Constantino Bórnia Grecco - Departamento de Engenharia de
Transcrição
Constantino Bórnia Grecco - Departamento de Engenharia de
Departamento de Engenharia de Petróleo Faculdade de Engenharia Mecânica UNICAMP Uso da Simulação por Linhas de Fluxo no Ajuste de Histórico de Produção Aluno: Constantino B. Grecco Orientador: Prof. Dr. Denis J. Schiozer Co-Orientador: Dr. Célio Maschio Campinas Julho/2005 Departamento de Engenharia de Petróleo Faculdade de Engenharia Mecânica UNICAMP Uso da Simulação por Linhas de Fluxo no Ajuste de Histórico de Produção Aluno: Constantino B. Grecco Orientador: Prof. Dr. Denis J. Schiozer Co-Orientador: Dr. Célio Maschio Trabalho de Graduação apresentado à Comissão de Graduação da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas, como requisito para a obtenção do título de Engenheiro Mecânico. Campinas Julho/2005 2 Resumo A simulação por linhas de fluxo obteve avanços significativos nos últimos dez anos e representa uma ferramenta útil em diversas áreas. Uma aplicação promissora para esta técnica é o ajuste de histórico de produção de campos de petróleo. O objetivo do processo de ajuste de histórico é construir modelos de reservatório consistentes com dados de produção e com os parâmetros geológicos. Mesmo com a evolução da aquisição de dados geológicos, a quantidade e a qualidade das informações obtidas ainda não são suficientes para representar e reproduzir perfeitamente os reservatórios. A escolha dos parâmetros a serem modificados é uma tarefa difícil. Este trabalho mostra o uso da simulação por linhas de fluxo como uma ferramenta auxiliar no processo de ajuste de histórico de produção. As linhas de fluxo podem ser utilizadas para determinar áreas onde ocorrem escoamentos no reservatório, possibilitando a definição das melhores regiões a terem os parâmetros geológicos alterados. Uma vez determinados esses parâmetros, uma metodologia automatizada é usada no processo de ajuste. Este trabalho compara ainda diferentes aspectos, como a influência da permeabilidade e da porosidade no processo e a influência do número de parâmetros ajustados. O processo de ajuste de histórico com linhas de fluxo é também comparado com o processo usual de ajuste de histórico considerando áreas regulares ao redor dos poços. Palavras Chave: Engenharia de Petróleo, Simulação de Reservatórios, Ajuste de Histórico de Produção, Linhas de Fluxo. 3 Abstract Streamline reservoir simulation has made significant advances in the last ten years and it represents an interesting tool in several areas. One of the promising applications of this technique is in the production history matching of petroleum fields. The objective of the history matching process is to build reservoir models consistently with production data as well as geological constraints. Even with modern reservoir characterization techniques, the quantity and quality of information obtained is still not sufficient to perfectly represent and reproduce reservoirs. The choice of parameters to be modified is not an easy task. This work shows the use of streamline simulation as a support technique on the history matching process. Streamlines can delineate flow areas of the reservoir, determining the best regions to have the geological parameters changed. Once parameters have been chosen, an automated methodology is used in the history match process. This work compares different aspects such as the influences of the permeability and the porosity in the process, and the influence of the number of parameters matched. The streamline history matching process is also compared with the usual history matching process, which considers regular areas around the wells. Key Words: Petroleum Engineering, Reservoir Simulation, History Matching, Streamlines. 4 Índice LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................................6 NOMENCLATURA ...................................................................................................................................7 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................8 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................................10 2.1 AJUSTE DE HISTÓRICO DE PRODUÇÃO ......................................................................................10 2.2 A SIMULAÇÃO POR LINHAS DE FLUXO .....................................................................................12 3. METODOLOGIA...........................................................................................................................15 4. APLICAÇÕES ................................................................................................................................17 5. PROCEDIMENTOS DE AJUSTE ................................................................................................20 5.1. 1° PROCEDIMENTO: INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS DE AJUSTE ..............................................21 5.2. 2° PROCEDIMENTO: INFLUÊNCIA DA SEPARAÇÃO DAS REGIÕES DE LINHAS DE FLUXO ..............22 5.3. 