Março 2010 - Museu da Lourinhã

Transcrição

Março 2010 - Museu da Lourinhã
Número Especial Comemorativo
Março
2010
25º Aniversário do Museu
Museu da Lourinhã
Editorial
Está a terminar o mandato dos Órgãos Sociais eleitos a 12 de Abril de
2008. Nestes dois anos, que foram ricos de eventos para a Associação e
para o Museu, procurámos registar nestas páginas o que de mais significativo ocorreu e dar espaço à divulgação do acervo e dos trabalhos
científicos realizados pelos nossos funcionários, colaboradores e
voluntários.
Mas não queria a Direcção terminar o seu mandato sem que ficasse o registo do dia 24 de
Junho de 2009, não só pelo símbolo que são 25 anos na vida de uma realização, mas
igualmente pela importância que o Museu já tem, quer a nível nacional quer internacional.
A resenha desse dia, que culminou um quarto de século, fica, agora, aqui documentada.
Sabíamos que iria levar algum tempo a fazê-lo, mas não antecipávamos que fosse dilatado
por assuntos de grande importância e urgência para o GEAL, que tomaram a dianteira.
Nem sempre foi possível assegurar um fluxo regular de artigos, mas o Boletim tem colaboradores fieis. Quero agradecer a todos os que contribuíram de algum modo para estas
páginas. O que inclui os leitores os quais, pelo simples acto de lerem e também pelos
encorajamentos prestados, são boa parte da razão de ser do Boletim.
A todos, um grande bem hajam.
Fernando Nogal
Neste número
2 Mensagem da Direcção
3 Resenha do dia do 25º Aniversário do Museu
5 Serviços do Museu
Artigos
3
6
9
10
22
23
24
25
A Inauguração da “Rotunda dos Dinossauros”
Sessão Solene: I – Entrega dos Prémios do 6º CIID
O 6º Concurso Internacional de Ilustração de Dinossauros
Sessão Solene: II – Evocação e Homenagens
Testemunho – Homenagem a Horácio Mateus e Isabel Mateus
O Mestre Adelino
A medalha comemorativa do 25º Aniversário
Homenagem ao Professor Miguel Telles Antunes
Capa: A fachada do edifício principal do Museu, na actualidade.
Contracapa: Estava-se em 1983. O antigo edifício do Tribunal, em fase de
transformação no edifício principal do Museu.
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Boletim N.º 17
Março 2010
Museu da Lourinhã
Resenha do dia do 25º Aniversário do Museu
24 de Junho de 2009
O dia 24 de Junho é, simultaneamente, feriado Municipal da
Lourinhã e dia de Aniversário do Museu da Lourinhã. Em 2009 a
data teve especial relevo por ser o 25º Aniversário do Museu. O
simbolismo da efeméride levou à idealização de um conjunto
alargado de celebrações, algumas em cooperação com a Câmara
Municipal da Lourinhã.
As cerimónias do dia, respeitantes à Vila, tiveram lugar logo de
manhã, na Praça José Máximo da Costa. Seguiu-se a inauguração
do conjunto escultórico subordinado ao tema dos dinossauros,
instalado na Rotunda do Rossio, já popularmente conhecida por
“Rotunda dos Dinossauros”. A cerimónia teve a presença do Sr.
Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior,
além dos representantes da Edilidade e da Direcção do GEAL.
Da parte da tarde realizou-se a Sessão Solene do GEAL, no Auditório Afonso Rodrigues Pereira, sito na Rua João Luís de Moura,
na Lourinhã. Esta Sessão dividiu-se em duas partes. Na primeira,
e após as boas vindas, fez-se uma breve história do CIID (Concurso Internacional de Ilustração de Dinossauros), que o GEAL vem
promovendo, e procedeu-se à entrega dos prémios do 6º CIID.
Seguiu-se um intervalo, aproveitado para visitar a exposição de
trabalhos concorrentes ao 6º CIID, e que integrava também os
premiados de anteriores edições do Concurso.
A segunda parte começou com uma Evocação do Museu da
Lourinhã, pelo Presidente da Direcção do GEAL, a que se seguiu
uma homenagem a vários Associados que se destacaram ao serviço
do GEAL e do Museu, nomeadamente os antigos membros dos
Órgãos Sociais, algumas individualidades, os Fundadores do
GEAL e, por último Isabel Mateus e Horácio Mateus. Usaram
também da palavra a Sra. Presidente da Assembleia Municipal da
Lourinhã e o Sr. Presidente da Câmara Municipal da Lourinhã.
Seguiu-se a Homenagem ao Professor Miguel Telles Antunes,
com o descerramento da placa toponímica da Rua que de ora em
diante leva o seu nome, antiga Rua dos Aciprestes, junto à sede
do GEAL e Museu da Lourinhã.
Encerrou o dia um convívio no Pátio do Mestre Adelino, no
Museu.  Editor
A inauguração da “Rotunda dos Dinossauros”
A
inauguração do conjunto escultórico da Rotunda do Rossio
ocorreu ao fim da manhã do dia 24, com as presenças de Sua
Excelência o Sr. Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior, do Ex.mo. Sr. Presidente da Câmara Municipal
da Lourinhã, da Ex.ma. Sra. Presidente da Assembleia Municipal
da Lourinhã, do Ex.mo. Sr. Presidente da Junta de Freguesia da
Lourinhã, outros membros da Edilidade, do Presidente e vários
membros da Direcção do GEAL, e várias outras pessoas.
“Bom dia a todos, Sr. Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior, Sr. Presidente da Câmara, Sra. Presidente da
Assembleia Municipal cara amiga Ana e Sra. Ministra da Saúde, eu,
de protocolo, já se percebeu o que sei...
Foi primeiro orador o Presidente do GEAL, seguindo-se-lhe o Sr.
Presidente da Câmara Municipal da Lourinhã e, por último, o Sr.
Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Seguiu-se o descerramento de uma placa comemorativa colocada
no marco situado na lateral da rotunda. Neste marco está também
colocada a ficha técnica da escultura.
A cerimónia teve a presença de vários representantes dos meios
audiovisuais, nomeadamente do Rádio Clube da Lourinhã, cujo
registo áudio foi facultado ao Boletim, o que muito agradecemos.
Transcrevemos este registo e dele extraímos os excertos citados
no presente artigo.
Começou por falar o Presidente do GEAL, Eng.º Hernâni
Mergulhão, que disse:
Março 2010
Queria dar-vos três ideias essenciais: A primeira, que esta rotunda
surge porque há Museu da Lourinhã, e há Museu da Lourinhã por
várias razões, mas sem dúvida aquela que mais faz com que o
Museu da Lourinhã seja actualmente conhecido é o facto de há 150
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Museu da Lourinhã
milhões de anos termos sido precedidos por uns animais deste género
e ter acontecido a circunstância de haver pessoas que são capazes de
os descobrir e de desenvolver conhecimento científico em torno disso.
Esta marca nesta rotunda evitará que a passagem pela Lourinhã
alguma vez possa acontecer sem que o transeunte se lembre: "É aqui
a terra dos dinossauros". Esse objectivo, pensamos, fica agora muito
mais apoiado. O agradecimento do GEAL à Câmara da Lourinhã,
por ter acolhido esta ideia, e poder, ainda por cima, fazê-lo num
dia que é para nós muito importante: o GEAL tem hoje um filho
com 25 ano: o Museu da Lourinhã.
A segunda menção, ao Sr. Secretário de Estado, dizendo-lhe que a
sessão comemorativa é hoje à tarde. Sabemos das suas dificuldades
de agenda, agradecemos profundamente a sua disponibilidade para
estar presente, apesar de tudo, neste momento. Encontraremos seguramente outra oportunidade para lhe mostrar o Museu, para lhe
dizer o que queremos fazer e para convosco podermos também colaborar para que o novo Museu do Jurássico seja, de facto, uma
realidade. Sabemos do vosso empenho que, desde já, agradecemos.
A todos os presentes, o convite para nos acompanharem na sessão
evocativa hoje à tarde, às três e meia. Queremos que ela resulte (eu
não sei procurar palavras esquisitas), vou dizer, singela. Pretendemos que ela seja singela mas seja muito significativa e sê-lo-á
seguramente mais, com a vossa participação.
A partir das três e meia estaremos no auditório Dr. Afonso Rodrigues Pereira. Quando a sessão terminar estaremos a homenagear o
Prof. Miguel Telles Antunes, uma justíssima homenagem, na altura
falaremos disso. E desde já vos posso dizer que em seguida teremos
um momento de convívio, e mais coisas interessantes. Muito obrigado a todos, muito obrigado à Câmara Municipal da Lourinhã.”
é um movimento associativo desta natureza como é o GEAL!”.
O conjunto escultórico da Rotunda
A ideia da criação deste conjunto surgiu da procura de
formas de divulgar o Museu da Lourinhã. Um primeiro esboço, feito por alguns membros da Direcção, a que Octávio
Mateus transmitiu rigor científico, foi rapidamente passado a
três dimensões com ajuda de papel e tesoura, e permitiu
visualizar a escultura, refinar ideias, e ganhar o entusiasmo
de todos.
Propôs-se a ideia à Câmara Municipal da Lourinhã que
imediatamente a apoiou. Hernâni Santos ficou encarregue
de coordenar todo o processo de execução do projecto,
contando com o apoio científico de Octávio Mateus.
Disponibilizando voluntariamente os meios da empresa
Hartcasa, refinou o esboço de projecto, que foi apresentar à
empresa Louritex.
A escolha da Louritex era óbvia, dada a larga experiência
que possui, a competência amplamente reconhecida e, mais
uma vez, demonstrada ao cortar, montar e instalar em
tempo recorde, e cumprindo o calendário da inauguração no
dia do Aniversário do Museu, oito toneladas de ferro.
Enquanto a Louritex dava forma aos três dinossauros de
espécies portuguesas, um Torvossaurus que persegue um
Lourinhanossauros perante o alarme de um Lusotitan, prosseguiam em ritmo acelerado as obras das fundações, a
cargo da empresa Luís Jorge Construções, cuja adesão ao
projecto não foi menos entusiástica.
Assim, retiraram-se da rotunda o candeeiro e outros elementos que lá se encontravam, e fez-se uma fundação em
betão, mais dezasseis toneladas, capaz de suportar as
férreas bestas.
Em seguida, usou da palavra o Sr. Presidente da Câmara
Municipal da Lourinhã, o Sr. José Manuel Dias Custódio, que
começou por agradecer as presenças dos representantes do
Governo e da Edilidade, dizendo:
“Muito bom dia. Eu, antes de mais, queria agradecer a presença do
Sr. Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior,
por impedimento do Prof. Mariano Gago [Ministro da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior] estar aqui presente. E quero agradecer muito sinceramente a disponibilidade do Sr. Secretário de Estado
porque, de tarde, vai estar na Assembleia da República e deslocou-se
aqui propositadamente para este acto.
Quero saudar também a Sra. Presidente da Assembleia Municipal, o
Sr. Presidente da Direcção do GEAL, meu amigo Hernâni Mergulhão, quero saudar todos os presentes aqui.”
Em seguida, relevou a justeza da homenagem ao Museu do GEAL,
no dia dos seus 25 anos, coincidente com o do feriado municipal,
explicando-se assim o facto de parte das comemorações do feriado ser em conjunto com as do GEAL, congratulando-se com tal
pois “é sinal que nos entendemos e sabemos o quão necessário é dar
Ficha técnica do conjunto escultórico da Rotunda dos Dinossauros
Os arranjos finais da envolvente, a iluminação e outros
pormenores ficaram a cargo do gabinete paisagístico da
Câmara Municipal da Lourinhã, que custeou integralmente
esta obra.
A todos queremos prestar uma muito justa homenagem e
transmitir o agradecimento do GEAL pelo entusiasmo,
empenho e profissionalismo com que deram corpo a esta
nossa ideia.
A Direcção do GEAL
valor ao movimento associativo. E quando o movimento associativo
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Museu da Lourinhã
Referiu-se depois a dois Associados, preponderantes na vida do
GEAL e do Museu:
“Eu já hoje, na Sessão Solene, frisei o nome do Horácio e da Isabel
Mateus. Vejo aqui a Isabel Mateus mas não vejo o Horácio! E não
vejo o Horácio mas tenho que ir buscar o Horácio para a sessão
solene da parte da tarde, Ele é muito teimoso, mas tem que vir!”
Continuando, afirmou:
“Nós orgulhamo-nos do passado e orgulhamo-nos também do que
temos. E eu quero dizer aqui que é com orgulho que estou a
inaugurar esta "Rotunda dos Dinossauros" porque ela é Lourinhanense. É Lourinhanense em termos de ideia, pensamento, em termos
de desenho, e é Lourinhanense em termos de execução.
