Entomologia, Roedores e Esquistossomose

Transcrição

Entomologia, Roedores e Esquistossomose
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Escola Técnica Aberta do Brasil
Vigilância em Saúde
Entomologia, Roedores
e Esquistossomose
Wilson da Silva
Ministério da
Educação
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Escola Técnica Aberta do Brasil
Vigilância em Saúde
Entomologia, Roedores
e Esquistossomose
Wilson da Silva
Montes Claros - MG
2011
Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação a Distância
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância
Carlos Eduardo Bielschowsky
Coordenadora Geral do e-Tec Brasil
Iracy de Almeida Gallo Ritzmann
Governador do Estado de Minas Gerais
Antônio Augusto Junho Anastasia
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia
e Ensino Superior
Alberto Duque Portugal
Reitor
João dos Reis Canela
Coordenadores de Cursos:
Coordenador do Curso Técnico em Agronegócio
Augusto Guilherme Dias
Coordenador do Curso Técnico em Comércio
Carlos Alberto Meira
Coordenador do Curso Técnico em Meio
Ambiente
Edna Helenice Almeida
Coordenador do Curso Técnico em Informática
Frederico Bida de Oliveira
Coordenador do Curso Técnico em
Vigilância em Saúde
Simária de Jesus Soares
Coordenador do Curso Técnico em Gestão
em Saúde
Zaida Ângela Marinho de Paiva Crispim
Vice-Reitora
Maria Ivete Soares de Almeida
ENTOMOLOGIA, ROEDORES E
ESQUISTOSSOMOSE
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Pró-Reitora de Ensino
Anete Marília Pereira
Elaboração
Wilson da Silva
Diretor de Documentação e Informações
Huagner Cardoso da Silva
Projeto Gráfico
e-Tec/MEC
Coordenador do Ensino Profissionalizante
Edson Crisóstomo dos Santos
Supervisão
Wendell Brito Mineiro
Diretor do Centro de Educação Profissonal e
Tecnólogica - CEPT
Maísa Tavares de Souza Leite
Diagramação
Hugo Daniel Duarte Silva
Marcos Aurélio de Almeida e Maia
Diretor do Centro de Educação à Distância
- CEAD
Jânio Marques Dias
Coordenadora do e-Tec Brasil/Unimontes
Rita Tavares de Mello
Coordenadora Adjunta do e-Tec Brasil/
CEMF/Unimontes
Eliana Soares Barbosa Santos
Impressão
Gráfica RB Digital
Designer Instrucional
Angélica de Souza Coimbra Franco
Kátia Vanelli Leonardo Guedes Oliveira
Revisão
Maria Ieda Almeida Muniz
Patrícia Goulart Tondineli
Rita de Cássia Silva Dionísio
AULA 1
Alfabetização Digital
Apresentação e-Tec Brasil/Unimontes
Prezado estudante,
Bem-vindo ao e-Tec Brasil/Unimontes!
Você faz parte de uma rede nacional pública de ensino, a Escola
Técnica Aberta do Brasil, instituída pelo Decreto nº 6.301, de 12 de dezembro
2007, com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino técnico público,
na modalidade a distância. O programa é resultado de uma parceria entre
o Ministério da Educação, por meio das Secretarias de Educação a Distancia
(SEED) e de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), as universidades e
escola técnicas estaduais e federais.
A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e
grande diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente
ou economicamente, dos grandes centros.
O e-Tec Brasil/Unimontes leva os cursos técnicos a locais distantes
das instituições de ensino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a concluir o ensino médio. Os cursos são ofertados pelas
instituições públicas de ensino e o atendimento ao estudante é realizado em
escolas-polo integrantes das redes públicas municipais e estaduais.
O Ministério da Educação, as instituições públicas de ensino técnico,
seus servidores técnicos e professores acreditam que uma educação profissional qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – não só
é capaz de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também
com autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social, familiar, esportiva, política e ética.
Nós acreditamos em você!
Desejamos sucesso na sua formação profissional!
Ministério da Educação
Janeiro de 2010
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
3
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
AULA 1
Alfabetização Digital
Indicação de ícones
Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas
de linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.
Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.
Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o assunto ou
“curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema estudado.
Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão utilizada
no texto.
Mídias integradas: possibilita que os estudantes desenvolvam atividades
empregando diferentes mídias: vídeos, filmes, jornais, ambiente AVEA e
outras.
Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes níveis
de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e conferir o seu
domínio do tema estudado.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
5
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
AULA 1
Alfabetização Digital
Sumário
Palavra do professor conteudista............................................ 11
Projeto instrucional............................................................ 13
Aula 1 – Introdução zoonoses, conceito de zoologia e sistemática
zoológica................................................................ 15
1.1 Elementos de zoologia............................................... 15
1.2 História da classificação dos organismos.......................... 16
1.3 Categorias e divisões taxionômicas dos seres................... 17
Resumo.................................................................... 19
Atividades de aprendizagem............................................ 20
Aula 2 – Introdução zoonoses e Nomenclatura zoológica................. 21
2.1 Elementos de Zoologia.............................................. 21
2.2 Nomes científicos.................................................... 22
2.3 Regras internacionais de nomenclatura zoológica............ 22
Resumo.................................................................... 24
Atividades de aprendizagem............................................ 24
Aula 3 – Zoonoses: conceito de zoonoses e definições de parasitas, parasitose, parasitismo e parasitóides ........................................... 25
3.1 Conceito de zoonozes............................................... 25
Resumo.................................................................... 29
Atividades de aprendizagem............................................ 29
Aula 4 – Entomologia: importância dos insetos e suas relações com o
homem.......................................................................... 31
4.1 Entomologia........................................................... 31
4.2 Razões para o sucesso dos insetos ................................ 33
4.3 Importância dos insetos como grupo de animais e suas
relações com o homem................................................ 34
Resumo.................................................................... 36
Atividades de aprendizagem............................................ 37
Aula 5 – Entomologia: insetos que causam doenças ...................... 39
5.1 Insetos que acompanham o homem............................... 39
5.2. Como os insetos causam doenças ................................ 42
Resumo.................................................................... 45
Atividades de aprendizagem............................................ 45
Aula 6 – Entomologia: ciclos de doenças transmitidas pelos insetos.47
6.1 Ciclos de doenças generalizadas .................................. 47
6.2 Patógenos ............................................................ 48
6.3 Insetos e doenças ................................................... 49
6.4. Medidas de proteção e doenças transmitidas por insetos .... 50
Resumo.................................................................... 51
Atividades de aprendizagem............................................ 51
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
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e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Aula 7 – Entomologia: febre amarela e dengue............................ 53
7.1. Febre amarela....................................................... 53
7.2 Dengue................................................................ 54
Resumo.................................................................... 59
Atividades de aprendizagem............................................ 60
Aula 8 – Entomologia: Doença de Chagas ................................. 61
8.1. Importância da doença de Chagas ............................. 61
Resumo.................................................................... 64
Atividades de aprendizagem............................................ 65
Aula 9 – Entomologia: malária ......................................... 67
9.1 Informações sobre a malária....................................... 67
Resumo.................................................................... 75
Atividades de aprendizagem............................................ 75
Aula 10 – Entomologia, leishmaniose ou calazar ou dum-dum........... 77
10.1 Histórica e transmissão da leishmaniose........................ 77
Resumo.................................................................... 84
Atividades de aprendizagem............................................ 84
Aula 11 Entomologia: Leishmaniose tropical ou visceral................ 85
11.1 Definição de leishmaniose tropical ou visceral............... 85
11.2 Leishmaniose visceral em Minas Gerais.......................... 91
Resumo.................................................................... 93
Atividades de aprendizagem............................................ 93
Aula 12 – Roedores: ratos ..................................................... 95
12.1 Descriçao e biologia dos ratos ................................... 95
Resumo.................................................................... 99
Atividades de aprendizagem............................................ 99
Aula 13 – Roedores: ratos métodos de controle........................... 101
Resumo...................................................................104
Atividades de aprendizagem...........................................104
Aula 14 – Roedores: leptospirose doença causada por ratos............105
14.1 Leptospirose doença transmitidas por roedores...............105
Resumo................................................................... 110
Atividades de aprendizagem........................................... 110
Aula 15 – Roedores: outras doenças causadas por ratos ................ 111
15.1 Peste bubônica e sua influência ................................ 111
15.2 Importância do tifo murino...................................... 112
15.3 Febre da mordida do rato........................................ 113
15.4 Importâncias das doenças como triquinose, raiva, salmoneloses,
sarnas e micoses e hantavirose........................................ 113
Resumo................................................................... 114
Atividades de aprendizagem........................................... 114
Aula 16 – Esquistossomose causada pelo Schistosoma mansoni.......115
16.1 Doenças causadas por platelmintos ao homem................ 115
Resumo................................................................... 118
Atividades de aprendizagem........................................... 118
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
8
Vigilância em Saúde
Aula 17 – Esquistossomose: transmissão e ciclo do Schistosoma mansoni .. 119
17.1 Transmissão e ciclo do Schistosoma mansoni.................119
Resumo................................................................... 124
Atividades de aprendizagem........................................... 124
Aula 18 – Esquistossomose: profilaxia, diagnóstico, tratamento e controle
da esquistossomose .......................................................... 125
18.1 Profilaxia da esquistossomose................................... 125
18.2 Diagnóstico da esquistossomose ................................ 126
Resumo................................................................... 129
Atividades de aprendizagem........................................... 129
Aula 19 – Campanhas educativas municipais e fundamentos de saúde pública ............................................................................ 131
19.1 Campanhas educativas municipais promoção em saúde pública.131
19.2 Fundamentos de saúde pública ................................. 134
Resumo................................................................... 136
Atividades de aprendizagem........................................... 136
Aula 20 – Ocupação do espaço urbano e equilíbrio ecológico........... 137
20.1 Definição de centro urbano e ocupação em espaço urbano.137
20.2 Fatores sociais e econômicos....................................140
20.3 Equilíbrio ecológico e mudanças ambientais.................. 142
20.4. Poluição e proliferação do vetor............................... 143
Resumo................................................................... 145
Atividades de aprendizagem........................................... 145
Referências.....................................................................146
Currículo do professor conteudista.........................................148
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
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e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
AULA 1
Alfabetização Digital
Palavra do professor conteudista
Estimados alunos sejam todos bem vindos. É com grande entusiasmo que estamos iniciando a nossa disciplina: Entomologia, Roedores e Esquistossomose.
O nosso objetivo nessa disciplina é dar conhecimento a todos os
alunos em Vigilância em Saúde, no módulo referente as Zoonoses, principalmente, às oriundas da entomologia, roedores e esquistossomose. Compreender como refere às atividades de prevenção das doenças e manejo
ambiental e, como as diferentes espécies de vetores transmitem as doenças
aos seres humanos. Mobilizar ações de prevenção e controle das zoonoses,
especialmente, no ambiente domiciliar e peridomiciliar; bem como, conscientizar a população quanto à importância de que a limpeza esteja em
todos os espaços da comunidade e, as condições do terreno sejam as mais
adequadas possíveis para que haja o controle vetorial. Apresentamos aqui
uma visão abrangente da disciplina, distribuídas em aulas, com vários tópicos
importantes como: - definição de zoologia e sistemática zoológica - classificação dos organismos - definição de zoonoses e nomenclatura zoológica
- definições de parasitas, parasitose, parasitismo e parasitóides - Importância da classificação dos artrópodes - conceito e importância da Entomologia
- insetos que causam doenças - importância dos insetos como hospedeiros
de agentes causadores de doenças - ciclos de doenças generalizadas - importância dos insetos vetores de doenças - febre amarela e dengue - doença de
Chagas – malária. Leishmaniose tegumentar - Leishmaniose tropical ou visceral. Roedores, descrição e biologia dos ratos – doenças causadas por ratos.
Esquistossomose: transmissão e ciclo do Schistosoma mansoni - campanhas
educativas municipais e fundamentos de saúde pública - ocupação do espaço
urbano e equilíbrio ecológico e outros tópico complementares da disciplina
que são imprescindíveis para sua formação. São temas que irão auxiliá-los na
sua formação profissional e pessoal.
Busquei, de forma simples e resumida, textualizar a nossa disciplina para melhor compreensão no intuito de atingirmos o objetivo proposto.
Orientamos que se torna necessário o conhecimento de conceitos relativos à
disciplina, bem como, a interpretação de tabelas e figuras.
Desejo seu todo êxito durante a conclusão da nossa disciplina. Que
seu aprendizado eleve o seu conhecimento. Estou certo de que edificaremos
juntos, essa caminhada.
Sendo assim, vamos começar os nossos estudos.
Abraços fraternos.
Prof. Wilson da Silva.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
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e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
AULA 1
Alfabetização Digital
Projeto instrucional
Disciplina: Entomologia, Roedores e Esquistossomose (carga horária: 60 h).
Ementa: Prevenção e medidas de controle às doenças, mapeamento, campanhas educativas municipais; fundamentos de saúde pública; equilíbrio ecológico, poluição, ocupação do espaço urbano; fundamentos de saúde
pública.
AULA
OBJETIVOS DE
APRENDIZAGEM
MATERIAIS
CARGA
HORÁRIA
Aula 1 - Introdução de zoonoses, conceito de zoologia
e sistemática e sistemática
zoológica
Inserir o conhecimento
em zoonoses.
Caderno
didático.
03
Aula 2 – Introdução zoonoses e nomenclatura zoológica
Introduzir nomenclatura zoológica na área
das zoonoses.
Caderno
didático.
03
Aula 3 – Zoonoses: conceito
de zoonoses e definições de
parasitas, parasitose, parasitismo e parasitóides
Entender os vários
conceitos de zoonoses,
parasitas, parasitose,
parasitismo e parasitóides.
Caderno
didático.
03
Aula 4 – Entomologia: importância dos insetos e suas
relações com o homem
Analisar importância da
entomologia nos estudos dos insetos e suas
relações com o homem.
Caderno
didático.
03
Aula 5 – Entomologia: insetos que causam doenças
Conhecer na entomologia os insetos e suas
respectivas doenças.
Caderno
didático.
03
Aula 6 – Entomologia: ciclos
de doenças transmitidas
pelos insetos
Entender ciclos de
doenças transmitidas
pelos insetos.
Caderno
didático.
03
Aula 7 – Entomologia: febre
amarela e dengue
Oferecer uma visão
sobre febre amarela e
dengue.
Caderno
didático.
03
Aula 8 – Entomologia: doença de Chagas.
Conhecer a importância, transmissão,
sintomas e prevenção
da doença de Chagas.
Caderno
didático.
03
Conhecer a transmissão, diagnóstico,
sintomas e tratamento
da malária.
Caderno
didático.
03
Aula 9 – Entomologia: malária
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
13
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Aula 10 – Entomologia,
leishmaniose ou calazar ou
dum-dum
Aprender sobre histórica, contágio do flebótomo transmissor da
leishmaniose tegumentar americana (LTA) ou
forma cutânea.
Caderno
didático.
03
Aula 11 - Entomologia: leishmaniose tropical ou visceral
Entender a definição de
epidemiologia, diagnóstico e tratamento e
o controle do vetor da
leishmaniose visceral.
Caderno
didático.
03
Aula 12 – Roedores: ratos
Conhecer a descrição,
biologia, principais espécies de ratos e seus
danos.
Caderno
didático.
03
Aula 13 – Roedores: ratos
Métodos de controle
Identificar os métodos
de controle e verificação da presença de
roedores.
Caderno
didático.
03
Aula 14 – Roedores: leptospirose doença causada por
ratos
Conhecer a leptospirose e a sua transmissão
por roedores.
Caderno
didático.
03
Aula 15 – Roedores: outras
doenças causadas por ratos
Identificar outras
principiais doenças de
transmissão dos ratos.
Caderno
didático.
03
Aula 16 – Esquistossomose
causada pelo Schistosoma
mansoni
Entender a transmissão
dos platelmintos ao
homem e a distribuição
Biomphalaria glabrata
no país e, modo de
transmissão da esquistossomose.
Caderno
didático.
03
Aula 17 – Esquistossomose:
transmissão e ciclo do Schistosoma mansoni
Reconhecer a transmissão, sintomas e o
ciclo do Schistosoma
mansoni.
Caderno
didático.
03
Aula 18 – Esquistossomose: profilaxia, diagnóstico,
tratamento e controle da
esquistossomose
Identificar profilaxia,
diagnóstico, tratamento, prevenção e controle da esquistossomose.
Caderno
didático.
03
Aula 19 – Campanhas educativas municipais e fundamentos de saúde pública.
Conhecer as campanhas educativas e
fundamentos de saúde
pública.
Caderno
didático.
03
Aula 20 – Ocupação do
espaço urbano e equilíbrio
ecológico
Descrever ocupação
do espaço urbano,
equilíbrio ecológico,
mudanças ambientais;
poluição e proliferação
dos vetores.
Caderno
didático.
03
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
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Vigilância em Saúde
AULA 1
Aula
1 – Introdução
Alfabetização
Digitalzoonoses, conceito
de zoologia e sistemática zoológica
Objetivos
Inserir o conhecimento em zoonoses;
Reconhecer o conceito de zoologia e sistemática zoológica;
Distinguir categorias e divisões taxionômicas dos seres.
1.1 Elementos de zoologia
1.1.1 Conceito de zoologia e sistemática zoológica
Zoologia (do idioma grego: zoon = animal + logos = estudo) é a
ciência que estuda os animais, considerando sua organização estrutural e
funcional, seus costumes, classificação e suas relações com outros animais e
com o meio (MORANDINI, 1982, p.9). O autor complementa que a Zoologia
é um ramo da Biologia, (do idioma grego: bios = vida) ciência que estuda as
manifestações gerais da vida e a atividade de todos os seres vivos, inclusive
relações entre animais e ambiente.
É possível separar as espécies dos seres vivos apesar do grande
número de espécies que existem, para isto é preciso fazer pesquisas para
se aceitar a classificação quanto aos grupos de espécies em que pertencem.
A sistemática é uma ciência destinada a catalogar e descrever a biodiversidade, e envolve as afinidades filo genéticas entre os organismos. Inclui a
taxonomia e também a filogenia. Em Biologia, os sistematas são os cientistas
que classificam as espécies em outros táxons, a fim de resolver o modo como
eles se relacionam evolutivamente.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
15
Biodiversidade: “Bio”
significa “vida” e
diversidade significa
“variedade”. Daí a
diversidade biológica ou
biodiversidade abrange
o conjunto de grande
número de formas de
vida com habilidade
que se localiza no
planeta Terra com
as plantas, aves,
mamíferos, insetos,
microorganismos e
outros mais.
Organismos ou
Indivíduos: É a unidade
biológica, o organismo é
uno caracterizado pela
uniformidade genética.
Taxonomia: é uma
ciência da descoberta,
definição e classificação
das espécies e grupo
de espécies, com suas
cláusulas e princípios.
Filogenia: são relações
evolutivas entre os
organismos.
Táxons (plural taxa,
em latim, ou táxons,
aportuguesado): é uma
unidade taxonômica,
basicamente integrada
a um sistema de
classificação científica
e, ainda, pode-se ser
chamado conjunto
de organismos que
proporcionam uma ou
mais características
comuns e,
consequentemente,
unificadoras, cujas
características os
distinguem de outros
grupos relacionados, e
que se repetem entre as
populações, ao longo de
sua distribuição.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Figura 1: Biodiversidade de organismos vivos de todas as origens.
Fonte: Disponível em: <http://www.dignow.org/post/isso-%c3%a9-biodiversidade-215695-36669.
html>. Acesso em 15/12/2010.
Genomas: são conjunto
de cromossomas ou
denominado código
genético que é típico
de cada espécie e
contêm a informação
genética que cada
organismo recebe
por transmitância
hereditária.
Sistemática: é ciência
que estuda as relações
entre organismos, e
que abrange a coleta,
preservação e estudo
de espécimes, e a
análise dos dados vindos
de várias campos de
pesquisa biológica.
Consideremos que chamada taxonomia foi, primeiramente, organizar as plantas, animais e outros seres vivos conhecidos, com a finalidade
de classificar em categorias que pudessem ser referidas. Com o passar do
tempo, a classificação passou a acatar as relações evolutivas entre indivíduos, organização mais natural do que a fundamentava, exclusivamente, em
peculiaridades externa. Para isso, se empregaram ainda características ecológicas, fisiológicas, e todas as outras que se encontravam disponíveis para
os táxons em assunto. Desse modo, surgiu a Sistemática por meio da união
de investigações a respeito dos táxons. Tempos atrás a Sistemática tem sido
tentada na classificação fundamentada na similaridade entre genomas, com
grandes progressos em determinadas áreas, especialmente quando se juntam a essas informações aquelas originárias dos outras áreas da Biologia.
A classificação dos seres vivos é elemento da sistemática. Nomenclatura é a pertinência de denominação a organismos e às categorias nas
quais são classificados.
1.2 História da classificação dos organismos
É importante lembrar que Aristóteles no século IV A.C foi o primeiro
que classificou e ordenou os animais pelo tipo de reprodução e por possuírem ou
não sangue vermelho. Já Teofrasto, nos séculos XVII e XVIII, classificou as plantas por seu estilo e forma de cultivo. Ainda fundamentados em características
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
16
Vigilância em Saúde
anatômicas superficiais, os zoólogos e os botânicos e iniciaram a apresentar a
atual sistema de categorias. Em 1758, Lineu descreveu o primeiro trabalho aberto de categorização, instituindo a hierarquia atual.
Darwin com sua evolução passou ser avaliada como paradigma central da Biologia, com ênfase na embriologia, nas formas dos ancestrais por
meio da paleontologia, e sobre semelhanças nos primeiros estágios de vida.
A classificação dos seres vivos tornou-se importante por meio da genética e
da fisiologia, no século XX, como a utilização da genética molecular, comparação de códigos genéticos, por meio de programas de computador específicos são utilizados na análise estatística dos dados.
Partindo do princípio de Edward Osborne Wilson, em fevereiro de
2005, criou o termo biodiversidade e também participou do fundamento da
sociobiologia Glossário Sociobiologia é uma parte da biologia que pesquisa
o comportamento social dos animais, empregando conceitos da evolução,
sociologia, etologia e genética de populações, ao amparar um “projeto
genoma” da biodiversidade do planeta Terra, sugeriu a criação de um apoio
de informações digital com fotografia detalhadas de todas as espécies vivas
e o fim do projeto Árvore da Vida. Em contraposição a uma sistemática fundamentada na biologia celular e molecular, o autor acima nota a necessidade
da sistemática descritiva para preservar a biodiversidade.
É interessante o comentário de Wilson, Peter Raven e Dan Brooks,
eles protegem a sistemática e vêem pelo lado econômico que ela pode gerar
conhecimentos benéficos na contenção de doenças emergentes e na biotecnologia. Eles comentam que mais de cinquenta por cento das espécies do
planeta Terra é parasita, e a maioria das espécies ainda é desconhecida.
1.3 Categorias e divisões taxionômicas dos seres
Falando da diferença entre sistemática zoológica e sistemática botânica, a primeira refere-se aos animais, e a segunda refere-se às plantas.
Hoje, para dividir os seres vivos admite um grau de complexidade maior,
existem cinco reinos.
Para um entendimento da função das divisões taxionômicas dos
seres vivos, é indispensável o conhecimento de conceitos fundamentais, que
estão implantados em conjuntos, e cada conjunto, portanto está implantado
em um conjunto maior e mais abrangente. Para Troppmair, (2002, p.35), os
conceitos estão em ordem crescente: reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
17
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Figura 2: Divisões taxionômicas dos seres vivos.
Fonte: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_5tvs7phiyOY/R7NNy63eqoI/AAAAAAAAAAc/
HwZjKnFRwwM/s1600-h/taxonomia.jpg>. Acesso em 15/12/2010.
Falaremos agora sobre as divisões taxionômicas: - Espécie: É a unidade fundamental, há grupamento de organismos com intensas similaridades
fisiológicas e morfológicas entre si, apontando grandes semelhanças bioquímicas, e no cariótipo, ou seja, no mapa cromossomial de células haplóides.
As espécies têm a capacidade de reproduzirem entre si, naturalmente, ocasionando descendentes férteis. Gênero: É o conjunto de espécies que se
assemelham, apesar delas não serem idênticas. Família: É o conjunto de
gêneros que se assemelham, ou seja, eles são muito próximos ou parecidos,
ainda que tenham diferenças mais expressivas do que a divisão em gêneros.
Ordem: É um grupamento de famílias que se assemelham.
Falando um pouco mais sobre as divisões taxionômicas: Classe: É o
agrupamento de ordens que tenham fatores distintos de outras, no entanto
comum às ordens que a ela pertencem. Filo (Ramo): É o agrupamento de
classes com peculiaridades em comum, ainda que muito distintas entre si.
Reino: É a maior das classes taxionômicas, que agrupa filos com as peculiaridades comuns a todos, mesmo que ocorram diferenças enormes entre eles.
O reino possui somente cinco divisões: Vegetalia (Plantae), Animalia (Metazoa), Monera, Fungi e Protista.
Precisamos deixar claro que o Reino é a categoria superior da classificação científica dos organismos introduzida por Linnaeus no século XVIII.
Originalmente, Lineu considerou as coisas naturais no mundo divididas em
três reinos: Mineral - os “minerais”; Animalia - os “animais” (com movimento
próprio); Plantae - as “plantas” (sem movimentos). Os reinos são subdividi-
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
18
Vigilância em Saúde
dos em filos (para o reino animal) ou divisões (para as plantas). Quando se
descobriram os organismos unicelulares, estes foram divididos entre os dois
reinos de organismos vivos. As formas com movimento foram colocadas no
filo Protozoa e as formas com pigmentos fotossintéticos na divisão Algae. As
bactérias foram classificadas em várias divisões das plantas.
Reino Animalia – destaca os heterotróficos - reino dos animais. Para o reino
Fungi, os decompositores pertence ao reino dos fungos, como exemplo, bolores
e cogumelos e outros. Para o reino Plantae tem os autotróficos chamados reino
das plantas. Ainda têm dois reinos para os organismos unicelulares ou coloniais:
reino Monera inclui reino das Bactérias e Cianobactérias também chamadas
de algas azuis e, reino reino Protista está o reino das Algas Unicelulares e dos
Protozoários. Na literatura científica este sistema com cinco reinos ainda é
muito utilizado. Tem literatura que traz o sexto reino que inclui os vírus.
É importante vê os conjuntos das divisões taxionômicas dos seres
vivos, a ordem dessa divisões é: Espécies < Gêneros < Famílias < Ordens <
Classes < Filos (Ramos) < Reinos. Onde se decifra que as espécies encontram-se inseridas nos gêneros, e os gêneros se encontram inseridos nas famílias,
as famílias estão inseridas nas ordens, as ordens se encontram inseridas nas
classes, as classes se encontram inseridas nos filos (ramos), os filos estão
inseridos nos reinos, isto é, o reino é a maior unidade empregada em classificação biológica.
Assim, hierarquicamente, temos:
Filo - Cordata (cão, lobo, raposa, gato, cavalo, cobra, sapo, peixe).
Classe - Mamalia (cão, lobo, raposa, gato, cavalo).
Ordem - Carnívora (cão, lobo, raposa, onça, gato).
Família - Canídea (cão, lobo, raposa).
Gênero - Canis (cão, lobo).
Espécie - Canis familiares (cão): dálmata, pastor, dobermann, etc.
Para ter mais informações sobre a classificação dos organismos e suas
pesquisas você pode acessar o site: http://www.scribd.com/doc/29397335/
Apostila-de-Zoologia-A e ter acesso a um grande conteúdo que está à disposição para pesquisar.
Caro aluno, repare
como esse ponto é
importante. A diferença
entre as cinco divisões
do reino.
Caro aluno, observe
que o reino Fungi hoje
compreende seres tanto
unicelulares quanto
multicelulares.
Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Conceito de zoologia e sistemática zoológica;
• História da classificação dos organismos;
• Categorias e divisões taxionômicas dos seres.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
19
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Atividades de aprendizagem
1) Qual é a ciência que cataloga e descreve os animais e o que ela estuda?
2) Sabemos que há inúmeras espécies de animais. É possível fazer a classificação de uma espécie de animal? Justifique.
3) Pesquise e responda à questão, analisando a árvore evolutiva mais acolhida pela comunidade científica, atualmente. A árvore evolutiva inicia a ancestral comum a todos os viventes e deriva nos seres vivos atuais. Os números
romanos I, II, III, IV e V correspondem, respectivamente, a:
a) bactérias, protistas, fungos, plantas e animais.
b) animais, plantas, fungos, protistas e bactérias.
c) protistas, fungos, bactérias, animais e plantas.
d) bactérias, protistas, plantas, fungos e animais.
e) protistas, bactérias, fungos, animais e plantas.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
20
Vigilância em Saúde
AULA 1
Aula
2 – Introdução
Alfabetização
Digitalzoonoses e Nomenclatura zoológica
Objetivos
Introduzir nomenclatura zoológica na área das zoonoses;
Avaliar a história da classificação dos organismos;
Comparar as categorias e divisões taxionômicas dos seres.
2.1 Elementos de Zoologia
2.1.1 Nomenclatura
Precisamos saber mais sobre a nomeação dos seres vivos que compõe a biodiversidade, é por ela que constitui uma etapa do trabalho de
classificação. Muitos seres são “batizados” pela população com nomes denominados populares ou vulgares, pela comunidade científica. Esses nomes
podem designar um conjunto muito amplo de organismos, incluindo, algumas
vezes, até grupos não aparentados.
É importante destacar que o mesmo nome popular pode ser atribuído a diferentes espécies, como, neste exemplo: animais de uma mesma
espécie podem receber vários nomes, como ocorre com o barbeiro, cujo
nome científico é Triatoma infestans e os nomes populares são chupança,
bicho-barbeiro, bicho-de-frade, bicho-de-parede, bicudo, cascudo, chupão,
chupa-pinto, pirocó, fincão, furão, gaudério, percevejão, percevejo-do-sertão, percevejo-gaudério, procotó, rondão ou vunvum, conforme a região.
Figura 3: Triatoma infestans e os nomes comuns são barbeiro, chupança, bichobarbeiro, bicho-de-frade, bicho-de-parede, bicudo, cascudo, chupão, chupa-pinto,
pirocó, fincão, furão, gaudério, percevejão, percevejo-do-sertão, percevejogaudério, procotó, rondão ou vunvum.
Fonte: Disponível em: <http://wolfirescience.blogspot.com/2008/11/triatoma-infestans.html>.
Acesso em 15/12/2010.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
21
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Nomes vulgares:
são nomes que
empregados para
chamar habitualmente
as espécies
Falaremos agora sobre os nomes populares ou comuns - para cada
nação existem os nomes populares para instituir animais bem conhecidos.
No caso do pardal, ele recebe nomes diversos para cada região. Portanto,
há possibilidade de desordem da classificação entre povos de diferentes países ou mesmo dentro do próprio país. Exemplo: Na França, recebe o nome
de moineau domestique, no Brasil é denominado de pardal, e na Espanha
chama-se garrion.
Os seres humanos distinguem as plantas e os animais por algum
nome, que muda de acordo com o local, município e, ou, país onde se acha a
espécie. Se as pessoas conhecessem uma mesma espécie de vegetal ou animal com diversos nomes, neste caso, pensariam está pensando em espécies
muito parecidas, mas não da mesma espécie. Por isso que ocorre desordem
só quando se referem os diferentes nomes vulgares, sempre foi um problema
na Biologia, qualquer que fosse o ramo da pesquisa e, ou do estudo.
2.2 Nomes científicos
Precisamos deixar claro que os cientistas tentaram padronizar universalmente os nomes dos seres vivos, pesquisando eles chegaram cunhar
uma nomenclatura internacional para a denominação dos seres vivos. Mark
Catesby, com sua obra o primeiro livro de Zoologia, em 1740, obteve uma experiência de “padronizar” o nome de uma ave, com o nome de tordo americano. O conceito de Mark Catesby é que esse pássaro pudesse ser conhecido
em vários idiomas, entretanto o nome dado a essa espécie era grande para
apresentar uma ave tão pequena. Linneu, em 1735, com a profissão de botânico e médico, ele lançava em sua obra o livro “Systema Naturae”, onde indica normas para classificar e denominar plantas e animais. Em 1758, Linneu
sugeriu efetivamente uma forma de nomenclatura mais simples em que cada
organismo seria conhecido por dois nomes apenas, isto ocorreu só na 10a
edição do seu livro. Dessa forma, surgiu a nomenclatura binominal moderna.
É importante saber que espécie tem origem do latim species, “tipo”
ou “aspecto”; com a abreviatura: “spec.” ou “sp.” singular, ou “spp.” plural,
é uma norma essencial da Biologia que indica a unidade fundamental do sistema taxonômico usado na classificação científica dos seres vivos.
2.3 Regras internacionais de nomenclatura
zoológica
Itálico: é uma forma
letra inclinada e fina,
desigual do corpo
tipográfico utilizado no
documento corrido.
Precisamos deixar claro que as regras atuais para a denominação
científica dos seres vivos, incluindo os animais já extintos, foram firmadas
com base na obra de Lineu, no I Congresso Internacional de Nomenclatura
Científica, em 1898, e revistas em 1927, em Budapeste, Hungria. As principais regras são: - na designação científica, os nomes devem ser latinos de
origem ou, então, latinizados. - todo nome científico deve ser escrito em
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
22
Vigilância em Saúde
itálico e em obras impressas. Em estudos manuscritos é necessário que seja
sublinhado. É importante que cada indivíduo seja reconhecido por uma indicação binominal, ou seja, no primeiro termo do nome cientifico identifica o
gênero e o segundo identifica a espécie. Não pode usar o nome da espécie
de forma isolada é preciso ser acompanhada pelo nome do gênero. Outro
ponto importante é o nome relativo ao gênero que tem a necessidade ser um
substantivo que pode simples ou composto; o gênero deve ser escrito com
inicial maiúscula, no entanto, o nome relativo à espécie deve ser um adjetivo
escrito com inicial minúscula, o nome científico da barata que uma espécie
do gênero Periplaneta americana (Lineu).