3° PROCEDIMENTO: COMPARAÇÃO ENTRE PROCESSOS DE AJUSTE COM E SEM USO DE LINHAS DE FLUXO. ..............................................................................................................................................24 6. RESULTADOS/DISCUSSÕES......................................................................................................24 6.1. CONVERSÃO IMEX / 3DSL......................................................................................................24 6.2. MAPA DE LINHAS DE FLUXO ....................................................................................................25 6.3. INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS DE AJUSTE ..............................................................................27 6.4. INFLUÊNCIA DA SEPARAÇÃO DAS REGIÕES DE LINHAS DE FLUXO ...........................................29 6.5. COMPARAÇÃO ENTRE PROCESSOS DE AJUSTE COM E SEM USO DE LINHAS DE FLUXO ............34 7. CONCLUSÕES...............................................................................................................................40 8. AGRADECIMENTOS ...................................................................................................................41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................................41 5 Lista de Figuras Figura 2.1: Exemplo de região regular em torno do poço: ............................................ 11 Figura 2.2: Exemplo de blocos definidos através de uma linha de fluxo. ...................... 12 Figura 2.3: Exemplo de linhas de fluxo de um reservatório........................................... 13 Figura 2.4: Exemplo tridimensional de células mapeadas por uma linha de fluxo (Maschio e Schiozer, 2004). ................................................................................... 15 Figura 4.1: Permeabilidade horizontal para cada camada do modelo usado para gerar o histórico de produção.......................................................................................... 18 Figura 4.2: Permeabilidade horizontal das camadas do modelo grosseiro................... 20 Figura 5.1: Exemplo de linhas de fluxo separadas por injetor (no produtor 2)............. 22 Figura 6.1 : Vazões de óleo e água em condições de superfície para os dois simuladores............................................................................................................. 25 Figura 6.2: Linhas de fluxo do campo estudado para o tempo de 600 dias de produção. ................................................................................................................................ 26 Figura 6.3: Vazão de água para ajustes com linhas de fluxo sem e com porosidade: ... 28 Figura 6.4: Vazão acumulada de água para ajustes com linhas de fluxo sem e com porosidade no Produtor 2. ..................................................................................... 29 Figura 6.5: Vazão de água para ajustes de permeabilidades com linhas de fluxo para o caso geral e para o caso com separação de injetores: .......................................... 31 Figura 6.6: Vazão acumulada de água para ajustes de permeabilidades com linhas de fluxo sem e com identificação dos poços injetores no Produtor 1. ........................ 31 Figura 6.7: Vazão de água para ajustes de permeabilidades e porosidade com linhas de fluxo para o caso geral e para o caso com discretização de injetores: ................. 33 Figura 6.8: Definição de regiões para o ajuste com área regular. ................................ 35 Figura 6.9: Vazão de água para ajustes de permeabilidades e porosidade com linhas de fluxo e com tomada de área regular: ..................................................................... 36 Figura 6.10: Vazão acumulada de água para ajustes de permeabilidades e porosidade com linhas de fluxo e com tomada de área regular: .............................................. 38 Figura 6.11: Vazão de água para ajustes de permeabilidades e porosidade com linhas de fluxo e com tomada de área regular para todo o campo................................... 39 Figura 6.12: Vazão acumulada de água para ajustes de permeabilidades e porosidade com linhas de fluxo e com tomada de área regular para todo o campo. ............... 39 6 Nomenclatura μ - Viscosidade φ - Porosidade Por - Porosidade S - Saturação K - Permeabilidade total Kx - Permeabilidade Horizontal Kz - Permeabilidade Vertical B - Fator volume de formação Rs - Razão de solubilidade RGO - Razão Gás-Óleo V Volume - 3DSL - Simulador por linhas de fluxo IMEX - Simulador por diferenças finitas (convencional) MOT - Módulo de ajuste de histórico assistido P01 - Poço produtor n° 1 P02 - Poço produtor n° 2 P03 - Poço produtor n° 3 P04 - Poço produtor n° 4 I01 - Poço injetor n° 1 I02 - Poço injetor n° 2 I03 - Poço injetor n° 3 Subscritos R - indica condições de reservatório SC - indica condições de superfície i - fluido de interesse: óleo, gás ou água. o - relativo a fase óleo g - relativo à fase gás w - relativo à fase água x - relativo à horizontal z - relativo à vertical 7 1. Introdução Uma das principais tarefas na engenharia de reservatórios é a previsão de comportamento de reservatórios para melhor planejar e otimizar a estratégia de produção de campos de petróleo. Para modelar corretamente os reservatórios, é necessário um bom entendimento da caracterização das jazidas, propriedades das rochas, propriedades dos fluidos nelas contidos, a maneira como esses fluidos interagem dentro da rocha e as leis físicas que regem o movimento dos fluidos no seu interior, com o objetivo de maximizar a produção de hidrocarbonetos com o menor custo possível. Os métodos analíticos disponíveis para a previsão de comportamento de reservatórios não são aplicáveis para casos complexos, pois envolvem muitas variáveis, sendo necessário o uso de simuladores numéricos. Eles permitem mais sofisticação nos estudos dos reservatórios. Porém, para tanto, é necessário dispor de dados de rocha, fluidos, geologia, histórico de produção, além da disponibilidade de recursos (computador, e tempo disponíveis). A complexidade do problema pode tornar a simulação lenta em alguns casos, e, por isso, processos