[especial - 7] caderno_2/_especial_/páginas 27/09/07
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ESCALAPB 2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% PB 100% ESCALACOR Produto: CADERNO_2 - ESPECIAL - 7 - 27/09/07 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% COR 80% P7 - 85% 90% 95% 98% 100% Cyan Magenta Amarelo Preto %HermesFileInfo:P-7:20070927: QUINTA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2007 O ESTADO DE S. PAULO SERÁ QUE FUNCIONA? PALADAR PALADAR P7 Um artefato chamado Clef du Vin promete envelhecer um vinho dez anos em dez segundos. Paladar testou com três vinhos. Houve alterações olfativas e de tanino e acidez – pouco, perto das mais de cem modificações que ocorrem no envelhecimento Envelhecendo o vinho na taça FELIPE RAU/AE Luiz Horta ESPECIAL PARA O ESTADO Sempreestamostentandoenganar o tempo. Nos nossos corpos queremos atrasá-lo, com cremes, tinturas, cirurgias e botox. Nas nossas garrafas, como vinho precisa de paciência, queremos adiantá-lo. Quantas vezes não provamos um vinho e dizemos, “puxa, queria ver este vinho daqui dez anos...”. Então, apareceumaengenhocachamada Clef du Vin, que promete justamente isso: quer ver como o vinho estará daqui dez anos? Basta mergulhar a chapinha de metal nele e deixar dez segundos. Será mesmo? Os donos do produto não revelam como ele funciona nem dizem qual é a liga da pontinha metálica da peça. Pela cor, parece ter bastante cobre. Supomos – é só suposição – que algo atue nas moléculas de oxigênio do vinho. Uma reação química – sempre suposição – talvezretirealgodeenxofre das moléculas e aumente a atuação do oxigênio, acelerando a oxidação. Fomos testar o aparato, com auxíliodaConfrariadosSommeliers.Antes,consideraçõesteóricas.Nemtodovinhoéparaenvelhecimento,algunssãoparaconsumorápido e nãoganhamnada ficando décadas na garrafa, ao contrário. Outro aspecto: o processo de amadurecimento de um vinho é muito mais complexo que a mera oxidação, como veremos no final. Dito isso, passemos ao laboratório. Com Cezar França, gerente da Decanter e sommelier, escolhemos três vinhos para o teste. Dois que são mesmo para a longevidade, um potente tannat do Madiran, do grande produtor Alain Brumont, e um riesling alsaciano. Assim tínhamos o universo de branco e tinto de guarda, vinhos que ganham complexidade com o tempo. E para o painel ficar mais completo, um vinho para consumo imediato. O eterno jovem: Signos, Cabernet Sauvignon das Bodegas Callia de San Juan, Argentina. Tinto gostoso sem madeira, 2006,commuitafrutae13,5%de álcool, típico vinho para beber descompromissadamente. Se deixado guardado por anos perderia esse viço e frescor sem ganhar nada em troca. Com a Clef (chave): entre um e quatro segundos/anos, nada de notável aconteceu. Com cinco, ficou mais redondo, os taninos macios e a acidez caiu. Com sete, ficou sem graça, perdeu o charme. Com nove, o nariz ficou atraente, apareceram notas interessantes de especiarias. Comdoze,ostaninosficaraminsuportáveis, a acidez desapareceu, o vinho estava perdido. O branco elegante: Riesling Paul Blanck 2004, Alsácia, 12,5% de álcool. Como no anterior, as alterações começam a sernotadascomcincosegundos/ anos.Nessemomentooálcoolse destacou bem e na boca a mineralidade ficou intensa. Com se- ADEGA Depois de Madonna e Rolling Stones... A mais nova celebridade a assinar sua própria linha de vinhos é a apresentadora e empresária Martha Stewart. As bebidas, que serão produzidas pela californiana E. & J. Gallo Winery, devem chegar ao mercado norte-americano no próximo ano. Segundo o jornal The Wall Street Journal, cada garrafa deverá custar US$ 15. O DEDO DE CRONOS – No teste de envelhecimento com a Clef du Vin, mais uma vez o tempo saiu vitorioso te, apareceu um amargor pouco agradável. Aos dez, era clara a evolução, parecia um riesling mais maduro no nariz, mas sem ganhar o corpo e a densidade queseespera.Comquinze,ficou muito austero e flácido na boca. O supertinto: Château Montus, Alain Brumont, Madiran, França, 2002, 14,5% de álcool. Um vinho potente que com cinco anos ainda brilha de frescor. Seria a prova definitiva. Tem o perfil a que se destina o invento. Um grande vinho feito para ser guardado por duas décadas. Com um segundo, diminuíram acidez e taninos. Com cinco segundos, apareceu um traço metálico no nariz e a boca mostrou um gosto de oxidação mui- to claro. Nenhuma alteração na cor. Com mais tempo, foi só aumentando o desequilíbrio, os taninos ficaram deselegantes e a acidez sumiu. Radicalizamos de vez e deixamos vinte segundos/ anos, quando apareceu uma deterioração clara, cheiro de repolho, amargor. E com meio minuto a acidez voltou e os taninos continuaram em desequilíbrio. O que tudo isso prova? Que estes vinhos não são para guardar? Evidente que não. Como se viu, a coisa funcionou num certo ponto,causoualteraçõesimportantes nos aspectos olfativos do vinho e mudou taninos e acidez, massomentenocampodaoxidação. Isso é pouco em meio a todo o processo que acontece com o líquido na garrafa, ainda desconhecidoemboaparte.OOxford Companion to Wine diz já terem sido listadas mais de cem modificações no vinho maduro, que contribuem para sua complexidade. Com o Clef mexemos em duas. Se custasse barato seria divertido como jogo de salão. Mas pelo preço (R$ 895 na DKZA, 3073-1321), talvez seja melhor comprar vinhos em diferentes estados de maturação e aprender com o tempo. No vinho não basta alterar a acidez e os taninos, oxidando-os com uma chapinha metálica. O tempo, mais uma vez, sai vitorioso. ● (Saul Galvão está em férias) ÀS CEGAS Taças escuras chegam ao Brasil Quer dificultar as degustações às cegas? Taças escuras, que impedem a análise visual do vinho, já estão disponíveis por aqui. A versão da austríaca Riedel custa R$ 178 na Spicy (3083-4407). Já a taça da alemã Schott Zwiesel (foto) é vendida na J. Rodrigues (21) 2537-7337, no Rio de Janeiro, por R$ 35. FEIRA CERVEJA BLING H²O Porquatrodias, estafoi a capital mundialdos queijos Inglesas da Fuller’s chegam em outubro US$ 40 a garrafa: é a água das celebridades Depois de muita negociação e até disputa entre importadoras, as cervejas inglesas da Fuller’s chegam em outubro.ABoxer(3486-0203)trará cinco variedades, que devem custar R$ 19 a garrafa. A mais conhecida é a London Pride, ale, com 4,7% de teor alcoólico. Também chegam a Extra Special Bitter, ou ESB (5,9%), a London Porter (5,4%), com notas de café e chocolate, a Golden Pride, uma strong ale (8,5%), e a 1845 (6,3%), mais frutada. Infelizmente,acobiçada–elimitadíssima – Vintage Ale, cerveja que se desenvolve com o tempo, não está no lote. A alemã Erdinger tem nova versão à venda. A Bier & Wein (5643-8584) trouxe a Oktoberfestbier da marca, dourado-escura, com 5,7% de teor alcoólico. O aroma é marcado por um toque cítrico e alcoólico, com notas de malte. As características se repetem no gosto, com predominância do álcool. Cada garrafa deve custar de R$ 7,50 a R$ 13,50. Aimportadora também quer trazer, em breve, a Schneeweisse, cerveja de inverno da Erdinger. Outra cerveja “sumida” há anos do Brasil que voltou é a checa Pilsner Urquell, ‘mãe’ do estilo pilsen. O Tortula (5041-6680) vende latas de 500ml a R$ 29,90 cada. ● Você ainda não deve ter ouvido falar nela, mas guarde bem seu nome: bling h²o (assim, com letras minúsculas mesmo). Em breve, ela estará exibindo seu corpo curvilíneo enfeitado por cristaisSwarovskiemalgunsfilmesdeHollywood.Antesquevocê procure na telona uma bela mulher com piercings, uma dica: ela é de beber. Sob o comando de Kevin G. Boyd,escritoreprodutordeHollywood, a água bling h²o chega a custar até US$ 40 (garrafa de 750ml) no site do produtor (www.blingh2o.com/store). “Já viumcassinoemLasVegasvender por US$ 95”, conta, por telefone, o escritor. Sua versão mais simples, envasadaemgarrafa de plástico, custa em torno de US$ 1,25 nas groceries americanas. Mas a graça da bling é mesmo sua garrafa. A água, que