[02] Alex Eckert - Homepage, Entrevista
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[02] Alex Eckert - Homepage, Entrevista
Entrevista com Alexander M. Eckert, durante a sexta montagem do musical "O Ganso de Ouro", em novembro de 1995. A peça foi encenada na Suíça, Alemanha, Polônia e, agora, no Brasil. Alexander M. Eckert nos anos 80 Seu trabalho artístico e educacional internacional incluiu mais de 30 estreias musicais e uma centena de concertos com orquestras juvenis, montagens e direção musical de corais e orquestras sinfônicas, além de inúmeras palestras e cursos sobre educação musical. Como começou essa extensa carreira? Bem, já faz muito tempo. Com a visão presente, parece ter começado num passado muito distante, quando o mundo era bem diferente, especialmente em um país tão pequeno e provincial como a Suíça. Na década de 1960, eu era um professor iniciante de escola primária cheio de ideias para a modernização da educação. O ensino da arte era bastante rudimentar, como disciplina escolar com ênfase apenas no canto e no desenho. A expressão era bem limitada, assim como a própria escola pública. Havia trabalhado em outras atividades: peças teatrais, shows de mágica, teatro de fantoches, cantei em coro, dirigi a “História de Natal” de Carl Orff, além das apresentações de piano, percussão, xilofone e flauta-doce ao longo de minha formação musical. Por isso, tinha idéias bem diferentes sobre como deveriam ser a aulas de arte ... ... E as colocou imediatamente em prática, encontrando provavelmente uma resistência imediata ... Não foi bem assim. Tive pouca resistência porque a turma era entusiasmada e interessada em arte. Só depois dos primeiros concertos e montagens musicais, em que usava os “Instrumentos Orff”, que uma voz tímida perguntou, de uma forma preconceituosa, se a “orffaria” não prejudicaria o desempenho dos alunos. Mas depois que esse aluno foi aceito no Gymnasium [etapa semelhante ao ensino médio, no Brasil] não houve mais dúvidas na turma. Falando disso: será que algumas reações negativas a Carl Orff decorreram de sua atitude tíbia e cooperação musical durante o regime nazista? Sim e não. Mas não creio que foi a principal razão. Há outro motivo. Naquela época, prevalecia entre alguns educadores musicais a polêmica opinião de que o "método" de Orff (que não é método algum) impediria o desenvolvimento musical das crianças; de que a música popular restringiria a riqueza harmônica e só priorizaria o ritmo. Isso sequer era uma meia verdade, o problema era outro. Tentaram me rotular como “orffeano” para tirar o “vento de minhas velas”. Enquanto eu era professor, era inofensivo. Mas ao dar adeus à escola estadual, depois de três anos de ensino, e fundar um instituto privado de música, que chegou a mil alunos em alguns anos, acho que a reação de algumas pessoas foi de inveja simplesmente. Eu nunca ensinei exclusivamente Orff, apenas utilizei seus fantásticos instrumentos. Trabalhávamos com todo tipo de música, especialmente a nova música, de caráter experimental. Não estudei apenas com Orff, mas freqüentei também aulas com Pierre Boulez, Earle Brown, Karlheinz Stockhausen, Mauricio Kagel e György Ligeti. Então você entrou em contato com música serial e gráfica. Isso teve algum impacto na sua prática docente? Sim. Todos esses estímulos foram muito importantes e cruciais para minhas aulas de música, absolutamente novas e criativas. Mas voltando a Orff, o que pode ser considerado tão fantástico na sua ideia, é que você pode conectar todas as formas de expressão artística: música, dança, teatro e artes plásticas. Isso, levou-me a forma que eu chamei de "multimídia" e que significa algo como "obra de arte total" (Gesamtkunstwerk, em alemão). Coral e Orquestra Juvenil de Basiléia na década de 60 Como você colocou isto em prática? Nos arredores de Basiléia, ainda em meu tempo de professor primário, dirigi um coro e uma orquestra juvenil. Após alguns concertos convencionais, comecei a mudar a posição dos músicos, que, tradicionalmente, ficam