadas ao
aprendizado de diferentes objetos de conhecimento e a percepção das relações
entre o conhecimento e suas funções na sociedade e na vida prática.
c) Preceitos éticos (BRASIL, 2005c)
Como instrumento a serviço da Educação Nacional, é de fundamental
importância que as obras didáticas contribuam significativamente para a construção da
ética necessária ao convívio social e ao exercício da cidadania; considerem a
diversidade humana com equidade, respeito e interesse; respeitem a parcela juvenil do
alunado a que se dirigem.
Desse modo, cabe ao conjunto de professores, durante a escolha do livro,
considerar aspectos como: a adequação dos conteúdos à realidade dos alunos, a
ampliação dos conhecimentos e das informações veiculadas , bem como a proposição
de alternativas pedagógicas diversificadas, atendendo aos interesses dos alunos.
É importante também procurem levantar questões como adequação dos
conteúdos à proposta pedagógica da escola, abordagem atualizada de temas
discutidos na sociedade moderna, abordagem metodológica voltada para a autonomia
dos educandos, valorização do indivíduo como cidadão crítico e atuante, uso de
linguagem clara e objetiva utilizada no livro didático (BRASIL, 2005).
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Núñez et al (2000) afirmam que embora se observe uma melhor qualidade
nos últimos livros recomendados pelo MEC para o ensino de Ciências, a seleção destes
é uma tarefa dos professores como profissionais.
Essa tarefa não pode ser limitada a um grupo de especialistas
responsáveis por analisar os livros e recomendá-los aos professores. Diante desta
compreensão tanto os professores que estão nas salas de aula, ou seja, atuando nas
escolas de forma direta, quanto os professores especialistas têm suas respectivas
parcelas de responsabilidades na escolha adequada do livro didático no nosso país.
Os professores devem ter um domínio de saberes diversos a serem
mobilizados para assumir a responsabilidade ética de saber selecionar os livros
didáticos, e não só isso, como também, estar capacitados para avaliar as possibilidades
e limitações dos livros recomendados pelo MEC.
Nesta perspectiva, toma-se o professor como detentor de um saber que
precisa ser valorizado tanto na avaliação dos Livros Didáticos existentes quanto na
elaboração de futuros, pois ao escolher o material educativo o professor representa
também em sua seleção os sentidos que ele atribui a sua prática profissional, à
aprendizagem da ciência, à natureza da ciência e ao seu alunado. Saberes que
precisam ser compreendidos, problematizados e valorizados.
Com relação à abordagem de temas atuais, o impacto ambiental causado
por atitudes humanas devem fazer parte do conteúdo das obras didáticas cumprindo
assim um dos objetivos do livro que é ajudar o estudante aplicar os conhecimentos
adquiridos de forma responsável, de modo a contribuir para a melhoria das condições
ambientais, da saúde, para o equilíbrio da espécie humana e demais elementos do
ambiente.
Um professor que utiliza o livro didático em suas aulas conta com uma
sequência já organizada de apresentação dos assuntos. Considerando a sua realidade
específica, as necessidades de seus alunos, as particularidades de sua escola e região,
o professor pode selecionar os temas que são mais significativos e resolver como
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deverão ser trabalhados de modo a possibilitar situações de aprendizagem a partir das
vivências dos alunos.
É importante criar condições para que o aluno compreenda a necessidade
do manejo adequado dos recursos naturais e analise sua utilização sob aspectos
históricos e perspectivas futuras.
Para que ele possa, assim, reconhecer os fatores que influenciam a
qualidade de vida das populações humanas e o significado do uso sustentável dos
recursos naturais, para a conservação e preservação da população humana
(MEC,2006).
A temática ambiental, na verdade, surge na sociedade contemporânea
permeando vários campos do conhecimento e repercutindo de forma significativa nos
propósitos da educação escolar.
