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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA ORÇAMENTÁRIA
AULA 04: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO
TÓPICO 03: ALTERNATIVAS DE FINANCIAMENTO DO CAPITAL DE GIRO
3.1 FINANCIAMENTO DE CAPITAL DE GIRO
Alternativas de financiamento de capital do giro podem ser selecionadas
de acordo com as considerações apresentadas sobre o dilema risco-retorno.
A Figura a seguir retrata, de maneira extrema, uma posição de risco
mínimo, em que a empresa compromete os recursos de longo prazo
integralmente com os ativos, inclusive as necessidades sazonais de capital
circulante.
A posição de risco mínimo apresentada é uma estrutura financeira que
envolve a maturidade dos ativos, de pouca aplicação prática em que o risco é
mínimo em razão de não apresentar dívidas de curto prazo, que poderiam
ser tomadas em situações imprevistas.
Em princípio, o custo desta abordagem é mais elevado em razão da
predominância de créditos onerosos de longo prazo associado à ociosidade
destes recursos em diversos momentos. Veja, na figura anterior, que há
recursos ociosos ao longo de todo tempo.
Outras alternativas de financiamento poderiam também ser sugeridas.
As duas Figuras seguintes retratam duas estruturas diferenciadas pelo
volume de CCL investido.
Ambas
as
alternativas
apresentam
CCL
positivo.
A
estrutura
apresentada na figura acima utiliza os recursos de longo prazo para financiar
todas as necessidades permanentes de fundos (ativo permanente e capital de
giro fixo), além de uma parcela do capital de giro sazonal. Nesta situação,
somente uma parte de suas necessidades sazonais encontra-se financiada
por créditos correntes, mantendo a empresa em certos períodos com
recursos disponíveis para eventuais aplicações financeiras.
A empresa definida na Figura a seguir, por seu lado, revela maior
participação de passivos de curto prazo que cobrem todas as necessidades
sazonais de fundos além de parte das necessidades permanentes. É uma
abordagem de maior risco que pode ser compensada pelo menor custo do
dinheiro a curto prazo.
Cabe ressaltar que, embora os recursos de longo prazo devam ser
naturalmente mais caros que os de curto prazo, no Brasil há instituições
bancárias (Bancos de Fomento como BNDES, Bancos Regionais de
Desenvolvimento e Cooperativas de Crédito) que praticam taxas de juros de
longo prazo subsidiados e, portanto, com custo efetivo mais barato dos que
as linhas de crédito de curto prazo da maioria dos bancos comerciais. Para
estes casos, não vale a regra de que as taxas de juro de curto prazo sejam
menores que as de longo prazo. Neste sentido, é importante pesquisar cada
uma das fontes de financiamento e decidir pelo uso da fonte mais barata.
Também vale ressaltar que nem toda empresa tem acesso às fontes ofertadas
por estas agências de fomento.
Outras opções de financiamentos poderiam ser desenvolvidas. A seleção
da melhor estrutura de financiamento é uma decisão inserida no contexto
risco-retorno. Ao optar por uma maior presença de recursos correntes e,
consequentemente, assumir maiores riscos, a empresa deve ser
recompensada pela presença de dinheiro mais barato. Esta posição mais
arriscada deve ainda despertar na empresa a necessidade de operar com
maior nível de flexibilidade em levantar dinheiro no mercado sempre que
surgirem necessidades inesperadas de capital de giro.
3.2 DIMENSIONAMENTO DE ATIVOS CIRCULANTES
Os ativos correntes em geral flutuam de mês para mês. Durante os
meses de vendas relativamente altas, as empresas normalmente elevam os
níveis de estoques, de contas a receber e de caixa. O nível de estoque cai em
outros meses quando existem menos atividades de vendas. A duração de
níveis altos ou baixos dos estoques depende da natureza do produto. Por
exemplo, aqui no Brasil, as fábricas de cerveja, geralmente, formarão
maiores estoques entre setembro e fevereiro para atender as festividades de
fim de ano, carnaval e período de férias/verão. Essas flutuações dos estoques
significam que os ativos circulantes das empresas também variam
positivamente nestas datas.
A administração deve estar atenta aos níveis mínimo e máximo
esperados dos ativos circulantes em cada ano. O nível mínimo pode ser visto
como a parte permanente do ativo circulante, enquanto a diferença entre os
níveis mínimo e máximo é chamada de porção sazonal. Por exemplo, se o
nível mais alto dos ativos circulantes de janeiro a dezembro for de R$50.000
e o nível mais baixo R$30.000, por definição a parte sazonal do ativo
circulante é R$20.000 (R$50.000 - R$30.000). Esses números representam
uma grande parte das decisões financeiras.
Já que a porção fixa do ativo circulante permanece por um período de
tempo relativamente longo, ela deve ser financiada como o ativo imobilizado,
através de exigível a longo prazo ou patrimônio líquido. Por outro lado, a
exigência sazonal de R$20.000 pode ser financiada pelo empréstimo de
curto prazo.
EXEMPLO - CALCULANDO AS NECESSIDADES FINANCEIRAS PERMANENTE E
SAZONAL
O valor total do ativo circulante da empresa farmacêutica FARMA
MAIS evolui no tempo: R$80.000 em fevereiro, R$110.000 em abril,
R$160.000 em junho, R$42.000 em agosto, R$60.000 em outubro e
R$93.000 em dezembro. O ativo fixo está estimado em R$55.000 de
janeiro a dezembro. Como devem ser financiados os ativos da
companhia?
Para resolver esse problema, deve-se separar o financiamento
total em duas porções: financiamento permanente e financiamento
sazonal. A porção permanente é o nível mínimo dos ativos circulantes
mais os ativos fixos. A porção sazonal é o montante dos ativos
circulantes que excede o nível mínimo. As equações seguintes ajudam
a ilustrar essas relações:
A Tabela mostra as necessidades de financiamento tanto permanente
como sazonal da FARMA MAIS. Acompanhe os cálculos coluna por coluna.
Por exemplo, o valor dos ativos circulantes em abril é de R$110.000. Quando
o nível mínimo de R$42.000 é subtraído, o financiamento sazonal de abril
exigido é R$68.000. A exigência sazonal vai a R$160.000 em junho, daí cai
para zero em agosto etc. Já que essas necessidades de financiamento não são
permanentes ou estáveis, elas são normalmente obtidas através de
empréstimos bancários de curto prazo.
Em contraste, a necessidade permanente de financiamento de
R$97.000, representada na Figura a seguir, deve ser atendida através de
uma combinação de exigível a longo prazo, lucros retidos e ações, caso seja
uma empresa S.A. Se os R$90.000 de necessidades permanentes forem
financiados a curto prazo, o credor poderia não renovar o empréstimo no
vencimento e a companhia defrontaria com problemas de liquidez e
possivelmente de falência.
FONTES DAS IMAGENS
Responsável: Prof. Sérgio César de Paula Cardoso
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual