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A qualidade integrada na ambientação de INDÚSTRIAS
Poeticamente afirma-se que a indústria orquestra a sinfonia do desenvolvimento.
Os industriais, como os maestros, sabem, porém, que isso só se consegue com
inspiração e muita transpiração. Em meio à acirrada concorrência em que vivem, a
inspiração vem sendo cada vez mais decisiva para o sucesso e os conduz pelos
caminhos mais diversos, porém sempre no sentido da tecnologia e da qualidade do
processo produtivo.
Os que têm se saído melhor são justamente os que entenderam que, se buscam a
qualidade como um diferencial de seus produtos, ela tem que estar incorporada ao
processo produtivo como uma espécie de mentalidade, um empenho solidário de
todos, em que cada um põe o melhor de si, de suas idéias e de seu preparo, em
prol do êxito coletivo.
Chegar a esse estado de graça entre o senhor das máquinas e suas dezenas,
centenas ou milhares de sócios, não é fácil, em meio a complicadas injunções de
natureza econômica, política e social. Mas não há outra saída, e a busca, se já não
começou, deve começar sem demora.
A qualidade da disposição de todos para com a empresa depende de um intrincado
equacionamento de reciprocidades, com dosagens variadas, porém todas no terreno
qualitativo. É o que se entende por qualidade integrada do ambiente de trabalho,
tomado no sentido amplo, isto é, nos aspectos físico e psicológico.
Nesse contexto cada indústria dará atenção diferenciada a cada um desses
aspectos, conforme suas circunstâncias operacionais especificas. Porém o
ambiente físico, o local de trabalho propriamente dito, jamais poderá ser esquecido.
É esse o assunto que será desenvolvido a seguir, com o enfoque da ambientação
termo-acústica-ilumínica, por ser um dos mais negligenciados e mal resolvidos, em
inúmeros projetos de instalações industriais.
A responsabilidade dos dirigentes não permite mais que se confunda ambiente
industrial com câmara de torturas.
O ser humano suporta muito calor, muito frio e muito barulho, porém, dentro de
certos limites de intensidade e de duração.
Quanto à questão da luz, é a iluminação inadequada, excessiva ou deficiente que
deverá ser examinada dos pontos de vista da aceitabilidade e da segurança.As
irregularidades nesse sentido são tão evidentes que, somente não recebem os
devidos reparos, em três hipóteses: insensibilidade, desconhecimento de causa
quanto às possíveis soluções ou, finalmente, extrema dificuldade de implementação
das eventuais medidas saneadoras.
Observe-se que se usa o conceito de sanear o ambiente industrial. Na verdade não
se está tratando aqui de tornar esse ambiente aprazível, mas suportável, por longos
períodos, segundo critérios internacionais, incorporados pela legislação trabalhista
brasileira.
Portanto, onde os trabalhadores industriais ou seus sindicatos têm litígios judiciais
com as empresas nessas questões ambientais, o propósito da boa qualidade no
relacionamento, se houver, está seriamente prejudicado. Tem-se aí a má qualidade
do ambiente físico, prejudicando a boa ambientação psicológica na empresa.
É na concepção do edifício industrial que se decidem os aspectos mais
importantes das suas condições de ambientação
Sanear o ambiente industrial do ponto de vista térmico é evitar a sobrecarga do
sistema termo-regulador do organismo humano.Às vezes é inevitável receber muito
calor de determinadas máquinas, valendo-se nosso corpo da transpiração para
compensar, esses excessos, na medida em que o suor, ao se evaporar, rouba calor
da pele transferindo-o para o ar. Isso só acontece na medida certa, se a ventilação
do ambiente industrial estiver adequada, isto é, se o ar estiver com velocidade,
temperatura e umidade bem equilibradas, conforme a necessidade de remoção de
calor.
O projeto do edifício industrial deve favorecer esse conjunto de fatores, propiciando
esquemas de ventilação cruzada entre aberturas situadas em fachadas opostas, bem
como a importantíssima circulação espontânea do ar que penetra por aberturas
inferiores, aquece-se, eleva-se e sai pela cobertura, criando um fluxo de renovação,
mesmo em dias sem ventos ou aragens. Tal renovação, pelas características de sua
ocorrência, recebe o nome de efeito chaminé.
A Figura 1 mostra uma solução de cobertura industrial muito usada, mas que também
usualmente propicia um conflito entre os esquemas de ventilação cruzada e o efeito
chaminé. Este último pode até se processar normalmente em dias de ar parado,
através das aberturas superiores, tipo shed, grandes vãos envidraçados e ventilados
na cobertura.
