8º ano - APOSTILA SOBRE CORRIDAS
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8º ano - APOSTILA SOBRE CORRIDAS
COLÉGIO PEDRO II - Campus São Cristóvão II 1 Educação Física – 8º ano / Ensino Fundamental APOSTILA SOBRE 1) SOBRE AS CORRIDAS A corrida é uma das formas mais primitivas de exercício e surgiu da necessidade de nossos ancestrais andarem mais depressa, para fugir de alguns perigos ou perseguir a caça, ou seja, visando a sobrevivência da espécie. Atualmente não dependemos dela para sobreviver, mas sua prática regular continua muito importante, pois a corrida aumenta a capacidade respiratória, melhora a circulação sanguínea e aumenta a resistência muscular. 2) BIOMECÂNICA DA CORRIDA A biomecânica é o estudo da mecânica dos seres vivos, no caso da corrida, o estudo do gesto esportivo da mesma. Podemos entender como gesto esportivo da corrida o conjunto de movimentos que a constituem. Você já percebeu a diferença entre o movimento de correr e o de caminhar? Quando uma pessoa está andando depressa, em cada ciclo da passada, ela mantém pelo menos um dos pés no chão. O outro pode estar no ar ou no chão também. Na corrida, em cada passada, por um momento, os dois pés do atleta ficam no ar simultaneamente. Dizemos que a passada da corrida possui três fases: o ataque, que é a fase de elevação do joelho a frente; a fase do vôo ou suspensão, onde os dois pés estão simultaneamente no ar e; a recuperação, quando elevamos o calcanhar atrás do corpo, preparando a perna para uma nova fase de ataque. ATAQUE VOO/SUSPENSÃO RECUPERAÇÃO Se transferirmos estes termos para analisar o ato de caminhar, poderíamos dizer que a marcha (caminhada) só possui duas fases: ataque e recuperação. COLÉGIO PEDRO II - Campus São Cristóvão II 2 Educação Física – 8º ano / Ensino Fundamental E o Movimento dos braços na corrida? Durante a corrida os braços se movimentam para frente e para trás em movimento alternado com as passadas da corrida e não lateralmente. O ideal é manter os cotovelos flexionados a 90º e relaxados. 3) DIFERENÇA ENTRE CORRIDA DE VELOCIDADE E CORRIDA DE RESISTÊNCIA As provas de corrida podem ser classificadas de diversas formas. Uma das formas mais básicas é a divisão entre corrida de velocidade e corrida de resistência. A velocidade é a capacidade de se mover o mais rapidamente possível; percorrer uma curta distância no menor tempo. A resistência é a capacidade de manter esforços por um período prolongado. A resistência pode ser adquirida ou aprendida por meio de treinamento, de forma a percorrer distâncias médias ou longas em um menor tempo possível. No Atletismo, as corridas de velocidade são chamadas de rasas e as corridas de resistência de fundo. Existem corridas que unem velocidade e resistência que são chamadas de meio-fundo. 4) A PASSADA NA CORRIDA, TIPOS DE PISADAS E O ARCO PLANTAR A corrida torna-se eficiente quando conseguimos uma relação ótima entre amplitude e frequência da passada. Cada pessoa tem uma estrutura anatômica, assim como níveis de força e de flexibilidade específicos, mas que podem ser melhorados com o treinamento. Tudo isto influi na amplitude da passada na corrida e não adianta forçarmos uma amplitude maior, pois corremos o risco de frear o movimento. Sobre o primeiro contato dos pés com o solo, existem ainda muitas controvérsias. Antigamente se acreditava que quanto mais veloz era a corrida, maior era a tendência de pisar com a parte da frente do pé. Quando a corrida era de resistência, se pisava primeiro com o calcanhar ou com toda a planta do pé. Pesquisas recentes estão apontando que o jeito mais natural de pisar na corrida é com a parte da frente dos pés, por dois motivos: redução do impacto com o solo (menor incidência de lesões) e elevação do ritmo da corrida pelo uso mais eficiente da força propulsora (melhora do rendimento). Porém, é preciso ter em mente que, entre a