TEATRO FOLIA Antonio Gomes Pereira Neto (UFRN, Rio Grande do

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TEATRO FOLIA Antonio Gomes Pereira Neto (UFRN, Rio Grande do
Modalidade: Artigo
GT: Teatro
Eixo Temático: Iniciação Científica
TEATRO FOLIA
Antonio Gomes Pereira Neto (UFRN, Rio Grande do Norte, Brasil)
RESUMO:
Este presente Artigo de Iniciação Científica é o projeto de mestrado desenvolvido
através do Mestrado Profissional em Artes (PROF-ARTES), a partir da pesquisa do
Teatro Dramático Folclórico, contextualizado no aprendizado e na prática
educacional do aluno do ensino básico. Esta atividade possibilita o estudo do teatro
de raízes populares, a formação estética e artística dos alunos e a interrelação dos
participantes do projeto. Um teatro pedagógico que busca promover a
expressividade do aluno interface ao processo de ensino-aprendizagem com caráter
transformador. Através de atividades lúdicos, jogo dramático, improvisação teatral e
aulas de história do teatro, possibilita uma reflexão sobre os valores artísticos na
sociedade atual e a importância do teatro na educação. Neste processo de
construção os alunos descobrem sua maneira de criar e representar, exercitando o
seu músculos da imaginação. Trabalhar seu raciocínio para o dia-a-dia da escola,
manter uma relação de aprendizado e uma conexão entre arte e educação, cultura e
criação espontânea.
Palavras-chave: Teatro/Educação; Raízes populares; Pedagogia teatral
THEATER REVELRY
RESUMEN:
This this Article Scientific Initiation is the master project developed through the
Professional Master of Arts (PROF-ARTS), from the research of Folk Drama Theatre,
contextualized learning and educational practice in the student's basic education.
This activity allows the study of the roots of popular theater, aesthetic and artistic
development of students and the interrelationship of the project participants. An
educational theater that seeks to promote the expressiveness of the student interface
to the process of teaching and learning with transforming character. Through playful
activities, dramatic play, theatrical improvisation and theater history classes, provides
a reflection on the artistic values in society today and the importance of theater in
education. This construction process students find their way to create and represent
your exercising muscles of the imagination. Working his reasoning for the day-to-day
school, maintain a learning relationship and a connection between art and education,
culture and spontaneous creation.
Key words: Theatre/Education; Popular and folk roots; Theatre Pedagogy
1 Introdução
A criatividade do povo brasileiro se expressa magistralmente na arte e nas
formas míticas e em suas crenças. Através do Teatro Dramático de Raízes
Populares – cria-se um folclore com as características do povo e da região,
espetáculos ricos em signos, emblemas, magia e encantamento. Roteiros que
utilizam as ledas, mitos, lugares e as festas, o canto ou hábitos possuem estórias
que nos permitem entender a origem ou o formato dos acontecimentos, personagens
cosmogônicos qual pluralizam as ações das cenas, um teatro vivo, enérgico,
fantástico e antiilusionista.
Nessas estórias é criada uma dramaturgia folclórica, um exemplo de arte
incomum e congruente. As ações destes personagens populares possibilitam
múltiplas vertentes à construção dramatúrgica, unindo o imaginário popular ao
folclore. Sendo assim, esta diversidade resulta em um teatro com possibilidade e
vertentes de criação. Uma mistura de emblemas e elementos artísticos que resulta
em uma arte irreverente, desconstruída e cosmopolita, um Teatro Folia. Deste
modo, a matriz é a observação do cotidiano das pessoas, para recriar os
personagens e enredos, desenvolvendo uma estética arbitrária e continuada da
dramaturgia. Abrindo novos caminhos para o imaginário fantástico, com possibilitas
e vertentes para uma nova dramaturgia negra, mulata, mameluca, tropical, com sua
densidade e tensão, formas e elementos da arte genuína.