que envolvem muitas simulações devem ser executados de forma a realizar as tarefas com um número controlado de simulações. A redução no número de simulações pode, dessa forma, ser efetivada com a utilização de técnicas auxiliares, como a simulação de reservatório por linhas de fluxo. A simulação por linhas de fluxo é um método numérico diferente do método de simulação tradicionalmente empregado na indústria do petróleo que é o de diferenças finitas, conforme será apresentado nesse texto. É um método mais rápido devido a algumas simplificações feitas para a modelagem do processo, mas, por isso, não é tão confiável. Entretanto, embora não possa ser utilizado para substituir o simulador 8 tradicional, ele pode ser utilizado como ferramenta auxiliar, trazendo benefícios para o processo, que serão descritos ao longo deste trabalho. A simulação por linhas de fluxo mostrou-se uma ferramenta auxiliar importante em diversas áreas, como na estratégia de produção (principalmente quando há a injeção de água no reservatório, permitindo a quantificação da relação de fluxo entre injetores e produtores, possibilitando um balanceamento do esquema de injeção, segundo Grinestaff [1] , 1999), ou no processo de ajuste de histórico de produção, identificando áreas de fluxo no interior do reservatório, as quais poderão ter suas propriedades geológicas alteradas. Atualmente, mesmo com a evolução da aquisição de dados geológicos (geofísica, sísmica, etc.), os dados adquiridos ainda não são suficientes para uma boa representação do reservatório. Assim, o modelo gerado nunca reproduz exatamente a realidade, sendo necessário um ajuste dinâmico neste modelo de reservatório, ou seja, é necessário “calibrar” o modelo, inserindo dados de produção (histórico de produção), como vazões produzidas, pressões, etc., para gerar um novo modelo que reproduza mais fielmente a realidade e que seja mais confiável para a previsão de produção. Essa atividade de calibração do modelo é conhecida como “ajuste de histórico de produção” e tem grande importância na engenharia de reservatórios. O objetivo da técnica de ajuste de histórico de produção é construir um modelo de reservatório consistente com os dados de produção, dentro das restrições geológicas. O grande número de incertezas envolvidas devido à detalhada distribuição das propriedades dos reservatórios, como porosidades e permeabilidades, gerando muitas heterogeneidades, além de outros fatores como interação entre poços, definição da função objetivo, etc, torna o processo de ajuste de histórico muito difícil e demorado. Para realizar esse ajuste, é necessária a alteração desses parâmetros geológicos. Porém, a dificuldade de localizar as áreas que deverão ser modificadas no modelo torna 9 o processo de ajuste de histórico uma tarefa que necessita muito da experiência do engenheiro de reservatórios. O objetivo deste trabalho é utilizar o simulador por linhas de fluxo para auxiliar o ajuste do histórico de produção e estudar deferentes procedimentos de ajuste, identificando a influência de alguns parâmetros no processo. O modelo de linhas de fluxo, com o qual se consegue identificar os “caminhos” preferenciais dos fluidos, foi utilizado para facilitar a identificação e escolha das regiões a serem modificadas para a calibração do modelo, tornando, assim, o processo mais rápido e confiável. 2. Revisão Bibliográfica 2.1 Ajuste de Histórico de Produção Devido ao grande número de heterogeneidades que ocorrem na maioria dos reservatórios, o processo de ajuste de histórico torna-se uma tarefa muito difícil e demorada, dependendo muito da habilidade do engenheiro de reservatórios para identificar as regiões que serão modificadas. O ajuste de histórico de produção pode ser dividido, de uma maneira geral, em duas etapas: ajuste global, onde as propriedades gerais do reservatório são modificadas, de uma maneira global, e ajuste local, onde apenas propriedades de uma determinada região são modificadas. Neste trabalho foram realizados ajustes locais no modelo utilizado pois é nessa fase que as técnicas utilizadas têm maior aplicabilidade. Durante o processo, o parâmetro mais freqüentemente alterado é a permeabilidade das células do modelo (Oliver [2], 2001; Caers [3], 2002). Uma das razões para isso é devido à permeabilidade ser um dos parâmetros de maior incerteza na fase de caracterização, além de geralmente apresentar um maior efeito no escoamento dos fluidos. 10 O processo de ajuste local é normalmente realizado tomando-se uma área regular ao redor dos poços, conforme ilustrado na Figura 2.1, ou através da definição de uma área retangular entre um poço injetor e um poço produtor, podendo tornar o processo ineficaz, levando a resultados pouco satisfatórios. Por exemplo, considerando-se um injetor I1 e dois produtores P1 e P2 conforme a mudanças das propriedades ao redor do Poço P1, na Figura 2.1, uma pequena região ao redor do poço P1 (Figura 2.1a) pode não ser suficiente para o ajuste e uma região grande ao redor de P1 pode afetar também o poço vizinho P2 (Figura 2.1b). a) b) Figura 2.1: Exemplo de região regular em torno do poço: a) Pequena região b) Grande região 11 Mudanças nas propriedades são facilitadas através do conhecimento dos “caminhos” que os fluidos percorrem dentro do reservatório, os quais podem ser determinados através da simulação por linhas de fluxo. A Figura 2.2 mostra uma linha de fluxo entre um poço injetor e um poço produtor, onde a região em negrito representa os blocos que, em um processo de ajuste, poderiam ter suas propriedades modificadas. Esse procedimento leva em conta as heterogeneidades e interligações entre os poços, contornando os problemas citados anteriormente. Figura 2.2: Exemplo de blocos definidos através de uma linha de fluxo. 