passada da caminhada que geralmente toca primeiro o calcanhar no solo e a passada mais eficiente de um corredor profissional, existem diferentes intensidades e objetivos da prática da corrida. COLÉGIO PEDRO II - Campus São Cristóvão II 3 Educação Física – 8º ano / Ensino Fundamental Em relação à distribuição do peso no pé, o conhecimento dos tipos de pisada e sua relação com o movimento biomecânico da corrida é fundamental para corrigirmos vícios e maus hábitos, diminuindo o risco de dores ou lesões. São três os tipos de pisada e podemos descobrir o nosso tipo observando o desgaste dos calçados, conforme na figura abaixo. Pisada pronada: acontece quando há uma rotação interna excessiva do pé e do tornozelo. Desta forma, mais tensão é posta na estrutura do pé, o que pode desalinhar o tornozelo, os joelhos e os quadris. A pronação desperdiça energia, fazendo com que seu estilo de corrida seja ineficiente e aumentando o risco de dores na canela e articulações, ou até mesmo lesões, caso o atleta utilize o tipo de calçado errado. Pisada neutra: é o tipo ideal de pisada, pois possui um nível equilibrado de pronação e supinação e cria uma absorção eficiente do choque na fase de apoio da pisada. O arco do pé tem altura média e o calcanhar permanece em posição vertical em relação ao solo. Um participante de corridas que tem a pisada neutra é geralmente mais biomecanicamente eficiente e o risco de lesões é menor. Pisada supinada: descreve uma situação em que o pé faz uma rotação para o lado de fora (oposto da pronação). Neste caso, durante o ciclo da pisada as forças não são distribuídas igualmente pelo pé, que possui o arco alto e não tem sua mobilidade afetada. O peso do corpo do corredor fica mais apoiado nos dedos de fora, o que pode gerar lesões principalmente nos joelhos, pés e nas costas. Há uma relação entre o tipo de pisada e o tipo de arco plantar que possuímos. Arco plantar refere-se ao arqueamento dos pés, cuja presença ou às vezes ausência de curvatura pode determinar cuidados extras durante a execução da corrida e até a escolha do tipo de calçado que iremos comprar. COLÉGIO PEDRO II - Campus São Cristóvão II 4 Educação Física – 8º ano / Ensino Fundamental São três tipos de arqueamento: PLANO NEUTRO CAVO Possui uma curvatura muito pequena e deixa uma faixa quase completa entre o peito do pé e o calcanhar. Os corredores que possuem pés planos – ou chatos – devem selecionar tênis nas categorias Pronador. Deixa uma faixa normal ligando o peito do pé e o calcanhar, um pouco mais ampla do que o pé cavo, mas que ainda tem certa curvatura. Os corredores com pés neutros devem selecionar tênis nas categorias Neutro a Pronador. Deixa uma marca com uma faixa estreita ligando o peito do pé e o calcanhar. Chamado de pé supinado ou subpronado, o corredor com esse tipo de curvatura deve selecionar um tênis nas categorias Supinador a Neutro. A figura abaixo relaciona o tipo de arco plantar, com o tipo de pisada e os requisitos para a escolha do tênis apropriado. O tênis deve ser uma preocupação tanto para atletas, como para participantes de atividades físicas, principalmente crianças e jovens em idade de crescimento. Usar o tênis certo para cada atividade física ou ocasião pode prevenir lesões e problemas ortopédicos. Tênis adequados diminuem a sobrecarga nas articulações dos pés, tornozelos, joelhos, quadril e coluna. COLÉGIO PEDRO II - Campus São Cristóvão II 5 Educação Física – 8º ano / Ensino Fundamental Vejamos agora alguns tipos de tênis. - Tênis de Corrida: eles são agrupados em cinco categorias: estabilidade (stability), controle de movimento (motion control), amortecimento (cushion), perfomance (training) e trilha (trail). O critério acima é utilizado pela Runner’s World e seguido por grande parte das indústrias. - Tênis Casual: são perfeitos para os momentos de lazer (parque, shopping, festa, outros). São