Brincadeiras inocentes que podem se tornar problemas no futuro.

ATENÇÃO
O BULLYING
NA VIDA
Brincadeiras inocentes que podem
se tornar problemas no futuro.
acentuada. Levamos um ano para coloca-la em sala de
aula novamente, porém em outra instituição de ensino. O
interessante neste caso é o bullying sofrido pela professora
e também pela classe. É só perguntar para professores de
determinados estabelecimentos de ensino o quanto estão
se sentindo assediados emocionalmente. Eu os sinto muito
revoltados, pois parte da direção escolar que qualquer atitude
que possa insinuar ao aluno uma desqualificação, ou uma
ameaça emocional, cria um grande problema administrativo.
Às vezes educar pode ser definido como bullying. Pode ???
Tenho inúmeros exemplos deste verdadeiro bullying sofridos
por professores em ambiente escolar.
Existe nas famílias que poderíamos chamar de bullying
familiar, situação esta onde crianças são extremamente
ameaçadas de maneira negativa com o poder pátrio. Por
vários fatores culturais nossas já crianças estão de alguma
maneira desprotegida dentro de casa. Um bullying doméstico.
E estas crianças terão dois caminhos na vida: ou aprender a
ser agressoras ou aprendem a ser vítima.
E na escola este jogo familiar continua. Este é um processo
ingrato, pois quanto mais tempo ele persistir o agressor se
fortalece e a vítima se enfraquece cada vez mais.
O mesmo mecanismo ocorre em ambiente organizacional,
só que com um agravante, pessoas tecnicamente bem
preparadas, mas emocionalmente não. Então o velho
aprendizado familiar novamente começa a serem exercidos,
os agressores e vítimas.
Parodiando a Dr. Ana Beatriz criam- se mentes agressivas e
mentes vitimosas.
Na família existem papéis, quase uma personagem, e todos
sabem da historia do patinho feio, da família, do gordinho, do
Dr. Norio Ikari CRM 24789
Sem tradução específica para nossa língua, Bullyng reflete um
comportamento repetitivo, feito por uma ou mais pessoas que
visam denegrir, ameaçar ou humilhar, lesando moral e até
fisicamente alguém.
Apesar de o termo Bullying estar mais situado no contexto
escolar como citou a Dra. Ana Beatriz em seu artigo, a meu
ver podemos coloca-lo em vários contextos da vida. Ele pode
ocorrer no meio profissional, familiar ou em qualquer lugar
onde o Ser Humano esteja presente.
Os famosos assédios emocionais, sexuais, não deixam de
ser um Bullyng inclusive em minha pratica clínica já estou
escutando: “estou sofrendo um Bullyng em meu trabalho”.
Entre os adolescentes fora do ambiente escolar, nas atividades
sociais também estão presentes estes jogos de poder de
diminuição e intimidação de outro ser humano.
Já esta ocorrendo uma generalização do termo Bullyng para
as mais diversas atividades humanas.
Estou me lembrando de um caso, ocorrido em ambiente
escolar, onde uma professora iria iniciar sua atividade
profissional, e altamente motivada, com um ideal de uma
vida para se realizar. Entretanto em seu primeiro dia de aula,
com a ingenuidade inicial de qualquer profissional ela se
atritou com um aluno dentro da sala de aula. A partir deste
dia, continuadamente este aluno ameaçava e assustava esta
professora. A classe dividida, uma parte ao lado do agressor
e uma parte com medo do agressor. Em determinado dia ela
resolveu enfrentar o problema, e começou a se impor perante
o aluno. Resultado: o aluno se levantou da carteira foi até a
professora com um canivete na mão e deu um ultimato para
ela ficar quieta. O stress traumático desta situação levou a
professora a entrar em um processo depressivo, com fobia
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problemático. Nestes dias, atendendo uma jovem de 27 anos,
que dizia: “Eu nunca solto o cabelo porque eu fico com cara de
lua cheia, desde criança eu escuto isto” e isto é um pequeno
exemplo de bullying na família.
Entretanto no movimento da vida, muita vitima conseguem
se superar e atingirem cargos importantes ou status sociais
relevantes, e neste momento pode passar a rolar uma “doce
vingança” dos tempos de vitima. Parece até justo, mas, no
entanto é a perpetuação de uma desagradável situação
humana e talvez deste processo ainda surja outro personagem
muito problemático: os justiceiros.
E até que ponto pode-se chegar com as reações e
consequências de um bullying?
Na minha experiência, a todas imagináveis, de estrupo,
homicídios coletivos como foi citado na reportagem da Dr.
Ana, suicídio, reações depressivas, fobias sociais.
O bullying é um problema extremamente sério resultante de
seres humanos que de alguma forma foram mal amados, mal
tratados, mas que sempre existiu, contudo de uma maneira
contida ou disfarçada pelos bons costumes.
