RAPUNZEL - Editora Mundo Mirim

Transcrição

RAPUNZEL - Editora Mundo Mirim
Guia para o professor
Projeto de leitura
RAPUNZEL
THAIS LINHARES
A OBRA
Contos
das
de Fa
agem
em im
“Jogue-me suas tranças, Rapunzel!”
Indicação de leitura: pré-leitor, a partir dos 3 anos
Resumo: a ilustradora optou por fazer uma adaptação da história original
dos Irmãos Grimm, que conta a história de um casal queria muito um filho. Ao engravidar, a esposa começou a ter vontade de comer os repolhos
(na verdade, rapôncios, espécie de rábanos) que cresciam em uma horta
ao lado da casa em que morava. O marido apanhou vários para a mulher,
até que a dona da propriedade – uma bruxa – descobriu o furto e cobrou
um preço terrível: o filho que nascesse seria doado a ela. Veio ao mundo
uma linda menina, chamada de Rapunzel, a qual foi criada pela bruxa em
uma alta torre, bem longe do mundo. Lá, ela pôde desenvolver suas prendas
e um belo canto. A mãe adotiva também nunca deixou que os cabelos da
moça fossem cortados.
dos irmãos Grimm
por Thais Linhares
Thais Linhares nasceu na primavera de 1970, no Rio de Janeiro.
Dividida entre muitos interesses, escolheu as artes para assim poder
explorar livremente diversos mundos: na literatura, na natureza
e nos mitos. A maior parte do tempo está desenhando ou escrevendo.
Também já cantou, como a Rapunzel, e até participou de óperas!
Hoje mora com seus filhos entre uma floresta e uma lagoa,
lugares onde costuma se refugiar em busca de inspiração.
ISBN 978-85-823-2006-8
ISBN: 978-85-823-2006-8
9 788582 320068
Formato: 28 x 21 cm - 32 páginas
ISBN 978-85-8232-006-8
Um príncipe, passando perto daquela torre, ouviu certo dia uma maravilhosa voz e ficou atento. Então, ele viu a bruxa gritar, do lado de fora da torre:
“jogue as tranças, Rapunzel”, e subir por elas. Em outra oportunidade, resolveu fazer o mesmo e, ao entrar pela janela, ele e a moça se apaixonaram. Os
dois começaram a ter encontros às escondidas, e logo Rapunzel carregava
duas crianças em seu ventre.
Um dia, sem querer, ela disse à bruxa: “nossa, a senhora é bem mais pesada
do que o príncipe!”. A madrasta, ao descobrir que Rapunzel tinha um amor escondido, cortou-lhe as tranças e expulsou-a de casa. Quando o príncipe retornou e começou a subir pelas tranças cortadas, a bruxa soltou-as de repente,
fazendo com que ele caísse em um espinheiro e ficasse cego.
Por muito tempo o rapaz vagou sem rumos por uma floresta em busca de
sua amada. Um dia, ouviu uma vez mais o canto de Rapunzel. Seguiu-o e
encontrou seu amor dentro de um casebre, junto aos dois filhos que tivera.
As lágrimas da moça fizeram com que o príncipe voltasse a enxergar. Depois,
os quatro foram para um castelo e viveram felizes para sempre. A bruxa continuou a cultivar seus apetitosos rapôncios...
Eixos temáticos: amadurecimento emocional, adolescência, liberdade,
amor (egoísmo e desprendimento), sacrifício, renúncia
Interdisciplinaridade: Língua Portuguesa, Ciências, Arte
Thais Linhares, se tornou uma espécie de “maga vegetariana”, espécie de adepta do cultivo de vegetais
Este é um conto infantil bastante popular. Ele orgânicos de nossos dias.
traz, por conta das presenças de Rapunzel – a protaEstrutura da obra
gonista que se tornará princesa – e do corajoso prínO livro está em formato horizontalizado. A narcipe, uma narrativa de coragem, sofrimento, abnegação e triunfo. Ao mesmo tempo, retoma a temática rativa se constrói em torno: 1) do casal que deseja
do lado menos agradável de uma “mãe possessiva”, ter filhos e da mulher que, finalmente grávida, acaba
representada pela “bruxa” que, na adaptação de por obrigar o marido a “furtar” os rábanos da vizinha
POR QUE LER
bruxa; 2) da menina Rapunzel que cresce na torre e
canta muito bem, a ponto de atrair um príncipe que
vagava pela floresta; 3) do amor proibido entre ambos,
o qual enfureceu a possessiva bruxa; 3) e do desfecho
feliz, apesar de tanto sofrimento dos protagonistas.
Trata-se de um belo conto que aborda a “travessia”
dos percalços da vida, num processo de amadurecimento pessoal, para alcançar seus objetivos.
