Proposta de análise do gênero de texto novela (nouvelle) a partir da

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Proposta de análise do gênero de texto novela (nouvelle) a partir da
Proposta de análise do gênero de texto novela (nouvelle) a
partir da abordagem do Interacionismo Sociodiscursivo
Flavia Moino1
Resumo: O objetivo deste artigo é o de apresentar a narrativa curta novela (nouvelle) como um gênero
de texto, realizando um levantamento das suas características contextuais, discursivas e linguísticodiscursivas. Para isso, tomamos como base teórica a abordagem do Interacionismo Sociodiscursivo para
análise de textos (BRONCKART, 2006). O gênero de texto novela será apresentado a partir dos
seguintes elementos: contexto de produção textual (situação de interação onde se encontra o agenteprodutor), infraestrutura geral (conteúdos temáticos, tipos de discurso e sequências), mecanismos de
textualização (coerência temática) e responsabilização enunciativa (coerência pragmática). Como
corpus de análise, trabalharemos com textos em francês, pertencentes ao conjunto de novelas de dois
autores franceses contemporâneos Bernard Friot e Philippe Delerm. A caracterização desse gênero leva
a obtenção de um modelo didático (SCHNEUWLY & DOLZ, 2004), o que possibilita a criação de futuras
sequências didáticas a serem utilizadas no ensino-aprendizagem de francês língua estrangeira (FLE).
Palavras-chave: gênero de texto, Interacionismo Sociodiscursivo, novela (nouvelle), modelo didático,
FLE.
Résumé: Le but de cet article est de présenter la narrative courte nouvelle comme un genre de texte à
partir de l’étude de ses caractéristiques contextuelles, discursives et linguistico-discursives. Pour
atteindre cet objectif, on prend comme base théorique les études de l’Interactionnisme Socio-discursif
consacrées à l’analyse de textes (BRONCKART, 2006). Le genre de texte nouvelle sera présenté à partir
des éléments suivants : contexte de production (situation d’interaction), infrastructure générale
(contenus thématiques, types de discours et séquences), mécanismes de textualisation (cohérence
thématique) et responsabilité énonciative (cohérence pragmatique). Comme corpus d’analyse, on utilise
des textes des oeuvres de deux écrivains contemporains français Bernard Friot et Philippe Delerm. La
caractérisation du genre nouvelle comme genre textuel peut nous amener à l’obtention d’un modèle
didactique (SCHNEUWLY & DOLZ, 2004), ce qui permet le développement des séquences didactiques à
être utilisées dans l’enseignement-apprentissage du français langue étrangère (FLE).
Mots-clés : genre textuel, Interactionnisme Socio-discursif, nouvelle, modèle didactique, FLE.
1. Introdução
Este artigo nasce do desejo de trabalhar com um gênero de texto pertencente ao
mundo literário em aulas de FLE, encontrando uma maneira de realizar um trabalho que
reúna a conscientização da existência de aspectos contextuais, discursivos e linguísticodiscursivos na produção de um texto ao prazer de entrar em contato com temas
fortemente ligados ao vivido e ao imaginado pelo aluno-leitor/escritor. O material de
1
Aluna especial na área de Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em francês (FFLCH-USP).
E-mail: [email protected]
1
análise escolhido pertence às coletâneas de novelas dos autores franceses Bernard Friot
(1951 - ) e Philipe Delerm (1950 - ).
Por apresentarem temas geralmente ligados às lembranças e às recordações
pessoais e/ou compartilhadas em sociedade, parece-nos que as novelas apresentam
temas extremamente ligados a questões afetivas, a assuntos que não são extremamente
complexos, mas ainda assim densos, polêmicos e apreensíveis didaticamente. Assim,
acreditamos que a novela seja um gênero capaz de reunir temas que ativem as
dimensões psicológica, cognitiva, social e didática necessárias ao se pensar no
desenvolvimento de atividades com gêneros. Segundo Cristovão (2010), na dimensão
psicológica, encontramos as motivações e afetividade dos alunos em relação ao tema; na
cognitiva, uma reflexão sobre a complexidade do tema e o estatuto do conhecimento dos
alunos; na social, a densidade social do tema, a relação entre ele e os alunos; e na
didática, a presença de um tema não excessivamente cotidiano, mas que possa ser
apreensível. Parece-nos que a novela apresenta todos esses critérios.
