Veja revista completa

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Veja revista completa
É uma satisfação constatar que o Brasil é um País off-road em todos os sentidos.
Temos os melhores caminhos, as trilhas mais incríveis e os destinos naturais mais
cobiçados do planeta. E temos jipes sendo feitos por aqui, como o Troller, o Agrale
Marruá e o pequeno em tamanho, mas gigante em valentia, Suzuki Jimny, que é
construído em Catalão, Goiás, desde novembro de 2012.
Nascido no Japão, em 1970, o Samurai foi baseado nos clássicos Jeep (assim como
todos os outros jipes desse planeta) e, desde então, não para de fazer sucesso. Na
nossa matéria especial, você conhecerá um pouco mais sobre o pequeno guerreiro.
Essa edição traz um incrível CJ5 modernizado e pronto para as trilhas de Manaus.
Quem curte originalidade, vai se amarrar no Willys CJ3A maravilhosamente bem
restaurado pelo seu dono, que disse ter a “ferrugem no sangue”.
Para os que gostam de adrenalina e emoção, publicamos a aventura de um comboio
brasileiro, se embrenhando na Expedição Serra do Sol, que fica na “Gran Sabana”,
Venezuela, um lugar inóspito e pouco acessado.
E aqui no Brasil vamos ver o que rolou na 6ª edição do Transcatarina, prova que
cruza parte do estado de Santa Catarina, desvendando suas belezas e histórias.
E para fechar, vamos inaugurar nossa coluna Gente, com Fabiana “Fabi” Martins, offroader de Brasília, DF, que vem se destacando pela perícia e gosto pelo Trial, um dos
estilos mais exigentes do fora-de-estrada. Ela será a primeira participante brasileira
na Rainforest Challenge, uma prova duríssima, ao melhor estilo Camel Trophy.
Boa diversão, ótima leitura e até a próxima!
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L
embro com perfeição das
minhas primeiras impressões
e das voltas iniciais que
dei no Suzuki Samurai, na
primeira metade dos anos 90. Offroaders mais “casca grossa” e os
incrédulos em geral não demoram a
apelidar o pequeno 4x4 de jipe da
Barbie, carrinho de playmobil entre
outros nomes jocosos e cheios de
preconceito.
Não podiam estar mais errados, pois
o Samurai, que já se chamava Jimny
no Japão – seu país de origem –, era e
continua sendo um dos jipes mais bem
acertados e já construídos. Há quem
diga que se retirassem a carroceria de
um Jimny mais antigo e fosse instalada
uma do Jeep CJ3A, o encaixe seria
perfeito, já que o off-road japonês
haveria sido influenciado pelo mítico
Willys. Eu não duvidaria disso...
Com mais de 44 anos de história,
o Jimny é feito no Brasil desde
novembro de 2012 e continua sendo
uma presença constante em quase
200 países e já soma mais de 2.5
milhões de carros vendidos.
Mesmo que o chamem de SUV por
aí, o termo correto para um veículo
dotado de carroceria sobre chassi
+ caixa de transferência (normal e
reduzida), é jipe. E ponto!
O 4x4 mais barato construído no
Brasil, na cidade de Catalão, GO, onde
também está a fábrica da Mitsubishi,
A versão 4Work é indicada ao trabalho. Por ter diversas configurações, tem preço sob consulta
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Interior simples e justo, atende as necessidades de um veículo off-road de verdade
disponibiliza quatro versões: 4ALL
(cidade), 4SUN (praia), 4SPORT (offroad) e o 4WORK, para trabalho e que
tem preço sob consulta e é variável de
acordo com a lista de acessórios.
O visual é harmônico, tem na frente
o maior volume, scoop no capô e
desenhos do para-choque, para-lama
e grade dianteira com perfil mais
robusto. As rodas de liga leve aro 15”
tem aplicação da cor grafite.
O som inclui rádio AM/FM, CD player
e MP3, WMA, USB e Bluetooth.
Os bancos possuem diversas
configurações, sendo os traseiros
bipartidos e rebatíveis com cinco
posições.
O motor é feito de alumínio, 1.3
litros, à gasolina (DOHC), com 16
válvulas, 85 cavalos de potência a
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Com mais de 44 anos de história, o Jimny é feito no Brasil desde novembro de 2012
Paleta de cores bem diversificada
6.000 rpm e torque de 11 kgfm a
4.100 rpm. A corrente de comando,
velas de longa duração e escape de
aço inox oferecem maior rendimento.
O comando variável de válvulas
otimiza o torque para todas as faixas
de rotação.
Em conjunto com a injeção
eletrônica multpoint sequencial, o
sistema melhora o consumo e as
emissões de poluentes.
Junto ao motor está um câmbio
manual de cinco marchas e uma caixa
de transferência com tração 4x4 e
reduzida, gerenciada eletrônicamente,
e um sistema de roda livre
pneumática. Para ligar a tração, basta
selecionar no controle do painel.
Opta-se pelos modos 2WD (tração
traseira), 4WD (tração nas quatro
rodas) e 4WD-L que dobra o torque
e garante a saída das encrencas
maiores. É possível mudar
entre os modos 2WD e 4WD em até
100 km/h.
A suspensão é independente Trilink,
com eixo rígido e molas helicoidais.
O conjunto mecânico do Jimny é
resistente, flexível e leve (pesa só
1.060 quilos!). O carro tem barras
de proteção laterais, coluna de
direção retrátil e encostos de cabeça
ajustáveis em todos os bancos.
Os freios a disco na frente têm as
pinças mais elevadas, o que facilita a
passagem em alagados, escoam bem
a água e evitam retenção de terra.
O freio a tambor traseiro tem válvula
sensível a carga (LSVB).
A direção hidráulica progressiva
é leve nas manobras e firme à
medida que a velocidade aumenta.
O raio de giro de apenas 4,9 metros
é surpreendente é o melhor no
segmento, fácil.
Como a maioria dos jipes, o Jimny
em altura livre do solo de 200 mm,
tem capacidade de inclinação lateral
de 42º e pode (e deve!) ser equipado
com pneus MUD (opcionais) e engates
traseiro e dianteiro para facilitar a
manobra de carretas. As virtudes do
pequeno guerreiro são justamente
a soma de sua pequena dimensão
(entre eixos curto é uma maravilha
no off-road), leveza, confiabilidade
mecânica e facilidade em aceitar
upgrades. Um ótimo jipe, como já
disse e, curiosamente, que não tem
concorrentes diretos no mercado
nacional. Se você pensou no Troller,
esqueça, pois o mesmo é bem maior
e tem motor diesel, o que muda tudo.
Talvez o Pajero TR4, que é um ótimo
4x4, mas é menos jipe que o Suzuki,
por uma série de características,
apesar do chassi e caixa de
transferência.
