As bases ecológicas para a aplicação de tecnologia agrícola

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As bases ecológicas para a aplicação de tecnologia agrícola
Este texto foi traduzido livremente, com autorização do autor, para servir como apoio para ações em
Agroecologia em zonas tropicais. Uma ação conjunta do Projeto de Desenvolvimento Local – GTZ IDAM (Manaus) e DATER/SAF/MDA (Brasília). Dezembro de 2006.
Revista Agro-Ecosystems, 7(1981) pp.173-185
Elsevier Scientific Publishing Company, Amsterdam – Printed in The Netherlands
AS BASES ECOLÓGICAS PARA A APLICAÇÃO DE TECNOLOGIA AGRÍCOLA
TRADICIONAL NO MANEJO DE AGROECOSSISTEMAS TROPICAIS. 1
S.R.GLIESSMAN¹; R., GARCIA E.² and M. AMADOR A.³
¹ Estudos ambientais, Universidade de Califórnia, Santa Cruz, Califórnia, 95064 (EUA)
² Área de Fitopatologia, Colégio de Postgraduados, Chapingo (México)
³ Departamento de Ecologia, Colégio Superior de Agricultura Tropical, H. Cárdenas, Tabasco
(México)
Resumo:
Gliessman, S.R.; Garcia E. R e Amador A. M., 1981. As bases ecológicas para a aplicação de
tecnologia agrícola tradicional no manejo de agroecossistemas tropicais. Agro-Ecosystems,
7(1981) 173-185
Os agricultores (campesinos) da região tropical, da planície baixa do sudeste do México, têm
manejado o seu agroecossistema tradicional durante séculos buscando a manter rendimentos
sustentáveis a longo prazo, em vez de maximizá-los dentro do curto prazo. Tecnologia agrícola
recentemente introduzida na região tem rapidamente substituído e freqüentemente eliminado
práticas locais, a favor de agricultura comercial de larga escala e a pecuária, contudo, sem
alcançar níveis de produção originalmente desejada. Isto é acompanhado por uma perda da
diversidade dos sistemas locais, levando a uma dependência crescente da importação de
alimentos, empobrecimentos dos níveis nutricionais e degradação dos recursos naturais.
São propostas unidades de produção modular para ajudar a alcançar novamente a diversidade e
estabilidade da produtividade original, característica dos agroecossistemas tradicionais. O foco
primário do centro de unidade gira em torno da aplicação de princípios ecológicos com a
incorporação de conhecimentos empíricos, de variedades e práticas ainda existentes na região. A
estrutura básica das unidades esta descrita no texto.
Os processos ecológicos que parecem estar funcionando em agroecossistemas locais também
estão sendo aplicados nas unidades modulares. Isto inclui grande diversidade de espécies em
tempo e espaço, taxas altas de acumulação de biomassa, ciclagem fechada de nutrientes, e
1
Trabalho apresentado pelo primeiro autor no segundo Congresso Internacional de Ecologia, Israel, em setembro 1978,
para qual contou com o apoio generoso da Comisión Nacional de Ciencia y Tecnología (CONACTYT), ao qual agradece.
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mecanismos de controle biológico para ervas adventícias, pragas e doenças. Este artigo discute as
perspectivas de tais sistemas de produção.
Introdução
Inúmeros projetos de desenvolvimento rural têm sido concebidos e implementados nos trópicos
com a intenção de aumentar produção agrícola. Consideráveis recursos técnicos e econômicos
têm sido utilizados, mas os resultados finalmente alcançados muito raramente se aproximam da
capacidade produtiva esperada originalmente. (Barkin, 1977). Este fracasso se deve, em grande
parte, a falta de entendimento sobre as relações entre produtividade e estabilidade de
ecossistemas nos trópicos, bem como a má aplicação de tecnologias trazidas de regiões
desenvolvidas e sob diferente limitações e controles ecológicos (Janzen, 1973).
Por outro lado, os agricultores (campesinos) de regiões tropicais, tem manejado os seus
agroecossistemas tradicionais durante séculos, equilibrando produções (colheita) através de
várias práticas desenhada para otimizar a produtividade como estratégia de longo prazo, em
lugar de maximizar a produção no curto prazo (Conklin, 1957,; Watters, 1960,; Spencer, 1966,;
Miracle, 1967,; Wilken, 1970,; Ruthenberg, 1976,; Soemarwoto, 1975,; Yen, 1980). A base
ecológica destas práticas tem sido objeto de muitos estudos, todos eles nós estamos aplicando e
estamos testando em unidades de produção modulares manejadas pelos próprios campesinos
(Gliessman, 1977, 1979,; Gliessman et al., 1978).
