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PESCA CONTINENTAL NO BRASIL Modo de vida e conservação sustentáveis Proposta submetida ao Fundo para Transferência de Tecnologia, CanadáBrasil, Fase II Canadian International Development Agency Agência Brasileira de Cooperação 14 de março, 2002 Revisão 12 outubro, 2002 World Fisheries Trust 204-1208 Wharf St., Victoria, B.C. Canadá V8W 3B9 e Universidade Federal de São Carlos Rodovia Washington Luiz, km 235 CEP 13565-905, São Carlos, SP Brasil Dr. Brian Harvey Prof. Dr. Oswaldo Baptista Duarte Filho Presidente, World Fisheries Trust Reitor, Universidade Federal de São Carlos 2 Sumário Resumo Executivo.....................................................................................................................9 Siglas ........................................................................................................................................12 Antecedentes: rios, peixes e gente do Brasil...........................................................................14 Posição atual ......................................................................................................................14 Foco geográfico do projeto......................................................................................................16 Redução da pobreza e contribuição para a eqüidade..............................................................19 A tecnologia canadense ...........................................................................................................20 Descrição da parceria canadense.............................................................................................21 World Fisheries Trust........................................................................................................21 A parceria canadense.........................................................................................................22 Descrição da parceria brasileira...............................................................................................22 UFSCar: Pro-Reitoria de Extensão...................................................................................22 A parceria brasileira ..........................................................................................................23 Descrição do projeto ................................................................................................................23 Sub-projeto 1: Preparando comunidades para o co-gerenciamento................................25 Sub-projeto 2: Construindo um Modo de Vida sustentável ............................................28 Sub-projeto 3 –Assegurando o recurso da pesca .............................................................32 Tema Transversal A – Ajudando a desenvolver políticas para pesca sustentável com participação da comunidade ................................................................................38 Tema Transversal B – Apoiando a conscientização e educação pública........................40 Tema transversal C: Criando oportunidades para mulheres, famílias e jovens............42 Manejo de Riscos.....................................................................................................................44 Sustentabilidade e difusão de resultados.................................................................................45 Benefícios para o Canadá ........................................................................................................45 Análise de gênero e eqüidade..................................................................................................45 3 Impacto ambiental e Considerações sobre a Conservação Genética.....................................45 Estrutura de administração ......................................................................................................46 Estratégia de monitoramento...................................................................................................47 Estratégia de comunicação e extensão....................................................................................48 Análise da Matriz Lógica (AML) ...........................................................................................49 AML detalhada de atividades..................................................................................................50 Agenda: "Pesca Continental de Brasil"...................................................................................56 Orcamento................................................................................................................................58 Orcamento cumulativo......................................................................................................59 Orçamento Primeiro ano: ($ CAN) ..................................................................................60 Orçamento Segundo ano: ($ CAN) ..................................................................................61 Orçamento Terceiro ano: ($ CAN)...................................................................................62 Detalhamento de Contrapartidas Comprometidas da Parceria Brasileira ......................63 Apêndice 1: Sumário da estrutura do projeto e das atividades ..............................................64 Objetivo específico............................................................................................................64 Impactos.............................................................................................................................64 Indicadores de Desempenho (de longo prazo).................................................................64 Sub-Projeto 1: Preparando comunidades para o co-gerenciamento......................................65 Resumo ..............................................................................................................................65 Efeitos ................................................................................................................................65 Indicadores de desempenho ..............................................................................................65 Atividades ..........................................................................................................................66 Participantes brasileiros.....................................................................................................67 Participantes canadenses ...................................................................................................68 Atividades brasileiras que assegurem continuidade ........................................................68 Organização (coordenação executiva inicial) .................................................................68 Sub-projeto 2: Construindo um modo de vida sustentável ....................................................68 4 Resumo ..............................................................................................................................68 Efeitos ................................................................................................................................69 Indicadores de desempenho ..............................................................................................69 Atividades ..........................................................................................................................69 Participantes brasileiros.....................................................................................................71 Participantes canadenses ...................................................................................................71 Atividades brasileiras que assegurem continuidade ........................................................72 Organização/ coordenação................................................................................................72 Sub-projeto 3 – Assegurando o recurso da pesca...................................................................72 Resumo ..............................................................................................................................72 Efeitos ................................................................................................................................72 Indicadores de desempenho ..............................................................................................72 Atividades ..........................................................................................................................73 Participantes Brasileiros....................................................................................................77 Participantes canadenses ...................................................................................................77 Atividades brasileiras que assegurem a continuidade......................................................77 Organização/coordenação.................................................................................................77 Tema transversal A: Ajudando a desenvolver políticas para pesca sustentável com participação da comunidade...............................................................................................78 Resumo ..............................................................................................................................78 Efeitos ................................................................................................................................78 Indicadores de desempenho ..............................................................................................78 Atividades ..........................................................................................................................78 Participantes Brasileiros....................................................................................................79 Participantes canadenses ...................................................................................................79 Organização / coordenação...............................................................................................79 Tema Transversal B – Apoiando a conscientização e educação pública..............................79 5 Resumo ..............................................................................................................................79 B.1 Atividades para a comunidade ribeirinho..................................................................79 B.2 Atividades para público em geral do Brasil .............................................................80 B.3. Atividades para público-alvo canadense e internacional.........................................80 Indicadores de desempenho..............................................................................................81 Participantes brasileiros.....................................................................................................81 Participantes canadenses ...................................................................................................81 Organização /coordenação................................................................................................81 Tema transversal C: Ajudando a criar oportunidades para mulheres, jovens, e famílias.....82 Resumo ..............................................................................................................................82 Efeitos ................................................................................................................................82 Indicadores.........................................................................................................................82 Atividades específicas ao tema .........................................................................................83 Participantes brasileiros.....................................................................................................83 Participantes canadenses ...................................................................................................83 Organização/Coordenação................................................................................................83 D: Comunicação ......................................................................................................................84 Resumo ..............................................................................................................................84 Atividades específicas sobre o tema.................................................................................84 Participantes brasileiros.....................................................................................................84 Organização/coordenação.................................................................................................84 Participantes canadenses ...................................................................................................84 Apêndice 2: Parceiros e Evolução da Proposta ......................................................................85 Evolução da Proposta ..............................................................................................................85 Parceiros Brasileiros ................................................................................................................86 Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – Pro-Reitoria de Extensão (coordenação geral)......................................................................................................86 6 UFSCar- Laboratório de Ecologia Humana e Etnoecologia (LEHE) ............................87 UFSCar - Núcleo de Pesquisa e Documentação (NPD) do Departamento de Ciências Sociais............................................................................................................87 UFSCar- Departamento de Genética e Evolução, Grupo de Pesquisa em Citogenética e Biologia Molecular de Peixes .............................................................87 UFSCar – Pós-Graduação em Engenharia Urbana (PPGEU).........................................88 Centro de Apoio ao Pescador – CAP/ Fundação São Francisco - FASFRAN ..............88 Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF) ................88 Colônia de Pescadores: Pirapora, São Francisco, Januária e Três Marias......................88 Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (EMBRAPA) – Pantanal...................89 Fundação Estadual de Meio Ambiente de Mato Grosso (FEMA-MT)..........................89 Federação de Pescadores - FPMG....................................................................................89 Instituto Amazônico de Manejo Sustentável dos Recursos Ambientais (IARA) ..........89 Ministério da Agricultura (MA) - Departamento de Pesca e Aqüicultura (DPA) .........90 Ministério da Justiça (MJ) - Departamento de Proteção aos Direitos Humanos............90 Ministério do Meio Ambiente (MMA): Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Amazonas Legal (IBAMA) .........................................................................................90 MMA / Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) – Brasília.............................................91 Polícia Militar- Minas Gerais............................................................................................91 Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC – Minas): Programa de Mestrado em Zoologia de Vetebratos .........................................................................91 Universidade de Campinas (UNICAMP) - Departamento de Administração e Política de Recursos Minerais (Instituto de Geociências, Campinas) .......................92 Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) ................................................................92 Universidade Federal de Alagoas (UFAL) ......................................................................92 UFMG - Centro de Estudos em Mecanismos de Transposição de Peixes, Instituto de Ciências Biologicas (ICB), e Laboratório de Hidráulica.......................................92 Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia (COPPE)....................................................................93 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Departamentos de Economia, Oceanografia e Limnologia, Biologia Celular e Genética.......................93 7 Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Departamento de Aqüicultura.......94 UFSC – Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental ........................................94 Universidade de São Paulo (USP) - Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada (CRHEA)......................................................................................................94 Participantes Brasileiros ..........................................................................................................95 Agência Nacional das Águas (ANA) ...............................................................................95 Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG).........................................................95 Fundação Biodiversitas .....................................................................................................95 Instituto Estadual de Florestas (IEF) ................................................................................95 Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura (Nupelia) .....................96 Projeto Xingó.....................................................................................................................96 Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) – Botucatu - Instituto de Biociências....................................................................................................................96 Universidade do Estado do Amazonas (UTAM) - Instituto de Tecnologia da Amazônia - Departamento de Engenharia Florestal...................................................96 Participantes Canadenses.........................................................................................................97 World Fisheries Trust (coordenação geral)......................................................................97 Polícia de Calgary (Rick Haddow)..................................................................................97 Universidade de British Columbia (UBC) - Centro para Povoamento Humano (CHS) ............................................................................................................................97 Universidade de Victoria (UVic) – Instituto para Resolução de Disputas (IDR) ..........98 Departamento de Pescas e Oceanos, Canadá (DFO) – Estação Biológica do Pacífico (Dr. Chris Wood) ..........................................................................................99 DFO - Programas de Guardiães e Comunidades .............................................................99 Instituto de Recursos Naturais – Universidade de Manitoba (Fikret Berkes) ................99 LGL Environmental Associates Ltd...............................................................................100 SeaStar Biotech Ltd.........................................................................................................100 BC Hydro and Power Corp.............................................................................................100 Imagecraft Studio Ltd......................................................................................................100 8 Marine Institute – Universidade Memorial ....................................................................101 Aquário de Vancouver ....................................................................................................101 WestWind SeaLab Supplies, Watership Foundation, e DFO (Comunicação e Programas Comunitários) ..........................................................................................101 Comunidades costeiras canadenses ................................................................................101 Apêndice 3: Análise de Gênero e Aspectos Sociais.............................................................102 Conclusões e recomendações................................................................................................102 A) Conclusões sobre as implicações do declínio da pesca para a divisão do trabalho, papéis do homem e da mulher e relações de poder...................................102 B) Conclusões sobre a análise dos papéis do homen e da mulher ................................104 C) Recomendações..........................................................................................................106 9 Resumo Executivo O OBJETIVO SUPERIOR do projeto proposto é contribuir para a eqüidade do uso do recurso pesqueiro continental do Brasil de maneira a dar sustentabilidade ao recurso e aos meios de vida que dependam dele. O projeto vai transferir componentes técnicos, sociais e estratégicos apropriados, provenientes da experiência canadense da gestão da pesca e conservação, para uma variedade de públicos: Comunidades de pescadores, Indústria, Universidades e Organizações governamentais e não-governamentais. A tecnologia e a experiência canadense visam fortalecer e ajudar na integração da experiência e esforços brasileiros buscando a criação de comunidades ribeirinhas sócio-ambientalmente sustentáveis, com gerenciamento e conservação da pesca participativos. Os resultados finais serão: • redução da pobreza, • aumento da resiliência das comunidades, e • aumento da produtividade a longo prazo dos recursos naturais. Especificamente, propomos integrar conhecimentos e habilidades de brasileiros e canadenses para: • Reverter o declínio dos recursos pesqueiros na bacia do Rio São Francisco; • Promover o gerenciamento e o uso sustentáveis dos recursos pesqueiros dos demais usuários dessa bacia e de outras partes do país; • Melhorar e diversificar a renda das comunidades de pescadores artesanais do Rio São Francisco do ponto de vista da eqüidade de gênero e bem-estar da família, ao mesmo tempo em que se mantenha a pesca artesanal como meio de vida viável; • Desenvolver e implementar um modelo piloto de gerenciamento sócioambiental sustentável na bacia do Rio São Francisco que possa ser replicado em outras partes das águas brasileiras; Essas iniciativas, conjuntamente, contribuirão para desenvolver capacidades e políticas brasileiras que mantenham o recurso, reduzam a pobreza em comunidades ribeirinhas, combatam as iniqüidades sociais, e forneçam mais oportunidades para os que mais necessitem. O OBJETIVO ESPECÍFICO do projeto proposto é o de criar e implementar um modelo de gestão sustentável dos rios e de seus recursos. 10 Os impactos de longo prazo do projeto serão 1) redução da pobreza e melhoria da eqüidade econômica e de gênero, e melhores oportunidades para as famílias de comunidades de pescadores continentais no Brasil e 2) sustentabilidade a longo prazo dos recursos pesqueiros continentais. Nas comunidades de pescadores, indicadores sociais de desempenho do projeto vão incluir maior salário médio da família, número maior de possibilidades de meios de vida, e melhor qualidade de vida, inclusive melhor acesso à nutrição, educação, e saneamento além de melhor auto-imagem dos pescadores e de suas famílias. Indicadores ambientais de desempenho incluem a melhor produção da pesca em número e diversidade. A estratégia do Projeto centra-se no equilíbrio entre a transferência de tecnologias “duras” (como foi feito pioneiramente pela WFT no Projeto de CIDA, Conservação Genética de Peixes – Brasil) e um componente social, dimensões igualmente importantes, criando assim um ambiente fértil de integração para resultar num conjunto altamente sustentável. O projeto, ao perseguir modos de vida sustentáveis e buscar assegurar manejo adequado dos recursos dos quais estes modos de vida dependem, reflete princípios atuais de desenvolvimento na sua motivação de base. O Projeto é participativo, desde o planejamento até a implementação e monitoramento. Nele estão envolvidos vários parceiros e participantes, tanto do lado brasileiro quanto do canadense. Dois parceiros principais -WFT e UFSCar - são signatários da proposta e Coordenadores gerais no Canadá e no Brasil, respectivamente. Parceiros brasileiros adicionais, que firmaram acordos com a UFSCar e garantiram recursos de contrapartida, estão diretamente envolvidos em trabalhos na região-piloto do Rio São Francisco ou trabalham em outros partes do país, mas aproveitarão os resultados do projeto. Outros participantes, trabalhando no São Francisco e em outras regiões do país, têm demonstrado forte interesse em participar das atividades visando adaptar os resultados às regiões onde trabalham. Uma função do projeto vai ser de fortelecer o interesse destes participantes e outros grupos fora da parceria inicial mas envolvida na area de trabalho. O time canadense consta de uns 19 grupos, incluindo parceiros universitários, governamentais, e industriais, além de consultores. O projeto está dividido em três subprojetos, cada um com objetivos, atividades, resultados, participantes principais, e sub-coordenações (ver apêndice 1 para mais detalhes), mas com integração essencial entre eles por meio de planejamento de várias atividades e três Temas Transversais, os quais também têm suas próprias atividades. Os sub-projetos e temas transversais propostos são: Sub-projeto 1: Preparando comunidades para o co-gerenciamento (da pesca) Sub-projeto 2: Criando modos de vida sustentáveis Sub-projeto 3: Assegurando o recurso da pesca 11 Tema transversal 1: Ajudando a desenvolver políticas para pesca sustentável com participação da comunidade Tema transversal 2: Apoiando a conscientização e educação pública em relação à pesca, ecosistemas aquáticos, e pescadores artesenais Tema transversal 3: Criar oportunidades para mulheres, jovens e famílias na comunidade O projeto está previsto para ter uma duração de três anos, com início na primavera de 2003. A contribuição solicitada à CIDA fica em CAN $2,99M, com uma contrapartida de parceiros brasileiros e candenses de aproximadamente CAN$3,9 M. 12 Siglas ANA - Agência Nacional das Águas CAP - Centro de Apoio ao Pescador CEMIG - Companhia Energética de Minas Gerais CEPTA - Centro de Pesquisas de Peixes Tropicais CETEC - Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais CHESF - Companhia Hidro-elétrica do São Francisco CODEVASF - Companhia de Desenvolvimento do Vale São Francisco DFO - Department of Fisheries and Oceans EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FASFRAN - Fundação São Francisco FEMA-MT - Fundação Estadual do Meio Ambiente - Mato Grosso Gerasul - Centrais Geradoras do Sul do Brasil S.A. IARA - Instituto Amazônica de Manejo Sustentável dos Recursos Ambientais IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IDRC - International Development Research Centre IEF- Instituto Estadual de Florestas MMA - Ministério do Meio Ambiente MAPA - DPA - Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Departamento de Pesca e Aqüicultura Nupelia - Núcleo de Pesquisa em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura PACDT - Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico PNDP - Programa Nacional da Pesca SRH - Secretaria de Recursos Hídricos UBC - University of British Columbia 13 UFAL - Universidade Federal de Alagoas UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais UFRJ - COPPE - Universidade Federal de Rio de Janeiro - Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina UFSCar - Universidade Federal de São Carlos UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization UNESP - Universidade Estadual de São Paulo UNICamp - Universidade Estadual de Campinas USP - CRHEA - Universidade de São Paulo, Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada WFT - World Fisheries Trust 14 Antecedentes: rios, peixes e gente do Brasil Tradicionalmente as comunidades humanas se fixam nas proximidades dos rios. Tecnologias modernas, indústria e migrações afastaram as pessoas de muitas práticas tradicionais do uso dos rios, mas os rios ainda interagem em todos os níveis com a sociedade humana. Rios piscosos continuam particularmente importantes para as comunidades que permanecem nas suas margens, deles tirando o sustento. Isto é particularmente importante em países como o Brasil, com grandes e crescentes contingentes de pessoas econômica e socialmente marginalizadas. No Brasil, os rios fornecem contínua subsistência para grupos de baixa renda, situados tanto em regiões rurais quanto urbanas, incluindo os tradicionais pescadores artesanais - um grupo culturalmente distinto que faz parte essencial do ecossistema aquático de rios habitados. Infelizmente, são precisamente esses recursos e ecossistemas que são reconhecidos como os mais ameaçados no mundo, geralmente devido aos impactos de desenvolvimento humano os quais, muitas vezes, não são socialmente eqüitativos. Ao mesmo tempo, o uso dos recursos pesqueiros, além de estar em declínio, está sendo cada vez mais disputado por grupos mais privilegiados que querem reservar os mesmos recursos para uso recreacional. Nesta proposta, a pesca artesanal está sendo entendida não apenas como uma forma de obtenção de renda, mas também como um meio de vida importante que precisa ser preservado por si mesmo para dar sustentabilidade e conservação ao recurso pesqueiro. O projeto não considera os pescadores tradicionais simplesmente como economicamente excluídos, mas principalmente como um grupo cultural ansioso para se capacitar para negociar, gerenciar, e cuidar do recurso e, neste sentido, melhor contribuir para a sociedade de forma sustentável. Esses pescadores tradicionais são, assim, parceiros essenciais nesta proposta, inclusive na sua elaboração. Seus pontos de vista são reconhecidos como válidos e valiosos, o que também agrega maior complexidade às questões de características políticas, científicas, ambientais, e sociais. Afinal de contas, um dos principais objetivos da proposta é fortalecer a cidadania dessa comunidade pesqueira artesanal por meio da busca de um meio de vida sustentável1, incorporando-a na melhoria da conservação do recurso pesqueiro do qual tal comunidade (e outros membros da sociedade) depende. Posição atual Pescadores artesanais profissionais estão atualmente entre as mais pobres categorias sociais nas comunidades ribeirinhas. Eles são muitas vezes socialmente discriminados, de um lado recebendo a maior parte das acusações de dizimar as populações de peixes e, de outro lado, 1 O termo “modo de vida” é entendido como a competência, recursos materiais e atividades necessárias para se sustentar na vida. O modo de vida fica sustentável se pode se recuperar de estresse e choques, sem ameaçar os recursos naturais dos quais depende. Adaptado de Chambers, R. e Conway, G. (1992). Sustainable rural livelihoods: Practical concepts for the 21st century. IDS Discussion Paper 296, Brighton: IDS. 15 sofrendo por perder sua subsistência em decorrência da redução dos recursos pesqueiros e das políticas de administração restritivas. O acesso a serviços sociais, de saúde e de educação, e as alternativas de subsistência são geralmente limitados e as condições de vida são extremamente pobres – não existem mecanismos efetivos para as famílias de pescadores melhorarem suas próprias vidas. Os estoques de peixe nos rios e reservatórios estão em declínio por várias razões. Muitas das espécies nativas são migratórias e contam com as inundações sazonais para desovar e acessar as lagoas marginais necessárias para o desenvolvimento larval. A maioria das barragens no Brasil interfere diretamente nos ciclos de vida desses peixes, mas a agricultura, poluição (doméstica e industrial), e a destruição do habitat, assim como a falta de chuva nos últimos cinco anos, também têm impactos significativos. Espécies introduzidas (primeiramente espécies amazônicas - tucunaré, tambaqui e pescada - e da África - a tilápia) contribuem significativamente para a pesca atual, mas também ameaçam a sobrevivência das espécies nativas. Peixamento de rios e reservatórios com espécies nativas é legalmente feito por companhias hidroelétricas e governos. Às vezes é também feito ilegalmente (ainda que bem intencionado) com espécies introduzidas por pescadores esportivos e grupos da comunidade. A eficácia de ambas as atividades de peixamento não tem sido geralmente bem avaliada. Uma crescente indústria de cultivo em gaiolas está também contribuindo com tilápias que escapam para o ecossistema, e a aqüicultura em tanques contribui com uma variedade de espécies. Os impactos de pesca (tanto comercial quanto esportiva) não têm sido acuradamente avaliados na maioria das regiões, mas sabe-se que pescarias pseudo-comerciais levadas a cabo por pescadores esportivos parecem estar ameaçando alguns estoques no Pantanal. As pescas clandestinas no Pantanal e no sul do Brasil parecem ter um impacto do mesmo nível ou maior que o impacto das duas pescas legais (profissional e amadora) combinadas. Um lobby político está aparentemente tentando proibir as pescas comerciais em águas doces (incluindo pesca artesanal) nos níveis estaduais e federais, mas essa ação é controversa. Assim, a pesca continental no Brasil está em estado de dolorosa mudança. Essas mudanças estão ocorrendo, muitas vezes, em circunstâncias de conflitos ásperos entre grupos de usuários, de políticas e administração da pesca que são incapazes de efetivamente controlar a pesca, e de falta de clareza das políticas federais e locais que, às vezes, também são conflitantes. Os pescadores artesanais são geralmente os perdedores em todas essas disputas, com poucas possibilidades de escolherem o próprio destino. No Brasil e no Canadá, há uma demanda por maior participação da comunidade local no gerenciamento dos recursos pesqueiros e do ecossistema, usando esquemas de gerenciamento que incorporem requisitos sociais. No Brasil, assim como no Canadá, as comunidades de pescadores querem as ferramentas para se adaptarem às mudanças que ocorrem e para estarem envolvidas no gerenciamento dos recursos de que dependem. Entre esses dois países, há inúmeros pontos em comuns, tais como em conhecimento, habilidades, experiência prática, tecnologia, e soluções debatidas que foram integradas na direção desse objetivo – ambos têm muito que aprender um com o outro, e com outros grupos dentro de seus próprios países. 