Quero saudar aqui a Louritex, na pessoa do Sr. António, porque a
Louritex é uma empresa familiar que tem suportado as crises, tem
conseguido ser inovadora, e tem conseguido ter continuidade, e essa
continuidade desejo-lhes sinceramente que se mantenha porque
conheço a sua Família, conheço o seu irmão, os seus filhos, os seus
sobrinhos e sei que há ali gente que vai prolongar aquilo que vocês
iniciaram. Por isso, um agradecimento pelo trabalho feito, e pelo
trabalho bem feito. E também pelo trabalho feito em prol da Lourinhã, em termos de inovação, em termos de criação de emprego.
Quero também dizer que esta é a rotunda que marca, digamos, a
passagem dos dinossauros na Lourinhã, mas vamos ter um "Parque
Jurássico". Na sessão da tarde eu irei dizer qual é a condição da
candidatura. Mas quero dizer que o Parque Jurássico não está
adormecido, está vivo, e bem vivo”.
Referiu-se, em seguida, à projecção internacional da Lourinhã,
muito devida ao seu espólio paleontológico e ao trabalho sobre ele
realizado, tendo relevado a contribuição do Doutor Octávio
Mateus.
“Quero dedicar uma palavra a um jovem que é o Octávio Mateus. O
Octávio tem sido um elemento preponderante disto tudo. Tem sido
um moço, permita-me que o trate assim, que tem trabalhado fora da
Lourinhã [em muitos lugares] mas sempre trazendo ao de cima o
nome da Lourinhã. E nunca deixou de dizer que era Lourinhanense
e que estava ligado ao projecto do GEAL, que é um projecto que eu
considero bastante válido.
Por isso, a Lourinhã hoje, neste dia 24 de Junho, um dia que é
Feriado Municipal, fica mais rica com esta rotunda. Fica ainda
mais conhecida. Podemos continuar a chamar, e devemos continuar
a chamar à Lourinhã a Capital dos Dinossauros. É a Capital dos
Dinossauros”.
E concluiu, agradecendo:
“Bem hajam todos os que contribuíram para que esta obra fosse uma
realidade. Eu quero dar os parabéns ao Presidente da Direcção do
Museu, do GEAL, e dizer-lhe que estamos de mãos dadas para fazer
o Parque Jurássico. Continuaremos a colaborar para que o ideal da
Isabel Mateus e do Octávio Mateus seja uma realidade. Bem hajam
e um obrigado.“
Por último falou o Ex.mo Sr. Secretário de Estado da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior, Dr. Manuel Heitor, que, dirigindo-se aos presentes, disse:
“Muito obrigado. Uma brevíssima palavra, sobretudo de felicitações
à Lourinhã, mas também, e principalmente, de apoio a esta
iniciativa. Hoje a Lourinhã é já um ponto conhecido não só das
comunidades científicas mas também da cultura científica e
sobretudo da promoção daquilo que podemos chamar o turismo
científico em torno da simbologia dos dinossauros.
E a minha presença aqui não é mais do que simbólica, como já foi
divulgado, por impossibilidade de estar esta tarde no Museu, para
sobretudo mostrar o apoio do Ministro da Ciência e do Ministério
em fazer da Lourinhã, claramente, um polo de atracção de
cientistas e sobretudo daqueles que trabalham em paleontologia,
assim como de divulgação da cultura científica. Com certeza que
tem as componentes específicas para o poderem fazer.
Uma palavra especial que o Professor Mariano Gago me pediu para
vos passar, de apoio e de carinho à Família Mateus, em particular
ao Octávio. Sabemos que tem desempenhado aqui um papel particularmente importante e por isso esta minha presença não é mais do
que um simbolismo do apoio à actividade em torno da divulgação
da ciência da paleontologia através do sítio da Lourinhã.
Muitos parabéns e as maiores felicidades. Muito obrigado.”
Seguiu-se o descerramento, pelos Sr. Secretário de Estado e Sr.
Presidente da Câmara da Lourinhã, da placa comemorativa
inscrita no marco colocado no exterior da rotunda.  Editor
O Museu da Lourinhã disponibiliza os seguintes Serviços:


Visitas guiadas e palestras
Paleontologia:
o Preparação de fósseis
o Elaboração de moldes
o Venda de réplicas
Março 2010


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Conservação e restauro de peças
Workshops:
o Conservação e restauro
o Réplicas
o Preparação de fósseis
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Museu da Lourinhã
Sessão Solene
I – Entrega dos prémios do 6º CIID
U
m dos pontos altos das comemorações do 25º Aniversário do
Museu da Lourinhã foi a Sessão Solene, que teve lugar pelas 14
Isto retira-nos dos campeonatos de futebol e dos jogos olímpicos e
portanto vai ser mais fácil trazer pessoas à Lourinhã, neste momento.
horas no Auditório Afonso Rodrigues Pereira, na Lourinhã.
Abrindo a sessão, o Presidente do GEAL, Eng.º Hernâni
Mergulhão, saudou os presentes.
“Sejam todos muito bem-vindos. Vão notar que, por razões de
operacionalidade, a parte que costuma ser mais protocolar, em que
se referem os nomes das pessoas todas presentes e tudo o mais,
acontecerá num segundo tempo.
Esta primeira fase é aquela em que vamos
proceder à entrega dos prémios do Concurso
Internacional de Ilustração de Dinossauros.
Vamos na sexta edição e foi opção da
Direcção do GEAL usar esta circunstância
para um pequeno bloco, que se deseja breve,
mas com a relevância e a importância de pôr
ao vosso conhecimento uma actividade do
Museu que constatamos ser ainda pouco
conhecida.
Gostávamos que isto continuasse assim, neste
ritmo, deve haver mundo que chegue para os
países continuarem assim a crescer. A qualidade, como vão ver, é extraordinária.
Portanto, usámos esta circunstância e pedimos a todos os nossos
convidados a paciência para não serem ainda eles, também, figuras
de cena, e aceitarem que assim fizéssemos com este alinhamento.
Quero pedir também a vossa compreensão para o facto.
O Concurso Internacional de Ilustração de Dinossauros, como dizia,
vai na sexta edição. Realizou-se, a primeira, no ano de 20002001, no dealbar, em 2002, em 2003, em 2004, em 2005 e,
depois, apenas neste ano, em 2009. Não são chamadas ao caso as
circunstâncias, estamos, em todo o caso, em crer que a edição ser
feita em moldes bianuais nos parece mais razoável e portanto a
proposta é que, a partir de agora, contemos os anos ímpares.
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Será curioso dizer, mas daremos oportunidade aos colegas, que se
vão sentar ali na mesa de dizer mais sobre isso, mas será curioso
dizer que na primeira edição concorreram 55 trabalhos, realizados
por 35 artistas, e estes provinham de 10 países. O Concurso é
internacional, vive dos contactos científicos do Museu, também. Na
segunda edição teve menos trabalhos: 46. Mas os artistas também
baixaram, apesar de tudo de 11 países. Davase a expansão internacional. A terceira edição:
44 trabalhos, 26 artistas de 13 países. Na
quarta edição 51 trabalhos, 32 artistas de 15
países. Na quinta edição, 28 trabalhos, 18
artistas, de 12 países. Na edição deste ano,
140 trabalhos, de 71 artistas, de 22 países.
Prefiro ser eu a dize-lo porque as pessoas que vão estar agora na
mesa estão envolvidas na organização e no critério, se calhar ficalhes menos bem dizerem que é muito bom, mas na minha vista, que
não é científica, obviamente, não me compete tê-la, é muito bom o
que vamos ver a seguir e passo-vos a apresentar os elementos do Júri
que tem vindo ao longo destas edições a participar, já lhes darei
lugar na mesa.
O Professor Miguel Telles Antunes, sobejamente conhecido e sobre o
qual ainda hoje falaremos mais vezes; o Doutor Octávio Mateus; o
Doutor Fernando Correia, biólogo e ilustrador científico; o Doutor
Nuno Farinha, que é biólogo e ilustrador científico, também; o José
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Museu da Lourinhã
Projecto, que é pintor; e desta vez, nesta edição, juntou-se também
o Engenheiro Zootécnico e ilustrador Simão Mateus, que antes
vinha participando na organização mas não tinha direito a voto.
Pela primeira vez votou, fez parte, portanto, da decisão.
Tendo sido possível ter presentes apenas três membros do Júri, por
razões de força maior que não conseguimos ultrapassar, convidamos
os três membros presentes a tomarem conta da sessão a partir deste
momento. Chamo à mesa o Prof. Telles Antunes, o Dr. Octávio
Mateus e o Eng. Zootécnico Simão Mateus.”
Tomaram então lugar na mesa os três citados membros do Júri do
CIID. Enquanto eram projectadas imagens das obras premiadas, o
Dr. Octávio Mateus apresentou o concurso e alguns dos prémios:
“Caríssimos presentes, Senhores membros do Júri, Sr. Presidente da
Câmara, Presidente do GEAL, Presidente da Assembleia Municipal.
Vamos falar um pouco sobre o nosso Concurso Internacional de
Ilustração de Dinossauros que já é “O” concurso internacional.
Portanto, não há nenhum certame deste género tão importante como
este que tem sido organizado pelo Museu da Lourinhã, no que
respeita a concursos de ilustração de dinossauros.
Como o Presidente do GEAL já mencionou, tivemos cerca de 140
obras que fizeram parte da selecção do nosso Júri, também já
mencionado. Aqui estão expostas algumas, e passo a citar as cinco
menções honrosas e os três primeiros lugares que foram escolhidos.
“O Davide Bonadonna não estava cá mas fez-nos chegar este vídeo.
O nosso 2º lugar também não está cá. Ele viria do Canadá, com este
crânio de um Tiranossauro. Esta é uma das ilustrações com ossos, e
nós pretendemos que os Concursos tenham pelo menos dois dos
prémios que sejam dedicados a ossos. Um foi aquele do crocodilo,
que vocês viram, e este também, para mostrar que a ilustração
científica não tem de ser só aquela reconstituição meio artística mas
tem de ser também algo rigoroso e que ajude de facto a ciência.
Dino Pulerà, do Canadá, ganhou o 2º lugar.
Peço agora ao Prof. Miguel Telles Antunes que apresente o 1º
lugar.”
Tomou, então, a palavra o Prof. Miguel Telles Antunes, que se
referiu ao trabalho premiado, tendo dito:
O 1º Prémio foi atribuído a Fábio Pastori com o seu trabalho que
representa um dinossauro, também. Dinossauro com penas? Mas ...
quem pensa nisso? A verdade é que, quando comemos um frango
estamos a comer um dinossauro. Nem todos se extinguiram. As aves
não são mais que um ramo de dinossauros.
Ora, o que estão a ver representa com bastante realismo e com
bastante exactidão, até do ponto de vista anatómico, que é um dos
critérios, importa sublinhar, não é apenas o valor artístico, é
também o rigor científico. De maneira que, reunindo estas duas
condições, decidimos atribuir este primeiro prémio ao trabalho que
aqui vêem. Vou chamar, portanto, Fábio Pastori.
A 1ª Menção Honrosa vai para Ville-Veikko Sinkkonen, da
Finlândia, com este dinossauro carnívoro. A 2ª Menção Honrosa
para Rudolfo Nogueira, do Brasil, com este crocodilo terrestre do
Brasil. A 3ª Menção Honrosa para Manuel Morgado, de Portugal.
Fez este Torvossaurus, uma espécie Portuguesa no seu ambiente de
vida. A 4ª Menção Honrosa para Andrei Atuchin, da Rússia. Andrei
Atuchin já ganhou outros prémios em edições precedentes. E, por
fim, a 5ª Menção Honrosa para Filipe Elias, do Brasil, também já
um ilustrador recorrente no nosso concurso.
Dos três primeiros prémios comecemos pelo 3º, de Davide
Bonadonna. Ele vem da Itália e esta ilustração representa um
Torvossaurus, uma espécie Portuguesa, e norte-americana também,
que é o predador que temos à direita, a caçar um Miragaia.
Miragaia Longicollum que é uma espécie descoberta precisamente na
nossa aldeia de Miragaia, que é o que está representado abaixo.
O Davide Bonadonna não pôde estar presente, mas ele mandou-nos
um vídeo, que vou pedir que seja transmitido”.
Foi então mostrado um simpático vídeo em que Davide
Bonadonna lamenta não estar presente, transmite a sua satisfação
e entusiasmo pelo concurso, e agradece a distinção recebida.
Octávio Mateus retomou a palavra.
Março 2010
O Prof. Telles Antunes entregou então ao premiado um cheque
gigante, que este recebeu no meio de muitos aplausos. Em
seguida Fábio Pastori disse umas breves palavras:
“I have to start saying, I apologize myself for my poor English, I
hope you can understand me. And I have to start saying thank you
to Octávio. I am very happy, I am very glad to be here1”.
1
Tradução: Tenho de começar por dizer que peço desculpa pelo meu
fraco Inglês, espero que consigam entender-me. E tenho também que
dar um obrigado ao Octávio. Estou muito feliz, muito contente por
estar aqui.
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Museu da Lourinhã
Aproximando-se do microfone, Hernâni Mergulhão interveio:
“Há uma novidade: nós conseguimos convencer o Fábio a explicarnos como é que ele faz estas coisas. Às sete horas da tarde ele vai dar
uma apresentação, aqui mesmo, para todos os que estejam
interessados.