de frente para o público. Escrevi, na época, o espetáculo multimídia "Galgenlieder" (Canções da Forca) usando poemas fantásticos de Christian Morgenstern (poeta alemão do início do século XX). Pela primeira vez, posicionei meus solistas, coro e orquestra de uma forma completamente nãoconvencional, distribuídos num espaço com esculturas modernas em diferentes níveis. O público se acomodou ao redor desta arena, em cima de terraços, escadas ou muros, movendo-se livremente. Mais tarde, a Editora Schott, em Mainz, publicou as "Galgenlieder" impressas em cores, como partitura gráfica, e me pediu para apresentar a composição nos Cursos de Darmstadt de Música Contemporânea. Este foi o início para a edição de outras composições gráficas, como "Os Elementos das Estações", "O Aprendiz de Feiticeiro" (Editora Eres) e "O Computador Disparatado", uma paródia musical da tecnologia moderna. Capas das partituras gráficas de Eckert Nessas composições soava algo que lembrava a música de Orff? Sim e não. A notação gráfica incitava artista a improvisar. Deve-se imaginar que a música é criada em colaboração com os artistas e não composta com definições fixas. Algumas coisas são definidas, mas há sempre espaços para ideias criativas. Por exemplo, houve espaço para citações da Sexta Sinfonia de Beethoven e da “Consagração da Primavera” de Stravinsky. No entanto, o que me aproximava das ideias de Orff, foi permitir que os músicos se movimentassem livremente dentro de certas regras e improvisar. Quando mostrei minha partitura a Orff, ele não conseguiu esconder, embora com reservas, o seu consentimento. Você mencionou que alguém tentou de "tirar o vento de suas velas" quando estabeleceu uma escola de música particular. Quem se interessaria por algo assim? Desde a sua fundação, na década de 1970, minha escola de música privada supriu uma grande necessidade. O acesso à educação musical era difícil, mesmo na Suíça. Ou você pertencia à assim chamada “elite”, com oportunidades de aprender um instrumento no Conservatório ou com algum professor particular, ou pertencia a uma banda de instrumentos de sopro ou acordeão, que treinam seus próprios alunos. A minha ideia, de interligar expressão corporal, dança, ritmo, formação vocal, canto, música instrumental, teatro e artes plásticas, possuía um grande valor educativo. Isso ficou evidente na presença numerosa e contínua de crianças de todas as idades. Os alunos estavam tão entusiasmados com o nosso programa, que em pouco tempo tive que abrir filiais em diferentes locais próximos a Basiléia e educar professores que, no entanto, já possuíam uma base musical e educativa. Claro que o mais importante era idealismo e talento. Tudo isso, ouso dizer, sem dúvida criou inveja, principalmente entre autoridades do governo que tentavam estabelecer um monopólio na pedagogia musical das escolas públicas, com estrutura tradicional e muitas vezes anacrônica, mesmo depois de anos que fundei minha escola contemporânea e aberta a novas experiências. Depois de estabelecer os cursos elementares para pequenos grupos de crianças de três a dez anos, decidi oferecer também um ensino individual e pouco convencional de piano, violão, violino, violoncelo, flauta, clarinete, trompete e bateria. A partir daí, surgiu a nova ideia de formar um conjunto de instrumentalistas. Aprender um instrumento sozinho, às vezes pode se tornar monótono, ou, dito de melhor forma, isolante. Crianças e seus pais tocam juntos Eu posso entender isso, se retirar para os seus "aposentos", por horas a fio, semana a semana para se exercitar sozinho não é sempre fácil. Pode-se perder facilmente a motivação assim. Certo! Nem todo mundo nasce para ser um pianista de concerto. Então fundei a "Orquestra Profissional", onde você podia tocar o seu instrumento no conjunto. O excepcional nisto era que basicamente todos os instrumentos eram permitidos (houve até um músico de “steel drum”, um cilindro de aço). Isso deu a nossa música um som característico, a nossa sonoridade