2.2 A Simulação por Linhas de Fluxo A técnica de simulação por linhas de fluxo tem despertado bastante interesse nos últimos anos e tem se mostrado uma ferramenta importante na aplicação em diversas tarefas de gerenciamento envolvendo a simulação numérica de reservatórios. O princípio da simulação por linhas de fluxo é a decomposição de um problema tridimensional (3D) em uma série de problemas unidimensionais (1D) independentes, ou seja, ao invés de considerar o movimento do fluido de célula para célula, a simulação por linhas de fluxo divide o reservatório em sistemas unidimensionais. As equações de transporte são, então, resolvidas ao longo de um espaço unidimensional, definido pelas 12 linhas de fluxo, usando o conceito do “tempo de residência”. Assim, grandes intervalos de tempo podem ser usados, a difusão numérica é minimizada e o tempo de computação varia, dependendo do caso, linearmente com o tamanho do modelo. A Figura 2.3 mostra um exemplo de um mapa de linhas de fluxo gerado pelo simulador. Figura 2.3: Exemplo de linhas de fluxo de um reservatório. A simulação por linhas de fluxo baseia-se na formulação IMPES (IMplícito para Pressão e Explícito para Saturação), ou seja, esta formulação consiste em resolver o campo de pressão de forma implícita e a saturação das fases água/óleo/gás, de forma explícita. Detalhes matemáticos podem ser encontrados em Datta-Gupta[4] (2001), Baker[5] (2001) e Samier[6] (2001). A simulação segue os seguintes passos: 1) O campo de pressão é calculado através do conhecimento das propriedades das rochas, dos fluidos e dos dados disponíveis. 2) Usando a Lei de Darcy, as linhas de fluxo são traçadas através do domínio tridimensional. 3) A composição do fluido é traçada e definida ao longo de cada linha de fluxo. 13 4) Uma equação geral e unidimensional de balanço de massa é resolvida através de cada linha de fluxo para mover a composição do fluido ao longo do tempo. 5) A composição do fluido através das linhas de fluxo é mapeada de volta através da grade tridimensional. 6) O fluido é, então, movido verticalmente para considerar o efeito da gravidade e é mapeado através da grade novamente. 7) O campo de pressão é recalculado e os passos 1-6 são repetidos. Uma aplicação importante das linhas de fluxo está na área de ajuste de histórico de produção (Wang[7], 2002), através da identificação do fluxo de fluidos no interior do reservatório e, assim, da identificação das regiões que deverão ter suas propriedades alteradas (Maschio e Schiozer[8], 2003). A técnica de ajuste de histórico de produção com o uso da simulação por linhas de fluxo foi aplicada com sucesso a um campo real por Maschio e Schiozer[9], 2004, onde a simulação por linhas de fluxo comprovou ser uma ferramenta importante para o mapeamento das células que deverão ter suas propriedades alteradas. A Figura 2.4 mostra um exemplo tridimensional de como as células podem ser mapeadas através das linhas de fluxo. A região em vermelho mostra os blocos do reservatório entre um poço injetor e dois poços produtores mapeados pelas linhas de fluxo. 14 Figura 2.4: Exemplo tridimensional de células mapeadas por uma linha de fluxo (Maschio e Schiozer, 2004). 3. Metodologia A metodologia geral desse trabalho compreendeu o uso de um simulador convencional de diferenças finitas (IMEX) como simulador principal. O modelo de reservatório construído para o simulador tradicional foi convertido para o formato do simulador por linhas de fluxo e, nessa conversão, foi necessária uma etapa de calibração para que a resposta obtida com o simulador por linhas de fluxo fosse próxima da resposta obtida com o simulador tradicional. Após essa etapa, o simulador por linhas de fluxo (3DSL) foi usado como ferramenta auxiliar para identificar áreas específicas do modelo a serem ajustadas. A metodologia seguiu as seguintes etapas: 1) Simulação do modelo inicial (a ser ajustado) e comparação com o histórico de produção. Para isso foram realizadas análises de mapas e curvas de produção; 2) Conversão do modelo para o simulador por linhas de fluxo (3DSL[10], 2003) e realização de algumas simulações para checagem de dados (para conferir 15 se a conversão foi feita adequadamente, ou seja, comparar se os resultados obtidos com o IMEX e com o 3DSL estão próximos); 3) Identificação das áreas a serem alteradas através da identificação das células equivalentes às linhas de fluxo. Isto foi feito através de um pósprocessamento do arquivo de saída, que mapeou as coordenadas das células correspondentes às linhas de fluxo que conectam os poços injetores aos produtores; 4) Alteração das propriedades geológicas através do módulo de ajuste de histórico assistido (MOT) do software UNIPAR (Unipar [11] , 2004), que é uma ferramenta de otimização que funciona através de uma busca linear do mínimo da função objetivo, encontrando a melhor combinação para as propriedades envolvidas no ajuste. O programa recebe como entrada, o intervalo de variação de cada uma das propriedades em estudo, definidas pelo usuário, através de seus valores de máximo e mínimo e número de divisões deste intervalo. Com estes dados, é montada uma matriz multidimensional (onde cada propriedade constitui um eixo da matriz), cujas células armazenam os valores da função-objetivo a ser minimizada. O número de valores existentes em cada eixo é determinado pelo número de divisões do intervalo. O conjunto de pontos resultantes dessa discretização forma o espaço de soluções, dentro do qual o algoritmo procura pelo melhor ponto (ou melhores pontos) A função-objetivo em questão representa a distância existente entre os valores medidos e simulados de um determinado parâmetro do reservatório. O valor da função-objetivo é calculado pelo método dos mínimos quadrados. Este método é mais robusto para os casos de histórico 16 com poucos pontos medidos. O MOT tenta minimizar esta função-objetivo multidimensional, através de otimização multi-variada; 5) Análise gráfica dos resultados comparando a qualidade dos diversos processos de ajuste. 