Neste sentido, frequentemente, a Educação Ambiental (EA) é apontada
como um dos principais caminhos para a formação de pessoas capazes de lidar com os
problemas e conflitos sócio ambientais para que estejam preparadas para a
compreensão dos debates científicos e tecnológicos implicados nessas questões
(FARIAS; CARVALHO, 2007).
Atualmente, a Educação Ambiental consolida uma das principais ênfases
de propostas curriculares e associa–se à formação da cidadania. No mesmo sentido, o
enfoque nas relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) procura alargar o
horizonte do ensino de Ciências, enfatizando aspectos sócio ambientais da Ciência e
Tecnologia e avançando no trânsito entre perspectivas de duas culturas: a científico–
tecnológica e a humanística (CARVALHO, 2005).
O panorama da Educação Ambiental no mundo e no Brasil, mostra a
importância dessa dimensão no processo educativo, para o desenvolvimento de novos
valores e atitudes em prol da melhoria das condições de vida e da sustentabilidade
sócio ambiental em nosso planeta.
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Contudo, apesar da mobilização mundial e também nacional em relação
às questões do meio ambiente, no caso do Brasil, essa dimensão educacional ainda
não se consolidou em termos de política pública de caráter democrático, universal e
includente.
Por isso, é importante que a comunidade de Educação Ambiental
permaneça engajada na busca de consolidar o seu espaço, dentro e fora da escola,
pois apenas dessa forma, a sociedade se mobilizará no sentido de exigir dos
governantes a criação e o cumprimento de leis que resguardem os interessem em
estabelecer uma melhor relação entre sociedade e meio natural.
Nesse sentido, a prática pedagógica, com base na orientação sócio
ambiental, deve possibilitar uma nova relação entre o homem e o meio natural sobre o
foco da sustentabilidade do meio natural e social, a partir de um processo educativo
que analise os problemas do meio ambiente em perspectiva multidimensional
(econômica, política, social, cultural, tecnológico-científica etc.) e, portanto, interrelacional, em vista da compreensão e solução dos mesmos, especialmente no que diz
respeito às situações concretas de vida dos educandos (RIBEIRO, 2006).
Estudos realizados por pesquisadores nacionais e internacionais sobre o
processo de ensino e aprendizagem de ciências têm revelado que os alunos
apresentam concepções, ou seja, conceitos intuitivos, espontâneos, alternativos que,
muitas vezes, distanciam-se dos conhecimentos científicos e podem se comportar
como obstáculos à aprendizagem desses conhecimentos (PEDRANCINI et al, 2007a;b).
Sendo assim, ressalta-se o papel da escola nesse cenário, esta instituição
deve, em primeiro lugar, trabalhar com conhecimentos, principalmente através das
informações contemporâneas do livro didático, de modo que aqueles possam ser
generalizados para a resolução de problemas e entendimento de situações que fazem
parte da realidade atual, como por exemplo, o impacto ambiental causado pela ação
humana.
A crise ecológica e o desenvolvimento sustentável abrangem todo um conjunto
de princípios, conhecimentos e práticas das organizações sociais, demandando o
25
repensar de seus fundamentos filosóficos, éticos, culturais, científicos, econômicos e
tecnológicos.
Em decorrência disso, a discussão em torno destes temas vem-se
constituindo, de forma crescente, em um dos eixos centrais das preocupações
governamentais, acadêmicas, escolares e de movimentos sociais inovadores,
dinamizando a criação de novos paradigmas conceituais, políticos e institucionais
(PORTO, 1998).
26
3 METODOLOGIA
No mês de maio de 2008, foi realizado um levantamento diretamente com
o Coordenador Pedagógico de uma escola pública da cidade de Urandi para saber qual
livro didático era utilizado na mesma.
O material didático indicado foi analisado qualitativamente verificando-se
capa
e
encadernação,
espaço
entre
linhas,
tamanho
da
letra,
ilustrações,
contextualização e sugestões de leituras complementares.
Analisou-se também especificamente, o conteúdo de como o livro aborda
o impacto das intervenções do homem no meio ambiente com base na adequação e
atualização de conceitos.