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altura livre de 200 mm e excelentes ângulos de entrada e saída
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Desafio Jimny 100.000 km em 100 dias
Ou seja, no mercado dos jipes, ainda
não tem para ninguém.
Se o interessado quer opções na hora
de escolher, além de cada versão,
são seis cores básicas: prata, preto,
branco, vermelho, verde Amazônia
e verde tropical e seis especiais:
amarelo solar, roxo ipê, laranja fun,
rosa croma e azul pacífico.
Em maio desse ano foi apresentada o
modelo 2015, da versão Sport, a que
mais interessa a quem gosta de off-road.
A nova versão vem com air bag
duplo e ABS, traz novos parachoques dianteiro e traseiro.
Formados por peças modulares
com fixações externas, o projeto
foi desenvolvido para facilitar a
manutenção, lembrando que o Jimny
é único 4x4 que traz de fábrica o
engate dianteiro que, por possibilitar
visualização frontal, facilita qualquer
manobra de carretas rurais ou de Jet
Ski, por exemplo.
Outra novidade é o side step (apoio
para o pé) integrado às laterais, à
frente das rodas traseiras, que facilita
o acesso ao teto para instalação
de bagageiros, transportar bikes,
pranchas de surf e outros
equipamentos. Os frisos
laterais, snorkel e flares
ganham novo desenho
e completam o
design do 4x4.
Entre 6 de fevereiro e 17 maio, a
Suzuki realizou uma grande prova
de resistência, para comprovar a
robustez de seus jipinhos. Intitulada
Desafio Jimny 100 mil km em
100 dias, 6 profissionais seguiram
em direção às estradas, on-road
e off-road, entre as regiões de
Campo Grande (MS), Vitória (ES),
Belo Horizonte (MG) e São José
dos Campos (SP), finalizando no
autódromo Velo Città, em Mogi
Guaçú (SP).
Durante os 100 dias, os carros
seguiram os planos de revisões
programadas da Suzuki, realizadas
a cada 10 mil quilômetros, nas
concessionárias da marca, todos
com resultados positivos. Os jipes
apresentaram poucas ocorrências,
como uma trinca no para-brisa dos
dois carros ocasionada por pedras
que rebateram nos vidros durante um
dos trajetos e uma troca preventiva
de um retentor da roda traseira de
um dos carros por possibilidade de
vazamento. Prova de fogo para o
pequeno guerreiro!
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A
história de Leonardo
Junqueira da Costa, 40
anos, natural de Manaus,
AM, empresário no ramo de
alimentos, como “jipeiro”, começou
em 2002 quando seu irmão mais
velho, Osmar, comprou um Lada
Niva 1995 e o convidou para ser
“Zequinha”, em uma prova de rally.
A partir daí a sua vontade de ter um
jipe despertou definitivamente.
Em 2004, o irmão trocou o Niva por
um Jeep Willys 1972 e, em maio de
2008, Leonardo finalmente adquiriu
seu primeiro 4x4, esse Willys CJ5
1961. A opção pelo velho Jeep se
deu pela preferência ao desenho
clássico e pela facilidade de realizar
modificações.
“O Jeep estava inteirão, com a
lataria bonita; a suspensão já havia
sido elevada com molas aspirais e o
motor era de opala. Mas precisava de
alguns ajustes. Quando comecei, não
parei mais”, comentou Leonardo.
Logo nas primeiras trilhas o jipe
apresentou muitos problemas e o
dono decidiu fazer um upgrade no
motor. Como uma mudança leva a
outra, o que era para ser apenas
uma troca de motor, acabou por se
transformar na construção de um
novo jipe, com tudo que Leonardo
sonhava. Mas para realizar esse
sonho foram necessários quatro anos
e meio de trabalho e paciência.
Questionado sobre quais os pontos
deram mais trabalho, Leonardo foi
enfático. “Tudo foi difícil, porque
quando você resolve transformar
um jipe, você não compra as peças
prontas para serem colocadas no
lugar. São muitas adaptações e isso
requer trabalho e carinho para chegar
a um bom resultado”, comentou.
Mas se houve algo realmente difícil
foi acertar a suspensão, por ser
algo diferente do que existia em
Manaus. “Não havia um modelo a ser
copiado, tudo foi criado, então vários
gabaritos foram feitos até chegarmos
no resultado que esperávamos. Só
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O Jipão encarando uma subida com erosão
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O projeto ficou pronto após quatro anos e meio de muito trabalho
essa parte nos tomou seis meses de
trabalho”, lembrou.
Nesse tempo, a vontade de fazer
trilhas era tanta que Leonardo se
obrigou a comprar um Troller novo,
com qual faz trilhas na região, além
de expedições para a Serra do Sol,
na Venezuela.
Enquanto isso, a montagem do Willys
se revelou uma verdadeira odisséia.
Começou com a troca do motor GM
Opala quatro cilindros por um novo
Volkswagen AP 2.0, à gasolina,
preparado. O chassi original estava
podre e foi trocado por um novo.
Os eixos originais também foram
substituídos por outros da picape F75,
que por serem mais largos (e
robustos) dão maior estabilidade ao
jipe. A carroceria original, de ferro,
acabou sendo trocada por uma nova,
de fibra de vidro.
A suspensão foi amplamente
discutida com o mecânico responsável
pelo projeto, Luis Platinado. “Queria
um Jeep agressivo nas trilhas e, ao
mesmo tempo, confortável. O Luis
desenvolveu uma suspensão baseada
no jipe Troller, com molas helicoidais,
barras de torção e um sistema 4-link”,
informou Leonardo.
A distância entre eixos foi ampliada
para que o carro tivesse um maior
ângulo de entrada e de saída, e isso, de
quebra, aumentou o conforto do 4x4,
Pneus Mud de 38.5 polegadas
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Guincho na frente e atrás!
A suspensão conta com molas helicoidais,
barras de torção e um sistema 4-link. Os
eixos contam com bloqueios de diferenciais
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Interior preparado para aventuras,
sem abrir mão do conforto
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Motor VW AP 2.0, câmbio clark da Ford F1000 - mecânica robusta
que por ser mais longo, “quica” menos.
Para suportar os gigantes pneus
lameiros 38,5”, os dois eixos foram
reforçados e ganharam bloqueios de
diferencial especiais.
A segurança foi garantida com a
construção de uma gaiola em aço
carbono. Foram instalados bancos
concha com cintos de segurança de 4
pontos, de competição.
O Willys ainda ganhou guincho
mecânico 12.000 lbs na dianteira
e um guincho elétrico na traseira,
ambos com cabo de kevlar.
