efeito do aconselhamento nutricional associado à ingestão de farelo
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efeito do aconselhamento nutricional associado à ingestão de farelo
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE DE MEDICINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CARDIOLOGIA EFEITO DO ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL ASSOCIADO À INGESTÃO DE FARELO DE AVEIA EM INDIVÍDUOS HIPERCOLESTEROLÊMICOS SIMONE RAIMONDI DE SOUZA Orientadores: Profª Drª Glorimar Rosa Profª Drª Gláucia Maria Moraes de Oliveira Prof. Dr. Ronir Raggio Luiz Rio de Janeiro – RJ Agosto / 2014 SIMONE RAIMONDI DE SOUZA EFEITO DO ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL ASSOCIADO À INGESTÃO DE FARELO DE AVEIA EM INDIVÍDUOS HIPERCOLESTEROLÊMICOS Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Medicina (Cardiologia) do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina e do Instituto do Coração Edson Saad, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito final para obtenção do título de Mestre em Ciências Cardiovasculares. Rio de Janeiro – RJ Agosto / 2014 SIMONE RAIMONDI DE SOUZA EFEITO DO ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL ASSOCIADO À INGESTÃO DE FARELO DE AVEIA EM INDIVÍDUOS HIPERCOLESTEROLÊMICOS Orientadores: Profª Drª Glorimar Rosa Profª Drª Gláucia Maria Moraes de Oliveira Prof. Dr. Ronir Raggio Luiz Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Medicina (Cardiologia) do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina e do Instituto do Coração Edson Saad, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito final para obtenção do título de Mestre em Ciências Cardiovasculares. Aprovada por: __________________________________________________ Profª Drª Annie Seixas Bello Moreira Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ __________________________________________________ Profª Drª Márcia Regina Simas Torres Klein Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ __________________________________________________ Prof. Dr. Washington Andrade Maciel Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro – IECAC – SES / RJ Rio de Janeiro - RJ Agosto / 2014 Dedico este trabalho a minha mãe, Esmeralda, por todo o cuidado, dedicação, carinho e apoio ao longo desta etapa de minha jornada. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente aos meus orientadores, profª Glorimar Rosa, profª Gláucia Maria Moraes de Oliveira e prof. Ronir Raggio Luiz, por terem acreditado e confiado em mim e, finalmente, por terem chancelado meu projeto de pesquisa. Agradeço pela presença constante, pela disponibilidade para clarear meu caminho a seguir. Agradeço pela grande honra em tê-los ao meu lado em minha trajetória. Agradeço ao Dr. Igor Borges Abrantes Júnior, por ter acompanhado com zelo e carinho cada passo meu, desde o primeiro instante em que iniciei minhas atividades como nutricionista do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro. Sua generosidade me permitiu sorver singela porção de sua grande sabedoria. Espero tê-lo ao meu lado ainda por muitos e muitos anos. Agradeço ao Dr. Antonio Ribeiro Pontes Neto que, como Diretor Geral do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro, sempre me apoiou em todas as questões concernentes ao presente estudo. Meu eterno muito obrigada! Agradeço ao Dr. Washington Andrade Maciel, pela confiança em meu trabalho, pelas portas abertas, pelo apoio, pela amizade, pelas tantas palavras sábias, que tantas vezes me fizeram parar, repensar, redesenhar o percurso, por vezes espinhoso pelos arredores. Agradeço imensamente por todo seu zelo e carinho. Agradeço aos membros da Banca Avaliadora, Drª Annie Seixas Bello Moreira, Drª Márcia Regina Simas Torres Klein e, mais uma vez, Dr. Washington Andrade Maciel, pelas tantas contribuições, que muito enriqueceram esta dissertação de mestrado. Agradeço a todos os cardiologistas do ambulatório do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro, pelo apoio incondicional, companheirismo e presença positiva em minha caminhada. Agradeço aos funcionários do Cientificalab por todo o carinho e respeito, amizades que aqui nasceram e seguirão comigo para sempre. Agradeço imensamente aos técnicos de laboratório do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro, pelo cuidado e zelo nas coletas. Finalmente, agradeço a todas as nutricionistas do Centro de Pesquisa em Nutrição Clínica – UFRJ, queridas parceiras nos desafios e vitórias. “Que teu alimento seja teu remédio e teu remédio seja teu alimento”. (Hipócrates – 460-377 a.C.) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CBA Compostos Bioativos Antioxidantes CEP Comitê de Ética em Pesquisa cm centímetro CT Colesterol Total DAC doença arterial coronariana DCV doenças cardiovasculares DIC Doenças Isquêmicas do Coração DM diabetes mellitus EROs espécies reativas de oxigênio GFAV grupo farelo de aveia GLI glicemia Gord_AA açúcar de adição GPL grupo placebo HAS hipertensão arterial sistêmica HDL-c colesterol ligado à lipoproteína de alta densidade HMG-CoA hidroxi-3-methyl-glutaril-Coenzima A HOMA-IR Homeostatic Model Assessment Insulin Resistence HUCFF Hospital Universitário Clementino Fraga Filho IAM Infarto Agudo do Miocardio IECAC Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro IMC índice de massa corporal IQD-R índice de qualidade da dieta revisado INS insulinemia kcal quilocaloria kg quilograma LDL-c colesterol ligado à lipoproteína de baixa densidade m metro MC massa corporal mg/dL miligramas por decilitro MS Ministério da Saúde OMS Organização Mundial da Saúde PA pressão arterial PAD pressão arterial diastólica PAS pressão arterial sistólica PC perímetro de cintura PI3K/Akt fosfatidil-inositol 3-quinase / proteína quinase B PP perímetro de pescoço QFCA questionário de frequência de consumo alimentarê QUICKI Quatitative Insulin Sensitive Check Index R24H Recordatório de 24 horas RVM revascularização do miocárdio TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TG triglicerídeos VET c valor energetico total consumido VET t valor energetico total teórico VET valor energetico total LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Representação esquemática do recrutamento, seleção e randomização dos participantes do estudo. ........................................................................................................ 42 Figura 2 – Representação esquemática das atividades realizadas junto aos participantes, do início ao final do estudo. ...................................................................................................... 43 Figura 3 – Concentrações séricas de colesterol total e LDL-colesterol dos participantes com e sem uso de hipolipemiantes, ao longo do estudo ................................................................... 59 Figura 4 – Pontuação atribuída à dieta dos participantes, de acordo com o Índice da Qualidade da Dieta Revisado, no início e final do estudo ...................................................................... 62 Figura 5 – Variação do IQD-R no inicio e no final do estudo, de acordo com os grupos farelo de aveia e placebo ................................................................................................................ 63 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Composição centesimal de farelo de aveia e placebo .......................................... 45 Quadro 2 – Composição nutricional dos preparados matinais à base de farelo de aveia e placebo ................................................................................................................................ 45 Quadro 3 – Classificação do IMC – adultos.......................................................................... 46 Quadro 4 – Classificação do IMC – idosos ........................................................................... 47 Quadro 5 – Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual ....................... 48 Quadro 6 – Recomendações para ingestão diária de energia. ................................................ 51 Quadro 7 – Recomendações de macronutrientes, ácidos graxos, colesterol e fibras alimentares. .......................................................................................................................... 52 Quadro 8 – Descrição das pontuações dos componentes do IQD-R e respectivas porções. .... 53 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Dados basais da amostra estudada ....................................................................... 56 Tabela 2 – Dados antropométricos e de pressão arterial dos grupos farelo de aveia e placebo, ao longo do estudo ............................................................................................................... 57 Tabela 3 – Dados bioquímicos dos grupos farelo de aveia e placebo, ao longo do estudo ..... 58 Tabela 4 – Consumo de macronutrientes, fibras alimentares, micronutrientes e cafeína ao longo do estudo .................................................................................................................... 61 Tabela 5 – Consumo de lipídeos e colesterol ao longo do estudo .......................................... 62 Tabela 6 – Consumo de alimentos processados, no início e final do estudo .......................... 64 LISTA DE ANEXOS ANEXO I – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho .......................................................................................................................... 91 ANEXO II – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro................................................................................................................. 92 ANEXO III – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ................................................ 93 ANEXO IV – Ficha de Avaliação Clínica ............................................................................ 95 ANEXO V – Questionário de Frequência de Consumo Alimentar ........................................ 96 ANEXO VI – Recordatório de 24 horas ............................................................................... 99 ANEXO VII – Dez passos para uma alimentação saudável – Ministério da Saúde.............. 100 ANEXO VIII – Ficha de Avaliação Antropométrica e Bioquímica ..................................... 103 ANEXO IX – Orientação sobre o modo de preparo do alimento matinal fornecido............. 104 ANEXO X – Detalhamento dos fármacos utilizados pelos participantes do estudo, de acordo com a classe terapêutica ..................................................................................................... 105 ANEXO XI – Análise de pressão arterial, dados antropométricos e bioquímicos, estratificada por: ausência de uso de hipolipemiantes, ausência de hipoglicemiantes e hipolipemiantes, participantes em uso de hipoglicemiantes, participantes em uso de hipolipemiantes. .......... 107 ANEXO XII – Participação em congressos ........................................................................ 114 ANEXO XIII – Artigo científico submetido ....................................................................... 115 SOUZA, Simone Raimondi de. Efeito do aconselhamento nutricional associado à ingestão de farelo de aveia em indivíduos hipercolesterolêmicos, 117p. Dissertação (Mestre em Ciências Cardiovasculares) / Simone Raimondi de Souza. Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2014. RESUMO Introdução: Dentre os fatores de risco para doenças cardiovasculares (DCV) estão as dislipidemias, decorrentes de distúrbios genéticos e/ou fatores ambientais, como o padrão alimentar inadequado, sobre o qual estratégias de aconselhamento nutricional têm demonstrado eficácia. O consumo das beta-glucanas e das avenantramidas presentes no farelo de aveia pode ser estratégia eficiente para a prevenção da doença aterosclerótica quando associada à mudança no padrão alimentar. Objetivos: Analisar o efeito do aconselhamento nutricional associado à ingestão de farelo de aveia na redução da colesterolemia, perfil glicídico e parâmetros antropométricos de indivíduos hipercolesterolêmicos e avaliar a qualidade da dieta e o consumo de alimentos processados e ingredientes de adição. Métodos: Ensaio clínico, randomizado em bloco, duplo cego, controlado por placebo, com duração de 90 dias, com indivíduos com idade igual ou maior que 20 anos, de ambos os gêneros, com concentração sérica de LDL-colesterol (LDL-c) igual ou maior que 130mg/dL. Foram randomizados em grupo farelo de aveia (preparado matinal composto por 40g de farelo de aveia, 30g de leite em pó desnatado e 1g de edulcorante à base de sucralose) ou grupo placebo (40g de farinha refinada de arroz, 30g de leite em pó desnatado e 1g de edulcorante à base de sucralose). Analisou-se as seguintes variáveis: gênero; idade; escolaridade; fármacos em uso; massa corporal (MC), estatura, índice de massa corporal (IMC), perímetro de cintura (PC), perímetro de pescoço (PP); pressão arterial (PA); dados dietéticos, colesterol total (CT), LDL-c, HDL-colesterol (HDL-c), triglicerídeos (TG), glicemia de jejum (GLI), insulina de jejum (INS), HOMA-IR e QUICKI. A qualidade da dieta foi avaliada por meio do Índice de Qualidade da Dieta revisado para a população brasileira (IQD-R). O consumo de alimentos processados e ingredientes de adição foi avaliado por meio do Questionário de Frequência de Consumo Alimentar (QFCA). Resultados: Foram acompanhados 131 participantes, com média de idade de 55 anos, 67% mulheres. As concentrações séricas de LDL-c reduziram significativamente em cada grupo, porém, sem diferença entre os grupos, se comparado o início com o final do estudo, assim como os demais dados analisados. Observou-se redução significativa em glicemia, insulinemia, HOMA-IR e QUICKI somente no grupo farelo de aveia. Observou-se melhora significativa da qualidade da dieta, assim como redução significativa no consumo de alimentos processados e ingredientes de adição, em ambos os grupos. Conclusão: O aconselhamento nutricional contribuiu para redução da colesterolemia, perfil glicídico e parâmetros antropométricos de indivíduos hipercolesterolêmicos, bem como promoveu melhora da qualidade da dieta e redução da ingestão de alimentos processados e ingredientes de adição. Palavras-chave: aconselhamento nutricional, farelo hipercolesterolemia, dislipidemia, doenças cardiovasculares. de Aveia, beta-glucana, SOUZA, Simone Raimondi de. Effect of nutritional counseling associated with the ingestion of oat bran in hypercholesterolemic subjects, 117p. Dissertation (Master in Cardiovascular Sciences) / Simone Raimondi de Souza. Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2014. ABSTRACT Introduction: Dyslipidemia is among the risk factors for cardiovascular diseases (CVD). It’s due to genetic and / or environmental factors such as inadequate dietary patterns, on which nutritional counseling strategies have proven effective. The consumption of beta-glucans and avenantramidas present in oat bran can be an efficient strategy for the prevention of atherosclerotic disease when associated with change in dietary patterns. Objetcives: To analyze the effect of nutritional counseling associated with the ingestion of oat bran in reducing cholesterol, glucose profile and anthropometric parameters of hypercholesterolemic individuals and assess the quality of the diet and the consumption of processed foods and ingredients added. Methods: A randomized block, double-blind, placebo-controlled trial lasting 90 days, with individuals aged greater than 20 years, both genders, with serum LDL-cholesterol (LDL-c) equal to or greater than 130mg/dL. Individuals were randomized into oat bran group (morning prepared comprising 40g of oat bran, 30g skimmed milk powder and 1 g of sucralose-based sweetener) or placebo (40g of refined rice flour, 30g of skimmed milk powder and 1g sucralose-based sweetener). The following variables were analyzed: gender; age; school level; drugs in use; body mass (BM), height, body mass index (BMI), waist circumference (WC), neck circumference (NC); blood pressure (BP); dietary surveys, total cholesterol (TC), LDLc, HDL-cholesterol (HDL-c), triglycerides (TG), fasting glucose (GLI), fasting insulin (INS), HOMA-IR and QUICKI. The diet quality was assessed using the Diet Quality Index revised for the Brazilian population (IQD-R). The consumption of processed foods and ingredients added was assessed by questionnaire food frequency (QFF). Results: 131 participants were followed with a mean age of 55 years, 67% women. Serum LDL-c levels decreased significantly in each group, however, no difference was observed between groups when compared beginning and end of the study, as well as other data analyzed. A significant reduction was observed in blood glucose, insulin, HOMA-IR and QUICKI only in oat bran group. There was significant improvement in the diet quality, as well as significant reduction in the consumption of processed foods and ingredients added in both groups. Conclusion: Nutritional counseling contributed to reducing cholesterol, glucose profile and anthropometric parameters of hypercholesterolemic individuals, as well as improved the diet quality and reduced intake of processed foods and ingredients added. Key words: nutritional counseling, dyslipidemia, cardiovascular disease. oat bran, beta-glucan, hypercholesterolemia, SUMÁRIO Conteúdo 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 17 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 20 2.1. Doenças Cardiovasculares ......................................................................................... 20 2.2. Aterosclerose............................................................................................................. 20 2.3. Dislipidemias ............................................................................................................ 22 2.4. Tratamento das dislipidemias .................................................................................... 23 2.4.1. Tratamento farmacológico das dislipidemias....................................................... 23 2.4.2. Tratamento nutricional das dislipidemias ............................................................ 23 2.5. Aconselhamento nutricional ...................................................................................... 25 2.6. Dez Passos para uma Alimentação Saudável ............................................................. 27 2.7. Fibras alimentares, a aveia, o farelo de aveia ............................................................. 30 2.8. Avaliação da qualidade da dieta ................................................................................. 34 2.9. Alimentos ultraprocessados ....................................................................................... 35 3. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 37 4. HIPÓTESE ...................................................................................................................... 38 5. OBJETIVOS .................................................................................................................... 39 5.1. OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 39 5.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................................... 39 6. INDIVÍDUOS E MÉTODOS ........................................................................................... 40 6.1. Aspéctos éticos .......................................................................................................... 40 6.2. Casuística .................................................................................................................. 40 6.3. Grupo de Estudo ........................................................................................................ 41 6.4. Critérios de elegibilidade ........................................................................................... 42 6.4.1. Critérios de inclusão: .......................................................................................... 42 6.4.2. Critérios de exclusão: ......................................................................................... 42 6.5. Cálculo amostral........................................................................................................ 43 6.6. Aconselhamento nutricional ...................................................................................... 