Toda tradição do povo brasileiro está protegida nas raízes da sua cultura,
valorizando os elementos nacionais e mostrando toda opressão, conflitos agrários,
escravidão e a exploração de trabalho. Homens e mulheres que através da arte
dialogam neste turbilhão de ideias e compatibilidade, representam personagens
libidinosos, figuras avultas, brincantes e artistas populares. Sem dúvida uma
expressividade nata e verdadeira, uma narrativa do mundo e dos fatos que os
rodeiam, soma-se a um inesgotável manancial de sonhos e desejos, elementos
salutares e comuns na expressão dramática. Uma forma teatral com grandes valores
culturais e estéticos que provoca o encantamento do imaginário dos espectadores,
de um modo geral, cumpre inicialmente observar o caráter anárquico, por vezes
arbitrário, descontinuo, por outro lado permite avaliar uma estrutura totalmente
desmontada, como que improvisada, surgida na hora, as situações decorrem da
própria cena, como numa espécie de cena-puxa-cena (PIMENTEL, 2003).
Nesta troca de informação foi encontrada a base para o desdobramento das
atividades, o jogo da improvisação. Utilizam-se as loas, toadas, dança e situação
dramáticas dos brincantes, para resolver as situações da sala de aula. A forma
teatral é o resultado de um processo voluntário e premeditado de criação, onde a
espontaneidade e o intuitivo também exercem um papel de importância (CHACRA,
1991). Assim, compreendendo as emoções, o processo de criação se torna
prazeroso e possível, avançar em sua liberdade de expressão e de representação,
provocar a momentaneidade e a troca de conhecimento. A montagem de peças
teatrais com base no processo de aprendizagem leva a observar a dinamicidade,
criatividade e conflitos resultantes da ação destes elementos do teatro e a sala de
aula. Em outras vertentes podendo ser chamado de teatro multifacetado, dispõem
de vários outros elementos de sua arte plural, como no teatro e circo, teatro de
animação e o teatro de rua, sugerido aos alunos como momentos lúdicos e de
conhecer novos formatos. Estas experiências transforma-se em textos para
encenação, roteiros para cinema e performance, um processo de improvisação e um
dialogo com sua criatividade, como algo inesperado ou inacabado, que vai surgindo
no decorrer da criação artística, aquilo que se manifesta durante os ensaios para se
chamar a ação acabada. (CHACRA, 1991).
O teatro transforma e provoca a reflexão de problemas e situações, estimulam
ações e atitudes no homem, seu principal instrumento de estudo, direcionando e
mostrando respostas e caminhos para sua expressividade. Uma liberdade
atravancada pela batalha da resistência e da opressão, uma arte que faz respirar
qualquer comunidade desfavorecida e excluída das políticas culturais. O teatro
acontece como uma possibilidade de libertação e força que levanta o homem a se
colocar no lugar do outro e a força da criação espontânea do povo à beleza rude e
maravilhosa de um teatro antiilusionista, primitivo e anárquico. A trama possui o
encantatório do improviso, do feito na hora, daí as transformações por que passa,
em processo dinâmico, adaptando-se a cada nova realidade, e a irresistível atração
e o interesse permanentes (PIMENTEL, 2004).
Através deste processo de criação personagens na forma dos brincantes,
menestréis, saltimbancos e cantadores foram dando possibilidade para criação de
um cronograma de atividade. Junto a este sincretismo entre o teatro folclórico e a
cultura das festas, cortejos e a crença, surgiram histórias e causos, nos exercícios
dos jogos de improvisação. Com falas, cenas cômicas, situações típicas da
Commedia dell’arte, cada qual com seu papel fixo, mas deve improvisar falas de
acordo com a situação dada (Pimentel, 2003).
Dotado de uma simplicidade admirável, uma percepção do natural e uma
transgressão espontânea, mesmo com todo processo de escravidão, censura e do
distanciamento da mudança, a fé e a vida sempre falou alto. O povo brasileiro fincou
seus hábitos na desesperançosa cavalgada da ilusão e na arrebatadora força da
utopia. Para este narrador popular, atrevido e anárquico com tantas propriedades
que chega a transformar-se através de rituais religiosos, resulta na representação do
significado do teatro em suas raízes. O olhar crítico e o imaginário múltiplo criam
uma forma possível e consistente de ver os fatos e traduz com elementos concretos
em arte. Uma ruptura para a cultura de massa, a liberdade da prisão psicológica, ao
crime a ausência de educação, informação e valores humanos. O teatro está como
um instrumento dialético e facilitador do processo estético da arte, com sua
irreverência e continuidade, trás o enriquecimento à expressão e sabedoria da
humanidade.