típica: flautas doces, clarinetes com trompetes; violinos, violoncelos e xilofone; piano, glockenspiel e guitarra; bateria, vibrafone e Steel Drum. Arranjei todas as partituras ou compus peças específicas para o nosso conjunto musical. Com estes programas, viajamos a cada ano para um país diferente: Polônia, Portugal, Dinamarca, Alemanha e Holanda. Lá, por vezes, nos reunimos com as orquestras locais e tocamos juntos, o que, mais tarde, implicou um intercambio. No Festival de Música Juvenil no Basler Stadttheater (Teatro Municipal), três bandas tocaram juntas, incluindo dois coros — cerca de 300 jovens músicos! Coral e orquestra juvenil em Basiléia, década de 70 O exercício da arte tem um valor social importante, aspecto que sempre foi o foco de seu interesse. Quando você uniu as mais diversas formas de expressão, como dança, teatro e música, em um grande evento abrangente, com grande apoio de colaboradores, este aspecto foi revelado na forma de “musicals” (teatros musicais com atores, dançarinos, cantores, figurantes, trajes e decorações e uma grande orquestra). Como começou este trabalho que atraiu a atenção internacional? Para a realização de um evento tão gigantesco, existiam dois problemas principais: salas de espetáculo adequadas e inúmeros colaboradores. Quando um novo teatro municipal foi construído em Basiléia, perguntei ao diretor se seria possível usar o Pequeno Palco, para 300 expectadores, especificamente construído para experimentos teatrais. A resposta positiva foi para mim o sinal verde para todos os projetos que se seguiram, em intervalos anuais. Quando o Pequeno Palco se tornou pequeno, nos mudamos para o foyer de entrada do teatro, cuja infraestrutura servia bem as nossas experiências. Apresentamos no foyer, em sua ampla escada e até mesmo em todos os pontos possíveis que serviam para um espetáculo multimídia. Resolvi o problema de colaboradores de seguinte forma: os figurinos foram projetados e desenhados por uma equipe de pais e os tecidos foram encomendados, cortados e passados para os pais dos atores-cantores e dançarinos, com instruções de costura; o cenário e os adereços foram emprestados do estoque do teatro ou foram feitos por outro grupo de pais; um grupo de crianças pintou os cenários na oficina do teatro, sob a orientação de um pintor profissional experiente; alguns pais entraram para as equipes de supervisão e de conversões cênicas. Assim, do teatro, precisamos apenas de um eletricista profissional. Os ensaios ocorreram em grupos nas nossas salas de aula; os ensaios gerais, no teatro. Escrevi todo o plano de coordenação e, graças à disciplina de centenas de crianças e de seus pais, as estreias ocorreram com sucesso, sem panes significativas. Do meu ponto de vista, a montagem mais memorável foi "Cindy e o Príncipe de Riehen", com 200 participantes: uma orquestra juvenil ampliada (com um desempenho quase profissional) e uma enorme variedade de solistas, bailarinos, figurantes e coro. Minha fundação encomendou ao compositor vienense Silvio Pasch, as obras musicais "Ganso Dourado" (duas temporadas em Basiléia e uma em Lomza, Zamosc e Gdansk, na Polônia), “O Diabo com Três Cabelos de Ouro" (uma temporada em Basiléia, em Offenbach/ Alemanha e outra em Lomza, Polônia) e "Chin-Dah" (uma temporada em Basiléia, uma em Reinach e outra em Lomza, Polônia), que se tornaram grandes sucessos de público. A Rádio da Suíça (SRG) e gravadoras privadas fizeram registros em estúdios profissionais e a minha fundação produziu discos e fitas cassete, cujas vendas ajudaram a custear as despesas. „Cindy e o Príncipe de Riehen", no Foyer do Teatro Municipal de Basiléia Sei que esses projetos gigantescos não foram a única coisa que você desenvolveu no campo do teatro musical. Houve também grupos menores interessados em trabalhar com você num projeto de teatro musical. Como isso levou você ao exterior (Polônia, por exemplo), onde trabalhou com várias escolas municipais ou estaduais, escolas de música, universidades, orquestras e coros — e