Entomologia, Roedores e Esquistossomose
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Entomologia, Roedores e Esquistossomose
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Escola Técnica Aberta do Brasil Vigilância em Saúde Entomologia, Roedores e Esquistossomose Wilson da Silva Ministério da Educação e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Escola Técnica Aberta do Brasil Vigilância em Saúde Entomologia, Roedores e Esquistossomose Wilson da Silva Montes Claros - MG 2011 Presidência da República Federativa do Brasil Ministério da Educação Secretaria de Educação a Distância Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância Carlos Eduardo Bielschowsky Coordenadora Geral do e-Tec Brasil Iracy de Almeida Gallo Ritzmann Governador do Estado de Minas Gerais Antônio Augusto Junho Anastasia Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Alberto Duque Portugal Reitor João dos Reis Canela Coordenadores de Cursos: Coordenador do Curso Técnico em Agronegócio Augusto Guilherme Dias Coordenador do Curso Técnico em Comércio Carlos Alberto Meira Coordenador do Curso Técnico em Meio Ambiente Edna Helenice Almeida Coordenador do Curso Técnico em Informática Frederico Bida de Oliveira Coordenador do Curso Técnico em Vigilância em Saúde Simária de Jesus Soares Coordenador do Curso Técnico em Gestão em Saúde Zaida Ângela Marinho de Paiva Crispim Vice-Reitora Maria Ivete Soares de Almeida ENTOMOLOGIA, ROEDORES E ESQUISTOSSOMOSE e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Pró-Reitora de Ensino Anete Marília Pereira Elaboração Wilson da Silva Diretor de Documentação e Informações Huagner Cardoso da Silva Projeto Gráfico e-Tec/MEC Coordenador do Ensino Profissionalizante Edson Crisóstomo dos Santos Supervisão Wendell Brito Mineiro Diretor do Centro de Educação Profissonal e Tecnólogica - CEPT Maísa Tavares de Souza Leite Diagramação Hugo Daniel Duarte Silva Marcos Aurélio de Almeida e Maia Diretor do Centro de Educação à Distância - CEAD Jânio Marques Dias Coordenadora do e-Tec Brasil/Unimontes Rita Tavares de Mello Coordenadora Adjunta do e-Tec Brasil/ CEMF/Unimontes Eliana Soares Barbosa Santos Impressão Gráfica RB Digital Designer Instrucional Angélica de Souza Coimbra Franco Kátia Vanelli Leonardo Guedes Oliveira Revisão Maria Ieda Almeida Muniz Patrícia Goulart Tondineli Rita de Cássia Silva Dionísio AULA 1 Alfabetização Digital Apresentação e-Tec Brasil/Unimontes Prezado estudante, Bem-vindo ao e-Tec Brasil/Unimontes! Você faz parte de uma rede nacional pública de ensino, a Escola Técnica Aberta do Brasil, instituída pelo Decreto nº 6.301, de 12 de dezembro 2007, com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino técnico público, na modalidade a distância. O programa é resultado de uma parceria entre o Ministério da Educação, por meio das Secretarias de Educação a Distancia (SEED) e de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), as universidades e escola técnicas estaduais e federais. A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e grande diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente ou economicamente, dos grandes centros. O e-Tec Brasil/Unimontes leva os cursos técnicos a locais distantes das instituições de ensino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a concluir o ensino médio. Os cursos são ofertados pelas instituições públicas de ensino e o atendimento ao estudante é realizado em escolas-polo integrantes das redes públicas municipais e estaduais. O Ministério da Educação, as instituições públicas de ensino técnico, seus servidores técnicos e professores acreditam que uma educação profissional qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – não só é capaz de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social, familiar, esportiva, política e ética. Nós acreditamos em você! Desejamos sucesso na sua formação profissional! Ministério da Educação Janeiro de 2010 Entomologia, Roedores e Esquistossomose 3 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Alfabetização Digital Indicação de ícones Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual. Atenção: indica pontos de maior relevância no texto. Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema estudado. Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão utilizada no texto. Mídias integradas: possibilita que os estudantes desenvolvam atividades empregando diferentes mídias: vídeos, filmes, jornais, ambiente AVEA e outras. Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 5 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Alfabetização Digital Sumário Palavra do professor conteudista............................................ 11 Projeto instrucional............................................................ 13 Aula 1 – Introdução zoonoses, conceito de zoologia e sistemática zoológica................................................................ 15 1.1 Elementos de zoologia............................................... 15 1.2 História da classificação dos organismos.......................... 16 1.3 Categorias e divisões taxionômicas dos seres................... 17 Resumo.................................................................... 19 Atividades de aprendizagem............................................ 20 Aula 2 – Introdução zoonoses e Nomenclatura zoológica................. 21 2.1 Elementos de Zoologia.............................................. 21 2.2 Nomes científicos.................................................... 22 2.3 Regras internacionais de nomenclatura zoológica............ 22 Resumo.................................................................... 24 Atividades de aprendizagem............................................ 24 Aula 3 – Zoonoses: conceito de zoonoses e definições de parasitas, parasitose, parasitismo e parasitóides ........................................... 25 3.1 Conceito de zoonozes............................................... 25 Resumo.................................................................... 29 Atividades de aprendizagem............................................ 29 Aula 4 – Entomologia: importância dos insetos e suas relações com o homem.......................................................................... 31 4.1 Entomologia........................................................... 31 4.2 Razões para o sucesso dos insetos ................................ 33 4.3 Importância dos insetos como grupo de animais e suas relações com o homem................................................ 34 Resumo.................................................................... 36 Atividades de aprendizagem............................................ 37 Aula 5 – Entomologia: insetos que causam doenças ...................... 39 5.1 Insetos que acompanham o homem............................... 39 5.2. Como os insetos causam doenças ................................ 42 Resumo.................................................................... 45 Atividades de aprendizagem............................................ 45 Aula 6 – Entomologia: ciclos de doenças transmitidas pelos insetos.47 6.1 Ciclos de doenças generalizadas .................................. 47 6.2 Patógenos ............................................................ 48 6.3 Insetos e doenças ................................................... 49 6.4. Medidas de proteção e doenças transmitidas por insetos .... 50 Resumo.................................................................... 51 Atividades de aprendizagem............................................ 51 Entomologia, Roedores e Esquistossomose 7 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Aula 7 – Entomologia: febre amarela e dengue............................ 53 7.1. Febre amarela....................................................... 53 7.2 Dengue................................................................ 54 Resumo.................................................................... 59 Atividades de aprendizagem............................................ 60 Aula 8 – Entomologia: Doença de Chagas ................................. 61 8.1. Importância da doença de Chagas ............................. 61 Resumo.................................................................... 64 Atividades de aprendizagem............................................ 65 Aula 9 – Entomologia: malária ......................................... 67 9.1 Informações sobre a malária....................................... 67 Resumo.................................................................... 75 Atividades de aprendizagem............................................ 75 Aula 10 – Entomologia, leishmaniose ou calazar ou dum-dum........... 77 10.1 Histórica e transmissão da leishmaniose........................ 77 Resumo.................................................................... 84 Atividades de aprendizagem............................................ 84 Aula 11 Entomologia: Leishmaniose tropical ou visceral................ 85 11.1 Definição de leishmaniose tropical ou visceral............... 85 11.2 Leishmaniose visceral em Minas Gerais.......................... 91 Resumo.................................................................... 93 Atividades de aprendizagem............................................ 93 Aula 12 – Roedores: ratos ..................................................... 95 12.1 Descriçao e biologia dos ratos ................................... 95 Resumo.................................................................... 99 Atividades de aprendizagem............................................ 99 Aula 13 – Roedores: ratos métodos de controle........................... 101 Resumo...................................................................104 Atividades de aprendizagem...........................................104 Aula 14 – Roedores: leptospirose doença causada por ratos............105 14.1 Leptospirose doença transmitidas por roedores...............105 Resumo................................................................... 110 Atividades de aprendizagem........................................... 110 Aula 15 – Roedores: outras doenças causadas por ratos ................ 111 15.1 Peste bubônica e sua influência ................................ 111 15.2 Importância do tifo murino...................................... 112 15.3 Febre da mordida do rato........................................ 113 15.4 Importâncias das doenças como triquinose, raiva, salmoneloses, sarnas e micoses e hantavirose........................................ 113 Resumo................................................................... 114 Atividades de aprendizagem........................................... 114 Aula 16 – Esquistossomose causada pelo Schistosoma mansoni.......115 16.1 Doenças causadas por platelmintos ao homem................ 115 Resumo................................................................... 118 Atividades de aprendizagem........................................... 118 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 8 Vigilância em Saúde Aula 17 – Esquistossomose: transmissão e ciclo do Schistosoma mansoni .. 119 17.1 Transmissão e ciclo do Schistosoma mansoni.................119 Resumo................................................................... 124 Atividades de aprendizagem........................................... 124 Aula 18 – Esquistossomose: profilaxia, diagnóstico, tratamento e controle da esquistossomose .......................................................... 125 18.1 Profilaxia da esquistossomose................................... 125 18.2 Diagnóstico da esquistossomose ................................ 126 Resumo................................................................... 129 Atividades de aprendizagem........................................... 129 Aula 19 – Campanhas educativas municipais e fundamentos de saúde pública ............................................................................ 131 19.1 Campanhas educativas municipais promoção em saúde pública.131 19.2 Fundamentos de saúde pública ................................. 134 Resumo................................................................... 136 Atividades de aprendizagem........................................... 136 Aula 20 – Ocupação do espaço urbano e equilíbrio ecológico........... 137 20.1 Definição de centro urbano e ocupação em espaço urbano.137 20.2 Fatores sociais e econômicos....................................140 20.3 Equilíbrio ecológico e mudanças ambientais.................. 142 20.4. Poluição e proliferação do vetor............................... 143 Resumo................................................................... 145 Atividades de aprendizagem........................................... 145 Referências.....................................................................146 Currículo do professor conteudista.........................................148 Entomologia, Roedores e Esquistossomose 9 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Alfabetização Digital Palavra do professor conteudista Estimados alunos sejam todos bem vindos. É com grande entusiasmo que estamos iniciando a nossa disciplina: Entomologia, Roedores e Esquistossomose. O nosso objetivo nessa disciplina é dar conhecimento a todos os alunos em Vigilância em Saúde, no módulo referente as Zoonoses, principalmente, às oriundas da entomologia, roedores e esquistossomose. Compreender como refere às atividades de prevenção das doenças e manejo ambiental e, como as diferentes espécies de vetores transmitem as doenças aos seres humanos. Mobilizar ações de prevenção e controle das zoonoses, especialmente, no ambiente domiciliar e peridomiciliar; bem como, conscientizar a população quanto à importância de que a limpeza esteja em todos os espaços da comunidade e, as condições do terreno sejam as mais adequadas possíveis para que haja o controle vetorial. Apresentamos aqui uma visão abrangente da disciplina, distribuídas em aulas, com vários tópicos importantes como: - definição de zoologia e sistemática zoológica - classificação dos organismos - definição de zoonoses e nomenclatura zoológica - definições de parasitas, parasitose, parasitismo e parasitóides - Importância da classificação dos artrópodes - conceito e importância da Entomologia - insetos que causam doenças - importância dos insetos como hospedeiros de agentes causadores de doenças - ciclos de doenças generalizadas - importância dos insetos vetores de doenças - febre amarela e dengue - doença de Chagas – malária. Leishmaniose tegumentar - Leishmaniose tropical ou visceral. Roedores, descrição e biologia dos ratos – doenças causadas por ratos. Esquistossomose: transmissão e ciclo do Schistosoma mansoni - campanhas educativas municipais e fundamentos de saúde pública - ocupação do espaço urbano e equilíbrio ecológico e outros tópico complementares da disciplina que são imprescindíveis para sua formação. São temas que irão auxiliá-los na sua formação profissional e pessoal. Busquei, de forma simples e resumida, textualizar a nossa disciplina para melhor compreensão no intuito de atingirmos o objetivo proposto. Orientamos que se torna necessário o conhecimento de conceitos relativos à disciplina, bem como, a interpretação de tabelas e figuras. Desejo seu todo êxito durante a conclusão da nossa disciplina. Que seu aprendizado eleve o seu conhecimento. Estou certo de que edificaremos juntos, essa caminhada. Sendo assim, vamos começar os nossos estudos. Abraços fraternos. Prof. Wilson da Silva. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 11 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Alfabetização Digital Projeto instrucional Disciplina: Entomologia, Roedores e Esquistossomose (carga horária: 60 h). Ementa: Prevenção e medidas de controle às doenças, mapeamento, campanhas educativas municipais; fundamentos de saúde pública; equilíbrio ecológico, poluição, ocupação do espaço urbano; fundamentos de saúde pública. AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM MATERIAIS CARGA HORÁRIA Aula 1 - Introdução de zoonoses, conceito de zoologia e sistemática e sistemática zoológica Inserir o conhecimento em zoonoses. Caderno didático. 03 Aula 2 – Introdução zoonoses e nomenclatura zoológica Introduzir nomenclatura zoológica na área das zoonoses. Caderno didático. 03 Aula 3 – Zoonoses: conceito de zoonoses e definições de parasitas, parasitose, parasitismo e parasitóides Entender os vários conceitos de zoonoses, parasitas, parasitose, parasitismo e parasitóides. Caderno didático. 03 Aula 4 – Entomologia: importância dos insetos e suas relações com o homem Analisar importância da entomologia nos estudos dos insetos e suas relações com o homem. Caderno didático. 03 Aula 5 – Entomologia: insetos que causam doenças Conhecer na entomologia os insetos e suas respectivas doenças. Caderno didático. 03 Aula 6 – Entomologia: ciclos de doenças transmitidas pelos insetos Entender ciclos de doenças transmitidas pelos insetos. Caderno didático. 03 Aula 7 – Entomologia: febre amarela e dengue Oferecer uma visão sobre febre amarela e dengue. Caderno didático. 03 Aula 8 – Entomologia: doença de Chagas. Conhecer a importância, transmissão, sintomas e prevenção da doença de Chagas. Caderno didático. 03 Conhecer a transmissão, diagnóstico, sintomas e tratamento da malária. Caderno didático. 03 Aula 9 – Entomologia: malária Entomologia, Roedores e Esquistossomose 13 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Aula 10 – Entomologia, leishmaniose ou calazar ou dum-dum Aprender sobre histórica, contágio do flebótomo transmissor da leishmaniose tegumentar americana (LTA) ou forma cutânea. Caderno didático. 03 Aula 11 - Entomologia: leishmaniose tropical ou visceral Entender a definição de epidemiologia, diagnóstico e tratamento e o controle do vetor da leishmaniose visceral. Caderno didático. 03 Aula 12 – Roedores: ratos Conhecer a descrição, biologia, principais espécies de ratos e seus danos. Caderno didático. 03 Aula 13 – Roedores: ratos Métodos de controle Identificar os métodos de controle e verificação da presença de roedores. Caderno didático. 03 Aula 14 – Roedores: leptospirose doença causada por ratos Conhecer a leptospirose e a sua transmissão por roedores. Caderno didático. 03 Aula 15 – Roedores: outras doenças causadas por ratos Identificar outras principiais doenças de transmissão dos ratos. Caderno didático. 03 Aula 16 – Esquistossomose causada pelo Schistosoma mansoni Entender a transmissão dos platelmintos ao homem e a distribuição Biomphalaria glabrata no país e, modo de transmissão da esquistossomose. Caderno didático. 03 Aula 17 – Esquistossomose: transmissão e ciclo do Schistosoma mansoni Reconhecer a transmissão, sintomas e o ciclo do Schistosoma mansoni. Caderno didático. 03 Aula 18 – Esquistossomose: profilaxia, diagnóstico, tratamento e controle da esquistossomose Identificar profilaxia, diagnóstico, tratamento, prevenção e controle da esquistossomose. Caderno didático. 03 Aula 19 – Campanhas educativas municipais e fundamentos de saúde pública. Conhecer as campanhas educativas e fundamentos de saúde pública. Caderno didático. 03 Aula 20 – Ocupação do espaço urbano e equilíbrio ecológico Descrever ocupação do espaço urbano, equilíbrio ecológico, mudanças ambientais; poluição e proliferação dos vetores. Caderno didático. 03 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 14 Vigilância em Saúde AULA 1 Aula 1 – Introdução Alfabetização Digitalzoonoses, conceito de zoologia e sistemática zoológica Objetivos Inserir o conhecimento em zoonoses; Reconhecer o conceito de zoologia e sistemática zoológica; Distinguir categorias e divisões taxionômicas dos seres. 1.1 Elementos de zoologia 1.1.1 Conceito de zoologia e sistemática zoológica Zoologia (do idioma grego: zoon = animal + logos = estudo) é a ciência que estuda os animais, considerando sua organização estrutural e funcional, seus costumes, classificação e suas relações com outros animais e com o meio (MORANDINI, 1982, p.9). O autor complementa que a Zoologia é um ramo da Biologia, (do idioma grego: bios = vida) ciência que estuda as manifestações gerais da vida e a atividade de todos os seres vivos, inclusive relações entre animais e ambiente. É possível separar as espécies dos seres vivos apesar do grande número de espécies que existem, para isto é preciso fazer pesquisas para se aceitar a classificação quanto aos grupos de espécies em que pertencem. A sistemática é uma ciência destinada a catalogar e descrever a biodiversidade, e envolve as afinidades filo genéticas entre os organismos. Inclui a taxonomia e também a filogenia. Em Biologia, os sistematas são os cientistas que classificam as espécies em outros táxons, a fim de resolver o modo como eles se relacionam evolutivamente. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 15 Biodiversidade: “Bio” significa “vida” e diversidade significa “variedade”. Daí a diversidade biológica ou biodiversidade abrange o conjunto de grande número de formas de vida com habilidade que se localiza no planeta Terra com as plantas, aves, mamíferos, insetos, microorganismos e outros mais. Organismos ou Indivíduos: É a unidade biológica, o organismo é uno caracterizado pela uniformidade genética. Taxonomia: é uma ciência da descoberta, definição e classificação das espécies e grupo de espécies, com suas cláusulas e princípios. Filogenia: são relações evolutivas entre os organismos. Táxons (plural taxa, em latim, ou táxons, aportuguesado): é uma unidade taxonômica, basicamente integrada a um sistema de classificação científica e, ainda, pode-se ser chamado conjunto de organismos que proporcionam uma ou mais características comuns e, consequentemente, unificadoras, cujas características os distinguem de outros grupos relacionados, e que se repetem entre as populações, ao longo de sua distribuição. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Figura 1: Biodiversidade de organismos vivos de todas as origens. Fonte: Disponível em: <http://www.dignow.org/post/isso-%c3%a9-biodiversidade-215695-36669. html>. Acesso em 15/12/2010. Genomas: são conjunto de cromossomas ou denominado código genético que é típico de cada espécie e contêm a informação genética que cada organismo recebe por transmitância hereditária. Sistemática: é ciência que estuda as relações entre organismos, e que abrange a coleta, preservação e estudo de espécimes, e a análise dos dados vindos de várias campos de pesquisa biológica. Consideremos que chamada taxonomia foi, primeiramente, organizar as plantas, animais e outros seres vivos conhecidos, com a finalidade de classificar em categorias que pudessem ser referidas. Com o passar do tempo, a classificação passou a acatar as relações evolutivas entre indivíduos, organização mais natural do que a fundamentava, exclusivamente, em peculiaridades externa. Para isso, se empregaram ainda características ecológicas, fisiológicas, e todas as outras que se encontravam disponíveis para os táxons em assunto. Desse modo, surgiu a Sistemática por meio da união de investigações a respeito dos táxons. Tempos atrás a Sistemática tem sido tentada na classificação fundamentada na similaridade entre genomas, com grandes progressos em determinadas áreas, especialmente quando se juntam a essas informações aquelas originárias dos outras áreas da Biologia. A classificação dos seres vivos é elemento da sistemática. Nomenclatura é a pertinência de denominação a organismos e às categorias nas quais são classificados. 1.2 História da classificação dos organismos É importante lembrar que Aristóteles no século IV A.C foi o primeiro que classificou e ordenou os animais pelo tipo de reprodução e por possuírem ou não sangue vermelho. Já Teofrasto, nos séculos XVII e XVIII, classificou as plantas por seu estilo e forma de cultivo. Ainda fundamentados em características e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 16 Vigilância em Saúde anatômicas superficiais, os zoólogos e os botânicos e iniciaram a apresentar a atual sistema de categorias. Em 1758, Lineu descreveu o primeiro trabalho aberto de categorização, instituindo a hierarquia atual. Darwin com sua evolução passou ser avaliada como paradigma central da Biologia, com ênfase na embriologia, nas formas dos ancestrais por meio da paleontologia, e sobre semelhanças nos primeiros estágios de vida. A classificação dos seres vivos tornou-se importante por meio da genética e da fisiologia, no século XX, como a utilização da genética molecular, comparação de códigos genéticos, por meio de programas de computador específicos são utilizados na análise estatística dos dados. Partindo do princípio de Edward Osborne Wilson, em fevereiro de 2005, criou o termo biodiversidade e também participou do fundamento da sociobiologia Glossário Sociobiologia é uma parte da biologia que pesquisa o comportamento social dos animais, empregando conceitos da evolução, sociologia, etologia e genética de populações, ao amparar um “projeto genoma” da biodiversidade do planeta Terra, sugeriu a criação de um apoio de informações digital com fotografia detalhadas de todas as espécies vivas e o fim do projeto Árvore da Vida. Em contraposição a uma sistemática fundamentada na biologia celular e molecular, o autor acima nota a necessidade da sistemática descritiva para preservar a biodiversidade. É interessante o comentário de Wilson, Peter Raven e Dan Brooks, eles protegem a sistemática e vêem pelo lado econômico que ela pode gerar conhecimentos benéficos na contenção de doenças emergentes e na biotecnologia. Eles comentam que mais de cinquenta por cento das espécies do planeta Terra é parasita, e a maioria das espécies ainda é desconhecida. 1.3 Categorias e divisões taxionômicas dos seres Falando da diferença entre sistemática zoológica e sistemática botânica, a primeira refere-se aos animais, e a segunda refere-se às plantas. Hoje, para dividir os seres vivos admite um grau de complexidade maior, existem cinco reinos. Para um entendimento da função das divisões taxionômicas dos seres vivos, é indispensável o conhecimento de conceitos fundamentais, que estão implantados em conjuntos, e cada conjunto, portanto está implantado em um conjunto maior e mais abrangente. Para Troppmair, (2002, p.35), os conceitos estão em ordem crescente: reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 17 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Figura 2: Divisões taxionômicas dos seres vivos. Fonte: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_5tvs7phiyOY/R7NNy63eqoI/AAAAAAAAAAc/ HwZjKnFRwwM/s1600-h/taxonomia.jpg>. Acesso em 15/12/2010. Falaremos agora sobre as divisões taxionômicas: - Espécie: É a unidade fundamental, há grupamento de organismos com intensas similaridades fisiológicas e morfológicas entre si, apontando grandes semelhanças bioquímicas, e no cariótipo, ou seja, no mapa cromossomial de células haplóides. As espécies têm a capacidade de reproduzirem entre si, naturalmente, ocasionando descendentes férteis. Gênero: É o conjunto de espécies que se assemelham, apesar delas não serem idênticas. Família: É o conjunto de gêneros que se assemelham, ou seja, eles são muito próximos ou parecidos, ainda que tenham diferenças mais expressivas do que a divisão em gêneros. Ordem: É um grupamento de famílias que se assemelham. Falando um pouco mais sobre as divisões taxionômicas: Classe: É o agrupamento de ordens que tenham fatores distintos de outras, no entanto comum às ordens que a ela pertencem. Filo (Ramo): É o agrupamento de classes com peculiaridades em comum, ainda que muito distintas entre si. Reino: É a maior das classes taxionômicas, que agrupa filos com as peculiaridades comuns a todos, mesmo que ocorram diferenças enormes entre eles. O reino possui somente cinco divisões: Vegetalia (Plantae), Animalia (Metazoa), Monera, Fungi e Protista. Precisamos deixar claro que o Reino é a categoria superior da classificação científica dos organismos introduzida por Linnaeus no século XVIII. Originalmente, Lineu considerou as coisas naturais no mundo divididas em três reinos: Mineral - os “minerais”; Animalia - os “animais” (com movimento próprio); Plantae - as “plantas” (sem movimentos). Os reinos são subdividi- e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 18 Vigilância em Saúde dos em filos (para o reino animal) ou divisões (para as plantas). Quando se descobriram os organismos unicelulares, estes foram divididos entre os dois reinos de organismos vivos. As formas com movimento foram colocadas no filo Protozoa e as formas com pigmentos fotossintéticos na divisão Algae. As bactérias foram classificadas em várias divisões das plantas. Reino Animalia – destaca os heterotróficos - reino dos animais. Para o reino Fungi, os decompositores pertence ao reino dos fungos, como exemplo, bolores e cogumelos e outros. Para o reino Plantae tem os autotróficos chamados reino das plantas. Ainda têm dois reinos para os organismos unicelulares ou coloniais: reino Monera inclui reino das Bactérias e Cianobactérias também chamadas de algas azuis e, reino reino Protista está o reino das Algas Unicelulares e dos Protozoários. Na literatura científica este sistema com cinco reinos ainda é muito utilizado. Tem literatura que traz o sexto reino que inclui os vírus. É importante vê os conjuntos das divisões taxionômicas dos seres vivos, a ordem dessa divisões é: Espécies < Gêneros < Famílias < Ordens < Classes < Filos (Ramos) < Reinos. Onde se decifra que as espécies encontram-se inseridas nos gêneros, e os gêneros se encontram inseridos nas famílias, as famílias estão inseridas nas ordens, as ordens se encontram inseridas nas classes, as classes se encontram inseridas nos filos (ramos), os filos estão inseridos nos reinos, isto é, o reino é a maior unidade empregada em classificação biológica. Assim, hierarquicamente, temos: Filo - Cordata (cão, lobo, raposa, gato, cavalo, cobra, sapo, peixe). Classe - Mamalia (cão, lobo, raposa, gato, cavalo). Ordem - Carnívora (cão, lobo, raposa, onça, gato). Família - Canídea (cão, lobo, raposa). Gênero - Canis (cão, lobo). Espécie - Canis familiares (cão): dálmata, pastor, dobermann, etc. Para ter mais informações sobre a classificação dos organismos e suas pesquisas você pode acessar o site: http://www.scribd.com/doc/29397335/ Apostila-de-Zoologia-A e ter acesso a um grande conteúdo que está à disposição para pesquisar. Caro aluno, repare como esse ponto é importante. A diferença entre as cinco divisões do reino. Caro aluno, observe que o reino Fungi hoje compreende seres tanto unicelulares quanto multicelulares. Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Conceito de zoologia e sistemática zoológica; • História da classificação dos organismos; • Categorias e divisões taxionômicas dos seres. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 19 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Atividades de aprendizagem 1) Qual é a ciência que cataloga e descreve os animais e o que ela estuda? 2) Sabemos que há inúmeras espécies de animais. É possível fazer a classificação de uma espécie de animal? Justifique. 3) Pesquise e responda à questão, analisando a árvore evolutiva mais acolhida pela comunidade científica, atualmente. A árvore evolutiva inicia a ancestral comum a todos os viventes e deriva nos seres vivos atuais. Os números romanos I, II, III, IV e V correspondem, respectivamente, a: a) bactérias, protistas, fungos, plantas e animais. b) animais, plantas, fungos, protistas e bactérias. c) protistas, fungos, bactérias, animais e plantas. d) bactérias, protistas, plantas, fungos e animais. e) protistas, bactérias, fungos, animais e plantas. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 20 Vigilância em Saúde AULA 1 Aula 2 – Introdução Alfabetização Digitalzoonoses e Nomenclatura zoológica Objetivos Introduzir nomenclatura zoológica na área das zoonoses; Avaliar a história da classificação dos organismos; Comparar as categorias e divisões taxionômicas dos seres. 2.1 Elementos de Zoologia 2.1.1 Nomenclatura Precisamos saber mais sobre a nomeação dos seres vivos que compõe a biodiversidade, é por ela que constitui uma etapa do trabalho de classificação. Muitos seres são “batizados” pela população com nomes denominados populares ou vulgares, pela comunidade científica. Esses nomes podem designar um conjunto muito amplo de organismos, incluindo, algumas vezes, até grupos não aparentados. É importante destacar que o mesmo nome popular pode ser atribuído a diferentes espécies, como, neste exemplo: animais de uma mesma espécie podem receber vários nomes, como ocorre com o barbeiro, cujo nome científico é Triatoma infestans e os nomes populares são chupança, bicho-barbeiro, bicho-de-frade, bicho-de-parede, bicudo, cascudo, chupão, chupa-pinto, pirocó, fincão, furão, gaudério, percevejão, percevejo-do-sertão, percevejo-gaudério, procotó, rondão ou vunvum, conforme a região. Figura 3: Triatoma infestans e os nomes comuns são barbeiro, chupança, bichobarbeiro, bicho-de-frade, bicho-de-parede, bicudo, cascudo, chupão, chupa-pinto, pirocó, fincão, furão, gaudério, percevejão, percevejo-do-sertão, percevejogaudério, procotó, rondão ou vunvum. Fonte: Disponível em: <http://wolfirescience.blogspot.com/2008/11/triatoma-infestans.html>. Acesso em 15/12/2010. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 21 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Nomes vulgares: são nomes que empregados para chamar habitualmente as espécies Falaremos agora sobre os nomes populares ou comuns - para cada nação existem os nomes populares para instituir animais bem conhecidos. No caso do pardal, ele recebe nomes diversos para cada região. Portanto, há possibilidade de desordem da classificação entre povos de diferentes países ou mesmo dentro do próprio país. Exemplo: Na França, recebe o nome de moineau domestique, no Brasil é denominado de pardal, e na Espanha chama-se garrion. Os seres humanos distinguem as plantas e os animais por algum nome, que muda de acordo com o local, município e, ou, país onde se acha a espécie. Se as pessoas conhecessem uma mesma espécie de vegetal ou animal com diversos nomes, neste caso, pensariam está pensando em espécies muito parecidas, mas não da mesma espécie. Por isso que ocorre desordem só quando se referem os diferentes nomes vulgares, sempre foi um problema na Biologia, qualquer que fosse o ramo da pesquisa e, ou do estudo. 