O CLUBE DOS LEGAIS

Transcrição

O CLUBE DOS LEGAIS
O CLUBE DOS LEGAIS
de Emílio Carlos
Na escola da mata os bichos
estudam
logo
cedo.
E
aprendem
muitas
coisas
importantes, que precisam
saber para viver na mata.
Tem bichos de todas as cores
e tamanhos na escola. Do
bicho-preguiça ao tatu, do
canário ao tamanduá.
Foi num dia como outro
qualquer que tudo aconteceu.
Na hora do recreio o Coelho
Legal foi falar com o Bicudo –
um ornitorrinco gordinho e muito bonzinho.
- Ei Bicudo: eu vou fazer o Clube dos Legais. Você quer participar? – perguntou o
Coelho Legal.
Bicudo se animou na hora. Nunca tinha sido convidado para um clube antes. E
respondeu:
- Quero sim! Oba!
Daí o Coelho Legal – esperto como ele só – disse assim:
- Então eu vou ser o Legal número um, e você vai ser o Legal número último, ta?
- Mas por que eu vou ser o último? – quis saber Bicudo.
- Porque você entrou por último, ué.
- Ah, bom – respondeu Bicudo tentando entender aquilo. – E quem mais tem nesse
clube?
- Por enquanto só eu e você. Agora eu vou convidar os outros – disse o Coelho Legal
indo na direcção da Coelhilda.
Se aproximou da coelhinha mais charmosa da escola, deu uma arrumada no seu
topete e disse:
- Oi Coelhilda.
- Oi Legal – respondeu Coelhilda.
O Coelho Legal então disse:
- Legal você falar de legal, porque eu estou montando o Clube dos Legais. Quer
participar?
Coelhilda olhou bem para o Coelho Legal. Ela era apaixonada por ele, e resolveu
demonstrar isso hoje:
- Claro que eu vou participar. Assim vou ficar sempre perto de você.
E dizendo isso Coelhilda começou a abraçar o Coelho Legal. Beijava, beijava e
beijava, tanto que o Coelho Legal ficou até sem jeito e disse:
- Pára, pára com isso, Coelhilda!
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Mas a coelhinha continuava beijocando o Coelho Legal, que se irritou e disse:
- Pronto, você conseguiu: agora menina não entra mais no meu clube!
- O que? – perguntou Coelhilda parando de beija-lo.
- É isso mesmo! O Clube dos Legais é só para meninos! – respondeu o coelho se
afastando.
- Você não pode fazer isso, Legal! Você já me convidou! – exclamou Coelhilda.
- Pois agora eu desconvidei! – disse o Coelho Legal.
- Mal, mal, mal: isso não foi legal – retrucou Coelhilda fazendo rima com o nome do
coelho.
O problema agora era encontrar outros membros para o clube. O bicho-preguiça era
muito preguiçoso – e acabaria dormindo no clube. O beija-flor voava muito rápido,
não parava quieto. A tartaruga era muito lerda e o sapo tinha uma língua muito
grande. Sem falar nas formigas que iam querer comer todos os doces e o tamanduá
que ia ficar correndo atrás delas.
- É Bicudo: está difícil achar mais alguém legal aqui – disse o Coelho Legal, já meio
desconsolado.
- Então deixe as meninas entrarem – respondeu Bicudo.
- Nada disso! Elas vão estragar tudo! – declarou enfaticamente Legal.
E ficaram ali sozinhos no clube, olhando para fora, olhando um para a cara do outro.
Era muito chato.
De repente viram um movimento de bichos se agrupando no outro canto do recreio.
Todos os bichos foram pra o outro canto. E deste canto o Coelho Legal e Bicudo
tentavam entender o que estava acontecendo.
De repente viram Coelhilda subir num caixote e dizer:
- Todos são bem-vindos no Clube Legal! Todos podem vir!
O Coelho Legal ficou muito bravo e exclamou:
- Roubaram a minha ideia!
E se virou para reclamar com Bicudo. Daí notou que o Bicudo também estava indo
para o clube da Coelhilda.
- Ei Bicudo! Volte aqui!
- Eu não – respondeu Bicudo. – Lá é mais legal. Tchau.
- Bicudo! Bicudo!
Mas não adiantou o Coelho Legal espernear. Bicudo também foi para o clube da
Coelhilda, onde todos eram aceitos – meninos e meninas. O Coelho Legal ficou
sozinho no Clube dos Legais. Olhou para um lado e para o outro, e disse:
- É. Aqui não está nada legal, viu?
Emílio Carlos
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