O saber tradicional e o saber científico no - PPG
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O saber tradicional e o saber científico no - PPG
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE - CCA Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia – PPG-CASA O saber tradicional e o saber científico no Complexo Lago Grande de Manacapuru, AM. SÉRGIO ROBERTO MORAES REBELO MANAUS – AM 2008 ii UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE - CCA Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia – PPG-CASA O saber tradicional e o saber científico no Complexo Lago Grande de Manacapuru, AM. SÉRGIO ROBERTO MORAES REBELO Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais, área de concentração em Serviços Ambientais e Recursos Naturais. MANAUS – AM 2008 Orientador: Dr. Carlos Edwar de Carvalho Freitas Co-orientadora: Dra. Maria Gercilia Mota Soares iii AGRADECIMENTOS Ao Dr. Carlos Edwar pela grande paciência e voto de confiança na realização desse estudo; À Dra. Maria Gercilia Mota Soares pela orientação, ajuda, paciência, colaboração e “esporros” que sem os quais esse trabalho não estaria pronto; A Fabiana Calacina que tanto me acompanhou em campo e tanto me ajudou com sua formação de comunicadora social; Aos Comparsas Daniel Bevilaqua (Dani) e Hélio dos Anjos e Marilson (Mandubé), pelas valiosas colaborações a este estudo; Aos amigos e comparsas do Laboratório de Ecologia de Peixes Amazônicos: Davidson, Fabrício, Galo, Jairo, Jesaías, Luíza, Paulo, que me ajudaram em campo e/ou nas análises dos peixes, assim como Cláudio Neto do Laboratório de Entomologia do INPA; Aos colegas do “social” David, Marco Antônio, Tiago Jacaúna e Paula Miranda que colaboraram com as entrevistas e ao projeto Caboclos-ribeirinhos e a Etnoconservação dos Recursos Pesqueiros em Manacapuru, Sub-rede BASPA que produziu e forneceu o banco de dados sobre os pescadores; Ao Programa de Pós-Graduação de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (PPG-CASA) pela minha formação; À CAPES pela bolsa de mestrado concedida; Ao Projeto Biologia e ecologia de peixes de lago de várzea: subsídios para conservação e uso dos recursos pesqueiros da Amazônia (MCT/CNPQ/PPG7) que produziu e forneceu as informações ecológicas sobre os peixes. Aos pescadores do Complexo do Lago Grande, sem os quais este estudo não existiria. iv ABSTRACT In the state of Amazonas fisheries is one of the activities economic of most traditional and highly relevant to socio-economic structure and in the process of human occupation, especially of coastal communities. Considering this importance, we believe indigenous e coastal communities have knowledge about fish fauna that exploit, because formed cultures with personal relationship natural resources. This paper has objective register, systematize and show the traditional knowledge of people living on bioecology of fish most captured of Big Lake Complex Manacapuru. The study were conducted in six communities of lakes São Lourenço e Jaitêua with individual interviews to 62 fishermen between August 2006 and October 2007. The questionnaires contained key questions and open questions, addressing the biological and ecological aspects (food, reproduction) of ichthyofauna know interviewes.. The results indicate knowledge about the diet (tucunaré, pacu, acará-açú, curimatã, aruanã, matrinxã, piranha e pirapitinga) and reproduction (tucunaré, curimnatã, pirarucu, acará-açú e bodó) of several fish detailed and consistent with the results of tests I the laboratory. There are similarities among the information the knowledge of fishermen and scientific, for fish considered of high importance to the community in lakes. It is also well know for fishing gear and fishing in local lakes, channels, streams, boreholes, wells and a large area of forest that surrounds the entire complex including its variations along the water cycle. This knowledge leads to the use of alternate types of fish and local fishing, fundamental to good fishery. Finally, know the people on the costal ecology of local fish should be used as a subsidy for preliminary studies; thus, secondary source of information for scientific and minimizing costs to conduct further research an long. Key words; 1. Traditional Knowledge 2. Ecology of Fish. 3. Fishermen. 4 Amazon v RESUMO No Estado do Amazonas a pesca é uma das atividades econômicas de maior tradição e altamente relevante para estrutura sócio-econômica e no processo de ocupação humana, especificamente das comunidades ribeirinhas. Considerando essa importância, é de se supor que as populações ribeirinhas e indígenas, tenham conhecimentos sobre a fauna íctica que exploram, pois formam culturas que mantêm uma estreita relação com os recursos naturais. O presente trabalho tem por objetivo levantar o conhecimento tradicional sobre bioecologia de espécies de peixes capturadas para consumo e comercialização pelas comunidades ribeirinhas no Complexo Lago Grande de Manacapuru. O estudo foi realizado em comunidades dos lagos Jaitêua e São Lourenço no complexo Lago Grande de Manacapuru através de entrevistas realizadas a 62 pescadores. Os questionários continham perguntas–chaves e questões abertas, abordando os aspectos biológicos e ecológicos (alimentação, reprodução) da ictiofauna conhecida pelos entrevistados. Os resultados apontam conhecimentos acerca da dieta (tucunaré, pacu, acará–açú, curimatã, aruanã, matrinxã, piranha e pirapitinga) e da reprodução (tucunaré, curimatã, pirarucu, acará-açú e bodó) de vários peixes, detalhado e compatível com os resultados de análises em laboratório. Há similaridades dentre as informações do conhecimento dos pescadores e do científico, para os peixes considerados de alta importância comercial ou os de maior porte. Também são bem conhecido pelos pescadores apetrechos e locais de pesca nos lagos, paranás, igarapés, furos, poços e grande área de floresta que circunda todo o complexo incluindo as suas variações ao longo do ciclo hidrológico. Esse conhecimento leva ao uso alternado de tipos de peixes e locais de pesca, fundamental a uma boa pescaria. Finalmente, o saber popular das populações ribeirinhas sobre a ecologia dos peixes locais deve ser usado como subsídio para estudos preliminares; constituindo assim, fonte secundária de informação para trabalhos científicos e minimizando os custos de uma pesquisa mais aprofundada e longa. Palavras-chaves: 1. Etnoictiologia 2. Ecologia de peixes 3. Pescadores. 4 Amazônia vi LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Localização dos lagos Jaitêua e São Lourenço, rio Solimões, Município de Manacapuru, Amazonas. ........................................................................................................................................ 18 Figura 2. Variação média mensal do nível das águas do rio Solimões. Fonte: CPRM, Estação de Manacapuru (2005)......................................................................................................................... 18 Figura 3: Profissões mais exercidas pelos entrevistados no complexo do lago Grande de Manacapuru .......................................................................................................................................25 Figura 4: Tipos de pesca praticada pelos entrevistados no complexo do Lago Grande de Manacapuru. .................................................................................................................................... 25 Figura 5: Principais locais de pesca usados pelos entrevistados, no ciclo hidrológico, no Complexo lago Grande de Manacapuru. ............................................................................................................27 Figura 6: Freqüência relativa (n=62) do uso dos petrechos de pesca utilizados pelos entrevistados no ciclo hidrológico no Complexo lago Grande de Manacapuru........................................................... 27 Figura 7: MDS entre o conhecimento científico e popular sobre a composição da dieta da ictiofauna no período águas altas. ..................................................................................................................... 39 Figura 8: MDS entre o conhecimento científico e popular sobre a composição da dieta da ictiofauna no período de águas baixas. ..............................................................................................................40 Figura 9: Período reprodutivo das 5 espécies mais citadas pelos entrevistados. Fonte: BASPA. ............................................................................................................................................................41 Figura 10: Calendário da pesca local relacionando período, espécies de peixes, apetrechos e locais de pesca das comunidades do complexo do Lago Grande de Manacapuru.. .....................................49 vii LISTA DE TABELAS Tabela 1: Faixa etária dos entrevistados no complexo do Lago Grande de Manacapuru. ............................................................................................................................................................23 Tabela 2: Grau de escolaridade dos entrevistados no complexo do Lago Grande de Manacapuru. ........................................................................................................................................................... 23 Tabela 3: Origem dos entrevistados no complexo do Lago Grande de Manacapuru. ......................24 Tabela 4: Lista das 60 espécies de peixes mais capturadas na pesca experimental no complexo do Lago Grande de Manacapuru. .......................................................................................................... 29 Tabela 5: Lista das 40 espécies de peixes mais citadas pelos pescadores entrevistados no Complexo Lago Grande de Manacapuru. ..........................................................................................................31 Tabela 6: Freqüência de ocorrência dos itens alimentares dos peixes citados pelos entrevistados nos períodos de águas altas (AA) e águas baixas (AB). (N= número de entrevistados)..........................36 Tabela 7: Freqüência de ocorrência dos itens alimentares identificados nos conteúdos estomacais no período de águas altas e (AA) e baixas (AB).....................................................................................36 Tabela 8: Tabela de cognição comparada sobre local e época de desova para os peixes mais conhecidos pelos entrevistados...........................................................................................................42 viii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................................9 2. REVISÃO DE LITERATURA. ...................................................................................................11 3. METODOLOGIA.........................................................................................................................17 3.1 Área de estudo.......................................................................................................................17 3.2 Coleta de dados......................................................................................................................19 3.2.1 Perfil dos pescadores entrevistados....................................................................................19 3.2.2 Composição da ictiofauna do Complexo do Lago Grande de Manacapuru ......................19 3.2.3 Composição da dieta dos principais peixes citados e capturados no Complexo do Lago Grande de Manacapuru....................................................................................................20 3.2.3.1 Similaridade entre o conhecimento científico e tradicional sobre a composição da dieta da ictiofauna no Complexo do Lago Grande de Manacapuru ...................................21 3.3 Pré-teste dos questionários aplicados....................................................................................22 4. RESULTADOS.............................................................................................................................22 4.1 Perfil dos pescadores entrevistados no complexo lago Grande de Manacapuru .........................21 4.2 Locais e apetrechos de pesca utilizados no Complexo do Lago Grande de Manacapuru ...........26 4.3 Composição da ictiofauna no Complexo do Lago Grande de Manacapuru ................................27 4.4 Composição da dieta dos principais peixes citados e capturados no Complexo do Lago Grande de Manacapuru ..................................................................................................................................32 4.5 Similaridade entre o conhecimento científico e tradicional sobre a composição da dieta da ictiofauna. ...................................................................................................................................37 4.7 Período reprodutivo dos peixes mais citados pelos pescadores no complexo do lago Grande de Manacapuru citados pelos pescadores................................................................................................40 5. DISCUSSÃO................................................................................................................................. 