Espectrometrias Teórica UV, Raman, IR, DOS e
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Espectrometrias Teórica UV, Raman, IR, DOS e
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Belém-Pará 2013 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA Espectrometrias Teóricas UV, DOS, Raman, IR e Dicroísmo Circular das moléculas Diamorfina e 6-monoacetilmorfina. Marcelo Ricardo Souza Siqueira Orientador: Prof. Dr. Antonio Maia de Jesus Chaves Neto Belém-Pará 2013 Espectrometrias Teóricas UV, DOS, Raman, IR e Dicroísmo Circular das moléculas Diamorfina e 6-monoacetilmorfina. Marcelo Ricardo Souza Siqueira Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós - Graduação em Física da Universidade Federal do Pará (PPGF-UFPA) como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Mestre em Ciências (Física). Área de concentração: Física da Matéria Condensada. Orientador: Prof. Dr. Antonio Maia de Jesus Chaves Neto Banca Examinadora Prof. Dr. Antonio Maia de Jesus Chaves Neto (Orientador) Prof. Dr. Francisco das Chagas Marques (Membro Externo) Prof. Dr. Waldeci Paraguassu Feio (Membro Interno) Belém-Pará 2013 i _______________________________________________________________ Resumo Espectrometrias Teóricas UV, DOS, Raman, IR e Dicroísmo Circular das moléculas Diamorfina e 6-monoacetilmorfina. Marcelo Ricardo Souza Siqueira Orientador: Prof. Dr. Antonio Maia de Jesus Chaves Neto Foi realizado estudo teórico dos espectros UV, DOS, IR, Raman e Dicroísmo Circular a partir das moléculas de morfina, diacetilmorfina (heroína) e 6monoacetylmorphine em solventes como a água, acetona, o clorofórmio, etanol e tolueno. Foram analisadas as variações nos espectros devido a efeitos de solvente para determinar uma reação química possível. Estes resultados foram obtidos por meio de simulação computacional utilizando o modelo polarizável contínuo com a Teoria do Funcional da Densidade em B3LYP/6-311 + + G (d, p). Estes resultados são de grande importância para as aplicações em diversos campos, como por exemplo, a caracterização de espectros vibracionais, práticas forenses e farmacologia. O comportamento de funções químicas presentes nessas moléculas depende do solvente e da ação da radiação sobre a molécula em solução, de modo que alguns solventes são mais susceptíveis as transições entre os estados e reações químicas. Palavras-Chave: UV; DOS; IR; Raman; Dicroísmo Circular; diamorphine; 6monoacetylmorphine; solventes; PCM; DFT. Belém-Pará 2013 ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA ii _______________________________________________________________ Abstract Espectrometrias Teóricas UV, DOS, Raman, IR e Dicroísmo Circular das moléculas Diamorfina e 6-monoacetilmorfina. Marcelo Ricardo Souza Siqueira Orientador: Prof. Dr. Antonio Maia de Jesus Chaves Neto We conducted a theoretical study of UV spectra, DOS, IR, Raman and Circular Dichroism from molecules diacetylmorphine (heroin) and 6-monoacetylmorphine in solvents such as water, acetone, chloroform, ethanol and toluene. Variations were analyzed in these spectra due to solvent effects to determine a chemical reaction possible. These results were obtained by computer simulation using the polarizable continuum model with the Density Functional Theory in B3LYP/6-311++G(d, p). These results are of great importance for applications in various fields, for example, the characterization of vibrational spectra, forensic practices and pharmacology. The behavior of chemical functions present in these molecules depends on the solvent and the action of radiation on the molecule in solution, so that some solvents are more likely transitions between states and chemical reactions. Keywords: UV-DOS, IR, Raman, circular dichroism; diamorphine, 6- monoacetylmorphine; solvents; PCM; DFT. Belém-Pará 2013 ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA iii _______________________________________________________________ DEDICATÓRIA À minha mãe, irmãos, primos, tios, amigos, professores, orientador e todos os outros que me ajudaram a chegar até aqui. Marcelo Siqueira ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA iv _______________________________________________________________ AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar aos meus avós, Marciano Siqueira e Maria Georgina, que foram meus pais durante a infância e ajudaram a construir o homem que sou hoje. Ao prof. Dr. Antonio Maia de Jesus Chaves Neto, meu orientador, por sua colaboração, paciência e ensinamentos, e por ter proporcionado a oportunidade de concluir este mestrado. Ao médico Dr. Altiberto Pinto Coelho da Silva Junior, por ter fornecido uma amostra de morfina durante a fase inicial deste trabalho. Aos professores Dr. Francisco das Chagas Marques e Dr. Cláudio Márcio Rocha Remédios pela participação na avaliação deste trabalho e pelas críticas sobre o mesmo. Ao prof. Dr. Luis Carlos Bassalo Crispino, coordenador do Programa de PósGraduação em Física da UFPA, PPGF-UFPA. Aos professores que ministraram disciplinas durante este curso de mestrado, contribuindo para meu desenvolvimento teórico. A Srta. Aldeni Costa, secretária do PPGF-UFPA, pela sua disposição e constante colaboração e ainda por sua amizade. A todos os companheiros de trabalho que compõem ou que já fizeram parte do Laboratório de Preparação e Computação de Nanomaterias, LPCN, por terem mostrado seu profissionalismo e sua amizade. Especialmente para o Julio César Santos, Aires, Ivana, Sena, Herbson, Abel, Gabriel, entre outros. Aos meus colegas de pós-graduação do mestrado e do doutorado pelas horas de distração, entretenimento e conversas valiosíssimas. Entre estes destaco Tercio, Kleber, Ezequiel, Eduardo, Luiz, Silvio, Jeferson, Alessandra, Alberto Guedes, entre outros que neste momento não me vieram em mente. Aos meus primos e irmã que moram comigo e encaram junto esta jornada em Belém do Pará: Cláudia, Eduardo, Carla e Laila Siqueira. Aos meus amigos de graduação e amigos pra vida inteira: Laerte, Jonathan, Adriano, Ítalo, Monique, Alan Martinez, Rogério, entre tantos outros. A CAPES pelo suporte financeiro durante todo o mestrado. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA v _______________________________________________________________ LISTA DE FIGURAS Figura 2.2.1: (a) fórmula estrutural da morphine; (b) índices atômicos. Figura 2.2.2: (a) fórmula estrutural da Diamorphine; (b) índices atômicos. Figura 2.2.3: (a) fórmula estrutural da 6-monoacetylmorphine; (b) índices atômicos. Figura 2.2.4: Metabolismo da HER. 9 Figura 4.2.1: Espectro IR da HER: (a) faixa de 2900,00 a 3250,00 cm-1. (b) faixa de 1620,00 a 1880,00 cm-1 e (c) faixa de 600,00 a 1600,00 cm-1. Figura 4.2.2: Espectro Raman da HER: (a) faixa de 2900,00 a 3250,00 cm-1. (b) faixa de 1000,00 a 1900,00 cm-1 Figura 4.2.3: Espectro IR da 6-MAM: (a) faixa de 3770,00 a 3835,00 cm-1 ; (b) faixa de 2900,00 a 3200,00 cm-1; (c) faixa de 1600,00 a 1900,00 cm-1 ; (d) faixa de 1150,00 a 1450,00 cm-1; (e) faixa de 280,00 a 360,00 cm-1. Figura 4.2.4: Espectro IR da 6-MAM: (a) faixa de 2900,00 a 3250,00 cm-1 ; (b) faixa de 3780,00 a 3820,00 cm-1; (c) faixa de 400,00 a 1800,00 cm-1(região de fingerprint). Figura 5.1: Espectros UV: (a) HER, (b) 6-MAM para vários solventes. Fig. 5.2.1: Esquema do DC. Figura 5.2.2: Espectro CD: (a) HER, (b) 6-MAM. Figura 5.3: Espectro DOS: (a) MOR (b) HER, (c) 6-MAM e representação geométrica dos respectivos orbitais HOMO-LUMO. Figura 6: Propriedades termodinâmicas variando com a temperatura: (a) para a HER. (b) Para a 6-MAM e (c) para a MOR. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA vi _______________________________________________________________ LISTA DE TABELAS Tabela 4.2.1. Intensidades IR e RAMAN da HER no solvente água. Tabela 4.2.2. Intensidades IR e RAMAN para a 6-MAM no solvente água. Tabela 5.1. Energia de Gap (eV) da HER e 6-MAM. Tabela 5.2: Transições eletrônicas da HER correspondentes às maiores e menores contribuições. Tabela 5.3: Transições eletrônicas da 6-MAM correspondentes às maiores e menores contribuições. Tabela 5.4: Permissividade elétrica em cada solvente ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA Sumário CAPÍTULO 1 1 1.1 INTRODUÇÃO GERAL 1 CAPÍTULO 2 3 2.1 METODOLOGIA 3 2.2 OS OPIÓIDES ANALISADOS NESTE TRABALHO 3 CAPÍTULO 3 6 3.1 A APROXIMAÇÃO DE BORN-OPPENHEIMER 6 3.2 O MODELO CONTÍNUO DE SOLVENTE 7 3.3 A TEORIA DO ORBITAL MOLECULAR 10 3.4 O MÉTODO DE HARTREE-FOCK 11 3.5 TEORIA DO FUNCIONAL DA DENSIDADE 14 3.6 FUNCIONAL DA DENSIDADE DEPENDENTE DO TEMPO 17 3.7 FUNCIONAIS HÍBRIDOS B3LYP 18 CAPÍTULO 4 20 4.1 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO 20 4.2 ESPECTROSCOPIA RAMAN 22 4.3 RESULTADOS PARA HER E 6-MAM 24 CAPÍTULO 5 38 5.1 ESPECTRO ULTRAVIOLETA 38 5.2 DICROÍSMO CIRCULAR 45 5.3 DENSIDADE DE ESTADOS 48 CAPÍTULO 6 51 6.1 ENERGIA, CALOR ESPECÍFICO A VOLUME CONSTANTE E ENTROPIA VERSUS TEMPERATURA 51 CONSIDERAÇÕES FINAIS 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 54 ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 1 Capítulo 1 Introdução Geral Neste capítulo procuraremos justificar a preocupação científica com a análise de drogas por meio do estudo de materiais, bem como os avanços destinados à área médica1-4. Para entender como podemos influenciar no efeito de uma droga podemos analisar suas alterações através de alterações em espectros característicos. Isso poderá proporcionar o alcance de novos tratamentos, meios de manipulação, e talvez a cura de diversas doenças, que podem não ter cura na atualidade ou são tratadas de forma não eficaz, gerando efeitos indesejáveis. O uso de drogas derivadas do ópio, por exemplo, gera dependência química. O uso destas com outros tipos de drogas poderá potencializar algum efeito indesejável? Em nível molecular, o que acontece quando uma molécula interage com um solvente, sendo este um tipo de droga? As drogas analisadas neste trabalho foram: morfina (MOR), diamorfina ou heroína (HER) e a 6-monoacetilmorfina (6-MAM). Assim como a MOR, HER e 6-MAM são fármacos derivados do ópio, que é obtido da planta Papaver somniferum conhecida como Papoula. A MOR é muito eficaz no tratamento de dor moderada a severa. A HER é um narcótico utilizado em todo mundo e proibido em diversos países.5 A HER (3,6 diacetilmorfina) é um produto obtido a partir da acetilação dos grupos fenólicos da MOR. Do ponto de vista farmacológico ela é muito semelhante à MOR, mas levemente mais ativa, sendo convertida no organismo em 6-MAM e posteriormente, em MOR. Por sua vez, esta é metabolizada para morphine-3-glucuronide (composto inativo) e a morphine-6-glucuronide, um potente agonista opióide.5 A detecção de MOR e codeína na urina é evidência do consumo de HER, mesmo se for consumida pura, ainda é possível obter na urina concentrações relevantes de 6-MAM, morfina e codeína.6 É importante à análise e caracterização das curvas características que formam os espectros destas moléculas para a sua identificação e caracterização. Por este motivo foi realizada a simulação destas