44 6.7. Complemento dietético .............................................................................................. 44 6.8. Avaliação antropométrica e abordagem sobre exercício físico ................................... 46 6.9. Avaliação da pressão arterial ..................................................................................... 48 6.10. Avaliação bioquímica .............................................................................................. 49 6.11. Avaliação da qualidade da dieta, da adesão ao aconselhamento nutricional e do consumo de alimentos processados................................................................................... 50 6.12. Análise Estatística dos Dados .................................................................................. 53 7. RESULTADOS ............................................................................................................... 55 8. DISCUSSÃO ................................................................................................................... 65 9. LIMITAÇÕES DO ESTUDO........................................................................................... 74 10. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 75 11. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 76 17 1. INTRODUÇÃO As doenças cardiovasculares (DCV) são as principais causas de morte prematura e invalidez no mundo, contribuindo em larga escala para a elevação dos custos em saúde1-3. Dentre os fatores de risco cardiovascular não modificaveis estão: história familiar, gênero e idade. Dentre os fatores modificáveis estão: hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM), obesidade, tabagismo, sedentarismo e dislipidemias. À exceção do tabagismo, cuja prevalência apresenta queda, os demais fatores tradicionais de risco cardiovascular se encontram em ascensão 4. Com relação às dislipidemias no Brasil, estima-se que estejam presentes em 38% dos homens e 42% das mulheres5. As dislipidemias são caracterizadas por concentrações séricas elevadas de lipídeos ou lipoproteínas, com destaque para o colesterol ligado à lipoproteína de baixa densidade (LDLc), decorrentes de distúrbios genéticos e/ou fatores ambientais. Dentre os segundos, se destaca o padrão alimentar inadequado, composto pela excessiva ingestão de alimentos ricos em gorduras saturadas e trans, açúcares livres, carboidratos refinados e insuficientes em micronutrientes e fibras alimentares, com participação direta no aumento da prevalência das dislipidemias. Portanto, ações que revertam esta tendência são desejáveis / necessárias2. Atualmente, o emprego de estatinas é a terapia farmacológica com melhores resultados nos estudos clínicos objetivando redução das dislipidemias e da incidência de eventos cardiovasculares6. Contudo, os efeitos adversos relacionados a tecidos musculares, hepáticos, à cognição e ao aumento do risco de diabetes, vêm impulsionando a adoção de critérios mais rigorosos para a prescrição dessa classe terapêutica 7-10. Os principais efeitos adversos provocados pelo uso de estatinas estão relacionados à sua ação inibitória à síntese de coenzima Q10, componente chave da cadeia respiratória mitocondrial para produção de adenosina trifosfato11. 18 A ocorrência de efeitos adversos com o uso de estatinas abre uma lacuna para a importância de se buscar outras formas de tratamento das dislipidemias. Em recente revisão de literatura, Wang et al. (2014)12 observaram que os benefícios hipolipemiantes promovidos pela prática de um padrão alimentar saudável, baseado em alimentos in natura, composto por frutas, legumes e verduras, grãos e carboidratos integrais, leguminosas, carnes magras e laticínios desnatados, com baixa ingestão de gorduras saturadas e trans, possibilita a redução da dose de estatina repercutindo na diminuição da ocorrência de efeitos adversos, melhor adesão ao tratamento e, consequentemente, uma prevenção de eventos cardiovasculares mais efetiva. Vale lembrar que a diminuição dos efeitos adversos das estatinas, sobretudo mialgia, poderia proporcionar maior disposição para a prática de atividade física, outra forte recomendação para a redução de risco cardiovascular 13. Estudos recentes vêm demonstrando que o acompanhamento nutricional de indivíduos dislipidêmicos melhora a qualidade dos alimentos ingeridos, bem como a quantidade e frequência destes na alimentação diária, o que interfere na modulação de mecanismos regulatórios do metabolismo lipídico e glicídico, impactando diretamente na diminuição da prevalência da doença aterosclerótica14,15. Nas últimas décadas, estudos que investigaram os efeitos das fibras solúveis demonstraram os benefícios destas na prevenção da doença aterosclerótica. Tais evidências respaldam as atuais recomendações para o tratamento nutricional das dislipidemias, que incluem a ingestão de fibras solúveis16-19. Dentre os alimentos pesquisados nos últimos anos a aveia (Avena sativa L.) tem se destacado, por conter as beta-glucanas, fibras solúveis com possível ação tanto na inibição de parte da absorção de gorduras da dieta, como no metabolismo lipídico20. As beta-glucanas da aveia estão presentes em maior quantidade no farelo, dentre todas as porções desse cereal, apresentando teor de 9,68%, podendo variar com a safra e fatores genéticos ligados ao grão. As beta-glucanas da aveia são polissacarídeos não 19 amiláceos com cadeia linear de unidades de β-D-glicopiranosil unidas por ligação β(1→4) e β(1→3)21. Embora tenha sido considerada como suficiente a ingestão diária de 3g de betaglucanas da aveia para auxiliar na redução da absorção de colesterol pelo Food and Drug Administration (FDA)22 e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) 23, ensaios clínicos apresentaram resultados controversos24-36, motivando a continuidade de investigações que forneçam evidências mais robustas acerca de seus efeitos metabólicos, bem como da relevância clínica dos efeitos de sua ingestão. São escassos os estudos avaliando os efeitos hipolipemiantes da ingestão de beta-glucanas da aveia na população brasileira, tanto em prevenção primária como secundária37,38. As evidências científicas consolidam a importância do desenvolvimento de estratégias de educação nutricional que promovam a adesão à mudança do padrão alimentar e que incluam alimentos com comprovadas propriedades hipolipemiantes e antioxidantes para uma prevenção mais efetiva de eventos cardiovasculares. 20 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Doenças Cardiovasculares As DCV são a principal causa de morte e acometem indivíduos de todas as camadas socioeconômicas. Estima-se que oitenta por cento de todas as mortes por DCV no mundo ocorram em países em desenvolvimento, nos quais quase 30 por cento de todas as mortes são atribuídas às DCV39,40. No ano de 2011, dentre as DCV, as doenças isquêmicas do coração (DIC) foram responsáveis por um total de 103.333 óbitos no Brasil, sendo 11.646 no Estado do Rio de Janeiro e 4.874 na capital deste estado. A taxa de mortalidade, no mesmo ano, foi de 56,3 por 100 mil habitantes para o Brasil e 76,7 para a capital do Estado do Rio de Janeiro41. No Estado do Rio de Janeiro, as DCV foram responsáveis por 29,4% das mortes em 1999. Em 2007, observou-se que este percentual reduziu para 28,8%, permanecendo, portanto, praticamente inalterado nesse período 42. Soares et al. (2013)4, por meio de estudo epidemiológico, observaram redução na mortalidade por doenças vasculares (coronarianas ou cerebrais) em três estados brasileiros (Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul). No entanto, as DCV ainda correspondem à principal causa de mortalidade no mundo, no Brasil e no Rio de Janeiro, o que torna fundamental a prevenção primária e secundária para o controle dos fatores de risco que as desencadeiam43. 2.2. Aterosclerose A aterosclerose é uma doença inflamatória crônica de origem multifatorial na qual há envolvimento direto da hipercolesterolemia. Esta se traduz por concentrações séricas de LDL- 21 c iguais ou maiores que 100 mg/dL para prevenção primária. Entretanto, para prevenção secundária as metas lipídicas não ultrapassam 70 mg/dL44,45. O processo é desencadeado em resposta à agressão endotelial, ocasionada pelo tabagismo, HAS, entre outros fatores, acometendo principalmente a camada íntima de artérias de médio e grande calibre, levando à disfunção endotelial. Com isso, há o aumento da permeabilidade da íntima às lipoproteínas séricas aterogênicas favorecendo a retenção das mesmas no espaço subendotelial. O depósito de lipoproteínas na parede arterial, processochave no início da formação da placa aterosclerótica, ocorre de maneira diretamente proporcional à concentração dessas lipoproteínas no sangue. Retidas, as partículas de LDL sofrem oxidação, causando a exposição de diversos neo-epítopos, que as tornam imunogênicas, levando ao recrutamento de moléculas de adesão leucocitária na superfície endotelial. Neste processo, monócitos são atraídos para a parede arterial, migram para o espaço subendotelial onde se diferenciam em macrófagos e captam as LDL oxidadas, recebendo a denominação de células espumosas, principal componente das estrias gordurosas, lesões macroscópicas iniciais da aterosclerose. Alguns mediadores da inflamação estimulam a migração e proliferação das células musculares lisas da camada média arterial. Estas, ao migrarem para a íntima, passam a produzir não só citocinas e fatores de crescimento, como também matriz extracelular que formará parte da capa fibrosa da placa aterosclerótica 46,47. A placa aterosclerótica desenvolvida é constituída por um núcleo lipídico, rico em colesterol e capa fibrosa, rica em colágeno. As placas estáveis têm predomínio de colágeno, organizado em capa fibrosa espessa, escassas células inflamatórias e núcleo lipídico de proporções menores. As instáveis apresentam atividade inflamatória intensa, especialmente nas bordas laterais, com grande atividade proteolítica, núcleo lipídico proeminente e capa fibrótica tênue. Sua ruptura expõe material lipídico altamente trombogênico, levando à formação de um trombo sobrejacente, conhecido por aterotrombose. As manifestações clínicas da aterosclerose 22 decorrem tanto por estreitamento luminal como pela presença de trombos que obstruem o fluxo sanguíneo para o coração (doença arterial coronariana), o cérebro (acidente vascular cerebral isquêmico) e os membros inferiores (doença vascular periférica), sendo a doença arterial coronariana (DAC) a mais comum dessas manifestações, incluindo angina de peito estável e síndromes coronarianas agudas48, que tornam prioritária toda e qualquer medida de prevenção de eventos cardiovasculares. 2.3. Dislipidemias As dislipidemias estão entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença aterosclerótica e são caracterizadas por concentrações séricas elevadas de lipídeos ou lipoproteínas. A classificação bioquímica das dislipidemias primárias considera os valores de colesterol total (CT), LDL-c, triglicerídeos (TG) e colesterol ligado à lipoproteína de alta densidade (HDL-c), compreendendo quatro tipos principais: a) hipercolesterolemia isolada (LDL-c igual ou maior a 160mg/dL); b) hipertrigliceridemia isolada (TG igual ou maior que 150mg/dL); c) hiperlipemia mista (LDL-c igual ou maior a 160mg/dL e TG igual ou maior que 150mg/dL); d) HDL-c baixo (inferior a 40mg/dL para homens e inferior a 50mg/dL para mulheres, em associação ou não a LDL-c e TG elevados)45. Estão bem estabelecidas as correlações entre o risco para as doenças isquêmicas do coração (DIC) e concentrações séricas elevadas de CT, particularmente de LDL-c, bem como às baixas concentrações séricas de HDL-c43,49. 23 2.4. Tratamento das dislipidemias O tratamento das dislipidemias, tanto em prevenção primária como secundária de DCV, objetiva redução nas concentrações séricas de LDL-c e TG e contempla a associação entre tratamento farmacológico e não farmacológico, sendo o segundo contemplado por tratamento nutricional, prática de exercício físico e cessação do tabagismo50. 2.4.1. Tratamento farmacológico das dislipidemias As classes farmacológicas para o tratamento das dislipidemias são: estatinas, resinas, ezetimiba e fibratos. As doses, em monoterapia ou em associação, devem ser prescritas de forma individualizada, visando menor ocorrência de efeitos colaterais para que haja adesão ao tratamento50. 2.4.2. Tratamento nutricional das dislipidemias Determinados componentes alimentares, bem como formas de preparo contribuem diretamente para o aumento das dislipidemias, devendo, portanto, ser evitados por todos os indivíduos, sobretudo por aqueles que já apresentam concentrações séricas elevadas de lipídeos e lipoproteínas. Deve-se evitar o consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas e trans, assim como as frituras, além do excesso de carboidratos e de refeições com excessivo valor energético, visto que repercutem em elevação direta das concentrações séricas da LDLc51. Exemplos de alimentos ricos em gorduras saturadas e trans são: bolos e biscoitos industrializados salgados e doces, hamburguer, batata frita, pele de frango, gordura aparente das carnes vermelhas, leite integral e derivados51. 24 Desta forma, o indivíduo deve ser orientado sobre seleção dos alimentos e possíveis substituições, quantidade a ser consumida e modo de preparo. Deve ser estimulado a trocar carboidratos refinados por integrais, laticínios integrais por desnatados, evitar doces, bolos e guloseimas, atingir 4 a 5 porções diárias de frutas, legumes e verduras para o provimento de micronutrientes e substâncias antioxidantes, dar preferência carnes e aves livres de gorduras aparentes e optar por preparações cozidas, assadas ou grelhadas. Recomenda-se a inclusão de fibras solúveis e fitosteróis na alimentação diária. É necessário realizar educação nutricional, adequando preferências alimentares às necessidades para o controle das dislipidemias, contemplando questões culturais, regionais, sociais e econômicas45,52,53. Em estudo conduzido pela OMS foi observado que dezoito por cento dos indivíduos com DCV diagnosticada nas regiões sul e sudeste do Brasil não haviam recebido qualquer aconselhamento nutricional para prevenção de DCV. Dentre os que receberam atendimento nutricional, um terço referiu dificuldades para aderir às modificações nos hábitos alimentares54. Considerando que o consumo aumentado de colesterol, carboidratos, ácidos graxos saturados, ácidos graxos trans, bem como de excessiva quantidade de energia tem participação direta na elevação das concentrações plasmáticas da LDL-c, o tratamento nutricional torna-se fundamental para indivíduos dislipidêmicos em prevenção primária e secundária, objetivando a redução dos desfechos cardiovasculares como IAM e morte por DAC, sendo necessário estabelecer estratégias para o alcance de uma alimentação saudável55. Além das recomendações para melhora no padrão alimentar, o profissional nutricionista dispõe de ampla gama de informações científicas que sugerem a inclusão estratégica de alimentos funcionais56, na alimentação diária de indivíduos, objetivando intensificar a terapêutica nutricional requerida. Nas últimas décadas, estudos sobre fibras 25 alimentares têm comprovado seus efeitos benéficos nas DCV, respaldando sua utilização no tratamento não medicamentoso da hipercolesterolemia17,18,45. O Guia Alimentar para a População Brasileira57 recomenda a ingestão de 25 g de fibras alimentares ao dia para adultos, e acrescenta que, se a alimentação contiver quantidades adequadas de cereais, tubérculos, raízes, frutas, hortaliças, leguminosas, essa quantidade de fibras alimentares será atingida. Segundo a American Diabetes Association (2007)58, o consumo de fibras alimentares totais deve ser de 14 g para cada 1000 kcal ingeridas. Pereira et al. (2004)59 analisaram dez estudos prospectivos de coorte conduzidos com adultos de ambos os gêneros nos Estados Unidos da América (EUA) e Europa e observaram que o consumo de fibras alimentares provenientes de cereais e frutas foi inversamente associado com o risco de desenvolvimento de DAC60-69. 2.5. Aconselhamento nutricional O aconselhamento nutricional requer preparo do profissional nutricionista para analisar as questões alimentares no contexto biológico, psicológico e sociocultural do ser humano. É desenvolvido por meio do atendimento individualizado ou em grupo e baseia-se na abordagem de educação nutricional para o enfrentamento dos problemas alimentares na vida cotidiana, buscando, por meio do diálogo e da construção do conhecimento, integrar mudanças no padrão alimentar que repercutam na manutenção ou no resgate do estado de saúde70. Weel (1997)71 identificou a necessidade do aconselhamento nutricional, uma vez que o crescente número de indivíduos diabéticos, hipertensos, dislipidêmicos relaciona-se diretamente com o aumento do consumo de alimentos com alto valor energético, compostos por carboidratos refinados e gorduras saturadas e trans e sódio, e baixo valor nutricional. 26 Desta forma, o desafio nutricional consiste em diminuir a quantidade energética consumida diariamente e/ou aumentar a ingestão de alimentos saudáveis, fontes de micronutrientes (vitaminas hidro e lipossolúveis, minerais e elementos traço) e compostos bioativos antioxidantes (CBA), como os polifenois. Este panorama coloca o aconselhamento nutricional como componente fundamental nas estratégias para prevenção primária e secundária de indivíduos com DCV12,14,15,32. No Brasil a população é sistematicamente estimulada pela indústria alimentícia ao consumo de alimentos industrializados. Consequentemente, tem havido redução no consumo de alimentos regionais e in natura, como feijão, farinha de mandioca, arroz e farinha de milho, que durante décadas foram considerados tradicionais e presentes na alimentação de parte considerável da população 72. Em 2005, Levy-Costa et al.73 fizeram uma análise comparativa do padrão alimentar a partir de pesquisas de orçamento familiar realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1974/75, 1986/87 e 1995/96 com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2002/2003 e observaram como características positivas do padrão alimentar encontradas em todas as regiões e em todas as classes de rendimento: adequação do teor protéico das refeições e elevado aporte de proteínas de alto valor biológico. As características negativas, também amplamente disseminadas no país, foram o excesso de açúcar refinado e gorduras, além da presença insuficiente de frutas e hortaliças, resultando na inadequação do consumo de vitaminas e minerais. Em 2012, Levy et al.74 avaliaram as informações levantadas pela POF 2008/2009 e constataram a manutenção do excesso de ingestão de açucares livres e ácidos graxos saturados, apontando para tendências desfavoráveis no padrão alimentar, favorecendo o aumento dos fatores de risco para DCV. Guias de alimentação e nutrição saudável75-78 consideram que o estado ótimo de saúde depende da nutrição adequada, equilibrada, sendo fundamental na prevenção das DCV. A 27 orientação para alimentação saudável precisa propor o consumo de alimentos que estejam ao alcance da população e que tenham impacto nos fatores de risco para DCV, isto é, no controle da pressão arterial, nos marcadores do metabolismo glicídico e nas concentrações das lipoproteínas. Neste contexto, é necessário o resgate dos hábitos alimentares saudáveis próprios de cada região do Brasil. A identificação de alimentos, ou grupo de alimentos, cujo consumo deva ser estimulado tem repercussão mais favorável do que a simples formulação de proibições79. O estímulo ao consumo de frutas, verduras, arroz e feijão são exemplos que preenchem estes requisitos na recuperação dos hábitos de alimentação saudável, perdidos ao longo dos anos. O aconselhamento nutricional para a prática de alimentação saudável previamente ao estabelecimento de porções pode ser uma estratégia eficiente para o resgate do estado de saúde. A adesão ao tratamento nutricional tem sido um desafio para os profissionais nutricionistas, sendo alvo de investigação científica. Neste contexto, Jenkins et. al. (2011)80 testaram dois protocolos de atendimento nutricional, baseados na periodicidade de consultas oferecidas. Foi denominando como “intensivo” o acompanhamento nutricional com periodicidade mensal e como “rotina” o acompanhamento nutricional com periodicidade trimestral. Neste estudo, não foram observadas diferenças significativas na adesão ao tratamento nutricional entre os grupos submetidos às diferentes periodicidades das consultas80. 