2 Desenvolvimento
O imaginário popular e o folclore possuem elementos ricos para construção
da dramaturgia brasileira. Este imaginário popular que se abre a partir da resistência
desses populares, camponeses, operários, artesões, ameríndios, homens e
mulheres que redescobriram seus mitos e valores. São mamelucos, cafuzos,
caboclos, mulatos, quais reinventam nos terreiros, matas, vilas, rua e feiras as
personagens deste enredo. Trazem uma arte/identidade nata e vislumbraste, são
cantadores de violas, cordelistas, contadores de estórias, pessoas comuns que
trazem na sua imaginação toda beleza e criatividade em sua arte. Através de seus
costumes, fé e religião, possibilitam novas vertentes à dramaturgias, traduzir a forma
empírica e a da alma desta gente. O folclore é a redoma que protege essas
verdades poéticas, uma forma de arte enérgica e impetuosa.
Os encontros destas duas formas possibilitam adentramos em um universo
criativo, um Teatro Folia, da improvisação que transforma e realimenta o homem
comum, primitivo, com sua sátira, farsa, lirismo e drama. Esta construção se dá a
partir do encontro entre as cenas clássicas e o improviso das possibilidades do pós-
dramático e da performance. Esta força poética se torna uma expressão continuada,
vibrante, atual e livre, com seus riscos, contradições, miséria e opressão surge o
“aprender a aprender”, dos acontecimentos e revoluções. Uma expressividade
brasileira de manifestação artísticas, significante e antiilusionista, raízes poéticas
que valorizam e caracterizam esta estética. Possuem em seu enredo personagens
como os bois, caboclos, bonecos, realimentando seus saberes e fazeres,
amadurecendo a relação dos personagens neste enredo de criações.
Este é o homem da resistência e lutar, o artista que cristaliza cada vez mais
esta forma de teatro, sendo pouco provável que deixe de existir. Uma arte que se
renova e adapta em espaço e tempo, uma forma de dar voz a esta gente simples e
irreverente, que tem em suas raízes folclóricas, sua expressão, um povo astuto e
esperto que faz destas características um instrumento para sobrevivência.
O teatro pela sua dinâmica tem o poder de influenciar, por
isso é forte. Só que quando se trata de teatro na educação
precisamos orientá-lo pedagogicamente de tal forma que
sua prática se torne uma atividade construtiva e solidária,
criativa e conscientizadora.¹ (CARLOS CARTAXO, 2001,
p.64)
Em seu ciclo de atividades os participantes desenvolvem atividades de arte
cênicas, integrando aos jogos e a música, através dos instrumentos, aproximando de
suas manifestações populares. Tendo no folclore e nos brincantes populares
elementos essenciais para provocar nos alunos o realismo fantástico nas criações.
Tendo no teatro o papel importante para a socialização e convivência escolar,
a comunidade é importante neste dialogo, os mestres de cultura popular, os
cantadores e os brincantes, realimenta esta compreensão entre arte e
aprendizagem. Esta dialética acontece ao aluno tocar um instrumento ou entoar uma
canção, uma ferramenta social e transformadora.
Esta reflexividade surge ao observar o universo amostral que permeia o
processo de formação, através dos seus relacionamentos no dia-a-dia e sua
participação nas atividades escolares. Abrindo caminhos para um imaginário amplo
e infindo de criatividade e criação. Encontrando nos elementos folclóricos, na fé, nos
fazeres de cada povo, de cada comunidade, um universo imaginário para sua
formação e crescimento.
Referencial Teórico
A pesquisa do projeto Teatro Folia está direcionada as raízes populares e
folclóricas, vertente pesquisa pelo dramaturgo Altima Pimentel. Através dela, formar
o aluno artisticamente integrado ao processo de ensino-aprendizagem e criação
artística. Utilizando elementos da cultura popular e realimentando as técnicas
teatrais na aquisição à cultura e a formação cidadão de cada aluno. As vertentes de
criação dos brincantes têm um mote que é a improvisação, Esta técnica auxilia a
construções dos jogos dramáticos e nas dinâmicas utilizadas durante as aulas de
teatro, possibilitando um caminho rico de aprendizagem e transformação. A trama
possui o encantatório do improviso, do feito na hora, daí as transformações por que
passa, em processo dinâmico, adaptando-se a cada nova realidade. (PIMENTEL,
2004).
