a disciplina de um maratonista

Transcrição

a disciplina de um maratonista
J.Wilson Granjeiro
A DISCIPLINA DE
UM MARATONISTA
4ª Edição
2014
06/2014
- Editora Gran Cursos
GRANJEIRO, José Wilson.
A Disciplina de um Maratonista / José Wilson Granjeiro – 4. ed. – Brasília: Ed. Gran
Cursos, 2014.
464 p.
ISBN:
1.Brasil: A Disciplina de um Maratonista. Título.
CDD 9999
Presidência: José Wilson Granjeiro
Diretoria Executiva: Ivonete Granjeiro
Conselho Editorial:José Wilson Granjeiro
Ivonete Granjeiro
Bruno Pilastre
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Gerência de Produção: Samyra Campos
Gerência Administrativa: Eliete Ribeiro
Supervisão de Produção: Geisiane Novais
Diagramação: Washignton Nunes Chaves
Revisão: Sabrina Alencar / Vittor Azevedo
Capa: Pedro Wgilson Granjeiro
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recuperação de informações ou transmitida sob qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico
ou mecânico sem o prévio consentimento do detentor dos direitos autorais e do editor.
Dedico este livro a minha família. Minha lição maior de
vida. Minha motivação maior para tudo. A vocês – Ivonete,
Matheus e Gabriel –, dedico não só mais este livro, mas toda a
minha vida já que vocês são a razão dela. Amo vocês.
Aos concurseiros, que são minha motivação pessoal. Ajudá-
los a conquistar uma carreira de sucesso, vencer seus desafios
diários, suas angústias, seus medos, suas derrotas - pois haverá
muitas ! -, esse é o propósito deste livro de lições de vida e esperança.
Aos corredores - amadores, profissionais -, que são boa parte
de minha esperança de um mundo melhor. Sem eles, este livro
seria sem propósito. Fui um aluno exemplar de seus ensinamentos
e hoje deixo minha contribuição para os que desejam começar a
correr ou entrar na fila por uma vaga no serviço público.
Agradecimento Especial
A Deus, que me dá força e sabedoria para enfrentar os
desafios e resolver os problemas - pequenos e grandes - com a
melhor solução e sem cometer injustiças.
Homenagem
Ao meu pai,”Seu Zuza” (in memorian), nordestino,
homem bom, trabalhador, rendo aqui minha
homenagem sem jamais esquecer do que me foi
ensinado, tampouco o que me foi pedido.
Sua memória é um norte em minha vida, pois
me legou os atributos do respeito pelas pessoas,
da humildade, da generosidade, da paixão pelo
trabalho, do saber ouvir e da gratidão.
Ninguém jamais alcança um sucesso muito notável simplesmente
fazendo o que se exige dele; é o grau de excelência do que está além do
exigido que determina a grandeza.
Charles Kendall Adams
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO, POR TONINHO POP.......................................................................15
DISCIPLINA DE UM MARATONISTA I.........................................................................19
DISCIPLINA DE UM MARATONISTA II........................................................................23
DISCIPLINA DE UM MARATONISTA III.......................................................................25
DISCIPLINA DE UM MARATONISTA IV.......................................................................29
DISCIPLINA DE UM MARATONISTA V........................................................................33
DISCIPLINA DE UM MARATONISTA VI.......................................................................37
DISCIPLINA DE UM MARATONISTA VII......................................................................41
DISCIPLINA DE UM MARATONISTA VIII.....................................................................45
DISCIPLINA DE UM MARATONISTA IX.......................................................................47
DISCIPLINA DE UM MARATONISTA X – O ATLETA E O SÁBIO...................................49
DISCIPLINA DE UM MARATONISTA XI – UM BRASILEIRO NA MARATONA DE NOVA
IORQUE.......................................................................................................................53
DISCIPLINA DE UM MARATONISTA XII – O SONHO VIROU REALIDADE.................57
DISCIPLINA DE UM MARATONISTA XIII – O MESTRE E A DISCÍPULA........................61
DISCIPLINA DE UMA MARATONISTA XIV – DETALHES..............................................65
DISCIPLINA DE UM MARATONISTA XV – CORRA!.....................................................69
DISCIPLINA DE UM MARATONISTA XVI ....................................................................73
DISCIPLINA DE UM MARATONISTA XVII – PREPARAÇÃO EXTREMA ........................77
DISCIPLINA É TUDO...................................................................................................81
O CONCURSEIRO E O BODE EXPIATÓRIO................................................................85
MOTIVAÇÃO É O SEGREDO.......................................................................................87
NUNCA DESISTA DOS SEUS SONHOS.......................................................................89
UMA CONVERSA DE CONCURSEIRO........................................................................93
CONCURSEIRO PROFISSIONAL..................................................................................97
DEZ PASSOS PARA SER APROVADO EM CONCURSO PÚBLICO.............................101
GUIA DE APROVAÇÃO.............................................................................................105
O SEGREDO DO SUCESSO.......................................................................................107
O CONCURSEIRO E O SAPO....................................................................................109
O CONCURSEIRO E O BAMBU.................................................................................111
O CONCURSEIRO E O MAMUTE..............................................................................115
PÍLULAS DE MOTIVAÇÃO.........................................................................................117
ENTRE SONHOS E REALIZAÇÕES.............................................................................119
QUE TIPO DE COMPETIDOR VOCÊ É?......................................................................123
CONCURSOS PÚBLICOS – DICAS E MÉTODOS DE ESTUDO – PARTE I..................127
CONCURSOS PÚBLICOS – DICAS E MÉTODOS DE ESTUDO – PARTE II.................129
CONCURSOS PÚBLICOS – DICAS E MÉTODOS DE ESTUDO – PARTE III................131
A CIGARRA E A FORMIGA CONCURSEIRA..............................................................135
A CIGARRA, O PERCEVEJO E A FORMIGA CONCURSEIROS....................................137
A LIÇÃO DOS ATLETAS OLÍMPICOS PARA OS CONCURSEIROS.............................141
PROFESSOR GRANJEIRO EM CORDEL......................................................................144
ÚLTIMA LIÇÃO..........................................................................................................151
O PERFIL DOS PRIMEIROS COLOCADOS.................................................................153
O METABOLISMO DOS CONCURSEIROS.................................................................155
MULHERES CONCURSEIRAS.....................................................................................159
A FORÇA DO DESTINO............................................................................................163
ESTUDO INDIVIDUAL X ESTUDO EM GRUPO........................................................165
O CONCURSEIRO, O MARATONISTA E O PATETA...................................................169
NADA SUBSTITUI A PREPARAÇÃO...........................................................................173
OS APERREADOS......................................................................................................175
PREPARAÇÃO NÃO É TUDO, MAS É 100%..............................................................179
É HORA DE ESTUDAR...............................................................................................181
MAJESTOSA CAPITAL FEDERAL.................................................................................183
DESAFIOS DO CONCURSO PÚBLICO .....................................................................187
EDUCAÇÃO COMO GARANTIA DE FUTURO..........................................................189
DIREITO À EDUCAÇÃO.............................................................................................191
AUTORIZAÇÃO VALE UM EDITAL ............................................................................193
PROPOSTAS PARA UMA EDUCAÇÃO DE VERDADE................................................195
A IMPORTÂNCIA DA AUTOMOTIVAÇÃO ................................................................199
OS APERREADOS II – O PODER DA PACIÊNCIA.......................................................203
ATRIBUTOS DOS VENCEDORES ..............................................................................207
RECEITAS DE SUCESSO ............................................................................................211
NO ANO-NOVO – FAÇA A COISA CERTA! ..............................................................215
A IMPORTÂNCIA DO CURSO PRESENCIAL .............................................................217
AI QUE MEDO! .........................................................................................................221
OS CONCURSEIROS E A “SÍNDROME DO URSO POLAR” ......................................225
MARAVILHOSAS MULHERES....................................................................................229
FILMES PARA CONCURSEIROS ................................................................................233
FELIZ ANIVERSÁRIO, AMADA CEILÂNDIA!...............................................................241
A FORÇA DO TRABALHO ÉTICO..............................................................................245
A FORÇA DO DESTINO............................................................................................249
CONSELHOS QUE OS CONCURSEIROS NUNCA DEVEM ESQUECER ....................253
CORRER AUMENTA A INTELIGÊNCIA ......................................................................257
COMO A MÚSICA PODE AJUDAR NOS ESTUDOS...................................................261
BIBLIOGRAFIA BÁSICA PARA O SUCESSO ...............................................................265
QUEM TUDO QUER TUDO PERDE ..........................................................................273
AOS MESTRES, COM CARINHO................................................................................275
É TEMPO DE AGRADECER ........................................................................................281
OS JOVENS PREFEREM O GOVERNO COMO PATRÃO............................................285
PESQUISA ATESTA IMPORTÂNCIA DOS TESTES PARA OS ESTUDOS.......................289
ORAÇÃO DE AMOR ÀS MÃES..................................................................................293
AOS PAIS, TODO O AMOR QUE ELES MERECEM.....................................................295
28 DE OUTUBRO: PARABÉNS, SERVIDOR PÚBLICO!..............................................299
SAIBA O QUE AS PRINCIPAIS BANCAS DE CONCURSOS PÚBLICOS PEDEM NAS
PROVAS .......................................................................................................... 303
AS LIÇÕES DA CASA DOS MIL ESPELHOS................................................................309
AI SE EU ME EMPREGO (NO BB)...............................................................................313
SE VOCÊ QUER PASSAR, SAIBA O QUE LER .............................................................319
UMA HISTÓRIA QUE SERVE DE LIÇÃO PARA TODA A VIDA ...................................323
O PODER DO PENSAMENTO POSITIVO NA VIDA DE UM CONCURSEIRO............331
PENSE POSITIVO E VEJA O RESULTADO...................................................................335
AUTOCONHECIMENTO: A CHAVE PARA SER BEM-SUCEDIDO..............................341
VIDA DURA DE CONCURSEIRO. VIDA BOA DE CONCURSADO!!! ........................345
MAIS SEGURANÇA PARA A POPULAÇÃO DO DF ..................................................351
O MUNDO DOS CONCURSOS EM NÚMEROS .......................................................357
COMO O CONCURSO PÚBLICO MUDOU A MINHA VIDA .........................................363
SEJA JUSTO E CONQUISTE SEU CARGO PÚBLICO ..................................................367
NO DIA D, SAIBA COMO SEU CÉREBRO DEVE TRABALHAR ..................................371
QUER PASSAR EM CONCURSO PÚBLICO? DURMA BEM! ......................................375
CONHEÇA O PERFIL DOS NOSSOS SERVIDORES PÚBLICOS .................................379
CUIDADO COM O TAF. NINGUÉM PODE FUGIR DA PROVA! ...............................385
ACREDITE: O ESTRESSE PODE AJUDAR O CONCURSEIRO .....................................389
QUAL A MELHOR TÉCNICA DE ESTUDO? SAIBA O QUE DIZ A CIÊNCIA ...............393
DUAS HISTÓRIAS DE SUCESSO PARA INSPIRAR OS CONCURSEIROS ...................399
AS LIÇÕES DO PAPA FRANCISCO E OS CONCURSEIROS .......................................405
SEJA PERSISTENTE ATÉ CONQUISTAR A CARREIRA PÚBLICA ..................................409
JOVENS SÃO UM FATOR POSITIVO PARA O SERVIÇO PÚBLICO ...........................415
COMO LIDAR COM A PREPARAÇÃO PARA CONCURSO PÚBLICO .......................419
A CONQUISTA DO SUCESSO EM UMA LIÇÃO .......................................................423
O QUE O SÁBIO POLÍBIO ENSINA AOS CONCURSEIROS ......................................427
O QUE PODE FAZER UM CONCURSEIRO FELIZ .....................................................431
MÃE CONCURSEIRA, UMA HISTÓRIA DE SUCESSO ...............................................437
AS PRECIOSAS DICAS DE UM CONCURSEIRO BEM-SUCEDIDO ............................443
O SEGREDO DO SUCESSO DOS CAMPEÕES E DOS CONCURSEIROS ...................449
QUAL É O TAMANHO DA SUA FOME PARA PASSAR NUM CONCURSO PÚBLICO? ....455
MELHOR ACRESCENTAR VIDA AOS DIAS DO QUE DIAS À VIDA ...........................461
A disciplina de um maratonista
Apresentação
O ANIMADO GRANJEIRO
por Toninho Pop
Eu tenho uma história legal do Granjeiro.
No dia 21 de abril de 2006, quando cheguei para a
cerimônia de premiação de Jornalistas, realizada pela TV
Brasília, encontrei o Granjeiro. Ele me perguntou:
– De onde você vem tão engomadinho?
– Tava correndo a maratona, tomei um banho e tô aqui
pra prestigiar o evento, respondi.
E ele falou:
– Como assim correu?
– Pois é, bicho! Sou um GTI – Gatinho da Terceira Idade,
um atleta Máster.
Ele riu. E eu disse:
– Eu corro quase todos os dias no Parque da Cidade
e também nessas corridinhas organizadas de final de
semana, só pra ganhar medalha; chego lá entre os velhotes.
É só pra manter a forma.
Ele riu mais ainda. E me disse:
– Estou precisando voltar a praticar esportes. Vou correr
com você amanhã. Que horas você corre?
– Às sete.
No dia seguinte, confesso que não lembrava mais da
conversa; estava me alongando no parque, quando alguém
me cutucou.
– E aí?
Era o Granjeiro, com seus quase 100 quilos, todo
animado e vestido para correr. Foi então que tudo
começou, pelo menos nessa nova fase. Corremos a volta
menor de 4 km.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
No outro dia nos encontramos novamente; ele sempre
animado. E então corremos os 6 km.
Passei uma semana sem ir ao parque. Quando voltei, lá
estava o Granjeiro, animado. Nesse dia, nos encontramos
no Pará, o Velho Jorge – que tem uma banca de frutas. O
Granjeiro já estava lá, animado e enturmado. Deixou as
chaves do carro aos cuidados do Pará, de quem já estava
íntimo e tinha até uma conta (pendura) aberta, e lá fomos
nós.
Nesse dia eu vi os cabelos do carpete arrepiarem. O
homem, como sempre, motivado, me chamou pra correr
os 10 km. Passei mal só de pensar; afinal, o meu treino
durante a semana não ultrapassava os 6 km. Fizemos o
percurso conversando e nem vi o tempo passar. Foi ótimo.
Depois disso, acompanhei-o de longe. Tá doido! O
homem tomou gosto pela coisa. Animado, sempre.
Dois meses se passaram e encontrei o Granjeiro com
uns 14 kg a menos. E como sempre, animado! Já era um
atleta de competição, com equipe montada e tudo mais.
O resto da história, vocês já sabem... Organização de
provas (corrida 10 km do Obcursos – atual Gran Cursos),
Maratona de Nova Iorque, Volta da Pampulha, São Silvestre
e mais outras tantas maratonas em Brasília, no Brasil e
no mundo. Esse é o Granjeiro: determinado, competitivo,
disciplinado, mas acima de tudo, AMIGO.
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J . W. Gr a n j e ir o
J.W. Granjeiro, antes de iniciar sua jornada como maratonista, com 108
kg (novembro/2005).
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Disciplina de um maratonista I
Acordei determinado. A partir daquele dia, realizaria
mais um de meus sonhos. Eram seis horas da manhã,
quando me preparava para encarar mais um desafio. Meu
ritmo de trabalho já era bem árduo, mas nada que muita
disciplina e determinação não pudessem superar. Comecei
a procurar uma boa ajuda profissional e uma instituição
com tradição, pois acreditava que, com professores
altamente especializados, meu objetivo seria atingido em
um prazo mais razoável. Até porque eu estava convencido
de que me preparando “de véspera”, como muitos dizem e
fazem, estaria longe do ideal para alcançar meu objetivo.
Não pensei que apenas isso fosse o suficiente. Então,
montei um plano. Passei a cumprir rigorosamente a tarefa
que meus professores me recomendavam; investi em
materiais para aumentar meu desempenho; alterei minha
dieta (afinal, meu corpo teria que estar a meu favor);
conversei com algumas pessoas e li muito sobre o assunto
para obter experiência. Além disso, fora das aulas, fazia
um trabalho de condicionamento progressivo. Teria que
ter fôlego, muito fôlego.
Chegou, então, a hora de testar meus limites. Até onde
eu poderia chegar? Será que daria conta? Além da cobrança
que fazia a mim mesmo, havia prometido a minha família
que conseguiria. Eu não poderia decepcioná-la. Foi então
que, após oito meses de muita preparação, tomei coragem
para fazer a minha primeira inscrição em uma prova. A 1ª
Corrida do Coração, com mais de dois mil competidores e
um nome bem sugestivo. Seria meu primeiro desafio, após
25 anos sem me dedicar ao esporte e, mais especificamente,
às corridas de longa distância. Antes disso, eu era um
daqueles atletas de “final de semana”, que jogava uma
partidinha de tênis a cada quinze dias, fazendo algumas
caminhadas leves pela manhã.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Chegou o grande dia. Eu já tinha planejado uma
estratégia bem definida do meu percurso. Agora era para
valer. Começou a corrida. Ao longo do trajeto, vi algumas
pessoas desistindo. Confesso que também quis desistir em
vários momentos, mas tinha que dar o exemplo; precisava
chegar ao final da prova. Era um compromisso e decidi
cumpri-lo. Após algumas subidas e descidas, ao longo do
percurso de 10 km, que por um erro da organização foi
elevado para 12,6 km, já esgotado, um aluno se aproximou
e bateu em meu ombro: “professor, o senhor está tão bem
quanto a sua escola”. E me convidou para continuar o
trajeto em sua companhia, incentivando-me e fazendo
questão de que chegássemos juntos, apesar de ele ter mais
fôlego naquele momento.
Minha pretensão não era de chegar em primeiro lugar.
Por esse motivo, alcançar a 601º classificação geral e a
113º em minha faixa etária foi uma grande vitória. Pude
testar meus limites. Isso me trouxe um grande estímulo
para que pudesse melhorar ainda mais os meus resultados.
Na corrida de Duque de Caxias, realizada no dia 27 de
agosto, obtive uma classificação ainda melhor: 475º na
classificação geral e 101º em minha faixa etária. Dentro
de meus limites e em minha categoria, pretendi alcançar
as primeiras colocações. Meu próximo objetivo foi a São
Silvestre, que aconteceu no final do ano. Superado mais
esse obstáculo, vislumbrei-me chegar ao final da Maratona
de Nova Iorque.
A cada dia me superava e ficava mais perto de meu
objetivo. Você também pode se ver cada dia mais perto de
alcançar aquele tão desejado cargo público. Use os exemplos
de determinação e disciplina que lhe cercam. Volte ao início
do texto e lembre que uma boa ajuda profissional em uma
escola de tradição e premiada poderá lhe auxiliar. Contar com
professores de renome pode ser de grande valia. Investir em
bons materiais gerais e específicos para concursos públicos
melhora o seu desempenho. Não seja um “atleta de final
de semana”, e sim um concursando com hábitos diários de
estudo. O ritmo é essencial. Encontre um local reservado,
calmo e silencioso, para que você possa se concentrar nos
seus estudos. Faça simulados regularmente, a fim de testar
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J . W. Gr a n j e ir o
seus limites. A disciplina deve ser sua eterna aliada. Faça
um compromisso com seus familiares e amigos e conte com
o apoio deles. E tenha a determinação de um maratonista.
Quero lembrá-lo de que desculpas não são válidas nesta
hora, pois são incompatíveis com superação de limites.
Use a determinação como sua aliada, deixando de lado
os problemas. Pois, embora eu seja empresário, professor
do Gran Cursos, Plêiade, Facon, Gran Juris, trabalhe em
média 17 horas por dia, tenha uma família com esposa
e filhos, que merecem atenção e carinho, escreva livros
e ministre palestras, aproveito o máximo do meu tempo
para também investir em novos projetos. Racionalize seu
tempo. Não diminua o ritmo de estudo e nem abandone
seus objetivos. Faça uma boa escolha e permaneça nela até
alcançar o sucesso. E que DEUS nos ilumine em nossas
trajetórias.
J.W.Granjeiro, 86 kg. Corrida de Duque de Caxias-DF (agosto/2006).
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Disciplina de um maratonista II
Nos últimos dias, andei pensando sobre meu
desempenho. Percebi que, apesar de melhorar a cada dia,
ainda cometo alguns erros crassos. Isso mesmo, erros
crassos, a falha cometida por Marcus Licinius Crassus
em Roma, que tomou a ofensiva na Síria contra os Partos,
mas foi derrotado por um erro grosseiro de estratégia
militar, que lhe custou a vida. E pude perceber que uma
boa estratégia é aquela que pode ser melhorada a cada
erro percebido. E, é claro, levada em consideração pelos
acertos.
Como minha intenção é sempre abrir caminho para
o sucesso, quero compartilhar com você, querido leitor,
meus acertos e erros, a fim de que possamos crescer
juntos nesta trajetória. Antes disso, gostaria de atualizar
os resultados de minhas últimas corridas: de 601º para
354º na classificação geral e de 113º para 60º em minha
faixa etária. A melhoria na minha colocação em pequenas
maratonas tem sido um grande estímulo.
Eu diria que inexperiência e imediatismo são erros
bastante comuns. Também não posso deixar de falar de
acertos, como a determinação, simulação e motivação.
Começo falando sobre inexperiência. Na última corrida,
fiz um treinamento intenso no dia anterior à prova. Como
consequência, no momento do desafio, estava fatigado e
estafado. Quase não consegui terminá-la. Essa estratégia
equivocada deve ser tomada como exemplo também para
aquele aluno que, na véspera da prova, intensifica o estudo
ou vara a noite estudando e, diante das provas no dia
seguinte, se depara com um inimigo chamado estresse.
Dentro de minhas observações, cito e explico o
imediatismo: tentar acelerar no início da prova sem estar
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
devidamente condicionado. Querer acompanhar os outros
corredores que estão em ritmo constante de treino não é
uma boa tática. Isso me levou a não conseguir manter o
ritmo durante a prova e me faltou o fôlego no final. Você
– como candidato a uma vaga na carreira pública – assim
como eu – maratonista – deve saber que existe uma
limitação inicial. É preciso definir sua estratégia e segui-la
rigorosamente, sem pressa, sem buscar efeitos imediatos.
Adquira segurança para que no final possa dar um sprint.
Para você persistir em sua meta, determinação é
essencial. Estou mais próximo de meu objetivo. Já realizo
a meia maratona de forma bem tranquila: 21 km em menos
de duas horas. Agora corro para conseguir fechar os 42
km em menos de quatro horas. Continuo investindo em
materiais que me possam auxiliar em meu desempenho.
Portanto, não desista nunca e invista em vários livros e
apostilas relacionados a concursos, para você otimizar
seu tempo e esforço. O Gran Cursos, a Plêiade e a FACON
podem ajudá-lo. Bons profissionais e uma instituição com
tradição reduzirão o tempo de conquista do seu objetivo.
Você deve simular sempre. Ao invés de eu ficar apenas
em um percurso, começo a variá-lo. Se a prova que estou me
preparando irá acontecer pela manhã, treino naquele horário.
Sempre simulando as condições que irei enfrentar, testando
terrenos e períodos. O candidato ao concurso deve ter sempre
essa preocupação de começar a estudar em locais públicos
com certo nível de barulho, pois pode se deparar com a
mesma situação no dia do exame. Vivenciar vários tipos de
situações é uma importante estratégia. Outra simulação que
deve ser levada em conta é com relação ao próprio tempo de
realização da prova. Estudar no mesmo tempo de duração da
prova, para que o corpo esteja bem preparado para o teste.
Sinta-se motivado a continuar progredindo até
a obtenção de sua vitória. Aprenda com os erros, as
experiências dos outros e não repita táticas equivocadas. E
lembre-se: o segredo da aprovação está na preparação com
método, muita disciplina e orientação adequada.
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J . W. Gr a n j e ir o
Disciplina de um maratonista III
Sabe aqueles dias em que você se sente desmotivado?
Essa sensação já esteve presente em meus treinamentos.
Não tinha vontade nem mesmo de sair de casa para ir ao
Parque da Cidade ou para outro lugar em que costumava
treinar. Logo percebi que, se não me livrasse daquela
sensação, minha estratégia estaria arruinada.
Para minha sorte, lembrei-me de uma história bíblica.
Vou contá-la aqui como forma de estímulo tanto para
quem deseja começar quanto para aquele que já está
caminhando rumo à conquista de uma vaga no serviço
público.
Quando eu era mais novo, fazia parte da comunidade
de Vicentinos. Eu era presidente da 1ª Conferência de
Jovens Vicentinos, em Ceilândia, e nós tínhamos, entre
outras atividades, assistência a determinados grupos de
famílias carentes. Fazíamos campanhas para arrecadação
de alimentos e donativos e, nos finais de semana,
aproveitávamos para entregá-los às famílias.
Em uma dessas visitas, conheci uma senhora cega que
vivia com uma filha ainda pequena. Sempre que ia visitá-la,
gostava de ouvir suas sábias histórias. Em suas narrativas,
encontrava conhecimentos riquíssimos para formação de
uma boa pessoa. Irei reproduzir aqui uma dessas histórias
de muita emoção e sabedoria. É um bom exemplo para
este momento em que as pessoas estão desanimadas, sem
querer começar a estudar, ou adiando a cada dia um novo
projeto, como por exemplo, a mudança de carreira. E até
mesmo para aquelas que estão acomodadas de alguma
forma e acreditam que não vão conseguir obter sucesso
em sua nova jornada.
A história começa assim: “Noé estava no deserto e
ouviu uma voz, que afirmava querer falar com ele. Noé ficou
assustado por não ver ninguém e perguntou quem gostaria
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
de falar com ele. Viu apenas uma luz, que respondeu
dizendo ser o seu Senhor Deus, e logo afirmou que tinha
uma grande missão para Noé. Essa missão era a construção
de uma grande arca e a colocação, em seu interior, de um
casal de cada espécie de animal. Ao final, o Senhor Deus
mandaria um dilúvio sobre a terra e todos que estivessem
dentro da arca estariam salvos. Noé perguntou como iria
cumprir essa tarefa sem ferramentas, sem pessoal, sem
experiência. Como começaria um grande projeto sem
recursos? E as últimas palavras do Senhor foram: comece
e eu o ajudarei!
Noé reuniu sua família e contou a conversa que teve
com o Senhor. A família logo se dispôs a ajudá-lo na
feitura da arca, para que sua missão fosse concretizada. A
família iniciou sua empreitada com o que possuíam, com
os recursos disponíveis naquele momento. Todos os dias
o céu azul o inspirava a continuar na realização de um
bom trabalho. De forma incansável, eles continuavam em
sua meta, em seu objetivo, em seu projeto. Próximo de
terminar a sua obra, Noé reuniu os casais de animais e
logo percebeu que o tempo começava a mudar, as nuvens
se formavam. E a previsão se concretizou. Um dilúvio caiu
sobre a terra, obrigando a arca a navegar por um longo
tempo, estando Noé, sua família e os animais reunidos,
em segurança”.
Naqueles dias em que estive desanimado, lembrei-me
desta lição e voltei com novo fôlego e muita garra para meu
trabalho de preparação. Como professor, pai, empresário
e em minhas relações pessoais, posso afirmar que não
conheço ninguém que tenha obtido sucesso ficando
parado.
Minha preparação para maratonas tem me mostrado,
dia a dia, que, com muita persistência, o sucesso é
consequência certa. Os resultados de minha última corrida
demonstram isso. Obtive uma melhora considerável em
tempo e colocação: de 601º para 209º na classificação
geral e de 116º para 33º em minha faixa etária. Posso, com
essa história e com a minha experiência de vida, afirmar a
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J . W. Gr a n j e ir o
importância de três itens para motivá-lo: tenha sempre um
objetivo, trabalhe com os recursos disponíveis e comece
seu projeto. Avalie suas potencialidades e limitações e
saiba aproveitar o apoio dado pela família e amigos. Alguns
valores como atitude, disciplina e perseverança devem
estar presentes tanto na vida de um maratonista quanto
na de um candidato à carreira pública.
Comece a se preparar e a estudar, que o Senhor DEUS
irá ajudá-lo em sua conquista.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Disciplina de um maratonista IV
Vejo meu ritmo aumentar e meus treinamentos estão
mais intensos a cada dia. A motivação em melhorar minha
classificação tem me acompanhado nesta semana. Agora,
irei encarar meus primeiros desafios fora de Brasília: a VIII
Volta Internacional da Pampulha, em Belo Horizonte, e a
82ª Corrida Internacional de São Silvestre, em São Paulo.
São duas das principais provas de rua do país. E para
mais essas competições, meu lema é manter o foco.
Nas últimas semanas, meus treinamentos estão entre
12 e 16 km diários. Aumentei meu ritmo e estou correndo
entre 60 e 80 km por semana. Os especialistas afirmam
que a média de um bom maratonista está na faixa de 120
km semanais (o nosso Marilson corre em média 200 km por
semana).
Fico feliz em saber que toda a minha perseverança
e alegria em correr vêm contagiando as pessoas que me
cercam. Hoje, minha esposa e filhos já correm também. Até
mesmo meus coordenadores, funcionários e professores
iniciaram-se nesta jornada. E já quero lhe informar que
o Obcursos (atual Gran Cursos) está negociando com a
CORDF (Corredores de Rua do Distrito Federal) para que a
primeira minimaratona da empresa – prevista para março
do próximo ano – entre no calendário oficial de eventos da
instituição. É um evento muito aguardado e espero que vire
tradição na cidade. Minha intenção é que sejam distribuídos
prêmios para atletas, professores, funcionários e alunos.
Agora vamos para as dicas! Diferentemente de um
maratonista, que deve intensificar o seu ritmo nas últimas
semanas que antecedem a prova, o candidato ao cargo
público deve reservar esse tempo para uma revisão geral.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Tenha a humildade de ler os resumos, como se fosse a
primeira vez, pois é nesse momento que conseguirá
assimilar detalhes importantes e informações preciosas
que passaram desapercebidos.
O primeiro passo de um maratonista é analisar o
regulamento da competição, tais como: percurso, horário,
permissões e proibições. Já o candidato, após a escolha
de seu cargo e concurso, deve ler o edital de uma forma
minuciosa e detalhada, identificando o conteúdo a ser
cobrado, o peso de cada disciplina, nota mínina de cada
prova, se vale a pena chutar ou não, os critérios de
desempate e demais regras do “jogo”. Engana-se quem
pensa que, fazendo isso, está perdendo tempo. Esmiuçar
o edital e verticalizar o programa cobrado na prova são
essenciais para um bom rendimento. Para uma “boa
jogada” é preciso saber bem as regras. Quer um bom
exemplo? Veja o edital recente do TSE. As provas objetivas
serão realizadas pelo Centro de Seleção e de Promoção
de Eventos (Cespe/UnB), por intermédio de questões de
múltipla escolha, com quatro alternativas. Você sabia
disso? Provavelmente não. Isso prova que quem não lê
o edital corre o risco de preparar-se de maneira errada.
Mesmo as instituições organizadoras que já possuem
tradição aplicando sempre um tipo específico de avaliação
podem mudar de um concurso para o outro, como é o caso
do TSE. Fique sempre atento!
Outra dica: não se intimide com a concorrência! Na
última prova me deparei com mais de três mil corredores,
e sei que na Corrida de São Silvestre este número deverá
aumentar para mais de 15 mil pessoas. Mas assim como
em concurso público, minha experiência demonstra que
eu não devo me preocupar com a quantidade, pois desse
número, apenas 10% são competitivos, os quais podem dar
algum trabalho tanto na corrida quanto na concorrência por
um cargo público. Neste último concurso para o TRF, por
exemplo, 2,5 mil candidatos disputam uma vaga; no TRE de
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J . W. Gr a n j e ir o
São Paulo, cerca de 1.160 pessoas concorriam pela mesma
vaga. Desses números, apenas 10% possuem alguma chance
de classificação. Há alguns anos esse número já foi menor,
quando apenas 5% eram competitivos. O crescimento
acontece devido à intensa preparação e à consciência que
os candidatos vêm adquirindo. Então, alguns diferenciais
podem levar você a uma excelente pontuação, como: um
curso de exercícios; uma aula particular; um curso por
matéria; um caderno de prova comentado, a frequência a
um Gran Dicas etc.
Manter o foco e a concentração é essencial para se chegar
bem ao objetivo esperado. É preciso vigiar seus passos para
que não caia nas armadilhas da desconcentração. Durante
meu percurso, pude vivenciar, de perto, essa situação.
Após empregar certo ritmo à corrida, comecei a pensar
nos meus afazeres e no meu trabalho, e meu desempenho
imediatamente começou a cair. Esse fato também costuma
ocorrer com o candidato que, durante a sua preparação,
perde o cronograma de estudo, ou que, na hora da prova,
se desconcentra. Isso pode ser fatal. Em virtude desta
queda de concentração, muitos candidatos podem cair
nos famosos pegas, errar questões fáceis, ou até perder
preciosos minutos do tempo da prova.
Não dê vantagem para seu concorrente. Assim como
um maratonista, que escolhe as provas das quais pretende
participar e nelas obter bons resultados, você deve se
manter decidido quanto ao concurso escolhido. Ainda
que apareçam seleções com vários atrativos, é preciso
concentrar toda sua energia e preparo na prova escolhida.
Outras seleções poderão ser feitas apenas para simulação
e treino.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Disciplina de um Maratonista V
Iniciarei esta seção atualizando o resultado de minha
última corrida – a oitava edição da Volta Internacional da
Pampulha. Afinal, obtive uma boa marca em meu primeiro
desafio fora da cidade: 1.644º na classificação geral. No
evento realizado em torno da Lagoa da Pampulha, no
último dia 3, em Belo Horizonte, mais de 10 mil pessoas
participaram da corrida em um percurso de 17,8 km.
Considero essa corrida um marco, pois foi o meu trajeto
mais longo em competições e com a participação de feras
do esporte. Esse resultado amplia a minha expectativa com
relação à Corrida Internacional de São Silvestre.
Sinto-me motivado e o meu desejo, de coração, é de que
você, concurseiro, pudesse usar a disciplina de maratonista
como exemplo para seus estudos. Assim como o hábito de
correr traz disciplina e determinação, você também pode
transformar o estudo num bom aplicativo para superar
limites. Sem falar que tanto a corrida quanto o estudo nos
dão resultados que podem ser utilizados para o resto de
nossa vida: na saúde, na qualidade de vida, entre outros.
Nesta última corrida, fiz uma prova muito tranquila,
de maneira bem estratégica, assim como um candidato ao
cargo público deve fazer. Não fiquei estressado e percorri
todo o trajeto de forma prazerosa, sem nenhum desconforto.
Cheguei à frente de pessoas mais preparadas, por conta
da estratégia que mentalmente desenvolvi desde o início
até o final. Pessoas do Brasil inteiro e até de fora do país
participaram da prova mais charmosa que existe hoje.
Com toda essa experiência, pude perceber que, no
momento em que consigo adquirir condicionamento,
minha preocupação deve voltar-se para a velocidade. O
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
mesmo deve ocorrer com o candidato, que, após adquirir
segurança no conteúdo estudado, deve saber lidar com
o tempo. Além da complexidade das disciplinas, um dos
grandes inimigos do candidato é o tempo mal administrado.
Saber administrar bem o tempo de resolução das questões
é um grande diferencial nas provas.
Outra dica importante que tenho utilizado em meus
treinamentos: não se distraia de seu objetivo e em seus
estudos. Quando corro, não utilizo nenhum subterfúgio,
como aparelhos de MP3 (Ipod). Parto do princípio de que,
durante a corrida, tenho a oportunidade de viver momentos
de introspecção que aliviam as tensões do dia a dia e
nos quais consigo ter as melhores ideias para os meus
negócios e meus projetos. A concentração nos estudos e
nos objetivos é importante instrumento para obtenção do
sucesso.
Não desperdice o tempo de estudo. O aluno que
pretende passar em um concurso deve esquecer as
revistas de entretenimento e focar nos materiais úteis
para sua preparação. É importante buscar materiais que
o candidato possa utilizar ao mesmo tempo em que realiza
outras tarefas, como, por exemplo, um CD de áudio para o
uso no trânsito ou numa caminhada pelo parque.
Uma boa técnica que utilizei quando fazia faculdade,
quero repassar a você. Naquela época, o tempo que tinha
para estudo era de meia-noite a seis da manhã, já que
trabalhava o dia todo e fazia faculdade no período da noite.
Ao ler que o ser humano dorme apenas quando esquenta
os pés, colocava os pés numa bacia de água fria a fim de
me manter acordado e, durante esse tempo, estudava
com afinco. Este foi um método natural que resolvi usar
por não ter tempo suficiente. Compensava essas horas de
descanso em meu horário de almoço. Isso me permitiu
tirar as maiores notas na faculdade e em provas para
concursos.
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J . W. Gr a n j e ir o
Aproveito para deixar aqui meus votos de paz, amor,
felicidade e saúde neste ano que inicia. Prepare-se bastante,
dedique-se muito, para realizar ainda este ano o sonho de
conquistar uma vaga no serviço público. O seu sucesso é
o meu mais sincero desejo!
8ª edição da Volta Internacional da Pampulha-BH/MG (dezembro/2006).
Tempo de corrida: 1h30min1 (18 km). Classificação Geral: 1.644º.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Disciplina de um maratonista VI
Cheguei cedo para marcar a minha posição na largada.
Afinal, após tanta preparação, não poderia ser engolido pela
multidão logo no começo da prova. Por isso é preciso chegar
cedo para conseguir um bom posicionamento. Meu maior
desafio – a 82ª Corrida de São Silvestre – iria começar em
alguns minutos e, apesar de muito treinamento, não me
sentia nas condições ideais, como acontece com muitos
“concurseiros” que, na hora da prova, têm sempre a sensação
de não estar totalmente “em forma”.
Assim que me posicionei, logo vi ao meu redor
milhares de pessoas com o mesmo objetivo. A sensação de
concorrência aumentava a cada minuto. Mas logo pensei
em aproveitar aquele tempo para trocar experiências e
ouvir conselhos dos outros corredores. Aproveitando o
clima da prova, troquei informações sobre alimentação
mais saudável, treinamento e estratégias de corrida.
Naquela ocasião conheci um experiente corredor de
72 anos, com uma bela bagagem de vida, que me deu
uma aula de determinação e estímulo. Ele conta que em
seus treinos, quando estava desestimulado, lembrava-se
sempre de que, enquanto pensava em desistir ou não ir
treinar, seus concorrentes estavam se preparando. E logo
vinha a força para vencer aqueles competidores. Isso deve
acontecer com o candidato a um cargo na carreira pública,
que não deve esquecer que, enquanto não estuda ou pensa
em desistir de sua preparação, o seu concorrente está em
uma sala de aula, em uma biblioteca, em algum lugar,
estudando.
Entre os mais de 15 mil inscritos, obtive a colocação
de 3.599º, com um tempo de 1h16. Confesso que cometi
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
alguns erros. Fiquei duas semanas fora do país. Esta
viagem prejudicou meu desenvolvimento ao longo da
prova. Eu esperava uma melhor classificação. Não estava
em meu condicionamento pleno, pois minha alimentação
durante o período que antecedeu a prova foi irregular
e não treinei com a mesma intensidade. Nessa prova
foram vários os complicadores: alimentação irregular,
que me fez ganhar certo peso; a viagem que fiz para o
exterior, que causou cansaço devido ao tempo de voo;
falta de aquecimento no início da prova, em função
do reduzido espaço na largada da prova; a chuva fina,
que me acompanhou durante toda a corrida; o fato de
não conhecer o percurso da prova; e os buracos na
pista. Percebi que se tivesse dado atenção maior para
todos esses itens, hoje estaria entre os 1.000 primeiros
colocados.
Tirei algumas lições que quero repartir com você, leitor.
Não cometa o erro de ficar, às vésperas de uma prova, mais
de duas semanas sem estudar, sem revisar, sem treinar,
sem reforçar os seus estudos; ou até mesmo de ir para a
prova desconhecendo todo o conteúdo. Esse erro pode ser
a sentença para uma reprovação.
No dia que antecedeu a corrida, assisti a uma
entrevista de um atleta bicampeão da São Silvestre e do
seu treinador, que relatou uma experiência de parceria
muito interessante. Ao conhecer o atleta, o treinador não
identificou talento algum para o esporte, mas percebeu que
ele possuía outras virtudes como: disciplina, perseverança,
humildade e obediência às ordens a ele direcionadas. Com
essas características, conseguiu obter muito sucesso
em sua carreira de corredor. Quero mostrar com isso
que um candidato que pretende passar em um concurso
público deve obedecer às orientações de seu professor
de cursinho, ler o material, fazer os exercícios. Não deve
nunca subestimar, ignorar ou desprezar a orientação de
um professor experiente.
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J . W. Gr a n j e ir o
Gostaria de constatar que, assim como nas maratonas,
quem tem obtido as melhores colocações, tanto em corridas,
quanto em concursos, são pessoas comuns e simples, que
venceram adversidades e que vêm de família humilde.
Em meus 20 anos de experiência em concurso público,
pude perceber que, em sua maioria, não são gênios que são
aprovados nas principais seleções realizadas no país – são
pessoas comuns.
Dei adeus ao ano de 2006 com a certeza de dever
cumprido. Terminei a última prova, realizada na cidade,
com a classificação geral em 129º e 26º em minha categoria.
Estar entre os 1.000 primeiros colocados na Corrida de
São Silvestre de 2007 é a minha meta. Mantenho o ritmo
de treinamento entre 15 e 21 km por dia, para obter
sucesso em meu próximo objetivo, que é a Maratona de
Nova Iorque.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Disciplina de um maratonista VII
Maratonista e concursando não podem se dar ao luxo
de tirar férias, parar de treinar ou de estudar, sem antes
alcançarem seus objetivos. Nos primeiros dois meses do
ano não há provas de corridas importantes na Capital
Federal. Na única de que participei – a 37ª Corrida de
Reis – obtive um tempo de 46 minutos e classifiquei-me
em 503º. Esse resultado foi reflexo das férias, como diria
o nosso renomado professor de Direito Constitucional e
“filósofo”, Zélio Maia: “essa maldita e implacável produtora
de preguiça”.
A Corrida de Reis é uma bela prova, porém com trajeto
difícil e complexo, pois os competidores descem 5 km, do
Estádio Mané Garrincha até o Congresso Nacional. Depois,
precisam subir 5 Km. Nesse percurso é que se identifica
quem possui disciplina, perseverança e força.
Todas essas virtudes devem ser alcançadas pelo
concursando que pretende ser aprovado em um
concurso público como no do MPU, que conta com até
3.077 candidatos disputando uma vaga. Aqui faço uma
observação: do total de inscritos, no máximo 10% são
competitivos, enquanto os demais vêm aventurar-se e
apenas aumentam as estatísticas de candidatos por vagas.
Na altura da Rodoviária, observei que muitos corredores
jovens paravam e outros desistiam. E pensei: “essas pessoas
nunca passarão em um concurso público por faltar-lhes
a persistência e a raça dos grandes maratonistas”. Ao
entrar na fila dos concursandos, dela você somente deverá
sair quando alcançar a meta, isto é, a aprovação naquele
concurso cujo cargo oferecerá todos os benefícios de se ter
o Governo como patrão.
Assim como em uma preparação para concurso, nós
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
os maratonistas temos que começar um treinamento
diariamente. Sempre teremos como companhias alguns
tipos de pessoas que tentam atrapalhar, os quais devemos
ignorar, que são: o “senhor psicológico”, a “senhora
preguiça”, o “senhor desânimo”, e outros “tipinhos”.
Entretanto, devemos constantemente ir em busca do
pelotão em que se encontram as “senhoras” disciplina,
perseverança, superação, energia.
Voltei aos treinos pesados, aumentando o grau de
dificuldade dos percursos objeto de treinamento. Os meus
treinos agora são feitos em novos horários e trajetos cada
vez mais complexos. A ideia é simples: enfrentar grandes
dificuldades a fim de, no dia de prova, estar confiante e
seguro, para que eu possa bater meu recorde pessoal e
fazer uma excelente corrida. Superar minhas marcas e
melhorar sempre são minhas ambições. Faço longões de
até 25 km, pois agora meu grande desafio – e o maior
deles – é concluir, com o tempo para contar do ranking dos
maratonistas, os 42.195 m da maratona de Nova Iorque.
Aproveito este artigo para responder a uma pergunta
que recebo diariamente de internautas, alunos e ex–
alunos: “Qual a ordem preferencial para a solução das
questões de uma prova de concurso público?”. Tenho para
essa pergunta pelo menos quatro respostas, dependendo
do candidato, do concurso e da sua formação:
R1. Comece a responder as questões das disciplinas que
exigem maior grau de concentração e interpretação
(Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Legislação
etc.). Depois, resolva as questões mais trabalhosas
em relação a cálculo (Matemática, Estatística,
Contabilidade etc.). Por fim, as questões menos
trabalhosas, porém não menos importantes, como
(Direito Constitucional, Direito Administrativo,
Informática etc.);
R2.Responda as questões simples, com grau de
dificuldade 1, (pelo menos 30% da prova), depois as
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J . W. Gr a n j e ir o
questões com grau de dificuldade 2 (40% da prova)
e, por fim, as questões com grau de dificuldade 3
(30% da prova), decisivas para a sua classificação;
R3. Comece a resolver a prova pelas questões das
disciplinas relativas a sua formação: Direito,
Português, Matemática, Informática etc., ou por
aquelas que você mais gosta de estudar ou estudou
mais;
R4. (Esta última resposta é a mais óbvia) Responda
as questões na ordem que forem apresentadas,
uma vez que o candidato que quer passar em um
concurso não poderá se dar ao capricho de escolher
conteúdo ou matérias. Tudo é importante e deverá
ser estudado com paixão e interesse.
Saiba que há questões elaboradas para que ninguém as
responda. O intuito da questão complexa é desarticular o
candidato e abatê-lo psicológica e emocionalmente. Esqueça
tal entrave, siga em frente e lembre que até 10% das questões
poderão ser resolvidos com o conteúdo apresentado na
própria prova.
Separe um tempo para cada matéria e pelo menos 30
minutos para marcação do cartão de respostas. Os editais
costumam estabelecer nota mínima em cada prova e no grupo
de provas. Portanto, não adianta gabaritar certas disciplinas
e não tirar a nota mínima exigida em outras estabelecidas no
edital do certame.
Equipe de elite do Obcursos (atual Gran Cursos).
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Disciplina de um maratonista VIII
Se você anda um pouco sem ânimo para os estudos
ou para a prática de esportes, gostaria de lhe fazer uma
pergunta: cadê aquela força interior que você utiliza para
alcançar algo, mesmo quando não está em seus melhores
dias? Na última corrida da qual participei, obtive a resposta
dessa interrogação inspirado em meu amigo Adeilton
Cavalcante, grande incentivador do atletismo em nossa
cidade.
Apesar de estar acometido por uma forte gripe,
completei o difícil percurso Eixo Norte e conquistei a 17ª
classificação, em minha categoria, na Corrida Adeilton
Cavalcante. Uso a palavra conquistei, porque foi o que
exatamente aconteceu: venci as adversidades.
É certo que vários fatores levaram-me a mais essa
vitória: a força de Deus – o mais importante deles –, o
treinamento intensivo e o exemplo de uma pessoa mais
experiente no assunto.
Adeilton Cavalcante, ex-presidente da CORDF, que
completaria 57 anos no último dia 9, dedicou boa parte
de sua vida ao crescimento do atletismo. E não podíamos
deixar de homenageá-lo em um clima de comemoração e
saudade. Lembro aqui alguns dos valores pregados por
Adeilton, como atleta e também como profissional: ética,
simplicidade, organização, preocupação com detalhes da
prova – para que nada ocorresse de forma contrária ao
esperado –, intensidade no envolvimento com seus projetos.
São valores com os quais me identifico e que busco a cada
dia oferecer aos nossos alunos.
Com mais de 20 anos de experiência na área de
preparação para concursos públicos e na direção do
Obcursos (atual Gran Cursos), posso afirmar que nossa
escola oferece uma estrutura física e de pessoal de alta
45
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
qualidade. E a cada dia buscamos a melhoria de nossos
serviços, para que possamos auxiliar um maior número de
pessoas na conquista de seus sonhos.
O candidato a um cargo público não pode se dar ao luxo
de se abater com os problemas do dia a dia. Percebo que é
muito comum a queixa de cansaço, de estresse ou de uma
pequena gripe e, com isso, o aluno se abate e reduz o seu
ritmo de estudo. Além de seu desenvolvimento nos estudos,
o candidato deve centrar-se em seu interior, tentando
alcançar um equilíbrio e a estabilidade emocional. Calma
e concentração são essenciais na hora da prova. Como
sempre afirmo, a aprovação em um concurso é também
uma questão de amadurecimento.
Se você sabe aonde quer chegar, nada irá lhe abater.
Tanto o maratonista quanto o concurseiro não devem
esquecer jamais essa frase. Usarei isso para conquistar o
meu objetivo maior, que é a maratona de Nova Iorque, que
ocorrerá em novembro deste ano.
Espero que você conte com minha experiência
para alcançar seus objetivos. Então, nos momentos de
dificuldade, lembre: os obstáculos só podem ser vistos
quando nos desviamos de nosso objetivo.
Corrida Adeilton Cavalcante/DF (dezembro/2006).
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J . W. Gr a n j e ir o
Disciplina de um maratonista IX
Num belo domingo de sol, vislumbrei a paisagem
perfeita para superar meus limites e obter o êxito que
tanto almejava. Mas infelizmente o que venho relatar são
alguns erros que cometi em minha primeira maratona. E
como toda história de superação tem seus momentos bons
e ruins, neste momento meu leitor irá aprender com os
erros. Afirmo humildemente que isso é possível e fará parte
de seu processo de aprendizado, assim como aconteceu
comigo.
No meu intuito de preparação para a Maratona de Nova
Iorque, resolvi, embora sem muito treino específico para
completar um percurso completo de maratona, participar
da prova realizada no último domingo, dia 24, no Rio de
Janeiro. Empolgação com a competição, o charme da prova
e o período que antecede a Maratona de Nova Iorque –
novembro deste ano – foram fundamentais para a decisão
de correr o percurso.
Os preparativos que antecedem a prova foram perfeitos:
fiz alguns pequenos trotes na véspera da prova – que é
indicado por bons profissionais de atletismo – para soltar
a musculatura; criei uma ansiedade grande para correr –
também recomendado por especialistas – para estimular
o psicológico; alimentei-me bem na noite anterior, com
um reforço em carboidrato; acordei cedo e tomei todos os
cuidados com calçado, roupa, proteção solar, entre outros.
Minha pretensão era finalizar a prova, de 42.195 m, em
3h20min – 1 km a cada cinco minutos. No quilômetro 23
fiz um movimento brusco em uma curva e acabei sofrendo
uma contusão, que me causou uma dor até suportável –
para um maratonista que não pode se dar ao luxo de sentir
dor. E para meu desespero, após uma grande subida, tive
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
uma câimbra generalizada nas duas panturrilhas que me
travou e não consegui mais correr. Então fui obrigado a
parar e fazer um alongamento na musculatura. Com o
retorno não consegui manter o ritmo investido no início
da prova, e resolvi por algum tempo caminhar para que a
musculatura relaxasse.
Neste percurso pude acompanhar que muitos
competidores desistiram e muitos foram carregados. É
bem verdade que muitos da equipe de apoio se ofereceram
para me carregar, mas como eu decidi terminar a prova,
fui até o final. Minha persistência levou-me até a linha de
chegada, com fôlego e respiração perfeitos – e ainda cheguei
correndo, para sair bem na foto.
Avalio que não fui derrotado por falta de vontade, mas
pelo fato de não estar totalmente preparado para completar
uma maratona com tempo competitivo, como um candidato
que estuda para uma vaga de agente administrativo e
resolve se aventurar em um concurso para o Tribunal de
Contas de União. Saber avaliar o momento exato para
competir foi a experiência que obtive nessa prova. Cheguei
à conclusão de que é mais fácil passar em um concurso do
que completar uma maratona. Brincadeiras à parte, tenho
certeza de que evoluí como corredor, pois esta foi mais uma
experiência que me rendeu um sofrido, pesado e dolorido
aprendizado. Apesar de tudo, obtive a classificação 193º
em minha categoria.
Desejo a você persistência. Não desista nunca de seu
sonho, aprenda com seus erros e supere seus limites. Até
a próxima!
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J . W. Gr a n j e ir o
Disciplina de um Maratonista X
O atleta e o sábio
Acompanhei os jogos do PAN e, de todos os casos,
de todas as imagens, de todos os exemplos, de todas
as histórias de superação e de vitória, o que mais me
emocionou foi o que aconteceu na última prova do atletismo
– a maratona –, com a conquista da medalha de ouro pelo
fundista Franck Caldeira.
No dia da prova, acordei cedo, vesti o meu uniforme,
calcei meu tênis de corrida e acompanhei por um canal
de assinatura todos os momentos (do aquecimento até
a chegada) da mais verdadeira e desgastante prova de
competição, que é a maratona: 42 km e 195 m, e mais de
duas horas de intensa concentração, de muitas estratégias
para vencer o cansaço, a dor, os competidores, e alcançar
a tão sonhada medalha de ouro.
Foi emocionante acompanhar aquela corrida. Durante
toda a transmissão – a que eu assisti de pé, gritando “Vai,
Tiago!”, quero dizer, “Vai, Vanderlei!”, ou “Vai, Franck!”–,
observei o que a garra, a determinação, a disciplina, a
perseverança, os treinos, a estratégia correta e os estímulos
são capazes de gerar: vencedores.
Quando acabou a maratona, quase sem voz, aquecime e comecei o meu treino básico de 23,5 km sob um sol
no asfalto de 31ºC, umidade de 20%, altitude de 1.100 m e
2 horas e 5 minutos de subidas e descidas. Tudo visando
à meia maratona do Rio, em setembro, e à maratona de
Nova Iorque, em novembro. Fiz um dos melhores treinos
de minha breve vida de maratonista – sem desconforto e
sem dores. E olha que, se houvesse uma maratona para
concluir, acho que naquele dia eu chegava com sobra.
E pensei: o que um exemplo assimilado e imitado pode
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
produzir em uma pessoa. Ah! À tarde ainda fiz uma hora
de educativos e exercícios com peso na academia, para
soltar e reforçar a musculatura.
Treinar, com tantos fatores conspirando contra,
é para quem tem “sangue nas ventas”, como diriam
meus conterrâneos nordestinos. É meu estilo vencer
adversidades, fazer as coisas com garra, prazer, disciplina
e inspiração nos bons exemplos.
Para essa situação, recordo-me de uma bela história
que consta dos livros de autoajuda e que agora eu conto.
É a história do sábio chinês que presenteou o imperador
com um livro que tinha apenas duas páginas. Ao entregálo, o sábio explicou: “No momento mais triste de sua vida,
senhor imperador, leia a primeira página e feche o livro.
E, no momento mais feliz, leia a segunda. O presente terá
atingido o objetivo”. Tempos depois, o azar abateu-se sobre
o império. Uma peste matou parte da população; uma
praga destruiu a lavoura; bárbaros invadiram as terras,
saqueando o que sobrara. Desesperado, o imperador
lembrou-se do livro. Na primeira página, somente uma
frase curta: “Isso vai passar”. Incansável e laborioso, o
soberano convocou os conselheiros e pediu apoio do povo
para expulsar os invasores, debelar a peste e recuperar a
lavoura.
Mais tarde, sua única filha casou-se com o filho de um
imperador vizinho, e os dois países se uniram num único
e imenso império. Feliz da vida, o imperador lembrou-se
novamente do livro e foi direto à segunda página, onde se lia
apenas outra frase curta: “Isso também vai passar”. Moral
da história: não devemos nos embriagar pelas grandes
alegrias nem nos deixar abater pelas grandes frustrações.
Meu recado para Vanderlei Cordeiro de Lima, que
não concluiu a prova, embora fosse o favorito, é: isso vai
passar. Para o Franck Caldeira, que venceu a prova mais
importante dos jogos pan-americanos: isso também vai
passar.
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J . W. Gr a n j e ir o
Da mesma forma, para você que foi reprovado em um
concurso público ou no vestibular, isso passa; e para
você que foi aprovado em primeiro lugar em um concurso
público ou no vestibular: isso também passa. A reprovação
e a aprovação dependem, respectivamente, da falta e da
presença dos seguintes elementos: preparação adequada,
disciplina, vontade de vencer e pensamento positivo.
So, good luck and success in the exam!
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Disciplina de um Maratonista XI
Um brasileiro na Maratona de Nova Iorque
Eu tinha 8 anos de idade quando a Maratona de Nova
Iorque foi disputada pela primeira vez, em 1970. Correr,
para mim, nada mais era do que brincadeira normal da
idade, como para as outras crianças. Se, àquela época,
meu pai tivesse previsto meu futuro e dito que um dia eu
estaria entre os participantes da prova, eu provavelmente
teria respondido com outra pergunta:
– Papai, mas o que é maratona?
Porém, hoje, 37 anos depois, eis-me de malas prontas
para participar da mais importante e charmosa de todas
as maratonas, entre nada menos que 45 mil corredores
do mundo inteiro e diante de um público de 2 milhões
de pessoas nas ruas, além dos incontáveis telespectadores
por todo o planeta.
Neste momento, sinto toda a ansiedade de um atleta
diante do imenso desafio que é correr 42 km e 195 m
pelas ruas da cidade mais cosmopolita do mundo, depois
de intensa preparação de três meses nas condições mais
adversas que pude enfrentar aqui no Planalto Central:
temperaturas acima de 30 graus, seca atroz, terrenos dos
mais difíceis, até mesmo para atletas profissionais.
Agora posso dizer que estou pronto, de corpo e alma,
para o que me espera a partir das 10h47 do dia 4 de
novembro, quando será dada a largada na maior ponte
pênsil do mundo, ao som de tiro de canhão do forte
Wadsworth. Não sonho com o pódio, cujo maior lugar foi
ocupado pelo nosso Marilson Gomes dos Santos – orgulho
do atletismo nacional e brasiliense em particular, que saiu
da Ceilândia para alcançar as maiores glórias do atletismo.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Sou um atleta amador, e meu objetivo é concluir a
prova com tempo abaixo de 4 horas, o que será um feito
importante em minha faixa de idade, 45 anos. Não será
minha primeira Maratona, pois a estreia foi na do Rio
de Janeiro. De lá para cá, já participei de outras provas,
entre elas algumas meias-maratonas e várias corridas
mais curtas em outras cidades e em Brasília, onde, aliás,
o Gran Cursos patrocina uma equipe de corredores que
vem se destacando nas competições, com pouco mais de
dois meses de atividade.
A disciplina de maratonista foi para mim a descoberta
de um novo estilo de vida. O desafio pode ser comparado
ao que o mestre Sun Tzu definiu em seu livro, hoje
mundialmente famoso, “A Arte da Guerra”:
Aquele que conhece o inimigo e a si mesmo,
ainda que enfrente cem batalhas, jamais
correrá perigo. Aquele que não conhece o
inimigo, mas conhece a si mesmo, às vezes
ganha. Aquele que não conhece nem o inimigo,
nem a si mesmo, está fadado ao fracasso e
correrá perigo em todas as batalhas.
Meu inimigo a ser batido é a Maratona de Nova
Iorque, com seus 42.195 m, num terreno traiçoeiro,
com várias subidas e descidas que exaurem o corredor,
e com temperatura normalmente abaixo dos dez graus
centígrados. Para poder combater esse inimigo com
chance de derrotá-lo, fui conhecer o percurso há alguns
meses e tenho gravada na mente toda a minha tática de
batalha. Por não ser marinheiro de primeira viagem em
provas de longa distância, creio que levo grande vantagem.
Aliado a isso, usarei todo o poder de concentração para
atingir o objetivo: cruzar a linha de chegada no tempo que
programei e em boas condições físicas.
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J . W. Gr a n j e ir o
A disputa de maratona atlética exige a mesma
dedicação, pertinácia e obsessiva vontade de vencer,
necessárias ao candidato a concurso público, que se
prepara durante meses a fio para enfrentar a maratona de
quatro a cinco horas de prova. Essa é a lição que costumo
passar aos alunos nas aulas de Administração Pública e
Direito Administrativo.
Esses princípios sempre nortearam minha vida e me
levaram ao sucesso pessoal e profissional. Agora, eu os
estou aplicando também no esporte, em minha atividade
de maratonista, igualmente com êxito. Espero que isso se
repita no próximo domingo em Nova Iorque. Com a leitura
do livro O Segredo, de Rhonta Byrne, aprendi que
acreditar implica em agir, falar e pensar como
se já tivesse recebido o que pediu. Quando
você emite a frequência de ter recebido, a lei
de atração move pessoas, acontecimentos e
situações para que você os receba.
Concordo com quem disse que não se pode passar a
vida sem plantar uma árvore, ter um filho e escrever um
livro. Já realizei as três missões. Quem gosta de correr
e adotou a corrida como esporte não pode deixar de
participar da Maratona de Nova Iorque. Essa é a quarta
meta de minha vida. Por isso, estarei lá.
Concluo com o pensamento do escritor norte-americano
Tom Hopkins. A meu ver, trata-se de uma bela síntese da
experiência que viverei daqui a uma semana:
Se você quer realmente alguma coisa, isto
fará uma diferença em sua vida. Trabalhará
para satisfazer essa necessidade. Por ela,
sacrificará
prazeres.
Sentir-se-á
mesmo
disposto a mudar e a crescer para atendê-la.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Até a volta! E aguardem o relato desta grande aventura.
Maratona de Nova Iorque (2007).
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J . W. Gr a n j e ir o
Disciplina de um Maratonista XII
O sonho virou realidade
Concluí, no dia 4 de novembro de 2007, os 42.195 m
da Maratona de Nova Iorque, com o tempo de 4h18, sem
desconforto, dores ou inconvenientes do grande esforço que
se emprega para alcançar a reta final da mais desgastante
das provas do gênero. E posso dizer que valeu a pena:
se fosse um concurso público, eu teria sido aprovado e
classificado.
Já escrevi e repito – agora com mais convicção ainda
– que a disciplina de maratonista é fundamental para
o sucesso de quem realmente deseja conquistar um
cargo público por meio de concurso, pois enfrentará não
apenas a maratona das provas, mas também milhares de
concorrentes que têm o mesmo objetivo. Para alcançá-lo,
é necessário pensar, agir e se dedicar à preparação como
um corredor de maratonas.
Fui a Nova Iorque após me preparar durante um
ano e três meses, com diversos treinamentos duríssimos
por semana, além de participação em diversas provas
semelhantes, entre elas, a Maratona do Rio de Janeiro.
Se não fosse isso, dificilmente teria conseguido chegar ao
final desses pouco mais de 42 km e conquistar a medalha
que agora tem lugar de honra em minha galeria de troféus.
O dia do maratonista em Nova Iorque começa às 5 horas
da manhã, hora em que ele acorda e tem apenas uma hora
para se preparar, o que inclui o banho e o café da manhã,
pois às 6 horas o ônibus está pronto para partir com os
atletas para o local da largada. Chegando lá, começa uma
longa espera, que dura nada menos que 4 horas, sob frio
de 6 a 7 graus, pouco antes da Ponte Verrazano, no bairro
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
de Staten Island. Ali, nada há para fazer a não ser esperar
e procurar exercitar-se para aquecer a musculatura,
enquanto mais corredores vão chegando a cada momento
e se aglomerando para não perder a largada.
Comparo essa extrema ansiedade com a do candidato
nos momentos que antecedem a prova de um concurso
público. É preciso estar bem física e psicologicamente, para
que corpo e mente possam se concentrar exclusivamente
na meta que traçou para as horas difíceis que enfrentará
a seguir.
Assim, como um concurseiro às vésperas da prova,
no sábado evitei extravagâncias e fui dormir cedo, para
que na manhã seguinte – madrugada, na realidade –
acordasse bem-disposto e descansado. Os cuidados com
a alimentação são também essenciais, tanto para quem
vai fazer prova quanto para o maratonista. O jantar da
véspera foi rico em carboidratos (massas, principalmente),
e o café da manhã, além de massas, incluiu leite e frutas.
É preciso estar bem alimentado, tanto para correr como
para passar de quatro a cinco horas fazendo uma prova de
concurso público.
Não é à toa que a Maratona de Nova Iorque tem o
status extraoficial de Rainha das Maratonas. Calculo que
pelo menos 50 mil pessoas tenham participado da prova,
entre elas cerca de 300 brasileiros e alguns milhares de
concorrentes que lá estão apenas pela farra, os chamados
pipocas, sem qualquer preocupação de concluir a corrida.
A largada é extremamente difícil, devido à enorme
aglomeração, que torna quase impossível correr num
ritmo normal. Além disso, o frio de 6 graus era mais uma
dificuldade a ser vencida pelo corredor.
Apesar de tudo, consegui realizar uma corrida
estratégica, exatamente conforme o planejamento que
desenvolvi nos treinamentos, sem forçar minhas condições
físicas. Ao longo da prova, o tempo mudou algumas
vezes: ora estava mais frio, ora estava mais quente, até
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J . W. Gr a n j e ir o
a chegada ao Central Park, que estava gélido. Mas para
mim o percurso foi um prazer, pois não apenas corri, como
também pude apreciar todo o cenário em que se desenrolou
a prova. Em nenhum momento fui ultrapassado. Ao
contrário, ultrapassei vários corredores, chegando em
ótima colocação para minha faixa etária (45 anos). Graças
a isso, tenho meu nome incluído na relação dos atletas que
concluíram a Maratona em menos de 5 horas, publicada
pelo jornal The New York Times.
Detalhe importante para o maratonista é o apoio do
público, que o estimula a buscar a linha de chegada, ainda
que isso lhe custe imenso sacrifício em determinados
trechos que é obrigado a percorrer. Na Maratona de Nova
Iorque, esse calor humano esteve presente durante todo
o tempo para os brasileiros, pois os americanos têm
grande carinho pelo nosso País e pela nossa gente. Por
onde passava, eu ouvia gritos de “Brazil! Brazil!”, e isso
renovava minhas forças, assim como deve ter ocorrido com
todos os brasileiros que participaram da prova.
Agora, parto em busca de outro sonho em minha
carreira de maratonista. Com o tempo que fiz, e na minha
faixa etária, estou certo de que consegui o índice para
participar do circuito que constitui a nata das maratonas
internacionais – equivalente, no tênis, ao chamado Grand
Slam, que reúne os principais torneios do mundo. Refirome às maratonas de Berlim, Londres, Chicago e Boston,
além da de Nova Iorque. Assim como o candidato que tenta
ser aprovado num concurso público, minha preparação
será longa e cuidadosa para cada uma dessas provas,
de modo que, tal como em Nova Iorque, ao final, eu seja
aprovado e classificado.
De volta a Brasília, estou feliz como nunca! Participar
da Maratona de Nova Iorque é a glória. Concluí-la, um
triunfo. Constar da lista do The New York Times, a grande
realização de todo maratonista.
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J . W. Gr a n j e ir o
Disciplina de um Maratonista XIII
O mestre e a discípula
Alguns dias atrás, conversei com uma aluna que me
pedira orientação sobre a melhor maneira de estudar
para concursos, já que há três anos ela vinha lutando
por uma vaga, sem sucesso. Contou-me que estava
estudando apenas determinadas matérias e passava por
um momento de desânimo, diante dos seguidos fracassos.
Entendi a angústia daquela moça, sentimento que, aliás,
é um problema que afeta a muitos de seus colegas, mas
que, obviamente, tem solução. É o que vou mostrar neste
artigo, para ajudá-lo a superar as dificuldades.
Essa circunstância é uma das muitas que podem ser
comparadas à do maratonista, que sofre as agruras do
percurso de 42.195 m e, em determinadas marcas, chega
a pensar em desistir da prova. Para que isso não aconteça,
ele tem de recorrer a todas as reservas físicas e mentais
(o famoso psicológico), à lembrança dos exaustivos treinos
e à determinação de vencer aquele momento de cansaço
e potencializar ao máximo a energia, a fim de continuar
correndo até cruzar a linha de chegada. Só assim
conseguirá suportar a dor e o cansaço extremos que se
abatem o corpo a cada metro percorrido.
Foi o que aconteceu comigo quando corri pela primeira
vez uma maratona, a do Rio de Janeiro. Embora me
considerasse preparado para enfrentar aqueles pouco mais
de 42 km, que me separavam da linha de chegada, estive a
ponto de desistir, tamanhas eram as dores que me faziam
cambalear e quase ir ao chão, depois de percorrer mais de
30 km. Mas, recorrendo à disciplina de maratonista, que
é o meu lema, consegui superar aqueles maus momentos,
recuperar as forças e seguir até o final. Foi um exercício de
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
tenacidade, uma luta do homem contra o relógio, o clima
e tudo o que conspirava contra meu objetivo de alcançar
o último centímetro da pista. Ao chegar ao final da prova,
internalizei a ideia de que, se sou capaz de concluir uma
maratona, especialmente naquelas condições, sou capaz
de qualquer coisa.
Assim, repensei minha planilha de treinamentos. O
tempo passou e voltei a disputar maratonas no início de
novembro, como a de Nova Iorque, considerada a principal
e mais difícil corrida de longa distância. Só que, desta
vez, foi para mim um prazer e um divertimento, e não um
sofrimento, correr aqueles mesmos 42.195 m. Não senti
nenhum desconforto, nenhuma dor, nada que me fizesse
pensar em outra coisa senão que eu estaria entre aqueles
que terminariam a prova nas melhores condições físicas e
em ótimo tempo para a minha faixa etária. Essa mudança
aconteceu em consequência do treinamento que cumpri
desde a Maratona do Rio, buscando aprimorar meus
métodos de corrida e minha preparação física e mental.
Já escrevi, e repito: se a Maratona de Nova Iorque fosse
um concurso público, eu estaria aprovado e classificado,
dado o tempo que alcancei. Nos estudos é a mesma coisa: só
a disciplina de um maratonista leva o candidato ao sucesso
num concurso público. Por isso, expliquei àquela aluna
que ela precisava mudar o método de estudo para alcançar
o resultado almejado. Primeiramente, matriculando-se
em um curso do tipo “pacote fechado”, que contemplasse
todas as matérias do concurso pretendido, o que lhe daria
a base necessária para um bom desempenho. Depois,
aprimorando-se em cursos específicos nas áreas em que
sentisse mais dificuldade. E o mais importante: treinando.
Sugeri que ela resolvesse pelo menos as últimas cinco
provas aplicadas pela banca que realizaria o concurso.
Esse é um conselho que serve para todos os candidatos.
Portanto, é preciso assimilar bem este ensinamento, que
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J . W. Gr a n j e ir o
os levará ao caminho do sucesso, assim como eu consigo
concluir uma maratona: sou brasileiro, maratonista (ou
concurseiro), e não desisto nunca!
Aproveito a oportunidade para lhe contar um fato
interessante que acontece com o bambu japonês: semeiase a semente, aduba-se a terra e preocupa-se com regála constantemente. Durante os primeiros meses, não
acontece nada apreciável. Na realidade, não acontece nada
à semente durante os primeiros cinco anos, de tal forma
que um agricultor inexperiente ficaria convencido de que
teria comprado sementes inférteis.
No entanto, durante o quinto ano, num período de
apenas seis semanas, a planta do bambu cresce mais de
30 m. Demorou apenas seis semanas a crescer? Não! Na
verdade, necessitou de cinco anos e seis semanas para
desenvolver-se.
Durante os primeiros cinco anos de aparente
inatividade, o bambu estava gerando um complexo sistema
de raízes que lhe permitirá sustentar o crescimento que
terá nas seis semanas seguintes.
Talvez, com a mesma impaciência, muitos concursandos
que aspiram a resultados em curto prazo, abandonam
rapidamente a fila, quando já se encontravam a ponto de
conquistar a vaga. É tarefa difícil convencer o impaciente!
Só alcançam a aprovação/classificação em concurso
público aqueles que se mantêm perseverantes e coerentes
e sabem esperar o momento adequado.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Disciplina de uma Maratonista XIV
Detalhes
Na vivência diária em meio a concurseiros e
maratonistas, frequentemente me deparo com lições
perfeitamente correlacionáveis entre as duas áreas. Esses
dois mundos têm muito em comum, apesar de, à primeira
vista, parecerem completamente distintos. Já abordei
vários desses aspectos em artigos anteriores e agora
neste livro. Eis a continuação da série de lições extraídas
de minha experiência em concursos e maratonas. O
senso comum de muita gente atribui demasiado valor a
detalhes, seja na corrida, seja na maratona. Por exemplo,
algumas pessoas acham que a marca e o modelo do tênis
podem garantir melhor desempenho ao atleta, da mesma
forma que um short específico ou certa camiseta podem
ser determinantes para a vitória. Mas ponderar o valor
isolado de tais detalhes, sem dar a devida atenção aos
demais, influirá pouco ou nada no resultado. É comum
o concurseiro incorrer em erro semelhante, ao julgar que
o fato de se matricular em uma boa escola preparatória
e adquirir um excelente material didático por si só já
garantirá a sonhada aprovação.
