Aula 01: Sismologia - CPGG-UFBA
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2 2 GEO046 Geofísica Dados da Disciplina Hédison Kiuity Sato ([email protected]) Créditos: 03.01.00 UC Carga horária: 45.30.00 Pré-requisitos: Ementa: Origem, evolução, constituição e estrutura interna da Terra, a partir das evidências geofísicas. Aplicações gerais e métodos da geofísica para exploração dos recursos naturais, preservação ambiental e obras de engenharia. Aula no 01 INTRODUÇÃO SISMOLOGIA June 04 Hédison K. Sato 3 3 Dados da Disciplina Objetivos: Capacitar o estudante para entender o princípio físico e a metodologia das ferramentas geofísicas usadas na prospecção mineral, de petróleo, de água subterrânea e em estudos geotécnicos e do meio ambiente. Mostrar a efetividade dos métodos geofísicos no estudo das características físicas do planeta Terra, de suas estruturas interna e crustal, bem como na confirmação da Tectônica de Placas. Metodologia: Aulas teóricas expositivas. Aulas práticas envolvendo exercícios para fixação dos conceitos e aspectos teóricos, e aprendizado de algumas técnicas de tratamento e interpretação de dados. 4 4 Dados da Disciplina Bibliografia: Dobrin, M. B. e Savit, C. H., 1988, Introduction to Geophysical Prospecting, McGraw-Hill Book Company. Fowler, C. M. R. , 1990, The Solid Earth, Cambridge University Press. Sharma, P. V., 1986, Geophysical Methods in Geology, Elsevier. Sheriff, R. B., 1989, Geophysical Methods, Prentice Hall, New Jersey, USA. Sleep, N. H., e Fujita, K., 1997, Principles of Geophysics, Blackwell. Telford, W. M., Geldart, L. P., Sheriff, R. E. e Keys, D. A., 1978, Applied Geophysics, Cambridge University Press. 5 Visão Geral 6 O que é a geofísica? Como ciência e tecnologia, o campo da geofísica inclui investigações de natureza teórica e prática. Envolve conhecimentos que passam pelas áreas da física, geologia, matemática aplicada, processamento de dados de alto desempenho. Compartilha diversas técnicas com outros campos. Uma das mais conhecidas seria a tomografia. A geofísica utiliza as teorias físicas e medições na descoberta ou avaliação das propriedades da terra. A disciplina remonta à antigüidade, especialmente com relação à predição de terremotos (um problema ainda não resolvido). A evolução significativa teve início no final do século XVI nas áreas do magnetismo e gravidade. Avanços significativos na instrumentação ocorridas nos primeiros anos do século XX propiciaram um progresso rápido da geofísica que levaram, por exemplo, à teoria da tectônica de placas nos anos 60. 7 O que é a geofísica? A tectônica de placas, o estudo da estrutura interna da Terra, e áreas relacionadas como processos globais e regionais são referidas, coletivamente, como Geofísica da Terra Sólida. A subdisciplina conhecida como geofísica de exploração envolve o uso da teoria geofísica e instrumentação para a localização das fonte de petróleo e outros minerais. Diferentemente da Geofísica da Terra Sólida, a geofísica de exploração mineral geralmente concentra-se na localização de heterogeneidades laterais numa pequena parte da crosta terrestre. 8 O que é a geofísica? A geofísica aumentou significativamente a capacidade do homem na exploração dos recursos naturais. Os sentidos do ser humano não incapazes para quantificar, ou mesmo detectar muitos fenômenos físicos (ex.: magnetismo). O homem não pode detectar variações do campo gravitacional terrestre da ordem do milionésimo, mas gravímetros medem (de fato, 0,02 milionésimos ou melhor) Sismologia, o principal método na exploração de petróleo, exige cronometragem precisa e registros de vibrações fracas cujas amplitudes são inferiores àquelas que o ser humano percebe. 9 O que é a geofísica? O que é a geofísica? Do "Encyclopedic Dictionary of Exploration Geophysics”, de Robert E. Sheriff Geofísica: ⌧(e) meteorologia, ⌧(f) gravidade e geodésia (campo gravitacional, tamanho e forma da Terra), ⌧(g) eletricidade atmosférica e magnetismo terrestre (incluindo a ionosfera, cinturão de Van Allen, correntes telúricas, etc.) ⌧(h) tectonofísica (processos geológicos dentro da terra), e ⌧(i) geofísica de exploração e engenharia. Geocronologia (datação da história da Terra) e geocosmogenia (a origem da Terra) são algumas vezes incluídos na lista. Estudo da terra por meio de métodos físicos quantificados, especialmente os métodos de reflexão e refração sísmica, gravitacional, magnético, elétrico, eletromagnético e radioativo. A aplicação dos princípios físicos