Durante todo esse processo, a
paixão pelo off-road foi aumentando
e Leonardo e o irmão Osmar
resolveram construir uma oficina,
num terreno da família. Ela foi
equipada para a realização de
qualquer tipo de serviço mecânico,
com macaco elevacar, sistema
pneumático para troca de rodas e uso
de ferramentas, equipamentos para
troca de óleo e lubrificação, pintura e
manutenção dos jipes da família.
O local também acabou se tornando
um ponto de encontro de amigos
do off-road de Manaus, onde rolam
reuniões regadas a churrasco e
tambaqui na brasa.
Finalmente, em outubro de 2011,
Leonardo conseguiu finalizar o seu
tão sonhado projeto e fez a estreia
de seu Jeep no II Encontro dos
Jipeiros do Norte. Desde então o
“JIPÃO” (como é chamado por eles)
fez também a tradicional expedição
da Serra do Sol e vem fazendo bonito
nas pesadas trilhas amazônicas.
Quer saber mais sobre o JIPÃO?
Envie mensagem para Leonardo
Junqueira da Costa pelo e-mail:
[email protected]
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O
Willys CJ3A que você vê
aqui provavelmente teria
sido mais um pioneiro a
encontrar um triste final em
um desmanche da vida.
Mas o destino mudou quando Miguel
Valdimir Rozanski, 62 anos, natural
de Mallet, PR, recebeu o espólio da
oficina mecânica do pai.
Esse história começa bem antes,
quando Miguel tinha três meses
e a família se mudou para Campo
Mourão, PR.
Em meados de 1961, o pai abriu
uma oficina mecânica, o que logo
atiçou o interesse do menino. Apesar
de ser uma criança, quando surgia a
necessidade auxiliava com pequenos
trabalhos e manobras dos veículos
no pátio, dando os primeiros passos
na direção. “Na época, e por se no
interior, os atendimentos eram feitos
à domicílio, com deslocamentos para
áreas distantes”, lembrou.
As estradas apresentavam-se
situações ruins, com lama, travessia
de rios e improvisação de pontes.
Com o tempo seco, a poeira e os
buracos eram comuns, forçando o pai
a adquirir um veículo que sustentasse
tais aspectos. Com isso, um Jeep
Willys 1954 com correntes nos pneus
tornou-se ferramenta de trabalho.
Miguel aprendia as manhas do
Jeep, trocas de peças e consertos
realizados no cotidiano. Ele lembrou
que era comum a quebra da ponta de
eixo traseira. O jeito era improvisar
Mecânica original impecável
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Interior restaurado com cuidado e precisão
uma alavanca com um pedaço de
tronco, fixado por baixo do eixo e
amarrado ao feixe de molas com as
correntes. Na falta da tração traseira,
ligava-se a dianteira e chegava-se ao
destino.
Estas dificuldades eram comuns,
pois não havia peças fáceis para
reposição, havendo socorro somente
a 90 quilômetros, em estrada de
chão.
Os anos passaram e, já morando em
Curitiba, PR, Miguel trabalhou por 21
anos em uma madeireira, usando um
4x4 para prestar socorro pelo interior.
Tais vivências só fizeram com
que ele pegasse mais gosto e
conhecimento, não só sobre veículos
4x4, como 6x6, que eram utilizados
para o transporte de toras.
Desta época em diante, Miguel
não deixou de ter modelos 4x4,
sendo que até então passaram por
suas mãos três Toyota Hilux, Nissan
X-Terra e, atualmente, um Ford
Explorer, usado em passeios com
a família, praticando off-road nas
pescarias e para transportar esse
CJ3A na carreta.
Voltando ao tempo, ainda na década
de 70, o pai adquiriu o 51 para
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Parte elétrica refeita
com fiação em tecido,
o guincho é um
Ramsey mecânico
servir de doador de peças, sendo
que o carro já se encontrava com o
motor desmontado, sem câmbio e
necessitando de reparos na lataria.
Ao perceber que havia chance de
reforma, o pai quis mantê-lo. Mas o
tempo passou e o tal “jipinho” nunca
viu essa reforma e seu estado de
conservação se tornou deplorável.
Com a morte do pai em 2000,
coube a Miguel organizar o material
da oficina. O que fazer então com
aquele Jeep? As lembranças de
infância vieram à tona. Nesse
período, ele começou a atuar como
gerente em uma empresa de energia
alternativa. “Deixei meu cotidiano de
manutenções, pendurei o macacão
e me vi envolvido em reuniões e
decisões em um escritório”, citou.
Em 2004, devido a um stress
causado por muito trabalho e
seguindo orientações médicas, surge
a necessidade de um hobby. “Olhei
o motor ‘Go Devil’ desmontado e
as lembranças voltaram. Já havia
desmontado muitos motores,
porém a vontade de fazê-lo roncar
novamente surgiu com o prazer em
reviver os bons tempos”, falou.
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Os trabalhos foram feitos de forma
natural e o clima de dedicação se
instaurou. Com o motor pronto,
ele partiu para o câmbio e caixa de
transferência. O Jeep se tornou uma
“passagem para um universo de
novas amizades, de interação com
pessoas que carregavam a ferrugem
no sangue, como eu”, disse.
As pesquisas e as garimpagens pelo
País foram essenciais. Relacionamentos
com pessoas como Angelo Meliani e Sr.
Paulo Bagestero, de Porto Alegre, RS,
contribuíram muito.
A maior dificuldade surgiu com
a lataria. O trabalho manual na
reconstituição de partes deterioradas
foi enfatizado, incluindo o chassi.
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“Tive que recuperar o alinhamento,
os suportes, soldas de trincas,
reconstruir partes das travessas,
além do desafio de recolocar os
rebites prensados à quente e de
usar todos os parafusos e roscas em
polegadas, conforme o manual de
peças”, comentou.
Miguel não se satisfez em usar os
instrumentos de painel do mercado,
partindo para a recuperação dos
originais. A instalação elétrica é um
exemplo. “Quis manter o padrão
dos fios da época, revestidos com
os tecidos e as bitolas originais”,
informou.
Para isso, percorreu diversos ferros
velhos até encontrar uma instalação
de maior porte que a do Jeep. Com o
material em mãos, refez a fiação elétrica
e para não fugir do padrão da época,
conseguiu um cadarço em Jaraguá do
Sul, SC, para encapar os chicotes.
“A cada passo, o valor emocional
do Jeep cresceu, não só pela história
em si, mas também pelo desafio e do
grau de dificuldade da empreitada.
Ele tornou-se o meu troféu!”, disse.
Depois de pronto, Miguel tem
imenso orgulho em exibir seu
belo Willys nos passeios aos
domingos, em encontros de
antigos, compartilhar experiências
adquiridas com os amigos feitos
nesta jornada, além de colaborar
com quem está descobrindo este
universo tão apaixonante.