É fato que um vencedor se atém aos detalhes. Deve
dar a eles a devida importância, mas não se pode esquecer
de que eles fazem parte de um todo e, isoladamente, não
são nada senão meros artefatos. Há outros fatores que
também têm de ser levados em consideração e devem ser
conciliados com os demais.
A qualidade do tênis, do short e da camiseta é
importante. Mas também é fundamental optar por
meias desenhadas para cada tipo de pisada, treinar em
diversos tipos de solo, alimentar-se de forma balanceada,
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
ingerir suplementos específicos, praticar técnicas de
aquecimento e alongamento e, sobretudo, procurar
orientação especializada, que aconselhará e acompanhará
o desenvolvimento do atleta, e cumprir rigorosamente o
plano de treino.
O mesmo se aplica ao concurseiro. Ele deve atentar
para a relação de complementaridade que existe entre
uma boa base e os detalhes que devem ser agregados a
ela. Não basta matricular-se em uma excelente instituição
preparatória e ter à mão material de estudo de qualidade
e direcionado para cada tipo de prova. É preciso aderir
a um método de estudo eficaz e que respeite a sua
individualidade, ter organização e seguir à risca o plano
de estudo, conhecer bem a banca examinadora e o tipo de
cobrança de cada prova e não deixar de buscar orientação
adequada. São detalhes como esses que fazem a diferença.
Na corrida, existem diversas modalidades, algumas
mais exigentes do que outras. O mesmo se aplica aos
diversos concursos, uns mais disputados do que outros
e, portanto, com provas mais difíceis e seletivas. Antes
de iniciar a rotina de preparação, o estudante deve saber
qual curso escolher, considerando suas habilidades e
seu objetivo. Para quem está iniciando os estudos, é
recomendável o módulo introdutório, curso de curta
extensão, ou a Faculdade dos Concursos (Facon), curso
mais extenso, que dará base para os concursos em geral.
Para quem está no meio do caminho – e conhece um pouco
o conteúdo das disciplinas – há as turmas de pacote, que
sobem alguns degraus e nivelam os candidatos em patamar
mais alto de conhecimento em todas as matérias. Já
para quem pretende aprofundar o conhecimento em uma
disciplina específica, nada melhor que a Plêiade – curso
por matéria que destrincha o conteúdo integralmente –, ou
os cursos de exercícios – pacotes avançados.
Escolha o seu curso, busque a orientação de nossos
professores, sempre solícitos e dispostos a direcionar e
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J . W. Gr a n j e ir o
instruir nossos alunos, e exercite o conteúdo visto em sala
de aula. Da mesma maneira que o maratonista não pode
entrar numa corrida sem antes se alongar e aquecer, o
concurseiro que de fato pretende ser aprovado não pode
encarar a prova sem exercitar o conteúdo visto em sala de
aula, por meio da resolução de questões. São elas que lhe
darão malícia para saber como a banca cobra a matéria.
Para não desanimar ao longo da trajetória, faça
amizades com os colegas de estudo. Eles sempre têm uma
história de perseverança que lhe dará forças. Lembre-se de
que seu maior concorrente é você mesmo!
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Disciplina de um Maratonista XV
Corra!
Já percebeu como o correr está presente em nossas
vidas? Nosso cotidiano é tão agitado no mundo globalizado,
que a solução, portanto, é correr! Correr da crise, correr
para fugir dos problemas, para enfrentá-los, para realizar
as atividades diárias, e por aí vai. Recentemente – e
felizmente! – o hábito de correr também passou a ser levado
ao pé da letra. Segundo dados do Conselho Federal de
Educação Física, em 2005 havia dois milhões de brasileiros
praticando a corrida. Até o ano passado, esse número
dobrou. O aumento da procura por essa atividade física
representa a preocupação que a população desenvolveu
em levar uma vida mais saudável.
Os benefícios que a corrida proporciona são inúmeros.
E quando se fala em benefícios, não poupamos esforços
em correr atrás deles, não é mesmo? Exemplo disso são
os concurseiros, que não medem forças em prol do sonho
de ingressar no serviço público. Sempre os aconselho
a não desviar a atenção do foco e, nos momentos de
fraqueza, para reanimá-los, recomendo que se lembrem
das vantagens que os aguardam no regime estatutário.
Em decorrência da crise econômica de nível mundial
que ora enfrentamos, centenas de pessoas diariamente
perdem o emprego. Isso nos faz refletir sobre a importância
de um emprego estável. Mas não é só estabilidade que o
governo tem a oferecer. É claro que a tranquilidade de
não ter o ganha-pão ameaçado sempre que a economia
passa por turbulências ou mesmo quando o novo chefe
“não vai com a sua cara”, já é uma vantagem e tanto.
Mas o melhor patrão que existe oferece ainda, além de
vantagens pecuniárias (indenizações, gratificações e
adicionais), licenças e auxílios dos mais variados tipos. Só
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
para ilustrar: horário especial para estudo; afastamento
para estudo ou missão no exterior; auxílio-moradia; ajuda
de custo; auxílio-natalidade, entre muitos outros. Se isso
não basta para as concurseiras se convencerem, lá vai: a
Administração saiu na frente e, para dar o exemplo, muitas
das servidoras públicas já se beneficiam da prorrogação
da licença-maternidade para seis meses.
Como dito, um cargo público pode garantir uma série
de vantagens para o trabalhador. Da mesma forma, a
corrida contribui para uma melhor qualidade de vida:
aumenta o bem-estar, o que reflete positivamente no
humor e na autoestima; promove relaxamento; propicia
boas noites de sono; atrasa o processo de envelhecimento,
se praticada corretamente; auxilia na prevenção da
catarata e da degeneração macular (área do olho que capta
os detalhes das imagens); contribui para o equilíbrio da
pressão arterial e consequentemente ajuda na prevenção
de AVC (acidente vascular cerebral); fortalece os ossos,
ao estimular células envolvidas na formação da massa
óssea; tonifica e fortalece os músculos; ajuda a manter a
elasticidade dos vasos, prevenindo a hipertensão; fortalece
o músculo cardíaco, bombeando o sangue com mais
eficiência; e, por fim, queima calorias e gordura – um dos
benefícios mais conhecidos.
Mas o concurso público e a maratona não têm em
comum apenas a quantidade de benefícios que oferecem.
Eles também se identificam em seu caráter democrático.
O concurso, graças à intrínseca isonomia, não distingue
candidatos por sexo, raça, crença ou qualquer outro motivo
que não seja devidamente justificado para o exercício do
cargo. Da mesma forma, a corrida – ao contrário de outros
esportes, que exigem, por exemplo, faixa etária específica
para certas categorias – é uma atividade física que, para
ser praticada, não importa o sexo, a idade, a classe social,
o tamanho. Na corrida amadora, a família inteira pode se
exercitar em união e harmonia.
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J . W. Gr a n j e ir o
São essas, a corrida e o concurso, as duas de minhas
grandes paixões. Como já fui muito beneficiado por ambas,
corro para divulgá-las a todos que eu puder. Quero que
todos tenham bem-estar, e o serviço público e a corrida
certamente têm muito a contribuir para isso. Falo por
experiência: meu estilo de vida mudou completamente
quando ingressei no serviço público, e, posteriormente,
meus hábitos melhoraram de forma significativa com a
prática de atividade física, a corrida.
Una o útil ao agradável: estude e corra. Treine a mente
e o corpo. Você verá como um influirá positivamente no
outro. E lembre-se: “somos o que repetidamente fazemos. A
excelência não é um fato, mas sim um hábito” (Aristóteles).
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J . W. Gr a n j e ir o
Disciplina de um maratonista XVI
O concurseiro é um maratonista em potencial. Tenho
convicção disso baseado em minha experiência pessoal
como concurseiro e maratonista. Quanto mais penso no
assunto, mais me entusiasmo em transmitir aos meus
colegas, tanto àqueles que disputam concursos públicos
como aos que se preparam para maratonas, dicas de
comportamento que podem ajudá-los nessas atividades.
Uma delas diz respeito à alimentação, aliás, é tema
frequente nas perguntas que me fazem acerca de minha
preparação para as provas de longa distância de que
participo.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Há quem indague qual o segredo da minha vitalidade,
aos 50 anos de idade, e se ela se deve a algum energético ou
suplemento incluído em meu cardápio de atleta. A resposta
a essa pergunta talvez desaponte os mais desconfiados,
mas a verdade é que não faço uso de nenhum produto
destinado a aumentar o vigor físico nas corridas. Atribuo
os excepcionais resultados que obtenho nas pistas ao
consumo diário de alimentos simples, como feijão, cuscuz
de milho e vitamina de abacate; esses, sim, presentes em
minha dieta diária.
Acho que a minha dedicação à vida de atleta está muito
bem alicerçada a meu tripé alimentar. Sem dúvida, ele
oferece a energia de que meu corpo necessita para correr
com alto desempenho. Basta lembrar que o feijão é fonte
de ferro para o organismo e que o milho presente no cuscuz
é um poderoso revigorante dos músculos de corredores
como eu. Que o digam os homens que dominam as corridas
de longa distância por todo o mundo, os quenianos, cuja
dieta é rica em cereal.
Obviamente, meus excelentes resultados nas corridas
não provêm apenas da alimentação saudável nem são
frutos de genética privilegiada. O segredo é a preparação
adequada. Faço questão de treinar em todos os tipos de
solo e sob todas as condições meteorológicas. Além disso,
cuido para ter disciplina de maratonista, que persegue
metas, respeita a orientação dos mestres treinadores e lê
tudo sobre excelência nas corridas.
O candidato a concurso público tem muito em
comum com o maratonista, ao longo de sua preparação
para a grande disputa pela vaga no órgão onde pretende
trabalhar. Ambos, concurseiro e maratonista, precisam,
antes de tudo, de grande poder de concentração, a fim de
manterem o foco no objetivo a ser conquistado. Também
precisam de autoconfiança, para superarem os obstáculos
que surgirem no caminho. Outro fator fundamental para o
sucesso do concurseiro é a dedicação integral aos estudos,
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J . W. Gr a n j e ir o
assim como o maratonista se dedica de corpo e alma ao
treinamento. Não há outro jeito de fazer as coisas darem
certo, a não ser com entrega total ao projeto de vida
idealizado.
Aliás, permito-me citar um provérbio chinês que
talvez você já conheça. Ele ensina que há três coisas na
vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra
pronunciada e a oportunidade perdida. No momento em
que o maratonista inicia a corrida rumo à linha de chegada,
ele sabe que terá de percorrer exatamente 42.195 m, nem
um centímetro a mais, nem um centímetro a menos. Se não
conseguir, a oportunidade perdida jamais será recuperada,
exatamente como prevê o provérbio chinês. O mesmo se
aplica ao candidato a concurso público quando entra na
sala de provas depois de uma preparação de meses ou até
de anos: ele não pode permitir que tudo acabe em uma
oportunidade perdida.
O concurseiro tem de ser, nos estudos – não me canso
de repetir –, um verdadeiro e persistente maratonista. Ao
longo da corrida, ele precisa saber escolher o equipamento
certo e dosar as energias para não falhar nos momentos
decisivos. Eu mesmo faço isso quando estou correndo.
Minha concentração é total e sou capaz de controlar meu
corpo de tal maneira que não me sinto desgastado, nem
mesmo depois de mais de duas horas de prova. E o meu
desempenho vem melhorando continuamente.
É isso que ocorrerá também com o concurseiro que
tiver, como exemplo para alcançar a vitória na corrida
do concurso público, a mesma disciplina que tem o
maratonista até alcançar a linha de chegada.
“Acredite que você é capaz; 70% de sua capacidade
está na sua cabeça” (Dean Karnazes, maratonista).
Vamos em frente!
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Disciplina De Um Maratonista XVII
Preparação extrema
Este artigo foi inspirado na nova série do programa
Fantástico, chamada Planeta Extremo, mais precisamente
no primeiro episódio, em que acompanhamos a participação
de 40 atletas, oriundos de 16 países, em uma maratona
na Antártica. Os maratonistas enfrentaram temperaturas
de até 30 graus negativos e ventos que chegavam a 200
km/h, em um dos lugares mais inóspitos do planeta. Protagonistas brasileiros do desafio, o repórter da Rede
Globo Clayton Conservani e o ultramaratonista Bernardo
Fonseca se prepararam durante quatro meses, ora em
treinos em areia fofa, sob sol escaldante, ora dentro de
um frigorífico. Sem contar as horas e horas passadas
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na academia. O objetivo desses treinos exaustivos era
simular as condições que os atletas enfrentariam nos 42
quilômetros e 195 metros da maratona da Antártica.
Os competidores – todos portadores de pelo menos um
bom motivo para participar da prova – estavam dispostos a
testar os próprios limites e a pôr à prova a força da mente.
Correriam horas e quilômetros sozinhos, acompanhados
apenas de bons e maus pensamentos. A força para
enfrentar tantos desafios viria dos filhos, da família ou de
uma causa particular em especial.
O lema daquele que se sagrou vencedor na competição
– um brasileiro – chamou-me a atenção: “O sofrimento é
passageiro; desistir é para sempre”. Essa é exatamente a
mensagem que este livro pretende passar. O concurseiro
não deve desistir jamais. O desgaste físico e emocional da
preparação logo passa, mas o cargo público permanece
e, junto com ele, muitos benefícios. A sensação de ser
aprovado em um concurso público é indescritível. Eu
mesmo já a experimentei oito vezes, uma delas por ter sido
aprovado em primeiro lugar em concurso nacional.
O vencedor da maratona promovida pelo Fantástico, o
ultramaratonista Bernardo Fonseca, concluiu o percurso
em 4h20 – praticamente o mesmo tempo que levei para
terminar a maratona de Nova Iorque (4h18). Na maratona
da Antártica, os competidores enfrentaram frio de 15 graus
negativos e ventos de 50 km/h. Na maratona de Nova
Iorque, tive de conviver com cerca de 50 mil competidores,
partilhando com eles temperaturas de 6 graus negativos
e muito vento ao longo do percurso. Foi duro, mas nada
comparável às condições adversas do continente antártico.
A atleta que chegou por último na prova do programa
da Globo, uma americana que corria em nome dos
desabrigados do Katrina, precisou de 9h30, entre corrida
e caminhada, para concluir a maratona.
Com os concurseiros também é assim: alguns demoram
quatro meses para conquistar a vaga, outros levam quatro
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J . W. Gr a n j e ir o
anos. Tudo é uma questão de preparação, disciplina e foco.
Os que nunca desistem, mais cedo ou mais tarde, assomam
à carreira pública e conquistam o governo como patrão. É
fato: qualquer um é capaz de passar em concurso. Basta
encontrar o ritmo certo de estudo e esperar na fila a vez
de ser aprovado e classificado. Só não passam aqueles que
morrem antes da aprovação ou aqueles que desistem – em
outras palavras, os desafortunados ou os de mente fraca.
Na aventura do Planeta Extremo, uma cena e uma frase,
em particular, me marcaram. Já haviam sido percorridos
mais ou menos 30 km da prova, quando o repórter, com
muitas dores, cãibras e enjoos, entre outros sentimentos,
pensou em desistir. Face a face com a própria fraqueza, ele
logo se lembrou da frase do amigo Bernardo – “O sofrimento
é passageiro; desistir é para sempre” – e buscou na filha
a inspiração para continuar, gritando: “Eu fico forte por
causa de você, filha!”. Aquilo me emocionou. Da mesma
forma que o atleta, o concurseiro precisa encontrar algo
que o motive a persistir. Pensar no contracheque, nos
benefícios, na tranquilidade da família, na estabilidade, na
segurança financeira, nas portas que o status de um cargo
público pode abrir, lembrar disso tudo ajuda, e muito.
Eu assisti a toda a saga dos maratonistas da Antártica.
E o fiz sentado e sem piscar, para não perder nenhum
detalhe da aventura. Quando o brasileiro cruzou a linha
de chegada, eu me levantei e, instintivamente, o aplaudi. O
exemplo dele inspirou-me a, já no dia imediato, começar os
treinos para as maratonas previstas mundo afora. Com a
lembrança das imagens daquela corrida, consegui concluir
o percurso de 21 km em 1h39. Foi o meu melhor tempo,
o meu melhor treino. Tudo inspirado em um exemplo. A
vida é mesmo assim: devemos sempre nos inspirar nos
vencedores, copiando e aperfeiçoando as suas estratégias
exitosas.
Nesse contexto, fica a mensagem para os amigos
concurseiros, alunos e leitores: “Um conselho ajuda, um
exemplo arrasta”.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Disciplina é Tudo
Em uma série de artigos publicados nesta coluna, escrevi
que o candidato que deseja ser aprovado em concurso
público deve ter, entre outros atributos, a disciplina de um
maratonista. Aquela do competidor que não desiste nunca
e está sempre treinando para melhorar seu desempenho;
que é focado em seus planos e sabe muito bem quais são
suas metas; que está atento a seus limites físicos, admite
suas fraquezas e explora seu potencial; e que, acima de
tudo, conhece e respeita seus adversários – no caso do
concursando, a banca examinadora.
Na literatura, encontram-se inúmeros exemplos de atletas
– paraolímpicos ou não –, artistas, jogadores, pais,
concurseiros, estudantes, entre outros, cujas atitudes
resultaram em feitos inacreditáveis. Mas mesmo eles, sem
a famosa disciplina, não teriam alcançado seus objetivos.
Analisando a história de alunos e ex-alunos, cada vez me
convenço mais de que as pessoas aprovadas em concursos
públicos não têm qualidades extraordinárias, nem são
geniais, tampouco contam com uma memória gigante. São,
sim, indivíduos dos mais organizados e disciplinados, que
sabem enfrentar obstáculos e frustrações para superar seus
limites e alcançar seus objetivos. Essas pessoas assimilam
derrotas seguidas de derrotas, até a vitória final.
Para ter sucesso na maratona de Nova Iorque, tive de
emagrecer 16 kg e correr mais de 3 mil km em um ano – em
uma semana cheguei a correr 150 km. Treinei intensamente
durante 3 meses e investi em calçados, exames médicos,
treinador, academia, suplementos, vestimenta adequada
e inscrição para participar de provas similares. Fiz
longas sessões de academia para fortalecer determinadas
musculaturas. Além disso, durante a prova, enfrentei um frio
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
de 6ºC e suportei uma pubite. Passei por esses e muitos outros
obstáculos, para finalmente concluir a prova e receber a
medalha de participação à frente de mais de 35 mil outros
competidores do mundo inteiro. Senti-me, então, abençoado
e vitorioso.
Disciplina tem a mesma etimologia da palavra discípulo,
que significa “aquele que segue”. Já autodisciplina é a
capacidade de aderir a ações, pensamentos e comportamentos
que resultem em crescimento pessoal. O concurseiro não
chega a lugar nenhum sem disciplina, atitude e foco. Uma
pessoa com talento, porém sem disciplina, terá muita
dificuldade de atingir seus objetivos. A boa notícia – e o mais
interessante – é que disciplina não é um dom, mas é algo que
se aprende, que se pode treinar e desenvolver.
Vejamos como:
1.
2.
3.
Acabe com as desculpas e os bodes expiatórios para
justificar seu insucesso ou sua apatia. O poder de
decisão e escolha é exclusivamente seu. Quando
você deixa de fazer todo o possível para obter êxito
em sua missão – ter sucesso e ser feliz em uma
carreira pública, por exemplo –, está abrindo mão
de seu único poder: o poder sobre si mesmo;
Comece devagar – o sucesso depende de pequenos
passos. Muitos dos juízes de carreira um dia foram
técnicos ou analistas. Grande parte dos delegados
de polícia já foi policial, escrivão ou papiloscopista.
Estabeleça metas modestas, mas sem deixar de
pensar grande. Quando estiver bem confiante,
comece a exigir mais de si. Um maratonista vitorioso
começou seu treinamento andando, depois andando
depressa, depois correndo e, por fim, voando;
NÃO se desvie da meta e NÃO faça exceções. Crie
o hábito de estudo e nunca flexibilize os planos
de estudo e de metas. Quando se começa a fazer
exceções, logo elas se tornam novas regras, e os
objetivos ficam cada vez mais distantes;
82
J . W. Gr a n j e ir o
4.
Faça da alegria de estudar um hábito, não uma
cruz. Pelo fato de você ter-se tornado uma pessoa
disciplinada e vencedora, não exija que todos ao
redor vivam segundo sua cartilha e suas regras.
Tome a decisão de competir para valer. Mire-se no
exemplo do maratonista, que, com determinação e força
de vontade, mantém a disciplina necessária para obter
sucesso em cada uma das provas que decide correr.
4ª Volta ao Lago – Caixa (2007).
83
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
O Concurseiro e o Bode Expiatório
Outro dia, encontrei um aluno no Parque da Cidade,
quando eu fazia o aquecimento para um treino intenso, em
preparação para o Desafio do Pateta, prova que ocorre na
Disneylândia, no início do mês de janeiro, e que consiste
em correr 5 km na sexta-feira, 21.100 m (meia maratona)
no sábado e 42.195 m (uma maratona) no domingo. Por
certo, esse será mais um grande desafio que testará e
desafiará minha disciplina e capacidade físico-psicológica.
Mas não duvide: eu vencerei e publicarei nesta coluna o
relato da aventura.
Voltando a nosso concurseiro, perguntei-lhe se ele
estava estudando bastante e quais eram seus planos
para ingressar no serviço público. Falou-me que estava
desanimado porque ouvira de um colega histórias como a
de que uma pessoa comprou a aprovação em determinado
concurso e a de que a filha de um juiz, mesmo sem estudar
nada, tinha passado em um dos últimos certames para
um tribunal, onde já estava trabalhando, inclusive com
cargo de direção. Percebi, então, que nosso personagem
estava apenas se justificando. Justificando-se por não ter
se dedicado com afinco. Justificando-se porque, próximo
à data da prova, já tinha a consciência de que reprovaria.
Enfim, justificando-se, porque, antes que o condenassem –
como se isso fosse possível –, precisava arranjar desculpas
para sua fraqueza, sua indisciplina e sua desorganização.
Na mesma semana, recebi em minha sala três jovens
que vinham agradecer aos professores e à direção do curso
a ajuda em sua aprovação no último concurso da AGU.
Estavam felizes e realizados na carreira que criteriosamente
haviam escolhido. Aproveitei para perguntar-lhes qual fora
a estratégia por eles adotada para garantir a aprovação
de todos os três. Fiquei surpreso com a história que me
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
contaram. Primeiro, eles haviam frequentado um curso
do tipo pacote, ao mesmo tempo em que se matricularam
em algumas plêiades, para reforçar as disciplinas de
maior peso no concurso. Porém o mais surpreendente foi
que, três semanas antes da prova, alugaram uma casa
em Maceió, em frente a uma das mais belas praias da
maravilhosa capital. Lá, passavam todo o tempo somente
estudando, revisando e fazendo muitos exercícios. Contra
todas as tentações da natureza. Achei aquilo um tanto
masoquista, mas respeitei, porque a estratégia dera certo
e os três esforçados candidatos haviam sido aprovados e
classificados nos primeiros lugares.
Como eu atendo e oriento muitos alunos concurseiros,
e embora não entenda nada de psicologia, já consegui
identificar alguns tipos ou espécies de candidatos e os
respectivos perfis. Há o idealista, que quer ser servidor
para melhorar a administração pública, em prol do
cidadão-cliente e de toda a humanidade. Há o necessitado,
que não é vocacionado nem idealista, e carece do emprego
e do salário para sobreviver e pagar as contas. Há o
desmotivado, em quem faltam força espiritual e energia,
e sobram-lhe desculpas e justificativas. Há o motivado,
sempre pronto para estudar e aprender, e quanto maiores
o desafio e a concorrência, mais motivação ele tem para
os estudos. Há o derrotista, ou negativista, que entra na
fila já derrotado e reprovado, seguro de que não passará –
“mas não custa nada tentar; quem sabe eu dou sorte”. Há,
ainda, o arrogante, que “sabe tudo”: critica os professores,
a estrutura da escola, o material didático e tudo o que
aparece na frente; esse passa, mas dá um trabalho danado
para a organização do curso. E há o tipo ideal, aquele
que conhece as dificuldades e as regras do jogo, tem
consciência de quanto precisa estudar para ser aprovado
e classificado, reconhece as dificuldades de um concurso
e não mede esforços e investimentos para alcançar seus
objetivos, com a paciência chinesa e a disciplina de um
maratonista.
E então, qual é o seu tipo?
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J . W. Gr a n j e ir o
Motivação é o Segredo
Em uma dessas manhãs, estava assistindo à tevê. Um
programa de esportes que passa aos domingos narra, em
suas diversas edições, histórias de esportistas que dão
exemplo de persistência e disciplina.
Mas, naquele dia, uma dessas histórias, em especial,
me chamou a atenção. Falava de um jovem que aos 8 anos
passara por um problema de saúde e tivera de amputar as
pernas. Mas ele tinha um sonho: ser atleta. Mesmo diante
da dificuldade, não desistiu. Saberia que a caminhada
para ele seria mais árdua, mais difícil, mas não impossível.
A criança revelou o sonho à mãe, que, com muito carinho
e amor, o incentivou a realizar aquilo que devolveria no
filho o sentido da vida. Esse jovem, hoje com próteses, teve
seu sonho realizado: tornou-se esportista e campeão do
atletismo.
Essa e tantas outras narrativas, sempre tão comoventes,
nos ensinam o quão importante é persistir, insistir e não
desanimar NUNCA! Servem como uma máquina impulsora.
E sempre relato essas experiências por acreditar que
elas funcionam como combustível para nossa vida. Com
elas, quero demonstrar que, por mais difícil que pareça,
não é impossível conquistar a vitória. Os aditivos para a
aprovação em concursos são motivação, conteúdo e muito
estudo.
Os esportes são tema recorrente de meus artigos
porque vejo mesmo muitas semelhanças entre atletas e
concurseiros. O esportista precisa definir bem seus horários,
sua alimentação e seu tempo de repouso. O concurseiro
também. O atleta precisa de muita disciplina e muito treino.
O concurseiro também. Ter metas e objetivos claros e buscar
incessantemente a realização dos sonhos pode transformar
você em atleta dos concursos e em um vencedor.
87
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Olhemos para o lado e inspiremo-nos nessa e em
tantas outras histórias de superação. Às vezes, a vontade
que temos é de largar tudo. Queremos sumir, nos render
ao cansaço. Mas quem disse que seria fácil? Para toda e
qualquer grande conquista, é necessário o aprendizado, ir
além. É como se a carreira de concurseiro fosse dividida
em etapas. Concluir com êxito cada uma delas não é tarefa
simples, mas aqueles que conseguirem vencer o cansaço,
superar os contratempos e abdicar das sedutoras festas
e comemorações com os amigos alcançarão o topo: a
aprovação.
Se você almeja o lugar mais alto do pódio, faça por
merecê-lo. Lute diariamente contra o cansaço, o mau
humor, a preguiça matinal. Vença a indisposição, os
pensamentos negativos e os comentários desnecessários
lançados contra você. Conquiste seu espaço, domine seu
tempo e treine sem cessar. Assim, após os primeiros passos,
a corrida pelo sucesso terá em primeiro lugar VOCÊ!
Equipe de elite do Obcursos (atual Gran Cursos) e atletas mirins.
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J . W. Gr a n j e ir o
Nunca Desista dos seus Sonhos
Esta semana recebi em minha sala alguns alunos
concurseiros desesperados. Eles vieram me pedir ajuda,
conselhos e dicas, quaisquer palavras que os estimulassem
a não desistir e a continuar na fila. Todos me perguntaram,
ao mesmo tempo: “Passar em concurso público é muito
difícil?”.
É, sim, e sempre ressaltei isso em palestras, aulas e
artigos. Digo isso não com base em teorias ou só por ter
ouvido falar, mas por experiência própria de ex-concurseiro
aprovado em oito concursos públicos, embora reprovado
no primeiro que fiz. E como eu sofria! E quanto doía ter de
estudar sempre que eu dispunha de alguma folga ou quando
poderia estar dormindo ou simplesmente descansando.
Mas me mantive firme e criei uma rotina de operário do
estudo, com horários rígidos e intensa vigilância para
cumprimento de prazos e metas. Usava material de estudo
quase sempre emprestado, porque não tinha dinheiro para
comprar livros e apostilas, e pagava com muito sacrifício
um cursinho preparatório. Dinheiro para lanche, nem
pensar: ou eu pagava as passagens de ônibus ou comprava
a comida fora de casa.
Naqueles tempos, eu já percebia que os colegas de
sala não eram exatamente inimigos ou concorrentes.
Ao contrário, tinha-os na conta de parceiros, colegas,
colaboradores, cúmplices de meu projeto de vida, que previa
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
o governo como patrão. Compartilhávamos informações,
apontamentos, provas, material de estudo, simulados e
tudo mais que considerássemos útil. Quando um de nós
pensava em desistir, os outros o desafiavam e lembravamlhe os benefícios, as vantagens, os direitos, o prestígio
e a segurança dos cargos públicos. Gostávamos, ainda,
de estudar em grupo – um dava aula para o outro. E os
pais participavam do projeto, fazendo o lanche, fornecendo
o material de estudo, orando. Enfim, do jeito que podiam. E
como sofriam com a reprovação ou com a TPP – Tensão PréProva – do filho.
Certa vez, ouvi de um pai que os erros e as derrotas
nos fazem crescer, aprender e melhorar, e que, quando
temos um sonho, não devemos nunca desistir dele. Temos,
pois, de controlar o desespero e a ansiedade. Um candidato
desesperado pode ter o raciocínio ou a capacidade de leitura
e de interpretação prejudicados exatamente no momento em
que mais precisar dessas proficiências – é quando dá branco.
Estar com as emoções sob controle conta pontos para quem
disputa uma vaga, em determinados casos com até três mil
candidatos!
Por isso, amigo leitor, acredite em si mesmo, confie em
sua capacidade, em seus conhecimentos e em seu destino.
O universo não costuma dar crédito para quem não
acredita em si próprio. É óbvio que nem todos os inscritos
serão aprovados, mas VOCÊ, sim. E sabe por quê? Porque
deu o melhor de si e tem segurança e convicção de que
uma das vagas previstas no edital é sua.
Lembre-se: O que mais se nota em pessoas bemsucedidas é que elas venceram a tentação de um dia
desistir de seus sonhos.
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J . W. Gr a n j e ir o
Professor Granjeiro e o ex-jogador do Flamengo, Zico, que após ter seu
nome cortado da lista de jogadores que iriam às Olimpíadas de Munique
quase abandonou sua carreira. Mas com o apoio da família, não desistiu de
seu sonho e tornou-se um grande ícone do futebol.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Uma Conversa de Concurseiro
No início deste ano fui procurado por um jovem
engenheiro de redes em busca de conselhos. Ele estava no
início da preparação para concursos públicos. Relatou que
era engenheiro de telecom, mas estava trabalhando muito
e resolvera pedir demissão para se dedicar aos estudos
e à conquista de uma carreira com segurança, status,
poder e muitos benefícios. Perguntou minha opinião sobre
o preparatório para o concurso da Polícia Civil, curso de
pacote que estava aberto na ocasião, com início imediato.
Também mencionou que pensava em se dedicar aos cursos
específicos de tecnologia da informação, área em que era
formado. Mas seu maior objetivo, mesmo, era o concurso
para a área de TI da CGU.
Conversamos sobre vários assuntos, e eu o aconselhei
a focar no concurso da Civil. Ofereci como estímulo o
contracheque de um ex-aluno que se tornara perito legista
da PCDF. Ele ponderou que teria de começar praticamente
do zero. Eu, então, questionei: “Ora, você não é engenheiro?
Os engenheiros têm disciplina e são acostumados a se
dedicar ao estudo. Se fizer uso racional dessas virtudes e
se dedicar, você passa”.
O rapaz deixou minha sala convencido de que deveria,
mesmo, investir no curso da Polícia Civil – ainda que para
o cargo de papiloscopista, mais factível – até porque não
teria tempo hábil para dedicar-se também a um concurso
da área de TI sem fazer nenhum preparatório. Ao sair,
falou que traçaria uma estratégia e repetiu em voz alta:
“Vou passar nesse concurso da Civil e depois focarei no
concurso da Polícia Federal”.
93
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Resultado de tamanha convicção: com apenas dois
meses de estudo – com dedicação integral, é claro –, o jovem
passou na Polícia Civil, tanto para o cargo de papiloscopista
como para o de perito. No certame para perito, descuidouse e acabou reprovado na prova de redação, mas no cargo
de papiloscopista foi aprovado em todas as etapas.
Com humildade e gratidão, enviou-me um e-mail em
que agradecia por seu progresso e atribuía seu ótimo
desempenho ao incentivo ofertado em meus artigos e na
conversa que tivemos, à estrutura física oferecida pelo
Gran Cursos e aos excelentes professores que ministraram
aulas em sua turma. Por oportuno, escreveu que se
arrependia por não ter iniciado os estudos há mais tempo.
Embora tenha tentado fazer um preparatório específico em
sua área de interesse e formação, na época para a Câmara
dos Deputados, nunca chegava cedo às aulas e teve de
abandoná-las no meio do curso porque viajava muito e
trabalhava sempre até tarde. Agora percebia que de nada
adiantaria ter simplesmente comparecido às aulas se não
se dedicasse com afinco e persistência até o final, como fez
para conseguir a tão sonhada vaga de papiloscopista.
Por fim deu seu testemunho. Disse que ter se
matriculado em um curso do tipo pacote focou seu estudo.
Nas aulas, recebia excelentes dicas dos professores – que
ele chama de consultores e orientadores estrategistas.
De fato, a maioria dos professores do Gran Cursos são
servidores públicos que já trilharam o caminho dos alunos.
Conhecem, portanto, os atalhos, as bancas
examinadoras, o conteúdo que cai e o que não cai em prova.
E, acima de tudo, entendem as dificuldades enfrentadas
por aqueles que querem ser vencedores e ter o governo
como patrão.
Mesmo tendo traçado uma estratégia de estudo e
garantido com êxito a aprovação em concursos em pouco
tempo de preparação, nosso personagem percebeu o quão
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J . W. Gr a n j e ir o
importante foi compartilhar experiências e estratégias com
alguém. Segundo relatou, foi muito motivador escutar de
um colega ou de um professor que ele estava no caminho
certo.
Então, caro leitor, quando você tiver dúvidas ou estiver
ansioso, venha conversar com quem tem experiência e
uma longa história como concurseiro.
Aproveitando a oportunidade, aí vão algumas dicas:
1. Estude somente o que vai cair no concurso. Seja
objetivo: muitos candidatos aprofundam demais
um assunto que não vai cair ou não tem tanta
importância ou peso. Dê ênfase às matérias em que
você tem mais dificuldade. Na hora de resolver a
prova, comece pelas questões mais fáceis ou pelas
matérias que mais domina.
2. Planeje os estudos e administre o tempo. Escreva
uma lista de prioridades e defina como gastará seu
precioso tempo com os estudos. Elabore um plano
de estudo e siga-o religiosamente.
3. Faça seus próprios resumos e resolva muitos
exercícios. Teoria sem prática não aprova ninguém.
Leia pelo menos três vezes cada uma das legislações
cobradas.
4. Tenha em mente que até 10% de uma prova são
respondidos com base em dados contidos na
própria prova. Além disso, não se lê uma prova
com os olhos, mas com a ponta do lápis, riscando e
rabiscando, para não cair nos chamados pegas.
5. Chute quando a prova for de múltipla escolha – as
mais difíceis –, mas jamais quando a prova for do
estilo certo ou errado. Pense duas vezes quando
for responder os itens em que você tenha alguma
dúvida.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
No último concurso da Polícia Civil, mais de 350 ex-alunos do Obcursos
(atual Gran Cursos) foram aprovados, incluindo o 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º,
8º, 9º e 10º colocados!
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J . W. Gr a n j e ir o
Concurseiro Profissional
Neste artigo, pretendo responder a uma pergunta
muito frequente de meus alunos e internautas: quais os
segredos ou mandamentos para ser aprovado em concurso
público e alcançar o tão almejado cargo público com
estabilidade e outros benefícios? Todos nós sabemos que
a cada dia a concorrência e o nível dos candidatos têm
aumentado e é preciso buscar uma boa estratégia pode lhe
render bons frutos. E sendo assim, não existem segredos
ou mandamentos e, sim, dicas que podem potencializar a
preparação e garantir uma boa classificação. Eis algumas
que considero relevantes.
Local de estudo
Nada melhor que um ambiente tranquilo, ventilado,
bem iluminado e agradável com tudo à mão: editais,
apostilas, resumos, cadernos com anotações das aulas
do curso preparatório, provas anteriores, cadernos de
exercícios, uma Constituição atualizada, uma Lei n.
8.112/1990 atualizada e preferencialmente comentada,
um dicionário, um computador com acesso à internet e
uma jarra de água bem próxima. Quem não encontrar em
casa um lugar em que seja possível reunir tais elementos
deverá estudar em bibliotecas ou na escola. Para nossos
alunos da unidade do Setor Gráfico (SIG), oferecemos uma
arborizada alameda de estudo e confortáveis salas com
cabines individuais e mesas coletivas. É só escolher o que
melhor lhe agrada. Em Taguatinga, nossos alunos também
encontram silenciosas salas de estudo. E para os alunos
das cidades de Goiânia, Belo Horizonte e São Paulo, nossas
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
instalações possuem o mesmo padrão de qualidade que já
consagrou nossa prestação de serviço na área de concursos
públicos.
Curso preparatório
Fazer um bom curso é útil por dois motivos: promove
uma revisão das matérias estudadas no ensino médio
e na faculdade, e dá aos alunos apoio até a véspera da
prova. Vale a pena investir em um bom preparo, pois não
adianta estudar compulsivamente sem método e sem
embasamento operacional. Para escolha de um bom curso,
o candidato deverá levar em consideração o nível dos
professores, a qualidade dos materiais e a infraestrutura
da escola. Nas escolas preparatórias para concursos
públicos os professores – na sua maioria servidores
públicos e autores de obras especialmente dirigidas para
concursos – ministram os conteúdos exigidos nos editais
de forma objetiva, atualizada e interdisciplinar, resolvendo
provas anteriores, exercícios inéditos e provas simuladas –
reunindo teoria e prática. O candidato a um cargo público
aprende a matéria e aprende a administrar o tempo, o que
faz muita diferença na hora do exame.
Material de estudo
A preocupação com o material de estudo também é
primordial. Os candidatos às vagas em concurso público
devem sempre procurar material dirigido a concurso, feito
por autores que escrevem pensando no candidato de forma
objetiva (questões de prova, dicas de preparação), tudo
feito por quem realmente já passou por um processo de
seleção e conhece o ambiente a fundo. Um bom material de
estudo é aquele que reúne texto atualizado, com linguagem
objetiva e baseada na doutrina dominante acrescido de
muitos exercícios de provas recentes com gabarito oficial,
remissivo ou comentado.
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J . W. Gr a n j e ir o
Tempo de estudo x tempo de lazer
Três horas diárias de estudo é um tempo suficiente,
fora o tempo de sala de aula em um bom curso. Na
véspera do concurso esse período dedicado pode
aumentar, dependendo da necessidade de cada estudante.
Mas atenção na dose: está demonstrado, por meio de
pesquisas, que o excesso de estudo causa estresse e pode
atrapalhar. São fundamentais para o bom desempenho
nos estudos alguns momentos de lazer. Pelo menos alguns
momentos diários de descanso para a mente. Não é muito
proveitoso ficar todo o tempo estudando e não relaxar,
pois nessa circunstância não há assimilação suficiente de
conhecimento. Isso ocasiona perda de tempo, desmotivação
e cansaço além do normal. A prática de exercícios físicos
também é muito válida, uma vez que promove a oxigenação
do cérebro, o que melhora a memória.
Intervalos
Pesquisas concluíram que os alunos mantêm
concentração absoluta nos estudos durante cerca de vinte
minutos ininterruptos. Por essa razão, é recomendável que
se façam intervalos de 2 minutos depois desse período.
Isso ajuda a elevar a produtividade. Estudar de acordo
com o tempo da prova é essencial, para não correr o risco
de não conseguir completar a prova. Um bom treino fará a
diferença na hora da prova.
Pesquisas demonstraram que antes de começar uma
atividade intelectual é preciso preparar o cérebro. A técnica
consiste em sentar-se confortavelmente em uma poltrona,
fechar os olhos, ouvir uma música clássica e respirar
profundamente por 5 a 10 minutos até sentir que a música
o envolveu. O estudo comprovou que após o relaxamento a
pessoa é capaz de alcançar níveis de concentração acima
de 95%.
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J . W. Gr a n j e ir o
Dez Passos para ser Aprovado em Concurso
Público
A aprovação em concurso público depende de disciplina,
o que nem todos têm. Para desenvolvê-la e chegar ao
objetivo maior, algumas atitudes estão ao alcance de
qualquer pessoa, especialmente dos concurseiros. Elas
são baseadas na disciplina de um maratonista, tema sobre
o qual venho escrevendo já há algum tempo, para mostrar
a analogia que existe entre o espírito competitivo do atleta
de maratona e o do candidato a concurso público que
realmente deseja conquistar sua vaga. São dez os passos a
serem seguidos, que detalharei neste artigo.
1. Local de estudo – Encontre um lugar reservado,
com ambiente calmo e silencioso para estudar.
Isso irá auxiliá-lo na concentração durante
as horas dedicadas ao repasse das aulas e à
leitura de textos que fazem parte do programa do
concurso.
2. Simulados regulares – Faça simulados regularmente. A disciplina deve ser sua eterna aliada.
Firme um compromisso com familiares e amigos
e conte com o apoio deles. Siga as dicas e tenha a
determinação de um maratonista.
3. Inexperiência e imediatismo – É o caso do aluno
que, na véspera do concurso, intensifica o
estudo ou passa a noite revisando o conteúdo e,
no dia seguinte, na hora da prova, depara com
um inimigo chamado estresse. O imediatismo
também deve ser evitado pelo candidato. Tal como
ocorre com o maratonista, é preciso definir uma
estratégia e segui-la rigorosamente, sem pressa.
Adquira segurança para que, no final, possa dar
um sprint.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
4.
Simulações – O concurseiro deve ter a preocupação
de se habituar ao estudo em locais públicos e com
certo nível de barulho, porque podem ser essas
as condições do local do exame. Outra simulação
válida tem a ver com o tempo de realização das
provas: estude durante o mesmo tempo que
durará o exame, a fim de que o corpo esteja bem
preparado na hora do concurso.
5. Tempo como aliado – Diferentemente de um
maratonista, que deve intensificar o ritmo nas
semanas que antecedem a prova, o candidato a
um cargo público deve reservar esse tempo para a
revisão geral. Além da complexidade do conteúdo
das provas, um dos grandes inimigos do candidato
é o tempo. Saber administrá-lo na resolução das
questões é um grande diferencial nos concursos.
Sugiro que o candidato faça cursos de leitura
dinâmica e de memorização.
6. Ânimo – Maratonistas e concursandos não podem
se dar ao luxo de tirar férias ou de parar de treinar
ou estudar sem antes alcançarem seus objetivos.
Devemos ignorar o Sr. Desânimo e outros tipinhos,
em busca do pelotão em que se encontram a Srª.
Disciplina, Perseverança, Superação e Energia.
7. Concorrência – Não se intimide com a concorrência.
Dos outros candidatos, apenas 10% possuem
alguma chance de classificação no concurso. Assim,
um simples detalhe pode garantir ao candidato
excelente pontuação. Refiro-me a diferenciais,
como ter feito um curso de exercícios ou um curso
por matéria, ter assistido a uma aula particular, ter
estudado por um caderno de prova comentado.
8. Concentração – Manter o foco e concentrar-se
são essenciais para alcançar o objetivo. É preciso
vigiar seus passos para não cair nas armadilhas da
desconcentração. O foco nos estudos e nos objetivos
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J . W. Gr a n j e ir o
é importante instrumento para obter sucesso.
Lembre-se da dica de ouvir música clássica, por
dez ou quinze minutos, antes de começar o turno
de estudo com a rotina de um operário.
9. Enganando o sono – Desenvolvi ótima técnica
para isso quando fazia faculdade. Li que o ser
humano dorme apenas quando esquenta os pés.
Então, para me manter acordado de madrugada
– já que trabalhava durante o dia e estudava de
noite –, colocava os pés numa bacia com água fria
e, durante algumas horas, estudava com afinco.
Trata-se de um método natural que apliquei com
frequência e que me ajudou bastante. Por que não
experimentar?
10. Na hora H – Lembre-se de que há questões elaboradas
para ninguém responder. O intuito é desarticular o
candidato e abatê-lo psicológica e emocionalmente.
Esqueça tal entrave e siga em frente, lembrandose de que até 10% dos itens poderão ser resolvidos
com base no conteúdo fornecido na própria prova.
Separe um tempo para cada matéria e pelo menos
trinta minutos para marcar o cartão de respostas.
Os editais costumam estabelecer nota mínima em
cada prova e no grupo de provas. Portanto, não
adianta gabaritar algumas disciplinas e não tirar a
nota mínima em outras. Eis um macete: no exame,
o candidato vai deparar com questões irresolúveis
(coloque C, de “complexo”, e esqueça), questões que
provocam alguma dúvida (coloque V, de “voltar”) e
questões fáceis (resolva-as imediatamente e assinale
logo o gabarito).
Lembre-se: A aprovação ou a reprovação estão no
detalhe. Leve em conta essas dicas de um concurseiro
profissional.
103
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
104
J . W. Gr a n j e ir o
Guia de Aprovação
Devido à grande procura de nossos alunos, internautas
e leitores, eu resolvi, em mais uma edição de Concursos
públicos: dicas e métodos, fazer um apanhado das mais
importantes dicas. Este artigo será o seu guia de aprovação.
São 18 importantes orientações que garantirão o melhor
aproveitamento de seus estudos. Leia atentamente cada
dica e bons estudos!
1. Para alcançar a aprovação é preciso muita
dedicação, estratégia, perseverança, além de muita
disciplina.
2. Opte pela compreensão, pelo entendimento. Isso
garantirá a você uma bagagem que nem o tempo será
capaz de apagar.
3. Trace um mapa de batalha: leia atentamente o
edital, busque bibliografia específica de apoio,
encontre o método que melhor se aplique a você,
eExercite seu poder de concentração e encontre um
bom ambiente de estudo.
4. Opte por uma alimentação saudável e pratique
atividades físicas.
5. Elabore um roteiro, alternando as disciplinas, para
não fadigar a mente.
6. Resolva exercícios, pois esse é um dos métodos
mais eficazes para praticar o conhecimento.
7. A reprovação significa, tão somente, erro de
estratégia, método, disciplina, orientação adequada
e foco.
8. Escolha uma instituição de ensino respeitada. No
curso preparatório, o candidato passa a conhecer
os conteúdos que mais aparecem nas provas e a
forma como são cobrados.
105
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
9.
Além de estar a par de dicas e métodos de estudos,
você deve aprender a fazer prova e a administrar
o tempo de que dispõe para resolver as questões.
Faça isso estudando em tempo igual ao previsto
para a prova.
10. Algumas matérias são comuns a todos os concursos
e é importante que você as domine para ministrar
aulas. Português, Direito Constitucional e Direito
Administrativo devem ser o ponto de partida dos
seus estudos.
11. O candidato bem preparado e competitivo mantémse sempre atualizado e não se desmotiva com as
tentativas que não deram certo.
12. Em média, o tempo de preparação é de um ano a um
ano e meio, com estudos de até sete horas diárias,
acompanhados de planejamento, organização e
disciplina.
13. Elabore um cronograma com o tempo disponível e
todas as atividades diárias. Inicie os estudos pelas
matérias mais difíceis e deixe as preferidas para o
período da tarde ou para a noite.
14. Prefira ambientes bem iluminados, arejados,
silenciosos e que tenham todo o material necessário
à mão, com mobília adequada e suporte para livros.
15. Reserve de 20 a 30 minutos do horário de almoço
para descansar o corpo e a mente com um breve
cochilo.
16. Invista em conhecimento intelectual para que,
assim, consiga realizar seu sonho.
17. Por fim, exercite sempre. Resolva as últimas
cinco provas do concurso escolhido ou da banca
examinadora que prepara as questões do certame.
18. “Aquele que conhece o inimigo e a si mesmo, ainda
que enfrente cem batalhas, jamais correrá perigo.
Aquele que não conhece o inimigo, mas conhece a
si mesmo, às vezes ganha. Aquele que não conhece
nem o inimigo nem a si mesmo está fadado ao
fracasso e correrá perigo em todas as batalhas.”
106
J . W. Gr a n j e ir o
O Segredo do Sucesso
Certo dia, um pai me procurou com o filho, que acabara
de completar 18 anos. Queria matriculá-lo em um curso
preparatório para concurso e buscou o melhor da cidade.
O curso e um carro foram presentes de aniversário para o
filho, que, a partir daquele momento, somente estudaria
para concurso público, inicialmente para a Câmara ou
para o Senado Federal. O pai pediu-me que sugerisse
alguns cursos por matérias (Plêiades) e elaborasse uma
lista de livros e apostilas para que comprasse.
O nosso candidato – vamos chamá-lo aqui de Maurício
–, que sempre estudara nas melhores escolas privadas,
estudaria agora no melhor curso preparatório para
concursos, com todo o apoio financeiro e todo o tempo do
mundo para se preparar bem.
Recordei-me, então, do José Wilson, morador de
Ceilândia, que começou a trabalhar com 12 anos de idade,
morou por quatro anos em um trailer (instalado próximo
à faculdade), porque não tinha dinheiro para pagar a
passagem de ônibus para a casa dos pais, e só podia se
preparar para os concursos com apostilas emprestadas e
durante a madrugada – com os pés numa bacia-d’água
–, pois não contava com outro tempo para estudo das
matérias da faculdade e do concurso.
Com tantas forças contrárias, José Wilson não teria a
mínima chance de vencer os Maurícios da vida e conquistar
uma vaga no serviço público. Entraram em cena fatores
como disciplina, foco, método adequado, apoio dos amigos
e familiares, planejamento, muita perseverança, Deus na
mente e no peito e vontade de vencer e de conquistar uma
posição de destaque.
107
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Hoje, tantos anos depois, com o objetivo conquistado,
e tendo ido muito além do que havia planejado, posso
dizer que a banca examinadora não quer saber se você,
candidato(a), estudou em escola privada ou em escola
pública, se tem boa ou má aparência.
Não espere que o concurso seja justo e a banca lhe dê a
vaga apenas porque merece, por você ser mais necessitado.
O concurso é um processo isonômico e destina a vaga
àquele que mais acerta questões, e não ao mais carente.
Diante disso, não há outra saída, caro(a)
concursando(a), senão seguir o exemplo do jovem
José Wilson, que um dia saiu do interior do Nordeste
praticamente com a roupa do corpo, em companhia da
mãe e de quatro irmãos, para tentar a sorte na capital
do país, e se tornou um vencedor: foi aprovado em oito
concursos públicos, ocupou cargos públicos de alta
relevância durante 17 anos e depois usou sua experiência
para ajudar milhares de outros candidatos a vencer o
desafio da aprovação em concursos públicos, dirigindo
nos últimos anos o Obcursos (atual Gran Cursos), maior
rede de cursos preparatórios do país, com mais de 100
mil alunos aprovados desde sua criação.
108
J . W. Gr a n j e ir o
O Concurseiro e o Sapo
A caminhada é mesmo muito longa. Eu, não mais do
que você que está há tempos se preparando para alcançar
a aprovação, sei o quão difícil é superar cada passo que
damos sem conseguir o êxito. Em minha caminhada de
concurseiro e maratonista, já enfrentei muitas dificuldades,
mas não desisti. Fui além de cada derrota, de cada
desestímulo, e conquistei não somente uma, mas várias
aprovações em minha busca de realização profissional em
um cargo público com os benefícios e a segurança de ter o
governo como patrão.
Talvez você questione o que fiz para conseguir isso. E
eu lhe digo: muitas horas – especialmente noturnas – de
estudos, com os pés dentro de uma bacia com água, para
não dormir e vencer o plano de estudo que criteriosamente
havia elaborado, além de muita persistência e enorme
disciplina. Essa é a chave que abre o cofre do sucesso.
Muitas vezes você deve ter ouvido de pessoas próximas,
“amigas”, pessoas em quem você pensa poder confiar,
que deveria desistir. Mas saiba que passar na primeira
tentativa sem estudar muito é quase impossível – é mais
fácil ganhar na loteria. O tempo de preparação é longo, e o
desânimo não deve entrar na sua lista de atitudes.
Sabe, para conquistar grandes sonhos, às vezes é
preciso ensurdecer. Infelizmente, na vida há pessoas
que torcem por nosso insucesso. Assim, numa batalha
tão difícil – a conquista da aprovação – é preciso muita
força de vontade para não parar no meio do caminho ou
quando a vaga chega à ponta do nariz. Muitos candidatos
são considerados concorrentes de editais. Esses estudam
apenas com a divulgação das normas editalícias e nunca
109
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
estão preparados. Os bons não desanimam nunca; pelo
contrário, se fortalecem a cada passo dado na longa
caminhada, e fazem sempre a revisão dos métodos de
estudo quando fracassam em um certame.
Certa vez, li a história de uma cidade onde só havia
animais. No mais alto morro daquela terra, existia um tesouro,
mas ninguém nunca tinha alcançado o topo para conquistar
a recompensa. Um dia, três atrevidos sapos resolveram
percorrer o difícil trajeto até o tesouro. No percurso, os
animais da cidade fizeram uma grande algazarra. Quando
o primeiro sapo disparou a pular rumo ao tesouro, ouviu
gritos dos outros animais dizendo para desistir, pois era
muito pequenino e jamais conseguiria chegar vivo ao topo do
morro. O desanimado sapo desistiu. Então, o segundo sapo
se pôs a pular. Não demorou muito para que os animais da
cidade começassem a gritar: “Desista! Nem a girafa nem o
elefante conseguiram. Não será você, um simples sapo, que
conseguirá”. O sapo, tristonho e desiludido, também desistiu.
Sobrou apenas o terceiro sapo. Esse pulava, e pulava, e pulava.
Os animais, acreditando que ele desistiria ao perceberem que
também não tinha chances, resolveram deixá-lo, e partiram
de volta à cidade com o segundo sapo. Dias depois, o terceiro
sapo retornou cheio de ouro. Os animais, boquiabertos, não
conseguiam acreditar. Começaram o interrogatório. Estavam
alvoroçados com o acontecido e queriam a todo custo saber
como o sapo conseguira conquistar todo aquele ouro. Depois
de muitas perguntas sem nenhuma resposta, descobriram
que o sapo era surdo.
Assim deve ser você, leitor, internauta e concurseiro. A
luta para conquistar um cargo, por causa da concorrência,
é hercúlea. Cada vez mais os candidatos têm se entregado à
dedicação integral para conquistar uma vaga. Os obstáculos
são ilimitados e as dificuldades imensas. Mas você nunca
deve deixar-se levar por comentários desestimulantes ou
palavras de desânimo. Ensurdeça diante dessas pessoas e
acredite em si mesmo. A estrada é dura e longa, e você está
aqui para percorrê-la e vencer.
110
J . W. Gr a n j e ir o
O Concurseiro e o Bambu
Há muito tempo, um escritor chamado Covey fez uma
analogia ao crescimento do bambu, em uma história
intitulada “A História do Bambu Chinês”. Nela, o autor
explicava o processo de crescimento e maturação do
arbusto e comparava cada etapa ao processo humano.
Como comentei em O mestre e a discípula, o bambu leva
em média cinco anos para começar a se desenvolver
externamente. Nesses primeiros anos, o crescimento é
subterrâneo. O arbusto cria fortes e resistentes raízes,
para somente então permitir que o caule apareça.
Aplico o ensinamento de Covey à vida dos concurseiros.
Se nos ocupássemos de analisar a estrutura do bambu,
ficaríamos no mínimo curiosos para entender como um
arbusto tão comprido e fraco permanece em pé mesmo
durante tempestades. Ocorre que, além de contar com
uma base firme e sólida, o bambu tem a flexibilidade da
humildade. É preciso curvar-se até o chão diante das
dificuldades que você, leitor e concurseiro, enfrentará
durante a trajetória rumo à aprovação.
Analisando minuciosamente a composição do arbusto,
colhi sete verdades e ensinamentos que auxiliarão o
concurseiro de plantão a ser aprovado em um concurso
público e ter um futuro de sucesso.
1. Primeira verdade: O que mais importa é a
humildade. Essa virtude permitirá que, assim
como o bambu, você consiga se curvar diante dos
ensinamentos dos mestres e das dificuldades.
Aprenda com os concorrentes mais disciplinados,
organizados e preparados.
111
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
2.
3.
4.
5.
Segunda verdade: É muito difícil derrotar um
candidato bem preparado. Ele demora a aparecer
e a demonstrar o seu valor. Antes de tudo, o bom
candidato prepara a terra e a semeia, para, então,
aguardar o fortalecimento da raiz. Só depois de
ter certeza de que conta com uma base forte e
resistente, como o bambu, o concurseiro se propõe
a crescer e passa a colher os frutos da profunda e
planejada preparação para o sucesso.
Terceira verdade: O bambu nunca está sozinho. Se
você observar, no bambuzal eles estão sempre muito
unidos. É um sinal de fortalecimento e proteção.
Tendo isso em vista, é importante o concurseiro
saber unir a voz da experiência, estudar em grupo e
fazer cursos do tipo pacote. Quem caminha sozinho
dificilmente chega a algum lugar.
Quarta verdade: O bambu não se dá ao luxo de ter
folhas. O bambu pode alcançar até 25 m de altura
sem galhos e folhas. Inspirado no exemplo da planta,
o candidato deve se prender tão somente à meta de
conquistar o alto e o sucesso. Para isso, é necessário
renunciar a coisas insignificantes, isto é, às folhas.
Para vencer, é preciso desprender-se daquilo que
suga as forças e impede o crescimento: preguiça,
pessoas negativas, indisciplina, desorganização
etc.
Quinta verdade: O bambu é cheio de nós. Em cada
fase – ou gomo, no caso do bambu –, encontramos
um nó que a liga à próxima fase – ou ao próximo
gomo –, e assim sucessivamente. Esses nós são
aquelas pessoas que nos ajudam a resolver os
problemas e a enfrentar as dificuldades que
surgem; são os amigos e familiares que nos ajudam
a alcançar as nossas metas. Nunca descarte os nós
de sua vida, pois eles o fortalecerão e estimularão
nos momentos de fraqueza.
112
J . W. Gr a n j e ir o
6.
7.
Sexta verdade: O bambu é oco (vazio). O bom e
preparado candidato deve esvaziar-se de tudo
aquilo que é desnecessário, rouba tempo e tira a
atenção da principal meta: a aprovação.
Sétima verdade: O bambu cresce somente para o
alto. O crescimento do bambu é linear e sempre em
direção ao alto, ao superior. O concurseiro dedicado
deve, antes de tudo, traçar metas de curto, médio e
longo prazo e persegui-las paciente e atentamente.
Às vezes praticamos a semeadura e demoramos a ver
a chegada das flores, dos frutos, do caule. Sentimo-nos
desestimulados ao ver que já se passaram dias, semanas,
meses e anos sem nenhum retorno. Mas, se nos apegarmos
ao ensinamento do bambu, perceberemos que, para
alcançar a aprovação, antes de qualquer coisa, é preciso
contar com uma base sólida.
Busque, dia após dia, o conhecimento aprofundado, e
dedique-se com tenacidade. Em breve você será como um
bambu de 25 m de altura: alguém que alcançou o topo da
estabilidade e o sucesso profissional.
113
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
114
J . W. Gr a n j e ir o
O concurseiro e o Mamute
Certo dia uma senhora me procurou em busca de
orientação. Ela queria ouvir minha opinião sobre em
qual concurso se inscrever e que carreira pública seguir.
Contou-me que era divorciada, tinha dois filhos e acabara
de concluir o curso superior em Psicologia. Perguntei-lhe
sua experiência profissional, e ela me disse: “NENHUMA”.
Até então, ela nunca trabalhara, e sempre vivera para o
esposo e os filhos. Só depois da separação havia conseguido
finalmente ingressar na faculdade e concluir, com louvor,
o curso superior. Cansada da vidinha de pensionista e
de mãezona, agora queria trabalhar e viver a vida com os
benefícios e as vantagens de ter o governo como patrão. Eu
quis, então, saber sobre sua vocação e áreas de afinidade.
Ela me disse que gostava de ler e que tinha muita facilidade
com o estudo da legislação, do direito. Também gostava de
escrever. Indaguei acerca do tempo que ela teria para os
estudos. Ela respondeu que tinha disponível o período da
manhã e parte da noite. Após algum tempo de conversa e de
muitas perguntas e respostas, ficou construído o perfil da
candidata. Apresentei-lhe algumas opções de concursos,
falei sobre cargos, responsabilidades, benefícios, requisitos
e expectativas de progressão funcional e de promoção nas
carreiras. A cada alternativa que eu expunha, a senhora
– agora nossa aluna e futura servidora pública – impunha
dificuldades e enormes obstáculos – todos inverossímeis,
irreais, inexistentes – para justificar sua incapacidade
ou impossibilidade de passar no concurso sugerido. Eu,
sem mais argumentos para convencê-la, apelei para uma
história infantil que certa vez me contaram. Era uma vez um
mamute órfão que fora criado por uma família de gambá. O
animal crescera com hábitos de gambá – dormia de cabeça
115
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
para baixo, alimentava-se de insetos e somente saía para
caçar à noite. Tinha plena certeza de que era um gambá e
comportava-se como tal. Certo dia, ao avistar um abutre,
fingiu-se de morto – os abutres não atacam presas inertes.
Os outros animais, observando aquela cena, perguntaramse como um animal de l0 toneladas e com mais de 4 metros
de altura podia ter medo de ser capturado pelas presas de
um simples abutre?
O que eu pretendia demonstrar com a pequena
história infantil era que todo mundo pode ser aprovado em
concurso público, que as pessoas mais bem-sucedidas não
são necessariamente as mais inteligentes, as melhores,
as mais fortes, as mais rápidas, as mais brilhantes, mas,
sim, as mais confiantes e persistentes. São aquelas que
estabeleceram uma meta – passar em concurso público
–, acreditaram nesse sonho e criaram as condições
favoráveis para que todo o universo conspirasse para a
concretização desse objetivo. Se você tem plena convicção
de que é fraco e incapaz, você será fraco e incapaz. Mas,
se acredita ser forte, se enxerga em si mesmo capacidade,
logo desenvolverá essas virtudes. Então pare de dar
justificativas e de inventar desculpas. Pare de alegar que
não consegue passar em concurso público. Acredite que
você é um vencedor, alguém com potencial, inteligência e
disciplina para conquistar o que quiser.
A senhora ainda me encarava com olhar inseguro. Aproveitei
para também narrar uma passagem bíblica muito oportuna.
Um dia, Noé caminhava pelo deserto quando ouviu a voz do
Senhor, que lhe delegava uma missão: construir uma grande
arca e colocar dentro dela um casal de cada espécie de animal.
“Como concretizar tamanho projeto sem dispor de ferramentas,
materiais e pessoal?”, perguntou um atônito Noé. O Senhor
respondeu: “Comece, e eu o ajudarei”.
Portanto, se você, caro leitor, quer começar a estudar
para concurso, mas está indeciso, com medo, inseguro,
comece assim mesmo. Certamente, ELE o ajudará a alcançar
o seu objetivo: a aprovação com a desejada classificação.
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J . W. Gr a n j e ir o
Pílulas de Motivação
Praticamente todos os dias ouço alguém que não
passou em determinado concurso por apenas um ponto –
“Só faltou um ponto... um pontinho!”. Outros candidatos
contam que reprovaram por apenas três questões. Uma
pessoa da minha família, muito querida, que orientei no
concurso para consultor do Senado Federal, fez tudo certo,
porém esqueceu-se de um mandamento: “Não chutarás!”. A
prova era estilo Cespe, em que uma errada anula uma certa.
Ficou, então, por dois itens. Cheguei a pedir ao meu melhor
professor de raciocínio lógico para elaborar um recurso
com vistas à mudança de gabarito, a fim de beneficiá-la.
O recurso foi acatado, mas ainda faltava um item, para o
qual não houve jeito. Minha protegida reprovou. Se tivesse
acertado aquele item, ela conquistaria o primeiro lugar no
certame e por certo estaria feliz e realizada em uma carreira
de sucesso. Até hoje nossa personagem chora e reclama
da sorte. Faltou-lhe humildade, e a arrogância a venceu.
Recordo-me de que, quando fui chamar a atenção dela, ela
repetia: “Eu era a melhor aluna de matemática da escola...”.
Não importa se faltou apenas uma, ou duas, ou dez
questões. O que vale para o concurseiro é o resultado
final, não o parcial. A grande lição que se pode extrair
quando não se passa em um concurso por pequena
diferença de pontos é a de que estamos no caminho
certo. A quase classificação pode e deve ser revertida com
mudança de método e de atitude. Conheço candidatos
que são aprovados em diversas fases do concurso e
reprovam na última. Em regra, esmoreceram e deixaram
de estudar com a mesma disciplina e com o mesmo afinco.
Outros candidatos reprovam já na primeira etapa de um
117
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
concurso, mas, no seguinte, conquistam as primeiras
colocações.
Se você continuar fazendo tudo exatamente do
mesmo jeito, receberá a mesma nota e idêntica colocação.
Portanto, a ordem é mudar, e mudar para melhor:
altere o método de estudo, amplie o tempo dedicado
à preparação, invista em cursos por matéria, adquira
cadernos de provas comentadas, matricule-se em cursos
de resolução de exercícios.
O concursando precisa assimilar a ideia de que
concurso público é como uma competição: exige preparo
intelectual, físico e psicológico, e somente os fundistas
têm grande possibilidade de êxito. O maratonista, de
maneira semelhante ao atleta dos estudos, treina meses
a fio para melhorar suas condições físicas, preparar bem
a mente e aprimorar a técnica, para, no dia da prova –
nem um dia antes, nem um dia depois –, estar apto à
competição.
Note: ele se prepara para aquele dia específico. Antes
desse dia, ainda não está preparado e, depois, pode ficar
fora de forma.
A reprovação em concurso público é normal e
natural. Noventa por cento dos candidatos que disputam
as vagas não estão preparados para a prova e por certo
reprovarão. Logo, a regra é não passar; o anormal é
passar. Portanto, não se abale com a reprovação. Volte
para a fila e estude mais e mais. Seu futuro espera por
você. Seu destino é maior que uma simples reprovação
ou uma derrota pontual. Perca a batalha, mas não a
guerra. E lembre-se de nosso lema: Sou concurseiro e
NÃO DESISTO NUNCA!
118
J . W. Gr a n j e ir o
Entre Sonhos e Realizações
O início de minha relação com o mundo dos concursos
públicos começou quando dei baixa do Exército brasileiro,
em uma sexta-feira, e, na segunda-feira, com o caderno
de classificados debaixo do braço, procurava emprego.
O primeiro concurso – ainda não público – consistia em
fazer uma prova de Língua Portuguesa, Matemática e
Conhecimentos Gerais, para trabalhar em uma instituição
financeira, misto de banco e seguradora. Disputávamos
quatro vagas, e fui um dos aprovados na prova e na
entrevista que fazia parte do certame. Para manter a boa
nota da prova objetiva, demonstrei que precisava do cargo
mais que os concorrentes. Eu conhecia bem a técnica de
entrevista.
Enquanto trabalhava na financeira, fazia um curso
preparatório para concurso – agora público – do Banco do
Brasil. O sonho de meus pais era me ver trabalhando no
banco oficial, sinônimo de status e estabilidade. Estudei
muito! Mas, sob a pressão de passar para não desapontar
meus pais, fui reprovado. Fui vencido pelos principais
inimigos dos candidatos a uma vaga no serviço público:
fadiga, ansiedade e falta de estratégia para enfrentar
a prova e administrar o pouco tempo disponível para
responder as questões.
Contudo, a preparação ajudou-me a passar em alguns
dos concursos públicos que vieram logo em seguida, em
especial o do DASP (Federal) e o do IDR (aqui do DF).
Passei em 13º e 9º lugar, respectivamente, para o cargo
de agente administrativo. Terminei o curso superior e
fiz outros concursos públicos, com aprovação em 1º
lugar no concurso da FPS (Sarah), onde permaneci até
a redistribuição para o MJ – de lá, parti para o primeiro
119
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
PDV do Governo Federal. Paralelamente a todas essas
atividades, escrevi quase duas dezenas de obras voltadas
para concursos (há obras que já estão na 28ª edição!).
Sempre atuei no meio público, como servidor, professor
ou instrutor. Entretanto, para mim, o fato que mais se
destaca em minha vida profissional, sem dúvida, é ter
sido pioneiro em diversos produtos para o seguimento dos
concursos públicos. Ajudei a criar o maior e melhor curso
preparatório, a primeira editora especializada em apostilas
e livros voltados para concursos e uma rede de livrarias
multimarca com todo tipo de material direcionado aos
certames. Posso afirmar que são poucos os profissionais
que ingressaram nesse mercado e nele permaneceram
depois de quase duas décadas de trabalho.
Outro dado que consagra minha trajetória é ter
trabalhado em diferentes setores na preparação dos
concurseiros, atuando ora como professor, palestrante,
ora como autor, diretor de editora e dirigente de curso
preparatório – o que inegavelmente me torna um profundo
conhecedor da área, um especialista no assunto concursos
públicos. Aliás, não é à toa que fui um dos poucos professores
de cursos preparatórios do país a ser entrevistado pelo
apresentador Jô Soares, em um reconhecimento mais do
que justo por minha história de sucesso e de colaboração
para com aqueles que se preparam para se tornar servidores
públicos. De forma direta e indireta, ajudei mais de 100
mil pessoas a ingressar no serviço público.
Ainda como professor concursado de Direito e
Legislação da extinta FEDF, destaquei-me, e isso me
rendeu um convite da direção do Obcursos (atual Gran
Cursos) – em 1989 – para ministrar as disciplinas de Direito
Administrativo, Administração e Direito Comercial no
incipiente curso preparatório. Sou titular dessas matérias
até hoje. A formação didático-pedagógica – Esquema I –
habilitou-me a sempre conquistar excelentes notas nas
avaliações dos professores realizadas pela Coordenação do
120
J . W. Gr a n j e ir o
Obcursos (atual Gran Cursos). Quebrei todos os recordes
de aulas já ministradas por um professor – 105 horasaula por semana em duas oportunidades. Tanto empenho,
dedicação, energia e carisma renderam-me outros
convites, primeiro para ser sócio e diretor administrativofinanceiro do Obcursos (atual Gran Cursos), o maior curso
preparatório do país, e, mais tarde, para assumir o posto
de diretor-presidente do grupo, que conta com escolas
próprias, franquias, editora, livrarias e gráfica.
E o Gran Cursos continua crescendo. Pretendo implementar nos próximos dias o telepresencial, via satélite, e
o ensino a distância, via internet. Mas meu maior sonho é
inaugurar o shopping dos concursos – espaço que contará
com tudo que o candidato necessita para seu preparo a
fim de ingressar no serviço público – e uma faculdade diferente, voltada para esse mundo dos concursos públicos.
Deus foi generoso comigo e permitiu que eu atuasse
em segmentos nos quais este país mais tem carências:
educação, qualificação profissional, livrarias e editora.
Que eu tenha êxito e possa realizar o sonho de milhares de
pessoas que confiam em meu trabalho e no trabalho dos
profissionais que me cercam como colaboradores.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Que Tipo de Competidor Você é?
Quando comparo o concurso público à maratona, sempre
o faço tendo em vista similaridades existentes entre as
dificuldades que se apresentam ao atleta e ao concurseiro e as
qualidades exigidas para superá-las nas duas modalidades
de competição. Mas hoje quero discutir uma questão diferente
– embora também relacionada à competição – com aqueles
que estão enfrentando a dura preparação para os concursos
que vêm por aí. Afinal, você, concurseiro que está lendo este
artigo, se sente, nessa jornada, mais como um corredor de
100 m rasos ou como um maratonista?
As diferenças são muito nítidas e, claro, têm tudo
a ver com a personalidade de cada um, ou seja, com
características trazidas do berço, herdadas do pai e da
mãe e presentes em todas as ações da vida. Entre elas,
obviamente, estão a dedicação aos estudos e a disciplina na
preparação para concurso público. Se você é um corredor
de 100 m rasos nato e vai fazer a prova do TST no dia
17 de fevereiro, por exemplo, certamente está aflito para
chegar logo o dia e não vê a hora de fazer a prova. E se você
tem temperamento de maratonista – quanto mais o dia do
concurso demorar a chegar, melhor –, você vai aproveitar
todo o tempo disponível para estudar até o momento da
prova.