para estudos da Terra inclui os seguintes ramos: Freqüentemente, refere-se apenas à Geofísica da Terra Sólida, excluindo-se, então, o itens (c), (d) e (e) e partes dos outros itens listados anteriormente. ⌧(a) sismologia (terremotos e ondas elásticas), ⌧(b) geotermometria (aquecimento terrestre, fluxo de calor, vulcanologia, e fontes de calor), ⌧(c) hidrologia (água subterrânea e superficial), ⌧(d) oceanografia física, O que é a geofísica? Geofísico? Geofísica de exploração é o uso os métodos sísmicos, gravitacional, magnético, elétrico e eletromagnético, etc., na procura por óleo, gás, minerais, águas, etc., com o objetivo da exploração econômica. Geofísico É aquele que estudas as propriedades físicas da Terra ou aplica as medidas físicas em problemas geológicos. Um especialista em geofísica. 10 11 12 Propriedades elásticas Módulo de Young E= P ∆L / L Razão de Poisson σ= ∆D / D ∆L / L P P Módulo de µ= = cisalhamento ∆L / L φ Módulo volumétrico k= P ∆V / V 13 Ondas elásticas 14 Lei de Snell Ondas longitudinais, compressionais, primárias (P). k + 4µ / 3 vP = Onda P incidente Refletem e transmitem ondas dos tipos P e S. ρ = (1 − σ )E (1 + σ )(1 − 2σ )ρ sen iP sen RP sen RS = = vP1 vP1 vS1 sen rP sen rS = = vP2 vS 2 Ondas transversais, cisalhantes, secundárias (S). vS = µ E = ρ 2(1 + σ )ρ 15 Lei de Snell 16 Lei de Snell Onda S incidente Refletem e transmitem ondas dos tipos P e S. Onda S incidente Reflete e transmite ondas do tipo S. sen iS sen RP sen RS = = vS1 vS1 vP1 sen iS sen RS sen rS = = vS1 vS1 vS 2 = sen rP sen rS = vP2 vS 2 17 Velocidades vP: exemplos Tipo de rocha Ar vP (m/s) Tipo de rocha 330 18 Distribuição das velocidades vP (m/s) Anidrita 3500-5500 Água 1400-1500 Sal 4000-5500 Gelo 3000-4000 Granitos/gnaisses 5000-6200 Aluvião, areia 300-1700 Basalto 5500-6300 Arenitos 2000-4500 Gabro 6400-6800 Folhelhos 2400-5000 Peridotitos 7800-8400 Calcáreos, dolomitos 3400-6000 19 Ondas superficiais: Rayleigh A onda de Rayleigh se parece com uma SV acoplada a uma P. A amplitude diminui com a profundidade, tornando-se pequena além do equivalente a um comprimento de onda. É similar às ondas no oceano, onde a partícula move-se em elipses verticais de forma retrógrada. Ela existe próxima à superfície do semi-espaço. Sua velocidade é uma função da razão de Poisson. Grosso modo, 0,92 vS. 20 Ondas superficiais: Love A onda de Love se parece com uma SH. É uma onda guiada. Sua existência exige camadas com velocidades S crescentes com a profundidade. A situação mais simples é de uma camada uniforme sobreposta a um semi-espaço uniforme com velocidade vS maior. A onda se propaga nos dois meios visto que estão soldadas, mas a amplitude diminui exponencialmente com a profundidade na camada mais profunda. 21 Propagação de ondas 22 Propagação de ondas Nas interfaces A e B, sen i1 sen f1 = v1 v2 sen i2 sen f 2 = v2 v3 Multiplicando-se as eqs. nas interfaces A e B por r1 e r2, respectivamente, pode-se escrever r1 sen i1 v1 Na geometria dos raio, q = r1 sen f1 = r2 sen i2 r1 sen f1 v2 r sen i2 = 2 v2 r sen i = v = = = r2 sen f 2 v3 = p (constante ) 23 Tempo de trânsito A diferença infinitesimal do tempo de trânsito de dT = t SQ − t SP pode escrita como dT = QN / v0 mas QN = PQ sen i0 = r0 (d∆ ) sen i0 dT r0 sen i0 = =p d∆ v0 24 Zonas de sombra 25 Condição de sombra Rápido aumento da velocidade Considerando que (r sen i v ) = p ou pv = r sen i, e que p é constante, dv di p = sen i + r cos i dr dr como sen i = pv r , pode - se escrever que di p ⎛ dv v ⎞ = ⎜ − ⎟. dr r cos i ⎝ dr r ⎠ Assim, a condição di/dr < 0 (sem zona de sombra), ou seja, o ângulo i cresce quando r descresce, só é possível quando dv dr < v r . Forte gradiente de velocidade gera a uma triplicação: três ondas P atingem uma faixa. No caso da elevação brusca, ocorre somente a duplicação. 27 Ondas no interior da Terra As letras P e S referemse às ondas no manto, iniciadas com p ou s se refletidas na superfície. A letra K para a onda P no núcleo externo. A letra I para a onda P no núcleo interno. A letra J é reservada para a onda S no núcleo interno. 26 28 Tempos de trânsito 29 Modelo de velocidade na Terra Modelo ajustado a um grande número de tempos de trânsito observados. 