2.2 Nomes científicos Precisamos deixar claro que os cientistas tentaram padronizar universalmente os nomes dos seres vivos, pesquisando eles chegaram cunhar uma nomenclatura internacional para a denominação dos seres vivos. Mark Catesby, com sua obra o primeiro livro de Zoologia, em 1740, obteve uma experiência de “padronizar” o nome de uma ave, com o nome de tordo americano. O conceito de Mark Catesby é que esse pássaro pudesse ser conhecido em vários idiomas, entretanto o nome dado a essa espécie era grande para apresentar uma ave tão pequena. Linneu, em 1735, com a profissão de botânico e médico, ele lançava em sua obra o livro “Systema Naturae”, onde indica normas para classificar e denominar plantas e animais. Em 1758, Linneu sugeriu efetivamente uma forma de nomenclatura mais simples em que cada organismo seria conhecido por dois nomes apenas, isto ocorreu só na 10a edição do seu livro. Dessa forma, surgiu a nomenclatura binominal moderna. É importante saber que espécie tem origem do latim species, “tipo” ou “aspecto”; com a abreviatura: “spec.” ou “sp.” singular, ou “spp.” plural, é uma norma essencial da Biologia que indica a unidade fundamental do sistema taxonômico usado na classificação científica dos seres vivos. 2.3 Regras internacionais de nomenclatura zoológica Itálico: é uma forma letra inclinada e fina, desigual do corpo tipográfico utilizado no documento corrido. Precisamos deixar claro que as regras atuais para a denominação científica dos seres vivos, incluindo os animais já extintos, foram firmadas com base na obra de Lineu, no I Congresso Internacional de Nomenclatura Científica, em 1898, e revistas em 1927, em Budapeste, Hungria. As principais regras são: - na designação científica, os nomes devem ser latinos de origem ou, então, latinizados. - todo nome científico deve ser escrito em e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 22 Vigilância em Saúde itálico e em obras impressas. Em estudos manuscritos é necessário que seja sublinhado. É importante que cada indivíduo seja reconhecido por uma indicação binominal, ou seja, no primeiro termo do nome cientifico identifica o gênero e o segundo identifica a espécie. Não pode usar o nome da espécie de forma isolada é preciso ser acompanhada pelo nome do gênero. Outro ponto importante é o nome relativo ao gênero que tem a necessidade ser um substantivo que pode simples ou composto; o gênero deve ser escrito com inicial maiúscula, no entanto, o nome relativo à espécie deve ser um adjetivo escrito com inicial minúscula, o nome científico da barata que uma espécie do gênero Periplaneta americana (Lineu). Figura 4: Espécie do gênero Periplaneta americana (Lineu). Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?q=Periplaneta+americana& hl=pt-BR&biw=1020&bih=563&prmd=ivns&wrapid=tlif129730916006211&um=1&ie=UTF8&source=univ&ei=511TTZqHM4-cgQfw6-yXCA&sa=X&oi=image_result_group&ct=title&resnum=3& ved=0CDYQsAQwAg>. Acesso em 15/12/2010. Falando um pouco mais sobre regras atuais são empregadas no mundo do científico por botânicos, zoólogos, ecólogos e geógrafos segundo Troppmair (2002, p.29). Este autor comenta que Linneu (1758) estabeleceu as diretrizes para uma nomenclatura universal, binominal com normas rígidas. As regras básicas desta nomenclatura são: - o nome deve ser latino ou latinizado; - todo ser vivo deve possuir pelo menos dois nomes. O primeiro designa o gênero, e o segundo, a espécie; - o gênero é designado por um substantivo e escrito com inicial maiúscula, a espécie é designada por um adjetivo com inicial minúscula; havendo necessidade, um terceiro nome indicará a variedade ou subespécie. Exemplo para fauna: Passer domesticus (Lineu) = pardal; Periplaneta americana (Lineu) = barata. A hierarquia da classificação está baseada nas semelhanças existentes entre os vegetais ou animais. Como vimos a barata, espécie do gênero Periplaneta americana (Lineu). A classificação para a barata é a seguinte pertencente ao Reino Animalia, tem como o Filo Arthropoda. Das outras classes do filo Arthropoda, ela pertence à Classe é Insecta e a Ordem é Blattodea. Este inseto está na Família Blattidae e no Gênero Periplaneta. A barata apresenta-se como nome comum variados, por exemplo: Barata-americana-das-casas, barata grande, barata-de-esgoto, são espécies domésticas mais comuns no Brasil. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 23 Caro aluno, é importante lembrar que em Zoologia há diferença entre os sufixos da família e da subfamília, o nome da família é confirmado pela soma do “sufixo – idae” ao radical relacionado ao nome do gênero-tipo. Para subfamília, o “sufixo usado é - inae”. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Utilização da nomenclatura nos seres vivos que compõe uma etapa do trabalho de classificação; • Importância em colocar os nomes científicos nos seres vivos; • As regras internacionais de nomenclatura zoológica. Atividades de aprendizagem 1) Comente a diferença que há entre nome comum e nome científico. 2) Qual é a origem e porque se usa sp. e spp.? 3) Um entomólogo estudando a fauna de insetos do cerrado encontrou uma espécie cujos caracteres não se encaixavam naqueles característicos dos gêneros de sua família. Isto levará o cientista a criar: a) uma nova família com um novo gênero. b) somente uma nova espécie. c) um novo gênero com uma nova espécie. d) uma subespécie. e) uma nova ordem com uma nova família. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 24 Vigilância em Saúde AULA 1 Aula 3 – Zoonoses: conceito de zoonoses Alfabetização e definições deDigital parasitas, parasitose, parasitismo e parasitóides Objetivos Entender os vários conceitos de zoonoses, parasitas, parasitose, parasitismo e parasitóides; Distinguir a divisão dos parasitos que compõe uma etapa do trabalho de classificação; Descreve a Importância da classificação dos artrópodes. 3.1 Conceito de zoonozes Podemos dizer que as doenças de animais transmissíveis ao homem chamam-se de zoonoses, o mesmo é válido quando as doenças são transmissíveis do homem para os animais. Os agentes que desencadeiam essas afecções podem ser microorganismos diversos, como bactérias, fungos, vírus, helmintos e rickettsias. A doença é traduzida por dor e sofrimento. Enfermidade (do latim infirmitas) in (sem); firmitas (firmeza) - debilidade, fraqueza, perda de forças, ou seja, a enfermidade é reduzida por debilidade orgânica. Moléstia inquietação, desassossego, a moléstia é traduzida por trazer mal estar no paciente. Falando agora sobre rickettsia é um gênero de bactérias que são levadas como parasitas por espécies como pulgas, piolhos e carrapatos proporcionado doenças como a febre escaronodular ou botonosa e tifo em seres humanos. Assim como os vírus e as clamídias, crescem somente dentro de células vivas. Figura 5: Rickettsia é um gênero de bactérias que são carregadas como parasitas por vários carrapatos, pulgas, e piolhos e causam doenças. Afecções: são as ações de afetar, são as mudanças sofridas pelo organismo resultante de uma causa que pode ser por doença, enfermidade e moléstia. Caro aluno, repare como esse ponto é importante a diferença entre a doença, enfermidade e moléstia. Clamídia: é chamada de DST, ou seja, doença sexualmente transmissível por meio da bactéria cujo gênero é Chlamydia trachomatis. Esta espécie atinge os órgãos genitais femininos ou masculinos. Igualmente como acontece com os vírus e com as rickettsias, a clamídia é um parasita intracelular obrigatório. Tem a capacidade produzir esporos, facilitando melhor a sua disseminação. Fonte: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Rickettsia_rickettsii.jpg>. Acesso em 16/12/2010. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 25 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Nômades: pessoas que não têm habitação fixa vivem sempre mudando de lugar Artrópodes (do grego arthros: pronunciado e podos: pés, patas, apêndices) são seres invertebrados diferenciados por terem membros rígidos e articulados e apresentarem alguns pares de pernas, um par de antenas Consideremos que a partir do momento em que homem dominou a agricultura e a pecuária, deixou de viver como nômade e se estabeleceu próximo a fontes de água e alterando esses ambientes, ele desencadeou as primeiras zoonoses. Não só pelo contato com mosquitos e insetos, porém, os nômades possuindo alimentos em abundância começaram a crescer rapidamente a população, sem o hábito de higiene eles defecavam nas fontes de água e bebiam da mesma; desta forma, eles ajudaram a proliferação de algumas doenças. Antes de viverem como nômades, eles migrariam dali e os mecanismos naturais tornariam essa fonte de água potável novamente. Porém, agora instalados nessa área com tudo o que eles precisam, criando animais soltos dentro de suas casas e em pobres condições higiênicas, seria uma questão de tempo até o surgimento de novas doenças. É importante saber com a abertura de estradas através da floresta, além das construções de novas cidades induziu o homem a colonizar o ambiente natural de numerosas zoonoses, principalmente, a leishmaniose e a febre amarela silvestre. Isto foi o suficiente para a inclusão do homem no ciclo de desenvolvimento das doenças. Podemos dizer que a palavra antropozoonose se refere às doenças que tem a presença humana no ciclo do parasito é exclusivamente acidental ou secundária como acontece na hidatidose. É importante ressaltar que na hidatidose, chamada de parasitose em que o ciclo se completa entre cães, que abrigam a forma adulta do parasito e entre as ovelhas que hospedam a forma larvária. A participação do homem é quando ingere os ovos originários do cão, passa a comportar-se como hospedeiro intermediário, neste caso somente se desenvolve a forma larvária. Podemos dizer que o termo zooantroponose se consagra a parasitoses próprias do homem, que de uma forma acidental podem passar para animais. Pode citar de exemplo da amebíase causada pela Entamoeba histolytica, que acidentalmente pode revelar-se em cães. Observamos agora como se dividem os parasitos; vamos destacar apenas a classificação dos artrópodes. Eles podem ser classificados em cinco classes principais, usando como critério o número de patas (Tabela 1). Os artrópodes, se destacam por possuírem o maior filo de animais viventes, a exemplos temos moscas e abelha (insetos), escorpião e carrapatos (arachnida), caranguejo e (crustáceos), lacraia (quilópodes) e piolho de cobra (diplópodes). Os Artrópodes totalizam mais de um milhão de espécies descritas. Precisamos deixar claro que mais de 4/5 das espécies existentes são Artrópodes. Usa-se o termo parasito, e não se utiliza parasita, parece ser o mais correto, quando nos referimos ao espoliador, na relação biológica de parasitismo. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 26 Vigilância em Saúde Figura 6: Rickettsia é um gênero de bactérias que são carregadas como parasitas por vários carrapatos, pulgas, e piolhos e causam doenças. Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&biw=1020&bih=563&q=foto+d e+Artr%C3%B3podes&wrapid=tlif129730931635911&um=1&ie=UTF-8&source=univ&ei=hF5TTcevE8_ pgQem2cC_CA&sa=X&oi=image_result_group&ct=title&resnum=1&ved=0CCUQsAQwAA>. Acesso em 16/12/2010. Informamos que os parasitas são seres vivos que conviver em associação com outros organismos, eles extraem os recursos do hospedeiro para a sua sobrevivência, comumente, prejudicando o organismo hospedeiro. Esse processo e chamado de parasitismo. Parasitose é uma doença causada por infestação de parasitas. Todas as doenças infecciosas e as infestações dos animais e das plantas são causadas por seres considerados, em última análise, parasitas. TABELA 1 Classificação dos artrópodes: Os artrópodes podem ser classificados em cinco classes principais, usando como critério o número de patas. Número de patas Classe Exemplos 6 Insetos Barata, Mosquito 8 Aracnídeos Aranha, escorpião 10 Crustáceos Camarão, Siri 1 par por seg. Quilópodes Lacraia 2 par por seg. Diplópodes Piolho de cobra Parasitose [do grego parásitos e do latim parasitu]: O processo de obsessão em que o obsessor faz o papel de parasito e o obsidiado de hospedeiro, com o primeiro sugando os princípios vitais do segundo. Fonte: Disponível em: <http://www.trabalhonota10.com.br/biologia/o-reino-animalia/artropodes. html>. Acesso em 27/12/2010. Precisamos deixar claro que parasitóides são insetos que parasitam outros insetos causando-lhes a morte. O desenvolvimento se dá no interior do inseto predado, saindo apenas quando atingir seu desenvolvimento. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 27 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Caro aluno, lembre-se de que cientificamente as novas edições dos dicionários incorporam novos significados biológicos relacionados aos parasitos, tornando-os, dessa forma, mais completos e atualizados. É importante ressaltar que a classificação dos parasitas pode classificar-se segundo a parte do corpo do hospedeiro que atacam: Ectoparasitas atacam a parte exterior do corpo do hospedeiro; Endoparasitas vivem no interior do corpo do hospedeiro. Hemoparasita parasita que vive na corrente sanguínea. Outra forma de classificar os parasitas depende dos hospedeiros e da relação entre parasita e hospedeiro: parasitas obrigatórios só vivem se tiverem hospedeiro, como os vírus. Parasitas facultativos não dependem do hospedeiro para sobreviver, e sim optam por parasitá-lo. Parasitismo é uma das interações ecológicas interespecíficas entre organismos em que uma das espécies, o parasito, usa a outra, o hospedeiro, como habitat, retirando recursos e prejudicando-o em longo prazo, diferentemente da predação. De acordo com Townsend et al. (2006, p.28), “os verdadeiros predadores matam constantemente suas presas e o fazem mais ou menos imediatamente após atacá-las”. Existe outra diferença ao analisar parasito e predador, é durante estágio de vida, para o parasito a análise é realizada pelo número de hospedeiros que atacam já o predador pela quantidade de presas atacadas também durante estágio de vida. É importante caracterizar que os parasitos atacam exclusivamente um hospedeiro em um estágio de vida, enquanto os predadores vão atacar mais de uma presa, na maioria das vezes várias, durante estágios de desenvolvimento. Falando um pouco mais sobre formas de parasitismo que vive na natureza. São três formas de parasitismo classificados e diferenciados em parasitos castradores, típicos e parasitóides. Os parasitos castradores não matam seu hospedeiro, no entanto reduzindo o processo reprodutivo do hospedeiro ou até mesmo estilizando ou castrando. Os parasitos típicos são organismos que proporcionam prejuízo ao hospedeiro, não o matando em curto prazo, entretanto, eles diminuem o sucesso de reprodução do hospedeiro ou ainda podendo castrá-los. Os parasitóides são indivíduos que utilizam os hospedeiros para habitar, todavia, geralmente, matam os hospedeiros para completar seu ciclo na fase de larvas. Pode-se afirmar sem nenhuma dúvida que existem, no entanto, muitos parasitos que não causam doenças em animais, entretanto que, transmitidos ao homem, acham nesse novo hospedeiro melhor condições de desenvolvimento e multiplicam-se ativamente, aproveitando-se das insuficiências defensivas do homem e ocasionando graves danos. As diferentes dessa circunstância, envolvendo o homem, o agente etiológico e os animais reservatórios, são muito comuns na natureza. Na natureza selvagem, o parasito ocupa seu lugar hospedado em animais e transmitido por artrópodes hematófagos Hematófagos: são parasitas que se alimentam de sangue. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 28 Vigilância em Saúde Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Conceito de zoonoses; • Definições de parasitas, parasitose, parasitismo e parasitóides; • Divisão dos parasitos que compõe uma etapa do trabalho de classificação; • Novos significados biológicos relacionados aos parasitos; • Importância da classificação dos artrópodes. Atividades de aprendizagem 1. Faça uma correlação entre nômade e zoonoses. 2. Diferencie as definições de parasitas, parasitose, parasitismo e parasitóides. 3. Faça um comentário sobre as cinco classes dos artrópodes. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 29 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Alfabetização Digital Aula 4 – Entomologia: importância dos insetos e suas relações com o homem Objetivos • Analisar importância da entomologia nos estudos dos insetos e suas relações com o homem; • Explicar as características e classificação dos insetos; • Avaliar a importância dos insetos como grupo de animais e suas relações com o homem e o meio ambiente. • Identificar os principais mosquitos transmissores de algumas doenças no Brasil. 4.1 Entomologia Falaremos agora sobre entomologia, segundo Constantino (2002, p.10) “é a ciência que estuda os insetos sob todos os seus aspectos e relações com o homem, as plantas e os animais e, entomólogos são pessoas que estudam os insetos”. A entomologia é derivada da adesão de dois radicais gregos “entomon” que é inseto e “logos” significa estudo, ela está sendo empregada desde tempos de Aristóteles. Observamos agora que os insetos pertencem ao Reino animal; Sub-reino Metazoa; Divisão Bilatéria; Grupo Eucelomata; Filo Arthropoda; Classe Insecta. Os insetos vivem na Terra a 300 milhões de anos. O homem vive a 1 milhão de anos. Reinos Vegetal + animal possuem 1.500.000 espécies. Classe Insecta tem 815.000 espécies, ou seja, 55% dos seres vivos e 72% dos animais. Informemos agora as características dos insetos, eles animais invertebrados, são artrópodes, e faz parte a classe Insecta. Eles possuem de 4 a 5 milhões de espécies, são animais terrestres cujo corpo é envolvido por cutícula quitinosa, impermeável. Seu tamanho varia de 0,5 mm a 30 cm abrangendo cabeça, tórax e abdômen. Os insetos apresentam o corpo subdividido cabeça, tórax e abdome. Possuem um par de antenas e três pares de patas no tórax. Na maioria das espécies, há dois pares de asas, mas há espécies com apenas um par e outros sem asas; a respiração é traqueal. Respiração traqueal: ocorre por meio de pequenos orifícios chamados de buraquinhos em sua pele, acontece por meio de traquéias. Estas são estruturas compostas por um conjunto de tubos ramificados nas extremidades, capazes de transportar O2 desde orifícios externos, em contato com o ar atmosférico, até o interior dos tecidos, onde as trocas gasosas são executadas. Figura 7: Espécies diferentes de insetos. Fonte: Disponível em: <http://www.trabalhonota10.com.br/biologia/o-reino-animalia/artropodes. html>. Acesso em 27/12/2010. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 31 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Metamorfose: a mudança relativamente brusca na forma do corpo (tecidos e com os órgãos). entre o fim do desenvolvimento imaturo e o início da fase adulta Muitos dos insetos têm dois olhos formados por diversos olhos menores ou olhos simples, ou seja, tem a formação de diferentes olhos em um só. A maioria deles tem antenas que lhes ajustam um olfato mais determinado, o que lhes permite capturar de forma mais exata as suas presas. É importante saber que a peça bucal é bem adaptada às diferentes especificações de nutrição, podem viver solitários ou em grupos sociais; são dotados de mecanismos de defesa. Ex: abelha, borboletas, moscas, termitas, formigas, traças, piolhos, gafanhotos e muitas outras. Os insetos sofrem metamorfose. Consideremos que de acordo com a classificação dos insetos é comum que eles tenham em seu corpo três partes como cabeça, tórax e abdome. Outra característica marcante deles é a presença de seis pernas anexas ao tórax e, no próprio tórax de muitas espécies pode ter duas asas ou até mesmo quatro asas. É importante ressaltar que no desenvolvimento dos insetos, grande parte deles sofre diferentes estágios até chegar à fase adulta. Por exemplo, nas borboletas há transformação dentro das quatro fases que começa com os ovos, larvas, pupas e finaliza com a fase adulta. Os insetos têm outro ponto interessante convivem em comunidade, como exemplo, as abelhas, cupins e as formigas. Estas espécies são muitas organizadas e repartem as funções dentro de uma hierarquia. As abelhas, em suas colméias, possuem a abelha rainha que é responsável pela reprodução, os zangões que são os machos e as operárias responsáveis pelos trabalhos de polinização, limpeza da colméia e outras funções. Mimetismo : é quando uma espécie adota, geralmente, para imitar outra espécie seja no aspecto físico, seja no comportamento com a intenção de se proteger de seus predadores Camuflagem: é um disfarce no qual um organismo fica indistinguível da paisagem de fundo Figura 8: Estágios diferentes da borboleta Fonte: Disponível em: <http://pt.dreamstime.com/foto-de-stock-royalty-free-est-aacutegios-daevolu-ccedil-atildeo-da-borboleta-image568625>. Acesso em 26/12/2010. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 32 Vigilância em Saúde É possível destacar que outros tipos de insetos bem conhecidos são os insetos-folhas, que fazem parte da família das baratas e são localizados naturalmente nas áreas tropicais do globo terrestre. Esta espécie de inseto tem o hábito de ficar imóvel durante o dia, usando a capacidade de mimetismo, saindo somente no período da noite para procurar alimentos. Esta característica é somente para os machos dos insetos-folhas que possuem a capacidade de voar. Falando um pouco mais sobre a família das baratas, ainda fazem parte os insetos-gravetos, que se parece com pequenos galhos de árvore e se usa da camuflagem tem em seus corpos áreas esverdeadas que lembram musgos. Esta característica os torna capaz de se combinar com a paisagem (árvores, plantas e folhas) da região em que habitam, e, dessa maneira, eles podem enganar suas presas e predadores. É importante enfatizar que muitos dos insetos têm se tornado pragas para a população dos grandes centros urbanos. Entre eles estão os cupins e as formigas que entram nas casas proporcionando rastro de destruição. Ainda nos centros urbanos com as construções de cimento e concreto, o asfalto reduziu as fontes de alimentação, dessa forma, para a sobrevivência dessas duas espécies o único modo de continuar a viver foi a disputa por espaços com os seres humanos. 4.2 Razões para o sucesso dos insetos Precisamos ressaltar que, segundo algumas pesquisas, os insetos são os grandes competidores do homem pela hegemonia no planeta Terra, o ser humano sempre obteve o domínio sobre grande parte deles, e também eliminou algumas espécies de animais que seriam seus predadores. Contudo, os insetos permanecem como único empecilho biótico ao domínio total do homem, visto que eles têm a capacidade adaptativa e vastamente conhecida. Além disso, eles, ao longo dos séculos, sofreram diversas mudanças que toleraram as adaptações diferenciadas ao meio ambiente. Podemos perceber, ao longo dos tempos, que os insetos sofreram várias modificações, tais como: - exoesqueleto permite aos insetos uma grande área de inserção muscular, facilita o controle da evaporação e protege os órgãos internos. - asas funcionais fornecem aos insetos a capacidade de deslocamento, facilitam a procura de alimentos, facilita a fuga dos inimigos naturais e facilita a dispersão. - tamanho pequeno faz com que os insetos necessitem de pouco alimento, facilita a fuga, contudo o fato de serem pequenos faz com a superfície total do corpo seja muito maior que o volume, aumentando a evaporação do corpo o que consiste numa desvantagem. metamorfose completa admitiu aos insetos terem a capacidade de viver em diferentes habitats, permite a larva e ao adulto viverem em condições completamente diversas. - o crescente número das espécies de insertos com capacidade de adaptação aos diversos ambientes, fez com que se elevassem o número de espécies tanto que atualmente eles ocupam praticamente todos os lugares na maioria dos ecossistemas. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 33 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Caro aluno, repare como esse ponto é importante. Detritivoria: é um organismo de um comedor de detrito de origem vegetal ou animal. Saprofagia: é um organismo comedor de organismos em decomposição. Xilofagia: é um organismo comedor de madeira. 4.3 Importância dos insetos como grupo de animais e suas relações com o homem Nós devemos estudar insetos por muitas razões. Além de apresentarem alta variação ecológica, eles, freqüentemente, dominam as cadeias e teias alimentares em biomassa e riqueza de espécies. As especializações alimentares dos diferentes grupos de insetos passam por detritivoria, saprofagia, xilofagia e micofagia, alimentação por filtração da água e pastejo, fitofagia ou herbivoria, abrangendo a sucção de seiva, e carnivoria é referente à predação e ao parasitismo. Outros grupos de insetos mostram várias combinações destes principais tipos de alimentação. Os insetos podem ser aquáticos ou terrestres ao longo de toda ou parte de suas vidas. Seus estilos de vida abrangem modos solitários, gregários (em grupos), subsociais e altamente sociais. Eles podem estar escondidos e ativos durante o dia ou à noite. Os ciclos de vida dos insetos são adaptados a uma variedade de condições abióticas, incluindo extremos sazonais de calor e frio, secas e umidade e climas previsíveis ou imprevisíveis. Micofagia: é um organismo comedor de fungos. Fitofagia: é um organismo que se alimenta de vegetais. Ver os fatores abióticos como radiação solar, temperatura (máxima e mínima), precipitação (chuva), umidade relativa do ar que atuam sobre o crescimento e desenvolvimento do dos insetos. Insetívoros: são organismos comedores de insetos. Antropocêntrico: que concebe o universo em termos de experiência ou valores humanos Figura 9: Piolho espécie parasitismo. Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=foto+parasitismo&wrapid=tli f129734404339011&um=1&ie=UTF-8&source=univ&ei=KeZTTZvzK4LEgAeKlPmxCQ&sa=X&oi=image_ result_group&ct=title&resnum=3&ved=0CDEQsAQwAg&biw=1003&bih=563>. Acesso em 26/12/2010. É importante saber que os insetos são essenciais nos ecossistemas: reciclagem de nutrientes através da degradação da serapilheira foliar e lenhosa, disposição de carcaças e fezes e movimentação do solo. - polinização de plantas e, às vezes, dispersão de sementes. - manutenção da composição e estrutura da comunidade vegetal através da fitofagia, incluindo alimentação de sementes. manutenção de amimais insetívoros, como muitos pássaros, mamíferos, répteis e peixes. Pode-se afirmar, sem nenhuma dúvida, que cada espécie de inseto é parte de uma comunidade mais ampla e, se alguma espécie for perdida, a complexidade e a abundância de outros organismos serão afetadas. De um ponto de vista antropocêntrico alguns insetos prejudicam a saúde de animais domésticos e a nossa própria, e e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 34 Vigilância em Saúde afetam adversamente a agricultura e a horticultura. Outros insetos beneficiam em alto grau a sociedade humana, tanto por nos fornecer alimento diretamente ou por sua contribuição para os materiais que utilizamos ou para o alimento que comemos. Por exemplo, as abelhas nos fornecem mel, mas elas são também importantes polinizadores de várias espécies de plantas. Além disso, o controle de pragas promovido por besouros predadores, percevejos e vespas parasitóides, freqüentemente passa despercebido, especialmente por cidadãos urbanos. Falando um pouco mais sobre os insetos, eles também contêm uma grande quantidade de compostos químicos, alguns dos quais podem ser coletados, extraídos ou sintetizados e usados por nós. A seda dos casulos dos bichos-da-seda, Bombyx mori, tem sido usada em tecidos há séculos. Os benefícios dos insetos são mais do que econômicos ou ambientais; características de certos insetos fazem com que eles sejam modelos úteis para o entendimento de processos biológicos, em geral. Esteticamente, a enorme variedade de estruturas e cores nos insetos é digna de admiração, seja em coleções ou em desenhos e fotografias. É importante lembrar que os insetos propiciam efeitos benéficos ao homem por seus hábitos predatórios (algumas espécies). Descrevemos agora sobre os parasitas e os predadores que tem ampla aptidão de adaptação e de reprodução, os insetos compõem imensas populações, uma forma de combatê-los é deixar que os predadores e os parasitas ajam de forma natural. Em geral, os predadores são maiores e mais ativos, porém, a presa é comumente menor e mais fraca que o predador; os parasitas têm o hábito de viver do hospedeiro que comumente é maior e mais forte. Precisamos ressaltar que cada insetos como degradadores, vários insetos auxiliam a degradação de plantas e animais, auxiliando na limpeza do solo. Portanto, observam os insetos e seu valor estético, as borboletas certamente são os insetos mais apreciados pelo homem. Despertando a imaginação de vários artistas, que criam pinturas, poemas, fábulas e músicas utilizando os insetos como enredo. Por outro lado, aparece a importância científica dos insetos, eles contribuem para o aperfeiçoamento de várias ciências, principalmente para o conhecimento da Citologia e da Genética. Os insetos proporcionam ao meio ambiente como danos às plantas, vetores de doenças para as plantas, animais e para o homem, insetos parasitos do homem e dos animais, insetos venenosos e insetos que atacam produtos armazenados. Além disto, os insetos danificam as plantas, sugando a seiva e os cloroplastos, abrem caminho para os patógenos transmissores de doenças ao homem. Por último, e provavelmente o mais importante, o enorme número de insetos significa que seu impacto no ambiente, e, portanto nas nossas vidas, é altamente significativo. Sendo assim, o desequilíbrio de uma parte do sistema formado pelos insetos, pode afetar vários setores da nossa sociedade como a produção agrícola e florestal, além de desencadear uma série de doenças como a malária, dengue, febre amarela, Chagas, Entomologia, Roedores e Esquistossomose 35 Caro aluno é importante deixar claro que muitos insetos são também nocivos. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Leishmaniose, Filariose e outras (Tabela 2). Os insetos constituem o maior componente da biodiversidade e, pelo menos por esta razão, nós devemos tentar entendê-los melhor. Tabela 2 Algumas doenças transmitidas por mosquitos e seus respectivos hábitos ALGUMAS DOENÇAS TRANSMITIDAS POR MOSQUITOS DOENÇA MOSQUITO HÁBITOS/OBS 1 – Malária Anopheles darlingi Rios de águas limpas 2 - Febre amarela urbana Aedes aegypti Domésticos, diurnos, águas limpas 3 - Febre amarela silvestre Haemagogus capricornii Amazônia e Centro Oeste 4 - Leishmaniose visceral Lutzomyia longipalpis Nordeste brasileiro 5 - Leishmaniose cutânea Lutzomyia intermédia Em quase todo o Brasil 6 – Filariose Culex quinquefasciatus Domésticos, noturnos, águas sujas 7 – Dengue Aedes aegypti Águas paradas de vasos, pneus, etc. 8 – Encefalite Aedes scapularis No litoral de São Paulo 9 - Úlcera brava Phlebotomus spp Úlcera de Bauru 10 – Manzonelose Simulium amazonicum Comum na Amazônia 11 – Oncocercose Simulium damnosum Roraima e África Fontes: “Principais Mosquitos de Importância Sanitária no Brasil”. “As Doenças do Campo”. Gomes, M., Ed. Globo, Rio de Janeiro, 1987. “Endemias Rurais” - Ministério da Saúde, Rio de Janeiro, 1968. “Revista Globo Rural” - No 10 julho de 1986. Disponível em: < http://www.ufrrj.br/ institutos/it/de/acidentes/mosq.htm>. Acesso em 30/12/2010. Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Conceito e importância da entomologia; • Características e classificação dos insetos; • Importância dos insetos como grupo de animais e suas relações com o homem e o meio ambiente. • Principais mosquitos transmissores de algumas doenças no Brasil. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 36 Vigilância em Saúde Atividades de aprendizagem 1. Apresentam o corpo subdividido em três partes cabeça, tórax e abdome e possuem três pares de patas no tórax e um par de antenas. São chamados de: a) escorpião e pulga. b) lacraia e siri. c) camarão e carrapato. d) barata e gafanhoto. e) aranha e lagosta. 2. Faça um comentário sobre insetos nocivos. 3. Pode o desequilíbrio de uma parte do sistema formado pelos insetos ocorrer e afetar vários setores da nossa sociedade? Justifique. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 37 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Alfabetização Digital insetos que cauAula 5 – Entomologia: sam doenças Objetivos • Conhecer na entomologia os insetos e suas respectivas doenças; • Descrever como os insetos causam doenças; • Reconhecer a importância dos insetos como hospedeiros de agentes causadores de doenças. 5.1 Insetos que acompanham o homem É possível destacar que atualmente, chama a atenção no Brasil o acréscimo do número de casos de dengue transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Ainda é preocupante, essa não é a única doença transmitida por insetos. Esse tipo de vetor (animal transmissor de doenças) é abundante, e as doenças transmitidas dessa forma trazem grandes prejuízos à saúde pública e à produtividade, causando mais desequilíbrios, nas já precárias situações socioeconômica brasileira. Precisamos deixar claro que além da dengue, cujos métodos de prevenção vêm sendo bem divulgados, Aedes aegypti ainda transmite a febre amarela, doença que há mais um século apresentava erradicada no país pelo pesquisador Oswaldo Cruz e que atualmente volta a impressionar em virtude da ausência de medidas de manutenção no assassinato do vetor. Falando um pouco mais sobre doenças, a malária é uma doença ligada pelo Anopheles sp. ou mosquito-prego que é a doença mais espalhada no mundo. O protozoário é um parasita cujo gênero é Plasmodium sp., causa febre ocasional e profunda anemia, quadro clínico que pode levar o paciente à morte. A leishmaniose tegumentar, também conhecida como úlcera de Bauru ou ferida brava, é causada pelo protozoário Leishmania brasiliensis e também é transmitida por um mosquito, Phlebotomus intermedius, chamado de mosquito-palha ou de birigui. Podemos dizer que o protozoário Trypanosoma cruzi é causador do mal de Chagas, esta doença é transmitida por inseto chamado de barbeiro com nome científico de Triatoma infestans. A doença causa cardiomegalia e pode levar à morte. Para finalizar, a elefantíase ou filariose, que provoca edema crônico nos membros, em mamas de mulheres ou até na bolsa escrotal, é uma doença ocasionada pelo verme chamado de Wulchereria bancrofti ou filária, e é transmitida pelo mosquito Culex sp., também chamado de pernilongo comum. É importante controlar o inseto, principalmente, a sua forma de reprodução. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 39 Vetor: é especificamente o hospedeiro de uma doença transmissível a outra espécie de organismo e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Figura 10: Mosquito do gênero Culex transmissor da elefantíase. Fonte: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/filariose/>. Acesso em 27/12/2010. Precisamos advertir que a elefantíase ou filariose linfática é a filariose mais comum e é causada especialmente pelas espécies Brugia malayi e Wuchereria bancrofti. As larvas do parasita, chamada de microfilárias, são achadas no sangue de pessoas infectado e são ingeridas por animais que se nutrem de sangue com o caso dos hematófagos. Após estenderem-se por grande parte do ciclo vital dentro destes insetos, as microfilárias são transmitidas aos seres humanos sadios por meio de picadas durante uma nova ingestão de sangue. As microfilárias se abrigam nos vasos linfáticos, principalmente nos braços e pernas onde, após de alguns meses, chegarão à maturidade sexual. Quando adultas, as filárias fêmeas (macrofilárias) podem viver entre 5 e 10 anos em seu hospedeiro e se reproduzem gerando milhares de larvas, as quais passam novamente para a circulação sanguínea. Podemos dizer que as fêmeas dos mosquitos das espécies Wuchereria bancrofi, Brugia malayi e Culex transmitem a elefantíase durante a noite. E ainda, o quadro clínico dessa doença surge com os sintomas iniciais, estão incluídos com a resposta inflamatória subsequente à presença dos parasitas. A fase aguda da elefantíase acontece com febre e calafrios que se dão em espaços desiguais, com ou sem inflamação de vasos linfáticos ou gânglios e, reações inflamatórias das extremidades inferiores e genitais. Enquanto a infecção vai se desenvolvendo, os vermes adultos presentes vão obstruindo os vasos linfáticos evitando o fluxo linfático normal, provocando acumulação de líquido pelo tecido, no engrossamento e hipertrofia dos tecidos afetados. Falando um pouco mais sobre as formas mais frequentes de localização da elefantíase. Esta doença se localiza nas pernas, o edema dá início no dorso do pé e eleva-se até o joelho, no entanto, dificilmente abrange aos quadris. A pele muito fica muito grossa, com muita fibrose e superfície enrugada parecendo com a pele do elefante. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 40 Vigilância em Saúde Figura 11: Elefantíase das pernas. Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://2.bp.blogspot. com/_iaBAkLMoQoA/SxQD3Z0CboI/AAAAAAAAAYU/l1Juy3qVTkQ/s1600/e3.jpg&imgrefurl=http:// invasaopatologica2009.blogspot.com/2009/11/elefantiase.html&h=267&w=409&sz=22&tbnid=ayNv MaMkgDwmCM:&tbnh=82&tbnw=125&prev=/images%3Fq%3Dfoto%2Bcom%2Belefant%25C3%25ADas e&zoom=1&q=foto+com+elefant%C3%ADase&hl=pt-BR&usg=__DqBaWDHodgzJF7BTElZKv1r6Mvk=&s a=X&ei=v7crTa7TN8KclgfH29j9AQ&ved=0CCwQ9QEwAw>. Acesso em 26/12/2010. É importante dizer que a grande parte das doenças que provoca febre no ser humano é ocasionada por microorganismos ligados por insetos. Habitua-se a utilizar o termo inseto porque eles têm uma característica marcante à presença de três pares de patas, por exemplo, besouro, pulga, mosquito, piolho, percevejo, baratas, mosca, abelhas, formigas etc. Segundo a classificação científica, os insetos se enquadram na categoria mais abrangente dos artrópodes, a maior divisão do reino animal, que inclui pelo menos um milhão de espécies analisadas. É importante dizer que a grande maioria dos insetos é inofensiva ao homem e alguns são muito úteis. Sem eles, muitas plantas e árvores que fornecem alimento ao homem e aos animais não seriam polinizadas nem dariam frutos. Há insetos que ajudam a reciclar o lixo. Um grande número se alimenta exclusivamente de plantas, ao passo que alguns comem outros insetos. É claro que há insetos que incomodam o homem e os animais com uma picada dolorosa ou simplesmente por seu grande número. Alguns também danificam plantações e outras espécies proporcionam doenças e morte. Atualmente, cerca de 1 em cada 6 pessoas está infectada com uma doença transmitida por insetos. Além de causar sofrimento, essas doenças representam um grande ônus financeiro, sobretudo nos países em desenvolvimento, que são justamente os que menos dispõem de recursos. Mesmo um único surto pode ser oneroso. Consta que uma epidemia na parte ocidental da Índia, em 1994, custou bilhões de dólares à economia local e mundial. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), esses países só farão progresso econômico quando tais problemas de saúde estiveram sob controle. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 41 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 5.2. Como os insetos causam doenças Podemos descrever que alguns insetos podem atuar como vetores, ou seja, agentes transmissores de doenças, de duas formas principais. Uma delas é a transmissão mecânica. Assim como as pessoas podem trazer para dentro de casa sujeira impregnadas no sapato, a mosca-doméstica pode transportar nas patas milhões de microorganismos que, dependendo da quantidade, causam doenças. As moscas são transmissores de doenças ao ser humano. Após terem pousado sobre fezes, feridas e animais mortos, elas podem pousar sobre o alimento humano e contaminá-lo, depositando sobre este as bactérias contidas na sua saliva, patas e cerdas do seu corpo. Essa é uma forma de o homem contrair doenças debilitantes e mortíferas como a febre tifóide, a disenteria e até mesmo a cólera. Precisamos deixar claro que as moscas também contribuem para a transmissão do tracoma, a principal causa de cegueira no mundo. O tracoma pode causar a cegueira por danificar a córnea, que é a parte anterior do olho localizada na frente da íris. No mundo todo, cerca de 500 milhões de pessoas sofrem desse flagelo. É possível destacar que o lixo é o principal responsável pelo aparecimento das moscas, devido a grande variedade de resíduos que servem para sua alimentação. Figura 12: As patas da mosca podem carregar milhões de microorganismos que causam doenças. Fonte: Disponível em: <http://www.watchtower.org/t/20030522/article_01.htm>. Acesso em 23/12/2010. Precisamos deixar claro, a barata, que gosta da sujeira, é suspeita de transmissão mecânica de doenças. Segundo especialistas, o recente surto de asma, principalmente em crianças, está relacionado com a alergia a baratas. Elas estão entre os insetos que encontramos sempre e, pouca pesquisa tem sobre os riscos que elas acarretam para a nossa saúde. Existem cerca de 3.500 tipos de barata. A mais conhecida e comum no meio urbano é a barata de esgoto, ou francesinha. Transmitem microorganismos que causam infecções respiratórias e intestinais. Suas fezes e suas cascas secas podem causar alergias. Falando um pouco mais sobre as baratas, elas procuram abrigo em lugares quentes, úmidos e escuros, na época das chuvas. Estes locais podem ser dentro dos prédios, nos cantos das paredes das casas, nas fendas e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 42 Vigilância em Saúde de madeira, nos armários, gavetas, fornos, ralos e depósitos. Estão sempre em busca de alimentos em lixos e esgotos. Ao caminhar por locais limpos contaminam os alimentos, louças, pratos, talheres e copos. Deixe sempre o alimento protegido, não guarde comida sem tampa nos armários, principalmente doces e bolachas. Dê preferência aos inseticidas acondicionados em armadilhas que atraem as baratas para dentro delas. Não contaminam o meio ambiente e são eficientes para acabar com elas. Figura 13: A barata como vetor ativo proporciona transmissão mecânica de doenças. Fonte: Disponível em: <http://www.watchtower.org/t/20030522/article_01.htm>. Acesso em 23/12/2 010. Necessitamos informar que a outra forma de transmissão ocorre quando insetos hospedeiros de vírus, bactérias ou parasitas infectam as vítimas pela picada ou por outros meios. Apenas uma pequena porcentagem de insetos transmite doenças ao homem, dessa forma. Por exemplo, embora haja milhares de espécies de mosquitos, apenas os do gênero Anopheles transmitem a malária, a doença contagiosa que mais mata no mundo, depois da tuberculose. Além da possibilidade há muitas outras doenças disseminadas por mosquitos. Um relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde) diz: O mosquito é o mais perigoso de todos os insetos vetores, pois é o transmissor da malária, da dengue e da febre amarela. Essas doenças, combinadas, matam todo ano milhões de pessoas e fazem adoecer outras centenas de milhões. Pelo menos 40% da população mundial correm risco de contrair a malária, e cerca de 40% de contrair a dengue. Em muitos lugares, a pessoa pode contrair ambas as doenças. É claro que os mosquitos não são os únicos insetos vetores. A mosca tsé-tsé transmite o protozoário causador da doença do sono, que aflige centenas de milhares de pessoas, obrigando comunidades inteiras a abandonar seus campos férteis. A mosca-negra, transmissora do parasita que provoca a cegueira do rio, privou da visão cerca de 400 mil africanos. O mosquito-pólvora pode abrigar o protozoário que causa a leishmaniose. Trata-se de um grupo de doenças incapacitantes, que hoje afligem milhões de pessoas de todas as idades ao redor do mundo, desfiguram a vítima e muitas vezes causam a morte. A pulga comum pode transmitir a solitária, a encefalite, a tularemia e até mesmo a peste, geralmente associada à peste negra que em apenas seis anos dizimou um terço ou mais da população da Europa na Idade Média. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 43 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes A mosca-negra é portadora do patógeno da cegueira do rio. Mosquitos alojam patógenos da malária, da dengue e da febre amarela. Piolhos podem transmitir tifo. Pulgas podem causar encefalite e outras moléstias. As moscas tsé-tsé transmitem a doença do sono. Figura 14: Muitos insetos são hospedeiros de agentes causadores de doenças Fonte: Disponível em: <http://insetosedoencastrans.blogspot.com/2010_06_01_archive.html>. Acesso em 23/12/2010. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 44 Vigilância em Saúde Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Insetos que acompanham o homem; • Como os insetos causam doenças; • Importância dos insetos como hospedeiros de agentes causadores de doenças. Atividades de aprendizagem 1. De acordo com as alternativas abaixo, marque a questão que tem somente parasitoses, e que não incluem o mosquito como agente transmissor. a) elefantíase, malária e leptospirose. b) esquistossomose, leptospirose e malária. c) tifo murino, leptospirose e salmoneloses. d) leptospirose, malária e salmoneloses. e) elefantíase, esquistossomose e salmoneloses. 2. O que é vetor e o que ele pode causar? 3. Os insetos podem atuar como vetores. Quais são as formas principais de agentes transmissores de doenças pelos insetos? Explique-as. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 45 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Aula 6 – Entomologia: Alfabetização Digital ciclos de doenças transmitidas pelos insetos Objetivos • • • • Entender ciclos de doenças transmitidas pelos insetos; Descrever a influência dos patógenos; Reconhecer a importância dos insetos vetores de doenças; Identificar as medidas de proteção e doenças transmitidas por insetos. 6.1 Ciclos de doenças generalizadas Precisamos ressaltar que em todas as doenças transferidas biologicamente, um artrópode adulto que pica (sugador ou que se alimenta de sangue), transmite um parasita de humano para humano, ou de animal para humano ou, mais raramente, de humano para animal. Alguns patógenos humanos (agentes causais de doenças humanas tal como parasitas de malária) só podem completar seus ciclos de vida dentro do inseto vetor e do hospedeiro humano. A malária humana é um exemplo de uma doença de ciclo único envolvendo mosquitos Anopheles, parasitas de malária e humanos. Embora parasitas de malária relacionados ocorram em animais, notavelmente outros primatas e pássaros, esses hospedeiros e parasitas não estão envolvidos no ciclo de malária humana. Somente algumas poucas doenças humanas originadas por insetos têm ciclos únicos, como na malária, porque essas doenças requerem co-evolução de patógeno e vetor e Homo sapiens. Uma vez que Homo sapiens tem uma origem evolucionária recente, houve apenas um curto período de tempo para o desenvolvimento de doenças únicas de origem em insetos que requerem especificamente um humano ao invés de qualquer vertebrado alternativo para completar o ciclo de vida do organismo causador da doença. Homo sapiens: é o nome científico do homem Figura 15: Anopheles darlingi principal vetor da malária no Brasil. Fonte: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/malaria/index.php>. Acesso em 24/12/2010. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 47 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Em contraste com doenças de ciclo único, muitas outras doenças de origem em insetos que afetam humanos incluem um hospedeiro vertebrado não humano, por exemplo, macacos na febre amarela, ratos na peste bubônica e roedora do deserto na leishmaniose. Nestes casos fica claro que o ciclo não humano é primário e a inclusão esporádica de humanos é um ciclo secundário e não é essencial para a manutenção da doença. Entretanto, quando ocorre surto, estas doenças podem se espalhar em populações humanas e podem envolver muitos casos. Observamos agora que os surtos em humanos frequentemente surgem de ações humanas, tal como a disseminação de pessoas em áreas naturais do vetar e hospedeiros animais os quais agem como reservatórios das doenças. Por exemplo, a febre amarela em floresta nativa de Uganda, na África Central, tem um ciclo na floresta, permanecendo em primatas arborícolas com o mosquito que se alimenta exclusivamente de primatas Aedes africanus como vetor. É somente quando macacos e humanos concorrem em plantações de bananas próximas ou dentro da floresta, que Aedes simpsoni, um segundo mosquito vetor que se alimenta tanto de humanos quanto de macacos, pode transferir a febre amarela para os humanos. Em outro exemplo, Phlebotomus sand flies (Psychodidae) depende dos roedores - que se escondem na zona árida do deserto que, se alimentando, transmitem os parasitas Leishmania entre os hospedeiros roedores. Leishmaniose, uma doença desfigurante, é transmitida para humanos quando a expansão de subúrbios coloca os humanos dentro deste reservatório de roedores, mas, diferente da febre amarela, parece que não há nenhuma mudança no vetor quando humanos entram no ciclo. Em termos epidemiológicos, o ciclo natural é mantido em reservatórios animais, primatas para febre amarela e, roedores do deserto para leishmaniose. O controle da doença é complicado pela presença destes reservatórios em adição a um ciclo humano. 6.2 Patógenos Falaremos agora sobre os organismos causadores de doenças transmitidas pelo inseto, que podem ser vírus, rickettsias, bactérias, protozoários ou vermes nematóides filariais. A replicação destes parasitas tanto nos vetores quanto nos hospedeiros é necessária, e alguns ciclos de vida complexos se desenvolveram, notavelmente entre os protozoas e filarias. A presença de um parasita no inseto vetor (o qual pode ser determinada por dissecação e microscopia ou meios bioquímicos), geralmente parece não causar dano ao inseto hospedeiro. A transmissão pode ocorrer quando o parasita está num estágio de desenvolvimento apropriado e seguindo multiplicação ou replicação (amplificação ou concentração no vetor). A transferência de parasi- e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 48 Vigilância em Saúde tas do vetor para o hospedeiro para hospedeiro ou vice-versa ocorre quando o inseto que se alimenta de sangue faz uma refeição num hospedeiro vertebrado. A transferência do hospedeiro para um vetor anteriormente não infectado é por meio de sangue infectado com parasita. A transmissão para um hospedeiro por um inseto infectado é usualmente por meio de injeção junto com produtos da glândula salivar anticoagulantes que mantém o ferimento aberto durante a alimentação. Entretanto, esta também pode se dar por meio de deposição de fezes infectadas junto ao sítio de ferimento. No levantamento que se segue sobre quatro importantes doenças de origem em artrópodes, malária é considerada em algum detalhe: malária é a doença mais devastadora e debilitante no mundo e serve como exemplo de vários pontos gerais a respeito de entomologia médica. Seções breves revisam o intervalo de doenças patogênicas envolvendo insetos, arranjadas por seqüência filogênica de parasita, de vírus a vermes filariais. 6.3 Insetos e doenças É formidável destacar que as doenças como a malária, febre amarela e dengue ainda constituem importantes problemas de saúde pública. Estas doenças transmitidas pelos insetos que na fase adulta possuem 6 patas. Os insetos hematófagos proporcionam entre os principais riscos para a saúde. A pulga que compreende um grupo de insetos com hábitos hematófagos. Os insetos hematófagos têm a capacidade de serem vetores de infecções, possuem capacidades de transmitir agentes infecciosos entre animais e seres humanos ou mesmo entre seres humanos. Os insetos hematófagos não enquadram somente como meio de transporte mecânico, embora eles contribuam para o ciclo de desenvolvimento dos agentes infecciosos. Figura 16: Pulga compreende um grupo de insetos com hábitos hematófagos. Fonte: Disponível em: <http://biologocarlossimas.blogspot.com/2010/06/controle-de-pulgas. html>. Acesso em 24/12/2010. Falamos agora sobre uma relação estreita que existe entre a dinâmica da transmissão de doenças e as características biológicas e ecológicas destes vetores. Quando se fala da capacidade reprodutiva uma fêmea pode Entomologia, Roedores e Esquistossomose 49 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Substâncias vesicantes: localizam dentro da vesícula que contém líquido seroso gerar de dezenas a milhares de novos insetos que pode durar de dias até anos. Os insetos têm as prioridades para alimentar de animais e homem, eles ainda têm de prioridades locais e hora do dia de maior atividade. Dependo da estação do ano os vetores transmissíveis de doença infecciosa têm capacidade de maior atuação durante o dia, ou à noite. As alterações ambientais como disponibilidade de água, chuvas, temperatura, umidade e altitude podem influenciar no ciclo dos agentes infecciosos nos insetos ou no desenvolvimento dos próprios vetores. É importante informar que os insetos hematófagos introduzem os agentes infecciosos no sangue, por meio da pele, durante a alimentação, isto é comum com os mosquitos da dengue, malária, febre amarela, com a mosca tsé-tsé ou doença do sono e com os flebotomíneos que transmitem a leishmaniose cutânea e visceral. Contudo os triatomíneos causadores da doença de Chagas transmitem o agente infeccioso quando defecam após a sua alimentação por sangue humano, e a inoculação acontece pelo contágio de mucosas e de área de pele lesada por meio das fezes do barbeiro quando a pessoa coça. Pode-se afirmar sem nenhuma dúvida que algumas espécies de besouros não transmitem agentes infecciosos, no entanto, podem causar doenças. Estas espécies de artrópodes não são hematófagas, mas produzem substâncias vesicantes com pederina e cantaridina que causam lesões cutâneas (dermatite bolhas) em seres humanos. 6.4. Medidas de proteção e doenças transmitidas por insetos Podemos citar as medidas de proteção de doenças transmitidas por insetos. - Não usar recursos sem constatação da eficácia como as pílulas de alho e vitaminas do complexo B, na profilaxia de alguma doença transmitida por vetores. - Empregar repelentes enquanto estiver ao ar livre na pele à base de picaridina ou dietiltoluamida (DEET). - as que estiverem em locais fechados e protegidos contra insetos como ar-condicionado, telas protetoras contra mosquitos, lavar a pele, para remover o repelente. - certificar-se da concentração de DEET ou picaridina do produto antes de apanhar um repelente. Não aplicar repelentes nas mãos de crianças pequenas, pelo risco de contato com olhos e boca. - tomar cuidado para não aplicar repelentes em ferimentos, nos olhos e na boca. - As recomendações do fabricante do repelente necessitam ler atenciosamente. - procurar hospedar-se em locais que tenham ar-condicionado ou pelo menos mosquiteiros, ainda utilizar inseticida em aerossol nos locais fechados onde for dormir e não usar em nenhuma hipótese inseticida na pele. Falando um pouco mais sobre as medidas de proteção contra os insetos transmissores de doenças. Os mosquiteiros também podem ser úteis na proteção contra triatomíneos chamados de barbeiros que transmitem a doença de Chagas, e morcegos transmissores da raiva. É importante usar e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 50 Vigilância em Saúde calças e camisas de manga comprida sempre que possível e sempre as condições locais de temperatura e umidade permitirem, para reduzir a área corporal exposta às picadas de insetos. Empregar repelentes na roupa à base de permetrina ou deltametrina. No caso malária o uso quimioprofilaxia só poderá ser aceito com receita médica. Em regiões de risco certificar-se da importância da vacina contra a febre amarela que possuem validade de 10 anos, a partir do décimo dia da aplicação inicial e de obter o Certificado Internacional de Vacinação (emitido pelos Postos da Anvisa). Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Ciclos de doenças generalizadas; • A influência dos patógenos; • Importância dos insetos vetores de doenças; • Medidas de proteção e doenças transmitidas por insetos. Atividades de aprendizagem 1. Nas doenças de origem com insetos que incluem ciclo com humanos não humanos. Pode-se dizer ciclo com humanos é sempre primário? Justifique. 2. Qual é o significado de doença de ciclo único? Dê exemplo. Úlcera de Bauru. 3. Comente resumidamente sobre as medidas de proteção de doenças transmitidas por insetos. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 51 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Alfabetização Digital febre amarela e Aula 7 – Entomologia: dengue Objetivos • • • • Oferecer uma visão sobre febre amarela e dengue; Descrever a importância da febre amarela e da dengue; Listar o ciclo de vida e o combate do mosquito da dengue; Explicar o que é educação sanitária. 7.1. Febre amarela Falaremos agora sobre a febre amarela. É doença febril aguda, de curta duração, de natureza viral, com gravidade variável, encontrada em países da África, das Américas Central e do Sul. A forma grave caracteriza-se clinicamente por manifestações de insuficiência hepática e renal, que podem levar o paciente à morte em no máximo 12 dias. É causada por um arbovírus pertencente ao gênero Flavivírus da família Flaviviridae. Figura 17: Vírus da Febre Amarela Fonte: Disponível em: <ttp://pt.wikipedia.org/wiki/Flaviv%C3%ADrus>. Acesso em 24/12/2010. Precisamos ressaltar que a transmissão da febre amarela urbana é realizada pela picada do mosquito Aedes aegypti, para febre amarela silvestre a transmissão é feita várias espécies de Haemagogus. No Brasil, não ocorre desde 1942 à transmissão do vírus pela a picada de Aedes aegypti pela febre amarela urbana, podemos dizer que é o ciclo homem-mosquito-homem. Já febre amarela silvestre é transmitida pelo macaco infectado para o ser humano diretamente pela picada de mosquitos do gênero Haemagogus, compondo assim o ciclo macaco-mosquito-homem. Pelo conceito de zoonose podemos chamar a febre amarela silvestre de zoonose. Ao entrar nas matas que tenha o vírus circulando nos macacos, precebe-se que esse vírus pode contaminar o homem não imunizado que pode-se infectar de forma aleatória . Entomologia, Roedores e Esquistossomose 53 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Caro aluno, observe como esse ponto é importante. A diferença entre as formas urbanas e silvestres da febre amarela. O que difere em ambas é apenas, epidemiologicamente, a não existência de diferenças etiológicas, clínicas, histopatológicas ou laboratoriais. - Febre amarela silvestre: descrita no Brasil em 1937, estando ainda presente nas Regiões Norte, Centro-Oeste e faixa pré-amazônica maranhense. A febre amarela urbana: é conhecida no Brasil desde 1685, ano de registro da primeira epidemia, em Recife. Essa febre foi responsável por muitos óbitos e perdas de natureza econômica e social. Ocorre em forma epidêmica, com alta letalidade, nos casos que evoluem para formas graves (com hemorragias e icterícia). O último caso descrito foi em 1942, no município de Sena Madureira, Acre. É essencial destacar, que no Brasil os locais de risco da febre amarela são as regiões de matas e rios de todos os Estados da Região Norte e CentroOeste. Na Região Sul, está presente no oeste dos três estados, na Região Sudeste engloba os Estado de Minas Gerais, Oeste de São Paulo e Norte do Espírito Santo e, na Região Nordeste está presente em parte dos Estados do Maranhão, Sudoeste do Piauí, Oeste e Extremo-sul da Bahia. Podemos citar que os sintomas da febre amarela podem variar nas formas leves e moderadas, o sujeito adquire dores musculares, febre, náuseas, calafrios, cefaléia chamada de dor de cabeça intensa, prostração e vômitos. Enquanto que nas formas graves, além dos sintomas mencionados acima, o paciente pode ter diarréia, vômitos com aparência de borra de café, icterícia que é verificado quando a pele das mucosas fica amarelada, ocorrem também sangramentos nas fezes, na urina, na cavidade bucal e no nariz. Precisamos deixar claro que não existe um tratamento específico contra o vírus da febre amarela, o que o profissional de saúde pode fazer é sugerir medicamentos sintomáticos a base de analgésicos e inibidores de vômito e também monitorar o doente com vigilância sobre o surgimento de sintomas mais graves. A prevenção é através da vacina contra febre amarela, que assegura 100% de proteção, após o 10o dia de aplicação. Essa proteção dura 10 anos, depois a dose deve ser repetida. A vacina é contra-indicada para gestantes e mulheres que estão tentando engravidar, pacientes em tratamento de câncer, portadores de HIV, pacientes que fazem uso de corticóides em altas doses, pacientes com alergia a ovo. Em caso de dúvida, o paciente é avaliado na unidade que disponibiliza a vacina pelo médico. É importante para destacar que a vacina é encontrada no Ministério da Saúde. Ela é disponibilizada de graça, em postos de saúde de todos os municípios do país na rede do SUS. A vacina também está disponível nas salas de vacinação em portos, aeroportos e fronteiras, e em alguns hospitais da rede privada de saúde que dispõem de sala de vacinas. 7.2 Dengue Virêmica: é a presença do vírus no sangue A dengue é uma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Ele é escuro, com listras brancas, menor que um pernilongo. A transmissão ocorre quando a fêmea da espécie vetora se contamina ao picar um indivíduo infectado que se encontra na fase virêmica da doença, regressando, e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 54 Vigilância em Saúde após um tempo de 10 a 14 dias, hábil em transmitir o vírus por toda sua vida por meio de suas picadas. Figura 18: A fêmea adulta do mosquito Aedes aegypti alimentado de sangue humano. Fonte: Disponível em: <http://www.bhlegal.net/dengue.php>. Acesso em 28/12/2010. É importante lembrar que somente as fêmeas de Aedes aegypti que se alimentam de sangue podendo sugar até 3 a 4 vezes o seu peso, porque necessitam dele para a postura; quando picam, elas injetam um líquido tóxico que é o causador das coceiras e das irritações subsequentes. Contudo, os machos não alimentam de sangue, somente de sucos os vegetais. Precisamos ressaltar que Aedes aegypti tem o costume de desenvolver em água limpa e parada e de picar durante o dia. Ao sugar uma pessoa, o Aedes aegypti inocula sua saliva contaminada com o vírus responsável pelo desenvolvimento da dengue. É possível destacar que há diferença entre a dengue clássica e dengue hemorrágica. Na dengue clássica, ocorre febre alta com duração de 5 a 7 dias, dores intensas de cabeça, olhos, articulações e músculos e manchas na pele, já na dengue hemorrágica acontece hemorragia na pele, olhos e órgãos internos e febre alta quando isso ocorre metade dos casos hemorrágicos evolve morte. Essa última é mais grave e rara que a dengue clássica. Informamos que o agente causador da dengue é um arbovírus do gênero Flavivírus da família Flaviviridae. A dengue é típica de regiões tropicais e subtropicais, onde as condições do ambiente beneficiam o desenvolvimento dos vetores. Várias espécies de mosquitos do gênero Aedes podem enquadrar como transmissores do vírus do dengue. Hoje em dia, no Brasil, duas espécies estão presentes como Aedes aegypti e Aedes albopictus. 7.2.1 Ciclo de vida É de suma importância conhecer o ciclo de vida dos mosquitos que está naquela máxima militar: para se combater os inimigos precisamos conhecê-lo bem. Precisamos deixar claro que o ciclo de vida do gênero Aedes varia de 7 a 15 dias, dependendo da espécie. O ciclo vital pode ser sintetizado em 4 fases: Na 1a fase, ocorre postura dos ovos; na 2a fase, acontece o nascimento das larvas; na 3a fase, ocorre modificação em pupa; na 4a fase, mosquito torna-se adulto. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 55 Caro aluno, perceba como o ciclo de vida dos mosquitos é importante. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Observa-se que a primeira fase é postura dos ovos. É interessante observar que cada fêmea põe de 250 a 400 ovos podendo chegar de 100 a 150 de cada vez, em 4 a 5 posturas sucessivas separadas pelo intervalo de 5 a 7 dias. Os ovos desse inseto podem ficar soltos ou agrupados formando uma espécie de barquinho flutuante. Figura 19: Primeira fase: os ovos de Aedes aegypti Fonte: Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/mosq.htm>. Acesso em 28/12/2010. Na segunda fase, acontece o nascimento das larvas: os ovos se modificam em larvas após de 36 horas a uma semana. Surgem às larvas sem patas, que se movimentam na água mediante contrações. Por precisarem de oxigênio, elas passam nessa fase à superfície para respirar por um tubinho. Figura 20: Segunda fase: larvas de Aedes aegypti Fonte: Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/mosq.htm>. Acesso em 28/12/2010. Na terceira fase, acontece a mudança em pupa: como todo inseto, para ocorrer o crescimento deve haver mudas de pele, o que é feito em 3 vezes. Agora, na quarta fase, há mudança, a larva transforma-se em pupa, que não permanece imóvel como ocorre com a maioria dos insetos. Porém, é muito ativa, pois necessita ficar na superfície da água para respirar. Quando é perturbada, mergulha até o fundo do recipiente ou depósito em que se acha. A larva modificar-se em pupa em um tempo determinado que possa alterar de 5 a 7 dias dependendo da temperatura do ambiente que se encontra. Figura 21: Terceira fase: pupa de Aedes aegypti Fonte: Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/mosq.htm>. Acesso em 28/12/2010. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 56 Vigilância em Saúde Na quarta fase, o mosquito já se encontra adulto. Após alguns dias, com média de 2 dias, abre-se a pupa e dela sai um mosquito adulto, que geralmente o período de vida pode variar 1 a 2 meses. Partindo desse princípio de que algumas espécies podem haver até 12 gerações num ano, o mosquito adulto procura sempre um abrigo para descansar logo após sair da pupa. Em geral, os mosquitos não voam mais de 1.600 m; via de regra, e sim entre 800 e 1.000 m. Figura 22: Quarta fase: Mosquito adulto de Aedes aegypti Fonte: Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/mosq.htm>. Acesso em 28/12/2010. 7.2.2 Combate ao mosquito É importante saber as medidas recomendadas no combate ao Aedes aegypti, seja na fase jovem ou adulta são: a) de caráter constante: drenagem, aterro, entelamento e uso do mosquiteiro; e b) de caráter diário: Petrolagem, inseticidas, larvicidas, repelentes, inimigos naturais, etc. A luta ao Aedes aegypti também se pode usar os tópicos seguintes: saneamento básico (Tabela 3): - drenagem de áreas alagadas; - aterro de locais que ajuntam água; - esvaziar latas, vasos, garrafa pet, pneus e outros recipientes com água acumulada; - limpar o mato nas proximidades das residências; - fechar fossas e reservatórios de água descobertos; - usar cloro na água das piscinas; - colocar telas protetoras nos acessos ao interior das casas (portas, janelas, etc.); - limpar e remover o lixo dos córregos e valas; e empregar mosquiteiros nas camas e redes. Tabela 3 Algumas medidas sanitárias que devem ser tomadas LIMPEZA DE VALAS E CANAIS ESVAZIAR RECIPIENTES EVITAR ÁGUA ACUMULADA Fonte: Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/mosq.htm>. Acesso em 30/12/2010. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 57 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Falando um pouco mais sobre o controle, empregando tratamento com substância química: Pulverização com bomba manual costal; nebulização com equipamentos portáteis; atomização motorizada com neblina pesada (“fumacê”); aplicações aéreas com aeronaves e ultra baixo volume; petrolagem ou o uso de petróleo ou querosene na água (larvas e pupas); produtos de uso domiciliar: aerossóis, espirais, bombas manuais, repelentes líquidos, equipamento elétrico, velas repelentes e outros. Figura 23: Aplicação de produtos químicos com bombas manuais no combate de Aedes aegypti. Fonte: Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/mosq.htm>. Acesso em 30/12/2010. É importante ressaltar que a utilização de aviões ou helicópteros, no combate ao mosquito, explica-se se houver ocorrência de epidemias ou também quando o ingresso com equipamento terrestre é difícil ou impossível, por exemplo, no caso de pântanos, favelas, florestas e outros locais. É interessante que uma aeronave, devidamente equipada e com pessoal treinado, pode atender a milhares de hectares por hora, diminuindo em 24 horas até 98% da população de mosquitos adultos e assim estagnando uma epidemia. A importância da utilização de aviões no controle da dengue é a eficiência e a rapidez que permitem a aplicação dos inseticidas, de tal modo que possam atingir a população de insetos adultos e também de formas jovens que se encontravam submersos e protegidos em água parada e limpa. A altura mínima de aplicação (vôo) sobre as residências (Norma do Ministério da Aeronáutica) é de 300 m. Figura 24: Aplicação de produtos químicos com aeronave agrícola. Fonte: Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/mosq.htm>. Acesso em 30/12/2010. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 58 Vigilância em Saúde Embora saibamos que os inseticidas são utilizados no combate aos insetos com alta toxidez, porém, nos seres humanos, animais domésticos e peixes a toxidez é quase desprezível, pois são empregados inseticidas em ultra-baixo-volume, UBV, cerca de 300 mL/ha ou menos, porém, são mortais para as abelhas e por isso devem retirar ou proteger os apiários onde for aplicar os inseticidas. Pode-se afirmar, sem nenhuma dúvida, que o controle biológico com peixes larvófagos: barrigudinho, apaiari, guaru e outros, além de fungos: (Bacillus thuringiensis var. israelensis) e inimigos naturais como pássaros insetívoros, larvas de alguns besouros, libélulas, girinos (de algumas espécies), morcegos e etc. 7.2.3 Educação sanitária É importante informar que não existe um tratamento específico para o vírus da dengue, cabendo ao profissional de saúde indicar a ingestão abundante de líquidos, medicamentos sintomáticos (analgésicos, inibidores de vômito) e monitorar os pacientes com sintomas mais graves, em ambiente hospitalar. Os analgésicos como AAS (Ácido Acetil Salicílico), Aspirina e Melhoral são contra-indicados na suspeita de dengue. A transmissão da dengue se dá pela picada do mosquito transmissor, tendo como criadouros os lugares de água limpa e parada que estão presentes em áreas urbanas. O método exclusivo para se prevenir contra a dengue é por meio do combate às larvas do mosquito transmissor e, também, com uso das campanhas de controle publicadas nos meios de comunicação, que pode ser por meio do uso de inseticidas ou de controle domiciliar. Até o presente não há vacina para a dengue. É possível pegar a dengue mais de uma vez, pois tem 4 formas/tipos de vírus da doença. A pessoa que teve a doença fica imune apenas àquele tipo de vírus que a infectou. As infecções pelo vírus do dengue ocasionam desde a forma clássica chamada de sintomática ou assintomática à febre hemorrágica do dengue (FHD). A dengue, na forma clássica, é considerada doença de baixa letalidade, mesmo sem tratamento específico. No entanto, incapacita temporariamente as pessoas a fazerem qualquer atividade. A dengue, na forma hemorrágica, proporciona febre alta com manifestações hemorrágicas, hepatomegalia e insuficiência circulatória. Nessa forma, a letalidade é expressivamente maior que na forma clássica, ela vai depender da competência do atendimento médico e hospitalar da região. Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Importância da febre amarela; • Características da dengue; • Ciclo de vida do mosquito da dengue; • Combate ao mosquito da dengue; • Educação sanitária. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 59 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Atividades de aprendizagem 1. Diferencie dengue de febre amarela. Não se esquecendo dos pontos mais relevantes. 2. Atenção: sugiro que, você aluno, faça uma pesquisa no site <http://www. youtube.com/watch?v=4WJyznlLhHk>. Acesse este vídeo, de acordo com ele: o que poderá ser feito para reduzir a incidência de dengue, em sua região? Observação: este vídeo é do município de Itabuna-BA, pode fazer adaptação para seu município. 3. O mais chamou atenção no item educação sanitária? e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 60 Vigilância em Saúde AULA 1 Alfabetização Digital Aula 8 – Entomologia: Doença de Chagas Objetivos • Conhecer a importância, transmissão, sintomas e prevenção da doença de Chagas. • Descrever como se adquire a doença de Chagas; • Explicar os sintomas da doença, diagnóstico e tratamento da doença. 8.1. Importância da doença de Chagas Comecemos, de forma lógica, a falar do mal de Chagas que é transmitido por inseto da subfamília Triatominae conhecido popularmente como barbeiro. Esse inseto de hábito noturno se alimenta, apenas, do sangue de vertebrados endotérmicos. É interessante saber o local onde o barbeiro convive, geralmente, depósitos em ninhos de aves abertas, casa de pau-a-pique, troncos de árvores, camas, colchões e muitos outros locais. A preferência desse inseto é por lugares mais próximos à sua fonte de alimento. Os barbeiros saem desses lugares durante a noite para se alimentarem com o sangue dos seres humanos quando estão dormindo. Eles também são conhecidos como “besouros do beijo”, pois escolhem o rosto das pessoas para se nutrir, enquanto essas estão adormecidas. Falando um pouco mais sobre a doença de Chagas, podemos dizer que é uma doença infecciosa ocasionada Trypanosoma cruzi que é um protozoário parasita, cujo descobridor é o cientista brasileiro chamado Carlos Chagas. Figura 25: Barbeiro vetor da doença de Chagas. Fonte: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/doencas/doenca-Chagas.htm>. Acesso em 28/12/2010. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 61 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 8.1.1 Como se adquire a doença de Chagas Endêmico: é restrito a uma área geográfica em particular É importante saber como se adquire a doença de Chagas. Os barbeiros ou triatomas, quando se alimentam de sangue, contaminam com o seu parasita assim que o inseto absorve o sangue de animais como: os mamíferos infectados, por exemplo, o gado ou mesmo humanos contaminados. O parasita (Trypanosoma) que fica dentro do tubo digestivo do barbeiro é eliminado nas fezes, ao sugar o sangue dos humanos esse inseto lança suas fezes sobre o local onde houve a picada. Ao coçar, as fezes contaminadas com o parasita é que infectam os seres humanos. Por meio da entrada do Trypanosoma no sangue dos humanos a partir do ferimento da “picada” por triatomas ao picar o sangue de um endêmico com a doença, este inseto passa a carregar consigo o protozoário. Ao se alimentar novamente, desta vez de uma pessoa saudável, geralmente na região do rosto, ele pode transmitir a ela o parasita. Precisamos ressaltar que o processo da transmissão da doença de Chagas acontece pelo hábito que o barbeiro apresenta quando vai evacuar logo após sua refeição. É interessante que a vítima começa a coçar a região onde foram picadas, tal ato permite com que os parasitas, presentes nas fezes, penetrem pela pele da pessoa. Trypanosoma passam a viver, inicialmente, no sangue e depois nas fibras musculares, principalmente nas da região do coração, intestino e esôfago. É importante conhecer outras formas de contaminação da doença de Chagas que pode ocorrer na vida intra-uterina por meio de gestantes contaminadas ou por transfusões sanguíneas e ainda por acidentes com instrumentos de punção em laboratórios por profissionais da saúde, estas duas últimas são insignificantes. Recentemente, descobriu-se que contaminação da doença de Chagas pode ocorrer via oral em pessoas que ingeriram caldo de cana ou de açaí moído contendo, acidentalmente, o inseto. Acredita-se que houvesse, nesses casos, invasão ativa do parasita digestivo. Lembramos agora que cerca de vinte dias após o primeiro e o último acasalamento do protozoário, a fêmea libera, em média, duzentos ovos, que eclodirão aproximadamente em 25 dias. Depois do nascimento, os filhotes sofrerão em torno de cinco mudas até atingirem o estágio adulto do Trypanosoma, dessa forma, que são formadas novas colônias de protozoário causadores da doença de Chagas. Figura 26: Protozoário causador da doença de Chagas. Fonte: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/doencas/doenca-Chagas.htm>. Acesso em 28/12/2010. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 62 Vigilância em Saúde 8.1.2 Sintomas da doença Devemos ressaltar que a doença de Chagas tem uma fase aguda e outra crônica. No local da picada do vetor, a área se encontra vermelha e endurecida, compõe o chamado chagoma, nome dado à lesão causada pela entrada do Trypanosoma. Quando esta lesão surge nas proximidades dos olhos, tem o nome de sinal de Romaña. O chagoma acompanha-se em geral de íngua próxima à região. Podemos dizer depois um período de incubação alterável não ocorrem sintomas, entretanto, após uma semana aparece febre, inchaço do fígado e do baço, ínguas por todo o corpo e uma vermelhidão semelhante a uma alergia e, que tem pouco tempo de permanência. Nos casos mais graves, pode acontecer inflamação do coração e aumentar as frequências cardíacas por minuto e também modificação do eletrocardiograma. Ainda nesses casos mais graves, podem acontecer sintomas de inflamação do cérebro chamada de encefalite e inflamação das camadas de proteção do cérebro com meningite. Falando um pouco mais sobre a doença de Chagas, os casos fatais são raros, no entanto, pode ocorrer em virtude da inflamação do coração ou do cérebro. A doença de Chagas fica mais branda e os sintomas desaparecem após algumas semanas ou meses, ainda que sem tratamento. É interessante que o ser humano contaminado pode conservar a doença por muitos anos ou até o fim da vida sem sintomas, aparecendo que está contaminada apenas em testes de laboratório. A detecção do parasita no sangue, ao contrário da fase aguda, torna-se agora bem mais difícil, embora a presença de anticorpos contra o parasita ainda continue elevada, denotando infecção em atividade. Informamos que a fase crônica da doença é caracterizada pelas perturbações cardíacas. Segundo (MORANDINI, 1982, 77) “os tripanossomos invadem o miocárdio (músculo do coração) produzindo a cardiopatia chagásica com taquicardia, hipertensão e aumento do coração”. Precisamos deixar claro que a fase crônica da doença também ocorre aumento do esôfago e do intestino grosso, proporcionando dificuldades no ingerir, engasgos, dor abdominal e pneumonias por aspiração e constipação crônica. Vetor agente: que transmita a doença. 8.1.3 Diagnóstico e tratamento da doença de Chagas Precisamos deixar claro que sempre se devem suspeitar quando estamos diante de um indivíduo que andou por zona endêmica e oferecer sintomas compatíveis. A pessoa pode ser diagnosticada por meio de exame de sangue para detectar a presença ou não do parasita ou pelo diagnóstico pela presença de anticorpos no soro, por meio de testes sorológicos. É importante saber que o tratamento é satisfatório apenas no estágio inicial da doença quando o tripanossomo ainda está no sangue, daí visa à eliminação dos parasitas. Já na fase crônica, o tratamento se direciona para o controle de sintomas, impedindo maiores complicações. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 63 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes É possível destacar que o benzonidazole é muito tóxico, durante medicação que pode durar de três a quatro meses. A utilização é beneficia apenas na fase aguda. Porém, na fase crônica, o tratamento é dirigido às manifestações. Para diminuir a capacidade de trabalho do coração,a insuficiência deste órgão é tratada por outras causas, podendo, em alguns casos, impor até a necessidade de transplante. 8.1.4 Prevenção da doença Partindo do princípio de que controlar a população do barbeiro ainda é a melhor forma de prevenir a doença de Chagas. Portanto, o essencialmente é eliminação este parasita do ambiente, mas, é difícil. O que é de melhor o homem tem a fazer, empregar medidas que torne menos propício ao seu convívio, uma das medidas é construção de melhores habitações, onde impede o barbeio habitar, desta forma, evitaria a essa doença. Os procedimentos tradicionais de controle são baseados na pulverização das casas com inseticidas. Podemos diminuir o número de lugares onde os besouros vivem se rebocarmos melhor as paredes, de maneira que fiquem sem abertura. Mais recentemente, têm-se usado recipientes para fumigação e tintas que contêm inseticidas, as quais são comprovadamente mais eficazes e duradouras nos seus efeitos do que a pulverização. Os mosquiteiros de cama, cobertos com um pano para evitar que as fezes caiam do telhado e passem através do mosquiteiro, protegem as pessoas de uma das fontes da infecção, assim como dormir no meio do quarto, distante das paredes. Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Importância da doença de Chagas; • Como se adquire a doença de Chagas; • Sintomas da doença; • Diagnóstico e tratamento da doença; • Prevenção da doença. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 64 Vigilância em Saúde Atividades de aprendizagem 1. No início do XX, Carlos Chagas, médico brasileiro iniciou uma série de pesquisas que o levou a descrever o ciclo de vida de um importante ...(1)...que pertencente à ...(2)... ele é um agente etiológico que causa o mal de Chagas chamado de Trypanosoma cruzi, e que tem como vetor um ...(3)... pertencente ao ...(4)... Triatoma, comumente conhecido por “barbeiro”. No texto que está acima, a opção que preenche os espaços 1, 2, 3 e 4 é: a) protozoário, espécie, inseto e gênero. b) protozoário, família, inseto e filo. c) vírus, ordem, molusco e gênero. d) bacilo, espécie, verme e gênero. e) bacilo, família, verme e filo. 2. Como a pessoa adquire a doença de Chagas? 3. Faça um comentário sobre as fases aguda e crônica da doença Chagas. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 65 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Alfabetização Digital Aula 9 – Entomologia: malária Objetivos • Conhecer a transmissão, diagnóstico, sintomas e tratamento da malária; • Estabelecer informações sobre transmissão da malária; • Avaliar os riscos da malária no mundo e no Brasil e medidas de proteção individual; 9.1 Informações sobre a malária Falaremos agora sobre a malária que é uma doença infecciosa grave, causada pelos parasitas chamados protozoários do gênero Plasmodium. Nessa doença, os mosquitos do gênero Anopheles transmitem os parasitas de uma pessoa para outra por meio de sua picada. Quatro espécies são responsáveis pela malária humana. Outros foram descritos por (mas não necessariamente causando doenças em) primatas, alguns outros mamíferos, pássaros e lagartos. Os vetores de malária de mamíferos são sempre mosquitos Anopheles, outros gêneros estão envolvidos em transmissão plasmodial em pássaros. Precisamos ressaltar que a malária segue um curso com um período com muita influência entre a picada que infecta e permanece, o primeiro aparecimento de parasitas nos eritrócitos Os primeiros sintomas clínicos definem o fim de um período de incubação, de 9 dias (Plasmodium falciparum) a 21 (P. malariae) dias após a infecção. Os períodos de febre seguidos por sudorese severa recorrem ciclicamente e se seguem por várias horas após a ruptura sincronizada de eritrócitos infectados. Caracteristicamente sonolência é aumentada. Consideremos que dos quatro parasitas de malária cada um provoca sintomas bastante diferentes. Plasmodium falciparum provoca malária terçã, maligna, a qual mata muitos que sofrem sem tratamento por meio de, por exemplo, malária cerebral ou falência renal. Febre recorre a intervalos de 48 horas. Enquanto que Plasmodium virax causa malária terçã benéfica, a qual é uma doença menos séria que raramente mata. Este é um patógeno mais disseminado do que P. falciparum e tem um intervalo de tolerância a temperatura mais ampla, estendendo-se até 160°C de isoterma de verão. Recorrência da febre é a cada 48 horas, e a doença pode persistir por até 8 anos, com reincidência separadas por alguns meses. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 67 Eritrócitos: são células vermelhas do sangue. O termo terçã o qual é terceiro dia em latim, descreve o padrão: febre no primeiro dia, normalidade no segundo e recorrência da febre no terceiro. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Figura 27: Protozoários Plasmodium falciparum que transmiti a malária pelo mosquito do gênero Anopheles. Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=foto+mosquito+da+malaria &um=1&ie=UTF-8&source=univ&ei=VzYwTbqqGtCdgQfG59WrCw&sa=X&oi=image_result_group&ct= title&resnum=2&ved=0CDAQsAQwAQ&biw=1004&bih=583>. Acesso em 30/12/2010. O termo quartan significa quarto dia. Falando um pouco mais sobre os sintomas dos diversos parasitas Plasmodium malariae causa malária quartan. É um parasita disseminado, porém, é mais raro do que P. falciparum ou P. vivax. Se for permitido que a doença persista por um período extenso, ocorre morte por meio de falência renal crônica. A recorrência da febre é a cada 72 horas quartan. É uma doença persistente com reincidência de até meio século após o ataque inicial. Já Plasmodium ovale causa uma malária terçã rara com patogenicidade limitada e um período de incubação muito longo, com reincidência a intervalos de três meses. 9.1.1 Transmissão da malária É importante saber que as fêmeas do gênero Anopheles é que transmite a malária, em condições naturais. O principal transmissor na Região Amazônica é o Anopheles darlingi que tem como criadouro áreas com grande reservatório de água. O Anopheles aquasalis, que se prolifera em coleções de água salobra, predomina sobre o A. darlingi na faixa litorânea, inclusive no Rio de Janeiro. Estes mosquitos têm maior atividade durante a noite, do por do sol ao amanhecer e, de regra, eles picam no interior das habitações. A transmissão é mais comum no interior das habitações, em áreas rurais e semi-rurais, porém pode ocorrer em áreas urbanas especialmente na periferia. Em altitudes superiores a 2000 metros, no entanto, o risco de aquisição de malária é pequeno. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 68 Vigilância em Saúde Figura 28: Mosquitos do gênero Anopheles darlingi transmissor da malária na Região Amazônica. Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=foto+mosquito+da+malaria &um=1&ie=UTF-8&source=univ&ei=VzYwTbqqGtCdgQfG59WrCw&sa=X&oi=image_result_group&ct= title&resnum=2&ved=0CDAQsAQwAQ&biw=1004&bih=583>. Acesso em 30/12/2010. Podemos dizer que os protozoários do gênero Plasmodium que causa a malária. Quatro espécies podem causar a infecção - Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax, Plasmodium malariae e Plasmodium ovale. P. ovale ocorre apenas na África e, raramente, no Pacífico Ocidental. P. falciparum é o que causa a malária mais grave, podendo ser fatal. O risco maior de aquisição de malária é no interior das habitações, embora a transmissão também possa ocorrer ao ar livre. Como os Plasmodium estão presentes na circulação sanguínea durante a infecção, a transmissão da malária também pode acontecer a partir de transfusões de sangue, de transplantes de órgãos, da utilização compartilhada de seringas por usuários de drogas endovenosas ou da gestante para o filho (malária congênita) antes ou durante o parto. Precisamos deixar claro que as duas fases chamadas de assexuada e sexuada do Plasmodium estão presentes no seu ciclo reprodutivo. A fase assexuada ocorre quando o mosquito do gênero Anopheles pica a pessoa onde os esporozoítos infestantes alcançam a corrente sanguínea e vão para órgãos como fígado e baço ficando incubados por vários dias. Depois do período de incubação os esporos retornam a corrente sanguínea, penetram nas hemácias para reproduzir assexuadamente por divisão múltipla. Inicialmente aumenta o número de núcleos e depois dividindo o citoplasma com muitos indivíduos novos, que surgem de acordo com o número de núcleos. As hemácias rompem-se liberando novos plasmódios que buscam novas hemácias, recomeçando o ciclo. Consideremos que na fase Sexuada, depois que passa por gerações diferentes, acontecem em certos plasmócitos a transformação na forma sexuada, os gametócitos. Essas formas são adquiridas pelo mosquito Anopheles quando pica a vítima contaminada. Dentro do tubo digestivo do mosquito os gametócitos concluem seu desenvolvimento e transformam-se em gametas, daí originam zigotos e estes formam os esporozoitos infestantes que serão encontrados nas glândulas salivares do Anopheles. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 69 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Figura 29: Mosquito Anopheles albimanus alimentando-se em um braço humano, contaminando o indivíduo com suas glândulas salivares. Fonte: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mal%C3%A1ria>. Acesso em 30/12/2010. 9.1.2 Riscos da malária no mundo e no Brasil Podemos mencionar que aproximadamente 40% dos habitantes do globo terrestre convivem em locais com risco de transmissão de malária, pesquisas apontam que há mais de 300 milhões de vítimas no mundo a cada ano, sendo que os países africanos possuem mais de 90% dos casos, e ainda com um número 1 a 1,5 milhões de óbitos. Observa-se que transmissão acontece em mais de 100 países. Nas Américas, temos o México, Caribe e os países da América do Sul (sobretudo na Bacia Amazônica), em vários países da África e na Ásia têm o Oriente Médio, Sudeste Asiático e Índia. Essa doença ainda se estende da Europa Oriental e também na Oceania. É importante mencionar que o risco de aquisição de malária não é uniforme dentro de um mesmo país e, em virtude das variações climáticas dentro das estações do ano. Precisamos deixar claro que de acordo com as pesquisas nas fronteiras dos países, principalmente, da América do Sul e do Sudeste da Ásia, a situação da malária parece estar agravando devido ao desenvolvimento econômico. Os problemas são mais avisados em localidades de conflitos armados e de deslocamentos de refugiados. Figura 30: Países que têm regiões onde a malária é endêmica em 2003 (cor amarela) Fonte: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mal%C3%A1ria>. Acesso em 30/12/2010. Pensando um pouco mais sobre a malária no Brasil, a partir da década de 1870, com o início da exploração da borracha na Região Amazônica a malária torna-se um grande problema de saúde pública. A exploração da e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 70 Vigilância em Saúde borracha atraiu dezenas de milhares de imigrantes provenientes do Nordeste, que foram ordenadamente dizimados pela malária. Na mesma época, no Sudeste do país, especialmente no Vale do Paraíba e na Baixada Fluminense, a transmissão da malária desenvolvia, acentuadamente. Tal fato ocorreu devido à abolição da escravatura e o consequente colapso da nobreza rural cafeeira que fez interromper os pequenos trabalhos de combate à doença para os quais contribuía a mão de obra escrava. Já no início do século vinte, a malária acontecia praticamente em quase todo o Brasil. É possível destacar que a estimativa da população brasileira era de 55 milhões de habitantes, na década de 40. É interessante aconteciam entre 4 e 8 milhões de casos de malária por ano resultando em cerca de 80 mil mortes. Com o início do uso extensivo do inseticida DDT a partir de 1947 tornou possível em menos de uma década a redução do número de casos para 249 mil por ano. Em 1970 foram registrados 52 mil casos, o menor número desde o início da aplicação do DDT, a quase totalidade na Região Amazônica. A partir de então a situação da malária começa progressivamente a se agravar e, em 1999, foram registrados 635.646 casos na Região Amazônica. É importante destacar que a migração interna que contribuiu com projetos de construção de rodovias, hidroelétricas, agropecuários, mineração principalmente com garimpo na Região Amazônica, foi o principal fator responsável pelo agravamento da malária. Este movimento migratório desordenado dificultou o controle da doença permitindo um enorme afluxo de pessoas não-imunes para áreas de alta transmissão. Além disso, permitiu o refluxo de indivíduos com a infecção para regiões onde a transmissão da malária fora interrompida possibilitando, eventualmente, sua reintrodução. 9.1.3 Medidas de proteção individual Para estar o mais protegido possível, a pessoa deve estar informada sobre os riscos de aquisição da doença, aplicar medidas de proteção adaptadas e estar avisada que todos os métodos de prevenção podem fracassar. A transmissão de malária ocorre em áreas que, em geral, também são de risco potencial para dengue e também para febre amarela (a vacina deve estar atualizada). Devem ser adotadas, assim, medidas de proteção contra infecções transmitidas por insetos, que são as mesmas empregadas para a febre amarela e dengue. A transmissão dessas doenças pode acontecer ao ar livre ou no interior das habitações. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 71 Caro aluno: Não existem vacinas disponíveis contra a malária. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Figura 31: Usar mosquiteiros é uma das medidas de proteção em áreas onde a malária é comum. Fonte: Disponível em: <http://saude.hsw.uol.com.br/malaria1.htm>. Acesso em 30/12/2010. Pensando um pouco mais sobre medidas de proteção, a pessoa deve utilizar vestes que tenham conteúdos à base de permetrina ou deltametrina e, sempre que possível, utilizar camisas e calças de manga comprida. É interessante que se use repelente à base de dietiltoluamida chamado de DEET, nas partes do corpo que estão expostas para evitar picadas dos insetos, é importante observar a concentração máxima para crianças que é de 10% e para adultos de 50%. Além disso, deve buscar hospedar-se em lugares que disponham de ar-condicionado, com telas protetoras contra mosquitos, ou usar mosquiteiros impregnados com permetrina e, nos ambientes onde for dormir empregar inseticida em aerossol (em hipótese alguma empregar na pele). Não existe comprovação da eficácia do uso de vitaminas do complexo B ou de pílulas de alho na profilaxia da malária (ou de qualquer outra doença transmitida por vetores). Precisamos ressaltar que está indicado para pessoas que se dirigem para locais com risco de transmissão de malária, o uso de medicamentos como quimioprofilaxia. Especialmente pessoas que vão ficar sem acesso aos Serviços de Saúde. Lembrando que medicamentos profiláticos devem ter receitas médica especializada. É importante que conheçam as espécies de Plasmodium predominantes na área risco existente com intuito de selecionar as drogas correspondentes no esquema profilático mais adequado e evitar risco de efeitos colaterais e, também a resistência do protozoário às drogas. É importante precaver e apesar de vários métodos de prevenção o ser humano pode apanhar malária, ainda mesmo com emprego de medicamentos profiláticos. O sujeito que passou por uma área de risco de contrair a malária e que, posteriormente, apresente febre, durante ou após a viagem, deve buscar depressa um serviço de saúde para esclarecimento do diagnóstico. É importante observar que, como as áreas de transmissão podem ser as mesmas, além de malária, sempre deve ser afastado o diagnóstico de febre amarela, e investigada a possibilidade de dengue. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 72 Vigilância em Saúde 9.1.4 Manifestações, confirmação do diagnóstico e tratamento da malária Consideremos que o incremento das manifestações da malária, pode acontecer em um período de incubação que varia de 9 a 40 dias após a picada de um mosquito infectado, que ainda depende da espécie de Plasmodium. Essa doença pode surgir de meses até anos, depois da saída da pessoa de uma área de transmissão da malária. As manifestações iniciais, geralmente, são sensação de mal estar, febre, cansaço, calafrios, dor de cabeça, dor muscular. Embora, nas fases iniciais da malária é comum que o sujeito confunda as manifestações desta doença com as das viroses respiratórias, principalmente a gripe. Partindo do princípio de que o indivíduo que está ou que tenha passado em uma localidade de risco de contrair a malária e, que apresente febre, durante ou após a viagem, deve buscar imediatamente um Serviço de Saúde para esclarecimento do diagnóstico. É bastante difundido a conceito de que não se sabe tratar malária em nações desenvolvidas ou em áreas não endêmicas. Por exemplo, em lugares como Nova lorque, Londres e Paris, há hospitais plenamente capacitados par diagnosticar e tratar malária, em geral, com recursos superiores aos que são encontrados em áreas de transmissão. O mesmo é válido para as cidades como Rio de Janeiro e São Paulo que têm hospitais com igual capacidade para diagnóstico e tratamento da malária. De uma forma geral, sempre que possível, deve-se procurar atendimento nos hospitais universitários e, na ausência desses, nos hospitais militares mais próximos da área de risco da doença, portanto são as unidades com maior experiência no diagnóstico e no tratamento dos casos de malária. É importante investigar a malária em indivíduos que tenha sido apresentado ao risco de infecção desde que tenha viajado para uma área de transmissão e que posteriormente apresente qualquer tipo de febre. A confirmação do diagnóstico em um indivíduo com suspeita ter a malária é uma emergência médica e, um teste laboratorial adequado deve ser concretizado o mais rápido possível. No exame padrão para a aprovação do diagnóstico de malária são utilizados parasitas em lâminas de sangue periférico, distensão ou gota espessa. Portanto, o exame é preparado com a utilização de um corante que tem o Giemsa. A quimioprofilaxia, ainda que possa aumentar o período de incubação, de modo algum pode mascar as manifestações clínicas da malária ou tonar mais difícil a confirmação do diagnóstico. É comum as pessoas procurarem clínicas para serem diagnosticadas da malária. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 73 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Figura 32: Pessoas procuram clínicas para melhorar condições do diagnóstico da doença Fonte: Disponível em: <http://www.voanews.com/portuguese/news/01_24_2011_malanje_ health-114497079.html>. Acesso em 30/12/2010. É essencial identificar corretamente a espécie de Plasmodium infectante para facilitar no tratamento adequado da pessoa doente. Além disso, em áreas não endêmicas, a confirmação do parasita é importante para a adoção de medidas que reduzam o risco de reintrodução da doença. A comprovação do diagnóstico de malária não afasta a possibilidade de febre amarela, já que as áreas de transmissão, geralmente, são as mesmas. Pelo mesmo motivo, a confirmação do diagnóstico de febre amarela inclui a possibilidade de ter a malária. Lembremos que na última década foram desenvolvidos testes imediatos para confirmar o diagnóstico tendo como base na detecção de antígenos parasitários. Embora alguns dos testes sejam promissores, nenhum parece, ainda, ser uma alternativa razoável para o método clássico na confirmação ou exclusão do diagnóstico individual de malária, por não serem suficientemente sensíveis e específicos. Precisamos advertir que há vários medicamentos para o tratamento da malária entre eles estão cloroquina, mefloquina, quinina e artemisina estão disponíveis e a doença pode ser tratada com sucesso, principalmente quando o tratamento iniciar-se precocemente e for adequado à espécie de Plasmodium infectante. Portanto, o tratamento deve ser feito de acordo a com a espécie de Plasmodium e também não pode ser demorado, caso contrário pode ter consequências graves. É importante ressaltar que quando a malária não for perfeitamente diagnosticada e prontamente tratada, pode evoluir com anemia, icterícia que proporciona olhos amarelados, semelhante às hepatites e à leptospirose. A infecção causada pelo Plasmodium falciparum pode proceder à deficiência no funcionamento de órgãos vitais como cérebro, pulmões e rins e induzir ao coma e à morte. É importante lembrar que crianças e mulheres grávidas têm maiores chances de risco de desenvolver a malária na forma grave. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 74 Vigilância em Saúde Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Informações sobre a malária; • Transmissão da malária; • Riscos da malária no mundo e no Brasil; • Medidas de proteção individual; • Manifestações, diagnóstico e tratamento da malária. Atividades de aprendizagem 1. Faça uma relação sobre a forma infectante do parasita da malária e também sobre o gênero do transmissor. 2. Citar as formas de proteção ao homem saudável, no que se refere a medidas profiláticas da malária. 3. Como se dá o tratamento de uma pessoa com malária? Entomologia, Roedores e Esquistossomose 75 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Alfabetização Digital leishmaniose ou Aula 10 – Entomologia, calazar ou dum-dum Objetivos • Aprender sobre histórica, contágio do flebótomo transmissor da leishmaniose tegumentar americana (LTA) ou forma cutânea. • Comparar os tipos de leishmaniose forma cutânea; • Descrever o uso de sinônimos da leishmaniose tegumentar. 10.1 Histórica e transmissão da leishmaniose Começamos a falar de forma coerente sobre os protozoários do gênero Leishmania que abrange algumas espécies encontradas em todo o mundo, e que vêm sendo responsabilizadas pela leishmaniose com sintomatologia típica, segundo a sua espécie. Figura 33: Os protozoários do gênero Leishmania responsáveis pela doença leishmaniose ou calazar. Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?um=1&hl=pt-BR&biw=1004&bih=583 &tbs=isch%3A1&sa=1&q=foto+Leishmania&btnG=Pesquisar&aq=f&aqi=&aql=&oq=>. Acesso em 30/12/2010. Lembremos que a leishmaniose é uma zoonose que se iniciou na Grécia com o primeiro caso relatado em 1835, atualmente está difundida na Ásia, nas três Américas e na Europa. Posteriormente, na Índia em 1882 na época que se deparou com o nome calazar, kala-jwar ou febre-negra. Alguns países europeus como França, Itália e Grécia e Portugal ocorrem casos da doença com uma estatística de Entomologia, Roedores e Esquistossomose 77 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 12 milhões de pessoas infectados e, a cada ano, aparecem 100 mil pessoas infectadas. É interessante saber que em 12 países da América Latina onde ocorre a doença, o Brasil apresenta 90% dos casos da leishmaniose. O primeiro caso iniciou no Estado do Mato Grosso em 1913. O Nordeste brasileiro apresenta 70% dos casos e o restante está no Sudeste e Centro-Oeste. Precisamos advertir que a leishmaniose pertence a um grupo de doenças parasitárias que afetam milhões de pessoas em 88 países no globo terrestre. As maiores causas para adquirir a leishmaniose estão relacionadas a grandes movimentações de pessoas, assim como a ocupação de novas regiões nas planícies tropicais da América do Sul, ou com o crescimento da mão de obra migratória e ainda pessoas desprotegidas das zonas urbanas que entrem em contato com a doença nas zonas rurais e, aumentando expressivamente a propagação da doença. É possível destacar que os indivíduos que já contraíram o HIV possuem maiores chances de sofrerem manifestações severas da doença. Consideremos que a dimensão entre o ambiente e o tempo de acontecimento dos problemas que prejudicam a saúde dos seres humanos, vem despertando o interesse de vários profissionais como médicos epidemiologistas, profissionais da vigilância em saúde, biólogos e outras profissões. O interesse desses profissionais, no campo da saúde parte do acontecimento que as leishmanioses são zoonoses transmitidas por um inseto que desenvolve em composto orgânico parasita o homem e é de notificação obrigatória. Esta doença é de evolução lenta e apresenta duas formas: a visceral, a mais grave, e a tegumentar que pode dilacerar indivíduos por ela acometidos. 