Área de Estudos
As terras baixas de Tabasco, México (fig 1), são classificadas corretamente como "trópicos
úmidos", com temperaturas anuais média constantemente acima dos 25° C e uma precipitação
anual que varia entre 1500 mm perto da costa do Golfo e mais do que 5000 mm nos contrafortes
dos altiplanos de Chiapas. Em geral, a precipitação é sazonal, havendo uma estação de águas que
inicia em junho e termina em setembro, seguido por uma diminuição gradual a um mínimo em
abril.
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Perto da costa, durante os meses mais secos, de março e abril, aproximadamente 40 mm de chuva
acontecem, aumentando para um mínimo de mais de 100 mm nos contrafortes. O clima pode ser
classificado principalmente como de Am para Af, de acordo com o sistema de Köppen (Garcia,
1973).
A vegetação original consistia principalmente em floresta tropical, com exceção de uma área
bastante grande de savana na parte sul-central de Tabasco (veja West, 1966, para descrição
detalhada). Vegetação de pântano também é bastante difundida na planície deltaíca formada por
depósitos de aluvião característica do vasto sistema de rios da região (West et al., 1969). Foi
provavelmente era nas áreas com floresta ou vegetação de savana nas quais havia mais
agricultura tradicional, e que em tempos recentes, tem ocorrido uma considerável introdução de
novas tecnologias agrícolas. Várias formas de agricultura de subsistência conhecidas tem sido
utilizadas pelos habitantes indígenas originais (Wilken, 1970) e se verifica que os mesmos, têm
alcançado altos níveis produtivos. Agricultura de derruba e queima era provavelmente usada
para a produção de grãos básica (milho, feijões, etc.), considerando que uso o extenso de pomares
(sítios ou quintais), formados primariamente por três cultivos principais e uma camada baixa de
ervas associadas, arbustos e trepadeiras, oferecendo grande variedade para a dieta local. O cacau
foi produzido como um elemento na camada baixa, nestes sistemas de quintais, e esta cultura tem
sido consideravelmente ampliada usando um sistema de cultivo no qual se utiliza,
intensivamente, árvores leguminosas para sombreamento.
Nos anos recentes a ênfase na agricultura nas planícies de Tabasco, tem sido, abandonar a
agricultura de subsistência, substituído-a pela agricultura comercial e pela criação de gado.
Acompanhando esta mudança em direção a atividades comerciais tem havido um gradual
abandono de práticas agrícolas e das variedades tradicionais. A perda da diversidade nos sistemas
de cultivos parece ser responsável pelos efeitos prejudiciais na dieta e nutrição da população local
(Hernandez et al.) e tem levado a uma maior dependência de produtos alimentares,
freqüentemente, de baixo valor nutricional, normalmente importados de fora dos trópicos
(Dewey, 1979). Este problema ficou tem se tornado freqüentemente agudo nos anos recentes,
devido ao fracasso, de vários esquemas de modernização, e de projetos de mudança agrícolas
para alcançar os níveis de produção esperados. Ao contrário, a ênfase tem substituir as culturas de
exportação de baixo risco, como bananas, cana-de-açúcar e pecuária. Ao mesmo tempo, uma vez
que a limitada produtividade dos solos de floresta foi rapidamente esgotada, amplas áreas tem
sido convertidas para pastos de baixíssima produtividade ou completamente abandonadas e
deixadas para torna-se repovoadas espécies herbáceas secundárias. O objetivo deste projeto,
então, é tentar alcançar outra vez, a diversidade e estabilidade de produtividade originalmente,
característica dos agroecossistemas tradicionais e ecossistemas naturais da região.
O Sistema de Produção Modular
Como parte do programa para recuperar áreas que uma vez já tiveram uma produtividade muito
maior, instalamos em vários locais nas planícies de Tabasco unidades de produção que aqui
chamamos de sistemas modulares, cujo foco principal está centrado em torno da aplicação de
princípios ecológicos para agricultura, com a incorporação da grande variedade de conhecimento
empírico presente na região. Cada unidade modular de produção pode ser conceituada como um
sistema que procura alcançar um equilíbrio na capacidade produtiva, através da interrelação de
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atividades agrícolas com fatores ecológicos e socioeconômicos, prevalecentes em uma região de
planície tropical úmida.