A prática de estudos direcionada à organização e à classificação de textos
remonta à Grécia Antiga, com os trabalhos de Platão e Aristóteles. Inicialmente, essa
preocupação ocorreu na área de Literatura, estabelecendo os conhecidos gêneros
literários. Outra área que se consagrou ao estudo e classificação dos textos foi a do
Interacionismo Sociodiscursivo (ISD). Com estudos bem mais recentes se comparados
aos dos gêneros literários, no ISD trabalha-se com a noção de gênero de texto, tendo
como material de análise todo tipo de produção, não se limitando apenas aos textos
ditos literários. De complexa definição, o conceito de gênero de texto é caracterizado
por seus estudiosos (BRONCKART, 2006) pela sua diversidade e constante
dinamicidade, alterando-se e adaptando-se às novas necessidades sociais.
Pode-se dizer que o estudo do conceito de gêneros de textos tem origem nos
trabalhos de Bakhtin que propõe o conceito de gêneros do discurso, definidos como
“tipos relativamente estáveis de enunciados”, construídos a partir de três elementos
“conteúdo temático, estilo e construção composicional.” (BAKHTIN, 1997, p. 279)
Bakhtin (1997) aponta ainda a heterogeneidade dos gêneros do discurso e sua
divisão em gêneros do discurso primários e secundários. Sendo os primeiros ligados ao
cotidiano, desenvolvidos em circunstâncias de comunicação verbal espontânea (diálogo
familiar, carta), e os segundos, pertencentes a comunicações verbais mais complexas
(romances, teatro, discurso científico), no qual podemos inserir as novelas aqui
estudadas.
2
Ao produzirmos um texto oral ou escrito, fazemos uso permanente de diversos
textos que apresentam um tema, um estilo e um formato que lhe são próprios. Pode-se
dizer assim que ao realizar-se o nosso agir linguageiro recorre a textos produzidos a
partir
de
modelos
preexistentes
e
definidos
como
“os
correspondentes
empíricos/linguísticos das atividades de linguagem de um grupo” (BRONCKART,
2006, p. 139). Esses modelos preexistentes constituem o espaço estruturado do
arquitexto, uma espécie de arquivo geral de textos de uma determinada comunidade
verbal à qual recorremos de forma empírica.
Ao recorrermos a esses modelos, ou melhor, a um gênero, e, consequentemente,
ao produzirmos um texto, fazemos diversas escolhas de estrutura, cognitivas e
linguísticas, relacionadas ao nosso contexto de produção, o que nos leva a afirmar que
os “gêneros mudam necessariamente com o tempo ou com a história das formações
sociais de linguagem [...] [e] podem se separar das motivações que lhe deram origem”, o
que a princípio impossibilita a sua classificação definitiva. (BRONCKART, 2006, p.
144).
Entretanto, a partir da análise de centenas de textos, Bronckart chega a um
esquema geral de arquitetura textual, demonstrando-nos que textos pertencentes a
diferentes gêneros possuem traços recorrentes na sua produção, sendo eles: a
infraestrutura global, os mecanismos de textualização e os mecanismos enunciativos,
além de sempre serem consideradas as condições de produção dos textos.
Neste artigo, ao analisarmos tais características (condições de produção,
infraestrutura global, mecanismos de textualização, mecanismos enunciativos) presentes
em textos pertencentes ao gênero novela, temos a possibilidade de observar como as
escolhas empíricas em relação a um tema, um estilo e a construção de um texto ocorrem
e como elas podem ser trabalhadas didaticamente (por meio de um modelo didático)
num contexto de ensino-aprendizagem de uma língua estrangeira ou não.
Para tanto, este artigo será dividido nas seguintes etapas:
• Apresentação dos pressupostos teóricos relacionados à importância do estudo
dos gêneros de texto segundo o ISD e da construção de um modelo didático.
• Caracterização do gênero novela do ponto de vista literário.
• Apresentação das características do gênero novela como gênero textual a partir
da análise de textos proposta pelo ISD.
2. Pressupostos teóricos
3
Dentre os princípios do quadro teórico do ISD, encontra-se a ideia de que o agir
de linguagem leva ao desenvolvimento do indivíduo e da sociedade. A ação da
linguagem se realiza por meio de “textos construídos, de um lado, mobilizando-se os
recursos (lexicais e sintáticos) de uma determinada língua natural e, de outro, levandose em conta modelos de organização textual disponíveis no âmbito dessa mesma
língua.” (BRONCKART, 2006, p. 139).