Figura 4: Espécie do gênero Periplaneta americana (Lineu).
Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?q=Periplaneta+americana&
hl=pt-BR&biw=1020&bih=563&prmd=ivns&wrapid=tlif129730916006211&um=1&ie=UTF8&source=univ&ei=511TTZqHM4-cgQfw6-yXCA&sa=X&oi=image_result_group&ct=title&resnum=3&
ved=0CDYQsAQwAg>. Acesso em 15/12/2010.
Falando um pouco mais sobre regras atuais são empregadas no
mundo do científico por botânicos, zoólogos, ecólogos e geógrafos segundo
Troppmair (2002, p.29). Este autor comenta que Linneu (1758) estabeleceu as
diretrizes para uma nomenclatura universal, binominal com normas rígidas.
As regras básicas desta nomenclatura são: - o nome deve ser latino ou latinizado; - todo ser vivo deve possuir pelo menos dois nomes. O primeiro designa
o gênero, e o segundo, a espécie; - o gênero é designado por um substantivo
e escrito com inicial maiúscula, a espécie é designada por um adjetivo com
inicial minúscula; havendo necessidade, um terceiro nome indicará a variedade ou subespécie. Exemplo para fauna: Passer domesticus (Lineu) = pardal;
Periplaneta americana (Lineu) = barata. A hierarquia da classificação está
baseada nas semelhanças existentes entre os vegetais ou animais.
Como vimos a barata, espécie do gênero Periplaneta americana (Lineu). A classificação para a barata é a seguinte pertencente ao Reino Animalia, tem como o Filo Arthropoda. Das outras classes do filo Arthropoda,
ela pertence à Classe é Insecta e a Ordem é Blattodea. Este inseto está na
Família Blattidae e no Gênero Periplaneta. A barata apresenta-se como nome
comum variados, por exemplo: Barata-americana-das-casas, barata grande,
barata-de-esgoto, são espécies domésticas mais comuns no Brasil.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
23
Caro aluno, é
importante lembrar
que em Zoologia há
diferença entre os
sufixos da família e da
subfamília, o nome da
família é confirmado
pela soma do “sufixo
– idae” ao radical
relacionado ao nome
do gênero-tipo. Para
subfamília, o “sufixo
usado é - inae”.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Utilização da nomenclatura nos seres vivos que compõe uma
etapa do trabalho de classificação;
• Importância em colocar os nomes científicos nos seres vivos;
• As regras internacionais de nomenclatura zoológica.
Atividades de aprendizagem
1) Comente a diferença que há entre nome comum e nome científico.
2) Qual é a origem e porque se usa sp. e spp.?
3) Um entomólogo estudando a fauna de insetos do cerrado encontrou uma
espécie cujos caracteres não se encaixavam naqueles característicos dos gêneros de sua família. Isto levará o cientista a criar:
a) uma nova família com um novo gênero.
b) somente uma nova espécie.
c) um novo gênero com uma nova espécie.
d) uma subespécie.
e) uma nova ordem com uma nova família.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
24
Vigilância em Saúde
AULA 1
Aula 3 – Zoonoses: conceito de zoonoses
Alfabetização
e definições
deDigital
parasitas, parasitose,
parasitismo e parasitóides
Objetivos
Entender os vários conceitos de zoonoses, parasitas, parasitose,
parasitismo e parasitóides;
Distinguir a divisão dos parasitos que compõe uma etapa do trabalho de classificação;
Descreve a Importância da classificação dos artrópodes.
3.1 Conceito de zoonozes
Podemos dizer que as doenças de animais transmissíveis ao homem
chamam-se de zoonoses, o mesmo é válido quando as doenças são transmissíveis
do homem para os animais. Os agentes que desencadeiam essas afecções
podem ser microorganismos diversos, como bactérias, fungos, vírus, helmintos
e rickettsias.
A doença é traduzida por dor e sofrimento. Enfermidade (do latim
infirmitas) in (sem); firmitas (firmeza) - debilidade, fraqueza, perda de forças,
ou seja, a enfermidade é reduzida por debilidade orgânica. Moléstia inquietação,
desassossego, a moléstia é traduzida por trazer mal estar no paciente.
Falando agora sobre rickettsia é um gênero de bactérias que são levadas
como parasitas por espécies como pulgas, piolhos e carrapatos proporcionado
doenças como a febre escaronodular ou botonosa e tifo em seres humanos.
Assim como os vírus e as clamídias, crescem somente dentro de células vivas.
Figura 5: Rickettsia é um gênero de bactérias que são carregadas como parasitas
por vários carrapatos, pulgas, e piolhos e causam doenças.
Afecções: são as
ações de afetar, são as
mudanças sofridas pelo
organismo resultante
de uma causa que
pode ser por doença,
enfermidade e moléstia.
Caro aluno, repare
como esse ponto é
importante a diferença
entre a doença,
enfermidade e moléstia.
Clamídia: é chamada
de DST, ou seja,
doença sexualmente
transmissível por
meio da bactéria cujo
gênero é Chlamydia
trachomatis. Esta
espécie atinge os órgãos
genitais femininos
ou masculinos.
Igualmente como
acontece com os vírus
e com as rickettsias, a
clamídia é um parasita
intracelular obrigatório.
Tem a capacidade
produzir esporos,
facilitando melhor a sua
disseminação.
Fonte: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Rickettsia_rickettsii.jpg>. Acesso
em 16/12/2010.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
25
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Nômades:
pessoas que não têm
habitação fixa vivem
sempre mudando de
lugar
Artrópodes
(do grego arthros:
pronunciado e
podos: pés, patas,
apêndices) são
seres invertebrados
diferenciados por
terem membros
rígidos e articulados e
apresentarem alguns
pares de pernas, um
par de antenas
Consideremos que a partir do momento em que homem dominou
a agricultura e a pecuária, deixou de viver como nômade e se estabeleceu
próximo a fontes de água e alterando esses ambientes, ele desencadeou as
primeiras zoonoses. Não só pelo contato com mosquitos e insetos, porém,
os nômades possuindo alimentos em abundância começaram a crescer rapidamente a população, sem o hábito de higiene eles defecavam nas fontes
de água e bebiam da mesma; desta forma, eles ajudaram a proliferação de
algumas doenças. Antes de viverem como nômades, eles migrariam dali e
os mecanismos naturais tornariam essa fonte de água potável novamente.
Porém, agora instalados nessa área com tudo o que eles precisam, criando
animais soltos dentro de suas casas e em pobres condições higiênicas, seria
uma questão de tempo até o surgimento de novas doenças.
É importante saber com a abertura de estradas através da floresta, além das construções de novas cidades induziu o homem a colonizar o
ambiente natural de numerosas zoonoses, principalmente, a leishmaniose e
a febre amarela silvestre. Isto foi o suficiente para a inclusão do homem no
ciclo de desenvolvimento das doenças.
Podemos dizer que a palavra antropozoonose se refere às doenças
que tem a presença humana no ciclo do parasito é exclusivamente acidental
ou secundária como acontece na hidatidose. É importante ressaltar que na
hidatidose, chamada de parasitose em que o ciclo se completa entre cães,
que abrigam a forma adulta do parasito e entre as ovelhas que hospedam a
forma larvária. A participação do homem é quando ingere os ovos originários
do cão, passa a comportar-se como hospedeiro intermediário, neste caso somente se desenvolve a forma larvária. Podemos dizer que o termo zooantroponose se consagra a parasitoses próprias do homem, que de uma forma acidental
podem passar para animais. Pode citar de exemplo da amebíase causada pela
Entamoeba histolytica, que acidentalmente pode revelar-se em cães.
Observamos agora como se dividem os parasitos; vamos destacar
apenas a classificação dos artrópodes. Eles podem ser classificados em cinco
classes principais, usando como critério o número de patas (Tabela 1). Os
artrópodes, se destacam por possuírem o maior filo de animais viventes,
a exemplos temos moscas e abelha (insetos), escorpião e carrapatos (arachnida), caranguejo e (crustáceos), lacraia (quilópodes) e piolho de cobra
(diplópodes). Os Artrópodes totalizam mais de um milhão de espécies descritas. Precisamos deixar claro que mais de 4/5 das espécies existentes são
Artrópodes. Usa-se o termo parasito, e não se utiliza parasita, parece ser o
mais correto, quando nos referimos ao espoliador, na relação biológica de
parasitismo.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
26
Vigilância em Saúde
Figura 6: Rickettsia é um gênero de bactérias que são carregadas como parasitas
por vários carrapatos, pulgas, e piolhos e causam doenças.
Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&biw=1020&bih=563&q=foto+d
e+Artr%C3%B3podes&wrapid=tlif129730931635911&um=1&ie=UTF-8&source=univ&ei=hF5TTcevE8_
pgQem2cC_CA&sa=X&oi=image_result_group&ct=title&resnum=1&ved=0CCUQsAQwAA>. Acesso
em 16/12/2010.
Informamos que os parasitas são seres vivos que conviver em associação com outros organismos, eles extraem os recursos do hospedeiro para
a sua sobrevivência, comumente, prejudicando o organismo hospedeiro. Esse
processo e chamado de parasitismo. Parasitose é uma doença causada por
infestação de parasitas. Todas as doenças infecciosas e as infestações dos
animais e das plantas são causadas por seres considerados, em última análise, parasitas.
TABELA 1
Classificação dos artrópodes: Os artrópodes podem ser classificados em cinco
classes principais, usando como critério o número de patas.
Número de patas
Classe
Exemplos
6
Insetos
Barata, Mosquito
8
Aracnídeos
Aranha, escorpião
10
Crustáceos
Camarão, Siri
1 par por seg.
Quilópodes
Lacraia
2 par por seg.
Diplópodes
Piolho de cobra
Parasitose [do grego
parásitos e do latim
parasitu]:
O processo de
obsessão em que
o obsessor faz o
papel de parasito
e o obsidiado de
hospedeiro, com o
primeiro sugando os
princípios vitais do
segundo.
Fonte: Disponível em: <http://www.trabalhonota10.com.br/biologia/o-reino-animalia/artropodes.
html>. Acesso em 27/12/2010.
Precisamos deixar claro que parasitóides são insetos que parasitam
outros insetos causando-lhes a morte. O desenvolvimento se dá no interior
do inseto predado, saindo apenas quando atingir seu desenvolvimento.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
27
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Caro aluno, lembre-se
de que cientificamente
as novas edições dos
dicionários incorporam
novos significados
biológicos relacionados
aos parasitos,
tornando-os, dessa
forma, mais completos
e atualizados.
É importante ressaltar que a classificação dos parasitas pode classificar-se segundo a parte do corpo do hospedeiro que atacam: Ectoparasitas
atacam a parte exterior do corpo do hospedeiro; Endoparasitas vivem no
interior do corpo do hospedeiro. Hemoparasita parasita que vive na corrente
sanguínea. Outra forma de classificar os parasitas depende dos hospedeiros
e da relação entre parasita e hospedeiro: parasitas obrigatórios só vivem se
tiverem hospedeiro, como os vírus. Parasitas facultativos não dependem do
hospedeiro para sobreviver, e sim optam por parasitá-lo.
Parasitismo é uma das interações ecológicas interespecíficas entre
organismos em que uma das espécies, o parasito, usa a outra, o hospedeiro,
como habitat, retirando recursos e prejudicando-o em longo prazo, diferentemente da predação. De acordo com Townsend et al. (2006, p.28), “os
verdadeiros predadores matam constantemente suas presas e o fazem mais
ou menos imediatamente após atacá-las”. Existe outra diferença ao analisar
parasito e predador, é durante estágio de vida, para o parasito a análise é
realizada pelo número de hospedeiros que atacam já o predador pela quantidade de presas atacadas também durante estágio de vida. É importante
caracterizar que os parasitos atacam exclusivamente um hospedeiro em um
estágio de vida, enquanto os predadores vão atacar mais de uma presa, na
maioria das vezes várias, durante estágios de desenvolvimento.
Falando um pouco mais sobre formas de parasitismo que vive na natureza. São três formas de parasitismo classificados e diferenciados em parasitos castradores, típicos e parasitóides. Os parasitos castradores não matam
seu hospedeiro, no entanto reduzindo o processo reprodutivo do hospedeiro
ou até mesmo estilizando ou castrando. Os parasitos típicos são organismos
que proporcionam prejuízo ao hospedeiro, não o matando em curto prazo,
entretanto, eles diminuem o sucesso de reprodução do hospedeiro ou ainda
podendo castrá-los. Os parasitóides são indivíduos que utilizam os hospedeiros para habitar, todavia, geralmente, matam os hospedeiros para completar
seu ciclo na fase de larvas.
Pode-se afirmar sem nenhuma dúvida que existem, no entanto, muitos parasitos que não causam doenças em animais, entretanto que,
transmitidos ao homem, acham nesse novo hospedeiro melhor condições de
desenvolvimento e multiplicam-se ativamente, aproveitando-se das insuficiências defensivas do homem e ocasionando graves danos. As diferentes
dessa circunstância, envolvendo o homem, o agente etiológico e os animais
reservatórios, são muito comuns na natureza. Na natureza selvagem, o parasito ocupa seu lugar hospedado em animais e transmitido por artrópodes
hematófagos
Hematófagos:
são parasitas que se
alimentam de sangue.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
28
Vigilância em Saúde
Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Conceito de zoonoses;
• Definições de parasitas, parasitose, parasitismo e parasitóides;
• Divisão dos parasitos que compõe uma etapa do trabalho de
classificação;
• Novos significados biológicos relacionados aos parasitos;
• Importância da classificação dos artrópodes.
Atividades de aprendizagem
1. Faça uma correlação entre nômade e zoonoses.
2. Diferencie as definições de parasitas, parasitose, parasitismo e parasitóides.
3. Faça um comentário sobre as cinco classes dos artrópodes.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
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e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
AULA 1
Alfabetização Digital
Aula 4 – Entomologia: importância dos
insetos e suas relações com o homem
Objetivos
• Analisar importância da entomologia nos estudos dos insetos e
suas relações com o homem;
• Explicar as características e classificação dos insetos;
• Avaliar a importância dos insetos como grupo de animais e suas
relações com o homem e o meio ambiente.
• Identificar os principais mosquitos transmissores de algumas doenças no Brasil.
4.1 Entomologia
Falaremos agora sobre entomologia, segundo Constantino (2002,
p.10) “é a ciência que estuda os insetos sob todos os seus aspectos e relações
com o homem, as plantas e os animais e, entomólogos são pessoas que estudam os insetos”. A entomologia é derivada da adesão de dois radicais gregos
“entomon” que é inseto e “logos” significa estudo, ela está sendo empregada
desde tempos de Aristóteles.
Observamos agora que os insetos pertencem ao Reino animal; Sub-reino Metazoa; Divisão Bilatéria; Grupo Eucelomata; Filo Arthropoda; Classe
Insecta. Os insetos vivem na Terra a 300 milhões de anos. O homem vive a 1
milhão de anos. Reinos Vegetal + animal possuem 1.500.000 espécies. Classe
Insecta tem 815.000 espécies, ou seja, 55% dos seres vivos e 72% dos animais.
Informemos agora as características dos insetos, eles animais invertebrados, são artrópodes, e faz parte a classe Insecta. Eles possuem de 4 a 5
milhões de espécies, são animais terrestres cujo corpo é envolvido por cutícula
quitinosa, impermeável. Seu tamanho varia de 0,5 mm a 30 cm abrangendo
cabeça, tórax e abdômen. Os insetos apresentam o corpo subdividido cabeça,
tórax e abdome. Possuem um par de antenas e três pares de patas no tórax. Na
maioria das espécies, há dois pares de asas, mas há espécies com apenas um par
e outros sem asas; a respiração é traqueal.
Respiração traqueal:
ocorre por meio de
pequenos orifícios
chamados de
buraquinhos em sua
pele, acontece por meio
de traquéias. Estas são
estruturas compostas
por um conjunto de
tubos ramificados
nas extremidades,
capazes de transportar
O2 desde orifícios
externos, em contato
com o ar atmosférico,
até o interior dos
tecidos, onde as trocas
gasosas são executadas.
Figura 7: Espécies diferentes de insetos.
Fonte: Disponível em: <http://www.trabalhonota10.com.br/biologia/o-reino-animalia/artropodes.
html>. Acesso em 27/12/2010.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
31
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Metamorfose:
a mudança
relativamente brusca
na forma do corpo
(tecidos e com os
órgãos). entre o fim
do desenvolvimento
imaturo e o início da
fase adulta
Muitos dos insetos têm dois olhos formados por diversos olhos menores ou olhos simples, ou seja, tem a formação de diferentes olhos em um
só. A maioria deles tem antenas que lhes ajustam um olfato mais determinado, o que lhes permite capturar de forma mais exata as suas presas.
É importante saber que a peça bucal é bem adaptada às diferentes
especificações de nutrição, podem viver solitários ou em grupos sociais; são
dotados de mecanismos de defesa. Ex: abelha, borboletas, moscas, termitas, formigas, traças, piolhos, gafanhotos e muitas outras. Os insetos sofrem
metamorfose.
Consideremos que de acordo com a classificação dos insetos é comum
que eles tenham em seu corpo três partes como cabeça, tórax e abdome. Outra
característica marcante deles é a presença de seis pernas anexas ao tórax e, no
próprio tórax de muitas espécies pode ter duas asas ou até mesmo quatro asas.
É importante ressaltar que no desenvolvimento dos insetos, grande
parte deles sofre diferentes estágios até chegar à fase adulta. Por exemplo,
nas borboletas há transformação dentro das quatro fases que começa com os
ovos, larvas, pupas e finaliza com a fase adulta. Os insetos têm outro ponto
interessante convivem em comunidade, como exemplo, as abelhas, cupins e as
formigas. Estas espécies são muitas organizadas e repartem as funções dentro
de uma hierarquia. As abelhas, em suas colméias, possuem a abelha rainha que
é responsável pela reprodução, os zangões que são os machos e as operárias responsáveis pelos trabalhos de polinização, limpeza da colméia e outras funções.
Mimetismo :
é quando uma espécie
adota, geralmente, para
imitar outra espécie
seja no aspecto físico,
seja no comportamento
com a intenção de
se proteger de seus
predadores
Camuflagem:
é um disfarce no
qual um organismo
fica indistinguível da
paisagem de fundo
Figura 8: Estágios diferentes da borboleta
Fonte: Disponível em: <http://pt.dreamstime.com/foto-de-stock-royalty-free-est-aacutegios-daevolu-ccedil-atildeo-da-borboleta-image568625>. Acesso em 26/12/2010.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
32
Vigilância em Saúde
É possível destacar que outros tipos de insetos bem conhecidos são
os insetos-folhas, que fazem parte da família das baratas e são localizados
naturalmente nas áreas tropicais do globo terrestre. Esta espécie de inseto
tem o hábito de ficar imóvel durante o dia, usando a capacidade de mimetismo, saindo somente no período da noite para procurar alimentos. Esta
característica é somente para os machos dos insetos-folhas que possuem a
capacidade de voar.
Falando um pouco mais sobre a família das baratas, ainda fazem
parte os insetos-gravetos, que se parece com pequenos galhos de árvore e
se usa da camuflagem tem em seus corpos áreas esverdeadas que lembram
musgos. Esta característica os torna capaz de se combinar com a paisagem
(árvores, plantas e folhas) da região em que habitam, e, dessa maneira, eles
podem enganar suas presas e predadores.
É importante enfatizar que muitos dos insetos têm se tornado pragas para a população dos grandes centros urbanos. Entre eles estão os cupins
e as formigas que entram nas casas proporcionando rastro de destruição.
Ainda nos centros urbanos com as construções de cimento e concreto, o
asfalto reduziu as fontes de alimentação, dessa forma, para a sobrevivência
dessas duas espécies o único modo de continuar a viver foi a disputa por
espaços com os seres humanos.
4.2 Razões para o sucesso dos insetos
Precisamos ressaltar que, segundo algumas pesquisas, os insetos
são os grandes competidores do homem pela hegemonia no planeta Terra, o
ser humano sempre obteve o domínio sobre grande parte deles, e também
eliminou algumas espécies de animais que seriam seus predadores. Contudo,
os insetos permanecem como único empecilho biótico ao domínio total do
homem, visto que eles têm a capacidade adaptativa e vastamente conhecida. Além disso, eles, ao longo dos séculos, sofreram diversas mudanças que
toleraram as adaptações diferenciadas ao meio ambiente.
Podemos perceber, ao longo dos tempos, que os insetos sofreram
várias modificações, tais como: - exoesqueleto permite aos insetos uma
grande área de inserção muscular, facilita o controle da evaporação e protege os órgãos internos. - asas funcionais fornecem aos insetos a capacidade de
deslocamento, facilitam a procura de alimentos, facilita a fuga dos inimigos
naturais e facilita a dispersão. - tamanho pequeno faz com que os insetos
necessitem de pouco alimento, facilita a fuga, contudo o fato de serem pequenos faz com a superfície total do corpo seja muito maior que o volume,
aumentando a evaporação do corpo o que consiste numa desvantagem. metamorfose completa admitiu aos insetos terem a capacidade de viver em
diferentes habitats, permite a larva e ao adulto viverem em condições completamente diversas. - o crescente número das espécies de insertos com capacidade de adaptação aos diversos ambientes, fez com que se elevassem o
número de espécies tanto que atualmente eles ocupam praticamente todos
os lugares na maioria dos ecossistemas.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
33
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Caro aluno, repare
como esse ponto é
importante.
Detritivoria:
é um organismo de um
comedor de detrito
de origem vegetal ou
animal.
Saprofagia:
é um organismo
comedor de organismos
em decomposição.
Xilofagia:
é um organismo
comedor de madeira.
4.3 Importância dos insetos como grupo de animais e suas relações com o homem
Nós devemos estudar insetos por muitas razões. Além de apresentarem alta variação ecológica, eles, freqüentemente, dominam as cadeias
e teias alimentares em biomassa e riqueza de espécies. As especializações
alimentares dos diferentes grupos de insetos passam por detritivoria, saprofagia, xilofagia e micofagia, alimentação por filtração da água e pastejo,
fitofagia ou herbivoria, abrangendo a sucção de seiva, e carnivoria é referente à predação e ao parasitismo. Outros grupos de insetos mostram várias
combinações destes principais tipos de alimentação. Os insetos podem ser
aquáticos ou terrestres ao longo de toda ou parte de suas vidas. Seus estilos
de vida abrangem modos solitários, gregários (em grupos), subsociais e altamente sociais. Eles podem estar escondidos e ativos durante o dia ou à noite.
Os ciclos de vida dos insetos são adaptados a uma variedade de condições
abióticas, incluindo extremos sazonais de calor e frio, secas e umidade e
climas previsíveis ou imprevisíveis.
Micofagia:
é um organismo
comedor de fungos.
Fitofagia:
é um organismo que se
alimenta de vegetais.
Ver os fatores abióticos
como radiação
solar, temperatura
(máxima e mínima),
precipitação (chuva),
umidade relativa do
ar que atuam sobre
o crescimento e
desenvolvimento do dos
insetos.
Insetívoros:
são organismos
comedores de
insetos.
Antropocêntrico:
que concebe o
universo em termos
de experiência ou
valores humanos
Figura 9: Piolho espécie parasitismo.
Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=foto+parasitismo&wrapid=tli
f129734404339011&um=1&ie=UTF-8&source=univ&ei=KeZTTZvzK4LEgAeKlPmxCQ&sa=X&oi=image_
result_group&ct=title&resnum=3&ved=0CDEQsAQwAg&biw=1003&bih=563>. Acesso em 26/12/2010.
É importante saber que os insetos são essenciais nos ecossistemas: reciclagem de nutrientes através da degradação da serapilheira foliar e lenhosa, disposição de carcaças e fezes e movimentação do solo. - polinização de plantas e, às vezes, dispersão de
sementes. - manutenção da composição e estrutura da comunidade
vegetal através da fitofagia, incluindo alimentação de sementes. manutenção de amimais insetívoros, como muitos pássaros, mamíferos, répteis e peixes.
Pode-se afirmar, sem nenhuma dúvida, que cada espécie de inseto é parte de uma comunidade mais ampla e, se alguma espécie
for perdida, a complexidade e a abundância de outros organismos
serão afetadas. De um ponto de vista antropocêntrico alguns insetos prejudicam a saúde de animais domésticos e a nossa própria, e
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
34
Vigilância em Saúde
afetam adversamente a agricultura e a horticultura. Outros insetos
beneficiam em alto grau a sociedade humana, tanto por nos fornecer alimento diretamente ou por sua contribuição para os materiais
que utilizamos ou para o alimento que comemos. Por exemplo, as
abelhas nos fornecem mel, mas elas são também importantes polinizadores de várias espécies de plantas. Além disso, o controle de
pragas promovido por besouros predadores, percevejos e vespas
parasitóides, freqüentemente passa despercebido, especialmente
por cidadãos urbanos.
Falando um pouco mais sobre os insetos, eles também contêm
uma grande quantidade de compostos químicos, alguns dos quais podem ser coletados, extraídos ou sintetizados e usados por nós. A seda
dos casulos dos bichos-da-seda, Bombyx mori, tem sido usada em tecidos há séculos. Os benefícios dos insetos são mais do que econômicos ou
ambientais; características de certos insetos fazem com que eles sejam
modelos úteis para o entendimento de processos biológicos, em geral.
Esteticamente, a enorme variedade de estruturas e cores nos insetos é
digna de admiração, seja em coleções ou em desenhos e fotografias. É
importante lembrar que os insetos propiciam efeitos benéficos ao homem
por seus hábitos predatórios (algumas espécies).
Descrevemos agora sobre os parasitas e os predadores que tem ampla
aptidão de adaptação e de reprodução, os insetos compõem imensas populações, uma forma de combatê-los é deixar que os predadores e os parasitas ajam
de forma natural. Em geral, os predadores são maiores e mais ativos, porém,
a presa é comumente menor e mais fraca que o predador; os parasitas têm o
hábito de viver do hospedeiro que comumente é maior e mais forte.
Precisamos ressaltar que cada insetos como degradadores, vários
insetos auxiliam a degradação de plantas e animais, auxiliando na limpeza
do solo. Portanto, observam os insetos e seu valor estético, as borboletas
certamente são os insetos mais apreciados pelo homem. Despertando a imaginação de vários artistas, que criam pinturas, poemas, fábulas e músicas
utilizando os insetos como enredo. Por outro lado, aparece a importância
científica dos insetos, eles contribuem para o aperfeiçoamento de várias
ciências, principalmente para o conhecimento da Citologia e da Genética.
Os insetos proporcionam ao meio ambiente como danos às plantas, vetores de doenças para as plantas, animais e para o homem, insetos
parasitos do homem e dos animais, insetos venenosos e insetos que atacam
produtos armazenados. Além disto, os insetos danificam as plantas, sugando
a seiva e os cloroplastos, abrem caminho para os patógenos transmissores de
doenças ao homem.
Por último, e provavelmente o mais importante, o enorme
número de insetos significa que seu impacto no ambiente, e, portanto
nas nossas vidas, é altamente significativo. Sendo assim, o desequilíbrio
de uma parte do sistema formado pelos insetos, pode afetar vários setores
da nossa sociedade como a produção agrícola e florestal, além de desencadear uma série de doenças como a malária, dengue, febre amarela, Chagas,
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
35
Caro aluno é
importante deixar
claro que muitos
insetos são também
nocivos.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Leishmaniose, Filariose e outras (Tabela 2). Os insetos constituem o maior
componente da biodiversidade e, pelo menos por esta razão, nós devemos tentar entendê-los melhor.
Tabela 2
Algumas doenças transmitidas por mosquitos e seus respectivos hábitos
ALGUMAS DOENÇAS TRANSMITIDAS POR MOSQUITOS
DOENÇA
MOSQUITO
HÁBITOS/OBS
1 – Malária
Anopheles darlingi
Rios de águas limpas
2 - Febre amarela urbana
Aedes aegypti
Domésticos, diurnos,
águas limpas
3 - Febre amarela silvestre
Haemagogus capricornii
Amazônia e Centro
Oeste
4 - Leishmaniose visceral
Lutzomyia longipalpis
Nordeste brasileiro
5 - Leishmaniose cutânea
Lutzomyia intermédia
Em quase todo o Brasil
6 – Filariose
Culex quinquefasciatus
Domésticos, noturnos,
águas sujas
7 – Dengue
Aedes aegypti
Águas paradas de vasos, pneus, etc.
8 – Encefalite
Aedes scapularis
No litoral de São Paulo
9 - Úlcera brava
Phlebotomus spp
Úlcera de Bauru
10 – Manzonelose
Simulium amazonicum
Comum na Amazônia
11 – Oncocercose
Simulium damnosum
Roraima e África
Fontes: “Principais Mosquitos de Importância Sanitária no Brasil”. “As Doenças do Campo”.
Gomes, M., Ed. Globo, Rio de Janeiro, 1987. “Endemias Rurais” - Ministério da Saúde, Rio de
Janeiro, 1968. “Revista Globo Rural” - No 10 julho de 1986. Disponível em: < http://www.ufrrj.br/
institutos/it/de/acidentes/mosq.htm>. Acesso em 30/12/2010.
Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Conceito e importância da entomologia;
• Características e classificação dos insetos;
• Importância dos insetos como grupo de animais e suas relações com o homem e o meio ambiente.
• Principais mosquitos transmissores de algumas doenças no Brasil.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
36
Vigilância em Saúde
Atividades de aprendizagem
1. Apresentam o corpo subdividido em três partes cabeça, tórax e abdome e
possuem três pares de patas no tórax e um par de antenas. São chamados de:
a) escorpião e pulga.
b) lacraia e siri.
c) camarão e carrapato.
d) barata e gafanhoto.
e) aranha e lagosta.
2. Faça um comentário sobre insetos nocivos.
3. Pode o desequilíbrio de uma parte do sistema formado pelos insetos ocorrer e afetar vários setores da nossa sociedade? Justifique.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
37
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
AULA 1
Alfabetização
Digital insetos que cauAula
5 – Entomologia:
sam doenças
Objetivos
• Conhecer na entomologia os insetos e suas respectivas doenças;
• Descrever como os insetos causam doenças;
• Reconhecer a importância dos insetos como hospedeiros de
agentes causadores de doenças.
5.1 Insetos que acompanham o homem
É possível destacar que atualmente, chama a atenção no Brasil o
acréscimo do número de casos de dengue transmitida pelo mosquito Aedes
aegypti. Ainda é preocupante, essa não é a única doença transmitida por insetos. Esse tipo de vetor (animal transmissor de doenças) é abundante, e as
doenças transmitidas dessa forma trazem grandes prejuízos à saúde pública
e à produtividade, causando mais desequilíbrios, nas já precárias situações
socioeconômica brasileira.
Precisamos deixar claro que além da dengue, cujos métodos de
prevenção vêm sendo bem divulgados, Aedes aegypti ainda transmite a febre
amarela, doença que há mais um século apresentava erradicada no país pelo
pesquisador Oswaldo Cruz e que atualmente volta a impressionar em virtude
da ausência de medidas de manutenção no assassinato do vetor.
Falando um pouco mais sobre doenças, a malária é uma doença ligada pelo Anopheles sp. ou mosquito-prego que é a doença mais espalhada no
mundo. O protozoário é um parasita cujo gênero é Plasmodium sp., causa febre
ocasional e profunda anemia, quadro clínico que pode levar o paciente à morte.
A leishmaniose tegumentar, também conhecida como úlcera de
Bauru ou ferida brava, é causada pelo protozoário Leishmania brasiliensis e
também é transmitida por um mosquito, Phlebotomus intermedius, chamado
de mosquito-palha ou de birigui.
Podemos dizer que o protozoário Trypanosoma cruzi é causador do
mal de Chagas, esta doença é transmitida por inseto chamado de barbeiro
com nome científico de Triatoma infestans. A doença causa cardiomegalia e
pode levar à morte.
Para finalizar, a elefantíase ou filariose, que provoca edema crônico
nos membros, em mamas de mulheres ou até na bolsa escrotal, é uma doença
ocasionada pelo verme chamado de Wulchereria bancrofti ou filária, e é transmitida pelo mosquito Culex sp., também chamado de pernilongo comum. É importante controlar o inseto, principalmente, a sua forma de reprodução.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
39
Vetor:
é especificamente o
hospedeiro de uma
doença transmissível
a outra espécie de
organismo
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Figura 10: Mosquito do gênero Culex transmissor da elefantíase.
Fonte: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/filariose/>. Acesso em
27/12/2010.
Precisamos advertir que a elefantíase ou filariose linfática é a filariose mais comum e é causada especialmente pelas espécies Brugia malayi
e Wuchereria bancrofti. As larvas do parasita, chamada de microfilárias, são
achadas no sangue de pessoas infectado e são ingeridas por animais que se
nutrem de sangue com o caso dos hematófagos. Após estenderem-se por
grande parte do ciclo vital dentro destes insetos, as microfilárias são transmitidas aos seres humanos sadios por meio de picadas durante uma nova
ingestão de sangue. As microfilárias se abrigam nos vasos linfáticos, principalmente nos braços e pernas onde, após de alguns meses, chegarão à maturidade sexual. Quando adultas, as filárias fêmeas (macrofilárias) podem viver
entre 5 e 10 anos em seu hospedeiro e se reproduzem gerando milhares de
larvas, as quais passam novamente para a circulação sanguínea.