Cada unidade de produção consiste em 5 a 15 há, composta de várias unidades familiares, e são
uma parte de suas outras atividades agrícolas. Dependendo da estrutura social da comunidade, as
famílias podem, atualmente, viver dentro dos módulo ou numa comunidade próxima e trabalhar
no módulo durante o dia. Muitas comunidades no México são organizadas em um tipo de
coletivo ( Ejido coletivo) e trabalhar os diferentes aspectos da agricultura nas suas comunidades,
em uma base coletivas (Toledo, 1977). Então a produção de cada módulo, poderiam ser
consumida diretamente pelas famílias que vivem no ejido, ou os produtos poderiam ser
distribuídos aos membros do ejido. Os excedentes de produção podem ser colocados para à venda
ou troca.
Cada unidade de produção tem como parte de seu desenho estrutural básico (Fig. 2) uma faixa
externa de vegetação que consiste principalmente em espécies secundárias de crescimento
presente naturalmente na região. Esta faixa serve simultaneamente como um quebra-vento, uma
fonte de predadores naturais e parasitas para controle biológico, como também uma fonte de
lenha e materiais de construção.
Nota da figura: Diagrama de representação de unidade modular de produção, no Colégio Superior de Agricultura Tropical, H.
Cárdenas, Tabasco, México. (A- tanque central; B- canais de coleta de água de escorrimentos superficial; C - canal de drenagem;
D - chinampas; E - culturas anual e perene; F - cinto de proteção de floresta.)
Ao mesmo tempo, estes cintos de proteção servem como reservas biológicas ou bancos de
germoplasma, como parte da grande diversidade de plantas e animais normalmente presentes em
ecossistemas tropicais. Por enriquecimento seletivo de espécies com espécies florestais e de
fruteiras, é possível aplicar práticas de manejos agro-silviculturais, incrementando , ao longo do
tempo, o valor desses cinturões de proteção. Esta atividade é consistente com a base ecológica de
sucessão secundária e processos de regeneração de floresta em florestas naturais (Gomez-Pompa
e Ludlow Wiechers,1976), e pode contribuir, significativamente, para
o sucesso do
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reflorestamento amplas áreas dos trópicos. Observações iniciais de crescimento de alguns das
mais importantes espécies florestais de uso econômico, em algumas unidades modulares,
demonstram rápidas taxas iniciais de desenvolvimento (Tabela I).
Tabela I
Aumento de altura (média de 30 indivíduos de cada espécies), em quatro espécies florestais importantes, um ano
após o plantio, fora do cinturão de proteção de crescimento secundário. Unidade Modular, CSAT, H. Cárderas,
Tabasco, México.
Espécies
Swietania macrophylla King
Cedrela mexicana Roem
Ceiba pentandra L.
Tabebuia pentaphylla L.
Nome
local
Caoba
Cedro
Ceiba
Maculi
Altura (m)
ao plantar
após 1 ano
0,30
2,57
0,35
2,11
0,45
2,57
0,25
0,88
Crescimento
(m)
2,27
1,76
2,12
0,63
A parte interior de cada unidade modular está construída sobre a base da diversidade topográfica
existente em cada local. Em casos onde a mais baixa parte do módulo pode ser localizada
centralmente, como na fig. 2, nós construímos tanques grandes que servem como coletor para
captar todo o escorrimento superficial da unidade de produção, para coleta de nutrientes
dissolvidos e partículas de terra e matéria orgânica. Peixes, patos e outros animais aquáticos,
estão sendo produzidos nos tanques, com as plantas aquáticas e sedimentos, sendo utilizados
como fertilizante em outras partes do módulo. Freqüentemente pequenos canais são construídos,
dependendo da topografia e do tamanho da unidade, em torno do tanque central, no sentido
captar o escorrimento superficial excessivo. Para evitar inundação total do local, um canal
principal pode ser construído, para eliminar o excesso de água do local, ou em alguns casos, serve
como meio de adicionar água em tempos de pouca chuva.