16 Foco geográfico do projeto Os resultados do projeto poderão ser aplicáveis na maior parte do Brasil, e o projeto inclui participantes de todo o país (Figura 1). Contudo, priorizamos um foco geográfico para que o projeto fique administrável (Figura 2). A prioridade, o Vale do Rio São Francisco, é uma região do país onde a condição de vida dos pescadores artesanais é bastante precária e os conflitos pelo recurso pesqueiro e a água são reconhecidos nacionalmente. Essa região engloba áreas prioritárias para a CIDA e para o governo brasileiro, com uma variedade grande de biomas e populações humanas. Na porção Alta e Média deste vale, já existem parcerias com a maioria dos atores importantes no assunto. Assim, o trabalho inicialmente será desenvolvido em comunidades onde se situam as colônias do referido trecho do vale, quais sejam: as de Três Marias, Pirapora, São Francisco, e Januária (anos 1-2). Nos 2o e 3o anos, esse foco será expandido para o Baixo Rio São Francisco nas seções inferiores, na porção nordeste do país. Durante o 3o ano, comunidades em outras bacias de outros rios também poderão entrar no projeto, dependendo do progresso e desenvolvimento de programas de apoio desenvolvidos por participantes do projeto. Este foco geográfico também caracteriza as parcerias no projeto (Figura 3). Parceiros“chave” em um sub-projeto ou tema transversal estão desenvolvendo atividades relevantes na área prioritária. O projeto vai se propor a ajudá-los no que for possível e priorizar a participação desses parceiros nas atividades compatíveis que estão previstas no projeto. Todavia, vamos também promover a participação de outros grupos dos demais regiões do Brasil, da forma como for possível, e incluí-los no projeto durante seu progresso. Esta estratégia inclui o uso de perícia brasileira particular que reside fora do Vale do São Francisco. A interação entre as organizações das várias bacias e estados assim são muito amplas, mas geralmente da forma bilateral: 17 Fig. 1 Abrangência geográfica de parceiros e participantes brasileiros do projeto (bases administrativas) relativo à Bacia do São Francisco (região graduada) 18 Fig.2 Bacia do Rio São Francisco mostrando a área focal inicial do projeto (mapa adaptado do Godinho, H. & Sato, Y. – no prelo) 19 Amazonas Pantanal (MS, MG) Instituto de Pesquisa Universidade Governo Federal Vale do São Francisco (Área Piloto) Colônias e Associações de Pescadores Governos Municipais, Estaduais (MG), e Federais Indústria Universidades ONGs Instituto de Pesquisa Universidade Governo Federal ONGs Rio Grande de Norte Rio Grande & Paraná Universidade (MG, SP, MT, MS) Universidades Institutos de Pesquisa Governos Federal, Estadual e Municipal ONGs Bahia Universidade Rio Uruguai (SC) Universidade Indústria Fig. 3 Caracterização dos Parceiros e Participantes de Diferentes Regiões Geográficas do País Fundos suplementares do programa da CIDA de Disseminação, Replicação, Informação, e Conhecimento (DRINK) vão ser procurados para apoiar a extensão de resultados do projeto em outras partes do país. Redução da pobreza e contribuição para a eqüidade Como resultado do projeto, será cultivado um ambiente social e técnico no qual a enorme riqueza dos recursos pesqueiros do Rio São Francisco ou parte dela poderá se estabilizar e, eventualmente, ser reconstruída, de modo a poder continuar a alimentar as pessoas hoje e amanhã. O treinamento e o intercâmbio a serem estabelecidos nos vários níveis da sociedade e com vários tipos de instituições promoverão o desenvolvimento da eqüidade para as comunidades pesqueiras, criando novas oportunidades e permitindo a participação no gerenciamento dos recursos pesqueiros. A pobreza nas comunidades pesqueiras (e de outros grupos em desvantagem da comunidade) será reduzida, assegurando um estável fornecimento de peixe, algo que, os parceiros concordam, só poderá ser realizado por meio do melhor conhecimento, 20 integração dos gerenciamentos da pesca e da água e uma maior participação pública neste processo. Tal pobreza será também reduzida pelo fornecimento de novas alternativas de renda familiar que possam suplementar a renda da pesca. O projeto também aumentará significativamente o conhecimento sobre a pesca do público nacional e internacional, uma condição que, os parceiros acreditam, é necessária para uma mudança consciente e duradoura. Iniqüidades e pobreza serão ambos reduzidos também por meio do fortalecimento da apreciação pública da pesca artesanal como meio de vida culturalmente rico e importante contribuinte para a sustentabilidade do ecossistema aquático. Princípios de eqüidade serão incorporados a cada passo do projeto, inclusive na estrutura de administração. No Brasil, a administração participatória do projeto inclui uma estrutura que leva em conta contribuições de todos os participantes, especificamente por meio da representação em um Conselho Consultivo de Gestão e um conselho executivo multidisciplinar, mas também por meio de uma ampla rede de participantes. A tecnologia canadense O que o Canadá tem a oferecer ao Brasil sobre soluções para problemas de conservação e gestão da pesca continental no Brasil? No Canadá, os gestores de água doce e de pesca (tradicionalmente duas disciplinas muito diferentes) aprenderam que a sustentabilidade só pode ser atingida com apoio público. As pessoas precisam (1) entender os temas relacionados com a pesca, (2) se envolver na criação de planos de gerenciamento e (3) se beneficiar com o processo. Nos últimos anos, observou-se um significativo progresso em todas essas frentes, com as comunidades locais devotando muito tempo e recursos para desenvolver seus próprios planos de gerenciamento e grandes indústrias, como a companhia hidroelétrica BC Hydro, formando alianças para planejamento, que teriam sido inconcebíveis há uma década, com o governo e comunidades. O “caminho canadense” é notável no sentido de integrar conhecimentos diversificados e ferramentas de gerenciamento da pesca e da água com base nos dados técnicos e implicações sociais. Esses conhecimentos e habilidades coletivos canadenses, que representam um processo participativo verdadeiro, são altamente relevantes para o Brasil. Trabalhando com elos regionais, nacionais e internacionais já existentes, a World Fisheries Trust e os parceiros canadenses trabalharão com cientistas, governos, ONG’s e grupos comunitários brasileiros para transferir as ferramentas da experiência canadense para estudos biológicos, para melhorar práticas de gerenciamento da pesca e da água, atender as necessidades das comunidades e criar conscientização pública no Brasil. 21 O conjunto de tecnologias que serão transferidas inclui métodos para: • Avaliação e monitoramento sócio-econômico participativo das comunidades de pesca que serão integrados ao estudo -piloto. • Treinamento em alternativas de subsistência que reconheçam o declínio da pesca no ambiente natural • Desenvolvimento participativo em opções de gerenciamento, incluindo modelos de consulta às comunidades para desenvolver planos de gerenciamento • Beneficiamento de pescado por meio de processamento, melhor conservação e estratégias de mercado • Criação de alternativas de fiscalização das leis de pesca, inclusive com participação comunitária • Avaliação de estoques de peixes, estudos de migração e avaliação de peixamento • Identificação de estoques de peixes com técnicas de DNA • Mitigação dos efeitos das barragens hidroelétricas • Avaliação da contribuição dos tributários aos reservatórios, lagoas marginais, e regiões alagadas para a manutenção de populações de peixes • Recuperação de rios e regiões alagadas • Promoção da gestão participativa da pesca • Exposições, apresentações, conscientização pública programas e eventos que fomentem a As tecnologias serão transferidas de várias maneiras, incluindo oficinas, treinamentos no Canadá e no Brasil, e visitas recíprocas. Todas as atividades serão projetadas para complementar a experiência e o conhecimento brasileiro e prover um plano que assegure continuidade de resultados e integração em direção ao objetivo comum de sustentação sócio-ambiental dos rios e reservatórios. Descrição da parceria canadense World Fisheries Trust O World Fisheries Trust (WFT) á a instituição proponente do lado canadense nesta proposta. O WFT é uma organização sem fins de lucro que promove conservação e gerenciamento sustentável de biodiversidade aquática em nível mundial, por meio da 22 pesquisa, treinamento, e conscientização publica. O WFT é neutro do ponto de vista político, com programas baseados na ciência, mas refletindo uma interesse na criação de inter-ligações entre pesquisadores, gestores, e comunidades. O WFT trabalha com grupos comunitários, pesquisadores, agências governamentais e não-governamentais, agências internacionais, e corporações. O pessoal de WFT tem uma longa história de trabalho em projetos da pesca no Brasil, inclusive em um recente projeto financiado pelo Fundo de Transferência de Tecnologia da CIDA: “Conservação Genética de Peixes - Brasil”. Este projeto foi muito bem sucedido na criação de interligações entre os vários grupos no Brasil, e criou a base pela presente proposta. A parceria canadense O WFT tem reunido peritos canadenses proeminentes nos campos ligados a esta proposta, os quais trabalham como parceiros e/ou consultores. Na seleção destas parcerias, foi dada grande ênfase na capacidade de melhor contribuir no âmbito brasileiro, demonstrado por experiência prévia bem sucedida no país e/ou políticas de negócios sensíveis à comunidade no Canadá. Detalhamento destas parcerias está apresentado no apêndice 2. Outras perícias poderão ser identificadas e incorporadas durante o projeto. Descrição da parceria brasileira UFSCar: Pro-Reitoria de Extensão A Pro-Reitoria de Extensão (PROEx) da UFSCar – Universidade Federal de São Carlos - é o parceiro focal do projeto no Brasil. À PROEX, está vinculado o Núcleo de Extensão Cidadania que tem uma longa história de ser um dos “loci” acadêmicos de defesa dos direitos humanos no Brasil, em particular dos grupos dos excluídos/marginalizados, por meio de várias atividades que interligam o ensino e a pesquisa. Uma delas é a que enfoca a pesca artesanal, por meio: 1) da realização de cursos de extensão, para a comunidade em geral, sobre o tema dos direitos desse grupo social (atividade apoiada pelo Ministério da Justiça e a UNESCO); 2) da produção de materiais de educação ambiental voltados para as escolas e comunidade em geral sobre o tema da valorização dessa atividade (articulado com o laboratório de Ecologia Humana da UFSCar e apoiado pelo Ministério da Justiça, UNESCO, USP, entre outros); 3) da realização de cursos de capacitação para as colônias de Pesca (apoiado pela Delegacia Federal de Agricultura do Estado de Minas Gerais). As atuais atividades de pesquisa sobre a sócio-economia da pesca no São Francisco - que este Núcleo também desenvolve em articulação com o Núcleo de Pesquisa e Documentação do Departamento de Ciências Sociais e com o Laboratório de Ecologia Humana (sob os auspícios do Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico-PACDT/Ciamb, coordenado pela UFMG) - são a base de parte significativa das informações disponíveis sobre as condições atuais de vida e trabalho da comunidade focada. 23 A parceria brasileira Essa proposta tem juntado um grupo inédito e diverso de parceiros e participantes multisetoriais, o qual esperamos que cresça e se fortaleça. Parceiros diretamente ligados aos trabalhos no São Francisco, incluem governos em todos os níveis, grupos universitários desde as áreas humanas e biológicas até as engenharias; ONGs, indústria, colônias e associações de pescadores. Tais “participantes” mostram uma diversidade igualmente ampla de interesses. Esses parceiros e participantes iniciais estão descritos no Apêndice 2. Outros peritos e grupos ligados aos problemas da pesca continental serão procurados para se agregar ao projeto da maneira apropriada durante toda a sua implementação. Descrição do projeto (NOTA: O Apêndice 1, denominado Sumário da estrutura do projeto e das atividades, e a Figura 4 fornecem uma apresentação resumida do projeto com mais detalhes das atividades). Um passo essencial na construção de co-gerenciamento da pesca e conservação com participação comunitária é o desafio de trazer, à mesa de planejamento, os vários grupos envolvidos com suficiente conhecimento, respeito mútuo e respeito pelos recursos ambientais à mesa de planejamento. Isto pode ser uma tarefa bastante complicada, que geralmente envolve a criação de capacidade comunitária para participar na gestão em um nível reconhecido pelo governo e a coleta de informações sobre os recursos que sejam confiáveis, suficientes e compreensíveis por todos os envolvidos na gestão. Tal criação poderá deparar-se com uma variedade de barreiras sociais que impedem a comunicação substantiva e o respeito entre os vários grupos, e com a necessidade de resolução de outros problemas relacionados ao sustento pessoal ou industrial que deverão ser negociados ou resolvidos para que a conservação e gestão sustentáveis possam ser uma prioridade real. Reformas legais e políticas subseqüentes, as quais são importantes para que o cogerenciamento fique sustentável em um futuro próximo, poderão ser criados nessa matriz de comunicação, se ela tiver suficiente suporte do público em geral. A presente proposta está primeiramente dirigida à preparação dos usuários para a discussão sustentável, com a transferência de tecnologia e experiência canadenses apropriadas, mas também está propondo levar algumas comunidades- piloto, desde a fase da discussão, a criar o ambiente social para as mudanças legais e políticas necessárias. Além disto, não com menor importância, estamos propondo a capacitação de grupos universitários e outros para melhorar a facilitação deste processo em outras comunidades e áreas do país. Para enfrentar a complexidade do trabalho, estamos propondo alguns sub-projetos que são distintos conceitualmente ou 24 Tema Transversal A: Ajudando o desenvolvimento de políticas Sub-Projeto 2: Modo de vida alternativas e desenvolvimento comunitário Sub-Projeto 1: Capacidade de Cogerenciamento Melhorar condições da vida nas comunidades de pescadores Construir capacidade de gerenciamento na comunidade Melhorar capacidade de gerenciamento de todos os parceiros Sub-Projeto 3: Assegurando o recurso natural Melhorar o ambiente e populações de peixes Tema transversal B: Conscientisação pública e educação Melhoria dos modos de vida sustentáveis (inclusive pobreza reduzida e maior eqüidade) Melhores e sustentáveis populações de peixes e ambiente aquático Comunidade agindo no gerenciamento e cuidando do ambiente e recurso pesqueiro Tema Transversal C: Gênero, família, juventude Fig. 4. Fluxograma conceitual de atividades, resultados, e impactos do projeto 25 pela prática. A integração destes sub-projetos será garantido pela programação de atividades comuns ou integradas, mas também por temas transversais que representam tópicos que estão presentes em todos os sub-projetos. Os sub-projetos e temas transversais são apresentados a seguir. O Apêndice 1 apresenta as atividades de forma mais detalhada. Sub-projeto 1: Preparando comunidades para o co-gerenciamento Antecedentes e situação atual A gestão de pesca baseada na comunidade tem se demonstrado uma alternativa viável para gestão de “cima para baixo” e centralizada, comum em muitas partes do mundo. Comunidades estáveis com interesse nítido nos recursos de pesca adjacentes, com conhecimento tradicional do recurso e acesso ao conhecimento científico do mesmo, assim como capacidade de contribuir para as políticas da gestão, têm, em muitos casos, se transformado em excelentes gestores e guardiões do recurso. Atualmente, comunidades de pescadores em muitas partes do Brasil têm pouco contribuído com as decisões de gestão dos recursos, com regulações de pesca estabelecidas em Brasília e/ou nas capitais dos estados e feitas cumprir por meio de agentes de pesca federais e polícia militar estadual. Pescadores comerciais são licenciados como “profissionais” se puderem demonstrar que a maior parte de sua fonte de renda vem da pesca. Muitos pescadores profissionais artesanais estão organizados em colônias ou associações de pesca, as quais se organizam em federações estaduais e em uma confederação federal. Há variação considerável no país em termos dos níveis de esforço e organização de pesca, e tipos de conflitos. No caso do Rio São Francisco, conflitos quanto aos recursos de pesca estão centrados primeiramente entre pescadores profissionais e esportistas. Associados aos conflitos sobre acesso a recursos e depreciação social, a fiscalização pesqueira tem se tornado mais violenta, arbitrária e geralmente menos efetiva. Isso claramente tem influência negativa considerável na vida dos pescadores, mas também reduz efetividade/ eficácia da gestão da pesca. A “Fiscalização Comunitária”, no sentido de designar membros da comunidade para auxiliar no controle e criar um diálogo mais saudável entre a fiscalização e a comunidade, tem sido promovida como uma resolução apropriada para esse problema, e tem sido implementada tentativamente em algumas áreas, porém com resultados mistos que sugerem que vai ser beneficiada significativamente pela transferência da experiência canadense. A Co-gestão Comunitária de pescas ribeirinhas foi implementada nos anos 90 (1) como iniciativa governamental, pelo IBAMA e apoio alemão da Deutsche Gesellschaft für Teknische Zusamenarbeiten (GTZ), em resposta a pressões locais no Amazonas, na vizinhança de Santarém, e em algumas pescas de reservatórios no nordeste (ex. Caxitoré); (2) como iniciativa universitária (Universidade Estadual do Amazonas -UTAM) no Amazonas (Manacupuru), também em parceria com a IBAMA e (3) como uma experiência já antiga de origem local numa lagoa costeira de Santa Catarina. Destes exemplos, a experiência de Santarém se destacou na sua capacidade de replicação para outras comunidades por meio da ONG IARA (Instituto Amazônico de Manejo Sustentável 26 dos Recursos Ambientais). Isto pode ser considerado raro, dado que a co-gestão comunitária está, geralmente, muito determinada por forças locais e não se replica muito bem. A experiência de IARA em Santarém, assim, parece a mais indicada para dar apoio à construção de co-gerenciamento no São Francisco e vai ser usada no presente projeto como ponto de partida, incorporando lições aprendidas de outras áreas e da experiência canadense. Estratégia Nosso projeto vai transferir tecnologias e “know-how” às comunidades de pescadores para complementar as suas capacidades sociais e técnicas de participar em decisões de gerenciamento de recursos - desde tomada de decisões até a implementação e avaliação. A fiscalização da pesca foi identificada como crucial em todos as experiências brasileiras de co-gestão, e foi identificada como problemática nas comunidades do Rio São Francisco e pela própria Polícia Militar de Minas Gerais, o que se torna um ponto de partida relevante no sentido da introdução da fiscalização comunitária. Atividades para fortalecer os serviços sociais e a capacidade de apoiar cidadania dos moradores da comunidade pesqueira e dos seus municípios vão ser desenvolvidas simultaneamente no Sub-Projeto 2. Processos participativos são as ferramentas mais indicadas para a implementação da gestão comunitária de recursos naturais. Este aspecto participativo, associado a programas de conscientização pública, garante que a comunidade mesma esteja envolvida na criação de mudanças desde o início, e assim também se responsabilizando pelos resultados. Além disso, com esta estratégia, os resultados refletem e são fundamentados nas capacidades e pontos fortes atuais da comunidade, garantindo um desenvolvimento culturalmente apropriado e resultados mais sustentáveis. Agências governamentais da pesca e meio-ambiente de níveis federal (IBAMA) e estadual (IEF) participarão neste processo na maneira possível. Pescadores amadores, importantes usuários dos recursos, serão também afetados pelas mudanças. Assim o projeto vai envolvê-los no processo tanto quanto possível, construindo, com eles, o discurso e a prática. A geração rápida e regular de alguns resultados significativos, assim como uma indicação de compromisso a longo prazo, são também elementos essenciais para manter apoio e envolvimento da comunidade em nosso trabalho. Planejamos direcionar a situação no São Francisco com algumas abordagens inter-relacionadas: • Revisão externa das pescas continentais existentes e dos exemplos brasileiros de co-gestão para ajudar na revisão de estratégias e identificação de elementos comunitários no São Francisco que possam ser utilizados para fundamentar a criação de co-gestão; • Realização de uma conferência revisando experiências brasileiras e canadenses na co-gestão e na aplicação de metodologias participativas no desenvolvimento social; 27 • Transferência da experiência de Amazonas para várias comunidades-piloto no Rio São Francisco, por meio do IARA, incorporando lições aprendidas. Isso utilizará os conhecimentos e habilidades comprovadas do IARA na construção de co-gerenciamento em um contexto brasileiro, assim como fará uso das incursões regulatórias que esse grupo já fez em favor de co-gestão da pesca pelas comunidades. Acreditamos que essa será a rota mais oportuna e rápida para introduzir co-gestão de pescas no São Francisco. • Introdução de policiamento comunitário na fiscalização da pesca, integrado com a co-gestão e fortalecimento da comunidade • Desenvolvimento de habilidades de processos participativos e co-gestão nas universidades, governos, e grupos comunitários atuando no São Francisco e bacias de outros rios. Isto ajudará na adaptação da experiência de Santarém ao Rio São Francisco, no monitoramento de efetividade/ eficácia, e na replicação para outras áreas do São Francisco e do país. Efeitos • Desenvolvimento de habilidades técnica e social de comunidades-piloto para participarem na gestão da pesca com ferramentas tecnológicas e sociais apropriadas. • Capacidade ampliada de grupos ligados à pesca para construir co-gerenciamento da pesca em outras áreas do São Francisco e do país Atividades: Revisão externa da situação da pesca continental e co-gerenciamento; conferência revisando a aplicação de processos participativos pelas universidades, comunidades, ONG’s e governos nos trabalhos de desenvolvimento; apoio ao processo de transferência da experiência do IARA (incluindo oficinas para avaliar e monitorar as capacidades e necessidades das comunidades; oficinas de treinamento para resolver necessidades identificadas); visitas técnicas e oficinas para construir capacidade de fiscalização comunitária. Indicadores de desempenho Número de comunidades de pescadores que receberam treinamento na co-gestão da pesca; publicações de co-gerenciamento e uso de processos participativos no desenvolvimento; estratégia para a construção da co-gestão em outras áreas do São Francisco; currículos de cursos de policiamento comunitário no Brasil; número de treinados desagregado por gênero, idade, e função. 28 Integração e sustentabilidade de resultados Nossa estratégia integra experiências no Brasil com aquelas canadenses para trabalhar a partir de pesquisas e programas de gestão existentes, contribuindo assim para a sustentabilidade de resultados. Ao mesmo tempo, rápidos retornos para as comunidadespiloto no São Francisco, por meio da implementação do modelo de Santarém, inclusive de avanços políticos que este grupo já tem feito a favor de co-gestão, ajudarão a construir o apoio comunitário. A nossa estratégia também vai incluir o fortalecimento dos serviços comunitários dos municípios com as comunidades pesqueiras a fim de melhorar a vida dos pescadores (ver Sub-Projeto 2). Isto ajudará na criação de um ambiente de suporte à construção de cogestão da pesca, ao mesmo tempo que atenderá as necessidades imediatas de pessoas e famílias em desvantagem associadas com a pesca numa variedade de maneiras, e lhes dará oportunidade de pensar na conservação e gestão sustentáveis da pesca de uma maneira mais objetiva. Iniciativas de fiscalização comunitária serão construídas a partir de resultados já conseguidos com a Polícia Militar de São Paulo, da experiência do IBAMA, do forte interesse da Polícia Militar de Minas Gerais e de lições aprendidas no recente projeto da CIDA que trata de violência policial (“Direitos Humanos e Contabilidade Policial”). Focar currículos de oficinas de desenvolvimento em lugar de simplesmente implementar oficinas de treinamento também proverá sustentabilidade para os resultados do projeto. Sub-projeto 2: Construindo um Modo de Vida sustentável Antecedentes e situação atual O número de peixes nos rios e reservatórios brasileiros e o acesso a eles continuarão em provável declínio por algum tempo, apesar dos esforços de reconstruir estoques. Esperamos que essa seja uma tendência temporária, mas, nas circunstâncias atuais, comunidades de pescadores artesanais necessitarão aprender a fazer melhor uso do peixe que eles ainda podem capturar, necessitarão perseguir fontes alternativas de renda para compensar a redução do pescado, e os municípios ligados aos pescadores terão que aumentar as suas capacidades de fornecer serviços de suporte social. Atualmente, alguns pescadores profissionais têm se tornado guias de ecoturismo para conseguir renda alternativa ou suplementar. Essa é uma estratégia aparentemente bem sucedida no Pantanal, onde o acesso é restrito e pescadores esportistas facilmente se perdem. A opção de ser guia está sendo promovida também oficialmente pelo Programa Nacional de Desenvolvimento da Pesca Amadora (PNDP) do governo federal, como forma de transformar a pesca continental de comercial a esportista. Entretanto, a abordagem tem sido perseguida com sucesso por somente um poucos indivíduos no São Francisco e, como no Canadá, aqueles que mais têm se beneficiado com pescas esportistas não são provenientes de famílias de pescadores profissionais. 