Podemos dizer que as fêmeas dos mosquitos das espécies Wuchereria bancrofi, Brugia malayi e Culex transmitem a elefantíase durante a
noite. E ainda, o quadro clínico dessa doença surge com os sintomas iniciais, estão incluídos com a resposta inflamatória subsequente à presença
dos parasitas. A fase aguda da elefantíase acontece com febre e calafrios
que se dão em espaços desiguais, com ou sem inflamação de vasos linfáticos ou gânglios e, reações inflamatórias das extremidades inferiores
e genitais. Enquanto a infecção vai se desenvolvendo, os vermes adultos
presentes vão obstruindo os vasos linfáticos evitando o fluxo linfático normal, provocando acumulação de líquido pelo tecido, no engrossamento e
hipertrofia dos tecidos afetados.
Falando um pouco mais sobre as formas mais frequentes de localização da elefantíase. Esta doença se localiza nas pernas, o edema dá início
no dorso do pé e eleva-se até o joelho, no entanto, dificilmente abrange aos
quadris. A pele muito fica muito grossa, com muita fibrose e superfície enrugada parecendo com a pele do elefante.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
40
Vigilância em Saúde
Figura 11: Elefantíase das pernas.
Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://2.bp.blogspot.
com/_iaBAkLMoQoA/SxQD3Z0CboI/AAAAAAAAAYU/l1Juy3qVTkQ/s1600/e3.jpg&imgrefurl=http://
invasaopatologica2009.blogspot.com/2009/11/elefantiase.html&h=267&w=409&sz=22&tbnid=ayNv
MaMkgDwmCM:&tbnh=82&tbnw=125&prev=/images%3Fq%3Dfoto%2Bcom%2Belefant%25C3%25ADas
e&zoom=1&q=foto+com+elefant%C3%ADase&hl=pt-BR&usg=__DqBaWDHodgzJF7BTElZKv1r6Mvk=&s
a=X&ei=v7crTa7TN8KclgfH29j9AQ&ved=0CCwQ9QEwAw>. Acesso em 26/12/2010.
É importante dizer que a grande parte das doenças que provoca
febre no ser humano é ocasionada por microorganismos ligados por insetos. Habitua-se a utilizar o termo inseto porque eles têm uma característica
marcante à presença de três pares de patas, por exemplo, besouro, pulga,
mosquito, piolho, percevejo, baratas, mosca, abelhas, formigas etc. Segundo
a classificação científica, os insetos se enquadram na categoria mais abrangente dos artrópodes, a maior divisão do reino animal, que inclui pelo menos
um milhão de espécies analisadas.
É importante dizer que a grande maioria dos insetos é inofensiva
ao homem e alguns são muito úteis. Sem eles, muitas plantas e árvores
que fornecem alimento ao homem e aos animais não seriam polinizadas
nem dariam frutos. Há insetos que ajudam a reciclar o lixo. Um grande
número se alimenta exclusivamente de plantas, ao passo que alguns comem outros insetos.
É claro que há insetos que incomodam o homem e os animais
com uma picada dolorosa ou simplesmente por seu grande número. Alguns também danificam plantações e outras espécies proporcionam doenças e morte. Atualmente, cerca de 1 em cada 6 pessoas está infectada
com uma doença transmitida por insetos. Além de causar sofrimento,
essas doenças representam um grande ônus financeiro, sobretudo nos
países em desenvolvimento, que são justamente os que menos dispõem
de recursos. Mesmo um único surto pode ser oneroso. Consta que uma
epidemia na parte ocidental da Índia, em 1994, custou bilhões de dólares
à economia local e mundial. De acordo com a Organização Mundial da
Saúde (OMS), esses países só farão progresso econômico quando tais problemas de saúde estiveram sob controle.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
41
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
5.2. Como os insetos causam doenças
Podemos descrever que alguns insetos podem atuar como vetores, ou seja, agentes transmissores de doenças, de duas formas principais.
Uma delas é a transmissão mecânica. Assim como as pessoas podem trazer para dentro de casa sujeira impregnadas no sapato, a mosca-doméstica
pode transportar nas patas milhões de microorganismos que, dependendo
da quantidade, causam doenças. As moscas são transmissores de doenças ao
ser humano. Após terem pousado sobre fezes, feridas e animais mortos, elas
podem pousar sobre o alimento humano e contaminá-lo, depositando sobre
este as bactérias contidas na sua saliva, patas e cerdas do seu corpo. Essa é
uma forma de o homem contrair doenças debilitantes e mortíferas como a
febre tifóide, a disenteria e até mesmo a cólera.
Precisamos deixar claro que as moscas também contribuem para a
transmissão do tracoma, a principal causa de cegueira no mundo. O tracoma
pode causar a cegueira por danificar a córnea, que é a parte anterior do olho
localizada na frente da íris. No mundo todo, cerca de 500 milhões de pessoas
sofrem desse flagelo.
É possível destacar que o lixo é o principal responsável pelo aparecimento das moscas, devido a grande variedade de resíduos que servem
para sua alimentação.
Figura 12: As patas da mosca podem carregar milhões de microorganismos que
causam doenças.
Fonte: Disponível em: <http://www.watchtower.org/t/20030522/article_01.htm>. Acesso em
23/12/2010.
Precisamos deixar claro, a barata, que gosta da sujeira, é suspeita
de transmissão mecânica de doenças. Segundo especialistas, o recente surto
de asma, principalmente em crianças, está relacionado com a alergia a baratas. Elas estão entre os insetos que encontramos sempre e, pouca pesquisa
tem sobre os riscos que elas acarretam para a nossa saúde. Existem cerca
de 3.500 tipos de barata. A mais conhecida e comum no meio urbano é a
barata de esgoto, ou francesinha. Transmitem microorganismos que causam
infecções respiratórias e intestinais. Suas fezes e suas cascas secas podem
causar alergias.
Falando um pouco mais sobre as baratas, elas procuram abrigo em
lugares quentes, úmidos e escuros, na época das chuvas. Estes locais podem ser dentro dos prédios, nos cantos das paredes das casas, nas fendas
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
42
Vigilância em Saúde
de madeira, nos armários, gavetas, fornos, ralos e depósitos. Estão sempre
em busca de alimentos em lixos e esgotos. Ao caminhar por locais limpos
contaminam os alimentos, louças, pratos, talheres e copos. Deixe sempre
o alimento protegido, não guarde comida sem tampa nos armários, principalmente doces e bolachas. Dê preferência aos inseticidas acondicionados
em armadilhas que atraem as baratas para dentro delas. Não contaminam o
meio ambiente e são eficientes para acabar com elas.
Figura 13: A barata como vetor ativo proporciona transmissão mecânica de doenças.
Fonte: Disponível em: <http://www.watchtower.org/t/20030522/article_01.htm>. Acesso em
23/12/2 010.
Necessitamos informar que a outra forma de transmissão ocorre quando insetos hospedeiros de vírus, bactérias ou parasitas infectam as vítimas pela
picada ou por outros meios. Apenas uma pequena porcentagem de insetos transmite doenças ao homem, dessa forma. Por exemplo, embora haja milhares de
espécies de mosquitos, apenas os do gênero Anopheles transmitem a malária, a
doença contagiosa que mais mata no mundo, depois da tuberculose.
Além da possibilidade há muitas outras doenças disseminadas por
mosquitos. Um relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde) diz: O mosquito é o mais perigoso de todos os insetos vetores, pois é o transmissor da
malária, da dengue e da febre amarela. Essas doenças, combinadas, matam
todo ano milhões de pessoas e fazem adoecer outras centenas de milhões.
Pelo menos 40% da população mundial correm risco de contrair a malária, e
cerca de 40% de contrair a dengue. Em muitos lugares, a pessoa pode contrair ambas as doenças.
É claro que os mosquitos não são os únicos insetos vetores. A mosca
tsé-tsé transmite o protozoário causador da doença do sono, que aflige centenas
de milhares de pessoas, obrigando comunidades inteiras a abandonar seus campos férteis. A mosca-negra, transmissora do parasita que provoca a cegueira do
rio, privou da visão cerca de 400 mil africanos. O mosquito-pólvora pode abrigar
o protozoário que causa a leishmaniose. Trata-se de um grupo de doenças incapacitantes, que hoje afligem milhões de pessoas de todas as idades ao redor
do mundo, desfiguram a vítima e muitas vezes causam a morte. A pulga comum
pode transmitir a solitária, a encefalite, a tularemia e até mesmo a peste, geralmente associada à peste negra que em apenas seis anos dizimou um terço ou
mais da população da Europa na Idade Média.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
43
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
A mosca-negra é portadora do
patógeno da cegueira do rio.
Mosquitos alojam patógenos da
malária, da dengue e da febre amarela.
Piolhos podem transmitir tifo.
Pulgas podem causar encefalite e
outras moléstias.
As moscas tsé-tsé transmitem a
doença do sono.
Figura 14: Muitos insetos são hospedeiros de agentes causadores de doenças
Fonte: Disponível em: <http://insetosedoencastrans.blogspot.com/2010_06_01_archive.html>.
Acesso em 23/12/2010.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
44
Vigilância em Saúde
Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Insetos que acompanham o homem;
• Como os insetos causam doenças;
• Importância dos insetos como hospedeiros de agentes causadores de doenças.
Atividades de aprendizagem
1. De acordo com as alternativas abaixo, marque a questão que tem somente
parasitoses, e que não incluem o mosquito como agente transmissor.
a) elefantíase, malária e leptospirose.
b) esquistossomose, leptospirose e malária.
c) tifo murino, leptospirose e salmoneloses.
d) leptospirose, malária e salmoneloses.
e) elefantíase, esquistossomose e salmoneloses.
2. O que é vetor e o que ele pode causar?
3. Os insetos podem atuar como vetores. Quais são as formas principais de
agentes transmissores de doenças pelos insetos? Explique-as.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
45
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
AULA 1
Aula
6 – Entomologia:
Alfabetização
Digital ciclos de doenças transmitidas pelos insetos
Objetivos
•
•
•
•
Entender ciclos de doenças transmitidas pelos insetos;
Descrever a influência dos patógenos;
Reconhecer a importância dos insetos vetores de doenças;
Identificar as medidas de proteção e doenças transmitidas por
insetos.
6.1 Ciclos de doenças generalizadas
Precisamos ressaltar que em todas as doenças transferidas biologicamente, um artrópode adulto que pica (sugador ou que se alimenta de sangue), transmite um parasita de humano para humano,
ou de animal para humano ou, mais raramente, de humano para
animal. Alguns patógenos humanos (agentes causais de doenças humanas tal como parasitas de malária) só podem completar seus ciclos de
vida dentro do inseto vetor e do hospedeiro humano. A malária humana
é um exemplo de uma doença de ciclo único envolvendo mosquitos
Anopheles, parasitas de malária e humanos. Embora parasitas de malária relacionados ocorram em animais, notavelmente outros primatas e
pássaros, esses hospedeiros e parasitas não estão envolvidos no ciclo de
malária humana. Somente algumas poucas doenças humanas originadas
por insetos têm ciclos únicos, como na malária, porque essas doenças
requerem co-evolução de patógeno e vetor e Homo sapiens. Uma vez
que Homo sapiens tem uma origem evolucionária recente, houve apenas
um curto período de tempo para o desenvolvimento de doenças únicas
de origem em insetos que requerem especificamente um humano ao
invés de qualquer vertebrado alternativo para completar o ciclo de vida
do organismo causador da doença.
Homo sapiens:
é o nome científico
do homem
Figura 15: Anopheles darlingi principal vetor da malária no Brasil.
Fonte: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/malaria/index.php>. Acesso
em 24/12/2010.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
47
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Em contraste com doenças de ciclo único, muitas outras doenças
de origem em insetos que afetam humanos incluem um hospedeiro vertebrado não humano, por exemplo, macacos na febre amarela, ratos na peste
bubônica e roedora do deserto na leishmaniose. Nestes casos fica claro que
o ciclo não humano é primário e a inclusão esporádica de humanos é um
ciclo secundário e não é essencial para a manutenção da doença. Entretanto, quando ocorre surto, estas doenças podem se espalhar em populações
humanas e podem envolver muitos casos.
Observamos agora que os surtos em humanos frequentemente
surgem de ações humanas, tal como a disseminação de pessoas em
áreas naturais do vetar e hospedeiros animais os quais agem como
reservatórios das doenças. Por exemplo, a febre amarela em floresta nativa de Uganda, na África Central, tem um ciclo na floresta, permanecendo em primatas arborícolas com o mosquito que se
alimenta exclusivamente de primatas Aedes africanus como vetor.
É somente quando macacos e humanos concorrem em plantações
de bananas próximas ou dentro da floresta, que Aedes simpsoni, um
segundo mosquito vetor que se alimenta tanto de humanos quanto de macacos, pode transferir a febre amarela para os humanos.
Em outro exemplo, Phlebotomus sand flies (Psychodidae) depende
dos roedores - que se escondem na zona árida do deserto que, se
alimentando, transmitem os parasitas Leishmania entre os hospedeiros roedores. Leishmaniose, uma doença desfigurante, é transmitida
para humanos quando a expansão de subúrbios coloca os humanos
dentro deste reservatório de roedores, mas, diferente da febre amarela, parece que não há nenhuma mudança no vetor quando humanos entram no ciclo.
Em termos epidemiológicos, o ciclo natural é mantido em
reservatórios animais, primatas para febre amarela e, roedores do
deserto para leishmaniose. O controle da doença é complicado pela
presença destes reservatórios em adição a um ciclo humano.
6.2 Patógenos
Falaremos agora sobre os organismos causadores de doenças
transmitidas pelo inseto, que podem ser vírus, rickettsias, bactérias,
protozoários ou vermes nematóides filariais. A replicação destes parasitas tanto nos vetores quanto nos hospedeiros é necessária, e alguns
ciclos de vida complexos se desenvolveram, notavelmente entre os
protozoas e filarias. A presença de um parasita no inseto vetor (o qual
pode ser determinada por dissecação e microscopia ou meios bioquímicos), geralmente parece não causar dano ao inseto hospedeiro.
A transmissão pode ocorrer quando o parasita está num estágio de
desenvolvimento apropriado e seguindo multiplicação ou replicação
(amplificação ou concentração no vetor). A transferência de parasi-
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
48
Vigilância em Saúde
tas do vetor para o hospedeiro para hospedeiro ou vice-versa ocorre
quando o inseto que se alimenta de sangue faz uma refeição num
hospedeiro vertebrado. A transferência do hospedeiro para um vetor
anteriormente não infectado é por meio de sangue infectado com
parasita. A transmissão para um hospedeiro por um inseto infectado
é usualmente por meio de injeção junto com produtos da glândula
salivar anticoagulantes que mantém o ferimento aberto durante a alimentação. Entretanto, esta também pode se dar por meio de deposição de fezes infectadas junto ao sítio de ferimento.
No levantamento que se segue sobre quatro importantes doenças de origem em artrópodes, malária é considerada em algum
detalhe: malária é a doença mais devastadora e debilitante no mundo
e serve como exemplo de vários pontos gerais a respeito de entomologia médica. Seções breves revisam o intervalo de doenças patogênicas envolvendo insetos, arranjadas por seqüência filogênica de
parasita, de vírus a vermes filariais.
6.3 Insetos e doenças
É formidável destacar que as doenças como a malária, febre amarela e dengue ainda constituem importantes problemas de saúde pública. Estas
doenças transmitidas pelos insetos que na fase adulta possuem 6 patas. Os
insetos hematófagos proporcionam entre os principais riscos para a saúde.
A pulga que compreende um grupo de insetos com hábitos hematófagos.
Os insetos hematófagos têm a capacidade de serem vetores de infecções,
possuem capacidades de transmitir agentes infecciosos entre animais e seres
humanos ou mesmo entre seres humanos. Os insetos hematófagos não enquadram somente como meio de transporte mecânico, embora eles contribuam para o ciclo de desenvolvimento dos agentes infecciosos.
Figura 16: Pulga compreende um grupo de insetos com hábitos hematófagos.
Fonte: Disponível em: <http://biologocarlossimas.blogspot.com/2010/06/controle-de-pulgas.
html>. Acesso em 24/12/2010.
Falamos agora sobre uma relação estreita que existe entre a dinâmica da transmissão de doenças e as características biológicas e ecológicas
destes vetores. Quando se fala da capacidade reprodutiva uma fêmea pode
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
49
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Substâncias
vesicantes:
localizam dentro da
vesícula que contém
líquido seroso
gerar de dezenas a milhares de novos insetos que pode durar de dias até
anos. Os insetos têm as prioridades para alimentar de animais e homem, eles
ainda têm de prioridades locais e hora do dia de maior atividade. Dependo
da estação do ano os vetores transmissíveis de doença infecciosa têm capacidade de maior atuação durante o dia, ou à noite. As alterações ambientais
como disponibilidade de água, chuvas, temperatura, umidade e altitude podem influenciar no ciclo dos agentes infecciosos nos insetos ou no desenvolvimento dos próprios vetores.
É importante informar que os insetos hematófagos introduzem os
agentes infecciosos no sangue, por meio da pele, durante a alimentação,
isto é comum com os mosquitos da dengue, malária, febre amarela, com a
mosca tsé-tsé ou doença do sono e com os flebotomíneos que transmitem
a leishmaniose cutânea e visceral. Contudo os triatomíneos causadores da
doença de Chagas transmitem o agente infeccioso quando defecam após a
sua alimentação por sangue humano, e a inoculação acontece pelo contágio
de mucosas e de área de pele lesada por meio das fezes do barbeiro quando
a pessoa coça.
Pode-se afirmar sem nenhuma dúvida que algumas espécies de besouros não transmitem agentes infecciosos, no entanto, podem causar doenças. Estas espécies de artrópodes não são hematófagas, mas produzem substâncias vesicantes com pederina e cantaridina que causam lesões cutâneas
(dermatite bolhas) em seres humanos.
6.4. Medidas de proteção e doenças transmitidas por insetos
Podemos citar as medidas de proteção de doenças transmitidas por
insetos. - Não usar recursos sem constatação da eficácia como as pílulas de
alho e vitaminas do complexo B, na profilaxia de alguma doença transmitida
por vetores. - Empregar repelentes enquanto estiver ao ar livre na pele à
base de picaridina ou dietiltoluamida (DEET). - as que estiverem em locais
fechados e protegidos contra insetos como ar-condicionado, telas protetoras
contra mosquitos, lavar a pele, para remover o repelente. - certificar-se da
concentração de DEET ou picaridina do produto antes de apanhar um repelente. Não aplicar repelentes nas mãos de crianças pequenas, pelo risco de
contato com olhos e boca. - tomar cuidado para não aplicar repelentes em
ferimentos, nos olhos e na boca. - As recomendações do fabricante do repelente necessitam ler atenciosamente. - procurar hospedar-se em locais que
tenham ar-condicionado ou pelo menos mosquiteiros, ainda utilizar inseticida em aerossol nos locais fechados onde for dormir e não usar em nenhuma
hipótese inseticida na pele.
Falando um pouco mais sobre as medidas de proteção contra os
insetos transmissores de doenças. Os mosquiteiros também podem ser úteis
na proteção contra triatomíneos chamados de barbeiros que transmitem a
doença de Chagas, e morcegos transmissores da raiva. É importante usar
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
50
Vigilância em Saúde
calças e camisas de manga comprida sempre que possível e sempre as condições locais de temperatura e umidade permitirem, para reduzir a área
corporal exposta às picadas de insetos. Empregar repelentes na roupa à base
de permetrina ou deltametrina. No caso malária o uso quimioprofilaxia só
poderá ser aceito com receita médica. Em regiões de risco certificar-se da
importância da vacina contra a febre amarela que possuem validade de 10
anos, a partir do décimo dia da aplicação inicial e de obter o Certificado
Internacional de Vacinação (emitido pelos Postos da Anvisa).
Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Ciclos de doenças generalizadas;
• A influência dos patógenos;
• Importância dos insetos vetores de doenças;
• Medidas de proteção e doenças transmitidas por insetos.
Atividades de aprendizagem
1. Nas doenças de origem com insetos que incluem ciclo com humanos não
humanos. Pode-se dizer ciclo com humanos é sempre primário? Justifique.
2. Qual é o significado de doença de ciclo único? Dê exemplo.
Úlcera de Bauru.
3. Comente resumidamente sobre as medidas de proteção de doenças transmitidas por insetos.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
51
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
AULA 1
Alfabetização
Digital febre amarela e
Aula
7 – Entomologia:
dengue
Objetivos
•
•
•
•
Oferecer uma visão sobre febre amarela e dengue;
Descrever a importância da febre amarela e da dengue;
Listar o ciclo de vida e o combate do mosquito da dengue;
Explicar o que é educação sanitária.
7.1. Febre amarela
Falaremos agora sobre a febre amarela. É doença febril aguda, de
curta duração, de natureza viral, com gravidade variável, encontrada em
países da África, das Américas Central e do Sul. A forma grave caracteriza-se
clinicamente por manifestações de insuficiência hepática e renal, que podem
levar o paciente à morte em no máximo 12 dias. É causada por um arbovírus
pertencente ao gênero Flavivírus da família Flaviviridae.
Figura 17: Vírus da Febre Amarela
Fonte: Disponível em: <ttp://pt.wikipedia.org/wiki/Flaviv%C3%ADrus>. Acesso em 24/12/2010.
Precisamos ressaltar que a transmissão da febre amarela urbana
é realizada pela picada do mosquito Aedes aegypti, para febre amarela silvestre a transmissão é feita várias espécies de Haemagogus. No Brasil, não
ocorre desde 1942 à transmissão do vírus pela a picada de Aedes aegypti
pela febre amarela urbana, podemos dizer que é o ciclo homem-mosquito-homem. Já febre amarela silvestre é transmitida pelo macaco infectado
para o ser humano diretamente pela picada de mosquitos do gênero Haemagogus, compondo assim o ciclo macaco-mosquito-homem. Pelo conceito de
zoonose podemos chamar a febre amarela silvestre de zoonose. Ao entrar
nas matas que tenha o vírus circulando nos macacos, precebe-se que esse
vírus pode contaminar o homem não imunizado que pode-se infectar de forma aleatória .
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
53
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Caro aluno, observe
como esse ponto
é importante. A
diferença entre as
formas urbanas e
silvestres da febre
amarela.
O que difere em ambas é apenas, epidemiologicamente, a não existência de diferenças etiológicas, clínicas, histopatológicas ou laboratoriais. - Febre
amarela silvestre: descrita no Brasil em 1937, estando ainda presente nas Regiões Norte, Centro-Oeste e faixa pré-amazônica maranhense. A febre amarela
urbana: é conhecida no Brasil desde 1685, ano de registro da primeira epidemia,
em Recife. Essa febre foi responsável por muitos óbitos e perdas de natureza
econômica e social. Ocorre em forma epidêmica, com alta letalidade, nos casos
que evoluem para formas graves (com hemorragias e icterícia). O último caso
descrito foi em 1942, no município de Sena Madureira, Acre.
É essencial destacar, que no Brasil os locais de risco da febre amarela
são as regiões de matas e rios de todos os Estados da Região Norte e CentroOeste. Na Região Sul, está presente no oeste dos três estados, na Região Sudeste
engloba os Estado de Minas Gerais, Oeste de São Paulo e Norte do Espírito
Santo e, na Região Nordeste está presente em parte dos Estados do Maranhão,
Sudoeste do Piauí, Oeste e Extremo-sul da Bahia.
Podemos citar que os sintomas da febre amarela podem variar nas
formas leves e moderadas, o sujeito adquire dores musculares, febre, náuseas,
calafrios, cefaléia chamada de dor de cabeça intensa, prostração e vômitos.
Enquanto que nas formas graves, além dos sintomas mencionados acima, o paciente pode ter diarréia, vômitos com aparência de borra de café, icterícia que
é verificado quando a pele das mucosas fica amarelada, ocorrem também sangramentos nas fezes, na urina, na cavidade bucal e no nariz.
Precisamos deixar claro que não existe um tratamento específico contra
o vírus da febre amarela, o que o profissional de saúde pode fazer é sugerir medicamentos sintomáticos a base de analgésicos e inibidores de vômito e também
monitorar o doente com vigilância sobre o surgimento de sintomas mais graves.
A prevenção é através da vacina contra febre amarela, que assegura 100% de proteção, após o 10o dia de aplicação. Essa proteção dura 10
anos, depois a dose deve ser repetida. A vacina é contra-indicada para gestantes e mulheres que estão tentando engravidar, pacientes em tratamento
de câncer, portadores de HIV, pacientes que fazem uso de corticóides em
altas doses, pacientes com alergia a ovo. Em caso de dúvida, o paciente é
avaliado na unidade que disponibiliza a vacina pelo médico.
É importante para destacar que a vacina é encontrada no Ministério
da Saúde. Ela é disponibilizada de graça, em postos de saúde de todos os
municípios do país na rede do SUS. A vacina também está disponível nas salas
de vacinação em portos, aeroportos e fronteiras, e em alguns hospitais da
rede privada de saúde que dispõem de sala de vacinas.
7.2 Dengue
Virêmica:
é a presença do vírus
no sangue
A dengue é uma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
Ele é escuro, com listras brancas, menor que um pernilongo. A transmissão
ocorre quando a fêmea da espécie vetora se contamina ao picar um indivíduo infectado que se encontra na fase virêmica da doença, regressando,
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
54
Vigilância em Saúde
após um tempo de 10 a 14 dias, hábil em transmitir o vírus por toda sua vida
por meio de suas picadas.
Figura 18: A fêmea adulta do mosquito Aedes aegypti alimentado de sangue
humano.
Fonte: Disponível em: <http://www.bhlegal.net/dengue.php>. Acesso em 28/12/2010.
É importante lembrar que somente as fêmeas de Aedes aegypti que
se alimentam de sangue podendo sugar até 3 a 4 vezes o seu peso, porque
necessitam dele para a postura; quando picam, elas injetam um líquido tóxico que é o causador das coceiras e das irritações subsequentes. Contudo, os
machos não alimentam de sangue, somente de sucos os vegetais.
Precisamos ressaltar que Aedes aegypti tem o costume de desenvolver em água limpa e parada e de picar durante o dia. Ao sugar uma pessoa, o Aedes aegypti inocula sua saliva contaminada com o vírus responsável
pelo desenvolvimento da dengue. É possível destacar que há diferença entre
a dengue clássica e dengue hemorrágica. Na dengue clássica, ocorre febre
alta com duração de 5 a 7 dias, dores intensas de cabeça, olhos, articulações
e músculos e manchas na pele, já na dengue hemorrágica acontece hemorragia na pele, olhos e órgãos internos e febre alta quando isso ocorre metade
dos casos hemorrágicos evolve morte. Essa última é mais grave e rara que a
dengue clássica.
Informamos que o agente causador da dengue é um arbovírus do
gênero Flavivírus da família Flaviviridae. A dengue é típica de regiões tropicais e subtropicais, onde as condições do ambiente beneficiam o desenvolvimento dos vetores. Várias espécies de mosquitos do gênero Aedes podem
enquadrar como transmissores do vírus do dengue. Hoje em dia, no Brasil,
duas espécies estão presentes como Aedes aegypti e Aedes albopictus.
7.2.1 Ciclo de vida
É de suma importância conhecer o ciclo de vida dos mosquitos que
está naquela máxima militar: para se combater os inimigos precisamos conhecê-lo bem. Precisamos deixar claro que o ciclo de vida do gênero Aedes
varia de 7 a 15 dias, dependendo da espécie. O ciclo vital pode ser sintetizado em 4 fases: Na 1a fase, ocorre postura dos ovos; na 2a fase, acontece o
nascimento das larvas; na 3a fase, ocorre modificação em pupa; na 4a fase,
mosquito torna-se adulto.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
55
Caro aluno, perceba
como o ciclo de vida
dos mosquitos é
importante.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Observa-se que a primeira fase é postura dos ovos. É interessante
observar que cada fêmea põe de 250 a 400 ovos podendo chegar de 100 a
150 de cada vez, em 4 a 5 posturas sucessivas separadas pelo intervalo de 5
a 7 dias. Os ovos desse inseto podem ficar soltos ou agrupados formando uma
espécie de barquinho flutuante.
Figura 19: Primeira fase: os ovos de Aedes aegypti
Fonte: Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/mosq.htm>. Acesso em
28/12/2010.
Na segunda fase, acontece o nascimento das larvas: os ovos se modificam em larvas após de 36 horas a uma semana. Surgem às larvas sem
patas, que se movimentam na água mediante contrações. Por precisarem de
oxigênio, elas passam nessa fase à superfície para respirar por um tubinho.
Figura 20: Segunda fase: larvas de Aedes aegypti
Fonte: Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/mosq.htm>. Acesso em
28/12/2010.
Na terceira fase, acontece a mudança em pupa: como todo inseto,
para ocorrer o crescimento deve haver mudas de pele, o que é feito em 3 vezes. Agora, na quarta fase, há mudança, a larva transforma-se em pupa, que
não permanece imóvel como ocorre com a maioria dos insetos. Porém, é muito
ativa, pois necessita ficar na superfície da água para respirar. Quando é perturbada, mergulha até o fundo do recipiente ou depósito em que se acha. A larva
modificar-se em pupa em um tempo determinado que possa alterar de 5 a 7 dias
dependendo da temperatura do ambiente que se encontra.
Figura 21: Terceira fase: pupa de Aedes aegypti
Fonte: Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/mosq.htm>. Acesso em
28/12/2010.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
56
Vigilância em Saúde
Na quarta fase, o mosquito já se encontra adulto. Após alguns dias,
com média de 2 dias, abre-se a pupa e dela sai um mosquito adulto, que geralmente o período de vida pode variar 1 a 2 meses. Partindo desse princípio de
que algumas espécies podem haver até 12 gerações num ano, o mosquito adulto
procura sempre um abrigo para descansar logo após sair da pupa. Em geral, os
mosquitos não voam mais de 1.600 m; via de regra, e sim entre 800 e 1.000 m.
Figura 22: Quarta fase: Mosquito adulto de Aedes aegypti
Fonte: Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/mosq.htm>. Acesso em
28/12/2010.
7.2.2 Combate ao mosquito
É importante saber as medidas recomendadas no combate ao Aedes
aegypti, seja na fase jovem ou adulta são: a) de caráter constante: drenagem,
aterro, entelamento e uso do mosquiteiro; e b) de caráter diário: Petrolagem,
inseticidas, larvicidas, repelentes, inimigos naturais, etc. A luta ao Aedes aegypti também se pode usar os tópicos seguintes: saneamento básico (Tabela 3):
- drenagem de áreas alagadas; - aterro de locais que ajuntam água; - esvaziar
latas, vasos, garrafa pet, pneus e outros recipientes com água acumulada; - limpar o mato nas proximidades das residências; - fechar fossas e reservatórios de
água descobertos; - usar cloro na água das piscinas; - colocar telas protetoras
nos acessos ao interior das casas (portas, janelas, etc.); - limpar e remover o lixo
dos córregos e valas; e empregar mosquiteiros nas camas e redes.
Tabela 3
Algumas medidas sanitárias que devem ser tomadas
LIMPEZA DE VALAS
E CANAIS
ESVAZIAR
RECIPIENTES
EVITAR ÁGUA
ACUMULADA
Fonte: Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/mosq.htm>. Acesso em
30/12/2010.
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Falando um pouco mais sobre o controle, empregando tratamento com substância química: Pulverização com bomba manual costal; nebulização com equipamentos portáteis; atomização motorizada com neblina
pesada (“fumacê”); aplicações aéreas com aeronaves e ultra baixo volume;
petrolagem ou o uso de petróleo ou querosene na água (larvas e pupas);
produtos de uso domiciliar: aerossóis, espirais, bombas manuais, repelentes
líquidos, equipamento elétrico, velas repelentes e outros.
Figura 23: Aplicação de produtos químicos com bombas manuais no combate de
Aedes aegypti.
Fonte: Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/mosq.htm>. Acesso em
30/12/2010.
É importante ressaltar que a utilização de aviões ou helicópteros, no
combate ao mosquito, explica-se se houver ocorrência de epidemias ou também
quando o ingresso com equipamento terrestre é difícil ou impossível, por exemplo, no caso de pântanos, favelas, florestas e outros locais. É interessante que
uma aeronave, devidamente equipada e com pessoal treinado, pode atender a
milhares de hectares por hora, diminuindo em 24 horas até 98% da população de
mosquitos adultos e assim estagnando uma epidemia. A importância da utilização de aviões no controle da dengue é a eficiência e a rapidez que permitem a
aplicação dos inseticidas, de tal modo que possam atingir a população de insetos
adultos e também de formas jovens que se encontravam submersos e protegidos
em água parada e limpa. A altura mínima de aplicação (vôo) sobre as residências
(Norma do Ministério da Aeronáutica) é de 300 m.
Figura 24: Aplicação de produtos químicos com aeronave agrícola.
Fonte: Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/mosq.htm>. Acesso em
30/12/2010.
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58
Vigilância em Saúde
Embora saibamos que os inseticidas são utilizados no combate aos insetos com alta toxidez, porém, nos seres humanos, animais domésticos e peixes
a toxidez é quase desprezível, pois são empregados inseticidas em ultra-baixo-volume, UBV, cerca de 300 mL/ha ou menos, porém, são mortais para as abelhas
e por isso devem retirar ou proteger os apiários onde for aplicar os inseticidas.
Pode-se afirmar, sem nenhuma dúvida, que o controle biológico
com peixes larvófagos: barrigudinho, apaiari, guaru e outros, além de fungos: (Bacillus thuringiensis var. israelensis) e inimigos naturais como pássaros
insetívoros, larvas de alguns besouros, libélulas, girinos (de algumas espécies), morcegos e etc.