A questão é a seguinte: quem leva vantagem em
matéria de concurso público: o corredor de 100 m
rasos ou o maratonista? A minha resposta, baseada na
própria experiência pessoal de maratonista que sou, é
a segunda opção. Correr 100 m rasos significa explodir
em 10 segundos ou menos toda a energia acumulada
dentro de si, sem pensar em nada – nada mesmo –, a não
123
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
ser em atingir a linha de chegada na frente dos outros
corredores. O velocista atingirá o objetivo em curto espaço
de tempo, sem nenhuma estratégia a não ser a máxima
velocidade possível. Na prova de concurso público, esse
atleta corresponde ao candidato que termina de responder
às 100 questões da prova em uma hora, enquanto os
concorrentes ainda estão começando a pensar em como
fazer a primeira parte dela – concentrados e focados.
Já o candidato-maratonista tem o comportamento
oposto. E é ele que, ao final, deverá ter-se saído melhor,
porque terá traçado uma estratégia aplicada desde o
momento em que soou a campainha para dar início ao
teste. É como o maratonista que precisa correr os 42.195
m e tem mais de duas horas para desenvolver todo o seu
potencial, dosando as energias, observando os adversários,
alternando seu ritmo de acordo com as exigências do
organismo e as necessidades do percurso. No concurso,
ele agirá da mesma forma e dificilmente entregará a prova
antes de soar o sinal de encerramento, mesmo que já tenha
respondido todas as questões.
De acordo com a sabedoria popular, a pressa é inimiga
da perfeição. E, em matéria de concurso público, essa
pode ser considerada uma regra de ouro. Fazer prova de
concurso no ritmo de um corredor de 100 m rasos é suicídio
na certa. Você vai esquecer preciosas lições aprendidas
no decorrer de sua preparação, agirá por impulso, dará a
resposta que primeiro vier à mente, e não aquela que exige
raciocínio mais demorado. E pode ter certeza: isso não vai
dar certo. Se você é um velocista na vida pessoal, na prova
de concurso público terá de mudar seu ritmo para o do
maratonista e fazer tudo de modo calculado, dosado, sem
precipitação.
Lembre-se de Franck Caldeira na maratona do Pan, que
foi um exemplo do que acabo de afirmar: fez uma corrida
cerebral e acabou vencendo a prova. Ele passou boa parte
do tempo no segundo pelotão, para poupar energias, e
124
J . W. Gr a n j e ir o
só quando sentiu que dava para arrancar até a primeira
posição se lançou num sprint incontrolável. Daí até o final,
foi só correr para o abraço, literalmente.
É assim que deve ser o concurseiro. É preciso saber
lidar com a ansiedade para atingir o pódio, tal como faz
o maratonista durante a prova mais longa do atletismo
mundial. A prova dos 100 m rasos é dominada pela
emoção. Na maratona, predomina a razão. É por isso que
a segunda opção é o melhor espelho para o candidato a
concurso público, assim como o atleta busca a vitória na
pista de corrida.
O candidato-maratonista elabora um plano de
treinamento e segue solitário e com perseverança. Conhece
a teoria, as táticas e as estratégias de uma competição
e, acima de tudo, treina muito. É obediente e respeita as
orientações transmitidas pelo professor-treinador. Usa
material adequado. Faz trabalho de reforço. Consulta sites
especializados. Assina revistas e periódicos que tratam do
assunto. Conhece muito bem as regras do jogo e o percurso
que vai trilhar para alcançar a meta previamente traçada.
E, o mais importante, não desiste NUNCA.
125
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
126
J . W. Gr a n j e ir o
Concursos Públicos
Dicas e métodos de estudo – Parte I
Tenho ressaltado em meus artigos como é importante se
preparar bem para passar em um concurso público. Mais
uma vez, gostaria de esclarecer alguns pontos sobre ter o
governo como patrão, a fim de orientar você, concurseiro,
para que essa caminhada não se torne tão densa.
Entendo o quão cansativo é a maratona da preparação
e sei que às vezes o caminho, que parece muito mais longo
do que imaginávamos, nos prega boas peças. Essa fase
é realmente árdua, mas como dizem por aí, “depois da
tempestade vem a bonança”. Então, por que estar bem
preparado faz toda a diferença?
Sabemos que o concurso público é a forma mais justa
de seleção para um emprego. Graças a ele, afastam-se os
indisciplinados, os sem-habilidades e os despreparados.
O importante, portanto, é compreender que todo bom
maratonista, para se tornar um vencedor, precisa de
dedicação, estratégia, perseverança e muita disciplina.
Acreditar que o esforço pessoal é tudo não passa de
mera ilusão. Assim como você, muitos outros concurseiros
estão cansados, trabalham durante o dia, estudam de
noite e dariam tudo para dormir até mais tarde. Mas é
preciso ir além.
O diferencial deve estar em como estudar. Um bom
plano de estudo pode garantir que você aprenda o conteúdo,
e não apenas o decore. Confiar na memória não é uma boa
estratégia, pois o nervosismo, entre outros fatores, pode
fazer com que você simplesmente esqueça o conteúdo
memorizado. Opte pela compreensão, pelo entendimento.
Isso garantirá a você uma bagagem que nem o tempo será
capaz de apagar.
127
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Nos dizeres de Sun Tzu, “a guerra é de vital importância
para o Estado; é o domínio da vida ou da morte, o caminho
para a sobrevivência ou a perda do Império: é preciso
manejá-la bem”. Todo desafio encontrado para conquistar
uma vaga no serviço público deve ser visto como uma
batalha. E você, como um grande soldado, deve priorizar
as orientações de seu superior. Assim, a cada etapa
superada, entenderá que, às vezes, mesmo sem ainda
ganhar a guerra, vence-se uma batalha.
O concurso público é uma guerra entre milhões de
candidatos que têm o mesmo ideal: boa remuneração e
estabilidade. De fato, não é fácil derrubar um exército, mas,
quando se conhece o próprio potencial e o do adversário, é
mais fácil montar as estratégias. O sucesso na luta leva à
classificação; a vitória na guerra leva à posse.
Trace um mapa de batalha: leia atentamente o edital;
busque bibliografia específica de apoio; encontre o método
que melhor se aplique a você; pratique atividades físicas,
para cuidar do corpo e da mente; opte por uma alimentação
saudável; exercite seu poder de concentração; encontre um
bom ambiente de estudo; elabore um roteiro, alternando
as disciplinas, para não fatigar a mente; e não se esqueça:
resolver exercícios é um dos métodos mais eficazes para
praticar o conhecimento. Só assim você poderá conhecer
de perto seu maior adversário: a banca examinadora.
O candidato deve confiar em seu potencial. Todo
mundo consegue ser aprovado em um concurso público.
A reprovação significa, tão somente, erro de estratégia,
método, disciplina, orientação adequada e foco. Tenha
em mira seus objetivos e lute com afinco. A luta será bem
menos dolorosa e as aprovações serão mera consequência.
128
J . W. Gr a n j e ir o
Concursos Públicos
Dicas e métodos de estudo – Parte II
Como disse anteriormente, a aprovação em um
concurso público depende de uma série de fatores. Além de
disciplina, dedicação e planejamento do tempo de estudo,
é importante se preparar para cargos cujas atividades
práticas exijam conhecimentos similares aos conteúdos
cobrados nas provas.
Na maioria dos certames, os conteúdos exigidos vão
além das matérias vistas nos bancos das escolas e das
faculdades. Por isso, é importante que você invista em
livros e apostilas específicas e estude em instituições
preparatórias de confiança. A quantidade de matérias
exigidas nos editais costuma ser muito ampla e,
normalmente, os cursos preparatórios se guiam pelo edital
no planejamento das aulas. Assim, no curso preparatório,
o candidato passa a conhecer os conteúdos que mais
aparecem nas provas e a forma como eles são cobrados.
Além de estar a par de dicas e métodos de estudos, você
deve aprender a fazer prova e a administrar o tempo de
que dispõe para resolver as questões. Faça isso estudando
em tempo igual ao previsto para a prova.
Algumas matérias são comuns a todos os concursos
e é importante que você as domine para ministrar aulas.
Português, Direito Constitucional e Direito Administrativo
devem ser o ponto de partida dos seus estudos. Aprofunde
o conhecimento e entenda a lógica dos conteúdos. Assim,
ficará mais fácil relembrar na hora da prova. Escolha
outras matérias como Raciocínio Lógico, Informática,
Contabilidade e Regimento Interno dos Tribunais. Assim,
129
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
seu leque de informações estará quase completo. Quando
divulgado o edital, dedique-se às matérias complementares,
já que as matérias básicas estarão frescas na memória.
A administração pública paga até 400% a mais que
as empresas privadas, e isso faz com que mais de 10
milhões de pessoas em todo país se sintam atraídas por
essas vagas. Alguns órgãos, por não realizarem concursos
públicos há mais de 15 anos, abrirão milhares de vagas
neste ano. Contudo, mais de 35% dos candidatos não se
sentem preparados e, por isso, estar com os estudos em
dia faz toda a diferença. O candidato apto a fazer uma boa
prova encontra-se a passos de se tornar um vencedor.
É importante ter um diferencial. O candidato bem
preparado e competitivo mantém-se sempre atualizado e
não se desmotiva com as tentativas que não deram certo.
Os estudos não devem se transformar em um tormento,
mas, sim, em algo prazeroso. Ler com cautela e prazer
facilita o entendimento. Quando se tem satisfação em
fazer algo, tudo parece mais agradável. E por que não
fazer do seu estudo, que é o essencial para passar em um
concurso, algo motivador?
A caminhada para investida no cargo público dos seus
sonhos pode ser longa. Em média, o tempo de preparação é
de um ano a um ano e meio com estudos de até sete horas
diárias, acompanhados de planejamento, organização e
disciplina. Mas esse tempo se torna curto, se comparado
à estabilidade e à qualidade de vida que você terá em
retorno. Focalize seu cargo e dedique-se de segunda a
segunda. Todo esforço será devidamente recompensado
quando alcançar a aprovação. Faça como Thomas Edison,
que, ao ser questionado sobre ter fracassado várias vezes
antes de inventar a lâmpada, respondeu: “Não fracassei
várias vezes; minha caminhada é que teve vários passos”.
Assim é a vida do concursando: um caminho com vários
passos que levam ao sucesso e à realização profissional.
130
J . W. Gr a n j e ir o
Concursos Públicos
Dicas e métodos de estudo – Parte III
Chegamos à última parte deste ciclo de artigos com dicas
e métodos importantíssimos para garantir sua aprovação em
concursos públicos. Se você, concurseiro, seguir rigorosamente
esses conselhos, poderá encurtar a corrida pela aprovação.
Portanto, como bom maratonista, e não como corredor de 100
m rasos, você deve priorizar a disciplina, a organização e a
dedicação.
O princípio do concurso público é a isonomia. Logo,
não há discriminação de candidatos, mas eliminação dos
menos preparados e dos mais desorganizados. Reforço a
ideia da importância da dedicação total. Para o maratonista
e para o concurseiro, não existe fim de semana, feriado ou
dias impróprios para o estudo. Todos os dias são dias úteis,
e o período indicado para a preparação vai de segunda a
segunda.
Planejar e estruturar o estudo de cada uma das
disciplinas é de extrema importância. Isso significa
organização. Elabore um cronograma com o tempo
disponível e todas as atividades diárias. Inicie os estudos
pelas matérias mais difíceis e deixe as preferidas para o
período da tarde ou para a noite, já que você consegue
compreendê-las com menos esforço. E sempre comece o
dia revisando as matérias. Acorde mais cedo e, antes de
sair para o trabalho, repasse os conteúdos.
Faça uma escolha criteriosa do local de estudo.
Prefira ambientes bem iluminados, arejados, silenciosos
e que tenham todo o material necessário à mão, com
mobília adequada e suporte para livros. Faça o seu mural
dos sonhos. Coloque nele fotos dos órgãos e imagens
131
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
relacionadas ao cargo que pretende exercer. Isso servirá
como motivação diária, e assim você terá força para
persistir nos estudos.
Quem estudou em escola pública ou em faculdade com
pouca tradição deve se dedicar ainda mais à preparação.
O período de estudo e de privação não deve ser encarado
como perda de tempo, mas, sim, como mudança de hábito.
No momento, a prioridade é alcançar e valorizar um sonho,
investindo em conhecimento intelectual.
Reserve de 20 a 30 minutos do horário de almoço para
descansar o corpo e a mente com um breve cochilo. É preciso
recarregar as energias para retomar os estudos. Dessa forma,
ao reiniciar as leituras e a resolução de exercícios, você não
sentirá sono nem fadiga, e isso fará com que seu rendimento
seja bem maior.
No início dos estudos, o concurseiro costuma valorizar
as doutrinas majoritárias. Porém, dedicar-se somente
à doutrina pode restringir seu campo de alcance. As
exigências mudam de acordo com a banca examinadora, e
às vezes saber apenas o que a maioria dos doutrinadores
acredita não lhe garantirá um bom resultado. Estude e
conheça bem a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Antes de tudo, lembre-se: a humildade é uma grande
virtude. Tenha-a como princípio nas aulas, nos estudos e
nas provas. E não se esqueça nunca da sábia arte chinesa
difundida pelo mestre Sun Tzu:
Aquele que conhece o inimigo e a si mesmo,
ainda que enfrente cem batalhas, jamais
correrá perigo. Aquele que não conhece o
inimigo, mas conhece a si mesmo, às vezes
ganha. Aquele que não conhece nem o inimigo
nem a si mesmo está fadado ao fracasso e
correrá perigo em todas as batalhas.
132
J . W. Gr a n j e ir o
Busque o autoconhecimento. Procure perceber e
compreender suas limitações, seus esforços e suas
carências. Dia após dia, dê um passo adiante, e em breve
terá completado o percurso de distância não revelada. Sua
aprovação em um concurso pode estar trilhada em 1 ou
em 10 quilômetros. O que definirá o caminho a ser seguido
e o tempo para percorrê-lo será sua determinação. Ouça
a torcida das pessoas queridas, que lhe darão força para
seguir em frente.
Por fim, exercite sempre. Resolva as últimas cinco
provas do concurso escolhido ou da banca examinadora
que prepara as questões do certame. Lembre-se da sábia
lição de Confúcio:
Ouço, esqueço.
Vejo, entendo.
Faço, aprendo.
133
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
134
J . W. Gr a n j e ir o
A Cigarra e a Formiga Concurseira
Era uma vez uma cigarra que vivia brincando,
aproveitando a vida; saía com as amigas noites e noites,
tomava uma cervejinha, viajava muito. Não gostava de
estudar. “Isso nem pensar”, falava para as amigas. Bem,
a menos que tivesse um bom edital na praça, com muitas
vagas e uma boa remuneração inicial para o cargo. Aí teria
chance de estudar e logo passar. A cigarra varava noites
estudando, tentando vencer o programa do edital – que
era extenso, com muita legislação e dezenas de disciplinas
para serem estudadas num tempo médio de 60 dias. É
claro que a nossa amiga cigarra não conseguia, rolava uma
fadiga, uma ansiedade, um enorme estresse, especialmente
nos dias que antecediam à prova do concurso. Pensava na
farra que faria, no que estava perdendo com os amigos,
na noite, comparava sua vida de antes e de agora. “O que
fazer?”, pensava. Estudar e sofrer assim ou entrar na festa
como antes? E, quando chegava o dia da prova, baixava o
famoso branco e nossa candidata se desesperava porque
não conseguia resolver todas as questões, pois não treinou
direito e não planejou adequadamente as suas táticas e
estratégias para conquistar a tão sonhada vaga em uma
carreira pública. No fim, reprovou.
Enquanto isso, a formiga estudava muito baseada
apenas no fato de que a autorização do seu concurso fora
publicada e que por certo o edital mais cedo ou mais tarde
também seria publicado. Matriculou-se em um curso do
tipo pacote e em algumas plêiades para reforçar conteúdos
e suprir as suas limitações. Acordava muito cedo para
estudar as matérias de maior dificuldade e aquelas de
que não gostava tanto. Reservava o turno da noite para
135
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
estudar as matérias mais simples ou aquelas com que
tivesse mais afinidade, fazendo muitos exercícios de
provas anteriores. Durante as aulas, tirava suas dúvidas,
porque antes estudou o capítulo que o professor sugeriu.
Adorava conversar com os alunos concorrentes e com os
mestres sobre o comportamento da banca examinadora,
querendo sempre saber o que tem sido cobrado nos últimos
certames. Era humilde quando procurava outros colegas
para estudar em grupo, trocar material e experiências.
A cigarra concurseira gosta de estudar sozinha, se acha
autossuficiente. Para ela material bom é aquele encorpado,
prolixo e escrito por grandes nomes. Despreza apostilas,
cadernos de provas comentadas ou livros escritos por
professores de escolas preparatórias. Critica cursos sobre
técnica de estudos, administração eficiente do tempo,
ou coisa similar. Para a cigarra, o que importa é estudar
muitas horas, desde que se tenha um edital na praça.
A formiguinha tinha a consciência de que a vida de
concurseira é dura e que, enquanto durassem os estudos,
não haveria muito tempo para a família, diversão, mas
que não prescindia de uma leve atividade física e de um
bom planejamento de estudo, com prazos e metas bem
rigorosos para cumprimento. Quando chegou finalmente a
data da prova, lá foi a nossa formiga, consciente, convicta
de que fez o certo e o melhor, sendo merecedora da vaga.
Foi, então, aprovada e classificada.
Moral da história: os resultados advêm depois de muita
disciplina, perseverança, foco, muito trabalho, e uma dose
de sorte – oportunidade com adequada preparação.
136
J . W. Gr a n j e ir o
A Cigarra, o Percevejo e a Formiga
Concurseiros
Era uma vez uma cigarra que se achava a esperta.
“Compreendo tudo o que me dizem, de maneira rápida
e eficiente. Só de prestar atenção à aula, aprendo tudo.
Estudo em casa, leio e entendo. Faço assim: leio tudo
primeiro, depois resolvo os exercícios. É mole! Acerto quase
tudo. Esse concurso será fácil. Estou estudando muito.
Sempre foi assim no colégio: nem precisava estudar, sempre
tive facilidade. Não abro mão é de meu fim de semana.
Nesse, ninguém mexe. Acho que o divertimento faz parte
dos estudos. Meu sábado à noite é para as baladas, afinal
ninguém é de ferro”.
Já o percevejo não é esperto; é o inteligente, o cabeçudo,
CDF. Sabe tudo de tudo. Entende tudo melhor do que
alguns professores, até. Compreende o mecanismo de
qualquer estrutura lógica que lhe é apresentada: seja na
área do direito, do português, da arquivologia. Sabe tudo.
Sempre tirava dez nas provas do colégio e, quando a nota
era menor, convencia o professor de que era ele, o aluno,
que estava certo nas respostas tidas como erradas. “Sou
inteligente. Por isso não saio de noite, prefiro estudar.
Família, eu deixo para depois do concurso, afinal ela não
fará com que eu seja aprovado. Tempo para atividade física,
para relaxar? É para otário! O negócio é estudar, estudar e
estudar”.
Já a formiga é diferente. É a concurseira profissional.
Encara tudo de maneira séria e focada no que quer, sem
limites. É estrategista. “Monto um plano de estudo que me
permita uma preparação completa. Das horas de estudo
individual até o lazer tranquilo com a família, tudo é
137
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
planejado. Minha rotina deve estar dentro da normalidade,
para que eu não seja prejudicada por súbitos desejos ou
vontades”.
“Equilíbrio é a palavra certa. É a chave do sucesso.
Reservo tempo para atividades físicas, que me deixam
mais forte para aguentar o dia a dia pesado de estudos
e ainda me carregam de adrenalina e disposição. Deixo
tempo para a família. Pode ser um almoço no fim de
semana, uma festa de aniversário. Assim minha mente
se distrai um pouco, para que, na hora do estudo, esteja
100%. Minha vida gira em torno dos estudos. Tudo é
preparação. Até mesmo minha alimentação é voltada
para isso. Balanceando adequadamente nutrientes
energéticos e, quando necessário, alimentos relaxantes,
consigo rendimento melhor de tarde e de noite. Estudo
só, resolvendo os exercícios de provas anteriores e das
apostilas. Anoto e reviso todas as dicas dos mestres, em
quem confio totalmente. Eles me farão passar. O sucesso
deles é o meu sucesso. Estudo em grupo também. Tiro
dúvidas, lido com anseios, ensino muito do que sei, e
assim aprendo ainda mais. Não há horas do dia em que
não esteja focada no estudo. Tudo o que faço é voltado
para a aprovação.”
“Tenho foco. Procuro a melhor preparação, alio-me
aos melhores profissionais e estudantes que existem,
tranquilizo-me com a melhor estrutura para a realização
de meu sonho. Nada pode ser mais ou menos. Não desejo
ser um profissional mais ou menos. Não posso estudar
mais ou menos. Saber muito ajuda. Ser esperto ajuda.
Porém, ser só o esperto atrasará demais minha aprovação.
Ser apenas o inteligente não me garantirá o manejo das
questões que exigem perspicácia.”
“Tenho de ser ambos: o inteligente, para que saiba
o conteúdo com segurança, e o esperto, para que use
esse conhecimento de maneira eficaz e não caia em
‘pegas’ na prova. Sou os dois. E tenho outra vantagem:
tenho planejamento. Sei o que quero, sei o que fazer, sei
138
J . W. Gr a n j e ir o
onde procurar aliados. Com planejamento, conseguirei
estudar, aprender e ser aprovado com rapidez, segurança
e eficiência.”
“Depois de conseguir o que quero, serei de minha
família por inteiro. Afinal, me sacrifiquei assim pelos
entes queridos. Terei mais tempo para mim, pois estudei
muito para isso. Viverei sem preocupações e olharei para
trás com orgulho. Não do sacrifício, mas da estratégia de
preparação correta.”
Buenos Aires, Argentina.
O excelente resultado da Equipe Obcursos (atual Gran Cursos) de atletismo
(1º e 3º lugares) na corrida Airton Senna-Racing Day Brasília 2008 deve-se
a muito treino, empenho, planejamento estratégico e disciplina.
139
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
140
J . W. Gr a n j e ir o
A Lição dos Atletas Olímpicos
para os Concurseiros
Acompanhei as principais provas das Olimpíadas
de Pequim e, em especial, as entrevistas dos vencedores
e daqueles que, embora tivessem dado o melhor, não
subiram ao pódio. Os vencedores em geral disseram
que antes mesmo da prova se sentiam merecedores da
medalha porque haviam treinado muito durante anos
para conquistá-la. Em outras palavras, todos prepararam
corpo e mente para o dia D. Sacrificaram lazer e o convívio
com a família; investiram em equipamentos, treinadores,
psicólogos e alimentação; participaram de inúmeras provas
com vistas à preparação para o mais importante evento do
esporte mundial.
Já aqueles que amarelaram alegaram falta de sorte.
Alguns admitiram a incompetência, outros atribuíram o
fracasso à desorganização ou à falta de apoio. Eram muitas
as razões e muitos os motivos para tentar justificar a falta
de planejamento, de empenho, de organização, de preparo
psicológico, de concentração, de foco e de estratégia e
a insegurança, o medo e a fraqueza para enfrentar as
adversidades. Enfim, muitos argumentos para justificar a
indisciplina e a incompetência.
Mesmo os mais brilhantes dos atletas – aqueles que
praticamente nasceram correndo ou nadando –, que
têm talento e físico próprio para a modalidade ou prova
que disputaram, repetiram inúmeras vezes, treinaram
sete dias por semana, sete horas por dia, durante anos.
Todos ressaltam que a conquista de tantas medalhas não
resultou de sorte ou simples talento nem se deveu apenas
à condição física, mas foi fruto de muita ralação, dedicação
141
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
aos treinos e obediência técnica. De fato, a conquista de
uma vaga não é consequência de uma preparação de
quatro meses ou de véspera; demanda, sim, tempo para
boa assimilação do condicionamento... ou do conteúdo.
Um dos atletas fracassados nas Olimpíadas disse
não saber o que aconteceu. Segundo justificou, deixara
de participar de inúmeras provas para chegar bem às
Olimpíadas. Já os campeões, ao contrário, relataram ter
competido em diversas outras provas para treinar e obter
a segurança necessária para conquistar o ouro. Uma
atleta não achou a vara de que precisava para saltar e,
por consequência, perdeu a concentração e a tão sonhada
medalha. Ela não estava preparada psicologicamente para
eventuais adversidades e contratempos. De outro lado,
uma equipe de esporte coletivo ganhou o ouro, embora
antes tenha sofrido uma grande derrota. A diferença é que,
durante quatro anos, as atletas se prepararam técnica,
física e psicologicamente para se tornarem campeãs.
Portanto, amigo concurseiro, é balela a campanha
publicitária que promete aprovação rápida graças à
estrutura física bonitinha e aos recursos tecnológicos de
última geração do preparatório. Não existe milagre ou
mágica para assegurar a aprovação com classificação.
Em matéria de concurso público, é necessária muita
transpiração e pouca inspiração. A sorte da aprovação
está na escolha do método adequado de estudo, no foco
assegurado pelo curso de pacote, na elaboração minuciosa e
no cumprimento disciplinado do plano de estudo, no estudo
concentrado do material certo, na escolha adequada das
plêiades de reforço e dos cursos de exercícios, no preparo
físico e psicológico para vencer eventuais turbulências e
obstáculos.
Quando se pergunta a uma pessoa aprovada em
primeiro lugar em concurso público ou vestibular como ela
conseguiu a façanha, a resposta é, com pouca variação,
quase sempre a mesma: muito estudo, de forma focada, no
142
J . W. Gr a n j e ir o
lugar certo e com método e metas bem definidos. Em regra,
os classificados aplicam técnicas de estudo, recorrem a
cronômetros para disciplinar a mente e desenvolvem o
hábito do estudo com rotina de operário.
Então, desfaça-se o mito: a diferença entre os aprovados
e os reprovados em concurso é a atitude e o esforço
pessoal – com foco e admirável disciplina. Lembre-se de
que estudar dói. No início, você não quer e não consegue
estudar – é melhor se divertir. O corpo reclama, a mente
rejeita as informações. Com o tempo e com disciplina,
você se acostuma e acaba gostando de estudar. Estudar
e aprender tornam-se um grande prazer, e os resultados
logo aparecem.
Atletas de Elite da Equipe Obcursos (atual Gran Cursos).
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Professor Granjeiro em Cordel
Ele nasceu em Encanto
E é Cidadão Honorário
Foi homenageado em Brasília
Por tornar-se um grande empresário
Da área de cursinhos
Mostrou que é um operário
No dia da homenagem
Chorou a mãe e até o vigário.
Estou falando de um professor
Conhecido apenas por Granjeiro
Que está em Brasília há 38 anos
E na arte de ensinar é o primeiro
De servidor público para empresário
Ele batalhou, mas foi tudo muito ligeiro
Foi aprovado em oito concursos
Comprovando que é concurseiro.
Antes que você me pergunte
144
J . W. Gr a n j e ir o
Vou logo lhe responder
Encanto fica no Rio Grande do Norte
Foi lá que Deus fez nascer
Um menino abençoado
Que ia fazer muita gente crescer
Ensinando passar em concurso
E ao Mestre agradecer.
Ele saiu de Encanto ainda pequeno
Tinha apenas sete anos de idade
Pela mão de sua mãe
Mulher de simplicidade
Com mais quatro irmãos
E com muita humildade
Sonhando em vencer na vida
E encontrar prosperidade.
Uilma era a mais velha
Wnilson e Wgilson vinham em seguida
José Wilton era o caçula
De uma família querida
De origem humilde e simples
E por que não dizer sofrida.
O pai já havia se mudado
Para ser pioneiro na nova Capital
Ajudar na construção de Brasília
A convite do governo federal
Comandado por Juscelino
O presidente magistral
Que resolveu criar Brasília
Mesmo com a oposição xingando e tal.
O encontro da família com o pai
Como era de se esperar
Foi bastante emocionante
Que fez todo mundo chorar.
Era abraço pra todo lado
Ninguém podia acreditar
Que depois de tanta poeira
145
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
O pai pudesse beijar.
O ano era 1970
E o governo era militar
JK já tinha sido banido
Nem em Brasília podia pisar
Para tristeza dos pioneiros
Que vieram por acreditar
Naquele mineiro de coragem
Que a vida de muita gente fez mudar.
Depois de sete intermináveis dias
A família estava feliz
Esquecera o ônibus quebrado
Porque era a união que o pai sempre quis
Aqui já se encontravam outras famílias
Dos Silva, dos Freitas e dos Diniz
Todas com muita esperança
De conquistar a bonança
E agradecer a Deus na Matriz.
O menino Granjeiro estava eufórico
Mas ainda um pouco assustado
Era muita poeira e tudo novo
Mas seu pai era um homem equilibrado
Ele não precisava se preocupar
Seu futuro estava traçado.
Sempre com a bênção de Deus
E a proteção Divina
Aquele menino foi estudando
Mas sentindo a falta de esquina
Que tinha na sua cidade
E vibrava em sua retina.
Era mais do que um retirante
Era um nordestino
Que sonhava alto
Já não era tão menino
146
J . W. Gr a n j e ir o
Em Brasília, a família cresceu
Welder e a Unilma trouxeram mais emoção
Eram os primeiros brasilienses
Daquela família do sertão
Que veio para Brasília
Para lutar com garra e determinação
E com força de vontade
Ajudar na sua consolidação.
A família de Granjeiro
Morou na Vila Esperança
Mas mesmo na pobreza
Todo mundo tinha confiança
O menino virou rapaz em Ceilândia
Sem dúvida, uma grande cidade
Trabalhava de dia e estudava à noite
Sempre mantendo a humildade
Sabia do seu potencial
E que tinha capacidade.
Uma prova disso é que a vida melhorou
Foi servidor público concursado
E já podia guardar dinheiro
Porque era muito organizado
Já sabia administrar a vida
Seu destino estava traçado.
Foi na Ceilândia que ele começou
Trabalhou na Fundação Educacional
No CDS e no Centro de Bem-Estar do Menor
E na Administração Regional
Não teve vergonha de pedir livros emprestados
Porque sabia que venceria no Distrito Federal.
Foi professor de cursinhos
Mas já pensava em abrir sua própria empresa
147
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Hoje é presidente do grupo GRAN CURSOS
E não foi nenhuma surpresa
Quando viu o negócio crescer
Diante de tanta dureza
Com o apoio da mulher Ivonete
Inteligente e de grande beleza
Que lhe deu dois lindos filhos
Meninos de muita pureza.
Ele já recebeu inúmeras honrarias
Títulos e medalhas
Todos para compensar
Suas lutas e batalhas.
Granjeiro é filho de “Seu” Zuza e
De Dona Maria Raimunda, uma Guerreira
E pai do Gabriel e do Matheus
Que só dão alegria a vida inteira
É amigo dos amigos
Mas não gosta de gente traiçoeira
Já foi traído por alguns
Mas isso agora é besteira
Nunca guardou rancor de ninguém
Porque isso é coisa de gente sem beira.
Granjeiro gosta de Brasília
Assim como gostamos do sol nascente
Porque a cidade tem qualidade de vida
Conforme pesquisa recente
E aqui ele construiu a vida
Por ser batalhador e persistente
Na Câmara foi homenageado
Por iniciativa do deputado Prudente.
A esposa e filhos nasceram em Brasília
Daqui a família não pensa em sair
Aqui ele treina para as maratonas
O professor gosta de competir.
148
J . W. Gr a n j e ir o
Em Brasília, Granjeiro gera empregos
Aqui ele é empreendedor
Ajuda milhares de pessoas a ocupar cargos públicos
E de impostos é um grande pagador
Lê a Bíblia várias vezes ao dia
E sempre agradece ao Salvador.
O GRAN CURSOS é líder em aprovação
Porque tem muita gente capacitada
Do mais simples funcionário ao diretor
A equipe é bem preparada
A empresa se expandiu
E até sua Editora já é consagrada.
Professor, usei quadras, sextilhas, oitavas e décimas
Para esta homenagem fazer
Demorei duas horas exatas
Para este cordel escrever
Fiz apenas um resumo de sua vida
Porque sua história só tende a crescer.
Lima Rodrigues
149
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Os filhos Matheus e Gabriel, juntamente com a professora Ivonete, apoiam
e acompanham o professor Granjeiro em sua vida e carreira de sucesso.
Professor Granjeiro ladeado pelos irmãos José Wilton, Wgilson, Unilma,
Uilma, Wnilson e Welder. À frente Dona Raimunda, mãe e mestra!
150
J . W. Gr a n j e ir o
Última Lição
Não conheço nenhum concurseiro que tenha sido
aprovado e classificado em concurso público sem antes
ter sacrificado lazer, convívio social, família, feriados e
domingos, pelo menos uma centena de vezes. Há quem
diga que o êxito e o sucesso só vêm depois de trinta mil
horas de treino – no caso do candidato a uma vaga no
serviço público, depois de trinta mil horas de estudo e
resolução de questões de certames anteriores.
Da mesma forma, sou incapaz de vislumbrar o sucesso
de um profissional que não seja muito persistente; de um
estudante que não dedique todo o tempo disponível – e
mesmo o não disponível – ao cumprimento de um plano de
estudos; de uma pessoa que não deixe de lado a preguiça,
o orgulho, a arrogância e o comodismo.
Se o objetivo da vida de alguém é uma carreira pública
de sucesso, há que investir em cursos, material de apoio e
tudo mais que for necessário: apostilas e livros específicos,
aulas de reforço, taxas de inscrição. Há que encontrar
tempo, canalizar a energia e nutrir paixão e sentimentos
positivos pela missão. Do contrário, a reprovação é certa,
assim como um lugar na fila de perdedores.
Lembre-se: o sucesso é construído de noite! Durante
o dia você faz o que todos fazem. Portanto, para garantir
um dos primeiros lugares da lista de classificados, tem de
agir de forma incomum e elaborar estratégias diferentes.
Deve, por exemplo, acordar às cinco horas da manhã e
estudar até às sete. Ou ficar acordado até de madrugada,
estudando com os pés em uma bacia de água fria para
manter-se desperto. Se fizer o mesmo que todos os
candidatos, conseguirá apenas a mesma classificação que
eles – obviamente, fora do número de vagas.
151
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Não se iguale à maioria, pois, infelizmente, ela não
é modelo de inspiração ou de sucesso. Se quiser ser
aprovado e classificado, terá de estudar no horário em que
os outros estão tomando chope e comendo batatas fritas.
Terá de se planejar, de se organizar, de se automotivar e
de controlar periodicamente seus resultados, enquanto os
concorrentes – os incautos – permanecem na frente da tevê.
Terá de estudar enquanto os outros tomam sol à beira da
piscina – embora tal extravagância seja até viável, desde
que durante a leitura de um livro ou de uma apostila com
conteúdos voltados para o concurso.
Em tudo na nossa vida, tendemos a desistir nos
primeiros obstáculos por nos julgarmos incapazes de
transpô-los. Mas quando, determinados, tentamos e
passamos o primeiro deles, aí ninguém mais poderá nos
deter: podemos transpor tudo.
Há pessoas que desistem de seus sonhos nos primeiros
obstáculos, por falta de acreditarem em si. Mas há pessoas
que, por mais difíceis que pareçam os problemas, acreditam
e nunca desistem. Assim seu cérebro, seu coração e sua
alma trabalham para fazer possível o impensável.
A realização de um sonho depende de dedicação,
persistência, método, organização e disciplina de
maratonista. Há muita gente que espera que o ideal de
ter o governo como patrão se concretize por mágica, sorte
ou intervenção divina. Certamente esses fatores podem
ajudar, desde que você faça a sua parte. Trabalhe e
estude muito, com orientação adequada e com os meios
adequados. “Quem quer fazer alguma coisa encontra um
meio. Quem não quer fazer nada encontra uma desculpa”.
Se você acredita que pode, poderá, porque vontade gera
energia. E a disposição de fazer é o começo do sucesso.
Lembre-se: mais faz quem quer do que quem pode.
Ou, como escreveu o saudoso Machado de Assis: “Há
pessoas que choram por saber que as rosas têm espinhos.
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm
rosas”
152
J . W. Gr a n j e ir o
O Perfil dos Primeiros Colocados
Com muito esforço, consegui reunir em nossa sede,
no SIG, os primeiros colocados nos concursos públicos da
ANA, da Anatel, do Detran, do HFA, do MTE, da PCDF, da
SES/DF e do Senado Federal.
Todos são ex-alunos de nosso curso presencial.
Conversei com a maioria deles e perguntei o que fizeram
para obter a classificação nos primeiros lugares. Notei
que a fórmula do sucesso fora basicamente a mesma:
todos fizeram um curso do tipo pacote dirigido para o
concurso dos sonhos ou uma Facon, matricularam-se
em algumas Plêiades – cursos por matéria, com vistas ao
aprofundamento de conteúdos de peso ou em que tinham
dificuldades – e, no fim da preparação, já próximo à data
da prova, se inscreveram em cursos de exercícios. Percebi
que os concurseiros que haviam se matriculado em mais
Plêiades lograram as melhores classificações. Os cursos
por matéria fizeram a diferença.
Não satisfeito com essas informações, pedi que os
felizes futuros servidores públicos respondessem a um
questionário elaborado pela equipe Gran Cursos. As
respostas nos forneceriam dados para traçarmos um
mapa do perfil, das estratégias e dos atributos dos ilustres
vitoriosos. Eis as conclusões a que chegamos:
–– 78% dos entrevistados têm entre 17 e 29 anos e
os 22% restantes contam entre 30 e 47 anos de
idade;
–– 84% têm formação superior e 16% concluíram o
nível médio;
–– 62% estudaram entre 4 e 6 horas por dia; os
outros 38% dedicaram acima de 6 horas diárias,
chegando a até 10 horas de intenso estudo;
153
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
––
––
––
––
––
68% foram aprovados antes de completarem 1
ano de preparação, 19% levaram entre 1 e 2 anos
para obter sucesso e 13% precisaram estudar
mais de 2 e menos de 3 anos para conseguir a
primeira aprovação;
84% passaram em mais de um concurso,
enquanto 16% foram aprovados em apenas um
certame;
73% elaboraram resumos para estudo nos dias
anteriores à prova;
97% – quase a totalidade! – revisaram a matéria
para enfrentar o dia D;
81% não recorreram a nenhuma técnica de
concentração ou memorização, mas 19% se
beneficiaram desses artifícios de alguma forma.
Perguntamos, ainda, aos nossos modelos de sucesso,
que atributos, em sua opinião, foram decisivos para
a aprovação nos diversos certames. A resposta já era
esperada:
persistência,
determinação,
dedicação,
disciplina, foco e autoconfiança. São qualidades que – não
me canso de repetir! – todo concurseiro deve desenvolver.
Mais um dado que confirma o que costumo dizer em
meus artigos: segundo as respostas colhidas, o que mais
atrai os jovens para a carreira pública são os benefícios
assegurados pelo cargo público e o fato de não se exigir
experiência prévia para a contratação. Com base em minha
experiência, posso afirmar que esse dado, embora colhido
em um rol pequeno de concurseiros, reflete a opinião da
maioria deles.
Enfim, caro leitor, eis aí alguns dados estatísticos que
podem inspirá-lo e ajudá-lo a elaborar planos e estratégias
para a concretização do sonho de ter o governo como
patrão e a segurança da carreira pública.
GRAN Sucesso!
154
J . W. Gr a n j e ir o
O Metabolismo dos Concurseiros
Um dos questionamentos que tenho ouvido com mais
frequência ao longo dos anos entre os concurseiros diz
respeito ao tempo de preparação até a aprovação. Muitos
se intrigam com o fato de estudarem há anos e ainda não
terem conquistado o sonhado cargo público enquanto
outros são aprovados logo no primeiro concurso que
fazem. O que costumo dizer a esses concurseiros aflitos é:
não se apavorem, ninguém é melhor nem mais capaz que
ninguém.
Mas, então, por que para alguns parece demorar
tanto? Como ocorre com o metabolismo humano, que
tem funcionamento exclusivo para cada indivíduo, todos
nós passamos por um processo de preparação também
particular e exclusivo, de duração variável conforme
nossas características particulares.
O metabolismo é definido como conjunto de reações
químicas responsáveis pela produção de síntese e
degradação dos nutrientes nas células. Em outras
palavras, é a taxa com que o corpo queima calorias e produz
energia para se manter vivo. Inúmeros são os fatores que
o influenciam, como genética, idade, peso, altura, sexo,
temperatura ambiente e prática de atividade física. Assim,
um indivíduo, de acordo com a conjugação desses fatores,
pode despender mais ou menos energia do que outro. É
por isso que vemos pessoas magras que comem de tudo
e não engordam de jeito nenhum, enquanto outras lutam
muito para perder alguns poucos quilos.
Essas particularidades individuais também explicam
a diferença de tempo decorrido até a aprovação em
concurso entre os muitos candidatos. Analogamente,
155
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
o metabolismo dos concurseiros envolve o processo de
captação e recebimento das informações à transformação
em conhecimento potencial exigido pelas organizadoras
de seleções públicas. O metabolismo, apesar de ser um
processo orgânico, pode ter seu funcionamento acelerado.
Um dos aspectos que mais concorrem para essa aceleração
é a disciplina. É preciso desenvolver uma rotina saudável,
seja na alimentação, seja no estudo; rotina que seja
baseada, acima de tudo, na persistência.
Sabemos que há alimentos que, por sua composição,
levam mais tempo para serem metabolizados. Igualmente,
há conteúdos de assimilação mais difícil para alguns
estudantes. Assim, da mesma forma que alguém que
precisa entrar em uma dieta baseada em vegetais e
saladas tem de rever sua relação com esses alimentos, um
concurseiro com dificuldade em compreender e processar
certas disciplinas deve dedicar a elas um pouco mais de
tempo e não vê-las como monstros.
Quanto menor o gasto calórico, menor será a energia
gasta, mais calorias ficarão armazenadas e logo se entrará
na faixa de sobrepeso. Por isso, outro aspecto essencial à
melhora do desempenho metabólico é a atividade física.
A gordura, nada mais que energia acumulada, pode
ser comparada às informações que recebemos ao longo
de meses de aulas e de estudo, mas não colocamos em
prática. O resultado é que elas passam a sobrecarregar o
metabolismo intelectual. Da mesma forma que os exercícios
físicos contribuem para a queima da energia em excesso e
proporcionam inúmeros benefícios à saúde, a resolução de
questões e de provas de concursos anteriores ajuda a fixar
a matéria e desenvolve experiência acerca da abordagem
da banca examinadora.
Não há uma dieta para acelerar o metabolismo nem um
método de estudo que possam ser considerados universais.
A situação de cada indivíduo deve ser analisada com base
nas peculiaridades dele. Sugiro, então, que, inspirado por
156
J . W. Gr a n j e ir o
essas dicas, você monte sua própria estratégia em prol do
sucesso almejado: o ingresso no serviço público. Observe
como funciona seu organismo e em que circunstâncias ele
trabalha melhor e produz mais resultados. Repare bem
nos ambientes e nos horários de estudo em que você se
sente mais produtivo. Avalie em que medida a releitura de
anotações e a transcrição das notas de aula contribuem
para sua aprendizagem. Mensure quanto tempo deve ser
dedicado a cada disciplina.
E o mais importante: não se desespere com o tempo que
você leva para ser aprovado. Não siga dicas mirabolantes
que coloquem em risco sua saúde. Entre em sintonia
consigo mesmo e dedique-se, com calma, apenas a melhorar
seu desempenho, preenchendo as lacunas necessárias
e efetuando as correções devidas. O autoconhecimento
será determinante para você finalmente obter a sonhada
aprovação.
157
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
158
J . W. Gr a n j e ir o
Mulheres Concurseiras
Neste mundo globalizado, a concorrência no mercado
de trabalho está cada vez mais acirrada. A presença
marcante da mulher na disputa pelos cargos públicos pode
ser explicada por alguns fatores: isonomia de salários,
estabilidade, inexigibilidade de experiência, ausência de
discriminação em virtude da aparência, possibilidade de
trabalhar perto de casa etc. Depois de terem conquistado
a independência, as mulheres assumiram muitas
responsabilidades, inclusive a de chefe de família. O
resultado é que, hoje, elas respondem por essa função em
grande parte dos lares brasileiros.
Ao observar algumas mulheres e ouvir suas histórias
pessoais, percebo como elas são fortes, perseverantes,
determinadas e corajosas. Verdadeiras sobreviventes em
uma sociedade em que desempenham vários papéis: o
de mãe, o de filha, o de esposa, o de profissional, o de
administradora do lar. Têm de ser muito competentes para
dar conta do recado. Não bastasse tudo isso, ainda há um
padrão de beleza esquelético, talvez inspirado na grande
criadora de parâmetros indiretos: a Barbie. A boneca
sintetiza o estilo, a classe, a beleza e o corpo perfeito.
Certo dia, chegando ao Gran Cursos, fui abordado
por uma jovem senhora. Ela criticava os professores,
funcionários e afins. Aparentemente, a empresa não lhe
agradava em nada. Tão logo concluiu as reclamações, a
mulher se desculpou. Disse que estava em um dia ruim
e que passava por problemas pessoais. De fato aquilo era
apenas uma maneira de desabafar.
Essa história me fez refletir. Como é importante
perseverar e amar, não é mesmo? Aos poucos, entre um
159
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
olhar e outro, as palavras iam saindo da boca daquela
mulher. Numa tentativa de consolo, ela confiou a mim
os problemas de sua vida. Estava cansada. Estudava
diariamente havia mais de seis meses. A mãe seguia
internada em uma clínica para tratar de uma doença
degenerativa, e a concurseira dedicava-se exaustivamente
aos cuidados daquela que lhe dera a vida. Diariamente, por
duas ou três horas, se desprendia dos estudos, cuidava de
sua mestra e, em seguida, retornava à árdua caminhada
rumo aos concursos públicos. Sem cessar, prolongava os
estudos até às 23 horas.
O curioso é que a situação dela é idêntica à de muitas
das milhares de alunas que temos. Naquele mesmo
dia, atendi mais duas estudantes que também estavam
emocionalmente frágeis. Todas, mulheres que enfrentam
com determinação as adversidades para realizar os sonhos.
Todas, heroínas que se dedicam aos estudos e se privam
de estar no seio da família, com o intuito de proporcionar
um futuro melhor para os filhos, para os pais ou para si
mesmas.
Vivendo em uma sociedade em que o gênero masculino
é indisfarçadamente mais valorizado que o feminino, as
mulheres lutam por igualdade. E é exatamente isso que atrai
tantas delas para o serviço público. Trata-se de um sistema
onde se preza a isonomia; onde a idade, a experiência e o
sexo ficam de lado. Na batalha do concurso público, vencem
aqueles mais persistentes, disciplinados e preparados.
Apenas esses alcançam o lugar mais alto do pódio. E elas?
Estão lá! O número de servidoras públicas aumentou
consideravelmente nos últimos anos. Segundo dados do
IBGE1, a participação feminina no serviço público já é maior
do que a masculina em todos os estados brasileiros e, em
1
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística. Mapa do Mercado de Trabalho no Brasil – 19921997. Série Estudos e Pesquisas. Informação Demográfica e Socioeconômica. n. 7, p.
30. Disponível em: <mercado_trabalho/mapa_mercado_trabalho.pdf>. Acesso em:
05 jan 2009.
160
J . W. Gr a n j e ir o
alguns, elas ocupam três vezes mais cargos que eles! Graças
ao instituto do concurso público – democrático e isonômico
–, muitas mulheres conquistaram uma carreira de sucesso
e estão realizadas profissionalmente, trabalhando com
estabilidade e dignidade.
Lembre-se: “A força de uma pessoa não provém da
capacidade física, e sim de uma vontade indomável”
(Mahatma Gandhi).
161
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
162
J . W. Gr a n j e ir o
A Força do Destino
O nome dele era Davi. Pura coincidência: mesmo nome
do Pequeno que venceu o Gigante, conforme revela a Bíblia.
Vinha de família pobre, filho de sertanejos que lidavam
com a terra e criavam umas vaquinhas na zona rural de
uma pequena cidade do interior do Maranhão. Tinha três
irmãos.
Era a década de noventa, e, como em qualquer outro
lugar, as pessoas mais humildes batalhavam muito para
vencer na vida. Muitas morriam sem realizar o sonho da
casa própria ou sem lograr aprovação em algum concurso
público. Outras desistiam dos estudos e iam “mexer” –
como se diz lá na região – com comércio, abrindo lojas de
autopeças, confecções, farmácias, bares ou restaurantes.
O importante era ter o próprio negócio, casar, ter filhos e
viver aquela vidinha feliz para sempre.
Quem não conseguia passar no vestibular de uma
universidade pública – do Maranhão mesmo, ou do
Piauí, Tocantins ou Pará, estados mais próximos – nem
pensava em enfrentar uma faculdade particular porque a
mensalidade era (e continua sendo) alta. Com os baixos
salários da região, seria impossível sobreviver e ainda pagar
os estudos.
O jovem e pujante Davi era diferente. Ele era determinado.
Tinha um norte na vida. Queria ser juiz. Não juiz de futebol,
com todo o respeito a esses profissionais, mas Juiz Federal, do
Poder Judiciário. Assim, o rapaz estabeleceu metas, organizouse e foi à luta.
Durante o dia, trabalhava no escritório de uma grande
serraria e fábrica de carrocerias de caminhão da cidade. Mas
aproveitava regradamente os fins de semana e os momentos
de lazer. O tempo que tinha usava para se preparar para
o vestibular da Universidade Federal do Maranhão. Sabia
163
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
que a vida de auxiliar de contabilidade não o levaria muito
longe. O máximo que conseguiria seria o cargo de chefe do
escritório da fábrica. Isso era pouco para ele.
Dedicou-se de corpo e alma ao seu objetivo. Estudou,
fez o vestibular e foi aprovado com ótima classificação na
UFMA. O curso? Direito, claro. Era com isso que ele sempre
sonhara.
Mas Davi não parou por aí. Na verdade, estava só na
metade de sua longa jornada. De dia continuava trabalhando
no escritório da serraria e de noite se preparava para ser
advogado. Já quase no fim do curso, os três irmãos, que mal
haviam concluído o antigo segundo grau, se uniram para
ajudá-lo, ou melhor, para bancar o esforçado estudante, a
mulher e os dois filhos dele. Tudo para permitir que o único
universitário da família se dedicasse somente aos estudos.
Com a ajuda dos irmãos, o jovem concluiu o curso de Direto
e obteve, sem dificuldade, a famosa e temerosa carteira da
Ordem dos Advogados do Brasil, Secção do Maranhão.
Davi exerceu a profissão por alguns meses, mas, como
ainda não era possível montar um belo escritório e ganhar
grandes causas, dedicava-se cada vez mais aos estudos.
Ele não queria ser advogado do dia a dia, do tipo que só faz
petições, embargos, recursos e defende alguém. Queria ser
Juiz.
Com o apoio da família e dedicação exclusiva aos estudos
e ao cursinho preparatório, o incansável bacharel fez
concurso para o Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão.
Aprovado e bem classificado, em pouco tempo estava com a
vida estabilizada, morando bem, e o melhor: retribuindo a
ajuda dos irmãos, dentro das possibilidades. Mas estes não
estavam preocupados em recuperar o dinheiro investido no
estudioso membro da família. Estavam felizes, contentes
por ter um irmão Juiz – o Excelentíssimo Senhor Doutor
Juiz Eleitoral da Primeira Zona Eleitoral Davi Costa, que
venceu na vida com muita dedicação e PERSISTÊNCIA.
Inspire-se na história de Davi e atinja o apogeu de sua
própria história.
164
J . W. Gr a n j e ir o
Estudo Individual x Estudo em Grupo
Certo dia, em um de meus treinos para maratonas
no Parque da Cidade, fui abordado por um aluno que
também é maratonista – corrêramos juntos a maratona
do Rio de Janeiro. Ele contou-me que, outro dia, enquanto
aguardava o horário de entrada no Gran Cursos, lia um de
meus artigos sobre a relação entre concursos e maratonas
quando ouviu o seguinte comentário de um estudante que
estava ali por perto: “Assim é fácil concluir o percurso da
maratona. O professor Granjeiro deve ter toda uma equipe
de staff ao seu redor”.
Bem, isso não é verdade. Apesar de a ideia ser boa,
eu não disponho de uma equipe dessas. E, mesmo que
dispusesse, a função dela seria apenas de apoio. Ela
supervisionaria meus treinos, me ajudaria a desenvolver
melhor condicionamento físico, monitoraria meu
desempenho, e só. Ela não correria no meu lugar. É o
corpo do atleta que atravessa todo o trajeto de 42.195 m,
de ponta a ponta. Ninguém o carrega até a linha final.
Da mesma forma que o estudante se equivocou ao
supervalorizar o papel dos treinadores de um maratonista
no sucesso deste, muitos concurseiros se enganam ao
pensar que o simples fato de se matricular em uma excelente
escola preparatória para concursos já é o suficiente para
garantir a aprovação. De nada adianta dispor dos melhores
professores, dos melhores livros e apostilas, da melhor
estrutura, se o candidato não estiver ciente de que é ele
que deve se dedicar, de que é ele que tem de estudar, e
muito! Quero, com isso, salientar que é o estudo com foco
e método que põe um concorrente à frente dos outros, que
o leva à vitória – a aprovação com classificação dentro do
número de vagas.
165
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Milhares de candidatos fazem cursinho sem reservar
tempo para os estudos, sem se dedicar de verdade.
Consequentemente, não obtêm o resultado esperado.
Outros até estudam, mas de forma inadequada. Pensam,
por exemplo, que o estudo em grupo dispensa o individual,
quando, na verdade, eles são complementares. Sem
dúvida, o estudo solitário é requisito para o sucesso dos
debates em grupo. Sem aquele, o esforço coletivo será
inútil. O candidato tem de se preparar bem, apenas ele
com ele mesmo, para, só então, colher frutos do estudo
coletivo. Este só tem a acrescentar; nunca deve ser visto
como forma exclusiva de preparo. Afinal, na hora da prova
– assim como na hora da corrida –, o candidato não contará
com o auxílio de ninguém.
Estudar sozinho é seguir o próprio ritmo. Você, com as
próprias mãos, destrincha o conteúdo até entendê-lo por
completo. Cria afinidade com o texto. É importante esse
momento solitário entre aluno e material didático, em que
haja, digamos, uma comunicação, um entendimento entre
os dois.
Concluído o alicerce – o estudo individual –, é hora
de construir os pilares, com o estudo em grupo. Essa é a
oportunidade de consolidar os conhecimentos adquiridos
individualmente e de dirimir as dúvidas remanescentes.
Reúna pessoas – o ideal são três, mas não deixe que o
total exceda cinco – com as quais tenha afinidades e que
estejam realmente focadas em concursos, de preferência o
mesmo que o seu ou algum que tenha matérias similares.
Agendem encontros semanais. Neles, debatam os assuntos,
ensinem uns aos outros. É na prática que o conhecimento
se solidifica.
Antes de iniciar os estudos, pondere os horários
disponíveis e elabore um cronograma. Essa organização
é fundamental. Ela disciplinará sua preparação e trará
grandes benefícios, desde que você siga à risca todo o
plano. Não permita exceções, pois logo elas se tornarão
166
J . W. Gr a n j e ir o
novas regras, e os objetivos ficarão cada vez mais distantes.
Alterne as disciplinas durante o estudo, para não fatigar a
mente. E procure estudar em grupo, mesmo que o grupo
seja, na verdade, apenas uma dupla. Entenda, porém, que
o estudo com os colegas deve ser esporádico, semanal;
estudar sozinho, por sua vez, deve se tornar tarefa diária.
Tenha em mente, ainda, que as pessoas à sua volta
são importantes na trajetória até a aprovação. Busque
o apoio da família, os conselhos e os ensinamentos dos
professores, os incentivos e a ajuda dos amigos e dos
colegas de estudo. Mas compreenda que, na pista de
corrida, você corre sozinho. Todas aquelas pessoas ficam
nos bastidores. Quem tem de cruzar a linha de chegada é
você.
Estude só, estude em grupo, mas estude. E, à sua
volta, busque inspiração para permanecer firme. Lembrese: “O reino dos céus é tomado por esforço, e os que se
esforçam se apoderam dele” (Mateus 11:12).
167
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
168
J . W. Gr a n j e ir o
O Concurseiro, o Maratonista e o Pateta
Participei, no último dia 11, da 16ª Maratona da
Disney, em Orlando, Flórida, EUA. A prova testou meus
limites na superação da dor e meu poder de resistência e
concentração, na medida em que tive de lidar com fortes
dores na panturrilha, no púbis e no músculo lombar.
Afora uma vontade quase descontrolada de ir ao banheiro.
Tudo ao mesmo tempo. Por um erro de estratégia, fiz o
aquecimento, mas não o devido e obrigatório alongamento
da musculatura que de fato seria submetida ao intenso e
exaustivo esforço e fadiga dos 42.195 m da corrida cheia
de subidas e descidas, que percorri sob frio intenso, ventos
fortes e chuva fina, após ter largado às 5h45 da manhã.
Erros que cometi: fiquei sem treinar por uma semana,
ao longo da qual comi apenas carne e batata frita (com
litros de Coca-Cola e Budweiser) – é só o que há para
comer na terra do Tio Sam! Aqueci-me com rigor por mais
de 30 minutos – isso resultou em perda desnecessária de
energia, que me faltou nos últimos quilômetros da corrida.
Aumentei o ritmo no meio da prova, embora não houvesse
treinado o suficiente para me submeter a esse esforço.
Para completar, não estudei devidamente o percurso.
Cometi erros equivalentes aos daqueles concurseiros
que, uma semana antes da prova, não reveem os
apontamentos e resumos de que dispõem e, atravessam
a noite anterior ao grande dia sobre os livros, pois não
querem nem podem perder tempo. Agi como um dos
inúmeros candidatos a um cargo público que tentam
resolver todas as questões da prova, mesmo aquelas cuja
resposta ignoram completamente. Senti-me como um
desses concorrentes que nunca estudam e são arrogantes
169
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
o bastante para desprezar a banca examinadora – erro
muito comum entre os candidatos reprovados ou não
classificados dentro do número de vagas –, ou que nem
sequer leem o edital do certame.
Foi sem dúvida a maratona em que mais colhi
ensinamentos até hoje, em que mais aprendi. E que corrida
charmosa! Imagine: o percurso atravessava os parques da
Disneylândia! No caminho, cruzei com personagens de
Walt Disney, corri na companhia do Pateta – e não me
refiro a um dos maratonistas (embora tenha visto alguns
com número no peito), mas à simpática, desligada e
atrapalhada, embora determinada, criação dos estúdios
Walt Disney.
Corri bem os primeiros 30 km. A partir dali, senti fortes
dores na panturrilha direita, o que me forçou a diminuir
o ritmo. Qualquer outro teria desistido da prova, mas eu
sou concurseiro, e não desisto nunca! Quando faltava uma
milha para a chegada, a panturrilha esquerda também
passou a me torturar. Busquei forças e inspiração em meus
referenciais – o morro, local de meus duros treinos, e o
mar, o mais forte dos elementos da natureza – e em minha
família, razão de minha vida e de minha persistência.
Nesse contexto, aqui vai uma dica: em algum momento
o concurseiro vai querer desistir de seu objetivo. Essa
será a hora de buscar forças nos elementos que compõem
seu referencial ou sua meta: DEUS, filhos, amigos,
contracheque, status, segurança etc.
Recordo-me de que, em dado momento da competição
do início do mês, quando eu estava esgotado, pensando em
abandonar a prova, busquei inspiração também no lema do
criador da Disneylândia: “Continue seguindo em frente.” O
resultado: concluí a corrida no mesmo tempo que gastei
para chegar ao fim da maratona de Nova Iorque, apesar de
agora as condições terem sido ainda mais desfavoráveis.
Aproveito para registrar que participei da 84ª São
Silvestre, em 31 de dezembro último. Em comparação com a
170
J . W. Gr a n j e ir o
prova de 2006, melhorei meu tempo e minha classificação,
apesar do peso dos dois anos de idade a mais. Tudo graças
ao treino disciplinado, ao estudo do percurso, às técnicas
de corrida que aprendi e a alguns truques que desenvolvi
ao longo de minha curta vida de maratonista.
O concurseiro que quer mesmo ser aprovado já sabe
que a chave do sucesso está no estudo focado, no treino
com resolução de muitas questões de provas anteriores,
na persistência, na determinação e na disciplina de
maratonista.
Deixo, por fim, o registro das frases que mais ouvi no
percurso da maratona em Disney, para que você, leitor,
internauta, concurseiro, tenha êxito em sua empreitada:
Good job! Good luck!
171
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
172
J . W. Gr a n j e ir o
Nada Substitui a Preparação
É fato que na hora da prova vários elementos se somam
para resultar na aprovação ou na reprovação do concurseiro.
O que garante o sucesso não é só a quantidade de horas
de estudo e os conhecimentos adquiridos. É também
o preparo direcionado. É também o controle emocional.
Manter-se calmo durante a aplicação do exame, aliás, pode
ser um relevante diferencial. Muitos candidatos detêm
conhecimento e técnica, mas o nervosismo e a insegurança
os eliminam do certame. Esses são aqueles concurseiros que
não se sentem suficientemente preparados para a prova.
Na hora H, ficam inseguros, nervosos e desconcentrados.
A autoconfiança está relacionada à boa preparação, que
não diz respeito somente ao número de horas dedicadas
ao estudo, mas também à qualidade desse estudo, à
concentração nele empregada. Quando dá o devido valor
a esses aspectos da preparação, o candidato desenvolve o
senso de merecimento e a certeza de que está pronto para
o exame e até mesmo para executar as atividades que o
cargo público exige. Estudar sozinho ou em grupo, fazer
cursos específicos de cada matéria e tirar dúvidas com os
professores são formas de evitar o famoso branco na hora
da prova.
A serenidade na realização do exame é consequência
do preparo embasado em bons livros, apostilas e cursos.
Sem dúvida, para chegar seguro às provas, é necessário ter
conhecimento sobre as disciplinas cobradas. Mas também
é imprescindível conhecer bem o edital e se informar sobre
o estilo da banca. O conhecimento sobre tudo o que diz
respeito à seleção a ser enfrentada conduz à autoconfiança,
à crença do merecimento pela competência, pelos esforços
dedicados e por toda a sabedoria acumulada.
173
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
O êxito em concursos é reflexo do estudo eficaz e
resultado de metas projetadas para curto, médio e longo
prazo. A ponte entre objetivos e resultados é construída
com disciplina, obstinação e atitude. A disciplina revela-se
na constância das leituras, na assiduidade às aulas e no
hábito de resolução de exercícios. Já a obstinação dialoga
com a persistência, a tenacidade. A atitude, por sua vez,
diz respeito às escolhas, à necessária abdicação de alguns
prazeres e à opção pelo empenho absoluto, que definem
toda a trajetória até a aprovação, nomeação e posse.
Portanto, tenha foco. Trace metas coerentes com a sua
realidade. Estude com afinco proporcional ao tamanho dos
seus sonhos. Acredite no seu desenvolvimento. Não custa
reiterar: o bom preparo constrói o senso de merecimento,
o que diferencia o candidato aprovado do reprovado.
Estar dentro do número de vagas só depende de você: da
sua disciplina, obstinação e atitude diante de todos os
obstáculos que venha a encontrar no longo caminho até a
conquista do cargo público.
174
J . W. Gr a n j e ir o
Os Aperreados
Há três alunos do Gran Cursos que se tornaram meus
amigos, enquanto eu me transformei, para eles, em espécie
de consultor, mentor, guru, confidente, algo do gênero.
Pois bem. Esses alunos não aguentam mais esperar pela
aprovação. Já estão impacientes, irritados, incapazes de
aguardar mais um pouco. Os três têm uma característica
em comum: são – como diriam meus conterrâneos
nordestinos – aperreados. Sempre que me encontram,
relatam a angústia que sentem e pedem aconselhamento. É
para esses alunos, e para milhares de outros concurseiros,
que dedico este artigo, em que ofereço algumas palavras
extraídas da experiência, das leituras e da minha crença
no trabalho e no poder da paciência.
Em vez de ficarmos com raiva, em pânico, estressados,
desmotivados ou frustrados enquanto nos preparamos
para um concurso, na véspera da prova, ou em caso
de reprovação, deveríamos ser capazes de analisar a
situação por outra perspectiva. Deveríamos avaliar,
por exemplo, como essas experiências contribuem para
nosso aprendizado. Como elas nos ajudam a desenvolver
serenidade, tão importante para voltarmos para a “fila”
e persistirmos na jornada rumo à carreira pública. Sem
paciência, não podemos aprender as lições que a vida nos
ensina e não conseguimos amadurecer. A consequência é
que não conquistamos os resultados esperados. Isso vale
para o empregado, para o estudante, para o político, para
o governante, para o concurseiro.
A paciência nos imbui da firmeza e da capacidade
necessárias para caminharmos em direção aos nossos
objetivos e sonhos. Tomemos o exemplo dos estudantes
175
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
asiáticos. Por serem treinados desde cedo para persistir, eles
costumam apresentar desempenho melhor do que a média
dos americanos. Obviamente, ter paciência e perseverar, a
despeito dos obstáculos, não significa, necessariamente,
que obteremos resultados incríveis. Contudo, a paciência
aumenta as chances de concretizarmos nossos sonhos –
sonhos como o de ser aprovado para um bom cargo público.
A paciência nos ajuda a enfrentar os obstáculos do
caminho e a reagir aos desafios com força, coragem e
otimismo. É essa virtude que nos permite compreender
que temos limitações típicas do ser humano. É ela que
nos dá fôlego para perseverar apesar dessas limitações.
Enfim, quando somos pacientes, aumentamos as chances
de conquistar aquilo que almejamos. Extraio daí este
conselho: quando passar por frustração ou for submetido
à derrota – seja na vida, seja nos negócios –, seja humilde e
se pergunte o que você pode aprender com essa experiência.
Certamente a paciência será a principal lição.
A genialidade dos grandes mestres – aqueles a quem
se atribui a responsabilidade por grandes feitos e que
são fonte de inspiração – está na capacidade de exercer
a paciência. De fato, as pessoas cuja serenidade admiro
parecem saber qual é o momento ideal para a escolha que
precisam fazer. Elas sabem que há o tempo de esperar e o
tempo de agir. Acima de tudo, confiam na própria intuição
e sabedoria para identificar um ou outro momento.
Felizmente, uma característica que por certo herdei dos
meus pais foi a paciência para esperar e discernir entre
a hora de parar, a hora de recuar e a hora de avançar.
E minha experiência de vida me ensinou que todos nós
somos capazes, talentosos e competentes para perceber
cada um desses momentos.
Aprendi, ainda, que cada um de nós tem atitude
e disposição quando a vida nos desafia. Toda vez que
vencemos um obstáculo, vivenciamos a sensação de dever
176
J . W. Gr a n j e ir o
cumprido. Ora, em cada uma dessas superações, agimos
da mesma forma: não nos esquivamos do problema, mas
usamos a paciência para resolvê-lo. Vencida a batalha,
crescemos um pouco mais. Por isso, um dos principais
conselhos que posso dar para meus alunos concurseiros
é este: quando um novo desafio surgir para testar a sua
paciência, repita para si mesmo: eis mais um estímulo
para o meu crescimento e sucesso.
No momento, desenvolvo inúmeros projetos, todos ao
mesmo tempo. Naturalmente, desespero-me por não vê-los
concluídos. Fico apavorado quando lembro o muito que
ainda tenho de fazer. Nessas ocasiões, procuro não pensar
sobre quanto tempo vai se passar até o fim do trabalho.
Em vez disso, avalio o tanto que já fiz. É o bastante para
me sentir revigorado.
Mas também sou humano. Vez ou outra fico ansioso de
verdade. Nessas horas, quando me falta paciência – além de
contar até vinte ou fazer uma corridinha de 20 quilômetros
ou mais –, leio a Bíblia, em especial uma passagem de
que gosto muito: “Senhor, dê-me serenidade para aceitar
as coisas que não posso mudar, coragem para mudar as
coisas que posso mudar e sabedoria para distinguir umas
das outras”.
Uma última mensagem: FAÇA o que num primeiro
momento você acha que é incapaz de fazer. BONS
ESTUDOS E TENHA PACIÊNCIA!
177
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
178
J . W. Gr a n j e ir o
Preparação não é Tudo, mas é 100%
Dando continuidade à mensagem sobre a importância
da preparação para o sucesso nos concursos públicos,
gostaria de insistir em um ponto: a disposição que o
concurseiro tem para estudar e se preparar para um
concurso precisa ser maior do que a vontade de passar e de
se classificar dentro do número de vagas previsto no edital.
Só assim os resultados esperados tornar-se-ão realidade.
Um plano meticuloso, bem orientado e, principalmente,
bem executado é o método mais certeiro para garantir
o sucesso. Não existem atalhos milagrosos para uma
aprovação rápida. Somente com preparação intensa se
descobre o caminho mais curto para os resultados práticos,
ou seja, a vaga na carreira pública.
Eu, por exemplo, fui aprovado em oito concursos
públicos – tendo conquistado inclusive um primeiro lugar.
Preparava-me tanto e tão bem quanto podia. O resultado
era a convicção de que ninguém fizera mais do que eu.
Então, ia para a prova com aquele senso de dever cumprido.
Sentia que merecia a vaga. Estava tão seguro disso que
acabei por conquistá-la mesmo. Exerci a carreira pública
com dignidade e paixão. Venci candidatos muito mais
talentosos e inteligentes, mas que haviam estudado com
menos intensidade e vontade que eu. Tanto que os superei
com folga, graças à minha habitual e treinada disciplina.
Sempre conheci muito bem minhas limitações que eram
muitas e concretas. Quanto ao grau de conhecimento, eu
estava muito aquém dos outros concurseiros. Estudara a
vida toda em escolas públicas, notoriamente mais fracas.
Os recursos materiais eram escassos. Contava apenas
com livros e apostilas emprestados, estudava em locais
179
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
improvisados, desprovidos de qualquer conforto. As
finanças não ajudavam. Pagara com dificuldade o curso
preparatório e, para frequentar as aulas, fui obrigado a
escolher entre lanchar ou comprar a passagem de volta
para casa. As limitações estavam lá para serem superadas.
Superei graças a muita disciplina, ponte que me levaria à
realização do sonho de ter o governo como patrão. Estava
certo disso.
Acredito que as pessoas com menos talento devem
trabalhar mais a perseverança e a obstinação para não
recuarem diante de obstáculos e derrotas como a reprovação
em um ou outro concurso. Saiba, concurseiro, que a maior
decepção que você pode enfrentar não é a reprovação, mas
a falta de motivação, a falta de obstinação necessária para
reconhecer suas falhas e recuperar o fôlego para novas
tentativas. Esse fôlego deve se renovar constantemente
até a aprovação. Lembre-se: o objetivo final é alcançado
quando se estabelecem metas intermediárias sem perder
o foco no objetivo maior que é a aprovação no almejado
concurso.
Superação é aprender com o passado, não se
conformar com o presente e desafiar constantemente o
futuro. Tentar entender os porquês de uma reprovação,
assumir a responsabilidade por ela e seguir em frente
sem nunca desistir. Essa é a melhor maneira de lidar com
possíveis, indesejadas e praticamente inevitáveis derrotas.
O importante na vida não é apenas iniciar um projeto, mas
persistir nele até a vitória final.
180
J . W. Gr a n j e ir o
É hora de estudar
Para a maioria das pessoas, o ano só começa de
vez depois do carnaval, depois daquele período de certa
lassidão que se segue às festas de fim de ano e às férias
escolares, quando, ao contrário do conhecido ditado
popular, deixamos para amanhã tudo o que podemos fazer
hoje. Exemplo disso é o estudo para o concurso público
dos sonhos, com inscrições a serem abertas a qualquer
momento, mas que, como ainda não teve o edital publicado,
acaba ficando para depois.
É claro que estou falando em tese, pois essa postura
já não predomina em grande parcela dos candidatos, que
já começou a estudar para vários concursos programados
para este ano. Há, ainda, aqueles que já vêm nessa balada
desde o ano passado.
Existem vários concursos previstos para este ano, em
carreiras no Executivo, Legislativo e Judiciário. Portanto,
mais do que nunca, o candidato deve ter discernimento
para avaliar a carreira que mais lhe convém e investir no
concurso para o cargo com que tem realmente afinidade.
Se fizer isso, já terá 50% de chances de conseguir a
aprovação. Não adianta escolher um concurso apenas por
causa do alto salário, se a área de formação do candidato,
seu interesse profissional e sua vocação são outros. Se
as ciências humanas são o seu forte, ficará mais difícil
ter sucesso num concurso em que predominem ciências
exatas, e vice-versa. Se quiser trabalhar nos tribunais, por
que se inscrever para a Polícia Civil?