10.1.1 Contágio pelo Flebótomo Precisamos deixar claro que as leishmanioses são transmitidas pelo Flebótomo que é um pequeno mosquito-pólvora. Somente as fêmeas do Flebótomo picam, a fim de se alimentarem com o sangue para que os seus ovos se desenvolvam. A picada dolorosa dos mosquitos pode transmitir os parasitas que são os protozoários, do gênero Leishmania, responsáveis pela doença leishmaniose ou calazar. Não há transmissão direta da leishmaniose de pessoa para pessoa, por isso a doença é considerada uma zoonose. Podemos dizer que apesar de infectarem primeiramente os animais, o ser humano pode se contaminar quando estiver em uma localidade endêmica, tanto como residente ou como viajante. O contágio das leishmanioses ocorre por meio da picada do mosquito, o flebótomo do gênero Lutzomyia. Este organismo é pequeno podendo atravessar malhas de mosquiteiros e telas. Ele recebe diversos nomes que variam de região para região onde é encontrado. As designações podem ser: mosquito palha, tatuquira, birigui, cangalhinha, asa branca, asa dura e palhinha. O mosquito só transmite a leishmania se tiver picado um animal infectado. O vilão da história é o mosquito e não o cão. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 78 Vigilância em Saúde A doença acomete os cães que têm boa saúde, enquanto nos humanos o calazar tem prioridade por pessoas com imunidade enfraquecida como crianças, idosos e doentes. A contaminação intracelular, cujo parasitismo atua nas células do sistema fagocitário mononuclear, com eliminação específica da imunidade mediada por células, que permite a transmissão e a multiplicação incontrolada do parasitismo. Figura 34: Ataque do mosquito-pólvora (Flebotomíneo) sobre a pele humana, picando sua vítima. Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?um=1&hl=pt-BR&biw=1004&bih=583 &tbs=isch%3A1&sa=1&q=foto+Leishmania&btnG=Pesquisar&aq=f&aqi=&aql=&oq=>. Acesso em 30/12/2010. O mosquito só transmite a leishmania se tiver picado um animal infectado. Assim, exterminar os cães que estão doentes e portadores não é método eficaz, se a transmissão da leishmaniose continuar a existir, pois, quem deve ser exterminado é o flebótomo que transmite essa doença. Pelo visto, é difícil extinguir o flebótomo transmissor da leishmaniose, ele se reproduz nas margens de rios, matas úmidas e locais com matéria orgânica. O local onde tem matéria orgânica que pode ser depósito de lixo terrenos, baldios são os lugares onde o flebótomo coloca seus ovos. É importante diferenciar o flebótomo do mosquito da dengue que coloca seus ovos, exclusivamente, na água. Outro ponto importante que o flebótomo é pequeno e de hábitos noturnos. Ele deve ser combatido com medidas simples como evitar acúmulo de lixo, limpeza do terreno, emprego de inseticidas no ambiente e de repelentes nos animais domésticos. Falaremos agora sobre animais silvestres infectados que são as principais fontes de infecção e também o cão doméstico. O cão doméstico pode-se enquadrar como hospedeiro do protozoário do gênero Leishmania. Quando o homem é picado pelo mosquito contaminando com a leishmania, pode adquirir dois tipos de doença: a leishmaniose tegumentar que ataca a pele e as mucosas ou a leishmaniose visceral ou calazar que acomete os órgãos internos. O que define se o paciente terá a forma cutânea ou a forma visceral é o tipo de leishmania que o contamina. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 79 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 10.1.2 Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) ou forma cutânea Podemos dizer que a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) sobressai como uma doença infecciosa, mas não é contagiosa, ocasionada por um protozoário do gênero Leishmania, que ataca pele e mucosas dos seres humanos. A LTA é uma zoonose, pois afeta em primeiro lugar os animais e não o homem que é envolvido, secundariamente. Os vetores transmissores da LTA são insetos Lutzomyia spp., que possuem importância no contexto ambiental, pois seu ciclo biológico depende de variações climáticas, tamanho e tipo de vegetação. É importante ressaltar que sem Lutzomyia spp. não teria o ciclo. A figura abaixo mostra que o inseto pica um cão sadio que se infecta. Dentro do organismo do animal a Leishmania se desenvolve. A partir de um inseto que pica o cão contaminado, este mosquito vai picando outro cão ou uma pessoa, desta forma, pode contaminar pessoas e cães. Porém, o contato cão-cão ou cão-homem não alastra a leishmaniose. O ciclo opera assim: mosquito-cão-mosquito-cão ou mosquito-cão-mosquito-homem. Figura 35: Ciclo biológico da leishmaniose. Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?um=1&hl=pt-BR&biw=1004&bih=583 &tbs=isch%3A1&sa=1&q=foto+Leishmania&btnG=Pesquisar&aq=f&aqi=&aql=&oq=>. Acesso em 30/12/2010. Analisando a leishmaniose tegumentar ou forma cutânea que ocorre no Irã, Afeganistão, Peru e Brasil, são países representam mais de 90% das ocorrências dessa doença no globo terrestre. Esta doença distinguir-se de outras doenças por apresentar uma úlcera indolor nas partes expostas do corpo, com a forma arredondada ou ovalado, e ainda com o tamanho alterado podendo variar desde milímetros até alguns centímetros; as bordas úlcera e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 80 Vigilância em Saúde ficam elevadas. O tempo de incubação (período decorrido entre a picada do inseto e o aparecimento de sintomas) é em torno de 2 a 3 meses, mas pode variar de 2 semanas a dois anos. Figura 36: Presença da leishmaniose tegumentar ou forma cutânea na pele humana. Fonte: Disponível em: <http://www.mdsaude.com/2010/05/leishmaniose.html>. Acesso em 02/01/2011. 10.1.3 Leishmaniose forma cutânea localizada É possível destacar que a forma da leishmaniose cutânea localizada pode ser adquirida automaticamente em um espaço de tempo que varia de acordo com a imunidade do hospedeiro e com o tipo de leishmania envolvido. Pode ocorrer mais de uma lesão ao mesmo tempo, chegar até 20 lesões e, comumente, há boa resposta ao tratamento. Figura 37: Presença da leishmaniose tegumentar ou forma cutânea localizada na pele humana. Fonte: Disponível em: <http://www.mdsaude.com/2010/05/leishmaniose.html>. Acesso em 02/01/2011. 10.1.4 Leishmaniose forma cutânea disseminada É mais rara, somente 2% dos fatos é caracterizado pelo aparecimento de múltiplas lesões populares e semelhantes à acne (acneiformes), envolvendo diversos componentes do corpo, até mesmo o tronco e a face, podendo abranger mais de cem lesões. No início, ocorrem lesões parecidas com a forma cutânea localizada, havendo depois disseminação do parasita Entomologia, Roedores e Esquistossomose 81 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes por meio do sangue que pode surgir lesões distantes da picada em poucos dias. A pessoa contaminada podendo ter febre, dores musculares, mal-estar geral e emagrecimento. É uma forma que, embora mais extensa, também apresenta boa resposta ao tratamento. Figura 38: Presença da leishmaniose tegumentar ou forma cutânea disseminada no corpo humano. Fonte: Disponível em: <http://www.mdsaude.com/2010/05/leishmaniose.html>. Acesso em 02/01/2011. 10.1.5 Leishmaniose na forma mucosa ou muco-cutânea É possível destacar que Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) em sua forma muco-cutânea ou mucosa incidi 4%, em média. Ela distingue-se das demais pela resposta imunológica acentuada e ineficaz, com destruição dos tecidos nas áreas infeccionadas e também pela má resposta ao tratamento. Essa doença ataca as mucosas das vias aéreas superiores que podem ser tanto do nariz ou da boca e, é indolor. Geralmente surge após cicatrização de uma lesão cutânea, tanto espontaneamente como por terapêutica inadequada, por meio da disseminação do parasito pelo sangue ou vasos linfáticos. No entanto, pode ocorrer sem destaque de lesão cutânea prévia ou simultaneamente a uma lesão cutânea a distância. Figura 39: Presença da leishmaniose forma mucosa ou muco-cutânea nas mucosas das vias aéreas superiores (nariz, boca) e das orelhas. Fonte: Disponível em: <http://www.mdsaude.com/2010/05/leishmaniose.html>. Acesso em 02/01/2011. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 82 Vigilância em Saúde É lógico chegarmos à conclusão que esta patologia compõe um problema de saúde pública devido à incidência, vasta distribuição geográfica e presença de sequelas desfigurantes, destrutivas e incapacitantes. É uma doença endêmica que predomina em climas tropicais e subtropicais. No Brasil, observa-se uma expansão geográfica, uma vez que casos já foram notificados em todos os estados, inclusive Minas Gerais, onde o norte do Estado é considerado área endêmica, devido o número de casos humanos notificados. 10.1.6 Sinonímia da leishmaniose tegumentar americana Consideremos que o sinônimo da LTA varia bastante em cada país. Sinonímia: Botão de Tebessa ou de Gafsa na Tunísia; Botão do Nilo no Egito; Botão d’Alep na Síria; Cravo ou Botão de Biskra, tecla de Touggourt, Botão de Zibans, Botão de Laghouat e Botão d’Ouargla na Argélia; Botão de Bagdad ou de Bouchir na Arábia; Botão de Delhi na Índia; nas Filipinas Botão das Filipinas e Úlcera de Bauru no Brasil. Como frisou na sinonímia dessa doença, no Brasil é chamada pelo nome de Úlcera de Bauru, pelo fato de ter acontecido, primeiramente, na cidade de Bauru, São Paulo. Todavia, em pessoas procedentes de outras regiões do país que para Bauru vieram à procura de tratamento médico, devido situar-se nessa cidade o entroncamento ferroviário com os Estados de Mato Grosso e Goiás, de onde procediam em sua maior parte, os adoentados. A doença leishmaniose tem como vetor um mosquito da Ordem Díptera, pertencente a Classe Insecta. Desde o início, tem apresentado como gênero Phlebotomus, e do qual foram já descritas várias espécies, conforme, a região em que é achado. Podemos dizer que na África, Europa e Ásia agente vetor é chamado pelo gênero Phlebotomus. Já no Brasil e nos países americanos, esse vetor é denominado na entomologia com o gênero Lutzomyia. Trabalhos na América Central identificaram já as espécies: Lutzomyia intermedia e Lutzomyia panamensis como vetores para a mesma doença naquela região. Falando um pouco mais sobre a leishmaniose, na realidade, com base nos trabalhos já realizados no Brasil, parece existir mais de uma espécie do gênero Lutzomyia, funcionando como vetor para leishmaniose, assim como nos países americanos, em geral, no Brasil, conhecidos pelos nomes populares de mosquito palha ou cangalhinha. Caro aluno, note como esse ponto é importante. A diferença entre as espécies do gênero Phlebotomus descritas conforme a região em que é encontrado. Figura 40: Fêmea do vetor mosquito palha alimentando de sangue humano e cão com leishmaniose tegumentar ou forma cutânea Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?um=1&hl=pt-BR&biw=1004&bih=583&tbs=is ch%3A1&sa=1&q=foto+Leishmania&btnG=Pesquisar&aq=f&aqi=&aql=&oq=>. Acesso em 30/12/2010. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 83 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Histórica e transmissão da leishmaniose; • Informações sobre o contágio pelo Flebótomo; • Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) ou forma cutânea; • Tipos de Leishmaniose forma cutânea; • Uso de sinônimos da leishmaniose tegumentar. Atividades de aprendizagem 1. Faça um comentário sobre o protozoário da leishmaniose. Por que a leishmaniose é considerada uma zoonose? 2. Pode dizer que leishmaniose tegumentar americana (LTA) ou forma cutânea é doença infecciosa e contagiosa. Por quê? 3. Conforme tem sido anunciado na imprensa de Minas Gerais, a ocorrência de Calazar, Leishmaniose visceral, nos cães de áreas urbanas tem apresentado aumento, significativamente. De acordo com as alternativas abaixo é INCORRETO, afirmar-se que: a) o agente patogênico é um protozoário flagelado. b) uma medida profilática é a eliminação de cães contaminados. c) a mordida do cão pode transmitir a doença ao homem. d) a raposa também é reservatório da doença no meio rural. d) o vetor pertence à mesma classe do barbeiro. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 84 Vigilância em Saúde AULA 1 Alfabetização Digital Leishmaniose troAula 11 Entomologia: pical ou visceral Objetivo • Entender a definição de epidemiologia, diagnóstico e tratamento e o controle do vetor da leishmaniose visceral. • Descrever o diagnóstico, tratamento, vacina e controle do vetor da leishmaniose visceral; • Reconhecer as áreas endêmicas, no Brasil, em Minas Gerais, com leishmaniose visceral; 11.1 Definição de leishmaniose tropical ou visceral Precisamos ressaltar que o calazar ou a Leishmaniose Visceral Canina (LVC) é causada por diversas espécies do gênero Leishmania, e transmitidas por mosquitos vetores que afetam tanto seres humanos como animais domésticos e silvestres. A LVC está distribuída nas Américas, Europa, África e Ásia, exceto na Oceania e na Antártida. O cão é o principal reservatório da leishmaniose visceral. De forma geral, a enzootia dentro de seu espaço natural canina tem precedido a ocorrência de casos humanos e a infecção em cães tem sido mais prevalente que no homem em todo o país. É importante destacar que, de acordo com os epidemiologistas, o calazar canino é considerado mais importante que a doença humana, porque além de ser mais prevalente, ele apresenta um grande contingente de animais infectados com parasitismo cutâneo, que servem como fonte de infecção para os mosquitos vetores. Essas peculiaridades tornam o cão doméstico o principal reservatório do parasito. Durante epidemias o homem também pode servir como reservatório do parasito, para a infecção do inseto vetor. Vejam os sintomas da leishmaniose canina que são perda de peso e, ou, falta de apetite; apatia e debilidade; seborréia, feridas que não cicatrizam; crescimento rápido das unhas; anemia; inchaço dos gânglios; insuficiência; diarréias persistentes, vômitos; lesões oculares ou conjuntivites; hemorragia nasal chamada de epistaxe; ferimentos ao redor dos olhos e na pele. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 85 Enzootia: é uma doença em um hospedeiro natural e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Figura 41: Sintomas da leishmaniose canina. Fonte: Disponível em: <http://www.portalnossomundo.com/site/leishmaniose/leishcanina.html>. Acesso em 05/01/2011. 11.1.1 Epidemiologia da leishmaniose tropical ou visceral Precisamos ressaltar que as leishmanias são transmitidas para os humanos a partir da picada dos mosquitos que se contaminam de outros humanos infectados, como no caso do calazar indiano; ou a partir de vertebrados não-humanos, como o cão, a raposa e o chacal, que funcionam como reservatórios do parasita. Consideremos que nas leishmanias a consequência de uma infecção com pode adotar dois caminhos. Em grande parte dos acontecimentos, o sistema imunitário reage eficazmente pela produção de uma resposta citotóxica que destrói os macrófagos portadores de leishmanias. Nesses casos, a infecção é controlada e os sintomas leves ou inexistentes, curando-se o doente ou desenvolvendo apenas manifestações cutâneas. No entanto, se o sistema imunitário escolher antes uma resposta com produção de anticorpos, não será eficaz a destruir as leishmanias que se escondem no interior dos macrófagos, fora do alcance dos anticorpos. Nesses casos, a infecção (apenas Leishmania donovani ira se desenvolver em leishmaniose visceral), uma doença grave, ou no caso das espécies menos virulentas, para manifestações mucocutâneas mais agressivas e crônicas. Podemos dizer espontaneamente o ser humano imunodeprimido não reage com nenhuma resposta imunitária vigorosa, principalmente quando os doentes tem SIDA e, ou, AIDS, que ao desenvolver progressões muito mais arriscadas e aceleradas com qualquer dos patogênios. É interessante que na França, Itália, Portugal e Espanha, os doentes com SIDA e, ou, AIDS, têm por último, constituído uma percentagem grande de doentes com formas de leishmaniose graves. Falaremos agora sobre a forma crônica que é caracterizada pelo acometimento sistêmico (dos órgãos internos) pela leishmania, em oposição a leishmaniose tegumentar americana (LTA) ou forma cutânea, em que a doença é restrita à pele ou mucosas. No Brasil, a Leishmania Chagasi é o parasita que causa leishmaniose visceral. Na figura abaixo, vê-se um rapaz com leishmaniose visceral, onde foi marcado à caneta a área onde se consegue palpar o baço e o fígado. Repare como ambos encontram-se com tamanhos muito aumentados. O período de incubação varia de 2 a 6 meses. A infecção e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 86 Vigilância em Saúde pode ser oligossintomática (quase ou nenhum sintoma) ou de moderada a grave, levando o paciente à morte. Figura 42: Presença da leishmaniose tropical ou visceral na forma crônica com agressão sistêmica dos órgãos internos. Fonte: Disponível em: <http://www.mdsaude.com/2010/05/leishmaniose.html>. Acesso em 02/01/2011. Informamos que nos casos sintomáticos iniciais do calazar, há anemia, febre, aumento do baço (esplenomegalia) e aumento do fígado (hepatomegalia). É preciso que esta doença seja diagnosticada e tratada de maneira correta, caso contrário a doença evolui e a vítima vai emagrecendo expressivamente, e ainda, ocorre desajuste das funções renal e hepático, além de febre sucessiva e abaixamento do número de plaquetas e de leucócitos, induzindo o sangramento, infecções bacterianas e óbito. A leishmaniose visceral tem um período de incubação podendo variar de meses a anos. As leishmanias comprometem os órgãos como baço, fígado e a medula óssea que são ricos em macrófagos. A leishmaniose visceral apresenta no início febre insidiosa, na minoria das vítimas desenvolvem sintomas típicos como suores, tremores violentos, mal estar, diarréia, fadiga, leucopenia, anemia, hepatoesplenomegália, além do aparecimento de úlceras cutâneas e zonas de pele escura principalmente nos adultos. A leishmaniose visceral se não tratada num período curto, pode induzir danos crônicos durante alguns anos, principalmente, em doentes com SIDA/AIDS e em seguida óbito. 11.1.2 Diagnóstico e tratamento da leishmaniose visceral É interessante o diagnóstico da leishmaniose visceral que pode feito pela microscópica das leishmanias pelas amostras de linfa, sanguíneas. É indicado usar a biopsias de baço, depois da cultura ou com a utilização da detecção do seu DNA. Emprega-se também a Reação de Montenegro por meio de testes imunológicos. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 87 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Observe a diferença dos diagnósticos entre Leishmaniose Tegumentar e a Leishmaniose Visceral. A Leishmaniose Tegumentar proporciona uma aparência clínica com lesão na pele acompanhada de uma história epidemiológica combinada que pode induzir ao diagnóstico, no entanto, o ideal é que se empregam métodos parasitológicos. Para esses métodos pode-se realizar o estudo com o uso do parasito em um pedaço de tecido, com intuito da confirmação. Para a Leishmaniose Visceral ou calazar, pode-se empregar o diagnóstico parasitológico por amostras do fígado, medula óssea, linfonodos ou baço. Podemos afirmar que o tratamento da leishmaniose visceral é feito por meio de compostos antimoniais como anfotericina, miltefosina ou pentamidina. Um ponto importante e simples para a prevenção é o uso redes protetoras contra os mosquitos ou repelentes de insetos. É importante também não morar em residências próxima a mata silvestre, mantendo uma distância acima de 600 metros para dificultar o ataque do mosquito; a melhor forma de evitar a doença é pela erradicação dos mosquitos dos gêneros Phlebotomus e Lutzomyia. Para o tratamento do calazar canino, o mais viável é utilizar os produtos como os antimoniais e o alopurinol. Precisamos deixar claro que, enquanto no homem tenta-se obter uma cura definitiva, no cão o tratamento raramente leva à cura definitiva, pelo motivo de que o cão mantém-se como portador da doença. O animal pode apresentar uma melhora clínica com o afastamento dos sinais clínicos podendo reaparecer depois de alguns meses. O motivo das reincidências no cão pode ser devido ao convívio do animal em uma área endêmica. 11.1.3 Vacina terapêutica para a leishmaniose visceral Devemos ressaltar que a vacina contra a leishmaniose é uma medida preventiva. Se o cão estiver contaminado com leishmaniose, a vacina não possuirá efeito. Ela não irá curar o animal. Essa vacina foi pesquisada na Universidade Federal do Rio de Janeiro e é comercializada em áreas onde a doença é comum. De acordo com os veterinários, é importante fazer exame prévio para saber se o animal já está contaminado, caso não esteja infectado pode usar a vacina. 11.1.4 Áreas endêmicas no Brasil com leishmaniose visceral Pode-se afirmar sem nenhuma dúvida que no Brasil, o quadro da leishmaniose é preocupante. A ocorrência de leishmaniose cutânea (LC) aumentou de 21.800 casos registrados em 1998, para 60.000, em 2003. Este aumento de incidência é atribuído, principalmente, à alterações ambientais e comportamentais, incluindo: desmatamento, migração massiva do meio rural para áreas urbanas, urbanização rápida e não planejada e habitações construídas com material precário, tipo casas de pau-a-pique. Observamos que uma abrangência de 90% dos casos de leishmaniose visceral (LV) das Américas ocorre no Brasil. A região Nordeste do Brasil e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 88 Vigilância em Saúde depara com 94% de todos os casos de LV registradosl, especialmente nos Estados do Piauí, Maranhão, Bahia e Ceará. O mapa do Brasil, na figura abaixo apresenta o número de casos de leishmaniose visceral humana registrado em todo o Brasil, na área de vermelho observa-se mais de 200 casos por ano, no ano de 2000. Neste mesmo ano, foram registrados 3779 novos casos de leishmaniose visceral humana em 18 estados do país. Estima-se que para cada caso humano, há uma média de pelo menos 200 cães infectados. As infecções dos cães precedem sempre a aparição dos casos humanos, pois o cão é o reservatório da doença para o ser humano. Figura 43: Distribuição dos casos de leishmaniose visceral humana no Brasil (FUNASA, 2001). Fonte: Disponível em: <http://www.juci.com.br/leishmaniose.htm>. Acesso em 03/01/2011. Os serviços do centro de zoonoses de Campo Grande, Mato Grosso do Sul salienta que a incidência da leishmaniose tropical ou visceral é alta, principalmente em cães que são frequentemente recolhidos pela carrocinha e, posteriormente, eles são submetidos à eutanásia. Essa atitude do poder público é para diminuir a doença na cidade, no entanto, o principal controle é sobre mosquito transmissor que nada foi realizado, nesse município. Ainda em Mato Grosso do Sul, de acordo com os dados da Secretaria Municipal de Saúde de Corumbá, e aprovados pelo Ministério da Saúde, o número de cães positivos com a leishmaniose visceral aumentou significativamente de 52,43% para 41,63% do ano de 2004 e 2006, respectivamente. 11.1.5 Controle do vetor da leishmaniose visceral A probabilidade do controle da leishmaniose canina está relacionada com o controle da leishmaniose humana. Grandes tentativas de controle podem implicar a utilização de programas de batalha que tenta abranger Entomologia, Roedores e Esquistossomose 89 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes medidas contra os vetores e os reservatórios e, principalmente, utilizar métodos de proteção para os hospedeiros definitivos. Para controlar o vetor da leishmaniose, são normalmente utilizados inseticidas de ação residual (malatião, lindano). Pulverizar a residência com inseticidas tem demonstrado algum grau de proteção contra os Flebótomos, de acordo com diferentes estudos. Os flebótomos têm maior atividade nas primeiras horas do dia e ao por do sol. Durante a noite, o uso de redes protetoras é uma forma de proteção. Num estudo realizado demonstrou-se que pessoas que usavam redes protetoras tinham menos 70% de hipóteses de ser infectadas com leishmaniose, quando comparadas a pessoas que não usavam redes. Outra possibilidade de combate ao vetor é a luta ecológica, mediante desflorestamento e reflorestamento com espécies de vegetais desfavoráveis para o crescimento de flebótomos. O combate contra os reservatórios pode reduzir as fontes de parasitas, porém para isso é necessário a identificação de reservatórios silvestres como raposas, ratos e outros, nos reservatórios com cães domésticos e cães abandonados e/ou vadios. É, contudo, difícil identificar e eliminar todos os reservatórios silvestres e domésticos. No caso dos cães domésticos a atuação é diferente. No Brasil e na China, uma das medidas de controle passa pela eutanásia dos animais soropositivos, porém, essa prática é muito difícil de ser aplicada na Europa. Falaremos agora sobre a aplicação de inseticida que é uma alternativa para a prevenção da leishmaniose, do mesmo modo usar aplicação de repelentes no cão, de forma a diminuir o ataque dos mosquitos. Lembrando que o efeito do inseticida é curto. Estudos têm demonstrado que a aplicação de coleiras nos cães com deltametrina (Scalibor) reduzem até 90% da proporção de flebótomos, reduzindo assim o risco de serem infectados. Outros produtos que estão sendo estudados são: soluções tópicas de permetrina, combinações de imidaclopride e permetrina em spot-on. Outra medida preventiva é manter o cão dentro de casa durante a noite, desde o por do sol até uma hora após a nascer do sol. Há dificuldade de encontrar um método eficaz de controle contra a leishmaniose. Os principais fatores relacionados com este insucesso são: A falta de padronização dos métodos diagnóstico da infecção no ser humano e no cão; o desacordo entre estudos de avaliação do impacto da eliminação dos cães soropositivos que prevalece da infecção humana; a demonstração de que outros reservatórios podem ser fonte de infecção de L. Chagasi/ infantum; e a escassez de estudos sobre o impacto das ações dirigidas contra os vetores. É no desenvolvimento de vacinas anti-leishmaniose que se encontra o futuro para a prevenção da leishmaniose. Existem inúmeros estudos feitos para diferentes tipos de antígenos, os quais apresentam muitas vezes resultados contraditórios. A prevenção da Leishmaniose canina pode vir a reduzir a prevalência da leishmaniose humana nas zonas endêmicas. Porém, o desenvolvimento de uma vacina contra a leishmaniose é uma tarefa difícil. Nesse sentido, é importante encontrar uma vacina que possa imunizar com intuito de prevenir a doença e a trans- e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 90 Vigilância em Saúde missão do agente; que seja eficiente contra as diferentes fases do parasita; que tenha baixo custo, que seja estável e de longa duração. Figura 44: Cão com Leishmaniose. Fonte: Disponível em: <http://www.portalnossomundo.com/site/leishmaniose/leishcanina.html>. Acesso em 03/01/2011. É possível destacar que as vacinas necessitam agir para bloquear a transmissão do parasita e prevenir a leishmaniose. Lembramos que há animais assintomáticos que podem ser reservatórios para a transmissão dessa doença, assim não basta que doença seja evitada. Consideremos que protozoário parasita por ser heteróxeno, ou seja, necessitar passar de um animal ou do homem primeiro para um vetor, no caso um mosquito, onde sofre modificação em sua forma vegetativa, pois o inseto quando amadurece pode então se tornar infectante a través de sua picada. É interessante que o mosquito infectado passe para outro organismo suscetível de adquirirem a doença, que pode ser o homem ou outro animal mamífero. Foram até agora já assinalados como suscetíveis de contraírem a doença além do homem, também o cão em sua maior parte dos casos, porém também animais da espécie equina. Podemos dizer que várias pesquisas vêm sendo realizadas pelo Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro e pelo Instituto Butantã de São Paulo, com objetivos de melhorar os conhecimentos, principalmente em trabalhos profiláticos contra a leishmaniose que aflige várias localidades interior do Brasil. Na região de Araçatuba, no Estado de São Paulo, ultimamente, foram notificados alguns focos dessa doença em cães. Nessa localidade, pesquisadores estão desenvolvendo trabalhos sobre a doença pela Faculdade de Medicina Veterinária pertencente a UNESP. Afinal, as pesquisas contribuirão para melhor conhecimento da leishmaniose, sobre agentes etiológicos e respectivos vetores e, assim, orientar as pesquisas para a erradicação da doença. 11.2 Leishmaniose visceral em Minas Gerais A leishmaniose visceral americana (LV) ocorre em Minas Gerais desde 1940 quando foram detectados os primeiros casos humanos no Norte do Entomologia, Roedores e Esquistossomose 91 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Estado. Nessa época, a doença era tipicamente silvestre de áreas rurais. Atualmente, em Minas Gerais 84% dos casos confirmados são de pessoas que vivem em zonas urbanas. Em 1989, a doença passou a ser notificada em região metropolitana de Belo Horizonte, ocorrendo em Sabará o primeiro caso humano e posteriormente em Belo Horizonte. Pode-se admitir sem nenhuma dúvida que, de acordo com a secretaria de saúde de Minas Gerais (SES/MG) 2.727, casos humanos de 2000 a 2006 foram notificados, desses casos houve 246 óbitos por leishmaniose visceral, enquanto que a taxa de letalidade média foi de 9,0%. O ano de 2004 foi considerado ano epidêmico, com 692 casos humanos com 75 óbitos confirmados em 81 municípios, assim distribuídos: Belo Horizonte, Montes Claros, Ribeirão das neves, Janaúba, Santa Luzia e Paracatu o que corresponde a 56% das notificações do Estado. O mapa de Minas Gerais traz a classificação dos municípios mineiros segundo o grau de notificação de casos da leishmaniose. O esse mapa expõe as áreas de acordo com a cor: à cinza representa o primeiro até 1 caso, a cor amarela é área moderada varia de 1 a 2,2 casos, a cor laranja representa a área esporádica de 2,2 a 4,4 casos e, a cor vermelha representa de 4,4 a 100 casos. A região que está de cor vermelha são os municípios com área de transmissão intensa para a leishmaniose, é o caso do município de Montes Claros que apresenta um número superior a 4,4 casos da doença em seres humanos ano. Figura 45: Classificação dos municípios mineiros segundo o grau de notificação de casos da leishmaniose, no período de 2001 a 2006 Fonte: Disponível em: <http://www.saude.mg.gov.br/publicacoes/estatistica-e-informacao-emsaude/boletim-epidemiologico/2007/boletimXn1.pdf>. Acesso em 03/01/2011. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 92 Vigilância em Saúde Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Definição de Leishmaniose tropical ou visceral; • Epidemiologia da leishmaniose tropical ou visceral; • Diagnóstico e tratamento da leishmaniose visceral; • Vacina terapêutica para a leishmaniose visceral; • Áreas endêmicas no Brasil com leishmaniose visceral; • Controle do vetor da leishmaniose; • Leishmaniose visceral em Minas Gerais. Atividades de aprendizagem 1. Das duas formas leishmaniose, qual é a mais problemática e, por quê? 2. Sobre a leishmaniose como deve se prevenir? a) Sacrificar os cães; b) Evitar a criação dos mosquitos; c) Fazer a limpeza da área; d) Evitar contato com animais doentes; e) Nenhuma das alternativas acima. 3. Como se faz o controle do vetor da leishmaniose visceral? Entomologia, Roedores e Esquistossomose 93 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Alfabetização Digital Aula 12 – Roedores: ratos Objetivos • Conhecer a descrição biológica, principais espécies de ratos e seus danos; • Descrever a biologia dos ratos; • Distinguir as principais espécies de ratos e danos; • Avaliar a infestação de roedores. 12.1 Descriçao e biologia dos ratos Os roedores sinantrópicos são divididos em duas categorias: roedores silvestres e roedores urbanos. Apesar dos roedores silvestres poderem transmitir doenças importantes como a hantavirose, os roedores urbanos são os que possuem maior importância em termos de saúde pública, estando associados principalmente à ocorrência da leptospirose e da peste. O rato pertence à família Muridae com cerca de 600 espécies é considerada a maior dos mamíferos. Os roedores urbanos como as ratazanas, rato de talhado e os camundongos ocasionam danos ao ser humano. Essas espécies de ratos são chamados de domiciliares. Os ratos têm hábitos noturnos, expondo-se à luz do dia somente quando sua população aumenta muito e há insuficiência de alimento. Na falta de alimento, possui mecanismos que limitam a população: baixa da fertilidade e fecundidade das fêmeas, cancelamento de cios, canibalismo, dentre outros. O canibalismo é prática comum numa colônia de ratos, ocorrendo com o intuito de eliminar ratos doentes ou machucados ou mesmo filhotes de outras colônias. Assim, os ratos não admitem que outro penetre seu território, combatendo-o de forma feroz. Seus órgãos sensoriais são bastante desenvolvidos, porém, enxergam mal, não percebem cores, apenas variações entre claro e escuro, por isto que eles têm hábitos noturnos, pois são bastante sensíveis às variações de radiação solar, o que confere capacidade imediata de perceber movimentos. Os roedores possuem os sentidos muito apurados, especialmente tato (através dos pêlos), audição, olfato e paladar. Podemos dizer que os ratos são onívoros, com preferência por alimentos gordurosos, eles consomem em média de 20 a 30 g/dia e bebem uma quantidade de 15 a 30 ml de água por dia. Têm características típicas de serem ágeis e bons nadadores, pode permanecer submerso bom tempo. Geralmente, habitam redes de esgoto, terrenos sujos e abandonados, margens de córregos, depósitos de lixo e afins, ou ainda tocas e buracos no solo. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 95 Sinantrópicos: são indivíduos que convivem no mesmo ambiente do homem. Onívoros : são os animais que se alimentam tanto de produtos de origem animal como vegetal e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes O corpo é muito flexível, passando a cabeça, são capazes de se locomover pelo interior de canos e tubulações de diversos diâmetros. Roem diversos tipos de materiais considerados duros, entre eles madeira, tijolos, chumbo, alumínio, etc. Cessa a respiração por até 3 minutos, e nadando dentro de um cano de esgoto podem naturalmente entrar em uma residência por meio do vaso sanitário. São qualificados nadadores, alcançando distâncias até 800 metros. Sobem pelo exterior de canos e calhas verticais que estejam separados de uma parede por até 7,5 cm de distância, amparando as patas no cano e as costas na parede ou vice-versa. É possível destacar que os ratos têm uma habilidade de subir em canos e calhas verticais que tenham até 9,5 cm de diâmetro, abraçando-se neles. Viajam e equilibram-se sobre qualquer tipo de cano ou conduite horizontal. Estes animais utilizam de suas patas e costas para subirem em andares superiores de edificações por meio do interior de canos e calhas de 4 e 10 cm de diâmetro. É importante saber que os ratos escavam tocas verticais no solo até 1,25 metros de profundidade e, ainda eles saltam na posição vertical aproximadamente 1 metro de altura a partir do chão. O curioso que eles não sofrem qualquer tipo de ferimento em quedas até 15 metros de altura. Ainda os ratos sobem em andares superiores de construções fazendo uso apenas da quina de duas paredes como sustentação. Pulam horizontalmente até 1,2 metros de distância, partindo da imobilidade. 