43 5.1 Perfil dos pescadores entrevistados no Complexo do Lago Grande de Manacapuru...................43 ix 5.2 Conhecimento científico e tradicional sobre a composição taxonômica dos peixes no Complexo do Lago Grande de Manacapuru................................................................................................44 5.3 Locais de pesca e apetrechos utilizados pelos pescadores no Complexo do Lago Grande de Manacapuru ......................................................................................................................................46 5.4 Conhecimento científico e tradicional sobre a composição da dieta da ictiofauna no Complexo do Lago Grande de Manacapuru.....................................................................................................50 5.5.Período e locais de reprodução de peixes citados pelos pescadores no Complexo do Lago Grande de Manacapuru................................................................................................................51 6. CONCLUSÕES.............................................................................................................................53 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ........................................................................................55 8. ANEXOS. .....................................................................................................................................66 10 1. INTRODUÇÃO Esta pesquisa foi realizada no Complexo do Lago Grande de Manacapuru e teve como objetivo caracterizar o saber tradicional dos pescadores do Complexo do Lago Grande de Manacapuru corroborando o saber científico. A alimentação, períodos e locais de desova dos principais peixes citados e mais capturados no Complexo do Lago Grande de Manacapuru pescadores bem como os locais de pesca e os apetrechos utilizados pelos pescadores tiveram sua sazonalidade levantada mostrando que a dinâmica de subida e descida das águas do rio Solimões não apenas rege a biologia dos peixes, mas também é conhecida pelos pescadores do complexo. A pesca é uma das atividades econômicas de maior tradição e altamente relevante para estrutura sócioeconômica e no processo de ocupação humana, especialmente das comunidades ribeirinhas (SANTOS & FERREIRA, 1999). Considerando essa importância, é de se supor que as comunidades de ribeirinhos e indígenas, tenham conhecimentos sobre a fauna íctica que exploram, pois formam culturas que mantêm uma estreita relação com os recursos naturais. A maioria dos ribeirinhos realiza a pesca de subsistência, mas eventualmente, a produção excedente é comercializada, principalmente no período de águas baixas. Assim, espera-se que as comunidades se preocupem com a disponibilidade de peixes para o seu consumo e conseqüentemente imponham limites para a sua captura. Isso porque muitos barcos da frota pesqueira promovem o chamado “arrastão” que consiste na utilização de redes de arrasto de grande profundidade e comprimento capturando peixes de diversos tamanhos e destruindo os ambientes aquáticos, regando conflitos entre os ribeirinhos e os pescadores comerciais (BATISTA et al., 2004). A caracterização da pesca comercial na bacia amazônica já fora destacada por vários trabalhos (PETRERE Jr., 1978; SMITH, 1979; BAYLEY & PETRERE, 1989; BARTHEM, 1999; MÉRONA, 1993; BATISTA, 1998) de conservação e/ou preservação. A maioria desses trabalhos 11 tem como base informações obtidas por meio de estatísticas de desembarque pesqueiro. No entanto, o conhecimento acumulado por ribeirinhos sobre a biologia e ecologia de peixes é uma importante ferramenta que vem sendo utilizada cada vez mais nos estudos de conservação dos recursos pesqueiros. Como ferramenta de documentação o conhecimento tradicional pode ser considerado como uma primeira etapa, de grande importância, quando se pretende desenvolver projetos que envolvam comunidades humanas em áreas de conservação e/ou preservação. Nesse contexto o trabalho propõe levantar o conhecimento tradicional das populações ribeirinhas sobre bioecologia de espécies de peixes capturadas para consumo e comercialização no Complexo Lago Grande de Manacapuru. 12 2. REVISÃO DE LITERATURA Os estudos de etnobiologia são antigos, sendo que os primeiros datam do século XIX, e descrevem a interação entre o homem e a natureza. A maioria destes estudos pioneiros era concentrada em etnobotânica, principalmente nos estudos de plantas com potencial para serem utilizadas como remédios (GUARIM NETO, 2006, AMOROZO, 2002). Na etnozoologia, a maior parte dos estudos está concentrada em nas áreas de etnoornitologia (CADIMA & MARÇAL JÚNIOR, 2004) e etnoictiologia (BEGOSSI & GARAVELLO 1990, ISAAC et al., 1996, BEGOSSI et al., 1999, BATISTELLA et. al, 2005). Um dos primeiros trabalhos de etnoecologia foi realizado por MARANHÃO (1975) e aborda a classificação dos peixes feita por uma comunidade de pescadores do litoral cearense. Grande parte dos estudos etnoictiológicos tem sido realizada em comunidades de pescadores artesanais, como os caiçaras, por exemplo, que atuam em regiões litorâneas. Recentemente BEGOSSI (2005) analisou a etnotaxonomia de peixes em comunidade de pescadores da mata Atlântica, São Paulo. Muitos trabalhos destacam a descrição de recursos pesqueiros, como por exemplo, Silva et al. (2007) que analisou o modo de vida, a diversidade cultural e os instrumentos utilizados na atividade pesqueira em Conceição do Araguaia; RAMIRES & BARELLA (2003) analisaram a pesca artesanal exercida pelos pescadores na Estação Ecológica de Juréia descrevendo a composição de espécies a sazonalidade e produtividade das pescarias. THÉ (2004) analisou a atividade pesqueira de comunidades de pescadores do Rio São Francisco (MG), e registrou a existência de regras de uso para a utilização dos recursos pesqueiros. Trabalhos de caráter mais ecológico passaram a abordar o conhecimento popular sobre alimentação, migração, comportamento reprodutivo e mecanismos de defesa da ictiofauna. RAMIRES et al. (2007) abordaram o conhecimento que os pescadores de São Paulo possuem sobre aspecto morfológicos e comportamentais dos peixes como habitat e reprodução verificando as similaridades entre o etnoconhecimento da população local e a literatura científica; SILVANO & BEGOSSI (2002), verificaram o conhecimento dos pescadores artesanais sobre a biologia e 13 comportamento dos peixes do Rio Piracicaba; SOUZA & BARRELLA (2001) analisaram o conhecimento dos pescadores artesanais da Estação Ecológica de Juréia-Itatins em relação ao habitat, ecologia trófica e distribuição espacial dos peixes; COSTA-NETO & MARQUES (2000a, 2000b) descreveram a percepção dos pescadores de Siribinha (BA) sobre o comportamento, produção de som, reprodução e ecologia trófica, distribuição temporal e espacial dos recursos pesqueiros na Bahia; CLAUZET (2000) relacionou o conhecimento dos pescadores de Enseada do Mar Virado, em Ubatuba (SP), sobre variáveis ambientais com os resultados de produção pesqueira da comunidade; GERHARDINGER et al. (2006) investigaram os aspectos gerais referentes ao conhecimento ecológico de dois grupos de pescadores sobre sete espécies de peixes marinhos da família Serranidae ocorrentes na baía Babitonga (Estado de Santa Catarina). Os estudos de RAMIRES et al. (2007), CLAUZET (2003) PINHEIRO (2004) e LOPES (2004) apontaram a importância da incorporação do conhecimento popular sobre a ictiofauna no desenvolvimento de planos de manejo sustentável. O diálogo entre essas duas formas de compreensão do mundo pode contribuir para gestão participativa dos recursos pesqueiros por meio da implantação de planos de manejo que considerem a complementaridade entre os sistemas tradicional e científico de produção, visando à sustentabilidade. Por essa razão, o registro do conhecimento ecológico tradicional e da percepção de alterações antropogênicas em comunidades indígenas, atualmente é fundamental para acompanhar os efeitos de manejo ecológico ou de utilização dos recursos naturais. Dentre esses grupos, as comunidades de pescadores são importante fonte de informação ecológica (CARVALHO, 2002). 14 Conhecimento Tradicional na Amazônia O conhecimento tradicional dos ribeirinhos é depositário de informações sobre a dinâmica dos sistemas hídricos que podem ser de extrema relevância para o desenvolvimento do manejo integrado e participativo dos recursos naturais na região Amazônica (DIEGUES, 2000). Essas informações confluem em um saber comumente denominado de “saber popular” ou etnoconhecimento, com inúmeras teorias referentes à estrutura e funcionamento dos ecossistemas têm sido ainda pouco avaliadas em relação ao conhecimento científico (DIEGUES, 2000). Dentro desse conhecimento se destaca a etnoictiologia que busca a compreensão do fenômeno da interação da espécie humana com os recursos ícticos (MARQUES, 1995). Recentemente, BEGOSSI et al. (2002) sintetizaram a etnoictiologia como sendo a interação entre pescadores e os peixes sob os mais diversos aspectos, incluindo táticas de pesca, dieta e, em particular, atribuição de nomes (etnotaxonomia). Os estudos sobre conhecimento tradicional, inicialmente, investigavam os conceitos e os relacionamentos estabelecidos pelos grupos indígenas dentro e entre as categorias cognitivas (POSEY, 1987). Posteriormente, foram ampliados de forma a envolver as populações de seringueiros e de ribeirinhos, em que habitantes de rios e lagos que são detentores de amplo conhecimento sobre o ambiente em que vivem, o qual vem sendo acumulado ao longo de várias gerações (DIEGUES & ARRUDA, 2001). Na Amazônia, ainda são incipientes os estudos acerca do conhecimento tradicional no que diz respeito ao recurso pesqueiro, mas alguns trabalhos têm dado ênfase aos aspectos ecológicos e comportamentais dos peixes (LIMA, 2003); classificação (BEGOSSI & GARAVELLO, 1990); migração, alimentação, variação morfológica e medidas de ordenamento informal da pesca de grandes bagres (BARROS & RIBEIRO, 2005); análise ecológica sobre o uso dos peixes, os tabus e uso medicinal (BEGOSSI & BRAGA, 1992; BEGOSSI et al., 1999); análise do conhecimento 15 etnoecológico referente à ecologia, comportamento e classificação de espécies de peixes em comunidades ribeirinhas residentes na Floresta Nacional de Caxiuanã, PA (SILVA & MONTAG, 2002). Também existem estudos sobre a pesca realizada por meninos ribeirinhos em Manacapuru (GARCEZ & SÁNCHEZ-BOTERO, 2006); sobre o etnoconhecimento dos moradores da comunidade Boas Novas, Janauacá, referente à dieta de peixes relacionando com a literatura científica; e sobre o uso de apetrechos mais utilizados nas pescarias no Careiro da Várzea, Iranduba, Manaquiri e Manacapuru (BATISTELLLA et al., 2005). O conhecimento dessas comunidades ribeirinhas não só permite o acesso rápido às muitas informações a serem utilizadas em pesquisas científicas direcionadas para manejo e conservação dos recursos naturais (BEGOSSI, 1999; GARCEZ & SÁNCHEZ-BOTERO, 2006; ESTUPIÑÁN, 2002) como também na produção de dados que possibilitem o seu envolvimento direto, no que se refere às questões relacionadas com a defesa de “seu lugar” (PEREIRA, 1999; COSTA et al., 1999; LIMA, 2003). Finalmente, o conhecimento tradicional das populações ribeirinhas a respeito da ecologia dos peixes locais deveria ser usado como subsídio para estudos preliminares; constituindo assim, fonte secundária de informação para trabalhos científicos (POIZAT & BARAN, 1997) e minimizando os custos de uma pesquisa mais aprofundada e longa. Na Amazônia as etnias indígenas têm sido consideradas como detentoras de vasta gama de informações a respeito do mosaico de ambientes como campina, campinarana, várzea, igapó e terrafirme englobando não só a flora e fauna presente neles como também relações e interações existentes entre eles. Os índios Kayapós, por exemplo, não só conhecem os padrões de migração e de cruzamento dos peixes como detêm um extenso inventário dos mesmos (PETRERE JR., 1990); as tribos Tukano e Tuyuka no alto rio Tiquié tem conhecimento da nomenclatura usual, habitat, reprodução e hábitos alimentares de 147 espécies de peixes (CABALZAR, 2005). As informações geradas sobre o conhecimento das etnias indígenas são muito variadas e difíceis de serem validadas uma vez que: 1) alguns conceitos indígenas podem gerar novas hipóteses a serem testadas; 2) 16 algumas idéias não passíveis de serem analisadas devem ser arquivadas; 3) algumas crenças podem vir a demonstrar seu papel de mecanismos sociais para regular o uso dos recursos naturais ou a manutenção do equilíbrio ecológico (POSEY, 1963). A pesca de grandes bagres como a dourada (Brachyplatystoma rouseauxii) e a piramutaba (B. Vaillantii) na Amazônia é uma atividade produtiva e social que vem diminuindo de produção em locais como o estuário e alto Solimões principalmente pelo aumento do número de pescadores em todo o eixo Solimões - Amazonas (BARROS & RIBEIRO, 2005). Esses pescadores possuem um conjunto de informações sobre migração, alimentação, variação morfológica e medidas de ordenamento informal da pesca (BARROS & RIBEIRO, 2005) que pode ser compartilhado com pesquisadores e gestores para o seu uso, manejo e conservação visando uma exploração sustentada do recurso (FABRÉ et al., 2005; RIBEIRO & FABRÉ, 2005). Outro grupo de conhecedores com grande importância são os ribeirinhos, constituídos em sua grande maioria por moradores indígenas e/ou migrantes e seus descendentes que dividem o tempo entre a agricultura e a pesca artesanal sendo o peixe a maior fonte de proteína animal (CERDEIRA et al. 1997; BATISTA et al., 2004). A atividade pesqueira faz parte da cultura regional e tem importante papel no cotidiano social das comunidades ribeirinhas, especialmente daquelas que residem em pequenas comunidades ao longo das margens dos rios e lagos ou isoladas no interior da Amazônia. No rio Solimões, lago Janauacá, os ribeirinhos da comunidade de Boas Novas, pescadoreslavradores, possuem conhecimentos consistentes e detalhados da dieta alimentar de mais 40 espécies de peixes por eles capturados (BATISTELLA et al., 2005); em Manacapuru crianças, com idade de 5 e 12 anos participam ativamente na atividade pesqueira (GARCEZ & SÁNCHEZBOTERO, 2006) e na Floresta Nacional de Caxiuanã, PA, os pescadores das comunidades ribeirinhas de Caxiuanã, Pedreira e Laranjal acumulam detalhado conhecimento da ecologia dos 17 peixes que pescam, sendo capazes de mencionar semelhanças entre espécies baseando-se nas informações adquiridas nas suas pescarias (SILVA & MONTAG, 2002). Conforme já mencionado, na Amazônia os índios, pescadores comerciais e ribeirinhos, detêm conhecimentos peculiares em relação à ictiofauna que exploram: locais de pesca, da migração e locais de alimentação, período de desova, proteção e comportamento de cardumes. Sabendo onde estão os recursos e qual a sua disponibilidade, são capazes inclusive, de elaborar divisões que possam colaborar no sentido de evitar uma exploração indevida. Essas informações são fundamentais para um plano de manejo com bases