2.6. Dez Passos para uma Alimentação Saudável Reconhecendo a importância da qualidade da alimentação, a OMS divulgou, em maio de 2004, o manual chamado Estratégia Mundial sobre Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde (WHO Global Strategy on Diet, Physical Activity and Health)81. Em acordo 28 com a proposta da OMS, em 2005 o Ministério da Saúde (MS) elaborou o Guia Alimentar para a População Brasileira57 e, em 2006, foi publicado o Guia de Bolso contendo os “Dez Passos para uma Alimentação Saudável”, a fim de levar à população, de forma resumida, algumas das informações contidas no Guia Alimentar para a População Brasileira 76. Este Guia contempla as seguintes recomendações: 1) fazer pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia. Não pular as refeições; 2) incluir diariamente seis porções do grupo de cereais (arroz, milho, trigo, pães e massas), tubérculos como as batatas e raízes como a mandioca/macaxeira/aipim nas refeições. Dar preferência aos grãos integrais e aos alimentos na sua forma mais natural; 3) Comer diariamente pelo menos três porções de legumes e verduras como parte das refeições e três porções ou mais de frutas nas sobremesas e lanches; 4) comer feijão com arroz todos os dias ou, pelo menos, cinco vezes por semana, 5) consumir diariamente três porções de leite e derivados e uma porção de carnes, aves, peixes ou ovos. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação; 6) consumir, no máximo, uma porção por dia de óleos vegetais, azeite, manteiga ou margarina. Ficar atento aos rótulos dos alimentos e escolher aqueles com menores quantidades de gorduras trans; 7) evitar refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas doces e outras guloseimas como regra da alimentação; 8) diminuir a quantidade de sal na comida. Evitar consumir alimentos industrializados com muito sal (sódio) como hambúrguer, charque, salsicha, linguiça, presunto, salgadinhos, conservas de vegetais, sopas, molhos e temperos prontos; 9) beber pelo menos dois litros (seis a oito copos) de água por dia. Dar preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições; 10) praticar pelo menos 30 minutos de atividade física todos os dias, evitar as bebidas alcoólicas e o fumo. Manter a massa corporal dentro de limites saudáveis. Vinholes et al.82, por meio de estudo de base populacional, avaliaram a frequência da adesão à estratégia dos Dez Passos para uma Alimentação Saudável pela população adulta da 29 cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul. Cada um dos passos foi avaliado por meio de aplicação de questionário para 3136 indivíduos. Como resultado final, observou-se que apenas 1,1% da população estudada seguiam todos os passos para alimentação saudável. Como não considerou a presença de morbidades e/ou o uso de fármacos, tal estudo não forneceu dados que associassem alimentação inadequada à ocorrência de DCV. Não foram encontrados outros estudos, anteriores ou posteriores a este, avaliando os “Dez Passos para uma Alimentação Saudável”. Como apoio técnico às estratégias de educação nutricional, os guias de alimentação e nutrição publicados na Europa, Brasil, EUA e Austrália75-78, dentre outros, constituem ferramenta útil, pois, como o próprio nome sugere, guiam e respaldam o profissional nutricionista no desencadeamento de argumentos e informações técnicas para o convencimento do paciente quanto à importância e viabilidade em melhorar sua alimentação, por meio do consumo de alimentos que estejam ao seu alcance e que tragam melhora em seu estado de saúde83-85. Objetivando atualizar o Guia Alimentar publicado em 2006, o Ministério da Saúde elaborou o novo Guia Alimentar para a População Brasileira 86, o qual ficou aberto para Consulta Pública até maio/2014 e encontra-se em fase de finalização para publicação. Tal como o anterior, o novo Guia está pautado na prevenção de doenças e promoção de saúde, com destaque para a importância do consumo de alimentos naturais e da diminuição do consumo de alimentos processados. O atual documento mantém o formato de 10 Passos, porém, modificando os conteúdos para: 1) Fazer de alimentos naturais a base da alimentação; 2) Usar óleos, gorduras, sal e açúcar com moderação; 3) Limitar o uso de produtos prontos para consumo; 4) Comer com regularidade e com atenção e em ambientes apropriados; 5) Evitar fazer refeições sozinho (serve para manter a regularidade e atenção nas refeições); 6) Fazer compras de alimentos em locais que ofertem variedades de alimentos frescos e evitar 30 produtos prontos para consumo sempre que possível; 7) Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias; 8) Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece; 9) Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora e evitar redes de fast food; 10) Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais. 2.7. Fibras alimentares, a aveia, o farelo de aveia As fibras alimentares estão presentes principalmente em cereais, frutas e hortaliças. Além de macronutrientes, vitaminas, minerais e compostos antioxitantes, apresentam compostos orgânicos solúveis ou insolúveis em meio líquido, que incluem arabinoxilanas, inulina, pectina, celulose, amido resistente, beta-glucanas entre outros. Possuem baixo valor energético e alto valor nutricional, motivo pelo qual têm sido estudadas quanto aos seus possíveis benefícios na saúde humana, dentre os quais seu suposto efeito na redução das concentrações da LDL-c e do risco cardiovascular87. A aveia (Avena sativa L.), cereal pertencente à família Poaceae, contém ácidos graxos, aminoácidos, minerais e vitaminas indispensáveis ao adequado funcionamento do organismo humano 88. Recebe a definição de grão integral por apresentar, após o seu processamento, o mesmo balanço de nutrientes encontrado na matéria-prima original89. A aveia tem sido pesquisada nos últimos anos por conter as beta-glucanas, fibras alimentares com possível ação tanto na inibição de parte da absorção de gorduras da dieta, como sobre o metabolismo lipídico90,91. Fujita e Figueroa21 observaram que as beta-glucanas da aveia estão presentes em maior quantidade no farelo, apresentando teor de 9,68%, podendo variar com a safra e fatores genéticos ligados ao grão. As beta-glucanas constituem aproximadamente 85% da fração 31 solúvel da aveia, sendo polissacarídeos não amiláceos com cadeia linear de unidades de β-Dglicopiranosil unidas por ligação β(1→4) e β(1→3). As ligações β(1→4) respondem por aproximadamente 70% das ligações glicosídicas, e ocorrem em sequência de duas ou três unidades de glicose, interrompidas por ligação β(1→3) isolada20. Além da suposta funcionalidade das beta-glucanas existentes no farelo de aveia, este cereal também tem sido pesquisado por apresentar ampla variedade de compostos fenólicos com comprovada atividade antioxidante in vitro19,92,93. Para Kerckhoffs et al. (2002)26, os efeitos fisiológicos das beta-glucanas ocorrem por meio de vários mecanismos. Uma hipótese seria o aumento da viscosidade do quilo, devido à propriedade dessa fibra em formar gel, interrompendo a formação de micelas e, assim, inibindo a absorção de colesterol exógeno25,31. Outra hipótese seria que o maior consumo de beta-glucanas promoveria maior produção de ácidos graxos de cadeia curta e o aumento da razão propionato-acetato. O propionato seria produzido pela fermentação dessas fibras pelas bactérias colônicas, e este por sua vez seria convertido a succinil-CoA no fígado, inibindo a síntese hepática de coleterol16,18,94-96. O aumento da viscosidade gástrica e intestinal conferido pelas beta-glucanas da aveia pode também retardar o esvaziamento gástrico, resultando em sensação de saciedade e, portanto, auxiliando no controle da massa corporal. O retardo no esvaziamento gástrico pode também reduzir a glicemia pós-prandial evitando picos de insulinemia25,31. O transporte de glicose é inibido, em parte, pelo aumento da resistência à difusão através da barreira da mucosa intestinal. A magnitude da redução na resposta glicêmica do alimento é diretamente proporcional à viscosidade e/ou às quantidades de fibras solúveis presentes no intestino25. Behall et al. (2006)97 observaram que tanto as beta-glucanas quanto o amido resistente, ambos digeridos pelas bactérias colônicas, têm a capacidade de promover o controle glicêmico e insulinêmico. A combinação entre ambos resultou em melhora ainda 32 mais significativa deste controle, comparada à ingestão de cada um separadamente. Os autores afirmaram ainda que as quantidades necessárias de beta-glucanas e amido resistente para a obtenção desses benefícios podem ser obtidos a partir de alimentos in natura. Chen e Raymond (2008)98, em revisão de literatura, observaram que as beta-glucanas teriam a capacidade de estimular a atividade de substratos ligados aos receptores de insulina, com consequente estímulo da via fosfatidil-inositol 3-quinase / proteína quinase B (PI3K/Akt), sem a necessidade de participação da insulina, configurando outro mecanismo de ação das beta-glucanas no controle glicêmico. Davy et al. (2002)99 compararam os efeitos da ingestão de cereais à base de aveia (contendo 5,5g/dia de beta-glucana) aos de cereais à base de trigo quanto à redução na concentração sérica de LDL-c. Para tanto, 36 homens com idade entre 50 e 75 anos, com índice de massa corporal entre 25 e 35 km/m2 foram randomizados entre os dois grupos. O grupo que ingeriu cereais de aveia mostrou menores concentrações séricas de LDL-c, sem alterações em TG e HDL-c, o que não foi observado no grupo que ingeriu cereais de trigo. Com a inclusão de fibras na dieta de ambos os grupos houve aumento no percentual de carboidratos e diminuição no percentual de gordura total e saturada. O grupo que ingeriu cereais de trigo (fibras insolúveis) apresentou aumento na concentração sérica de TG, CT e LDL-c, resultado que se espera de dietas que suprimem parte da ingestão de gordura em detrimento do aumento na ingestão de carboidratos. Entretanto, este evento não ocorreu com o grupo que consumiu cereais à base de aveia (beta-glucana), destacando a importância do tipo de fibra (se solúveis ou insolúveis) a ser recomendado para melhorar o perfil lipídico e de lipoproteínas. Contudo, o número pequeno de participantes impossibilita inferências seguras acerca dos resultados obtidos. Polifenois identificados na aveia têm demonstrado várias atividades biológicas, incluindo efeitos antiateroscleróticos, antiinflamatórios e antioxidantes, pela neutralização de 33 espécies reativas de oxigênio (EROs). Os ácidos fenólicos da aveia têm sido encontrados em maior quantidade no farelo do grão (especificamente na camada externa da aleurona, constituinte da estrutura do farelo), tornando-o fonte dietética desses componentes19,92,100. Em 1989, Collins et al.101 isolaram e caracterizaram um grupo de polifenois alcalóides cinamoil antranilato na aveia, denominados avenantramidas (compostos fenólicos solúveis de baixo peso molecular), além de outros compostos fenólicos: p-cumarico, p-hydroxybenzóico, p-hydroxyfenilacético, protocatecuico, vaníllico, ferúlico, sinápico, cafeico e siringico, flavonóides (apigenina, tricina, luteolina, caenferol e quercetina), além das avenantramidas. Neste estudo, as avenantramidas foram descritas como um grupo de compostos fenólicos aniônicos com propriedades antialérgicas e antioxidantes, intimamente relacionados com as avenaluminas, fitoalexinas produzidas pelas folhas da aveia como potente agente antifúngico contra a ferrugem-da-folha, moléstia causada pelo fungo Puccinia coronata f. sp. avenae. Handelman et al. (1999)102, em estudo in vitro, compararam a capacidade antioxidante de compostos fenólicos presentes nas diversas frações da aveia, dentre os quais o ácido cafeico, o ácido ferúlico e as avenantramidas, na inibição da oxidação sofrida pela LDL-c e observaram que na aleurona estaria a maior capacidade antioxidante desse cereal. Neste estudo observou-se que as avenantramidas da aveia apresentam estabilidade ao tratamento térmico e, portanto, estão presentes no alimento mesmo após as etapas de processamento. Ainda, a ligação amilácea das avenantramidas parece apresentar resistência à hidrólise enzimática no trato gastrintestinal, garantindindo sua biodisponibilidade. Embora biodisponibilidade e mecanismos de ação dos polifenóis e ácidos fenólicos ainda estejam pouco elucidados, alguns trabalhos têm sinalizado que sua ingestão parece estar inversamente associada à ocorrência de eventos cardiovasculares92,93,103,104. O farelo de aveia parece, portanto, reunir características suficientes para incluí-lo na alimentação diária de indivíduos para tratamento nutricional adjuvante da dislipidemia, tanto 34 pela possível redução da colesterolemia por meio da ação das beta-glucanas como pela suposta proteção da LDL-c contra o dano oxidativo, reunidas neste alimento88. 2.8. Avaliação da qualidade da dieta A dieta de seres humanos tem por característica a grande complexidade de itens, que repercutem de forma positiva ou negativa no estado de saúde. Em função desta complexidade, alguns métodos vêm sendo propostos nas últimas duas décadas para avaliar o consumo alimentar, a fim de tornar possíveis análises de correlação entre a ingestão de alimentos e nutrientes e a manutenção do estado de saúde ou a presença de doenças105. Em 1995, Kennedy et al.106 elaboraram um índice para avaliar a qualidade global da dieta da população dos Estados Unidos da América (EUA), denominado Índice de Alimentação Saudável (Healthy Eating Index). Em 2004, Fisberg et al.107 adaptaram e validaram este índice para a população brasileira, dando origem ao Índice de Qualidade da Dieta (IQD). Por meio deste índice, avaliam-se diferentes tipos de alimentos, nutrientes e constituintes da dieta, combinados entre si, em relação às recomendações dietéticas e a presença de saúde ou doença. Em 2005 foi publicado o Guia Alimentar para a População Brasileira57, a partir do qual foram originados os “Dez Passos para uma Alimentação Saudável”76. A elaboração deste Guia Alimentar pelo MS gerou a necessidade de revisar o instrumento desenvolvido por Fisberg et al. (2004)107. Em 2011, Previdelli et al.108 atualizaram o IQD, propondo o Índice de Qualidade da Dieta Revisado para a população brasileira (IQD-R), elaborado com base nas recomendações anteriormente citadas57,81 e, para gordura saturada, o ponto máximo foi definido de acordo com a Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose 109. O objetivo foi 35 desenvolver um instrumento para avaliação e monitoramento da adesão às recomendações nutricionais propostas aos brasileiros. Segundo os autores, o IQD-R possibilita a avaliação de vários componentes da dieta simultaneamente sendo, contudo, necessária a realização de mais estudos para avaliar a aplicabilidade deste Índice. Em 2013, Andrade et al.110 avaliaram o IQD-R e concluíram tratar-se de instrumento confiável e estruturalmente válido quando utilizado para avaliar e monitorar a qualidade da dieta de brasileiros. 2.9. Alimentos ultraprocessados Alimentos ultraprocessados foram definidos por Monteiro e Castro (2009) 111 como aqueles que são altamente processados, disponibilizados prontos ou quase prontos para o consumo. São produzidos a partir de substâncias processadas, extraídas ou refinadas de alimentos integrais, como óleos, gorduras hidrogenadas, farinhas e amidos, variantes de açúcar e partes baratas ou remanescentes de cortes animais. Apresentam alta densidade energética, elevada carga glicêmica, são pobres em fibras alimentares, micronutrientes e fitoquímicos; contêm altos teores de gorduras saturadas e trans, açúcares de adição, sódio e aditivos químicos (conservantes, estabilizantes, aromatizantes, corantes). Neste grupo de alimentos estão os produtos panificados, de confeitaria, biscoitos, bolos, sorvetes, gelatinas, barras de cereais, doces em geral, embutidos, molhos, macarrão instantâneo, sopas desidratadas, batata chips e similares, bebidas gaseificadas adoçadas ou não, outras bebidas adoçadas em geral, hamburguers, massas e pizzas congeladas, nuggets, além dos diversos salgadinhos em pacotes plásticos ou aluminizados. Estima-se que mais que 18 milhões de mortes anuais sejam causadas por hipertensão arterial (9,4 milhões), sobrepeso e/ou obesidade (3,4 milhões), hiperglicemia (3,4 milhões) e hipercolesterolemia (2 milhões), às quais pode-se atribuir como uma das causas o consumo de alimentos ultraprocessados111,112. 36 Além da alta concentração de energia por volume, os alimentos ultraprocessados reúnem os atributos que favorecem o consumo excessivo e aumentam o risco de obesidade. A presença de açúcares, gorduras, sal e grande variedade de aditivos na formulação de produtos prontos ultraprocessados os tornam extremamente palatáveis, levando ao hábito de consumo e ao surgimento da dependência. A maioria dos produtos ultraprocessados é formulada para consumo sem o uso de mesas, pratos e talheres, em qualquer lugar, em redes de fast food, em casa enquanto se assiste a programas de televisão, na mesa de trabalho ou andando na rua. O consumo alimentar nessas circunstâncias parece confundir o indivíduo quanto ao registro da energia proveniente de referidos produtos, visto que não ocorre durante as refeições tradicionais (desjejum, colação, almoço, lanche, jantar, ceia). O baixo custo dos ingredientes utilizados para a fabricação dos produtos ultraprocessados permite que sejam comercializados em porções ou embalagens gigantes a preço apenas ligeiramente superior ao de porções ou embalagens regulares. Diante de porções ou embalagens gigantes, ocorre consumo aumentado de energia86. A maioria dos produtos ultraprocessados é fabricada, anunciada e vendida por grandes empresas multinacionais. Suas características atraentes (prazo de validade longo, palatabilidade, prontos para consumo) frente aos produtos perecíveis, somadas às agressivas estratégias de marketing (baixo preço e grande volume da porção) induzem a compra e o consumo, tornando-os padrão alimentar. Sua composição química parece alterar os mecanismos endógenos de saciedade, promovendo aumento do consequentemente, desencadeando obesidade, HAS, DM, dislipidemia 111,112. consumo e, 37 3. JUSTIFICATIVA Espera-se que indivíduos dislipidêmicos estejam em tratamento otimizado, ou seja, mantendo os respectivos biomarcadores dentro das metas terapêuticas estabelecidas em consensos e diretrizes. Observa-se que parte dos pacientes dislipidêmicos em tratamento ambulatorial de unidades de saúde de alta complexidade não se encontra em tratamento otimizado, apesar de receber acompanhamento médico e nutricional de rotina, contemplando prescrição dos fármacos necessários e aconselhamento para a adoção de hábitos saudáveis de alimentação. Tal insucesso provavelmente decorra da não adesão à terapêutica prescrita. Desta forma, propõe-se o aconselhamento nutricional intensivo somado à inclusão de um alimento funcional que apresente benefícios no controle da dislipidemia. Neste contexto, destaca-se o farelo de aveia, por ser fonte de beta-glucanas, fibras alimentares com suposta ação na redução da absorção e da síntese de colesterol, bem como por conter as avenantramidas, compostos fitoquímicos com suposta ação antioxidante em membranas lipídicas, portanto, com suposta proteção da LDL-c contra a oxidação e desencadeamento da doença aterosclerótica. 38 4. HIPÓTESE Nossa hipótese é que o aconselhamento nutricional intensivo, associado ao consumo do farelo de aveia, auxilia no controle da colesterolemia para prevenção de eventos cardiovasculares. 39 5. OBJETIVOS 5.1. OBJETIVO GERAL Avaliar o efeito do aconselhamento nutricional associado à ingestão de farelo de aveia na redução da colesterolemia. 5.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 5.2.1. Avaliar os efeitos do aconselhamento nutricional associado à ingestão de farelo de aveia no perfil glicídico e parâmetros antropométricos de indivíduos hipercolesterolêmicos. 5.2.2. Avaliar a qualidade da dieta e a ingestão de alimentos processados e ingredientes de adição. 