agora, no Brasil, onde você realiza o seu quinto espetáculo de teatro musical? Os contatos foram feitos, principalmente, nos cursos internacionais de formação sobre música, onde trabalhei como professor convidado: inicialmente em Delft, na Holanda, com Pierre van Hauwe; depois, na ilha Madeira, em Luxemburgo, na Alemanha, na Polônia e, finalmente, no Brasil. Eu coordenei oficinas para centenas de professores de jardim de infância, de escola regulamentar, de escolas de música e universidades. Fui convidado por esses países para trabalhar praticamente com crianças, estudantes e professores. Na Polônia, na época de um comunismo imposto pelos russos, havia diretoras de escola corajosas que, com grandes dificuldades e escassez de materiais, deixaram-me produzir meus musicais e fizeram de tudo para tornar possível o quase impossível. Os estudantes poloneses eram tão talentosos que seu desempenho podia ser considerado como profissional. Todos os solistas decoraram o texto em polonês e, também em alemão para as apresentações na Suíça, para que as crianças na plateia pudessem entender o enredo. A Rádio da Suíça (SRG) gravou partes da peça e entrevistas com os atores-cantores e as transmitiu em duas partes. No festival "Pop Schwyz", o meu grupo de Lomza (Polônia) ganhou um prêmio especial, por ocasião das comemorações do 750º aniversário da Confederação Suíça em Brunnen. Cortina final para "O Ganso de Ouro", em Gdansk E isso te encheu de prêmios. Você recebeu a “Ordem do Mérito Cultural” do governo polonês, a Ordem “Przyjaciela Dziecka" (amigo das crianças) e a Ordem "Usmiechu" (sorriso), além de medalhas nas cidades de Lublin, Chelm, Gdansk e Lomza. Como isso aconteceu? Bem, sou sempre cético quando se trata de cerimônias de premiação. Eu nunca tive a menor intenção de colher esses louros no meu trabalho. Sempre fui um idealista, e, provavelmente, continuarei a ser. Sentia-me apenas como força motriz para incitar em todos os envolvidos, motivação, entusiasmo e desempenho. Após o resultado, eu preferia ficar em segundo plano e deixar o sucesso para artistas e colaboradores. Ninguém poupou mostras de gratidão, por meio de calorosos abraços ou de um ato simbólico de reconhecimento. Isto me deu a sensação de que o sucesso provém de um ato humano sem as fronteiras da discriminação racial, intolerância religiosa ou política; é resultado do amor ao próximo, amizade, generosidade, talento, entusiasmo pela arte, perseverança e disciplina. Quando saíamos detrás da cortina para o aplauso final, artistas e equipe, sempre me senti como parte de um todo, como todos os outros membros do projeto devem ter se sentido. Apresentação da "Ordem Przyjaciela Dziecka“ Falando de idealismo, houve projeto que o levou à beira da falência? Bem, o risco de acabar com a conta no vermelho no mundo da arte está sempre lá. E, de fato, uma vez estive perigosamente perto de perder um monte de dinheiro. Era um projeto que, desde o início, parecia utopia, mas que provou que, quando há vontade, também há um caminho. Mieczyslaw Pomorski, diretor do coro do Instituto de Educação Musical de Lublin (Polônia), me procurou para dirigir um trabalho com o seu coro estudantil e Orquestra Filarmônica. Sugeri o oratório "Le Laudi", do compositor suíço Hermann Suter, pois utilizava solistas, coro infantil e misto, órgão e orquestra sinfônica. Ele aceitou prontamente e ensaiou o coro com energia e vigor. Trabalhei por uma semana com a Filarmônica, os solistas e o coro de Lublin. A estreia polonesa desta obra causou uma profunda impressão. Assim, decidimos trazer esta maravilhosa obra para a Suíça, onde, erroneamente, é pouco executada. Acordamos um preço, que ajudou a suportar as despesas, para os quase 200 participantes. Foram realizados cinco concertos em Basiléia, Reinach e Solothurn, com muito público e grande sucesso. Em Berna, o então chefe da Filarmônica de Lublin, Adam Natanek, deu um concerto extra com obras de compositores poloneses que, infelizmente teve pouca audiência. No geral, o projeto