MINISTÉRIO DA SAÚDE
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
PTC 13/2013 PARECER TÉCNICO SOBRE PROMOÇÃO DA ADESÃO AO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO ANTIHIPERTENSIVO Brasília – DF Maio/2013 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos Departamento de Ciência e Tecnologia PARECER TÉCNICO SOBRE PROMOÇÃO DA ADESÃO AO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO ANTI-HIPERTENSIVO Porto Alegre 2013 Este estudo foi financiado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT/MS) e não expressa decisão formal do Ministério da Saúde para fins de incorporação no Sistema Único de Saúde (SUS). Informações MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos Departamento de Ciência e Tecnologia Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Edifício Sede, 8º andar, Sala 852 CEP 70058-900, Brasília – Distrito Federal Tel.: (61) 3315 3633 E-mail: [email protected] [email protected] Home Page: http://www.saude.gov.br/rebrats Elaboração Profa. Ângela Jornada Ben – Departamento de Saúde Coletiva UFCSPA Leila Coffy – Hospital Materno Infantil Presidente Vargas Revisão Técnica Prof. Dr. Airton Tetelbom Stein Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde do Grupo Hospitalar Conceição Profa. Dra. Cristina Rolim Neumann Departamento de Medicina Social UFRGS Declaração de potenciais conflitos de interesse Nenhum dos autores ou revisores recebe qualquer patrocínio da indústria ou participa de qualquer entidade de especialidade ou de pacientes que possam ser caracterizados como conflito. RESUMO EXECUTIVO Tecnologia Abordagem Centrada na Pessoa Caracterização da tecnologia Esse parecer propõe avaliar o nível de recomendação da abordagem centrada na pessoa em relação à adesão ao tratamento medicamentoso antihipertensivo. Perguntas A abordagem centrada na pessoa promove a adesão ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo? Busca e análise de evidências científicas A busca abrangeu estudos observacionais, experimentais, revisões sistemáticas e metanálises realizados em população de hipertensos adultos sem limite de data. Os termos utilizados para as buscas foram: “hypertension”, “adherence” AND “compliance” e “patient oriented care” AND “patient oriented”. As bases de dados consultadas foram: PubMed, Biblioteca Cochrane, CRD web, EMBASE, NICE, NHMRC, AHRQ e SIGN. Pela natureza da tecnologia avaliada, heterogeneidade das definições e medidas de desfecho, e para melhor análise dos estudos, optou-se por apresentar os resultados de forma descritiva. Recomendação Recomendação fraca a favor da abordagem centrada na pessoa como intervenção que promove adesão ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo. Implicação dos resultados na prática clínica Os estudos mostram a necessidade do profissional de saúde utilizar métodos facilitadores na resolução dos problemas de não adesão, como abordagem centrada na pessoa a fim de promover a adesão ao tratamento medicamentoso antihipertensivo e a consequente redução de eventos cardiovasculares agudos. Implicações dos resultados na pesquisa Há necessidade de se desenvolver pesquisas com delineamentos mais robustos a respeito de intervenções que promovam a adesão ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo. População Hipertensos Intervenção Abordagem Centrada na Pessoa Comparação Atenção habitual Desfecho Adesão Controle da pressão arterial SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 7 1.1 Bases de dados e estratégia de busca ........................................................................................................... 8 1.2 Critérios de seleção e exclusão ................................................................................................................... 10 1.3 Avaliação da qualidade da evidência .......................................................................................................... 10 1.4 Resultados dos estudos selecionados e interpretação dos resultados ....................................................... 10 2 ESTUDOS SELECIONADOS .........................................................................................................12 2.1 Patient-centred consultation and outcomes in primare care: a review of the literature [21] .................... 12 2.2 Patient centered primary care is associated with hypertension medication adherence [22] ..................... 13 2.3 A randomized trial to improve patient-centered care and hypertension control in underserved primary care patients [23] .............................................................................................................................................. 14 2.4 Methods to improve medication adherence in patients with hypertension: current status and future directions [24] ................................................................................................................................................... 15 2.5 Shared decision making in hypertension: the impact of patient preferences on treatment choice [25]... 16 2.6 Improving hypertension control in diabetes mellitus: the effects of collaborative and proactive health communication [26].......................................................................................................................................... 17 2.7 The physician-patient working alliance [27] ............................................................................................... 18 2.8 Evaluation of ‘partnership care model’ in the control of hypertension [28] ............................................... 19 2.9 Does participatory decision making improve hypertension self-care behaviors and outcomes? [29]....... 20 2.10 Effective intervention strategies to improve health outcomes for cardiovascular disease patients with low health literacy skills: a systematic review [30] ........................................................................................... 21 2.11 Contracts between patients and health care practitioners for improving patient’s adherence to treatment, prevention and health promotion activities [31] ............................................................................ 21 2.12 Health and patient practitioner interactions: a systematic review [32] ................................................... 22 2.13 Shared decision-making with hypertensive patients. results of an implementation in germany [33] ..... 23 2.14 Manipulation of patient-provider interaction: discussing illness representations or action plans concerning adherence [34] ............................................................................................................................... 