29 A aqüicultura tem sido também promovida no Brasil como atividade alternativa para pescadores profissionais e para mitigar a redução do pescado pelos efeitos de barragens. Em particular, cultivo de tilápias (uma espécie introduzida) em gaiolas está sendo promovido pela CODEVASF, embora seja ainda ilegal em muitas jurisdições. A atividade tem sido mais desenvolvida nos reservatórios de Paulo Afonso e Xingó, no Baixo Rio São Francisco, onde a tilápia é considerada naturalizada e pode ser criada legalmente em gaiolas. Nessa área, a atividade está tomando dois caminhos: • cultivo em larga escala para exportação, promovido pela municipalidade de Paulo Afonso e levado a cabo em cultivo em gaiolas por uma firma australiana e em tanques tipo “raceways” na terra por uma firma americana; • cultivo em gaiolas em pequena escala por membros da comunidade, promovido pelo projeto Xingó (uma ONG que evoluiu de um projeto financiado inicialmente pela companhia hidroelétrica CHESF). Esse projeto, concebido para pescadores profissionais, agora trabalha primariamente com membros da comunidade provenientes da agricultura. No projeto Xingo, além da tilápia, que já está sendo cultivada, um número de espécies nativas promissoras está sendo buscado para desenvolvimento, com o surubim considerado a melhor esperança. De particular interesse no projeto, é o desenvolvimento de técnicas de beneficiamento do pescado, com cursos de treinamento regular e uma pequena instalação cooperativa da filetagem. O cultivo em gaiolas tem sido também realizado em outras partes do país, com espécies nativas e introduzidas. A tilápia é oficialmente considerada a melhor candidata para aumentar a produtividade da pesca no Brasil, em virtude da tecnologia provada e do valor de exportação. Entretanto, essa posição é controvertida, pelo fato de que o peixe tem pequeno valor em muitos mercados locais (com algumas exceções regionais) e pela inquietação trazida pela possibilidade de escape para o ecossistema silvestre. Regulações de pesca proíbem o cultivo em cativeiro de peixes em corpos de água onde as espécies não estão presentes naturalmente ou como exóticos, mas essa regulação não é uniformemente aplicada. Cultivo em gaiolas também levanta inquietações não resolvidas sobre poluição, segurança e, no caso de reservatórios, sobre a responsabilidade de companhias elétricas por gaiolas que ficam expostas quando os níveis de água baixam. Em muitos poucos casos no Brasil, a piscicultura em gaiolas tem sido uma aventura bem sucedida para pescadores profissionais, embora existam alguns casos lucrativos para empresários. A piscicultura em viveiros é também considerada uma alternativa para a pesca profissional, em muitos casos como fonte de peixe para comer ou vender, e, nos Estados de São Paulo e Minas Gerais, também nas operações de pesque-pague. O cultivo em tanques está bem estabelecido em muitas partes do país, mas comumente se usam espécies introduzidas (carpa, tilápia, bagre americano) ou híbridos artificiais. Inquietações com essa atividade incluem poluição e escapes. Uma desvantagem como alternativa viável para pescadores profissionais é a falta de terreno e de financiamento para construção dos tanques. Um levantamento ad hoc preliminar de pescadores profissionais no Rio São Francisco indica que poucos pescadores adotaram a aqüicultura, eles mesmos, com sucesso, mas 30 parece que outros membros da família estariam dispostos a fazê-lo. Há também indícios de que desempregados e aposentados de outras profissões tenham adotado a aqüicultura. Tais “pescadores recentes” não foram, porém, entrevistados no âmbito das pesquisas a que tivemos acesso. Outras fontes de renda familiar, tais como a produção de artesanatos, não são largamente difundidas nas comunidades de pescadores. Entretanto, este tem sido um caminho usado por inúmeras ONGs em Minas Gerais para recuperação de comunidades não- ribeirinhas, geralmente com o uso de um produto distintivo, tradicional ou não. Uma discussão preliminar indica que essas ONGs estão entusiasmadas em repassar sua experiência. Em termos de serviços sociais nas comunidades de pescadores, as condições atuais são precárias. As comunidades estão geralmente nos bairros mais pobres dos municípios ribeirinhos, em muitos casos sem água corrente e com saneamento precário. Os salários são adequados somente para uma existência rudimentar e o acesso à boa assistência médica e educação é, geralmente, limitado.2 Alguns municípios ribeirinhos têm enfrentado estes problemas com investimentos significativos: Três Marias, por exemplo, construiu o Centro de Apoio ao Pescador (CAP), com financiamento de várias fontes, mas ainda com funcionamento limitado - e está criando programas de acesso à educação e oportunidades para mulheres (veja relatório de Karen Craggs, Apêndice 3). Porém, essas atividades são muito sensíveis às circunstâncias políticas e alguns municípios estão fazendo muito pouco. Em alguns casos, ONG’s e/ou programas extensionistas de universidades estão tomando iniciativas de enfrentar essas problemas. Na área do projeto, essas iniciativas incluem as atividades do Núcleo Cidadania da UFSCar e a proposta “Elos” desenvolvida pela UFMG, e, em comunidades sem pesca, da Associação de Moradores de Silva Campos e do Salão de Encontro de Betim. Todos estão animados em colaborar e trabalhar novas idéias e meios para resolver esses problemas sociais. Estratégia Nosso projeto propõe transferir tecnologias que agreguem valor às capturas existentes, prover habilidades de organização e de mercado, contribuir para o desenvolvimento e a aplicação de outras formas apropriadas de geração de renda e transferir essas capacidades ao treinadores e às comunidades piloto. Vamos também transferir experiências e estratégias canadenses para ajudar no desenvolvimento de melhores serviços sociais acessíveis aos pescadores. Duas concepções-chave serão parte deste sub-projeto: 1) 2 Atividades alternativas serão selecionadas e planejadas com a participação contínua das comunidades: não nos comprometemos a implementar uma atividade sem interesse da comunidade. Isso não exclui a introdução de novas idéias, mas significa que essas idéias necessitam ser realisticamente negociadas com a comunidade e levadas a termo em fases piloto apropriadas para avaliação e aprovação pela comunidade. Felicidade, N., Leme, A.A., Martins, R.C., Teixeira de Mendonça, S.A., Goncalves, J.C., Mancuso, M.I.R., Mendonca, I. And Felix, S.A. (in preparation) “A precarização do trabalho no território das águas: limitações atuais ao exercício da pesca profissional no Alto-Médio São Francisco”. In: Godinho, H. & Godinho, A. The São Francisco River: review of biology and sociology. (article available from senior author (Norma Felicidade Valencio, UFSCar - current project proponent). 31 2) A família toda de pescadores será considerada para selecionar e planejar atividades alternativas: não somente o membro pescador será retreinado ou entrevistado, mas também à esposa e aos jovens serão providenciadas oportunidades iguais ou especialmente elaboradas. 3) Estratégias sociais serão desenvolvidos na maneira participativa, seguindo o modelo bem sucedido de UBC - Municipalidade de Santo André. Informações sobre atividades alternativas apropriadas e aprovadas comunitariamente ainda não estão disponíveis, embora algumas opções e maneiras como os esforços atuais poderiam ser modificados. Estamos assim propondo uma combinação de um processo consultivo e atividades mais prováveis de serem bem sucedidas que estarão sujeitas à revisão quando e se necessário. Resultados • Serviços e políticas sociais fortalecidos e acessíveis aos pescadores nos municípios com comunidades-piloto pesqueiras. • Comunidades com capacidade desenvolvida para atividades alternativas que possam prover um melhor retorno dos recursos de pesca ao mesmo tempo em que se alivia a pressão sobre a pesca. Atividades Oficinas para avaliar e monitorar necessidades da comunidade; criação de estratégias para fortalecer programas sociais nas comunidades e o seu acesso; apoio ao intercâmbio entre comunidades brasileiras para ajudar na evolução das estratégias comunitárias; desenvolvimento e implementação de aqüicultura ambientalmente benigna com espécies locais; exame de formas de beneficiamento e de mercado da pesca local; avaliação e apoio ao desenvolvimento de outras atividades alternativas que melhorem o rendimento familiar como ecoturismo; oportunidades geradas pela pesca esportiva; produção de iscas, produtos de culinária, e artesanatos. Indicadores de desempenho Melhoria da renda média familiar e de qualidade de vida de comunidade de pescadores; melhores serviços sociais disponíveis para a comunidade de pescadores; número de comitês ou associações de desenvolvimento social criados ou revitalizados; depoimentos sobre expectativas que a comunidade e parceiros chave têm sobre as estratégias relevantes de desenvolvimento comunitário adotadas e avaliação de resultados; número de oportunidades de subsistência acessíveis a membros de comunidades de pescadores (desagregado por gênero); quantidade, qualidade e valor de produtos de pesca sendo comercializado; número de pessoas treinadas, desagregado por gênero, idade e função 32 Integração e sustentabilidade As atividades de desenvolvimento de serviços comunitários vão basear-se em interesses e programas existentes no nível de governos municipal, estadual, e federal, universidades, e ONGs, assegurando assim que o investimento possa ter continuidade após o término do projeto. O desenvolvimento e a implementação de aqüicultura integrar-se-ão colaborativamente com o apropriado desenvolvimento de iniciativas de aqüicultura existentes na CODEVASF, projeto Xingó, no Ministério da Agricultura e CEMIG no Rio São Francisco, e iniciativas similares do IBAMA no Estado de São Paulo, Embrapa no Pantanal, e Universidade Federal de Santa Catarina, entre outros. Aspectos regulatórios contribuirão para apoiar políticas e desenvolvimento regulatório no IBAMA, Ministério da Agricultura e o IEF (em Minas Gerais). O ecoturismo e a integração das comunidades de pescadores ajudarão a otimizar a iniciativa nacional do PNDP e a integrar esforços comunitários com oficinas de treinamento oferecidas pelo projeto Elos da UFMG no Médio São Francisco e da UFAL e do Projeto Xingó no Baixo São Francisco. Espera-se também desenvolver mecanismos comparáveis durante o projeto com nossos parceiros em outras partes do Rio São Francisco e em outras bacias. O desenvolvimento de indústrias artesanais contará com a colaboração do Salão de Encontro em Betim (MG) e da Associação Comunitária Pompeu (MG), duas ONGs brasileiras que têm adotado desenvolvimento artesanal, para grande benefício da região do Alto São Francisco, focado especialmente em mulheres, pessoas portadoras de necessidades especiais, e jovens. Treinamento sobre processos de agregação de valor e implementação subseqüente serão realizados a partir de iniciativas do Projeto Xingó no Baixo São Francisco, e ajudarão a levar e a adaptar essa experiência no resto do São Francisco e em outras áreas do país. O desenvolvimento de associações será realizado a partir de estruturas e integração das Colônias de Pescadores existentes seguindo a ênfase do IARA sobre associações comunitárias em desenvolver capacidade para co-gestão. Sub-projeto 3 –Assegurando o recurso da pesca Antecedentes e situação atual Muitos estoques de peixes nativos de água doce do Brasil estão em contínuo declínio, apesar de considerável interesse em sua recuperação. As principais ameaças antropogênicas variam segundo a região, incluindo barragens, destruição do habitat, poluição, interação com espécies introduzidas e, em alguns casos, pesca excessiva. As espécies mais valiosas, 33 que tendem a ser migratórias, são particularmente sensíveis à interrupção de suas rotas migratórias, à interrupção de inundações sazonais e à destruição de lagoas marginais e de vegetação ciliar ao longo do rio. Elementos-chave na estratégia para deter o declínio do estoque de pesca são: 1) melhorar o conhecimento da biologia, do comportamento e do número de peixes; 2) planejar e implementar operações apropriadamente modificadas e políticas da gestão, (e, em alguns casos, resoluções tecnológicas para os problemas); 3) melhorar a consciência pública sobre assuntos de conservação relativos a peixe para assegurar o apoio público e a participação em medidas que minimizem e ajudem a resolver o problema. Os primeiros dois elementos são tratados nesta parte da proposta, enquanto o terceiro é discutido na Tema Transversal B. As medidas históricas para minimizar os impactos às populações de peixes no Brasil consistiram primeiramente na estocagem de jovens criados em estações de piscicultura. A efetividade/ eficácia dessa atividade é raramente medida, e os efeitos a longo prazo poderão ser a redução da diversidade genética que influenciarão negativamente na futura sobrevivência das espécies. Atualmente, há considerável interesse no Brasil em entender melhor os peixes e as ameaças a eles, e em construir medidas mais efetivas da mitigação e prevenção que farão uso desse conhecimento. As áreas-chave são: 1) Definição da estrutura de estoque A biodiversidade genética alta dentro das espécies de peixe é crucial para que as espécies sobrevivam a longo prazo: dessa forma, as populações permanecem naturalmente resilientes a situações como doenças, epidemias e mudanças ambientais e climáticas. A gestão aquática e a pescaria imprópria podem reduzir substancialmente essa diversidade, por exemplo, atingindo populações distintas para pescar ou impactar e re-estocando com peixes de diferentes e menor diversidade de características genéticas. Uma compreensão de distinção genética de diferentes populações de peixes é hoje reconhecida como sendo crucial para avaliar apropriadamente os impactos de pesca ou impactos de desenvolvimento e em planejar políticas mitigadoras apropriadas. Avanços recentes em tecnologias de DNA têm provido novas ferramentas analíticas poderosas para avaliar diversidade genética de peixes, e instituições brasileiras, já proficientes em estudos genéticos clássicos, têm rapidamente construído conhecimentos e habilidades em novas tecnologias – em parte com assistência do projeto passado da WFT, financiado pela CIDA. Sondas de DNA para uso em algumas espécies nativas de peixes 34 têm sido desenvolvidas, e estudos sobre distinções de populações têm sido publicados. Entretanto, espécies brasileiras de peixes são muito numerosas, e a aplicação dessas novas informações da pesca, do desenvolvimento e da sua gestão são muito recentes. Essa aplicação e o desenvolvimento eficiente de outras sondas de DNA para outras espécies podem se beneficiar grandemente da experiência e do saber canadenses. 2) Melhor entendimento de comportamento migratório Um entendimento da extensão, tempo, e navegação em torno de obstáculos durante migração de espécies de peixes nativos é importante para suplementar informações genéticas sobre distinções populacionais, para desenvolver gestão apropriada da pesca e das águas, e para desenhar mecanismos de passagem por barragens. Métodos tradicionais de marcação providenciaram as primeiras informações sobre migração na década de 1930 mas, devido à escala do problema, aumentos significativos em nosso entendimento somente agora estão se tornando possíveis com a aplicação da radiotelemetria moderna. 3) Melhor avaliação dos estoques de peixes A avaliação eficiente e de custo efetivo do número de peixes em um corpo de água, particularmente nos rios, é notoriamente difícil. Entretanto, esses números são vitais para o gerenciamento, para seguir tendências nas mudanças de populações de peixes, e para estabelecer o apoio público para as políticas de pesca. A avaliação de estoques de peixes é raro no Brasil, com políticas de pesca conduzidas mais por estratégias que limitam a efetividade do esforço de pesca e por impressões públicas de abundância de peixe. Alguns grupos principais de pesquisadores, entretanto, quantificam a abundância pela avaliação de tendências em captura de peixes, e são líderes mundiais em alguns aspectos dessa abordagem. Entretanto, abordagens alternativas são extremamente necessárias e estão sendo ativamente investigadas, com conhecimentos e habilidades canadenses particularmente atrativos. Uma abordagem canadense particularmente interessante para avaliar estoques em rios para gestão comunitária de pesca (Gestão de Pesca do Nação indígena Nisga’a) combinou tecnologia tradicional e radiotelemetria com tecnologia nativa americana da pesca (a Roda de Peixes) para produzir algumas das melhores informações sobre estoques atualmente disponíveis na Costa Oeste do Canadá. Essa será uma das abordagens a ser considerada para a aplicação no Brasil, assim como será a avaliação hidroacústica: outra força particular entre nossos parceiros canadenses. 4) Redução dos efeitos das barragens sobre peixes A despeito de legislação para o contrário, mesmo as melhores barragens matam peixes durante sua operação. A indústria de barragens no Brasil só recentemente se tornou suficientemente aberta para admitir mortalidade de peixes e para procurar soluções, em parte uma resposta a uma mais rigorosa aplicação de regulações ambientais. A CEMIG, em especial, está interessada em encontrar soluções para mortalidade causada durante 35 operações, e está observando a indústria de barragens canadense e norte-americana para possíveis respostas. 5) Melhorando esforços de peixamento O peixamento em corpos de água naturais é controverso: ele pode ser ineficaz (particularmente se a causa do declínio do peixe não for reconhecida), pode afetar negativamente populações de peixes naturais remanescentes (particularmente se espécies não-nativas são usadas, mas também se são usadas peixes nativos cultivados com diversidade genética diferente ou reduzida), e pode ser usado como desculpa por não reconhecer as ameaças reais às populações de peixe. É, contudo, uma atividade politicamente satisfatória e altamente visível e, se levado a cabo apropriadamente, pode resultar em significativos retornos de pesca. No Brasil, produção de peixes cultivados para peixamento de reservatórios e rios foi adotada nas décadas de 1960 e 1970 por muitas companhias hidroelétricas para compensar efeitos de barragens sobre populações de peixe. Inicialmente, espécies exóticas tais como truta e tilápia foram estocadas, mas agora uma variedade de espécies nativas pode se procriar, e companhias hidroelétricas geralmente somente repovoam com essas espécies. Entretanto, preocupações com composição genética apropriada de peixe estocado são recentes, em parte instigadas pela WFT em projetos passados, e efetividade do programa de estocagem está sendo amplamente questionada. Atualmente, não está disponível no Brasil nenhum mecanismo para avaliar efetividade de estocagem. A estocagem está também sendo levada a cabo por organizações privadas, freqüentemente por associações de pesca esportiva, geralmente com a sanção do governo em algum nível. Entretanto, atividades são, em geral, pobremente planejadas, e podem envolver uso extensivo de espécies que não são nativas para os corpos de água nos quais estão sendo estocadas. Assim, enquanto o interesse público na conservação da pesca é expresso por meio de estocagem, a conscientização de tarefas associadas com a atividade não está ainda bem desenvolvida. 6) Gestão de água A gestão de recursos de água para múltiplos usos é um desafio considerável, mas está sendo cada vez mais perseguida pelo mundo. O Brasil está muito dependente da água para geração de eletricidade, irrigação, consumo doméstico e uso industrial. Historicamente, a geração de eletricidade, em muitos casos, tem tido prioridade exclusiva no uso da água, com irrigação e controle de inundações como usos secundários. Entretanto, uma lei da água recentemente revisada em 1997 e uma política de diversificar da maneira sustentável fontes de energia, têm colocado o Brasil, de várias maneiras, à frente global das políticas de gestão da água. O país está em um processo de implementar tais políticas por meio dos Comitês de Bacias os quais incluem representação dos vários usuários de água. Tal processo é normatizado pela Secretaria de Recursos Hídricos – SRH e implementado pela Agência Nacional das Águas – ANA, recentemente criada. Mais dois parceiros do projeto (USP - CRHEA e UFRJ - COPPE) estão trabalhando com modelos de gestão que levam em conta usuários múltiplos. Não obstante, a implementação é problemática em muitas 36 áreas, e o peixe, o ecossistema aquático e as comunidades de pescadores não são, em geral, especificamente tratados. Um dos principais objetivos do presente projeto será auxiliar em inserir o peixe, o ecossistema aquático e as comunidades de pescadores nesse processo. 8) Melhoria do habitat Dois problemas prioritários que requerem atenção com respeito à melhoria do habitat do peixe de água doce e da saúde dos ecossistemas aquáticos no Brasil são: 1) recuperação e reativação da vegetação de margens do rio e das lagoas marginais, e 2) desenvolvimento de estruturas apropriadas para que os peixes possam passar pelas barragens. Os dois problemas refletem a história do desenvolvimento humano e controle de rios, e ambos receberam atenção maior na década passada, mas estão longe de serem resolvidos. As margens dos rios, sua vegetação, e lagoas associadas e planícies inundadas sazonalmente são particularmente importantes para a produtividade de peixes, mas estão comprometidas pelo desmatamento, agricultura, erosão e controle de inundações. Vários projetos locais no país estão trabalhando, com certo isolamento, na recuperação da vegetação ribeirinha e na integridade dos bancos de rios com níveis variados de sucesso. Essas atividades contribuem significativamente para criação de sentimento de pertença nas comunidades e para a gestão apropriada dos recursos aquáticos, e podem ser importante passo em direção ao caminho de co-gerenciamento. A criação de inundações artificiais para reativar lagoas marginais foi também promovida várias vezes, mas geralmente tem sido posta de lado devido aos custos, impacto potencial em áreas habitadas e, mais recentemente, por falta de água armazenada. Modificações no leito dos rios para otimizar a produção de peixes (como foi feito em alguns casos no Canadá) são ilegais e ainda não foram tentadas. Todavia, o IEF- Instituto de Engenharia Florestal, em Minas Gerais, tem um programa recente para revitalizar essas lagoas e salvar peixes que nelas ficam presos. Tributários de reservatórios e rios maiores são também provavelmente elementos-chave para manutenção da produtividade de peixes em face do impacto humano. Alguns mas poucos esforços foram iniciados para recuperar e proteger alguns desses peixes. Tecnologia e experiência canadense podem auxiliar na avaliação da importância relativa e priorização de tributários e lagoas para recuperação e proteção e podem ajudar a desenvolver meios para tal recuperação e proteção. As estruturas de passagem dos peixes são exigências legais para barragens no Brasil desde os anos 30, mas devido a preocupações de que a tecnologia disponível (escadas de peixe planejadas para salmão) não fosse efetiva para espécies brasileiras, e fraca coação, poucas foram construídas. Em contrapartida, durante o grande ciclo de construção de barragens dos anos 60 e 70, Estações de Piscicultura foram criadas para compensar os efeitos das barragens nos peixes. Mais recentemente, foi reconhecido que os peixes cultivados não estão resolvendo, nas barragens, os problemas de peixes migratórios e as passagens para peixes estão novamente sendo promovidas, incluindo uma exigência, em alguns estados, para revisar as barragens existentes (ainda que novas barragens estejam ainda sendo 37 construídas sem passagens). Houve algum progresso no desenvolvimento de passagens para peixes mais apropriadas para a fauna aquática do Brasil, embora com sucesso limitado, e geralmente de forma isolada: elevadores para peixes, escadas com ranhuras verticais e passagens de rios artificiais estão sendo testados e instalados. Contudo, freqüentemente, a adequação das passagens não está sendo considerada, e passagem subseqüente para peixes rio abaixo ainda não está sendo discutida. Assistência é ainda necessária para criar um diálogo para coordenar esforços de desenvolvimento e transferir tecnologias para avaliação apropriada e planejamento de estruturas para passagem rioacima e rio-abaixo. Estratégia Nossa estratégia é confrontar os fatores vistos como críticos para melhoramento nessa área e identificar atividades que complementem experiência brasileira com conhecimentos e habilidades canadenses. Avaliação participativa de problemas (oficinas, visitas técnicas) e técnicas de implementação/treinamento serão usadas. Efeitos • Capacidade técnica nas universidades, governo, indústria e comunidades para coletar e entender informações biológicas e para desenvolver e implementar estratégias para conservar recursos de pesca. • Entendimento, no nível das comunidades, dos avanços técnicos • Participação comunitária no melhoramento do habitat Atividades Treinamento, oficinas, intercâmbio técnico, e sessões em conferência de radiotelemetria, tecnologias de identificação por DNA, avaliação de estratégias de peixamento, avaliação de estoques, planejamento de passagem de peixes e utilização de lagoas marginais, protocolos de operação das barragens. Indicadores de desempenho Número de participantes em oficinas e congressos (desagregado por gênero e função); publicações de estudos sobre a utilização da tecnologia transferida (inclusive publicações para que essa tecnologia seja entendida no nível comunitário); políticas publicadas ou boletins internos de agências que incorporam peixes e a pesca nos planos de manejo de água; número e tipo de protocolos implementados nas barragens para reduzir mortalidade de peixes; número de avaliações de estoques publicados ou protocolos de avaliação de estoque que incorporem conhecimento local; relatórios publicados ou boletins internos sobre a eficiência de peixamento ou modificações nos protocolos de peixamento; publicações de projetos de recuperação de habitat; número de projetos comunitários de melhoramento de habitat iniciados. 38 Integração e sustentabilidade Esta área temática do projeto consiste de muito tecnologia “dura”, o que proporciona considerável oportunidade para trabalhar a partir de projetos de pesquisa e desenvolvimento existentes entre nossos parceiros no Brasil. Uma função importante do projeto será promover integração entre esses diferentes programas e parceiros em direção a uma meta sócio-ambiental comum. Projetos atuais dentro da nossa parceria incluem: • Estudos de radiotelemetria na UFMG/CEMIG e UFSC/Gerasul • UFMG/CEMIG: Centro de Estudos em Mecanismos de Transposição de Peixes • Pesquisa de gestão da água e modelos de implementação na USP, UFSCar, SRH, ANA • Estudos de DNA na UFSCar, UNESP (Botucatu), UFMG, Embrapa (Pantanal), IBAMA • Programas de peixamento e pesquisa na CEMIG, CODEVASF, IBAMA (CEPTA) • Pesquisa e implementação da gestão da pesca na NUPELIA, IBAMA, IEF, e EMBRAPA • Estudos sobre protocolos operacionais de barragens na CEMIG/UFMG Tema Transversal A – Ajudando a desenvolver políticas para pesca sustentável com participação da comunidade Antecedentes e situação atual Entre os elementos essenciais para desenvolver políticas de pesca efetivas que envolvam comunidades estão incluídas a comunicação efetiva entre os vários agentes, a consulta aos comitês de bacias hidrográficas sobre gestão de água e recursos e a capacidade nas comunidades para se fazerem representar na mesa de discussão. A participação comunitária no planejamento foi recentemente legitimada pela nova lei de água de 1997, e nas regulações de pesca, e alguns Comitês de Bacias já foram estabelecidos, mais recentemente para o Rio São Francisco. Entretanto, a efetiva implementação dessas metas é ainda problemática, especialmente quanto à representação de pescadores profissionais e quanto às questões ambientais: uma dificuldade que parece provir de uma falta de mecanismos ou capacidade para participação efetiva destes agentes e a falta de interligações sociais. Com este projeto, propomos ajudar a construir essa participação, trabalhando próximos às iniciativas de Comitês de Bacias e incluindo os demais agentes ligados ao assunto durante 39 o progresso do projeto.3 Construir capacidade técnica e social em comunidades de pescadores para participar melhor neste processo (Sub-Projeto 1) é crucial para a efetiva implementação deste tema, tanto quanto o é a conscientização pública e técnica. É bem aceita a familiarização de pessoas chave na geração de políticas com situações canadenses e internacionais caracterizadas pela integração entre múltiplos agentes. A criação de ligações pessoais entre grupos geralmente hostis ou indiferentes entre si também é uma maneira potente para criar empatia, entendimento, e mudanças na política. O presente projeto propõe criar oportunidades - pela participacao inter-societal nas oficinas e outras atividades do projeto, treinamento de parceiros em resolução de disputas e comunicação, e certas oficinas para identificar e resolver barreiras comunicativas entre os vários usuários da água e do gerenciamento da pesca - para que as inter-ligações cresçam, o que, acreditamos, possa ser o impacto mais sustentável do projeto. Efeitos • Participação de múltiplos usuários (inclusive membros da comunidade e participantes do projeto) em reuniões de desenvolvimento de políticas nos vários níveis governamentais e na indústria. • Rede duradoura de multi-agentes para colaboração na gestão e resolução de problemas da pesca. Atividades Oficinas de usuários múltiplos para gestão colaborativa e implementação de políticas; participação, em congressos internacionais, de instrutores-chave brasileiros e formuladores de políticas; apoio à integração de membros de projetos e resultados em Comitês de Bacias atualmente sendo organizados pela ANA; oficinas dirigidas a representantes de empresas e corporações sobre concepções de políticas responsáveis em relação ao ambiente e à sociedade; estágio no Canadá sobre avaliação não monetária de impactos ambientais e sociais. Indicadores de desempenho Nível de representação de usuários nos encontros de planejamento de políticas; número de novas políticas de pesca que integrem participação comunitária. 3 Desde a preparação inicial dessa proposta, a representante principal do projeto em Três Marias, Barbara Johnsen, sediou, em Três Marias, junto à ANA, a Regional de Sensibilização e Mobilização para a instalação do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco. Esse Comitê, responsável pela integração e planejamento do desenvolvimento e da manutenção de atividades na bacia hidrográfica do Rio São Francisco, representa a iniciação de uma organização inedita por essa bacia, e por isso está sendo promovido na nossa proposta. Foram votados três representantes de Três Marias para participar do Comitê, nas areas do Poder Executivo, da Pesca e Turismo, e do Setor de Mineração. Além desse avanço, o Sub-comitê Intermunicipal, responsável pela Unidade de Planejamento Estadual UGP/SF4, está sediado em Três Marias, liderado por Sílvia Freedman da Secretaria do Meio Ambiente de Três Marias. 