Sob certas condições topográficas, nós estamos aptos a utilizar os cursos naturais de água, com a
mesma função dos tanques centralmente construído (fig. 3). Construindo pequenas represas de
terras e aumentando o reservatório atrás de cada represa, tem sido possível a produção de peixe,
pato e outros animais. As lagoas ajudam na produção de plantas aquáticas, como também, na
captura de sedimentos do resto do sistema.
Localizado ao redor do tanque central ou ao longo das extremidades dos cursos de água, nós
construímos plataformas elevadas, freqüentemente com o mesmo material retirados das bacias de
capturas de água, formando um sistema de chinampas tropicais (Gomez-Pompa, 1978) para
produção vegetal intensiva (Tabela II, parte A).
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Nota da Fig. 3: Representação diagramática da unidade de produção modular no Ejido Lázaro Cárdenas, Tacotalpa, Tabasco,
México (A - reservatório formado por construção de represa; B - curso de água; C - abrigo de patos; D - chinampas; E - área de
culturas anuais e perenes; F - cinto de floresta protetor.)
O solo das chinampas é constantemente enriquecido com matéria orgânica produzida pelo
crescimento abundante das plantas aquáticas, assim como, pelos sedimentos do fundo dos
reservatórios. Animais criados em currais pequenos, como porcos, galinhas, ou patos, são
alimentados com o excedente ou sobras dos produtos das chinampas, como também, de outras
partes do módulo, de forma que, o estrumo pode ser incorporado nas plataformas para aumentar a
produtividade.
Ao redor das áreas das chinampas, nos concentramos a parte principal da produção de alimentos
básicos e tradicionais da região (Tabela II, partes B e C). De acordo com a distribuição dos tipos
de solo, da drenagem, da topografia, e de outras características físicas de cada lugar, são
plantadas amplas variedades de plantas anuais e perenes, seguindo os métodos de plantio e
combinações recomendadas pelos campesinos. Isto inclui sistemas de policultura local, como
milho/feijão/jerimum, mandioca/milho/papaia, e fruteiras associadas com várias culturas de
cobertura, arbustos, ou trepadeiras. Um conceito que nós nunca perdemos de vista, é o da
necessidade para fazer nossas unidades modulares produtivo sobre numa base sustentável. Assim,
muito de nossos experimentos estão focados, à partir do entendimento da melhor combinação do
cultivo e melhor esquema de rotação e especialmente preocupados em desenvolver as melhores
maneiras de manejar os grande ingressos de matéria orgânica necessário para a manutenção do
potencial produtivo, e a sua importância no funcionamento geral do agroecossistema.
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Tabela II
Disponibilidade de colheita em base mensal, durante o ano, para diferentes tipos de plantas cultivadas nas unidades modulares de
produção, incluindo uma classificação ecológica para cada uma.
Espécies
Local
Nome
Meses disponíveis para colheita
Classe *
J F M A M J J A S O N D
A. Chinampas e cultivos intensivos de verduras
Lycopsicon esculentum
Cepsicum annum vars.
Curcubita Pepo vars.
Cucumis Melo vars
Allium cepa
Manihot esculenta
Colocasia esculenta
Xanthosoma sagittifolium
Carica papaya
Musa ssp e vars
Musa ssp e vars
Cnidoscolus chayamansa
Brassica oleracea
Bixa orellana
Coriandrum salivum
Ipomea batatas
Sesamun orientale
Allium sativum
Citrullus vulgaris
Eryngium sp.
Zea mays
Cajanus cajan
Ocimum basillicum
Muntingia calabura
Crotelaria maypurensis
Cucumis sativa
Raphanus sativus
Vigna sinensis
Tomate
Chile
Calabaza
Melon
Cebolla
Yuca
Maçal
Malanga
Papaya
Platano
Guineo
Chaya
Col
Achiote
Cilantro
Camote
Ajonjolí
Ajo
Sandia
Perejil
Maíz
Chicharo
Albahaca
Capulin
Chipilin
Pepino
Rábano
Frijol
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B. Área de culturas anuais básicas
Zea mays
Maízs
Oryza sativa
Arroz
Phaseolus vulgaris
Frijol
Vigna sinensis
Frijol
Cucúrbita pepo
Calabaza
Cnidoscolus chayamansa
Chaya
Bixa orellana
Achiote
Manihot esculenta
Yuca
Stizolobium sp.