foi um grande sucesso artístico, mas sem apurar a renda necessária. Então, fui obrigado a encontrar novos apoiadores, além dos que já havíamos tratado. Consegui. A gravação dos concertos prova que um projeto tão memorável valeu o risco. Sem dúvida! Continuou a trabalhar com o coro e orquestra em Lublin? Infelizmente, pouco depois, o diretor do coro se mudou para o Canadá. Muitos dos músicos da orquestra também emigraram para outros países, onde as orquestras ofereceram condições bem melhores para trabalhar. Mas eu consegui, muitos anos depois (1991), organizar um concerto com obras exclusivas do compositor suíço Dölf Kessler. (A gravação se encontra no site de Dölf Kessler:) http://www.peppersoft.ch/HeliosCD/Kindersuite.html Eu também dirigi sua “Suíte de Jeunesse” (Suíte para Jovens), com a Orquestra Estudantil do Liceu de Música de Gdansk. (A gravação também pode ser encontrada no You Tube): http://www.youtube.com/user/peppersoft25?feature=watch O oratório "Le Laudi", com o coro e a orquestra de Lublin, na Igreja de St. Martin - em Basiléia Como já falamos de dinheiro, a próxima questão na ponta de minha língua é: como você conseguiu financiar os projetos? BBem, devo confessar que eu não sou um gênio financeiro. O que me ajudou foi mais minha intuição do que um orçamento. Sempre consegui encontrar novos doadores, além dos leais. “Pedia" o necessário para o projeto especificamente, isto me parecia mais realista. Contribuições regulares, eu nunca recebi. Então, na década de 1980, decidi transformar minha instituição em Fundação. Isso me ajudou a financiar parcialmente os projetos, com as taxas pagas pelos estudantes dos cursos, porque minha escola de música passou também a pertencer à Fundação. A segunda esposa de Yehudi Menuhin comentou certa vez sobre seu marido: "Ele é mais do que apenas um homem, ele é uma instituição." Na verdade, Menuhin foi presidente, patrono, fundador e membro de mais de 300 organizações. Como foi quando você era presidente de Fundação? Pediram muito mais coisas a você? Digo, antecipadamente, que ousar uma comparação com Menuhin é um grande exagero. Mas tenho que admitir que às vezes as pessoas pediam favores muito excepcionais, que não se encaixaram nos objetivos da Fundação. Tentei fazer o que pude, desta vez arriscando uma comparação com Menuhin, pois sou uma pessoa que não consegue dizer não. Assim, organizei inúmeros concertos, cujos recursos foram destinados a um hospital infantil no Brasil, para a aquisição de instrumentos a um jardim de infância polonês ou para a reforma de um orfanato brasileiro. Até convidamos quatro crianças que representavam as etnias que formam a cultura brasileira: índios nativos, negros africanos, ibéricos e europeus. Sentaram-se a frente da orquestra durante um concerto que regi na Suíça. Além disso, durante nossas turnês, sempre carregávamos caixas cheias de roupas doadas para distribuir em orfanatos ou bazares de caridade locais. Uma vez, passei pela alfândega brasileira com medicamentos doados por um laboratório multinacional. Foram várias embalagens de um soro muito caro, produzido apenas na Suíça, que salvou a vida de uma criança com uma rara doença sanguínea. Numa outra vez, arrecadamos doações em dinheiro para a compra de roupas para as crianças de um bairro pobre de Câmara de Lobos, na ilha Madeira. Uma vez, em um curso para professores, dancei com as crianças na rua, após o horário da escola, ensinando coreografias criativas para serem copiadas. A coisa mais difícil foi determinar uma hora para a coisa toda terminar. Morto de cansaço, mas feliz, fui tarde para o hotel, depois de prometer voltar outro dia. Curso de formação para educadores de jardins de infância em Gdansk - Polônia Agora, a questão mais importante para mim: como aconteceu de repente ficar no Brasil e continuar o seu trabalho artístico e educativo e até noivar com uma brasileira? De antemão, digo que sempre tive um grande amor por esta terra paradisíaca de pluralismo étnico e do tamanho de um continente, pela