AM 01 2º ano - A literatura nutre a alma e a consola

Transcrição

AM 01 2º ano - A literatura nutre a alma e a consola
Ass. do responsável:
2º
17/03/2010
Marcelo Henrique
Romantismo: surgimento e história social
Instruções para a Avaliação Mensal de
Literatura do 1º ano – 1º bimestre:
1 – em cada questão, antes de responder, pense em sua resposta e
responda a si mesmo(a): “entendi o que foi solicitado?”; além disso,
preste atenção ao comando de cada questão;
2 – revise suas respostas e escreva-as com clareza, coesão e
coerência, que serão levadas em conta no momento da correção;
3 – escreva com letra legível. Respostas incompreensíveis sequer
serão corrigidas;
4 – esta prova é uma etapa de avaliação e reconhecimento dos
conteúdos de Literatura, portanto leve em conta, além dos conceitos
explicados, dos textos analisados e dos exercícios feitos, nossas
discussões em sala sobre os assuntos que lhe são cobrados;
No princípio do século XIX, os escritores criam
composições literárias com estilo diverso dos autores clássicos,
caracterizadas pelo individualismo, pelo predomínio da
sensibilidade individual, a partir da influência da imaginação
sobre os textos até então marcados pelo racionalismo
renascentista.
A ascensão da burguesia européia culmina na
Revolução Francesa de 1789. A livre iniciativa, o liberalismo, a
literatura sem identidade com os artistas cortesãos. (...).
O romantismo democratiza a arte. Torna-se a principal
expressão artística da então ascendente sociedade burguesa. A
suposta ideologia burguesa afirmava que, juridicamente, todos
são iguais perante a lei. Na realidade todos são "livres", entre
aspas, apenas para comprar e vender mercadorias. (...) Os
burgueses são livres para comprar pelo mínimo a força de
trabalho da pequena-burguesia e do proletariado.
A literatura romântica acreditava num outro tipo de
liberdade, não apenas nominal e aparente: A liberdade da
imaginação, da criação original, a liberdade de escrever
emocionalmente sobre as emoções, a diversidade dos conflitos, as
identidades em luta contra a horizontalização do comportamento
das pessoas, os escapismos fáceis dos discursos acadêmicos dos
docentes e discentes pequeno burgueses, a limitação cultural, a
fuga da realidade histórico-social conformista.
Sereno Hopefaith. Notações Sobre o Romantismo.
www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=8772&cat=Ensaios
(com adaptações), acessado em 10/03/10.
Julgue os itens abaixo em C (certo) e E (errado) de acordo
com o texto acima e, sobretudo, conforme nossos estudos
sobre Romantismo:
1. Até o século XVIII, a arte sempre esteve voltada para a
nobreza. Quando o burguês conquista poder político,
precisa criar as suas referências artísticas, definir padrões
estéticos nos quais se reconheça e que o diferenciem dos
nobres depostos.
2. O novo conceito burguês de arte, o Romantismo, é
marcado pelo individualismo, pelo apelo à imaginação,
pelo objetivismo clássico e por uma liberdade formal e de
temas.
4
4,0
3. O termo Romantismo faz referência à estética definida
pela expressão da imaginação, das emoções e da criatividade individual do artista. Representa uma ruptura
com os padrões clássicos de beleza.
4. As três nações europeias mais importantes à época do
Romantismo são Alemanha, França e Inglaterra, por,
respectivamente,
Revolução
Francesa,
Revolução
Industrial e Revolução Romântica.
5. Romantismo e burguesia são como sinônimos, a segunda é a expressão literária da plena dominação do primeiro.
6. Em nossas aulas, apreciamos muitas pinturas relacionadas ao período em que ocorre o Romantismo na literatura,
bem como música do mesmo período. Uma das imagens
mais significativas é A liberdade guiando o povo, de Eugène
Delacroix. Observe-a abaixo:
A partir de sua análise estética da obra e de sua relação
com nossos estudos, julgue os itens abaixo e dê a soma dos
itens verdadeiros.
(01) A pintura de Delacroix é considerada uma das telas
mais emblemáticas do movimento romântico, tanto na
defesa de ideias revolucionárias como na composição do
quadro.
