Relatório do Seminário Técnico Sobre Prevenção de

Transcrição

Relatório do Seminário Técnico Sobre Prevenção de
Relatório do Seminário Técnico Sobre
Prevenção de Enchentes e Proteção à
Água Potável no Estado da Baviera.
21.06 – 01.07.2009
Elaboração do Relatório:
- Adelar Pereira Duarte – Tenente Cel., Policia Militar Ambiental.
- Cezar Paulo de Luca – Eng. de Minas, Diretor Técnico da CASAN.
- Charles Alexandre Vieira – Capitão, Corpo de Bombeiros.
- Emerson Neri Emerim – Major, Defesa Civil.
- Humberto Kremer Neto – Bacharel em Relações Internacionais – Especialista em Políticas
Públicas. Secretaria de Articulação Nacional de Santa Catarina.
- Sergio Luiz Zampieri – Doutor em Ciências, Chefe do Ciram/EPAGRI.
- Winston Luiz Zomkowski – Farmacêutico Bioquímico – Especialista em Saúde Pública.
Superintendente da SUVIS/ Secretaria Estadual da Saúde.
- Zenório Piana – Doutor em Ciências, Diretor de Pesquisa Agropecuária e Meio ambiente da
FAPESC – Coordenador.
RELATÓRIO DE VIAGEM À ALEMANHA
SEMINÁRIO TÉCNICO SOBRE PREVENÇÃO DE ENCHENTES E
PROTEÇÃO À ÁGUA POTÁVEL
Período: 21/06 a 01/07/2009.
Local: Munique e Hof, Estado da Baviera, Alemanha.
Objetivos: Dentre os objetivos da visita, destacam-se os de conhecer:
1. técnicas de prevenção a enchentes;
2. a atuação da defesa civil da Baviera frente aos desastres naturais;
3. o sistema de proteção, armazenamento e tratamento de água potável no
estado da Baviera;
4. o sistema de alerta e tecnologias para prevenção a desastres naturais.
Considerações Gerais:
O seminário possibilitou visualizar as diversas formas de atuação da sociedade
alemã frente às catástrofes e verificar in loco ações práticas para evitá-las e, o
que é mais importante, o uso da tecnologia e de experiências do passado para
resolver os problemas do presente e planejar o futuro.
Pudemos observar também a relevância da coleta de dados e sua
interpretação, bem como a difusão das informações no sentido de manter a
população informada e em alerta sobre quais ações devem ser executadas
frente à situação de catástrofe.
Vimos ainda a importância de uma Defesa Civil organizada e atuante, do
menor ao maior município, em consonância com os estados e a União.
Observamos que a Defesa Civil Alemã atua de forma diferente da brasileira,
por dispor de muitos equipamentos, principalmente bombas de esgotamento,
operadas por um corpo de voluntários técnicos, que trabalham apenas nas
ações de preparação e resposta, sendo vinculados ao Ministério do Interior.
Constatamos que os agentes de Defesa Civil atuam em missões internacionais
de socorro, resgate e assistência às vitimas de desastres, quando devidamente
autorizado pelo Ministério do Interior Alemão.
No Brasil temos como norma norteadora a Política Nacional de Defesa Civil,
documento que serve de base para o Sistema Nacional de Defesa Civil,
envolvendo a União, Estados e Municípios. Em nosso país a Defesa Civil
procura atuar fechando o ciclo, ou seja, trabalhando nas ações de prevenção,
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preparação e resposta às catástrofes naturais e reconstrução dos danos
causados pelos desastres. Julgamos ser este o caminho certo; mas como
desafio maior, temos a necessidade urgente de estruturarmos as Defesas Civis
Municipais, a nosso ver os principais órgãos do Sistema Nacional de Defesa
Civil.
A Defesa Civil Alemã atua nos âmbitos Federal e Estadual como agente
burocrático, e no âmbito municipal como agente operativo, em apoio ao Corpo
de Bombeiros, dando maior celeridade na resolução dos problemas locais
causados pelas catástrofes.