científicas, onde os conhecimentos científicos e tradicionais corroboram entre si com informações necessárias ao plano de manejo. Assim, as comunidades, partindo de uma organização social maior, podem criar planos de gestão de seus recursos naturais para não exauri-los. 18 3. METODOLOGIA 3.1 Área de estudo O estudo foi desenvolvido nos lagos Jaitêua (03˚13’901’’ S e 60˚44’326’’ W) e São Lourenço (03˚17’555’’ S e 60˚43’759’’ W), Manacapuru, Estado do Amazonas, Brasil, situados na margem esquerda do rio Solimões (Figura 1). Os lagos Jaitêua e São Lourenço integram um sistema de lagos, que compõem o Complexo do Lago Grande de Manacapuru (ou lago Cabaliana), interligados entre si e recebendo nomes diferentes conforme sua localização na área. Esse complexo é formado por lagos, paranás, furos, canais e igarapés onde ocorre uma constante pressão pesqueira realizada tanto pelos moradores como pelos pescadores profissionais que abastecem os mercados de Manacapuru e de outras cidades. Segundo RUFFINO et al. (2006) e GONÇALVES & BATISTA, (2008) Manacapuru é uma das cidades de maior produção pesqueira no Amazonas. O lago Jaitêua é comprido e estreito, com profundidade média de 5m e dividido em Jaitêua de Baixo, onde está situada a comunidade Santo Antônio, e Jaitêua de Cima, onde estão localizadas as comunidades Tradicional, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e Assembléia de Deus. O São Lourenço é bem mais extenso, com profundidade média de 8m. Na margem esquerda do lago estão situadas as comunidades Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e Aparecida (Figura 1). Em geral, o período da enchente no rio Solimões começa em Novembro e continua até o final de Abril correspondendo à fase mais longa do período de alagação, quando as águas do Solimões não só invadem o complexo como também represam a água do rio Manacapuru e dos0 igarapés que deságuam no lago Grande, atingindo sua cota máxima em Junho; na vazante, de julho até setembro, é grande a redução da área alagada apresentando o nível de água mais baixo, seca, em outubro quando a conexão com o Solimões acontece apenas pela desembocadura do rio Manacapuru e somente os canais mais profundos e lagos permanentes não secam completamente. O Complexo do Lago Grande de Manacapuru permanece conectado ao rio Solimões durante todo o 19 ciclo hidrológico (Figura 2). As médias mensais do nível da água (em metros) foram obtidas na Agência Nacional de Águas (ANA), na estação de Manacapuru. Brasil Lago São Lourenço Nossa Senhora Perpétuo Socorro Assembléia de Deus Nossa Senhora Perpétuo Socorro Tradicional Nossa Senhora Aparecida Lago Jaitêua Manacapuru Santo Antônio Lago Grande (Cabaliana) Figura 1 - Localização dos lagos Jaitêua e São Lourenço, rio Solimões, Município de Manacapuru, Amazonas. Fonte: Banco de Imagens BASPA. 20 18 Nível da água (m) 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Figura 2. Variação média mensal do nível do rio Solimões. Fonte: CPRM, Estação de Manacapuru (2005). 20 3.2 Coleta de dados 3.2.1. Perfil dos pescadores entrevistados Os dados do trabalho foram obtidos por meio de entrevistas estruturadas aplicando-se formulários para cada pescador, chefe de família ou alguém da família que mais pratique a pesca. Isso permitiu liberdade nas respostas, ao mesmo tempo em que conferiu maior detalhamento à informação sobre a ictiofauna local. As entrevistas foram realizadas entre agosto de 2006 e outubro de 2007 e os questionários continham perguntas–chaves e questões abertas, abordando os aspectos biológicos e ecológicos (alimentação, reprodução) da ictiofauna conhecida pelos entrevistados. As informações fazem parte do banco de dados do subprojeto Caboclos-ribeirinhos e a Etnoconservação dos Recursos Pesqueiros em Manacapuru, Sub-rede BASPA (Bases para a Sustentabilidade na Pesca na Amazônia). Os dados foram tabulados em um banco de dados do programa ACCESS. Nos formulários, foram abordados aspectos reprodutivos como período e locais de desova além dos locais de migração de peixes conhecidos pelos entrevistados. Para análise dos dados, foram selecionados os peixes que tem seus aspectos reprodutivos conhecidos por mais de 25% dos entrevistados (N>15). Em seguida, uma análise de dados foi efetuada por meio de uma tabela de cognição comparada (MARQUES, 1995). Esta tabela exibe lado a lado as informações dos pescadores sobre os peixes mais citados e os dados da literatura científica específica. 3.2.2. Composição taxonômica da ictiofauna do Complexo lago Grande de Manacapuru Paralelamente às entrevistas com os formulários, foram realizadas pescarias experimentais nos quatro períodos do ciclo hidrológico: enchente, cheia, vazante e seca entre novembro de 2006 a abril de 2008. Os peixes foram coletados na região de água livre e floresta alagada dos lagos em 21 locais de pesca indicados pelos pescadores com baterias de malhadeiras dos tamanhos 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90, 100, 110 e 120 mm entre nós opostos. As malhadeiras permaneceram expostas durante 24 horas, sendo efetuada despesca a cada seis horas. As espécies de peixes foram identificadas no campo com auxílio de chaves de identificação (GERY, 1977; SANTOS et al, 1984; FERREIRA et al., 1998). Somente as espécies não identificadas foram etiquetadas, fixadas em formol a 10% e transportadas para o INPA, para posterior identificação. Ainda durante o trabalho de campo, foram registrados o comprimento padrão (Cp), em centímetros (cm), e peso total, em gramas (g), de cada exemplar. Posteriormente, foram retirados os estômagos, etiquetados e preservados em formol 10% para identificação dos alimentos no Laboratório de Ecologia de Peixes de Áreas Alagáveis no INPA. Considerando a importância da identificação das espécies, uma vez que os pescadores conhecem apenas o nome comum dos peixes, as espécies capturadas na pesca experimental foram também identificadas pelos pescadores entrevistados. A identificação foi realizada, com o auxílio de um catálogo de fotos das espécies capturadas na primeira excursão à campo, no qual foram registrados os nomes comuns para cada etnogênero e quando possível para cada etnoespécie. Quando possível, os pecadores entrevistados participavam das despescas e nomeavam os peixes. 3.2.3 Composição da dieta dos peixes no Complexo do Lago Grande de Manacapuru Com o objetivo de comparar o nível de conhecimento dos pescadores acerca da alimentação dos peixes, analisamos o conteúdo estomacal de 160 exemplares das seguintes espécies: Cichla sp. (tucunaré), Colossoma macropomum (tambaqui), Piaractus brachypomus (pirapitinga), Pygocentrus nattereri (piranha-caju), Mylossoma duriventre (pacu), Brycon amazonicus (matrinchã), Prochilodus nigricans (curimatã), Osteoglossum bicirrhosum (aruanã), e Astronotus crassipinis (acará-açú) e comparamos os resultados com as informações obtidas nas entrevistas com 22 os pescadores residentes nas comunidades que circundam o complexo do lago Grande de Manacapuru. Os peixes selecionados para as análises os estômagos foram aqueles mais citados (>25%) pelos entrevistados. A influência do ciclo hidrológico sobre a composição da dieta dos peixes também foi investigada através das informações obtidas nas entrevistas. E, considerando o fato de grande parte dos entrevistados nomearem enchente e cheia como “água alta” e por nomearem vazante e seca como “séca” a análise dos dados foi agrupada em águas baixas (AB) e águas altas (AA), respectivamente. Também, os tipos de alimentos foram investigados por meio de análises do conteúdo estomacal dos peixes capturados. Os estômagos já preservados em formol 10% foram lavados em água corrente e fixados em álcool 70%, os tratos digestivos pesados(g) e examinados sob microscópio estereoscópico. Os itens alimentares foram identificados até o grupo taxonômico possível, com auxílio de chaves de identificação. Na análise dos estômagos foi usado o método de freqüência de ocorrência (GOULDING 1980; SOARES et. al. 1986) para os períodos de águas baixas e águas altas. Os resultados das análises dos estômagos foram corroborados com literatura específica. Em seguida os resultados foram comparados com as informações obtidas nas entrevistas com os pescadores. 3.2.3.1 Similaridade entre conhecimento científico e conhecimento tradicional sobre a composição da dieta da ictiofauna no Complexo do Lago Grande de Manacapuru Para determinar se há similaridade entre o conhecimento dos pescadores do complexo lago Grande de Manacapuru e o conhecimento científico foi empregado o método de Escalonamento Multidimensional não-Métrico (NMDS). A NMDS é um método de ordenações que consiste basicamente em sintetizar, em um gráfico com eixos perpendiculares, a variação multidimensional de um conjunto de variáveis. Inicialmente uma matriz de similaridade foi calculada, baseada em 23 informações de presença-ausência (índice de Jaccard) de cada item alimentar por espécie analisada., e na ausência de exemplares capturados em dado período, foram usadas literaturas referentes a dieta alimentar para cada peixe. Na matriz foram incluídos apenas os peixes conhecidos por mais de 25% dos pescadores entrevistados (N ≥ 15), o que correspondeu a 9 tipos de peixes. As análises de NMDS foram realizadas com o auxílio do programa PAST versão 1.78 (HAMMER et al., 2008) 3.3 Pré-teste dos questionários aplicados O pré-teste de uma amostra pode indicar se é possível o formulário ser aplicado e permite avaliar as dificuldades e estimar o tempo e custo necessário à pesquisa (BABBIE, 2003). O préteste permite ao pesquisador identificar situações, problemáticas, que poderão ser encontradas no decorrer do trabalho definitivo, propiciando tomadas de decisões mais cuidadosas e assegurar que elas serão seguidas até o final do estudo conforme MORAIS (2006). O pré-teste (Anexo I) foi realizado na primeira excursão em parceria com o grupo do subprojeto Caboclos-ribeirinhos e a Etnoconservação dos Recursos Pesqueiros em Manacapuru. O questionário definitivo (Anexo II) foi aplicado após as correções do pré-teste. 4. RESULTADOS 4.1 Perfil dos pescadores entrevistados no Complexo Lago Grande de Manacapuru Foram entrevistados 62 comunitários pertencentes às seis comunidades que habitam dois lagos, Jaitêua e São Lourenço, que fazem parte do Complexo Lago Grande de Manacapuru. No Jaitêua, os pescadores pertenciam às comunidades Santo Antônio, Tradicional, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e Assembléia de Deus e no São Lourenço às comunidades Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e Aparecida. 24 Os pescadores entrevistados tinham entre dezesseis e setenta e seis anos, sendo que a maioria possui mais de 40 anos (Tabela 1). Todos são pais e chefe de famílias, com, no mínimo, uma fonte de renda oriunda de aposentadorias, pensão, auxilio defeso, agricultura ou da pesca. Com relação à escolaridade o ensino fundamental é o que tem maior representatividade entre os entrevistados. A grande maioria é alfabetizada, 72,6%, sendo que quase metade cursou até 4a. série do ensino fundamental. Mas, 22,4% são analfabetos ou analfabetos funcionais (Tabela 2). Finalmente, quase todos os entrevistados nasceram no Estado do Amazonas, sendo o município de Manacapuru responsável por 88,7% da origem dos entrevistados. O Pará é o estado de origem de todos os entrevistados não nascidos no Amazonas, 6,4% (Tabela 3). Quando indagados sobre a profissão que exercem, 71%, responderam que são agricultores e apenas 27,4% que são pescadores. Somente um entrevistado (1,6%) não se enquadra nessas categorias, atuando como agente de saúde (Figura 2). Tabela 1: Faixa etária dos entrevistados nos lagos do Complexo do Lago Grande de Manacapuru. Fonte: Banco de dados BASPA. Idade 16 - 20 21 - 30 31 - 40 41 - 50 50 - 60 61 - 70 71 - 76 Pescadores 5 13 8 17 12 3 4 Tabela 2: Grau de escolaridade dos entrevistados nos lagos do Complexo do Lago Grande de Manacapuru. Fonte: Banco de dados BASPA. Grau de Escolaridade 1a a 4a Série 5a a 8a Série Só Assina o Nome Ensino Médio Incompleto Ensino Médio Completo Analfabetos N 28 12 10 3 2 7 % 45,2 19,4 16,1 4,8 3,2 11,3 25 Tabela 3: Procedência dos entrevistados nos lagos do Complexo do Lago Grande de Manacapuru. Fonte: Banco de dados BASPA. Local de nascimento N % Autazes/ AM 1 1,6 Manacapuru/AM 55 88,7 Manaquiri/AM 1 1,6 Parintins/AM 1 1,6 Manicoré/AM 1 1,6 Alenquer/PA 2 3,2 Óbidos/PA 2 3,2 Com relação à pesca a maioria dos entrevistados exerce a pesca de subsistência, 63,0%, que capturam apenas o necessário à manutenção própria e dos familiares. Para esses entrevistados a variação de locais de pesca é ampla e os apetrechos utilizados nas pescarias são seletivos. Alguns entrevistados (16%) afirmaram que além da pesca familiar também capturam peixe para a venda. Isso, segundo os pescadores entrevistados, ocorre no período de enchente quando há uma boa quantidade de pescado em locais de pesca conhecidos pelos entrevistados. A pesca comercial no complexo do Lago Grande é executada por 16,1% (Figura 3) dos entrevistados que são profissionais registrados na colônia de pescadores Z-9 do município de Manacapuru. Em geral, possuem barcos simples de 4-9 m de comprimento e pescam nos períodos de águas altas (cheia e vazante) no lago Jaitêua, mas, no período de águas baixas (seca) pescam no Paraná do Anamã. 26 1,6 Agricultor 27,4 Pescador 71,0 Agente de sa úde Figura 3: Profissões mais exercidas pelos entrevistados nos lagos do Complexo do Lago Grande de Manacapuru. Fonte: Banco de dados BASPA. 21% Subsistência Comercial 16% 63% Sub/Com Figura 4: Tipos de pesca praticada pelos entrevistados nos lagos do Complexo do Lago Grande de Manacapuru. Fonte: Banco de dados BASPA. 