Tudo isso só resultou na vontade em
fazer mais dois clássicos 4x4: um jipe
DKV 1960 “candango” que está no
“forno” e um Land Rover 1950.
Para trocas de ideias e informações,
fale com Miguel Valdimir Rozanski
pelo e-mail: [email protected]
ou pelos telefones (41) 9969-8234 e
3336-2399.
Miguel Valdimir Rozanski, o caprichoso dono e restaurador desse Willys
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O
texto a seguir é uma
adaptação do relato
postado no facebook da
Equipe Macacada Off Road.
Entre jipes e picapes, participaram
dezesseis 4x4 de diversos estados
do Brasil, além de um integrante de
Lima, no Peru.
“Eram 5 da manhã, do dia 18 de
Março, quando partimos de Manaus
para pernoitar em Elena de Uairén,
na Venezuela. A Serra do Sol é parte
de uma grande região conhecida na
Venezuela como “Gran Sabana”, um
lugar inóspito e pouco acessado.
Um aventureiro de nome Domenico
Coscareli, resolveu abrir a trilha para
Serra do Sol. De lá pra cá outros
trilheiros tentaram, mas poucos
conseguem fazer a trilha.
No Dia 19 de março, Saímos em
grupos de três carros para evitar
movimento na passagem pela Guarda
Nacional, já que eles proíbem trilhas
na Serra do Sol.
Passamos pelas barreiras e
entramos na fazenda que dá acesso
a trilha e nos deparamos com o
primeiro desafio. Uma descida
íngreme, cheia de erosões, que
termina no Rio Divina Pastora.
Precisávamos atravessar o rio e
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depois encarar uma subida incrível.
Sergio foi o primeiro a subir, logo
em seguida foi Raul, um peruano
experiente com seu Jeep todo
modificado e equipado. Por algum
descuido de Raul, a roda pegou na
lateral do barranco e ele tombou
de costas, capotando da ribanceira.
O ruído foi aterrador e depois,
muita correria e a gritaria no rádio.
Felizmente saíram sem nenhum
ferimento.
Um grupo comandado por Cowboy
e Alexandre, partiu para resgatar o
carro da ribanceira. Posicionei meu
Wrangler no meio do rio, com a ajuda
de Leo e iniciamos o trabalho para
colocar as quatro rodas no chão.
Após algum tempo conseguimos
desvirar o carro.
Duas horas depois o carro já estava
retornando para Santa Elena com
dois jipes dos gaúchos.
O restante do grupo passou sem
problemas. As pedras soltas e os
abismos nos lembravam de que a
Serra do Sol não dá margem para
erros. Chegamos numa subida super
difícil, chamada Domenico 1. O único
a subir sem ajuda de equipamentos
foi o meu Wrangler, mas isso não
significa muito, pois em outra
situação, até mais simples, eu não
subi. Vai do momento, da situação do
carro, de entrar certo no caminho da
subida e, claro, da situação do piloto.
Todos passaram com segurança e
pudemos seguir adiante na trilha
cheia de curvas e com um cenário de
tirar o fôlego.
Subimos uma serra que dá acesso
a aldeia indígena Santa Rosa. Havia
outro grupo de gaúchos que optaram
por sair mais cedo e já estavam
acampados na Aldeia.
Já era noite, e do topo da serra
avistamos a aldeia. Sergio orientou
o grupo para compactar o comboio,
caprichar nas luzes e observar o
carro da frente.
Foram momentos tensos, fortes
inclinações, as rodas traseiras
teimando em escorregar. Com muita
dificuldade conseguimos descer.
A chegada na Aldeia Santa Rosa foi
tensa e a orientação era de evitar
falar no rádio enquanto Sergio
negociava a entrada com os índios.
A intenção era não dormir por lá,
os índios cobram uma “taxa” para
acampar na aldeia, mas podiam
cobrar novamente pela manhã,
para liberar a saída. Além disso,
existia a preocupação em tirar os
gaúchos acampados por lá. Apesar
do aparente clima hospitaleiro,
aquilo era um barril de pólvora que a
qualquer momento podia explodir.
Sergio passou pelo portão de acesso
e um índio gesticulava ao seu lado,
dando sinais de que não seria uma
negociação fácil. Longos minutos
depois, acertamos o valor para
entrar.
Saímos da aldeia e fomos buscar
um canto plano e com água para
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O grupo reunido na entrada da trilha
Os aventureiros no marco da fronteira
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acampar e fomos dormir extenuados.
No dia 20, a “Gran Sabana”
prometia emoção. Saímos cedo e a
meta era chegar no acampamento
Millenium, uma palhoça grande à
beira de um rio e que se tornou um
ponto de apoio para trilheiros do
mundo. Ainda tínhamos uma noite na
trilha para chegar lá.
Passamos por uma grande cachoeira
e seguimos por uma trilha de pedras
enormes beirando um rio grande e
perigoso. Nas pedras vimos um jipe
Toyota capotado e incendiado. Logo
adiante encontramos um lugar legal e
montamos acampamento.
No dia seguinte seguimos uma série
de subidas e descidas e um longo
trecho onde rodávamos praticamente
em cima da linha da fronteira entre
Brasil e Venezuela. Qualquer vacilo e
você tomba. Havia subidas e descidas
com ângulos bizarros.
A Serra do Sol é mágica pois mescla
diversas situações em uma única trilha.
Finalmente chegamos ao Millenium,
montamos acampamento e seguimos
para a Serra.
Enfim chegamos à base da Serra
e subimos ao ponto mais alto que
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Desarmando acampamento para seguir viagem
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se pode chegar de jipe. Lá de cima
fomos presenteados com a beleza do
lugar, uma visão linda.
A missão estava cumprida. Serra
do Sol conquistada! Nos troncos
que sustentam a palhoça do
acampamento, havia algumas
inscrições talhadas com os nomes de
aventureiros de todo o mundo. Claro
que a equipe Macacada deixou sua
marca lá.
No dia 22 acordamos ainda
extasiados com o dia anterior, mas
era hora de voltar pelo mesmo
caminho. Seguimos adiante e
pegamos o trecho que beira o rio.
Passamos com segurança e seguimos
por fora, beirando o acampamento
dos índios. Nossa preocupação
estava na Subida do Índio, que íamos
encarar logo depois da Aldeia.
Finalmente, estávamos ao pé
da subida e Sergio pediu que
todos os zequinhas preparassem
cintas, ancoras, anilhas e demais
equipamentos, montando uma mega
operação de resgate para a subida.
Só se ouvia o ronco do motor
desafiando a subida, que era longa,
íngreme e com curvas. Pouco depois,
ouvimos os gritos de comemoração
que animou à todos. Os carros
começaram a subir um a um, sem a
necessidade de resgate.