40 Integração e sustentabilidade A Agência Nacional das Águas (ANA) tem um programa de treinamento para ajudar agentes a participar em comitês de bacias hidrográficas. Trabalharemos com esse programa para ajudar a desenvolver a estrutura de oficinas, particularmente no que diz respeito às comunidades de pescadores. Replicação dessas oficinas em outras partes do vale da bacia e do país proverá continuidade para nossos esforços no futuro. Os comitês de bacia também receberão insumo de nossos esforços e ajudarão a perpetuar os resultados. Tema Transversal B – Apoiando a conscientização e educação pública Antecedentes e situação atual Conscientização pública e entendimento de questões da pesca, da sociedade e do ambiente são requisitos chave para a efetividade e sustentabilidade de alterações sociais e políticas. Essa conscientização e entendimento não são somente cruciais para comportamento e decisões apropriadas entre os agentes ligados diretamente ao ecossistema aquático: eles também são necessários para criar opinião pública que orientará e apoiará mudanças políticas. Conscientização pública internacional, incluindo o público canadense, é também importante para criar um ambiente para mudança política. Nesse sentido, conscientização pública é um tema transversal crítico, necessitando inclusive de atividades específicas para ampliar sua efetividade. Em geral, entendimento público de ecossistemas aquáticos e pescas é baixo no Brasil. Esse público inclui líderes industriais e pescadores esportivos, assim como pessoas que interagem superficialmente com o ambiente aquático. Assim como em muitos outros países, aumentar a conscientização pública no Brasil também parece ser uma prioridade oficial geralmente baixa, com algumas notáveis exceções para comunidades ribeirinhas. Entretanto, o interesse entre as pessoas comuns parece ser grande – em parte julgando-se isso a partir do número de pescadores esportivos e interesse em eventos de conscientização pública (tais como eventos que CEMIG e CAP têm feito e programas de TV). Há, assim, um ambiente ideal para lançar programas de conscientização pública apropriados para o público em geral. Conscientização no nível comunitário de pesca é ambíguo: de um lado, há um considerável conhecimento local tanto entre os pescadores profissionais como entre pessoas envolvidas nos serviços de pesca esportiva; de outro lado, relativamente pouca interação com, ou confiança na, comunidade científica e a suas informações. A conscientização canadense e internacional sobre a pesca artesanal de Brasil é importante por: • Contribuir para a criação de uma comunidade internacional consciente dos problemas da biodiversidade aquática e apoiando as soluções com instrumentos internacionais; 41 • Criar orgulho brasileiro de respeito ao seus recursos aquáticos e às pessoas ligados a eles; • Criar um público internacional consciente e disposto a pressionar as companhias internacionais a manter políticas responsáveis pelo ambiente e pela sociedade – particularmente importante com o crescente participação internacional na privatização brasileira; • Ajudar o público canadense a entender como os recursos financeiros da CIDA estão sendo aplicados. Iniciativas de conscientização no Canadá receberão alguns recursos deste projeto, mas dependerão principalmente de contribuições de instalações e exposições de parceiros canadenses, como o Aquário de Vancouver. Estratégia Esforços de conscientização pública efetiva necessitam ser dirigidos para os alvos, três dos quais nós reconhecemos em nossa proposta (com o entendimento que eles pressupõem): o público brasileiro em geral (incluindo agentes industriais e de pesca esportiva), pescadores profissionais e comunidades ribeirinhas, e o público internacional e canadense. Assim, em adição à procura do componente de conscientização pública em todas nossas atividades, também propomos uma variedade de atividades especificamente dirigidas a essas audiências diferentes. Efeitos • Participação bem-informada sobre e apoiadora da gestão e conservação da pesca por todos os participantes do projeto, junto com uma melhor conscientização e apoio (nacional e internacional) do público geral Atividades Integração, o quanto possível, de elementos de conscientização pública em todas as atividades-chave (no Brasil e no Canadá); contribuições à imprensa pública (Brasil e Canadá); desenvolvimento e implementação de ferramentas educacionais; apoio técnico ao desenvolvimento de aquários públicos (pequenos, médios e grandes); ajuda ao desenho da galeria de peixes brasileiros a ser implementado no Aquário de Vancouver. Indicadores de desempenho Número de jogos, livros, guias de ensino, e estandes desenhados e distribuídos; número de programas de televisão e artigos publicados; número de planos comunitários de construção de aquários; número de estratégias de conscientização desenvolvidas sobre assuntos chave; número de lugares selecionados para atividades de conscientização. 42 Integração e sustentabilidade As atividades propostas serão construídas a partir de iniciativas de conscientização pública no Brasil efetuadas por parceiros, universidades, governo, indústrias e ONG’s. Esses providenciarão continuidade para os esforços quando o projeto terminar. Em Belo Horizonte, o projeto auxiliará a implantar um aquário público que está atualmente em fase de planejamento com financiamento brasileiro, e esperamos que o mesmo ocorra em outra cidades tais como Manaus, possivelmente com instalações menores. No Canadá, a continuidade será providenciada por exposição no Aquário de Vancouver e por parceiros que se espera desenvolver durante o projeto. Tema transversal C: Criando oportunidades para mulheres, famílias e jovens Antecedentes e situação atual Sensibilidade e responsabilidade para criar oportunidades para mulheres e jovens são elementos importantes a incorporar em todas as atividades do projeto, assim como o é uma consideração contínua de impactos que possamos estar tendo sobre o bem-estar comunitário e familiar. Nesse sentido, gênero, família e juventude são temas transversais críticos que requerem várias atividades específicas para serem adequadamente direcionados. No presente, mulheres geralmente desempenham um papel de suporte aos pescadores na comunidade de pesca no Brasil, são subvalorizadas profissional e socialmente, e têm opções limitadas. Entretanto, elas continuam a ser um grande esteio da profissão, assim como muitos pescadores o são para suas esposas. A estrutura familiar, embora chauvinista, geralmente parece estável. A juventude nas comunidades de pesca, entretanto, freqüentemente não considera a pesca profissional como uma carreira desejável ou aceitável socialmente, e poucos desejam seguí-la. Os pais, nas famílias de pescadores, estão muito ansiosos para ter sua prole educada adequadamente para ter acesso a outras oportunidades de trabalho. A coesão e a organização das comunidades de pescadores variam consideravelmente. Em geral, as famílias de pescadores estão entre as mais pobres das vilas ribeirinhas e cidades, habitando em alguns bairros dos mais pobres. A organização depende da força da “Colônia” local, mas muitos também operam fora dessa estrutura organizacional. O comércio é feito ou diretamente para o público em feiras informais ou em bancas de peixe e/ou por meio de arranjos informais com intermediários que comercializam com centros maiores, freqüentemente com substanciais margens de lucro e retornos mínimos aos pescadores reais. Quando operando bem, a colônia e seu líder democrático proporcionam, à família de pescadores, assistência e acesso a programas sociais obtendo assistência 43 governamental, oportunidades educacionais, melhoramento e eliminação de fontes gerais de preocupações. Em casos nos quais tais colônias não trabalham bem, a organização da colônia pode estar dominada por membros de sociedade que fazem uso ilegal da designação pescador profissional enquanto levam vantagem de pescadores artesanais legítimos. A política atual do Ministério da Agricultura e do IBAMA está tentando reduzir os exemplos desta segunda espécie de estrutura, mas até agora com sucesso variável. As oportunidades para mulheres no ámbito profissional em nossa parceria são excelentes, refletindo uma porcentagem alta de mulheres envolvidas nas ciências sociais. Estratégia Atentaremos para questões de gênero familiar e comunidade: 1) Assegurando que todas as atividades provejam oportunidade igual para homens e mulheres e juventude, tanto quanto possível; 2) Planejando atividades que se dirijam especificamente para as necessidades de mulheres e juventude 3) Levando a cabo atividades que fortaleçam programas sociais na comunidade em geral de populações ribeirinhas, e desenvolvendo especificamente o acesso a esses programas pela comunidade de pescadores; 4) Auxiliando no fortalecimento da organização comunitária de pescadores. Efeitos • Oportunidades iguais de subsistência para mulheres e jovens de maneira a apoiar famílias e comunidade. Atividades Igual consideração e oportunidades para mulheres e homens em todas atividades; levantamento de expectativas, interesses, limitações, potencialidades e necessidades de trienamento entre mulheres e jovens por meior de oficinas e entrevistas; atividades de treinamento para direcionar ou atender essas necessidades; estágio no Canadá sobre estratégias da integração sobre o papel da mulher no projeto; relatórios sobre o desenvolvimento de todo o projeto com informações desagregadas por gênero. Indicadores de desempenho Estatísticas sobre a participação em atividades do projeto desagregadas por gênero, inclusive da participação comunitária; quantidade e qualidade de comunicação entre ONGs comunitárias e municipalidades em relação a oportunidades para mulheres (reuniões, relatórios, etc.); número de problemas específicos de gênero identificados na pesca e 44 número de estratégias desenvolvidas para solucioná-los; relatórios e participação de jovens no projeto. Integração e sustentabilidade O projeto será construído a partir de trabalhos significativos a respeito de gênero com comunidades de pescadores que parceiros da UFSCar e UFMG têm já levado a cabo, assim como a partir do desenvolvimento de políticas públicas relativas a gênero que estão sendo levadas a cabo na UFSCar e UNICAMP. Dras. Norma Felicidade Valêncio e Maria Inês Rauter Mancuso (UFSCar) são parceiras brasileiras de experiência forte nesta área. No lado canadense, assuntos de gênero serão tratado pelo time da UBC e a WFT. Manejo de Riscos Os riscos mais evidentes do projeto são falta na contrapartida de financiamento, mudanças em políticas governamentais, e conflitos entre os vários grupos. Todos são minimizados consideravelmente em nosso projeto pela extensão de nossos parceiros e elaboração de acordos entre parceiros. Além disto, um plano de resolução de disputas específico para o projeto será desenvolvido no início com ajuda da equipe da Universidade de Victoria. O outro risco é a complexidade de administração devido ao número de parceiros envolvidos. Entretanto, a estrutura da administração reflete realidades políticas e culturais brasileiras sendo bastante participatória sem perder o controle fiscal. Mecanismos de resolução de conflitos integrados na estrutura de administração mitigam os riscos inerentes nàquela complexidade. O manejo flexível do projeto unido aos resultados será importante para manter os objetivos do projeto integrado às realidades da situação no campo. A privatização de hidroelétricas pode trazer influências ainda não conhecidas ao projeto, principalmente pela participação da CEMIG, mas também na participação da BC Hydro. Ambos têm planos de privatização ainda não bem definidos. Os mesmo efeitos podem ser esperados em relação a mudanças políticas no governo. Porém, estamos focando a transferência de tecnologias e experiências a vários grupos bastante diversos, inclusive indústria, universidades, comunidades, grupos governamentais e não-governamentais. Neste sentido, há boas indicações de que pelo menos alguns destes grupos e indivíduos capacitados fiquem ativos no projeto. Entre os riscos, tanto para parceiros canadenses como brasileiros, incluem-se potenciais restrições a viagens internacionais. Temos minimizado este risco tanto quanto possível focando atividades no país aliadas aos conhecimentos e habilidades brasileiros. 45 Sustentabilidade e difusão de resultados Sustentabilidade dos esforços do projeto, no sentido que os efeitos imediatos do projeto continuem crescendo se tornando efeitos de longo prazo após o projeto, claramente conta com a integração que existe com programas brasileiros. Componentes críticos de sustentabilidade são reconhecer esses programas, trabalhar a partir de conhecimentos e habilidades brasileiros existentes e alimentar a comunicação e a colaboração entre grupos brasileiros. Facilitar este processo é tão importante quanto trazer experiência conhecimentos e habilidades canadenses o que, na análise final, contribuirá muito mais para a sustentabilidade. Todas essas considerações estão pensadas em nosso projeto como descrito em mais detalhe acima, e esperamos perseguí-los com fundos suplementares do programa de DRINK da CIDA. Benefícios para o Canadá O Canadá será beneficiado pelo projeto de várias formas: • Oportunidades de negócio imediatas e futuras para canadenses • Exposição de parceiros canadenses a ambientes alternados social e biologicamente, incluindo troca bilateral de experiências que poderá influenciar na política e desenvolvimento do Canadá • Potencial para novo desenvolvimento social bilateral e parceria de pesquisa que influenciará o desenvolvimento social e ambiental no Canadá • Maior apreciação pública canadense de condições sócio ambientais em outras partes do mundo o que contribuirá para melhorar fortalecimento de recursos globalmente e no Canadá Análise de gênero e eqüidade Como descrito na análise de gênero anexa (Apêndice 3) e nos detalhes da proposta acima, estamos comprometidos a prover oportunidades iguais e especiais a mulheres e jovens no contexto de manter estruturas comunitárias e familiares saudáveis. Impacto ambiental e Considerações sobre a Conservação Genética O projeto lida com questões sensíveis ambientalmente, mas principalmente com a minimização dos efeitos ambientais. Efeitos deletérios de poluição, regulação de água, estocagem de peixes, e aquacultura serão reduzidos. O efeito total será um meio ambiente melhorado. 46 Em termos de conservação de biodiversidade e respeitando leis brasileiras e internacionais relacionadas com a Convenção de Biodiversidade, não haverá transferência de nenhum material genético de fauna ou flora brasileiras ao Canadá ou outro país durante ou depois deste projeto, relacionada às suas atividades. Todas as atividades relacionadas à conservação genética e conhecimento tradicional cumprirão com a legislação relevante, em particular a Medida Provisória 2.186-16 do 2 Agosto, 2001. A Diretoria do Programa Nacional de Conservação da Diversidade Biológica participará no Conselho Consultivo do projeto como representante do MMA, mas será também consultado mais especificamente quando os eventos do projeto tratarem de temas de sua área de competência. Estrutura de administração Nossa estrutura administrativa atende à necessidade de gerar resultados com um mínimo de burocracia. Ela se utiliza, de uma maneira participativa, da diversidade de saberes, capacidades, práticas e funções sociais representadas na parceria e pretende mitigar quaisquer conflitos inerentes à diversidade dos atores que constituem a parceria. A responsabilidade geral do projeto ficará com a Coordenação Geral, constituída pelos proponentes do projeto (a WFT e a UFSCar). Essa Coordenação será orientada e assessorada por um Conselho Consultivo, um Comitê de Pilotagem, e um Comitê Executivo. Uma Secretaria Executiva, respondendo à Coordenação Geral, cuidará de rotinas administrativas (Figura 5). Conselho Consultivo Ministério do Meio Ambiente Ministério Justiça Min. Agricultura Min. de Integração CAP Rep. de Gênero Rep. das Colônias de Pesca: 2 Rep. da Comunidade Científica 1-2 Rep. canadense Comitê Executivo Coordenações distintas dos subprojetos e temas transversais Coordenação Geral Secretaria Executiva Comitê de Pilotagem Coordenadores (UFSCar e WFT) Representante da CIDA Representante da ABC Fig. 5 - Quadro Administrativo do Projeto no Brasil 47 O Conselho Consultivo constará de representantes governamentais e de representantes dos vários interesses englobados pelo projeto (por exemplo, gênero, idade, condição profissional e da própria pesca, comunidade científica). Os representantes governamentais serão indicados pelo próprio órgão que representam. Os demais serão indicados pela Coordenação Geral, a partir de consulta aos participantes do projeto, considerando-se a representação equitativa dos vários interesses. A participação deverá durar, a princípio, por um prazo de um ano. Este conselho permanece ativo para consultas durante a vigência do mandato e encontrar-se-á pelo menos uma vez por ano para avaliar o progresso no projeto e sugerir mudanças, se necessário. Consulta informal entre os coordenadores, membros do conselho, e entre os parceiros também estará em andamento por todo o ano, apoiada pela comunicação gerada com a página eletrônica e o jornal do projeto. O Comitê de Pilotagem ajuda na interpretação das deliberações do Conselho Consultivo no âmbito dos critérios e prioridades da CIDA e ABC. Esse Comitê se reunirá anualmente, simultanemente ou logo após reuniões do Conselho Consultivo. O Comitê se constitui dos coordenadores do projeto (UFSCar e WFT), e da representação da CIDA e da ABC. Relatórios anuais, em português e inglês, serão disponibilizados ao Conselho Consultivo e ao Comitê de Pilotagem pelo menos duas semanas antes das reuniões. O Comitê Executivo é responsável pela execução do projeto, por meio de coordenações distintas para cada sub-projeto e temas transversais, se reportando à Coordenação Central e ao Conselho Consultivo. A coordenação de cada sub-projeto e tema transversal poderá ser compartilhada por mais de uma instituição que tenham interesses comuns. A composição do Comitê Executivo deverá ser referendada pela Coordenação Geral junto ao Conselho Consultivo, considerando a representação eqüitativa dos vários interesses e instituições, As Coordenações Executivas serão responsáveis, em colaboração com a Coordenação Geral, pela organização e execução das atividades dos seus respectivos sub-projetos ou temas, relatórios de atividades (inclusive pela prestação de contas de contrapartidas brasileiras), organização de monitoramento dos indicadores de desempenho, colaboração com os demais sub-projetos e temas e sugestões de como melhor executar o projeto. A Secretaria Executiva apoiará todos os aspectos da coordenação brasileira do projeto, se reportando à coordenação geral. Estratégia de monitoramento O monitoramento do progresso do projeto será realizado em três níveis: (1) pela coordenação, (2) pelos programas de pesquisa relacionados ao projeto, e (3) pelas comunidades. Indicadores de desempenho foram selecionados para atender a estes níveis de monitoramento, mas poderão ser revisados durante a primeira parte do projeto conforme as suas funcionalidades. Prevemos que os indicadores permanecerão sendo monitorados por pesquisadores e pelas comunidades após o término do projeto, tendo utilidade futura para esses grupos. Neste sentido, estes indicadores e as metas de seu monitoramento serão refinados durante o projeto. 48 Estratégia de comunicação e extensão Estratégias de comunicação e extensão estão detalhadas nos componentes de conscientização pública e sustentabilidade do projeto proposto. Ambos são partes integrais do projeto proposto. Em adição, como parte da estratégia de administração, serão mantidos um portal eletrônico e memorandos bimensais para disseminar informações do projeto entre parceiros e informar o público. 49 Análise da Matriz Lógica (AML) RESUMO NARRATIVO RESULTADOS ESPERADOS MENSURAÇÃO DE DESEMPENHO PRESSUPOSTOS/ INDICADORES DE RISCO Objetivo Superior Resultados de longo prazo (impactos) Indicadores de desempenho Pressupostos: Sustentabilidade do recurso pesqueiro continental do Brasil e dos modos de vida que dependam dele. Redução da pobreza e maior eqüidade nas comunidades pesqueiras continentais, com sustentabilidade do recurso (melhor renda e composição diversificada) Estatísticas de captura e distribuição da pesca; oportunidades de subsistência, renda e bem-estar de famílias de pescadores; quantidade e qualidade de produtos pesqueiros no mercado; novas políticas e legislações da pesca Gerenciamento da pesca é um fator significativo na abundância de peixes; a economia do Brasil é estável Indicadores de risco: Mudanças de clima que subjugam efeitos de gerenciamento; redução da participação governamental Objetivo Especifico Resultados de médio prazo (Efeitos) Indicadores de desempenho Pressupostos: Criar capacidade de co-gerenciamento da pesca continental no Vale do São Francisco com transferência de tecnologias biológicas e sociais e criando interligações entre grupos envolvidos (stakeholders) Co-gerenciamento de pesca estabelecido em áreas piloto do Rio São Francisco, com participação de múltiplos agentes (stakeholders), inclusive das comunidades. Documentação de reuniões de gerenciamento; relatórios na imprensa; número de comunidades com programas de policiamento comunitário e beneficiamento do pescado; dados de comportamento e sobre número de peixes; protocolos de avaliação de estoque e operação de barragens adotados; publicações da estrutura de populações de peixes; número de inserções das atividades em (em diversidade de programas e em horas de aparição) programas de tv, rádio e outros boletins que tratam da pesca O clima político permite manejo participativo da pesca Atividades4 Resultados de curto prazo (Produtos) Indicadores de desempenho Pressupostos: Oficinas com participação inter-institucional e inter-social dos “stakeholders” para priorizar e implementar ferramentas técnicas e sociais para o co-gerenciamento; participação de brasileiros chaves em congressos internacionais; criação de redes de comunicação; desenvolvimento de meios de educação e conscientização pública em suporte de co-gerenciamento sustentável. Comunidades, governos, e indústria com capacidade técnica e social para gerenciamento participativo da pesca continental; interligações estabelecidas entre os “stakeholders”; o papel da mulher na pesca avaliado, reconhecido e incorporado nas estratégias das comunidades piloto; maior conscientização pública do recurso pesqueiro e assuntos ligado ao mesmo. Numero de participantes em atividades; estratégias de co-gerenciamento no SF; estratégias e cursos de policiamento comunitário; dados do papel de gênero nos assuntos da pesca; desenhos e estratégias de conscientização pública; relatórios e participação da juventude; sondas de DNA de peixes desenvolvidos e aplicados no manejo da pesca. Parceiros brasileiros com capacidade de fornecer contrapartida, identificar e manter candidatos de treinamento 4 Detalhes maiores de atividades são apresentado no AML suplementar em seguida Indicadores de risco: Concordância governamental com o cogerenciamento reduzido; financiamento de pesquisas da pesca e assuntos sociais reduzido; privatização de barragens eliminar incentivo de participação Indicadores de risco: Greves ou problemas financeiros eliminaram parceiros e participantes Sub-projeto Componente Mensuração de desempenho 1. Preparação para co-gerenciamento 1.1 Avaliação e revisão de estratégias 1.1.1 Revisão técnica de perito canadense 1.1.2 Revisão de progresso 1.1.3 Congresso de co-gestão e processos participativos Resultados Esperados 1.3 Policiamento comunitário 1.3.1 Visita técnica de avaliação ao Brasil Variedade de representantes brasileiros Conflitos reduzem impacto e envolvidos na revisão, novas políticas efetividade (no projeto e governamental) Retornos negativos da revisão Melhor política de co-gerenciamento; melhor intercâmbio Documento do estado atual; políticas e estratégias de desenvolvimento no Brasil; melhor intercâmbio Número de participantes; número de Idem novas conexões de intercâmbio Número e diversidade de participantes; Conflitos reduzem intercâmbio indicações de intercâmbio; novas políticas da pesca Idem Entendimento e implementação de elementos de co-gerenciamento nas comunidades-piloto de pescadores Intercâmbio reduzido Conflitos reduzem oportunidades Pouco entendimento do de co-gerenciamento; ambiente modelo de Santarém amazônico muito diferente do ambiente do São Francisco Apoio na comunicação (redes) e resolução de conflitos; diversificação; desenvolvimento de indicadores e estratégias de monitoramento Número de novas comunicações entre Barreiras linguísticas e culturais Pouca comunicação entre o instituições e comunidades, diminuem efetividade biólogo e as comunidades diversidade de estratégias, número de estratégias de monitoramento Plano estratégico do projeto; sugestões de políticas para o Brasil; apoio e criação de redes Número de ações sugeridas, número de novos contatos Inflexibilidade no sistema atual Retorno negativo à missão nos níveis institucionais ou pessoais inibem mudanças, conflitos inibem mudanças, a situação canadense fica diferente demais da situação brasileira Idem + protocolos de treinamento Idem + número treinado Idem Idem Idem Idem + número de pautas Idem Idem 50 1.3.2 Visita técnica ao Canadá para avaliar opções 1.3.3 Desenvolvimento de pautas de oficinas Indicadores de Risco Relatório do estado atual; melhor intercâmbio 1.2 Adaptação e transferência de experiência amazônica de co-gerenciamento ao São Francisco 1.2.1 Transferência da experiênca da IARA Implementação da capacidade para cogerenciamento nas comunidades- piloto; pacote de transferência desenvolvido 1.2.2 Assistência de biólogo canadense Riscos AML detalhada das atividades Atividade (disagregado por gênero, idade, e função social) Sub-projeto Componente Mensuração de desempenho 2.2 Construindo capacidade comunitária 2.2.1 Visita de sociólogo canadense 2.2.2 Visita comunitária ao Canadá Apoio na comunicação (redes) e resolução de conflitos; diversificação; desenvolvimento de indicadores e estratégias de monitoramento Diversificação de opções e criação de redes 2.2.3 Intercâmbio comunitário brasileiro Idem 2.2.4 Criação de redes entre ONGs e municípios Mais opções para as comunidades, mais intercâmbio entre ONGs e comunidades, e melhor efetividade de atividades 2.3 Criando alternativas de sustento 2.3.1 Revisão participativa de opções de Melhor conhecimento comunitário das alternativas opções de atividades alternativas; estratégias para implementação 2.3.2 Semana de introdução de alternativas 2.3.3 Implementação de alternativas 2.3.4 Treinamento em beneficiamento e comercialização do pescado 2.3.5 Apoio de técnico canadense ao beneficiamento Número de novas conexões, efetividade de atividades Número de participantes; número de atividades alternativas selecionadas para desenvolvimento; número de estratégias de desenvolvimento adaptadas Idem Idem Alternativas de sustento adaptadas às Número de participantes; comunidades melhoramento nos indicadores de bem estar familiar Melhor e diversificada capacidade brasileira Número de treinados; número de no beneficiamento e venda do pescado. novas tecnologias adaptadas Idem 2.3.5 Sessão conferencial de desenvolvimento e Melhor política e conhecimento da riscos de aqüicultura aquicultura benígna Melhor disseminação das técnicas já reconhecidas, identificação de entraves Conflitos sociais e políticos e poucos recursos financeiros reduzem opções Indicadores de Risco Atrasos na implementação de opções Barreiras linguísticas e culturais Pouca comunicação entre o diminuem efetvidade sociólogo e as comunidades Barreiras linguísticas e culturais Idem diminuem efetividade Barreiras políticas e culturais Idem reduzem efetividade, ambientes muito diferentes Barreiras políticas, culturais, e Idem financeiras reduzem efetividade Conflitos sociais e politicos e recursos financeiros limitados reduzem opções Atrasos na implementação das opções Idem Idem Idem Idem Barreiras políticas e financeiras Pouco entendimento do limitam a seleção de candidatos treinamento ao treinamento, barreiras linguísticas e culturais limitam efetividade de treinamento Número de participantes, número de programas de treinamento desenvolvido Número de novas políticas, número de novos programas de desenvolvimento de aqüicultura benígna Idem Idem Interesses comerciais de curto prazo inibiram desenvolvimento de políticas Atrasos na implementação das opções Número de participantes; novas aplicações de tecnologias, número de programas para resolver entraves Barreiras políticas e financeiras reduzem efetividade Idem 51 2.3.6 Sessão conferencial de cultivo de peixes nativos Número de novas comunicações entre instituições e comunidades, diversidade de estratégias, número de estratégias de monitoramento Número de novas comunicações entre instituições e comunidades, diversidade de estratégias, número de opções criadas Idem Riscos AML detalhada das atividades (disagregado por gênero, idade, e função social) Atividade Resultados Esperados 2. Construindo modos de vida sustentáveis 2.1 Avaliação participatória das características e necessidades das comunidades 2.1.1 Oficinas de avaliação e desenho de Plano de estratégia do projeto; comunidades Número de ações sugeridas, número estratégias conscientes; rede de grupos de apoio de oportunidades criadas Sub-projeto Componente Mensuração de desempenho Resultados Esperados (disagregado por gênero, idade, e função social) 3: Segurando o recurso 3.1 Treinamento de técnicas de DNA usadas no manejo pesqueiro 3.1.1 Assistência canadense no Brasil treinando Melhor e mais ampla utilização das técnicas Número de treinados e implementando tecnologias de DNA de DNA no manejo pesqueiro 3.1.2 Estágios brasileiros no Canadá treinando nas técnicas de DNA 3.1.3 Oficina de revisão de resultados 3.2 Técnicas de estudos de migração 3.2.1 Estágio brasileiro no Canadá 3.2.2 Assistência canadense de radiotelemetria no Brasil 3.2.3 Oficina de revisão de resultados 3.3 Melhor capacidade da avaliação de estoques 3.3.1 Sessão conferencial de avaliação de estoques Idem Idem + apoiando rede de estudo e utilização Número de participantes; novas ligações para implementação das técnicas Melhorada e diversificada pesquisa de peixes migratórios; melhor mitigação de impactos nestes peixes; novas redes de intercâmbio Melhor entendimento do comportamento migratório dos peixes; melhor mitigação de impactos Melhor entendimento do comportamento migratório dos peixes; melhor mitigação de impactos; novas redes de intercâmbio Melhor entendimento das alternativas da avaliação de estoques; melhores e diversificadas estratégias de avaliação; melhor rede de intercâmbio 3.3.2 Assistência canadense no Brasil avaliando Idem estoques 3.3.3 Visita de longo prazo de biólogo Idem canadense da pesca 3.3.4 Oficína de revisão Idem 3.4 Reduzindo impacto de indústria 3.4.1 Missão brasileira no Canadá revisando impactos de barragens