27 4.2 Locais e apetrechos de pesca utilizados no complexo Lago Grande de Manacapuru No Complexo do lago Grande foram registrados 11 principais pesqueiros (locais de maior pesca) que estão sendo utilizados pelos entrevistados ao longo do ciclo hidrológico. No nível mais elevado das águas as pescas ocorrem freqüentemente nos igarapés. Isso por causa do grande número de igarapés que ocorre no complexo e as suas margens fornecem alimento e abrigo para muitos peixes. Por outro lado, no nível mai baixo das águas, o Paraná do Anamã é o local mais procurado. Outros locais como canais, enseadas, furos, poços, chavascais, praias e beiradões, foram também citados pelos pescadores como locais de pesca no período de águas altas (Figura 5). Nas pescarias onze tipos de apetrechos de pesca são usados, sendo a malhadeira e tramalha, os mais utilizados pelos pescadores em todos os períodos do ciclo hidrológico (Figura 6). Mas, segundo os entrevistados, 52,2%, o uso da malhadeira é maior na descida das águas (vazante). A tramalha é o segundo apetrecho de maior uso pelos pescadores nos lagos, sendo semelhante à malhadeira, mas com menor potencial de captura por possuir menor tamanho. Os pescadores que a usam afirmam que preferem fabricá-la ao invés de comprá-la, pois a fabricação, além de ter menor custo, permite que o apetrecho fique com os tamanhos que os entrevistados julgam serem melhores para as pescarias. O uso de apetrechos com maior seletividade como arpão, zagaia, arco e flecha são mais utilizados no período de águas baixas quando a pesca é efetuada em locais onde é difícil o uso de apetrechos com redes maiores dos peixes. Nos igapós e igarapés o uso desses apetrechos é alto para o período de águas altas (Figura 6). 28 Seca Vazante Cheia Ig a ra pé da Ca Ig ja ar ze ap ira é do C Ig ed ar ap ro é G La ra go nd e do Ja it e La ua go Pa G ra ra nd na e do An am Bo ã ca Ig L ar ar ap ga é Ig d ar o ap Ac é ar do i Pe RD ra S ço do P Ig ira ar nh ap a é do Ac ar í Enchente 60,0 50,0 enchente cheia 40,0 vazante seca 30,0 20,0 10,0 0,0 m al ha de tra ira m al ha c ar a co niç o e fle ch a ta rra fa za ga ia ar pã o an zo cu l rri co a ca rra ço st ei ão ra de fio Freqüência de citação de uso Figura 5: Principais locais de pesca usados pelos entrevistados, no ciclo hidrológico, nos ambientes do Complexo lago Grande de Manacapuru. Fonte: Banco de dados BASPA. Apetrechos utilizados Figura 6: Freqüência relativa (n=62) do uso dos apetrechos de pesca utilizados pelos entrevistados no ciclo hidrológico no Complexo lago Grande de Manacapuru. Fonte: Banco de dados BASPA. 29 4.3 Composição da ictiofauna no Complexo do lago Grande de Manacapuru No Complexo do Lago Grande de Manacapuru foram capturadas 192 espécies (anexo 3), 21.293 exemplares, sendo Characiformes a Ordem mais rica e abundante com 81 espécies, seguidos de Siluriformes (62 spp.), Perciformes (34 spp.) e Clupeiformes (7 spp.). As famílias Characidae, Cichlidae e Loricariidae apresentaram os maiores números de espécies e Characidade, Curimatidae e Pristigasteridae as maiores abundâncias. P. nattereri, P. flavipinnis, P. latior, A. falcirostris, T. albus, S. spilopleura, T. angulatus, A. melanopogon, H. edentatus. Das espécies capturadas na pesca experimental, P. flavipinnis, P. nattereri, P. latior, A. falcirostris, T. albus, A. elongatus são responsáveis pelas maiores abundâncias (Tabela 4). 30 Tabela 4: Lista das 60 espécies de peixes mais capturadas na pesca experimental nos lagos Jaitêua e São Lourenço, Complexo do Lago Grande de Manacapuru. Espécies capturadas Pygocentrus nattereri Pellona flavipinnis Potamorhina latior Acestrorhynchus falcirostris Nome comum N piranha-vermelha, 2588 piranha-caju apapá-branco, 2123 sardinhão branquinha 1957 peixe-cachorro 900 Espécies capturadas Nome comum N Hemiodus immaculatus cubiu, charuto 137 Hydrolycus scomberoides peixe-cachorro 125 branquinha traíra 118 116 Curimata inornata Hoplias malabaricus sardinha 704 Leporinus friderici aracu-cabeça-gorda 105 Serrasalmus spilopleura Triportheus angulatus Hemiodus sp. Anodus melanopogon piranha-amarela sardinha cubiu cubiu 674 674 667 571 Heros efasciatus Rhytiodus microlepis Lycengraulis sp. Acarichthys heckellii 104 100 93 92 Hypophthalmus edentatus mapará 509 Satanoperca acuticeps acará aracu sardinha acará-papa-terra acará-bicudo, acarápapa-terra sardinha jaraqui-escamagrossa mapará branquinha 507 Curimatella meyeri branquinha 88 458 Semaprochilodus taeniurus jaraqui-escama-fina 87 448 435 Cichla monoculus Hemiodus unimaculatus tucunaré charuto acará-papa-terra, acará-bicudo zé-do-ó 85 77 aracu-cabeça-gorda 71 mandi 65 curimatã, curimatá 65 piracatinga 63 Triportheus albus Triportheus auritus Semaprochilodus insignis Hypophthalmus marginatus Potamorhina altamazonica Psectrogaster rutiloides branquinha-cascuda 435 Satanoperca jurupari Serrasalmus altispinis Mylossoma duriventre Pacu 297 Metynnis hypsauchen pacu-marreca, pacu 63 Auchenipterus nuchalis mandi piranha-mucura, piranha piranha-preta, piranha 285 Chalceus erythrurus arari 62 239 Liposarcus pardalis bodó, acari-bodó 61 224 Brycon amazonicus matrinxã 54 branquinha 183 Geophagus proximus tamoatá apapá-amarelo, sardinhão peixe-cachorro 175 Chaetobranchus orbicularis 173 Piaractus brachypomus 169 Plagioscion montei cangati 164 Acestrorhynchus microlepis sardinha 161 Sorubim lima Hemiodus microlepis Plagioscion squamosissimus Schizodon fasciatum Serrasalmus elongatus Serrasalmus rhombeus Psectrogaster amazonica Hoplosternum littorale Pellona castelnaeana Rhaphiodon vulpinus Parauchenipterus galeatus Lycengraulis batesii Roeboides myersii 391 Leporinus trifasciatus 357 Pimelodus blochii 344 Prochilodus nigricans 338 Calophysus macropterus 75 tambaqui, ruelo charuto, orana, flexeira pescada, pescadabranca aracu, piau, aracupororoca piranha-seca Colossoma macropomum 430 92 acará-papa-terra, acará-rói-rói acará-cascudo 74 54 53 pirapitinga 53 pescada peixe-cachorro, dentudo bico-de pato, braço de moça 53 49 49 31 Com relação à ictiofauna relatada pelos entrevistados foi possível listar 40 tipos de peixes que no conhecimento tradicional também são agrupados em gêneros, especificamente em etnogêneros. Dos 40 tipos de peixes, 30 foram identificados em nível de etnogênero e 10 em nível inferior de etnoespécies. Dos dez grupos de espécies mais citadas como capturadas nas pescarias dos entrevistados, 6 são consideradas sedentárias (Cichla spp., Pygocentrus nattereri, Liposarcus pardalis, Astronotus crassipinis, Osteoglossum bicirrhosum, Satanoperca spp.) e quatro são migradoras (Colossoma macropomum, Prochilodus nigricans, Mylossoma spp., Potamorhina spp.). Os peixes de maior valor comercial como o tucunaré, tambaqui e curimatã são capturados em todos os períodos do ciclo hidrológico pelos pescadores, mas são mais pescados no período de águas baixas. Para esses pescadores as águas baixas e a enchente são os períodos para pesca de muitos dos 40 tipos de peixes listados nas entrevistas. É importante destacar que as espécies migradoras (branquinhas, sardinhas, pacus) são em geral capturadas nos períodos de alagação, enchente e cheia (Tabela 5). 32 Tabela 5: Lista das 40 espécies de peixes mais citadas (Freqüência de ocorrência) pelos pescadores entrevistados no Complexo Lago Grande de Manacapuru. S, sedentárias; M, migradoras conforme GRANARO-LORENCIO et al. (2005) e SANTOS et al. (2004). Nome Vulgar tucunaré tambaqui/ruelo curimata piranha acará-açú acari,bodó aruanã pacú acará branquinha surubim aracu cuiu-cuiu pirapitinga acará-preto, acará roxo Nome científico Cichla monoculus Colossoma macropomum Prochilodus nigricans Pygocentrus nattereri Astronotus ocellatus Liposarcus pardalis Osteoglossum bicirrhosum Mylossoma duriventre Satanoperca spp. Potamorhina spp. Pseudoplatystoma punctifer Leporinus spp. Oxydoras niger Piaractus brachipomum S M M S S S S M S M M M S M cheia 58,1 67,7 40,3 21,0 27,4 21,0 16,1 37,1 14,5 29,0 9,7 22,6 4,8 11,3 vazante 59,7 51,6 33,9 45,2 35,5 22,6 22,6 19,4 24,2 22,6 11,3 11,3 11,3 9,7 seca 82,3 83,9 72,6 48,4 35,5 35,5 38,7 19,4 27,4 21,0 30,6 17,7 29,0 16,3 enchente 59,7 54,8 45,2 56,5 45,2 35,5 22,6 37,1 19,4 24,2 9,7 21,0 6,5 14,5 Heros severum S 30,6 11,3 16,1 12,9 traíra Hoplias malabaricus S 6,5 12,9 17,7 6,5 jaraqui Semaprochilodus insignis, S. taeniurus M 4,8 6,5 6,5 8,1 matrinxã pescada sardinha pirarucu acará-bararuá cambuti/tamoatá acará-pixuna acará-branco acará-prata jacundá Brycon amazonicus Plagioscion squamosissimus Triportheus spp. Arapaima gigas Uaru amphiacantoides Hoplosternum littorale Aequidens tetramerus Aequidens sp. Chaetobranchus flavescens Crenicichla spp. Hypophthalmus edentatus, H. marginatus, H. fimbriatus Pellona castelnaeana, P. flavipinnis Chaetobranchopsis orbicularis Phractocephalus hemioliopterus Acaronia nassa Anadoras gryppus Pimelodus blochii Potamotrygon spp. Pterodoras granulosus Symphysodon aequifasciatus Brachyplatystoma rousseauxii Hemiodus immaculatus , H. unimaculatus, H. microlepis, H. sp., Anodus elongatus M S M S S S S S S S 9,7 17,7 12,9 4,8 1,6 4,8 1,6 − 3,2 3,2 11,3 12,9 9,7 3,2 1,6 1,6 8,1 3,2 1,6 1,6 4,8 − 3,2 − 4,8 6,5 3,2 1,6 1,6 1,6 6,5 11,3 8,1 8,1 3,2 − 3,2 3,2 3,2 3,2 M 1,6 4,8 1,6 3,2 M S M S S S M S S M − − − − − − − 1,6 − − 3,2 − − − − − − 1,6 − 1,6 3,2 3,2 3,2 1,6 1,6 − 1,6 1,6 1,6 − 1,6 − − − − 1,6 − − − M − 1,6 − − S − 1,6 − − mapará apapá acará-cascudo pirarara acará-coruja rebeca mandi arraia bacu acará-disco dourada cubiu piranha preta Serrasalmus rhombeus 33 4.4. Composição da dieta dos principais peixes citados e capturados no complexo do Lago Grande de Manacapuru Os pescadores mencionaram nas entrevistas que dos 40 grupos de peixes que são capturados em suas pescarias, 32 tem a composição da dieta conhecida (Tabela 6). E, para os peixes de alta aceitação comercial é alto o número de entrevistados que possuem informações sobre os tipos de alimentos ingeridos por esses peixes: tambaqui, 95,2%; tucunaré, 69,4%; pacu, 41,9%; acará–açú 38,71%; curimatã, 37,10%; aruanã, 33,87%; matrinxã, 30,65%; piranha, 30,65% e pirapitinga, 25,81%. Para a maioria desses peixes (tucunaré, tambaqui, pirapitinga, piranha-caju, pacu, matrinxã) os conteúdos estomacais foram analisados nos dois períodos e apenas curimatã, aruanã e acará-açú em apenas um período, totalizando160 estômagos de exemplares capturados nas águas altas nas águas baixas (Tabela 7). O tucunaré não é o peixe de maior abundância no complexo do lago Grande de Manacapuru, no entanto sua dieta e bem conhecidas pelos pescadores e 69,8% deles afirmam que no período de águas altas ele ingere principalmente peixes como sardinha, charuto, piaba, curimatã, cará, aracu e jacundá. Nesse período os pescadores também afirmam que o tucunaré completa a sua dieta com camarão e outros itens em menores quantidades. No período de águas baixas segundo os pescadores (65,1%) a alimentação do tucunaré é similar às águas altas, porém ocorre um decréscimo no consumo camarão. Nas análises dos conteúdos estomacais de tucunarés capturados pelo projeto BASPA, no período de águas altas e no de águas baixas foram encontrados peixe em 100% dos peixes analisados Segundo os pescadores, no período de águas altas o tambaqui alimenta-se principalmente de frutos e sementes (68,4%) como: araçá (Psidium acutangudum), capitari (Tabebuia barbata), catoré (Crataevea benthami), cacau (Theobroma cacao), caçari (Myrciaria dubia), feijão-orana (Vigna unguiculata), jauari (Astrocaryum sp.), marajá (Pirenoglyphis maraja), munguba (Bombacopsis 34 macrocalyx), paricarana (Bowdichia virgilioides), socoró (Mouriri brevipes) e a seringa (Hevea brasiliensis). Por outro lado, no período de águas baixas, os pescadores afirmam que o consumo de frutos e sementes é reduzido (31,6%), pois há pouca disponibilidade desse recurso no ambiente e por isso o peixe utiliza outros itens alimentares disponíveis como jia (rã) (21,1%) e limo (10,54%), consumindo pequenos peixes e piolho d’água ou micróbio d’ água (zooplâncton) e poucas quantidades. Durante as análises dos conteúdos estomacais feitas pelo projeto BASPA, foram observadas, sementes e frutos foram encontrados em 94,7% dos peixes analisados para o período de águas altas. Não diferente do que foi relatado pelos pescadores, nas águas baixas o consumo de frutos pelo tambaqui caiu (61%) sendo que camarão (57,1%) passou a integrar a sua alimentação. O pacu no relato de 69,2% dos pescadores que conhecem sua dieta alimenta-se, no período de águas altas, de material vegetal preferindo frutos, flores e sementes como: araçá, arroz, batataorana, capitari, crista de galo (Celosia cristata), embaúba, feijão-orana, jauari, louro, macaquinho, milho, munguba, muruxi, paricá, seringa, supiarana, taquari. Completa ainda sua dieta com camarão, limo e gafanhotos. Segundo os pescadores, o consumo desses vegetais diminui conforme o nível das águas. Nas análises do conteúdo estomacal de pacus capturados pelo projeto BASPA no período de águas altas, apontaram uma alimentação baseada em raízes e folhas de macrófitas aquáticas além de frutos e sementes de arbóreas de áreas alagadas como os pescadores também relataram. No período de águas baixas os conteúdos estomacais dos pacus apresentaram uma maior diversidade de alimentos com material vegetal em maior quantidade que fora complementado com detritos, peixe e zooplâncton. A pirapitinga, segundo os entrevistados, no período de águas altas ingere muitos tipos de frutos e sementes como abiurana (Pouteria glomerata), apuruí (Duroia duckei), araçá, batataorana, capitari, catoré, crista de galo, jauari, louro e priprioca que são abundantes no igapó durante a subida das águas. Nas águas baixas a dieta da pirapitinga é à base de taquari, capitari, flor da munguba, louro, jauari, capim, catoré, batata brava, seringa, taquari, frutas de cipó, tarumã, marajá, 35 catoré e muruxi somados aos crustáceos. Pirapitingas capturadas pelo projeto BASPA no período de águas altas revelaram a preferência por frutos e sementes em seus conteúdos estomacais. Já no período de águas baixas, a dieta teve a sua composição diversificada com o consumo peixes, artrópodes e camarões. A piranha-caju, segundo os pescadores (80%), ingere basicamente peixes no período de águas altas, mas eventualmente consome camarão enquanto que nas águas baixas o peixe é informado como seu principal alimento, consumindo artrópodes e zooplâncton como complemento de sua dieta. Nas análises dos conteúdos estomacais de piranhas-caju feitas pelo projeto BASPA, no período de águas altas, foram identificados vários itens na sua dieta sendo peixes e artrópodes os mais abundantes complementados com zooplâncton, camarões e detrito e poucas