No final da tarde chegamos no
barranco onde Raul tombou o carro e
o final da trilha.
Passamos e chegamos todos
esgotados e extasiados por termos
vivido essa grande aventura e
vencido a traiçoeira Serra do Sol.
Nos rostos, se via o cansaço, a
satisfação e orgulho da vitória!”
Veja mais em: www.facebook.
com/macacadaoffroad
Subida forte, paisagem incrível!
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Subindo a Serra do Sol
Tem uma história ou aventura interessante para contar aos leitores da Revista
4x4 Digital? Mande fotos e texto para [email protected]
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No dia 25 de fevereiro de
2014 recebemos o “ok” para
iniciar o Projeto Test-Drive
Off-Road para a marca Jeep,
na Agrishow 2014, a mais importante
feira do mercado agrícola do Brasil,
realizada em Ribeirão Preto (SP). Tudo
teria que estar pronto para começar no
dia 28 de abril.
Prazo adequado? Na verdade, não.
O mercado de eventos é sempre
é corrido, com prazos apertados e
grandes exigências.
A edição de 2014 seria nossa terceira
vez consecutiva com a marca Jeep.
Mas, nessa edição, com praticamente
o dobro de área disponível, só que com
mesma a verba. O mercado é assim,
repleto de desafios. E aqui, adoramos
desafios.
Tudo começa com a troca de
informações com o cliente, com
objetivos e estimativas: público alvo,
veículos disponíveis, formato da
pista, etc. Nessa fase, são dezenas
de e-mails, ligações, mensagens e
reuniões.
Fundamenta lé a Visita Técnica, onde
analisamos pontos importantes, como
o local, características topográficas,
condições do solo, posicionamento do
stand receptivo, ponto de fornecimento
de água e energia, os vizinhos que
estarão a sua volta etc.
O objetivo dessa edição era montar
a pista com os obstáculos mais
desafiadores, em função da capacidade
e tecnologia embarcada nos veículos.
Depois do projeto definido e aprovado
vem, talvez, a fase mais desafiadora.
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A passagem por baixo da ponte
exige conhecimento e técnica para ser feita
Testes de torção
Declives para colocar a suspensão em prova
47 inclinação
Subida com
Conseguir que as ideias caibam
no orçamento disponível para que
possam, então, tornar-se realidade.
Como o Test-Drive não se resume
apenas à construção da pista, mas
também na operação durante o
evento, é preciso formar equipe de
instrutores, coordenação, pensar no
atendimento, logística de suprimentos,
além dos equipamentos e insumos
para a construção da pista, como
tratores, movimentação de terra,
paisagismo, cenografia, sinalização,
manutenção etc.
No dia 18 de abril, chegamos na parte
mais desafiadora, a construção da
pista. E nesse ano com um agravante,
começamos no final de semana do
feriado de Páscoa. Tudo mais caro,
lojas fechadas e mão-de-obra mais
difícil – outro desafio.
Os nossos primeiros desafios eram
formar o King (a montanha) – 5
metros de altura e inclinações de 35
graus – e o “fosso” onde faríamos a
ponte e uma passagem “por baixo”
dela.
Precisamos testar a evolução dos
obstáculos com os veículos que serão
utilizados na pista.
As inovações foram uma pista de
aceleração para sentir a força brutal
do novo motor Diesel do Jeep Grand
Cherokee, a ponte com passagem por
baixo e o obstáculo que chamamos de
“half-pipe”, por ter o formato de “meiotubo”, que faz com que o veículo passe
por “fortes” torções para transpor
as inclinações e deformidades do
obstáculo.
A escavadeira hidráulica, a maior
e principal máquina para formar os
obstáculos, quebrou e demorou três
dias até que voltasse a operar. Só
conseguimos trabalhar com a máquina
menor (a retroescavadeira), o que
causou atraso, problema que foi
superado.
No dia 25 de abril fizemos os últimos
testes e “acertos”. Nesse mesmo dia
começamos a fazer o paisagismo e
sinalização com as placas.
No dia 27 de abril, véspera do evento,
ocorreu o treinamento da equipe.
Mesmo com uma equipe já
experiente, é fundamental o reforço e
atualização das informações.
Dia 28 de abril, na inauguração, os
primeiros clientes chegam no stand
e as primeiras voltas acontecem.
Com elas, os primeiros sorrisos,
as primeiras feições de alegria e
adrenalina proporcionadas pelo
“nosso” Test-Drive, pela “nossa” Pista
48
Parece fácil, mas não é...
Os instrutores reunidos
de Obstáculos Off-Road.
A Agrishow tem cinco dias de duração
e teríamos essa “rotina” até o dia 02
de maio. No total foram 579 testdrives realizados.
É importante fazer a manutenção
dos obstáculos e cuidar da limpeza
e abastecimento dos veículos. Antes
das 8:00 da manhã já temos uma
equipe fazendo a limpeza dos veículos.
E para o abastecimento, quando a
feira termina, ainda é necessário sair
com os carros, ir até o posto mais
“próximo” e retornar. É um dia-a-dia
extenuante, agravado pelo calor, poeira
e pela correria. Mas, tenha a certeza, é
extremamente motivador.
E quando a feira termina é hora de
desmontar e recolher tudo, fazer o
controle de utilização dos veículos,
as estatísticas de voltas realizadas,
quilômetros percorridos e, o mais difícil
de tudo, desfazer todos os obstáculos,
deixando o terreno da forma como o
encontramos.
E chega a hora de ir embora, seguir
para o próximo evento. E torcer para,
que em fevereiro de 2015, comecem
os preparativos para mais uma edição
do Test-Drive Off-Road Jeep na
Agrishow”.
Saiba mais sobre os eventos, passeios
e viagens organizados pela Trailway:
www.trailway.com.br
49
50
A
6ª edição do Rally
Transcatarina, realizado
de 23 a 26 de julho, entre
as cidades de Fraiburgo,
SC, e Jaraguá do Sul, SC foi bem
especial. Organizada pela SC Racing,
a competição teve aproximadamente
800 quilômetros, e passou por Timbó
Grande, Canoinhas, Papanduva, Rio
Negrinho e Corupá.
A competição catarinense teve
várias novidades, entre elas, o
recorde de inscritos: foram 158
duplas vindas de dez Estados do
51
Brasil, divididas entre as categorias
de competição Super Máster,
Graduados, Júnior e Jeep, além das
categorias que não competem, a
Adventure e Passeio (esse pessoal,
não precisa se preocupar em cumprir
tempo e médias de velocidade,
apenas em curtir uma boa trilha e as
belezas naturais).