24 3 MÉTODOS UTILIZADOS PARA MENSURAR A ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA NOS ESTUDOS SELECIONADOS ...................................................................................................26 4 MÉTODOS UTILIZADOS PARA MENSURAR ADESÃO MEDICAMENTOSA NOS ESTUDOS SELECIONADOS ............................................................................................................28 4.1 Contagem de comprimidos ......................................................................................................................... 28 4.2 Retirada de medicamentos na farmácia ..................................................................................................... 28 4.3 Teste de Morisky-Green – TMG .................................................................................................................. 29 4.4 Treatment Adherence Self-efficacy Measure – TASEM .............................................................................. 29 4.5 Medication Adherence Report Scale – MARS-5 .......................................................................................... 29 4.6 Brief Medication Questionnaire – BMQ ...................................................................................................... 30 4.7 Comparecimento às consultas .................................................................................................................... 30 5 RECOMENDAÇÕES SOBRE ADESÃO EM OUTROS PAÍSES ................................................31 6 RECOMENDAÇÃO .........................................................................................................................34 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................35 1 INTRODUÇÃO A adesão ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo está associada a desfechos positivos em saúde, com menor mortalidade por acidente vascular cerebral e infarto agudo do miocárdio em pacientes aderentes [1]. Entretanto, aproximadamente 50% dos hipertensos apresentam controle inadequado da pressão arterial que, em mais de dois terços destes, é atribuído a não adesão. O conceito de adesão efetiva à terapia farmacológica é compreendido como a utilização dos medicamentos prescritos em pelo menos 80% de seu total, observando horários, doses e tempo de tratamento. Além disso, a adesão é um processo dinâmico e multifatorial, determinado pela interação dos aspectos físicos, psicológicos, sociais, culturais e comportamentais, que requer decisões compartilhadas e corresponsabilizadas entre a pessoa, a equipe de saúde e a sua rede social [2]. O Ministério da Saúde tem desenvolvido algumas ações de amplitude populacional para atuar nos fatores relacionados à adesão , como a Estratégia de Saúde da Família, e os programas Farmácia Popular, Saúde Não Tem Preço, Academia da Saúde e Plano de Ações Estratégicas para Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Mas em âmbito local, os profissionais de saúde têm dificuldade em abordar de forma efetiva a não adesão na prática clínica. Relativamente poucas pesquisas foram realizadas sobre os efeitos da equipe e do sistema de saúde sobre a adesão. Mesmo assim, a impressão clínica mostra que a boa relação médico-paciente pode melhorar as taxas de adesão. A abordagem centrada na pessoa [3] é uma proposta de atendimento personalizada e sistematizada em seis componentes, que tem por base a consideração da perspectiva da pessoa que procura atendimento, suas expectativas, medos e perdas funcionais e a importância de sua participação para o sucesso do manejo clínico. Os três primeiros componentes englobam o processo da relação entre a pessoa e o médico. Os três seguintes concentram-se no contexto dentro do qual interage a pessoa que procura atendimento e o médico. Os componentes da abordagem centrada na pessoa então descritos no Quadro 1. Quadro 1 - Seis componentes interativos da abordagem centrada na pessoa 1. Explorando a doença e a experiência da doença História clínica; exame clínico; exames laboratoriais Dimensões da doença (sentimentos, idéias, efeito nas funções e expectativas) 2. Entendendo a pessoa como um todo A pessoa (história de vida, questões pessoais e de desenvolvimento) O contexto próximo (família, trabalho, rede de apoio social) O contexto remoto (cultura, comunidade, ecossistema) 3. Elaborando um plano conjunto de manejo dos problemas Elencar problemas e prioridades Deixar claro os objetivos do tratamento e/ou manejo da doença Estabelecer os papéis da pessoa atendida e do médico 4. Incorporando prevenção e promoção de saúde Melhora nos aspectos relacionados à saúde Identificar medidas factíveis de prevenção de riscos Identificar medidas factíveis de redução de riscos Identificar precocemente os sinais de doença Identificar medidas factíveis de redução e manejo de complicações 5. Intensificando o relacionamento entre pessoa e médico Escuta qualificada Agir de forma empática Ter consciência de si mesmo Identificar transferências e contratransferências 6. Sendo realista Administrar o tempo e timming* Trabalhar em equipe e em rede Administrar de forma sensata os recursos *refere-se ao ritmo e ao tempo dados pelo médico à consulta de acordo com as necessidades da pessoa atendida e dos problemas identificados. Corresponde ao momento adequado para realizar intervenções, interromper, fazer humor, perceber as dicas verbais e não verbais dadas pelo paciente. Adaptado de Stewart et AL.[3] Fonte: elaborado pelo autor. 1.1 Bases de dados e estratégia de busca A busca abrangeu estudos observacionais, experimentais, revisões sistemáticas e metanálises realizados em população de hipertensos adultos sem limite de data. Os termos utilizados para as buscas foram: “hypertension”, “adherence” AND “compliance” e “patient oriented care” AND “patient oriented”. As bases de dados consultadas foram: PubMed, Biblioteca Cochrane, CRD web, EMBASE, NICE, NHMRC, AHRQ e SIGN. As bases de dados e os termos de busca utilizados para a pergunta deste parecer, bem como o número de artigos encontrados e selecionados estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1: Número de estudos encontrados e selecionados nas bases de dados conforme os termos de busca. Base de dados Termos de busca Encontrados Selecionados Biblioteca cochrane hypertension and adherence 576 20 hypertension and compliance “patient care” “patient oriented care” “patient centred care” 1736 96 0 0 9 0 0 0 (hypertension) AND (adherence) OR (compliance) 185 4 (((patient care) OR (patient oriented care) OR (patient centred care)) AND ((adherence ) OR compliance))) 127 5 (("hypertension"[MeSH Terms] OR "hypertension"[All Fields]) AND (adherence[All Fields] OR ("patient compliance"[MeSH Terms] OR ("patient"[All Fields] AND "compliance"[All Fields]) OR "patient compliance"[All Fields] OR "compliance"[All Fields] OR "compliance"[MeSH Terms]))) AND ((("patient care"[MeSH