calçados direcionados para atividades que não incluem corridas, saltos ou tarefas com maior desgaste físico. Não promovem estabilidade, amortecimento e aumentam o risco de lesão quando utilizados para realização de exercício físico. - Tênis de esportes de quadra: são tênis normalmente utilizados por praticantes de voleibol, handebol, basquetebol e futsal, possuem solado de borracha com ranhuras, para dar maior estabilidade na quadra. - Tênis de Aventura (Adventure): possuem solado mais duro do que os demais. Esse tipo de calçado se adapta a terrenos irregulares e promove o amortecimento, diminuindo as chances de torções, lesões e tropeços. 5) A CORRIDA, A RESPIRAÇÃO E A FREQUÊNCIA CARDÍACA (FC) Antes de iniciar a prática da corrida, devemos lembrar que a melhor forma de respirar é a que dá um maior conforto e a quantidade de oxigênio necessária para a intensidade praticada; corridas mais intensas talvez requeiram uma respiração feita pela boca e pelas narinas ao mesmo tempo. Podemos sentir dificuldades em adequar a respiração à intensidade da corrida, ficando muitas vezes ofegantes. Conforme nos tornamos mais aptos, a respiração flui melhor, pois encontramos um ritmo respiratório mais eficiente, coordenando-o com as passadas. Manter o ritmo e não ficar ofegante auxilia inclusive na estabilidade do ritmo cardíaco, medido pela frequência cardíaca. O Que é a FC e como medir? A frequência cardíaca é um indicador do trabalho cardíaco, geralmente expresso como número de batimentos cardíacos por minuto (bpm). A frequência cardíaca pode ser calculada sem nenhum equipamento especial, através da colocação dos seus dedos em determinados pontos corporais. Também pode ser medida por monitores cardíacos. COLÉGIO PEDRO II - Campus São Cristóvão II 6 Educação Física – 8º ano / Ensino Fundamental Pulsação radial: esta é a pulsação medida na parte de dentro e externa do punho na direção do polegar. Utiliza-se dois dedos (indicador e o médio), neste local, pressionado levemente até sentir a pulsação. Pulsação na carótida: para medir a pulsação na carótida utilize dois dedos, de preferência o indicador e o médio, na lateral do pescoço, no espaço entre a traqueia e o músculo do pescoço. Pressione levemente até sentir a pulsação. 6) DIFERENÇA ENTRE EXERCÍCIO AERÓBICO E ANAERÓBICO Aeróbico e anaeróbico ou aeróbio e anaeróbio referem-se a duas formas do músculo metabolizar energia no momento do exercício. No exercício aeróbio, a célula muscular utiliza o oxigênio para a queima das moléculas que produzirão a energia necessária para o músculo em atividade. Um exercício aeróbio típico é contínuo e prolongado, com movimentos não muito rápidos, como caminhar, correr, pedalar, nadar e dançar. No exemplo da corrida, para caracterizá-la como leve, moderada ou forte (intensidade), costuma-se variar a duração do exercício, mais do que a velocidade. Como benefício, o exercício aeróbio estimula a função dos sistemas cardiorrespiratório e vascular, aumentando a eficiência cardíaca e pulmonar. O exercício anaeróbio utiliza uma forma de energia que independe do uso do oxigênio pela célula muscular. Basicamente, são exercícios de dois tipos: de velocidade ou lentos. Os saltos, os arremessos, as provas de velocidade na corrida, no ciclismo e natação são exemplos do primeiro tipo; podem ser feitos com ou sem carga. Os exercícios anaeróbios lentos também podem ser com carga, como a musculação, ou sem carga, como algumas formas de ginástica localizada. Por serem exercícios de intensidade moderada a forte e curta duração, são realizados intercalando com curtos períodos de descanso, evitando, assim, a fadiga muscular. 