drogas imersas em cinco solventes de fácil acesso como água, ethanol, toluene, acetone e chloroform. Nós pretendemos analisar o efeito que os solventes têm sobre as propriedades destas drogas. A água é tomada como solvente de referência. O ethanol é encontrado nas bebidas alcoólicas e pode ser consumido simultaneamente com ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 2 narcóticos sendo encontrado junto com os metabólitos (HER) no sangue de usuários. O clorofórmio é um adjuvante de anestesia que rapidamente atravessa a barreira hematoencefálica e pode ser encontrado no sangue. O tolueno é encontrado em colas de sapateiro e adesivos em geral e possivelmente pode ser inalado durante o uso ilegal de heroína. Ele é usado como droga em grande escala em países de terceiro mundo, assim como a acetona que é encontrada em produtos de cosmética. Além destas informações, podemos verificar a ação destes solventes em aumentar ou diminuir a reatividade destas drogas. É de grande importância analisar o comportamento destas drogas quando imersas em um solvente, já que a ação deste último é perturbar as camadas eletrônicas mais externas dos átomos constituintes das moléculas em estudo. Isto afetará tanto a geometria molecular quanto os modos energéticos e vibracionais. É possível que a ação de algum destes solventes torne a droga mais reativa, no sentido de enfraquecer ligações químicas de grupos funcionais importantes nas moléculas, como no caso das que estão em análise nesta dissertação. Outros solventes, porém, poderão tornar as moléculas menos propícias a realizar uma reação. Através deste trabalho pretende-se caracterizar as moléculas de morfina, heroína e 6monoacetilmorfina, através de simulação computacional dos espectros ultravioleta, Raman, infravermelho, dicroísmo circular e densidade de estados. Neste primeiro capítulo foi apresentada uma visão geral da dissertação. O próximo capítulo será apresentado à metodologia e um breve resumo teórico para fundamentar nosso trabalho. Nos seguintes serão discutidos alguns aspectos teóricos das modalidades de espectroscopia, bem como a discussão sobre os resultados obtidos nesta dissertação. Por último serão apresentadas as considerações finais. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 3 Capítulo 2 2.1 Metodologia Neste capítulo faremos uma breve descrição dos procedimentos que utilizamos neste trabalho para finalmente obter nossos resultados e interpretá-los. O trabalho realizado nesta dissertação foi analisar e caracterizar as moléculas de MOR, HER e 6-MAM via simulação computacional. Para tal finalidade, foi utilizado o software Hyperchem 7.510 para desenhar as moléculas de acordo com a literatura corrente. 12 11- Neste mesmo programa realizamos a análise conformacional, nesta etapa buscamos a conformação geométrica de menor energia potencial. Esta menor energia corresponde à geometria mais estável, ao formato que a molécula provavelmente deve ter na natureza. Foi usado o método semi-empírico PM3 para a realização da análise conformacional. Após esta etapa realizamos a otimização de geometria da molécula no software Gaussian 09W11 com a presença dos cinco solventes em questão. Neste programa o método usado para a otimização em solvente foi o da Teoria do Funcional da Densidade (DFT), no funcional híbrido B3LYP com a base 6-311++G(d,p). Para emular o efeito do solvente foi usado o modelo polarizável contínuo (PCM). Depois de otimizadas as moléculas os espectros de absorção e vibração foram calculados com Teoria do Funcional da Densidade Dependente do Tempo (TD-DFT). Nossos resultados dependem dos métodos usados em cada etapa. Então, nós faremos uma breve revisão dos métodos semi-empírico, PCM, DFT e TD-DFT nas próximas seções. 2.2 Os Opióides analisados neste trabalho A molécula MOR é muito eficaz no tratamento de dor moderada a severa. Assim como a HER e a 6-MAM, ela possui o mesmo esqueleto molecular composto de anéis de carbono. A HER é um produto obtido a partir da acetilação dos grupos fenólicos da MOR, e a 6-MAM é obtida no organismo por desacetilação de um dos grupos fenólicos da HER. Do ponto de vista farmacológico esta última é muito semelhante à MOR, mas levemente mais ativa. Por sua vez, a 6-MAM é metabolizada para morphine-3-glucuronide (composto inativo) e a morphine-6-glucuronide, um potente agonista opióide.7 ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 4 Devido à diferença na acetilação dos grupos fenólicos, é interessante estudar as alterações das suas propriedades quando há alteração dos radicais.7 Ainda podemos observar o comportamento destas moléculas quando estas estiverem submersas em solvente, indicando em qual destes é mais propício acontecer uma reação química ou mudança em suas propriedades geométricas e termodinâmicas6, solvatocromismo, além da potencialização ou anulação dos efeitos da droga. A 6-MAM é metabolizada principalmente por esterases sanguíneas, tendo sido descrita como responsável por parte das propriedades viciantes e biológicas da HER. Ela também tem sido conhecida como mais potente que a MOR in vivo, principalmente pela sua grande capacidade de penetração no sistema nervoso central. 8 As figuras 2.2 mostram as estruturas destas moléculas e sua representação quando desenhadas nos programas escolhidos para realizar os cálculos, bem como a síntese da HER. Em cada uma das figuras podemos observar a diferença substancial entre cada uma delas: a quantidade de radicais acetil. A HER possui dois, a 6-MAM possui um na posição 6 e a MOR não possui nenhum. (a) (b) Figura 2.2.1: (a) fórmula estrutural da morphine; (b) índices atômicos. (a) (b) Figura 2.2.2: (a) fórmula estrutural da Diamorphine; (b) índices atômicos. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 5 (a) (b) Figura 2.2.3: (a) fórmula estrutural da 6-monoacetylmorphine; (b) índices atômicos. Figura 2.2.4: Metabolismo da HER. 9 ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 6 Capítulo 3 3.1 A Aproximação de Born-Oppenheimer Em 1925, o físico austríaco Erwin Schrödinger marcou o início da Mecânica Quântica moderna ao propor sua famosa equação. Esta equação aparentemente simples determina a função de onda quântica de um sistema, seja ele um átomo, uma molécula ou sólido, que por sua vez contém toda a informação necessária para determinar o estado do sistema. Ela é dada por: (3.13) onde é a função de onda do sistema e H é operador hamiltoniano. Em potenciais independentes do tempo, podemos separar as variáveis espaciais e temporais na solução da equação: (3.14) Substituindo na Eq. (3.13), obtemos: (3.15) que é a equação de Schrödinger independente do tempo, na qual E é a energia do sistema em questão. Para um hamiltoniano de muitos corpos, temos: , onde: é o operador de energia cinética dos elétrons; é o operador de energia cinética dos núcleos; é o termo de repulsão de Coulomb entre os elétrons; é a interação entre os núcleos; ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA (3.16) 7 representa a interação de Coulomb entre os elétrons e os núcleos. A aproximação de Born-Oppenheimer considera desprezível a massa dos elétrons em comparação às dos núcleos, pois estas últimas são muito superiores; e consideram-se os núcleos fixos. Como consequência dessa hipótese, temos que os núcleos são praticamente imóveis, a interação entre eles torna-se constante e o potencial elétron-núcleo passa a depender parametricamente das coordenadas nucleares. Assim, na aproximação de BornOppenheimer, o hamiltoniano fica: . (3.17) A equação de Schrödinger fica , onde (3.18) é a função de onda eletrônica. A resolução da equação de Schrödinger é determinada mediante o uso de softwares computacionais especializados. Neste trabalho utilizamos o software Gaussian09W. 11 3.2 O modelo contínuo de solvente Com o forte desenvolvimento dos cálculos de estrutura eletrônica ab initio, tornou-se possível investigar uma série de propriedades moleculares de interesse para o químico. Entre elas, se destacam a estrutura molecular, análise conformacional, espectros vibracional e eletrônico, interações intermoleculares, reatividade química e mecanismos de reações químicas. O interesse na modelagem computacional do fenômeno de solvatação extrapola as aplicações em química sintética, atingindo outras áreas de enorme importância, como bioquímica e desenvolvimento de fármacos. 12 Entre as abordagens que têm se destacado para descrever a termodinâmica de solvatação, os modelos em que o solvente é descrito como um contínuo dielétrico têm sido os mais utilizados, devido seu baixo custo computacional. 12-13 ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 8 Em tais modelos, o solvente deixa de ser representado por suas moléculas explicitamente. Cada i-ésima molécula é representada pelo seu momento de dipolo elétrico . A contribuição eletrostática surge da interação do dipolo do solvente com a distribuição de carga do soluto. O vetor de polarização é definido como onde é um pequeno volume que contém moléculas do solvente e os < > representam uma média térmica. O modelo PCM assume que o vetor de polarização segue a aproximação de resposta linear, ou seja, na presença de um campo elétrico temos , onde é a suscetibilidade elétrica do meio. Esta representa o comportamento macroscópico do dielétrico. Na representação discreta do solvente, cada molécula ocupa um volume no espaço. Na representação contínua devemos acomodar o soluto em uma cavidade de forma que ele permaneça cercado pelo dielétrico por todos os lados. Para definir a cavidade usam-se esferas sobrepostas e centradas nos átomos do soluto. Considerando o vetor deslocamento elétrico definido por permissividade elétrica do meio , onde é a permissividade elétrica no vácuo, o divergente do deslocamento elétrico é conservativo, vem que . Sendo o campo eletrostático e o potencial eletrostático total do sistema é então descrito pela equação de Poisson, do soluto e do solvente dielétrico do soluto. Ao encontrar , a , e é a soma da contribuição do potencial , podemos encontrar . é obtido da distribuição de cargas . Através deste último pode-se calcular a energia livre de solvatação, que mede o grau de interação soluto-solvente. Outro método de se obter o potencial do dielétrico (ou solvente) é através do método das cargas aparentes de superfície. Neste método a carga do soluto se encontra fora da região onde se encontra o solvente. Se o volume que contém o solvente tiver dimensões muito maiores que a molécula, então o potencial devido ao dielétrico será onde k é a constante dielétrica, localiza o dipolo molecular e , é a densidade de cargas sobre a superfície molecular, o ponto onde se pretende calcular o potencial. 