Imagem 1 – Brincantes de pés do chão
Fotografia de Tony Rodrigues
Santa Rita – PB
O teatro está neste processo pedagógico como um instrumento dialético e
facilitador na educação, com sua irreverência e continuidade, um enriquecimento à
expressão e sabedoria do homem. Essa atividade tem regras que estimulam a
disciplina, a lealdade, alto-estima e afetividade, elementos essências à busca de
conhecimento e felicidade, consequentemente um bom desempenho nos momentos
seguintes da criação cênica. O aluno utiliza desta linguagem da expressão e
comunicação no meio escolar e em outros ambientes extraescolares, questões
cotidianas que são abordadas e resolvidas utilizando o jogo, qual está contribuindo
para a construção da sociedade, com espírito coletivo e facilitador das relações
interpessoais.
Os exercícios auxiliam na aquisição da arte teatral e aproxima a criança e o
adolescente das atividades artísticas. Torna seus momentos alegres e criativos,
contribui para sua alto estima, possibilita aos alunos se envolverem em uma tríade
importante neste processo o fazer, apreciar e o construir. Orientando para que se
identifique como grupos e se relacionem buscando a amizade e a confiança, uma
base para a construção da personalidade e o crescimento do aluno com aspectos de
solidariedade, respeito, compreensão, democracia, liderança e liberdade, conceitos
importantes para o seu convívio em sociedade. O teatro pela sua dinâmica tem o
poder de influenciar, por isso é forte. Só que quando se trata de teatro na educação
precisamos orientá-lo pedagogicamente de tal forma que sua prática se torne uma
atividade construtiva e solidária, criativa e conscientizadora (CARTAXO, 2001).
O Teatro Popular do Nordeste para Lourdes Ramalho coloca em cena
experiências, conflitos e sonhos do povo da região. Defende o conceito de um teatro
popular, apoiando-se, sobretudo, no trabalho de recriação das narrativas do
imaginário popular, traduzindo a intenção de levar a população local a reconhecer a
si mesma e à sua cultura, desta forma recriar as possibilidades de criação,
juntamente com o desenvolvimento intelectual, interpretação e a visão crítica de
cada aluno. Através desta narrativa revisita personagens, fábulas e procedimentos
estéticos da literatura popular em verso e de contos de fadas, além de provérbios e
danças dramáticas, realizando uma mistura de versos e ritmos, tudo envolto num
clima de magia, brincadeira e festa, próprio da cultura popular e, igualmente, do
teatro infantil. Instituem este mundo de fantasia, recriado a partir do teatro popular de
rua, do circo, das histórias de folheto de cordel, a que não falta, porém, a crítica
social incisiva característica da produção.
Com a proposta de reinventar no palco o universo nordestino, Ramalho
valoriza sua herança cultural, estando presente na sua dramaturgia a discussão
sobre a seca, o êxodo rural e os abusos de poder político local. Temas
transformados em ações pedagógicas e educativas para observação e reflexão
sobre os dias atuais. O teatro possibilita uma visão livre e significativa dos fatos,
exercitar essas ações pedagogicamente através das aulas como uma proposta
estética voltada para o desvendamento e ressignificar das raízes étnico-culturais do
universo popular nordestino, especialmente as que remontam à cultura ibérica.
As variadas formas de produzir o teatro influência a transformação estética
das artes, as descobertas das novas formas de criação são realimentadas através
de um processo continuo e transgressor. O teatro Hermiliano tem esta forma de
universalidade, com base na sua trivialidade e do cotidiano em seus personagens.
Busca elevar o teatro nordestino trazendo a tona sua problemática social. O homem
brasileiro posto no palco com toda a sua luta, o sofrimento, a derrota, a insistência, a
vitória; um teatro de intensidade emocional e crítica, um teatro vivo, aberto, sem a
ilusão da quarta parede, permitindo ao público a compreensão maior de sua própria
história (BORBA FILHO, 1987). Pesquisar a história das marionetes, desde sua
criação até o teatro de bonecos no Brasil é fortalece as informações e o crescimento
intelectual do aluno, através da interpretação das peças de teatro, abrir para uma
visão críticas dos fatos, uma interação entre arte e educação quais os resultados são
sempre estimulantes.
Metodologia
Nas aulas práticas foram utilizado os recurso do Teatro Dramático Folclórico
que facilitou a participativo aluno nas atividades, os exercícios auxiliam na aquisição
da arte teatral e aproxima a criança e o adolescente das atividades artísticas.
