Teste de arena para avaliação de temperamento de ovelhas

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Teste de arena para avaliação de temperamento de ovelhas
Teste de arena para avaliação de temperamento de ovelhas Morada Nova1
Arena test for temperament evaluation Morada Nova ewes
Thiago de Assis Moraes2, Larissa Kellen da Cunha Morais2, Edilson Paes Saraiva3, Vinícius
França de Carvalho Fonseca4, Josinaldo da Silva Araújo2, Pedro José Rodrigues Neto5
1
Parte do trabalho de conclusão de curso do segundo autor
Mestrandos do Programa de Pós Graduação em Zootecnia – PPGZ/UFPB, Areia/PB, Brasil. e-mail:
[email protected]
3
Professor do Departamento de Zootecnia – CCA/UFPB, Areia/PB, Brasil. [email protected]
4
Doutorando do Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia – PDIZ/UFPB, Areia/PB, Brasil
5
Graduando do curso de Zootecnia – CCA/UFPB, Areia/PB, Brasil.
2
Resumo: Objetivou-se avaliar o temperamento de ovelhas da raça Morada Nova por meio de
teste de arena em animais habituados e não habituados ao tronco de contenção e ao uso de
máscaras faciais. Foram utilizados 30 animais, distribuídos em um Delineamento Inteiramente
Casualizado, sendo o tratamento 1: 15 ovelhas submetidas previamente ao processo de
habituação e condicionamento ao tronco de contenção e ao uso de máscaras faciais, e o
tratamento 2: 15 ovelhas não submetidas ao processo de habituação e condicionamento ao tronco
de contenção e ao uso de máscaras faciais. Assim, formaram-se dois grupos de 15 animais, os
quais foram submetidos ao teste de arena. Mensurou-se a latência de aproximação, latência de
contato e latência para tocar a mão do avaliador. Todas essas variáveis diferiram (P < 0,05) entre
os dois grupos estudados. Os animais que não passaram pelo processo de habituação e
condicionamento mostraram maiores latências de aproximação, contato e para tocar a mão.
Assim, conclui-se que ovelhas da raça Morada Nova habituadas ao tronco de contenção e uso de
máscaras faciais apresentam temperamento mais dócil no teste de arena.
Palavras–chave: condicionamento, habituação, latências, ovinos
Abstract: This study aimed to evaluate the temperament of ewes Morada Nova through arena of
test animals used and not used to contain trunk and the use of face masks. 30 animals were
distributed in a completely randomized design, with treatment 1: 15 sheep previously submitted
to the habituation process and conditioning the containment trunk and the use of facial masks,
and Treatment 2: 15 sheep not submitted to the process of habituation and conditioning the
containment trunk and to the use of facial masks. Thus they formed two groups of 15 animals
which were subjected to the test arena. Measured approach to latency, contact latency and
latency to touch the hand of the evaluator. All of these variables differed (P <0.05) between the
two groups. Animals that have not undergone the process of habituation and conditioning
approach showed higher latencies, contact and touch the hand. Thus, it is concluded that ewes
Morada Nova used to the containment trunk and use of face masks have more docility in the
arena test.
Keywords: conditioning, habituation, latency, sheep
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Introdução
O temperamento dos animais é importante na produção de ovinos, já que os animais mais
reativos podem apresentar menor consumo de alimentos, fertilidade, ganho de peso e produção
de leite (Paçó et al., 2011). Neste contexto, o teste de arena é uma ferramenta adequada para
testar a aversão de ovinos isolados em relação a diferentes estímulos e a expressão dos
comportamentos no teste reflete a integração de vários estados motivacionais experimentados
pelo animal durante o mesmo (medo do humano, motivação social, curiosidade) e a influência
relativa de cada estado motivacional sobre o comportamento pode diferenciar entre os indivíduos
(Beausoleil et al., 2008).
Portanto, objetivou-se avaliar o temperamento de ovelhas da raça Morada Nova por meio
do teste de arena em animais habituados e não habituados ao tronco de contenção e ao uso de
máscaras faciais.