O importante é que, feita a escolha vocacional, o
candidato organize também a vida pessoal e familiar, para
dedicar o máximo de tempo possível aos estudos. Além
181
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
disso, é preciso escolher criteriosamente a escola em que
fará a preparação e a melhor forma de abordagem do
programa contido no edital: grade fechada, para estudar
todas as matérias concentradas num único curso; ou
curso por matéria, a fim de suprir aquelas em que tem mais
deficiência ou, no caso de já ter boa base, para aprimorála, com o objetivo de gabaritar a prova.
Creio que, seguindo esses princípios, as chances de
aprovação serão as melhores. E, como as opções são
muitas, conforme vimos no início deste artigo, fica aqui
um último conselho: é hora de estudar. Em 23 anos
acompanhando candidatos na preparação para o ingresso
no serviço público, constatei que a maior característica
dos aprovados e classificados é que resistiram e venceram
a tentação de um dia desistir do sonho de ter o governo
como patrão.
182
J . W. Gr a n j e ir o
Majestosa Capital Federal
Cheguei a Brasília em 1970, vindo do interior do Rio
Grande do Norte. Essa viagem ao encontro do futuro foi
uma experiência extraordinária, da qual eu tiraria as
primeiras lições de vida. A jornada durou nada menos
do que sete intermináveis e sofridos dias pelas estradas
difíceis do interior nordestino, dentro de um ônibus que
abusava do direito de quebrar e de retardar a chegada.
Não é exagero dizer que foi uma verdadeira odisseia para
aquela família que deixara a pobreza do sertão com a
esperança de encontrar aqui nova perspectiva de vida.
Esperança, sim, era a palavra certa para definir nosso
sentimento naqueles dias. Esperança que se renovava a
cada parada, a cada minuto de atraso. Esperança e fé em
nosso futuro e no futuro da nova sede administrativa do
país, tão apropriadamente chamada por seu criador, o
inesquecível Presidente Juscelino Kubitschek, de Capital
da Esperança, que nasceu, segundo registra a história, da
cobrança de um humilde morador do interior de Goiás,
conhecido apenas como Toniquinho.
Sei que muitos já leram ou ouviram esse relato, mas
vale a pena relembrar o episódio, neste momento em que
me sinto mais envolvido do que nunca pela forte magia
brasiliense, essa Majestosa Capital. Durante comício na
cidade goiana de Jataí, caiu um temporal e todos tiveram
de se abrigar em um galpão. JK subiu em um caminhão
para discursar (aqui se faz presente a força do destino)
e, mal começara a falar, foi interrompido por Toniquinho,
que perguntou:
183
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
- Se for eleito Presidente, o Senhor mudará a capital
para o Planalto Central como está previsto nas disposições
transitórias da Constituição de 1891?
Pego de surpresa, JK respondeu que sim, faria valer
a Constituição. A partir daquele momento, sentiu-se na
obrigação de cumprir a promessa. O resto da história
todos nós conhecemos, e graças a ela estamos aqui, no
Distrito Federal, em pleno Planalto Central, como queria
Toniquinho.
Terra generosa, que premia o talento, o trabalho
e a conduta ética, abrigaria a família Granjeiro com a
generosidade que também é característica dos brasilienses
ao receberem aqueles que vêm de longe para aqui construir
o novo lar.
Ainda guardo vivas na mente as imagens daquele
tempo, quando esta Brasília grandiosa ainda era uma urbe
em construção, e não a fantástica e complexa metrópole de
hoje. Era uma cidade-criança, com apenas nove anos de
idade em 1970, somente dois a mais que eu. Por isso posso
dizer, com muito orgulho, que crescemos juntos, a cidade
e eu, tendo passado pela infância e pela adolescência e
atingido a idade adulta, fase a que chegamos fortes,
confiantes e prontos para enfrentar quaisquer desafios.
Naquele já distante ano de 1970, éramos apenas 538 mil
habitantes, igualmente divididos entre homens e mulheres
e espalhados por oito cidades-satélites, que correspondem
hoje às regiões administrativas. Carro, televisão e outros
eletrodomésticos, banais nos dias de hoje, não estavam
ao alcance de famílias pobres como a minha. Era preciso
suar muito a camisa para adquirir esses bens, a que agora
quase toda a população tem acesso. Sem falar em telefone,
ainda um luxo muito caro naquela época. E me refiro ao
telefone fixo, pois ninguém sequer imaginava o que viria a
ser telefone celular ou internet.
184
J . W. Gr a n j e ir o
Brasília, em 1970, era muito diferente da cidade que
vemos hoje: o barro vermelho predominava na paisagem da
Nova Capital, onde até mesmo o Plano Piloto ainda estava
em construção. Passados 42 anos, o crescimento urbano
fez explodir os índices populacionais, e hoje a cidade conta
com 2 milhões e 456 mil moradores, cinco vezes mais do
que no ano de minha chegada. Somos atualmente uma
comunidade em que a ascensão feminina é uma realidade:
60% da população é formada por mulheres, contra 40%
de homens. Para administrar essa coletividade, o número
de regiões administrativas aumentou, de 8, existentes em
1970, para 29, em 2009.
Brasília oferece a melhor qualidade de vida entre os
mais de cinco mil municípios do país. Em minha humilde
avaliação, esta ainda é a melhor cidade do mundo para
se viver. Uma capital majestosa em sua arquitetura
deslumbrante, de tão singular formosura, em pleno
coração tupiniquim. O centro político de onde emanam as
decisões que controlam toda a nação. Uma jovem histórica
com singelos cinquenta e dois anos de existência. A cidade
modelo dos olhos de JK é hoje um prodígio encantador.
Minha esposa nasceu em Brasília; meus filhos
nasceram em Brasília; eu estou em Brasília há 42 anos
e aqui espero ficar até meus últimos dias de vida. Aqui
exerço minhas atividades e meu principal hobby: correr
pelo Parque da Cidade e pelas ruas e pistas brasilienses,
treinando para maratonas.
Aqui pretendo continuar a exercer meu talento de
empreendedor, gerando empregos, ganhando prêmios
como maior contribuinte e ajudando milhares de pessoas
a ocupar cargos públicos e a iniciar carreiras de sucesso.
A essa Amada e Majestosa Capital Federal, os meus
parabéns e muito obrigado!
185
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
186
J . W. Gr a n j e ir o
Desafios do concurso público
Enfrentar a maratona do concurso público é um grande
desafio e, ainda assim, uma opção muito atraente. Para
se dedicar aos estudos, os candidatos que tomam essa
decisão são obrigados a abrir mão de aspectos importantes
da vida, como o trabalho, o lazer, o convívio com os amigos
e até mesmo com a família. O preço que se paga é alto,
mas a recompensa de ingressar no serviço público faz todo
o esforço valer a pena. Depois do primeiro concurso, o
candidato não vai querer parar. Ser aprovado no primeiro
certame é quase um milagre, fato de que o candidato só
toma consciência ao decidir encarar o desafio. Quando
ele começa a se preparar, a sede de aprender o motiva
a não desistir. Vem mais um concurso, mais um curso
preparatório, mais livros e apostilas, e o candidato já se vê
imerso num mundo cada vez mais sedutor: tornou-se um
concurseiro.
Ter uma carreira bem-sucedida é o sonho de muitas
pessoas, mas o que no fundo todos querem é estabilidade,
ótima remuneração e boas condições de trabalho. Esses
três elementos são o que tornam o serviço público uma das
carreiras mais visadas. A conquista de um cargo público
representa a possibilidade de construir uma vida tranquila
e continuar a sonhar.
Concurso público é uma fila. Muito mais do que
sortudo, o candidato aprovado para um cargo público é
também o mais bem preparado, motivado, organizado,
disciplinado, perseverante. É alguém que estabelece para
si um objetivo e orienta a sua vida de olho no dia dessa
conquista. É isso que o diferencia dos demais candidatos.
187
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Uma vez inserido no mundo dos concursos, o candidato respira concurso. Frequenta bibliotecas, investe na
compra de livros e apostilas e se matricula em escolas preparatórias. Lê jornais e revistas especializadas. Acompanha a publicação de editais. Até em conversas informais
com amigos, seu assunto predileto é concurso. Mas o que
mais caracteriza um concurseiro é sua capacidade de abdicar dos prazeres da vida, ao menos por um tempo, e se
dedicar exclusivamente ao seu sonho. Ele age assim porque tem certeza de que desfrutará de muitos outros prazeres quando se tornar servidor público.
As oportunidades existem. Mas, antes de ingressar
nesse universo, o candidato precisa analisar as carreiras,
suas limitações e potencialidades, e traçar objetivos de
curto, médio e longo prazo. Acima de tudo, nunca deve
deixar de acreditar que, um dia, a tão esperada recompensa
virá. Repito: TODOS PASSAM EM CONCURSO PÚBLICO.
188
J . W. Gr a n j e ir o
Educação como Garantia de Futuro
A educação é um dos bens mais nobres que alguém
pode adquirir. É algo que se torna parte do indivíduo, que
passa a constituí-lo, promovendo nele transformação e
emancipação ideológica. E a nobreza que lhe é característica
não se restringe apenas ao sujeito; estende-se à sociedade
em que ele vive. Não é à toa que as nações mais desenvolvidas
são aquelas que também apresentam os maiores índices
de educação, reflexo dos altos investimentos na área. É
uma pena que países como o nosso Brasil, na maioria
emergentes ou subdesenvolvidos, deixem de seguir esse
exemplo e, sobretudo, não reconheçam a importância de
garantir esse direito básico de todo ser humano.
Quando de qualidade, a educação de fato promove um
futuro próspero e brilhante. Soa clichê, mas, convenhamos,
não é. Eu mesmo sou um exemplo vivo disso. Quem já
leu ou ouviu o relato da minha vida tem noção do meu
passado de luta e de dificuldades no Nordeste. Tudo
levava a crer que eu seguiria trajetória similar à de tantas
gerações na família. Mas minha força de vontade e minha
determinação me levaram a reinventar minha história e
batalhar por uma boa formação educacional. Deu certo.
Aos poucos, a cada degrau de formação que eu escalava,
novas oportunidades surgiam. Assim fui crescendo, até
tornar-me o empresário que sou hoje.
Não foi nada fácil. Os entraves se multiplicaram em
meu caminho. Todos sabem que as políticas de incentivo à
educação no Brasil são escassas. Aliás, na teoria nem tanto,
mas na prática essa realidade chega a ser desestimulante,
tanto para os estudantes como para os empresários do
ramo. Eu vivi – e ainda vivo, em parte – essas duas faces
189
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
do problema. Para o estudante, ter acesso a uma educação
de qualidade custa caro, muito caro. Que o digam os pais!
A escola pública decepciona e deixa muito a desejar. E
o pensamento de que mais importa a quantidade que a
qualidade em nada favorece o desenvolvimento do ensino:
não adianta oferecer muitas escolas se é baixo o nível
de aprendizado dos alunos. Já o empresário do ramo de
educação tem de ser muito engajado e preocupado com os
índices sociais do país para não desistir de vez. Afinal, o
ônus desse setor – entre tributos e impostos – é dos mais
altos. A área é realmente desvalorizada, e fatores como
esses só tendem a desmotivar o empresário do ramo que
pretenda investir maciçamente em educação, oferecendo
profissionais especializados e material didático adequado.
Como garantir, então, acesso democrático à educação?
Certamente não com a política que o Brasil adota há anos.
Há de se prezar, sobretudo, por uma educação eficaz.
Vemos que, em países como os Estados Unidos, diversos
são os benefícios fiscais em prol das instituições de ensino.
No Brasil, a situação é bem diversa. Mas o que será do
nosso futuro se é precisamente a educação, escassa na
terra tupiniquim, que deveria garanti-lo? Talvez pelo
fato de a educação despertar o senso crítico e a reflexão
em cada um de nós, seja tão negligenciada. Mas vamos
perseverar. Aliemo-nos à educação para escaparmos da
alienação política deste país.
190
J . W. Gr a n j e ir o
Direito à Educação
O direito à educação está diretamente ligado ao
princípio constitucional da dignidade da pessoa humana,
mas, infelizmente, ainda é desrespeitado. Para assegurar
esse direito de todos, são necessários mais investimentos
públicos em educação. Também é preciso haver mais
valorização do trabalho docente e maior participação
dos pais dos estudantes, além de garantia de melhores
condições de vida para as famílias. Todos esses elementos
contribuem para a democratização do ensino e evitam a
evasão escolar, problema que grita por solução.
Um relatório do Unicef revela que, infelizmente, mais
de 680 mil crianças brasileiras com idade entre 7 e 14 anos
estão fora da escola. É mais que a população do Suriname.
Não se pode esquecer que a preocupação com o futuro de
um país começa pelo investimento em educação.
Segundo o relatório do Unicef, há relação direta entre
a quantidade de anos de estudo e o acesso a melhores
oportunidades de renda e de vida. Outro estudo, de 2006,
realizado pelo Instituto Futuro Brasil, ratifica: quem
estuda mais ganha mais. Um trabalhador com ensino
fundamental completo recebe salário em média três vezes
maior do que o de um analfabeto. O salário de quem
tem ensino médio completo é seis vezes maior do que o
de quem não frequentou a escola. Os graduados ganham
quase doze vezes mais. E quem tem mestrado, dezesseis
vezes mais.
Ampliar a escolaridade média no país é uma das
soluções para a educação e, consequentemente, para tantos
problemas sociais. Segundo dados do Banco Mundial, nos
países desenvolvidos a escolaridade obrigatória varia de
191
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
dez a doze anos e deve ser completada no ensino médio.
Em alguns países, como Alemanha e Holanda, chega a
treze anos. No Brasil, recentemente a média foi ampliada
de oito para nove anos. Mas ainda não é o suficiente.
A economia brasileira vai crescer a partir do momento
em que o país começar a investir em educação e qualificação
profissional. Essa é a preocupação que norteia o trabalho
que nós, educadores, realizamos diariamente em busca de
um ensino de qualidade. As escolas preparatórias formam
muito mais do que pessoas aptas a concursos públicos.
Elas formam cidadãos, que saem da sala de aula com
valores éticos e morais. É assim que queremos inseri-los
no serviço público. Porque é isso que nossa sociedade
merece.
192
J . W. Gr a n j e ir o
Autorização Vale um Edital
Muitos candidatos aguardam ansiosos a publicação do
edital, para só então começarem a estudar. Eles esquecem
que a autorização publicada no Diário Oficial já vale um
edital e, portanto, não é preciso esperar a divulgação deste
para arregaçar as mangas e ir à luta. A autorização do
concurso é um compromisso expresso do Estado com o
concursando, que deve entender esse ato administrativo
como a oportunidade de se disciplinar para os estudos.
Está mais do que comprovado que quem começa a
estudar antes sai na frente dos outros candidatos e possui
melhores chances que os outros, que terão de correr
contra o tempo. Quando um edital é publicado, o tempo de
estudo que resta não passa de contagem regressiva para
a prova. Além do mais, a tendência é que o prazo entre a
autorização para publicação do edital e a data da efetiva
divulgação no Diário Oficial seja reduzido, dos atuais seis
meses para até quarenta dias.
Por exemplo, se o Banco Central tiver o concurso
autorizado em julho, pode levar até seis meses para
publicar o edital. Contudo, a entidade tem pressa na
nomeação, por isso é provável que o lance muito antes de
esse prazo expirar.
O concurso para agente e escrivão da Polícia Federal,
por exemplo, teve um intervalo de apenas um mês entre
autorização e publicação do edital. Ou seja, até mesmo
aguardar a autorização para iniciar os estudos é um risco
para a boa preparação.
Quanto mais cedo os concursandos traçam suas
metas e iniciam os estudos, melhor é o resultado. E
certamente aqueles que se preparam desde o ano anterior,
193
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
acompanhando as notícias sobre os concursos e se
informando nas escolas preparatórias também estão à
frente na corrida por uma vaga no serviço público. Quem
espera o edital tem de se esforçar bem mais na difícil luta
contra o tempo.
Portanto, todo concurseiro que se preza precisa ter em
mente que a autorização, na prática, representa o edital.
Deve-se depreender do texto da autorização do concurso a
informação de que o edital está a caminho, que se trata de
determinação do Estado.
Não se deixe surpreender pelo edital. Antecipe-se a ele
e largue na frente.
194
J . W. Gr a n j e ir o
Propostas para uma Educação de Verdade
O Brasil tenta há décadas desenvolver um modelo
de educação de qualidade. Resolvi fazer minha parte e,
com base em minha experiência de educador, sugerir
algumas ações para que esse modelo saia do rascunho e
se transforme em realidade.
Antes de tudo, é preciso resolver o antigo embate
qualidade versus quantidade. Pensamos, com frequência,
em um ou em outro, isoladamente, quando deveríamos
pensar – e debater – um e outro. Os dois fatores devem
andar juntos, em parceria. Talvez a solução para a
educação em nosso país passe por aí.
Como bem sabemos, o território brasileiro é extenso. Por
consequência, a tarefa de estender a educação por toda a
Nação é árdua, mas está longe de ser uma missão impossível.
Em primeiro lugar, são necessários investimentos. Mas
investimentos de verdade. A “quantidade”, resultado do
amplo alcance da educação, daria base para a “qualidade”,
que avançaria progressivamente. Seria essa base, portanto,
que propiciaria o desenvolvimento do ensino.
O segundo passo em busca de uma educação
simultaneamente democrática e de qualidade é garantir
que nossos professores estejam bem preparados.
Novamente, investimentos são imprescindíveis. A formação
e a qualificação dos docentes devem ser acompanhadas – e
financiadas – de perto. Afinal, constituem requisito para
o ensino de boa qualidade. Avaliações de desempenho
periódicas podem ser úteis, na medida em que servem de
instrumento de análise.
195
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Acima de tudo, os profissionais da educação precisam
ser devidamente valorizados. Os educadores são essenciais
para a formação de todos os cidadãos brasileiros.
Deveriam, portanto, receber as melhores remunerações do
serviço público e contar com planos de carreira dignos.
Além disso, é imprescindível que lhes seja oferecido tempo
suficiente para o planejamento das aulas e amparo para
o desenvolvimento de pesquisas. A educação só teria a
ganhar se fossem aplicados investimentos a fim de que os
professores se dedicassem exclusivamente ao mister que é
sua profissão.
Contudo, não basta capacitar e estimular o profissional
que trabalha a educação em sala de aula. Outros fatores,
também relevantes, têm de ser considerados. O ambiente
de ensino é um deles. Tudo deve colaborar para o
desenvolvimento intelectual dos estudantes. Nesse sentido,
o Governo deveria prover boa infraestrutura, recursos
materiais e tecnológicos, alimentação e, obviamente,
segurança patrimonial e física.
Também é de importância inestimável a participação
ativa dos pais na educação dos filhos. Não me refiro, aqui,
à educação em sentido amplo, que os pais evidentemente
ajudam a moldar. Refiro-me à educação formal, oferecida
pela escola. Dessa, nem todos os pais participam. Alegam
falta de tempo, no mais das vezes. Isso não pode continuar
a ocorrer. Nesse sentido, seriam úteis políticas públicas de
incentivo e de orientação às famílias de nossos estudantes.
As soluções viáveis não param por aí. Seria interessante,
por exemplo, que a metodologia de ensino fosse adaptada
à realidade dos alunos, em consonância com a cultura
local. Tal como propôs o famoso psicólogo Jean Piaget, a
forma como o aluno pensa deveria ser levada em conta e
é necessário que seu desenvolvimento seja acompanhado
passo a passo. Em outras palavras, a escola precisaria
identificar o que o educando sabe e o que ele ainda precisa
saber.
196
J . W. Gr a n j e ir o
A escola em tempo integral, desde que baseada em bons
projetos de educação – e não vista como apenas um local
para o aluno passar o dia –, certamente contribuiria para a
formação completa de nossas crianças. Com carga horária
maior, além de cursar as disciplinas tradicionais, os alunos
seriam beneficiados com tarefas que desenvolvessem
seu espírito artístico e criativo. Também haveria tempo
de sobra para a prática de esportes e de atividades de
recreação que estimulassem a interação das crianças,
promovendo nelas a socialização. Assim, nessa troca entre
sujeitos, os futuros cidadãos brasileiros internalizariam
conhecimentos, papéis e funções sociais, o que permitiria
a constituição de conhecimentos e da própria consciência.
Por fim, não se pode ignorar o importante papel da
comunidade na melhoria das escolas. O voluntariado
é capaz de fazer toda a diferença. Na luta em prol da
educação democrática e de qualidade, todos nós estamos
envolvidos. Não servimos apenas para criticar e condenar,
mas também podemos – e devemos – sugerir soluções,
criar, ajudar. Enfim, colocar a mão na massa. No mais,
temos de pensar – e agir – unindo quantidade e qualidade.
Essas duas faces compõem, sim, uma única moeda.
197
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
198
J . W. Gr a n j e ir o
A Importância da Automotivação
Ser concurseiro é um estilo de vida que começa com o
crescente e estimulante desejo de aprender e declina depois
de desencantos, frustrações e desânimo. Um olhar crítico
permite sugerir algumas atitudes para que os movimentos
decrescentes sejam eliminados, em busca de constante
automotivação.
Diante de pressões internas e externas, que sempre
aumentam, torna-se mais e mais difícil manter o foco
no objetivo. O olhar de leigos sobre concurseiros por
vezes é bastante cruel. Criam-se estereótipos de jovens
preguiçosos ou meramente desocupados. Lidar com essa
imagem não é tarefa fácil. Fica o conselho: tente enxergar
nas dificuldades oportunidades para o crescimento. É nas
quedas que o rio produz energia. A natureza nos ensina
que o processo de aprendizado é composto de etapas, os
atalhos não são benéficos e as dificuldades devem servir
para alavancar a luta pelo crescimento.
199
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Estabeleça pequenas metas, metas que realmente
possam ser cumpridas, e persiga seu objetivo. Identifique
uma técnica de estudos que se adapte à sua realidade e
seja efetiva. Teste constantemente seus conhecimentos,
até mesmo para verificar se a técnica escolhida de fato
funciona. A melhor maneira de fazer isso é gabaritar
questões de provas anteriores. Identifique os erros e
aprenda com eles. Os erros são lições de sabedoria que o
conduzirão ao acerto.
Esteja disposto a dar o melhor de si. Lembre-se de
que o preguiçoso tende a trabalhar mais. Repare que o
aluno relapso passa as férias de recuperação, ou, nos
piores casos, repete o ano. Enquanto isso, o dedicado
passa de ano confiante e estimulado a repetir o êxito. Nos
concursos também é assim. Consideradas as dificuldades
e capacidades de cada um, pode-se observar que quem se
dedica integralmente logra resultados em menos tempo.
Estude. A aprovação é consequência dos seus esforços.
Seja grato à família, aos que lhe asseguraram os
estudos e aos que de alguma maneira contribuem para
a sua formação. A gratidão proporciona uma convivência
pacífica, requisito para construir uma mente equilibrada,
atenta e receptiva ao aprendizado. Já os conflitos aumentam
o nível de estresse e diminuem o rendimento intelectual.
Procure conviver com pessoas estimulantes, que o
ensinem ou possam ser ensinadas por você. Estudos
em grupo são uma boa opção para relaxar e aprender ao
mesmo tempo. Além disso, nas reuniões compartilham-se
valores e angústias comuns entre os que se preparam para
concursos públicos.
Estabeleça boa relação com os professores. Os vínculos
podem proporcionar excelentes benefícios e abrir canais
para o aprimoramento e a ampliação dos conhecimentos.
Não tenha medo de perguntar. Use os mestres como fontes
interativas de conhecimento.
200
J . W. Gr a n j e ir o
Por fim, mantenha a calma e a serenidade. Tudo na vida
é um processo. Como ocorre com a lagarta, que no tempo
certo completa seu ciclo e transforma-se em borboleta,
também a sua hora há de chegar. Complete seu ciclo para
que possa voar alto e com destinos certos. Tenha coragem
e disposição para traçar seu futuro.
201
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
202
J . W. Gr a n j e ir o
Os Aperreados II
O poder da paciência
Como eu disse em outro artigo, minha experiência
de vida me ensinou muito. Hoje sei, por exemplo, que
paciência não é uma virtude inata. Ela resulta de uma
decisão que em algum momento tomamos. Mais do que
isso: é uma escolha que temos de renovar continuamente.
Optamos pela paciência quando, por exemplo, decidimos
estudar para passar em concurso público. Faça o teste:
encare a paciência dessa forma, como uma decisão. Você
compreenderá que terá de fazer e refazer essa escolha
muitas e muitas vezes. Mas a decisão é eminentemente
sua, concurseiro.
Também comentei em nossa última conversa sobre
os relatos que costumo ouvir de alunos que se dizem tão
ansiosos e cansados que não conseguem mais esperar pela
aprovação. Devo lembrar, a esses e a outros candidatos
cujo estado de espírito seja similar, que vale a pena esperar
por algumas coisas. A expectativa paciente nos ajuda a
perceber quais são nossas verdadeiras prioridades, quais
são nossos mais profundos anseios. Acima de tudo, ela nos
leva a dar o devido valor à vitória quando a conquistamos.
Viver é um eterno esperar. E, quando essa espera rende
frutos, temos a oportunidade única e privilegiada de
descobrir nosso potencial, antes ignorado.
De fato, a serenidade pode fazer a diferença em nossa
longa caminhada rumo ao sucesso. Mas não se culpe se,
apesar de todo o esforço para manter a paciência, você a
perder. Toda virtude demanda prática e tempo para ser
desenvolvida. No caso da paciência, ocorre algo curioso:
para desenvolvê-la, é necessário praticá-la. Saiba que nem
tudo na vida pode ser obtido ou conquistado apenas por
203
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
meio da força de vontade, às vezes o que mais precisamos é
de um pouco do poder da paciência. Dizem que ela é a arte
da esperança, e sem esperança nunca teremos nada. As
coisas só podem acontecer através do tempo. Elas apenas
acontecem. Quanto mais nos convencemos de que a vida
se move em ritmo próprio, mais serenidade desenvolvemos.
Quando um concurseiro é reprovado em um concurso
público, naturalmente passa pelo sentimento de fracasso.
Mas há um enorme abismo entre apenas sentir-se
fracassado e perceber que há algo a aprender da derrota.
O puro sentimento de fracasso leva ao desespero e a mais
reprovações; a noção de aprendizagem com a falha conduz
ao crescimento e ao sucesso.
Também costumo ouvir os candidatos reclamarem
que não há tempo suficiente para estudar todo o conteúdo
cobrado nos concursos. Meu conselho para eles é simples:
sugiro que repitam para si próprios que têm todo tempo
de que precisam. O hábito de nos acovardarmos com a
ideia de que não dispomos de tempo diminui a capacidade
de ação. Por outro lado, quanto mais conseguimos nos
manter tranquilos, mesmo quando submetidos a forte
pressão, maior é nossa capacidade de agir.
Outra forma de nos tornarmos pacientes é delimitar
bem nossos objetivos e manter o foco em direção ao
sucesso. A determinação nos fornece a paciência de que
precisamos para enfrentar os obstáculos e seguir em
frente até o resultado que buscamos. Somos empurrados
para o futuro pela força da nossa vontade e pelo poder
da nossa paciência. Uma atitude positiva em face de um
obstáculo interposto em nosso caminho reforça o nosso
desejo e aumenta as possibilidades de nossos sonhos se
tornarem realidade.
Para aqueles que acompanham meus resultados
nas corridas, ofereço a minha última classificação em
uma minimaratona: 39º colocado no geral e 5º na minha
categoria. Com essa exposição quero demonstrar que o
204
J . W. Gr a n j e ir o
poder da preparação, da disciplina, da concentração, dos
estudos tornou-me um atleta de elite. Tenha certeza de
que na vida, como nas maratonas, a paixão e a criatividade
somadas à paciência e fé na persecução daquilo que seu
coração deseja fortemente, levará você aos resultados que
tanto almeja: uma carreira pública com os benefícios do
governo como patrão. Acredite, prepare-se, concentre-se e
tenha disciplina. Os resultados virão.
205
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
206
J . W. Gr a n j e ir o
Atributos dos Vencedores
Nas palestras, nas aulas e nas conversas de corredor,
alguém sempre me pergunta quais são os traços
característicos dos concurseiros aprovados e classificados
nos concursos públicos, especialmente naqueles mais
concorridos. Já respondi essa pergunta em outro artigo,
baseado em uma pesquisa desenvolvida com os dez
primeiros colocados em alguns dos principais concursos.
Gostaria, porém, de atualizar meus leitores com as
observações que andei registrando nos últimos tempos e
com os dados que coletei mais recentemente.
O primeiro atributo que identifico nos concurseiros
de sucesso é a inteligência. Não me refiro à inteligência
entendida como genialidade, mas, sim, àquela boa dose de
curiosidade intelectual. Falo da vontade de aprender, da
disposição em ouvir a voz da experiência, do saber estudar
em grupo. Refiro-me à inteligência característica de quem
adota procedimentos organizados, lógicos e sistemáticos
de estudo, os quais reduzem a perda de tempo, facilitam a
identificação de falhas e ajudam na avaliação da eficácia
das técnicas adotadas. O candidato que tem esse tipo
de inteligência consegue rever procedimentos, corrigir
erros e criar novas táticas para alcançar os resultados
preestabelecidos.
207
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
O segundo atributo comum entre os melhores
candidatos é a maturidade. Trata-se da capacidade de
enfrentar situações de estresse com sentimento igual ao
dos momentos de vitória e conquista. Os concurseiros
assim são confiantes e sem arrogância. Nutrem respeito
por si mesmos e pelos outros. A maturidade lhes confere
uma virtude que talvez seja a mais importante de todas:
humildade para reconhecer acertos e erros. A humildade
nos permite ter consciência de nossas limitações, de nossas
fraquezas e de nosso potencial. O autoconhecimento é
determinante quando se trata da provação que é o concurso
público.
O terceiro atributo é o pensamento positivo. Esse
atributo pode fazer toda a diferença, posto que é a energia
dele resultante que renova a capacidade de agir depois de
uma derrota, depois de uma reprovação. Os concurseiros
com essa característica gostam de mudanças. São
extrovertidos e otimistas. Não se queixam do excesso
de estudo e raramente se rendem ao cansaço durante a
jornada. Na verdade, amam estudar e aprender. O prazer
que sentem durante a preparação chega a ser maior do que
o prazer que vem com a aprovação. Trata-se de pessoas
apaixonadas pelo estudo, pelo convívio com os colegas,
pela aprendizagem, pela descoberta, pelos desafios. Gozam
de um quase fanatismo pelas conquistas e pela superação.
O quarto atributo é a resistência. Mais especificamente,
resistência similar à do maratonista. Os concurseiros
que contam com esse atributo encaram a preparação
e a rotina de estudos como um maratonista treina:
com base em planilhas rígidas no intuito de superar os
adversários e alcançar o resultado. Esses candidatos têm
consciência de que, para alcançar resultados, é preciso
estar bem preparado física e mentalmente. Como os bons
maratonistas, não desistem nunca e enfrentam toda e
qualquer situação adversa. Transpõem uma barreira
de cada vez, até vencerem. São, enfim, extremamente
disciplinados e focados.
208
J . W. Gr a n j e ir o
A vida de concurseiros é mesmo muito difícil. Muitas
vezes, enfrentam a pressão da família, desenvolvem
problemas de saúde e passam por dificuldades financeiras.
É comum ficarem ansiosos e depararem-se com a falta
de apoio de pessoas que deveriam estar ao lado deles
incondicionalmente. Estão sujeitos à depressão quando
passam por derrotas, mas nem assim podem desistir. Ao
menos, sabem que o jogo só termina com a vitória. Logo, se
ainda não conquistaram a sonhada vaga, é porque o jogo
ainda não acabou e a luta continua.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
210
J . W. Gr a n j e ir o
Receitas de Sucesso
Esta semana recebi em minha sala dois alunos, futuros
servidores públicos que aguardam apenas a nomeação
para tomarem posse no cargo para o qual foram aprovados.
Eles vieram agradecer aos professores do Gran Cursos,
e particularmente a este professor-empreendedor, pelas
aulas e toda a estrutura oferecida, que consideram ter
contribuído para a aprovação e classificação nos concursos
do TCU e da PF – carreiras que, diga-se de passagem,
conferem a seus titulares, além de boa remuneração e
muitos benefícios, status e poder.
Os dois externaram sua alegria por estarem prestes a
realizar o sonho do ingresso nas carreiras que por anos
almejaram e para cuja conquista destinaram toda a energia
de que dispunham. A felicidade deles era contagiante,
e confesso que também fiquei muito orgulhoso por ter
211
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
colaborado para a realização de mais esse sonho. Ouvi
planos para o futuro na carreira pública e aproveitei
para perguntar qual havia sido a tática de cada um para
obter a aprovação nos primeiros lugares de concursos tão
disputados e tão difíceis.
O aluno aprovado para a PF relatou que há um ano e
meio estudava para o concurso público de Agente – só se
interessava por essa carreira. Sua estratégia foi matricularse em um curso preparatório regular, onde buscava dicas
dos experientes professores e uma visão interdisciplinar
das matérias. Paralelamente, adquiriu cadernos de provas
da banca examinadora responsável pelo concurso e passou
a dedicar de duas a três horas por dia à resolução das
questões. Segundo seus cálculos, ao longo da preparação
resolveu mais de cinco mil exercícios relativos às disciplinas
do concurso e no estilo da banca. O futuro policial federal
me confessou, contudo, que demorou muito tempo para
descobrir que não tinha um método de estudo muito
eficaz, que não era dos concurseiros mais organizados.
Quando se deu conta disso, decidiu tentar o estudo em
grupo, estratégia que considerou muito importante para a
cobiçada aprovação entre os primeiros lugares.
Nosso talentoso aluno também inovou na estratégia
para a aprovação quando criou um ciclo de estudos de
cem dias, distribuídos conforme o peso da matéria. Por
exemplo, se a pontuação em uma disciplina correspondia
a 15% da nota final do concurso, o candidato dedicava a
ela quinze dias de intenso estudo. Além disso, depois de ler
sobre o assunto e de elaborar resumos, resolvia exercícios
de provas anteriores para fixar o conteúdo das matérias e
com isso ganhar segurança e autoconfiança. De quebra,
nesse processo, revia as metas predefinidas e avaliava a
eficiência do método adotado. Por fim, treinou muito a fim
de administrar bem o tempo da prova.
212
J . W. Gr a n j e ir o
Por sua vez, a aluna aprovada para o TCU, formada em
Psicologia, precisou estabelecer rotina mais dura com metas
de médio prazo, pois brigaria por uma vaga no mais disputado
dos concursos estudando conteúdo que nunca imaginara
existir. Iniciara a vida de concurseira se preparando para as
seleções exclusivamente em sua área de formação. Foi perda de
tempo, pois não havia material, não existia curso preparatório
específico, tampouco concursos regulares para psicólogos.
Foi, então, apresentada ao TCU. Apaixonou-se e começou
o namoro. Criou uma rotina rígida de estudo que a obrigou
a largar o consultório, a se dedicar menos à família, aos
amigos e ao namorado, e a esquecer os fins de semana e os
feriados. Matriculou-se em um curso específico e comprou
livros recomendados por colegas. Também frequentou
aulas de português e redação, pois precisava aprender a
forma de um parecer e de uma dissertação – afinal, a prova
discursiva era fase importante do certame.
Comprometeu-se a escrever uma redação por semana,
ao mesmo tempo em que lia diversos textos técnicos a
respeito do TCU. Estudou toda a teoria com base no edital
anterior e, uma vez por semana, dedicava-se ao estudo em
grupo. Os colegas, todos focados no TCU, selecionavam
questões de cada uma das disciplinas cobradas e as
repassavam aos demais membros do grupo. Assim,
montavam um simulado semanal. Perguntei qual fora
seu maior erro. Sem pensar muito, ela me respondeu que
haviam sido as inúmeras desistências – os tais começar
e parar, retomar e parar novamente. Acrescentou que a
estratégia de priorizar algumas matérias e negligenciar
outras menos importantes foi mais uma falha. Hoje ela tem
certeza de que, para ser aprovado em concurso público,
deve-se dar igual atenção a todas as disciplinas e vencer
todo o conteúdo do edital.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Enfim, não importa o concurso; nas receitas de sucesso
sempre entram os seguintes ingredientes: determinação,
conhecimento da banca, orientação dos mestres, seleção
de material adequado, opção pelos cursos certos, resolução
de muitas provas anteriores, estudo individual e em grupo
– com organização, compromisso e assiduidade – confiança
em si mesmo e fé em DEUS.
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J . W. Gr a n j e ir o
No Ano-Novo – Faça a Coisa Certa!
Não conheço nenhum concurseiro que tenha sido
aprovado e classificado em concurso público sem antes
ter sacrificado lazer, convívio social, família, feriados e
domingos, pelo menos uma centena de vezes. Há quem
diga que a perfeição consequente ao êxito e ao sucesso
só vêm depois de trinta mil horas de treino – no caso do
candidato a uma vaga no serviço público, depois de trinta
mil horas de estudo e resolução de questões de certames
anteriores.
Da mesma forma, sou incapaz de vislumbrar o sucesso
de um profissional que não seja muito persistente; de um
estudante que não dedique todo o tempo disponível – e
mesmo o não disponível – ao cumprimento de um plano de
estudos; de uma pessoa que não deixe de lado a preguiça,
o orgulho, a arrogância e o comodismo.
Se o objetivo da vida de alguém é uma carreira pública
de sucesso, há que investir em cursos, material de apoio e
tudo mais que for necessário: apostilas e livros específicos,
aulas de reforço, taxas de inscrição. Há que encontrar
tempo, canalizar a energia e nutrir paixão e sentimentos
positivos pela missão. Do contrário, a reprovação é certa,
assim como um lugar na fila de perdedores.
Lembre-se: o sucesso é construído durante a noite!
Durante o dia você faz o que todos fazem. Portanto, para
garantir um dos primeiros lugares da lista de classificados,
tem de agir de forma incomum e elaborar estratégias
diferentes. Deve, por exemplo, acordar às cinco horas da
manhã e estudar até as sete. Ou ficar acordado até de
madrugada, estudando com os pés em uma bacia de água
fria para manter-se desperto. Se fizer o mesmo que todos
215
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
os candidatos, conseguirá apenas a mesma classificação
que eles – obviamente, fora do número de vagas.
Não se iguale à maioria, pois, infelizmente, ela não
é modelo de inspiração ou de sucesso. Se quiser ser
aprovado e classificado, terá de estudar no horário em que
os outros estão tomando chope e comendo batatas fritas.
Terá de se planejar, de se organizar, de se automotivar e
de controlar periodicamente seus resultados, enquanto os
concorrentes – os incautos – permanecem na frente da tevê.
Terá de estudar enquanto os outros tomam sol à beira da
piscina – embora tal extravagância seja até viável, desde
que durante a leitura de um livro ou de uma apostila com
conteúdos voltados para o concurso.
A realização de um sonho depende de dedicação,
persistência, método, organização e disciplina de
maratonista. Há muita gente que espera que o ideal de
ter o governo como patrão se concretize por mágica, sorte
ou intervenção divina. Certamente esses fatores podem
ajudar, desde que você faça a sua parte. Trabalhe e
estude muito, com orientação adequada e com os meios
adequados. “Quem quer fazer alguma coisa, encontra um
meio. Quem não quer fazer nada, encontra uma desculpa.”
Se você acredita que pode, poderá, porque vontade gera
energia. E a disposição de fazer é o começo do sucesso.
Lembre-se: mais faz quem quer do que quem pode.
216
J . W. Gr a n j e ir o
A Importância do Curso Presencial
Sou testemunha de inúmeras histórias de aprovação
e de reprovação em concurso público. Em meus textos, já
sugeri maneiras de manter a motivação, já ensinei como
estabelecer metas, já expliquei como se preparar bem para
a prova. Também já enfatizei a importância da preparação
com antecedência, da busca pela orientação de grandes
mestres, da preferência por bom material didático. São
elementos que fazem a diferença quando somados ao
enorme desejo de aprovação e à rotina diária de estudo.
Desta vez, quero falar sobre a importância do curso
presencial. É bem nítida a diferença entre o concurseiro que
frequenta e o que não frequenta uma escola preparatória.
O concurseiro que vai às aulas diariamente adapta-se
com mais facilidade à rotina de estudos – o que, para
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
muitos, representa um desafio. Já entre os autodidatas
é difícil encontrar disciplina e constância. Pequenos
empecilhos surgem e se transformam em um dia, uma
semana ou um mês a menos de estudo. Vêm os problemas
de relacionamento, as noites mal dormidas, as dores de
cabeça, as festas não previstas e inadiáveis, outros eventos
inesperados... tudo que prejudica a rotina de estudos.
A importância do curso preparatório vai além do que
se imagina. A primeira vantagem dele é que os professores,
experientes em sua área de atuação, orientam os alunos
com ênfase nos conteúdos mais abordados nas provas,
poupando tempo e direcionando o estudo ao que de fato
interessa. A segunda é o uso de recursos audiovisuais,
muito mais agradáveis do que a leitura solitária do
concurseiro que estuda em casa. Além disso, nos cursos,
a aprendizagem é consolidada graças à resolução de
exercícios em sala de aula, reconhecidamente a melhor
maneira de fixar e maximizar o aprendizado. E não se pode
deixar de mencionar o aspecto lúdico do estudo nas escolas
preparatórias: alguns professores dão aulas comparadas
a verdadeiras interpretações cênicas. Criam processos
mnemônicos que facilitam a memorização e fazem ligações
lógicas e divertidas que tornam o aprendizado mais fluido
e prazeroso.
São muitos os relatos que ouço de concurseiros
desanimados, que estudaram para uma prova e fizeram
curso preparatório, mas veio a reprovação, a desmotivação,
a depressão, o desânimo para dar continuidade aos estudos.
Acredito que o papel da escola preparatória torna-se ainda
mais crucial em momentos como esse, na medida em que ela
disciplina os encontros e pauta os estudos diários. Os cursos
motivam os alunos com aulas dinâmicas, com exemplos de
ex-alunos bem-sucedidos, com palavras reconfortantes de
professores que já estiveram na posição de concurseiros e,
persistentes, alcançaram o posto de servidor público.
Compartilhar vivências e sentir-se compreendido é
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J . W. Gr a n j e ir o
fundamental para o concurseiro. Assim, o ritual que é a
vida do concurseiro completa-se na convivência com os
colegas de turma. Eles trocam ideias, dividem angústias,
compartilham pensamentos. Apoiam-se mutuamente,
criam grupos de estudo e cobram a frequência uns dos
outros, de maneira recíproca e natural. Criam vínculos,
laços de afeto, necessários para quem, em geral, está com
a autoestima em baixa em decorrência do desemprego, da
pressão familiar ou da insatisfação com o salário.
O ambiente da escola preparatória ainda promove
a interação entre os concurseiros e os professores. Na
escola, os alunos perdem menos tempo com cochilos,
lanches, televisão, internet e outras tantas atividades
que seduzem no ambiente doméstico. As instalações dos
cursos preparatórias são planejadas para estimular a
concentração e o estudo. A construção do espaço físico já é
arquitetada com base nas necessidades dos concurseiros.
No ambiente escolar, cria-se um espírito competitivo e
saudável entre os estudantes, que os insere no clima da
maratona que é a realidade dos concursos.
Os bons índices de aprovação entre egressos de escolas
preparatórias são a prova de que é mesmo vantajoso
se preparar em cursos presenciais. No Gran Cursos,
os índices de aprovação oscilam entre 50% e 100%. No
último concurso da Polícia Rodoviária Federal (PRF), 50%
das vagas ofertadas foram preenchidas pelos alunos que
estudaram em nossa escola. No concurso do Superior
Tribunal de Justiça (STJ), os aprovados somaram 60%
dos alunos da nossa escola. Nas seleções para o Tribunal
de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), para
os Tribunais Regionais Federais (TRFs) e para o cargo de
auditor fiscal da Receita Federal e na prova para a Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB), as estatísticas foram ainda
melhores: respectivamente, 70%, 80%, 90% e 100% de
aprovados entre ex-alunos. Estamos diante de números
reais e esclarecedores.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Para ser aprovado em concurso público, é preciso viver
a preparação intensamente. É preciso respirar concurso,
estar inserido no contexto de concurseiro, programar
o cérebro para a realização do grande sonho de ter o
governo como patrão. Os cursos presenciais são mais um
facilitador das rotinas de estudo e da inclusão do nome do
concurseiro na lista de aprovados.
220
J . W. Gr a n j e ir o
Ai que Medo!
Você está prestes a responder uma prova – é a primeira
vez que enfrenta um concurso público em uma situação
real. Sua respiração está acelerada. O coração palpita a mil
batidas por segundo. As palmas das mãos estão úmidas
e frias. Os braços e as pernas tremem. Você está quase
perdido e sem controle – ou sob o controle – do medo. O
que fazer?
Pretendo neste artigo oferecer algumas dicas e alguns
truques para enfrentar e debelar o medo. Primeiro, explico
que o medo é um sentimento de insegurança a respeito de
uma situação, de um objeto, de uma emoção. É sensação
pessoal que surge com a preocupação a respeito do que
pode acontecer em consequência do evento, e não com
221
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
o evento em si. Os pensamentos recorrentes, no caso do
concurseiro, são: E se der branco? E se eu for reprovado?
O que as pessoas vão pensar do meu fracasso? O que vão
dizer sobre a minha reprovação? Vão me taxar de idiota?
Se você tem medo de fracassar, fica tão convencido
do fracasso que o pensamento se torna profecia. Você
interioriza a derrota e certamente encontrará uma
maneira de fazer tudo dar errado. Para evitar que isso
ocorra, reformule a perspectiva que você tem da vida e
enxergue os fracassos como de fato eles são: momentos de
aprendizagem e de revisão de táticas e metas.
Quanto à preocupação com os outros, importese apenas com as pessoas que lhe agreguem valor, que
torçam por seu sucesso e que façam diferença em sua
vida. Na Bíblia há uma passagem muito bonita que diz:
“Os humilhados serão exaltados”. Acredite: seu sucesso
virá independentemente das pessoas que tentam parecer
superiores e torná-lo inferior. Quem escreve a sua história
é você, e não elas.
Entenda que nada pode lhe trazer mais segurança do
que a preparação. Seus esforços devem ser reunidos em
prol do objetivo único que é a aprovação, com nomeação
e posse. Em busca disso, um caminho deve ser traçado e
percorrido com constância, organização e fé. A persecução
do objetivo, e a superação das etapas, traduzida em
sucesso na solução de exercícios, trarão a certeza de que
você está pronto.
Vários candidatos já me disseram que dá para sentir
quando se está pronto para a aprovação. À medida que
se resolvem exercícios, consegue-se medir a quantidade
de acertos e erros. Por consequência, é possível identificar
o que já se sabe e onde residem as dúvidas. Assim, o
candidato passa a ter consciência de quais disciplinas
precisam ser mais bem trabalhadas, de que parte da teoria
ainda está falha.
222
J . W. Gr a n j e ir o
Outra dica que sempre dou aos meus alunos é:
inscreva-se em várias seleções, pois vários candidatos
são eliminados por razões de cunho emocional. Eles têm
domínio do conteúdo da prova, mas, na hora H, são vítimas
do branco. Não conseguem se concentrar. Às vezes nem
dormiram no dia anterior à prova por causa da ansiedade.
A consequência é previsível: a reprovação.
Fazer várias provas in loco, em condições reais,
enfrentar aquela emoção várias vezes, vai ajudar você a
se livrar do medo, da angústia que o momento da prova
representa. Esse processo fará com que você se adapte a
uma situação que deve ser entendida como normal no dia
da grande prova, aquela que será a porta de entrada para
o seu cargo público.
Mas não se esqueça de que o medo está relacionado
ao que você não domina. Tenha consciência do que você
é, das suas reais capacidades e dos seus verdadeiros
desejos, e persiga os seus sonhos. Não tema! Faça a sua
parte, prepare-se e, assim, a segurança será conquistada,
dia após dia. Quando o medo passar, você também vai
passar. Vai passar no concurso que tiver escolhido. Você
pode tudo naquilo que o fortalece! Lembre-se sempre
disso. A insegurança é o medo do desconhecido. Tome
conhecimento, tenha sabedoria. Assim, o medo se vai e as
conquistas começam a aparecer!
223
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
224
J . W. Gr a n j e ir o
Os Concurseiros e a “Síndrome do Urso
Polar”
Nas habituais visitas de alunos que recebo em minha
sala, ouço relatos dos mais variados tipos e me sinto
obrigado a ajudar e a confortar esses concurseiros com uma
palavra de motivação da experiência de um ex-concurseiro.
Há pouco tempo atendi uma estudante muito dedicada.
Atleta e professora, ela visava à aprovação em concurso
extremamente difícil – o do Senado Federal.
A aluna veio compartilhar a preocupação em, por
falta de tempo, ter de abdicar da estética e com isso,
comprometer seu relacionamento afetivo e a autoestima.
225
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Fiquei com esse relato em mente, perguntando-me
quantas concurseiras deviam estar em situação idêntica à
daquela jovem. Como é difícil, para a mulher, abdicar dos
cabelos com a raiz sempre retocada, das visitas semanais
à manicure, do bronzeado perfeito, de toda a estética que
a sociedade lhe impõe.
Outro dia, ouvi de uma aluna a expressão síndrome
do urso polar, que, segundo ela, acomete as concurseiras.
Por causa dessa síndrome, as mulheres perdem o tom
dourado da pele, engordam e ficam peludas, tão logo
começam a estudar para concurso. Certamente é difícil
ser concurseiro, não importa o sexo, mas acredito que
as cobranças envolvidas repercutem de forma diversa em
homens e em mulheres. Em geral, as moças parecem reagir
à pressão dos estudos com mais ansiedade, compensando
na comida, especialmente nos doces. Mas, a despeito do
resultado estético insatisfatório, não há anormalidade
nenhuma no fato de ter uns quilinhos a mais. Se o tempo
para os estudos é curto, a prioridade deve ser passar.
Apesar de a boa forma não ser o foco de quem se prepara
para concurso público, considero muito importante que
qualquer concurseiro reserve pelo menos trinta minutos do
cronograma de estudos para a prática de alguma
atividade física, de preferência caminhada ou corrida. A
motivação principal para isso não deve ser estética, mas
o condicionamento do corpo, a fim de que ele suporte
bem muitas horas de estudo. Exercícios físicos também
garantem melhor oxigenação do cérebro e a adequada
liberação dos hormônios responsáveis pela sensação de
bem-estar.
É importante compreender que o período de rigor nos
estudos é uma fase por que passam todos aqueles que
pretendam ter o governo como patrão. Como ocorre com
tudo que se deseja muito na vida, a aprovação também
requer renúncias. Não quero, com isso, dizer que se
deve abdicar da beleza e da sensação de estar bonito, de
226
J . W. Gr a n j e ir o
bem com o próprio corpo. Entretanto, considerando que
o objetivo é a aprovação no concurso, a beleza torna-se
secundária.
A nossa existência é feita de escolhas, de prioridades, de
metas. Conheço inúmeros ex-alunos – homens e mulheres
– que engordaram durante o período de estudos, mas
que hoje estão mais bonitos, felizes e realizados no cargo
público. Afinal, como não se tornar muito mais bonito,
quando se é concursado e bem remunerado, quando se
tem estabilidade no emprego e se desfruta de férias e de
recessos fartos? Gozando de tantos direitos e vantagens, é
mais fácil cuidar da beleza exterior.
Por isso, tente enxergar o momento como uma fase.
Modifique suas referências, pense na família, na segurança
que você conquistará. Inverta os valores, reavalie o que
realmente importa e valorize o que de fato tem valor. Foque
nos resultados. Crie uma rotina de estudos e respeite-a.
Quando você vir seu nome na lista dos nomeados,
certamente não vai se lembrar de quantos quilos pesa, das
pernas brancas, dos pelos, se está bonito ou feio. Só vai
festejar a imensa alegria de ser um servidor público – uma
“autoridade”.
227
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
228
J . W. Gr a n j e ir o
Maravilhosas Mulheres
Comemoramos, no dia 8 de março, o Dia Internacional
da Mulher. A data foi instituída em 1910 em homenagem
às 129 operárias de uma fábrica de tecidos de Nova Iorque,
que morreram queimadas durante brutal repressão
policial à greve em que elas exigiam condições dignas de
trabalho, com diminuição da jornada e salários iguais aos
dos homens – elas ganhavam um terço do que era pago a
eles pela execução de mesma tarefa. O trágico episódio que
deu origem ao Dia Internacional da Mulher aconteceu em
1857, mas só 53 anos depois foi criada pela comunidade
internacional, a data comemorativa –– oficializada em
1975 pela ONU.
229
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Fiz questão de lembrar as origens da data porque
passado mais de um século e meio a situação mudou muito,
e para melhor, em grande parte dos países. Especialmente
no Brasil, houve grandes avanços, embora muito ainda
possa ser melhorado. Apenas recentemente, depois de 120
anos de República, tivemos uma mulher na Presidência
do país, cargo que parecia reservado aos homens. A
presença de mulheres nos Ministérios, no Parlamento
(Senado, Câmara, Assembleias Legislativas e Câmaras de
Vereadores) e no Judiciário já se tornou comum. Aliás,
a Presidência da mais alta Corte de Justiça brasileira, o
Supremo Tribunal Federal, foi ocupada por uma mulher, a
Ministra Ellen Gracie Northfleet.
Devo confessar que considero a ascensão feminina
maravilhosa e procuro, dentro de minhas possibilidades,
estimular esta ascensão o máximo possível. No Gran
Cursos, por exemplo, 70% dos colaboradores são mulheres,
o que inclui a maioria absoluta dos cargos de coordenação
da empresa. Atribuo ao trabalho delas a crescente melhora
do padrão de serviços que oferecemos e penso que isso
se deve aos atributos notoriamente femininos, como a
capacidade de organização, a perseverança e o alto grau de
exigência, além de uma faculdade que ainda não consegui
desenvolver: a capacidade de fazer várias atividades ao
mesmo tempo e com perfeição.
São essas qualidades que levam a mulher a optar pelo
serviço público e a enfrentar a maratona dos concursos em
número cada vez maior. A quantidade de concurseiras já
superou a de candidatos homens na maioria das seleções
para o Executivo, o Legislativo e o Judiciário dos últimos
anos. Outro dado ilustrativo: hoje, 60% dos alunos do
Gran Cursos são do sexo feminino. Creio que isso se deva,
em grande parte, à percepção de que o concurso público é
o processo mais isonômico, pois não faz discriminação de
sexo, idade, aparência etc. As mulheres já notaram que, ao
ingressar em um cargo público, superam a discriminação
230
J . W. Gr a n j e ir o
de gênero que ainda existe na maioria dos empregos da
iniciativa privada e que se reflete, por exemplo, nos salários.
De acordo com as estatísticas de que dispomos, são
os cargos do Judiciário os que mais atraem o interesse
feminino, seguidos das vagas no Legislativo. A razão
está nas muitas vantagens que os órgãos desses Poderes
oferecem a quem busca um emprego tranquilo, seguro,
com grandes possibilidades de ascensão funcional e,
muitas vezes, perto de casa – o que facilita a manutenção
da vida familiar, principalmente o convívio com os filhos.
Acho que, por admirar e compreender bem os
sentimentos e os dons femininos, sempre tive bom
relacionamento com as mulheres, tanto no plano pessoal
como no profissional. Neste dia, com tanta justiça,
dedicado a elas, não poderia deixar de mencionar as duas
mulheres mais importantes de minha vida: minha mãe,
Maria Raimunda, que me deu a vida e o exemplo de seu
amor ao próximo, de sua paciência, de sua liderança, de
sua honestidade e de sua fé em DEUS; e minha esposa
Ivonete, meu amor, minha parceira, minha companheira
e corresponsável por tudo de bom que tem acontecido
comigo desde o dia em que nos conhecemos.
A essas maravilhosas mulheres que preenchem minha
existência e me tornam um homem mais feliz, e a todas
as outras mães, esposas, filhas e namoradas, envio meus
parabéns pelo seu Dia, data especial que elas tanto fazem
por merecer.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Filmes para Concurseiros
Alunos, leitores dos meus livros e artigos e internautas
em geral sempre me pedem uma lista de filmes que os
motive para a difícil missão que é a conquista de uma
carreira pública, tendo os benefícios e as vantagens do
Governo como patrão. Vi-me, então, obrigado a assistir
dezenas de filmes para fazer a seleção e confesso que foi
difícil escolher apenas as quatorze obras que listo a seguir,
com breve sinopse.
BEN-HUR
O filme se passa na época de Jesus Cristo. Conta a
vida de um príncipe judeu que, traído pelo amigo romano,
é escravizado. Depois de lutar muito pela liberdade, ele
retorna para se vingar do traidor.
Na Jerusalém do início do século I, vive Judah Ben-Hur,
rico mercador judeu. Sua vida sofre uma reviravolta com o
retorno de Messala, um amigo da juventude que agora é o
chefe das legiões romanas na cidade. Um desentendimento
por causa de divergências políticas leva Messala, mesmo
ciente da inocência de Ben-Hur, a condenar o ex-amigo a
viver como escravo em uma galera romana. Mas Ben-Hur
terá a oportunidade de se vingar.
DUELO DE TITÃS
Nos anos setenta, numa cidade da Virgínia, a justiça
determina que as escolas promovam a integração entre
brancos e negros. Em cumprimento à norma, a escola T.C.
Williams substitui o treinador de futebol americano Bill
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Yoast, branco, por Herman Boone, negro. Além de não ser
bem recebido, o novo treinador tem de lidar com jovens
que estão juntos pela primeira vez e, por preconceito racial,
não se dão nada bem. O racismo torna-se, então, o maior
desafio que Boone enfrenta para levar o time adiante.
A VIRADA
Jay Austin quer vender automóveis usados da pior
forma, e é exatamente assim que ele fecha negócios em
sua concessionária. Prometendo muito mais do que pode
cumprir, ele faz o necessário para vender um carro. O
caráter manipulador do empresário influi em tudo a sua
volta, inclusive em seus relacionamentos, de modo que
nem mesmo a esposa e o filho confiam nele.
Contudo, enquanto restaura um clássico conversível,
Jay percebe que Deus também está trabalhando na
sua restauração. Enfrentando a realidade de como
verdadeiramente conduz a si próprio, Austin começa a
virada em sua vida quando aprende a honrar a Deus em
seus negócios, em suas relações… em sua vida.
O FAZENDEIRO E DEUS
Um fazendeiro muda-se para a África do Sul com a
família e sofre uma série de perdas que julga ser incapaz
de superar. Com amizades insólitas e graças à providencia
divina, ele descobre o verdadeiro propósito de sua vida e
desenvolve uma crença inabalável no poder da fé.
Trata-se da história comovente de um homem que
cultiva as raízes da fé, as quais, assim como ocorre com
as batatas que ele planta na fazenda, só se tornam visíveis
quando chega a hora da colheita.
234
J . W. Gr a n j e ir o
TEMPO DE RECOMEÇAR
Fala de um arquiteto que, na juventude, sonhava
em construir a própria casa, um refúgio no penhasco à
beira-mar. Mas George deixou que o trabalho, o tempo e
as circunstâncias o distanciassem de seu sonho. Quando
se deu conta, tinha envelhecido, estava desempregado,
divorciado e afastado da família e dos amigos.
Agora, o arquiteto está determinado a construir a casa,
nem que seja a última coisa que faça! A princípio, ele inicia
o projeto sozinho, pois o filho adolescente não se interessa
por nada que diga respeito ao pai. A ex-esposa e os vizinhos
não acreditam que ele vá levar a ideia adiante. Contudo, aos
poucos a força e a determinação do arquiteto contagiam as
pessoas à sua volta. À medida que George vai realizando
seu sonho, as relações com as pessoas importantes de sua
vida também se solidificam. O que começa como o resgate
de um desejo pessoal torna-se algo maior e mais forte do
que a própria casa.
À PROCURA DA FELICIDADE
O filme relata a luta de um homem de família pela
sobrevivência. Apesar de todas as tentativas de manter
a família unida, Chris Gardner vê a mulher, mãe de seu
filho de cinco anos, deixá-los, por não suportar mais as
dificuldades financeiras. Chris, agora um pai solteiro,
continua a perseguir desesperadamente um emprego
com melhor remuneração, usando toda a habilidade de
vendedor que tem. Surge a oportunidade de ingressar
como estagiário numa grande e importante corretora de
ações. Apesar de não haver salário, ele, na esperança de
no final do programa conseguir um emprego e um futuro
promissor, aceita o trabalho.
235
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Sem apoio financeiro, Chris e o filho são despejados.
Logo são forçados a dormir em abrigos, estações de ônibus,
banheiros e onde quer que possam encontrar refúgio
durante a noite. Apesar dos problemas, Chris continua a
honrar o compromisso de pai amoroso e afetuoso, usando
a afeição e a confiança que o filho depositou nele para
superar um a um os obstáculos que se interpõem no
caminho em busca de condições melhores de vida.
JOGADA DE GÊNIO
O personagem principal é um professor universitário
que tem uma miraculosa ideia, capaz de chamar a atenção
da indústria automotiva.
Sempre cultivando a esperança de um dia alcançar
o “Sonho Americano”, Kearns, engenheiro, inventor nas
horas vagas e morador da Detroit dos anos sessenta, cria
uma engenhoca que seria utilizada em todos os carros do
mundo – sem exceção. Para a família, integrada pela esposa
e pelos seis filhos, era como se ele tivesse encontrado
ouro. Porém, a fascinante invenção acaba se tornando um
tormento para Kearns. Os gigantes da indústria automotiva
se aproveitam da ideia e, sem o menor pudor, ignoram o
verdadeiro autor do invento.
O SOM DO CORAÇÃO
August Rush é filho de um guitarrista irlandês e de
uma violoncelista americana. Os pais, ainda jovens, se
conheceram de forma mágica na Washington Square, em
Nova York. Diante das circunstâncias, August foi deixado
em um orfanato.
Protegido por uma pessoa misteriosa e se apresentando
nas ruas da cidade, agora August utiliza seu extremo
talento musical para tentar reencontrar os pais, de quem
foi separado logo depois de nascer.
236
J . W. Gr a n j e ir o
QUEM QUER SER MILIONÁRIO
Jamal Malik tem 18 anos, vem de uma família das
favelas de Mumbai, Índia, e está prestes a experimentar
um dos dias mais importantes de sua vida. Visto pela tevê
por toda a população, Jamal está a apenas uma pergunta
de conquistar um prêmio de 20 milhões de rúpias. No
entanto, no auge do programa, a polícia prende o jovem
Jamal por suspeita de trapaça. A questão que paira no ar
é: como um rapaz das ruas pode ter tantos conhecimentos?
Desesperado para provar sua inocência, Jamal conta a
história da sua vida na favela onde ele e o irmão cresceram,
as aventuras dos dois juntos, os enfrentamentos com
gangues e traficantes de drogas e o amor por uma garota.
O DIABO VESTE PRADA
Com estilo interiorano e inocente, Andy Sachs parece
ter caído de paraquedas na cosmopolita e intensa Nova
York. Recém-formada na faculdade de jornalismo, ela se
muda para a Big Apple ao lado do namorado, Nate, e sai em
busca de emprego. Consegue uma entrevista na badalada
revista de moda comandada pela impetuosa e obcecada
editora Miranda Priestly, considerada a Dama de Titânio
da moda mundial, ao lado de Ellen.
Mesmo sem nunca ter ouvido falar da revista ou da
famosa editora, Andy consegue a vaga, em razão de seu
“excelente currículo e de seu discurso sobre a ética de
trabalho”, nas palavras da própria Miranda Priestly. Seu
estilo, entretanto, é motivo de piada entre os novos colegas,
plenamente inseridos no mundo da moda. Determinada a
seguir em frente com o desafio, Andy muda o visual e se
torna uma workaholic nas mãos da abominável chefe. Ao
mesmo tempo, começa a perceber o quanto está deixando
de lado as coisas simples da vida e se tornando uma
“Clacker”, apelido que a própria Andy dá às colegas de
trabalho que cultuam a beleza e a forma física.
237
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
DESAFIANDO GIGANTES
Nunca desista, nunca volte atrás, nunca perca a fé. O
poder que vem da crença provê a habilidade de vencer.
Nos seus seis anos como técnico de futebol americano
de uma escola, Grant Taylor nunca conseguiu levar o time
Shiloh Eagles a uma temporada vitoriosa. Ao enfrentar
crises profissionais e pessoais aparentemente insuperáveis,
a ideia de desistir nunca lhe pareceu tão atraente. Mas,
quando um visitante inesperado o desafia a acreditar no
poder da fé, ele descobre a força da perseverança para
vencer.
INVICTUS
O filme acompanha a história de Nelson Mandela,
no período que vai de sua saída da prisão, em 1990,
passando por sua eleição para a presidência, em 1994,
e os anos subsequentes. Na tentativa de diminuir
a segregação racial na África do Sul, o rugby tornase instrumento para amenizar o fosso entre negros e
brancos, fomentado por quase quarenta anos. O jogador
François Pienaar é capitão do time e será o principal
parceiro de Mandela na empreitada.
HOMENS DE HONRA
Carl Brashear não permite nenhum obstáculo em seu
caminho para realizar seus sonhos. Filho de um meeiro
do Kentucky, ele sai de casa em busca de uma vida
melhor. “Nunca desista... seja o melhor”, disse-lhe seu pai
– e Carl transforma essas palavras em lema. Depois de
entrar para a Marinha, passa dois anos escrevendo uma
centena de cartas antes que o serviço aceite sua inscrição
para o programa na Escola de Mergulho. Sunday, um
reconhecido comandante de mergulhadores da Marinha
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J . W. Gr a n j e ir o
norte-americana desafia e insulta o novato para que ele
desista. Mas Carl tem outras ideias. Seu objetivo é claro;
sua determinação, rigorosa. Nenhum obstáculo impedirá
que se torne um mergulhador da Marinha.
Anos mais tarde, depois que Carl sofre um acidente
que o deixa aleijado, ele e Sunday, inesperadamente,
juntam suas forças. Homem de não deixar escapar uma
oportunidade para zombar do sistema, o rebelde oficial
ajuda Carl a enfrentar a burocracia da Marinha, a superar
a perda de uma perna e a se tornar parte da história militar
dos Estados Unidos. Quando se aposenta, Carl ganha os
títulos de Master Diver e Master Chief, a patente mais alta
para um homem nesta área da Marinha norte-americana
O LADO CEGO
Um adolescente é encontrado na rua e convidado a
passar a noite na casa da família de um colega da escola.
À medida que a família ajuda o jovem a desenvolver todo
o seu potencial – no esporte e na escola –, todos são
conduzidos a uma jornada de autodescoberta.
Caro leitor, os filmes aqui recomendados abordam,
em sua essência, o poder da disciplina, da perseverança,
da persistência, da preparação, da garra, de um pouco de
sorte e da fé na conquista de algo importante. No nosso
caso, esse algo é o cargo público. DIVIRTA-SE! E BOM
APRENDIZADO!
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J . W. Gr a n j e ir o
Feliz Aniversário, Amada Ceilândia!
Tenho fortes laços afetivos com Ceilândia. Por isso, não
posso deixar de manifestar minha satisfação pelas últimas
notícias sobre a cidade.
Andando pelas ruas de Ceilândia nos últimos dias,
verifiquei pessoalmente como a cidade está mais bonita,
sobretudo em seu centro nervoso, onde se concentra
grande parte do movimento comercial de dezenas de lojas,
que se sucedem em extensão de pouco mais de 1 km, na
Avenida Hélio Prates. Até há pouco tempo, grande parte do
espaço era ocupado pela conhecida “Feira do Rolo”, que se
espalhava pelo centro da Avenida.
Com a retirada das barracas que lá funcionavam,
recuperou-se uma visão da cidade que havia muito
tínhamos perdido. Esse resgate nos dá grande prazer. A
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nova paisagem é uma área revitalizada. Ali, as pessoas
podem caminhar livremente e os veículos dispõem de mais
espaço para circulação.
Visitar essa Ceilândia mais bonita e mais limpa
trouxe-me recordações da infância e da juventude que
passei na cidade com minha família. Éramos migrantes
pobres vindos do Rio Grande do Norte em busca de uma
vida melhor, tal como milhares de outras pessoas que,
naquela época, em 1970, chegavam ao Distrito Federal,
procedentes principalmente de Minas Gerais e de estados
do Nordeste.
Eu contava apenas sete anos de idade quando
chegamos ao Distrito Federal. Fomos morar inicialmente
na Vila Esperança, em um barraco tão pequeno que
quem estava dentro via quem estava fora, e vice-versa –
o cantinho da família Granjeiro, melhor lugar do mundo.
Um ano mais tarde, nos erradicaram para Ceilândia.
Assim como a cidade, nós estávamos começando a vida e
tínhamos sonhos de crescer, de prosperar e de encontrar
nosso rumo. Felizmente deu certo, tanto para nós, como
para a cidade. Morávamos na QNN 21. Ajudei a construir
a casa onde morávamos, trabalhando como ajudante de
pedreiro de meu querido pai, o seu Zuza.
Estudei nos Centros Educacionais 02 e 07 – escolas
aonde retornei alguns anos mais tarde como professor,
por opção e ideologia. Da mesma forma que todos os
meus coleguinhas de turma, fazia a pé, dia após dia, o
longo caminho que separava minha casa do colégio. Na
seca, tínhamos de enfrentar o poeirão ao longo de todo o
percurso. Na época da chuva, eram as torrentes de água
e lama que precisávamos vencer para chegar à escola e
voltar para casa.
Mas nenhuma dessas dificuldades jamais me
desanimou. Posso dizer que tive uma infância feliz, e
consegui superar todas as dificuldades para chegar à
universidade e me formar em Administração de Empresas.
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J . W. Gr a n j e ir o
Aprovado em oito concursos, trabalhei por 17 anos como
servidor público federal e do GDF. Abracei o magistério
e, por fim, tornei-me empresário do setor de educação,
voltado para a preparação de candidatos a concursos
públicos, assunto que conheço profundamente graças
à vivência na área e à minha própria experiência como
concurseiro.
Ao mesmo tempo, encaro esse trabalho como uma
missão pessoal, de proporcionar felicidade àqueles que
desejam melhorar de vida entrando para o serviço público
e conquistando uma carreira estável, com bom salário,
prosperidade e segurança. Posso dizer que ajudo milhares
de pessoas, entre as quais muitos ceilandenses, a realizar
seu sonho profissional: a aprovação em concurso público
do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário.
Por tudo isso, nossa empresa não poderia deixar de
estar presente em Ceilândia. Há algum tempo, abrimos
ali uma unidade do Gran Cursos. Fico feliz em dizer que
já podemos considerá-la plenamente vitoriosa em todos
os seus propósitos: preparar candidatos para concursos
públicos oferecendo um ensino diferenciado e de alta
qualidade, gerar empregos e oferecer à população uma
opção de estudo mais próxima de casa. Hoje, podemos
afirmar que o alto investimento que fizemos na cidade foi
completamente recompensado.
Estamos, pois, de braços dados com aquela comunidade
e apoiamos plenamente as iniciativas, os projetos e as
propostas que têm sido desenvolvidos por lá. Nós do Gran
Cursos estamos certos de que a população ceilandense,
ordeira e trabalhadora, é merecedora de tudo o que de
melhor puder fazer o governo para assegurar o progresso
dessa cidade, motivo de orgulho para o Distrito Federal.
Ceilândia está de parabéns, também por isso.
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J . W. Gr a n j e ir o
A Força do Trabalho Ético
O início de minha relação com o mundo dos concursos
públicos começou quando dei baixa do Exército Brasileiro,
em uma sexta-feira, e, na segunda-feira, com o caderno de
classificados debaixo do braço, já procurava emprego. O
primeiro concurso – ainda não público – consistia em fazer uma
prova de Língua Portuguesa, Matemática e Conhecimentos
Gerais, para trabalhar em uma instituição financeira, misto
de banco e seguradora. Disputávamos quatro vagas, e fui um
dos aprovados no exame e na entrevista que compunha o
certame. Nesta, a fim de manter a boa nota da prova objetiva,
demonstrei que precisava do cargo mais que os concorrentes.
Eu conhecia bem a técnica de entrevista...
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Enquanto trabalhava na financeira, fazia um curso
preparatório para o concurso – agora público – do Banco
do Brasil. O sonho de meus pais era ver-me trabalhando
no Banco oficial, sinônimo de status e de estabilidade.
Estudei muito! Mas, diante da obrigação de passar para
não desapontar meus pais, acabei reprovado. Fui vencido
pelos principais inimigos dos candidatos a uma vaga no
serviço público: fadiga, ansiedade e falta de estratégia para
enfrentar a prova e administrar o pouco tempo disponível
para responder as questões.