qual viajei por várias vezes e por muito tempo. Na época em que descobria o Brasil, graças a alguns amigos parapsicólogos e médicos brasileiros, minha decisão já tinha sido tomada: Se o destino se encaixasse, ousaria na aventura de iniciar em uma vida nova e diferente no Brasil. E isso aconteceu. Tive um ataque agudo de hérnia de disco, em 1989, e fui forçado a interromper todas as minhas atividades profissionais radicalmente. O clima úmido e frio da Europa se tornou difícil e prejudicial para mim. Também tive que desistir de dirigir automóveis e, por isso, cessei minhas atividades de forma gradual. Assim, entreguei a presidência a um amigo e colaborador profissional, deixando-lhe a liberdade completa de "rebatizar a criança" e de reestruturar a Fundação conforme suas ideias. Eu deixei tudo aos meus seguidores: centenas de instrumentos, salas, figurinos, adereços e cenários (até mesmo meu automóvel) e fui com o resto das minhas economias, o que tinha apurada na venda da casa, para o novo mundo. De repente, eu queria me livrar de toda a bagagem que me impedia de tomar a vida espiritual que eu decidira levar dali em diante. Primeiro, terminei um projeto de um orfanato e, depois, passei por um ano no litoral, onde comecei uma vida completamente nova, de contemplação e trabalho artístico criativo em uma casa aconchegante. Compus, escrevi, pintei, criei máscaras e esculturas, filosofei, fiz amizade com inúmeras pessoas (especialmente os pobres e socialmente desfavorecidos), viajei e cozinhei até encontrar a força para realizar novamente projetos maiores. „De Basel para o Brasil", colônia de férias em Luz Você continuou com seus projetos no Brasil, em uma grande escola particular tradicional, e este ano apresentou quatro montagens musicais. Não foi difícil para ensinar sob circunstâncias completamente novas e em uma língua estrangeira? A aprendizagem de línguas, felizmente, nunca foi o meu problema. Na Polônia, eu já tinha me comunicado em polonês. As línguas alemã, francesa e inglesa fazem parte do meu inventário desde a minha juventude. O contato constante com a população de um país, oferece a oportunidade diária de praticar o idioma local. Também, por muito tempo, tive contato com o idioma português, primeiro em Portugal e depois na ilha da Madeira. Após um ano no litoral brasileiro, me mudei para Belo Horizonte. Inicialmente, fui convidado para morar na casa de amigos. Procurei instituições para apresentar meus projetos — e foi assim que cheguei ao prefeito da cidade de Luz, que me contratou para uma Colônia de Férias aos alunos da comunidade. Depois, procurei o diretor de uma das maiores escolas particulares de BH, que pela Boa Providência era um padre polonês, que me deu sinal livre para realizar todos os meus projetos. Agora, tenho classes de ensino musical elementar e coordeno um grupo de danças, um coral e um grupo multimídia com alunos do ensino médio. Para o final deste ano letivo, preparo o musical "O Ganso de Ouro". Será minha sexta montagem de um musical de sucesso apresentado na Suíça e na Polônia, que causou ovações de público, e que também foi transmitido pela televisão polonesa com grande sucesso. „O Ganso de Ouro", em Belo Horizonte - Brasil O que você pretende realizar futuramente no Brasil? Se minhas forças não me abandonarem, continuarei a lecionar e tentar reger umas orquestras. Primeiro vou me casar. Então verei o que fazer. Pretendo realizar muitas coisas, especialmente, outras atividades artísticas, como escrever um livro sobre a proteção do meio-ambiente que estimule a todos a evitar um “Apocalipse”. Também vou expor minhas obras de arte e criar novas. Já comecei a escrever minhas memórias em forma de uma autobiografia. O Brasil é um lugar que estimula a criatividade e, para mim, certamente, é a terra das oportunidades. Então, desejo-lhe boa sorte, boa saúde e vitalidade. Obrigado. (Entrevista de novembro 1995, Redação: Fernando Righi Marco e Alexander M. Eckert) Alexander Markus nasceu em 26 de fevereiro de 