Educação e Cultura no contexto do desenvolvimento sustentável

Transcrição

Educação e Cultura no contexto do desenvolvimento sustentável
É o binômio ser humano – territorio que, articulado, cria sentido histórico e social dos
indivíduos.
Milton Santos
A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam.
Leonardo Boff
O oficial pensamento cognitivo anglogermânico preconiza o conhecer coisas, afetos ou
estruturas: mas, sempre se esquece do pensamento simbólico cujo fazer-se não é
conhecer, mas conhecer-se; isto é reconhecer urdiduras, sujeitos ou relações. Não se
trata de renunciare a razão substantiva de tipo explicativo, mas de adjuntar uma razão
adjetivada de signo implicativo: poderíamos denominá-la de razão axiológica.
Andrés Ortiz-Osé
Sítio Çarakura, distrito de Ratones, Florianópolis. Há cerca de três décadas Ney, um
jovem de dezoito anos, trocou sua moto por um sítio. Paulistano, pensou em ir para
Boston estudar música, mas terminou comprando um sítio em Floripa e estudando
agronomia.
O sítio era praticamente só pasto. Hoje a área é repleta de árvores, frutas, flores e
animais, graças ao trabalho braçal e às técnicas de permacultura e agrofloresta.
ÇARAKURA
1. designação comum às aves gruiformes da família dos ralídeos representada no Brasil por 13
espécies e ameaçada de extinção. 2.pintar a saracura – pintar o sete...
PERMACULTURA
“(…) sistema evolutivo integrado de espécies vegetais e animais perenes úteis ao homem. Estavam
buscando os princípios de uma Agricultura Permanente. Logo depois, o conceito evoluiu para “um
sistema de planejamento para a criação de ambientes humanos sustentáveis” , como resultado de
um salto na busca de uma Cultura Permanente, envolvendo aspectos éticos, socioeconômicos e
ambientais. (…) a Permacultura oferece as ferramentas para o planejamento, a implantação e a
manutenção de ecossistemas cultivados no campo e nas cidades, de modo que eles tenham a
diversidade, a estabilidade e a resistência dos ecossistemas naturais. Alimento saudável, habitação
e energia devem ser providos de forma sustentável para criar culturas permanentes.”
Principais ações do Instituto ÇaraKura

Espaço de educação não formal; vivência e reflexão sociocultural;

Difusão da sustentabilidade por meio da educação ambiental;
Investigação e pesquisa acadêmica sobre temas ligados à
permacultura, preservação ecológica, nutrição vital, entre outros;

Ações educativas e culturais que visam a participação e integração
com a comunidade local;

SANITÁRIO COMPOSTÁVEL
(BANHEIRO SECO)
DORMITÓRIO
(TRELICHE DE BAMBU COM COLCHÃO DE PALHA)
I ENCONTRO DE EDUCAÇÃO E CULTURA NA GEOGRAFIA
DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Instituto Çarakura, julho de 2010
A prática do trabalho colaborativo e co-operativo em instituições dos diferentes setores tem se
revelado uma interessante alternativa às formas tradicionais de organização. Neste contexto,
os espaços não formais de educação e cultura surgem como arranjo social que possibilita a
integração e interação de diversas iniciativas que permitem o intercâmbio de idéias,
conhecimentos e práticas.
A colaboração, a co-operação, a valorização de novas identidades e a promoção do
desenvolvimento local e sustentável serão debatidos no I Encontro de Educação e Cultura na
Geografia do Brasil Contemporâneo.
O Instituto ÇaraKura, em parceria com a Universidade de São Paulo - USP e a
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, realizam o I Encontro de
Educação e Cultura na Geografia do Brasil Contemporâneo, que será um espaço
para o intercâmbio de idéias, o debate em prol da diversidade e a construção do
conhecimento coletivo.
O encontro pretende reunir aproximadamente 50 participantes, entre eles,
professores pesquisadores, estudantes, integrantes de espaços não formais de
educação e cultura, educadores populares, membros da comunidade local,
profissionais de responsabilidade social corporativa e gestores públicos.
Data prevista: última semana do mês de julho, 2010.
PRINCIPAIS OBJETIVOS DO ENCONTRO
Promover o intercâmbio e a construção coletiva de práticas significativas em espaços nãoformais de educação e cultura;