e as suas soluções 3.4.2 Oficína no Brasil revisando problemas e soluções Indicadores de Risco Barreiras políticas e financeiras reduzem efetividade Atrasos na implementação das técnicas Idem Idem Idem Idem Número de participantes; modificações Barreiras políticas e financeiras nos planos de estudo; melhoramentos reduzem efetividade; diferenças nas estratégias de mitigação significativas entre ambientes canadenses e brasileiros Idem Idem Pouco entendimento; poucas mudanças Número e diversidade de participantes; Idem melhoramentos nos planos de estudo; melhores politicas de mitigação de impactos; novas ligações da rede de intercâmbio Idem Número de participantes; número de novos protocolos Barreiras políticas, culturais, industriais, e financeiras reduzem efetividade. Baixo entendimento; poucas mudanças induzidas. Idem Idem Idem Número de mudanças nas práticas de Idem avaliação Número de participantes; número de Idem mudanças nas práticas de avaliação Idem Melhor e diversificado entendimento dos Número de participantes; número de impactos de barragens; melhor intercâmbio novos protocolos Melhor e diversificado entendimento dos Idem impactos de barragens; melhor intercâmbio; melhor protocolo de operação Idem Idem Idem Idem Barreiras politicas, culturais, industriais, e financeiras reduzem efetividade. Idem Baixo entendimento; poucas mudanças induzidas. Idem Idem Idem 52 3.4.3 Assistência canadense em implementar resoluções Idem Riscos AML detalhada das atividades Atividade Sub-projeto Componente Mensuração de desempenho 3.5 Efetividade de peixamento 3.5.1 Sessão conferencial de peixamento (política e riscos) Resultados Esperados (disagregado por gênero, idade, e função social) Riscos Indicadores de Risco Melhor entendimento dos efeitos de peixamento e o seu monitoramento; melhores e diversificadas estratégias de peixamento; melhor intercâmbio Melhor entendimento das técnicas de monitoramento de peixamento Número de participantes; número de mudanças de prática Barreiras politicas, culturais, industriais, e financeiras reduzem efetividade. Baixo entendimento; poucas mudanças induzidas. Idem Idem Idem Diversificação dos protocolos disponíveis para o manejo de água Número de participantes; número de novas políticas Baixo entendimento; poucas mudanças induzidas. Diversificação dos protocolos disponíveis para o manejo de água; conscientização da comunidade Diversificação dos protocolos disponíveis para o manejo de água; conscientização da comunidade; novo intercâmbio Número de participantes; número de novas políticas; nivel de consciência comunitária Idem Barreiras políticas, culturais, industriais, e financeiras reduzem efetividade. Idem Idem Idem Relatório de estado atual; melhor e diversificado conhecimento de conservação e melhoramento de habitat; melhor intercâmbio; protocolos para atividades da comunidade Novas estratégias apropriadas desenvolvidas Melhor entendimento de passagens de peixes tropicais; novas estratégias de desenvolvimento; novo intercâmbio Número de participantes; número de estratégias desenvolvidas; número de comunidades envolvidas Barreiras politicas, culturais, industriais, e financeiras reduzem efetividade. Baixo entendimento; poucas mudanças induzidas. Número de participantes; número de Idem estratégias desenvolvidas Número de participantes; número de Idem relatórios; número de novas politicas e estudos da efetividade de passagens Idem 3.7.4 Assistência canadense para desenho de passagens Idem Melhor entendimento de passagens de Idem peixes nas águas tropicais; número de estratégias desenvolvidas; número de novos conexões de intercâmbio Idem 3.7.5 Criação de estratégias comunitárias de melhoramento ambiental Melhores condições locais do ambiente e do Número de projetos de melhoramento habitat de peixes; rede de intercâmbio de habitat; número de comunidades envolvidas Melhor e diversificado entendimento da Número de participantes; número de conservação e melhoramento de habitat; novas politicas, estudos, e iniciativas; melhor entendimento de passagem de número de novas conexões de peixes; melhor rede de intercâmbio intercâmbio 3.5.2 Oficína de treinamento de efetividade de peixamento 3.6 Manejo de água 3.6.1 Missão brasileira de manejo de áqua no Canadá 3.6.2 Oficina de revisão de manejo de água 3.6.3 Visita, ao Brasil, de técnico canadense especialista em modelos de água 3.7 Melhoramento de habitat 3.7.1 Sessão conferencial e missão canadense ao Brasil 3.7.2 Missão brasileira ao Canadá 3.7.3 Oficina de passagens de peixes Idem Idem Idem Idem Idem Idem 53 3.7.6 Oficina de revisão de resultados AML detalhada das atividades Atividade Sub-projeto Componente Mensuração de desempenho Resultados Esperados (disagregado por gênero, idade, e função social) A. Tema Transversal: Ajudando no desenvolvimento de políticas da pesca sustentável com participação da comunidade A.1 Oficina de “stakeholders” da pesca Melhor comunicação inter-social e acordos Número de novas políticas; diversidade multilaterais da pesca; redes de de participantes comunicação A.2 Treinamento de participação nos comitês da Melhor capacidade na comunidade para Número de participantes, efetividade bacia participar em reuniões multi-laterais; redes em reuniões multi-laterais de comunicação A.3 Oficína de políticas industriais com Melhor entendimento e políticas no nível Número de participantes, número de responsabilidade social e ambiental executivo da responsabilidade social e novas políticas ambiental; melhor rede de comunicação A.4 Estágios brasileiros no Canadá da avaliação Melhor e diversificada capacidade brasileira Idem não monetária de impactos ambientais e sociais de desenvolver estratégias industriais e politicas social e ambientalmente responsáveis; melhor rede de comunicação A. 5 Participação em congressos internacionais Melhor e diversificada capacidade brasileira Número de participantes; número de de desenvolver co-gerenciamento da pesca novas políticas e estratégias de e assuntos similares; apoio a redes de desenvolvimento comunicação B. Tema Transversal: Conscientização Pública B.1 Atividades dirigidas às comunidades ribeirinhas B.1.1 Oficína identificando alvos/metas da conscientização e educação Melhor entendimento dos assuntos, problemas, alvos, e estratégias da conscientização sobre a pesca e conservacao na comunidade B.1.2 Desenvolvimento de material da educação Melhor ou diversificada capacidade brasileira e conscientização de conscientização pública; melhor conscientização pública B.1.3 Oficínas de desenvolvimento de aquário Melhor capacidade brasileira de desenvolver aquário público de pequena escala; melhor reconhecimento desta ferramenta na conscientização pública B.1.4 Contribuição à imprensa pública Melhor entendimento público dos assuntos da pesca e conservacao na comunidade Indicadores de Risco Barreiras políticas, culturais, industriais, e financeiras reduzem efetividade. Idem Baixo entendimento; poucas mudanças induzidas. Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem Número de participantes; número de novas estratégias Falta de concordância nos alvos, Implementação atrasada estratégias e implementação Número de ferramentas e estratégias de conscientização desenvolvidas; nível de consciência pública Número e diversidade de participantes; número de planos de aquário desenvolvidos Diferentes filosofia de desenhos e Idem consicentização que ficam difíceis de reconciliar Barreiras financeiras Idem Número de contribuições; nível de consciência pública Falta de oportunidades de publicidade Número de participantes; número de novas estratégias Falta de concordância nos alvos, Atraso na instalação estratégias e implementação Número de ferramentas e estratégias de conscientização desenvolvidas; nível de consciência pública Tempo necessario para acordar os planos entre os diversos grupos Idem Idem 54 B.2 Atividades dirigidas ào publico geral brasileiro B.2.1 Oficinas para definir alvos prioritários e do Melhor entendimento dos assuntos, desenho de folder e estantes interpretativas problemas, alvos, e estratégias da conscientização sobre a pesca brasileira B.2.2 Desenvolver folder e estantes Melhor ou diversificada capacidade brasileira interpretativas de conscientização pública; melhor conscientização pública Riscos AML detalhada das atividades Atividade Sub-projeto Componente Mensuração de desempenho Resultados Esperados (disagregado por gênero, idade, e função social) Riscos B.2.3 Oficina de desenvolvimento de aquário de Melhor capacidade brasileira de desenvolver Número e diversidade de participantes; Falta de dinheiro para maior porte nas cidades maiores aquário público; melhor reconhecimento número de planos de aquário instalacoes ou troca de desta ferramenta na conscientização pública desenvolvidos empregados do aquário. B.2.4 Contribuição à imprensa com material da pesca B.3 Atividades de alvo canadense e internacional B.3.1 Promoção de material do projeto para a imprensa no Canada Melhor entendimento público dos assuntos da pesca e conservação no Brasil Produtos não vendidos com suficiente empenho Idem Idem Idem Idem Reduçao nos recursos canadenses disponiveis pela integração nas instalaçoes Falta de obras Número de mulheres participando e aproveitando do projeto Número de mulheres participando e aproveitando do projeto; número de novas iniciativas para mulheres Número de participantes; número de iniciativas identificado Barreiras sociais, políticas, e financeiras contra mudanças Idem Atraso na efetividade Idem Idem Comunicação entre participantes do projeto; Número de visitantes ao site; número "feed-back" aos coordenadores de comentários de "feed-back" Falta de acesso 'a internet; falta de recursos para manutenção Pouco "feed-back" Comunicação entre participantes do projeto; Número de visitantes ao site; número "feed-back" aos coordenadores de comentários de "feed-back" Falta de mecanismo de distribuição Idem Administração efetiva do projeto; inclusive resolução de conflitos Relatórios anuais e das atividades individuais; "feed-back" dos participantes Interesses conflitantes entre a grande diversidade de participantes Conflítos excessivos; dificuldades chegando 'as conclusões de representantes Modificações adaptativas às estratégias do projeto Conflítos sociais ou políticos interferem com a representação adequada dos participantes no projeto Dificuldades de manter participação adequada nos comitês; Melhor entendimento no público canadense Idem e norte americano dos assuntos da pesca e conservação no Brasil B.3.2 Contribuição de informação de peixes e da Idem + melhor capacidade brasileiro de se pesca brasileira ao aquário Canadense promover no campo internacional C. Tema Transversal: Gênero, Jovens, Família C.1 Componente de gênero e família em oficinas Oportunidades para mulheres em todas asatividades do projeto C. 2 Visita de períto brasileiro em gênero no Melhor capacidade brasileira de criar Canadá oportunidades para mulher nos vários níveis sociais C. 3 Oficina identificando necessidades da Estratégias desenvolvidas para aumentar juventude ligada à pesca e estratégias para oportunidades de jovens nas comunidades resolvê-los de pesca D. Comunicação D. 1 Construção de página eletrônica sobre o projeto D. 2 Elaboração de jornal do projeto E. Administração E. 1 Reuniões da coordenação Número de contribuições; nível de consciência pública Indicadores de Risco Idem Idem 55 E. 2 Reuniões do Conselho Consultivo e Comitê "Feed-back" dos vários agentes envolvidos de Pilotagem no projeto; efetividade máxima das atividades AML detalhada das atividades Atividade Trimestre Atividade 1.1 1.2 1.3 1.4 2.1 2.2 2.3 2.4 3.1 3.2 3.3 3.4 Lugar Brasil Can. 1. Preparação para co-gerenciamento 1.1 Avaliação e revisão de estratégias 1.1.1 Revisão técnica de perito canadense X X X X X 1.1.2 Revisão de progresso X 1.1.3 Congresso de co-gestão e processos participativos g Agenda Subprojecto/tema Componente 1.2 Adaptação e transferência de experiência IARA X X 1.2.1 Transferência da experiênca da IARA 1.2.2 Assistência de biólogo canadense X X X X 1.3 Policiamento comunitário 1.3.1 Visita técnica de avaliação ao Brasil 1.3.2 Visita técnica ao Canadá para avaliar opções X X X X X X X X X X 1.3.3 Desenvolvimento de pautas de oficinas X 2. Construindo modos de vida sustentáveis 2.1 Avaliação participatória das características e necessidades das comunidades 2.1.1 Oficinas de avaliação e desenho de estratégias 2.2 Construindo capacidade comunitária X 2.2.1 Visita de sociólogo canadense 2.2.2 Visita comunitária ao Canadá X X X X X X X X X X X X X X X X 2.2.3 Intercâmbio comunitário brasileiro 2.2.4 Criação de redes entre ONGs e municípios X X X X X X 2.3 Criando alternativas de sustento 2.3.1 Revisão participativa de opções de alternativas 2.3.2 Semana de introdução de alternativas X X X 2.3.3 Implementação de alternativas 2.3.4 Treinamento em beneficiamento e mercadoria da pescada 2.3.5 Apoio de técnico canadense ao beneficiamento X X X X X X X X X X X X X X 2.3.5 Sessão conferencial de desenvolvimento e riscos de aqüicultura 2.3.6 Sessão conferencial de cultivo de peixes nativos X X 3. Segurando o recurso 3.1 Treinamento de técnicas de DNA usadas no manejo pesqueiro 3.1.1 Assistência canadense no Brasil treinando e implementando tecnologias de DNA 3.1.2 Estágios brasileiros no Canadá treinando nas técnicas de DNA X X X X X X X 3.1.3 Oficina de revisão de resultados X 3.2 Técnicas de estudos de migração 3.2.1 Estágio brasileiro no Canadá X X X X 3.2.2 Assistência canadense de radiotelemetria no Brasil 3.2.3 Oficina de revisão de resultados X X 3.3 Melhor capacidade da avaliação de estoques X 3.3.1 Sessão conferencial de avaliação de estoques 3.3.2 Assistência canadense no Brasil avaliando estoques X 3.3.3 Visita de longo prazo de biólogo canadense da pesca 3.3.4 Oficína de revisão X X X X X X X X 3.4 Reduzindo impacto de indústria 3.4.1 Missão brasileira no Canadá revisando impactos de barragens e as suas soluções 3.4.3 Assistência canadense em implementar resoluções X X X X X X X X 56 3.4.2 Oficína no Brasil revisando problemas e soluções Trimestre Subprojecto/tema Componente 1.1 1.2 1.3 1.4 2.1 2.2 2.3 2.4 3.1 3.2 3.3 3.4 Lugar Brasil Can. 3.5 Efetividade de peixamento X X 3.5.1 Sessão conferencial de peixamento (política e riscos) 3.5.2 Oficína de treinamento de efetividade de peixamento X X 3.6 Manejo de água X 3.6.1 Missão brasileira de manejo de áqua no Canadá X X 3.6.2 Oficina de revisão de manejo de água X 3.6.3 Visita, ao Brasil, de técnico canadense especialista em modelos de água g Agenda Atividade X X X 3.7 Melhoramento de habitat 3.7.1 Sessão conferencial e missão canadense ao Brasil X X X X X X X X 3.7.2 Missão brasileira ao Canadá 3.7.3 Oficina de passagens de peixes X X 3.7.4 Assistência canadense para desenho de passagens X X 3.7.5 Criação de estratégias comunitárias de melhoramento ambiental X 3.7.6 Oficina de revisão de resultados A. Tema Transversal: Ajudando no desenvolvimento de políticas da pesca sustentável com participação da comunidade X X A.1 Oficina de “stakeholders” da pesca A.2 Treinamento de participação nos comitês da bacia X A.3 Oficína de políticas industriais com responsabilidade social e ambiental X A.4 Estágios brasileiros no Canadá da avaliação não monetária de impactos ambientais e sociais A. 5 Participação em congressos internacionais X X X X X X X X X X X B. Tema Transversal: Conscientização Pública B.1 Atividades dirigidas às comunidades ribeirinhas X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X B.1.1 Oficína identificando alvos/metas da conscientização e educação B.1.2 Desenvolvimento de material da educação e conscientização B.1.3 Oficínas de desenvolvimento de aquário B.1.4 Contribuição à imprensa pública X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X B.2 Atividades dirigidas ào publico geral brasileiro B.2.1 Oficinas para definir alvos prioritários e do desenho de folder e estantes interpretativas B.2.2 Desenvolver folder e estantes interpretativas B.2.3 Oficina de desenvolvimento de aquário de maior porte nas cidades maiores B.2.4 Contribuição à imprensa com material da pesca X X X X X B.3 Atividades de alvo canadense e internacional B.3.1 Promoção de material do projeto para a imprensa no Canada B.3.2 Contribuição ao aquário Canadense X X X X C. Tema Transversal: Gênero, Jovens, Família C.1 Componente de gênero e família em oficinas X X X X C. 2 Visita de períto brasileiro em gênero no Canadá X X C. 3 Oficina identificando necessidades da juventude ligada à pesca e estratégias para resolvê-los X X D. Comunicação D. 1 Construção de página eletrônica sobre o projeto D. 2 Elaboração de jornal do projeto X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X E. Administração E. 1 Reuniões da coordenação E. 2 Reuniões do Conselho Consultivo e Comitê de Pilotagem 57 58 Orcamento Veja páginas em seguida Categoria Quantidade Orcamento total Custo Total Contribuicoes de parceiros Outros Ca UFSCar WFT Requesito da CIDA Outros Bras WFT (pessoa/dia) Principal Tecnico UFSCar 1,560 1,716 330 150 Subtotal Salarios 1 Outros parceiros brasileiros Honorarios Consultores Can. (pessoa/dia) Perito Tecnico 918,058 152,100 1707 195 500 350 int'l local Diaria & hotel 2900 500 172 Subtotal: int'l local Diaria + hotel Subtotal: 0 853,685 68,250 0 145,858 0 2900 500 170 0 620,100 573,966 0 573,966 0 427,685 426,000 68,250 0 0 165,300 55,000 133,644 494,250 165,300 55,000 133,644 353,944 155 737 2048 0 0 427,685 921,935 57 110 777 386,100 234,000 0 145,858 573,966 Subtotal: No/para Brasil Pass. aereas 128,700 23,400 573,966 Subtotal: Despesas direitas No/para Canada Pass. aereas 514,800 257,400 145,858 0 0 449,500 368,433 348,148 0 0 353,944 0 0 262,933 126,128 449,500 105,500 222,020 1,166,081 0 0 0 389,061 777,020 920,375 65,570 11,500 33,000 92571 498303 285,000 65,570 985,945 11,500 33,000 92,571 498,303 350,570 1,956,094 101,500 199,000 109,240 1,143,290 403,065 Orcamento Total (Cumulativo de 3 anos: $ CAN) Salarios 2 Outras despesas direitas Despesas Taxa de GST (Can) Subtotal: 3 Custos indiretos Subtotal: Total 1,956,094 101,500 199,000 109,240 1,143,290 403,065 $6,876,024 $265,100 $659,685 $347,669 $2,604,621 $2,998,949 1 Proporcional ao tempo de funcionarios ligado ao projeto Documentação, tradução, aluguel, materiais de consumo, etc. 3 Manutenção e administração de instalações e infrastrutura proporcional ao seu uso no projeto 2 59 Categoria Orcamento total Custo Total Contribuicoes de parceiros Outros Ca UFSCar WFT Requesito da CIDA Outros Bras Salarios WFT (pessoa/dia) Principal Tecnico UFSCar 520 572 330 150 Subtotal Salarios 1 Outros parceiros brasileiros Subtotal: 297,778 50,700 641 95 500 350 int'l local Diaria & hotel 2900 500 172 Subtotal: int'l local Diaria + hotel Subtotal: 0 320,423 33,250 0 40,378 0 2900 500 170 0 206,700 233,923 0 233,923 0 151,423 169,000 33,250 0 0 89,900 42,500 115,240 202,250 89,900 42,500 115,240 247,640 60 261 829 0 0 151,423 353,673 31 85 670 128,700 78,000 0 40,378 233,923 Subtotal: No/para Brasil Pass. aereas 42,900 7,800 233,923 Honorarios Consultores Can. (pessoa/dia) Perito Tecnico Despesas direitas No/para Canada Pass. aereas 171,600 85,800 40,378 0 0 174,000 222,543 200,718 0 0 247,640 0 0 92,021 59,814 174,000 130,521 140,904 597,261 0 0 0 151,835 445,425 375,310 39,022 6,500 28,000 28659 177851 134,300 39,022 414,332 6,500 28,000 28,659 177,851 173,322 761,013 50,500 73,000 35,864 467,295 134,355 761,013 50,500 73,000 35,864 467,295 134,355 $2,905,620 $107,700 $252,423 $104,901 $1,030,904 $1,409,692 Orcamento do Primeiro Ano do Projeto ($ CAN) Quantidade 2 Outras despesas direitas Despesas Taxa de GST (Can) Subtotal: 3 Custos indiretos Subtotal: Total 1 60 Proporcional ao tempo de funcionarios ligado ao projeto Documentação, tradução, aluguel, materiais de consumo, etc. 3 Manutenção e administração de instalações e infrastrutura proporcional ao seu uso no projeto 2 Categoria Orcamento total Custo Total Contribuicoes de parceiros Outros Ca UFSCar WFT Requesito da CIDA Outros Bras Salarios WFT (pessoa/dia) Principal Tecnico UFSCar 520 572 330 150 Subtotal Salarios 1 Outros parceiros brasileiros Honorarios Consultores Can. (pessoa/dia) Perito Tecnico 322,503 50,700 0 65,103 0 0 0 823 100 500 350 int'l local Diaria & hotel 2900 500 172 Subtotal: int'l local Diaria + hotel Subtotal: 411,415 35,000 0 2900 500 170 180,915 206,700 229,377 0 229,377 0 230,500 35,000 0 0 26,100 8,500 13,244 265,500 26,100 8,500 13,244 47,844 73 363 977 0 180,915 446,415 9 17 77 128,700 78,000 0 65,103 229,377 Subtotal: No/para Brasil Pass. aereas 42,900 7,800 229,377 Subtotal: Despesas direitas No/para Canada Pass. aereas 171,600 85,800 65,103 0 0 211,700 181,614 166,146 0 0 47,844 0 0 124,114 43,406 211,700 57,500 122,740 559,460 0 0 0 167,520 391,940 321,169 22,328 5,000 5,000 35253 172416 103,500 22,328 343,497 5,000 5,000 35,253 172,416 125,828 711,385 36,500 123,000 37,512 380,018 134,355 711,385 36,500 123,000 37,512 380,018 134,355 $2,660,480 $92,200 $308,915 $137,868 $949,330 $1,172,167 Orcamento do Segundo Ano do Projeto ($ CAN) Quantidade 2 Outras despesas direitas Despesas Taxa de GST (Can) Subtotal: 3 Custos indiretos Subtotal: Total 1 61 Proporcional ao tempo de funcionarios ligado ao projeto Documentação, tradução, aluguel, materiais de consumo, etc. 3 Manutenção e administração de instalações e infrastrutura proporcional ao seu uso no projeto 2 Categoria Quantidade Orcamento total Custo Total Contribuicoes de parceiros Outros Ca UFSCar WFT Requesito da CIDA Outros Bras Salarios 520 572 330 150 Subtotal Salarios 1 Outros parceiros brasileiros Subtotal: 297,778 50,700 244 0 500 350 int'l local Diaria & hotel 2900 500 172 Subtotal: int'l local Diaria + hotel Subtotal: 0 121,846 0 0 40,378 0 2900 500 170 0 206,700 102,636 0 102,636 0 95,346 26,500 0 0 0 49,300 4,000 5,160 26,500 49,300 4,000 5,160 58,460 22 110 224 0 0 95,346 121,846 17 8 30 128,700 78,000 0 40,378 102,636 Subtotal: No/para Brasil Pass. aereas 42,900 7,800 102,636 Honorarios Consultores Can. (pessoa/dia) Perito Tecnico Despesas direitas No/para Canada Pass. aereas 171,600 85,800 40,378 0 0 63,800 55,140 38,102 0 0 58,460 0 0 45,640 19,912 63,800 9,500 18,190 157,042 0 0 0 65,552 91,490 220,672 4,221 0 0 28659 144813 47,200 4,221 224,893 0 0 28,659 144,813 51,421 461,784 14,500 3,000 35,864 274,065 134,355 461,784 14,500 3,000 35,864 274,065 134,355 $1,424,439 $65,200 $98,346 $104,901 $587,066 $568,926 Orcamento do Terceiro Ano do Projeto ($ CAN) WFT (pessoa/dia) Principal Tecnico UFSCar 2 Outras despesas direitas Despesas Taxa de GST (Can) Subtotal: 3 Custos indiretos Subtotal: Total 1 62 Proporcional ao tempo de funcionarios ligado ao projeto Documentação, tradução, aluguel, materiais de consumo, etc. 3 Manutenção e administração de instalações e infrastrutura proporcional ao seu uso no projeto 2 63 Detalhamento de Contrapartidas Comprometidas da Parceria Brasileira (Cumulativo dos 3 anos; em $R com total em $Can) Instituição UFSCar Horas Técnicas Transporte Diárias 449450 41155 118462 Outros5 Federação Pesca Uso Lab.6 Total 18800 627868 500000 500000 Codevasf 24600 60000 60000 144600 UFMG 527000 57000 139000 110000 1077000 1910000 UFRN 5000 1000 1000 2000 7000 16000 100000 400000 500000 90000 1100 1800 1200 12000 106100 21900 4800 7004 34716 CAP/ 3 Marias Embrapa 7 IARA 1012 Polícia Mil. PUC 336000 72000 UESC 26580 2500 3000 2000 15000 5000 10000 362580 120000 199500 30000 UFAL 267000 6500 4000 5000 180000 462500 UFRJ 188340 77000 19389 92000 131680 508408 UFSC 36810 4320 3780 5060 31300 81270 UNICamp 27702 24000 52702 USP/EESC 14000 2000 1000 4000 36000 57000 Min Justiça 7310 40752 12074 FEMA - MT 45000 55000 75000 10000 15000 200000 1000 MMA8 60136 700000 700000 Total ($R) 1.755.224 639.327 406.406 1.132.640 2.619.784 $R 6..553.381 Total ($can)9 $769.835 $280.406 $178.248 $496.772 $114.9028 $ 2.874.290 5 Inclusive material de consumo e recursos disponíveis para outras despesas necessários a ser detalhado durante a implementação do projeto 6 Uso do Laboratório (custos indiretos) 7 Incluindo recursos para a serem captada da IDRC pela intervenção da WFT 8 Recursos em dinheiro a serem disponibilizados por via de convênio do MMA junto à Fundação de Amparo Institucional da UFSCar 9 Taxa aproximada de 10/10/2003: $R 2.28/ $ CAN 64 Apêndice 1: Sumário da estrutura do projeto e das atividades Objetivo específico • Criar e implementar um modelo de manejo do Rio São Francisco sócioambientalmente sustentável que forneça modos de vida sustentável para comunidades de pescadores artesanais, assegure o recurso pesqueiro, e possa ser aplicado em outras áreas do país. Impactos • Redução da pobreza, melhor eqüidade de gênero e melhor bem estar da família das comunidades de pescadores • Sustentabilidade do recurso pesqueiro a longo prazo Indicadores de Desempenho (de longo prazo) • Melhor renda familiar, criação de alternativas de modos de vida, e melhor qualidade de vida das famílias de pescadores (acesso aos serviços sociais e melhor imagem social) • Melhor rendimento pesqueiro, quantitativa e qualitativamente. 65 Sub-Projeto 1: Preparando comunidades para o co-gerenciamento Resumo Atividades neste projeto prepararão comunidades-piloto no São Francisco, universidades, e governos para co-gerenciamento da pesca, com base em experiências de outras partes do país e do Canadá. As atividades serão agrupadas em três áreas principais e serão integradas com atividades do Sub-Projeto 2 quando apropriado. Ligações com Temas Transversais 1 e 3 serão feitos por meio de considerações nas atividades individuais. Efeitos • Desenvolvimento de habilidades técnica e social das comunidades-pilotos para participarem na gestão da pesca com ferramentas tecnológicas e sociais apropriadas. • Maior capacidade de grupos ligados à pesca para construir co-gerenciamento da pesca em outras áreas do São Francisco e do país Indicadores de desempenho • Número de publicações do co-gerenciamento e do uso de processos participativos no Brasil • Número de comunidades de pescadores que receberam treinamento na co-gestão da pesca • Desenvolvimento de estratégia para a construção da co-gestão em outras áreas do São Francisco (publicada em jornais e relatórios) • Agenda e pautas de oficinas de treinamento em fiscalização comunitária da pesca no Brasil • Desenvolvimento de estratégias de fiscalização comunitária • Número de treinados desagregado por gênero e função 66 Atividades 1.1) Avaliação participatória e revisão de estratégias de cogerenciamento 1.1.1) Visita técnica de especialistas canadenses em co-gerenciamento da pesca e da integração de conhecimentos locais e científicos na gestão de recursos naturais. 1.1.2) Conferência para facilitadores, lideres de comunidades de pesca, e representantes governamentais de (1) co-gerenciamento da pesca e integração de conhecimentos local e científico da biologia para o manejo de recursos naturais no Brasil, e (2) estratégias de pesquisa e desenvolvimento participativo (incluindo experiências de todo o Brasil e Canadá). 1.1.3) Visita de perito canadense para avaliar o andamento da realização do projeto. Resultados: Relatório da situação atual e estratégias para o co-gerenciamento da pesca no contexto brasileiro; melhor conscientização por parte do governo (IBAMA, IEF), comunidades e universidades sobre opções e realidades do co-gerenciamento da pesca; publicação de revisões de processos participativos em desenvolvimento no Brasil; treinamento de parceiros em comunicação e resolução de disputas; estratégias iniciais para construir co-gerenciamento comunitário da pesca no São Francisco revisadas segundo outras experiêncas brasileiras e canadenses. 1.2) Adaptação e transferências de experiências com o cogerenciamento da pesca no Amazônia para o Rio São Francisco 1.2.1) Transferência das experiências da IARA do Amazonas para duas comunidades-piloto no Rio São Francisco (incluindo oficinas participatórias comunitárias, oficinas de treinamento, publicações educacionais; cofinanciamento esperado da IDRC); 1.2.2) Apoio a longo prazo de biólogo canadense especialista na área da pesca no Brasil, para ajudar na implementação e monitoramento do processo de transferência. Resultados: Implementação, com monitoramento, de co-gerenciamento da pesca em comunidadespiloto com base em experiêncas em outras partes de Brasil; modelagem para adaptação de co-gerenciamento a outras partes do Rio São Francisco e outras bacias. 67 1.3) Avaliação e implementação de de estratégias de policiamento comunitário para fiscalização pesqueira e para o fortalecimento da comunidade 1.3.1) Visitas técnicas de canadenses ao Brasil com o objetivo de avaliar estratégias de policiamento comunitário da pesca. 1.3.2) Visita técnica de brasileiros ao Canadá para conhecer e avaliar estratégias canadenses de policiamento comunitário e de fiscalização pesqueira. 1.3.2) Mini-oficinas no Brasil para identificar estratégias apropriadas para a implementação do policiamento comunitário e para desenvolver cursos de treinamento de policiais e membros comunitarios. Resultados: Estratégias para a implementação apropriada de policiamento comunitário, incluindo melhores relações entre policiais e comunidade e currículos para cursos de treinamento. Participantes brasileiros 10 Chave: UFMG (grupos de Alex Godinho e Projeto Elos), Nupelia, UFSCar (Ciências Sociais e Etnoecologia), IBAMA (Brasília, Minas, CEPTA, ProVarzea), UFRJ, CAP, Polícia Militar, IARA, Colônias de Pesca, UNICAMP, Federação da Pesca (Minas), UFAL, IEF, e Ministério da Justiça (DPDH). Participantes: SRH, CRHEA, UFSC (Saneamento e Aqüicultura), Embrapa, PUC - Minas, MA, UESC, CEMIG, PNDP, MMA, Xingo, e UTAM. Interessados: UFRN, UNESP, CODEVASF, MMA - Pantanal, SPDS, CETEC, e Fundação Biodiversitas. 10 “Chave” = relacionado diretamente com o impacto nas áreas-piloto do SF – prioridade na participação & financiamento; “Participante” = impacto primário em outras áreas do país mas com implicações diretas no São Francisco; “Interessado” = impacto em outras áreas do país; “Outros” = importância potencial no projeto mas ainda nao ligado nele. 68 Outros importantes: UNESP – Rio Claro (Petrere), UNICAMP - Alpina Begossi, UFSCar – Paulo Vieira, e ANA. Participantes canadenses F. Berkes e assistente (Cristiana Seixas); UBC-CHS; Uvic - Dispute Resolution Centre; WFT e outra perícia de co-gerenciamento. Atividades brasileiras que assegurem continuidade No São Francisco: UFSCar, Projeto Elos (UFMG), UFAL,Projeto Xingó, and IBAMA. Em outras regiões: Nupelia – Rios Paraná e Cuiabá, Embrapa – Pantanal, IBAMA – Amazonas, represas do NE, UFSC – lagoas e rios de SC, UTAM – Amazonas, UFRN – NE, UESC – Bahia (aguas doce e marinha). Em nível nacional e estadual: IBAMA e IEF. Organização (coordenação executiva inicial) 11 Brasil: ProVarzea/IARA Canadá: World Fisheries Trust Sub-projeto 2: Construindo um modo de vida sustentável Resumo As atividades de Sub-Projeto 2 irão fortalecer comunidades com colônias de pesca, particularmente no sentido de serviços que essas possam prover para famílias de pescadores, e irão ajudar na criação de novas opções de modo de vida sustentável para essas famílias. Ligações com o policiamento comunitário (Sub-Projeto 1) e os Temas Transversais 2 e 3 (Conscientização Pública, e Genêro/família/juventude) são essenciais, e serão possibilitados pela simultaneidade de eventos e/ou pela incorporação direta nas atividades dos outros temas e do sub-projeto referido. 