Convém salientar ainda algumas ações preventivas colocadas em prática com
sucesso, como leis municipais instituindo o pagamento de taxas sobre o m² de
área de telhado, para aquelas residências que não possuem um sistema de
coleta e armazenamento das águas da chuva, funcionando como prevenção às
enchentes ou secas; e outra lei, autorizando construções em locais atingidos
por enchentes somente com o piso do primeiro pavimento mais alto do que a
altura alcançada pela enchente dos últimos cem anos; buscando a prevenção
em caso de novas enchentes.
A tônica nos países desenvolvidos, para gerarem empregos, renda e lucros
com as exportações, foi utilizar seus recursos naturais de forma inadequada. A
consciência e a cultura da preservação destes recursos é coisa recente
também na europa. Na prática, eles usaram de forma desordenada os seus
recursos naturais e tentam disciplinar agora o uso dos recursos dos países
emergentes, impondo restrições na área comercial, entre outras, bem como
nos financiamentos internacionais. Estão atualmente preservando o que restou
e o que a natureza lhes devolveu, no processo natural de regeneração. O rio
Isar é um exemplo claro disso. Foi retificado algumas vezes e agora está sendo
revitalizado, sendo executadas algumas obras de engenharia para solucionar
os problemas gerados com ações implementadas no passado.
O exemplo de preservação do meio ambiente, buscando a harmonia entre a
natureza e as ações do homem, é digno de mérito e podemos nos espelhar
nele.
Devemos também nos orientar nas atitudes positivas e aproveitar as
tecnologias e ações que estão sendo usadas na Alemanha para empregá-las
em Santa Catarina, visando mitigar os efeitos de catástrofes naturais.
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Encaminhamentos:
- O presente relatório visa levar ao conhecimento do Grupo Reação e do Grupo
Técnico Científico (GTC) as diversas experiências obtidas na Baviera e propor
cooperação técnico-científica específica para ações de prevenção às
catástrofes naturais entre o Estado de Santa Catarina e o Estado da Baviera,
nos itens que dizem respeito a projetos de contenção de encostas, construção
de diques e, principalmente, o monitoramento meteorológico mais eficiente e
preciso.
Sugestões ao Governo do Estado de Santa Catarina:
Sugerimos ao Exmo. Senhor Governador do Estado de Santa Catarina
Luiz Henrique da Silveira as ações que seguem:
- Fazer convênios específicos com universidades e instituições do Estado da
Baviera a partir do protocolo de cooperação assinado pelo governador do
Estado de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, em setembro de 2003, e
Ministro da Baviera, nas áreas técnica, científica e tecnológica, universitária e
cultural assim como econômica e comercial:
a) com a Universidade Técnica de Munique para troca de experiências em
projetos de contenção de cheias;
b) Com a Agência Estadual do Meio Ambiente da Baviera para suporte ao
projeto de Prevenção de Cheias da Bacia do Rio Itajaí, em construção pelo
Grupo técnico Científico – GTC, a partir da experiência Bávara do Programa
Ação 2020;
c) com a Defesa Civil Alemã, para aprofundar conhecimentos sobre o
voluntariado, a estruturação do sistema e buscar tecnologias para obras
preventivas estruturais visando à prevenção e preparação para inundações em
nosso Estado;
d) com a Agência Estadual do Meio Ambiente (LFU) em Hof, para profissionais
da Epagri/Ciram, visando ampliar o conhecimento do sistema de
monitoramento do clima e do sistema de alerta Bávaro para as condições
catarinenses.
Em Nível Estadual:
1) Propiciar um debate técnico no Estado, na área de socorro às vitimas, com
todas as instituições que participaram no processo de ajuda aos atingidos e de
resposta aos prejuízos resultantes da catástrofe de novembro de 2008,
oportunizando a atualização do Plano de Emergências da Defesa Civil
Estadual, caso seja necessário, bem como promover uma interação entre
essas instituições, no sentido de tornar o serviço de socorro mais eficiente e
rápido.
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2) Criar um Plano de Contingência Estadual para as atividades de Defesa Civil,
com diretizes de definição de competências para atução dos órgaos integrantes
desse sistema.
3) Apoiar as ações do Grupo Técnico Científico (GTC), para que as
proposições das instituições participantes possam ser viabililzadas, mitigando
de forma real os efeitos das catástrofes naturais em Santa Catarina.