Sendo assim, a produção e recepção/interpretação dos gêneros de texto e dos
tipos de discurso (formatos de interações geradoras de desenvolvimento) são tidos como
a principal ocasião de desenvolvimento de mediações formativas (BRONCKART,
2006), contribuindo nos processos de construção dos fatos sociais e de formação das
pessoas. (MACHADO & CRISTOVÃO, 2009). O que nos levar a acreditar no trabalho
com gêneros textuais como uma ferramenta que atua no processo de ensinoaprendizagem de uma língua materna ou estrangeira.
Uma vez que os gêneros de texto “se constituem como instrumentos de
adaptação e de participação na vida social/comunicativa”, faz-se pertinente a elaboração
de modelos didáticos do gênero e da posterior criação de sequências didáticas que
possuem como finalidade geral a transposição do conceito de gênero para o ensino,
propiciando assim “o domínio, na produção e na recepção, dos gêneros de textos”
(BRONCKART, 2010, p. 10). A partir do modelo de análise de textos do ISD, podemos
chegar à formação de um modelo didático, que nos apontará os elementos a ser
ensinados. O que nos faz observar a estreita ligação entre a reflexão teóricometodológica de Bronckart (2006, 2007, 2010) e os trabalhos na área de Didática de
línguas de Dolz e Schneuwly (2004).
Dada a grande complexidade da arquitetura dos gêneros, ao se fazer um modelo
didático, deve-se sempre concebê-lo como um objeto a ser ensinado.
Esse modelo reúne os conhecimentos teóricos disponíveis sobre esse gênero,
seleciona-os e os transpõe, isto é, adapta-os às propriedades do sistema
didático envolvido (e, principalmente, ao suposto estado de saberes e do
saber-fazer dos alunos e dos professores). (BRONCKART, 2010, p. 10).
A partir do modelo didático, temos a possibilidade de desenvolver sequências
didáticas voltadas à apropriação do gênero. Concebidas na Suíça, a partir de 1985, por
4
Dolz e Schneuwly, e desenvolvidas por diversos pesquisadores, inclusive brasileiros, a
sequência didática tem por “finalidade ajudar o aluno a dominar melhor um gênero de
texto, permitindo-lhe, assim, escrever ou falar de uma maneira mais adequada numa
dada situação de comunicação.” (DOLZ, NOVERRAZ, SCHNEUWLY, 2004, p. 95).
Ainda segundo Schneuwly (apud MACHADO & CRISTOVÃO, 2009, p. 128), os
gêneros textuais podem ser considerados como “verdadeiras ferramentas semióticas
complexas que mediatizam a ação da linguagem, permitindo a produção e compreensão
de textos.”
Os estudos desenvolvidos por Jean-Paul Bronckart dentro das teorias do ISD e
aqueles realizados por Dolz e Schneuwly soam de maneira uníssona ao verem os
gêneros textuais como ferramentas mediatizadoras da ação de linguagem e como um
instrumento que ao ser apropriado pelo agente de linguagem é gerador de mudanças
pessoais e sociais.
Acreditamos assim que um desses gêneros de texto pode ser a novela. Ao ser
visto como instrumento e objeto de ensino, o levantamento de suas características
ensináveis possibilita a produção de atividades em forma de sequências didáticas que
geram o desenvolvimento das capacidades de linguagem (as de ação, as discursivas e as
linguístico-discursivas) necessárias à sua compreensão e produção , sempre levando em
consideração, ao se falar em uma sequência didática, o saber-fazer prévio de alunos e
professores.
5
3. O gênero novela como gênero literário
Une nouvelle est faite pour être lue d’un coup, en une seule fois2.
André Gide
Entre as especificações para a construção de um modelo didático, encontramos a
necessidade de recorrer a outros estudos direcionados ao gênero escolhido, a outras
áreas que tenham se preocupado em caracterizar tal gênero. No nosso caso, a Literatura
já muito se dedicou ao estudo do gênero novela.
No intuito de ilustrar tal caracterização, podemos trazer alguns esclarecimentos
sobre a origem do nome do gênero em francês nouvelle. O vocábulo francês nouvelle
seria emprestado do termo italiano novella, forma substantivada do verbo novellar cujo
significado inicial era o de mudar, posteriormente o vocábulo assume o sentido de
contar3. (STALLONI, 2001).