Contudo, a preparação ajudou-me a passar em alguns
dos concursos públicos que vieram logo em seguida, em
especial o do DASP (federal) e o do IDR (aqui do DF).
Passei em 13º e 9º lugar, respectivamente, para o cargo
de Agente Administrativo. Terminei o curso superior
e fiz outros concursos públicos, com aprovação em 1º
lugar no concurso da FPS (Sarah), onde permaneci até
a redistribuição para o MJ – de lá, parti para o primeiro
PDV do Governo Federal. Paralelamente a todas essas
atividades, escrevi duas dezenas de obras voltadas para
concursos – há obras que já estão na 30ª edição!
Sempre atuei no meio público, como servidor, professor
ou instrutor. Entretanto, para mim, o fato que mais se
destaca em minha vida profissional sem dúvida é ter sido
pioneiro em diversos produtos para o seguimento dos
concursos públicos. Ajudei a criar a maior e melhor escola
preparatória, a primeira editora especializada em apostilas
e livros voltados para concursos e uma rede de livrarias
multimarca com todo tipo de material direcionado aos
certames. Posso afirmar que são poucos os profissionais
que ingressam nesse mercado e nele permanecem depois
de duas décadas de trabalho. Felizmente, sou um deles.
Outro dado que consagra minha trajetória é ter
trabalhado em diferentes setores na preparação dos
concurseiros, atuando ora como professor, ora como
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J . W. Gr a n j e ir o
palestrante, ora como autor, ora como diretor de editora,
ora como dirigente de escola preparatória. Inegavelmente,
isso faz de mim um profundo conhecedor da área, um
especialista no assunto concurso público. Não é à toa que
fui um dos poucos professores de cursos preparatórios
do país a ser entrevistado pelo apresentador Jô Soares,
reconhecimento mais do que justo por minha história
de sucesso e de colaboração para com aqueles que se
preparam para se tornar servidores públicos. De forma
direta ou indireta, ajudei mais de 150 mil pessoas a
ingressar no serviço público.
No início de minha carreira, ainda como professor
concursado de Direito e Legislação da extinta FEDF,
consegui destacar-me dentre os colegas. Isso me rendeu
o convite – em 1989 – para ministrar as disciplinas
Direito Administrativo, Administração e Direito Comercial
no incipiente curso preparatório. A formação didáticopedagógica – Esquema I – habilitou-me a sempre conquistar
excelentes notas nas avaliações dos professores realizadas
pela Coordenação do curso. Quebrei todos os recordes de
aulas já ministradas por um professor – 105 horas-aula
por semana em duas oportunidades. Tanto empenho,
dedicação, energia e profissionalismo renderam-me outros
convites, até, finalmente, assumir a presidência do grupo
GRAN CURSOS, a primeira escola preparatória do país
– e que conta com escolas próprias, franquias, editora,
livrarias e gráfica.
E o GRAN CURSOS continua crescendo. Pretendo
implementar cursos telepresenciais, via satélite, e o ensino
a distância, via internet. Mas meu maior sonho, mesmo,
é inaugurar o shopping dos concursos. Será um espaço
onde o candidato encontrará tudo de que precisa para se
preparar bem para o ingresso no serviço público. Outro
grande sonho é fundar uma faculdade diferente, voltada
para esse mundo dos concursos públicos. Ainda chego lá.
247
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Deus foi generoso comigo e permitiu que eu atuasse
em seguimentos nos quais este país mais tem carências:
educação, qualificação profissional, livrarias e editora.
Que eu tenha êxito e possa realizar o sonho de milhares
de pessoas que confiam em meu trabalho e no dos
profissionais que me cercam como colaboradores.
248
J . W. Gr a n j e ir o
A Força do Destino
O nome dele era Davi. Pura coincidência: mesmo
nome do Pequeno que venceu o Gigante, conforme revela
a Bíblia. Vinha de família pobre, filho de sertanejos que
lidavam com a terra e criavam umas vaquinhas na zona
rural de uma pequena cidade do interior do Maranhão.
Tinha três irmãos.
Era a década de noventa, e, como em qualquer outro
lugar, as pessoas mais humildes batalhavam muito para
vencer na vida. Muitas morriam sem realizar o sonho da
casa própria ou sem lograr aprovação em algum concurso
público. Outras desistiam dos estudos e iam mexer –
como se diz lá na região – com comércio, abrindo lojas de
autopeças, confecções, farmácias, bares ou restaurantes.
O importante era ter o próprio negócio, casar, ter filhos e
viver aquela vidinha feliz para sempre.
Quem não conseguia passar no vestibular de uma
universidade pública – do Maranhão mesmo, ou do
Piauí, Tocantins ou Pará, estados mais próximos – nem
pensava em enfrentar uma faculdade particular porque a
mensalidade era (e continua sendo) alta. Com os baixos
salários da região, seria impossível sobreviver e ainda
pagar os estudos.
O jovem e pujante Davi era diferente. Ele era
determinado. Tinha um norte na vida. Queria ser juiz. Não
juiz de futebol, com todo o respeito a esses profissionais,
mas Juiz Federal, do Poder Judiciário. Assim, o rapaz
estabeleceu metas, organizou-se e foi à luta.
Durante o dia, trabalhava no escritório de uma grande
serraria e fábrica de carrocerias de caminhão da cidade.
Mas aproveitava regradamente os fins de semanas e os
249
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
momentos de lazer. O tempo que tinha usava para se
preparar para o vestibular da Universidade Federal do
Maranhão. Sabia que a vida de auxiliar de contabilidade
não o levaria muito longe. O máximo que conseguiria seria
o cargo de chefe do escritório da fábrica. Isso era pouco
para ele.
Dedicou-se de corpo e alma ao seu objetivo. Estudou,
fez o vestibular e foi aprovado com ótima classificação
na UFMA. O curso? Direito, claro. Era com isso que ele
sempre sonhara.
Mas Davi não parou por aí. Na verdade, estava só
na metade de sua longa jornada. De dia continuava
trabalhando no escritório da serraria e de noite se
preparava para ser advogado. Já quase no fim do curso, os
três irmãos, que mal haviam concluído o antigo segundo
grau, se uniram para ajudá-lo, ou melhor, para bancar
o esforçado estudante, a mulher e os dois filhos dele.
Tudo para permitir que o único universitário da família se
dedicasse somente aos estudos. Com a ajuda dos irmãos, o
jovem concluiu o curso de Direto e obteve, sem dificuldade,
a famosa e temerosa carteira da Ordem dos Advogados do
Brasil, Secção do Maranhão.
Davi exerceu a profissão por alguns meses, mas, como
ainda não era possível montar um belo escritório e ganhar
grandes causas, dedicava-se cada vez mais aos estudos.
Ele não queria ser advogado do dia a dia, do tipo que só
faz petições, embargos, recursos e defende alguém. Queria
ser Juiz.
Com o apoio da família e dedicação exclusiva
aos estudos e ao cursinho preparatório, o incansável
bacharel fez concurso para o Tribunal Regional Eleitoral
do Maranhão. Aprovado e bem classificado, em pouco
tempo estava com a vida estabilizada, morando bem,
e o melhor: retribuindo a ajuda dos irmãos, dentro das
possibilidades. Mas estes não estavam preocupados em
recuperar o dinheiro investido no estudioso membro da
250
J . W. Gr a n j e ir o
família. Estavam felizes, contentes por ter um irmão Juiz –
o Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Eleitoral da Primeira
Zona Eleitoral Davi Costa, que venceu na vida com muita
dedicação e PERSISTÊNCIA.
Inspire-se na história de Davi e atinja o apogeu de sua
própria história.
251
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
252
J . W. Gr a n j e ir o
Conselhos que os Concurseiros Nunca
Devem Esquecer
Outro dia, aqui da minha sala no Gran Cursos, passei
algum tempo observando o movimento dos alunos pelos
jardins da nossa unidade-sede, no Setor de Indústrias
Gráficas, durante o intervalo entre as aulas. Fui,
então, levado a refletir sobre a beleza do trabalho que
desenvolvemos e cujo resultado está consagrado em mais
de 165 mil aprovações ao longo de 23 anos de existência.
Quem estuda no Gran Cursos sabe que desfruta do que
há de melhor em matéria de instalações, material didático,
corpo docente e metodologia para preparação adequada
e consequente aprovação com classificação nos mais
diferentes concursos públicos.
Posso afirmar, com absoluta convicção, que nenhuma
outra escola sequer chega perto da posição que ocupamos
no mercado de preparação para concursos públicos.
Posso também assegurar que nosso êxito se deve a um
comprometimento duplo – da instituição e dos alunos –
com o objetivo final, a conquista do cargo público.
Ao observar os alunos espalhados pelas mesas do
pátio contíguo à praça de alimentação, à sombra de belas e
frondosas árvores que contribuem ainda mais para tornar
o ambiente aconchegante e convidativo ao estudo, dei-me
conta de que essas pessoas estão no caminho certo. Em
breve, elas atingirão o alvo para onde apontaram o arco de
suas vidas. Vejo nelas a autoconfiança característica dos
vencedores. Fica claro que não poderão ser derrotadas no
desafio que se impuseram.
Estudar é a regra número 1 de todo candidato a
concurso público. Não existe um mínimo ideal de horas
que devem ser destinadas a esse projeto, afinal, cada um
253
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
tem seu próprio ritmo e capacidade de aprender. Mas é
fundamental aproveitar momentos como o dos alunos
que eu observava naquele dia, entre o almoço ou o lanche
e o início das aulas, ou qualquer outra hora disponível,
para mergulhar nos livros e apostilas, rever cada aula,
cada anotação, cada dica de professor em sala de aula.
Rememorar e repassar tudo o que foi ensinado no dia
anterior é um dos segredos para fixar todo o conteúdo na
memória.
É fundamental também – e sempre noto isso na
grande maioria dos alunos Gran Cursos – atitude otimista
e proativa diante dos desafios do concurso escolhido. O
concurseiro nunca deve deixar que o baixo astral se instale.
Para combater qualquer crise de pessimismo, vale tudo:
das leituras de autoajuda ao estudo em grupo para receber
boas doses de injeção de ânimo de outros candidatos.
Você conhece a célebre frase proferida por Winston
Churchill no momento da II Guerra Mundial de maior
dificuldade para a Inglaterra, que então combatia quase
sozinha contra a Alemanha? A frase diz mais ou menos
o seguinte: “Lutaremos no céu, na terra, nos mares.
Defenderemos nossa ilha. Nunca nos renderemos”. Eu
comparo o concurso público à guerra, em que só os mais
capazes, os mais bem treinados e com maior disposição de
luta têm condições de vencer. Estes nunca se renderão a
eventual insucesso. Ao contrário, continuarão buscando a
vitória, dia após dia, assim como o líder britânico fez com
o seu povo.
Eu poderia mencionar vários exemplos de vida
inspiradores para aqueles que querem vencer não apenas
uma batalha, mas a verdadeira guerra pela conquista do
território inimigo, que em nosso contexto é o cargo público
disputado por milhares de candidatos. A minha própria
história de vida pode servir de exemplo. Fui menino
pobre. Estudei com muito sacrifício: precisava pegar livros
emprestados e estudava de noite, com os pés mergulhados
em uma bacia de água fria para não adormecer.
254
J . W. Gr a n j e ir o
Apesar de todo o meu esforço, fui reprovado no primeiro
concurso que prestei, para o Banco do Brasil. Nem por isso
desanimei. Pelo contrário, usei essa experiência para me
fortalecer. Aquele tinha de ser o primeiro e último fracasso.
Eu precisava superar as dificuldades dos concursos
seguintes. Foi assim que cheguei a ser aprovado em oito
deles. Fiz carreira, progredi e cheguei aonde estou hoje
graças, acima de tudo, à minha determinação, à minha
disciplina e ao meu otimismo permanentes. Se me inscrevia
num concurso, meu pensamento era um só: ”Uma dessas
vagas vai ser minha.” Deu certo.
Diante disso, encerro este artigo citando mais uma vez
Winston Churchill e seu sábio conselho de vida, que vale
para todos nós:
“Nunca desista. Nunca. Nunca. Nunca. Nunca.”
255
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Correr Aumenta a Inteligência
Todo mundo sabe que correr é uma das atividades
mais importantes da minha vida, uma de minhas maiores
paixões. Em uma boa corrida no Parque da Cidade ou pelas
ruas de Brasília – de preferência cumprindo percurso de
15 ou 18 km –, sou brindado com as melhores ideias para
desenvolver o meu trabalho. Não por coincidência, minha
empresa cresceu tão depressa quanto meu desempenho
nas pistas nos últimos anos. Agora acabo de confirmar
um dado do qual já suspeitava, mas que carecia de
comprovação científica: correr não só faz bem à saúde
como também aumenta a inteligência.
Isso tem tudo a ver com a minha atividade e com
os princípios que devem nortear quem se prepara para
concurso público. A comprovação da tese veio em artigo
assinado por Márcio Dederich e publicado na revista
Contra-Relógio, especializada no assunto. Pesquisas
citadas pelo articulista revelam que a corrida aumenta
o tamanho do cérebro e, consequentemente, contribui
para o desenvolvimento da inteligência. Eu já desconfiava
disso, pois já percebera em mim mesmo mais esse efeito
do esporte.
Segundo as pesquisas, o exercício pode ter pouco
impacto na cognição quando realizado de forma aguda, mas
sem continuidade, ao contrário do que ocorre com a prática
regular. Esta, sim, é capaz de produzir benefícios, ainda
que o treinamento tenha sido iniciado tardiamente. Meu
caso ilustra essa situação: comecei a correr regularmente
somente na idade madura, mas os meus treinos têm sido
cada vez mais intensos.
257
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Várias hipóteses, segundo o artigo, tentam explicar os
mecanismos pelos quais o exercício atua positivamente
sobre as funções cognitivas. Uma delas considera que
a atividade física aumenta o fluxo sanguíneo cerebral
e, consequentemente, de oxigênio e outros substratos
energéticos. Outra diz respeito aos efeitos do estresse
oxidativo sobre o sistema nervoso central, com aumento da
atividade de enzimas antioxidantes e, por consequência,
ampliação da defesa contra danos provocados por espécies
reativas de oxigênio.
Além das já citadas, outras hipóteses se referem às
alterações neuroendócrinas e humorais promovidas pelo
exercício, como o aumento de adrenalina, de noradrenalina,
de vasopressina e, principalmente, de beta-endorfina,
considerada modulador fisiológico da memória. Eu sinto
esses mecanismos atuando em meu organismo depois de
correr 10, 21 – a minha prova favorita e especialidade –,
42 km (distância da maratona olímpica). Meu desempenho
vem melhorando dia após dia. Além disso, à medida que
vou vencendo a distância, sinto-me melhor e – o ciclo
recomeça – meu desempenho melhora mais um pouco.
Não é à toa que, além de praticar a corrida como um
prazer pessoal, estimulo pessoas de todas as idades a
praticar esse esporte e mantenho uma equipe de corrida
que vem conquistando todos os títulos que disputa. E eu, na
minha faixa etária (45 a 49 anos), tenho progredido a cada
prova: nas três últimas que disputei, fui, sucessivamente,
o sétimo, o sexto e o quinto colocado – correndo a média de
13 km/h. Na classificação geral, já estou me aproximando
dos atletas de elite.
No início deste artigo, mencionei a relação que observo
entre corrida e concurso público. Mesmo que o candidato a
concurso não tenha disposição para se tornar um corredor,
existem muitas semelhanças entre a sua preparação e a
do atleta. A luta por uma vaga no serviço público exige
tanto sacrifício e dedicação quanto exige a decisão de
258
J . W. Gr a n j e ir o
investir toda a energia numa corrida de longa distância.
O corredor, seja ele um fundista (atleta especialista em
5 mil ou 10 mil metros) ou maratonista (prova que tem
42.195 metros), só pode obter sucesso com disciplina,
perseverança, orientação adequada, vontade de vencer e
método de trabalho, entre outros atributos.
O mesmo se aplica aos concurseiros que me leem. Na
corrida pelo almejado cargo público, é preciso manter o
foco no objetivo, sem deixar que as energias se dispersem,
como faz o corredor na busca pela linha de chegada. Agindo
assim, o concurseiro, tal como o atleta que se prepara
corretamente, se sagrará, sem dúvida alguma, vencedor.
Se resolver tornar-se também um corredor, aí, então, a
vaga já será sua, mesmo.
GRAN corrida e GRAN aprovações!
259
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
260
J . W. Gr a n j e ir o
Como a Música Pode Ajudar nos Estudos
Você já ouviu falar em Sugestopedia? Não? Então
empatou com muita gente boa, que talvez pratique a
técnica sem nem ter consciência disso.
Será o seu caso? Quer mesmo saber? Então responda:
como você gosta de estudar:
1. em silêncio profundo e sepulcral;
2. com a televisão ligada, mas sem prestar atenção à
programação;
3. com música de fundo, para relaxar;
4. nenhuma das três opções: só estuda com um
aparelho de mp3 nos ouvidos.
261
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Se você tiver marcado a opção 3 ou a 4, é um típico
praticante do método sugestopédico. A sugestopedia
considera que o estado obtido mediante o relaxamento
bioenergético associado a música adequada é ótimo para
a aprendizagem.
É o que afirmam cientistas que endossam as técnicas
desenvolvidas na década de sessenta por um certo Georgi
Lozanov. Segundo o psiquiatra e educador búlgaro, as
informações percebidas pelos sentidos, quando a mente
se encontra em estado de vigília relaxada (ondas cerebrais
alfa), são registradas na memória profunda de longo prazo.
Bonito, não? Mas como foi que o bravo Lozanov chegou
a tão brilhante conclusão? Elementar, como diria ao nosso
caro Watson o seu velho amigo Sherlock Holmes: botando
os alunos para ouvir música e avaliando os resultados da
experiência.
Assim, é? Basicamente, sim, com a diferença de que,
depois de muito pensar, o pesquisador teve a ideia de
separar as “cobaias”, digo, os colaboradores na pesquisa,
em dois grupos. O primeiro simplesmente recebeu o
material do teste e respondeu as questões. Obteve 25%
de aproveitamento. Já os felizardos do segundo grupo se
embriagaram com as obras de Bach, Vivaldi e Mozart,
o crème dela crème da música de câmara, enquanto
resolviam as mesmas questões. O resultado foi de 95% de
acerto nas respostas.
Lozanov concluiu que algumas músicas têm a
propriedade de facilitar a memorização de informações a
longo prazo. É como se o cérebro “abrisse seus filtros” com
mais facilidade para a música do que para qualquer outro
tipo de informação. Segundo o cientista, a música barroca
é a mais indicada para essa finalidade, por causa de suas
sessenta ou setenta batidas por minuto.
Lozanov usava a música em três momentos. Primeiro
promovia, com ela, o relaxamento do aluno, conduzindo-o
262
J . W. Gr a n j e ir o
a um estado de vigília relaxada (diferente do sono). Depois,
de forma dinâmica, tocava músicas bem expressivas
enquanto transmitia as informações. Finalmente, para
fixar a informação, recorria à música barroca.
Concluídos os experimentos, Lozanov chegou às
seguintes conclusões:
1. O aproveitamento escolar dos alunos submetidos
somente a sessões de relaxamento antes das aulas pode
melhorar em até 70%.
2. Uma mente tensa é sempre dispersiva. Livre
das tensões, os alunos conseguem desenvolver maior
concentração.
3. A primeira hora que se segue após uma sessão
de relaxamento é altamente favorável a toda e qualquer
atividade que dependa de imaginação e criatividade.
4. Nos exercícios de relaxamento, os canais que unem
consciente e inconsciente se tornam intransitáveis. Isso
possibilita envolvimento mais completo da mente no
processo intelectual.
5. Com o relaxamento, nota-se sensível melhora em
casos de gagueira e outros problemas fonoaudiológicos. A
prática sistemática de relaxamento pode corrigir problemas
que vão desde a timidez até crises de euforia.
6. Os alunos submetidos a sessão de relaxamento
antes da aula apresentam expressão facial suave, tornamse mais receptivos e se envolvem mais facilmente com o
assunto em pauta.
7. O excesso de tensão faz com que o cérebro opere
em alta frequência, com até trinta ciclos por segundo,
ritmo impróprio para qualquer atividade que envolva
introspecção e aprendizagem.
Fui buscar em Lozanov a inspiração para este
artigo porque vejo, no resultado das pesquisas por ele
desenvolvidas, aplicação prática à vida dos concurseiros,
que precisam ter atenção a cada detalhe de uma prova
263
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
e manter-se permanentemente focados no objetivo de ser
aprovado no concurso escolhido.
Vejo também grande afinidade entre a técnica sugerida
pelo cientista búlgaro e o que é necessário no treino de um
maratonista, atividade que, todos sabem, pratico como
esporte e como preparação para minhas atividades diárias
no Gran Cursos. Assim como convém ao concurseiro
relaxar para preparar melhor o cérebro para o estudo, o
maratonista não deve de forma alguma iniciar a corrida
sem uma boa sessão de alongamento e aquecimento. Esses
momentos são fundamentais para preparar o cérebro para
o comando que vai receber em seguida: Vamos correr.
É assim que saímos do estado beta, de repouso, para
o estado alfa, de ação. Isso vale tanto para o atleta de
maratona olímpica, como eu, quanto para o aluno que se
prepara para concurso público. É preciso saber dosar as
energias e relaxar quando preciso, seja com música, como
os alunos de Lozanov, seja por qualquer outro meio que
ajude a alcançar com sucesso o resultado esperado.
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Bibliografia Básica para o Sucesso
É comum nossos alunos pedirem sugestões de leituras
que aumentem as chances de aprovação nos mais diversos
concursos públicos. Resolvi, então, dedicar o espaço
deste artigo a atender esses pedidos. Indicarei livros que
considero fundamentais para qualquer concurseiro de
sucesso, obras que são verdadeiros e preciosos manuais
dirigidos a quem quer o Governo como patrão. Todos os
livros sugeridos são de fácil aquisição, pois estão disponíveis
no mercado a preços bastante acessíveis. Não deixe
para depois. Comece a ler agora mesmo os livros, todos
escritos por concurseiros, estrategistas, servidores, enfim,
vencedores que adotaram a organização, a disciplina, o
método, a persistência, o planejamento e a perseverança
para alcançar seus objetivos e metas.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
1. Tudo o que você precisa saber sobre concursos
jurídicos (Edílson Mugenot Bonfim/Saraiva)
A percepção brilhante do autor sobre o universo do
candidato e dos concursos, traduzida em uma prosa
espirituosa, faz do livro uma daquelas obras cuja leitura
não se consegue abandonar. Leve e ao mesmo tempo
profunda, e científica, didática e clara a um só tempo, a
palavra flui com a autoridade de um consagrado vencedor,
que auxilia os mais jovens na realização do “sonho do
concurso”.
2. Concursos públicos e exames oficiais (Rogério
Neiva Pinheiro/Atlas)
A implementação de esforço é e sempre será necessária
na busca pela aprovação. No entanto, esse empreendimento
pode ser realizado de maneira mais ou menos eficiente. A
principal contribuição do livro é a proposta de um caminho
que maximize o esforço, a sugestão de uma estratégia de
preparação pautada na lógica da busca de eficiência e
de racionalidade. Ou seja, uma preparação que trilha o
caminho da vitória, no caso, a aprovação.
3. O monge e o executivo/Uma história sobre a
essência da liderança (James C. Hunter/Sextante)
Com narrativa envolvente, O monge e o executivo conta
a história de John Daily, homem de negócios bem-sucedido
que percebe, de repente, que está fracassando como chefe,
marido e pai. Numa tentativa desesperada de retomar o
controle, ele decide participar de um retiro sobre liderança
num mosteiro beneditino. O local é comandado pelo frade
Leonard Hoffman, influente empresário americano que
abandonou tudo em busca de um novo sentido para a vida.
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4. Concurso público/Estratégias e atitudes (Valdir
Santos/Concurseiros Edições)
A experiência aqui condensada retrata a vida de
milhares de concurseiros que dirigiram dúvidas ao autor
e dividiram com ele as angústias por que passavam. As
perguntas e manifestações serviram para confirmar e
aperfeiçoar as impressões que o autor tinha quando ele
próprio levava a vida de concurseiro. A fim de compartilhar
o que aprendeu, Santos sugere algumas atitudes que
ajudam na conquista de uma vaga no serviço público. O
autor não imaginava que um dia pudesse ensinar algo
sobre como obter melhores resultados nos concursos.
Entretanto, o caminho que ele trilhou terminou por
lhe permitir isso, graças à ajuda de alunos que, desde
1998, tornavam as conversas após as aulas de Direito
Administrativo e Constitucional mais longas e proveitosas
do que as próprias aulas.
5. Nunca deixe de tentar (Michael Jordan/Sextante)
O técnico Bernardinho descobriu o livro de Michael
Jordan em 1994, ano em que estreou como treinador da
seleção brasileira feminina de voleibol. Impressionado
com os princípios apresentados pelo ícone do basquete
americano, decidiu traduzir o texto, para que as jogadoras
que treinava tivessem acesso às ideias do campeão. Quase
quinze anos mais tarde, convidado pela Editora Sextante
a organizar uma série que reunisse o pensamento de
grandes personalidades do esporte, Bernardinho apostou
no exemplo e nas lições de Jordan para abrir a coleção Na
vida como no esporte.
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6. Os sete hábitos do concurseiro (Elyesley Silva/
Exato)
Você é escravo dos seus hábitos. Essa é uma Lei
irrevogável da natureza. Quer você queira, quer não, seus
hábitos o governam. Se você está lendo esse livro, é porque
decidiu ser uma pessoa vencedora, sobretudo no que se
refere a concursos públicos. Assim, precisa adotar hábitos
que o conduzam à tão almejada aprovação. E é exatamente
isto que o autor propõe: indicar que hábitos são esses.
O que atrai no livro não é a novidade do tema, e sim o
despertar do leitor para princípios que sempre estiveram
diante de seus olhos, apenas aguardando que alguém o
fizesse enxergá-los.
7. A maratona da vida/Um manual de superação
pessoal (William Douglas/Ediouro)
Esse é um livro para quem quer deixar de “correr atrás”.
Quem corre atrás perde a corrida. O livro foi idealizado
para ajudar o leitor a vencer as batalhas que enfrenta e
tornar possível o impossível. Ali, temos o relato de um juiz
federal obeso, hipertenso e sedentário. De um lado, a vida
profissional resolvida; de outro, a saúde de mal a pior.
Quando resolve correr uma maratona, o autor, primeiro
colocado em vários concursos públicos, precisa passar por
um processo de mudança. Com base em sua experiência
pessoal, o autor ensina a lidar com sentimentos, dúvidas
e problemas que acometem qualquer pessoa que deseje
realizar algo. A obra é uma grande lição de como vencer os
inevitáveis obstáculos.
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8. Os 10 hábitos da memorização/Desenvolva uma
memória de elefante (Renato Alves/Gente)
Ao concluir a leitura deste livro, você riscará
definitivamente o verbo “esquecer” do seu vocabulário.
O hábito de reclamar da memória será substituído pela
pergunta: “O que posso fazer para lembrar?” E mais: as
providências para que isso aconteça serão embasadas em
técnicas simples, poderosas e de reconhecida eficácia.
Sofrer com problemas e falhas de memória será coisa
do passado, e o fim dos esquecimentos garantirá melhor
gerenciamento das informações que é preciso memorizar.
A consequência será o aumento da satisfação pessoal e da
produtividade profissional e acadêmica.
9. Transformando suor em ouro (Bernardinho/
Sextante)
Dono de uma carreira brilhante como jogador e
como técnico da seleção masculina brasileira de voleibol,
Bernardo Rocha de Rezende, 47 anos, carioca de
Copacabana, economista formado pela PUC, mantém,
paralelamente à conhecida carreira, intensa atividade
como palestrante e empresário (é sócio da das redes de
academias A! Bodytech e do restaurante Delírio Tropical).
Como fundador da ONG Instituto Compartilhar, ele apoia
inúmeros projetos na área de educação pelo esporte, às
vezes participando diretamente deles. Sua proposta é criar
oportunidades para jovens carentes e, por meio da prática
esportiva, contribuir para a formação de cada um deles.
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10. Como vencer a maratona dos concursos públicos
(Lia Salgado/Editora Ferreira)
Esta é uma história real sobre como superar momentos
muito difíceis. Lia de Alencar Barreira e Salgado é
divorciada, mãe de quatro filhos, formada em direito pela
Universidade Federal Fluminense. Foi Fiscal de Posturas
em Niterói (RJ) aos 18 anos. Mais tarde, trabalhou no Banco
do Brasil, de onde saiu, em 1996, no Plano de Demissão
Voluntária. Em seguida, abriu, com dois sócios, um ateliê
de pintura em tecidos, onde produzia trabalhos para moda
e televisão. Cansada da insegurança inerente à iniciativa
privada, retornou aos concursos públicos. Nomeada em
março de 2003 para Fiscal de Tributos de Niterói, pediu
exoneração para assumir, em julho do mesmo ano, o cargo
de Fiscal de Rendas do município do Rio de Janeiro.
11.
Leitura
Dinâmica/Como
multiplicar
a
velocidade, a compreensão e a retenção da leitura
(Ricardo Soares e William Douglas/Impetus)
O livro ensina a desenvolver tanto a velocidade de
leitura quanto a compreensão e a retenção das informações
contidas nos textos. Mas não se trata de fórmula mágica.
Há técnicas de construção, reconstrução e aperfeiçoamento
da leitura, exercícios práticos e várias propostas de leitura
eficiente. O livro dá dicas para retenção superior da leitura
e técnicas para síntese de textos.
12. Concursos públicos/20 passos para
aprovado/vários autores/FOLHA DIRIGIDA
ser
A ideia é inédita. A obra reúne dicas e técnicas
elaboradas por reconhecidos mestres e direcionadas a
quem está se preparando para concurso público. O objetivo
da obra é ampliar a visão dos candidatos e convidá-los
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a refletir sobre o que é certo e o que é errado quando
começam a se preparar para um processo seletivo. Tratase de verdadeiro passo a passo para garantir uma vaga no
serviço público. Nas páginas do livro estão descritas todas
as etapas pelas quais o concurseiro precisa passar, desde
a análise minuciosa do edital até a resolução das provas.
Boa leitura e muitas aprovações!
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Quem Tudo Quer Tudo Perde
Ter ambição é ser capaz de focar um objetivo, planejar
meios de concretizá-lo e persistir na empreitada até o fim.
A ambição é, portanto, uma das molas propulsoras para o
sucesso. Contudo, quando é desmedida, transforma-se em
algo negativo: ganância.
O curta-metragem The black hole (O buraco negro)
ilustra bem como a ganância afeta a vida das pessoas. As
conquistas sempre parecem pequenas para os gananciosos.
Tanto é assim que eles nem sequer chegam a desfrutar a
vitória. Logo já estão envolvidos com outra meta, já estão
preocupados em conseguir mais. E o pior é que esse “mais”
nunca é o bastante.
A ambição do concurseiro
Passar em concurso público requer planejamento.
Inscrever-se em toda seleção que surge ou levar em conta
apenas o número de vagas e o valor da remuneração do
cargo na hora de escolher a carreira pública não é uma boa
estratégia. Quem faz isso acaba por estudar disciplinas
muito diferentes, e sempre de forma superficial. Mas as
bancas têm cobrado conhecimentos muito específicos – e
profundos – dos candidatos, de modo que o concurseiro
sem foco tem poucas chances de sucesso.
Por isso, meu conselho é: seja objetivo e firme em
sua escolha. Aptidões, vocação, experiência e interesses
são aspectos prioritários que devem ser levados em
consideração quando você tiver de decidir por uma carreira
pública. As características individuais podem fazer grande
diferença, seja na preparação para o concurso, seja na
273
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
adaptação ao cargo, seja no resultado do estágio probatório
e, por consequência, na promoção e progressão na carreira
abraçada.
Trace metas razoáveis e que possam ser atingidas no
curto, no médio e no longo prazo. Classificar-se dentro do
número de vagas só depende de você e de sua capacidade
de se planejar. Tenha certeza: a oportunidade surgirá
para quem estiver preparado e realmente merecer o cargo.
Afinal, pessoas assim nunca desistem, pois sabem que,
para chegar ao topo de uma escada é preciso subir um
degrau de cada vez.
Diversos provérbios ecoam essas minhas palavras. Eis
alguns deles:
“São assim as veredas de todo aquele que usa de cobiça:
ela põe a perder a alma dos que a possuem.” (Provérbio
1:19)
“O preguiçoso cobiça, mas nada obtém. É o desejo dos
homens diligentes que é satisfeito.” (Provérbio 13:4)
“A herança que no princípio é adquirida às pressas, no
fim não será abençoada.” (Provérbio 20:21).
Insisto: a aprovação em concurso depende basicamente
de adequada preparação, que envolve planejamento,
organização e disciplina. Mas decorre sobretudo do esforço
e empenho pessoal.
274
J . W. Gr a n j e ir o
Aos Mestres, com Carinho
Não se é professor por acaso
Sou professor e quero dedicar este artigo aos meus
colegas que, nesta sexta-feira, 15 de outubro, comemoraram
o seu Dia. Essa é uma das datas mais justas do nosso
calendário, entre tantas que celebramos ao longo do ano.
Vale a pena lembrar como ela foi criada.
Em 15 de outubro de 1827 (dia consagrado à educadora
Santa Tereza D’Ávila), o Imperador D. Pedro I baixou
decreto que criou o Ensino Elementar no Brasil. Além de
determinar que todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem
suas escolas de primeiras letras, o decreto dispunha sobre
descentralização do ensino, matérias básicas que todos
os alunos deveriam aprender e contratação e salários dos
professores.
275
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Mas foi somente em 1947, 120 anos depois da edição
do decreto, que ocorreu a primeira comemoração de um dia
dedicado ao professor. Foi em São Paulo, em uma pequena
escola localizada no número 1.520 da Rua Augusta, o
Ginásio Caetano de Campos, conhecido como “Caetaninho”.
Quatro professores tiveram a ideia de organizar um dia
reservado para o descanso, o congraçamento e a análise
de rumos para o restante do ano.
A data escolhida foi 15 de outubro. A celebração
espalhou-se pela cidade e pelo país nos anos seguintes,
até ser oficializada nacionalmente como feriado escolar
pelo Decreto Federal n. 52.682, de 14 de outubro de 1963.
A data traz-me à memória um dos filmes mais
famosos de todos os tempos: “Ao mestre, com carinho”
(Londres, 1967). A história, que inspirou o título deste
artigo, retrata com fidelidade a luta de um professor – na
verdade, engenheiro desempregado – que se viu obrigado a
lecionar para jovens problemáticos. Com habilidade, força
de vontade, garra e determinação, o mestre conseguiu
conquistar a admiração de todos os alunos e despertar
em cada um deles o interesse pelo estudo. Ele foi tão
bem-sucedido como professor que, mais tarde, embora
recebesse o convite para retomar a carreira de engenheiro,
optou por continuar no magistério, que descobriu ser sua
verdadeira vocação.
Trata-se de um filme belíssimo, cujo protagonista,
Mark Thackeray (Sidney Poitier), despertou a admiração
de milhões de pessoas em todo o mundo e até hoje serve
de referência para a missão do educador. É claro que, na
vida real, aqui, no Brasil, temos muitos outros modelos em
que os professores de hoje podem inspirar-se, exemplos de
mestres como Anísio Teixeira, Paulo Freire, Darci Ribeiro,
Abgar Renault e Monteiro Lobato, que deram uma grande
contribuição para o progresso da educação brasileira.
No dia a dia do nosso Gran Cursos, eu poderia citar
centenas de pessoas que fazem da educação não um
276
J . W. Gr a n j e ir o
mero ganha-pão, mas, sim, sem exagero, um verdadeiro
sacerdócio. Essas pessoas são motivo de orgulho para
mim, que, há mais de 26 anos, abracei a mesma profissão
e comando esta maravilhosa equipe. O magistério é,
mesmo, mais do que vocação – é uma missão. E, para
cumpri-la, é preciso ter qualidades muito especiais, como
desprendimento, energia, humildade, tolerância e – o mais
importante – amor ao próximo.
A educação brasileira enfrenta, ainda hoje, problemas
equivalentes aos da época da instituição do Dia do Professor,
por D. Pedro I, há quase duzentos anos. A eles, somam-se
muitos outros, típicos dos tempos modernos. São muitos
os desafios que a era da tecnologia que vivemos hoje
apresenta para quem deseja transmitir conhecimentos em
sala de aula. O educador precisa dominar, por exemplo,
ciências que não existiam alguns anos atrás, como a
informática, fundamental como ferramenta do ensino no
século XXI.
Contudo, há algo que não mudou – e aí se insere o
papel do professor na sociedade atual. Trata-se de algo
que foi magistralmente definido pelo educador e escritor
Monteiro Lobato: “Assim como é de cedo que se torce o
pepino, também é trabalhando a criança que se consegue
boa safra de adultos.”
De todos os professores que devem ser lembrados no dia
15 de outubro, quero homenagear, em especial, os colegas
que se dedicam, como é o meu caso, a preparar candidatos
para concursos públicos. Se o professor em geral precisa
ser dotado de qualidades muitíssimo especiais, aquele que
ensina para concursos públicos precisa ainda mais. Esse
professor enfrenta desafios que outros que lecionam nos
cursos regulares e/ou tradicionais não encontram, como,
por exemplo, resumir todo o conteúdo programático de um
curso para um público heterogêneo em horas/aula, e não
em dias e meses, como ocorre nos cursos regulares.
277
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Um professor de escola preparatória, por isso mesmo,
precisa ter extraordinária sensibilidade e capacidade
de síntese. Ao mesmo tempo, ele deve perceber que seu
público é constituído não por jovens indecisos sobre o
futuro, mas por pessoas adultas, muitas delas já vitoriosas
em suas atividades, donas de empregos/cargos públicos,
mas em busca de novas oportunidades que lhes assegurem
melhores condições de vida. Portanto, a clientela é muito
seleta e exigente. Em outras palavras, esse professor
trabalha com sonhos e expectativas das mais importantes,
o que aumenta bastante a responsabilidade que ele tem.
Diante da necessidade de tamanho comprometimento,
esse professor precisa ser dotado também de energia fora
do comum, para se atualizar diariamente em relação
aos temas, aos editais e aos conteúdos; para conhecer
profundamente as bancas; para estar atento a tudo e
elaborar dicas e truques úteis para o sucesso nas provas.
É como disputar uma olimpíada do conhecimento, na qual
o professor exerce o papel de treinador de um maratonista
olímpico, que, por sua vez, corre 42.195 metros para cruzar
a linha de chegada, não importa a colocação na prova.
Além de tudo isso, os nossos mestres precisam ter o
domínio absoluto da matéria que lecionam, da didática e
da dinâmica de aula, bem como dos dons da oratória. Só
assim conseguem manter a atenção de, às vezes, mais de
cem alunos. Precisam, ainda, ter bom preparo físico, para
permanecer em sala de aula por até quatro horas seguidas;
para enfrentar os aulões especiais e as luaulas, que duram
uma madrugada inteira; para encarar as dificuldades do
pós-prova, elaborando gabaritos extraoficiais logo depois
do concurso e preparando recursos contra questões
duvidosas.
Mas não é só isso: o nosso professor deve entender que
assiduidade é ingrediente fundamental no trabalho que
desenvolvemos. Não se trata apenas de ganhar dinheiro
como em outra atividade qualquer; é preciso ter consciência
278
J . W. Gr a n j e ir o
do compromisso com o sucesso do aluno e com a missão
da empresa onde trabalha.
Os professores que preenchem todos esses requisitos
são os melhores de sua área. No Gran Cursos, muitos
desses mestres são ex-alunos que passaram antes pelos
bancos de nossas salas de aula e foram aprovados,
muitos deles nos primeiros lugares dos concursos que
escolheram. Outros são graduados funcionários de órgãos
e entidades públicas como Senado Federal, Câmara
dos Deputados, Supremo Tribunal Federal e diferentes
instituições do Executivo, Legislativo e Judiciário, onde
atuam como juízes, promotores, advogados, consultores,
auditores, analistas ou técnicos e desenvolvem atividades
como regimentalistas, constitucionalistas, fiscais ou
especialistas em legislação diversa.
Quero fazer um agradecimento a todos esses colegas de
induvidosa competência. Quero deixar, aqui, de público,
o reconhecimento de que, sem eles, teria sido impossível
alcançar o sucesso que o nosso curso alcançou. Sem eles,
certamente não teríamos o status de maior curso do país
em nossa especialidade, com mais de 200 mil alunos
aprovados em concursos públicos nos últimos 23 anos.
A todos vocês, Mestres do Gran Cursos, os meus
parabéns pelo nosso Dia; a minha gratidão por vocês
fazerem parte de nossa equipe. Desejo, de coração, que
no dia 15 de outubro de 2012 estejamos juntos para
comemorar mais um Dia do Professor.
Ao encerrar, permito-me citar uma frase da escritora
goiana Cora Coralina. O pensamento da poetisa exprime
grande sabedoria sobre a função de educar: “Todos estamos
matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo.”
279
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
280
J . W. Gr a n j e ir o
É Tempo de Agradecer
Mal tivemos tempo de piscar os olhos e o Natal chegou.
Essa época mágica e lúdica, que nos enche o coração de
alegria, fraternidade e solidariedade, que nos renova os
sonhos. Época em que a mente tem plena liberdade. Não
uma liberdade assistida, mas uma que permite sonhar com
o Papai Noel, com um mundo melhor, com as conquistas e
as realizações planejadas para o ano vindouro.
Até os menos religiosos embebedam a alma com o
clima natalino. As músicas, a esperança, a simbologia,
os adornos, a crença, tudo inebria a todos. É como se
lançássemos ao léu, em forma de brilho e energia, tudo
aquilo que desejamos para nós e para os outros. Não há
como deixar de se envolver. As casas e ruas ornamentadas
são inspiradoras. As lojas, embora visem apenas ao lado
comercial da data, logram atrair o olhar saudosista e
meditativo do consumidor ávido por agradar aos seus.
281
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
E é assim. A cada Natal, a cada fim de ano, novas
perspectivas, novas esperanças. Seria inevitável não olhar
para trás. Em um ano como este, cheio de acontecimentos
e de realizações, seria difícil não fazer uma retrospectiva.
E eu, em nada diferente da maioria da população, o fiz.
Virei-me para trás, com o pouco tempo que me resta até
a chegada do próximo ano, e reconheci as realizações e as
vitórias. Não minhas, mas nossas, as minhas e as suas,
leitor.
Tivemos um ano excepcional. Nossa! Quantos alunos
conquistaram um cargo novo e com certeza terão um farto
banquete na ceia natalina!
Mas, antes de tudo, antes de comemorar a posse,
antes de festejar este ano que finaliza com louvor, que tal
agradecer? Foram muitas as vitórias, as superações e as
aprovações. Certa vez, um mestre disse-me: “Sempre que
obtiver êxito, que conquistar uma vitória, comemore! Nem
que seja algo singelo, mas comemore.” Comemore com os
amigos, com a família, com os colaboradores.
O reconhecimento é a melhor forma de agradecer a
DEUS, aos amigos, à família, àqueles que acreditaram
em seu potencial e talento, que o apoiaram. Comemore
seu ano, seu sucesso, sua vida. Brinde ao encerramento
de mais uma etapa de sua vida. Permita que o fruto da
manjedoura nasça e cresça em seu coração. Deixe-se ter a
alma embriagada pelo espírito divino. Sorva o amor, a paz
e o sucesso que ele lhe oferece. E a alegria, que contamina
a todos e leva prosperidade aos que o cercam.
Seja como o pinheiro, símbolo viril, que mantém suas
folhas sempre verdes, independentemente do tempo frio ou
da neve. Mesmo ao enfrentar a seca ou o inverno, o arbusto
permanece verde, cheio de esperança. Assim, quando você
deparar com as dificuldades, com os obstáculos e com as
temidas reprovações em concursos públicos, encha-se de
ar puro, de boas energias e mantenha-se cheio de vida e de
disposição, sem perder o foco.
282
J . W. Gr a n j e ir o
As estrelas que apontam para o local de nascimento do
menino Jesus indicam um ano promissor. Olhemos para o
alto sempre! Não fiquemos cabisbaixos, e não nos deixemos
vencer pelas angústias diárias. Conservemos o clima de
companheirismo e de colaboração. E façamos de 2013 um
ano repleto de conquistas, realizações e aprovações com
classificação.
Em nome da família Gran Cursos, desejo aos leitores,
aos alunos, aos colaboradores e a todos aqueles que
acreditam no sonho da aprovação e na preparação com
qualidade um Feliz Natal! Que nossos caminhos sejam
norteados pelo brilho da estrela divina. E que o próximo
ano seja um ano tão promissor quanto foi este.
283
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
284
J . W. Gr a n j e ir o
Os Jovens Preferem o Governo como Patrão
Já comentei em muitos dos meus artigos a preferência
cada vez maior que os jovens têm demonstrado pelo
ingresso em uma carreira no serviço público. Como se
sabe, a carreira pública assegura direitos, vantagens e
benefícios exclusivos por toda a vida. Trata-se de opção
das mais vantajosas, tanto para o profissional, como
para a família dele. Discordo, portanto, de quem defende
o empreendedorismo como a melhor escolha possível e
de quem estimula a construção da carreira na iniciativa
privada.
As vantagens do serviço público atraem hoje, no
Brasil, universo estimado em doze milhões de pessoas,
que estudam regularmente para concursos. Outros
milhares de profissionais trabalham na área, seja
como professores, seja como funcionários de escolas
especializadas. A atividade tem grande importância para a
economia brasileira. Representa um mercado significativo
que movimenta, anualmente, bilhões de dólares, gera
milhares de empregos e contribui para os cofres públicos
com milhões de reais em pagamento de tributos.
São inúmeras as razões que explicam esse fenômeno.
Para começar, a busca pela estabilidade econômica é o
fator primordial para quem opta por se tornar empregado
do governo. Isso no empreendedorismo não existe, já que
o risco faz parte do negócio. E as dificuldades para abrir
uma empresa em nosso país complicam ainda mais as
coisas, como mostrarei a seguir.
É claro que a crise financeira mundial tem levado as
pessoas, em especial os jovens, a buscar a estabilidade
econômico-financeira por meio do ingresso no serviço
285
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
público. Pelo fato de o governo não exigir experiência e
não discriminar nem pela aparência nem pelo gênero, três
em cada cinco jovens almejam tê-lo como patrão. É bem
verdade, também, que 10% das pessoas que ingressam na
carreira pública buscam criar uma reserva financeira para
exercer o lado empreendedor, montando o próprio negócio:
escritório, consultório, empresa de consultoria etc.
Contudo, sem querer desanimar essas pessoas, sou
obrigado a alertá-las para as dificuldades que enfrentarão
para obter sucesso na iniciativa privada. Segundo estudo
desenvolvido pela U.S. Small Business Administration,
agência do governo americano especializada no assunto,
o Brasil está em 54º lugar no ranking de países mais
favoráveis para abrir um negócio, posição muito atrás do
Chile, o sul-americano mais bem colocado, que está em 26º
lugar. A Dinamarca ocupa a primeira posição, o Canadá a
segunda e os Estados Unidos a terceira.
O estudo revela ainda que o Brasil não está muito longe
do último colocado na pesquisa, Uganda, que ficou em 71º
lugar. E mais: no nosso país tropical, abençoado por Deus
e bonito por natureza, são necessários, em média, 120 dias
para abrir uma empresa. Nos Estados Unidos, bastam seis
dias; na Bélgica, quatro; em Cingapura, três; na Austrália,
dois; e na campeã, Nova Zelândia, apenas um dia para
um novo negócio começar a funcionar. Apenas a título
de curiosidade, pelo menos neste aspecto é bem melhor
abrir um negócio no Brasil do que no Suriname, onde um
empreendimento demora 694 dias para funcionar.
Mas abrir uma empresa não envolve apenas
burocracia. A legislação tributária brasileira impõe, ainda,
violenta carga de tributos sobre os empresários, que
também têm altos custos para manter a contabilidade em
dia, arcar com os encargos sociais e juros extorsivos dos
empréstimos bancários e sobre os tributos devidos. Tudo
isso desencoraja muitos talentos desejosos de ter o próprio
negócio.
286
J . W. Gr a n j e ir o
A carga tributária do Brasil é maior do que a de países
como Japão, Estados Unidos, Suíça e Canadá. Segundo
estudo da Receita Federal, com dados de países-membros
da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico – OCDE, enquanto o peso dos impostos no
bolso do cidadão chegou, em 2008, a 34,41% em terras
tupiniquins – nível recorde –, no Japão ficou em 17,6%. A
carga também foi menor, por exemplo, no México (20,4%),
na Turquia (23,5%), nos Estados Unidos (26,9%), na
Irlanda (28,3%), na Suíça (29,4%), no Canadá (32,2%) e
na Espanha (33%).
Acima do Brasil, ainda na comparação entre os países
da OCDE, ficam Reino Unido (35,7%), Alemanha (36,4%),
Portugal (36,5%), Luxemburgo (38,3%), Hungria (40,1%),
Noruega (42,1%), França (43,1%), Itália (43,2%), Bélgica
(44,3%), Suécia (47,1%) e Dinamarca (48,3%), que tem o
nível mais alto entre os países do grupo.
Diante de tudo isso, não há como negar que o serviço
público, pela via do concurso – seja no Executivo, seja no
Legislativo, seja no Judiciário –, é a melhor opção para o
jovem que está entrando agora no mercado de trabalho
ou que deseja transferir-se da iniciativa privada para
o serviço do Estado. Além da já referida estabilidade, o
servidor assegura por toda a vida um salário digno e pago
em dia, sem redução nem mesmo na aposentadoria. Terá
também uma carreira com possibilidades de ascensão
funcional regulamentadas por lei, assistência à saúde
permanente e extensível à família e outras vantagens que
virão com o tempo de serviço. Além do mais, o salário estará
sempre garantido, independentemente de eventuais crises
econômicas mundiais, como a que vivemos recentemente.
Aos jovens que fizerem a opção pelo serviço público,
desejo todo o sucesso. E feliz cargo novo!
287
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Pesquisa Atesta Importância dos Testes para
os Estudos
Acabo de ler, em uma das mais respeitadas publicações
científicas do mundo, a revista Science, artigo sobre uma
pesquisa que investigou a importância da realização de testes
para o aprendizado dos alunos. As conclusões do estudo
reforçaram minhas convicções a respeito da relevância
dos testes na preparação de candidatos para concursos
públicos, nossa área de atuação. Diante disso, faço questão
de dedicar o texto desta semana ao trabalho publicado
pela Science e de partilhar com vocês as conclusões a que
chegaram os seus autores.
No decorrer do estudo, verificou-se que as pessoas
que liam um texto e, em seguida, respondiam a um teste
sobre o que haviam acabado de ler, retinham, ao cabo de
uma semana, cerca de 50% mais informação do que quem
utilizava outros dois métodos de fixação do conteúdo. Os
cientistas constataram, então, o que eu já havia notado:
os testes não constituem apenas mecanismos passivos
que se prestam a avaliar o quanto as pessoas sabem. Eles
realmente ajudam a aprender. Aliás, funcionam melhor
do que muitas outras técnicas de estudo. Por essa razão,
aqui, no Gran Cursos, os testes são aplicados em todas as
etapas dos cursos, e com bastante frequência.
Particularmente, acredito que os testes têm, de fato,
papel relevante no aprendizado. Mas também tenho
convicção de que o melhor método é aquele que deixa o
estudante mais à vontade para aprender. Ainda que esse
método seja, na verdade, uma mistura de vários outros. Nos experimentos da pesquisa publicada na Science,
os alunos foram convidados a prever o quanto eles se
289
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
lembrariam do conteúdo uma semana depois de aplicar
um dos métodos para aprender a matéria. Aqueles que
responderam a testes depois de ler o texto supunham que
se lembrariam menos do que os estudantes que aplicaram
outros métodos. Todavia, o resultado foi exatamente o
inverso.
Para o autor do estudo, Jeffrey Karpicke, professor
assistente de psicologia na Universidade de Purdue – e
concordo inteiramente com ele –, a aprendizagem tem tudo
a ver com a recuperação (acesso) daquilo que aprendemos
e com a reconstrução do nosso conhecimento.
A pesquisa avaliou duzentos estudantes universitários,
divididos entre os dois experimentos que o trabalho
envolveu. Todos os alunos foram instruídos a ler alguns
parágrafos sobre um assunto de caráter científico – como
funciona o sistema digestivo, por exemplo, ou os diferentes
tipos de tecido muscular dos vertebrados.
No primeiro experimento, os estudantes foram
subdivididos em quatro grupos. Os integrantes de um
deles apenas leram o texto por cinco minutos. Os membros
de outro grupo estudaram o texto em quatro sessões
consecutivas de cinco minutos. Os integrantes do terceiro
grupo elaboraram “mapas conceituais”, nos quais, com o
texto à frente, organizaram a informação nele contida em
uma espécie de diagrama, anotando detalhes e ideias em
balões feitos a mão e ligados de forma organizada. O último
grupo fez um teste de “recuperação de conhecimento”. Sem
o texto à frente, os alunos escreveram o que lembravam,
em um ensaio livre, por dez minutos. Depois releram a
passagem e fizeram mais um teste de prática de recuperação
de informação. Uma semana mais tarde, todos os quatro
grupos fizeram um teste que exigia respostas curtas. O
objetivo era avaliar a habilidade de recordar fatos e de tirar
conclusões lógicas baseadas neles.
No segundo experimento, focado apenas em mapas
conceituais e testes de prática de recuperação de
290
J . W. Gr a n j e ir o
informação, os estudantes fizeram um exercício, cada um
aplicando um método diferente. A princípio, os alunos que
optaram pelos diagramas, quando voltaram a consultar
o texto, resgataram mais detalhes do que os estudantes
convidados a recordar na forma de ensaio o que haviam
acabado de ler. Contudo, uma semana mais tarde, os participantes
dos dois experimentos passaram por nova avaliação. E
foi então que veio a surpresa que ratificou o que minha
intuição já dizia. Nessa segunda avaliação, os alunos do
grupo que respondeu aos testes tiveram desempenho muito
melhor do que os integrantes do grupo de mapeadores.
O resultado deles foi ainda melhor quando a avaliação
consistiu não em um teste de respostas curtas, mas em
um que exigiu o desenho de um mapa conceitual, com
base apenas na memória.
Obviamente, o estudo não pode ser considerado
definitivo. Ele é apenas uma indicação sobre um método
de estudo cuja eficiência está há muito tempo comprovada.
Por que e como os testes de recuperação de informação
funcionam, ainda não se sabe com certeza. Talvez, no
processo de resgatar as informações que estão em processo
de organização na mente, criemos pistas e conexões que o
cérebro, depois, reconhece.
Muitos cientistas opinaram sobre o tema da pesquisa.
As opiniões variaram tanto que não me darei ao trabalho
de reproduzi-las no curto espaço deste artigo. Na verdade,
deixo a você, caro concurseiro, a palavra final: qual é o
melhor método de estudo para passar em concurso público?
Espero, de verdade, que você esteja certo e lhe desejo,
assim como a todos os seus colegas, célere aprovação e...
Feliz cargo novo!
291
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Oração de Amor às Mães
Dedico este artigo a todas as mães, em singela
homenagem pelo dia delas. Dedico-o em especial às
mães concurseiras, às mães de concurseiros, às mães
professoras, alunas ou funcionárias de escola preparatória
como a nossa. Mas dedico-o, sobretudo – é claro –, a
duas mães muito especiais para mim: Raimunda, que me
trouxe ao mundo, e Ivonete, minha esposa, companheira
de trabalho e mães de meus dois filhos, Gabriel e Matheus. Para as duas últimas, o meu beijo de filho, de marido
e de companheiro de trabalho. A todas as outras, meu
reconhecimento por tudo de bom que elas significam para
os filhos, o marido e a família, com quem hoje estarão
reunidas para festejar data tão linda. A sabedoria popular
diz que todo dia é dia das mães, e não apenas aquele
criado no calendário para homenageá-las. É verdade. Mas
também acho bom destinar um dia para expressarmos
esse amor que dedicamos a quem nos deu o maior bem de
todos: a vida.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Nesta data tão especial, saio do tema habitual dos
meus artigos para presentear as mães com o mais lindo
texto dedicado a elas que conheço, fruto de maravilhosa
inspiração de um religioso católico, o bispo de La Serena,
no Chile, Dom Ramon Angel Jara:
Retrato de mãe
Uma simples mulher existe que, pela imensidão de
seu amor, tem um pouco de Deus.Pela constância de sua
dedicação, tem muito de anjo. Que, sendo moça, pensa
como uma anciã e, sendo velha, age com as forças todas da
juventude.Quando ignorante, melhor que qualquer sábio
desvenda os segredos da vida.Quando sábia, assume a
simplicidade das crianças.Pobre, sabe enriquecer-se com
a felicidade dos que ama.Rica, sabe empobrecer-se para
que seu coração não sangre ferido pelos ingratos.Forte,
estremece ao choro de uma criancinha.Fraca, se revela
com a bravura dos leões.Viva, não lhe sabemos dar valor
porque à sua sombra todas as dores se apagam.Morta,
tudo o que somos e tudo o que temos daríamos para vêla de novo e dela receber um aperto de seus braços, uma
palavra de seus lábios.Não exijam de mim que diga o nome
dessa mulher, se não quiserem que ensope de lágrimas
este álbum.Porque eu a vi passar no meu caminho.Quando
crescerem seus filhos, leiam para eles esta página.Eles
lhes cobrirão de beijos a fronte. Digam-lhes que um pobre
viandante, em troca da suntuosa hospedagem recebida,
aqui deixou para todos o retrato de sua própria mãe.
294
J . W. Gr a n j e ir o
Aos Pais, Todo o Amor que Eles Merecem
O que o filho pensa do pai:
5 anos – “O meu pai é o melhor do mundo.”
10 anos – “O meu pai sabe tudo.”
15 anos – “O meu pai não é assim tão inteligente. Às
vezes se engana.”
20 anos – “O meu pai está desatualizado. Ô velho chato!”
30 anos – “O meu pai, em algumas coisas, até tem
razão.”
40 anos – “O meu pai saberia como resolver isso, com
seu bom senso e sua experiência!”
50 anos – “Que falta me faz o papai! Eu daria tudo para
que ele estivesse aqui agora. Teria aprendido muito com
ele.”
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O bem-humorado e, ao mesmo tempo, emotivo texto
sobre os pensamentos que um filho tem sobre o pai ao
longo da vida vem da sabedoria popular e sintetiza com
perfeição os sentimentos que costumamos nutrir sobre a
figura paterna. Achei oportuno resgatá-lo para este artigo
sobre o Dia dos Pais, que no Brasil comemoramos no
segundo domingo de agosto.
A data varia pelo mundo afora, mas aqui seguimos
tradição iniciada em 1953. Na verdade, a comemoração
teve origem em tempos bem mais remotos. De acordo com
pesquisas históricas, remonta a mais de 4 mil anos atrás,
quando, na antiga Babilônia (atual Iraque), um jovem de
nome Elmesu moldou em argila o primeiro cartão para
desejar sorte, saúde e longa vida ao pai.
Não sei se a história é lenda ou se ocorreu de fato, mas
tanto faz. O que importa é homenagear o homem a quem
devemos nossa passagem pelo mundo, com todo o carinho
que ele merece. Por isso, começo lembrando o meu pai,
que já nos deixou há muitos anos e cujo principal legado
foi o caráter e a dedicação à família. Ele construiu um lar
e deu aos filhos a possibilidade de vencer os desafios por
meio da educação e do trabalho honesto.
Seu Zuza, meu pai, foi um modesto comerciante do
interior do Rio Grande do Norte. Um dia, ele teve a visão
de um futuro melhor em Brasília. Decidiu, então, migrar
para a nova Capital, plano que concretizou no fim dos anos
sessenta. Aqui, trabalhou na construção civil. Pai de sete
filhos, somente em 1970 pôde trazer a família para junto
de si e dar sequência à saga de tantos humildes pioneiros
que vieram para cá e aqui ficaram para sempre.
Ao meu pai, dedico, nesta data, meus pensamentos
repletos de saudades. Agradeço imensamente por ter
sido seu filho. Quanto aos meus próprios filhos, desejo
que tomem o avô como exemplo para a jornada que têm
pela frente nos próximos anos. Que guardem o seguinte
pensamento de William Shakespeare como um proveitoso
ensinamento de vida:
296
J . W. Gr a n j e ir o
Sábio é o pai que conhece o seu próprio filho.
Mas este artigo não se destina apenas a falar de mim e
de minha experiência como pai e como filho. Ao pesquisar
dobre o Dia dos Pais, encontrei maravilhosas histórias de
pais e filhos concurseiros, que dão exemplos belíssimos
para todos os que pretendem passar em concurso público.
Em artigo publicado no Portal G1, sob o título “Pai e
filho que ‘brigam’ por vaga no mesmo concurso se dizem
aliados”, a repórter Marta Cavallini conta a história de
Wagner e Rodrigo Braga, em Brasília, e a de Valter Ferreira
Filho, no Rio de Janeiro.
O autônomo Wagner Barbosa Braga, de 46 anos, e seu
filho, o estudante de física Rodrigo de Jesus Braga, de 20,
são nossos alunos e disputam uma vaga de escriturário
no Banco de Brasília. Para eles, a “concorrência” dentro
de casa é uma aliada, e não um obstáculo na conquista
do emprego público. Segundo Rodrigo, eles não estão
brigando pelo mesmo espaço: “Eu concorro para uma vaga
e o meu pai, para outra.” Wagner, por sua vez, afirma:
“Vamos conquistar as duas vagas juntos. Não vejo meu
filho como concorrente, mas como aliado.”
Já no Rio, um pai e três filhos fizeram concurso da
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública
federal vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
Valter Ferreira Filho, de 47 anos, servidor público desde
1985, disputou o cargo de analista em contabilidade.
Os filhos, o de técnico, que oferece vinte vagas. Valter e
o filho mais velho, Bruno Carvalho Ferreira, de 21 anos,
trabalham no mesmo prédio na Cidade Maravilhosa. O
pai é analista da Receita Federal desde 1998, e o filho é
assistente-técnico do Ministério da Fazenda desde 2009,
além de estudante de matemática.
“Eu e minha esposa somos servidores e meus filhos
ainda não têm formação de nível superior. A gente incentivou
os três a fazerem concurso quando ainda estavam no nível
297
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
médio, para que já tivessem um salário e uma carreira
até decidirem o que fazer após a faculdade”, relata Valter.
Rodrigo, de 19 anos, estudante de contabilidade, e Aline,
de 18, aluna de letras, se preparam para a carreira pública
desde os 17 e já prestaram três concursos. Pela primeira
vez, eles concorrem para o mesmo cargo. “Se a gente
conseguir as três vagas, ainda sobram dezessete. Tem
que pensar na vaga e não em quem está concorrendo”, diz
Bruno.
Confesso que me emocionei ao tomar conhecimento
desses exemplos de união entre pais e filhos nos estudos,
em busca da sonhada carreira pública. São histórias como
essas que renovam meu entusiasmo pelo trabalho e minha
disposição de oferecer o melhor ensino àqueles que desejam
se preparar com alta qualidade para concursos públicos.
Agora mesmo, milhares de vagas estão sendo colocadas à
disposição dos candidatos, em concursos públicos já com
inscrições abertas ou por abrir nos próximos meses.
Encerro a nossa conversa enviando a todos os pais,
concurseiros ou não, um carinhoso abraço pelo seu
dia. Desejo que eles alcancem sua meta nos próximos
concursos, conquistando, o mais breve possível, o seu
Feliz cargo novo!
298
J . W. Gr a n j e ir o
28 de Outubro: Parabéns, Servidor Público!
Este artigo é dedicado aos servidores públicos de todo o
país, que em 28 de outubro comemoram o seu Dia. A data,
instituída em 1937, com a criação do Conselho Federal do
Serviço Público Civil, pelo então presidente Getúlio Vargas,
sempre foi mantida, no calendário nacional, como ponto
facultativo na administração pública federal.
A criação do Dia do Servidor Público foi uma das
iniciativas que marcaram o início de uma nova forma de
gestão do Estado na administração pública brasileira. Pelo
novo modelo, a valorização do trabalho e do profissional
que se dedica ao serviço do governo se tornou uma política
de Estado. No ano seguinte ao da instituição da data,
foi fundado o Departamento Administrativo do Serviço
299
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Público, que se tornou conhecido pela sigla DASP. Foi
ele que conduziu durante muitos anos esse processo de
modernização gerencial.
A maioria das normas que ainda hoje regem os
direitos e deveres dos funcionários que prestam serviços
públicos estão dispostas no Decreto-Lei n. 1.713, de 28 de
outubro de 1939 – motivo por que é esse o dia dedicado
a esse profissional. O documento instituiu o Estatuto dos
Funcionários Públicos Civis da União e, logo em suas
Disposições Preliminares, art. 1º, “regula as condições de
provimento dos cargos públicos, os direitos e vantagens,
os deveres e responsabilidades dos funcionários civis da
União, dos Territórios e, no que couber, dos da Prefeitura
do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios”.
No parágrafo único desse mesmo artigo, o decreto-lei
determina que as suas disposições se aplicam ao Ministério
Público, ao magistério e aos funcionários das secretarias
do Poder Legislativo e do Poder Judiciário no que não
colidirem com os dispositivos constitucionais. O art. 2º,
por sua vez, traz o conceito de funcionário público no
Brasil: “é a pessoa legalmente investida em cargo público.”
E o art. 3º define cargo público: “são os criados por lei,
em número certo, com denominação própria e pagos pelos
cofres da União.”
O decreto-lei serviu de base para a Lei n. 8.112, que,
em 11 de dezembro de 1990, introduziu na administração
pública brasileira o novo Estatuto dos Servidores Públicos
Civis da União, das autarquias e das fundações públicas
federais. A norma alterou várias disposições da antiga lei,
aperfeiçoando muitos dos seus dispositivos e introduzindo
outros, conforme os princípios estabelecidos na nova
Constituição da República, promulgada em 1988 pela
Assembleia Nacional Constituinte.
A principal medida do novo estatuto foi a transformação
da obrigatoriedade do concurso público para provimento
dos cargos públicos em norma de caráter constitucional,
300
J . W. Gr a n j e ir o
e sua consequente transposição para o Estatuto dos
Servidores Públicos. Isso resultou em inegáveis melhorias
na prestação de serviços públicos, na medida em que
daí decorreu crescente qualificação profissional dos
concursados. Afinal, eles têm de se submeter a dura
preparação se quiserem alcançar a almejada aprovação
em concursos de níveis superior e médio.
Hoje, os concursos públicos são a principal forma
de provimento de cargos de carreira na magistratura,
no ministério público, na Advocacia-Geral da União, nos
tribunais superiores, na fiscalização tributária e nas
auditorias fiscais da União, nas autarquias e nas fundações.
Quem deseja alcançar um desses cargos não pode deixar
de se submeter ao concurso de provas ou de provas e
títulos. Para isso, é imprescindível preparação prévia que
qualifique o futuro servidor público para a função.Em
geral, apenas as vantagens que a função pública oferece
ao servidor são lembradas. Contudo, as responsabilidades
também são enormes. O servidor público está sujeito a
regras rígidas em seu trabalho e pode até perder o cargo,
caso seja considerado responsável por infrações apuradas
em procedimento administrativo definido em lei. Quanto
à tão estimada estabilidade, ela só é alcançada depois
de três anos de efetivo exercício no cargo, e desde que o
profissional obtenha avaliação positiva da chefia.
Infelizmente, as condições de trabalho em muitas áreas
do serviço público brasileiro ainda são precárias, em todos
os níveis da administração. E a grande injustiça é que
a crônica falta de investimentos em áreas fundamentais
para o bem-estar da população, como saúde, educação e
transportes, gera reclamações contra os servidores, muitas
vezes apontados como responsáveis por esse e outros
problemas. Entretanto, na verdade, a responsabilidade
é dos escalões superiores, ou seja, dos governos federal,
estadual e municipal.
301
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Mesmo assim, o serviço público se mantém como uma
boa opção de trabalho e de vida para milhões de pessoas.
Só na esfera federal, são mais de 600 mil trabalhadores.
Se na conta entrarem estados e municípios, o número
alcança mais de dez milhões de servidores públicos em
todo o país. Trata-se de categoria que presta inestimáveis
serviços ao Brasil. Deve, pois, ser tratada com respeito e
dignidade pelo governo e pela população, com a garantia de
boas condições de trabalho e, sobretudo, de remuneração
digna.
Hoje, os concursos públicos, no Brasil, movimentam o
impressionante universo de 11 milhões de concurseiros e
bilhões de reais, entre investimentos dos candidatos e dos
empreendedores que atuam na área. Eu sou um destes e
muito me orgulho de ter trazido para as salas de aula a
experiência de concursando vitorioso, aprovado oito vezes
para diversos cargos, e de ex-servidor do Distrito Federal e
da União. Tenho a satisfação de contabilizar mais de 250
mil aprovações de alunos ao longo de 22 anos de atuação
como professor e dirigente de escola especializada na
preparação de candidatos.
Por tudo isso, sinto-me muito à vontade para dirigir
aos servidores públicos brasileiros, ao comemorarem seu
Dia neste 28 de outubro, minha mensagem de confiança
e os parabéns pela data. Embora hoje exerça atividades
apenas na iniciativa privada, foi no serviço público que
moldei minha formação de professor e administrador de
sucesso. Não à toa, hoje me sinto um servidor como tantos
que ajudei a ingressar num cargo público.
Um abraço a todos, e salve 28 de outubro!
FELIZ DIA DO SERVIDOR PÚBLICO!
302
J . W. Gr a n j e ir o
Saiba o que as Principais Bancas de
Concursos Públicos Pedem nas Provas
Se você conhece o inimigo e conhece a si
mesmo, não precisa temer o resultado de
cem batalhas. Se você se conhece, mas não
conhece o inimigo, para cada vitória ganha
sofrerá também uma derrota. Se você não
conhece nem o inimigo nem a si mesmo,
perderá todas as batalhas...
Sun Tzu
O inimigo do candidato é a banca examinadora. Para
vencê-la, será necessário conhecê-la profundamente,
traçando minucioso estudo de suas características,
303
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
pensamentos, peculiaridades, preferências. Pensando
nisso – e tendo como o objetivo de reconhecer o “inimigo”
para vencer a batalha para conquistar o tão desejado
cargo público –, elaborei este guia com as principais
características das bancas examinadoras.
A preparação de um candidato para concurso público
exige não apenas conhecimento das matérias de prova,
determinação férrea para estudar até o último momento e
foco absoluto na meta final da aprovação. É preciso que ele
conheça também a banca que vai aplicar a prova e como
ela costuma abordar cada uma das disciplinas que farão
parte do concurso, a fim de responder o que foi perguntado
pelo examinador e não desperdiçar preciosos pontos com
respostas divergentes do pensamento da banca.
Conhecer a banca é tão importante quanto conhecer
o edital, que estabelece os parâmetros do concurso e
delineia o campo de estudos onde será travada a batalha
pela aprovação. Por isso, o artigo desta semana trata
exatamente deste assunto: um estudo comparativo entre
as principais bancas de concursos públicos do país, que
mostra o comportamento de cada uma em quatro áreas
fundamentais de praticamente todas as seleções que vêm
por aí: Língua Portuguesa, Direito Administrativo, Direito
Constitucional e Informática.
A metodologia é a primeira grande diferença que se
verifica na correção das provas entre o Cespe – a principal
banca de concursos públicos do país – e as demais bancas
examinadoras. O Cespe utiliza, basicamente, o sistema
de Certo ou Errado, o que significa que o candidato tem
50% de chance de acertar cada resposta. A banca adota
o sistema de correção em que cada resposta errada anula
uma certa – o que leva o candidato a pensar duas vezes
antes de “chutar”. O teste também pode ser de múltipla
escolha, privilegiando o raciocínio interdisciplinar, o que
exige uma um amplo conhecimento das matérias do
concurso.
304
J . W. Gr a n j e ir o
Outra forte banca examinadora de concursos públicos
é a Esaf. Ela trabalha com nota mínima na prova e nota
mínima no grupo de provas. Suas provas são de múltipla
escolha, com cinco alternativas de resposta, o que dá ao
candidato 20% de chances em cada questão. E, nesse
sistema, em que a resposta errada não anula a certa, ele
pode até arriscar o “chute”, quando não souber a resposta,
pois se não acertar perderá apenas o ponto da resposta
errada.
Vamos, então, seguir com o estudo comparativo entre
as bancas pela matéria que está presente em todos os
concursos e, em geral, é a de maior peso na nota final:
Língua Portuguesa.