O problema acontece quando da ocorrência de ventos, com certa intensidade,
incidindo frontalmente a esses sheds. Poderão coletar uma boa parte do calor da
cobertura, se estiver fortemente aquecida pelo sol e penetrar pelos sheds, levando
esse calor para o interior do edifício, impedindo, ao mesmo tempo, o efeito chaminé.
Como as telhas também emitem calor radiante para baixo, conjugam-se, nesse caso,
três fatores de superaquecimento do ambiente industrial.
Os consultores de ambientação térmica valem-se de recursos variados para prevenir
o superaquecimento, por inversão do fluxo de ar. Mas, a intenção aqui não é
fornecer soluções, como receitas prontas, mas estimular o confronto de alternativas
para se tentar resolver os problemas. Por isso, a Figura 2 apresenta apenas algumas
sugestões provocativas nesse sentido.
Os sheds vêm sendo pouco usados, porque obrigam a uma estruturação mais
elaborada da cobertura. Além disso, para proporcionar iluminação e ventilação,
precisam ser guarnecidos com caixilhos ou com algo que possibilite essas funções,
impedindo a penetração de chuvas.
Por medida de simplificação construtiva e para reduzir custos, ao invés do uso de
sheds, os construtores vêm se valendo cada vez mais, da simples substituição de
parte de uma cobertura opaca, por translúcida, procurando prover o arejamento por
pequenos desvãos dessa própria cobertura.
Isso pode levar a uma completa perda das vantagens iniciais, pois, de imediato, pode
agravar a questão térmica e a longo prazo provocar maior consumo de energia com
iluminação artificial, devido ao escurecimento das telhas por adesão de poeiras,
fuligem, acúmulo de detritos, etc.
Se ocorrem excessos de calor, a situação só poderá ser contornada com um grande
desembolso, de uma só vez, para reformas, ou com um desembolso menor para se
instalar ventilação artificial, porém somado aos gastos permanentes com energia para
os ventiladores. Quando o sol incide frontalmente, ou próximo dessa condição, sobre
uma certa área de cobertura translúcida, provoca, por aí, a entrada de muito mais
energia térmica no edifício industrial, do que por uma área igual de cobertura opaca.
Se isso se der durante a maior parte do dia, e o arejamento não for suficiente,
teremos condições propícias para o superaquecimento.
A Figura 2 propõe o uso dos elementos translúcidos como guarnições dos sheds,
portanto colocados, não mais horizontalmente, mas quase na posição vertical. Numa
orientação adequada, os sheds podem receber apenas incidências bem inclinadas
dos raios de sol, durante todo, ou quase todo o período de insolação. Portanto, os
elementos translúcidos irão difundir muita luz para o interior do recinto industrial e
pouca energia térmica. Colocados bem inclinados, quase nenhuma sujeira reterão,
limpando-se por ação das próprias chuvas, mantendo permanentemente, talvez com
alterações mínimas, o suprimento de luz natural previsto no projeto.
Por outro lado, um shed guarnecido desse modo fica mais barato e bloqueia a
entrada de ventos aquecidos, pois dele se refira a função de arejamento. Este será
proporcionado por algo não saliente em relação à cobertura e situado nos seus
pontos mais altos, como a idéia mostrada na parte superior direita da Figura 2.
Conjugar soluções é valorizar e baratear as providências visando a boa
ambientação industrial
Mas não é só o calor excessivo, ou a falta de iluminação adequada, que podem
desmotivar as pessoas num ambiente industrial. O ruído também vem provocando
cada vez mais protestos e ações trabalhistas por insalubridade e perda auditiva, entre
outras conseqüências, como deixar as pessoas desnorteadas, ou com disfunções
orgânicas, capazes de causar perda de produtividade e até acidentes graves.
Com o ruído, aumentam muito as probabilidades das pessoas se acidentarem por
não ouvirem avisos ou alarmes sobre algum risco iminente. Há situações em que
essas probabilidades tornam-se críticas. Em certos processos, por exemplo, os
operadores das máquinas precisam ouvir o que estão processando, para poderem
proceder com segurança. Nesses casos, coberturas metálicas, durante uma chuva
forte ou granizo, podem provocar um caos sonoro sem precedentes, podendo levar à
paralisação das atividades, até que o fenômeno cesse.
Isso mostra a importância de soluções integradas para calor, som e luz.
A redução dos custos pelo múltiplo proveito das atitudes tomadas é outra razão
preponderante para que se procure com mais empenho tais soluções em projeto. Na
Figura 2, por exemplo, coloca-se em consideração o uso de um shed, ao invés de
simples telhas translúcidas numa cobertura plana, porém construído de forma mais
barata e resolvendo bem melhor os problemas térmico e de iluminação. Até o ruído
de uma chuva forte será bem menor ao incidir sobre os elementos translúcidos do
shed, por estarem virados para o lado, ao invés de para cima, como na cobertura
plana. Isso só não deverá ocorrer, no caso fortuito de um temporal com rajadas de
vento, quando ambas as situações se equivalem.