Ao pensarmos, num contexto francófono, a designação nouvelle, como gênero,
não parece ocasionar grandes dúvidas. Porém, a tradução do termo para o português
(novela) faz com que num primeiro momento uma grande parcela de pessoas pense nas
conhecidas telenovelas, entretanto o termo em português engloba os dois gêneros: o
televisivo e o literário. Como gênero literário, o termo é reconhecido tanto em língua
portuguesa quanto francesa. Sendo que, nesse contexto, a real polêmica existe entre
quais seriam os limites desse gênero com o do conto literário.
De modo geral, a polêmica entre os traços que diferenciam novela e conto
literário é bastante antiga e já foi discutida por diversos estudiosos sem que ainda exista
um consenso. Entre os próprios autores de novelas, a utilização alternada dos termos
novela e conto contribuiu para o reforço da confusão, caso do escritor francês Guy de
Maupassant. Boccacio, reconhecido como um mestre no gênero novela, chamava seus
textos indistintamente de histórias, relatos, parábolas, fábulas. (GOTLIB, 2004)
Tal liberdade de nomeação ocorre também entre os textos escolhidos para serem
analisados neste trabalho. Embora chamados de nouvelles em comentários, sinopses,
2
“Uma novela é feita para se lida de um só fôlego, de uma só vez.” André Gide apud POCHARD, 2009,
p. 2. (tradução nossa).
3
Essa informação pode ser de grande valia ao nos depararmos com a confusão entre os gêneros novela e
conto.
6
trabalhos e artigos que se dedicaram ao seu estudo, recebem em outros momentos o
nome de histoires ou récits.4
Diante de tanta incerteza, baseamo-nos na caracterização de Yves Stalloni
(2001) sobre o gênero novela, que aponta os seguintes traços recorrentes no gênero:
• Narrativa curta.
• Unidade de ação (único acontecimento de resolução rápida), de tempo e de
lugar. Tem-se um fragmento da vida e não a história de toda uma vida.
• Simplicidade de organização estrutural (único narrador que conduz leitor de uma
ponta à outra).
• Poucos personagens, já inseridos na aventura.
• Intensidade na sua formulação e conteúdo.
• Visão do mundo apresentada como fiel.
• Estrutura aberta: pode-se acrescentar um episódio, fazer intervir outro
personagem.
• Supressão dos movimentos de aproximação, dos preparativos, chegando mais
depressa até a crise e o desenlace.
• Resolução do conflito por meio de um fim inesperado, anedótico, chocante.
Porém, como um estudioso cauteloso e conhecedor de toda a polêmica em torno
do assunto, Yves Stalloni nos lembra que “os critérios de identificação da novela são
reais, mas permanecem incertos, o que autoriza falar de um ‘gênero fugidio’ [...] e que
ela tende a confundir-se às vezes com outra narrativa breve, o conto.” (STALONNI,
2001, p. 118).
Outra estudiosa do gênero, Mireille Pochard, responsável por diversas oficinas
que ensinam como escrever uma novela, nos confessa a imensa dificuldade de definição
do gênero:
4
Seguem alguns sites onde podemos encontrar textos com tais variações. Sobre Delerm:
http://fr.ulike.net/Philippe_Delerm ; http://www.gallimard.fr/collections/fiche_arpenteur.htm.
Sobre Friot: http://www.crdp.accreteil.fr/telemaque/auteurs/Bernard-Friot.htm;
http://www.crdp.ac grenoble.fr/lireetecrire/spip.php?article31&var_recherche=friot
http://www.m-e-l.fr/Bernard%20Friot,758
7
Vous vous attendez certainement à ce que je vous donne une définition de la
nouvelle ? Je ne le ferai pas. Depuis que les recueils de nouvelles font
l’essentiel de mes lectures et vu la diversité du genre, j’ai compris que toutes
les définitions se heurtaient à un mais ! 5. (POCHARD, 2009, p. 2).
Outro renomado estudioso do gênero é o belga René Godenne que, ao apontar
um dos traços que uma boa novela deve apresentar, nos faz pensar na razão pela qual os
termos nouvelle, histoire e conte são às vezes tão próximos. Segundo ele, é preciso “ne
pas oublier de susciter l’intérêt anecdotique : les meilleures nouvelles sont des histoires,
les meilleurs nouvellistes sont des conteurs. 6” (GODENNE, 2009)
A partir desse cenário, torna-se evidente que somente de uma maneira teórica
podemos falar em um modelo desse gênero literário. O que reforça a ideia de
mutabilidade dos gêneros presente em Bronckart (2006) quando ele trata da permanente
instabilidade dos gêneros, mutáveis de acordo com o tempo e a sociedade em que são
produzidos.