Na questão da abordagem do assunto, por exemplo, o
Cespe tem um pensamento mais “moderno” em termos de
visão linguística. A Esaf, por sua vez, é mais estruturalista;
e a FCC (Fundação Carlos Chagas) valoriza a gramática
normativa, a regra. Já a FGV privilegia estudos sintáticos
ligados ao texto; a Iades dá ênfase à gramática normativa
e à linguística textual. A Consulplan também prefere
a gramática normativa, além de selecionar textos mais
curtos.
305
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Veja abaixo o quadro comparativo entre bancas no
tratamento de Língua Portuguesa.
Agora, vamos ao Direito Administrativo. Qual é o
doutrinador mais citado pelas bancas na área que é minha
especialidade e que leciono para concursos públicos há
mais de 23 anos? Se você respondeu Maria Sylvia Zanella
DI PIETRO, acertou a questão. Confira outras informações
no quadro abaixo.
O Direito Constitucional é outra disciplina de grande
peso em inúmeros concursos públicos. A comparação
entre as principais bancas de provas para concursos
mostra que, nesta matéria, o autor mais citado é Alexandre
de Moraes. Saiba também, no quadro a seguir, como os
examinadores se comportam quanto aos conteúdos de
doutrina e jurisprudência.
Por fim, vamos analisar uma disciplina que pode ser
o diferencial para a aprovação num concurso público:
Informática – hoje um conhecimento essencial no cotidiano
306
J . W. Gr a n j e ir o
da grande maioria das pessoas, sendo cobrado cada
vez com maior rigor por todas as bancas examinadoras.
Portanto, preste bem atenção no que vou mostrar. Por
exemplo: o conteúdo mais cobrado pelo Cespe é o MsOffice
(Word, Excel). Já a Esaf tem predileção por Hardware,
Redes e Internet, Linux e Segurança da Informação.
Veja no quadro abaixo os principais conteúdos cobrados
nas provas de informática dos concursos públicos pelas
diversas bancas examinadoras.
Aí estão, caros concurseiros, estas preciosas dicas para
vocês que colocaram a aprovação em concurso público
como o seu principal objetivo de vida atualmente. Creio
que será de grande valia ler tudo com calma e procurar
assimilar esses quadros para fazer uso no momento certo
– a hora da prova, obviamente. Estou certo que, utilizando
com inteligência essas informações, você vai garantir sua
aprovação.
307
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
308
J . W. Gr a n j e ir o
As lições da Casa dos Mil Espelhos
Esta é uma fábula que a princípio parece simples e
ingênua. Porém, ressalta uma realidade que às vezes
custamos a compreender: vemos as coisas ao nosso redor
como um reflexo do nosso estado interior. Portanto, crer
que as coisas em nossa vida vão bem ou mal depende
sobretudo, de nós mesmos.
Tempos atrás, em um distante e pequeno vilarejo, havia
um lugar conhecido como A Casa dos Mil Espelhos. Um
pequeno e feliz cãozinho soube do lugar e decidiu visitálo. Lá chegando, saltitou feliz escada acima, até a entrada
da casa. Olhou da porta de entrada, com suas orelhinhas
bem levantadas e a cauda balançando tão rapidamente
quanto podia. Para sua grande surpresa, deparou-se com
outros mil pequenos e felizes cãezinhos, todos com a cauda
309
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
balançando tão rápido quanto a dele. O cachorrinho abriu
um enorme sorriso e foi correspondido com outros mil
sorrisos tão grandes quanto o dele. Quando saiu da casa,
pensou:
– Que lugar maravilhoso! Voltarei sempre, um montão
de vezes.
No mesmo vilarejo, outro pequeno cãozinho, que não
era tão feliz quanto o primeiro, também decidiu visitar a
casa. Escalou lentamente as escadas e olhou da porta.
Quando avistou os mil olhares hostis de cães que o fitavam,
rosnou e mostrou os dentes. Ficou horrorizado quando os
cães também rosnaram e mostraram os dentes para ele.
Quando saiu, pensou:
– Que lugar horrível, nunca mais volto aqui.
Na nossa vida, podemos agir como o primeiro cãozinho
ou como o segundo. Essa verdade se aplica como uma
luva ao mundo dos concursos, onde o pessimismo e o mau
humor são caminho certo para a reprovação. Por outro
lado, o otimismo e o bom humor são característicos dos
vitoriosos, daqueles que terminarão aprovados e aptos
a exercer seu feliz cargo novo e desfrutar de todas as
vantagens que a carreira pública pode oferecer, entre elas,
um belo salário.
É de forma positiva que vejo a vida. Tenho obtido
sucesso graças a esse traço da minha personalidade. Para
liderar uma grande equipe de professores e funcionários –
como é o meu caso –, é essencial trabalhar com entusiasmo
e, mais do que isso, com paixão. Ao acordar, todos os
dias, devemos pensar nas coisas boas que podem nos
acontecer durante o expediente. O trabalho deve ser um
local onde temos prazer de passar algumas horas, e não
um lugar onde impera a insatisfação e que só nos causa
aborrecimento.
Nos meus mais de 23 anos de atividade no magistério,
aprendi que um professor só consegue fazer bem o seu
mister em sala de aula se estiver feliz consigo mesmo e
310
J . W. Gr a n j e ir o
com a profissão que tomou para si. É claro que há dias
em que qualquer pessoa fica com o astral em baixa, mas
é preciso vencer esse estado para seguir em frente. Para
isso, nada melhor do que seguir o conselho de Norman
Vincent Peale, guru de motivação norte-americano:
“Mude seus pensamentos e estará mudando seu mundo.”
Ou o ensinamento de Albert Einstein: “No meio de
toda dificuldade reside uma oportunidade.” É simples
assim: onde o pessimista vê negatividade, o otimista vê
possibilidades.
É nessa linha de comportamento que espero ver meus
professores e alunos pautar sua convivência em nossa
escola. Em minha atuação como educador, constatei que
o rendimento das aulas dependia muito do meu estado
de espírito, e essa é uma lição que alguém que acumulou
vasta experiência pode passar aos colegas. Cada aula é um
momento novo na vida de um professor, e não a repetição
monótona de um monte de assuntos decorados. Sem
motivação, é impossível entrar em sintonia com os alunos.
Por consequência, o rendimento de um, de outro ou de
todos vai por água abaixo.
Os alunos também precisam estar motivados para
alcançar o melhor rendimento em sala de aula. Eles só
conseguem isso se encararem o curso que estão fazendo
não como uma pesada obrigação e um sacrifício, mas como
um importante investimento para o seu futuro pessoal e
profissional. A escola procura lhes dar o melhor que pode.
Eventuais falhas podem ser superadas com entendimento
mútuo e cooperação.
É assim que encaro os desafios do nosso trabalho e
conduzo este maravilhoso projeto que está sempre em
construção chamado Gran Cursos. Ao longo de mais de duas
décadas, centenas de milhares de pessoas que confiaram
em nós estão hoje ocupando cargos ou empregos públicos
e desfrutando de tudo de bom que a carreira pública
oferece. Dentro de algum tempo, atingiremos o fantástico
311
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
e extraordinário número de 1 milhão de ex-alunos no
serviço público brasileiro, numa demonstração de sucesso
sem precedentes em nossa área de atuação. Trata-se de
um dado digno de ingressar no Guinness World Records.
Essa conquista só é possível porque, para nós, o
melhor exemplo é o do primeiro cãozinho da Casa dos Mil
Espelhos, aquele que vê sua felicidade multiplicada mil
vezes e deseja voltar sempre àquele local maravilhoso.
Espero poder contar sempre com uma equipe dedicada,
leal, grata e motivada para atingir mais essa meta.
Seguimos em frente em nosso propósito de oferecer aos
que nos confiam seu futuro a melhor preparação possível,
colaborando para que todos eles realizem seu sonho de
ocupar um cargo público.
312
J . W. Gr a n j e ir o
Ai se eu me emprego (no BB)
Eu tinha pouco mais de 19 anos de idade e havia
acabado de servir o Exército quando fiz o primeiro
concurso de minha vida. Foi para o Banco do Brasil, e não
fui aprovado. Fico pensando: se tivesse passado, seria hoje
o professor Granjeiro ou um bancário de carreira? Talvez
fosse diretor ou vice-presidente; quem sabe até presidente,
por que não? Afinal, o atual presidente, Aldemir Bendine,
é funcionário de carreira do Banco.
É impossível, claro, saber se minha vida teria tomado
um rumo diferente, mas o fato é que esse tropeço foi de
grande valia para o meu futuro. Nunca mais fiz concurso
para o Banco, porém a lição desse inesperado “fracasso”
me valeu a aprovação em outros oito concursos públicos
e uma carreira como servidor que durou 17 anos, até eu
me tornar um empreendedor especializado no ensino para
concursos, minha paixão profissional e meu sustento nos
dias de hoje.
313
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Conto esse episódio pessoal relacionado ao BB ao me
sentar para escrever este artigo sobre o próximo concurso
para o Banco, que, sem dúvida, será um dos maiores da
sua história, tal o interesse que vem despertando entre os
concurseiros de todo o país. O movimento de inscrição nas
turmas que abrimos no Gran Cursos é prova disso, e a
tendência é o interesse aumentar ainda mais nos próximos
dias.
A história e as dimensões do Banco do Brasil são
fascinantes. Isso, por si só, já é um estímulo para quem
deseja seguir carreira na instituição. O Banco foi fundado
em 12 de outubro de 1808 pelo Rei D. João VI, com um
capital de 1,2 mil contos que só seria integralizado três anos
mais tarde, pois a procura pelas ações ficou inicialmente
abaixo do esperado pelo rei.
Passados mais de 200 anos, hoje o BB é o primeiro do
país em ativos financeiros (R$ 982 bilhões), em volume de
depósitos totais (R$ 472 bilhões), em carteira de crédito
(R$ 450 bilhões), em base de clientes pessoas físicas (53,7
milhões), em câmbio exportação (28,1% do mercado), em
administração de recursos de terceiros (R$ 593 bilhões, o
maior da América Latina) e em faturamento de cartão de
crédito (19,8% do mercado).
A natureza jurídica do Banco é de Sociedade de
Economia Mista, personalidade de direito privado, fruto de
descentralização administrativa, vinculada ao Ministério
da Fazenda, com capital dividido entre União (68,7%),
Previ (11,4%), capital estrangeiro (6,9%), BNDESpar
(5%), pessoas físicas (4%) e pessoas jurídicas (3,9%). O
agronegócio, o financiamento das exportações e as linhas
de crédito para capital de giro são pontos fortes de sua
atuação no mercado, além, é claro, da movimentação de
conta-correntes por seus milhões de clientes em todo o
Brasil.
314
J . W. Gr a n j e ir o
A missão do Banco do Brasil, nos dizeres de sua
filosofia corporativa, é: “Ser um banco competitivo e
rentável, promover o desenvolvimento sustentável do
Brasil e cumprir sua função pública com eficiência.”
Naturalmente, trabalhar numa instituição desse porte,
que conta com mais de 5 mil agências e mais de 15 mil
postos de atendimento espalhados pelo Brasil, proporciona
muitas vantagens. A começar pela possibilidade de fazer
carreira até os mais altos postos de direção – a exemplo
do atual presidente, que um dia também foi escriturário,
como serão os concursados que ingressarem na casa nos
próximos meses.
Os novos empregados do Banco vão iniciar a carreira
com salário de R$ 1.408, mais uma gratificação semestral,
paga mensalmente, de 25% (R$ 352), para a jornada de
30 horas semanais de trabalho, ou seja, seis horas por
dia, de segunda a sexta-feira. Esses valores, somados a
outros benefícios, como auxílio-alimentação (R$ 399,30)
e cesta-alimentação (R$ 311,08), elevam a remuneração
inicial dos novos bancários para R$ 2.470,08.
Conversei com um amigo que trabalha no BB há muitos
anos. Ele me explicou que a evolução na carreira obedece
a uma série de normas internas, padronizadas para todo
o Brasil. Essas normas regulam a ascensão profissional
dos funcionários durante toda a carreira na instituição.
Um programa intitulado TAO – Talentos e Oportunidades
– armazena os dados e as qualificações dos empregados
e é capaz de identificar e recrutar um deles em qualquer
parte do país para preencher, por exemplo, um cargo em
diretoria ou em agência de Brasília.
Esse amigo me relatou que existe um princípio não
escrito na instituição segundo o qual “quem faz a carreira
é o funcionário”. A ascensão, segundo o servidor, começa
geralmente seis meses depois do ingresso no Banco, com
a promoção ao cargo de Assistente de gerência em uma
das agências ou de Assessor em alguma diretoria. Tudo
315
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
vai depender da capacidade, do interesse e do talento do
funcionário: se suas qualidades forem para os negócios
bancários, ele alcançará a gerência de uma agência, depois
de se tornar Assistente de contas ou de relacionamento,
em dois ou três anos.
Mas há outro caminho profissional que também
premia aqueles que demonstram capacidade e interesse
pelo trabalho. Esse caminho é traçado nos órgãos de
direção e começa com a promoção a Assessor (Júnior,
Pleno e Sênior), depois a Gerente de Divisão, a Gerente
Executivo e, finalmente, a Diretor de área. Aliás, para
quem não sabe, no Banco do Brasil só funcionários de
carreira podem se tornar diretores. Apenas os cargos de
presidente e de vice-presidente (nove, no total) são de livre
nomeação pelo Presidente da República.
Segundo o meu amigo do BB, obviamente a ascensão
depende de avaliações funcionais periódicas (semestrais)
e de pontuações que levam em conta inclusive a
produtividade do empregado. Para estimular ainda mais
o bom desempenho de seus servidores, o Banco oferece
participação nos lucros para todos os funcionários de
carreira, semestralmente, de acordo com a função. Por
exemplo, um escriturário pode receber R$ 2 mil e um gerente
de agência até R$ 15 mil. Além disso, aqueles que estudam
podem ter até 80% do valor de cursos de graduação e de pósgraduação pagos pela instituição. E todos gozam de plano
de saúde considerado um dos melhores do país: Cassis.
Os funcionários do Banco do Brasil contam também
com um plano de previdência privada para complementar
a aposentadoria. A título de contribuição, são descontados
mensalmente 3% do salário. Há outras vantagens, como
férias de 35 dias a partir do vigésimo ano de trabalho (para
quem ingressou no banco antes de 1998); abono de faltas
de até 5 dias por ano por motivo de doença na família,
nascimento de filho ou falecimento de familiar; e licençaprêmio de 18 dias por ano trabalhado.
316
J . W. Gr a n j e ir o
A estabilidade no emprego é mais um fator de
interesse pelo concurso. Diz o meu amigo do BB que,
“hoje, o funcionário só vai pra rua se aprontar”. A
despeito disso, o servidor precisa lembrar que estará
sendo permanentemente observado. Naturalmente, será
recompensado se corresponder às expectativas do Banco,
que saiu de sua tradicional posição de conforto para
disputar o mercado e hoje tem de gerar lucro para seus
acionistas, entre os quais o governo federal, o maior deles.
O Banco do Brasil conta hoje com 115 mil funcionários.
Dezessete mil deles estão em condições de se aposentar a
qualquer momento, daí a grande necessidade de contratar
quem for aprovado no concurso deste ano, que vai formar
cadastro de reserva. O atual quadro de empregados é
consequência da grande expansão do Banco na última
década, quando o BB adquiriu uma série de instituições
financeiras no país e no exterior: Nossa Caixa, Banco do
Estado do Piauí, Banco Votorantin e Banco Patagonia, na
Argentina. O quadro chegou a ser reduzido de 120 mil
(em 1995) para 80 mil funcionários durante o governo
Fernando Henrique, quando foram disseminados os planos
de demissão voluntária. Mas voltou a crescer na era Lula.
Para quem vai fazer concurso do Banco do Brasil,
atenção para esta dica do meu amigo bancário: uma das
especialidades mais valorizadas atualmente no quadro do
BB é a de estatístico, com poucos profissionais disponíveis
no mercado de trabalho. Outra área em que a carreira
interna pode decolar com mais facilidade é a tecnológica,
uma grande vantagem para quem tem o domínio dos
segredos da informática.
317
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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Se você quer passar, saiba o que ler
Uma das perguntas que com mais frequência os alunos
me fazem diz respeito ao material de estudo que devem
adotar. Mais especificamente, os estudantes querem saber
que livros devem consultar e quais apostilas devem ler
para ampliar e sedimentar, nos estudos fora da sala de
aula, os conhecimentos transmitidos pelo professor.
Essa é realmente uma questão cuja resposta é
fundamental para o candidato obter o melhor rendimento
possível e realizar o sonho da aprovação no concurso que
escolheu. Minha experiência de 23 anos como professor
e diretor de escola especializada na preparação para
concursos públicos me levam a afirmar, com toda a
segurança, que as melhores fontes de leitura são aquelas
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
produzidas por profissionais que ao mesmo tempo sejam
especialistas do ramo, servidores de carreira nos mais
diversos setores da Administração Pública do país e
professores com ampla experiência no magistério.
Atrevo-me até a afirmar que, tal como os alunos, esses
professores também são concurseiros, pois se dedicam de
corpo e alma a oferecer o melhor do ensino preparatório.
Eles acumulam muitos anos de experiência em sala de
aula, além de extraírem embasamento teórico e prático do
trabalho diário na Administração.
O mais importante é que mestres como os que a nossa
escola reúne em seu quadro não se limitam às aulas
presenciais para transmitir conhecimentos aos alunos.
Profissionais de seu tempo, eles utilizam os recursos
da internet para enviar aos pupilos mais material de
estudo, como textos teóricos e exercícios que elaboram
de acordo com o concurso em tela e questões das bancas
examinadoras.
Para que todo esse esforço dê resultados ainda melhores,
nós do Gran Cursos desenvolvemos outras ferramentas
para ajudar o concurseiro a estudar. Por exemplo, criamos,
em nosso portal, o espaço do aluno. Ali está disponível,
de forma totalmente gratuita, material postado pelos
professores. Os arquivos podem ser livremente baixados
e copiados para utilização nos estudos. Além disso, os
alunos também podem receber o que quiserem por e-mail;
basta pedir. Com esse material em mãos, fica muito mais
fácil estudar.
Outra grande vantagem de estudar para concurso com
uma equipe como a nossa é o amplo conhecimento dos
professores sobre os macetes das bancas. Esses macetes
são popularmente conhecidos, no mundo dos concursos,
como “pegadinhas”. Nas salas de aula do Gran Cursos,
as possíveis pegadinhas de cada prova são resolvidas com
talento e bom humor, tudo para que, na hora da prova,
ninguém esqueça a resposta.
320
J . W. Gr a n j e ir o
É certo que cada aluno tem a sua maneira particular
de estudar. Há os que gostam mais de baixar matérias no
computador, há os que se sentem mais à vontade com as
apostilas, há os que preferem focar o estudo nas aulas e na
resolução de questões de prova, e há aqueles que gostam
dos bons e tradicionais livros que consolidam o programa
das provas com teoria, exemplos e dicas. Para todos temos
a melhor solução, em diversos formatos.
As apostilas, por exemplo, são distribuídas às turmas
depois de passar por rigorosa atualização, de acordo com
as exigências das bancas, e servem de indispensável
complemento às lições das aulas. Dia desses, chegaram-me
às mãos duas apostilas do curso de inglês ministrado pelo
professor Ulisses. Uma delas é exclusivamente de gramática
e a outra de textos, ambas elaboradas para o concurso do
Senado Federal e com conteúdo o mais completo possível.
Trata-se de trabalho de alto nível, conduzido por quem é
“doutor” e “pós-doutor” em língua inglesa e sabe transmitir
seus conhecimentos com elegância, levando detalhes
preciosos às turmas para as quais leciona.
Existem dois tipos de material de estudo para
concursos públicos: aqueles que não se tem vontade de
largar nunca e aqueles que não se tem vontade de pegar
nunca. Fuja de livros e apostilas complexos. O complicado
tem de ser explicado de maneira simples. O Direito, por
exemplo, deve ser aprendido de forma simples, senão não
é Direito. Concurseiro, o seu tempo é de ouro; sua escolha,
de diamante.
321
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
322
J . W. Gr a n j e ir o
Uma história que serve de lição
para toda a vida
Esta é uma história real. Acredito que ela transmite
importantes lições de vida, como a importância do trabalho,
da determinação pessoal, do pensamento positivo, da
crença em valores familiares, religiosos e morais, que
constituem a base para a formação da personalidade.
Sobretudo, ela mostra que o sucesso não se conquista
com a simples espera de intervenção divina ou com mera
ajuda da sorte. Muito pelo contrário, ele depende de muita
obstinação e resulta de muito sacrifício e até mesmo de
muito choro e muita dor.
323
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
O que vou contar neste artigo é a minha experiência
pessoal, que espero contribuir, de alguma forma, para o
sucesso de quem luta para conquistar seu lugar ao sol, tal
como aqueles que estão trilhando na árdua caminhada do
concurso público. Eu sou o protagonista dessa história,
que vou partilhar com alguém pela primeira vez, passados
mais de 30 anos.
Com 12 anos de idade, comecei a trabalhar com meu
pai, como servente de pedreiro, ajudando a levantar casas
em Ceilândia, na construção do Setor O. Portanto, os
fatos aqui narrados ocorreram há exatos 37 anos, quando
José Wilson Granjeiro era um adolescente pobre, filho de
migrantes do Rio Grande do Norte que deixaram a vida no
sertão nordestino para tentar a sorte na capital do país.
A família era grande: pai, mãe e sete irmãos. Qualquer
ajuda na renda familiar era muito importante para a
nossa sobrevivência. Por isso, lá fui eu ajudar o pedreiro
Zuza em sua lida diária com cimento e tijolo. Aos poucos,
ajudamos a erguer a cidade satélite onde fomos morar
depois de desalojados da favela da Vila Esperança/Núcleo
Bandeirante e despejados no mato que mais tarde viria a
constituir a promissora Ceilândia. Era um trabalho duro
para um garoto, mas eu não reclamava. Minha tarefa era
virar a massa de cimento que meu pai usaria para assentar
os tijolos, e eu me empenhava não apenas para ajudálo, mas para fazer o melhor possível. Sem falsa modéstia,
esse é um traço de minha personalidade que tenho desde
o berço.
O esforço era grande e exigia muito de mim, fisicamente.
Afinal, meu corpo de homem nem sequer estava formado!
Na verdade, meu físico foi moldado nessa rotina pesada,
que começava bem cedo, antes das sete horas, e durava a
manhã inteira. Por volta do meio-dia, eu trocava os trajes
simples de pedreiro pelo uniforme da escola e iniciava
outra jornada. Essa, sim, me levaria ao encontro dos
meus sonhos, que, eu tinha certeza, um dia se tornariam
realidade.
324
J . W. Gr a n j e ir o
O trabalho com meu pai era importante para mim.
Eu ganhava alguns trocados, que ajudavam nas despesas
da família e ainda compravam material escolar para mim
e meus irmãos. Depois da labuta, eu tinha de sair às
pressas, ainda todo sujo de massa, passar em casa, tomar
um banho e correr de novo para a aula, que começava às
duas da tarde, a três quilômetros de distância.
Era tudo muito corrido, e acho que é por isso que
hoje tenho esse dom de correr longas distâncias, como
a maratona, que tem 42.195 metros. A vida, como vocês
devem ter percebido, era difícil, mas eu jamais desanimei.
Ao contrário, quanto mais dificuldades eu enfrentava,
mais me empenhava para vencê-las. Com 14 anos de idade
consegui meu primeiro emprego com carteira assinada,
com a ajuda de um primo, como auxiliar de escritório de
uma empresa no setor de oficinas de Taguatinga. Passei
a estudar de noite, no Centro Educacional 2, que ficava
muito longe da minha casa. Saía tarde da escola e precisava
caminhar quilômetros para voltar para casa, entre dez e
meia e onze horas da noite.
Em pouco tempo, ainda menor de idade, eu já era
chefe do escritório. Mas seguia a mesma rotina de trabalho
e estudo, sempre correndo de um lugar para outro, numa
permanente luta contra o relógio. Só quem passa por
esse sacrifício pode avaliar o quanto é dura essa vida de
trabalho e estudo em plena adolescência.
A situação me obrigava a levar marmita para o trabalho,
pois não tinha tempo de voltar em casa para almoçar. Eu
saía cedo e precisava pegar ônibus para o escritório, já
naquela época sempre muito cheio, tal como acontece hoje
nos horários em que todos estão indo trabalhar ou estudar.
Meu trabalho era numa oficina de manutenção de
caminhões da Mercedes-Benz. Eu elaborava as folhas de
pagamento, controle de pessoal, pagamento de faturas,
registro de pessoas, emissão de nota fiscal, e por aí afora.
Na hora do almoço, meu apetite, logicamente, era de leão,
325
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
pois eu já era um homenzinho bem formado nessa época,
graças ao trabalho como auxiliar de pedreiro do meu pai.
A marmita, preparada por minha mãe, era um verdadeiro
presente para o meu estômago nessa hora.
Numa dessas manhãs de ônibus lotado, minha marmita
só tinha arroz e ovo. O motorista era o Zezão, conhecido
por todos que viajavam naquele horário. A viagem estava
normal, até o momento em que o Zezão, para não bater no
veículo que ia à frente, deu uma freada brusca e a marmita
caiu no chão e esparramou arroz e ovo por todo lado.
Foi um espanto geral dentro do ônibus. As moças e os
rapazes que iam para o colégio ficaram olhando para mim,
incrédulos. E eu fiquei vermelhinho, morto de vergonha,
sem saber o que fazer para amenizar aquele vexame.
Tive vontade de chorar, confesso, mas não chorei. Não
ali, no ônibus, diante daquelas pessoas que estavam com
pena de mim. Chorei depois, sozinho, pensando por que
aquilo tinha de acontecer comigo. Eu lutava tanto para
vencer na vida, trabalhando, estudando, ajudando minha
família a sobreviver, passando por tanta dificuldade que eu
não tinha nada para comer senão arroz e ovo naquele dia
fatídico. Mas, como quase tudo que nos acontece de ruim
pode ter um lado positivo, em seguida veio a lição. Aquelas
moças do ônibus ficaram minhas amigas e começaram
a trazer roupas e tênis pra mim, pois deduziram que
eu precisava de ajuda, conforme minha marmita havia
mostrado.
Depois desse episódio, fiz comigo mesmo um
compromisso: nunca, jamais deixaria meus filhos passarem
fome nem qualquer tipo de necessidade. Dediquei-me
a trabalhar e a estudar como um doido, mais ainda do
que já fazia, para que, no futuro, pudesse cumprir essa
promessa, nascida de um momento de profunda vergonha,
de desespero, mesmo.
326
J . W. Gr a n j e ir o
Num dado momento, comecei a achar que estava
pecando, pois meus pensamentos eram voltados apenas
para ganhar dinheiro, para “ter as coisas”, como se costuma
dizer, para conquistar todos os bens que pudesse. Resolvi,
então, me confessar com o padre Antônio, um holandês
que tinha voz de tenor italiano e era muito sábio – e que
mais tarde celebrou meu casamento, numa cerimônia
belíssima, toda cantada por ele.
O padre Antônio me tranquilizou. Disse que eu não
estava cometendo nenhum pecado, desde que conquistasse
tudo honestamente, com meu próprio esforço, sem
humilhar ninguém. “Conquiste o seu espaço, o que é
seu”, ele me dizia. Com carta branca para buscar os meus
sonhos, senti-me aliviado. Cumpri a penitência que ele
mandou e segui estudando e trabalhando.
O resto da história é consequência de tudo que vivi
nesses períodos de privação e de esforço para melhorar
as coisas. Mais tarde, fui servir o Exército. Me alistei no
famoso BGP, o Batalhão da Guarda Presidencial, onde
fiquei por dois anos. Persisti nos estudos, pois lá havia
um curso supletivo para os soldados, e eu não podia
desperdiçar a oportunidade. Quando saí de lá, não quis
voltar ao escritório da oficina na Ceilândia, embora a vaga
estivesse esperando por mim. Foi quando fiz concurso para
o Banco do Brasil e não passei. Naquele fatídico dia, tive
o famoso “branco” e fui reprovado. Hoje reconheço que me
sentia na obrigação de ser aprovado, porque esse concurso
envolvia os conhecimentos que eu mais dominava.
Mais uma vez, consegui dar a volta por cima. Logo fui
aprovado num concurso para uma instituição financeira
privada. Eram apenas cinco vagas, e eu conquistei uma
delas, embora fosse o único candidato com apenas o
ensino médio, graças àquele supletivo do BGP. Depois,
vieram novos concursos públicos. Passei em todos os oito
que fiz e comecei minha carreira de servidor, trabalhando
na Fundação de Serviço Social do GDF como agente
administrativo.
327
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Eu havia sido aprovado num concurso federal,
organizado pelo extinto DASP, mas optei pelo GDF, que
oferecia mais vantagens. Fui trabalhar num almoxarifado,
onde pude mostrar meu senso de organização – o lugar
estava uma bagunça. Em pouco tempo, eu já era o chefe,
comandando quase cem funcionários, muitos deles
motoristas já idosos, mas que respeitavam minha liderança
e capacidade de trabalho.
Ao longo do tempo, fui passando em outros concursos,
como o do Hospital Sarah Kubitschek, onde fui chefe de
Divisão, chefe de Departamento e diretor. Segui carreira
por 17 anos, sempre galgando postos de direção no serviço
público, até que entrei num PDV – Plano de Demissão
Voluntária – do governo federal e, depois, pedi exoneração
como professor do GDF. No período em que fiquei no serviço
público, tirei o máximo proveito do que aprendi. Sempre
achei que precisava experimentar de tudo um pouco na
vida profissional. Com isso em mente, trabalhei em setores
diversos, como de pessoal, de orçamento, de finanças, de
material, de licitações, de contratos e jurídico.
Eu não pedia para isso acontecer, mas o fato é que
iam me colocando nos cargos como se estivessem me
treinando para que eu pudesse exercer cargos de direção.
Hoje, percebo claramente como o fato de ter passado por
tantos setores me ajuda muito a dar minhas palestras e
aulas e a escrever meus livros. Domino tanto a teoria como
a prática para transmitir aos alunos meus trabalhos.
A história termina aqui. Com ela, quero demonstrar aos
concurseiros que me acompanham que não existe êxito,
não existe sucesso, não existe vitória sem muito sacrifício,
sem muito sofrimento e muito choro, como disse antes.
Às vezes é necessário até mesmo passar por humilhações,
como aconteceu comigo. Prova disso está no livro de Eike
Batista – “O X da questão” –, cuja leitura recomendo a
todos que me acompanham.
Hoje, o empresário é o homem mais rico do Brasil e daqui
328
J . W. Gr a n j e ir o
a pouco será o mais rico do mundo, mas diz que ninguém
sabe dos anos em que morou na Amazônia, sob todos os
riscos, para chegar aonde chegou. Ele não nasceu bilionário,
nem ficou bilionário de um dia pra o outro. Foram décadas
de muito trabalho e estudo, aplicando os ensinamentos
adquiridos e desenvolvendo sua capacidade de negócios,
sempre com visão estratégica, visão que ele chama de 360
graus, do todo, que observa todos os detalhes.
É isso que quero passar para as novas gerações de
candidatos a concurso público. Não pensem que vão ser
aprovados sem estudar, ou só assistindo a aulas, ou
apenas quando sai o edital. Não funciona assim. Trata-se
de um processo de amadurecimento, de ganho de força
e substância, comparável ao que ocorre com o bambu
chinês: lança-se a semente e nada acontece durante anos.
De repente, em questão de dias, surge um arbusto, que
cresce dezenas de metros e fica tão forte que verga, porém
não quebra com o vendaval. Por quê? Porque tem toda
uma base para sustentá-lo.
Essa mesma base vocês têm de construir, e de forma
consciente. Se não cresceram o suficiente, é porque ainda
não têm essa base. Insistam. Insistam, que em pouco
tempo se tornarão gigantes, e ninguém conseguirá mais
tirar isso de vocês.
329
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
330
J . W. Gr a n j e ir o
O poder do pensamento positivo
na vida de um concurseiro
O feriado da última quinta-feira deu-me a oportunidade
de ler e refletir sobre um tema que é sempre importante
para mim, tanto na vida pessoal quanto na atividade
profissional: os caminhos que trilhamos para alcançarmos
os nossos objetivos, ainda que sejam mais longos e
tortuosos, nos conduzem à inigualável sensação de vitória
quando o objetivo é conquistado.
É o que muitos dos nossos alunos devem aprender
para combater o desânimo que, às vezes, invade a mente,
especialmente depois de eventual insucesso num concurso
para o qual se prepararam com afinco e em que esperavam
ser aprovados, quase com certeza. Se isso está acontecendo
331
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
com você que lê agora este artigo, trate de dar a volta por
cima e voltar aos estudos com ainda mais disposição. É
a única maneira de superar maus momentos como esse
e alcançar aquele objetivo de que falei há pouco: a vitória
completa e definitiva com a aprovação em concurso púbico.
Sempre que trato desse tema, gosto de recordar minha
experiência pessoal. A reprovação no primeiro concurso
que prestei, para o Banco do Brasil, foi fundamental para
que, um pouco mais tarde, fosse aprovado em outros oito
concursos e construísse uma carreira de dezessete anos
no serviço público, antes de me tornar empreendedor do
ramo, como sou hoje. Por que digo que essa reprovação foi
fundamental para meu futuro? Porque eu soube extrair da
minha experiência aspectos positivos. Aprendi o que tinha
de aprender para não voltar a cometer os mesmos erros
nos concursos seguintes.
Aliás, esta é uma característica da minha
personalidade que acredito ser uma das razões do meu
sucesso profissional: em qualquer situação, mesmo a
mais negativa, enquanto até meus colaboradores mais
próximos parecem ver uma derrota, eu extraio uma lição
que acabará tornando aquele episódio positivo para nós.
Assim, tudo acaba dando certo. É uma maneira de encarar
a vida que trago, tenho certeza, no meu gene, uma herança
de meu pai, que saiu do interior do Nordeste para tentar
a sorte em Brasília nos anos sessenta e jamais desistiu
desse objetivo, mesmo quando tudo parecia dar errado.
Essa atitude positiva frente a tudo que acontece
na vida é fundamental para quem está estudando para
concurso público. Hoje em dia, damos a ela o nome de
motivação, palavra moderna para ajudar na solução de
situações do dia a dia que precisamos enfrentar a cada
momento. Grandes homens já falaram e escreveram sobre
isso, e acho que vale a pena expor alguns desses conceitos.
Benjamin Franklin, por exemplo, disse: “Viver é enfrentar
um problema atrás do outro. O modo como você o encara
é que faz a diferença.”
332
J . W. Gr a n j e ir o
Para quem não sabe, Franklin foi um dos homens mais
importantes de seu tempo. O norte-americano viveu de
1706 a 1790 e, além de diplomata, filósofo e escritor, foi
um dos líderes da independência do seu país e cientista
que inventou o para-raios. Portanto, sabia muito bem
o que estava dizendo. Também se atribui a ele – sem
comprovação – o dito popular: “Não deixe para amanhã
o que se pode fazer hoje”. Sejam ou não palavras de sua
autoria, esse provavelmente é o melhor conselho que se
pode dar a quem deseja alcançar o sucesso em qualquer
empreitada. De qualquer modo, Franklin afirmou, mesmo,
que “o caminho dos preguiçosos é cheio de obstáculos, ao
passo que o do diligente não tem quaisquer embaraços”.
Com frequência, e sem razão evidente, as pessoas
adiam decisões importantes, como a de começar um curso
de preparação para concurso público. Elas querem estudar,
querem se preparar, querem prestar o concurso, querem
ser aprovadas, mas, inexplicavelmente, ficam adiando a
decisão e acabam perdendo a oportunidade. Como se diz
no Rio Grande do Sul, deixam o cavalo passar encilhado,
aparentemente ignorando que ele nunca mais voltará para
ser montado.
Mas o motivo dessa falta de ação é simples: medo.
Medo do fracasso. Medo da dor. Medo da rejeição. Às vezes,
temos medo de atitudes simples, como pegar um avião,
ou de ações grandes, como tomar uma decisão. Afinal, e
se tomarmos a decisão errada? E se cometermos um erro
impossível de desfazer? Não importa do que temos medo,
uma coisa é sempre verdade: com o tempo, a dor de não
ter tomado uma atitude se torna pior do que o medo de
agir. Parece que estamos carregando um tumor gigante.
Em resumo, é melhor pagar para ver do que ficar à toa
na vida, esperando a banda passar sob a nossa janela.
Temos de cometer nossos próprios erros para aprender
nossas próprias lições, conscientes de que o saber é
melhor do que o ponderar, que o despertar é melhor do
333
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
que o sonhar. E que mesmo a maior falha, mesmo o pior
erro possível, é melhor do que nunca tentar nada.
Se você, caro leitor e concurseiro, levar em consideração
os conselhos destas poucas linhas, começará a trilhar o
caminho certo, o caminho da Vitória e da Aprovação no
seu próximo concurso público, que lhe dará o direito e a
felicidade de ocupar, o mais breve possível, o seu
FELIZ CARGO NOVO!
334
J . W. Gr a n j e ir o
Pense positivo e veja o resultado
“Não é porque as coisas são difíceis que não ousamos,
é porque não ousamos que elas são difíceis.”
Esse pensamento me veio à mente ao escrever este
artigo pelo fato de ele resumir com perfeição filosófica o
que é a atitude positiva, que todos nós precisamos ter,
sobretudo aqueles que ainda procuram o rumo certo na
vida.
Acredito sinceramente na verdade desse princípio,
lapidado na Roma antiga por um dos maiores pensadores
da humanidade, que, embora tenha vivido no alvorecer
da cristandade, não foi um pensador cristão. Sêneca
335
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
(Lucius Annaeus Sêneca), conhecido como O Moço, O
Filósofo ou O Jovem, viveu entre os anos 4 a.C. e 65 d.C.,
quando, obrigado a se suicidar pelo imperador Nero, de
quem fora conselheiro fiel até cair em desgraça, acusado
de conspiração para assassiná-lo, tornou-se vítima da
loucura que acabaria por levar Nero a incendiar a cidade.
Quando deparamos com alguma dificuldade que parece
intransponível, devemos tomar as palavras de Sêneca
como um sábio conselho para não desistirmos do nosso
objetivo. Digo isso principalmente para as pessoas com
quem convivo diariamente no trabalho e, em especial, para
aqueles que resolveram enfrentar o desafio de um concurso
público e se dedicam aos estudos sob a orientação dos
nossos professores. Não é a primeira vez que escrevo sobre
o tema, mas volto a ele por considerar muito importante
que os candidatos a concurso público desenvolvam atitude
positiva para que o resultado nas provas seja igualmente
positivo, com a aprovação no certame escolhido.
Pensar é um dom que o homem recebeu. É esse dom
que nos distingue dos outros animais. Já a capacidade de
pensar positivamente é uma qualidade que alguns de nós
trazem de berço. Mas ela pode ser desenvolvida por qualquer
um, desde que o queira. São os nossos pensamentos que
determinam a nossa maneira de viver. Todavia, de nada
adianta saber que a mente tem poder, se você não souber
fazer uso dela. Às vezes, para dar uma guinada na vida, é
preciso, primeiro, mudar a maneira de pensar, ou mesmo
repensar a vida por inteiro. Isso significa que a mente
precisa estar aberta para compreender o mundo à nossa
volta. Do contrário, não conseguiremos ser bem-sucedidos
em nossas iniciativas.
A energia acompanha o pensamento. Cada pensamento,
cada palavra, cada sentimento, cada cor, cada som, cada
tipo de música, cada maneira de falar, tudo em nós e ao
redor de nós tem certa vibração, segundo afirmam os
estudiosos do assunto. Acredito neles. Eles dizem que o
336
J . W. Gr a n j e ir o
homem médio atual cria apenas 3% de energia positiva,
contra 25% de energia negativa. Pior: dissipamos os outros
72% com pensamentos fugazes, insignificantes. É por
isso que há muitas eras a humanidade semeou o ódio, o
aborrecimento, a inveja e a desarmonia, no lugar do amor,
da fraternidade, da amizade e da harmonia.
Fazer prevalecer os sentimentos benignos é, no entanto,
fundamental para melhorar a vida de qualquer pessoa.
A título de exemplo: quando você procura emprego e se
deixa dominar por pensamentos negativos como o de que
não conseguirá a vaga, de fato, você não a consegue. Ao
contrário, se você vai pensando que conseguirá o emprego,
não se surpreende quando recebe a notícia de que o posto
é seu. Não é uma questão apenas de boa sorte. Trata-se de
pensamento positivo.
A mente tem o poder de fazer o pensamento se
concretizar. Os pensamentos positivos atraem aquilo
que você pensou e suplantam as vibrações negativas,
como intolerância, impaciência, raiva, ciúme, inveja,
egoísmo, entre outras, que levam ao fracasso. Segundo os
pesquisadores do tema, isso tem relação até com as cores
das roupas que vestimos: algumas delas têm vibração tão
negativa que é um péssimo negócio, por exemplo, procurar
emprego trajando preto ou vermelho vivo. Ao contrário,
quanto mais clara e pura a cor da vestimenta, melhor a
vibração.
Outro fator importante para ser bem-sucedido na vida
é saber usar o poder da palavra. É com a palavra que
criamos o clima para manter um bom ambiente entre nós
e as pessoas que nos cercam. Muitos de nós não sabem
utilizar essa faculdade e fazem das palavras combustível
para provocar incêndios em casa, no trabalho e entre
os amigos. Muitas tragédias já foram provocadas por
palavras ditas em momentos inapropriados, como vemos
diariamente nos meios de comunicação.
337
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Por isso, vale o conselho: vigie seus pensamentos
e escute suas palavras. A palavra positiva nutre e traz
reconhecimento. Um pensamento bom, em que se deseja
o bem aos outros, se transforma em força iluminada
que guia toda a vida. Já o contrário atrai a energia que
enche o ambiente de códigos negativos, capazes de causar
desgraças, tragédias e má sorte. Todo pensamento de
inveja ou ódio reflui a nós, como um bumerangue.
Outra recomendação importante: pense e diga somente
aquelas coisas que possa desejar que se tornem realidade.
Alguém já disse que, se todas as pessoas do mundo, durante
um dia, enviassem pensamentos de amor ao próximo,
provocariam grande mudança no mundo, e para melhor,
é claro. Devemos, portanto, controlar conscientemente,
nossos pensamentos e corrigi-los constantemente,
como primeiro passo para sair do circuito das atitudes
negativas. Quem começar, seriamente, a fazer experiências
nesse sentido, verá que não existe outro caminho para a
felicidade, a paz interior, a perfeição, do que aquele que
passa por si mesmo. Nada disso é encontrado em outras
pessoas ou em outras coisas, mas somente em si mesmo.
Quem faz do pensamento positivo o norte em sua
caminhada pela vida costuma ter outra característica que
considero fundamental: a crença em um poder maior e
supremo que determina a passagem de cada um de nós
pela Terra, mas ao mesmo tempo nos dá o poder do arbítrio
sobre nossos passos e ações. Há pouco, li sobre uma
experiência científica que concluiu que o cérebro de uma
pessoa que está em união com Deus irradia energia 55
vezes mais forte do que a mensagem de rádio, de caráter
universal.
Permito-me concluir este artigo, citando o biologista
francês Alexis Carrel, prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina
de 1912 por suas pesquisas que permitiram transfusões
de sangue antes da invenção dos anticoagulantes: “A
338
J . W. Gr a n j e ir o
oração é a mais poderosa forma de energia, uma força tão
verdadeira como a gravidade da Terra”. Eis aí uma verdade
que está de acordo com as palavras do evangelho cristão,
que nos levam ao mais positivo de todos os pensamentos
que a humanidade conhece: “Ama Teu Próximo como a Ti
Mesmo”.
Em outras palavras: ame a Deus no próximo e em si
mesmo. Todos aqueles que acreditarem nessas palavras e
seguirem esses princípios serão certamente vitoriosos em
sua jornada. Estarão, então, aptos a alcançar a felicidade
tão almejada por todos nós e que pode residir na aprovação
em um concurso público e a conquista do seu
FELIZ CARGO NOVO!
339
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
340
J . W. Gr a n j e ir o
Autoconhecimento: a chave para
ser bem-sucedido
“A persistência realiza o impossível.”
(Provérbio chinês)
A dor da preparação para concursos é passageira, mas
o cargo público é permanente. Para toda a vida profissional,
se o servidor quiser. Então, não custa repetir: vale a pena
fazer alguns sacrifícios para conquistar a estabilidade
financeira que o emprego no Estado proporciona a quem
consegue vencer a difícil maratona de um concurso.
Faço, porém, uma advertência: o candidato precisa
escolher muito bem a carreira, para desempenhar
atribuições que lhe tragam prazer e sejam úteis à sociedade
e ao país. Se não for assim, ele se tornará um servidor
público infeliz e não dará certo no trabalho. Talvez até nem
seja aprovado no estágio probatório, deixando de conquistar
a tão sonhada estabilidade que a Constituição garante aos
titulares de cargos públicos. Para você não ter de passar
por isso, preste atenção em algumas considerações que
faço a seguir. Elas são fundamentais para o sucesso do
atual concurseiro e futuro servidor público.
Existe um ensinamento que tem tudo a ver com o
sucesso e a felicidade: “Conhece-te a ti mesmo”. A máxima,
que você certamente já tinha visto antes, é uma das muitas
que herdamos dos gregos antigos. Embora ela tenha sido
perpetuada nos estudos filosóficos de Sócrates, sua origem
é atribuída a Tales de Mileto, outro expoente da antiga
civilização grega. Os pensadores gregos perceberam desde
logo que o homem precisa estar em harmonia consigo
mesmo para desenvolver o seu potencial e construir uma
vida melhor.
341
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Para quem procura seu caminho por meio de concurso
público, nada melhor do que decorar essa frase, escrevê-la
em um pedaço de papel e relê-la todas as noites, antes de
dormir, como um exercício de preparação para os desafios
do dia seguinte. Sem o domínio do próprio ego, concurseiro
nenhum consegue ser bem-sucedido em sua caminhada.
“Quem sou eu?” é a pergunta-chave dessa relação do ser
humano consigo mesmo. Ela o levará a vencer os desafios
que se apresentarem antes da aprovação num concurso
público. Em resumo, não é só o estudo das matérias
do concurso mas também o domínio do próprio eu que
garante a segurança e a tranquilidade interior necessárias
para superar qualquer dificuldade.
Quem decide prestar concurso público é tentado a
desistir inúmeras vezes, sobretudo depois de alguma –
ou algumas – tentativa frustrada. Afinal, todo o esforço
despendido ao longo de meses, às vezes anos, parece ter sido
jogado fora quando a aprovação não vem. Nessas horas, é
preciso reagir, e as forças para isso têm de ser encontradas
dentro de si mesmo. É aí que entra o autoconhecimento,
para dominar a frustração e o desânimo que se apossam da
mente e do corpo, alimentados pela sensação de fracasso.
Vencer essa etapa é um momento crítico mas possível,
desde que o concurseiro disponha das ferramentas certas,
como apoio familiar, leitura de obras especializadas em
autoajuda e revisão de tudo o que foi feito, para excluir o
que deu errado e aproveitar o que estava certo.
Não se trata de meros conselhos para levantar o
moral dos concurseiros. Falo – e escrevo – de experiência
própria e da vivência do dia a dia, ao longo de mais de 25
anos, no mundo dos concursos. Perdi a conta de quantas
vezes conheci pessoas que estavam em uma dessas
fases negativas, mas acabaram superando o trauma da
reprovação e alcançaram em seguida a tão sonhada vaga
em um cargo público. Essas pessoas vitoriosas são aquelas
que sabem transformar a perda em superação, a queda
342
J . W. Gr a n j e ir o
em volta por cima, o fracasso em sucesso e a derrota em
vitória definitiva. O segredo para isso é conseguir reverter
as fraquezas em virtudes, para se tornar uma pessoa
melhor, mais capaz, mais corajosa e pronta para vencer
desafios.
Espero que esses conceitos e sugestões possam ajudar
a todos vocês que estão na estrada do concursos público.
Um último conselho: nunca desistam. Persistam sempre,
ainda que o sucesso não venha de imediato. Porque é na
persistência que se separam vencedores e vencidos. E os
vencedores são aqueles que logo deixarão a vida dura de
concurseiro para desfrutar a vida boa de concursado, no
seu
FELIZ CARGO NOVO!
343
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
344
J . W. Gr a n j e ir o
Vida dura de concurseiro.
Vida boa de concursado!!!
“A persistência realiza o impossível”
A frase acima não é minha. Não se sabe o autor, só
que se trata de um provérbio chinês, conhecido há muitos
anos, talvez alguns séculos, e que vem a calhar para o tema
do meu artigo desta semana, que vai tratar exatamente
da importância da persistência para o concurseiro que
busca a aprovação em concurso para ingressar no serviço
público.
Se este é o seu caso, amigo(a) leitor(a), então me
acompanhe nas próximas ideias sobre o tema, pois
acredito que tenho uma boa contribuição para ajudálo(a) a alcançar seu objetivo. E começo com uma pergunta
fundamental: você já foi reprovado(a) alguma vez num
concurso público? Se a resposta é positiva, então aí vai
a primeira lição: as eventuais reprovações que um(a)
concurseiro(a) “conquista” ao longo da preparação não
podem ser motivo para desistir de fazer aquilo que o
deixa feliz. Ao contrário: estes insucessos devem servir de
motivação para que você se prepare melhor para correr
345
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
atrás do seu ideal. Ter persistência e não desanimar diante
dos fracassos é fundamental para vencer. E não sou só eu
que estou dizendo. Posso listar aqui dezenas de pensadores
que refletiram a respeito e produziram verdadeiras pérolas
do pensamento humano em poucas palavras. Como, por
exemplo, um certo Charles Chaplin, que no cinema se
tornou mundialmente conhecido como Carlitos. O que ele
disse?
A Persistência é o melhor caminho para o êxito.
Elementar, meu caro, como diria Sherlock Holmes ao
Dr. Watson, ao resolver mais um mistério engendrado por
Sir Arthur Conan Doyle.
Nem tanto, direi eu, modestamente, pois há tantos
obstáculos no caminho de um concurseiro que nem com
todo o poder de dedução sherloquiano serão superados
se ele não tiver, antes de tudo, a persistência de um cão
farejador treinado para achar alguma coisa escondida.
Conquistar a primeira aprovação, ainda que fora do
número de vagas, ou um resultado positivo dentro dos
cargos do edital não significa que seu trabalho acabou.
A dor da preparação para concursos é passageira, mas
o cargo público é permanente. Para toda a vida, se seu
detentor quiser. Por isso, é preciso fazer alguns sacrifícios
para se conquistar a estabilidade financeira que o emprego
no Estado proporciona a quem consegue vencer a difícil
maratona de passagem em um concurso público. Faço,
porém, uma advertência: o candidato precisa escolher
muito bem a carreira para desempenhar atribuições que
lhe tragam prazer e que sejam úteis à sociedade e ao país.
Se não for assim, serás infeliz e não darás certo no trabalho.
Talvez até nem passe no período probatório de três anos,
antes de conquistar a tão sonhada estabilidade que a
Constituição garante aos titulares de cargos públicos.
Nunca me canso de comparar o(a) concurseiro(a) ao
corredor de maratona, que não admite desistir antes
de cruzar a linha de chegada, ao fim de 42.195 metros
346
J . W. Gr a n j e ir o
percorridos. Não importa as dores que esteja sentindo,
o cansaço extremo, o peso das pernas, ele segue em
frente graças à sua persistência para atingir o objetivo
que estabeleceu. Isso acontece com todos os verdadeiros
maratonistas, que nunca ficam pelo caminho. Eles sempre
acabam chegando, não importa em que colocação. Aliás,
na maioria dos casos isso é o de menos. Todo mundo
sabe que só um poderá vencer e essa glória só poderá ser
alcançada por um atleta de ponta, excepcionalmente bem
preparado para ser o melhor da prova. Para os outros, o
que conta é vencer o desafio desses 42 km e cruzar a linha
de chegada. Assim, eles se sentem tão vencedores quanto
o campeão da prova.
O(a) candidato(a) a concurso público precisa saber
que o sucesso traz cobranças ainda maiores. Por isso,
ele(a) tem que seguir dando o melhor de si e se dedicar
ao máximo para manter o bom desempenho em outros
certames. Passar para Técnico, depois para Analista
e depois para Juiz de Direito, porque não? Se essa é a
sua visão de futuro, mantenha sempre os pés no chão,
mas sem ter medo de se arriscar ou de errar em busca
de resultados melhores. Valho-me de outro pensamento
da imensa galeria de mentes ilustres que abordaram as
virtudes da persistência para reforçar este conceito:
“O homem não teria alcançado o possível se, repetidas
vezes, não tivesse tentado o impossível.”
Essas palavras são do filósofo alemão Max Weber e
dispensam maiores comentários sobre o ensinamento que
contêm. Elas continuam tão válidas hoje quanto na época
em que Weber viveu, entre as últimas décadas do século
XIX e as duas primeiras décadas do século XX. Delas,
podemos retirar uma lição preciosa sobre aquilo que
constitui a essência real de nossa existência, que é a busca
permanente pela afirmação da vontade, da inteligência
e do talento humanos. Quando se tenta o impossível,
fica mais fácil alcançar o possível que está diante de nós
347
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
pela simples atitude de insistir nessa busca sem temer o
insucesso. Isso faz parte da vida e da briga pela vaga num
concurso público. Quem não tem medo de errar, acaba
conquistando a vitória na próxima tentativa.
Para transformar o impossível em possível, porém,
algumas regras devem ser observadas pelo candidato a
concurso público. Entre elas, estudar com método e metas
e praticar exercícios constantemente são estratégias
fundamentais para o crescimento profissional e a realização
pessoal. Com a concorrência cada vez maior, é um grande
erro achar que um dia você vai estar totalmente pronto
e não precisará mais buscar aprimoramentos. Durante a
vida inteira, sempre é possível aprender algo novo para
crescer e aparecer. O genial cearense José de Alencar disse
certa vez que o sucesso nasce do querer, da determinação
e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não
atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos no mínimo
fará coisas admiráveis. Concordo em gênero, número e
grau com o autor de O Guarani, obra prima da literatura
brasileira.
Outro aspecto fundamental para quem deseja ser
vitorioso em qualquer atividade, como é o caso dos concursos
públicos, é um ensinamento básico para toda a vida: sem
paz interior fica mais difícil tocar qualquer projeto, seja
profissional ou pessoal. Os aspectos psicológico e físico
se refletem no seu desempenho seja qual for o trabalho
em que esteja envolvido(a). Como diz a sabedoria popular,
seu corpo é seu templo. Cuide dele com carinho e faça
atividades, especialmente aeróbicas, que ajudem você a
encontrar o equilíbrio físico e mental, oxigenar o cérebro
e aumentar a capacidade cognitiva. Isso é realmente
importante se você quiser realmente conquistar um cargo
público e não apenas ser mais um na fila, esperando a
aprovação cair do céu.
Para ser bem sucedido no seu próximo concurso, tente
ir além do que esperam de você, pois isso vai o ajudá348
J . W. Gr a n j e ir o
lo(a) a sempre tentar se superar. O que você não pode é
“pirar” com expectativas exageradas criadas pelos outros,
especialmente a família. Eu me recordo que fui reprovado
no meu primeiro concurso, do Banco do Brasil, para o qual
estava bem preparado, porque quis superar a expectativa
dos meus pais e conquistar os primeiros lugares. Além
disso, vista a camisa dos seus projetos e defenda-os com
unhas e dentes. Quando se luta para fazer o que se ama, o
senso do merecimento e a desejada aprovação no concurso
dos sonhos vêm em seguida e com louvor. E este é o
momento em que você, finalmente, conquista o seu
FELIZ CARGO NOVO!
349
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
350
J . W. Gr a n j e ir o
Mais segurança para a população do DF
Escolhi como tema do artigo desta semana o problema
da segurança pública no DF. Permitam-me fugir de nossa
temática permanente, os concursos públicos, para tratar
desse assunto que preocupa a todos nós, moradores
da Capital da República. A cada dia nos sentimos mais
inseguros, diante dos repetidos episódios de violência de
que quase diariamente somos testemunhas ou, na pior
das hipóteses, vítimas. São ocorrências como sequestrosrelâmpagos, invasões de residência, furtos, roubos a mão
armada, agressões físicas e assassinatos cruéis, inclusive
de mulheres atacadas por seus parceiros, ex-namorados
ou companheiros vingativos. No fim de semana passado,
por exemplo, a televisão exibiu o flagrante de um assalto a
um estudante. Tudo acabou bem: o bandido foi preso e o
estudante recuperou os pertences. Mas nem todos que são
vítimas de violência têm a mesma sorte.
Nesse contexto, é impossível se sentir seguro para
tocar a vida, seja para trabalhar; seja para desfrutar algum
lazer; seja, simplesmente, para ficar em casa com a família,
351
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
direito de todos. Recentemente assistimos a episódios
chocantes, como o assassinato de um jovem morador de
Águas Claras, vítima de um ladrão cujo objetivo era roubar
o carro do rapaz, que chegava em casa. Outro triste exemplo
foi o espancamento brutal e covarde de um professor de
educação física, dentro de um shopping no Plano Piloto,
por dois sujeitos que o deixaram quase morto.
A repetição de fatos como esses tem várias razões.
Uma delas, sem dúvida, é a certeza da impunidade, ou
quase isso. A lei brasileira, infelizmente – e refiro-me
ao nosso Código Penal –, ainda é muito branda com os
criminosos. E o Código de Processo Penal também tem
sua parcela de colaboração para o aumento da violência,
graças ao instituto, previsto por ele, da progressão de pena
e à garantia da liberdade dos condenados depois de pouco
tempo de cadeia. Outra aberração, agora de nosso sistema
prisional, é o regime semiaberto, que permite a quem
cumpre pena sair, trabalhar, delinquir e, depois, voltar
para dormir o sono dos justos na prisão. Isso está errado.
Outro problema com que nos defrontamos é a
benevolência com os criminosos menores de idade. Já
está mais do que claro que a maioridade penal precisa
ser reduzida, a fim de impedir a livre ação de menores
delinquentes que se aproveitam da inimputabilidade
para assaltar, estuprar e matar. Em comum, todos esses
meninos e meninas têm a certeza de que, se apanhados,
não passarão mais de três anos “apreendidos”, se tanto,
pois sempre há chance de sair bem antes de cumprir
esse tempo. Sejamos francos: essa permissividade da lei
está na raiz do crescimento da violência em todo o país.
Para piorar, quem tenta não consegue mudar a legislação,
graças à ação de partidos que impedem que as mudanças
sejam aprovadas no Congresso, em nome de não se sabe
quais interesses. Mesmo episódios bárbaros de violência
praticada por menores de idade não conseguem reverter a
complacência dos políticos, como foi o caso do rapaz que
352
J . W. Gr a n j e ir o
assassinou a ex-namorada, filmou o crime e publicou o
vídeo na internet, certo de que escapará da justiça por ter
cometido o crime dois dias antes de completar 18 anos.
A sociedade precisa reagir, e essa reação tem de
começar por medidas práticas. Não adianta construir
teorias e mais teorias acerca das razões sociológicas
da violência e continuar tratando os bandidos como
coitadinhos. São necessárias ações imediatas para garantir
mais segurança para a população. Um dos problemas
que devem ser solucionados com urgência é a falta de
policiamento ostensivo nas ruas da cidade. Raramente se
vê um policial a pé, patrulhando uma quadra. Atualmente,
a polícia só se desloca de carro, embora se saiba que esse
tipo de patrulhamento é ineficiente. Aliás, ele serve é de
alerta para um possível criminoso ocultar-se ou passar
despercebido. Em algumas áreas, o policiamento é feito
também a cavalo, o que igualmente não surte muito efeito.
O fato é que a polícia está muito mais nos quartéis,
prestando serviços burocráticos, do que nas ruas da
cidade. E não é por falta de dinheiro, mas por falta de
planejamento e de disposição para cumprir a missão que
lhe foi dada. Em Brasília, tanto a Polícia Militar como a
Polícia Civil são muito bem pagas, sobretudo quando se
compara a remuneração que elas recebem com os salários
pagos à polícia de outras capitais, como Rio de Janeiro
e São Paulo. Equipamentos, como veículos e armamento,
também não faltam; falta, sim, disposição para ir à rua e
fazer policiamento preventivo. Tanto assim que as cabines
policiais instaladas em vários pontos do DF são vistas
vazias a qualquer hora do dia – ou da noite –, sem nenhum
policial disponível para atender à população.
A realização de concursos públicos é uma solução
interessante para ampliar o efetivo policial. Todavia,
enquanto o governo não oferecer planos de carreira
adequados para as polícias, será impossível atrair e,
principalmente, reter os talentos vocacionados para o
353
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
trabalho da segurança pública. Movimentos como as
recentes operações-padrão e tartaruga da Polícia Militar
demonstram a insatisfação da corporação com a carreira e
expõem as dificuldades para oferecer um serviço à altura
das necessidades da população. O problema afeta a todos
nós, independentemente de condição socioeconômica, pois
em todo o Distrito Federal há registros de insegurança e de
episódios de violência.
É necessário ampliar o efetivo policial com absoluta
urgência. Para isso, tenho uma sugestão: a contratação,
por concurso público, de pessoal de nível médio para
cuidar da burocracia. Assim, é possível liberar o policial
de formação para trabalhar nas ruas e vigiar as pessoas e
os bens públicos, em vez de mantê-lo atrás de uma mesa
para despachar a papelada. Não há nada que justifique
a ausência de policiais nas ruas. Precisamos voltar ao
tempo em que duplas de PMs patrulhavam Brasília e
as cidades-satélites. Por que essa prática acabou não
interessa. O fato é que esse tipo de policiamento precisa ser
retomado. Policial bom é aquele que anda pelas quadras,
cumprimenta as pessoas, sabe tudo sobre a área em que
atua, é admirado pelos moradores, conhece as pessoas do
bairro, impõe respeito. Recuperemos todas as viaturas e
as coloquemos para rodar!
Se o problema para reforçar o policiamento é a falta de
pessoal, então que se realize concurso público anualmente,
de forma que os quadros das corporações – militar e civil
– sejam constantemente renovados. A renovação não
pode ser apenas esporádica, voltada ao preenchimento
de alguns buracos nas forças. Isso acaba não resolvendo
nada, pois as carências continuam. É preciso, ainda, exigir
que os policiais cuidem mais da saúde e da forma física.
Eles precisam ser exemplos de vigor físico para poderem
cumprir bem sua missão. É inaceitável que um policial
se torne obeso por falta de preparo físico, até porque isso
seria sintoma da falta de treinamento e de reciclagem
354
J . W. Gr a n j e ir o
da corporação, que precisa cobrar permanentemente a
manutenção da forma física de seus integrantes.
Ao mesmo tempo, é preciso oferecer todo tipo de
equipamento que garanta a segurança e a integridade
física do policial, além de oferecer cursos para prepará-lo
adequadamente para situações de estresse e de conflito.
Neste ano, com a realização da Copa do Mundo, a polícia
do Distrito Federal certamente será equipada com material
moderno, principalmente diante da possibilidade de novas
manifestações e protestos durante o evento. Mas a Copa
vai acabar, e é preciso que, depois dela, a polícia volte à
rotina de garantir a segurança da população para circular
e trabalhar, que vem sendo ameaçada pela crescente ação
dos bandidos. Aliás, é curioso o fato de que, quando se
trata de reprimir as manifestações, nunca falta policial,
veículos, cachorros, cavalos, spray de pimenta, balas de
borracha, mas, quando é hora de combater o banditismo,
as autoridades se apressam em alegar que não há nem
pessoal disponível nem equipamento.
Dito tudo isso, não posso deixar de me dirigir aos
concurseiros que pretendem prestar um dos próximos
certames na área de segurança pública. Tenham certeza
de que, ao se dedicar à carreira policial, vocês estarão
prestando um serviço inestimável à sociedade. Devem,
pois, se preparar adequadamente para o concurso e, mais
tarde, se dedicar com muito amor à profissão, para bem
servir à população em seu
Feliz cargo novo!
355
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
356
J . W. Gr a n j e ir o
O mundo dos concursos em números
Estamos às vésperas de novos e importantes concursos para diversas instituições públicas, como Câmara dos
Deputados, Polícia Rodoviária Federal, Ministério do Trabalho e Emprego e Metrô/DF, entre outros. Certamente
você já escolheu o seu e começou a se preparar, aproveitando todas as horas vagas para estudar em um curso
preparatório e em casa. Você está no caminho certo, caro
leitor, e por isso estará, tenho certeza, entre os felizardos
que conquistarão uma vaga na próxima seleção.
Em breve você terá se juntado à gigantesca massa de
trabalhadores brasileiros que atua no governo, formada
por 10 milhões e 200 mil servidores públicos, ativos e
inativos, além de militares. Note que esse número é maior
do que a população inteira de diversos países. A média
de idade entre os servidores da ativa é de 46 anos. Tratase de uma boa faixa etária para a atividade profissional,
na medida em que os profissionais com seus quarenta e
poucos somam experiência e maturidade às habilidades
específicas da carreira e aos conhecimentos assimilados
em cursos e treinamentos. Com essa idade – é importante
lembrar – ainda há muito tempo de trabalho pela frente.
Portanto, o profissional será útil ao serviço público e à
sociedade por muitos anos.
Nas últimas décadas, o número de servidores públicos
cresceu bastante, graças à obrigatoriedade dos concursos
imposta pela Constituição Federal de 1988 para o
preenchimento dos cargos e empregos “de carreira”. Essas
vagas são aquelas cujo preenchimento não admite a livre
nomeação pelos gestores – nem mesmo pelo presidente da
República. Esses cargos são regidos, no plano federal, pelas
normas da Lei 8.112, o chamado Estatuto do Servidor
Público Civil.
357
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Se você deseja, pertencer a esse seleto contingente
– e aí o adjetivo não tem nenhum cunho pejorativo; ao
contrário, é “seleto” de “seleção, de escolha dos melhores
pela meritocracia que caracteriza o concurso –, vale a pena
conhecer alguns números que demonstram a importância
da regra do concurso público na Administração Pública
brasileira.
Um detalhe interessante é que, embora o número
de servidores em atividade no Brasil impressione, ainda
é inferior ao de outros países. Aqui, 11% da população
empregada trabalha para o governo, aí incluídos o
Legislativo, o Judiciário e os governos estaduais e
municipais. Nos Estados Unidos e na Alemanha, esse
percentual chega a 15% e em países vizinhos – como Chile
e Argentina - alcança 16%. Ao todo, há 2 milhões e 40 mil
servidores federais (ativos e inativos), 47% deles portadores
de diploma de nível superior e 16% com especialização,
mestrado ou doutorado.
Se analisarmos as estatísticas do governo federal,
veremos que o número de servidores não tem crescido
muito de ano para ano, ao contrário do que a grande
imprensa costuma afirmar, como crítica ao governo federal
por supostos “gastos excessivos” no custeio da máquina
administrativa. Por exemplo, em 1992, os servidores ativos
no governo federal somavam 1 milhão e 100 mil, mas em
2004, em um universo populacional de 165 milhões de
brasileiros, esse número caiu para 900 mil servidores
ativos. Já em 2010, com a população próxima à casa
dos 200 milhões de pessoas, voltamos a 1 milhão e 100
mil servidores públicos federais em atividade.
Existem outros números que vale a pena conhecer,
sobretudo para entender o perfil dos atuais servidores
brasileiros. Na última década, as contratações ou
admissões, por faixa etária, observaram a seguinte
proporção: 40% dos nomeados tinham entre 18 e 29 anos;
40% estavam acima dos 50 anos e 20% contavam entre
358
J . W. Gr a n j e ir o
30 e 50 anos. Os homens foram maioria, com 55% das
contratações, contra 45% de mulheres. O curioso é que
esses percentuais de homens e mulheres se invertem
quando se fala na preparação para concursos, fase em que
elas, já há alguns anos, são maioria.
Ao todo, temos hoje 1 milhão 872 mil servidores no Poder
Executivo, o que engloba órgãos, autarquias, fundações
públicas e empresas estatais, além dos militares. E aqueles
que desejam seguir esse exemplo são nada menos do que
13 milhões de brasileiros, cujo objetivo profissional é ter o
governo como patrão.
Não são poucos os pais que desejam ver membros
da família realizar o sonho de conquista de um cargo
público. Mas os maiores interessados ainda são os jovens.
Três em cada cinco deles pretendem seguir carreira na
Administração, como demonstram as pesquisas. Rapazes
e moças, segundo os pesquisadores, estudam de duas
a seis horas por dia, durante seis a dezoito meses, em
média, até garantir a tão sonhada vaga em um órgão
ou em uma entidade pública. Conheço muitos casos em
que o candidato estudou até dez horas por dia, por três
ou quatro anos, até a aprovação! Esses são verdadeiros
concurseiros, pessoas disciplinadas e muito focadas em
seu grande objetivo, até alcançá-lo, o que é a recompensa
lógica por todo o esforço.
Eu já escrevi, mas nunca é demais repetir: vocês
sabem que o maior concurso do mundo será o que a Caixa
Econômica Federal realizará no próximo mês? A estimativa
é de 1 milhão e 800 mil inscritos. Cada vaga oferecida
no concurso será disputada ferozmente. Se você, leitor,
é um dos candidatos, vá para a prova bem-preparado,
porque vai ser uma guerra! Trata-se de uma chance de
ouro para você ingressar num ótimo emprego, mas é bom
estar atento a muitas outras oportunidades que estão
abertas. Na verdade, hoje, são 39 mil vagas oferecidas
em um número enorme de concursos, mas há previsão
359
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
de que esse número chegue a 300 mil, nas três esferas
de governo e nos três poderes da República. Somente no
governo federal, há uma estimativa, este ano, de 75 mil
vagas, entre autorizadas e previstas.
Esses são os números que demonstram a importância
do serviço público dentro da Administração e da nossa
organização social e política. O que seria do país, dos
cidadãos em geral, se não tivéssemos uma organização
administrativa desse porte, para atender às demandas da
sociedade? E olhe que, na verdade, ela ainda não é suficiente.
Muitos cargos precisam ser devidamente preenchidos –
por concurso, é claro – como vimos recentemente, com a
instituição do Programa Mais Médicos pelo governo federal.
Cabe, aqui, uma pergunta: por que tantas pessoas
buscam a carreira pública? São várias as razões, e começo
pelo aspecto mais relevante, na minha opinião: o concurso
público é um processo essencialmente isonômico, pois não
faz distinção de nenhuma natureza entre os candidatos –
nem de gênero, nem de raça, nem de situação social – além
de não exigir experiência profissional nem discriminar
ninguém por sua aparência física. Entre as vantagens que
oferece, destacam-se a estabilidade financeira, o prestígio
social, os bons salários, a pontualidade no pagamento e
benefícios importantes, como assistência médica e auxílioalimentação, entre outros, que variam de acordo com o
órgão ou a entidade em que o agente público está lotado.
Para terminar, devo lembrar que o PIB (Produto
Interno Bruto) dos concursos movimenta bilhões de reais,
gera bilhões em impostos, cria milhares de empregos.
Sem contar que, graças ao competente mercado da
área de preparação para concursos, o Estado pode ter a
certeza de selecionar os melhores talentos do mercado,
todos dispostos a ajudar o nosso país a ter uma máquina
pública eficiente, que atenda melhor ao cidadão-cliente.
Essa massa de trabalhadores tem muito a contribuir para
que o Brasil se torne, um dia, a quarta economia mundial.
360
J . W. Gr a n j e ir o
Se você quer fazer parte dessa máquina, não perca
tempo. Afinal, como escreveu Franz Kafka:
O tempo é teu capital; saibas como utilizá-lo. Perder
tempo é estragar a vida.
Aproveite todo o seu potencial e se prepare para o
próximo concurso com a confiança de que estará entre os
melhores e os mais aptos, aqueles que serão os aprovados.
Logo, você, meu amigo, minha amiga, estará incluído
nesse formidável contingente de 10,2 milhões de agentes
públicos, como detentor, por direito e por justiça, do seu
FELIZ CARGO NOVO!
FELIZ CARGO NOVO!
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Como o concurso público mudou a minha vida
O desafio do concurso público é uma experiência que
realmente pode mudar a vida de uma pessoa. Diariamente,
em meu trabalho, conheço histórias que provam isso. E
posso até falar em causa própria, pois sou um dos muitos
brasileiros que tiveram no concurso público a oportunidade
de dar uma guinada.
Aprovado em concurso, passei dezessete anos
trabalhando na Administração Pública. Quando deixei essa
atividade, estava pronto para me tornar empreendedor.
Ao longo da vida, conheci jovens estagiários de diversas
profissões que se tornaram servidores públicos logo no
primeiro concurso que prestaram e, com isso, mudaram de
vida da noite para o dia. Eis a seguir uma dessas histórias.