(04) A obra ilustra a importância da burguesia para os
artistas românticos.
(08) Os ideais da Revolução Francesa – Liberdade,
Igualdade e Fraternidade – são personificados pela mulher
à frente, empunhando uma bandeira.
(11) A base da pirâmide é formada por anônimos heróis
que tombaram em defesa dos ideais revolucionários.
(14) Os corpos empilhados sob os pés da Liberdade
lembram que o movimento transformador do cenário
social europeu custou a vida de muitos cidadãos.
7. Leia com atenção o fragmento que se segue.
Por que é que aquilo que faz a felicidade do homem
acaba sendo, igualmente, a fonte de suas desgraças?
O intenso sentimento do meu coração pela natureza em
seu esplendor, sentimento que tanto me deliciava, transformando
em paraíso o mundo que me cerca, tornou-se para mim um
tormento intolerável, um fantasma que me tortura e persegue
por toda parte. Outrora, quando, do alto de um rochedo,
abrangendo com o olhar, para além do riacho, desde os vales
férteis até as colinas, ao longe, eu via em torno de mim tudo
germinar e frondescer; quando eu contemplava essas montanhas
cobertas, da base aos píncaros, de árvores ramalhudas, e os vales
sinuosos ensombrados de bosques deliciosos, o riacho que escorre
tranqüilo entre os caniçais murmurejantes, refletindo as nuvens
que a brisa da tarde molemente faz flutuar no céu; depois,
quando eu ouvia os pássaros animar com os seus cantos a
floresta inteira, e enxames e mais enxames de moscardos
dançando alegremente no último raio purpúreo do sol, cujo olhar
de adeus, rápido como um relâmpago, libertava da prisão, entre
as ervas, um escaravelho zumbidor; quando os ruídos e o
movimento confuso em torno despertavam a minha atenção para
o musgo que tira a sua seiva da pedra dura, e a giesta que cresce
na encosta arenosa da colina, e tudo isso me revelava a vida
interior ardente e sagrada da natureza – com que calor o meu
coração abarcava esse mundo de coisas! De algum modo, era
como se eu me tornasse um deus pela plenitude de emoção que
transbordava de mim, e as magníficas imagens do mundo
infinito, agitando-se em minha alma, enchiam-na de uma vida
nova.
J. W. Goethe. Werther. In:__. Fausto - Werther.
São Paulo: Nova Cultural, 2002. p. 268-269.
No fragmento acima, retirado do romance Os sofrimentos
do jovem Werther, de Goethe, obra publicada em 1774,
considerado o marco inicial do Romantismo, a
caracterização da natureza se impõe como uma
característica estética criativa, que seria retomada depois
por diversos escritores românticos. Assim, para a estética
romântica, a natureza é considerada como (escolha apenas
uma alternativa correta):
I. uma realidade que se desvanece diante dos olhos do
sujeito romântico, como algo que perdeu sua
inteligibilidade e se tornou um vago e puro mistério;
II. um elemento que é descrito objetiva e exaustivamente
para comprovar a tese de que o ser humano é produto das
circunstâncias do meio em que vive;
III. um elemento que proporciona o encontro do sujeito
romântico consigo mesmo, alargando a sensibilidade, o
sentimentalismo, os valores emotivos e favorecendo a
confissão pessoal;
IV. uma expressão do pavor do ser humano europeu
diante da natureza exuberante, diversificada e
desconhecida da América, recém-descoberta, no século
XVI.
a) I e II estão corretas.
b) II, III e IV estão corretas.
c) I e IV estão corretas.
d) Somente a III está correta.
8. Os sofrimentos do jovem Werther foi a obra que deu
fama a Goethe em toda Europa. Trata-se de um romance
escrito em forma de cartas. É o mais popular livro de
Goethe e um dos mais célebres da história da literatura
alemã e mundial. A maneira exagerada e pessimista como
o escritor construiu sua personagem principal tornou-se
referência importantíssima às obras românticas do século
XIX. Com base na leitura atenta do trecho e em nossos
estudos, julgue os itens abaixo e marque o único incorreto.
a) A visão romântica, presente no texto, anuncia uma
ruptura com a estética neoclássica e com a visão racionalista da época.
b) Há, no texto a valorização das emoções e sentimentos
coletivos, ao invés da razão e do pensamento objetivo.
c) Para Werther, não há nada mais importante em sua
vida do que a morte.
d) A profundidade de um sentimento insuportável e
desesperançado revela-se ao leitor na escolha quase racional da morte.