7.2.3 Educação sanitária
É importante informar que não existe um tratamento específico
para o vírus da dengue, cabendo ao profissional de saúde indicar a ingestão
abundante de líquidos, medicamentos sintomáticos (analgésicos, inibidores
de vômito) e monitorar os pacientes com sintomas mais graves, em ambiente
hospitalar. Os analgésicos como AAS (Ácido Acetil Salicílico), Aspirina e Melhoral são contra-indicados na suspeita de dengue.
A transmissão da dengue se dá pela picada do mosquito transmissor, tendo como criadouros os lugares de água limpa e parada que estão presentes em áreas urbanas. O método exclusivo para se prevenir contra a dengue é por meio do combate às larvas do mosquito transmissor e, também,
com uso das campanhas de controle publicadas nos meios de comunicação,
que pode ser por meio do uso de inseticidas ou de controle domiciliar. Até o
presente não há vacina para a dengue.
É possível pegar a dengue mais de uma vez, pois tem 4 formas/tipos
de vírus da doença. A pessoa que teve a doença fica imune apenas àquele
tipo de vírus que a infectou. As infecções pelo vírus do dengue ocasionam
desde a forma clássica chamada de sintomática ou assintomática à febre
hemorrágica do dengue (FHD). A dengue, na forma clássica, é considerada
doença de baixa letalidade, mesmo sem tratamento específico. No entanto, incapacita temporariamente as pessoas a fazerem qualquer atividade. A
dengue, na forma hemorrágica, proporciona febre alta com manifestações
hemorrágicas, hepatomegalia e insuficiência circulatória. Nessa forma, a letalidade é expressivamente maior que na forma clássica, ela vai depender da
competência do atendimento médico e hospitalar da região.
Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Importância da febre amarela;
• Características da dengue;
• Ciclo de vida do mosquito da dengue;
• Combate ao mosquito da dengue;
• Educação sanitária.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
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Atividades de aprendizagem
1. Diferencie dengue de febre amarela. Não se esquecendo dos pontos
mais relevantes.
2. Atenção: sugiro que, você aluno, faça uma pesquisa no site <http://www.
youtube.com/watch?v=4WJyznlLhHk>. Acesse este vídeo, de acordo com ele:
o que poderá ser feito para reduzir a incidência de dengue, em sua região?
Observação: este vídeo é do município de Itabuna-BA, pode fazer adaptação
para seu município.
3. O mais chamou atenção no item educação sanitária?
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60
Vigilância em Saúde
AULA 1
Alfabetização Digital
Aula 8 – Entomologia: Doença de Chagas
Objetivos
• Conhecer a importância, transmissão, sintomas e prevenção da
doença de Chagas.
• Descrever como se adquire a doença de Chagas;
• Explicar os sintomas da doença, diagnóstico e tratamento da
doença.
8.1. Importância da doença de Chagas
Comecemos, de forma lógica, a falar do mal de Chagas que é transmitido por inseto da subfamília Triatominae conhecido popularmente
como barbeiro. Esse inseto de hábito noturno se alimenta, apenas, do sangue de vertebrados endotérmicos. É interessante saber o local onde o barbeiro convive, geralmente, depósitos em ninhos de aves abertas, casa de
pau-a-pique, troncos de árvores, camas, colchões e muitos outros locais. A
preferência desse inseto é por lugares mais próximos à sua fonte de alimento. Os barbeiros saem desses lugares durante a noite para se alimentarem
com o sangue dos seres humanos quando estão dormindo. Eles também são
conhecidos como “besouros do beijo”, pois escolhem o rosto das pessoas
para se nutrir, enquanto essas estão adormecidas.
Falando um pouco mais sobre a doença de Chagas, podemos dizer
que é uma doença infecciosa ocasionada Trypanosoma cruzi que é um protozoário parasita, cujo descobridor é o cientista brasileiro chamado Carlos
Chagas.
Figura 25: Barbeiro vetor da doença de Chagas.
Fonte: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/doencas/doenca-Chagas.htm>. Acesso em
28/12/2010.
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8.1.1 Como se adquire a doença de Chagas
Endêmico:
é restrito a uma
área geográfica em
particular
É importante saber como se adquire a doença de Chagas. Os barbeiros ou triatomas, quando se alimentam de sangue, contaminam com o seu
parasita assim que o inseto absorve o sangue de animais como: os mamíferos
infectados, por exemplo, o gado ou mesmo humanos contaminados. O parasita (Trypanosoma) que fica dentro do tubo digestivo do barbeiro é eliminado
nas fezes, ao sugar o sangue dos humanos esse inseto lança suas fezes sobre
o local onde houve a picada. Ao coçar, as fezes contaminadas com o parasita é que infectam os seres humanos. Por meio da entrada do Trypanosoma
no sangue dos humanos a partir do ferimento da “picada” por triatomas ao
picar o sangue de um endêmico com a doença, este inseto passa a carregar
consigo o protozoário. Ao se alimentar novamente, desta vez de uma pessoa
saudável, geralmente na região do rosto, ele pode transmitir a ela o parasita.
Precisamos ressaltar que o processo da transmissão da doença de
Chagas acontece pelo hábito que o barbeiro apresenta quando vai evacuar
logo após sua refeição. É interessante que a vítima começa a coçar a região
onde foram picadas, tal ato permite com que os parasitas, presentes nas
fezes, penetrem pela pele da pessoa. Trypanosoma passam a viver, inicialmente, no sangue e depois nas fibras musculares, principalmente nas da
região do coração, intestino e esôfago.
É importante conhecer outras formas de contaminação da doença
de Chagas que pode ocorrer na vida intra-uterina por meio de gestantes
contaminadas ou por transfusões sanguíneas e ainda por acidentes com instrumentos de punção em laboratórios por profissionais da saúde, estas duas
últimas são insignificantes. Recentemente, descobriu-se que contaminação
da doença de Chagas pode ocorrer via oral em pessoas que ingeriram caldo
de cana ou de açaí moído contendo, acidentalmente, o inseto. Acredita-se
que houvesse, nesses casos, invasão ativa do parasita digestivo.
Lembramos agora que cerca de vinte dias após o primeiro e o último acasalamento do protozoário, a fêmea libera, em média, duzentos ovos,
que eclodirão aproximadamente em 25 dias. Depois do nascimento, os filhotes sofrerão em torno de cinco mudas até atingirem o estágio adulto do
Trypanosoma, dessa forma, que são formadas novas colônias de protozoário
causadores da doença de Chagas.
Figura 26: Protozoário causador da doença de Chagas.
Fonte: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/doencas/doenca-Chagas.htm>. Acesso em
28/12/2010.
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62
Vigilância em Saúde
8.1.2 Sintomas da doença
Devemos ressaltar que a doença de Chagas tem uma fase aguda e
outra crônica. No local da picada do vetor, a área se encontra vermelha e endurecida, compõe o chamado chagoma, nome dado à lesão causada pela entrada
do Trypanosoma. Quando esta lesão surge nas proximidades dos olhos, tem o
nome de sinal de Romaña. O chagoma acompanha-se em geral de íngua próxima
à região.
Podemos dizer depois um período de incubação alterável não ocorrem
sintomas, entretanto, após uma semana aparece febre, inchaço do fígado e do
baço, ínguas por todo o corpo e uma vermelhidão semelhante a uma alergia e,
que tem pouco tempo de permanência. Nos casos mais graves, pode acontecer
inflamação do coração e aumentar as frequências cardíacas por minuto e também modificação do eletrocardiograma. Ainda nesses casos mais graves, podem
acontecer sintomas de inflamação do cérebro chamada de encefalite e inflamação das camadas de proteção do cérebro com meningite.
Falando um pouco mais sobre a doença de Chagas, os casos fatais
são raros, no entanto, pode ocorrer em virtude da inflamação do coração
ou do cérebro. A doença de Chagas fica mais branda e os sintomas desaparecem após algumas semanas ou meses, ainda que sem tratamento.
É interessante que o ser humano contaminado pode conservar a doença
por muitos anos ou até o fim da vida sem sintomas, aparecendo que está
contaminada apenas em testes de laboratório. A detecção do parasita no
sangue, ao contrário da fase aguda, torna-se agora bem mais difícil, embora a presença de anticorpos contra o parasita ainda continue elevada,
denotando infecção em atividade.
Informamos que a fase crônica da doença é caracterizada pelas
perturbações cardíacas. Segundo (MORANDINI, 1982, 77) “os tripanossomos invadem o miocárdio (músculo do coração) produzindo a cardiopatia
chagásica com taquicardia, hipertensão e aumento do coração”. Precisamos
deixar claro que a fase crônica da doença também ocorre aumento do esôfago e do intestino grosso, proporcionando dificuldades no ingerir, engasgos,
dor abdominal e pneumonias por aspiração e constipação crônica.
Vetor agente:
que transmita a
doença.
8.1.3 Diagnóstico e tratamento da doença de Chagas
Precisamos deixar claro que sempre se devem suspeitar quando estamos diante de um indivíduo que andou por zona endêmica e oferecer sintomas compatíveis. A pessoa pode ser diagnosticada por meio de exame
de sangue para detectar a presença ou não do parasita ou pelo diagnóstico
pela presença de anticorpos no soro, por meio de testes sorológicos. É importante saber que o tratamento é satisfatório apenas no estágio inicial da
doença quando o tripanossomo ainda está no sangue, daí visa à eliminação
dos parasitas. Já na fase crônica, o tratamento se direciona para o controle
de sintomas, impedindo maiores complicações.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
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e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
É possível destacar que o benzonidazole é muito tóxico, durante
medicação que pode durar de três a quatro meses. A utilização é beneficia
apenas na fase aguda. Porém, na fase crônica, o tratamento é dirigido às
manifestações. Para diminuir a capacidade de trabalho do coração,a insuficiência deste órgão é tratada por outras causas, podendo, em alguns casos,
impor até a necessidade de transplante.
8.1.4 Prevenção da doença
Partindo do princípio de que controlar a população do barbeiro ainda é a melhor forma de prevenir a doença de Chagas. Portanto, o
essencialmente é eliminação este parasita do ambiente, mas, é difícil. O
que é de melhor o homem tem a fazer, empregar medidas que torne menos propício ao seu convívio, uma das medidas é construção de melhores
habitações, onde impede o barbeio habitar, desta forma, evitaria a essa
doença.
Os procedimentos tradicionais de controle são baseados na pulverização das casas com inseticidas. Podemos diminuir o número de lugares onde os besouros vivem se rebocarmos melhor as paredes, de maneira
que fiquem sem abertura. Mais recentemente, têm-se usado recipientes
para fumigação e tintas que contêm inseticidas, as quais são comprovadamente mais eficazes e duradouras nos seus efeitos do que a pulverização.
Os mosquiteiros de cama, cobertos com um pano para evitar que as fezes
caiam do telhado e passem através do mosquiteiro, protegem as pessoas
de uma das fontes da infecção, assim como dormir no meio do quarto,
distante das paredes.
Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Importância da doença de Chagas;
• Como se adquire a doença de Chagas;
• Sintomas da doença;
• Diagnóstico e tratamento da doença;
• Prevenção da doença.
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Vigilância em Saúde
Atividades de aprendizagem
1. No início do XX, Carlos Chagas, médico brasileiro iniciou uma série de pesquisas que o levou a descrever o ciclo de vida de um importante ...(1)...que
pertencente à ...(2)... ele é um agente etiológico que causa o mal de Chagas
chamado de Trypanosoma cruzi, e que tem como vetor um ...(3)... pertencente ao ...(4)... Triatoma, comumente conhecido por “barbeiro”.
No texto que está acima, a opção que preenche os espaços 1, 2, 3 e 4 é:
a) protozoário, espécie, inseto e gênero.
b) protozoário, família, inseto e filo.
c) vírus, ordem, molusco e gênero.
d) bacilo, espécie, verme e gênero.
e) bacilo, família, verme e filo.
2. Como a pessoa adquire a doença de Chagas?
3. Faça um comentário sobre as fases aguda e crônica da doença Chagas.
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AULA 1
Alfabetização Digital
Aula 9 – Entomologia: malária
Objetivos
• Conhecer a transmissão, diagnóstico, sintomas e tratamento da
malária;
• Estabelecer informações sobre transmissão da malária;
• Avaliar os riscos da malária no mundo e no Brasil e medidas
de proteção individual;
9.1 Informações sobre a malária
Falaremos agora sobre a malária que é uma doença infecciosa grave, causada pelos parasitas chamados protozoários do gênero Plasmodium.
Nessa doença, os mosquitos do gênero Anopheles transmitem os parasitas
de uma pessoa para outra por meio de sua picada. Quatro espécies são
responsáveis pela malária humana. Outros foram descritos por (mas
não necessariamente causando doenças em) primatas, alguns outros
mamíferos, pássaros e lagartos. Os vetores de malária de mamíferos
são sempre mosquitos Anopheles, outros gêneros estão envolvidos
em transmissão plasmodial em pássaros.
Precisamos ressaltar que a malária segue um curso com um período com muita influência entre a picada que infecta e permanece,
o primeiro aparecimento de parasitas nos eritrócitos Os primeiros
sintomas clínicos definem o fim de um período de incubação, de 9
dias (Plasmodium falciparum) a 21 (P. malariae) dias após a infecção.
Os períodos de febre seguidos por sudorese severa recorrem ciclicamente e se seguem por várias horas após a ruptura sincronizada
de eritrócitos infectados. Caracteristicamente sonolência é aumentada.
Consideremos que dos quatro parasitas de malária cada um
provoca sintomas bastante diferentes. Plasmodium falciparum provoca malária terçã, maligna, a qual mata muitos que sofrem sem
tratamento por meio de, por exemplo, malária cerebral ou falência
renal. Febre recorre a intervalos de 48 horas. Enquanto que Plasmodium virax causa malária terçã benéfica, a qual é uma doença
menos séria que raramente mata. Este é um patógeno mais disseminado do que P. falciparum e tem um intervalo de tolerância a
temperatura mais ampla, estendendo-se até 160°C de isoterma de
verão. Recorrência da febre é a cada 48 horas, e a doença pode persistir por até 8 anos, com reincidência separadas por alguns meses.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
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Eritrócitos:
são células
vermelhas do
sangue.
O termo terçã o
qual é terceiro
dia em latim,
descreve o padrão:
febre no primeiro
dia, normalidade
no segundo e
recorrência da
febre no terceiro.
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Figura 27: Protozoários Plasmodium falciparum que transmiti a malária pelo
mosquito do gênero Anopheles.
Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=foto+mosquito+da+malaria
&um=1&ie=UTF-8&source=univ&ei=VzYwTbqqGtCdgQfG59WrCw&sa=X&oi=image_result_group&ct=
title&resnum=2&ved=0CDAQsAQwAQ&biw=1004&bih=583>. Acesso em 30/12/2010.
O termo quartan
significa quarto dia.
Falando um pouco mais sobre os sintomas dos diversos parasitas
Plasmodium malariae causa malária quartan. É um parasita disseminado, porém, é mais raro do que P. falciparum ou P. vivax. Se for
permitido que a doença persista por um período extenso, ocorre
morte por meio de falência renal crônica. A recorrência da febre é a
cada 72 horas quartan. É uma doença persistente com reincidência
de até meio século após o ataque inicial. Já Plasmodium ovale causa
uma malária terçã rara com patogenicidade limitada e um período
de incubação muito longo, com reincidência a intervalos de três
meses.
9.1.1 Transmissão da malária
É importante saber que as fêmeas do gênero Anopheles é que transmite a malária, em condições naturais. O principal transmissor na Região
Amazônica é o Anopheles darlingi que tem como criadouro áreas com grande
reservatório de água. O Anopheles aquasalis, que se prolifera em coleções
de água salobra, predomina sobre o A. darlingi na faixa litorânea, inclusive
no Rio de Janeiro. Estes mosquitos têm maior atividade durante a noite, do
por do sol ao amanhecer e, de regra, eles picam no interior das habitações.
A transmissão é mais comum no interior das habitações, em áreas rurais e
semi-rurais, porém pode ocorrer em áreas urbanas especialmente na periferia. Em altitudes superiores a 2000 metros, no entanto, o risco de aquisição
de malária é pequeno.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
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Vigilância em Saúde
Figura 28: Mosquitos do gênero Anopheles darlingi transmissor da malária na Região
Amazônica.
Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=foto+mosquito+da+malaria
&um=1&ie=UTF-8&source=univ&ei=VzYwTbqqGtCdgQfG59WrCw&sa=X&oi=image_result_group&ct=
title&resnum=2&ved=0CDAQsAQwAQ&biw=1004&bih=583>. Acesso em 30/12/2010.
Podemos dizer que os protozoários do gênero Plasmodium que
causa a malária. Quatro espécies podem causar a infecção - Plasmodium
falciparum, Plasmodium vivax, Plasmodium malariae e Plasmodium ovale. P. ovale ocorre apenas na África e, raramente, no Pacífico Ocidental.
P. falciparum é o que causa a malária mais grave, podendo ser fatal. O
risco maior de aquisição de malária é no interior das habitações, embora
a transmissão também possa ocorrer ao ar livre. Como os Plasmodium estão presentes na circulação sanguínea durante a infecção, a transmissão
da malária também pode acontecer a partir de transfusões de sangue,
de transplantes de órgãos, da utilização compartilhada de seringas por
usuários de drogas endovenosas ou da gestante para o filho (malária congênita) antes ou durante o parto.
Precisamos deixar claro que as duas fases chamadas de assexuada
e sexuada do Plasmodium estão presentes no seu ciclo reprodutivo. A fase
assexuada ocorre quando o mosquito do gênero Anopheles pica a pessoa
onde os esporozoítos infestantes alcançam a corrente sanguínea e vão para
órgãos como fígado e baço ficando incubados por vários dias. Depois do período de incubação os esporos retornam a corrente sanguínea, penetram nas
hemácias para reproduzir assexuadamente por divisão múltipla. Inicialmente
aumenta o número de núcleos e depois dividindo o citoplasma com muitos
indivíduos novos, que surgem de acordo com o número de núcleos. As hemácias rompem-se liberando novos plasmódios que buscam novas hemácias,
recomeçando o ciclo. Consideremos que na fase Sexuada, depois que passa
por gerações diferentes, acontecem em certos plasmócitos a transformação
na forma sexuada, os gametócitos. Essas formas são adquiridas pelo mosquito Anopheles quando pica a vítima contaminada. Dentro do tubo digestivo do
mosquito os gametócitos concluem seu desenvolvimento e transformam-se
em gametas, daí originam zigotos e estes formam os esporozoitos infestantes
que serão encontrados nas glândulas salivares do Anopheles.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
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Figura 29: Mosquito Anopheles albimanus alimentando-se em um braço humano,
contaminando o indivíduo com suas glândulas salivares.
Fonte: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mal%C3%A1ria>. Acesso em 30/12/2010.
9.1.2 Riscos da malária no mundo e no Brasil
Podemos mencionar que aproximadamente 40% dos habitantes do
globo terrestre convivem em locais com risco de transmissão de malária,
pesquisas apontam que há mais de 300 milhões de vítimas no mundo a cada
ano, sendo que os países africanos possuem mais de 90% dos casos, e ainda com um número 1 a 1,5 milhões de óbitos. Observa-se que transmissão
acontece em mais de 100 países. Nas Américas, temos o México, Caribe e os
países da América do Sul (sobretudo na Bacia Amazônica), em vários países
da África e na Ásia têm o Oriente Médio, Sudeste Asiático e Índia. Essa doença ainda se estende da Europa Oriental e também na Oceania. É importante
mencionar que o risco de aquisição de malária não é uniforme dentro de um
mesmo país e, em virtude das variações climáticas dentro das estações do
ano. Precisamos deixar claro que de acordo com as pesquisas nas fronteiras
dos países, principalmente, da América do Sul e do Sudeste da Ásia, a situação da malária parece estar agravando devido ao desenvolvimento econômico. Os problemas são mais avisados em localidades de conflitos armados e de
deslocamentos de refugiados.
Figura 30: Países que têm regiões onde a malária é endêmica em 2003 (cor
amarela)
Fonte: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mal%C3%A1ria>. Acesso em 30/12/2010.
Pensando um pouco mais sobre a malária no Brasil, a partir da década de 1870, com o início da exploração da borracha na Região Amazônica
a malária torna-se um grande problema de saúde pública. A exploração da
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Vigilância em Saúde
borracha atraiu dezenas de milhares de imigrantes provenientes do Nordeste, que foram ordenadamente dizimados pela malária. Na mesma época, no
Sudeste do país, especialmente no Vale do Paraíba e na Baixada Fluminense, a transmissão da malária desenvolvia, acentuadamente. Tal fato ocorreu
devido à abolição da escravatura e o consequente colapso da nobreza rural
cafeeira que fez interromper os pequenos trabalhos de combate à doença
para os quais contribuía a mão de obra escrava. Já no início do século vinte,
a malária acontecia praticamente em quase todo o Brasil.
É possível destacar que a estimativa da população brasileira era
de 55 milhões de habitantes, na década de 40. É interessante aconteciam
entre 4 e 8 milhões de casos de malária por ano resultando em cerca de
80 mil mortes. Com o início do uso extensivo do inseticida DDT a partir
de 1947 tornou possível em menos de uma década a redução do número
de casos para 249 mil por ano. Em 1970 foram registrados 52 mil casos, o
menor número desde o início da aplicação do DDT, a quase totalidade na
Região Amazônica. A partir de então a situação da malária começa progressivamente a se agravar e, em 1999, foram registrados 635.646 casos
na Região Amazônica.
É importante destacar que a migração interna que contribuiu
com projetos de construção de rodovias, hidroelétricas, agropecuários,
mineração principalmente com garimpo na Região Amazônica, foi o principal fator responsável pelo agravamento da malária. Este movimento
migratório desordenado dificultou o controle da doença permitindo um
enorme afluxo de pessoas não-imunes para áreas de alta transmissão.
Além disso, permitiu o refluxo de indivíduos com a infecção para regiões
onde a transmissão da malária fora interrompida possibilitando, eventualmente, sua reintrodução.
9.1.3 Medidas de proteção individual
Para estar o mais protegido possível, a pessoa deve estar informada
sobre os riscos de aquisição da doença, aplicar medidas de proteção adaptadas e estar avisada que todos os métodos de prevenção podem fracassar. A
transmissão de malária ocorre em áreas que, em geral, também são de risco
potencial para dengue e também para febre amarela (a vacina deve estar
atualizada). Devem ser adotadas, assim, medidas de proteção contra infecções transmitidas por insetos, que são as mesmas empregadas para a febre
amarela e dengue. A transmissão dessas doenças pode acontecer ao ar livre
ou no interior das habitações.
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Caro aluno: Não
existem vacinas
disponíveis contra a
malária.
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Figura 31: Usar mosquiteiros é uma das medidas de proteção em áreas onde a malária
é comum.
Fonte: Disponível em: <http://saude.hsw.uol.com.br/malaria1.htm>. Acesso em 30/12/2010.
Pensando um pouco mais sobre medidas de proteção, a pessoa deve
utilizar vestes que tenham conteúdos à base de permetrina ou deltametrina
e, sempre que possível, utilizar camisas e calças de manga comprida. É interessante que se use repelente à base de dietiltoluamida chamado de DEET,
nas partes do corpo que estão expostas para evitar picadas dos insetos, é
importante observar a concentração máxima para crianças que é de 10% e
para adultos de 50%. Além disso, deve buscar hospedar-se em lugares que
disponham de ar-condicionado, com telas protetoras contra mosquitos, ou
usar mosquiteiros impregnados com permetrina e, nos ambientes onde for
dormir empregar inseticida em aerossol (em hipótese alguma empregar na
pele). Não existe comprovação da eficácia do uso de vitaminas do complexo
B ou de pílulas de alho na profilaxia da malária (ou de qualquer outra doença
transmitida por vetores).
Precisamos ressaltar que está indicado para pessoas que se dirigem
para locais com risco de transmissão de malária, o uso de medicamentos
como quimioprofilaxia. Especialmente pessoas que vão ficar sem acesso aos
Serviços de Saúde. Lembrando que medicamentos profiláticos devem ter receitas médica especializada. É importante que conheçam as espécies de
Plasmodium predominantes na área risco existente com intuito de selecionar
as drogas correspondentes no esquema profilático mais adequado e evitar
risco de efeitos colaterais e, também a resistência do protozoário às drogas.
É importante precaver e apesar de vários métodos de prevenção o
ser humano pode apanhar malária, ainda mesmo com emprego de medicamentos profiláticos. O sujeito que passou por uma área de risco de contrair a
malária e que, posteriormente, apresente febre, durante ou após a viagem,
deve buscar depressa um serviço de saúde para esclarecimento do diagnóstico. É importante observar que, como as áreas de transmissão podem ser as
mesmas, além de malária, sempre deve ser afastado o diagnóstico de febre
amarela, e investigada a possibilidade de dengue.
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9.1.4 Manifestações, confirmação do diagnóstico e tratamento da malária
Consideremos que o incremento das manifestações da malária,
pode acontecer em um período de incubação que varia de 9 a 40 dias após a
picada de um mosquito infectado, que ainda depende da espécie de Plasmodium. Essa doença pode surgir de meses até anos, depois da saída da pessoa
de uma área de transmissão da malária. As manifestações iniciais, geralmente, são sensação de mal estar, febre, cansaço, calafrios, dor de cabeça,
dor muscular. Embora, nas fases iniciais da malária é comum que o sujeito
confunda as manifestações desta doença com as das viroses respiratórias,
principalmente a gripe.
Partindo do princípio de que o indivíduo que está ou que tenha
passado em uma localidade de risco de contrair a malária e, que apresente febre, durante ou após a viagem, deve buscar imediatamente um
Serviço de Saúde para esclarecimento do diagnóstico. É bastante difundido a conceito de que não se sabe tratar malária em nações desenvolvidas
ou em áreas não endêmicas. Por exemplo, em lugares como Nova lorque,
Londres e Paris, há hospitais plenamente capacitados par diagnosticar e
tratar malária, em geral, com recursos superiores aos que são encontrados em áreas de transmissão. O mesmo é válido para as cidades como
Rio de Janeiro e São Paulo que têm hospitais com igual capacidade para
diagnóstico e tratamento da malária. De uma forma geral, sempre que
possível, deve-se procurar atendimento nos hospitais universitários e, na
ausência desses, nos hospitais militares mais próximos da área de risco da
doença, portanto são as unidades com maior experiência no diagnóstico
e no tratamento dos casos de malária.
É importante investigar a malária em indivíduos que tenha sido
apresentado ao risco de infecção desde que tenha viajado para uma área
de transmissão e que posteriormente apresente qualquer tipo de febre. A
confirmação do diagnóstico em um indivíduo com suspeita ter a malária
é uma emergência médica e, um teste laboratorial adequado deve ser
concretizado o mais rápido possível. No exame padrão para a aprovação
do diagnóstico de malária são utilizados parasitas em lâminas de sangue
periférico, distensão ou gota espessa. Portanto, o exame é preparado
com a utilização de um corante que tem o Giemsa. A quimioprofilaxia,
ainda que possa aumentar o período de incubação, de modo algum pode
mascar as manifestações clínicas da malária ou tonar mais difícil a confirmação do diagnóstico. É comum as pessoas procurarem clínicas para
serem diagnosticadas da malária.
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Figura 32: Pessoas procuram clínicas para melhorar condições do diagnóstico da
doença
Fonte: Disponível em: <http://www.voanews.com/portuguese/news/01_24_2011_malanje_
health-114497079.html>. Acesso em 30/12/2010.
É essencial identificar corretamente a espécie de Plasmodium infectante para facilitar no tratamento adequado da pessoa doente. Além disso, em áreas não endêmicas, a confirmação do parasita é importante para
a adoção de medidas que reduzam o risco de reintrodução da doença. A
comprovação do diagnóstico de malária não afasta a possibilidade de febre
amarela, já que as áreas de transmissão, geralmente, são as mesmas. Pelo
mesmo motivo, a confirmação do diagnóstico de febre amarela inclui a possibilidade de ter a malária.
Lembremos que na última década foram desenvolvidos testes imediatos para confirmar o diagnóstico tendo como base na detecção de antígenos parasitários. Embora alguns dos testes sejam promissores, nenhum
parece, ainda, ser uma alternativa razoável para o método clássico na confirmação ou exclusão do diagnóstico individual de malária, por não serem
suficientemente sensíveis e específicos.
Precisamos advertir que há vários medicamentos para o tratamento da malária entre eles estão cloroquina, mefloquina, quinina e artemisina
estão disponíveis e a doença pode ser tratada com sucesso, principalmente
quando o tratamento iniciar-se precocemente e for adequado à espécie de
Plasmodium infectante. Portanto, o tratamento deve ser feito de acordo a
com a espécie de Plasmodium e também não pode ser demorado, caso contrário pode ter consequências graves. É importante ressaltar que quando a
malária não for perfeitamente diagnosticada e prontamente tratada, pode
evoluir com anemia, icterícia que proporciona olhos amarelados, semelhante
às hepatites e à leptospirose. A infecção causada pelo Plasmodium falciparum pode proceder à deficiência no funcionamento de órgãos vitais como
cérebro, pulmões e rins e induzir ao coma e à morte. É importante lembrar
que crianças e mulheres grávidas têm maiores chances de risco de desenvolver a malária na forma grave.
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Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Informações sobre a malária;
• Transmissão da malária;
• Riscos da malária no mundo e no Brasil;
• Medidas de proteção individual;
• Manifestações, diagnóstico e tratamento da malária.
Atividades de aprendizagem
1. Faça uma relação sobre a forma infectante do parasita da malária e também sobre o gênero do transmissor.
2. Citar as formas de proteção ao homem saudável, no que se refere a medidas profiláticas da malária.
3. Como se dá o tratamento de uma pessoa com malária?
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AULA 1
Alfabetização
Digital leishmaniose ou
Aula
10 – Entomologia,
calazar ou dum-dum
Objetivos
• Aprender sobre histórica, contágio do flebótomo transmissor da
leishmaniose tegumentar americana (LTA) ou forma cutânea.
• Comparar os tipos de leishmaniose forma cutânea;
• Descrever o uso de sinônimos da leishmaniose tegumentar.
10.1 Histórica e transmissão da leishmaniose
Começamos a falar de forma coerente sobre os protozoários do
gênero Leishmania que abrange algumas espécies encontradas em todo o
mundo, e que vêm sendo responsabilizadas pela leishmaniose com sintomatologia típica, segundo a sua espécie.
Figura 33: Os protozoários do gênero Leishmania responsáveis pela doença
leishmaniose ou calazar.
Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?um=1&hl=pt-BR&biw=1004&bih=583
&tbs=isch%3A1&sa=1&q=foto+Leishmania&btnG=Pesquisar&aq=f&aqi=&aql=&oq=>. Acesso em
30/12/2010.
Lembremos que a leishmaniose é uma zoonose que se iniciou
na Grécia com o primeiro caso relatado em 1835, atualmente está
difundida na Ásia, nas três Américas e na Europa. Posteriormente, na
Índia em 1882 na época que se deparou com o nome calazar, kala-jwar ou febre-negra. Alguns países europeus como França, Itália e
Grécia e Portugal ocorrem casos da doença com uma estatística de
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12 milhões de pessoas infectados e, a cada ano, aparecem 100 mil
pessoas infectadas. É interessante saber que em 12 países da América Latina onde ocorre a doença, o Brasil apresenta 90% dos casos
da leishmaniose. O primeiro caso iniciou no Estado do Mato Grosso em
1913. O Nordeste brasileiro apresenta 70% dos casos e o restante está
no Sudeste e Centro-Oeste.
Precisamos advertir que a leishmaniose pertence a um grupo de
doenças parasitárias que afetam milhões de pessoas em 88 países no globo
terrestre. As maiores causas para adquirir a leishmaniose estão relacionadas a grandes movimentações de pessoas, assim como a ocupação de novas
regiões nas planícies tropicais da América do Sul, ou com o crescimento da
mão de obra migratória e ainda pessoas desprotegidas das zonas urbanas que
entrem em contato com a doença nas zonas rurais e, aumentando expressivamente a propagação da doença. É possível destacar que os indivíduos que
já contraíram o HIV possuem maiores chances de sofrerem manifestações
severas da doença.
Consideremos que a dimensão entre o ambiente e o tempo de acontecimento dos problemas que prejudicam a saúde dos seres humanos, vem
despertando o interesse de vários profissionais como médicos epidemiologistas, profissionais da vigilância em saúde, biólogos e outras profissões. O
interesse desses profissionais, no campo da saúde parte do acontecimento
que as leishmanioses são zoonoses transmitidas por um inseto que desenvolve em composto orgânico parasita o homem e é de notificação obrigatória.
Esta doença é de evolução lenta e apresenta duas formas: a visceral, a mais
grave, e a tegumentar que pode dilacerar indivíduos por ela acometidos.
10.1.1 Contágio pelo Flebótomo
Precisamos deixar claro que as leishmanioses são transmitidas pelo
Flebótomo que é um pequeno mosquito-pólvora. Somente as fêmeas do Flebótomo picam, a fim de se alimentarem com o sangue para que os seus
ovos se desenvolvam. A picada dolorosa dos mosquitos pode transmitir os
parasitas que são os protozoários, do gênero Leishmania, responsáveis pela
doença leishmaniose ou calazar. Não há transmissão direta da leishmaniose
de pessoa para pessoa, por isso a doença é considerada uma zoonose.
Podemos dizer que apesar de infectarem primeiramente os animais, o ser humano pode se contaminar quando estiver em uma localidade
endêmica, tanto como residente ou como viajante. O contágio das leishmanioses ocorre por meio da picada do mosquito, o flebótomo do gênero Lutzomyia. Este organismo é pequeno podendo atravessar malhas de mosquiteiros e telas. Ele recebe diversos nomes que variam de região para região
onde é encontrado. As designações podem ser: mosquito palha, tatuquira,
birigui, cangalhinha, asa branca, asa dura e palhinha. O mosquito só transmite a leishmania se tiver picado um animal infectado. O vilão da história é
o mosquito e não o cão.
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Vigilância em Saúde
A doença acomete os cães que têm boa saúde, enquanto nos
humanos o calazar tem prioridade por pessoas com imunidade enfraquecida como crianças, idosos e doentes. A contaminação intracelular,
cujo parasitismo atua nas células do sistema fagocitário mononuclear,
com eliminação específica da imunidade mediada por células, que permite a transmissão e a multiplicação incontrolada do parasitismo.
Figura 34: Ataque do mosquito-pólvora (Flebotomíneo) sobre a pele humana,
picando sua vítima.
Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?um=1&hl=pt-BR&biw=1004&bih=583
&tbs=isch%3A1&sa=1&q=foto+Leishmania&btnG=Pesquisar&aq=f&aqi=&aql=&oq=>. Acesso em
30/12/2010.
O mosquito só transmite a leishmania se tiver picado um animal
infectado. Assim, exterminar os cães que estão doentes e portadores
não é método eficaz, se a transmissão da leishmaniose continuar a existir, pois, quem deve ser exterminado é o flebótomo que transmite essa
doença. Pelo visto, é difícil extinguir o flebótomo transmissor da leishmaniose, ele se reproduz nas margens de rios, matas úmidas e locais
com matéria orgânica. O local onde tem matéria orgânica que pode
ser depósito de lixo terrenos, baldios são os lugares onde o flebótomo
coloca seus ovos. É importante diferenciar o flebótomo do mosquito da
dengue que coloca seus ovos, exclusivamente, na água. Outro ponto
importante que o flebótomo é pequeno e de hábitos noturnos. Ele deve
ser combatido com medidas simples como evitar acúmulo de lixo, limpeza do terreno, emprego de inseticidas no ambiente e de repelentes
nos animais domésticos.
Falaremos agora sobre animais silvestres infectados que são as principais fontes de infecção e também o cão doméstico. O cão doméstico pode-se
enquadrar como hospedeiro do protozoário do gênero Leishmania. Quando o
homem é picado pelo mosquito contaminando com a leishmania, pode adquirir
dois tipos de doença: a leishmaniose tegumentar que ataca a pele e as mucosas ou a leishmaniose visceral ou calazar que acomete os órgãos internos. O
que define se o paciente terá a forma cutânea ou a forma visceral é o tipo de
leishmania que o contamina.
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10.1.2 Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) ou
forma cutânea
Podemos dizer que a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) sobressai como uma doença infecciosa, mas não é contagiosa, ocasionada por
um protozoário do gênero Leishmania, que ataca pele e mucosas dos seres
humanos. A LTA é uma zoonose, pois afeta em primeiro lugar os animais e
não o homem que é envolvido, secundariamente. Os vetores transmissores
da LTA são insetos Lutzomyia spp., que possuem importância no contexto
ambiental, pois seu ciclo biológico depende de variações climáticas, tamanho e tipo de vegetação.
É importante ressaltar que sem Lutzomyia spp. não teria o ciclo. A
figura abaixo mostra que o inseto pica um cão sadio que se infecta. Dentro do
organismo do animal a Leishmania se desenvolve. A partir de um inseto que
pica o cão contaminado, este mosquito vai picando outro cão ou uma pessoa,
desta forma, pode contaminar pessoas e cães. Porém, o contato cão-cão ou
cão-homem não alastra a leishmaniose. O ciclo opera assim: mosquito-cão-mosquito-cão ou mosquito-cão-mosquito-homem.
Figura 35: Ciclo biológico da leishmaniose.
Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?um=1&hl=pt-BR&biw=1004&bih=583
&tbs=isch%3A1&sa=1&q=foto+Leishmania&btnG=Pesquisar&aq=f&aqi=&aql=&oq=>. Acesso em
30/12/2010.
Analisando a leishmaniose tegumentar ou forma cutânea que ocorre
no Irã, Afeganistão, Peru e Brasil, são países representam mais de 90% das
ocorrências dessa doença no globo terrestre. Esta doença distinguir-se de
outras doenças por apresentar uma úlcera indolor nas partes expostas do
corpo, com a forma arredondada ou ovalado, e ainda com o tamanho alterado podendo variar desde milímetros até alguns centímetros; as bordas úlcera
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80
Vigilância em Saúde
ficam elevadas. O tempo de incubação (período decorrido entre a picada do
inseto e o aparecimento de sintomas) é em torno de 2 a 3 meses, mas pode
variar de 2 semanas a dois anos.
Figura 36: Presença da leishmaniose tegumentar ou forma cutânea na pele
humana.
Fonte: Disponível em: <http://www.mdsaude.com/2010/05/leishmaniose.html>. Acesso em
02/01/2011.
10.1.3 Leishmaniose forma cutânea localizada
É possível destacar que a forma da leishmaniose cutânea localizada
pode ser adquirida automaticamente em um espaço de tempo que varia de
acordo com a imunidade do hospedeiro e com o tipo de leishmania envolvido. Pode ocorrer mais de uma lesão ao mesmo tempo, chegar até 20 lesões
e, comumente, há boa resposta ao tratamento.
Figura 37: Presença da leishmaniose tegumentar ou forma cutânea localizada na
pele humana.
Fonte: Disponível em: <http://www.mdsaude.com/2010/05/leishmaniose.html>. Acesso em
02/01/2011.
10.1.4 Leishmaniose forma cutânea disseminada
É mais rara, somente 2% dos fatos é caracterizado pelo aparecimento de múltiplas lesões populares e semelhantes à acne (acneiformes),
envolvendo diversos componentes do corpo, até mesmo o tronco e a face,
podendo abranger mais de cem lesões. No início, ocorrem lesões parecidas
com a forma cutânea localizada, havendo depois disseminação do parasita
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81
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
por meio do sangue que pode surgir lesões distantes da picada em poucos
dias. A pessoa contaminada podendo ter febre, dores musculares, mal-estar
geral e emagrecimento. É uma forma que, embora mais extensa, também
apresenta boa resposta ao tratamento.
Figura 38: Presença da leishmaniose tegumentar ou forma cutânea disseminada no
corpo humano.
Fonte: Disponível em: <http://www.mdsaude.com/2010/05/leishmaniose.html>. Acesso em
02/01/2011.
10.1.5 Leishmaniose na forma mucosa ou muco-cutânea
É possível destacar que Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA)
em sua forma muco-cutânea ou mucosa incidi 4%, em média. Ela distingue-se
das demais pela resposta imunológica acentuada e ineficaz, com destruição
dos tecidos nas áreas infeccionadas e também pela má resposta ao tratamento. Essa doença ataca as mucosas das vias aéreas superiores que podem
ser tanto do nariz ou da boca e, é indolor. Geralmente surge após cicatrização de uma lesão cutânea, tanto espontaneamente como por terapêutica
inadequada, por meio da disseminação do parasito pelo sangue ou vasos
linfáticos. No entanto, pode ocorrer sem destaque de lesão cutânea prévia
ou simultaneamente a uma lesão cutânea a distância.
Figura 39: Presença da leishmaniose forma mucosa ou muco-cutânea nas mucosas
das vias aéreas superiores (nariz, boca) e das orelhas.
Fonte: Disponível em: <http://www.mdsaude.com/2010/05/leishmaniose.html>. Acesso em
02/01/2011.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
82
Vigilância em Saúde
É lógico chegarmos à conclusão que esta patologia compõe um problema de saúde pública devido à incidência, vasta distribuição geográfica e
presença de sequelas desfigurantes, destrutivas e incapacitantes. É uma doença endêmica que predomina em climas tropicais e subtropicais. No Brasil,
observa-se uma expansão geográfica, uma vez que casos já foram notificados
em todos os estados, inclusive Minas Gerais, onde o norte do Estado é considerado área endêmica, devido o número de casos humanos notificados.
10.1.6 Sinonímia da leishmaniose tegumentar americana
Consideremos que o sinônimo da LTA varia bastante em cada país.
Sinonímia: Botão de Tebessa ou de Gafsa na Tunísia; Botão do Nilo no Egito;
Botão d’Alep na Síria; Cravo ou Botão de Biskra, tecla de Touggourt, Botão
de Zibans, Botão de Laghouat e Botão d’Ouargla na Argélia; Botão de Bagdad
ou de Bouchir na Arábia; Botão de Delhi na Índia; nas Filipinas Botão das Filipinas e Úlcera de Bauru no Brasil.
Como frisou na sinonímia dessa doença, no Brasil é chamada pelo
nome de Úlcera de Bauru, pelo fato de ter acontecido, primeiramente, na
cidade de Bauru, São Paulo. Todavia, em pessoas procedentes de outras regiões do país que para Bauru vieram à procura de tratamento médico, devido
situar-se nessa cidade o entroncamento ferroviário com os Estados de Mato
Grosso e Goiás, de onde procediam em sua maior parte, os adoentados.
A doença leishmaniose tem como vetor um mosquito da Ordem Díptera, pertencente a Classe Insecta. Desde o início, tem apresentado como gênero
Phlebotomus, e do qual foram já descritas várias espécies, conforme, a região
em que é achado. Podemos dizer que na África, Europa e Ásia agente vetor
é chamado pelo gênero Phlebotomus. Já no Brasil e nos países americanos,
esse vetor é denominado na entomologia com o gênero Lutzomyia. Trabalhos
na América Central identificaram já as espécies: Lutzomyia intermedia e Lutzomyia panamensis como vetores para a mesma doença naquela região.
Falando um pouco mais sobre a leishmaniose, na realidade, com
base nos trabalhos já realizados no Brasil, parece existir mais de uma espécie do gênero Lutzomyia, funcionando como vetor para leishmaniose, assim
como nos países americanos, em geral, no Brasil, conhecidos pelos nomes
populares de mosquito palha ou cangalhinha.
Caro aluno, note
como esse ponto é
importante. A diferença
entre as espécies do
gênero Phlebotomus
descritas conforme
a região em que é
encontrado.
Figura 40: Fêmea do vetor mosquito palha alimentando de sangue humano e cão
com leishmaniose tegumentar ou forma cutânea
Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?um=1&hl=pt-BR&biw=1004&bih=583&tbs=is
ch%3A1&sa=1&q=foto+Leishmania&btnG=Pesquisar&aq=f&aqi=&aql=&oq=>. Acesso em 30/12/2010.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
83
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Histórica e transmissão da leishmaniose;
• Informações sobre o contágio pelo Flebótomo;
• Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) ou forma cutânea;
• Tipos de Leishmaniose forma cutânea;
• Uso de sinônimos da leishmaniose tegumentar.
Atividades de aprendizagem
1. Faça um comentário sobre o protozoário da leishmaniose. Por que a leishmaniose é considerada uma zoonose?
2. Pode dizer que leishmaniose tegumentar americana (LTA) ou forma cutânea é doença infecciosa e contagiosa. Por quê?
3. Conforme tem sido anunciado na imprensa de Minas Gerais, a ocorrência
de Calazar, Leishmaniose visceral, nos cães de áreas urbanas tem apresentado aumento, significativamente. De acordo com as alternativas abaixo é
INCORRETO, afirmar-se que:
a) o agente patogênico é um protozoário flagelado.
b) uma medida profilática é a eliminação de cães contaminados.
c) a mordida do cão pode transmitir a doença ao homem.
d) a raposa também é reservatório da doença no meio rural.
d) o vetor pertence à mesma classe do barbeiro.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
84
Vigilância em Saúde
AULA 1
Alfabetização
Digital Leishmaniose troAula
11 Entomologia:
pical ou visceral
Objetivo
• Entender a definição de epidemiologia, diagnóstico e tratamento
e o controle do vetor da leishmaniose visceral.
• Descrever o diagnóstico, tratamento, vacina e controle do vetor
da leishmaniose visceral;
• Reconhecer as áreas endêmicas, no Brasil, em Minas Gerais, com
leishmaniose visceral;
11.1 Definição de leishmaniose tropical ou visceral
Precisamos ressaltar que o calazar ou a Leishmaniose Visceral
Canina (LVC) é causada por diversas espécies do gênero Leishmania, e
transmitidas por mosquitos vetores que afetam tanto seres humanos como
animais domésticos e silvestres. A LVC está distribuída nas Américas, Europa, África e Ásia, exceto na Oceania e na Antártida. O cão é o principal
reservatório da leishmaniose visceral. De forma geral, a enzootia dentro
de seu espaço natural canina tem precedido a ocorrência de casos humanos e a infecção em cães tem sido mais prevalente que no homem em
todo o país.
É importante destacar que, de acordo com os epidemiologistas,
o calazar canino é considerado mais importante que a doença humana,
porque além de ser mais prevalente, ele apresenta um grande contingente de animais infectados com parasitismo cutâneo, que servem como
fonte de infecção para os mosquitos vetores. Essas peculiaridades tornam
o cão doméstico o principal reservatório do parasito. Durante epidemias
o homem também pode servir como reservatório do parasito, para a infecção do inseto vetor.
Vejam os sintomas da leishmaniose canina que são perda de peso
e, ou, falta de apetite; apatia e debilidade; seborréia, feridas que não
cicatrizam; crescimento rápido das unhas; anemia; inchaço dos gânglios;
insuficiência; diarréias persistentes, vômitos; lesões oculares ou conjuntivites; hemorragia nasal chamada de epistaxe; ferimentos ao redor dos
olhos e na pele.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
85
Enzootia:
é uma doença em um
hospedeiro natural
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Figura 41: Sintomas da leishmaniose canina.
Fonte: Disponível em: <http://www.portalnossomundo.com/site/leishmaniose/leishcanina.html>.
Acesso em 05/01/2011.
11.1.1 Epidemiologia da leishmaniose tropical ou visceral
Precisamos ressaltar que as leishmanias são transmitidas para os
humanos a partir da picada dos mosquitos que se contaminam de outros
humanos infectados, como no caso do calazar indiano; ou a partir de vertebrados não-humanos, como o cão, a raposa e o chacal, que funcionam como
reservatórios do parasita.
Consideremos que nas leishmanias a consequência de uma infecção
com pode adotar dois caminhos. Em grande parte dos acontecimentos, o
sistema imunitário reage eficazmente pela produção de uma resposta citotóxica que destrói os macrófagos portadores de leishmanias. Nesses casos,
a infecção é controlada e os sintomas leves ou inexistentes, curando-se o
doente ou desenvolvendo apenas manifestações cutâneas. No entanto, se o
sistema imunitário escolher antes uma resposta com produção de anticorpos,
não será eficaz a destruir as leishmanias que se escondem no interior dos
macrófagos, fora do alcance dos anticorpos. Nesses casos, a infecção (apenas Leishmania donovani ira se desenvolver em leishmaniose visceral), uma
doença grave, ou no caso das espécies menos virulentas, para manifestações
mucocutâneas mais agressivas e crônicas.
Podemos dizer espontaneamente o ser humano imunodeprimido
não reage com nenhuma resposta imunitária vigorosa, principalmente quando os doentes tem SIDA e, ou, AIDS, que ao desenvolver progressões muito
mais arriscadas e aceleradas com qualquer dos patogênios. É interessante
que na França, Itália, Portugal e Espanha, os doentes com SIDA e, ou, AIDS,
têm por último, constituído uma percentagem grande de doentes com formas de leishmaniose graves.
Falaremos agora sobre a forma crônica que é caracterizada pelo
acometimento sistêmico (dos órgãos internos) pela leishmania, em oposição
a leishmaniose tegumentar americana (LTA) ou forma cutânea, em que a
doença é restrita à pele ou mucosas. No Brasil, a Leishmania Chagasi é o parasita que causa leishmaniose visceral. Na figura abaixo, vê-se um rapaz com
leishmaniose visceral, onde foi marcado à caneta a área onde se consegue
palpar o baço e o fígado. Repare como ambos encontram-se com tamanhos
muito aumentados. O período de incubação varia de 2 a 6 meses. A infecção
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
86
Vigilância em Saúde
pode ser oligossintomática (quase ou nenhum sintoma) ou de moderada a
grave, levando o paciente à morte.
Figura 42: Presença da leishmaniose tropical ou visceral na forma crônica com
agressão sistêmica dos órgãos internos.
Fonte: Disponível em: <http://www.mdsaude.com/2010/05/leishmaniose.html>. Acesso em
02/01/2011.
Informamos que nos casos sintomáticos iniciais do calazar, há anemia, febre, aumento do baço (esplenomegalia) e aumento do fígado (hepatomegalia). É preciso que esta doença seja diagnosticada e tratada de maneira
correta, caso contrário a doença evolui e a vítima vai emagrecendo expressivamente, e ainda, ocorre desajuste das funções renal e hepático, além
de febre sucessiva e abaixamento do número de plaquetas e de leucócitos,
induzindo o sangramento, infecções bacterianas e óbito.
A leishmaniose visceral tem um período de incubação podendo variar de meses a anos. As leishmanias comprometem os órgãos como baço,
fígado e a medula óssea que são ricos em macrófagos. A leishmaniose visceral apresenta no início febre insidiosa, na minoria das vítimas desenvolvem sintomas típicos como suores, tremores violentos, mal estar, diarréia,
fadiga, leucopenia, anemia, hepatoesplenomegália, além do aparecimento
de úlceras cutâneas e zonas de pele escura principalmente nos adultos. A
leishmaniose visceral se não tratada num período curto, pode induzir danos
crônicos durante alguns anos, principalmente, em doentes com SIDA/AIDS e
em seguida óbito.
11.1.2 Diagnóstico e tratamento da leishmaniose visceral
É interessante o diagnóstico da leishmaniose visceral que pode feito pela microscópica das leishmanias pelas amostras de linfa, sanguíneas.
É indicado usar a biopsias de baço, depois da cultura ou com a utilização
da detecção do seu DNA. Emprega-se também a Reação de Montenegro por
meio de testes imunológicos.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
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e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Observe a diferença
dos diagnósticos
entre Leishmaniose
Tegumentar e a
Leishmaniose Visceral.
A Leishmaniose Tegumentar proporciona uma aparência clínica com
lesão na pele acompanhada de uma história epidemiológica combinada que
pode induzir ao diagnóstico, no entanto, o ideal é que se empregam métodos
parasitológicos. Para esses métodos pode-se realizar o estudo com o uso do
parasito em um pedaço de tecido, com intuito da confirmação. Para a Leishmaniose Visceral ou calazar, pode-se empregar o diagnóstico parasitológico
por amostras do fígado, medula óssea, linfonodos ou baço.
Podemos afirmar que o tratamento da leishmaniose visceral é
feito por meio de compostos antimoniais como anfotericina, miltefosina ou
pentamidina. Um ponto importante e simples para a prevenção é o uso redes protetoras contra os mosquitos ou repelentes de insetos. É importante
também não morar em residências próxima a mata silvestre, mantendo uma
distância acima de 600 metros para dificultar o ataque do mosquito; a melhor forma de evitar a doença é pela erradicação dos mosquitos dos gêneros
Phlebotomus e Lutzomyia. Para o tratamento do calazar canino, o mais viável é utilizar os produtos como os antimoniais e o alopurinol.
Precisamos deixar claro que, enquanto no homem tenta-se obter
uma cura definitiva, no cão o tratamento raramente leva à cura definitiva,
pelo motivo de que o cão mantém-se como portador da doença. O animal
pode apresentar uma melhora clínica com o afastamento dos sinais clínicos
podendo reaparecer depois de alguns meses. O motivo das reincidências no
cão pode ser devido ao convívio do animal em uma área endêmica.
11.1.3 Vacina terapêutica para a leishmaniose visceral
Devemos ressaltar que a vacina contra a leishmaniose é uma
medida preventiva. Se o cão estiver contaminado com leishmaniose,
a vacina não possuirá efeito. Ela não irá curar o animal. Essa vacina foi
pesquisada na Universidade Federal do Rio de Janeiro e é comercializada em áreas onde a doença é comum. De acordo com os veterinários, é
importante fazer exame prévio para saber se o animal já está contaminado, caso não esteja infectado pode usar a vacina.
11.1.4 Áreas endêmicas no Brasil com leishmaniose visceral
Pode-se afirmar sem nenhuma dúvida que no Brasil, o quadro da
leishmaniose é preocupante. A ocorrência de leishmaniose cutânea (LC) aumentou de 21.800 casos registrados em 1998, para 60.000, em 2003. Este
aumento de incidência é atribuído, principalmente, à alterações ambientais
e comportamentais, incluindo: desmatamento, migração massiva do meio
rural para áreas urbanas, urbanização rápida e não planejada e habitações
construídas com material precário, tipo casas de pau-a-pique.
Observamos que uma abrangência de 90% dos casos de leishmaniose visceral (LV) das Américas ocorre no Brasil. A região Nordeste do Brasil
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
88
Vigilância em Saúde
depara com 94% de todos os casos de LV registradosl, especialmente nos Estados do Piauí, Maranhão, Bahia e Ceará. O mapa do Brasil, na figura abaixo
apresenta o número de casos de leishmaniose visceral humana registrado em
todo o Brasil, na área de vermelho observa-se mais de 200 casos por ano,
no ano de 2000. Neste mesmo ano, foram registrados 3779 novos casos de
leishmaniose visceral humana em 18 estados do país. Estima-se que para
cada caso humano, há uma média de pelo menos 200 cães infectados. As
infecções dos cães precedem sempre a aparição dos casos humanos, pois o
cão é o reservatório da doença para o ser humano.
Figura 43: Distribuição dos casos de leishmaniose visceral humana no Brasil
(FUNASA, 2001).
Fonte: Disponível em: <http://www.juci.com.br/leishmaniose.htm>. Acesso em 03/01/2011.
Os serviços do centro de zoonoses de Campo Grande, Mato Grosso
do Sul salienta que a incidência da leishmaniose tropical ou visceral é alta,
principalmente em cães que são frequentemente recolhidos pela carrocinha
e, posteriormente, eles são submetidos à eutanásia. Essa atitude do poder
público é para diminuir a doença na cidade, no entanto, o principal controle
é sobre mosquito transmissor que nada foi realizado, nesse município. Ainda
em Mato Grosso do Sul, de acordo com os dados da Secretaria Municipal de
Saúde de Corumbá, e aprovados pelo Ministério da Saúde, o número de cães
positivos com a leishmaniose visceral aumentou significativamente de 52,43%
para 41,63% do ano de 2004 e 2006, respectivamente.
11.1.5 Controle do vetor da leishmaniose visceral
A probabilidade do controle da leishmaniose canina está relacionada com o controle da leishmaniose humana. Grandes tentativas de controle
podem implicar a utilização de programas de batalha que tenta abranger
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
89
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
medidas contra os vetores e os reservatórios e, principalmente, utilizar métodos de proteção para os hospedeiros definitivos. Para controlar o vetor da
leishmaniose, são normalmente utilizados inseticidas de ação residual (malatião, lindano). Pulverizar a residência com inseticidas tem demonstrado
algum grau de proteção contra os Flebótomos, de acordo com diferentes
estudos.
Os flebótomos têm maior atividade nas primeiras horas do dia e ao
por do sol. Durante a noite, o uso de redes protetoras é uma forma de proteção. Num estudo realizado demonstrou-se que pessoas que usavam redes
protetoras tinham menos 70% de hipóteses de ser infectadas com leishmaniose, quando comparadas a pessoas que não usavam redes.
Outra possibilidade de combate ao vetor é a luta ecológica, mediante desflorestamento e reflorestamento com espécies de vegetais desfavoráveis para o crescimento de flebótomos. O combate contra os reservatórios pode reduzir as fontes de parasitas, porém para isso é necessário
a identificação de reservatórios silvestres como raposas, ratos e outros, nos
reservatórios com cães domésticos e cães abandonados e/ou vadios. É, contudo, difícil identificar e eliminar todos os reservatórios silvestres e domésticos. No caso dos cães domésticos a atuação é diferente. No Brasil e na China,
uma das medidas de controle passa pela eutanásia dos animais soropositivos,
porém, essa prática é muito difícil de ser aplicada na Europa.
Falaremos agora sobre a aplicação de inseticida que é uma alternativa para a prevenção da leishmaniose, do mesmo modo usar aplicação de
repelentes no cão, de forma a diminuir o ataque dos mosquitos. Lembrando
que o efeito do inseticida é curto. Estudos têm demonstrado que a aplicação
de coleiras nos cães com deltametrina (Scalibor) reduzem até 90% da proporção de flebótomos, reduzindo assim o risco de serem infectados. Outros
produtos que estão sendo estudados são: soluções tópicas de permetrina,
combinações de imidaclopride e permetrina em spot-on. Outra medida preventiva é manter o cão dentro de casa durante a noite, desde o por do sol
até uma hora após a nascer do sol.
Há dificuldade de encontrar um método eficaz de controle contra
a leishmaniose. Os principais fatores relacionados com este insucesso são: A
falta de padronização dos métodos diagnóstico da infecção no ser humano e
no cão; o desacordo entre estudos de avaliação do impacto da eliminação dos
cães soropositivos que prevalece da infecção humana; a demonstração de
que outros reservatórios podem ser fonte de infecção de L. Chagasi/ infantum; e a escassez de estudos sobre o impacto das ações dirigidas contra os
vetores. É no desenvolvimento de vacinas anti-leishmaniose que se encontra
o futuro para a prevenção da leishmaniose.
Existem inúmeros estudos feitos para diferentes tipos de antígenos,
os quais apresentam muitas vezes resultados contraditórios. A prevenção da
Leishmaniose canina pode vir a reduzir a prevalência da leishmaniose humana nas zonas endêmicas. Porém, o desenvolvimento de uma vacina contra
a leishmaniose é uma tarefa difícil. Nesse sentido, é importante encontrar
uma vacina que possa imunizar com intuito de prevenir a doença e a trans-
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
90
Vigilância em Saúde
missão do agente; que seja eficiente contra as diferentes fases do parasita;
que tenha baixo custo, que seja estável e de longa duração.
Figura 44: Cão com Leishmaniose.
Fonte: Disponível em: <http://www.portalnossomundo.com/site/leishmaniose/leishcanina.html>.
Acesso em 03/01/2011.
É possível destacar que as vacinas necessitam agir para bloquear a transmissão do parasita e prevenir a leishmaniose. Lembramos que
há animais assintomáticos que podem ser reservatórios para a transmissão
dessa doença, assim não basta que doença seja evitada. Consideremos que
protozoário parasita por ser heteróxeno, ou seja, necessitar passar de um
animal ou do homem primeiro para um vetor, no caso um mosquito, onde
sofre modificação em sua forma vegetativa, pois o inseto quando amadurece
pode então se tornar infectante a través de sua picada. É interessante que
o mosquito infectado passe para outro organismo suscetível de adquirirem a
doença, que pode ser o homem ou outro animal mamífero. Foram até agora
já assinalados como suscetíveis de contraírem a doença além do homem,
também o cão em sua maior parte dos casos, porém também animais da
espécie equina.
Podemos dizer que várias pesquisas vêm sendo realizadas pelo Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro e pelo Instituto Butantã de São Paulo, com
objetivos de melhorar os conhecimentos, principalmente em trabalhos profiláticos contra a leishmaniose que aflige várias localidades interior do Brasil. Na
região de Araçatuba, no Estado de São Paulo, ultimamente, foram notificados
alguns focos dessa doença em cães. Nessa localidade, pesquisadores estão desenvolvendo trabalhos sobre a doença pela Faculdade de Medicina Veterinária
pertencente a UNESP. Afinal, as pesquisas contribuirão para melhor conhecimento da leishmaniose, sobre agentes etiológicos e respectivos vetores e, assim,
orientar as pesquisas para a erradicação da doença.
11.2 Leishmaniose visceral em Minas Gerais
A leishmaniose visceral americana (LV) ocorre em Minas Gerais desde 1940 quando foram detectados os primeiros casos humanos no Norte do
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
91
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Estado. Nessa época, a doença era tipicamente silvestre de áreas rurais.
Atualmente, em Minas Gerais 84% dos casos confirmados são de pessoas que
vivem em zonas urbanas. Em 1989, a doença passou a ser notificada em região metropolitana de Belo Horizonte, ocorrendo em Sabará o primeiro caso
humano e posteriormente em Belo Horizonte.
Pode-se admitir sem nenhuma dúvida que, de acordo com a secretaria de saúde de Minas Gerais (SES/MG) 2.727, casos humanos de 2000
a 2006 foram notificados, desses casos houve 246 óbitos por leishmaniose
visceral, enquanto que a taxa de letalidade média foi de 9,0%. O ano de 2004
foi considerado ano epidêmico, com 692 casos humanos com 75 óbitos confirmados em 81 municípios, assim distribuídos: Belo Horizonte, Montes Claros,
Ribeirão das neves, Janaúba, Santa Luzia e Paracatu o que corresponde a
56% das notificações do Estado. O mapa de Minas Gerais traz a classificação
dos municípios mineiros segundo o grau de notificação de casos da leishmaniose. O esse mapa expõe as áreas de acordo com a cor: à cinza representa
o primeiro até 1 caso, a cor amarela é área moderada varia de 1 a 2,2 casos,
a cor laranja representa a área esporádica de 2,2 a 4,4 casos e, a cor vermelha representa de 4,4 a 100 casos. A região que está de cor vermelha são os
municípios com área de transmissão intensa para a leishmaniose, é o caso do
município de Montes Claros que apresenta um número superior a 4,4 casos
da doença em seres humanos ano.
Figura 45: Classificação dos municípios mineiros segundo o grau de notificação de
casos da leishmaniose, no período de 2001 a 2006
Fonte: Disponível em: <http://www.saude.mg.gov.br/publicacoes/estatistica-e-informacao-emsaude/boletim-epidemiologico/2007/boletimXn1.pdf>. Acesso em 03/01/2011.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
92
Vigilância em Saúde
Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Definição de Leishmaniose tropical ou visceral;
• Epidemiologia da leishmaniose tropical ou visceral;
• Diagnóstico e tratamento da leishmaniose visceral;
• Vacina terapêutica para a leishmaniose visceral;
• Áreas endêmicas no Brasil com leishmaniose visceral;
• Controle do vetor da leishmaniose;
• Leishmaniose visceral em Minas Gerais.
Atividades de aprendizagem
1. Das duas formas leishmaniose, qual é a mais problemática e, por quê?
2. Sobre a leishmaniose como deve se prevenir?
a) Sacrificar os cães;
b) Evitar a criação dos mosquitos;
c) Fazer a limpeza da área;
d) Evitar contato com animais doentes;
e) Nenhuma das alternativas acima.
3. Como se faz o controle do vetor da leishmaniose visceral?
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
93
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
AULA 1
Alfabetização Digital
Aula 12 – Roedores: ratos
Objetivos
• Conhecer a descrição biológica, principais espécies de ratos e
seus danos;
• Descrever a biologia dos ratos;
• Distinguir as principais espécies de ratos e danos;
• Avaliar a infestação de roedores.
12.1 Descriçao e biologia dos ratos
Os roedores sinantrópicos são divididos em duas categorias: roedores silvestres e roedores urbanos. Apesar dos roedores silvestres poderem
transmitir doenças importantes como a hantavirose, os roedores urbanos são
os que possuem maior importância em termos de saúde pública, estando
associados principalmente à ocorrência da leptospirose e da peste.
O rato pertence à família Muridae com cerca de 600 espécies é
considerada a maior dos mamíferos. Os roedores urbanos como as ratazanas,
rato de talhado e os camundongos ocasionam danos ao ser humano. Essas
espécies de ratos são chamados de domiciliares.
Os ratos têm hábitos noturnos, expondo-se à luz do dia somente
quando sua população aumenta muito e há insuficiência de alimento. Na
falta de alimento, possui mecanismos que limitam a população: baixa da
fertilidade e fecundidade das fêmeas, cancelamento de cios, canibalismo,
dentre outros. O canibalismo é prática comum numa colônia de ratos, ocorrendo com o intuito de eliminar ratos doentes ou machucados ou mesmo
filhotes de outras colônias. Assim, os ratos não admitem que outro penetre
seu território, combatendo-o de forma feroz.
Seus órgãos sensoriais são bastante desenvolvidos, porém, enxergam mal, não percebem cores, apenas variações entre claro e escuro, por
isto que eles têm hábitos noturnos, pois são bastante sensíveis às variações
de radiação solar, o que confere capacidade imediata de perceber movimentos. Os roedores possuem os sentidos muito apurados, especialmente tato
(através dos pêlos), audição, olfato e paladar.
Podemos dizer que os ratos são onívoros, com preferência por alimentos gordurosos, eles consomem em média de 20 a 30 g/dia e bebem uma
quantidade de 15 a 30 ml de água por dia. Têm características típicas de
serem ágeis e bons nadadores, pode permanecer submerso bom tempo. Geralmente, habitam redes de esgoto, terrenos sujos e abandonados, margens
de córregos, depósitos de lixo e afins, ou ainda tocas e buracos no solo.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
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Sinantrópicos:
são indivíduos que
convivem no mesmo
ambiente do homem.
Onívoros :
são os animais que se
alimentam tanto de
produtos de origem
animal como vegetal
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
O corpo é muito flexível, passando a cabeça, são capazes de se
locomover pelo interior de canos e tubulações de diversos diâmetros. Roem
diversos tipos de materiais considerados duros, entre eles madeira, tijolos,
chumbo, alumínio, etc. Cessa a respiração por até 3 minutos, e nadando dentro de um cano de esgoto podem naturalmente entrar em uma residência por
meio do vaso sanitário. São qualificados nadadores, alcançando distâncias
até 800 metros. Sobem pelo exterior de canos e calhas verticais que estejam
separados de uma parede por até 7,5 cm de distância, amparando as patas
no cano e as costas na parede ou vice-versa.