A proposta do GTC de criação de um Centro Nacional de Referência em
Catástrofes Naturais em Santa Catarina, bem como de uma rede nacional de
pesquisa na área de desastres naturais são extremamente importantes. A
estruturação de uma rede de radares meteorológicos, aliada a estações
meteorológicas e telemétricas, proporcionará maior eficiência a um sistema de
alerta que deve ser implementado.
4) Apoiar a elaboração e a implementação do Plano Integrado de Redução de
Desastres Naturais na Bacia do Itajaí, como passo inicial para um programa
estadual de prevenção à desastres naturais, incluindo o problema da estiagem
no oeste catarinense.
Comitiva Brasileira
NOME
ÓRGÃO
LOCAL
Winston Luiz Zomkowski
SUVIS/ SES
SC
48 32517901
48 32517942
Adelar Pereira Duarte
Policia Militar
Ambiental
SC
48 33480336
[email protected]
Humberto Kremer Neto
SAN - SC
SC
61 93039678
[email protected]
Zenório Piana
Sergio Luiz Zampieri
FAPESC
EPAGRI/
CIRAM
SC
SC
48 88025794
48 32398001
48 88010684
Emerson Neri Emerim
Charles Alexandre Vieira
Defesa Civil
Corpo de
Bombeiros
SC
SC
48 88433641
48 32070826
48 88433136
Cezar Paulo De Luca
CASAN
SC
Marcos De Paula Barreto
Defesa Civil
SP
48 32215802
11 21938310
Carmen Lucia Midaglia
José Edson Falcao De
Farias Júnior
CETESB
INEA
SP
RJ
11 30314116
21 38913333
21 85968757
Paula P. De Souza
IGAM
MG
31 32195822
31 84553606
Alexandre Lucas Alves
Defesa Civil
MG
31 98172517
Alvaro Coelho Duarte
Defesa Civil
ES
27 99460322
Carlos Eduardo F. Saleme
CESAN
ES
27 21275011
27 99437934
Florian Heiser
Sabine Sibler
Martin Strähle
TU Berlin
BFZ
BFZ
Berlin
Baviera
Baviera
FONE
0049 (0)9281 717713
0049 (0)9281 717723
E-MAIL
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected].
gov.br
[email protected]
alexandre.lucas@gabinetemilitar.
mg.gov.br
[email protected]
.br
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
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PROGRAMAÇÃO
Domingo,
21.06.
Chegada
aeroporto
Munique
Wirtshaus
i. d. Au
19:30
2ª-Feira, 22.06.
3ª-Feira, 23.06.
4ª-Feira, 24.06.
5ª-Feira, 25.06.
6ª-Feira, 26.06.
10:00 – 11:30
9:00 – 11:30
9:30 – 12:00
9:00 – 12:00
9:00 – 12:00
Universidade
Técnica de Munique
(TUM); Cátedra de
arquitetura hidráulica
& gestão de recursos
hídricos
Prof. Rutschmann
Almoço 12:00
Lunchpakete
Visita ao reservatório
de recuperação de
chuva em Munique.
Visita ao Ministério Bávaro de
Economia em Munique
Visita á empresa Wilo
Emu e palestras sobre
prevenção de enchentes
e tecnologia de
perfuração
Visita à Agência Estadual de Meio
Ambiente da Baviera (LfU) em Hof
Temas: Monitoramento
quantitativo, sistema de alarme.
Almoço 12:10
Empresa Wilo Emu
Almoço 12:00
“Cantina do LfU”
13:00 – 16:00
13:00 – 16:00
14:00 – 17:00
13:00 – 15:00
14:00 – 16:00
Visita à instalação
piloto para simular
enchentes (TUM; a
maior instalação
piloto da Europa
Central)
Visita à
administração dos
recursos hídricos de
Munique
Tema:
Visita das medidas
dos trabalhos de
ampliação ecológica
no rio Isar
Visita à Agência Estadual de
Meio Ambiente da Baviera
(LfU) em Augsburgo
Temas: Medidas de proteção
contra inundações, diques,
Seminário e visitas destas
instalações
Visita das medidas de
proteção contra
inundações no rio Saale
com apresentação das
bombas móveis para
usar em caso de
catástrofes
Visita à Agência Técnica de
Defesa Civil (THW) em Naila;
Tema:
Maquinaria & Plano de ação
“Gyoia”
Jantar 19:30
Almoço 12:00
“Indian Mango”
“Augustiner
Biergarten”
Jantar 19:00
Almoço 12:00
“Liebighof”
“Hotel Quality”
Jantar 20:00
“Sultanspalast”
Jantar 19:00
17:00 Recepcão pela Prefeitura de
Hof com o prefeito Dr. Harald
Fichtner, a seguir “Festa Junina”
Sábado, 27.06.