11 Candidados iniciais da Coordenaçao Executiva. 69 Efeitos • Serviços e políticas sociais de comunidades piloto ribeirinhas fortalecidos e acessíveis aos pescadores e famílias • Comunidades com capacidade para atividades alternativas que possam prover um melhor retorno dos recursos de pesca ao mesmo tempo em que se alivia a pressão sobre a pesca. Indicadores de desempenho • Melhoria da renda média familiar de pescadores • Melhoria na qualidade de vida de comunidade de pescadores (acesso à nutrição de alta qualidade, educação, e saneamento) • Melhoria quantificada da opinião sobre bem estar por parte dos pescadores e de suas famílias • Número de oportunidades de subsistência acessíveis a membros de comunidades de pescadores (desagregado por gênero) • Número de comitês ou associações da área criados ou revitalizados • Número de estratégias relevantes de desenvolvimento implementadas municipalmente • Quantidade, qualidade e valor de produtos de pesca comercializados • Número de pessoas treinadas desagregado por gênero e função Atividades 2.1) Avaliação participatória dos atributos, necessidades, e estratégias de desenvolvimento da comunidade 2.1.1) Oficinas e pesquisas sobre desenvolvimento e bem estar das comunidades, usando métodos participativos, inclusive avaliações de capacidade existente, necessidades e interesses para encontrar maneiras de melhorar condições de vida das comunidades pesqueiras (três comunidades-piloto no alto e médio São Francisco); opções de modo de vida apropriadas e melhores oportunidades educacionais (para jovens e adultos) serão incluídas nessas discussões. 70 Essas oficinas e pesquisas, com duração de 1-2 semanas, focarão participação comunitária e incluirão tanto canadenses e brasileiros no papel de facilitadores, incorporando assim experiências de ambos os países, e construindo capacidade de facilitar oficinas e programas que possam ser aplicados em outras comunidades. Policiais selecionados serão envolvidos também neste processo para ajudar a construir o componente de policiamento comunitário do projeto. 2.2) Fortelecendo capacidade comunitária Estratégias de desenvolvimento de modos de vida sustentáaveis serão implementadas com apoio de: 2.2.1) Permanência, a longo prazo, de canadense da àrea social no Brasil e oficinas de revisão 2.2.2) Visita técnica de liderança da comunidade piloto ao Canadá para conhecer comunidades canadenses vivendo a redução de recursos pequeiros e explorando atividades alternativas. 2.2.3) Facilitação de intercâmbio entre comunidades brasileiras 2.2.4) Fortalecimento de redes de ONGs relacionado com desenvolvimento comunitário Resultados: Relatórios de avaliação da situação atual das comunidades; estratégias para os governos municipais de melhoramento de serviços comunitários e da construção de opções alternativas de modo de vida; melhorar capacidade de facilitação em parceiros universitários e governamentais. 2.3) Criando alternativas de modo de vida Altividades alternativas que já tenham sido aceitas no Brasil serão avaliadas e adaptadas, além de considerar novas opções através de: 2.3.1) Sessão especial de conferência e oficinas sobre benefícios, riscos, e tecnologia para piscicultura em gaiolas e tanques para comunidades, incluindo discussões sobre estratégias de desenvolvimento apropriadas, sobre o uso de espécies introduzidas e híbridas, buscando práticas ambientalmente benignas. Com base em nossa pesquisa preliminar, mulheres, jovens, e associações cooperativas serão alvos prioritários dessas oficinas. A participação de órgãos governamentais e de hidro companhias nesse desenvolvimento será essencial para assegurar circunstâncias de legislação apropriadas e de financiamento. 71 2.3.2) Missões de treinamento para o Canadá sobre processamento de agregação de valor ao pescado e de avaliação de mercado. 2.3.3) Missão canadense ao Brasil para ajudar a desenhar instalações, cursos de treinamento, e estratégias de mercado, inicialmente por meio do Projeto Xingó no baixo São Francisco e do CAP no médio-alto São Francisco. Certificação de produtos e estabelecimento de associações ou cooperativas de pescadores serão considerados se apropriados. Essas atividades irão reconhecer que o desenvolvimento do mercado não deve ser baseado no aumento da pesca do rio, mas deve focar o melhor retorno da pesca existente e incorporar produtos da aqüicultura. Oficinas apropriadas e cursos de treinamento oferecidos serão desenvolvidos para outras comunidades, a partir dessa experiência. 2.3.4) Sessão especial em conferência de aqüicultura ou oficina no Brasil com foco em identificar e resolver as necessidades da piscicultura de espécies nativas, em particular as espécies de bagres. 2.3.5) Revisão de atividades alternativas e semana de oficinas e demonstrações nas comunidades-piloto para desenvolver opções de modo de vida (ecoturismo, artesanato, iscas, cozinha, e outros) com refinamento de protocolos de treinamento (organizadas com apoio de longo prazo de sociólogo canadense). Resultados: Estratégias para desenvolver e implementar piscicultura ambientalmente benigna com base na comunidade; centros desenvolvidos para treinamento em beneficiamento da pesca e mercado artesanal; seleção e estratégia para treinamento e desenvolvimento de opções alternativas apropriadas de modo de vida. Participantes brasileiros Chave UFMG (Elos), Colônias e Federação da pPesca, PNDP (IBAMA), CAP/Município de Três Marias, UFAL, MAPA, UFSCar. Participantes Embrapa, IARA, IEF, IBAMA, Provarzea, e Nupelia. Participantes canadenses WFT, CHS-UBC, Memorial University/Marine Institute, DFO, LGL, e Comunidades. 72 Atividades brasileiras que assegurem continuidade No São Francisco: UFSCar, Elos, UFAL, Projeto Xingó, e IBAMA. Outras regiões MMA, PNDP, e MA. Organização/ coordenação Brasil : MAPA - DPA Canadá : WFT e CHS - UBC. Sub-projeto 3 – Assegurando o recurso da pesca Resumo As atividades nesse sub-projeto irão construir melhor capacidade técnica para dar suporte à manutenção e reconstrução de estoques de peixes, tanto em termos de melhoramento na coleta e interpretação de dados quanto em termos de melhor estratégias operacionais de manejo e mitigação de impactos humanos. Efeitos • Melhor capacidade técnica nas universidades, governo, indústria e comunidades para re-construir e manejar populações de peixes nativos • Melhores estratégias para manejar e mitigar efeitos humanos sobre peixes e sobre o ambiente aquático. Indicadores de desempenho • Número de publicações de estudos refletindo sobre tecnologias transferidas, inclusive publicações focando o entendimento dos avanços pela comunidade • Número de políticas publicadas ou adotadas por agências, políticas que incorporem peixes e pesca em planos de manejo da água • Número e tipo de protocolos, revisados ou novos, de operação de barragens implementado para reduzir a mortalidade de peixes • Número de avaliações de estoques ou políticas publicadas que levem em conta o conhecimento local 73 • Número de relatórios e publicações relatando a efetividade de peixamento e mudanças na sua prática • Número de publicações de projetos de melhoramento de habitat • Número de projetos comunitários de melhoramento de habitat • Número de participantes em oficinas, congressos e estágios (desagregado por gênero e função) Atividades 3.1) Melhorar o manejo pesqueiro com tecnologia de DNA O melhoramento no manejo pesqueiro no Brasil será realizado por meio de melhor capacidade de avaliar, com tecnologia de DNA, a relação entre populações de peixes. Incluirá: 3.1.1) Visita técnica (de três meses) de um canadense ao Brasil para ajudar na implementação e desenvolvimento de sondas de DNA e na aplicação de informação genética para o manejamento da pesca, incluindo mini-cursos sobre esses tópicos. 3.1.2) Estágios brasileiros de curto prazo no Canadá para treinar nas técnicas de desenvolvimento de sondas de DNA e aplicação dessas no manejo da pesca. 3.1.3) Oficinas de revisão no Brasil para ajudar na criação de redes de comunicação, avaliar progresso e definir direções futuras (como parte de uma conferência). Resultados Melhor capacidade b rasileira de monitoramento de populações de peixes usando técnicas genéticas e habilidade de incorporar essa informação no manejo da pesca. 3.2) Melhorar a habilidade de estudar e entender o comportamento migratório do peixes brasileiros A capacidade de melhor manejo e desenvolvimento de medidas de mitigação dos efeitos indesejáveis às populações de peixes brasileiras será desenvolvida por transferência de tecnologias de como estudar e entender o comportamento migratório dos peixes, inclusive: 74 3.2.1) Visita técnica ao Canadá de brasileiros-chave para serem treinados em tecnologias para avaliar o comportamento migratório do peixe (juntamente com a missão de rever os problemas industriais); 3.2.2) Assistência técnica canadense no Brasil para ajudar a organizar dois projetos contrastantes de radiotelemetria refletindo prioridades brasileiras (envolvendo membros da comunidade) 3.2.3) Oficina combinando especialistas internacionais, brasileiros e canadenses, em migração de peixes, para avaliar o progresso e definir direções futuras, incluindo incorporação de conhecimento local (integrada à conferência da SBI) Resultados Melhor capacidade brasileira em estudar e entender a migração de peixes em relação ao seu manejo apropriado e conservação – ambos em níveis científicos e comunitários; estratégia desenvolvida para atender essas necessidades. 3.3) Melhorar habilidade para avaliar estoques Ajudaremos a revisar as técnicas de avaliação de estoques de peixes apropriados para a situação brasileira e a implementação de técnicas mais promissoras que possam ser apoiadas por experiências canadenses. 3.3.1) Oficina ou sessão da conferência combinando especialistas internacionais, brasileiros e canadenses para identificar técnicas de avaliação e monitoramento de estoques mais apropriados para o Brasil, inclusive incorporando conhecimento local. 3.3.2) Missões técnicas canadenses para o Brasil para ajudar na implementação de tecnologia canadense de avaliação de estoques de peixes (por exemplo, aplicações de hidroacústica em reservas e roda de peixes em rios); 3.3.3) Visita ao Brasil, por longo prazo, de biólogo canadense da área de pesca, para ajudar na implementação dessas tecnologias; 3.3.4) Oficinas de avaliação para monitorar o processo e indicar direções apropriadas. Resultados Melhor capacidade brasileira de fazer avaliações de estoques pesqueiros no ambiente brasileiro; estratégia desenvolvida para continuar a construir essa capacidade e o entendimento do processo tanto entre cientistas quanto na comunidade local. 75 3.4) Reduzindo impactos industriais Três componentes são necessários para reduzir os impactos de barragens: 1) avaliação e identificação de problemas; 2) identificação e transferência de tecnologia apropriada, e 3) integração de programas para conscientização pública. As atividades propostas são: 3.4.1) Visita técnica ao Canadá por brasileiros-chave para revisar os problemas operacionais canadenses de hidroelétricas e como estes são tratados; 3.4.2) Oficina para estabelecer prioridades da mitigação de efeitos de barragens (participação brasileira e canadense); 3.4.3) Visitas técnicas de canadenses ao Brasil para transferir conhecimento e tecnologia identificados como prioritários (ex: experiência em contagem hidroacústica de peixes - coincidente com avaliação de estoques). 3.4.4) Oficina no Brasil das vantagens da associação de políticas ambientais e sociais que sejam abertas, saudáveis e inclusivas e estratégias para adquirí-las (com participação brasileira e canadense); 3.4.5) Estágio de brasileiro no Canadá para ser treinado em valorização nãomonetária de componentes ambientais e sociais em medidas de impactos e no seu manejo. Resultados: Melhores protocolos e estratégias na indústria brasileira de hidroelétricas (CEMIG especificamente) para tratar os efeitos negativos de barragens sobre os peixes; melhores políticas sociais e ambientais na indústria hidroelétrica. 3.5) Efetividade de peixamento É necessário, no Brasil, conscientizar praticantes e o público em filosofias e riscos de peixamento e na importância da transferência de tecnologia para conseguir sua efetividade. Para atender tal necessidade, iremos realizar as seguintes atividades: 3.5.1) Sessão de conferência no assunto de peixamento (participação brasileira, canadense e internacional) para discutir e adaptar filosofias e identificar tecnologias e políticas necessárias para a situação brasileira (o assunto também será tratado no tema de conscientização pública). 3.5.2) Oficinas de treinamento em marcação de alevinos para avaliar efetividade de peixamento. Resultados Melhor entendimento público e científico dos assuntos relacionados com peixamento; sugestão de código de melhores práticas em relação ao peixamento no Brasil; melhor capacidade brasileira e estratégias para monitoramento dos efeitos de peixamento. 76 3.6) Manejo da água O projeto vai apoiar a evolução de modelos de gerenciamento da água e de práticas no Brasil que levem em consideração grupos múltiplos de usuários e ainda incorporem componentes sociais e ambientais que influem no ecossistema aquático e nas comunidades pesqueiras. Trabalharemos sobre investimentos prévios de CIDA em tecnologia de manejo de água no Brasil por meio das seguintes atividades: 3.6.1) Visita técnica ao Canadá de brasileiros-chave para revisar práticas de manejo de água (inclusive com participação em congresso); 3.6.2) Oficina no Brasil revisando modelos de gerenciamento de água. 3.6.2) Visita de profissional canadense ao Brasil para ajudar no desenvolvimento de um modelo híbrido brasileiro-canadense de manejo de água adaptado à situação brasileira. Resultados Melhor conhecimento, no nível internacional, de assuntos atuais sobre práticas de manejo de água por brasileiros-chave na formulação de políticas, na comunidade científica e nas comunidades locais; melhor modelo de manejo de águas que incorporem componentes sociais e ambientais. 3.7) Melhoramento de habitat: O projeto vai tratar de dois assuntos: 1) recuperação das margens dos rios utilizando e promovendo interesses comunitários e 2) estrutura de passagens de peixes por barragens: 3.7.1) Visitas técnicas de canadenses ao Brasil e oficina para ajudar a priorizar e implementar tecnologias que avaliem a importância relativa de componentes de habitat para o funcionamento do ecossistema e incorporem conhecimento local e atividades comunitárias. 3.7.2) Missão técnica ao Canadá revisando práticas de conservação e rehabilitação de habitat (simultânea à missão de revisão da indústria hidroelétrica – 3.4.1) 3.7.3) Oficina internacional no Brasil revisando tecnologias de passagens de peixes e como elas se aplicam aos peixes tropicais, especificamente peixes migratórios do Brasil (ligado à conferência da SBI); 3.7.4) Assistência técnica de canadenses na implementação de estudos de radiotelemetria os quais caracterizem adequadamente o comportamento de peixes para o desenho de estruturas apropriadas de passagem de peixes. 3.7.5) Incentivação de projetos comunitários de rehabilitação de habitat. 3.7.6) Oficina de revisão de progresso e estratégias. 77 Resultados Melhor capacidade e entendimento brasileiro da recuperação de habitat aquático e da estrutura e aplicação de passagens de peixes; estratégias e redes para desenvolver este campo no futuro. Participantes Brasileiros Chave: UFSCar, CEMIG, UFMG, PUC-Minas, UNESP-Botucatu, CAP, Colônia de Pescadores TM, CODEVASF, SRH, e IEF. Participantes Nupelia, UFSC (Aqüicultura), Embrapa, IARA, CEPTA, UFAL, Provarzea, IEF, Unicamp, CRHEA (USP), e COPPE (UFRJ). Interesados UFRN, UESC. Outros importantes UNESP - Rio Claro (Petrere) Participantes canadenses SeaStar BioTech, DFO - Chris Wood (genetics), DFO - Mulligan (hydroacoustics), LGL, WFT, e uma variedade de peritos internacionais. Atividades brasileiras que assegurem a continuidade Variedade de pesquisas e projetos de extensão dos parceiros. Organização/coordenação Brasil: UFMG (Alexander Godinho) e IBAMA . Canadá : WFT. 78 Tema transversal A: Ajudando a desenvolver políticas para pesca sustentável com participação da comunidade Resumo O nosso projeto não pretende escrever novas políticas pesqueiras, mas pode influir no seu desenvolvimento de várias maneiras, a saber: inclusão de formadores de políticas no projeto, participação de múltiplos agentes nas atividades do projeto para criar ligações colaborativas (componentes transversais), e treinamento de participantes para tomar parte de reuniões de múltiplos agentes de maneira mais significativa. Efeitos • Redes de apoio para co-gerenciamento da pesca com base em comunidades • Parceiros envolvidos no desenvolvimento de políticas favoráveis à sustentabilidade de recursos pesqueiros e ao modo de vida da pesca artesanal. Indicadores de desempenho • Nível de participação de agentes múltiplos nas reuniões de planejamento • Número de novas políticas de pesca que especifiquem a participação da comunidade • Número de brasileiros contribuindo em eventos internacionais de manejo de recursos aquáticos Atividades A.1) Reuniões de múltiplos agentes nas comunidades-piloto pesqueiras para identificar barreiras de comunicação e de colaboração A.2) Oficinas de treinamento dos vários agentes, em particular das comunidades de pescadores, para participar nos Comitês de Bacias A.3) Esforços no sentido de facilitar a participação de brasileiros chave em conferências internacionais de manejo de água e políticas de pesca no Canadá e outros lugares. Resultados Melhores caminhos de comunicação entre agentes (“stakeholder”) interessados no recurso; melhor entendimento por estes agentes de assuntos de pesca de relevância internacional; melhor capacidade das comunidades em participar de encontros de agentes múltiplos. 79 Participantes Brasileiros Chave UFSCar, UFRJ, IBAMA, MA, SRH, CRHEA. Participantes Unicamp, Provarzea, IARA, CAP. Interessados ANA. Participantes canadenses UVic (Dispute Resolution Centre) e WFT. Organização / coordenação Brasil: UFSCar, Federação de Pescadores. Canadá : WFT Tema Transversal B – Apoiando a conscientização e educação pública Resumo Melhor conscientização pública de assuntos ligados à pesca e às comunidades pesqueiras são elementos-chave na sustentabilidade de mudanças na maneira de gestão da pesca. Neste sentido, conscientização pública e educação são essenciais pelo sucesso e implementação de todos os aspectos do projeto. A perícia canadense irá contribuir na definição de alvos, desenho de estratégias de conscientização, e desenho e produção de projetos piloto em cada área priorizada. B.1 Atividades para a comunidade ribeirinho A conscientização pública no nível da comunidade ribeirinha precisa envolver o juventude para assegurar sustentabilidade dos efeitos e criar habilidades e éticas apropriadas de gestão (“stewardship”). O pescador profissional deve ser reconhecido e valorizado, e o conhecimento local deve ser integrado com conhecimento mais técnico para criar essas habilidades de gestão. As atividades a serem realizadas são: 80 B.1.1) Oficinas com participação canadense e brasileira para identificar meios apropriados de conscientização pública e desenvolver material educacional e eventos, inclusive discussão de como, no nível comunitário, selecionar, planejar e implementar eventos de conscientização pública - coordenada com a oficina da atividade 2.1.1). B.1.2) Criação de ferramentas e materiais educacionais piloto (jogos, folhetos, guias de instrução, folder, e estandes - segundo priorização da oficina) que integrem conhecimento local e cientifico e reconheçam o papel do pescador profissional na sociedade B.3) Oficina de desenvolvimento de aquários públicos menores como ferramentas de interpretação do ambiente no nível da comunidade B. 4) Esforços no sentido de facilitar o desenvolvimento de programas interpretativos de assuntos da pesca no rádio e televisão B.2 Atividades para público em geral do Brasil O público geral do Brasil fica menos exposto cotidianamente ao ambiente aquático, mas provavelmente danifica-o muito durante o contato ocasional ou por meio de efeitos secundários da vida normal. As atividades deverão focar a conscientização de pessoas sobre o recurso aquático valioso que lhes pertence e sobre as pessoas que dependem desse recurso, as ameaças ao recurso, e coisas que podem ser feitas para ajudar na preservação. As atividades incluem: B.2.1) Oficina para definir prioridades de audiências e desenho de estandes, folder, e interpretação para essas diferentes audiências (parte da oficina B.1.1) B.2.2) Desenvolvimento de estandes móveis e folders que integrem informações locais e técnicas para apresentar o ecossistema aquático brasileiro (piloto a ser selecionado a partir da priorização B.2.1) B.2.3) Oficina para apoiar o planejamento e desenvolvimento de aquários públicos em centros urbanos maiores no Brasil B.2.4) Contribuição de experiências do projeto para programas de televisão produzidos localmente que mostrem assuntos de pesca B.3. Atividades para público-alvo canadense e internacional A principal função da conscientização do público canadense e internacional de ecossistemas aquáticos do Brasil é apoiar um ambiente de participação internacional apropriado à gestão e conservação do recurso pesqueiro. Isto ajuda também a criar orgulho brasileiro sobre seu próprio recurso. As atividades serão: 81 B.3.1) Promoção de cobertura televisiva e da imprensa do projeto no Canadá B.3.2) Ajuda ao desenho e implementação da nova galeria de peixes brasileiros no Aquário de Vancouver (Canadá) Indicadores de desempenho • Número de jogos, folhetos, guias de instrução, estandes feitos e distribuídos • Número de participações em programas de televisão e artigos publicados na imprensa • Número e tipo de planos comunitários de construção de aquários • Número de estratégias de conscientização de assuntos-chave • Número de oportunidades de conscientização aproveitados no Brasil e Canadá. Participantes brasileiros Chave UFSCar, UFMG (Elos), Polícia Militar, Nupelia, Colônias e Federação, CAP, Xingó, UFAL, SRH, IBAMA. Participantes Embrapa, IARA,IEF, Provarzea. Interessados UTAM, UESC. Participantes canadenses Vancouver Aquarium, Imagecraft Studios, e WFT. Organização /coordenação Brasil: CAP Canadá : WFT 82 Tema transversal C: Ajudando a criar oportunidades para mulheres, jovens, e famílias Resumo Provisão de oportunidades iguais para homens e mulheres em todas as atividades do projeto e construção de oportunidades para o bem-estar de jovens e famílias serão prioridades neste projeto. Identificação de problemas e necessidades relacionados a sexo/juventude/família serão um dos temas em quase todas as oficinas, palestras e entrevistas neste projeto (participação de ambos Brasileiros e canadenses ). Isso irá incluir: • Monitoramento de resultados desagregados por gênero; • Oficinas em comunidades e Colônias de Pesca identificando necessidades sociais e educacionais, além de recursos disponíveis e maneiras de fortalecê-los. • Suporte para rede de comunicações entre ONGs comunitárias e municipalidades que focam oportunidades para mulheres e classes sociais não privilegiadas (como indicado acima). Efeitos • Oportunidades novas e iguais de modo de vida e de acesso aos serviços para mulheres e jovens das comunidades pesqueiras; • Maior conscientização sobre gênero, juventude, e assuntos familiares nas comunidades- piloto; • Maior capacidade de subsistência familiar saudável nas comunidades pesqueiras da área piloto. Indicadores • Estatísticas de participação no projeto desagregadas por gênero, inclusive de participantes das comunidades; • Quantidade e tipo de comunicações melhoradas entre ONGs comunitárias e municipalidades em relação a oportunidades para mulheres (reuniões, relatórios, etc.) • Número de relatórios ou comunicações de jovens participando no projeto 83 Atividades específicas ao tema C.1) Oficinas e entrevistas específicas com mulheres e outros membros das comunidades piloto com foco em saúde, nutrição, e modo de vida, assim como identificação de problemas relacionados a gênero e barreiras para solucioná-los, inclusive formas de transferir o processo e os resultados para outras comunidades (juntos com as oficinas em comunidades mencionadas acima) C.2) Visita técnica de especialista brasileira sobre gênero ao Canadá para rever assuntos e estratégias de eqüidade de gênero, de nutrição e saúde para o bem estar de famílias ; C.3) Oficinas para jovens em três comunidades identificando problemas e meios para jovens participarem no projeto e programas de comunidades; Resultados Dados específicos sobre o bem estar de jovens e mulheres em comunidades; estratégias em como resolver problemas e iniqüidades e construir novas oportunidades Participantes brasileiros Chave CAP/Município de TM, UFAL, UFSCar (Etnoecologia e Social), Projeto Elos (UFMG), e a Federação de Pescadores. Participantes Miriam Leal (PNDP/IBAMA) e UFRJ. Participantes canadenses WFT e CHS - UBC. Organização/Coordenação Brasil: CAP Canada: WFT & CHS 84 D: Comunicação Resumo Comunicação de atividades do projeto irão ser integradas ao tema de conscientização pública. Os meios de comunicação incluirão uma página eletrônica, um jornal anual, e filmes de vídeo de componentes- chave. Além de comunicação entre os parceiros. televisão e imprensa pública serão utilizadas tanto quanto possível para promover o projeto para o público em geral, no Brasil e no Canadá. Atividades específicas sobre o tema D.1) Construção e manutenção de página eletrônica do projeto D.2) Criação e produção de um jornal do projeto D.3) Criação de outro material de publicidade do projeto Resultados Conscientização de parceiros e financiadores do progresso do projeto e oportunidades dentro dela; meio de “feedback” aos coordenadores do projeto; maior conscientização pública do projeto. Participantes brasileiros Chave CAP/Município de TM, UFAL, UFSCar, Federação de Pescadores, UFRJ. Participantes SRH, IBAMA, and MA. Organização/coordenação Brasil: UFAL e UFRJ (Antonio Marcos). Canadá : WFT Participantes canadenses WFT, UBC, Imagecraft Studios, e Vancouver Aquarium. 