Material e Métodos
O estudo foi conduzido no período de 4 a 31 de março de 2015, na Estação Experimental
pertencente ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba - CCA/UFPB,
localizada no município de São João do Cariri – PB, coordenadas 7° 23’ 27” de latitude sul e 36°
31' 58” de longitude oeste. Utilizou-se 30 ovelhas multíparas e vazias da raça Morada Nova.
Distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado, sendo o tratamento 1 - 15 ovelhas
submetidas previamente ao processo de habituação e condicionamento ao tronco de contenção e
ao uso de máscaras faciais; e o tratamento 2 - 15 ovelhas não submetidas ao processo de
habituação e condicionamento ao tronco de contenção e ao uso de máscaras faciais. Formando-se
dois grupos de 15 animais, os quais foram submetidos ao teste de arena.
Os animais foram habituados na arena teste durante dois dias, antes do início das
observações. A arena teste tinha uma dimensão total de 54 m², demarcada em quadrados com
área de 1m². Participaram desse teste três avaliadores: um conduzindo os animais até a entrada
da arena teste, um no centro da arena e outro fora, de posse de um cronômetro e etograma para
quantificar as medidas comportamentais. Cada animal permaneceu 5 minutos na arena para
avaliação. Observou-se a latência de aproximação: tempo transcorrido até o animal chegar a
distância de 2 metros do avaliador; a latência de contato: tempo transcorrido para o alcance da
distância de 1 metro do avaliador; e a latência para tocar as mãos: tempo transcorrido até o
animal cheirar a mão do avaliador na arena.
Os dados foram submetidos a análise de deviance, considerando a distribuição negativa
binomial para dados de contagem. As médias foram comparadas pelo teste F. As análises
estatísticas foram realizadas por meio do software SAS de 2011.
Resultados e Discussão
As variáveis latência de aproximação, latência de contato e latência para tocar a mão
diferiram (P < 0,05) entre os dois grupos estudados. Os animais que não passaram pelo processo
de habituação e condicionamento mostraram maiores latências de aproximação, contato e para
tocar a mão do avaliador (Figura 1).
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Figura 1 – Latências de aproximação, latência de contato e latência para tocar a mão em animais habituados e não
habituados ao tronco de contenção e uso de máscaras faciais.
Os animais submetidos ao processo de habituação e condicionamento, apresentaram
menores médias para as latências de aproximação (266,87 s), contato (272,97 s) e tocar a mão
(276,40 s), por serem animais que foram manejados diariamente por cerca de 3 meses,
mostraram-se menos reativos a presença humana. Da mesma forma, Da Porciuncula (2015), em
teste de arena, relatou que a maioria das ovelhas (88,5%) permaneceram até um metro do
observador ou mantiveram contato físico com o cordeiro, indicando pouca reatividade à presença
de seres humanos, pois este rebanho também foi submetido à interação humano-animal frequente
e não aversiva, onde foram manejados semanalmente de forma calma, tranquila e sem gritos.
Conclusões
Ovelhas da raça Morada Nova habituadas ao tronco de contenção e ao uso de máscaras
faciais apresentam temperamento mais dócil no teste de arena em comparação as não habituadas
ao tronco e ao uso de máscaras.
Literatura citada
BEAUSOLEIL, N. J.; BLACHE, D.; STAFFORD, K. J.; MELLOR, D. J.; NOBLE, A. D.
Exploring the basis of divergent selection for ‘temperament’in domestic sheep. Applied
Animal Behaviour Science, v. 109, n. 2, p. 261-274, 2008.
DA PORCIUNCULA, G. C. Relação entre as variáveis associadas com o comportamento,
temperamento, manejo e cuidados maternos de ovinos–abordagem multivariada. 2015.
Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
PAÇÓ, A. L.; GIGLIOTTI, R.; IBELLI, A. M. G.; RIBEIRO, A. R. B.; ESTEVES, S. N.;
OLIVEIRA, M. C. de S. Estudo do temperamento de ovinos Santa Inês e Morada Nova criados
em São Carlos, SP. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 48.,2011. Belém–
PA. Anais... Belém: SBZ: UFRA, 2011.
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