10:00 – 11:00
Domingo 28.06.
Visita guiada pela cidade de Hof, em
seguida (até 13:00) oportunidade para
fazer compras.
Almoço 13:30,
“China Garden”
14:30
Passeio de jangada no
Rio Isar
(8:15 – 16:30 Uhr)
Transporte à Munique
Jantar
Tempo livre
2ª-Feira 29.06.
10:00 – 11:30
3ª-Feira, 30.06.
10:30 – 12:00
Visita ao Ministério Bávaro do Interior em
Munique
Tema I: Prevenção de enchentes na
Baviera (Sr. Zaayenga)
Visita à empresa
“Grünbeck, Tratamento
de Água”
Almoço 12:00,
14:00 – 15:30
Visita ao Ministério Bávaro do Interior em
Munique
Tema II: Medidas de proteção contra
catástrofes
16:00 – 17:30
Palestra do Empresa SEBA,
“Berni’s Nudelbrett”
Jantar 19:30
4ª-Feira, 01.07.
Almoço 12:00
13:30 – 15:00
Apresentação de uma
unidade móvel de
tratamento de água em
caso de enchentes
(Empresa Grünbeck)
Saída pelo
aeroporto
“Hofbräuhaus”
Jantar 19:30
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Relatório:
Dia 21/06/09 - Domingo
Chegada a Munique e encontro com os demais integrantes da delegação
brasileira, composta por 15 membros, dos quais oito de Santa Catarina, dois de
São Paulo, dois de Minas Gerais, dois do Espírito Santo e um do Rio de
Janeiro.
Dia 22/06/09 – Segunda-feira
1. Palestra na Universidade Técnica de Munique, UTM, com o professor Peter
Rutschmann, do Departamento de Engenharia Hidráulica, sobre o tema
Arquitetura Hidráulica e Gestão de Recursos Hídricos.
Foi apresentado o projeto de revitalização do rio Isar, maior rio da Baviera, que
passa pela cidade de Munique. O projeto contou, primeiramente, com um
estudo realizado em um laboratório de modelagem, onde se reproduziu em
maquete parte da extensão do rio.
O projeto consiste em renaturalizar o rio, ou seja, retornar ao que era há mais
de 200 anos, pois as constantes alterações no seu leito, provocadas
artificialmente pelo homem, ao longo dos anos, com o objetivo de retificá-lo,
tornando-o mais retilíneo, só causaram problemas maiores de enchentes
severas.
A revitalização do rio Isar, com a construção de diques nas suas margens, em
várzeas e áreas protegidas, tornou possível o escoamento das águas de
maneira mais lenta. Em 1823 o rio Isar tinha cerca de 2 a 3 km de largura, hoje
tem apenas entre 100 e 200m. A filosofia atual em relação aos rios mudou, a
tendência é renaturalizá-los, tornando-os mais largos e voltando a um estado
próximo ao original.
Durante a palestra foram apresentados tipos de estruturas, fixas e móveis, para
contenção de enchentes, bem como alternativas de contenção de água em
áreas próximas aos rios.
Foi-nos apresentado o Programa Ação 2020.
A Universidade está aberta a convênios com universidades brasileiras.
2. Visita ao laboratório de modelagem para simular enchentes – TUM,
(www.water-tum.de), criado em 1926, próximo ao Lago Walchensee, ao sul de
Munique, a maior instalação piloto da Europa Central para simular enchentes e
testar barragens hidroelétricas, vinculado a Universidade Técnica de Munique.
Nesse laboratório, estão sendo feitos testes em maquete do projeto proposto
para o rio Isar, e estão sendo testadas usinas hidroelétricas a ser instaladas no
Rio Nilo e em rio do Paquistão.