4. Aplicações O estudo foi realizado através de modelos de reservatórios extraídos de um modelo usado no 10o projeto comparativo promovido pela SPE (Society of Petroleum Engineers). Trata-se do modelo conhecido como SPE 10 (Modelo 2). As razões para o uso desse modelo foram em função de, primeiro por se tratar de um caso interessante em termos de detalhes de caracterização geológica e, segundo, pela disponibilidade dos dados. Ele é composto por 60 células na direção x, 220 células na direção y e 85 células (ou camadas) na direção z (60x220x85), com 1122000 células. Uma parte desse modelo foi usada como modelo de referência, ou seja, para gerar um histórico de produção sintético. Para o modelo de referência foram extraídas cinco camadas (camadas 75 a 80) do modelo original. Portanto, o modelo de referência obtido ficou caracterizado por um malha de 79.200 blocos (60x220x6). Com o resultado da simulação deste modelo, gerou-se um histórico de 10 anos. A profundidade da camada superior do reservatório é de 3667 m. Ele possui sete poços verticais, sendo quatro poços produtores e três poços injetores de água. As dimensões e detalhes deste modelo (modelo fino) estão mostrados na Figura 4.1, que ilustra a permeabilidade horizontal para cada camada. 17 Figura 4.1: Permeabilidade horizontal para cada camada do modelo usado para gerar o histórico de produção. Para a obtenção do modelo inicial (modelo base), foram extraídas outras seis camadas (Camadas 12 a 17) de uma outra região do reservatório representado pelo modelo original. O modelo extraído foi submetido a um processo de transferência de escala, onde cada 3 blocos na direção x e 4 blocos na direção y foram transformados em um bloco. Na direção z foram mantidas as seis camadas. Assim, obteve-se um modelo de simulação composto por 20 células na direção x, 55 células na direção y e 6 células 18 (ou camadas) na direção z (20x55x6), ou seja, um modelo mais grosseiro, com 6600 células. A Figura 4.2 mostra o modelo deste reservatório, ilustrando a distribuição dos poços e as permeabilidades na direção x para as 6 camadas do modelo, onde as regiões em vermelho ilustram maiores permeabilidades enquanto as regiões em azul indicam menores permeabilidades. Comparando-se a Figura 4.1 com a Figura 4.2 pode-se notar claramente a diferença de detalhes entre os modelos. Isso é basicamente o que acontece em casos reais, onde, mesmo com grande quantidade e qualidade de dados do reservatório, ainda é impossível construir um modelo perfeito, com tantos detalhes. 19 Figura 4.2: Permeabilidade horizontal das camadas do modelo grosseiro. 5. Procedimentos de Ajuste Normalmente, o procedimento de ajuste de histórico de produção é realizado em várias etapas, começando com um ajuste global seguido de ajustes localizados, tentando-se refinar cada vez mais o ajuste total do campo. Como citado anteriormente, este trabalho visou realizar ajustes localizados, mas é importante mencionar que o 20 trabalho não pretende fazer um ajuste perfeito pois corresponde a uma fase intermediaria do processo. Como o modelo utilizado tem complexidade parecida com a de um caso real, o ajuste perfeito normalmente não é possível e o grau de refinamento depende das características de cada projeto. Para se obter melhores resultados, outras fases de ajustes deveriam ser realizadas, com outras propriedades envolvidas. Para o caso em estudo neste trabalho, foi monitorada a produção de água de cada poço. Foram analisados gráficos das vazões diárias para os vários casos, para compararem-se os resultados. Gráficos das vazões acumuladas também foram gerados para complementar as análises. Os ajustes foram realizados alterando-se as propriedades dos poços produtores separadamente (ou seja, um por vez). Assim, primeiro encontrou-se o melhor multiplicador para as propriedades ajustadas no Produtor 1. Quando se terminou o ajuste deste poço, o modelo ajustado entrou como sendo o modelo base para o ajuste do Produtor 2, e assim por diante, até o Produtor 4, cujo resultado representa o ajuste final, com todos os poços ajustados. Três procedimentos de ajuste foram realizados neste trabalho, comparando-se deferentes parâmetros: 5.1. 1° Procedimento: Influência dos Parâmetros de Ajuste Neste processo de ajuste preocupou-se em mostrar a influência da porosidade no ajuste do campo estudado. Neste primeiro procedimento, foram identificadas as células através das quais todas as linhas de fluxo de cada poço produtor passam, ou seja, sem separar as regiões por injetor. Primeiro foram feitos os ajustes só das permeabilidades (horizontal, Kx e vertical, Kz). Em seguida, fizeram-se novos ajustes, acrescentando-se a porosidade (por). 21 Para as permeabilidades, foram usados 20 intervalos igualmente espaçados entre 0,2 e 3,0 e, para a porosidade, foram usados 20 intervalos igualmente espaçados entre 0,6 e 1,4. Assim, o número de parâmetros ajustados em cada etapa (correspondente a cada poço produtor) foi igual a três (permeabilidades horizontais, vertical e porosidade). 5.2. 