12.1.1 Principais espécies de ratos e danos Falando um pouco mais sobre a espécie cujos nomes genéricos: Ratazana ou rato-de-esgoto tem o nome científico de Rattus norvegicus, o corpo é robusto a coloração pode variar do castanho-acinzentada. Mede de 21 a 26 cm de comprimento, a cauda é grossa de tamanho igual ou mais curto que o corpo. Pesa de 350 a 460 g., com orelhas curtas e relativamente peludas. Os pés apresentam membrana interdigital. A cauda é grossa, pouco peluda e mais curta do que o conjunto cabeça e corpo. O focinho é rombudo, as orelhas são pequenas e dispostas para trás, encostadas à cabeça. Os pés traseiros são bem desenvolvidos, chegando a medir 37 mm. Vivem em média 2 anos e seu período de gestação dura cerca de 28 dias, com 3 a 4 ninhadas por ano e uma média de 8 filhotes por ninhada. As fezes são grandes, escuras, cilíndricas e apresentam as extremidades arredondadas. É possível destacar que a ratazana é o mais comum dos roedores urbanos. Tem hábitos noturnos, sedentários, agressivos e ainda tem hábitos semi-aquáticos e são excelentes nadadoras. Normalmente vivem nas áreas externas das residências, ou seja, habita o solo (terrestre) com característica extradomiciliar. Quando abriga no interior de residências, abrigam-se entre pisos e paredes, nos espaços mortos de armários, etc. Esta espécie é dotada de habilidades para escavar, nadar e roer, podendo girar em torno de seu ninho até 40 metros. A ratazana abriga tocas (ninheiros) e galerias que cavam as fundações dos edifícios, no subsolo, na beira de rios e córregos, em depósitos de lixo, nos jardins, à beira de córrego ou valas. A rede de esgoto e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 96 Vigilância em Saúde ou de escoamento pluvial, também, serve como abrigo para esses roedores. Essa espécie alimenta-se até 30g/dia de lixo orgânico, cereais, raízes e carne, peixes e consome água até 30 mL/dia. Dificilmente ficam abrigadas em locais com distância superior a 45 m da fonte de alimento. Figura 46: Ratazana ou rato-de-esgoto (Rattus novergicus). Fonte: Disponível em: <http://www.dddrin.com.br/pragas-ratos.php>. Acesso em 07/01/2011. Nomes genéricos: Rato-preto, ratos de forro ou rato-de-telhado tem o nome científico de Rattus rattus. São menores do que as ratazanas, ágeis e possuem o focinho afilado, geralmente apresenta coloração entre o preto e o cinza escuro, mede entre 19 e 22 cm de comprimento, cauda fina, mais longa que o comprimento do corpo, possibilitando um melhor equilíbrio, e pesa de 230 a 300 g. As orelhas são longas, quase sem pêlos, e seus pés apresentam membrana interdigital. Vive em média 1,5 ano, a maturidade sexual é atingida entre o segundo e o terceiro mês de vida. O período de gestação é de 28 dias, com 5 a 6 ninhadas por ano, com 3 a 9 filhotes cada. Suas fezes são finas e terminadas em pontas afiladas, medindo cerca de 12 mm. Podemos citar o nome comum mais usado é rato-de-forro, rato-preto e rato-de-telhado. Esta espécie gosta de habitar sobre o solo, com característica intra e extradomiciliar. O rato-de-telhado é tem grandes habilidades para roer, equilibrar e furar buracos que pode chegar até 60 metros de seu ninho. Abrigam-se sobre o solo como sótãos das casas, em forro, armazéns e depósitos. Nas áreas abertas, preferem o topo das árvores. Costumam ser encontrado nas proximidades de áreas portuárias. Essa espécie é onívora preferem frutas, legumes, cereais, raízes e pequenos insetos; alimenta-se até 30 g/dia e consome água até 30 mL/dia. Dificilmente abrigam-se em locais com distância superior a 45 m da fonte de alimento. Figura 47: Rato-preto ou rato-de-telhado (Rattus rattus). Fonte: Disponível em: <http://www.dddrin.com.br/pragas-ratos.php>. Acesso em 07/01/2011. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 97 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Observamos agora o nome genérico do camundongo. Ele tem o nome científico de Mus musculus seu corpo é pequeno e delicado, revestido com pelos de coloração acinzentada. É o menor dos roedores domésticos, tem tamanho aproximado de 18 cm, sendo 9 cm de corpo e 9 cm de cauda e pesa entre 15 e 20 g. As orelhas são relativamente grandes e translúcidas (sem pêlos) e não apresentam membrana interdigital nos pés, os olhos são vivos e salientes. Vive em média um ano e, dois meses já são considerados adultos, com período de gestação de 21 dias; procriam 7 ou 8 vezes por ano, e a ninhada comum varia de 4 a 8 filhotes. Suas fezes são finas e terminadas em pontas afiladas, contudo de tamanho bem reduzido, podendo até ser confundidas com fezes de baratas. Falando um pouco mais sobre camundongo cuja morada é o solo e também partes superiores, com característica intradomiciliar, ou seja, abrigam-se em espaços de paredes, de armários, de móveis, ou até mesmo entre os gêneros armazenados. Tem habilidades como escalar e roer pode explorar em torno de seu ninho até 9 metros entre o local de abrigo e a fonte de alimentação. Constrói o ninho em móveis, despensas, gabinetes de cozinha e qualquer orifício capaz de acomodá-lo. São onívoros, alimenta-se até 3 g/dia de cereais, pão, queijo e seu consumo de água não são significativos. Comumente são confundidos com filhotes de ratazanas ou de ratos. Figura 48: Camundongo (Mus musculus.). Fonte: Disponível em: <http://www.dddrin.com.br/pragas-ratos.php>. Acesso em 07/01/2011. 12.1.2 Avaliação da infestação de roedores Podemos citar que no exame in loco pode dar uma estimativa do nível de infestação por roedores, conforme a Tabela 4. Tabela 4 Indicadores do nível de infestação por roedores Indicadores Trilhas Manchas de gordura por atrito corporal Roeduras Fezes Tocas ou ninhos Alta Várias Evidências em vários locais Ausentes Algumas Visíveis em diversos locais Algumas Vários locais Numerosas e frescas 1 a 3 / 300 m² 4 a 10 / 300 m² área + de 10 / 300 m² área área externa externa externa Ratos vistos não constatado Alguns em ambiente Vários em ambiente escuescuro ro e alguns a luz do dia Fonte: Disponível em: < http://www.mgar.com.br/zoonoses/aulas/aula_roedores.htm>. Acesso em 07/01/2011. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 98 Baixa Ausentes Ausentes Média Algumas Pouco perceptível Vigilância em Saúde Precisamos deixar claro que outra opção para avaliação do nível da infestação consiste em distribuir 100 armadilhas com iscas em um determinado local a ser avaliado. As armadilhas devem ser colocadas às 22 horas de um dia e recolhidas às 5 horas do dia seguinte, repetindo-se o procedimento por três dias. Ao final desse período apura-se o número de roedores capturados e determina-se o grau de infestação, conforme definido a seguir: Baixa infestação - 01 a 05 roedores capturados; Média infestação - 06 a 15 roedores capturados; Alta infestação - 16 a 29 roedores capturados; Altíssima infestação - acima de 30. Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Descrição e biologia dos Ratos; • Principais espécies de ratos e danos; • Avaliação da infestação de roedores. Atividades de aprendizagem 1. Quais são as diferenças que ocorrem entre as três espécies de ratos urbanos? 2. Como são feitas as avaliações da infestação de roedores? 3. Qual é o pior e o melhor sentido dos ratos, por quê? Entomologia, Roedores e Esquistossomose 99 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Alfabetização Digitalratos métodos de Aula 13 – Roedores: controle Objetivos • Identificar os métodos de controle e verificação da presença de roedores; • Diferenciar as medidas de prevenção contra os ratos. 13.1 Métodos de controle e da verificação da presença de roedores É importante confirmar que os ratos urbanos são animais sinantrópicos, dependem das atividades humanas para a obtenção de alimentos e abrigo, ou seja, vivem próximo ao homem, e proporciona alta habilidade reprodutiva e de dispersão por falta de predadores naturais. As espécies importantes no espaço urbano são exóticas e com grande adaptação. A ratazana (Rattus norvergicus) e rato do telhado (Rattus rattus) têm hábitos noturnos e gostam de consumir diversos alimentos, especialmente resíduos alimentares e ração de animais de gatos e cães. Nas áreas urbanas, o problema da infestação de ratos se agrava pelo crescimento desordenado, com ocupação de áreas à banhados, beira de córregos, com baixo valor imobiliários e pela grande produção de resíduos sólidos. Figura 49: Beira de córrego local ideal para proliferação de ratos. Fonte: Disponível em: <www.google.com.br/imgres?imgurl=http://2.bp.blogspot.com/_ oY40HDrCLJ0/S7y7xw1sqxI/AAAAAAAAA8g/yVAP7NyMaBE/s1600/ratos4.jpg&imgrefurl=http:// jopopular.blogspot.com/2010/04/ratos-invadem-o-bairro-vale-do-sol-em.html&usg=__l4puJg8Jgyh Ne79X3qKnIatywNY=&h=298&w=368&sz=35&hl=pt-BR&start=179&zoom=1&um=1&itbs=1&tbnid=sfaI Kwx5fFRI8M:&tbnh=99&tbnw=122&prev=/images%3Fq%3Dfoto%2Bdos%2Bratos%2Bprevenir%26start %3D160%26um%3D1%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN%26ndsp%3D20%26biw%3D1003%26bih%3D563%26tbs% 3Disch:1&ei=UTN1TaOpOYWclgeV4o3vBA>. Acesso em 07/01/2011. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 101 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Caro estudante, use a internet e acesse o site da do ministério as saúde (www. saude.gov.br/svs/ publicacoes) para ter mais informações sobre o controle dos ratos. O controle químico de roedores é uma atividade complementar e indispensável da vigilância e das ocorrências de mordedura de rato, para situações onde a infestação de ratos se encontra elevada, oferecendo alta incidência de sinais da presença dos roedores: tocas, fezes frescas ou secas, manchas de gorduras nas paredes e rodapés. Desratização consiste em eliminar ou reduzir a população de roedores em um determinado local, através de substâncias químicas, preferencialmente raticidas de ação lenta, podendo ser utilizados produtos em blocos parafinados e em pó, liberados pelo Ministério da Saúde. Em vários países o grupo químico mais empregado são os anticoagulantes devido à eficácia e baixo custo, além terem efeitos somente alguns dias depois da ingestão. Todavia, é importante saber a espécie de rato envolvido e a técnica preconizada pelo fabricante do produto. Também, pode-se utilizar de processos capazes de produzir a eliminação física dos roedores infestantes. Entre esses estão ratoeiras, armadilhas e outros dispositivos de captura. Em um programa de controle de roedores é essencial que se saiba qual espécie de rato que está mais predominante no município, grau de incidência de doenças por eles transmitidas, igualmente como as condições socioeconômicas e sanitárias da cidade em questão. No município, deveria ter um projeto que deve incluir o levantamento e a obtenção de material necessário, seleção e contratação de recursos humanos. Maiores detalhes sobre esse levantamento podem ser encontrados no Manual de controle de Roedores. É extraordinário usar os meios de comunicação da cidade no controle de zoonose. É necessário repassar telefones para dúvidas e reclamações, advertindo sempre que o sucesso das atividades dependerá da participação da população. Em todos os passos do programa de controle será importante o trabalho de educação em saúde junto à comunidade, voltados para eficácia das ações de controle a serem realizadas. O combate aos roedores é um dos serviços realizados pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Os ratos podem transmitir várias doenças ao homem, entre elas, leptospirose, peste bubônica, tifo murino, salmoneloses e febre da mordedura. Pode-se afirmar, sem nenhuma dúvida, que a antirratização consiste em criar mecanismos e barreiras que evitem que os roedores tenham acesso a um determinado local. Enquadram-se nesse item o controle dos chamados “3 As”: Água, Abrigo e Alimento: controle de restos e resíduos de alimentos e rações; implantação de barreiras físicas; limpeza e remoção de entulhos e vegetações; drenagem ou fechamento de recipientes com água. Os acidentes causados pela mordedura desses animais são mais frequentes do que se imagina. Por isso, as pessoas devem ficar atentas aos seguintes sinais, que podem ser indicativos de infestação: A infestação de ratos num local pode ser verificada através da observação de alguns sinais: - fezes: sua presença é um dos melhores indicadores de infestação, inclusive as fezes podem levar à identificação da espécie presente; - trilhas: sua aparência é de um caminho bem batido, com 5 a 8 cm de largura, sendo encontradas comumente nas proximidades de muros, junto às paredes, atrás de materiais empilhados, sob tábuas e em áreas de gramados; - manchas de e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 102 Vigilância em Saúde gordura: Deixadas em locais fechados, por onde passam constantemente como, por exemplo, nas paredes e vigas; - roeduras: os ratos roem (mas não ingerem) principalmente materiais como madeira, cabos de fiação elétrica e embalagens de alimentos para gastar sua dentição e como forma de transpor barreiras para alcançar os alimentos, portanto a presença de materiais com sinais de roeduras indicam a presença de roedores; - tocas: são encontradas junto ao solo, junto aos muros, entre plantas e normalmente indica infestação por ratazanas. 13.1.1 Medidas de prevenção contra os ratos Começamos de forma lógica no sentido de prevenir a proliferação de camundongos, ratos de telhado e ratazanas que são espécies urbanas que proporcionam doenças e prejuízos a população, pois é preciso tomar medidas de prevenção, como por exemplo, antirratização. As medidas essenciais são: - limpeza: proceder à limpeza dos locais de produção, manipulação de alimentos e de refeição, e embalar os restos de alimentos em recipientes fechados; - acondicionamento correto do lixo: o lixo deve ser embalado dentro de sacos plásticos, em recipientes com tampas fechadas e limpas periodicamente, de preferência sobre estrado, para que não fiquem abertamente em contato com o solo; - da coletas: o lixo deve ser depositado para o sistema de coleta pública apenas na hora que o coletor passar para coletar, devendo ser armazenado em local adequado, para que não fiquem em contato como o solo; - do lixo: o lixo jamais deve ser jogado a céu aberto ou em terrenos baldios; - do acondicionamento dos alimentos: os alimentos constituem fontes de alimentação para os roedores, motivo pelo qual devem ser acondicionados em recipientes fechados adequadamente. Acondicionar alimentos sempre em recipientes bem fechados; Inspecionar periódica e cuidadosamente caixas de papelão, caixotes, a parte posterior de armários, gavetas e todo tipo de material que adentre ao ambiente e possa servir de transporte ou abrigo de camundongos. Figura 50: Ninhada de rato com vários filhotes. Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&source=hp&q=foto+com+fil hotes+de+ratos&btnG=Pesquisa+Google&gbv=2&oq=foto+com+filhotes+de+ratos&aq=f&aqi=&aql =1&gs_sm=s&gs_upl=4828l4828l0l5906l1l1l0l0l0l0l453l453l4-1l1l0&oi=image_result_group&sa=X>. Acesso em 027/11/2011. Falando um pouco mais sobre as medidas de prevenção dos ratos. - Das verificações: Quando do recebimento de matérias primas, é necessário efetuar a inspeção cuidadosa de caixas de papelão, caixotes, atrás de armários, gavetas Entomologia, Roedores e Esquistossomose 103 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes e todo tipo de material que entra ao ambiente e possa servir de transporte ou abrigo a camundongos; - das aberturas: com relação as aberturas, adota-se a barreira física de fechar frestas ou vãos que possam servir de porta de entrada aos ratos para os ambientes internos; - dos tipos de vedação: colocar telas (com menos de 1 cm de vão de diâmetro), instalar grelhas, ralos do tipo “abre-fecha”, sacos de areia ou outros artifícios que impeçam a entrada desses animais através de ralos, encanamentos ou outros orifícios. Continuando a falar obre as medidas de prevenção dos ratos em relação ao ambiente, é necessário dificultar a sua proliferação, por meio de medidas como: - impedir o acúmulo de destroços ou materiais inúteis, que possam servir de morada aos ratos; - manter limpas as instalações de animais domésticos e não deixar expostos água e restos de alimentos de cães e gatos nos quintais e residências onde os ratos possam entrar, principalmente à noite e alimentar. - não deixar encostado em parede e muro, os objetos, material, produto, embalagens que facilitem o acesso dos roedores (prevenção contra ratos de telhado); - manter armários e depósitos arrumados e organizados, não ajuntar material em desuso, papel, papelão, caixas. É importante fazer também fazer a limpeza ao redor da habitação e ter o cuidado como: - não acumular entulho ou materiais inservíveis nas casas, quintais e terrenos baldios; - retirar restos de materiais de construção, lixo e não aceitar amontoado de materiais de construção, tronco, lixo ou pedra (prevenção contra ratazanas); - examinar e conservar limpos garagens, sótãos, depósitos com planilhas para verificação da presença de vestígios e ou sinais de roedores. Fazer uma mobilização de limpeza com os membros da a comunidade, principalmente, quando a comunidade se encontra próxima às instalações fabris e outra repartições que possam ajudar na proliferação dos ratos, além de limpeza, deve orientar as pessoas na comunidade quanto às medidas preventivas de controle de roedores através do aviso e compreensão adequada do problema para eliminação de hábitos e costumes que possam colaborar para a propagação dos ratos. Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Métodos de controle e da verificação da presença de roedores; • Medidas de prevenção contra os ratos. Atividades de aprendizagem 1. Quais são os melhores métodos de controle de roedores? 2. Comente sobre o controle químico de roedores. 3. Existem sinais que podem ser indicativos de infestação de ratos? Faça o comentário. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 104 Vigilância em Saúde AULA 1 Digitalleptospirose doença AulaAlfabetização 14 – Roedores: causada por ratos Objetivos • Conhecer a leptospirose e a sua transmissão por roedores. • Reconhecer a transmissão, medidas de proteção e tratamento contra a leptospirose; • Identificar as áreas com risco de transmissão de leptospirose. 14.1 Leptospirose doença transmitidas por roedores É importante esclarecer a leptospirose que é uma doença infecciosa causada por espécies de bactérias (Leptospira spp.), presente na urina do rato. Os roedores domésticos mais comuns, que levam a leptospirose ao homem, são o rato de telhado ou de forro, a ratazana ou rato de esgoto e o camundongo. A leptospirose é uma doença infecciosa febril, aguda, potencialmente grave. É uma zoonose (doença de animais) que ocorre no mundo inteiro, exceto nas regiões polares. Em seres humanos, acontece em pessoas de todas as idades e em ambos os sexos. Na maioria dos casos com 90% de leptospirose, a evolução é benigna. A leptospirose é também conhecida como doença de Weil. Ela é causada pela bactéria Leptospira interrogans. Figura 51: A bactéria Leptospira está presente na urina do rato Fonte: Disponível em: <http://www.santalucia.com.br/clinica-geral/leptospirose.htm>. Acesso em 17/01/2011. A maioria das pessoas infectadas pela Leptospira interrogans desenvolve manifestações de forma leve ou moderada não oferece sintomas da doença, mas, existe a forma de leptospirose chamada de severa, fatal ou anictérica, pois nessa forma os sintomas iniciais são parecidos com o da gripe, que depois evoluem para alterações específicas. Alguns sintomas reaparecem, posteriormente, com o agravamento do quadro clínico. As manifestações da leptospirose acontecem em geral assim: aparecem entre 2 e 30 dias após a infecção, o período de incubação médio varia em dez dias. Após dois ou três dias de aparente melhora, os sintomas podem ressurgir, contudo menos grave. A maioria das pessoas melhora em quatro a sete dias. A Tabela 5 apresenta os sintomas da leptospirose. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 105 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Tabela 5 Sintomas inespecíficos e específicos da leptospirose humana Sintomas da leptospirose humana Inespecíficos Específicos Febre 38-39° C Icterícia Cansaço Alterações cardiovasculares Indisposição Dificuldade respiratória Calafrios Distúrbios neurológicos Cefaléia Disfunção renal Mialgias (dor na panturrilha) Conjuntivas congestas Náusea Vômito (hemoptise) Erupções cutâneas Fonte: Disponível em: <http://www.pragas.com.br/noticias/destaques/leptospirose_chuvas.php>. Acesso em 17/01/2011. Pode-se afirmar que a aprovação do diagnóstico de leptospirose é sem importância para o tratamento da pessoa doente, entretanto, é essencial para a adoção de medidas que reduzam o risco de acontecimento de uma epidemia em área urbana. O diagnóstico pode ser realizado com auxílio de exames sorológicos chamados de microaglutinação pareada, com uma amostra de sangue colhida logo no início da doença e outra duas semanas após, ou do isolamento da bactéria em cultura (que tem maior chance de ser feito durante a primeira semana de doença). 14.1.1 Tratamento da leptospirose Falaremos agora sobre o tratamento do indivíduo com leptospirose que é feito basicamente com hidratação. Não deve ser usados medicamentos para dor ou para febre que contenham ácido acetil-salicílico (AAS, Aspirina, Melhoral, etc.), estes medicamentos podem incluir o risco de ocorrer sangramentos. Devem ter o cuidado de não usar os antiinflamatórios (Voltaren, Profenid, etc.) pelo risco de efeitos colaterais, como hemorragia digestiva e reações alérgicas. Quando o diagnóstico é feito até o quarto dia de doença, devem ser empregados antibióticos (doxiciclina, penicilinas), uma vez que reduzem as chances de evolução para a forma grave. As pessoas com leptospirose sem icterícia podem ser tratadas no domicílio. As que desenvolvem meningite ou icterícia necessitam ser internadas. As formas graves da doença devem ter tratamento intensivo e medidas terapêuticas como diálise peritonial para tratamento da insuficiência renal. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 106 Vigilância em Saúde 14.1.2 A transmissão e medidas de proteção contra a leptospirose É importante frisar que o rato é o principal responsável pela infecção humana, em razão de existir em grande número e da proximidade com seres humanos. Leptospira interrogans reproduzem nos rins dos roedores não causando danos, e é eliminada pela urina, geralmente durante a vida do animal. Leptospira interrogans eliminada junto com a urina de animais resiste no solo úmido ou na água, que tenham pH neutro ou alcalino. Não sobrevive em águas com alto teor salino. Figura 52: Rato: principal transmissor da doença. Fonte: Disponível em: <http://www.todabiologia.com/doencas/leptospirose.htm>. Acesso em 17/01/2011. Assim que ocorrer enchentes, a urina dos ratos se mistura à água, lama ou a alguns alimentos aquosos, as bactérias podem entrar no homem por meio da pele e de mucosas dos olhos, do nariz, e da boca ou através da ingestão alimentos e de água contaminados. É interessante que a pessoa com pequenas feridas na pele não pode facilitar, pois a penetração da bactéria é mais favorável, principalmente, quando a exposição é prolongada. Os seres humanos são infectados casual e temporariamente e não têm importância como transmissor da doença. A transmissão de uma pessoa para outra é muito pouco provável. Podemos dizer que a infecção humana pode ser contraída por meio de contato com urina de animais como cães, gatos, porcos, gado e além das três espécies de ratos urbanos. Essa doença pode ser contraída mesmo quando animais são vacinados. A limpeza de fossas domiciliares, sem proteção adequada, é uma das causas mais frequentes de obtenção da leptospirose. Existe risco ocupacional para as pessoas que têm contato com água e terrenos alagados como limpadores de fossas e bueiros, lavradores de plantações de arroz, trabalhadores de rede de esgoto e militares. Figura 53: Modelo de transmissão da leptospirose. Fonte: Disponível em: <http://www.biologico.sp.gov.br>. Acesso em 18/01/2011. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 107 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Foram notificados 33.174 casos de leptospirose, período entre 1996 e 2005 em todo território brasileiro. Somente os fatos mais gravem (ictéricos) são, comumente, diagnosticados e, eventualmente, notificados. Leptospirose sem icterícia é muito confundida com outras doenças, principalmente com a dengue e a gripe, ou não leva à busca de ajuda médica. Os casos notificados, possivelmente, representam apenas uma pequena parcela de cerca de 10% do número concreto de casos nesse país. O risco de pegar leptospirose pode ser reduzido evitar o contato ou ingestão de água que possa estar contaminada com urina de ratos. Deve-se usar somente água tratada (clorada) como bebida e para a higiene pessoal. As embalagens de água mineral, refrigerantes e cervejas antes de ser ingeridas devem ser lavadas especialmente, porque o risco de contaminação com urina de rato é muito grande, principalmente quando essas forem armazenadas em depósitos, locais que são mais frequentados por ratos. Deve ser usado copo limpo ou canudo plástico protegido. Em caso de inundações, deve ser evitada a exposição inútil à água ou à lama. Pessoas que irão se apresentar-se ao contato com água e terrenos alagados devem empregar roupas e calçados impermeáveis. 14.1.3 Sugestão para áreas com risco de transmissão de leptospirose É importante que a população seja informada sobre as causas que determinam a ocorrência de leptospirose e que precisa ser realizado para evitá-la. Deve também ter acesso fácil aos serviços de diagnóstico e tratamento. O risco de transmissão pode ser diminuído nos centros urbanos por meio da melhoria das condições de infraestrutura principal como rede de esgoto, de drenagem de águas pluviais, de remoção adequada do lixo e eliminação dos roedores. A limpeza e dragagem de córregos e rios são medidas básicas para reduzir a incidência de inundações. Equipamentos de proteção como botas e luvas impermeáveis, precisa ser oferecidos aos indivíduos com risco ocupacional. Também são necessárias medidas ligadas ao meio ambiente, tais como obras de saneamento básico como abastecimento de água, lixo e esgoto, o controle de roedores e melhorias nas habitações humanas. Quando acontecem inundações, deve ser impedido contato desnecessário com a água e com a lama. Se a residência for inundada, é necessário desligar a rede de eletricidade para evitar acidentes. O mesmo cuidado deve ser advertido depois das inundações, antes do início da limpeza domiciliar, que deve ser praticada com o uso de calçados e luvas impermeáveis. Quando há dúvida de contaminação da rede de água, a companhia responsável pela distribuição deve ser comunicada. Nesses casos, a água deve ser tratada com cloro ou fervida. Se caso água estiver com matéria orgânica ou com argila (turva) pode reduzir o efeito do cloro, a alternativa mais segura antes do consumo é a fervura. Os mesmos cuidados devem ser tomados quando a água é proveniente de poços. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 108 Vigilância em Saúde As enchentes contaminam a água e os alimentos, principalmente quando ocorre à desestruturação da rede de esgoto e, muitas vezes os lixos acumulados auxiliam na proliferação de ratos baratas e mosquitos, animais com grande potenciais para transmitir diversos tipos de doenças. A leptospirose é uma das doenças mais frequente nas ocasiões de enchentes. Observamos agora alguns cuidados necessários para não adquirir leptospirose: Ao optar por um lugar para residir, cientificar-se sobre a frequência de inundações e evitar locais sujeitos a inundações frequentes. - Em caso de utilização de água de poços ou coletada diretamente de rios ou lagoas utilizar tratamento a base de cloro tanto para o consumo como no preparo de alimentos. - Os alimentos devem ser protegidos em recipientes e locais à prova de ratos. - Acondicionar o lixo domiciliar em sacos plásticos fechados ou latões com tampa. Se não possuir a coleta do lixo, ele deve ser selecionado um lugar apropriado para seu destino final que permita o aterramento ou a incineração periódica. A acumulação de lixo e entulho em quintais e terrenos baldios induz à proliferação de ratos. O derramamento de lixo em córregos ou rios promove a ocorrência de inundações. Quando as chuvas proporcionarem enchentes, evite a exposição inútil à água ou à lama contaminada. Algumas medidas são importantes na prevenção contra leptospirose: - se as água das inundações atingirem as residências deve ser realizada a limpeza imediatamente, com todo cuidado para não contaminar com a bactéria; - fazer a limpeza de fossas e bueiros; - executar a remoção de fezes e urina de animais de estimação. - Empregar hipoclorito de sódio (água sanitária) de 2 a 2,5%, de acordo com as recomendações do fabricante, para limpeza de: - locais onde são criados animais de estimação e de residências, após uma inundação. Figura 54: Exemplo de transmissão da leptospirose pela inundação. Fonte: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/ leptospirose/doenca-sintomas-bacteria-enchentes-agua-contaminacao.shtml>. Acesso em 17/01/2011. Precisamos ressaltar a importância da limpeza da caixa d’água. Ela deve ser limpa e desinfetada a uma solução de água sanitária, da seguinte forma: - deve-se esvaziar e lavar a caixa d’água, é importante que esfregue bem o fundo e as paredes laterais; - após a limpeza adicione 1 litro de água Entomologia, Roedores e Esquistossomose 109 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes sanitária para cada 1.000 litros de água no depósito; - posteriormente, encha a caixa d’água com água limpa, após o enchimento feche o registro; - depois de meia hora, abra as torneiras por alguns segundos para que essa água misturada com água sanitária entre na tubulação; - aguarde uma hora e trinta minutos para que se faça a desinfecção; - abra novamente as torneiras, para drenar toda a água. A água que sai pelas torneiras pode servir para a limpeza de chão e paredes. - Encha novamente a caixa com água limpa. Precisamos ressaltar que não se pode usar medicamento para febre ou dor que tenha como base o ácido e o acetilsalicílico chamados de Aspirina, Melhoral, AAS e outros parecidos. Esses remédios proporcionam aumento de sangramentos. Também deve ter cuidado com os antiinflamatórios como Voltaren e Profenid, pois possibilitam a ocorrência de risco e de efeitos colaterais, como hemorragia digestiva e reações alérgicas. O melhor meio para evitar os primeiros da leptospirose, procure imediatamente um médico. Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Leptospirose doença transmitidas por roedores; • Tratamento da leptospirose; • A transmissão e medidas de proteção contra a leptospirose; • Sugestão para áreas com risco de transmissão de leptospirose. Atividades de aprendizagem 1. Faça um comentário sobre o significado da leptospirose? 2. Quais são os transmissores da leptospirose? 3. Como as pessoas devem se prevenir contra a leptospirose? Faça um comentário. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 110 Vigilância em Saúde AULA 1 Alfabetização Digitaloutras doenças cauAula 15 – Roedores: sadas por ratos Objetivos • Identificar outras principiais doenças de transmissão dos ratos; • Descrever a peste bubônica e sua influência; • Reconhecer a importância do tifo murino e febre da mordida do rato; • Definir a importância das doenças como triquinose, raiva, salmoneloses, sarnas e micoses e hantavirose. 15.1 Peste bubônica e sua influência Falaremos agora sobre a peste bubônica que é causada pela bactéria Yersinia pestis (ex-Pasteurella pestis) é uma das doenças mais antigas que agonizam a humanidade. A peste é uma doença transmitida por vetores, o que significa que necessita de um hospedeiro vivo para transmiti-la de um animal para o outro. Na maioria dos casos, uma determinada espécie de pulga chamada de Xenopsylla cheopsis que é o vetor. É transmitida pela pulga-do-rato, Xenopsylla cheopsis. Ainda chamada de “peste negra” ou “morte negra”, a peste bubônica eliminou milhões de pessoas na Europa e Ásia na Idade Média. Naquela ocasião, o agente transmissor da doença vivia no rato-de-telhado. A peste bubônica foi uma doença terrível, no entanto, atualmente não tem a mesma gravidade daquela época. Embora a peste bubônica continue matando pessoas na Índia, Paquistão, Bangladesh e até mesmo no Brasil, especialmente no Nordeste. Ainda conhecida como a pulga oriental de rato, Xenopsylla cheopsis escolhe se alimentar do sangue de ratos e outros roedores, que podem transmitir a doença. A pulga oriental de rato tem uma qualidade física que a torna bastante dinâmica na transmissão da peste. O sistema digestivo dela pode ficar obstruído por uma grande quantidade de bactérias da peste. Quando uma pulga obstruída pica um hospedeiro, ela costuma regurgitar o sangue infectado com peste dentro da ferida. As pulgas que não tendem a ficar obstruídas, como a pulga humana, ainda podem transmitir a peste levando a bactéria em suas bocas. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 111 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Figura 55: A pulga-do-rato chamada de Xenopsylla cheopsis. Fonte: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/ leptospirose/doenca-sintomas-bacteria-enchentes-agua-contaminacao.shtml>. Acesso em 17/01/2011. Bubão: que significa íngua. É possível destacar que depois de a pulga infectada picar o hospedeiro, as bactérias suprimem a resposta inflamatória natural do corpo. Elas também usam proteínas para se proteger contra o sistema imunológico. Por esses motivos, a pessoa não percebe imediatamente que algo está errado. As bactérias utilizam uma carona até o nódulo linfático mais perto empregando os glóbulos brancos para transportá-las. Assim que as bactérias conseguem um nódulo linfático, elas se multiplicam. Em motivo da grande quantidade de bactérias e de endotoxinas em suas paredes celulares, o nódulo linfático começa a inchar. Em poucos dias, o nódulo se torna um bubão dolorida e do tamanho de um ovo. É importante destacar que os organismos humanos com suas defesas imunológicas naturais agem e causam neles uma febre alta, com intuito de matar as bactérias. Os sintomas mais comuns da peste bubônica são dor muscular, calafrios, e fraqueza também são comuns. 