12 Com a obtenção do potencial eletrostático gerado pelo dielétrico, podemos finalmente obter a energia livre de solvatação , definida como , que é a metade da energia de interação entre o dielétrico, representado pelo potencial de cargas de polarização de superfície, e a distribuição de cargas da molécula. Usando as relações entre constantes eletrostáticas podemos obter a forma da distribuição superficial de cargas como ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 9 sendo , onde é a constante dielétrica e para fora da cavidade que contém o solvente. é o versor normal dirigido 12 O modelo PCM foi desenvolvido por Tomasi e colaboradores. Para obtenção do potencial eletrostático gerado pelo dielétrico, é utilizado o método das cargas aparentes de superfície. A densidade eletrônica é determinada por cálculos de estrutura eletrônica ab initio, de forma que a polarização do soluto é incluída. Além disso, a distribuição de cargas do soluto é contínua, sendo altamente realista. 12 No software Gaussian 09W 11, o comando SCRF (Self-Consistent Reaction Field) é a palavra-chave que solicita que um cálculo seja realizado na presença de um solvente por meio da colocação de um soluto em uma cavidade no interior do campo de reação com solvente. O formalismo descrito acima não é válido para a possibilidade de a nuvem eletrônica sair parcialmente da cavidade que cerca o soluto, ou molécula, sendo necessário o formalismo de equações integrais para o modelo PCM (IEFPCM). Neste formalismo se usa a teoria das funções de Green para os operadores diferenciais, o que garante a suavidade e continuidade da distribuição de carga de superfície e suas derivadas de interesse. Assim, correções de ordem superior não são necessárias. 13-14 O método PCM no Gaussian 09W11 é um processo iterativo externo através do qual o programa calcula a energia em solução, através da reação do campo autoconssistente com o potencial eletrostático de soluto (o último a ser gerado a partir da densidade eletrônica computadorizada com o modelo químico especificado). 13-14 O procedimento descrito anteriormente (PCM) calcula o efeito do solvente sobre a densidade eletrônica e, em seguida, aplica-se perturbação Moller-Plesset de segunda ordem (SCF-MP2), enquanto que a abordagem iteração externa (IEFPCM) calcula o efeito do solvente de forma autoconssistente no que diz respeito à densidade MP2. Embora esta técnica seja de interesse primário para o estudo de processos do estado excitado, tais como a fluorescência, ela também pode ser usada para os cálculos do estado fundamental com métodos teóricos que proporcionem gradientes: por exemplo, métodos de pós-SCF. 13-14 Para os cálculos em estados excitados em solução não existe uma distinção entre os cálculos no equilíbrio e fora do equilíbrio. Um cálculo no equilíbrio descreve uma situação em que o solvente teve tempo de responder plenamente as mudanças no soluto, por exemplo, a otimização de geometria, um processo que ocorre na mesma escala de tempo que o movimento molecular no solvente. Um cálculo de não equilíbrio é apropriado para processos ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 10 que são rápidos demais para o solvente ter tempo para responder totalmente, por exemplo, uma excitação eletrônica vertical. 13-14 Para os cálculos de otimização de geometria e equilíbrio molécula-solvente os cálculos de estados excitados foram realizados usando uma única excitação e TD-DFT. No mesmo procedimento se calcularam os espectros vibracionais e de absorção. Resumindo, temos que a presença do solvente é descrita através da sua permissividade elétrica. As alterações que este gera na distribuição eletrônica do soluto irão influenciar no modo como o soluto irá se comportar, nas transições eletrônicas, vibracionais, geometria, atividade ótica, etc. Com base neste fato, iremos então calcular o efeito de diferentes solventes nas moléculas em estudo. 3.3 A Teoria do orbital molecular. A teoria do orbital molecular consiste em considerar que existe uma função de estado para cada elétron e que a composição de funções de estados gera uma função de estado para N elétrons. Ela é uma extensão das ideias de Bohr. Ela foi desenvolvida originalmente por Hartree, Slater, Roothaan e muitos outros. 18,19 Seja o i-ésimo orbital molecular (OM) do elétron espaciais representado por em função das coordenadas . Se considerarmos o spin teremos o spin-orbital molecular (SOM) definido como: . (3.3.1) Onde . (3.3.2) A função de onda total do sistema de N elétrons é dada por um determinante de Slater composto pelos SOMs, na forma . (3.3.3) Os SOM são funções ortonormais. Isto implica que a função de onda total do sistema seja uma função normalizada: ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 11 . (3.3.4) A energia do sistema será obtida então por . (3.3.5) Onde H é o operador hamiltoniano em unidades atômicas, definido como . Na (3.3.6) (3.3.6) é o operador hamiltoniano de uma partícula para o μ-ésimo elétron movendo-se no campo dos núcleos. Ele é um operador hermitiano definido como , (3.3.7) onde a primeira parcela representa a energia cinética do elétron μ e a segunda é a energia de interação elétron-núcleo. Na equação (3.3.6) não foi considerado a interação núcleo-núcleo, pois estamos usando a aproximação de Born-Oppenheimer. 18,19 3.4 O método de Hartree-Fock. O método de Hartree-Fock (HF) busca uma solução aproximada da equação de Schrödinger para o estado fundamental de um sistema de elétrons num átomo, numa molécula ou num sólido considerando que a função de onda que determina o sistema é dada por um determinante de Slater. Para que esta aproximação se torne melhor, as funções de estado ou spin-orbitais que compõem o determinante de Slater são escolhidas de acordo com o princípio variacional. 18,19 No método HF, podemos trabalhar com o sistema de camadas fechadas, onde todos os orbitais moleculares são duplamente ocupados e o número de spins α é igual ao número de elétrons com spin β, e o sistema de camadas abertas. Ainda temos que se nenhuma restrição for efetuada sobre os orbitais moleculares então temos o método de Hartree-Fock não restrito (URF), que é em geral mais conveniente para tratar os sistemas de camada aberta. Se o ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 12 sistema de interesse possuir número par de elétrons e o sistema eletrônico for de camada fechada é conveniente fazer a restrição de que cada orbital espacial seja associado a dois elétrons. Neste caso temos o método de Hartree-Fock restrito (RHF). 18,19 Considerando o sistema de camadas fechadas, vamos considerar a equação de Schrödinger independente do tempo para os orbitais moleculares dados pela equação (3.3.3): . (3.4.1) O funcional a ser considerado neste caso é 18,19: . (3.4.2) A soma é efetuada sobre todos os orbitais moleculares ocupados. Os termos dos somatórios são: , (3.4.3) , (3.4.4) . (3.4.5) A primeira integral representa a energia da i-ésima partícula para o μ-ésimo elétron movendo-se em torno dos núcleos. A segunda integral representa a interação de Coulomb entre as densidades e . A última é um termo sem análogo clássico, e é conhecido como energia de Exchange ou de troca. 18,19 Ao considerar estas expressões e aplicar o princípio variacional ao funcional dado pela equação (3.4.2), podemos definir o operador de Fock, dado por , (3.4.6) onde . (3.4.7) O operador de Fock é o operador hamiltoniano efetivo para uma partícula e é invariante sob transformações unitárias. Os orbitais moleculares devem satisfazer a equação canônica de Fock: , com i = 1, 2, 3,..., n=N/2. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA (3.4.8) 13 Os autovalores são reais, as autofunções pertencentes a distintos autovalores são mutuamente ortogonais. Resolvendo esta equação temos um conjunto de soluções onde para o estado fundamental os n autovalores devem ser os de menos valor, pois caso contrário estaria resolvendo um estado excitado. As n funções correspondentes são chamadas de orbitais moleculares ocupados do estado fundamental, as demais são os estados virtuais. 18,19 O operador F representa o campo de 2n-1 elétrons atuando sobre um orbital molecular. F depende dos e só é conhecido quando os orbitais são determinados. Por sua vez, os orbitais dependem de F. A equação (3.4.8) é resolvida de forma iterativa. Na convergência os determinam F, que por sua vez determina os . Temos neste caso uma solução autoconsistente. 18,19 Para átomos, resolver a equação de Hartree-Fock não é grande problema, devido à simetria esférica. Para moléculas é mais complicado, pois neste caso perdemos esta simetria. Para contornar este problema, a maioria dos cálculos é simplificada considerando que os orbitais moleculares são uma combinação linear de orbitais atômicos. Este procedimento é conhecido como LCAO-MO, Linear Combination of Atomic Orbital-Molecular Orbital, do inglês. 18,19 Estes orbitais moleculares são escritos como . onde representa o p-ésimo orbital atômico e (3.4.9) o i-ésimo orbital molecular, sendo . (3.4.10) Os LCAO-MO’s são construídos de tal forma que o estado fundamental tenha camada fechada. Isto implicará em que os encontre um mínimo. 18,19 formem um conjunto tal que a energia eletrônica Podemos deste modo, com um pouco de álgebra, obter a equação de Hartree-Fock-Roothaan: . (3.4.11) Onde F é o operador de Hartree-Fock-Roothaan, pois consideramos agora a hipótese de que os orbitais moleculares são sobreposição linear de orbitais atômicos e os coeficientes ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 14 levarão a um mínimo de energia eletrônica; é a matriz que fornece os autovalores de energia dos orbitais moleculares, e S é a matriz de sobreposição, cujos elementos são dados por . (3.4.12) Teremos então um conjunto de equações , com i=1,2,..., n; q=1, 2, ..., s. (3.4.13) Os autovalores são raízes da equação secular . (3.4.14) O procedimento para resolver a equação de Hartree-Fock-Roothaan é através do método iterativo chamado de campo autoconsistente (Self-Consistent Field-SCF). O operador F depende dos orbitais a se determinar. Faz-se uma escolha inicial de F, se resolve e depois se constrói um novo operador F, resolve-se novamente e o processo é repetido até que haja autoconsistência entre os valores de entrada e os valores de saída. 