Entretanto, mesmo diante de tanta complexidade na busca de uma identificação
e classificação dos gêneros, fato é que eles estão no ambiente da linguagem, coexistindo
no espaço do arquitexto como modelos aos quais recorremos e adaptamos, criando
variantes, de acordo com uma situação de ação específica.
[...] na medida em que a adaptação pode se traduzir na criação de variantes,
derivadas de uma estilística pessoal e social, essas variantes são candidatas a
uma restituição ao arquitexto, tornando-se, assim, capazes de provocar uma
modificação mais ou menos importante nas características anteriores dos
gêneros. (BRONCKART, 2006, p. 154).
O que nos faz concluir que os gêneros estão em estado permanente de
modificação, o que lhes confere um estatuto dinâmico e histórico (BRONCKART,
2007). Com outro olhar, talvez mais literário, Godenne (2009) esbarra nessa mesma
questão ao aconselhar aos que querem se tornar escritores de novelas, dizendo “lisez des
5
“Certamente, vocês esperam que eu lhes dê uma definição de novela. Eu não o farei. Desde que as
coletâneas de novelas fazem parte do essencial das minhas leituras e visto a diversidade do gênero, eu
compreendi que todas as definições acabam esbarrando em um mas!” (tradução nossa).
6
“não se esqueça de suscitar o interesse anedótico: as melhores novelas são histórias, os melhores
novelistas são contadores de contos.” (tradução nossa).
8
nouvelles des grands nouvellistes qui vous ont précédés: on a tout à apprendre de ces
modèles. Et les modèles sont faits pour être dépassés.7”
4. Análise de algumas novelas segundo o modelo do ISD
Esta análise tomou como corpus as novelas “La chose”, “Recette de cuisine” e
“Premier amour”, presentes na obra Histoires pressées (1999), “Je t’aime” e “Malade”,
em Pressé, pressée (2007) e “Histoire-télégramme”, em Nouvelles histoires pressées
(2007) de Bernard Friot, e “L’inhalation”, “Invité par surprise”, “Le dimanche soir” e
“Le cinéma” pertencentes ao livro La première gorgée de bière et autres plaisirs
minuscules (1997) de Philippe Delerm8. Em ambos os casos, o fator de seleção foi a
busca por textos cuja temática tivesse alguma relação cultural e/ou sentimental com os
leitores brasileiros, não sendo um relato de uma situação restrita a um contexto de vida
estrangeiro, sobretudo francês.
A análise desses textos será feita a partir das teorias apresentadas no modelo de
análise de textos do ISD9, tendo como resultado um material que possa ser utilizado na
construção de um modelo didático do qual será produzido possíveis sequências
didáticas aplicáveis em um contexto de ensino-aprendizagem do francês língua
estrangeira a partir do nível A2 do Quadro europeu comum de referência para as
línguas (2001). Faz-se necessário ressaltar que a análise aqui apresentada não pode ser
realmente considerada um modelo didático, pois nesse caso a quantidade e diversidade
de textos analisados tornar-se-iam obrigatoriamente maior. Sendo assim, consideramos
esta análise apenas como um trabalho prévio na construção de um modelo didático.
Partindo para a análise proposta, começamos pelo contexto de produção, no qual
temos como emissores Bernard Friot e Philippe Delerm que tomam como enunciador a
função social de escritor e professor para o primeiro e escritor para o segundo. O leitor
potencial de Friot é o jovem francês e/ou francófono na faixa etária dos nove aos dez
anos, quanto a Delerm, seu leitor é o adulto também francês e/ou francófono.
Os textos estão apresentados em livros de bolso no formato de 18 cm x 12 cm e
representados pela editora Milan, coleção Milan Poche Junior, Éclats de Rire, no caso
de Friot; e pela editora Gallimard, coleção L’Arpenteur, no caso de Delerm. No
7
“leiam as novelas dos grandes novelistas que lhes precederam: temos tudo a aprender com esses
modelos. E os modelos são para serem superados.” (tradução nossa)
8
Ver material em anexo.
9
BRONCKART, 2006, 2007.
9
primeiro caso, a identificação da coleção nos traz importantes referenciais em relação à
faixa etária do público e ao lado humorístico do texto. No segundo caso, pensamos em
literatura para adultos10, mas o nome da coleção não nos releva de imediato o seu perfil,
o qual é delineado no site da editora como uma coleção dedicada à literatura francesa ou
estrangeira, tendo entre os traços de sua identidade a presença de autores que trabalham
com textos curtos.