85 Apêndice 2: Parceiros e Evolução da Proposta Evolução da Proposta A proposta atual se originou, de um lado, do projeto Conservação Genética de Peixes da WFT, financiado pela CIDA, e, do outro lado, do envolvimento contínuo da UFSCar em pesquisa e extensão focalizando aspectos sócio-políticos e econômicos da pesca do Rio São Francisco. O primeiro projeto da WFT, com parceiros-chave em Minas Gerais, Santa Catarina e Pantanal, focalizou elementos técnicos na conservação de peixe no Brasil – especificamente estratégias para manter diversidade genética das populações de peixe naturais e repovoadas. Tal projeto foi altamente eficiente em desenvolver projetos de largo alcance com fundos modestos. Contudo, na sua implementação, tornou-se claro que não estávamos tratando adequadamente as implicações sociais da conservação e gestão da pesca. Deste modo, começamos a construir mais extensas parcerias e a levantar agentes diferenciados (incluindo pescadores artesanais) para que pudéssemos começar a desenhar o “grande retrato” das pescas de água doce no Brasil. Isto inclui o Centro de Apoio ao Pescador em Três Marias e a Federaçao de Pescadores de Minas Gerais, por intermédio da Barbara Johnsen (atualmente Secretária do Meio Ambiente do Município de Três Marias, Presidente da Fundação São Francisco – orgão gestor da CAP, Presidente de Honra da Federação dos Pescadores do Estado de Minas Gerais, e representante do Setor Pesqueiro no Conselho Estadual de Recursos Hídricos). A idéia deste presente projeto cresceu colaborativamente desse levantamento, assim como um livro sobre pescas na América do Sul (a ser publicado pelo Banco Mundial e a IDRC). Uma proposta preliminar baseada nessas idéias foi aprovada preliminarmente pela CIDA, na dependência de fortalecimentos adicionais dos componentes sociais e planos de administração. Neste ponto, WFT se aproximou da Dra Norma Valêncio, da UFSCar, para se aconselhar quanto aos componentes sociais brasileiros da proposta a ser assistida na coordenação global brasileira. Dra Valêncio tem trabalhado com assuntos sociais das comunidades pesqueiras no Rio São Francisco há vários anos, e já trabalhou com comunidades pesqueiras na Bacia Amazônica e do Paraná. Tem sido também muito ativa nacionalmente em várias iniciativas para estudar e melhorar a cidadania de grupos desprivilegiados. Já colaborou diretamente com o Ministério da Justiça e a UNESCO, como interlocutora representante da presidência do Forum Nacional dos Pro-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, na promoção de ações de extensão universitárias visando a implantação de alguns dos objetivos prioritários da Política Nacional de Direitos Humanos. Ela tem, assim, contribuído consideravelmente para o desenvolvimento do projeto e para forjar parcerias 86 adicionais que melhor representarão as Ciências Sociais e conhecimentos e habilidades em processos participativos no Brasil. A UFSCar trabalhou, no seu parte, com a CAP e Federação de Pescadores, inclusivo por intermédio e co-responsibilidade de Barbara Johnsen. Um novo documento foi subseqüentemente submetido à CIDA e ABC, conjuntamente pela WFT e UFSCar. Após a aprovação da nova proposta preliminar, a CIDA proporcionou fundos de desenvolvimento para o WFT. O WFT usou esses fundos para realizar, junto com a UFSCar, reuniões participatórias com todos os potenciais parceiros em Brasília para consultas sobre o conteúdo e implementação da proposta, para realizar uma reunião de desenvolvimento com pescadores em Três Marias, para fazer uma visita de avaliação ao baixo Rio São Francisco, para visitar Santarém com o objetivo de avaliar conhecimentos e habilidades em co-gestão existentes em pesca, e para se corresponder com os muitos parceiros canadenses e brasileiros com o objetivo de preparar a proposta final do projeto. Pescadores artesanais profissionais participaram na elaboração desta proposta, representados pelos líderes de três colônias de pescadores do São Francisco assim como pelo presidente da Federação das Colônias de Pesca do Estado de Minas Gerais. Parceiros Brasileiros Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – Pro-Reitoria de Extensão (coordenação geral) A Pro-Reitoria de Extensão (PROEx) da UFSCar é o parceiro focal do projeto no Brasil.O Núcleo de Extensão Cidadania, vinculado à Pro-Reitoria de Extensão da Universidade, tem uma longa história de ser um dos foci acadêmicos de defesa dos direitos humanos no Brasil, em particular dos grupos em desvantagem, por meio de várias atividades que interligam o ensino e a pesquisa. Uma delas é a que enfoca pesca artesanal, pela: 1) realização de cursos de extensão, para a comunidade em geral, sobre o tema dos direitos desse grupo social (atividade apoiada pelo Ministério da Justiça e a UNESCO); 2) produção de materiais de educação ambiental voltados para as escolas e comunidade em geral sobre o tema da valorização dessa atividade (articulado com o laboratório de Ecologia Humana da UFSCar e apoiado pelo Ministério da Justiça, UNESCO, USP, entre outros); 3) realização de cursos de capacitação para as colônias de pesca (apoiado pela Delegacia Federal da Agricultura do Estado de Minas Gerais), entre outros. Esse Núcleo assessorou voluntariamente a Federação das Colônias de Pesca de Minas Gerais nas suas demandas junto ao Ministério da Justiça e junto à Secretaria Estadual dos Direitos Humanos de Minas Gerais, sobretudo na solicitação de providências para apuração de denúncias de abuso de autoridade, incluindo práticas de tortura, e colaboração no reconhecimento público aos direitos da categoria. Po meio desse Núcleo, temas como “pesca profissional artesanal” e “garantia dos direitos sociais no acesso à e uso da água”, entre outros ( como direitos dos obesos; direitos das crianças e jovens com disfunção alimentar; organização comunitária contra a 87 violência,etc) chegaram oficialmente ao Ministério da Justiça como sugestão para o aprimoramento do Programa Nacional de Direitos Humanos, a ser revisto proximamente. As atividades de pesquisa sobre a sócio-economia da pesca no São Francisco – que este Núcleo também desenvolveu em articulação com o Núcleo de Pesquisa e Documentação do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos e com o Laboratório de Ecologia Humana (sob os auspícios do Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PACDT/Ciamb), coordenado pela UFMG) – são a base de parte significativa das informações disponíveis sobre as condições atuais de vida e trabalho da comunidade que constam da presente proposta. UFSCar- Laboratório de Ecologia Humana e Etnoecologia (LEHE) O LEHE tem sido muito ativo no vale do Rio São Francisco no desenvolvimento de um campo pioneiro de “etnobiologia” de comunidades de pesca em água doce, sobretudo na análise de prática de pesca artesanal. O interesse dos estudos inclui melhoramento da vida em comunidades de pesca e sustentabilidade dos meios de sobrevivência dos pescadores. O LEHE participará em todos os aspectos relevantes do projeto, incluindo pesquisa do processo de desenvolvimento, e em projetos de extensão que incorporem resultados. UFSCar - Núcleo de Pesquisa e Documentação (NPD) do Departamento de Ciências Sociais O Núcleo de Pesquisa e Documentação do Departamento de Ciências Sociais – NPD mantém um programa de políticas públicas, que se divide em dois sub-programas: um que tem, como objetivo maior, estudar condições de vida e outro que tem, como objetivo maior, organizar e analisar indicadores sociais que se dirigem a expressar e medir a desigualdade social. Esses dois sub-programas têm abrigado vários projetos desenvolvidos por alunos e professores que se vinculam ao Núcleo. Por meio de sua coordenadora, Profa. Maria Inês Rauter Mancuso, o Núcleo colaborou com o Núcleo de Extensão Cidadania nas atividades de pesquisa sobre a sócio-economia da pesca no São Francisco. UFSCar- Departamento de Genética e Evolução, Grupo de Pesquisa em Citogenética e Biologia Molecular de Peixes O Departamento de Genética e Evolução da UFSCar, um dos líderes no Brasil em estudos de genética de populações de peixes, desenvolve alguns projetos atuais na bacia do São Francisco. Este grupo começou a empregar modernas tecnologias de DNA para identificação de populações de peixes (fingerprinting), e está muito interessado em desenvolver essa competência e aplicá-la a problemas de pesca no Rio São Francisco. Os especialistas canadenses sobre DNA serão recebidos neste Departamento para ajudar a implementar a tecnologia de DNA e ministrar cursos, e alguns dos treinandos brasileiros no Canadá poderão sair deste grupo. O líder do grupo, Dr. Pedro Galetti, é também pro-reitor de pesquisa na UFSCar, o que contribuirá para gestão de projetos quando necessário. 88 UFSCar – Pós-Graduação em Engenharia Urbana (PPGEU) O Dr. João Cordeiro, professor da PPGEU, tem trabalhado há mais de 20 anos com concientização ambiental e social de engenheiros civis no Brasil. O Dr. Cordeiro atualmente é presidente da Associação Brasileira de Escolas de Engenharia, e essa condição é estratégica para a implementação de novas regras obrigando a inclusão de tais matérias nos curricula. Ele tem ministrado, também, cursos de especialização em várias instituições para engenheros já credenciados e, no projeto atual, vai contribuir com os esforços de criar políticas responsáveis pelo ambiente e pela sociedade nas indústrias influindo no ambiente aquático e na pesca continental do Brasil. Centro de Apoio ao Pescador – CAP/ Fundação São Francisco - FASFRAN O CAP é dirigido pela Fundação São Francisco da municipalidade de Três Marias, uma pequena cidade localizada no centro do estado de Minas Gerais, na porção mais alta do médio Rio São Francisco. Essa cidade originou-se, na segunda metade do século XX, da construção da Usina Hidroelétrica de Três Marias, hoje sob concessão da CEMIG. O Centro foi construído no final dos anos 90, com assistência do Banco Interamericano do Desenvolvimento – BID e apoio de uma variedade de organizações locais. Sua função é prover treinamento e recursos para auxiliar pescadores artesanais e promover educação ambiental para as escolas de Três Marias. Quanto ao primeiro objetivo, desenvolve atividades que promovem alternativas de meios de vida (tais como processamento de valor agregado e cultivo de peixes). Quanto ao segundo objetivo, o CAP recentemente fundou a Eco-Escola Francisco Borges e abriga o Curso de Pós-Graduação da UNIMONTES de Ecologia, Conservação e Manejo dos Recursos Naturais. O CAP será um componente central da implementação das atividades do projeto dirigidas aos pescadores. Ele também ajudará na coordenação executiva do Tema Transversal sobre Educação e Conscientização Pública. Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF) A CODEVASF é uma empresa do governo federal criada na década de 30 do século 20 com a tarefa de apoiar o desenvolvimento do vale do São Francisco. Com essa incumbência, ela está interessada no controle de inundações, irrigação, e desenvolvimento da agricultura. É também muito ativa no desenvolvimento de cultivo de peixes. A CODEVASF, em parceria com a CEMIG, abriga a Estação de Hidrobiologia e Piscicultura do Rio São Francisco em Três Marias, sob responsabilidade do Dr. Yoshimi Sato, cuja missão ecológica inclui estudos e cultivo de peixes nativos em sua base. Essa estação também provê informações e peixes jovens para o CAP. Colônia de Pescadores: Pirapora, São Francisco, Januária e Três Marias “Colônias” de pescadores são organizações comunitárias para pescadores artesanais profissionais no Brasil. Três dessas, associadas às municipalidades de Três Marias, Pirapora e São Francisco, representam aproximadamente 300 pescadores artesanais que moram em cidades ao longo de 600 km do médio ao alto Rio São Francisco. Esses pescadores fazem parte das comunidades-piloto atingidas pelas iniciativas de 89 desenvolvimento comunitário, com participação inicial por meio de uma rede local representada por Três Marias. Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (EMBRAPA) – Pantanal A Embrapa é uma companhia de pesquisa federal para agricultura, com reconhecimento mundial por muitos de seus trabalhos. No Pantanal, a companhia está interessada na gestão da pesca, trabalhando intimamente com o governo do Estado do Mato Grosso do Sul. O interesse se dirige para tecnologias para melhorar a gestão da pesca. Com uma área pantanosa relativamente não desenvolvida na qual a pesca esportiva é fortemente desenvolvida, o Pantanal permitirá estudos comparativos com lições valiosas para a situação do São Francisco. Fundação Estadual de Meio Ambiente de Mato Grosso (FEMA-MT) A FEMA-MT é responsável pela criação, implantação e fiscalização de políticas ambientais do estado, entre as quais as voltadas para a manutenção da integridade dos ecossistemas aquáticos incluindo as populações de peixes nativos. A participação da FEMA-MT dar-se-á pela Coordenadoria de Pesca e Piscicultura que se dedica, pelo Programa Pantanal e o projeto Gestão dos Recursos Pesqueiros no Pantanal, tanto pelo projeto de monitoramento da atividade reprodutiva das espécies reofílicas da sub-bacia do Rio Juruena e do Pantanal, quanto pela coleta e comercialização de iscas vivas, atividade que está sendo apoiada pelo GEF. Federação de Pescadores - FPMG A Federação de Pescadores, uma de cada estado, representa os pescadores artesanais na Confederação em nível federal. A Federação é responsável pela comunicação com as Colônias e Associações, e lhes deve apoio em suas atividades. A Federação de Pescadores de Minas Gerais será essencial para a implementação das atividades do projeto na área piloto, e será importante em transmitir resultados do projeto e processos de co-gestão desenvolvidos para outras áreas do vale do São Francisco, para o resto do estado de Minas Gerais ( em outras bacias hidrográficas que cortam esse extenso estado da federação) e para o resto do país (partilhando as lições aprendidas com as demais federações e com a Confederação). Instituto Amazônico de Manejo Sustentável dos Recursos Ambientais (IARA) IARA é uma ONG trabalhando em Santarém, Estado do Amazonas, em gestão da pesca com base em comunidades. A organização evoluiu de um projeto IBAMA/ GTZ do início dos anos 90 do século XX que tinha o objetivo de desenvolver processos para pescadores no Amazonas. O grupo continuou não somente dando apoio a comunidades-piloto do projeto IBAMA/GTZ, mas também iniciando processos similares em municipalidades adjacentes. Neste projeto, IARA, com o Projeto Várzea do IBAMA em Manaus, fará uso de suas experiências e de inputs canadenses para ajudar a iniciar o processo de co-gestão no vale do São Francisco. Financiamentos 90 complementares do Conselho de Pesquisa de Desenvolvimento Internacional estão sendo vislumbrados para ajudar neste processo. Ministério da Agricultura (MA) - Departamento de Pesca e Aqüicultura (DPA) O Departamento de Pesca do Ministério da Agricultura, órgão federal, recuperou recentemente a jurisdição do desenvolvimento de pesca do Ministério de MeioAmbiente (MMA), com um mandato de desenvolvimento de pesca e potencial aqüicultura, assim como de regulação de alguns aspectos de atividades de pesca (tais como licenciamento). O grupo está muito interessado no projeto, particularmente no processamento de valor-agregado de produtos de pesca e de aqüicultura. Eles serão coordenadores executivos iniciais do Subprojeto 2 (Construindo um modo de vida sustentável) Ministério da Justiça (MJ) - Departamento de Proteção aos Direitos Humanos O Ministério da Justiça, órgão federal, é o responsável pela formulação, implementação e aperfeiçoamento do Programa Nacional dos Direitos Humanos. Por meio da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e, mais especificamente, do Departamento de Proteção aos Direitos Humanos, pretende-se que a sua participação no projeto contribua, sempre que necessário, nos esclarecimentos e apoio aos direitos de cidadania dos pescadores artesanais profissionais. Propõe-se também que que eles atuem na mediação/assessoria junto aos pescadores no entendimento de como as ações voltadas para a implementação de um policiamento comunitário, dentre outros, possa reforçar os direitos de cidadania da categoria. O Ministério já trabalhou com a UFSCar em vários projetos para o desenvolvimento de cidadania de grupos em desvantagem. No presente projeto, o MJ está interessado em perspectivas para acentuar o acesso das comunidades de pescadores à sobrevivência digna, e contribuirá na coordenação das atividades do Tema Transversal B (Gênero, Família e Juventude). Ministério do Meio Ambiente (MMA): Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Amazonas Legal (IBAMA) O IBAMA é um órgão federal no Ministério de Meio Ambiente que se encarrega da proteção ambiental e da gestão de pesca. A esse respeito, demonstra estar muito interessado na tecnologia e experiências a serem transferidas neste projeto. Alguns componentes do IBAMA serão envolvidos no projeto, incluindo, em Brasília, o Departamento de Fiscalização de Pescas e o Programa de Desenvolvimento de Pesca Esportiva; o Núcleo Estadual de Minas Gerais , o Projeto Especial de Gestão de Pesca da Amazônia (Pró-Várzea), uma estação de Pesquisa em Pesca em Pirassununga em São Paulo (CEPTA). O IBAMA compartilhará as obrigações da coordenação executiva para os sub-projeto 1 (Preparando comunidades para co-gestão) e subprojeto 3 (Assegurando recursos da pesca). 91 MMA / Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) – Brasília A Secretaria de Recursos Hídricos, órgão integrante do Ministério do Meio Ambiente, é responsável pela formulação da Política de Recursos Hídricos no país. Essa Secretaria manifestou grande interesse no projeto em epígrafe, inclusive tem-se colocado como um de seus grandes incentivadores visto o caráter interativo do projeto. Dentre as atividades previstas no projeto, para as quais a participação do MMA contribuirá significativamente destaca-se a de capacitação das comunidades de pesca. Tal atividade permitirá uma atuação mais efetiva, por parte da comunidade, na gestão das águas, atendendo assim, aos princípios da Política Nacional de Recursos Hídricos Polícia Militar- Minas Gerais O cumprimento das regulações de pesca são geralmente reforçadas pela polícia estadual, embora alguns cumprimentos também ocorram pelos agentes federais do IBAMA ou agentes ambientais estaduais. Em Minas Gerais, incluindo o alto e médio São Francisco, o cumprimento tanto das regulações federais quanto das estaduais é levado a cabo primariamente por unidades especiais da Polícia Militar do estado. Entretanto,a concordância com as regulações pode ser baixa, e o policiamento pode ser inconveniente e algumas vezes desproporcionalmente violento. Comunidades e polícia reconhecem que a atual situação não está bem trabalhada, e procuram alternativas. Policiamento comunitário e educação são considerados os caminhos mais prováveis para melhorar o policiamento, e a Polícia Militar de Minas Gerais está comprometida com esses dois componentes do projeto – incluindo incorporação de informação em seus programas de treinamento, modificando sua forma de trabalhar e incorporando maior envolvimento comunitário nos esforços policiais. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC – Minas): Programa de Mestrado em Zoologia de Vetebratos Dr Hugo Godinho, do Programa de Pós Graduação de Zoologia dos Vertebrados da PUC-Minas, é um dos mais destacados pesquisadores e docentes no Brasil, particularmente no que diz respeito à fisiologia e conservação de peixes. Com extensa experiência no Rio São Francisco. Dr. Godinho era um dos principais coordenadores do projeto anterior da WFT no Brasil, e um dos principais colaboradores na construção da presente proposta . Outros docentes da PUC-Minas atuam na área de sócio-economia e ecologia gerando conhecimentos relevantes para a pesca artesanal. Este grupo irá participar em todos os componentes relevantes do projeto e colaborar na gestão conforme a necessidade. 92 Universidade de Campinas (UNICAMP) - Departamento de Administração e Política de Recursos Minerais (Instituto de Geociências, Campinas) Dra Rachel Negrão Cavalcanti e equipe representará o Departamento de Administração e Política de Recursos Minerais do Instituto de Geociências da UNICAMP. Dra Cavalcanti é reconhecida pesquisadora e docente na área de "Desenvolvimento, Meio Ambiente e Recursos Naturais", dando especial ênfase em recursos minerais e hídricos superficiais e subterrâneos, objetivando contribuir com a gestão das atividades relacionadas à disponibilização e usos desses recursos, de forma a prevenir, controlar e minimizar os impactos que deles resultam. Nesse projeto, sua equipe estará empenhada em aprender alguns dos métodos canadenses de análise da sustentabilidade do aproveitamento e usos dos recursos hídricos, que partem da avaliação da disponibilidade desses bens para confrontá-la com a dinâmica geológica, social, política, econômica e tecnológica de sua produção e consumo, buscando adaptá-los ao caso da bacia do São Francisco. Dispõe-se a colaborar desse modo, dentre outras possibilidades, nas decisões participativas sobre quais os mecanismos e ferramentas de política e de gerenciamento ambiental do São Francisco, vinculados às ações comunitárias, do governo e das empresas, podem ser mais efetivos na busca da redução da degradação ambiental desenvolvimento social na região focada. Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) A UESC empreende várias pesquisas e atividades na Bahia com peixes e pescadores de água doce e de mar, desde estudos de populações, poluição e aqüicultura até educação ambiental e demais ações de extensão com enfoque social (incluindo pesquisa participatória e programas de conservação dirigidas pela comunidade). A UESC tem expressado interesse em todas as áreas do projeto, e participará em atividades para transmitir as lições aprendidas na Bahia. Universidade Federal de Alagoas (UFAL) A UFAL está trabalhando com comunidades de pesca no baixo São Francisco já há alguns anos, especialmente com aspectos socio-econômicos e na melhoria de tecnologias pesqueiras. Desenvolve também atividades reconhecidas de conscientização e educação à distância por meios eletrônicos. Trabalhos nessas áreas são feitos em colaboração com a UFSCar, com o Projeto Xingó, e com a CODEVASF, entre outras instituições. A UFAL participará em todos as atividades apropriadas do projeto, além de partilhar a responsiblidade de comunicação do projeto com o equipe de UFRJ. UFMG - Centro de Estudos em Mecanismos de Transposição de Peixes, Instituto de Ciências Biologicas (ICB), e Laboratório de Hidráulica A UFMG é uma das instituições brasileiras líderes na pesquisa da biologia de peixes há vários anos, desenvolvendo estudos de biologia básica e aplicada, conservação e manejo da pesca e, mais recentemente, de bio-engenharia. A UFMG foi uma das 93 principais parceiras em projetos anteriores do WFT no Brasil. Ela é uma das principais fontes de consultoria técnica para a CEMIG e para a indústria hidrelétrica em geral, particularmente por intermédio dos Professores Alexandre Godinho e Carlos Martinez e do M.Sc. Ricardo Junho, membros do Centro de Estudos em Mecanismos de Transposição de Peixes, recentemente implantado com recursos do Fundo para o Meio Ambiente Mundial (Global Environment Facility), via Fundo Brasileiro para Biodiversidade (Funbio), e da Cemig. O Prof. Evanguedes Kalapathakis, do Instituto de Ciências Biológicas, desenvolve pesquisa de ponta em biologia molecular e iniciou, com assistência de projetos prévios do WFT, estudos de marcadores moleculares de peixes complementares aos de passagens de peixes e efeitos de barragens. Esse grupo de pessoas da UFMG irá participar em todos os aspectos do projeto, sendo que o Prof. Godinho participará na coordenação do subprojeto 3 (Assegurando recursos da pesca). Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia (COPPE) Os representantes da UFRJ no projeto são vinculados à COPPE que, ao longo de seus 35 anos de existência, construiu uma reputação pautada na defesa do desenvolvimento da capacitação nacional em Ciências da Engenharia, combinando as Ciências Básicas à Engenharia. Núcleos com destacada competência de atuação na COPPE e os graduados nas diversas áreas disseminaram essa filosofia no país e na América Latina. O Prof. Adjunto Dr. Michel Thiollent, Área de Inovação Tecnológica e Organização Industrial, Programa de Pós-Graduação de Engenharia de Produção, ITOI/PEP COPPE/UFRJ, tem coordenado projetos e orientado pesquisas de mestrado e doutorado que abrangem o desenvolvimento de metodologias participativas aplicáveis ao ensino, pesquisa e extensão, especialmente no contexto da capacitação organizacional de empresas, cooperativas e entidades públicas. O Programa de PósGraduação de Planejamento Energético – PPE – coordenado pela profa Alessandra Mangrini, participará focalizando as mudanças radicais ocorridas, ao longo dos anos setenta, com a produção, transformação e uso final da energia, ressaltando, por isso, a importância estratégica do campo de planejamento energético como objeto de estudo. O Técnico de Nível Superior em Educação, Antônio Marcos Muniz Carneiro, doutorando em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação – ECO/UFRJ, do Laboratório de Sistemas Avançados de Gestão da Produção – SAGE, sob a coordenação do Prof. Adjunto Dr. Rogerio Valle, Área Interdisciplinar de Engenharia Ambiental, desenvolve estudos e pesquisas de novas metodologias de projeto fundamentadas nas perspectivas das ciências contemporâneas da linguagem e da cognição, destacando a emergência da interlocução como ação constitutiva de projetos sociotécnicos. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Departamentos de Economia, Oceanografia e Limnologia, Biologia Celular e Genética A UFRN, em seus vários departamentos, pesquisa fauna de peixe local, aqüicultura e estudos de cadeias produtivas na pesca, assim como empenha-se em traduzir essas atividades em benefício das comunidades locais. A UFRN participará, nas atividades do projeto, com a perspectiva de aplicar ensinamentos aprendidos em pescas de 94 reservatório e comunidades de pesca no Rio Grande do Norte, inclusive nas águas interiores e marinhas. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Departamento de Aqüicultura O Departamento de Aqüicultura da UFSC, por meio do Professor Evoy Zaniboni, é ativo em estudar e mitigar os efeitos do desenvolvimento de hidroelétricas do Rio Uruguai, recuperando populações de peixes em bacias de drenagem, e desenvolvendo tecnologia de aqüicultura e estratégias para comunidades locais. Um interesse particular se dirige a práticas de aqüicultura ambientalmente saudáveis. Dr. Zaniboni foi um dos parceiros –chave no projeto anterior da WFT- CIDA no Brasil. Este grupo participará em todas as atividades do projeto conforme sua prática, com a perspectiva de transmitir lições aprendidas na bacia do Uruguai, particularmente naquelas associadas com estudos de migração de peixes, radiotelemetria e aqüicultura. Este grupo também tem considerável conhecimento/ habilidade em aqüicultura e lições valiosas de um sistema de rio contrastante para contribuir com a evolução do projeto. A companhia elétrica Gerasul sera representado no projeto por meio deste grupo da UFSC. UFSC – Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental O Prof Dr. Daniel José da Silva do Departamento de Saneamento e Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia, tem trabalhado com desenvolvimento comunitário em todo país, sendo bastante reconhecido na área de aplicação de tecnologias participativas no planejamento e implementação de estratégias de desenvolvimento. Neste projeto, o Dr. Silva vai participar em oficinas e congresso de desenvolvimento participativo, além de outros aspectos apropriados. Universidade de São Paulo (USP) - Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada (CRHEA) O CRHEA é um dos líderes brasileiros na modelagen e implementação de estratégias de uso de água, com uma longa história, reconhecida internacionalmente, de caracterização e manejo de represas em forma integrada. Especializações atuais incluem a modelagem de uso de água baseada no conceito de bacia, conflítos de usuários multiplos, e educação ambiental. Essa última inclui um curso de especialização muito bem recebido para professores do ensino fundamental e médio, abordando um conceito holístico de ecossistema de bacias de águas. CHREA tem um forte interesse nas experiências canadenses e no intercâmbio de experincîas com o vale do São Francisco. O grupo vai participar em atividades de manejo de água junto com a SRH, ajudar criar pacotes de educação ambiental, e ajudar a sediar cursos e workshops junto a outras instituicões brasileiras e canadenses. 95 Participantes Brasileiros Agência Nacional das Águas (ANA) A ANA, agência federal recentamente criada, tem a função de implementar as novas políticas orientadas pela Secretaria de Recursos Hidricos. A Agência é responsável tanto pela fiscalização da Lei das Águas quanto pela implementacao dos Comitês das Bacias. Assim, a ANA constitui um órgão importante para as atividades do projeto e se manifestou interessada neles - particularmente naquelas ligadas ao treinamento de comunidade para participar melhor nos Comitês de Bacias. Na implantação do projeto, empenhar-se-á para que a ANA venha contribuir com esse treinamento e participe em atividades ligadas à implementacao de políticas de água. Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) A CEMIG é a companhia elétrica estatal de Minas Gerais, atualmente parte de propriedade da AES dos Estados Unidos. A companhia opera a hidroelétrica de Três Marias além de mais do que 30 instalações em todo o Estado. O departamento de meio-ambiente da CEMIG está interessado em reduzir impactos ambientais de suas operações, e como tal, é central para os esforços do projeto para reverter o declínio das populações de peixe. A companhia está também interessada em mitigar os efeitos sociais sobre a pesca, e está muito interessada nas tecnologias e nas experiências a serem transferidas, e participará dessas atividades. Fundação Biodiversitas A Fundação Biodiversitas é uma das mais reconhecidas organizações nãogovernamentais em Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, trabalhando na área de conservação. O grupo tem habilidades particulares em comunicação pública e em conscientização, e foi parte do último projeto da WFT no Brasil. A Fundação estará envolvida novamente neste projeto nas áreas de conscientização pública e educação. Instituto Estadual de Florestas (IEF) O IEF é a agência estadual de Minas Gerais responsável por assuntos de meioambiente, incluindo pesca e ecossistema aquático em rios designados como de jurisdição estadual. O instituto é ativo em gestão de pesca, tanto esportiva como comercial, e formulou recentemente regulações de pesca que suplementam regulações federais. Iniciativas recentes também incluem programas para recuperar habitats de lagoas sazonais e para recuperar peixes capturados em tais lagoas. O Instituto está interessado em muitos aspectos do projeto relacionadas a assuntos de gestão e recuperação ambiental. 96 Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura (Nupelia) O Nupélia é um centro de pesquisa da Universidade Estadual de Maringá, do Estado do Paraná, que tem produzido algumas das primeiras pesquisas sobre pescas de águas doces no Brasil e biologia de reservatórios – primariamente no Brasil sul-central, mas também no Alto Pantanal. A organização está interessada em todos os aspectos do projeto, e participará, tanto quanto possível, com o propósito de transmitir lições aprendidas para outras partes do país. Projeto Xingó A ONG Projeto Xingó trabalha com tecnologias que melhorariam a vida de comunidades em desvantagen no baixo Rio São Francisco, inclusive a atividade de piscicultura. Atualmente, esse grupo tem um dos projetos líderes do país na área de beneficiamento artesanal de pescado. A ONG recebe financiamento e suporte técnico da hidroelétrica CHESF, CNPq, CODEVASF, e UFAL. Nesta proposta, o Projeto Xingó vai participar principalmente na parte de beneficiamento do pescado, inclusive no aperfeiçoamento das atividades com apoio de períca canadense e a transferência de tecnologia ao CAP e outros regiões do São Francisco. A participação deste grupo será por meio da própria ONG ou por meio da UFAL. Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) – Botucatu - Instituto de Biociências O grupo de genética de peixes da UNESP, liderado pelo Dr. Fausto Foresti, é um dos pioneiros nesta área de investigação, e continua a ser um dos principais líderes. Juntos com o grupo genético da UFSCar, está começando a usar técnicas mais recentes de DNA para estudar relações familiares entre peixes. Além do estudo de populações selvagens de interesse ao São Francisco, estão estudando peixes de aqüicultura e peixes estocados, com apoio da hidroelétrica Duke Power no estado de São Paulo. No projeto, o interesse dirige-se para técnicas novas de análise de DNA, assim como na aplicação destes técnicas de maneira que tem implicações no nível comunitário. No projeto, hospedarão peritos canadenses e mini-cursos de DNA, além de participar em demais atividades. Universidade do Estado do Amazonas (UTAM) - Instituto de Tecnologia da Amazônia - Departamento de Engenharia Florestal O Departamento de Engenharia Florestal atua na organização de comunidades rurais para a gestão da bio-sociodiversidade, desenvolvendo atividades de pesquisa-ação e extensão. Sua experiência com ribeirinhos inclui o resgate de conhecimentos tradicionais sobre peixes e sua relação com o ambiente. Isto é, trata de recursos naturais e revitalização de comunidades, traduzido em atividades para a melhoria do ambiente: reposição de matas ciliares, material didático popular para conscientização ambiental e capacitação de agentes ambientais comunitários, em parceria com a Coordenação de Fiscalização do IBAMA. 