3.5 Teoria do Funcional da Densidade São poucas as aplicações nas quais se obtém uma solução exata da equação de Schrödinger. Na maioria dos casos, a equação é demasiadamente complicada de ser resolvida. Diante desse problema, químicos e físicos tentam obter métodos alternativos para resolver a equação de Schrödinger de forma aproximada. Em 196420, Walter Kohn publicou um artigo onde apresentavam uma mudança na teoria da mecânica quântica baseada em funções de onda, que agora era baseada na densidade eletrônica. Esta densidade, normalmente representada por , era de tal forma que a energia eletrônica era um funcional dela. Contudo havia o problema de determinar na prática para um sistema real. A solução chegou ao ano seguinte, novamente num artigo de Kohn, mas agora com Lu Sham20. Estes dois artigos formaram a base da denominada Teoria dos Funcionais da Densidade (DFT). Funcionais são matematicamente definidos como funções de outra função matemática, onde o domínio da função funcional são os valores de imagem de ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 15 outra função. Neste caso, é a função espacial dependendo da função densidade eletrônica em um ponto do espaço , por isso o nome teoria do funcional da densidade advém do uso de funcionais da densidade eletrônica. Além disso, o desenvolvimento dos computadores permitiu que as equações-chave desta teoria, as equações de Kohn-Sham, fossem resolvidas com uma rapidez extremamente maior, mesmo para sistemas mais complexos. Todavia, o que permite a densidade eletrônica desempenhar esse papel central na DFT são dois teoremas básicos, publicados nos artigos de Kohn e Hohenberg, teoremas conhecidos como Teoremas de Hohemberg-Kohn: Teorema (3.2.1). O potencial externo presenciado pelos elétrons, funcional único da densidade eletrônica no estado fundamental, Teorema (3.2.2). A energia do estado fundamental , é um . é mínima para a densidade exata. A energia cinética dos núcleos e a interação núcleo-núcleo são desprezíveis quando comparadas a dos elétrons, ou seja, os núcleos são considerados estáticos. Assim, pode-se adotar um potencial do elétron em relação ao núcleo, esse é o potencial externo . O primeiro teorema assegura que podemos determinar a energia como um funcional único da densidade eletrônica no estado fundamental: (3.5.1) O segundo teorema demonstra que a energia do estado fundamental tem propriedade variacional: (3.5.2) A energia pode, então, ser escrita como um funcional da densidade: (3.5.3) onde: é a energia cinética do sistema; é o termo de interação entre os elétrons; é a energia promovida pelos potenciais nucleares. Kohn e Sham propõem, em sua teoria, escrever o funcional da energia dentro do modelo da partícula independente. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 16 (3.5.4) na qual: : energia cinética para um sistema não interagente de elétrons com densidade ; : termo de interação de Coulomb média entre os elétrons; : contém a correção da energia cinética (T-To) e da energia de Hartree (U-UH), conhecido como energia de troca-correlação. Obtemos um formalismo de partícula única que contém os efeitos de uma interação de muitos corpos, sendo assim, formalmente exato. As equações de Kohn-Sham são obtidas explicitando o funcional de energia e, em seguida, minimizando esse funcional, com o vínculo do número de partículas constante: . (3.5.5) Minimizando esse funcional, temos: (3.5.6) onde: (3.5.7) são os autovalores de Kohn-Sham e são as autofunções de Kohn-Sham. Esse procedimento de minimizar o funcional de energia em termos da densidade eletrônica é equivalente a resolver uma equação de Schrödinger com um potencial efetivo Vef. Nesse sistema fictício, a densidade eletrônica é escrita em função dos orbitais eletrônicos de Kohn-Sham: (3.5.8) Deve-se notar que o potencial efetivo de Kohn-Sham é um funcional da densidade, Eq.(3.25): ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 17 o que nos permite concluir que as equações de Kohn-Sham devem ser resolvidas de modo autoconsistente, pelo fato de a densidade eletrônica ser dependente das autofunções de KohnSham. Como a dependência do termo de troca-correlação com a densidade não é conhecido exatamente, várias aproximações foram criadas para suprir essa dificuldade. Entre essas aproximações, temos a Aproximação da Densidade Local (LDA, em inglês Local Density Approximation). Essa aproximação consiste em escrever a energia de troca-correlação por elétron num ponto tal como aquela em que um gás homogêneo tenha a mesma densidade nesse ponto: . (3.5.9) Ela é útil em sistemas nos quais a densidade eletrônica não varia rapidamente em uma região pequena. No caso da densidade variar significativamente dentro de certa região, deve-se incluir o termo que contém a dependência com a primeira derivada espacial da densidade: . (3.5.10) Essa é a conhecida Aproximação do Gradiente Generalizado, GGA (Generalized Gradient Approximation). Aqui, a energia de troca-correlação por elétron é substituída por uma função local da densidade eletrônica e do gradiente da densidade. Com a introdução do termo do gradiente da densidade eletrônica presente no funcional de troca-correlação, esperase um melhor resultado e, portanto, uma melhor descrição de sistemas não homogêneos pode ser obtida. Os espectros UV-vis, RAMAN, Infravermelho, densidade de estados e Dicroísmo Circular são calculados quando o potencial depender explicitamente do tempo. Nestes casos, temos o método da teoria do funcional da densidade dependente do tempo (TD-DFT). Segue uma breve definição do método TD-DFT. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 18 3.6 Teoria do Funcional da Densidade Dependente do Tempo O método da Teoria do Funcional da Densidade dependente do tempo (Time Dependent Density Functional Theory, TD-DFT) foi utilizado para a determinação dos espectros de absorção, na região do UV-Vis, Infravermelho, RAMAN, densidade de estados (DOS), Dicroísmo Circular e Transições Eletrônicas (orbitais HOMO e LUMO). Trata-se de uma extensão da DFT, para potenciais efetivos dependentes do tempo. A base da TD-DFT é o teorema de Runge-Gross (RG) (1984)21, o teorema equivalente ao de Hohenberg-Kohn, todavia dependente do tempo. Utilizando-se desse formalismo, pode - se descrever as otimizações das estruturas analisadas, bem como estabelecer as propriedades espectroscópicas das moléculas. O método de Runge e Cross considera um sistema único na presença de um potencial externo dependente do tempo. Assim, o operador hamiltoniano do sistema fica na forma: , onde T é o operador de energia cinética dos elétrons, (3.29) é a interação elétron-elétron e é o potencial externo que, junto com o número total de elétrons, define o sistema. Toda a informação fornecida pelo sistema está associada a esse potencial. Aplicando esse operador na equação de Schrödinger, temos: , . (3.30) Utilizando a equação de Schrödinger como ponto de entrada, o teorema de Runge-Gross (RG) estabelece que, num instante qualquer, a densidade eletrônica determina, de maneira única, o potencial externo. Isso é feito em duas etapas: Admitindo que o potencial externo possa ser expandido em série de Taylor, num dado instante, eles demonstram, em seu artigo que, se dois potenciais externos diferem a menos de uma constante aditiva, então eles geram diferentes densidades de corrente. Aplicando a equação da continuidade, eles demonstram que, para sistemas finitos, diferentes densidades de corrente correspondem a diferentes densidades eletrônicas. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 19 A solução da equação de Schrödinger via teorema RG, permitiu obter os resultados dos espectros analisados. Na subseção seguinte, apresentamos o funcional híbrido B3LYP/6311++G(d, p), o qual foi utilizado em nosso estudo. 3.7 Funcionais Híbridos B3LYP No intuito de melhorar o tempo computacional dos cálculos baseados em DFT, físicos e químicos criaram uma aproximação para os termos de troca-correlação introduzindo uma parte exata do termo de troca, na teoria de Hartree-Fock, com a troca e correlação de outros métodos. Estes funcionais híbridos oferecem uma maneira simples de obter resultados de muitas propriedades moleculares tais como, comprimento de ligações, espectros , etc. O funcional B3LYP 21 (Becke, three-parameter, Lee-Yang-Parr), que é uma combinação linear exata do funcional de troca de Hartree-Fock ( ), é dado por: , (3.31) onde: =0.2, =0.72 e =0.81 são parâmetros empíricos, do gradiente generalizado e e são as aproximações é a densidade local de Vosko-Wilk-Nusair (VWN)21. Note que são realizadas aproximações do gradiente generalizadas, pois se considera que a densidade eletrônica deixa de ser constante no espaço. Para obter os resultados desta dissertação utilizamos os funcionais híbridos B3LYP. O conjunto de funções de base utilizado para, através de uma combinação linear, criar os orbitais moleculares foi o 311++G(d,p). ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 20 Capítulo 4 4.1 Espectroscopia no Infravermelho O método de espectroscopia infravermelho (IR, abreviação no inglês) é uma técnica que utiliza radiação com comprimento de onda na faixa do infravermelho para obter informações sobre a composição de estruturas moleculares. Quando grupos funcionais recebem feixes de radiação IR, estes grupos passam a ter um movimento vibracional com frequências particulares para aquela radiação. As oscilações são quantizadas e as moléculas devem apresentar momento de dipolo permanente para ter atividade IR. Elas irão absorver fótons de forma que o momento de dipolo de transição tenha pelo menos uma componente não nula. A atividade IR propicia a verificação dos grupos constituintes de uma dada molécula. Classicamente, a absorção ou emissão de radiação por um sistema é devida a variação periódica em seu momento de dipolo elétrico, sendo a frequência absorvida ou emitida igual a da oscilação do dipolo. Se pelo menos uma das três componentes do vetor momento de dipolo elétrico do sistema oscilar com a mesma frequência da radiação incidente, a molécula absorverá esta radiação. Em uma molécula o momento de dipolo é determinado pela configuração nuclear. Quando a molécula vibra o dipolo pode sofrer variação. Para moléculas diatômicas a única coordenada normal do sistema coincide com a coordenada interna de ligação, q. Podemos expandir o momento de dipolo na coordenada q para cada um de seus componentes, de forma condensada: . Aqui (4.1.1) é o momento de dipolo permanente. A condição de atividade no infravermelho é que pelo menos a 1ª derivada em torno da posição de equilíbrio seja diferente de zero pera pelo menos uma das componentes do momento de dipolo elétrico. Pela mecânica quântica, a transição entre dois estados, caracterizados por suas respectivas funções de onda, é descrita pelo momento de dipolo de transição: , (4.1.2) ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 21 ou por suas componentes abaixo. O momento de dipolo de transição pode ser interpretado como a medida do dipolo associado ao movimento eletrônico durante a transição entre dois estados envolvidos. A intensidade no infravermelho é proporcional à soma dos quadrados das componentes definidas pelas integrais acima. Para a transição ser permitida, pelo menos uma destas integrais deve ser diferente de zero. O momento de dipolo de transição é causado pela perturbação do operador hamiltoniano do campo da radiação incidente, hamiltoniano. O campo elétrico , onde H’ é a perturbação no atua no momento de dipolo produzindo uma variação , que é adicionada à energia do sistema. Usando a série de Taylor na definição de momento de transição temos que: . (4.1.3) A integral acima nos conduz a seguinte análise: i) A variação de pelo menos uma das componentes do momento de dipolo em torno da posição de equilíbrio deve ser diferente de zero, caso contrário teremos o momento de dipolo intrínseco. Neste caso não haverá transição. ii) As funções de onda devem ter funções números quânticos diferentes, para que a segunda integral não se anule por paridade. Isto implica que a paridade dos estados envolvidos deve ser diferente. Pela regra de seleção do oscilador harmônico esta diferença entre números quânticos deve ser de uma unidade, assumindo valor +1 para absorção e -1 para emissão. Podemos inferir do explicado acima que uma molécula diatômica homonuclear não apresentará atividade no infravermelho. Podemos inferir também que quanto menos intenso for o momento de dipolo de uma molécula, menos intensa será sua atividade ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 22 no infravermelho. Solventes com menores valores de permissividade elétrica irão distorcer com menos intensidade os espectros moleculares. 