Também a Fiqura 2 mostra a aplicação dos revestimentos acústicos SONEX, por
colagem direta sobre a face inferior de uma cobertura metálica, tornando-a vantajosa
para usos industriais, agora também pelos aspectos térmico e acústico. Existe
também a possibilidade de utilizar os painéis suspensos tipo “Baffle” que são
indicados onde não se pode colar diretamente na cobertura. De fato, os absorvedores
acústicos SONEX costumam ser também bons isolantes térmico e absorvedores de
vibrações.
Assim, reduz bastante a carga térmica irradiada para o interior do edifício, amortece
as vibrações produzidas pela impactação de chuvas e, adicionalmente, proporciona
redução do ruído ambiental interno, gerado pelas máquinas e demais atividades
ruidosas.
Esse é um bom exemplo de composição de benefícios e, portanto, de redução de
custos, por segmento do projeto, a partir de uma providência única, resolvendo
importantes problemas térmicos e acústicos.
Para salvaguardar a qualidade da solução, a escolha do material de absorção sonora
deve ser precedida da obtenção de garantias, por parte do fabricante, de que o
produto atende requisitos usuais do tipo de projeto em questão, relativos à
estabilidade térmica e do colagem, bem como à segurança contra incêndios.
Estender os proveitos das soluções gerais às aplicações mais específicas
é ganhar também na coerência e racionalidade da ambientação industrial
Pode-se, finalmente, racionalizar o projeto e sua execução pelo emprego, para outras
finalidades, da linha de absorvedores acústicos SONEX usada na cobertura, bem
como, da linha de forros de fibra mineral SONEX.
Salas para projeto, gerenciamento ou administração que porventura devam ficar
próximas, ou em contato direto com o setor de produção, não devem, como na Figura
1, ser vulneráveis a ruídos, pelas paredes muito finas, ou por visores abertos para
ventilação.
É imprescindível que essas aberturas sejam guarnecidas com vidro fixo e que a
ventilação seja mecânica, passando o ar por um labirinto, em que o ruído que o
acompanha vai sendo progressivamente absorvido ao incidir repetidas vezes sobre o
absorvedor acústicos SONEX.
Esse labirinto, ao invés de um dispositivo especial, poderá ser o próprio espaço entre
os painéis de divisórias duplas para as salas expostas ao ruído do setor de produção.
Nesse caso, a vantagem de se poder colar previamente as placas de SONEX nos
painéis, facilita muito a montagem final, e ainda garante melhor isolamento térmico às
paredes.
A Figura 2 também sugere o envolvimento das máquinas mais ruidosas por mantas
de um material de alta densidade e flexibilidade oferecendo resistência à passagem
do ruído, porém com pouca espessura para poder ser enrolado, de modo a
possibilitar acesso às pessoas e serviços de manutenção ou remoção da máquina
lastros com rodízios podem ser posicionados adequadamente para prender a parte
inferior das mantas, evitando que se movam muito com correntes de ar.
Para remover as mantas é só soltá-las dos lastros, que também podem ser puxados à
parte, para desimpedir o piso ao redor da máquina. Com dupla serventia, os lastros
também permitem o arejamento por baixo das mantas, reduzindo o escape do ruído
por esse circuito de ar, na medida em que também sejam revestidos, por coragem, na
face interna, com o mesmo material de absorção sonora usado no restante do
projeto, material esse, que volta a aparecer suspenso, na forma de “Baffles” sobre a
máquina, completando o esquema de restrição à propagação do ruído, proporcionado
pelas mantas, para que não sobrecarregue desnecessariamente o ambiente sonoro,
no restante do edifício industrial.
Muitos outros encaminhamentos de idéias poderiam ser colocados aqui, estimulando
a preocupação em se solucionar corretamente o ambiente industrial. Os remédios,
porém, devem ser ministrados aos poucos. Muitos hão de se dar conta de que esses
remédios existem. Outros, que deles já tinham ouvido falar, perceberão que os
tratamentos não são, por assim dizer, uma coisa do outro mundo.
Finalmente, espera-se que, apenas com a amostragem aqui apresentada, a grande
maioria descubra que o tratamento prévio, ou seja, a prevenção dos problemas, pode
até ser um exercício estimulante de composição de benefícios, dando margem a
muitas satisfações, na medida em que consegue antecipar claramente os seus bons
resultados.