sementes. Já nas águas baixas, semelhante ao que foi relatado pelos pescadores, peixes foi o irem mais consumido pela piranha-caju, embora tenham ocorrido insetos e material vegetal. A matrinxã segundo os pescadores, no período de águas altas, alimenta-se basicamente de frutos e sementes (munguba, marajá, seringa, jauari, embaúba, capitari, catoré, marajá, socoró, seringa, muruxi) da floresta alagada. Porém, nas águas baixas a sua alimentação é pouco conhecida, por ser difícil sua captura durante esse período, como informaram os pescadores. Nas análises do conteúdo estomacal de matrinxãs feitas pelo projeto BASPA, no período de águas altas, foram identificados frutos e sementes (93,3%) e várias ordens de insetos. Mas no período de águas baixas, os exemplares ingeriram apenas frutos e sementes. A curimatã segundo o relato dos pescadores, nas águas altas, alimenta-se de limo (perifiton) e frutos e sementes de munguba, capitari, capim e morim e detritos (lama). Mas nas águas baixas, se alimenta do morin que “chupa” do capim ingerindo-o também unto com detritos. Embora não tenham sido analisados curimatãs no período de águas altas, MÉRONA & RANKING-DEMÉRONA (2004) relatam que a curimatã no lago do Rei, Amazonas, tem o detrito como principal 36 item alimentar durante todo o ano. As análises do conteúdo estomacal de curimatãs capturadas pelo projeto BASPA no período de águas baixas, apontaram maior ingestão de detritos e, em menor quantidade, a ingestão de pedaços de pequenos peixes além de restos vegetais e pequenos insetos. Aruanã é um peixe muito conhecido pelos pescadores do lago, mesmo não sendo abundante, têm sua alimentação conhecida pelos pescadores locais. No período de águas altas, os pescadores afirmam que aruanã tem como alimentos prediletos, além dos peixes, pequenos vertebrados, calangos, cobras, lagartos, morcegos e ratos. No período de águas baixas os pescadores mencionaram o peixe como o item alimentar mais freqüente, seguido de insetos (besouros). Nas análises do conteúdo estomacal de aruanã capturadas pelo projeto BASPA, no período de águas altas, foram identificados peixes, insetos, zooplâncton e material vegeta em iguais quantidades. Mas, não foram analisados estômagos de aruanãs para as águas baixas. No entanto MÉRONA & RANKING-DE-MÉRONA (2004) informam que aruanãs capturadas no lago do Rei, se alimentam principalmente de insetos, seguidos de frutos e peixes no período de águas baixas. Na RDS de Mamirauá, CHAVES e colaboradores (2006) informam que no período de águas baixas encontraram peixes em grande quantidade seguida de insetos nos estômagos de aruanãs. O acará-açú na visão dos entrevistados é o peixe com maior diversidade de itens alimentares. Ele tem preferência por uruá (gastrópodes) no período de águas altas. Outros itens como rãs (jias), frutos como tarumã, bacuri, marajá, além de insetos e alguns peixes completam sua dieta nesse período. Para as águas baixas os pescadores citam um aumento no consumo de insetos com um decréscimo de frutos e sementes. Nas análises do conteúdo estomacal de acará-açús capturados pelo projeto BASPA, no período de águas altas, foram registrados peixes em maior quantidade seguido de insetos e crustáceos. No entanto WINEMILLER (1990) relata que sua dieta natural consiste primeiramente de insetos aquáticos e terrestres (que compreendem 60% de sua dieta), embora pequenos peixes, e de maneira bem menor, crustáceos também sejam consumidos. 37 Tabela 6: Freqüência de ocorrência (F.O.) dos itens alimentares dos peixes citados pelos entrevistados nos períodos de águas altas (AA) e águas baixas (AB). (N= número de entrevistados). Tucunaré (n=43) Tambaqui (n=59) Pirapitinga (n=16) Piranha (n=19) AA AB AA AB AA AB AA AB AA AB AA Gastropoda (aruá/uruá) 4,7 4,7 - 5,3 - - - - Decapoda (camarão) 60,5 39,5 - - 6,3 18,8 20 - 11,5 7,7 Material vegetal (frutos, flores,folhas e sementes) 16,3 7 - - 69,2 30,8 55 5 - - 5 3,8 - Item alimentar Artropoda (aranha e insetos) Detritos (lama/terra) Perifiton (limo) Peixes Zooplâncton (piolho d`água / micróbio d'água) Pequenos vertebrados (calango, cobra, lagarto, morcego, rato, rã, gia) 2,3 69,8 65,1 68,4 31,6 62,5 12,5 Pacu (n=26) - - - Matrinxã Curimatá (n=19) (n=23) AB 5 - - 5,3 - - - - - - 5,3 10,5 5,3 - - 6,3 12,5 5 80 - 3,8 3,8 55 - 3,8 5,0 - - 4,8 - 4,2 9,5 4,8 8,3 33,3 4,8 - - Acará-açú (n=24) AA AB AA AB AA - - Aruanã (n=21) - - AB 50 25 - - 20,8 12,5 23,8 23,8 25 12,6 4,2 8,3 58,3 - 52,4 33,3 25 8,3 2,3 - - 5,3 - - 10 5 - - - - - - - - 2,3 5,3 21,1 - - - - - - - - - - 28,6 19 29,2 - - - 12,5 Tabela 7: Freqüência de ocorrência (F.O.) dos itens alimentares identificados nos conteúdos estomacais nos períodos de águas altas e (AA) e baixas (AB). N= número de estômagos analisados. Item alimentar Gastropoda (aruá/uruá) Decapoda (camarão) Material vegetal (frutos, flores,folhas e sementes) Artropoda (aranha e insetos) Detritos (lama/terra) Perifiton (limo) Peixes Tucunaré (n=2) Tambaqui Pirapitinga (n=59) (n=5) AA - AB - AA AB - 57,1 - - 94,7 61,9 100,0 100,0 8,3 52,2 100,0 87,5 93,3 100,0 - 20,0 50,0 - 37,5 - - - 5,3 9,5 2,6 100,0 100,0 2,6 9,5 - AA - Piranha (n=42) AB AA AB 50,0 16,7 2,1 66,7 100,0 75,0 18,8 Pacu (n=21) AA - - Matrinxã Curimatá Aruanã (n=5) (n=16) (n=2) AB AA - - 8,3 4,3 7,7 37,5 100,0 75,0 62,5 7,7 12,5 Acará-açú (n=8) AB AA AB AA AB AA AB - 50,0 - 66,7 - - 20,0 50,0 - 37,5 - - - - 60,0 40,0 50,0 - 50,0 - Zooplâncton (piolho d`água / micróbio d'água) - - - - - - 33,3 - - 12,5 - - - - 50,0 - - - Pequenos vertebrados (calango, cobra, lagarto, morcego, rato, rã, gia) - - - - - - - - - - - - - - - - - - 38 4.5 Similaridade entre conhecimento científico e tradicional sobre a composição da dieta da ictiofauna No período de cheia a análise dos dados, a NMDS aponta dois grupos. No primeiro agrupamento, os peixes são aqueles relatados pelos pescadores e que têm maior diversidade de itens alimentares relatados, sendo os itens peixe e decapoda os de maior freqüência de ocorrência em piranha (piranE), tucunaré (tucE), aruanã (aruE), acará-açú (açúE). Já o segundo agrupamento reuniu acará-açú (açúC), matrinxã (matC), tambaqui (tambC), pirapitinga (pirapC), piranha (piranC), aruanã (aruC), e pacu (pacC) que além de terem em comum as análises de conteúdos estomacais também tiveram uma sobreposição alimentar com o consumo de material vegetal e peixe (Figura 7). Outros peixes se isolam dos demais por terem maior especificidade alimentar como curimatã (curC, curE), que teve detrito como principal item citado pelos pescadores e encontrado nos conteúdos estomacais e no período de seca, além de indicado por MÉRONA & RANKING-DEMÉRONA (2004) ao relatarem que curimatãs no lago do Rei, Amazonas, tem o detrito como principal item alimentar durante todo o ano. O isolamento de tucunaré (tucC) pode ser explicado pela preferência deste por comer apenas peixes, sendo este o único alimento encontrado nas análises dos conteúdos estomacais. Já o pacu (pacE) mesmo sendo consumidor de material vegetal, não pertence ao segundo agrupamento por ter o consumo de camarões relatado pelos pescadores. Tambaqui (tambE), pirapitinga (pirapE) e matrinxã (matE) tem em comum com o segundo grupo, um alto consumo de material vegetal, no entanto o que lhes difere do agrupamento é o baixo consumo do item peixe. Já na seca, a análise NMDS mostra a dispersão dos peixes quanto aos itens alimentares consumidos, não ocorrendo similaridades que permitam agrupamentos (Figura 8). 39 tucE piranE pacE 0,15 açúE curE curC 0,1 aruE 0,05 -0,32 -0,24 matE -0,16 -0,08 MDS 2 -0,4 matC0,08 açúC -0,05 tucC pirapE 0,16 0,24 0,32 pacC tambC -0,1 aruC piranC -0,15 -0,2 pirapC -0,25 tambE MDS 1 Figura 7: Similaridade entre o conhecimento científico (tucunaré = tucC; tambaqui = tambC; pirapitinga = pirapC; piranha = piraC; pacu = pacC; matrinxã = matC; curimatã= curC; aruanã = aruC; acará-açú = açúC) e ecológico tradicional (tucunaré = tucE; tambaqui = tambE; pirapitinga = pirapE; piranha = piraE; pacu = pacE; matrinxã = matE; curimatã= curE; aruanã = aruE; acará-açú = açúE) sobre a composição da dieta da ictiofauna no período águas altas 40 tambE 0,32 0,24 pacC matC 0,16 açúE curC 0,08 MDS 2 tucE piranE -0,4 -0,32 -0,24 -0,16 pacE matE tambC -0,08 -0,08 pirapE 0,08 0,16 0,24 0,32 piranC aruC pirapC aruE -0,16 açúC curE -0,24 tucC MDS 1 Figura 8: Similaridade entre o conhecimento científico (tucunaré = tucC; tambaqui = tambC; pirapitinga = pirapC; piranha = piraC; pacu = pacC; matrinxã = matC; curimatã= curC; aruanã = aruC; acará-açú = açúC) e o ecológico tradicional (tucunaré = tucE; tambaqui = tambE; pirapitinga = pirapE; piranha = piraE; pacu = pacE; matrinxã = matE; curimatã= curE; aruanã = aruE; acaráaçú = acue) sobre a composição da dieta da ictiofauna no período águas baixas. 41 4.7 Período reprodutivo dos peixes mais citados pelos pescadores no Complexo do lago Grande Manacapuru Nas entrevistas, os pescadores (N=62) relataram informações sobre vários peixes, mas para sistematização das informações foram destacadas as 5 espécies de maior frequência: tucunaré (Cichla spp.), curimatã (Prochilodus nigricans), pirarucu (Arapaima gigas), acará-açú (Astronotus crassipinnis) e bodó (Liposarcus pardalis). Os entrevistados destacaram qua a maioria destas espécies desovam no período da enchente (Figura 7). Prochilodus nigricans Liposarcus pardalis. Enchente Astronotus crassipinis Cheia Cichla monoculus Vazante Seca Arapaima gigas 0% 20% 40% 60% 80% 100% Figura 9: Período reprodutivo das 5 espécies mais citadas pelos entrevistados nos lagos do Complexo do Lago Grande de Manacapuru. Fonte: Banco de dados do projeto Biologia e ecologia de peixes de lago de várzea: subsídios para conservação e uso dos recursos pesqueiros da Amazônia Os peixes que têm o local de reprodução mais conhecido pelos pescadores não são necessariamente os mais capturados na pesca experimental. Tucunaré (Cichla spp.), curimatã (Prochilodus nigricans), pirarucu (Arapaima gigas), acará-açú (Astronotus crassipinis) e bodó (Liposarcus pardalis), por exemplo, foram os peixes mais citados por serem os mais observados pelos pescadores e não foram os de maior abundância na pesca experimental. Mesmos as crianças 42 que estavam junto com os pais (pescadores) durante as entrevistas, mostraram conhecer características dos métodos de reprodução dos peixes ao citarem a “panela” feita pelo pirarucu, o “buraco” escavado pelo bodó e a “pauzada” ou “galhada” guardada pelo tucunaré. Segundo os entrevistados o tucunaré (Cichla monoculus) (> 80% dos entrevistados) desova no período de águas baixas nos galhos, troncos e raízes nos igarapés e lagos; o acará-açú (Astronotus ocellatus) (>80% dos entrevistados), desova no período da enchente, nos galhos e paus nos igarapés e na floresta alagada; a curimatã (Prochilodus nigricans) (>70% dos entrevistados), desova no período da enchente. Com relação ao local de desova, os pescadores relataram que a desova acontece nos rios, lagos, igarapés. No entanto, alguns pescadores destacaram que a curimatã “desova na escama do outro”, “na costa do outro”. Este é uma importante observação que ainda não havia sido relatado nos trabalhos de reprodução de curimatã e pode despertar o interesse para novos estudos de reprodução. O pirarucu (Arapaima gigas), segundo 73,07% dos entrevistados, desova no período da enchente sendo lagos e igarapés locais preferenciais. Também mencionaram que o pirarucu “cava buraco e desova”, “faz a panela” e que “a fêmea deposita a ova e depois o macho joga o dele em cima”. E, o bodó (Liposarcus pardalis) (>80% dos entrevistados) desova no período da enchente, em “buracos feitos no barro”, “cava buraco e desova”, principalmente nos lagos e igarapés (Tabela 8). 43 Tabela 8: Tabela de cognição comparada sobre local e época de desova para os peixes mais conhecidos pelos entrevistados. Espécies Tucunaré (Cichla spp.) Citações dos entrevistados sobre período e local de desova Época de desova Local de desova seca Citações científicas Literatura específica "desova em igarapés, foresta de várxzea, lagos e paranás "desova no ano todo, mas com maior atividade reprodutiva no período de dezembro a março" Oliveira Júnior (1998) "nos tocos, em cima dos paus, galhos e raízes de paus "desova parcelada, a reprodução ocorre entre a vazante (setembro) e o início da enchente (janeiro)" Santos et. al., 2004 "desova parcelada entre outubro e abril, com pico em fevereiro" (Corrêa, 1998). Acará-açú (Astronotus crassipinis ) Bodó (Liposarcus pardalis ) Curimatá (Prochilodus nigricans ) Pirarucu (Arapaima gigas) "igarapé, floresta de várzea. " Enchente "desova parcelada, com maior intensiadade entre o início da enchente e a cheia" (Santos et. al. 2004) "paus, raízes, nas beiradas, em cima de folhas". "desova em lagos e paranás" " a reprodução ocorre entre a seca e a enchente" (Nascimento 2004, Costa 2006) "faz buracos na terra, no paraná do Cedro, beira dos paus" "Constroem tocas nos fundos ou barrancos de rios e lagos" (Neves & Ruffino 1998, Mendel et. al. 2002) "igarapé, rio e paraná" "As desovas ocorrem principalmente no período da enchente"Gouding (1980) , Ribeiro (1983) e CoxFernandes (1988) " no rio Solimões, no capim, murinzal" "as desovas ocorrem nas desebocaduras dos rios " (Goulding, 1979) "lagos, floresta de várzea, paranás" "final da seca e início da enchente" 'Flores,1980; Godinho et. al. 2005) "buraco na terra, faz panela" "forma casal e constrói ninho em águas tranquilas " (Flores,1980; Godinho et al. 2005) Seca/Enchente Enchente Enchente 5 DISCUSSÃO 5.1 Perfil dos pescadores entrevistados no Complexo do Lago Grande de Manacapuru No Complexo do Lago Grande de Manacapuru, as comunidades ribeirinhas exercem a pesca e a agricultura familiar, não diferente daquelas que habitam as margens dos rios e lagos da Amazônia. Nessas áreas as comunidades encontram na mão-de-obra familiar a principal unidade de produção do campo, como PEREIRA (1999), FRAXE (2000), CASTRO et al. (2007) afirmam. Em geral os pescadores e suas famílias concentram maior empenho na agricultura, para obterem mais lucro com a venda do excedente agrícola, não atribuindo à pesca maior valor como 44 atividade comercial, embora todos pesquem no seu dia-a-dia para a alimentação. Mas, alguns entrevistados vivem da pesca comercial, pescando no período de maior produção pesqueira (no pico da cheia – maio; e no final da vazante - outubro) no lago Grande (ou Cabaliana) para a captura de peixes migradores, curimatã e branquinha. Outros pescadores deslocam-se até às margens do rio Solimões onde capturam grandes bagres como a piramutaba. Nos demais meses, com a diminuição da pesca comercial, a mão de obra da pesca comercial passa a ser empregada na agricultura familiar e aqueles que possuem registro ou carteira profissional de pescador recebem, para período de defeso, o auxílio-defeso, pago com atraso, segundo os pescadores registrados na colônia de pescadores do município de Manacapuru (Z-9). Nas comunidades onde o estudo foi realizado, quase todos os pescadores nasceram no estado do Amazonas e todos foram criados em áreas de várzea. Essa procedência pode ser refletida na sua atividade pesqueira, uma vez que os pescadores conhecem profundamente a dinâmica das áreas alagadas, tornando assim uma importante fonte de informações ecológicas. CARVALHO (2002) relata que o acúmulo de conhecimentos é resultante do uso quase diário de recursos naturais que geralmente é qualitativo. DIEGUES (1999) também afirmar que o maior conhecimento sobre o ambiente propicia um uso equilibrado dos recursos naturais. Esse equilíbrio é alcançado na escolha adequada do local de pesca, do peixe a ser capturado e do apetrecho usado para capturar esse peixe. 