TUM tem como principais clientes a Agência Estadual de Recursos Hídricos da
Baviera, operadoras de usinas hidroelétricas, instituições e fundações
nacionais e internacionais.
Dia 23/06/09 – Terça-feira
1. Visita ao reservatório de recuperação de chuvas em Munique, verificando in
loco a forma de contenção de enchentes. Ali há o monitoramento freqüente da
elevação das águas, da temperatura e da vazão.
Na oportunidade, foram explanados mais detalhes sobre o projeto de
revitalização do Isar. Para alcançar seus objetivos, foram tomadas medidas
como:
a) alargamento das margens do rio;
b) construção de diques ao longo do rio, com altura máxima de quatro
metros;
c) divisão do rio Isar em dois braços – um deles com vazão de 600 mil
m³/segundo e outro, menor, com vazão de 250 mil m³/ segundo, com o
objetivo de formação de ilhas e áreas de escape (várzeas).
Munique possui 06 estações coletoras de água com capacidade para 80
milhões de m³ (100x50x16m). Toda a rede coletora funciona por gravidade, em
um projeto criado por Peter Koffer. O custo da água potável é de 1,20 €/m³ e do
esgoto 1,56 €/m³, sendo que o imposto por m² de área coberta é de 2,00 € por
ano. O sistema é operado pela Secretaria de Obras do Município de Munique.
Para evitar a contaminação do rio Isar com águas pluviais e de esgoto da
cidade de Munique, em épocas de muita chuva, foram construídos sistemas de
retenção destes efluentes, com capacidade para armazenar o volume total de
320.000 milhões de m³. Somente após tratada, essa água é descarregada no
Isar, mantendo assim a qualidade da água do rio e a sua balneabilidade.
Todas as medidas de recuperação do rio são amplamente discutidas com a
população e com as organizações governamentais e não-governamentais.
Somente após consenso, as ações são colocadas em prática.
Dia 23/06/2009, 14:00h – visita às obras no Rio Isar.
O custo de elaboração do projeto de engenharia do plano 2020 do rio Isar foi
de 32 milhões de Euros e prevê, entre outras obras, um túnel sob o rio para
transporte de água potável, esgoto e energia elétrica. O objetivo é manter o
transporte de água por gravidade e possibilitar um sistema de tratamento
regular das águas de todo a cidade. Na enchente de 2005 as águas do rio
aprofundaram a calha em 1,5m em uma distância de 8 km; hoje se trabalha no
sentido de repor o material transportado do fundo do rio para elevar a calha. O
túnel de 170 m de comprimento, 3,80m de altura e 5,00m de largura custará
12,62 milhões de euros.
Dia 24/06/09 – Quarta-feira
1. Visita ao Ministério Bávaro de Economia, em Munique.
A delegação brasileira foi recebida pelo vice-ministro e pelo responsável pelas
relações com a América Latina. Durante a visita, foi proferida palestra sobre a
economia da Baviera e os diversos países com quem aquele estado realiza
intercâmbio. Foram enaltecidas as duas visitas à Baviera realizadas pelo
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Governador Luiz Henrique da Silveira, a primeira em 2003 e a segunda, em
2008, que deixaram boa impressão naquele estado.
2. Visita à Agência Estadual do Meio Ambiente da Baviera (LFU), em
Munique, com palestra proferida pelo Eng. Alexander Neumann, da
Seção 63, obras de engenharia sobre enchentes (www.hnd.bayern.de).
Foram-nos apresentadas as medidas de proteção contra inundações e
diques, bem como o Programa Ação 2020.
Os três últimos eventos de cheias mais importantes na Alemanha aconteceram
em 1999 no Danúbio, 2002 em Passau e 2005 em Kempten. Depois desses
desastres o governo da Baviera decidiu implantar o Programa Ação 2020, que
consiste de três ações básicas e sistêmicas:
a) retenção natural das águas;
b) obras de engenharia para contenção das águas e
c) prevenção.
A retenção de águas é feita através de obras menores, que prevêem o
alargamento de rios e a agregação de áreas de campo, pastagens e de
lavouras para receber e acumular a água do transbordamento dos rios, em
uma etapa mais branda da enchente. Construção de pequenas barragens.