Tal como vos tinha dito inicialmente, vamos agora fazer um
intervalo, que é necessariamente curto mas tem uma função
importante, aquela de vos propiciar a visita à exposição que está
aqui no espaço de exposição contíguo onde ainda podemos apanhar,
pelo menos o Fábio, junto das obras que ele entregou, ele entregou
mais do que uma, desta vez, ganhou, digamos, em overbooking. Ele
inundou-nos com obras, uma tinha de ganhar... sixteen you have
delivered ... pieces of your work ... that's true ... dezasseis obras!
Não temos todas em exposição mas temos cerca de cinquenta obras
do concurso deste ano, das tais 140 que eu vos disse que chegaram.
Temos os melhores prémios das edições anteriores.
Aproveitaremos esse breve intervalo também para confraternizar,
porque disso se trata hoje e, à volta, teremos a mesa da Sessão
Comemorativa do 25º Aniversário do Museu.
Entre as surpresas que fui anunciando ao longo do dia, não esperem
que elas sejam todas muito... eu não sei como dizer, umas podem ser
mais importantes para vocês, outras mais para nós, e depois
engraçado era que se envolvessem todas as pessoas da sala.
Uma ideia que tivemos é esta: no dia do 25º Aniversário do Museu,
aceitamos a inscrição de Associados que ficam simbolicamente com
essa data. Aqueles que se fizeram Associados do Museu quando o
Museu fez 25 anos. Vamos ter fichas aqui à vossa disposição,
aproveitem o intervalo para isso também, e encontramo-nos dentro
de poucos minutos, iremos avisando as pessoas até que nos juntemos
de novo. Até já, muito obrigado.”
Seguiu-se um intervalo em que os presentes visitaram o espaço de
exposições contíguo ao auditório, onde estavam patentes as obras
premiadas da 6ª edição do CIID, e de edições anteriores, e ainda
outras, não premiadas.  Editor
Exposição do 6º CIID
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Boletim N.º 17
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Museu da Lourinhã
O 6º CIID
Concurso Internacional de Ilustração de Dinossauros
O Concurso Internacional de Ilustração de Dinossauros (CIID)
reaparece em 2009, após três anos de interregno, com uma
vitalidade e sucesso que comprova a sua importância no contexto
da ilustração paleontológica internacional.
O sucesso do CIID deve-se a diversos factores: um deles é ser o
concurso pioneiro neste tema específico; outro é o renome que a
Lourinhã tem no panorama paleontológico internacional e outro,
não menos importante para os artistas que não vivem só de
aplausos e palmadinhas nos ombros, é o valor dos prémios.
Foram admitidos a concurso 140 trabalhos de 71 autores de 22
países, um número superior à soma dos três concursos anteriores
(2003, 2004 e 2005).
Pode dizer-se, sem exagero, que o CIID é o maior concurso do
género a nível mundial.  Simão Mateus
Algumas alterações ao regulamento permitiram o aumento de
obras a concurso. Retirou-se o limite ao número de obras que
cada artista podia enviar, o que dificultou a vida ao júri, mas pelo
lado positivo. Outra alteração foi a divulgação, de uma forma
mais sistemática, junto do público específico que são os paleoartistas.
A qualidade não deixou de ser uma presença, o que não faltou
este ano foram trabalhos merecedores de primeiros prémios, que
tiveram de ser preteridos.
A exposição das obras a concurso está também a ganhar uma nova
dinâmica com dois convites para eventos fora da Lourinhã. Um na
Universidade Nova, em meio académico, e outro próximo de
Coimbra, em contexto cultural.
Em relação ao júri, para próximos concursos pondera-se a
internacionalização deste, com convite de um ou dois elementos
especificamente ligados à paleontologia.
Um caricaturista bem intencionado
Um ilustrador bem-intencionado perguntou-nos se poderia
publicitar o concurso num fórum de artistas dos quais ele
faz parte. A organização do CIID, agradecida, acedeu.
Num instante o regulamento espalha-se por fóruns de
caricaturistas e uma quantidade de desenhos humorísticos
começa a acumular-se.
Apesar de estarem explícitas no regulamento as condições
de qualidade técnica e rigor científico muitos trabalhos
tiveram de ser desclassificados por não preencherem estes
requisitos.
Se contabilizássemos estas obras teríamos mais de 230
trabalhos, ou seja, mais do que em todos os CIIDs
anteriores juntos.
Galeria
1º Prémio - Unelagia comahuensis
Fábio Pastori, Itália
Março 2010
Boletim N.º 17
9
Museu da Lourinhã
3º Prémio - Torvossaurus attack
Davide Bonadona, Itália
2º Prémio - Tyrannossauroid skull
Dino Pulerà, Canadá
Menções Honrosas
Sinornithosaurus milleni
Ville-Veikko Sinkkonen, Finlândiai
Uberabasuchus terrificus
Rudolfo Nogueira S. Ribeiro, Brasil
Platypterygius bannovkensis
Dinheirossaurus lourinhanensis
Andrey Atuchin, Rússia
10
A pausa
Manuel F. Morgado, Portugal
Filipe Alves Elias, Brasil
Boletim N.º 17
Março 2010
Museu da Lourinhã
Sessão Solene
II – Evocação e Homenagens
Boas vindas
Evocação do Museu de Lourinha
Dando início à sessão, tomou a palavra o Presidente do GEAL,
Eng.º Hernâni Mergulhão, que disse:
Feitas as boas-vindas, se o Sr. Presidente [da CML] me dá licença,
dirijo-me à tribuna para evocar o 25º Aniversário. Muito obrigado.
Boa tarde a todos, mais uma vez. Conforme tínhamos anunciado, e
agradecemos a vossa colaboração, foram céleres, espero que tenham
desfrutado do concurso de ilustração. Ficaram por dizer, com
certeza, muitas coisas a esse respeito, e há pelo menos esta que eu
gostava de não me esquecer.
As pessoas que me conhecem sabem que sempre que tento fazer
improviso sai uma coisa escrita, sempre que tento escrever sai uma
coisa improvisada. Desta vez estou um bocadinho pior ainda.
Porquê? Porque estou satisfeitíssimo, pessoalmente, e acho que vocês
não têm nada [que sofrer] com isso. E portanto devo fazer um
esforço de contenção, dizendo-vos que isto tem um ar sério, e são 25
anos de uma obra muito importante feita por pessoas que tiveram, e
vão tendo, uma dedicação que é inusitada.
O Regulamento é bastante restritivo quanto à natureza das obras.
Algumas pessoas, felizmente, interpretaram-no mal, e ficámos com
cerca de 50 obras, algumas delas, bastantes, com muita qualidade,
para um efeito colateral que é uma exibição de cartoon. Uma
exibição de desenho cómico sobre dinossauros. Portanto, já começamos a ter efeitos colaterais não encomendados. Esta era uma nota
meramente técnica que vos queria dar.
Passando a um tom mais formal, quero dar as boas-vindas ao Sr.
Presidente da Câmara Municipal da Lourinhã, José Manuel Dias
Custódio. Quero dar as boas-vindas à Sra. Presidente da Assembleia
Municipal da Lourinhã, Dr.a Ana Jorge.
Quero dar as boas-vindas aos restantes Senhores Vereadores, aos
restantes Senhores Autarcas, Senhores Presidentes das Juntas de Freguesia. Estamos muito felizes por vos ter aqui. Quero dar as boasvindas a todos os Associados do GEAL e também a alguns em
particular.
Sabemos que hoje vamos homenagear o Professor Telles Antunes, vai
sendo recorrente dizê-lo e a ansiedade é tanta que, no momento,
esperemos que haja uma eclosão. Por estar presente o Professor Telles
Antunes há mais um motivo para estarmos a ser visitados por um
conjunto de Académicos que faço questão de referir.
Eu penso que é pena não haver aqui, por exemplo, Comunicação
Social, essas coisas, e por favor não era para ter os quinze minutos
de glória ou coisa que valha, não me preocupa nada, mas seria interessante que se percebesse que a ideia que temos de Museu é muita
vez aquela de uma casa onde se guardam umas coisas. Este Museu é
também uma colectividade. E ao dizer assim digo-o mesmo para
ferir, para dizer é um conjunto de pessoas que se organizam em
torno de um objectivo, para fazerem umas coisas, e até podem ser
festas, convívio e por aí fora. Mas fez-se Museu.
Começou por fazer, como costuma dizer-se, mais ou menos loucura
ou extravagância que era havia uns buracos onde a malta gostava
de enfiar-se eu também andava por lá com eles e, digamos, a vida
levou-me por outros caminhos e quando comecei a ficar fisicamente
mais perto a coisa já estava tão organizada que eu tive muito pudor
e respeito, e portanto só muito ,mais tarde é que voltei a aproximarme do Museu nalguma circunstância de poder ter opinião, também,
no que o Museu fazia. Entretanto ia fazendo aquilo que estava ao
alcance da, digamos, da minha própria vida pessoal e profissional,
de evidenciar este Museu aqui.
Entre eles o Professor João Pais que é Professor Catedrático da
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de
Lisboa e é Membro Correspondente da Academia de Ciências de
Lisboa. A Professora Ausenda Balbino, que é Professora Catedrática
da Universidade de Évora onde é também Vice-reitora. Sejam bemvindos. A Professora Maria Salomé Pais, Professora Catedrática da
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e membro efectivo
da Academia das Ciências de Lisboa. Também a Professora Auxiliar
Ana Telles, coincidência de apelido, filha do Professor Telles
Antunes, Professora Auxiliar na Universidade de Évora.
Desculpem esta nota pessoal, mas eu parto daqui para vos explicar o
quê? Compreender o que há de peculiar no Museu da Lourinhã dá
direito, com certeza, a vários estudos sobre, ou subordinados a
várias perspectivas. Do ponto de vista da perspectiva científica, da
sociológica, da museológica, da antropológica, até, de como é que
as pessoas se entendem, e como é que se entendem - particularmente
agora eu falo para os que não são Lourinhanenses, ou para os
Lourinhanenses estrangeirados que já não se lembram do que é a
Lourinhã - como é que é possível, numa terra como a Lourinhã fazer
o que está ali feito. Isto chega a pasmar-nos quando comparamos
com muitas outras iniciativas.
Quanto ao Professor Miguel Telles Antunes vamos mantendo a
expectativa, dele falaremos mais à frente.
Sei que vamos melhorando. Sei que o Concelho da Lourinhã tem
cada vez melhor associativismo, mas sei das dificuldades que sempre
Março 2010
Boletim N.º 17
11
Museu da Lourinhã
houve em haver associativismo no nosso Concelho. Sei dos
sobressaltos. Sei dos projectos mortos - acho que se deve dizer matados. E sei que o Museu continua a existir e fez 25 anos quando
muitos não acreditavam que alguma vez fosse possível fazer Museu.
Quando muitos aderiram á ideia e depois desistiram. Quando
alguns, eventualmente, o quiseram fazer de modo diferente e, com
isso, possam ter posto em causa, até, que ele continuasse. Não me
refiro a nenhuma época em especial. Refiro-me à vida, natural, de
uma Instituição feita por homens e por mulheres.
Das peculiaridades do Museu sobressai, com certeza, o facto de, a
partir de um dado momento, tendo-se descoberto evidências do
Jurássico Superior, ele tenha tomado uma dimensão completamente
diferente. Dá vontade de dizer que há duas histórias no Museu da
Lourinhã. A história do Museu da Lourinhã antes de haver essa
possibilidade e aquela depois. A própria convivência destas vertentes
é também uma convivência não necessariamente pacífica sempre.
Compreender como é que todos estes aspectos foram sendo
ultrapassados e, mais importante do que isso, conseguir valorizar,
conseguir compreender o valor - eu aqui não dizia valorizar no sentido de dizer bem, dizia no sentido de avaliar quanto vale - o
Museu da Lourinhã ao longo deste tipo de vivência, é obra para a
qual se me pusesse a escrever para vos trazer aqui um discurso
acabávamos todos, com certeza, a pensar no peixe-espada. Sabem: é
longo, chato... aquele peixe que tem aquela forma.
Para tentar evitar que isso aconteça, e sem pretender estar eu a
escrever hoje aqui a história do Museu, e porque a seguir vamos ter
oportunidade de referir nominalmente pessoas que a Direcção entendeu dever fazê-lo numa data como a de hoje, para tentar evitar,
dizia eu, que se fique com a imagem de que estou a escrever a
história, aqui assim, como se tivesse algum direito de o fazer,
tentarei ser telegráfico, mas, apesar de tudo, referir isto.
De um conjunto de pessoas que tinham, só me vem a palavra
espanhola à cabeça - afficion - com é que se diz em Português
afficion? - elan, em Francês , como é que se diz? ânimo? não é
dedicação, não é bem. Pronto, entusiasmo! Aí está! Entusiasmo por
enfiar-se nos buracos que havia lá para cima para a Feteira, aquilo
tinha por lá umas coisas giras, aqui acolá havia um osso, como é
que era Carlos? Aqui tinha ossos, ali não se podia entrar que era
proibido, não é? E a malta ia de bicicleta e voltava no mesmo dia.