27
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os livros didáticos, para o ensino médio, adotados pela escola são:
Livro
Título
Autores
Editora
Didático
LD1
Biologia Ensino Médio
Augusto Adolfo
Volume único
Marcos Crozeta
IBEP
Samuel Lago
LD2
Biologia Ensino Médio
Sergio Linhares
Volume único
Fernando
Ática
Gewandsznajder
Foram escolhidos no âmbito do Programa Nacional do Livro Didático para
o Ensino Médio – PNLEM/2007.
1) Análise Geral
A capa em LD1 possui imagem nítida e colorida despertando a atenção
visual dos alunos, porém, o outro livro (LD2), a capa não apresenta cores vivas e a
ilustração não desperta a curiosidade do aluno.
O tipo de encadernação dos dois materiais é do tipo brochura, embora se
fossem em espiral facilitaria a abertura e o folhear das páginas. O material de ambos é
resistente facilitando o uso e o manuseio adequado, por tempo prolongado.
28
Os textos dos livros possuem espaçamento entre linhas e tamanho de
letra que permite claramente a visualização e leitura do texto. Em LD1, a organização
do texto em títulos e subtítulos é regular, mas, por vezes, não contribui para a
compreensão da hierarquia dos temas apresentados, contrariando assim um dos
critérios apontados na avaliação do Plano Nacional do Livro Didático do Ensino Básico.
Quanto às ilustrações embora várias sejam pertinentes e claras, outras
não contribuem para o enriquecimento do texto. Em alguns pontos, há divergência entre
o que a figura mostra e o que a legenda indica, casos em que o professor precisará ter
atenção e intervir.
Enquanto que, o LD2 possui títulos e subtítulos hierarquizados, as
ilustrações são de boas qualidades gráficas, precisas e com legendas explicativas
possibilitando ao aluno compreender o texto com auxílio das ilustrações.
Há,
porém,
alguns
problemas
na
apresentação
das
ilustrações,
principalmente quanto às dimensões, proporções e cores do que é representado.
Em LD1 e LD2 a contextualização, sugestão de atividades em grupo,
atividades complementares (que tem como objetivo estimular o raciocínio do estudante
e fortalecer a aprendizagem) estavam presentes ao final de cada capítulo. Apenas o
LD2 fez ao final do último capítulo sugestões de leituras complementares para cada
unidade de estudo.
É importante ressaltar que as atividades em grupos estimulam o respeito
às opiniões dos colegas enriquecendo conceitos e favorecendo a formação de
personalidades críticas e investigativas.
2) Análise do conteúdo
Com relação ao conteúdo – impacto das intervenções do homem no meio
ambiente - ambas as obras didáticas dão pouco destaque a esse assunto, embora esse
tema seja atual, preocupante e próximo da realidade do professor e do aluno.
29
Em LD2, esse tema é abordado no último capítulo tendo como título
“Poluição” e subtítulos: poluição do ar, poluição da água, destruição dos solos e lixo.
Porém em LD1, os autores não reservaram nenhum capítulo específico
para abordar esse tema, comentou-se em condições secundárias, fragmentária e
reducionista nos capítulos que tem como título “A biosfera” e “Interações entre seres
vivos: as relações ecológicas”
Não foram abordados nos dois materiais didáticos assuntos importantes
como o aquecimento global, a diminuição da oferta de água doce do planeta, o efeito
estufa, os efeitos da biotecnologia, assim como suas consequências não houve
também apresentação de medidas que propõem hábitos e de atitudes responsáveis e
racionais frente ao ecossistema.
Tendo em vista que, esses temas citados acima, na sociedade atual,
estão sendo discutidos e vistos como grandes problemas capazes culminar com o fim
de da existência humana sobre a terra.
Um estudo feito por Pedracinni et al (2007), com alunos do ensino médio,
sobre transgênicos apontou que tais alunos ainda não possuíam uma compreensão
adequada ou não souberam opinar sobre esse assunto.