Como objetivos, podemos citar o objetivo imediato de entreter, mais
especificamente o de provocar o prazer da leitura, despertado sobretudo por uma
empatia criada entre enunciador e destinatário. Uma vez criado tal prazer, tem-se como
consequência um estímulo do contato com a literatura, o desejo de ler cada vez mais e
por que não o de escrever.
Ainda sobre o contexto de produção, encontramos relatos do autor Bernard Friot,
explicando-nos em que condições os seus textos foram criados. Antes e durante sua
atuação como escritor, Friot trabalhava como professor de francês língua materna na
França com crianças matriculadas no Cours élémentaire 1 e Cours élémentaire 211, tendo
respectivamente por volta de sete a oito anos. Com o objetivo de fazer com que seus
alunos desenvolvessem o gosto pela leitura e escrita, o professor Friot acabou
desenvolvendo em suas aulas um espaço de produção de textos criados entre as
experiências dos alunos e a sua própria. Segundo o próprio escritor (FRIOT, 2003), as
suas novelas nasceram a partir do seguinte processo:
• Busca de um tema: a partir de uma palavra, de uma frase, de uma música, de
uma cor, de uma imagem.
• Desenvolvimento: a partir das lembranças pessoais das crianças e da sua (Friot)
visão sobre a infância. Ele escreve o começo do texto e pede para que as
crianças o desenvolvam.
• Harmonização e orquestração: nessa fase, o autor tem o começo, as transições e
o fim (chute) da história, mas ainda é preciso “preencher” a história. Novamente,
em colaboração com as crianças, ele propõe que os alunos contem o que o tema
lhes evoca, unindo as visões das crianças com a sua.
10
Essas são impressões de um primeiro momento. Na verdade, ambas editoras trabalham com o público
adulto e infanto-juvenil.
11
Grosso modo, podemos comparar esses níveis aos primeiros anos do nosso ensino fundamental.
10
• Interpretação: afinar, ajustar o texto. Atenção à compreensão (lisibilité) e a
densidade do texto. Quanto mais o texto é compreensível (compreensão do
léxico) mais o leitor pode se fixar no seu conteúdo metafórico e emocional.
Ainda sobre o processo de criação, diz Friot (2003): “J’ai d’abord écrit avec des
enfants avant d’écrire pour eux”12, o que nos mostra que em suas novelas há muito da
sua experiência e de suas trocas com as crianças, além das suas próprias memórias de
infância.
Após a apresentação do contexto de produção das novelas estudadas, abordaremos a
análise da sua infraestrutra geral (aspectos discursivos), constituída pelo plano global
dos conteúdos temáticos, pelos tipos de discurso e pelas sequências.
Como plano global, as novelas de maneira geral trazem um título e um texto curto e
independente das novelas anteriores ou posteriores. O texto é formado por diversos
parágrafos curtos ou alguns longos, ou até mesmo um único, aos quais se intercalam por
vezes diálogos (discurso direto). Em algumas novelas de Bernard Friot, observa-se na
sua forma e/ou conteúdo um diálogo com outros gêneros. Caso de “Histoiretélégramme” que nos remete a um conto de fadas na forma de um telegrama ou de
“Premier amour” e a sua forma de diário.13 O título tem sempre uma função primordial
nesse gênero, sendo um verdadeiro título-tema. Ao lermos o título, temos logo de início
o assunto que será desenvolvido no texto. Esse desenvolvimento começa já no primeiro
parágrafo. De forma direta (sem uma cena introdutória), o parágrafo de abertura já nos
traz uma cena representativa do tema, dando-nos na grande maioria dos casos o acesso
imediato ao conflito da novela.
Após alguns poucos parágrafos - caracterizado como um gênero curto, as novelas
apresentam de uma a cinco páginas -, chegamos ao(s) último(s) parágrafo(s) onde há a
resolução do conflito. Esse é um momento de grande importância na novela, sempre
provocador de alguma emoção no leitor. A parte final é marcada por um efeito
humorístico causador de um sorriso, ou ainda por um momento de surpresa ou de forte
reconhecimento e empatia entre o leitor e o autor.
12
“Eu escrevi com as crianças antes de escrever para as crianças.” (negrito do autor), (tradução nossa).