40 6. INDIVÍDUOS E MÉTODOS 6.1. Aspéctos éticos O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) envolvendo seres humanos do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho em 08 de março de 2012 através do número 173/11 (ANEXO 1) e pelo CEP do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro – IECAC, Parecer nº 47305 de 29 de junho de 2012 (ANEXO II), em conformidade com a Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Todos os participantes foram informados acerca dos procedimentos aos quais seriam submetidos ao longo do estudo, sendo seu consentimento formalizado por meio de assinatura em Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) concordando em participar da pesquisa (ANEXO III). 6.2. Casuística Trata-se de ensaio clínico, randomizado em bloco, duplo cego, controlado por placebo, com indivíduos de ambos os gêneros, com idade a partir de 20 anos, provenientes do Serviço de Nutrição do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro – Rio de Janeiro – RJ para prevenção secundária de eventos cardiovasculares ateroscleróticos. Cada participante foi acompanhado ao longo de 90 dias, com frequência mensal de consultas (t0, t30, t60 e t90), com dois contatos telefônicos entre as consultas: um feito 15 dias após cada consulta e um feito na véspera de cada consulta. Na consulta inicial foram coletados, em protocolo padronizado: gênero, idade, grau de escolaridade, consumo de bebidas alcoólicas, prática de tabagismo, história clínica, familiar e 41 pregressa de doenças, história fisiológica e nutricional, fármacos em uso (ANEXO IV); dados antropométricos: massa corporal (MC), estatura, IMC, perímetro de cintura (PC), perímetro de pescoço (PP), pressão arterial (PA) (ANEXO VII); inquéritos dietéticos: questionário de frequência de consumo alimentar (QFCA) (ANEXO V) e recordatório de 24 horas (R24H) (ANEXO VI), além dos exames laboratoriais CT, LDL-c, HDL-c, TG, glicemia de jejum (GLI), insulina de jejum (INS), com o cálculo do modelo de avaliação da homeostase – resistência à insulina (HOMA-IR) e índice de verificação quantitativa da sensibilidade à insulina (QUICKI), colhidos na triagem (ANEXO VII). Em cada consulta subsequente foram coletados: MC, IMC, PC, PP, PA, os exames laboratoriais CT, LDL-c, HDL-c, VLDL-c, TG, GLI, INS, com o cálculo de HOMA-IR e QUICKI, além do R24H. Na última consulta (t90), adicionalmente aos demais dados coletados, foi aplicado QFCA. 6.3. Grupo de Estudo O recrutamento ocorreu por meio de revisão em prontuários, colocação de cartazes na unidade hospitalar e divulgação verbal da pesquisa. Pacientes com história de concentrações elevadas de LDL-c foram convidados a comparecer à unidade de saúde para coleta de sangue. Na triagem foram coletados os seguintes parâmetros laboratoriais: CT, LDL-c, HDL-c, TG, GLI, INS, HOMA-IR e QUICKI. A fase de triagem e seleção dos participantes do estudo ocorreu durante o período de outubro de 2012 a janeiro de 2014. Foram pré-selecionados 227 indivíduos, dos quais 133 atenderam ao critério de inclusão bioquímico (LDL-c igual ou maior que 130mg/dL). Os indivíduos selecionados foram alocados em dois grupos: Grupo Farelo de Aveia (GFAV) e Grupo Placebo (GPL). 42 6.4. Critérios de elegibilidade 6.4.1. Critérios de inclusão: Indivíduos com idade igual ou maior que 20 anos, de ambos os gêneros, com LDL-c igual ou maior que 130mg/dL em lipemia de jejum por 12 horas. Também foram considerados elegíveis os indivíduos em uso de hipolipemiantes orais, desde que a dose farmacológica relatada no início da intervenção nutricional proposta fosse mantida até o final da mesma. 6.4.2. Critérios de exclusão: Indivíduos com quadro clínico que requeresse diminuição na ingestão diária de líquidos, insuficientes renais agudos ou crônicos, além daqueles em uso de suplementos de fibras alimentares e mulheres em período de gestação/lactação. Figura 1 – Representação esquemática do recrutamento, seleção e randomização dos participantes do estudo. 43 Figura 2 – Representação esquemática das atividades realizadas junto aos participantes, do início ao final do estudo. 6.5. Cálculo amostral Realizou-se estudo piloto com 44 indivíduos (14 homens e 30 mulheres), que foram submetidos às mesmas etapas descritas na pesquisa, com o mesmo rigor científico. O cálculo amostral foi realizado a partir desse estudo piloto, utilizando o programa Openepi versão 3.0 (Open Source Epidemiologic Statistics for Public Health, disponível em <www.openepi.com>), considerando intervalo de confiança de 95% (), o poder de 80% (), e razão entre tamanho amostral dos grupos 1 (1:1). Foram consideradas as diferenças entre as médias (intervenção x placebo) de redução da LDL-c, de 30mg/dL x 15mg/dL (valores absolutos), com uma variabilidade (DP) de 30. Resultou-se no número de 63 indivíduos para cada grupo. Adotou-se o nível de significância estatística de 5% (p < 0,05). 44 6.6. Aconselhamento nutricional Todos os participantes receberam aconselhamento nutricional, definido como intensivo em função da periodicidade mensal de consultas e contatos telefônicos nos intervalos das mesmas80, baseado nos “Dez Passos para uma Alimentação Saudável” do Ministério da Saúde (ANEXO VIII). Além da orientação para ingestão do complemento dietético, que consistia num preparado matinal na forma de mingau a ser consumido no desjejum. Foi entregue orientação escrita para o preparo do mingau (ANEXO IX). 6.7. Complemento dietético Os participantes do GFAV receberam em cada consulta caixa contendo 30 porções de preparado matinal, envasado em frasco individual opaco e lacrado, com 30g de leite em pó desnatado, 0,8g de edulcorante artificial à base de sucralose e acessulfame-K e 40g de farelo de aveia. Os participantes do GPL receberam em cada consulta caixa contendo 30 porções de preparado matinal, envasado em frasco individual opaco e lacrado, com 30g de leite em pó desnatado, 0,8g de edulcorante artificial à base de sucralose e acessulfame-K e 40g de pó para mingau à base de amido de milho e farinha de arroz. Todos os frascos foram envasados em laboratório de técnica dietética, em conformidade com as boas práticas para manipulação de alimentos113. A composição centesimal do farelo de aveia e do placebo e a composição nutricional dos dois preparados matinais são apresentadas nos Quadros 1 e 2. 45 Quadro 1 – Composição centesimal de farelo de aveia e placebo Energia (kcal) Proteína (g) Carboidrato (g) Lipídeos totais (g) Fibras totais (g) Fibra solúvel (g) Lipídeos Saturado (g) Monoinsaturado (g) Poliinsaturado (g) Trans (g) Colesterol (mg) Calcio (mg) Ferro (mg) Fósforo (mg) Magnésio (mg) Potássio (mg) Sódio (mg) Zinco (mg) Ácido fólico (µg) FARELO DE AVEIA* (100g) PLACEBO** (100g) 397,33 17,3 66,23 7,03 15,43 ≅ 7,5g*** 363,8 5,23 85,73 0 0 0 1,33 2,38 2,78 0 0 58,5 5,43 734,05 235,1 565,95 4,25 3,1 52,13 0 0 0 0 0 242,88 0 0 0 0 166,68 0 166,68 *USDA – Agricultural Research Service; **Nestlé; ***Fibra solúvel não quantificada nos lotes utilizados. Informação baseada na literatura citada nesta dissertação e em rotulagem nutricional disponível no mercado. Quadro 2 – Composição nutricional dos preparados matinais à base de farelo de aveia e placebo Energia (kcal) Proteína (g) Carboidrato (g) Lipídeos totais (g) Fibras totais (g) Fibra solúvel (g) Lipídeos Saturado (g) Monoinsaturado (g) Poliinsaturado (g) Trans (g) Colesterol (mg) Calcio (mg) Ferro (mg) Fósforo (mg) Magnésio (mg) Potássio (mg) Sódio (mg) Zinco (mg) Ácido fólico (µg) Preparado matinal com farelo de aveia* (70g) Preparado matinal com placebo** (70g) 265,43 17,57 41,49 2,81 6,17 ≅ 3g*** 252,02 12,74 49,29 0 0 0 0,53 0,95 1,11 0 0 389,4 2,17 293,62 94,04 226,38 151,7 1,24 20,85 0 0 0 0 0 463,15 0 0 0 0 216,67 0 66,67 *USDA – Agricultural Research Service; **Nestlé; ***Fibra solúvel não quantificada nos lotes utilizados. Informação baseada na literatura citada nesta dissertação e em rotulagem nutricional disponível no mercado. 46 6.8. Avaliação antropométrica e abordagem sobre exercício físico Os dados antropométricos foram coletados por um único avaliador treinado. Para a mensuração de MC e estatura foi utilizada balança plataforma com estadiômetro marca Welmy®, tarada e calibrada de acordo com as normas do INMETRO, com capacidade para 200 kg e precisão de 100g. A balança foi apoiada sobre superfície plana, lisa e firme, afastada da parede. Cada indivíduo foi pesado em jejum, após urinar e utilizando roupas leves. Para mensuração da estatura cada indivíduo estava descalço, distribuindo a massa corporal igualmente entre os pés, com os braços estendidos ao longo do corpo e calcanhares juntos. A cabeça ficou ereta, com os olhos fixos à frente ou no plano horizontal de Frankfurt. Foi retirado qualquer adorno utilizado na cabeça. A medição ocorreu após inspiração profunda, quando a haste horizontal do estadiômetro foi abaixada até o ponto mais alto da cabeça 114. O IMC foi calculado por meio da equação: MC (kg) / estatura (m)2. A classificação do estado nutricional antropométrico, apresentada nos Quadros 2 e 3, foi feita de acordo com a idade115,116. Quadro 3 – Classificação do IMC – adultos Categorias IMC (kg/m2) Magreza < 18,5 Eutrofia 18,5 – 24,99 Sobrepeso 25,0 – 29,99 Obesidade grau 1 30,0 – 34,99 Obesidade grau 2 35,0 – 39,99 Obesidade grau 3 > 40,0 IMC = índice de massa corporal Fonte: WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000. 47 Quadro 4 – Classificação do IMC – idosos Categorias IMC (kg/m2) Magreza < 22 Eutrofia 22 – 27 Sobrepeso > 27 IMC = índice de massa corporal Fonte: NUTRITION SCREENING INITIATIVE, 1992. O PC foi medido na posição em pé, com a região despida, após expiração, na sua curvatura natural, no ponto médio entre a décima costela e a crista ilíaca, com fita inelástica e inextensível, da marca Sanny Medical® em posição horizontal117. O PP medido na posição em pé, com a região despida, circundando o pescoço com fita métrica inelástica e inextensível, da marca Sanny Medical®, em posição horizontal, no ponto médio do pescoço, ao nível da cartilagem cricotireoidea, entre ponto médio da coluna cervical até ao meio-anterior do pescoço. Em homens, a medida foi feita abaixo da proeminência laríngea118. Embora a prática de exercício físico seja largamente preconizada81,119-122, a mesma foi abordada com cautela, visto que os participantes apresentavam diferentes graus de limitações, por exemplo, devido a cirurgia de revascularização do miocárdio recente ou por apresentar quadro variável de angina e referir desconforto e dor. Para não haver interferência nos resultados do estudo, todos os participantes foram orientados a não modificar sua rotina, de sedentarismo ou de exercício físic, durante os noventa dias de intervenção. Portanto, aos participantes que praticavam qualquer exercício físico, foi recomendada a manutenção deste, na mesma frequência e intensidade já praticadas. 48 6.9. Avaliação da pressão arterial A medição da pressão arterial dos participantes foi realizada utilizando-se esfigmomanômetro de coluna de mercúrio devidamente calibrado marca Unitec ®. Para a medição da pressão arterial padronizou-se o braço esquerdo, os participantes não poderiam estar com a bexiga cheia, ter praticado exercícios físicos há pelo menos 60 minutos, ter fumado nos 30 minutos anteriores, ter ingerido bebidas alcoólicas ou café. O procedimento de medição da pressão arterial seguiu o seguinte protocolo: após cinco minutos de repouso o paciente foi colocado na posição sentada, com pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e relaxado. Seu braço foi posicionado na altura do coração (nível do ponto médio do esterno ou 4º espaço intercostal), livre de roupas, apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido. Para a ausculta foi utilizado estetoscópio marca Littmann Cardiology III®, cujo diafragma foi posicionado, sem compressão excessiva, sobre a artéria braquial, na fossa cubital. Os dados de duas medições foram anotados em formulário próprio e informados ao participante 123. O Quadro 4 apresenta a classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual. Quadro 5 – Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual Pressão sistólica (mmHg) Pressão diastólica (mmHg) Ótima < 120 < 80 Normal < 130 < 85 Limítrofe 130 – 139 85 – 89 Hipertensão estágio 1 140 – 159 90 – 99 Hipertensão estágio 2 160 – 179 100 – 109 Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110 Hipertensão sistólica isolada ≥ 140 < 90 Fonte: VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2010. 49 6.10. Avaliação bioquímica A avaliação bioquímica foi feita em laboratório certificado que presta serviços terceirizados à unidade de saúde onde o estudo foi conduzido. Os indivíduos foram orientados a evitar a ingestão de álcool e a realização de exercício físic vigoroso nas 72 e 24 horas que antecederam as coletas de sangue, respectivamente. Após jejum noturno de 12 horas, os indivíduos foram submetidos à coleta de sangue, sendo que este procedimento foi realizado em todas as consultas (t.0, t.30, t.60 e t.90). As alíquotas de soro e plasma foram obtidas após centrifugação, por 15 minutos a 4.000 rpm. Para a glicemia de jejum foi utilizado kit comercial marca ByoSistems® para a análise e a leitura desta por meio do Analisador Automático A25, marca BioSystems®. Foi utilizado o método glicose oxidase/peroxidase124, com resultado expresso em mg/dL. Foram considerados como valores de referência: 70 a 99 mg/dL. A concentração de insulina de jejum foi determinada por método de eletroquimioluminescência125, utilizando kit insulina marca Roche® para análise e leitura desta por meio do Analisador Elecsys 2010 Roche®, considerando como valor de referência: inferior ou igual a 9µU/mL126. A sensibilidade à ação da insulina foi estimada pelo índice QUICKI (quantitative insulin sensitivity check index), descrito por Katz et al. (2000)127, dividindo-se 1 por log de insulina + log de glicemia em mg/dL. A resistência à insulina (RI) foi estimada pelo método HOMA-IR (Homeostasis Model Assessment Isulin Resistance), descrito por Mathews et al. (1985)128, multiplicando-se a glicose em jejum (mmol/L) pela insulina de jejum (μIU/mL) e dividindo-se por 22,5. Foi considerada RI, valores de HOMA maiores que 2,71 129. 50 As concentrações de colesterol total, triglicerídeos e o colesterol ligado à lipoproteína de alta densidade (HDL-c) foram analisadas pelo método enzimático colorimétrico e expressas em mg/dL. Foram utilizados kits comerciais marca ByoSistems® para as análises e a leitura destas por meio de Analisador Automático A25, marca BioSystems®. A dosagem de colesterol total foi determinada pelo método Colesterol Oxidase/Peroxidase 130, de HDL-c direto pelo método Detergente Direto 131 e de triglicerídeos pelo método Glicerol Fosfato Oxidase/Peroxidase132. A concentração de colesterol ligado à lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) foi calculada pela fórmula de Friedwald: LDL-c = CT – (HDL-c + TG/5)133. Foram adotados os valores de referência preconizados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (2007)92: CT menor que 200 mg/dL, TG menor que 150 mg/dL, HDL-c maior que 40 mg/dL para homens e maior que 50 mg/dL para mulheres, LDL-c menor que 130 mg/dL. 6.11. Avaliação da qualidade da dieta, da adesão ao aconselhamento nutricional e do consumo de alimentos processados Para a análise da composição da dieta, considerando energia, macronutrientes, micronutrientes, eletrólitos, gordura saturada, gordura trans, colesterol e fibras alimentares, foram analisados os Recordatórios de 24 horas (ANEXO VI) colhidos em t0, t30, t60 e t90. Como ferramenta de apoio para o preenchimento do Recordatórios de 24 horas, utilizou-se album fotográfico com os tamanhos de porções de alimentos in natura e preparações. A fim de minimizar as limitações desse inquérito dietético, houve o cuidado por parte do entrevistador para não influenciar os participantes do estudo. Houve o cuidado para evitar Recordatórios de 24 horas referentes a dias atípicos. 51 Utilizou-se o programa computacional Food Processor® versão 7.2 (ESHA RESEARCH, Salem, USA, 1998)134, a Tabela de Composição Nutricional dos Alimentos Consumidos no Brasil135 e a Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar em Medidas Caseiras136. Os valores de referência utilizados para a verificação de adequação de ingestão energética, macronutrientres, distribuição dos lipídeos e fibras alimentares são apresentados nos Quadros 6 e 7137. Para verificação de adequação de micronutrientes foram utilizados os valores de referência segundo as Dietary References Intake: riboflavina – 1,1mg/dia e 1,3mg/dia, para mulheres e homens, respectivamente; niacina – 14mg/dia e 16mg/dia, para mulheres e homens, respectivamente138; cálcio – 1000mg/dia para mulheres de 19 a 50 anos e 1200mg/dia acima de 50 anos, 1000mg/dia para homens de 19 a 70 anos e 1200mg/dia acima de 70 anos139; magnésio – 310mg/dia para mulheres de 19 a 30 anos e 320mg/dia acima de 30 anos, 400mg/dia para homens de 19 a 30 anos e 420mg/dia acima de 30 anos140; potássio – 4,7g/dia para ambos os gêneros; sódio (para ambos os gêneros) – de 19 a 50 anos, 1,5g/dia, de 51 a 70 anos, 1,3g/dia, acima de 70 anos, 1,2g/dia141. Quadro 6 – Recomendações para ingestão diária de energia. Homens Taxa metabólica basal = 864 – [9,72 x idade (anos)] + AF x [14,2 x peso (kg) + 503 x altura (m)] Mulheres Taxa metabólica basal = 387 – [7,31 x idade (anos)] + AF x [10,9 x peso (kg) + 660,7 x altura (m)] Onde, AF representa o coeficiente de atividade física: AF = 1,00 se o nível de AF for ≥ 1,0 < 1,4 (sedentário) AF = 1,12 se o nível de AF for ≥ 1,4 < 1,6 (baixa atividade) AF = 1,27 se o nível de AF for ≥ 1,6 < 1,9 (ativo) AF = 1,54 se o nível de AF for ≥ 1,9 < 2,5 (muito ativo) Fonte: Institute of Medicine – Dietary References Intake, 2005a. 52 Quadro 7 – Recomendações de macronutrientes, ácidos graxos, colesterol e fibras alimentares. Nutrientes Recomendações diárias Proteínas 10 – 30% do VET* Carboidratos 45 – 65 % do VET* Lipídeos 25 – 35% do VET* Ácidos graxos saturados ≤ 7% do VET** Ácidos graxos monoinsaturados ≤ 20% do VET** Ácidos graxos poliinsaturados ≤ 10% do VET** Lipídeos trans < 1% do VET** Colesterol < 200mg** Fibras totais 20 – 30g** Fibras solúveis 5 – 10g** VET = valor energético total *Valores de acordo com as Dietary References Intake, 2005 **Valores de acordo com a IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, 2007. A avaliação da qualidade da dieta pré e pós-intervenção (t0 e t90), bem como da adesão ao tratamento nutricional após 90 dias, foi feita mediante a utilização do IQD-R, instrumento composto por doze itens. Nove deles são grupos de alimentos expressos em termos de densidade de energia/1000 kcal: "frutas totais", "frutas integrais", "vegetais totais", "vegetais verdes escuros e alaranjados e leguminosas", "cereais totais", "cereais integrais", "leite e derivados", "carne, ovos e leguminosas", "óleos". Dois são nutrientes (sódio e gordura saturada). O décimo segundo item é composto por energia de gordura sólida, adição de açúcares e álcool. As pontuações atribuídas aos doze itens avaliados pelo IQD-R e respectivas porções são apresentadas no Quadro 8. A presença ou ausência de cada item, bem como as quantidades das porções atribuiram pontos ao Recordatório de 24 horas, que foram somados resultando em uma escala de zero a 100. A partir da pontuação resultante em t0 e t90, avaliou-se a evolução na qualidade da dieta, bem como a adesão ao aconselhamento nutricional. A avaliação do consumo de alimentos processados foi feita por meio da aplicação do QFCA (ANEXO V) em t0 e t90. 53 Quadro 8 – Descrição das pontuações dos componentes do IQD-R e respectivas porções. Componentes Critério para pontuação mínima Critério para pontuação intermediária Frutas totais* Pontos 0,5 porção/1000 kcal Vegetais totais*** Vegetais verdes escuros, alaranjados e leguminosas # Ausência de consumo = 0 pontos 1,0 porção/1000 kcal Cálculo proporcional Cereais totais Cereais integrais 0,5 porção/1000 kcal 5 pontos 2,0 porções/1000 kcal 1,0 porção/1000 kcal ## Leite e Derivados Carnes, ovos e leguminosas Ausência de consumo = 0 pontos ≥ 15% do VET Óleos### 1,5 porção/1000 kcal Cálculo proporcional 1,0 porção/1000 kcal 0,5 porção/1000 kcal ≤ 7% do VET = 0 pontos 10% do VET = 8 pontos ≥ 2,0g/1000 kcal = 0 pontos 1g/1000 kcal = 8 pontos ≤ 0,7g/ 1000 kcal ≥ 35% do VET = 0 pontos Cálculo proporcional ≤ 10% do VET Gordura Saturada Gord_AA Porções 1,0 porção/1000 kcal Frutas integrais** Sódio Critério para pontuação máxima 10 pontos 20 pontos * Inclui frutas e sucos naturais de frutas; ** Exclui sucos de frutas; *** Inclui leguminosas apenas depois que a pontuação máxima de carnes, ovos e leguminosas for atingida; # Representa o grupo dos cereais, raízes e tubérculos; ## Inclui leite e derivados e bebidas à base de soja; ### Inclui gorduras mono e poliinsaturadas, óleos das oleaginosas e gorduras de peixes; IQD-R = ìndice de qualidade da dieta revisado para a população brasileira; VET = valor energético total; Gord_AA = energia proveniente das gorduras sólidas, álcool e açúcar de adição. 