97 Participantes Canadenses World Fisheries Trust (coordenação geral) A World Fisheries Trust (WFT) é o parceiro líder canadense nesta proposta. A WFT é uma organização não-lucrativa que promove a conservação e a gestão sustentável da biodiversidade global por meio da pesquisa, treinamento e conhecimento público. A WFT é neutra politicamente e os seus programas são baseados cientificamente, com preocupação em construir links entre pesquisadores, gestores e comunidades. A WFT trabalha com grupos comunitários, pesquisadores, agências governamentais, agências internacionais e corporações. O staff da WFT tem uma longa história de trabalho em projetos de pesca no Brasil e, recentemente, completou três anos como parceiro líder no projeto Conservação Genética de Peixes – Brasil na CIDA – pelo Fundo de Transferência de Tecnologia. Esse projeto teve muito sucesso em construir links entre os receptores de tecnologias de pescas e os vários agentes afetados por eles, e em assentar bases sobre as quais se construiu a presente proposta. Polícia de Calgary (Rick Haddow) A força policial de Calgary é pioneira no policiamento efetivo de comunidades no Canadá. Criada em 1972, construiu um programa, reconhecido mundialmente, que integra um policiamento muito eficaz com a construção e manutenção da saúde comunitária. O policiamento comunitário é considerado simplesmente como uma “maneira de se conduzir”. Rick Haddow, um dos principais atores na adoção e evolução desse policiamento, é representante policial numa variedade de Comitês de Desenvolvimento Comunitário, e participou de um projeto recente sobre violência policial no Brasil financiado pela CIDA. Ele trará essas habilidades e conhecimentos para que o objetivo de policiamento comunitário e desenvolvimento comunitário seja atingido. O projeto também incorporará políciais-chave brasileiros que estiveram envolvidos no projeto CIDA já realizado, assegurando continuidade dos investimentos já feitos. Universidade de British Columbia (UBC) - Centro para Povoamento Humano (CHS) A CHS conduz pesquisas multidisciplinares e programas de construção de capacidades relacionadas ao desenvolvimento regional, urbano e comunitário. O Centro é uma unidade da Escola de Comunidade de Planejamento Comunitário e Regional (SCARP) na UBC. Faculdades e estudantes associados de vários departamentos participam nos projetos da CHS. O Centro foi criado na Conferência das Nações Unidas para o Povoamento Humano de 1976, Habitat I, realizado em Vancouver. Em 1990, CHS foi designado “Centro de Excelência” em planificação do povoamento humano pela Agência Internacional de Desenvolvimento Canadense (CIDA). 98 As faculdades associadas estão atualmente empreendendo pesquisas orientadas para políticas em eqüidade de gênero, comunidades sustentáveis e saudáveis, links ruralurbano, governos metropolitanos, prevenção de desastres, análises de risco, e planejamento participativo. Os principais projetos atuais de construção de capacidades focalizam planejamentos para redução da pobreza e infraestrutura no Vietnã, gestão regional de águas na China, gestão de bacias hidrográficas no Brasil e planejamento do desenvolvimento escolar no Sri Lanka. Dra. Erika de Castro será a coordenadora da participação no CHS no projeto atualmente proposto. Erika é brasileira e está também trabalhando no projeto de responsabilidade da CHS - CIDA sobre desenvolvimento comunitário e gestão de bacias hidrográficas no Brasil, na região metropolitana de São Paulo. Experiência e vínculos serão trazidos para este projeto para sustentá-lo aumentando o seu sucesso e para construí-lo a partir do investimento prévio da CIDA no país. Universidade de Victoria (UVic) – Instituto para Resolução de Disputas (IDR) O Instituto para Resolução de Disputas (IRD) da UVic, Columbia Britânica, Canadá, é um centro interdisciplinar focado na efetiva resolução de disputas e resolução alternativa de disputas (RAD) tanto do ponto de vista teórico quanto do prático. Desde a sua inauguração em 1989, o Instituto de Resolução de Disputas (IRD) participou em um grande número de projetos internacionais, incluindo trabalhos na Tailândia, Camboja, Filipinas, Cuba e África do Sul. Maureen Maloney é diretora do Instituto para a Resolução de Disputas e é Professora de Direito e Política Públicas da Universidade de Victoria. Ela tem uma considerável experiência em resolução de conflitos e administração de zonas urbanizadas tanto no Canadá como internacionalmente. Ela esteve envolvida em resolução de conflitos e projetos de direitos humanos na África do Sul, China, Guatemala, Camboja e Brasil. Tem também considerável experiência no Canadá trabalhando com meio-ambiente, pescas e tratado de conflitos, em particular com a First Nations Bands and Associations of Canadá. Alex Grzybowski, M.A., fornece mediação, facilitação e serviços de planejamento de processos, para ajudar na resolução das disputas multi-partidárias nos setores público e privado. Mr. Grzybowski tem extensa experiência em assuntos de uso de terra e recursos a ela relacionados e conflitos de meio ambiente no Canadá e em outros países. No Canadá, ele foi designado e intermediou processos de negociação relativos a silvicultura, turismo, agricultura, mineração, pescas, gestão de propriedades particulares, água, conservação do meio ambiente e direitos dos povos indígenas. Internacionalmente, Mr. Grzybowski participou em administração de conflitos de largo alcance focados no desenvolvimento e capacidade institucional, assim como na facilitação de negociações de disputas específicas. 99 Ambos, Maureen e Alex, estiveram envolvidos em outros projetos realizados no Brasil e, no projeto corrente, participarão com oficinas e mini-cursos de resolução de disputas e comunicação, além de atuarem como facilitadores nas discussões de maior sensibilidade que ocorrerão nesse projeto. Departamento de Pescas e Oceanos, Canadá (DFO) – Estação Biológica do Pacífico (Dr. Chris Wood) A Estação Biológica do Pacífico gera pesquisas de fisiologia, conservação, migração e gestão de peixes. O Dr. Chris Wood é atualmente o chefe de Programas de Biodiversidade da DFO no Oeste do Canadá, e é um dos principais autores da Política do Salmão Selvagem da DFO. Ele é um expert internacionalmente reconhecido na aplicação de informações genéticas em problemas de gestão da pesca e no planejamento de estratégias apropriadas para a recuperação de estoques. Chris participou do projeto anterior, e continuará a contribuir com competências nos aspectos de biodiversidade da gestão de pescas no Brasil, pela hospedagem de treinandos brasileiros e por meio de visitas técnicas e oficinas de treinamento no Brasil. DFO - Programas de Guardiães e Comunidades A DFO integra o policiamento comunitário nas atividades de fiscalização de maneira informal, que varia entre as regiões - isto é, suas estratégias são bastante adaptavéis aos locais. Além disto, programas de “Guardiões” fornecem times de policiamento comunitário em algumas partes do país. A Região do Oeste (Pacífico) do Canadá tem uma variedade de exemplos de estratégias de fiscalização pesqueira, inclusive algumas ligadas ao co-gerenciamento comunitário de recursos. Ambos, Chris Dragseth (Diretor de Conservação e Proteção - Região Oeste) e Don Radford (Diretor de Manejo de Recursos - Região Oeste), têm ampla experiência no campo e na criação de políticas para policiamento comunitário e na geração e implementação de estratégias de cogerenciamento da pesca. Don também tem experiênca prévia no Brasil. Chris e Don participarão no projeto por meio da recepção de estagiários brasileiros da área de policiamento e co-gerenciamento (inclusive com experiências em várias comunidades) e por meio de contribuições ao desenvolvimento de estratégias e cursos no Brasil. Esse grupo tem interesse, além deste projeto, de criar ligações de longo prazo com o Brasil na área de fiscalização pesqueira. Instituto de Recursos Naturais – Universidade de Manitoba (Fikret Berkes) Dr. Berkes tem considerável experiência canadense e internacional na avaliação, monitoração, e implementação de programas de co-gestão de pescas, assim como na incorporação de conhecimento tradicional na administração de estratégias. Ele foi autor, co-autor e editou vários livros e muitos papers sobre o tópico nos últimos anos e regularmente leva a cabo missões de projetos de pesca da Fundação Ford. Junto com Cristiana Seixas, doutoranda orientada por ele com trabalho de tese sobre cogestão de pesca no Brasil, Dr. Berkes levará a cabo uma revisão externa preliminar 100 para o projeto de pescas em água doce do Brasil e de como melhor construir co-gestão com comunidades-alvo. Participará também de missões de revisão e de oficinas de cogestão subseqüentes. LGL Environmental Associates Ltd. LGL é uma das maiores companhias de consultoria sobre meio ambiente do Canadá. O escritório em Sidney BC, sob a liderança de Karl English, é especializado em Biologia e gestão de pesca, incluindo o desenvolvimento e implementação de sistemas de co-gestão em pescas para First Nations em BC e o desenvolvimento de pescas e planos de recuperação de bacias hidrográficas. Karl colaborou com WFT no projeto prévio do Brasil para proferir palestras em sessões de conferência, para uma bem sucedida oficina de radio-etiquetagem, para dar apoio ao planejamento de projetos para parceiros brasileiros e na hospedagem de treinandos brasileiros – sempre voluntariamente. LGL também contribuirá com conhecimento e habilidades para o projeto atual particularmente para as áreas de rádio-etiquetagem, acesso a estoques, gestão de pescas e planos de recuperação de bacias hidrográficas. SeaStar Biotech Ltd. SeaStar Biotech é uma companhia canadense de Victoria, B.C., especializada na aplicação de técnicas de DNA na pesquisa e administração de pescas. Entre tais técnicas sobressai o desenvolvimento e aplicação de sondas micro-satélite de DNA, uma inovação relativamente recente que está se mostrando como uma grande promessa para uso no acesso às populações de peixes. SeaStar Biotech foi também um parceiro da WFT no projeto prévio no Brasil, e trabalhará sobre essa experiência no presente projeto recebendo treinandos brasileiros no Canadá e realizando visitas técnicas e cursos de treinamento no Brasil. BC Hydro and Power Corp. A BC Hydro é uma corporação hidroelétrica de topo com habilidade técnica e administrativa que já foi utilizada no projeto anterior. A corporação também colaborou diretamente com a CIDA em outro projeto providenciando conservação elétrica e tecnológica no Brasil. Daryl Fields é a administradora de operações executivas da Companhia com experiência pioneira na avaliação não-monetária do meio-ambiente e impactos hidroelétricos sociais e no desenvolvimento de políticas industriais ambiental e socialmente responsáveis. Daryl forneceu alguns input no projeto anterior da WFT e trabalhará sobre essa experiência para providenciar treinamento e input sobre desenvolvimento de políticas industriais. BC Hydro também possui considerável experiência prática em operação de barragens que não prejudicam peixes e em planos de uso da água, e também contribuirá com essa experiência para o novo projeto, por meio de visitas técnicas ao Brasil e de recepção de treinandos brasileiros. Imagecraft Studio Ltd. Imagecraft Studio é uma companhia de design de Victoria que produziu todos os materiais de conscientização pública da WFT desde 1995, incluindo o folder premiado 101 Peixes de Piracema. Ken Campbell, formado em relações públicas, é diretor da companhia e também docente em universidades. Imagecraft terá um papel expandido no presente projeto que inclui participação em oficinas sobre estratégias e ferramentas de conscientização para comunidades no Brasil. Marine Institute – Universidade Memorial The Marine Institute é um líder mundial no desenvolvimento e treinamento para agregação de valor a produtos de pesca, processamento e marketing, com experiência tanto para níveis artesanais como para altamente industrializados. O Instituto receberá treinandos brasileiros em St. John’s e conduzirá missões de treinamento técnico para o Brasil para ajudar no projeto de recursos de processamento e desenvolver material de treinamento para uso dos extencionistas. Aquário de Vancouver O Aquário de Vancouver é a principal instituição de conscientização e informação de ciência aquática do Canadá e um freqüente colaborador da WFT em projetos de pesquisa e conscientização. O Aquário tem experiência mundialmente reconhecida em projetos e tecnologias em aquário tropical, gestão de aquários públicos e educação para conservação - particularmente em estimar efetividades de treinamento e conservação em diferentes culturas. Neste projeto, eles apresentarão oficinas sobre estabelecimento de aquários nos diferentes níveis de investimento no Brasil e ajudarão no desenvolvimento de estratégias apropriadas para o desenvolvimento deste tipo de conscientização pública. Além disso, eles serão participantes chave nas oficinas de desenvolvimento de ferramentas educacionais apropriadas no Brasil e usarão inputs do projeto para promover objetivos de pescas brasileiras de água doce na sua renovada galeria tropical. WestWind SeaLab Supplies, Watership Foundation, e DFO (Comunicação e Programas Comunitários) Esta tríade - uma companhia privada, ONG e governo - participa em programas de treinamento de pesca em escolas locais – particularmente, pela WestWind, usando aquários em classes como ferramentas educacionais muito eficientes. Cathy Carolsfeld, administradora na WestWind, morou também no Brasil e tem muita familiaridade com sua língua e cultura. Este grupo realizará atividades de consultoria no desenvolvimento de materiais educacionais relativos à pesca para o Brasil. Comunidades costeiras canadenses Várias comunidades e organizações de co-gestão da costa oeste e ártica canadense serão convidadas para participar em exposição de realidades co-gestionadas no Canadá para visitantes de comunidades brasileiras e para construir relações inter comunidades. Essas incluem Nisga’a, RAMS, Inuvialuit Co-management Council (Inuvik) 102 Apêndice 3: Análise de Gênero e Aspectos Sociais Conclusões de relatório12 elaborado para o World Fisheries Trust por Karen Craggs, Gender Equality Incorporated, 19 de Novembro de 2001. Conclusões e recomendações A) Conclusões sobre as implicações do declínio da pesca para a divisão do trabalho, papéis do homem e da mulher e relações de poder. O presente relatório examina as condições sócio-econômicas, bem como a divisão do trabalho, os papéis do homem e da mulher e as relações de poder, dentro da comunidade pesqueira de Três Marias. São demonstradas as diversas implicações do declínio dos recursos pesqueiros para o homem e a mulher, para os jovens e para a família, e avaliados os resultados da Proposta do Projeto em relação a tais considerações. Na conclusão, considerações relativas aos papéis do homem e da mulher, aos jovens e à família são vinculadas a possíveis direções que o projeto poderia explorar. As recomendações abaixo são mais específicas, oferecendo exemplos de atividades apropriadas. 1) Relações com as Autoridades Brasileiras A legislação concernente à pesca tem exercido um impacto significativo sobre as comunidades pesqueiras. Em entrevistas com pescadores locais e suas esposas, fica claro que muitos deles percebem a legislação vigente como um empecilho para seu sustento. Torna-se necessário, portanto, facilitar a compreensão dessa legislação para que se possa cultivar uma cidadania melhor informada. Não se pode esperar que a legislação seja respeitada pela comunidade local, se não houver um vínculo entre os interesses desta e a legislação. Conforme assinalado por Maria Beatriz Boschi, bióloga representante do IBAMA, a vontade política se traduz tanto em leis quanto em estruturas governamentais que visem incorporar contribuições dos pescadores ao processo legislativo, de forma a dar melhores respostas às realidades dos mesmos. No entanto, os benefícios desse processo de consulta continuam sendo de longo prazo. É premente a necessidade de eliminar a distância, em termos de percepção, entre os legisladores e as comunidades locais. 12 Disponível na íntegra em inglês da WFT 103 Um dado positivo é que os objetivos da proposta de projeto para a Conservação e Gestão Participativa de Recursos de Pesca no Interior do Brasil aplicam-se diretamente ao desenvolvimento da legislação. O Artigo 5 da Lei Estadual da Pesca, de Minas Gerais, apóia o desenvolvimento sustentável, caracterizado por prudência ecológica, igualdade social e eficiência econômica, bem como a promoção do desenvolvimento sócio-econômico e cultural dos pescadores e de suas famílias. Portanto, o projeto já identificou uma base legal que sustente iniciativas no sentido de promover a igualdade social e a sustentabilidade. Há um grau considerável de vontade política, apoiando os objetivos deste projeto. Uma demonstração dessa vontade política foi dada recentemente pelo Prefeito de Três Marias, MG, ao criar um conselho de mulheres que funciona como um fórum, dando às mulheres da comunidade uma voz e a oportunidade de terem suas preocupações eventualmente integradas à legislação e à prática. A distância entre a legislação, a infraestrutura política e a comunidade local terá que ser eliminada, para que se possa atingir a meta de fortalecer os vínculos entre a sociedade civil e o governo. 2) A Estrutura Familiar Uma análise do papel das mulheres nas comunidades de pescadores revela que, embora as mulheres estejam ativamente envolvidas nessa área, a divisão de trabalho reflete as atitudes locais no que concerne aos papéis do homem e da mulher. A pesca é tradicionalmente vista como “trabalho de homem”, enquanto as atividades complementares, ou seja, a confecção de redes e a limpeza e preparação dos peixes para a venda, são consideradas tarefas “menores’ e, portanto, próprias das mulheres. Há boas indicações, contudo, de que as dificuldades inerentes à vida nas comunidades pesqueiras têm promovido modificações na divisão do trabalho, trazendo, assim, um impacto mais positivo sobre os papéis do homem e da mulher. Em outras palavras, quanto mais desesperadora se torna a situação de uma família, devido à baixa renda obtida da pesca, tanto mais disposição o homem mostra em permitir que sua esposa participe e ajude, seja pescando junto com ele, seja exercendo uma ocupação alternativa. Isto fica patente pela diferença que se percebe, em termos de atitude em relação às mulheres e seu trabalho, em áreas de baixa produtividade, como Pirapora, comparadas com áreas de alta produtividade, como Três Marias. As dificuldades relacionadas com a pesca parecem contribuir para a desintegração dos “tradicionais” e opressivos papéis masculino e feminino. Isto é de particular significação para o projeto, uma vez que constitui uma oportunidade para se trabalhar com eventos que estão ocorrendo no momento, ao invés de se ter que impor alguma coisa. 3) O Papel da Religião O papel da religião e da família é significativo como fonte de resistência e apoio para a comunidade de pescadores. Este dado tem que ser reconhecido por meio de atividades que não causem impactos negativos à estrutura familiar. Uma vez que o projeto tem 104 que trabalhar dentro das realidades sociais do contexto brasileiro, é necessário que as atividades sejam, tanto quanto possível, acessíveis e abertas à participação da família, de modo a facilitar a inclusão e envolvimento dos membros da família. A longo prazo, tal abordagem contribuiria para diminuir a resistência contra o fortalecimento do papel das mulheres e mudanças nas relações sociais. Considerando as questões e preocupações levantadas durante a presente análise, tanto pelos membros das comunidades quanto pelos parceiros, a abordagem mais apropriada seria uma integração equilibrada entre medidas visando a igualdade entre os sexos e a participação global da comunidade. 4) O Papel da Educação Há indicações de um consenso global, em Três Marias, de que a pesca é uma atividade de muito pouco futuro para os jovens e que, para esses, a educação é a única esperança de um futuro melhor. Seria de grande importância apoiar o desenvolvimento educacional dos jovens, bem como considerar o tipo de educação que poderia ser útil ou relevante para seus pais. As atividades educacionais voltadas para os jovens poderiam incluir visitas aos centros e locais de piscicultura, o desenvolvimento de um programa escolar ou seminário sobre a vida nas comunidades pesqueiras, ou o uso de desenhos animados e materiais educacionais “divertidos”, visando a conscientização sobre as metas e finalidades do projeto. Já para as mulheres e a família, seria desejável uma educação voltada para o aspecto da saúde, ou seja, treinamento sobre noções básicas para a sobrevivência ou sobre doenças associadas com a vida junto ao rio, as quais podem ser evitadas po medidas de precaução, tendo em vista a falta de saneamento básico e de informações sobre nutrição e dieta. Essa atividade poderia promover uma melhoria da qualidade de vida da comunidade. O Secretário do Ministério da Ação Social informou que já há oficinas e seminários, cobrindo tais tópicos, disponíveis para as comunidades locais. Assim sendo, uma das atividades do projeto poderia, talvez, ser a divulgação desses programas e de como os mesmos podem atenuar algumas das dificuldades enfrentadas nas comunidades de pescadores. B) Conclusões sobre a análise dos papéis do homen e da mulher 1) Integração e Compreensão da Igualdade entre os Sexos A promoção do fortalecimento do papel das mulheres e da participação ativa é essencial no contexto do projeto e da comunidade. Não basta que as mulheres confiem na vontade divina e na permissão do marido, para que as condições possam melhorar. As atividades devem reforçar a vontade e a capacidade das mulheres de terem um maior envolvimento no processo de tomada de decisões, no âmbito do projeto e também da comunidade em geral. Isto pode ser atingido, no contexto do projeto, por meio de medidas já descritas na proposta, incluindo a oferta e promoção de oportunidades de treinamento e acesso a estágios, para as mulheres. É igualmente importante ter em mente que a mera alocação de uma quota de participação de mulheres nas atividades do projeto não facilita, a longo prazo, a 105 integração significativa de considerações relativas aos papéis do homem e da mulher. Atividades que cultivem um senso de propriedade, participação, diálogo, colaboração e cidadania são os únicos meios de se alcançar uma verdadeira igualdade social e sustentabilidade. Para a consecução de tal objetivo (mesmo como um resultado não planejado do projeto), será necessário identificar os recursos e infraestrutura locais já existentes. Entre estes, incluem-se associações locais, grupos de mulheres ou ONG’s que promovam a conscientização da importância do treinamento empresarial e da formação de alianças com as autoridades locais, visando a utilização de recursos existentes e disponibilizados exatamente para tal finalidade. Os parceiros canadenses poderiam facilitar tal processo, estabelecendo conexões entre os diferentes parceiros e recursos locais, uma vez que o envolvimento dos canadenses iria gerar um alto nível de interesse, comprometimento e resposta das organizações e parcerias brasileiras. 2) Metodologia para a Igualdade entre os Sexos A igualdade entre os sexos é identificada, dentro do documento de Proposta do Projeto, como um tema transversaal a todas as demais questões (cross cutting), e os resultados do projeto visam “melhorar a renda sustentável gerada pela pesca para as famílias carentes das comunidades de pescadores, com sensibilidade para as questões ligadas à família e aos papéis do homem e da mulher.”13 Pelas atividades do projeto, tem-se uma oportunidade e potencial significativos para a integração e abordagem da questão da igualdade entre os sexos. Isto pode ser conseguido 1) Enfatizando o princípio da eqüidade de gênero do projeto e de suas atividades. 2) Promovendo-se a igualdade entre os sexos, pela criação de componentes do projeto que focalizem as necessidades específicas das mulheres. Uma maneira de se garantir tais condições é implementando-se uma metodologia de igualdade entre os sexos, em todos os aspectos do projeto. Uma metodologia clara e eficaz, para esta questão, iria permitir também a consecução do objetivo a longo prazo do projeto, ou seja, o de desenvolver componentes com metodologias transferíveis. A metodologia para abordagem da questão dos papéis masculino e feminino, para o presente projeto, seria baseada em 3 etapas, como segue: 1) Identificação de papéis, necessidades e prioridades das mulheres, 2) Consideração dos diferentes impactos que as atividades do projeto poderiam exercer sobre as mulheres e as crianças 3) Integração de práticas específicas de igualdade entre os sexos, conforme determinadas pelas necessidades e contexto de cada comunidade. A identificação de atividades específicas enfocando a questão da igualdade entre os sexos deverá ser feita em consulta e em parceria com a comunidade. O Conselho de 13 Executive Summary, Brazil Inland Fisheries: Participatory Management & Conservation, WFT & FUSC, 2001. 106 Mulheres é um bom exemplo de fórum para se identificar as preocupações que precisam ser abordadas, dentro da comunidade. Outros métodos de participação poderiam incluir reuniões da comunidade ou a presença de representantes das mulheres e dos jovens, nas reuniões do projeto. Os resultados da presente análise social e dos papéis do homem e da mulher permitem uma compreensão mais clara da situação sócio-econômica das comunidades de pescadores de Três Marias. O presente relatório fornece uma análise das implicações do declínio dos pesqueiros para 1) a questão dos papéis do homem e da mulher, 2) para os jovens e 3) para a família. Tal análise revela que há uma necessidade genuína de priorizar e integrar ao projeto preocupações relacionadas com estes três temas, e que tal conduta irá beneficiar a comunidade como um todo. A análise demonstra haver um interesse e apoio significativos gerados dentro da comunidade e entre as autoridades locais, órgãos governamentais e parceiros. Foi identificada, durante a análise, a existência de inúmeros recursos e infraestrutura. A infraestrutura existente deverá, sempre que possível, ser utilizada como um recurso, ao longo de todo o Projeto. A vontade política foi transformada em infraestrutura importante, um exemplo sendo o Conselho de Mulheres no município de Três Marias. Todos estes são sinais independentes de avanço dentro da comunidade e devem ser integrados aos planos e atividades do projeto. O desafio, para os parceiros brasileiros e canadenses, será o de dar, à comunidade, condições para que essa possa identificar suas necessidades e prioridades, e facilitar o avanço desejado, ao invés de utilizar uma abordagem imposta. C) Recomendações O presente relatório fornece recomendações baseadas no resultado da análise social e dos papéis do homem e da mulher. Tais recomendações fornecem um contexto básico para o estabelecimento de uma estratégia para a questão dos papéis do homem e da mulher. Essa estratégia servirá para promover maior conscientização sobre a igualdade dos sexos, incorporar ao projeto as necessidades, prioridades e interesses das mulheres, e enfatizar a capacidade das mulheres e dos jovens de participarem efetivamente do projeto. As recomendações também levam em consideração os resultados já alcançados, propondo direções que poderiam ser incorporadas ao projeto. Uma vez que o projeto encontra-se ainda em fase de planejamento, o escopo e o objetivo do mesmo, em termos das metas relacionadas com a questão dos papéis do homem e da mulher, dos jovens e da família, precisam ser claramente definidas, em consulta com a comunidade e com todos os parceiros. Embora estes três temas tenham sido identificados como subliminares a todos os aspectos do projeto (cross cutting), é absolutamente imperativo que as diferentes realidades e necessidades das mulheres e dos jovens sejam levadas em conta e tratadas individualmente, assim como pela de integração às atividades do projeto. Observe-se que as seguintes recomendações podem ser integradas em diversos níveis, dentro do projeto: Nível do Projeto, Nível da Comunidade, Nível Municipal, Nível Regional, e assim por diante. 107 PAPÉIS DO HOMEM E DA MULHER Enfoque: Conscientização do Público. Recomendação: Promover a percepção e reconhecimento dos papéis das mulheres nas comunidades de pescadores. Possíveis Atividades: Produzir e divulgar um artigo sobre os papéis das mulheres nas comunidades de pescadores; promover exercícios simples, como examinar uma descrição das atividades de um homem ou uma mulher, durante um período de 24 horas, para verificar que tipo de atividades eles executam e analisar a divisão do trabalho. ----------------Enfoque: Promover capacitação. Recomendação: Promover e apoiar as mulheres no sentido de as mesmas se organizarem e terem uma participação ativa. Possíveis Atividades: Incorporar, sempre que relevante, a utilização de oficinas e seminários de treinamento que ensinem habilidades úteis a longo prazo, tais como a formação e gestão de associações, além de abordarem questões básicas, como noções de saúde e nutrição. Enfoque: Planejamento de RBM. Recomendação: Desenvolver uma estratégia para abordagem da questão dos papéis do homem e da mulher, baseada em metodologias RBM. Possíveis Atividades: Coletar dados desagregados sobre os papéis do homem e da mulher, determinar metas específicas e desenvolver indicadores sensíveis para esse tema, monitorar e avaliar componentes. OS JOVENS E A FAMÍLIA Enfoque: Educação. Recomendação: Apoiar e integrar oportunidades educacionais para os jovens. Possíveis Atividades: Estágios, quotas de matrícula. ----------------Enfoque: Participação. 108 Recomendação: Promover a participação ativa das mulheres e dos jovens no projeto. Possíveis Atividades: Identificar representantes dos jovens e das mulheres, para participarem de todas as reuniões do projeto. Enfoque: Direitos Humanos e Violência. Recomendação: Estabelecer e apoiar mecanismos para proteção dos pescadores contra a violência, bem como objetivar a redução da violência, através do diálogo. Possíveis Atividades: Diálogo entre pescadores conscientização. ----------------PROPOSTA DO PROJETO e autoridades locais, Enfoque: Compreensão da Igualdade entre os sexos Recomendação: Criar um consenso sobre a igualdade entre os sexos e metas relacionadas com a o tema. Possíveis Atividades: Oficina sobre a Igualdade entre os sexos, para todos os participantes do projeto. Enfoque: Formação de redes de cooperação. Recomendação: Promover e fortalecer redes diversificadas, do tipo multiníveis, conectando recursos e organizações locais e órgãos governamentais. Possíveis Atividades: Visitar ONGs; promover visitas a Três Marias. ----------------Enfoque: Melhoria da Infraestrutura Recomendação: Identificar, apoiar e incluir nas atividades do projeto “pessoas-modelos” e suas iniciativas. Possíveis Atividades: Promover a conscientização e participação do Conselho de Mulheres, bem como oficinas organizadas localmente, sobre auto-estima, habilidades empresariais, saúde. Há que se observar que algumas das recomendações acima já foram identificadas e integradas ao plano de proposta do projeto, porém, será necessário identificar e desenvolver atividades mais específicas, dentro do contexto e dos objetivos do projeto.