Principais conceitos
Ÿ amor proibido
• amadurecimento
Ÿ sofrimento
• felicidade
ANTES DE LER
Possivelmente, algumas crianças já terão ouvido falar de Rapunzel. É um conto muito comum, tanto em livros, quanto em desenhos animados. Ainda assim, o contador pode utilizar de sua boa mala ou baú de “tranqueiras” para falar dos longos cabelos de uma certa menina
(na forma de uma peruca, de mechas ou mesmo de uma
corda) que, quando moça, se apaixonou por um príncipe
valente (representado por um chapeuzinho ou uma espada). Pode também trazer um repolho roxo ou avermelhado – caso queira se fixar na forma original do conto, que
trazia uma personagem de traços mais ruivos. E, assim,
ele também associa o nome da personagem, Rapunzel, à
hortaliça que causou tanto transtorno...
DURANTE A LEITURA
As ilustrações são bem claras e delicadas, já a começar pelas duas primeiras páginas, com o título em
dourado e borboletas e aves voando no céu. Deve-se
apresentar o canteiro cheio de “repolhos”, que pode
ser um vegetal familiar para muitas crianças. Ao se utilizar da estrutura narrativa proposta no resumo deste
roteiro, o narrador encontrará subsídios para toda a
narrativa. Ele pode ressaltar as características das vestimentas, em especial as da bruxa, que têm muitas fitas e traz várias ferramentas nos bolsos de seu avental.
Trata-se, de fato, de uma bruxa um tanto ranzinza e
possessiva que cultiva legumes, mas desprovida daquela “maldade absoluta” que algumas bruxas costumam
assumir em outras histórias. De fato, a personagem da
bruxa chamará muito a atenção das crianças também
pelo fato de ocupar boa parte do espaço cênico com feições muito dramáticas (páginas 6/7). Em seguida, vê-se
Rapunzel crescendo e, junto com ela, seus cabelos, até
que se torne uma moça muito bonita. Pelas atividades
às quais se dedicava em sua torre, percebe-se tratar-se
de uma menina inteligente e diferenciada: talvez o germe de uma mulher à frente de sua época (páginas 8/9).
Quando o príncipe entra em cena, ele surge na forma
clássica dos contos do gênero: montado a cavalo, com
armadura, em porte elegante (páginas 10/11). Ao observar o “truque” da bruxa que sobe pelas tranças, ele o
repete (páginas 12/13). Percebe-se que a torre é de fato
muito difícil de ser atingida: além de alta, está em meio
a uma floresta, cercada por um terrível espinheiro (páginas 10 a 13). Seria bom salientar a bela ilustração em
que Rapunzel enlaça o rapaz afetuosamente em seus
cabelos (página 15). A cena dramática em que as tranças são cortadas também pode ser trabalhada de forma
especial, afinal, trata-se de um ponto fundamental para
a mudança do eixo narrativo (páginas 18/19). Não fosse isso, Rapunzel talvez continuasse a viver em seu isolamento quase absoluto. Então, de um lado, Rapunzel
grávida será expulsa, obrigada a percorrer a escura floresta, e, do outro lado, seu amado, cego, também o fará
(páginas 22/23). O narrador deve explicar que um bom
tempo se passará até o reencontro dos dois namorados,
afinal, quando o príncipe, de olhos vendados, ouvir o
canto da moça, ela já estará alojada em um casebre e
rodeada pelos dois filhos. Pode-se comentar, por exemplo, que o príncipe vagou, alimentando-se de raízes e
bagas e lamentando-se muito, como no original dos
Irmãos Grimm. É possível que, por sempre se lamuriar,
não conseguisse de fato ouvir o canto de Rapunzel e tenha se demorado mais a encontrar a amada. Quando
apenas se reclama, pode-se não sair do lugar tão rapidamente quanto aquele que simplesmente segue adiante.
De qualquer forma, as lágrimas da moça fazem com que
o suplício do príncipe termine (páginas 28/29). A história se encaminha para o final feliz esperado, desta vez
com o casal de filhos sobre o belo cavalo e a silhueta do
castelo ao fundo, após um belo campo provavelmente
cultivado (páginas 30/31). Mas, como nas narrativas cinematográficas, a ilustradora optou por um belo retorno
da bruxa que, concentrada em seus afazeres de hortelã,
cultivava um bebê dentro de um repolho, de forma a
também trazer à tona antigas explicações que se davam
às crianças sobre a origem delas mesmas... Outra abordagem é entender que havia na Europa rural a crença de
que o desejo de uma mulher quando grávida pudesse
de fato engendrar criaturas semelhantes ao objeto desse desejo, caso não fosse satisfeito. O final, assim, tem
uma quebra para deixar uma subnarrativa em aberto: o
que será que essa bruxa fará dali pra frente? A proposta
de subnarrativa ou narrativa em paralelo pode gerar a
produção de um texto pela turma, em alguma atividade
proposta pelo professor.