Depois, levava umas tendas porque apesar de tudo dava mais jeito,
passar lá a noite era melhor. Depois apanhávamos uns brutos
cagaços, porque afinal não tínhamos meios nem conhecimentos para
saber como é que aquilo se fazia, como é que era Márinho? Ficaste
entalado aonde? E depois a gente ia falando assim... E depois houve
uns tipos que disseram “ não, isto levado a sério pode ser mais
interessante”.
E essa foi, se vocês quiserem, a situação que eu classifico de primeiro
momento de consciência colectiva de que havia umas coisas que se
podiam fazer, mas ninguém sabia nessa altura que era museu, pois
não? Começou foi a haver um problema que era "Onde é que a
12
gente guarda isto? Porque aquilo de ficar em casa de um ficar em
casa... às tantas estorvava. Nuns casos ralhava a mãe, noutros casos
ralhava a esposa. Pronto, aquilo era complicado.
E o Museu tem uma parte desta história assim, perfeitamente espontânea e desorganizada. Mas, apesar de tudo, tem um conjunto de
pessoas que percebem que se podem organizar e que se pode fazer
melhor.
A primeira designação, do Grupo de Espeleologia e Arqueologia da
Lourinhã, fica registada, para depois se converter em Grupo de
Etnologia e Arqueologia da Lourinhã. Curiosamente nem esta designação ainda corresponde à fase actual da vida do Museu, onde a
palavra Paleontologia teria toda a aceitação. Mas respeitamos essa
História, até agora ela tem sido assim respeitada e, portanto, corrigindo aqui um pequeno sobressalto do protocolo de hoje, de facto
hoje comemoramos os 25 anos, ou o 25º Aniversário do Museu da
Lourinhã.
O aniversário do GEAL, com rigor, deve comemorar-se no dia 15 de
Dezembro, e o primeiro 15 de Dezembro foi em 1981, pelo que o
GEAL cumprirá 28 anos, ao cabo do ano em que estamos e o Museu,
como percebem, surgiu do ponto de vista formal, Isabel, eu sei que a
história é mais completa, os buracos não tem nada a ver com esta
data, pois nessa data eu já nem cá estava, como é que eu podia
andar nos buracos?
Estamos a falar dos momentos que, apesar de tudo, para a história
constam como sendo os momentos formais. Eu bem vos disse que se
me pusesse a fazer isto haveria críticas, por isso é que eu não quero
fazer com muito detalhe. Apesar de tudo dizer-vos que há aquele
momento em que - costuma dizer-se um punhado, ora se, formalmente, um punhado tinha nove dedos, deve ser um punhado assim,
não é?, escondendo um, de gente - nove ficaram registados como
fundadores. Assumiram a responsabilidade de serem uma entidade
colectiva, e tentar fazer Museu.
E conseguiram. Descobriram um espaço para isso, conseguiram
convencer quem tinha responsabilidades sobre esse espaço, começaram a ocupá-lo, e aconteceu outro fenómeno. A população da Lourinhã, do Concelho da Lourinhã, reconheceu muito rapidamente no
Museu o sítio onde podia guardar aquelas coisas que eventualmente
não estavam só a estorvar. Eventualmente não eram só aquelas com
que a mãe ralhava porque isso era mais com as pedras, e começaram
a achar que ali era o local de repositório da memória colectiva.
Até aqui vamos numa perspectiva muito local do Museu da Lourinhã. O Museu da Lourinhã vivia essencialmente das pessoas que,
estando na Lourinhã, juntavam as coisas da Lourinhã e era o Museu
da Lourinhã, e assim ele se constitui. Não vou agora entrar em
rigor, senão vocês ainda me fazem mal outra vez, acerca de quando
se percebeu a primeira vez que havia dinossauros. Porque nós andávamos à procura do ovo de dinossauro que achávamos que devia ser
deste tamanho. Se o bicho era assim o ovo devia ser assado. Nunca
tínhamos percebido o que era um ovo de dinossauro.
Boletim N.º 17
Março 2010
Museu da Lourinhã
Mas depois houve quem começasse também a estudar e, às tantas,
encontraram-se outras coisas, os ovos mais tarde.
junto museológico, uma coisa com um diâmetro da ordem dos 100
quilómetros, portanto vários núcleos.
Mas, o que pôde acontecer ao Museu a partir do momento em que se
descobriu que havia um tesouro debaixo dos nossos pés que era
explorável, foi outra história mais e essa vocês já a conhecem todos
muito melhor, não seria justo continuar aqui a pretender detalhá-la.
Falta construir a Lourinhã. Dessa parte, em concreto falará o Sr.
Presidente, na medida em que a organização do financiamento e a
organização essencial do projecto competem à Câmara Municipal da
Lourinhã, que tem sempre reconhecido no GEAL o parceiro - O
parceiro - com quem debate estes assuntos e nós temos estado sempre
bem informados acerca do que vai acontecendo. Não seria justo, na
presença do Sr. Presidente assumir eu esse encargo. Será o Sr.
Presidente José Manuel Custódio a fazê-lo daqui a pouco.
Teremos oportunidade de fazer essa referência com maior qualidade
quando, daqui a pouco, vos convidarmos a descer esta rua e homenagearmos justamente uma pessoa que o merece.
Mas é muito importante compreender que, deste movimento, que
inicialmente era de Lourinhanenses, assumiu-se uma outra dimensão, exactamente à custa dos dinossauros. Assumiu-se uma outra
dimensão que é a dimensão de Museu enquanto entidade científica.
Enquanto entidade capaz de guardar, porque guardar, na perspectiva que temos neste Museu, significa estudar, divulgar o estudo,
acrescentar conhecimento.
Foi possível compreender-se que não tínhamos de reportar imediatamente aos grandes museus o acervo que aqui íamos criando. Era,
de outro modo sim, também possível e tentou-se, e fez-se, que aqui
se desenvolvessem linhas de investigação, que aqui se desenvolvesse o
tratamento de peças, que aqui se fizessem as coisas que a um Museu
de pleno competem.
Vamos próximo dos 20.000 visitantes por ano. Para um museu
deste tipo devo dizer-vos que é uma muito boa marca. Grande proporção desses visitantes são estudantes. São crianças das escolas que
por sua vez passam a palavra aos pais, também, e depois somos
normalmente muito visitados durante o mês de Agosto.
Haverá necessidade de continuar a evoluir, quer na vertente da
arqueologia, que já tem um conjunto de peças muito interessante e
outras mais já em estudo para serem incluídas no acervo, quer na
vertente da etnografia que, como o Sr. Presidente hoje referia, num
dos momentos ao longo do dia, é uma colecção de referência ao nível
da região, sem dúvida nenhuma. E, para falar de dinossauros há
pessoas muito mais avalizadas que eu, mas resumo dizendo que tem
impacto internacional. Inquestionavelmente.
Homenagem aos funcionários, colaboradores e
antigos membros dos Órgãos Sociais
Porque a história se faz de pessoas, e com pessoas, este será o momento de referir algumas. Sabemos que por razões de melindre, de ...
quais são as outras? de humildade (há assim uma quantidade de
palavras que eu agora ia procurar e não dava muito jeito) alguns
poderão sentir-se incomodados pelas mais diversas razões. Apesar de
tudo nós achamos também que as pessoas devem ser incomodadas,
não para lhes fazer mal, mas para que compreendam que havendo
várias perspectivas, vamos nós, enquanto Direcção do GEAL, desta
vez assumir uma forma de comemorar, referindo também pessoas.
As primeiras que eu gostava de referir são a Sra. D. Adelinda, a Sra.
D. Teresa, a Raquel, a Dra. Carla Abreu, a Dra. Carla Alexandra
Tomás, o Eng. Zootécnico Simão Mateus, todos estes assalariados,
pagos pelo Museu. São seis, para fazer aquele Museu, os que estão
em permanência.
A Maria Daniel Duarte, agora temporariamente. Começou por
fazer uma substituição à Sra. D. Adelinda enquanto ela esteve doente e, desta vez, resolvemos fazer um reforço durante a época alta.
Portanto, Maria, é também bem-vinda entre nós durante este tempo.
E para referir apenas alguns dos colaboradores com carácter
francamente permanente no Museu, o Dr. Octávio Mateus, paleontólogo. O Dr. Rui Castanhinha. É biólogo, não o estou a ver, deve
estar por aqui. O Dr. Ricardo Araújo, geólogo. Isto para referir
apenas os três mais próximos. Podia procurar em nomes.
Há três zonas na península Ibérica que até agora estão bem descobertas e de algum modo exploradas, em termos de mostrar ao público
também. Se pensarem na Península assim como eu estou a fazer com
a mão, estando aqui Portugal, uma zona é Colunga, nas Astúrias,
outra zona é Teruel, mais ou menos equidistante a Tarragona,
Barcelona e Saragoça, e a outra somos nós.
Vão-me perdoar os voluntários, porque se eu disser um é muito
complicado não dizer todos e a lista é difícil de conseguir-se.
Portanto vão fazer-me o favor de aceitar que, em nome da Direcção
do GEAL, a menção termine por aqui, na medida em que os outros
voluntários iam tendo escalas cada vez mais difíceis de saber então
onde havíamos de parar. Espero que compreendam isso também.
Lá já existem museus, com dimensão adequada e com visitabilidade,
e com condições de desenvolvimento científico. Colunga talvez mais,
o MUJA, o Museu do Jurássico das Astúrias, talvez mais num
formato semelhante ao que nós propomos aqui para a Lourinhã.
Teruel num misto entre parque de laser, parque lúdico e um con-
Outro nível, ou outra forma, melhor dizendo, peço desculpa. Outra
forma de homenagear é referir, e para isso eu já não consigo de cabeça, não são muitos, não tenham medo isto não é assim coisa para
ficarmos aqui o resto da tarde. Estou, portanto, como vocês vêem,
Março 2010
Boletim N.º 17
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Museu da Lourinhã
literalmente aos papéis. Se não há legenda para este cenário eu vou
pondo... E, começando pelo papel um...
Algum critério tínhamos de ter. E, com toda a responsabilidade que
nos assola numa decisão deste tipo, assumimos ser critério destacar,
de entre cerca de oitenta associados... Já agora, o Museu conta com
cerca de, isto é, atingimos o número de 500, entre associados, já o
ultrapassámos mas, entre aqueles que nos tiveram de abandonar por
falecimento e aqueles que optaram por levar a vida por outros
caminhos, não contamos obviamente com os 500 números preenchidos. Não são muitas as perdas pelo caminho, ainda assim.
E tendo de optar, e para que esta cerimónia até onde ela se possa
chamar assim, seja também expedita, optámos de cerca de oitenta
associados que foram passando pelos diversos Órgãos Sociais do
GEAL, optámos, dizia, por homenagear, na figura do Presidente de
cada um desses Órgãos, todo o colectivo que eles representavam. Há,
portanto aqui, uma noção transitiva que espero que seja também do
vosso agrado e aceitação.
E, ainda assim, porque alguns repetiram cargos, pensámos que pela
ordem daquilo que a nossa experiência indica ser a dedicação de
tempo ao cargo, não a dedicação emocional, essa pode estar completamente desordenada, não sabemos conhecê-la. Mas sabemos que
quem participa na Direcção, normalmente, por regra, precisa de
entregar mais tempo do que quem participa na Mesa da Assembleia
ou quem participa no Conselho Fiscal.
Portanto, correndo até o risco de criar aqui alguma inversão, até do
ponto de vista da hierarquia estatutária, assumindo também este
género de coisas, tomámos dois critérios: um, pôr por ordem (na
folha que eu aqui tenho escrita não significa mais do que isso) de
baixo para cima, o Conselho Fiscal, a Assembleia-Geral, a Direcção.
E depois, não repetir os nomes porque alguns, enfim, foram várias
vezes Presidentes do mesmo Órgão ou foram Presidentes de um e de
outro Órgão, portanto referimos por aquele que, subindo na lista,
ficava mais acima. E eu prefiro este eufemismo para não entrar em
mais detalhe.
Assim, e pensando que estão presentes, porque eu fiz questão de,
com a colaboração dos colegas de Direcção, garantir a presença das
pessoas que fazem parte deste papel, que é pequeno, já viram,
começaria por chamar o Edmundo Pires por ter sido Presidente do
Conselho Fiscal. Ocorre que ele também o é neste momento mas nós
não nos estamos a auto-elogiar e, portanto, não homenageamos
ninguém desta vez. Edmundo Pires, por teres sido Presidente do
Conselho Fiscal.
Se quiseres dirigir-te à Assembleia, a mesma oportunidade será dada
a todos, só tenho que pedir que sejam breves. Muito obrigado.
Peço ao João Luís Augusto, por ter sido, mais do que uma vez,
Presidente do Conselho Fiscal, que se dirija a nós, por favor.
João Luís Augusto: Muito obrigado.