5.2 Conhecimento científico e tradicional sobre a composição taxonômica dos peixes no Complexo do Lago Grande de Manacapuru Os pescadores pertencentes às seis comunidades do Complexo do lago Grande de Manacapuru demonstraram ter grande conhecimento sobre a composição da ictiofauna local. Dos quarenta grupos de peixes descritos pelos pescadores, todos tiveram sua presença confirmada na 45 pesca experimental. Entre os grupos de peixes mais citados nas capturas dos entrevistados, estão aqueles de maior valor comercial como o tucunaré, tambaqui e curimatã. O grupo taxonômico Cará foi o que apresentou maior número de etno-espécies identificadas pelos pescadores, 10 no total. Esse elevado número de informações para um grupo taxonômico está relacionado à percepção das diferentes características morfológicas dos táxons. COSTA-NETO et al. (2002) já haviam relatado que o conhecimento por parte dos pescadores da cidade da Barra, Bahia, é detalhado para a identificação dos peixes, usando critérios de sequencialidades como tamanho e morfologia. Não diferente, os pescadores das comunidades do Complexo Lago Grande, mostraram ter vasto conhecimento a respeito da ictiofauna local, descrevendo detalhadamente várias espécies dos lagos. Informações de GONÇALVES & BATISTA (2008) dão conta de que dentre os peixes desembarcados no município de Manacapuru nos anos de 2001 e 2002, curimatã (Prochilodus nigricans), e tambaqui (Colossoma macropomum), estão entre os mais pescados. BATISTA (2004) com dados de desembarque do triênio 94-96 para o mesmo município de Manacapuru, registrou que a produção pesqueira apresentou predomínio de jaraquis (37,2%), pacus (11,9%) e curimatã (8,4%) sendo que o maior período para essa produção foi no mês de maio (cheia) com declínio acentuado para o mês de junho. Outros peixes como cará, matrinxã, pacu, pirapitinga, pirarara e sardinha são espécies de baixo valor comercial, mas muito apreciados pela população local. A preferência por peixes de maior aceitação comercial está muitas vezes relacionada com a abundância da espécie no local onde é feita a pescaria. O que não é diferente do que foi registrado por BATISTELLA et al. (2005), na comunidade do lago Janauacá, Amazonas. Grande parte da pesca praticada pelos entrevistados no Complexo Lago Grande de Manacapuru é de subsistência, com venda de pescado quando há excedente na captura, principalmente no período de águas baixas. Esses pescadores são usualmente classificados como pescador-lavrador ou polivalente (PETRERE, 46 1992; FURTADO, 1993), pois a pesca é praticada diariamente, independente do período do ano, para obtenção de alimento. No entanto, a fonte alimentar é complementada com o produto da agricultura familiar que tem seu excedente voltado para a comercialização (PETRERE, 1992; FURTADO, 1993). BATISTELLA et al., 2005 afirmam que o pescador não sente a necessidade de buscar outros “tipos” de peixes, quando se tem uma elevada biomassa de espécies com menor valor econômico, pois são consumidas de forma igual àquelas comercialmente mais importantes. Para as comunidades do complexo lago Grande, a pesca, a pesca de subsistência, conforme o esperado é exercida durante todo o ano sobre aquelas de maior valor comercial. GARCEZ & SÁNCHEZ-BOTERO (2006) afirmaram que por serem os povos ribeirinhos diretamente dependentes dos recursos naturais, são profundamente conhecedores da dinâmica da ictiofauna local. Isso na visão de CARVALHO (2002) lhes permite direcionar a pesca a um produto mais qualitativo, que para as comunidades do Complexo do Lago Grande de Manacapuru, se reflete na pesca pelo tucunaré. Esse é o peixe de maior preferência na hora da pesca tanto para alimentação quanto para a comercialização e que segundo SOUZA (2004), faz parte das cinco espécies comerciais mais capturadas em lagos. No entanto, outras dez espécies foram muito citadas como capturadas pelos entrevistados, sendo 6 são consideradas sedentárias (tucunaré, piranha-caju, bodó, acará-açú, aruanã e acará) e quatro migradoras (tambaqui, curimatã, pacu e branquinha). No período de alagação, as espécies migradoras, formadoras de cardumes como tambaqui, curimatã, sardinhas, branquinhas, são muito capturadas em todo o complexo do lago Grande. As espécies sedentárias (residentes) que permanecem nos sistema realizam somente movimentos de curta distância, em geral relacionados com a flutuação do nível da águas, sendo em sua maioria, capturadas no período de águas baixas por se concentrarem em lagos que formam “poços”. 47 5.3 Locais de pesca e apetrechos utilizados pelos pescadores no Complexo do Lago Grande de Manacapuru Estudos sobre locais de pesca na Amazônia são ainda restritos às descrições dos principais biótopos aquáticos habitados pela ictiofauna como o leito de grandes rios, lagos, igarapés, vegetação flutuante, corredeiras, igapós (SANTOS & FERREIRA, 1999). Mas, uma caracterização detalhada de ambientes de pesca foi feita por Braga (2001) que menciona nas proximidades dos municípios de Manacapuru e Iranduba locais específicos no “meio do rio”, beiradões, paranás e lagos como locais para a pesca de grandes bagres. Como exemplo de locais e ambientes de pesca conhecidos para peixes sedentários de importância comercial, RABELO & ARAÚJO (2002) com auxílio e recomendações de pescadores profissionais capturaram tucunarés às margens de lagos, em áreas rasas, livres de troncos e galhos de árvores submersos e na pesca à noite, e ainda seguindo as recomendações, utilizaram arpão e rede de arrasto. MOTA & RUFFINO (1997) relataram que das curimatãs desembarcadas nos portos do Baixo Amazonas cerca 53% foram capturadas em lagos, 41% em rios e apenas 3% em outros ambientes, como igarapés, enseadas, furos e praias. A pesca de subsistência realizada nos igarapés que circundam o Lago Grande é feita nas bocas/ou entradas no momento em que os peixes migradores entram no sistema. Nesse local a pesca é feita às margens da floresta alagada com o uso de malhadeira ou tramalha que tem seletividade quanto ao tamanho, capturando peixes maiores e em consideráveis quantidades como o tambaqui, pacu e acará-açú, que encontram diversos tipos de sementes e insetos para comer nesse ambiente. Uma pesca relatada pelos pescadores é a do cubiu que acontece nos paranás do lago Grande, sobretudo no Paraná do Anamã, no período de enchente e cheia. É quando o peixe está saindo Paraná do Anamã em direção ao lago Grande. E, nesse local é grande o numero de pescadores 48 profissionais de outras localidades como Manaus, Careiro, Itacoatiara e até mesmo de outros estados como o Pará. Nos lagos Jaitêua e São Lourenço, ainda no período de águas altas, os pescadores entrevistados citam vários locais apropriados à pesca. Entre os mais procurados estão o meio do lago ou “meião” e a boca do lago onde passam os peixes migradores como curimatã, branquinha, tambaqui e sardinha. Esses peixes são capturados para a comercialização com malhadeiras de tamanho específico e tramalha, que visam a captura quantitativamente. Nas margens do lago a captura é feita com caniço, espinhel e anzol, linha de mão e apetrechos mais seletivos como o arpão e até mesmo arco e flecha. Esses apetrechos são mais seletivos e seu está restrito à pesca de subsistência. O uso direcionado de apetrechos como o caniço, espinhel e o anzol com linha, são voltados para peixes de maior tamanho ou quando os pescadores querem diversificar o tipo de peixe. Esses apetrechos são usados mais na parte mais densa da floresta alagados igarapés Cedro, Grande e Peraço, em meio a árvores em frutificação e visam peixes como o tambaqui de maior tamanho, tucunaré e aruanã. A sazonalidade traz o baixo nível das águas dos rios Solimões e Manacapuru que formam lagos permanentes no complexo do lago Grande. Nessa época muitos peixes ficam presos nos poços d’água como o Poço do Chatu e Cumaru, ou ficam na parte central do lago Grande (ou lago Cabaliana) ou ainda nos canais mais profundos como o Paraná do Anamã, igarapés Grande e Cajazeira e o lago Jaitêua. Para suprir a necessidade de alimento, o pescador se dispõe a ir a lugares mais distantes e passar mais tempo pescando. Nesses locais o acesso é difícil, o deslocamento a remo pode durar até um dia inteiro, com três dias de pesca. Mas, no complexo ainda podem ser capturados no lago Jaitêua peixes como piranhas, tambaqui/ruelo, branquinha e sardinha; e no lago São Lourenço 49 piranha, branquinha e cubiu onde a pesca é realizada com malhadeira e tramalha. Isso reduz o esforço de pesca para os pescadores que usam apetrechos mais seletivos, otimizando a captura para a alimentação e comercialização. O conhecimento dos pescadores sobre a dinâmica do ambiente é grande. Ao utilizar os utensílios de pesca mais adequados à necessidade, seja ela quantitativa ou qualitativa; ao escolher os melhores locais para a pesca nos diferentes níveis das águas ou ao saber o tamanho dos peixes ao longo do ano (Figura 10), os pescadores mostram conhecer não apenas sobre peixes, mas também sobre toda a dinâmica na qual a pesca está envolvida. Figura 10: Calendário de pesca local relacionando período, espécies de peixes, apetrechos e locais de pesca das comunidades do complexo do Lago Grande de Manacapuru. 50 No complexo do Lago Grande de Manacapuru com seus lagos, paranás, igarapés, furos, poços e grande área de floresta alagada que circunda todo o complexo, sua área é bem conhecida pelos pescadores incluindo as regiões que ficam alagadas ou não ao longo do ciclo hidrológico. Esse conhecimento leva ao uso alternado de locais de pesca o que é fundamental para uma boa pescaria. E, conhecer bem os ecossistemas locais, assim como os fatores ambientais que influenciam a distribuição e abundância dos recursos, é fundamental na definição das estratégias de pesca, caça e coleta que implicam escalas (temporais e espaciais) e tipos de apetrechos (MOURA & MARQUES, 2007). 5.4 Conhecimento científico e tradicional sobre a composição da dieta da ictiofauna no Complexo do Lago Grande de Manacapuru Qualitativamente as informações dos pescadores convergem para a síntese do conhecimento científico com descrição dos itens alimentares mais importantes a cada espécie de peixe. O conhecimento a respeito da alimentação de peixes por parte dos pescadores entrevistados é mais restrito às espécies que tenham alto valor comercial e de grande porte. Esse conhecimento é adquirido por meio de observações durante as pescarias ou são informados pelos pais e avós. Espécies que foram identificadas no estudo como altamente carnívoras, como o tucunaré, ratificando o estudo de RABELO & ARAÚJO-LIMA (2002) e a piranha, por MÉRONA & RANKIN-DE-MÉRONA (2004), na visão da maioria dos pescadores se alimentam de peixes completando suas dietas com camarões e insetos quando há escassez do item principal. Outras que podem ser classificadas como onívoras com tendência à herbivoria, tais como o tambaqui, a pirapitinga, a matrinxã e pacu se alimentam, na visão dos pescadores, de vários tipos de frutos e sementes durante as águas altas complementando a dieta com pequenos artrópodes e decápodes no período de águas baixas. Esses resultados corroboram aqueles relatados para outros lagos de várzea da Amazônia (GOULDING, 1980; SILVA et al., 2000; VÁSQUEZ-TORRES et al., 2002; 51 FRASCÁ-SCORVO et al., 2001; CLARO-JR et al., 2004). Espécies onívoras como a aruanã (CHAVES et al 2006) e o acará-açú (WINNEMILLER, 1990), têm vários alimentos citados para os dois períodos analisados com abundância e freqüência variando conforme a disponibilidade no ambiente. A curimatã, detritívora, teve sua alimentação caracterizada por lodo/limo, além de lama o que não difere dos resultados relatado na literatura que caracteriza seu hábito alimentar (SANTOS et al. 1984; MÉRONA & RANKIN-DE-MÉRONA 2004). A não similaridade entre as informações, conhecimento dos pescadores e científico no que se refere à dieta dos peixes, tem suas justificativas. O conhecimento dos pescadores vem com o acúmulo de informações obtidas não só através de conversas, mas principalmente através da observação diária da dinâmica do ambiente em que vivem. Dessa forma, comparar as informações entre o etnoconhecimento e o conhecimento científico não significa que o um ou outro possa estar errado, uma vez que a visão espaço/temporal do ambiente é diferente. Os pescadores têm uma visão muito ampla do lago, pois conhecem profundamente o sistema e suas variações. Por outro lado, a identificação dos itens alimentares por meio de análises do conteúdo estomacal é pontual, uma vez o material analisado foi coletado em determinado sítio amostral e em tempo específico. Mas, nesse primeiro momento pode-se sugerir que o conhecimento dos entrevistados acerca da dieta dos peixes é detalhado e compatível com os resultados das análises em laboratório. Isso aponta similaridades dentre as informações do conhecimento dos pescadores e do científico, para os peixes de maior importância para os comunitários nos lagos do complexo lago Grande de Manacapuru. 