Primeiro dia (24): chuva e lama,
técnica e coragem
Choveu bastante na região nos
dias que antecederam a largada
do Rally Transcatarina, e as etapas
iniciais também aconteceram debaixo
de chuva. Isso tornou o terreno
escorregadio, e demandou muito
técnica de pilotagem para controlar
o veículo e não perder a média de
uma vez, pela travessia do Rio
Contestado, que possui mais de 100
metros de largura. A planilha tinha
referências bem próximas e com
constantes mudanças de médias de
velocidade.
Segundo dia (25): prova rápida e
disputada
Na sexta-feira, 25, depois de
largar de Canoinhas e passar por
Papanduva, o destino era Rio
Negrinho. Foram 140 quilômetros
de trecho cronometrado em um
roteiro que ofereceu de tudo. No
período da manhã, o terreno ainda
estava bastante escorregadio; com
isso os carros patinavam e saiam
de lado, exigindo braço do piloto
para mantê-lo na trilha e agilidade
velocidade exigida na planilha.
E desta forma se seguiu o primeiro
dia de prova, entre as cidades
de Fraiburgo e Canoinhas, com
parada em Timbó Grande. Foram
aproximadamente 250 quilômetros,
com 140 quilômetros de trechos
cronometrados, passando pela cidade
de São Sebastião do Sul, no Vale
do Contestado. O diretor de prova,
Wagner Souza privilegiou lugares que
tem o marco histórico das batalhas
da Guerra do Contestado. Aliás, entre
1916 a 1919 Canoinhas foi o centro
de grandes confrontos.
O percurso cruzou pomares de
maçã e duas fazendas de plantações
de pinus. O destaque ficou, mais
dos navegadores para corrigir o
hodômetro, uma vez que o pneu
rodava em falso boa parte do tempo.
À tarde, já estava diferente: seco
e poeira, sem falar da quantidade
de laços e balaios que obrigaram
os participantes a pensarem muito
rápido.
Terceiro dia (26): nervosismo,
alegria e gritos de comemoração
A alegria, os gritos de
comemoração, os champagnes
estourados, os abraços apertados
entre competidores... Aqueles
sorrisos e olhares que valem mais do
que mil palavras.
O sentimento das duplas que
integraram o grid da sexta edição
52
Vista aérea do parque
53
54
A direção da prova privilegiou roteiros
históricos e paisagens naturais incríveis.
E off-road com altas doses de emoção!
55
56
deste evento era único: satisfação e
orgulho, e a opinião unanime de que,
novamente, a SC Racing superou
as expectativas e este foi a melhor
de todas as edições! “É o rali mais
esperado do ano, porque além de
ser uma prova longa, se torna uma
grande família. Até o clima colabora,
pois todo ano chove e deixa os
roteiros ainda mais desafiadores,
do jeito que gostamos”, elogiou o
navegador Rogério Augusto Coelho,
que compete ao lado do navegador
Eduardo Ranghetti Rossi.
O terceiro e último dia é sempre
envolvido por um clima de tensão
entre os líderes das categorias, as
disputas são sempre parelhas. O
roteiro entre Rio Negrinho e Jaraguá
do Sul teve 150 quilômetros, com 80
quilômetros de trechos navegados,
somados a uma variação de mais de
mil metros de altitude, entre a serra
e o nível do mar.
Consequentemente, os cenários
e obstáculos foram bem variados,
adentrando plantações de pinus (com
terreno molhado e escorregadio) e,
posteriormente, área de bananal. Os
laços estabelecidos pelo diretor de
prova, Wagner de Souza, testaram
a competência das duplas e foram
cruciais na definição final dos
resultados.
Para deixar o nome na história do
Rally Transcatarina
Na busca pelo título da categoria
Super Máster, Flávio Roberto Kath
e Rafain Walendowsky fizeram uma
campanha irretocável, e abriram
uma vantagem considerável para
seus concorrentes. Eles sagraram
campeões pela segunda vez, sendo
a primeira, em 2008 - na primeira
edição do evento. “Largar com a
informação de que você é o líder
e tem que se manter líder até o
final para conquistar o título, é a
maior dificuldade. Subir de novo
neste pódio altamente concorrido
é inenarrável. O rali recebe
competidores do Brasil inteiro, e me
sinto orgulhoso por manter o título
em Santa Catarina”, comemorou
Kath, que mora em Blumenau.
Na Graduados houve uma mudança
57
no pódio nos dois primeiros dias,
porém, no último, Marcos Juliano
Alves Bezerra e Willian Santos
mostraram que o primeiro lugar era
deles. “Mesmo após uma competição
tão técnica como essa, tínhamos
boas expectativas. Éramos líderes da
categoria e finalizamos com a melhor
pontuação possível”, declarou Santos.
Entre os off-roaders da Júnior, eles
dominaram o Rally Transcatarina
do começou ao fim. O piloto Marcos
Gustavo Francio e o navegador Bruno
Rozalen Tesser foram os campeões.
58
E por fim, na Jeep, Devarlei Kuhn e
Evandro Mioto são os novos campeões
deste grupo, que mantém viva a
história dos velhos 4x4. “A competição
foi ótima e nos divertimos muito.
Viemos com o objetivo de completar
a prova e vamos embora com mais do
que isso”, salientou Kuhn.
Enquanto alguns lutam por pontos,
outros curtem o passeio
O grupo da Passeio e Adventure é
grande e os veículos são de variadas
marcas e modelos, basta ser 4x4.
Em percurso paralelo, seguiu
três categorias: a Adventure 1 e
Adventure 2, em percursos mais
radicais, e a Passeio, em caminhos
mais leves e sem obstáculos. “Como
aliamos esporte com o turismo, e
andamos em regiões maravilhosas,
decidimos criar a categoria Turismo
em 2009.”, declarou o diretor geral
do evento, Edson João da Costa.
Para escolher os caminhos que
foram percorridos durante os
três dias de passeio da Categoria
Adventure, a organização contou
com ajuda dos Jeep Clubes locais
para proporcionar uma aventura
eletrizante. Participaram pessoas
entre 12 e 84 anos, todos com muito
espírito de equipe.
CLASSIFICAÇÃO*
CATEGORIA SUPER MÁSTER
COL.