“Dei baixa do Exército aos 19 anos de idade, em
uma sexta-feira, e já na segunda-feira seguinte procurei
emprego na iniciativa privada, atendendo ao recrutamento
dos classificados de um jornal local. Fazia as entrevistas,
os testes, e percebia que era bem avaliado e ia muito bem
363
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
nas provas. Mas pesava em meu desfavor a pouca idade,
a falta de experiência e o fato de ter sempre estudado em
escola pública. Morar em Ceilândia, não possuir muitos
cursos de aperfeiçoamento, ter trabalhado na construção
civil e não contar com nenhuma carta de recomendação
também não ajudava muito.
Foi quando apareceu o primeiro edital na praça, do
Banco do Brasil. Eram muitas vagas, e o certame cobrava
matérias simples, sobre as quais eu até dava aula, como
Matemática e Língua Portuguesa. Eu precisaria estudar
apenas Práticas Bancárias e Matemática Financeira.
Economizei e paguei um cursinho rápido. Estudei de
segunda-feira a segunda-feira, entre duas e seis horas por
dia. Algumas noites, precisava manter os pés mergulhados
numa bacia de água fria para não adormecer. Dedicavame à preparação com afinco, fosse em sala de aula, fosse
sozinho em casa ou estudando em grupo. Nos simulados
de que participei, sempre ocupava os primeiros lugares.
Diante disso tudo, fui para a prova com a obrigação de
passar. Estava ansioso, estressado, e, então, fui acometido
pelo famigerado “branco”. Não conseguia raciocinar nem
me lembrar do conteúdo. Que vexame: eu, reprovado em
um concurso para o qual estava muito bem-preparado. Ao
responder a prova depois, com calma, eu a gabaritei. Lição
dura de um fracasso. Voltei para fila, estudei para a Caixa
e para o BRB e passei nos dois.
Mais tarde, fui aprovado em outros grandes concursos,
tendo alcançado inclusive um primeiro lugar. Cheguei a
ganhar cinquenta salários mínimos por mês, acumulando
legalmente dois cargos públicos. Exerci cargos de chefia, de
assessoramento e de direção superior. Esses momentos me
propiciaram grande aprendizado sobre como funcionava a
máquina pública. E tudo me rendeu convites para dar aulas,
escrever livros, ministrar palestras, oferecer consultorias.
Os 17 anos como servidor público, os 25 como professor de
escola preparatória, os 27 como educador e os 33 inserido
364
J . W. Gr a n j e ir o
no mundo dos concursos me garantiram o título de um
dos maiores especialistas quando o assunto é concurso
público ou Administração Pública.
O fato é que fez toda diferença, para mim, ter podido
competir em condições de igualdade com concorrentes que
tinham formação superior, estudaram em escola privada,
pagaram por bons cursos preparatórios, compraram
material de estudo de qualidade, tinham boa aparência e
detinham experiência. Simplesmente ter tido a possibilidade
de competir de forma objetiva com esse tipo de candidato
permitiu-se demonstrar o meu talento, a minha disciplina
e a minha vocação para o exercício de um cargo público.”
Essa, como vocês já devem ter percebido, é a história de
um concurseiro chamado José Wilson Granjeiro. Ao contála, meu objetivo é que ela sirva de exemplo e de estímulo
para todos os que estão na estrada do concurso público.
Quero demonstrar que qualquer um pode um dia alcançar
o sucesso, desde que reúna persistência e coragem para
vencer possíveis e prováveis insucessos.
Concurso público ainda é o processo mais isonômico
que conheço. Não carece de pistolão, de indicação, de carta
de apresentação, de grau de parentesco, de sobrenome.
Depende tão somente do esforço pessoal do candidato. É
esse o melhor estímulo para quem quer ser aprovado e se
tornar um servidor público como eu fui até alguns anos
atrás. Com muito orgulho, faço questão de acrescentar.
É claro que, para conquistar as carreiras que eu
desejava, precisei me privar do convívio da família, dos
amigos, da namorada. Tive de abdicar de muitos prazeres.
Temporariamente. Tudo pela estabilidade financeira. Se
não fosse o instituto do concurso público, eu não seria hoje
o Professor GRANJEIRO, reconhecido em todo o país por
minha história e por minhas obras, palestras, mensagens,
frases, vídeos, dicas, comentários e entrevistas.
Essa é a lição que quero deixar esta semana para todos
os que me acompanham nestes artigos. Sobre o tema, me
vem à memória um provérbio chinês que vale a pena anotar
365
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
e deixar debaixo do travesseiro, para ser lido antes de você
sair para a aula ou para fazer a prova, no grande dia:
“A persistência realiza o impossível.”
Seja persistente. Assim, você logo alcançará o tão
almejado emprego público e, então, poderá desfrutar, pelo
resto da vida, se assim desejar, do seu FELIZ CARGO
NOVO!
FELIZ CARGO NOVO!
366
J . W. Gr a n j e ir o
Seja justo e conquiste seu cargo público
Quem se prepara para concurso como caminho para o
crescimento pessoal e profissional e tem como meta obter
êxito numa carreira no serviço público deve, antes de tudo,
despojar-se de preconceitos. Preconceitos são obstáculos
à saúde, ao sucesso, à felicidade e à prosperidade. Eles
rebaixam o homem às trevas e à ignorância. Impedem,
assim, a condução da mente humana em direção ao que é
mais nobre e ao que de fato importa. Não bastasse, também
nos desligam da comunhão com os melhores cérebros e
nos confinam à cela escura e solitária do egoísmo.
Costumo dizer que o mundo é dos justos e que a
justiça consiste em dar e receber em idênticas proporções.
A propósito, isso me faz lembrar de um pensamento do
genial escritor francês Victor Hugo. O autor anotou – e
eternizou –, em sua obra-prima Os Miseráveis, que “a
primeira igualdade é a justiça”. Perfeito, não? Com essas
poucas palavras, Victor Hugo sintetizou uma verdade
inquestionável acerca do ser humano e de sua condição
na sociedade.
Em resumo, é preciso agir sempre com justeza. Os
ganhos obtidos de maneira injusta não podem levar à
prosperidade; devem, sim, conduzir à certeza do fracasso.
Apliquemos esses ensinamentos ao nosso contexto. Uma
forma de agir de forma justa é contribuir com os nossos
colegas de estudo, que são nossos parceiros da empreitada,
e não concorrentes. Devemos ajudá-los na mesma medida
em que somos ajudados quando, por exemplo, estudamos
em grupo.
367
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
O homem direito expurga a alma de todas as negociatas
e a transforma na base mais digna da justiça. Ele fornece
aos outros tudo que de bom possui em termos de atributos,
de caráter. Seus atos, cada uma de suas ações são sempre
genuínas e com peso adequado.
Pense nisso, amigo leitor. Evite a mesquinhez e esforcese para ser cada vez mais perfeitamente justo. Acredite:
se você não for justo o suficiente, não poderá ser nem
honesto, nem generoso, nem valoroso. Será apenas uma
espécie de ladrão disfarçado que tenta conseguir tudo o
que pode e dá em retorno o mínimo. Escute a sabedoria
popular. Ela sempre diz que “da vida se colhe apenas o que
se plantou”, que “é dando que se recebe”. Particularmente,
gosto muito dessa filosofia, e a pratico.
Além de agir com justeza, o candidato à carreira
pública, em particular, deve, ainda, ter capacidade de
desenvolver o autocontrole e aprender as belas lições da
paciência. Isso, é claro, se quiser ser próspero – em nosso
contexto, ser aprovado e classificado no concurso dos
sonhos – e, mais tarde, tornar-se uma autoridade investida
de poderes e útil à sociedade. Deve aprender a pensar nos
outros, a agir para o bem deles, e não só para si mesmo.
Precisa ser atencioso e paciente, disposto a suportar com
urbanidade e cortesia o peso do cargo e as demandas do
cidadão-cliente.
Na minha visão, a paciência é a joia mais brilhante no
caráter do homem público. O agente público digno dela,
em qualquer posição, evita brigas, assim como evitaria
a ingestão de um veneno mortal. É fato que sempre
haverá discórdia, tanto no trabalho, como no âmbito
pessoal. O bom servidor público precisa refletir sobre
como harmonizar esses conflitos. Para isso, o exercício da
paciência é fundamental.
Mas sei também que paciência é atributo raro. É
preciso ter muita força e garra para manter a calma em
todos os momentos e ser meticuloso e paciente com os
368
J . W. Gr a n j e ir o
defeitos dos colegas e amigos. A vantagem é que a virtude
enriquece o coração, embeleza a mente e torna as pessoas
mais especiais e mais respeitadas. Assim como água mole
desgasta a pedra dura, a paciência supera toda oposição a
ideias ou a projetos.
O ser humano calmo consegue, ainda, ser imparcial.
Com isso, ele não só é mais feliz, como também mantém
todas as situações sob seu controle. Repare como, em
todo embate de natureza moral, o homem calmo sempre
se sagra vencedor. Como se vê, são muitas as razões pelas
quais precisamos fazer da calma uma constante em nossa
vida.
Em síntese, amigos concurseiros, autocontrole é
melhor do que qualquer riqueza material, e calma é uma
bênção divina. O homem sábio e paciente tem o dom de
se adaptar aos outros e a qualquer situação, o que só lhe
traz benefícios. Um deles é manter-se firme no propósito
de estudar até ser aprovado em concurso público.
Virtudes como as abordadas nesta nossa conversa são
capazes de levar cada um de nós ao sucesso em nossas
empreitadas ao longo de toda a vida. Eu as considero
essenciais para que o candidato a um cargo no governo
vença a concorrência e se torne servidor público, depois da
tão almejada aprovação. É por isso que reafirmo: munido
de qualidades como justeza e paciência, você estará em
condições de se tornar, muito em breve, o detentor de um
FELIZ CARGO NOVO!
369
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
370
J . W. Gr a n j e ir o
No Dia D, saiba como seu cérebro deve
trabalhar
Esta semana, quero passar para vocês algumas dicas
muito importantes para aumentar a concentração nos
estudos e a memorização da matéria vista em sala de
aula. Todos sabem que a capacidade de se concentrar e de
memorizar conteúdos faz toda a diferença no desempenho
em concurso. Para vocês entrarem no grupo das pessoas
dotadas de tal capacidade, precisam primeiro entender o
funcionamento dessa “máquina” maravilhosa que controla
toda a nossa área cognitiva: o cérebro.
Em geral, conhecemos muito pouco sobre nosso cérebro.
Por exemplo, sabiam que ele representa 2% do peso do
corpo e consome 20% das calorias que o organismo gasta
diariamente? Vocês faziam ideia de que ele é constituído
de 78% de água? Aliás, essa é uma das razões por que
precisamos beber grande quantidade do líquido ao longo
do dia. Se uma pessoa ficar sem consumir o que os antigos
chamavam de “precioso líquido” por 3 a 5 dias, entra em
choque e morre. Surpresos? Pois eis aí a primeira dica,
para que vocês aproveitem ao máximo a capacidade de
acessar os conhecimentos adquiridos e de processá-los
devidamente: bebam bastante água; hidratem-se!
A segunda lição é a seguinte: o nosso cérebro aprende
com repetição. A memória, se for treinada, se desenvolve;
se for esquecida, atrofia. Como isso funciona? Explico.
Segundo os pesquisadores do cérebro, está cientificamente
comprovado que 5% da nossa memória residem no
consciente e 95% dela estão no subconsciente. Quando
a pessoa recebe informações, é nesses 5% que elas são
processadas. Mas é à noite que a nossa mente faz o
“download”, ou seja: pega o que é importante, joga na
memória de médio e longo prazo – que está na região do
córtex cerebral – e descarta o que não tem importância.
371
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Não à toa, caras e caros concurseiros, é tão comum
professores e psicólogos recomendarem que o aluno, depois
de assistir a uma aula ou após ler algum material, faça
imediatamente um resumo ou um mapa desse conteúdo
e o revise antes de se passarem 24 horas. Seguindo esses
passos, o estudante favorece o registro do conhecimento
na memória de longo prazo. Assim, no chamado “Dia D” –
o dia da prova –, ele pode buscar essas informações lá no
fundo desse “baú” que está dentro de sua cabeça.
É por causa dessa atividade do cérebro que o educador
búlgaro Georgi Lozanov, criador da Sugestopedia na
década de 1960, falava que, antes de a pessoa entrar
numa rotina intelectual, de estudos ou de leitura, tem
de preparar o cérebro. Mas como fazer isso? Aí vai outra
dica. Feche os olhos, controle a respiração por 5 a 10
minutos e ouça música barroca, que tem de 60 a 70 ciclos
por minuto, para entrar em “estado alfa”. Esse estado de
vigília e relaxamento é propício ao aprendizado. Lozanov
demonstrou que, aplicando essa simples técnica, é possível
melhorar o aprendizado em até 70%. O educador garantia
que, ao adotar essa e outras técnicas da sugestopedia, uma
pessoa é capaz de aprender 1,2 mil palavras de um novo
idioma por dia. Note que grandes escolas que ensinam
o idioma inglês prometem a assimilação de apenas 200
palavras por dia pelos seus métodos.
Nesse contexto, vou ensinar 2 exercícios que podem
ser de grande utilidade para quem que está na estrada
dos concursos e sente alguma dificuldade no aprendizado,
sobretudo por não conseguir guardar na memória de longo
prazo as informações das aulas ou das leituras. Essa é
uma angústia que sempre me relatam nas palestras
que apresento ou por e-mails, em geral enviados pelos
concurseiros de plantão, apreensivos em razão da grande
quantidade de conteúdo que precisam reter até o dia da
prova.
Uma das técnicas para memorizar o conteúdo com
mais facilidade é a seguinte: feche os olhos e, sempre
controlando a respiração, imagine, do lado esquerdo,
372
J . W. Gr a n j e ir o
números e, do lado direito, letras. Simples, assim: 1, 2,
3, 4, 5...A, B, C, D, E. A técnica consiste em associar
números e letras – 1A, 2B, 3C, 4D, 5E – até o número
chegar ao final do alfabeto – número 26 e a letra Z. Esse
exercício deve ser feito todos os dias. Logo você percebe
como aumentou o seu poder de concentração. E em pouco
tempo a técnica terá se tornado tão fácil e agradável, que
você poderá até inverter a ordem dos fatores, que, como se
sabe, não altera o produto: do lado esquerdo letras, do lado
direito números. O importante é que o resultado final será
sempre o mesmo: o aumento do poder de concentração e
mais rapidez para buscar as informações arquivadas no
córtex cerebral. Sem contar o aumento da capacidade de
associar informações.
Outro exercício bastante útil: sente-se confortavelmente
e, também de olhos fechados, inicie uma contagem
regressiva, de 100 a 1. Não pode errar, sob pena de ter de
recomeçar a contagem. Repita o exercício várias vezes ao
dia, durante 5 dias, contando da seguinte forma: de 100 a
1, de 50 a 1, de 25 a 1, de 10 a 1 de 5 a 1.
Quero deixar claro que esses exercícios não foram
inventados por mim. Não sou eu que estou falando, mas
a ciência. Trata-se do resultado de pesquisas científicas
realizadas por estudiosos. Os benefícios dessas técnicas
ficaram comprovados em testes realizados em laboratório
com “cobaias” humanas. As conclusões foram relatadas
em congressos e publicadas em artigos de revistas
especializadas mundo afora.
Essas pesquisas consolidam minha opinião de que
a pessoa que pretende passar em concurso público não
pode estudar de forma desorganizada, sem planejamento,
nem que tenha todo o tempo do mundo. Se o candidato
não estiver preocupado com fatores como concentração,
relaxamento, técnica, organização, oxigenação do cérebro,
alimentação, sono, hidratação, não vai conseguir reter
todas as informações de que precisa nem, no “Dia D”, se
lembrar de todas elas.
373
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Por fim, quero dar uma dica para combater um mal de
que os concurseiros tanto se queixam: o famoso “branco”
na hora da prova, aquela desagradável constatação de que
não consegue resgatar do fundo da memória as informações
que aprendeu. Existe uma técnica bem simples para evitar
o problema. Sugira ao seu cérebro: “Eu não me lembro
agora, mas vou me lembrar em alguns segundos.” Ao
receber essa “sugestão”, o cérebro trabalha para buscar a
informação que a pessoa quer. Logo vem à mente o nome,
a frase ou o dado que fora esquecido temporariamente,
devido à tensão da prova.
Tudo isso, me traz à memória – olha aí o cérebro
resgatando a memória de longo prazo – um pensamento
de Confúcio, o sábio chinês que nos deixou um legado
maravilhoso de lições de vida: “O que ouvimos, esquecemos;
o que vemos, lembramos; e o que fazemos, aprendemos.”
Em outras palavras: ouço, esqueço; vejo, entendo; faço,
aprendo. Isso significa que fazemos bem aquilo que
praticamos, que treinamos. Ou, como dizia Aristóteles,
na Grécia antiga: “A excelência não é um feito, mas é um
hábito.”
Então, concurseiras e concurseiros que me leem:
o segredo para a aprovação é treinar, treinar, treinar.
Quando cansarem, continuem treinando. Só assim vocês
alcançarão o grande objetivo que se propuseram conquistar
e que, sem dúvida alguma, haverão de merecer, com a
conquista do seu
FELIZ CARGO NOVO!
374
J . W. Gr a n j e ir o
Quer passar em concurso público?
Durma bem!
Meus amigos, minhas amigas!
Dormientibus non sucurrit jus, diz a expressão latina
tão conhecida dos advogados, que significa, em português,
“O Direito não socorre os que dormem”, para aqueles
que perdem os prazos processuais ou deixam escapar o
momento oportuno para alegar determinada questão ou
recurso jurídico. Passado o momento certo, a oportunidade
está perdida. Ou, como dizem os gaúchos, “o cavalo passou
encilhado na sua frente e você não montou”!
Esse pensamento me ocorre, guardadas as devidas
proporções, ao tratar do tema do nosso artigo desta
semana, em que a ideia é justamente o oposto: os que
dormem (bem) são os que melhor aproveitam as horas
de sono para aprender as lições recebidas durante o dia.
Isso vale também, é claro, para vocês, que estudam para
concurso público.
Já explico.
Mas antes, quero passar para vocês um pensamento
altamente positivo, do escritor Caio F. Abreu, daqueles para
ter na mesinha de cabeceira e ler sempre antes de dormir,
porque isso vai ajudar muito na sua vida de concurseiro,
como veremos a seguir:
“Nenhuma luta haverá jamais de me embrutecer.
Nenhum cotidiano será tão pesado a ponto de me esmagar.
Nenhuma carga me fará baixar a cabeça. Quero ser
diferente. EU SOU: e se não for, me farei”.
São muitas as pesquisas científicas que relacionam
o sono e o aprendizado. Quem se prepara para concurso
público deve conhecer esses estudos, que podem fazer a
375
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
diferença entre a aprovação e a reprovação de um candidato.
Recentemente, por exemplo, psiquiatras e pesquisadores
da Universidade da Califórnia (EUA) constataram que se
você estudar por 5 horas seguidas, não vai se lembrar
nem de longe tanto quanto se lembraria se estudasse uma
hora, cinco vezes por semana.
Parece incrível, mas é verdade, garantem os cientistas.
Eles explicam que o mais importante é memorizar no
mesmo dia e não deixar tudo guardado lá no fundo do
baú – no caso o cérebro – para resgatar depois como um
exercício de memória. Então, aprendeu algo pela manhã?
Revise-o antes de ir para cama, pois é durante o sono
que as informações migram da memória de curto prazo
(consciente) para a de longo prazo (inconsciente), aquela
que você consultará no dia do concurso.
Mas atenção, caro concurseiro e cara concurseira:
lembrem-se de uma regra de ouro que deverá ser
seguida durante a preparação para a conquista da vaga,
independentemente da questão do sono revelada pela
pesquisa: pelo menos uma vez por mês o candidato deverá
estudar no tempo de duração da prova, que é aquele
previsto no edital do concurso.
Mas voltando ao tema do artigo, segundo os
neurologistas, o sono é dividido em ciclos que duram 90
minutos. Em uma noite, seu corpo precisa de 4 a 6 ciclos (6
a 9 horas) para a recuperação e a liberação de hormônios,
o relaxamento da musculatura etc. Quem não dorme o
suficiente costuma ter problemas de concentração, dor de
cabeça, irritação, fadiga e outros problemas de saúde. E
não adianta dormir duas horas à tarde para compensar as
quatro horas de sono da última noite. Tente reorganizar
sua agenda de estudos para cumprir a cota mínima de
sono.
Há estudos que demonstram como isso funciona na
prática: se colocarmos dois grupos para aprender, um
dormindo à noite e o outro perdendo a noite de sono, o
376
J . W. Gr a n j e ir o
primeiro grupo aprenderá mais. Nas pesquisas com seres
humanos são utilizados jogos pelos cientistas: a pessoa
joga antes de dormir e ao acordar participa do mesmo
jogo. É nessa fase que os estudos conseguem identificar a
existência de um melhor aprendizado, pois o sono funciona
como uma espécie de “digestão da memória”. A pesquisa
desse tipo de aprendizado envolve preferencialmente
pessoas que têm sono regular, de 7 a 8 horas diárias, pela
complexidade dos estudos que são realizados.
Eu poderia parar por aqui, mas há outra pesquisa que
gostaria de partilhar com vocês sobre esse assunto. Um
cientista belga que trabalha na Espanha garante que o
sono, além de ajudar a fixar no cérebro os conhecimentos
adquiridos durante o dia, serve para melhorar as habilidades
linguísticas. Ele chegou a essa conclusão, investigando,
assim como seus colegas das outras pesquisas, investigando
as funções que o cérebro desenvolve enquanto dormimos,
uma questão que continua em aberto, como se pode ver
pelos diferentes resultados que cada um obtém em seus
trabalhos.
Neste último caso, os experimentos, diz o cientista
belga, demonstram que durante as horas de sono o cérebro
revisa as palavras aprendidas durante o dia e as fixa na
memória linguística. Ele empregou a aprendizagem de
palavras novas para comprovar a hipótese sobre a atividade
cerebral durante o sono, e concluiu, curiosamente, que
“as palavras lutam entre elas pelo acesso à memória em
nosso cérebro e somente após dormir as palavras recémaprendidas conseguem o status de palavra assimilada”.
“De certo modo, o sono torna as palavras reais”, diz
o autor da pesquisa, publicada no periódico científico
Cognition, especializado no estudo do cérebro, que apontou
a fantástica atuação do cérebro durante as horas de sono:
ele revisa as palavras aprendidas durante o dia, melhora
as habilidades linguísticas e fixa as palavras aprendidas.
377
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Depois disso, caros amigos e caras amigas, só me resta
desejar a vocês uma ótima preparação para os próximos
concursos e maravilhosas noites de sono para fixar em
suas mentes tudo que tiverem aprendido antes de dormir,
pois dessa forma, logo os sonhos de aprovação se tornarão
realidade e os levarão à conquista do não menos sonhado. Feliz cargo novo!
378
J . W. Gr a n j e ir o
Conheça o perfil dos nossos servidores
públicos
Meus amigos e minhas amigas,
Faço questão de iniciar o artigo desta semana enviando
o meu abraço a todos os servidores públicos brasileiros. O
dia deles foi comemorado, com toda a justiça, na última
segunda-feira, 28 de outubro. Um dos maiores orgulhos
de minha vida pessoal e profissional é fazer parte dessa
coletividade há, até agora, dezessete anos. Ser membro
dela foi o que me tornou capaz de exercer com sucesso a
atividade de empreendedor da área de concursos públicos,
que me ocupa nos dias de hoje.
Para quem não conhece a origem do Dia do Servidor, vou
contar rapidamente como essa data comemorativa entrou
em nosso calendário. Foi em 1943, há exatos 70 anos,
com a edição, em 28 de outubro, do DL 5.936, no governo
379
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
de Getúlio Vargas. O decreto fora precedido pela criação
do Conselho Federal do Serviço Público Civil, em 1937,
antecessor do mais tarde famoso DASP – Departamento
Administrativo do Serviço Público, instituído em 1938.
Durante mais de três décadas, o DASP foi responsável
pela normatização do setor no Brasil, além de ter criado
as bases da organização administrativa que vemos hoje,
estabelecidas na Constituição Federal e na Lei 8.112, o
chamado Estatuto dos Servidores Públicos.
Atualmente, cerca de 10 milhões de pessoas atuam no
serviço público em todo o país. Quase 1,1 milhão delas
exercem suas atividades no governo federal, 6 milhões estão
nos municípios e 3 milhões preenchem os quadros dos
estados e do Distrito Federal, segundo o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística – IBGE. Isso corresponde a 12%
da população empregada. É um contingente formidável de
pessoas, que abrange todas as áreas de atividades e serve
aos três Poderes da República – Executivo, Legislativo e
Judiciário –, em funções que vão dos cargos mais simples
até os postos de alto escalão, ocupados, por exemplo, por
ministros de tribunais superiores, por ministros de Estado
e – por que não – pela própria presidenta da República.
Se há uma característica muito importante do serviço
público brasileiro, é que ele se renova constantemente, por
força da norma constitucional contida no artigo 37. Em
observância ao dispositivo, o preenchimento dos cargos
públicos se dá, obrigatoriamente, por meio de concurso de
provas ou de provas e títulos. Essa é a regra de ouro do
nosso serviço público. Ela vem se aperfeiçoando desde que
os constituintes de 1988 a inscreveram na Carta Magna da
nação brasileira. É graças a esse princípio constitucional
que, hoje, 12 milhões de pessoas se preparam, em todo
o Brasil, para disputar as vagas oferecidas nas mais
diversas seleções que ocorrem praticamente todos os
meses. Em comum, essas pessoas têm a certeza de que,
se aprovadas no concurso escolhido, ocuparão o cargo
380
J . W. Gr a n j e ir o
a que concorreram. É também graças a essa norma
inscrita na CF de 1988 que o nível educacional e cultural
do nosso servidor tem melhorado a cada dia, em virtude
da obrigação, que os ainda concurseiros têm, de estudar
muito – e continuamente –, se quiserem superar a forte
concorrência e conquistar a aprovação para o cargo
almejado.
Por coincidência, a Escola Nacional de Administração
Pública – ENAP acaba de divulgar um estupendo estudo
sobre o perfil do servidor público brasileiro. Os dados foram
coletados ao longo de dez anos, entre 2002 e 2012. Vamos
conferir alguns deles, que trazem informações preciosas
para quem deseja ingressar em uma das carreiras de
nossa administração pública. A comparação entre
diferentes períodos no tempo, segundo a Enap, permite
observar como o serviço público federal evoluiu em relação
aos seguintes aspectos: distribuição de servidores entre
os três Poderes, nível de escolaridade dos servidores e dos
cargos que ocupam e a questão de gênero na ocupação das
funções.
Vamos aos dados. No Executivo, o número de servidores
civis e militares subiu de 775.116, em 2002, para 984.423,
em 2012, crescimento de 27%. O número de civis é quase
o dobro do número de militares (633.682, contra 350.741),
e o crescimento na esfera civil foi um pouco maior do que
na militar (28% e 26%, respectivamente). Entre os civis, a
maior quantidade de pessoas trabalha na administração
direta (235.357), mas o setor que mais cresceu (160%) foi
o do Ministério Público da União. Em dezembro de 2002,
o órgão contava com 5.859 servidores e, em dezembro
2012, já registrava 15.238 pessoas em seus quadros. O
Legislativo e o Judiciário apresentaram crescimento de
26% e 28%, respectivamente, mas o Judiciário conta com
número muito maior de servidores: 104.971, contra 25.828
do Legislativo. Mas não se engane: esses números levam
à conclusão de que apenas Câmara e Senado empregam o
381
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
equivalente a quase ¼ de todo o contingente de servidores
do Judiciário brasileiro. Esse dado reflete a distorção que
existe em nosso sistema político e/ou administrativo.
Ao longo dos dez anos examinados pela Enap, o total dos
servidores da União aumentou 28%, passando de 883.192,
em 2002, para 1.130.460, em 2012. O crescimento coincide
com o período em que o Partido dos Trabalhadores esteve
à frente do governo, nos dois mandatos do ex-presidente
Lula e nos primeiros dois anos de governo da presidenta
Dilma Rousseff. Quanto à distribuição de pessoal, a
maior parcela é de servidores civis que trabalham para o
Executivo (57%), seguida pela parcela de militares (32%),
pelo contingente de servidores do Judiciário (9%) e,
finalmente, pelas carreiras do Legislativo (2%). Em resumo,
o maior empregador da administração pública brasileira é,
mesmo, o governo federal.
Quanto à questão de gênero, os números mostram que
as mulheres já quase alcançam os homens na ocupação
de postos no serviço público. O dado reflete a evolução da
nossa sociedade. Hoje, elas tomam cada vez mais espaço
nas mais diversas atividades profissionais. Não poderia ser
diferente no serviço público. Segundo a Enap, em dezembro
de 2012 os cargos públicos eram ocupados por 54% de
homens (288.325), contra 46% de mulheres (241.635).
Outros números colhidos pela Enap: em relação à faixa
etária, a maioria dos servidores tem entre 51 e 55 anos.
Em termos geopolíticos, a região Sudeste conta com 38%
desse efetivo, ao passo que o Centro-Oeste abriga 17%.
Os números referentes à escolaridade também são
muito importantes no estudo da Enap. O principal dado, a
meu ver, é que, enquanto o percentual de servidores com
ensino médio completo baixou de 28,5% para 26% nos dez
anos analisados pelo estudo, o de servidores portadores
de diploma de curso superior subiu de 42,3% para 45,9%.
Também aumentaram os percentuais de pós-graduação
(3,2% para 4%), de mestrado (4,1% para 6,5%) e de
382
J . W. Gr a n j e ir o
doutorado (4,5% para 10,1%). Isto é, as oportunidades
de aperfeiçoamento, especialização e pós-graduação
no serviço público estão melhores do que nunca. Em
decorrência disso, o nível de escolaridade é cada vez maior.
A pesquisa da Enap sobre o perfil dos servidores públicos
apresenta outros dados que merecem ser consultados
pelos estudiosos e interessados, em especial pelos
concurseiros. Eu fico por aqui, mas recomendo a leitura
do estudo a todos os que pretendem alcançar o seu lugar
nesse grande e importante contingente de trabalhadores
que têm o governo como patrão. Para muitos, pode parecer
um sonho impossível, porém torná-lo realidade depende
apenas de muito estudo e ambição. Pense: se tantos outros
conseguiram, por que você não conseguiria? Como dizia
Benjamim Franklin, inventor e político norte-americano:
“As pessoas que não ambicionam nada e não
arriscam nada, não servem para nada.”
Tenha certeza de que, mantendo esse pensamento na
cabeceira e dedicando-se aos estudos com afinco, você será
aprovado no concurso de seus sonhos. Integrará, assim,
o próximo estudo sobre o perfil dos servidores públicos
brasileiros, depois de ter assumido, de pleno direito, o seu
Feliz cargo novo!
383
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Cuidado com o TAF. Ninguém pode
fugir da prova!
Meus amigos, minhas amigas,
Esta semana, escolhi como tema do nosso artigo um
assunto de grande interesse para todos os concurseiros
que precisarão se submeter ao TAF – Teste de Aptidão
Física – em seleções para carreiras da área policial ou das
Forças Armadas. Muita gente talvez não saiba que, se essa
prova não for realizada na data prevista, o candidato pode
arcar com diversos prejuízos, que podem incluir até mesmo
a perda do cargo, conquistado com tanto sacrifício. Para
não passar por isso, leia com atenção o caso que relato a
seguir.
Era uma vez um candidato a uma vaga de policial
federal que já havia sido aprovado na prova objetiva do
concurso. No dia do bendito TAF, o aspirante a policial
alegou que estava com uma inflamação no cotovelo e não
compareceu ao exame. Garantido por uma liminar que lhe
assegurava o direito de realizar o exame em outra data,
ele continuou no certame. A história ocorreu em Brasília,
em concurso organizado pelo Cespe. Por isso, a Fundação
Universidade de Brasília (FUB), mantenedora do Cespe,
recorreu da medida judicial favorável ao candidato.
O caso foi parar na Justiça Federal e chegou ao
Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de Recurso
Extraordinário (RE). Na Suprema Corte, o relator do
recurso, ministro Gilmar Mendes, entendeu que não havia
direito líquido e certo para o candidato realizar o TAF em
segunda chamada. O voto do relator foi seguido por todo
o colegiado, em decisão unânime, o que gerou efeito de
Repercussão Geral. Por consequência, os tribunais de todo
o país estão autorizados a declarar prejudicados todos os
recursos em casos idênticos.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Em seu voto, o ministro Gilmar Mendes deixou claro
que candidato inscrito em concurso só pode realizar o
TAF em outra data, por motivo de saúde, se a hipótese for
expressamente prevista no edital do certame. O julgamento
mudou a jurisprudência do STF. Até então, o Tribunal
entendia que era possível remarcar o teste, por motivo de
força maior, desde que o interessado comprovasse, com
exames médicos, algum problema de saúde. Agora, isso
não é mais possível. Em minha opinião, a decisão do STF foi acertada. Não
se pode admitir que um concurso seja paralisado por causa
de liminares dessa natureza. É uma questão de interesse
público, que envolve aspectos relevantes, como eficiência
e interesse da maioria, entre outros. Especificamente no
concurso em comento, eram 107 mil candidatos. Imagine
se 1% dos inscritos, no dia do TAF, apresentassem algum
problema de saúde e não fizessem a prova, apoiados em
autorização da Justiça, como ocorreu com o concurseiro
que teve uma dor de cotovelo. Seriam mais de mil
candidatos munidos de liminar interrompendo o certame,
que acabaria por nunca ser homologado. É preciso
considerar, em primeiro lugar, o interesse público, ainda
que a alegação de doença do candidato seja verdadeira, e
não uma farsa montada para ele se livrar do teste físico.
Agora, eis uma pergunta interessante: no caso de uma
mulher grávida, ela poderia remarcar o TAF alegando riscos
para a saúde dela e do bebê? A resposta é não. A regra
é clara – como diz, vale sempre lembrar, Arnaldo Cezar
Coelho. A decisão do STF não permite exceções: está vedada
a remarcação da prova em qualquer situação. Entretanto,
se houver previsão legal – isto é, disposição integrante do
edital do concurso –, mulheres grávidas podem fazer o
exame depois do período da gravidez. Aqui em Brasília,
por exemplo, uma lei distrital – Lei nº 4.949/2012, que
completou um ano no último dia 15 – prevê expressamente
esse caso. Seu artigo 40 diz o seguinte:
386
J . W. Gr a n j e ir o
“A gravidez não dispensa a prova física, que deve
ser realizada 120 dias após o período gestacional.”
Ou seja, depois da licença-maternidade, a candidata
tem de se submeter ao TAF, sob pena de ser eliminada do
concurso por não cumprir item obrigatório do concurso. As
mamães contam, portanto, com os quatro meses posteriores
à gestação para se preparar e realizar os mesmos testes
físicos por que passaram os demais candidatos.
Sobre esse assunto, ainda é preciso lembrar aos
concurseiros de plantão – que hoje são mais de 12 milhões
em todo o país: muito cuidado ao assumir um cargo
ou emprego público por decisão provisória, a chamada
“antecipação de tutela”, mais conhecida como “mandado
de segurança”. É preciso avaliar muito bem os riscos,
porque, lá na frente, a decisão pode ser revista pelo STJ
ou pelo STF.
Por sorte, o concurseiro cuja história contei no início
do texto não perdeu o cargo, pois já se haviam se passado
mais de dez anos do concurso e, como o que houve foi
uma mudança de jurisprudência, o STF decidiu não
determinar o afastamento do agora servidor. Tampouco
se aplicou, aqui, a chamada “teoria do fato consumado”
(convalidação de situação jurídica pelo decurso de prazo
de decisão não acertada). Tanto o Supremo Tribunal
Federal como o Superior Tribunal de Justiça têm sido
cada vez mais restritivos em aceitá-la, a não ser em raros
casos, quando se pode invocar a inércia da administração
e/ou a morosidade do Poder Judiciário para alegar o fato
consumado e preservar o cargo público. Há pouco tempo,
o STF decidiu pela exoneração de um policial militar do
Paraná que já estava no cargo havia dezesseis anos, porque
na época do concurso o candidato conseguira liminar para
continuar no certame mesmo sem ter a altura mínima
exigida para a posse, de 1,65m (o candidato media 1,63m).
Para quem vive algum tipo de situação como essa ou já
passou por um problema que tenha ameaçado o seu cargo
387
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
no serviço público, vale um pensamento positivo que pode
ajudar a vencer as dificuldades encontradas pelo caminho:
“Momentos bons e ruins fazem parte da vida. A
diferença é que um marca e outro ensina. ”
Para terminar, duas boas notícias. A primeira é que
saiu no Diário Oficial da União retificação do edital do STF,
aumentando o número de redações que serão corrigidas
na prova discursiva. Isso significa que o Tribunal pretende
contratar muito mais do que aqueles 38 primeiros
aprovados, inicialmente previstos no edital. Para o cargo de
Analista Judiciário, serão corrigidas 100 redações e, para
o cargo de Técnico Judiciário, 175. Eis aí uma excelente
notícia para quem está de olho nesse concurso. Agora é
estudar!
Outra notícia muito boa, que interessa tanto a quem
mora em Brasília como ao pessoal que reside próximo
ao Distrito Federal: foi publicada no Diário Oficial do DF
autorização para o concurso da Secretaria de Saúde. Serão
3.800 vagas, para os cargos de Auxiliar de Serviços Gerais,
Técnico de Saúde, Enfermeiro e Médico, entre outros.
Trata-se de um grande concurso para o pessoal dessa área
médica. É uma ótima notícia para muita gente que já vem
estudando para esse concurso há algum tempo.
Caros concurseiros e concurseiras: aí estão
oportunidades excelentes para realizar o sonho de se tornar
servidor público e garantir um belo futuro para si próprio e
para a família. Corram atrás desse sonho. Estudem, e logo
vocês poderão acordar como detentores de um
Feliz cargo novo!
388
J . W. Gr a n j e ir o
Acredite: o estresse pode ajudar o
concurseiro
Amigos, o estresse é um dos principais males que afetam
a saúde humana no mundo moderno. Ele interfere tanto na
esfera profissional como na familiar; atinge-nos no amor,
nos estudos, no trânsito, nas finanças. São inúmeras as
situações de estresse, palavra que define o comportamento
ou a atitude de alguém que parece ter os nervos à flor da
pele ou se mostra muito abatido pelas preocupações do
dia a dia ou algum abalo emocional inesperado. No caso
dos concurseiros, o estresse pode ser fatal para os planos
de se tornar servidor público, jogando por terra todos os
esforços para conquistar um lugar ao sol.
A verdade é que ninguém está livre do estresse. Esse
é o assunto do artigo desta semana porque, obviamente,
tem muito a ver com quem ensina ou estuda para concurso
público. Abordarei hoje conceitos de uma especialista
no assunto, que muito contribuirão para que situações
nocivas como as provocadas pelo estresse possam ser
389
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
superadas e até convertidas em algo que favoreça quem
está imerso na preparação para um concurso.
Eu me incluo entre as pessoas que se preocupam com
os efeitos do desgaste emocional provocado pelas atividades
profissionais. Afinal, o meu papel de empreendedor
também é muito estressante. A todo momento tenho de
tomar decisões e enfrentar as mais diversas crises: nas
finanças, com os alunos, com os professores. É preciso
administrar e resolver tudo, e com brevidade. O que
ameniza o estresse do nosso dia a dia é o conforto moral
de saber que estamos ajudando as pessoas a conquistar
sucesso profissional com estabilidade financeira e outros
benefícios da carreira pública. Cuidamos do futuro dessas
pessoas e de suas gerações. Tudo isso zera a probabilidade
de infarto a que estamos sujeitos em virtude do elevado
grau de estresse de nossas atividades diárias.
Ele faz o coração do concurseiro bater forte, a
respiração acelerar e a testa suar. Mas recente pesquisa
sugere que o estresse é ruim somente para quem acredita
que ele faz mal. Logo, a grande questão é: como fazer dele
um amigo? Sei que a pergunta parece absurda, mas está
longe disso. Quem explica é a psicóloga norte-americana
Kelly McGonigal, que nos ensina a encarar o estresse como
algo positivo e nos apresenta um mecanismo para reduzilo: aproximar-se dos outros.
É claro que, até chegar a essas conclusões, Kelly teve de
fazer uma revisão de seus próprios conceitos, ao concluir
que o que vinha ensinando nos dez anos anteriores estava
mais prejudicando do que ajudando seus pacientes. Ela
costumava afirmar que o estresse adoece as pessoas,
que ele provoca nelas de um simples resfriado a males
graves como os que atingem o coração. “Basicamente, eu
transformei o estresse num inimigo, mas mudei minha
opinião”, confessa a psicóloga, que foi influenciada por
um estudo que acompanhou 30 mil adultos nos Estados
Unidos por oito anos.
390
J . W. Gr a n j e ir o
Os pesquisadores envolvidos no estudo aplicaram
questionário com as seguintes perguntas: “Quanto estresse
você teve no anopassado?” e “Você acredita que o estresse
é prejudicial à sua saúde?”. De posse das respostas, e com
base nos registros públicos de óbitos, os pesquisadores
concluíram o seguinte: pessoas que haviam vivenciado
muitos momentos de estresse no anoanterior tinham
aumento de 43% no risco de morte.Em contrapartida, o
estudoconstatou também que essa relação só se aplicava
a quem acreditava que o estresse é prejudicial à saúde.
Os dados coletados na pesquisa demonstraram que quem
vivenciava muitos momentos de estresse mas não partilhava
dessa crendice popular não tinha maior propensão para
morrer. Na verdade, essas pessoas tinham índices de risco
de vida menores do que qualquer outro grupo avaliado no
estudo, aí incluídas as pessoas que costumavam passar
por relativamente pouco estresse.
Os pesquisadores responsáveis pelo estudo estimam
que, durante os oito anos em que monitoraram os
falecimentos nos Estados Unidos,182 mil americanos
morreram prematuramente. Mas não em decorrência de
estresse, e sim da crença de que o estresse é ruim para
a saúde. Isso dá mais de 20 mil mortes porano. Se a
estimativa estiver correta, significa que a crença de que
oestresse é ruim para asaúde foi a 15ª maio rcausa de
mortes nos Estados Unidos no anopassado,tendo matado
mais que o câncer de pele, a aids e os homicídios.
Essas conclusões levaram Kelly McGonigala refletir:
será que mudar a maneira de pensar sobre o estresse pode
nos tornar mais saudáveis? A ciência diz que sim. “Quando
mudamos nossa opinião sobre o estresse, podemos mudar
nossa resposta corporal a ele”, afirma a ps icóloga. Acredite
se quiser: o estresse torna uma pessoa sociável por causa
da ação de um hormônio chamado oxitocina, “que é liberado
(pela glândula pituitária) quando abraçamos alguém,
ajusta os instintos sociais do cérebro, faz precisar do
391
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
contato físico com os amigos e a família, realça a empatia”.
Um dos principais papéis da oxitocina no corpohumano é
proteger o sistema cardiovascular dos efeitos do estresse,
pois o hormônio é um anti-inflamatórionatural.Ele também
ajuda os vasos sanguíneos a se manterem relaxados
durante o estresse, além de auxiliar as células cardíacas a
se curarem de qualquer dano causado pelos momentos de
tensão, revela Kelly.
Para a psicóloga norte-americana, “o estresse nos dá
acesso aos nossos corações. O coração compassivo que
encontra alegria e significadoquando se conecta com outros,
e seu coração físico batendo forte, trabalhando duro para
lhe dar força e energia, para combater o estresse. Você não
está somente melhorando do estresse, e sim afirmando
algo profundo, dizendo que pode confiar em si mesmo para
lidar com as mudanças da vida. E está se lembrando de
que não precisa enfrentá-las sozinho”. McGonigal ensina,
ainda, que “buscar significado é melhor para a saúde do
que tentar evitar o desconforto. E o melhor jeito de tomar
decisões é seguir o que quer que dê significado à sua vida
e então acreditar em si mesmo para lidar como estresse
que virá”.
Pois então, caros amigos, leitores e concurseiros, se
o estresse de vocês é motivado pela intensa atividade
da preparação para o próximo concurso público, tratem
de tirar proveito dos ensinamentos da psicóloga Kelly
McGonigal, para lidar com a situação de forma positiva.
Tenho certeza de que essa atitude vai ajudar aqueles que
sonham com a carreira pública a conquistar em breve o
seu
FELIZ CARGO NOVO!
392
J . W. Gr a n j e ir o
Qual a melhor técnica de estudo? Saiba o
que diz a ciência
Amigos, as vantagens de entrar no serviço público
por concurso são muitas. Entre elas, posso citar os
bons salários no início de carreira, os bons proventos na
aposentadoria, a estabilidade no emprego, a regularidade
das jornadas de trabalho, a possibilidade de admissão
e ascensão profissional por mérito e a valorização da
carreira no mercado de trabalho. Contudo, para vencer
o desafio de passar em um concurso, três requisitos são
fundamentais: muito estudo, muita disciplina e muita
dedicação. Ao somar esses três fatores, o candidato já terá
50% de chances de aprovação. Para que ele complete com
sucesso a preparação, precisa saber estudar, a fim de não
desperdiçar esforços com técnicas que não produzam os
melhores resultados.
A propósito, acabo de tomar conhecimento de um
estudo, publicado em janeiro deste ano na revista
393
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
científica Psychological Science in the Public Interest,
que avaliou dez técnicas comuns de aprendizagem para
classificar as mais eficientes. O resultado traz algumas
surpresas. Práticas bastante populares no Brasil, como
resumir, grifar, utilizar mnemônicos, visualizar
imagens para apreensão de textos e reler conteúdos
foram classificadas como as de menor utilidade. Três
práticas foram elencadas como de utilidade moderada:
interrogação elaborativa, autoexplicação e estudo
intercalado. Finalmente, as duas que obtiveram o mais
alto grau de utilidade na aprendizagem foram as técnicas
de teste prático e de prática distribuída.
Longe de mim considerar esse estudo uma verdade
absoluta. Muito pelo contrário, já deixei registrado inúmeras
vezes que cada pessoa tem suas preferências em relação
às técnicas de estudo. Uma técnica pode ser boa para um
estudante e não funcionar de jeito nenhum para outro.
Nesse assunto, cada qual desenvolve o próprio método.
Mas é certo que há alguns truques que comprovadamente
funcionam bem para a grande maioria das pessoas. Por
isso, vale a pena conhecer as conclusões dessa pesquisa,
que, como eu disse, traz algumas surpresas. Muita gente
não as levaria em consideração, exatamente por considerar
pouco eficientes técnicas de ampla utilização entre os
estudantes. E é aí que vocês que me leem podem ter um
trunfo.
Como eu mencionei, o estudo da Psychological
Science in the Public Interest desaprova métodos de
estudo baseados principalmente em resumos, grifos,
mnemônicos e mapas mentais. “Se a ciência diz isso, pior
para a ciência”, dirão os adeptos dessas práticas. E eu lhes
dou razão, porque – já diz a sabedoria popular – cada um
sabe onde o calo lhe dói. Entretanto, os autores do estudo
também confirmaram a impressão geral de que a resolução
maciça de questões, um de nossos mais importantes
métodos de estudo para concursos públicos, é, de fato,
394
J . W. Gr a n j e ir o
extremamente eficiente na preparação dos candidatos.
Em síntese, o artigo da revista reflete os resultados de
uma pesquisa científica, porém é preciso lembrar que cada
pessoa desenvolve o próprio estilo. Portanto, ninguém é
obrigado a mudar a maneira de estudar. Dito isso, vamos,
então, conhecer as dez técnicas, das piores para as
melhores, segundo a classificação da revista Psychological
Science in the Public Interest.
Grifar (utilidade: baixa)
Segundo o estudo, a técnica de apenas grifar partes
importantes de um texto é pouco efetiva pelos mesmos
motivos pelos quais é tão popular: praticamente não requer
esforço. Quando se grifa uma palavra ou um trecho de
um texto, o cérebro nem organiza, nem cria, nem conecta
conhecimentos. Logo, grifar só pode ter alguma (pouca)
utilidade quando combinada com outras técnicas.
Releitura (utilidade: baixa)
Reler um conteúdo, em regra, é menos efetivo do que
as demais técnicas apresentadas. O estudo, no entanto,
mostrou que alguns tipos de leitura (massive rereading)
podem ser mais eficazes do que resumos ou grifos, se
aplicados no mesmo período de tempo. A dica é reler
imediatamente depois de ler, por diversas vezes.
Mnemônicos (utilidade: baixa)
Em apostilas e sites de concursos públicos, é
muito comum ver listas de mnemônicos (algo relativo à
memória) que exploram as primeiras letras ou sílabas do
conteúdo que se quer memorizar. É o caso do mnemônico
SoCiDiVaPlu, formulado para ajudar a decorar os
fundamentos da República Federativa do Brasil (artigo 1º
da Constituição).
Para a tristeza dos estudantes que adoram esse
método, o estudo da Psychological Science in the
Public Interest mostrou que os mnemônicos só são úteis
quando as palavras-chaves são importantes e quando
o material estudado inclui palavras-chaves fáceis de
395
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
memorizar. Assuntos que não se adaptam bem à geração
de palavras-chaves não foram bem apreendidos com
o uso de mnemônicos. Então, recorra a eles apenas em
casos específicos e, de preferência, pouco tempo antes das
provas.
Visualização (utilidade: baixa)
Os pesquisadores pediram que estudantes imaginassem
figuras enquanto liam textos. O resultado foi positivo apenas
na memorização de frases. Em relação a textos mais longos,
a técnica mostrou-se pouco útil. Surpreendentemente, a
transformação das imagens mentais em desenhos também
não demonstrou aumentar a aprendizagem e ainda trouxe
o inconveniente de limitar os benefícios da imaginação.
Isso não invalida completamente o uso de mapas mentais,
já que esses desenhos consistem na conexão de ideias e
conceitos. De qualquer maneira, o estudo demonstra que
a visualização não é uma técnica eficiente para provas que
exijam conhecimentos inferidos de textos.
Resumos (utilidade: baixa)
Resumir os pontos mais importantes de um texto
sempre foi uma técnica quase intuitiva de aprendizagem.
Contudo, o estudo demostrou que os resumos são úteis
para provas escritas, mas não para provas objetivas.
Embora tenha sido classificada como de utilidade baixa,
a técnica de resumir ainda é mais eficaz do que a de grifar
ou a de reler textos. Segundo os pesquisadores, a técnica
pode ser uma estratégia efetiva para quem já é hábil em
produzir resumos.
Interrogação elaborativa (utilidade: moderada)
A técnica de interrogação elaborativa consiste em
criar explicações que justifiquem por que certos fatos
apresentados no texto são verdadeiros. O estudante deve
concentrar-se em perguntas do tipo “Por quê?” em vez de
em questionamentos do tipo “O quê?”. Seguindo o exemplo
dado algumas linhas atrás, em vez de decorar o mnemônico
SoCiDiVaPlu, o ideal seria perguntar, por exemplo: “Por
396
J . W. Gr a n j e ir o
que o Brasil adota a dignidade da pessoa humana como
fundamento da República?” Em seguida, deve-se buscar
a resposta na origem do estado democrático de Direito e
na adoção do princípio da dignidade da pessoa humana
pelas principais democracias ocidentais após a Revolução
Francesa. Note que esse tipo de estudo requer esforço
maior do cérebro, que se concentra em compreender as
causas de um dado fato, investigando suas origens. Em se
tratando de concursos públicos, a técnica da interrogação
elaborativa faz toda a diferença na hora de produzir
redações ou de responder questões discursivas.
Autoexplicação (utilidade moderada)
A técnica da autoexplicação provou ser útil para a
aprendizagem de conteúdos mais abstratos. Na prática,
trata-se de ler o conteúdo e explicá-lo com as próprias
palavras para você mesmo. O estudo mostrou que a técnica
é mais efetiva se aplicada durante o aprendizado em vez de
depois do estudo.
Estudo intercalado (utilidade: moderada)
A pesquisa procurou descobrir se era mais efetivo
estudar tópicos de uma vez ou se era melhor intercalar
diferentes tipos de conteúdo de modo mais aleatório. Os
cientistas concluíram que a intercalação tem utilidade
maior quando o aprendizado envolve movimentos físicos
e tarefas de caráter cognitivo (como nas ciências exatas).
O principal benefício da intercalação é fazer que a pessoa
consiga manter-se mais tempo estudando.
Teste prático (utilidade: alta)
Resolver testes práticos é uma das duas melhores
técnicas de estudo. A pesquisa demostrou que esse
método é até duas vezes mais eficiente do que os outros.
No caso específico dos estudos para concurso público, a
recomendação é resolver o máximo possível de questões
de provas anteriores. Não apenas do cargo para o qual
você está estudando, mas qualquer tipo de questão que
encontrar pela frente. A maneira mais fácil de realizar
397
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
testes é por meio de sistemas específicos para isso.
Prática distribuída (utilidade: alta)
Essa técnica consiste em distribuir o estudo ao longo
do tempo, em vez de concentrar toda a aprendizagem em
um único bloco na véspera da prova. Pesquisas indicam
que o tempo de distribuição das sessões de estudo
considerado ótimo é de 10% a 20% do período que o
conteúdo precisa ser lembrado. Com base nessa conta, se
a pretensão é lembrar-se de algo por cinco anos, deve-se
espaçar o aprendizado a cada seis meses. Se a intenção é
lembrar-se de um conteúdo por uma semana, deve estudar
uma vez por dia. A prática distribuída também pode ser
interpretada como distribuição do estudo em pequenos
períodos ao longo do dia, com intervalos para descanso.
Por exemplo, estuda-se durante uma hora pela manhã,
uma hora pela tarde e outra hora de noite.
Aí está, amigos, esse interessante trabalho sobre
técnicas de estudo. Trata-se de uma contribuição que não
pode ser ignorada, diante da seriedade com que abordou
o tema. Vocês que estão na luta por uma vaga no serviço
público e levam a sério a preparação para as provas podem
e devem se apropriar das conclusões da pesquisa. Aplicálas nos estudos pode ser o grande diferencial a levá-los à
conquista do seu tão desejado
FELIZ CARGO NOVO!
398
J . W. Gr a n j e ir o
Duas histórias de sucesso para inspirar os
concurseiros
Amigos, estava eu pensando em um tema para o
artigo desta semana quando deparei, na mídia, com dois
personagens de histórias exemplares para os concurseiros
que me acompanham toda semana aqui ou em outros
veículos onde colaboro. Vou contar quem são eles e por
que os considero bons exemplos para quem está na
estrada dos concursos públicos e tenho certeza de que
vocês concordarão comigo.
Começo pela saga de Beto Flash, carioca que, sem
dúvida alguma, é o campeão mundial de aprovações em
concursos públicos: ele passou em 35 dos 58 que prestou
até hoje! É isto mesmo: são quase 60% de sucesso, índice
399
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
do qual ele se orgulha muito, com justa razão. Não se
conhece ninguém com desempenho sequer parecido.
Flash – sobrenome que não é o verdadeiro, “por motivos de
segurança”, segundo ele – já é servidor público do Tribunal
Regional Eleitoral do Rio de Janeiro há seis anos, mas
continua prestando concursos, pois sua meta ainda não
foi atingida: a Procuradoria-Geral da República, PGR para
os íntimos.
Conforme já contei muitas vezes, em minha juventude
fui aprovado em oito concursos públicos, o que considero
um belo desempenho, dadas as dificuldades que todo
candidato enfrenta. O que dizer, então, de 35 aprovações?
Nem Freud explica. Só Beto Flash. Então, vamos conhecer
suas explicações. “Não assumi quando passei no primeiro concurso,
porque muita gente toma posse logo e não espera outro,
passando a trabalhar 8 horas por dia. Essa pessoa nunca
mais vai conseguir voltar a estudar e passar. Às vezes, se
ficar um pouco mais de tempo estudando, faz a diferença.”
Aí está a primeira dica. Sempre é preciso avaliar se o
primeiro concurso em que se obtém a aprovação é mesmo o
que o candidato quer para o futuro, se vale a pena assumir
logo o cargo ou se é melhor ir mais adiante.
Concordo com nosso campeão. Mas aí vem outra
preciosa lição dele: “Ao contrário de muitos que só prestam
concursos, eu estudei para todos os 58 prestados até hoje,
em diversas áreas, e não me arrependo, pois acumulei
muito conhecimento geral.” A declaração dispensa maiores
comentários. Basta dizer isto: estudar para o concurso que
se vai prestar é fundamental.
No ano passado, Beto Flash se formou em direito, mas
prefere não exercer a profissão de advogado. Assim como já
não exerce nem a de jornalista, nem a de arquiteto, outras
duas graduações que concluiu. Isso porque sua meta já
está definida: “Agora vou me dedicar exclusivamente aos
concursos jurídicos. Quero ser procurador da República.”
O último concurso que Flash prestou, no mês passado, foi
400
J . W. Gr a n j e ir o
exatamente para esse cargo. Ele concorre a uma das 47
vagas ofertadas, com salário de R$ 24.057,33. Para ele,
“é apenas uma questão de tempo; se não passar nesse,
passo em outro [concurso]”. Beto garante que, quando
conseguir se tornar procurador, vai encerrar a carreira de
concurseiro, porque tem “um certo fascínio pelo Ministério
Público, e o salário é de R$ 24 mil”.
Entre os concursos mais importantes em que foi
aprovado, Beto Flash cita: Ministério Público da União
(MPU), Polícia Federal, Tribunais Regionais do Trabalho
e Tribunais Regionais Federais (TRT e TRF), Tribunal
Regional Eleitoral (TRE), Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS), Ancine, Infraero, Caixa Econômica
Federal, Prominp, Colégio Pedro II, Ministério da Saúde,
Ibama e Exército. Em alguns deles, como tribunais e
MPU, Flash conta que foi aprovado mais de uma vez, ora
para cargos de nível médio, ora para vagas destinadas a
portadores de diploma de curso superior.
O concurseiro diz que sua decisão de assumir a vaga
no TRE foi estratégica. Flash precisava de pelo menos
cinco anos para cursar com tranquilidade a faculdade de
direito, “rumo à Procuradoria da República”. Quanto a
seus métodos de estudo, eles não diferem muito daquilo
a que outros concurseiros de sucesso estão acostumados,
embora sem tantas aprovações no currículo. Talvez a
diferença seja que, pela manhã, de segunda-feira a sextafeira, Beto frequenta um curso preparatório; depois,
cumpre expediente de 7 horas no TRE; de noite, frequenta
outro curso; de madrugada, assiste a aulas de direito
pela tevê; aos sábados, frequenta cursos pela manhã e
de tarde; finalmente, nas manhãs de domingo, participa
de simulados em outro curso preparatório. Descanso? A
tarde e a noite de domingo são reservadas para a pausa
nos estudos e algumas horas de lazer e distração. “Não
tenho mais tempo para estudar em casa. Por isso, todas
as vezes que tiro férias, é só para estudar antes de alguma
prova importante”, explica o concurseiro.
401
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Ele aconselha os colegas a iniciar os estudos pelas
questões da banca do concurso que prestarão e só
depois buscar na teoria a fundamentação das respostas
que tiverem errado. É um bom método, ainda mais com
tanta disposição para o estudo, como ele revela: “Fiz os
58 [concursos] porque gosto do conhecimento; eu preciso
do conhecimento. Estudei para cada um deles. Adoro
estudar, quero morrer estudando. Fiz concursos na área
militar, jurídica, de saúde, ambiental, de exatas. Mas não
para descobrir minha vocação. Eu sempre soube que, no
final, eu ia acabar na área jurídica, que tem os melhores
salários, as melhores carreiras. Eu ganhava mais como
empresário do que hoje, como servidor público, mas
acabava trabalhando para o hoje.”
A história de Beto Flash, em resumo, é a de um
superconcurseiro de sucesso que pode motivar muita gente
a estudar mais do que vem estudando para conquistar a
aprovação. Claro que ninguém precisa prestar 58 concursos
como o nosso herói; para a maioria das pessoas, basta
passar em uma seleção para atingir o objetivo e seguir no
cargo e na carreira escolhida pelo resto da vida. Como o
próprio Beto e todos nós sabemos, no serviço público, com
exceção dos médicos e dos professores, ninguém pode ter
mais de um emprego. Prestar muitos concursos, porém,
ajuda na preparação do candidato, além de agregar
conhecimentos, como Beto ensina.
No início do artigo, antecipei que falaria de dois
personagens de histórias exemplares. O segundo é um
jovem morador de Sobradinho, de 34 anos de idade, que foi
tema de uma bela reportagem do jornal Correio Braziliense.
Ele é portador de uma doença rara nos ossos (osteogênese
imperfeita) que já lhe custou ao longo da vida 301
fraturas. Pois vejam que nem mesmo a deformidade física
congênita impede Alexandre Ferreira Abade de estudar,
movimentando-se numa cadeira de rodas e usando um
computador adaptado para suas condições. Graduado em
administração e marketing, ele agora faz pós-graduação,
402
J . W. Gr a n j e ir o
dá palestras motivacionais e acaba de lançar o livro “Faça
a diferença – começando a mudança em nós mesmos”, em
parceria com a amiga Simone de Morais, também formada
em administração.
O exemplo de vida de Alexandre é fantástico.
Internações frequentes, dores e previsões pessimistas
dos médicos nunca o desmotivaram ou o fizeram deixar
de seguir em frente, em busca de seus sonhos. Hoje ele
até brinca com a situação: “Os médicos diziam que eu
não passaria dos dois anos. Depois mudaram para 10,
12, 14. Fui sempre desafiando.” Creio que não é preciso
acrescentar muito mais a essa história. Mas vale ressaltar
que Alexandre sempre se destacou nos estudos e teve o
apoio de colegas e professores: “Fazia provas orais e todos
ajudavam a me incluir”, diz o rapaz, que tem apenas 1,20
m e pesa 30 kg. Sem dúvida, o corpo é frágil, mas a mente
de Alexandre é brilhante. Ele é motivo de inspiração para
todos, concurseiros ou não, e uma das maiores lições de
vida que já conheci.
Fica a lição: tire proveito dos seus problemas e não
se deixe abater por eles.
São casos como os de Beto Flash e Alexandre Ferreira
Abade que me motivam cada vez mais a estimular aqueles
que fazem do estudo o caminho rumo à conquista do cargo
público. Não há barreiras que não possam ser vencidas
por quem se propõe a alcançar um objetivo na vida,
mesmo que essas limitações sejam físicas e aparentemente
intransponíveis. Nesse caso, é preciso ter determinação
férrea para levar adiante o projeto, com a certeza de que o
velho adágio popular “querer é poder” vai fazer a diferença
entre os que apenas tentam e os que de fato alcançam o
sucesso.
E lembre-se: o sucesso está dentro de você.
É assim que você, caro amigo e concurseiro, acabará
conquistando no serviço público o seu
FELIZ CARGO NOVO!
403
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
404
J . W. Gr a n j e ir o
As lições do Papa Francisco e os
concurseiros
“Deus é brasileiro e vocês queriam um papa?”
A brincadeira do Papa Francisco com os jornalistas,
a bordo do avião que o trazia ao Brasil para a Jornada
Mundial da Juventude, deu o tom nada convencional do
que seria sua visita de uma semana ao país, que vive um
momento de mudanças e conflitos entre a população e o
Estado. Francisco deixou fortes marcas em sua passagem
por aqui, não apenas como o maior líder religioso do
mundo, mas como um líder de pensamento moderno e
aberto ao diálogo com toda a sociedade.
A espirituosa e inédita alusão ao nosso hábito de
brincar com esses dois assuntos, sobretudo depois da
eleição de um papa de nacionalidade argentina, deu início
a um ciclo de inesperados pronunciamentos. Muitos deles
tiveram como tema as inquietações da juventude brasileira
405
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
que vieram à tona no mês de junho, durante a Copa das
Confederações, pouco antes da visita papal. Francisco sem
dúvida entendeu que a Jornada Mundial da Juventude não
poderia deixar de refletir essa situação e soube interpretar
em seus discursos tudo o que estava acontecendo a sua
volta.
Acompanhei aqui de Brasília a visita do Papa
Francisco, sempre procurando entender suas palavras
como lições que extrapolam a mera doutrina católica. Para
mim ficou evidente que suas palavras vão muito além da
religião, sobretudo quando Francisco ia direto ao ponto
nos comentários acerca dos protestos, que continuaram
a ocorrer depois de sua chegada, motivados até mesmo
pelos gastos públicos gerados por sua visita ao país:
“Um jovem que não protesta não me agrada. Porque
o jovem tem a ilusão da utopia, e a utopia não é sempre
negativa. A utopia é respirar e olhar adiante.”
Eis aí uma síntese perfeita para o momento que
vivemos. Naturalmente, não posso deixar de transpor
esse pensamento para o nosso contexto, o mundo dos
concursos. De fato, vejo muita afinidade entre o universo
dos concursos públicos, com todos os abusos que a
omissão legislativa propicia, e o direito de protestar contra
o que o jovem considera errado, tão amplamente defendido
pelo Papa. Vale lembrar que, na condição de coordenador
do Movimento pela Moralização dos Concursos (MMC), em
diversas ocasiões mobilizei os concurseiros para a defesa
de mudanças nas regras dos certames, mobilizações essas
que – me causa muita satisfação constatar – resultaram
em importantes vitórias.
É nesse sentido que as declarações do Papa são
um incentivo para que o candidato a concurso público
não se deixe abater por uma prova facciosa ou malelaborada, por critérios de correção despropositados, por
direitos desrespeitados ou mesmo por desonestidade na
elaboração de gabaritos. Infelizmente, posso citar um
406
J . W. Gr a n j e ir o
exemplo recente de tudo isso: a seleção para 220 vagas
de Analista de Tecnologia da Informação do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). Nas provas,
aplicadas no último dia 28 pela Funrio, sete questões foram
reproduzidas do certame de 2012, cuja banca organizadora
era a Unirio. Diante dos protestos, a Funrio reconheceu
o plágio, praticado por um membro da banca, e decidiu
atribuir os pontos das questões a todos os candidatos, de
modo a não alterar o resultado final do concurso.
Os protestos que levaram à decisão da Funrio são
do tipo salutar, e devem inspirar outras ações idênticas
sempre que os inscritos em concurso descobrirem
irregularidades de qualquer natureza. Não se trata apenas
do velho e conhecido jus sperneandi, o direito de protestar
sem resultado. Ao contrário, é, efetivamente, um exercício
de cidadania, que deve ser permanentemente praticado,
como reconhece o Papa Francisco. Temos a obrigação,
por exemplo, de nos manter atentos à tramitação, na
Câmara dos Deputados, do projeto de lei que estabelece
regras definitivas para os concursos públicos. A proposta
foi aprovada antes do recesso parlamentar pelo Senado
Federal, e não podemos deixar que esse importante avanço
para a moralização dos concursos seja desperdiçado ou
engavetado na Câmara. Para evitar que isso aconteça,
vamos nos mobilizar novamente, principalmente se
sentirmos “cheiro de pizza” no ar.
Por fim, quero lembrar outra declaração do Papa
Francisco que considero um precioso ensinamento para
todos nós, no Brasil de hoje. O Papa prega a necessidade
do diálogo como contraponto da violência que muitas
vezes contaminam os protestos legítimos das ruas. Um
país cresce quando dialogam de modo construtivo as suas
diversas riquezas culturais, ensina Francisco. Eis o que
ele disse:
“Entre a indiferença egoísta e o protesto violento,
há uma opção sempre possível: o diálogo. Quando os
407
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
líderes dos diferentes setores me pedem um conselho,
a minha resposta é sempre a mesma: diálogo, diálogo,
diálogo.”
Em termos pragmáticos, acredito que os concurseiros
devem se preparar para encontrar as palavras do Papa
muito em breve, nas provas dos próximos concursos. A
visita de Francisco ao nosso país foi tão marcante que não
deve passar em branco na elaboração de questões pelas
bancas examinadoras. Como estratégia de preparação, é
bom informar-se sobre tudo o que Sua Santidade disse,
para que fique mais fácil o caminho até um
FELIZ CARGO NOVO!
408
J . W. Gr a n j e ir o
Seja persistente até conquistar a carreira
pública
“A persistência realiza o impossível”
A frase acima não é minha. Não se sabe o autor, só
que se trata de um provérbio chinês, conhecido há muitos
anos, talvez alguns séculos, e que vem a calhar para o tema
do meu artigo desta semana, que vai tratar exatamente
da importância da persistência para o concurseiro que
busca a aprovação em concurso para ingressar no serviço
público.
Se este é o seu caso, amigo(a) leitor(a), então me
acompanhe nas próximas ideias sobre o tema, pois
acredito que tenho uma boa contribuição para ajudálo(a) a alcançar seu objetivo. E começo com uma pergunta
fundamental: você já foi reprovado(a) alguma vez num
concurso público? Se a resposta é positiva, então aí vai
a primeira lição: as eventuais reprovações que um(a)
409
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
concurseiro(a) “conquista” ao longo da preparação não
podem ser motivo para desistir de fazer aquilo que o
deixa feliz. Ao contrário: estes insucessos devem servir de
motivação para que você se prepare melhor para correr
atrás do seu ideal. Ter persistência e não desanimar diante
dos fracassos é fundamental para vencer. E não sou só eu
que estou dizendo. Posso listar aqui dezenas de pensadores
que refletiram a respeito e produziram verdadeiras pérolas
do pensamento humano em poucas palavras. Como, por
exemplo, um certo Charles Chaplin, que no cinema se
tornou mundialmente conhecido como Carlitos. O que ele
disse?
A Persistência é o melhor caminho para o êxito.
Elementar, meu caro, como diria Sherlock Holmes ao
Dr. Watson, ao resolver mais um mistério engendrado por
Sir Arthur Conan Doyle.
Nem tanto, direi eu, modestamente, pois há tantos
obstáculos no caminho de um concurseiro que nem com
todo o poder de dedução sherloquiano serão superados
se ele não tiver, antes de tudo, a persistência de um cão
farejador treinado para achar alguma coisa escondida.
Conquistar a primeira aprovação, ainda que fora do
número de vagas, ou um resultado positivo dentro dos
cargos do edital não significa que seu trabalho acabou.
Nunca me canso de comparar o(a) concurseiro(a) ao
corredor de maratona, que não admite desistir antes
de cruzar a linha de chegada, ao fim de 42.195 metros
percorridos. Não importa as dores que esteja sentindo,
o cansaço extremo, o peso das pernas, ele segue em
frente graças à sua persistência para atingir o objetivo
que estabeleceu. Isso acontece com todos os verdadeiros
maratonistas, que nunca ficam pelo caminho. Eles sempre
acabam chegando, não importa em que colocação. Aliás,
na maioria dos casos isso é o de menos. Todo mundo
sabe que só um poderá vencer e essa glória só poderá ser
alcançada por um atleta de ponta, excepcionalmente bem
preparado para ser o melhor da prova. Para os outros, o
410
J . W. Gr a n j e ir o
que conta é vencer o desafio desses 42 km e cruzar a linha
de chegada. Assim, eles se sentem tão vencedores quanto
o campeão da prova.
O(a) candidato(a) a concurso público precisa saber
que o sucesso traz cobranças ainda maiores. Por isso,
ele(a) tem que seguir dando o melhor de si e se dedicar
ao máximo para manter o bom desempenho em outros
certames. Passar para Técnico, depois para Analista
e depois para Juiz de Direito, porque não? Se essa é a
sua visão de futuro, mantenha sempre os pés no chão,
mas sem ter medo de se arriscar ou de errar em busca
de resultados melhores. Valho-me de outro pensamento
da imensa galeria de mentes ilustres que abordaram as
virtudes da persistência para reforçar este conceito:
O homem não teria alcançado o possível se,
repetidas vezes, não tivesse tentado o impossível.
Essas palavras são do filósofo alemão Max Weber e
dispensam maiores comentários sobre o ensinamento que
contêm. Elas continuam tão válidas hoje quanto na época
em que Weber viveu, entre as últimas décadas do século
XIX e as duas primeiras décadas do século XX. Delas,
podemos retirar uma lição preciosa sobre aquilo que
constitui a essência real de nossa existência, que é a busca
permanente pela afirmação da vontade, da inteligência
e do talento humanos. Quando se tenta o impossível,
fica mais fácil alcançar o possível que está diante de nós
pela simples atitude de insistir nessa busca sem temer o
insucesso. Isso faz parte da vida e da briga pela vaga num
concurso público. Quem não tem medo de errar, acaba
conquistando a vitória na próxima tentativa.
Para transformar o impossível em possível, porém,
algumas regras devem ser observadas pelo candidato a
concurso público. Entre elas, estudar com método e metas
e praticar exercícios constantemente são estratégias
fundamentais para o crescimento profissional e a realização
pessoal. Com a concorrência cada vez maior, é um grande
erro achar que um dia você vai estar totalmente pronto e
411
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
não precisará mais buscar aprimoramentos. Durante a vida
inteira, sempre é possível aprender algo novo para crescer
e aparecer. O genial cearense José de Alencar disse certa
vez que o sucesso nasce do querer, da determinação e
persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não
atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos no
mínimo fará coisas admiráveis. Concordo em gênero,
número e grau com o autor de O Guarani, obra prima da
literatura brasileira.