1946. Mudou-se para o Brasil em 1992 e é casado, desde 1996, com uma brasileira (sua "musa inspiradora", como ele diz). No momento, retirou-se da vida pública por motivos de saúde. Como ele mesmo diz: “seu macrocosmo animado se transformou em um microcosmo tranquilo”. Brasil, agosto de 2013 Übersichtsplan der wichtigsten Veranstaltungen der Stiftung „Musik und Kind“ 77 Mitwirkung Int. Musik-Lager der UNICEF in Gstaad 79 Der Struwwelpeter/Galgenlieder, Kleine Bühne, Basler Stadttheater 79 1. Musik-Lager Axalp, Instrumentalkonzert in Brienz 80 König Nussknacker/Der Zauberlehrling, Kleine Bühne, Basler Stadttheater 80 2. Musiktheater-Lager Axalp, Musik-Zirkus 81 Gufus und die Goldene Gans, Kleine Bühne, Basler Stadttheater 81 3. Musiktheater-Lager Axalp, Musik-Theater 82 Chin-Dah, Kleine Bühne, Basler Stadttheater 82 4. Musiktheater-Lager Axalp, In 80 Tagen um die Welt 83 Die Konferenz der Tiere, Monsterkonzert, Foyer des Basler Stadttheaters 83 Gufus und die goldene Gans in Lublin, Polen 83 5. Musiktheater-Lager Axalp, Jim Knopf 1 84 Till Eulenspiegel, Foyer, Basler Stadttheater 84 Gufus und die goldene Gans in Zamosc, Polen 84 6. Musiktheater-Lager Axalp, Jim Knopf 2 85 Der Teufel mit den 3 goldenen Haaren, Foyer, Basler Stadttheater 85 Gufus und die goldene Gans in Lomza, Polen 85 7. Musiktheater-Lager Axalp, Momo 85 Konzert: Le Laudi. Chor und Philharmonie Lublin, Polen, in Basel, Reinach und Solothurn 86 Order usmiech & Mérite culturel der polnischen Regierung 86 Pierscen i rosa (Ring und Rose) Inszenierung mit der Operettenbühne Lublin, Polen (mit Gastspiel in der Schweiz) 86 Der Planet der Schlaraffen, Foyer, Basler Stadttheater 86 Der Teufel mit den 3 goldenen Haaren in Lomza, Polen (mit Gastspiel in der Schweiz) 86 8. Musiktheater-Lager Axalp, Der Planet der Wünsche 87 Wir bauen eine neue Stadt, Foyer, Basler Stadttheater 87 Gufus und die goldene Gans in Gdansk, Polen (mit Gastspiel in der Schweiz) 87 Order Przyjaciela dziecka 87 9. Musiktheater-Lager Axalp, Vampir Viktor isst am liebsten Blutorangen 88 Cinderella und der Prinz von Riehen, Foyer, Basler Stadttheater 88 Kretzschmars „Der Rattenfänger von Hameln“, Aruthiunians Trompetenkonzert & Eckerts „Galgenlieder“ mit dem Orchester und Chor des Musik-Lyceums Gdansk, Polen 89 Chin-Dah, Weihermattbühne Reinach 89 10. Musiktheater-Lager Lauenen, Goldteufel und Goldgans 89 Int. Jugendmusikfestwochen: Stadttheater Basel mit dem Jugendorchester und Chor BaselReinach, Jugend„Profi“orchester Basel, Jugendchor und Orchester des Musik-Lyceums Gdansk, Polen & Jugendorchester Castelo Branco, Portugal 90 Goldteufel und Goldgans, Weihermattbühne Reinach 90 Der Planet der Wünsche in Lomza, Polen (mit Gastspiel in der Schweiz) 90 11. Musiktheater-Lager Obersteg, In 80 Tagen um die Welt 90 Dölf Kesslers „Suite pour les Enfants“ mit dem Orchester des Musik-Lyceums Gdansk, Polen 91 In 80 Tagen um die Welt, 750 Jahr-Feier der Eidgenossenschaft in Brunnen 91 Konzert mit Werken von Dölf Kessler in Lublin, Polen 94 Ferienkolonie Luz, Minas Gerais, Brasilien 95 A Escolinha da Bagunça, Belo Horizonte, Brasilien 95 O Bobo e os Heróis dos Contos, Belo Horizonte, Brasilien 95 A Volta ao Mundo em 60 Minutos, Belo Horizonte, Brasilien 95 O Ganso de Ouro, Belo Horizonte, Brasilien Weitere Gastspiele in der Schweiz: Peter und der Wolf mit dem Orchester des Instituts für Musikerziehung Lublin, Polen mit Mieczyslaw Pomorski (Leitung) und Alex Eckert (Sprecher) Jugendorchester Delft, Holland mit Pierre van Hauwe (Leitung) Blockflötenrecital mit Walter van Hauwe aus Delft, Holland Violinrecital mit Henryk Keszkowski aus Gdansk, Polen Musikalisches Märchen, Instrumentalgruppe aus Lomza, Polen mit Bogdan Szczepanski (Leitung) & Alex Eckert (Sprecher) Internationale Sommerkurse für Musikerziehung in Brienz (von 1982-87), Referenten: Wilhelm Keller, Pierre van Hauwe, Günter Kretzschmar, Claude Perrottet, Batja Strauss, Armin Schibler, Martin Schrijvershof, Zenon Koter, Henryk Pogorzelski, Mieczyslaw Pomorski, Alex Eckert etc.