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Boletim N.º 17
Março 2010
Museu da Lourinhã
Por estar ausente no estrangeiro e, lamentando imenso, o actual
Presidente da Mesa da Assembleia-Geral, mas não por ser actualmente, mais uma vez sublinho, por ter sido outras vezes Presidente
da Mesa da Assembleia-Geral, João Silveira Lobo. Pede à Vicepresidente, Lubélia Gonçalves, que faça o favor de receber a
homenagem para ele. Lubélia, pelo João Silveira Lobo.
Continuando e, eu sei que ele tinha muito prazer em estar presente,
ainda não o vi até agora, desculpem, vou chamar na mesma sem
saber se está presente, mas o nome fica, portanto, registado, Luís
Graça. Luís Manuel da Graça Henriques. Foi Presidente da
Assembleia-Geral, da Mesa da Assembleia-Geral mais do que uma
vez, sei que tinha hoje uma aula muito complicada que ele ia tentar
desmarcar, não terá conseguido, e não se fez representar porque era
uma questão de circunstância. Fica guardado, será entregue.
O João Dias Ferreira, por ter sido Presidente da Mesa da
Assembleia-Geral. João (voz em fundo: faz anos hoje)
João Dias Ferreira:
25 anos. Eu há pouco ... Muito boa tarde a todos. Há pouco,
quando tive oportunidade de proferir umas palavras no decurso da
Sessão Solene, referi que o Museu, o GEAL, fazia 25 anos. Era o
25º Aniversário do GEAL. Não é, efectivamente, porque o GEAL já
existe há muitos anos, andava eu no ciclo preparatório, presumo eu
aqui com o Hernâni Mergulhão também, que foi meu colega, e o
Mário João, e outras pessoas.
Quem faz hoje o 25º Aniversário é, sim, o Museu. Agradeço imenso
a vossa simpatia. O meu trabalho no Museu sempre foi um trabalho
meramente formal. Tem-me dado sim mais trabalho agora este
último mandato, por razões que tu conheces, mas acho que é uma
Associação, um Grupo, em que vale a pena acreditar, em que vale a
pena investir, em que as pessoas devem continuar a trabalhar e
devem associar-se com os seus filhos porque é um local onde as
pessoas podem aprender, onde todos nós quer Pais e Filhos podem
aprender a conhecermos a nossa terra [...] mas também é didáctico,
sobretudo para os mais novos porque, conhecendo a nossa terra,
passamos também a conhecermo-nos a nós próprios. Muito obrigado.
Presidente do GEAL:
Muito obrigado ao João. Ele estranhava os telefonemas porque nós
não explicámos a ninguém o que ia acontecer hoje e ele pensava que
era por causa de cumprir hoje também o seu aniversário natalício.
Mas não era. Parabéns João também por isso. Sabes que eu sou uma
boca larga o Sr. Presidente segredou-me … o que é que eu havia de
fazer... (voz indistinta: mas não disse a idade). Não, João, eu fiz
cinquenta em Novembro, tu deves estar a fazer 49 hoje, não é? (48,
48, risos) Não consigo melhor inferência porque me lembro que é
Março 2010
uns meses mais novo que eu. E já estamos a começar a contá-los
para trás, como se percebe.
Retomando a solenidade. José Filipe. José Gomes Ferreira Filipe por
ter sido Presidente da Mesa da Assembleia-Geral, um saudoso membro do GEAL que ultimamente temos visto menos e que importa
lembrar.
Chamaríamos o Sr. Rui Marques Cipriano. Sabemos no entanto que
ele está também ausente no estrangeiro e a filha prestou-se a - o
Filho! Peço desculpa! Prestou-se a receber em nome do Pai. Peço,
portanto a presença para receber a medalha em nome do Sr. Rui
Cipriano, por ter sido Presidente da Mesa da Assembleia-Geral.
Agora esperto não cometer mais um gafe ainda. Ainda ontem
confirmado ao telefone, a Alexandra Marques Pereira disse ser de
todo impossível pelo que delegou na Teresa Faria, que foi também
sua colega na Direcção, aceitar a homenagem que lhe fosse devida,
cuja ela também não sabia exactamente qual era. Portanto, a
Teresa Faria para receber em nome da Alexandra Marques Pereira,
por ter sido Presidente da Direcção.
Teresa Faria:
Se me é permitido só duas palavras. Em nome da Alexandra agradeço. Ela pediu-me para eu a representar no dia de hoje, efectivamente não podia estar presente. Em meu nome pessoal, há 22 anos
que concluí um trabalho como Prof. João Zilhão, com a ajuda da
Isabel Mateus, sobre uma estação arqueológica a céu aberto de Ribamar. Portanto, mais propriamente das arribas de Porto Dinheiro.
E por isso a marca fica, o património da Lourinhã é para salvaguardar e é para valorizar e todos trabalharmos em conjunto.
Obrigada.
Presidente do GEAL:
Obrigado Teresa. Eu fui explicando alguma coisa acerca da
estrutura desta lista e houve uma que provavelmente já poderão ter
inferido. É que estamos a andar em ordem regressiva no tempo.
Estamos a andar dos recentes para os mais antigos.
Apesar de antigo ainda há bem pouco tempo repetia mandatos e foi
Presidente durante vários, o Sr. Dário Pedro de Matos que agora
chamamos para receber a sua justa homenagem por ter sido
Presidente da Direcção.
Dário Matos:
Eu aproveito só para dizer duas palavras e agradecer a atenção com
que me distinguiram. Aquilo que fiz pelo Museu foi aquilo que me
foi possível fazer e tenho feito pela Lourinhã, e estou esperançado de
que de facto o Museu vai ser o motor, o grande motor, da revolução
da Lourinhã. A todos muito obrigado e felicidades para todos nós.
Boletim N.º 17
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Museu da Lourinhã
Presidente do GEAL:
Ouvir o Sr. Dário de Matos falar em revolução na Lourinhã é
sempre motivador. Sr. Dário, fique seguro que continuaremos o seu
caminho e se quiserem pensar nas coisas em que o Sr. Dário participou ao longo da vida da Lourinhã vão perceber que havia motivo
para mais do que rir.
A seguir vem... O Sr. Dário foi Presidente mais do que uma vez e,
em relação a outros colegas também tiveram cargos mais do que uma
vez, nós escolhemos uma só vez e tomámos a mais antiga, para os
chamar por esta ordem. O Jorge Moniz foi Presidente da Direcção.
Jorge Moniz:
Muito obrigado. Eu espero que caiba tudo em dois minutos, não
mais, porque foi feita uma breve panorâmica desde o início do
GEAL, desde os nove que começaram, que assinaram a escritura de
constituição do GEAL, mas há um hiato de tempo entre a constituição do GEAL e a inauguração do Museu que eu gostava de evocar.
Porque algumas das pessoas já não estão entre nós, já faleceram,
outros estão, como já disse o Presidente actual... exacto, até chegar
aqui não. Antes disto. O que eu, ou seja, houve um grupo de pessoas
além dessas nove, uma vintena, não mais do que isso, e por isso é
que eu vim vestido desta maneira hoje. Não vim de fato, porque
acho que a ocasião merecia fato.
Mas vinha hoje para homenagear as pessoas que andaram
penduradas em andaimes, a raspar as paredes todas, a pintar, a
partir o edifício, que era do tribunal, por dentro. A reconstituir
tudo, a fazer os sobrados. Todos voluntários. Não houve ninguém
que metesse dinheiro ali. Esses, acho que não são normalmente lembrados. Se não existissem esses hoje não estávamos aqui.
E, desculpem, podia referir mais nomes mas acho que também tanto
o GEAL como o Museu da Lourinhã, já no domínio da paleontologia, não existiam sem o Horácio e a Isabel Mateus.
Presidente do GEAL: Muito obrigado ao Jorge Moniz.
Homenagem a individualidades
Há pouco eu disse-vos que fossemos referir os voluntários do Museu
teríamos uma lista que não se pode dizer interminável mas seria de
larguíssimas dezenas de pessoas, e então se as contássemos ao longo
do tempo. A opção foi minimalista e terá sido eventualmente injusta
para muitos, mas alguma teríamos de fazer.
Não tivemos a mesma decisão relativamente a referir quatro pessoas
ou entidades que, não tendo participado nos Órgãos Sociais, independentemente da sua condição de associados ou não, e não tendo
sido formalmente fundadores, são quatro individualidades que a
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Boletim N.º 17
Março 2010
Museu da Lourinhã
seguir passamos a justificar e a chamar uma por uma, essencialmente pelo seguinte:
Temos todos posições na sociedade. Podemos todos, no exercício da
nossa própria função social, dar preferência a acarinhar determinado tipo de actividade, coisa, objecto ou pessoa, e aqueles que acarinharam o Museu da Lourinhã merecem-nos hoje homenagem.
Estão entre eles um grupo vastíssimo e bastante anónimo que são os
Comerciantes. Os Comerciantes da Lourinhã, como dizia alguém
que, se calhar, pelo discurso perceberão a quem me refiro, do Casal
Juncal a Santo André, e da Moita dos Ferreiros a Ribamar, os
Comerciantes da Lourinhã acorreram a ajudar o Museu ou
aceitaram ajudar o Museu, porque as duas condições aconteceram,
sempre que sentiram, por exemplo, que haviam condições financeiras
desajustadas e que punham em causa o projecto.
Calhava, por isso, homenagear os Comerciantes da Lourinhã. E
aqui um dilema tremendo. Comerciantes são concorrentes por
natureza. Como fazer para homenagear um, sem que isso deixasse os
outros pensando que lhes devia ter calhado a eles.
Como somos Museu, importa-nos a história. A história, como eu
costumo a dizer, não se faz de "ses". Faz-se de "foisses". Foi, não é.
E foi que aquela faixa que vocês vêem ali [na foto da antiga
fachada] pode ser considerada objectivamente como a primeira
ajuda clara e inequívoca que tem a ver com o Museu e que ficou
patente ao público. E foi-nos oferecida pelo Rui Neto e pelo
Fernando Arroz, da firma "Rui e Fernando, Lda." que assim,
simbolicamente, assumimos como homenagem, com esta transitividade também, dizendo à firma Rui e Fernando, homenageando
com ela todos os Comerciantes, do Casal Juncal a Santo André, e de
Ribamar à Moita dos Ferreiros.
E eu peço à Rosário Neto que, representando a firma Rui e
Fernando se dirija agora a nós, por favor.
Rosário Neto: Muito obrigada.
Presidente do GEAL:
Estão todos lembrados que este pequeno bloco se destina a
homenagear pessoas que, pela sua função social, foram capazes de a
pôr ao serviço do Museu da Lourinhã e o Museu lhes retribui nesta
forma. O Cidadão José Manuel Dias Custódio está entre eles. José
Manuel.
Pela sua função na sociedade e pelo serviço prestado ao Museu da
Lourinhã o Professor Miguel Telles Antunes está nesse grupo.
Em seu nome próprio, e pela grande dedicação que teve, este
pequeno grupo encerra com o Mestre Adelino, numa homenagem
póstuma, muito sentida. Ao Mestre Adelino. Infelizmente o Zé,
filho do Mestre Adelino, o Zé está numa situação que o obrigava a
Março 2010
deslocar-se hoje a um local de saúde, mais não estou autorizado a
dizer, e o Carlos foi ainda tentar contactar, não sei se ele está
presente na sala... Carlos! Peço desculpa. Para receber em nome do
Mestre Adelino, o filho, Carlos Carvalho Fonseca.
Homenagem aos fundadores do GEAL
O mundo dá as voltas que dá, as coisas acontecem como acontecem.
Aqueles que foram fundadores do GEAL, foram fundadores do GEAL.
O que lhes aconteceu depois, o que passou, não sei. Se alguns
querem voltar a ser associados hoje, braços abertos a todos eles.
Homenageamos aqueles que foram Fundadores do GEAL, a partir de
agora. E por azar da ordem da lista continuamos com uma homenagem póstuma. Desta vez à Maria de Lurdes Alves. Os familiares
contactados, por razões diversas, também com problemas de saúde,
não conseguiram comparecer, faremos chegar, obviamente, a
medalha a esses familiares.
Peço à Lena Máximo para se aproximar de nós para receber, em
nome do seu filho, José Carlos Rodrigo Máximo da Costa a homenagem que temos para lhe prestar. Também é fundador do GEAL.
Alguns de nós estamos aqui em esforço emocional, como já se vai
notando. Eu peço licença para chamar o Carlos Gentil Horta Telo
de Oliveira, que me pediu para não o chamar, para ser homenageado como fundador do GEAL.
Também é fundadora do GEAL a Senhora que está sentada ao lado
dele a Maria Augusta Silva Roque. Uma correcção. Isto é assim: na
altura em que se registou parece que era Maria Augusta Silva Roque.
Agora é Maria Augusta Silva Roque Horta Telo de Oliveira. É
fundadora do GEAL. Eventualmente, do ponto de vista de registo
histórico, é mais bonito assim. Era o nome que tinhas na altura,
não era? Andava o Carlos a dizer-te "ah, e tal, isto pode ser giro".
Não é? Pois. Eu tenho uma memória desse tempo, também.