52 5.5 Período e locais de reprodução de peixes citados pelos pescadores no complexo lago Grande Manacapuru A percepção dos pescadores quanto aos aspectos reprodutivos dos peixes é muito rica uma vez que ao a alagação da floresta às margens do complexo do lago Grande e dentro dele, promove a dispersão dos peixes que segundo os pescadores, vão para as bocas dos igarapés e entradas dos paranás para iniciarem o período reprodutivo. O fato é confirmado por SANTOS & SANTOS (2005) que alegaram ser no período de enchente quando as espécies migradoras da Amazônia percorrem até a entrada dos igarapés para iniciar a ovulação que se finda no período de cheia. Da mesma forma, GOULDING (1980), RIBEIRO (1983) e COX-FERNANDES (1988) citam a enchente como período de desova para curimatã que segundo GOULDING (1979) costuma desovar na desembocadura dos rios. No que se refere às espécies sedentárias, o período de desova é variável. Na visão dos pescadores o tucunaré desova no período de seca em cima de “paus” ou nas “galhadas” que ficam na floresta alagada não diferente do que foi relatado por OLIVEIRA-JÚNIOR (1998) que afirma ser nos igarapés o local de desova do tucunaré. FONTENELE (1950) detalha o período de desova como sendo durante todo o ano, especificamente nos meses de dezembro a abril e também afirma que o peixe prefere construir ninhos em troncos secos, na floresta alagada ou em igarapés, para por seus ovos. Os pescadores relataram que o acará-açú desova em “paus”, “raízes”, “buracos” ou “folhas” nos igarapés no período de enchente o que confirma o estudo de (FONTENELE, 1951) que alega ser em troncos secos e/ou raízes em igarapés e beiradões onde o acará-açú desova e apóiam (SANTOS et al 2004) que relata ser nos meses de dezembro a Julho (enchente-cheia) o período de desova. 53 O bodó é muito conhecido pelos pescadores por fazer buracos ou “panelas” no fundo dos lagos ou nos beiradões para por seus ovos o que confirma o relato de NEVES & RUFFINO (1998). Os pescadores também afirmam que este peixe desova no período de seca/enchente, fato confirmado FERREIRA (1998) que cita a seca como principal período de desova deste peixe. O peixe que mais chama a atenção dos pescadores quanto à reprodução é o pirarucu. Segundo os pescadores ele desova na enchente, confirmando o que GODINHO e colaboradores (2005) citaram que o seu período de desova vai do final da seca até início da enchente. Os entrevistados também citaram que o pirarucu “faz uma panela” em igarapés ou na floresta onde guarda seus filhotes o que também condiz com GODINHO et al.(2005). As espécies sedentárias do complexo do lago Grande, que tem maior valor comercial, têm os aspectos reprodutivos mais conhecidos pelos pescadores por serem mais procuradas. Além disso, suas táticas e período de desova, bem como o cuidado parental despertam á atenção do pescador, sendo mais visíveis do que migradoras que saem do sistema. As características biológicas reprodutivas das espécies sedentárias são conhecidas pelos pescadores que relatam detalhadamente esse conhecimento que é condizente com o conhecimento científico. CONCLUSÕES • Os pescadores entrevistados no Complexo do Lago Grande de Manacapuru praticam a pesca de subsistência e a pesca comercial, sendo esta última praticada por um conjunto menor de pescadores que são mais atuantes no período de enchente quando capturam peixes migratórios. • Os pescadores entrevistados no Complexo do Lago Grande de Manacapuru encontram na agricultura familiar uma fonte de alimentação e uma fonte auxiliar de renda. 54 • Os pescadores do Complexo do Lago Grande de Manacapuru conhecem inúmeros locais de pesca utilizando com maior freqüência onze deles. Entre esses locais de pesca que possuem uma variação sazonal de uso ao longo do ano, o Paraná do Anamã é o mais procurado no período das águas baixas. • Onze apetrechos de pesca foram citados pelos pescadores, sendo a malhadeira o apetrecho mais usado em todos os períodos do ano e em diferentes ambientes do no Complexo do Lago Grande de Manacapuru. • Os pescadores do Complexo do Lago Grande de Manacapuru conhecem e detalham a alimentação do tucunaré, tambaqui, curimatã, piranha-caju, pirapitinga, pacu, matrinxã, aruanã, acará-açú, e branquinha. Sabem ainda a variação dessa alimentação ao longo do ano, citando os itens alimentares consumidos por esses peixes no período de águas altas e no período de águas baixas. • Ao comparar as informações, da composição da dieta dos peixes relatados pelos pescadores com as científicas geradas no próprio lago é possível visualizar o grande conhecimento espaço/temporal dos pescadores e seu entendimento sobre as variações de disponibilidades de alimentos no sistema, enquanto que aquelas oriundas das análises estomacais são pontuais, uma vez se referem à coleta de peixes em determinado sítio amostral e em tempo específico que não equivale ao período de acúmulo de informações pelos pescadores. • Os pescadores do Complexo do Lago Grande de Manacapuru conhecem os locais e o período de reprodução do tucunaré, acará-açú, bodó, curimatã e pirarucu e são condizentes com a literatura específica. 55 • O conhecimento tradicional demonstrado pelos pescadores sobre a bioecologia dos peixes e os seus locais de pesca é de grande importância para a conservação do Complexo do Lago Grande de Manacapuru. Essas informações farão parte de um banco de dados a ser utilizado no possível manejo dos recursos pesqueiros da região do Complexo do Lago Grande de Manacapuru. 56 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMOROZO, M.C.M. Uso e diversidade de plantas medicinais em Santo Antônio do Leverger, MT, Brasil. Acta Botânica Brasilica, São Paulo, n.16, v.2, 2002, p. 189-203. BABBIE, E. Métodos de Pesquisa de Survey. Belo Horizonte: UFMG, 2003, 509 p. BAYLEY, P.B; PETRERE, M. Jr. Amazon fisheries: Assessment methods, current status, and management options. In: DODGE, D.P. (ed.). Proceedings of the International Large River Symposium. Canadian Special Publication of Fisheries and Aquatic Sciences 106, 1989, p. 385-398. BARTHEM, R. A pesca comercial no médio Solimões e sua interação com a Reserva Mamirauá. In: QUEIROZ, H. L; CRAMPTON, W. G. R. (eds). Estratégias para manejo de recursos pesqueiros em Mamirauá. Brasília: Sociedade Civil Mamirauá/MCT-CNPq, 1999, p.72-107. BARROS, J. F; RIBEIRO, M. O. A. 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SILVA, M. da C; OLIVEIRA, A. S.; NUNES, G. Q. Caracterização socioeconômica da pesca artesanal no município de Conceição do Araguaia, Estado do Pará. Revista Amazônia Ciência e Desenvolvimento, Belém, v. 2, n. 4, p.37-51. 2007. SILVANO, ; BEGOSSI, A. Seasonal dynamics of fishery at the Piracicaba River (Brazil).Fisheries Research, Amsterdã, n. 51, p. 69-86. 2001. SMITH, N.J. A pesca no Rio Amazonas. Manaus: INPA, 1979,154 pp. SOARES, M. G. M.; ALMEIDA, R. G.; JUNK, W. J. The trophic status of the fish fauna in Lago Camaleão, a macrophyte dominated floodplain lake in the middle Amazon. Amazoniana, Manaus, v. 9, n.4, p.511-526. 1986. SOUZA, M.R.; BARRELLA,W. Conhecimento popular sobre peixes numa comunidade caiçara da Estação Ecológica de Juréia- Itatins/ SP. Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, v.27, n.2, p.123 - 130. 2001. THÉ, A.P.G. Conhecimento ecológico, regras de uso e manejo local dos recursos naturais na pesca do alto- médio são Francisco. 2004, 197p. Tese de doutorado (Ecologia e recursos naturais)Curso de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. 66 VÁSQUEZ-TORRES W.; PEREIRA FILHO, M.; ARIAS-CASTELLANOS, J.A. Estudos para Composição de uma Dieta Referência Semipurificada para Avaliação de Exigências Nutricionais em Juvenis de Pirapitinga, Piaractus brachypomus (Cuvier, 1818). R. Bras. Zootec., v.31, n.1, p.283-292, 2002 (suplemento) WINEMILLER, K. O. Caudal eye spots as deterrents against fin predation in the neotropical cichlid Astronotus ocellatus. Copeia, Lawrence, v.3, p. 665-673, 1990. 67 Anexo I Questionário aplicado em Pré-teste PROTOCOLO NO.................. Entrevistador:________________________________________________________________ Comunidade:________________________________________________________________ Data da visita:________________________ 1. DADOS PESSOAIS 1.1.Nome do entrevistado: ________________________________________Idade________ 1.2. No de pessoas da família: __________________________________________________ 1.3.Há quanto tempo mora aqui na localidade?_____________________________________ Na Casa Homem Mulher Fora Homem Mulher Agregado Homem Mulher No de pessoas na família No de filhos > 8 anos No de filhos < 8 anos 1.4. Existem famílias que vivem na margem do lago? ( ) Sim ( ) Não Quantas?___________________________ Se a resposta for positiva, quais os motivos ou necessidades? ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 68 2. ATIVIDADE PESQUEIRA 2.1. Quantas pessoas trabalham com a pesca em sua família? ___________________________________________________________________________ 2.2. Há quanto tempo o senhor (a) pesca? ___________________________________________________________________________ 2.3. Com quem o senhor (a) aprendeu a pescar? ___________________________________________________________________________ 2.4. O senhor (a) tem alguma carteira ou documento de pescador? ( ) Sim ( ) Não Qual?_______________________________ 2.5. O senhor (a) tem empregados que auxiliam na pesca? ( ) Sim ( ) Não Quantos?____________________________ Número Regime (sexo) Permanente Salário Temporário Permanente Temporário Nº de diárias no ano Masculino Feminino 2.6. O senhor (a) faz parte de alguma associação de pescadores? ( ) Sim ( ) Não Qual?_______________________________ 2.7. O senhor ou alguém de sua família já recebeu ou recebe salário, aposentadoria, diária, bolsa ou pensão? ( ) Sim ( ) Não Quantos ? _______________________________ Quem recebe Tipo de trabalho/renda Valor/Periodicidade 69 3. PESCA 3.1. Quais os apetrechos de pesca utilizados na captura dos peixes? ( ) arrastadeira ou rede grande ( ) currico ( ) malhadeira ou rede de espera ( ) linha de mão (linha e anzol) ( ) arrastão ou redinha ( ) caniço (linha com anzol e chumbo) ( ) tarrafa ( ) zagaia ( ) arpão ( ) flecha ( ) estiradeira ou espinhel ( ) outros:_________________________________ 3.2. O senhor (a) pode identificar os apetrechos de pesca utilizados para a captura de cada espécie de peixe? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________ 3.3 Que tipo de embarcação o senhor (a) utiliza para pescar? ( ) canoa a remo ( ) rabeta ( ) bote de alumínio motorizado outros_____________________________________ ( ) barco de pesca ( ) 3.4. Quanto tempo em média o senhor (a) passa pescando? ___________________________________________________________________________ 3.5. O senhor (a) utiliza caixas com gelo durante as pescarias? ( ) Sim ( ) Não Quantas?_____________________________ 3.6. Qual o destino do peixe capturado? ( ) venda ( ) consumo ( ) venda e consumo ( ) troca ( ) outros _______________________ 3.7. Quem compra o pescado? ( ) recreios ( ) regatão ( ) barcos de pesca ( ) feirantes ( ) outros____________________ 3.8. Tem alguma espécie de peixe que o senhor (a) pesca, mas não vende e nem consome? ( ) Sim ( ) Não Qual (s)?_______________________________ 3.9. Como o senhor conserva o peixe capturado? ( ) salga seca ( ) gelo ( ) freezer /geladeira ( ) outros_________________________________ 70 4. INTERAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE 4.1. Quais os locais no lago escolhidos para pescar? ________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 4.2. Quais são os cuidados que o senhor (a) toma durante a escolha do local para pescar? ________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 4.3. Quais as espécies de peixe mais capturadas? ( ) Acara-açú ( ) Cuiú-cuiú ( ) Mapará ( ) Pirarara ( ) Acarás ( ) Curimatã ( ) Matrinchã ( ) Pirarucu ( ) Acari ( ) Dourada ( ) Orana ( ) Raia ( ) Apapá ( ) Filhote ( ) Pacu ( ) Ruelo ( ) Aracu ( ) Jacundá ( ) Peixe-cachorro ( ) Sardinha ( ) Aruanã ( ) Jaraqui ( ) Pescada ( ) Surubim ( ) Bacu ( ) Jatuarana ( ) Piraíba ( ) Tambaqui ( ) Braquinha ( ) Macaco d’água ( ) Piramutaba ( ) Traíra ( ) Caparari ( ) Mandi ( ) Piranha ( ) Tucunaré ( ) Cubiu ( ) Mandubé ( ) Pirapitinga ( ) Outros Outras:_______________________________________________________________________ 4.4. Dentre estas, quais as espécies de peixe preferidas? Por quê? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ __________ 4.5. Existe alguma espécie de peixe que o senhor antigamente capturava no lago e que hoje não consegue mais capturar? ( ) Sim ( ) Não Qual (s)?_______________________________ 4.6. O senhor (a) acha que a quantidade de peixes está diminuindo? Por quê? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 71 4.7. O tamanho dos peixes capturados atualmente é menor ou maior do que o tamanho dos peixes capturados antigamente? Por quê? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 4.8. O senhor (a) conhece os locais onde os peixes se reproduzem? ( ) Sim ( ) Não 4.9. Como o senhor chama o local onde os peixes nascem? ________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 4.10. O senhor (a) pesca nestes locais? ( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes 4.11. Na época da reprodução dos peixes o senhor (a) pesca? Por quê? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 5. SAZONALIDADE 5.1. Existem famílias que migram (se deslocam) da comunidade para propriedades em terra-firme no período da enchente? ( ) Sim ( ) Não Quantas?___________________________ Se a resposta for positiva, quais os motivos ou necessidades? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 5.2. Qual a principal atividade dessas famílias? ( ) Agricultura ( ) Pesca Outras_____________________ ( ) Extrativismo ( ) Empregado ( 5.3. Qual a estrutura do transporte utilizado pelas famílias que migram durante a enchente? ( ) pequeno ( ) médio ( ) grande ( ) próprio ( ) recreio ( ) alugado ( ) outros____________________ ) 72 Anexo II Questionário Revisado BASES PARA A SUSTENTABILIDADE DA PESCA NA AMAZÔNIA Período: ___________ N.º _______ COLETOR: ________________________________________ DATA: ___/___/____ ___________ HORA: LOCALIDADE: _________________________ COMUNIDADE: __________________________________ MUNICÍPIO: _______ ___________________________________________________________ COORDENADAS: Latitude ______________________ ______________________ UF: Longitude 1 IDENTIFICAÇÃO NOME: _____________________________________________ F( ) IDADE: ___ SEXO: M ( ) Local de Nasc.: __________________________________ Município: _________________ UF: ______ Local da última moradia (localidade/município): ____________________________________________ Estado Civil: solteiro ( ) ) casado ( ) união consensual ( ) viúvo ( ) separado ( Grau de escolaridade: Nunca estudou ( ) não lê e não assina o nome ( ) só assina o nome ( ) 1a a 4a série ( ) 5a a 8a série ( ) Ensino Médio completo ( ) Ensino Médio incompleto ( ) Outros:_________________________________________________________________________ 2 FAMÍLIA Você tem filhos? ( ___________ ) SIM ( ) NÃO QUANTOS: ________ Quantas pessoas moram na casa? 73 Identificação dos membros da família Nome Parentesco Idade Sexo Atividades Para onde o senhor se desloca na época da cheia? ______________________________________ ________________________________________________________________________________ 3 ETNOCONHECIMENTO O Sr. se considera o que? ) Agricultor ( ) Pescador-agricultor ( Outros ( ) ___________________________________________ ) O Sr. pesca? SIM ( ) NÃO ( ) Pescador ( ) Caçador ( ) Criador ( Há quanto tempo? _______________________ Quais os apetrechos que o senhor mais utiliza para pescar? [hierarquizar] Malhadeira ( ) Linha de mão (linha e anzol) ( ) Tramalha ( ) Zagaia ( ) Arrastadeira ou rede ( ) Tarrafa ( ) Caniço ( ) Arrastão ou redinha ( ) Arpão ( ) Estiradeira (espinhel) ( ) Currico ( ) Arco e flecha ( ) Outros ( ) _____________________________________ O senhor faz algum apetrecho de pesca? SIM ( ) NÃO ( ) Quais? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 74 O senhor compra apetrechos de pesca? SIM ( ) NÃO ( ) Quais são: ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ Como o senhor conserva o pescado para comer? [hierarquizar] No gelo ( ) salga ( ) _______________________________________________________ Outros ( ): ________________________________________________________________________________ Como o senhor conserva o pescado para vender? No gelo ( ) salga ( ) Outros ( ): ______________________________________________________ Há estrago de pescado? SIM ( ) NÃO ( ) Porquê? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ Houve uma diminuição da quantidade de peixes nos locais de pesca? SIM ( ) NÃO ( ) Por quê? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ Quais foram os peixes que mais diminuíram na localidade? [hierarquizar] ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ Quais são os peixes que o senhor e sua família não gostam de comer? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ O senhor costuma pescar com seus filhos? SIM ( ) NÃO ( ) Qual o melhor período do ano para pescar? Enchente ( ) cheia ( ) vazante ( ) seca ( ) Por quê: ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ Qual o pior período do ano para pescar? Enchente ( ) cheia ( ) vazante ( ) seca ( ) Por quê: ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ Quais são os melhores horários para pescar? Manhã ( ) Tarde ( ) Noite ( ) Quais são os piores horários para pescar? ) Tarde ( ) Noite ( ) Manhã ( Especificar horário: ________________________________________________________________________________ 75 Qual o tipo de isca que o senhor usa para pescar? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ O que os peixes costumam comer? Tipo de Alimentos [hierarquizar] Espécies de Peixe Enchente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Cheia Vazante Seca 76 Caracterização da pesca local - Quais os locais de pesca em que o senhor costuma pescar? CHEIA ENCHENTE Tempo de Horário Locais de pesca Tempo Espécies Tipos de deslocamento (melhor horário Apetrecho Período hidrológico (ambientes e nomes) transporte de pesca capturadas para pescar) (ir e voltar) 77 SECA VAZANTE Tempo de Horário Locais de pesca Tipos de Tempo Espécies deslocamento (melhor horário Período hidrológico Apetrecho (ambientes e nomes) transporte de pesca capturadas (ir e voltar) para pescar) 78 O senhor pesca em locais muito distantes? ( ) SIM ( ) NÃO Especificar: ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ Por quê? ________________________________________________________________________________ 5 ETNOCONSERVAÇÃO E GESTÃO DOS RECURSOS PESQUEIROS Tem alguma época em que o senhor deixa de pescar para vender? SIM ( ) NÃO ( ) Qual? _________________________ Por quê?____________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ O senhor sabe quando os peixes estão desovando? Tipos de peixe Lugar onde desova Época (Ambiente/Nome) 1 Enchente Cheia 2 3 4 5 6 7 Na sua comunidade existe algum acordo para cuidar ou guardar os peixes? SIM ( ) NÃO ( ) Há quanto tempo existe este acordo? _________________ O senhor teve conhecimento da discussão e criação do acordo? SIM ( ) NÃO ( ) Por quê a comunidade criou este acordo? ________________________________________________________________________________ 79 O senhor sabe como ocorreu a criação desse acordo? SIM ( ) O senhor participou da criação do acordo? SIM ( ) NÃO ( ) O senhor sabe o que diz esse acordo? SIM ( ) NÃO ( ) NÃO ( ) Nesse acordo, o senhor é responsável em cuidar de algum local de pesca? SIM ( ) NÃO ( ) Como o senhor faz isso? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ O senhor concorda com esse acordo? SIM ( ) NÃO ( ) Por quê? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ Quais são os locais protegidos pelo acordo de pesca (Ambiente/Nome)? ________________________________________________________________________________ _____________________________________ É permitido pescar nos lugares protegidos pelo acordo? SIM ( ) NÃO ( ) Quem pode pescar nesses lugares? ___________________________________________________. A pesca é para comer ou para vender? _________________________________________________ Quanto pode ser pescado? (quantificar e observar a unidade - caixa, kg, t) ________________________________________________________________________________ Que tipo de apetrecho podem ser usados para pescar nesses lugares? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ Existem locais destinados (Ambientes/Nomes), somente para a pesca comercial da comunidade? SIM ( ) NÃO ( ) Quais são? ______________________________________________________________________________ Existem locais destinados (Ambientes/Nomes), somente para a pesca de subsistência? SIM ( ) NÃO ( ) Quais são? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ Existem locais (Ambientes/Nomes) onde as pessoas não podem pescar? (procriação de peixes) SIM ( ) NÃO ( ) Quais são? ________________________________________________________________________________ Quais são os lugares (Ambientes/Nomes) onde os pescadores de “fora” podem pescar? 80 Por quê? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ Quais são os lugares (Ambientes/Nomes) onde os pescadores de “fora” não podem pescar? Por quê? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ O senhor acha que o acordo de pesca diminuiu os conflitos? SIM ( ) NÃO ( ) O senhor acredita que após o acordo houve um aumento do pescado? SIM ( ) NÃO ( ) 6 MODALIDADES DE PESCA O Sr. pesca mais para? venda ( ) consumo ( ) Por quê?____________________________________________________________________________ A maioria dos moradores pesca para vender? SIM ( ) NÃO ( ) 81 Pesca de Subsistência e Comercial Há quanto tempo pratica Quantas Vezes por semana pratica a pesca (dia/mês)? a pesca? Subsistência Comercial Nome do Subsistência Comercial Pescador Ench Cheia Vaz Seca Enc Cheia Vaz Observações: Total de Embarcação por Família Barco Tipo de Embarcação Seca 82 O Sr. trabalha em outro tipo de atividade? SIM ( ) NÃO ( ) O que o Sr. Planta? Subsistência Comercial (produtos mais significativos Renda / safra (referência unidade) TERRA Agricultura □ Que animais o Sr. cria? Subsistência FLORESTA Criação de Animais □ Comercial (referência unidade) Madeireiro □ Subsistência□ Comercial □ Renda Não-Madeireiro □ Subsistência□ Comercial □ Renda Subsistência□ Comercial □ Renda Pesca □ Subsistência□ Comercial □ Renda Caça □ Subsistência□ Comercial □ Renda Extrativismo Vegetal Extrativismo Caça □ animal ÁGUA Renda Extrativismo animal 83 O senhor ou alguém da sua família ganha algum tipo de benefício? Quem? Qual benefício? Valor mensal (R$) (aposentadoria, salário pesca, bolsa escola, bolsa família e outros) O Sr. usa caixa de isopor na pescaria? SIM ( ) NÃO ( ) E o gelo, onde o Sr. consegue (identificar os fornecedores)? ________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ Existe algum tipo de peixe considerado venda certa [mais fácil de vender]? Sim ( ) Não ( ) Quais? Por quê ? 84 _______________________________________________________________________________________ Espécies de Peixe Época Lugar de Pesca (Enchente, Cheia, (Ambiente/Nome) Vazante e Seca) Onde Vende? Quant. Para Quem? (Kg) Valor R$ (Kg ou unidade) 85 Ordem Characiformes Família Acestrorhynchidae Acestrorhynchus falcatus Acestrorhynchus falcirostris Acestrorhynchus microlepis Família Anostomidae Anostomidae sp. Anostomoides sp. Laemolyta proxima Laemolyta taeniata Leporinus fasciatus Leporinus friderici Leporinus trifasciatus Rhytiodus argenteofuscus Rhytiodus microlepis Schizodon fasciatum Schizodon vittatum Família Characidae Brycon amazonicus Brycon melanopterus Bryconops alburnoides Catoprion mento Chalceus erythrurus Chalceus sp. Colossoma macropomum Metynis lippicanttianus Metynis sp. Metynnis argenteus Metynnis hypsauchen Moenkhausia lepidura Moenkhausia sp. Myleus torquatus Mylossoma aureum Mylossoma duriventre Piaractus brachypomus Pristobrycon striolatus Pygocentrus nattereri Roeboides myersii Serrasalmus altispinis Serrasalmus altuvei Serrasalmus calmoni Serrasalmus eigenmanni Anexo III Família Characidae (cont.) Serrasalmus elongatus Serrasalmus rhombeus Serrasalmus serrulatus Serrasalmus sp. Serrasalmus spilopleura Tetragonopterus argenteus Triportheus albus Triportheus angulatus Triportheus auritus Família Ctenoluciidae Boulengerella ocellata Bourengerella maculata Família Curimatidae Curimata amazonica Curimata inornata Curimata reticulata Curimata sp. Curimata vittata Curimatella meyeri Curimatella sp. Cyphocharax notatus Potamorhina altamazonica Potamorhina latior Psectrogaster amazonica Psectrogaster rutiloides Steindachnerina bimaculata Steindachnerina sp. Família Hemiodontidae Anodus elongatus Anodus orinocensis Hemiodus cf atranalis Hemiodus gracilis Hemiodus imaculatus Hemiodus microlepis Hemiodus sp. Hemiodus unimaculatus Família Prochilodontidae Prochilodus nigricans Semaprochilodus insignis Semaprochilodus taeniurus Ordem Clupeiformes Família Engraulidae Anchovia surinamensis Lycengraulis batesii Lycengraulis sp. Família Pristigasteridae Ilisha amazonica Pellona castelnaeana Pellona flavipinnis Pimelodus blochii Ordem Gymnotiformes Família Apteronotidae Apteronotus sp1 Apteronotus sp2 Parapteronotus eigenmania Família Cynodontidae Cynodon gibbus Hydrolycus scomberoides Hydrolycus sp. Rhaphiodon vulpinus Família Gymnotidae Sternopygus macrurus Família Erytrynidae Hoplerytrimus unitaeniatus Hoplias malabaricus Família Ramphichthyidae Rhamphichthys marmoratus Rhamphichthys rostratus Família Gasteropelecidae Gasteropelecus maculatus Ordem Osteoglossiformes Família Osteoglossidae Osteoglossum bicirrhosum 86 Ordem Perciformes Família Cichlidae Acarichthys heckellii Acaronia nassa Aequidens tetramerus Astronotus crassipinis Astronotus ocellatus Chaetobranchopsis orbicularis Chaetobranchus flavescens Chaetobranchus semifasciatus Cichla monoculus Cichla sp. Cichla temensis Cichlasoma amazonarum Cichlidae Crenicichla sp.1 Crenicichla sp.2 Geophagus altifrons Geophagus proximus Geophagus sp. Geophagus surinamensis Heros efasciatus Heros severus Heros sp. Mesonauta insignis Pterophyllum scalare Satanoperca acuticeps Satanoperca jurupari Satanoperca sp. Symphyzodon aequifasciatus Uaru amphiacanthoides Família Sciaenidae Pachypops fourcroi Plagioscion auratus Plagioscion montei Plagioscion squamosissimus Plagioscion surinamensis Ordem Pleuronectiformes Família Achiridae Hypoclinemus mentalis Ordem Siluriformes Família Auchenipteridae Ageneiosus dentatus Ageneiosus inermis Ageneiosus sp. "wash" Ageneiosus ucayalensis Auchenipterichthys thoracatus Auchenipterus longimanus Auchenipterus nuchalis Centromochlus heckelii Tatia aulopigia Tatia sp. Trachelyopterus galeatus Família Callichthyidae Callichthys callichthys Hoplosternum littorale Família Cetopsidae Cetopis coecutiens Família Doradidae Amblydoras hanckocki Amblydoras sp. Anadoras sp. Doradidae sp.1 Doradidae sp2. Doras sp. Lepidoras sp. Megalodoras sp. Megalodoras uranoscopus Oxydoras niger Platydoras costatus Pterodoras granulosus Pterodoras sp. Scorpydoras sp. Família Loricariidae Acanthicus hystrix Ancistrus hoplogenys Dekeyseria amazonica Hypoptopoma gulare Hypostomus plecostomus Família Loricariidae (cont.) Hypostomus sp. Limatulichthys griseus Limatulichthys punctata Liposarcus pardalis Loricaria cataphracta Loricariichthys nudirostris Loricariichthys sp. Loricariidae sp. Peckoltia sp. 1 Peckoltia sp. 2 Peckoltia sp. 3 Pterigoplichthys pardalis Pterigoplichthys sp. Família Pimelodidae Brachyplatystoma filamentosum Brachyplatystoma flavicans Calophysus macropterus Hypophthalmus edentatus Hypophthalmus fimbriatus Hypophthalmus marginatus Pimelodina flavipinnis Pimelodus blochii Pimelodus sp. Pinirampus pirinampu Platynematichthys notatus Pseudoplatystoma fasciatum Pseudoplatystoma tigrinum Pyseudoplatystoma fasciatum Sorubim lima Zungarum zungarum