Disseminar informações, experiências e metodologias relevantes no campo das artes,
educação, cultura e sustentabilidade;

Incentivar a adoção de práticas coletivas, que reflitam sobre manifestações artísticas locais e
a descentralização de pólos dominantes de cultura;

Ampliar a consciência sobre a temática das redes e sua relação com a promoção do
desenvolvimento sustentável;

EIXOS TEMÁTICOS
Territórios, paisagens e espaços de interação/integração – o espaço,
o território, o local, o lugar e o não-lugar
O simbólico e o material na formação da identidade local – cultura e
identidade como fatores de promoção do desenvolvimento local
sustentável; economia solidária e eco-economia;
Diálogo e colaboração entre diferentes (rede): rede como espaço não
formal de educação e cultura; co-labor-ação – processo cognitivo de
diálogo e construção de conhecimento que pressupõe uma lógica interna
cooperativa.
Questionar
o
comportamento
organizacional,
fundamentalmente competitivo que disputa recursos e espaços com as
demais organizações atuantes no ambiente (cultural, educacional, social,
etc.)
Educação e Cultura no contexto do desenvolvimento
sustentável – Práticas voltadas para a busca de sustentabilidade,
cuja abordagem seria:
Estratégica: valorizar a dinâmica do ambiente interno, ponto de
partida para a sutentabilidade local, debate e difusão da temática
para o ambiente externo;
Participativa: o desenvolvimento sustentável é dirigido às pessoas e
por elas deve ser incorporado, construído e disseminado
(multiplicado), caso contrário não será sustentável social e
culturalmente.
Qualificada e qualificadora: o desenvolvimento sustentável exige a
capacitação das pessoas em um conjunto de novos conceitos e
técnicas.
O SIMBÓLICO E O MATERIAL
NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE LOCAL
A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os
olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que
usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais
luminosos, nomes de ruas e ajustamos à nossa ação. O ver se
subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não
gozam...Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se
transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham
pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.
Rubem Alves
É da brincadeira que surge o hábito.
Walter Benjamin
Ignorar – reduzir nossas observações ao que nos interessa ver / tornando invisível
aquilo com que não queremos nos comprometer.

Educação – processo capaz de proporcionar visibilidade e conscientização (Bourdieu)

Constituição da visão não se trata de um fenômeno natural e espontâneo / Capital
Cultural

Uma das primeiras responsabilidades da educação seria o “ensinar a ver”.

Analfabetismo de códigos visuais

Esvaziamento do poder político e histórico de lugares / Ausência de memórias

Responsáveis pelo o que vemos, usamos e narramos (“O narrador” Benjamin).

Ausência do objeto real / abstração / labirinto imaginário

“Se um lugar pode se definir como identitário, relacional e histórico, um
espaço que não pode se definir nem como identitário, nem como
relacional, nem como histórico definirá um não-lugar. (...) a
supermodernidade é produtora de não-lugares, isto é, de espaços que
não são em si lugares antropológicos e que, contrariamente à
modernidade baudelariana, não integram os lugares antigos: estes,
repertoriados, classificados e promovidos a “lugares de memória”,
ocupam aí um lugar circunscrito e específico. Um mundo em que se
nasce numa clínica e se morre num hospital, (...) um mundo assim
comprometido à individualidade solitária, à passagem, ao provisório e ao
efêmero (...).” (AUGÉ, 1994, p.73,74)
O patrimônio artístico de cada localidade pode ser incluído de maneira contínua e
significativa de modo a estimular o estudo de diferentes tempos e espaços.

Construção de identidade social, política e cultural.

Conscientização / Implicação / Cuidar (Arte, Cidade e Natureza)

Cultura Popular x Contemporâneo

Tornar visível o invisível

“Não basta não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela
para ver os campos e os rios” Alberto Caeiro.