PILOTO/NAVEGADOR
1º
FLÁVIO ROBERTO KATH / RAFAIN WALENDOWSKY
2º
RONE BRANCO / ENEDIR SILVA JÚNIOR
3º
MARNES ALEXANDRE FLORIANI / CRISTIAN MUELLER
4º
ACYR HIDEKI RODRIGUES DA SILVA / RENAN MEDEIROS
5º
OSCAR SCHMIDT / GUSTAVO SCHMIDT
PONTOS
179
179
158
155
135
1º
2º
3º
4º
5º
CATEGORIA GRADUADOS
MARCOS JULIANO ALVES BEZERRA / WILLIAN SANTOS
ANDRÉ PEREIRA DE QUEIROZ / LEANDRO MACEDO FERREIRA
EDSON PEREIRA SCHEBESKI / ALEXANDRE WILLIAM
JOSÉ CARLOS DA SILVA / WALDEMBERG BARROS
RANIERO MAGNABOSCO LAGHI / VOLNEI CORREA DA SILVA
173
169
157
153
145
1º
2º
3º
4º
5º
CATEGORIA TURISMO
MARCOS GUSTAVO FRANCIO / BRUNO ROZALEN TESSER
FRANCKLIN PSCHEIDT / FERNANDO SANTANA TORQUATTO
RAFAEL CABONGUE / NETO ANDRADE
CHARLES MARCELO RITTER / MARCELO ALMADA RITTER
RANIERO MAGNABOSCO LAGHI / VOLNEI CORREA DA SILVA
181
168
166
132
130
1º
2º
3º
4º
5º
CATEGORIA JEEP
MARCOS GUSTAVO FRANCIO / BRUNO ROZALEN TESSER
MARCOS OSIRES NUNES / MARCOS VINÍCIUS NUNES
ROGÉRIO ACUNHA / GUSTAVO DO AMARAL PLIESKI
KASSIANO KERBER / FRANCISCO DOMINGOS SETTE
UTZ MELERE / FELIPE BOPP FUENTEFRIA
181
181
175
156
128
59
A
servidora pública Fabiana
Martins, 42 anos, residente
em Brasília, mais conhecida
como “Fabi”, ingressou no
mundo 4x4 em 2005, ao comprar
um Suzuki Jimny 2002, com o qual
iniciou, junto com pessoal do Jeep
Clube de Brasília, suas primeiras
“empreitadas” em trilhas, raids e
rallys.
Foram alguns anos de aprendizado,
novas amizades, diversão e acúmulo
de conhecimento e experiência.
Foi com o Jeep Clube de Brasília que
Fabi conheceu e se apaixonei pelo
Trial, modalidade off-road mais “pura”,
onde piloto e máquina são levados
ao extremo de suas capacidades e
habilidades, transpondo obstáculos
naturais com alto grau de dificuldade.
Já mais segura e confiante do
que um veículo 4x4 preparado
pode proporcionar, Fabi começou a
participar das maiores competições
no Brasil, o Calango Trophy e o
Lagartixa Trophy. Foram muitas as
participações, tanto na qualidade de
competidora como organizadora do
evento.
Em 2009 Fabi teve a grata satisfação
de conhecer as excelentes trilhas de
Minas Gerais, de extrema dificuldade,
onde aperfeiçoou suas técnicas de
condução 4x4.
Em 2010 foi selecionada para
participar da Transamazônica
Challenge, expedição off-road de alto
grau de complexidade e dificuldade.
Foram 20 dias de expedição nos
60
Fabi bota para quebrar com seu Suzuki Jimny
61
interiores do Brasil, passando por
estradas e cidades precaríssimas, nos
confins do Norte e Centro Oeste do
Brasil.
Da experiência, novamente, muitas
amizades feitas e a sensação de que,
o brasileiro que não conhece o Norte,
não conhece verdadeiramente o
Brasil.
“Fui a única mulher a completar a
jornada, o que muito me orgulhou e
honrou.”
Há tempos Fabi nutria o desejo de
participar do Rain Forest Challenge,
considerado internacionalmente a
maior e mais difícil competição 4x4
mundial.
São seis dias de puro trial, no interior
das florestas de Bornéu, na Malásia,
em plena época de monções, como
são chamados os períodos chuvosos
naquele país. O desafio inclui travessias
em rios transbordantes, muitas
estradas completamente destruídas
pelas chuvas, zonas demarcadas para
os combates entre os jipes, ou seja,
muita adrenalina e emoção.
Em meados de 2013, Fabi iniciou
um projeto junto ao Ministério
dos Esportes visando a busca de
patrocínio para a concretização
do sonho. Entrou em contato com
os organizadores do Rainforest
Challenge, sendo muito bem recebida
e acolhida pelo Sr. Luis J. A Wee,
fundador e organizador do evento.
Paralelamente, iniciou os
preparativos e a completa modificação
do Jimny, para o sucesso da
“empreitada”.
O trabalho foi entregue ao amigo
e preparador de jipes, Fabil, da
Tecnotrilha, em Minas Gerais, que
orientou Fabi a iniciar a transformação
pela suspensão, visando maior
funcionalidade, articulação e a
segurança no conjunto total do projeto.
Na modificação foram instalados
eixos modificados e mais robustos,
amortecedores com suspensão four
e tree link na dianteira e traseira
respectivamente.
62
O Suzuki Jimny teve a suspensão toda
modificada e foi equipado com pneus
Genius Ignorante II, de 36,5” e bloqueios
nos dois diferenciais. Um super jipe!
63
O 4x4 recebeu pneus Genius Tires
Ignorante II, 36,5” e bloqueios de
diferencial dianteiro e traseiro. O
projeto demorou um ano e meio para
ser finalizado.
O jipe apresentou uma melhora
impressionante na articulação e uma
força descomunal na transposição dos
obstáculos.
Por prudência, Fabi optou por não ir
com o Transformer (apelido do Jimny)
para a Malásia neste ano.
“Mas fui convidada para participar
do evento com uma equipe feminina
local, o que, novamente me alegrou
e muito me honrou”, disse Fabi, que
será a primeira e, por enquanto a
única representante do Brasil no
evento até hoje.
“Espero que mais mulheres se
aventurem no mundo 4x4 e que
consigam, assim como eu, viver as
maravilhas do universo off-road,
do contato com a natureza, da
adrenalina e da emoção que isso nos
proporciona. Representarei o Brasil e
a bandeira do Jeep Clube de Brasília,
da melhor forma possível”, comentou.
O RainForest Challenge acontecerá
entre 29 de novembro e 8 de
dezembro e nós da 4x4Digital
ficaremos na torcida por Fabi, nessa
aventura pioneira e única.
Fabi encerrou a entrevista dizendo
que levará em seu coração, todos os
amigos que lhe ensinaram, ajudaram
e encorajaram nessa empreitada.
“Promete ser, sem sombra de
dúvidas, uma das maiores aventuras
da minha vida”.
BOA SORTE!
FABIANA MARTINS:
facebook.com/fabiana.martins1
RAINFOREST CHAALLENGE:
www.rainforest-challenge.com
64
Algumas imagens das provas
que Fabi curte fazer. Para
ela o Trial é a modalidade
emocionante. Dá para ver
65
N
a primeira edição da 4x4
Digital, dissertamos sobre a
capacidade de transposição
de obstáculos em veículos
4x2 Todo Terreno, ou seja, os
veículos que tem a combinação
de tração e motor traseiros. Mas
como essa configuração pode ser
incrementada a fim de que se
obtenham os melhores resultados
na trilha? Além de um guincho
elétrico e bons pneus mud, o que
mais podemos fazer para melhorar a
capacidade off road dessas viaturas?