2° Procedimento: Influência da separação das regiões de linhas de fluxo Neste processo de ajuste foram feitas simulações identificando a origem das linhas de fluxo, ou seja, foram identificados os poços injetores que deram origem a cada linha de fluxo. Deste modo, um ajuste mais fino do modelo foi realizado (aumentando o número de regiões e, conseqüentemente, o número de parâmetros ajustados). A identificação das sub-regiões foi feita com base no mapa de linhas de fluxo, conforme exemplo na Figura 5.1 , que ilustra os injetores que contribuem para o Produtor 2. No ajuste sem identificação dos injetores, essas linhas de fluxo estão agrupadas, utilizandose apenas um multiplicador para a região no caminho de todas. Já havendo uma discretização de regiões, foi usado um multiplicador para cada conjunto de linhas de fluxo, refinando o processo. Figura 5.1: Exemplo de linhas de fluxo separadas por injetor (no produtor 2). 22 Assim, o programa de identificação das células foi utilizado novamente, gerando coordenadas das linhas de fluxo separadas para cada poço injetor. A partir daí, o procedimento foi o mesmo. Utilizou-se o programa “MOT” primeiramente para ajustar o Produtor 1, sendo o arquivo de saída usado como base para o Produtor 2 e assim por diante. Aqui se deve ressaltar que o número de parâmetros ajustados aumentou consideravelmente devido à influência de mais de um poço injetor em cada poço produtor. De acordo com o mapa de linhas de fluxo, os Produtores 1, 3 e 4 possuem a influência de dois poços injetores cada, enquanto o Produtor 2 possui a influência de três injetores. Desse modo, os Produtores 1, 3 e 4 possuirão quatro variáveis para o ajuste só com permeabilidades e seis variáveis para o ajuste incluindo a porosidade (dois parâmetros para permeabilidade horizontal, dois para permeabilidade vertical e dois para porosidade, para cada poço injetor). Para o ajuste só com as permeabilidades destes poços (quatro parâmetros) utilizou-se a mesma discretização usada anteriormente (20 intervalos igualmente espaçados entre 0,2 e 3,0), o que não acarretou um aumento significativo do número (e tempo) de simulação. Para o ajuste incluindo a porosidade (6 parâmetros) teve-se que alterar os intervalos, pois o aumento do tempo de simulação tornou-se proibitivo. Agora, o intervalo utilizado foi de 10 partes igualmente espaçadas, entre os extremos 0,2 e 3,0 para as permeabilidades e entre 0,6 e 1,4 para a porosidade. Já o ajuste do Produtor 2 teve seis variáveis só ajustando as permeabilidades e nove variáveis para o ajuste incluindo a porosidade (três de permeabilidade horizontal, três para permeabilidade vertical e três para porosidade, para cada poço injetor). Um processo de ajuste com os nove parâmetros, mesmo diminuindo o intervalo de busca, seria inviável para o programa “MOT”, que não suporta número tão grande de parâmetros. 23 Desse modo, para permitir que o processo de ajuste continuasse, o ajuste do Produtor 2 foi dividido em duas etapas: a primeira, com seis parâmetros, foi realizada ajustando apenas as permeabilidades (kx e kz). Foram usados 10 intervalos igualmente espaçados entre 0,2 e 3,0. A segunda etapa de ajuste foi realizada utilizando o arquivo de saída da primeira etapa (ajuste só das permeabilidades) como base. Assim, realizouse um novo ajuste, agora apenas com as porosidades (com três parâmetros). Devido a isso, o número de intervalos usado foi maior (20 intervalos entre 0,6 1,4). 5.3. 3° Procedimento: Comparação entre Processos de Ajuste com e sem uso de linhas de fluxo. Neste processo de ajuste foi feita uma comparação entre o processo de ajuste de histórico com linhas de fluxo com o processo de ajuste de histórico com a definição de uma área regular ao redor dos poços (processo mais comum atualmente). Para realizar o ajuste com área regular, foi definida uma região de 5x5 células ao redor de cada poço produtor, ou seja, 5 células na direção x e 5 células na direção y, ficando o poço no centro da região. A discretização utilizada foi de 20 partes igualmente espaçadas, sendo os extremos 0,2 e 3,0 para as permeabilidades e de 0,6 1,4 para a porosidade (iguais aos do ajuste por linhas de fluxo). 6. Resultados/Discussões 6.1. Conversão IMEX / 3DSL Primeiramente o modelo do simulador IMEX foi convertido para o simulador por linhas de fluxo (3DSL). Gráficos das produções de óleo e água foram analisados para comparar os resultados. As vazões obtidas foram bem próximas (iguais para a vazão de óleo e muito próximas para a vazão de água), conforme ilustrado na Figura 6.1. 24 Vazões (m^3) Vazões SC 9000 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 0 1000 2000 3000 4000 Tempo (dias) Vazão de óleo IMEX Vazão de Óleo 3DSL vazão de água - IMEX vazão de água 3DSL Figura 6.1 : Vazões de óleo e água em condições de superfície para os dois simuladores. A pequena diferença na vazão de água não implicará em erros consideráveis no processo de ajuste de histórico pois as linhas de fluxo teriam seu “caminho” ligeiramente modificado, mas não o suficiente para alterar a maioria das células identificadas no processo, ou seja, mesmo obtendo vazões ligeiramente diferentes, as linhas de fluxo ainda continuariam dentro da grande maioria das células que terão suas propriedades modificadas. 