Nescafe
Canavalia ensifomis
Costilla
Cajanus cajan
Chicharo
Leucaena glauca
Leucaena
Dioscorea alata
Name
Sechium edule
Chayote
Carica papaya
Papaya
C. Áreas de culturas perenes
Theobroma cacao
Cacao
Annona muricata
Guanabano
Mangifera indica
Mango
Coffea arabica
Café
Ananas sativas
Piña
Citrus auranteum vars
Naranja
Citrus Limonia vars.
Limón
Citrus grandis
Toronja
Psidium Guayana
Guayaba
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Cocus nucifera
Achras zapota
Chiyssophyllum caimito
Takisis olivaeformis
Persea americana
Persea sp.
Tamarindus indica
Passiflora edulis
Artocerpus comunis
Annona scuamosa
Spondias purpúrea
Colocarpum marimosum
Anacartium occidenale
Inga quinicuil
Byrsonima crassifolia
Hibiscus sabdariffa
Mntingia calabura
Theobroma bicolor
Pimienta officialis
Hevea braziliensis
Cympogon citraius
Coco
Zapote
Caimito
Guaya
Aguacate
Chinin
Tamarindo
Granadilla
Castaña
Anona
Ciruelo
Zapote
Maranon
Quinicuil
Nanche
Jamaica
Capulin
Pataste
Pimienta
Hule
Zacate limón
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Adicionalmente muitas espécies da área A e B, sobretudo aquelas com classificação 3, 4, 5, 6 e 9.
* Classificação das culturas de acordo com o status ecológico de cada planta no sistema de plantio: 1, anual, de crescimento
baixo (R = raiz, F = fruta ou semente, L = folha, S = seiva, M = adubo verde); 2, anual , alto; 3, cobertura de solo; 4, perene,
crescimento baixo; 5, perene, altura média, colheita da planta inteira, geralmente, em menos de um ano; 6, perene, altura média,
colheita somente das folhas ou da fruta; 7, perene, alto, cultura de frutas; 8, perene, alto, cultura de folhas, madeira ou seiva; 9,
cipó, geralmente perene.
** nomenclatura de acordo com L. H. Bailey, 1975
Processos Ecológicos
O foco das unidades modulares de produção representa de muitas maneiras a conversão para o
sistema diversificado de produção, que são tradicionais entre os campesinos e que se utilizam de
práticas ancestrais ainda existentes em muitas partes da planície baixa de Tabasco. Ao mesmo
tempo, cada uma destas práticas, tem uma base distinta na teoria ecológica.
A alta diversidade de espécies em muitos ecossistemas tropicais é bem conhecida na literatura
ecológica (Whittaker, 1965, 1972). O mesmo conceito é manejado em cada módulo, em primeiro
lugar, considerando a diversidade geral do conjunto de cada unidade de produção, e em segundo
lugar, em cada subsistema de cultivo dentro da unidade. (Tabela II). Isso varia em cada chinampa
(por ex.: consórcio de banana/pimentão/tomate/cheiro verde/rabanete), para as áreas de culturas
anuais (por ex.: a policultura tradicional milho/ feijão/ jerimum), para os sistemas de culturas
perenes com diversas mesclas de árvores frutíferas e o seu subsistema de camadas baixas
associadas de ervas, arbustos, e trepadeiras.
A maior diversidade é vista nos cinturões de vegetação secundária, ao redor de cada unidade de
produção. Seguindo a prática do campesino local, cada área utilizável é ocupada por uma
cobertura de vegetação, tanto no espaço como no tempo. A classificação de formas de
crescimento e hábitos apresentados na tabela II da uma idéia da diversidade estrutural possível
dentro de cada subsistema. Cultural com diferentes configurações de copa dão uma melhor
interceptação da luz e por fim, permitem uma melhor utilização da radiação solar (Allen et al.,
1976), como também maior acumulo de biomassa dentro do sistema. Por isso, a diversidade de
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espécies, em uma área base, pode aumentar, mais ainda, por meio de um arranjo das culturas e da
arquitetura dos cultivos (Horn, 1971).
Uma outra característica de ecossistemas tropicais, assim como dos agroecossistemas
tradicionais, é a alta taxa de biomassa acumulada dentro do sistema em relação à saída da
produção. Isso pode variar de 16 a 22 t/ha-1 matéria seca de material orgânico. (Whittaker, 1975),
e se pensa que isto joga um importante papel na estabilidade produtiva, de longo prazo, de cada
sistema (Sanchez, 1976b). Com uma maior diversidade de culturas, parece que a necessidade de
produzir um aumento de colheita de alimentos, pode ser melhor combinada com a necessidade de
manter um maior quantidade de biomassa orgânica no sistema como um todo (Trenbath, 1974).