Eu creio que não pode estar presente e, neste caso, se me é permitida
mais uma nota pessoal, com grande pena minha. Estava em serviço
em Coimbra e eu disse-lhe vem devagar rapaz que se [não] chegares
a horas eu vou tentar atrasar aquilo - Luis Alberto Fidalgo
Mesquita. Se não estiver presente eu dou-lhe a medalha. Fica aqui
recordado. É fundador do GEAL.
Está presente. É fundador do GEAL. Foi Presidente da Direcção.
Alguns destes nomes, pela ordem que seguimos, já ocultam outras
funções. Chamo, pela ordem inversa em que estavam registados os
associados, o Carlos Manuel Marques dos Santos com quem andei ao
pontapé na escola e é fundador do GEAL. (O pontapé não era entre
nós dois, nós éramos talvez dos melhores amigos de escola daquela
altura).
Boletim N.º 17
17
Museu da Lourinhã
Salvo erro, com o reconhecido número 2 como registo de associado, e
se eu estiver errado ele vai-me corrigir garantidamente por toda a
frontalidade que sempre tem demonstrado, o Olímpio Leitão. É
fundador do GEAL.
Olímpio Leitão: Só há uma pessoa que eu gostava que fosse
referida. A Dona Cesaltina.
Presidente do GEAL:
O Olímpio acaba de nos explicar que na altura a ordem de inscrição
foi assumidamente aleatória. Apesar de tudo, quando se diz o
número um enquanto registo de associado, e porque foi Presidente
também da Direcção, e por esta ordem, criámos as evidências para
gastar menos letras nas medalhas, consideramos que ser fundador é
mais importante, apesar de tudo, o Márinho. Mário João Ribeiro da
Silva é fundador do GEAL.
Mário João: Muito obrigado. Muito obrigado.
Homenagem a Isabel Mateus
Presidente do GEAL:
Acta nº1 do biénio 2008/2010 da reunião de Direcção. "Ao
décimo nono dia do mês de Abril do ano de 2008, pelas vinte e duas
horas e trinta minutos, a Direcção do Grupo de Etnologia e
Arqueologia da Lourinhã reuniu-se na sede, pela primeira vez
depois do acto eleitoral ocorrido no passado dia doze do mesmo mês.
Estiveram presentes o Presidente da Direcção, Hernâni Mergulhão,
a Vice-presidente, Lubélia Gonçalves, a Tesoureira, Maria Matos, o
Secretário, Miguel Reis Silva, o Vogal, Hernâni Santos, e os
suplentes Rui Castanhinha e Fernando Nogal. Foi ainda convidado
a estar presente a partir" ... de um ponto mais à frente que aquele
que vou referir, o Octávio Mateus. neste ponto, neste momento , não
estava. O primeiro ponto da ordem de trabalhos da primeira
reunião deste mandato tem três linhas e diz:
"A Direcção deliberou que se começasse desde já a planear a
celebração do 25º Aniversário do Museu, onde que se destacará a
homenagem a Isabel e Horácio Mateus, e que se convidassem os
associados a apresentar ideias para este evento."
Chamo a Isabel Mateus.
Isabel Mateus: Estou demasiadamente emocionada para poder
falar e agradeço-vos a todos a homenagem que me foi prestada.
Presidente do GEAL:
Com todos os riscos assumidos, foi assim que a Direcção do GEAL
entendeu dever homenagear todas as pessoas que participaram de
18
Boletim N.º 17
Março 2010
Museu da Lourinhã
forma mais destacada ao longo dos primeiros 25 anos de vida do
Museu da Lourinhã.
com mais amigos e em conjunto, de criar, e que fizeram. E
incutiram nos filhos que depois fizeram um percurso, e um percurso
científico, um percurso muito sério, que tem levado a Lourinhã e
Agora que a medalha já circula na sala, ou pelo menos é possível ser este Concelho além fronteiras e que, obviamente, e aqui está o
espreitada, é justo dizer que se usou a fachada na forma mais actual, Professor Telles Antunes que ajudou a todo este processo, mas que
como um dos motivos para a medalha, usou-se o símbolo do Museu para os outros Lourinhanenses é sempre bom reconhecer que a
da Lourinhã onde há intervenção designadamente do Octávio Lourinhã se ultrapassa por uma área além fronteiras e que somos
Mateus e do Simão Mateus em termos de lettering e do boneco que capazes de marcar na História, mais uma vez, aquilo que é o Povo
representa uma silhueta de um dinossauro estilizado. Uma da Lourinhã, aquilo que é capaz de fazer, na ciência, na
reutilização dessa mesma simbologia é usada no verso com umas investigação, no trabalho sério de muitos investigadores numa área
plantas do tempo jurássico, fazendo uma espécie de florão. Era que marcamos.
suposto termos aqui um outro meio que nos falhou, pedimos
desculpa por isso.
E isso é, de facto, uma honra, e um orgulho, para quem é da terra
ou para quem adoptou a terra como sua. E por isso queria agradecer,
E a forma da medalha, importas-te, Fernando, de mostrar uma, se também, esta parte a todos os que foram capazes ao longo destes
fazes favor, tem uma história, como todas as coisas tem história. anos marcar [a terra] por isto que deixaram, que criaram o Grupo,
Este é, talvez o primeiro momento em que se pode falar dela. Vejam que criaram depois o Museu, que o têm feito crescer. E que,
o feitio que tem. E agora abrem-se apostas. O que é isto? Nós só esperemos, e faremos tudo por isso, que a ideia do novo Museu e
sabemos duas coisas: não é um menir nem é um ovo. E o senhor que daquilo que é a concretização de um desejo, penso que de todos
teve esta ideia está aqui ao meu lado e chama-se Fernando Nogal.
aqueles que estão ligados ao Museu e todos aqueles que são e que
gostam da Lourinhã, poder concretizar aqui aquilo que será, enfim,
Muito obrigado por esta parte que nos calhou a nós, em nome do um desejo de transformar este Museu em Ciência Viva, que possa
GEAL, fazer. Pedimos à Presidente da Assembleia Municipal que, se atrair mais pessoas, mais pessoas quer para a visita dos aspectos
assim o entender, use da palavra nesta sessão comemorativa do 25º mais históricos, mais pedagógicos ou da investigação, e que se possa
Aniversário do GEAL.
concretizar nos próximos anos este desejo.
Muito obrigado a todos.
Presidente da Assembleia Municipal, Dra. Ana
Jorge:
Boa tarde a todos. Eu quero cumprimentar em primeiro lugar a
Direcção do Museu e do GEAL, a todos aqueles que foram homenageados e que conseguiram ao longo destes anos levar para a frente
esta ideia. Estava aqui a recordar-me de algumas coisas e,
obviamente, também sou da Lourinhã, e me lembrei de alguns anos
atrás, da Isabel e do Horácio dizerem que andavam a fazer umas
escavações e nós acharmos que era assim um bocadinho estranho, e
era louco o que é que eles andavam a fazer lá para o lado das
Cesaredas que, de vez em quando, iam ficando e levavam quer o
Simão quer o Octávio, já com eles. Obviamente que isto tem a ver
com um passado comum e, por isso, nunca pensando que nessa
altura o Museu e o GEAL viessem a ser aquilo que são hoje.
Passámos daquilo que foi dito aqui, de uma altura, de uma curiosidade, de (eu até não escrevi para não me esquecer) alguma
inquietação sobre a procura que muito pouco tinha a ver, do ponto
de vista daquilo que as pessoas faziam na altura, com os estudos que
andavam a fazer, que se chamam espeleologia, e que foram, ao fim
destes anos todos, capazes de levar para a frente.
E aquilo que foi a curiosidade e algum amadorismo inicial se
transformou na ciência, naquilo que eles dois foram capazes, depois
Março 2010
Daí também, e por isso, umas simples palavras dizendo que, a todos,
é um prazer estar aqui e que obviamente faremos e estaremos, e eu
hoje fui uma das que se inscreveu como sócia do GEAL, dado que
também estive ao longo de muitos anos fora e vim, mas agora mais
próxima e portanto muito obrigada, felicidades ao Museu e
parabéns, mais uma vez.
Presidente da CML, José manuel Dias Custódio
Ora, boa tarde. Eu antes do mais queria cumprimentar a Sra.
Presidente da Assembleia Municipal e Sra. Ministra da Saúde,
queria cumprimentar o Sr. Presidente da Direcção do GEAL, Grupo
de Etnologia e Arqueologia da Lourinhã, e queria cumprimentar o
Professor Telles Antunes, toda a Direcção e todos os elementos que
fizeram parte da Assembleia-Geral, do Concelho Fiscal, da Direcção,
ao longo destes 25 anos de vida do Museu e 28 de vida do GEAL. E
queria cumprimentar também os Srs. Vereadores e todos os que estão
aqui presentes, Presidente de Junta, e dizer-vos o seguinte:
É com orgulho que ouvi aquilo que foi dito hoje. E é com satisfação
que aqui estou nestas que são as comemorações dos 25 anos do
Museu da Lourinhã. E relembrar que foi muito importante aquilo
que aconteceu. O Museu Associativo, e a vinda do Professor Telles
Antunes, impediram que muito espólio daquele que era da Lourinhã
fosse parar a um espaço, que era a Faculdade de Ciências de Lisboa,
com o seu Museu, e que ainda hoje tem lá muito para devolver à
Lourinhã. E isso impediu que tal acontecesse. Graças ao Professor
Telles Antunes e graças àqueles que ajudaram a construir o Museu,
Boletim N.º 17
19
Museu da Lourinhã
fazendo a Associação GEAL três anos antes. Foi importante e foi,
digamos, a maneira de que o espólio não saísse da Lourinhã.
estava aqui hoje se não tivesse a convicção que vamos ter um Museu
novo. Mas vamos sempre ter aquele Museu.
E hoje temos a possibilidade de dizer que o Museu da Lourinhã é
dos poucos Museus Associativos que é, pelo Director dos Museus
Nacionais, afirmado que ultrapassa em muito aquilo que são o
número de visitantes que esses próprios Museu Nacionais que
recebem dinheiro do Estado, e que não tem o número de visitantes
que este Museu privado,- associativo, privado - tem. Vinte mil
visitantes num ano é muito!
Mas vamos ter Museu novo. E, vamos ter Museu novo porque ainda
hoje veio aqui o Secretário de Estado do Ensino Superior e da Tecnologia inaugurar uma rotunda, e eu fiz alusão a esse facto, até
porque ela própria é feita por uma empresa do Concelho, a Louritex,
e eu quis dizer que foi importante que aquilo acontecesse e que
acontecesse feito por uma empresa do Concelho. E o Senhor
Secretário de Estado veio cá representar o Sr. Ministro Mariano
Gago, e eu digo-vos o seguinte.
Quero aqui também dizer que a Isabel e o Horácio foram efectivamente duas alavancas que ajudaram a que este Museu crescesse. E
estava aqui a confidenciar com o meu amigo Presidente da Direcção
que ainda me lembro de ver a Isabel a chorar quando caiu a parede
do antigo Tribunal. Caiu a parede e agora como é que é pôr a parede em pé? E lá andámos e a parede pôs-se em pé e muito bem, e
avançou.
E queria dizer que senti esta homenagem hoje aqui. E senti porque
aqui foi dito um nome que eu nunca mais me esqueço na minha vida.
Que é o nome do Mestre Adelino. O Pátio do Mestre Adelino, para
mim, foi sempre Pátio do Mestre Adelino, há-de ser sempre Pátio do
Mestre Adelino, e, antigamente, chamavam-lhe Pátio da Câmara,
eu chamo sempre àquele pátio o Pátio do Mestre Adelino. E penso
que essa homenagem é importante. É uma homenagem a um
cidadão que não dava nas vistas mas que era de uma eficiência de
trabalho, de uma delicadeza, um exemplo de pessoa. Um comportamento fora do normal. Uma pessoa que nunca teve, digamos,
inimigos, que tinha em cada cidadão que conhecia um amigo. Por
isso, vale a pena recordar. (aplausos prolongados)
E é importante que os homens e as mulheres não tenham memória
curta. Nós temos que honrar o nosso passado, perspectivar o futuro,
tendo esperança neste presente. E isto vai acontecer. E quero-vos
dizer que, quando se me dirigiram dizendo que havia um espaço que
era o do Tribunal, que se havia de ser para outra coisa ao menos
para o Museu, eu disse, para esse grupo, "utilizem-no, é um espaço
que está vago, e sei que vai ser digna a sua utilização".
E hoje estamos aqui a conversar. Clara e abertamente. Este Museu
juntou à sua volta os agricultores. Este Museu juntou à sua volta
pessoas. Este Museu foi conquistando espaços. Foi apanhando
aquilo que era a sede do Sporting Clube Lourinhanense e foi
transformado. Foi apanhando aquilo que era o espaço da Câmara e
foi transformado. E foi apanhando o pátio da Câmara e foi
apanhando aqueles espaços todos. E foi pena que não tivesse apanhado mais algum espaço, porque nós tínhamos conseguido.