Terms] OR ("patient"[All Fields] AND "care"[All Fields]) OR "patient care"[All Fields]) OR (("patients"[MeSH Terms] OR "patients"[All Fields] OR "patient"[All Fields]) AND oriented[All Fields] AND care[All Fields])) OR (("patients"[MeSH Terms] OR "patients"[All Fields] OR "patient"[All Fields]) AND centred[All Fields] AND care[All Fields])) 'patient centered care' AND 'patient compliance' AND 'hypertension' 1292 (2000 – 2013) 30 845 25 hypertension and adherence Adherence (hypertension and adherence and (patient-centered care) (hypertension and adherence and (patient-centered care) hypertension and adherence patient-centered care adherence 57 314 47 1 2 1 26 0 24 4 16 0 0 0 CRD web da York University PubMed EMBASE NICE AHRQ SIGN NHMRC hypertension and adherence patient-centered care 8 1 0 0 0 5346 97 1.2 Critérios de seleção e exclusão Categoria Critérios de Inclusão Desenho do estudo Revisões sistemáticas, ensaios clínicos controlados randomizados e observacionais com metodologia robusta (análise de regressão logística). Hipertensos maiores de 18 anos. Abordagem centrada na pessoa. População Intervenção Desfechos Adesão definida como utilização dos medicamentos prescritos em pelo menos 80% de seu total, observando horários, doses e tempo de tratamento e através de questionários validados. Controle da pressão arterial sistêmica considerada menor ou igual a 140/90 mmHg. Critérios de exclusão: os estudos que não preencherem os critérios de inclusão. 1.3 Avaliação da qualidade da evidência Pela natureza das tecnologias avaliadas, heterogeneidade das definições e das medidas de desfecho, e para melhor análise dos estudos, optou-se por apresentar os resultados de forma descritiva. Os componentes da análise descritiva são: objetivo, método, resultados principais, limitações e implicações para aplicação do estudo na prática. A qualidade de evidência levou em conta o artigo de Guyatt G. e colaboradores sobre evidências indiretas. O conceito de informação indireta considera que a grande maioria dos estudos apresentados nesse parecer técnico são pesquisas realizadas em países com outros contextos clínicos, assim como a formação dos profissionais é diferente daquela praticada nos serviços de saúde brasileiro. Ao realizar as recomendações devem ser levadas em conta as circunstâncias em que o estudo foi realizado, as medidas de desfecho e os métodos de seleção para os candidatos das intervenções. 1.4 Resultados dos Estudos Selecionados e Interpretação dos Resultados Pergunta de pesquisa: O método clínico centrado na pessoa promove a adesão ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo? Para responder esta pergunta foram pesquisadas 8 bases de dados resultando em 5.346 estudos. Quatorze estudos preencheram os critérios de seleção. Estes estudos foram descritos e avaliados conforme os critérios sugeridos por Guyatt G. e colaboradores. Ao final da análise, descrevemos os principais instrumentos utilizados, nestes estudos, para mensurar o construto abordagem centrada na pessoa e adesão. Além disso, acrescentamos uma seção sobre as recomendações feitas em outros países em relação à abordagem centrada na pessoa e adesão medicamentosa ao tratamento anti-hipertensivo. Sumário da busca e seleção dos estudos Total de estudos encontrados nas bases de dados (n= 5.346) Estudos selecionados pelo título (n= 97) Estudos selecionados (n= 14) Estudos excluídos Não preencheram os critérios de inclusão (n= 83) 2 ESTUDOS SELECIONADOS 2.1 Patient-centred consultation and outcomes in primare care: a review of the literature [21] Objetivo: Identificar a definição do termo “patient-centred” utilizada nos estudos; descrever os métodos utilizados para medir “patient-centred consultations” e a sua relação com desfechos clínicos. Método: Trata-se de revisão de literatura que selecionou estudos em língua inglesa utilizando com termo de busca “patient-centred(ness)” no período entre 1969 e 2000. Os autores utilizaram como critérios de inclusão os artigos que utilizavam medida quantitativa para o construto “patient-centred(ness)”, artigos que incluíssem pelo menos, entre os desfechos, satisfação do paciente e que fossem conduzidos em atenção primária. Os autores utilizaram como critérios de avaliação dos estudos a validade interna, externa e se os métodos utilizados nos estudos contemplavam os componentes da abordagem centrada na pessoa definidos por Stewart et al. A adesão foi avaliada através do método contagem de pílulas. Resultados principais: Dois estudos selecionados apresentavam como desfecho a adesão medicamentosa em hipertensos. Stewart et al encontrou maior percentual de adesão medicamentosa em atendidos por médicos que utilizaram a abordagem centrada na pessoa em relação aos que não utilizavam esta abordagem (57,8% versus 34,5%, p≤0,05). Cecil e Killeen encontraram uma associação inversa entre abordagem paternalista, adesão e satisfação do paciente (r= -0,26). Limitações: Os estudos fizeram análise univariada não controlando as variáveis confundidoras e não atingiram poder estatístico apresentando elevadas perdas. O método contagem de pílulas para avaliação de adesão é pouco confiável. Foi avaliada adesão medicamentosa em pacientes com doenças agudas e crônicas. Implicações para aplicação deste estudo na prática: A evidência existente sobre a hipótese de que a abordagem centrada na pessoa melhora desfechos clínicos é ambígua, a qualidade metodológica dos estudos é heterogênea e o padrão de avaliações inconsistente. 2.2 Patient centered primary care is associated with hypertension medication adherence [22] Objetivo: Avaliar o cuidado orientado pelos atributos da atenção primária como determinante de adesão ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo. Método: Estudo transversal realizado após dois meses (maio, 2005) de um estudo de intervenção (TVHS) para promover o controle pressórico em 756 hipertensos usuários do Veterans Affair Tenessee (VA). Os participantes responderam os questionários Primary Care Assessment Survey (PCAS) e Patient Activation Measure (PAM) enviado pelo correio. O PCAS avalia a orientação do serviço à atenção primária com perguntas que abordam: acesso, integralidade, coordenação do cuidado, habilidades em comunicação e confiança. O PAM avalia os quatro conceitos de ação: acreditar que o papel da ação é importante, confiança e conhecimento sobre ação, agir, manter-se centrado sob estresse. Durante 6 meses foram registrados a quantidade de medicamentos anti-hipertensivos retirados na farmácia da VA pelos participantes. Foi considerado aderente o participante que retirasse ≥80% da medicação prescrita. Foi considerada pressão arterial alterada ≥140/90. Resultados principais: O estudo mostrou uma associação entre a percepção de um cuidado orientado à atenção primária, particularmente