Tornando seus momentos alegres e criativos, contribui para sua alto estima,
possibilita aos alunos se envolverem em uma tríade importante neste processo o
fazer, apreciar e o construir. Orientado para que se identifique como grupos e se
relacionem buscando a amizade e a confiança, adquirir uma base na construção da
sua personalidade e o seu crescimento, com aspectos de solidariedade, respeito,
compreensão, democracia, liderança e liberdade, conceitos importantes para o seu
convívio em sociedade.
Os momentos dos jogos dramáticos com características simbólicas e de livre
expressão, sem direção, texto ou plateia, representando a realidade fantástica do
pensamento, do aqui agora. Um exercício ao músculo da imaginação, uma busca
pela intuição, pela criação das ações e jogos de improvisação. Trabalha-se aspectos
emocionais e ações físicas do aluno, um exercício de representação que traz uma
carga de signos, adquiridos desde sua fase afetiva. Sendo direcionado como
atividade programática, respeita os limites do aluno e a compreensão do seu senso
artístico e social, seu caráter. Um exercício que estimula o gosto pela livre criação e
reflexão, tornando-se um jovem mais participativo e formador de opinião. Nesta
atividade o aluno sugere temas e assuntos, jogos de palavras e pantomimas,
priorizando sua expressão e respeitando seus sentimentos, suas emoções e ideias.
Como atividade livre, o espaço das aulas tem características de explorar a
imaginação e a criatividade do aluno, fazer uma reflexão política e social, discutindo
conceitos de cidadania e censura. Trabalha a cumplicidade do jovem, suas
habilidades e seu relacionamento com o outro, a percepção da utilização da palavra
no jogo e dos símbolos corporais para as ações. Promover uma visão abrangente
dos acontecimentos, uma análise entre o imaginário fantástico e o se mágico, a ação
teatral pré-estabelecida, cristalizada e estruturada para representação, para o
diálogo com o público, uma expressiva transgressora.
Essa atividade tem regras que estimulam a disciplina, a lealdade, alto-estima
e afetividade, elementos essências à busca de conhecimento e felicidade,
consequentemente um bom desempenho nos momentos seguintes da criação
cênica. O aluno utiliza desta linguagem da expressão e comunicação no meio
escolar e em outros ambientes extraescolares, questões cotidianas que são
abordadas e resolvidas utilizando o jogo, qual está contribuindo para a construção
da sociedade, com espírito coletivo e facilitador das relações interpessoais.
O estudo sobre a história do teatro é a estrutura teórica pela qual o aluno
possui, conhecer a história para poder fazer o novo. Ferramentas como a leitura de
peças, poesias e romance, que facilitaram a aquisição de técnicas da dicção e
construção de personagens, desenvolvendo a escrita e leitura, a interpretação de
cenas e poemas, contribuem na convicção de suas ideias, buscando a compreensão
do autor e do texto. Como exercícios as peças são analisadas em cenas, subcenas,
rupturas, situação significante, perguntas sobre as ações das personagens e criação
da fábula. Uma maneira de formar a opinião do participante a respeito do estudo e
compartilhada com a turma, estimulando a criatividade, importante no processo de
montagem da encenação e no estudo das palavras nas ações e partitura corporal.
Imagem 2 – Os títeres de porrete
XX Festival de Teatro do Estudante, UFPB/NTU
Fotografia de Tony Rodrigues
Teatro Lima Penante
Com as informações adquiridas os alunos buscam resolver pequenas cenas
com o jogo da improvisação retirado dos folguedos da região, redescobrir caminhos
de construção da personagem e seu estilo de criação, suas mensagens
direcionadas ao espectador. Os alunos realizaram uma pesquisa de campo sobre as
manifestações populares presentes na comunidade, conversaram com mestres e
cantadores sobre sua forma de expressão, suas danças, toadas, os personagens
que compõe a encenação, ao tocar instrumentos musicais e utilizar a técnica dos
brincantes, desenvolve a improvisação para utilizar no enredo criado. Uma forma
teatral com grandes valores culturais e estéticos, que provoca o encantamento do
imaginário, de um modo geral, cumpre inicialmente observar o caráter anárquico, por
vezes arbitrário, descontinuo, por outro lado permite avaliar uma estrutura totalmente
desmontada, como que improvisada, surgida na hora, as situações decorrem da
própria cena, como numa espécie de cena-puxa-cena (PIMENTEL, 2003).