Sem esta adição do ingresso de matéria orgânica, parece torna-se, a importação constante e mais
e mais caras quantidades de fertilizante inorgânico, cuja eficácia, em face das altas temperaturas
e chuvas volumosas é questionável (Gliessman, 1980). Nas chinampas, por exemplo, a maior
fonte de matéria orgânica adicionada é da “water hyacinth” (Eichornia crassipes), capaz de
produzir diariamente até 900 kg/ha-1 de matéria seca (National Academy of Science, 1976).
Suplementadas com quantidade relativamente pequena de estrumo animal com alto teor de
nitrogênio, as chinampas podem ser tornadas essencialmente auto-sustentáveis (Gómez-Pompa,
1978). Outras plantas aquáticas estão sendo testadas, especialmente aquelas com alto potencial
fixador de nitrogênio.
Nas áreas de culturas anuais a fonte principal de adição de matéria orgânica vem da rotação de
várias espécies de leguminosas de cobertura, outras sobras de culturas e a incorporação de
qualquer outra espécie herbácea associada presente. A importância da cultura de cobertura de
leguminosas na eliminação de espécies herbáceas indesejáveis, doenças causadas pelo solo e
nematoides, como também aumento de fertilidade do solo, está sendo estudada atualmente
(Gliessman e Garcia, 1979).O mesmo conceito de cultura de cobertura está sendo empregado nas
áreas de culturas perenes, mas nós achamos que a adição de biomassa nos sistemas perenes em
relação a saída é bem semelhante a adição de biomassa em ecossistemas naturais de estrutura
similar, e assim são muito mais estável na produção resultante. O fluxo de nutrientes em cada
sistema está sendo estudado intensivamente em várias unidades modulares, de forma que, se pode
entender melhor a relação entre acumulo de biomassa e produção, especialmente, em relação a
diversidade e seu manejo.
Como nos agroecossistemas tradicionais, as unidades modulares de produção são manejadas sem
o uso de inseticidas ou fungicidas comerciais. Mantendo a mais alta diversidade estrutural
possível em cada unidade, ajudado pelo cinturão de proteção perimetral de vegetação natural, nós
esperamos atingir o equilíbrio as populações de pragas e as populações de predadores e parasitas
correspondente, como proposto por Price (1976). Ampla evidencia tem sido acumulada
demonstrando que muitos padrões tradicionais de culturas intercaladas são na realidade
supressores de pragas (Litsinger e Moody, 1976). Ao mesmo tempo, pela utilização do estoque
de material nativo, em todas as nossas plantações, a probabilidade que as espécies das culturas
ainda recuperam um alto grau de defesas químicas naturais é muito mais alta (Janzen, 1973),
Estes tipos de mecanismos de controle biológicos podem funcionar para insetos, fungos, bactérias
e nematoides, tanto acima como abaixo do solo. É muito menos provável que o tamanho da
população de qualquer uma das pragas alcançará níveis epidêmicos (e danos econômicos) devido
a diversidade específica e estrutural presente nas unidades de produção.
181
O controle biológico de praga pode ser ampliado para incluir o controle de plantas espontâneas.
Os campesinos utilizam uma ampla variedade de combinações de cultivos (misturas e coberturas)
e períodos de descanso rotacionais para ajudar a manter as suas áreas de cultivo livre de plantas
herbáceas indesejáveis. Mantendo uma cultura de cobertura ininterrupta combinada com outras
práticas culturais, a oportunidade para invasão de plantas espontâneas e o seu crescimento é
minimizada. Recentemente foi proposto (Putnam e Duque, 1974) que o potencial alelopático das
culturas pudesse ser um mecanismo definido de controle de plantas espontâneas, especialmente,
desde que as variedades de culturas tradicionais pudessem ainda possuir um maior potencial
tóxico devido à sua associação ininterrupta com populações de plantas espontâneas em um
agroecossistemas tradicionais. O fato que o campesino raramente pratica cultivo "limpo", mas
deixa alguns e elimina outros seletivamente, sugere um forma potencial para os manejo de certas
combinações de culturas/plantas espontânea de modo a acumulação de biomassa no sistema pode
ser incrementada, no entanto, os efeitos prejudiciais de interferência de plantas espontâneas
podem ser evitadas.