DEPOIS DE LER
CONECTE-SE
Ao terminar a história, o contador pode provocar breves comentários:
gostaram? Do que mais gostaram? Como era essa bruxa? A Rapunzel foi corajosa? E o príncipe? Por quê? O que será que a bruxa fará depois que ficou sem
Rapunzel? Enquanto isso, o contador pode retirar de seu baú vários cartões,
contendo “pedaços” dos três personagens principais, os quais serão montados
no chão ou em uma parede, com ajuda de fitas adesivas. Como a bruxa ilustrada tem um aspecto interessante, que lembra algumas figuras de artesanato de
patchwork, pensamos que esta ideia dos personagens “em retalhos” pode ser
interessante como forma de encerramento da história.
Cinema
O longa-metragem Enrolados
(Tangled/ Rapunzel, Nathan
Greno, Byron Howard, 2010)
é uma versão contemporânea da Disney para a história
de Rapunzel.
Há também um média-metragem americano do
ano de 1980, Rapunzel, que
parte de uma produção chamada “Teatro dos Contos
de Fadas”. Ele está disponível em www.youtube.com/
watch?v=CCrjJhPpTz8.
Atividades manuais
Há dicas de como se fazer
tranças com cordas neste site: www.recreio.com.
br/blogs/coisa-de-menina/2012/08/20/trancas-longas-como-as-de-rapunzel-voce-tambem-pode-ter/
E há sugestões para se fazer um cavalinho de pau nos
sites: ludicalivros.blogspot.
com.br/2008/12/como-fazer-um-cavalinho-de-pau.html e
artesanato-dona-arte.blogspot.com.br/2012/05/cavalinho-de-pau-com-molde-passo-passo.html
Dedoches dos personagens
de Grimm podem ser inspirados neste site: 1001feltros.
blogspot.com.br/2010/09/
mobile-e-dedoches.html
E fazer um móbile com os
personagens do conto pode
ser também uma atividade
manual interessante para
crianças não tão pequenas:
decorassentos.com.br/
blog/2012/04/como-fazer-um-mobile-de-papel/
ASSUNTO PUXA ASSUNTO
Diversas atividades podem ser desenvolvidas a partir do conto.
A primeira pode ser em torno de ideias simples de espaço geográfico e paisagem. Como o livro é horizontalizado e tem boas paisagens, o professor pode se
aproveitar disso. Nas páginas 10 e 11, 24 e 25, temos a floresta. Nas páginas 30 e
31, a floresta, o campo, a montanha, as flores, o sol, o céu, as nuvens. São todos
elementos da natureza que podem ser trabalhados com as crianças bem pequenas. Elas podem participar de um grande painel na própria sala de aula, em que
pintem uma paisagem bem bonita. Isso também pode gerar um passeio em um
ambiente campestre e, ao mesmo tempo, em um ambiente de cultivo de legumes. As crianças muito pequenas vão gostar de saber de onde vêm os repolhos,
as cenouras, as laranjas... Visitar um minipomar ou um canteiro de hortaliças
pode ser uma aventura instigante, complementando a da história.
A partir desta visita, o professor pode desenvolver algum projeto de cultivo e plantação. Cada criança poderá cuidar de uma plantinha, desde a semeadura, e acompanhar seu desenvolvimento. Pode haver também um pequeno
canteiro de repolhos ou alface, cujas mudinhas seriam cultivadas previamente
pelo professor. O término se daria em um lanche gostoso, em que fosse feita
uma salada colorida e divertida.
SOBRE OS AUTORES
Os Irmãos Grimm, Jacob (1785 – 1863) e Wilhelm (1786 – 1859), foram
dois alemães que se dedicaram ao registro de várias histórias infantis, pelas quais ganharam notoriedade. Também deram grandes contribuições à
língua alemã com um dicionário de estudos de linguística da cultura popular. Buscando encontrar as origens da realidade histórica do país em que
viviam, os Irmãos Grimm se depararam com o fantástico e o mítico em
narrativas comuns do período medieval e acabaram por organizar alguns
dos textos que se tornariam clássicos na literatura infantojuvenil de todo
o mundo. Seus contos podem ser divididos em: contos de encantamento,
contos maravilhosos, fábulas, lendas, contos de enigmas e mistérios e contos humorísticos. Dentre seus contos mais conhecidos, estão, por exemplo:
Branca de Neve, Cinderela, O Flautista de Hamelin, Os músicos de Bremen,
Chapeuzinho Vermelho, A Bela Adormecida, João e Maria e Rapunzel.
Thais Linhares nasceu na primavera de 1970, no Rio de Janeiro. Dividida
entre muitos interesses, escolheu as artes para assim poder explorar diversos mundos: na literatura, na natureza e nos mitos. A maior parte do tempo
está desenhando ou escrevendo. Também já cantou como a Rapunzel, e até
participou de óperas. Hoje, mora com seus filhos entre uma floresta e uma
lagoa, lugares onde costuma se refugiar em busca de inspiração.
ELABORADO POR ADRIANO MESSIAS – escritor de livros infantojuvenis, tradutor e adaptador, doutorando em Comunicação e Semiótica,
mestre em Comunicação e Sociabilidade, graduado em Jornalismo e
em Letras. Email: adrianoescritor@
yahoo.com.br
yahoo.com.br. Blog: www.adrianomessiasescritor.blogspot.com/

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