Como a atual geração, vivencia um ambiente onde a rebeldia,
a falta de limites adequados e extrema permissividade , o
bullying explode como um vulcão adormecido e as suas larvas
e poeiras ferem muita gente.
Interessante como o papel feminino anteriormente quase
ausente do bullying vem crescendo, principalmente pela
conquista e emancipação muito justa por sinal da figura
feminina.
Muitas mulheres, entretanto praticam a doce vingança de
anos de submissão.
Alguns dados estatísticos:
“No Brasil, o primeiro grande levantamento sobre o tema
foi realizado pela Associação Brasileira Multiprofissional de
Proteção à Infância e Juventude - ABRAPIA, entre 2002 e
2003¹. A pesquisa, que envolveu 5.875 estudantes de 5ª a
8ª séries de onze escolas cariocas, revelou que 40,5% desses
alunos admitiram ter estado diretamente envolvidos em atos
de bullying, naquele período, sendo 16,9% vítimas (ou alvos),
10,9% alvos/autores (ou “bully/vítimas”) e 12,7% agressores
(ou autores de bullying).
Importante destacar, também, pesquisa muito recente
sobre preconceito e discriminação em contexto escolar,
realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
(FIPE) em convênio com o Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP/MEC). A
pesquisa² abrangeu 18.599 respondentes em 501 escolas
de 27 Estados, incluindo estudantes, professores, diretores,
demais profissionais de educação e pais ou responsáveis.
Os resultados indicam que o preconceito e a discriminação
latentes nas escolas resultam muitas vezes em situações
em que pessoas são humilhadas, agredidas ou acusadas de
forma injusta - simplesmente pelo fato de fazerem parte de
algum grupo social específico.
Ainda, segundo a pesquisa (FIPE/INEP, 2009), as práticas
discriminatórias no ambiente escolar (bullying) têm como
principais vítimas os alunos, porém atingem também a
professores e funcionários. Entre alunos, os respondentes
declaram conhecer mais práticas discriminatórias motivadas
pelo fato de serem as vítimas negras (19%), em seguida
por serem pobres (18,2%) e, em terceiro lugar, por serem
homossexuais (17,4%). Já entre professores, as principais
vítimas de tais situações são os mais velhos (8,9%), os
homossexuais (8,1%) e as mulheres (8%).”
1 LOPES NETO, A.; SAAVEDRA, L.H. Diga não para o bullying:
Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre
Estudantes. Rio de Janeiro: ABRAPIA, 2003.
2 FIPE/MEC/INEP. Projeto de estudo sobre ações
discriminatórias no âmbito escolar, organizadas de acordo
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com áreas temáticas, a saber, étnico racial, gênero, orientação
sexual, geracional, territorial, de necessidade especial e
socioeconômica: sumário dos resultados da pesquisa.
Brasília, 2009.
Pelo IBGE(dezembro de 2009) os dados sobre violência
mostram que quase um terço dos alunos (30,8%) respondeu
ter sofrido bullying4 alguma vez, cuja ocorrência foi verificada
em maior proporção entre os alunos de escolas privadas
(35,9%) do que entre os de escolas públicas (29,5%). Nos
30 dias anteriores à pesquisa, 12,9% dos estudantes se
envolveram em alguma briga com agressão física, chegando
a 17,5% entre os meninos e 8,9% entre as meninas, inclusive
com o uso de armas brancas (6,1% dos estudantes) ou arma
de fogo, declarado por 4% deles. Viviam na companhia do pai
e da mãe 58,3% dos estudantes, sendo que 31,9% moravam
apenas com a mãe, 4,6% somente com o pai e 5,2% sem
a presença da mãe e nem do pai. Quase 10% dos alunos
declararam ter sofrido agressão por algum adulto da família
É importante salientar que não estamos falando
necessariamente de pessoas más, a maioria mal direcionada,
e com autoestima extremamente debilitada em ambos os
casos.
Essa dualidade no contexto Bullyng, vem da própria dualidade
do ser humano do certo e do errado, do amor e do ódio, do céu
e do inferno e do forte e do fraco.
Eu gosto muito da imagem de um rio. Os agressores seriam
rios sem margem, que se perderiam na perda dos próprios
limites. As vitimas seriam um rio com as duas extremidades
fechadas. Tornar-se-iam água parada e sem vida.
Que bom seria se no processo educacional em qualquer lugar
ou contexto o estar junto com alguém criassem margens para
este Rio, garantindo assim a sua chegada a beleza infinita do
oceano.
Que nossos educadores, executivos, pais, acertem cada vez
mais as margens, isso é possível.
Uma linda margem a todos.
Dr. Jussieu Roberto Siqueira CRM 37970
Psiquiatra
Psicoterapeuta
Consultor em Gestão de Pessoas
Palestrante