Considerou-se que a escola não promoveu uma educação que
possibilitasse aos estudantes a apropriação de conhecimentos com base nos quais
pudessem tomar decisões conscientes e esclarecidas.
Os dados analisados indicaram que, no que se refere aos transgênicos, os
conhecimentos ensinados na escola não têm possibilitado aos sujeitos o entendimento
da realidade atual e, por conseguinte o pensar, falar e agir cientificamente.
Por isso, que deverá consolidar uma crescente consciência ecológica na
sociedade; a escola, com seus diversos recursos pedagógicos, incluindo o livro
didático, tem um papel muito importante pelo seu caráter transformador e formadora de
cidadãos conscientes e com responsabilidade socioambiental.
30
Em particular, o ensino e conhecimento de Biologia devem subsidiar o
julgamento de questões polêmicas, que dizem respeito ao desenvolvimento, ao
aproveitamento de recursos naturais e à utilização de tecnologias que implicam intensa
intervenção humana no ambiente, cuja avaliação deve levar em conta a dinâmica dos
ecossistemas, dos organismos, enfim, o modo como a natureza se comporta e a vida
se processa (BRASIL, 1999).
31
5 CONCLUSÃO DA ANÁLISE
Sabe-se que os objetivos do Ensino Médio em cada área do conhecimento
devem envolver, de forma combinada, o desenvolvimento de conhecimentos práticos,
contextualizados, que respondam às necessidades da vida contemporânea, e o
desenvolvimento de conhecimentos mais amplos e abstratos, que correspondam a uma
cultura geral e a uma visão de mundo (BRASIL, 1999).
O ensino da Biologia, em particular os livros didáticos, deve abranger estudos
sobre a ocupação humana, através de alguns entre os diversos temas existentes,
aliados à comparação entre a dinâmica populacional humana e a de outros seres vivos.
Contribuindo para que os estudantes compreendam e julgam modos de
realizar tais intervenções, estabelecendo relações com fatores sociais e econômicos
envolvidos.
Possibilitarão, ainda, a eles o estabelecimento de relações entre
intervenção no ambiente, degradação ambiental e agravos à saúde humana e a
avaliação do desenvolvimento sustentado como alternativa ao modelo atual.
No trabalho em questão, pôde-se concluir que nas duas obras didáticas
analisadas sobre o ponto de vista do aspecto metodológico e estrutural, em geral, está
em conformidade com o Parâmetro Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio
permitindo uma boa leitura, o raciocínio e o desenvolvimento de capacidades de
pensamento autônomo e critico, nos alunos.
Quanto à analise específica do conteúdo - impacto das intervenções do
homem no meio ambiente com base na adequação e atualização de conceitos concluiuse que no LD1 houve falha em não abordar (considera-se que não houve abordagem) o
impacto ambiental causado pelo homem, tendo em vista que o material didático tem
função significativa de apresentar conteúdos contextualizados da realidade.
32
Em LD2, foi feita uma abordagem do assunto em questão, porém deveria
ter dado mais destaque a complexidade que caracteriza a realidade sócio ambiental.
A importância da Educação Ambiental na sociedade está crescendo,
assim como na educação. Além disso, considera-se que esta interface requer uma
visão interdisciplinar que leve em conta, além de outras, as dimensões da ética, ciência,
política, justiça etc.
Assim, são necessários esforços para compreender a articulação desta
interface, uma vez que não se trata apenas de mais um conteúdo específico a ser
decodificado nas salas de aulas, mas sim de se aceitar o desafio de levar a
complexidade dos fenômenos sócio ambientais para o cotidiano dos processos
educativos escolares (FARIAS; CARVALHO, 2007).
Quando se fala em complexidade, faz-se referência a uma forma de
pensamento que procura superar a tradicional fragmentação do conhecimento e das
ciências, a fim de possibilitar, aos alunos, uma leitura do mundo que contemple as
relações e interações sócio ambientais.