É possível destacar que os ratos têm uma habilidade de subir em
canos e calhas verticais que tenham até 9,5 cm de diâmetro, abraçando-se
neles. Viajam e equilibram-se sobre qualquer tipo de cano ou conduite horizontal. Estes animais utilizam de suas patas e costas para subirem em andares superiores de edificações por meio do interior de canos e calhas de 4 e 10
cm de diâmetro. É importante saber que os ratos escavam tocas verticais no
solo até 1,25 metros de profundidade e, ainda eles saltam na posição vertical
aproximadamente 1 metro de altura a partir do chão. O curioso que eles não
sofrem qualquer tipo de ferimento em quedas até 15 metros de altura. Ainda
os ratos sobem em andares superiores de construções fazendo uso apenas
da quina de duas paredes como sustentação. Pulam horizontalmente até 1,2
metros de distância, partindo da imobilidade.
12.1.1 Principais espécies de ratos e danos
Falando um pouco mais sobre a espécie cujos nomes genéricos:
Ratazana ou rato-de-esgoto tem o nome científico de Rattus norvegicus,
o corpo é robusto a coloração pode variar do castanho-acinzentada. Mede
de 21 a 26 cm de comprimento, a cauda é grossa de tamanho igual ou mais
curto que o corpo. Pesa de 350 a 460 g., com orelhas curtas e relativamente
peludas. Os pés apresentam membrana interdigital. A cauda é grossa, pouco
peluda e mais curta do que o conjunto cabeça e corpo. O focinho é rombudo,
as orelhas são pequenas e dispostas para trás, encostadas à cabeça. Os pés
traseiros são bem desenvolvidos, chegando a medir 37 mm. Vivem em média
2 anos e seu período de gestação dura cerca de 28 dias, com 3 a 4 ninhadas
por ano e uma média de 8 filhotes por ninhada. As fezes são grandes, escuras, cilíndricas e apresentam as extremidades arredondadas.
É possível destacar que a ratazana é o mais comum dos roedores
urbanos. Tem hábitos noturnos, sedentários, agressivos e ainda tem hábitos
semi-aquáticos e são excelentes nadadoras. Normalmente vivem nas áreas
externas das residências, ou seja, habita o solo (terrestre) com característica
extradomiciliar. Quando abriga no interior de residências, abrigam-se entre
pisos e paredes, nos espaços mortos de armários, etc. Esta espécie é dotada
de habilidades para escavar, nadar e roer, podendo girar em torno de seu
ninho até 40 metros. A ratazana abriga tocas (ninheiros) e galerias que cavam as fundações dos edifícios, no subsolo, na beira de rios e córregos, em
depósitos de lixo, nos jardins, à beira de córrego ou valas. A rede de esgoto
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
96
Vigilância em Saúde
ou de escoamento pluvial, também, serve como abrigo para esses roedores.
Essa espécie alimenta-se até 30g/dia de lixo orgânico, cereais, raízes e carne, peixes e consome água até 30 mL/dia. Dificilmente ficam abrigadas em
locais com distância superior a 45 m da fonte de alimento.
Figura 46: Ratazana ou rato-de-esgoto (Rattus novergicus).
Fonte: Disponível em: <http://www.dddrin.com.br/pragas-ratos.php>. Acesso em 07/01/2011.
Nomes genéricos: Rato-preto, ratos de forro ou rato-de-telhado tem
o nome científico de Rattus rattus. São menores do que as ratazanas, ágeis e
possuem o focinho afilado, geralmente apresenta coloração entre o preto e o
cinza escuro, mede entre 19 e 22 cm de comprimento, cauda fina, mais longa
que o comprimento do corpo, possibilitando um melhor equilíbrio, e pesa de
230 a 300 g. As orelhas são longas, quase sem pêlos, e seus pés apresentam
membrana interdigital. Vive em média 1,5 ano, a maturidade sexual é atingida entre o segundo e o terceiro mês de vida. O período de gestação é de
28 dias, com 5 a 6 ninhadas por ano, com 3 a 9 filhotes cada. Suas fezes são
finas e terminadas em pontas afiladas, medindo cerca de 12 mm.
Podemos citar o nome comum mais usado é rato-de-forro, rato-preto e rato-de-telhado. Esta espécie gosta de habitar sobre o solo, com característica intra e extradomiciliar. O rato-de-telhado é tem grandes habilidades
para roer, equilibrar e furar buracos que pode chegar até 60 metros de seu
ninho. Abrigam-se sobre o solo como sótãos das casas, em forro, armazéns
e depósitos. Nas áreas abertas, preferem o topo das árvores. Costumam ser
encontrado nas proximidades de áreas portuárias. Essa espécie é onívora
preferem frutas, legumes, cereais, raízes e pequenos insetos; alimenta-se
até 30 g/dia e consome água até 30 mL/dia. Dificilmente abrigam-se em locais com distância superior a 45 m da fonte de alimento.
Figura 47: Rato-preto ou rato-de-telhado (Rattus rattus).
Fonte: Disponível em: <http://www.dddrin.com.br/pragas-ratos.php>. Acesso em 07/01/2011.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
97
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Observamos agora o nome genérico do camundongo. Ele tem o
nome científico de Mus musculus seu corpo é pequeno e delicado, revestido
com pelos de coloração acinzentada. É o menor dos roedores domésticos,
tem tamanho aproximado de 18 cm, sendo 9 cm de corpo e 9 cm de cauda
e pesa entre 15 e 20 g. As orelhas são relativamente grandes e translúcidas
(sem pêlos) e não apresentam membrana interdigital nos pés, os olhos são
vivos e salientes. Vive em média um ano e, dois meses já são considerados
adultos, com período de gestação de 21 dias; procriam 7 ou 8 vezes por ano,
e a ninhada comum varia de 4 a 8 filhotes. Suas fezes são finas e terminadas
em pontas afiladas, contudo de tamanho bem reduzido, podendo até ser
confundidas com fezes de baratas.
Falando um pouco mais sobre camundongo cuja morada é o solo e
também partes superiores, com característica intradomiciliar, ou seja, abrigam-se em espaços de paredes, de armários, de móveis, ou até mesmo entre
os gêneros armazenados. Tem habilidades como escalar e roer pode explorar
em torno de seu ninho até 9 metros entre o local de abrigo e a fonte de alimentação. Constrói o ninho em móveis, despensas, gabinetes de cozinha e
qualquer orifício capaz de acomodá-lo. São onívoros, alimenta-se até 3 g/dia
de cereais, pão, queijo e seu consumo de água não são significativos. Comumente são confundidos com filhotes de ratazanas ou de ratos.
Figura 48: Camundongo (Mus musculus.).
Fonte: Disponível em: <http://www.dddrin.com.br/pragas-ratos.php>. Acesso em 07/01/2011.
12.1.2 Avaliação da infestação de roedores
Podemos citar que no exame in loco pode dar uma estimativa do nível
de infestação por roedores, conforme a Tabela 4.
Tabela 4
Indicadores do nível de infestação por roedores
Indicadores
Trilhas
Manchas de gordura
por atrito corporal
Roeduras
Fezes
Tocas ou ninhos
Alta
Várias
Evidências em vários
locais
Ausentes
Algumas
Visíveis em diversos locais
Algumas
Vários locais
Numerosas e frescas
1 a 3 / 300 m²
4 a 10 / 300 m² área
+ de 10 / 300 m² área
área externa
externa
externa
Ratos vistos
não constatado Alguns em ambiente
Vários em ambiente escuescuro
ro e alguns a luz do dia
Fonte: Disponível em: < http://www.mgar.com.br/zoonoses/aulas/aula_roedores.htm>. Acesso em
07/01/2011.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
98
Baixa
Ausentes
Ausentes
Média
Algumas
Pouco perceptível
Vigilância em Saúde
Precisamos deixar claro que outra opção para avaliação do nível
da infestação consiste em distribuir 100 armadilhas com iscas em um determinado local a ser avaliado. As armadilhas devem ser colocadas às 22 horas
de um dia e recolhidas às 5 horas do dia seguinte, repetindo-se o procedimento por três dias. Ao final desse período apura-se o número de roedores
capturados e determina-se o grau de infestação, conforme definido a seguir:
Baixa infestação - 01 a 05 roedores capturados; Média infestação - 06 a 15
roedores capturados; Alta infestação - 16 a 29 roedores capturados; Altíssima
infestação - acima de 30.
Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Descrição e biologia dos Ratos;
• Principais espécies de ratos e danos;
• Avaliação da infestação de roedores.
Atividades de aprendizagem
1. Quais são as diferenças que ocorrem entre as três espécies de ratos urbanos?
2. Como são feitas as avaliações da infestação de roedores?
3. Qual é o pior e o melhor sentido dos ratos, por quê?
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
99
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
AULA 1
Alfabetização
Digitalratos métodos de
Aula
13 – Roedores:
controle
Objetivos
• Identificar os métodos de controle e verificação da presença de
roedores;
• Diferenciar as medidas de prevenção contra os ratos.
13.1 Métodos de controle e da verificação da presença
de roedores
É importante confirmar que os ratos urbanos são animais sinantrópicos, dependem das atividades humanas para a obtenção de alimentos
e abrigo, ou seja, vivem próximo ao homem, e proporciona alta habilidade
reprodutiva e de dispersão por falta de predadores naturais. As espécies
importantes no espaço urbano são exóticas e com grande adaptação. A ratazana (Rattus norvergicus) e rato do telhado (Rattus rattus) têm hábitos
noturnos e gostam de consumir diversos alimentos, especialmente resíduos
alimentares e ração de animais de gatos e cães. Nas áreas urbanas, o problema da infestação de ratos se agrava pelo crescimento desordenado, com
ocupação de áreas à banhados, beira de córregos, com baixo valor imobiliários e pela grande produção de resíduos sólidos.
Figura 49: Beira de córrego local ideal para proliferação de ratos.
Fonte: Disponível em: <www.google.com.br/imgres?imgurl=http://2.bp.blogspot.com/_
oY40HDrCLJ0/S7y7xw1sqxI/AAAAAAAAA8g/yVAP7NyMaBE/s1600/ratos4.jpg&imgrefurl=http://
jopopular.blogspot.com/2010/04/ratos-invadem-o-bairro-vale-do-sol-em.html&usg=__l4puJg8Jgyh
Ne79X3qKnIatywNY=&h=298&w=368&sz=35&hl=pt-BR&start=179&zoom=1&um=1&itbs=1&tbnid=sfaI
Kwx5fFRI8M:&tbnh=99&tbnw=122&prev=/images%3Fq%3Dfoto%2Bdos%2Bratos%2Bprevenir%26start
%3D160%26um%3D1%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN%26ndsp%3D20%26biw%3D1003%26bih%3D563%26tbs%
3Disch:1&ei=UTN1TaOpOYWclgeV4o3vBA>. Acesso em 07/01/2011.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
101
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Caro estudante, use
a internet e acesse o
site da do ministério
as saúde (www.
saude.gov.br/svs/
publicacoes) para ter
mais informações sobre
o controle dos ratos.
O controle químico de roedores é uma atividade complementar e
indispensável da vigilância e das ocorrências de mordedura de rato, para
situações onde a infestação de ratos se encontra elevada, oferecendo alta
incidência de sinais da presença dos roedores: tocas, fezes frescas ou secas,
manchas de gorduras nas paredes e rodapés. Desratização consiste em eliminar ou reduzir a população de roedores em um determinado local, através de
substâncias químicas, preferencialmente raticidas de ação lenta, podendo
ser utilizados produtos em blocos parafinados e em pó, liberados pelo Ministério da Saúde. Em vários países o grupo químico mais empregado são os
anticoagulantes devido à eficácia e baixo custo, além terem efeitos somente
alguns dias depois da ingestão. Todavia, é importante saber a espécie de
rato envolvido e a técnica preconizada pelo fabricante do produto. Também,
pode-se utilizar de processos capazes de produzir a eliminação física dos
roedores infestantes. Entre esses estão ratoeiras, armadilhas e outros dispositivos de captura.
Em um programa de controle de roedores é essencial que se saiba qual
espécie de rato que está mais predominante no município, grau de incidência
de doenças por eles transmitidas, igualmente como as condições socioeconômicas e sanitárias da cidade em questão. No município, deveria ter um projeto
que deve incluir o levantamento e a obtenção de material necessário, seleção
e contratação de recursos humanos. Maiores detalhes sobre esse levantamento
podem ser encontrados no Manual de controle de Roedores.
É extraordinário usar os meios de comunicação da cidade no controle de zoonose. É necessário repassar telefones para dúvidas e reclamações,
advertindo sempre que o sucesso das atividades dependerá da participação
da população. Em todos os passos do programa de controle será importante
o trabalho de educação em saúde junto à comunidade, voltados para eficácia das ações de controle a serem realizadas. O combate aos roedores é um
dos serviços realizados pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Os ratos
podem transmitir várias doenças ao homem, entre elas, leptospirose, peste
bubônica, tifo murino, salmoneloses e febre da mordedura.
Pode-se afirmar, sem nenhuma dúvida, que a antirratização consiste em criar mecanismos e barreiras que evitem que os roedores tenham
acesso a um determinado local. Enquadram-se nesse item o controle dos
chamados “3 As”: Água, Abrigo e Alimento: controle de restos e resíduos de
alimentos e rações; implantação de barreiras físicas; limpeza e remoção de
entulhos e vegetações; drenagem ou fechamento de recipientes com água.
Os acidentes causados pela mordedura desses animais são mais frequentes do que se imagina. Por isso, as pessoas devem ficar atentas aos
seguintes sinais, que podem ser indicativos de infestação: A infestação de
ratos num local pode ser verificada através da observação de alguns sinais:
- fezes: sua presença é um dos melhores indicadores de infestação, inclusive as fezes podem levar à identificação da espécie presente; - trilhas: sua
aparência é de um caminho bem batido, com 5 a 8 cm de largura, sendo
encontradas comumente nas proximidades de muros, junto às paredes, atrás
de materiais empilhados, sob tábuas e em áreas de gramados; - manchas de
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
102
Vigilância em Saúde
gordura: Deixadas em locais fechados, por onde passam constantemente como,
por exemplo, nas paredes e vigas; - roeduras: os ratos roem (mas não ingerem)
principalmente materiais como madeira, cabos de fiação elétrica e embalagens
de alimentos para gastar sua dentição e como forma de transpor barreiras para
alcançar os alimentos, portanto a presença de materiais com sinais de roeduras
indicam a presença de roedores; - tocas: são encontradas junto ao solo, junto
aos muros, entre plantas e normalmente indica infestação por ratazanas.
13.1.1 Medidas de prevenção contra os ratos
Começamos de forma lógica no sentido de prevenir a proliferação de
camundongos, ratos de telhado e ratazanas que são espécies urbanas que proporcionam doenças e prejuízos a população, pois é preciso tomar medidas de
prevenção, como por exemplo, antirratização. As medidas essenciais são: - limpeza: proceder à limpeza dos locais de produção, manipulação de alimentos e
de refeição, e embalar os restos de alimentos em recipientes fechados; - acondicionamento correto do lixo: o lixo deve ser embalado dentro de sacos plásticos,
em recipientes com tampas fechadas e limpas periodicamente, de preferência
sobre estrado, para que não fiquem abertamente em contato com o solo; - da
coletas: o lixo deve ser depositado para o sistema de coleta pública apenas
na hora que o coletor passar para coletar, devendo ser armazenado em local
adequado, para que não fiquem em contato como o solo; - do lixo: o lixo jamais
deve ser jogado a céu aberto ou em terrenos baldios; - do acondicionamento
dos alimentos: os alimentos constituem fontes de alimentação para os roedores,
motivo pelo qual devem ser acondicionados em recipientes fechados adequadamente. Acondicionar alimentos sempre em recipientes bem fechados; Inspecionar periódica e cuidadosamente caixas de papelão, caixotes, a parte posterior
de armários, gavetas e todo tipo de material que adentre ao ambiente e possa
servir de transporte ou abrigo de camundongos.
Figura 50: Ninhada de rato com vários filhotes.
Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&source=hp&q=foto+com+fil
hotes+de+ratos&btnG=Pesquisa+Google&gbv=2&oq=foto+com+filhotes+de+ratos&aq=f&aqi=&aql
=1&gs_sm=s&gs_upl=4828l4828l0l5906l1l1l0l0l0l0l453l453l4-1l1l0&oi=image_result_group&sa=X>.
Acesso em 027/11/2011.
Falando um pouco mais sobre as medidas de prevenção dos ratos. - Das
verificações: Quando do recebimento de matérias primas, é necessário efetuar
a inspeção cuidadosa de caixas de papelão, caixotes, atrás de armários, gavetas
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
103
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
e todo tipo de material que entra ao ambiente e possa servir de transporte ou
abrigo a camundongos; - das aberturas: com relação as aberturas, adota-se a
barreira física de fechar frestas ou vãos que possam servir de porta de entrada
aos ratos para os ambientes internos; - dos tipos de vedação: colocar telas (com
menos de 1 cm de vão de diâmetro), instalar grelhas, ralos do tipo “abre-fecha”,
sacos de areia ou outros artifícios que impeçam a entrada desses animais através de ralos, encanamentos ou outros orifícios.
Continuando a falar obre as medidas de prevenção dos ratos em
relação ao ambiente, é necessário dificultar a sua proliferação, por meio de
medidas como: - impedir o acúmulo de destroços ou materiais inúteis, que
possam servir de morada aos ratos; - manter limpas as instalações de animais
domésticos e não deixar expostos água e restos de alimentos de cães e gatos
nos quintais e residências onde os ratos possam entrar, principalmente à
noite e alimentar. - não deixar encostado em parede e muro, os objetos, material, produto, embalagens que facilitem o acesso dos roedores (prevenção
contra ratos de telhado); - manter armários e depósitos arrumados e organizados, não ajuntar material em desuso, papel, papelão, caixas. É importante
fazer também fazer a limpeza ao redor da habitação e ter o cuidado como:
- não acumular entulho ou materiais inservíveis nas casas, quintais e terrenos
baldios; - retirar restos de materiais de construção, lixo e não aceitar amontoado de materiais de construção, tronco, lixo ou pedra (prevenção contra
ratazanas); - examinar e conservar limpos garagens, sótãos, depósitos com
planilhas para verificação da presença de vestígios e ou sinais de roedores.
Fazer uma mobilização de limpeza com os membros da a comunidade, principalmente, quando a comunidade se encontra próxima às instalações fabris
e outra repartições que possam ajudar na proliferação dos ratos, além de
limpeza, deve orientar as pessoas na comunidade quanto às medidas preventivas de controle de roedores através do aviso e compreensão adequada do
problema para eliminação de hábitos e costumes que possam colaborar para
a propagação dos ratos.
Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Métodos de controle e da verificação da presença de roedores;
• Medidas de prevenção contra os ratos.
Atividades de aprendizagem
1. Quais são os melhores métodos de controle de roedores?
2. Comente sobre o controle químico de roedores.
3. Existem sinais que podem ser indicativos de infestação de ratos? Faça o
comentário.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
104
Vigilância em Saúde
AULA 1
Digitalleptospirose doença
AulaAlfabetização
14 – Roedores:
causada por ratos
Objetivos
• Conhecer a leptospirose e a sua transmissão por roedores.
• Reconhecer a transmissão, medidas de proteção e tratamento
contra a leptospirose;
• Identificar as áreas com risco de transmissão de leptospirose.
14.1 Leptospirose doença transmitidas por roedores
É importante esclarecer a leptospirose que é uma doença infecciosa causada por espécies de bactérias (Leptospira spp.), presente na urina
do rato. Os roedores domésticos mais comuns, que levam a leptospirose ao
homem, são o rato de telhado ou de forro, a ratazana ou rato de esgoto e o
camundongo. A leptospirose é uma doença infecciosa febril, aguda, potencialmente grave. É uma zoonose (doença de animais) que ocorre no mundo
inteiro, exceto nas regiões polares. Em seres humanos, acontece em pessoas de todas as idades e em ambos os sexos. Na maioria dos casos com 90%
de leptospirose, a evolução é benigna. A leptospirose é também conhecida
como doença de Weil. Ela é causada pela bactéria Leptospira interrogans.
Figura 51: A bactéria Leptospira está presente na urina do rato
Fonte: Disponível em: <http://www.santalucia.com.br/clinica-geral/leptospirose.htm>. Acesso em
17/01/2011.
A maioria das pessoas infectadas pela Leptospira interrogans desenvolve manifestações de forma leve ou moderada não oferece sintomas
da doença, mas, existe a forma de leptospirose chamada de severa, fatal
ou anictérica, pois nessa forma os sintomas iniciais são parecidos com o da
gripe, que depois evoluem para alterações específicas. Alguns sintomas reaparecem, posteriormente, com o agravamento do quadro clínico. As manifestações da leptospirose acontecem em geral assim: aparecem entre 2 e 30
dias após a infecção, o período de incubação médio varia em dez dias. Após
dois ou três dias de aparente melhora, os sintomas podem ressurgir, contudo
menos grave. A maioria das pessoas melhora em quatro a sete dias. A Tabela
5 apresenta os sintomas da leptospirose.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
105
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Tabela 5
Sintomas inespecíficos e específicos da leptospirose humana
Sintomas da leptospirose humana
Inespecíficos
Específicos
Febre 38-39° C
Icterícia
Cansaço
Alterações cardiovasculares
Indisposição
Dificuldade respiratória
Calafrios
Distúrbios neurológicos
Cefaléia
Disfunção renal
Mialgias (dor na panturrilha)
Conjuntivas congestas
Náusea
Vômito (hemoptise)
Erupções cutâneas
Fonte: Disponível em: <http://www.pragas.com.br/noticias/destaques/leptospirose_chuvas.php>.
Acesso em 17/01/2011.
Pode-se afirmar que a aprovação do diagnóstico de leptospirose é
sem importância para o tratamento da pessoa doente, entretanto, é essencial para a adoção de medidas que reduzam o risco de acontecimento de
uma epidemia em área urbana. O diagnóstico pode ser realizado com auxílio de exames sorológicos chamados de microaglutinação pareada, com uma
amostra de sangue colhida logo no início da doença e outra duas semanas
após, ou do isolamento da bactéria em cultura (que tem maior chance de ser
feito durante a primeira semana de doença).
14.1.1 Tratamento da leptospirose
Falaremos agora sobre o tratamento do indivíduo com leptospirose
que é feito basicamente com hidratação. Não deve ser usados medicamentos
para dor ou para febre que contenham ácido acetil-salicílico (AAS, Aspirina,
Melhoral, etc.), estes medicamentos podem incluir o risco de ocorrer sangramentos. Devem ter o cuidado de não usar os antiinflamatórios (Voltaren,
Profenid, etc.) pelo risco de efeitos colaterais, como hemorragia digestiva e
reações alérgicas. Quando o diagnóstico é feito até o quarto dia de doença,
devem ser empregados antibióticos (doxiciclina, penicilinas), uma vez que
reduzem as chances de evolução para a forma grave. As pessoas com leptospirose sem icterícia podem ser tratadas no domicílio. As que desenvolvem
meningite ou icterícia necessitam ser internadas. As formas graves da doença devem ter tratamento intensivo e medidas terapêuticas como diálise
peritonial para tratamento da insuficiência renal.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
106
Vigilância em Saúde
14.1.2 A transmissão e medidas de proteção contra a
leptospirose
É importante frisar que o rato é o principal responsável pela infecção humana, em razão de existir em grande número e da proximidade com
seres humanos. Leptospira interrogans reproduzem nos rins dos roedores não
causando danos, e é eliminada pela urina, geralmente durante a vida do animal. Leptospira interrogans eliminada junto com a urina de animais resiste
no solo úmido ou na água, que tenham pH neutro ou alcalino. Não sobrevive
em águas com alto teor salino.
Figura 52: Rato: principal transmissor da doença.
Fonte: Disponível em: <http://www.todabiologia.com/doencas/leptospirose.htm>. Acesso em 17/01/2011.
Assim que ocorrer enchentes, a urina dos ratos se mistura à água,
lama ou a alguns alimentos aquosos, as bactérias podem entrar no homem por
meio da pele e de mucosas dos olhos, do nariz, e da boca ou através da ingestão
alimentos e de água contaminados. É interessante que a pessoa com pequenas
feridas na pele não pode facilitar, pois a penetração da bactéria é mais favorável, principalmente, quando a exposição é prolongada. Os seres humanos são
infectados casual e temporariamente e não têm importância como transmissor
da doença. A transmissão de uma pessoa para outra é muito pouco provável.
Podemos dizer que a infecção humana pode ser contraída por meio
de contato com urina de animais como cães, gatos, porcos, gado e além das
três espécies de ratos urbanos. Essa doença pode ser contraída mesmo quando animais são vacinados. A limpeza de fossas domiciliares, sem proteção
adequada, é uma das causas mais frequentes de obtenção da leptospirose.
Existe risco ocupacional para as pessoas que têm contato com água e terrenos alagados como limpadores de fossas e bueiros, lavradores de plantações
de arroz, trabalhadores de rede de esgoto e militares.
Figura 53: Modelo de transmissão da leptospirose.
Fonte: Disponível em: <http://www.biologico.sp.gov.br>. Acesso em 18/01/2011.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
107
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Foram notificados 33.174 casos de leptospirose, período entre 1996
e 2005 em todo território brasileiro. Somente os fatos mais gravem (ictéricos)
são, comumente, diagnosticados e, eventualmente, notificados. Leptospirose
sem icterícia é muito confundida com outras doenças, principalmente com a
dengue e a gripe, ou não leva à busca de ajuda médica. Os casos notificados,
possivelmente, representam apenas uma pequena parcela de cerca de 10%
do número concreto de casos nesse país.
O risco de pegar leptospirose pode ser reduzido evitar o contato ou
ingestão de água que possa estar contaminada com urina de ratos. Deve-se
usar somente água tratada (clorada) como bebida e para a higiene pessoal.
As embalagens de água mineral, refrigerantes e cervejas antes de ser ingeridas devem ser lavadas especialmente, porque o risco de contaminação
com urina de rato é muito grande, principalmente quando essas forem armazenadas em depósitos, locais que são mais frequentados por ratos. Deve
ser usado copo limpo ou canudo plástico protegido. Em caso de inundações,
deve ser evitada a exposição inútil à água ou à lama. Pessoas que irão se
apresentar-se ao contato com água e terrenos alagados devem empregar
roupas e calçados impermeáveis.
14.1.3 Sugestão para áreas com risco de transmissão
de leptospirose
É importante que a população seja informada sobre as causas que
determinam a ocorrência de leptospirose e que precisa ser realizado para
evitá-la. Deve também ter acesso fácil aos serviços de diagnóstico e tratamento. O risco de transmissão pode ser diminuído nos centros urbanos por
meio da melhoria das condições de infraestrutura principal como rede de
esgoto, de drenagem de águas pluviais, de remoção adequada do lixo e eliminação dos roedores. A limpeza e dragagem de córregos e rios são medidas
básicas para reduzir a incidência de inundações. Equipamentos de proteção
como botas e luvas impermeáveis, precisa ser oferecidos aos indivíduos com
risco ocupacional. Também são necessárias medidas ligadas ao meio ambiente, tais como obras de saneamento básico como abastecimento de água, lixo
e esgoto, o controle de roedores e melhorias nas habitações humanas.
Quando acontecem inundações, deve ser impedido contato desnecessário com a água e com a lama. Se a residência for inundada, é necessário
desligar a rede de eletricidade para evitar acidentes. O mesmo cuidado deve
ser advertido depois das inundações, antes do início da limpeza domiciliar,
que deve ser praticada com o uso de calçados e luvas impermeáveis. Quando
há dúvida de contaminação da rede de água, a companhia responsável pela
distribuição deve ser comunicada. Nesses casos, a água deve ser tratada com
cloro ou fervida. Se caso água estiver com matéria orgânica ou com argila
(turva) pode reduzir o efeito do cloro, a alternativa mais segura antes do
consumo é a fervura. Os mesmos cuidados devem ser tomados quando a água
é proveniente de poços.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
108
Vigilância em Saúde
As enchentes contaminam a água e os alimentos, principalmente
quando ocorre à desestruturação da rede de esgoto e, muitas vezes os lixos
acumulados auxiliam na proliferação de ratos baratas e mosquitos, animais
com grande potenciais para transmitir diversos tipos de doenças. A leptospirose é uma das doenças mais frequente nas ocasiões de enchentes.
Observamos agora alguns cuidados necessários para não adquirir
leptospirose: Ao optar por um lugar para residir, cientificar-se sobre a frequência de inundações e evitar locais sujeitos a inundações frequentes. - Em
caso de utilização de água de poços ou coletada diretamente de rios ou lagoas utilizar tratamento a base de cloro tanto para o consumo como no preparo
de alimentos. - Os alimentos devem ser protegidos em recipientes e locais à
prova de ratos. - Acondicionar o lixo domiciliar em sacos plásticos fechados
ou latões com tampa. Se não possuir a coleta do lixo, ele deve ser selecionado um lugar apropriado para seu destino final que permita o aterramento
ou a incineração periódica. A acumulação de lixo e entulho em quintais e
terrenos baldios induz à proliferação de ratos.
O derramamento de lixo em córregos ou rios promove a ocorrência de inundações. Quando as chuvas proporcionarem enchentes, evite a exposição
inútil à água ou à lama contaminada. Algumas medidas são importantes na
prevenção contra leptospirose: - se as água das inundações atingirem as residências deve ser realizada a limpeza imediatamente, com todo cuidado
para não contaminar com a bactéria; - fazer a limpeza de fossas e bueiros;
- executar a remoção de fezes e urina de animais de estimação. - Empregar
hipoclorito de sódio (água sanitária) de 2 a 2,5%, de acordo com as recomendações do fabricante, para limpeza de: - locais onde são criados animais de
estimação e de residências, após uma inundação.
Figura 54: Exemplo de transmissão da leptospirose pela inundação.
Fonte: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/
leptospirose/doenca-sintomas-bacteria-enchentes-agua-contaminacao.shtml>. Acesso em
17/01/2011.
Precisamos ressaltar a importância da limpeza da caixa d’água. Ela
deve ser limpa e desinfetada a uma solução de água sanitária, da seguinte
forma: - deve-se esvaziar e lavar a caixa d’água, é importante que esfregue
bem o fundo e as paredes laterais; - após a limpeza adicione 1 litro de água
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
109
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
sanitária para cada 1.000 litros de água no depósito; - posteriormente, encha
a caixa d’água com água limpa, após o enchimento feche o registro; - depois
de meia hora, abra as torneiras por alguns segundos para que essa água misturada com água sanitária entre na tubulação; - aguarde uma hora e trinta
minutos para que se faça a desinfecção; - abra novamente as torneiras, para
drenar toda a água. A água que sai pelas torneiras pode servir para a limpeza
de chão e paredes. - Encha novamente a caixa com água limpa.
Precisamos ressaltar que não se pode usar medicamento para febre
ou dor que tenha como base o ácido e o acetilsalicílico chamados de Aspirina, Melhoral, AAS e outros parecidos. Esses remédios proporcionam aumento
de sangramentos. Também deve ter cuidado com os antiinflamatórios como
Voltaren e Profenid, pois possibilitam a ocorrência de risco e de efeitos colaterais, como hemorragia digestiva e reações alérgicas. O melhor meio para
evitar os primeiros da leptospirose, procure imediatamente um médico.
Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Leptospirose doença transmitidas por roedores;
• Tratamento da leptospirose;
• A transmissão e medidas de proteção contra a leptospirose;
• Sugestão para áreas com risco de transmissão de leptospirose.
Atividades de aprendizagem
1. Faça um comentário sobre o significado da leptospirose?
2. Quais são os transmissores da leptospirose?
3. Como as pessoas devem se prevenir contra a leptospirose? Faça um comentário.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
110
Vigilância em Saúde
AULA 1
Alfabetização
Digitaloutras doenças cauAula
15 – Roedores:
sadas por ratos
Objetivos
• Identificar outras principiais doenças de transmissão dos ratos;
• Descrever a peste bubônica e sua influência;
• Reconhecer a importância do tifo murino e febre da mordida
do rato;
• Definir a importância das doenças como triquinose, raiva, salmoneloses, sarnas e micoses e hantavirose.
15.1 Peste bubônica e sua influência
Falaremos agora sobre a peste bubônica que é causada pela bactéria Yersinia pestis (ex-Pasteurella pestis) é uma das doenças mais antigas que
agonizam a humanidade. A peste é uma doença transmitida por vetores, o
que significa que necessita de um hospedeiro vivo para transmiti-la de um
animal para o outro. Na maioria dos casos, uma determinada espécie de pulga chamada de Xenopsylla cheopsis que é o vetor. É transmitida pela pulga-do-rato, Xenopsylla cheopsis. Ainda chamada de “peste negra” ou “morte
negra”, a peste bubônica eliminou milhões de pessoas na Europa e Ásia na
Idade Média. Naquela ocasião, o agente transmissor da doença vivia no rato-de-telhado. A peste bubônica foi uma doença terrível, no entanto, atualmente não tem a mesma gravidade daquela época. Embora a peste bubônica
continue matando pessoas na Índia, Paquistão, Bangladesh e até mesmo no
Brasil, especialmente no Nordeste.