Outro aspecto fundamental para quem deseja ser
vitorioso em qualquer atividade, como é o caso dos concursos
públicos, é um ensinamento básico para toda a vida: sem
paz interior fica mais difícil tocar qualquer projeto, seja
profissional ou pessoal. Os aspectos psicológico e físico
se refletem no seu desempenho seja qual for o trabalho
em que esteja envolvido(a). Como diz a sabedoria popular,
seu corpo é seu templo. Cuide dele com carinho e faça
atividades, especialmente aeróbicas, que ajudem você a
encontrar o equilíbrio físico e mental, oxigenar o cérebro
e aumentar a capacidade cognitiva. Isso é realmente
importante se você quiser realmente conquistar um cargo
público e não apenas ser mais um na fila, esperando a
aprovação cair do céu.
Para ser bem sucedido no seu próximo concurso, tente
ir além do que esperam de você, pois isso vai o ajudálo(a) a sempre tentar se superar. O que você não pode é
“pirar” com expectativas exageradas criadas pelos outros,
especialmente a família. Eu me recordo que fui reprovado
no meu primeiro concurso, do Banco do Brasil, para o qual
estava bem preparado, porque quis superar a expectativa
dos meus pais e conquistar os primeiros lugares. Além
disso, vista a camisa dos seus projetos e defenda-os com
unhas e dentes. Quando se luta para fazer o que se ama, o
senso do merecimento e a desejada aprovação no concurso
dos sonhos vêm em seguida e com louvor. E este é o
momento em que você, finalmente, conquista o seu
FELIZ CARGO NOVO!
412
J . W. Gr a n j e ir o
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
Jovens são um fator positivo para
o serviço público
“EU não tenho uma razão EXTRAODINÁRIA para
passar em CONCURSO PÚBLICO, MAS tenho uma razão
SUFICIENTEMENTE BOA: quero SERVIR ao meu PAÍS, ao
meu POVO, com ESTABILIDADE financeira.”
Nos últimos dias, me chamou a atenção a polêmica
sobre o ingresso supostamente prematuro dos jovens
no serviço público. Esses rapazes e moças estariam
assumindo postos no governo sem a necessária experiência
na atividade escolhida, logo depois de concluírem o curso
superior. O “problema” foi tema de matéria do jornal Correio
Braziliense, intitulada “Direto da escola para o governo”. A
reportagem anuncia: “Em uma década, a idade média dos
servidores diminui 10 anos” e “Especialistas alertam para
risco de serviços ruins e de escassez de mão de obra em
áreas estratégicas”.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
O jornal ainda informa que, na “última década, o perfil
dos servidores públicos mudou, sobretudo porque houve
uma considerável procura por profissionais com menos de
30 anos no setor”. O que me causou espanto, desde logo,
é que, ao lado do texto da reportagem, há em destaque um
dado que contradiz todas as informações que constam da
matéria. O dado é o seguinte:
Idade média dos servidores
2003......................................46 anos
2013.......................................56 anos
Creio que a incoerência flagrada na reportagem seja
um daqueles “lamentáveis equívocos” que a imprensa
comete de vez em quando. Ora, se o jornal afirma que,
“em uma década, a idade média de servidores diminuiu
10 anos”, como ela passou de 46 anos, em 2003, para 56
anos, em 2013? O certo não seria o contrário? Deixo a
pergunta para o autor da matéria responder. De qualquer
modo, acho que temos elementos suficientes para debater
o assunto, com argumentos tanto a favor como contra a
tese defendida pelo periódico. E isso, posso garantir, não
significa ficar em cima do muro.
Para começar, também disponho de alguns dados
sobre a evolução do preenchimento de postos no serviço
público, e eles não batem com os do jornal. Segundo
meus registros, na última década, 40% das pessoas que
ingressaram no serviço público tinham entre 18 e 30 anos,
40% entre 30 e 50 anos, 20% entre 30 e 50 anos. Portanto,
há equilíbrio entre as faixas etárias, e não disparidade
como afirma o jornal.
Vale ressaltar que o fenômeno apontado na reportagem
é bastante conhecido de quem trabalha, como eu, há
mais de duas décadas na preparação de candidatos para
concursos públicos. A origem dele está na Constituição de
1988, que veio consolidar o processo de redemocratização
do país, após 21 anos de severo regime militar. Ao instituir
o concurso de provas ou de provas e títulos como regra
416
J . W. Gr a n j e ir o
para o preenchimento dos cargos e empregos públicos
em todos os Poderes da República, a Constituição Cidadã
abriu as portas do serviço público aos jovens prestes a
ingressar num curso superior ou recém-egressos dele.
Além disso, a afirmação de “especialistas” de que a
excessiva juventude dos novos servidores é prejudicial à
qualidade do serviço público não corresponde à realidade.
Ao contrário, o que se observa é um funcionalismo cada vez
mais bem-preparado para exercer as suas funções. Basta
lembrar que esses jovens servidores, quando optaram pelo
concurso público, se submeteram a estudos intensivos
e específicos para a carreira que escolheram. Toda essa
preparação garante que os concursados já ingressem nos
quadros públicos com uma base teórica que eles levariam
muito tempo para adquirir se não tivessem passado pelos
bancos dos cursinhos.
Por um lado, reconheço que seria desejável, em
algumas áreas que exigem maior embasamento cultural
e experiência profissional, que se definisse idade mínima
para o ingresso na carreira. É o caso da Magistratura, do
Ministério Público e até mesmo da carreira de delegado de
polícia, seja federal, seja estadual. Essas funções, dada
a responsabilidade e a gravidade das decisões que seus
titulares devem tomar, certamente exigem um tipo de
amadurecimento que só vem com o tempo. Nesses casos,
concordo com quem defende a idade mínima de 35 anos
para ingresso na carreira, compatível com o cargo a ser
ocupado.
Por outro lado, não vejo como um sério problema para
o serviço público, de modo geral, o fato de pessoas cada
vez mais jovens ingressarem nas carreiras do setor. Pelo
contrário, considero essa renovação salutar. Mais uma vez
graças ao texto da Constituição de 1988, a substituição
de servidores aposentados, falecidos ou que deixaram
o cargo por outros motivos é feita com vantagem para a
Administração. Afinal, os jovens que vêm ocupar essas
417
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
vagas terão tempo para estudar e participar de inúmeros
cursos de aperfeiçoamento. Tudo leva a crer que o tempo
em atividade desses jovens servidores será mais produtivo
do que o de muitos dos antigos.
É preciso, ainda, considerar que não se pode impedir
alguém, sobretudo um jovem que deseje progredir na vida,
de ascender a um cargo público, que lhe proporcionará
uma carreira segura, estável e, na maioria das vezes,
bem-remunerada. Isso sem contar as oportunidades de
ascensão profissional, melhores do que as encontradas na
iniciativa privada. Em média, a carreira pública paga 2,5
vezes o que paga a carreira privada e não faz discriminação
de gênero ou de idade nem exige – em regra – experiência
ou boa aparência. Por tudo isso, acho razoável a opção
que os jovens vêm fazendo pelos concursos públicos, um
mercado que hoje, em todo o país, movimenta milhões
de pessoas que se preparam para concorrer às vagas nas
diversas áreas das carreiras estatais. São talentos que
querem servir ao seu país e ao seu povo.
Realmente acredito que a opção pelo serviço público é
uma das melhores decisões que um rapaz ou uma moça
podem tomar, diante do que talvez seja a garantia de um
futuro melhor para si e a família. Não é uma decisão fácil:
“O TEMPO de dificuldade e angústia que está à nossa
frente EXIGIRÁ uma FÉ que possa suportar o cansaço, a
demora, as reprovações, a falta de recursos financeiros, o
desânimo e a vontade de desistir. Uma fé que não desanime,
ainda que severamente testada, DEVEREI PRESERVAR. A
VITÓRIA – a aprovação e a desejada classificação – virá,
porque EU MEREÇO e fiz o melhor de MIM.” Estudar para
concurso público é, sem dúvida, uma opção de vida, um
escolha que será recompensa quando chegar a hora de
ocupar o seu
FELIZ CARGO NOVO!
418
J . W. Gr a n j e ir o
Como lidar com a preparação para
concurso público
Quem estuda para concurso público e está determinado
a ser aprovado precisa aprender a lidar com os altos e
baixos dessa decisão, o que inclui as críticas que podem
se interpor pelo caminho, vindas da família, de amigos
ou de concorrentes. O assunto é muito importante e
será o tema do artigo desta semana. Espero que minhas
palavras contribuam um pouco para o sucesso de todos
os que resolveram abraçar a nobre causa do estudo para
concurso.
Com base em minha experiência de veterano
concurseiro, com oito aprovações em diversas seleções
para cargos públicos, e de não menos veterano professor
da área, com mais de vinte anos de atuação, uma coisa eu
posso garantir: a melhor estratégia para superar as fases
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
ruins é concentrar-se no plano de estudo, sem dar ouvidos
a comentários depreciativos a respeito de si ou de suas
técnicas de estudo.
Se você está mesmo decidido a passar num concurso,
vá em frente e mergulhe de corpo e alma, e não apenas de
cabeça, nesse que é o seu projeto para um futuro melhor.
Pode acreditar: agindo assim, você estará no caminho
certo. Só não feche os ouvidos para os que têm algo de
positivo a lhe dizer. É importante ouvir as contribuições de
pessoas mais experientes em quem você confia, como os
professores, os pais e os candidatos que, com mais tempo
na “fila”, desejam de fato ajudar.
Outra técnica bastante eficiente na jornada rumo
ao almejado cargo público é a autoavaliação. A reflexão
sobre o próprio desempenho e sobre o andamento do
projeto de conquistar uma vaga no serviço público tem
de ser praticada em todas as etapas da preparação para
concurso. Antes de tudo, você precisa entender que não
dá para viver bem sem ter descanso vez ou outra. E o ócio
bem-dosado costuma ser muito produtivo para a vida do
concurseiro, pode crer. Não vale a pena mergulhar nos
sonhos e se esquecer de relaxar de vez em quando. Nos dias
livres, realize atividades que lhe proporcionem bem-estar
e permitam refletir sobre seus objetivos e metas. Esses
momentos são perfeitos para fazer a tal autoavaliação.
Aprenda também algo que será muito importante,
não apenas nos estudos, mas em toda a sua futura vida
profissional: só consegue ser eficiente quem tem a cabeça
boa. Recordemos o antiquíssimo conceito latino, que você
deve ouvir desde os tempos do ensino escolar: Mens sana
in corpore sano. Acho que nem preciso traduzir, pois está
muito claro, e o que interessa é a ideia, e não o significado
literal: Um corpo legal não funciona sem uma mente
legal. Para se destacar em qualquer área, é importante
encontrar esse equilíbrio. Momentos e dias difíceis fazem
parte da vida. Você deve encará-los como algo que vai
ajudá-lo a valorizar ainda mais as vitórias.
420
J . W. Gr a n j e ir o
O caminho para todas as riquezas da vida depende da
autodisciplina. Esse é outro ensinamento que me é útil desde
que me entendo por gente. Faço questão de compartilhálo com você que me lê. Se até agora suas tentativas não
tiverem dado resultado, não fique remoendo insucessos.
Use a memória para guardar apenas lembranças boas
e conteúdos que devem estar na ponta da língua no dia
D. Assim, caberá mais felicidade em sua alma, o que
será decisivo para o sucesso na hora de entrar na sala e
enfrentar as questões propostas pela banca examinadora.
Sei que lidar com a dor do estudo para concurso nunca
é fácil. Tantas são as complexidades envolvidas ao longo
da preparação... Por isso, mais um conselho: pense bem
antes de tomar uma atitude qualquer e, sobretudo, antes
de escolher a carreira, para não se arrepender quando
pode ser tarde demais para mudar o foco. Não espere que
seu sucesso profissional aconteça do nada. Você precisa
traçar um plano de longo prazo e persegui-lo com ímpeto
para as coisas acontecerem.
Volto a destacar a importância da autodisciplina para
que tudo dê certo. Essa é uma ferramenta indispensável
para a autoestima e a felicidade. É preciso cultivá-la em
sua mente para que seus hábitos de estudo se tornem um
prazer em vez de um sacrifício. Você terá de descobrir no
dia a dia a melhor maneira de conseguir isso, pois a busca
por seus sonhos precisa ser constante. Nunca desista
deles e – o principal – não chame essa perseverança de
ambição. Chame-a, sim, de força de vontade, que é algo
sempre positivo. Contudo, se definitivamente algo não der
certo e for necessário alterar suas metas, tudo bem. Que
venham as mudanças. O importante é seguir em frente e,
finalmente, alcançar o sucesso, que é a aprovação para
o sonhado cargo público. Que fique bem claro: a única
coisa que você não pode é pensar em desistir no meio do
caminho.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Para concluir, mais um princípio pessoal que sempre
me levou a atingir meus objetivos: manter a motivação em
alta ajuda a tomar as melhores decisões. Só não confunda
essa postura com a conhecida “cabeça quente”, que é
algo bem diferente. Deixar a cuca na temperatura certa é
essencial para garantir aprovações e boas classificações.
Então, não exagere na autoconfiança na hora de fazer a
prova. Pode ser algo perigoso. Por fim, lembre-se de que o
estudo é o melhor caminho para o concurseiro assegurar a
estabilidade financeira, com a conquista do seu
FELIZ CARGO NOVO!
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J . W. Gr a n j e ir o
A conquista do sucesso em uma lição
Algumas lições não podem ser esquecidas por quem
deseja ter sucesso em concurso público. Uma delas vem de
uma pequena história que vou contar neste artigo. É sobre
um jovem que, como tantos concurseiros que estão na
luta neste momento, queria ganhar muito dinheiro. Para
descobrir qual o melhor modo de alcançar seu objetivo, ele
decidiu consultar um guru.
O mestre pediu que o rapaz o encontrasse na praia
no dia seguinte. Vestindo terno em vez das previsíveis
bermudas, o jovem chegou ao local marcado às quatro
horas da manhã. A primeira pergunta do guru foi sobre o
quanto rapaz desejava ter sucesso. Obviamente, o jovem
respondeu que desejava muito. O mestre, então, mandou-o
entrar na água. O jovem obedeceu, mas pensou: “Esse
cara está louco. O que eu quero é ganhar dinheiro e não
ser salva-vidas.”
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
O guru insistiu que ele fosse o mais longe possível.
Com a água já nos ombros, nosso herói pensava: “O velho
é louco. Ganha dinheiro, mas é louco!” Que situação: o
guru mandou que ele fosse ainda mais longe. Já com a
água na altura da boca, o jovem pensou em voltar, sempre
murmurando: “O velho é louco.”
Então, o velho disse:
- Achei que você queria ter sucesso!
- Eu quero!
- Então vá mais longe...
Mais uma vez, o discípulo obedeceu. De repente, o guru
segurou-lhe a cabeça sob a água. O jovem chutou, arranhou
e lutou para se soltar. Quando já quase desmaiava, o velho
o retirou da água e lhe explicou o sentido de tudo aquilo:
- Você só alcançará seu objetivo quando desejá-lo tanto
quanto agora quer respirar.
É essa a principal lição que alguém que deseje tornarse servidor público precisa aprender. O concurseiro só
conseguirá transformar o sonho da aprovação em realidade
se sua vida depender disso. Não é exagero: quem vivencia
uma situação extrema assim sabe do que estou falando. O
momento que muda tudo ocorre quando é preciso apostar
todas as fichas numa única cartada para definir o próprio
futuro e, muitas vezes, também o da família; quando não
se pode falhar; quando, ao se cometer um erro, precisa-se
começar tudo de novo e tentar outra vez, até que dê certo.
É o tudo ou nada, calça de veludo ou bumbum de fora!
Nessa luta contra a banca e os concorrentes, muitas
vezes fica-se sem fôlego, como num ataque de asma.
Quase agonizando, a única coisa que se pode fazer é
tentar respirar. Respirar significa viver, recuperar o fôlego
e seguir em frente. A essa altura do campeonato – ou da
preparação para um concurso público –, a dedicação tem
de ser total. Só uma coisa importa: ler, estudar, aprender,
decorar, pesquisar, sem descansar. Nada de perder tempo
com futebol, televisão, telefonemas ou festas.
424
J . W. Gr a n j e ir o
Essa é a odisseia do concurseiro. E esta é a lição que
ele deve aprender logo cedo: quando se chega ao ponto em
que fazer sucesso é tão importante quanto respirar, então
o sucesso será alcançado.
O fato lamentável é que muitos dos concurseiros dizem
que querem muito o sucesso, mas não é verdade. Digamos
que eles “meio que querem” o sucesso. Não o desejam
mais do que desejam festejar, mais do que desejam ser
populares. Outros não querem o sucesso tanto quanto
querem dormir, por exemplo. Alguns, aliás, amam mais
dormir do que fazer sucesso. Parece exagero, mas não é.
Há concurseiros que são a expressão física e acabada do
que estou afirmando. Esses certamente jamais se tornarão
servidores aprovados em concurso público. Esta condição
cabe àquele candidato que é o oposto desses outro tipo;
cabe ao concurseiro que não dorme no ponto.
Para ser um concurseiro bem-sucedido, prezado leitor,
saiba que é preciso estar disposto a quase desistir do
sono, ou a pelo menos trocar duas ou três horas dele por
trabalho, diariamente. Quem de fato quer ter sucesso em
um concurso público eventualmente terá de passar uns
três dias acordado, em momentos em que dormir pode
significar a perda de uma grande oportunidade. Como
dizem os gaúchos, se o cavalo passa encilhado na sua
frente, você tem de montar, “tchê”, pois é difícil ele passar
de novo! Quer dizer, ninguém pode dar sopa ao azar. Um
concurso é uma guerra. Para vencê-la, é tão importante a
estratégia quanto a inteligência. Mas, em primeiro lugar, é
preciso querer vencer, querer de verdade!
O tamanho da sua vontade é decisivo, assim como o
quanto você está disposto a fazer em nome dessa vontade.
É preciso que a vontade de passar no concurso seja tão
grande que, vez ou outra, você se esqueça até de comer.
Situação parecida já ocorreu, por exemplo, com a cantora
Beyoncé, que se esqueceu de se alimentar durante três dias,
de tão mergulhada no trabalho que estava. Há também
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
quem não consiga dormir de jeito nenhum enquanto não
conclui uma tarefa. Todo o tempo que seria de sono é
dedicado ao trabalho ou aos estudos, em outra situação
extrema que pode render bons frutos.
Com os concurseiros também é assim – ou precisa ser
assim. Dormir pouco, sobretudo quando a “hora da verdade”
se aproxima, é imprescindível para muitos candidatos
a uma vaga no serviço público. O sacrifício de algumas
horas de sono pode ser a diferença entre transformar o
sonho em realidade ou em mais uma tentativa frustrada.
O importante é manter-se alerta e jamais perder o foco,
que é a aprovação.
Um último conselho de amigo: não ceda à tentação de
desistir. Você está sentindo dor pelas horas de sacrifício?
Dê a si mesmo uma recompensa por isso, mas não vá
dormir até que tenha alcançado o sucesso. Quando,
depois de todo esse sofrimento, você tiver garantido a sua
vaga entre os aprovados, caro amigo, somente então, você
poderá pular, dar cambalhotas, até dar dinheiro para os
outros, se assim quiser... Mas o fato é que ninguém fará
sucesso até ter consciência de que ele depende de esforço,
de dedicação. E de muito trabalho.
Como dizia Albert Einstein, “o único lugar onde o
sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.”
Em síntese, caro leitor, com o devido sacrifício, você
estará no caminho certo para a conquista do seu
FELIZ CARGO NOVO!
426
J . W. Gr a n j e ir o
O que o sábio Políbio ensina aos
concurseiros
Chegamos ao final do mês de abril e, assim, um terço
de 2013 já ficou para trás. Para muita gente, este começo
de ano foi vitorioso e vai ficar marcado para sempre em
suas vidas como aquele em que, finalmente, se tornaram
servidores públicos. Para outros, no entanto, tudo acabou
sendo uma terrível decepção. A tão desejada aprovação
não aconteceu e todo o esforço despendido nos estudos
ficou perdido. Mas quem pensa assim está errado, porque
nada foi ou está perdido.
É neste ponto que quero tocar e me deter neste artigo,
para evitar que a decepção por não ter sido aprovado
resulte em uma desistência de continuar tentando e de
estudar para concursos. Já escrevi antes que a vitória
pertence aos que acreditam nela, e acreditam por mais
tempo. Reforço agora esse argumento com outro que diz
427
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
respeito exatamente ao momento que vivem os que ainda
não sentiram o doce sabor da vitória: certas derrotas
nos preparam para grandes vitórias. Estou convencido
de que este pensamento encerra toda a verdade sobre a
melhor maneira de encarar eventuais tropeços em nossa
caminhada pela vida, como uma reprovação no concurso
para o qual alguém tanto estudou.
Por isso, se esse é o seu caso, caro leitor, amigo
e concurseiro, trate de adotar uma postura proativa
imediatamente e esqueça o que ficou para trás. Menos
é claro aquilo que você já armazenou, lá num cantinho
bem secreto da sua mente. Como diziam os antigos, não
adianta chorar sobre o leite derramado. Trate de recuperar
as energias, enxugar as lágrimas, sacudir a poeira e voltar
a estudar. Sem perda de tempo. Ontem, se for possível.
Se for possível, não. É possível, sim. Escolha seu novo
concurso e mergulhe de cabeça novamente naquele já
conhecido mundo de aulas, mais aulas, exercícios, mais
exercícios, resolução de provas, simulados e tudo mais que
é preciso estudar para chegar à prova como um candidato
real a uma vaga para os cargos em disputa.
Basta pesquisar nos portais das entidades e órgãos
que organizam os concursos e constatar que milhares de
oportunidades estão abertas para os próximos meses. É
só escolher e partir para o confronto. E uma coisa pode
ter certeza, se fizer o dever de casa direitinho, vai dar
certo. Uma dessas vagas será sua. Basta olhar a oferta
desse mercado de trabalho tão maravilhoso, tão bem
remunerado e que não para de crescer. No início deste mês,
por exemplo, o Correio Braziliense publicou uma pesquisa
mostrando que mais de 28 mil vagas estavam abertas na
administração pública, para os níveis médio e superior.
Entre as oportunidades estava o concurso do Ministério
Público da União, cujas inscrições terminaram no último
dia 9, com salários entre R$ 4.575,16 e R$ 7.506,55. Mas
havia muito mais para escolher e até um salário de R$
21,7 mil para juiz do trabalho de São Paulo.
428
J . W. Gr a n j e ir o
Mas as boas notícias deste abril/2013 não param por
aí. Poucos dias depois da notícia acima, a Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal aprovou a
criação de 7,6 mil cargos públicos federais de provimento
efetivo, a serem preenchidos por concurso público. O
projeto de lei da Câmara que altera o Plano Geral de Cargos
do Executivo terá de passar pelo plenário do Senado, para
depois ir à sanção presidencial. A maioria dos cargos é
para as áreas de ciência e tecnologia, infraestrutura e
regulação. Apesar de aumentar gastos públicos (o custo
dos novos cargos será de R$ 480 milhões por ano), segundo
o governo as vagas são necessárias por conta da expansão
das atividades e das aposentadorias de muitos servidores.
Como o projeto não foi alterado, irá ao plenário com
requerimento solicitando votação em regime de urgência.
O maior número de cargos, entre os 7,6 mil, é para a
área de ciência e tecnologia: 3.594 vagas. Os cargos serão
preenchidos por meio de concurso público e conforme
necessidade do governo, a partir de 2014. Os demais são
para cargos de administrador, agente administrativo,
economista, engenheiro e médico-veterinário, entre outros.
Mas isso é só o começo, porque o Orçamento de 2013
prevê a criação neste ano de 53,6 mil cargos no âmbito do
Poder Executivo (incluindo a substituição de terceirizados),
com o preenchimento de 49,3 mil vagas. Para os três
poderes, a previsão é de criação de 61,9 mil cargos em
2013.
Sei que muitos discordam da criação desses cargos,
alegando que são desnecessários e causam um gasto
elevado demais aos cofres públicos. Discordo dessa opinião,
pois o serviço público precisa manter uma boa estrutura
de funcionamento para oferecer um trabalho de qualidade
à população. E isso só pode ocorrer quando o concurso
público é a principal forma de seleção dos servidores que
serão contratados para a prestação desses serviços, o que,
evidentemente, tem um custo a ser pago pelo estado. Exigir
a prestação de serviços sem material humano capacitado é
429
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
um contrassenso que constantemente vemos no noticiário
da imprensa sobre esse assunto, analisando tal situação
apenas sob o ponto de vista do aumento das despesas da
administração pública.
Eis aí um quadro mais do que animador para quem se
prepara ou vai começar a se preparar para os concursos
que vêm por aí nos próximos meses. É preciso mais alguma
coisa para que você se reanime e volte a enfrentar o desafio
a partir de agora? Vai ficar aí parado ou vai encarar?
Então lá vai. O recado é de um pensador da antiguidade
grega, o historiador e geógrafo Políbio. Numa época em que
o concurso público ainda não havia sido inventado, ele
pregava:
“Alguns abandonam os seus objetivos justamente
quando estão a ponto de atingi-los, enquanto outros, pelo
contrário, conseguem a vitória esforçando-se com um
último impulso antes de se renderem”.
Depois desta, só o que me resta é desejar a todos os
concurseiros que me leem – e os que não leem também um
FELIZ CARGO NOVO!
430
J . W. Gr a n j e ir o
O que pode fazer um concurseiro feliz
O que você está fazendo agora? É algo que você
realmente ama? Essa é uma questão fundamental na vida
de qualquer trabalhador, principalmente se nos referimos
a alguém que tem como objetivo se tornar servidor do
Executivo, do Legislativo ou do Judiciário, por meio da
aprovação em concurso público. Até porque, neste exato
momento, milhões de pessoas estão fazendo exatamente o
que as torna felizes, da maneira que as torna felizes.
A forma como trabalhamos recebe influência direta
de nossas tendências e comportamentos na sociedade.
Por exemplo, se hoje algumas coisas nos parecem muito
novas, diferentes de tudo a que estávamos acostumados,
é bom saber que há quem entenda bem essa realidade:
431
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
os jovens da geração conhecida como Geração Y. Boletim
do Ministério do Planejamento divulgado recentemente
informa que, na última década, 40% das pessoas que
tomaram posse em cargos públicos federais tinham entre
18 e 29 anos, ou seja, eram todas dessa geração, nascidas
nas décadas de oitenta e noventa. Vamos esmiuçar esse tema, que, para você, candidato
a concurso público, é da maior importância e pode
ajudá-lo a alcançar sua meta. Os membros da Geração Y
representam a nova força de trabalho global e têm grandes
aspirações. Metade deles já possui ou planeja montar o
próprio negócio, e a mentalidade digital, líquida e coletiva
que lhes é característica já tem causado impacto no modo
como trabalhamos.
Parece complicado, mas não é. Na verdade, é tudo
muito simples. Para entendermos melhor, recuemos um
pouco no tempo, algumas décadas, para ser mais preciso.
Manter as coisas simples era o lema de trabalho dos
Baby Boomers nos anos sessenta e setenta. Para quem
nunca ouviu falar nessa expressão inglesa, explico: Baby
Boomers significa Explosão de Bebês e se refere aos filhos
da Segunda Guerra Mundial (1939/1945), já que, logo
após aquele conflito, houve uma explosão de nascimentos
na Europa e nos Estados Unidos. Nascidos entre 1943 e
1964, os Baby Boomers viveram a juventude nas décadas
de sessenta e setenta e acompanharam de perto as
mudanças culturais e sociais desse período.
As regras eram mais claras naquela época. O espaço
de trabalho limitava-se ao escritório, as responsabilidades
eram individualizadas e específicas, e o trabalhador sabia a
hora certa de começar e de terminar o expediente. Naquele
tempo, após duas guerras mundiais (a primeira foi entre
1914 e 1918), as instituições representavam a estabilidade
que todos desejavam. Por isso, fazia todo sentido vestir a
camisa da empresa e responder bem às estruturas lineares
e hierárquicas.
432
J . W. Gr a n j e ir o
Mas o problema para o jovem do pós-guerra é que a
escolha de uma carreira representava uma decisão para o
resto da vida. Os mais velhos ensinavam os mais novos,
pois eram os anos na empresa que levavam ao crescimento
na organização. Ter um emprego garantia status social:
era o primeiro passo para o casamento e um filho nove
meses depois. O trabalho não se misturava com a vida
pessoal. Nada de hora extra em casa! Mas os Baby Boomers
trabalhavam muito, e isso tinha a ver com disciplina e
honra. Sacrifícios diários garantiam o sustento da família,
e eles sabiam que a grande recompensa viria, mesmo que
demorasse um pouco.
A seguir, veio a Geração X, de nascidos entre o início
dos anos sessenta e os primeiros anos da década de
oitenta, que redefiniu a relação de tempo entre trabalho e
recompensa. Superconfiantes, extrovertidos, competitivos
e dispostos a tudo para ter um rápido crescimento, esses
caras estavam sempre buscando melhores propostas. Uma
ideia lucrativa podia facilmente colocá-los na chefia, com
base na meritocracia, e não na experiência.
Procurando formas de se destacar pessoalmente e ser
mais independentes, a turma da Geração X dependia de
diplomas, MBAs e PHDs para sair na frente dos concorrentes.
Nessa lógica mais individualista, um bom guarda-roupa
e um cartão de visitas ajudavam a fechar negócios e
expandir os contatos. Estar no lugar certo na hora certa
era o que definia a carga horária. O espaço de trabalho foi
estendido para happy hour (fim de tarde ou início da noite),
e essa mistura da esfera pessoal com a profissional tornou
o workaholic (viciado em trabalho) alguém admirável. E
até sexy. Nesse ambiente extremamente competitivo, o
vencedor era quem chegasse à diretoria no menor tempo
possível, quando, então, poderia gozar imediatamente do
prazer proporcionado por suas conquistas.
433
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Hoje, a jornada é um pouco diferente. Os Millennials,
aqueles garotos imprevisíveis nascidos entre 1980 e 2000,
netos dos Baby Boomers, são quem melhor traduzem
esse novo olhar. Em um tempo onde o prazer determina
a realização profissional, eles sabem como ninguém
reconhecer oportunidades que combinam paixão com
trabalho. Estão familiarizados ao conceito de economia
criativa e cientes das novas profissões, do boom do
empreendedorismo e da nova força coletiva. Com tudo
isso, estão pintando um cenário inédito e brilhante.
Por isso, os Millennials são tão impacientes! Os
concurseiros que hoje enchem as salas de aula dos
cursinhos são assim, autênticos Millennials da segunda
década do século XXI, que estamos vivendo todos – e
não apenas eles – com tanta intensidade. Um mundo
maravilhoso, altamente tecnológico, com recursos
inimagináveis há pouco mais de dez anos, em que o futuro
previsto nos livros de ficção científica parece já ter chegado.
A velocidade com que esses jovens se conectam com o
mundo determina o ritmo em suas relações de trabalho.
Projetos que só farão diferença no longo prazo simplesmente
não os estimulam. Além disso, eles precisam de feedback
(retorno de informação) constante para sentir que seus
esforços estão valendo a pena. A pirâmide empresarial
tradicional não combina com esses jovens ansiosos,
entusiasmados por trabalhar com outras gerações, mas
em um relacionamento de igual para igual, com respeito
mútuo. É uma questão de trocar conhecimentos, não
importa a idade. Até porque os Millennials têm o poder de
descobrir as coisas sozinhos. É natural para eles diversificar
os canais e buscar meios informais de educação, em vez de
apenas um curso de faculdade. No fim, comprometimento
profissional não é apenas uma convenção, e sim algo que
surge de forma natural de suas experiências.
Além de um emprego, tornou-se importante ter um
propósito, o que pode ser exercido de várias formas ao
434
J . W. Gr a n j e ir o
mesmo tempo. Mobilidade, espaços compartilhados, home
offices (escritórios em casa) e a possibilidade de criar o
próprio horário tornam o trabalho sempre presente, em
qualquer momento, em todos os lugares.
Por essa razão, pessoas com diferentes estilos têm
mais liberdade para exercitar seus talentos e até os mais
introvertidos podem transformar ideias em negócios
milionários. Você pode ficar de pijamas, desde que
mantenha atualizado e atraente o seu perfil on-line.
Como se pode ver, flexibilidade é o caminho a seguir.
Millennials e as novas gerações de servidores, egressos
dos concursos públicos, são fascinados por projetos em
andamento e se sentem motivados ao aprender novas
modalidades. Têm entusiasmo pelo mundo aberto, onde
interferir e testar algo inacabado é o único jeito de criar o
novo. Precisam, mais do que nunca, se sentir autônomos
e adoram o desafio de participar e criar em colaboração.
Podem mudar de direção com rapidez e desapego, vivendo
melhor o presente sem a ilusão de que podem controlar
o futuro. A explicação é simples: quem se adapta melhor
pode evoluir com as mudanças.
Se o amigo concurseiro se sente impressionado por
tudo isso e está procurando a resposta certa, vou lhe fazer
uma pergunta: você está fazendo o que ama neste exato
momento? Não?
Então comece!
“Caia dentro”, como diz a gíria. Se está estudando
quatro horas por dia, estude oito. Dê tudo o que pode, o
melhor de si, não importa que sacrifícios tenha de fazer,
pois o relógio esta correndo e sua vida está com pressa.
Descubra o propósito de sua vida e faça acontecer,
tornando-se um dos aprovados no próximo concurso em
que se inscrever. Acha que é fácil falar, pois pimenta só
arde nos olhos dos outros? Errado! Eu falo porque sei por
experiência própria como a pimenta arde, já que estudei
e fui aprovado em oito concursos públicos, antes de me
tornar um empreendedor do ramo.
435
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Por isso, não tenho pena de ninguém que diz estar
sofrendo de tanto estudar para passar em concurso. Tenho
é orgulho de todos, porque sei que acabarão alcançando
seu objetivo. E quem não começou a estudar, que trate
de fazê-lo agora mesmo, porque mais de 28 mil vagas
estão abertas em todo o país, para quem sonha com a
estabilidade do emprego público e salários que podem
chegar a R$ 21,7 mil.
Então, está esperando o quê, cara-pálida? Amar o
seu trabalho vai colocar você em movimento. É o único
jeito de viver uma vida plena. Todos os dias. E saiba que
a vitória pertence a quem acredita nela, e por mais tempo.
Esses serão os concurseiros que daqui a pouco estarão
comemorando o seu
FELIZ CARGO NOVO!
436
J . W. Gr a n j e ir o
Mãe concurseira, uma história de sucesso
Diariamente, recebo em minha caixa de e-mails e em
minha fan page mensagens com relatos de alunos e exalunos sobre suas experiências bem-sucedidas como
concurseiros. Muitas vezes, essas mensagens manifestam
gratidão pela ajuda e incentivo que ofereço em artigos,
palestras e programas de rádio, nos quais procuro
demonstrar que depende apenas de cada um de nós
transformar em realidade um sonho como a aprovação em
concurso.
437
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Em alguns casos, sou tocado pela mais profunda
emoção, ao ler histórias de pessoas que se entregaram de
corpo e alma à busca de seu lugar ao sol, que abdicaram de
muita coisa importante – até mesmo do sagrado convívio
familiar – para mergulhar nos estudos por meses a fio, e,
no fim, colheram os louros da aprovação e saborearam o
doce néctar da vitória com a conquista do cargo público.
Nos últimos dias, entre tantos casos que me chegaram,
um em particular me tocou o fundo do coração. Vou
reproduzi-lo aqui, sem citar nomes, por se tratar de
correspondência particular, como forma de incentivo para
milhares de candidatas que possam estar vivendo situação
parecida com a da ex-aluna que me escreveu. Pessoas
nessas circunstâncias precisam, mais do que ninguém, de
uma injeção de ânimo para continuar a difícil jornada de
superação e autoafirmação por trás da preparação para
prestar concurso.
7g Aí vai o relato, com as devidas adaptações, do que
foi a bem-sucedida aventura de uma mulher guerreira no
mundo dos concursos públicos.
“Boa tarde, Professor. Quero hoje contar para o senhor um pouco da minha
história. Posso até não chegar a conhecer o senhor
pessoalmente, mas você faz parte da minha superação e
principalmente da minha APROVAÇÃO.
Fui aprovada em oitavo lugar no concurso do Ministério
da Cultura para o cargo de nível médio, mas até essa
aprovação passei por momentos de tristeza, outros de
confiança; muitas vezes chorei em cima dos livros e
apostilas. E era nesses momentos de falta de confiança
que eu lia seus artigos e me apegava às suas palavras de
incentivo.
Decidi voltar a estudar depois de oito anos sem nem
pegar em um livro, quando meu esposo foi demitido de um
emprego em que ele já trabalhava havia onze anos.
Meu nome é M.G.S., 27 anos, mãe de duas meninas
438
J . W. Gr a n j e ir o
lindas, K., de 5 anos, e V., de 3 anos. Há exatamente um
ano e oito meses comecei a estudar. No início, estudava só
quatro horas por dia, mas vi que não era suficiente e então
passei a estudar oito horas todos os dias. Sentia-me tão
culpada porque eu só estudava e não cuidava da casa, não
cuidava das minhas filhas direito e todas as minhas outras
obrigações eu fazia pela metade, mas não abria mão de
estudar as oito horas diárias. Quando saiu o concurso do Ministério da Fazenda, uma
amiga minha falou para mim que acreditava tanto na minha
aprovação que ela pagou o cursinho para mim na Ceilândia.
Mas infelizmente não fui aprovada.
Então, como não tinha dinheiro para fazer outro cursinho
nem para comprar os livros que eu precisava, meu irmão
começou a me ajudar. Ele me dava cem reais todo mês para
custear meus estudos e em troca eu arrumava a casa e
lavava a roupa dele. E foi assim, nessa luta, que eu consegui essa primeira
aprovação. Como eu estou feliz e me sentindo realizada!
E, se Deus quiser, quando eu for nomeada e começar a
trabalhar, vou ter dinheiro para fazer um outro cursinho e
passar em outros concursos.
Muito obrigada, Professor. Desculpe-me se tem erro de ortografia e outros mais.
Ainda não aprendi a fazer redação. Sempre estudei em
escola pública e no meu tempo os professores não ensinavam
a fazer redação.”
Diante de relatos como o dessa jovem mãe concurseira,
é difícil conter a emoção. São casos como esse que me
fazem sentir plenamente realizado em minha missão de
professor dedicado aos concursos públicos já por mais de
duas décadas. Histórias assim revigoram minhas forças e
meu interesse por ajudar as pessoas a alcançar o objetivo
de se tornar servidor público e garantir uma vida melhor,
mais digna e tranquila para toda a família.
439
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
Não há vitória sem sacrifício. Essa é uma constatação
que se confirma a cada concurso, quando sai a lista dos
aprovados. Como ocorrerá mais uma vez no concurso
deste domingo, 24 de março, quando 87 mil candidatos
disputarão as 1,8 mil vagas oferecidas pelo Tribunal de
Justiça do Distrito Federal e Territórios, nosso popular
TJDFT.
Quando soar a sirene que dará início à prova, lá
estarão milhares de mulheres semelhantes à personagem
do meu artigo desta semana. São jovens mães de família
que se tornaram concurseiras por absoluta necessidade
de sobrevivência ou porque veem no serviço público uma
opção profissional que lhes proporcione qualidade de
vida bem melhor do que a atual. Em comum, todas elas
tiveram de deixar de lado durante algum tempo prioridades
anteriores, para lutar de igual para igual com milhares de
concorrentes e sair vitoriosas.
Tenho escrito muito sobre o fato de as mulheres já
dominarem a área de concursos públicos, numa proporção
de 60% contra 40% de homens. Por consequência, elas
também ocupam cada vez mais cargos preenchidos por
concurso público, que antes eram de predominância
masculina nas mais diversas áreas do Executivo, do
Legislativo e do Judiciário. Isso apesar de a maioria delas
ainda ter de cumprir dupla jornada de trabalho, no lar e no
ambiente profissional, o que não é o caso dos homens em
nossa sociedade. Há, portanto, uma desvantagem evidente
para elas, transposta graças à inteligência, à garra e à
capacidade de superação inerentes ao sexo feminino.
No artigo da semana passada, narrei outra história
exemplar de sucesso, a do juiz Pedro Santos, que aos 25
anos se tornou o mais jovem membro da magistratura
federal do Brasil, isso depois de ser aprovado em outros
dificílimos concursos públicos da área jurídica, alguns
deles em primeiro lugar. Vejo semelhanças entre o caso
dele e o da mãe concurseira que me inspirou o artigo desta
440
J . W. Gr a n j e ir o
semana. Em ambas as situações, foi necessária muita
determinação, ou melhor, uma férrea vontade de vencer
os obstáculos interpostos no caminho rumo aos objetivos
de nossos heróis. Sem essa determinação de maratonista,
nem Pedro Santos, nem M.G.S. jamais teriam alcançado
a linha de chegada da aprovação nos concursos a que se
submeteram.
Espero que o exemplo desses dois guerreiros sirva para
todos os concurseiros que me leem. Em especial, espero
que inspire as mulheres, que encontram em uma dessas
histórias o comovente retrato de uma mulher modesta, mas
determinada, que fez da aprovação em concurso público a
sua meta e já alcançou a primeira vitória. Estou certo de
que a experiência foi tão gratificante que ela, em breve,
terá para nos contar mais aprovações, conforme prevê em
sua carta.
Para mim, nada é mais gratificante do que saborear
o triunfo de meus alunos e ex-alunos. No fim das contas,
é o que vale para um veterano professor se considerar
bem-sucedido na vida. Afinal, sempre haverá alguém para
contar histórias como essas, em algum órgão público de
algum lugar do Brasil. Quando o personagem principal
dessas histórias é do sexo feminino, o exemplo ganha ainda
mais relevo, por tudo aquilo que as mulheres precisam
enfrentar para vencer a dura competição que envolve o
concurso público.
A propósito, em meu artigo sobre o Dia Internacional
da Mulher, comemorado em 8 de março, citei uma frase
da escritora Martha Medeiros para ilustrar o momento
de ascensão feminina no mundo moderno. Volto a
recorrer aos brilhantes pensamentos de Martha, como
corolário do meu texto desta semana, e em homenagem
a todas as mulheres, concurseiras ou não, que me leem
neste momento, para sintetizar o novo papel que elas
desempenham na sociedade: 441
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
“Ser livre é fazer as próprias escolhas. Muitos dos nossos
medos são herdados dos nossos pais. Quando vamos ver,
somos mais audaciosas do que pensávamos.”
Tenho certeza de que, com a liberdade de fazer as
próprias escolhas e a audácia que supera os velhos medos
hereditários, vocês, queridas amigas e concurseiras,
estarão a caminho de conquistar, até mais depressa do
que esperam, o seu FELIZ CARGO NOVO!
442
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As preciosas dicas de um concurseiro
bem-sucedido
Atenção, concurseiros! Vocês querem ingressar no
serviço público? Nada melhor, agora, para quem sonha com
a aprovação, do que conhecer o caso de um concurseiro de
sucesso – e bota sucesso nisso! Nosso colega tem preciosas
dicas a oferecer, baseadas em sua experiência pessoal.
Estou falando de Pedro Felipe de Oliveira Santos,
piauiense de 25 anos aprovado num dos mais difíceis
concursos do país, o de juiz federal. Quando ele tomou
posse no cargo, tornou-se o mais jovem membro dessa
carreira da magistratura brasileira. Como se não bastasse,
o agora magistrado coleciona inúmeras aprovações em
concursos públicos. Esta foi apenas a última de suas
façanhas.
Naturalmente, ele é O CARA, um gênio que não aparece
a toda hora, não é isso que estão pensando? Pois vocês
443
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
estão enganados, caros amigos, leitores e concurseiros,
certamente ansiosos por conhecer mais detalhes dessa
história e tirar pelo menos uma casquinha do sucesso dele.
“Não sou superdotado. Todos os resultados que obtive
são fruto da determinação e de muito esforço.” É isso aí.
Simples assim! Uma receita de sucesso que qualquer um
pode seguir, desde que alie força de vontade e capacidade
de superação das dificuldades para alcançar o tão desejado
cargo público. É o que venho pregando em meus artigos.
E é o que sempre ensinei em minhas aulas de direito
administrativo, que, tenho a certeza, já levaram milhares
de concurseiros a se tornarem servidores nas mais diversas
carreiras do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.
Mas retomemos a história do Dr. Pedro Santos. Como
eu disse, antes de se tornar juiz federal, ele passou em
muitos outros concursos. Foi aprovado para os cargos
de procurador de Alagoas, de defensor público do Piauí
(primeiro lugar), de defensor público de Alagoas e de
defensor público da União (primeiro lugar). Adivinhem
qual foi sua classificação no concurso que o tornou juiz?
Ponto para quem chutou primeiro lugar. E há um detalhe
a mais que é realmente impressionante: tudo isso que
relatei aconteceu nos últimos cinco anos.
Dito isso, agora é o momento de algumas dicas do Dr.
Pedro, para alegria dos concurseiros que me leem. Palavras
de Sua Excelência: “Desde cedo, comecei a fazer muitas
provas. Inscrever-se em concursos públicos e resolver
questões é um excelente termômetro para detectar quais
os pontos a melhorar e as disciplinas que demandam mais
tempo de estudo.”
Repito: simples assim! Nada mais, nada menos do que
aquilo que estou cansado de falar, de escrever, de ensinar a
vocês! Desculpem, me empolguei. Não estou cansado, não.
Nunca vou me cansar de bater nessa tecla. Ao contrário,
vou continuar insistindo, agora com a ilustre companhia do
piauiense Pedro Santos para me ajudar: ele foi o primeiro
444
J . W. Gr a n j e ir o
colocado entre 54 aprovados num concurso que tinha
8.374 inscritos e, sem exagero, exige um conhecimento
verdadeiramente enciclopédico do direito. Como estudar
para um concurso desses, ou para qualquer concurso que
tenha um programa abrangente e diversificado como o do
TJDFT, por exemplo? Pedro Santos sabe e revela:
“A aprovação em qualquer concurso público consiste
em projeto de longo prazo, desde o momento inicial da
preparação até a realização das provas. Para o concurso
da magistratura, assim como a maioria dos candidatos,
tive que conciliar trabalho e estudo, o que não foi nada
fácil. Mantinha uma rotina média de sete horas diárias
de estudos. Tentava gozar as minhas férias nas datas
próximas às provas, período em que intensificava as
leituras, alcançando jornadas de até catorze horas.”
Vocês querem passar em concursos públicos? Então é
preciso ousar. “Abandone a zona de conforto”, aconselha
Pedro Santos. A metodologia do jovem juiz para a prova
objetiva sempre privilegiou a resolução de exercícios
e a análise de provas de certames anteriores, práticas
combinadas com o estudo de doutrina e de jurisprudência.
“Somente a prática exaustiva consolida em nossa mente o
conhecimento obtido nas leituras”, ensina. Diariamente,
Pedro destinava boa parte do tempo de estudos para
responder questões. Posteriormente, conferia as respostas
e analisava, item por item, os seus erros e acertos, elencando
pontos de conteúdo que exigiam mais aprofundamento.
Para a fase subjetiva, com questões de análise
e sentenças, ele fez um estudo específico da banca
examinadora, a fim de detectar seus posicionamentos e os
temas de maior predileção. Para a prova oral, aprofundou
a revisão dos temas do edital e realizou várias simulações
com outros colegas candidatos.
Cabe, aqui, um alerta: cada pessoa deve encontrar
o seu método ideal de preparação. O dele deu certo. Por
que o seu não daria, meu amigo concurseiro e leitor? É
445
A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
claro que dará, se você levar o estudo a sério. A explicação
de Pedro para tantas aprovações em um curto espaço de
tempo é simples: solução de inúmeras provas. Ele conta
que desde o início dos estudos começou a participar de
concursos. Entre as vantagens do método, segundo ele,
“perde-se paulatinamente o ‘medo’ de fazer provas, o que
deixará o candidato mais tranquilo no tão esperado dia do
teste”.
Concordo e assino embaixo. Assim como também
estou de acordo com a opinião dele de que é preciso ousar
e abandonar a zona de conforto, porque “o candidato
jamais se sentirá integralmente preparado. O conteúdo
é vasto. Estuda-se direito constitucional, esquecem-se
alguns detalhes do direito administrativo; volta-se para
administrativo e esquecem-se outros temas essenciais
de penal, e assim por diante. Nunca me senti 100% em
nenhuma prova. Não tenho dúvidas de que isso seria
humanamente impossível. A meta do concurseiro não
é gabaritar a prova, mas simplesmente alcançar um
conhecimento geral das disciplinas e obter uma boa soma
de pontos, que garanta a aprovação. Não devemos ter
medo de ‘dar a cara a tapa’. É preciso perder o receio da
reprovação, de ser zoado pelos colegas, de decepcionar os
familiares ou a si.”
Perfeito. É exatamente o que pensa o locutor que vos
fala. Ou melhor, o redator que lhes escreve. Agora, para
terminar esta preciosa aula de como passar em concurso
público por quem fala do alto de cinco aprovações, um
detalhe fantástico: de início, esse método só deu errado.
É o hoje juiz Pedro Santos quem conta, e dá mais um
conselho, voltado sobretudo para quem está estudando há
muito tempo e ainda não conseguiu passar em nenhum
certame:
“Não tenho constrangimento em declarar que, para
alcançar suadas aprovações, vivenciei tristes reprovações.
Hoje não tenho dúvidas de quanto as derrotas me ajudaram
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J . W. Gr a n j e ir o
a crescer. Não apenas por terem tornado mais saborosa
a vitória, mas porque me auxiliaram a obter diagnósticos
precisos dos rumos que eu deveria dar aos meus estudos.
Do ponto de vista emocional, cada reprovação demanda
uma virada de página e a obtenção de forças para seguir
adiante. Desistir, nunca! É preciso aprender a analisar
fria e objetivamente cada derrota, detectando os erros, os
conteúdos que demandam mais atenção e as necessárias
mudanças de enfoque.”
Eu poderia parar por aqui, mas ainda tenho um
recado final de Pedro Santos aos concurseiros: “Não me
recordo de quantos concursos participei ao todo. E parte
justamente dessa constatação a melhor contribuição que
posso oferecer aos concurseiros: não há momento ideal
para começar a se inscrever.”
Se você ainda não passou, mas está convencido de que
a sua vez vai chegar, continue estudando, como Pedro fez
após cada reprovação. Continue estudando ainda com mais
empenho, mais determinação. Não deixe que uma batalha
perdida decrete a derrota na guerra. E tenha sempre em
mente o exemplo do juiz federal mais jovem do Brasil.
Hoje, ele é o dono de um cobiçado cargo público, o que
você também poderá conseguir em breve. Tudo depende
apenas, exclusivamente, do seu esforço pessoal. Só assim
chegará a sua vez de comemorar a conquista do seu
FELIZ CARGO NOVO!
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
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J . W. Gr a n j e ir o
O segredo do sucesso dos campeões e dos
concurseiros
Estamos a menos de um mês de um dos concursos
mais disputados da história de Brasília. A concorrência
para o concurso do Tribunal de Justiça do Distrito Federal
(TJDF), que vai selecionar 1,8 mil novos servidores, é
tão alta que a cidade praticamente vai parar enquanto
mais de 100 mil pessoas estiverem empenhadas, durante
quase cinco horas, em responder as questões e elaborar a
dissertação pedida pela banca examinadora.
A poucos dias da prova, é neste momento que vem a
pergunta inevitável de todo candidato: o que fazer para
passar? Minha resposta é que não existe uma fórmula
única, perfeita e ideal para todos os candidatos. Já
escrevi várias vezes sobre isso, sempre procurando
mostrar que cada pessoa tem seu próprio método. O
melhor, obviamente, é aquele que dá certo, mas o que
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
pode funcionar perfeitamente para um candidato, para
outro pode não trazer bons resultados e – pelo contrário –
terminar em frustração.
Há, contudo, algumas atitudes que todo candidato
realmente determinado a se tornar servidor público deve
tomar, para fazer a prova com chances reais de aprovação.
Eu pensava a respeito disso quando deparei com duas
histórias exemplares de sucesso em atividades esportivas.
Elas vêm a calhar para motivar os milhares de concurseiros
que vão pleitear uma vaga no TJDF dentro de três semanas.
É o exemplo de duas pessoas que se tornaram vitoriosas
graças a um esforço excepcional. Em comum, o segredo do
sucesso: dedicação total à causa que abraçaram.
A primeira história é a do lutador de MMA – Artes
Marciais Mistas (Mixed Martial Arts) – José Aldo. Campeão
mundial dessa modalidade de luta no UFC (Ultimate Fight
Championship), Aldo está entre os três melhores lutadores
da categoria peso-leve do MMA mundial. Não vou falar
sobre o desempenho esportivo dele, mas sobre a odisseia
por que ele passou até chegar ao topo do ranking nessa
que é uma das modalidades esportivas mais violentamente
competitivas que existem.
Basta ver José Aldo em ação para entender que ele
nasceu para ser campeão. Todavia, se eu o encontrasse na
rua momentos antes de ele entrar no ringue, não acreditaria
que aquele o homem fosse quem é. Com apenas 27 anos
de idade, baixinho de menos de 1,70m, José Aldo parece
mais um trabalhador braçal do que um desportista. Ele
não é um cara charmoso, nem bonito; ao contrário, tem
o rosto marcado por uma estranha cicatriz. Apesar disso,
quando sobe ao ringue e encara os adversários, o olhar do
lutador tem algo de magnético, hipnótico mesmo, que faz
os rivais desviarem os olhos para não encará-lo.
Esse é o José Aldo que o público conhece. Mas existe
uma história de vida impressionante no passado desse
homem, que saiu do nada, do zero absoluto, para se
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J . W. Gr a n j e ir o
tornar o campeão que é hoje. E isso só aconteceu porque
ele colocou na cabeça que não tinha alternativa a não ser
vencer todos os adversários que se interpusessem entre
ele e o título mundial. Foi exatamente o que fez. Para isso,
teve de se submeter a dormir no chão da academia onde
treinava durante o dia. Depois que todo mundo saía, varria
o tatame, sobre o qual dispunha um colchonete. Era ali que
passava a noite, até começar toda a rotina de trabalho e
treinos no dia seguinte. José Aldo só conseguiu sobreviver
porque teve um amigo que dividia com ele os R$ 200 que
recebia de um patrocinador para comprar comida.
Imagine o que foi esse início do hoje campeão José
Aldo! Ele, no entanto, tinha um sonho, e foi isso que o
manteve firme, até alcançar seu objetivo, em 2010, com a
conquista do título mundial.
A saga de José Aldo me levou ao passado, quando
enfrentei também as adversidades da vida de rapaz pobre
para poder estudar e me preparar para concursos públicos.
Houve uma época em que cheguei a dormir num trailer, de
favor também, tal como José Aldo. Mas o lutador ainda
tinha uma vantagem em relação a mim: a academia onde
ele passava as noites estava sempre no mesmo lugar. Ali,
no tatame, ele tinha um cantinho garantido para dormir.
Já eu às vezes era obrigado a dormir no chão, quando
o trailer ia para outro lugar e me deixava na rua. E não
dava para ir para casa, pois não existia condução, tal
como acontece ainda hoje nas madrugadas de Brasília,
em muitas localidades, apesar de a cidade ser a Capital
da República. O sufoco era grande, mas não me impediu
de continuar na busca por meu sonho, que era vencer o
desafio dos concursos públicos, o que acabei conseguindo
por oito vezes, para depois me tornar um educador e
especialista nessa área tão importante para o país.
Não bastassem esses dois exemplos, quero falar ainda
de outro personagem, consagrado no mundo do tênis
como o maior mestre de todos os tempos, construtor de
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
campeões desse esporte como nenhum outro conseguiu
até hoje. Refiro-me a Nick Bollettieri, norte-americano
que, na verdade, se chama Nicholas James e conta com
81 anos de idade, oito casamentos e cinco filhos. Ele é
o dono da principal academia de tênis do planeta, um
complexo esportivo com milhões de metros quadrados e
mais de cinquenta quadras de tênis, de onde já saíram
dez atletas que se tornaram número um do mundo no
mundo das raquetes: Andre Agassi, Pete Sampras, Venus e
Serena Williams, Marcelo Ríos, Boris Becker, Jim Courier,
Martina Hingis, Monica Seles e Maria Sharapova. Além
desses, Bollettieri preparou centenas de outros atletas que
se destacaram pelas quadras do mundo no ranking dos
melhores tenistas mundiais.
Bollettieri também começou praticamente do zero.
Só aprendeu a jogar tênis na faculdade, e, mesmo
assim, muito mal. Tanto que, quando resolveu se tornar
professor, mal conhecia alguns fundamentos do esporte.
Vocês podem não acreditar, mas a ignorância dele era
tanta que o jeito era pedir para a então primeira das oito
esposas, Phyllis, perguntar aos outros técnicos quais
eram os tipos de empunhadura usados no tênis. Mas isso
foi no começo. Mais tarde, aplicando a rígida filosofia de
trabalho que aprendeu no Exército, Nick obteve sucesso.
Hoje, cada aluno de sua academia paga a bagatela de 60
mil dólares por ano (cerca de 120 mil reais) e tem de se
submeter a treinamento diário e em tempo integral, no
qual a competitividade é estimulada a todo o momento
com disputas entre os alunos.
Há quem critique os métodos do professor. Entre eles
está Andre Agassi, um dos seus pupilos mais famosos. O
ex-número um do mundo diz que o regime na academia
de Nick é comparável ao de uma prisão. Insatisfeito, criou
sua própria escola de tênis, cuja filosofia é completamente
diferente da que norteia o trabalho de Bollettieri. Este,
obviamente magoado, saiu-se com uma resposta irônica:
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J . W. Gr a n j e ir o
“Da minha academia já saíram dez número um do mundo.
Vamos ver quantos sairão da dele.”
O que explica o sucesso de Nick Bollettieri, porém,
não são apenas a rígida disciplina e os duros métodos
de treinamento, que incorporam a última palavra em
tecnologia ao dia a dia dos alunos. O segredo, para mim,
está na explicação que ele próprio dá para o tenista se
tornar um campeão: “Aqui, eu não quero quem chegue
dizendo que quer ser apenas um bom tenista. Para treinar
comigo, tem de desejar ser o melhor do mundo.”
É essa filosofia de vida e de trabalho que você,
concurseiro, precisa incoporar para garantir o seu lugar
no pódio dos concursos públicos. Não basta apenas
concorrer a uma vaga; é preciso ser o melhor entre todos
os concorrentes. Só assim, você estará a caminho de
conquistar o seu
FELIZ CARGO NOVO!
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J . W. Gr a n j e ir o
Qual é o tamanho da sua fome para passar
num concurso público?
“UM DIA VOCÊ AINDA VAI OLHAR PARA TRÁS E VER
QUE OS PROBLEMAS ERAM, NA VERDADE, OS DEGRAUS
QUE O LEVARAM À VITÓRIA.”
Você quer passar em concurso público? Tem fome
para isso? Então, há algo que pode mudar sua vida em um
instante. Sabe o que é? Ação!
O primeiro passo é fácil: você precisa apenas tomar a
decisão. Imagine-se daqui a um ou cinco anos e perguntese, lá no futuro, o que você desejaria ter feito hoje. Não
tenha dúvida: o segredo de estar à frente é começar a agir.
Quer uma sugestão? Comece a estudar e não pare mais
enquanto não obtiver a tão sonhada aprovação para um
cargo no Executivo, no Legislativo ou no Judiciário.
O concurseiro não pode deixar o medo atrapalhar
a realização dos seus sonhos nem se render àquele
pensamento comum entre os covardes: “Poxa, e se isso
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
não der certo?” Se ele acreditar em si mesmo, o sucesso
chegará, naturalmente. Para isso, só é preciso ter vontade
sincera de ir até o fim. E, primeiro, é preciso mergulhar de
cabeça. Não caia na armadilha do medo. Ignore-a.
O desafio do concurso público exige garra, exige
tenacidade, exige entrega total, exige paixão de quem
se propõe a vencê-lo. Se a paixão está presente em sua
corrida, você seguirá o percurso a toda velocidade. Não há
dúvida: você será bom! O que faz alguém ser bom em algo
é dedicação, trabalho duro e comprometimento em fazer
as coisas com a direção e a metodologia corretas. Agindo
assim, você será não apenas bom, mas o melhor ou um
dos melhores na disputa pela tão sonhada vaga.
Concurseiro de sucesso é aquele que pensa como um
profissional de qualquer área cuja meta seja tornar-se um
dos melhores em seu campo de atuação. Assim, cabe a
pergunta: o que faz de alguém um excelente profissional?
Eu respondo: é a determinação em pegar aquela pequena
ideia ou aquela pequena decisão que se tomou e executála, levando-a o mais longe que a imaginação puder levar,
dedicando toda energia do corpo para a causa. É como
se a pessoa já enxergasse, no fim da Estrada, sua grande
recompensa, por ter sido a melhor e não se acomodar por
motivo nenhum.
Portanto, não basta talento, nem habilidade. A receita
de sucesso depende apenas do tamanho de um ingrediente:
a vontade que o concurseiro tem para alcançar seu objetivo,
que é a aprovação. O candidato a um cargo público deve
ser capaz de dar boas respostas às seguintes perguntas:
Quão grande é o seu apetite pelo sucesso? O que está
disposto a fazer para concretizar seus sonhos?
Os profissionais só se tornam os melhores no que
fazem quando não ligam para a opinião de terceiros, nem
para as dificuldades. Além disso, eles não tiram dias de
folga, pois mantêm-se cem por cento dedicados ao seu
objetivo, preparando o caminho para fazerem o que sabem
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J . W. Gr a n j e ir o
fazem melhor. Tudo é para um propósito muito maior do
que qualquer felicidade eventual que uma gratificação
imediata proporcione.
Alcançar nossos objetivos é bênção pura. Quanto
maiores as expectativas, mais esse sentimento se amplifica.
Qual seria, então, a diferença entre você que está se
preparando para um concurso, com todas as energias
concentradas nessa empreitada, e os seus concorrentes?
É simples: os profissionais são aqueles que estão dispostos
a ir até a exaustão completa, todo santo dia. O concurseiro
que busca a aprovação tem de ser assim.
Exaustão é aquele ponto doloroso que machuca tanto
que nos impede de raciocinar direito e nos faz concluir
que não podemos ir adiante. Se você for atingido por esse
tipo de sentimento, faça a diferença e siga em frente. Se
estudou a noite toda, estude mais durante o dia, assista
às aulas, repasse as lições, faça resumos. Até, de fato, não
aguentar mais. É nesse ponto, quando você tiver certeza
de que fez absolutamente tudo ao seu alcance; é somente
nesse ponto que você terá atingido a exaustão.
Quão disposto você está a fazer esse tipo de sacrifício
para passar no concurso? O que você está fazendo agora?
Pergunte-se: Você está caminhando para mais perto dos
seus objetivos ou está se afastando deles? Está batendo na
porta da exaustão ou apenas se sentindo desconfortável?
Entenda que estar desconfortável não é o mesmo que estar
exaurido. O bom concurseiro enfrenta e vence o cansaço.
Os maus concurseiros se rendem a ele.
A sensação de desconforto nada mais é do que a
mente desistindo antes do corpo. Sentir-se desconfortável,
portanto, é o alerta para que você persista. Contudo, isso
ainda não é o suficiente para sagrá-lo vencedor na disputa
com milhares de candidatos que querem o mesmo que
você: a vaga no serviço público, com todas as vantagens de
ser servidor: estabilidade, status, um belo contracheque,
assistência médica para si e a família e segurança para
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
o futuro, graças a uma aposentadoria digna e condizente
com seu padrão de vida.
Em busca desse sonho, é preciso alcançar a excelência.
E ela só é atingida quando você se convence de que está
“morrendo” de estudar. É isso que o tornará o melhor
naquilo que se dispôs a fazer.
Você já viu corredores de maratona em ação? Imagino
que sim. Entretanto, se você não é um deles, é difícil
imaginar os sacrifícios que eles impõem a si mesmos para
alcançar a linha de chegada, mesmo sem chance nenhuma
de vitória. O importante, para eles, não é o pódio, mas a
superação do desafio e dos próprios limites. Não importam
as dores quase insuportáveis pelo corpo, o cansaço que
se espalha da cabeça aos pés. Em determinado momento,
eles se comportam como máquinas, que só são desligadas
depois de ultrapassar a linha de chegada.
Sabe, é mais fácil comprar ingressos para um jogo do
que se preparar para ele. É mais fácil passar o tempo com
os amigos do que subindo e descendo escadas uma hora
por dia. É mais fácil dormir até tarde do que acordar para
enfrentar 10 mil metros de corrida. É mais fácil ir a uma
festa do que fazer agachamentos forçados. Entretanto, o
maratonista só consegue vencer os 42.195 metros de uma
prova porque faz tudo isso. Na preparação para concurso
público, o concurseiro precisa ser assim. Do contrário,
não figurará entre aqueles que terão alcançado a linha de
chegada.
É muito mais fácil assistir do sofá a atletas do que
ser o cara que segura o troféu. Mas também é muito mais
fácil olhar para trás e saber que você fez de tudo para
vencer, do que viver remoído pelo arrependimento; não ter
desperdiçado seu potencial, do que ter deixado esse peso
nos ombros por toda a vida.
Ninguém disse que tornar-se bem-sucedido seria tarefa
fácil. Mas pode ter certeza de que vale a pena. Você é o seu
próprio criador neste mundo. E não existe “falha”. Você
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só precisa falar para si mesmo: “Não foi desta vez, mas
vou tentar de novo, de novo e de novo. Se eu não passei
neste concurso, vou olhar para minha ‘falha’ diretamente
nos olhos e dizer a ela que estou disposto a fazer todo e
qualquer esforço novamente para alcançar meus objetivos.
Afinal, sem esforço, nunca haverá nenhum progresso.”
Tudo se resume a quanto você quer isso. Tudo depende
do tamanho do seu apetite pelo sucesso. Você apenas quer
ou está morrendo de fome por isso? Mantenha-se firme em
seu objetivo, continue direcionado, continue com fome.
Pois só assim você conseguirá conquistar o seu
FELIZ CARGO NOVO!
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Melhor acrescentar vida aos dias do que
dias à vida
Poucas pessoas no Brasil sabem quem foi Rita LeviMontalcini, autora da frase de que me apropriei para
intitular o artigo desta semana. Ela morreu no último dia
30 de dezembro, depois de deixar para a posteridade não
apenas esse lindo pensamento, mas uma importantíssima
descoberta científica, que lhe rendeu o Prêmio Nobel de
Medicina de 1989. O curioso é que sua vida teve muito
mais dias do que a da maioria das pessoas: durou nada
menos do que 103 anos.
Ao ler sobre Rita, encontrei inspiração para o texto da
semana, surpreendido pelo exemplo de mulher, cientista
e intelectual que ela foi e encantado por sua coragem,
caráter e extraordinária personalidade. Rita foi daquelas
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
pessoas raras que demonstram como é importante lutar
por suas ideias e seus objetivos.
É por isso que conhecê-la é tão importante para nós
que respiramos concurso público. A luta por uma vaga
no serviço público é um desafio que exige do candidato
qualidades que Rita teve de sobra. Ela dedicou-se
integralmente ao estudo e à pesquisa científica, mesmo em
idade avançada. Tanto que conquistou o Prêmio Nobel de
Fisiologia em Medicina, aos 77 anos de idade, juntamente
com o fisiologista norte-americano Stanley Cohen. O feito?
A descoberta, em 1942, do Nerve Growth Factor (NGF),
fator do crescimento nervoso. O prêmio, no entanto, só foi
concedido em 1986, quando a validade da descoberta foi
reconhecida oficialmente no mundo científico.
Neurocirurgiã judia, Rita deixou a Itália e se mudou
para os Estados Unidos durante a Segunda Guerra
Mundial, para fugir da perseguição do fascismo. Antes
disso, ela vencera preconceitos que toda mulher costumava
enfrentar, em meados dos anos 1920, decidida a estudar
medicina. O pai queria que ela se casasse e tivesse filhos,
mas a jovem se recusou. Seu desejo era ser médica, não
dona de casa. Jamais se casou ou foi mãe. Em entrevista,
em 2005, quando já contava 96 anos de idade, Rita contou
o seu segredo de vida:
“No que eu estou interessada e gosto, é do que faço
cada dia. Trabalho para dar uma bolsa de estudos para as
meninas africanas, para que estudem e prosperem… Elas e
seus países. E continuo investigando, continuo pensando.
Aposentar-se é destruir cérebros! Muita gente se aposenta
e se abandona… E isso mata seu cérebro. E adoece. Meu
cérebro vai ter um século… Mas não conhece a senilidade...
O corpo se enruga, não posso evitar, mas não o cérebro!
Possuímos grande plasticidade neural: ainda quando
morrem neurônios, os que restam se reorganizam para
manter as mesmas funções, mas para isso é conveniente
estimulá-los! Mantenha seu cérebro com ilusões, ativo,
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isso o faz trabalhar e ele nunca se degenera. Viverá melhor
os anos que vive, é isso o interessante. A chave é manter
curiosidades, empenho, ter paixões… O cérebro não tem
rugas: se continuarmos a trabalhar intensamente, ele
não para de se renovar, até mesmo depois dos 80 anos,
e, diferente dos outros órgãos, pode inclusive melhorar...
Falam da minha inteligência? Ela é mais que medíocre.
Meus únicos méritos são o empenho e o otimismo. A
ausência de complexos psicológicos, a tenacidade de
seguir o caminho que considerava justo, o hábito de
subestimar os obstáculos – traço que herdei de meu pai –
me ajudaram enormemente a enfrentar as dificuldades da
vida. A meus pais devo também a tendência a ver os outros
com simpatia, sem desconfiança.”
Creio que essas ideias são uma preciosa lição de vida
para todos nós. Afinal, elas não partiram de mero pensador
ou guru de ocasião, mas de uma cientista que comprovou
na prática suas teorias, pois viveu até os 103 anos de
idade.
Rita Montalcini nos legou ensinamentos que caem
como uma luva para os concurseiros. A neurocirurgiã
sempre buscou aquilo em que acreditava. E o fazia por
meio do estudo, do qual jamais abriu mão, ao longo dos
seus mais de cem anos de vida. Além de ter sido exemplo
da capacidade e da inteligência feminina, ela também
pode ser considerada fonte inspiradora para os homens.
Personagens como a médica italiana dignificam a espécie
humana e devem ter seu exemplo e seus conselhos levados
em consideração por qualquer um que deseje o melhor da
vida e da carreira profissional.
Muita gente pode até não concordar com ela, sobretudo
em relação à ideia de que “aposentar-se é destruir
cérebros”. De fato, o sonho da imensa maioria das pessoas
é justamente o descanso remunerado, quando chega
a idade para a aposentadoria. Mas a realidade a nossa
volta demonstra que ela tem razão também nesse ponto.
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A Di scipl in a de um m a r atoni s ta
São inúmeros os exemplos de pessoas que, ao alcançar
esse momento, mantêm-se em atividade, levando na
maturidade uma vida tão produtiva quanto a de quando
eram mais jovens. Por consequência, essas pessoas
costumam desfrutar de boa saúde por muito mais tempo.
Eu, por exemplo, ao chegar, no ano passado, aos 50
anos de idade, senti-me perfeitamente apto a continuar
meu trabalho e minha atividade física de corredor amador,
como se tivesse ainda 30 ou 40 anos. Acredito que,
mantendo-me assim, serei uma pessoa longeva e poderei
chegar com saúde à idade alcançada por Rita Montalcini
daqui a mais meio século. Quem quiser pode vir comigo
nessa jornada, até pelo menos 2063!
É com isso em mente que quero aconselhar todos os
que se empenham na difícil batalha em busca de um cargo
público a se manter sempre ativos e estudiosos. Façam
o cérebro trabalhar e enriqueçam-no com conhecimento.
Busquem novas fontes de aprendizado e desenvolvam toda
a capacidade mental. Como ensinou a nossa personagem,
“ainda quando morrem neurônios, os que restam se
reorganizam para manter as mesmas funções, mas para
isso é conveniente estimulá-los”. Sobretudo, nunca se
esqueçam: manter as ilusões e os sonhos é fundamental
para ter uma vida melhor.
Sem dúvida alguma, quem assim proceder estará no
caminho certo e alcançará muito mais rapidamente seus
objetivos. E, quando se trata de concursos públicos, quem
seguir esses conselhos finalmente estará apto a conquistar
o seu
FELIZ CARGO NOVO!
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