15.2 Importância do tifo murino Informamos que o tifo murino é conhecido como febre murina. É transmitido ao homem pela picada da pulga-do-rato infectada pela bactéria Rickettsia mooseri. Os ratos são os principais vetores da doença causada pela bactéria. Assim como acontece na peste, o tifo murino é transmitido para o homem quando há um grande número de roedores contaminados (epizootia), o que obriga a pulga Xenopsylla cheopsis a buscar novos hospedeiros. A doença é comum em várias ilhas e zonas portuárias do mundo. No Brasil, ela já foi descrita nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. A evolução do tifo murino é basicamente a mesma do exantemático, embora ele seja mais brando e apresente complicações menos frequentes. Como as demais infecções causadas por rickettsias, o tifo murino é tratado com antibióticos. Para combater a doença, é necessário manter condições adequadas de higiene e controlar a proliferação de ratos. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 112 Vigilância em Saúde 15.3 Febre da mordida do rato Analisamos que a febre da mordida do rato é transmitida pela mordida do rato, quando ele é infectado pelo Spirillum minus. Os ratos mordem principalmente crianças e idosos que estejam confinados aos seus leitos. A transmissão ocorre pela saliva do rato. Spirillum minus provoca uma forma de febre da mordedura do rato. É um microorganismo espiralado duro e muito pequeno que é transportado por ratos em todas as partes do mundo. Ele é inoculado nos seres humanos através da mordida do rato e, resultam numa lesão local e linfadenopatia regional, erupção cutânea e febre do tipo periódico. Pode-se isolar o Spirillum através de material coletado de linfonodos aumentados ou do sangue. É importante esclarecer que o tratamento febre da mordida do rato pode ser realizado com antibióticos como penicilina e tetraciclina, apesar de não erradicarem a infecção. Como medida profilática pode-se usar a doxicilina. 15.4 Importâncias das doenças como triquinose, raiva, salmoneloses, sarnas e micoses e hantavirose Observamos agora a triquinose é causada pela Trichinella spiralis. Os suínos ingerem as fezes ou cadáveres de ratos infectados, e o homem pode se contaminar pela ingestão de carne meio crua desses suínos. Por isso, a carne deve ser bem cozida ou assada, para matar as larvas de triquina. Lembramos que hoje em dia, acredita-se que os roedores são incapazes de transmitir o vírus rábico. São raríssimos os casos humanos transmitidos por algum deles. Animais não mamíferos como lagartos, peixes e pássaros não transmitem raiva. Avisamos agora que as bactérias salmonelas causam envenenamentos alimentares, como graves gastroenterites. As ratazanas são muito apontadas pela contaminação dos alimentos, especialmente por visitar ambientes com muita salmonela, como os esgotos. O homem adquire a doença ingerindo alimentos contaminados. Precisamos deixar claro que as sarnas e micoses são os efeitos da ação de ectoparasitos. Ocorrem no homem e nos animais. Os ratos disseminam mecanicamente esses agentes causadores. Para hantavirose os ratos também podem transmitir o hantavírus pela urina e saliva. É importante informar que o agente causa uma virose mortal. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 113 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Peste bubônica e sua influência; • Importância do tifo murino; • Febre da mordida do rato; • Importâncias das doenças como triquinose, raiva, salmoneloses, sarnas e micoses e hantavirose. Atividades de aprendizagem 1. Como a peste bubônica é transmitida para o homem? 2. O rato contaminado que se faz a transmissão do tifo murino? Faça o comentário. 3. A febre da mordida do rato é menos importante que as demais doenças, por isto devem desprezar os ratos? Justifique. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 114 Vigilância em Saúde AULA 1 Alfabetização Digital Aula 16 – Esquistossomose causada pelo Schistosoma mansoni Objetivos • Entender a transmissão dos platelmintos ao homem e a distribuição Biomphalaria glabrata, no país. • Listar as doenças causadas por platelmintos ao homem; • Explicar o modo de transmissão da esquistossomose. 16.1 Doenças causadas por platelmintos ao homem Podemos confirmar que Schistosoma mansoni é o agente etiológico, agente que causa a doença da esquistossomose mansoni. É um verme platelminto, da classe dos trematódeos, família dos esquistossomídeos, digenético é provido de duas ventosas e, sexuado, parasita do homem e de alguns mamíferos masurpiais como exemplo o gambá, em cujas veias do sistema portal localizam-se os vermes adultos. A veia porta como intestino delgado, cólons, baço, estômago e outros órgãos. Ainda pode utilizar veia porta ou veia portal. Falaremos agora sobre a esquistossomose é uma infecção causada por verme parasita da classe Trematoda que ocorre em diversas partes do mundo de forma não controlada (endêmica). Há 200 milhões pessoas com esta parasitose em todo o mundo. Esta doença é endêmica em várias regiões tropicais e subtropicais do globo terrestre, com estimativas de mais de 200.000 mortes por ano. Os parasitas mais importantes desta classe são Schistosoma mansoni, S. japonicum e S. hematobium; eles variam como agente causador da infecção conforme a região do mundo. No Brasil, a esquistossomose é causada pelo Schistosoma mansoni. O homem é o reservatório principal e definitivo do parasita é a partir de suas fezes que os ovos são espalhados na natureza. Possui ainda um hospedeiro intermediário que são os caramujos ou caracóis do gênero Biomphalaria, cujas principais espécies são Biomphalaria glabrata, B. straminea e B. tenagophila, onde os ovos passam a forma larvária (cercária). A cercária dispersa especialmente em águas não tratadas, como lagos, infecta o homem pela pele causando uma inflamação. Há reservatórios ainda nos animais como macacos, roedores e cães que também são infectados. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 115 Veia porta: é aquela que dirige, ao fígado, o sangue venoso originário de vários órgãos abdominais e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Figura 56: Mapa do mundo com os países que têm as espécies de Schistosoma. Fonte: Disponível em: <http://www.cpqrr.fiocruz.br.81/labes/imagens/esquistossomose./ xisto_ mapamundies.jpg>. Acesso em 22/01/2011. Caro aluno é importante saber que dependendo da espécie de Schistosoma, o verme primeiramente se localiza nos vasos sanguíneos da bexiga para Schistosoma haemotobium; Schistosoma japonicum aloja-se no intestino. Já Schistosoma mansoni encontra-se alojado no fígado e no intestino. É possível destacar que Schistosoma mansoni é endêmico em toda a África subsaariana, incluindo Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. Existe no Egito, S. hematobium que é mais importante. No Brasil, Schistosoma mansoni é o mais significativo, ele veio, provavelmente da costa ocidental da África para a região Nordeste do país com o tráfico de escravos e a imprópria exploração dos recursos hídricos. Dessa forma, a esquistossomose chegou às Américas Central e do Sul possivelmente com os escravos africanos e ainda hoje atinge vários Estados brasileiros, principalmente os do Nordeste. É interessante que atualmente a estimativa prevalece que há mais de dez milhões de pessoas infectadas com a esquistossomose, com 60 a 80 % morando nessa região. A doença também existe na região Sul, porém é rara na Amazônia. É importante diferenciar as espécies, pois Schistosoma haemotobium proporciona esquistossomíases urinária e Schistosoma mansoni a esquistossomíases intestinais. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 116 Vigilância em Saúde Figura 57: Mapa do Brasil com distribuição da esquistossomose. Fonte: Disponível em: <http://www.cpqrr.fiocruz.br.81/labes/imagens/esquistossomose./ xisto_ mapamundies.jpg>. Acesso em 22/01/2011. 16.1.1 Distribuição Biomphalaria glabrata no país É possível destacar que os caramujos hospedeiros intermediários são os moluscos do gênero Biomphalaria. Sua distribuição envolve os Estados de Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe. Biomphalaria tenagophila é comumente sulina, sua distribuição alcança os Estados de Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe. A distribuição geográfica mais extensa é de Biomphalaria straminea que compreende todos os sistemas de drenagem do território brasileiro, sendo a espécie importante na transmissão da esquistossomose no Nordeste do Brasil. Ocorre nos Estados do Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 117 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 16.1.2 Modo de transmissão da esquistossomose Caro aluno, é importante saber que não existe vetor envolvido na transmissão da esquistossomose. A transmissão dessa doença se dá por meio da penetração ativa da cercária na pele do ser humano. As cercarias, depois Ta infecção, desenvolvem-se para uma forma parasitária primária nomeada de esquistossômulo, que se inicia o processo de migração, via circulação sanguínea e linfática (ver o ciclo mais a frente). Podemos alegar que a esquistossomose passou de doença rara a problema sério com o desenvolvimento da agricultura. O costume dos agricultores de fazer as plantações e trabalhos de irrigação com os pés descalços e expostos na água parada beneficiou a disseminação dos parasitas, e tornou uma doença crônica. Segundo alguns relatos, essa doença foi descrita cientificamente pela primeira vez em 1851 pelo médico alemão T. Bilharz, que lhe dá o nome alternativo de bilharzíase. Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Doenças causadas por platelmintos ao homem; • Distribuição Biomphalaria glabrata no país; • Modo de transmissão da esquistossomose. Atividades de aprendizagem 1. Sabemos que esquistossomose é uma doença endêmica em vários países das regiões tropicais e subtropicais do globo terrestre, de acordo com as pesquisas, são estimadas mais de 200.000 mortes por ano. a) Qual é o agente que causa a esquistossomose? b) Este agente é um artrópode? Justifique. 2. Os ovos do parasita (Schistosoma mansoni) eclodem e passam para a forma larvária chamada de cercária. A cercária dispersa especialmente em águas tratadas, como rios, ribeirões e cachoeiras, infecta o homem pela pele causando uma inflamação. A frase está correta ou errada. A partir desta frase, qual é a sua contribuição para a população já que você está no curso Técnico em Vigilância em Saúde? 3. Os caramujos ou caracóis do gênero Biomphalaria, cujas principais espécies são Biomphalaria glabrata, B. straminea e B. tenagophila, que são hospedeiro intermediário. No Brasil, qual é o vetor mais importante. A frase está correta? Justifique. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 118 Vigilância em Saúde AULA 1 Alfabetização Digital Aula 17 – Esquistossomose: transmissão e ciclo do Schistosoma mansoni Objetivos • Reconhecer a transmissão e os sintomas de Schistosoma mansoni; • Explicar o ciclo do Schistosoma mansoni; 17.1 Transmissão e ciclo do Schistosoma mansoni Observamos que no homem Schistosoma mansoni desenvolve e se abriga nas veias do intestino e do fígado causando sua obstrução, sendo esta a causa da maioria dos sintomas da esquistossomose que pode ser crônica e levar a morte. Os sexos do Schistosoma mansoni são separados. Eles são dióicos com dimorfismo sexual. O macho mede de 6 a 10 mm de comprimento e 0,5 mm de diâmetro. É mais forte e tem um sulco ventral, o canal ginecóforo, que abriga a fêmea durante o acasalamento. A fêmea é mais comprida com 15 mm e mais fina que o macho. Após a postura dos ovos, a fêmea estira-se do sulco do macho ou o abandona. Os ovos depositados perfuram a parede intestinal, causando sangramento e passam dessa maneira para o interior do intestino e daí para o meio externo junto com as fezes. Ambos possuem ventosas de fixação, localizadas na extremidade anterior do corpo e que facilitam a adesão dos vermes às paredes dos vasos sanguíneos. Figura 58: Schistosoma mansoni macho e fêmea durante a cópula. Fonte: Disponível em: <http://Resumos.webnode.com.br/Resumos/ensino-medio/a2%C2%AA%20 serie/a4%C2%BA%20bimestre/biologia/>. Acesso em 22/01/2011. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 119 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Hermafroditos? são indivíduos que possuem tanto testículos como ovários É importante cientificar que em cada proglótide existe o sistema reprodutor masculino e feminino. Esses animais são, portanto, hermafroditos. Depois que ocorre a fecundação, o útero enche-se de ovos, dando à proglótide a aparência gravídica. São as proglótides gravídicas que se desprendem, sendo eliminadas com as fezes humanas. Os cestódeos não apresentam sistema digestivo, recebendo o alimento já digerido pelo hospedeiro. O alimento é incorporado pela superfície do corpo do parasita. Consideremos que Schistosoma mansoni adultos repousam no interior das veias do interior do fígado. Durante o acasalamento, dirigem-se para as veias da parede intestinal efetuando, portanto, o caminho contrário ao fluxo do sangue. Lá chegando, eles separam-se e a fêmea dá início a postura de ovos, geralmente mais de 1.000 por dia, em veias de pequeno calibre que ficam próximas a parede do intestino grosso. Os ovos ficam enfileirados e cada um possui um pequeno espinho lateral. Cada um deles produz enzimas que perfuram a parede intestinal e um a um vão sendo liberados na luz do intestino. Os ovos misturados com as fezes alcançam o meio externo, água doce em condições adequadas, principalmente de temperatura e luz. Caindo em meio apropriado, como lagoas, açudes e represas de água parada, cada ovo se eclodem em uma larva ciliada chamada miracídeo, que permanece vivo por apenas algumas horas. Fora do hospedeiro intermediário que é o caramujo, normalmente, o miracídio não sobrevive além de um dia. De acordo com algumas pesquisas os ovos mansônicos, em fezes, sobrevivem naturalmente por três dias, metade sobrevive por seis dias e nenhum por mais de oito dias, em temperaturas na faixa de 24 a 32°C. É necessário para continuar o seu ciclo vital, cada miracídio mansônico necessita entrar em um caramujo do gênero Biomphalaria, espécie de água doce. No Brasil, existem 3 espécies B. glabrata, B. straminea e B. tenagophila. No interior do caramujo, o miracídeo perde os cílios e passa por um ciclo de reprodução assexuada que gera cerca de 200 esporocistos que vão produzir novas larvas de cauda bifurcada chamadas cercária, depois de 30 dias. Cada miracídeo pode originar até 1000 cercárias. Figura 59: Caramujo hospedeiro do verme parasita Schistosoma mansoni, causador da doença. Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=Ciclo+de+vida+de+Sch istosoma+mansoni.&um=1&ie=UTF-8&source=univ&ei=WRRDTe2bFMP3gAf3tcWyAQ&sa=X&oi=i mage_result_group&ct=title&resnum=4&ved=0CDwQsAQwAw&biw=1004&bih=583>. Acesso em 19/01/2011. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 120 Vigilância em Saúde Existem caramujos que vivem, principalmente, em pequenas porções de água doce de córregos, riachos, valas e açudes onde há pouca correnteza e bastante quantidade de matéria orgânica e que haja luz solar e pouca poluição como riachos de pequena declividade e fundo arenoso, valas de irrigação, alagadiços, e outros locais. Figura 60: As três espécies caramujo do gênero Biomphalaria, B. glabrata, B. straminea e B. tenagophila existente no Brasil. Fonte: Disponível em: <http://www.saude.ce.gov.br/site/index.php?view=article&catid= 78%3Acontrole-de-zoonoze-vetores&id=87%3Aesquistossomose-mansonica&option=com_ content&Itemid=235>. Acesso em 19/01/2011. Pode-se afirmar que as cercárias após penetração no caramujo, em 48 horas, modificam-se em esporocistos primários, possuindo em seu interior as células germinativas. O tempo de vida dos esporocistos é de 18 a 21 dias. A partir do 14o dia de penetração do miracídio, dentro do esporocisto primário, inicia-se a formação dos esporocistos secundários ou rédias, que também tem um aglomerado de células germinativas. As rédias sofrem uma série de modificações, principalmente em seu crescimento e em seu interior, onde se dá o complicado processo de formação de uma grande quantidade de cercárias, pois cada miracídio que infesta o caramujo poderá derivar no final da transformação uma soma de mais de 10 mil cercárias. É importante destacar que no fim de 25 a 30 dias, podendo ir alguns dias a mais, dependendo da temperatura da água em que vive o caramujo e também da própria espécie deste, daí as cercárias iniciarem saída das rédias, com taxa aproximada de mil por dia, durante cerca de duas semanas no caso da mansônica, e nadam em busca dos hospedeiros vertebrados. As cercárias permanecem vivas de 2 a 3 dias. Elas abandonam o caramujo e tornam-se livre-natantes, nesse período, as cercárias precisam penetrar através da pele do homem por meio de movimentos ativos e utilizando enzimas digestivas que abrem caminho entre as células da pele humana, contaminado-o. No local de ingresso, é comum haver coceira. As cercárias são levadas pela corrente sanguínea ao fígado. E, enfim, desenvolvem-se nas formas adultas no interior das veias do interior do fígado, assim que ocorrer o acasalamento, os parasitas adultos dirigem-se para as veias da parede intestinal onde permanecem constantemente acasalados, vivendo em média dois anos, mas em determinadas situações até 30 anos, reiniciando o ciclo. Cada fêmea tem a capacidade produzir, em média, 300 ovos por dia, apenas 20% desses ovos caem no tubo intestinal e são eliminados com as fezes; porém, o restante dos ovos são retidos pelos tecidos, após serem carreados pelos vasos sanguíneos, dando origem aos granulomas (massa de tecido não Entomologia, Roedores e Esquistossomose 121 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes tumoral, com características proliferativas, fibrosantes e degenerativas, que se desenvolve, muitas vezes, em diferentes inflamações crônicas). Do momento da penetração da cercária até o início da produção de novos ovos completa-se um intervalo em torno de 1 a 2 meses denominado de período de incubação. Figura 61: Ciclo de vida de Schistosoma mansoni - Ciclo no homem (hospedeiro definitivo - HD) e o ciclo no caramujo (hospedeiro intermediário - HI). Fonte: Disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Esquisto.html>. Acesso em 22/01/2011. Em áreas endêmicas há uma predominância de infecção na faixa etária de 5 a 20 anos, simplesmente explicável, nessa idade o sujeito se expõe às águas contaminadas, primeiramente por ingenuidade e posteriormente pela impetuosidade da juventude. Os adultos mais suscetíveis a contaminações serão aqueles profissionais que operam em atividades que conserva o corpo em contato com a água infectada, como por exemplo, plantadores de arroz, lavadeiras de roupa, pescadores e outros mais. De acordo com algumas pesquisas, as pessoas que forem mais cuidadosas na higiene corporal, poderão ter mais chances de contaminação em áreas infectadas que, em comparação com os indivíduos que menos tomam banhos. A contaminação ainda pode ser influenciada pelas variações climáticas. Épocas de frios desfavorecem a reprodução dos caramujos e a parte do ciclo fora dos hospedeiros. Em caso de enchentes diminui as ocorrências, porque dissolve ou limpa as águas contaminadas, enquanto que nas épocas das secas concentram as massas d’água, agravando a situação. Secas prolongadas podem desaparecer as fontes superficiais de águas contaminadas, favorecendo, pois, o controle de Schistosoma mansoni e do caramujo. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 122 Vigilância em Saúde A batalha ao caramujo hospedeiro intermediário da doença seria teoricamente a medida mais efetiva de luta contra a esquistossomose. Entretanto, ele tem a preferência aquática, este molusco é bastante inconstante em suas condições de sobrevivência e de fácil reprodução. Na falta de água nos rios e lagos, o caramujo é capaz de continuar a viver por meses, escondido nas margens secas e sob a terra. Ainda não são afetados pela altitude, podendo ser encontrado em áreas tanto ao nível do mar como em localidade superior a dois mil metros de altura. A velocidade de escoamento, a temperatura da água e a presença de vegetação adequada favorecem o imediato crescimento da população de caramujos. 17.1.1 Sintomas da esquistossomose Podemos dizer que a esquistossomose tem uma fase aguda ou fase inicial, no momento da contaminação com penetração do parasita, e outra fase crônica. A disseminação das larvas pelo sangue e divisão nos pulmões depois no fígado ativa o sistema imunitário, pode proporcionar manifestações clínicas como coceiras e dermatites, febre, inapetência (anorexia), mal estar, cefaléias (dores de cabeça), tosse, diarréia, astenia (fraqueza), dor abdominal, enjôos, vômitos e emagrecimento. Na fase crônica, que se inicia aproximadamente com dois meses, com a maturação, crescimento e emparelhamento das formas adultas dos vermes. Comumente, assintomática episódios de diarréia podem alternar-se com períodos de obstipação e a doença pode passar para um quadro mais grave com aumento do fígado (hepatomegalia) e cirrose, aumento do baço (esplenomegalia), hemorragias causadas por rompimento de veias do esôfago, e ascite ou barriga d’água, isto é, o abdômen fica dilatado e acentuado porque escapa plasma do sangue. É importante notar que na fase crônica da esquistossomose começa, aproximadamente com dois meses, com a maturação, crescimento e emparelhamento das formas adultas. Comumente, assintomáticos episódios de diarréia podem modificar com períodos de obstipação. Obstipação: é prisão de ventre. Figura 62: Indivíduo com abdômen dilatado com ascite ou barriga d’água. Fonte: Disponível em: <http://www.saude.ce.gov.br/site/index.php?view=article&catid= 78%3Acontrole-de-zoonoze-vetores&id=87%3Aesquistossomose-mansonica&option=com_ content&Itemid=235>. Acesso em 22/01/2011. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 123 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Transmissão e ciclo de Schistosoma mansoni; • Sintomas da esquistossomose. Atividades de aprendizagem 1. Os sexos do parasita da esquistossomose são juntos. Eles são monóicos com dimorfismo sexual. A fêmea mede de 6 a 10 mm de comprimento e 0,5 mm de diâmetro. É mais forte e tem um sulco ventral, o canal ginecóforo, que abriga o macho durante o acasalamento. A frase está correta? Dê sua resposta. 2. O que ocorre após a fecundação do parasita da esquistossomose e sua importância? 3. Seria bom reduzir bastante a população dos hospedeiros (Biomphalaria), com isso, ocorreria também a redução da esquistossomose. Quais são as limitações para combater o caramujo (hospedeiro intermediário da doença)? e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 124 Vigilância em Saúde AULA 1 Aula 18 – Esquistossomose: profilaxia, Alfabetização Digital diagnóstico, tratamento e controle da esquistossomose Objetivos • Identificar profilaxia, diagnóstico e tratamento da esquistossomose; • Reconhecer a prevenção e controle da esquistossomose. 18.1 Profilaxia da esquistossomose É importante saber sobre a educação em saúde, as ações de educação em saúde devem anteceder e seguir todas as atividades de controle e serem fundamentadas em estudos do comportamento das populações em risco. A orientar a população, quanto às atitudes pelas quais se previne as doenças transmissíveis é um fator imprescindível para o sucesso de qualquer programa de controle. Desempenhadas pelos agentes de saúde e por profissionais das unidades básicas, é direcionada à população em geral com atenção aos escolares residentes nas áreas endêmicas. Educação sanitária informando a população sobre a doença e saneamento básico com esgotos e água tratada. Erradicação dos caramujos que são hospedeiros intermediários da doença. Proteção dos pés e pernas com botas de borracha com solado antiderrapante. Informar a população das medidas profiláticas da doença. Evitar entrar em contato com água que contenha caramujos. No tratamento dos doentes e proteção do homem são medidas de controle da endemia devem ser tomadas: Pelos órgãos competentes - implantação e tratamento adequado de esgotos sanitários; - aterros, drenagens e retificação de valas e córregos; - controle periódico de valas de irrigação e barragens; - limpeza e retirada da vegetação das margens de coleções hídricas. Falando um pouco mais sobre educação sanitária informar a população sobre a doença e saneamento básico como esgotos e água tratada. Pela população - construir e usar fossas sanitárias e não evacuar próximo, a lagoas, rios, córregos, represas ou outros locais com água; - usar a água não contaminada para fim doméstico - ferver a água ou deixar descansar de um dia para o outro; - evitar banhos, pescaria, natação e lavagem de roupa em rios, lagoas, córregos e outras coleções de água. - utilizar equipamentos de proteção como luvas e botas de borracha no trabalho em contato com águas suspeitas ou contaminadas; - retirar a vegetação e limpar as margens de ajuntamento de águas; - impedir o lançamento de dejetos humanos em coleções de água; - divulgar as medidas de prevenção junto aos seus grupos sociais e, - organizar grupos para obtenção de medidas de controle do meio ambiente. Situação do Agravo no Município – não há registros de casos notificados de Esquistossomose no Município. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 125 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 18.2 Diagnóstico da esquistossomose Consideremos que para diagnosticar a pessoa suspeita de estar com esquistossomose, é melhor ter a informação de que ela esteve em área onde há muitos casos dessa doença (zona endêmica), juntamente com a observação dos sintomas e sinais apresentados anteriormente. Para melhor esclarecimento é melhor que se façam exames de urina e fezes para comprovar a presença de ovos do parasita, podendo ainda, fazer exame por meio de pequenas amostras de tecidos de alguns órgãos (biópsias da mucosa do final do intestino) são definitivas. Mais recentemente se dispõe de exames que detectam, no sangue, a presença de anticorpos contra o parasita que, são úteis naqueles casos de infecção leve ou sem sintomas. 18.2.1 Tratamento da esquistossomose Precisamos ressaltar que antes de iniciar o tratamento é essencial tomar mediadas simples de prevenção contra a doença, evitar o contato com a água contaminada por caramujos que podem ser portadores das larvas da esquistossomose, e a eficácia no saneamento público e combate ao caramujo hospedeiro e o tratamento da água e das fezes são as principais medidas de prevenção, e também o tratamento efetivo dos portadores para que não seja fonte disseminadora do verme no ambiente. É importante que não se deixe que as fezes humanas alcancem os reservatórios de água. A promiscuidade no uso da água, principalmente pelas crianças mal cuidadas, é um dos fatores de favorecimento à seqüência do ciclo da esquistossomose. Figura 63: Água contaminada por caramujos portadores das larvas da esquistossomose Fonte: Disponível em: <http://pe360graus.globo.com/noticias/cidades/saude/2010/07/14/ NWS,516769,4,62,NOTICIAS,766-AGENTES-SAUDE-PALMARES-RECEBEM-TREINAMENTO-COMBATERESQUISTOSSOMOSE.aspx>. Acesso em 23/01/2011. 18.2.2 Atividades para o controle da esquistossomose A esquistossomose pode ser curável, mas as lesões já causadas não são recuperáveis. O tratamento da doença pode ser feito com medicamentos e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 126 Vigilância em Saúde específicos que combatam Schistosoma mansoni, utilizando alternativa com antiparasitários, substâncias químicas que são tóxicas ao parasita. Atualmente existem três grupos de substâncias que eliminam o parasita, contudo a medicação de escolha é o Oxaminiquina ou Praziquantel recomendadas pela Organização Mundial da Saúde ou, que se toma sob a forma de comprimidos na maior parte das vezes durante um dia. Portanto, é satisfatório para eliminar o parasita, o que é importante, pois elimina dispersão dos ovos dessa espécie no meio ambiente. Naqueles casos de doença crônica é necessário tratamento específico. Entretanto, educação sanitária, saneamento básico, controlar os caramujos e informação sobre a maneira de transmissão da doença são medidas absolutamente essenciais para prevenir a esquistossomose. 18.2.3 Recomendação, prevenção e controle da esquistossomose Vigilância epidemiológica tem como objetivos reduzir a ocorrência de formas graves e óbitos; reduzir a prevalência da infecção e diminuir o risco de expansão geográfica da esquistossomose. Com a finalidade de impedir a instalação de focos urbanos, é importante conservar a vigilância ativa nas periferias das cidades, em virtude do grande fluxo migratório de pessoas procedentes de municípios endêmicos. É essencial a definição de caso suspeito, se houver pessoa residente e/ou, procedente de área endêmica com quadro clínico sugestivo das formas aguda, crônica ou assintomática, com história de contato com águas onde existam caramujos, tentar eliminar as cercárias. Todo caso suspeito deve ser submetido a exame parasitológico de fezes. Falaremos agora sobre a notificação - a esquistossomose é doença de notificação compulsória nas áreas não endêmicas, segundo a Portaria SVS/MS no 5, de 21 de fevereiro de 2006. Contudo, recomenda-se que todas as formas graves na área endêmica sejam notificadas. Também todos os casos diagnosticados na área endêmica com focos isolados como nos Estados do Pará, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Distrito Federal e Rio Grande do Sul. Os casos confirmados necessitam ser notificados e investigados através da ficha de investigação de caso de esquistossomose, do Sinan. Nas áreas endêmicas, é utilizado o Sistema de Informações do Programa de Vigilância e Controle da Esquistossomose (SISPCE), para os registros de dados operacionais e epidemiológicos dos inquéritos coproscópicos. É preciso que esteja atento ao saneamento ambiental e às normas básicas de higiene. As pessoas devem evitar o contato com a água represada ou de enxurrada que pode estar infestada pelo parasita; combater os caramujos de várias maneiras diferentes: por controle biológico, químico e das condições do meio ambiente. Como seu habitat natural preferido são lugares com pouca água e sem correnteza, algumas medidas podem ser tomadas como drenar, aterrar ou aumentar a velocidade da água na área em que vivem. O controle biológico pode ser exercido por animais que se alimentam dos caramujos como peixes, patos, etc. O controle químico pode ser usado Entomologia, Roedores e Esquistossomose 127 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes moluscocidas que são relativamente inativos para o homem, mas devem ser manejado com doses e critério, porque são perigosos para peixes e outros vertebrados. Por este motivo os moluscocidas são mais indicados para o emprego em canais de irrigação, obviamente, pois estes canais normalmente não são criadouros de peixes e nem bebedouros de animais, desvantagem do produto que há uma tendência dos caramujos adquirirem resistência quando do uso prolongado. Usar roupas adequadas, botas e luvas de borracha se tiverem que entrar em contato com águas supostamente infectadas pelo caramujo. Cabem às autoridades sanitárias a extermínio do habitat das larvas e o trabalho de avisar a população do risco da doença. Isso não isenta ninguém da responsabilidade de alertar as pessoas, principalmente as que vivem em áreas presumidamente infectadas. Figura 64: Água parada habitat natural e preferido dos caramujos Fonte: Disponível em: <http://www.cpqrr.fiocruz.br:81/labes/paginas/pagina_interna_disc. asp?cod_menudisc=17&cod_submenu=9>. Acesso em 22/01/2011. Por se tratar de doença de acometimento mundial e endêmica em diversos locais do globo terrestre, os órgãos de saúde pública como OMS (Organização Mundial de Saúde) e Ministério da Saúde têm programas ajustados para controlar a esquistossomose. Essencialmente as táticas para controle da doença baseiam-se em identificação e tratamento de portadores. Entre eles estão: saneamento básico de esgoto e tratamento das águas, além de combate do molusco hospedeiro intermediário e a educação em saúde. Agindo assim, o controle da morbidade (controle da doença) que significa a redução da gravidade, especialmente evitando ou diminuindo o aparecimento da forma hepatoesplênica podendo ser conseguido somente através do tratamento específico, e o controle da transmissão que reduz a infecção humana e a do caramujo, visando interromper o ciclo do parasita, para o qual o tratamento é insuficiente. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 128 Vigilância em Saúde Figura 65: Utilize um banheiro com rede de esgoto Fonte: Disponível em: <http://biologiavivaliceu.blogspot.com/2010/03/invertebrados.html>. Acesso em 22/01/2011. Consideremos que os helmintos transmitidos pela água parada, para isto são necessários haver uma significante redução da contaminação ambiental, com melhoramento nas práticas e condições de higiene e atitudes das pessoas, tanto no aspecto pessoal, social e cultural. É importante priorizar a educação em saúde e o saneamento, pois estes são eficazes na obtenção de resultados definitivos contra esquistossomose. Em todo o mundo, um dos pontos-chave destes programas, é aquele relativo ao papel das escolas e das comunidades no controle da endemia. Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Profilaxia da esquistossomose; • Diagnóstico da esquistossomose; • Tratamento da esquistossomose; • Atividades para o controle da esquistossomose; • Recomendação, prevenção e controle da esquistossomose. Atividades de aprendizagem 1. Faça uma correlação sobre controle da esquistossomose e saneamento básico (esgotos e água tratada). 2. O que seria melhor dentro da vigilância epidemiológica para diminuir a ocorrência da esquistossomose de formas graves e óbitos? 3. Que é preciso para ficar atento ao saneamento ambiental e às normas básicas de higiene com relação à esquistossomose? Entomologia, Roedores e Esquistossomose 129 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Aula 19 – Campanhas Alfabetização Digital educativas municipais e fundamentos de saúde pública Objetivos • Conhecer as campanhas educativas municipais e promoção em saúde pública; • Explicar os fundamentos de saúde pública. 