Mas foi importante... mas é importante esta co-habitação. A cohabitação com a Junta de Freguesia tem sido uma co-habitação
pacífica. E eu penso que o Museu está ali, mas está ali temporariamente, porque havemos de ter um Museu novo. E o havemos de ter
um Museu novo é firme, é afirmativo e é dito convictamente. Eu não
20
O Sr. Ministro Mariano Gago recebeu-me a mim e à Isabel no
gabinete dele e foi a pessoa que eu vi com mais convicção de que
efectivamente que nós íamos ter Museu e, por ele, íamos ter Museu
com dinheiro, com Ciência Viva, um Museu [com objectivo]
científico que tenha na ciência a sua, digamos, base de sustentação,
e não um espaço unicamente de passagem e que não tenha mais que
a visita.
E por isso nós temos tido aliados fortes. Aliados como o Professor
Bonaparte. Aliados com o Professor Tacquet. E quero aqui render os
meus respeitos a esses dois Professores, um por pertencer ao Conselho
Científico, com o Professor Telles Antunes, e outro, o Professor
Tacquet, também por pertencer ao Conselho Científico e por ter feito
o trabalho importantíssimo de estudar que flora existia à época dos
dinossauros.
E esse estudo está feito. Esse estudo está feito e as magnólias, as
araucárias, os fetos, as ervas cavalinho, as sicas, os zimbros e tudo
isso, são espécies que hão de constar daquilo que será o Jardim do
Jurássico. Jardim que irá ter 35 hectares, com trilhos, com água,
com água trabalhada em termos de tratamento ecológico e com um
Museu que há-de ser ele próprio um Museu de bio-arquitectura, de
ventilação normal, de aquecimento normal. E que, um dia, quando
vier a ser desmontado, tudo seja reciclado.
O próprio Museu tem um espaço de cavername dos dinossauros, em
termos de projecto que, neste momento, se encontra na fase de
elaboração de candidatura a fundos. Nós, Câmara Municipal,
sempre temos tido reuniões com a Direcção do GEAL para verificarmos aquilo que vamos avançando. E temos, neste momento, certezas.
No plano de acção Oeste+4 foi jogado o joker de dois empreendimentos. Um deles é o Parque Jurássico da Lourinhã, que consta da
folha F1 do ministério da Ciência e Tecnologia, que já entregámos
ao Museu, e que tem uma candidatura global de 23 milhões de euros. Esses 23 milhões de euros vão ser comparticipados em 11,5 pelo
QREN, através da candidatura, 1,5 pelo Fundo de Turismo e 3,4
pelo Ministério da Ciência e Ensino Superior, 3,4 milhões, e o resto
por privados, Câmara Municipal e outros que se queiram associar.
Neste momento, como o QREN é uma coisa complexa em termos de
candidaturas, nós entendemos convidar uma empresa, a Deloitte
que é uma empresa com créditos, para que fosse a Deloitte a fazer e
Boletim N.º 17
Março 2010
Museu da Lourinhã
a gerir todo o processo da candidatura e a acompanhar todo o processo de construção de como é que é, candidatura, dinheiro, pede,
executa-se, fazer auto de medição, receber, para que haja um
acompanhamento. E a Deloitte, na sexta-feira, que é depois de
amanhã, virá ter comigo, indicando-nos a posição, onde já
chegaram, o que tem para nos apresentar. Depois teremos uma
reunião com a Direcção do Museu. E é esta a situação do Museu.
E digo-vos concretamente que nós queremos apostar neste Museu
como um espaço que seja de atracção para a Lourinhã. De atracção
de gente que procure um espaço com uma agricultura moderna, um
espaço sustentável, um espaço ciência, ou seja, nós queremos que
aquele Museu venha a ser um espaço que cative as pessoas.
Queremos muita e boa gente para ver o Museu, mas acima de tudo
gente da Ciência. Gente da Ciência e gente que procure o espaço
pela via da Ciência, do adquirir conhecimento. E queremos que os
outros sejam gente da escola. Gente da escola para quê? Para que,
na idade escolar, se faça despertar aquilo que é a ciência para
aquilo que vai ser a vida. E por isso nós queremos fazer daquele
espaço, um espaço em que as pessoas procurem a ciência.
Há bocadinho eu dizia-vos - e foi bom - foi bom que nós tivéssemos
o GEAL e que levássemos o GEAL praticamente a todo o Concelho. E
vejam que fizemos escavações na Moita e encontrámos, e estão
trabalhadas. Fizemos escavações em Miragaia, encontrámos e estão
trabalhadas. Fizemos escavações em Porto Dinheiro, encontrámos e
estão trabalhadas. Um dia, um belo dia que a Isabel ia para o lado
de Paimogo, descobriu os ovos de dinossauro e estão trabalhados,
aqueles, mas ainda há mais quatro blocos para trabalhar. E há lá
mais blocos no sítio para se retirarem, mas isso é outra conversa.
Eu digo que esta Direcção do GEAL é uma Direcção que muitas das
pessoas escolheram a Lourinhã como segunda terra, mas que vieram
para a Direcção, vieram para o Conselho Fiscal, para a Assembleia
Geral, enfim, é importante.
Por isso eu quero dizer ao meu caro amigo Presidente da Direcção o
seguinte: nós vamos continuar a trabalhar em parceria porque nós
acreditamos que da parceria que nós vamos fazer, vamos chegar a
conclusões e a uma obra que dignifique a Lourinhã, dignifique os
Lourinhanenses e dignifique aqueles que escolheram a Lourinhã
para viver.
Viva o GEAL, Viva o Museu da Lourinhã, Viva a Lourinhã.
(aplausos)
Presidente do GEAL:
Muito obrigado Sr. Presidente. Lá em baixo, quando se inaugurou a
rotunda eu cometi uma gaffe por omissão. Esqueci-me de referir,
conforme consta da ficha técnica, que a orientação científica daquelas peças que, apesar de serem silhuetas e, portanto, ser sempre
discutível se o bicho que se diz é exactamente aquele ou outro que
faz sombra igual, é da autoria do Doutor Octávio Mateus.
Mas a orientação da construção, havendo os serviços técnicos da
Câmara Municipal da Lourinhã envolvidos, com certeza, a orientação, a coordenação técnica, ficou a cargo da Hartcasa que, como
provavelmente alguns saberão, é propriedade de um membro da Direcção actual do Museu e que portanto o fez gratuitamente, que
fique isto também bem claro e registado. As fundações são da responsabilidade e foram executadas pela firma Luís Jorge Construções.
E eu digo isto sinceramente, não agora para estar a desfazer a
questão do Museu novo, mas para dizer que nós temos passado, e
passado firme. E o Professor Telles Antunes, permita-lhe que lho
diga aqui na sua frente, eu não diria noutro lado, tem sido um
grande obreiro para a Lourinhã. A sua personalidade e a sua verticalidade, a sua verticalidade, tem levado a que a Lourinhã tenha
sido entendida e admitida como uma Vila que tem um Grupo de
Espeleologia e Arqueologia, e que tem aqui o Octávio Mateus e que
tem também o Simão, que com ele trabalha no Museu, que tem
seguido as suas pegadas, e que têm sido sérios seguidores. É
importante que sejam sérios seguidores.
E há um destaque que é perfeitamente necessário e que ficou por
fazer, peço desculpa, à Louritex, e peço desculpa, ainda mais, ao
António Frade que desde a primeira hora em que lhe dissemos
"estávamos a pensar fazer aqui uma coisa" disse "é aquilo que o
Octávio tem dito dos dinossauros? é pá isso era muito giro" e eu não
sei quantas coisas é que ele deixou de fazer para conseguir fazer
aquilo em tempo útil e pôr com aquela qualidade e aquela exuberância que seguramente não nos envergonha, até enquanto solução
técnica, quem tiver sensibilidade para isso, espraie por ali os olhos
que vai ver que há para ali umas coisas engraçadas.
E aquilo que tem acontecido com o Octávio ao longo do mundo é
que o Octávio tem ido para [vários locais] tem ido para África, para
o Quénia, tem ido para muito sítio, e em todos os sítios onde vai
tem dito que é da Lourinhã. É da Lourinhã e vai integrado numa
missão que vai à procura de dinossauros.
Há umas tiras que vão desaparecer com a ferrugem, fiquem descansados, o processo é natural, até nisso somos ecológicos, não vamos
pintar. Fica enferrujado e depois o processo de oxidação será travado para evitar a degradação, mas a imagem será, na mesma,
rústica.
Por isso digo sinceramente que eu hoje estou orgulhoso de ser Lourinhanense. Não é por ser Presidente de Câmara, é por ser Lourinhanense. Orgulhoso de ser Lourinhanense e de ter tanta gente a querer
Lourinhanense como nós somos, que venha para a Lourinhã e que se
queira integrar na Lourinhã.
Esta nota, com esta extensão toda, nunca a faria lá em baixo e aqui
ficou acrescentado com as desculpas, designadamente à Louritex e ao
António Frade.
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Boletim N.º 17
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Museu da Lourinhã
O que tínhamos previsto para a sessão de hoje, se o Sr. Presidente e
a Sra. Presidente concordarem, era o que foi dito até agora, aqui. O
que vos propomos a seguir, estão recordados, às sete horas podemos
voltar a este local, os que queiramos ouvir o Fábio. Nós vamos
combinar com o Fábio se aquilo é melhor em Inglês se é melhor em
Italiano - com é que se diz "de espacio" em Italiano? "piano, en
Italiano piano" - talvez seja melhor, portanto não tenham medo os
que acharam que o Inglês dele era pior que o meu, não era, era
melhor ("you speak better English than me but, some of us,
unfortunately") apesar de tudo "piano, piano se entendiamo", por
isso a gente espera por ti às sete da tarde, aqueles que queiram saber
mais sobre ilustração e sobre a vida dele.
Eu ontem perguntei ao Fábio quando é que ele aprendeu, percebeu
que sabia desenhar. A resposta dele foi muito curiosa: "os meus pais
queixavam-se que eu antes de falar já desenhava". Portanto acho
que perder a oportunidade de falar com uma pessoa deste género que
está hoje entre nós será, enfim, será arbítrio vosso. Estão todos
convidados para as sete horas.
Antes disso, estamos todos convidados para duas coisas: uma que é
um pequeno convívio aproveitando que sobraram coisas do almoço.
Nós, com o acordo da Câmara Municipal da Lourinhã e da firma
Braga, que está a assegurar o catering, conseguimos proporcionarvos uma compensação ao final. Isto é rigorosamente verdade, a ideia
foi da Maria Matos, a Câmara acolheu e vamos portanto nesta
situação conseguir aproveitar a brindar-vos ainda com um momento
de convívio.
Antes disso, um momento alto do dia. Inquestionavelmente. O momento em vamos homenagear fisicamente o Professor Miguel Telles
Antunes, entregando-lhe um bocado de nós. Uma rua. É a que
temos mais perto do Museu.
E, portanto, convido todos a acompanhar-nos, descendo a rua para
chegarmos ao local onde vamos descerrar a lápide e, depois disso,
um pequeno convívio.
Obrigado a todos.
 Editor
Testemunho
Homenagem a Horácio Mateus e Isabel Mateus
O
signatário, a título estritamente pessoal, manifesta o seguinte
testemunho.
Passa de 25 anos quando fui convidado por Horácio Mateus, a
integrar com o título “Rua do Passadiço”, as figuras e os factos que
sugerissem publicação no Jornal Alvorada da Lourinhã. Na página
que tinha sido destinada ao GEAL para noticiar fundamentadamente os eventos que a iniciativa em curso, do casal Mateus
“Horácio e Isabel”, tinham lugar nesse tempo de pioneirismo que,
mais tarde, deram origem ao Museu que agora comemora o seu
25º Aniversário.
Com esta solicitação, a Lourinhã regista alguns fundamentos da
sua história recente, em publicações no Jornal Alvorada.
100
50
50
22
Anos de vida da Banda dos Bombeiros Voluntários da
Lourinhã, assim se denominaria à data da Publicação.
Anos de actividade desportiva do Sporting Clube
Lourinhanense.
Anos de vida da Santa Casa da Misericórdia numa fase
frutuosa de serviço hospitalar.
E ainda a história de um dado ciclo de acção teatral no Clube 14
de Julho, no salão dos Bombeiros Voluntários da Lourinhã e,
também, alguns espectáculos musicados exibidos um pouco por
todo o Concelho da Lourinhã.
Além disso, foram dadas a conhecer melhor algumas figuras
populares e alguns factos relevantes, na sua maioria por sugestão,
incentivo e estreita colaboração de Horácio Mateus e Isabel
Mateus, em boa verdade, seus “autores morais”.
Sem eles este conhecimento noticiado não teria existido.
Por tudo isto, esta justa menção, nesta data festiva de
comemoração do 25º Aniversário do Museu da Lourinhã, pelo
contributo decisivo destes dois pioneiros.
