Transposição: Aspectos Políticos e Institucionais
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Transposição: Aspectos Políticos e Institucionais
Transposição: Aspectos Políticos e Institucionais MONICA PORTO ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO A água é uma só! A LÓGICA DA GESTÃO COMPARTILHADA Resumo: • • • • • • • Muitos Usos Muitos Usuários Necessidades diferentes (quantidade, qualidade...) Assimetrias de poder Assimetrias de conhecimento e culturais Visões diferentes Ideologias CONFLITOS DE USO a complexidade e a existência de conflitos são atributos inerentes aos grandes sistemas de aproveitamento de recursos hídricos Prover água... • na quantidade necessária • com qualidade compatível com seus usos • quando e onde ela for necessária • com a garantia adequada • a custos econômicos • de forma sustentável GESTÃO o gerenciamento eficaz do sistema constitui fator absolutamente essencial ao sucesso O que complica o problema da água? Disponibilidade no espaço e no tempo O Desafio da Gestão Compartilhada • Quando o bem é escasso, a melhor solução “ganha-ganha” é o compartilhamento • O compartilhamento não é espontâneo • O compartilhamento não surge apenas da concordância, e muito menos apenas da negociação e da participação • O compartilhamento, para ser efetivo, deve ser baseado em decisões concretas e em regras claras • O conhecimento profundo e abrangente do sistema é essencial, deve ser fundamentado em informações objetivas e ser compartilhado • Estas regras incluem detalhes como obrigações das partes, regras de fila etc • As regras precisam ser negociadas e acordadas Alguns exemplos PACTO DO RIO COLORADO Alguns exemplos •O Pacto do Rio Colorado, EUA • a bacia do Rio Colorado tem 630.000 km2 • são 7 estados: Wyoming, Colorado, Utah, New Mexico, Nevada, Arizona e California • a vazão média na foz é de aproximadamente 630 m3/s • o pacto foi assinado em 1923 • o principal objetivo do Pacto foi o de reservar quantidades máximas de água que cada estado poderia utilizar de forma consuntiva • o pacto estabelece regras para os anos atípicos e cabe ao governo federal declarar a condição a cada ano • a existência do pacto não significa que os problemas foram resolvidos; o governo federal continua a mediar as disputas Alguns exemplos • A transposição Colorado – Big Thompson, EUA • é uma transposição que traz água da vertente oeste das Montanhas Rochosas (Rio Colorado) para a vertente leste onde situam-se terras férteis, cidades e indústrias (Rio Big Thompson) • formada por um conjunto de 12 reservatórios, 56 km de tuneis e 153 km de canais, gera energia em 7 usinas, é parte do abastecimento de 3 milhões de pessoas e serve à irrigação e à indústria • a transferência é de 15,6 m3/s • entrou em operação em 1947 • é interessante o arranjo institucional e a forma de remuneração das operações • a gestão é feita por uma entidade (Northern Colorado Water District), uma utility, com a direção escolhida pelo juiz da comarca para evitar a influência política • deve ser, obrigatoriamente, financeiramente autossuficiente: todos os custos de operação e manutenção do sistema, mais o pagamento, com juros subsidiados, dos financiamentos correspondentes aos investimentos • a receita provem da cobrança da água (23%), parte das taxas de propriedade (46%) e serviços (21%) A Dependência da RMSP de Bacias Vizinhas • A Região Metropolitana de São Paulo está quase que integralmente situada na Bacia do Alto Tietê; 35 dos 39 municípios que a formam estão integralmente localizados na Bacia do Alto Tietê • A área urbanizada corresponde a aproximadamente 40% da área da Bacia A Dependência da RMSP de Bacias Vizinhas • os sistemas produtores interiores à bacia (Alto Tietê, Guarapiranga/ Billings, Rio Grande, Rio Claro, Alto Cotia e Baixo Cotia) respondem por uma disponibilidade de 41 m 3/s • a transposição do Cantareira responde por 31 m3/s e o reservatório Paiva Castro (na bacia do Alto Tietê) responde por 2 m3/s, num total de 33 m3/s • os mananciais interiores à bacia do Alto Tietê suportam pouca ou nenhuma expansão • a produção atual da SABESP de 70 m3/s praticamente esgota o sistema • é necessária a expansão da oferta para redução do risco hidrológico; isto significa