Nesta troca de informação foi encontrada a base da construção para as
apresentações, o jogo do improviso, utilizado pelos brincantes serviu como caminho
para encontrar as respostas que as cenas necessitavam para se cristalizar,
trabalhando sempre neste processo com fins pedagógicos para o jovem
compreendendo suas emoções, seu crescimento pessoal, fazendo da expressão a
mais livre possível. Acreditar em suas ideias é um fato decisivo para sua comunicação
com as artes, adquirindo as técnicas teatrais promove o novo, o flexível, dentro de um
universo de mudanças, mostram os aspectos que são da improvisação, da
momentaneidade. A fim de tornar-se apreciável, estimulante e que desenvolva os
caminhos da imaginação, os cinco sentidos e a intuição. Busca produzir uma forma
característica para ação acabada, preocupando-se com a estética teatral e os limites
do imaginário do aluno. Através das personagens do folguedo expressão suas ideias,
dinamicidade e criatividade, passa a compreende o desenvolvimento da construção
das cenas e o significando de utilizando da música e outras vertentes como o teatro e
circo, o teatro de bonecos e a dança como suporte para as cenas. A forma teatral é o
resultado de um processo voluntário e premeditado de criação, onde a espontaneidade
e o intuitivo também exercem um papel de importância. A esse processo podemos
chamar de improvisação, como algo inesperado ou inacabado, que vai surgindo no
decorrer da criação artística, aquilo que se manifesta durante os ensaios para se
chamar a ação acabada (CHACRA, 1991).
Resultados
Os alunos realizaram uma pesquisa de campo sobre as manifestações
populares e o folclore presentes na comunidade, conversaram com os mestres e os
cantadores sobre sua forma de expressão, suas danças, toadas e os personagens
que compõe a encenação, tocaram instrumentos musicais e utilizaram da técnica do
improviso, desenvolvida pelos brincantes. Buscaram resolver pequenas cenas com o
jogo da improvisação retirado dos folguedos, descobrindo caminhos de criação,
personagens e enredos para serem resolvidos e cristalizados. Através de temas e
assuntos do seu cotidiano. Uma forma teatral com grandes valores culturais e
estéticos, que provoca o encantamento do imaginário, observa Altimar Pimentel.
Nesta jornada os participantes têm a possibilidades de vivenciar o fazer
teatral. Através de personagens com características dos brincantes, menestréis,
saltimbancos e cantadores foram dando forma as montagens, dando formas as
cenas através da observação do cotidiano das pessoas da comunidade. Observando
o folclórico, festas populares e a religiosidade.
Algumas montagens foram realizadas como pesquisa e experimentação do
formato de aulas e estudo com fins pedagógicos. Textos do dramaturgo Altimar
Pimentel, no Auto da cobiça, texto do Teatro Popular Nordestino da escritora
Lourdes Ramalho, nas As aventuras de João grilo e Viagem no pau de arara. Além
de texto adaptados de autores variados, encenados com as características da
cultura popular e das manifestações da região, montagem de Os brincantes de pés
no chão, com a criação do texto e das cenas feita pelos próprios alunos, “com falas,
improvisação, cenas cômicas, situações típicas da Commedia dell’arte, cada qual
com seu papel fixo, mas deve improvisar falas de acordo com a situação dada,
caracterizado pelo desenvolvimento de entrechos dramáticos em prosa e versos,
entremeados de contos e loas.” (Pimentel, 2003). Utilizado os elementos estéticos
encontrados nos folguedos populares como o cavalo marinho, os mestres curandeiro
e mestres rabequeiro, um processo de pesquisa para a construção das encenações.
Recriar enredos como em Os Brincantes de pés no chão em que o Mateus sai para
capital atrás de um curandeiro, o caboclo de Arubá, para trazer uma reza que
ressuscitará o Boi ele que matou, para dar sua língua a Catirina que está com
desejo. O Capitão Marinho, dono da fazenda, descobre o feito e jura matá-lo se não
encontrar o tal curandeiro. Nesta procura, encontra outros personagens como o
Mestre Ambrosio, São Domingos, Baltazar e os Caboclos de Lança que o
encaminham ao caboclo de Arubá que vive nas estradas do canavial. Nestes
encontros são interpretados textos críticos e políticos, com interferências nas
canções e na poesia, com características dos ritmos regionais como o baião,
ciranda, samba, maracatu tocado pelos personagens.