As obras de engenharia prevêem um HD 100 – segurança de 100 anos, com
a construção de diques (impermeabilização e reativação de represas).
A prevenção prevê ações de educação da população. Há um código de obras
para que o cidadão que vai construir uma casa saiba da segurança em relação
a uma possível enchente. As áreas de risco de enchentes devem ser mantidas
livres de habitações. Caso isso não seja observado, o cidadão não tem direito a
seguro e tampouco a auxílio do estado. É dada orientação aos cidadãos
mantendo-os informados sobre o nível e os locais que a água pode chegar. Em
alguns prédios históricos há marcas nas paredes indicando onde a água
chegou por ocasião das últimas enchentes.
O projeto global foi elaborado pela Agência Estadual da Baviera e os projetos
específicos foram contratados por meio de empresas de engenharia. O custo
total do Programa Ação 2020, de 2000 a 2020, é de 2,3 bilhões de euros, tendo
sido aplicados 150 milhões de euros entre 2006 e 2008 (o que extrapolou a
previsão inicial), nos demais anos a previsão é de 115 milhões €/ano. O
programa atende a duas grandes bacias do Estado da Baviera, Danúbio, que
inclui Isar e Bacia do Meno. A Baviera tem condições muito particulares, nos
Alpes a precipitação é de 2.000mm/ano, o que possibilita o abastecimento
tranqüilo da cidade de Munique, ao passo que no norte desse estado, em Hof,
a precipitação é de apenas 650 mm/ano. O Programa Ação 2020 prevê uma
integração perfeita entre estado, municípios, setor agrícola, industrial, florestal,
ambiental, de recursos hídricos e cidadãos.
A Agência Estadual do Meio Ambiente da Baviera se dispôs a fazer convênio
com o Estado de Santa Catarina.
Dia 25/06/09 – Quinta-feira
1) Visita à empresa Wilo, na cidade de Hof, distante 240 km de Munique. Esta
empresa, criada em 1872, é responsável pela fabricação de moto bombas,
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destinadas a auxiliar os bombeiros e voluntários da Defesa Civil na retirada de
água dos porões das casas, bem como dos locais com grande alagamento.
Também produz bombas para captação de água em grandes profundidades e
sistemas de purificação de água. A empresa possui ainda grande expertise em
perfuração de poços. Existem atualmente cerca de 800 empresas fabricantes
de moto bombas no mundo, a Wilo é a sexta, com um faturamento anual de
926 milhões de euros/ano.
2) Visita, no rio Saale, em Hof, a um sistema de proteção contra enchentes
com a utilização de bombas móveis em caso de catástrofes. Este sistema
consiste no bombeamento da água para um sistema coletor que realiza o
tratamento desta água e a devolve ao rio sem o risco de contaminação do
mesmo. Também foi mostrado um dique de contenção de cheias que possui
um sistema de passagem para a “piracema” dos peixes.
Dia 26/06/09 – Sexta-feira
Visita à Agência Estadual do Meio Ambiente (LFU) em Hof. Esta agência é
responsável pelo monitoramento quantitativo das águas superficiais e pela
previsão meteorológica e de enchentes e pelo sistema de alerta da bacia do rio
Meno.
O monitoramento quantitativo da água consiste em saber, em tempo real, as
seguintes características: temperatura da água, nível, medição de partículas
suspensas (turbidez) e velocidade.
Existem na Baviera 17 Agências Locais de Água, responsáveis por 600 pontos
de coleta de dados sobre os mananciais de água, que são transmitidos, por email, à Agência Estadual de Meio Ambiente, que deflagra quais ações devem
ser tomadas quando da apresentação de alguma anormalidade no sistema de
captação de água. Estes pontos de coleta possuem sistemas de
monitoramento que podem ser com laser, ultra-som por doppler, via satélite ou
manual. A energia desses sistemas é fornecida por placas de aquecimento
solar, usina eólica ou hidrelétrica.
Esta agência é também responsável pelo sistema meteorológico da Baviera.
Ligada a outras oito centrais de meteorologia, consegue obter dados que
podem ser lidos a cada 15 minutos, a cada hora ou até em intervalo de meses,
conforme a necessidade para produção de estatísticas. O sistema de alerta
alemão existe desde 1883 (www.unvetterzentrale.de).