9. Também em nossas aulas, tivemos a oportunidade de
ler um outro trecho do romance de Johann Wolfgang von
Goethe, publicado em 1774. Marco inicial do Romantismo,
a obra foi publicada na Alemanha e é a primeira a
testemunhar uma nova maneira de sentir e representar o
mundo: a maneira romântica. Trata-se de uma narrativa
na qual, por intermédio de cartas a um amigo, o jovem
Werther vai contando a sua infeliz paixão por Carlota.
Esta, ignorando os próprios sentimentos, casa-se com
Alberto, rapaz honrado e conveniente para o qual estava
prometida. Inconformado e em profunda depressão,
Werther suicida-se. O texto abaixo é uma carta à própria
Carlota, encontrada depois da morte do herói e é a que
lemos em nossas aulas. Leia-o atentamente para responder
a questão subsequente a Questão desafio.
É coisa resolvida, Carlota: quero morrer. Escrevo-lhe
isto tranquilamente, sem exaltação romanesca, na manhã do dia
em que a verei pela ultima vez. Quando você ler esta carta,
minha bem-amada, o túmulo frio cobrirá os restos enregelados do
infeliz, de espírito inquieto, que não sabe de mais doce emprego a
fazer dos seus últimos momentos de vida senão entretê-los com
aquela a quem tanto amou. Passei uma noite terrível, mas
também, ai de mim, uma noite benfazeja, que fortaleceu, fixou a
minha resolução. Quero morrer!
Quando ontem me arranquei de junto de você,
inteiramente possuído de uma terrível revolta, o coração
assaltado por tantas emoções, sentindo-me gelado de horror em
face da existência sem alegria e sem esperança que levo a seu
lado, nem sei como pude chegar ao meu quarto. Caí de joelhos,
fora de mim, e vós me concedestes, ó Deus, a consolação suprema
das lágrimas mais acerbas! Mil projetos, mil perspectivas
agitaram-se tumultuosamente em minha alma; por fim,
projetou-se nela, definitivo e supremo, este pensamento: "Quero
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morrer!..." Dormi, e, esta manhã, erguendo-me tranquilo,
encontrei-o em mim, sempre firme, forte, completo: "Quero
morrer!..." Não é o desespero; é a convicção de que resisti quanto
me era possível resistir, e de que eu me sacrificarei por você. Sim,
Carlota. por que calar? É preciso que um de nós três desapareça,
e sou eu quem deve desaparecer. Ó minha bem-amada, neste
coração dilacerado muitas vezes se insinuou o pensamento
frenético... de matar seu marido!... de matar você! de matar-me a
mim mesmo! Cumpra-se o meu destino! Quando você subir a
colina, por uma bela tarde de verão, lembre-se de mim, que
tantas vezes fui ao seu encontro, nesse lugar, surgindo do fundo
do vale. Depois, volte os olhos do outro lado, em direção ao
cemitério, e contemple o meu túmulo, sobre o qual o vento
agitará os arbustos à luz do sol poente! ... No começo, eu estava
tranquilo, e agora, agora eu choro como uma criança, vendo
surgir em torno de mim essas vivas imagens...
In: J. W. Goethe. Werther.
São Paulo: Abril Cultural, 1971. p. 137-8.
Quais as principais características românticas presentes no
texto? Justifique, com trechos e interpretações da carta
lida, sua resposta.
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QUESTÃO DESAFIO
Esta questão é uma questão adicional, de bonificação,
portanto só será concedido um ponto a quem acertá-la
integralmente.
De que maneira a obra de Goethe relaciona-se com o estilo
de época anterior ao Romantismo? Explique sua resposta a
partir da interpretação do texto e utilize trechos da carta
para justificar sua análise.
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“As lições mais difíceis
são aquelas que valem realmente a pena aprender.”
John Taylor
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