Um dos recursos preferidos é
levantar a suspensão a fim de obterse maior vão livre e com isso ter
menos problemas nas trilhas. Essa
medida costuma ser muito eficiente
já que muitas vezes é possível chegar
a distâncias de 50, 60 ou mais
centímetros em veículos desse tipo.
No Brasil, para levantar a suspensão
traseira, as maneiras mais difundidas
são a instalação das antigas caixas
de redução da perua VW Kombi;
o uso da suspensão traseira do
Volkswagen Variant II ou a suspensão
IRS da Kombi.
Na frente, as medidas mais comuns
são a alteração da angulação do feixe
molas; a instalação das chamadas
mangas duplas (peça forjada oriunda
da união de duas mangas de eixo) ou
a suspensão duplo A.
O uso de caixas de redução da
Kombi, além de tornar necessária
uma minuciosa e constante
manutenção faz com o que o
veículo “pule” um pouco mais que o
normal, além de deixá-lo com menor
velocidade final (em torno de 30%
a menos). Portanto, é uma solução
indicada somente para veículos que
66
Gurgel X-12 Tocantins com suspensão traseira de Kombi e manga dupla na dianteira
forem destinados exclusivamente
para trilha.
Se a ideia é ter uma viatura versátil
para uso também na cidade ou em
viagens, certamente, não é a melhor
solução.
A suspensão de Variant II, por
sua vez, não deixa o veículo muito
alto. Se forçar na altura isso poderá
acarretar em quebras constantes de
homocinéticas e o que ninguém quer
é fazer uma adaptação que apresente
muitas quebras. Nesse cenário, a IRS
da Kombi é o sistema mais indicado,
por se tratar de uma suspensão mais
robusta e oriunda de um veículo que
originalmente é ligeiramente alto e
destinado para o trabalho, ou seja,
aguenta mais o tranco.
IRS é a sigla em inglês de
independent rear suspension que,
em português, significa suspensão
traseira independente.
Na suspensão dianteira, o melhor
resultado em altura será obtido
com a utilização das mangas
duplas ou com suspensão “Duplo
A”. Infelizmente, ainda não temos
fabricantes dessas peças para
uso off-road. Muitas vezes esses
trabalhos são feitos nas próprias
oficinas mecânicas.
A suspensão dianteira “Duplo A”
substitui toda a suspensão original. É
muito utilizado nos Estados Unidos,
principalmente, em viaturas 4x2
TT de competição devido a sua alta
capacidade de absorção de impactos
67
Galera de São Lourenço da Serra, SP. Enquanto a primeira gaiola tem a suspensão
VW tradicional, a segunda tem suspensão dianteira Duplo A
e bom desempenho fora de estrada.
Há de se ressaltar que independente
do caminho seguido é muito
importante que o trabalho seja
feito por profissionais gabaritados.
Infelizmente, na busca de uma
viatura alta muitos querem o
caminho mais fácil, delegando o
trabalho para pessoas pouco ou nada
experientes. O que em muitos casos
acaba resultando em decepção. O
veículo fica alto, porém, instável e
inseguro, tornando-se impossível
viajar com ele, por exemplo. As
mangas duplas, por exemplo, se não
forem muito bem feitas e soldadas,
certamente deixarão o veículo
bastante inseguro.
E a instabilidade direcional pode
resultar em acidentes de trânsito.
Relatos não faltam.
Portanto, nossa dica é que o
interessado execute o serviço
somente em lugares gabaritados
e, se possível, consulte clientes da
oficina para certificar-se da qualidade
do serviço que será excetuado. Fazer
um 4x2 TT para trilha não é muito
complicado, mas fazer um 4x2TT
para trilha, viagem e uso cotidiano
não é tarefa nada fácil.
Outros recursos interessantes
referem-se à relação de câmbio
(quanto mais reduzido melhor para
Destaque para gaiola com suspensão
dianteira “Duplo A”
68
trilha) e o uso de bloqueios de
diferencial. Atualmente, existem
peças prontas no mercado ou até
mesmo oficinas que desenvolvem
bloqueios. Algo que pode ser muito
eficiente em trilhas.
Uma coisa é certa: tração traseira
+ motor traseiro + pneus + vão
livre + guincho elétrico + bloqueio =
diversão garantida!
Fábio Evangelista é diretor do Clube
Gurgel Guerreiro e trabalha para
difundir a prática do fora-de-estrada
com veículos 4x2 no Brasil.
[email protected]
Ter um mecanismo robusto é
fundamental para não ter surpresas
desagradáveis em trilha
69
A
diversão aconteceu no
Espaço Verde Chico
Mendes, em São Caetano,
SP e respeitou todos os
itens da rotina dos eventos em
escala real, ou seja, contou com
inscrições pelo site, secretaria de
prova, vistoria técnica, briefing,
rampa de largada, horário oficial, PC
de tempo, planilha e tudo mais.
Houve prova de regularidade para
as categorias Desafio e Turismo e
70
71
também rolou a opção Passeio, para
quem queira só curtir uma trilha sem
se preocupar com o cronômetro.
O objetivo da prova foi levar duplas
compostas por piloto e navegador,
que através do seu veículo off-road
elétrico, escala 1/10, conduzido
por controle remoto, tinha que se
manter no percurso estabelecido em
planilha e orientado pelo navegador,
o responsável pelo trajeto e tempo
da equipe.
Além de troféus para os primeiros
colocados, a prova contou também
com troféu para espírito de equipe e
sorteio de brindes.
Para o organizador do evento
Lufe Schubert, veterano do offroad paulista, “foi sensacional ver
as famílias montando equipes e
se divertindo tentando acertar o
caminho descritos nas planilhas
e acertando o tempo para passar
pelos PCs”.
A ideia vem dando tão certo que
novos eventos já estão sendo
elaborados e o patrocínio renovado
para os futuros eventos.
Saiba mais sobre produtos, eventos
e dicas sobre essas viaturas offroad (realismo) escala 1/10 no site
www.4x4fun.com.br ou através da
fan page 4x4 FUN.
72
73
NA PRÓXIMA EDIÇÃO,
MATÉRIA COMPLETA SOBRE A
SUPER PROVA BRASILEIRA!
GUIGA SPINELLI E YOUSSEF HADDAD, CAMPEÕES
DO RALLY DOS SERTÕES 2014
74
FOTO JONNE RORIZ/WEBVENTURE

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