7) CROSS COUNTRY O cross country é uma corrida de longa distância que, apesar de utilizar a resistência como a maioria das corridas de rua, se difere por ser realizada em terrenos irregulares como matas, lagos, florestas, pântanos, entre outros. A principal dificuldade é a manutenção de um ritmo regular, pois, ao passar por subidas e descidas, acontecem variações de intensidades que podem alterar a frequência cardíaca durante a prova. Outra diferença importante é o fato de ser uma corrida em grupo. COLÉGIO PEDRO II - Campus São Cristóvão II 7 Educação Física – 8º ano / Ensino Fundamental APOSTILA SOBRE O conceito de jogos e esportes muitas vezes se confunde no dia a dia entre as pessoas, pois o jogo é colocado como sinônimo de partida, como por exemplo, “vou assistir a um jogo de vôlei” ou “vou ao Maracanã ver um jogo do meu time”. Porém, no meio científico da Educação Física, jogo e esporte possuem conceitos diferentes e se relacionam com situações distintas entre si. O jogo possui regras rígidas ou flexíveis, mas que devem ser respeitadas por todos os participantes, tendo muitas vezes o objetivo do divertimento. Um mesmo jogo pode ter nomes diferentes de acordo com a região que é praticado (escola, rua, bairro, cidade, estado ou país); pode ser realizado em qualquer lugar e com os mais variados materiais, inclusive os recicláveis, tendo como características importantes o prazer e o esforço espontâneo, ou seja, a alegria em jogar. Para que uma atividade ou jogo possa ser chamado de esporte, deve haver competição com um padrão de organização formal. No esporte há uma comparação entre os atletas e as regras são padronizadas, geralmente por uma instituição (associação, federação ou confederação). Algumas atividades podem ser consideradas como esporte quando demonstram essas características. Ao contrário, quando há mudanças nas circunstâncias, o que era esporte pode deixar de ser. APOSTILA SOBRE O ato ou habilidade de rebater relaciona-se com a projeção de um objeto (bola ou peteca, por exemplo) e com o uso de uma parte do corpo ou implemento (bastão, raquete ou a mão, entre outros). Há várias formas de se rebater. As mais comuns são as rebatidas laterais e por sobre o ombro, mas outras formas de rebatida podem ser observadas em vários jogos e esportes. As formas de rebater também estão associadas às etapas de desenvolvimento e amadurecimento do indivíduo. Apesar de haver etapas padronizadas, com movimentos comuns a quase todos, pode haver diferenças de acordo com cada individualidade. COLÉGIO PEDRO II - Campus São Cristóvão II 8 Educação Física – 8º ano / Ensino Fundamental Nas figuras a seguir é possível observar três tipos de rebatidas que utilizam implementos: Imagem retirada de Payne & Isaacs (2007). Imagem retirada de Haywood & Getchell (2004). Imagem retirada de Haywood & Getchell (2004). REFERÊNCIAS: • DARIDO, Suraya Cristina; SOUZA JÚNIOR, Osmar Moreira. Para Ensinar Educação Física: possibilidades de intervenção na escola. Campinas/ SP: Papirus, 2007. • TEIXEIRA, Hudson Ventura. Educação Física e Desportos. São Paulo: Saraiva, 1992. • Sobre os Tipos de Pisada: http://www.asics.com.br/tipos-de-pisada/ • Sobre Tênis: http://www.cuidandodocorpo.com/corrida/as-categorias-dos-tenis-decorrida.html • Sobre Frequência Cardíaca: http://www.brasilescola.com/educacao-fisica/esporte-saude.htm • Sobre diferença entre exercício aeróbio e anaeróbio: http://humanasaude.com.br/novo/materias/6/saiba-a-diferen-a-entre-exerc-cio-aer-bico-eanaer-bico-e-seus-benef-cios_1081.html • Sobre Jogos de rebater: Payne, V. G.; Isaacs, L. D. Desenvolvimento motor humano: uma abordagem vitalícia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. • Sobre Jogos de rebater: Haywood, K. M.; Getchell, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. • Sobre forma de pisar: http://revistacontrarelogio.com.br/materia/qual-e-a-forma%C2%93correta%C2%94-de-pisar-durante-a-corrida/ APOSTILA ELABORADA PELA EQUIPE DE EDUCAÇÃO FÍSICA CSCII – 2016: COORD. CECÍLIA PESSÔA, PROFs. ARIANE BRITO, BIANCA SIQUEIRA, FABIANO SALLES, RENATO LINHARES E SIMONE SALGADO.