Ainda conhecida como a pulga oriental de rato, Xenopsylla cheopsis
escolhe se alimentar do sangue de ratos e outros roedores, que podem transmitir a doença. A pulga oriental de rato tem uma qualidade física que a torna
bastante dinâmica na transmissão da peste. O sistema digestivo dela pode
ficar obstruído por uma grande quantidade de bactérias da peste. Quando
uma pulga obstruída pica um hospedeiro, ela costuma regurgitar o sangue
infectado com peste dentro da ferida. As pulgas que não tendem a ficar
obstruídas, como a pulga humana, ainda podem transmitir a peste levando a
bactéria em suas bocas.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
111
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Figura 55: A pulga-do-rato chamada de Xenopsylla cheopsis.
Fonte: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/
leptospirose/doenca-sintomas-bacteria-enchentes-agua-contaminacao.shtml>. Acesso em
17/01/2011.
Bubão:
que significa íngua.
É possível destacar que depois de a pulga infectada picar o hospedeiro, as bactérias suprimem a resposta inflamatória natural do corpo. Elas
também usam proteínas para se proteger contra o sistema imunológico. Por
esses motivos, a pessoa não percebe imediatamente que algo está errado.
As bactérias utilizam uma carona até o nódulo linfático mais perto
empregando os glóbulos brancos para transportá-las. Assim que as bactérias
conseguem um nódulo linfático, elas se multiplicam. Em motivo da grande
quantidade de bactérias e de endotoxinas em suas paredes celulares, o nódulo linfático começa a inchar. Em poucos dias, o nódulo se torna um bubão
dolorida e do tamanho de um ovo. É importante destacar que os organismos
humanos com suas defesas imunológicas naturais agem e causam neles uma
febre alta, com intuito de matar as bactérias. Os sintomas mais comuns da
peste bubônica são dor muscular, calafrios, e fraqueza também são comuns.
15.2 Importância do tifo murino
Informamos que o tifo murino é conhecido como febre murina. É
transmitido ao homem pela picada da pulga-do-rato infectada pela bactéria
Rickettsia mooseri. Os ratos são os principais vetores da doença causada pela
bactéria. Assim como acontece na peste, o tifo murino é transmitido para o
homem quando há um grande número de roedores contaminados (epizootia),
o que obriga a pulga Xenopsylla cheopsis a buscar novos hospedeiros. A doença é comum em várias ilhas e zonas portuárias do mundo. No Brasil, ela já
foi descrita nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
A evolução do tifo murino é basicamente a mesma do exantemático,
embora ele seja mais brando e apresente complicações menos frequentes.
Como as demais infecções causadas por rickettsias, o tifo murino é tratado
com antibióticos. Para combater a doença, é necessário manter condições
adequadas de higiene e controlar a proliferação de ratos.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
112
Vigilância em Saúde
15.3 Febre da mordida do rato
Analisamos que a febre da mordida do rato é transmitida pela mordida do rato, quando ele é infectado pelo Spirillum minus. Os ratos mordem
principalmente crianças e idosos que estejam confinados aos seus leitos. A
transmissão ocorre pela saliva do rato. Spirillum minus provoca uma forma
de febre da mordedura do rato. É um microorganismo espiralado duro e muito pequeno que é transportado por ratos em todas as partes do mundo. Ele
é inoculado nos seres humanos através da mordida do rato e, resultam numa
lesão local e linfadenopatia regional, erupção cutânea e febre do tipo periódico. Pode-se isolar o Spirillum através de material coletado de linfonodos
aumentados ou do sangue.
É importante esclarecer que o tratamento febre da mordida do rato
pode ser realizado com antibióticos como penicilina e tetraciclina, apesar de
não erradicarem a infecção. Como medida profilática pode-se usar a doxicilina.
15.4 Importâncias das doenças como triquinose, raiva, salmoneloses, sarnas e micoses e hantavirose
Observamos agora a triquinose é causada pela Trichinella spiralis.
Os suínos ingerem as fezes ou cadáveres de ratos infectados, e o homem
pode se contaminar pela ingestão de carne meio crua desses suínos. Por isso,
a carne deve ser bem cozida ou assada, para matar as larvas de triquina.
Lembramos que hoje em dia, acredita-se que os roedores são incapazes de transmitir o vírus rábico. São raríssimos os casos humanos transmitidos por algum deles. Animais não mamíferos como lagartos, peixes e
pássaros não transmitem raiva.
Avisamos agora que as bactérias salmonelas causam envenenamentos alimentares, como graves gastroenterites. As ratazanas são muito apontadas pela contaminação dos alimentos, especialmente por visitar ambientes
com muita salmonela, como os esgotos. O homem adquire a doença ingerindo alimentos contaminados.
Precisamos deixar claro que as sarnas e micoses são os efeitos da
ação de ectoparasitos. Ocorrem no homem e nos animais. Os ratos disseminam mecanicamente esses agentes causadores. Para hantavirose os ratos
também podem transmitir o hantavírus pela urina e saliva. É importante
informar que o agente causa uma virose mortal.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
113
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Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Peste bubônica e sua influência;
• Importância do tifo murino;
• Febre da mordida do rato;
• Importâncias das doenças como triquinose, raiva, salmoneloses,
sarnas e micoses e hantavirose.
Atividades de aprendizagem
1. Como a peste bubônica é transmitida para o homem?
2. O rato contaminado que se faz a transmissão do tifo murino? Faça o comentário.
3. A febre da mordida do rato é menos importante que as demais doenças,
por isto devem desprezar os ratos? Justifique.
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Aula
16 – Esquistossomose
causada pelo
Schistosoma mansoni
Objetivos
• Entender a transmissão dos platelmintos ao homem e a distribuição Biomphalaria glabrata, no país.
• Listar as doenças causadas por platelmintos ao homem;
• Explicar o modo de transmissão da esquistossomose.
16.1 Doenças causadas por platelmintos ao homem
Podemos confirmar que Schistosoma mansoni é o agente etiológico,
agente que causa a doença da esquistossomose mansoni. É um verme platelminto, da classe dos trematódeos, família dos esquistossomídeos, digenético é provido de duas ventosas e, sexuado, parasita do homem e de alguns
mamíferos masurpiais como exemplo o gambá, em cujas veias do sistema
portal localizam-se os vermes adultos. A veia porta como intestino delgado,
cólons, baço, estômago e outros órgãos. Ainda pode utilizar veia porta ou
veia portal.
Falaremos agora sobre a esquistossomose é uma infecção causada
por verme parasita da classe Trematoda que ocorre em diversas partes do
mundo de forma não controlada (endêmica). Há 200 milhões pessoas com
esta parasitose em todo o mundo. Esta doença é endêmica em várias regiões tropicais e subtropicais do globo terrestre, com estimativas de mais
de 200.000 mortes por ano. Os parasitas mais importantes desta classe são
Schistosoma mansoni, S. japonicum e S. hematobium; eles variam como
agente causador da infecção conforme a região do mundo. No Brasil, a esquistossomose é causada pelo Schistosoma mansoni. O homem é o reservatório principal e definitivo do parasita é a partir de suas fezes que os
ovos são espalhados na natureza. Possui ainda um hospedeiro intermediário
que são os caramujos ou caracóis do gênero Biomphalaria, cujas principais
espécies são Biomphalaria glabrata, B. straminea e B. tenagophila, onde os
ovos passam a forma larvária (cercária). A cercária dispersa especialmente
em águas não tratadas, como lagos, infecta o homem pela pele causando
uma inflamação. Há reservatórios ainda nos animais como macacos, roedores
e cães que também são infectados.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
115
Veia porta:
é aquela que dirige, ao
fígado, o sangue venoso
originário de vários
órgãos abdominais
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Figura 56: Mapa do mundo com os países que têm as espécies de Schistosoma.
Fonte: Disponível em: <http://www.cpqrr.fiocruz.br.81/labes/imagens/esquistossomose./ xisto_
mapamundies.jpg>. Acesso em 22/01/2011.
Caro aluno é importante
saber que dependendo
da espécie de
Schistosoma, o verme
primeiramente se
localiza nos vasos
sanguíneos da bexiga
para Schistosoma
haemotobium;
Schistosoma japonicum
aloja-se no intestino. Já
Schistosoma mansoni
encontra-se alojado no
fígado e no intestino.
É possível destacar que Schistosoma mansoni é endêmico em
toda a África subsaariana, incluindo Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.
Existe no Egito, S. hematobium que é mais importante. No Brasil, Schistosoma mansoni é o mais significativo, ele veio, provavelmente da costa ocidental da África para a região Nordeste do país com o tráfico de
escravos e a imprópria exploração dos recursos hídricos. Dessa forma,
a esquistossomose chegou às Américas Central e do Sul possivelmente
com os escravos africanos e ainda hoje atinge vários Estados brasileiros,
principalmente os do Nordeste. É interessante que atualmente a estimativa prevalece que há mais de dez milhões de pessoas infectadas com a
esquistossomose, com 60 a 80 % morando nessa região. A doença também
existe na região Sul, porém é rara na Amazônia.
É importante diferenciar as espécies, pois Schistosoma haemotobium proporciona esquistossomíases urinária e Schistosoma mansoni a esquistossomíases intestinais.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
116
Vigilância em Saúde
Figura 57: Mapa do Brasil com distribuição da esquistossomose.
Fonte: Disponível em: <http://www.cpqrr.fiocruz.br.81/labes/imagens/esquistossomose./ xisto_
mapamundies.jpg>. Acesso em 22/01/2011.
16.1.1 Distribuição Biomphalaria glabrata no país
É possível destacar que os caramujos hospedeiros intermediários
são os moluscos do gênero Biomphalaria. Sua distribuição envolve os Estados de
Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais,
Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do
Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe. Biomphalaria tenagophila é comumente
sulina, sua distribuição alcança os Estados de Alagoas, Bahia, Distrito Federal,
Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe. A distribuição
geográfica mais extensa é de Biomphalaria straminea que compreende todos os
sistemas de drenagem do território brasileiro, sendo a espécie importante na
transmissão da esquistossomose no Nordeste do Brasil. Ocorre nos Estados do
Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Ceará, Espírito Santo, Goiás,
Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo,
Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
117
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16.1.2 Modo de transmissão da esquistossomose
Caro aluno, é
importante saber
que não existe vetor
envolvido na transmissão
da esquistossomose.
A transmissão dessa doença se dá por meio da penetração ativa da
cercária na pele do ser humano. As cercarias, depois Ta infecção, desenvolvem-se para uma forma parasitária primária nomeada de esquistossômulo,
que se inicia o processo de migração, via circulação sanguínea e linfática (ver
o ciclo mais a frente).
Podemos alegar que a esquistossomose passou de doença rara a
problema sério com o desenvolvimento da agricultura. O costume dos agricultores de fazer as plantações e trabalhos de irrigação com os pés descalços
e expostos na água parada beneficiou a disseminação dos parasitas, e tornou
uma doença crônica. Segundo alguns relatos, essa doença foi descrita cientificamente pela primeira vez em 1851 pelo médico alemão T. Bilharz, que lhe
dá o nome alternativo de bilharzíase.
Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Doenças causadas por platelmintos ao homem;
• Distribuição Biomphalaria glabrata no país;
• Modo de transmissão da esquistossomose.
Atividades de aprendizagem
1. Sabemos que esquistossomose é uma doença endêmica em vários países
das regiões tropicais e subtropicais do globo terrestre, de acordo com as
pesquisas, são estimadas mais de 200.000 mortes por ano.
a) Qual é o agente que causa a esquistossomose?
b) Este agente é um artrópode? Justifique.
2. Os ovos do parasita (Schistosoma mansoni) eclodem e passam para a forma
larvária chamada de cercária. A cercária dispersa especialmente em águas
tratadas, como rios, ribeirões e cachoeiras, infecta o homem pela pele causando uma inflamação. A frase está correta ou errada. A partir desta frase,
qual é a sua contribuição para a população já que você está no curso Técnico
em Vigilância em Saúde?
3. Os caramujos ou caracóis do gênero Biomphalaria, cujas principais espécies são Biomphalaria glabrata, B. straminea e B. tenagophila, que são
hospedeiro intermediário. No Brasil, qual é o vetor mais importante. A frase
está correta? Justifique.
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118
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Aula
17 – Esquistossomose:
transmissão
e ciclo do Schistosoma mansoni
Objetivos
• Reconhecer a transmissão e os sintomas de Schistosoma mansoni;
• Explicar o ciclo do Schistosoma mansoni;
17.1 Transmissão e ciclo do Schistosoma mansoni
Observamos que no homem Schistosoma mansoni desenvolve e se
abriga nas veias do intestino e do fígado causando sua obstrução, sendo esta
a causa da maioria dos sintomas da esquistossomose que pode ser crônica e
levar a morte.
Os sexos do Schistosoma mansoni são separados. Eles são dióicos
com dimorfismo sexual. O macho mede de 6 a 10 mm de comprimento e 0,5
mm de diâmetro. É mais forte e tem um sulco ventral, o canal ginecóforo,
que abriga a fêmea durante o acasalamento. A fêmea é mais comprida com
15 mm e mais fina que o macho. Após a postura dos ovos, a fêmea estira-se
do sulco do macho ou o abandona. Os ovos depositados perfuram a parede
intestinal, causando sangramento e passam dessa maneira para o interior
do intestino e daí para o meio externo junto com as fezes. Ambos possuem
ventosas de fixação, localizadas na extremidade anterior do corpo e que facilitam a adesão dos vermes às paredes dos vasos sanguíneos.
Figura 58: Schistosoma mansoni macho e fêmea durante a cópula.
Fonte: Disponível em: <http://Resumos.webnode.com.br/Resumos/ensino-medio/a2%C2%AA%20
serie/a4%C2%BA%20bimestre/biologia/>. Acesso em 22/01/2011.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
119
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Hermafroditos?
são indivíduos
que possuem tanto
testículos como ovários
É importante cientificar que em cada proglótide existe o sistema reprodutor masculino e feminino. Esses animais são, portanto, hermafroditos. Depois que ocorre a fecundação, o útero enche-se de ovos, dando à proglótide a
aparência gravídica. São as proglótides gravídicas que se desprendem, sendo
eliminadas com as fezes humanas. Os cestódeos não apresentam sistema digestivo, recebendo o alimento já digerido pelo hospedeiro. O alimento é incorporado
pela superfície do corpo do parasita.
Consideremos que Schistosoma mansoni adultos repousam no interior das veias do interior do fígado. Durante o acasalamento, dirigem-se para
as veias da parede intestinal efetuando, portanto, o caminho contrário ao
fluxo do sangue. Lá chegando, eles separam-se e a fêmea dá início a postura
de ovos, geralmente mais de 1.000 por dia, em veias de pequeno calibre que
ficam próximas a parede do intestino grosso. Os ovos ficam enfileirados e
cada um possui um pequeno espinho lateral. Cada um deles produz enzimas
que perfuram a parede intestinal e um a um vão sendo liberados na luz do
intestino.
Os ovos misturados com as fezes alcançam o meio externo, água
doce em condições adequadas, principalmente de temperatura e luz. Caindo
em meio apropriado, como lagoas, açudes e represas de água parada, cada
ovo se eclodem em uma larva ciliada chamada miracídeo, que permanece
vivo por apenas algumas horas. Fora do hospedeiro intermediário que é o caramujo, normalmente, o miracídio não sobrevive além de um dia. De acordo
com algumas pesquisas os ovos mansônicos, em fezes, sobrevivem naturalmente por três dias, metade sobrevive por seis dias e nenhum por mais de
oito dias, em temperaturas na faixa de 24 a 32°C.
É necessário para continuar o seu ciclo vital, cada miracídio mansônico necessita entrar em um caramujo do gênero Biomphalaria, espécie
de água doce. No Brasil, existem 3 espécies B. glabrata, B. straminea e B.
tenagophila. No interior do caramujo, o miracídeo perde os cílios e passa por
um ciclo de reprodução assexuada que gera cerca de 200 esporocistos que
vão produzir novas larvas de cauda bifurcada chamadas cercária, depois de
30 dias. Cada miracídeo pode originar até 1000 cercárias.
Figura 59: Caramujo hospedeiro do verme parasita Schistosoma mansoni, causador
da doença.
Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=Ciclo+de+vida+de+Sch
istosoma+mansoni.&um=1&ie=UTF-8&source=univ&ei=WRRDTe2bFMP3gAf3tcWyAQ&sa=X&oi=i
mage_result_group&ct=title&resnum=4&ved=0CDwQsAQwAw&biw=1004&bih=583>. Acesso em
19/01/2011.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
120
Vigilância em Saúde
Existem caramujos que vivem, principalmente, em pequenas porções de água doce de córregos, riachos, valas e açudes onde há pouca correnteza e bastante quantidade de matéria orgânica e que haja luz solar e
pouca poluição como riachos de pequena declividade e fundo arenoso, valas
de irrigação, alagadiços, e outros locais.
Figura 60: As três espécies caramujo do gênero Biomphalaria, B. glabrata, B.
straminea e B. tenagophila existente no Brasil.
Fonte: Disponível em: <http://www.saude.ce.gov.br/site/index.php?view=article&catid=
78%3Acontrole-de-zoonoze-vetores&id=87%3Aesquistossomose-mansonica&option=com_
content&Itemid=235>. Acesso em 19/01/2011.
Pode-se afirmar que as cercárias após penetração no caramujo, em
48 horas, modificam-se em esporocistos primários, possuindo em seu interior as células germinativas. O tempo de vida dos esporocistos é de 18 a 21
dias. A partir do 14o dia de penetração do miracídio, dentro do esporocisto
primário, inicia-se a formação dos esporocistos secundários ou rédias, que
também tem um aglomerado de células germinativas. As rédias sofrem uma
série de modificações, principalmente em seu crescimento e em seu interior,
onde se dá o complicado processo de formação de uma grande quantidade
de cercárias, pois cada miracídio que infesta o caramujo poderá derivar no
final da transformação uma soma de mais de 10 mil cercárias. É importante
destacar que no fim de 25 a 30 dias, podendo ir alguns dias a mais, dependendo da temperatura da água em que vive o caramujo e também da própria
espécie deste, daí as cercárias iniciarem saída das rédias, com taxa aproximada de mil por dia, durante cerca de duas semanas no caso da mansônica,
e nadam em busca dos hospedeiros vertebrados.
As cercárias permanecem vivas de 2 a 3 dias. Elas abandonam o caramujo e tornam-se livre-natantes, nesse período, as cercárias precisam penetrar através da pele do homem por meio de movimentos ativos e utilizando enzimas digestivas que abrem caminho entre as células da pele humana,
contaminado-o. No local de ingresso, é comum haver coceira. As cercárias
são levadas pela corrente sanguínea ao fígado. E, enfim, desenvolvem-se nas
formas adultas no interior das veias do interior do fígado, assim que ocorrer
o acasalamento, os parasitas adultos dirigem-se para as veias da parede intestinal onde permanecem constantemente acasalados, vivendo em média
dois anos, mas em determinadas situações até 30 anos, reiniciando o ciclo.
Cada fêmea tem a capacidade produzir, em média, 300 ovos por dia, apenas 20% desses ovos caem no tubo intestinal e são eliminados com as fezes;
porém, o restante dos ovos são retidos pelos tecidos, após serem carreados
pelos vasos sanguíneos, dando origem aos granulomas (massa de tecido não
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
121
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tumoral, com características proliferativas, fibrosantes e degenerativas, que
se desenvolve, muitas vezes, em diferentes inflamações crônicas). Do momento da penetração da cercária até o início da produção de novos ovos
completa-se um intervalo em torno de 1 a 2 meses denominado de período
de incubação.
Figura 61: Ciclo de vida de Schistosoma mansoni - Ciclo no homem (hospedeiro
definitivo - HD) e o ciclo no caramujo (hospedeiro intermediário - HI).
Fonte: Disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Esquisto.html>. Acesso em
22/01/2011.
Em áreas endêmicas há uma predominância de infecção na faixa
etária de 5 a 20 anos, simplesmente explicável, nessa idade o sujeito se expõe às águas contaminadas, primeiramente por ingenuidade e posteriormente pela impetuosidade da juventude. Os adultos mais suscetíveis a contaminações serão aqueles profissionais que operam em atividades que conserva
o corpo em contato com a água infectada, como por exemplo, plantadores
de arroz, lavadeiras de roupa, pescadores e outros mais. De acordo com algumas pesquisas, as pessoas que forem mais cuidadosas na higiene corporal,
poderão ter mais chances de contaminação em áreas infectadas que, em
comparação com os indivíduos que menos tomam banhos.
A contaminação ainda pode ser influenciada pelas variações climáticas. Épocas de frios desfavorecem a reprodução dos caramujos e a parte
do ciclo fora dos hospedeiros. Em caso de enchentes diminui as ocorrências,
porque dissolve ou limpa as águas contaminadas, enquanto que nas épocas
das secas concentram as massas d’água, agravando a situação. Secas prolongadas podem desaparecer as fontes superficiais de águas contaminadas,
favorecendo, pois, o controle de Schistosoma mansoni e do caramujo.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
122
Vigilância em Saúde
A batalha ao caramujo hospedeiro intermediário da doença seria
teoricamente a medida mais efetiva de luta contra a esquistossomose. Entretanto, ele tem a preferência aquática, este molusco é bastante inconstante
em suas condições de sobrevivência e de fácil reprodução. Na falta de água
nos rios e lagos, o caramujo é capaz de continuar a viver por meses, escondido nas margens secas e sob a terra. Ainda não são afetados pela altitude,
podendo ser encontrado em áreas tanto ao nível do mar como em localidade
superior a dois mil metros de altura. A velocidade de escoamento, a temperatura da água e a presença de vegetação adequada favorecem o imediato
crescimento da população de caramujos.
17.1.1 Sintomas da esquistossomose
Podemos dizer que a esquistossomose tem uma fase aguda ou fase
inicial, no momento da contaminação com penetração do parasita, e outra
fase crônica. A disseminação das larvas pelo sangue e divisão nos pulmões
depois no fígado ativa o sistema imunitário, pode proporcionar manifestações clínicas como coceiras e dermatites, febre, inapetência (anorexia), mal
estar, cefaléias (dores de cabeça), tosse, diarréia, astenia (fraqueza), dor
abdominal, enjôos, vômitos e emagrecimento. Na fase crônica, que se inicia
aproximadamente com dois meses, com a maturação, crescimento e emparelhamento das formas adultas dos vermes. Comumente, assintomática episódios de diarréia podem alternar-se com períodos de obstipação e a doença
pode passar para um quadro mais grave com aumento do fígado (hepatomegalia) e cirrose, aumento do baço (esplenomegalia), hemorragias causadas
por rompimento de veias do esôfago, e ascite ou barriga d’água, isto é, o
abdômen fica dilatado e acentuado porque escapa plasma do sangue.
É importante notar que na fase crônica da esquistossomose começa, aproximadamente com dois meses, com a maturação, crescimento e emparelhamento das formas adultas. Comumente, assintomáticos episódios de
diarréia podem modificar com períodos de obstipação.
Obstipação:
é prisão de ventre.
Figura 62: Indivíduo com abdômen dilatado com ascite ou barriga d’água.
Fonte: Disponível em: <http://www.saude.ce.gov.br/site/index.php?view=article&catid=
78%3Acontrole-de-zoonoze-vetores&id=87%3Aesquistossomose-mansonica&option=com_
content&Itemid=235>. Acesso em 22/01/2011.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
123
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Transmissão e ciclo de Schistosoma mansoni;
• Sintomas da esquistossomose.
Atividades de aprendizagem
1. Os sexos do parasita da esquistossomose são juntos. Eles são monóicos
com dimorfismo sexual. A fêmea mede de 6 a 10 mm de comprimento e 0,5
mm de diâmetro. É mais forte e tem um sulco ventral, o canal ginecóforo,
que abriga o macho durante o acasalamento. A frase está correta? Dê sua
resposta.
2. O que ocorre após a fecundação do parasita da esquistossomose e sua
importância?
3. Seria bom reduzir bastante a população dos hospedeiros (Biomphalaria),
com isso, ocorreria também a redução da esquistossomose. Quais são as limitações para combater o caramujo (hospedeiro intermediário da doença)?
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
124
Vigilância em Saúde
AULA 1
Aula 18 – Esquistossomose: profilaxia,
Alfabetização Digital
diagnóstico, tratamento e controle da
esquistossomose
Objetivos
• Identificar profilaxia, diagnóstico e tratamento da esquistossomose;
• Reconhecer a prevenção e controle da esquistossomose.
18.1 Profilaxia da esquistossomose
É importante saber sobre a educação em saúde, as ações de educação em saúde devem anteceder e seguir todas as atividades de controle
e serem fundamentadas em estudos do comportamento das populações em
risco. A orientar a população, quanto às atitudes pelas quais se previne as
doenças transmissíveis é um fator imprescindível para o sucesso de qualquer programa de controle. Desempenhadas pelos agentes de saúde e por
profissionais das unidades básicas, é direcionada à população em geral com
atenção aos escolares residentes nas áreas endêmicas.
Educação sanitária informando a população sobre a doença e saneamento básico com esgotos e água tratada. Erradicação dos caramujos que são
hospedeiros intermediários da doença. Proteção dos pés e pernas com botas de
borracha com solado antiderrapante. Informar a população das medidas profiláticas da doença. Evitar entrar em contato com água que contenha caramujos.
No tratamento dos doentes e proteção do homem são medidas de controle da
endemia devem ser tomadas: Pelos órgãos competentes - implantação e tratamento adequado de esgotos sanitários; - aterros, drenagens e retificação de valas e córregos; - controle periódico de valas de irrigação e barragens; - limpeza
e retirada da vegetação das margens de coleções hídricas.
Falando um pouco mais sobre educação sanitária informar a população sobre a doença e saneamento básico como esgotos e água tratada.
Pela população - construir e usar fossas sanitárias e não evacuar próximo,
a lagoas, rios, córregos, represas ou outros locais com água; - usar a água
não contaminada para fim doméstico - ferver a água ou deixar descansar de
um dia para o outro; - evitar banhos, pescaria, natação e lavagem de roupa
em rios, lagoas, córregos e outras coleções de água. - utilizar equipamentos
de proteção como luvas e botas de borracha no trabalho em contato com
águas suspeitas ou contaminadas; - retirar a vegetação e limpar as margens
de ajuntamento de águas; - impedir o lançamento de dejetos humanos em
coleções de água; - divulgar as medidas de prevenção junto aos seus grupos
sociais e, - organizar grupos para obtenção de medidas de controle do meio
ambiente. Situação do Agravo no Município – não há registros de casos notificados de Esquistossomose no Município.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
125
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
18.2 Diagnóstico da esquistossomose
Consideremos que para diagnosticar a pessoa suspeita de estar com
esquistossomose, é melhor ter a informação de que ela esteve em área onde
há muitos casos dessa doença (zona endêmica), juntamente com a observação dos sintomas e sinais apresentados anteriormente. Para melhor esclarecimento é melhor que se façam exames de urina e fezes para comprovar
a presença de ovos do parasita, podendo ainda, fazer exame por meio de
pequenas amostras de tecidos de alguns órgãos (biópsias da mucosa do final
do intestino) são definitivas. Mais recentemente se dispõe de exames que
detectam, no sangue, a presença de anticorpos contra o parasita que, são
úteis naqueles casos de infecção leve ou sem sintomas.
18.2.1 Tratamento da esquistossomose
Precisamos ressaltar que antes de iniciar o tratamento é essencial
tomar mediadas simples de prevenção contra a doença, evitar o contato com
a água contaminada por caramujos que podem ser portadores das larvas da
esquistossomose, e a eficácia no saneamento público e combate ao caramujo
hospedeiro e o tratamento da água e das fezes são as principais medidas de
prevenção, e também o tratamento efetivo dos portadores para que não seja
fonte disseminadora do verme no ambiente. É importante que não se deixe
que as fezes humanas alcancem os reservatórios de água. A promiscuidade
no uso da água, principalmente pelas crianças mal cuidadas, é um dos fatores de favorecimento à seqüência do ciclo da esquistossomose.
Figura 63: Água contaminada por caramujos portadores das larvas da
esquistossomose
Fonte: Disponível em: <http://pe360graus.globo.com/noticias/cidades/saude/2010/07/14/
NWS,516769,4,62,NOTICIAS,766-AGENTES-SAUDE-PALMARES-RECEBEM-TREINAMENTO-COMBATERESQUISTOSSOMOSE.aspx>. Acesso em 23/01/2011.
18.2.2 Atividades para o controle da esquistossomose
A esquistossomose pode ser curável, mas as lesões já causadas não
são recuperáveis. O tratamento da doença pode ser feito com medicamentos
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
126
Vigilância em Saúde
específicos que combatam Schistosoma mansoni, utilizando alternativa com
antiparasitários, substâncias químicas que são tóxicas ao parasita. Atualmente existem três grupos de substâncias que eliminam o parasita, contudo a
medicação de escolha é o Oxaminiquina ou Praziquantel recomendadas pela
Organização Mundial da Saúde ou, que se toma sob a forma de comprimidos
na maior parte das vezes durante um dia. Portanto, é satisfatório para eliminar o parasita, o que é importante, pois elimina dispersão dos ovos dessa
espécie no meio ambiente. Naqueles casos de doença crônica é necessário
tratamento específico. Entretanto, educação sanitária, saneamento básico,
controlar os caramujos e informação sobre a maneira de transmissão da doença são medidas absolutamente essenciais para prevenir a esquistossomose.
18.2.3 Recomendação, prevenção e controle da esquistossomose
Vigilância epidemiológica tem como objetivos reduzir a ocorrência
de formas graves e óbitos; reduzir a prevalência da infecção e diminuir o risco de expansão geográfica da esquistossomose. Com a finalidade de impedir
a instalação de focos urbanos, é importante conservar a vigilância ativa nas
periferias das cidades, em virtude do grande fluxo migratório de pessoas procedentes de municípios endêmicos. É essencial a definição de caso suspeito,
se houver pessoa residente e/ou, procedente de área endêmica com quadro
clínico sugestivo das formas aguda, crônica ou assintomática, com história
de contato com águas onde existam caramujos, tentar eliminar as cercárias.
Todo caso suspeito deve ser submetido a exame parasitológico de fezes.
Falaremos agora sobre a notificação - a esquistossomose é doença de
notificação compulsória nas áreas não endêmicas, segundo a Portaria SVS/MS
no 5, de 21 de fevereiro de 2006. Contudo, recomenda-se que todas as formas
graves na área endêmica sejam notificadas. Também todos os casos diagnosticados na área endêmica com focos isolados como nos Estados do Pará, Piauí,
Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Distrito Federal e Rio
Grande do Sul. Os casos confirmados necessitam ser notificados e investigados
através da ficha de investigação de caso de esquistossomose, do Sinan. Nas áreas
endêmicas, é utilizado o Sistema de Informações do Programa de Vigilância e
Controle da Esquistossomose (SISPCE), para os registros de dados operacionais e
epidemiológicos dos inquéritos coproscópicos.
É preciso que esteja atento ao saneamento ambiental e às normas
básicas de higiene. As pessoas devem evitar o contato com a água represada
ou de enxurrada que pode estar infestada pelo parasita; combater os caramujos de várias maneiras diferentes: por controle biológico, químico e das
condições do meio ambiente. Como seu habitat natural preferido são lugares
com pouca água e sem correnteza, algumas medidas podem ser tomadas
como drenar, aterrar ou aumentar a velocidade da água na área em que
vivem. O controle biológico pode ser exercido por animais que se alimentam
dos caramujos como peixes, patos, etc. O controle químico pode ser usado
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
127
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
moluscocidas que são relativamente inativos para o homem, mas devem ser
manejado com doses e critério, porque são perigosos para peixes e outros
vertebrados. Por este motivo os moluscocidas são mais indicados para o emprego em canais de irrigação, obviamente, pois estes canais normalmente
não são criadouros de peixes e nem bebedouros de animais, desvantagem do
produto que há uma tendência dos caramujos adquirirem resistência quando
do uso prolongado. Usar roupas adequadas, botas e luvas de borracha se tiverem que entrar em contato com águas supostamente infectadas pelo caramujo. Cabem às autoridades sanitárias a extermínio do habitat das larvas e
o trabalho de avisar a população do risco da doença. Isso não isenta ninguém
da responsabilidade de alertar as pessoas, principalmente as que vivem em
áreas presumidamente infectadas.
Figura 64: Água parada habitat natural e preferido dos caramujos
Fonte: Disponível em: <http://www.cpqrr.fiocruz.br:81/labes/paginas/pagina_interna_disc.
asp?cod_menudisc=17&cod_submenu=9>. Acesso em 22/01/2011.
Por se tratar de doença de acometimento mundial e endêmica em
diversos locais do globo terrestre, os órgãos de saúde pública como OMS (Organização Mundial de Saúde) e Ministério da Saúde têm programas ajustados
para controlar a esquistossomose. Essencialmente as táticas para controle da
doença baseiam-se em identificação e tratamento de portadores. Entre eles
estão: saneamento básico de esgoto e tratamento das águas, além de combate do molusco hospedeiro intermediário e a educação em saúde. Agindo
assim, o controle da morbidade (controle da doença) que significa a redução
da gravidade, especialmente evitando ou diminuindo o aparecimento da forma hepatoesplênica podendo ser conseguido somente através do tratamento
específico, e o controle da transmissão que reduz a infecção humana e a do
caramujo, visando interromper o ciclo do parasita, para o qual o tratamento
é insuficiente.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
128
Vigilância em Saúde
Figura 65: Utilize um banheiro com rede de esgoto
Fonte: Disponível em: <http://biologiavivaliceu.blogspot.com/2010/03/invertebrados.html>.
Acesso em 22/01/2011.
Consideremos que os helmintos transmitidos pela água parada, para
isto são necessários haver uma significante redução da contaminação ambiental, com melhoramento nas práticas e condições de higiene e atitudes
das pessoas, tanto no aspecto pessoal, social e cultural. É importante priorizar a educação em saúde e o saneamento, pois estes são eficazes na obtenção de resultados definitivos contra esquistossomose. Em todo o mundo, um
dos pontos-chave destes programas, é aquele relativo ao papel das escolas e
das comunidades no controle da endemia.
Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Profilaxia da esquistossomose;
• Diagnóstico da esquistossomose;
• Tratamento da esquistossomose;
• Atividades para o controle da esquistossomose;
• Recomendação, prevenção e controle da esquistossomose.
Atividades de aprendizagem
1. Faça uma correlação sobre controle da esquistossomose e saneamento
básico (esgotos e água tratada).
2. O que seria melhor dentro da vigilância epidemiológica para diminuir a
ocorrência da esquistossomose de formas graves e óbitos?
3. Que é preciso para ficar atento ao saneamento ambiental e às normas
básicas de higiene com relação à esquistossomose?
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
129
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
AULA 1
Aula
19 – Campanhas
Alfabetização
Digital educativas municipais e fundamentos de saúde pública
Objetivos
• Conhecer as campanhas educativas municipais e promoção em
saúde pública;
• Explicar os fundamentos de saúde pública.
19.1 Campanhas educativas municipais promoção em saúde pública
Consideremos que as cidades são espaço de vida, onde encontrar-se o convívio entre ao seres humanos e os animais com o meio ambiente. A
convivência deve ser harmoniosa entre as pessoas e as diferentes espécies
de animais, proporcionando lhes melhor qualidades de vida pelos administradores públicos. Humanizar uma cidade e torná-la ecologicamente correta,
para isto, é necessário fazer campanhas educativas municipais que introduza
animais que compartilham com os humanos o espaço urbano. Cabe ao órgão
municipal a responsabilidade pelo controle de zoonoses. Uma das formas
de controle de zoonoses é utilizar campanhas educativas com intuito de
conscientização da população a respeito das doenças transmissíveis pelos
animais. As campanhas educativas municipais, podendo, para tanto, contar
com parcerias de entidades governamentais e não governamentais e, empresas públicas e, ou, privadas, universidades, entidades de classe e outras
entidades afins.
É importante informar que meios de comunicação são importantes
aliados nas campanhas educativas municipais, além de contar com material
educativo impresso, os programas educativos devem atingir o maior número
de pessoas. Considera-se o público alvo das campanhas educativas municipais, partido do princípio de que todos os indivíduos devem ter chances de
receber informações que lhes permitem ter condições de participar ativamente de soluções para os problemas de zoonoses. Assim, o órgão municipal responsável pelo controle de zoonoses deve fornecer material educativo
para estudantes em geral, do infantil ao universitário, além de professores
também as escolas públicas e privadas e, especialmente toda a população.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
131
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Figura 66: Participação da população nas campanhas educativas municipais contra
zoonoses
Fonte: Disponível em: <http://lagoasantanoticias.com.br/noticias/cidade/774-campanhaeducativa-reforcara-luta-contra-a-dengue-nas-escolas.html>. Acesso em 28/02/2011.
Precisamos deixar claro que a vigilância em saúde tem por objetivos: Intensificação de vigilância e fiscalização quanto à fauna urbana como
insetos, animais peçonhentos, aves, roedores e outros, em estabelecimentos
urbanos; programação de educação em áreas de risco à saúde em regiões
predefinidas; programa para reduzir agressão por mordeduras de animais;
capacitação de professores da rede municipal de ensino para a abordagem
dos problemas relacionados à saúde animal e zoonoses e, monitoramento de
zoonoses de importância epidemiológica.
É importante saber que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da
maioria dos municípios brasileiros desenvolve suas atividades tendo como
principal objetivo o controle ou eliminação de zoonoses que são doenças
transmitidas entre os animais e o homem. Podemos informar que campanhas
educativas municipais têm serviços que visam: Programa de educação em
saúde do CCZ; programa de controle da dengue, flebotomíneos e outros insetos; programa de controle de roedores; programa de recolhimento de pequenos animais; campanha de vacinação anti-rábica animal; campanha para
conscientização sobre pombos urbanos; atendimento de reclamações de animais sinantrópicos e animais peçonhentos; vacinação contra raiva canina e
felina; treinamento aos profissionais da área de saúde e palestras educativas
à população; visitas domiciliares para vistoria e orientação sobre o controle
de ectoparasitas como carrapatos, pulgas, e outros mais, animais peçonhentos como escorpiões, serpentes, aranhas, etc. e, animais incômodos como
morcegos, ratos, caramujos, baratas, etc.; identificação de espécimes animais entregues pela população.
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
132
Vigilância em Saúde
Precisamos deixar claro que, às vezes, a população procura a equipe de controle de zoonoses para o atendimento de alguns serviços. No entanto, Centro de Controle de Zoonoses não oferece os serviços como: limpeza de terrenos e corte de vegetais; atendimento clínico veterinário com
consultas; fornecimento e aplicação de outra vacina que não a anti-rábica;
coleta de caramujos ou outros animais incômodos; fornecimento e aplicação
de inseticidas para controle de pragas ou raticidas; atividades de fiscalização
ou aplicação de multas e outros serviços. Para melhor esclarecimento procurar o CCZ de seu município.
Falando um pouco sobre o material do programa de educação permanente que necessita conter algumas informações relacionadas pelo órgão
municipal responsável pelo controle de zoonoses: a importância da vermifugação e da vacinação de gatos e cães; castração (esterilização) de gatos e
cães para o controle da natalidade e diminuir problemas gerados pelo excesso de população destes animais domésticos; importância do controle de zoonoses; fiscalizar inadequação e, ou, ilegalidade da manutenção de animais
silvestres como animais de estimação em centros urbanos; cuidados e manejo dos animais domésticos; legislação que possam amenizar os problemas das
zoonoses. Observamos agora sobre a esterilização, por exemplo, uma cadela
ou gata, seus descendentes não esterilizados, podem ser responsáveis pela
geração de milhares de descendentes num curto período de tempo. Infelizmente não existem lares responsáveis para todos. Precisamos deixar claro
como as campanhas educativas municipais são essenciais para a população.
Precisamos ressaltar que a carrocinha utilizam para capturar animais que estão soltos nas ruas e levados para os canis municipais. Esses canis
são na maioria das vezes precários para abrigar muitos animais, e esse fato,
já proporciona maus tratos aos animais apreendidos. Muitas vezes são aprendidos cães sadios que futuramente serão sacrificados. Os CCZs, em várias
cidades brasileiras, ainda cometem o extermínio indiscriminado gatos e cães
saudáveis sob a razão da prevenção de doenças transmissíveis de animais
para os seres humanos, zoonoses. Muitas entidades governamentais e não
governamentais são contra o extermínio de animais saudáveis é um procedimento não eficiente e caro para os cofres públicos, segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS). No entanto, a OMS recomenda que em substituição
a esse método, como fundamental estratégia a vacinação sistemática nas
regiões onde possam ocorrer de risco de zoonoses. A OMS salienta que o controle da população desses animais sadios por meio de captura e esterilização
é melhor método aliados à educação da população.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
133
Carrocinha:
é o nome comum que
é chamado os veículos
que os Centros de
Controle de Zoonoses
(CCZ)
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Figura 67: Cão aprendido pela carrocinha
Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?um=1&hl=pt-BR&biw=1003&bih=563&tb
s=isch%3A1&sa=1&q=Foto+da+carrocinha+de+caes&btnG=Pesquisar&aq=f&aqi=&aql=&oq=>. Acesso
em 02/02/2011.
19.2 Fundamentos de saúde pública
É fundamental que haja centro de controle de zoonoses (CCZ) em
todos os municípios brasileiros, é um órgão que zela pela saúde pública dos
seres humanos e também dos animais. O CCZ está no fato de que, casos as
ações fossem desenvolvidas corretamente, teríamos como resultado pessoas
e animais os mais saudável. Portanto, o CCZ deve controlar as zoonoses que
são infecções e doenças transmissíveis dos animais aos seres humanos, por
exemplo, os insetos vetores transmitem doenças patológicas como a Chagas, malária, dengue, febre amarela, elefantíase, leishmaniose e outras. A
leishmaniose envolve além do homem, pequenos animais selvagens e cães,
que funcionam como reservatórios. As zoonoses devem ser monitoradas com
muita atenção, pois outros animais como ratos, animais peçonhentos, morcegos e outros também podem transmitir doenças para o homem.
Observamos que a infecção pode ser contraída por meio da ingestão
de alimentos contaminados ou diretamente dos animais e, que as doenças no
seres humanos podem transformar de um simples sintomas as condições de
óbitos. Para precaver casos de zoonoses é essencial identificar que animais
e alimentos são as principais fontes das infecções. Ressaltamos que a infecção pode ser contraída por meio da ingestão de alimentos contaminados ou
diretamente dos animais e, que as doenças no seres humanos podem transformar de um simples sintomas as condições de óbitos. Para precaver casos
de zoonoses é essencial identificar que animais e alimentos são as principais
fontes das infecções. Várias doenças infecciosas são causadas por agentes
que, direta ou indiretamente, são transmissíveis por diferentes espécies animais ao seres humanos.
Podemos dizer que alguns animais selvagens podem ser uma fonte
importante da transmissão de doenças infecciosas ao homem no ambientes
urbanos e suburbanos. Em muitos casos eles estão se adaptando aos centros
urbanos, e ainda, mantendo grande convívio com o homem e, juntamente
com a falta conhecimento sobre as doenças nas populações de animais selvagens e a ausência de métodos de manejo para esses animais dentro dos
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
134
Vigilância em Saúde
ambientes urbanos, vai aumentando as zoonoses. Informamos que as cidades
com maiores populações fornecem um ambiente propício para propagarem
novos patógeno ou agentes infecciosos, e provavelmente começar as epidemias. Quando as pessoas mantêm contato íntimo com animais selvagens ou
domésticos existe o potencial para que um patógeno exceda o obstáculo da
espécie, e novas infecções humanas se iniciam em animais e são definidas
como zoonoses.
Salientamos que as doenças transmitidas entre o homem e as espécies de animais tanto os domésticos quanto os selvagens proporcionam
impactos importantes na saúde pública, na economia, na proteção e preservação dos animais selvagens e na proteção dos animais domésticos. A maioria das zoonoses patogênicas que comumente infectam o homem pode está
incluída nas práticas da criação de animal nas residências ou solto nas ruas.
Muitos dos patógenos são endêmicos e difíceis de serem erradicados dos animais domésticos, nas residências ou mesmo nas localidades urbanas. Ao falar
de zoonoses, é importante lembrar que várias pessoas acham que o cão passa a leishmaniose para os seres humanos, isso não é verdade. A leishmaniose
não iniciou, repentinamente, há mais de dois séculos o homem já observa
cães pelas ruas com a aparência da leishmaniose visceral quanto à cutânea.
Em casos humanos, a demora de diagnóstico e a falta de profissional especializado na área podem ocorrer maiores complicações e até mesmo óbito.
Figura 68: Cão com sinais clínicos de leishmaniose
Fonte: Disponível em: <http://www.qualittas.com.br/documentos/Leishmaniose%20Visceral%20
e%20Tegumentar%20Canina%20Revisao%20da%20Literatura%20-%20Giuliana%20Frire%20de%20
Almeida.PDF>. Acesso em 03/03/2011.
Precisamos deixar claro que os animais silvestres da fauna brasileira
se encontram soltos na natureza, vivendo em cativeiro em zoológicos ou mesmo vivendo em muitas residências ilegalmente, como animais de estimação.
Portanto, eles podem ser reservatórios e portadores de zoonoses. É possível
destacar que os processos pelos quais atingem o homem e os animais são
chamados de zoonóticos; assim nos focos naturais de doenças podem funcio-
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
135
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Sobre fundamentos de
saúde pública, seria
bom que, você aluno,
acessasse o site para
obter mais informações:
http://www.saude.gov.
br.
nar como fatores de risco existentes para estabelecer e transmitir epidemia
a população. A introdução de animais domésticos e, ou, homem em um foco
natural fica propício a alteração da dinâmica dos hospedeiros ou modificação
do equilíbrio ecológico e, ainda ocorrer modificação de um hospedeiro infectado a um novo biótipo, em que ocorrem hospedeiros suscetíveis. Outro
fato interessante são as interferências das aves migratórias e dos vetores
que buscam alimentos em outros ecossistemas, podendo ser reservatórios de
zoonoses com a mudança ecossistema e, proporcionar doenças ao homem,
além das variações que auxiliam no processo epidêmico do agente etiológico,
promovendo sua disseminação.
Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Campanhas educativas municipais promoção em saúde pública;
• Fundamentos de saúde pública.
Atividades de aprendizagem
1. Por que os meios de comunicação são importantes aliados nas campanhas
educativas municipais?
2. Quais são os objetivos da vigilância em saúde?
3. Ao falarmos em fundamentos de saúde pública, o que é preciso para evitar transmissão de doenças infecciosas ao homem no ambientes urbanos e
suburbanos?
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
136
Vigilância em Saúde
AULA 1
Aula
20 – Ocupação
Alfabetização
Digitaldo espaço urbano e
equilíbrio ecológico
Objetivos
• Descrever ocupação do espaço urbano, equilíbrio ecológico,
mudanças ambientais;
• Distinguir os fatores sociais e econômicos;
• Explicar a poluição e proliferação dos vetores.
20.1 Definição de centro urbano e ocupação em
espaço urbano
Falaremos agora sobre espaço urbano, no Brasil, é entendido como
urbano uma área que exista prestação de serviços públicos e, certo aglomerado populacional, ou seja, a definição de urbano leva mais em conta as
consequências fiscais, desprezando os aspectos geográficos, sociais, econômicos e culturais, motivando a formação de cinturões de favelas. Nos grandes centros urbanos brasileiros, vivenciamos, hoje, essa situação, inclusive
nas cidades de porte médio. Para se ter uma idéia, segundo o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), vive nesses bolsões 3,5 milhões de
pessoas espalhadas por 3.183 favelas, no que compõe uma grande massa de
marginalizados. De acordo com Rodrigues:
Tem sido frequente a “oficialização” dos loteamentos clandestinos e a anistia para construções irregulares. Se de um
lado constituí-se no atendimento da reivindicação dos moradores e os beneficia, de outro torna oficial um loteamento
executado irregularmente, permitindo maiores rendas e lucros a esta forma ilegal de parcelamento da cidade (RODRIGUES, 2001, p. 27).
É possível destacar que a pobreza não pode ser vista então como
um fenômeno natural, mas algo que tem origem, causas e pode trazer sérias
consequências, como criminalidade e o pior deles, desequilíbrio ambiental,
trazido pela ocupação desordenada, faltam de saneamento básico o que
facilita a proliferação de insetos, roedores e outros animais transmissores de
endemias.
Entomologia, Roedores e Esquistossomose
137
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Figura 69: Centro urbano.
Fonte: Disponível em: <http://www.walldesk.net/es/fondos-de-pantalla/wallpapers-el-brasil-06.
asp?f=2158>. Acesso em 0/03/2011.
Falando um pouco mais, desde há muito tempo, o homem vem explorando os recursos naturais para produzir os bens e alimentos necessários
à sua sobrevivência. Por muitos séculos, esse mesmo ser (racional) não se
preocupou em usufruir desses recursos de forma moderada, equilibrada, sem
desperdício e sem agredir o meio ambiente, ou seja, de forma sustentável,
a fim de preservar um ambiente saudável e ecologicamente equilibrado e de
qualidade para as gerações futuras.
As interações que vão se estabelecendo entre a natureza e os homens deixam de ser harmoniosas e se tornam conflituosas com a deterioração ambiental. Em muitas regiões do globo terrestre, há sintomas do desequilíbrio ambiental que têm gerado problemas ambientais, com expressões a
nível local, regional e global. Dias salienta que:
As alterações ambientais globais como efeito estufa, buraco
na camada de ozônio, exacerbações das mudanças climáticas, desmatamentos, queimadas, erosão do solo, poluição
dentre outros estão proporcionando desequilíbrio ambiental
(DIAS, 2004, p. 523-524).
É interessante perceber que não só o ambiente físico que está mudando, todavia, as formas de as pessoas viverem. As intensidades dessas
degradações são diferentes, em lugares e no tempo, e estão associadas ao
tipo de atividade produtiva e à incorporação de técnicas no processo de
exploração ambiental.
Podemos observar que a ocupação urbana pode causar enormes
alterações ambientais, e que em alguns casos existem ainda grupos populacionais em espaços impróprios e inadequados para moradia, o que reforça
a possibilidade de vir a causar riscos à saúde da família, bem como da vizinhança. Pois, a carência ou a ineficiência quando da prestação dos serviços de saneamento básico à área ocupada pode contribuir para gerar vários
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
138
Vigilância em Saúde
problemas ambientais à saúde. Do ponto de vista formal, é possível distinguir
variações extremas entre essas deficiências nos ambiente urbano e rural, em
função da concentração ou dispersão de população e atividades produtivas, as
quais vão requerer mais ou menos recursos e vão gerar diferentes quantidades
de resíduos à incorporação de técnicas no processo de exploração ambiental.
Consideremos que a falta do esgotamento sanitário e o não tratamento dos resíduos sólidos podem gerar problemas ao meio ambiente em
vários aspectos, como também à saúde humana. Pois podem atrair vetores
como mosquitos, moscas, baratas e ratos e, consequentemente, doenças.
Além do mais, os resíduos e rejeitos - resultantes do consumo e das atividades humanas, têm se tornado atualmente uma das maiores preocupações
ambientais do mundo, pois existe uma grande variedade de resíduos sendo
produzidos a cada dia e que se diferencia de acordo com o consumismo da
população em quantidade e qualidade, bem como a forma como são descartados à incorporação de técnicas no processo de exploração ambiental.
Falaremos agora sobre o espaço geográfico brasileiro atual que é o resultado
das ações humanas ao longo da nossa história. Do qual se infere o reflexo
da maneira de como a sociedade tem se comportado e se organizado no decorrer dos anos, no desenvolver das suas atividades em busca da satisfação
das suas necessidades de sobrevivência. Da observação que se pode fazer de
um determinado espaço geográfico, é possível visualizar como se dá a distribuição dos resultados das atividades produtivas entre os diferentes grupos
sociais ao longo dos anos. Assim, a possibilidade da constatação de que toda
atividade humana, antes dispensada ao ambiente local e circundante, produziu contrastes, tanto no meio social, quanto econômico e ambiental. Representados no modo de como as pessoas moram, locomovem-se, divertem-se,
alimentam-se e cuidam da saúde.
É importante perceber que a urbanização desordenada é considerada uma das formas de urbanizar a doença até então considerada silvestre,
a destruição das matas nativas para reflorestamentos com fins econômicos
também são fatores que contribuem para expulsão do inseto vetor da endemia de seu habitat natural e sua adaptação em áreas ditas urbanizadas,
ocorrendo em várias partes do globo. Foram notados casos da doença em
países entendidos como desenvolvidos e também em desenvolvimento, lugares onde as condições socioeconômicas e ambientais têm contribuído para
criação, adaptação e desenvolvimento do vetor e consequentemente no surgimento de casos da endemia.
Consideremos que a urbanização e o desmatamento contribuem
para geração de endemias. A urbanização desordenada, e o desmatamento
intenso em de áreas rurais são possíveis consequências das mudanças climáticas, fruto das ações antrópicas que colaboram para que doenças como as
leishmanioses se alastrem não só no Brasil, mas também em um grande número de países do globo terrestre, principalmente nos ditos subdesenvolvidos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta um crescente avanço do
número de casos de doenças, umas consideradas até então extintas, como
também do número de países atingidos pelas mesmas, nos últimos 20 anos.
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Toda essa mudança do ecossistema, o aquecimento global, chuvas intensas,
calor, tudo isso é um facilitador de doenças por vetores transmissores de
doenças, como é o tem sido o caso das leishmanioses.
Figura 70: Desmatamentos contribuem para geração de doenças
Fonte: Disponível em: <http://www.casan.com.br/index.php?sys=345 Foto com A urbanização
desordenada, e o desmatamento intenso>. Acesso em 05/03/2011.
Podemos citar outro agravante: a grande dificuldade de controle dessa
endemia, uma vez, que o homem grande facilitador das condições de criação e
de manutenção das condições de vida do vetor, não têm colaborado para mudar
essa situação. A grande concentração urbana em espaços reduzidos, a geração
do lixo, a criação de compostos orgânicos tem tornado viável a sobrevivência do
vetor, e, consequentemente o aparecimento de casos de doença em áreas ditas
urbanas, endemia considerada até então silvestre.
É possível destacar que os desmatamentos para criação de monoculturas, como o eucalipto, a falta de um amparo ao sertanejo, a fim de
orientá-lo, como manusear a terra tem trazido consequências, como a quebra do ciclo silvestre do inseto transmissor das leishmanioses, tornando o
homem participante desse ciclo. Os animais silvestres expulsos ou extintos
pelas ações antrópica, que tem provocado grandes alterações no ecossistema, trazendo também sérias consequências para o homem. A instalação
dessa endemia em áreas rurais e também urbanas. Deste modo, a expansão
urbana em áreas rurais deve ser ordenada e equilibrada, senão essa mudança
acarretará não só o aumento de casos de endemias como as leishmanioses,
mas também de outras doenças transmitidas por vetores, pois a ocupação
desordenada resultará em aumento de casos de endemias.
20.2 Fatores sociais e econômicos
É possível destacar que, no Braçal, tem sido frequente a oficialização dos loteamentos clandestinos e a anistia para construções irregulares.
Se de um lado constituí-se no atendimento da exigência dos moradores e os
beneficia, por outro torna oficial um loteamento executado irregularmente,
admitindo maiores rendas e lucros a essa forma ilegal de parcelamento da
cidade. O modo de moradia das pessoas reflete a classe à qual a pessoa pertence, os bairros da periferia são desprovidos dos serviços públicos básicos
como água tratada, esgoto, iluminação, entre outros. A partir da segunda
metade do século XX, os centros urbanos tiveram um vultoso crescimento,
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Vigilância em Saúde
no entanto, o aumento não foi acompanhado pela infraestrutura, formando
bairros marginalizados. Esse processo foi proveniente do êxodo rural que é
migração de trabalhadores rurais em direção às cidades.
Figura 71: Favela desprovida dos serviços públicos básicos como iluminação, água
tratada e esgoto
Fonte: Disponível em: <http://www.blogers.com.br/fotos-de-favela/>. Acesso em 03/02/2011.
Os problemas sociais se acentuam devido às desigualdade de renda
e o desemprego que aumenta ao passo que cresce o intenso processo de
globalização da economia e dos meios de produção no mundo. Em várias
nações ocorrem às desigualdades econômicas e sociais e, que independentemente de ser pobre ou rico, ainda seja mais ativo as desigualdade de renda
e o desemprego em nações subdesenvolvidas que herdaram consequências
originário do período colonial.
Precisamos deixar claro que a pobreza não pode ser vista então
como um fenômeno natural, mas algo que tem origem, causas e podem trazer sérias consequências, como criminalidade e o pior deles, desequilíbrio
ambiental, trazido pela ocupação desordenada, falta de saneamento básico
o que facilita a proliferação de insetos e outros vetores transmissores de
endemias. Uma característica marcante é a situação de pobreza vivida pelas
famílias nas periferias dos centros urbanos. E é fácil constatá-las, pois vivemos num país cuja maioria absoluta da população é extremamente pobre,
desumana, animalizada em tantos e tão dramáticos sentidos.
É importante observar que o aumento de casos de Aedes albopictus,
mosquito que transmite a febre amarela e do mosquito Aedes aegypti que
transmite à dengue, mostra a falta de controle das medidas básicas de saúde
pública, que necessitam ser permanentes e sistemáticas para a eliminação
de criadouros de mosquitos. Não deixando de lado a orientação e educação
sanitária da população para os casos das doenças possam ser controlados.
É importante salientar que são várias enfermidades transmitidas por um ou
mais a vetores que necessitam de controle sistemático e permanente.
Entre as doenças mais comuns, causadas por vetores, estão a febre
amarela, leishmaniose, tripanossomíase, malária, filariose, encefalite, dengue, dengue hemorrágico, toxoplasmose, esquistossomose, dracunculose,
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leptospirose, ornitose, raiva, cólera, etc. São doenças que demandam diferentes avaliações de saúde pública, como adequação dos sistemas de esgoto
e resíduos sólidos, controle veterinário, saneamento ambiental e outras medidas específicas condicionadas de suas características epidemiológicas. Os
combates integrados entre epidemiológica, vigilância em saúde e vigilância
sanitária são efetivos para o controle das doenças.
20.3 Equilíbrio ecológico e mudanças ambientais
É importante informar que a volta das doenças transmitidas por
vetores podem ser em consequência das mudanças acontecidas na sociedade
e, principalmente no meio ambiente. É possível destacar, como exemplo a
alteração do clima no planeta Terra. Dessa forma, algumas pesquisas advertem que o aquecimento global pode proporcionar a proliferação dos vetores
transmissores de doenças se espalham em climas, atualmente mais frios.
Pelo visto, isso já está ocorrendo. Atualmente, há relatos da incidência de
insetos e de doenças transmitidas por insetos, incluindo malária e dengue,
em regiões mais elevadas da África, da Ásia e da América Latina. Na Costa
Rica, a dengue ultrapassou as barreiras montanhosas que até há pouco tempo restringiam a doença à costa do Pacífico, e agora afeta todo o país.
Precisamos deixar claro que as consequências do aquecimento global não cessam aí. Em certas regiões que ocorriam mais chuvas, hoje se
transformam em estiagem, portanto, em outras áreas as chuvas e inundações proporcionam acúmulos de águas paradas. É importante salientar que
água estagnada vira focos de proliferações de mosquitos. O aquecimento
também abrevia o ciclo de reprodução desses insetos, acelerando sua multiplicação e fazendo com que proliferem por um período mais prolongado. O
calor também torna os mosquitos mais ativos e eleva sua temperatura corporal, intensificando o ritmo de reprodução dos microorganismos patogênicos
neles alojados. Com isso, a probabilidade de infecção mediante uma única
picada é muito maior. Mas existem ainda outras preocupações.
Figura 72: Água parada ideal criador de vetores de doenças
Fonte: Disponível em: <http://insetosedoencastrans.blogspot.com/2010_06_01_archive.html>.
Acesso em 03/02/2011.
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Vigilância em Saúde
Falando um pouco mais sobre o lixo urbano, o custo social total é
quase que impossível de ser calculado, porque suas consequências provocam a deterioração da qualidade de vida urbana nas ações como proliferação de vetores de doenças, poluição visual, enchentes, transportes, entre
outros. De um jeito ou de outro, toda a sociedade sofre com a deposição
irregular de entulho e paga por isso. Como para outras formas de resíduos
urbanos, também no caso do entulho, o ideal é reduzir o volume e reciclar a
maior quantidade possível do que for produzido.
20.4. Poluição e proliferação do vetor
É possível destacar que nas sociedades modernas o lixo sólido municipal está criando um problema muito sério à medida que sua quantidade diária
tende a aumentar. Principalmente, devido às embalagens novas que chegam
todos os dias ao mercado bastante coloridas e atraentes e sua coleta, que nem
sempre é tão eficiente quanto deveria. Atualmente é muito comum encontrarmos nas ruas pilhas de sacos de lixo ainda não coletados e muitas embalagens
vazias jogadas no chão, praças públicas, em terrenos baldios em muitos outros
locais. Isso, além de ser uma importante fonte de poluição, com as chuvas pode
se tornar um local bastante oportuno para o Aedes colocar seus ovos e começar
uma nova geração e se espalhar por toda a região.
Como se sabe o saneamento está ligado diretamente às condições de
saúde e vida da população, e faz parte dos direitos de qualquer cidadão. Assim,
um grande problema encontrado em relação aos serviços de limpeza urbana é
quanto ao lixo coletado, que em sua maioria, é jogado em lixões sem qualquer
cuidado sanitário ou ambiental, contaminando o solo, o ar e a água de abastecimento público, além de contribuir para a proliferação de doenças e epidemias
aumentando o índice de mortalidade devido a infecções parasitárias.
Podemos citar os lixões, além dos problemas sanitários com a proliferação de vetores de doenças, também se constituem em sério problema social,
porque acaba atraindo os “catadores”, indivíduos que fazem da catação do lixo
um meio de sobrevivência. É importante enfatizar que as ações de saneamento
têm uma vinculação direta com a saúde e qualidade de vida das pessoas. Devido
ao grande déficit destes serviços no Brasil, a ocorrência de doenças decorrentes da falta de saneamento chega a níveis alarmantes. Estima-se que 7 milhões
de brasileiros são portadores de esquistossomose, 600 mil pessoas adquirem
malária anualmente, a leptospirose reaparece sempre que ocorrem enchentes.
Por outro lado, doenças que já estavam controladas retornam como a dengue,
a leishmaniose e o cólera. As doenças decorrentes da falta de saneamento são
responsáveis por cerca de 65% do total de internações nos hospitais públicos e
conveniados do país (PHILIPPI, 2001).
Analisando um pouco mais, o homem quando coloca o lixo para o lixeiro, ou jogando-o em lotes vagos, resolve apenas o seu problema individual
não se dando conta que o lixo jogado a céu aberto favorece a proliferação
de insetos e ratos transmissores de doenças. Assim, a problemática do lixo
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no meio urbano abrange alguns aspectos relacionados à sua origem e produção, e também com o comprometimento do meio ambiente, principalmente
quanto à poluição do solo, do ar e dos recursos hídricos.
É possível destacar que o acúmulo de lixo no solo traz uma série
de problemas não somente para alguns ecossistemas, mas também para a
sociedade, tais como: Proliferação de ratos e insetos como as baratas e as
moscas, o lixo domiciliar oferece meio adequado para o desenvolvimento de
insetos e roedores, e é por esse fator considerado por vias indiretas um grande veiculador de doenças, como a peste bubônica, a dengue, etc. Rodrigues
e Cavinatto informam que:
Na natureza, existe uma pequena porcentagem de microorganismos que, para sobreviver, necessitam habitar o corpo
dos seres vivos - homens, animais e plantas. Nesse grupo
estão incluídos alguns germes, patogênicos, capazes de provocar doenças. Assim, papéis higiênicos, fraldas descartáveis
e todo material contaminado que é descartado nas lixeiras
de casas, farmácias, hospitais, etc. chegam aos depósitos de
lixo da cidade, transportando germes que provocam doenças
(RODRIGUES e CAVINATTO, 1997, p. 31).
Informamos que as populações de moscas que se desenvolvem no
lixo são de várias espécies, mas merece maior atenção a mosca doméstica.
Pelo fato de conseguir ingerir apenas substâncias líquidas, as moscas soltam
enzimas pela boca capazes de dissolver a comida, que é posteriormente
sugada. Embora não piquem o homem, as moscas dessa espécie constituem
vetores de doenças, pois, ao pousar sobre fezes e materiais contaminados,
elas podem ingerir microorganismos patogênicos ou transportá-los no seu
corpo, depositando-os depois em alimentos ou em outras fontes de contato
com o homem. As doenças mais frequentes originadas por transmissão por
meio das moscas são as doenças causadas por bactérias ou vírus, doenças
intestinais e alguns tipos de verminose.
Figura 73: Lixão local propício para proliferação de espécies moscas
Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=foto+de+lix%C3%A3o+com+
moscas&wrapid=tlif129935466585911&um=1&ie=UTF-8&source=univ&sa=X&ei=KJRyTfD7L4GclgeIm
LQ2&ved=0CCkQsAQ&biw=1003&bih=563>. Acesso em 03/02/2011.
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Vigilância em Saúde
Lembramos que os mosquitos gostam de proliferar em ambientes
que têm água armazenadas em pneus, vidros, latas que estão em depósitos
de lixo ou em residências e outros recipientes com água parada. No entanto,
as moscas não se desenvolvem em águas estagnadas. Esses insetos são responsáveis por transmissão de doenças e algumas espécies podem, eventualmente, criar-se na água existente no lixo, como é o caso de Aedes aegypti,
principal responsável pela transmissão do vírus da dengue.
Assim como as moscas, as baratas frequentam o lixo, transportando
para os alimentos os vírus da poliomielite e as bactérias intestinais causadoras de doenças intestinais. Sendo a barata o alimento preferido dos escorpiões, o lixo espalhado no ambiente pode contribuir indiretamente para a
proliferação desses animais peçonhentos.
Resumo
Nesta aula, você aprendeu:
• Definição de centro urbano e ocupação em espaço urbano;
• Fatores sociais e econômicos;
• Equilíbrio ecológico e mudanças ambientais;
• Poluição e proliferação dos vetores.
Atividades de aprendizagem
1. O que define um espaço urbano, no Brasil?
2. A natureza e o homem, suas interações são harmoniosas? Justifique.
3. A alteração do clima no planeta Terra pode proporcionar desequilíbrio
ecológico? Justifique.
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Currículo do professor conteudista
Wilson da Silva
Possui graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (1985), mestrado em Fitotecnia (Produção Vegetal) pela Universidade
Federal de Viçosa (1992) e doutorado em Fitotecnia (Produção Vegetal) pela
Universidade Federal de Viçosa (1997). Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Agronomia (Ciências Agrárias). Atuando como professor
pelas Faculdades Integradas do Norte de Minas (FUNORTE) e pelo Instituto
Superior de Educação Ibituruna (ISEIB). Tem experiência nos cursos de Ciências Biológicas, Pedagogia, Geografia e Gestão Ambiental, atuando principalmente nas seguintes disciplinas Biogeografia (Botânica e Zoologia), Ecologia,
Biomas Brasileiros, Educação e Meio Ambiente, Educação do Campo, Geomorfologia, Taxonomia das Espermatófitas e Geografia Agrária.
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Escola Técnica Aberta do Brasil
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