das habilidades em comunicação do profissional, e a adesão ao tratamento medicamentoso antihipertensivo. Os autores definem habilidades em comunicação como cuidado centrado no paciente. Eles fizeram uma análise exploratória de duas questões do PCAS sobre a associação de habilidade em comunicação e adesão ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo. A OR encontrada foi de 3,74 (IC95% 1,86 – 7,89) e 5,7 (1,24 – 22,9). Quanto maior o escore de APS, maior a adesão. O risco relativo dos pacientes aderirem ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo foi de 3,18 no quartil superior do escore PCAS em relação ao quartil inferior do escore PCAS (IC95% 1,44 – 15,23). Não foi observada associação entre PCAS e controle da pressão arterial. Limitações: Amostragem feita por conveniência podendo ter selecionado os pacientes mais aderentes. Perdas de 49,3%. Definição de abordagem centrada na pessoa utilizada não contemplou os 6 componentes método definido por Stewart et al. Não foi informada a intervenção realizada para melhorar controle pressórico no ensaio clínico anterior ao estudo (TVHS). Conceito de adesão limitado pelo método de aferição da adesão: retirada de medicamentos na farmácia. Implicações para aplicação deste estudo na prática: Profissionais percebidos pelos pacientes com maior orientação aos princípios da atenção primária e com habilidades em se comunicar podem melhorar a adesão ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo. 2.3 A randomized trial to improve patient-centered care and hypertension control in underserved primary care patients [23] Objetivo: Avaliar a efetividade da abordagem centrada no paciente, percebidos pelos pacientes e médicos, comparado à intervenção mínima em grupos vulneráveis. Método: Ensaio clínico randomizado realizado em 14 unidades urbanas de atendimento comunitário em Baltimore, EUA, com seguimento de 3 a 12 meses entre janeiro de 2002 a agosto de 2005. Quarenta e um médicos e 279 hipertensos foram selecionados. A intervenção foi o treinamento dos médicos em habilidades de comunicação, e treinamento dos pacientes feito por profissionais da saúde. As medidas utilizadas foram Physician Communication Behaviors, onde o comportamento do médico era avaliado através da análise de consultas filmadas conforme parâmetros do instrumento Roter Interaction Analysis System (RIAS). Os médicos também foram avaliados pelos pacientes através do questionário Patient Ratings of Physician´s Participatory Decision-Making Style (PDM). O envolvimento do paciente no seu cuidado foi avaliado através do questionário Patient´s Perceived Involvement in Care Scale (PICS). A Adesão foi avaliada através da auto-aplicação do questionário Morisky – 4 itens pelos pacientes. Foi considerada pressão arterial alterada ≥140/90, e ≥130/80 em pacientes diabéticos ou com insuficiência renal. Resultados principais: A adesão e controle da pressão arterial não foram diferentes entre os grupos avaliados. Entretanto, houve uma diminuição não significativa da pressão nos hipertensos inicialmente não controlados atendidos pelos grupos que receberam intervenção após 12 meses de seguimento: Redução da pressão arterial após 12 meses de acompanhamento conforme o tipo de intervenção utilizada nos grupos Intervenção intensiva Intervenção médica Intervenção médica Intervenção paciente+médica intensiva + minima + intervenção mínima intervenção mínima paciente intensiva paciente+médica paciente Redução 13,2mmHg Redução 10,6mmHg Redução 16,8mmHg Redução 2,0mmHg P=0,14 P=0,07 P=0,27 Grupo de referencia Limitações: Numero elevado de perdas reduzindo o poder do estudo. Conceito de adesão limitado pelo método de aferição da adesão: Questionário Morisk. Implicações para aplicação deste estudo na prática: Intervenções que melhoram a habilidades dos médicos em se comunicar e que ampliam a participação do paciente no seu cuidado tendem afetar positivamente a comunicação centrada no paciente, a percepção do paciente em relação ao seu cuidado e pode melhorar o controle da pressão arterial em afro-americanos hipertensos não controlados. 2.4 Methodos to improve medication adherence in patients with hypertension: current status and future directions [24] Objetivo: Revisão sobre a efetividade dos métodos que promovem adesão medicamentosa. Método: Artigo de revisão que apresenta resultados de revisões e metanálises sobre os métodos que promovem a adesão. A abordagem centrada na pessoa foi considerada como intervenção e a adesão ao tratamento medicamentoso antihipertensivo como desfecho. Resultados principais: O autor cita 5 artigos que mostram associação entre abordagem centrada na pessoa e adesão medicamentosa. O autor ressalta que ainda é incerta a melhor forma de se aferir adesão. Como resultado dos múltiplos fatores que influenciam a adesão, uma abordagem centrada no paciente é necessária para superar as barreiras à adesão. Limitações: O artigo não detalha os critérios de seleção dos artigos e faz uma análise descritiva dos estudos. Implicações para aplicação deste estudo na prática: São necessários mais estudos que avaliem a efetividade da abordagem clínica centrada no paciente em promover adesão ao tratamento medicamentoso. 2.5 Shared decision making in hypertension: the impact of patient preferences on treatment choice [25] Objetivo: Avaliar o impacto da preferência do paciente na tomada de decisão em relação ao tratamento anti-hipertensivo, e a relação da tomada de decisão individual e adesão ao tratamento e controle da pressão arterial. Métodos: Estudo observacional com 52 hipertensos. Foi elaborada uma árvore de decisão sobre as alternativas de tratamento e suas potenciais consequências em 5 anos. Essa árvore de decisão foi utilizada em consulta por dois clínicos para fins de identificação da preferência do paciente pelo tratamento. A preferência do paciente foi avaliada pelo método Standard Gamble. A adesão foi avaliada por 6 meses utilizando como critério a renovação da prescrição das medicações neste período. Resultados principais: Houve impacto na preferência do paciente em iniciar o tratamento anti-hipertensivo quando recomendado. Mas não houve impacto da preferência do paciente em iniciar tratamento na adesão ao tratamento antihipertensivo. Limitações: Amostra pequena de pacientes, perdas elevadas (33%), o método utilizado para avaliação da adesão não é confiável. Implicações para aplicação deste estudo na prática: Considerar a preferência dos pacientes pelo tratamento parece ter impacto na decisão de iniciar tratamento quando indicado. Mais estudos em relação ao método utilizado para ajudar o paciente a decidir sobre as alternativas a respeito de seu tratamento são necessários. 