Major enriquecimento da diversidade de culturas nas unidades modulares está sendo tentado
através da introdução de outras variedades de culturas já utilizadas em várias regiões das
planícies de Tabascos, como também, em outras partes do México tropical. Amplos estudos
etnobotânicos feitos nestas regiões são ainda necessários, e a variação eco típica disponível da
maioria das culturas está muito pouco explorada. A localização desta variabilidade dentro da
diversidade ecológica de cada unidade modular poderia ajudar para alcançar a estabilidade
produtiva, assim como ajudar na complementação das necessidades alimentar dos campesinos. A
introdução de outras regiões tropicais do mundo poderiam ser tentadas, contanto que, um
conhecimento completo das relações ecológicas de cada componente potencial dentro do sistema
modular fosse compreendido. Pela complementação do sistema que o campesino já reconhece, a
aceitação das novas espécies seria mais plausível. No presente, por exemplo, nós estamos
estudando os problemas que envolve a adição do feijão alado (Psophocarpus tetragonolobus)
dentro de um policultivo tradicional da região: milho/feijão/abóbora. O potencial do feijão alado
de melhorar a diversidade e qualidade alimentar é amplamente reconhecida (Academia Nacional
de Ciência, 1975).
Perspectivas
Uma compreensão completa dos processos ecológicos que funcionam no agroecossistemas
tradicionais nos trópicos, junto com o desenvolvimento do sistema produtivo, com o qual o
campesino possa identificar e entender, oferece a possibilidade de que nós possamos
desenvolver uma tecnologia a qual proverá uma mais variada dieta, estabilidade de produção,
reduzidos problemas de pragas e doenças, o mais eficiente uso do trabalho familiar, e o
potencial para produção intensiva apesar dos vários fatores limitantes, bem reconhecidos no
meio ambiente tropical. A necessidade de focar os esforços da pesquisa na direção do
desenvolvimento de sistemas de cultivos com alta estrutura e diversidade específica esta
sendo proposta atualmente (Sanchez, 1976a), e diretrizes para a seleção de apropriadas
variedades tem sido determinadas (Francis et al., 1976). Porém, até agora, muito pouca
informação tem sido colhida e testada dentro do contexto de sistemas de produção
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conduzidos, especialmente no relativo ao entendimentos das relações ecológicas entre os
muitos e variados componentes dos agroecossistemas.
Nas regiões de planícies tropical do sudeste de México, existe um considerável volume de
conhecimento empírico relativo à estrutura e manejo de agroecossistemas tradicionais, como
também sobre o germoplasma original para ser utilizado como base para a organização de
unidades produtivas. Utilizando o conceito de unidades modulares, pode-se potencializar o
alcance para restabelecer uma maior capacidade produtiva para agroecossistemas tropicais.
A imposição de uma nova tecnologia, mostrou-se ter um potencial muito limitado para o
aumento em produtividade, especialmente, quando essa tecnologia vem de fora de regiões
tropicais. A aceitação de uma tecnologia, com a qual os campesinos podem se identificar, é
uma vantagem óbvia para a introdução de unidades modulares. Ao mesmo tempo, a estrutura
de ejido coletivo pode potencialmente satisfazer as limitações socioeconômicas impostas por
qualquer tipo de empreendimento agrícola organizado. Nossa habilidade para assegurar, que
cada unidade modular, possa manter sua capacidade produtiva, depende do nosso
entendimento do funcionamento das relações ecológicas dentro da diversidade estrutural que
nós desenhamos.
Agradecimentos
Os autores agradecem Biólogo J. Chavelas do INIF, San Pedro Bacalar, Quintana Roo, México, pela criação do
seu excelente conceito de unidade modular, em seu excelente trabalho com agricultura Maia. Crédito
considerável vai para Engenheiro . Fausto Inzu e Técnico Radames Bermudez por suas excelentes capacidades
no campo. Este trabalho foi financiado principalmente pelo Programa de Investimentos para Desenvolvimento
Rural (PIDER) de Tabasco, México, e parcialmente pelo Colégio Superior de Agricultura Tropical em Cárdenas,
Tabasco, México
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