6.12. Análise Estatística dos Dados A análise exploratória dos dados foi feita pelo cálculo de medida de tendência central (média) e medida de dispersão (desvio-padrão). No tempo basal foi avaliada a normalidade das variáveis pelo método Komolgorov Smirnoff. Foi realizado o teste quiquadrado para comparar as variáveis categóricas entre os grupos no tempo basal. Para 54 comparação das médias das variáveis contínuas entre os grupos no tempo basal e ao longo dos noventa dias de intervenção foi utilizado o teste t de Student. Para avaliar a evolução ao longo da intervenção dentro de cada grupo foi utilizado o teste t de Student pareado. Utilizou-se o teste de análise de variância para dados repetidos para avaliar a evolução dos parâmetros avaliados. As análises foram feitas no programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versão 20.0. Considerou-se estatisticamente significativo o valor de p < 0,05. 55 7. RESULTADOS Duzentos e vinte e sete pacientes com prontuários que apresentavam concentrações séricas elevadas de LDL-c foram convidados a comparecer à unidade de saúde para avaliação dos critérios de elegibilidade para inclusão na pesquisa. Destes, somente 133 apresentaram concentrações séricas de LDL-c iguais ou maiores que 130mg/dL, os quais foram randomizados resultando em 67 participantes no GFAV e 66 pacientes no GPL. Um participante do GFAV desistiu nos primeiros quinze dias, alegando não conseguir aderir às mudanças nos hábitos alimentares propostas. Uma participante do GPL desistiu nos primeiros cinco dias, devido a intolerância ao volume de leite prescrito. Cento e trinta e um participantes concluíram o estudo, sendo 66 no GFAV e 65 no GPL, conforme demonstrado na Figura 1. Não houve relato de desconforto gastrintestinal (dor de estômago, inchaço, flatulência, diarreia) com a ingestão do complemento dietético sob a forma de preparado matinal. Os participantes apresentavam as seguintes situações clínicas: pós-IAM (n = 52); pósangioplastia (n = 34), pós-revascularizados (n = 46), com angina estável (n = 25). A distribuição entre os grupos é apresentada na Tabela 1. O ANEXO X apresenta o detalhamento quanto às classes terapêuticas em uso, os fármacos dentro de cada classe terapêutica e a distribuição destes entre os grupos. Os dados basais referentes à média de idade da amostra, gênero, grau de escolaridade, consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo, uso de fármacos, parâmetros bioquímicos antropométricos e pressão arterial são apresentados na Tabela 1. Não foram observadas diferenças entre os grupos nas variáveis medidas no tempo basal, exceto nas concentrações de TG (p < 0,05). 56 Tabela 1 – Dados basais da amostra estudada Característica GFAV Número de participantes (n) 66 (50%) Idade (anos) 55,42 ± 10,15 Mulheres (n) 40 (30%) Abaixo de 60 anos (n) 42 (32%) Anos de estudo Menor que oito (n) 22 (17%) Entre oito e onze (n) 38 (29%) Maior que onze (n) 06 (5%) Consumo de bebida alcoólica Não consome (n) 47 (36%) Consumo diário (n) 03 (2%) Consumo semanal (n) 09 (7%) Consumo eventual (n) 07 (5%) Tabagismo Não fumante (n) 38 (29%) Fumante (n) 05 (4%) Ex-fumante (n) 23 (18%) História clínica Hipertensos (n) 53 (40%) Diabéticos (n) 13 (10%) Pós IAM (n) 23 (18%) Pós-angioplastia (n) 14 (11%) Pós-revascularizados (n) 25 (19%) Angina estável (n) 11 (8%) Farmacoterapia Em uso de antihipertensivos (n) 53 (40%) Em uso de hipoglicemiantes (n) 13 (10%) Em uso de hipolipemiantes (n) 16 (12%) Dados bioquímicos CT (mg/dL) 248,9 ± 49,3 LDL-c (mg/dL) 163,3 ± 36,6 HDL- (mg/dL) 49,1 ± 13,9 TG (mg/dL) 190,9 ± 173,2 GLI (mg/dL) 114,8 ± 51,5 INS (µU/dL) 9,09 ± 6,03 HOMA-IR 2,66 ± 2,43 QUICKI 0,349 ± 0,04 Dados antropométricos MC (kg) 79,6 ± 18,8 IMC (kg/m2) 29,9 ± 5,7 PC (cm) 98,2 ± 13,4 PP (cm) 38,2 ± 4,04 Pressão arterial PAS (mmHg) 123,2 ± 16,2 PAD (mmHg) 81,7 ± 10,2 GPL 65 (50%) 55,86 ± 11,03 48 (36%) 41 (31%) 16 (12%) 32 (24%) 17 (13%) 46 (35%) 0 (0%) 09 (7%) 10 (8%) 45 (34%) 0 (0%) 20 (15%) 53 (40%) 09 (7%) 29 (22%) 20 (15%) 21 (16%) 13 (10%) 53 (40%) 09 (7%) 22 (17%) 235,4 ± 28,2 156,2 ± 22,3 50,9 ± 13,9 142,5 ± 58,9# 100,6 ± 30,7 8,46 ± 5,57 2,11 ± 1,53 0,355 ± 0,03 77,9 ± 16,4 30,1 ± 5,2 97,8 ± 13,8 37,6 ± 4,3 122,6 ± 13,5 82,2 ± 8,9 GFAV - grupo farelo de aveia; GPL - grupo placebo; IAM - infarto agudo do miocárdio; CT - colesterol total; LDL-c colesterol ligado à lipoproteína de baixa densidade; HDL-c - colesterol ligado à lipoproteína de alta densidade; Não HDL - somatório de lipoproteínas exceto HDL-c; TG - triglicerídeo; GLI - glicemia de jejum; INS - insulina de jejum; HOMA-IR - modelo de avaliação da homeostase – resistência à insulina; QUICKI - índice de verificação quantitativa da sensibilidade à insulina; MC - massa corporal; IMC - índice de massa corporal; PC - perímetro de cintura; PP - perímetro de pescoço; PAS - pressão arterial sistólica; PAD - pressão arterial diastólica. Resultados expressos em frequência (n) e percentuais em relação ao número total de participantes do estudo, Média ± Desvio Padrão; # Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) na comparação entre os grupos pelo teste t de Student. 57 Destaca-se que a maioria dos participantes (71%) relatou não consumir bebida alcoólica (36% no GFAV e 35% no GPL), somente 2% dos participantes relataram consumo diário (todos no GFAV), 14% relataram consumo semanal (7% em cada grupo) e 13% relataram consumo eventual (5% no GFAV e 8% no GPL). Quanto ao tabagismo, apenas 4% eram tabagistas. Os dados antropométricos e de pressão arterial, ao longo do estudo, referentes à amostra avaliada, são apresentados na Tabela 2. Em todas as análises foram observadas reduções significativas quando comparados os resultados no tempo basal com os demais tempos de cada grupo separadamente. Comparando os resultados de GFAV com GPL, não foi observada diferença significativa. Tabela 2 – Dados antropométricos e de pressão arterial dos grupos farelo de aveia e placebo, ao longo do estudo t0 t30 t60 t90 Δt90-t0 Média DP Média DP Média DP Média DP MC (kg) GFAV 79,6 (18,8) 77,9* (18,3) 77,5* (18,3) 77,1* (18,3) -2,5 GPL 77,9 (16,4) 76,3* (15,3) 75,5* (15,1) 75,1* (15,02) -2,8 2 IMC (kg/m ) GFAV 29,9 (5,7) 29,3* (5,5) 29,1* (5,4) 28,9* (5,4) -1 GPL 30,1 (5,2) 29,5* (4,9) 29,2* (4,8) 29,02* (4,8) -1,08 PC (cm) GFAV 98,2 (13,4) 94,9* (16,9) 94,9* (13,1) 93,9* (12,9) -4,3 GPL 97,8 (13,8) 94,8* (12,7) 93,5* (12,5) 92,8* (12,6) -5 PP (cm) GFAV 38,2 (4,04) 37,5* (3,8) 37,4* (3,9) 37,2* (3,8) -1 GPL 37,6 (4,3) 36,7* (3,9) 36,5* (3,9) 36,3* (3,9) -1,3 PAS (mmHg) GFAV 123,2 (16,2) 115,9* (12,8) 113,6* (11,6) 112,1* (12,1) -11,1 GPL 122,6 (13,5) 115,4* (11,5) 113,5* (11,4) 110,8* (11,2) -11,8 PAD (mmHg) GFAV 81,7 (10,2) 77,6* (8,4) 75,5* (7,3) 75,6* (7,3) -6,1 GPL 82,2 (8,9) 77,5* (7,5) 76,2* (7,2) 74,8* (6,6) -7,4 GFAV - grupo farelo de aveia, n=66; GPL - grupo placebo, n=65; t0 - início do estudo; t30 - primeira consulta; t60 - segunda consulta; t90 - terceira consulta - fim do estudo; Δt90-t0 – diferença entre os resultados de t90 e t0; MC - massa corporal; IMC - índice de massa corporal; PC - perímetro de cintura; PP - perímetro de pescoço; PAS - pressão arterial sistólica; PAD - pressão arterial diastólica; Resultados expressos como Média e Desvio Padrão; * Redução estatisticamente significativa dentro de cada grupo em relação a t0 (p < 0,05), pelo teste t pareado; # Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) na comparação das reduções obtidas entre os grupos, pelo teste t de Student. 58 Os dados bioquímicos são apresentados na Tabela 3. Acerca das concentrações séricas de CT e LDL-c, bem como de Não HDL, quando comparados os resultados do tempo basal com os demais tempos foram observadas reduções significativas em cada grupo separadamente, em todos os tempos, embora sem diferença entre os grupos. Não foram observadas diferenças significativas em HDL-c e TG. Quanto à glicemia, insulinemia, HOMA-IR e QUICKI, foram observadas reduções significativas somente no GFAV. Tabela 3 – Dados bioquímicos dos grupos farelo de aveia e placebo, ao longo do estudo t0 t30 t60 t90 Δt90-t0 Média DP Média DP Média DP Média DP CT (mg/dL) GFAV 248,9 (49,3) 219,6* (78,2) 231,4* (72,2) 231,8* (58,9) -17,1 GPL 235,4 (28,2) 206,4* (37,2) 211,6* (37,9) 216,6* (37,6) -18,8 LDL-c (mg/dL) GFAV 163,3 (36,6) 136,1* (39,7) 144,9* (47) 150* (51,2) -13,3 GPL 156,2 (22,3) 132,1* (33,06) 136* (34,6) 137,6* (30,7) -18,6 HDL-c (mg/dL) GFAV 49,1 (13,9) 45,6* (11,03) 47,6 (12,04) 47,8 (12,9) -1,3 GPL 50,9 (13,9) 47,4* (13,03) 48,7* (12,5) 49,5 (12,3) -1,4 Não HDL (mg/dL) GFAV 199,8 (50,7) 174,02* (78,4) 183,9* (73,9) 184,02* (59,5) -15,78 GPL 184,5 (26) 159* (38,2) 162,9* (39,9) 167,1* (38,5) -17,4 TG (mg/dL) GFAV 190,9 (173,2) 183,3 (375) 198,9 (318,04) 178,2 (163,6) -12,7 GPL 142,5 (58,9) 135,4 (63,3) 137,8 (72) 147,7 (71,5) 5,2 GLI (mg/dL) GFAV 114,8 (51,5) 110,2 (47) 107,6*# (39,6) 108,9 (45,6) -5,9 GPL 100,6 (30,7) 101,9 (41,1) 100,1 (36,3) 99 (30,15) -1,6 INS (µU/dL) GFAV 9,09 (6,03) 7,3* (5,27) 8,73 (9,77) 7,3* (5,18) -1,79 GPL 8,46 (5,57) 7,82 (5,15) 7,75 (5,3) 7,63 (4,58) -0,83 HOMA-IR GFAV 2,66 (2,43) 2,09* (2,38) 2,65 (4,77) 2,09* (2,24) -0,57 GPL 2,11 (1,53) 1,96 (1,44) 1,95 (1,63) 1,89 (1,32) -0,22 QUICKI GFAV 0,349 (0,04) 0,362* (0,04) 0,358* (0,04) 0,365* (0,05) 0,016 GPL 0,355 (0,03) 0,359 (0,04) 0,362 (0,04) 0,361 (0,04) 0,006 GFAV - grupo farelo de aveia, n=66; GPL - grupo placebo, n=65; t0 - início do estudo; t30 - primeira consulta; t60 - segunda consulta; t90 - terceira consulta - fim do estudo; Δt90-t0 – diferença entre os resultados de t90 e t0; CT - colesterol total; LDL-c - colesterol ligado à lipoproteína de baixa densidade; HDL-c - colesterol ligado à lipoproteína de alta densidade; Não HDL - somatório de lipoproteínas exceto HDL-c; TG - triglicerídeo; GLI glicemia de jejum; INS - insulina de jejum; HOMA-IR - modelo de avaliação da homeostase – resistência à insulina; QUICKI - índice de verificação quantitativa da sensibilidade à insulina; Resultados expressos como Média e Desvio Padrão; * Redução estatisticamente significativa dentro de cada grupo em relação a t0 (p < 0,05), pelo teste t pareado; # Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) na comparação das reduções obtidas entre os grupos, pelo teste t de Student. 59 Os resultados de pressão arterial, dados antropométricos e bioquímicos também foram analisados estratificando a amostra por: participantes sem uso de hipolipemiantes, participantes sem uso de hipoglicemiantes e/ou hipolipemiantes, participantes em uso de hipoglicemiantes e participantes em uso de hipolipemiantes (ANEXO XI). Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os resultados observados nas estratificações e no total de participantes avaliados. GFAV – grupo farelo de aveia; GPL – grupo placebo; CT – colesterol total; LDL-c – colesterol ligado à lipoproteína de baixa densidade; t0 início do estudo; t30 - primeira consulta; t60 - segunda consulta; t90 - terceira consulta - fim do estudo; A – CT de todos os pacientes avaliados ao longo do estudo, n GFAV=66, n GPL=65; B – CT dos participantes que não faziam uso de hipolipemiantes ao longo do estudo, n GFAV=50; n GPL=43; C – LDL-c de todos os participantes ao longo do estudo, n GFAV=66, n GPL=65; D – LDL-c dos participantes que não faziam uso de hipolipemiantes ao longo do estudo, n GFAV=50; n GPL=43; Resultados obtidos por meio de teste de análise de variância para dados repetidos. Figura 3 – Concentrações séricas de colesterol total e LDL-colesterol dos participantes com e sem uso de hipolipemiantes, ao longo do estudo A Figura 3 apresenta os resultados observados nos quatro tempos de avaliação das concentrações séricas de colesterol total e LDL-colesterol de todos os participantes (n GFAV 60 = 66 e n GPL = 65), bem como dos participantes que não usavam hipolipemiantes (n GFAV = 50 e n GPL = 43). Em ambos os grupos observou-se efeito estatisticamente significativo de t0 para t30, sem significância para os demais tempos. Os dados dietéticos são apresentados na Tabela 4. Observou-se que ambos os grupos reduziram a ingestão energética e alcançaram distribuição normal dos macronutrientes. Destaca-se que o valor energético consumido (VET c) médio em t0 por GFAV equivalia a 107% do valor energético teórico (VET t), calculado de acordo com as fórmulas apresentadas no Quadro 6; em t90 reduziu para 97% de VET t. Em GPL o VET c em t0 equivalia a 112% do VET t e, após os 90 dias de intervenção, reduziu para 91,35%. Em relação à riboflavina e niacina, ambos os grupos apresentavam adequação de ingestão em t0, que foi mantida em t90. Com relação aos valores iniciais e finais de riboflavina, niacina, potássio e sódio, estes demonstram adesão, ao menos parcial, às modificações propostas nos hábitos alimentares. Quanto ao consumo de fibras alimentares, o aumento de ingestão de fibras totais e solúveis no grupo farelo de aveia já era esperado, em decorrência da composição deste alimento. Destaca-se a diferença significativa entre os grupos quanto à ingestão de magnésio, uma vez que somente GFAV alcançou adequação, possivelmente devido ao magnésio presente no farelo de aveia (Quadro 1). Quanto ao consumo de cafeína, foi observada redução significativa quando comparado início e final do estudo de cada grupo separadamente. Porém, quando comparados os dois grupos estudados não se observou diferença significativa, demonstrando que a adesão à recomendação para redução do consumo de café foi semelhante em ambos os grupos. A Tabela 5 apresenta a ingestão de lipídeos e colesterol. Observou-se que ambos os grupos reduziram a ingestão de lipídeos saturados, trans e colesterol, demonstrando adesão às recomendações nutricionais propostas. 61 Tabela 4 – Consumo de macronutrientes, fibras alimentares, micronutrientes e cafeína ao longo do estudo t0 t30 t60 t90 Δt90-t0 Média DP Média DP Média DP Média DP VET t (kcal) GFAV 2065 (406) 2044* (396) 2039* (399) 2035* (402) -30 GPL 1988 (369) 1966* (354) 1953* (350) 1953* (345) -35 VET c (kcal) GFAV 2207 (654) 1745* (463) 1850* (539) 1933* (556) -274 GPL 2231 (609) 1689* (440) 1756* (496) 1751* (472) -481 Ptn (kcal) GFAV 483 (191) 420* (143) 455 (187) 462 (165) -21 GPL 461 (162) 413 (143) 439 (185) 406* (162) -55 Cho (kcal) GFAV 1183 (356) 953* (279) 1019* (349) 1082* (377) -101 GPL 1215 (319) 917* (235) 955* (307) 974* (250) -241 Lip (kcal) GFAV 541 (273) 373* (239) 376* (234) 389* (231) -152 GPL 555 (305) 359* (221) 361* (247) 371* (230) -184 Fibras Totais (g) GFAV 24 (13) 31*# (11) 35*# (13) 36*# (14) 12 GPL 22,5 (11,9) 22,7 (11,4) 23,9 (10,9) 25 (11,6) 2,5 Fibras solúveis (g) GFAV 5,7 (4) 10,9*# (3) 12,2*# (4) 12,1*# (4) 6,4 GPL 5,41 (3,7) 5,39 (2,9) 5,64 (3,1) 5,61 (2,9) 0,2 Fibras insolúveis (g) GFAV 14,3 (10) 14,8 (7) 17*# (8) 17,2*# (9) 2,9 GPL 13,5 (9,2) 11,8 (6,5) 11,5 (6,2) 12,4 (6,2) -1,1 Riboflavina (mg) GFAV 2,07 (2,13) 1,63 (0,52) 1,99 (1,38) 1,81 (0,97) -0,26 GPL 2,66 (3,05) 1,53* (0,36) 1,56*# (0,44) 1,69* (0,98) -0,97 Niacina (mg) GFAV 29,92 (18) 22,28*# (12,5) 26,05 (16,6) 25,53 (15,4) -4,39 GPL 26,9 (9,8) 28,58 (15,3) 30,97# (19,2) 27,44 (16,7) 0,54 Calcio (mg) GFAV 590,6 (306,1) 750,1* (238,2) 804,5* (249,4) 818,4* (298,1) 227,8 GPL 551,4 (316) 821,3* (213,3) 820,7* (262,5) 889,1* (296,7) 337,7 Magnesio (mg) GFAV 316,8 (135) 361,5*# (98,4) 397,3*# (117,4) 395,9*# (127,1) 79,1 GPL 297,6 (117) 274,5 (93,1) 281,4 (96,9) 289,4 (118,2) -8,2 Potássio (mg) GFAV 2615 (1036) 3157* (824) 3530* (1045) 3545* (1118) 930 GPL 2617 (921) 2996* (898) 3257* (928,2) 3261* (1072) 644 Sodio (mg) GFAV 2092 (1220) 1223* (649) 1327* (847) 1377* (963) -715 GPL 1992 (1145) 1259 (540) 1199* (627) 1265* (566) -727 Cafeína (mg) GFAV 95,6 (63,9) 69,4 (198) 67,8 (202) 71,1 (203) -24,5 GPL 111,4 (93,7) 44,3 (78,4) 39,5* (77,6) 58,4* (123) -53 GFAV - grupo farelo de aveia, n=66; GPL - grupo placebo, n=65; t0 - primeira consulta - início do estudo; t30 - primeira consulta de retorno; t60 segunda consulta de retorno; t90 - terceira consulta de retorno - fim do estudo; Δt90-t0 – diferença entre os resultados de t90 e t0; VET t - valor energético total teórico; VET c - valor energético total consumido; Ptn - proteínas; Cho - carboidratos; Lip - lipídeos; kcal - quilocalorias. Resultados expressos como Média e Desvio Padrão; * Redução estatisticamente significativa dentro de cada grupo em relação a t0 (p < 0,05), pelo teste t pareado; # Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) na comparação das reduções obtidas entre os grupos, pelo teste t de Student. 62 Tabela 5 – Consumo de lipídeos e colesterol ao longo do estudo t0 t30 t60 t90 Média DP Média DP Média DP Média Lip sat (g) GFAV 24,8 17,4 16,1* 14,9 15,3* 13,9 15,1* GPL 25 15,8 14,6* 13 15,5* 17,6 17* Lip Mono (g) GFAV 21,8 13,7 13,3* 8,5 14,1* 9,2 14* GPL 22,9 15,4 12,8* 8,9 13* 8,7 12,8* Lip Poli (g) GFAV 6,6 4,2 5,1* 3,6 5,2* 2,3 4,9* GPL 6,1 3,5 4* 2,1 4,3* 2,9 3,9* Lip trans (g) GFAV 2,4 4,2 0,6* 1,1 0,5* 1,5 0,4* GPL 3,2 4,9 0,7* 1,8 1,7* 6,5 0,6* Colesterol (mg) GFAV 332,6 224 222,8* 120,5 244,1* 164 244,7* GPL 371 264,9 234,9* 119 231,5* 124 248,1* DP Δt90-t0 13,4 19,5 -11,4 -8 10,1 8,6 -7,8 -10,1 2,4 2,2 -1,7 -2,2 0,5 1,1 -2 -2,6 151,8 149,8 -87,9 -122,9 GFAV - grupo farelo de aveia, n=66; GPL - grupo placebo, n=65; t0 - primeira consulta - início do estudo; t30 - primeira consulta de retorno; t60 segunda consulta de retorno; t90 - terceira consulta de retorno - fim do estudo; Δt90-t0 – diferença entre os resultados de t90 e t0; Lip Sat - lipídeos saturados; Lip Mono - lipídeos monoinsaturados; Lip Poli - lipídeos poliinsaturados; Lip trans - lipídeos trans.. Resultados expressos como Média e Desvio Padrão; * Redução estatisticamente significativa dentro de cada grupo em relação a t0 (p < 0,05), pelo teste t pareado; # Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) na comparação das reduções obtidas entre os grupos, pelo teste t de Student. A – distribuição da pontuação atribuída aos participantes do grupo farelo de aveia no início do estudo; B – distribuição da pontuação atribuída aos participantes do grupo farelo de aveia no final do estudo; C – distribuição da pontuação atribuída aos participantes do grupo placebo no início do estudo; D – distribuição da pontuação atribuída aos participantes do placebo no final do estudo. Figura 4 – Pontuação atribuída à dieta dos participantes, de acordo com o Índice da Qualidade da Dieta Revisado, no início e final do estudo 63 Com relação à qualidade da dieta, a Figura 4 apresenta a distribuição da pontuação atribuída aos recordatórios de 24 horas, de acordo com o Índice de Qualidade da Dieta revisado (IQD-R), no tempo basal e ao final do estudo. Observou-se em t0, em todos os grupos, maior frequência até 80 pontos. Em t90, observou-se maior frequência acima de 80 pontos. A Figura 5 apresenta as diferenças entre as pontuações atribuídas aos participantes dos grupos avaliados no início e final do estudo. Aplicou-se o teste t pareado e observou-se diferença estatisticamente significativa quando comparados os resultados em cada grupo separadamente. Por meio da aplicação do teste t de Student, não foi observada diferença significativa entre os grupos. IQD-R – índice de qualidade da dieta revisado; t0 – início do estudo; t90 – final do estudo; GFAV - grupo farelo de aveia; GPL - grupo placebo. Figura 5 – Variação do IQD-R no inicio e no final do estudo, de acordo com os grupos farelo de aveia e placebo A Tabela 6 apresenta o consumo alimentos processados. Foram observadas baixas quantidades iniciais consumidas. Ainda assim, observou-se redução significativa na maioria dos itens, quando comparados os resultados dentro de cada grupo. Comparando os resultados entre os grupos, observou-se diferença significativa somente no item “barra de chocolate”. 