30 Tomografia Anomalias a 1350 km de profundidade em dois modelos independentes. Zonas frias têm maior velocidade das ondas sísmicas. As duas longas feições em azul: uma nas Américas e outra estendendo-se pela Eurásia podem indicar convecções a grandes profundidades (Levi, 1997) 31 Tomografia 32 Terremoto & explosão nuclear Seções verticais nas regiões centrais da América Central e Japão. A zona fria prolonga-se contínua com a profundidade, sugerindo a descida da placa da litosfera oceânica no bordo da placa tectônica. Além disso, essas feições coincidem com as regiões com uma longa história de subducção. (Levi, 1997) (Sullivan, 1998) 33 Distribuição dos terremotos 34 Seqüência de eventos De (a) a (c), há um contínuo acúmulo de energia pela deformação cisalhante. Em (d), toda a energia elástica gradativamente acumulada é liberada repentinamente. 35 Primeira movimentação (a) separação inicial da energia da onda P em primeiros movimentos fazendo compressões e rarefações. (b) Padrão de irradiação, vista num plano perpendicular ao plano da falha e o auxiliar 36 Distribuição dos focos Os terremotos ocorrem a profundidades inferiores a 700 km. Por convenção, de acordo com a profundidade do foco, são considerados: rasos quando até 60 km, intermediários até 300 km, e profundos quando estão além dos 300 km. 37 Distribuição dos focos 38 Distribuição dos focos Zona de WadatiBenioff ao norte de Honshu (Japão) que mostra dois planos paralelos de concentração dos focos. Zona de WadatiBenioff sob a região central do Peru que evidencia uma zona de subducção horizontal. 39 Magnitude dos terremotos Apesar das modificações subseqüentes, a escala Mercali (de G. Mercali, 1902) desenvolvida antes do advento da instrumentação, é aplicada com base em relatórios sobre a grau com que o local foi chacoalhado. Atualmente, a modificação de Richter (1958) tornou-se o padrão. Ela representa a intensidade do chacoalhar numa escala de 12 pontos, do quase imperceptível ao mais violento movimento, com base nas reações humanas, simples observações e danos às construções. Mesmo sem o interesse na medida a intensidade do terremoto, esta escala é conveniente para se descrever os efeitos locais do chacoalhar. 40 Magnitude dos terremotos Magnitude instrumental MS = log10 (a/T) + f(∆,h) onde a é a amplitude, T, o período, f(∆, h), uma correção função da distância angular ∆, e a profundidade h. 41 Tsunami 42 Oscilação livre da Terra Modelagem do tsunami devido ao terremoto ocorrido no Chile em 1960. Animação feita pelo Prof. Nobuo Shuto do Disaster Control Research Center da Universidade de Tohoku, Japão http://www.geophys.washington.edu/tsunami/general/physics/characteristics.html As elevações estão exageradas. Observar as refrações e difrações. A análise de ondas superficiais considerando uma Terra plana é adequada para períodos curtos de onda, mas progressivamente se torna inadequada para longos períodos. A curvatura da Terra influencia a dispersão e precisa ser considerada. Uma abordagem mais geral considera os modos de oscilação livre. Após um forte terremoto, a Terra ressoa em inúmeras freqüências discretas. Cada uma pode ser imaginada como representação de uma onda estacionária (superposição de ondas em direções opostas). 43 Oscilação livre da Terra Atualmente, identificam-se mais de 1000 modos de oscilação livre. 150 anos se passaram desde a previsão teórica das oscilações livres da Terra até a sua efetiva detecção. Além disso, devido a complexidade do problema, os cálculos dos modelos realistas só aconteceram com o advento do computador. Nos anos 1950, tendo desenvolvido um novo instrumento capaz de medir ondas sísmicas de longo período, H. Benioff detectou uma oscilação de 57 min. de período (terremoto de Kamchatka, 1952). 44 Oscilação livre da Terra O relato de Benioff estimulou os pesquisadores que aperfeiçoaram os instrumentos e a teoria, estando prontos para registrar os efeitos do que foi o grande terremoto de 1960, no Chile. Naquele mesmo ano, o encontro em Helsinki da IUGG, os dados coletados por diversos pesquisadores mostravam grande concordância entre si e com a teoria e cálculos já desenvolvidos. Estabelecimento de um novo ramo da sismologia. 45 Oscilação livre da Terra 46 Oscilação livre da Terra 47 Oscilação livre da Terra 48 Referências: Levi, B. G., 1997, Earth’s upper mantle: how low can it flow?, Physics Today, August, 50(8), 17-20. Sharma, P. V., 1986, Geophysical methods in geology. 2. ed., Elsevier, New York. Stacey, F. D., 1992, Physics of the earth. 3. ed., Brookfield Press, Brisbane, Austrália. Sullivan, J. D., 1998, The comprehensive test ban treaty. Physics Today, March, 51(3), 24-29. Telford, W. M., Geldart, L. P., Sheriff, R. E. e Keys, D. A., 1978, Applied Geophysics, Cambridge University Press.