4.2 Espectroscopia Raman Outra técnica de espectrometria bastante usada é a espectroscopia Raman, que é uma técnica de espalhamento. A luz espalhada inelasticamente e a mudança de energia entre a luz espalhada elasticamente e espalhada indeslasticamente dá informações sobre os modos vibracionais do sistema. A diferença de frequencia entre um fóton incidente e um espalhado inelasticamente multiplicada pela constante de Planck é a energia de uma transição no processo Raman. Para haver atividade Raman é preciso que o campo elétrico externo gere um dipolo de transição induzido que tenha pelo menos uma componente não-nula. A espectrometria de infravermelho difere da espectrometria Raman, no entanto, ambas fornecem informações complementares. Assim, este método é uma importante ferramenta em análises e investigações de materiais, pois amplia o conhecimento sobre eles. No efeito Raman, a atividade está liigada a variação do momento de dipolo elétrico induzido pelo campo elétrico da radiação incidente. Classicamente o vetor momento de dipolo induzido é escrito como , onde é a polarizabilidade da molécula e é o campo elétrico da radiação incidente. Do mesmo modo que o momento de dipolo intrínseco cno caso infravermelho, a polarizabilidade pode ser expandida em série de Taylor, onde temos: . (4.1.4) Considerando que a coordenada q e o campo podem ser dados por o momento de dipolo induzido será: . (4.1.5) ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 23 O primeiro termo contém somente frequência da radiação incidente, correspondente ao espalhamento elástico (espalhamento Rayleigh). O termo com soma de frequências é relativo ao espalhamento anti-Stokes e o com subtração é o espalhamento Stokes. Observa-se que para haver atividade Raman é preciso que a polarizabilidade varie em torno da posição de equilíbrio. Para o modelo quântico, a molécula é excitada pelo fóton incidente, ocorrendo perturbação de todos os níveis de energia. Ela passa a um nível transitório de energia e depois decai para um estado excitado (espalhamento Stokes). O fóton espalhado tem energia igual a da radiação incidente menos a diferença de energia entre os níveis adjacentes. O momento de transição pode ser escrito como: . De forma compacta temos que , onde (4.1.6) são as componentes do tensor de polarizabilidade. No espalhamento Raman, na equação (4.1.6), devem-se considerar as derivadas das componentes do tensor de polarizabilidade em relação ao modo vibracional sejam simétricas, ou seja, . Este tensor simétrico é conhecido como tensor Raman. Usando um raciocínio análogo ao que foi realizado para o infravermelho, temos que: . (4.1.7) De onde observamos que além de haver variação de pelo menos uma componente do tensor de polarizabilidade em relação a um modo vibracional e que deve haver transição entre estados vibracionais, já que as funções de onda são ortogonais. As moléculas foram projetadas com base nos textos correntes da literatura e usando o software Hyperchem 7.5. 10 22-24 Análise conformacional também foi realizada para a obtenção de estruturas geométricas de menor energia global. Utilizando o método semiempírico PM3 para análise conformacional a menor energia global para a HER foi de 103147,30 eV e -90.199,12 eV para 6-MAM. Em seguida, foi utilizado o software Gaussian 09W 11 no modelo de contínuo polarizável (PCM), com o funcional híbrida B3LYP e com o conjunto de bases 6-311 + + G (d, p), para os cálculos de otimização da geometria no método da teoria funcional da densidade (DFT). Após a análise conformacional as moléculas tiveram geometrias refinados para os seus respectivos solventes, utilizando TD-DFT. Na mesma base ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 24 foram obtidos os espectros Raman e IR. Não foram encontradas frequências imaginárias na análise das frequências de vibração, o que indica que a geometria encontrada é o que fornece o mínimo de energia potencial de superfície. 25 4.3 Resultados para HER e 6-MAM Nesta dissertação apresentar-se-á apenas os resultados para a HER e 6-MAM, pois já existe um estudo completo do espectro vibracional da MOR via DFT onde encontramos os espectros IR e Raman e outras informações que seriam apresentadas neste trabalho. 25 Podemos esperar que o comportamento do espectro seja mais próximo para solventes que possuem valores de permissividade elétrica mais próximos, já que o efeito na polarização será parecido. Esperamos que os maiores desvios dos espectros IR e Raman em relação à água sejam para o solvente tolueno e clorofórmio, que têm baixa permissividade elétrica e, portanto, são menos polares. Utlizamos a notação α = deformação planar dos anéis de carbono, ν = estiramento, ω = rotação, σ = tesoura, τ = torção e γ = balanço para os modos normais de vibração. A figura 4.2.1 (a) mostra o espectro IR da HER nos solventes em estudo, entre 2900,00 cm-1 a 3250,00 cm-1. Observa-se diminuição da intensidade do IR e leve deslocamento para a direita para aproximadamente 2925,00 cm-1 para o solvente tolueno em torno da frequência de 2930,00 cm-1, que corresponde ao modo de estiramento nas ligações entre os átomos 36H-14C do anel com nitrogênio e 40H-20C, de um grupo metila. Entre 3000,00 cm-1 e 3200,00 cm-1 observa-se um leve deslocamento de aproximadamente (30603050) cm-1 = 10,00 cm-1 , além do leve aumento do pico em torno de 3025,00 cm-1, para o solvente tolueno. Para os demais solventes o comportamento do espectro foi similar ao da água neste intervalo. Na figura 4.2.1 (b), e pela tabela 4.2.1, temos em 1747.85 cm-1 a diminuição da intensidade do IR para os solventes etanol e acetona em relação à água. Para o chlorofórmio houve diminuição e leve deslocamento para a direita, enquanto para o tolueno houve diminuição e forte deslocamento para direita. Esta frequência está associada aos modos de estiramento na ligação 24C=40O, tesoura para as ligações 46H-25C-47H e 46H-25C-24C e torção para 45H-25C-47H. Em torno de 1773.62 cm-1 observamos o forte aumento da intensidade para o clorofórmio, com leve deslocamento para a direita. Observa-se também leve deslocamento para a direita e diminuição de intensidade para o etanol e acetona. Para o ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 25 tolueno se observa o aumento do pico e forte deslocamento para a direita. Os modos de vibração associados a esta frequência são estiramento para 26C=5O, tesoura para 48H-27C50H e abano para 49H-27C. Para a figura 4.2.1 (c), temos a região de fingerprint do espectro IR da molécula de HER. Esta região é importante devido a sua utilização na identificação unívoca da molécula. Destaca-se a região em torno de 1262.76 cm-1, onde há um grande aumento no pico do solvente chlorofórmio e surgimento de dois pequenos picos em torno de 1200 cm-1. Os demais solventes seguem o comportamento da água. Nesta frequência os modos normais de vibração são de deformação angular e são torção para 33H-13C-34H; 35H-14C-36H e abano para 44H-23C; 28H-8C; 69H19C; 38H17C. Na figura 4.2.2 (a) temos o espectro Raman da HER, que abrange o intervalo de 2850,00 cm-1 a 3250,00 cm-1. Observa-se o maior pico em torno de 3050,00 cm-1. Destaca-se a diminuição da intensidade para o solvente tolueno em quase todo o intervalo, exceto para o valor de aproximadamente 3025,00 cm-1. Exatamente na frequência 3049.71 cm-1, de acordo com a tabela 4.2.1, os modos de vibração são estiramento simétrico para as ligações 41H20C-42H e 33H-13C-34H, estiramento assimétrico para as ligações 40H-20C-42H, 40H-20C41H e 35H-14C-36H e estiramento para 29H-9C (tabela 4.2.1). Na figura 4.2.2 (b), que vai do intervalo de 1050 cm-1 a 1850 cm-1, obtemos um fragmento da região de fingerprint, característica da HER, e que vai de aproximadamente de 800,00 cm-1 a 1500,00 cm-1. O maior pico é em torno de 1745,00 cm-1 e a maior atividade é para os solventes acetona e etanol, que em geral têm acompanhado o comportamento da água. Para o solvente tolueno o sinal foi diminuído nesta frequência. Houve picos para o tolueno em torno de 1270,00 cm-1 e 1700,00 cm -1. O clorofórmio teve aumento em tono de 1500,00 cm-1 e 1800,00 cm-1. Na frequência de 1747.85 cm -1 os modos de vibração são estiramento para a ligação 24C=40O, tesoura para as ligações 46H-25C-47H, 46H-25C-24C e torção para a ligação 45H-25C-47H (tabela 4.2.1). Na figura 4.2.3 (a) temos o espectro IR da 6-MAM, no intervalo de 3780,00 cm-1 a 3830,00 cm-1, o maior pico é o da água, e em ordem decrescente o clorofórmio, acetona, etanol e tolueno. Para a água, etanol e acetona o pico foi em 3800,00 cm -1. Para chloroform e toluene houve deslocamento para a direita de (3810–3800) cm-1 = 10,00 cm-1. Para a frequência de 3801.07 cm-1 o modo de vibração é estiramento para a ligação 45H-3O. Para a figura 4.2.3 (b), que vai de 2900,00 cm-1 a 3200,00 cm-1, temos oito picos para o espectro IR. O primeiro é relativo à frequência de 2924.00 cm-1 e corresponde ao modo de ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 26 estiramento das ligações 32H-13C e 39H-19C. O segundo é em 3005.25 cm-1 correspondendo ao modo de estiramento para as ligações 25H-7C e 34H-15C. O terceiro é na frequência de 3023.52 cm-1 que é relativa ao modo de estiramento para as ligações 33H-13C e 25H-7C e ao modo de estiramento simétrico para as ligações 28H-10C-29H e 30H-12C-31H. O quarto é na frequência de 3048.58 cm -1, onde temos os modos de estiramento simétrico para a ligação 37H-19C-38H, estiramento assimétrico para as ligações 37H-19C-39H e 38H-19C-39H e o modo de estiramento para as ligações 30H-12C e 26H-8C. O quinto é para a frequência de 3068.93 cm-1 com o modo de estiramento assimétrico para 28H-10C-29C. O sexto é para a frequência de 3092.30 cm-1 com o modo de estiramento assimétrico para 37H-19C-38H. O sétimo é para a frequência de 3182.58 cm-1 com o modo estiramento para a ligação 27H-9C e o oitavo é para a de 3123.93 cm-1 com o modo de estiramento para as ligações 41H-22C e 40H-20C (tabela 4.2.2). A figura 4.2.3 (c) proporciona uma visão detalhada do intervalo de 1600,00 cm-1 a 1900,00 cm-1. O primeiro pico aparece em 1647,00 cm-1, com intensidade no IR de 82.7981 para a água, e mostra um pequeno deslocamento para a esquerda para o solvente tolueno (tabela 4.2.2). Nesta frequência temos o modo de deformação planar do anel formado pela ligação 17C-21C-22C-20C-14C=11C e abano para as ligações 45H-30 e 30H-12C-31H. Para 1749.09 cm-1 o maior pico é para a