19.1 Campanhas educativas municipais promoção em saúde pública Consideremos que as cidades são espaço de vida, onde encontrar-se o convívio entre ao seres humanos e os animais com o meio ambiente. A convivência deve ser harmoniosa entre as pessoas e as diferentes espécies de animais, proporcionando lhes melhor qualidades de vida pelos administradores públicos. Humanizar uma cidade e torná-la ecologicamente correta, para isto, é necessário fazer campanhas educativas municipais que introduza animais que compartilham com os humanos o espaço urbano. Cabe ao órgão municipal a responsabilidade pelo controle de zoonoses. Uma das formas de controle de zoonoses é utilizar campanhas educativas com intuito de conscientização da população a respeito das doenças transmissíveis pelos animais. As campanhas educativas municipais, podendo, para tanto, contar com parcerias de entidades governamentais e não governamentais e, empresas públicas e, ou, privadas, universidades, entidades de classe e outras entidades afins. É importante informar que meios de comunicação são importantes aliados nas campanhas educativas municipais, além de contar com material educativo impresso, os programas educativos devem atingir o maior número de pessoas. Considera-se o público alvo das campanhas educativas municipais, partido do princípio de que todos os indivíduos devem ter chances de receber informações que lhes permitem ter condições de participar ativamente de soluções para os problemas de zoonoses. Assim, o órgão municipal responsável pelo controle de zoonoses deve fornecer material educativo para estudantes em geral, do infantil ao universitário, além de professores também as escolas públicas e privadas e, especialmente toda a população. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 131 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Figura 66: Participação da população nas campanhas educativas municipais contra zoonoses Fonte: Disponível em: <http://lagoasantanoticias.com.br/noticias/cidade/774-campanhaeducativa-reforcara-luta-contra-a-dengue-nas-escolas.html>. Acesso em 28/02/2011. Precisamos deixar claro que a vigilância em saúde tem por objetivos: Intensificação de vigilância e fiscalização quanto à fauna urbana como insetos, animais peçonhentos, aves, roedores e outros, em estabelecimentos urbanos; programação de educação em áreas de risco à saúde em regiões predefinidas; programa para reduzir agressão por mordeduras de animais; capacitação de professores da rede municipal de ensino para a abordagem dos problemas relacionados à saúde animal e zoonoses e, monitoramento de zoonoses de importância epidemiológica. É importante saber que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da maioria dos municípios brasileiros desenvolve suas atividades tendo como principal objetivo o controle ou eliminação de zoonoses que são doenças transmitidas entre os animais e o homem. Podemos informar que campanhas educativas municipais têm serviços que visam: Programa de educação em saúde do CCZ; programa de controle da dengue, flebotomíneos e outros insetos; programa de controle de roedores; programa de recolhimento de pequenos animais; campanha de vacinação anti-rábica animal; campanha para conscientização sobre pombos urbanos; atendimento de reclamações de animais sinantrópicos e animais peçonhentos; vacinação contra raiva canina e felina; treinamento aos profissionais da área de saúde e palestras educativas à população; visitas domiciliares para vistoria e orientação sobre o controle de ectoparasitas como carrapatos, pulgas, e outros mais, animais peçonhentos como escorpiões, serpentes, aranhas, etc. e, animais incômodos como morcegos, ratos, caramujos, baratas, etc.; identificação de espécimes animais entregues pela população. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 132 Vigilância em Saúde Precisamos deixar claro que, às vezes, a população procura a equipe de controle de zoonoses para o atendimento de alguns serviços. No entanto, Centro de Controle de Zoonoses não oferece os serviços como: limpeza de terrenos e corte de vegetais; atendimento clínico veterinário com consultas; fornecimento e aplicação de outra vacina que não a anti-rábica; coleta de caramujos ou outros animais incômodos; fornecimento e aplicação de inseticidas para controle de pragas ou raticidas; atividades de fiscalização ou aplicação de multas e outros serviços. Para melhor esclarecimento procurar o CCZ de seu município. Falando um pouco sobre o material do programa de educação permanente que necessita conter algumas informações relacionadas pelo órgão municipal responsável pelo controle de zoonoses: a importância da vermifugação e da vacinação de gatos e cães; castração (esterilização) de gatos e cães para o controle da natalidade e diminuir problemas gerados pelo excesso de população destes animais domésticos; importância do controle de zoonoses; fiscalizar inadequação e, ou, ilegalidade da manutenção de animais silvestres como animais de estimação em centros urbanos; cuidados e manejo dos animais domésticos; legislação que possam amenizar os problemas das zoonoses. Observamos agora sobre a esterilização, por exemplo, uma cadela ou gata, seus descendentes não esterilizados, podem ser responsáveis pela geração de milhares de descendentes num curto período de tempo. Infelizmente não existem lares responsáveis para todos. Precisamos deixar claro como as campanhas educativas municipais são essenciais para a população. Precisamos ressaltar que a carrocinha utilizam para capturar animais que estão soltos nas ruas e levados para os canis municipais. Esses canis são na maioria das vezes precários para abrigar muitos animais, e esse fato, já proporciona maus tratos aos animais apreendidos. Muitas vezes são aprendidos cães sadios que futuramente serão sacrificados. Os CCZs, em várias cidades brasileiras, ainda cometem o extermínio indiscriminado gatos e cães saudáveis sob a razão da prevenção de doenças transmissíveis de animais para os seres humanos, zoonoses. Muitas entidades governamentais e não governamentais são contra o extermínio de animais saudáveis é um procedimento não eficiente e caro para os cofres públicos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). No entanto, a OMS recomenda que em substituição a esse método, como fundamental estratégia a vacinação sistemática nas regiões onde possam ocorrer de risco de zoonoses. A OMS salienta que o controle da população desses animais sadios por meio de captura e esterilização é melhor método aliados à educação da população. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 133 Carrocinha: é o nome comum que é chamado os veículos que os Centros de Controle de Zoonoses (CCZ) e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Figura 67: Cão aprendido pela carrocinha Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?um=1&hl=pt-BR&biw=1003&bih=563&tb s=isch%3A1&sa=1&q=Foto+da+carrocinha+de+caes&btnG=Pesquisar&aq=f&aqi=&aql=&oq=>. Acesso em 02/02/2011. 19.2 Fundamentos de saúde pública É fundamental que haja centro de controle de zoonoses (CCZ) em todos os municípios brasileiros, é um órgão que zela pela saúde pública dos seres humanos e também dos animais. O CCZ está no fato de que, casos as ações fossem desenvolvidas corretamente, teríamos como resultado pessoas e animais os mais saudável. Portanto, o CCZ deve controlar as zoonoses que são infecções e doenças transmissíveis dos animais aos seres humanos, por exemplo, os insetos vetores transmitem doenças patológicas como a Chagas, malária, dengue, febre amarela, elefantíase, leishmaniose e outras. A leishmaniose envolve além do homem, pequenos animais selvagens e cães, que funcionam como reservatórios. As zoonoses devem ser monitoradas com muita atenção, pois outros animais como ratos, animais peçonhentos, morcegos e outros também podem transmitir doenças para o homem. Observamos que a infecção pode ser contraída por meio da ingestão de alimentos contaminados ou diretamente dos animais e, que as doenças no seres humanos podem transformar de um simples sintomas as condições de óbitos. Para precaver casos de zoonoses é essencial identificar que animais e alimentos são as principais fontes das infecções. Ressaltamos que a infecção pode ser contraída por meio da ingestão de alimentos contaminados ou diretamente dos animais e, que as doenças no seres humanos podem transformar de um simples sintomas as condições de óbitos. Para precaver casos de zoonoses é essencial identificar que animais e alimentos são as principais fontes das infecções. Várias doenças infecciosas são causadas por agentes que, direta ou indiretamente, são transmissíveis por diferentes espécies animais ao seres humanos. Podemos dizer que alguns animais selvagens podem ser uma fonte importante da transmissão de doenças infecciosas ao homem no ambientes urbanos e suburbanos. Em muitos casos eles estão se adaptando aos centros urbanos, e ainda, mantendo grande convívio com o homem e, juntamente com a falta conhecimento sobre as doenças nas populações de animais selvagens e a ausência de métodos de manejo para esses animais dentro dos e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 134 Vigilância em Saúde ambientes urbanos, vai aumentando as zoonoses. Informamos que as cidades com maiores populações fornecem um ambiente propício para propagarem novos patógeno ou agentes infecciosos, e provavelmente começar as epidemias. Quando as pessoas mantêm contato íntimo com animais selvagens ou domésticos existe o potencial para que um patógeno exceda o obstáculo da espécie, e novas infecções humanas se iniciam em animais e são definidas como zoonoses. Salientamos que as doenças transmitidas entre o homem e as espécies de animais tanto os domésticos quanto os selvagens proporcionam impactos importantes na saúde pública, na economia, na proteção e preservação dos animais selvagens e na proteção dos animais domésticos. A maioria das zoonoses patogênicas que comumente infectam o homem pode está incluída nas práticas da criação de animal nas residências ou solto nas ruas. Muitos dos patógenos são endêmicos e difíceis de serem erradicados dos animais domésticos, nas residências ou mesmo nas localidades urbanas. Ao falar de zoonoses, é importante lembrar que várias pessoas acham que o cão passa a leishmaniose para os seres humanos, isso não é verdade. A leishmaniose não iniciou, repentinamente, há mais de dois séculos o homem já observa cães pelas ruas com a aparência da leishmaniose visceral quanto à cutânea. Em casos humanos, a demora de diagnóstico e a falta de profissional especializado na área podem ocorrer maiores complicações e até mesmo óbito. Figura 68: Cão com sinais clínicos de leishmaniose Fonte: Disponível em: <http://www.qualittas.com.br/documentos/Leishmaniose%20Visceral%20 e%20Tegumentar%20Canina%20Revisao%20da%20Literatura%20-%20Giuliana%20Frire%20de%20 Almeida.PDF>. Acesso em 03/03/2011. Precisamos deixar claro que os animais silvestres da fauna brasileira se encontram soltos na natureza, vivendo em cativeiro em zoológicos ou mesmo vivendo em muitas residências ilegalmente, como animais de estimação. Portanto, eles podem ser reservatórios e portadores de zoonoses. É possível destacar que os processos pelos quais atingem o homem e os animais são chamados de zoonóticos; assim nos focos naturais de doenças podem funcio- Entomologia, Roedores e Esquistossomose 135 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Sobre fundamentos de saúde pública, seria bom que, você aluno, acessasse o site para obter mais informações: http://www.saude.gov. br. nar como fatores de risco existentes para estabelecer e transmitir epidemia a população. A introdução de animais domésticos e, ou, homem em um foco natural fica propício a alteração da dinâmica dos hospedeiros ou modificação do equilíbrio ecológico e, ainda ocorrer modificação de um hospedeiro infectado a um novo biótipo, em que ocorrem hospedeiros suscetíveis. Outro fato interessante são as interferências das aves migratórias e dos vetores que buscam alimentos em outros ecossistemas, podendo ser reservatórios de zoonoses com a mudança ecossistema e, proporcionar doenças ao homem, além das variações que auxiliam no processo epidêmico do agente etiológico, promovendo sua disseminação. Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Campanhas educativas municipais promoção em saúde pública; • Fundamentos de saúde pública. Atividades de aprendizagem 1. Por que os meios de comunicação são importantes aliados nas campanhas educativas municipais? 2. Quais são os objetivos da vigilância em saúde? 3. Ao falarmos em fundamentos de saúde pública, o que é preciso para evitar transmissão de doenças infecciosas ao homem no ambientes urbanos e suburbanos? e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 136 Vigilância em Saúde AULA 1 Aula 20 – Ocupação Alfabetização Digitaldo espaço urbano e equilíbrio ecológico Objetivos • Descrever ocupação do espaço urbano, equilíbrio ecológico, mudanças ambientais; • Distinguir os fatores sociais e econômicos; • Explicar a poluição e proliferação dos vetores. 20.1 Definição de centro urbano e ocupação em espaço urbano Falaremos agora sobre espaço urbano, no Brasil, é entendido como urbano uma área que exista prestação de serviços públicos e, certo aglomerado populacional, ou seja, a definição de urbano leva mais em conta as consequências fiscais, desprezando os aspectos geográficos, sociais, econômicos e culturais, motivando a formação de cinturões de favelas. Nos grandes centros urbanos brasileiros, vivenciamos, hoje, essa situação, inclusive nas cidades de porte médio. Para se ter uma idéia, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), vive nesses bolsões 3,5 milhões de pessoas espalhadas por 3.183 favelas, no que compõe uma grande massa de marginalizados. De acordo com Rodrigues: Tem sido frequente a “oficialização” dos loteamentos clandestinos e a anistia para construções irregulares. Se de um lado constituí-se no atendimento da reivindicação dos moradores e os beneficia, de outro torna oficial um loteamento executado irregularmente, permitindo maiores rendas e lucros a esta forma ilegal de parcelamento da cidade (RODRIGUES, 2001, p. 27). É possível destacar que a pobreza não pode ser vista então como um fenômeno natural, mas algo que tem origem, causas e pode trazer sérias consequências, como criminalidade e o pior deles, desequilíbrio ambiental, trazido pela ocupação desordenada, faltam de saneamento básico o que facilita a proliferação de insetos, roedores e outros animais transmissores de endemias. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 137 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Figura 69: Centro urbano. Fonte: Disponível em: <http://www.walldesk.net/es/fondos-de-pantalla/wallpapers-el-brasil-06. asp?f=2158>. Acesso em 0/03/2011. Falando um pouco mais, desde há muito tempo, o homem vem explorando os recursos naturais para produzir os bens e alimentos necessários à sua sobrevivência. Por muitos séculos, esse mesmo ser (racional) não se preocupou em usufruir desses recursos de forma moderada, equilibrada, sem desperdício e sem agredir o meio ambiente, ou seja, de forma sustentável, a fim de preservar um ambiente saudável e ecologicamente equilibrado e de qualidade para as gerações futuras. As interações que vão se estabelecendo entre a natureza e os homens deixam de ser harmoniosas e se tornam conflituosas com a deterioração ambiental. Em muitas regiões do globo terrestre, há sintomas do desequilíbrio ambiental que têm gerado problemas ambientais, com expressões a nível local, regional e global. Dias salienta que: As alterações ambientais globais como efeito estufa, buraco na camada de ozônio, exacerbações das mudanças climáticas, desmatamentos, queimadas, erosão do solo, poluição dentre outros estão proporcionando desequilíbrio ambiental (DIAS, 2004, p. 523-524). É interessante perceber que não só o ambiente físico que está mudando, todavia, as formas de as pessoas viverem. As intensidades dessas degradações são diferentes, em lugares e no tempo, e estão associadas ao tipo de atividade produtiva e à incorporação de técnicas no processo de exploração ambiental. Podemos observar que a ocupação urbana pode causar enormes alterações ambientais, e que em alguns casos existem ainda grupos populacionais em espaços impróprios e inadequados para moradia, o que reforça a possibilidade de vir a causar riscos à saúde da família, bem como da vizinhança. Pois, a carência ou a ineficiência quando da prestação dos serviços de saneamento básico à área ocupada pode contribuir para gerar vários e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 138 Vigilância em Saúde problemas ambientais à saúde. Do ponto de vista formal, é possível distinguir variações extremas entre essas deficiências nos ambiente urbano e rural, em função da concentração ou dispersão de população e atividades produtivas, as quais vão requerer mais ou menos recursos e vão gerar diferentes quantidades de resíduos à incorporação de técnicas no processo de exploração ambiental. Consideremos que a falta do esgotamento sanitário e o não tratamento dos resíduos sólidos podem gerar problemas ao meio ambiente em vários aspectos, como também à saúde humana. Pois podem atrair vetores como mosquitos, moscas, baratas e ratos e, consequentemente, doenças. Além do mais, os resíduos e rejeitos - resultantes do consumo e das atividades humanas, têm se tornado atualmente uma das maiores preocupações ambientais do mundo, pois existe uma grande variedade de resíduos sendo produzidos a cada dia e que se diferencia de acordo com o consumismo da população em quantidade e qualidade, bem como a forma como são descartados à incorporação de técnicas no processo de exploração ambiental. Falaremos agora sobre o espaço geográfico brasileiro atual que é o resultado das ações humanas ao longo da nossa história. Do qual se infere o reflexo da maneira de como a sociedade tem se comportado e se organizado no decorrer dos anos, no desenvolver das suas atividades em busca da satisfação das suas necessidades de sobrevivência. Da observação que se pode fazer de um determinado espaço geográfico, é possível visualizar como se dá a distribuição dos resultados das atividades produtivas entre os diferentes grupos sociais ao longo dos anos. Assim, a possibilidade da constatação de que toda atividade humana, antes dispensada ao ambiente local e circundante, produziu contrastes, tanto no meio social, quanto econômico e ambiental. Representados no modo de como as pessoas moram, locomovem-se, divertem-se, alimentam-se e cuidam da saúde. É importante perceber que a urbanização desordenada é considerada uma das formas de urbanizar a doença até então considerada silvestre, a destruição das matas nativas para reflorestamentos com fins econômicos também são fatores que contribuem para expulsão do inseto vetor da endemia de seu habitat natural e sua adaptação em áreas ditas urbanizadas, ocorrendo em várias partes do globo. Foram notados casos da doença em países entendidos como desenvolvidos e também em desenvolvimento, lugares onde as condições socioeconômicas e ambientais têm contribuído para criação, adaptação e desenvolvimento do vetor e consequentemente no surgimento de casos da endemia. Consideremos que a urbanização e o desmatamento contribuem para geração de endemias. A urbanização desordenada, e o desmatamento intenso em de áreas rurais são possíveis consequências das mudanças climáticas, fruto das ações antrópicas que colaboram para que doenças como as leishmanioses se alastrem não só no Brasil, mas também em um grande número de países do globo terrestre, principalmente nos ditos subdesenvolvidos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta um crescente avanço do número de casos de doenças, umas consideradas até então extintas, como também do número de países atingidos pelas mesmas, nos últimos 20 anos. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 139 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Toda essa mudança do ecossistema, o aquecimento global, chuvas intensas, calor, tudo isso é um facilitador de doenças por vetores transmissores de doenças, como é o tem sido o caso das leishmanioses. Figura 70: Desmatamentos contribuem para geração de doenças Fonte: Disponível em: <http://www.casan.com.br/index.php?sys=345 Foto com A urbanização desordenada, e o desmatamento intenso>. Acesso em 05/03/2011. Podemos citar outro agravante: a grande dificuldade de controle dessa endemia, uma vez, que o homem grande facilitador das condições de criação e de manutenção das condições de vida do vetor, não têm colaborado para mudar essa situação. A grande concentração urbana em espaços reduzidos, a geração do lixo, a criação de compostos orgânicos tem tornado viável a sobrevivência do vetor, e, consequentemente o aparecimento de casos de doença em áreas ditas urbanas, endemia considerada até então silvestre. É possível destacar que os desmatamentos para criação de monoculturas, como o eucalipto, a falta de um amparo ao sertanejo, a fim de orientá-lo, como manusear a terra tem trazido consequências, como a quebra do ciclo silvestre do inseto transmissor das leishmanioses, tornando o homem participante desse ciclo. Os animais silvestres expulsos ou extintos pelas ações antrópica, que tem provocado grandes alterações no ecossistema, trazendo também sérias consequências para o homem. A instalação dessa endemia em áreas rurais e também urbanas. Deste modo, a expansão urbana em áreas rurais deve ser ordenada e equilibrada, senão essa mudança acarretará não só o aumento de casos de endemias como as leishmanioses, mas também de outras doenças transmitidas por vetores, pois a ocupação desordenada resultará em aumento de casos de endemias. 20.2 Fatores sociais e econômicos É possível destacar que, no Braçal, tem sido frequente a oficialização dos loteamentos clandestinos e a anistia para construções irregulares. Se de um lado constituí-se no atendimento da exigência dos moradores e os beneficia, por outro torna oficial um loteamento executado irregularmente, admitindo maiores rendas e lucros a essa forma ilegal de parcelamento da cidade. O modo de moradia das pessoas reflete a classe à qual a pessoa pertence, os bairros da periferia são desprovidos dos serviços públicos básicos como água tratada, esgoto, iluminação, entre outros. A partir da segunda metade do século XX, os centros urbanos tiveram um vultoso crescimento, e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 140 Vigilância em Saúde no entanto, o aumento não foi acompanhado pela infraestrutura, formando bairros marginalizados. Esse processo foi proveniente do êxodo rural que é migração de trabalhadores rurais em direção às cidades. Figura 71: Favela desprovida dos serviços públicos básicos como iluminação, água tratada e esgoto Fonte: Disponível em: <http://www.blogers.com.br/fotos-de-favela/>. Acesso em 03/02/2011. Os problemas sociais se acentuam devido às desigualdade de renda e o desemprego que aumenta ao passo que cresce o intenso processo de globalização da economia e dos meios de produção no mundo. Em várias nações ocorrem às desigualdades econômicas e sociais e, que independentemente de ser pobre ou rico, ainda seja mais ativo as desigualdade de renda e o desemprego em nações subdesenvolvidas que herdaram consequências originário do período colonial. Precisamos deixar claro que a pobreza não pode ser vista então como um fenômeno natural, mas algo que tem origem, causas e podem trazer sérias consequências, como criminalidade e o pior deles, desequilíbrio ambiental, trazido pela ocupação desordenada, falta de saneamento básico o que facilita a proliferação de insetos e outros vetores transmissores de endemias. Uma característica marcante é a situação de pobreza vivida pelas famílias nas periferias dos centros urbanos. E é fácil constatá-las, pois vivemos num país cuja maioria absoluta da população é extremamente pobre, desumana, animalizada em tantos e tão dramáticos sentidos. É importante observar que o aumento de casos de Aedes albopictus, mosquito que transmite a febre amarela e do mosquito Aedes aegypti que transmite à dengue, mostra a falta de controle das medidas básicas de saúde pública, que necessitam ser permanentes e sistemáticas para a eliminação de criadouros de mosquitos. Não deixando de lado a orientação e educação sanitária da população para os casos das doenças possam ser controlados. É importante salientar que são várias enfermidades transmitidas por um ou mais a vetores que necessitam de controle sistemático e permanente. Entre as doenças mais comuns, causadas por vetores, estão a febre amarela, leishmaniose, tripanossomíase, malária, filariose, encefalite, dengue, dengue hemorrágico, toxoplasmose, esquistossomose, dracunculose, Entomologia, Roedores e Esquistossomose 141 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes leptospirose, ornitose, raiva, cólera, etc. São doenças que demandam diferentes avaliações de saúde pública, como adequação dos sistemas de esgoto e resíduos sólidos, controle veterinário, saneamento ambiental e outras medidas específicas condicionadas de suas características epidemiológicas. Os combates integrados entre epidemiológica, vigilância em saúde e vigilância sanitária são efetivos para o controle das doenças. 20.3 Equilíbrio ecológico e mudanças ambientais É importante informar que a volta das doenças transmitidas por vetores podem ser em consequência das mudanças acontecidas na sociedade e, principalmente no meio ambiente. É possível destacar, como exemplo a alteração do clima no planeta Terra. Dessa forma, algumas pesquisas advertem que o aquecimento global pode proporcionar a proliferação dos vetores transmissores de doenças se espalham em climas, atualmente mais frios. Pelo visto, isso já está ocorrendo. Atualmente, há relatos da incidência de insetos e de doenças transmitidas por insetos, incluindo malária e dengue, em regiões mais elevadas da África, da Ásia e da América Latina. Na Costa Rica, a dengue ultrapassou as barreiras montanhosas que até há pouco tempo restringiam a doença à costa do Pacífico, e agora afeta todo o país. Precisamos deixar claro que as consequências do aquecimento global não cessam aí. Em certas regiões que ocorriam mais chuvas, hoje se transformam em estiagem, portanto, em outras áreas as chuvas e inundações proporcionam acúmulos de águas paradas. É importante salientar que água estagnada vira focos de proliferações de mosquitos. O aquecimento também abrevia o ciclo de reprodução desses insetos, acelerando sua multiplicação e fazendo com que proliferem por um período mais prolongado. O calor também torna os mosquitos mais ativos e eleva sua temperatura corporal, intensificando o ritmo de reprodução dos microorganismos patogênicos neles alojados. Com isso, a probabilidade de infecção mediante uma única picada é muito maior. Mas existem ainda outras preocupações. Figura 72: Água parada ideal criador de vetores de doenças Fonte: Disponível em: <http://insetosedoencastrans.blogspot.com/2010_06_01_archive.html>. Acesso em 03/02/2011. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 142 Vigilância em Saúde Falando um pouco mais sobre o lixo urbano, o custo social total é quase que impossível de ser calculado, porque suas consequências provocam a deterioração da qualidade de vida urbana nas ações como proliferação de vetores de doenças, poluição visual, enchentes, transportes, entre outros. De um jeito ou de outro, toda a sociedade sofre com a deposição irregular de entulho e paga por isso. Como para outras formas de resíduos urbanos, também no caso do entulho, o ideal é reduzir o volume e reciclar a maior quantidade possível do que for produzido. 20.4. Poluição e proliferação do vetor É possível destacar que nas sociedades modernas o lixo sólido municipal está criando um problema muito sério à medida que sua quantidade diária tende a aumentar. Principalmente, devido às embalagens novas que chegam todos os dias ao mercado bastante coloridas e atraentes e sua coleta, que nem sempre é tão eficiente quanto deveria. Atualmente é muito comum encontrarmos nas ruas pilhas de sacos de lixo ainda não coletados e muitas embalagens vazias jogadas no chão, praças públicas, em terrenos baldios em muitos outros locais. Isso, além de ser uma importante fonte de poluição, com as chuvas pode se tornar um local bastante oportuno para o Aedes colocar seus ovos e começar uma nova geração e se espalhar por toda a região. Como se sabe o saneamento está ligado diretamente às condições de saúde e vida da população, e faz parte dos direitos de qualquer cidadão. Assim, um grande problema encontrado em relação aos serviços de limpeza urbana é quanto ao lixo coletado, que em sua maioria, é jogado em lixões sem qualquer cuidado sanitário ou ambiental, contaminando o solo, o ar e a água de abastecimento público, além de contribuir para a proliferação de doenças e epidemias aumentando o índice de mortalidade devido a infecções parasitárias. Podemos citar os lixões, além dos problemas sanitários com a proliferação de vetores de doenças, também se constituem em sério problema social, porque acaba atraindo os “catadores”, indivíduos que fazem da catação do lixo um meio de sobrevivência. É importante enfatizar que as ações de saneamento têm uma vinculação direta com a saúde e qualidade de vida das pessoas. Devido ao grande déficit destes serviços no Brasil, a ocorrência de doenças decorrentes da falta de saneamento chega a níveis alarmantes. Estima-se que 7 milhões de brasileiros são portadores de esquistossomose, 600 mil pessoas adquirem malária anualmente, a leptospirose reaparece sempre que ocorrem enchentes. Por outro lado, doenças que já estavam controladas retornam como a dengue, a leishmaniose e o cólera. As doenças decorrentes da falta de saneamento são responsáveis por cerca de 65% do total de internações nos hospitais públicos e conveniados do país (PHILIPPI, 2001). Analisando um pouco mais, o homem quando coloca o lixo para o lixeiro, ou jogando-o em lotes vagos, resolve apenas o seu problema individual não se dando conta que o lixo jogado a céu aberto favorece a proliferação de insetos e ratos transmissores de doenças. Assim, a problemática do lixo Entomologia, Roedores e Esquistossomose 143 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes no meio urbano abrange alguns aspectos relacionados à sua origem e produção, e também com o comprometimento do meio ambiente, principalmente quanto à poluição do solo, do ar e dos recursos hídricos. É possível destacar que o acúmulo de lixo no solo traz uma série de problemas não somente para alguns ecossistemas, mas também para a sociedade, tais como: Proliferação de ratos e insetos como as baratas e as moscas, o lixo domiciliar oferece meio adequado para o desenvolvimento de insetos e roedores, e é por esse fator considerado por vias indiretas um grande veiculador de doenças, como a peste bubônica, a dengue, etc. Rodrigues e Cavinatto informam que: Na natureza, existe uma pequena porcentagem de microorganismos que, para sobreviver, necessitam habitar o corpo dos seres vivos - homens, animais e plantas. Nesse grupo estão incluídos alguns germes, patogênicos, capazes de provocar doenças. Assim, papéis higiênicos, fraldas descartáveis e todo material contaminado que é descartado nas lixeiras de casas, farmácias, hospitais, etc. chegam aos depósitos de lixo da cidade, transportando germes que provocam doenças (RODRIGUES e CAVINATTO, 1997, p. 31). Informamos que as populações de moscas que se desenvolvem no lixo são de várias espécies, mas merece maior atenção a mosca doméstica. Pelo fato de conseguir ingerir apenas substâncias líquidas, as moscas soltam enzimas pela boca capazes de dissolver a comida, que é posteriormente sugada. Embora não piquem o homem, as moscas dessa espécie constituem vetores de doenças, pois, ao pousar sobre fezes e materiais contaminados, elas podem ingerir microorganismos patogênicos ou transportá-los no seu corpo, depositando-os depois em alimentos ou em outras fontes de contato com o homem. As doenças mais frequentes originadas por transmissão por meio das moscas são as doenças causadas por bactérias ou vírus, doenças intestinais e alguns tipos de verminose. Figura 73: Lixão local propício para proliferação de espécies moscas Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=foto+de+lix%C3%A3o+com+ moscas&wrapid=tlif129935466585911&um=1&ie=UTF-8&source=univ&sa=X&ei=KJRyTfD7L4GclgeIm LQ2&ved=0CCkQsAQ&biw=1003&bih=563>. Acesso em 03/02/2011. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 144 Vigilância em Saúde Lembramos que os mosquitos gostam de proliferar em ambientes que têm água armazenadas em pneus, vidros, latas que estão em depósitos de lixo ou em residências e outros recipientes com água parada. No entanto, as moscas não se desenvolvem em águas estagnadas. Esses insetos são responsáveis por transmissão de doenças e algumas espécies podem, eventualmente, criar-se na água existente no lixo, como é o caso de Aedes aegypti, principal responsável pela transmissão do vírus da dengue. Assim como as moscas, as baratas frequentam o lixo, transportando para os alimentos os vírus da poliomielite e as bactérias intestinais causadoras de doenças intestinais. Sendo a barata o alimento preferido dos escorpiões, o lixo espalhado no ambiente pode contribuir indiretamente para a proliferação desses animais peçonhentos. Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Definição de centro urbano e ocupação em espaço urbano; • Fatores sociais e econômicos; • Equilíbrio ecológico e mudanças ambientais; • Poluição e proliferação dos vetores. Atividades de aprendizagem 1. O que define um espaço urbano, no Brasil? 2. A natureza e o homem, suas interações são harmoniosas? Justifique. 3. A alteração do clima no planeta Terra pode proporcionar desequilíbrio ecológico? Justifique. Entomologia, Roedores e Esquistossomose 145 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Referências BALDY, J. L. S., AMATO NETO, V. Doenças Transmissíveis, Ed. São Paulo: Sarvier, 1989. BRASIL. Ministério da Saúde. 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Tem experiência nos cursos de Ciências Biológicas, Pedagogia, Geografia e Gestão Ambiental, atuando principalmente nas seguintes disciplinas Biogeografia (Botânica e Zoologia), Ecologia, Biomas Brasileiros, Educação e Meio Ambiente, Educação do Campo, Geomorfologia, Taxonomia das Espermatófitas e Geografia Agrária. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 148 Vigilância em Saúde e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Escola Técnica Aberta do Brasil e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 150 Vigilância em Saúde