Sobre essa questão, autor Bernard Friot comenta “j’ai abusé, au début, du jeu avec des genres, les
styles, les codes narratifs, ce qui m’a amené, dans la nouvelle édition de Histoires pressées à supprimer
certains textes qui n’étaient que des exercices pour les remplacer par des textes je l’éspère plus
‘consistants’”. (FRIOT, 2003). “eu abusei, inicialmente, do jogo com os gêneros, dos estilos, dos códigos
narrativos, o que me levou, na nova edição de Histoires pressées, a suprimir alguns textos que eram
apenas exercícios, substituindo-os por textos, espero, mais ‘consistentes’”. (tradução nossa).
13
11
Ao observarmos o universo temático das novelas, nota-se a presença de temas
fortemente relacionados a lembranças, momentos da vida, lugares e situações
significativas geralmente ligadas ao cotidiano, mas que tomam um grande valor
emocional geralmente positivo. Nesses temas, há uma evidente valorização das
memórias pessoais, dos pequenos momentos de prazer da vida e do dia a dia. Ainda que
muitas vezes essas lembranças estejam ligadas a uma realidade vivida, é evidente a
presença de elementos imaginários, sobretudo, nas novelas que retratam o mundo
infanto-juvenil onde imaginário e realidade se fundem naturalmente.
No campo da infraestrutura geral do texto, outro elemento a ser analisado é o tipo de
discurso. No caso das novelas estudadas, percebe-se a predominância do narrar
(disjunção) implicado (embreado), ou seja, do relato interativo, desenvolvido no tempo
passado composto (passe composé) e com a presença do dêitico eu (je); e do expor
implicado, ou seja, do discurso interativo. Nota-se ainda outro mundo discursivo, o do
discurso interativo relatado, marcado por um discurso direto dependente da narração
que o engloba, o que é identificado por enunciados como (disse ela, disse ele). No caso
do discurso interativo, podemos citar como marcas de situação de enunciação dêiticos
de pessoa e de tempos como, por exemplo, o dêitico referente à segunda pessoa do
plural, você(s) (vous), ou ainda o de tempo, agora (maintenant), marcas que remetem à
situação de produção, criando uma ligação com a realidade. A presença do dêitico vous
cria ainda uma aproximação como o leitor, tendo-se uma relação de cumplicidade entre
leitor e autor.
Outro pronome que por vezes tem a função de criar essa proximidade e interação,
essa sensação de algo compartilhado por ambas as partes, é o pronome indefinido on.
Interpretado de diversas maneiras, segundo o contexto, o pronome on pode ainda
apresentar verdades ou comportamentos universais, compartilhados entre o eu-narrador,
o você-leitor e o ser humano em geral. A utilização desse pronome proporciona a uma
experiência ou pensamento particular a sensação de universalidade, mostrando que em
nossas memórias particulares temos todos muito em comum.
Em relação às sequências, temos algumas pequenas sequências descritivas e
dialogais, mas a predominância é da sequência narrativa. Entretanto, ao contrário da
constituição tradicional da sequência narrativa (BRONCKART, 2007), nota-se por
vezes a ausência de uma situação inicial, havendo um início imediato no plano da
complicação ou ainda no plano das ações, desencadeado pelo título-tema. A fase final
pode ser representada por uma resolução ou uma avaliação sobre a situação, “em que se
12
propõe um comentário relativo ao desenrolar da história e cuja posição na sequência
parece ser totalmente livre” (BRONCKART, 2007, p. 221). É nesse momento de
resolução ou avaliação da narração que nos deparamos geralmente com o um efeito de
surpresa, anedótico ou de reconhecimento, típico da parte final das novelas.
Quanto aos mecanismos de textualização (coerência temática), temos a análise da
conexão, coesão nominal e coesão verbal. A conexão entre as frases e entre os
parágrafos ocorre por meio de advérbios ou locuções adverbiais, como finalmente,
depois, à tarde, naquela noite, dois minutos mais tarde, anteriormente (finallement,
après, l’après-midi, cette nuit-là, deux minutes plus tard, autrefois), por conjunções mas
(mais), por meio de interjeições como ah!, ai! (ah!, hélas!), diálogos ou datas,
elementos coesivos, como nesse caso (dans ce cas-là) ou ainda de forma direta, sem a
presença de conectivos, pela simples justaposição de frases.