A Agência monitora também toda a água de superfície e de profundidade. Vinte
por cento da água de consumo na Baviera são de superfície e 80%, de
profundidade. São verificados: volume de água disponível, estoque, riscos de
contaminação e previsão de enchentes.
Cada estado da Alemanha organiza o seu sistema meteorológico a partir das
suas necessidades. Os estados da Baviera e da Saxônia são os que
apresentam maior probabilidade de enchentes. Em 26/06/2009 havia um aviso
de alerta de cheia no rio Elba.
Na Alemanha, existem quatro níveis de alerta em relação às enchentes:
1.º) pequenos alagamentos, quando as águas atingem os campos e as áreas
de pecuária;
2.º) quando área agrícolas e de florestas têm alagamentos pontuais, a água
chega nas casas dos agricultores;
11
3.º) quando a água atinge porões de casas, trechos de ruas ou vias;
4.º) quando o nível da água atinge pontos mais altos e pode penetrar nas
casas e edifícios nas cidades.
Para cada nível de alerta, existem ações específicas da Defesa Civil e dos
bombeiros voluntários que vão desde a colocação de sacos de areia até a
instalação de muros móveis, para proteção de hospitais, bibliotecas, escolas,
creches, e outras instalações.
Na Baviera são monitoradas as bacias dos rios Meno, Danúbio e Inn e
Iller/Lech.
Na Baviera existem 850 estações meteorológicas e um sistema de radares
meteorológicos, para previsão de chuvas, com 03 radares em funcionamento e
um quarto em instalação. Na Alemanha existe um radar para cada 20.000 km²,
o que possibilita uma boa previsão climática e um bom sistema de alerta contra
enchentes. O sistema utilizado para cheias funciona também para monitorar
níveis baixos de água.
Dia 27/06/09 - Sábado
1) Visita à Agência Técnica da Defesa Civil na cidade de Naila.
Na Unidade de Defesa Civil da cidade de Naila, capitaneada pelos agentes de
Defesa Civil, foi-nos apresentado um plano de ação para ser utilizado frente a
catástrofes, tanto na Alemanha quanto no exterior. O grupo de agentes
voluntários teve atuação, por exemplo, na Indonésia quando ocorreu tsunami,
trabalhando no socorro às vítimas e no restabelecimento de água potável à
população atingida. Atuou também no terremoto ocorrido na Itália e está pronto
para atender outras cidades e países quando solicitado.
A Defesa Civil Alemã – DCA (www.thw.de) é formada principalmente por
voluntários. Atua em serviços de base e em emergências. Mantêm 700
unidades em toda a Alemanha. A administração e o controle estão nas mãos
de funcionários pagos, sob a coordenação do Ministério do Interior. Qualquer
pessoa pode participar da Associação de Defesa Civil, desde que tenha pelo
menos 18 anos e no máximo 60 anos, e se comprometa a participar de um
treinamento anual de 120 horas. Há outros treinamentos específicos para a
área de administração, operadores de máquinas e motoristas. O chefe geral da
DCA é o ministro do Interior. Dependendo das necessidades, os municípios e
os estados contribuem com recursos para aquisição de máquinas e
equipamentos. A DCA não compete com o Corpo de Bombeiros, atuando no
suporte aos mesmos.
A coordenação geral das operações é feita pelos bombeiros quando o desastre
é pequeno e pela DCA quando o desastre é grande.
A DCA é constituída por:
- 8 federações, com funcionários remunerados;
- 668 unidades locais, com no mínimo 78 voluntários;
- 80.000 voluntários.
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Os dias de trabalho perdidos pelos empregados de empresas, voluntários da
DCA, nos dias de operação em catástrofes, são pagos por um seguro instituído
para essa finalidade ou pelo Ministério do Interior Alemão.
Cerca de 30% dos 80.000 voluntários da DCA são jovens que prestam serviço
militar alternativo. Nesse caso recebem além do treinamento para catástrofes,
treinamentos específicos profissionalizantes.
Toda a estrutura de Defesa Civil segue, rigorosamente, um protocolo já
estabelecido; e, em cada cidade e distrito, é escolhido previamente quem será
o responsável pelas ações no local.
2) Visita guiada pela cidade de Hof, para conhecer os pontos turísticos.