“Horácio Mateus e Isabel Mateus”
 Eurico Correia Mergulhão
Boletim N.º 17
Março 2010
Museu da Lourinhã
MESTRE ADELINO CARPINTEIRO
Estávamos em 1983 e todos os momentos livres eram gastos no
velho edifício onde estiveram instalados o Tribunal da Comarca
da Lourinha, o Notário e o Registo Civil. Cedido pela Câmara
Municipal da Lourinhã pouco tempo antes, uma faixa comprida
que atravessava toda a fachada, informava a população de que ia
ali nascer o futuro Museu da Lourinhã.
Numa dessas tardes de trabalho, surge um indivíduo já de idade
avançada, mas ainda com um porte vigoroso, tez morena, olhos
escuros, curiosos, e um rosto que transmitia seriedade.
Perguntou:
- O que estão a fazer?
- O Museu.
- O Museu de quê?
- Olhe, logo se vê!
Depois, com uma voz calma, disse, como se fosse uma
banalidade:
- Eu estou reformado e, se quiserem, posso dar uma ajuda. Talvez
com o pouco que sei e os anos de muita prática eu possa
contribuir …
A partir daí, ele foi o coração e a força que tanta vez nos faltava.
O estímulo, a coragem, a palavra amiga, com o seu ar sério em
que se via o sorriso mais nos olhos que nos lábios.
Qualquer agradecimento que se tenha feito não foi suficiente para
a grande contribuição que deu com o seu trabalho gratuito e o
“saber fazer” que nunca recusou. Quem foi este HOMEM que o
GEAL homenageou dando o seu nome ao pátio do Museu?
Mestre Adelino
Outubro de 1982
Adelino Fernandes Fonseca nasceu em S. Pedro de Rates, Póvoa
do Varzim, em 27 de Janeiro de 1912. Foi aí que cresceu e casou,
numa pequena localidade que vivia toda virada para o mar.
Sentindo a vida mais estabilizada, Adelino escreveu a dar notícias
à família deixada em S. Pedro de Rates e, com a mulher e o filho,
foi viver para a Rua Grande, actual rua João Luís de Moura, na
casa do Ti Ernesto Carteiro, que alugava quartos a pessoas de fora.
Na altura, em véspera de uma segunda grande guerra, com
Espanha sofrendo ainda a Guerra Civil, a vida não era fácil e quase
sempre madrasta para os operários e dependentes de outrem.
Adelino não era homem que cruzasse os braços e partiu para
Lisboa em busca de uma vida melhor. Mas, também lá, Adelino
não encontrava trabalho com facilidade: Muitas casas mas poucas
oportunidades…
Mestre Adelino Carpinteiro atravessou o século participando em
aventuras próprias daqueles tempos, percorreu o País com a sua
caixa de ferramentas para trabalhar onde havia casas para
construir.
Numa tarde em que Adelino andava na rua, de cigarro pendente
dos lábios, a pensar no raio das partidas que a vida nos prega, um
soldado abeirou-se dele e pediu-lhe lume. Conversa puxa
conversa e, ao fim de alguns minutos, o soldado desafiou-o a
deixar a capital e ir para a Lourinhã, uma vila agrícola ao norte de
Lisboa, em pleno desenvolvimento, e onde ele encontraria, de
certeza, boas oportunidades de trabalho.
Ao Museu da Lourinhã dedicou os últimos anos de vida.
Voluntariamente, ajudou a recuperar o velho edifício do Tribunal
onde este Museu está instalado.
O Adelino aceitou o desafio e veio viver para o Nadrupe, morar e
trabalhar em casa do Mestre Ramiro Carpinteiro.
Março 2010
A sua terra passou a ser a Lourinhã, o Sporting Clube
Lourinhanense, o seu clube.
Foi há vinte e cinco anos, que Mestre Adelino disse a Horácio
Mateus:
- Senhor “Arácio”, o Museu está pronto! Faz hoje nove meses que
aqui trabalho, o mesmo que uma mulher leva a parir, o tempo
que o Museu levou a construir!
 Isabel Mateus
Boletim N.º 17
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Museu da Lourinhã
A medalha comemorativa do 25º Aniversário
A
propósito da comemoração do 25º Aniversário do Museu
decidiu a Direcção do GEAL mandar cunhar uma medalha
comemorativa, numa edição limitada. A sua primeira finalidade
era homenagear várias individualidades entregando-a na Sessão
Solene das comemorações do dia 24 de Junho.
Experimentaram-se arranjos rectangulares, circulares, elípticos.
Sem sucesso. O autor lembrou-se então de tentar um ovóide,
forma com significado para o Museu, mas o programa de desenho
não o permitia. Não desistindo, tentou aproximar a forma com
vários segmentos de recta.
A Direcção decidiu também oferecê-la aos funcionários do Museu
e aos membros do Júri do Concurso Internacional de Ilustração de
Dinossauros, por ter sido integrada nas comemorações a entrega
dos prémios da edição de 2009, bem como às empresas que com
o GEAL colaboraram na construção da, agora chamada, “Rotunda
dos Dinossauros”.
Um olhar bastou: confirmava-se que naquela forma que queria ser
ovo mas mais parecia um menir (outro elemento com significado
para o Museu) , conviviam bem todos os elementos decorativos, e
sobrava espaço para a dedicatória. Estava encontrado o desenho
final: nem ovo nem menir.
É intenção limitar estritamente a distribuição da medalha,
garantindo-se a regra de não disponibilizar mais do que um
exemplar por pessoa, mesmo quando, por qualidades diversas, se
configurasse a múltipla atribuição.
A medalha continua disponível para todos os associados à data de
24 de Junho de 2009, e que a não tenham ainda recebido. Para a
obter basta manifestar esse desejo, enviando um pedido à
Direcção, por carta ou e-mail ([email protected]),
indicando o número de associado e, se possível, uma forma
simplificada do nome, para facilitar a gravação.
A medalha é cunhada em ambas as faces, sendo uma dedicada ao
Museu e a outra evocativa do 25º Aniversário. Uma versão
simplificada, contendo apenas o cunho alusivo ao Museu, será
posteriormente disponibilizada para aquisição na nossa loja e para
os fins de representação que venham a justificá-lo. No entanto, o
cunho relativo ao aniversário será respeitado, uma vez que a sua
produção não será repetida e que, nesta face, constará sempre a
gravação da identidade do destinatário.
Dever-se-á indicar igualmente o valor com que se pretende
contribuir, desde que cubra o preço de custo, que é de 7,75 €.
Está também disponível, a título facultativo, o estojo que nos é
fornecido por 4,25 €. As medalhas poderão ser oportunamente
levantadas na loja, ou enviadas à cobrança, sendo neste caso o
valor dos portes suportado pelo destinatário.  Editor
O desenho da medalha nasce da tentativa de posicionar os vários
elementos simbólicos (fachada do Museu, símbolo do Museu,
símbolo do 25º Aniversário) e ter um espaço para gravação de
uma dedicatória.
24
Boletim N.º 17
Março 2010
Museu da Lourinhã
Homenagem ao
Professor Miguel Telles Antunes
A contribuição determinante do Professor Miguel Telles Antunes na preservação do
espólio paleontológico da Lourinhã e para a existência da Paleontologia enquanto ciência
viva no Museu de Lourinhã impunha um reconhecimento e um agradecimento de um
modo que o tempo não pudesse apagar.
Isso mesmo salientou o Presidente do GEAL, que referiu ser a melhor forma encontrada
pelo GEAL e pela Lourinhã “dar ao Professor um pedaço de si mesma, isto é, uma Rua, bem
junto ao Museu para que tanto contribuiu”.
Numa singela cerimónia, foi descerrada a placa toponímica que leva inscrito:
Rua
Professor
Miguel Telles Antunes
(Paleontólogo)
Em resposta, disse o Prof. Miguel Telles Antunes
“Quem me diria que tudo isso se iria concretizar de uma maneira com resultados tão
positivos e que honram mais, não só a Lourinhã, mas também o nosso País. Podem estar
certos disso.
Eu sinto-me muito honrado por se terem lembrado de mim. Mas ao mesmo tempo, ao mesmo
tempo que eu agradeço, e agradeço reconhecido, eu quero também agradecer e lembrar todos
aqueles que colaboraram numa obra colectiva com o valor que esta já tem.
Muito obrigado a todos”.
(aplausos)
Retomando a palavra, disse o Presidente do GEAL, Eng. Hernâni Mergulhão:
“É claro que a intenção de homenagear foi do GEAL. É claro que para isso solicitámos a
Câmara Municipal da Lourinhã e é por isso também devido o agradecimento ao Município
da Lourinhã por ter dado este pedaço de si ao Prof. Telles Antunes.
Peço que use da palavra o Sr. Presidente da Câmara”.
Tomou, então, a palavra, o Sr. Presidente da Câmara Municipal da Lourinhã, José
Manuel Dias Custódio, que disse:
“Antes de mais queria cumprimentar o Senhor Professor Telles Antunes, cumprimentar o
Presidente do GEAL e cumprimentar todos os que estão aqui presentes.
Março 2010
Boletim N.º 17
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Museu da Lourinhã
E dizer que é com muita satisfação que nós mudámos o nome desta rua, a Comissão de
Toponímia, de Rua dos Aciprestes para Rua Prof. Miguel Telles Antunes, Paleontólogo.
E ficamos mais ricos. Ficamos mais ricos porque se a Lourinhã é a Capital dos Dinossauros
nós temos aqui alguém, na nossa frente, que ajudou, e que fica agora com o nome na
Lourinhã, que ajudou a que este Museu fosse um Museu com vida, com aquilo que se explorou e retirou do solo da Lourinhã que aqui ficasse e fosse aqui investigado
E ajudou e contribuiu para que o nome da Lourinhã fosse projectado e tivesse dimensão para
ser a Capital dos Dinossauros.
E o que lhe peço, Prof. Telles Antunes, porque sei que o meu amigo tem um pouco do seu
tempo e da sua vida dedicada à Lourinhã, é que continue esta obra. Que Deus lhe dê muita
vida e saúde para a continuar e que nós, de certeza, lhe granjeemos a amizade e a simpatia.
Permita-me que expresse a vénia científica que temos por si. Obrigado”.
(aplausos)
 Editor
Biografia
A 11 de Janeiro de 1937 nascia, em Lisboa, Miguel Carlos Ferreira Telles Antunes. Tendo optado por estudos na área das ciências
licencia-se, em 1959, em Ciências Geológicas pela Universidade de Lisboa. Em Abril de 1965 é Doutorado em Geologia
(Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia) pela Universidade de Lisboa. A sua tese incide sobre a Paleontologia e a Geologia
do Mesozóico e Cenozóico de Angola, tema em que continua a ser uma referência. É uma autoridade em paleontologia de
vertebrados.
Em 1968 é Professor Agregado na Universidade de Lisboa. Depois passa a integrar a Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade Nova de Lisboa, onde é nomeado Professor Catedrático. Aí foi Presidente do Departamento de Ciências da Terra,
entre 1984 e 2000. Em 1989 é eleito membro da Academia de Ciências de Lisboa.
O Museu da Academia das Ciências de Lisboa, do qual Miguel Telles Antunes é Director, é também denominado Museu
Maynense, por ter sido criado pelo Padre Joseph Mayne (1723-1792), da Ordem Terceira, no seu Convento de Nossa Senhora de
Jesus, da Ordem Terceira de S. Francisco. O Museu foi criado com o objectivo de evidenciar as maravilhas naturais da Criação,
recorrendo a um ensino de qualidade que contrariasse posições doutrinárias contrárias.
No âmbito deste Museu, Miguel Telles Antunes desenvolveu extensa actividade, incidindo os seus estudos diversificados sobre
material etnográfico, zoológico, colecções botânicas/xilológicas, paleontológicas, mineralógicas, arqueológicas e, até, sobre
tecnologia e desenvolvimento industrial.
Pessoa de interesses abrangentes, de abordagem rigorosa aos assuntos e análise profunda, Miguel Telles Antunes tem como
principais domínios de investigação a paleontologia dos vertebrados (desde peixes a humanos), onde cedo se notabilizou, a
arqueozoologia, a História da Ciência, principalmente em Paleontologia e Geologia, e a numismática islâmica relacionada com
Portugal. Além do Português, sua língua materna, exprime-se em Francês como um francófono e domina o Inglês com mestria.
O seu gosto pela numismática levou-o a aprender Árabe. A sua actividade desenvolve-se em Portugal, mas também em Angola e
Moçambique.
É autor ou co-autor mais de 355 livros e artigos, publicados em revistas nacionais e internacionais. No domínio da paleontologia
de vertebrados publicou várias dezenas de artigos em revistas científicas nacionais e estrangeiras. Foram-lhe dedicadas diversas
espécies, entre as quais o dinossauro terópode Lourinhanosaurus antunesi e, ainda, o Paragaleus antunesi (tubarão), Diacodexi antunesi
(artiodáctilo), Fluviatilavis antunesi (ave), Echinolampus antunesi (equinoderme), Gyraulus antunesi (Molusco), e a subespécie Equus
caballus antunesi (cavalo).
Actualmente está Jubilado, mas continua activo, sendo Director do Museu da Academia das Ciências de Lisboa e membro do
Conselho Científico do GEAL – Museu da Lourinhã.  Editor
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