64 Tabela 6 – Consumo de alimentos processados, no início e final do estudo t0 t90 Média DP Média DP Achocolatado (g) GFAV 5,69 13,29 0,30* 2,46 GPL 3,74 8,58 1,24 9,92 Margarina (g) GFAV 18,71 26,67 8,42* 14,81 GPL 13,92 19,07 10,09 17,10 Biscoito salgado (g) GFAV 12,58 23,32 5,08* 13,19 GPL 11,00 20,41 5,77* 12,69 Biscoito doce (g) GFAV 7,42 21,65 0,30* 2,46 GPL 11,29 26,32 1,54* 8,70 Biscoito recheado (g) GFAV 0 0 4,85 27,41 GPL 7,51 34,87 1,24 9,92 Barra de cereal (g) GFAV 0,76 6,15 1,14 9,23 GPL 1,54 8,70 1,15 6,89 Barra de chocolate (g) GFAV 17,33 37,18 0,76*# 6,16 GPL 6,62 20,48 3,15 15,75 Sorvete industrializado (g) GFAV 1,52 12,31 0 0 GPL 0 0 0 0 Linguiça (g) GFAV 22,12 66,59 4,55 36,93 GPL 21,54 64,52 1,54* 12,40 Salsicha (g) GFAV 4,91 22,79 0 0 GPL 0 0 0 0 Presunto (g) GFAV 5,08 17,55 2,65 13,07 GPL 4,46 15,91 1,15* 7,64 Guaravita (mL) GFAV 0 0 7,58 61,55 GPL 0 0 0 0 Refrigerante (mL) GFAV 113,64 265,96 14,39* 105,16 GPL 75,38 174,58 0* 0 Sódio (mg) GFAV 1689,38 1304,73 1091,83* 745,93 GPL 1544,68 1013,48 996,94* 377,44 Açúcar de adição (g) GFAV 54,73 43,74 15,44* 23,39 GPL 63,08 30,00 12,09* 19,87 Óleos vegetais GFAV 16,45 11,82 45,61* 65,08 GPL 18,59 12,30 40,84* 51,26 t0 - início do estudo; t90 - fim do estudo; GFAV - grupo farelo de aveia, n=66; GPL - grupo placebo, n=65; Resultados expressos como Média e Desvio Padrão; * Redução estatisticamente significativa dentro de cada grupo em relação a t0 (p < 0,05), pelo Teste t pareado; # Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) na comparação das reduções obtidas entre os grupos, pelo Teste t de Student. 65 8. DISCUSSÃO No presente estudo, os resultados observados no perfil lipídico e parâmetros e antropométricos sinalizaram efeito benéfico do aconselhamento nutricional, independente da inclusão diária de farelo de aveia na alimentação, uma vez que ambos os grupos apresentaram reduções significativas nos parâmetros avaliados. Entretanto, os resultados observados no perfil glicídico somente do GFAV sinalizaram para o efeito benéfico aditivo do farelo de aveia ao aconselhamento nutricional, possibilitando considerar este alimento como um coadjuvante estratégico na redução da resistência à insulina. Biörklund et al. (2005)142 avaliaram os efeitos do consumo diário de 5g ou 10g de beta-glucanas da aveia, a mesma quantidade proveniente da cevada , em oitenta e nove indivíduos hipercolesterolêmicos adultos, durante cinco semanas, sem qualquer estratégia de educação nutricional ou prescrição de plano alimentar. Os pacientes foram orientados a manter sua alimentação habitual durante o período de intervenção. O grupo que consumiu 5g de beta-glucanas da aveia reduziu a concentração sérica de LDL-c em 7,4%. O grupo que consumiu 10g de beta-glucanas obteve resultado inferior, de 3,7% de redução, sugerindo não haver relação diretamente proporcional à quantidade ingerida, mas sim a existência de uma dose resposta ótima. A respeito dos grupos em uso das beta-glucanas provenientes da cevada, não houve significância estatística nos resultados apresentados, sugerindo superioridade da ação das fibras alimentares provenientes da aveia para fins de controle colesterolêmico. Os autores não observaram qualquer alteração na massa corporal. O número pequeno de participantes e o curto período de intervenção podem ter sido fatores limitantes. Em 2008, Biörklund et al.143 voltaram a avaliar os efeitos das beta-glucanas da aveia, desta vez na dose de 4g diários em uma amostra composta por quarenta e três adultos hipercolesterolêmicos, também pelo período de cinco semanas. Desta vez não obtiveram resultados significativos no 66 controle colesterolêmico, concluindo a ausência deste efeito pelas beta-glucanas da aveia. Os achados de Biörklund et al.143, concernentes à ausência de efeito hipocolesterolêmico do farelo de aveia, corroboram os resultados observados no presente estudo. Karmally et al. (2005)144 compararam os efeitos da ingestão de farelo de aveia, provendo 3g de beta-glucanas, com cereal à base de milho isento de fibra solúvel em 152 indivíduos hipercolesterolêmicos adultos pelo período de 11 semanas, sendo 5 semanas somente com dieta orientada para manutenção da massa corporal, seguidas de 6 semanas de intervenção. Os autores observaram reduções em CT e LDL-c de 4,5% e 5,3%, que foram consideradas significafivas no grupo farelo de aveia, tanto ao longo do tratamento como em relação ao grupo placebo. Não observaram mudança em dados antropométricos. Por meio de estudo randomizado comparado com placebo, Chen et al. (2006)145 avaliaram os efeitos de 8g de beta-glucanas da aveia em 102 adultos hipercolesterolêmicos por 90 dias. Nenhum resultado significativo foi observado em massa corporal e perímetro de cintura neste estudo, que não propôs modificações na alimentação habitual dos participantes. Também não foram observadas reduções em CT e LDL-c, resultados que corroboram os achados Biörklund et al. (2005)142 acerca da ausência de efeito hipocolesterolemiante com doses mais elevadas de beta-glucanas. Embora no presente estudo tenham sido observados resultados significativos tanto no perfil lipídico como nos parâmetros antropométricos, estes ocorreram em consequência do aconselhamento nutricional que os participantes receberam, tanto no GFAV como no GPL. Maki et al. (2010)146 avaliaram a inclusão de 3g por dia de beta-glucanas da aveia, como parte de um programa para redução do colesterol, tendo como adjuvante um programa para perda de massa corporal que previa a redução de 500kcal da alimentação diária, pelo período de 12 semanas, prevendo consultas quinzenais, com 144 indivíduos adultos, com sobrepeso ou obesidade e LDL-c igual ou maior que 130mg/dL. Os autores observaram 67 redução significativa nas concentrações séricas de CT, LDL-c e não HDL-c no grupo intervenção, sobretudo após as primeiras 4 semanas de tratamento. Não foi observada redução significativa em TG e foram pequenas as reduções em massa corporal. Foi observada maior redução em perímetro de cintura no grupo intervenção (2,2±0,3 versus 1,7±0,3kg, p = 0.325). É possível que a frequência quinzenal de consultas proposta pelos autores também tenha exercido efeito nos resultados favoráveis, talvez por propiciar um maior vínculo pacienteprofissional de saúde e, por consequência, maior adesão à proposta de mudança de padrão de vida. Resultados semelhantes foram observados no presente estudo na redução de LDL-c. A perda de massa corporal observada no presente estudo (percentual médio de perda de massa corporal de 3,5% em 90 dias) reforça a teoria de que a educação nutricional, baseada na desconstrução de hábitos alimentares sedimentados desde a infância, seguida da construção do conhecimento sobre os benefícios proporcionados pela substituição de alimentos industrializados por versões saudáveis pode proporcionar diminuição significativa da massa corporal. No presente estudo os benefícios da melhora no padrão alimentar foram evidenciados em ambos os grupos avaliados, visto que reduções significativas em perfil lipídico e parâmetros antropométricos foram observadas em toda a amostra. Charlton et al. (2012)33 avaliaram os efeitos aditivos das beta-glucanas da aveia ao aconselhamento nutricional em oitenta e sete australianos adultos hipercolesterolêmicos, que foram randomizados em controle e duas quantidades diárias de beta-glucanas: 1,5g e 3g, pelo durante seis semanas, simultaneamente à prescrição de plano alimentar normoenergético e orientação para redução na ingestão de gorduras saturadas e trans. Foram observados resultados significativos nas concentrações séricas de CT e LDL-c, bem como em massa corporal em ambos os grupos, sem diferenças entre os mesmos. Tais resultados se assemelham aos observados no presente estudo e corroboram o efeito de dietas normoenergéticas (e não hipoenergéticas), porém com orientação para melhora da qualidade 68 dos alimentos ingeridos. Em adição, observaram reduções significativas na pressão arterial sistólica e diastólica em cada grupo, sem diferenças entre os três grupos avaliados. Maki et al. (2007)147 observaram efeitos do consumo de 7,7g beta-glucanas da aveia na pressão arterial em 97 indivíduos hipertensos, adultos, com excesso de peso, por 12 semanas, sem prescrição de plano alimentar, porém, com aconselhamento nutricional para modificação de hábitos alimentares. Foram observados resultados significativos na redução tanto de pressão arterial sistólica como diastólica somente nos indivíduos obesos que consumiram beta-glucanas da aveia, sem redução de massa corporal. No presente estudo foram observados ambos, perda de massa corporal e redução da pressão arterial, em ambos os grupos, não possibilitando sugerir efeito das beta-glucanas da aveia em quaisquer das duas reduções. Zhang et al. (2012)148 avaliaram 166 indivíduos hipercolesterolêmicos adultos por seis semanas, em ensaio clínico randomizado não cego: o grupo aveia recebeu porções diárias de 100g de cereal de aveia provendo o equivalente a 3,6g de beta-glucanas; o grupo placebo recebeu porções diárias de 100g de macarrão do tipo instantâneo. Realizaram aconselhamento nutricional para melhorar hábitos alimentares, por meio da ingestão de frutas, verduras, legumes, carnes magras, redução da ingestão de sódio e álcool. Ao final do estudo os autores observaram reduções significativas nas concentrações séricas de colesterol total, LDLcolesterol e perímetro de cintura somente no grupo aveia. Foi observada diminuição significativa nas concentrações séricas de HDL-colesterol no grupo controle. Não foram observadas mudanças significativas nos demais parâmetros laboratoriais, pressão arterial ou massa corporal. No presente estudo glicemia, insulinemia e HOMA-IR reduziram e houve aumento significativo no QUICKI somente no GFAV quando comparado ao GPL. Entretanto, estes resultados divergem dos achados referentes aos estudos apresentados acima, de Charlton et al. (2012)33 e Zhang et al. (2012)148, embora a conduta nutricional adotada e as quantidades 69 de beta-glucanas fornecidas em ambos os grupos tenham sido semelhantes, evidenciando a complexidade em comparar resultados de estudos com seres humanos. À exceção dos demais parâmetros avaliados no presente estudo, é possível sugerir que o farelo de aveia, na quantidade diária de 40g, reduza a glicemia de jejum, HOMA-IR e promova aumento de QUICKI. Faz-se necessário destacar que os estudos citados nesta discussão que investigaram os efeitos hipocolesterolêmicos do farelo de aveia, ou das beta-glucanas isoladas, adotaram doses distintas, mesmo havendo uma suposta dose de 3g de beta-glucanas com efeito no controle da colesterolemia adotada pelo FDA e pela ANVISA. Os resultados desses estudos têm produzido resultados controversos, não respaldando ainda o estabelecimento de uma dose ideal de farelo de aveia (ou de beta-glucanas) para esse fim, e, talvez, esta pergunta permaneça sem resposta se considerados todos os fatores presentes no organismo humano que individualizam a resposta à intervenção nutricional. Com relação à mudança no padrão alimentar, Cervato et al. (2005)149 avaliaram os efeitos da educação nutricional em quarenta e quatro indivíduos adultos do município de São Paulo. O consumo alimentar e noções conceituais sobre nutrição foram avaliados nos períodos pré e pós-intervenção. Como resultados, observaram aumento dos conhecimentos sobre nutrição, diminuição no consumo de lipídeos, proteínas e colesterol, decorrentes tanto da mudança do tipo de alimentos consumidos como da forma de prepará-los, evidenciando o papel fundamental das ações de educação nutricional na mudança de hábitos alimentares. Uma limitação desse estudo foi não ter havido coleta de informações concernentes à história clínica pregressa, antropometria e tampouco foram feitos exames laboratoriais antes e após a intervenção, o que tornaria possível verificar o quanto tais mudanças no padrão alimentar repercutiram em melhora clínica. 70 No presente estudo, a educação nutricional feita com os participantes repercutiu igualmente na redução da ingestão de gorduras saturadas, trans e colesterol (Tabela 5), bem como de alimentos processados (Tabela 6). A utilização dos “Dez Passos para uma Alimentação Saudável” auxiliou na condução da educação nutricional. Visou-se, com o uso do referido instrumento, transmitir informações e ensinamentos que levassem à melhora na qualidade dos alimentos ingeridos, sem a necessidade de restringir diretamente o consumo de energia. Em suma, buscou-se melhorar o conhecimento dos pacientes acerca do valor nutricional dos alimentos, de forma a convencê-los dos benefícios em mudar as fontes de energia para alimentos integrais, com pouca ou nenhuma gordura saturada e trans, ricos em micronutrientes e compostos fitoquímicos antioxidantes. Embora não tenha sido prescrito plano alimentar estabelecendo o consumo energético diário a ser seguido pelos participantes, os dois grupos apresentaram redução no consumo energético diário. O aconselhamento nutricional foi suficiente para promover a redução espontânea no consumo de energia, que pode ter contribuído para perda de massa corporal e melhora nos parâmetros laboratoriais. A redução observada no consumo de gorduras saturadas, trans e colesterol pode ter contribuído para as reduções observadas no perfil lipídico de ambos os grupos. Cabe destacar que o aumento observado na ingestão de leite e derivados, refletindo no aumento da ingestão de cálcio deveu-se, parcialmente, ao fornecimento do preparado matinal, uma vez que continha 30g de leite em pó desnatado, tanto para GFAV como para GPL. Este incremento diário em cálcio pode ter contribuído para a redução da pressão arterial e da massa corporal. A respeito do consumo diário de leite e derivados, Peixoto et al. (2014)150 avaliaram os efeitos de recomendações para alimentação e estilo de vida saudáveis em 110 indivíduos adultos obesos e hipertensos e observaram que o consumo de 2 porções diárias de laticínios desnatados associou-se a maior perda de peso, porém, sem redução significativa em pressão 71 arterial. Adamsson et al. (2014)91 avaliaram o consumo de mingau, contendo 40 gramas de farelo de aveia e 400mL (no máximo), de leite desnatado, por 79 adultos hipercolesterolêmicos pelo período de 90 dias e não observaram qualquer redução em pressão arterial e massa corporal. Estudos têm avaliado se resultados de intervenções dietéticas dependem da frequência de atendimentos, do tipo de atendimento - individual ou em grupo, ou de ambos80,151. Alvarez e Zanella (2009)151 compararam os efeitos de dois protocolos de um programa de intervenção nutricional sobre o risco cardiovascular em 63 pacientes adultos, hipertensos, com excesso de peso, em uso de medicamentos, acompanhados no Ambulatório de Hipertensão e Metabologia Cardiovascular da Universidade Federal de São Paulo. Os participantes foram divididos em dois grupos, de acordo com a freqüência das visitas; a cada cinco semanas ou a cada duas semanas, durante 20 semanas. Os dois grupos foram submetidos a programa de intervenção nutricional que abordou conceitos de alimentação saudável. Ao término do estudo os autores observaram redução no índice de massa corporal, perímetro de cintura, pressão arterial sistólica e colesterol total nos dois grupos e concluíram que a intervenção nutricional educativa de curto prazo se mostrou eficaz para redução dos parâmetros avaliados mesmo com frequência mensal de atendimentos. Tais achados corroboram os resultados do presente estudo, no qual foi observada redução significativa da maioria dos parâmetros avaliados independente da inclusão do farelo de aveia, possibilitando atribuir tais resultados ao aconselhamento nutricional, que foi praticado com frequência mensal de atendimentos. Optou-se pela frequência mensal de consultas, supondo que esta periodicidade proporcionasse maior proximidade com o paciente, gerando maior vínculo entre este e o profissional de saúde assistente e, por consequência, maior adesão ao acompanhamento e à intervenção proposta. Acerca da adesão ao período de tratamento 72 proposto, obteve-se sucesso na estratégia desenhada, uma vez que o percentual de desistência foi praticamente zero, visto que apenas um indivíduo de cada grupo desistiu do tratamento. Jenkins et al. (2011)80 avaliaram 267 indivíduos dislipidêmicos adultos, com sobrepeso, randomizados em três diferentes tratamentos nutricionais por seis meses: “grupo controle” – dieta baseada na restrição do consumo de gordura saturada, com duas consultas nos seis meses; “aconselhamento nutricional de rotina” – dieta contemplando o consumo diário de um grupo específico de alimentos, também com duas consultas nos seis meses; “aconselhamento nutricional intensivo” – dieta contemplando o consumo diário de um grupo específico de alimentos, porém com sete consultas nos seis meses. Alguns alimentos contidos nos planos alimentares dos dois últimos grupos objetivavam atingir o consumo diário de: 0,94g de esterois vegetais/1000kcal por meio de margarina enriquecida, 9,8g de fibras alimentares viscosas provenientes de aveia, cevada e psyllium, 22,5g de proteína de soja/1000kcal, por meio de bebida à base de soja, tofu e proteína isolada de soja, 22,5g de oleaginosas/1000kcal, além do incentivo para o consumo de ervilhas, lentilhas e feijão. Os autores observaram reduções significativas nas concentrações séricas de LDL-c nos grupos “aconselhamento nutricional intensivo” e “aconselhamento nutricional de rotina”, não significativas entre ambos, porém significativas quando comparadas ao “grupo controle”, sendo: -13,8% (-26mg/dL), -13,1% (-24mg/dL) e -3% (-8mg/dL), respectivamente. Não foi observada redução significativa de pressão arterial e massa corporal nos três grupos. Os achados sinalizam para a importância da inclusão de alimentos estratégicos no tratamento nutricional para redução do colesterol. Contudo, quanto à frequência de consultas, não foram observadas diferenças entre o acompanhamento mensal ou trimestral. Os achados de Jenkins et al. (2011)80 enfatizam a importância em lançar mão de alimentos específicos com propriedades hipocolesterolemiantes em ação sinérgica, ou seja, sinalizando para a necessidade de consumo de vários alimentos saudáveis ao longo do dia, e não somente um 73 isoladamente. Embora no presente estudo tenham sido investigados os possíveis efeitos hipocolesterolemiantes do farelo de aveia, os participantes dos dois grupos, tais como os de Jenkins et al.80 , também foram incentivados a consumir alimentos saudáveis e, em ambos os grupos, GFAV e GPL, foram observados resultados significativos nos parâmetros observados. Considerando que a alimentação inadequada é um dos fatores de risco modificáveis para DCV, a qualidade da dieta tem sido intensamente avaliada nos últimos anos. Godoy et al. (2006)152 avaliaram, em estudo transversal, a qualidade da dieta de 437 adolescentes e observaram apenas 4% em dieta saudável, 68% em dieta necessitando de melhora e 28% em dieta inadequada. Morimoto et al. (2008)153 avaliaram, por meio de estudo transversal, a qualidade da dieta de 1840 adultos e observaram que 40% apresentavam excesso de peso, contrastando com apenas 4% com dieta saudável, 75% dieta necessitando de melhora e 21% em dieta inadequada. Nicklas et al. (2014)154 avaliaram a presença e a qualidade dos lanches entre as principais refeições e associações com fatores de risco cardiovascular de 18.988 adultos. Concluiram que indivíduos que consumiam lanches saudáveis apresentavam melhor qualidade da dieta. Os autores consideraram também que a presença de lanches saudáveis na alimentação diária pode estar inversamente associada com a obesidade, sobretudo a obesidade abdominal. Destaca-se que tais estudos não propuseram intervenção nutricional a fim de melhorar o padrão alimentar da amostra estudada. No presente estudo, em decorrência do aconselhamento nutricional praticado, a maioria dos participantes que no início apresentaram IQD-R inferior a 80 pontos, evoluíram para uma média superior a 88 pontos ao final dos 90 dias de intervenção. Estes resultados, somados à diminuição no consumo de alimentos processados (Tabela 6), sugerem o aconselhamento nutricional como estratégia eficaz para a melhora do padrão alimentar. 74 9. LIMITAÇÕES DO ESTUDO O curto período de intervenção, de 90 dias, impossibilitou a observação sobre a continuidade ou não dos resultados obtidos com o consumo de farelo de aveia. O número pequeno de participantes impossibilitou inferências seguras sobre os resultados observados. O uso concomitante de medicamentos pode ter interferido nos resultados decorrentes do consumo de farelo de aveia. 