Imagem 3 – A bruxinha que era boa
XVIII Festival de Teatro do Estudante, UFPB/NTU
Fotografia de Paulo Philippe
Teatro Lima Penante
Imagem 4 – Auto da Cobiça
XIX Festival de Teatro do Estudante, UFPB/NTU
Fotografia de Tony Rodrigues
Teatro Lima Penante
Análise
Durante o processo de oficinas e a montagem das encenações foi observado
como é forte a expressão popular de cada povo, de cada pessoa. Os jovens estudantes
que buscam refletir através do teatro a sua história de vida, sua cultura, suas raízes
populares, construindo a identidade do povo brasileiro, uma expressão nata e autoral.
Um teatro do povo, que abri caminhos para possibilidade de recriar-se na estrada da
continuidade e transformação das artes. Com novas perspectivas de interpretação, se
atrelado aos valores educacionais, contribuindo para que o jovem sinta-se capaz de
fazer seu destino, de mudar sua história, passar há ter metas e pensar adiante,
assumindo responsabilidades políticas e individuais, integradas ao seu
desenvolvimento cultural e social.
Os alunos tem a possibilidade de vivenciar o fazer teatral com apresentações de
peças na sua escola, dinamizando o ambiente escolar e a participação da família no
ambiente escolar. Proporcionando uma reflexão sobre arte, fatos da atualidade e
educação, uma valiosa troca de informações entre plateia e aluno-ator, a apreciação as
artes, sua liberdade de pensamento, o alto conhecimento e o domínio de técnicas
teatrais, vivenciada em ações artístico-eduacionais.
Com a progressão deste processo entre os jogos, exercícios, pesquisa,
montagem e apresentação, as turmas compreenderam a importância do teatro para
sua escola e comunidade, percebendo o dinamismo desta arte tão antiga quanto o
homem, vivenciada na sua própria realidade, onde o palco é o palco e não uma
extensão da vida, com suas magias, momentos e encantos. Um espaço transcende,
por onde o aluno transfigura para realizar o fenômeno da imitação, a prefiguração da
representação dramática. Este teatro na educação não visa produtos artísticos
acabados, mas direcionar esta energia para o enriquecimento individual do aluno,
explorando a pesquisa da estética teatral e o desenvolvimento intelectual do mesmo,
um Teatro Folia com ferramentas eficazes para a aquisição de conhecimento, novas
diretrizes e vertentes pedagógicas congêneres com a educação.
Considerações
Os jogos de improvisação são ferramentas indispensáveis para o rendimento
e o dinamismo nas atividades, utilizado pelos brincantes em sua apresentação, esta
técnica serve como caminho para encontrar as respostas que as cenas
necessitavam para ser cristalizada. Trabalhando sempre o processo de construção
com fins pedagógicos para o jovem compreender suas emoções, seu crescimento
pessoal, fazer da expressão a mais livre possível. Apurando a ideia de comunicação
teatral, promover o novo, o flexível, dentro de um universo de mudanças, mostrar os
aspectos que são da improvisação. A fim de tornar-se apreciável, estimulante e que
desenvolva os caminhos da criação, os cinco sentidos e a intuição. Provocar a
reflexão através dos jogos teatrais, qual contribui para sua formação escola e
cidadão, preocupando-se com a estética teatral e os limites do seu corpo.
Através das personagens do folguedo os alunos foram expressando seus
pontos de vista, sua dinamicidade e criatividade, desenvolvendo as cenas utilizando
a música e outras vertentes como o teatro e circo e o teatro de bonecos, surgindo
assim textos para encenação. No entanto, observar de que forma estas
manifestação e aptidões podem ajudar o aluno no aprendizado escolar e em suas
relações interpessoais.
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3 Currículo do autor
Mestrando na UFRN, Mestrado Profissional em Artes (PROF-ARTES); Arte/Educador
pela da Secretária de Educação e Cultura do Estado do Rio Grande do Norte, cursa na UFRN a
Especialização em Educação Ambiental para Escolas Sustentável. Tem formação em Artes Habilitação em Arte Cênica pela UFPB, 2010. Curso de Formação do Ator, FUNESC - PB,
2005. Produtor Cultural e Diretor Artístico com trabalhos na área do teatro, música e cinema.
Desenvolve a pesquisa no Teatro Dramático Folclórico do Nordeste, interface ao processo de
interação artístico-educacional. Com projetos na área da Educação e Cultura com a pesquisa
de promover a expressividade autoral da arte.