Em relação à coesão verbal, nota-se a forte presença do passado composto (passé
composé) e do imperfeito (imparfait), sobretudo em primeira pessoa, vinculados ao
relato interativo, e do presente (présent), do futuro próximo (futur proche) e do
imperativo (impératif) em cenas de interação verbal de personagens em discurso direto
dependente da narração (discurso interativo relatado). Constata-se também a presença
do presente e do futuro próximo no caso do discurso interativo.
Já a coesão nominal dá-se principalmente na forma de elementos com função
anafórica como pronomes pessoais (elle, il), pronomes demonstrativos (celle, celui,
celles, ceux), pronomes de objeto direto (le, la, les) e indireto (lui, leur) e mais
raramente na forma de enunciados como na novela “Le cinéma” onde o referente
cinéma é retomado mais adiante em “cette salle penchée vers une attente plate.” Frases
e parágrafos curtos e muitas vezes sem elementos de conexão entre eles trazem
enunciados que representam mais uma série de novas lembranças, emoções e situações
do que a retomada e desenvolvimento (continuidade) de uma ideia primeira.
Como responsabilização enunciativa (coerência pragmática), temos as vozes e as
modalizações. Nas novelas estudadas, podemos encontrar a voz do narrador, um
narrador-personagem, representado pelo pronome eu (je), e de outros personagens
(discurso indireto e direto). A voz do narrador-personagem pode ser representada ainda
pelo pronome on. A presença desse pronome pode ser interpretada também como uma
voz coletiva, representativa de uma comunidade, trazendo um caráter de polifonia ao
texto.
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As modalizações ocorrem por meio de advérbios e adjetivos que exprimem
apreciações, de verbos como poder, querer, dever, preferir, ser preciso (pouvoir,
préferer, devoir, vouloir, falloir), de exclamações e interjeições e da presença de uma
voz coletiva na forma do pronome on que pode apresentar um fato como uma verdade
aceita, o que não deixa de ser uma maneira de expressar uma opinião.
Vale ainda ressaltar a escolha do vocabulário e do nível de formalidade na
linguagem utilizada. No caso de Friot, nota-se uma linguagem informal (palavras de
contexto familiar e utilização do pronome tu) e a presença de um corpus lexical
pertencente ao cotidiano, à família, à escola, aos amigos, a objetos e partes que
compõem uma casa, a partes do corpo, a ações cotidianas, como se vestir, se alimentar,
fazer compras. Em Delerm, há uma similitude em relação às novelas de Friot no que se
refere a um vocabulário ligado ao cotidiano, mas nesse caso as palavras escolhidas são
carregadas de carga metafórica, de impressões. Essas escolhas indicam a importância do
público-alvo, do destinatário do texto, pois é a diferença entre os públicos que
determina as escolhas feitas pelo enunciador, comprovando que a situação de produção
deixa marcas concretas no texto.
5. Considerações finais
O trabalho com os gêneros e sua apropriação revela-se um mecanismo
fundamental de socialização, de inserção pratica nas atividades comunicativas humanas.
(BRONCKART, 2007). Num contexto de ensino-aprendizagem, os gêneros revelam-se
instrumentos de desenvolvimento das capacidades dos alunos, mas também de
desenvolvimento profissional do professor. Nesse processo de desenvolvimento, seja do
aluno seja do professor, a construção de modelos didáticos e sequências didáticas tem
papel de destaque (MACHADO & LOUSADA, 2010).
A sequência didática serve a um trabalho de reflexão sobre as capacidades de
ação presentes nos contextos de produção de escrita, sobre as capacidades discursivas e
linguístico-discursivas e todas as escolhas que as envolvem de acordo com o gênero, ou
seja, serve a um trabalho prático de apropriação de gênero, que evidencia sua
capacidade de mediação da atividade de ensino-aprendizagem em sala de aula.
Acreditamos que ao apresentar os traços característicos do gênero de texto
novela, a partir da análise de textos proposta pelo ISD, recorrendo-se também aos
estudos literários sobre o gênero, este trabalho pode contribuir para a construção de um
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futuro modelo didático e de sequências didáticas que teriam como objetivo a produção e
recepção/interpretação de textos do gênero.
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Comment
j’ai
écrit
certaines
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Rojo; Glais Sales Cordeiro. Campinas: Mercado de Letras. 2004.
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Anexos
Textos Bernard Friot:
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Textos Phlippe Delerm
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Recebido Para Publicação em 26 de janeiro de 2011.
Aprovado Para Publicação em 25 de fevereiro de 2011.
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