água, 531.25 no IR, o segundo para a acetona e em seguida para o etanol. Nesta frequência os modos de vibração são os de estiramento para a ligação 23C=4O, tesoura para 43H-24C-44H e abano para 42H-24C. Para a figura 4.2.3 (d) temos o intervalo de 1150,00 cm-1 a 1425,00 cm-1. Em torno de 1259,00 cm-1 temos o maior pico para o solvente clorofórmio. Para a frequência de 1339.73 cm-1 temos o modo de deformação planar do anel 17C-21C-22C-20C-14C-=11C e o modo balanço para as ligações 45H-3O, 41H-22C, 26H-8C, 34H-15C, 25H-7C e 26H-8C. Na frequência de 1244.55 cm-1 temos os modos balanço para as ligações 37H-19C-38H, 41H22C, 40H-20C, 25H-7C e 42H-24C, os modos de torção para as ligações 30H-12C-31H, 32H13C-33H e 37H-19C-38H e o modo estiramento para a ligação 23C-2O. Ainda nesta região temos a frequência de 1224,00 cm-1, que é relativa aos modos torção para a ligação 28H-10C29H, balanço para as ligações 32H-13C-33H, 38H-19C-39H e 37H-19C-39H e abano para 30H-12C-31H, 40H-20C, 45H-3O e 36H-18O. Para a figura 4.2.3 (e) temos o intervalo de 270,00 cm-1 a 360,00 cm-1. Este intervalo não está definido na tabela 4.2.2, pois esta se refere à água e nesta a atividade nesta região não é significativa. Os maiores picos foram para o clorofórmio, etanol e acetona, em torno de ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 27 140,00 cm-1. Observa-se o deslocamento para a direita de aproximadamente 10,00 cm-1 para etanol e acetona e de 30,00 cm-1 para o clorofórmio. Para o tolueno foi de aproximadamente 45,00 cm-1 com pico próximo ao da água. Na figura 4.2.4 (a) temos o espectro Raman da 6-MAM, que vai do intervalo de 2900,00 cm-1 a 3200,00 cm-1. Observa-se forte diminuição na intensidade do IR para o solvente tolueno. Os demais acompanham aproximadamente o padrão da água. Os maiores picos são de 3052.77 cm-1, 3023.29 cm-1 e 3182.58 cm-1. Em toda essa região do espectro os únicos modos de vibração observados são os do tipo estiramento, estiramento simétrico e estiramento assimétrico (tabela 4.2.2). Para a figura 4.2.4 (b) destacamos o intervalo de 3780,00 cm-1 a 3830,00 cm-1. Na frequência de 3801,07 cm-1 temos o modo de vibração de estiramento para a ligação 45H-3O. A intensidade do pico diminui para a acetona e em mesma escala para o clorofórmio. Diminuiu mais para etanol e mais ainda para o tolueno, sendo este ultimo o menor. O deslocamento para a direita é observado para tolueno e clorofórmio em torno de 10,00 cm -1 em relação à água. Na região de 300,00 cm-1 a 1800,00 cm-1, figura 4.2.4 (c), temos o espectro Raman da região que corresponderia à região de fingerprint para o espectro IR da 6-MAM. Nesta região temos os graus de liberdade de vibração no plano da ligação e fora dele, apresentando vários tipos de modos de vibração acontecendo simultaneamente, e por isso caracterizando a molécula em estudo, já que o acoplamento destes graus e liberdade depende da geometria molecular, massa dos átomos que a compõem, assim como sua quantidade, e grupos funcionais. Neste intervalo temos cinco picos mais relevantes. Em 1694.25 cm -1 temos os modos vibracionais de estiramento para a ligação 16C=18C e o modo de abano para as ligações 35H-16C, 36H-18C, 34H-15C e 27H-9C. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 28 (a) (b) ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 29 (c) Figura 4.2.1: Espectro IR da HER: (a) faixa de 2900,00 a 3250,00 cm-1. (b) faixa de 1620,00 a 1880,00 cm-1 e (c) faixa de 600,00 a 1600,00 cm-1. (a) ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 30 (b) Figura 4.2.2: Espectro Raman da HER: (a) faixa de 2900,00 a 3250,00 cm-1. (b) faixa de 1000,00 a 1900,00 cm1 . (a) ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 31 (b) (c) ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 32 (d) (e) Figura 4.2.3: Espectro IR da 6-MAM: (a) faixa de 3770,00 a 3835,00 cm-1; (b) faixa de 2900,00 a 3200,00 cm-1; (c) faixa de 1600,00 a 1900,00 cm-1; (d) faixa de 1150,00 a 1450,00 cm-1; (e) faixa de 280,00 a 360,00 cm-1. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 33 (a) (b) ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 34 (c) Figura 4.2.4: Espectro Raman da 6-MAM: (a) faixa de 2900,00 a 3250,00 cm-1; (b) faixa de 3780,00 a 3820,00 cm-1; (c) faixa de 400,00 a 1800,00 cm-1(região de fingerprint). Tabela 4.2.1. Intensidades IR e RAMAN da HER no solvente água. Nº Frequência IR Raman 131 3054.43 0.2783 334.6840 137 3118.02 1.1256 84.1152 130 3053.21 1.2988 334.2944 136 119 3114.86 1694.99 4.6135 5.0919 113.8261 152.0989 127 144 141 3036.15 3190.93 3159.45 9.4932 9.6298 10.8242 201.9997 427.7434 132.5915 139 140 3151.56 3157.67 11.3700 11.6379 180.1257 128.6911 118 142 143 133 126 1658.48 3170.66 3178.98 3060.02 3026.81 13.1150 13.2616 18.1698 19.6863 23.3212 112.9364 208.8036 378.6225 250.6963 288.1916 Modo de Vibração Symmetric ν Asymmetric ν ν Symmetric ν Asymmetric ν ν ω ν ν Asymmetric ν ν ν Asymmetric ν Symmetric ν α ν ν Asymmetric ν Symmetric ν ν Átomos 49H-27C-48H; 48H-27C-50H; 49H27C-50H 48H-27C-50H 49H 46H-25C-45H; 45H-25C-47H; 46H25C-47H 46H-25C-47H 19C-17C; 39H-19C; 38H-17C 37H-16C 44H-23C; 43H-21C 49H-27C-48H 50H-27C 39H-19C; 38H-17C 45H-25C-46H; 45H-25C-47H; 45H-25C-47H 12C=15C-21C-23C-22C-18C 43H-21C; 44H-23C 38H-17C; 39H-19C 34H-13C-33H 34H-13C-33H 29H-9C ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 35 ν ν Asymmetric ν Asymmetric ν Symmetric ν ν Symmetric ν Asymmetric ν ν τ ω Symmetric ν ν ν α ω τ γ τ ω 138 124 135 134 125 3126.02 3006.84 3092.98 3069.83 3024.83 27.5704 37.0826 46.1083 51.9515 52.1210 266.3538 365.3484 191.5910 223.2063 359.0983 128 3047.35 54.9656 280.5898 88 1262.76 64.2908 76.7405 132 3057.33 75.3787 583.4268 122 83 2926.49 1221.22 79.2679 84.2298 162.2095 5.9136 71 1063.40 85.6387 5.2195 64 1010.12 88.7211 3.4546 129 3049.71 93.4771 469.0569 67 1050.41 11.7007 7.7207 ν α γ 68 1056.61 136.8673 8.5216 ω τ ω 79 1170.34 191.6321 40.7262 ω 123 2934.22 207.2315 494.9695 82 1205.84 210.4982 12.7150 80 1190.08 289.0926 8.6521 120 1747.85 528.3324 17.9163 86 1245.77 773.4419 6.6006 121 1773.62 817.8857 60.3256 τ ω Symmetric ν Asymmetric ν ν Symmetric ν ν τ γ σ ω ν σ τ σ ω Asymmetric ν ν σ ω 39H-10C 28H-8C 41H-20C-42H 31H-11C-32H 31H-11C-32H 36H-14C 41H-20C-42H; 33H-13C-34H 40H-20C-42H; 40H-20C-41H 29H-9C; 36H-14C 33H-13C-34H; 35H-14C-36H 44H-23C; 28H-8C; 69H19C; 38H17C 31H-11C-32H 36H-14C; 29H-9C; 33H-13C 36H-14C; 40H-20C 12C=15C-21C-23C-22C-18C 49H-27C; 43H-21C 31H-11C-32H; 33H-13C-43H; 35H-14C-36H 46H-25C-47H; 41H-20C-42H 45H-25C-46H; 40H-20C-41H; 38H17C; 39H-19C 48H-27C-49H 48H-27C-50H; 46H-25C-47H 41H-20C-42H; 33H-13C-34H 40H-20C-42H; 40H-20C-41H; 35H14C-36H 29H-9C 12C=15C-21C-23C-22C-18C 35H-14C-36H; 31H-11C-32H; 32H13C-14H 43H-21C; 44H-23C 41H-20C-42H; 45H-25C-47H 40H-20C-42H; 35H-14C-36H; 46H25C-47H 33H-13C-34H; 49H-27C-50H; 36H14C-35H; 31H-11C-32H; 43H-21C; 44H-32C; 30H-10C 30O-22C; 6N-20C 41H-20C-42H 40H-20C; 35H-14C 33H-13C-34H 35H-14C-36H; 48H-27C-49H; 29H9C 40H-20C-42H 48H-27C-49H; 49H-27C-50H; 48H27C-50H; 29H-9C; 33H-13C; 49H27C; 28H-8C; 38H-17C; 39H-19C 24C=40O; 46H-25C-47H; 46H-25C-24C 45H-25C-47H 46H-25C-47H 45H-25C; 37H-16C; 34H-13C 2O-24C=4º 26C=5º 48H-27C-50H 49H-27C ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 36 Tabela 4.2.2. Intensidades IR e RAMAN para a 6-MAM no solvente água. Nº Frequencia IR Raman 117 122 107 3052.77 3115.42 1694.25 1.4006 5.2318 5.6573 330.9127 1157667 158.9108 35 629.42 6.7591 66.8408 114 124 125 3034.34 3149.78 3157.10 10.0249 11.4994 11.7192 194.8635 184.6978 130.4596 126 128 127 112 3163.22 3182.58 3177.02 3023.29 16.9442 18.4390 19.6095 21.6649 192.8677 464.4361 376.7177 346.6395 123 111 106 3123.93 3005.25 1669.31 30.5741 36.2677 42.8518 282.8385 371.0796 112.7567 118 3053.93 43.0797 276.8377 121 120 109 113 3092.30 3068.93 2924.00 3023.52 47.1354 52.9267 61.0707 64.2768 191.4811 226.2636 116.5070 320.2853 119 3055.49 69.1896 580.1047 115 3045.22 71.1453 396.2156 84 1339.73 72.7361 82.6103 92 76 1395.86 1244.55 74.3944 75.9484 2.1371 25.9469 Modo de vibração Symmetric ν Asymmetric ν ν ω ω α ν ν Asymmetric ν ν ν ν ν Symmetric ν ν ν ν α ω Asymmetric ν ν Asymmetric ν Asymmetric ν ν Symmetric ν ν Asymmetric ν Symmetric ν ν Asymmetric ν Symmetric ν ν α γ ω γ τ Átomos 43H-24C-44H; 42H-24C-43H; 42H-24C-44H 42H-24C-44H 16C=18C 35H-16C; 36H-18C; 34H-15C; 27H-9C 42H-24C-43H; 44H-24C; 30H-12C-31H 17C-21C-22C-20C-14C-=11C 34H-15C 35H-16C; 36H-18C 42H-24C-43H 44H-24C 41H-22C; 40H-20C 41H-22C; 40H-20C 35H-16C; 36H-18C 30H-12C-31H; 28H-10C-29H 26H-8C 27H-9C 25H-7C; 34H-15C 17C-21C-22C-20C-14C-=11C 41H-22C; 40H-20C 30H-12C-31H 33H-13C 37H-19C-38H 28H-10C-29H 32H-13C; 39H-19C 28H-10C-29H; 30H-12C-31H 33H-13C; 25H-7C 30H-12C-31H 37H-19C-38H; 28H-10C-29H 33H-13C; 26H-8C 38H-19C-39H; 37H-19C-39H 37H-19C-38H; 30H-12C-31H 33H-12C; 26H-8C; 25H-7C 17C-21C-22C-20C-14C-=11C 45H-3O; 41H-22C; 26H-8C; 34H-15C; 25H-7C; 26H-8C; 42H-24C-43H; 43H-24C-44H; 42H-24C-44H 37H-19C-38H; 41H-22C; 40H-20C; 25H-7C; 42H-24C 30H-12C-31H; 32H-13C-33H; 37H-19C-38H 23C-2º 116 3048.58 80.1090 338.7765 ν Symmetric ν Asymmetric ν ν 37H-19C-38H 37H-19C-39H; 38H-19C-39H 74 1224.89 82.3164 14.8734 τ γ 30H-12C;26H-8C 28H-10C-29H 32H-13C-33H; 38H-19C-39H;37H-19C-39H 30H-12C-31H; 40H-20C; 45H-3O; 36H-18º 105 1647.59 82.7981 32.2358 ω α ω 17C-21C-22C-20C-14C-=11C 45H-3O; 30H-12C-31H ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 37 69 1163.03 99.8688 3.8247 γ ω 75 1231.56 109.3033 5.2546 ω 61 1062.18 116.3468 8.3481 104 1529.93 130.1543 6.7523 60 1055.69 132.7305 8.6912 101 1483.34 149.8085 10.006 τ γ τ γ ω α γ ω τ σ α ω ω 59 1044.93 153.2567 8.3932 129 17 110 3801.07 292.28 2929.80 153.7456 170.4619 224.8367 181.3960 1.3304 544.7662 108 1747.09 531.2500 17.8917 77 1247.16 728.6541 4.4184 τ ν ω Symmetric ν ν ν σ ω σ ω 38H-19C-39H 28H-10C-29; 26H-8C; 25H-7C; 45H-3O; 40H20C; 30H-12C 30H-12C-31H; 29H-10C; 25H-7C; 27H-9C; 45H3O; 41H-22C; 40H-20C; 38H-19C-39H 33H-13C-32H 37H-19C-38H; 37H-19C-39H 37H-19C-38H 30H-12C-31; 38H-19C-39H 25H-7C; 35H-16C; 34H-15C; 27H-9C 17C-21C-22C-20C-14C-=11C 40H-20C; 41H-22C; 45H-3O 43H-24C-44H; 26H-8C; 32H-13C-33H; 3 42H-24C-43H; 37H-19C-38H; 42H-24C-44H 30H-12C-31H; 37H-19C-39H; 28H-10C-29H 17C-21C-22C-20C-14C-=11C 45H-3O; 41H-22C; 27H-9C; 40H-20C 43H-24C-44H; 42H-24C; 36H-18C; 41H-22C; 40H-20C; 25H-7C 28H-10C-29H; 42H-24C-43H 45H-3º 45H-3º 37H-19C-38H 39H-19C; 34H-13C 23C=4º 43H-24C-44H 42H-24C 42H-24C-23C; 43H-24C-44H 34H-15C; 27H-9C; 31H-12C ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 38 Capítulo 5 5.1 Espectro Ultravioleta Grande parte das moléculas orgânicas e grupos funcionais são transparentes na parte do espectro eletromagnético de radiação ultravioleta (UV), ou seja, as regiões na faixa de comprimento de onda de 100nm até 400nm. No entanto, podemos extrair informações úteis sobre moléculas como, por exemplo, a sua própria identificação e estrutura. Nas faixas de energias correspondentes ao UV, as moléculas sofrem transições eletrônicas. Neste caso, a absorção da radiação na faixa do ultravioleta faz com que um elétron, por