2.6 Improving hypertension control in diabetes mellitus: the effects of collaborative and proactive health communication [26] Objetivo: Avaliar a associação entre a comunicação médico-paciente e o controle da pressão arterial em diabéticos. Métodos: Estudo transversal que avaliou a comunicação médico-paciente através de questionários enviados pelo correio aos hipertensos e diabéticos afiliados ao serviço de atenção primária DeBakey VA Medical Center in Houston de 2002 a 2005. Foram utilizados questionários como o Patient Assessment of Chronic Illness Care Scale e outros adaptados para avaliação das habilidades em comunicação. Para as medidas de adesão foram utilizados questionários e os registros na farmácia. Resultados principais: Tomada de decisão compartilhada (OR: 1,61 IC 95% 1,012,57) e comunicação pró-ativa com o próprio médico sobre os resultados anormais de pressão arterial (OR: 1,89 IC 95% 1,10-3,26), tiveram associações independentes com o controle da pressão arterial na regressão multivariada. O uso da comunicação colaborativa dos clínicos ao definir os objetivos do tratamento teve um efeito total no controle da hipertensão arterial de 0,16 (P ≤ 0,05), através dos seus efeitos diretos sobre o estilo de tomada de decisão (β=0,28, P<0,001), e comunicação pró-ativa (β= 0,22, P< 0,01). Limitações: Desenho do estudo transversal limita a avaliação de relações causais e dos preditores do controle da pressão arterial. O número de perdas foi elevado. A adesão foi medida através da análise dos registros da farmácia e do auto-relato. Implicações para aplicação deste estudo na prática: A boa comunicação médicopaciente pode facilitar a obtenção das metas pressóricas em diabéticos. 2.7 The physician-patient working alliance [27] Objetivo: Avaliar a correlação entre a relação médico-paciente e a percepção da utilidade do tratamento pelo paciente, da sua participação, adesão e satisfação em relação ao tratamento. Método: Estudo transversal onde foram recrutados 118 pacientes adultos via internet em tratamento medicamentoso para doenças crônicas (hipertensão, diabetes, asma, câncer e HIV/AIDS), estáveis, que consultaram o mesmo médico pelo menos por 3 vezes no último ano e uma vez no último mês. Para avaliar a aliança médicopaciente foi utilizado o questionário Working alliance inventory short-client form (CWAI), para avaliar a percepção da utilidade do tratamento foi utilizada a subescala DiMatteo et al‟s. A adesão foi avaliada através de uma pergunta Treatment Adherence Self-efficacy Mesasure. O questionário Medical outcomes study (MOS) foi utilizado para avaliar o comportamento aderente e o Medical Patient Satisfaction Questionnaire para avaliar a satisfação global em relação ao tratamento. Resultados principais: O estudo mostrou correlação moderada a forte entre a aliança médico-paciente e a percepção da utilidade do tratamento (r=0,63, p<0,001), percepção de participação no tratamento (r=0,47, p,0,001) adesão (r=0,53, p<0,001) e satisfação (r=0,83, p<0,001). A análise de regressão logística mostrou que aliança médico-paciente é um fator preditor de adesão. Limitações: A amostra do estudo foi de conveniência. A medida de adesão não é confiável, pois pode superestimar a adesão. Foram estudadas várias doenças crônicas juntamente. Implicações para aplicação deste estudo na prática: A aliança médico-paciente baseada na participação do paciente na tomada de decisão em relação ao seu tratamento está associada à adesão e à satisfação do paciente. 2.8 Evaluation of ‘partnership care model’ in the control of hypertension [28] Objetivo: Avaliar se a intervenção „partnership care model‟ promove adesão e controle pressórico em pacientes hipertensos. Método: Ensaio clínico randomizado que avaliou a efetividade da intervenção em 75 hipertensos de 23 centros rurais do Irão comparado com do grupo controle de igual número. A intervenção „partnership care model‟ foi realizada em duas etapas: a primeira constava de 4 encontros em grupo e a segunda de 11 encontros durante 1 ano. O Objetivo da intervenção foi promover a participação do paciente na tomada de decisão em relação ao seu tratamento medicamentoso e não medicamentoso. Os desfechos foram avaliados através da aplicação de questionários: Anxiety questionnaire of Eshpil Burger; the short-form 36 questioner, questionnaire for measuring the patients’ compliance. Resultados principais: O grupo submetido à intervenção „partnership care model‟ apresentou taxa de adesão significativamente maior que o grupo controle (7,1 vs 5,1; p<0,001). Limitações: Análise univariada. Medida de adesão pouco confiável e não claramente descrita no estudo. Conclusão: A intervenção „partnership care model‟ foi efetiva em promover adesão e controle pressórico em pacientes hipertensos. Implicações para aplicação deste estudo na prática: A participação do paciente na tomada de decisão em relação ao seu tratamento e seu acompanhamento pode ser útil em promover a adesão ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo. 2.9 Does participatory decision making improve hypertension self-care behaviors and outcomes? [29] Objetivo: Avaliar a percepção do paciente em relação ao estilo do médico em incentivar a sua participação na tomada de decisão (participatory decision making – PDM) em relação ao seu tratamento. Explorar a associação entre PDM e autocuidado e desfechos em saúde. Método: Estudo transversal que avaliou 554 hipertensos participantes do the Veterans’ Study to Improve the Control of Hypertension. Para avaliar a PDM dos médicos foi utilizado um questionário validado de 3 itens, o auto-cuidado do paciente em relação ao seu tratamento foi avaliado através da presença de monitor pressórico em casa e a freqüência de aferições. A adesão ao tratamento medicamentoso foi avaliada através do questionário Morisky. Principais resultados: Todos os participantes consideraram que seus médicos tinham escore alto de PDM. Na análise ajustada, baixo escore PDM foi associado a baixa razão de chances de ter um monitor pressórico em casa (OR=0,9 para cada 10 pontos a menos no escore PDM IC95% 0,83-0,98), mas não foi associado a menor frequência de aferições da pressão em casa, adesão e controle da pressão arterial. Limitações: As medidas utilizadas para avaliar a PDM e adesão não são confiáveis. Implicações para aplicação deste estudo na prática: Promover a participação do paciente na tomada de decisão em relação ao seu tratamento parece ser importante para o auto-cuidado dos pacientes. 