Interrogação de Bhargava na Sri Tripura Rahasya.

Transcrição

Interrogação de Bhargava na Sri Tripura Rahasya.
Tripura Rahasya
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Traduzido para o português por Eanes T. Pereira
www.cienciacontemplativa.com.br
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Date:
[email protected]
26 de agosto de 2015
Capítulo 1
Versão 1
1. Saudação ao Aum (o Brahman não diferenciado), a causa Primordial e Bem-aventurada, a
consciência transcendental que brilha como o espelho do universo maravilhoso:
2. Haritayana disse:
- Impertubável você ouviu, Oh Narada! A Mahatmya (A Glória) de Sri Tripura, que ensina o
modo da Transcendência.
3. Agora eu devo discursar sobre o conhecimento, que é único por que aquele que ouvi-lo será
permanentemente libertado da miséria.
4. Este é o extrato concentrado da essência dos conhecimentos Védico, Vaishnava, Saiva, Sakta
e Pasupata obtidos após um profundo estudo de todas eles.
5. Nenhum outro curso irá impressionar a mente tanto quanto este sobre a Sabedoria, que foi
uma vez ensinado pelo ilustre mestre Dattratreya a Parasurama.
6. O ensinamento nasceu de sua própria experiência, lógica em sentido e única em sua natureza.
7. Aquele que não pode compreender a Verdade mesmo após ouvir isto, deve ser dispensado
como um tolo idiota para ser classificado entre os insensíveis e abomináveis de Deus; O
próprio Shiva não pode fazer tal pessoa obter conhecimento.
8. Agora, procedo a relatar aquele conhecimento incomparável. Ouçam! Oh, as vidas dos Sábios
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são mais sagradas!
9. Narada também serviu-me para aprender o mesmo de mim.
10. Pois, o serviço dos Sábios habilita a apreensão de sua bondade inata, assim como o sentido
do olfato ajuda alguém a detectar o odor intrínseco do musk.
11. Quando Parasurama, o filho de Jamadagni, já com a mente purificada e gentil com todos,
estava ouvindo a Boa Nova do Tripura dos lábios de Dattatreya, ele abstraiu-se em devoção e
permaneceu quieto por um tempo, sua mente tornou-se ainda mais pura.
12. Então, como a mente relaxou, seus olhos brilharam em arrebatamento e seu cabelo arrepiouse, como se seu êxtase não pudesse ser contido mas tivesse escapado pelos poros de seu
corpo.
13. Ele então caiu aos pés de seu Mestre Datta.
14. Novamente, ele levantou-se e sendo preenchido com êxtase, sua voz chocada com emoção
quando ele disse: sortudo eu sou; abençoado eu sou; por meio de tua graça Oh Senhor!
15. Essa extensão de graça chamada Shiva, aque encarnada como meu Guru, é de fato graciosa
comigo; do qual o prazer mesmo do Senhor da criação parece um pigmeu1 .
16. O Deus da Morte não fundiu-se ao Ser, se apenas o mestre de alguém se satisfaz com alguém? Aquele Ser Supremo é de fato gracioso, tanto quanto meu Mestre, por razões por mim
desconhecidas.
17. A graça recebida do Guru, eu recebi todas! Tens agora gentilmente me revelado a glória de
Tripura.
18. Agora eu desejo fervorosamente adorar sua Majestade Transcendental. Gentilmente diga-me,
meu Mestre, como deve ser feito.
19. Tendo sido solicitado, Guru Datta satisfeito com a capacidade de Parasurama, cujo zelo e
devoção à adoração de Tripura era intensa;
20. e ele devidamente o iniciou no método de Sua (dela) adoração.
21. Após a iniciação ao método correto, o qual é mais sagrado do que todos os outros e leva diretamente à Realização, Parasurama aprendeu dos doces lábios do Sri Guru todos os detalhes
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Original em inglês: gaining whose pleasure even the Lord of creation looks a pigmy
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quanto a recitações, imagens para adoração e diferentes meditações, uma após outra - como
uma abelha coletando mel das flores.
22. Bhargava (i.e., Parasurama) estava radiante.
23. Tendo sido permitido por seu santo mestre, ele estava sedento por praticar o sagrado conhecimento; ele caminhou em torno de seu mestre, o obedeceu e retirou-se para o Monte
Mahendra.
24. Lá, tendo construído uma hermida limpa e confortável, engajou-se por doze anos à adoração
de Tripura.
25. Incessantemente contemplou a figura da Sagrada Mãe Tripura, realizando ao mesmo tempo
suas tarefas diárias, recitações e cerimônias especiais conectado com Ela. Doze anos passaramse como um raio. Então, um certo dia enquanto o filho de Jamadagni estava sentado à vontade, caiu em devaneio.
26. No passado, eu não entendia nem um pouco do que Samvarta dizia-me quando eu o encontrava no caminho.
27. Eu também esqueci o que perguntei a meu Guru. Eu ouvi dele a Boa Nova de Tripura.
28. Mas não está claro para mim o que Samvarta disse-me em resposta à minha pergunta sobre a
criação.
29. Ele mencionou a estória de Kalakrit, mas não foi adiante, sabendo que eu não estava pronto
para ela.