investir em novos mananciais sem que haja a expansão do consumo; o consumo deve ser reduzido/ contido com medidas de gestão da demanda • a outorga de 2004 do Sistema Cantareira obrigava a redução da dependência daquele sistema, embora sem definição do termo e sem estabelecer valores e prazos A Dependência da RMSP de Bacias Vizinhas • a necessidade de expansão da oferta e da redução da dependência do Sistema Cantareira, sem a possibilidade de expansão interna à bacia leva, é claro, à busca em bacias vizinhas • dada a complexidade da situação, não se pode avaliar este problema dentro do recorte de uma bacia hidrográfica; é necessário planejar a REGIÃO • as dificuldades das bacias vizinhas levaram o governo do estado a contratar o Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos da Macrometrópole Paulista • região formada pelas regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas, Baixada Santista e Vale do Paraíba e Litoral Norte, além dos conglomerados urbanos de Piracicaba, Jundiaí e Sorocaba • 180 municípios, 31 milhões de habitantes (2008) • a demanda total desta região deverá crescer 27% até 2035, o que significa uma necessidade adicional de 60 m3/s; o Plano estima que 28 m3/s deverão vir de novas obras e 32 m3/s deverão ser supridos com gestão de demanda • algumas das obras previstas no Plano já se encontram em obra ou projeto, como é o caso do aproveitamento do rio São Lourenço para suprir a zona oeste da RMSP com 4,7 m3/s, e as barragens de Pedreira e Duas Pontes para ampliação da oferta hídrica nas bacias PCJ • Outros conjuntos de obras estão planejados para atender às demandas das diferentes regiões da Macrometrópole Q1 - Vazão de retirada RMSP real (m3/s) Vazão limite de retirada RMSP - CAR + Banco (m3/s) X1 - Limite de retirada RMSP - CAR (m3/s) nov/2013 ago/2013 mai/2013 fev/2013 nov/2012 ago/2012 mai/2012 fev/2012 nov/2011 ago/2011 mai/2011 fev/2011 nov/2010 ago/2010 mai/2010 fev/2010 nov/2009 ago/2009 mai/2009 fev/2009 nov/2008 ago/2008 mai/2008 fev/2008 nov/2007 ago/2007 mai/2007 fev/2007 nov/2006 ago/2006 mai/2006 fev/2006 nov/2005 ago/2005 mai/2005 fev/2005 nov/2004 ago/2004 Vazões (m3/s) Como nada na vida é fácil.... A seca de 2014! Vazões retiradas pela Sabesp e vazões permitidas pela CAR 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Acompanhamento dos volumes úteis em relação às Curvas de Aversão a Risco 80 75 70 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Car de 36 m3/s Volumes úteis observados Meses Dez Nov Out Set Ago Jul Jun Mai Abr Mar Fev Jan Dez Nov Out Set Ago Jul Jun Mai Abr Mar Fev Car de 27,8 m3/s Jan Volume (%) Como nada na vida é fácil.... A seca de 2014! Como nada na vida é fácil.... A seca de 2014! Afluxos ao Sistema Cantareira (m3/s) 70 50 40 30 20 10 Média 1952/53 set ago jul jun mai abr mar fev jan dez nov out Vazão (m3/s) 60 2013/2014 Como nada na vida é fácil.... A seca de 2014! Afluxos ao Sistema Cantareira (% da média) 100 80 60 40 20 1952/53 2013/2014 set ago jul jun mai abr mar fev jan dez nov out % em relação à media 120 Conclusões • mais do que nunca apresenta-se o desafio da gestão integrada • a solução de pactos é muito boa; ao mesmo tempo que se estabelecem obrigações, deixa-se para os estados a liberdade de decidir como cumpri-las, sob acompanhamento de um mediador neutro e com autoridade • o aumento das populações aumenta o risco porque aumenta a exposição e os sistemas, ao tornaremse mais complexos, tornam-se mais vulneráveis • nesta região, as transposições são a solução para o aumento da segurança hídrica, ou da resiliência dos sistemas • o aumento da resiliência impõe a existência de três condições: (1) planejamento, (2) preparação e (3) redundância • o planejamento atual deve conter a não estacionariedade das séries hidrológicas; trabalhar com cenários • a preparação deve conter Planos de Contingência • a redundância não significa necessariamente duplicar os sistemas, mas buscar medidas que diminuam a probabilidade de falha E não esquecer nunca: por maiores que sejam os conflitos e disputas o Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos é um processo de parcerias: não há solução fora deste espaço Muito obrigada! 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