6.2. Mapa de Linhas de Fluxo Após a calibração do modelo, foram geradas as linhas de fluxo para vários tempos de simulação. A Figura 6.2 mostra o mapa de linhas de fluxo obtido para o tempo de aproximadamente 600 dias de produção. Para os ajustes foram tomadas as coordenadas das linhas nesta data, pois, através da análise de outros mapas de linhas de 25 fluxo, para outros tempos de simulação, foi notado que as linhas de fluxo não variaram muito. Figura 6.2: Linhas de fluxo do campo estudado para o tempo de 600 dias de produção. Pode-se notar que, aparentemente, a tomada de uma região regular ao redor dos poços ou entre os poços injetores e produtores para a realização das modificações das propriedades não seria uma boa opção, pois as linhas de fluxo possuem caminhos muito irregulares, principalmente entre os poços I03 e P04 e entre os poços I01 e P02. As coordenadas das linhas de fluxo foram utilizadas para mapear as regiões usadas nos ajustes. A seguir estão apresentados os resultados e análises obtidas. 26 6.3. Influência dos Parâmetros de Ajuste Este processo de ajuste preocupou-se em mostrar a influência da porosidade no ajuste do modelo estudado. Os resultados obtidos para os ajustes estão ilustrados na Figura 6.3, para cada poço produtor. Foram analisadas as vazões do histórico de produção, da simulação inicial, sem ajuste, do ajuste geral por linhas de fluxo só ajustando as permeabilidades e do ajuste por linhas de fluxo ajustado-se as permeabilidades e porosidades. a) b) 27 c) d) Figura 6.3: Vazão de água para ajustes com linhas de fluxo sem e com porosidade: a) Produtor 1, b) Produtor 2, c) Produtor 3, d) Produtor 4. Pode-se notar que a inclusão do parâmetro porosidade melhorou muito o ajuste para todos os poços produtores, principalmente o Produtor 2. Deve-se deixar claro que o ajuste não foi perfeito pois o modelo estudado tem características próximas de um modelo real, onde não há uma resposta exata, sendo que os resultados obtidos podem ser considerados satisfatórios. A Figura 6.4 mostra o gráfico de produção acumulada de água para o Produtor 2, como forma auxiliar de análise.. 28 Figura 6.4: Vazão acumulada de água para ajustes com linhas de fluxo sem e com porosidade no Produtor 2. Desse modo, a inclusão do parâmetro porosidade no ajuste mostrou-se muito eficaz. Em relação ao número de simulações e ao tempo total do processo, deve-se deixar claro que o aumento não foi significativo, mantendo o processo viável. 6.4. Influência da Separação das Regiões de Linhas de Fluxo Conforme explicado no item 5.2, foram feitas simulações identificando a origem das linhas de fluxo. Na Figura 6.5, estão ilustrados os gráficos das vazões de água dos quatro poços produtores, comparando os ajustes apenas das permeabilidades para o caso geral (sem identificação dos poços injetores) e para o caso descrito acima (com identificação dos poços injetores, aumentando o número de parâmetros). 29 a) b) c) 30 d) Figura 6.5: Vazão de água para ajustes de permeabilidades com linhas de fluxo para o caso geral e para o caso com separação de injetores: a) Produtor 1, b) Produtor 2, c) Produtor 3, d) Produtor 4. Pode-se notar que a separação dos injetores produziu, em geral, resultados melhores, principalmente para os Produtores 2 e 3. Analisando a Figura 6.6, nota-se que o ajuste da vazão acumulada ficou melhor para o Produtor 1, apesar disso não ficar muito claro no gráfico de vazão. Figura 6.6: Vazão acumulada de água para ajustes de permeabilidades com linhas de fluxo sem e com identificação dos poços injetores no Produtor 1. 31 Deve-se lembrar que houve um aumento do número de parâmetros ajustados, conforme explicado no item 5.2. Assim, o número de simulação aumentou, mas ainda mantendo o processo viável. Na Figura 6.7, estão apresentados os gráficos das vazões de água dos quatro poços produtores, comparando os ajustes das permeabilidades e porosidades para o caso geral (sem identificação dos poços injetores) e para o caso com identificação dos injetores. a) b) 32 c) d) Figura 6.7: Vazão de água para ajustes de permeabilidades e porosidade com linhas de fluxo para o caso geral e para o caso com discretização de injetores: a) Produtor 1, b) Produtor 2, c) Produtor 3, d) Produtor 4. Através dos Produtores 1 e 3, pode-se notar que o ajuste com permeabilidades e porosidades com identificação dos injetores não apresentou resultados satisfatórios comparado com o ajuste geral. Os Produtores 2 e 4 apresentaram resultados muito próximos, mas não melhores. 33 Esses resultados não satisfatórios devem-se ao fato de que os intervalos de busca tiveram que ser diminuídos, conforme explicado no item 5.2, resultando em um processo de otimização mais “grosseiro”. Para realizar-se uma melhor comparação entre esses processos seria necessário que os intervalos utilizados fossem iguais. Isso poderia ser obtido através da separação dos parâmetros, conforme realizado no Produtor 2. Para o caso do ajuste só com permeabilidades, pode-se obter uma boa base de comparação, pois os intervalos utilizados foram os mesmos, aumentando apenas o número de parâmetros e, conseqüentemente, o tempo total do processo. Desse modo, utilizando o caso do ajuste apenas das permeabilidades, conclui-se que o ajuste com discretização das linhas de fluxo é melhor. Porém, há um aumento significativo nos tempos de simulação, devido ao aumento de parâmetros, tornando o processo, em alguns casos, inviável. 6.5. Comparação entre Processos de Ajuste Com e Sem Uso de Linhas de Fluxo Conforme explicado anteriormente, regiões regulares (5x5) foram tomadas ao redor dos poços. Para esta comparação foi adotado o caso de ajuste com linhas de fluxo que apresentou melhores resultados até agora, ou seja, o caso com ajuste geral (sem identificação dos injetores) de permeabilidades e da porosidade. A Figura 6.8 mostra esquematicamente as regiões definidas, junto com as linhas de fluxo. 34 Figura 6.8: Definição de regiões para o ajuste com área regular. A Figura 6.9 mostra os resultados obtidos para os ajustes. a) 35 b) c) d) Figura 6.9: Vazão de água para ajustes de permeabilidades e porosidade com linhas de fluxo e com tomada de área regular: a) Produtor 1, b) Produtor 2, c) Produtor 3, d) Produtor 4. 