vem de uma fonte que fica no estado de Tennessee, passa por um processo de purificação de nove etapas (inclui ozônio, ultravioleta e microfiltragem), mas não tem alteração de cor, aroma ou sabor. “Ela nãotemgostodenada,assimcomotodaáguadeveser.Elaédiferente pois é um objeto de luxo acessívelparaqualquerum”,explica Boyd, que já serviu a bebida para celebridades como Oprah Winfrey e Brad Pitt. Sedependerdopreço,abling h²o (que custaria no mínimo R$ 80) chega ao Brasil somente nos cinemas: ela está nos filmes Mama, I Want to Sing! e Wild Child, queestréiamnoprimeirosemestre de 2008, e já foi escalada para o próximo longa de Boyd, Rio Love, um romance que se passa no Rio de Janeiro. ● M.A.L. A pequena Bra, no Piemonte, recebeu queijeiros de vários países DIVULGAÇÃO ELISA CORREA/AE Elisa Correa BRA, ITÁLIA ESPECIAL PARA O ESTADO Bra é uma cidadezinha de província, com 28 mil habitantes, a 60quilômetrosdeTurim,no noroeste da Itália. A cada dois anos, no entando, ela cresce e se transforma, durante quatro dias,nacapital mundialdo queijo. Foi assim entre os dias 21 e 24, quando a cidade foi invadida por 150 mil pessoas – 30% estrangeiros– atraídaspelaCheese, a bienal de queijos criada pela associação Slow Food em 1997 para defender o uso do leite cru na fabricação dos queijos e garantir a produção artesanal e a excelência gastronômica. Nestasextaedição, afeirarecebeu queijeiros de todo o mundo. Entre eles, produtores que desceram das montanhas, como os irmãos Trapella, que produzemumqueijoDOP(denominação de origem protegida) orgânico de cabra e defendem a pequena produção: “Nosso queijo é feito apenas com leite cru das cabras que criamos.” Não é difícil perder-se na variedade infinita de queijos. Parmigianigrandes,empilhadoscomo pneus. Pirâmides de tomme de todos os tamanhos. Pecorinos repousando em um colchão de folhas de nogueira. Queijos cortados ao meio para mostrar a cor avermelhada; queijos amarrados com grossos cordões e outros mergulhados em vidros cheios de óleo de oliva e trufa; queijo italiano feito com açafrão e queijo suíço com óleo e semente de cânhamo. Por € 25 o quilo dava para levar pra casaumpedaçodetestun,oqueijo “massageado” com as cascas da uva Nebbiolo, e, por € 22 o quilo, o queijo belga de sabor agridoce “lavado” em um banho de cerveja. A ONU DOS QUEIJOS – Na Gran Sala, mais de 200 tipos do mundo todo ELISA CORREA/AE PARMIGIANO – Grande e pesado ELISA CORREA/AE TESTUN – Massagem com uva RADICAIS – Os irmãos Trapella só usam leite das cabras que criam Comoemtodabienal,aCheese teve seus convidados de honra: os países do Leste Europeu. No estande da Romênia, produtorescomanéisdourados ecoletes coloridos serviam o branza de burduf, o queijo-símbolo do país,degostobalsâmico epicante. Da Bósnia veio o sir iz mijeha, um queijo feito com leite cru de ovelha– ou de vaca, ou com uma combinaçãodos dois–, envelhecido em sacos de couro de ovelha por um período de dois a três meses. Alguns convidados vieramde muitolonge. DoTibete veio o queijo de iaque, produzido por pastores nas montanhas a 4 mil metros de altura. A Armênia levou para a Cheese o motal, queijo de leite de cabra, com ervas selvagens, também produzidonasmontanhaseconservado por vários meses em potes de argila selados com cera de abelha. Dentro da Gran Sala del Formaggio e Enoteca, o visitante viu a Cheese concentrada. Eram mais de 200 tipos de queijosdetodoomundo,divididos em quatro seções: os queijos DOP de montanha vindos da Itália, França, Suíça e Grécia; os queijos tutelados pelo Slow Food, como o bolona – queijo de cabra produzido em Cabo Verde – e o goudaartesanalholandês,envelhecido de um a quatro anos; as curiosidades e raridadesdomundo,áreadedicada aos queijos produzidos em pequena quantidade e de difícil distribuição; e a Casa dei Blu, com 68 tipos de queijos azuis, dos tradicionais como o stichelton inglês aos menos conhecidos como o australiano gippsland blue. ● DIVULGAÇÃO FULLER’S- garrafacustaráR$19