3) Retorno a Munique.
Dia 28/06/09 - Domingo
Neste dia, estava previsto um passeio de jangada pelo rio Isar. Porém, como o
nível da água estava muito alto, quase em ponto de enchente, esse foi
substituído por um passeio cultural à Salzburg - na Áustria, cidade do
compositor Wolfgang Amadeus Mozart. Foram feitas visitas a museus,
igrejas, castelos e outros pontos turísticos da cidade.
Dia 29/06/09 – Segunda-feira
Visita ao Ministério Bávaro do Interior, em Munique, com palestra sobre a
prevenção de enchentes na Baviera, onde os principais pontos foram:
– Novamente foram destacados: a importância da organização da Defesa Civil,
as obras para contenção das cheias e do monitoramento constante dos
sistemas de prevenção.
– Foi apresentado o organograma dos órgãos de Defesa Civil, desde sua
unidade local/municipal, passando pelos distritos, estados e o governo federal,
salientando-se que cada instituição tem ações específicas, como numa
engrenagem, onde nada pode dar errado.
– Foi mostrado também um formulário usado para fazer a declaração de
calamidade/catástrofe, com todas as normativas e os passos a serem
seguidos.
Dia 30/06/07 – Terça-feira
Visita à empresa Grünbeck, responsável pelo desenvolvimento, projetos,
construção, fabricação e comercialização de componentes e soluções para
tecnologias de tratamento de água e efluentes.
A Grünbeck será a mais importante empresa de tecnologia de tratamento de
água da Europa, segundo seus diretores.
As unidades estratégicas de negócios da empresa são:
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– tecnologia para piscinas;
– setor de higiene e saúde;
– indústria de bebidas e alimentos;
– centrais energéticas;
– abastecimento de água.
Foi apresentada ao grupo uma cooperação técnica da Baviera com o Estado
de Minas Gerais, para montagem em um contêiner (com três metros de altura e
doze metros de comprimento) de um sistema de purificação de água com
vazão de 200 litros/hora, para atender uma comunidade de até 50 famílias.
Dia 01/07/09 – Quarta-feira
Retorno ao Brasil.
Dia 02/07/09
Chegada a Florianópolis/SC.
Elaboração do Relatório:
- Adelar Pereira Duarte – Tenente Cel., Policia Militar Ambiental.
- Cezar Paulo De Luca – Eng. de Minas, Diretor Técnico da CASAN.
- Charles Alexandre Vieira – Capitão, Corpo de Bombeiros.
- Emerson Neri Emerim – Major, Defesa Civil.
- Humberto Kremer Neto – Assessor da Secretaria de Articulação Nacional de Santa
Catarina.
- Sergio Luiz Zampieri – Doutor em Ciências, Chefe do Ciram/EPAGRI.
- Winston Luiz Zomkowski – Superintendente da SUVIS/ Secretaria Estadual da
Saúde.
- Zenório Piana – Doutor em Ciências, Diretor de Pesquisa da FAPESC –
Coordenador.
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Agradecimentos:
A Comitiva do Estado de Santa Catarina agradece ao Governo do Estado, na
figura de seu governador Luiz Henrique da Silveira, à Secretaria Executiva de
Articulação Nacional e ao Grupo Reação, na figura do Secretário de Estado
Geraldo Althof, e as Instituições Estaduais que proporcionaram apoio financeiro
para as passagens aéreas.
Agradece também, de modo especial, ao Senhor Martin Zeil, Ministro do
Ministério da Economia, Infraestrutura, Transporte e Tecnologia do Estado da
Baviera, pelo apoio financeiro para hospedagem, alimentação, transporte,
tradução e outras despesas na Alemanha; à Empresa BFZ, organizadora do
Seminário, ao Senhor Martin Langewellpott, Representante do Estado da
Baviera no Brasil e a Senhora Elfrida Meusburger, Coordenadora de Projetos.
Agradece as empresas e aos profissionais alemães de diferentes áreas e
instituições pelas informações e conhecimentos transmitidos.
Expressa sua gratidão também a Sabine Sibler - coordenadora do evento,
Martin Strähle – apoiador, Florian Heiser – apoiador e Linda Mandel –
tradutora.
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