75 10. CONCLUSÃO Os resultados observados no desfecho principal, redução da LDL-c, bem como nos parâmetros antropométricos, decorrentes do aconselhamento nutricional associado à ingestão de farelo de aveia, não evidenciaram efeito aditivo deste alimento para os indivíduos hipercolesterolêmicos em prevenção secundária de eventos cardiovasculares do presente estudo. Os resultados observados em glicemia de jejum, HOMA-IR e QUICKI, decorrentes do aconselhamento nutricional associado à ingestão de farelo de aveia, apresentaram resultados significativos tanto dentro do grupo GFAV como na comparação entre os grupos, sugerindo que o farelo de aveia tenha efeito positivo na redução da glicemia, insulinemia e HOMA-IR, bem como no aumento de QUICKI. Acerca da avaliação da qualidade da dieta, a maioria dos participantes apresentou aumento na pontuação atribuída ao recordatório de 24 horas no início do estudo, possibilitando supor que houve melhora no padrão alimentar. Quanto ao consumo de alimentos processados, embora os participantes já apresentassem baixo consumo no início do estudo, este reduziu significativamente ao final do estudo. Estes achados sugerem que o aconselhamento nutricional melhorou o padrão alimentar dos indivíduos acompanhados. 76 11. REFERÊNCIAS 1. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Prevention of cardiovascular disease: guidelines for assessment and management of total cardiovascular risk, 2007. Disponível em: <http://whqlibdoc.who.int/publications/2007/9789241547178_eng.pdf?ua=1>. Acesso em: 14 abr. 2014. 2. MALTA, D. C.; SILVA JÚNIOR, J. B. 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Serão avaliados peso corporal, circunferência da cintura e de pescoço, consumo alimentar diário e as quantidades de açúcar e gordura no sangue antes e depois do período do estudo. O estudo será composto por dois grupos, sendo que um receberá farelo de aveia e o outro receberá placebo (substância da qual não se espera nenhuma alteração no que será analisado em você). O estudo será do tipo duplo-cego, ou seja, nem você saberá se está ingerindo farelo de aveia ou placebo, nem a pesquisadora que estará em contato com você saberá o que lhe estará entregando. Somente uma terceira pesquisadora saberá a qual grupo você pertencerá A coleta destes dados não implicará em nenhum risco ou prejuízo à sua saúde e será feita por profissionais treinados e qualificados. Para os exames laboratoriais serão feitas 04 (quatro) coletas de sangue (a mesma coleta que você já está habituado a fazer periodicamente por solicitação de seu médico), sendo a primeira quando você entrar no estudo e as outras 03 (três), a cada quatro semanas. Você será orientado a fazer 12 horas de jejum antes de cada coleta de sangue (não ingerir alimentos ou bebidas, exceto água, por 12 horas), que poderá resultar em desconforto. A coleta de sangue poderá provocar hematoma e dor, sendo esta reação individualizada, ou seja, algumas pessoas apresentam hematoma na região em que o sangue é coletado e outras não. Poderá ocorrer desrregulação da função intestinal (diarréia, formação de gases intestinais ou obstipação). Porém, você será orientado a ingerir o suplemento alimentar no horário adequado, com a ingestão de água e outros alimentos de forma balanceada, para que seu intestino funcione de forma saudável. Por outro lado terá o benefício de receber tratamento nutricional individualizado associado à suplementação com aveia (ou com o preparado matinal placebo, caso você seja alocado neste grupo), considerado um alimento que apresenta, além do seu valor nutricional, benefícios para saúde sem apresentar risco a saúde. Será assegurado a você o direito de recusar-se a responder as perguntas que ocasionem constrangimento de qualquer natureza. Será assegurada sua liberdade de desistência em qualquer momento que você assim desejar, ficando garantida a continuidade de seu atendimento, assim como a manutenção do sigilo das informações obtidas. Seus resultados serão tratados de forma confidencial e seus dados não serão divulgados de forma isolada em nenhuma publicação do estudo. Os resultados deste estudo serão publicados independente do que seja observado no final do mesmo. Os riscos desta pesquisa são praticamente inexistentes e os benefícios incluem o conhecimento dos benefícios da aveia na saúde. Pela sua participação nesta pesquisa você não receberá qualquer valor em dinheiro, sendo-lhe garantido acesso a tratamento hospitalar quando necessário. Quaisquer dúvidas sobre a pesquisa poderão ser sanadas com a pesquisadora responsável, nutricionista Simone Raimondi de Souza, telefones: 2227-3483, 7923-5440 e 9421-2381, ou com a coordenadora da pesquisa, Profª. Drª. Glorimar Rosa – Instituto de Nutrição Josué de Castro/Universidade Federal do Rio de Janeiro, R. Prof. Rodolpho P. 94 Rocco, s/nº, Centro de Ciências da Saúde – Bloco J – 2º andar, sala 26, Ilha do Fundão – Rio de Janeiro – RJ – Brasil CEP: 21.941-590, telefone: (21) 2562-6596, e-mails: [email protected] e [email protected], respectivamente. Caso haja alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro – Rio de Janeiro – RJ, Rua Davi Campista, nº 326, 9º andar, Humaitá – Rio de Janeiro – RJ – Brasil CEP: 22.261-010, telefone: (21)-2246-2718, e-mail: [email protected], horário de funcionamento: de 2ª a 6ª feira, das 8:00 às 16:00h. CONSENTIMENTO Acredito ter sido suficientemente informado (a) a respeito das informações sobre o estudo acima citado que li ou que foram lidas para mim. Eu discuti com a nutricionista Simone Raimondi de Souza sobre a minha decisão em participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia de acesso a tratamento hospitalar quando necessário. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, sem penalidades ou prejuízos e sem a perda de atendimento nesta Instituição ou de qualquer benefício que eu possa ter adquirido. Eu receberei uma cópia desse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e a outra ficará com a pesquisadora responsável por essa pesquisa. Além disso, estou ciente de que eu (ou meu representante legal) e a pesquisadora responsável deveremos rubricar todas as folhas desse TCLE. _____________________________ Nome do Sujeito da Pesquisa _____________________________ Assinatura do Sujeito da Pesquisa Data: _____/_____/_____ __________________________________ Nome do Pesquisador Responsável __________________________________ Assinatura do Pesquisador Responsável Data: _____/_____/_____ 95 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - FACULDADE DE MEDICINA INSTITUTO ESTADUAL DE CARDIOLOGIA ALOYSIO DE CASTRO EFEITO DO ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL ASSOCIADO À INGESTÃO DE FARELO DE AVEIA EM INDIVÍDUOS DISLIPIDÊMICOS ANEXO IV – Ficha de Avaliação Clínica 96 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - FACULDADE DE MEDICINA INSTITUTO ESTADUAL DE CARDIOLOGIA ALOYSIO DE CASTRO EFEITO DO ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL ASSOCIADO À INGESTÃO DE FARELO DE AVEIA EM INDIVÍDUOS DISLIPIDÊMICOS ANEXO V – Questionário de Frequência de Consumo Alimentar Frequência Produtos Arroz Feijão Macarrão Farinha de mandioca Pão Pão doce Biscoito doce Bolos Biscoito salgado Polenta ou angu Batata frita ou chips Batata Mandioca, aipim Milho verde Pipoca Inahme/ca rá Lentilha/ ervilha/grã o de bico Alface Couve Repolho Laranja, tangerina Banana Mamão ou Papaia Maçã Melancia/ melão Abacaxi Abacate Manga Limão Maracujá Uva Quantidade Colheres de sopa cheia ( ) Concha média ( ) Escum.cheia ou peg. ( ) Colher sopa ( ) Francês ( ) Unidades ( ) Unidades ( ) Fatias ( ) Pacote ( ) Pedaço ( ) Porção pequena ( ) Unidades ( ) Pedaço ( ) 1 espiga = 4 colh.sopa ( ) Sacos ( ) Pedaço ( ) Colher sopa ( ) Folhas ( ) Colher sopa cheia ( ) Colher sopa cheia ( ) Unidades ( ) Unidades ( ) Fatia/meio papaia ( ) Unidade ( ) Fatia ( ) Fatia ( ) ½ unidade ( ) Unidade ( ) (anote só a freqüência) Cacho médio ( ) Mais de 3 vezes por dia De 2 a 3 vezes por dia 1 vez por dia De 5 a 6 vezes por semana De 2 a 4 vezes por semana 1 vez por semana 1a3 vezes por mês Nunca Quase Nunca 97 Frequência Produtos Goiaba Pêra Chicória Tomate Chuchu Abóbora Abobrinha Pepino Vagem Quiabo Cebola Alho Pimentão Cenoura Beterraba Couve-flor Ovos Leite integral Leite desnatado Iogurte/co alhada Queijo Requeijão Manteiga ou margarina Vísceras: fígado, coração, bucho, etc. Carne de boi com osso/moco tó/rabo etc. Carne de boi sem osso Carne porco Frango Salsicha, lingüiça Peixe fresco Peixe enlat. (sardinha, atum) Hamburge r Pizza Camarão Bacon e toucinho Maionese Mais de 3 vezes por dia Quantidade Unidade ( ) Unidade ( ) Colher sopa cheia ( Unidade ( ) Colher sopa cheia ( Colher sopa cheia ( Colher sopa cheia ( Fatias ( ) Colher sopa cheia ( Colher sopa cheia ( (só a freqüência) (só a freqüência) Colher sopa cheia ( Colher sopa cheia ( Fatias ( ) Ramo ou flor ( ) Unidades ( ) ) ) ) ) ) ) ) ) Copo ( ) Copo ( ) Unidades ( ) Fatia média ( ) (só a freqüência) Pedaços ( ) Pedaços ( ) 1 bife médio ou 4 colh sopa de moída ou 2 pedaços assados ( ) Pedaços ( ) Pedaços ( ) Unidade ou gomo ( ) Filé ou posta ( ) Latas ( ) Unidade ( ) Pedaço ( ) Unidades ( ) Fatias ( ) Colher de chá ( ) De 2 a 3 vezes por dia 1 vez por dia De 5 a 6 vezes por semana De 2 a 4 vezes por semana 1 vez por semana 1a3 vezes por mês Nunca Quase Nunca 98 Frequência Produtos Salgados: kibe, pastel etc. Sorvete Açúcar Caramelos , balas Chocolate pó/Nescau Chocolate barra ou bombom Pudim/doc e de leite Refrigeran tes Café Sucos Mate Vinho Cerveja Outras bebidas alcoólicas Quantidade Mais de 3 vezes por dia Unidades ( ) Unidade ( ) Colher sobremesa ( ) Anote só a freqüência ( ) Colher sobremesa ( ) 1 pequeno (30g) ou 2 bombons ( ) Pedaço ( ) Copos ( ) Xícara ( ) Copo ( ) Copo ( ) Copo ( ) Copo ( ) Dose ( ) Fonte: SICHIERI e EVERHART, 1998. De 2 a 3 vezes por dia 1 vez por dia De 5 a 6 vezes por semana De 2 a 4 vezes por semana 1 vez por semana 1a3 vezes por mês Nunca Quase Nunca 99 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - FACULDADE DE MEDICINA INSTITUTO ESTADUAL DE CARDIOLOGIA ALOYSIO DE CASTRO EFEITO DO ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL ASSOCIADO À INGESTÃO DE FARELO DE AVEIA EM INDIVÍDUOS DISLIPIDÊMICOS ANEXO VI – Recordatório de 24 horas Nome: Data: Refeição Hora Local Alimentos ingeridos Quantidades (em medidas Observações caseiras) 100 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - FACULDADE DE MEDICINA INSTITUTO ESTADUAL DE CARDIOLOGIA ALOYSIO DE CASTRO EFEITO DO ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL ASSOCIADO À INGESTÃO DE FARELO DE AVEIA EM INDIVÍDUOS DISLIPIDÊMICOS ANEXO VII – Dez passos para uma alimentação saudável – Ministério da Saúde 1. Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia. Não pule as refeições. Fazendo todas as refeições, você evita que o estômago fique vazio por muito tempo, diminuindo o risco de ficar com muita fome e exagerar na quantidade quando for comer. Evite “beliscar” entre as refeições, isso vai ajudar você a controlar o peso. Aprecie a sua refeição, coma devagar, mastigando bem os alimentos. Saboreie refeições variadas dando preferência a alimentos saudáveis típicos da sua região e disponíveis na sua comunidade. O consumo frequente e em grande quantidade de sal, gordura, açúcar, doce, refrigerante, salgadinho e outros alimentos industrializados aumenta o risco de doenças como câncer, obesidade, hipertensão arterial, diabetes e doenças do coração. Escolha os alimentos mais saudáveis, lendo as informações e a composição nutricional nos rótulos dos alimentos. Siga as normas básicas de higiene na hora da compra, do preparo, da conservação e do consumo de alimentos. A higiene é essencial para redução dos riscos de doenças transmitidas pelos alimentos e pela água. 2. Inclua diariamente seis porções do grupo de cereais (arroz, milho) e tubérculos (batatas, cenoura, beterraba, mandioca/macaxeira/aipim) nas refeições. Dê preferência aos grãos integrais e aos alimentos na sua forma mais natural. Distribua esses alimentos nas principais refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar) e nos lanches entre elas. Estes alimentos são a principal fonte de energia da dieta. Nas refeições principais, preencha metade do seu prato com esses alimentos. Se utilizar biscoitos para os lanches, leia os rótulos: escolha os tipos e as marcas com menores quantidades de gordura total, gordura saturada, gordura trans e sódio. 3. Coma diariamente pelo menos três porções de legumes e verduras como parte das refeições e três a quatro porções de frutas, distribuídas ao longo do dia. Frutas, legumes e verduras são ricos em vitaminas, minerais e fibras e devem estar presentes diariamente nas refeições, pois contribuem para a proteção à saúde e diminuição do risco de ocorrência de várias doenças. Varie o tipo de frutas, legumes e verduras consumidos durante a semana. Compre os alimentos da estação e esteja atento para a qualidade e o estado de conservação deles. Para alcançar o número de porções recomendadas, é necessário que esses alimentos estejam presentes em todas as refeições e lanches do dia. De preferência a frutas, legumes e verduras crus. Procure combinar verduras e legumes de maneira que o prato fique colorido, garantindo assim diferentes nutrientes. 101 Evite sucos artificiais, em pó ou em caixinha e aqueles processados com muito açúcar, como os néctares de fruta. Evite refrigerantes e bebidas alcoólicas. 4. Coma feijão com arroz todos os dias ou, pelo menos, cinco vezes por semana. Esse prato brasileiro é uma combinação completa de proteínas, bom para a saúde. Misture uma parte de feijão para duas partes de arroz cozido. Varie os tipos de feijão usados (preto, da colônia, manteiguinha, carioquinha, verde, de corda, branco e outros) e as formas de preparo. Use também outros tipos de leguminosas. A soja, o grão-de-bico, a ervilha seca, a lentilha podem ser cozidos e usados também em saladas frias. A fava também é uma leguminosa de ótima qualidade nutricional. As sementes (de girassol, gergelim, abóbora e outras) e as castanhas (do Brasil, de caju, nozes, nozes-pecan, amendoim, amêndoas e outras) são fontes de proteínas e de gorduras de boa qualidade. 5. Consuma diariamente três porções de leite e derivados (desnatados) e uma porção de carnes, aves, peixes ou ovos. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação torna esses alimentos mais saudáveis! Leite e derivados são as principais fontes de cálcio na alimentação. Carnes, aves, peixes e ovos fazem parte de uma alimentação nutritiva e contribuem para a saúde e para o crescimento saudável. Todos são fontes de proteínas, vitaminas e minerais. Os adultos devem preferir leite e derivados com menores quantidades de gorduras (desnatados). Consuma mais peixe e frango e sempre prefira as carnes magras. Procure comer peixe fresco pelo menos duas vezes por semana, tanto os de água doce como salgada são saudáveis. 6. Consuma, no máximo, uma porção por dia de óleos vegetais, azeite, manteiga ou margarina. Fique atento aos rótulos dos alimentos e escolha aqueles com menores quantidades de gorduras trans. Reduza o consumo de alimentos gordurosos, como carnes com gordura aparente, queijos amarelos. Evite embutidos (salsicha, linguiça, salame, presunto, mortadela), frituras e salgadinhos, para, no máximo, uma vez por semana. Use pequenas quantidades de óleo vegetal quando cozinhar (canola e soja), sem exagerar nas quantidades. Uma lata de óleo por mês é suficiente para uma família de quatro pessoas. Use azeite de oliva para temperar saladas, sem exagerar na quantidade. Prepare os alimentos de forma a usar pouca quantidade de óleo, como assados, cozidos, ensopados e grelhados. 7. Evite refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas doces e outras guloseimas. Evite o consumo de refrigerantes e de sucos industrializados; a maioria dessas bebidas contém corantes, aromatizantes, açúcar ou edulcorantes (adoçantes artificiais), que não são bons para a saúde. 102 Prefira bolos, pães e biscoitos doces preparados em casa, com pouca quantidade de gordura e açúcar, sem cobertura ou recheio. 8. Diminua a quantidade de sal na comida e retire o saleiro da mesa. Evite consumir alimentos industrializados com muito sal (sódio) como hambúrguer, charque, salsicha, linguiça, presunto, salgadinhos, conservas de vegetais, sopas, molhos e temperos prontos. A quantidade de sal por dia deve ser, no máximo, uma colher de chá rasa, por pessoa, distribuída em todas as refeições. O consumo excessivo de sódio aumenta o risco de hipertensão arterial e doenças do coração e rins. Utilize somente sal iodado. Não use sal destinado ao consumo de animais, que é prejudicial à saúde humana. Utilize temperos como cheiro verde, alho, cebola e ervas frescas e secas ou suco de frutas, como limão, para temperar e valorizar o sabor natural dos alimentos. 9. Beba pelo menos dois litros (seis a oito copos) de água por dia. Dê preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições. A água é muito importante para o bom funcionamento do organismo das pessoas em todas as idades. O intestino funciona melhor, a boca se mantém úmida e o corpo hidratado. Use água tratada, fervida ou filtrada para beber e preparar refeições. Bebidas açucaradas como refrigerantes e sucos industrializados e bebidas com cafeína como café, chá preto e chá mate não devem substituir a água. 10. Torne sua vida mais saudável. Pratique pelo menos 30 minutos de atividade física todos os dias e evite as bebidas alcoólicas e o fumo. Mantenha o peso dentro de limites saudáveis. Além da alimentação saudável, a atividade física regular é importante para manter o peso saudável. Movimente-se! Descubra um tipo de atividade física agradável, o prazer é também fundamental para a saúde. Caminhe, dance, ande de bicicleta, jogue bola, brinque com crianças. Aproveite o espaço doméstico e espaços públicos próximos à sua casa para movimentar-se. Convide os vizinhos, amigos e familiares para acompanhá-lo. Incentive as crianças a realizarem brincadeiras mais ativas como aquelas que você fazia na sua infância e ao ar livre: pular corda, correr, pular amarelinha, esconde-esconde, pega-pega, andar de bicicleta e outras. Evitar o fumo e o consumo frequente de bebida alcoólica também ajuda a diminuir o risco de doenças graves, como câncer e cirrose, e pode contribuir para melhorar a qualidade de vida. Mantenha o seu peso dentro de limites saudáveis. 103 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - FACULDADE DE MEDICINA INSTITUTO ESTADUAL DE CARDIOLOGIA ALOYSIO DE CASTRO EFEITO DO ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL ASSOCIADO À INGESTÃO DE FARELO DE AVEIA EM INDIVÍDUOS DISLIPIDÊMICOS ANEXO VIII – Ficha de Avaliação Antropométrica e Bioquímica Nome: Estatura: Parâmetros Antropométricos Valor 0, em: Valor 1, em: Valor 2, em: Valor 3, em: MC (kg) IMC (kg/m2) PP (cm) PC (cm) PAS mmHg Parâmetros bioquímicos Valor 0, em: Valor 1, em: Valor 2, em: Valor 3, em: GLI (mg/dL) INS (µU/mL) CT (mg/dL) TG (mg/dL) HDL-c (mg/dL) LDL-c (mg/dL) MC - massa corporal, IMC - índice de massa corporal, PP - perímetro de pescoço, PC - perímetro de cintura, GLI - glicemia de jejum, INS - insulina de jejum, CT - colesterol total, TG - triglicerídeos; HDL-c: colesterol ligado à lipoproteina de alta densidade, LDL-c – colesterol ligado à lipoproteina de baixa densidade. 