exemplo, seja promovido a partir de um orbital ocupado para um orbital desocupado de maior energia. Nestas transições, os elétrons de valência são promovidos de seu estado fundamental para o estado de maior energia (estado excitado). Em geral, a transição mais provável é do mais alto orbital molecular ocupado (HOMO, do inglês Highest Occupied Molecular Orbital) para o mais baixo orbital molecular desocupado (LUMO, do inglês Lowest Unoccupied Molecular Orbital). Na figura 5.1 (a) temos o espectro UV da HER e na 5.1(b) temos o da 6-MAM. Em ambos os casos as moléculas estão sob ação dos mesmos cinco solventes: água, tolueno, etanol, clorofórmio e acetona. Os solventes com maiores valores de permissividade elétrica tiveram comportamento mais similar ao da água, como era de se esperar. Pela tabela 5.1 temos a energia de gap das moléculas HER e 6-MAM nos solventes em questão. Esta energia é a energia necessária para haver transição entre o orbital molecular ocupado de mais alta energia (HOMO) e o orbital molecular não ocupado de mais baixa energia (LUMO). Apesar de as moléculas possuírem o mesmo esqueleto molecular, elas se diferenciam pelos radicais acetil. A HER possui um radical a mais. Isto a torna mais polar que a 6-MAM, influenciando na interação com a radiação e com o solvente que a cerca, já que o modelo utilizado foi um modelo de cavidade, na qual as moléculas estão submersas em um solvente contínuo e caracterizado por uma permissividade elétrica. Podemos verificar pela tabela 5.1 que os maiores valores de energias de gap foram para a HER 5,37 e 5,32 eV, e da 6-MAM foram 5.38 e 5.41 eV, nos solventes tolueno e clorofórmio, respectivamente. Estes solventes são os que têm menores valores de permissividade elétrica, logo são menos polares. Os outros solventes apresentaram valores de ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 39 gap muito próximos. Verifica-se que as transições entre HOMO e LUMO tornam-se mais difíceis para tolueno e clorofórmio. Na tabela 5.2 temos os maiores valores de força de oscilador com seus respectivos valores de comprimento de onda, energia e contribuições entre HOMO e LUMO para a HER em cada um dos solventes. Estes valores irão definir quais orbitais serão analisados: os de maior intensidade. A maior força de oscilador foi obtida para o solvente tolueno, seguida do solvente acetone, etanol, clorofórmio e água. Foi obtida a energia 48629,11 cm-1, no comprimento de onda 205,64 nm, em torno do pico de absorção (figura 6.1 (a)), para a HER no solvente água. As transições eletrônicas de maior contribuição foram H-3->LUMO (10%), H-2->L+2 (20%), HOMO->L+11 (13%), e as de menor contribuição foram H-4->L+3 (2%), H-3->L+1 (6%), H-2->LUMO (2%), H-2>L+1 (2%), H-2->L+3 (4%), H-2->L+4 (8%), H-1->L+5 (2%), H-1->L+7 (3%), H-1->L+8 (8%), HOMO->L+10 (3%). No solvente tolueno a energia foi de 50077,70 cm-1, no comprimento de onda de 199,69 nm, em torno do pico de absorção, figura 6.1 (a). As transições eletrônicas de maior contribuição foram de H-4->L+3 (25%), H-2->L+3 (14%), as de menor contribuição foram H-5->LUMO (2%), H-3->L+1 (9%), H-3->L+2 (8%), H-3->L+3 (2%), H-2->LUMO (4%), H-2->L+4 (6%), H-2->L+5 (3%), H-2->L+7 (5%), H-1->L+9 (2%), HOMO->L+12 (4%), HOMO->L+13 (4%). Para a HER no solvente etanol a energia de transição de 48619,43 cm-1, no comprimento de onda de 205,68 nm. As transições de maior contribuição foram H-3->LUMO (11%), H-2->L+2 (22%), HOMO->L+11 (12%), e as de menor contribuição foram de H-3>L+1 (7%), H-2->LUMO (3%), H-2->L+1 (3%), H-2->L+3 (2%), H-2->L+4 (5%), H-1>L+5 (2%), H-1->L+7 (4%), H-1->L+8 (8%), H-1->L+9 (2%), HOMO->L+10 (2%). Para o solvente clorofórmio, a HER teve a energia 48635,57 cm-1 no comprimento de onda 205,61 nm. As transições de maior contribuição foram H-3->LUMO (13%), H-3->L+1 (10%), H-2->L+2 (22%), H-1->L+9 (12%), HOMO->L+11 (10%), as de menores contribuições foram H-2->LUMO (3%), H-2->L+1 (2%), H-2->L+3 (2%), H-2->L+5 (2%), H-1->L+6 (2%), H-1->L+7 (3%), H-1->L+8 (4%). Para a acetona a HER obteve energia de 48621,86 cm-1 no comprimento de onda de 205,67 nm. As transições majoritárias foram H-3->LUMO (12%), H-2->L+2 (23%), HOMO>L+11 (11%). As minoritárias foram H-3->L+1 (7%), H-2->LUMO (3%), H-2->L+1 (3%), ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 40 H-2->L+3 (2%), H-2->L+4 (5%), H-1->L+5 (2%), H-1->L+6 (2%), H-1->L+7 (4%), H-1>L+8 (8%), H-1->L+9 (2%), HOMO->L+10 (2%). Na tabela 5.3 temos os maiores valores de força de oscilador com seus respectivos valores de comprimento de onda, energia e contribuições entre HOMO e LUMO para a 6MAM em cada um dos solventes. A maior força de oscilador foi obtida para o solvente água, seguida do solvente clorofórmio, acetona, tolueno e etanol. Pela figura 6.1 (b) pode-se verificar o deslocamento para a direita para os solventes tolueno e clorofórmio. Para a água, a 6-MAM teve energia de 50230,94 cm-1 e comprimento de onda de 199,08047 nm. As transições majoritárias foram H-3->LUMO (33%), H-3->L+1 (12%), as minoritárias foram H-4->L+2 (3%), H-3->L+3 (5%), H-3->L+4 (5%), H-3->L+5 (4%), H-2>L+5 (6%), H-2->L+6 (4%), H-2->L+8 (6%), H-1->L+12 (3%), HOMO->L+13 (5%). Para o solvente tolueno foi obtida a energia de 46907,11 cm-1 no comprimento de onda 213,19 nm. As maiores contribuições de transições eletrônicas foram H-4->L+3 (25%), H-2>L+3 (14%) e as menores foram H-4->LUMO (4%), H-4->L+1 (4%), H-4->L+4 (2%), H-3>LUMO (3%), H-3->L+1 (4%), H-3->L+3 (6%), H-2->L+1 (2%), H-2->L+4 (4%), H-2>L+5 (5%), H-2->L+6 (2%), HOMO->L+7 (5%), HOMO->L+8 (2%), HOMO->L+9 (2%). Para o solvente etanol a energia de 47637,05 cm-1 e o comprimento de onda foi de 209,92 nm. As contribuições majoritárias foram de H-3->LUMO (11%), H-2->L+2 (22%), HOMO->L+11 (12%) e as minoritárias foram H-2->L+2 (2%), H-2->L+7 (2%), H-1->L+6 (5%), H-1->L+7 (5%), H-1->L+12 (3%), HOMO->L+8 (2%). Para o solvente clorofórmio a energia de 47213,61 cm-1 no comprimento de onda de 211,80 nm. As contribuições majoritárias foram H-2->L+4 (15%), HOMO->L+7 (11%), HOMO->L+10 (14%) e as minoritárias foram H-2->L+1 (6%), H-2->L+2 (3%), H-2->L+6 (9%), H-2->L+7 (2%), H-1->L+8 (2%), H-1->L+9 (5%), HOMO->L+8 (7%), HOMO->L+9 (9%). Para a acetona tivemos a energia de 50201,91 cm-1 no comprimento de onda 199,20 nm. As transições majoritárias foram H-3->LUMO (12%), H-2->L+2 (23%), HOMO->L+11 (11%) e as minoritárias foram H-3->L+1 (3%), H-3->L+3 (4%), H-3->L+4 (2%), H-3->L+5 (2%), H-2->L+5 (3%), H-2->L+8 (7%), H-1->L+9 (4%), HOMO->L+13 (2%). Foi observado que para a HER a transição mais frequente foi HOMO-2->LUMO+2, aparecendo em todos os solventes exceto no tolueno, onde a transição foi do tipo HOMO-2>LUMO+6. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 41 Na figura 5.1 (a) temos na região em torno de 220 nm e 260 nm temos duas bandas de intensidade média. Este tipo de manifestação representa a presença de um sistema aromático. Isto indica que nesta faixa de radiação existe transição eletrônica entre os anéis aromáticos que compõem o esqueleto da HER. A maior banda de absorção em torno de 205 nm é devida a presença dos grupos carbonilas que ligam os átomos de oxigênio ligados aos anéis aromáticos aos dois radicais metila, presentes no outro lado da ligação da cetona. Observa-se que neste caso os solventes menos polares, tolueno e clorofórmio, deslocaram para cima a banda de absorção. Neste caso os solventes facilitaram a transição eletrônica nos anéis aromáticos. Na figura 5.1 (b), espectro UV da 6-MAM, a única banda de intensidade média que se revela é a em torno de 260 nm, assim como na HER. Esta observação está de acordo com o fato de ambas moléculas apresentarem o mesmo esqueleto molecular composto de anéis aromáticos. Esta banda indica a presença destes anéis. O pico máximo de absorção ficou em torno de 205 nm para os solventes etanol e acetona. Os solventes tolueno e clorofórmio tiveram seus picos deslocados para a direita, em torno de 210 nm, e a água para a esquerda, em torno de 200 nm. Os solventes menos polares neste caso deslocaram os picos de absorção para a direita e o mais polar para a esquerda. Para a 6-MAM, a intensidade do pico máximo foi menor do que a HER. Isto aconteceu pela diferença estrutural entre elas, já que a 6-MAM tem um radical acetilado a menos que a HER. Este pico pronunciado em torno de 200 nm é indicativo da presença do grupo cetona na molécula. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 42 (a) (b) Figura 5.1: Espectros UV: (a) HER, (b) 6-MAM para vários solventes. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 43 Tabela 5.1. Energia de Gap (eV) da HER e 6-MAM Solvente HER 6-MAM Water 5.25 5.44 Toluene 5.37 5.38 Etanol 5.27 5.44 Chloroform 5.32 5.41 Acetone 5.27 5.44 Tabela 5.2: Transições eletrônicas da HER correspondentes às maiores e menores contribuições. λ (nm) Maior Contribuição Menor Contribuição Água Energia (cm-1) 48629.12 205.64 H-3->LUMO (10%), H-2->L+2 (20%), HOMO->L+11 (13%) H-4->L+3 (2%), H-3->L+1 (6%), H-2->LUMO (2%), H-2>L+1 (2%), H-2->L+3 (4%), H-2->L+4 (8%), H-1->L+5 (2%), H-1->L+7 (3%), H-1->L+8 (8%), HOMO->L+10 (3%) Tolueno 50077.70 199.69 H-2->L+6 (33%) H-5->LUMO (2%), H-3->L+1 (9%), H-3->L+2 (8%), H-3>L+3 (2%), H-2->LUMO (4%), H-2->L+4 (6%), H-2->L+5 (3%), H-2->L+7 (5%), H-1->L+9 (2%), HOMO->L+12 (4%), HOMO->L+13 (4%) Etanol 48619.44 205.68 H-3->LUMO (11%), H-2->L+2 (22%), HOMO->L+11 (12%) H-3->L+1 (7%), H-2->LUMO (3%), H-2->L+1 (3%), H-2>L+3 (2%), H-2->L+4 (5%), H-1->L+5 (2%), H-1->L+7 (4%), H-1->L+8 (8%), H-1->L+9 (2%), HOMO->L+10 (2%) Clorofórmio 48635.57 205.61 H-3->LUMO (13%), H-3->L+1 (10%), H-2->L+2 (22%), H-1>L+9 (12%), HOMO->L+11 (10%) H-2->LUMO (3%), H-2->L+1 (2%), H-2->L+3 (2%), H-2>L+5 (2%), H-1->L+6 (2%), H-1->L+7 (3%), H-1->L+8 (4%) Acetona 48621.86 205.67 H-3->LUMO (12%), H-2->L+2 (23%), HOMO->L+11 (11%) H-3->L+1 (7%), H-2->LUMO (3%), H-2->L+1 (3%), H-2>L+3 (2%), H-2->L+4 (5%), H-1->L+5 (2%), H-1->L+6 (2%), H-1->L+7 (4%), H-1->L+8 (8%), H-1->L+9 (2%), HOMO->L+10 (2%) Solvente ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 44 Tabela 5.3: Transições eletrônicas da 6-MAM correspondentes às maiores e menores contribuições. λ (nm) Maior Contribuição Menor Contribuição Água Energia (cm-1) 50230.94 199.08 H-3->LUMO (33%), H-3>L+1 (12%) H-4->L+2 (3%), H-3->L+3 (5%), H-3->L+4 (5%), H-3->L+5 (4%), H-2->L+5 (6%), H-2->L+6 (4%), H-2->L+8 (6%), H-1->L+12 (3%), HOMO->L+13 (5%) Tolueno 46907.11 213.19 H-4->L+3 (25%), H-2->L+3 (14%) H-4->LUMO (4%), H-4->L+1 (4%), H-4->L+4 (2%), H-3->LUMO (3%), H-3->L+1 (4%), H-3->L+3 (6%), H-2->L+1 (2%), H-2->L+4 (4%), H-2->L+5 (5%), H-2->L+6 (2%), HOMO->L+7 (5%), HOMO->L+8 (2%), HOMO->L+9 (2%) Etanol 47637.05 209.92 H-2->L+4 (14%), H-1->L+9 (14%), HOMO->L+9 (20%), HOMO->L+10 (16%) H-2->L+2 (2%), H-2->L+7 (2%), H-1->L+6 (5%), H-1->L+7 (5%), H-1->L+12 (3%), HOMO->L+8 (2%) Clorofórmio 47213.60 211.80 H-2->L+4 (15%), HOMO>L+7 (11%), HOMO->L+10 (14%) H-2->L+1 (6%), H-2->L+2 (3%), H-2->L+6 (9%), H-2->L+7 (2%), H-1->L+8 (2%), H-1->L+9 (5%), HOMO->L+8 (7%), HOMO>L+9 (9%) Acetona 50201.91 