30. Mesmo agora, eu não entendo nada dos trabalhos do universo. De onde ele surgiu, em toda
sua grandeza?
31. Onde ele termina? Como ele existe? Eu acho que ele é totalmente transitório.
32. Mas os acontecimentos mundanos parecem permanentes. Por que deveriam ser? Tais acontecimentos parecem estranhos o bastante para serem desconsiderados.
33. Quão estranhos! Eles são iguais a um homem cego sendo guiado pelo cego!
34. Meu próprio caso fornece um exemplo. Eu nem mesmo relembro o que aconteceu em minha
infância.
35. Eu era diferente em minha juventude, novamente diferente em minha vida adulta, ainda mais
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diferente agora; e deste modo, minha vida está constantemente mudando.
36. Não está claro para mim, quais frutos foram colhidos como resultados dessas mudanças. O
fim justifica o meio como o adotado por indivíduos de acordo com seus temperamentos em
diferentes climas e em diferentes tempos.
37. O que eles ganharam por isso? Eles estão felizes?
38. O ganho é apenas o que é considerado ganho pelo público imprudente. Eu, contudo, não
posso julgar assim, vendo que mesmo após obter o fim desejado, as tentativas são repetidas.
39. Bem, tendo obtido o propósito, por que o homem busca outro? Portanto, o que o homem está
sempre buscando deveria ser o estimado e único propósito - seja ele o ganho do prazer ou a
remoção da dor.
40. Não pode haver, enquanto o incentivo para o esforço perdurar.
41. O sentimento de uma necessidade de trabalhar de modo a obter felicidade (sendo o índice da
miséria) é o mistério das misérias. Como pode haver prazer ou remoção da dor contanto que
ele continue2 .
42. Tal prazer é como unguentos calmantes colocados sobre um membro escaldado,
43. ou como o abraço da amada quando alguém está caído atingido por uma flecha no peito;
44. ou das melodias doces da música ouvida por um tuberculoso avançado!
45. Somente aqueles que necessitam se engajar em ação são felizes; eles são perfeitamente contentes, e autocontidos, e eles experimentam uma felicidade que se extende a todos os poros
do corpo.
46. Deveria haver ainda uns poucos momentos de prazer para os outros, eles são similiares aos
desfrutados por aquele que, enquanto se contorcendo com uma dor abdominal, inala o doce
odor das flores.
47. Quão tolas as pessoas com inumeráveis obrigações, mesmo tão ocupadas para buscar tais
momentos de prazer neste mundo!
48. O que eu deveria dizer das proezas dos homens indiscriminados? Eles propõem a busca por
felicidade após cruzar intermináveis obstáculos de esforços!
2
Nota do tradutor: o sentimento de necessidade
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49. Um mendigo na rua labuta tanto por felicidade quanto um poderoso imperador.
50. Cada um deles ganhou seu fim e sente felicidade e considera a si mesmo abençoado como se
tivesse alcançado o objetivo da vida.
51. Eu também tenho involuntariamente imitado-os como um homem cego seguindo o cego.
Basta desta loucura! Eu irei de uma vez retornar para aquele oceano de misericórdia - meu
Mestre.
52. Aprendendo dele o que deve ser conhecido, eu cruzarei o oceano de dúvidas após embarcar
no bote de seus ensinamentos.
53. Tendo então resolvido, Parasurama de mente pura imediatamente desceu a montanha em
busca de seu Mestre.
54. Rapidamente alcançou a Montanha Gandhmadan, ele encontrou o Guru sentado em padmasana como se iluminasse o mundo inteiro.
55. Ele caiu em frente do assento de seu Mestre segurando os pés do Guru com suas mãos,
pressionou-as à sua cabeça.
56. Parasurama o saudou, Dattatreya deu-o suas bençãos, sua face iluminada com amor e disselhe:
57. Criança! Levante-se. Vejo que retornou após longo tempo. Diga-me, como estás? Estás com
boa saúde?
58. Ele levantou-se ao comando de seu Guru e tomou seu assento em frente, próximo a ele, como
ordenado. Juntou suas mãos em saudação, Parasurama falou com prazer.
59. Sri Guru! Oceano de Misericórdia, pode alguém encharcado com Sua bondade ser afligido
por doenças, mesmo se o destino o decretar?
60. Como podem as queimantes dores da doença tocar aquele que está próximo à lua refrescante
de Sua bondade semelhante ao néctar?
61. Eu estou feliz de corpo e mente, sendo refrescado por Tua bondade.
62. Nada me aflige exceto o desejo de permanecer em permanente contato seus santos pés.
63. A própria visão de Seus pés sagrados faz-me perfeitamente feliz, mas ainda restam algumas
dúvidas em minha mente.
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64. Com Tua permissão eu desejo apresentá-las.
65. Ouvindo as palavras de Parasurama, Dattatreya, o Oceano de Bondade, estava satisfeito e
disse-lhe:
66. Pergunte uma vez, O Bhargava, o que você quer tanto saber e que tem pensando tanto. Estou
satisfeito com sua devoção e responderei suas questões com prazer.
Assim chega ao fim o Primeiro Capítulo conhecido como "Interrogação de Bhargava"na Sri
Tripura Rahasya.
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