104 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - FACULDADE DE MEDICINA INSTITUTO ESTADUAL DE CARDIOLOGIA ALOYSIO DE CASTRO EFEITO DO ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL ASSOCIADO À INGESTÃO DE FARELO DE AVEIA EM INDIVÍDUOS DISLIPIDÊMICOS ANEXO IX – Orientação sobre o modo de preparo do alimento matinal fornecido Preparo em microondas: 1. Romper o lacre da tampa; 2. Despejar completamente o conteúdo em uma tigelinha de vidro ou cerâmica; 3. Com o potinho vazio, enchê-lo completamente com água filtrada; 4. Despejar a água sobre o preparado matinal; 5. Mexer bem; 6. Levar ao microondas por um minuto, na temperatura máxima; 7. Retirar do microondas, mexer e ingerir ainda morno, como seu PRIMEIRO ALIMENTO DO DIA. Preparo em fogão convencional: 1. Romper o lacre da tampa; 2. Despejar completamente o conteúdo em uma panela pequena, de preferência, com antiaderente; 3. Com o potinho vazio, enchê-lo completamente com água filtrada; 4. Despejar a água sobre o preparado matinal; 5. Mexer bem; 6. Levar ao fogo brando, mexendo, até levantar fervura; 7. Retirar do fogo, mexer e ingerir ainda morno, como seu PRIMEIRO ALIMENTO DO DIA. 105 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - FACULDADE DE MEDICINA INSTITUTO ESTADUAL DE CARDIOLOGIA ALOYSIO DE CASTRO EFEITO DO ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL ASSOCIADO À INGESTÃO DE FARELO DE AVEIA EM INDIVÍDUOS DISLIPIDÊMICOS ANEXO X – Detalhamento dos fármacos utilizados pelos participantes do estudo, de acordo com a classe terapêutica GFAV GPL Hipolipemiantes Ácido nicotínico (n) 0 1 Ciprofibrato (n) 1 1 Atorvastatina 20mg (n) 1 0 Rosuvastatina 20mg (n) 2 0 Sinvastatina 20mg (n) 5 14 Sinvastatina 40mg (n) 4 5 Sinvastatina 20mg + ciprofibrato (n) 2 0 Sinvastatina 40mg + ciprofibrato (n) 1 0 Sinvastatina 80mg + ezetimiba (n) 0 1 Antihipertensivos 1 Hemifumarato de alisquireno (n) 1 0 2 Atenolol (n) 22 29 2 Cloridrado de propranolol (n) 2 4 3 Besilato de anlodipina (n) 14 11 4 Cloridrato de diltiazen (n) 1 1 5 Captopril (n) 5 3 5 Maleato de enalapril (n) 15 9 2 Carvedilol (n) 10 6 2 Succinato de metoprolol (n) 2 1 3 Nifedipino (n) 3 4 6 Cloridrato de clonidina (n) 4 3 7 Espironolactona (n) 5 5 8 Cloridrato de hidralazina (n) 5 6 9 Clortalidona (n) 2 1 10 Clortalidona + clor. amilorida (n) 1 0 11 Furosemida (n) 12 9 9 Hidroclorotiazida (n) 14 22 10 HCTZ + clor. amilorida (n) 0 2 12 Indapamida (n) 0 2 6 Alfa metildopa (n) 1 1 13 Valsartana (n) 0 1 13 Candesartana (n) 1 0 13 Losartana potássica (n) 22 25 106 Esquema terapêutico de antihipertensivos Monoterapia (n) Em uso de dois fármacos (n) Em uso de três fármacos (n) Em uso de quatro fármacos (n) Em uso de cinco fármacos (n) Em uso de seis fármacos (n) Em uso de sete fármacos (n) Em uso de nove fármacos (n) Antiarrítmicos Cloridrato de amiodarona (n) Verapamil (n) Digoxina (n) Amiodarona + digoxina (n) Antidiabéticos 16 Glibenclamida + metformina (n) 14 Gliclazida (n) 16 Gliclazida + metformina (n) 16 Glimepirida + metformina (n) 15 Metformina (n) 17 Vindagliptina + glibenclamida (n) Glibenclamida + metformina + Insulina NPH + Regular (n) Vasodilatadores coronarianos e venosos / antiisquêmicos Isossorbida (n) Propatilnitrato (n) Trimetazidina (n) Isossorbida + trimetazidina (n) Propatilnitrato + trimetazidina (n) Antiagregante plaquetário (n) Levotiroxina sódica (n) Inibidores de bomba de H+ Omeprazol (n) Ranitidina (n) 10 18 13 7 2 1 2 0 12 10 18 9 3 0 0 1 0 0 3 1 3 1 2 0 3 1 0 0 7 1 2 0 2 2 3 0 1 0 6 1 0 0 1 26 4 8 4 1 1 0 26 4 9 4 7 4 GFAV = grupo farelo de aveia; GPL = grupo placebo; 1 = inibidor de renina; 2 = betabloqueador; 3 = bloqueador do canal de cálcio; 4 = antianginosos e vasodilatadores; 5 = inibidores de enzima de conversão de angiotensina; 6 = ação central (SNC); 7 = diurético polpador de potássio; 8 = vasodilatador direto; 9 = diurético tiazídico; 10 = associação entre diurético tiazídico e poupador de potássio; 11 = diurético de alça de Henle; 12 = diurético não tiazídico; 13 = antagonista de angiotensina II; 14 = sulfoniluréias; 15 = biguanidas; 16 = associação de sulfoniluréias e biguanidas; 17 = associação de inibidor da dipeptidil peptidase 4 com sulfoniluréia. 107 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - FACULDADE DE MEDICINA INSTITUTO ESTADUAL DE CARDIOLOGIA ALOYSIO DE CASTRO EFEITO DO ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL ASSOCIADO À INGESTÃO DE FARELO DE AVEIA EM INDIVÍDUOS DISLIPIDÊMICOS ANEXO XI – Análise de pressão arterial, dados antropométricos e bioquímicos, estratificada por: ausência de uso de hipolipemiantes, ausência de hipoglicemiantes e hipolipemiantes, participantes em uso de hipoglicemiantes, participantes em uso de hipolipemiantes. Dados antropométricos e de pressão arterial dos participantes que não faziam uso hipolipemiantes, ao longo do estudo t0 t30 t60 t90 Δt90-t0 Média DP Média DP Média DP Média DP MC (kg) GFAV 80,6 20,4 79* 19,8 78,6* 19,8 78,2* 19,8 -2,4 GPL 77,8 15,9 76,2* 14,9 75,6* 14,9 75,1* 15,1 -2,7 2 IMC (kg/m ) GFAV 30,3 6,1 29,8* 5,9 29,6* 5,9 29,4* 5,8 -0,9 GPL 29,8 5,3 29,2* 5 28,9* 5 28,8* 5,1 -1 PC (cm) GFAV 98,4 13,9 94,5* 18,4 95* 13,5 93,9* 13,3 -4,5 GPL 97,2 14,3 94,4* 13,2 93,3* 13,3 92,4* 13,4 -4,8 PP (cm) GFAV 37,9 4,1 37,3* 3,9 37,2* 3,9 36,9* 3,8 -1 GPL 37,8 4,4 36,8* 4,2 36,7* 4,2 36,5* 4,1 -1,3 PAS (mmHg) GFAV 122 13,5 115,2* 11,9 113,8* 12,4 112,6* 13,1 -9,4 GPL 121,9 13,3 114,6* 12,6 113,3* 12,9 109,8* 12,3 -12,1 PAD (mmHg) GFAV 81,6 9,1 77,2* 8,3 75,8* 7,6 75,8* 7,6 -5,8 GPL 81,9 8,8 77,2* 7,7 76,3* 7,9 73,9* 6,9 -8 GFAV - grupo farelo de aveia, n=50; GPL - grupo placebo, n=43; t0 - início do estudo; t30 - primeira consulta; t60 - segunda consulta; t90 - terceira consulta - fim do estudo; Δt90-t0 – diferença entre os resultados de t90 e t0; MC - massa corporal; IMC - índice de massa corporal; PC - perímetro de cintura; PP - perímetro de pescoço; PAS - pressão arterial sistólica; PAD - pressão arterial diastólica; Resultados expressos como Média e Desvio Padrão; * Redução estatisticamente significativa dentro de cada grupo em relação a t0 (p < 0,05), pelo teste t pareado; # Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) na comparação das reduções obtidas entre os grupos, pelo teste t de Student. 108 Dados antropométricos e de pressão arterial dos participantes que não faziam uso de hipoglicemiantes e/ou hipolipemiantes, ao longo do estudo t0 t30 t60 t90 Δt90-t0 Média DP Média DP Média DP Média DP MC (kg) GFAV 79,36 20,21 77,9* 19,8 77,43* 19,74 77,05* 19,67 -2,31 GPL 76,97 15,94 75,53* 14,96 74,74* 14,73 74,37* 15,02 -2,6 2 IMC (kg/m ) GFAV 29,83 6,03 29,3* 5,96 29,13* 5,95 28,96* 5,85 -0,87 GPL 29,25 5,18 28,66* 4,88 28,4* 4,79 28,26* 4,91 -0,99 PC (cm) GFAV 97,33 13,33 93,24* 18,73 94,14* 13,33 93,05* 12,98 -4,38 GPL 96,47 14,06 93,87* 13,01 92,66* 13,05 91,79* 13,31 -4,68 PP (cm) GFAV 37,62 4,16 37* 3,89 36,93* 3,98 36,67* 3,8 -0,96 GPL 37,63 4,06 36,68* 3,91 36,58* 3,9 36,34* 3,86 -1,29 PAS (mmHg) GFAV 120,2 11,58 113,8* 10,3 113,1* 11,79 111,4* 11,39 -8,80 GPL 122,1 13,98 113,7* 10,8 112,4* 11,01 108,4* 9,16 -13,70 PAD (mmHg) GFAV 80,7 8,08 76,2* 7,95 75,5* 6,7 75,2* 7,07 -5,50 GPL 82,1 9,05 76,8* 7,02 75,5* 7,24 72,9* 5,15 -9,20 GFAV - grupo farelo de aveia, n=42; GPL - grupo placebo, n=38; t0 - início do estudo; t30 - primeira consulta; t60 - segunda consulta; t90 - terceira consulta - fim do estudo; Δt90-t0 – diferença entre os resultados de t90 e t0; MC - massa corporal; IMC - índice de massa corporal; PC - perímetro de cintura; PP - perímetro de pescoço; PAS - pressão arterial sistólica; PAD - pressão arterial diastólica; Resultados expressos como Média e Desvio Padrão; * Redução estatisticamente significativa dentro de cada grupo em relação a t0 (p < 0,05), pelo teste t pareado; # Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) na comparação das reduções obtidas entre os grupos, pelo teste t de Student. Dados antropométricos e de pressão arterial dos participantes em uso de hipoglicemiantes, ao longo do estudo t0 t30 t60 t90 Média DP Média DP Média DP Média DP MC (kg) GFAV 85,69 17,19 83,62* 16,43 83,15* 16,43 82,85* 16,6 GPL 84,89 14 82,56* 13,27 82,22* 13,08 81,78* 12,33 IMC (kg/m2) GFAV 32,50 4,87 31,73* 4,65 31,50* 4,46 31,37* 4,50 GPL 34,71 5,49 33,83* 5,07 33,65* 4,84 33,45* 4,54 PC (cm) GFAV 104,8 13,31 102,3* 12,79 100,6* 11,88 99,92* 12,25 GPL 103,8 13,45 100,7* 12,6 99,33* 12,43 98,89* 12,21 PP (cm) GFAV 40,3 3,57 39,2* 3,37 39,1* 3,4 38,8* 3,56 GPL 39,2 4,92 38,1* 4,57 37,8* 4,68 37,4* 4,67 PAS (mmHg) GFAV 130,8 18,01 122,3* 11,66 117,7* 13,01 118,5 15,19 GPL 124,4 14,24 117,8 18,56 116,7 18,03 120 18,71 PAD (mmHg) GFAV 86,2 11,93 82,3 8,32 77,7* 10,13 79,2 8,62 GPL 82,2 8,33 78,9 10,54 78,9 9,28 80 10 Δt90-t0 -2,84 -3,11 -1,13 -1,26 -4,88 -4,91 -1,50 -1,80 -12,3 -4,4 -7 -2,2 GFAV - grupo farelo de aveia, n=13; GPL - grupo placebo, n=09; t0 - início do estudo; t30 - primeira consulta; t60 - segunda consulta; t90 - terceira consulta - fim do estudo; Δt90-t0 – diferença entre os resultados de t90 e t0; MC - massa corporal; IMC - índice de massa corporal; PC - perímetro de cintura; PP - perímetro de pescoço; PAS - pressão arterial sistólica; PAD - pressão arterial diastólica; Resultados expressos como Média e Desvio Padrão; * Redução estatisticamente significativa dentro de cada grupo em relação a t0 (p < 0,05), pelo teste t pareado; # Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) na comparação das reduções obtidas entre os grupos, pelo teste t de Student. 109 Dados antropométricos e de pressão arterial dos participantes em uso de hipolipemiantes, ao longo do estudo t0 t30 t60 t90 Média DP Média DP Média DP Média DP MC (kg) GFAV 76,6 12,92 74,4* 11,97 74,06* 12,4 73,69* 12,59 GPL 78,4 17,58 76,5* 16,24 75,4* 15,87 75* 15,3 2 IMC (kg/m ) GFAV 28,43 4,27 27,67* 3,75 27,48* 3,61 27,35* 3,58 GPL 30,78 5,14 30,07* 4,68 29,65* 4,51 29,48* 4,38 PC (cm) GFAV 97,88 12,21 95,94* 11,74 94,81* 12,35 93,94* 11,96 GPL 99,05 13,05 95,64* 11,88 93,82* 11,29 93,36* 11,18 PP (cm) GFAV 38,88 3,91 38,13* 3,69 38,13* 4,03 37,88* 3,9 GPL 37,14 4,12 36,5* 3,46 36,2* 3,28 35,9* 3,26 PAS (mmHg) GFAV 126,9 22,72 118,1* 15,15 113,1* 8,73 110,6* 8,54 GPL 124,1 14,03 116,8* 8,94 114,1* 7,96 112,7* 8,83 PAD (mmHg) GFAV 81,9 13,28 78,8 8,85 74,4* 6,29 75 6,33 GPL 82,7 9,35 78,2* 7,33 75,9* 5,9 76,4* 5,81 Δt90-t0 -2,91 -3,4 -1,08 -1,3 -3,94 -5,69 -1 -1,24 -16,3 -11,4 -6,9 -6,3 GFAV - grupo farelo de aveia, n=16; GPL - grupo placebo, n=22; t0 - início do estudo; t30 - primeira consulta; t60 - segunda consulta; t90 - terceira consulta - fim do estudo; Δt90-t0 – diferença entre os resultados de t90 e t0; MC - massa corporal; IMC - índice de massa corporal; PC - perímetro de cintura; PP - perímetro de pescoço; PAS - pressão arterial sistólica; PAD - pressão arterial diastólica; Resultados expressos como Média e Desvio Padrão; * Redução estatisticamente significativa dentro de cada grupo em relação a t0 (p < 0,05), pelo teste t pareado; # Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) na comparação das reduções obtidas entre os grupos, pelo teste t de Student. 110 Dados bioquímicos longo do estudo t0 Média CT (mg/dL) GFAV 240,6 GPL 233,1 LDL-c (mg/dL) GFAV 159,9 GPL 154,9 HDL-c (mg/dL) GFAV 49,7 GPL 49,1 Não HDL (mg/dL) GFAV 190,9 GPL 183,9 TG (mg/dL) GFAV 155,2 GPL 145,6 GLI (mg/dL) GFAV 113,3 GPL 100,9 INS (µU/dL) GFAV 9,62 GPL 8,23 HOMA-IR GFAV 2,79 GPL 2,04 QUICKI GFAV 0,349 GPL 0,356 dos participantes que não faziam uso de hipolipemiantes, ao DP Média 34,3 25,3 t30 DP Média 207,6*# 212,9* 31,3 35,1 28,6 18,9 134,9* 138,7* 12,6 12,4 t60 t90 DP Δt90-t0 DP Média 222,8* 217,3* 39,8 32,9 223,8* 219,9* 35,7 35,6 -16,8 -13,2 25,6 29,6 145* 141,4* 34,7 28,9 146* 141* 30,4 26,3 -13,9 -13,9 46,2* 46,2* 10,9 12,3 48,2 47 11,4 10,8 49,2 47,9 12,7 10,7 -0,5 -1,2 36 24,7 161,4*# 166,8* 31,1 34 174,6* 170,2* 40,9 32,3 174,6* 171,9* 35,1 34,2 -16,3 -12 69,8 58,2 132,3*# 142,3 54,9 63,1 147,6 144,2 71,1 66,1 142,9# 154,6 54,3 76 -12,3 9 56 36,4 108,9 103,3 48 49,5 106,2* 101,3 38,3 43,7 108,3 100,3 47,2 36,2 -5 -0,6 6,48 5,45 7,54*# 8 5,44 4,62 9,42 7,7 11,05 4,3 7,38*# 7,81 5,71 3,9 -2,24 -0,42 2,66 1,45 2,18*# 1,96 2,59 1,13 2,9 1,91 5,43 3,32 2,11*# 1,93 2,49 1,15 -0,68 -0,11 0,04 0,03 0,361*# 0,356 0,04 0,03 0,358* 0,359 0,05 0,03 0,368*# 0,357 0,05 0,03 0,019 0,001 GFAV - grupo farelo de aveia, n=50; GPL - grupo placebo, n=43; t0 - início do estudo; t30 - primeira consulta; t60 - segunda consulta; t90 - terceira consulta - fim do estudo; Δt90-t0 – diferença entre os resultados de t90 e t0; CT - colesterol total; LDL-c - colesterol ligado à lipoproteína de baixa densidade; HDL-c - colesterol ligado à lipoproteína de alta densidade; Não HDL - somatório de lipoproteínas exceto HDL-c; TG - triglicerídeo; GLI glicemia de jejum; INS - insulina de jejum; HOMA-IR - modelo de avaliação da homeostase – resistência à insulina; QUICKI - índice de verificação quantitativa da sensibilidade à insulina; Resultados expressos como Média e Desvio Padrão; * Redução estatisticamente significativa dentro de cada grupo em relação a t0 (p < 0,05), pelo teste t pareado; # Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) na comparação das reduções obtidas entre os grupos, pelo teste t de Student. 111 Dados bioquímicos dos participantes que hipolipemiantes, ao longo do estudo t0 t30 Média DP Média DP CT (mg/dL) GFAV 240,8 35 206*# 32,2 GPL 230,5 24,5 210,6* 36,47 LDL-c (mg/dL) GFAV 160,3 28,2 133,3* 25,5 GPL 153,7 18,43 137,3* 30,37 HDL-c (mg/dL) GFAV 50,3 13 46,8*# 11,5 GPL 48,9 13,01 46,1* 12,82 Não HDL (mg/dL) GFAV 190,5 36,7 159,2*# 31,9 GPL 181,6 23,95 164,5* 35,41 TG (mg/dL) GFAV 151,2 67,2 129,2* 54,6 GPL 140,2 55,95 138,1 62,09 GLI (mg/dL) GFAV 98,6 19,1 97,7 26,3 GPL 93,7 14,45 93 13,12 INS (µU/dL) GFAV 9,4 6,7 7,3* 5,5 GPL 8,2 5,46 7,8 4,24 HOMA-IR GFAV 2,37 2.29 1.97* 2.64 GPL 1,93 1,41 1,82 1,02 QUICKI GFAV 0,355 0,04 0,367*# 0,04 GPL 0,358 0,03 0,359 0,03 não faziam uso de hipoglicemiantes ou Média t60 t90 DP Δt90-t0 DP Média 221,6* 215,2* 42,4 33,34 223,9* 216,7* 36,3 36,46 -16,9 -13,8 144,2* 140,8* 36,8 27,94 146,5* 139,6* 30,5 27,24 -13,8 -14,1 49,2 47 11,9 11,06 49,6 47,4 13,1 10,95 -0,70 -1,50 172,4* 168,16* 43,6 32,98 174,3* 169,3* 35,6 35,46 -16,2 -12,3 140,3 136,8 58,4 59,38 138,8 148,5 53,4 72,61 -12,4 8,3 97,3 92,4 21,7 14,27 99,7 93,2 32 15,52 1,1 -0,5 8,8 7,3 10,6 3,68 6,9* 7,7 4,9 3,81 -2,5 -0,5 2.56 1,69 5.51 1,14 1.86* 1,83 2.42 1,13 -0,51 -0,10 0,365* 0,363 0,04 0,03 0,374*# 0,360 0,05 0,03 0,019 0,002 GFAV - grupo farelo de aveia, n=42; GPL - grupo placebo, n=38; t0 - início do estudo; t30 - primeira consulta; t60 - segunda consulta; t90 - terceira consulta - fim do estudo; Δt90-t0 – diferença entre os resultados de t90 e t0; CT - colesterol total; LDL-c - colesterol ligado à lipoproteína de baixa densidade; HDL-c - colesterol ligado à lipoproteína de alta densidade; Não HDL - somatório de lipoproteínas exceto HDL-c; TG - triglicerídeo; GLI glicemia de jejum; INS - insulina de jejum; HOMA-IR - modelo de avaliação da homeostase – resistência à insulina; QUICKI - índice de verificação quantitativa da sensibilidade à insulina; Resultados expressos como Média e Desvio Padrão; * Redução estatisticamente significativa dentro de cada grupo em relação a t0 (p < 0,05), pelo teste t pareado; # Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) na comparação das reduções obtidas entre os grupos, pelo teste t de Student. 112 Dados bioquímicos dos participantes em uso de hipoglicemiantes, ao longo do estudo t0 t30 t60 t90 Δt90-t0 Média DP Média DP Média DP Média DP CT (mg/dL) GFAV 246,2 34,96 223,2* 31,59 220,9 42,59 219,1 36,46 -27,1 GPL 245,4 22,68 220* 35,93 215,4* 45,76 229,8 29,56 -15,6 LDL-c (mg/dL) GFAV 163,4 32,28 143,1* 36,08 142,5 35,89 139,3 36,68 -24,1 GPL 157,9 18,59 138* 31,32 134,4 44,93 142,3 26,37 -15,6 HDL-c (mg/dL) GFAV 43,2 9,49 40,1* 7,44 41,1 6,73 42,4 11,34 -0,8 GPL 48,8 6,24 44,6* 7,18 47,1 7,99 49,7 8 0,9 Não HDL (mg/dL) GFAV 203 36,9 183,2* 31,86 179,9 39,37 176,7 34,72 -26,3 GPL 196,7 23,69 175,4* 36,53 168,3* 48,11 180,1 28,77 -16,6 TG (mg/dL) GFAV 211,9 126,5 166,5 69,06 186,3 98,37 207,6 134,8 -4,3 GPL 194,7 74,24 187,1 77,7 193,1 120,87 188,7 70,95 -6 GLI (mg/dL) GFAV 169,1 89,29 151 69,8 139,4*# 74,74 139,2*# 66,19 -29,9 GPL 138,7 66,36 153,1 94,66 143,6 83,36 134,8 65,61 -3,9 INS (µU/dL) GFAV 9,46 4,89 9,15 6,04 10,54 10,78 9,54 7,09 0,08 GPL 9,33 5,15 11 7,12 10,22 5,76 9,11 4,23 -0,22 HOMA-IR GFAV 3,99 3,01 3,16 2,16 3,71 4,02 3,05 2,11 -0,94 GPL 2,96 1,67 3,46 1,92 3,15 1,37 2,74 1,02 -0,22 QUICKI GFAV 0,325 0,03 0,335 0,03 0,333 0,03 0,336 0,03 0,01 GPL 0,335 0,03 0,325 0,02 0,329 0,03 0,333 0,02 -0,002 GFAV - grupo farelo de aveia, n=13; GPL - grupo placebo, n=09; t0 - início do estudo; t30 - primeira consulta; t60 - segunda consulta; t90 - terceira consulta - fim do estudo; Δt90-t0 – diferença entre os resultados de t90 e t0; CT - colesterol total; LDL-c - colesterol ligado à lipoproteína de baixa densidade; HDL-c - colesterol ligado à lipoproteína de alta densidade; Não HDL - somatório de lipoproteínas exceto HDL-c; TG - triglicerídeo; GLI glicemia de jejum; INS - insulina de jejum; HOMA-IR - modelo de avaliação da homeostase – resistência à insulina; QUICKI - índice de verificação quantitativa da sensibilidade à insulina; Resultados expressos como Média e Desvio Padrão; * Redução estatisticamente significativa dentro de cada grupo em relação a t0 (p < 0,05), pelo teste t pareado; # Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) na comparação das reduções obtidas entre os grupos, pelo teste t de Student. 113 Dados bioquímicos dos participantes em uso de hipolipemiantes, ao longo do estudo t0 t30 t60 t90 Δt90-t0 Média DP Média DP Média DP Média DP CT (mg/dL) GFAV 274,9 75,67 256,9 145,95 258,3 128,08 256,8 99,9 -18,1 GPL 239,9 33,31 193,6* 38,5 200,5* 45,06 210,2* 41,42 -29,7 LDL-c (mg/dL) GFAV 174,1 54,6 139,4* 68,31 144,5* 75,11 162,4 90,12 -11,7 GPL 158,6 27,94 119,4* 36,32 125,4* 42,29 130,9* 37,6 -27,7 HDL-c (mg/dL) GFAV 47,2 17,56 43,6 11,27 45,6 14,01 43,5 12,68 -3,7 GPL 54,2 16,46 49,8* 14,41 51,9 15 52,6 14,67 -1,6 Não HDL (mg/dL) GFAV 227,8 76 213,4 145,8 212,8 130,4 213,3 100,4 -14,5 GPL 185,7 28,89 143,8* 42,04 148,5* 49,54 157,6* 45,29 -28,1 TG (mg/dL) GFAV 312,7 310,5 342,5 750,87 342,6 625,35 288,5 298,79 -24,2 GPL 136,4 61,32 122 62,91 125,3 82,61 134,1 61,11 -2,3 GLI (mg/dL) GFAV 119,4 34,6 114 44,85 111,7 44,6 110,9 41,6 -8,5 GPL 99,9 14,9 99 15,49 97,7 13,23 96,4 12,03 -3,5 INS (µU/dL) GFAV 7,44 4,05 6,56 4,76 6,56 2,85 7,06 3,11 -4,33 GPL 8,91 5,9 7,45 6,15 7,86 6,97 7,27* 5,68 -1,64 HOMA-IR GFAV 2,28 1,52 1,81 1,61 1,84 1,16 2,04 1,24 -0,24 GPL 2,27 1,69 1,97 1,93 2,03 2,16 1,81 1,62 -0,46 QUICKI GFAV 0,351 0,04 0,366 0,04 0,361 0,04 0,355 0,03 0,004 GPL 0,352 0,04 0,369* 0,04 0,369* 0,05 0,370* 0,04 0,018 GFAV - grupo farelo de aveia, n=16; GPL - grupo placebo, n=22; t0 - início do estudo; t30 - primeira consulta; t60 - segunda consulta; t90 - terceira consulta - fim do estudo; Δt90-t0 – diferença entre os resultados de t90 e t0; CT - colesterol total; LDL-c - colesterol ligado à lipoproteína de baixa densidade; HDL-c - colesterol ligado à lipoproteína de alta densidade; Não HDL - somatório de lipoproteínas exceto HDL-c; TG - triglicerídeo; GLI glicemia de jejum; INS - insulina de jejum; HOMA-IR - modelo de avaliação da homeostase – resistência à insulina; QUICKI - índice de verificação quantitativa da sensibilidade à insulina; Resultados expressos como Média e Desvio Padrão; * Redução estatisticamente significativa dentro de cada grupo em relação a t0 (p < 0,05), pelo teste t pareado; # Diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) na comparação das reduções obtidas entre os grupos, pelo teste t de Student. 114 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - FACULDADE DE MEDICINA INSTITUTO ESTADUAL DE CARDIOLOGIA ALOYSIO DE CASTRO - IECAC EFEITO DO ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL ASSOCIADO À INGESTÃO DE FARELO DE AVEIA EM INDIVÍDUOS DISLIPIDÊMICOS ANEXO XII – Participação em congressos XXIII Congresso Brasileiro de Nutrição – CONBRAN – 2014 V Congresso Ibero-Americano de Nutrição Efeito da ingestão de farelo de aveia associada ao aconselhamento nutricional intensivo para indivíduos com colesterolemia elevada. Simone Raimondi de Souza, Gláucia Maria Moraes de Oliveira, Glorimar Rosa XIIII Jornada SOCERJ de Nutrição em Cardiologia – 2014 Efeito do aconselhamento nutricional intensivo em indivíduos com colesterolemia elevada acompanhados em unidade pública de saúde especializada em cardiologia do Estado do Rio de Janeiro. Simone Raimondi de Souza, Gláucia Maria Moraes de Oliveira, Glorimar Rosa XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição – SBAN – 2013 Efeito da intervenção nutricional em pacientes com hipercolesterolemia de uma unidade pública de saúde especializada em cardiologia do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Simone Raimondi de Souza, Gláucia Maria Moraes de Oliveira, Glorimar Rosa 115 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - FACULDADE DE MEDICINA INSTITUTO ESTADUAL DE CARDIOLOGIA ALOYSIO DE CASTRO - IECAC EFEITO DO ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL ASSOCIADO À INGESTÃO DE FARELO DE AVEIA EM INDIVÍDUOS DISLIPIDÊMICOS ANEXO XIII – Artigo científico submetido Título: Efeito do aconselhamento nutricional associado à ingestão de farelo de aveia em indivíduos hipercolesterolêmicos em prevenção secundária Periódico: Arquivos Brasileiros de Cardiologia Data de submissão: 25 de julho de 2014. Número da submissão: 6484