E, como os livros didáticos são instrumentos pedagógicos muito utilizados
pelos professores e alunos, principalmente na escola onde foi realizado o estudo, eles
são capazes de despertar novos conceitos e contextualizar conhecimentos correlatos
com aspectos da vida cotidiana e da realidade dos alunos.
Megid Neto; Fracalanza (2003) escrevem que as pesquisas acadêmicas,
que têm apontado as deficiências das coleções didáticas, ao mesmo tempo propõem
soluções para o seu aperfeiçoamento não estão sendo ouvidas nem pelas editoras e
autores das obras escolares nem pelos órgãos gestores das políticas públicas
educacionais.
Ficou evidente, após a realização desse trabalho, a pouca ênfase dada
pelos autores à importância de se abordar o impacto ambiental causado pelo homem
nas publicações, mesmo esse assunto estando presente no dia-a-dia; ou sinaliza que a
33
escolha dos livros didáticos de Biologia, para o Ensino Médio, parece não priorizar uma
visão integrada da disciplina.
Essa perspectiva educacional será efetivada, na medida em que o âmbito
conceitual relativo à questão do meio ambiente for tratado de maneira que possibilite ao
educando ir além da simples identificação de problemas ambientais, ou seja, raciocinar
gradativamente a problemática sócio ambiental, a partir das relações que se instauram
num determinado contexto espacial e histórico, sob o foco das dinâmicas do meio
natural, dos seres humanos entre si e destes com o ambiente biofísico ou natural.
Sendo assim, cabe aos professores ficarem atentos a essa lacuna para
buscarem outras fontes de informação para não acarretar prejuízos da formação do
aluno ou impedir a percepção do conhecimento em sua totalidade.
34
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A formação de novas gerações num mundo em constante transformação
exige uma escola dinâmica, desafiadora, critica e criativa capaz de promover um ensino
de qualidade, integrador e consistente.
Dentre os diversos instrumentos que compõem a prática pedagógica no
processo de ensino aprendizagem da escola, o livro didático tem tido uma expressiva
influência nesse processo, cabendo ao professor sua escolha e utilização segundo as
necessidades do aluno, a natureza do conhecimento a ser trabalhado e o ideal de
cidadão que se busca formar.
Em um país de intensa desigualdade e exclusão social como o Brasil, em
que o acesso ao livro didático depende de sua distribuição pelo Estado, um olhar crítico
sobre a qualidade do livro e o papel do professor em sua seleção e crítica é
fundamental para o aprimoramento de um dos instrumentos da política pública de
resgate do compromisso com a educação de todos os cidadãos brasileiros.
Especificamente quanto ao ensino de Ciências, aperfeiçoar o livro didático
e a forma de sua seleção e utilização pelos professores pode ser decisivo para romper
o desinteresse frente ao tema, preparando os alunos para abordagens críticas e
conscientes fundamentais ao seu aprendizado educacional e, principalmente, ao seu
cotidiano (CAMPOS, 2007)
De modo geral compreende-se que não basta o livro didático ser bom,
mas é preciso que o professor saiba despertar o aluno para a problemática das
consequências da ação humana no meio ambiente, de maneira que ele possa aprender
o conteúdo e ao mesmo tempo se conscientizar sobre o problema.
Assim, são necessários esforços para compreender a articulação desta
interface, uma vez que não se trata apenas de mais um conteúdo específico a ser
decodificado nas salas de aulas, mas sim de se aceitar o desafio de levar a
35
complexidade dos fenômenos sócio ambientais para o cotidiano dos processos
educativos escolares.
Sugere-se, ainda, a produção e adoção de materiais didáticos, incluindo
livros, voltados ao Ensino Médio, que priorizem discussões específicas sobre o impacto
ambiental e a incorporação desses temas de forma mais abrangente nos materiais
existentes, de modo a ampliar sua difusão na sociedade e na escola.
36
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