36 Pode-se notar que, apenas para o Produtor 3, o ajuste com área regular apresentou resultados ligeiramente melhores e para o Produtor 3 os resultados foram semelhantes, enquanto que para os Produtores 2 e 4, o ajuste com linhas de fluxo apresentou resultados melhores. Para auxiliar as comparações, a Figura 6.10 abaixo ilustra a vazão acumulada de água para todos os poços produtores, para os dois ajustes. a) b) 37 c) d) Figura 6.10: Vazão acumulada de água para ajustes de permeabilidades e porosidade com linhas de fluxo e com tomada de área regular: a) Produtor 1, b) Produtor 2, c) Produtor 3, d) Produtor 4. Analisando os gráficos de vazão acumulada pode-se perceber que, em geral, o ajuste com linhas de fluxo mostrou-se ligeiramente melhor. A Figura 6.11 mostra a vazão de água para todo o campo estudado. 38 Figura 6.11: Vazão de água para ajustes de permeabilidades e porosidade com linhas de fluxo e com tomada de área regular para todo o campo. A Figura 6.12 mostra o gráfico da vazão acumulada de água para o campo estudado, confirmando que o ajuste por linhas de fluxo apresentou os melhores resultados. Figura 6.12: Vazão acumulada de água para ajustes de permeabilidades e porosidade com linhas de fluxo e com tomada de área regular para todo o campo. 39 7. Conclusões Através da análise dos resultados obtidos, conclui-se que o uso da simulação numérica por linhas de fluxo mostrou-se uma ferramenta importante no processo de ajuste de histórico de produção. Os resultados obtidos com a utilização deste método como ferramenta auxiliar foram, em geral, melhores do que os resultados obtidos pelo processo usual (com a definição de área regular), mostrando a utilidade da ferramenta no processo de ajuste. A influência do número de parâmetros ajustados mostrou-se importante para um melhor desempenho do processo de ajuste, onde a inclusão do parâmetro porosidade levou a resultados melhores do que os obtidos somente ajustando as permeabilidades. Além disso, o número de regiões ajustadas também se mostrou importante, onde a discretização das linhas de fluxo apresentou resultados melhores (refinamento do ajuste). Porém, o aumento de parâmetros ajustados ocasionou um aumento significativo no número de simulações e no tempo total do processo, tornando, muitas vezes, o processo inviável. Assim, foi necessária a diminuição dos intervalos de discretização (o que pode levar a resultados não satisfatórios). Desse modo, o número de intervalos também se mostrou um parâmetro muito importante no processo. Assim, quando os resultados obtidos em um primeiro ajuste não forem satisfatórios, uma análise sobre quais parâmetros devem ser adicionados ou modificados deve ser feita. Deve-se tentar achar um ponto ótimo, entre o número de parâmetros ajustados e o número de intervalos usados no processo de otimização (tomando-se cuidado para não usar um número de parâmetros excessivo e diminuir demais o número de intervalos, ou manter muitos intervalos e ajustar poucos parâmetros, o que , em ambos os casos, poderia levar a resultados não satisfatórios). 40 8. Agradecimentos Gostaria de agradecer a Agência Nacional de Petróleo (ANP) pelo apoio financeiro, ao Professor Dr. Denis J. Schiozer e ao Dr. Célio Maschio pelo incentivo e orientação, ao Departamento de Engenharia de Petróleo e à Faculdade de Engenharia Mecânica da UNICAMP pelo suporte computacional e de instalações e a todos que, de alguma maneira, contribuíram para a realização deste trabalho. Referências Bibliográficas 1. Grinestaff, G. H.: “Waterflood Pattern Allocations: Quantifying the Injector to Producer Relationship whit Streamline Simulation”, SPE 54616, May 1999. 2. Oliver, D. S.; Reynolds, A. C.; Bi, Z.; Abacioglu, Y. 2001, “Integration of production data into reservoir models”, Petroleum Geoscience, vol. 7, pp. S65-S73 3. Caers, J, 2002, “Methods for history matching under geological constraints”, 8th European Conference on the Mathematics of Oil Recovery, 3-6 September, Freiberg, Germany. 4. Datta-Gupta, A.; Nordaas, K.; et al., 2001, “Streamlines, ray tracing and production tomography: generalization to compressible flow”, Petroleum Geosciences, vol. 7, pp. S75-S86. 5. Baker, R.O.; Kuppe, F.; Chugh, S.; Bora, R.; Stojanovic, S. and Batycky, R., 2001, “Full-Field Modeling Using Streamline-Based Simulation: 4 Case Studies”, SPE 66405, SPE Reservoir Simulation Symposium, 11-14 February, Texas. 6. Samier, P.; Quettier, L.; Thiele, M., 2001, “Applications of Streamline Simulations to Reservoir Studies”, SPE 66362, SPE Reservoir Simulation Symposium, 11-14 February, Houston, Texas. 7. Wang, Y. and Kovscek, A. R.: “A Streamline Approach for Ranking Reservoir Models that Incorporates Production History”, Annual Technical Conference and Exhibition, San Antonio, Texas, 29 September-2 October, 2002. 8. Maschio, C. and Schiozer, D. J., 2003, “Selection of Parameters for History Matching of Petroleum Fields Using Streamline Simulation”, 17th International Congress of Mechanical Engineering, 10-14 November, São Paulo, SP. 41 9. Maschio, C. and Schiozer, D. J., 2004, “Integration of Streamline Simulation and Automatic History Matching”, SPE 89850, SPE Annual Technical Conference and Exhibition, 26-29 September, Houston, Texas. 10. Streamsim Technologies, Inc., “3DSL USER MANUAL”, Version 2.00 –– May 2003. 11. Unisim – Grupo de Pesquisa em Simulação Numérica de Reservatórios, “UNIPAR – Manual do Usuário, Capítulo 4: MOT – MÓDULO DE OTIMIZAÇÃO”, Versão 3.6 – Abril de 2004 – Campinas – SP. 42