2.10 Effective intervention strategies to improve health outcomes for cardiovascular disease patients with low health literacy skills: a systematic review [30] Objetivo: Identificar intervenções que melhoram desfechos cardiovasculares em pacientes com baixo nível de instrução. Método: Revisão sistemática que avaliou 7 estudos clínicos randomizados e 2 não randomizados que avaliaram as seguintes intervenções: aconselhamento personalizado, auto-monitoramento e lembretes periódicos (periodic reminders). Os desfechos incluíram adesão medicamentosa, satisfação, hospitalização ou morte. Resultados principais: Dois estudos, Morrow et al. (2007) e Murray et al. (2007) mostraram melhora na adesão medicamentosa quando a forma de uso das medicações foi abordada diretamente. Cinco estudos avaliaram as estratégias para melhorar a interação médico paciente e a participação na tomada de decisão e mostraram melhora na adesão e auto-cuidado. Limitações: As medidas de adesão e da interação médico-paciente utilizadas pelos estudos não ficaram claras na revisão. Os estudos consideraram definições de doenças cardiovasculares diferentemente. Implicações para aplicação deste estudo na prática: A interação médico paciente pode melhorar a adesão. São necessários estudos adicionais para avaliar essa intervenção. 2.11 Contracts between patients and health care practitioners for improving patient’s adherence to treatment, prevention and health promotion activities [31] Objetivo: Avaliar a efetividade do contrato entre médico e paciente na adesão ao tratamento medicamentoso. Método: Revisão sistemática Cochrane que selecionou 21 ensaios clínicos que avaliaram a efetividade do contrato entre médico e paciente com diferentes doenças no período entre 1963 a 2004. Foi definido como contrato qualquer abordagem verbal ou escrita que especificasse noções sobre tratamento e compromisso com a adesão ao tratamento. A adesão foi avaliada através do comparecimento às consultas. Principais resultados: Dois estudos selecionados avaliaram a associação entre contrato médico-paciente e adesão ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo. O estudo de Hoelscher mostrou que a adesão foi menor no grupo onde foi usado o contrato. Em outro estudo, Swain mostrou que poucos participantes descontinuaram o tratamento após o estabelecimento de contrato em relação ao grupo que não contratou a adesão ao tratamento. Limitações: A medida da adesão não é confiável. Implicações para aplicação deste estudo na prática: Há limitada evidência de que estabelecer contrato verbal ou escrito com o paciente promova a adesão. 2.12 Health and patient practitioner interactions: a systematic review [32] Objetivo: Avaliar o efeito dos diferentes aspectos da interação entre profissional de saúde e paciente nos desfechos em saúde. Método: Revisão sistemática Cochrane que selecionou 26 ensaios clínicos randomizados que avaliaram a efetividade da interação entre profissional e paciente com diferentes doenças no período entre 1966 a 1999. A interação entre profissional de saúde e paciente considerou a avaliação dos pensamentos e crenças do paciente em relação à doença e a eficácia do tratamento, avaliação dos aspectos emocionais do paciente e da forma como o profissional se comunicou com o paciente. O desfecho foi pressão arterial controlada ≤ 140/90 mmHg. Principais resultados: Em relação à hipertensão, somente dois dos 8 estudos selecionados encontraram diferença significativa na pressão arterial quando abordado as expectativas do paciente em relação ao seu tratamento. A adesão não foi aferida. Limitações: Medida da interação profissional de saúde e paciente não confiável. Adesão não foi avaliada. Baixa qualidade dos estudos. Implicações para aplicação deste estudo na prática: Mais pesquisas e com melhor qualidade são necessárias para avaliar se a interação entre profissional de saúde e paciente pode melhorar os desfechos em saúde. 2.13 Shared decision-making with hypertensive patients. results of an implementation in germany [33] Objetivo: Avaliar se a decisão compartilhada resulta em maior envolvimento do paciente com seu tratamento e o seu impacto no controle pressórico. Método: Ensaio clínico com 84 hipertensos alemães divididos em dois grupos. O grupo com 45 hipertensos que recebeu a intervenção (decisão compartilhada) foi comparado ao grupo controle que recebeu o cuidado habitual. Foram aplicados questionários sobre a autonomia do paciente, sobre o processo de decisão compartilhada, qualidade de vida, relação médico paciente e mudanças no estilo de vida. Principais resultados: Após um ano a pressão arterial reduziu em ambos os grupos. No subgrupo de pacientes com maior escore de decisão compartilhada houve significativa diminuição dos níveis pressóricos. Limitações: Não foi aferido o desfecho adesão. Implicações para aplicação deste estudo na prática: A implementação da decisão compartilhada teve um efeito significativo em reduzir níveis tensionais no subgrupo com maior escore. 2.14 Manipulation of patient-provider interaction: discussing representations or action plans concerning adherence illness [34] Objetivo: Avaliar a associação entre o primeiro e o terceiro componente da abordagem centrada na pessoa e adesão ao tratamento anti-hipertensivo. Métodos: ensaio clínico randomizado que abrangeu 108 hipertensos e dez médicos de família e comunidade alocados em 3 grupos: Condição (0) – cuidado usual; Condição(1) e Condição (2).Na condição (0) os dez médicos não haviam recebido treinamento. Na Condição (1), cinco dos dez médicos foram treinados em habilidades sobre como abordar a representação da hipertensão para o paciente. Na condição (2) os restantes 5 médicos foram treinados em habilidades para discutir o plano de tratamento com o paciente. Imediatamente após a consulta e 30 dias após a intervenção, os pacientes preencheram os seguintes questionários: “global health status measure”, “Illness perception questionnaire”, the beliefs about medicines questionnaire (BMQ), Stages of change readiness and treatment eaggerness scale (SOCRATES) e MARS-5. O MRS-5 avalia a adesão medicamentosa e às modificações do estilo de vida. As variáveis foram testadas através da análise multivariada da variância tendo como referencial o modelo auto-regulatório da experiência com a doença de Leventhal o qual assume que os pacientes têm idéias e planos pré-concebidos em relação ao manejo de sua doença. Principais resultados: Não houve associação entre as intervenções e a adesão medicamentosa imediatamente após a consulta e após um mês da mesma. Os autores concluíram que apenas o conhecimento sobre a doença não é suficiente para modificar o hábito de aderir ao tratamento medicamentoso, mas diminui a preocupação com os efeitos adversos das medicações. Enquanto que discutir o plano de ação aumenta sua preocupação sobre os efeitos adversos de medicamentos, mas melhora a adesão às modificações do estilo de vida. Limitações: Foi realizada apenas um consulta de intervenção de 15 minutos. Medida da adesão não confiável. O controle da pressão arterial não foi medido como desfecho. Implicações para aplicação deste estudo na prática: Geralmente os médicos não consideram as idéias dos pacientes em relação à sua doença e ao seu tratamento. Os pacientes, por sua vez, também não expressam explicitamente sua aversão à tomada de medicamentos. Mesmo quando os pacientes expõem sua opinião, esta não é explorada pelos médicos. Isso pode resultar em ruídos na comunicação entre médico e paciente inviabilizando um tratamento efetivo. Assim, os autores sugerem uma combinação de intervenções para abordagem do paciente. 