199.20 H-3->LUMO (16%), H-1>L+12 (28%), HOMO>L+12 (11%) H-3->L+1 (3%), H-3->L+3 (4%), H-3->L+4 (2%), H-3->L+5 (2%), H-2->L+5 (3%), H-2->L+8 (7%), H-1->L+9 (4%), HOMO->L+13 (2%) Solvente Tabela 5.4: Permissividade elétrica em cada solvente. SOLVENTES Água Tolueno Etanol Clorofórmio Acetona ε (F/m) 78.3553 2.3790 24.8520 4.7113 20.7000 ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 45 5.2 Dicroísmo Circular A estrutura secundária de uma molécula pode ser determinada pela espectroscopia Dicroísmo Circular (DC), que se baseia na diferença de absorção entre a luz circulamente polarizada à esquerda e luz circularmente polarizada à direita, Figura (6.1.1), em moléculas opticamente ativas, a exemplo os dendrímeros, carbohidratos e proteínas. (6.1.1) O dicroísmo circular está na região do espectro eletromagnético referente ao extremo ultravioleta cujo comprimento de onda se estende de 190,00 a 250,00 nm e é de extrema valia para determinar a composição de misturas quirais, mudanças conformacionais de macromoléculas, bem como a interação dessas macromoléculas com outras moléculas menores, principalmente as aquirais. Basicamente, uma molécula apresenta DC quando ela é quiral e contém um cromóforo. Aqui calculamos os espectros DC utilizando TD-DFT na base quântica B3LYP/6-311++G(d,p). No espectro de dicroísmo circular observamos a diferença entre a absorbância diferencial entre duas rotações da luz circularmente polarizadas. Para cada comprimento de onda podemos associar que a molécula absorveu mais um tipo de rotação da luz do que o outro. Na figura 6.1(a) temos o espectro CD da HER. Podemos observar que no comprimento de onda em torno de 212 nm a absorção da luz polarizada para a direita é preponderante e a mesma para todos o solventes. O que se revela de forma mais evidente são os picos em torno de 185 nm e 200 nm. O pico de absorção em água foi suprimido pelos outros solventes em torno de 190 nm, mas em torno de 200 nm os solventes tolueno e clorofórmio fizeram com que a molécula absorvesse muito mais a componente do campo elétrico circularmente polarizada para a direita. Isto é evidência de uma alteração conformacional, devida a atividade dos solventes. Esta alteração conformacional altera os níveis energéticos da molécula, e portanto sua interação com o solvente. Na figura 6.1 (b) temos o espectro CD da 6-MAM. O comportamento do espectro é bastante diferente do comportamento apresentado pela HER. Ainda existe o pico de absorção da componente direita da luz circularmente polarizada em torno de 212 nm, no entanto este espectro se difere abaixo deste comprimento de onda. Podemos concluir que esta diferença se deve à diferença de radicais entre as moléculas. Para abaixo de 200 nm a absorção da componente da luz circularmente polarizada ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 46 para direita é devida a presença dos radicais acetil na HER. Os picos que aparecem depois de 200 nm se devem provavelmente ao esqueleto de anéis aromáticos que compõe as duas moléculas. Esta diferença de átomos vai alterar a energia de solvatação e a forma de como os orbitais atômicos irão se sobrepor para formar o orbital molecular. A interação dos estados eletrônicos com a radiação terá mais afinidade por uma polarização específica de acordo com o comprimento de onda incidente nas moléculas. Fig. 5.2.1: Esquema do DC.1 1 Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=circular+dichroism&hl=pt- BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=61irUujNMKLMsQSagIGoDg&ved=0CAkQ_AUoAQ&biw=1366&bi h=629#imgdii > Acessado em Agosto de 2013. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 47 (a) (b) Figura 5.2.2: Espectro CD: (a) HER, (b) 6-MAM. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 48 5.3 Densidades de Estados A densidade de estados (DOS, do inglês Density of States) de um sistema descreve o número de estados quânticos disponíveis contidos numa faixa de energia, e esta relacionada com a espectroscopia de fotoelétrons de radiação ultravioleta. A Densidade de Estados apresenta os orbitais moleculares na distribuição energética. Na figura 6.2 (a) temos o espectro DOS da MOR para efeito de comparação com as outras duas moléculas. Como as três têm o mesmo esqueleto de anéis aromáticos, podemos inferir que mudanças nos espectros se deveram a mudanças estruturais. Pela figura 6.2 (b) observamos que os solventes tolueno e clorofórmio aumentaram ligeiramente o número de estados disponíveis no orbital HOMO e LUMO +1. Isto implica na facilidade de se preencher o estado LUMO +1 por elétrons provenientes do estado HOMO. A energia de gap permaneceu a mesma para todos solventes, mas a alteração ocorreu apenas no número de estados disponíveis. O mesmo acontece para a figura 6.2 (c), mas agora nos estados LUMO e LUMO +1. Aparentemente, a presença de mais átomos e sua disposição geométrica levam ao aumento do número de estados quânticos disponíveis. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 49 (a) (b) ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 50 (c) Figura 5.3: Espectro DOS: (a) MOR (b) HER, (c) 6-MAM e representação geométrica dos respectivos orbitais HOMO e LUMO. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 51 Capítulo 6 6.1 Energia, Calor Especifico a Volume Constante e Entropia Versus Temperatura Os valores de energia térmica, calor específico a volume constante e entropia foram calculados usando os mesmo procedimentos que foram usados para obter os espectros vibracionais, onde obtivemos a variação destes com a temperatura para a HER. Na figura 6 (a) podemos ver a correlação gráfica destas propriedades para a HER, na 6 (b) para a 6-MAM e 6 (c) para a MOR. A interação entre a HER e outros compostos pode ser analisada através do conhecimento destas propriedades e podemos calcular a energia livre de Gibbs da reação, que poderá nos ajudar na escolha da espontaneidade da reação. 26 Observamos que de 100 a 600 K o comportamento das propriedades se matém em crescimento aproximadamente linear. Abaixo de 100 K a energia por mol diminui e volta a crescer abaixo de 50 K. O calor específico e a entropia crescem neste intervalo, tendo diminuição na taxa de crescimento abaixo deste valor de temperatura. A diferença foi observada para os mínimos de energia, onde para a HER o mínimo foi acima de 250 kcal/mol e para a 6-MAM foi abaixo de 250 kcal/mol. Podemos imaginar que isto se deve ao fato de a diferença estrutural entre estas moléculas é a presença de um grupo acetil a mais na HER, logo esta quantidade maior de átomos levaria a HER a ter um pouco mais de graus de liberdade que a 6-MAM, tendo valores de energia um pouco maiores. Para a entropia e capacidade térmica não se observou diferenças significantes. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 52 (a) (b) (c) Figura 6: Propriedades termodinâmicas variando com a temperatura: (a) para a HER. (b) Para a 6-MAM e (c) para a MOR. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 53 Considerações finais. Os espectros UV, IR, DC e DOS foram utilizados na caracterização das moléculas apresentadas neste trabalho. Estes fornecem importantes informações com respeito as estrutura molecular, eletrônica e vibracional das moléculas estudas, sendo de suma importância em procedimentos metodológicos, tal como, em análises de ciências forenses, na identificação de grupos funcionais. A ação do solvente no modelo considerado leva a perturbação dos níveis eletrônicos das moléculas quando analisamos os espectros via TD-DFT no modelo PCM. Neste caso, os solventes tolueno e clorofórmio apresentaram mais mobilidade para transições eletrônicas do que água, etanol e acetona. Estes últimos representariam um campo mais intenso, devido seu maior valor de permissividade elétrica. No caso dos espectros vibracionais (IR e Raman) o efeito preponderante foi o deslocamento para a direita, ou right shift, no espectro, tornando as moléculas mais susceptíveis a modos de estiramento e minimizando efeitos de vibrações menos energéticas. Isto pode ser devido ao aumento das energias de transição entre estados vibracionais, dificultando variações nas componentes do momento de dipolo de transição e na polarizabilidade de transição. As diferenças observadas na energia molar se devem basicamente a maior quantidade de átomos presente na HER. O fato de esta apresentar maior mínimo de energia molar significa que ao resfriarmos a temperatura em torno de 15 K a HER terá mais energia que a 6MAM pois tem mais graus de liberdade, adicionados pelos átomos extras do grupo acetil que ela apresenta a mais. Pelos espectros DOS e pela representação geométrica dos orbitais HOMO e LUMO podemos verificar que o caminho percorrido pelos elétrons é através dos anéis de carbono, quando as moléculas sofrem algum tipo de transição eletrônica, na presença dos solventes. Por fim, podemos concluir que os solventes mais polares deixam as moléculas mais rígidas no sentido de dificultar as transições vibracionais e eletrônicas. As diferenças observadas para os espectros de absorção são devidas ao aumento no número de estados LUMO disponíveis. Com isso, os solventes etanol e clorofórmio se mostraram candidatos mais fortes a facilitar a espontaneidade de reações químicas destas moléculas. ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 54 Referências Bibliográficas [1] W. Metzger, M. Oberringer, J. Hu, M. Li, and U. Hartmann. J Nanosci Nanotechnol, 4, 489 (2004). [2] C. Alexiou, R. Jurgons, G Seliger, H. Iro. J Nanosci Nanotechnol, 6, 2762 (2007). [3] D. Ho, D. Garcia, C.M. Ho. J Nanosci Nanotechnol, 6, 875 (2006). [4] S. Singh, H.S. Nalwa. J Nanosci Nanotechnol, 7, 3048 (2007). [5] K. Ary, K. Róna. J. Pharm. Biomed. Anal. 26, 179 (2001). [6] M. C. Dutt, D. S.T. Lo, D. L. K. Ng, S.O. Woo. J. Chromatogr. 267, 117 (1983). [7] A. Váradi, A. Gergely, S. Béni, P. Jankovics, B. Noszál, S. Hosztafi. Eur. J. Pharm. Sci. 42, 65 (2011). [8] C. J. 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B.; Bakken, V.; Adamo, C.; Jaramillo, J.; Gomperts, R.; Stratmann, R. E.; Yazyev, O.; Austin, A. J.; Cammi, R.; Pomelli, C.; Ochterski, J. W.; Martin, R. L.; ______________________________________________________________________ Programa de Pós-Graduação em Física - UFPA 55 Morokuma, K.; Zakrzewski, V. G.; Voth, G. A.; Salvador, P.; Dannenberg, J. J.; Dapprich, S.; Daniels, A. D.; Farkas, Ö.; Foresman, J. B.; Ortiz, J. V.; Cioslowski, J.; Fox, D. J. Gaussian, Inc., Wallingford CT, 2009. [12] J. R. Pliego Jr. Quim. Nova, 29, 535 (2006). [13] Elvis S. Böes. Estudo teórico da solvatação de ânions em solventes orgânicos. Dissertação de mestrado. UFRS, 2005. [14] http://www.gaussian.com/g_ur/g03mantop.htm [15] C. J. Cramer, D. G. Truhlar, Chem. Rev. 99, 2161 (1999). [16] M. Baranska, A. Kaczor. J. Raman Spectrosc. 43, 102 (2012) [17] M. D. Hargreaves, A. D. Burnett, T. Munshi, J. E. Cunningham, E. H. Linfield, A. G. Davies, H. G. M. Edwards. J. Raman Spectrosc. 40, 1974 (2009). [18] J. D. 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