3 MÉTODOS UTILIZADOS PARA MENSURAR A ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA NOS ESTUDOS SELECIONADOS Os estudos analisados neste parecer utilizaram métodos diferentes para mensurar a abordagem centrada na pessoa. A heterogeneidade dos métodos pode comprometer a validade interna e externa dos estudos. 1. PPACP - Patient Perception of Patient-Centeredness. O questionário é composto por 14 itens que avaliam três dos seis componentes da abordagem centrada na pessoa. Trata-se da uma medida (escore) da percepção do paciente quanto a abordagem centrada na pessoa.[7] 2. PCAS – Primary Care Assessment Survey. O questionário é composto por 51 itens e mede 7 características da atenção primária à saúde que incluem avaliação da relação médico paciente (qualidade da comunicação, confiança do paciente, conhecimento do médico a respeito de seu paciente, tratamento personalizado).[8] 3. PAM – Patient Activation Measure. Questionário composto por 22 itens. O PAM avalia os quatro conceitos de ação: acreditar que o papel da ação é importante, confiança e conhecimento sobre ação; agir; manter-se centrado sob estresse.[9] 4. RIAS – Roter Interaction Analysis System. Software que avalia as habilidades de comunicação dos profissionais de saúde através de consultas filmadas. [10] 5. PDM – Patient Pating of Physician‟s Participatory Decision-Making Style. Questionário de 3 itens que avalia a percepção dos pacientes em relação ao estilo médico em promover a decisão compartilhada.[11] 6. PICS – Patient‟s Perceived Involvement in Care Scale. Questionário autoaplicado que avalia como o paciente percebe sua atitude e participação no tratamento.[12] 7. PACICS – Patient Assessment of Chronic Illness Care Scale. Questionário com 20 itens que avalia a abordagem do paciente com doenças crônicas nos serviços de saúde.[13] 8. C-WAI – Working Alliance Inventory Short-Client form. Escala com 12 itens que avaliam a relação medico paciente.[14] 4 MÉTODOS UTILIZADOS PARA MENSURAR ADESÃO MEDICAMENTOSA NOS ESTUDOS SELECIONADOS 4.1 Contagem de comprimidos A contagem de comprimidos foi utilizada como medida de adesão ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo no estudo Patient-Centred consultation and outcomes in primare care: a review of the literature descrito neste parecer técnico. É um método que requer colaboração do paciente, é trabalhoso e o paciente deve retornar ao serviço de saúde com todos os frascos ou caixas vazios dispensados na prescrição anterior. A correlação entre controle da pressão arterial e número de pílulas ingeridas poderia ser usada como bom marcador de adesão. O fato de um indivíduo apresentar boa adesão ao tratamento, avaliada por contagem de pílula, não significa que ele fez uso dos comprimidos. Está bem reconhecido o fato de que o paciente pode ter retirado o comprimido do frasco sem, no entanto, ingerir o medicamento.[15] 4.2 Retirada de medicamentos na farmácia A taxa de retirada de medicamentos na farmácia pelos pacientes maior ou igual a 80% do total prescrito foi utilizada como medida de adesão nos estudos Patient centered primary care is associated with hypertension medication adherence, Shared decision making in hypertension: the impact of patient preferences on treatment choice e Improving Hypertension Control in Diabetes Mellitus descritos neste parecer técnico. Um sistema de saúde que usa registros médicos eletrônicos e uma dispensação de medicamentos informatizada pode fornecer informações objetivas sobre as taxas de retirada das medicações as quais podem ser usadas para avaliar se um paciente está aderindo ao regime e para corroborar as respostas do paciente às perguntas diretas ou a questionários. Um problema com essa abordagem é que obter o medicamento não garante seu uso. Além disso, essa informação pode ser incompleta, pois os pacientes podem usar mais de uma farmácia para retirar suas medicações ou os dados podem não ser rotineiramente e/ou adequadamente registrados.[15] 4.3 Teste de Morisky-Green – TMG Este questionário foi utilizado como medida de adesão ao tratamento em dois estudos descritos neste parecer técnico: A Randomized Trial to Improve PatientCentered Care and Hypertension Control in Underserved Primary Care Patients e Does Participatory Decision Making Improve Hypertension Self-Care Behaviors and Outcomes? O Teste de Morisky-Green é composto por quatro perguntas que objetivam avaliar o comportamento do paciente em relação ao uso habitual do medicamento. O paciente é classificado no grupo de alto grau de adesão, quando as respostas a todas as perguntas são negativas. Quando uma a duas respostas são afirmativas, o paciente é classificado no grupo de média adesão e se três ou quatro respostas são afirmativas é classificado no grupo de baixa adesão. No estudo original, o TMG apresentou uma sensibilidade de 43,6% e especificidade de 81% tendo sido validado numa população de hipertensos acompanhados por 5 anos considerando como padrão ouro o controle da pressão arterial.[16] 4.4 Treatment Adherence Self-efficacy Measure – TASEM Esta medida de adesão foi utilizada no estudo The physician–patient working alliance descrito neste parecer técnico. Foi solicitado aos participantes do estudo que eles indicassem o nível de concordância (de 1 a 5) ou como eles sentiam sua participação em relação ao tratamento prescrito pelo médico.[17] 4.5 Medication Adherence Report Scale – MARS-5 Este questionário auto-aplicável foi utilizado no estudo Manipulation of patient-provider interaction: discussing illness representations or action plans concerning adherence. É composto por 5 itens que avaliam o comportamento não aderente do paciente.[18] 4.6 Brief Medication Questionnaire – BMQ O BMQ foi utilizado no estudo Manipulation of patient-provider interaction: discussing illness representations or action plans concerning adherence. O questionário é formado por 11 itens divididos em três domínios que propõem identificar barreiras à adesão avaliando o regime de tratamento medicamentoso prescrito, as crenças e a recordação em relação ao tratamento medicamentoso na perspectiva do paciente. A sensibilidade e especificidade conforme os domínios regime, crença e recordação no estudo original foram respectivamente: S=80%; E=100%; S=100%; E=80%; S=40%; E=40%.[19] 4.7 Comparecimento às consultas Essa medida de adesão foi utilizada no estudo Contracts between patients and health care practitioners for improving patient’s adherence to treatment, prevention and health promotion activities. O comportamento de assiduidade às consultas pode estar associado a uma melhor taxa de controle da pressão arterial e de uma melhor aderência ao tratamento medicamentoso. [20] Entretanto, trata-se de uma medida pouco confiável. 5 RECOMENDAÇÕES SOBRE ADESÃO EM OUTROS PAÍSES As diretrizes clínicas do National Institute for Health and Care Excellence (NICE) são recomendações para o tratamento e cuidados de condições específicas na Inglaterra e no País de Gales. Foram desenvolvidas pelo National Collaborating Centre for Primary Care, que trabalhou com um grupo de profissionais da saúde, pacientes e cuidadores na elaboração das recomendações, finalizadas após consulta pública. A essência dessas recomendações são a boa comunicação entre profissionais de saúde e pacientes, e o envolvimento do paciente nas decisões sobre seu tratamento. A avaliação da adesão é recomendada não para monitorar pacientes, mas sim para descobrir se os pacientes precisam de mais informação e auxílio. Entre as intervenções para aumentar a adesão estariam: o apoio ao paciente para tornar mais efetivo o uso de seus medicamentos na forma de mais informações e discussão, mudanças práticas no tipo de medicamento ou regime de tratamento, sempre consideradas individualmente, e a revisão de medicamentos. A boa comunicação entre os profissionais de saúde é necessária para assegurar que a fragmentação de cuidados não ocorra.[.35] O relatório Adherence to Long-term Therapies – Evidence for Action (Adesão ao Tratamento de Longa Duração – Evidência Para Ação), faz parte do trabalho Adherence to Long-term Therapies Project lançado em 2001 pela Noncommunicable Diseases and Mental Health Cluster of the World Health Organization da Organização Mundial da Saúde. No capítulo sobre hipertensão, aborda a adesão ao tratamento medicamentoso relacionando-a a tolerabilidade, complexidade do regime, efeitos colaterais, diminuição das doses diárias, monoterapia e poucas mudanças no medicamento. Em um dos estudos avaliados são apontados os seguintes promotores da adesão: aconselhamento médico, apoio da família para o monitoramento da tomada de medicamento e sessões de grupo com um assistente social. Outros estudos utilizaram: programa educacional para enfatizar a importância do tratamento adequado e a aferição da pressão arterial em casa. Estudos relacionaram o tratamento de pacientes por enfermeiros especialmente treinados, o aconselhamento comportamental realizado por enfermeiros e mesmo sua intervenção com a melhora na adesão ao tratamento medicamentoso antihipertensivo. Outro estudo testou o efeito do trabalho em equipe de médicos e farmacêuticos no controle da pressão arterial. O relatório também relaciona a adesão a fatores demográficos como idade e escolaridade, compreensão do paciente sobre a doença, o modo do prestador de cuidados administrar o tratamento, a relação entre paciente e profissionais de saúde, e a complexidade dos regimes de tratamento. Porém faltam evidências para apoiar qualquer intervenção específica para melhorar a adesão. O relatório recomenda então que os profissionais devem ser treinados para abordar o paciente de forma construtiva, sem julgamento e para a seleção racional dos medicamentos.[36] A versão de 2012 do Guia Europeu para Prevenção de Doenças Cardiovasculares na Prática Clínica (European Guidelines on Cardiovascular Disease Prevention in Clinical Practice) foi desenvolvida pela Sociedade Européia de Cardiologia e sociedades de prevenção de doenças cardiovasculares. O guia questiona a causa da não adesão ao tratamento medicamentoso pelos pacientes em um capítulo dedicado à adesão, e usando evidências classificadas como fortes, aconselha a avaliação médica da adesão ao tratamento medicamentoso com o objetivo de adaptar as intervenções às necessidades individuais do paciente, a redução da dosagem de medicamento para o menor nível aceitável, monitoramento constante e feedback, e terapias comportamentais no caso de persistir a não adesão. O guia faz recomendações para a promoção adesão à medicação como: fornecer informações claras sobre os benefícios e possíveis efeitos adversos da medicação, bem como a duração e o tempo de administração; considerar os hábitos e preferências dos pacientes; reduzir a dosagem de medicamentos para o menor nível possível; perguntar aos pacientes de forma não julgadora como o medicamento funciona para eles e discutir possíveis razões para a não-adesão, como efeitos colaterais, ou outras preocupações; implementar monitoramento constante e feedback; no caso de falta de tempo, introduzir os médicos assistentes ou enfermeiros treinados sempre que o seu necessário e viável; e na não-adesão persistente, oferecer várias sessões ou intervenções comportamentais combinadas. 37] A Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ) desenvolve relatórios e avalia tecnologias para orientar a tomada de decisão das organizações públicas de sáude e do setor privado nos Estados Unidos. Em 2004 lançou a coleção Fechando a Lacuna de Qualidade: Uma Análise Crítica das Estratégias de Melhoria da Qualidade (Closing the Quality Gap: A Critical Analysis of Quality Improvement Strategies), que resumiu estratégias, áreas de atuação e prioridades relacionadas a atenção dos pacientes com problemas crônicos de saúde. O relatório elencou as seguintes intervenções para promover a adesão ao tratamento medicamentoso antihipertensivo: o uso de blisters de medicamentos, a gestão de processos, os cuidados colaborativos, educação e apoio comportamental, a educação oferecida pelo farmacêutico, educação com apoio social e comunicação de risco. Porém para nenhuma das estratégias pesquisadas foram encontrados estudos com nível de evidencia adequado para que sua indicação tenha força.[38] Respeitados os diferentes contextos em que os pareceres foram elaborados e mesmo direcionados para populações diversas, surgem tendências comuns em suas investigações, que convergem para uma atenção ao paciente com muitos pontos em comum com a abordagem centrada na pessoa. 6 RECOMENDAÇÃO Recomendação fraca a favor da abordagem centrada na pessoa como intervenção que promove adesão ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo. REFERÊNCIAS [1] Gu Q, Dillon CF, Burt VL, Gillum RF. Association of hypertension treatment and control with all-cause and cardiovascular disease mortality among US adults with hypertension. American journal of hypertension. 2010 Jan;23(1):38-45. [2] Adherence to Long Term Therapies: Evidence for Action. Geneva: World Health Organization; 2003. ISBN: 92-4-154599-2. [3] Stewart M et al. Medicina Centrada na Pessoa. 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